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SOFRENDO
OBRIGADO PELO SILÊNCIO DE VOCÊS – DR.
LAÍS MARQUES by passea
OBRIGADO PELO SILÊNCIO DE VOCÊS
Dr. Lais Marques da Silva
Ex-custódio e presidente da JUNAAB
O silêncio que se observa nas reuniões dos grupos de A.A. cria uma atmosfera de
confiança e respeito recíprocos entre o alcoólico que faz o seu depoimento e os demais
companheiros. O olhar daquele que faz o seu depoimento encontra calor humano e
resposta por parte daqueles que o escutam em silêncio, tudo isso levando a uma
comunhão de interioridades. O silêncio permite o estabelecimento de uma abertura, de
uma disponibilidade pessoal em relação àquele que oferece a sua experiência além de
facilitar o aparecimento de uma relação marcada pelo sentimento de confiança,
fundamental para a comunicação, para que se possa abrir para o outro, para que haja o
relacionamento que possibilita o desenvolvimento de liames profundos e para o
surgimento de amizades verdadeiras. Confiar é indispensável para se livrar de doenças e
é manifestação de fé em si mesmo, nos outros e no Poder Superior. O silêncio é o
caminho que leva ao encontro consigo mesmo e com o outro.
O silêncio de quem escuta um depoimento transmite a seguinte mensagem a quem o faz:
eu sei que você tem valor, sei que você é apenas um doente, sei que você é um ser
humano e que, como eu, sofre de uma devastadora enfermidade.
Por tudo isso, você merece o meu silêncio, a minha atenção e o meu respeito, a minha
compreensão e a minha compaixão, esta, entendida como a consciência profunda do
sofrimento de outra pessoa associada ao desejo de ajudá-la.
Dar atenção ao próximo é ato de amor, e a maneira mais comum e importante do
exercício da atenção é escutar. Mas aprendemos na escola a ler e a falar, mas não a
escutar, a despeito de que as pessoas, na sua vida diária, passam muito mais tempo
escutando do que falando ou escrevendo. Mas é difícil escutar bem e, na maioria dos
casos, as pessoas simplesmente não escutam ou praticam uma escuta seletiva em que
ficam atentos apenas ao que lhes interessa ou para encontrar o momento certo em que
uma conversa possa ser encerrada.
Para escutar, é necessário calar, silenciar, abrir os ouvidos e se por atentamente a
escutar quem fala. Ouvir profundamente significa auscultar, prestar atenção, dar ouvidos,
compreender, acolher, entender, examinar, discernir.
É preciso estar disposto a se esforçar para conseguir escutar verdadeiramente. O esforço
para escutar o depoimento de um companheiro vem do fato de entender que ele
necessita da nossa atenção e que é digno dela.
Por outro lado, a atenção dedicada pelo companheiro que ouve um depoimento também
lhe beneficia, pois resulta no seu próprio crescimento que, por outro lado, ocorre a partir
do conteúdo daquilo que está recebendo. No momento de silêncio, em que ouvimos
atentamente o depoimento de um companheiro, suspendemos todos os nossos juízos,
pensamentos e preocupações.
Desapegamo-nos do nosso próprio ser. Esse silêncio nos convida a superar os
obstáculos do preconceito, da exclusão, da falta de diálogo e da falta de solidariedade.
Podemos avaliar, a partir das considerações que vimos fazendo, a importância de se
estar em um ambiente em que se desfrute de um profundo e acolhedor silêncio quando
nos lembramos de situações que, muitas vezes, marcaram muito as nossas vidas.
Recordamos de várias situações das quais saímos nos sentindo muito mal por não
termos conseguido dizer o que desejávamos. Não é que tenhamos sido muito exigentes,
mas, apenas, que tivemos dificuldade em articular calmamente o que desejaríamos ter
dito e o resultado é que ficamos frustrados, raivosos e nos sentindo culpados. Quando
podemos, descarregamos essa raiva em alguém e o que resulta é que as pessoas que
estão à nossa volta fecham seus ouvidos para as nossas colocações, resultando que fica,
por mais essa razão, ainda mais afastada a esperança de se entrar em harmonia com os
outros. Podemos também, por decoro, jogar a raiva para dentro e, nesse caso, vamo-nos
tornando progressivamente mais descontentes e tendemos a abandonar o convívio
daquelas pessoas ou até mesmo a abandonar uma instituição a que pertencêramos.
No entanto, ao contrário, desfrutando do silêncio respeitoso reinante nas reuniões dos
grupos, os alcoólicos têm oportunidades repetidas de, calmamente, ir se desenvolvendo e
se tornando progressivamente mais capazes de realizar uma comunicação plena sem
que ocorra o fechamento dos ouvidos por parte dos que ouvem o depoimento.
Desfrutando do silêncio do grupo, pelo contrário, muitos companheiros vêm curtindo a
sensação positiva de liberdade, de alívio e de relaxamento que vem depois de terem
podido passar as suas mensagens, de terem participado e colaborado. À medida que os
depoimentos se sucedem, o raciocínio vai ficando cada vez mais claro, as idéias vão
sendo arrumadas, a qualidade do relacionamento com os companheiros do grupo vai
melhorando.
Na verdade, a língua presa e o sentir-se culpado são manifestações longínquas de falta
de afirmação pessoal, de incapacidade de ser assertivo e aí vale notar que a falta de
auto-estima está na raiz do problema. Sem acreditar que temos valor, não seremos
capazes de fazer as nossas colocações, de expressar as nossas necessidades de modo
convincente e, nessa condição, os nossos argumentos irão falhar e recuaremos ou
concordaremos quando o que desejávamos era dizer não.
A essa altura, é importante destacar que o amor ao próximo é uma via de mão dupla
porque, estando dirigido para aquele que faz o depoimento, o faz perceber a
concentração, a atenção e o amor que lhe chegam da parte de quem o escuta, e o faz se
sentir gratificado. Quem faz o depoimento doa a sua experiência, valiosa e única, e quem
o escuta, o receptor, se torna, desse modo, também doador, na medida em que oferece
ao depoente a sua atenção e o seu amor. Escutar com atenção total e completa,
avaliando cada palavra e entendendo cada frase, é a verdadeira forma de escutar, que
exige um grande e indispensável esforço de concentração ao dedicar o seu tempo
apenas a quem faz o seu depoimento, colocando de lado as suas preocupações, os seus
pensamentos. É um esforço amoroso. Fazê-lo é prova de estima e consideração e, quem
escuta, ao valorizar o depoimento, faz o depoente se sentir valorizado. Sentindo-se
assim, o depoente ficará estimulado a fazer relatos de maior conteúdo. Fica disposto a
oferecer a sua estima e, com isso, estabelece-se um ciclo, ascendente e criativo, de
evolução e de crescimento.
Mas esse ciclo virtuoso exige atenção, concentração e, portanto, esforço, e não poderá
ocorrer senão em ambiente de silêncio completo. O barulho, as conversas e os
movimentos de pessoas dentro do grupo tiram a atenção, quebram a concentração e todo
o riquíssimo processo fica comprometido.
A escuta atenta implica em contenção e em afastamento da própria personalidade e isso
leva à aceitação do outro. Por outro lado, percebendo-se aceito, o companheiro que faz o
seu depoimento sente-se menos exposto, menos vulnerável eisso cria um caminho para
que o companheiro possa abrir-se mais completamente. Importa ainda considerar que,
freqüentemente, o depoente recebe atenção amorosa depois de muitos anos de um
grande vazio e, às vezes, até pela primeira vez na vida.
O fato importante e fundamental para a recuperação do alcoólico, e que só é possível no
ambiente silencioso dos grupos de A.A., é que o companheiro só ganha consciência da
importância da sua individualidade na medida em que é reconhecido como tal pelos
outros companheiros, pelas outras consciências.
Isso ocorre na família, posteriormente na vida social e, especialmente, nos grupos de
A.A.. A identidade da consciência individual, subjetiva, depende desse reconhecimento
uma vez que a identidade do eu só ocorre através da identidade do outro que me
reconhece como tal e que, por outro lado, depende também de que eu o reconheça. Este
é um mecanismo extremamente importante na construção do indivíduo, pois que
indispensável para o crescimento da sua própria humanidade. E isso acontece no
ambiente respeitoso e silencioso dos grupos de A.A..
A compaixão que é despertada nos companheiros dos grupos, numa atmosfera marcada
pelo silêncio, significa que eles sentem no coração um impulso forte para ajudar aquele
que faz o seu depoimento a se livrar do seu sofrimento. É uma saudável atitude da mente
e do corpo que procura aliviar a dor e o sofrimento de outros seres humanos. A
compaixão é a resposta espontânea de um coração que está aberto para os
companheiros do grupo. Resulta, então, que as pessoas se sentem mais próximas e mais
confortáveis no convívio mútuo. Pensam nas outras pessoas, chegam a uma
compreensão madura de si mesmas e das suas relações com os outros.
Não há sentimento mais denso e mais enriquecedor que a compaixão. Nem mesmo a
nossa própria dor pesa tanto quanto a que sentimos com alguém e por alguém. Esta dor
é amplificada pela nossa imaginação quando, mais tarde, dialogando conosco,
começamos a imaginar como deve ter sido grande o sofrimento do companheiro diante
dos fatos que nos foram relatados no seu depoimento, dor que é prolongada por muitos
ecos, ou seja, pelas lembranças que conservamos e que voltam à nossa consciência
repetidas vezes. Esses sentimentos compõem a espiritualidade e aumentam a nossa
dimensão humana; despertam o amor ao próximo, o sentimento de fraternidade.
O sofrimento é uma experiência universal e, por isso, deveria existir mais compaixão no
mundo. O problema está em que, freqüentemente, não nos encontramos abertos para
sentir dor. Se fugimos dela e nos defendemos, isto significa que também nos fechamos
para o aparecimento da compaixão. Mas não é preciso ser santo para sentir compaixão,
ela é a resposta natural de um coração aberto em relação a outro ser humano.
Usualmente estamos com os corações fechados para sentir dor. Afastamo-nos da dor,
nos fechamos, nos defendemos. Neste caso, a fonte da compaixão permanece fechada e
saímos do que é verdadeiro e próprio do ser humano para o que é fabricado,
decepcionante e fonte de confusão, isso quando nos voltamos para as coisas do mundo
que nos cercam.
Compaixão não é o mesmo que tristeza. As pessoas usualmente têm uma aversão ao
sofrimento, à tristeza, mais do que uma abertura em relação a ela. Assim, dizemos que
uma pessoa é "baixo astral" e nos afastamos dela porque nos faz sofrer. Afastamo-nos ou
fazemos alguma coisa para aliviar a nossa tristeza.
Fazemos isso por nós. Mas se prestarmos atenção à diferença entre tristeza e
compaixão, veremos que, na compaixão, não há fixação nem aversão e que a condição
de abertura em relação ao sofrimento do outro é realmente a grande motivação para uma
resposta hábil e efetiva. A tristeza incomoda, a compaixão abre o coração para o
sentimento de amor ao próximo, para o fato de sermos irmãos.
Nos grupos, não há uma atmosfera de tristeza, como se poderia imaginar e as pessoas
que não conhecem o A.A. pensam que lá existe muita tristeza. Ao contrário, o ambiente é
alegre, composto por pessoas vitoriosas e que têm os seus corações abertos ao
sofrimento, que sentem compaixão; e a alegria se traduz em saúde e é uma forma de
terapia. Agora é possível imaginar o quanto de silêncio e respeito é necessário existir
numa reunião de grupo para que se vá absorvendo essas realidades, sentindo essas
tênues diferenças, mesmo não estando consciente delas.
O silêncio respeitoso propicia o surgimento da empatia, que é a tendência para sentir o
que se sentiria caso estivesse na situação e nas circunstâncias experimentadas por outra
pessoa. Os companheiros abrem, então, os seus corações porque aprendem como é o
verdadeiro amor, como é grande o valor da oração e que é pelo amor e pela dor que os
homens se elevam do seu chão cotidiano. Isso acontece justamente em momentos
difíceis, em que o amor se tornou aparentemente impossível e o coração parece ter se
transformado em pedra. Só o silêncio cria as condições para que tão importante
aprendizado ocorra.
O silêncio permite que se desenvolva uma interação entre os companheiros dos grupos e
que essa mesma interação se desenvolva dentro de um padrão de relação entre as
pessoas que poderia ser entendido pelo binômio eu-tu, relacionamento direto e profundo,
do olho no olho. O olho é a porta da alma e isso é conhecido desde os egípcios que
pintavam as faces de perfil e sempre com um grande olho. Também nos mosaicos
bizantinos os artistas retrataram as figuras humanas com olhos grandes,
desproporcionais.
Graças ao desenvolvimento da solidariedade, da compaixão, do amor ao próximo e, em
especial, à sinergia que o silêncio propicia, um fraco mais um fraco não mais são dois
fracos e sim um forte. Do mesmo modo, uma asa mais uma asa significam uma ave
completa, que pode voar, e que, por ser inteira, recupera a sua liberdade e ganha altura.
Em A.A. ouvimos, com freqüência, os seus membros dizerem que são pássaros de uma
asa só e que, por isso, têm que estar sempre juntos. Mas é importante enfatizar que, num
grupo, só estarão realmente juntos quando em sintonia, que só é possível dentro de um
ambiente marcado por um silêncio respeitoso.
Há também uma forma de relacionamento que se faz com as coisas e aí o binômio é
outro, é o eu-isso. Muitas vezes, os seres humanos entram numa relação com os outros
seres humanos no modo de eu-isso e aí a qualidade do relacionamento inter-humano se
deteriora, pois que deixa de ser eu-tu. O pior é que esta relação, que reduz a dimensão
humana da outra pessoa, ocorre freqüentemente. O relacionamento eu-isso é marcado
pela idéia de posse, que não existe na relação eu-tu. No decurso das nossas vidas, nos
relacionamos com pessoas e coisas e muita gente se relaciona com as outras pessoas
como se elas fossem coisas, procurando tirar vantagem de uma relação que, neste caso,
não tem a qualidade de ser verdadeiramente humana.
O relacionamento nos grupos de A.A. tem a qualidade do eu-tu, relacionamento precioso,
mas que necessita de uma abertura do coração e de uma atmosfera de silêncio
respeitoso, indispensáveis ao estabelecimento de troca de interiores. A qualquer quebra
de atenção durante um depoimento, a relação eu-tu se desfaz e deixa de haver as trocas
enriquecedoras de interiores.
Vale lembrar que as reuniões de A.A. são eventos em que se fala e que dão espaço e
suporte para uma profunda mudança existencial.
A compreensão empática, que só ocorre quando há silêncio, significa que sentimos,
precisamente, os sentimentos e os significados pessoais daquilo que está sendo relatado
pelo companheiro. É como se os que ouvem em silêncio estivessem dentro do mundo
privado daquele que faz o seu depoimento, de modo que é possível entender não só o
significado do que é conscientemente relatado, mas também o que está abaixo do nível
de consciência. Ouvimos até o inaudível pois que, no silêncio, nos tornamos mais
sensíveis e capazes de entender até o que não é relatado num depoimento. É ir além das
suas dimensões. Há uma expansão da interioridade do ser humano em direção ao outro.
O silêncio cria condições para que aquele que faz o depoimento abra um lugar para os
outros dentro do seu mundo pessoal e isso é indispensável para a sua própria realização
existencial. Por outro lado, o companheiro que faz o depoimento precisa ser ouvido e
compreendido e não apenas escutado, como se fosse simplesmente um isso, uma coisa
falante, um dispositivo eletrônico ou uma pessoa a pregar no deserto. O grupo de A.A.
propicia o espaço de visibilidade necessário em que a grandeza fugaz da frágil existência
humana possa aparecer além do fato de que a nossa existência só pode se desenvolver
no estar-junto dos homens nesse mundo que nos é comum. Ademais, o silêncio também
cria condições para uma comunicação ilimitada, o que é da máxima importância porque a
própria verdade é comunicativa e desaparece quando não existe comunicação.
Desfrutando de um silêncio respeitoso, o companheiro pode abrir-se inteiramente, pode
estar realmente presente, de corpo e alma, diante dos demais companheiros, aceitando-
os e sendo aceito por eles. Esta presença, inteira e completa, de si mesmo, faz com que
o companheiro fique presente também para os outros; os outros sentem a sua presença.
Este aspecto é de extrema importância, pois muitas vezes estamos falando com uma
pessoa que, como se diz, não está nem aí e encontra-se dispersa em seus pensamentos
e interesses pessoais enquanto falamos. Freqüentemente ficamos falando sozinhos, o
outro está presente, mas, em realidade, não está. Deste modo, entendemos a necessária
ênfase quando falamos de presença inteira e completa. Conhecemos pessoas que estão
sempre presentes e disponíveis e que significam muito para nós. Não há o eu sozinho, há
sempre o eu-tu, na sua totalidade. Quando existe o silêncio empático, sente-se a
presença inteira e completa das pessoas.
Aquele que faz o depoimento também se identifica, também ganha dimensão no processo
de comunicação. O relacionamento do eu com o tu quebra o isolamento, integra as
pessoas. É preciso estar presente para se tornar presente para os outros. Como acentuei,
às vezes, conversamos com pessoas que parecem estar muito distantes, pensando em
outras coisas ou, como se diz, estão no mundo da lua e isso destrói o relacionamento
entre seres humanos e, especificamente, o tu da relação eu-tu.
É importante lembrar ainda que a fala é poderosa e que, ao fazer o seu depoimento, o
companheiro está consciente do que está relatando e que a sua fala vem do coração.
Estar consciente é indispensável para entrar no reino dos humanos e para o
estabelecimento de uma base indispensável para a vida espiritual. Em realidade, é
preciso estar consciente tanto da fala quanto das ações. Sendo verdadeiro e oferecendo
a sua enriquecedora experiência de vida, o companheiro se torna um pólo de atração, e
mais, ao ser consciente e honesto, a sua mente se torna mais serena e mais aberta e o
seu coração mais feliz e mais pacífico. O estabelecimento de uma relação de harmonia
virtuosa com o grupo traz luz ao coração e claridade à mente.
Numa atmosfera marcada pelo silêncio, estabelece-se uma vibração recíproca a partir do
face-a-face, do olho-no-olho, da comunicação profunda que permite que se veja, no fundo
do olho das pessoas, o que vai no seu interior; o silêncio respeitoso é indispensável para
que se estabeleça essa relação profunda. Por outro lado, a comunicação superficial, feita
por monossilábicos, frases gravadas e esperadas, torna as pessoas ansiosas, resultando
que voltam às suas exposições, aos seus temas ou explicações porque não se sentem
percebidas. O companheiro que faz o seu depoimento fala dos seus sentimentos, de
emoções escondidas, reprimidas e que geram doenças.
Desabafar, confidenciar, partilhar a intimidade, segredos e pecados, neste ambiente
muito especial, é de grande poder curativo, é excelente terapia.
Por outro lado, somente quem vive a experiência de ouvir o outro é capaz de amá-lo na
sua totalidade, de todo o coração, e isso significa dar-se por gratuidade, sem reservas, de
coração a coração e sentir a experiência da alegria, do medo, da coragem, do
descontentamento, do sofrimento, do desejo e da tristeza.
O relacionamento que se estabelece no grupo é gratuito. Um companheiro oferece o seu
depoimento, a sua experiência, e os outros membros do grupo oferecem o seu silêncio
respeitoso, a sua compreensão, o seu amor de irmão.
Não há nenhum interesse interposto na relação entre o membro que faz o depoimento e
os demais que o escutam. Um doa a sua riqueza interior, a sua experiência, e os outros a
aceitam respondendo com um sentimento de compaixão e de compreensão.
Essa é uma relação muito rica e enriquecedora que pode acontecer entre seres humanos
quando assentada na reciprocidade, na capacidade de entender e de amar o próximo.
Um ser só cresce com os outros dentro deste tipo de relacionamento. O silêncio
possibilita o estabelecimento da via de mão dupla. Permite a manifestação da palavra
com todo o seu poder e que, por sua vez, conduz à reciprocidade, entendida como um
poderoso mecanismo totalizador capaz de fazer com que todos fiquem envoltos em uma
só atmosfera, que cria as condições para que aquele que faz o depoimento encontre o
seu interior, a sua subjetividade e que se identifique como sendo uma pessoa, um ser
humano, porque também não há o tu sem o eu. A elevada compreensão cria condições
para que haja paz entre os seres humanos.
Não estamos acostumados ao silêncio, à sua dimensão profunda, tão profunda que
assusta, amedronta e angustia porque nos coloca diante de nós mesmos e o medo ocorre
porque não nos conhecemos.
Tudo isso ocorre dentro da liberdade de tomar a decisão de prestar o seu depoimento
que, no silêncio respeitoso e na relação empática, conduz a uma relação inter-humana
profunda, que é o fundamento da existência em A.A..
Meditando acerca do conteúdo dos depoimentos e se abrindo para a dor e o sentimento
de compaixão, os membros do grupo estarão ganhando dimensão humana e
espiritualidade e isso numa época em que as pessoas se permitem esquecer cada vez
mais daquilo que é mais característico do homem, que é a sua humanidade.
O silêncio atinge e penetra o coração humano e é aí que está a nossa interioridade, o
lugar onde somos o que somos.
Estas considerações foram feitas a partir de uma prática que sempre me encantou em
A.A.. Muitos companheiros, após o seu depoimento, agradecem dizendo: "Obrigado pelo
silêncio de vocês". Isso sempre me tocou muito e passei a meditar e a procurar o porquê,
e penso que encontrei a sua essência.
REFLEXÕES DIÁRIAS – MÊS DE MAIO by passea
REFLEXÕES DIÁRIAS - MÊS DE MAIO
1 de MAIO
CURANDO O CORAÇÃO E A MENTE
Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano a natureza
exata de nossas falhas.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 48
Desde que é verdade que Deus vem para mim através das pessoas, posso ver que
mantendo as pessoas à distância, eu também mantenho Deus à distância. Deus está
muito mais perto de mim do que eu penso, e posso sentí-Lo amando as pessoas e
permitindo que elas me amem. Mas não posso nem amar e nem ser amado, se permito
que meus segredos fiquem no caminho.
O meu lado que recuso olhar é que me governa. Devo ter disposição para olhar o lado
negro, a fim de curar minha mente e o meu coração, porque este é o caminho da
liberdade. Devo caminhar na escuridão para encontrar a luz, e caminhar no medo para
encontrar a paz.
Revelando meus segredos – e assim me livrando da culpa – posso de fato mudar meu
pensameto; alterando o meu pensamento; posso mudar a mim mesmo. Meus
pensamentos criam meu futuro. O que serei amanhã é determinado pelo que penso hoje.
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2 de MAIO
ILUMINANDO O PASSADO ESCURO
Agarre-se à ideia de que, nas mãos de Deus, o passado negro é o maior bem que você
possui – a chave para a vida e a felicidade de outros. Com ela você pode afastar deles a
morte e a miséria.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 141 ou p. 153
Meu passado não é mais uma autobiografia; é um livro de referência para ser tirado da
estante, aberto e compartilhado. Hoje quando relato por dever, sai a mais maravilhosa
pintura, porque, embora este dia seja negro – como acontece com alguns dias – as
estrelas brilharão com mais intensidade mais tarde. Em um futuro muito próximo serei
chamado para atestar que elas brilham. Todo meu passado será neste dia parte de mim,
porque ele é a chave não a fechadura.
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3 de MAIO
LIMPEZA DA CASA
De algum modo, estar sozinho com Deus não parece ser tão embaraçoso quanto
enfrentar outra pessoa. Até que resolvamos sentar e falar em voz alta a respeito das
coisas que há tempos temos escondido, nossa disposição de “limpar a casa” é
meramente teórica.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 52
Era até comum para mim falar com Deus e comigo mesmo sobre os meus defeitos de
caráter. Mas, sentar-me cara a cara e discutir abertamente estas intimidades com outra
pessoa era muito mais difícil. Nessa experiência eu reconheci, entretanto, um alívio
semelhante ao que experimentei quando admiti pela primeira vez que sou um alcoólico.
Comecei então a apreciar o significado espiritual do programa, e a compreender que este
Passo era apenas uma introdução do que ainda estava por vir nos restantes dos Sete
Passos.
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4 de MAIO
“INTEIRAMENTE HONESTO”
Se esperamos viver felizes por muito tempo neste mundo, precisamos ser inteiramente
honestos com alguém.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 94 ou p. 102
Como todas as virtudes, a honestidade é para ser compartilhada. Ela começou após eu
compartilhar “ ... toda (minha) história de vida com alguém ... ” a fim de encontrar o meu
lugar na Irmandade. Mais tarde compartilhei minha vida a fim de ajudar o ingressante a
achar o seu lugar conosco.
Este “compartilhar” me ajuda a aprender a ser honesto em todos os meus assuntos e a
saber que o plano de Deus, para mim, torna-se realidade através da disposição de abrir-
me honestamente.
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5 de MAIO
A FLORESTA E AS ÁRVORES
... aquilo que nos vem, enquanto estamos sós, pode ser deturpado pelos nossos anseios
e autojustificativas. A vantagem de falar com outra pessoa é que podemos, de forma
direta, obter seus comentários e conselhos sobre a nossa situação...
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 52 e 53
Não me lembro de quantas vezes me senti raivoso e frustrado e disse para mim mesmo:
“As árvores me impedem de ver a floresta!” Finalmente percebi de que quando estava
sofrendo dessa maneira, é que necessitava de alguém que pudesse me guiar em separar
a floresta e as árvores; que pudesse me sugerir um caminho melhor para seguir; que
pudesse me ajudar a apagar o fogo; e me ajudar a evitar as rochas e as armadilhas.
Peço a Deus para me dar a coragem de chamar um membro de A.A. quando estou na
floresta.
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6 de MAIO
“NADA ESCONDA”
A inteira confiança depositada naquele com quem compartilharemos nossa autoanálise,
bem como nossa boa disposição, serão as provas verdadeiras da situação... Desde que
você não esconda nada, sua sensação de alívio aumentará de minuto a minuto. As
emoções reprimidas durante anos saem de sua clausura e, milagrosamente,
desaparecem ao serem expostas. À medida que a dor diminui, uma tranqüilidade
benéfica a substitui.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 54
Um pequeno caroço de sentimentos fechados dentro de mim começou a se revelar
quando assisti às primeiras reuniões de A.A., e o autoconhecimento tornou-se uma tarefa
de aprendizagem para mim. Este novo autoconhecimento trouxe muitas mudanças em
minhas respostas às situações da vida. Percebi que tinha o direito de fazer escolhas em
minha vida e, lentamente, a ditadura interna de hábitos perdeu seu controle.
Acredito que se eu procurar Deus posso encontrar uma maneira de viver melhor e peço a
Ele todo dia para me ajudar a viver uma vitória sóbria.
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7 de MAIO
RESPEITO PELOS OUTROS
Estas partes de nossa história deixamo-las para contar a uma pessoa que as
compreenda e que seja sincera. A regra é sermos duros conosco mesmos, mas sempre
termos consideração pelos outros.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 95 ou p. 103
Respeito pelos outros é a lição que aprendi desta passagem
Devo fazer qualquer coisa para me libertar, se eu desejo encontrar esta paz de espírito
que tenho procurado por tanto tempo. Contudo, nada disto deve ser feito às custas dos
outros. Egoísmo não tem lugar na maneira de vida de A.A.
Quando faço meu Quinto Passo, é mais sábio escolher uma pessoa com quem
compartilho objetivos comuns, porque se essa pessoa não me entende, meu progresso
espiritual pode ser retardado e posso estar em perigo de recair. Assim, peço orientação
divina antes de escolher o homem ou a mulher que terá a minha confiança.
________________________________________
8 de MAIO
UM LUGAR DE DESCANSO
Todos os Doze Passos de A.A. nos pedem para atuar em sentido contrário aos nossos
desejos naturais, todos desinflam nosso ego. Quando se trata desse assunto, poucos
Passos são mais duros de aceitar do que o Quinto. Mas, dificilmente, qualquer deles é
mais necessário à obtenção da sobriedade prolongada e à paz mental do que este.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 48
Após escrever meus defeitos de caráter, estava sem disposição de falar sobre eles, e
decidi que era a hora de parar de carregar esta carga sozinho. Precisava confessar estes
defeitos com alguém. Tinha lido – e tinham me falado – que não podia me manter sóbrio
a não ser que o fizesse.
O Quinto Passo me dava um sentimento de pertencer, com humildade e serenidade,
quando o praticava diariamente em minha vida. Era importante admitir meus defeitos de
caráter na ordem apresentada no Quinto Passo: “A Deus, a nós mesmos e a outro ser
humano.” Admitir para Deus em primeiro lugar preparou o terreno para a admissão a mim
mesmo e para outra pessoa. De acordo com a descrição de como o Passo é feito, um
sentimento de ser um com Deus e com meus companheiros me levou a um lugar de
descanso onde pude preparar-me para os Passos restantes em direção a uma
sobriedade plena e significativa.
________________________________________
9 de MAIO
CAMINHANDO PELO MEDO
Se ainda nos apegamos a algo que não queremos soltar, pedimos a Deus que nos ajude
a ter a vontade.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 93 ou p. 105
Quando fiz meu Quinto Passo, tornei-me consciente de que todos os meus defeitos de
caráter se originavam de minha necessidade de me sentir seguro e amado. Usar somente
a minha vontade para trabalhar com meus defeitos e resolver o meu problema eu já havia
tentado obsessivamente. No Sexto Passo aumentei a ação que tomei nos três primeiros
Passos – meditando no Passo, dizendo-o várias vezes, indo às reuniões, seguindo às
sugestões de meu padrinho, lendo e procurando dentro de mim mesmo. Durante os três
primeiros anos de sobriedade tinha medo de entrar num elevador sozinho. Um dia decidi
que tinha de enfrentar este medo. Pedi ajuda a Deus, entrei no elevador e ali no canto
estava uma senhora chorando. Ela disse que desde que seu marido havia morrido ela
tinha um medo mortal de elevadores. Esqueci meu medo e a confortei. Esta experiência
espiritual ajudou-me a ver como a boa vontade era a chave para trabalhar o resto dos
Doze Passos para a recuperação. Deus ajuda aqueles que se ajudam.
________________________________________
10 de MAIO
AFINAL, LIVRE
Outra grande dádiva que podemos esperar por confiar nossos defeitos a outro ser
humano é a humildade – uma palavra frequentemente mal compreendida... representa
um claro reconhecimento do que e quem somos realmente, seguido de um esforço
sincero de ser aquilo que poderíamos ser.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 51
Sabia no fundo do meu ser que se quisesse ser alegre, feliz e livre para sempre, tinha de
compartilhar minha vida passada com outra pessoa. A alegria e o alívio que senti após
fazer isto estão além de qualquer descrição. Quase que imediatamente após fazer o
Quinto Passo, me senti livre da escravidão do ego e da escravidão do álcool. Esta
liberdade permanece após 36 anos, um dia de cada vez.
Descobri que Deus podia fazer por mim o que eu não podia fazer sozinho.
________________________________________
11 de MAIO
UMA NOVA SENSAÇÃO DE PERTENCER
Enquanto não falássemos, com toda a franqueza, de nossos conflitos e ouvíssemos outra
pessoa fazer a mesma coisa, ainda não estaríamos participando.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 50
Após quatro anos em A.A. fui capaz de descobrir a liberdade do peso de emoções
enterradas que tinham me causado muita dor. Com a ajuda de A.A. e do apadrinhamento
a dor foi libertada e senti uma sensação de pertencer e de paz interior. Também senti
uma alegria e um amor por Deus que nunca havia experimentado. Tenho muito respeito
pelo poder do Quinto Passo.
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12 de MAIO
O PASSADO TERMINOU
A experiência de A.A. nos indicou que não podemos viver sozinhos com problemas
persistentes bem como com os defeitos de caráter que os causam e os agravam. Se ... o
Quarto Passo ... tem realçado aquelas experiências que preferimos não lembrar ... então,
torna-se mais imperativo do que nunca desistir de viver sozinhos com esses fantasmas
torturantes do passado. É preciso falar com alguém a respeito.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 48
O que foi feito, feito está. Não pode ser mudado. Mas minha atitude sobre o assunto pode
ser mudada, conversando com aqueles que vieram antes e com os padrinhos. Posso
desejar que o passado nunca tenha sido, mas se mudo minhas ações quanto ao que fiz,
minha atitude mudará. Não preciso desejar que o passado desapareça. Posso mudar
meus sentimentos e atitudes, porém somente através de minhas ações e da ajuda de
meus companheiros alcoólicos.
10 de MAIO
AFINAL, LIVRE
Outra grande dádiva que podemos esperar por confiar nossos defeitos a outro ser
humano é a humildade – uma palavra frequentemente mal compreendida... representa
um claro reconhecimento do que e quem somos realmente, seguido de um esforço
sincero de ser aquilo que poderíamos ser.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 51
Sabia no fundo do meu ser que se quisesse ser alegre, feliz e livre para sempre, tinha de
compartilhar minha vida passada com outra pessoa. A alegria e o alívio que senti após
fazer isto estão além de qualquer descrição. Quase que imediatamente após fazer o
Quinto Passo, me senti livre da escravidão do ego e da escravidão do álcool. Esta
liberdade permanece após 36 anos, um dia de cada vez.
Descobri que Deus podia fazer por mim o que eu não podia fazer sozinho.
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11 de MAIO
UMA NOVA SENSAÇÃO DE PERTENCER
Enquanto não falássemos, com toda a franqueza, de nossos conflitos e ouvíssemos outra
pessoa fazer a mesma coisa, ainda não estaríamos participando.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 50
Após quatro anos em A.A. fui capaz de descobrir a liberdade do peso de emoções
enterradas que tinham me causado muita dor. Com a ajuda de A.A. e do apadrinhamento
a dor foi libertada e senti uma sensação de pertencer e de paz interior. Também senti
uma alegria e um amor por Deus que nunca havia experimentado. Tenho muito respeito
pelo poder do Quinto Passo.
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12 de MAIO
O PASSADO TERMINOU
A experiência de A.A. nos indicou que não podemos viver sozinhos com problemas
persistentes bem como com os defeitos de caráter que os causam e os agravam. Se ... o
Quarto Passo ... tem realçado aquelas experiências que preferimos não lembrar ... então,
torna-se mais imperativo do que nunca desistir de viver sozinhos com esses fantasmas
torturantes do passado. É preciso falar com alguém a respeito.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 48
O que foi feito, feito está. Não pode ser mudado. Mas minha atitude sobre o assunto pode
ser mudada, conversando com aqueles que vieram antes e com os padrinhos. Posso
desejar que o passado nunca tenha sido, mas se mudo minhas ações quanto ao que fiz,
minha atitude mudará. Não preciso desejar que o passado desapareça. Posso mudar
meus sentimentos e atitudes, porém somente através de minhas ações e da ajuda de
meus companheiros alcoólicos.
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13 de MAIO
A MANEIRA MAIS FÁCIL E SUAVE
Se saltarmos este passo chave, talvez não sobrepujemos a bebida.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 94 ou p. 101
Certamente não fugi à oportunidade de ver quem eu era, especialmente quando as dores
de minhas bebedeiras pairavam sobre mim como uma nuvem escura. Contudo, logo ouvi
nas reuniões a respeito do companheiro que simplesmente não queria praticar o Quinto
Passo e continuava vindo às reuniões, trêmulo pelos horrores de reviver o seu passado.
A maneira mais fácil e suave é praticar estes Passos para nos libertar de nossa doença
fatal e colocar nossa fé na Irmandade e em nosso Poder Superior.
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14 de MAIO
É BOM SER EU MESMO
Inúmeras vezes os novatos procuraram guardar para si certos fatos de suas vidas...
desviaram-se para métodos mais fáceis... mas, não aprenderam o suficiente sobre a
humildade...
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 93 e 94 ou p. 101 e 102
Humildade soa muito como humilhação mas, na realidade, ela é a capacidade de olhar
para mim mesmo – e honestamente aceitar o que vejo. Não preciso ser o “mais esperto”
nem o “mais estúpido” ou qualquer outro “mais”. Finalmente é muito bom ser “eu” mesmo.
É mais fácil para mim aceitar-me se compartilhar toda a minha vida. Se não posso
compartilhar nas reuniões, então é melhor ter um padrinho – alguém com que eu possa
compartilhar “certos fatos” que podem me levar de volta à bebida e para a morte. Preciso
praticar todos os Passos. Preciso do Quinto Passo para aprender a verdadeira
humildade. Métodos mais fáceis não funcionam.
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15 de MAIO
CONHEÇA DEUS, CONHEÇA A PAZ
É evidente que uma vida onde se incluem profundos ressentimentos só nos leva à
futilidade e à infelicidade... Porém, com o alcoólico, cuja esperança é a manutenção e o
crescimento de uma experiência espiritual, este negócio dos ressentimentos é grave
mesmo.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 87 ou p. 95
Conheça a Deus;
Conheça a Paz.
Sem Deus;
Sem Paz.
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16 de MAIO
NÓS PERDOAMOS...
Frequentemente, enquanto dávamos este Passo com nossos padrinhos ou conselheiros
espirituais, pela primeira vez nos sentíamos verdadeiramente capazes de desculpar os
outros, não importa quão profundamente nos houvessem maltratado.
Nosso inventário moral nos havia persuadido de que era desejado um perdão geral para
todos, mas foi somente quando resolutamente demos o Quinto Passo, vimos em nosso
íntimo, que poderíamos aceitar o perdão e perdoar também.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, P. 50 e 51
Que grande sentimento é o perdão! Que revelação sobre minha natureza emocional,
psicológica e espiritual. Tudo que se precisa é boa vontade para perdoar; Deus fará o
restante.
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17 DE MAIO
... E PERDOAMOS
Com muita dificuldade tenho procurado sempre perdoar as outras pessoas e a mim
mesmo.
NA OPINIÃO DO BILL, p. 268
Perdoar a si mesmo e perdoar aos outros são duas correntes do mesmo rio, ambas
retardadas ou interceptadas completamente pela represa do ressentimento. Uma vez que
a represa é aberta, ambas as correntes podem fluir. Os Passos de A.A. permitem-me ver
como o ressentimento cresceu e em consequencia bloqueou esse fluxo em minha vida.
Os Passos fornecem uma maneira pela qual meus ressentimentos podem ser
dispersados – pela graça de Deus como eu O entendo. É como resultado desta solução
que posso achar a graça necessária que me dá condições de perdoar a mim mesmo e
aos outros.
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18 de MAIO
LIBERDADE PARA SER EU MESMO
Se trabalharmos com afinco nesta fase de nosso desenvolvimento, ficaremos
surpreendidos antes de chegar à metade do caminho. Vamos conhecer uma nova
liberdade e uma nova felicidade.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 103 ou p. 112
Minha primeira verdadeira liberdade é a liberdade de não precisar beber hoje. Se
realmente desejá-la, praticarei os Doze Passos, e através deles me chegará a felicidade
desta liberdade – às vezes rapidamente, outras vezes lentamente. Seguir-se-ão outras
liberdades, e fazer seu inventário será uma nova alegria. Tive uma nova liberdade hoje, a
liberdade de ser eu mesmo. Tenho a liberdade de ser melhor do que jamais fui.
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19 de MAIO
DANDO SEM RESTRIÇÕES
E ele sabe bem que sua própria vida ficou enriquecida, como um dividendo extra por dar
ao outro, sem exigir qualquer retribuição.
NA OPINIÃO DO BILL, p. 69
O conceito de dar sem restrições foi difícil de entender quando vim para o Programa pela
primeira vez. Tinha suspeitas quando os outros queriam me ajudar. Pensava: “Que eles
vão querer de volta?” Mas logo aprendi a alegria de ajudar outro alcoólico, e entendi
porque eles estavam ali no começo à minha disposição.
Minhas atitudes mudaram e eu desejava ajudar aos outros.
Algumas vezes ficava ansioso, quando queria que eles conhecessem as alegrias da
sobriedade, que soubessem que a vida pode ser linda.
Quando minha vida está repleta do amoroso Deus do meu entendimento e dou este amor
para meu companheiro alcoólico, sinto uma riqueza em especial que é muito difícil de
explicar.
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20 de MAIO
UM DIA DE CADA VEZ
Acima de tudo, faça-o um dia de cada vez.
NA OPINIÃO DO BILL, p. 11
Por que engano a mim mesmo dizendo-me que devo ficar sem beber somente um dia,
quando sei perfeitamente bem que nunca mais posso beber em minha vida? Não estou
me enganando, porque um dia de cada vez é provavelmente a única maneira, pela qual
eu posso alcançar o objetivo a longo prazo de permanecer sóbrio.
Se eu determino que nunca mais vou beber na vida, me coloco numa certa condição.
Como posso ter certeza de não mais beber, quando não tenho ideia do que me espera no
futuro?
Na base de um dia de cada vez, tenho certeza de que posso ficar sem beber por um dia.
Assim, fico numa condição de confiança. No final do dia tenho a recompensa da
realização. A realização me faz sentir bem e faz com que eu queira mais!
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21 de MAIO
UMA LISTA DE BÊNÇÃOS
Um exercício que pratico é o de tentar fazer um inventário completo de minhas bênçãos...
NA OPINIÃO DO BILL, p. 37
O que tive de agradecer? Eu me fechei em mim mesmo e fiz uma lista das bênçãos pelas
quais não sou responsável, começando com a de ter nascido com um corpo e uma mente
sãos. Repassei exatamente setenta e quatro anos de vida, até o presente momento.
A lista ocupou duas páginas e levou duas horas para ser escrita.
Incluí saúde, família, dinheiro, A.A. – enfim, a gama toda.
Todo dia, nas minhas orações, peço a Deus que me ajude a lembrar de minha lista e ser
grato por ela durante todo o dia.
Quando lembro minha lista de gratidão, é muito difícil concluir que Deus me castigou.
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22 de MAIO
PRIMEIRO PASSO
Admitimos ... (“Nós” a primeira palavra do Primeiro Passo)
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 17
Quando eu bebia, tudo o que eu pensava era sempre “Eu, Eu, Eu”, ou “Meu, Meu, Meu.”
Tal obsessão do ser, tal doença da alma, tal egoísmo espiritual me escravizou à garrafa
mais da metade de minha vida.
O caminho para encontrar Deus e fazer Sua vontade um dia de cada vez, começou com a
primeira expressão do Primeiro Passo... “Nós”.
Havia poder, força e segurança no plural e para um alcoólico como eu, também havia
vida. Se tivesse tentado me recuperar sozinho, provavelmente teria morrido. Com Deus e
outro alcoólico tenho um propósito divino na minha vida... tornei-me um canal para o amor
benéfico de Deus.
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23 de MAIO
SAÚDE ESPIRITUAL
Ao vencermos a enfermidade espiritual, endireitamo-nos mental e fisicamente.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 85 ou p. 93
É muito difícil para mim aceitar minha doença espiritual, devido ao meu grande orgulho
disfarçado por sucessos materiais e por meu poder intelectual. Inteligência não é
incompatível com humildade, desde que eu coloque a humildade em primeiro lugar.
Procurar prestígio e riqueza é o objetivo final para muitos neste mundo moderno. Seguir a
moda e parecer melhor do que sou realmente é uma doença espiritual.
Reconhecer e admitir minhas fraquezas é o começo de uma boa saúde espiritual. É um
sinal de saúde espiritual ser capaz de pedir a Deus todo o dia para me iluminar,
reconhecer Sua vontade e ter forças para executá-la. Minha saúde espiritual está ótima
quando percebo que, quanto mais melhoro, mais descubro quanto necessito da ajuda dos
outros.
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24 de MAIO
“FELIZ, ALEGRE E LIVRE”
Estamos certos de que Deus nos quer felizes, alegres e livres. Não devemos compartilhar
a crença de que esta vida é um vale de lágrimas, embora em certa época tenha sido
justamente isto para muitos de nós. Porém, é claro que nós mesmos criticamos a nossa
própria degradação; não foi Deus. Evitemos então a criação deliberada de uma desgraça.
Mas, se vierem problemas vamos aproveitá-los alegremente, como uma oportunidade de
demonstrar Sua onipotência.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 148 ou p. 161
Por anos acreditei num Deus punidor e o culpava por minha desolação. Aprendi que devo
entregar as “armas” do ego a fim de agarrar as “ferramentas” do programa de A.A. Não
luto com o programa porque ele é um presente e eu nunca briguei quando recebia um
presente. Se algumas vezes continuo lutando, é porque estou ainda preso às minhas
velhas ideias e “... os resultados são nulos.”
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25 de MAIO
GRATIDÃO PROGRESSIVA
A gratidão deve ir para frente, nunca para trás.
NA OPINIÃO DO BILL, p. 29
Eu sou muito grato ao meu Poder Superior por ter-me dado uma segunda chance para
viver uma vida digna.
Através de Alcoólicos Anônimos recuperei minha sanidade. As promessas estão sendo
cumpridas em minha vida. Sou grato por estar livre da escravidão do álcool. Sou grato
pela paz de espírito e a oportunidade de crescer, mas minha gratidão deve ir para frente,
nunca para trás. Não posso ficar sóbrio nas reuniões de ontem ou abordagens passadas.
Preciso colocar minha gratidão em ação hoje.
Nosso cofundador dizia que a melhor maneira de demonstrar mossa gratidão é levar a
mensagem para os outros. Sem ação a minha gratidão é apenas uma emoção agradável.
Preciso colocá-la em ação praticando o Décimo Segundo Passo, transmitindo a
mensagem e praticando os princípios em todos os meus assuntos. Sou grato por
transmitir a mensagem hoje.
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26 de MAIO
TRANSFORMANDO O NEGATIVO EM POSITIVO
Nosso crescimento espiritual e emocional em A.A. não depende tanto de nossos
sucessos como de nossos fracassos e contratempos. Se você tiver isso em mente, acho
que sua recaída terá o efeito de impulsioná-lo escada acima, ao invés de para baixo.
NA OPINIÃO DO BILL, p. 29
No contato com a dor e a adversidade que nossos cofundadores encontraram e
venceram para estabelecer A.A., Bill W. envia uma clara mensagem: uma recaída pode
ser uma experiência positiva para a abstinência e uma vida toda de recuperação. Uma
recaída mostra a verdade daquilo que ouvimos repetidamente nas reuniões: “Evite o
primeiro gole!” Reforça a convicção na natureza progressiva da doença, e insiste na
necessidade e na beleza da humildade de nosso programa espiritual. Verdades simples
vêm a mim de maneiras complicadas quando sou dirigido pelo ego.
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27 de MAIO
SEM SENTIMENTO DE CULPA
Dia a dia tentamos nos aproximar um pouco da perfeição de Deus. Assim sendo não
precisamos ser consumidos por um tolo sentimento de culpa ...
NA OPINIÃO DO BILL, p. 15
Quando descobri pela primeira vez que não havia um único “não faça” nos Doze Passos
de A.A., fiquei perturbado, porque esta descoberta abria de repente um portal gigantesco.
Somente então fui capaz de perceber o que A.A. representa para mim:
A.A. não é um programa de “não faça” mas de “faça”.
A.A. não é uma lei marcial, é liberdade.
A.A. não é choro sobre os defeitos, mas suor sobre como colocá-los em ordem.
A.A. não é penitência, é salvação.
A.A. não é “pesar por mim”, por meus pecados, passados e presentes.
A.A. é “Louvor a Deus” pelo progresso que estou fazendo hoje.
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28 de MAIO
DIREITOS IGUAIS
Uma vez ou outra, Grupos de A.A. resolvem inventar regras ... Após um período de medo
e intolerância, o Grupo se acalma .... Não queremos negar a ninguém a oportunidade de
recuperar-se do alcoolismo. Queremos ser justos, tanto quanto possível, sempre ficando
ao alcance de todos.
A TRADIÇÃO DE A.A. COMO SE DESENVOLVEU, p. 14, 15 e 17
A.A. me ofereceu completa liberdade e me aceitou na Irmandade por mim mesmo. Para
ser membro não dependia de concordância, sucesso financeiro ou educação, e sou muito
grato por isto. Muitas vezes me pergunto se estendo essa mesma igualdade aos outros
ou se nego a eles a liberdade de ser diferentes.
Hoje tento substituir meu medo e minha intolerância pela fé, paciência, amor e aceitação.
Posso levar estas forças para meu Grupo de A.A., minha casa e meu escritório. Faço um
esforço para levar minha atitude positiva para qualquer lugar que vou.
Não tenho nem o direito, nem a responsabilidade de julgar os outros. Dependendo da
minha atitude, posso ver ingressantes em A.A., membros da família e amigos, como
ameaças ou como professores. Quando penso em algum dos meus julgamentos
passados, fica claro como meu farisaísmo me causou danos espirituais.
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29 de MAIO
VERDADEIRA TOLERÂNCIA
Para ser membro de A.A. o único requisito é o desejo de parar de beber.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 125
Ouvi a forma reduzida da Terceira Tradição, pela primeira vez, no Preâmbulo. Quando
vim para A.A. não podia aceitar a mim mesmo, meu alcoolismo ou um Poder Superior. Se
houvesse qualquer requisito físico, mental, moral ou religioso para ser membro, hoje eu
estaria morto. Bill W. diz em sua fita sobre as Tradições, que a Terceira Tradição é um
alvará para a liberdade individual. Porém, o que mais me impressionou foi o sentimento
de aceitação dos membros que estavam praticando a Terceira Tradição, por me
tolerarem e me aceitarem. Sinto que a aceitação é amor e amor e a vontade de Deus
para nós.
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30 de MAIO
NOSSO PROPÓSITO PRIMORDIAL
Quanto mais A.A. se agarra ao seu propósito primordial, maior sua influência proveitosa
em todos os lugares.
A.A. ATINGE A MAIORIDADE, p. 99 ou p. 96
É com gratidão que reflito nos primeiros dias de nossa Irmandade e naqueles sábios e
amáveis “seguidores dos passos” que proclamavam que não podíamos nos desviar de
nosso propósito primordial de transmitir a mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
Desejo prestar meus respeitos àqueles que trabalham no campo do alcoolismo, tendo
sempre em mente que A.A. não endossa qualquer causa que não seja a sua própria.
Devo lembrar que A.A. não tem o monopólio de fazer milagres e permaneço
humildemente agradecido por um Deus amoroso que tornou A.A. possível.
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31 de MAIO
DISPOSIÇÃO PARA SERVIR AOS OUTROS
... nossa Sociedade tem concluído que existe apenas uma única e elevada missão: levar
a mensagem de A.A. para aqueles que não sabem haver uma saída.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 136
A “Luz para a liberdade” brilha alegre sobre meus companheiros alcoólicos quando cada
um de nós desafia o outro para crescer. Os “Passos” para o aperfeiçoamento de si
mesmo têm um início pequeno, mas cada Passo é um degrau a mais na escada que vai
desde o abismo do desespero para uma nova esperança. Honestidade torna-se minha
“ferramenta” para me soltar das “cadeias” que me escravizam Um padrinho, que é um
ouvinte atencioso, pode me ajudar a ouvir verdadeiramente a mensagem que me guiará
para a liberdade.
Peço a Deus coragem para viver de maneira que a Irmandade possa testemunhar Seus
favores. Esta missão me liberta para compartilhar minhas dádivas de bem-estar através
de uma disposição de espírito para servir aos outros.
O TRABALHO EM GRUPO by passea
" O TRABALHO EM GRUPO "
Por NELSON F.
Todo conhecimento é fruto do trabalho em equipe. Este constitui a unidade de trabalho.
Não é como se poderia pensar, o esforço de um indivíduo isolado.
A mais tradicional forma de trabalho em equipe é a REUNIÃO DE GRUPO. Esta é talvez,
o melhor exemplo de como se compartilhar o trabalho em qualquer organização.
Quando as pessoas se reúnem para discutir um assunto em busca de consenso, estão,
num sentido concreto, estabelecendo uma CONSCIÊNCIA DE GRUPO, que é o produto
dos talentos e aptidões de todos os envolvidos. A forma de como realizarão suas tarefas,
bem como, o êxito que obterão, serão assim, determinados pela CONSCIÊNCIA
COLETIVA. Esta e a chave para o alto desempenho do grupo e a harmonia existente
entre os membros que o compõem. Essa capacidade de pensamentos e emoções torna
um grupo, especialmente, produtivo e bem sucedido.
Esse equilíbrio mental e emocional é a diferença, e o porquê de alguns grupos
trabalharem de forma mais eficaz do que outros. Afinal, quando as pessoas se reúnem
para trabalhar em equipe, cada um trás consigo certas aptidões ou conhecimentos
próprios de sua cultura pessoal. O grupo não deve ter mecanismos que impeçam às
pessoas contribuírem com seus talentos.
Só a harmonia interna do Grupo é capaz de criar um clima que permita que os
companheiros, que tragam conhecimentos e aptidões próprias, possam torná-los capazes
de serem assimilados pelo grupo. Haverá sempre, o que é bom reconhecer, os ansiosos,
os controladores, os dominadores excessivos e os apáticos. Só uma coisa não pode
existir - os choques emocionais - seja por medo ou raiva; rivalidades e ressentimentos.
Num ambiente desses as pessoas não podem dar o melhor de si. Só uma harmonia plena
permite a um grupo aproveitar, ao máximo, as qualidades mais criativas de seus
membros.
O que as pessoas fazem, ou oferecem com sua participação, seja através do serviço
direto ao grupo ou em suas experiências nos depoimentos fazem parte do trabalho
coletivo. Depende de seu bom desempenho a permanência ou dispersão de
companheiros nas Reuniões.
Todas as formas de trabalho são aspectos da inteligência emocional. Temos que
aprender a surpreender os pensamentos negativos e as emoções compulsivas. Liderar
não e dominar, mas sim, a arte de convencer as pessoas a trabalharem visando um
objetivo comum.
PAZ “Alicerce do verdadeiro amor, da alegria ao dar de nós mesmos e ver o outro
crescer.” O grande anseio daqueles que buscam o crescimento espiritual é a
SERENIDADE, estado de espírito em que procuramos alcançar e manter inabalável a paz
interior, apesar das vicissitudes da vida. Para atingir a SERENIDADE é necessário aceitar
as coisas que não podemos modificar. Nossa tendência é querer mudar o que não
podemos: nosso passado, o modo de ser das pessoas, as circunstâncias de nossa vida,
as contingências do mundo ou do país... tudo isso está fora de nosso alcance. Só
podemos mudar a nós mesmos e as nossas atitudes. Existe uma máxima que diz: “Nada
muda se eu não mudar.” SERENIDADE não é fraqueza ou submissão. O homem sereno
aceita o semelhante como ele é, sem coagi-lo a mudar, sem a ele submeter-se.
SERENIDADE não é apenas exercício de paciência ou tolerância, atitudes que podem
mascarar o sentir-se superior. A SERENIDADE existe independentemente de atitudes do
outro, depende em primeiro lugar de nós mesmos: da CORAGEM de enfrentar ou aceitar
o sofrimento, e do esforço para superar nossos defeitos de caráter. Em primeiro lugar,
dispondo-nos a analisar minuciosa e destemidamente nossas ações e nossas atitudes,
para descobrir quem realmente somos, e em que devemos mudar. Quantas vezes
continuamos a tomar as mesmas atitudes que nos fazem sofrer, esperando resultados
diferentes. Admitindo que precisamos mudar, podemos fazer a nossa parte, não
alimentando sentimentos negativos, procurando viver de acordo com nossa consciência.
A mudança interior, que leva ao crescimento espiritual, somente ocorrerá se nos abrirmos
à ação de Deus, que se manifestará se assim o permitirmos. A SABEDORIA nos fará
compreender essas coisas aparentemente tão simples. A paz espiritual não significa
ausência de problemas ou de sofrimento emocional, pois estes sempre estarão presentes
em nossas vidas. Tampouco significa que todas as nossas preces serão atendidas do
modo que desejarmos. Nem sempre Deus nos dá tudo o que queremos mas, com
certeza, nos dará sempre o que precisamos. A paz espiritual é o alicerce do verdadeiro
amor e da alegria que nos permitem dar de nós mesmos, sem qualquer outro objetivo que
não seja ver o outro crescer. Muitas vezes pensamos que a felicidade está nas coisas
que julgamos necessárias, mas sobre as quais não temos o controle absoluto. Dizemos
que para sermos felizes, dependemos do amor das outras pessoas, de nossa saúde
física e mental, de nosso equilíbrio financeiro, e de inúmeras outras coisas ou situações.
Estamos condicionados a “TER” para nos sentirmos felizes, quando na realidade é muito
mais importante "SER". Afirmamos que "temos" nossas mulheres, nossos filhos, nossos
pais; é preciso, entretanto, "sermos" maridos, pais, filhos, dando o que de melhor
possuímos. ACEITAR AS COISAS QUE NÃO PODEMOS MODIFICAR requer de cada
um de nós que abracemos a realidade de nossas vidas. Pode ser que estejamos doentes,
desempregados, deprimidos, com dificuldades no casamento ou no trabalho. Não importa
o número, nem a grandeza de nossos problemas, precisamos aceitá-los como parte de
nossa jornada de vida. Aqueles que encontram a paz e a felicidade aprendem a enfrentar
os seus problemas, muitas vezes maiores que os de outras pessoas: a aceitação os
capacita a tirar o maior proveito possível da adversidade, sem se tomarem críticos ou
amargos, mesmo sabendo que alguns aspectos problemáticos de suas vidas
provavelmente não poderão ser modificados. Devemos lembrar que, em quaisquer
circunstâncias, podemos escolher o nosso próprio caminho. Nesse sentido, podemos
contar sempre com o nosso programa de recuperação, consubstanciado nos princípios de
A. A., notadamente nos 12 Passos sugeridos. Se estivermos atentos, veremos que desde
o início, ao sermos escolhidos para participarmos de nossa Irmandade, recebemos a
dádiva de Deus, que colocou e continua colocando à nossa disposição as ferramentas
necessárias para que possamos nos recuperar e sermos felizes, cultivando a
SERENIDADE. Trabalhando nosso interior, começamos nosso aperfeiçoamento. Estamos
aprendendo a todo o momento; basta que estejamos atentos às coisas que nos cercam.
