tcc daniele andrighetti pÓs eng de produÇÃo
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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC CAMPUS DE
JOAÇABA
ÁREA DAS CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Daniele Andrighetti
ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO ATRAVÉS DE CHECK-LISTS EM
BANCÁRIOS DA CIDADE DE MAXIMILIANO DE ALMEIDA/RS.
Joaçaba, 2013.
DANIELE ANDRIGHETTI
ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO ATRAVÉS DE CHECK-LISTS EM
BANCÁRIOS DA CIDADE DE MAXIMILIANO DE ALMEIDA/RS.
Trabalho monográfico apresentado ao Curso de Especialização em
Engenharia de Produção da Universidade do Oeste de Santa Catarina –
UNOESC, para obtenção do título de Especialista.
Orientador: Prof. Msc. Rodrigo Geremias
Joaçaba, 2013.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS por todas as conquistas que ele me concede a cada dia, pelos
ensinamentos do bem, pela força, fé e proteção. Vem dele tudo que tenho e tudo que ainda
falta para vir.
Se não desisti, foi porque tive uma formação pessoal, amparada por pessoas lutadoras
que me ensinaram o que é certo e errado e que o certo é sempre dar o melhor de si em todas as
suas realizações. Obrigada pai e mãe, por terem me ensinado o que é apoio, o que é família, o
que é correto e principalmente por me darem o porto seguro que me fez a pessoa que sou.
Agradeço ao meu namorado, por ser meu eterno amado amigo e por ter aguentado
minhas alternâncias de humor e minhas ausências.
A todos os meus professores que contribuíram para a minha formação acadêmica,
pelos ensinamentos, companheirismo e dedicação, em especial ao meu orientador Ms.
Rodrigo Geremias.
A todos aqueles que direto ou indiretamente contribuíram para a realização desse
sonho, seja com ensinamentos, com palavras, com conselhos, com abraços, de qualquer
forma, o meu muito OBRIGADA!
“Consulte não a seus medos, mas a suas esperanças e sonhos. Pense
não sobre suas frustrações, mas sobre seu potencial não usado.
Preocupe-se não com o que você tentou e falhou, mas com aquilo que
ainda é possível a você fazer”.
(Papa João XXIII)
RESUMO
Com o fim do processo inflacionário, os bancos no Brasil mudaram o foco de atuação e
passaram a priorizar a venda de serviços para os clientes. Issa alterou completamente a
profissão e a rotina do trabalho bancário, aumentando demais a pressão por resultados. Os
profissionais que trabalham neste setor tem maior propensão a desenvolver doenças
ocupacionais. As LER/Dort são a primeira causa de adoecimento entre a categoria. A
percepção de que o bancário adoece mais facilmente que outras profissões, faz com que esta
pesquisa tenha alta relevância. Este projeto teve o objetivo de aplicar avaliações em
funcionários de instituições bancárias, através de checklists, e comprovar que somente usando
somente questionários já pode se identificar agravantes de doenças relacionadas ao trabalho.
Esta foi uma pesquisa investigatória, que desenvolvida em uma instituição bancária do
município de Maximiliano de Almeida/RS, onde foram entrevistados os funcionários que
atuam no atendimento a clientes. Os resultados obtidos identificaram que em sua grande
maioria, os colaboradores já desenvolveram alguma doença ocupacional, ou sentem dores
relacionadas ao trabalho. Conclui-se que uma avaliação ergonômica estritamente baseada em
“check lists” possui eficácia questionável porque só considera aspectos aparentes e
superficiais das tarefas em detrimento da atividade real de trabalho, complexa e repleta de
mediações. O uso dos “check lists”, de forma isolada, só possibilita a visualização daquilo que
já se sabe sobre o posto de trabalho, sem que se avalie como os chamados fatores de risco se
relacionam com a atividade nesse mesmo posto.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Método de Análise Moore e Garg ............................................................. 25
Figura 02 – Método de Avaliação NIOSH ................................................................... 27
Figura 03 – Método de Avaliação OWAS ................................................................... 28
Figura 04 – Método de Avaliação RULA .................................................................... 30
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Locais de desconforto ............................................................................. 40
Gráfico 02 – Classificação do desconforto .................................................................. 41
Gráfico 03- Sente melhora com o repouso ................................................................... 41
Gráfico 04 - Check-List para Avaliação Simplificada das Condições Biomecânicas do Posto
de Trabalho ................................................................................................................. 43
Gráfico 05 - Checklist Avaliação Simplificada do Fator Biomecânico no Risco de
Tenossinovites e Distúrbios Músculo-Esqueléticos de Membros Superiores Relacionados ao
Trabalho ..................................................................................................................... 44
Gráfico 06 - Check-List para Avaliação Simplificada do Método de Trabalho ............. 45
Gráfico 07 - Chesk-List para Avaliação Simplificada do Risco de Lombalgia ............. 46
Gráfico 08 - Check-List Análise das Condições do Trabalho ao Computador .............. 47
Gráfico 09 – Questionário Bipolar – Avaliação de fadiga no início da jornada ............ 48
Gráfico 10 – Questionário Bipolar – Avaliação da fadiga no meio da jornada de trabalho49
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
1.2 Problemática ......................................................................................................... 12
1.3 Objetivos ............................................................................................................... 12
1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 12
1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 14
2.1 Conceito de ergonomia .......................................................................................... 14
2.2 Origem da ergonomia no mundo ........................................................................... 15
2.3 Origem da ergonomia no Brasil ............................................................................. 15
2.3.1 Vertentes da ergonomia no Brasil ....................................................................... 16
2.3.2 A criação da ABERGO ...................................................................................... 18
2.3.3 Norma Regulamentadora - NR 17....................................................................... 18
2.4 Descrição do setor bancário ................................................................................... 19
2.5 LER e DORT ........................................................................................................ 20
2.6 Qualidade de Vida no Trabalho – QVT ................................................................. 20
2.7 Análise Ergonômica do Trabalho – AET ............................................................... 21
2.7.1 Análise da demanda ........................................................................................... 22
2.7.2 Análise da tarefa ................................................................................................. 22
2.7.3 Análise da atividade ........................................................................................... 23
2.8 Ferramentas de análise ergonômica ....................................................................... 23
2.8.1 Moore e Garg ..................................................................................................... 24
2.8.2 NIOSH ............................................................................................................... 26
2.8.3 OWAS ............................................................................................................... 27
2.8.4 RULA ................................................................................................................ 28
2.8.5 TOR-TOM ......................................................................................................... 30
2.8.6 Checklists ........................................................................................................... 31
2.8.6.1 Questionário Bipolar – Avaliação da Fadiga ................................................... 31
2.8.6.2 Análise da condições do trabalho no computador............................................. 32
2.8.6.3 Avaliação simplificada do risco de lombalgia .................................................. 32
2.8.6.4 Avaliação simplificada do método de trabalho ................................................. 33
2.8.6.5 Avaliação simplificada do fator biomecânico de tenossinovites e distúrbios músculos-
esqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho ..................................... 33
2.8.6.6 Avaliação simplificada das condições biomecânicas do posto de trabalho ........ 34
2.8.6.7 Censo de ergonomia ........................................................................................ 34
3 METODOLOGIA ................................................................................................. 35
3.1 Caracterização da pesquisa .................................................................................... 35
3.2 Tipos de fontes ...................................................................................................... 36
3.3 Plano de seleção de amostra .................................................................................. 36
3.4 Plano de coleta de dados........................................................................................ 36
3.5 Plano de tratamento e análise de dados .................................................................. 37
3.6 Aspectos éticos da pesquisa ................................................................................... 37
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 38
4.1 A empresa ............................................................................................................. 38
4.2 Perfil de funcionários ............................................................................................ 39
4.3 Censo de ergonomia .............................................................................................. 39
4.4 Check-list para avaliação simplificada das condições biomecânicas do posto de trabalho
................................................................................................................................... 42
4.5 Check-list para avaliação simplificada do fator biomecânico de tenossinovites e distúrbios
músculos-esqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho...................... 43
4.6 Check-list para avaliação simplificada do método de trabalho .............................. 44
4.7 Check-list para avaliação simplificada do risco de lombalgia................................. 45
4.8 Check-list da análise das condições do trabalho ao computador ............................. 47
4.9 Questionário bipolar – avaliação da fadiga ............................................................ 48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 50
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 51
ANEXOS ................................................................................................................... 57
11
1 INTRODUÇÃO
Com o fim do processo inflacionário, os bancos no Brasil tem mudado o foco de
atuação. Antes, pagamentos e recebimentos financeiros, hoje venda de produtos e serviços. Essa
mudança de foco alterou a profissão e a rotina de trabalho dos bancários, aumentando a pressão
por resultados.
