supastar bodyboard magazine
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EDIÇÃO NUMERO 01 - 2012
ENTREVISTA SUPASTAR COM NICOLAS ROSNERENTREVISTA COM MIGUEL GRAÇA
ESPECIAL VERÃO 2012
BODYBOARD MAGAZINE
BODYBOARD MAGAZINE
AVISOTodos os direitos reservados. Esta revista digital não pode ser reproduzida, copiada ou em parte, por qualquer processo mecânico, fotográfico, electrónico, ou por meio de gravação, nem ser in-troduzido numa base de dados, difundido ou de qualquer forma copiado para uso público ou priva-do - além do uso legal como breve citação em artigos e críticas - sem prévia autorização dos autores. As infracções às regras acima referidas ou outras serão punidas pela lei.
Depois diz que não foste avisado.
Foto: Ruben TavaresFoto: Ruben Tavares
S U P A S T A R
EDITORIALA Supastar não nasce com esta primeira edição. Nasce há aproximadamente 16 anos, num subúrbio mal-afamado de Sintra. Quando os ténis Redley e o cabelo queimado pelo wax passavam de moda, a euforia do “Portugal Radical” esmorecia e as grandes marcas de Surf deixavam de apostar no Bodyboard. Foi neste contexto que se foi formando um grupo de amigos, que tinham em comum o facto de pertencerem à mesma esco-la, bem como a paixão pelas ondas. Não éramos muitos e, nem tão pouco, espe-cialmente bons. Não tínhamos a praia à porta de casa e muito menos carro. Aí sim, deu-se o início da Supastar, nas idas conjuntas de autocarro para a praia, nas primeiras surf trips à Ericeira de tenda às costas, no ensinar como fazer um bottom aos mais novos, no primeiro carro que rapidamente era de todos, no picanço para entrar em mar cada vez maior. É neste espírito de pureza, simplicidade e amizade que esta equipa foi moldada e no fundo é tudo o que temos para oferecer. Não par-ticipámos em campeonatos, não somos big riders, não somos minimamente conhecidos na comunidade. Somos sim, felizes anónimos que sempre acompa-nharam o Bodyboard de perto. Sabemos que o início desta publicação é humil-de, contra a corrente dos tempos que correm, mas é um projecto cheio de sinceridade e amor pelo Bodyboard. O que mais queremos é ver o lineup cheio de bons bodyboarders, de todas as idades, raças e géneros a usufruir e a aprender de tantas coisas que este desporto tem para oferecer.
É para isso que queremos contribuir. Boas ondas meus amigos!
Carlos Oliveira
Foto: Ruben Tavares
Foto: Carlos Renato / hawaii
“... o Mar como uma enti-dade, como um ecossistema e como um Mundo dentro do nosso Mundo...”
Pela primeira vez, sento-me para
escrever algo a ser publicado. Digo-o
sem medos! O projecto“Supastar”
é como um bebé que acabou de
nascer; não sabe qual o seu destino
nem ainda qual o seu contributo para
a sociedade. Este bebé é a ambição
de três amigos que o compõem e
eu, bem, eu sou um deles… Um
dos que começaram agora a cresc-
er com o projecto. “O Homem e o
Mar”… Assunto complexo, penso
eu… Comecei a escrever, apaguei,
rasguei, deitei fora… Recomecei
a escrever, lixo outra vez! Até que
pensei: “Porque complicas?! Nada
pode ser mais simples para ti que
escrever sobre este assunto…”.
Apercebi-me que estava totalmente
errado! Passar uma paixão, um amor,
para o papel, pode revelar-se uma
árdua tarefa.
