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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA
EDUCAÇÃO SUPERIOR
ELIVANE DE OLIVEIRA PEREIRA ALBUQUERQUE
PERFIL ATUAL E IDEAL DOS GERENTES DE ENFERMAGEM DE UM
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ À LUZ DA GESTÃO POR
COMPETÊNCIAS
FORTALEZA
2015
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ELIVANE DE OLIVEIRA PEREIRA DE ALBUQUERQUE
PERFIL ATUAL E IDEAL DOS GERENTES DE ENFERMAGEM DE UM
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ À LUZ DA GESTÃO POR
COMPETÊNCIAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Políticas Públicas e Gestão da
Educação Superior – POLEDUC, da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre
Área de concentração: Gestão Estratégica para
Instituições de Ensino Superior.
Orientador: Prof.º Dr. André Jalles Monteiro.
FORTALEZA
2015
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Ciências Humanas
___________________________________________________________________________________________
A299p Albuquerque, Elivane de Oliveira Pereira.
Perfil atual e ideal dos gerentes de enfermagem de um hospital universitário do estado do Ceará à
luz da gestão por competências / Elivane de Oliveira Pereira Albuquerque. – 2015.
120 f. : il. color., enc. ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas,
Mestrado em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, Fortaleza, 2015.
Área de Concentração: Gestão Estratégica para Instituição de Ensino Superior.
Orientação: André Jalles Monteiro.
Coorientação: Maria do Socorro de Sousa Rodrigues.
1. Administradores de enfermagem - Conduta. 2. Enfermeiros de saúde pública - Ceará.
3. Liderança. 4. Formação profissional. I. Título.
CDD 610.73068
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ELIVANE DE OLIVEIRA PEREIRA ALBUQUERQUE
PERFIL ATUAL E IDEAL DOS GERENTES DE ENFERMAGEM DE UM
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ À LUZ DA GESTÃO POR
COMPETÊNCIAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Políticas Públicas e Gestão da
Educação Superior – POLEDUC, da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre
Área de concentração: Gestão Estratégica para
Instituições de Ensino Superior.
Aprovada em: 17 / 03 / 2015.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Dr. André Jalles Monteiro (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________________
Profa. Dra. Maria do Socorro de Sousa Rodrigues
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________________
Profa. Dra. Rosiléa Alves de Sousa
Centro Universitário Estácio do Ceará (Estácio/FIC)
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Aos meus pais, Sr. Francisco de Assis Felinto
Pereira e Sra. Zélia Maria de Oliveira Pereira
pelo exemplo de vida, amor, carinho e
dedicado às suas filhas. Ao meu esposo Alber
Fernandes Albuquerque e à minha filha, Ana
Luisa Pereira Albuquerque pela compreensão,
apoio e incentivo na realização deste trabalho.
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AGRADECIMENTOS
Já dizia o filósofo Aristóteles “uma andorinha só não faz verão” e sozinha eu não
chegaria ao final desta jornada.
Primeiramente, agradeço a Deus, que me deu a vida, inteligência, sabedoria e
determinação em busca de meus objetivos.
No decorrer desta pesquisa, pude compartilhar momentos de alegrias e surpresas
com pessoas especiais que me fizeram amadurecer e crescer como pessoa e profissional. É
com afeto e carinho que agradeço todo o incentivo e força, fundamentais na conclusão deste
mestrado.
Dedico este estudo especialmente aos meus pais, Francisco de Assis Felinto
Pereira e Zélia Maria de Oliveira Pereira, que me fizeram compreender com alegria e
persistência, o valor da formação, guiaram meus caminhos e permitiram que eu realizasse
meus sonhos; os agradeço com todo carinho, respeito e admiração.
Agradeço ao meu esposo Alber Fernandes Albuquerque, que compartilha dos
meus ideais, incentivando-me a prosseguir na jornada, fossem quais fossem os obstáculos; a
você que sempre esteve ao meu lado lutando comigo, dedico a minha conquista com a mais
profunda admiração e carinho.
À minha filha, Ana Luisa Pereira Albuquerque; que sem sombra de dúvida, é a
razão da minha vida.
Agradeço à minha irmã Elizângela, torcendo sempre pela minha felicidade,
realização e sucesso. Ao meu cunhado César Augusto pelos momentos de incentivo, ajuda e
convívio familiar.
Aos Prof. Dr. André Jalles Monteiro e Profª. Drª. Maria do Socorro de Sousa
Rodrigues, orientadores, que souberam com competência, objetividade e clareza conduzir
todo um processo de orientação, na partilha de saberes em nossos encontros reais e virtuais.
Muito obrigada!
À todos os colegas do mestrado que juntos soubemos superar as dificuldades com
muito companheirismo, dedicação e amizade nesta caminhada de crescimento acadêmico,
profissional e pessoal.
À coordenação e direção do POLEDUC, e demais professores. Obrigada!
Aos amigos (as), companheiros (as) de trabalho, que estiveram presentes
colaborando mesmo com uma palavra de incentivo, desde o início e que são indiscutivelmente
integrantes desta dissertação.
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As minhas amigas Deise e Fernanda que acolheram as minhas solicitações em
momentos cruciais da pesquisa.
A todas as gerentes de enfermagem do Hospital Universitário Walter Cantídio, da
Universidade Federal do Ceará, que se dispuseram a colaborar com este trabalho, meu cordial
agradecimento.
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“[...] Reconhece a queda e não desanima.
Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima
[...]”
(Paulo Vanzolini)
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RESUMO
O gerenciamento dos serviços de enfermagem é uma atividade complexa e exige competência
profissional. As mudanças na área da saúde demandam dos profissionais enfermeiros gerentes
um perfil mais flexível e adaptativo, sendo necessário mobilizar novas competências. O
presente estudo norteia sobre as competências necessárias ao gerenciamento em enfermagem
considerando as mudanças tecnológicas e administrativas observadas em hospitais públicos.
Apresentam-se os novos cenários gerenciais e alguns aspectos indispensáveis à aquisição de
competências como o conhecimento, habilidades e atitudes. Considera-se que o enfermeiro
gerente tem a responsabilidade de proporcionar um ambiente de aprendizado em que os
trabalhadores possam adquirir novas competências e exercê-las livremente. A questão de
pesquisa do presente estudo consistiu-se em: quais competências essenciais o gerente de
Enfermagem precisa ter para gerir uma instituição de saúde e qual seria o perfil ideal para este
gestor? O objetivo geral, portanto, versou em identificar o perfil atual do gerente de
Enfermagem, analisando comparativamente este perfil real com o perfil ideal preconizado na
literatura vigente. A pesquisa de natureza exploratório-descritiva utilizou-se de uma
combinação de métodos qualitativo ao quantitativo (quali-quantitativo) e está fundamentada
no conceito de gestão por competência e seus atributos: conhecimentos, habilidades e
atitudes. Constituiu-se numa pesquisa que envolveu 36 enfermeiros gerentes de unidades
ambulatoriais, de imagem, clínicas e cirúrgicas de um hospital público federal, da cidade de
Fortaleza, o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Os dados foram coletados no
período de novembro de 2014 a janeiro de 2015, por meio de questionário eletrônico no
google docs. A população foi predominante do sexo feminino (100%) e com idade entre 48 e
53 anos (36,1%). Os resultados revelaram a percepção dos pesquisados sobre perfil atual e
ideal de competência profissional ideal para o exercício de atividades gerenciais no HUWC,
com destaque para os atributos relacionados ao conhecimento de gestão e habilidade de
planejamento estratégico e operacional, com habilidade de liderança e trabalho em equipe, e
atitude de liderança e ética profissional. Verificou-se que 41% dos gerentes têm entre 6 e 10
anos de tempo de serviço no cargo de gerente. Quanto ao perfil para a função gerencial,
predominaram as características: liderança (33%), trabalho em equipe (30%) e
comunicação/bom relacionamento interpessoal (28%). Através dos resultados, é possível
afirmar que os gestores sabem o que é necessário para gerir um hospital de alta complexidade,
comprovado no nível de concordância destes com os atributos da competência
conhecimentos, habilidades e atitudes. O perfil encontrado indica, na concepção semelhante
das colaboradoras, um profissional com postura ética, conhecimento técnico-científico,
capacidade de gerenciar e liderar sua equipe, e comprometido com a instituição. Embora as
respostas fossem superestimadas, seus efeitos foram minimizados e não atrapalharam os
resultados da pesquisa devido à existência de correlação entre as variáveis. Dessa forma,
depreende-se que existe empenho das chefias de Enfermagem no desenvolvimento de suas
competências gerenciais. Entretanto, essa disposição não tem sido elemento suficiente para
superar as dificuldades de ordem política e econômica que perpassam um Complexo
Hospitalar Público.
Palavras-chave: Gerência de Enfermagem. Perfil ideal do gestor. Gestão por competência.
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ABSTRACT
Management of nursing services is a complex activity that requires professional competence.
