substituiÇÃo parcial do cimento portland por resÍduo de porcelana de...
Post on 25-Jan-2019
218 Views
Preview:
TRANSCRIPT
1 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO CIMENTO PORTLAND POR RESÍDUO DE
PORCELANA DE ISOLADORES ELÉTRICOS EM MATRIZES CIMENTÍCIAS
GISLEIVA C. S. FERREIRA(1); ANTONIO L. BERALDO(2); VICTOR HUGO L. MESQUITA(3);
LEANDRO SHIROMA(4)
(1 e 3) FT - UNICAMP – gisleiva@ft.unicamp.br; vh.mesquita@gmail.com; (2 e 4) FEAGRI -
UNICAMP – beraldo@feagri.unicamp.br; Leandro.shiroma@feagri.unicamp.br;
RESUMO
Este trabalho teve início a partir de um Projeto de P&D entre o Grupo CPFL Energia e a
Feagri-Unicamp que estuda a aplicação de resíduos gerados no setor elétrico em
processos e produtos que possam ser utilizados nesta atividade, promovendo a
sustentabilidade destas empresas. Um dos resíduos gerados que causa grande impacto
ambiental e econômico é a porcelana de isoladores elétricos retirados da rede. O
objetivo deste trabalho foi determinar as propriedades químicas, físicas e mecânicas
de pastas e argamassas com substituição parcial do cimento Portland (CP) por
porcelana de isoladores elétricos (PIE). Para isso, foram realizados ensaios no resíduo
de PIE e nos traços de pastas e argamassas como substituição parcial do CP por PIE
(0%; 10%; 20%; 30% e 40%). Os resultados indicaram considerável atividade pozolânica
para a amostra de PIE e as pastas e argamassas não apresentaram diferença estatística
com o traço referência até 20% de substituição.
Palavras-chave: resíduos industriais, atividade pozolânica, pasta, argamassa.
PORCELAIN ELECTRICAL INSULATORS WASTE AS A PARTIAL REPLACEMENT FOR
PORTLAND CEMENT FOR CEMENTITOUS MATRICES
ABSTRACT
This work started from an R&D Project between CPFL Energy Group and Feagri-
Unicamp studying the application of waste generated from electric department in its
procedures and products that can be used in these activities, thus giving the
sustainability of this company. One of the wastes generates which cause a large
environmental and economic impact is the porcelain electrical insulators waste (PW).
The objective of this research was to determine the chemical, physical and mechanical
properties of pastes and mortars with partial replacement of Portland cement (CP)
with PW. Waste was characterized according to physics and chemical tests and it was
applied in mortars and pastes productions with partial CP replacement for PW (0%;
2 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
10%; 20%; 30% and 40%). Results showed considerable pozzolanic activity for the
sample of PW and that there was not statistical difference between references paste
and mortar when until 20% of CP was replaced by PW.
Key-words: industrial waste, pozzolanic activity, paste, mortar.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a lei 9605 de 12/02/98 (ISO 14000/1993)(1), as empresas geradoras de
resíduos devem buscar alternativas de controle de poluição ambiental, sendo
responsáveis pelos resíduos gerados. Com isso, a Companhia Paulista de Força e Luz
(CPFL) firmou um Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento com o Laboratório de
Materiais e Estruturas da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp para o
desenvolvimento de novas tecnologias para aplicação dos resíduos sólidos gerados nas
atividades da empresa em produtos utilizados diretamente ou indiretamente no setor
de geração de energia elétrica.
Após efetuar-se um levantamento qualitativo e quantitativo, observou-se que dentre
os resíduos que o grupo CPFL gera, os isoladores elétricos de porcelana retirados da
rede elétrica provocam um grande impacto ambiental e econômico para a mesma,
pois este tipo de resíduo necessita de muito espaço para sua disposição no pátio da
empresa ou em aterros. Assim, optou-se por estudar a aplicação deste resíduo em
produtos para a construção civil, utilizados direta ou indiretamente por
concessionárias de energia elétrica, como argamassas, concreto e artefatos de
cimento.