Falar da relação entre o Homem e
o Mar, passa por falar em várias ac-
tividades, vários pontos de vista,
vários sentimentos. Trata-se de um
assunto bastante subjectivo, se não
quiser entrar em factos históricos
(o que é aqui o caso) e nos quais
Portugal é riquíssimo, em prol de uma
abordagem mais sentimental. É
falar da abordagem principal da
“Supastar”, os Bodyboarders, mas
também dos surfistas, dos pratican-
tes de outros desportos náuticos,
dos pescadores, dos fotógrafos
desportivos ou de paisagem, sejam
todos estes intervenientes perten-
centes às categorias de amadores ou
profissionais. Passa por falar no sal
que nos fica na pele e que provoca
comichão quando vestes a t-shirt;
passa por falar na sensação de felici-
dade quando te sentas na areia, num
fim de tarde, a contemplar o Mar,
esteja ele revolto ou calmo; na re-
volta que sentes quando o vês
constantemente a ser martirizado e
o teu pico preferido, substituído por
uma marina que irá encher os bolsos
MAR
S U P A S T A R
HOMEM E O
REVOLTO OU CALMO
de alguém que “se está nas tintas”
para estes sentimentos que aqui
falamos… Passa, essencialmente,
por tratar o Mar como uma entidade,
como um ecossistema e como um
Mundo dentro do nosso Mundo;
passa por escrevê-lo com “M” maiús-
culo porque é isso que ele merece!
É imenso e demasiadamente impor-
tante para ser diminuído…
Quando penso no Mar, penso em
parte de mim. Penso num remé-
dio para as minhas angústias, para
os meus problemas… Penso num
prazer que ainda não paga imposto!
Sou Bodyboarder há 23 anos e o sen-
timento simplesmente não muda!
Muito pelo contrário. Cada vez mais,
quando me sento na prancha, bem
posicionado no outside, enquanto
observo o horizonte pintado por um
imponente pôr-do-sol, ao mesmo
tempo que avisto uma gaivota a rasar
a superfície do Oceano, bem próxima
de mim, não me consigo lembrar de
nada mais que os momentos bons e
felizes da minha vida. Todos os males
são erradicados da minha mente e,
naquele momento, a minha vida é
perfeita… É este o efeito fantástico
que me leva a amar o Mar. Por seu
turno, quando, por algum motivo,
HOMEM E O MAR
Foto: João Faustino
estou longe por muito tempo, a
claustrofobia instala-se e eu só que-
ro voltar! A minha relação com o
Mar proporcionou-me o desenvolvi-
mento de outras relações. Grandes
amizades se têm construído ao
longo da minha vida, tendo como fio
condutor o sal que existe como
seu elemento. O próprio amor que
hoje existe pela mulher com quem
partilho a minha vida, tem algo de
salgado, fruto dos inúmeros mo-
mentos aí passados… O Mar, para
mim, não é mais nem menos que
a base de tudo. O oxigénio que não
me entra no corpo quando mergulho
só, enquanto comunidade. Para
nós, todos sabemos que, indepen-
dentemente dos nossos motivos, é
o Mar que nos leva a tomar certas
decisões e a seguir determinados
percursos nas nossas vidas. Por
isso, vive-o, partilha-o e, acima
de tudo, respeita-o e preserva-o!
Porque a nossa relação com o Mar
deve, e tem, que ser interminável…
João Faustino
é, no fundo, aquele que me faz viver
e que me dá o fôlego para enfrentar
o dia-a-dia! Talvez seja exactamente
por isso que, ao escrever estas pala-
vras, o faça sentado de frente para
o Mar, a minha fonte de inspira-
ção de sempre. Falar do Mar e da
nossa relação com este pode ser,
como já referi, um assunto mui-
to subjectivo e dependente das
experiências de cada um. Esta é
apenas a minha visão dele. Tu,
que lês estas palavras, poderás ter
uma opinião diferente. Porém, não
poderemos negar que, afinal, é ele
que nos une, Bodyboarders e não
S U P A S T A R
Foto: Carlos Renato / hawaii
S U P A S T A R
HOMEM E O MARNão importa o porquê… Não interessa
a razão… Apenas o fazemos porque
está em nós! No fundo, é irrelevante
o tamanho da onda, a manobra
escolhida, a projecção ou a di-
recção. Interessa, sim, o espírito
e o elemento: o Mar que te abraça
e faz feliz. Com ele, somos livres!