Por estarem expostos diariamente a um cotidiano de pressões, sujeitos à
“competição” imposta pelas organizações, há um comprometimento tanto da sua integridade
física como mental, levando, em certos casos, à ocorrência de graves problemas de saúde.
Estes trabalhadores estão expostos à riscos ergonômicos, a fatores de iluminação e
mobiliário inadequado. E essa exposição, juntamente com a execução do trabalho de forma
repetitiva e incorreta, levou a categoria dos bancários a ser uma das profissões que mais
desenvolve doenças ocupacionais, como estresse e as LER/DORT, e até mesmo acidentes de
trabalho.
Com o objetivo de melhorar a produtividade sem sobrecarregar os trabalhadores,
surgiu a Ergonomia. A palavra “ergonomia” vem de duas palavras gregas: “ergon”, que significa
trabalho, e “nomos”, que significa leis. A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) define
ergonomia (ou Fatores Humanos) como “uma disciplina científica relacionada ao entendimento
das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas e à aplicação de teorias,
princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho
global do sistema”.
A Ergonomia pode ser aplicada em todos os setores (industrial, hospitalar, escolar,
transportes, sistemas informatizados, etc.) e em todos eles é possível existirem intervenções
ergonômicas para melhorar significativamente a eficiência, produtividade, segurança e saúde nos
postos de trabalho.
12
1.2 Problemática
A Ergonomia limita-se para estudar a adequação do trabalho ao ser humano, como
esse está sendo executado e como desenvolvê-lo de maneira eficaz tanto para a empresa quanto
para o colaborador, visando melhorar a satisfação do funcionário em relação às condições do
ambiente organizacional.
Estudar e pesquisar sobre Ergonomia vem sendo um fator de grande valia para as
organizações, pois esse contribui para um aperfeiçoamento das pessoas, uma modificação no
ambiente de trabalho e melhoria no prazer em trabalhar.
Avaliando o setor de serviço de atividade financeira, Graup (2012, Apud. Gravina
e Rocha 2006), mencionam que o adoecimento em bancários está relacionado tanto à automação
quanto à mudança no perfil do trabalho. Conclui que as mudanças no ambiente de trabalho
bancário acabaram por descaracterizar a função que os trabalhadores exerciam e propiciaram o
favorecimento dos casos de LER/DORT.
A percepção de que o bancário adoece mais facilmente que outras profissões, faz com
que esta pesquisa tenha alta relevância. Este projeto tem o objetivo de aplicar avaliações em
funcionários de instituições bancárias, através de checklists, e comprovar que somente usando
somente questionários já pode se identificar agravantes de doenças relacionadas ao trabalho.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Avaliar, através de check-lists, as condições de trabalho que podem gerar riscos
ergonômicos em funcionários de instituições bancárias.
13
1.3.2 Objetivos específicos:
Avaliar o método de trabalho;
Estimar os índices de fadiga antes, durante e após a jornada de trabalho;
Analisar o fator biomecâmico no risco de tenossinovites e distúrbios
músculo-esqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho;
Investigar as condições de trabalho no computador;
Considerar sobre o censo de ergonomia;
Analisar os riscos de lombalgia;
Avaliar as condições biomecânicas do posto de trabalho.
14
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Desde a Antiguidade a forma de trabalho é motivo de estudos e de preocupações para
a sociedade. Com o objetivo de aumentar a eficiência humana no trabalho, a Ergonomia foi
desenvolvida para otimizar este processo.
Atualmente, a maior parte do tempo da vida das pessoas se passa no trabalho e seria
ideal que pudesse transformar em algo prazeroso e saudável a execução do mesmo.
Assim sendo, a Ergonomia se tornou evidente a partir do momento em que o homem
sentiu necessidade de se adaptar às novas demandas de trabalho, geradas pelas mudanças em
ascendência no modo produtivo. (PRZYGODA, 2012)
2.1 Conceito de ergonomia
Desde os tempos do Homem das Cavernas, a Ergonomia existe e já era aplicada. Em
termos arqueológicos, é possível demonstrar que os utensílios de pedra lascada, por exemplo, se
miniaturizaram, num processo de melhoria de manuseabilidade e que teve por resultados
produtivo: o ganho de eficiência na caça. (Abergo, 2000) Nota-se, assim, que quando descobriu-
se que uma pedra poderia ser afiada até ficar pontiaguada e transformar-se numa lança ou num
machado, ali estava se aplicando a Ergonomia, ou até mesmo quando posicionavam-se galhos ou
troncos de árvores sob rochas ou outros obstáculos, fazendo alavancas, ali estava a Ergonomia.
A Ergonomia é uma ciência aplicada a facilitar o trabalho executado pelo homem,
que objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar a atividade nele existentes às
características, habilidades e limitações das pessoas com vistas ao seu desempenho eficiente,
confortável e seguro, sendo que interpreta-se aqui a palavra “trabalho” como algo muito
abrangente, em todos os ramos e áreas de atuação.
15
O nome Ergonomia deriva-se do grego: ERGOS (trabalho) e NOMOS (leis, normas e
regras). É portanto uma ciência que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e normas a fim
de organizar o trabalho, tornando este compatível com as características físicas e psíquicas do ser
humano que o executa.
2.2 Origem da ergonomia no mundo
O nascimento formal da Ergonomia é marcado pela Revolução Industrial do século
XIX. Seu precursor foi o engenheiro norte-americano Frederick W. Taylor, que buscava a melhor
maneira de executar um trabalho e suas tarefas. (SILVA, 2001) Neste período já se verificava
uma grande competitividade, com rápido crescimento de corporações e início de organizações
industriais que monopolizavam o mercado. Esse fato tornava cada vez mais difícil a
sobrevivência no mercado de indústrias que apresentavam baixa produtividade.
(PASCHOARELLI; SILVA, 2010)
Nesse contexto, Taylor desenvolveu e introduziu o conceito da “Administração
Científica”, revolucionando o sistema produtivo. Suas teorias, normalizam o processo produtivo
das fábricas, economizando matéria e tempo, a fim de obter a maior produtividade e o maior
lucro, proporcionando melhorias relativas na qualidade de vida global das populações.
(PRZYGODA, 2012)
2.3 Origem da ergonomia no Brasil
No Brasil, tudo indica que os primeiros estudos ergonômicos começaram a surgir em
meados da década de 1970, influenciados pelo pesquisador francês Alain Wisner, professor da
USP (Universidade de São Paulo). Mas foi na década de 1990, com base em um método
16
proposto pelas professoras Anamaria de Moraes e Cláudia Mont’Alvão, que novos estudos
ergonômicos surgiram e ganharam força devido à descrição clara dos muitos obstáculos que
surgem em um estudo ergonômico. (PASCHOARELLI; SILVA, 2010) (PRZYGODA, 2012)
Soares (2004), afirma que as origens da Ergonomia no Brasil foram apresentadas por
Moraes e Soares (1989) no livro “Ergonomia no Brasil e no mundo: um quadro, uma fotografia”,
onde os autores relatam que as primeiras vertentes de implantação da disciplina no país
ocorreram em conjunto com as engenharias e desenho industrial.