Estas aplicações satisfazem a necessidade de sustentabilidade das empresas geradoras
de resíduos e também pode diminuir o impacto ambiental causado pela construção
civil, reduzindo a extração de matéria prima da natureza, utilizando o resíduo de
isoladores elétricos de porcelana (PIE), como agregado, ou como adição no cimento
Portland, produto que provoca um alto consumo de energia e de emissão de CO2
durante a produção do clínquer.
Segundo Franck et al. (2004)(2), a utilização dos resíduos de porcelana em matrizes
cimentícias mostrou-se viável economicamente e ambientalmente, pois não
apresentou perigo de contaminações futuras, uma vez que estes materiais são
considerados agregados inertes.
Campos (2011)(3) estudou a aplicação da porcelana de isoladores elétricos como
agregado no concreto e como material pozolânico em substituição parcial do cimento
Portland. O autor realizou ensaios de caracterização física, química e mecânica para
3 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
avaliar as propriedades mecânicas e de durabilidade dos materiais produzidos e
concluiu que seria viável a utilização desse resíduo em argamassas e concretos.
Entretanto, há problemas de utilização deste resíduo devido à ocorrência de alguns
produtos associados à sua fixação nos postes de energia elétrica. Torkittikul e
Chaipanich (2010)(4) comprovaram que a incorporação de agentes pozolânicos ou de
cimentos especiais em compósitos com porcelana pode contribuir para diminuir a
reatividade potencial observada em rejeitos de porcelana que possuam substâncias
indesejadas como o agente cimentante à base de enxofre, que é utilizado na fixação
dos suportes metálicos dos isoladores.
Para verificar a durabilidade de matrizes cimentícias com resíduo de porcelana,
Bignozzi e Bonduá (2011)(5) estudaram argamassas de cimento Portland com resíduo
de polimento de porcelana (PR), submetidas à corrosão. O PR utilizado apresentava
tamanho médio dos grãos de 8 µm e área específica superficial de 25,9 m2/g. As
argamassas com PR imersas permanentemente apresentaram um melhor
comportamento com relação ao tempo de aparecimento da primeira fissura e
mostraram baixa taxa de corrosão. A análise da microestrutura confirmou que a
utilização do PR com cimento Portland proporcionou a formação de poros com raios
médios menores, os quais influenciam na ligação dos poros e, consequentemente, na
difusão do cloreto.
Guerra et al. (2009)(6) estudaram o efeito da utilização de resíduo de cerâmica sanitária
como agregado nas propriedades mecânicas do concreto. Os autores concluíram que o
resíduo utilizado não apresentou diferença significativa na resistência à tração e que a
porcentagem de 5% de adição apresentou melhores resultados na resistência à
compressão dos traços de concreto estudados.
Beraldo et al. (2013)(7) realizaram estudos em pastas e argamassas com substituição
parcial do cimento Portland por resíduo de isoladores elétricos de porcelana obtido
durante a fabricação dos mesmos, porém antes de ocorrer a aplicação da camada de
impermeabilização (esmalte). Os autores concluíram nesse estudo que a finura e a
porcentagem de sílica influenciam diretamente na atividade pozolânica do resíduo.
Considerando os traços estudados, concluíram que a porcentagem ideal de
substituição foi 12,5%, pois não apresentou diferença estatística significativa em
relação ao traço sem substituição (referência). Entretanto, observou-se diferença
estatisticamente significativa com relação às idades de ruptura (7, 14, 28, 56 e 91 dias),
denotando o comportamento pozolânico do material analisado.
O objetivo deste trabalho foi determinar as propriedades químicas, físicas e mecânicas
de pastas e argamassas com substituição parcial do cimento Portland por porcelana de
isoladores elétricos (PIE).