Tudo que vemos e ouvimos tem um significado lógico, positivo, tem uma finalidade. Ao
praticarmos o programa, temos a oportunidade de refletir sobre nossa condição humana,
sendo induzidos a reflexões profundas. Assumimos a responsabilidade pelo nosso
crescimento, aperfeiçoando e desenvolvendo nossas qualidades, enfrentando e
corrigindo nossos defeitos de caráter. Sabemos que, pelas nossas imperfeições,
encontraremos dificuldades e obstáculos a serem superados. A análise constante de
nossas ações e atitudes, o apoio e os ensinamentos incondicionais de nossos
companheiros, a leitura e o estudo freqüente de nossa Literatura, o reconhecimento de
nossas limitações, a abertura à ação de Deus, são meios de alcançarmos o crescimento
espiritual que almejamos. Guiados pela SABEDORIA que emana de Deus e que se
manifesta em nossa “Consciência Coletiva”, adquirida em nossas reuniões e
desenvolvida com a prática de nossos princípios, continuemos a trabalhar para alcançar a
SERENIDADE, lembrando-nos da grande responsabilidade que nos cabe na construção
de uma sociedade mais justa e equilibrada, tendo a CORAGEM de, com nossos
exemplos, e praticando o 12° Passo, nos tomarmos íntegros, felizes e úteis, e assim
transformarmos o mundo num lugar mais agradável de se viver. A cada momento, diante
de nossas necessidades e de nossas dificuldades podemos dizer simplesmente:
“Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos
modificar, Coragem para modificar aquelas que podemos e Sabedoria para distinguir
umas Das outras”. (João Roberto) VIVÊNCIA N.° 89 – MAI/JUN. 2004.
NÓS, OS JOVENS, TEMOS ESPAÇO EM A.A.? by passea
Nós, os jovens, temos espaço em A.A.?
"Ele foi levar o pai para conhecer A.A. e acabou ficando".
Nos primeiros tempo de A.A. não havia jovens, pois, somente os alcoólicos já
desesperados conseguiam engolir e digerir essa verdade amarga: ser um alcoólico.
Com imensa satisfação afirmamos que, com o passar dos anos, isso mudou. Os
alcoólicos que ainda mantinham sua saúde, suas famílias, seus empregos, e até dois
carros na garagem, começaram a reconhecer seu alcoolismo. Crescendo essa tendência,
uniram-se a eles muitos alcoólicos jovens, que mal passavam de alcoólicos em potencial.
Esse fato se concretiza a cada dia na nossa Irmandade. E eu sou parte desta realidade.
Conheci o A.A. em outubro de 1999, motivado pelos problemas que o meu pai estava
enfrentando com o álcool. Minha intenção era levá-lo para A.A., já que ele estava
precisando de ajuda, bebendo descontroladamente todos os dias.
Ao entrar em contato com a Irmandade, fiquei maravilhado com as histórias verídicas de
recuperação de vários alcoólicos, que de maneira geral, haviam bebido muitos anos e
agora tinham encontrado a sobriedade. Fiquei surpreso por ver meu pai evitar o primeiro
gole a partir daquela reunião milagrosa. No dia segunite fomos, eu e meu pai, novamente
à reunião, e vi novas pessoas contarem suas histórias de sucesso frente à doença do
alcoolismo.
Durante essa reunião fiquei refletindo sobre a possibilidade de também possuir a doença,
já que eu estava passando por vários problemas e bebendo muito. Ao encerrar a reunião,
fui perguntar aos membros do grupo se eles poderiam me informar se eu era ou não
alcoólico. Como resposta, me disseram que só eu poderia me considerar alcoólico ou
não. Saí daquela reunião um pouco menos preocupado com meu pai, que havia
conseguido ficar 24 horas sem ingerir o primeiro gole, e fiquei pensando mais em mim,
tentando descobrir se eu era mesmo um alcoólico.
Nessa avaliação, algumas coisas me levaram a crer que eu era mesmo doente, pois eu
não vinha de experiências muito agradáveis com a bebida. Entretanto, minha mente
alcoólica me mostrava vários pontos que me descartavam da condição de alcoólico, pois
eu era jovem (22 anos), não bebia diariamente, havia recém me formado com certo êxito
num curso superior, não havia perdido família, nem gostava de beber cachaça. Todas
essas situações divergiam da maioria dos membros que eu escutara.
Na minha peregrinação de tentar ajudar meu pai, fui com ele em mais uma reunião, só
que agora em outro grupo de A.A. A reunião iniciou-se e eu prestei bastante atenção nos
depoimentos dos companheiros e ouvi um companheiro jovem declarar-se alcoólico.
Porém, o que me marcou mais foi um senhor, com cerca de 70 anos, que foi falando da
sua vida, que havia pouco tempo que ingressara na Irmandade, que estava bem, mas
que sentia muito por não ter conhecido A.A. quando mais novo. Parecia que aquele
senhor estava falando ao meu ouvido, e que cada palavra que ele dizia, se dirigia
especificamente a mim. Percebi que Deus o utilizou para abrir a minha mente, para eu me
aceitar como alcoólico e que não precisava chegar a uma situação de profundo
desespero para encarar que eu realmente tinha problemas com o álcool. Assim
sensibilizado por todo esse contexto espiritual, eu ingressei em A.A., convicto que eu
tinha problema com o álcool. Talvez um
alcoólico em potencial, mas que não precisaria passar por mais dificuldades além das que
eu havia passado, para encontrar a sobriedade.
Deus havia aberto Seus braços de Pai bondoso para acolher-me. Ele não perguntava
quantos anos eu tinha, o único requisito que eu necessitava era o desejo de abandonar a
bebida, e isso eu tinha. Saí daquela reunião junto com meu pai, e parecia que eu estava
nas nuvens. Aquela situação era um grande presente de Deus para mim, sou grato até
hoje por A.A. me aceitar como sou, jovem, com o desejo de abandonar a bebida.
Como a doença do alcoolismo me cegou, colocando uma venda nos meus olhos,
dificultando a visão de mim mesmo como um alcoólico!
Agora compreendo o meu descontrole frente à bebida e que o meu contato com ela
sempre trouxera problemas, porém, ver-me como um alcoólico era algo que ia contra o
meu ego, era uma auto-imagem que eu não queria ter; hoje aceitar-me como realmente
sou, me faz muito bem.
Agradeço a Deus por estar em recuperação evitando o desenvolvimento da doença, que
poderia ter me levado à morte.
Durante esta caminhada, em recuperação, tive várias experiências interessantes, como a
incerteza de meus pais e familiares frente a minha condição de alcoólico. Meu pai chegou
a dizer que eu não precisava participar de A.A. por causa dele, que eu não era alcoólico.
Ele voltou a beber após afastar-se das reuniões; permaneceu longe de A.A. por cerca de
dois anos. Eu, graças a Deus, continuei participativo da Irmandade, vivenciando os
passos, respeitando as tradições e procurando realizar serviços até que, em junho de
2002, eu tive a grata satisfação de estar novamente com meu pai dentro de A.A.
Daquele momento em diante, venho apadrinhando-o e presenciado sua dedicação pela
recuperação.
Hoje ele já compreende que realmente eu não estou em A.A. porque tenho um pai
alcoólico, e sim, porque eu sou um alcoólico.
Em certa reunião um companheiro nosso, pai de um amigo meu, e que me conhecia
desde criança, também disse que eu não era alcoólico. Outras pessoas que não fazem
parte de A.A. me disseram que eu era muito jovem, e que eu não precisava ser tão
radical em não beber nenhum gole, mas eu bem sei dos meus problemas com a bebida, e
que realmente preciso evitar o primeiro gole e recuperar-me da doença através do
programa de doze passos. No meu ponto de vista, essas conclusões de certas pessoas,
alcoólicas e não, sobre mim, referente ao alcoolismo, refletem, de certa forma, uma visão
da nossa sociedade em geral, ainda distorcida sobre o alcoólico. De que é somente
aquele que está no mais profundo estágio do alcoolismo, com muitas perdas, quase à
beira da loucura ou da morte. Esquecem-se, que mesmo estes, não nasceram assim.
Que essa condição foi galgada, dia após dia, utilizando o álcool de forma progressiva, e
quase todos os alcoólicos
não começaram diretamente na sarjeta. Entretanto essa visão tem se modificado, dentro
e fora de A.A. As pessoas têm reconhecido a natureza progressiva da doença, além de
compreenderem que ela não escolhe sexo, raça, idade, posição sócio-econômica-cultural
e que a Irmandade de A.A. está de portas abertas para todo aquele que deseja
abandonar a bebida.
Tenho visto cada vez mais jovens dentro das salas e espero estar contribuindo de alguma
forma para que o jovem se sinta cada vez mais à vontade na Irmandade, participando de
reuniões em vários grupos e apadrinhando alguns jovens.
Deixo aqui o meu grande abraço a todos os companheiros e reitero: A.A. é para todos,
inclusive os jovens!
Muita sobriedade e serenidade!
PSIU!!! GRUPOS PSIU!!! GRUPOS by passea
PSIU!!! GRUPOS PSIU!!! GRUPOS
Este chamado é direcionado a todos os Grupos de A.A. espalhados em cada canto deste
imenso Brasil. Vamos colocar a nossa responsabilidade em ação, vamos assinar ou
renovar a assinatura da REVISTA VIVÊNCIA do nosso Grupo Base, sabe porque?
A Vivência nos proporciona lições de vida que em nenhuma outra circunstância
poderíamos obter. “Em suas páginas vários companheiros abordam os Passos de A.A..
Suas palavras nos conduzem ao reduto seguro que magicamente sentimos e
vivenciamos com eles suas mensagens de Fé, Coragem, Esperança ... Certeza. A leitura
de seus textos nos faz recordar esta certeza: “raramente temos visto fracassar uma
pessoa que cuidadosamente seguiu nosso caminho”.
A Vivência tem por finalidade:
. Apadrinhamento na compreensão do Programa de Recuperação através dos
depoimentos pessoais;
. Complementação no trabalho do Comitê trabalhando Com Os Outros através dos
depoimentos pessoais e artigos de profissionais e amigos;
. Apadrinhamento aos profissionais de diversas áreas no conhecimento de como funciona
o Programa de Recuperação de Alcoólicos Anônimos;
. Artigos dos Profissionais amigos na compreensão da doença do alcoolismo, assim como
eles lidam com este problema com seus pacientes;
. Enfim, o apadrinhamento nos Princípios de A.A.: Recuperação, Unidade e Serviço.
Em 2015, que a Vivência seja a grande multiplicadora da chegada de mais pessoas que
precisam de uma sala com portas abertas.
LEITURA PARA OS FINAIS DE SEMANA DO MÊS
DE MAIO by passea
A Origem e o porquê da Estrutura de AA
A origem: (a busca)
Fontes e eventos que fundamentaram a origem:
1935 - Por intermédio da Srª. Henrietta, Bill fala com Dr. Bob.
1937 – 40 casos mais ou menos sólidos. Um olhar para o futuro: necessidade de
estruturar.
1938 – Criada a Fundação do Alcoólico
1938 – Bill escreve Os Doze Passos –O Primeiro Legado: Recuperação
1939 - Publicação do livro Alcoólicos Anônimos.
1941- março-A reportagem de Jack Alexander, no Saturday Evening Post, possibilita o
reconhecimento nacional (EUA). Expansão de 2000 para 8000 membros.
1942- A Oração da Serenidade é adotada pela Irmandade.
1946- As Doze Tradições são publicadas – O Segundo Legado: Unidade.
1949-A Associação Psiquiátrica Americana reconhece A.A.
1950- Primeira Convenção Internacional em Cleveland. Cerca de 3000 membros aprovam
As Doze Tradições.
1951- 12000 médicos da Associação Americana de Saúde Pública outorgam a Alcoólicos
Anônimos o Prêmio Lasker.
1954- Os “Propósitos Múltiplos” da Fundação do Alcoólico são abandonados; agora é
Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.
1955-03 de julho de 1955. “Domingo às Dezesseis Horas”. Ergue-se o espiral do Terceiro
Legado: Serviço.
O Símbolo, a Marca, a Estrutura Identificável, a identidade Visual de A.A.
(Finalmente, a definição).
A Estrutura de Alcoólicos Anônimos, representadas, graficamente, por um triângulo
eqüilátero (equilíbrio), dentro de um circulo (igualdade) é, essencialmente espiritual.
Assim, a estrutura de A.A, como um todo, por ser espiritual, não se organiza. A estrutura
de Serviço (Terceiro Legado), sim.
(Paralelo entre a Fé e a Igreja)
A Estrutura do Terceiro Legado
O PORQUÊ:
(a normatização)
( ORGANOGRAMA)
A CONFERÊNCIA DE SERVIÇOS GERAIS
“ (...)
PELO fato de conhecermos o grande impacto que A.A.pode ter sobre as gerações futuras
que nos seguirão, tivemos o cuidado de constituir uma estrutura de serviço de A.A. na
Junta de Serviços Gerais, na Conferência de Serviços Gerais e nas incontáveis unidades
de serviço que cumprem as tarefas diárias essenciais para levar a mensagem de A.A.,
através do mundo inteiro.
Com toda a razão Bill tem descrito essa estrutura de serviço como um legado, que
merece a mesma atenção e compreensão que têm sido outorgadas ao Primeiro Legado(
Doze Passos ) (Sic) e ao Segundo Legado (Sic) (Doze Tradições) (Sic).
Mas o Terceiro Legado ( SERVIÇO )tem um elo de ligação com os outros dois. É o elo
que nos permite usar esse legado durante toda a nossa vida,com a condição de que nós
não somente o preservemos, mas que tratemos de aumentar seu conteúdo espiritual para
as gerações que venham depois de nós.Cada geração seguinte , á medida que recebe
esse legado ,deverá do mesmo modo protegê-lo, se os membros quiserem empregá-lo
para ganhar a vida e passá-lo à geração seguinte , com um conteúdo espiritual
enriquecido .
A Conferência de Serviços Gerais de A.A. é, naturalmente , o instrumento prático para a
preservação , intensificação e administração desse grande Terceiro Legado (Serviço). A
idéia da Conferência foi desde o princípio simples e decisiva .É baseada na crença de
que todos nós que temos estado ligados ao A.A., durante seu crescimento e
desenvolvimento inicial , temos uma obrigação para com a sociedade . Essa obrigação é
para assegurar que essa Irmandade sobreviva , que essa tocha de fé , essa luz radiante
de esperança para o mundo jamais seja extinta.
Podemos não precisar de uma Conferência de Serviços Gerais para assegurar nossa
própria recuperação , mas precisamos dela para assegurar a recuperação do alcoólico
que tropeça ainda na escuridão , à procura de luz . Precisamos dela para assegurar a
recuperação de alguns recém-nascidos , inexplicavelmente destinados ao alcoolismo
.Precisamos dela para manter , de acordo com o Décimo Segundo Passo , um refúgio
permanente para todos os alcoólicos que no futuro possam encontrar em A.A. esse
renascimento que fez com que seus primeiros membros voltassem à vida .
Precisamos dela porque somos conscientes do efeito devastador da tendência humana
para o poder e o prestígio que nunca devemos permitir que invada o A.A.. Precisamos de
uma Conferência para proteger A.A. de qualquer tipo de governo e ao mesmo tempo para
preveni-lo da anarquia ; precisamos dela para proteger a Irmandade da desintegração ,
ao mesmo tempo que se evita a superintegração . Precisamos dela para que Alcoólicos
Anônimos e unicamente Alcoólicos Anônimos possa ser depositário permanente de seus
próprios Doze Passos, Suas Doze Tradições e todos os seus Serviços.
Precisamos de uma Conferência para assegurar que mudanças dentro do A.A. ocorram
unicamente como resposta para as necessidades e desejos de A.A. como um todo, e não
somente de alguns . Precisamos dela para assegurar que as portas de A.A. nunca se
fechem , para todas as pessoas que tenham um problema alcoólico possam sempre
chegar livremente em nossas salas de reunião e se sentir bem vindas . Precisamos dela
para ajudar a assegurar que Alcoólicos Anônimos nunca pergunte a ninguém que precisa
de ajuda qual é a sua raça , qual é a sua crença ou qual é a sua posição social.”
BERNARD B. SMITH
PRESIDENTE DA JUNTA DE SERVIÇOS DE ALCOÒLICOS ANÔNIMOS DE 1951
a1956
AUTOR :-- EFECÊ DE SOUZA
COMO MELHORAR SUA COMUNICAÇÃO NO GRUPO
Siga sua intuição
Em reunião de Recuperação, determine quando quer falar ou permaneça em silêncio.
Procure, em depoimento, transmitir o que lhe parece importante no momento, tendo em
vista o assunto em andamento e suas necessidades. Procedendo desta maneira, você vai
se conscientizar de que está em você a livre decisão e a responsabilidade de utilizar este
tempo da maneira que o fizer. Vai doer apenas em você se deixar de aproveitar este
momento.
Não se preocupe em agradar aos outros com o que você vai dizer. Diga simplesmente o
que você considera necessário e importante para si mesmo. Os outros também seguirão
as suas intuições e poderão dizer se pensam diferente.
Não fique ausente
Um "ausente" não perde apenas a possibilidade de realização própria dentro do grupo,
como também significa uma perda para o grupo todo. Impossibilitado de participar de uma
discussão, sentindo-se entediado, com raiva, procure interromper e colocar seus
sentimentos. No momento em que se consegue superar uma interrupção dessas, ou se
recomeça a discussão com maior clareza ou se parte para um assunto de maior
importância.
Seja direto
Se quer comunicar alguma coisa a alguém do grupo, dirija-se diretamente a essa pessoa,
mostre-lhe com o olhar que é a ela que você está se referindo. Não fale com terceiros
sobre um outro e também não fale para o grupo quando, na verdade, está se dirigindo a
uma pessoa em especial.
Use 'eu' no lugar de 'nós' ou 'a gente'
Evite falar em nós ou na gente pois você pode estar se escondendo atrás dessas
palavras, não querendo arcar com a responsabilidade do que está dizendo. Mostre-se
pessoalmente, fale EU. Além de tudo, se você usar "nós" ou "a gente" estará envolvendo
outros sem saber se eles concordam com o que está sendo dito.
Dê sua opinião, evite perguntas
Quando fizer uma pergunta, esclareça porque a está fazendo. Perguntas, muitas vezes,
são um método de não se mostrar a si próprio ou a sua opinião. Além disso, perguntas
podem soar como inquisidoras, muitas vezes são isso mesmo, e acabam encurralando o
outro. Expressando sua opinião claramente é muito mais fácil para o outro associar-se ao
seu modo de pensar.
Experimente novas posturas
Indague-se: Revelo em minha postura o que realmente quero transmitir, ou na verdade
gostaria de portar-me de maneira diferente?
Procure, algumas vezes, experimentar novas posturas. Arrisque-se aos arrepios que isto
causará, eles são um bom sinal de que você de fato está experimentando uma nova
postura.
Atente para os avisos de seu corpo
Para descobrir o que você no momento realmente sente e quer, ouça o que diz o seu
corpo. O corpo pode contar, muitas vezes, mais sobre nossos sentimentos e
necessidades do que a nossa cabeça.
Forneça "feed back" – retornos
Se a postura de um companheiro do grupo lhe causar sentimentos agradáveis ou
desagradáveis, comunique isso logo a ele e não, mais tarde, a um terceiro. Ao dar "feed
back", fale simplesmente dos sentimentos que o comportamento do outro desencadeou
em você. Tente descrever a ação do outro de maneira concreta e precisa para que ele
possa entender qual o comportamento que causou em você tais sentimentos. Deixe em
aberto a questão de quem é o "culpado" dos sentimentos que você sente. Você não
precisa, para isso, de fatos objetivos ou de provas, seus sentimentos subjetivos são o
bastante, pois você tem direito inalienável a eles.
Receba "feed back' – retornos"
Se receber resposta sobre o que falou, não tente logo se defender e nem esclarecer as
coisas. Saiba que não estão sendo passados fatos objetivos, isso nem é possível, mas
sim sentimentos subjetivos do outro. Alegre-se que o seu interlocutor fale de seu
problema a você, o problema que ele tem com você. Procure ouvir calmamente, para
poder verificar se de fato está entendendo o que ele está lhe dizendo.
Falar um de cada vez
Apenas um deve falar de cada vez. Quando várias pessoas querem falar ao mesmo
tempo é preciso encontrar uma alternativa para essa situação.
(Artigo traduzido e adaptado da revista alemã AA INFORMATIONEN, edição de março de
1993)
Vivência n° 29 – MAIO/JUNHO DE 1994
Como podemos manter o A. A. simples?
Este número da Grapevine chegará às mãos de seus leitores em julho, o mês em que
celebramos o vigésimo quinto aniversário de A. A. em Long Beach, Califórnia.
Cruzaremos um novo portal para o nosso futuro. Nos alegraremos ao pensar nas dádivas
e nas maravilhas do ontem. E voltar a consagrar a realizar a imensa promessa do
amanhã, sem dúvida consideramos nossa posição atual. Conseguimos manter “A. A.
simples” ou inadvertidamente, cometemos algum erro?
Ao refletir sobre estas questões, comecei a considerar nossa estrutura básica: aqueles
princípios, relações e atitudes que formam a substância de nossos Três Legados de
Recuperação, Unidade e Serviço. Em nossos Doze Passos e Doze Tradições,
encontramos vinte e quatro princípios bem enunciados. Em nosso Terceiro legado se
incluem os estatutos para serviço mundial que prevê a existência de milhares de
representantes de serviços gerais, centenas de membros de comitês locais, oitenta
delegados da Conferência de Serviços Gerais, junto com o pessoal de nossa Sede,
especializados em assuntos legais, financeiros, de Relações Públicas e de publicações e
seus ajudantes. Nossos serviços de Grupo e de área contribuem ainda mais para esta
aparente complexidade.
Na primavera passada, completaram-se 22 anos do estabelecimento de nossa junta de
custódios para o A. A. no seu todo. Até aquele momento, não havíamos tido princípios
enunciados nem serviços especiais. Não havíamos sequer sonhado com os Doze
Passos. E quanto às Doze Tradições, basta dizer que éramos uns quarenta membros
com apenas três anos de experiência. Assim que não tínhamos muito que fosse
“tradicional”. A. A. era composto dois Grupos pequenos um de Akron e outro em Nova
Iorque. Éramos uma família muito íntima. O Dr. Bob e eu éramos os “papais”. Naqueles
dias, se fazia o que nós dizíamos. As salas de reuniões eram as salas de estar de nossas
casas. A vida social se desenvolvia ao redor dos cafés nas mesas de nossas cozinhas. O
alcoolismo se considerava, certamente, como uma enfermidade mortal. A honradez, a
confissão, a reparação dos danos, o trabalho com outros e a orientação eram a única
fórmula para nossa sobrevivência e desenvolvimento. Esses eram anos sem
complicações, de facilidade. Não havia necessidade da máxima: “Mantenham-no
simples”. Não podíamos ter sido menos complicados.
O contraste entre então e agora é impressionante. Para alguns de nós é horripilante.
Portanto, perguntamos: “Terá seguido o A. A. a advertência do Dr. Bob de mente-lo
simples?” Como poderíamos enquadrar os Doze Passos, as Doze Tradições, a
Conferência de Serviços Gerais e Convenções Internacionais de hoje com nosso A. A.
original de “cafés e bolos”?
Para mim, não me parece difícil fazê-lo. A simplicidade autentica de hoje se encontra,
creio eu, em qualquer princípio, prática e serviço que sirvam para assegurar para sempre
nossa harmonia e eficácia geral. Portanto, foi melhor anunciar claramente nossos
princípios do que deixá-los em termos vagos; melhor classificar suas aplicações do que
deixá-las indefinidas; melhor organizar nossos serviços do que deixá-los ao azar ou não
ter nenhum método para realizá-los.
Um retorno à época da mesa da cozinha não nos daria a desejada simplicidade. Só
poderia significar a irresponsabilidade, a discórdia e a ineficácia em grande escala.
Imaginem: não haveria princípios orientadores bem definidos, não haveria literatura, nem
salas de reunião, nem apadrinhamento planejado, nem direção estável, não haveria
relações bem estabelecidas com os hospitais, nem saudáveis Relações Públicas, nem
serviços locais ou mundiais. Voltar a essa época de simplicidade dos dias do passado
seria tão absurdo como vender o volante, o depósito de gasolina e os pneus do carro da
família. O carro seria sem dúvida uma coisa simples – eu não teria que comprar gasolina
ou pagar os consertos. Mas nosso carro não andaria. A vida familiar apenas se poderia
considerar mais simples; logo porém ficaria confusa e complicada.
Uma anarquia exposta de A. A., animada unicamente pelo espírito de “reunamo-nos”,
simplesmente não nos basta para os Aas de hoje. O que em 1938 dava bons resultados
para uns quarenta membros não vai funcionar para os 200.000 Aas de 1960. Nossa maior
grandeza, e por conseguinte, nossas maiores responsabilidades constituem a diferença
entre a infância de A. A. e a sua maioridade. Nos demos conta de como seria idiota tentar
recuperar a simplicidade que conhecíamos em nossa infância para desta forma evitar a
simplicidade com a qual sempre temos que enfrentar para “mantê-lo simples” hoje. Não
devemos atrasar o relógio nem devemos tentar fazê-lo.
A história da evolução de nossas idéias a respeito da “simplicidade para hoje” é
fascinante. Por exemplo: chegou a hora em que tivemos que codificar – ou organizar, se
assim o preferem – os princípios básicos que havia, surgido de nossa experiência.
Colocou-se muita resistência à essa idéia. Muitos membros expressavam a firma
convicção de que, com a publicação dos Doze Passos estava-se complicando o muito
simples (ainda que algo confuso) programa de recuperação transmitido por palavras.
Dizia-se que “estávamos atirando a simplicidade pela janela”. Mas não era assim. É só
perguntar-se, “Onde se encontraria hoje o A. A. sem os Doze Passos?” Só Deus sabe o
bem que se fez com a enumeração precisa e a publicação destes princípios em 1939. A
codificação simplificou muito a nossa tarefa. Quem pode dizer o contrário agora?
Em 1945, elevou-se o clamor parecido quando enunciaram-se claramente nas Doze
Tradições de A. A. sólidos princípios para vier e trabalhar juntos. Nos parecia muito difícil
chegar a um acordo a respeito. Não obstante, quem pode dizer agora que as Tradições
complicaram nossas vidas? Ao contrário, estes princípios tão claramente definidos
simplificaram grandemente a tarefa de manter a unidade. E para nós, os Aas, a unidade é
uma questão de vida ou morte.
O mesmo aconteceu em todas as partes com nossos serviços ativos, especialmente os
serviços mundiais. Quando se criou nossa primeira junta de custódios de A. A., havia
graves inquietações. As pessoas sentiam-se muito alarmadas porque esta operação
supunha certos trâmites legais, certas questões de autoridade e de dinheiro e algumas
transações comerciais. Dizíamos alegremente que A. A. havia “separado completamente
o material do espiritual”. Portanto, produziu-se uma grande emoção quando o Dr. Bob e
eu propusemos os serviços mundiais; quando insistimos que estes serviços tinham que
estar encabeçados por uma junta permanente; e ainda quando dissemos que havia
chegado o momento de que – pelo menos nessa esfera – teríamos que colocar o material
a serviço do espiritual. Alguém que tivesse experiência teria que tornar à direção, e teria
que haver gasolina no depósito de A. A.
A medida que nossos custódios e seus colegas começaram a levar nossa mensagem
para todo o mundo, pouco a pouco nossos temores começaram a desaparecer. A. A. não
se havia tornado mais complicado. Havia se simplificado. Podiam perguntar a qualquer
um das dezenas de milhares de alcoólicos e seus familiares que estavam chegando ao A.
A. graças aos nossos serviços mundiais. Suas vidas sem dúvida haviam sido
simplificadas. E, em realidade, as nossas também.
Quando em 1951 reuniu-se pela primeira vez a nossa Conferência de Serviços Gerais,
voltamos a conter a respiração. Para alguns estes acontecimentos significavam um
desastre total. Agora as brigas e as politicagens seriam a norma. Nossos piores traços de
caráter tomariam a dianteira. A serenidade de nossos custódios e de todos os demais se
veria transtornada (como as vezes de fato aconteceu). Poriam se obstáculos à nossa
grandiosa espiritualidade e à terapia de A. A. Alguns se embebedariam por esse motivo
(e de fato, alguns o fizeram). Mais forte do que nunca se ouvia gritar: “Pelo amor de Deus,
mantenham-no simples!” Alguns membros protestavam. “Por que o Dr. Bob, Bill e os
custódios não podem continuar dirigindo estes serviços? Essa é a única forma de mantê-
lo simples”.
Porém, poucos sabiam que o Dr. Bob estava doente de morte. Ninguém parou para
pensar que em breve só restariam um punhado de pioneiros; e que também estes não
tardariam em desaparecer. Os custódios se encontrariam muito afastados e
desconectados da Irmandade a qual serviam. O primeiro grande vendaval os poderia
derrubar. A. A. sofreria um ataque do coração. Quase com total certeza o resultado seria
um colapso irreparável.
Portanto, nós Aas tivemos que tomar uma decisão: O que seria realmente o mais
simples?
Conseguiríamos estabelecer essa Conferência de Serviços Gerais, apesar de seus
gastos e perigos particulares? Ou ficaríamos em casa de braços cruzados, esperando as
funestas conseqüências de nosso temor e nossa insensatez? Nos perguntávamos, o que
seria melhor a longo prazo, e, portanto, o mais simples? Como revela nossa história, nos
colocamos em ação. A Conferência de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos acaba de
celebrar sua décima reunião. Com toda certeza sabemos que este instrumento
consolidou nossa unidade e assegurou a recuperação de milhares de alcoólicos enfermos
que ainda estão por vir.
Por conseguinte, creio que temos mantido a fé. Na minha opinião, foi agindo da maneira
como temos feito que conseguimos que o A. A. seja verdadeiramente simples. Pode ser
que alguns ainda nos perguntem: Não estaremos nos afastando de nossa Tradição
original segundo a qual “A. A. como tal, nunca deverá ser organizado?” Absolutamente,
não. Não estaremos “organizados” enquanto não criarmos um governo; enquanto não
dissermos quem deve ou não ser membro; enquanto não autorizarmos nossas juntas e
comitês de serviços a impor castigos por falta de afinidade, por não contribuir com
dinheiro ou por mau comportamento. Eu sei que cada AA em seu coração compartilha a
convicção de que nunca poderá acontecer nenhuma dessas coisas. Simplesmente
organizados, nossos princípios para que se possam entender melhor, e continuarmos
organizando assim nossos princípios com a finalidade de poder fazer uma transfusão do
sangue vital de A. A. aos que sem ele morreriam. Nisto consiste exclusivamente a
“organização” de A. A. Nunca poderá haver mais. Uma pergunta para terminar: “Terá
desaparecido do mundo de A. A. a época de café e bolos de amizades íntimas porque
nós estamos modernizando?”
COMUNICAÇÃO: BASE FUNDAMENTAL PARA UM BOM SERVIÇO NO 3º LEGADO
Prezados Companheiros: - Hoje, nos reencontramos!
A todo momento conversamos com nós mesmos, seja para definir e avaliar sentimentos,
emoções, comportamentos e atuações ou seja para emitir opiniões, formular idéias ou
ainda, aprofundar pensamentos e buscar compreender o sentido daquilo que ouvimos e
vivemos no dia-à-dia.
Todo ser humano procura se comunicar, mas é muito comum encontrar pessoas que não
conseguem interagir umas com as outras.
Dentro de uma comunicação, a clareza e a forma como a mensagem é transmitida,
“pedem” de nós um comprometimento pessoal.
Por definição,“Comunicação é um processo pelo qual as pessoas tentam expressar o que
pensam e o que sentem para os outros, como também destes, vir a tê-la em
reciprocidade. Nesse sentido, é importante sabermos ouvir e escutar para sermos
ouvidos e escutados por alguém”. Não é diferente para nós, quando estamos realizando
um Serviço de Alcoólicos Anônimos!
“A comunicação é uma troca de idéias e informações. Não é o que se diz, mas o que o
outro entende sobre o que estamos dizendo! Ela é mais do que apenas dizer palavras.
Ela entra em todas as facetas de nossas atividades cotidianas e relações pessoais. Ela
melhora o nosso relacionamento interpessoal e nos faz aceitar mais e melhor os outros,
principalmente depois de conhecer as suas virtudes ou limitações. Quando existe clareza,
o que anima uma comunicação e o que a torna mais cativante são o tema, as pessoas e
os relacionamentos que passam a existir entre elas”.
“As comunicações são como uma via de duas mãos, e a tarefa de comunicar-se não está
concluída até que haja compreensão, aceitação e uma ação resultante. A finalidade da
comunicação é afetar comportamentos. É trazer esclarecimentos dentro de uma
informação. Um erro comum é o de se emitir orientações por escrito e se acreditar que
sua interpretação será desta forma mais precisa do que a verbal, sem a possibilidade de
problemas na sua receptividade. Há a necessidade da interação, levando-se melhores
esclarecimentos e despertando-se o interesse pelo assunto. Por isso, a razão dos valores
que devemos dar as interações e aos processos de trocas e aos relacionamentos, senão
tudo cai de água abaixo e continuaremos fazendo descaso em cima de descaso, mais
preocupados com o que vamos dizer”.
Comunicação é para os nossos trabalhos do Terceiro Legado mais do que um requisito
fundamental. Ela é essencial para o conhecimento do Programa de Recuperação de
Alcoólicos Anônimos, tanto pelo membro quanto pela Sociedade. Ela é o elo de ligação
para o bem estar e para uma continuidade saudável das atividades desenvolvidas pelo 3º
Legado - Serviço em AA.
Os membros de AA que se interessam pelos Serviços da Irmandade, normalmente se
apegam as atividades como um gesto de sobrevivência. Isto porque, a ausência de
atividades leva também ao doente alcoólico o aparecimento de doenças físicas e mentais,
que não têm nada a ver com o alcoolismo (embora ele atribua ao alcoolismo). Como
exemplo, a auto-desvalorização, o declínio da auto-estima, a desmotivação ou o
isolamento social, para não falar do tenebroso afastamento do Grupo, que ocorre na
medida em que o tempo passa e também, quando “as coisas melhoram...”
Vejo portanto, que praticar o Terceiro Legado, significa também ingerir “um comprimido
de milagrosa medicação” para a nossa saúde, que com o passar dos anos normalmente
dá os seus sinais com o avançar da idade e na medida que completamos mais anos de
Sobriedade! E entendo que é fundamental fazer esta comunicação e alerta à nossa
Comunidade, que ainda tem dúvidas sobre os Serviços em AA.
Eis uma comunicação importante e faço-a agora: Em outubro de 2008, a Irmandade de
Alcoólicos Anônimos já existia em 180 países, com 113.168 Grupos, com mais de Dois
milhões de membros, tendo o Livro “Alcoólicos Anônimos” em 58 idiomas e mundialmente
contando com a existência de 61 Escritórios de Serviços Gerais. Mas, continua
necessitando dos nossos Serviços!
Outra comunicação que nos faz muito bem lembrar, como Servidores, diz respeito a
nossa política de Relações Públicas, quando em 1973 a Conferência de Serviços Gerais
(EUA/Canadá) confirmava que: “temos de reconhecer que nossa competência para falar
de alcoolismo se limita ao tema de Alcoólicos Anônimos e seu Programa de
Recuperação”. Sapateiro, não vá além de suas chinelas, foi o que nos foi dado a
entender! É uma comunicação básica, clara e fundamental.
Na verdade, já em junho de 1960, o nosso co-fundador Bill W. previa alguns desafios,
tendo em vista o crescimento tão vertiginoso de nossa Irmandade: - dizia ele em um
artigo, “Para onde vamos a partir de agora? Quais são nossas responsabilidades para
hoje e para o amanhã?
As respostas a estas perguntas vem sendo respondidas na medida que nossos
Servidores se dispõem a praticar o Terceiro Legado. Será que estamos fazendo tão bem
como deveria ser, o “Alcoólicos Anônimos Amanhã”, imaginado pelo nosso co-fundador?
Será que estamos retribuindo a dádiva recebida? Será que não estamos nos
acomodando? Pergunto: Como será Alcoólicos Anônimos, depois de Amanhã...? Onde
erramos? Onde acertamos? Onde podemos corrigir? Onde está o Amor? Onde está o
Perdão? Onde está a Espiritualidade? Onde está a Gratidão?
Para que a mensagem de AA possa ser divulgada corretamente, sem banalização, há a
necessidade de conhecermos o Programa de Recuperação, seus Princípios e como
funcionam os segmentos organizados dentro da Irmandade, seus Representantes, seus
Encargos, seus níveis de responsabilidades e autoridades delegadas. De outra forma,
sempre haverá retrocesso...
Uma ação bem coordenada e de forma organizada, proporciona o alcance da Sobriedade
e da mensagem de AA a um número maior de empresas públicas e privadas, clínicas e
hospitais, escolas e universidades: Nossos grandes multiplicadores da mensagem. Para
isto, o entendimento do 3º Legado, precisa ser claro, aberto, preciso, transparente e
responsável. Estes atributos só acontecem se houver uma comunicação clara e objetiva,
sem distorções, de forma com que o receptor possa receber a mensagem sem ruídos e
possa repassá-la para a Comunidade AA.
A imprensa e o rádio no Brasil, desde os anos da década de 1950 vem abordando temas
sobre Alcoólicos Anônimos. Nos últimos anos temos presenciado, principalmente a
Televisão mostrar, como funcionam os grupos de AA. Isto ocorre desde o ano de 1975
(com a novela “Meu rico português”). Nestas ocasiões, além de enaltecer a credibilidade
e a importância de AA e da mensagem de esperança e amor ao alcoólico que ainda sofre,
prestam um valioso serviço de comunicação e informação correta à Sociedade. Somos
imensamente gratos. Quantos novos companheiros e quantas novas companheiras
chegaram aos Grupos e hoje reconhecem o valor daquelas comunicações! Foram muitos,
muitos...e muitas!
Por outro lado, outro meio de comunicação que está sendo bastante pesquisado está
sendo a Internet. Ai, convém checar as informações! Elas são variadas! Elas devem ser
filtradas, pois devido a liberdade de expressão não há um comprometimento e se
identifica a existência de assuntos controvertidos e alguns outros que banalizam o
conteúdo da mensagem de AA. Eis porque uma comunicação necessita ser eficaz.. Sua
eficácia traduzirá a mensagem correta e esta será de grande valia aos interessados no
Programa de AA e a todos aqueles que atuam no 3º Legado.
Todo o empenho que se faz buscando atrair o alcoólico para um grupo de AA
denominamos como Serviço. Atrair um novo membro a um grupo é um momento muito
mágico e acompanhar a Recuperação do alcoólico é uma dádiva de Deus, porque ali
também estamos todos nós, em Unidade recebendo-o, e juntos, repassando adiante a
dádiva da Sobriedade! É a comunicação afetiva. É o resultado do nosso único propósito
primordial – Transmitir, comunicar, levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre!
Ferramentas para o trabalho do Terceiro Legado e espaço para todos que o queira não
faltam! Quem deseja honestamente trabalhar em AA, sempre encontrará um lugar
compatível com as suas habilidades. Antes de nós, muitas experiências foram
vivenciadas, discutidas exaustivamente, eliminadas e muitas outras foram colocadas em
prática porque deram certo. A presença de um bom veterano, repassando suas
experiências serve de estímulo bastante significativo ao desenvolvimento de um Grupo.
Normalmente ele é o responsável pelo despertar dos demais membros para a prática do
Terceiro Legado, repassando sua vasta experiência, não a restringindo somente para si
próprio.
Para que um membro assuma um Encargo é necessário que conheça um mínimo sobre o
3º Legado – Serviço em AA. Só a vontade de querer “trabalhar” pelo seu grupo e
conseqüentemente pelo AA já é importante, porém insuficiente. Pois como já é dito, “o
que deve ser feito, deve ser bem feito” e para o bom Serviço, a nossa Irmandade não
foge desta regra!
Todo membro que desperta para o trabalho dentro de AA, deve ao mesmo tempo se
“alimentar” com as boas novas das literaturas específicas que possam melhor lhe
conduzir e torná-lo eficiente no desempenho do 3º Legado. Ler tudo que possa lhe
orientar para melhor divulgar a Irmandade: “O Grupo”, “Os Doze Passos e as Doze
Tradições”, “O Manual de Serviços”, “Os Doze Conceitos para os Serviços Mundiais”, as
“Recomendações da Conferência”, “Revista Vivência”, folhetos, como por exemplo,
“Como falar em reunião de não AA” e tudo que é notícia em AA.
Um dos principais requisitos prende-se a sua nova Responsabilidade: Servidor de
Confiança. Um bom Servidor, representa o seu Grupo, o seu Distrito, a sua Área, a sua
Região, o seu País. Esta representação significa se fazer presente nos fóruns de
Serviços, tais como Reuniões de Serviços, Reuniões nos Distritos, Reuniões de
Comissões ou Comitês, Assembléias de Área, Conselhos de Representantes,
Conferências e Eventos. Para isto, convém ficar sempre atento às Comunicações...
Existindo ou não as convocações, os Servidores de Confiança foram escolhidos para
estar presentes. É assim que funciona a ação do 3º Legado durante o tempo de mandato
assumido. Foi um compromisso para exercer o 3º Legado, que normalmente ocorre
quando o 1º Legado – Recuperação e o 2º Legado – Unidade, já estão bastante
assimilados e compreendidos. Normalmente, quando entendemos que é chegado o
momento do exercício da Gratidão. Do passar adiante! Da doação. Do dar de graça o que
de graça recebeu! Porém, isto não é uma regra. É possível que existam os sacrifícios de
tempo, de outros compromissos, etc., etc. Mas, e no tempo das bebedeiras....? Porque a
acomodação? Por que esperar que somente os outros façam por você e para você?
Todos nós podemos! É até uma verdadeira e salutar mudança de hábito!
O nivelamento e a igualdade de propósito entre todos os membros, o é “proibido proibir”,
a não obrigatoriedade, a não exclusão e a ausência de regras, direcionam a Irmandade
ao longo dos anos para um segmento, cada vez mais admirado e compreendido dentro
da sociedade.
Nosso entendimento é de que toda espécie de trabalho tem que ser realizado para se
manter um grupo de AA em funcionamento. É através do trabalho dos membros do grupo
que os doentes alcoólicos de uma comunidade ficam sabendo que AA existem e de que
forma pode ser encontrado. É através do Serviço em AA que são atendidos os pedidos de
ajuda e são mantidos os órgãos de serviços e os contatos necessários com o restante do
AA a nível local, nacional e internacional e assim, o grupo fica informado e sai do
isolamento.
Nos grupos, os membros encarregados destes serviços são também chamados de
Servidores, que escolhidos pelos demais membros executam suas atividades por
períodos limitados, proporcionando a rotatividade. Portanto, aprender a aceitar a
responsabilidade dentro do grupo é um privilégio. Este privilégio e esta responsabilidade
devidamente manejadas, podem ser bastante útil à recuperação. Muitos membros de AA
descobriram e constataram que o Terceiro Legado representa uma excelente maneira de
fortalecer a própria sobriedade e por isto procuram não se afastar de atividades que
possam fortalecer o seu Programa de Recuperação.
O AA é um corpo amante, crescente e vivo. Ama através do Serviço. Cresce através do
Serviço e torna-se vivo através do Serviço. Sua reprodução não é biológica e as novas
gerações de membros e Servidores somente poderão acontecer através do Serviço,
tendo a obediência aos princípios, entre eles o da escolha democrática e o da rotatividade
nos encargos.
O 3º Legado compreende os órgãos de serviços, diretores e encargos dentro de nossa
Irmandade a partir do grupo, indo até a estrutura nacional e internacional. Compreende os
Procedimentos do 3º Legado para o sistema de escolha e votação de representantes de
AA. Compreende a Junta Nacional de Serviços Gerais e a Conferência de Serviços
Gerais. Compreende a Reunião de Serviços Mundiais. Compreende as Garantias Gerais
e a Ata de Constituição da Conferência.
Simples tarefas de Serviço ajudam a desenvolver a confiança, ou um início de crédito em
seus próprios valores e opiniões e até mesmo o retorno do respeito próprio e da auto-
estima. Serviço é tão fundamental para AA, assim como a abstinência do álcool está para
a Sobriedade. É o verdadeiro núcleo em torno do qual a Irmandade é construída.
A comunicação é um instrumento de integração e também de instrução. São os
relacionamentos dentro de nossa Irmandade entre os Órgãos de Serviços e os Grupos e
seus membros. A comunicação é responsável pela circulação das informações que são
emanadas e, quanto mais bem informados, mais envolvidos estaremos com os nossos
propósitos, pois a comunicação amplia a visão do membro de AA interessado na prática
do 3º Legado, proporcionando-lhe ser um dos melhores porta-vozes do Grupo ou do
segmento de Serviço onde desempenha suas atividades.
No campo afetivo, a comunicação permeia toda a ação do ser humano, possibilitando as
interações, o compartilhamento com as idéias e os anseios para minimizar o sofrimento e
a necessidade de ajuda. O ser humano necessita comunicar-se. A falta de comunicação
leva à solidão. Leva a uma carência afetiva e emocional.
Que o Poder Superior nos ilumine!
CAMPOS S.
CONSCIÊNCIA COLETIVA
Dr. Lais Marques da Silva
Ex-Custódio e Presidente da JUNAAB
" ...um Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva".
"...que todas as decisões importantes sejam tomadas através de discussão, votação e,
sempre que possível, por substancial unanimidade".
Introdução
Tive a excepcional oportunidade de estar presente a nove Conferências de Serviços
Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil. Nelas, buscaram-se caminhos para a
Irmandade como um todo e procuraram-se os melhores encaminhamentos para a solução
de situações que ocorreram na vida da Irmandade, encaminhamentos esses que se
constituíram em fundamento para a tomada de importantes decisões. No decurso dessas
grandes reuniões, os eventos se mostraram ainda mais valiosos do que o já tão
significativo processo de autogestão, em si.
Todo o trabalho realizado no decurso de uma conferência é de grande valor para a vida
da Irmandade não só para o momento que passa, mas é também determinante em
relação aos dias futuros. É assentado num processo de caráter fundamental, que é o da
busca da Consciência Coletiva. Além de sábio em si mesmo, é, sobretudo, inspirado pelo
Poder Superior, poderosa fonte de iluminação, valiosa e norteadora dos destinos de
centenas de milhares de seres humanos vitimados pelo mesmo demônio, o alcoolismo, e
que hoje estão presentes nos grupos de Alcoólicos Anônimos, no Brasil. Mas é também
igualmente importante para a existência da Irmandade de Alcoólicos Anônimos em todo o
mundo no que ela representa de caminho de salvação para milhões de seres humanos,
hoje sofrendo nas garras do alcoolismo.
Coloquei neste trabalho o que vi e aprendi no convívio com os companheiros de
Alcoólicos Anônimos, além do resultado da minha experiência pessoal no período em que
fui presidente da Junta de Custódios e da JUNAAB, ocasião em que procurei aplicar os
conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, inspirado que fui pela poder da Segunda
Tradição. Consciente da sua importância fundamental para os dias de hoje e para o futuro
da Irmandade, coloco nas páginas desse trabalho a minha esperança de um horizonte
radioso não só para os que sofrem nas garras do alcoolismo, mas para toda a
humanidade.
Uma pequena história dentro de uma grande história
Há uma pequena história, muito antiga, que nos ajuda a entender a fragilidade dos seres
humanos, a sua necessidade de cooperar e, sobretudo, a entender o quanto dependemos
uns dos outros.
Na mitologia grega, os deuses resolveram habitar o mundo e criar a humanidade. Criaram
os mortais, os seres vivos, e também as condições para a existência de todas as
espécies que iriam coabitar na Terra. Encarregaram Epimeteu, cujo nome significa
reflexão posterior, ou seja, aquele que só se da conta da coisa errada depois que a fez,
de prover os futuros seres vivos com as qualidades necessárias à sua sobrevivência.
Assim, foram dados a cada espécie os equipamentos necessários para que se
alimentassem e resistissem às intempéries, como: peles, lã, carapaça, etc. e ainda para
se defender uns dos outros: as garras, chifres e velocidade na corrida.
Todas as espécies foram equipadas mas, no momento de criar o homem, nada havia
sobrado. Epimeteu tinha esquecido dele e, assim, continuava nu e desarmado. Para que
essa espécie não desaparecesse, Prometeu, cujo nome significa previdente, foi chamado
pelo imprevidente irmão, Epimeteu, e encarregou-se de roubar dos deuses o fogo e as
artes para dá-las aos homens. Distribuiu as artes de que dispunha mas que não eram
suficientes em número para dar um conjunto completo a todos os homens e assim deu
talentos diferentes a cada um de modo que, para sobreviverem, deveriam intercambiar as
suas dádivas e, portanto, cooperar e o que resultou é que todos se tornaram dependentes
uns dos outros. Prometeu também moldou os homens de forma mais nobre e os
capacitou a caminhar de forma ereta. Desse modo, puderam se alimentar e resistir ao
frio, mas continuaram não podendo se defender contra outras espécies por não
possuíram armas. Mas o presente do fogo que Prometeu deu à humanidade foi mais
valioso do que quaisquer um dos que haviam sido dados aos animais.
Os homens procuraram então estar reunidos para se defender dos animais e se
agruparam em cidades, mas não conseguiram viver juntos porque disputavam entre si e
frequentemente guerreavam uns contra os outros. Como conseqüência, dispersaram-se
pela floresta e foram novamente ameaçados de extinção pelas outras espécies de
animais. Dessa vez, foi o próprio Zeus, o Deus mitológico maior, que salvou os homens
dotando-os de qualidades morais, de senso de justiça e de respeito de si mesmos, o que
permitiu que cada um pudesse viver em coletividade com os outros. O gênero humano foi
salvo e por isso, hoje, os homens vivem em comunidades e não isolados, como a maioria
dos outros animais. Mas os homens continuaram frágeis e desamparados e é isso que
nós somos e a nossa sobrevivência continua dependendo de que troquemos as nossas
dádivas, as nossas riquezas interiores.
A vida é difícil. Encontrar o caminho que se vai trilhar na vida é difícil. O caminho tem que
ser feito em solo árido e pedregoso, e machuca. Não há indicações nem avisos.
Nenhuma orientação. Em realidade, cada um de nós faz o seu próprio caminho ao longo
da vida e o caminho é feito tão somente ao caminhar. Mas a boa notícia é que não temos
que fazer o caminho sozinhos e podemos recorrer a um poder maior que nos dá força e
do qual a maioria das pessoas tem consciência. Ainda mais, na medida em que vamos
fazendo o nosso caminho, podemos nos ajudar uns aos outros, intercambiar os talentos
que recebemos.
Podemos trocar nossas riquezas interiores. Podemos trocar experiências, forças e
esperanças. Podemos cooperar uns com os outros. Podemos nos solidarizar. Podemos
ser tolerantes. Podermos ser solidários e desenvolver o amor ao próximo. Podemos nos
compadecer. Podemos entender que somos irmãos. Assim, Ele não estará apenas no
meio de nós, como que espalhado num grupo de seres humanos, mas entre nós.
Presente a partir do nosso relacionamento fraterno. Então, teremos condições de
vislumbrar o caminho e encontrar a coragem para trilhá-lo.
Como não é possível simplificar as coisas e obter respostas fáceis, é preciso pensar de
modo abrangente, aceitar os mistérios e os paradoxos da vida e não desanimar ante a
multidão de causas e conseqüências que são inerentes a cada experiência humana.
Enfim, aceitar e valorizar o fato de que a vida é complexa.
Agora, vamos ao homem e às suas instituições. No caso do A.A., à Irmandade, como um
todo. Aos serviços que definem a ação. O A.A. é uma irmandade em ação.
No mundo em que vivemos, existem as autoridades, os líderes, os governantes, os
chefes, o Papa, etc. e, desde pequenos, nos acostumamos a recorrer à autoridade dos
nossos pais e a essas outras autoridades. Resumindo, nos acostumamos a procurar uma
orientação que vem de fora. Essas autoridades se apóiam em dogmas, em normas
estabelecidas ao longo do tempo, na força da imposição, ou seja, numa estrutura de
poder, que pode ser definida como a capacidade de mudar o comportamento do outro.
Mas tudo isso é muito estranho ao A.A.. Ele é fruto de uma concepção muito melhor,
muito mais perfeita do que isso que acabamos de ver.
Historicamente, os co-fundadores eram solicitados para dar orientações, idéias,
sugestões ou até para buscar soluções para as novas realidades que iam surgindo em
decorrência do fato de o A.A. ser uma Irmandade viva, em ação. Mas eles se deram
conta de que as suas vidas eram finitas e que a irmandade, tal como era, tinha que
encontrar, em si mesma, os melhores caminhos para continuar viva e em ação.
Seria algo como desenvolver um processo de auto-gestão, gestão que vem de dentro, e
esse modelo se assenta no processo de busca da consciência coletiva que se constitui no
alicerce desse modelo. É a chave para o seu funcionamento, baseado no fato de que o
Poder Superior se manifesta em um determinado momento da troca de riquezas interiores
e de cooperação e feita ao longo dessa busca da consciência coletiva.
Procurei estudar, conhecer esse processo e o que me foi possível entender, apreender,
está colocado no trabalho sobre consciência coletiva. É a minha visão atual e, por certo,
ainda incompleta.
Outro aspecto que gostaria de enfocar é o que revela um paradoxo. Mais presentes do
que pensamos nas nossas vidas, apesar do desconforto que causam à nossa formação
racionalista. Diz-se até que alguma coisa só é verdadeira quando contém o paradoxo.
É que o A.A. não muda, pois tem princípios sólidos, cuja vitalidade tem-se mostrado
extraordinária ao longo de 72 anos da sua existência. Não muda mas muda. Aí está um
paradoxo.
Os animais pré-históricos que não mudaram também não mais existem e o A.A. não tem
vocação para se tornar um dinossauro. O fato é que não muda na sua essência, mas se
renova, se adapta, se atualiza a cada ano, porque a cada ano se repensa, se mantém
com vitalidade renovada, mais especificamente, após cada Conferência.
Essa é a idéia-força que está subjacente a todo o processo da Conferência e que precisa
ser identificada. Alias, é essencial que seja identificada para que os membros que dela
participam tenham plena consciência da importância do trabalho que realizam.
A Conferência tem uma exterioridade, ela é bonita, mas tem, sobretudo, uma essência,
um conteúdo interior maior e mais importante. Tem uma roupagem e um corpo
igualmente muito bonito e, por certo, mais importante.
Um outro aspecto que é preciso destacar é que a realidade com que, a todo o momento,
nos defrontamos não tem nada de simples. O mundo não é feito apenas em preto e
branco, mas também de muitos tons de cinza e de todas as cores e suas nuances. A
realidade se apresenta sempre sob múltiplos aspectos. Frequentemente, não somos
capazes de identificar, sozinhos, toda a complexidade de uma determinada situação.
Mas, se ela for analisada também por outros companheiros, aí teremos a possibilidade
de, participando da busca conjunta da consciência coletiva, alargar o nosso campo de
visão e conhecer melhor para melhor decidir e melhor agir.
Finalmente, vale ressaltar que, se a Conferência é colocada frente às realidades do A.A.
do Brasil, isso não levará à conclusão de que resultariam irmandades muito diferentes
nos diversos países do mundo. E isso porque são realizadas reuniões mundiais, a cada
dois anos, em que numerosos países participam e nas quais também se busca a
consciência coletiva, a integração em um só corpo, sendo que as diferenças locais
apenas enriquecem o todo e o A.A. será eterno, enquanto assim funcionar.
O que é consciência coletiva?
É uma condição a que se chega por meio da participação de todos os membros que
compõem um grupo, usualmente em reuniões de serviço, por meio de um processo no
qual se busca o conhecimento mais completo de algum assunto ou a solução para um
determinado problema que tenha sido colocado em estudo, podendo resultar em se optar
por ações que, eventualmente, irão ser empreendidas.
Como se desenvolve o processo?
Dando a oportunidade e até mesmo solicitando que todos os membros presentes e
participantes de uma reunião para que ofereçam as suas contribuições, tanto para o
estudo de um problema quanto para a sua solução. Isto significa que ninguém deve ser
excluído, que ninguém deve ficar de fora. É indispensável que o coordenador seja
suficientemente hábil para conter os que procuram impor as suas vontades e pontos de
vista e, para isso, deve limitar o tempo de que cada membro irá dispor para apresentar a
sua contribuição e, ao mesmo tempo, será necessário oferecer aos mais retraídos a
mesma oportunidade e o mesmo espaço de tempo para participar no processo de busca
da consciência coletiva. Não só oferecer, mas, muitas vezes, será necessário até solicitar
que os mais tímidos apresentem os seus pontos de vista. O poder coletivo, desse modo,
contém o poder individual, a grandiosidade do alcoólico.
Numa primeira rodada, em que cada um dos participantes da reunião, de forma
seqüencial e ordenada, expõe a sua opinião acerca do assunto em estudo, pode ocorrer
que as colocações fiquem muito distantes umas das outras, mas, quando se faz uma
nova rodada de opiniões na qual se busca um melhor entendimento acerca do assunto,
observa-se que, após pensar e meditar por algum tempo acerca do que havia sido
colocado por cada um dos companheiros, anteriormente, as opiniões então emitidas vão
tendendo para uma área mais central, vão ficando menos distantes entre si, vão
convergindo em torno de uma idéia ou decisão que, num certo momento, surgirá como
sendo apoiada por uma substancial unanimidade. As opiniões vão gradativamente
tendendo para um ponto central. Não há limitação quanto ao número necessário de
rodadas nem quanto ao tempo que cada uma irá consumir. O processo deverá demorar o
tempo que for necessário. O que se verifica é que, numa primeira rodada, os
companheiros usam a palavra para expressar apenas opiniões, na maioria dos casos, e
as opiniões formam, no seu conjunto, uma plataforma instável. Já, numa segunda ou
terceira rodadas, o que se observa, frequentemente, é que as colocações são mais
elaboradas, mais estudadas, já se apresentam como convicções e ainda que, pela
multiplicação das vias de abordagem, faz-se um esforço para pensar de modo mais claro
e profundo sobre o assunto em tela.