2.3.1 Vertentes de difusão da ergonômia no Brasil
Para Guimarães (2004), Tinoco (2010) e Soares (2004), existem seis vertentes de
difusão da Ergonomia no Brasil:
A primeira vertente foi a área de engenharia de produção, na Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo (USP), com o professor Sérgio Penna Kehl, e a sua abordagem do
tópico "O Produto e o Homem", na disciplina Projeto de Produto, no curso de Engenharia de
Produção. A partir desta disciplina o Prof. Penna Kehl visualiza uma grande trajetória e funda o
Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento (GAPP) o qual começa a oferecer consultorias que
tem em seus tópicos a ergonomia.
A segunda vertente constitui-se com o trabalho de Itiro Iida, COPPE/UFRJ (Instituto
Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro). Este leciona no curso de Engenharia de Produto, que passa a funcionar como um
centro de irradiação dos conhecimentos de Ergonomia. O Prof. Itiro também publicou em 1978,
um dos primeiros livros de ergonomia no Brasil: "Ergonomia: notas de aula", um livro muito
procurado dentro desta área.
A terceira vertente situou-se no curso de desenho industrial, a partir da Escola
Superior de Desenho Industrial (ESDI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Nesta
escola, o professor Karl Heinz Bergmiller iniciou o ensino da ergonomia para o desenvolvimento
17
de projetos de produtos, segundo o modelo de Tomás Maldonado, da Escola de Ulm, na
Alemanha. Em 1971, Itito Iida já atuando no Rio de Janeiro é convitado pelo Prof. Bergmiller,
em função de sua tese de doutorado, a lecionar Ergonomia na ESDI, para o desenvolvimento de
projeto e de produtos. Após a passagem de Itiro Iida na Escola, a Ergonomia é inserida como
disciplina do curso de Desenho Industrial.
A quarta vertente teve como base o curso de psicologia, na USP de Ribeirão Preto
aonde se implantou uma linha de pesquisa, coordenada pelos professores Rozestraten e
Stephaneck, relacionada a psicologia ergonômica, ambos psicólogos, onde estudos relacionados a
percepção visual são aplicados ao trânsito.
Na quinta vertente com ação do Prof. Franco Lo Presti Seminerio no Instituto
Superior de Estudos e Pesquisas Psicossociais (ISOP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que
promove o I Seminário Brasileiro de Ergonomia, em 1974. Este seminario tornasse um marco na
Ergonomia Brasileira. Foi em consenquência do ISOP o surgimento do primeiro curso de
especialização em Ergonomia no Brasil em 1975.
A sexta vertente se deu a partir da iniciativa do professor Franco Lo Presti Seminério,
que foi o responsável pela vinda ao Brasil do professor Alain Wisner do Conservatoire National
des Arts et Métiers (CNAM), de Paris. O Prof. Wisner foi responsável pela orientação e incentivo
dos primeiros estudos de Ergonomia da Fundação Getulio Vargas, onde o tema principal era a
plantação de açúcar, também incentivou à pos-graduação a vários brasileiros. Com os egressos
vindos desta instituição da França, que se iniciou o expansão da Ergonomia para outros estados
brasileiros e cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Florianopolis, Belo Horizonte e Brasilia e
são, hoje, responsáveis pelo desenvolvimento de diversas pesquisas e programas de pós-
graduação em universidades brasileiras.
18
2.3.2 A Criação da ABERGO
No dia 31 de agosto de 1983, no auditório da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de
Janeiro,realizou-se a primeira reunião constitutiva da Associação Brasileira de Ergonomia e
escolheu-se a sigla ABERGO para a entidade.
Nesta reunião, foi eleita uma Comissão Provisória para tratar da eleição da primeira
diretoria, elaborar uma proposta de estatuto e um programa para a Associação. Esta Comissão era
composta pelos professores Anamaria de Moraes, Dioscedes da Silva Mello, Franco Lo Presti
Seminério, Frida Marina Fischer, Itiro Iida, João Hélvio Righi de Oliveira, Leda Leal Ferreira,
Maria Ivony Bezerra Cardoso, Reinier Johannes Antonius Rozestraten, e Ued Maluf (SOARES,
2004, Apud. Moraes, 1999)
A ABERGO foi fundada e registrada, com a posse da sua primeira Diretoria, no dia
30 de novembro de 1983.
2.3.3 Norma Regulamentadora – NR 17
As Normas Regulamentadoras (NRs) são de observância obrigatória pelas empresas
privadas e públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta, que possuam
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Estabelece a importância,
funções e competência da Delegacia Regional do Trabalho (SESMT, 2013).
A Norma Regulamentadora 17, cujo título é Ergonomia, visa estabelecer parâmetros
que permitam a adaptação das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente. A NR 17 tem a sua existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, nos
artigos 198 e 199 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
19
2.4 Descrição do setor bancário
A instituição bancária mudou consideravelmente nos últimos anos, tanto para clientes
quanto para bancários. O cliente deixou de ser chamado pelo nome, e os bancos passaram a
conviver com filas intermináveis e sobrecarga de trabalho. Ser bancário deixou de ser um status e
passou a ser visto como um “comerciário” que vende seguros, títulos de capitalização,
previdência, cartão de crédito e outros. (BRUNO, 2011) (Schimitz, 2002)
Os bancos acompanharam a evolução tecnológica e de processos em todo o mundo
nos últimos anos. (BAÚ, 2005) Essa mudança de foco das instituições financeiras alterou
completamente a profissão e a rotina do trabalho bancário, aumentando demais a pressão por
resultados. O interesse das instituições está representado por produtividade, competitividade,
qualidade, contenção de custos e treinamento. Todas essas metas levam a um “desgaste” físico-
emocional do trabalhador. (BACK et.al., 2010)
Na busca pelo crescimento no mercado competitivo, essas instituições aceleram o
ritmo de trabalho, aproveitando o máximo possível do esforço físico e psíquico do ser humano,
fazendo com que seus funcionários trabalhem, mesmo sem ter condições favoráveis para executar
tal atividade. (LUZ, 2013)
Uma mudança bem determinada nos bancos foi a especialização dos trabalhos.
Cada funcionário tem sua função específica, onde ocorreu uma diminuição dos tempos de
processamento de serviços e em contrapartida aumentou a sobrecarga na função, a repetição de
movimentos e o estresse psicológico.
Logo, aumentou significativamente o número de indivíduos com lesões resultantes da
intensificação desse processo de trabalho e da inadequação de sua execução. Estas condições vem
desencadeando problemas de saúde sendo provocados pela tensão psicológica e pelas más
condições de trabalho a que os funcionários estão submetidos. A consequência disso é que os
casos de problemas de sintomas dolorosos e de afastamentos decorrentes de doenças
ocupacionais vêm aumentando consideravelmente, que segundo dados encontrados no site
20
www.previdenciasocial.gov.br, do Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS,
houve um aumento de casos, principalmente, das doenças denominadas LER (Lesões por Esforço
Repetitivo) ou DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), e são
responsáveis por cerca de 80 a 90% dos casos de doenças ocupacionais registrados.
2.5 LER e DORT
Como visto anteriormente, a alta prevalência das LER/DORT’s tem sido explicada
por transformações do trabalho e das empresas, cuja organização tem se caracterizado pelo
estabelecimento de metas e produtividade, considerando suas necessidades, particularmente de
qualidade dos produtos e serviços e aumento da competitividade de mercado, sem levar em conta
os trabalhadores e seus limites físicos e psicossociais.
As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT) são por definição um fenômeno relacionado ao trabalho. Os
danos são decorrentes da utilização excessiva e repetitiva, imposta ao sistema músculo-
esquelético, e da falta de tempo para recuperação. Caracterizam-se por sintomas, geralmente, nos
membros superiores e coluna, tais como dor, parestesia, sensação de peso e fadiga.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012)
2.6 Qualidade de Vida no Trabalho - QVT
Com as alterações tecnológicas e ritmos de vida laborais, novas relações de trabalho e
tendências foram aparecendo e refletem na segurança, na saúde e nas expectativas do trabalhador.
Diante disso, desafios surgem pela revolução nas relações de produção e nas formas
ocupacionais, os quais envolvem mudanças que influenciam cada vez mais o desenvolvimento da
21
preocupação com a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). (CORREIA Et.Al., 2012)(VARGAS,
2010)
A QVT é um assunto cada vez mais abordado atualmente nas organizações.