4 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
2. MATERIAL E MÉTODOS
O aglomerante utilizado para a produção dos compósitos foi o cimento Portland ARI-V,
cujas características atendem as especificações da norma NBR 5733 (1990)(8). O
resíduo de isoladores elétricos de porcelana (PIE) foi disponibilizado pelo grupo CPFL e
moído em britador de impacto. Para caracterização física da amostra de PIE foram
realizados ensaios de massa específica real, composição química e granulometria a
laser. Para avaliar a atividade pozolânica do resíduo realizou-se o ensaio de
condutividade elétrica. Foram determinadas as características físicas, químicas e
mecânicas de pastas e argamassas com as seguintes substituições (em massa) de
cimento Portland por PIE: 0%, 10%, 20%, 30% e 40% (tabela 1). Foram moldados
corpos de prova cilíndricos de 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura para a pasta e
corpos de prova prismáticos de 40 mm x 40 mm x 160 mm para as argamassas. Os
ensaios de caracterização mecânica foram realizados em uma máquina universal da
marca EMIC, modelo DL30000, com capacidade de carga de 300 kN.
Tabela 1 – traços de pasta e argamassa. Pastas e
Argamassas
Traços (%)
CP PIE
A 100 0
B 90 10
C 80 20
D 70 30
E 60 40
2.1 Avaliação pozolânica pelo método da condutividade elétrica.
O desenvolvimento da reação de pozolana/hidróxido de cálcio causa a
formação de produtos insolúveis; portanto a concentração de CH [Ca(OH)2] na solução
diminui. O decréscimo de íons de Ca2+ devido ao aumento de fases de C-S-H (silicato de
cálcio hidratado) produz decréscimo da condutividade, da qual a velocidade da
mudança depende, se a reatividade da pozolana for alta ou baixa (VILLAR-COCIÑA,
2005)(9). Diversos autores já utilizaram o ensaio de condutividade elétrica para avaliar a
atividade pozolânica de um material (LUXAN et al. (1989)(10); TASHIRO et al. (1994)(11);
PAYÁ et al. (2001)(12); Villar-Cociña et al. (2003)(13)). Neste ensaio foram realizadas
medições da condutividade elétrica de uma solução de hidróxido de cálcio e resíduo de
PIE utilizado neste trabalho. Com os dados obtidos, foi realizada uma análise
qualitativa, por meio de um gráfico de condutividade elétrica em função do tempo.
5 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
Os valores de condutividade foram coletados a cada 20 s e a duração do ensaio
foi de 24 h.
2.2 Avaliação da compatibilidade química pela curva de hidratação
O ensaio de curva de hidratação foi realizado com o objetivo de verificar se o resíduo
poderia interferir no processo de hidratação do aglomerante. As pastas de cimento
Portland e PIE definidas para este trabalho foram colocadas em recipientes de
poliestireno expandido (EPS) para isolamento das variações da temperatura ambiente
e depois foram introduzidos termopares em cada uma das pastas. Os dados obtidos
foram exportados para uma planilha de visualização gráfica, onde foram obtidas as
curvas temperatura x tempo de cada pasta. A tabela 2 apresenta as misturas que
foram avaliadas nesse ensaio e as respectivas quantidades dos materiais.
Tabela 2 - Traços das pastas em massa
Traço CPV-ARI (g) Água (g) PIE (g)
A 200 100 -
B 180 100 20
C 160 100 40
D 140 100 60
E 120 100 80
2.3 Determinação da resistência à compressão das pastas
Para este ensaio foram moldados 7 corpos de prova cilíndricos de 50 mm de diâmetro
e 100 mm de comprimento para os 5 traços conforme NBR 7215 (1997)(14) e tabela 2.
A ruptura foi realizada em 4 idades de cura (7, 14, 28 e 56 dias), totalizando 140 corpos
de prova (Figura 1).