Todos devem ser ouvidos, é necessário que haja ampla participação, os assuntos
precisam ser estudados por completo e detalhadamente diante do fato de que as
decisões a serem tomadas são sempre importantes. Esse processo pode exigir um longo
tempo de participação e de maturação, um esforço prolongado por parte dos
participantes, e, às vezes, é conveniente que se decida por uma parada, por um momento
de relaxamento para tomar um cafezinho. O importante é que não haja pressa.
Como decorrência do fato de que todos têm igual direito de participar e de opinar, resulta
que o poder coletivo atua de modo a limitar o poder individual. A linguagem, o diálogo e a
discussão de um determinado tema atenuam as posições conflitantes. Como todos
podem interrogar, questionar e contra-argumentar, resulta que a razão supera a força e
controla o exercício do poder. A linguagem tende a ser racional e as discussões
pressupõem a apresentação de justificativas, de argumentos e todos devem estar abertos
ao questionamento. Como nenhum companheiro detém a verdade em um sentido
completo e absoluto, o processo decisório passa pela superação de diferenças e implica
na convergência em torno do interesse comum e dos objetivos orientados pelos princípios
de A.A., para se chegar ao consenso. As diferenças e divergências existentes podem ser
superadas por meio do entendimento mútuo e diante do interesse comum.
O consenso, como forma de tomar decisões, implica em que deve haver um espaço para
justificar, explicar, persuadir e convencer e que deve ser concedido a cada um dos
participantes da reunião a mesma oportunidade, não cabendo dispor de força, privilégio
ou autoridade especial. Portanto, não deverá existir condições para a imposição, para a
violência ou para o privilégio, que são formas de exercício do poder. A razão se sobrepõe
à força e é uma das formas de controle do exercício do poder. O uso de linguagem
adequada torna o ambiente racional, e nele, as discussões têm o seu fundamento na
apresentação de justificativas e de argumentos num ambiente que deve ser aberto à
interpelação e ao questionamento.
Ocorre, na busca da consciência coletiva, que os companheiros entrem num processo de
reflexão, de flexão sobre si mesmos, que olhem para dentro, quando então,
frequentemente, descobrem que não sabem tanto quanto pensavam sobre o assunto que
está sendo tratado resultando que se tornem mais humildes e tolerantes e assumam
atitude mais sóbria. Cada um dos companheiros presentes numa reunião de serviço
exercita a sua capacidade de apreciar uma determinada questão, de desenvolver a
imaginação e de cultivar a mente aberta. Assim é que funcionam as coisas no âmbito do
que é humano, com a pluralidade e a relatividade essenciais que lhe são próprias. Fatos
e opiniões, embora distintas, não estão necessariamente em oposição uma vez que
fazem parte de uma mesma realidade.
Talvez a reunião se prolongue bastante e é possível que poucos itens de uma agenda
sejam abordados ou ainda que poucas decisões sejam tomadas, mas o que é preciso ter
em mente é que o processo em si é o fato mais importante e isso porque tem valor
terapêutico. Ele vale, em primeiro lugar, pela evolução e pelo crescimento espiritual que
propicia. A Irmandade de Alcoólicos Anônimos não é uma empresa em que a eficiência e
o uso do tempo ficam em função dos resultados esperados e dos objetivos fixados por um
processo administrativo. Em Alcoólicos Anônimos, tempo não é dinheiro; é saúde, é
recuperação, é crescimento espiritual, sobretudo. A Irmandade de Alcoólicos Anônimos é
uma Irmandade em que todos procuram deter a sua doença e entrar num processo de
cura, não física, mas psicológica e espiritual e a participação no serviço, especialmente
no processo que leva à consciência coletiva, tem grande importância para a recuperação
e para que se possa alcançar a serenidade. O próprio processo da busca da consciência
coletiva é, pela sua natureza, uma maneira de diminuir a velocidade que impomos às
nossas vidas, de evitar o estresse. Nele tudo se desenvolve sem obcessividade e cada
membro participante vive um agora mais longo, mais demorado.
Por que é importante chegar à consciência coletiva?
Porque é um processo sábio, do qual não sairão vencedores nem vencidos. Porque, pela
ampla participação, todos aceitam, ao final e ao cabo, e sem resistências psicológicas, as
decisões que foram acordadas e ainda porque, em face da ampla participação, todos se
sentem igualmente responsáveis pelas ações que serão tomadas e também pelas suas
conseqüências. Numa visão maior, até mesmo pelos destinos da Irmandade de
Alcoólicos Anônimos.
O usual é que procuremos ser mais espertos e controlar uns aos outros em função de
objetivos individuais ou dos interesses de pequenos grupos e isso costuma ocorrer ao
nos comportarmos seguindo o modelo que recebemos no decurso das nossas vidas.
A atitude mental que se assume ao participar do processo em que se busca a consciência
coletiva é a da procura da verdade em relação a uma determinada situação ou problema
que está em apreciação. Ao se colocar nesta posição e abandonar a busca de provas de
que está certo, o companheiro entra em contacto com uma verdade maior, transcendente,
unificada e unificadora, que se manifesta no decurso do processo e, por outro lado, o
desejo de buscar a verdade para uma determinada situação desperta a inspiração, cria
um certo tipo de receptividade. A partir desta posição madura o companheiro se
questiona se realmente o que vê é tudo que diz respeito ao problema em estudo e,
usualmente, chega à conclusão de que a sua visão não é tão abrangente quanto
imaginava. Passa a admitir que existem aspectos enriquecedores na visão de cada um
dos outros companheiros que participam da reunião e o que há de inadequado na sua, o
que traz alívio das tensões e facilita o desenvolvimento do processo.
O companheiro se dá conta de que não estava tão certo quanto pensava. Ganha
conhecimento acerca de aspectos do problema que não havia identificado anteriormente.
Passa a ver não somente o seu lado, a sua pequena verdade, mas uma verdade maior,
mais abrangente. Colocar-se neste ato de busca da consciência coletiva, de querer a
verdade ou o que é mais conveniente para a solução de determinado problema, leva a
renunciar ao que antes se apegava, àquilo que via como sendo a sua verdade. É estar
disposto a ver além da sua perspectiva, do seu ângulo de visão. Nas relações humanas,
aquele que só conhece o seu lado, em relação a um determinado assunto em estudo,
sabe realmente pouco em relação a ele. Acresce ainda que, no caso de um grupo de
companheiros, quando em cooperação, o todo humano que se forma é maior do que a
soma das suas partes, de modo que cada membro poderá realizar, em conjunto com os
outros, mais do que conseguiria se estivesse sozinho ou em grupos sem esse
entendimento.
Participar do processo que leva à consciência coletiva traz ganhos espirituais importantes
para o membro de A.A., ameniza o ego e muda o seu comportamento quando, em
decorrência, deixa de cultivar a separação. Acontece um importante ganho, um
crescimento espiritual de grande valor para a recuperação do alcoólico.
O companheiro desiste da necessidade de vencer as pessoas com quem convive e da
qual resulta, freqüentemente, em estar separado, isolado. Desiste de ser especial,
diferenciado dos outros e de estar sempre com a razão, de querer que as coisas sejam
do seu modo. A integração aperfeiçoa a sua individualidade, enriquece-o como indivíduo,
o inclui na comunidade dos humanos e jamais diminui a sua dimensão pessoal.
Por meio da consciência coletiva, os conflitos podem ser resolvidos sem derramamento
de sangue físico ou emocional e, mais ainda, com sabedoria. Sempre que se busca
adequadamente chegar à consciência coletiva, os gladiadores baixam as armas e os
escudos e se tornam hábeis em ouvir e entender e, sobretudo, em respeitar e aceitar os
dons dos outros, bem como as suas limitações. Ao longo da busca da consciência
coletiva, aceitamos que somos diferentes, mas que, por outro lado, estamos ligados aos
demais membros pelas nossas feridas e pelo fato de estarmos aprendendo a lutar juntos,
mais do que uns contra os outros. Os conflitos são resolvidos. Os membros aprendem a
desistir de facções e de compor pequenos subgrupos. Aprendem a ouvir mutuamente e a
não rejeitar.
O silêncio de quem escuta representa uma abertura, uma disponibilidade em relação ao
outro. É como criar uma zona de silêncio que significa confiança no outro. Dar um lugar
aos outros é indispensável para que possamos desenvolver a nossa relação existencial.
A amabilidade do acolhimento, da abertura, não exclui a personalidade de quem escuta,
daquele que procura o verdadeiro em meio a múltiplas verdades. Só assim se chega à
plenitude do diálogo. É como viver as tarefas do mundo tais como elas se apresentam. A
vida é então realizada e confirmada na concretude de cada instante, de cada dia.
A busca da consciência coletiva é uma experiência importante para por fim aos conflitos,
pois, durante o processo de busca, não procuramos tirar a energia dos outros
companheiros. Sempre que alguém sai vencedor, o perdedor fica deprimido, em baixa.
Mas se procuramos a consciência coletiva, estaremos recebendo energia de uma outra
fonte, do Poder Superior.
Na consciência coletiva está contida a filosofia do diálogo, da relação entre os membros
de AA. O que importa é uma relação desenvolvida no diálogo, na atitude existencial do
face-a-face, na vibração recíproca. O diálogo assim desenvolvido abre novas
perspectivas em relação ao sentido da existência humana de cada um dos membros
participantes porque está voltado para um novo projeto de existência e não para um
passado nostálgico. O processo da busca da consciência coletiva estabelece uma nova
relação entre os membros de A.A. e, numa visão maior, entre os seres humanos.
Só seria possível pensar na libertação do alcoolismo a partir da libertação do próprio
alcoólico das múltiplas prisões do seu egoísmo congênito, uma vez que a liberdade se
encontra no compartilhar de experiências, forças e esperanças e no despertar do outro
que ainda se encontra nas garras do alcoolismo. Os membros de A.A. não cessam de se
enriquecer pela convivência com outros companheiros, cujas possibilidades são
multiplicadas ao infinito pela magia dos seus poderes, sempre renovados, enquanto
praticando o programa de recuperação. O amor ao próximo lhe dará a chave de todas as
prisões, da própria libertação, da saída para uma nova vida.
O conjunto das relações sociais tende, naturalmente, ao conflito e às contradições.
Finalmente é preciso estar sempre alerta para o fato de que a fronteira entre o bem-estar,
a felicidade e a alegria de vivermos numa autêntica comunidade e o conflito, o desgaste
emocional e o perigo de uma recaída está em nós mesmos. Nós somos o teatro de uma
luta contínua entre as forças da vida e da morte. Tudo depende do que fazemos a cada
dia, a cada instante entre o bem e o mal, pois que estão estreitamente relacionados – "o
inferno não é separado do paraíso senão pela espessura de um fio de cabelo". Neste
ponto, nesta escolha, está a possibilidade do surgimento de uma nova realidade, de um
novo impulso que pode levar à realização plena das mais radiosas perspectivas que
podemos ter a partir da infinita riqueza contida nos Legados de A.A. e, ainda, a
possibilidade de que esse novo impulso abra as portas do sonho, tão necessário à própria
sobrevivência, ao mesmo tempo em que abra as portas do caminho de salvação para
outros alcoólicos.
A prática da Segunda Tradição é indispensável para que o conjunto de companheiros que
compõem as reuniões de serviço possam chegar à solução de problemas e encontrar
caminhos para a Irmandade como um todo. Essa prática determina a qualidade do
trabalho realizado e os resultados das grandes reuniões, como as que ocorrem nas
conferências de serviços gerais, nas inter-áreas, nas áreas, nas reuniões de distrito, etc.
e até mesmo nas reuniões que contam com um menor número de companheiros, como
usualmente ocorre nas reuniões de serviço dos grupos. É a aplicação prática de um
conhecimento que harmoniza o conjunto das relações sociais, que naturalmente tendem
ao conflito e às contradições, e evita o domínio do homem sobre o homem, além criar
condições para que ocorra a emancipação humana.
Se consultada a consciência coletiva, as decisões são realistas.
A ampla participação assegura que a realidade seja conhecida nos seus mais diferentes
aspectos, que nenhuma particularidade seja omitida, que nenhuma conseqüência das
decisões a serem tomadas deixe de ser considerada e avaliada. O estudo resulta sempre
completo porque é o resultado da soma de todas as experiências, de todas as visões.
Significa que se estuda e se decide com segurança.
Freqüentemente, o nosso narcisismo nos faz sentir que somos os guardiões de uma
estrutura frágil e ameaçada e que, se não fosse por nós, tudo já estaria perdido. Isso é a
manifestação de que algo está errado com a nossa saúde mental e espiritual e que é
preciso colocar, lado a lado, a nossa realidade com a que é percebida pelos irmãos em
quem confiamos. O fato é que a verdade compartilhada é poderosa, eleva o espírito e é
por isso que interagimos quando participamos das atividades do grupo ou das que são
mais ligadas ao serviço. Freqüentemente a verdade é um processo, o resultado de uma
relação entre nós mesmos e os outros, que dá à verdade maior clareza e brilho.
Precisamos de coragem para ver a verdade, mas ela nos fortalece, e estar dentro da
realidade significa não estar alienado. Ocorre uma confiança no diálogo, na busca comum
da verdade.
No conjunto, o grupo sempre aprecia melhor porque inclui membros com muitos e
diferentes pontos de vista e com a liberdade assegurada de expressá-los por meio do
processo que busca a consciência coletiva. Incorpora-se o claro e o escuro, o sagrado e o
profano, a tristeza e a alegria, a glória e a lama e é por essa razão que as decisões são
bem elaboradas. Não é provável que se deixe de apreciar algum aspecto importante.
Como cada membro representa um padrão de referência e, se eles são muitos, o grupo
de trabalho se aproxima mais e mais da realidade. As decisões são realistas e
usualmente seguras.
Não ao totalitarismo
É comum pensar que as diferenças possam sempre ser resolvidas por uma autoridade
maior. No passado de cada um de nós, era costumeiro apelar para a intervenção do pai
ou da mãe para o entendimento de situações e para a solução de problemas. Procura-se
freqüentemente até apelar para um ditador benevolente. Mas Alcoólicos Anônimos, em
favor da maturidade dos seus membros, nunca pode ser totalitário.
Nós nos acostumamos, ao longo da nossa vida, a aceitar certas formas de autoridade
que sempre serviram como orientação para definir a realidade em que vivemos e, sem
ela, nos sentíamos confusos e perdidos. Mas a busca da consciência coletiva passa a ser
o exercício através do qual sempre, e em grupo, encontramos a orientação, sempre
conhecemos de uma maneira mais completa a realidade e, é bom acentuar, sem a
necessidade de qualquer autoridade que não a do Poder Superior. No decurso do
processo de busca da consciência coletiva, acontece o retorno da sensação de
segurança, agora sob uma forma mais espiritualizada, a segurança espiritual.
A maneira menos primitiva de se resolverem as diferenças individuais é a de apelar para
o que chamamos de democracia. Pelo voto, determina-se o lado que prevalece. A maioria
governa. Mas este processo exclui as aspirações da minoria. Diferentemente, o processo
de tomada da consciência coletiva inclui as aspirações da minoria. É como transcender
as diferenças pessoais de modo a incluir, na mesma medida, a minoria. Entrar no
processo que leva à consciência coletiva é ir além da democracia. Recorrer ao voto não é
a solução. Apenas o consenso integra as minorias e, em realidade, até evita a sua
formação. O processo pelo qual se chega ao consenso é uma aventura porque não se
pode antecipar o que vai resultar, é algo quase místico e mágico, mas que funciona.
Durante o processo de busca da consciência coletiva, a autoridade fica descentralizada.
Não há líderes e, ao mesmo tempo, todos são igualmente líderes. Há um verdadeiro
"fluxo de liderança". Os membros se sentem livres para se expressar e para oferecer as
suas contribuições e o fazem no exato momento e na devida dimensão. Há lideranças. É
o espírito de comunidade que lidera e não o individualismo.
O desenvolvimento da humildade
O processo de busca da consciência coletiva atenua o individualismo áspero que leva à
arrogância e isso se faz por meio da limitação da participação e ao evitar preponderância
e excessos - a velha prepotência e a conhecida manipulação. O poder individual só é
contido, só é limitado, pelo poder coletivo. Este é um princípio fundamental. É exatamente
o que acontece no processo de busca da consciência coletiva.
Desenvolve-se, nos membros do grupo de trabalho, um individualismo ameno que leva à
humildade. Durante o processo, as dádivas de todos são apreciadas e também
reconhecidas as próprias limitações e isso está na base da aceitação das nossas
imperfeições. "Conhece-te a ti mesmo" é uma regra segura para chegar à humildade.
Nesse momento, fica muito claro que o problema não é a dependência e sim a real
interdependência. Não só os membros se tornam mais humildes, mas também o grupo
como um todo.
O grupo como um lugar seguro
As pessoas se tornam mais amenas quando participam do processo de busca da
consciência coletiva porque se olham através das lentes do respeito. O grupo se torna um
lugar seguro porque há aceitação e compreensão, e as pessoas sentem com uma
intensidade nova o amor e a confiança. Desarmam-se. Passa a haver a paz e, sobretudo,
os membros aprendem a fazer a paz.
É também um lugar seguro porque no grupo ninguém está tentando curar, converter ou
mudar o outro e, paradoxalmente, é exatamente por isso que a evolução espiritual e
comportamental e, ainda, a conversão acontecem. No grupo, as pessoas são livres para
serem elas mesmas, livres para procurar a própria saúde psicológica e espiritual. Tudo
isso faz do grupo um lugar seguro em que as pessoas podem abrir mão das suas
defesas, das suas máscaras, dos seus disfarces. Aceitamos ser vulneráveis, expor as
nossas feridas e fraquezas, e assim fazendo, aprendemos também a ser afetados pelas
feridas dos outros. O amor surge nesse compartilhar e isso é possível porque abrimos
mão da norma social de pretender sermos invulneráveis.
Num lugar seguro, as pessoas se desarmam e aprendem a fazer a paz, que nasce do
processo de busca da consciência coletiva.
Um estado de espírito muito especial
Quando nos preparamos psicologicamente para participar de uma reunião de serviço em
que se vai à busca da consciência coletiva e nos sujeitamos ao processo que leva a ela,
resulta o surgimento de uma atmosfera tal que, paradoxalmente, nela as pessoas falam
mais baixo e, no entanto, são mais ouvidas. Nada é agitado e não se forma o caos.
Pode haver discussão e luta, mas ela é construtiva e move-se em direção ao consenso.
Em realidade, entra-se no processo de formação de uma verdadeira comunidade.
Esse estado de espírito é indispensável para que se possa estar aberto para a
manifestação do Poder Superior. Para a inspiração e para a voz do Espírito Santo.
Quando nos dirigimos para uma reunião de serviço, não podemos imaginar qual será o
resultado dos trabalhos nem devemos interferir nele. O processo de formação da
consciência coletiva é verdadeiramente um mistério.
O estado de espírito de quem vai para uma reunião de serviço
Quando se vai para uma reunião de serviço, é preciso ter em mente que a intenção, a
idéia, é levar tão somente uma contribuição, uma experiência pessoal. É preciso lembrar
sempre que o todo é formado pelas partes e que cada um de nós não é senão uma parte,
mas uma parte realmente importante. Cabe ainda lembrar que as nossas experiências
são tanto o fruto das nossas vivências, e por isso são muito ricas, quanto limitadas à
esfera pessoal. Ao mesmo tempo, precisamos ter a consciência do valor da contribuição
que podemos dar, mas também a de que ela será parte de um todo, de um conjunto
maior, que se formará a partir das contribuições de cada um dos que estarão presentes à
reunião.
O que fica dessas considerações é que a atitude de humildade é indispensável se se
deseja chegar à consciência coletiva. É aceitar que, pelo menos diante do fato de se estar
frente a uma manifestação do Poder Superior, a prepotência, a arrogância, o narcisismo e
a agressividade possam dar lugar à humildade e à aceitação daquilo que irá resultar da
soma de todos os conhecimentos e contribuições, mas, sobretudo aceitar que ao final se
chegará ao melhor caminho, à melhor solução, à melhor decisão.
O que acontece quando não se busca a consciência coletiva
Muitas coisas podem acontecer. A realidade pode ser distorcida e as conclusões ou
decisões podem não ser as mais sábias ou convenientes. Parte dos que compõem o
grupo pode ficar excluída dos trabalhos, por ser constituída de membros mais tímidos ou
por estarem dominados pelos mais prepotentes, pelos que melhor fazem uso da palavra.
Pode ocorrer que, antes de uma reunião, os componentes do grupo procurem contactar
outros membros para lhes convencer acerca das suas pretensões ou postulações ou,
simplesmente, conseguir adesões ou fazer acordos. Obviamente, a consciência coletiva
estará sendo manipulada e aí poderiam os mais doentes chegar ao seu "dia de glória",
pois teriam manipulado até mesmo o Poder Superior. No entanto, nessas condições, a
consciência coletiva não se estabelece e Ele não fala. Talvez falem outras vozes menos
divinas.
Quando não se busca a consciência coletiva, o que usualmente acontece é correr o
sangue emocional e até mesmo o físico. Usualmente a luta se estabelece, mas ela não
leva a nada porque é caótica, é barulhenta e não construtiva.
As agressões tornam as reuniões cansativas e os resultados são nulos ou diminutos. As
reuniões se tornam tanto desagradáveis quanto improdutivas. É um conflito sem frutos e
que vai para lugar nenhum. As pessoas tornam-se prisioneiras das suas raivas, dos seus
ressentimentos e das suas ambições pessoais desmesuradas. Outros procuram concertar
as cabeças, convencer ou curar os seus companheiros e isso, muitas vezes, pode até
parece ser coisa de amor, mas o fato é que fazem isso para o seu próprio conforto, em
seu favor.
É fundamental que busquemos a complementação sempre que opiniões diferentes ou
contrárias às nossas forem apresentadas. Devemos buscar, nessas situações, o sentido
de existir, de ser. Devemos identificar, na existência dos opostos, o sentido da
complementaridade. Sempre que nos incompatibilizamos uns com os outros é porque
estamos medindo forças e assumindo posições antagônicas. Se buscarmos o sentido do
complementar, poderemos reverter o antagonismo e somar as nossas potencialidades em
torno de um propósito comum. Desse modo, não perdendo o nosso ponto de vista,
identificamos um sentido maior que é a grande manifestação da Consciência Coletiva.
A insensatez
Quando não se busca a consciência coletiva, a insensatez se estabelece no grupo. Isto é,
passa-se a agir de forma contrária aos próprios interesses, de forma contrária à apontada
pela razão. Exatamente ao contrário da sabedoria que está no exercício do julgamento
atuando com base na experiência e no uso das informações disponíveis.
No caos e na manipulação, buscam-se as atitudes contrárias aos interesses da
Irmandade de Alcoólicos Anônimos, não obstante as advertências desesperadas de
alguns e da existência de alternativas melhores e viáveis. A busca da insensatez torna-se
trágica e, dolorosamente, um comportamento dominante. Dominados pelas paixões, os
membros do grupo abandonam o comportamento racional, tornam-se passionais. A
mitologia grega tinha uma figura para representar a cegueira da razão, o desvario
involuntário, de cujas conseqüências os companheiros depois se arrependem, chamada
Ate, filha de Eris, deusa da discórdia e da disputa. Tomados de cega insensatez, as
vítimas da deusa se tornam incapazes de realizar uma escolha racional, de distinguir
entre atos morais e imorais.
Onde e como o Céu e a Terra se tocam
O homem, desde tempos imemoriais, vem procurando fazer contato com as forças
criadoras, com o sagrado. Procurou lugares e objetos em que o céu e a terra se
encontrassem. Concebeu a montanha e a cidade sagradas, a residência real, a árvore da
vida e da imortalidade, a fonte da juventude, etc.
De acordo com crenças indianas, o monte Meru seria uma montanha sagrada e sobre ela
brilharia a estrela polar. Na crença iraniana, a montanha Elburz seria o ponto em que a
terra estava ligada ao céu. A população budista do Laos considera sagrado o monte
Zinnalo. No Edda, o Himinbjorg, que quer dizer "montanha celestial", é considerado o
ponto em que o arco-íris alcançaria a parábola do céu.
Para os povos mesopotâmicos, o Zigurate era a montanha cósmica. Na Palestina era o
Monte Tabor. Para os cristãos, a montanha cósmica era o Gólgota, o lugar onde Adão
tinha sido criado e sepultado e o sangue do Salvador teria sido derramado sobre o crânio
de Adão, servindo para a sua redenção e esta crença ainda permanece entre os cristãos
orientais. A cidade da Babilônia, como indica o próprio nome, era tida como a "porta dos
deuses" pois era por meio dela que os deuses desciam para a terra.
A idéia de que o santuário reproduz o Universo, na sua essência, passou para a
arquitetura religiosa da Europa cristã e para as basílicas dos primeiros séculos, do
mesmo modo que as catedrais medievais reproduziam simbolicamente a "Jerusalém
celestial".
O lugar sagrado, o "Centro", seria a zona da realidade absoluta e lá estariam os seus
símbolos: a árvore da vida e da imortalidade, a fonte da juventude, etc. daí a idéia de que
a estrada que leva ao "Centro" é um "caminho difícil". Difícil também a peregrinação aos
lugares sagrados como Meca, Hardwar e Jerusalém, feita em viagens cheias de perigos e
realizadas por expedições heróicas. A mesma dificuldade encontra aquele que procura
caminhar em direção ao seu ego, ao "Centro" do seu ser. A estrada é árdua e cheia de
perigos porque representa um ritual de passagem do âmbito profano para o sagrado, do
efêmero e ilusório para a realidade e para a eternidade, da morte para a vida, do homem
para a divindade. Chegar ao "Centro" equivale a uma consagração; a existência profana e
ilusória dá lugar a uma nova existência, a uma vida real, duradoura. Na busca da
consciência coletiva o grupo de trabalho procura chegar ao "Centro", ao ponto mais
elevado.
Eu, pessoalmente, considero que é através do processo de formação da consciência
coletiva, após percorrer um caminho muitas vezes trabalhoso e difícil, que estabelecemos
um contato entre o céu e a terra. É por meio do processo de busca da consciência
coletiva que o céu e a terra se tocam. A consciência coletiva é a voz do Poder Superior.
O conceito de substancial unanimidade e a idéia da formação de uma verdadeira
comunidade centrada na busca da manifestação do Poder Superior estão na base de
uma nova dimensão de divindade e permitirão que a Irmandade de Alcoólicos Anônimos
se aperfeiçoe de maneira progressiva e que, por meio da busca da consciência coletiva,
os seus membros conquistem a mais absoluta liberdade espiritual, ficando então livres de
preconceitos e de sentimentos negativos em relação aos demais companheiros.
Finalmente
Finalmente, é necessário dar passos concretos e assumir atitudes que concorram para
que sejam bem sucedidas as reuniões de serviço. Assim, ficam as seguintes sugestões:
É conveniente que os assentos sejam distribuídos em círculo ou que a mesa que se vai
usar seja redonda. É uma forma de equilibração e nela não há destaques.
Evite usar as palavras "eu" e "você". Use o "nós", de modo a se incluir no grupo.
Dirija-se ao grupo como um todo, mesmo quando falando para apenas um dos seus
componentes.
Evite ficar próximo dos mais íntimos. Isso impede a formação de grupinhos separados.
Evite a discussão paralela. Não fique falando baixo com o companheiro ao lado. Alguém
pode entender como crítica.
Olhe para quem estiver usando a palavra. É uma atitude de respeito. Não fique alheio à
discussão de determinado assunto enquanto se prepara para uma intervenção.
Ao se manifestar, não se afaste do que vem sendo discutido pelo grupo. De outra forma,
haverá o risco de se perder o encadeamento, o raciocínio que vinha sendo desenvolvido.
Ao opinar, procure fundamentar a sua contribuição, apresentar algo de valor e não dar
apenas um palpite. Diante de um palpite, os demais companheiros devem fazer
perguntas como: Por quê? Quando? Onde? Etc., para forçar uma operação mental que
resulte em manifestação mais elaborada.
Tenha boa vontade com os tímidos pois que, com essa atitude, irá encorajá-los a
participar do grupo.
Não eleve a voz. Não se emocione. Não crie barreiras à comunicação. Não diga não
concordo. Discorde sem dizer não concordo.
Às vezes, é bom lançar dúvidas para forçar a reflexão e evitar o dogmatismo.
O coordenador deve evitar o papel de chefe. Quem tem chefe é bando.
Se o grupo não evoluir, em determinado momento será bom fazer uma pausa para
examinar o que está dificultando o progresso da reunião. É melhor tomar essa atitude
enquanto o grupo está reunido do que deixar que as críticas ocorram depois, o que seria
uma atitude desleal para com o grupo.
Os que não entendem do assunto em discussão, por vezes, se mostram lógicos e
criativos e apresentam boas contribuições.
Tenha coragem de expor as suas opiniões, de oferecer sua experiência. Corra o risco de
ser contestado, é natural. Não fique só na colocação das dúvidas.
Evite a palavra acho, até porque às vezes o companheiro que assim se manifesta, está
mais do que convicto. Se tiver dúvidas, abra o jogo.
Seja generoso. Elogie. Estimule os companheiros do grupo.
Se estiver muito acima do grupo em determinado assunto, não dê aula. Procure fazer
perguntas inteligentes que despertem idéias.
Passe a bola para poder recebê-la de volta. O processo se tornará mais dinâmico e
produtivo.
Nunca procure derrotar um companheiro presente a uma reunião. Você não veio para
isso. O que se espera é que contribua com a sua experiência pessoal. Lembre-se de que
o companheiro derrotado em público jamais o perdoará. Isso fere muito.
Se for tímido, procure acompanhar a evolução do assunto em estudo e isso já é uma
forma de participar e de evoluir.
Evite as expressões: "é claro" e "você não entendeu". Não culpe o grupo quando não for
entendido. A reunião evolui melhor dizendo: "talvez eu não tenha sido muito claro".
Estimule todos os companheiros presentes a prestar o seu esclarecimento, a dar a sua
contribuição. Por outro lado, não seja paternal. Lembre-se de que todos têm igual
responsabilidade pelo êxito da reunião.
O dominador costuma usar a expressão: "ninguém quer trabalhar" e o tímido se queixa de
que "não o deixam participar". Mas a verdade é que ambos demonstram a sua
imaturidade.
O objetivo de cada um é cooperar. Não cabe obedecer, uma vez que todos têm o mesmo
direito de participação.
É preciso que todos ofereçam as suas contribuições, a sua experiência. Participe e não
fique na posição confortável de omisso. Participe, mesmo que tenha que enfrentar
dificuldade em ser ouvido.
Não se alongue em excesso. Prolixidade é manifestação de falta de clareza. Ser objetivo
e sintético demonstra inteligência. Falar em demasia é, às vezes, um recurso usado por
quem tem o desejo de emperrar os trabalhos do grupo.
Participar implica em assumir responsabilidade de modo que se ocorrer que um
companheiro não se sentir responsável, é porque não participou, não fez parte do grupo.
Evite usar frases feitas. Não empobreça o grupo. Seja criativo.
Não se impressione com a pretensa superioridade que algum participante do grupo possa
ter em relação aos outros. É indispensável que haja reciprocidade para que ocorra a
participação de todos.
Não se sinta desconfortável quando demonstrar o seu entusiasmo. Participe de corpo e
mente. Somos seres humanos. Estamos vivos.
Evite ser duro com os companheiros ao assumir atitudes racionais e lógicas. Ser lógico,
sim, mas com amor. Igualmente, amor sem lógica é sentimentalismo, e não ajuda.
Aceite as pessoas, derrube as barreiras psicológicas. Deixe-se evoluir e contribua para a
evolução dos outros. É preciso não ser impermeável e avaliar com boa vontade os pontos
de vista dos companheiros. Só assim se estabelecerá um diálogo enriquecedor.
Não seja deslumbrado. As pessoas são perspicazes e críticas.
As dificuldades não devem desencorajar o grupo. É possível ir comendo o mingau quente
pela beirada.
Se for inevitável a votação, que pelo menos ocorra uma longa discussão acerca do
assunto de modo a alcançar substancial unanimidade.
1° Ciclo dos Doze Conceitos Para SERVIÇOS MUNDIAIS
APRESENTAÇÂO
“ CRESCIMENTO E LIDERANÇA A PARTIR da INTERPRETAÇÂO E ESTUDO Dos
CONCEITOS”.
AUTORIA :-WILMA –DF
“ TRADUZEM os “DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS”,UM número de
Princípios que se tornaram tradicionais nos nossos serviços .São uma Interpretação da
estrutura de serviços mundiais de A.A.,que mostram a evolução pela qual eles chegaram
á sua forma atual .EM Síntese ,pretendem os Conceitos registrar o “ porquê” da nossa
estrutura de tal maneira que a valiosa Experiência do Passado e as lições tiradas dessa
Experiência Nunca devam ser esquecidas ou perdidas”
“ Os Conceitos tentam apresentar uma Estrutura na qual todos possam trabalhar em
prol de bons resultados com o mínimo de atritos .”
“ CADA Conceito é um grupo de Princípios relacionados ,que se inicia dando aos Grupos
De A.A. a Responsabilidade Final e a Autoridade Suprema pelos nossos Serviços
Mundiais ,consubstanciadas pelas Razões centralizadas na SEGUNDA TRADIÇÂO .”
“ Para conseguir a ação eficiente , os Grupos precisam delegar uma Autoridade
operacional ,escolhendo que tenham plenos poderes para falar por e atuar por eles , onde
a CONSCIÊNCIA de Grupo possa ser ouvida .È onde identificamos o Princípio da ampla
Autoridade e Responsabilidade delegadas aos “servidores de Confiança”, respeitando-se
a clara Tradição Dois DE A.A. transferindo-se para a Conferência de Serviços Gerais De
A.A. .,a Verdadeira voz ativa e a Consciência efetiva de toda a nossa Irmandade “.
“Para que em todos os níveis possa haver um Equilíbrio contínuo no relacionamento
perfeito entre a Autoridade Suprema e a Responsabilidade delegada , atitudes teriam que
ser definidas . O “ Direito de DECISÂO “dá aos nossos Líderes de Serviço uma discrição
adequada e Liberdade de Ação , competindo-lhes dentro do Sistema dos seus Deveres e
Responsabilidades , a ação de como eles podem interpretar e aplicar a sua própria
autoridade e responsabilidade para cada problema
ou situação em particular , conforme elas aparecem .Essa espécie de Liderança
moderada deveria ser a essência do “ DIREITO de DECISÂO”.
“ Todos nós desejamos profundamente tomar parte . “Queremos um relacionamento de
A.A. em SOCIEDADE IRMANADA ..” È o nosso ideal mais importante , que a união
espiritual de A.A.nunca inclua membros Considerados de Segunda Classe”
“ O Direito de Participação é um corretivo a autoridade Suprema , porque atenua as suas
asperezas ou o seu mau emprego .” O Direito de Participação dá a cada servidor o direito
de Voto de acordo com a sua Responsabilidade .e a Participação garante além do mais
que cada junta de serviço ou Comitê tenha sempre a posse de diversos elementos e
pessoas com talento e que assegurarão um funcionamento eficiente”.
“ Os Direitos de Apelação “ e de “PETIÇÃO “, certamente , têm em vista o problema total
da proteção e melhor aplicação possível dos sentimentos e da Opinião das minorias
“.Protege e encoraja a Opinião da Minoria e dá certeza que as queixas podem ser
ouvidas e tratadas adequadamente .Acreditamos que jamais estaremos sujeitos à Tirania
,seja das MAIORIAS ou DAS MINORIAS , desde que cuidadosamente definamos o
Relacionamento entre elas.”
“ O maior perigo da Democracia sempre será a “ Tirania “de uma Maioria apática ,egoísta
,não Informada ou mal Humorada .Acreditamos que o espírito da Democracia sempre
sobreviverá na nossa Irmandade e na Estrutura de nossos Serviços , a despeito dos
contra-ataques que serão desfechados . Felizmente, não estamos obrigados a manter
uma administração que obrigue obediências e imponha Punições .Precisamos apenas
manter no Alto nossas Tradições , que constitua e exerça as
nossas diretrizes nelas contidas, de maneira a levar continuamente a nossa Mensagem
àqueles que sofrem.”
“ São os custódios que garantem a boa administração da Junta de Serviços Gerais,tendo
Liberdade e de Ação na ausência da Conferência . Deles é esperada uma Liderança da
formulação política de A.A.e sua adequada execução .Eles são os guardiões ativos das
nossas DOZE TRADIÇÔES .Eles devem funcionar quase exatamente como os Diretores
de qualquer organização de Negócios .”
“ Eles precisam ter ampla autoridade para realmente administrar e conduzir os negócios
de A.A.simultaneamente compreendendo que a CONFERÊNCIA é o verdadeiro Reduto
da Suprema Autoridade Sobre Serviço , por que dessa maneira como
Regra geral ,sejam os assuntos sérios sempre resolvidos dentro de uma cooperação
harmoniosa e feliz
“ A unificação da Estrutura de Serviços no Brasil deveria ser reavaliada á Luz do Conceito
VIII e esperamos que neste ciclo o assunto possa ser abordado com precisão
,esclarecimento e impessoalidade , onde as experiências contidas neste Conceito
possam se com as experiências já vivenciadas neste curto espaço de Unificação Dos
órgãos de Serviço no BRASIL.” POR outro lado também esperamos que a liderança em
A.A. seja um tema apresentado sem distorções e com exemplos de como se tornar ou
alcançar esta necessidade Vital Dentro de A.A.”.
“O entendimento mais aprofundado sobre a SEGUNDA TRADIÇÂO poderá nos trazer
uma melhor compreensão quando tratarmos das responsabilidades de serviço em A.A.
com a sua correspondente autoridade de serviço equivalente , quando tratarmos do
DÈCIMO CONCEITO” . PORTANTO ,que em todos os Níveis possamos identificar esta
correspondência e assim nossos Grupos sejam melhor informados.”
“ Necessitamos repassar minuciosamente aos grupos a essência e a praticidade do
CONCEITO XI,Principalmente sobre que consiste nossa estrutura subordinada de Serviço
e sua composição e atribuições á nível de JUNTA”.
“ Questionamento SOBRE o que é a ATA de Constituição da CONFERÊNCIA ,SOBRE o
conteúdo do ART.12 da ata da Constituição ou sobre as Garantias GERAIS DA
CONFERÊNCIA acontecerão no decorrer deste grandioso evento.”
“ Precisamos ,prezados companheiros[as]estar de mentes e corações abertos e espíritos
desarmados para assim alcançarmos mais um pouco além ,daquilo que conhecíamos
quando aqui chegamos”
“ a aplicabilidade no dia a dia em nossos grupos ,dos Princípios contidos nos “ DOZE
CONCEITOS para SERVIÇOS MUNDIAIS” , dignificará mais e mais o membro , o
GRUPO e a nossa gloriosa IRMANDADE .
Fraternalmente,
Lúcio
Felizmente, a nossa Irmandade é abençoada com toda a sorte de liderança verdadeira - o
pessoal ativo de hoje e os líderes em potencial de amanhã, de acordo com cada nova
geração de membros capazes que vão aparecendo. Temos uma abundância de homens
e mulheres cuja dedicação, estabilidade, visão e habilidades especiais os tornam capazes
de lidar com qualquer serviço que lhes possa ser designado. Somente temos que
procurar esse pessoal e confiar nele para que nos sirva.
Em algum lugar da nossa literatura há uma declaração que diz o seguinte: "Os nossos
líderes não dirigem por mandato, lideram pelo exemplo". Com efeito, dizemos para eles:
"Atuem por nós, mas não mandem em nós."
Um líder no serviço de A.A. é, portanto, um homem (ou uma mulher) que pode
pessoalmente colocar princípios, planos e normas em ação de maneira tão delicada e
efetiva que leva o resto de nós a querer apoiá-lo e ajudá-lo na sua tarefa. Quando um
líder nos guia pela força excessiva, nos revoltamos; mas quando ele se torna um
submisso cumpridor de ordens e não usa critério próprio, então ele realmente não é um
líder.
Uma boa liderança elabora planos, normas e idéias para melhoramento da nossa
Irmandade e seus serviços. Mas nos assuntos novos e importantes, todavia, consultará
amplamente antes de tomar decisões e atitudes. Boa liderança também é saber que um
excelente plano ou idéia pode vir de qualquer um, de qualquer lugar. Conseqüentemente,
uma boa liderança muitas vezes substituirá os seus acalentados planos por outros que
são melhores e dará crédito aos seus autores.
A boa liderança nunca se esquiva. Uma vez segura de que tem ou pode obter apoio geral
suficiente, ela toma decisões livremente e as coloca em ação, desde que, naturalmente,
essas ações estejam dentro do esquema da sua autoridade e responsabilidade definidas.
Um político é um indivíduo que está sempre tentando "arranjar para as pessoas aquilo
que elas querem". Um estadista é um indivíduo que sabe cuidadosamente discernir
quando fazê-lo e quando não. Ele reconhece que mesmo as grandes maiorias, quando
muito perturbadas ou não informadas, podem, às vezes, estar completamente
enganadas. Quando tal situação aparece, ocasionalmente, e algo de importância vital
está em jogo, é sempre dever da liderança, mesmo que em pequena minoria, tomar
posição contra a tormenta, usando toda a sua habilidade de autoridade e persuasão para
efetuar uma mudança.
Nada, no entanto, pode ser mais prejudicial à liderança do que a oposição, apenas com o
intuito de ser oposição. Nunca pode ser: "Vai ser da nossa maneira ou nada". Esse tipo
de oposição é geralmente causado por um orgulho cego ou um desejo de domínio que
nos leva a bloquear algo ou alguém. Há então a oposição que dá seu voto dizendo: "Não
estamos satisfeitos." Nenhuma razão verdadeira nem mesmo é dada. Isso não serve.
Quando requisitada, a liderança tem sempre que apresentar as suas razões, e que sejam
boas.
Então, também um líder precisa reconhecer que mesmo as pessoas mais orgulhosas ou
raivosas podem algumas vezes estar totalmente certas, enquanto as mais calmas e
humildes podem estar enganadas.
Esses pontos são ilustrações práticas das diversas discriminações cuidadosas e das
pesquisas profundas que a liderança verdadeira tem sempre que tentar exercer.
Outro qualificativo para a liderança é o dar-e-receber, a habilidade de transigir sem rancor
sempre que possa fazer progredir uma situação que aparenta ser a direção certa. Fazer
concessões é muito penoso para nós, beberrões de "tudo ou nada". Entretanto, não
podemos nos esquecer de que o progresso é quase sempre caracterizado por uma série
de concessões vantajosas. Não podemos, entretanto, fazer concessões sempre. Uma vez
ou outra é realmente necessário fincar os pés numa convicção sobre um assunto, até que
ele se esclareça. (...)
Liderança, muitas vezes, tem pela frente críticas pesadas e às vezes de longa duração.
Isso é um teste ácido. Há sempre os críticos construtivos, os nossos amigos de verdade.
Nunca podemos deixar de ouvi-los atenciosamente. Devemos estar dispostos a deixar
que eles modifiquem as nossas opiniões ou que as mudem completamente. Muitas
vezes, também, teremos que discordar e fazer pé firme sem perder a sua amizade.
Há então aqueles que gostamos de chamar de nossos críticos "destrutivos". Conduzem
pela força, são politiqueiros, fazem acusações. Talvez sejam violentos, maliciosos. Eles
soltam boatos, fazem fofocas para atingir seus alvos - tudo pelo bem de A.A.,
naturalmente! Mas em A.A., já aprendemos, afinal, que esses sujeitos, que devem ser um
pouco mais doentes do que nós, não são tão destrutivos assim, dependendo muito de
como nos relacionamos com eles.
Para começar, deveríamos ouvir cuidadosamente o que eles dizem. Algumas vezes estão
dizendo toda a verdade; outras vezes somente parte da verdade, embora freqüentemente
eles estejam racionalizando até o ridículo. Se estivermos por dentro de toda a verdade,
parte da verdade ou sem verdade alguma, pode ser igualmente desagradável para nós.
Essa é a razão pela qual temos que ouvir tão cuidadosamente. (...) Há poucos meios
melhores de auto pesquisa e de desenvolvimento de genuína paciência do que a prova a
que nos submetem esses membros bem-intencionados, mas erráticos. Isso é pedir muito
e, às vezes, não conseguiremos, mas precisamos continuar tentando.
Agora chegamos ao atributo da mais alta importância: o da visão. Visão é, penso, a
habilidade de fazer boas estimativas, tanto para o futuro imediato como para um futuro
mais distante. Alguns podem achar esse tipo de esforço como se fosse uma espécie de
heresia, porque nós de A.A. estamos constantemente dizendo a nós mesmos: "Um dia de
cada vez." Mas esse princípio valioso realmente refere-se à nossa vida mental e
emocional e quer dizer principalmente que não somos tolos para lamentar o passado nem
sonhar com o futuro de olhos abertos.
Como indivíduos e como uma irmandade, iremos certamente sofrer se deixarmos toda a
tarefa do planejamento para o amanhã nas mãos da Providência. A verdadeira
Providência Divina foi dar a nós, seres humanos, uma considerável capacidade de
antevisão e Ela evidentemente espera que a usemos. Por isso, precisamos distinguir
entre desejos fantasiosos sobre um amanhã feliz e o presente uso das nossas forças de
estimativas bem pensadas. Isso pode determinar a diferença entre progresso futuro e
infortúnio imprevisto.
Visão é por isso a própria essência da prudência, uma virtude essencial, se é que existe
uma. Naturalmente, podemos muitas vezes cometer erros de cálculo quanto ao futuro,
como um todo, ou em parte, mas o pior é recusar-se a pensar nele.
Precisaremos constantemente desses mesmos atributos - tolerância, responsabilidade,
flexibilidade e visão - entre os líderes de serviços de A.A. em todos os níveis. Os
princípios de liderança serão os mesmos, seja qual for o tamanho da atividade. (...)
Agradecemos a Deus pelo fato de Alcoólicos Anônimos ter sido abençoado com tanta
liderança em todos os seus setores. (Os Doze Conceitos para os Serviços Mundiais, p.
54-7)
(VIVÊNCIA - Março/Abril 2001)
O Grupo de A.A.
O que é, e como funciona
Companheiros(as), acredito que cada um de nós temos o nosso entendimento de “grupo”
e desde que nascemos, passamos a fazer parte de um grupo qualquer, pois já iniciamos
nossas vidas fazendo parte de um grupo - o familiar. Em seguida passamos a fazer parte
do grupo de alunos na Escola, depois o grupo de amigos, etc. Assim, seguimos pela vida
fazendo parte de grupos, os mais diversos. Mais tarde, devido a nossa doença do
alcoolismo, viemos a fazer parte de um grupo de Alcoólicos Anônimos e isso graças a um
Poder Superior que um dia manifestou na mente de um alcoólico, mostrando-lhe que ao
conversar com outro alcoólatra, ele poderia ficar sem beber, e tudo começou a partir de
1934, quando Bill W. recebeu a mensagem de Ebby e mais tarde, já em 1935, Bill W.
encontra com Dr. Bob e com a troca de experiências, eles conseguiram ficar sem beber.
Desde então, os dois passaram a transmitir a mensagem a outros alcoólicos, que juntos
formaram o primeiro grupo, que se reuniam na casa de Dr. Bob. A partir dali começou a
surgir grupos de alcoólicos por todos os lados até se tornar uma Irmandade que tem
como marco de sua fundação, o dia 10 de junho de 1935.
Naqueles primeiros dias, aqueles alcoólicos que se reuniam, ainda não podiam se
chamar grupo de Alcoólicos Anônimos, pois ainda não existia a Irmandade e as reuniões
eram feitas com a presença dos casais, quando, esposas acompanhavam seus alcoólicos
à reunião. Enquanto eles trocavam suas experiências sobre a bebida e de como estavam
recuperando-se, as mulheres ficavam conversando sobre outras coisas, e Anne, esposa
de Dr. Bob fazia o café. Mais tarde, percebendo que os assuntos dos maridos não lhes
interessavam diretamente, as esposas resolveram discutir seus próprios problemas, ou
seja, as dificuldades que tinham com os maridos devido a sua bebida e assim, elas
fundaram o Al-Anon.
Devido a transmissão da mensagem, foram surgindo outros grupos de alcoólicos por
todos os lados, como em Akron – Clevelland – Nova Iork e em outros lugares. Bill W., Dr.
Bob e outros companheiros, percebendo o crescimento do movimento, entenderam que
precisavam escrever um livro que pudesse levar a outros alcoólicos suas experiências de
como estavam conseguindo ficar sem beber. Assim, escreveram o livro que após
analisarem vários títulos, e baseados no anonimato que eles já vinham praticando, foi
sugerido o nome, “Alcoólicos Anônimos”. O livro foi publicado, e a partir daí, os grupos
passaram a se chamar grupos de Alcoólicos Anônimos, quando deixaram de ser um
amontoado de pessoas para se transformar num grupo de pessoas afins – todos
alcoólicos.
Para que pudéssemos compreender melhor o significado da palavra “grupo” recorremos
ao Dicionário e encontramos a seguinte definição: grupo é, amontoado de pessoas ou
coisas; agregado, conglomerado de pessoas; sociedade; grupo de pessoas afins e/ou
com um mesmo propósito.
O que é um Grupo de A.A.?
É uma pergunta que nem sempre conseguimos responde-la, pois a maioria de nós,
membros, ainda não temos um entendimento correto do que é um Grupo de Alcoólicos
Anônimos. A maioria dos membros tem como Grupo de A.A., o local onde se realizam as
reuniões. Porém, segundo o livreto “O Grupo de AA” isso não é verdade, senão vejamos:
Como afirma claramente um trecho do texto da Terceira Tradição..., “Dois ou três
alcoólicos quaisquer reunidos em busca de sobriedade podem se autodenominar um
grupo de A.A., desde que, como grupo, não possuam outra afiliação.”
Alguns AAs reúnem-se como grupos de A.A. especializados – grupos masculinos, grupos
para mulheres, grupos para jovens, grupos para médicos, grupos para homossexuais, e
outros. Se seus participantes forem todos alcoólicos, e se abrirem suas portas para todos
os alcoólicos que quiserem ajuda, independente de profissão, sexo ou outras distinções,
e se atenderem todos os demais aspectos que definem um grupo de A.A., eles poderão
denominar-se um grupo de A.A.
Conforme o texto acima, fica claro a definição do grupo de A.A., pois, para se considerar
um grupo de A.A., ele precisa preencher esses requisitos: todos os membros do grupo
são alcoólicos e eles mantêm a porta aberta para receber todos alcoólicos que desejam
se recuperar. A partir do momento em que pessoas não alcoólicas passam a fazer parte
do grupo, este grupo não deve ser considerado um grupo de A.A., pois deixou de ser um
grupo de pessoas afins, que neste caso, todos alcoólicos, tornando-se um grupo misto.
Ainda sobre a definição do grupo, percebe-se a falta de compromisso com a Irmandade,
por parte de muitos grupos. Se não vejamos a forma em que estamos tratando o assunto
- anonimato. No livreto “As Tradições como elas se desenvolveu” Bill W. deixou escrito
que a Irmandade promete ao membro que está chegando 100% de anonimato e isso não
vem acontecendo em nosso meio, pois, nossos grupos deixaram de ser grupos de
alcoólicos em busca de sua recuperação, para serem grupos mistos, onde nas reuniões,
participam pessoas não alcoólicas, normalmente como membros. Em nosso
entendimento, isso fere frontalmente, a Décima Segunda Tradição e jogamos por terra
todo trabalho que nosso co-fundador, Bill W. teve para elaborar às nossas Tradições.
Também, temos o problema do relacionamento de A.A. com a Comunidade, são
problemas por todos os lados, e um dos motivos, é o fato de não respeitarmos a Sexta e
Sétima Tradições. Por exemplo: alguns Grupos envolvem o nome de A.A. com religião,
(expondo imagens de santos e outras entidades em suas salas de reuniões); aceitam
doações de fora, (usando espaço físico para realizarem suas reuniões sem pagar nada,
aceitam doações diversas para realizar suas festas) etc; usam o espaço de reunião do
grupo para a realização de outras atividades extra A.A. como (bailes, jogos, ponto de
encontro para o 13º passo) etc; usam de meios escusos para arrecadar dinheiro para
pagar suas despesas, como (rifas, almoço com venda de inscrições, inclusive para a
comunidade, etc.
Assim, percebemos a série de problemas que vivemos atualmente e precisamos
encontrar meios para resolvê-los. Não sabemos como ainda, mas juntos, com certeza
iremos encontrar a melhor maneira de resgatar tudo aquilo que Bill W. sonhou que
poderia ser a nossa Irmandade.
Alcoólicos Anônimos tem sido descrita como uma Organização incomum, pois “a
responsabilidade final e a autoridade suprema para o Serviço Mundial recaem sobre os
Grupos e não aos Custódios da Junta de Serviços Gerais ou sobre o Escritório de
Serviços Gerais”.(Conceito I).
De acordo com o Conceito I, a partir de 1955, Bill W. passou para os grupos a
responsabilidade do futuro da Irmandade. Acreditamos que naquele momento, todos os
presentes concordaram com esta atitude dele em sair da frente, deixando que cada grupo
resolvesse seus problemas da melhor forma possível. A partir de então, nem ele e tão
pouco a Fundação poderiam interferir nas atividades dos grupos – seria liberdade total.
Entretanto, os grupos, talvez não tenham dado conta de que tudo que ocorresse com a
Irmandade dali para frente, seria de responsabilidade deles. A Quinta Tradição define
bem a finalidade do grupo. Ele tem um único objetivo, o de transmitir a sua mensagem ao
alcoólico que ainda sofre. E para cumprir essa tarefa um “DEUS AMANTÍSSIMO” pode se
manifestar na consciência coletiva desse grupo, permitindo aos seus membros se
libertarem do alcoolismo e viverem uma vida significativa, feliz e útil. (Tradições 2ª e 5ª).
“... muita atenção foi dada para a extraordinária liberdade que as Tradições de A.A.
permitem ao membro individual e ao seu Grupo: não serão aplicadas penalidades aos
que não estiverem de acordo com os princípios de A.A.; não haverá taxas nem
mensalidades – somente contribuições voluntárias; nenhum membro de A.A. será expulso
– ser membro de A.A. será sempre da escolha do indivíduo; cada grupo deve conduzir os
seus assuntos internos como bem lhe aprouver – sendo somente pedido que se abstenha
de praticar atos que possam prejudicar A.A. como um todo e, finalmente, que qualquer
grupo de alcoólicos que se reuna para conseguir sobriedade possa se chamar um grupo
de A.A., desde que como grupo, não tenha outro propósito ou filiação”. (Garantia VI do
Conceito 12). Essa liberdade do grupo expressa pela Garantia VI vem seguida de um
alerta, e diz lá: “Sabemos que nós pessoalmente temos que escolher: ou os Doze Passos
e Doze Tradições de A.A. ou encarar a dissolução e a morte, tanto como indivíduos
quanto como grupos.” As vezes isso soa como uma ameaça, porém sabemos que a
maioria de nós alcoólicos, não aceitamos este tipo de ameaça, parece que é da própria
doença. Então nos rebelamos e às vezes fazemos tudo ao contrário do que nos sugere
às Tradições e agindo assim, geralmente, terminamos de forma não muito agradável. Se
for o grupo, ele vai deteriorando-se e entra em colapso. Daí começa as fofocas, os
desentendimentos entre os membros, a freqüência vai caindo e o fim. Com o membro
acontece mais ou menos a mesma coisa: ele passa a não concordar com os
companheiros(as), tudo está errado, sempre procurando uma desculpa para não ir à
reunião e começa a se sentir melhor fora do grupo. Com o tempo as coisas vão piorando
e ele chega aquela frase fatal: “Será que está valendo a pena ficar sem beber?”
Possivelmente, neste momento, ele está a um passo do primeiro gole, e geralmente ele
vai beber.
Finalizando, gostaríamos de convidar os Companheiros(as), para analisarmos os pontos
abaixo e fazermos uma reflexão sobre o nosso comportamento enquanto membro de
A.A., individual e como grupo:
Procuramos conhecer o funcionamento e a sua estrutura interna de nosso Grupo?
Qual a responsabilidade do grupo com a manutenção da Irmandade?
Tenho me comportado como um verdadeiro membro de A.A., buscando a minha
recuperação e participando ativamente do meu grupo base?
Tenho preocupado com o crescimento do meu grupo base através dos princípios?
Tenho dado o verdadeiro valor à Irmandade que salvou a minha vida, colocando-me à
disposição do Grupo e/ou dos Órgãos de Serviços para servi-los?
Minha contribuição para com o meu grupo base, estão de acordo com as minhas
condições?
Tenho buscado o conhecimento do que é o grupo e também, da Irmandade
como um todo?
Tenho contribuído para o bem estar do meu grupo base?
Tenho passado os meus conhecimentos e experiências para os recém-chegados?
Bem, acreditamos que as respostas honestas a estas perguntas, poderão nos ajudar a
melhorar nossa postura dentro da Irmandade, e quem sabe mudar o rumo das coisas.
Obrigado,
Julho/2007
Membro de A.A.
" O GRUPO DE A. A. EM AÇÃO "
* INTRODUÇÃO
Através de observações e experiências adquiridas nestas poucas 24 horas vivenciando
nossa Irmandade, venho observando um "mal crônico" que persiste em inquietar o A. A.
no Brasil. Estou referindo-me aos baixos índices de Recuperação em nossos Grupos.
De tempos em tempos atribuiu-se esse problema a diversos motivos. Hoje os motivos
são:
- A falta de literatura para orientar nossos antepassados quando da chegada do A. A. no
Brasil.