Changes in health care demand a more flexible and adaptive profile of professional nurse
managers. Therefore, it is necessary to mobilize new skills. This study is guided by necessary
skills for management in nursing, considering the technological and administrative changes
observed in public hospitals. We hereby present the new management scenarios and aspects
that are essential to the acquisition of skills such as knowledge, abilities and attitudes. It is
considered that the nurse manager must have the responsibility to provide a learning
environment in which workers can acquire new skills and exercise them freely. The research
questions of this study were basically the following: which core competencies must the
nursing manager have to manage a health institution and what would be the ideal profile for
such manager? The overall objective of this research was, therefore, to identify the current
profile of the nursing manager, comparatively analyzing this real profile with the
recommended ideal profile in the current literature. For this survey, of exploratory and
descriptive nature, we used a combination of qualitative methods to the quantitative
(qualitative and quantitative) kind and it is based on the concept of management by
competence and their attributes: knowledge, skills and attitudes. It consisted of a survey
involving 36 nurse managers from outpatient of clinical and surgical imaging clinics from a
federal public hospital located in the city of Fortaleza, the University Hospital Walter
Cantídio (HUWC). Data were collected from November 2014 to January 2015, through
electronic questionnaire in google docs. The population was predominantly female (100%)
and aged between 48 and 53 years of age (36.1%). The results revealed the perception of the
researchers on current and ideal profile of ideal professional competence for exercising
managerial activities at the HUWC, highlighting the attributes related to knowledge
management and strategic and operational planning skills with leadership skills and
teamwork, attitude and leadership as well as professional ethics. It was found out that 41% of
the managers‟ work period had been between 6 and 10 years at the position of manager.
Regarding the profile for managing, the predominant characteristics were: leadership (33%),
teamwork (30%) communication / good interpersonal skills (28%). From the results, we got
to the conclusion that managers know what is needed to manage a highly complex hospital,
confirmed by the level of agreement of those with the attributes of competence knowledge,
skills and attitudes. The profile indicates, in the similar design of the collaborators, a
professional with ethical, technical and scientific knowledge as well as ability to manage and
lead his team and who were committed to the institution. While responses were
overestimated, their effects were minimized and did not minimize the research results due to
the existence of correlation between the variables. Thus, it can be seen that there is
commitment of the nursing managers to develop their management skills. However, that
provision has not been a sufficient basis to overcome the difficulties of political and economic
order that underlie a Public Hospital Complex.
Keywords: Nursing Management; Ideal profile manager; Competence Management.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 As três dimensões da competência ................................................................. 41
Figura 2 Site na Web gerado em Google Docs. preenchido pelas gerentes de
enfermagem..................................................................................................... 75
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Distribuição dos enfermeiros por tempo de formado ................................ 83
Gráfico 2 Distribuição dos enfermeiros em relação ao tempo no cargo atual .......... 85
Gráfico 3 Opinião dos profissionais gerentes de enfermagem quanto às
características importantes ao cargo de gerente e características que
julgam possuir. HUWC, Fortaleza-CE, 2014 ............................................... 87
Gráfico 4 Distribuição das atividades gerenciais desenvolvidas no HUWC.
Fortaleza-CE 2014 .................................................................................... 88
Gráfico 5 Análise das competências, habilidades e atitudes, considerando a
relevância destes no desempenho das gerências ....................................... 94
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Sistema de Liderança de Heifetz ............................................................... 46
Quadro 2 Modelos de etapas do Processo de Tomada de Decisão na Enfermagem . 48
Quadro 3 Técnicas de Tomada de Decisão ............................................................... 50
Quadro 4 Saberes profissionais ................................................................................. 52
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição numérica e percentual de gerentes de enfermagem do
HUWC em relação às variáveis sociodemográficas. Fortaleza, CE –
2014 ........................................................................................................... 91
Tabela 2 Análise dos fatores do componente principal que compõe as
competências de conhecimentos, habilidades e atitudes, considerando a
relevância destes no desempenho das funções gerenciais. Fortaleza, CE
– 2014 ....................................................................................................... 89
Tabela 3 Variância explicada pelos componentes de conhecimentos, habilidades e
atitudes extraídos da pesquisa. Fortaleza, CE – 2014 ............................... 91
Tabela 4 Correlação e nível de significância entre as competências de
conhecimentos, habilidades e atitudes, considerando a relevância destes
no desempenho das funções gerenciais, a idade do gerente e o tempo de
formação. Fortaleza, CE – 2014 ................................................................ 92
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACE Análise de Componentes Principais
AFE Análise Fatorial Exploratória
BSC Balance Score Card
CHA Conhecimentos, Habilidades, Atitudes
CEP Comitê de Ética e Pesquisa
CEPE Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem
CNE Conselho Nacional de Educação
CES Conselho da Câmara de Educação Superior
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
COREN Conselho Regional de Enfermagem
DCENF Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Enfermagem
DCN Diretrizes Curriculares Nacionais
DNSP Departamento Nacional de Saúde Pública
DOU Diário Oficial da União
EP Educação Permanente
EPEA Escala de Predisposição à Ocorrência de Eventos Adversos
EUA Estados Unidos da América
HC Hospital das Clínicas
HUWC Hospital Universitário Walter Cantídio
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
ME Ministério da Educação
OMS Organização Mundial de Saúde
REPE Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros
SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem
SECEN Serviço de Educação Continuada em Enfermagem
SER Secretaria Regional
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFC Universidade Federal do Ceará
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 16
2 O PAPEL DO ENFERMEIRO NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE
SAÚDE ................................................................................................................... 23
2.1 História da formação e efetivação do profissional enfermeiro ......................... 24
2.2 Bases teóricas da Administração em Enfermagem ............................................ 28
2.3 Atribuições do enfermeiro baseadas na Lei do Exercício Profissional de
Enfermagem .......................................................................................................... 32
3 COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO ENFERMEIRO NOS SERVIÇOS
DE SAÚDE ............................................................................................................ 34
3.1 A liderança no gerenciamento de Enfermagem para a tomada de decisão ..... 42
3.1.1 Tomada de decisão no gerenciamento de Enfermagem ....................................... 47
3.1.2 Competência profissional em Enfermagem .......................................................... 52
3.1.3 Comunicação ......................................................................................................... 55
3.1.4 Educação continuada/permanente: subsídios para a liderança .......................... 58
3.2 Gestão de recursos humanos e materiais para a organização dos serviços em
saúde ....................................................................................................................... 61
3.2.1 Gerenciamento de recursos humanos ................................................................... 62
3.2.2 Gerenciamento de recursos materiais ................................................................... 64
3.3.3 O real e o ideal Weberiano .................................................................................... 65
4 METODOLOGIA ................................................................................................. 70
4.1 Tipo de estudo ....................................................................................................... 70
4.2 Local do estudo ..................................................................................................... 71
4.3 População ............................................................................................................... 73
4.4 Coleta de dados ..................................................................................................... 74
4.5 Instrumentos de tratamento de dados ................................................................ 77
4.6 Aspectos éticos ....................................................................................................... 79
5 RESULTADOS ..................................................................................................... 81
5.1 Dados sóciodemográficos ..................................................................................... 81
5.2 Dados do perfil de competência gerencial .......................................................... 86
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 96
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 100
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APÊNDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO ................................................................................................... 112
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA APLICADO AOS
GERENTES DE ENFERMAGEM ..................................................................... 114
APÊNDICE C - COMPETÊNCIA DOS CONSELHOS REGIONAIS ........... 117
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1 INTRODUÇÃO
Nas instituições de saúde, o gerenciamento dos serviços de Enfermagem constitui-
se uma atividade extremamente complexa, pois exige dos profissionais competências
peculiares para a implementação de estratégias adequadas ao cenário hospitalar. Neste
contexto, diversos estudos dedicaram-se a traçar as perspectivas das competências do gerente
administrativo, estabelecendo em seu conjunto, discussões acerca das competências
“imprescindíveis” ao gestor a fim de conduzir a organização do serviço para obter um bom
desempenho em um ambiente em iminente transformação.
Na gestão pública, os princípios administrativos não diferem muito dos praticados
na administração particular. Nos dois casos, os gestores têm em suas mãos responsabilidades
de lidarem com os bens pertencentes ao povo, e por isso devem gerir com ética, eficácia e
comprometimento com a legislação vigente.
Atualmente, a gestão de uma instituição de saúde caracteriza-se como sendo um
árduo desafio aos seus gestores, em especial as públicas, onde a gestão não é simplesmente
uma questão relacionada à eficiência, mas trata-se, sobretudo, do cumprimento de normas
jurídicas descritas na Constituição Federal de 1988.
As mudanças no mundo do trabalho se devem, em parte, à reformulação do
modelo assistencial proposto para o Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e tem afetado
a gestão na área de saúde, sobretudo nos hospitais. O impacto tecnológico associado à
inserção de novos saberes necessários ao exercício das diferentes profissões da saúde, é
dinâmico e exige de todos os seus profissionais constante aperfeiçoamento para a adaptação
às mudanças impostas pelas inovações tecnológicas que são agregadas à rotina de trabalho.
No Brasil, no século XX, desde a década de 90, a tipologia de gestão por
competência vem sendo evidenciada nas discussões do meio acadêmico e empresarial.