A partir daí, fala a paixão…
João Faustino
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Supertubos
Foto: Ruben Tavares / Rider: Miguel Serrão
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Guincho Foto: Carlos Renato / hawaii
Foto: Ruben Tavares / Rider: Miguel Tavares
Foto: Carlos Renato / hawaii
S U P A S T A R
HOMEM E O MARO Mar não é o Mar por si só.
Seria este o mesmo se não
existisse o meio que o envolve?
Que seria deste sem as escarpas
que o abraçam em dias de tem-
pestade como alguém faz ao abraçar
um amigo tomado por uma atitude
de fúria? Que seria do Mar sem uma
praia de areia suave que o recebe
num festival de espuma branca
antes de o enviar de novo para a
sua próxima viagem? Que seria
dele sem o recife que o suporta e
lhe proporciona as feições mais
belas, esculpidas numa onda de
tubo oco e cores translúcidas,
que nem uma Deusa de formas
esculturais e idolatrada por nós,
ditos “Homens do Mar”, que a
veneramos?
João Faustino
Foto: Carlos Renato / hawaii
Foto: Ruben Tavares / Rider: Pedro Fernandes
Foto: Arquivo Pessoal / Nicolas Rosner
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido
S U P A S T A R
Foto: Carlos Renato / Carcavelos
Foto: Ruben Tavares / Rider: Hugo Pinheiro
Foto Capa: Ruben Tavares / Rider: Hugo Pinheiro
HOMEM E O MARO Homem sempre se tentou superar a si próprio e aos outros. É um facto… O porquê dessa necessidade é algo que poderá ter muitas ou ne-nhumas explicações. Tudo depende da motivação de cada um e da sua própria visão do mundo. Foi no Mar que a História registou grandes feitos heróicos que muitos julgavam inalcan-çáveis. Na actualidade, sem mais Mar por desbravar e na esperança de menos batalhas travar, continuamos a tentar superar os nossos limites dando, cada vez mais, um novo fôlego ao nosso desporto. Na imagem, Hugo Pinheiro pergunta-se se “o céu será o
limite”…
Foto: Ruben Tavares / Rider: Hugo Pinheiro
Foto: Ruben Tavares
S U P A S T A R
Foto: Carlos Renato / hawaii
S U P A S T A R
HOMEM E O MARToda uma comunidade num mesmo
meio. É este o poder do elemento que
nos une. É a união que nos dá a força
necessária para o defender das mais
agoniantes agressões. Não só pode-
mos, como DEVEMOS, fazê-lo!
Independentemente da prancha
que se usa, da espessura da linha
com que pescamos, da abertura
da lente com que fotografamos…
É nosso dever proteger o Mar para
que nunca deixemos de ver nele o tal
pôr-do-sol que nos faz ser, naquele
momento, a entidade mais feliz do
planeta.
João Faustino
Foto: João Raimundofacebook.com/JoaoPedroRaimundoPhotography
“...há 18 anos as minhas ambiçoes eram aprender a surfar como os prós...”
Nicolas, ganhar os trials numa praia que te é muito querida e depois ter sido recebido na are-ia daquela forma, deve ter sido uma verdadeira surpresa! Que sonhos e ambições tinhas, relacio-nados com o Bodyboard, quando começaste a apanhar as primeiras ondas? Ou nunca pensaste muito nisso?N.R. Sim, foi uma pequena sur-
presa, entrei no campeonato com o
objectivo de me qualificar para o
main event e, com o apoio na praia
que ia recebendo durante cada heat,
fui ganhando a confiança que me
levou até à final. Quando comecei
a praticar Bodyboard há 18 anos,
as minhas ambições eram apren-
der a surfar como os prós na altura,
como o Eppo, Wingnut, Macca, Jeff
Hubbard, Kyle Maligs, entre outros.
Ainda bem que falas nisso. Vi-te al-gumas vezes, aquando do campe-onato, a dares boleias ao Jeff Hubbard, assim como ao Amaury Lavernh. E vi também um comen-tário do Jeff no “Instragram”, feliz da vida por teres ganho os trials. E chamava-te carinhosamente “my boy”. De onde vem essa amizade?A amizade vem já desde os primei-
ros anos que o Jeff vem a Portugal,
sendo a CC Board Center o meu
actual patrocinador, quem o trouxe
cá na altura e continua a trazer.