- A inexistência de uma Estrutura de Serviços eficiente com Comitês e Comissões
atuantes.
Tais motivos parcialmente solucionados desde 1969 com a fundação do hoje extinto
CLAAB - Centro de Distribuição de Literatura de A. A. para o Brasil e, em 1974 quando
foram convocados os primeiros Delegados de Área e realizado o 1º Conclave de A. A. no
Brasil. Dois anos após com a Eleição dos Custódios em Assembléia realizada em 29 de
fevereiro de 1976 - criou-se a JUNAAB - Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos
Anônimos do Brasil - quando foi estabelecido o ESG - Escritório de Serviços Gerais.
Estes foram realmente os primeiros Organismos de Serviços de A. A. registrados
juridicamente no Brasil, fato ocorrido em 29 de junho de 1976.
O problema permanece irremovível, hoje com os seguintes discursos:
- Que os hábitos adquiridos nos tempos pioneiros, com a inexistência da Literatura, estão
demais arraigados e somente serão diluídos com o tempo.
- Que a Estrutura de Serviços existente, não está sendo eficientemente usada no objetivo
de recuperar os alcoólicos que ainda sofrem.
Se pesquisarmos profundamente com uma análise consciente, fatalmente iremos
constatar que falta uma "Determinação obtida por uma ampla conscientização"
empreendida pelos diversos segmentos de Serviços (Servidores) responsáveis, para uma
tomada de posição no sentido de minimizarmos o problema.
Um posicionamento que objetive ascender os níveis de recuperação da Irmandade no
Brasil, através do desenvolvimento de ações dinâmicas sensibilizadoras da profundidade
dos Princípios Espirituais de nossa Irmandade.
Os doentes alcoólicos buscam A. A. porquê de alguma forma se sentiram atraídos pela
imagem da Irmandade que lhe foi passada por alguma forma de divulgação ou pela
abordagem de um membro, despertando- lhe um fio de esperança para cessar o
sofrimento vivido.
A partir de nossas próprias experiências do primeiro dia, é fácil imaginar o que se passa
pelas mentes doentes ante o desapontamento com a realidade mostrada nos Grupos de
A. A., que na maioria das vezes desmente a concepção que tínhamos a respeito. A
inverdade nunca poderá ser a base de um objetivo que envolve vidas humanas.
Se estabelecermos um confronto entre o que deveria ser uma real Programação de
Recuperação de A. A., e o que é divulgado ou passado pelo abordante e a realidade que
o ingressante irá constatar no Grupo, onde estará assistindo à sua primeira reunião,
iremos detectar de uma forma generalizada as seguintes falhas e distorções:
- Desinformação sobre o que é realmente o Programa de Recuperação de A. A.:
Grande parte de responsabilidade pela má Recuperação, reside na qualidade do
apadrinhamento realizado, quando o recém-chegado, após o primeiro dia, é lançado à
sua própria sorte, sendo-lhe negadas as informações vitais de como proceder de agora
em diante. É voz corrente em nossos Grupos: "Evite o Primeiro Gole... Freqüente as
reuniões na medida do possível... e traga mais um, quando puder..." Esta é a orientação
comum, precursora da inércia e estagnação, que presta o maior desserviço ao doente e à
Irmandade.
- A Rotina e a Repetitividade:
A ignorância e o desconhecimento do que deve ser feito, levam os Grupos de A. A. a
realizarem uma programação pobre e deficiente, onde a rotina e a repetitividade
provocam o desânimo e a desmotivação, com o cansativo desfile pela "Cabeceira de
Mesa" dos mesmos companheiros que contam sempre a mesma "estória".
- Despreparo dos Servidores Responsáveis:
As lideranças de Grupos se afirmam mais pela assiduidade e pela capacidade de falar
mais alto, que pelo grau de conhecimento dos Princípios de A. A. Assim o nível da
programação oferecida é paralela ao preparo do Servidor dirigente. É lamentável o
estrangulamento de Grupos de A. A. por mãos incapazes impulsionadas pela força do
anseio individual.
- Inexistência de Clima Espiritual que Possibilite a Recuperação:
Os Grupos de A. A., com raríssimas exceções, não se preocupam com o estabelecimento
deste clima espiritual, só obtido com a fiel obediência dos Princípios que orientam a
nossa Irmandade. Enquanto houver meia observância deles, haverá sempre meia
Recuperação. Onde estes Princípios não são observados, inexiste a Recuperação. E os
exemplos estão aí mesmo, às centenas.
Diante deste quadro que se nos apresenta:
* O QUE FAZER?:
Para melhor entendimento do que tratamos até agora, vamos desmembrar este Tema em
quatro pontos de suma importância, a saber:
1) O Grupo de A.A. - Como Entidade Espiritual.
2) O Grupo de A.A. - E o Espaço Físico.
3) O Grupo de A.A. - Cumprindo o Seu Propósito.
4) O Grupo de A.A. - E Nossas Falhas
- O Grupo de A.A. - Como Entidade Espiritual:
Para caracterizarmos o Grupo de A.A. como uma Entidade Espiritual, necessário se faz
retornarmos no tempo e buscarmos nas primeiras preocupações com o trato do problema
do alcoolismo as experiências obtidas. Senão vejamos:
A história de A.A. nos leva ao encontro do alcoólatra Holland H. com o eminente
psiquiatra Dr. Carl Gustav Jung, em meados de 1930. Deste encontro tiramos a
conclusão do que foi dito pelo Dr. Jung à Holland: "Que sua recuperação seria impossível
pela ciência". Disse-lhe também que a esperança de tal acontecer, residia na
possibilidade de que ele, Holland H. chegasse a ter algum tipo de experiência espiritual
ou religiosa, que buscasse um ambiente religioso e esperasse o melhor.
Em carta resposta que enviou a Bill W. o Dr. Jung diz: "A única forma correta e legítima
para a dita experiência espiritual ou religiosa, é que ela ocorra realmente com você, e
somente acontece quando estiver transitando pela estrada que conduz a uma
compreensão mais elevada. Pode ser conduzida a esta meta por um ato de pura graça,
por meio de um contato pessoal e honesto com semelhantes, ou ainda através de uma
educação aprimorada da mente, mais além dos confins do mero relacionamento" .
Analisando as palavras do Dr. Jung, sentimos que Holland H. escolheu a segunda opção
face às circunstâncias. E aí tudo começou, Holland H. conversando com Ebb T.; Ebb T.
conversando com Bill W.; Bill W. conversando com Dr. Bob; Bill W. e Dr. Bob
conversando com Bill D., ou seja um alcoólico conversando com outro alcoólico, sem
desejar nada em troca, e nenhuma recompensa a não ser a esperança de continuar
sóbrio.
Ainda com o objetivo de situar o Grupo de A.A. como Entidade Espiritual, lembremos os
Grupos Oxford do clérigo Sam Snoemaker, ou da Igreja do Calvário onde os membros
dos Grupos Oxford mais necessitados eram assistidos e alimentados. Lembremos de
quando Bill W. em companhia de Alec, apesar de Ebby tentar impedi-los, se atiraram de
joelhos diante do púlpito na Igreja do Calvário entregando suas vidas a Deus. E foi destes
Grupos, que Bill W. selecionou os princípios que mais tarde transformaram- se em nossos
Doze Passos. Foi vivenciando os Grupos Oxford que Bill W. pode aprender o que fazer e
o que não fazer em relação aos alcoólicos. Como exemplo eis algumas lições aprendidas:
- Que não deveríamos ser um movimento de temperança, mas um movimento que deve
se limitar a levar o alcoólico à sobriedade, isto é, em vez de se preocupar em salvar o
mundo das diversas chagas sociais, A.A. deve se preocupar apenas em libertar os
alcoólatras dos grilhões do alcoolismo.
- Que outras idéias e atitudes, como os famosos "Conceitos dos Absolutos", é muitas
vezes demais para os bêbados. Que as idéias de Pureza, da Honestidade, do
Desinteresse e do Amor, devem ser alimentadas com colheres de chá homeopaticamente
e não em doses cavalares.
- Que o anonimato é essencial, não só para proteger a Irmandade, mas também como
instrumento para o desenvolvimento da espiritualidade. Que o membro de A.A.
respeitando este princípio do anonimato, poderá agir e trabalhar, sempre com o espírito
de ajuda ao próximo, de compreensão, sabendo que aquela sua ação ou trabalho jamais
será trampolim para alcançar a fama, prestígio ou poder.
- Que A.A. deverá sempre dar a liberdade de falar, pensar e agir livremente, uma vez que
o alcoólatra jamais se submeterá a quaisquer tipo de pressão, a não ser aquela exercida
pelo álcool.
- Que A.A. jamais deverá intrometer-se na vida particular e privada de seus membros e,
portanto, não fornece uma "orientação coletiva" para seu comportamento e aplicação na
sua própria vida.
- Que A.A. apenas pode sugerir os Princípios de Recuperação, deixando sob a
responsabilidade do próprio doente alcoólico a opção de exercitá-los ou não. Mas fica a
advertência que, se seus membros desejam uma vida útil e feliz, não existe outro
caminho, que não seja a submissão a estes Princípios.
Como podemos perceber, estes são princípios espirituais, que foram aproveitados dos
Grupos Oxford e legados a nós membros ativos da Irmandade de A.A. para pô-los em
prática.
" O GRUPO DE A. A. EM AÇÃO " ( FINAL )
- O Grupo de A.A. - E o Espaço Físico:
A imagem física do Grupo de A.A. deve ser perfeitamente sintonizada com a imagem
espiritual. A simplicidade deve revestir o espaço físico ocupado, de forma a permitir que
ali se instale - pelo propósito único de seus membros na prática dos princípios espirituais
da Irmandade - o ambiente espiritual a que se referiu o Dr. Jung, propiciador da
recuperação através de um "Despertar Espiritual".
Em síntese, o espaço físico, só será condizente com o que se propõe um Grupo de A.A.,
quando o seu visual no plano material, mantido pela relação espírito/matéria, estiver
perfeitamente sintonizado com os Princípios da Irmandade: Recuperação, Unidade e
Serviços.
O relacionamento matéria/espírito iniciou-se segundo Bill W., quando Ebb T. gastou de
seu dinheiro para telefonar e pagar a passagem do metrô para ir ao seu encontro e
transmitir a mensagem.
- Responsabilidade de Prover Espaço Físico:
Já sabedores de que nosso espaço físico é simples na sua aparência (física), podemos
respirar aliviados e certificarmo-nos de nossa condição de participação.
Nossa Sétima Tradição nos diz: "Todos os Grupos de A.A. deverão ser absolutamente
auto-suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora". Desde nossa primeira
participação numa sala de A.A. constatamos este fato, (através de uma sacola),
evidentemente sentiremos ainda que seja tênue, a responsabilidade de também
contribuirmos com a sacola. Este é o único lugar em A.A. onde o material funde-se com o
espiritual. Por esta razão, devemos ter sempre em mente que: "O metal só brilha se
houver luz". Pode-se entender que o dinheiro (metal), só atingirá seu objetivo se for
iluminado pela intenção da luz (espiritual) .
Diante do exposto concluímos que: a responsabilidade de prover o espaço físico do
Grupo de A.A., cabe aos membros que compõem a Irmandade, a partir do seu auto-
ingresso na mesma.
- Diferença entre Grupo de A.A. e Reunião de A.A.:
Talvez não seja bem aplicada a expressão "diferença", desde que acreditamos que o
Grupo de A.A. depende das Reuniões, e as Reuniões de A.A.dependem dos Grupos de
A.A. Assim entendemos que: os Grupos de A.A. continuam a existir além dos horários
das Reuniões, ajudando quando solicitado, com o 12º Passo, trabalhando em instituições
e atividades de I.P. (Informação ao Público), integrado em Comissões de Colaboração
com a Comunidade Profissional (CCCP) e Comissões Institucionais (C.I.), por intermédio
do Organismo de Serviços Locais.
Assim a Consciência Coletiva de A.A. a nível mundial, parece concordar em seis pontos
que definem um Grupo de A.A.:
1) Todos os membros de um Grupo de A.A. são alcoólicos, e todos os alcoólicos são
qualificados para serem membros.
2) Como Grupo ele é totalmente auto-suficiente.
3) O propósito primordial de um Grupo é o de ajudar alcoólicos a se recuperarem através
dos Doze Passos.
4) Como Grupo ele não emite opinião sobre quaisquer assuntos alheios à Irmandade.
5) Como Grupo sua norma de procedimento para com o público, se baseia na atração ao
invés da promoção, e seus membros mantêm o anonimato em nível da imprensa, rádio,
televisão e cinema.
6) Como Grupo ele não possui nenhuma outra filiação.
A realização de Reuniões programadas regularmente é a principal atividade de qualquer
Grupo de A.A. Algum grau de organização é necessário para conservar a funcionalidade
e a eficácia de tais reuniões. Nossa Quarta Tradição diz que: "Cada Grupo deve ser
autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros Grupos ou ao A.A. em seu
conjunto". Previsivelmente, portanto, as reuniões realizadas por nossos milhares de
Grupos têm cada uma suas próprias características.
- O Grupo de A.A. - Cumprindo o seu Propósito:
Conforme está explícito em nossa Quinta Tradição, o único objetivo primordial de um
Grupo de A.A. é o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
Nesta máxima duas perguntas se nos apresenta: A primeira é - Qual a mensagem deverá
que deverá ser transmitida? A segunda é - Quem é o alcoólatra que ainda sofre?
Claro está que a resposta á primeira pergunta é: A Mensagem a ser transmitida é a
Mensagem de A.A.; é a mensagem de esperança de futuro promissor; é a mensagem que
irá mostrar ao doente alcoólico, a luz no fim do túnel em que ele entrou quando da sua
militância alcoólica. É a mensagem legada a nós membros de A.A., através dos Doze
Passos, aliás, nesta máxima ainda podemos notar que muito sabiamente está registrado
"Transmitir a Mensagem" e não "Levar a Mensagem". Será que já sabemos fazer a
diferença entre a transmitir a mensagem e levar a mensagem?. Pesquisando no
Dicionário, verificamos que: TRANSMITIR é "fazer passar de um possuidor ou detentor
para outro" e LEVAR é fazer passar de um lugar para outro. Transportar" . Donde
verificamos que - para se transmitir uma mensagem, principalmente de otimismo e
esperança, é necessário antes de mais nada, ter tido uma experiência anterior ou vivido
algo semelhante e com relativo ou mesmo grande sucesso.
Para a pergunta número dois, poderemos deduzir que o alcoólatra que ainda sofre, pode
estar dentro do Grupo, assistindo mas não participando da reunião. Em conseqüência
desta observação, formulamos uma terceira pergunta. Será que os Grupos de A.A. estão
preparados para cumprirem seu propósito primordial de transmitir a mensagem de A.A.
ao alcoólatra que ainda sofre? Particularmente não sei responder e acredito que não
saberemos respondê-la, mas o que nós sabemos e procuramos despertar em nossos
irmãos em A.A. é que, para atingir este propósito primordial, tão decantado e enfatizado
na Quinta Tradição, torna-se absolutamente necessário, que algumas condições e
circunstâncias sejam satisfeitas. E Alcoólicos Anônimos, na sua sabedoria, já nos oferece
de mão beijada estas condições, basta apenas que nós, integrantes de um Grupo de
A.A., as satisfaçamos. E a condição básica e essencial é que reine no Grupo de A.A., um
ambiente de paz, de harmonia, de fraternidade, de confiança mútua e a somatória das
qualidades que poderemos denominar de BEM-ESTAR COMUM.
Se um Grupo de A.A. dedicar todo o seu entusiasmo em criar tal ambiente, - o do BEM-
ESTAR COMUM - meio caminho foi andado e vencido, para favorecer ao doente que
ainda sofre. E o grande instrumento para se encontrar ou criar este ambiente, é a chave
da Boa Vontade. Boa Vontade para aceitar que todas as decisões a serem tomados pelo
Grupo de A.A., sejam tomadas através da Consciência Coletiva e não "na opinião do
Grupo de A.A.... " Também é necessário que o Grupo de A.A., esteja sempre com as
portas abertas para receber o possível doente alcoólico que foi procurá-lo. E, em sendo
procurado, evitar a todo e qualquer custo ou sacrifício, criar-lhe quaisquer tipo de
obstáculo ou entrave, e até pelo contrário, deverá proporcionar- lhe as melhores
condições de facilidade, oferecendo-lhe companheirismo, confiança e camaradagem, . É
necessário também que, no Grupo de A.A. que deseje cumprir o seu propósito primordial,
seus membros saibam respeitar não só os seus próprios limites e o de outros Grupos,
mas também e principalmente os limites dos outros segmentos da sociedade. É
necessário também para um Grupo de A.A. que deseje cumprir o seu propósito
primordial, que se abstenha de coligar-se com qualquer outro Grupo de Ajuda Mútua ou
movimento similar, evitando assim sancionar, financiar ou emprestar o nome de A.A. Com
estes procedimentos, muitos problemas poderão ser evitados e, dentre estes podemos
citar, o problema da busca da fama, prestígio e poder, o que certamente os afastariam do
seu propósito primordial - o de Transmitir a Mensagem ao Alcoólatra que ainda sofre.
- O Grupo de A.A. - E NOSSAS FALHAS:
A Tradição Cinco e o Passo Doze, que trazem em seu bojo a essência da nossa
Irmandade, não sendo compreendidos e aplicados, tornam-se um empecilho à
recuperação daqueles que já pertencem à Irmandade e àqueles que estão para chegar. A
coragem para mudar aquelas coisas que posso, se aplica perfeitamente dentro de nossas
falhas.
A justificativa de que deu certo para alguns, tem que ser descartada, porque o Programa
de Recuperação sugerido por Alcoólicos Anônimos, é para todos e não para alguns.
Como a primeira tradução para o português do Livro Azul, livro básico de A.A. somente
ocorreu nos idos de 1973 (?), podemos com absoluta certeza afirmar que de 1947 a 1973
(?), toda mensagem recebida e transmitida, baseava-se no folheto que o publicitário
americano Herbert L. Daugherty entregou ao economista inglês Harold W. para traduzi-lo
- "Folheto (Livro) Branco", não tivemos a oportunidade de iniciarmos o A.A. no Brasil, com
o livro básico de Alcoólicos Anônimos. Sabemos das dificuldades encontradas pelos
nossos pioneiros, dificuldades estas vencidas através de suas boa vontade quase sempre
alicerçadas no EU ACHO. Mas hoje os tempos são outros, e já contamos com um
elevado número de títulos da Literatura de A.A., traduzidos e distribuídos pela JUNAAB.
Pergunta-se então: Porque continuamos persistindo em transmitirmos a mensagem de
A.A., contrariando nossos escritos? Talvez esta seja a nossa principal falha.
Temos consciência que estamos errados e não temos coragem para mudar. Podemos
observar que mesmo nossos Órgãos de Serviços cooperam para que a mensagem de
A.A. seja distorcida. Numa rápida análise, uma verdadeira avalanche de coisas materiais,
são oferecidas como integrantes do Programa de Recuperação, visando apenas o lucro
material, contrariando frontalmente o enunciado na Tradição Cinco. No apêndice do
LIVRO AZUL - cada grupo de A.A. deve ser uma entidade espiritual.. .
Que entidade espiritual é esta que oferece objetos materiais? A Mensagem de A.A. é uma
proposta de crescimento espiritual, uma nova maneira de viver, através dos Doze Passos
- princípios espirituais - que se aplicados em nossas vidas, podem expulsar a obsessão
pela bebida alcoólica.
Existe uma idéia generalizada, que o Brasil é um país com grande número de
analfabetos. Devemos lembra que o analfabeto não é surdo. O analfabeto ouvindo é tão
capaz de transmitir a mensagem ouvida, como um erudito...
Nossos Doze Conceitos para Serviços Mundiais, lembram-nos que não existe A.A. de
segunda classe. Todos nós membros de um Grupo de A.A., temos que ouvir a mesma
mensagem. Se um Grupo de A.A. não ouve e não transmite a verdadeira mensagem de
A.A., como pode ser um Grupo de A.A. em Ação? Um Grupo de A.A. em Ação, subtende-
se que é um Grupo de pessoas imbuídas de um mesmo ideal, mesma confiança mútua,
mesmo propósito, etc...
Para que isto aconteça, acreditamos que a liderança do Grupo de A.A., tem que acreditar
nas mudanças necessárias e pagar o preço que estas mudanças acarretam. Devemos
lembrar que estamos lidando com vidas humanas.
Em casos de vidas humanas, não existe meia recuperação. O Programa de A.A. é para
recuperação integral do doente alcoólico que queira se recuperar e o Grupo de A.A. deve
estar à disposição de qualquer um queira fazer parte deste Grupo de A.A., sem lhe ser
apresentado nenhum obstáculo à sua chegada. Nossa falha é a de não abrirmos a caixa
de ferramentas espirituais e colocá-la à disposição de quem os procura e também
explicar-lhes como estas ferramentas têm nos ajudado. Nossa falha está em
continuarmos desrespeitando nossas Tradições, da Primeira à Décima Segunda, que é a
única maneira de nos mantermos unidos. A Tradição Nove é rica em ensinamentos
quando diz: "a mesma sentença se aplica aos Grupos..."
Teríamos uma grande relação de nossas falhas, mas acredito que o plenário, também
pode e deve acrescentar algumas falhas observadas no seu Grupo de A.A., no seu
Escritório de Serviços, no seu Distrito, na sua Área... que as apresente, enriquecendo
nosso trabalho.
Uma indagação: FALTA DE CORAGEM PARA MUDAR AQUILO QUE PODE SER
MUDADO?
Isaias
BIBLIOGRAFIA:
- A.A. Atinge a Maioridade
- Alcoólicos Anônimos
- Doze Passos e Doze Tradições
- Doze Conceitos para Serviços Mundiais
- O Grupo de A.A.
O GRUPO DE A.A. ... Onde tudo começa
Alcoólicos ANÔNIMOS® é uma irmandade de homens e mulheres que compartilham
suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar
outros a se recuperarem do alcoolismo.
. O único requisito para ser membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro de
A.A. não há necessidade de pagar taxas ou mensalidades; somos auto-suficientes,
graças às nossas próprias contribuições.
. A.A. não está ligada a nenhuma seita ou religião, nenhum partido político, nenhuma
organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia nem
combate quaisquer causas.
. Nosso propósito primordial é
Direitos autorais © de The A.A. Grapevine, lnc.;
reimpresso com permissão
Publicado pela
JUNAAB - Junta de Serviços Gerais
de Alcoólicos Anônimos do Brasil.
Caixa Postal 3180
CEP 01060-970 São Paulo/SP
http://www.alcoolicosanonimos.org.br
Revisado em maio de 2002
Com autorização de
Alcoholics Anonymous World Services, Inc.
475 Riverside Drive
York, NY 10115
2.000 – 11/02 Impresso no Brasil
O grupo de A.A.
Índice
A única finalidade de A.A.............................................................................
A importância do anonimato.........................................................................
Introdução......................................................................................................
Como utilizar este livreto...............................................................................
O grupo... Onde começa a
estrutura de serviços de A.A.
O que é um grupo de A.A...............................................................................
Como tomar-se membro
de um grupo de A.A.?.....................................................................................
A diferença entre as reuniões
abertas e as reuniões fechadas.........................................................................
Que tipos de reunião são
realizadas pelos grupos de A.A.?.....................................................................
Ciclos...............................................................................................................
O grupo base....................................................................................................
Procedimentos sugeridos para as reuniões.......................................................
Auto-suficiência: A Sétima Tradição...............................................................
Café, chá e companheirismo.............................................................................
Como funciona um grupo de A.A.
Como começar um novo grupo de A.A............................................................
A escolha de um nome para o grupo de A.A....................................................
O que fazem os membros do grupo de A.A......................................................
De quais servidores de confiança necessitamos?..............................................
Estrutura de Serviços Internos do grupo de A.A...............................................
Coordenador......................................................................................................
Secretário...........................................................................................................
Tesoureiro..........................................................................................................
Representante de Serviços Gerais (RSG)..........................................................
Coordenador do CTO........................................................................................
Representante da Vivência (RV).......................................................................
Como abordar e
ajudar os recém-chegados?................................................................................
Princípios acima das personalidades
O princípio da rotatividade................................................................................
O que é uma consciência de grupo esclarecida?...............................................
Inventário do grupo...........................................................................................
Reuniões de Serviço..........................................................................................
Sobre os problemas do grupo............................................................................
Como o grupo se relaciona com A.A. como um todo
Como o grupo de A.A. se enquadra na
estrutura da Irmandade.......................................................................................
O que é o ESG – Escritório de
Serviços Gerais?.................................................................................................
O que faz o Escritório de Serviços Gerais?........................................................
Quem está encarregado do ESG?.......................................................................
Como são tomadas as "decisões
que afetam A.A.?"..............................................................................................
Como são financiados nossos
serviços nacionais?.............................................................................................
Como os grupos podem ajudar o ESG?..............................................................
O que é um Escritório de
Serviços Locais (ESL)? Como funciona?...........................................................
O que faz um Escritório
de Serviços Locais?.............................................................................................
O que A.A. não faz
A posição de A.A. no campo do alcoolismo
"Cooperação sem afiliação"................................................................................
A.A. e outras entidades.......................................................................................
Outras perguntas sobre A.A..............................................................................
Os Doze Passos de Alcoólicos Anônimos.........................................................
As Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos....................................................
As Doze Tradições – Forma longa...................................................................
Os Doze Conceitos para os
Serviços Mundiais – Texto Integral.................................................................
A única finalidade de A.A.
Quinta Tradição: Cada grupo é animado de um único propósito primordial - o de transmitir
sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
"Há quem profetize que A.A. poderia muito bem se tornar uma nova ponta de lança para
um despertar espiritual em todo o mundo. Ao dizerem isso, nossos amigos são tão
generosos quanto sinceros. Mas nós, de A.A., devemos considerar que essa homenagem
e essa profecia podem se converter num gole embriagante, se realmente acreditarmos
que este é o propósito de A.A., e se começarmos a nos comportar de acordo.
"Nossa Sociedade irá portanto ater-se prudentemente à sua única finalidade: transmitir a
mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Vamos resistir à presunçosa suposição de que,
só porque Deus nos possibilitou sairmo-nos bem em uma única área de atuação,
estaríamos destinados a ser um canal dispensador da graça salvadora para todo o
mundo."
Bill W., co-fundador de A.A., 1955
A importância do anonimato
Décima Segunda Tradição: O anonimato é o alicerce espiritual das nossas tradições,
lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das
personalidades.
Qual a finalidade do anonimato em A.A.? Por que será que o anonimato é
freqüentemente citado como sendo a mais importante proteção que a Irmandade tem
para garantir sua existência e seu crescimento contínuos?
Na imprensa, radio, televisão e filmes, o anonimato enfatiza a igualdade de todos os
membros de A.A. Ele refreia nossos egos facilmente infláveis; nossas descabidas
convicções de que o violar o anonimato poderia ajudar alguém; e nossos desejos de
reconhecimento pessoal ou controle. Acima de tudo, a Tradição do Anonimato recorda-
nos que o que importa é a mensagem de A.A., não o mensageiro.
Em nível pessoal, o anonimato garante a privacidade de todos os membros. Essa é uma
proteção freqüentemente muito importante para os recém-chegados, que poderiam
hesitar em buscar ajuda em A.A. se tivessem qualquer motivo para acreditar que seu
alcoolismo poderia ser publicamente revelado.
Na teoria, o principio do anonimato parece claro, mas nem sempre é fácil colocá-lo em
prática. Seguem-se algumas diretrizes gerais selecionadas a partir da experiência dos
grupos de A.A., e que podem ser úteis.
Mantendo o anonimato em público
Quando participamos como membros de A.A. em programas de rádio, televisão ou em
filmes e vídeos, evitamos mostrar nossos rostos ou revelar nossos sobrenomes. Na
imprensa escrita identificamo-nos apenas por nosso primeiro nome e a inicial do
sobrenome.
Usamos nossos prenomes e a inicial do sobrenome apenas quando falamos como
membros de A.A. em reuniões que não sejam de A.A. (Leia o folheto "Falando em
Reuniões de Não-A.A.")
Não escrevemos "A.A." nos envelopes que enviamos pelo correio, nem mesmo na
correspondência enviada aos órgãos de A.A. Nos materiais feitos para serem afixados
quadros de avisos de A.A. ou impressos em programas de A.A. acessíveis ao público em
geral, omitimos os sobrenomes e os títulos que possam identificar qualquer membro.
Entendendo o anonimato no grupo de A.A.
Podemos usar nossos sobrenomes dentro dos nossos grupos. Ao mesmo tempo,
respeitamos o direito de cada companheiro de manter seu próprio anonimato da forma
que desejar e tão rigorosamente quanto quiser. Alguns grupos mantêm listas de nomes e
números de telefones fornecidos voluntariamente por seus membros e podem distribuí-los
– mas apenas a membros do grupo.
Não reproduzimos nenhum depoimento pessoal feito nas reuniões de A.A. por qualquer
companheiro. A palavra "anônimos" que consta no nome de nossa irmandade é uma
promessa de privacidade. Além disso, a única história de recuperação que realmente
podemos compartilhar é a nossa própria historia.
Em nossas relações pessoais com não-alcoólicos – e com pessoas que pensam que
podem ter um problema com o álcool – podemos nos sentir à vontade para dizer que
somos alcoólicos em recuperação (sem revelar nomes de outros membros de A.A.),
embora se recomende discrição. Nesses casos, nossa franqueza pode ajudar a transmitir
a mensagem.
Abstemo-nos de gravar em vídeo qualquer palestra ou reunião especial de A.A. que
possa ser exibida em público. Alem disso, seguindo a recomendação da Conferencia de
Serviços Gerais de 1980, é aconselhável que palestras de companheiros de A.A. na
condição de membros, sejam realizadas ao vivo, evitando a tentação de, ao usar
videoteipe, colocar personalidades acima dos princípios e assim encorajar o estrelismo
dentro de A.A.
Para maiores informações sobre esta importante Tradição, consulte o folheto
"Entendendo o Anonimato".
Introdução
Como afirma o Conceito I:
A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de A.A.
deveriam sempre recair na consciência coletiva de toda a nossa Irmandade.
O grupo de A.A. – a palavra final da Irmandade
Dizem que Alcoólicos Anônimos é uma organização virada de ponta-cabeça porque a
"responsabilidade final e a autoridade suprema pelos Serviços Mundiais recaem sobre os
grupos – e não sobre os custódios, a Junta de Serviços Gerais ou o Escritório de Serviços
Gerais em Nova Iorque". ("Doze Conceitos Ilustrados para os Serviços Mundiais").
Toda a estrutura de A.A. depende da participação e da consciência de cada grupo, e o
modo como cada um desses grupos conduz seus assuntos afeta A.A. no mundo inteiro.
Por isso, pessoalmente, estamos sempre conscientes da responsabilidade por nossa
própria sobriedade e, como grupo, conscientes da necessidade de transmitir a mensagem
de A.A. ao alcoólico que ainda sofre e que nos procura pedindo ajuda.
A.A. não tem nenhuma autoridade central. Dispõe apenas de uma organização mínima e
algumas Tradições, ao invés de regulamentos. Como observou nosso co-fundador Bill W.
em 1960, "respeitamos voluntariamente as Doze Tradições porque precisamos e porque
queremos fazê-lo. Talvez o segredo de sua força resida no fato de essas mensagens
inspiradoras brotarem de experiências de vida e estarem enraizadas no amor".
A.A. é formada pela voz coletiva de seus grupos locais e de seus representantes na
Conferencia de Serviços Gerais, os quais trabalham visando a unanimidade nas questões
vitais para a Irmandade. Cada grupo funciona de modo independente, exceto em
questões que afetem outros grupos ou A.A. como um todo.
O trabalho essencial dos grupos de A.A. é feito por alcoólicos que estão, eles próprios,
recuperando-se através da Irmandade, e cada um está habilitado a realizar sua tarefa em
A.A. da forma que julgar melhor, dentro do espírito das Tradições. Isso significa que
funcionamos como uma democracia, sendo todos os planos de ação do grupo aprovados
pela voz da maioria. Nenhum indivíduo isolado é nomeado para agir pelo grupo ou por
A.A. como um todo.
Cada grupo é tão singular quanto uma impressão digital, e os modos de transmitir a
mensagem de sobriedade variam não apenas de grupo para grupo, mas também de
região para região. Agindo com autonomia, cada grupo traça seu próprio rumo. Quanto
melhor informados estiverem seus membros e quanto mais forte e mais coeso estiver o
grupo, maior será a garantia de que, quando alguém nos procurar em busca de ajuda, a
mão de A.A. esteja estendida.
A maioria de nós só consegue se recuperar se houver um grupo. Como disse Bill, "aflora
em cada membro a percepção de que ele é apenas uma pequena parte de um grande
todo... Ele aprende que o clamor de seus desejos e ambições deve ser silenciado sempre
que possa prejudicar o grupo. Fica evidente que o grupo precisa sobreviver para que o
indivíduo viva".
Como usar este folheto
Este livreto foi desenvolvido como um instrumento de informação e como um guia de
sugestões para grupos de A.A. – e não para ditar a ninguém o que deve ser feito. Ele
serve como um complemento ao Manual de Serviços de A.A. e outros títulos de nossa
literatura (veja a contracapa) que abordam em maior profundidade questões especificas
dos grupos.
Desenvolvido para facilitar consultas rápidas, o livreto aborda quatro áreas principais: (1)
o que é um grupo de A.A.; (2) como funcionam os grupos; (3) a relação entre os grupos e
a comunidade; (4) como cada grupo se enquadra na estrutura de A.A. como um todo.
O índice descreve, do modo mais completo possível, todos os assuntos relacionados ao
grupo abordados neste livreto. Caso você tenha quaisquer outras duvidas, por favor entre
em contato com o ESG – Escritório de Serviços Gerais de A.A. – que estará pronto para
ajudá-lo em tudo o que for possível.
O grupo... Onde começa
a estrutura de serviços de A.A.
O que é um grupo de A.A.
Como afirma claramente o texto integral da Terceira Tradição, "Nossa Irmandade deve
incluir todos os que sofrem do alcoolismo. Não podemos portanto recusar quem quer que
deseje se recuperar. A condição para tornar-se membro não deve nunca depender de
dinheiro ou formalidade. Dois ou três alcoólicos quaisquer reunidos em busca de
sobriedade podem se autodenominar um grupo de A.A., desde que, como grupo, não
possuam outra afiliação."
Alguns AAs reúnem-se como grupos de A.A. especializados – grupos masculinos, grupos
para mulheres, grupos para jovens, grupos para médicos, grupos para homossexuais, e
outros. Se seus participantes forem todos alcoólicos, e se abrirem suas portas para todos
os alcoólicos que quiserem ajuda, independente de profissão, sexo ou outras distinções,
e se atenderem todos os demais aspectos que definem um grupo de A.A., eles poderão
denominar-se um grupo de A.A.
Os grupos de A.A. são referendados pelos Comitês de Área, após um ano de
funcionamento experimental, recebendo apoio dos Escritórios de Serviços Locais (ESL).
Como tornar-se membro de um grupo de A.A.?
"Para ser membro de A.A. o único requisito é o desejo de parar de beber" (Terceira
Tradição). A filiação a um grupo não exige portanto nenhuma formalidade. Assim como
nos tornamos membros de A.A. bastando afirmar que o somos, do mesmo modo somos
membros de um grupo ao afirmarmos isso e continuarmos a participar das reuniões.
A diferença entre as reuniões abertas e as reuniões fechadas
A finalidade de toda reunião de um grupo de A.A. como afirma nosso Preâmbulo, é
permitir aos membros de A.A. que "compartilhem suas experiências, forças e esperanças
a fim de resolver seu problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo".
Com essa finalidade os grupos realizam reuniões abertas e reuniões fechadas.
As reuniões fechadas destinam-se exclusivamente a membros de A.A. e a pessoas que
têm um problema com a bebida e "têm um desejo de parar de beber".
As reuniões abertas são franqueadas a qualquer pessoa interessada no programa de
recuperação do alcoolismo de Alcoólicos Anônimos.
Nos dois tipos de reunião o coordenador pode solicitar que os participantes limitem seus
depoimentos a questões pertinentes à recuperação do alcoolismo.
Sejam abertas ou fechadas, as reuniões dos grupos de A.A. são coordenadas por
membros de A.A., que determinam o formato de suas reuniões.
Que tipo de reuniões são realizadas pelos grupos de A.A.?
Nossa Quarta Tradição diz que "cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que
digam respeito a outros grupos ou a A.A. em seu conjunto". Previsivelmente, portanto, as
reuniões realizadas por nossos milhares de grupos têm cada uma suas próprias
características.
Os tipos mais comuns de reuniões de A.A. são:
1. Debates. Seja a reunião aberta ou fechada, um membro de A.A. que atua como "líder"
ou "coordenador" abre a reunião da forma habitual e seleciona um assunto para
discussão.
Geralmente esses assuntos derivam do nosso Livro Azul, ou dos livros Os Doze Passos e
as Doze Tradições, Na Opinião do Bill ou ainda da revista Vivência. Algumas sugestões
especificas de assuntos são: aceitação versus submissão; a liberdade através da
sobriedade; princípios versus personalidades; medo (ou temores indefiníveis); rendição;
gratidão; raiva; boa vontade; honestidade; atitude; ressentimentos; reparações; humildade
e tolerância.
2. Públicas. Um ou mais membros selecionados antecipadamente "compartilham suas
experiências" conforme descrito no Livro Azul, contando como estavam, o que aconteceu
e como estão agora.
Dependendo das diretrizes gerais da consciência do grupo, alguns grupos preferem que
os oradores tenham um tempo mínimo de sobriedade contínua. Pode-se também
programar profissionais amigos de A.A.
3. Novos. Normalmente coordenadas por algum membro do grupo que já esteja sóbrio há
algum tempo, essas reuniões incluem freqüentemente sessões de perguntas-e-respostas
para ajudar os recém-chegados. Sobre essas reuniões veja o folheto Sugestões para
Coordenar Reuniões de Novos.
4. Literatura. Uma vez que os Doze Passos são a base de nossa recuperação pessoal em
A.A., muitos grupos dedicam uma ou mais reuniões por semana ao estudo alternado de
cada Passo. (Alguns grupos abordam dois ou três Passos por reunião.) Esse mesmo
formato pode ser aplicado às reuniões sobre o Livro Azul ou dos Doze Passos e Doze
Tradições. Muitos grupos têm o habito de ler em voz alta trechos pertinentes do Livro Azul
ou dos Doze Passos e Doze Tradições no início das reuniões.
5. Temáticas. Membros de A.A. do grupo base ou de outro grupo são convidados a
proferir palestra sobre um tema escolhido. Normalmente a palestra tem duração de uma
hora e a seguir acontece uma sessão de perguntas e respostas.
6. Mini-temáticas. O grupo distribui pequenos cartões com motivos extraídos da literatura
de A.A. como sugestão para os depoimentos da primeira hora de reunião. Na segunda
hora um membro do grupo familiarizado com o tema profere uma palestra de no máximo
trinta minutos, seguida de uma sessão de perguntas e respostas de mais trinta minutos.
Além das reuniões descritas acima, os grupos também realizam os seguintes tipos de
reuniões:
Serviços. Alguns grupos programam reuniões especiais ao longo do ano, independentes
das reuniões normais, para que os servidores discutam sobre os assuntos do grupo com
seus membros e deles obtenham a orientação do grupo. Normalmente os servidores do
grupo são eleitos nessas reuniões. Consulte o capitulo sobre Reuniões de Serviço na
pagina 37.
Inventario do grupo. São reuniões em que os participantes do grupo procuram verificar
como o grupo está atendendo ao seu propósito primordial. Consulte o capitulo sobre o
Inventario do grupo na pagina 36.
Vivência. Nessas reuniões discute-se sobre assuntos de A.A. abordados na revista
Vivência.
Ciclos
Como fruto da experiência do A.A. brasileiro, realizam-se atualmente os chamados Ciclos
de estudos da literatura de A.A., principalmente sobre os Doze Passos, as Doze
Tradições, os Doze Conceitos para Serviços Mundiais e o livro Alcoólicos Anônimos (livro
Azul).
Trata-se de eventos com duração de um, dois ou três dias. Normalmente são
estruturados em grupos de trabalho que se reúnem após uma palestra geral sobre o
assunto enfocado. São praticados principalmente pelos Distritos de A.A., mas podem
também ser realizados por Escritórios Locais ou por grupos de A.A.
O grupo base
Tradicionalmente, a maioria dos membros de A.A. constatou, ao longo dos anos, que é
importante pertencer a um grupo que possam chamar de seu "grupo base". Este é o
grupo onde o membro assume responsabilidades e tenta manter relações de amizade.
Embora todo membro de A.A. seja habitualmente bem-vindo em qualquer grupo e sinta-
se em casa em qualquer reunião, o conceito de "grupo base" continua sendo o vínculo
mais forte entre o membro de A.A. e a Irmandade.
Pertencer a um grupo dá ao membro o direito de votar em questões que possam afetar o
grupo e possam também afetar A.A. como um todo – num processo que forma a
verdadeira pedra angular da estrutura de serviços de A.A. Tal como ocorre com todos os
assuntos decididos pela consciência de grupo, cada membro de A.A. tem direito a um
voto, e este voto idealmente deveria ser expresso em seu grupo base.
Ao longo dos anos, a própria essência da força de A.A. tem permanecido nos grupos
base, os quais, para muitos membros, tornam-se uma extensão de sua família. Outrora
isolados por seu modo de beber, os membros encontram no seu grupo base um sistema
sólido de apoio contínuo, de amizade e, muito freqüentemente, de apadrinhamento.
Também aprendem por experiência própria, através dos trabalhos do grupo, como
"colocar princípios acima de personalidades" objetivando transmitir a mensagem de A.A.
Falando a respeito de seu próprio grupo, um membro declara: "Parte do meu
compromisso é freqüentar as reuniões de meu grupo, receber os recém-chegados à
porta, e estar à sua disposição – não somente por eles, mas por mim. Meus
companheiros de grupo são as pessoas que me conhecem, que me ouvem e que me
orientam quando eu me desvio. Eles me proporcionam sua experiência, sua força e o
amor de A.A., capacitando-me a "levar adiante a mensagem ao alcoólico que ainda
sofre".
Procedimentos sugeridos para as reuniões
Não há um tipo ou formato de reunião que seja "o melhor", mas alguns formatos
funcionam melhor que outros.
Normalmente o coordenador abre a reunião com a leitura do Preâmbulo e algumas
observações. Em alguns grupos observa-se um minuto de silencio e/ou recita-se a
Oração da Serenidade. Em outros lê-se algum trecho do livro Alcoólicos Anônimos –
normalmente uma parte do Capitulo 5 ("Como funciona") ou do Capítulo 3 ("Mais sobre o
alcoolismo"). Em muitas reuniões promove-se a leitura em voz alta de um capítulo, ou
parte de um capítulo, de Os Doze Passos e as Doze Tradições. Convidar diferentes
membros ou visitantes para que façam a leitura ajuda especialmente os recém-chegados
a sentirem-se participando da vida do grupo.
O coordenador pode enfatizar a importância de preservar o anonimato dos membros de
A.A. fora da reunião e recomendar aos participantes que "deixem aqui o que aqui
ouviram". (Sobre esse assunto, consulte o folheto Entendendo o Anonimato)
Muitas reuniões são encerradas com o Pai-Nosso ou com a Oração da Serenidade.
Auto-suficiência: A Sétima Tradição
Não existem taxas ou mensalidades para pertencer a A.A., mas temos nossos gastos.
Respeitando nossa Sétima Tradição, os grupos podem "passar a sacola" para cobrir
despesas de aluguel da sala, água e café aos presentes, literatura de A.A., folhetos,
relações de grupos e contribuições para os serviços prestados pelo ESL, comitês de
Distrito ou de Área e pelo ESG. Os membros de A.A. são livres para contribuir com a
quantia que desejarem, ate um máximo equivalente a US$2.000,00 (dois mil dólares) por
ano.
Café, chá e companheirismo
Muitos membros de A.A. contam que fizeram muitos amigos nas conversas ao redor do
café durante os intervalos, ou antes e depois das reuniões.
Na maioria dos grupos são os próprios membros que preparam cada reunião, fazem o
café e limpam a sala. Você ouvirá com freqüência membros de A.A. afirmarem que
começaram a se sentir "realmente participantes" quando começaram a fazer o café e a
arrumar as cadeiras, fazendo "terapia ocupacional". Alguns recém-chegados acreditam
que essas atividades amenizam sua timidez e facilitam o contato com os outros membros
do grupo.
Como funciona um grupo de A.A.
Quarta Tradição: Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito
a outros grupos ou a A.A. em seu conjunto.
Como começar um novo grupo de A.A.
Pode ser que você esteja pensando em começar um novo grupo. As razões para isso
podem variar, mas o modo de fazê-lo é basicamente o mesmo.
O importante para formar um grupo de A.A. é haver dois ou três alcoólicos que o queiram;
alem da cooperação de outros membros de A.A., um ligar para as reuniões, uma garrafa
de café, literatura de A.A., listas de endereços de grupos e alguns suprimentos simples.
Uma vez que o grupo esteja pronto pra funcionar, é importante divulgar sua existência
para os grupos mais próximos, para o Escritório de Serviços Local, os comitês de Distrito
e de Área e o Escritório de Serviços Gerais. Essas fontes, podem proporcionar grande
apoio.
A escolha de um nome para o grupo de A.A.
Por mais meritória que possa ser qualquer atividade ou instituição, a experiência nos
ensinou que os grupos de A.A. devem evitar cuidadosamente toda forma de filiação ou
endosso de qualquer empreendimento fora de A.A.
Sexta Tradição: Nenhum grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o
nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a
fim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem do nosso
objetivo primordial.
É necessário evitar qualquer aparência de vínculo de A.A. com qualquer organização,
associação ou instituição política ou religiosa.
Por conseqüência, um grupo de A.A. que se reúna numa instituição correcional ou de
tratamento, ou numa igreja, deverá ter o cuidado de não usar o nome dessa instituição,
escolhendo algum nome totalmente diferente para o grupo. Com isso busca-se deixar
claro que o grupo de A.A. não está vinculado ao hospital, igreja, prisão, centro de
tratamento, etc., mas simplesmente aluga espaço para suas reuniões.
Nossa consciência de grupo recomenda que reuniões de propósitos especiais não
constem das listas de reuniões de A.A.
O propósito primordial de qualquer grupo de A.A. é transmitir a mensagem aos alcoólicos.
A experiência com o álcool é algo que todos os membros de A.A. têm em comum. É
ilusório sugerir ou dar a impressão que A.A. resolve outros problemas ou que sabe como
proceder com respeito à dependência de drogas.
A Conferência também recomenda que nenhum grupo de A.A. seja batizado com o nome
de qualquer pessoa, viva ou morta, AA ou não-AA. Essa é uma das maneiras pelas quais
podemos "colocar os princípios acima das personalidades".
O que fazem os membros do grupo de A.A.
"Eu sou responsável... quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo
ajuda, quero que a mão de A.A. esteja sempre ali. E por isto eu sou responsável". Em
outras palavras, quando os recém-chegados se dirigem a uma sala de reunião, queremos
que A.A. esteja lá para eles assim como esteve para nós – coisa que só poderemos fazer
continuamente se funcionarmos como grupo.
Entretanto, para que um grupo funcione continuamente, uma série de tarefas têm que ser
realizadas. É através dos esforços combinados e do contínuo comprometimento dos
membros do grupo que será possível:
* Providenciar e manter um local para as reuniões.
* Programar as reuniões.
* Coletar as contribuições e alocá-las e gastá-las adequadamente.
* Dispor sempre de literatura aprovada pela Conferência.
* Dispor sempre da revista Vivência e de listas dos grupos locais.
* Dispor sempre de água e café.
*Divulgar aos alcoólicos da região que existe um grupo de A.A. e onde encontrá-lo.
* Responder aos pedidos de ajuda.
* Ventilar e resolver os problemas do grupo.
* Manter contato contínuo com o restante de A.A. - localmente através do ESL, em nível
nacional através do Comitê de área, e internacionalmente através do Escritório de
Serviços Gerais.
De quais servidores de confiança necessitamos?
É preciso que haja gente para realizar as tarefas do grupo. A maioria de nós concorda
que A.A. nunca deveria "organizar-se". Entretanto, desde que não coloquemos em risco
nosso compromisso de preservar nossa Irmandade democrática e espiritual, podemos
"criar juntas ou comitês de serviços, diretamente responsáveis perante aqueles a quem
prestam serviços" (Nona Tradição). Esses servidores dos grupos de A.A. são
denominados "servidores de confiança", sendo normalmente eleitos pelo grupo para
períodos limitados de serviços. Como recorda nossa Segunda Tradição, "Nossos lideres
são apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar".
Os grupos constataram que a inviabilidade de se eleger não-alcoólicos para servir ao
grupo, uma vez que faltaria a eles a necessária identificação com nosso propósito
primordial ou com os outros membros do grupo. Cada grupo determina o período mínimo
de sobriedade sugerido para que um membro seja elegível para algum encargo. A diretriz
geral poderia sugerir de seis meses a um ano ou mais de contínua sobriedade.
Os encargos podem ter títulos, mas títulos em A.A. não significam autoridade ou
honrarias: apenas descrevem serviços e responsabilidades. Constatou-se que geralmente
não funciona entregar cargos a certos membros apenas para ajudá-los a permanecerem
sóbrios. Ao contrário, o bem-estar do grupo deverá ser a única preocupação ao se
escolher servidores. Na época da eleição dos servidores, poderá ser muito útil fazer no
grupo uma revisão da Primeira e da Segunda Tradições.
Os grupos podem garantir de várias maneiras que os serviços necessários sejam
realizados com o mínimo de organização. Veja abaixo um quadro sugerido de servidores
do grupo.
ESTRUTURA DE SERVIÇOS
INTERNOS DO GRUPO DE A.A.
Seguem-se os cargos instituídos por muitos grupos para servi-los internamente e junto à
comunidade externa.
Coordenador: O coordenador do grupo serve durante um período especifico de tempo
(normalmente seis meses ou um ano). A experiência sugere que o coordenador deva ter
ao menos um ano de sobriedade contínua e, idealmente, deveria ter ocupado antes
outros cargos no grupo.
Sua função é coordenar as atividades dos demais servidores do grupo e dos membros
que assumirem a responsabilidade pela literatura, acolhida, café, programação de
reuniões internas e outras atividades vitais para o grupo.
Quanto mais o coordenador e os demais servidores do grupo estiverem informados sobre
A.A. como um todo, melhor exercerão suas funções. Tendo claramente em mente a
Primeira Tradição e estimulando os membros a se familiarizarem com todas as Tradições,
eles contribuirão para garantir que o grupo se mantenha saudável.
Secretário: À semelhança do coordenador, o secretário também precisa ser um servidor
versátil. Em grupos que não têm coordenador, os secretários executam suas tarefas.
Cada grupo tem procedimentos próprios, mas, a menos que existam outros servidores ou
comitês, geralmente é atribuição dos secretários:
* Divulgar informações sobre atividades e eventos importantes de A.A.
* Manter atualizado um arquivo estritamente confidencial dos nomes, endereços e
números de telefone dos membros do grupo (sujeito à aprovação de cada membro), e
saber quais deles estão disponíveis para chamados de Décimo Segundo Passo.
* Manter um registro dos aniversários de sobriedade dos membros, caso o grupo assim o
deseje.
* Manter um quadro de avisos para fixação de notícias e boletins de A.A.
* Certificar-se de que o distrito, o ESL e o Escritório de Serviços Gerais sejam informados
por escrito de qualquer mudança de endereço, local, horário de reuniões ou servidores do
grupo.
* Certificar-se de que os livros, livretos e folhetos aprovados pela Conferência estejam
disponíveis e adequadamente expostos durante as reuniões.
* Aceitar e designar companheiros para atividades de Décimo Segundo Passo (a menos
que haja um coordenador especifico para essa atividade).
* Transmitir aos membros do grupo a correspondência recebida.
Sétima Tradição: Todos os grupos de A.A. deverão ser absolutamente auto-suficientes,
rejeitando quaisquer doações de fora.
Tesoureiro: Os grupos de A.A. são auto-suficientes através da contribuição voluntária de
seus membros. A sacola que circula nas reuniões geralmente cobre as necessidades
financeiras do grupo, sobrando o suficiente para que o grupo possa assumir sua parte na
manutenção do ESL, do Comitê de Distrito e de Área e do Escritório de Serviços Gerais.
Ninguém é obrigado a contribuir, mas a maioria dos membros contribui. Os que podem
contribuir geralmente se dispõem a colocar um pouco mais na sacola, para compensar os
que não podem. Os fundos do grupo destinam-se a cobrir serviços como por exemplo:
* aluguel da sala;
* literatura de A.A.;
* lista dos grupos locais, geralmente adquiridas do ESL mais próximo ou do Comitê de
Áreas;
* água e café;
* Contribuição aos órgãos de serviço de A.A., feita normalmente a cada mês ou a cada
trimestre.
O tesoureiro normalmente mantém registros claros no livro-caixa e informa ao grupo
quanto dinheiro foi arrecadado e quanto foi gasto. Fazem relatórios e demonstrativos
financeiros periódicos ao grupo. Pode-se evitar problemas mantendo os fundos do grupo
numa conta bancária separada que exija duas assinaturas em cada cheque.
A experiência de A.A. indica claramente não ser adequado que o grupo acumule grandes
valores alem do necessário para suas despesas acrescido de uma reserva prudente.
Esse valor deverá ser determinado pela consciência do grupo. Também podem surgir
problemas quando o grupo aceita contribuições exageradas, em dinheiro, bens ou
serviços, feitas por um único membro.
O folheto Auto-Suficiência pelas Nossas Próprias Contribuições, aprovado pela
Conferência, contem sugestões de como o grupo pode contribuir para os serviços de A.A.
Atualmente grupos em todo o Brasil têm adotado o Plano 60-25-15. Esse plano consiste
em o grupo, após cobrir todas as suas despesas mensais, e deduzida a parcela
correspondente à sua reserva prudente, remeter o saldo registrado em seu livro caixa ao
ESL. Fica a cargo do próprio ESL, a retenção de 60% desses fundos para seu uso
próprio, repassando 25% daquela quantia para o Comitê de Área e 15% para o ESG.
Alem disso o ESG, os Comitês de Área e ocasionalmente de Distrito, bem como os ESL,
aceitam contribuições de membros individuais – desde que não ultrapassem valor
equivalente a dois mil dólares anuais. As contribuições provenientes de espólios em
valores equivalentes a uma parcela única de no máximo dois mil dólares são aceitáveis,
desde que sejam provenientes de membros de A.A.
Alguns membros celebram seus aniversários de sobriedade enviando um "presente" ao
Escritório de Serviços Gerais para expressar sua gratidão pelos serviços prestados em
todo o país – geralmente são contribuições do equivalente a um dólar por ano de
sobriedade. Converse com o RSG de seu grupo, ou escreva para o ESG para obter
maiores detalhes a respeito.
Representante de Serviços Gerais (RSG): Trabalhando através dos Comitês de Distrito e
de Área, o RSG é o contato do grupo com a Conferência de Serviços Gerais, através da
qual os grupos compartilham suas experiências e divulgam a consciência coletiva de A.A.
Chamados algumas vezes de "guardiões das Tradições", os RSGs se familiarizam com o
Terceiro Legado de A.A.: nossa responsabilidade espiritual de servir gratuitamente.
Geralmente eleitos para períodos de dois anos, são tarefas do RSG:
* representar os grupos no Distrito e nas assembléias gerais de Área;
* manter os membros do grupo informados sobre as atividades de serviços gerais em
suas áreas;
*receber e divulgar em seu grupo toda correspondência recebida dos demais órgãos de
serviço e o BOB Mural, que é o principal instrumento de comunicação entre o ESG e a
Irmandade.
O RSG também pode ajudar seu grupo a resolver uma série de problemas,
especialmente os relacionados às Tradições. Para servir seu grupo, o RSG pode se
apoiar em todos os serviços oferecidos pelo ESG (veja à página 40).
Junto com o RSG elege-se um suplente, para a eventualidade de o titular não poder
comparecer a todas as reuniões de Distrito e de Área. O suplente deveria ser estimulado
a dividir as responsabilidades com o titular no grupo, no Distrito e na Área. (Para maiores
informações, consulte o Manual de Serviços de A.A., paginas 25 a 27)
Coordenador do CTO: É o coordenador do comitê responsável pela divulgação do grupo
junto à comunidade. Reúne-se com os coordenadores de CTO dos demais grupos no
CTO do Distrito. Para maiores detalhes sobre este trabalho leia o Manual do CTO.
Representante da Vivência (RV): A tarefa do RV é divulgar a revista brasileira da
Irmandade – Vivência – junto aos membros do grupo, e familiarizá-los com a
oportunidade de aprimoramento da sobriedade que ela oferece, através de artigos
baseados em experiências pessoais de recuperação escritos por companheiros de A.A.,
alem dos artigos escritos por não-AAs sobre suas experiências profissionais. Chamada às
vezes de "reunião impressa", a Vivência também publica um calendário mensal dos
eventos especiais de A.A.
O RV eleito pelo grupo deve enviar seu nome e endereço para: Vivência, caixa Postal
3180, CEP 01060-970, São Paulo-SP. Os mesmos dados devem ser enviados para o
Coordenador Estadual de Vivência do ESL. Com estas informações ele será devidamente
cadastrado e receberá regularmente correspondência com os formulários de assinatura
de Vivência.
Outras atribuições do RV são:
* Informar ao grupo a chegada de cada nova edição e comentar sobre as matérias nela
publicadas;
*Fazer com que a Vivência sempre esteja exposta em lugar visível no grupo e, se
possível, manter um pequeno mural com frases da ultima edição, cupom de assinatura,
lista das assinaturas vencidas e a vencer, etc.