Demonstrar preocupação com o ser humano no ambiente de trabalho é necessário, visto que este
exerce um papel determinante para o sucesso do processo produtivo, e consequentemente, da
organização. (ALMEIDA; BORIN; DUARTE, 2010)
Para Lima e Silva, 2007, a QVT é uma metodologia que envolve pessoas, trabalho e
organização, busca o bem-estar, a participação, integração do trabalhador e a eficácia
organizacional, através da melhor qualidade e maior produtividade.
O funcionário que se sente bem, que esta satisfeito com o que faz e com o que a
empresa oferece a ele, como por exemplo, boas condições de trabalho e remuneração adequada
ao seu envolvimento nas tarefas, passa a ser um colaborador motivado, com isso certamente
atrairá mais clientes.
Neste contexto, várias instituições adotam o Programa de Qualidade de Vida no
Trabalho (PQVT), que visa promover a melhoria da qualidade de vida no trabalho de seus
colaboradores, através da promoção e prevenção de doenças ocupacionais, pausas estratégicas,
ginástica laboral, entre outros. (VARGAS, 2010) (ALMEIDA; BORIN; DUARTE, 2010)
(LIMA; SILVA, 2007)
2.7 Análise Ergonômica do Trabalho - AET
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) refere-se a NR17 e à Ergonomia de forma
abrangente, incluindo um estudo detalhado dos postos de trabalho a fim de detectar os fatores de
riscos ocupacionais capazes de fornecer subsídios para as soluções ergonômicas para a empresa,
adequando-a à legislação.
A AET é um conjunto de etapas e ações que se encadeiam com o objetivo de entender
e transformar um posto de trabalho. (ABRAHÃO et.al., 2009) Análise dos postos de trabalho é o
22
estudo de uma parte do sistema onde atua um trabalhador. A abordagem ergonômica ao nível do
posto de trabalho faz a análise da tarefa, da postura e dos movimentos do trabalhador e das suas
exigências físicas e psicológicas.
Para Ferreira; Righi, 2009, e Ferreira Et. Al., 2011, a AET é dividida em três fases:
análise da demanda, análise da tarefa e análise da atividade.
2.7.1 Análise da demanda
A demanda é o ponto de partida de qualquer pesquisa em ergonomia. Externamente,
devem ser considerados os indicadores de saúde, aspectos sociais intervenientes, o momento
técnico e tecnológico do contexto de inserção da empresa, bem como os condicionantes legais
vigentes.Internamente, a percepção do contexto passa por aspectos relacionados com a política e
estratégia adotada pela empresa, o sistema de produção utilizado, o modelo de gestão dos
recursos humanos, os índices de acidentes, além de variáveis como saúde ocupacional, tensões e
conflitos.
Objetiva conseguir uma melhoria nas condições de trabalho aumentando a segurança
evitando esforços desnecessários, a fadiga e obtendo assim um maior conforto. A análise da
demanda, realizada de forma correta, permitirá reconhecer se o problema é causado por falta de
treinamento, e auxiliará na definição dos reais objetivos para a sua execução.
2.7.2 Análise da tarefa
A tarefa é um objeto a ser atingido. O objetivo da análise da tarefa é o de buscar
informações sobre o que fazer (trabalho prescrito) e o que é feito (trabalho real), e em que
23
condições o trabalhador realiza o seu trabalho. Para analisar a tarefa, ou as condições de trabalho,
é conveniente distinguir três fases distintas:
1) delimitação do sistema homem-tarefa que vai ser analisado;
2) descrever os elementos que compõem esse sistema, identificando quais
condicionam as exigências de trabalho;
3) Avaliar estas exigências do trabalho.
2.7.3 Análise da atividade
O objetivo desta análise é determinar a tarefa efetiva através da observação dos
gestos, posturas, deslocamentos, horários de trabalho, aspectos psicossociais e organização do
trabalho, possibilita diagnosticar o custo que o trabalho traz para o indivíduo.
É a análise do que o homem efetivamente realiza no trabalho para evidenciar as
diferenças entre o real e o prescrito.
2.8 Ferramentas de análise ergonômica
Atualmente a ergonomia é fundamental na adequação de um ambiente ocupacional
pois aplica teoria, princípios e métodos para projetar um local adequado que otimize e
proporcione bem estar humano e melhore o desempenho e qualidade de um sistema.
As ferramentas ergonômicas podem ajudar na identificação de cargas de trabalho que
podem levar o trabalhador a sofrer lesões musculoesqueléticas. Esses métodos e ferramentas
ergonômicas agilizam a análise e apontam o grau de criticidade em que o mesmo está submetido
ao realizar determinada atividade. Através delas, é possível diagnosticar situações que mais
24
prejudicam a saúde do trabalhador, desde o levantamento de carga excessiva, às posturas
inadequadas e aos movimentos repetitivos. (BENTO; SHIDA, 2012)
2.8.1 Moore e Garg
É uma das ferramentas mais utilizadas em análises de postos de trabalho, trata-se de
um método de análise de risco de desenvolvimento de disfunções músculo tendinosas em
membros superiores. (PAVANI; QUELHAS, 2006) O nome “oficial” por assim dizer é Satain
Indez (ou índice de esforço) foi desenvolvido em 1995 por MOORE, J. S. e GARG, A.; com
principal objetivo de avaliar o risco de lesões em punhos e mãos. A ferramenta (Figura 01)
apresenta grande aceitação no meio acadêmico, empresarial e judicial, quando se trata de
demandas relacionadas à repetitividade, aplicação de forças e posturas forçadas para
extremidades distais de membro superior. (MEJIA; SOUSA, 2012) (BENTO; SHIDA, 2012)
25
Figura 01- Método de Análise Moore e Garg
26
2.8.2 NIOSH
Em 1981, o NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health (Instituto
Nacional de Sáude e Segurança Ocupacional) publicou um informe técnico entitulado “Work
Practices Guides for Manual Lifting”, revisado posteriormente em 1991. (CHECHETTO, 2011)
Este manual tinha como objetivo prevenir ou reduzir a ocorrência de dores causadas por
levantamento manual de cargas e para isso foi desenvolvida uma equação (equação de NIOSH)
para calcular o peso limite recomendável em tarefas repetitivas de levantamento de cargas.
(BENTO; SHIDA, 2012) Ou seja, o NIOSH foi uma ferramenta desenvolvida para “quantificar”
o levantamento manual de cargas. (Figura 02)
Com a aplicação da NIOSH os analistas conseguem calcular a carga ideal para
determinada função, prevenindo o trabalhador de possíveis lesões decorrentes de levantamento de
cargas excessivas. Apresenta uma limitação que é a aplicação em cargas estáticas.
27
Figura 02 – Método de Avaliação NIOSH
2.8.3 OWAS
As posturas incorretas se constituem em um dos principais fatores de risco que
desencadeiam os distúrbios osteomusculares, desde problemas de coluna às severas deficiências.
(BENTO; SHIDA, 2012)
O método OWAS - Ovako Working Posture Analyses System foi criado pela
OVAKO OY (grupo siderúrgico) em conjunto com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional,
na Finlândia, com o objetivo de analisar posturas de trabalho na indústria do aço. O sistema
28
(Figura 03) baseia-se em analisar determinadas atividades em intervalos variáveis ou constantes
observando-se a freqüência e o tempo despendido em cada postura. (FERNANDES Et. Al., 2010)
(PAVANI; QUELHAS, 2006) A análise é feita através de fotos e vídeos das posturas em todos os
postos de trabalho.
Figura 03 – Método de Avaliação OWAS
2.8.4 RULA
O método RULA (Rapid Upper-limb assessment) é um instrumento ágil e veloz que
permite obter uma avaliação da sobrecarga biomecânica dos membros superiores e do pescoço
29
em uma tarefa ocupacional. (PAVANI; QUELHAS, 2006) É uma ferramenta que costuma ser
usada como parte de uma análise ergonômica feita no próprio local de trabalho, por ser de fácil
manuseio e rápida aplicação. (BENTO; SHIDA, 2012) Foi criado para detectar posturas de
trabalho ou fatores de risco que mereçam uma atenção especial.