Como é conviver e surfar durantes uns dias com prós? Viste alguma onda que te tenha impressionado durante as surfadas que fizeste com eles?Surfar e conviver durante uns dias
com os prós é algo onde aprendo
sempre muito. Eles estão sempre
com pica para todos os tipos de
mar e quando não estão na água
fazem sessões de alongamento.
Fiquei impressionado com os tubos
e as manobras inovadoras do Dave
Hubbard como quando mandou
um backflip em stand up e aterrou
deitado a continuar na espuma, na
Praia Grande, antes do campeonato.
Mudando de assunto. Sei que vens do Magoito. Praia que até nem é uma onda de referência nacional.Mas o certo é que a sua comuni-dade tem altos bodyboarders. Tu,
NICOLAS ROSNER
S U P A S T A R
SUPASTAR
ENTREVISTA
Foto: Arquivo Pessoal / Nicolas Rosner
S U P A S T A R
o Sanguim e o Magoito são talvez os mais conhecidos. Como é que uma praia com ondas medianas produz tamanha qualidade?Não sei, mas talvez por crescermos
a surfar ondas tão moles e más que
quando apanhávamos dias de ondas
melhores noutras praias aprendía-
mos a não desperdiçar nenhuma
parte da onda... Enfim, não sei bem,
será preciso fazer um estudo mais
aprofundado! (risos)
Quais são as tuas ondas favoritas? Em Portugal e no estrangeiro. As minhas ondas favoritas em Portugal são mui-tas mas de destacar talvez, em fundo de areia, Supertubos, Beliche , Paço d’Arcos e Praia Grande quando os fundos acer-tam. E em fundo de pedra, os reefs da Ericeira.
E viagens? Que surf trips já fizeste? Qual a que marcou mais e porquê?Viagens… Já fiz algumas surf trips
mas ainda há muitas por fazer. Já
estive quatro vezes na Indonésia e
foram sem duvida as que me mar-
caram mais em termos de ondas
boas e consistentes. É, sem dúvida,
um sítio recomendado para ganhar
experiência nos tubos e na linha de
onda. Para além da Indo, já fiz surf
trips ao nordeste do Brasil, Açores,
Canarias, Califórnia, sul da Índia e
Cabo Verde.
És um adepto do Dropknee. Donde vem essa pica para fazer dk?Adoro dk. A pica vem já de há al-
guns anos atrás e começou mais a
sério quando vivia na Califórnia, onde
existia uma esquerda com parede
mas bastante mole, à frente de casa.
Como não tinha carro para ir todos
os dias para o sítio onde as ondas
eram melhores, comecei a fazer
surfadas só em Dropknee e deu
para ganhar uma base melhor. Aqui
dá-me sempre pica estar com
pessoal que faça DK, pois ainda
tenho muito para aprender.
Porque é que achas que há tão pouca gente a fazê-lo?Acho que ainda não há muita gente
a fazê-lo em Portugal por, talvez, o
processo de aprendizagem inicial
ser um pouco longo. Por exemplo,
para fazer um simples bottom sem
começar a deslizar por todos os la-
dos pode demorar algum tempo…
No DK temos de trabalhar muito com
os dois rails da prancha para ganhar
controlo da onda. Mas temos, sem
NICOLAS ROSNER
Foto: Arquivo Pessoal / Nicolas Rosner
Foto: Arquivo Pessoal / Nicolas Rosner
S U P A S T A R
dúvida, muito talento em Portugal.
Em quase todas as zonas do país
temos riders a fazer manobras e
tubos incríveis.