Figura 1 – Ensaio de compressão simples dos corpos de prova de pasta
6 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
2.4 Determinação da resistência à tração na flexão e compressão das argamassas
Foram realizados ensaios de determinação da resistência à tração na flexão e
compressão de acordo com a NBR 13279 (2005)(15). Para tanto, foram moldados 3
corpos de provas prismáticos de 40 mm x 40 mm x 160 mm para cada traço de
argamassa (tabela 1) ensaiados nas idades de 7, 14, 28 e 56 dias, totalizando 60
corpos de prova para o ensaio de tração na flexão e 120 para o ensaio de compressão
(figuras 2 e 3).
Figura 2 – Ensaio de tração na flexão nos corpos de prova prismáticos de argamassa
Figura 3 – Ensaio de compressão nos corpos e prova prismáticos de argamassa
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No ensaio de granulometria a laser as partículas de PIE apresentaram-se 30% maiores
que 0,020 mm (figura 4), mostrando-se similar à finura do cimento Portland (CP). A
composição química indicou a sílica como principal elemento (74%). No ensaio de
massa específica real obteve-se para o CP 3,15 g/cm3 e 2,46 g/cm3 para o PIE.
Figura 4 – Distribuição granulométrica do resíduo de PIE
7 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
3.1 Atividade pozolânica
Com o objetivo de avaliar a pozolanicidade do resíduo de PIE, foram realizadas
medidas de condutividade elétrica de uma solução CH/PIE. Para comparação, foram
realizadas medidas em uma solução CH/Silica ativa. As curvas estão apresentadas na
figura 5.
Figura 5 - Curvas de condutividade elétrica do PIE e sílica ativa
Observou-se que a solução de CH/Sílica ativa apresentou alta reatividade, com grande
decréscimo da condutividade no período de 3 h aproximadamente, o que era
esperado, visto que se trata de uma pozolana utilizada comercialmente. A curva
referente à solução de CH/PIE também se mostrou bastante reativa. Observou-se que
o PIE reage de forma mais lenta que a sílica ativa; no entanto, apresenta valores muito
baixos de condutividade elétrica a partir de 12 h, indicando a formação de produtos de
hidratação C-S-H.
3.2 Avaliação da compatibilidade química pela curva de hidratação
Os dados foram obtidos a partir do monitoramento da variação de temperatura das
pastas estudadas no período de 24 h. Também se obteve a curva de hidratação do
Cimento Portland (CP – V-ARI) utilizado neste trabalho para efeito de comparação,
sendo A (CP), B a E (10%; 20%; 30% e 40% de substituição, respectivamente). A figura 6
representa o comportamento das pastas, considerando Temperatura x Tempo.
8 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
Figura 6 – Curvas de hidratação das pastas
Observou-se que as misturas de CP+PIE perturbaram a hidratação do cimento em
relação à pasta de CP. Os traços D e E deslocaram acentuadamente o pico da
temperatura, além de reduzi-la em relação às demais misturas. Isto pode ter ocorrido
devido à presença do esmalte utilizado na superfície dos isoladores elétricos para a
proteção dos mesmos contra intempéries (TORKITTIKUL e CHAIPANICH (2010)(4)).
3.3 Determinação da resistência à compressão das pastas
Os resultados obtidos no ensaio de compressão simples para as pastas foram tratados
com um Software estatístico (Statgraphics Centurion, versão 11). A figura 7 apresenta
a média dos valores para os traços e idades de ruptura.
Figura 7 – Resistência à compressão média dos traços das pastas
9 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
Conforme dados da literatura (CAMPOS, 2011)(3), a resistência mecânica das pastas
diminuiu conforme aumentou-se a porcentagem de PIE. Ao contrário, o maior tempo
de cura contribuiu para o aumento da resistência em todos os traços, evidenciando a
natureza pozolânica do material testado.