Autores brasileiros, como Ruas (2005, p. 94), Dutra (2004), Fleury e Fleury (2010), Rabaglio
(2008), em suas obras, dão valiosas contribuições em relação ao tema. Conforme Fleury e
Fleury (2001, p.183), o assunto competência vem sendo “[...] associado a diferentes instâncias
de compreensão: no nível da pessoa (a competência do indivíduo), das organizações (core
competence) e dos países (sistemas educacionais e formação de competências).”
A década de 90, com seus desafios de crescente competitividade e globalização
das atividades, levou ao alinhamento definitivo das políticas de gestão de recursos humanos
às estratégias empresariais, incorporando à prática organizacional o conceito de competência,
como base do modelo para gerenciarem pessoas (FLEURY; FLEURY, 2004, p.78).
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A palavra competência é usualmente do senso comum, e refere-se à pessoa com
certa qualificação, preparação, e capacidade para realizar uma tarefa. A definição mais
comum de competência utilizada por profissionais da área de recursos humanos segundo o
autor supracitado é: “conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes (CHA) que afetam a
maior parte do trabalho de uma pessoa e que se relacionam com desempenho no trabalho”.
Essa pessoa atua como agente de transformação de conhecimento, habilidades e atitudes em
competência entregue para a organização, e isso pode ser caracterizado como agregação de
valor ao patrimônio de conhecimento da organização. E Fleury e Fleury (2001, p.185)
continuam a dizer que, “a competência pode ser mensurada, quando comparada com padrões
estabelecidos e desenvolvida por meio de treinamento”.
A competência é o conhecimento das pessoas na prática e na ação, gerando
resultados desejados em busca de atingirem os objetivos organizacionais. Comumente,
manifesta-se quando é utilizado, caracterizando assim, sua orientação para ação. Quanto mais
conhecimento um indivíduo possui, mais abrangente torna-se sua capacidade de apreciação e
de análise e, por conseguinte, melhor será a qualidade de suas ações.
Possuir conhecimento é necessário, porém não suficiente para que as
competências existam de fato. Por outro lado, formar uma competência não significa descartar
o conhecimento, e tampouco uma competência é o próprio conhecimento. As competências
utilizam, integram ou mobilizam o conhecimento em situação de ação.
Nesse contexto, parece claro e evidente que as pessoas possuem CHA, as quais
estão relacionadas aos conhecimentos individuais, às habilidades e às características de
personalidade que influenciam primorosamente no seu desempenho. Essas competências,
quando desenvolvidas, potencializam o alcance dos objetivos pessoais e organizacionais, que
podem gerar proveitos para a organização quando os colaboradores entregam suas habilidades
no intuito de atingirem os objetivos organizacionais e seus próprios objetivos.
Gerenciar pessoas não é uma tarefa fácil, que se possa exigir dos gestores sem
prepará-los, treiná-los, fornecendo ferramentas consistentes, práticas e objetivas, para que
possam fazer gestão de pessoas com qualidade, nivelando cultura organização e lideranças.
Em uma organização onde a cultura da gestão se estabalece ao sabor do estilo de cada gestor,
a comunicação interna transforma-se em “caos”, pois cada um acaba trabalhando com seus
próprios conceitos, métodos e valores, sendo indiferente e até mesmo incompatível com os
outros. Isso cria imensas barreiras na comunicação entre líderes e equipes, entre pares, entre
áreas e entre unidades, ou seja, nas relações interpessoais de todos os níveis.
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Segundo Dutra (2001, p.1) a forma de gerir pessoas vem causando, ao longo dos
últimos anos, um desconforto crescente nos indivíduos, nos gestores, nos dirigentes e nos
profissionais de recursos humanos. Tal desconforto reflete o descompasso existente entre as
práticas de gestão e as necessidades da empresa moderna e das pessoas. Eliminar esse
descompasso exige introdução de conceitos novos para ajudar a compreender e implementar
práticas renovadas no âmbito da gestão de pessoas.
A prática educacional no modelo por competências precisa atentar para a
formação de profissionais que provoquem e sustentem as mudanças no mundo do trabalho, e
não apenas se adaptem a elas.
Portanto, tornam-se necessários estudos permanentes nesta área para que essa
prática se efetive, pois proporcionam maior expertise e consequentemente maior qualidade na
gestão. Sendo a Enfermagem uma ciência que possui um amplo universo e que perpassa as
habilidades técnicas, quando o enfermeiro se apropria de conhecimentos sobre a gestão,
garante uma posição diferenciada como líder no gerenciamento dos recursos humanos da
equipe a qual gerencia. Assim, ao assumir novos papéis frente às novas exigências, os
enfermeiros necessitam mobilizar competências.
Atualmente, já se sabe que para cada cargo é necessário um CHA completo. Cada
pessoa que se candidatar a um cargo, faz-se necessário ter o CHA, o perfil que o cargo exige
ou de que necessita. Assim, na falta dessa compatibilidade de perfil, dificilmente haverá
eficácia nos resultados, o que significa que estamos vivenciando uma nova realidade que
requer uma nova metodologia para gestão de pessoas, baseadas em ferramentas consistentes
de gestão que nos deem a possibilidade de potencializar resultados.
De acordo com Bernardino (2010), perfil é um conjunto de características
humanas que definem um profissional, e estão relacionadas à formação para o exercício de
uma determinada função.
A área da Gestão por Competências se apresenta como um modelo inteligente da
gestão e do desenvolvimento de riquezas humanas (recursos humanos) e organizacionais que,
de acordo com Zabot e Silva (2002, p.100), fundamentam-se em quatro pilares: “[...] interesse
(saber ser); atitude (saber agir); saberes (conhecimento); e habilidades (saber fazer).” A
sinergia dessas competências essenciais norteará a formação do perfil do gestor estratégico
das instituições de saúde.
Nesse contexto, os hospitais procuram adequar-se, inspirados na indústria, usando
novas ferramentas gerenciais como o Balanced Score Card (BSC), a gestão do conhecimento,
da informação e das competências, a liderança coach e as unidades de negócios. Nesta nova
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conformação, as competências que o indivíduo possui passam a ter valor, pois o qualificam no
exercício profissional.
Como consequência, a questão da competência passa a ser central nas discussões
que tratam do desenvolvimento de pessoas, para o alcance de objetivos, sejam eles quais
forem. Furukawa e Cunha (2011, p.109) dizem que para a Enfermagem, por exemplo, a busca
por competência, do ponto de vista dos pressupostos teóricos que a fundamentam, está
tradicionalmente mais ligada ao ensino, e instituída pela nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional ou LDB, de 20 de dezembro de 1996, promulgada no Diário Oficial da
União (DOU) pela Lei nº 9.394/96, em substituição à primeira LDB publicada em 20 de
dezembro de 1961 (BRASIL, 2001, p.7). A mesma teve papel fundamental nos rumos da
educação nacional e impactou diretamente sobre a questão da formação do enfermeiro e do
ensino na enfermagem.
Competências essenciais são as atividades mais importantes para a sobrevivência
da organização hospitalar e fundamentais para a formulação da estratégia organizacional.
Todavia, o problema que se apresenta é que são poucos os dirigentes de instituições de saúde
que são dotados de competências gerenciais essenciais e específicas para gerirem essas
complexas instituições.
Para Prahalad e Hamel (1998, p.298), “[...] as competências essenciais são o
aprendizado coletivo na instituição, especialmente como coordenar as diversas habilidades de
produção e integrar as múltiplas correntes de tecnologia.” Os autores acreditam que os pontos
fundamentais a serem considerados por uma organização são: a identificação e maximização
de suas competências-chave e a identificação das que faltam para que possam atingir os
objetivos desejados no futuro. Os autores acrescentam ainda, dizendo que as “Core
Competences”, ou competências-chave, consistem num conjunto único de habilidades que
inclui uma componente tecnológica e uma componente de aprendizagem, ambas de forma
combinada.
A gerência pode ser definida como a arte de pensar, decidir e agir, com foco na
obtenção de resultados que podem ser definidos, previstos, analisados e avaliados, que
precisam ser alcançados através das pessoas e de uma interação humana constante. Partindo
dessa definição, conclui-se que a gerência em saúde é um conceito inspirado na prática diária,
que necessita ser articulado e integrado nos processos de organização dos serviços, ao passo
que para obter bons resultados, aperfeiçoa o trabalho a fim de gerar uma assistência
estruturada aos usuários dos serviços de saúde.
http://pt.wikipedia.org/wiki/20_de_dezembrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/20_de_dezembrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1961
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Portanto, os responsáveis pela gerência em saúde, em todos os seus níveis, devem
estabelecer um perfil dotado de competências específicas para o cargo, que possam ser
exigidas como critério de escolha ou indicação dos gestores para gerenciarem essas
instituições. Conforme Horta (2004, p.9), “[...] o profissional do futuro será um especialista
multidisciplinar, pois precisa conhecer sua área, tanto quanto possuir formação abrangente das
diferenças da sociedade contemporânea.”
A gerência deve se envolver tanto com o cumprimento de tarefas fragmentadas
centradas em procedimentos isolados quanto precisa aderir e se comprometer a um processo
de produção de cuidados à saúde, por ser um fator de grande potencial para reflexão e revisão
das atividades executadas pelos trabalhadores.