* Sugerir aos companheiros mais antigos o uso da revista no apadrinhamento;
* Sugerir ao grupo que ofereça assinaturas de cortesia da Vivência a médicos, religiosos,
juizes, advogados, delegados, assistentes sociais, jornalistas, repórteres, etc.
* Sugerir ao grupo que use artigos da revista nas reuniões com temas e nos trabalhos do
CTO;
* Motivar os membros do grupo a mandarem colaborações para a Vivência: artigos,
desenhos, etc.
* Solicitar aos profissionais, principalmente àqueles que conhecem o nosso programa, o
envio de artigos à revista;
* Orientar e motivar os companheiros a fazerem ou renovarem suas assinaturas, e
encaminhar à Vivência as assinaturas, renovações e sugestões dos assinantes;
* Manter contato com o Representante de Vivência do Distrito (RVD) ou Representante
de Vivência do ESL, para a solução de eventuais problemas.
Como abordar e ajudar os recém-chegados?
Naturalmente nenhum alcoólico pode ser ajudado por A.A. a menos que saiba da nossa
existência e onde nos encontrar. Por isso é importante que os grupos de cidades
menores divulguem o local e o horário de suas reuniões nas diversas entidades públicas
locais existentes. Junto com essa informação, vale a pena distribuir o folheto A.A. num
Relance ou Alcoólicos Anônimos em sua Comunidade.
Nas grande áreas urbanas pode-se usar as listas de grupos fornecidas pelos ESLs com
essa finalidade.
Devem os grupos de A.A. anunciar ao público em geral reuniões abertas para obter
informações sobre A.A.? Alguns grupos o fazem, por uma única razão: para permitir que
a comunidade conheça a ajuda disponível para alcoólicos através de nosso programa.
Pequenos anúncios são comumente colocados nas seções de serviços comunitários dos
jornais locais para permitir que as pessoas saibam como encontrar a reunião de A.A.
mais próxima, caso o desejem.
Para sugestões de material de divulgação, consulte o Manual do CTO.
Alguns grupos mantêm uma relação dos membros disponíveis para fazer o trabalho de
Décimo Segundo Passo. Os grupos podem ainda formar comitês de recepção para
garantir que todo recém-chegado, seja ele visitante ou companheiro em potencial, seja
bem recebido.
Geralmente os padrinhos assumem a responsabilidade de ajudar os recém-chegados a
encontrar seu caminho em A.A. Para melhor orientação consulte o folheto Perguntas e
Respostas sobre o Apadrinhamento.
Princípios acima das personalidades
Segunda Tradição: Somente uma autoridade preside, em ultima análise, ao nosso
propósito comum – um Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência
coletiva. Nossos lideres são apenas servidores de confiança; não têm poderes para
governar.
O princípio da rotatividade
Tradicionalmente a rotatividade impede que membros de A.A. se perpetuem nos cargos.
Também garante que as tarefas do grupo, como quase tudo em A.A., sejam
compartilhadas por todos. Muitos grupos já elegem suplentes para cada um dos
servidores de confiança, e os preparam para assumir os cargos de seus titulares, quando
estes ficam vagos, enquanto o grupo escolhe novos membros para preencher as
suplências.
Pode ser difícil deixar um cargo de A.A. do qual você goste. Se você fez um bom
trabalho, se honestamente não vê ninguém disposto, capacitado ou com tempo disponível
para fazê-lo, e se seus amigos tiverem a mesma opinião que você, será especialmente
mais difícil. Mas esse será um verdadeiro passo para o seu crescimento – um passo em
direção à humildade, que é, para muitos, a essência espiritual do anonimato.
Entre outras coisas, o anonimato na Irmandade significa que abrimos mão de qualquer
prestígio pessoal em função de qualquer trabalho que façamos para ajudar alcoólicos. No
espírito da Décima Segunda Tradição, o anonimato nos lembra de sempre "colocarmos
princípios acima de personalidades".
A rotatividade nos proporciona recompensas espirituais bem mais duradouras que
qualquer fama. Como em A.A. não há nenhum "status" em jogo, não precisamos competir
por títulos e glorias – e temos total liberdade para servir na medida em que formos
necessários.
O que é uma consciência de grupo esclarecida?
A consciência de grupo é a consciência coletiva dos membros do grupo, e representa
portanto substancial unanimidade em qualquer assunto, antes que qualquer ação
definitiva seja tomada. Os membros do grupo alcançam isso compartilhando
completamente as informações, os pontos de vista individuais e através da prática dos
princípios de A.A. Estar plenamente informado exige a disposição de ouvir a opinião da
minoria com mente aberta.
Em questões delicadas, o grupo trabalha lentamente, desestimulando moções formais até
que aflore um entendimento claro da visão coletiva. Colocando princípios acima de
personalidades, os membros são cautelosos com as opiniões dominantes. O resultado
baseia-se em algo mais do que uma simples contagem dos votos "a favor" e "contra",
justamente por ser a expressão espiritual da consciência do grupo. A expressão
"consciência de grupo esclarecida" significa que a informação pertinente foi examinada e
que todos os pontos de vista foram ouvidos antes que o grupo votasse.
Inventário do grupo
Muitos grupos realizam periodicamente uma "reunião de inventário do grupo" para avaliar
como estão cumprindo com o propósito primordial: ajudar alcoólicos a se recuperarem
através dos Doze Passos sugeridos por A.A. Alguns grupos fazem o inventário
examinando as Doze Tradições, uma de cada vez, para determinar o quanto estão
vivendo de acordo com esses princípios.
Os grupos interessados em realizar inventários regulares acharão útil uma revisão do
Décimo Passo. As perguntas a seguir, recolhidas a partir da experiência compartilhada de
A.A., poderão ser úteis para se chegar a uma consciência de grupo esclarecida. Os
grupos provavelmente vão querer acrescentar suas próprias perguntas a esta lista:
1. Qual o propósito básico do grupo?
2. Que mais o grupo pode fazer para transmitir a mensagem?
3. O grupo está atraindo alcoólicos de diferentes origens? Estamos vendo no grupo uma
amostra representativa da nossa comunidade?
4. Os novos membros permanecem conosco, ou está havendo uma excessiva
rotatividade? Se assim for, qual a razão? O que podemos fazer a respeito como grupo?
5. Estamos enfatizando a importância do apadrinhamento? Com que eficiência? Como
podemos melhorar?
6. Temos o cuidado de preservar o anonimato dos membros de nosso grupo e de outros
AAs fora das salas de reunião? Deixamos na sala as confidências compartilhadas nas
reuniões?
7. Dedicamos algum tempo a explicar a todos os membros do grupo a importância de
realizar as tarefas de cozinha, arrumação e outros serviços essenciais que são parte
integrante do nosso trabalho de Décimo Segundo Passo?
8. Todos os membros estão tendo oportunidade de falar nas reuniões e de participar das
demais atividades do grupo?
9. Tendo em mente que o preenchimento dos cargos é uma grande responsabilidade, e
que não deve ser encarado como o resultado de um concurso de popularidade, estamos
escolhendo cuidadosamente quem ocupa esses cargos?
10. Estamos fazendo todo o possível para proporcionar um local de reunião agradável?
11. O grupo cumpre com sua justa parcela na realização dos propósitos de A.A., como
descritos nos nossos Três Legados – Recuperação, Unidade e Serviço?
12. O que o grupo tem feito ultimamente para divulgar a mensagem de A.A. junto a
profissionais da comunidade – médicos, sacerdotes, autoridades legais, educadores e
outros, que freqüentemente são os primeiros a entrar em contato com alcoólicos que
precisam de ajuda?
13. Como o grupo está cumprindo sua responsabilidade em relação à Sétima Tradição?
Reuniões de Serviço
Na maioria dos grupos o coordenador, ou algum outro servidor, convoca as reuniões de
serviço, que habitualmente se realizam mensalmente ou trimestralmente.
Embora alguns grupos possam ocasionalmente permitir a presença de pessoas que não
são membros do grupo, apenas os membros têm direito a voto. A pauta dessas reuniões
pode incluir: a eleição de novos servidores, a programação de reuniões; a apresentação e
discussão do relatório periódico do tesoureiro; a apresentação do relatório de atividades
do representante de serviços gerais e de outros servidores do grupo; a distribuição dos
fundos excedentes entre o ESL, o ESG e o Comitê de Área, etc.
Antes de realizar votações, é essencial que todos os fatos relevantes sobre o assunto em
exame sejam levados ao conhecimento dos membros. Em muitos casos, pode-se pedir a
alguns membros que examinem os prós e os contras da questão e os apresente na
reunião. Chegar a uma consciência de grupo esclarecida, tanto nas grandes questões
quanto nas pequenas, pode levar algum tempo. Mas é importante que os pontos de vista
da minoria e dos divergentes sejam ouvidos junto com os da maioria (veja a pagina 34).
Em alguns casos, podem até mudar o curso dos acontecimentos.
As reuniões de serviço são geralmente programadas para antes ou depois das reuniões
regulares do grupo. Elas tendem a ser informais, mas os costumes variam de grupo para
grupo. Alguns grupos já tentaram importar procedimentos parlamentares para suas
reuniões de serviço, apenas para descobrir que muitos membros não têm conhecimento
desse tipo de procedimentos e sentem-se muito intimidados para falar. Alem disso, a
natureza espiritual de nossa Irmandade, incorporada em nossas Tradições e em nossos
Conceitos, já nos proporcionam ampla orientação.
Sobre os problemas do grupo...
Problemas do grupo geralmente são a evidência de uma saudável e desejável
diversidade de opiniões entre os membros. Eles nos dão a oportunidade de "praticar
estes princípios em todas as nossas atividades", conforme nos diz o Décimo Segundo
Passo.
Os problemas do grupo podem incluir questões comuns em A.A., tais como: o que o
grupo deve fazer com relação aos "recaídos"? Como estimular o comparecimento às
reuniões? Como conseguir mais pessoas para ajudar nas tarefas? O que fazer a respeito
da quebra de anonimato de algum membro? Ou do entusiasmo romântico de algum
praticante do "décimo terceiro passo"? Como escapar da influência dos "velhos
resmungões", aqueles veteranos que insistem em saber o que é melhor para o grupo? E
como conseguir que os veteranos compartilhem mais suas experiências na solução dos
problemas do grupo?
Praticamente todo problema de grupo tem uma solução que habitualmente se consegue
através do método da consciência de grupo esclarecida. É importante mencionar que o
emprego do senso de humor, a prática de dar um tempo para esfriar os ânimos, o uso da
paciência, da cortesia, da boa vontade para ouvir e para esperar – alem do senso de
justiça e da confiança num "Poder superior a nós mesmos" – provaram ser muito mais
eficientes do que argumentos "legalísticos" ou acusações pessoais.
Como o grupo se relaciona
com A.A. como um todo
Primeira Tradição: Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação
individual depende da unidade de A.A.
COMO O GRUPO DE A.A. SE ENQUADRA NA
ESTRUTURA DA IRMANDADE
Cada grupo elege um Representante de Serviços Gerais (RSG) que se reúne com os
RSGs de outros grupos de uma micro-região num Distrito. Uma vez por ano os RSGs de
uma Área reúnem-se numa Assembléia de Área, quando elegem seus Delegados de
Área. Os Delegados compartilham as experiências de sua Área com os Delegados de
outras Áreas de A.A. do Brasil durante a Conferência, na qual são eleitos os Delegados à
RSM (Reunião de Serviços Mundial), estabelecendo-se assim a unidade de A.A. mundial.
O que é o ESG – Escritório de Serviços Gerais?
O Escritório de Serviços Gerais é a secretaria da Junta de Serviços Gerais de A.A. do
Brasil. É também um repositório das experiências e dos conhecimentos compartilhados
de todos os AAs. Ele cumpre com nosso propósito primordial: (1) proporcionando
serviços, informações e experiência aos grupos de todo o Brasil; (2) publicando a
literatura de A.A.; (3) apoiando as atividades da Junta de Serviços Gerais de A.A.; (4)
divulgando as recomendações da Conferência de Serviços Gerais.
A historia do ESG inicia-se em 1969, com a fundação do hoje extinto CLAAB – Centro de
Distribuição de Literatura de A.A. para o Brasil. Em 1974 foram convocados os primeiros
Delegados de Área e realizado o primeiro Conclave Nacional de A.A. do Brasil. Em 1976,
com a eleição dos Custódios, a reunião, que até então era chamada de Conclave
Nacional, passou a denominar-se Conferência de Serviços Gerais. Foi então que foi
formado o ESG, para funcionar como Escritório-Secretaria da Junta de Serviços Gerais,
formada pelos Custódios, sendo 8 membros de A.A. e 3 membros não-alcoólicos e
contando com a participação dos 2 Delegados à RSM (Reunião de Serviços Mundial).
O que faz o Escritório de Serviços Gerais?
Trabalhando em estreita cooperação com os comitês da Junta de Serviços Gerais, as
responsabilidades do Escritório de Serviços Gerais perante os grupos abrangem:
1. Receber, organizar, e transmitir aos grupos e membros de A.A. em todo o Brasil a
experiência compartilhada sobre os desafios e soluções dos grupos, sempre que
solicitado.
2. Trabalhar através do CTO – Comitê Trabalhando com os Outros – com os solitários
(RIS: AAs que vivem em áreas onde não há reuniões); os membros deficientes físicos ou
que por qualquer outro motivo não podem deixar suas casas, os Internacionalistas (AAs
que trabalham embarcados em navios ou aeronaves), os AAs nas Forças Armadas e os
AAs em instituições correcionais ou de tratamento.
3. Responder às inúmeras cartas solicitando a A.A. informações ou ajuda para alcoólicos.
4. Publicar e distribuir o JUNAAB Informa, o BOB Mural, a revista Vivência e outros
boletins publicados pelo Comitê de Publicações Periódicas.
5. Distribuir os livros, livretos e folhetos de A.A. aprovados pela Conferência de Serviços
Gerais e publicados pelo Comitê de Literatura. (Consulte a relação da literatura ao final
deste folheto.)
6. Divulgar nacionalmente informações públicas sobre A.A. como um todo, colaborando
com a imprensa e os meios de divulgação eletrônicos, assim como as organizações
envolvidas com o tratamento do alcoolismo.
7. Produzir e distribuir materiais audiovisuais.
8. Secretariar a Conferência de Serviços Gerais e organizar a sua realização através do
CAC – Comitê de Assuntos da Conferência.
9. Organizar a realização das Convenções Nacionais de A.A. através do COC (Comitê de
Organização da Convenção).
10. Pesquisar e manter o arquivo da história de A.A. do Brasil através do CISM (Comitê
de Imagem, Som e Memória).
11. Responsabilizar-se pelas despesas necessárias ao bom andamento dos serviços
decorrentes dos encargos de Custódio e de Delegado à Reunião de Serviços Mundial.
Quem está encarregado do ESG?
Existe uma diretoria composta por quatro membros: o Diretor Geral, sempre um Custódio
Alcoólico; O Tesoureiro-Geral, sempre um Custódio não-alcoólico; o Diretor Financeiro
(Custódio alcoólico) e o Diretor Executivo, sempre um membro de A.A. As atividades
diárias são responsabilidade de um gerente administrativo profissional, auxiliado por uma
equipe de funcionários.
Como são tomadas as "decisões que afetam A.A."?
Os Custódios da Junta de Serviços Gerais (8 alcoólicos e 3 não alcoólicos) são
responsáveis perante os grupos de A.A. através da Conferência de Serviços Gerais. Os
grupos elegem anualmente Delegados (que servem durante dois anos) à reunião anual
da Conferência de Serviços Gerais, para ouvir os relatórios dos comitês da Junta e das
equipes do ESG, e para dar as diretrizes para o futuro, principalmente na forma de
Recomendações. É responsabilidade da Conferência trabalhar em busca de consenso,
ou de uma consciência de grupo esclarecida, nas questões vitais para A.A. como um
todo. Os Delegados à Conferência respondem aos grupos de suas Áreas através do
Comitê de Área.
Cada Comitê de Área é eleito por uma assembléia de Representantes de Serviços Gerais
dos grupos (RSGs, ver pág. 29) e a ela responde.
O elo essencial entre os RSGs e os Delegados da Área para a Conferência de Serviços
Gerais são os Membros do Comitê de Distrito (MCDs) e seus suplentes, geralmente
eleitos ao mesmo tempo. Como servidores de confiança dos Comitês de Distrito,
compostos por todos os RSGs de um mesmo distrito, os MCDs são expostos à
consciência de grupo de todos os grupos dos seus Distritos. Como membros dos Comitês
de Áreas, eles podem compartilhar, essa consciência de grupo com o Delegado da Área
e os Comitês de Área.
Não fosse o elo proporcionado pelos MCDs, mantendo a comunicação com os novos
grupos à medida que A.A. se expande, a Conferência de Serviços Gerais poderia
rapidamente se tornar incontrolável. À medida que aumenta o número de grupos, pode-se
acrescentar novos Distritos.
Como são financiados nossos serviços nacionais?
Assim como nas demais atividades de A.A., as despesas do Escritório de Serviços Gerais
são cobertas principalmente pelas contribuições individuais e dos grupos. Uma vez que
essas contribuições não são suficientes para cobrir totalmente os custos dos serviços
nacionais de A.A., a renda proveniente das publicações é utilizada para compensar a
diferença.
Para saber como seu grupo pode contribuir, veja as sugestões contidas nas paginas 28 e
29.
Como os grupos podem ajudar o ESG?
O trabalho que é feito pelo ESG depende muito de cada um dos grupos, que são os que
têm a responsabilidade final sobre A.A. e que, em ultima instância, são os que colhem os
benefícios desse trabalho.
Se os grupos pretendem que A.A. esteja disponível, hoje e no futuro, para os novos
membros, é necessária sua participação no trabalho do ESG. Abaixo seguem-se alguns
dos modos pelos quais os grupos podem contribuir:
1. Manter-se informados e perguntar sobre o que ocorre no ESG – afinal tudo é feito em
nome dos grupos. Quanto mais você souber sobre A.A., mais útil você será para
transmitir a mensagem.
2. Eleger um Representante de Serviços Gerais qualificado. O RSG ficará, sem duvida
alguma, tão agradecido por seu interesse e por suas idéias quanto você fica quando
alguém o apóia.
3. É importante informar ao ESG qualquer mudança ocorrida no grupo – como a eleição
de um novo RSG ou mudanças no endereço ou no nome do grupo. Essa é a única forma
de garantir que a correspondência continue a chegar ao grupo.
O que é um Escritório de Serviços Locais (ESL)? Como funciona?
O Escritório de Serviços Locais é freqüentemente o primeiro lugar para onde o alcoólico
na ativa telefona ou vai em busca de ajuda de A.A.
Embora funcionem independentemente da estrutura de serviços gerais de A.A., os ESL
são uma parte vital da Irmandade. Na maioria das Áreas qualquer grupo que assim o
desejar pode pertencer ao ESL, que é financiado pelas contribuições dos grupos filiados.
Essas contribuições são voluntárias.
Nas áreas em que é impraticável abrir um escritório, os grupos às vezes formam comitês
conjuntos para realizar as atividades de Décimo Segundo Passo e usam algum serviço de
recados e/ou atendimento telefônico cuidadosamente preparado. Importante: sistemas de
serviços locais desse tipo parecem funcionar melhor se administrados separadamente do
trabalho dos Comitês de Serviços Gerais da Área, que geralmente já têm muitas
atividades para realizar.
A maioria dos Escritórios Locais emprega no máximo um ou dois funcionários, e portanto
apóia-se muito no trabalho de voluntários. Muitos AAs descobriram que servir um
Escritório Local – atendendo telefonemas de alcoólicos e fazendo o que houver para ser
feito – enriquece muito sua sobriedade e amplia seu circulo de amigos.
O que faz um Escritório de Serviços Locais?
Os métodos e objetivos variam de uma Área para outra, mas de um modo geral as
responsabilidades dos Escritórios Locais incluem:
1. Responder aos pedidos de ajuda de alcoólicos na ativa e, quando for o caso,
providenciar voluntários de A.A. para acompanhá-los a uma reunião.
2. Manter os telefones de A.A. nas listas telefônicas locais, receber os pedidos por
telefone e por correio e encaminhá-los aos grupos locais, distribuindo assim
geograficamente o trabalho do Décimo Segundo Passo de forma a garantir ajuda aos
recém-chegados.
3. Distribuir listas atualizadas de grupos e reuniões.
4. Estocar e vender a literatura de A.A. e números avulsos da revista Vivência.
5. Servir como centro de comunicações para os grupos participantes – muitas vezes
publicando circulares ou boletins para manter cada grupo informado sobre o que se passa
nos demais.
6. Organizar para que os grupos realizem um intercambio de oradores.
7. Fornecer informações sobre centros de tratamento, hospitais e clínicas.
8. Responder aos pedidos de informação sobre A.A. provenientes da imprensa local;
planejar programas locais de radio e televisão sobre A.A.; providenciar oradores para
escolas e entidades não A.A.
9. Manter a comunicação e a cooperação – sem afiliação – com a comunidade e com os
profissionais de ajuda na área do alcoolismo.
O que A.A. não faz
Décima Tradição: Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade;
portanto, o nome de A.A. jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.
1. Recrutar membros ou fornecer a motivação inicial pra que os alcoólicos se recuperem.
2. Manter registro ou históricos de casos dos seus membros.
3. Acompanhar ou tentar controlar seus membros.
4. Fazer diagnósticos ou prognósticos clínicos ou psicológicos.
5. Providenciar hospitalização, medicamentos ou tratamento psiquiátrico.
6. Fornecer alojamento, alimentação, roupas, dinheiro, emprego ou outros serviços
semelhantes.
7. Fornecer aconselhamento familiar ou profissional.
8. Participar de pesquisas ou patrociná-las.
9. Filiar-se a entidades sociais (embora muitos membros e servidores cooperem com
elas).
10. Oferecer serviços religiosos.
11. Participar de qualquer controvérsia sobre o álcool ou outros assuntos.
12. Aceitar dinheiro pelos seus serviços, ou contribuições de fontes não- A.A.
13. Fornecer cartas de recomendação para juntas de livramento condicional, advogados,
oficiais de justiça, escolas, empresas, entidades sociais ou quaisquer outras organizações
ou instituições.
A posição de A.A. no campo
do alcoolismo
Sexta Tradição: Nenhum Grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar
o nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a
fim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem de nosso
objetivo primordial.
"Cooperação sem afiliação"
Alcoólicos Anônimos é uma irmandade mundial de alcoólicos que se ajudam mutuamente
a permanecer sóbrios e que se oferecem para compartilhar suas experiências de
recuperação gratuitamente com outras pessoas que possam ter problemas com a bebida.
Os membros de A.A. se caracterizam pela aceitação de um programa sugerido de Doze
Passos para a recuperação pessoal do alcoolismo.
A Irmandade funciona através de mais de 97.000 grupos espalhados em mais de 150
países. Embora se estime que existam hoje cerca de dois milhões de membros, A.A.
reconhece que nem sempre seu programa é eficaz para todos os alcoólicos e que alguns
desses alcoólicos podem necessitar de aconselhamento ou tratamentos profissionais.
A.A. preocupa-se unicamente com a recuperação pessoal e continua sobriedade dos
alcoólicos que procuram ajuda na Irmandade. A.A. não se dedica a nenhuma forma de
pesquisa sobre o alcoolismo e nem ao tratamento medico ou psiquiátrico, educação ou
propaganda sobre alcoolismo, embora seus membros, a título pessoal, possam fazê-lo.
A.A. adota uma política de "cooperação sem afiliação" com outras organizações que se
dedicam ao problema do alcoolismo.
Tradicionalmente, Alcoólicos Anônimos não aceita e nem busca ajuda financeira de
fontes externas. Os membros de A.A. preservam seu anonimato pessoal na imprensa,
filmes e outros meios de comunicação.
A.A. e outras entidades
A.A. não está filiado a nenhuma outra organização ou instituição. Nossas tradições
estimulam a "cooperação sem afiliação".
Outras perguntas sobre A.A.
O que são os Três Legados de A.A.?
Os Três Legados originam-se da experiência acumulada pelos primeiros membros de
A.A., transmitida e compartilhada conosco, e consiste em:
(1) sugestões para a recuperação – Os Doze Passos;
(2) sugestões para atingir a Unidade – As Doze Tradições; e
(3) o Serviço de A.A. – descrito no Manual de Serviços de A.A., nos Doze
Conceitos para o Serviço Mundial, no Manual do CTO e no livro A.A. Atinge a Maioridade.
Quem dirige clinicas e outros centros de tratamento?
A.A. não proporciona serviços médicos ou sociais. Como Irmandade, não estamos
qualificados a prestar esta ajuda.
No entanto, muitos membros de A.A. servem como valiosos funcionários em hospitais e
centros de tratamento. Não existe, contudo, nenhum "hospital de A.A." ou nenhuma
"clinica de A.A." – embora muitas dessas instituições realizem-se reuniões de A.A. e haja
companheiros de A.A. disponíveis.
Seguindo nossa Sexta Tradição, os membros e grupos asseguram-se de que o nome de
A.A. não seja incorporado ao nome de instituições ou usado em sua literatura
promocional ou seu logotipo. Tais instituições também não deveriam utilizar nenhum
nome (como por exemplo "Casa do Décimo Segundo Passo") que possa induzir
erroneamente a crer num endosso de A.A.
OS DOZE PASSOS
DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos perdido o domínio
sobre nossas vidas.
2. Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à
sanidade.
3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em
que O concebíamos.
4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza
exata de nossas falhas.
6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de
caráter.
7. Humildemente, rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
8. Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos
dispusemos a reparar os danos a elas causados.
9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível,
salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o
admitíamos prontamente.
11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente
com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua
vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos
transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas
atividades.
AS DOZE TRADIÇÕES
DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
1. Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual
depende da unidade de A.A..
2. Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso propósito comum - um
Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são
apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar.
3. Para ser membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber.
4. Cada Grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros
Grupos ou a A.A. em seu conjunto.
5. Cada Grupo é animado de um único propósito primordial - o de transmitir sua
mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
6. Nenhum Grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o nome de
A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a fim de que
problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem de nosso propósito
primordial.
7. Todos os Grupos de A.A. deverão ser absolutamente auto-suficientes, rejeitando
quaisquer doações de fora.
8. Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não-profissional, embora nossos
centros de serviços possam contratar funcionários especializados.
9. A.A. jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar juntas ou comitês de
serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços.
10. Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade; portanto, o
nome de A.A. jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.
11. Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-
nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes.
12. O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da
necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.
As Doze Tradições
(Forma Longa)
Nossa experiência em A.A. nos ensinou que:
1. Cada membro de Alcoólicos Anônimos é apenas uma pequena parte de um grande
todo. A.A. precisa continuar a viver, ou a maioria de nós certamente morrerá. Portanto, o
nosso bem-estar comum está em primeiro lugar. Mas o bem-estar individual vem logo
depois.
2. Para os objetivos do nosso grupo, há somente uma autoridade final - um Deus
amantíssimo, como pode expressar-Se em nossa consciência coletiva.
3. A nossa Irmandade deve incluir todos os que sofrem de alcoolismo. Não podemos,
portanto, recusar quem quer que deseje se recuperar. A condição para tornar-se membro
não deve nunca depender de dinheiro ou formalidades. Dois ou três alcoólicos quaisquer
reunidos em busca de sobriedade podem se autodenominar um grupo de A.A., desde que
como grupo não possuam qualquer outra afiliação.
4. Com respeito aos seus próprios assuntos, nenhum grupo de A.A. está sujeito a
autoridade alguma alem de sua própria consciência. Quando, porém, seus planos
interferem no bem-estar de grupos vizinhos, estes devem ser consultados. E nenhum
grupo, comitê regional ou membro como indivíduo deve tomar qualquer atitude que possa
afetar seriamente A.A. como um todo, sem consultar os Custódios da Junta de Serviços
Gerais. Em tais questões, nosso bem-estar comum tem absoluta primazia.
5. Cada grupo de Alcoólicos Anônimos deve ser uma entidade espiritual com um único
propósito primordial: o de levar sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
6. Problemas de dinheiro, propriedade e autoridade podem facilmente nos afastar de
nosso objetivo espiritual primordial. Acreditamos, portanto, que quaisquer bens de valor
considerável, de real utilidade a A.A. devem ser incorporados e administrados
separadamente, fazendo-se assim uma divisão entre o material e o espiritual. Um grupo
de A.A., como tal, jamais deveria dedicar-se ao comercio. Entidades secundárias de
auxílio a A.A., tais como clubes ou hospitais que requeiram muitos bens materiais e muita
administração, devem ser incorporadas, de forma que, se necessário, possam os grupos
livremente descartarem-se deles. Tais instituições não deveriam, portanto, usar o nome
de A.A. Sua administração deve ser de exclusiva responsabilidade das pessoas que
financiam. Para os clubes, são em geral preferíveis gerentes que sejam membros de A.A.
Mas os hospitais e outros locais de recuperação devem, porem, ficar bem afastados de
A.A. e ter supervisão médica. Embora um grupo de A.A. possa cooperar com quem quer
que seja, tal cooperação nunca deve chegar ao ponto de filiação ou endosso, real ou
implícito. Um grupo de A.A. não pode vincular-se a ninguém.
7. Os grupos de A.A. devem ser inteiramente auto financiados pelas contribuições
voluntárias dos seus próprios membros. Acreditamos que cada grupo deve atingir, em
pouco tempo, esse ideal; que qualquer solicitação de fundos usando-se o nome de A.A. é
altamente perigosa, seja ela feita por grupo, clubes, hospitais ou por outros agentes
exteriores; que a aceitação de grandes donativos de qualquer fonte ou de contribuições
que acarretem quaisquer obrigações é desaconselhável. Vemos ainda com grande
preocupação aquelas tesourarias de A.A. que continuam a acumular além da reserva
prudente, fundos sem um propósito específico. A experiência tem nos demonstrado,
freqüentemente, que nada pode destruir nosso patrimônio espiritual com tanta certeza,
como as discussões fúteis sobre propriedade, dinheiro e autoridade.
8. Alcoólicos Anônimos deve manter-se sempre não-profissional. Definimos o
profissionalismo como o emprego do aconselhamento a alcoólicos em troca de honorários
ou salário. Todavia, podemos empregar alcoólicos para desempenhar aquelas funções
para os quais, em outras circunstâncias, teríamos que contratar não-alcoólicos. Tais
serviços especiais podem ser bem recompensados. Mas nosso trabalho habitual do
Décimo Segundo Passo de A.A. jamais deve ser pago.
9. Cada grupo de A.A. necessita da menor organização possível. A forma rotativa da
liderança é a melhor. O grupo pequeno pode eleger um secretário, o grupo grande seu
comitê rotativo e os Grupos de uma ampla região metropolitana, seu Escritório de
Serviços Locais, o qual freqüentemente emprega um secretário em tempo integral. Os
Custódios da Junta de Serviços Gerais se constituem, na realidade, em nosso Comitê de
Serviços Gerais de A.A. Eles são os guardiões de nossa Tradição de A.A. e os
depositários das contribuições voluntárias dos AAs, através dos quais mantemos nosso
Escritório de Serviços Gerais em Nova Iorque. Eles são autorizados pelos grupos a cuidar
de nossas relações públicas em geral e garantem a integridade de nosso principal órgão
de divulgação: a revista A.A. Grapevine. Todos esses representantes têm sua ações
guiadas pelo espírito de serviço, pois os verdadeiros líderes em A.A. são apenas
servidores experientes e de confiança da Irmandade. Seus títulos não lhes conferem
nenhuma autoridade real e eles não governam. O respeito universal é a chave para sua
utilidade.
10. Nenhum grupo ou membro de A.A. deve jamais expressar, de forma a envolver A.A.,
qualquer opinião sobre assuntos controversos externos - particularmente sobre política,
medidas de combate ao álcool ou religião sectária. Os grupos de A.A. não se opõem a
nada. Com respeito a tais assuntos, eles não podem expressar qualquer opinião.
11. Nossas relações com o público em geral devem caracterizar-se pelo anonimato
pessoal. Acreditamos que A.A. deve evitar a publicidade sensacional. Nossos nomes e
fotografias, como membros de A.A. não devem ser divulgados pelo radio, filmados ou
publicamente impressos. Nossas relações públicas devem orientar-se pelo princípio da
atração e não da promoção. Nunca há necessidade de elogiarmos a nós mesmos.
Achamos melhor deixar que nossos amigos nos recomendem.
12. Finalmente, nós de Alcoólicos Anônimos, acreditamos que o princípio do Anonimato
tem uma enorme significação espiritual. Lembra-nos que devemos colocar os princípios
acima das personalidades; que devemos realmente conduzir-nos com genuína
humildade. Isto para que as nossas grandes bênçãos jamais nos corrompam, a fim de
que vivamos para sempre em grata contemplação d'Aquele que reina sobre todos nós.
Os Doze Conceitos para os Serviços Mundiais
1. A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de A.A.
deveriam sempre recair na consciência coletiva de toda a nossa Irmandade.
2. Quando, em 1955, os grupos de A.A. confirmaram a permanente Ata de Constituição
da sua Conferência de Serviços Gerais, eles, automaticamente, delegaram à Conferência
completa autoridade para a manutenção ativa dos nossos serviços mundiais e assim
tornaram a Conferência - com exceção de qualquer mudança nas Doze Tradições ou no
Artigo 12 da Ata da Constituição da Conferência - a verdadeira voz e a consciência
efetiva de toda a nossa Sociedade.
3. Como um meio tradicional de criar e manter uma relação de trabalho claramente
definida entre os Grupos, a Conferência, a Junta de Serviços Gerais de A.A. e as suas
diversas corporações de serviços, quadros de funcionários, comitês e executivos, assim
assegurando as suas lideranças efetivas, é aqui sugerido que dotemos cada um desses
elementos dos serviços mundiais com um tradicional "Direito de Decisão".
4. Através da estrutura da nossa Conferência, deveríamos manter em todos os níveis de
responsabilidade um tradicional "Direito de Participação", tomando cuidado para que a
cada setor ou grupo de nossos servidores mundiais seja concedido um voto
representativo em proporção correspondente à responsabilidade que cada um deve ter.
5. Através de nossa estrutura de serviços mundiais, deveria prevalecer um tradicional
"Direito de Apelação", assim nos assegurando de que a opinião da minoria seja ouvida e
de que as petições para a reparação de queixas pessoais sejam cuidadosamente
consideradas.
6. Em benefício de A.A. como um todo, a nossa Conferência de Serviços Gerais tem a
principal responsabilidade de manter os nossos serviços mundiais e, tradicionalmente,
tem a decisão final nos grandes assuntos de finanças e de normas de procedimento em
geral. Mas a Conferência também reconhece que a principal iniciativa e a
responsabilidade ativa, na maioria desses assuntos, deveria ser exercida principalmente
pelos Custódios, membros da Conferência, quando eles atuam entre si como Junta de
Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.
7. A Conferência reconhece que a Ata de Constituição e os Estatutos da Junta de
Serviços Gerais são instrumentos legais e que os Custódios têm plenos poderes para
administrar e conduzir todos os assuntos dos serviços mundiais de Alcoólicos Anônimos.
Além do mais é entendido que a Ata de Constituição da Conferência não é por si só um
documento legal, mas pelo contrário, ela depende da força da tradição e do poder da
bolsa de A.A. para efetivar sua finalidade.
8. Os Custódios da Junta de Serviços Gerais atuam em duas atividades principais: (a)
com relação aos amplos assuntos de normas de procedimentos e finanças em geral, eles
são os principais planejadores e administradores. Eles e os seus principais Comitês
dirigem diretamente esses assuntos; (b) mas com relação aos nossos serviços,
constantemente ativos e incorporados separadamente, a relação dos Custódios é
principalmente, aquela de direito de propriedade total e de supervisão de custódia que
exercem através de sua capacidade de eleger todos os diretores dessas entidades.
9. Bons líderes de serviços, bem como métodos sólidos e adequados para a sua escolha,
são em todos os níveis indispensáveis para o nosso funcionamento e segurança no
futuro. A liderança principal dos serviços mundiais, exercida pelos fundadores de A.A.,
deve, necessariamente, ser assumida pelos Custódios da Junta de Serviços Gerais de
Alcoólicos Anônimos.
10. Toda a responsabilidade de serviço deveria corresponder a uma autoridade de
serviço equivalente - a extensão de tal autoridade ser sempre bem definida, seja por
tradição, por resolução, por descrição específica de função ou por atas de constituição e
estatutos adequados.
11. Enquanto os Custódios tiverem a responsabilidade final pela administração dos
serviços mundiais de A.A., eles deverão ter sempre a melhor assistência possível dos
comitês permanentes, diretores de serviços incorporados, executivos, quadros de
funcionários e consultores. Portanto, a composição desses comitês subordinados e juntas
de serviço, as qualificações pessoais dos seus membros, o modo como foram
introduzidos dentro do serviço, os seus sistemas de revezamento, a maneira como eles
são relacionados uns com os outros, os direitos e deveres especiais dos nossos
executivos, quadros de funcionários e consultores, bem como uma base própria para a
remuneração desses trabalhadores especiais, serão sempre assuntos para muita atenção
e cuidado.
12. As Garantias Gerais da Conferência: em todos os seus procedimentos, a Conferência
de Serviços Gerais observará o espírito das Tradições de A.A., tomando muito cuidado
para que a Conferência nunca se torne sede de riqueza ou poder perigosos; que
suficientes fundos para as operações mais uma ampla reserva sejam o seu prudente
princípio financeiro; que nenhum dos membros da Conferência nunca seja colocado em
posição de autoridade absoluta sobre qualquer um dos outros; que todas as decisões
importantes sejam tomadas através de discussão, votação e, sempre que possível, por
substancial unanimidade; que nenhuma ação da Conferência seja jamais pessoalmente
punitiva ou uma incitação à controvérsia pública; que, embora a Conferência preste
serviço a Alcoólicos Anônimos, ela nunca desempenhe qualquer ato de governo e que, da
mesma forma que a Sociedade de Alcoólicos Anônimos a que serve, a Conferência
permaneça sempre democrática em pensamento e ação.
Observação: A Conferência de Serviços Gerais recomendou que o "texto integral" dos
Conceitos seja estudado detalhadamente.
PUBLICAÇÕES DE A.A.
Relação da literatura oficial de A.A., editada em português, pela JUNAAB – Junta de
Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil, que pode ser adquirida nos grupos e
Escritórios de Serviços Locais de A.A. de sua cidade.
LIVROS
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
A.A. ATINGE A MAIORIDADE
DR. BOB E OS BONS VETERANOS
LEVAR ADIANTE
NA OPINIÃO DO BILL
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES
REFLEXÕES DIÁRIAS
VIEMOS A ACREDITAR
VIVER SÓBRIO
LIVRETOS E FOLHETOS
44 PERGUNTAS
A TRADIÇÃO DE A.A. - COMO SE DESENVOLVEU
A.A. COMO FUNCIONA
A.A. COMO UM RECURSO PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A.A. E A CLASSE MÉDICA
A.A. E OS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA AOS EMPREGADOS
A.A. É PARA MIM?
A.A. EM INSTITUIÇÕES DE TRATAMENTO
A.A. EM SUA COMUNIDADE
A.A. NUM RELANCE
A.A. PARA A MULHER
AS DOZE TRADIÇÕES ILUSTRADAS
AUTO-SUFICIÊNCIA PELAS NOSSAS PRÓPRIAS CONTRIBUIÇÕES
CARTA A UMA MULHER ALCOÓLICA
DENTRO DE A.A.
EIS O A.A.
ENTENDENDO O ANONIMATO
FALANDO EM REUNIÕES DE NÃO A.A.
MENSAGEM A UM RECLUSO QUE PODE SER UM ALCOÓLICO
O ARTIGO DE JACK ALEXANDER SOBRE A.A.
O MELHOR DE BILL – EXTRAÍDO DO GRAPEVINE
O MEMBRO DE A.A. - MEDICAMENTOS E OUTRAS DROGAS
OS CO-FUNDADORES DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
OS DOZE PASSOS ILUSTRADOS
OS JOVENS E A.A.
OUTROS PROBLEMAS ALÉM DO ÁLCOOL
PARA ONDE VOU DAQUI?
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE APADRINHAMENTO
PRIMEIRAS NOÇÕES
SE VOCÊ FOR UM PROFISSIONAL
SUGESTÕES PARA COORDENAR REUNIÃO DE NOVOS
TRÊS PALESTRAS ÀS SOCIEDADES MÉDICAS POR BILL W., CO-FUNDADOR DE
A.A.
UM CLÉRIGO PERGUNTA A RESPEITO DE A.A.
UM PEQUENO GUIA PARA A.A.
UM RECÉM-CHEGADO PERGUNTA...
UMA MENSAGEM AOS ADMINISTRADORES DE INSTITUIÇÕES CORRECIONAIS
UMA MENSAGEM PARA OS JOVENS...
VOCÊ DEVE PROCRAR O A.A.?
VOCÊ PENSA QUE É DIFERENTE?
LITERATURA DE SERVIÇOS
MANUAL DE SERVIÇOS DE A.A.
MANUAL DO CTO
O GRUPO DE A.A.
O RSG
DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS ILUSTRADOS
DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS
PERIÓDICOS
REVISTA VIVÊNCIA (publicada bimestralmente)
Eu sou responsável...
Quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo ajuda, quero que a mão do
A.A. esteja sempre ali. E por isto: Eu sou responsável.
Uma declaração de Unidade
Devemos, para o futuro de A.A.:
Colocar nosso bem-estar comum em primeiro lugar;
Manter nossa Irmandade unida;
Porque em A.A., a unidade garante nossas vidas
E s vidas daqueles que ainda virão.
Literatura aprovada pela
Conferência de Serviços Gerais de A.A.
Dr. Laís Marques da Silva
Ex-Custódio e Presidente da JUNAAB
Os substantivos definem as idéias. Dizemos que uma questão é substantiva quando ela
contém o significado, a substância. Na designação “Doze Conceitos para Serviços
Mundiais”, temos dois substantivos que devemos analisar detidamente a fim de que
possamos compreender a totalidade dos seus conteúdos.
O primeiro é a palavra conceito. Recorrendo ao “Aurélio”, vemos que: 1. Em Filosofia,
significa a representação de um objeto pelo pensamento, por uma das suas
características gerais - abstração, idéia; 2. Ação de formular uma idéia por meio de
palavras - definição, caracterização e, 3. Pensamento, idéia, opinião. Estas primeiras
acepções nos transmitem o significado da palavra conceito porque respondem às
indagações: qual a idéia e qual a sua definição?
O segundo substantivo é a palavra serviço. Com ela já estamos bem familiarizados, pois
vivemos numa Irmandade animada pelo espírito de serviço, entendido como o ato de
colocar a sobriedade ao alcance de todos os que a desejem. Os serviços definem o AA
como o conhecemos e põem os seus membros em contato, em comunicação, com os
que precisam de ajuda, os que querem parar de beber.
O serviço em AA compreende tudo o que se venha a realizar para alcançar o alcoólico
que ainda sofre e se compõe de uma grande variedade de atividades que vão desde o
preparo de uma xícara de café até a manutenção do Escritório de Serviços Gerais. No
entanto, o serviço básico, e também a razão primordial da existência de AA, é o de levar
a mensagem ao alcoólico que ainda sofre. O serviço dá à Irmandade a marca da ação.
Alcoólicos Anônimos é uma sociedade de alcoólicos em recuperação e em ação.
Do mesmo modo que o objetivo de cada membro é a sua própria sobriedade, o dos
serviços é colocar esta mesma sobriedade ao alcance de todos os que a desejem; “Cada
grupo é animado de um único propósito - o de transmitir a mensagem ao alcoólico que
ainda sofre”.
O ideal de ajuda se constitui numa importante força de coesão para o grupo porque
anima os seus membros em torno de um objetivo comum e, por isso, se torna um sólido
alicerce para a Irmandade. Indispensável à Unidade, é a própria essência do Terceiro
Legado.
A tarefa de estender a mão àquele que ainda sofre oferece a cada membro um trabalho
suficientemente grande para polarizar a imaginação e os esforços dos seus membros e
para fazer nascer um profundo sentimento de lealdade em relação ao grupo. “Razões
tinham que ser encontradas para manter as pessoas autoritárias e causadoras de atrito
em seus devidos lugares. Um adequando comitê de serviços, com considerável pressão,
aliado a muito amor e confiança, provou ser a resposta”. O serviço traz recompensas
imateriais para os que o realizam e é um dos pilares sobre os quais se assenta a
recuperação individual.
Voltando ao tema, vemos que os serviços são mundiais e aí muita gente entende que não
é da sua alçada em razão do adjetivo mundial, considerado o âmbito restrito da sua
atuação individual. Mas os serviços têm uma outra dimensão, a espacial, uma vez que
compreendem as ações que se desenvolvem nos grupos, as que são realizadas a nível
nacional, as que ultrapassam as fronteiras de um país e as que são executadas a nível
internacional. Como a Irmandade está em cerca de 147 países do mundo, os serviços se
tornaram realmente mundiais. Assim, o alcance da Irmandade é global e a sua
mensagem é dirigida à espécie humana, a todos os que têm problemas com a bebida.
Os Doze Conceitos, ligados ao Terceiro Legado, interessam em especial aos “servidores
de confiança”, isto é, aos companheiros que se dedicam ao serviço.
Com poucos anos de existência, a Irmandade contava com milhares de grupos, com uma
Junta de Serviços Gerias, com uma Conferência e uma Revista. Era necessário, então,
estabelecer as relações entre estas essas estruturas. Desta forma, quando o próprio Bill
W. idealizou os 12 Conceitos, estabeleceu as relações que visavam, a meu ver, montar
um sistema, como se espera que exista numa sociedade como aquela em que vivemos,
preocupada com os controles, a retroalimentação e com a reformulação do planejamento.
Os Doze Conceitos de AA dão a coesão necessária aos serviços e previnem a existência
de superposições e, como tal, evitam dissensões.
Outro ponto que é necessário esclarecer é o conceito de Serviços Gerais. São serviços
que os grupos não podem fazer por si mesmos, como: uniformizar, editar e distribuir uma
literatura composta de numerosos títulos; fazer um trabalho de informação ao público
padronizado a nível nacional; passar a experiência adquirida pelos grupos da nossa
Irmandade como um todo aos novos grupos; atender, numa escala maior, aos pedidos de
ajuda; publicar a Revista Nacional, etc.
Há frases que demonstram um grande poder de síntese e que dão uma idéia muito clara
das coisas: “Os Passos são para o alcoólico viver e as Tradições são para a Irmandade
viver”. Uma outra diz que “Os Passos ensinam a viver e as Tradições ensinam a
conviver”. São frases que, sendo curtas, exibem um grande poder de síntese e encerram
uma grande significação. No entanto, em relação aos Conceitos, fica um pouco difícil
condensar, fazer uma ponte que os una como um todo. Resta o esforço de tentar costurá-
los de modo a transmitir uma idéia condensada, uma visão global do seu conteúdo e é o
que passamos a fazer agora.
Conceito I: Nele fica estabelecido que “A responsabilidade final e a autoridade suprema
para os serviços mundiais recaem sobre os grupos de AA.” “Esta responsabilidade e a
conseqüente autoridade foram transferidos para os grupos no decurso da Convenção
Internacional de Saint Louis, em 1955”. Esta é a idéia do Conceito I.
Material de Serviço originário do Escritório de Serviços Gerais
(General Service Office)
LISTA DE CHECAGEM DE CONCEITOS
Um material de serviço para grupos, distritos, áreas
Alguns destes tópicos para discussão foram originalmente desenvolvidos por um grupo
de A.A. e posteriormente aprimorados pelos custódios do Comitê de Literatura para
serem distribuídos pelo Escritório de Serviços Gerais ( GSO). Apesar do fato desta lista
pretender ser um ponto de partida para discussão por grupos, distritos ou áreas; os
membros de A.A. podem individualmente ver nela utilidade, conjuntamente com os
escritos do co-fundador Bill W.,com um padrinho para o serviço caso tenha algum e para
reflexão de sua experiência própria. Informações adicionais sobre os Conceitos podem
ser encontradas no Manual de Serviços de A. A. /Doze Conceitos para Serviços Mundiais
e no panfleto “Os Doze Conceitos Ilustrados.” (Os Conceitos citados aqui estão em sua
forma resumida.)
Conceito I: A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de
A.A. deveriam sempre residir na consciência coletiva de toda a nossa irmandade.
• O nosso grupo possui um representante de serviços gerais ( R.S.G. ) ? Nós sentimos
que nosso grupo faz parte de A.A. como um todo ; e que as ações e decisões do nosso
grupo são reflexo disto ?
• Nós realizamos reuniões da consciência de grupo, encorajando todos a participar?
Passamos essa consciência para o distrito, área ou reunião da Intergrupal?
• A “consciência coletiva” de Alcoólicos Anônimos está viva em meu grupo? Na minha
área?
• Como nos adaptamos ao triângulo invertido de A.A.?
• Estamos dispostos a fazer o que for necessário para que a democracia de serviços
mundiais funcione em quaisquer circunstâncias?
Conceito II: A Conferência de Serviços Gerais de A.A. tornou-se, para quase todo
propósito prático, a voz ativa e a consciência efetiva de toda nossa Sociedade em seus
negócios mundiais.
• Nós temos compreensão da história da Conferencia de Serviços Gerais ( a
“Conferência” )?
• O que é uma Sugestão da Conferência? Os R.S.G.’s dos grupos, o M.C.D., o Delegado
da Área relatam aos grupos os pontos principais da Conferência e as Sugestões da
Conferência?
• Está o nosso grupo de acordo com as responsabilidades mais amplas da Sétima
Tradição?
Conceito III: Para assegurar uma liderança efetiva, devemos dotar cada elemento de A.A.
– A Conferência, a Junta de Serviços Gerais e suas corporações de serviços,
funcionários, comitês, e executivos – com o tradicional “ Direito de Decisão ”.
• Nós compreendemos o significado de “Poder de Decisão?” Nós o outorgamos em todos
os níveis de serviço ou nós “tutoramos?”
• Nós confiamos em nossos servidores de confiança – R.S.G., M.C.D., Delegado de Área,
a própria Conferência?
Conceito IV: Em todos os níveis de responsabilidade, deveríamos manter o tradicional
“Direito de Participação”, concedendo um voto representativo em proporção
correspondente à responsabilidade que cada um deve ter.
• Nós compreendemos os princípios espirituais que embasam o “Direito de Participação?”
• O que “em proporção razoável” significa? Nós entendemos quando é apropriado que um
funcionário pago de A.A. tenha direito a voto na Conferência de Serviços Gerais ou em
nossa estrutura local de serviços?
• Nós esperamos que, por nós sermos membros de A.A. , deveria ser permitido que
votássemos em qualquer grupo, mesmo que não fossemos membro ativo deste grupo ?
Conceito V: Por toda nossa estrutura, o tradicional “Direito de Apelação” deveria
prevalecer,assim nos assegurando de que a opinião da minoria seja ouvida e de que as
petições para a reparação de queixas pessoais sejam cuidadosamente consideradas.
• Nós encorajamos a opinião da minoria, o “Direito de Apelação”, para que ela seja ouvida
em nosso grupo, reuniões do comitê de distrito, assembléias de área e a Conferencia?
• O que nosso grupo considera como “substancial unanimidade?”
• Nosso grupo já experimentou a “tirania da maioria” ou a “tirania da minoria?”
• O Nosso grupo compreende a importância de que todos os pontos de vista sejam
ouvidos antes que se proceda uma votação ?
Conceito VI: A Conferencia reconhece que a iniciativa principal e a responsabilidade ativa
na maior parte dos serviços mundiais,deveria ser exercida pelos custódios membros da
Conferencia agindo como a Junta de Serviços Gerais.
• Estamos familiarizados com a maneira como nossa Junta de Serviços Gerais (G.S.B.)
custódios classe A e classe B prestam serviços a A.A.? Estamos familiarizados como
nossos outros servidores de confiança prestam serviço a A.A.?
• Compreendemos com clareza os termos “principal iniciativa” e “responsabilidade ativa?”
Podemos traçar um paralelo com nosso grupo?
Conceito VII: A Ata de Constituição da Conferencia e os Estatutos da Junta de Serviços
Gerais são instrumentos legais, dando poderes aos custódios para administrar e conduzir
os serviços mundiais. A Ata de Constituição da Conferencia não é um documento legal;
ela depende da força da tradição e do poder da bolsa de A.A. para efetivar a sua
finalidade.
• Nós agimos com responsabilidade no tocante ao “poder da bolsa?”
• Nós concluímos que o poder prático e espiritual da Conferencia será quase sempre
superior ao poder legal da Junta de Serviços Gerais?
Conceito VIII: Com relação aos amplos assuntos de normas de procedimentos e finanças
em geral, os custódios são os principais planejadores e administradores. Eles e seus
comitês principais dirigem diretamente esses assuntos; mas com relação aos nossos
serviços, constantemente ativos e incorporados separadamente, a relação dos custódios
é principalmente aquela de direito de propriedade total e de supervisão de custódia que
exercem através da sua capacidade de eleger todos os diretores dessas entidades.
• Nós compreendemos a relação entre a entidade coorporativa de serviço (JUNAAB) e a
Junta de Serviços Gerais?
• Como se aplica o termo “supervisão de custódia” ao relacionamento dos custódios com
as duas entidades de serviço?
• O meu grupo recebe o informativo trimestral da JUNAAB e o BOB Mural? Ele assina a
Revista Vivência? E eu; sou assinante? (N.T. 1)
( N.T. :1 ) A situação foi adaptada para o Brasil .
Conceito IX: Bons líderes de serviço em todos os níveis são indispensáveis para nosso
funcionamento e segurança no futuro. A liderança principal dos serviços mundiais, até
então exercida pelos fundadores, deve ser assumida pelos custódios.
• Nós discutimos a melhor forma de fortalecer a formação e liderança de nossos futuros
servidores de confiança?
• Nós reconhecemos a necessidade de servidores no grupo? Qual nosso critério para
escolha? Nós às vezes damos um encargo para alguém, ”porque será bom para ele?”
• Eu represento um exemplo positivo de liderança?
Conceito X: Toda responsabilidade de serviço deveria corresponder a uma autoridade de
serviço equivalente e a extensão desta autoridade ser bem definida.
• Compreendemos “autoridade” e “responsabilidade” como relacionadas a decisões da
consciência coletiva dos RSG’s, MCD’s e nossos delegados de área?
• Porque a delegação de “autoridade” é tão importante para o funcionamento efetivo de
A.A.? Nós utilizamos este conceito para definir os limites da “autoridade?”
Conceito XI: Os custódios devem ter sempre o melhor possível em comitês, diretores de
serviços, executivos, funcionários e consultores. A composição, qualificação, criação de
procedimentos, e direitos e deveres deve ser sempre motivo da maior atenção.
• Compreendemos como os papéis desempenhados pelos diretores não custódios e os
membros escolhidos do comitê servem para apoiar e fortalecer o sistema de comitês ?
• Como encorajamos nossos servidores especiais remunerados a exercitarem seu
tradicional “Direito de Participação?”
• Praticamos a rotatividade em todas os nossos encargos de serviço?
Conceito XII: A Conferencia deve observar o espírito das tradições de A.A.,tomando
cuidado para que nunca se torne sede de riqueza ou poder perigosos; que fundos o
suficiente para as operações mais uma reserva sejam seu prudente princípio financeiro;
que nenhum de seus membros seja colocado em posição de autoridade não delegada
sobre outros; que todas as decisões importantes sejam tomadas através de
discussão,votação e quando possível por substancial unanimidade; que suas ações
nunca sejam pessoalmente punitivas nem um incitamento a controvérsias públicas; que
nunca desempenhe qualquer ato de governo,e que,assim como a Sociedade a quem
serve,permaneça sempre democrática em pensamento e em ação.
• Como nos precavemos para não ser “sede de perigosa riqueza ou poder?”
• Como praticamos a utilização prudente das contribuições da Sétima Tradição e da
revenda de literatura?
• Nós asseguramos as liberdades espirituais de todos membros de A.A. não colocando
nenhum membro em posição de autoridade absoluta sobre outros?
• Nós tentamos chegar às decisões importantes através de discussão, voto e,quando
possível,substancial unanimidade?
• Como guardiões das Tradições de A.A.; achamos sempre justificativa para o fato de
sermos pessoalmente punitivos ?
• Tomamos o cuidado de evitar controvérsias públicas?
• Procuramos sempre tratar o próximo com mútuo respeito e amor?
Revisado 07/01/2002
Tradução: DS17AA Setor 05 Área RJ
Comp. Ricardo Gorobo
" PARTICIPAÇÃO COM RESPONSABILIDADE "
A RESPONSABILIDADE DOS GRUPOS COM OS SERVIÇOS MUNDIAIS
Os grupos de A. A. têm hoje em dia a responsabilidade final e autoridade suprema pelos
nossos serviços mundiais. (Conceito I)
A RESPONSABILIDADE DELEGADA (CONFERÊNCIA/ JUNTA DE CUSTÓDIOS)
Em benefício de A. A. como um todo, a nossa Conferência de Serviços Gerais tem a
principal responsabilidade de manter os nossos serviços mundiais. Mas a Conferência
também reconhece que a principal iniciativa e responsabilidade ativa, na maioria desses
assuntos, deveria ser exercida principalmente pelos Custódios, membros da Conferência
quando eles atuam entre si como Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.
(Conceito VI)
A RESPONSABILIDADE NO SERVIÇO
Quase todas as sociedades e governos, hoje, apresentam sérios desvios do princípio
muito sadio de que cada responsabilidade operacional deve ser acompanhada de uma
autoridade correspondente para acompanhá-la. É por isso que temos tido tanto trabalho
em discussões precedentes ao definir as autoridades e responsabilidades dos Grupos de
A. A., da Conferência, dos Custódios e das nossas corporações de serviço ativo.
Tentamos fazer, certamente, com que a autoridade em cada um desses níveis seja igual
à nossa responsabilidade. Então tentamos relacionar esses níveis entre si de tal maneira
que esse princípio seja mantido completamente. (Conceito X)
A RESPONSABILIDADE COM A AUTO-SUFICIÊNCIA
Para que A. A. possa manter-se livre de quaisquer influências externas, precisamos
assumir a responsabilidade com a manutenção dos nossos grupos e organismos de
serviços em todos os níveis.