Para avaliar se houve diferença estatística significativa entre os traços e idades de
ruptura, realizou-se uma análise estatística dos valores obtidos (tabela 3).
Tabela 3 – Análise estatística dos resultados obtidos para as pastas
Idade Traço
(dias)
A
Rc (MPa)* DP (MPa)** CV (%)***
7 18,86 3,53 18,73
14 30,53 3,12 10,23
28 37,05 5,47 14,76
56 41,59 2,83 6,82
B
7 14,64 2,65 18,12
14 26,44 3,96 14,99
28 31,86 4,87 15,29
56 36,26 3,16 8,71
C
7 14,23 2,49 17,52
14 22,95 3,73 16,25
28 29,18 4,52 15,47
56 33,99 2,07 6,09
D
7 10,83 1,49 13,79
14 17,36 2,50 14,42
28 23,15 3,33 14,38
56 32,95 2,72 8,26
10 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
E
7 4,50 1,41 31,41
14 10,83 3,98 36,76
28 15,49 3,13 20,17
56 17,07 1,78 10,43
* Resistência à compressão média ** Desvio Padrão *** Coeficiente de Variação
Para as idades de 7, 14 e 28 dias de cura apenas os traços B e C não apresentaram
diferença estatística significativa entre os valores de resistência à compressão. Já na
idade de 56 dias, os traços B e C e C e D não apresentaram diferença estatística
significativa entre si.
3.4 Determinação da resistência à tração na flexão e compressão das argamassas
Conforme NBR 13279 (2005)(15), foram realizados os ensaios para determinar a
resistência à tração na flexão dos traços de argamassas estudados. A figura 8
apresenta os valores médios obtidos neste ensaio.
Figura 8 – Resistência à tração na flexão dos traços de argamassa
A partir da análise estatística realizada para os resultados do ensaio de tração na
flexão, conforme a idade de ruptura obtiveram-se as seguintes considerações:
11 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
- 7 dias: os traços não apresentaram diferença estatística significativa entre si;
- 14 dias: os traços A, B e C não apresentaram diferença estatística significativa entre
si;
- 28 dias: os traços B e C não apresentaram diferença estatística significativa entre si,
assim como os traços C e D;
- 56 dias: os traços A, C e D não apresentaram diferença estatística significativa entre
si, assim como os traços C, D e E.
Com os mesmos corpos de prova utilizados no ensaio anterior, determinou-se a
resistência à compressão simples dos traços utilizados nas argamassas. A figura 9
apresenta os valores médios para os traços e idades de ruptura.
Figura 9 – Resistência à compressão dos traços de argamassa
Considerando a NBR 13281 (2005)(16), todas os traços de argamassa atingiram a
resistência mínima na idade de 28 dias (8 MPa).
Para a idade de 7 dias, os traços B e C não apresentaram diferença estatisticamente
significativa. Isto também ocorreu para os traços D e E. Entretanto, o traço A
(referência) apresentou diferença estatística em relação aos demais traços. Já para a
idade de 14 dias, apenas os traços A e B não apresentaram diferença estatística
significativa entre si.
12 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
Para a idade de 28 dias de ruptura, o traço B (10%) não apresentou diferença
estatística significativa com relação aos traços A e C (referência e 20%), portanto, para
esta idade de ruptura pode-se substituir o CP por PIE até 20%.
Para a idade de 56 dias de ruptura, todos os traços apresentaram diferença estatística
significativa entre si, denotando que, em idades mais avançadas, a influência da
atividade pozolânica do PIE é mais pronunciada.
4. CONCLUSÃO
A resistência à compressão mínima exigida por norma foi atingida por todos os traços de argamassa estudados neste trabalho. Para o resíduo de porcelana de isoladores elétricos utilizado neste trabalho a porcentagem ideal de substituição do cimento Portland é de 20%, considerando os resultados obtidos nas pastas e argamassas para todas as idades de ruptura.