Este método é indicado para analisar a sobrecarga concentrada no pescoço e membros
superiores, utiliza diagramas para facilitar a identificação das amplitudes de movimentos nas
articulações de interesse como também avalia o trabalho muscular estático e as forças exercidas
pelos segmentos em análise. (ARAUJO Et.Al., 2009)
O RULA (Figura 04 ) é um método rápido de análise postural, estático e dinâmico
que foca mais em esforços repetitivos e força, ideal para ser aplicado em funcionários de
escritório e atividades que requerem maior esforço de membros superiores. (BENTO; SHIDA,
2012)
30
Figura 04 – Método de Avaliação RULA
2.8.5 TOR-TOM
O Índice TOR-TOM, Indicador Ergonômico da Eficácia de Pausas e Outros
Mecanismos de Regulação, é uma ferramenta recente, voltada para os riscos ergonômicos,
publicada em 2006 criada por Hudson Couto, mediante um trabalho de consultoria realizado
durante um ano para uma empresa do ramo eletrônica, aonde, juntamente com os gerentes e o
pessoal de tempos e métodos, buscava a redução dos casos de LER/DORT, porém levando em
31
consideração as dificuldades na atividade e o aproveitamento do máximo possível do tempo do
colaborador (ANDRADRE; LAGE; MACEDO, 2010, Apud. COUTO, 2006).
É a relação entre a Taxa de Ocupação Real do trabalhador em determinada atividade
ao longo de sua jornada e a Taxa de Ocupação Máxima que deveria haver na atividade, segundo
as características daquele trabalho. Ferramenta quantitativa que avalia o potencial de
determinados trabalhos ocasionarem distúrbios, como fadiga, desconforto, dificuldades e lesões,
possibilitando adequar a carga de trabalho à capacidade produtiva dos trabalhadores. O (LOBO;
MORAES; OLIVEIRA, 2007)
2.8.6 Check-Lists
As avaliações de usabilidade por checklist são baseadas em listas de verificação, por
meio das quais diagnostica-se de forma rápida problemas que se repetem nas interfaces.
A avaliação realizada por meio de Checklist caracteriza-se por garantir resultados
mais estáveis, mesmo quando aplicados separadamente por diferentes avaliadores, pois as
quaestões/recomendações sempre serão efetivamente verificadas. Também facilitam na
identificação de problemas de usabilidade, devido a especificidade das questões. Por se tratarem
de questionários, aumentam a eficácia da avaliação pela redução da subjetividade (normalmente
associada a processos de avaliação) e apresentam baixo custo de avaliação pela sua rápida
aplicação. (GONÇALVES, 2008)
2.8.6.1 Questionário Bipolar – Avaliação da Fadiga
Para avaliação da fadiga utiliza-se o método desenvolvido inicialmente pelo prof.
Nigel Corlett de Nottingham, Inglaterra. Este método (ANEXO 1) possibilita avaliar a sensação
32
subjetiva das pessoas respondendo a um questionário bipolar que contém uma seqüência de pares
de adjetivos, onde, neste tipo de pesquisa as pessoas respondem sempre as questões referindo-se
à sensação do indivíduo naquele instante de trabalho. (TEIXEIRA, 2008) (DEFANI; XAVIER,
2006)
2.8.6.2 Análise das Condições do Trabalho ao Computador
Esta ferramenta (ANEXO 2) constitui-se de perguntas relacionadas a doze itens
(Avaliação da cadeira; Avaliação da mesa de trabalho; Avaliação do suporte do teclado;
Avaliação do apoio para os pés; Avaliação do porta documentos; Avaliação do teclado;
Avaliação do monitor de vídeo; Avaliação do gabinete e CPU; Avaliação do Notebook e
acessórios para o seu uso; Avaliação da interação e do layout; Avaliação do sistema de trabalho;
Avaliação da iluminação do ambiente), onde as respostas podem ser sim (onde soma-se um
ponto) ou não (não somam-se pontos). (SILVA; SOARES, 2012)
2.8.6.3 Avaliação Simplificada do Risco de Lombalgia
Segundo Couto, 2007, o Chesk-List para avaliação simplificada do risco de lombalgia
(ANEXO 3) permite uma visualização rápida quanto à existência ou não de risco para a coluna
lombar. Este checklist não deve ser aplicado quando o trabalhador executar as atividades sentado.
Esta ferramenta avalia itens como posicionamento estático do corpo, movimentação
do tronco, a “pega” e carregamento de cargas, trabalho de membros superiores.
Os fatores são somados, obtendos-e um número, e interpreta-se da seguinte forma: 0 a
3 ponto, altíssimo risco d elombalgia; de 4 a 5, alto risco; de 6 a 7, risco moderado; de 8 a 10,
baixo risco e de 11 a 12, baixíssimo risco de lombalgia. (PAIZANTE, 2006)
33
2.8.6.4 Avaliação Simplificada do Método de Trabalho
O conhecimento do perfil e das condições de trabalho é importante por entender o
comportamento assumido pelo trabalhador em seu local de trabalho.
Também de Couto, 2007, o Checklist de avaliação do método de trabalho (ANEXO
4) analisa condições de execução da atividade, como movimentação e posicionamento do corpo
(mãos, pescoço, braços, coluna, tronco) durante esta. Avalia também o local de trabalho,
ferramentas e distribuição do maquinário. Seu resultado delimita a condição ergonômica do posto
em avaliação.
2.8.6.5 Avaliação Simplificada do fator Biomecânico de Tenossinovites e
Distúrbios Músculo-Esqueléticos de Membros Superiores Relacionados ao Trabalho
O check-list de Couto (ANEXO 5) é um instrumento subjetivo e simplificado para
possíveis riscos de tenossinovites e distúrbios músculo-esqueléticode membros superiores
relacionados ao trabalho. Possibilita que todos os pontos importantes de uma análise de trabalho
sejam observados, evitando a omissão de algum aspecto, além de fazer um mapeamento rápido,
obtendo-se uma espécie de visão panorâmica do risco de lesão de membros superiores.
(FERREIRA, 2006)(ONETY, 2011)
34
2.8.6.6 Avaliação Simplificada das Condições Biomecânicas do Posto de
Trabalho
Este Checklist de Couto (2007) para avaliação das condições biomecânicas do posto
de trabalho (ANEXO 6), consta questões relacionadas à altura das bancadas e suas regulagens, ou
não, sustentação de peso, movimentação de pés e membros superiores, mobiliário, posição do
corpo e objetos e materiais de uso. Limita, assim uma condição biomecânica péssima a excelente.
2.8.6.7 Censo de Ergonomia
Segundo Couto e Cardoso, 2007, criadores do método de avaliação Censo de
Ergonomia (ANEXO 7) ,
“trata-se de uma ferramenta formulada à base de questionário podendo
ser auxiliada por entrevista, através da qual o trabalhador expressa sua percepção a
respeito do posto de trabalho e da atividade que executa, informando se sente ou não
desconforto, dificuldade ou fadiga, em que intensidade, se está relacionado ou não ao
trabalho que executa e, ao mesmo tempo, dá sugestões do que melhorar.”
Tem como objetivos detectar situações de trabalho causadoras de lesões ou
afastamentos relacionados às condições ergonômicas do trabalho, bem como dor ao executar
tarefas, desconforto, dificuldade e fadiga. Também mapeia diveras áreas da empresa quanto à
prevalência de problemas ergonômicos e obtém dos trabalhadores a sua visão sobre possíveis
melhoria nas condições de trabalho.
35
3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização da Pesquisa
Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva. Exploratória por realizar um
estudo literário sobre o tema para uma melhor compreensão e por averiguar de informações sobre
a Ergonomia em uma agência bancária na cidade de Maximiliano de Almeida/RS. Para Luz,
2010, a pesquisa exploratória “objetiva proporcionar maior familiaridade com o problema, com
vistas a torná-los mais explícito ou a construir hipóteses”.