Já que estiveste na Califórnia, conta-nos um pouco dessa ex-periência. Como foste lá parar? Qual a opinião com que ficaste das ondas californianas? Como é a “bodyboard comunity”? O crowd? O lifestyle americano?Estive na Califórnia em 2005. Tinha
lá uns amigos a viver e decidi ir lá
acabar o secundário, tirar um curso
de barman e trabalhar durante uns
tempos. As ondas em San Diego,
Califórnia, são bastante boas. Há
uma zona com vários reefs bem
perto uns dos outros, tipo Ericeira,
e alguns beach breaks bons. Mas
há muito poucos sítios onde só se
encontrem Bodyboarders. Existem
muitos surfistas em toda a Califór-
nia e uma pessoa tem de aprender a
lidar com o crowd que é bem pior que
cá. No geral, o nível de Bodyboard
não é muito alto em prone mas em
DK vi muitas pessoas a andar bem.
Que achas que tens que melho-rar ao nível do teu surf? Tanto ao nível de Prone como Dk…Existem várias coisas que posso
melhorar no meu surf em prone ou
DK, mas talvez as mais óbvias sejam
treinar mais as direitas, aperfeiçoar
as manobras no geral, surfar ondas
de consequência, acho que existe
sempre espaço para melhorar todos
os aspectos do meu surf e penso ser
isso que me faz voltar para dentro de
agua dia após dia.
E planos futuros?Planos futuros… Ao nível de viagens,
vou para o Hawaii no final deste ano e
irei ficar lá os meses de inverno a tra-
balhar e a surfar o máximo que pud-
er. Em termos de competição, tenho
planos de fazer algumas etapas de
qualificação do mundial e, em Portu-
gal, pretendo entrar no Circuito
Nacional 2013 e em etapas em que
as previsões das ondas sejam boas.
Nicolas Rosner, desde já muito obrigado por tudo. Tens algum co-mentário a fazer? Agradecimentos?Quero agradecer-vos pela iniciati-
va, aos meus patrocinadores, a CC
Board Center ,a www.Bodyboarder.
de, a shorebreak.pt e aos meus
companheiros de surfada, eles sa-
bem quem são :)
NICOLAS ROSNER
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Rider: Nicolas Rosner
Real Quality Bodyboarding Content!
facebook/I-LOVE-BODYBOARD
Foto: Pedro Graça
“...evoluir no bodyboard é acima de tudo saber divertir-se...”
Boas. Antes de tudo, parabéns pelo teu percurso no Circuito de Esperanças. Como descreves a tua participação até agora? Qual é a tua opinião sobre esse circuito?Este é o meu terceiro ano de com-petição e segundo em sub-16, sinto-me agora com mais experiên-cia o que lógicamente me deixa mais forte mentalmente. Ter vencido logo a primeira etapa na Caparica ajudou-me no arranque e deu-me bastante confiança. Apesar de eu ter dominado o ranking do principio ate ao fim, estive sempre consci-ente de que existem adversários muito fortes, que também estiveram sempre nos lugares do topo da
tabela e que me obrigaram a man-ter os niveis de concentração altos e a dar sempre tudo para ganhar. Quando chegámos à finalíssima na Nazaré ainda estava tudo em aberto, cada um dos cinco atletas do topo da tabela ainda tinham hipóteses de vencer e poder tornar-se Campeão. As coisas acabaram por me correr bem e depois de passar os quartos e as meias finais em primeiro lugar cheguei à final já como Campeão Nacional. Senti-me muito contente com a minha prestação. Estava orgulhoso. O Circuito Nacional de Bodyboard Esperanças é o Campe-onato Nacional e só por isso é a competição mais importante para nós. Com ele aprendemos a lidar com a pressão e ganhamos ritmo competitivo.
Como vês o Bodyboard nas cama-das mais jovens?Nota-se que há grande potencial na-lguns atletas, claro que o Guilherme Guerra em Sub-14 já não é uma novidade, é uma certeza, alias está também na luta para o titulo nos Sub-16, mas há outros que de certe-za também vão evoluir e começar a dar que falar. Acho que poderiam existir mais atletas Sub-12 e Sub-14 a participar no circuito. São poucos, mas isso não significa que existam poucos a aprender, por isso espero que entrem cada vez mais.