O gerente de Enfermagem tem assumido importante papel nos serviços de saúde,
por ser o responsável pela coordenação da rotina de trabalho dos serviços de Enfermagem
através da tomada de medidas que integrem as áreas administrativas, assistenciais e de
ensino/pesquisa, visando o atendimento de qualidade do usuário. Tais medidas incluem:
previsão, provisão, manutenção, controle de recursos materiais e potenciais humanos para o
funcionamento do serviço e pela gerência do cuidado que consiste no diagnóstico,
planejamento, execução e avaliação da assistência, delegação das atividades, supervisão e
orientação da equipe de enfermagem.
Um processo de gestão por competência, nas instituições de saúde, torna-se cada
vez mais necessário, em decorrência das constantes evoluções: sociais, econômicas e
tecnológicas. Pelo dinamismo com que a informação transcorre pelo mundo, a difusão do
conhecimento torna-se sem fronteira, interligando nações, o que de certa forma passa a exigir
cada vez mais a presença de um profissional multidisciplinar, atualizado e com visão ampla
de todo esse processo de transformações.
A partir deste cenário, parece evidente que o enfermeiro gerente deve estar atento
e preparado às mudanças, buscando alternativas para os serviços de Enfermagem, e
contribuindo com as organizações de saúde na melhoria da gestão que impacta no
atendimento dos clientes internos e externos.
Exige-se do enfermeiro: o conhecimento (que conheça o que faz), habilidades
(que faça corretamente) e que tenha atitudes adequadas para desempenhar seu papel,
objetivando resultados positivos. Porém, além de ser competente no que faz, o enfermeiro
deve garantir competência por parte de sua equipe.
Esta tripla responsabilidade é favorecida pelo fato de que, na organização
hospitalar, a posição do enfermeiro no exercício da gerência o situa na esfera central de
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processos de aprendizagem. Essa posição também o coloca no processo de desenvolvimento
do conhecimento, necessário e fundamental para a aquisição e o desenvolvimento de
competências, que lhe conferem qualificação para atuação frente ao cruzamento dos fluxos
vertical e horizontal de informações, elos entre a alta gerência e os trabalhadores da linha de
frente.
Neste contexto, Bernardino (2010, p.352) cita que existem quatro dimensões
inerentes à atividade gerencial do enfermeiro no hospital: dimensão técnica, que diz respeito
aos aspectos mais gerais e instrumentais do próprio trabalho; a dimensão política, em que se
articula o trabalho gerencial ao projeto que se tem a empreender; a dimensão comunicativa,
que diz respeito ao caráter da negociação; e a dimensão do desenvolvimento da cidadania, que
toma a gerência como uma atividade que contém e está contida em uma perspectiva de
emancipação dos sujeitos sociais.
Para o enfermeiro é importante ter um modelo de gestão por competências
fundamentado no conhecimento, habilidades e atitudes, como também nas qualidades
individuais e profissionais que podem ser adquiridos durante sua formação acadêmica e sua
vivência como um todo (PEDUZZI; ANSELMI, 2002, p.393).
Em uma pesquisa com enfermeiros gerentes de hospitais e agências de saúde
pública dos Estados Unidos da América (EUA), realizada pela Nursing Leadership Institute,
seis categorias de competências surgiram, baseadas nos resultados da investigação: domínio
pessoal, eficácia interpessoal, gestão financeira, gestão de recursos humanos, cuidados (com
pessoal, paciente e consigo) e pensamento sistematizado (FUKURAWA; CUNHA, p.108).
No campo da saúde, para fins de análise, verificam-se algumas das diferenças nas
atribuições dos enfermeiros gerentes de unidade diante das modificações decorrentes das
políticas de saúde vigentes, principalmente as advindas da implantação das estratégias do
SUS, e nota-se a necessidade dessas práticas sofrerem ancoragem em novos paradigmas de
gestão, e nessa perspectiva, em novos modelos de gestão, que demandam um perfil
diferenciado dos gestores, com competências essenciais que os diferencie em relação à gestão
tradicionalmente desenvolvida nesse campo.
Esse é um dos grandes desafios a serem perseguidos por parte, tanto desses atores
sociais que se propõem a estar à frente destas unidades, quanto dos órgãos formadores de
recursos humanos em saúde, aos quais cabe a tarefa de preparar profissionais para assumirem
a transformação dessas práticas, bem como estabelecendo parcerias para a educação
permanente.
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No chamado modelo tradicional de assistência à saúde, rotineiramente o gerente
atua como um mero chefe de pessoal, se atendo a atividades exclusivamente de ordem
burocrática, exercendo um papel controlador e centralizador, no qual sua visão é limitada e
predominantemente voltada para o intramuros.
Diante do exposto, surge para a autora uma motivação particular surgiu em
direção a esta temática, por curiosidade natural e necessidade própria, haja vista estar à frente
da gerência de uma das unidades de internação de um hospital de ensino superior, assumindo
uma função de multiplicadora de conhecimentos e comportamentos, e por isso, buscando
compreender melhor o papel do gerenciamento na prática da enfermagem hospitalar.
As competências essenciais norteadoras para o perfil do enfermeiro gerente foram
requisitos indispensáveis no momento de sua eleição ou indicação para assumir a função,
considerando que a tipologia de gestão por competência ainda é muito recente no Brasil.
Faz-se necessária a realização de esforços incessantes na busca de conhecimentos
que possibilitem o desenvolvimento de competências gerenciais, baseadas nas características
próprias dos hospitais públicos, propiciando assim um perfil gerencial estratégico adequado.
Dessa maneira, a relevância desta pesquisa se dá pela necessidade de conhecer a
percepção dos profissionais que exercem a gerência das unidades de atendimento do HUWC
acerca de quais são as competências necessárias à operacionalização dessas novas práticas de
gestão que privilegiam o coletivo e o trabalho participativo, e problematizar se a formação e o
preparo específico desses gestores influencia no modo de operacionalização das estratégias e
da dinâmica das equipes envolvidas nos serviços, tendo em vista subsidiar dados para compor
um perfil de competências gerenciais compatíveis com os novos modelos de gestão em saúde.
Visando analisar o perfil dos gerentes de Enfermagem no Hospital Universitário
Walter Cantídio (HUWC), pergunta-se: quais competências essenciais o gerente de
Enfermagem precisa ter para gerir uma instituição de saúde, e qual seria o perfil ideal
sob a ótica dos atuais gestores?
Assim sendo, o objetivo geral desta dissertação é identificar, no HUWC, o perfil
atual do gerente de Enfermagem, na sua realidade interna, analisando comparativamente este
perfil real com o perfil ideal preconizado na literatura vigente. E os objetivos específicos são
levantar o papel do enfermeiro e suas competências gerenciais; descrever as competências
gerenciais sob a ótica dos próprios gerentes de Enfermagem do HUWC; analisar
comparativamente o perfil ideal e o perfil real do gerente de Enfermagem do HUWC, à luz da
teoria e na perspectiva Weberiana do perfil real e ideal.
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2 O PAPEL DO ENFERMEIRO NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE SAÚDE
A continuidade da assistência é uma das características do trabalho da
enfermagem, na área hospitalar, em que profissionais se alternam em turnos de trabalho
sequenciais, para assegurar a manutenção do atendimento aos usuários, nas 24 horas do dia.
Nesse âmbito, a produção dos cuidados de enfermagem resulta do trabalho em equipe e
configura-se como dinâmica que transcende o simples somatório de esforços individuais. Para
alcançar resultados qualificados de cuidado, é imprescindível que haja padrão de liderança
igualmente compatível na equipe de trabalho. Essa, por sua vez, é impulsionada e
potencializada, quando pode contar com coordenação estratégica e integradora, capaz de
articular o trabalho coletivo, visando o alcance de objetivos comuns.
Nessa direção, pressupõe-se a inequívoca habilidade de liderança que deveria
perpassar o papel do chefe, embora nem todo chefe seja líder, segundo Marquis e Huston
(2005, p.477). Para estes autores, o termo chefe ou gerente usualmente remete à ocupação de
um cargo, embora só o cargo não torne alguém líder, pois são os comportamentos e as
atitudes que revelam se uma pessoa, de fato, ocupa posição de liderança. Mesmo assim, nas
organizações, esperar que todo chefe seja um líder converte-se em regra de ouro.
Além disso, no estágio atual das relações de trabalho, vem-se conferindo especial
importância a equipes líderes e proativas, com fomento de arranjos organizacionais mais
colegiados e participativos que democratizem a gestão (MARQUIS; HUSTON, 2005, p.477).
Essa condição reforça a necessidade de olhar atento aos processos de condução aos cargos de
chefia, na área de enfermagem. Cogita-se que, de alguma forma, a (re)produção do imaginário
das equipes sobre essa questão tão relevante repercuta no perfil e no respectivo preparo dos
enfermeiros para a ocupação dos cargos formais estratégicos, na estrutura hospitalar. Para
Santos, Oliveira e Castro (2006, p.395), em alguns contextos, inclusive, vem-se falando no
preparo do staff de enfermagem, em resposta ao planejamento da sucessão de enfermeiros, em
posições administrativas que usufruem de visibilidade e de influência nos fluxos ascendente,
descendente e horizontal da vida organizacional.