A pesquisa caracteriza-se como descritiva, porque permite uma investigação dos
fenômenos da realidade através de questionários, buscando o problema para assim ajudar a
solucionar os riscos de doenças ocupacionais na empresa.
Os meios de investigação, neste estudo identifica-se como sendo bibliográfica e
pesquisa de campo. Bibliográfica por se basear em livros, artigos, redes eletrônicas e demais
meios publicados de acesso ao público, referente ao assunto estudado. E a pesquisa de campo
pois “a coleta dos dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo
assim diretamente observados, sem a intervenção e manuseio por parte do pesquisador”
(ANDRADE, 2010).
No que se refere à abordagem, a pesquisa é de caráter quantitativo, por fazer uso de
um questionário que permite explanar em números as opiniões e informações adquiridas,
utilizando-se de técnicas estatísticas.
36
3.2 Tipo de Fontes
Realizou-se uma pesquisa na literatura científica, em base de dados da Scielo,
Revistas Eletrônicas, Anais, banco de dados de universidades, acerca do tema estudado e
posteriormente saiu-se a campo.
Para melhor interpretação e discussão da análise dos dados coletados, foram
utilizados livros, artigos científicos, dissertações, monografias, teses, e outros embasamentos.
3.3 Plano de Seleção de Amostra
Foram utilizados como amostra de pesquisa somente os bancários que atuam no
atendimento e no caixa da instituição bancária. Como critério de exclusão, as equipe de limpeza e
segurança, por serem serviços terceirizados, não fizeram parte da amostra.
Sendo assim, e aplicado o critério de exclusão, a amostra contou com 07 (sete)
elementos, subdivididos em 02(dois) caixas e 05 (cinco) no atendimento ao cliente. Todos
receberam um Termo de Conscentimento Livre e Esclarecido (modelo ANEXO 7) , para de fato,
participarem da pesquisa.
3.4 Plano de Coleta de Dados
Em preparação para a aplicação dos check-lists, e mesmo para aprimoramento no
assunto, participou-se de um curso de formação em Ergonomia Aplicada ao Ambiente de
Trabalho, no qual o manuseio e correta aplicação foram ensinados.
37
Com o objetivo de analisar a agência bancária através dos check-lists, foi
utilizados 07 (sete) questionários, específicos, com respostas objetivas e de múltipla escolha,
encontrados em Anexos deste trabalho. Estes foram aplicados entre os dias 21, 22 e 23 de
novembro de 2012, durante 15 minutos, durante a jornada de trabalho, conforme a orientação de
cada check-list.
3.4 Plano de Tratamento e Análise dos Dados
Os questionário que foram coletados dados serviram para tabular as informações
necessárias para a determinação do presente trabalho, esses dados foram realizados através do
programa Microsoft Excel 2010 para gráficos que faz parte da pesquisa quantitativa.
3.5 Aspectos Éticos da Pesquisa
Em relação ao aspecto ético, este estudo foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa, da Plataforma Brasil sob o parecer número 450.059, e data da relatoria de 07 de
novembro de 2013. O presente estudo não acarretou risco algum a amostra por ter trabalhado
somente com informações contidas em questionários, sendo as mesmas mantidas em sigilo.
38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 A Empresa
A agência na qual foi realizada a pesquisa tem 65 anos de atuação no mercado, sendo
que no município de Maximiliano de Almeida existe há... anos. Situa-se num local razoavelmente
movimentado e que atende várias empresas e bom fluxo de clientes em geral. Hoje possui um
quadro de 07 funcionários nos quais desempenham diversas funções nas áreas financeiras e
comerciais.
A estrutura organizacional por sua vez é baseada no método tradicional com diversos
níveis hierárquicos, sendo suas promoções por meio de concursos públicos internos da
instituição.
As atividades desenvolvidas pelo funcionários são: execução das metas, objetivando
assegurar condições de melhorias no desenvolvimento dos trabalhos desenvolvidos pelos
colaboradores e distribuição que atendam aos objetivos e interesses da empresa, exercer
atividades comerciais, administrar contratos com terceiros, preparar orçamentos de despesas e
previsões de necessidades financeiras da área administrativa, recebimentos e pagamentos de
títulos, controlar os custos sob sua responsabilidade e zelar pela limpeza e segurança do ambiente
do trabalho.
Para a presente análise de seu ambiente ergonômico, realizou-se a coleta de dados
entre todos os funcionários, exceto terceirizados, levando em consideração os objetivos
esperados para a conclusão desta pesquisa.
A análise dos dados coletados teve como foco analisar e responder aos objetivos da
pesquisa, comparando a teoria e a prática. Com base nestas informações, a seguir os resultados e
suas análises serão apresentados para maior esclarecimento desse estudo.
39
4.2 Perfil dos Funcionários
Como o objetivo do trabalho desconsidera dados demográficos, somente as
funções dos avaliados foram destacadas. O banco subdivide-se nas funções de Gerente Geral,
Gerente Adjunto, Caixa/Escriturário, Gerente de Negócios, Atendimento ao Público.
4.3 Censo de Ergonomia
Para Couto (2007), a ergonomia atua na prevenção de acidentes e doenças
ocupacionais e buscando adequar o trabalho ao homem, de modo a garantir o máximo de
conforto, segurança e eficácia das ferramentas, máquinas e dispositivos utilizados. A análise das
condições de trabalho é elemento essencial para o desenvolvimento da ergonomia, identificando
os fatores de, a fim de minimizá-los por meio de melhorias ergonômicas realizadas no ambiente
de trabalho e, assim, reduzir os riscos para a saúde e segurança do trabalhador. (ALMEIDA;
BACHUR; QUEMELO, 2010)
Censo de Ergonomia é uma ferramenta usada para detectar as situações de
desconforto, dificuldade e fadiga. Através desta ferramenta é possível identificar situações
causadoras de afastamentos previdenciários, afastamentos menos severos, até mesmo
circunstâncias de queixas em ambulatórios. (COUTO, 2007)
Em relação ao índice de desconforto, pode-se estabelecer que 86% dos avaliados
apresentam, e 14% não. Esses dados vão de encontro com outras pesquisas (ARAR Et. Al., 2009)
(FREITAS, 2009) que utilizaram o Censo de Ergonomia como ferramenta avaliativa.
Dos que apresentam algum desconforto físico, 100% destes atribuem o que sentem ao
trabalho. Segundo as respostas dos trabalhadores, os locais corpóreos mais afetados foram a
coluna, pescoço, ombros, joelhos, antebraços e punho.
40
Pescoço Coluna Ombros Antebraço Punho Joelho0
1
2
3
4
5
6
Locais de Desconforto
Apresenta desconforto
Gráfico 01 – Locais de desconforto
Estes índices de ocorrência podem ser facilmente explicados pelas características do
trabalho e suas operações, as quais são realizadas em sua maioria na posição sentada e em frente
ao computador, exigindo maior esforço de toda a musculatura da coluna, pescoço e membros
superiores.
É importante ressaltar que a repetitividade de movimentos acarreta um aumento do
desconforto e a dor nestes locais.
No que diz respeito ao tempo de desconforto, entre os 6 participantes que dizem
sentir desconforto, 50% relata que a dor já dura 06 meses ou mais, e 50%, de uma a três meses.
No item “Classificação do Desconforto”, os participantes responderam que a dor é
o desconforto mais comum, seguido de cansaço, perda de força e limitação do movimento,
conforme Gráfico abaixo.
41
Gráfico 02 – Classificação do desconforto
Sobre a intensidade do desconforto, a pesquisa identificou que 50% da amostra sente
um desconforto moderado. Já para 33%, varia de leve a muito leve, e 17%, forte/muito forte.
Dos avaliados, 67% utilizam regularmente algum medicamento para poder trabalhar e
33%, somente, ás vezes. Também, já fizeram tratamento por algum distúrbio ou lesão em
Membros Superiores (MMSS), coluna ou Membros Inferiores (MMII) 33% da amostra.
Um dado importante é que 83% dos participantes relata aumento do desconforto
durante a jornada de trabalho normal. Apenas 17%, nas horas extras. Quanto a melhora do
desconforto, os resultados são mostrados pelo gráfico.