"Os serviços abrangem, desde a xícara de café até a Sede de Serviços Gerais para a
ação nacional e internacional. A soma de todos esses serviços é o Terceiro Legado de A.
A. Tais serviços são absolutamente necessários para a existência e crescimento de A. A.
Aspirando simplicidade, muitas vezes nos perguntamos se poderíamos eliminar alguns
dos serviços atuais de A. A. seria maravilhoso não se ter preocupações, nem políticas,
nem despesas e nem responsabilidades! Mas isso é apenas um sonho acerca de
simplicidade; isso, na verdade, não seria simplicidade. Sem seus serviços essenciais, A.
A. se converteria rapidamente numa anarquia disforme, confusa e irresponsável. " (A. A.
Atinge a Maioridade, pg. . 122; 5ª Ed, 2001)
A RESPONSABILIDADE NO SERVIÇO DO GRUPO
"A. A. jamais deverá organizar-se como tal; podemos porém criar juntas ou comitês de
serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços" (Nona
Tradição)
A RESPONSABILIDADE DOS SERVIDORES DE CONFIANÇA
Não obstante, os grupos de A. A. reconheceram que para os propósitos dos serviços
mundiais, a "Consciência de Grupo de A. A.", como uma totalidade, tem certas limitações.
Não pode atuar diretamente em muitos assuntos de serviço porque não está
suficientemente informada sobre os problemas em questão. É também verdade que a
Consciência de Grupo, durante de muito distúrbio, não é sempre o guia mais seguro,
porque temporariamente podem impedir o seu funcionamento de forma inteligente e
eficiente. Portanto, quando a Consciência de Grupo não pode ou não deve atuar
diretamente, quem deveria atuar no seu lugar? A segunda parte da Segunda Tradição
nos dá a resposta quando descreve os líderes de A. A. como "servidores de confiança".
Esses servidores devem estar sempre prontos para fazer pelos Grupos o que os grupos
não podem ou não devem fazer por si mesmos.
Conseqüentemente, os servidores tendem a usar as suas próprias informações e
julgamento, às vezes a ponto de discordar de uma opinião mal informada ou
preconcebida do Grupo.
Portanto, será observado que nos serviços de mundiais de A. A. confiamos numa
pequena porém idônea minoria — nos cento e tanto membros da C. S.G. — para atuar
como Consciência de Grupo de A. A., em muito dos nossos assuntos dos nossos
serviços. Como em outras sociedades livres, confiamos nos nossos servidores (cf.
Conceito III), embora sabendo que na eventualidade de falharem nas suas
responsabilidades ainda teremos ampla oportunidade para adverti-los ou substituí-los.
(Conceito V)
A RESPONSABILIDADE NA RECUPERAÇÃO
"Algumas pessoas se opõem firmemente à posição de A. A. de que o alcoolismo é uma
doença. Sentem que esse conceito tira dos alcoólicos a responsabilidade moral. Como
qualquer A. A. sabe, isso está longe de ser verdade. Não utilizamos o conceito de doença
para eximir nossos membros da responsabilidade. Pelo contrário, usamos o fato de que
se trata de uma doença fatal para impor a mais severa obrigação moral ao sofredor, a
obrigação de usar os Doze Passos de A. A. para se recuperar". (Na Opinião do Bill – pág.
32)
A RESPONSABILIDADE NO APADRINHAMENTO
"Todos os padrinhos são necessariamente líderes. Os valores são tão grandes quanto
podem ser. Uma vida humana e geralmente a felicidade de toda uma família está em
jogo. O que o padrinho diz ou faz, como prevê as reações dos seus afilhados, como
controla e se apresenta bem, como faz as suas críticas e como controla bem o seu
afilhado, através de exemplos espirituais pessoais – essas qualidades de liderança
podem constituir toda a diferença entre a vida e a morte". (Conceito IX)
A RESPONSABILIDADE COM A TRANSMISSÃO DA MENSAGEM
Quando qualquer um, seja onde for,
estender a mão pedindo ajuda,
quero que a mão de A. A.
esteja sempre ali.
E por isto: Eu sou responsável".
— Declaração do 30º aniversário
Convenção Internacional de 1965
"(...) O Escritório de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos é muito mais do que o
principal portador da mensagem de A. A. ele tem apresentado A. A. ao mundo conturbado
em que vivemos. Tem encorajado a propagação de nossa Irmandade em todos os
lugares. A. A. World Services, Inc. está pronto para atender às necessidades especiais de
qualquer grupo ou indivíduo isolado, seja qual for a distância ou o idioma. Seus muitos
anos de acumulada experiência estão disponíveis para todos nós. (...)
Esse é o legado de responsabilidade dos serviços mundiais que nós, os membros mais
antigos que vão desaparecendo, estamos deixando a vocês, os A.As de hoje e de
amanhã. Sabemos que vocês vão guardar, sustentar e estimar esse legado mundial
como a maior responsabilidade coletiva que A. A. já teve. (Bill W. – Na Opinião do Bill,
pág. 332)
Isaias
Bibliografia:
- Doze Conceitos para Serviços Mundiais
- Alcoólicos Anônimos Atinge a Maioridade
- Doze Passos e Doze Tradições
- Na Opinião do Bill
A Relação do Indivíduo Com A.A. como Grupo.
Pode ser que alcoólicos Anônimos seja uma nova forma de sociedade humana.O
Primeiro dos Doze Pontos de nossa Tradição diz: Cada membro de Alcoólicos Anônimos
não é senão uma pequena parte de um grande todo. É necessário que eu o A.A. continue
vivendo ou, do contrário, seguramente a maioria de nós morrerá. Por isto, o nosso bem-
estar comum tem prioridade, porém seguido de perto pelo bem-estar individual. Isto
representa um reconhecimento, comum em todas as sociedades, de que, às vezes, o
indivíduo tem que antepor o bem-estar de seus companheiros aos seus próprios desejos
descontrolados.
Se o indivíduo não cedesse nada, em benefício do bem-estar comum, não poderia existir
sociedade alguma o que restaria seria a obstinação e a anarquia, no pior sentido da
palavra.
Todavia, o Terceiro Ponto de nossa Tradição parece ser um convite aberto à anarquia.
Aparentemente, contradiz o Primeiro Ponto. Ele diz: Nossa Comunidade deve incluir a
todos os que sofrem de alcoolismo. Por isto, não podemos rechaçar a ninguém que
queira recuperar-se. Para tornar-se membro de A.A. não depende de dinheiro ou
formalidade. Quando dois ou três alcoólatras se reunirem para manter a sobriedade,
podem chamar-se um grupo de A.A.. Isto implica claramente em dizer que um alcoólatra
é membro se ele assim o disser; que não podemos privá-lo de ser membro; que não
podemos exigir-lhe sequer um centavo; que não podemos impor-lhe nossas crenças e
costumes; que ele pode recusar tudo o que sustentamos e, não obstante, continuar sendo
membro. Na realidade, nossa Tradição leva o Princípio de independência individual a tal
fantástico extremo que, enquanto tiver o mínimo interesse na sobriedade, o alcoólico mais
imoral, mais anti-social, mais crítico, pode reunir-se com uma quantas almas gêmeas e
anunciar-nos que foi formado um novo grupo de A.A. Mesmo opondo-se a Deus, à
medicina, contrários ao nosso programa de recuperação, inclusive uns contrários aos
outros, estes indivíduos desenfreados, ainda assim, constituem um grupo de A.A., se
assim o crêem.
Às vezes, nossos amigos não-alcoólicos nos perguntam: Temo-los ouvido dizer que o
A.A. tem estrutura social segura E prosseguem: Devem estar brincando. Segundo vemos,
sua Terceira Tradição tem uma cimentação tão firme quanto à cimentação da Torre de
Babel. No Primeiro Ponto, vocês dizem abertamente que o bem-estar do grupo tem a
primazia. Em seguida, no Ponto Três, passam a dizer a cada A.A. que ninguém o pode
impedir que pense ou faça como melhor lhe convenha. É certo que no Segundo Ponto
falam vagamente de uma autoridade final, Um Deus amoroso tal como se expresse na
consciência do grupo. Com todo respeito aos seus pontos de vista, olhada de fora esta
Tradição parece irrealista. Além de tudo, o mundo atual não é senão a triste história de
como a maioria dos homens tem perdido sua consciência e, por isto, não pode encontrar
o seu caminho. Agora vêm vocês, alcoólicos (gente, além de tudo, pouco equilibrada.
Verdade?) para nos dizer amavelmente: 1) Que o A.A. é um formoso socialismo muito
democrático. 2) Que o A.A. também é uma ditadura, sujeitando-se os seus membros ao
mandato benigno de Deus. E, finalmente, que o A.A. é tão individualista que a
organização não pode punir aos seus membros por mal comportamento ou incredulidade.
Portanto, continuam nossos amigos, quer nos parecer, dentro da Sociedade de Alcoólicos
Anônimos vocês têm uma democracia, uma ditadura e uma anarquia, tudo funcionando
ao mesmo tempo. Deita-se tranqüilamente na mesma cama estes conceitos que nos dias
atuais acham-se em tão violento conflito que vão dilacerando o mundo? Contudo,
sabemos que o A.A. dá resultado. Portanto, vocês, de alguma forma, devem ter
conciliado estas grandes forças. Contem-nos, se puderem, o que é que mantém o A.A.
unido? Por que o A.A. também não se desgarra?Se todo membro de A.A. goza de uma
liberdade pessoal que pode chegar à libertinagem, por que sua Sociedade não explode?
Deveria explodir, mas não explode.
É provável que, ao ler o nosso Primeiro Ponto, nossos amigos do mundo afora, tão
tomados pela perplexidade deste paradoxo, deixem de atentar para uma declaração
muito significativa: É necessário que o A.A. continue vivendo ou, do contrário,
seguramente a maioria de nós morrerá.
Esta dura asserção leva implícito todo um mundo de significado para cada membro de
Alcoólicos Anônimos. Embora seja totalmente certo que nenhum grupo de A.A. pode
forçar a qualquer alcoólico a contribuir com dinheiro ou a submeter-se aos Doze Passos,
cada membro de A.A. se vê obrigado, com o passar do tempo, a fazer estas coisas.
A verdade é que, na vida de cada alcoólico, sempre há um tirano à espreita. Chama-se
álcool. Astuto, impiedoso, suas armas são a aflição, a loucura e a morte. Não importa o
tempo que levemos sóbrios, ele se coloca sempre ao nosso lado, vigiando, pronto para
aproveitar qualquer oportunidade para reiniciar seu trabalho de destruição. Tal como um
agente da Gestapo, ele ameaça a cada cidadão A.A. com a tortura e a extinção a menos
que o cidadão A.A. esteja disposto a viver sem egoísmo, amiúde antepondo a seus
planos e ambições pessoais o bem-estar de A.A. no seu todo.
Aparentemente, nenhum ser humano pode forçar os alcoólatras a viverem juntos felizes e
utilmente. Porém o Sr. Álcool pode e costuma fazê-lo!
Isto se pode ilustrar com uma história: Faz algum tempo, listamos amplamente nossos
aparentes fracassos ocorridos durante os primeiros anos de A.A. A cada alcoólatra que
aparecia na lista, se lhe havia sido dada uma boa orientação.
A maioria havia assistido as reuniões durante vários meses. Depois de recair e tornar a
recair, todos desapareceram. Alguns diziam que não eram alcoólatras. Outros não
puderam aceitar nossa crença em Deus. Uns quantos carregavam intensos
ressentimentos contra seus companheiros. Anarquistas convencidos, não podiam ajustar-
se à nossa Sociedade. E como a nossa Sociedade não se ajustava a eles, marcharam.
Porém, só temporariamente. No curso dos anos, a maioria destes chamados fracassos
tem retornado, convertendo- se, freqüentemente, em excelentes membros. Nunca fomos
atrás deles. Voltaram por conta própria.
Cada vez que vejo alguém que acaba de retornar, pergunto-lhe porque voltou a se unir ao
nosso rebanho. Invariavelmente, sua resposta é mais ou menos assim: Quando contatei
A.A. pela primeira vez, inteirei-me de que alcoolismo é uma enfermidade: uma obsessão
mental que nos impulsiona a beber e uma sensibilidade física que nos condena à loucura
ou à morte se continuamos bebendo. Porém, logo fiquei desgostoso com os métodos de
A.A. e cheguei a odiar a alguns dos alcoólicos que conhecia ali. E ainda continuava com a
idéia de que podia deixar a bebida pelos meus próprios meios. Depois de vários anos
bebendo de forma terrível, compreendi que era impotente para controlar o álcool e me
rendi. Retornava ao A.A. porque não tinha outro lugar a que recorrer. Já havia tentado em
todos os demais. Tendo alcançado este ponto, soube que teria que fazer algo
rapidamente: que tinha que praticar os Doze Passos do programa de recuperação de
A.A.; que teria que deixar de odiar aos meus companheiros alcoólicos; que agora teria
que ocupar meu lugar entre eles, como uma pequena parte deste grande todo, a
Sociedade de Alcoólicos Anônimos. Tudo se reduzia à simples alternativa do agir ou
morrer. Tinha que me ajustar aos princípios de A.A. se não, poderia despedir-me da vida.
Acabou a anarquia para mim e aqui estou.
Esta história mostra a razão pela qual, nós, os A.As., temos que viver juntos. Do
contrário, morreremos sós. Somos os atores de um drama inexorável, no qual a morte é o
ponto dos que vacilam em seus papéis (nota do tradutor: ponto, aqui, significa pessoa
que no teatro vai lendo o que os atores hão de dizer, para lhes auxiliar a memória). Há
alguém que possa imaginar a imposição de uma disciplina mais rigorosa que esta?
Não obstante, a história do beber descontrolado nos mostra que o temor, por si só, tem
disciplinado a muitos poucos alcoólatras. Para nos mantermos unidos, nós, os
anarquistas, é necessário muito mais do que o simples temor.Há uns poucos anos,
fazendo uma palestra em (Baltimore), encontrava-me pondo sal nos grandes sofrimentos
que nós, os alcoólicos, havíamos conhecido.
Desconfio que as minhas palavras tinham um forte cheiro de autocomiseração e
exibicionismo. Insistia em descrever a nossa experiência de bebedores como uma grande
calamidade, um terrível infortúnio. Depois da reunião, fui abordado por um padre, que
com um tom muito gentil, me disse: Eu o ouvi dizer que cria que sua maneira de beber
era um infortúnio. Entretanto, a mim me parece que, no seu caso, aquilo era uma
tremenda bem-aventurança.
Não foi essa experiência horrível o que o humilhou tanto que fez com que pudesse
encontrar a Deus? Não foi o sofrimento o que lhe abriu os olhos e o coração? Todas as
oportunidades que você tem hoje, toda esta maravilhosa experiência a que você chama
de A.A., tiveram sua origem num profundo sofrimento pessoal. No seu caso, não foi
nenhum infortúnio. Foi uma bem-aventurança que não tem preço. Vocês, A.As., são
pessoas privilegiadas.
Este sincero e profundo comentário me comoveu muito. Marca um momento decisivo de
minha vida. Fez-me pensar, como nunca, sobre a relação que mantinha com meus
companheiros de A.A. Fez-me pôr em dúvida os meus próprios motivos. Por que havia
vindo à Baltimore? Estava ali só para banhar-me nos aplausos e louvação dos meus
companheiros? Estava ali como mestre ou como pregador?
Via-me como um eminente expedicionário da cruzada moral Ao refletir, confessei
envergonhadamente a mim mesmo que tinham todos esses motivos, que havia extraído
um prazer indireto, e bastante egocêntrico, de minha visita. Mas, isso era tudo? Não
haveria um motivo melhor do que a minha avidez por prestígio e aplauso? Fora à
Baltimore unicamente para satisfazer a esta necessidade e a nenhuma outra mais
profunda ou nobre? Então, me veio uma luz de inspiração.Sob minha vanglória superficial
ou pueril, vi operando Alguém muito superior a mim. Alguém que queria transformar- me;
Alguém que, se eu o permitisse, livrar-me-ia dos meus desejos menos honestos e os
substituiria com aspirações mais louváveis, nas quais, se eu tivesse suficiente humildade,
poderia encontrar a paz.Naquele momento, vi nitidamente a razão pala qual devia ter
vindo à Baltimore.
Devia ter viajado para ali possuído pela feliz convicção de que necessitava dos
baltimorenses ainda mais do que eles necessitavam de mim; que teria necessidade de
compartilhar com eles tanto suas penas, quanto suas alegrias; que teria necessidade de
sentir-me unido a eles, fusionando-me em sua sociedade; que, inclusive, se eles
persistissem em considerar-me como seu mestre, eu deveria considerar a mim mesmo
como aluno deles. Compreendi que havia estado vivendo muito isolado, muito apartado
dos meus companheiros e muito surdo a essa voz interior. Ao invés de ir à Baltimore
como mero agente que levava a mensagem de experiência, cheguei com fundador de
Alcoólicos Anônimos. E, tal como um vendedor numa convenção, coloquei meu crachá de
identificação para que todos pudessem vê-lo bem. Como seria melhor se tivesse gratidão
ao invés de satisfação de mim mesmo ? gratidão por haver padecido os sofrimentos do
alcoolismo; gratidão pelo milagre da recuperação que a Providência havia operado em
mim; gratidão pelo privilégio de servir aos meus companheiros alcoólatras e gratidão
pelos laços fraternais que me uniam a eles numa camaradagem cada vez mais íntima,
como raras sociedades conhecem. Era verdade o que me dissera o padre: ?Seu
infortúnio converteu-se em bem-aventurança.
Vocês, os A.As., são pessoas privilegiadas.
A experiência que tive em Baltimore não foi nada insólita. Cada A.A. passa em sua vida
por parecidos acontecimentos espirituais decisivos momentos de iluminação que o une,
cada vez mais intimamente, aos seus companheiros e ao seu Criador. O ciclo é sempre o
mesmo. Primeiro, recorremos ao A.A. porque morreríamos se não o fizéssemos. Depois,
para deixar de beber, dependemos de sua filosofia e do companheirismo que nos é
oferecido. Depois, por algum tempo, tendemos a voltar a depender de nós mesmos, e
buscamos a felicidade por intermédio do poder e dos aplausos. Finalmente, algum
acidente, talvez um grave contratempo, nos abre ainda mais os olhos. Na medida em que
vamos aprendendo as novas lições e aceitamos, de fato, o que nos ensinam, alcançamos
um novo e mais frutífero nível de ação e emoção. A vida adquire um sentido mais nobre.
Vislumbramos novas realidades; percebemos a qualidade de amor que nos faz enxergar
que mais vale dar do que receber. Estas são as razões pelas quais cremos que
Alcoólicos Anônimos pode ser uma nova forma de sociedade
Cada grupo de A.A. é um refúgio seguro. Porém, sempre está rodeado pelo tirano álcool.
Como os companheiros de Eddie Rickenbacker, flutuando numa balsa em alto mar, nós,
os que vivemos no refúgio de A.A., apegamo-nos uns aos outros com uma determinação
tal que o mundo raramente pode compreender.
A anarquia do indivíduo vai desaparecendo. Se desvanece o egoísmo e a democracia se
converte em realidade. Começamos a conhecer a verdadeira liberdade de espírito.
Tornamo-nos, cada vez mais, conscientes de que tudo vai bem; de que cada um de nós
pode confiar, incondicionalmente, em quem nos guia com amor desde o nosso interior e
desde do alto.
(Artigo escrito por Bill W. para a Grapevine de julho/46)
ROTATIVIDADE NO SERVIÇO:
CHAVE PARA O NOSSO FUTURO
Dr. Oscar Rodolpho Bittencourt Cox
Presidente da Junta de Serviços Gerais do Brasil
Quando os veteranos perceberam a finitude da vida do Ser Humano e a
grandiosidade daquilo que casualmente ocorreu entre dois bêbados, ou
seja, a possibilidade de deixarem de beber, identificaram um sério
problema existencial para a continuação daquilo que descobriram.
Bill e Dr. Bob, considerados co-fundadores da Irmandade de Alcoólicos
Anônimos, nos primeiros momentos foram buscar outros bêbados e Bill
D. mostrou a eles a possibilidade de formar uma cadeia de
reabilitados diante da doença do alcoolismo.
Alcoolismo, doença secular, sem solução plausível e que agora no
século XX começou a ser interrompida no seu processo destruidor. Os
números e estatísticas mostram a extensão deste mal e quando o câncer
surgiu no corpo do Dr. Bob, levando-o a falecer em novembro de 1950,
percebeu-se que o processo de recuperação dos alcoólicos não podia
ser interrompido.
A estrutura de A.A, nos primórdios apresentava duas Áreas de atuação
que corriam em paralelo, isto é, sem contato uma com a outra. A
primeira, formada pelos Grupos, vivenciando o programa e a segunda,
pelos amigos de A.A. que orientavam e juntamente cm os co-fundadores,
administravam a Irmandade (Fundação do Alcoólico, criada em maio de
1938 – futuros Custódios Não Alcoólicos).
Ocorreu então, historicamente, um processo dirigido por Bill W. de
aproximação para que os grupos apreendessem estes amigos, esta
administração e juntos assumissem o comando do processo. Deste modo a
finitude humana não mais teria influência sobre o destino de A.A.
podendo se esperar a perenidade desta recuperação tão inovadora e
espetacular em que pessoas doentes pudessem assumir a própria
responsabilidade sobre sua saúde e vida.
A ameaça à saúde do Dr. Bob, o talvez poder moderador , junto a
impulsividade de Bill W., levou a que em 1950 ocorresse a 1ª
Convenção Internacional em Cleveland – julho 1950 com a anexação das
Tradições ao programa.
É em abril de 1951 após a 1ª Conferência de Serviços Gerais que
começa um período experimental de cerca de cinco anos, unindo os
Custódios de A.A. com a Irmandade como um todo.
Deste primeiro encontro houve uma caminhada contínua até 1955, quando
em Saint Louis, Bill W. se retira da direção de A.A. e os Grupos
passam a assumi-la. Nesta época, já eram conhecidos pela Irmandade os
Passos da Recuperação (1939) e as Tradições (1946).
Surge então, a necessidade do treinamento, da preparação de novos
líderes em A.A.. Pessoas que pelo amor e gratidão a sua recuperação,
desejam participar da manutenção do processo que um dia as salvou. Em
Alcoólicos Anônimos se dá o nome de
-APADRINHAMENTO EM SERVIÇO-
Apadrinhar quer dizer compartilhar erros e acertos e deixar que o
apadrinhado caminhe ao lado. Para tal, tenho que estar aberto e
desapegado para estender a mão.
A partir de 1962, quando surgem os Conceitos, o 4° nos informa: "A
participação é a base da harmonia".
A estrutura em serviço através o Manual sugere uma série de encargos
e períodos para exercê-los. Surge daí, como conseqüência a
necessidade de um grande número de membros serem apadrinhados nos
encargos o que inexoravelmente só é possível com grande oferta de
pessoas e logicamente: ROTATIVIDADE.
A ROTATIVIDADE EM SERVIÇO necessita de muitos servidores novos
chegando, apadrinhados pelos veteranos, que passando pelos encargos,
não mais os ocupam, mas que, presentes, estimulam e criam novas
lideranças.
Para isto, membros de A.A., precisam aprender a AMAR.
AMAR É PERMITIR QUE O OUTRO SEJA ELE, AO MEU LADO.
A ROTATIVIDADE NÃO É DESCARTAR.
A ROTATIVIDADE POSSIBILITA APRENDER A AMAR.
A ROTATIVIDADE POSSIBILITA CONVIVER COM AS DIFERENÇAS.
A "ROTATIVIDADE – CHAVE PARA O FUTURO" é um grande desafio para
Alcoólicos Anônimos porque exige pré-requisitos fundamentais: a
TRANSFORMAÇÃO DO MEDO PESSOAL em relação à doença e de si mesmo
(distonia) numa entrega e confiança a um Poder Superior.
SÓ O PODER SUPERIOR RETIRA O MEDO HUMANO
Daí, o cidadão poder exercer A PRÁTICA DO AMAR.
Outro requisito fundamental: temos que confessar que não sabemos AMAR
e pedir ajuda para o aprendizado.
Um terceiro quesito é o desapego. O desapego a coisas e pessoas é
possível quando entro no processo do autoconhecimento em que os
referenciais externos eu os desloco para dentro de mim. São meus
valores que passam a me orientar. Deixo o perfeccionismo, pois não
tenho mais que agradar pessoas para que elas me amem. Deixo de ser
condicionado pelos outros e passo a ter meus próprios pontos de
referência através dos sentimentos. Posso acertar como errar.
Acredito ser uma pessoa.
Devido a estas dificuldades, o animal-homem (Homo sapiens) quando em
grupo confiável tende biologicamente a defender um corporativismo
cada vez mais conservador e conseqüentemente destruidor.
O grupo defende o membro deste grupo e este protege o grupo e assim,
o conjunto (membro/grupo), agindo o poder, atropela o direito do
indivíduo, o direito das minorias em particular. Este mesmo
indivíduo, fora do grupo apresentará um discurso que não condiz com
sua conduta quando no grupo.
Este aspecto biológico é combatido pela ROTATIVIDADE e daí o título:
CHAVE PARA O FUTURO pois, será graças a ela que OS PRINCÍPIOS serão
preservados. Daí, o recém-chegado ao grupo ser o mais importante na
reunião.
Esta visão é extremamente revolucionária para a humanidade. Estamos
moldando, na visão de Bill W., um novo Homem em recuperação e mais
espiritualizado.
Toda empresa e A.A. têm o seu lado empresarial. A.A. é uma grande
editora, que tende a proteger, como toda empresa, sua condição de
sobrevivência empresarial, quando ameaçada. Mas como A.A. possui o
lado tradicional – o mais importante –, será a ROTATIVIDADE a sua
grande protetora. Ela deve ser almejada, tendo como única autoridade
a consciência de grupo, facultando o não temer os novos servidores em
potencial, seus novos desafios de cada vez mais abrir toda a
estrutura em todos os níveis de serviço, do grupo aos comitês da
Junta, onde todo alcoólico em recuperação deve e pode circular
apadrinhado e apadrinhando.
Na Junta urge a presença de membros de A.A. de todas as áreas
presentes aos Comitês de Assessoramento e em especial:
CAC: COMITÊ DE ASSUNTOS DA CONFERÊNCIA;
COC: COMITÊ DE ORGANIZAÇÃO DA CONVENÇÃO.
Cientificamente, o exercício prolongado e repetitivo, relativamente
passivo, onde a falta de renovação existe, como exemplo, podemos
citar: espetáculos, televisão, leitura de jornais e revistas de
conteúdo superficial provocam rapidamente o tédio e a aversão.
No nosso caso, serviços e grupos "quase parando", maratonas
repetitivas e intermináveis são os exemplos. Estas atividades assim
postas não estimulam suficientemente nosso organismo.
A Psicologia Industrial nos mostra que a produção de um empregado é
melhor e sua motivação é mais elevada quando lhe confiam um trabalho
no qual pode executar certa medida de iniciativa e de criatividade, e
sobretudo quando lhe é permitido completar uma parte significativa e
unificada deste trabalho ao invés de confiá-lo à repetição mecânica
de gestos minuciosamente medidos.
Resumindo, eis a importância sob um outro aspecto da ROTATIVIDADE.
Há muitos anos o G.S.O. (General Service Office) adotou o conceito da
ROTATIVIDADE nos encargos do pessoal de A.A.
Para o conhecimento e exercício de todos os encargos da estrutura de
A.A. há, portanto, necessidade de estar ao lado da experiência e da
vivência de erros e acertos. Isto é a ROTATIVIDADE DINÂMICA onde o
apadrinhamento não pode ser capenga porque o alcoólatra não se
estruturou no AMAR, nãp foi orientado a aprender a AMAR: a ser ele e,
logicamente não sabe o que fazer. Podemos chamar de um "EGOÍSMO
ENVERGONHADO".
Do exposto acima é que provém a queixa comum da falta de servidores,
permanecendo as mesmas pessoas em serviço apenas mudando de encargos.
Este movimento rotatório dos mesmos servidores é movimento de morte,
porque não havendo "sangue novo", o corporativismo cresce e a
desconfiança acompanha, logo acabando em fechar a mão de A.A.
A Irmandade morre.
O membro de A.A. deve aprender e exercitar o pertencer daí, repetindo
o título: ROTATIVIDADE NO SERVIÇO: CHAVE PARA O NOSSO FUTURO.
Este é, portanto um grande desafio para Alcoólicos Anônimos.
Estes comentários devem ser exaustivamente praticados e não devemos
fugir do conflito. Temos que aprender a conviver com as diferenças. E
é isto a prova maior de AMOR, de entrega ao PODER SUPERIOR.
Eis um grande desafio proposto para Alcoólicos Anônimos a partir
desta Conferência.
Estejamos desarmados, com mente aberta e boa vontade para discutir o
melhor para Alcoólicos Anônimos.
Para todos nós, uma boa Conferência.
SERVIÇO EM A. A., ONTEM... E HOJE...
O serviço em A. A. é o Terceiro legado e a ação é a palavra mágica.
O serviço em A .A. teve seu início no momento em que Ebby entrou em ação para
procurar Bill e lhe transmitir a mensagem em dezembro de 1934. A partir daí iniciou o
processo para o nascimento da Irmandade dos Alcoólicos Anônimos.
No livro “A. A. Atinge a Maioridade” na parte onde Bill fala sobre o Terceiro Legado, ele
conta como o Serviço em A. A. se desenvolveu.
“O nosso DÉCIMO SEGUNDO PASSO, que leva a mensagem, é o serviço básico que a
irmandade de A. A. oferece. É o nosso principal objetivo, é a razão primordial de nossa
existência. Portanto, A. A. é mais que um conjunto de princípios; é uma sociedade de
alcoólicos em ação. Precisamos levar a mensagem, caso contrário, nós mesmos
poderemos recair, e aqueles a quem não foi dada à verdade podem perecer.
Portanto, um serviço em A. A. é tudo aquilo que nos ajuda a alcançar uma pessoa que
sofre – o chamado Décimo Segundo Passo, propriamente dito – pelo telefone ou por uma
xícara de café, assim como o Escritório de Serviços Gerais de A. A. para ação nacional
ou internacional. A soma total de todos esses serviços é o nosso Terceiro Legado de
Serviço.
Os serviços incluem locais de reunião, cooperação com hospitais e escritórios
Intergrupais; significam também, folhetos, livros e boa publicidade de qualquer natureza.
Requerem Comitês, Delegados, Custódios e Conferências e não deve ser esquecido que
eles necessitam de contribuições voluntárias em dinheiro, provenientes dos membros da
Irmandade.
Esses serviços quer sejam executados por indivíduos, Grupos, Áreas ou A. A. como um
todo, são absolutamente vitais para nossa existência e crescimento. Não podemos
simplificar A. A. abolindo-os. Somente estaríamos procurando complicações e confusões.
Com respeito a qualquer serviço determinado, fazemos, portanto, uma única pergunta: “é
realmente necessário esse serviço?” Se a resposta for positiva, precisamos mantê-lo ou
então fracassaremos na nossa missão junto aqueles que necessitam e procuram A. A.”
No inicio da Irmandade muitos desses serviços ainda não existiam. Quem resolvia e
executava tudo que precisava ser feito, eram Bill, Dr. Bob, os primeiros membros com
suas esposas e alguns amigos que acreditavam no projeto florescente.
As primeiras reuniões de A. A. foram realizadas na casa de Dr. Bob., pois não havia outro
lugar mais adequado. Portanto tiveram um teto para lhes abrigarem e os gastos com o
café Dr. Bob cobria.
No entanto, foram aumentando as pessoas e as reuniões ficando cada vez maior, eles
tiveram que se mudar. Foram para a casa de T. Henry e Clarace Willians. Tiveram que
comprar mais cadeiras serviram refeições e fora o desgaste da casa, etc. Após ficarem
reunindo por algum tempo na casa dos companheiros, logo precisaram mudar de novo,
pois, a cada dia aumentava o pessoal e os locais iam ficando pequenos. O mais
interessante é que ninguém pagava nada até que tiveram que alugar salas em hotéis e
pagar aluguel. Os membros chiaram, diziam que A. A. não precisava ter despesas, pois já
estavam mal acostumados e mesmo assim, tiveram que dar suas contribuições. Mesmo
sem existir ainda a Sétima Tradição, já dava início o princípio da auto-suficiência com o
Grupo pagando suas próprias despesas. De maneira que os Grupos iam aumentando, os
problemas também iam surgindo. Por isso Bill e Dr. Bob já começavam a pensar como
seria aquele movimento no futuro. A mensagem era transmitida boca a boca através dos
membros da imprensa, rádio e todo tipo de comunicação, como vendedores que iam de
uma cidade para outra, os hospitais que ajudavam os alcoólatras e os amigos que
ficavam sabendo do movimento.
Bill conta o seguinte: ...”Quando o Dr. Bob e eu percebemos, no outono de 1937, que
umas quarenta pessoas tinham-se recuperado do alcoolismo, nós de repente nos
perguntamos: Como pode essa experiência ser compartilhada? Como pode a mensagem
ser difundida ? O Dr. Bob tinha se recuperado há dois anos e meio, e eu estava sóbrio há
três anos, portanto não poderíamos continuar sendo uma sociedade secreta, da qual
raramente se ouvia falar. A informação verbal com os poucos alcoólicos que podíamos
entra em contato, através de nossos métodos comuns, não seria somente lenta, mas
também perigosa; perigosa porque a mensagem de recuperação, na qual tínhamos agora
depositado toda a nossa confiança, poderia ser logo truncada e distorcida, antes mesmo
de ser aceita. Claro que nossa florescente sociedade e sua mensagem teriam que ser
divulgadas. Após muita conversa sobre as várias possibilidades apresentadas por Bill
para resolver o problema, surgiu a idéia de escrever um livro que poderia levar a
mensagem a qualquer lugar. Dr. Bob, entre todas aquelas possibilidades apresentadas, a
que ele gostou mesmo, foi a do livro”. Porém, eles sabiam que para escrever, editar e
publicar este livro precisariam de muito dinheiro e naquele momento, nenhum dos dois
tinha absolutamente nada. Daí começou a grande cruzada para levantar fundos e levar o
projeto adiante.
Desde o início, apesar de Bill ser muito atirado e entrar de cabeça nas suas idéias,
mesmo assim, ele levava os assuntos para ser decididos no Grupo, através da
consciência coletiva e assim fez, apresentou as idéias aos Companheiros de Akron e de
New York, que após muita discussão a idéia do livro foi aprovada, porém, ninguém se
prontificou a fazer nada. Ao receber apoio dos Companheiros, Bill sai em busca dos
patrocinadores para o livro. Daí vem a contribuição do Rockfeller, quando Bill sonhava
que ele iria nos ajudar com milhões, ele disponibilizou apenas $5000 dólares para a
Irmandade e ainda nos alertou que o dinheiro poderia atrapalhar a Irmandade. (Imaginem
como Bill deve ter ficado diante dessa situação).
Após a edição do livro que recebeu o nome de Alcoólicos Anônimos, a Irmandade
começou a crescer e trouxe muito serviço, principalmente para Bill. Por chegar muitos
pedidos de informações, surgiu a necessidade do primeiro escritório de A. A., onde Bill e
Ruth respondiam as cartas. Também, muitas esposas de membros ajudavam nas
respostas às milhares de cartas que chegavam.
Na história dos Serviços em A. A. existem muitos fatos interessantes. Por exemplo:
Nossa primeira Junta consistia de cinco Custódios. Dick Richardson, Frank Amos e o Dr.
Strong eram os membros não-alcoólicos, e foi escolhido o Dr. Bob e um dos A.As. de
New York para formar o contingente alcoólico. Porém o membro de N. Y. logo se
embriagou. Ele foi demitido e um outro alcoólico assumiu o seu lugar.
Dessa forma a Irmandade foi crescendo e também, a necessidade de ampliar a Estrutura
de Serviços. Então surgiu a Fundação do alcoólico, em seguida realizaram uma
Conferência e assim chegou-se a forma em que estamos hoje. Portanto, devemos
lembrar que para realizar tudo isso, Bill encontrava barreiras de todos os tipos. Como hoje
haviam os membros progressistas e os conservadores, então as coisas às vezes eram
muito difíceis para ser colocadas em prática. Os progressistas queriam ver a Irmandade
crescer e os conservadores colocavam dificuldades em tudo, simplesmente por medo de
atrapalhar o que tinha dado certo até ali. Portanto, se o desejo dos conservadores
tivessem prevalecido, a mensagem não teria sido difundida e nós não estaríamos aqui.
Vemos a cada dia as coisas se modificando com uma velocidade enorme. Como foi dito
anteriormente, os primeiros serviços em A. A. acontecia através da boa vontade dos
membros. Pois eram poucos e não tinham a menor possibilidade de escolha, era fazer ou
fazer. Tanto é verdade, que os maiores colaboradores que contribuíram para o
crescimento da Irmandade foram os nossos amigos não alcoólicos da Ciência e da
Religião.
Entendemos que hoje não precisaríamos passar por tantas dificuldades em conseguir
servidores para executar os nossos serviços. Temos uma gama de informações através
de nossa literatura, como também, milhares de pessoas freqüentando os Grupos. As
vezes ficamos tristes com a falta de gratidão por parte de alguns membros que tem
condições de servir o Grupo ou a Irmandade como um todo e preferem ficar na sombra
criticando. Ainda se dirigissem suas críticas e apresentasse uma sugestão, tudo bem,
estariam contribuindo de alguma forma, o problema é que isso não acontece.
Após 12 anos do início de A. A. nos Estados Unidos, em 1947 através de um americano,
a mensagem chegou no Brasil. Depois de algum tempo por aqui, nosso Companheiro
começou a sentir a necessidade de manter contato com outros alcoólicos. Assim ao
encontrá-los deu início a Irmandade aqui no Brasil. Pelo que sabemos, este Companheiro
chegou aqui sem trazer nada da literatura de A. A., apenas sua experiência e a forma que
eles haviam encontrado lá nos Estados Unidos para ficar sem beber. Junto com outros
alcoólicos, eles fundaram o primeiro Grupo de A. A. na cidade do Rio de Janeiro com a
primeira reunião acontecendo no dia 05 de setembro de 1947.
Apesar da Irmandade já estar funcionando a doze anos nos Estados Unidos, começamos
aqui sem as principais informações da Literatura e tudo funcionava na base da boa
vontade. Aos poucos foram surgindo novos Grupos e cada um funcionando de sua
maneira, praticando de real da Irmandade, o trabalho do Décimo Segundo Passo,
fazendo as abordagens. Dessa forma a Irmandade foi crescendo e aos poucos, foram
chegando os livros com as informações de como deveria funcionar. Iniciou-se a formação
de nossa Estrutura de Serviços com a implantação dos ESL’s, das Áreas e os Distritos.
Os Grupos formaram seus Comitês de Serviços e elegeram seus RSG’s. Apesar das
deficiências em seu funcionamento devido aos costumes já implantados, mesmo assim, a
mensagem foi sendo transmitido o que possibilitou a muitas pessoas encontrarem a
sobriedade. Esses membros, mesmo sem conhecimento da literatura de A. A. foram
prestando seus serviços à Irmandade, simplesmente pelo prazer de servir. Havia menos
cobrança e parece que tudo era mais simples, com mais calor humano. Costumávamos
ter mais de uma chapa para as eleições dos Comitês de Serviços nos Grupos, como
também, vários nomes que apareciam como candidatos nas Assembléias.
As coisas vieram funcionando assim até a Conferência de 1992, quando o tema foi a
Mudança na Matriz. A partir daí, as coisas começaram a mudar, vieram as cobranças e
até algumas exigências quanto ao funcionamento dos Grupos e a forma de prestar
serviços pelos Companheiros. Com isso, a cada dia foi ficando mais difícil conseguirmos
Companheiros (as) para prestar serviços e até hoje, sentimos reflexos daquela sugestão
que foi mal interpretada. Pois na cabeça de muitos Companheiros (as), tínhamos que
mudar tudo. Segundo eles, da forma que os Grupos vinham funcionando estava tudo
errado e teríamos que implantar o A. A. ideal.
Vejamos como estamos hoje em relação aqueles dias quando tudo começou. Naquela
época os sistemas de comunicações eram precários, as Emissoras de rádio alcançavam
um pequeno raio de ação. Não tínhamos satélites para transmitir para a mensagem para
longa distância e a maioria das transmissões era feitas através do telégrafo. Para uma
mensagem chegar a uma distância de 100km gastava muitos dias. Os meios de
transportes, também eram precários e tudo isso dificultavam o trabalho.
Hoje, se queremos saber o que está acontecendo em qualquer parte do mundo, basta
ligar um micro em qualquer lugar e conectar à internet ou então ligar o celular e em
poucos segundos temos a resposta do que procuramos e isso acontece em qualquer
lugar que estejamos. Até nos anos 90, o Relatório final de nossa Conferência de Serviços
Gerais demorava aproximadamente 30 dias para chegar às Áreas. Hoje, dez minutos
após o término da Conferência, o disket com o Relatório já está nas mãos dos Delegados.
Por tudo isso, precisamos melhorar nossas atitudes em relação ao Serviço da Irmandade,
não podemos ficar presos ao passado, a mensagem não mudou, mas a forma de
transmiti-la sim. Até a forma de fazer abordagem nos dias hoje mudou, já não temos a
mesma disposição para trabalhar com os possíveis doentes alcoólatras como antes. Com
o desenvolvimento do CTO a maioria dos membros se acomodou. Portanto, precisamos
nos preparar para abordar e conviver com os novos membros, pois, o perfil do alcoólatra
que nos procuram mudou. Já não chegam pessoas no Grupo totalmente analfabetas e só
com o problema de alcoolismo. Se não prepararmos os nossos futuros servidores,
estaremos atrasando a evolução da Irmandade. Vez ou outra vemos Companheiros
rejeitando doentes alcoólatras nos Grupos, às vezes, alegam que a pessoa não precisa
de A. A. ou então, que ali não é para pessoas que usam drogas. Porque isso acontece?
Simplesmente, por falta de um Comitê de Serviços ativo e esclarecido, com pessoas
preparadas. Quem deve ser o Servidor? Aquele membro que se interessa pela Irmandade
e busca o conhecimento do que é Alcoólicos Anônimos. Qualquer um membro pode
prestar serviços a Irmandade? Claro! Desde que seja observado os critérios para cada
encargo, como também, a participação do membro nas reuniões do Grupo é um serviço,
pois a suas mensagem poderá salvar uma vida. Sem contar que existem muitas coisas
que precisam ser feitas, não exige conhecimentos e tão pouco experiência em A. A.,
basta que o membro tenha boa vontade e seja orientado.
Concluindo:
Apesar das muitas dificuldades no entendimento entre os membros quanto a melhor
forma de apadrinhar o Companheiro (a) para o Serviço, acreditamos que o tempo dará as
respostas e num futuro próximo, os Grupos estarão colocando o conhecimento do
Terceiro Legado à disposição de todos os seus membros.
Acreditamos também, que o mundo evoluiu e nós fazemos parte dele. Portanto, os
Princípios de A. A. são perfeitos e não há razão para pensar em modificá-los, porém,
devemos nos adequar aos novos tempos para colocá-los em prática.
Obrigado
Membro de A .A.
Maio/2007
TRABALHANDO COM O GRUPO DE A. A.
01 - O QUE É UM GRUPO DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
Um Grupo de AA é a menor porção da nossa Irmandade e sua célula básica, sem os
Grupos não existiria Alcoólicos Anônimos. Um Grupo de AA deve preencher os seguintes
requisitos:
1. Todos os membros do Grupo são alcoólicos;
2. Como Grupo, somos totalmente auto-suficientes;
3. O propósito primordial do Grupo é o de levar a mensagem ao alcoólatra que ainda
sofre;
4. Como Grupo não pode haver afiliação ou ligação a coisas externas;
5. Como Grupo não deverá dar opiniões a coisas alheias à Irmandade;
6. Como Grupo a política de relações públicas baseia-se na atração e não na promoção.
Seus membros devem manter o anonimato pessoal a nível de imprensa, rádio, televisão e
filmes.
02 – TIPOS DE REUNIÕES DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
FECHADA – Somente para alcoólicos são dedicadas à “terapia” dos companheiros. A
dinâmica poderá ser estabelecida pelo Comitê Orientador do Grupo ou pelo Coordenador
e versará sobre: discussões informais das dificuldades que os companheiros enfrentam
para manter a sobriedade, troca de experiências baseadas nos Doze Passos e Doze
Tradições, seleciona mento de tópicos específicos tais como: Slogans de AA, os Três
Legados, Prece da Serenidade, etc.
ABERTAS – Dedicadas ao esclarecimento a qualquer pessoa interessada sobre AA.
Neste caso os oradores serão previamente selecionados e os assuntos pré-escolhidos.
Extraordinariamente uma reunião fechada, poderá tornar-se aberta no caso de visita
inesperada de pessoas não AA. Nesse caso o Coordenador consultará o Grupo para
saber da conveniência de abrir uma reunião fechada.
PÚBLICA – Esta é uma reunião aberta ao grande público e quase sempre para
comemorar um evento de AA. Para esta reunião são convidados o público em geral e,
especialmente, médicos, psicólogos, assistentes sociais, sacerdotes, etc.
03 – LEMBRETES PARA O COORDENADOR
(Sugestões para uma boa Coordenação)
01. Evite tomar ares de “autoridade”. A função do coordenador é liderar a reunião. Zele
pelas Tradições de AA e seja Humilde.
02. Evite bancar o “professor/pregador”, evitando longas dissertações sobre qualquer
assunto. Análise e diagnósticos são próprios para médicos.
03. Evite comentários em relação ao depoimento do companheiro, salvo quando for
solicitado. Não deprecie nem humilhe, quanto menos tagarela, melhor.
04. Evite interromper o Companheiro, e seja diplomático para manter o tempo.
05. Evite coordenar, se você está tumultuado, mau humorado, deprimido.
06. Preserve a UNIDADE do Grupo com atitudes cordiais e fraternas.
07. Dê exemplo de doação, lembrando-se sempre que da sobriedade de cada um
depende a sua própria.
08. Lembre-se que seu Grupo é autônomo, mas está ligado com o todo de AA. Como o
seu Grupo, existem mais outros 80.000 espalhados pelo mundo.
09. Lembre-se das palavras do Dr. BOB, “ Mantenha o AA simples”.
10. “ VIVA e DEIXE VIVER “.
04 – SUGESTÕES DE TEMÁTICAS PARA REUNIÕES DO GRUPO
- Os Doze Passos
- As Doze Tradições
- O livro “Alcoólicos Anônimos”
- Os Doze Conceitos
- Oração da Serenidade
- Os “sologans” de AA:
- A) Viva e deixe viver;
- B) Devagar se vai ao longe
- C) Primeiro, as primeiras coisas;
- D) É possível;
- E) Pensei;
- F) Pela Graça de DEUS.
- Os Três Legados: Recuperação, Unidade e Serviço
- O livro “Viver Sóbrio”
- O Manual de Serviço
- Participação e Ação
- Abordagens e apadrinhamento
- Maneiras de levar a mensagem
- Inventário do Grupo
- Responsabilidade
- Sejamos amigos dos nossos amigos
- Aceitação X admissão
- Tolerância
- Nós planejamos a ação, não os resultados
- Princípios X personalidades
- Serenidade e humildade
- Ressentimentos e ódio
- Entendendo o anonimato
- Depressões
- Gratidão e honestidade
- DEUS, como nós O entendemos
-
05 – ABERTURA DAS REUNIÕES
(Oração da Serenidade e o Preâmbulo de AA)
CONCEDEI-NOS SENHOR,
A SERENIDADE NECESSÁRIA PARA ACEITAR AS COISAS QUE NÃO PODEMOS
MODIFICAR,
CORAGEM PARA MODIFICAR AQUELAS QUE PODEMOS,
E SABEDORIA PARA DISTINGUIRMOS UMAS DAS OUTRAS.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS é uma Irmandade de homens e mulheres que compartilham
suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar
outros a se recuperarem do alcoolismo.
O único requisito para tornar-se membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro
de AA não há necessidade de pagar taxas ou mensalidades; somos auto-suficientes,
graças às nossas próprias contribuições.
AA não está ligado a nenhuma seita ou religião, nenhum partido político, nenhuma
organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia nem
combate quaisquer causas.
Nosso propósito primordial é o de mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólatras a
alcançarem a sobriedade.
06 – ORIGEM DA ORAÇÃO DA SERENIDADE
Normalmente, toda e qualquer reunião de AA tem início com a Oração da Serenidade,
seguida de um momento de silêncio para meditação e logo a seguir com a leitura do
Preâmbulo de AA.
A origem da Oração da Serenidade é obscura. Dizem alguns que foi o teólogo e filósofo
Boethius, que viveu no século V, autor da “Consolação da Filosofia”, que teria escrito
antes de sua morte, após longo período de cativeiro.
Outros creditam-na ao teólogo Reinhold Niebuhr, que teria escrito em 1932, ao término de
uma oração maior. Este, entretanto, a credita a um teólogo do Século XVIII, Friedrich
Oetinger. O que temos como certo é que a Oração da Serenidade chegou até nós de
forma inusitada e acidental.
Ruth Hock, a primeira Secretária do GSO de New York, estava trabalhando em 1941,
quando Jack C. apareceu com o jornal “Herald Tribune” onde, , na coluna dos obituários,
foi encontrada a Oração da Serenidade, ali incluída sem maiores explicações. Foi o
quanto bastou para, por sua extrema simplicidade, mas profunda racionalidade, ser
imediatamente adotada por Alcoólicos Anônimos. A versão original publicada no “Herald
Tribune” dizia: “ Mamãe, DEUS, conceda-me a serenidade para aceitar as coisas que eu
não posso modificar, coragem para modificar as coisas que eu possa e sabedoria para
conhecer a diferença. Adeus”. (Do livro “Pass it On”, páginas: 252/258)
07 – OS DOZE PASSOS
DOZE PASSOS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
01- Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio
sobre nossas vidas.
02- Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à
sanidade.
03- Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em
que O concebíamos.
04- Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
05- Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a
natureza exata de nossas falhas.
06- Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de
caráter.
07- Humildemente, rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
08- Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos
dispusemos a reparar os danos a elas causados.
09- Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que
possível, salvo quando faze - las significasse prejudicá-las ou a outrem.
10- Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o
admitíamos prontamente.
11- Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente
com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de sua
vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
12- Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos
transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas
atividades.
08 – OS DOZE PASSOS – RECUPERAÇÃO
A prática dos Doze Passos é condição primordial para a recuperação do alcoólico, cuja
obtenção é, por sua vez, um processo pelo qual o equilíbrio emocional conduzirá o
companheiro a uma vida feliz e útil, livrando-o das tensões, ansiedades, depressões e
compulsões as mais diversas. Os Doze Passos são um conjunto de princípios espirituais,
não necessariamente religiosos, mas baseados na ética, na moral e em ensinamentos
universalmente transmitidos por todas as denominações religiosas. Os Doze Passos
foram desenvolvidos a partir da dura realidade e evidência de que havíamos perdido
nossa força e nossa vontade em relação ao álcool e de que somente um Poder Superior
a nós mesmos poderia nos reconduzir ao equilíbrio e à recuperação das nossas vidas. A
recuperação individual é a base do triângulo na qual assenta toda a estrutura da nossa
Irmandade. No livro “Alcoólicos Anônimos atinge a maioridade”, páginas: 143/144, está
descrito como foram elaborados os Doze Passos de AA. Nosso co-fundador BIL, dizia
que estes passos era o leme seguro para a sobriedade de qualquer alcoólico, desde que
ele fosse bastante honesto consigo mesmo. Os Doze Passos é o nosso primeiro Legado-
Recuperação.
09 – AS DOZE TRADIÇÕES
AS DOZE TRADIÇÕES DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
01. Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual
depende da unidade de AA.
02. Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso propósito comum – um
Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são
apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar.
03. Para ser membro de AA, o único requisito é o desejo de parar de beber.
04. Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros
Grupos ou a AA em seu conjunto.
05. Cada Grupo é animado de um único propósito primordial – o de transmitir sua
mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
06. Nenhum Grupo de AA deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o nome de AA
a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a fim de que
problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem de nosso objetivo
primordial.
07. Todos os Grupos de AA deverão ser absolutamente auto-suficientes, rejeitando
quaisquer doações de fora.
08. Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos
centros de serviços possam contratar funcionários especializados.
09. AA jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém criar juntas ou comitês de
serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços.
10. Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade; portanto, o
nome de AA jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.
11. Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-
nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes.
12. O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da
necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.
10 – AS DOZE TRADIÇÕES – UNIDADE
Alcoólicos Anônimos não é, e jamais deverá ser, uma sociedade formal e
hierarquicamente organizada. A sua unidade ao redor do mundo se orienta e se
concretiza pela aceitação individual e coletiva de um conjunto de regras de
procedimentos conhecido entre nós como as Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos. A
prática dessas regras por parte de cada membro e de cada Grupo de AA tem conseguido
manter a Irmandade dentro de um padrão de unidade jamais experimentado por qualquer
sociedade semelhante; exemplo de obediência voluntária, não conseguida por temor de
punições, portanto sem a obrigatoriedade de corrente de uma disciplina hierarquizada.
A consciência de cada membro e de cada Grupo é o seu próprio juiz. Nenhum de nós,
membro do Grupo, é uma ilha isolada. Somos, em vontade e consciência, um só
continente, embora de muitas terras, línguas e crenças diferentes.
EU SOU RESPONSÁVEL ...
Quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo ajuda,
Quero que a mão de AA esteja sempre ali.
E PARA ISTO: EU SOU RESPONSÁVEL
11 – OS DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS
01. A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de AA
deveriam sempre recair na consciência coletiva de toda a nossa Irmandade.
02. Quando, em 1955, os Grupos de AA confirmaram a permanente Ata de Constituição
da sua Conferência de Serviços Gerais, eles, automaticamente, delegaram à Conferência
completa autoridade para a manutenção ativa dos nossos serviços mundiais e assim
tornaram a Conferência – com exceção de qualquer mudança nas Doze Tradições ou no
Artigo 12 da Ata de Constituição da Conferência – a verdadeira voz e a consciência
efetiva de toda a nossa Sociedade.
03. Como um meio tradicional de criar e manter uma relação de trabalho claramente
definida entre os Grupos de AA e as suas diversas corporações de serviços, quadros de
funcionários, comitês e executivos, assim assegurando as suas lideranças efetivas, é aqui
sugerido que dotemos cada um desses elementos dos serviços mundiais com um
tradicional “Direito de Decisão”.
04. Através da estrutura da nossa Conferência, deveríamos manter em todos os níveis de
responsabilidade um tradicional “Direito de Participação”, tomando cuidado para que a
cada setor ou grupo de nossos servidores mundiais seja concedido um voto
representativo em proporção correspondente à responsabilidade que cada um deve ter.
05. Através de nossa estrutura de serviços mundiais, deveria prevalecer um tradicional
“Direito de Apelação”, assim nos assegurando de que a opinião da maioria seja ouvida e
de que as petições para a reparação de queixas pessoais sejam cuidadosamente
consideradas.
06. Em benefício de A. A. como um todo, a nossa Conferência de Serviços Gerais tem a
principal responsabilidade de manter os nossos serviços mundiais e, tradicionalmente,
tem a decisão final nos grandes assuntos de finanças e de normas de procedimento em
geral. Mas a Conferência também reconhece que a principal iniciativa e a
responsabilidade ativa, na maioria desses assuntos, deveria ser exercida principalmente
pelos Custódios, membros da Conferência, quando eles atuam entre si como Junta de
Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.
07. A Conferência reconhece que a Ata de Constituição e os Estatutos da Junta de
Serviços Gerais são instrumentos legais e que os Custódios têm plenos poderes para
administrar e conduzir todos os assuntos dos serviços mundiais de Alcoólicos Anônimos.
Além do mais, é entendido que a Ata de Constituição da Conferência não é por si só um
documento legal, mas pelo contrário, ela depende da força da tradição e do poder da
bolsa de AA para efetivara sua finalidade.
08. Os Custódios da Junta de Serviços Gerais atuam em duas atividades principais: a)
com relação aos amplos assuntos de normas de procedimentos e finanças em geral, eles
são os principais planejadores e administradores. Eles e os seus principais Comitês
dirigem diretamente esses assuntos; b) mas com relação aos nossos serviços,
constantemente ativos e incorporados separadamente, a relação dos Custódios é
principalmente aquela de direito de propriedade total e de supervisão de custódia que
exercem através de sua capacidade de eleger os diretores dessas entidades.
09. Bons líderes de serviços, bem como métodos sólidos e adequados para a sua
escolha, são em todos os níveis indispensáveis para o nosso funcionamento e segurança
no futuro. A liderança principal dos serviços mundiais, exercida pelos fundadores de AA,
deve, necessariamente, ser assumida pelos Custódios da Junta de Serviços Gerais de
Alcoólicos Anônimos.
10. Toda a responsabilidade de serviço deveria corresponder a uma autoridade de
serviço equivalente – a extensão de tal autoridade ser sempre bem definida, seja por
tradição, por resolução, por descrição específica de função ou por atas de constituição e
estatutos adequados.
11. Enquanto os Custódios tiverem a responsabilidade final pela administração dos
serviços mundiais de AA eles deverão ter sempre a melhor assistência possível dos
comitês permanentes, diretores de serviços incorporados, executivos e quadro de
funcionários e consultores. Portanto, a composição desses comitês subordinados e juntas
de serviços, as qualificações pessoais dos seus membros, o modo como são introduzidos
dentro do serviço, os seus sistemas de revezamento, a maneira como eles são
relacionados uns com os outros, os direitos e deveres especiais dos nossos executivos,
quadros de funcionários e consultores, bem como uma base própria para a remuneração
desses trabalhos especiais, serão sempre assuntos para muita atenção e cuidado.