Nesses processos, também é preciso levar em conta o papel de dupla
representação, que recai no enfermeiro em cargo de chefia/gerência: de um lado, ele lida com
necessidades e expectativas do grupo de trabalho sob sua coordenação; de outro, depara-se
com necessidades e expectativas que são demandadas pela própria instituição, em prol dos
objetivos organizacionais. Nesse sentido, ainda para Santos, Oliveira e Castro (2006, p.396), o
desafio de gerenciar unidades de serviços de saúde desencadeia repercussões entre esses
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trabalhadores da linha de frente que, em meio às dificuldades do cotidiano, passam a
confrontar a liderança exercida pelo enfermeiro.
2.1 História da formação e efetivação do profissional enfermeiro
Quando se estuda a história da Enfermagem, seja focando o ensino, a assistência
ou o movimento associativo, encontra-se um passado repleto de representações simbólicas
que marcam diferentes períodos de tempo e diversos povos e culturas, cujos impactos atingem
o exercício profissional do enfermeiro, pois História e Enfermagem têm em comum o mesmo
objeto de estudo: a vida humana. Na visão de Ramalho, Nuñez e Gauthier (2004, p.23), é
impossível não relacionar a história da Enfermagem à história social e política (religiões,
guerras, migrações, doenças), ou mais especificamente à história das mulheres, devido à
composição do gênero, tampouco, ao desenvolvimento da saúde e da medicina, movimento
que permitiu a sistematização e a organização da profissão, profissionalização e
profissionalismo.
Acredita-se que quando não se conhece a história, corre-se o risco de construir
representações equivocadas, manipuladas por grupos distintos que assumem o poder, sejam
nos órgãos representativos que regem o exercício da enfermagem, no movimento associativo,
ou na condução de escolas ou programas de ensino. Não raro, as representações geram
preconceitos e estereótipos que significam a Enfermagem como distinta de outros saberes
sobre a vida humana.
Assim, entende-se que o conhecimento histórico da profissão elucida e fornece
significado para o desenvolvimento da Enfermagem, uma vez que na vida profissional esse
saber entra em cena quando enfermeiros utilizam o processo de enfermagem (e fazem o
histórico do paciente), ou quando constroem estudos de caso, ou ainda quando diagnósticos
de enfermagem são identificados, ou propostas de pesquisas são criadas. Em todas as
situações, percebe-se que conhecimento histórico e Enfermagem são indissociáveis e devem
ser integrados e entendidos desde a graduação.
Para a compreensão do processo de formação/construção da identidade
profissional, faz-se necessário pontuar o conceito de profissão. Para Rodrigues (2007, p. 47),
na tradição europeia o termo profissão é equivalente a ofício, passível de designar qualquer
ocupação.
No dicionário de língua portuguesa Priberam (2011), a palavra profissão é
definida como “[...] ofício, emprego, ocupação”. Já ofício, tem origem no latim officium que
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significa dever, serviço, cuja definição se apresenta como “[...] profissão manual, modo de
vida, obrigação, dever, função, fim, destino.” Segundo Rodrigues (2007, p.48), a constituição
das profissões:
Decorreria de alguns aspectos tais como uma especialização de serviços, permitindo
a crescente satisfação de uma clientela; a criação de associações profissionais,
obtendo para os seus membros a proteção exclusiva dos clientes e empregadores
requerendo tais serviços, isto é, estabelecendo uma linha de demarcação entre
pessoas qualificadas e não qualificadas, fixando códigos de conduta e de ética para
os qualificados; o estabelecimento de uma formação específica fundada sobre um
corpo sistemático de teorias, permitindo a aquisição de uma cultura profissional.
No conceito de Lopes (2011, p.222) profissão é como
Um conjunto de interesses reportando-se a uma atividade institucionalizada, de que
o indivíduo tira os seus meios de subsistência, atividade que exige a posse de um
corpo de saberes e de saberes-fazer e a adesão a condutas e comportamentos,
nomeadamente de ordem éticas definidas coletivamente e reconhecidas socialmente.
Para o autor, como profissão, a enfermagem caracteriza-se por uma atividade que
mantém relações estreitas, com pessoas, ou seja, é uma profissão de relação humana.
A formação em Enfermagem, na atualidade, caminha para uma nova abordagem
centrada na aprendizagem de competências e habilidades aperfeiçoadas no processo de
profissionalização, na qual implica dois componentes essenciais: a profissionalidade e o
profissionalismo. Quando se fala em profissionalidade, refere-se aos saberes, competências e
atitudes da ação profissional, ao passo que o profissionalismo diz respeito à busca de
reconhecimento social, de um maior status do grupo profissional. Ainda segundo Lopes
(2011, p.222), profissionalismo designa “[...] o correto exercício da profissionalização”,
configurando como condutas e comportamentos, nomeadamente de ordem ética na definição
de profissão.
Na tradição inglesa, “professional” é aplicado apenas aos trabalhadores que
possuem um nível elevado de qualificação, o que significa, na prática, apenas os diplomados
do ensino superior. Neste estudo, adota-se o conceito de profissão de acordo com a tradição
inglesa.
A profissionalidade dos enfermeiros está pautada nos conhecimentos técnico e
científico da arte de cuidar, prestar assistência e prevenir agravos à saúde, bem como a
destreza manual, atividades psicomotoras, educação em saúde, trabalho em equipe,
comunicação, relacionamento interpessoal, liderança, entre outras atividades inerentes ao
ofício. Na visão de Martins et al. (2006, p.472) o profissionalismo na Enfermagem ainda tem
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um caráter frágil e delicado, pois enfermeiros se organizam em movimentos associativos em
busca de um espaço sócio-político, na tentativa de dar visibilidade à profissão, representada
geralmente de forma equivocada pela sociedade e pelo senso comum. O alcance do status
profissional frequentemente é caracterizado pela posição hierárquica ocupada pelo
profissional ou pelo seu local de trabalho, em instituição de referência, com jornada de
trabalho reduzida e com boa remuneração.
É importante reiterar que a Enfermagem em nível superior é caracterizada como
profissão, corroborando com a visão de Freidson (1996, p.143), quando afirma que a
profissão é estabelecida a partir de uma ocupação, na qual são envolvidas as relações de
poder, que no caso da Enfermagem, tem um aspecto particular ao ser compartimentada em
categorias distintas.
No desenvolvimento e evolução das práticas de saúde, durante o decorrer dos
períodos históricos, as práticas de saúde instintivas foram as primeiras formas de prestação de
assistência apresentadas pela enfermagem. Num primeiro estágio da civilização, estas ações
garantiam ao homem a manutenção da sua sobrevivência, e eram originalmente associadas ao
trabalho feminino, caracterizado pela prática do cuidar nos grupos nômades primitivos, como
o domínio dos meios de cura. Mas posteriormente, esse conhecimento aliado ao misticismo
passou a significar poder.
Durante toda a existência da Enfermagem, a prática profissional pode ser
explicada através de diversos enfoques. Por ser considerada ciência e arte, Vitari (2006)
afirma que ela está sempre ligada aos mais diversos ramos do conhecimento como a ciência
da administração, que contribui com uma parcela que se concretiza, principalmente, na
administração do pessoal de enfermagem. Contudo, com a evolução tecnocientífica, a
inserção do enfermeiro no campo da administração de recursos materiais ocorreu visando não
tornar-se um ser burocrata, mas para buscar atender ao seu produto final – o paciente – com
um atendimento de qualidade.
De acordo com Nóbrega et al. (2008, p.334), Florence Nigthingale foi a
precursora da história administrativa da Enfermagem, e é reconhecida como protagonista de
um projeto social da saúde, que se fez necessário no âmbito das transformações sociais na
segunda metade do século XIX, na Inglaterra. A administração de hospitais, a formação de
enfermeiros e a educação em serviço foram, para Florence, a preocupação primordial de todo
o seu empreendimento na Enfermagem, de acordo com a sua mais difundida obra, o livro
“Notas Sobre Enfermagem: o que é e o que não é”, escrita em 1859 e só traduzida para o
português em 1989.
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Em outubro de 1854, período da guerra na Criméia, os soldados feridos eram
atendidos com o mínimo de cuidados necessários. Foi então que Florence organizou a
infraestrutura dos hospitais e introduziu uma enfermagem não só para cuidados diretos ao
doente, mas de organização do ambiente e de serviços diversos como: limpeza, lavanderia e
cozinha, entre outros, controlando-os através da supervisão rigorosa. Acrescente-se ainda a
organização da hierarquia do serviço, com atenção à postura da Enfermagem. A demonstração
da necessidade de aplicação das funções administrativas, como planejamento, direção e
supervisão nos hospitais, trouxe-lhe o reconhecimento de primeira administradora hospitalar
(TREVIZAN, 2006, p.95).
Ainda de acordo com Trevizan (2006, p.95), entre os anos de 1873 e 1875, o
sistema Nightingaliano chegou aos Estados Unidos, por iniciativa de um grupo de senhoras
que atuavam como voluntárias para trabalhar durante a Guerra Civil americana.