5. AGRADECIMENTOS
À empresa CPFL Energia, que destinou recursos para o desenvolvimento desta
pesquisa a partir de um projeto de P&D entre a mesma e a Faculdade de Engenharia
Agrícola da Unicamp.
6. REFERÊNCIAS
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14000 – Família de normas ISSO 14000. Rio de Janeiro, 1996.
2. FRANCK, R.; JOUKOSKI, A.; PORTELLA, K. F.; BERKSEN, R. Utilização de rejeitos de
isoladores de porcelana em concretos, em substituição parcial ou total dos
agregados naturais. In: 46º Congresso Brasileiro do Concreto, Florianópolis, SC, 2004.
3. CAMPOS, M. A. Análise microestrutural e das propriedades mecânicas e de durabilidade de argamassas e concretos com isoladores elétricos de porcelana. Tese de doutorado (Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – Unicamp), 2011.
4. TORKITTIKUL, P.; CHAIPANICH, A. Utilization of ceramic waste as fine aggregate within Portland cement and fly ash concretes. Cement Concrete Composites, n. 32, vol. 6, p. 440-449, 2010.
5. BIGNOZZI, M. C.; BONDUÁ, S. Alternative blended cement with residues: corrosion resistance investigation on reinforced mortar. Cement and Concrete Research, vol. 41, p. 947-954, 2011.
13 3º Encontro Nacional Sobre Reaproveitamento de Resíduos na Construção Civil
São Leopoldo, 10 a 12 de julho de 2013 _____________________________________________________________________________
6. GUERRA, I.; VIVAR, I.; LIAMAS, B.; JUAN, A.; MORAN, J. Eco-efficient concretes: the effects of using recycled ceramic material from sanitary installations on the mechanical properties of concrete. Waste Management, vol. 29, p. 643-646, 2009.
7. BERALDO, A. L.; FERREIRA, G. C. S.; MESQUITA, V. H. L. Porcelain waste as a partial Portland cement replacement. In: Congress Advances in Cement and Concrete Technology in Africa. South Africa, 8 p., 2013.
8. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5733: Cimento Portland de alta resistência inicial. Rio de Janeiro, 2005.
9. VILLAR-COCIÑA, E. Modelos cinéticos para la caracterización de materiales puzolánicos y mezclas de moldeo para fundición de hierro. 168 p. Tese de Doctorado (Doctorado en Ciencias Físicas) – Facultad de Matemática, Física y Computación, Universidad Central “Martha Abreu” de las Villas, Santa Clara – Villa Clara, Cuba, 2005.
10. LUXÁN, M.P.; MADRUGA, F.; SAAVEDRA, J. Rapid evaluation of pozzolanic activity
of natural products by conductivity measurement. Cement and Concrete Research,
1989, 19, pp. 63-68.
11. TASHIRO, C.; IKEDA, K.; INOUE, Y. Evaluation of pozzolanic activity by electric
resistance measurement method. Cement and Concrete Research, 1994, 24 No. 6,
1133-1139.
12. PAYÁ, J.; BORRACHERO, M. V.; MONZÓ, J. PERIS-MORA, E.; AMAHJOUR, F. Determination of amorphous silica in rice husk ash by a rapid analytical method. Cement and Concrete Research. 2001, 31, pp. 227-231. 13. VILLAR-COCIÑA, E.; VALENCIA-MORALES, E.; GONZÁLEZ-RODRÍGUEZ, R.; HERNÁNDEZ-RUÍZ, J. Kinetics of the pozzolanic reaction between lime and sugar cane straw ash by electrical conductivity measurement: A kinetic–diffusive model. Cement Concrete Research, 2003; 33: 517–524. 14. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7215. Cimento Portland: determinação da resistência a compressão. Rio de Janeiro, 8 p., 1996. 15. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279. Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 9 p., 2005. 16. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279. Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Requisitos. Rio de Janeiro, 3 p., 2005.
top related