Que achas necessário fazer para evoluir?Para evoluir no Bodyboard é pre-ciso, acima de tudo, saber divertir-se, ter vontade de melhorar todos os dias, surfar em diferentes sí-tios e condições e superar os seus medos, que são naturais. A partir dai, com rigor nos treinos e confiança, as manobras vão acabar por começar a
MIGUEL GRAÇA
S U P A S T A R
SUB-16
ENTREVISTA
Foto: Pedro Graça / Rider: Miguel Graça
Foto: Renato Fonte / Rider: Miguel Graça
S U P A S T A R
sair cada vez melhor e a satisfação vai aumentar treino após treino.
Qual o adversário mais temido?Respeito todos os adversários em competição e muitas vezes até acaba por ser o próprio mar o nosso maior adversário. Quando não conseguimos encaixar no seu ritmo ou quando entram as “flata-das” podemos perder com qualquer um. De qualquer forma, claro que existem alguns que destaco por serem excelentes atletas, por exemplo, Miguel Adão, fortíssimo, Frederico Sena, Guilherme Guerra (Sub-14), Ricardo Rosmaninho e o Stephanos Kokorelis que está muito forte ultimamente.
Que qualidades tem ele que gostavas de ter?Uma vez que não destaquei ninguém em especial, penso que a melhor
qualidade será conseguir ter a mes-ma confiança nas manobras tanto para a direita como para a esquerda, pois isso abre-nos muito mais as hipóteses de vencer.
Olhando para o circuito da IBA, vemos que o nível está altíssimo. Achas que um dia vamos ver-te lá?É muito cedo para falar nisso. Tenho muito que aprender, estou nisto há pouco tempo, estou apenas no meu terceiro ano de competição. Claro que gostaria de lá chegar mas a úni-ca maneira de saber isso é continuar a treinar e estar atento às oportuni-dades.
Que achas ser necessário para lá chegar?Experiência em vários tipos de on-das, trabalho, treino, talento, dedica-ção, sorte e…“money”.
Qual a tua onda favorita em Portu-gal? E lá fora?Carcavelos, quando está clássico, mas há outras ondas muito boas, na Ericeira, por exemplo. Lá fora adora-va um dia entrar em Shark Island.
Viagens para o futuro, alguma coisa em mente?Estou a planear com uns amigos uma viagem às Canárias no final do ano e ir à Indonésia em 2013.
Qual a tua manobra favorita?O invertido aéreo.
Miguel, desde já muito obrigado por tudo e desejamos-te o maior futuro no mundo do Bodyboard!
MIGUEL GRAÇA
Foto: Ruben Tavares / Rider: Nuno Felix
“...o swell comprimenta os bancos de areia com perfeição e força...”
Não raras foram as vezes em
que no final da tarde me despedi
apressadamente dos meus cole-
gas de trabalho para ir surfar. Mas
poucas foram as ocasiões em que
estes me perguntaram para que
areal eu partia. Porém, manhãs
seguidas cheguei ao escritório
com um sorriso nos lábios, a
descrever com coração cheio as
altas ondinhas que tinha apanhado
naquele lugar, como se de uma
paixão de verão se tratasse. Certo
é que só um dos meus colegas,
surfista, compreendia de onde vinha
tamanha alegria.
Carlos Oliveira
LITTLESISTER
S U P A S T A R
THE
Foto: Ruben Tavares / Rider: Amaury Lavernhe
S U P A S T A R
LITTLE SISTERLisboa, 2ª Circular, IC19, Sintra,
Colares, Praia Pequena. Cheguei.
Olho do cimo da falésia, nada que
me surpreenda. Quebram três
picos triangulares ao longo da
praia. Delicio-me com o cenário:
o swell cumprimenta os bancos
de areia com perfeição e força.
Ainda com os olhos nas ondas, visto
com rapidez o fato. No carro ao lado
mais um bodyboarder despe a sua
gravata. Agora o negócio é outro,
pensei… Que se lixe o aquecimen-
to, siga para a água. Há campeão
do mundo na água, lindo! Uma cara
conhecida sai-se com esta: “Ontem
é que isto estava a bombar”. Típico,
que se lixe, hoje está mais que bom.