42
Gráfico 03- Sente melhora com o repouso
4.4 Check-List para Avaliação Simplificada das Condições Biomecânicas do
Posto de Trabalho
A interação entre homem, máquina e tarefa deve estar em harmonia para que não se
prejudique a saúde do trabalhador. Sendo assim, devem-se avaliar as diversas interações
existentes entre o posto de trabalho, as ferramentas utilizadas e a maneira como a atividade é
realizada. (KUHN, 2010)
No Check-List para Avaliação Simplificada das Condições Biomecânicas do Posto de
Trabalho, 43% da amostra classificou as condições biomecânicas como excelente, 43% como boa
e 14% como razoável. A empresa em questão investe em saúde do trabalhador, portanto há
constantes mudanças de mobiliários, como mesas, cadeiras, iluminação, fatores de temperatura e
outros.
43
Gráfico 04 - Check-List para Avaliação Simplificada das Condições Biomecânicas do Posto de Trabalho
4.5 Checklist Avaliação Simplificada do Fator Biomecânico no Risco de
Tenossinovites e Distúrbios Músculo-Esqueléticos de Membros Superiores Relacionados ao
Trabalho
Foram determinados os riscos de distúrbios musculoesqueléticos dos membros
superiores através da avaliação simplificada do fator biomecânico relacionado ao trabalho. Para
tanto foi aplicado aos trabalhadores o checklist de COUTO (1995).
Este checklist é composto por 25 perguntas relacionadas às características do trabalho
como a sobrecarga física, os níveis de força aplicados com as mãos, o posto de operação, a
postura, o esforço estático, a repetitividade, a organização e as ferramentas utilizadas. Para cada
pergunta o entrevistado teve que responder SIM ou NÃO, e as respostas que implicavam em
riscos ergonômicos aos trabalhadores eram atribuídos um ponto ao escore total. Ao se
contabilizar a pontuação de cada questionário foi extraída uma média dos scores contemplando
todos os questionários.
44
O checklist de COUTO possibilita ainda a identificação das operações do trabalho
que geram maiores riscos ergonômicos e, consequentemente, à saúde dos trabalhadores, através
dos quesitos mais pontuados deste questionário.
Neste checklist que avalia os riscos para desenvolvimento de LER/DORT, 29% da
amostra apresentou, em seu setor de trabalho, alto riso de LER/DORT, 28% altíssimo risco, 29%
risco moderado e 14% baixíssimo risco.
Gráfico 05 - Checklist Avaliação Simplificada do Fator Biomecânico no Risco de Tenossinovites e Distúrbios
Músculo-Esqueléticos de Membros Superiores Relacionados ao Trabalho
4.6 Check-List para Avaliação Simplificada do Método de Trabalho
As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte
e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de
trabalho e à própria organização do trabalho. (NR 17)
45
Em relação aos níveis de priorização de riscos ergonômicos pode-se verificar que
57% dos participantes avaliam como sendo uma razoável condição ergonômica, 29% como boa e
14%, ruim.
Gráfico 06 - Check-List para Avaliação Simplificada do Método de Trabalho
4.7 Chesk-List para Avaliação Simplificada do Risco de Lombalgia
Os distúrbios dolorosos da coluna vertebral se constituem no principal acometimento
relacionado ao trabalho em todo o mundo. O mais comum é a dor muscular ocasionada por fadiga
da musculatura das costas, principalmente ao se permanecer por muito tempo numa mesma
postura, e na maioria das vezes, com o trocno encurvado para frente. A segunda mais comum é a
lombalgia, ocasionada pela torção da coluna lombossacra, causando tensão dos músculos e
ligamentos da coluna vertebral. Em níveis mais graves, os discos intervertebrais geram uma dor
muito forte e extremamente incapacitante. (COUTO, 2007) (ÂNGELO Et.Al., 2011)
46
O Checklist para avaliação simplificada do risco de lombalgia permite uma
visualização rápida quanto à existência ou não de risco para a coluna.
Pelas condições avaliadas, 57% da amostra apresenta baixíssimo risco para
desenvolver lombalgias, 29% baixo risco e apenas 14% apresenta risco moderado. Um dado
importante que deve ser analisado antes da aplicação deste checklist em algumas avaliações, é
que este checklist não deve ser aplicado quando o trabalhador executar a atividade sentado. Na
avaliação realizada nesta pesquisa, optou-se por utilizá-lo pois, nem todos executam a atividades
o tempo todo na posição sentada. Assim, é fácil explicar o resultado encontrado. Os participantes
da amostra que apresentam risco moderado para desenvolver lombalgias, é o que passa a maior
parte do tempo em pé, no auto-atendimento.
Gráfico 07 - Chesk-List para Avaliação Simplificada do Risco de Lombalgia
47
4.8 Check-List Análise das Condições do Trabalho ao Computador
O checklist para análise das condições do posto de trabalho ao computador, que visa
avaliar as estruturas da cadeira, mesa de trabalho, suporte do teclado, apoio para os pés, porta-
documento, teclado, monitor de vídeo, gabinete e CPU, notebook e acessório para seu uso,
interação e layout, sistema de trabalho, iluminação do ambiente. Realizou-se o checkilist de
COUTO, ou seja, avaliação simplificada do fator biomecânico no risco para distúrbios
musculoesqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho, para verificar a sobrecarga
física, força com as mãos, postura no trabalho, posto de trabalho e esforço estático, repetitividade
e organização do trabalho, ferramenta de trabalho, fator ergonômico extremo.
Com relação aos riscos ergonômicos, a amostra, em sua maioria (57%), definiu
como condições ergonômicas razoáveis, 29%, boa e 14%, ruim.
Gráfico 08 - Check-List Análise das Condições do Trabalho ao Computador
48
4.9 Questionário Bipolar - Avaliação de Fadiga
Este método possibilita avaliar a sensação subjetiva das pessoas, onde, neste tipo
de pesquisa, as mesmas respondem sempre as questões referindo-se à sensação do indivíduo
naquele instante de trabalho. Divide-se em três partes: início, meio e final da jornada de trabalho.
Os dados do questionário bipolar para avaliação da fadiga coletados junto aos
colaboradores, então, no início, meio e fim da jornada de trabalho, e foram consolidados e
calculados os valores médios de níveis de sensibilidade das características sensoriais selecionadas
para avaliação.
No início da jornada de trabalho, observou-se que 57% da amostra não apresenta
fadiga, mas um percentual alto, de 43%, já tem fadiga moderada.
Gráfico 09 – Questionário Bipolar – Avaliação de fadiga no início da jornada
49
No intervalo de trabalho, transcorrido no mínimo três horas, aplicou-se o questionário
para o meio da jornada. Sendo assim, constatou-se uma melhora na fadiga, com 71% não sente, e
apenas 29% continua apresentando fadiga moderada.
Gráfico 10 – Questionário Bipolar – Avaliação da fadiga no meio da jornada de trabalho
O resultado do meio da jornada de trabalho, permaneceu o mesmo no final do dia.
50
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação ergonômica sempre auxilia na localização de fatores da queda de
produção em qualquer ambiente de trabalho, bem como identifica riscos de doenças ocupacionais
e como podem ser evitadas. A implantação da fisioterapia nas empresas traz benefícios para a
mesma e seus colaboradores, atuando na prevenção e contribuindo para um equilíbrio harmônico
físico- mental, minimizando os impactos decorrentes da postura inadequada, mobiliário, entre
outros.
Cabe ao gestor responsável pela instituição, propor uma interação com o
departamento responsável pela projeção ergonômica, para que ele venha a solucionar essas falhas
internas acerca da saúde das pessoas ainda existentes na empresa, sendo assim o funcionário
passa a desempenhar seu trabalho de maneira correta e a instituição passa a incluir no seu
ambiente organizacional os parâmetros ergonômicos exigidos pela NR 17.