12. As Garantias Gerais da Conferência: em todos os seus procedimentos, a Conferência
de Serviços Gerais observará o espírito das Tradições de AA, tomando muito cuidado
para que a Conferência nunca se torne sede de riqueza ou poder perigosos; que
suficientes fundos para as operações mais uma ampla reserva sejam o seu prudente
princípio financeiro; que nenhum dos membros da Conferência nunca seja colocado em
posição de autoridade absoluta sobre qualquer um dos outros; que todas as decisões
importantes sejam tomadas através de discussão, votação e, sempre que possível, por
substancial unanimidade; que nenhuma ação da Conferência seja jamais pessoalmente
punitiva ou uma incitação à controvérsia pública; que, embora a Conferência preste
serviço a Alcoólicos Anônimos, ela nunca desempenhe qualquer ato de governo e que, da
mesma forma que a Sociedade de Alcoólicos Anônimos a que serve, a Conferência
permaneça sempre democrática em pensamento e ação.
12 – OS DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS
SERVIÇO
Os Doze Conceitos para Serviços Mundiais e o Manual de Serviço de AA é,
fundamentalmente, todo trabalho e esforço desenvolvidos no sentido de trazer o
alcoólatra que ainda sofre ao convívio da Irmandade. Em outras palavras, e de forma
mais objetiva, podemos dizer que Serviço é “abordagem”. Lembremos porém, que o
serviço se baseia na atração e jamais na promoção. Para que o conjunto de trabalhos e
esforços se realizem de forma harmoniosa e uniforme, dentro dos princípios gerais de
Alcoólicos Anônimos, necessário se torna conceituá-los quanto à sua forma e
desenvolvimento. É aconselhável, senão necessário, que cada membro e cada Grupo de
AA conheçam “Os Doze Conceitos para o Serviço Mundial”, um dos textos da literatura de
AA editado pelo CLAAB.
A exemplo de outros países onde os trabalhos de AA foram organizados segundo suas
próprias características e necessidades, no Brasil a sua estrutura de serviços está
organizada segundo o estabelecido em um Manual de Serviços aprovado pela
Conferência de Serviços Gerais e em obediência aos princípios gerais de AA. Mundial. O
Manual é, pois, guia e ensinamento, e cada Grupo deve ter um exemplar dessa
verdadeira ferramenta de trabalho.
13 – A 7a. TRADIÇÃO: AUTO-SUFICIÊNCIA
(A Independência de AA como Instituição)
É costume no Brasil fazer-se um intervalo nas reuniões fechadas para o tradicional
cafezinho, aproveitando-se esta ocasião para “correr a sacola”.
É sugerido que o Coordenador lembre aos presentes a importância do nosso princípio da
Auto-Suficiência. Vamos ajudá-lo no esclarecimento dessa Tradição de AA.
Um dos principais, senão o principal motivo do respeito e da administração que a
sociedade em geral tem por Alcoólicos Anônimos é a sua independência financeira. A
nossa Irmandade, não dependende dos cofres públicos nem da ajuda de instituições e de
pessoas não-alcoólicas, tem conseguido manter, com dignidade, os seus princípios e
fazê-los respeitados por governos, pessoas e instituições. A auto-suficiência de AA como
um todo, começa na de cada Grupo que a compõe. E a de cada Grupo, na sacola de
cada reunião. Durante muitos anos, e até mesmo nos dias atuais, mantivemos um
discurso inconseqüente, dizendo ao recém-chegado que “em AA não é preciso dar
dinheiro, pois somos auto-suficientes” A inconseqüência de tão contraditório discurso nos
conduziu a que tenhamos hoje não apenas uma, mas pelo menos quatro gerações de
companheiros erradamente informados, e por isso educados na irresponsabilidade
quanto a necessidade da sua contribuição. Quando acordamos para esta realidade
estávamos cercados de necessidades por todos os lados, em rota de colisão com a
insolvência de nossos principais organismos de trabalho. Precisamos mudar este
discurso e corrigir esta má educação.
O Plano 60-25-15, significa: 60% da arrecadação da sacola para as despesas do Grupo,
25% para a Central de Serviços ou Intergrupal e 15% para o Escritório de Serviços
Gerais.
14 – ABORDAGEM
O seu Grupo, a exemplo dos demais Grupos em todo o mundo, é animado de um único
propósito primordial: o de transmitir ao alcoólatra que ainda sofre a mensagem de
Alcoólicos Anônimos. Está na Quinta Tradição. A transmissão dessa mensagem pode ser
feita de maneira diversas, sendo a mais comum a “abordagem” cara a cara, aquela feita
individualmente pelo membro que transmite sua experiência a um alcoólatra na ativa.
Outra, a coletiva, feita nos serviços em hospitais, empresas e em instituições correcionais
ou ainda em reuniões públicas. Em todos estes casos deve ser usada a atração em vez
da promoção.
Quando o Grupo não dispuser de um Comitê de Abordagem, o Coordenador do Grupo
deve pedir a um dos membros que faça a abordagem, cujo pedido tenha chegado ao
Grupo, normalmente por intermédio da Central, da Intergrupal e mesmo por pedido direto
de pessoas não-alcoólicas. Convém registrar esse pedido no resumo de ata da reunião, a
fim de ser informado se a abordagem foi feita ou não, dando ciência ao solicitante. Na
abordagem indireta, feita de forma sugestiva na reunião pública, tenha sempre presente
que AA é uma instituição leiga, não profissional e que apesar dos altos índices de
recuperação alcançado pela Irmandade, esta não é senão uma opção com a qual o
indivíduo ou a sociedade pode contar para a solução do alcoolismo. O alcoólatra
abordado não é obrigado a tornar-se membro de AA, mas nós, membros da Irmandade,
somos responsáveis pela transmissão da mensagem de Alcoólicos Anônimos, até porque
é assim que mantemos a nossa própria sobriedade.
15 – INGRESSO / APADRINHAMENTO
Usualmente o Coordenador deixa para fazer o ingresso do visitante ou do abordado mais
para o final da reunião fechada, quando o provável ingressante teve oportunidade de
ouvir os vários depoimentos de companheiros mais antigos, nos quais é enfatizado o
alcoolismo como doença, o programa de AA e os seus princípios, etc. Não é conveniente
constranger o visitante a fazer-se membro de AA, mas deixá-lo à vontade quanto a esta
decisão, que poderá ser tomada até mesmo em outra reunião. Lembre-se: AA é uma
opção.
Tomada a decisão, o novo membro poderá escolher um(a) dos(as) companheiros(as)
presentes para ser o seu padrinho ou madrinha. Pode ocorrer que esta escolha imediata
decorra do fato do ingressante já ser conhecido do seu padrinho ou madrinha. No caso de
não serem conhecidos, é conveniente que o Coordenador apenas indique um dos
presentes para entregar-lhe a ficha de ingresso – se este for o costume do Grupo – e
deixe ao ingressante escolher futuramente o seu padrinho ou madrinha, aquele ou aquela
com que mais “afinou” no decorrer de algumas outras reuniões. Sendo o 1o. Passo
essencial para a tomada de decisão do visitante, sugere-se que um dos membros mais
antigos do Grupo verse seu depoimento pessoal sobre esse importante passo. Lembre-
se, nenhum membro do Grupo deve fazer pressão para a permanência do visitante.
No folheto “Perguntas e Respostas Sobre Apadrinhamento”, você encontrará respostas
para qualquer dúvida porventura existente. O melhor exemplo de relacionamento entre
padrinho e afilhado é o caso de BILL e Dr. BOB, nossos co-fundadores. Com base neste
exemplo, podemos dizer que o Apadrinhamento é a realização prática e vivida, em toda a
sua extensão das palavras: amigo, companheiro e confidente.
16 – ENCERRAMENTO DA REUNIÃO
Qualquer reunião, seja fechada, aberta ou pública, deve ser encerrada com a Oração da
Serenidade ou Pai Nosso. Nas reuniões abertas e públicas o Coordenador, ante o
encerramento, deve agradecer a presença dos convidados não-alcoólicos, citando, na
oportunidade, nominalmente, aqueles convidados especiais que não estiveram presentes
na abertura. Nas reuniões fechadas agradece aos companheiros a ajuda recebida para o
bom andamento da reunião, assim como pela contribuição na sacola. Orienta sobre a
próxima reunião e pede a quem esteja secretariando que leia a correspondência
recebida, o resumo da reunião e o movimento de caixa, alertando aos companheiros a
necessidade das contribuições na sacola, para saldar os compromissos financeiros do
Grupo. O tesoureiro fornecerá ao Coordenador/Secretário a cada reunião, o valor desses
compromissos monetários.
Após a Oração da Serenidade ou Pai Nosso, pede aos presentes observarem um instante
de silenciosa reflexão. Nesta oportunidade os companheiros religiosos poderão fazer, em
silêncio, qualquer outra oração do seu credo religioso, respeitando, assim, os
companheiros de outra ou de nenhuma denominação religiosa.
17 – DADOS HISTÓRICOS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
Como nós sabemos, Alcoólicos Anônimos começou em 1935 na cidade norte-americana
de Akron, Estado de CHIO, resultante do encontro de BILL W. , corretor da Bolsa de
Valores de New York e o médico cirurgião de Akron, Dr. BOB, ambos considerados casos
perdidos de alcoólatras. Nossos dois co-fundadores permaneceram sóbrios até a morte,
graças ao trabalho que eles desenvolveram junto a outros alcoólatras, descobrindo assim,
desde o início, que para sair do egocentrismo, característica marcante da personalidade
de todo alcoólatra, seria necessário pensar em outro ser humano, para sair de si mesmo.
Compreenderam que para se manterem sóbrios, este estado de felicidade e utilidade,
deveria ser compartilhado com outros alcoólatras sofredores. BILL e BOB, juntamente
com outros alcoólicos em recuperação, conseguiram nos primeiros anos da nossa
Irmandade, os seguintes resultados:
1935 - 5 membros
1936 - 15 membros, aumento de 200%
1937 - 40 membros, aumento de 170%
1938 - 100 membros, aumento de 150%
1939 - 400 membros, aumento de 300%
1940 - 2000 membros, aumento de 400%
1941 – 8000 membros, aumento de 300%
(Dados do livro AA Atinge a maioridade)
Dados fornecidos pelo GSO de New York, nos diz que a 1o. de janeiro de 1986,
tínhamos:
69.019 Grupos de Alcoólicos Anônimos espalhados pelo mundo todos, sendo que 38.285,
somente nos Estados Unidos e Canadá, e que o número de membros ativos, era de
1.446.000.
18 – SUGESTÕES PARA COORDENAÇÃO DE REUNIÕES
(GUIAS DE AA)
Estes guias estão baseados na experiência dos membros de AA que trabalham nos
diversos campos de serviço. Também refletem o espírito das Doze Tradições e das
recomendações da Conferência de Serviços Gerais. De acordo com nossa Tradição de
autonomia, exceto em assuntos que afetem outros Grupos ou AA como um todo, a
maioria das decisões se toma por meio da consciência coletiva dos membros
participantes. O propósito deste Guia é ajudar a tornar esclarecida uma consciência
coletiva.
Com o objetivo de atender um anseio de nossa Irmandade, apresentamos uma sugestão
para coordenação de reuniões de um Grupo de AA. O bom andamento de uma reunião
em um Grupo de AA, qualquer que seja ela, depende do discernimento, do conhecimento
e do bom senso do Coordenador (O famoso “jogo de cintura”). Portanto, estamos
relacionando, após a sugestão de roteiro, algumas sugestões para balizar o
comportamento do Coordenador durante uma reunião. Cada Grupo utilizará aquilo que
lhe for conveniente, para elaborar o roteiro para coordenação de suas reuniões.
COORDENAÇÕES DE REUNIÕES – ROTEIRO
ABERTURA:
Boa noite (ou bom dia, boa tarde) a todos. Sejam bem-vindos a mais uma reunião de
Alcoólicos Anônimos no Grupo(mencionar o nome do Grupo onde esta ocorrendo a
reunião).
Meu nome é(mencionar o nome de quem esta coordenando a reunião) e sou alcoólatra
(ou alcoólico(a)).
Alcoólicos Anônimos é uma Irmandade de homens e mulheres que compartilham suas
experiências, forças e esperanças, afim de resolver seu problema comum e ajudar outros
a se recuperarem do alcoolismo.
O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro
de AA não há necessidade de pagar taxa ou mensalidades, somos auto-suficientes,
graças as nossas próprias contribuições.
Alcoólicos Anônimos não está ligado a nenhuma seita ou religião, nenhum partido
político, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia;
não apóia nem combate quaisquer causas.
Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólicos a
alcançarem a sobriedade.
Embora Alcoólicos Anônimos não esteja ligado a nenhuma seita ou religião, temos por
costume começar e terminar as reuniões de AA no mundo todo com uma breve
invocação, conhecida por nós como Oração da Serenidade, e convido a todos que
quiserem que me acompanhem, após um instante de silêncio.
ORAÇÃO DA SERENIDADE:
Concedei-nos, Senhor, a SERENIDADE necessária
Para aceitar as coisas que não podemos modificar.
CORAGEM, para modificar aquelas que podemos e
SABEDORIA para distinguir umas das outras.
PARA SER LIDO, SE FOR OPORTUNO, DE ACORDO COM O TIPO DE REUNIÃO:
Esta é uma reunião ABERTA e podem assistir a ela pessoas não alcoólicas, nossos
familiares, amigos ou quaisquer outras que queiram conhecer nosso programa de
recuperação.
Esta é uma reunião de Serviço (ou Administrativa) para tratar de assuntos de interesse do
Grupo. Ela é FECHADA e somente para membros de AA.
Outros tipos de reunião serão anunciadas, de acordo com a disposição do Grupo de
realizá-las.
Nesta reunião ouviremos alguns depoimentos de membros de AA. Aquele que estiver
dando seu depoimento merece de nós toda consideração e respeito. Lembramos que os
depoimentos são pessoais e não refletem necessariamente a opinião da Irmandade de
Alcoólicos Anônimos como um todo.
NOTA: As pessoas que chegam pela primeira vez deverão ser tratadas de acordo com o
que determina a consciência coletiva do Grupo e com os princípios de Aa. Se o visitante
estiver alcoolizado e o Coordenador da Reunião achar por bem ceder a palavra, poderá
faze - lo. Se o visitante for um profissional, deverá ser-lhe dada toda atenção, pois
poderemos ter a oportunidade de apadrinhar um futuro amigo de AA. O Grupo poderá
dispor de algum tempo para transmitir recados do RSG, CTO, ou outro servidor. Poderá
faze - lo antes ou depois do intervalo para o café, ou quando suas consciência coletiva
determinar.
SÉTIMA TRADIÇÃO
(Para ser lido antes do intervalo para o café)
Nossa Sétima Tradição diz: “Todos os Grupos de AA deverão ser absolutamente auto-
suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora”. Para cumprir essa Tradição passamos
uma sacola entre os presentes. Esse dinheiro é utilizado para cobrir as despesas de
nosso Grupo, para distribuição gratuita de literatura e para manutenção dos Órgãos de
Serviço de AA.
Agora convido todos a saborearem um cafezinho.
NOTA: Após o intervalo para o café, a reunião segue normalmente.
ENCERRAMENTO:
TERCEIRA TRADIÇÃO
“Para ser membro de AA o único requisito é o desejo de parar de beber”. Se houver
alguém presente com o desejo de fazer parte de nossa Irmandade, considere-se membro.
Ao final da reunião procure o Coordenador ou outro servidor, para receber folhetos
informativos sobre AA.
NOTA: Embora não existam formalidades para o ingresso de membros em AA, alguns
Grupos ainda utilizam a entrega de fichas aos novatos. Como em qualquer outro assunto,
aqui também prevalece o que determinar a consciência coletiva de cada Grupo.
ANONIMATO:
Nossas Tradições de Anonimato dizem o seguinte:
Décima Primeira: “Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da
promoção;cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na impressa, no rádio e em
filmes”.
Décima Segunda: “O anonimato é o alicerce espiritual de nossas Tradições, lembrando-
nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades”.
Embora nenhum membro de AA deva jamais revelar a ligação de qualquer outro membro
com a Irmandade, Alcoólicos Anônimos não deve ser mantido secreto ou como
movimento clandestino. Havendo necessidade, deveríamos estar dispostos a nos
identificar como membros de AA, se com isso pudermos estar ajudando alguém.
NOTA: Sobre esse assunto, talvez seja oportuno termos a mão o seguinte lembrete:
“Quem você viu aqui,
o que você ouvir aqui,
quando você sair daqui,
deixe que fique aqui”.
Chegamos ao término de mais uma reunião nesse Grupo. Nossa Sacola somou R$ e
tivemos a presença de ... companheiros(as)
PARA SER LIDO QUANDO TIVERMOS NOVATOS NA SALA.
Pedimos aos recém-chegados que não deixem levar por qualquer má impressão causada
por esta reunião. Visitem-nos mais vezes, pois assim entenderão melhor nossa
programação. E tenham certeza de que serão sempre bem-vindos.
Agradecemos a presença de todos e aproveitamos para convidá-los para nossa próxima
reunião que será dia(falar o dia da semana) às (falar o horário).
Para encerrar nossa reunião, convido a todos que quiserem que me acompanhem, após
um instante de silencia, na
ORAÇÃO DA SERENIDADE
Concedei-nos, Senhor, a SERENIDADE necessária
Para aceitar as coisas que não podemos modificar.
CORAGEM para modificar aquelas que podemos e
SABEDORIA para distinguir umas das outras.
Boa noite (ou bom dia, boa tarde) e muito obrigado a todos.
19 – ALCOOLISMO
O uso de álcool é conhecido desde os tempos bíblicos, mas passou a ser estudado em
1856 na Suécia pelo especialista, MANGOS-HUS, que aliás, é o autor da expressão
“ALCOOLISMO”, que designa uma doença caracterizada pela dependência física e
psíquica do álcool.
Em 1935, BIL e o Dr. BOB, realizaram a primeira reunião dos Alcoólicos Anônimos, pôr
admitirem que também eram impotente perante o álcool, daí então resolveram
conscientizar outros Alcoólatras que realmente os mesmos precisavam de ajuda pôr se
tratar de uma doença, e não mais pararam com este trabalho. Com isso, espalhou-se
pelo mundo todo, grupos de ajuda a todos que sofriam com o problema do alcoolismo e
fazendo sofrer a todos que os rodeavam, principalmente os seus familiares, surgindo
assim: GRUPOS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS – AA.
O alcoolismo, é uma doença que se manifesta com pequenas doses ingeridas, chegando
ao ponto da pessoa perder o controle sobre ela.
Problemas sociais: desajuste no lar, separação conjugal, perda do emprego,
incapacidade de desempenhar papéis sociais, endividamento, acidente de trânsito,
homicídios, suicídios, demandas legais como: perdas dos filhos por exemplo e as
amizades, pois a mesma sociedade que os incentiva a beber é a mesma que os
descrimina expulsando-os de seu meio, principalmente no meio FAMILIAR e tornando-se
assim um zero a esquerda perante a todos.
Doença física: hepatite, cirrose hepática, depressão, frequência cardíaca acelerada,
hipertensão, insônia, pancreatite, gastrite e úlceras estomacal e duodenais, redução da
coordenação motora, impotência sexual, lesões celebrais, diabete e outras.
É uma doença progressiva e de fins fatais e, se não for tratada, com o passar do tempo
compromete a saúde física e mental do indivíduo.
Em resumo: A progressão da doença vai da perda da auto estima, a desagregação da
família, a perda do emprego, ao comprometimento orgânico até a internação hospitalar e
FINALMENTE, A MORTE.
Não esqueça ainda que a bebida para muitos, é a porta de entrada para as drogas mias
fatais, levando ainda mais rápido ao caminho de tudo que foi citado acima!
Se você quer ou tem alguém que quer receber ajuda, procure um Grupo de AA.
“SE FOR DE SUA PRÓPRIA INICIATIVA, NÓS ESTAMOS DE BRAÇOS ABERTOS
PARA AJUDAR E TAMBÉM SER AJUDADO”.
20 – DOZE SUGESTÕES PARA UMA BOA COORDENAÇÃO
01- Evite tomar ares de “autoridade”. Lembre-se que a função do Coordenador ao liderar
a reunião, é zelar pelas Tradições de AA. E as Tradições de AA baseiam-se na
HUMILDADE. Portanto procure mentalizar o velho ditado: “que comece por mim”.
02- Antes de aceitar uma coordenação, faça um minucioso inventário moral de si mesmo
e veja se está em condições de assumi-la. Sobriedade é um estado de espírito que se
transmite e um Coordenador tumultuado ou mal-humorado pode contagiar todo o Grupo.
03- Existe querer bancar o “professor” ou “pregador”. Lembre-se que a cadeira de
Coordenador não é tribuna, que uma reunião de AA não é sala de aula e que seus
companheiros não são alunos.
04- Não faça análises ou diagnósticos dos companheiros. Esse direito não compete a nós
membros de AA. Procure inteirar-se do folheto.”AA em sua Comunidade”.
05- Não faça comentários em relação ao depoimento dos companheiros, salvo quando for
solicitado pelo depoente, ou se isso se tornar absolutamente necessário para ajudar,
nunca para depreciar ou humilhar. Quanto menos o Coordenador “tagarelar” melhor a
reunião.
06- Evite interromper o companheiro, mesmo que ele esteja “falando demais”. Em alguns
Grupos o tempo é limitado e você poderá depois falar livremente.
07- Evite dialogar com os companheiros, salvo se a reunião for informal isso, porém, não
significa que você não possa perguntar aos novos como estão passando o dia-a-dia.
08- Procure estar sempre atento durante todo o tempo em que transcorrer a reunião.
Atento com os que falam, com os que ouvem e também com os que chegam. Alguém
pode estar “tumultuando” e, talvez, precisando desabafar.
09- Jamais abuse do direito que o Grupo lhe concedeu ao confiar-lhe a liderança de sua
reunião. Procure não criticar o depoimento do companheiro. Lembre-se que você é um
simples servidor e, como tal, deve ser sempre um fiel servidor no Grupo.
10- Procure inteirar-se, se a reunião é “aberta” ou “fechada” e se a palavra deve ser
“dirigida” ou apenas “franqueada”. Não se esqueça dos novos, dos recém-chegados e
dos visitantes, já que geralmente têm algo de novo para nos transmitir. Lembre-se de que
uma reunião “aberta” deixa de ser do Grupo para ser de AA, como um todo e que nosso
programa é de atração e não de promoção. Dizem que todo alcoólico é inteligente. Como
tal, um Coordenador deve ser membro de AA – um alcoólico portanto.
11- Evite dirigir a reunião a seu bel prazer. Deixe que tudo transcorra naturalmente e que
cada um fale livremente. Em AA cada um fala de si.
12- Não complique! A UNIDADE do Grupo deve ser preservada a todo instante e o
Coordenador é o guardião dessa UNIDADE. Portanto, é bom lembrar o que diz nossa
Primeira Tradição – “ O bem-estar coletivo deve estar em primeiro lugar”. Lembre-se das
últimas palavras do Dr. BOB: “MANTENHA AA SIMPLES”.
UMA VISÃO DOS DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS
Dr. Laís Marques da Silva
Ex-Custódio e Presidente da JUNAAB
Os substantivos definem as idéias. Dizemos que uma questão é substantiva quando ela
contém o significado, a substância. Na designação "Doze Conceitos para Serviços
Mundiais", temos dois substantivos que devemos analisar detidamente a fim de que
possamos compreender a totalidade dos seus conteúdos.
O primeiro é a palavra conceito. Recorrendo ao "Aurélio", vemos que: 1. Em Filosofia,
significa a representação de um objeto pelo pensamento, por uma das suas
características gerais - abstração, idéia; 2. Ação de formular uma idéia por meio de
palavras - definição, caracterização e, 3. Pensamento, idéia, opinião. Estas primeiras
acepções nos transmitem o significado da palavra conceito porque respondem às
indagações: qual a idéia e qual a sua definição?
O segundo substantivo é a palavra serviço. Com ela já estamos bem familiarizados, pois
vivemos numa Irmandade animada pelo espírito de serviço, entendido como o ato de
colocar a sobriedade ao alcance de todos os que a desejem. Os serviços definem o AA
como o conhecemos e põem os seus membros em contato, em comunicação, com os
que precisam de ajuda, os que querem parar de beber.
O serviço em AA compreende tudo o que se venha a realizar para alcançar o alcoólico
que ainda sofre e se compõe de uma grande variedade de atividades que vão desde o
preparo de uma xícara de café até a manutenção do Escritório de Serviços Gerais. No
entanto, o serviço básico, e também a razão primordial da existência de AA, é o de levar
a mensagem ao alcoólico que ainda sofre. O serviço dá à Irmandade a marca da ação.
Alcoólicos Anônimos é uma sociedade de alcoólicos em recuperação e em ação.
Do mesmo modo que o objetivo de cada membro é a sua própria sobriedade, o dos
serviços é colocar esta mesma sobriedade ao alcance de todos os que a desejem; "Cada
grupo é animado de um único propósito - o de transmitir a mensagem ao alcoólico que
ainda sofre".
O ideal de ajuda se constitui numa importante força de coesão para o grupo porque
anima os seus membros em torno de um objetivo comum e, por isso, se torna um sólido
alicerce para a Irmandade. Indispensável à Unidade, é a própria essência do Terceiro
Legado.
A tarefa de estender a mão àquele que ainda sofre oferece a cada membro um trabalho
suficientemente grande para polarizar a imaginação e os esforços dos seus membros e
para fazer nascer um profundo sentimento de lealdade em relação ao grupo. "Razões
tinham que ser encontradas para manter as pessoas autoritárias e causadoras de atrito
em seus devidos lugares. Um adequando comitê de serviços, com considerável pressão,
aliado a muito amor e confiança, provou ser a resposta". O serviço traz recompensas
imateriais para os que o realizam e é um dos pilares sobre os quais se assenta a
recuperação individual.
Voltando ao tema, vemos que os serviços são mundiais e aí muita gente entende que não
é da sua alçada em razão do adjetivo mundial, considerado o âmbito restrito da sua
atuação individual. Mas os serviços têm uma outra dimensão, a espacial, uma vez que
compreendem as ações que se desenvolvem nos grupos, as que são realizadas a nível
nacional, as que ultrapassam as fronteiras de um país e as que são executadas a nível
internacional. Como a Irmandade está em cerca de 147 países do mundo, os serviços se
tornaram realmente mundiais. Assim, o alcance da Irmandade é global e a sua
mensagem é dirigida à espécie humana, a todos os que têm problemas com a bebida.
Os Doze Conceitos, ligados ao Terceiro Legado, interessam em especial aos "servidores
de confiança", isto é, aos companheiros que se dedicam ao serviço.
Com poucos anos de existência, a Irmandade contava com milhares de grupos, com uma
Junta de Serviços Gerias, com uma Conferência e uma Revista. Era necessário, então,
estabelecer as relações entre estas essas estruturas. Desta forma, quando o próprio Bill
W. idealizou os 12 Conceitos, estabeleceu as relações que visavam, a meu ver, montar
um sistema, como se espera que exista numa sociedade como aquela em que vivemos,
preocupada com os controles, a retroalimentação e com a reformulação do planejamento.
Os Doze Conceitos de AA dão a coesão necessária aos serviços e previnem a existência
de superposições e, como tal, evitam dissensões.
Outro ponto que é necessário esclarecer é o conceito de Serviços Gerais. São serviços
que os grupos não podem fazer por si mesmos, como: uniformizar, editar e distribuir uma
literatura composta de numerosos títulos; fazer um trabalho de informação ao público
padronizado a nível nacional; passar a experiência adquirida pelos grupos da nossa
Irmandade como um todo aos novos grupos; atender, numa escala maior, aos pedidos de
ajuda; publicar a Revista Nacional, etc.
Há frases que demonstram um grande poder de síntese e que dão uma idéia muito clara
das coisas: "Os Passos são para o alcoólico viver e as Tradições são para a Irmandade
viver". Uma outra diz que "Os Passos ensinam a viver e as Tradições ensinam a
conviver". São frases que, sendo curtas, exibem um grande poder de síntese e encerram
uma grande significação. No entanto, em relação aos Conceitos, fica um pouco difícil
condensar, fazer uma ponte que os una como um todo. Resta o esforço de tentar costurá-
los de modo a transmitir uma idéia condensada, uma visão global do seu conteúdo e é o
que passamos a fazer agora.
Conceito I: Nele fica estabelecido que "A responsabilidade final e a autoridade suprema
para os serviços mundiais recaem sobre os grupos de AA." "Esta responsabilidade e a
conseqüente autoridade foram transferidos para os grupos no decurso da Convenção
Internacional de Saint Louis, em 1955". Esta é a idéia do Conceito I.
Conceito II: Em 1955, os grupos delegaram autoridade à Conferência para a manutenção
dos serviços mundiais e tornaram a Conferência a verdadeira voz e a consciência efetiva
de toda a Irmandade de AA. Com este conceito, o grupo resolve o problema de como
encaminhar os assuntos ligados ao serviço, isto é, o faz por meio de um instrumento, que
é o da delegação. Desta maneira, delega o seu papel de condutor à Conferência de
Serviços Gerais e o faz elegendo um representante de serviços gerais para cada grupo,
os quais se reúnem em Assembléia de Área e elegem, anualmente, no caso do Brasil, um
delegado por Área que atua em nome de todos os grupos da respectiva Área.
A idéia central deste conceito está na delegação, feita pelos grupos à Conferência, do seu
papel de condutor da Irmandade.
Conceito III: Por esse conceito, a "Conferência delega à Junta de Serviços Gerais a
autoridade para administrar os assuntos de AA. Estabelece também as relações entre os
grupos de AA, a Conferência, a Junta de Serviços Gerais, funcionários e comitês
executivos acentuando o tradicional "Direito de Decisão", que pode ser aplicado em
praticamente todos os níveis da estrutura de serviços mundiais. Este conceito estabelece
também uma relação de confiança nos líderes responsáveis dando-lhes o poder de
decisão, levando em conta a sua responsabilidade e autoridade diante dos problemas e
das situações que apareçam.
A liderança moderada é a essência do "Direito de Decisão" atribuído aos servidores de
confiança. Bill afirmou: "todo o nosso programa dentro de AA repousa no princípio da
confiança mútua. Confiamos em Deus, confiamos no AA e confiamos em cada um de
nós".
Conceito IV: Trata do "Direito de Participação". Constitui-se numa salvaguarda contra a
autoridade absoluta, suprema. É uma garantia de participação, do direito de tomar parte.
Cria um mecanismo que impede a existência de membros de "segunda classe". Está em
perfeita consonância com a Segunda Tradição. Esse direito está incluído no Estatuto da
Conferência de Serviços Gerais. Com ele, os membros da JUNAAB tornam-se membros
votantes na Conferência.
Esse conceito atende a uma necessidade, mais do que a um desejo de pertencer e de
participar.
Conceito V: O "Direito de Apelação" garante que uma eventual minoria seja sempre
ouvida. Qualquer membro de AA pode exercer este direito, bastando para isso redigir um
documento e dirigi-lo à Junta de Serviços Gerais. A outra face desse direito é também
muito importante, pois ela faz com que todo o tempo necessário e que todo o cuidado
sejam dedicados aos temas em discussão. A minoria bem ouvida representa uma
proteção contra uma maioria eventualmente desinformada, precipitada ou irritada. Previne
uma possível "tirania" da maioria. Dessa forma, uma maioria simples raramente é
suficiente para tomar decisões. Se não se chega a uma substancial maioria, é preferível
adiar a decisão ou sair para o "procedimento do Terceiro Legado" ou ainda fazer o sorteio
no "chapéu".
Conceito VI: Atribui, em primeiro lugar à Conferência e, depois, à Junta, a
responsabilidade de manter serviços mundiais e de decidir sobre assuntos de finanças e
de normas de procedimento. Na sua ausência, a Conferência delega autoridade
administrativa à Junta. Estabelece que, embora os custódios devam operar sob
observação e orientação da Conferência, eles devem funcionar como diretores de uma
grande organização de negócios, para o que devem ter ampla autoridade para
administrar e conduzir os negócios de AA.
Conceito VII: Por esse conceito, a Conferência reconhece a Ata de Constituição e os
Estatutos da Junta de Serviços Gerais como instrumentos legais e lhe dá plenos poderes
para administrar e conduzir todos os assuntos dos serviços mundiais de AA.
A Conferência fica com a força da tradição e com o poder do dinheiro e dá à Junta o
direito de eleger os seus membros. Assim, estabelece que a escolha dos novos custódios
cabe à própria Junta e que esta escolha deve ser submetida à aprovação da Conferência.
Assim, a Conferência pode rejeitar, mas não eleger os novos candidatos a custódio. Isto
é, preserva à Junta de Custódios o direito de funcionar livre e adequadamente tal como
qualquer junta de diretores de negócios. Tudo isso dentro do conceito de "Servidores de
Confiança".
Esse conceito estabelece um equilíbrio de poderes entre a Conferência e a Junta,
indispensável a uma harmoniosa colaboração. Assim, a Ata de Constituição dá, aos
custódios, autoridade legal de tal forma que lhes é possível dizer "não" para o que vem da
Conferência, de vetar qualquer das suas ações. No entanto, eles não estão obrigados a
usar toda a autoridade e durante o tempo todo. Muitas vezes é mais sensato um sim.
Também a Conferência deve evitar o abuso da sua autoridade tradicional.
Conceito VIII: Por ele, os custódios da Junta atuam como planejadores, administradores e
executores e, em relação aos serviços incorporados, exercem supervisão de custódia,
podendo eleger os diretores dessas entidades. A Junta delega funções executivas e fica
com a supervisão e, para evitar a concentração de dinheiro e de autoridade, as
incorporações são mantidas separadas.
Conceito IX: Esse conceito atribui a liderança dos serviços mundiais aos custódios da
Junta e os tornam diretamente responsáveis pela nossa Irmandade. Enfatiza também a
necessidade de se escolher bons líderes para a estrutura de serviços. As pessoas certas
devem ser escolhidas para as muitas tarefas a serem executadas em cada nível de
serviço.
"Não importa com que cuidado projetamos a nossa estrutura de serviços em princípios e
relações, não importa quão bem repartamos a autoridade e a responsabilidade, os
resultados operacionais da nossa estrutura não podem ser melhores do que o
desempenho pessoal daqueles que devem servir e fazê-la funcionar. Boa liderança não
pode funcionar bem numa estrutura mal planejada ... liderança fraca não pode funcionar
nem na melhor das estruturas."
Estabelece ainda que a base da estrutura de serviços repousa em milhares de RSGs, que
nomeiam numerosos membros dos Comitês de Área e também tantos outros delegados,
além de apreciar os candidatos a custódio das Áreas. A votação se faz pelo método do
Terceiro Legado, ou seja, por 2/3 da votação ou por sorteio.
Conceito X: Estabelece a relação entre responsabilidades e limita a extensão. A maior
responsabilidade e autoridade estão com os grupos e, por meio deles, com a
Conferência. O Conceito I estabelece que a responsabilidade final e a autoridade
suprema estão nos grupos e o Conceito II estabelece que eles delegam essa autoridade
à Conferência. Esta, por sua vez, pelo Conceito III, delega para a Junta de Serviços
Gerais a autoridade para administrar os assuntos de AA.
A autoridade suprema da Conferência nunca deveria ser usada o tempo todo, a não ser
numa emergência e isso acontece geralmente quando a autoridade que foi por ela
delegada fracassa e precisa ser reorganizada em função da sua deficiência ou porque os
limites da autoridade são constantemente ultrapassados.
Além dos dispositivos para igualar autoridade e responsabilidade, esse conceito
acrescenta duas garantias: o "Direito de Apelação" e o "Direito de Petição" a fim de
assegurar que a minoria tenha uma autoridade correspondente à sua responsabilidade.
A Segunda Tradição define o que se entende por "Consciência de Grupo" como sendo a
autoridade final e também fala dos servidores de confiança como tendo autoridade
delegada. As definições cuidadosas e o respeito mútuo são indispensáveis para manter o
equilíbrio necessário à realização de um trabalho correto e harmonioso.
Conceito XI: Por ele, os custódios devem ter a melhor assistência dos comitês
permanentes, dos diretores de serviços incorporados, dos executivos, funcionários e
consultores. Nesse conceito, está definida a atuação dos diversos comitês da Junta, a
sua composição, funções e relações.
Conceito XII: Tem o mesmo conteúdo do artigo 12 da Ata de Constituição da Conferência.
Estabelece que a Conferência observe o espírito das Tradições de AA; que nunca seja
sede de riqueza ou de poder, que tenha fundos suficientes para funcionar, que nenhum
membro seja colocado em posição de autoridade absoluta sobre os outros; que as
decisões sejam tomadas após discussão, votação e, se possível, substancial
unanimidade. Que nenhuma ação seja punitiva ou leve à controvérsia pública; que
embora preste serviço, não desempenhe ato de governo, permanecendo democrática em
pensamento e ação.
Esse conceito é a base do funcionamento da Conferência e, diferentemente dos 11
precedentes, há para ele um mecanismo de proteção contra mudanças. Isto é importante
porque garante o bem-estar geral do AA.
São promessas solenes em que a Conferência se submete às Tradições e dá outras
garantias. A prudência é a marca das garantias que protegem a Irmandade contra a
riqueza, o prestígio, o poder, etc.
No seu conjunto, os Conceitos definem uma estrutura de serviços, estabelecem ralações
entre elas, definem onde ficam a autoridade superior e a responsabilidade maior,
estabelecem de modo muito sábio o equilíbrio entre a Conferência e a Junta de Serviços
Gerais, cuidam primorosamente da relação entre a responsabilidade e a autoridade,
garantem o direito e a atuação das minorias e estabelecem um modo de atuar da
Conferência, ditado pela prudência e pela temperança. É um conjunto magistral em que
nada ficou faltando, em que tudo que é necessário ao funcionamento harmonioso e eficaz
de um imenso organismo foi pensado e sabiamente definido. É um conjunto de normas
perfeito e irretocável.
CICLO DE ESTUDO DOS DOZE PASSOS DE A.A. by passea
P a l e s t r a s
UM FRAGMENTO DA HISTÓRIA
“A origem dos Doze Passos” – Bill W. 1953
De onde vieram os Doze Passos?
“Ninguém inventou Alcoólicos Anônimos. Simplesmente, brotou e cresceu – pela graça de
Deus”.
“O fator humano foi responsável por três das principais fontes de inspiração dos passos –
os Grupos de Oxford, Dr. William D. Silkworth e o renomado psicólogo William James,
que alguns chamam: O Pai da Psicologia Moderna”. (pág.230)
O grupo Oxford foi um movimento evangélico que floresceu nas décadas de 20 e 30, sob
a direção do Dr. Franck Buckman, antigo pastor luterano.
Bill W. conheceu o grupo Oxford através de seu amigo Ebby, que o visitou sóbrio em
novembro de 1934. No verão de 1934, Ebby tinha se unido ao grupo Oxford e conseguiu
a sobriedade apesar de que “ele não ficou convencido de todas as ideias e atividades do
G.O., mas o haviam impressionado muito sua profunda sinceridade e sentia-se muito
agradecido pelas atenções”. (pág.231)
Vemos o bem que fez a Ebby ter experienciado o verdadeiro Amor demonstrado a ele
pelos G.O. e que permitiram a ele a sobriedade apesar de ele não concordar com eles em
tudo.
E Ebby contou a Bill W., surpreso por estar sóbrio, que “dei-me conta de que não podia
dirigir minha própria vida”. Isto é, Ebby estava vivendo o princípio da Honestidade. Ebby
disse também: “Tive de fazer reparação a quem eu havia feito danos”. Isto é, ele estava
vivendo o princípio do “Amor ao Próximo”. “Também praticavam um tipo de confissão que
chamavam “Partilha”. E aí, Ebby começara a praticar o princípio da Integridade.
Praticavam também o “Tempo de Silêncio”, uma meditação “para buscar a origem de
Deus em todos os aspectos grandes e pequenos da Vida”. E com isso, Ebby estava
praticando o princípio da Espiritualidade.
“Ainda que essas simples ideias não fossem nada novas, causaram em mim impacto
colossal. Hoje em dia, nos damos conta do porquê um alcoólico estava falando com
outro, como ninguém mais pode fazê-lo melhor. Isto é, Ebby foi um fator humano
responsável pela inspiração dos passos.
Duas ou três semanas após reencontrar o amigo Ebby, diz Bill W., ”Cheguei
cambaleando ao hospital Charles B. Towns, esse célebre empório de desintoxicação”.
No Hospital Bill W. foi atendido por seu médico Dr. Silkworth, “O qual pouco tempo depois
iria contribuir com uma importantíssima ideia sem a qual A.A. nunca poderia ter êxito. Há
anos que ele afirmava que o alcoolismo era uma doença, uma obsessão mental
associada a uma alergia corporal”.(pág.232) Isto é o Dr. Silkworth afastou-se da ideia
errônea de que o alcoolismo era um problema de caráter e foi o primeiro a tratá-la como
uma doença crônica, progressiva, incurável e que quando não detida é fatal.
“Uma terceira corrente de influência entrou em minha vida, através do livro de Willian
James, “As Variedades da Experiência Religiosa. Alguém o havia deixado em meu quarto
de hospital”.(pág.233)
William James “Disse-se que as experiências espirituais não somente podiam converter-
nos em gente mais flexível, que podiam transformar os homens e mulheres de forma que
pudessem fazer sentir e crer o que anteriormente lhes havia sido impossível. E o maior
beneficio mencionado no livro era que, na maioria dos casos descritos, os que se viram
transformados eram pessoas desesperadas”.(pág.233)
Bill W. se reuniu ao grupo Oxford, manteve-se sóbrio e tentou ajudar a outros alcoólicos.
“Talvez nossos candidatos não pudessem aguentar o rigor dos quatro absolutos do G.O.
– honradez, a pureza, a generosidade e o amor”.(pág.233)
Bill W. ouviu então mais uma vez o Dr. Silkworth: “Devido a que se identifica com os
alcoólicos, é possível que os possa tocar, como eu não consigo. Fale-lhes sobre as duras
realidades médicas primeiro e faça-as sem dó nem piedade”.
Pouco tempo depois, Bill W. conheceu o Dr. Bob, que também participara dos Grupos
Oxford sem alcançar a sobriedade. Falou-lhe como o Dr. Silkworth sugerira e no dia 10 de
junho de 1935 o Dr. Bob deixou de beber para sempre. Juntos, Bill W. e o Dr. Bob
começaram o trabalho de A.A. percebendo que, ao ajudar outros a alcançarem a
sobriedade, eles conseguiam manter a própria sobriedade.
Em 1939, os iniciadores de A.A. resolveram escrever com a sua experiência um livro que
ajudasse os alcoólicos que morassem fora a seguirem os passos de A.A.
Diz Bill W. “Lembro-me muito bem da tarde em que foram redigidos os Doze Passos.
Estava deitado em uma cama sentindo-me bastante desencorajado e sofrendo um de
meus imaginários ataques de úlcera”.(pág.236) “Por fim, comecei a escrever em um bloco
de papel amarelo barato. Embora me sentisse pouco inspirado, para grande surpresa
minha, demorei pouco tempo – talvez meia hora – em estabelecer certos princípios, os
quais ao contá-los resultaram serem doze. E por alguma razão inexplicável, havia
colocado a ideia de Deus no Segundo Passo, quase no princípio”.(pág.237)
Bill W. foi apenas um feliz instrumento: Os doze passos simplesmente brotaram e
cresceram – pela graça de Deus.
E nós agradecemos por isso.
Dra. Sandra Lúcia de Oliveira Rodrigues da Silva
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“SEJAMOS AMIGOS DOS NOSSOS AMIGOS”
No dicionário do Aurélio Buarque encontramos a seguinte definição de amizade. “Amigo:
que é ligado a outrem por laços de amizade, amigável”. O homem amigo é aquele que é
companheiro, protetor. Amizade é o sentimento fiel de afeição, apreço, estima ou ternura
entre pessoas.
Para ilustrar um tipo de relação de amizade, citemos o que um companheiro evolutivo diz
quando o indaguei sobre o que é um amigo.
-“Meu melhor amigo é o meu primo. Ele não mora aqui em BH e nos falamos ao telefone
ou e-mail. Quando seus pais morreram, fui a primeira pessoa com quem ele falou. Fui
escolhido para compartilhar com ele esse momento de muita dor. Senti-me útil podendo
lhe fazer companhia em uma hora como esta, tão difícil. Em uma oportunidade ganhei
dele um presente caríssimo. Pude perceber que minha alegria não estava ligada ao
presente caro em si, mas por perceber que meu amigo sabia que o presente me deixaria
muito feliz. Ele sabe muita coisa a meu respeito. Neste momento ele me havia
reconhecido como pessoa humana. Fica falando de suas aquisições, de seu patrimônio,
por horas, e confesso que não tenho muito interesse nestes assuntos, mas sinto que
estar perto dele, ouvindo suas histórias é como se estivesse no colo dele. Existem amor e
respeito em nossa amizade”.
Este companheiro evolutivo diante de seu amigo se sente livre, à vontade, reconhecido,
útil e amado.
Outra alusão à amizade vem de Buda.
Um discípulo perguntou a Buda:
- Mestre, qual é o maior tesouro do homem?
- A amizade, respondeu Buda.
- E o que preciso para ser um grande amigo?
E Buda o respondeu:
- “Para ser um grande amigo você precisa de três coisas: primeiro, possuir o desejo
sincero de crescer como pessoa humana. Assim terá o que oferecer ao amigo, terá o que
dar a ele como produto de seu crescimento. Segundo, terá de ser verdadeiro, e, terceiro,
ser amoroso, para que a verdade que precisa ser dita não doa”.
Amizade envolve nossas relações interpessoais e, nessas exposições, as pessoas se
mostram umas às outras, sua visão de mundo, crenças, seu caráter e sua estrutura de
personalidade. Podemos ver assim pessoas que possuem muitos amigos, enquanto
outras queixam por falta delas. Pessoas com facilidade em fazer amigos são aquelas
mais capazes em criar uma atmosfera onde o amigo se sente livre, amado, reconhecido e
útil.
No livro, “A linguagem do Coração”, capítulo “Sejamos amigos de nossos amigos”, colhi
algumas virtudes e qualidades que facilitam a construção de relacionamentos saudáveis,
enquanto que a ausência deles dificulta.
FACILITA AMIZADE POSITIVA DIFICULTA AMIZADE
Confiança Dúvida
Fé Desconfiança
Bom humor Mau humor
Compreensão – Capacidade de transformar uma experiência dura em algo proveitoso.
Intolerância – Mágoas e ressentimentos deixando as pessoas se sentindo vitimas.
Reconhecer o outro Egoísmo
Cortesia Sentimento de vingança
Afabilidade Sarcasmo
Gratidão Ingratidão
Paciência Impaciência
Tolerância – Respeita opiniões contrárias. Intolerante – Dificuldade em ouvir o outro.
Caridade Cristã Desinteresse pelo outro
O alcoólico, quando em sua militância, ocupou mais o lado direito da tabela. Nessa fase
difícil de sua vida amargou derrotas terríveis para a bebida e, nessa linha da vida, pode
não ter conhecido o que é um verdadeiro amigo.
Alicerçando suas ações em terreno movediço, feriu e foi ferido, colecionou frustrações,
mágoas, ressentimentos e o sentimento de vingança habitou o seu coração, e se via, na
maioria das vezes, vítima do mundo e, brigado com Deus, caminhava a passos largos
para o fundo do poço. Com tantos sentimentos negativos, ver o outro como amigo era
tarefa muito difícil.
Ao ingressar no A.A. foi resgatado desse fundo do poço, com a auto-estima abalada, por
um Deus amantíssimo que se fez conhecer através do programa de recuperação.
Começou a ver uma luz no fim do túnel quando tudo parecia perdido.
Acolhido pelo grupo incondicionalmente (a única coisa que se pedia era o desejo de parar
de beber), começou a experimentar os verdadeiros laços de amizade. Com o programa
dos 12 passos, começou a refletir sobre sua mente obsessiva, suas crenças, medos e
inseguranças. Sempre acompanhado pelos companheiros de A.A. e bem próximo aos
olhos do Poder Superior.
Em cada Passo praticado, tomava consciência de um mau hábito e buscava transcendê-
lo, enfrentava de frente seus defeitos de caráter e se capacitava na construção de
relacionamentos saudáveis. Um novo homem, uma nova mulher se formava. Já possuía
as virtudes de um grande amigo, adquirida com a vivência dos 12 Passos.
Mas Bill dizia: “Corrigir nossos defeitos de caráter é um trabalho de uma vida inteira!”
Diminuía a cada dia a necessidade de controlar os outros, os erros de interpretações dos
fenômenos, a culpa, a falta de amor próprio, e sobretudo, diminuía o encantamento pelo
álcool.
Uma nova perspectiva se abria, e Bill reconheceu os amigos não alcoólicos. Vindo de
todas as direções, sempre dispostos a ajudar, colaboraram para que o A.A. se
alavancasse para ser o que é hoje.
“Estes amigos injetam em nossas artérias mundiais uma corrente sem fim e sempre
crescente de sangue vital”. (Bill W.)
“Alguns amigos correram sério risco, ao demonstrar uma confiança sem limites e
generosidade tamanha”. (Bill W.)
Bill diz sempre que estes amigos ajudaram o A.A. a se encontrar. E nos momentos mais
difíceis, havia sempre um não alcoólico mostrando dedicação, que muitas vezes salvou
vidas.
Bill relata experiências que revelam a importância de se estar diante de um amigo:
“Atrevo-me a dizer que o que ocasionou essas afortunadas circunstâncias foram a
compreensão e a tolerância deles, não as nossas”. E sugere aos alcoólicos serem
sempre amigáveis.
Bill se sentiu inúmeras vezes acolhido por esses amigos não alcoólicos, como o Dr.
Silkworth. Com ele, aprendeu a necessidade de se trabalhar o ego, com seus hábitos
cheio de justificativas e as características da doença do alcoolismo. Bill se sentiu
reconhecido por Dr. Silkworth quando este o tranquilizou dizendo que o que se passava
com ele não se tratava de uma alucinação, mas de uma experiência luminosa que
precisava ser agarrada.
Muitas vezes, estes amigos, relata Bill, vieram ao seu encontro como verdadeiros
socorristas que o impediram de bebedeiras secas e trazendo sempre apoio vitalizador.
Bill nos traz sugestões valiosas que nos ajudam na construção de relacionamentos
humanos, fraternos e saudáveis como ficar vigilantes às convicções particulares, aos
preconceitos, à arrogância e à teimosia, ao lado crítico e duro, à tendência de se opor
pelo mero fato de opor-se. Essa vigilância prepara o ser para desafios maiores.
Assíduos nos grupos de A.A., participando de seminários, exercendo liderança, lendo as
literaturas de A.A., praticando os 12 Passos, uma reforma moral vai se concretizando no
interior do ser. Um sentimento de gratidão aos amigos de jornada, alcoólicos e não
alcoólicos, uma fé inabalável no Poder Superior, uma alegria de viver a cada 24 horas,
faz-se abrir uma nova necessidade. A de amar os nossos inimigos.
Não se trata de ter por eles uma afeição como se tem por um grande amigo, mas sim de
não alimentar por eles nenhum sentimento negativo, ódio, rancor, mágoa ou
ressentimento.
Para algumas pessoas, pode parecer estranho amar os inimigos, mas, para quem está no
A.A., alimentar uma gama de sentimentos negativos é reviver um passado de sofrimentos
e dores sem fim e colocar em risco a própria saúde.
Desejar o bem àqueles que nos fizeram mal, estar atento aos padrões dos pensamentos,
das palavras e das ações é um caminho espiritual vivido no A.A., que deixa a jornada
mais leve, menos amarga, podendo experimentar uma liberdade que nos possibilita a
fazer escolhas melhores e a viver valores humanos como o amor, alegria, paz, força,
coragem, confiança e a solidariedade. Virtudes do amigo que alimentam a alma.
Dr. José Rubens
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Exposição dos Passos
Primeiro Passo
“Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio
sobre nossas vidas”.
“Quem se dispõe a admitir a derrota completa? Quase ninguém é claro. Todos os
instintos naturais gritam contra a idéia da impotência pessoal. É verdadeiramente terrível
admitir que com o copo na mão, temos convertido nossas mentes numa tal obsessão pelo
beber destrutivo, que somente um ato da providência pode removê-la”. (Os Doze Passos)
Quando entrei pela primeira vez em uma sala de alcoólicos anônimos, estas foram as
primeiras palavras que ouvi do meu padrinho “ou você para de beber ou vai beber até
morrer. Aceita que você é impotente perante o álcool e que perdeu o domínio sobre sua
vida”. Estava aí o único passo do nosso programa que deve ser feito 100 por cento. De
inicio não me assustei muito, pois mesmo não conhecendo o A.A. e nunca tendo ouvido
falar dos 12 passos isto não era novidade para mim.
Durante minha militância alcoólica, desde o início eu percebia que tinha algo diferente
comigo, meus amigos bebiam e quando chegavam a uma determinada hora paravam e
eu continuava. Com o passar do tempo fui bebendo mais e mais, tornando-me
dependente. No inicio era aquele namoro de fim de semana, mas com o passar do tempo
passou a ser namoro sem fim. Perdi tudo; família, auto-estima, amor próprio, fui parar na
rua e capaz de fazer as coisas mais absurdas para suprir meu vício, magoando as
pessoas que eu mais gostava, traindo meus amigos e principalmente não me
respeitando. Minha família, por exemplo, não sabia o que fazer, pois como alcoólico que
sou, sempre achava uma saída para as minhas complicações. Quando o bicho pegava
dava sempre um jeito de me safar honestamente ou desonestamente. Quando estava no
ápice da minha dependência alcoólica atingia um estágio de insanidade tão grande que
fazia qualquer coisa para beber.
No decorrer de vários anos de muito sofrimento, sempre tendo o álcool como parceiros,
tentei parar algumas vezes. Até conseguia, mais sempre pensava; um trago só não vai
fazer mal. Aí é que eu me enganava e voltava tudo de novo e cada vez mais pesado. Foi
quando percebi que tinha perdido totalmente o controle da minha vida, mas aceitar a
derrota era muito difícil. Eu pensava; “porque as outras pessoas podem e eu não?” Então
foi num dia de desespero total que resolvi procurar meu cunhado que já fazia parte da
irmandade de A.A. e que até já serviu de gozação lá em casa, bebum vocês sabem com
é né; mas ele não me negou ajuda. E foi aí que me deparei com essa grandiosa
irmandade de Alcoólicos Anônimos que viria a ser o divisor de águas em minha vida,
dando condições de paralisar com minha doença e seguir uma nova vida, tanto física,
quanto mental e, principalmente, espiritual.
Quando entrei na sala de A.A. e me deparei com o 1º passo não tinha mais jeito, ou eu o
aceitava 100% como meus companheiros haviam me sugerido ou continuaria morrendo
pouco a pouco. Somente através da aceitação da derrota total perante o álcool eu poderia
estar pronto para dar alguns passos rumo a minha recuperação e graças ao meu poder
superior aceitei o 1º Passo de nosso programa de recuperação e, através de uma
reformulação de vida sugerida pelos meus companheiros, estou hoje aqui podendo contar
um pouco da minha história.
Em nossas literaturas é descrito que somente quando o bebedor problema atinge o fundo
do poço na derrota completa perante o álcool, estaria ele pronto para aceitar este passo.
Mas, com o decorrer dos anos, podemos perceber que o álcool esta destruindo as
pessoas mais cedo e várias pessoas estão chegando cada vez mais rápido em A.A.,
mesmo que não tenham bebido até atingirem a derrota total, se identificam prontamente
com o 1º Passo de A.A.
Expositor(a): __________________________
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Segundo Passo
“Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à
sanidade”.
Acreditar é algo impossível para alguém que está derrotado moralmente e
espiritualmente?
Quanto mais em algo que não se vê ou não se pode tocar? Porém é algo que acontece
quando estamos no fundo do poço e viemos a acreditar em um Poder Superior no qual
depositamos nossas esperanças de reerguermos a nós mesmos, buscando forças de
onde não se pensa existir mais.
Como seria possível acreditar que os delírios, a vontade de auto-extermínio, o
afastamento total da sociedade, amigos e familiares; poderia vir a ser revertido em
alegria, vontade de viver, ser produtivo, ser amado e amar? No início de uma caminhada,
onde homens e mulheres que experimentaram uma vida cheia de alegria, afeto e
produtividade se encontram em um caos interior e admitem sua derrota por algo que não
se encaixa na sua realidade e se vêem envoltos a situações que em tempos anteriores
resolveriam de letra, e nenhum ser vivo poderia lhe suprir tais necessidades ou lhe ajudar
a sair de eventuais problemas (muitas vezes causadas por ele mesmo).
É nessa hora que a humildade, a fé e a paciência têm que ser mais forte que nós
mesmos.
HUMILDADE de olhar para si mesmo e ver que está sozinho no mundo terreno, e muita
das vezes chorar e clamar por socorro a um Poder Superior, que naquele momento
confiamos ser aquilo ou aquele que possa nos ouvir e nos transformar.
FÉ para acreditar que muita das vezes não poderíamos ver nem tocar neste Poder
Superior, mas que Ele iria nos dar as respostas, sentidos e direções para nossas vidas;
até mesmo que Ele restaurasse nossa fé quando não a tínhamos mais. Fé que ao sermos
restaurados de forças físicas, morais e espirituais pudéssemos novamente levantar e
caminhar em busca de uma vida digna e de respeito, vivendo e deixando outros viverem.
PACIÊNCIA para sabermos que tudo não aconteceria da noite para o dia, que nossos
entes queridos ou pessoas as quais um dia fizemos sofrer, nos perdoaria rapidamente,
que os bons empregos perdidos fossem aparecer em um estalar de dedos; paciência
para conosco mesmo em saber que estamos vivos e batalhando contra algo que um dia
nos derrotou, trazendo prejuízos sem medidas e muitas vezes irreparáveis.