Florence Nightingale é considerada a fundadora da Enfermagem moderna em todo
o mundo, obtendo projeção maior a partir de sua participação como voluntária na Guerra da
Criméia, em 1854, quando com 38 mulheres (irmãs anglicanas e católicas) organizou um
hospital de 4000 soldados internos, baixando a mortalidade local de 40% para o percentual de
2%. Com o prêmio recebido do governo inglês por este trabalho, fundou a primeira escola de
enfermagem no Hospital St. Thomas – Londres, em 24 de junho de 1860. Padilha e Mancha
(2005, p.723) ainda informam que quando retornou da Guerra da Criméia em 1856, após dois
anos Florence publicou um livro chamado “Notas sobre questões que afetam a saúde,
eficiência e administração hospitalar do exército britânico.” Nele, é possível identificar todo o
seu conhecimento acerca da administração na Enfermagem.
Em seus estudos, Lima e Pereira (2003) mencionam que no século XIX, à partir
da década de 20, a estrutura sanitária americana passou a influenciar a estrutura sanitária
brasileira, através da Fundação Rockfeller, que prestava assistência técnica e financeira ao
Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), órgão responsável pela criação da primeira
escola de enfermagem no Brasil, em 1923. Na realidade do Brasil, até o início do século XX,
a Enfermagem era praticada por religiosas, vindas geralmente da Europa para se ocupar dos
doentes e preparar pessoal para exercer essa arte no país. O paradigma da Enfermagem cristã
enfatizava no desempenho profissional valores relacionados a amor, abnegação e
desprendimento, não valorizando a luta por remuneração digna, condições ambientais de
trabalho adequadas e inserção na vida social e política.
Em todas as mudanças curriculares no ensino de Enfermagem no Brasil,
denuncia-se a predominância do modelo médico/hospitalar no ensino de graduação. Ito et al.
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(2006, p.572) cita que a legislação sobre o ensino de Enfermagem desde a criação da Escola
Anna Nery, compreendendo os currículos de 1923, 1949, 1962 e 1972, revelam que a
formação do enfermeiro era centrada no polo indivíduo/doença/cura e na assistência
hospitalar, seguindo o mercado de trabalho específico de cada época.
De acordo com as DCN, de 07 de novembro de 2001 (BRASIL, 2001a), a
formação do enfermeiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos
para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais: atenção à saúde, tomada de
decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação permanente
(ITO et al., 2006, p.574).
As DCN para os Cursos de Graduação em Enfermagem (DCENF) tiveram uma
materialidade concretizada a partir de propostas que emergiram da mobilização das (os)
enfermeiras (os), através da sua associação de classe, de entidades educacionais e de setores
da sociedade civil interessados em defender as mudanças da formação na área da saúde.
Na opinião de Fernandes e Rebouças (2006, p.445), as DCN expressam os
conceitos originários dos movimentos por mudanças na educação em Enfermagem,
explicitando a necessidade do compromisso com princípios da Reforma Sanitária Brasileira e
do SUS. Completam que o grande desafio na formação do enfermeiro é transpor o que é
determinado pela nova LDB, de 1996 e pelas DCN, de 2001 (BRASIL, 2001) ao formar
profissionais que superem o domínio teórico-prático exigido pelo mercado de trabalho, como
agentes inovadores e transformadores da realidade, inseridos e valorizados no mundo do
trabalho.
2.2 Bases teóricas da administração em Enfermagem
A prática de Enfermagem condensa em si o saber de várias ciências e tem
denotado cada vez mais a importância de um bom sistema administrativo, para facilitar tanto a
sua prática, como sua organização. Para Matos e Pires (2002, p.187), a administração é uma
arte e uma técnica que remonta aos primórdios da civilização e vai crescendo em escopo e
complexidade na medida em que crescem as cidades, organizam-se os Governos e surgem as
grandes empresas fabris, a partir da 1ª Revolução Industrial. Ainda afirma que hoje, elevada
ao status de ciência, a administração é o resultado da contribuição de inúmeros engenheiros,
psicólogos, sociólogos, economistas, matemáticos, estatísticos, contadores e advogados.
A Escola Brasileira de Enfermagem, sob influência da precursora Florence
Nightingale, seguiu com o ensino sobre técnicas, administração e disciplina. Trevizan (2006,
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p.94), incentivadora há mais de uma década de estudos envolvendo a área administrativa da
Enfermagem, ressalta a importância do cargo administrativo do enfermeiro e afirma que tal
função é um dos elementos que definem o perfil deste profissional na atualidade.
Complementa ainda, que ao longo dos anos, este profissional vem exercendo cada vez mais a
administração dos serviços de Enfermagem e, neste contexto, menciona que a maioria das
atividades está permeada por decisões.
A ciência da administração e a Teoria Geral da Administração representam, hoje,
as conquistas de uma longa história, no campo do conhecimento humano que despontou no
início do século X, no quadro da Segunda Revolução Industrial.
Em seus estudos, Kurcgant (1991, p.7) diz que no campo específico da
administração das empresas, coube a dois engenheiros o lançamento dos fundamentos de uma
Teoria Geral da Administração, dando origem à chamada Escola Clássica da Administração.
O primeiro deles foi o norte-americano Frederick Taylor (1856-1915), com sua obra “Shop
Management” (Gerência de Fábrica), lançada em 1903, que teve enorme repercussão nos
meios acadêmicos e empresariais. O segundo – grego de nascimento, porém educado na
França – foi o também conhecido engenheiro Henri Fayol (1841/1925), com seu trabalho
“Administracion Industrielle et Generale”, publicado em 1916, e que, como o livro de Taylor,
ganhou um prestígio extraordinário.
Do ponto de vista didático, ainda para Kurcgant (1991, p.8), costuma-se dividir a
Escola Clássica ou Teoria Clássica da Administração em dois grupos: o primeiro grupo
encabeçado por Taylor chamado “Administração Científica”; e o segundo liderado por Fayol,
denominado “Teoria Clássica da Administração”. Assim, a abordagem clássica da
Administração cobre duas áreas distintas: a operacional, de Taylor, com ênfase nas tarefas; e a
administrativa, de Fayol, com ênfase na estrutura organizacional.
Segundo Ciampone e Kurcgant (2004, p.405) deste modo torna-se importante, e
para melhor compreender a dita prática, refletir sobre a mesma, tendo em conta as Teorias da
Administração. Para os mesmos, as denominadas Teorias de Administração de Taylor,
considerado o Pai da Administração científica surgiram com o intuito de melhorar a
produtividade empresarial, e possuem nomeadamente quatro princípios, que são: Princípio do
Planejamento, Princípio da Preparação dos Trabalhadores, Princípio do Controle, e Princípio
da Execução.
Ao longo dos tempos e com a criação de várias empresas, houve a necessidade de
aprofundar o conhecimento de como as administrar. Surgiu então a Teoria da Administração,
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que possuía como pressupostos cinco variáveis básicas: as tarefas; a estrutura organizacional;
as relações humanas; a tecnologia e o ambiente.
A teoria da administração científica de Frederic Taylor, associada à prática de
enfermagem, teve como base melhorar a produtividade dos profissionais através de várias
abordagens de gestão. Matos e Pires (2002, p.334) acreditam que é possível encontrar
frequentemente reflexos desta teoria na administração do pessoal e elaboração de escalas de
serviço.
Para a introdução da teoria operacional nos serviços de saúde, mais propriamente
na vida dos enfermeiros, foram feitas análises do tempo de execução de tarefas e a qualidade
dos profissionais, a partir da sua realização e com o intuito de gerir as suas competências para
uma determinada tarefa que posteriormente irá melhorar a eficácia e a eficiência dos serviços.
A mesma enfatiza a tarefa, e leva o profissional de enfermagem a ser visto como uma peça de
uma engrenagem, que desempenha tarefas de acordo com a sua especialização. Neste tipo de
abordagem, os enfermeiros abandonam uma visão holística do doente e preocupam-se
unicamente com o “como fazer”.
No entanto, Matos e Pires (2002, p.334) afirmam que o desenvolvimento da
Teoria de Administração, proporcionou à Enfermagem e outras profissões um modo diferente
de organizar e administrar a prática da profissão propriamente dita, sendo deste modo um
importante contributo no ramo organizacional.
Sobre a Teoria Clássica da Administração, para Kurcgant (1991) uma das
principais características dessa teoria estabelecida por Henry Fayol era a divisão do trabalho
em órgãos, não havia uma preocupação da divisão individual, mas sim organizacional. A
partir disso surgiu a divisão horizontal do trabalho que pressupunha o agrupamento por
atividades no mesmo nível e a divisão vertical estabelecendo uma hierarquia. Fayol descrevia
a empresa segundo seis funções: técnicas, comerciais, financeiras, de segurança, contábeis e
administrativas. A maior preocupação de Fayol, de acordo com Matos e Pires (2006) era com
a direção da empresa dando principalmente ênfase a todas as funções e operações que
compunham o interior da mesma.
O saber de administração, presente na formação do enfermeiro, sempre procurou
conciliar o princípio de Administração Científica (Taylor) e da Teoria Clássica da
Administração (Fayol), haja vista que esta última apresentava-se como necessária à
organização hospitalar no Brasil (TREVIZAN, 2006, p.94).
No panorama administrativo atual das instituições de saúde, no qual a
Enfermagem está inserida, observa-se que a estruturação de segmentos ou órgãos atuam em
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caráter individual e hierarquicamente não obedecem ao que é preconizado pela teoria clássica.