Uma avaliação ergonômica estritamente baseada em “check lists” possui eficácia
questionável porque só considera aspectos aparentes e superficiais das tarefas em detrimento da
atividade real de trabalho, complexa e repleta de mediações. O uso dos “check lists”, de forma
isolada, só possibilita a visualização daquilo que já se sabe sobre o posto de trabalho, sem que se
avalie como os chamados fatores de risco se relacionam com a atividade nesse mesmo posto.
Com este estudo, pode-se concluir que toda a instituição bancária está vunerável a
desencadear doenças ocupacionais, pois há riscos ergoômicos iminentes, e o trabalho repetitivo é
um agravante.
Os resultados obtidos nessa pesquisa mostram que o bem-estar do colaborador faz-se
necessário para o desempenho na produtividade dentro das instituições. Portanto é relevante a
existência de uma cooperação que beneficie tanto o indivíduo quanto a empresa, para que assim
proporcione uma satisfação no contexto empresarial.
51
REFERÊNCIAS
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http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia > Acesso em: 12 mar. 2013.
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Brasília , v. 21, n. 2, Aug. 2005 . Disponível em: <
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setor de prensagem para a produção de solados em uma empresa calçadista da cidade de Franca –
SP. Investigação. 2010;10: 69-73.
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Real, v. 6, n. 1, 2010 . Disponível em: <
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ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico:
elaboração de trabalhos na graduação. 10. ed. – São Paulo: atlas, 2010.
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cinesioterapia laboral. Revista Dor. São Paulo, 2011. Out/Dez; 12 (4) 308 -313.
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trabalho em empresas calçadistas. Colloquium Vitae, 2009, v01.n2.v014 (94-99)
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pelas posturas adotadas por operadores de uma casa lotérica. INGEPRO – Inovação, Gestão e
Produção - Março de 2010, vol. 02, nº 03 (25-36)
BAÚ, Lucy Mara Silva. Intervenção Ergonômica e Fisioterápica como Fator de redução de
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57
ANEXOS
58
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO BIPOLAR – AVALIAÇÃO DE FADIGA- QUESTIONÁRIO
DO INÍCIO DA JORNADA DE TRABALHO
Nome:
Horário:
1 2 3 4 5 6 7
Descansado Cansado Boa concentração Dificuldade de concentrar Calmo Nervoso Produtividade
normal
Produtividade
Comprometida Descansado
visualmente
Cansaço visual
Ausência de dor nos
músculos do pescoço
e ombros
Dor nos músculos do
pescoço e ombros
Ausência de dor nas
costas
Dor nas costas
Ausência de dor na
região lombar
Dor na região lombar
Ausência de dor nas
coxas
Dor nas coxas
Ausência de dor nas
pernas
Dor nas pernas
Ausência de dor nos
Pés
Dor nos pés
Ausência de dor de
cabeça
Dor de cabeça
Ausência de dor no
braço, no punho ou
na mão do lado
direito
Dor no braço, no punho
ou na mão do lado
direito
59
Ausência de dor no
braço, no punho ou
na mão do lado
esquerdo
Dor no braço, no punho
ou na mão do lado
esquerdo
QUESTIONÁRIO BIPOLAR – AVALIAÇÃO DE FADIGA-
QUESTIONÁRIO DO MEIO DA JORNADA DE TRABALHO
1 2 3 4 5 6 7
Ausência de dor na
região lombar
Dor na região lombar
Ausência de dor nas
coxas
Dor nas coxas
Ausência de dor nas
pernas
Dor nas pernas
Produtividade
normal
Produtividade
Comprometida Ausência de dor nos
músculos do pescoço
e ombros
Dor nos músculos do
pescoço e ombros
Ausência de dor nas
costas
Dor nas costas
Ausência de dor no
braço, no punho ou
na mão do lado
esquerdo
Dor no braço, no punho
ou na mão do lado
esquerdo
Ausência de dor no
braço, no punho ou
na mão do lado
direito
Dor nos braço, no punho
ou na mão do lado
direito
Descansado Cansado Boa concentração Dificuldade de concentrar Calmo Nervoso Ausência de dor nos
pés
Dor nos pés
Ausência de dor de
cabeça
Dor de cabeça
Descansado
visualmente
Cansaço visual
QUESTIONÁRIO BIPOLAR – AVALIAÇÃO DE FADIGA-
QUESTIONÁRIO DO FINAL DA JORNADA DE TRABALHO
Nome:
Horário:
1 2 3 4 5 6 7
Descansado Cansado Boa concentração Dificuldade de concentrar Calmo Nervoso Produtividade
normal
Produtividade
Comprometida Descansado
visualmente
Cansaço visual
Ausência de dor nos
músculos do pescoço
e ombros
Dor nos músculos do
pescoço e ombros
Ausência de dor nas
costas
Dor nas costas
Ausência de dor na
região lombar
Dor na região lombar
Ausência de dor nas
coxas
Dor nas coxas
Ausência de dor nas
pernas
Dor nas pernas
Ausência de dor nos
pés
Dor nos pés
Ausência de dor de
cabeça
Dor de cabeça
Ausência de dor no
braço, no punho ou
na mão do lado
direito
Dor nos braço, no punho
ou na mão do lado
direito
Ausência de dor no
braço, no punho ou
na mão do lado
esquerdo
Dor no braço, no punho
ou na mão do lado
esquerdo
Instruções:
São 3 folhas, sendo que a primeira é para ser aplicada quando o trabalhador inicia a
jornada, a segunda na hora em que ele está saindo para o almoço e a terceira no final da
jornada.
Não aplicar aos seguintes trabalhadores:
• Aqueles novos na função – menos de 2 meses
• Aqueles que estejam com quadro clínico de LER/DORT/ lombalgia e queixando-
se de dor
• Aqueles que tenham retornado de férias nas últimas 3 semanas.
Aqueles que estiverem trabalhando em regime de rodízio (job rotation) deverão permanecer
na função a ser estudada durante 3 dias, sem rodízio, sendo o questionário aplicado ao
terceiro dia. Deverá ser explicado para ele que ao final do terceiro dia o mesmo retornará ao
esquema de rodízio normal.
Explique ao trabalhador o seguinte:
Se ele estiver se sentindo da forma que está à esquerda, marque 1; se ele estiver se sentindo
totalmente à direita, marque 7; se for mais ou menos, marque 4; mais para o lado da
caracterização à esquerda, 3 ou 2; mais para o lado da caracterização da direita, marcar 5 ou
6. Dê assistência a eles na hora de preencherem, para tirar dúvidas.
É importante que eles preencham num lugar em que possam se sentar e escrever; assim,
talvez no início da jornada no refeitório; na hora do almoço também no refeitório; e antes
de sair, eles passariam pelo refeitório.
Não deixe que ele veja o resultado da avaliação anterior.
Assim, haverá um conjunto de 3 questionários por trabalhador; Naturalmente, conforme
você pode ver, quanto mais para a direita, maior é a fadiga.
4
No caso de haver hora extra naquele dia, aplicar um outro questionário (igual ao último) ao
final da hora extra.
Critério de Interpretação
Qualitativa
• Fadiga acumulada - será identificada quando o primeiro questionário revelar item
4 ou acima nos seguintes aspectos: dor nos músculos do pescoço e ombros e dor
nos braços e quando ficar caracterizada a continuidade das queixas ao longo da
jornada; a marcação de item 4 ou superior ao início da jornada nos itens cansado e
produtividade comprometida depende de uma avaliação melhor quanto às causas.
• Nível de fadiga – tomar como base o questionário do final da jornada-
o Ausência de fadiga– até 3 em cada um dos itens;
o Moderada – 4 ou 5 em algum dos itens (sendo que a pontuação inicial era
menor que 3);
o Intensa – 6 ou 7 em algum dos itens;
o Há que se tomar alguns cuidados na interpretação do questionário quando o
nível inicial marcado em relação àquele item era de 3 ou 4. Nesse caso, tem-
se que interpretar se houve um aumento da pontuação ao longo da jornada.
5
ANEXO 2
6
ANEXO 3
7
ANEXO 4
8
ANEXO 5
9
ANEXO 6
10
ANEXO 7
11
ANEXO 8
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