É verão porra!
Carlos Oliveira
Foto: João FaustinoFoto: Ruben Tavares
Foto: Ruben Tavares / Rider: Mark McCarthy
S U P A S T A R
LITTLE SISTERSaio da água quase de noite.
Olho para o céu e agradeço estes
abençoados bancos de areia.
Pacientes e imóveis já há alguns
meses. Tolerantes aos vários tama-
nhos e direcções de swell, mas
exigentes com a maré. Respeitei
sempre esta última premissa e
quase sempre saí satisfeito.
Creio que muitos dos que habitam
na grande lisboa e que leram este
texto, vão-se rever pelo menos
parcialmente nesta minha rotina
veraneante. E acredito que todos
desejamos que no próximo verão,
a Pequena seja mais uma vez um
clássico desta estação.
Para quem tem dúvidas, aqui estão
as fotos de várias sessões a compro-
var que este verão existiu, que não
foi imaginação fruto de uma ressaca
de verão.
Carlos Oliveira
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Rider: Saguim
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Rider: Chase O´Leary
Foto: Ruben Tavares / Rider: Jeff Hubbard
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido
Foto: Ruben Tavares / Rider: Nuno Felix
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Rider: Saguim
S U P A S T A R
SUPERTUBOS“...a beleza do pico a quebrar é irreprensivel, prquenas ou grandes, es-tas ondas são especiais...”
PENICHE
S U P A S T A R
O alarme madruga, a câmara está
pronta e o carro atestado. Tudo
preparado para um swell com
tamanho que promete altas na
praia mais super de portugal.
O conta km’s apressa-se fruto da
ansiedade do condutor. Não há
tempo para apreciar o Oeste.
O parque de estacionamento está
cheio, bom sinal, diriam muitos.
Contudo ao correr para o areal, a
ansiedade dá lugar ao sentimento
de reles normalidade. Era o dia
de dar boas vindas ao inverno, de
testar os pulmões, mas não…
Sets de metro, quanto muito,
beijam o areal. O sentimento só
não é de desilusão, porque a beleza
do pico a quebrar é irrepreensível,
pequenas ou grandes, estas ondas
são especiais.
Infiltro-me no crowd, onde já
parte dele é circo. O WCT
aproxima-se, egos de “pseudo-
Slaters” não faltam. Implorei pe-
los locais de Peniche, hoje davam
jeito. Apesar de tudo, a tarefa foi
fácil, as cores estavam lindas,
o pico definido, correntes nem
vê-las. É dia de estudo, ângulos,
quero ângulos novos! Agradeço
por viver na era digital, senão seria
rolo atrás de rolo…
Regresso ao mundo sólido, passa-
do umas horas, satisfeito por me
ter feito à estrada. Olho de novo
para o mar. Ainda não é desta
inverno, o verão ainda reina.
Foto: Ruben Tavares / Rider: Pedro Fernandes
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido
S U P A S T A R
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares
Foto: Ruben Tavares / Rider: Filipe Pipocas
S U P A S T A R
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido
Foto: Ruben Tavares / Rider: Pedro Fernandes
S U P A S T A R
Foto: Ruben Tavares
GRANDE OU PEQUENO... É SUPERTUBOS!
S U P A S T A R
Foto: Renato Fonte
“...Creio que o bodyboard nos pode ensinar muito sobre a vida...”
Eléctrico 18, Sexta-feira 8:20, Lisboa.
Embora o sol brilhe, o tejo ilumine o
horizonte, o ambiente é triste. Os
olhos fixos no jornal, como que no
vazio. Sem grandes novidades este
dia: mais um aumento de impostos,
mais um negócio obscuro, números,
mais números...Mas a meu ver
cada vez menos lógica. Veio-me à
memória uma discussão na equipa
sobre as temáticas passíveis de
terem lugar nesta revista. Foi-me
sugerido que política era de evitar.
Rendi-me, já que a visão que temos
desta crise e da forma de sair dela
não é, entre nós, unânime. Penso e
repenso num tema, mas ao olhar à
minha volta, não vejo como fugir à
omnipresente crise. É a nossa vida
que está em causa.