Pois nesta concepção, Ciampone e Kurcgant (2004, p.405) explicam que a divisão por
departamentos e consequentemente por autoridades responsáveis deve servir para organizar o
serviço da empresa em sua totalidade e não separá-lo de seus objetivos. No cotidiano dos
hospitais que em sua maioria trabalham com organogramas onde há a divisão vertical e
horizontal das atividades e gerências, cabe enfocar os tantos conflitos vivenciados entre um
setor e outro, uma gerência e outra, ocasionando uma falta de resolubilidade e
consequentemente desmotivação do funcionário ao trabalho.
Essas estruturas organizacionais, segundo estudiosos da Administração
Contemporânea como Drucker (1997) e Motta (1998), sinalizam que as instituições com uma
estrutura rígida, verticalizada e uma administração tradicional precisam projetar o mais rápido
possível mudanças organizacionais que possam romper com os modelos administrativos
estáticos, provenientes da Escola Clássica da Administração, pois estas se apresentam
ineficientes para as demandas atuais.
Nesse sentido, as novas formas de gerenciar emergem e passam a ser substituídas,
parcial ou totalmente, por características condizentes com as novas tendências. Entretanto,
Antunes (1997, p.34) aponta que esta substituição não deve ser entendida como “um novo
mundo de organização societária, livre das mazelas do sistema produtor de mercadorias, nem
tampouco compreendido como um avanço em relação ao capitalismo da era fordista e
taylorista”. Ele acredita que esta substituição permanecerá com alguns ideais enraizados,
sendo lenta e gradativamente substituídos pelas novas concepções.
Ao visualizar o processo de trabalho em Enfermagem, concorda-se com Leopardi,
Gelbecke e Ramos (2001, p.35), quando afirmam que é possível identificá-lo envolvendo
áreas diferenciadas como o cuidar, o educar e o gerenciar. Ao destacar o gerenciamento de
enfermagem, visualiza-se este como essencial à profissão por administrar e prover os recursos
humanos, materiais, físicos, tecnológicos e de informação às unidades em que são
desenvolvidos os serviços de enfermagem.
No século XX, período que compreende as décadas de 30 e 40, prevaleceu a
influência das teorias administrativas em 70% dos artigos publicados; e nas décadas
posteriores, até meados de 1980, esse percentual caiu para 50% (CARRASCO, 1987, p.186).
Assim, percebe-se que a administração dos serviços de saúde sempre esteve ligada
ao enfermeiro e no decorrer da história, quando Florence Nightingale consolidou de forma
precoce o princípio da divisão do trabalho na enfermagem, em que as ladies nurses (termo
usado para definir as mulheres que se responsabilizavam pela administração da enfermagem)
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deveriam pensar e administrar o trabalho e as nurses (termo que define as mulheres que
prestavam assistência aos pacientes) deveriam executá-lo, pois à partir disso o gerenciamento
dos serviços de Enfermagem foi incorporado à sua práxis e até como contribuição privativa
do enfermeiro.
Atualmente, as informações mudam a cada fração de segundo e constantemente
surgem novas tecnologias em diversas áreas, tais como: telecomunicações, engenharia
genética, informática, medicina, entre outras, que obrigatoriamente impulsionam o processo
de mudanças no interior das organizações.
Nesta perspectiva, as organizações podem se considerar atualizadas somente por
breves momentos, uma vez que em curto espaço de tempo o saber estará defasado e as
informações desatualizadas pelas constantes mudanças sociais, econômicas e tecnológicas.
Esse cenário faz com que as organizações lutem contra o seu passado e o obsoletismo ainda
existente, buscando cada vez mais a inovação e transformação necessárias (MOTTA, 1998,
p.206).
Isto posto, estudiosos da administração contemporânea, como Motta (1993, p.98),
Drucker (1997), Tachizawa e Scaico (1997) sinalizam organizações que ainda adotam uma
administração tradicional que conservam uma estrutura rígida e verticalizada deverão
implementar o mais rápido possível um processo de mudanças organizacionais que possam
romper com os modelos estáticos, ultrapassados e obsoletos provenientes da Escola Clássica
da Administração, ineficientes para atender às atuais demandas.
2.3 Atribuições do enfermeiro baseadas na Lei do Exercício Profissional de
Enfermagem
Nos diversos serviços de saúde, especificamente no âmbito hospitalar, a
enfermagem tem assumido fundamental importância na articulação entre os vários
profissionais da equipe, além de organizar o processo de trabalho, buscando concretizar as
ações a serem realizadas junto a clientes que necessitam destes serviços para atender as suas
carências de saúde-doença.
Para compreender as atribuições do enfermeiro, é necessário entender
primeiramente como se dá a constituição da equipe de enfermagem atualmente, bem como o
resgate das origens da profissão. Oguisso (2005, p.33) relata que entre os séculos XVI e XVII,
particularmente na Inglaterra, a Enfermagem começou a vivenciar a divisão social do
trabalho. Assim, Florence Nightingale, de fato, tornou a Enfermagem uma profissão
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respeitável, recrutando jovens e senhoras da alta sociedade para formar um grupo de líderes
para as categorias matron e sister; ou seja, gerentes e supervisoras, mas também selecionou
jovens de outras classes para fazer o trabalho mais pesado (nurses), que correspondiam às
enfermeiras assistenciais. Os hospitais eram dirigidos pela matron e o cuidado executado
pelas sisters.
No século XIX, as escolas nightingaleanas formavam duas categorias distintas de
enfermeiros: as ladies-nurses, que procediam de grupo social com maiores recursos e que
desempenhavam funções diferenciadas, incluindo a supervisão e o controle dos serviços de
Enfermagem; e as nurses, que pertenciam aos estratos sociais mais baixos e desenvolviam o
trabalho manual de Enfermagem, sob supervisão das ladies.
Conforme relata George (2000), no início do século XX, nos EUA, cujo modelo
de Enfermagem foi transplantado da Inglaterra, a enfermeira Virginia Henderson (1897-
1996), docente da “Columbia School”, pesquisadora associada emérita da Universidade de
Yale, chamava a atenção para o fato de que o enfermeiro assumia tarefas que o desviavam de
seu papel, enfatizando a necessidade de priorizar suas funções exclusivas no processo do
cuidado. E defendia, no seu livro Princípios e práticas de Enfermagem, que o paciente é a
figura central dos cuidados de enfermagem e o enfermeiro deve ajudá-lo a tornar-se
independente na satisfação de suas necessidades o mais cedo possível.
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3 COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO ENFERMEIRO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Na área de Saúde, a Enfermagem vem conquistando o respeito e o prestígio da
sociedade brasileira, e segundo a Resolução nº 293/04, de 21 de Setembro de 2004, que fixa e
estabelece parâmetros para dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem nas
instituições de saúde, as estatísticas para o número de profissionais de enfermagem
registrados no COFEN são de aproximadamente 1.856.686, com superioridade numérica em
relação a outras profissões atuantes na área da saúde, integrando 55% da mão-de-obra do
setor, conforme a Resolução nº 293/04, de 21 de Setembro de 2004 (COFEN, 2004).
Estes dados correspondem a 346.968 enfermeiros, 228.030 técnicos de
enfermagem, 504.885 auxiliares de enfermagem, 41 parteiras e 26.132 atendentes de
enfermagem (hoje estes últimos não prestam mais cuidados diretos aos pacientes), totalizando
1.106.056 profissionais, de acordo com dados do COFEN de 2012. Bueno e Queiroz (2003,
p.118) definem a enfermagem como uma profissão que integra ou articula a ciência, a arte, o
ideal de ser ou a ética, como base para desenvolver suas ações e atividades práticas na
assistência à saúde, no ensino e na pesquisa.
Na atual realidade, o profissional enfermeiro está presente em todos os níveis de
prestação de serviços à saúde, desde a atenção básica até os serviços da mais alta
complexidade; bem como atua no ensino do pessoal de nível médio, técnico e nos cursos de
graduação em Enfermagem. Apresenta importante produção técnico-científica, contribuindo
para elucidar a transformação dos processos assistenciais e para a construção de novos
conhecimentos sobre o cuidado de enfermagem em saúde (SANTOS; SANTOS; SANTANA,
2002, p.329).
O trabalho de enfermagem possui atualmente uma característica marcante no
processo de trabalho pelo fato de que este deve ser desenvolvido a partir da realização de
quatro subprocessos, que são: cuidar ou assistir, administrar ou gerenciar, pesquisar e ensinar
(FELLI; PEDUZZI, 2005, p.7). Esses campos são interligados na prática profissional,
possuem um corpo científico próprio que os fundamenta e possibilita o desenvolvimento de
um cuidado de qualidade ao paciente.