Carlos Oliveira
MAISUM DIA
S U P A S T A R
OPINIÃO
Foto: Renato Fonte
Escritório, Sexta-feira 19:15, Lisboa
Rotina de final de semana de
trabalho: Windguru. Ao estudar
atentamente a tabela por todos nós
conhecida, apercebo-me que nos
dias que correm, o verificar das
previsões do mar para o dia seguinte
já não é só entusiasmo, mas é
também tensão. Desejo intensa-
mente que as praias mais próximas
debitem boas ondas. Não é que
não goste de variar, ou que seja um
local fidelíssimo, muito pelo
contrário. É o custo da gasolina que
me vem à cabeça, os euros que
terei de gastar se me vir obrigado a
deslocar para longe para usufruir do
meu mar. São os tempos que correm…
Nunca imaginei pensar duas vezes
em pegar no carro e fazer umas
dezenas de km’s para surfar. Mas
agora faço-o.
Sei que de certa forma até se torna
ridículo falar deste meu capricho,
havendo pessoas com preocupa-
ções, essas sim, maiores. Mas
para não o ser, encaro esta situa-
ção como um exercício espiritual.
Imagino se em vez da dificuldade
em me deslocar para as melhores
praias, fosse sim a dificuldade em
pagar o meu crédito à habitação, o
passe necessário para ir trabalhar.
Como me sentiria, como procede-
ria, a quem pediria ajuda. O pôr-nos
no lugar do outro, do que sofre, é
MAIS UM DIA
Foto: Ruben Tavares
das práticas mais nobres, mais
humanas, mais divinas.
Creio que o Bodyboard nos pode
ensinar muito sobre a vida. Realça
o que é realmente importante. Não
é com certeza um grande carro,
uma casa luxosa, mas sim a simpli-
cidade da comunhão com a nature-
za, a namorada à espera na praia,
a cerveja na esplanada com os
amigos, a primeira onda dos filhos.
Nada disto se compra. O Body-
board foi muitas vezes, para mim,
um alerta, o contrapeso à tentação
de um consumismo ridículo.
O mar tem também a capacidade
de nos fazer sentir saudavelmente
Não acredito no homem que insiste
em remar sozinho. Não acredito
em picos privatizados.Não acredito
em surfistas privilegiados. Acredito
que o mar é de todos. Acredito que
o pico deve ser partilhado. Acredi-
to que o surfista maior é aquele
que respeita o outro e o mar que
o rodeia.
Desculpem-me colegas.
Mas Bodyboard é política.
Alguém precisa de boleia?
Carlos Oliveira
pequenos. Quem não desejou já ter
ao seu lado um semelhante quando
um set acimas das nossas capaci-
dades quebra à nossa frente. Sen-
tir que não estamos sós, mas que
existe alguém que olhe por nós, a
quem possamos pedir ajuda.
A humildade renasce nestes mo-
mentos. É conselho maior de
qualquer “Big Rider”, não se
entra no mar sozinho em condições
grandes.
Tento transpor estas lições salga-
das para todas as dimensões do
Homem, entre elas políticas, soci-
ais e económicas. E convido a to-
dos que façam o mesmo exercício.
S U P A S T A R
Foto: Renato Fonte
Dj Ride
Life in Loops
O groove corre nas veias deste
campeão do mundo e este álbum é
mais uma prova disso mesmo. As
batidas de hip-hop são o fio condu-
tor deste conjunto de músicas, que
percorrem vários meios musicais.
Sente-se a escola de Dj Shadow.
O álbum está repleto de artistas
convidados, Legendary Tiger Man,
Stereossauro, Paus, Beat Shake,
Lisa Davis e Sarah Linhares. “Life in
loops” é fluído como o Mike Stew-
art, é banda sonora de uma festa
com estilo, é praia urbana. Além do
mais é um Disco Optimus, o down-
load no site é legal. Que esperam?
BOXS U P A S T A R
MUSIC
Foto: Renato Fonte
BODYBOARD MAGAZINE
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