Na Constituição Brasileira de 1988 está estabelecido que a assistência à saúde é
um serviço público, e é livre à iniciativa privada. Assim, o enfermeiro desenvolve suas ações
quer no âmbito público, quer no particular em Instituições de Saúde, sendo um agente
público, e assim, enquadrado no preceito constitucional acima considerado. O Código de
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Deontologia de Enfermagem, inserido no Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, republicado
como anexo pela Lei n.º 111/2009 de 16 de Setembro de 2009, Seção II, prevê que:
As profissões são exercidas em função de um conhecimento com predomínio do
elemento técnico. Os conhecimentos são postos a serviço do homem como indivíduo
e comunidade. Declara ainda que “quando o ser humano se apresenta sob as vestes
de um profissional, os deveres são normas de conduta que orientam o exercício de
suas atividades, nas relações dos profissionais entre si, com seus clientes e com a
comunidade. (BRASIL, 2009, p.12).
A Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que trata do exercício profissional de
Enfermagem e dispõe em seu art. 1º que “[...] é livre o exercício da enfermagem em todo o
território nacional, observadas as disposições desta Lei.” (COFEN, 2010, p. 22).
Regulamenta que é o enfermeiro quem coordena a equipe de enfermagem, tendo
como integrantes da equipe o auxiliar e o técnico de enfermagem, ambos de nível médio;
responsabiliza, privativamente, o enfermeiro pela direção dos órgãos de enfermagem, pela
organização e direção dos serviços de enfermagem, bem como pelas atividades técnicas e
auxiliares. Como integrante da equipe de saúde o enfermeiro tem participação no
planejamento, organização, execução e avaliação dos planos de assistência à saúde; faz o
diagnóstico e prescrição de medicamentos estabelecidos em protocolos institucionais de
saúde; participa de projetos de extensão e de pesquisa, de comissões de saúde e de outras
atividades previstas na legislação que dispõe sobre o exercício de Enfermagem (BRASIL,
1986).
No século XX, década de 90, a publicação do Regulamento do Exercício
Profissional dos Enfermeiros (REPE) iniciou um ciclo novo na profissão. Em 1996, o Decreto
Lei nº 161/96, que dispõe sobre a forma de anotação e o uso do número de inscrição ou da
autorização pelo pessoal de enfermagem, afirma que a categoria registrou, no decurso dos
últimos anos, uma evolução, quer no âmbito da formação de base, quer no que diz respeito à
complexidade e dignidade do exercício profissional, o que torna imperioso reconhecer, como
significativo, o valor do papel do enfermeiro na comunidade científica e de saúde, bem como
no que concerne à qualidade e eficácia da prestação de cuidados de saúde (COFEN, 2010).
Nesse decreto, no Capítulo IV do Exercício e Intervenção dos Enfermeiros, Artigo 9º afirma
que:
Os enfermeiros concebem, realizam, promovem e participam de trabalhos de
investigação que visem o progresso da enfermagem em particular e da saúde em
geral; e considera também que os enfermeiros contribuem no exercício da sua
atividade na área de gestão, investigação, docência, formação e assessoria, para a
melhoria e evolução da prestação dos cuidados de enfermagem. (COFEN, 2010, p.
22).
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A liberdade de exercer a profissão que a Constituição garante, é limitada pelas
condições de capacidade estabelecidas na Lei nº 2.604/55 (BRASIL, 1955). Em relação à
responsabilidade legal, as autoras Oguisso, Freitas e Luchesi (2009, p.96) afirmam que, tanto
o Código Civil como o Código Penal instituem normas de preceito geral que atingem todos os
indivíduos dentro do território nacional; logo, atingem também todos os profissionais de
enfermagem, detalhando as responsabilidades em três modalidades: civil, penal e ético-
profissional, podendo incluir também a responsabilidade funcional que é contratual de
trabalho, ou função pública.
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem estabelece que “[...] responde
pela infração quem a cometer ou de qualquer modo concorrer para sua prática, ou dela se
beneficiar.” O COFEN preceitua no Capítulo III, artigo 20 do Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem (CEPE), sobre as responsabilidades dos profissionais de
enfermagem que devem “[...] responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades
profissionais, independentemente de ter sido praticada individualmente ou em equipe [...]”; e
prescreve como deveres dos profissionais de Enfermagem “[...] exercer a Enfermagem com
justiça, competência, responsabilidade e honestidade.” (COFEN, 2010, p. 22).
Oguisso (2005, p.33) também diz que a Enfermagem, assim como outras
profissões, tem sua responsabilidade aumentada perante a sociedade decorrente do impacto
causado pelas mudanças e transformações do mercado, como o contínuo progresso da ciência
e tecnologia e a produção e difusão dos conhecimentos técnico-científicos, colocados à
disposição do público.
Sabe-se que a diversidade está presente na Enfermagem nos âmbitos cultural,
social, pessoal e profissional, refletindo-se nas questões ética, de disciplina, hábitos e
competências, que por sua vez sofrem influência contextual dessas áreas.
Esta evolução da enfermagem ocorre nos diferentes contextos político,
econômico, filosófico, tecnológico e sociocultural. Da tecnicidade centrada na doença, no
início deste século, passou para a valorização da relação que se dá entre quem presta e quem
recebe cuidados e, em seguida, para uma visão orientada para a formação que permite aos
enfermeiros conhecer melhor a pessoa e ter uma ação terapêutica em nível individual e
familiar (SILVA, 2002).
O gerenciamento é um subprocesso complementar que constitui o processo de
trabalho do enfermeiro. Assim, deve-se reconhecer o cuidado como foco possível e necessário
de ser gerenciado dentro das instituições em uma dimensão que extrapole o tecnicismo e
incorpore o conhecimento e atitudes de ordem racional e sensível.
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É necessário que o enfermeiro perceba que a gerência não deve ser vista como
uma atividade de caráter somente burocrático, mas uma prática que proporcione uma
assistência em saúde condizente com as necessidades da população, já que na equipe
multidisciplinar, ele é o profissional que legalmente é competente para o exercício da gerência
nos serviços de saúde.
Mesmo diante disso, o exercício da função gerencial pelo enfermeiro em nosso
país permanece como uma questão mesclada de dúvidas, desentendimentos e incompreensões.
O fato de o enfermeiro limitar-se a atividades administrativas em seu trabalho é considerado
polêmico na profissão, tornando-se evidente a discrepância entre o que se espera do
enfermeiro na visão teórica de enfermagem e o que se verifica ser sua atuação cotidiana nas
instituições de saúde (TREVIZAN et al., 2006).
A divisão do trabalho na Enfermagem, desde a sua profissionalização, traz o
enfermeiro como figura responsável pela atuação administrativa nos serviços de saúde. Sua
participação na gerência instiga a compreensão do significado desta prática, tendo em vista a
evolução da Enfermagem como profissão. Porém, de acordo com as ideias de Ferraz (2000), o
entrelaçamento entre cuidar e gerenciar sempre se mostrou como um desafio, tendo sido mais
enfatizado a partir da década de 1990, tanto no aspecto da formação do enfermeiro como na
atuação de lideranças de enfermagem.
A partir dessas considerações, os diferentes subprocessos (cuidar ou assistir,
administrar ou gerenciar, pesquisar e ensinar) compositores do processo de trabalho da
Enfermagem precisam ser articulados na prática profissional, com foco no cuidado. Todavia,
há uma divergência entre essa ideia e as demandas das instituições de saúde em que se
inserem os enfermeiros, pois para a instituição, as funções administrativas desempenhadas por
esses profissionais devem ser destinadas à produção com vistas a atender aos princípios
capitalistas e não necessariamente à assistência de enfermagem.
Esta disparidade de compreensão de atividade gerencial do enfermeiro colabora
para que este profissional possua uma tendência ao afastamento do cuidado. Existe a
priorização de tarefas, muitas vezes impostas pelas instituições de saúde, em detrimento à
assistência de enfermagem, a qual geralmente é delegada a outras categorias (FONSECA et
al., 2003).
Por sua vez, assim como em todas as dimensões e contextos de atuação da
enfermagem, não há espaço para imprecisões no gerenciamento, pois os enfermeiros devem
aliar a fundamentação teórica à capacidade de liderança, ao discernimento, à iniciativa, à
habilidade de ensino, à maturidade e à estabilidade emocional.
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Embora existam grupos preocupados com assistência holística e a visão integral
do homem para a prestação da assistência de Enfermagem ao indivíduo sadio ou doente,
observa-se que cada vez mais os enfermeiros se especializam em pequenas áreas anatomo-
fisio-patológicas do ser humano ou em áreas departamentais da tecnologia mais sofisticada na
prática institucional, assim como vem ocorrendo com as especializações e sub-especilizações
em outras profissões da saúde. De acordo com Schmidt (2003), o mesmo acontece, também,
na docência e na pesquisa de Enfermagem, embora se reconheça que algumas delas sejam
etapas necessárias para a construção do conhecimento e da ciência da Enfermagem.
Henderson (1969) já afirmava que para o enfermeiro, o objeto da sua atenção era
precisamente o ser humano, em toda a sua força e vulnerabilidade. Relatava que a busca da
especificidade da enfermagem sempre foi conduzida por duas vertentes: uma relacionada à
necessidade de produzir um conhecimento e saber técnico-científico específicos; e outra
relacionada à exigência de competências relacionais tidas como essenciais – uma atitude de
ajuda e substituição do usuário.
Na opinião de Nascimento et al., (2003, p.449), formar enfermeiros é um processo
que envolve múltiplas dimensões da vida humana – intelectual, afetiva, social, estética, ética,
cult
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