Por isso nossa sanidade deve estar alicerçada em buscar sempre a humildade, a fé em
algo que não se vê ou se toca, mas que espiritualmente nos conforta, e paciência para
irmos nesta caminhada que é a vida com a certeza de chegar, e chegarmos firmes
sempre acreditando em um Poder Superior ao qual nos devolveu a sanidade e nos
fortalecerá para sermos fortes e inabaláveis nos dias difíceis.
Expositor(a): __________________________
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Terceiro Passo
“Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de DEUS na forma em
que o concebíamos”.
É necessário confiar, acreditar que ajuda oferecida é suficiente e capaz de reverter o
mecanismo de destruição.
Medo, dúvida, insegurança são coisas naturais e deverão ser enfrentadas com paciência
e compreensão.
O que devemos ter nesse passo? A confiança.
Confiança é o combustível que moverá nosso passo, para agir nesse momento de
decisão, apesar do risco constante e dificuldades que estarão sempre diante de nós.
O Terceiro Passo é um passo de ação. Chegou o momento, é preciso começar a
acreditar em alguma coisa, em Deus, em pessoas, grupos, plano de vida, algo que
funcione.
O importante é confiar, dar-se a chance de experimentar esta ação, e dizer a um Poder
Superior: Ofereço-me a ti, para que trabalhes em mim e faças comigo o que desejares.
Liberta-me da escravidão do ego, para que eu possa realizar a sua vontade.
Encontrar com meu Poder Superior sozinho é opcional. Pois sozinho me declaro sem
reservas e, fazendo estas declarações, tenho a oportunidade de exercer a minha
honestidade e humildade que trago comigo, e assim a resposta tem um efeito imediato e
às vezes considerável. Um relato pessoal: Terceiro passo é isso. Tomar uma decisão e
colocar em ação, aquilo que posso fazer hoje eu faço, não coloco essa ação em um
arquivo para ser realizado quando chegar o momento.
Essa decisão juntamente com a ação traz de volta o direito de eu pensar o que é bom
para mim.
Expositor(a): __________________________
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Quarto Passo
“Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos”.
Nosso real e significativo momento de vida é de reconhecimento – Gratidão – Ação e
solidariedade.
Vejam só: Diante de “flashs” divinamente elaborados sobre nossas vidas, admitimos...,
acreditamos... e então decidimos.
Agora, neste instante, podemos perceber o amparo incondicional que aconteceu em cada
um de nós. O alívio imediato impulsionou em nosso interior uma curiosidade. Quero
entender como isto aconteceu?! Na busca, dúvidas, desconfiança, incapacidade
emocional, medo, insônia, ideias evasivas, contudo, a sensação de profundas certezas:
a) Não posso beber;
b) Quero entender;
c) Preciso perseverar;
d) “só por hoje”;
e) “um dia de cada vez”
f) “Agora não”
Preste atenção > ouça > Mente aberta > vá com calma
O companheirismo, a disponibilidade coletiva, a sinceridade, as experiências
compartilhadas e sobretudo a honestidade individual e intransferível, nos revelou o direito
de acreditar.
Identificada a causa, sendo transparente e aceitando as recomendações propostas,
descobrimos que em todas as situações embaraçosas de embriaguez que
experimentamos nos foi concedido um indulto para chegarmos até aqui. Podemos
concluir que:
- quando tudo parecia perdido
- quando queríamos desistir
- quando virávamos as costas
- quando explodíamos para desarmar a barraca
Então jogamos a toalha e pedindo socorro, mesmo sem avaliar o merecimento, Ele veio,
era o AMOR. Personificando a tolerância, a compreensão, a esperança e constantemente
investindo em nossa evolução. Incentivando-nos ao progresso moral, tornou clara e
cristalina, proporcionando à nossa tenra capacidade humana a divina sabedoria da
escolha
DECIDIMOS
Estamos diante de um labirinto – CORAGEM!
Diga a você mesmo (a):
Este labirinto sou EU?!
Vamos entrar?!
CONFIE!
Você não está sozinho(a): A partir de agora jamais estará. Sua consciência será seu guia;
e EU estarei permanentemente com você.
Lembre: Vá com calma!
Oxigene-se! Respire!
“Cheire uma flor”
“Assopre a chama de uma vela”
OUTRA VEZ
“A solidão pode parecer tenebrosa; É daí que conquistamos o isolamento e produzimos
grandes feitos” (reflexão, lembranças, pensamentos, leituras, escritas meditação, etc.)
Viemos acreditar – página 130/131 – Gr Universo
18 de janeiro de 2012.
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Cante, chore, dance, ria antes que
a cortina se feche e tudo termine sem aplausos”
C. Chaplin
... quando nos aproximamos Dele, Ele se revelou!
Agora sou EU, é comigo! Opa!
PARE
“Lembre-se de que estamos lidando com o álcool – traiçoeiro, desconcertante, poderoso!
Se ajuda é demais para nós. Meias medidas de nada adiantaram. Nossa meta não é a
PERFEIÇÃO ESPIRITUAL, é o desejo de crescermos espiritualmente. Então, qual será o
método?
EXPERIMENTAR!
Exercite, pratique, deguste
Comecemos:
Quem sou?
De onde vim?
Para onde vou?
... sou criatura divina...
Origem simples, desprovido do saber (ignorante), porém, com uma centelha de luz
(consciência) que sabiamente pesquisada é o meu norte para o crescimento como ser
humano.
Tendo na bagagem da consciência a lei natural: Lei de Deus
“É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar
de fazer e o homem só é infeliz quando dela se afasta.” Divide-se em:
Adoração – trabalho – reprodução – conservação – destruição – sociedade – progresso –
igualdade – liberdade – Justiça / Amor / Caridade
Obstáculos – desvios – afastamento – sem norte (perdido? Abandonado?)
NÃO! Estou com meus iguais!
Orgulho – egoísmo – desregramentos – ressentimentos – fraqueza – máscara – mentira –
vinganças – discussões – medo...
Leia – releia – estude o capítulo V do livro Azul
1- Altruísta
2- Amoroso
3- Atencioso
4- Ativo
5- Conscientizado
6- Disposto
7- Estudioso
8- Perseverante
9- Sóbrio
10- Tolerante
ESTOU SALVO?
NÃO! Estou com meus iguais!
“Um dia de cada vez”
Destino: Rumo à felicidade!
A fé está fazendo por nós o que sozinhos não conseguimos fazer.
Então?!
Vamos juntos em busca de mais 24 horas.
Um abraço,
Com sorriso
Fontes: Alcoólicos Anônimos / LE – terceira parte /Experiências pessoais
Expositor(a): __________________________
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Quinto Passo
“Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza
exata de nossas falhas".
Já fizemos outras admissões
...Que sofremos de uma doença,
...Que precisamos de ajuda e
...Que existe uma força superior a nós mesmos para nos ajudar.
Pensando nisso, percebemos que, quando fazemos isto, nossa aceitação e ou admissão
torna-se mais significativa.
Depois do 4º passo podemos enxergar o 5º passo como ajuda, para nos vermos,
enxergar a natureza exata de nossas falhas; isto é, para caminhar em uma viagem para
dentro de nós. Quem eu sou, os caminhos que percorri e reconhecer a natureza exata de
minhas falhas e fazer isso diante de outro ser humano.
A palavra chave para este passo é “Coragem"
COR vem do latim, que quer dizer CORAÇÃO,
AGEM vem de totalidade, e com a totalidade do coração confessemos a natureza exata
de nossas falhas; para isso é necessário humildade e honestidade.
Este passo nos remete à necessidade do outro; sabemos que precisamos do PODER
SUPERIOR na forma que cada um concebe e CONFIANÇA NO OUTRO.
Pomos em prática o 5º passo, sendo sinceros e honestos conosco mesmos, com Deus e
partilhando nosso inventário moral com alguém em que confiamos, alguém que nos
compreenda, que nos incentive e não nos condene.
"Se pudesse resumir em uma só palavra, esta seria REFORMULAÇÃO de vida.
Quebremos o orgulho, as barreiras do medo e do isolamento, culpa , vergonha e até
raiva, através do reconhecimento das facetas adoecidas do nosso caráter e do
comportamento de forma honesta e clara. O mais importante é iniciarmos."
24 HORAS !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
OBRIGADA A TODOS
Expositor(a): __________________________
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Sexto Passo
“Prontificamos inteiramente a deixar que DEUS removesse todos esses defeitos de
caráter”.
Este é o passo da maturidade emocional e espiritual. O sofrimento físico, o momento de
depender de Deus. É hora de admitir que há necessidade de crescer mais, para que a
minha vida com as outras pessoas seja marcada com amor. O amor que recebo do meu
Poder Superior.
Nos primeiros cinco passos, eu me pergunto se omiti alguma coisa que poderá me
impedir de ser uma pessoa livre; pois sendo extremamente sensível, isso me levou a ter
atitudes e comportamentos destrutivos. Por isso, é que preciso de muita direção de Deus,
pois sei que ainda tenho defeitos dos quais eu gosto, e gosto muito.
Quando cheguei em AA, meu padrinho me disse com muita sabedoria nos meus 3 meses
de sobriedade que não havia mágica para me convencer a ficar na irmandade; que a vida
não é um hino de amor, nem uma eterna manhã de primavera, e se eu queria o que eles
tinham, só precisava seguir essas verdades: mente aberta, boa vontade e honestidade.
Pois eu acabava de sair da quadra dos brinquedos para a da realidade, e que iria
conhecer melhor o mundo (agora sem o álcool), onde eu veria o vício ao lado da virtude;
a hipocrisia, a maldade...mas eu não poderia desanimar; porque Deus, que é intocável,
mas real, iria me guiar por caminhos bons e por estradas encontráveis e, assim, saber
escolher o que melhor me conviesse! Isso me fez parar de lutar e tentar ouvi-lo, porque
me fazia muito bem, já que parecia que a nossa história era quase sempre a mesma. Na
maioria das vezes, lutei com meus defeitos de caráter; ou deixei que eles me
manipulassem; só por não entender (ainda) o que era prontificar.
Quando percebi que precisava crescer espiritualmente, deixei a rebeldia de lado; isso
poderia ser fatal. Afinal, eu já havia caminhado um bom pedaço do caminho; agora, seria
crescer à imagem e semelhança do criador.
Então, entendi o que a literatura quis me dizer com perdoar nossas negligências.
Comecei a me policiar e encontrei coragem para reconhecer inteiramente que precisava
analisar meus defeitos e, então, me preparar para o grande encontro:
Eu e o meu Poder Superior.
Fiz o que é sugerido no passo:
Prontifiquei-me e deixei que Ele removesse aquele defeito que estava me impedindo de
crescer. E esse foi o meu começo da limpeza de casa.
Ainda na procura de um despertar espiritual, na angústia de sair de um 5º passo e o
medo de continuar com um vazio no coração, percebi que Deus não havia me
abandonado! Ele sempre esteve comigo.
Eu era assim: primeiro, a verdade era só minha. Nunca procurei me curvar diante da
humildade; não procurava em momento algum preparar meu coração para perdoar e dar
perdão.
O orgulho me cegava, a avareza me enganava, a luxúria me conduzia à profundeza da
vergonha, a ira me dominava, a gula me entorpecia, a inveja me deixava no isolamento e
a preguiça nunca me deixou ir à procura de Deus.
Sendo assim, como posso explicar estar hoje no programa, depois de ter cometido tanta
insanidade?
São perguntas para as quais ainda não tenho todas as respostas, mas com o tempo
talvez eu consiga. Como pude passar por tudo isso, posso dizer que o 6º passo é como
se fosse o calvário.
Mas, nossos programas nos sugere a humildade e dela a sabedoria. Os doze passos são
um exercício contínuo onde podemos atingir um grau de humildade satisfatório para
crescermos e continuarmos tentando. Afinal, hoje eu quero viver uma vida que não inclua
retaliação, ressentimentos e raiva, sem machucar a mim, nem também os outros.
Quando decidi e permiti que Deus me invadisse, os meus defeitos deixaram de vir à tona.
Da minha parte, posso dizer que estou de acordo com o que diz o início do passo: “ Este
é o passo que separa os adultos dos adolescentes”...
No meu próprio caso, desde que ingressei no AA, eu tenho tido sensíveis melhorias da
doença do Ego, através das sugestões. Na medida em que experimento viver de acordo
com o programa, sinto que a minha disposição e honestidade têm aumentado e eu me
convenci de que posso me recuperar de qualquer problema; e o único requisito é confiar
em Deus e limpar a casa. Confiar significa que Ele sabe melhor do que eu o que é melhor
para mim. É prontificar para renovar a cada amanhecer, e mudar de vida é cair de joelhos
e sem indagações, pois não escolhemos ser alcoólicos.
A única coisa urgente é que sigamos tentando, e da melhor maneira possível, pois Deus
quer que sejamos corajosos para nos tornarmos brancos como a neve.
Porque a sabedoria dele, essa é indiscutível...
Se o alcoolismo é uma doença que afeta primeiramente o meu relacionamento comigo,
com os outros e com Deus, é necessário, então, ser como sentinela em tempo de guerra;
vendo que meus defeitos podem estar dormindo em meu inconsciente. E se eu não
trabalhar com esses detalhes de momento em momento, nunca conseguirei secar as
ramificações da árvore dos defeitos de caráter.
Desde o início da minha vida ativa, bebida e pecados sempre andaram de mãos dadas.
Enfim, para mim, era mais uma dessas tantas vidas carregadas de culpa e castigo; que
muitas vezes tentei adiar explicações e coisa e tal; mas acabei ficando sem medidas para
medir:
Por que eu bebia tanto?
Minha ignorância sobre a resposta fundamentava-se na manutenção da minha bebedeira;
porque, com tanta aberração, ficava difícil para uma pessoa como eu descobrir o que
seria um comportamento aceitável, gostoso, saudável e natural, como hoje, à luz dos
doze passos, por exemplo.
As mudanças em minha vida, em todas as áreas, foram significativas e até, de certa
forma, rápidas.
Claro que passei por vários obstáculos, para ter coragem de modificar as coisas, pois
tinha sempre a dúvida se a minha vida no álcool era um estado natural ou indicava uma
profunda falha de personalidade.
O plano de 24 horas me chamou a atenção e eu fiz a feliz opção: continuar a frequentar
AA e, só por hoje, desejar buscar a perfeição.
Procuro hoje, na medida do possível, modificar em minha vida, no que refere ao meu
comportamento, atitudes, medos, caráter, etc... Costumo sempre pedir apoio de
orientação dos companheiros mais experientes e, com a ajuda do Poder Superior, eu
tenho conseguido êxito, desde que pratico a honestidade e a humildade que citei no
começo deste texto.
O livro Despertar Espiritual, pág. 229, diz que, talvez nossos grupos devessem ser grupos
de aplicações dos passos, em vez de grupos de estudo dos passos. Não é necessário
perguntar quem pratica o programa. É possível perceber quando trabalhamos os passos,
nossas vidas mudam radicalmente, vão muito alem da eliminação do álcool. As pessoas
mudam.
E esse “mudar” se traduz, acredito, em fazer minha parte ou prontificar-me ou me
esforçar para que minhas atitudes com outras pessoas não sejam um reflexo desse ser
inferior em que o alcoolismo nos transforma...
Expositor(a): __________________________
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Sétimo Passo
“Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições”.
No sexto passo, prontificamo-nos por inteiro, não apenas uma parte, deixar que Deus
removesse nossa montanha de defeitos de caráter. Eu entendo que são os mais
cabeludos, tipo: egoísmo, desonestidade, ira, etc.
No sétimo passo, vamos a Ele implorar humildemente, que Ele nos livrasse de nossas
imperfeições. Aí eu entendo que são os defeitos de caráter de menor poder destrutivo,
mas que nos impedem de sermos melhores, tais como: procrastinação,
descomprometimento, sovinice.
Todos os doze passos são exercícios de humildade, qualidade do humilde, extremo
oposto do orgulho, defeito maior do alcoólico ativo e de tantos desativados, daí a grande
dificuldade de uma maioria significativa, em aceitar os doze passos para a recuperação.
Você já ouviu isso? “Só dou o primeiro passo e a segunda parte do décimo segundo”.
Programa individual é parcial = resultado insatisfatório ou nulo.
O sétimo passo enfatiza a humildade. Humildade, palavra derivada, humo ou húmus,
produto da decomposição da matéria orgânica, vegetal ou animal, estrume, esterco. “És
pó”. Não dá para ter orgulho de ser isso, não é mesmo? Enganou-se meu amigo, o
alcoólico ativo tem. O orgulho cega.
O PRDP nos oferece uma nova maneira de viver, para isso é necessário nos esvaziarmos
de todo orgulho, egoísmo, soberba, vaidade, arrogância, prepotência e autossuficiência.
Não é pedir demais para um alcoólatra? Não, se a vida dele depender disso! Precisamos
nos libertar desse egoísmo. Precisamos fazê-lo, ou ele nos matará!
Portanto, humildade é a pedra fundamental sobre a qual edificaremos nossa nova vida,
nova casa que vamos construindo daqui para frente: “futuro”. A casa velha, “passado”,
vamos visitar quando for necessário, mas não morar nela, mudamos para outra melhor.
Deus torna isto possível, e com freqüência, parece não haver meios de se libertar
totalmente do interesse próprio sem a ajuda d`Dele. Portanto, a fé é a pedra angular que
dá sustentação ao arco do triunfo, sob o qual passará o homem reformulado, (nova
formula) para uma vida íntegra, útil e feliz.
Por que rogar? Deus não sabe de tudo, ele me conhece, sabe das minhas faltas, o que
preciso? Simples! Ele não arromba portas, só entra se for convidado. Portanto, abra a sua
boca!!! Segundo Aurélio, rogar é: pedir com insistência, com humildade, implorar,
suplicar. É mais que pedir.
Precisamos nos livrar das nossas imperfeições, são elas que nos afastam da graça do
PS. São elas que nos aprisionam na escravidão do ego, nos tornamos meros escravos de
nós mesmos, perdemos a herança do pai das luzes, criador do universo, dono do ouro e
da prata. Desprezamos o banquete e nos contentamos com as migalhas! Ele quer nos
cobrir de bênçãos, para abençoarmos os outros, não para nos ensoberbarmos e ficarmos
cheio de orgulho espiritual, tipo: Eu sou o caminho, verdade, a luz. Sou o melhor
padrinho, afilhado. Agarre-se na barra da minha calça, “ou saia” e siga meus passos. Há,
há, há! Eu tenho a única mensagem. Esses caras estão querendo acabar com o A.A. Eu
não vou deixar. No “meu” grupo, não aceito isso ou aquilo. Não precisamos de professor.
Prateleira de cima. Está escrito no livro maior: “Deus dá graça ao humilde (simples) e
rejeita o soberbo”. Lembra do sexto passo: Quem não gosta de se sentir um pouquinho
superior ao outro, ou bastante superior? Percebes como é difícil para um ser humano
normal, não só os alcoólicos colocar Deus em primeiro lugar? Devemos colocar as coisas
espirituais sempre acima das materiais. “Buscai primeiro as coisas do alto e o resto vos
será dado por acréscimo”. Devemos colocar os princípios, que são preceitos espirituais,
acima das personalidades, sejam lá quem forem, até Bill W. e Dr. Bob Smith. Não
cultuamos pessoas vivas ou desencarnadas, ou não somos anônimos?
E o que dizer do cisco no olho dos outros, quando os nossos estão com uma baita trave
do tamanho de um ônibus. Freud explica: aqueles defeitos que vemos nos outros, são os
nossos que recusamos enxergar. Empurramos para bem fundo do nosso ser, lixo debaixo
do tapete. Esquecemos do quinto e quarto passos. Aquela parte que me recuso olhar é a
que me governa.
Tem ainda os defeitos de estimação. Já ouviram isto? Eu não consigo largar! Eu gosto!
Vai comigo para o tumulo! Isso é prova que a vida espiritual esta paralisada, não evolui!
Tudo que não está evoluindo, está regredindo, tudo que não renova, morre. Até o amor!
Concordo com Bill, quando ele disse: “Nossos dias de vida na terra constituem em um
mero dia na escola, todos nós somos alunos de um jardim da infância espiritual”.
Seremos sempre crianças aos olhos de Deus, até quando envelhecermos seremos
crianças aos seus olhos, assim como os filhos são sempre crianças aos olhos dos pais.
Isso só vale para os que acreditam ou vierem a acreditar nesse PS, Deus na forma que
concebemos “segundo passo”, e decidiram entregar suas vidas e vontade aos cuidados
dele “terceiro passo”.
Aqueles que gritam que Deus não existe, o fazem por desespero de não encontrá-lo. Aos
que recusam o consolo de uma fé, seu maior castigo é continuar vivendo! O resultado
dessa escolha é uma confusão profunda, pois lhe falta a bússola, o sextante ou se
preferirem o GPS espiritual. Ao vermos outras pessoas resolverem seus problemas por
meio de uma simples confiança no Espírito do Universo, fomos obrigados a parar de
duvidar do poder de Deus. Nossas idéias não funcionavam, mas a idéia de Deus dava
certo.
Para mim, Pimenta, humildade é: ser igual sem perder a individualidade, reconhecer que
sou apenas uma pequena parte de um grande todo, uma gota no oceano, conhecer meus
limites. Na mesa do companheiro Doc. Havia uma placa que definia a humildade: “É o
silêncio perpétuo do coração. É estar sem problemas. É nunca estar descontente ou
atormentado, irritado ou ofendido. Não se surpreender com qualquer coisa que me façam,
sentir que nada é feito contra mim. É estar tranquilo quando ninguém me elogia, e quando
sou culpado ou desprezado, é possuir um lar abençoado em meu interior onde eu possa
entrar, fechar a porta e me ajoelhar diante de meu pai em segredo e estar em paz como
em um profundo oceano de tranqüilidade, quando tudo ao meu redor e perto de mim
parecer ser um problema”.
Para finalizar, que isto é apenas uma exposição e não um livro, a oração do sétimo
passo: “Meu criador, agora desejo que me aceites como sou, por inteiro, bom e mau.
Peço que removas de mim todo e qualquer defeito de caráter que me impeça de ser útil a
ti e aos meus companheiros. Concede-me força para que ao sair daqui, eu cumpra as
tuas ordens. Assim seja”.
Teremos, então, dado o sétimo passo.
Expositor(a): __________________________
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Oitavo Passo
“Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos
dispusemos a reparar os danos a elas causados”.
• Os passos estão devidamente ordenados e devem ser vivenciados paulatinamente.
• No Quarto Passo descobrimos a nossa verdadeira identidade/ personalidade/caráter e
as consequências de nossas atitudes/atos (Auto Conhecimento).
• No Oitavo Passo vamos nos preocupar com as nossas relações pessoais, limpando
todo o entulho do passado e buscando melhorar a nossa relação ( INCUMBÊNCIA
BASTANTE DIFÍCIL).
• Primeiramente, devemos procurar nos perdoar e também perdoar àqueles que nos
prejudicaram.
• No Quinto Passo admitimos perante Deus e os “Homens” as nossas falhas, mas agora
iremos procurar os que prejudicamos e tememos pela reação deles. Tem aqueles ainda
que nem sabem que foram prejudicados por nós.
• O que queremos dizer quando falamos que “prejudicamos” outras pessoas?Através do
nosso comportamento alcoólico, causamos os mais diversos danos, físicos, mentais,
emocionais e espirituais às pessoas.
Exemplos:
• Se estamos sempre de mau humor, despertamos ira nas pessoas
• Se mentimos para as pessoas
• Privamos as pessoas de seus bens materiais
• Causamos insegurança
• Despertamos ciúmes, angústia e vontade de vingança nas pessoas
Ao fazermos a revisão detalhada das nossas relações e detectarmos quais tipos de
comportamentos que causaram prejuízos às pessoas, estaremos prontos a iniciar a
relação das pessoas que foram afetadas em menor ou maior grau.
Esse é o Passo do fim do nosso isolamento de nossos semelhantes e de Deus.
Bibliografia: Livro Alcoólicos Anônimos / Os Doze Passos de A.A. / Revista Vivência /
Artigos e Apostilas diversos.
Expositor(a): __________________________
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Nono Passo
“Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível,
salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem”.
Entendendo o Nono Passo
As catástrofes são sempre notícias absorventes. Terremotos, furacões, incêndios,
enchentes, ataques terroristas, guerras e tantas outras tragédias prendem a nossa
atenção. Porém raramente vemos trabalho árduo de reconstrução que acontece depois
que o desastre passou. Vidas, lares, negócios e comunidades inteiras são restauradas e
reanimadas. Esse ano tivemos enchentes por todo o estado, muitos desabrigados,
mortes, etc. Todos podemos nos lembrar do fatídico 11 de setembro e o ataque às torres
gêmeas em Nova Iorque. Todos podemos detalhar ao máximo o ocorrido, as mortes, os
lances mais excepcionais e tudo de importante ligado àquele ataque terrorista. O mesmo
podemos dizer do furacão Katrina nos Estados Unidos ou o violento tsunami que atacou a
costa asiática. Mas poucos, ou praticamente ninguém, viu ou vê o trabalho árduo de
reconstrução que acontece depois que o desastre passou. Vidas, lares, negócios e
comunidades inteiras são restauradas e reanimadas. É um longo e exaustivo trabalho.
Pois bem, o Nono Passo assemelha-se às restaurações e à reconstrução que acontecem
depois de uma calamidade. Pelo processo de reparação, começamos a corrigir os danos
de nosso passado. No Oitavo Passo avaliamos os danos e fizemos um plano. Agora, no
Nono, entramos em ação.
Após haver elaborado a relação das pessoas as quais prejudicamos, refletido bem sobre
cada caso específico e procurado imbuir do propósito correto para agir, veremos que o
reparo dos danos causados divide em várias classes aqueles aos quais nos devemos
dirigir.
O Nono Passo completa o processo de perdão que começou no Quarto Passo e satisfaz
nossos requisitos para nos reconciliar com os outros. Neste passo, tiramos as folhas
mortas de nosso jardim, recolhemos e tentamos nos desfazer dos velhos hábitos.
Estamos prontos para enfrentar nossas faltas, a admitir o grau de nossos erros e a pedir
e a oferecer perdão. Aceitar a responsabilidade pelos danos causados pode ser uma
experiência de humildade porque nos força a admitir o efeito que tivemos na vida do
outro.
Desde que começamos nossa recuperação, percorremos um longo caminho para
desenvolver um novo estilo de vida. Vimos como a impotência e o descontrole de nossas
vidas causaram danos. Nosso compromisso de enfrentar nossas falhas de caráter, admiti-
los para os outros e, por fim, pedir a um Poder Superior para removê-los, foi experiência
de humildade. No Oitavo e Nono Passos prosseguimos com a última etapa para reedificar
nosso caráter.
O Nono Passo, tal como todo o programa de A.A., exige que tenhamos coragem,
perseverança e fé de que o que estamos fazendo é para o nosso próprio benefício, é para
o nosso próprio desenvolvimento emocional e espiritual e todo o esforço será
recompensado. Mas, especificamente no Nono Passo, teremos que desenvolver algo
mais, teremos que ter um cuidadoso senso de oportunidade e julgamento de cada caso
de reparação. Por muitas vezes, a reparação terá que ser adiada e em muitas outras será
melhor não fazê-la. Este passo é o único que fala que o adiamento talvez seja o mais
oportuno a se fazer.
Na minha opinião, a prática do Nono Passo teria que ter o acompanhamento direto de um
padrinho, esta figura tão mal compreendida em nossos meios. Com a ajuda do padrinho
podemos facilitar a distinção daquelas reparações que devemos fazer das que não
devemos. Ele pode nos fazer ver quando estamos apenas protelando uma reparação sob
a desculpa de que estamos apenas sendo prudentes. A nossa velha e conhecida
racionalização. Aliás, racionalizamos que nosso passado ficou para trás, que não há
necessidade de provocar mais aborrecimentos. Imaginamos que reparações por danos
passados são desnecessários, que tudo que temos que fazer é alterar o nosso
comportamento atual. Apesar de que alguns de nossos comportamentos passados
podem ser sepultados sem confronto direto. Dá logo para perceber que a tarefa de
distinguir aquelas reparações que devo fazer das que não devo exige sabedoria e
sabedoria, quando se trata de nós mesmos, é arriscado achar que a temos. É melhor
pedir ajuda e apoio de outras pessoas durante este trecho de nossa viagem. Enfim, não
devemos nos esquecer que o objetivo final é o de ver a nossa vida melhorada, cheia de
paz, serenidade, livre dos medos e ressentimentos de nosso passado.
É bom salientar que o Nono Passo tem duas partes distintas a respeito de fazer
reparações:
“Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível”.
Por reparação direta devemos entender aquelas pessoas que estão acessíveis e podem
ser abordadas quando já estivermos prontos. Podem ser amigos ou inimigos. Talvez a
reação da outra pessoa nos surpreenda, principalmente se a reparação for aceita. Mas
devemos estar preparados para caso ela não seja aceita também. Nossa reparação não
depende da reação do outro. Há, porém, aquelas pessoas que não estão acessíveis,
algumas podem já ter morrido e outras nem sabemos por onde andam. Neste caso não
nos resta muita coisa a fazer, talvez o simples fato de elas terem sido lembradas na
nossa relação já seja uma reparação.
A outra parte do Nono Passo diz:
“Salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem”.
Há reparações que talvez devem ser evitadas. Principalmente os casos de infidelidade
conjugal, pois nesses casos poderiam ocorrer danos para várias partes. Outras situações
seriam aquelas em que o risco da perda do emprego possa ser iminente, prejudicando a
nossa família ou mesmo revelações que poderiam levar à prisão com consequente
afastamento da família. São situações extremamente difíceis e a decisão não deve ser
tomada sozinha.
Há também reparações que exigem ação protelada. Raras vezes é aconselhável abordar
de forma repentina um indivíduo que ainda sofre profundamente com as injustiças que
fizemos. Nas situações em que a nossa dor ainda é profunda, a paciência é a melhor
escolha. Nossas metas finais são o crescimento e a reconciliação. Imprudência e pressa
podem fazer mais danos e frustra nossas metas finais.
É importante que tenhamos claro em nossas mentes a distinção entre fazer reparações e
pedir desculpas. Estas são apropriadas, mas não substituem aquelas. Podemos pedir
desculpas por chegar atrasado a um compromisso, mas enquanto não corrigirmos esse
comportamento, a reparação não foi feita. O pedido de desculpas funciona como
reparação desde que acompanhado do compromisso de mudança de comportamento.
Durante a prática desse passo podemos passar por recaídas emocionais ou espirituais
ocasionais. Isso é normal, mas é importante que apreendamos a lidar com elas
imediatamente, pois do contrário podemos ter nossa capacidade de fazer reparações
prejudicadas. Essas recaídas podem ser sinais de que não estamos colocando o
programa em prática com eficiência. Talvez tenhamos nos afastado de nosso Poder
Superior e necessitemos voltar ao Terceiro Passo. Talvez tenhamos deixado de citar
alguma coisa em nosso inventário e por isso devemos retornar ao Quarto Passo. Ou
talvez não queiramos abandonar um comportamento derrotista e precisemos retornar ao
Sexto Passo.
Ideias Fundamentais do Nono Passo:
Reparações Diretas: São as que fazemos a alguém que prejudicamos. Marcamos um
encontro ou planejamos nos encontrar pessoalmente com essas pessoas.
Reparações Indiretas: São as reparações não pessoais que fazemos aos que
prejudicamos, a alguém que já morreu, de localização desconhecida ou inacessível por
alguma razão. Nesse casos uma oração ou mesmo descrever os danos causados ao
nosso padrinho são suficientes.
Reparações para nós mesmos: Muitas vezes prejudicamos mais a nós mesmos que a
qualquer outra pessoa. O procedimento de reparação não seria completo sem algum
tempo dedicado a endireitar a nós mesmos. Talvez, a prática de A.A., seja a maneira
mais agradável de fazer reparações a nós mesmos.
Uma citação final: “Só o ofendido sabe o quanto dói a ofensa”.
Expositor(a): __________________________
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Décimo Passo
“Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o
admitíamos prontamente”.
O 10° passo na minha visão é um passo que me convida a fazer uma reflexão sobre os
nove passos anteriores. Estou praticando os princípios ou estou só lendo passo a passo?
Passo sugere caminhada, nesse caso caminhada espiritual. Revendo o nosso jeito de ver
as coisas, sentir tais coisas, pois nossas reações a tudo que nos passa vem de nossos
valores espirituais, ou do que aprendemos com os passos. Será que estamos preparados
para a turbulência que temos que viver no dia a dia, ou nossa espiritualidade é mera
teoria?
O 10° passo sugere que eu continue fazendo inventário e sempre estando pronto para
admitir o possível erro, pois o alívio vem quando fazemos algo a respeito.
Todos nós ou quase todos temos em casa um quartinho onde guardamos aquilo que não
estamos usando por muito grande que ele seja; é preciso de vez em quando dá uma
organizada, jogar algo fora, algo que estamos relutando em desfazer, mas percebemos
que só serve para travar os espaços. Se deixarmos do jeito que está é possível que crie
ninhos e mude para lá algo que não gostaríamos, ninhos não aparecem de um dia para o
outro é o acumulo diário de capim, quando se percebe ele está pronto, instalado.
Por isso Bill, através do 10° passo, nos sugere que estejamos sempre vigilantes, sempre
fazendo avaliação do nosso comportamento. Se ficarmos irritados com os outro é porque
algo em nós não está bem.
Por isso é bom sempre fazer inventário, para não sermos surpreendido e só vermos o
ninho pronto, lembrando que ele é feito capim por capim.
Bill fala também do rancor, um luxo que não podemos ter. Rancor, raiva, ira é como
segurar uma brasa, ela queima só a gente mesmo. Mesmo se acharmos justificativas
para elas, devemos sempre lembrar que quem tem o programa de recuperação somos
NÓS, isso não quer dizer que vamos deixar as pessoas fazer de nós aquilo que elas
quiserem, mas devemos sempre lembrar que a base do AA é amor e tolerância.
Existem vários tipos de inventário, o relâmpago, o do fim do dia, fim de semana, fim de
mês ate mesmo fim de ano. Todos são válidos e muito bons. Há necessidade de ver em
qual deles nós nos encaixamos, pois quanto mais prolongarmos, mais perigoso fica;
nervosismo, irritação e falta de paciência podem ser sintomas de que as coisas não estão
indo bem. Às vezes as pessoas podem até pensar que estamos perdendo tempo com
tanto tempo gasto com inventários, meditação, ciclo de passo, mas quando fazemos com
amor e com a mente aberta ficamos leves e em paz. Ciclo de passos a meu ver é um
SPA espiritual.
Ao fazer o inventário eu me coloco novamente no eixo, volta autodomínio, controle da
língua e sempre pensando em tratar o outro do mesmo modo que eu gostaria de ser
tratado com amor e paciência.
Termino o meu trabalho com esta frase: que não se ponha o sol sobre o vosso
ressentimento.
Obrigado
Expositor(a): __________________________
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Décimo Primeiro Passo
“Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com
Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua
vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade”.
Como orar se por conta do meu ativo alcoolismo e suas consequências um poderoso
sentimento de vergonha prevalecia? Como meditar diante da minha incapacidade mental
e espiritual? Por minha experiência, revelo que só consegui superar esses
questionamentos com a minha aceitação de Alcoólicos Anônimos. Em A.A. me convenci e
aprendi que sobre a minha total derrota frente ao alcoolismo, percebi a gravidade da
minha insanidade e que diante desses fatos só me restava uma única saída: entregar,
sem condicionantes, minha vontade e minha vida a Deus, na forma de minha fé.
No sentido de organizar nossas ideias, recordamos que a nossa obsessão pelo beber
destrutivo foi removida por um Deus de quem ainda não tínhamos uma sóbria
consciência. Da mesma forma, a sanidade mental nos foi sendo devolvida por Ele, com o
alerta da necessidade de positivas ações. Dizíamos da entrega, e há que ser notado que
por essa decisão (aliás, a nossa primeira positiva ação), Deus em nós e por nós estará
fazendo o melhor para nossa recuperação.
Na convivência dos três Passos iniciais para nossa recuperação em A.A., aprendemos
que “se reconhecermos a Deus como um Pai, que nos possa receber e ajudar, teremos
maior desejo de procurá-Lo, de conhecê-lo e de alcançá-Lo.” Considerando-se todos os
componentes de nossa personalidade alcoólica, encontrar Deus sabemos que requer um
intenso trabalho. Por isso, entendemos que o 11º Passo significa uma intensa viagem,
através da qual chegaremos a um seguro porto espiritual. No itinerário, o mapa nos
informa da necessidade de conhecer a si mesmo, da admissão dos nossos pessoais
limites humanos, do humildar-se e da cooperação com Deus para os acertos de falhas e
imperfeições.
A rota, em direção ao colo de Deus, se amplia à medida em que devemos reaprender a
conviver com quem causamos danos. Assim, estaremos amparados para vivermos o
modo de ser um AA – sóbrio, com equilíbrio emocional e de maneira útil, sob quaisquer
condições, dia após dia, em tempo bom ou não. Poucos quilômetros nos distanciam do
projeto de uma vida na qual possamos “conversar e ouvir” sobre o que Ele espera de
cada de um de nós.
Para essa “audiência” com Deus, fazemos rogos para conhecer Sua vontade em relação
a nós e forças para realizar essa vontade. Interpretamos que Essa vontade será atendida
se cada um de nós for obediente aos princípios espirituais estabelecidos nos dez
primeiros Passos. Temos consciência da dimensão dessa obediência, mas, mais uma
vez, rogamos a Ele forças para cumprir Sua vontade.
Alcoólicos Anônimos, em cada um de seus momentos de recuperação, representa uma
procura, uma busca ou uma singela descoberta. Como o distanciamento de Deus, no
meu caso, foi atitude unilateral de minha parte, na redescoberta de Deus em minha vida
não encontrarei buracos negros ou maresias, a menos que eu permita meus tubarões ou
fantasmas prevalecerem. E para a aplicação do 11º Passo será suficiente tornar real o
dever da minha casa interior através da oração e meditação.
No universo de A.A. esses recursos de aperfeiçoamento espiritual não são, à primeira
ação, pacíficos. Sentido faz encontrarmos em nossa literatura reflexões sobre o uso da
oração e meditação:
a) “Aquele que nega Deus, O nega por causa de seu desespero por não encontrá-Lo”.
b) “Os chacoteadores da oração são, quase sempre, aqueles que não a experimentaram
devidamente”.
c) “Se virarmos as costas à meditação e à oração, também estamos negando às nossas
mentes, emoções e intuições, um apoio imprescindível”.
Oração e meditação cuidam de nossas almas e elas só funcionam com esse tipo de
alimento e por essas práticas interligadas, acrescidas do auto-exame, receberemos a “luz
a presença de Deus, do alimento de Sua força e da atmosfera de Sua graça”.
Dito as certezas acima, de que forma podemos usar as citadas ferramentas? Nos
momentos de agitação ou mesmo de paz, o auto-exame permite fazermos internas e
individuais verificações de nós próprios. Por exemplo, ao final de nossas jornadas diárias
ou em qualquer hora de complicações emocionais, podemos fazer uma revisão de nosso
dia ou do momento de instabilidade, nos indagando se ficamos ressentidos, se fomos
egoístas, desonestos ou se sentimos medo.
Superados esses gargalos, o ambiente mental estará apropriado para os exercícios da
oração e da meditação. Orações, as mais diversas, a humanidade vem utilizando; da
mesma forma, o modo de meditação, que não cede lugar ao debate, é uma opcional
escolha de quem a pratica. Os princípios de A.A., no 11º Passo inclui como sugestão a
clássica oração de São Francisco de Assis, que interpreto como uma espiritual síntese do
nosso programa de recuperação, em especial ao funcionar como uma verdadeira
anulação do ego, sobretudo quando são feitos os seguintes pedidos a Deus:
“Ó Mestre, faze que eu procure menos
Ser consolado do que consolar;
Ser compreendido, do que compreender,
Ser amado, do que amar...
Porquanto:
É dando que se recebe; é perdoando, que se é perdoado e
É morrendo que se vive para a vida eterna. Amém”.
Comentávamos que este princípio trata de viagem. Bill W. assegura que, após o exercício
dessa oração, que na minha interpretação estaremos em estado de meditação e que por
ela (meditação) faremos uma viagem ao reino do espírito. O cofundador nos deixou ainda
definições, ao afirmar que a meditação “é algo que sempre pode ser desenvolvido. Ela
não tem limites, tanto na extensão como na altura. (...) ela é essencialmente uma
aventura individual que cada um de nós realiza à sua maneira”.
Quanto à oração, Bill W. afirma que “é a elevação do coração e da mente para Deus, e
neste sentido abrange a meditação”. Como, neste Passo, já estamos trabalhando com
consciência, não usamos a oração na forma de petição, aliás, o que não mais nos
convém, lembrando-nos sempre do “Se for a sua vontade” nos momentos de conversa e
audição com Deus. Através desse Passo perceberemos de fato a nossa capacidade de
recebermos orientação para nossas vidas à medida que paramos de exigir de Deus o que
queremos e como queremos. Se assim agirmos, novas fontes de coragem serão
descobertas, independentemente de eventuais situações de sofrimento e dor.
Por meio de nossas ações nesta viagem, passaremos a sentir que:
a) Deus age de maneira misteriosa na realização de Suas maravilhas;
b) Passamos a fazer parte do mundo do espírito e
c) O amor de Deus vela sobre nós e, se nos voltarmos para Ele, tudo estará bem
conosco, aqui, agora ou no que vier depois.
Por tudo que já percorremos, reina a paz; mas ainda não concluímos e nem concluiremos
o que Deus quer de nós: fé com obras, principalmente pelo único e primordial propósito
de A.A. Nesse sentido, insiro neste espaço a oração universal legada por Jesus Cristo,
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o vosso Nome,
Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade
Assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal.
Amém.
Refletindo com o “Pai Nosso”, e isenta de qualquer coloração religiosa, me permitam
tentar reforçar minhas convicções: estou, efetivamente, em aliança com Deus e alinhada
com Ele para aceitar serenamente tão somente a Sua vontade em relação a minha vida?
Que a bondade e misericórdia de Deus continue nos abençoando com forças, se for a
vontade Dele. Meu forte abraço!
Expositor(a): __________________________
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Décimo Segundo Passo
“Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos
transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas
atividades”.
Sob a graça de Deus, e após a alimentação espiritual recebida pelo caminhar sob à luz
dos primeiros onze Passos contidos no programa de recuperação de A.A, o membro de
A.A. chega ao Décimo Segundo Passo. Sabemos, por experiências da Irmandade, que o
percurso não é tarefa fácil; em alguns momentos pomos em dúvida a nossa capacidade
para exercitá-los, noutros, reconhecemos a inexistência da fidelidade absoluta aos
princípios, bem como queremos reduzir a nossa responsabilidade vivendo o auto engano
do “Não somos santos”.
Mesmo sendo considerado esse patamar, Alcoólicos Anônimos nos reanima ao assegurar
que: a) os nossos “Passos” são guias para o progresso e b) nossa meta é o progresso
espiritual, e não a perfeição espiritual. [“Nossa meta” me dá o alerta de que o bloco do eu
sozinho não funciona. Sou responsável por mim, contudo, a minha recuperação
aconteceu e prosseguirá se eu continuar atento e obediente ao coletivo espiritual de
A.A.].
A nossa chegada ao pátio da Estação 12 nos permite entender que somos possuidores
de suficiente combustível para vivermos com prazer e em ação. E isso acontece porque
esses princípios projetam um novo modo de vida ao alcoólico. Por outro, os seus
luminosos acendem para a grande “oportunidade de nos voltarmos para fora em direção
de nossos companheiros ainda aflitos”. Nela, e recorrendo ao recurso espiritual da fé que
funciona, sentimos o sabor do dar pelo dar, além da possibilidade de encontrar a
almejada sobriedade emocional.
Alcoólicos, e as pessoas que nos cercam, sóbrias emocionalmente? Sim, é possível!
Basta ouvirmos por que e para quem os sinos da “Estação” ecoam, para ocuparmos os
assentos de uma verdadeira viagem do espírito, cujo bilhete avisa que começamos a
praticar todos os Doze Passos em nossa vida diária.
Nessa viagem em direção de nós e dos nossos iguais, nada haverá de nos incomodar,
pois com o sentimento da gratidão e pela humilde grandeza de nada querer em troca com
a nossas ações de Aas, nos imunizamos contra trepidações e/ou turbulências
emocionais. Isso acontece porque “Ajudar os outros é a pedra fundamental de nossa
recuperação”, conforme atesta Bill W. Por sua vez, a experiência de A.A. testemunha que
o exercício dos “Doze Passos de A.A.” oferecerá bem instalados trilhos ao alcoólico, cujo
resultado serão vagões cheios de utilidade, integridade e felicidade.
Com a clareza de que o 12º Passo é a consequência da soma de todos os trechos de
uma abençoada estrada, além de termos aceitado que é fundamental a transmissão da
mensagem de A.A. para continuarmos sóbrios e sermos instrumentos para evitar a morte
daqueles a quem devemos apresentar a verdade de Alcoólicos Anônimos, repensemos
no seguinte entendimento de Bill W. , constante do Manual de Serviços de A.A.:
“O nosso Décimo Segundo Passo, que leva a mensagem, é o serviço básico que a
irmandade de A.A. oferece. É o nosso principal objetivo e a razão primordial de nossa
existência. Portanto, A.A. é mais do que um conjunto de princípios; é uma sociedade de
alcoólicos em ação”.
Visto esse pensamento do cofundador, deve ser observado que a prática desse Passo
segue um roteiro com a seguinte distribuição espiritual:
a) Através da aplicação dos onze “Passos” que o precedem, experimentaremos a
realidade do despertar espiritual. A propósito, o que significa e o que representa esta
individual revolução interna?
Os nossos textos respondem nos dizendo tratar-se para o alcoólico de um novo estado
de consciência e uma nova maneira de ser, lembrando que, para essa conquista (ou
dádiva?), são indispensáveis a boa vontade, a honestidade e uma mente aberta. Percebo
também que o “despertar” é a graça pela graça, mas para tal haverá a necessidade de se
estar pronto para recebê-lo. Portanto, à luz dos “Passos”, examinemos a trajetória de
preparação.
A nosso ver, “Os Passos”, que propiciam o renascimento humano do bebedor-problema,
possuem uma inteligente lógica espiritual. No Passo Um não lhe escapa aceitar a derrota
total, além da ingovernabilidade de sua vida decorrente de sua obsessão pelo beber
destrutivo. Com essa admissão, é inaugurado a sua reconstrução. Pela aceitação do
Passo Dois, sobretudo com a utilização de uma fé que há de renovada, tem-se de volta a
sanidade, na razão direta do grau de restabelecimento da aliança com um Poder superior.
A.A. não exige, mas espera de cada um de nós ação. Por isso, no Passo Três decidimos
nos entregar totalmente a Deus – a vida é Dele e a atitude do “tudo não eu posso só” se
distancia do característico egoísmo do alcoólatra. Que alívio sentiremos quando da
aplicação desses três primeiros “Passos”, porque a partir daí estaremos com a coragem
para mudarmos a nossa postura diante de tudo aquilo que tínhamos como motivo para
bebermos, provida do autoconhecimento, auto perdão e liberdade encontrados nos
Quarto e Quinto Passo. Com isso, está aberto o caminho para uma vida adulta, bastando
deixarmos a Deus a remoção de todos os defeitos de caráter. A lógica do
aperfeiçoamento espiritual nos pede também humildade, pois só assim rogaremos a Ele
que nos livre de nossas imperfeições, como tão bem proposto no Passo Sete.
Até aqui trabalhamos nós mesmos, o que não é suficiente. Convivíamos em sociedade e
para ela o Programa de Recuperação nos dá direito de voltarmos. Os Passos Oito e Nono
nos permitem essa ação, à medida que temos consciência a quem causamos danos e
buscamos implementar reparações. Assim, o típico isolamento deixou de permear a vida
do alcoólico. Com esse instrumental, já sabemos o que queremos – sendo A.A. o grande
bem - e estamos sendo habilitados a conduzirmos a vida sob quaisquer condições,
conforme preconiza o Passo Dez. A nosso ver, o universo do espírito se aproxima em
nossa recuperação, pois em nossa rota faremos uso da oração e meditação para
sabermos a vontade de Deus em relação a nós, rogando a Ele apenas força para
cumprirmos o que Ele quer de nós. É o que preconiza o Décimo Primeiro Passo.
Nesse cenário, e com a dedicação para que a orquestra esteja completa e com os
instrumentos polidos (registre-se: saiamos da “dança dos dois passos” para o “samba dos
Doze Passos”), a experiência de A.A. confirma ser inevitável a colheita da paz de espírito,
além do amor por si e pelo próximo. A isso, classificaria como “despertar espiritual”.
b) Com o “despertar” vem ao membro de A.A. a “sugestão” para que seja transmitida aos
alcoólicos a mensagem de Alcoólicos Anônimos. Nesse sentido, a experiência confirma
que o espírito de A.A. chegará ao membro se estiver em constante treinamento, sob pena
de a sobriedade emocional ser apenas uma hipótese. Como posso transmitir o “tesouro
de A.A.” se não me disponho a realizar a garimpagem necessária. Nada melhor, a nosso
ver, ficarmos atentos ao exemplo do Dr. Bob, que no livro “Alcoólicos Anônimos” registra
todo o seu sentimento de responsabilidade consigo próprio e com os seus assemelhados
na sua incansável missão de transmissão da mensagem de A.A. Assim o fez para mais
de 5.000 pessoas pelas seguintes motivações:
• Sentimento de dever
• É um prazer
• Porque, ao fazer isto, estou pagando minha dívida para com o homem que encontrou
tempo para me transmitir tudo isto.
• Porque , a cada vez que o faço, garanto-me um pouco mais contra uma possível
recaída.
Quanta convicção nos legou o cofundador. Observados os limites e aptidões, resta a
cada um de nós, AÇÃO, AÇÃO, AÇÃO... Já dizia um de nossos conselheiros espirituais:
“não há limites no trabalho de evolução espiritual”.
c) O exercício dos “Passos” nos transforma, ou somos pelas mãos de Deus reinventados
para, em sendo uma nova criatura, cumprirmos tão somente a Sua vontade. Para tanto,
praticar os princípios em todas as nossas atividades é essencial. Afinal, observado a
humildade disposta no “Passo Sete”, passamos a ser exemplo. A Tradição realça o
quanto é vital a Unidade de A.A., portanto, acordo que, enquanto indivíduo, sou impelido
a ter atitudes ancoradas no Programa de Recuperação da Irmandade, ou seja, sem
divisões. Não há como ser no Grupo o “exemplo” e no meu ambiente familiar, na minha
profissional, na comunidade ou no dia a dia da convivência em sociedade ficar distante do
que Alcoólicos Anônimos esperam do alcoólico em recuperação. Por oportuno,
transcrevemos alguns questionários contidos neste princípio:
1)Temos condições para amar a vida com tanto entusiasmo quanto amamos aquela
pequena parcela que descobrimos, quanto tentamos ajudar outros alcoólicos a alcançar a
sobriedade?
2)Somos capazes de levar às nossas vidas em família, por vezes bastante complicadas,
o mesmo espírito de amor e tolerância com que tratamos os nossos companheiros do
Grupo de A.A.?
3) As pessoas de nossa família, que foram envolvidas e até marcadas pela nossa
doença, merecem de nós o mesmo grau de confiança e fé que temos em nosso
padrinhos?
4)Estamos prontos para arcar com as novas e reconhecidas responsabilidades que nos
cercam?
Se formos laboriosos, o “milagre” acontece! E acontecerá diante da convicção de que
Deus faz por nós o que nunca poderíamos fazer por nós mesmos, como também em nós
membros de A.A. reside um bom crédito: o bebedor – problema de ontem não conhece o
alcoólico em recuperação de hoje, mas este conhece muito bem aquele bebedor –
problema de ontem. O “alcoólico de hoje” voltará ao submundo do “bebedor de ontem” se
assim o desejar.
O Décimo Segundo Passo revela-se como uma firme, se for o caso, verificação dos onze
primeiros “Passos de A.A”. Buscando sermos bons alunos no entendimento dos seus
exercícios, enfrentamos os mais diversos conflitos, problemas e até mesmo a angústia
das “dores do crescimento”. E, ao enfrentá-los, soluções surgem (ou “o que não tem
solução, solucionado está”), possibilitando restabelecer a ordem em nosso interior, com o
mundo ao nosso redor e com Deus.
E com a nossa integração ao mundo do espírito, com consciência, agiremos com
utilidade, integridade e felicidade. Só nós, que já fomos beneficiados por essas ações,
sabemos a extensão de “contemplar os olhos de homens e mulheres se abrirem
maravilhados à medida em que passam da treva para a luz, suas vidas se tornando
rapidamente cheias de propósito e sentido, famílias inteiras se reintegrando, o alcoólico
marginalizado sendo recebido alegremente em sua comunidade como cidadão
respeitável, e acima de tudo, ver estas pessoas despertadas para a presença de um
Deus amantíssimo em suas vidas.”
Diante da tamanha importância dos fatos acima relatados, que acontecem quando somos
titulares da mensagem que Deus nos reserva como condutores, a nós, membros de A.A.
cabe rogar a esse mesmo Deus que suas bênçãos nos cheguem com SERENIDADE,
CORAGEM e SABEDORIA, em cada dia de nossa renascida vida.
Expositor(a): __________________________
“Alcoólicos Anônimos é mais do que um conjunto de princípios; é uma sociedade de
alcoólicos em ação. Precisamos levar a mensagem, caso contrário, nós mesmos
poderemos recair, e aqueles a quem não foi dada a verdade podem perecer.” (Bill W.)
Oração da Serenidade
Concedei-nos Senhor, a SERENIDADE necessária para aceitar as coisas que não
podemos modificar, CORAGEM para modificar aquelas que podemos e SABEDORIA
para distinguir umas das outras.
Foi bom você ter vindo!
O TERCEIRO PASSO NA VISÃO DE UM COMPANHEIRO by passea
Terceiro Passo:
“Decidimos entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de Deus, na forma em que O
concebíamos”.
Primeiramente gostaria de colocar que o Terceiro Passo é o ponto de agrupamento de todas as
pessoas em A.A. A expressão nele contida “Deus como nós O concebíamos” abre as portas para todas
as pessoas de todas as religiões ou mesmo para as pessoas agnósticas ou atéias. Se assim não fosse,
mais da metade dos membros de A.A. que dizem ter tido algum problema com Deus ou com as
religiões estariam condenados à morte irremediavelmente. Praticamente esse passo antecipou a
terceira Tradição que diz “Que o único requisito para ser membro é o desejo de parar de beber”; o
passo diz praticamente que o único requisito para alcançar a sanidade é confiar nas ações de um poder
superior a nós mesmos, seja ele qual for.
Nos dois primeiros passos, admitimos nossa impotência, viemos a acreditar que um Poder Superior
pode devolver-nos a sanidade e, agora, precisamos decidir entregar nossa vontade e nossas vidas a
seus cuidados. Não tomaremos essa decisão só uma vez, mas todos os dias, muitas vezes por dia. A
minha maior dificuldade nesse Passo foi entender que a entrega da vontade e da vida não é feita de
uma vez só, tipo um passe de mágica “toma, é sua”. Não, não é isso. Nenhum de nossos passos é feito
uma só vez e pronto. Nada disso, os passos são um modo de vida e o Terceiro Passo não é diferente.
Decidir escolher a vontade de Deus para nós é um modo de vida, é uma escolha. O Terceiro Passo é
acima de tudo confiança, mas não uma confiança cega, mas sim uma confiança esclarecida, clara,
evidente. Mas confiança não se consegue 100% instantaneamente; confiança se adquire com o tempo,
com as experimentações, com as evidências. Um início às vezes tímido pode nos levar a grande
desenvoltura na prática desse passo. Como exemplo, podemos tomar uma criança ao começar a andar.
Inicialmente ela engatinha meio assustada, depois ganha confiança e se coloca de pé, mais à frente
cambaleia, cai, machuca, ergue novamente e...pronto, já caminha sozinha, sem ajuda externa. O que a
fez conseguir isso? Confiança. E como ela adquiriu essa confiança? Treinando, caindo, levantando,
recomeçando, testando, acreditando que pode. O mesmo acontece com a prática do Terceiro Passo:
iniciamos timidamente, depois ganhamos confiança e seguimos em frente, tal como um corredor de
maratona prestes a vencer uma prova. Cabeça erguida, satisfação pela vitória pessoal, talvez até sinta
algumas dores ou incômodos, mas está ciente que isso também faz parte do desfecho final. Ás vezes,
acontece um tombo, mas se levanta e segue em frente. A confiança o faz tomar essa decisão: ir em
frente. A prática desse passo também nos traz confiança; quando somos atormentados por alguém ou
alguma coisa, respiramos profundamente e vamos em frente.
Se quisermos ser bem sucedidos na prática dos passos precisamos estar preparados para entregar aos
cuidados de Deus toda a nossa vontade e todas as partes de nossa vida. Somente quando realmente
estivermos capacitados a aceitar esse fato, a nossa viagem rumo à sanidade terá tido início. Note-se
que eu disse a palavra início e é isso mesmo, pois é aqui no Terceiro Passo que praticamente
começamos o trabalho de recuperação e por isso esse passo é considerado a pedra angular que
segura todos os outros. Sem esse tipo de aceitação do Terceiro Passo não iremos muito longe.
Alguns obstáculos mentais surgem quando deparamos com o passo e um deles é pensarmos que
estamos perdendo a nossa identidade, o nosso livre arbítrio em relação às escolhas que a vida nos
oferece. Podemos achar que perdemos tudo, que perdemos o controle de tudo e nos assustamos com
isso. Na realidade queremos controlar tudo e quando o passo nos diz para entregar a vida e a vontade
nos assustamos e nos rebelamos. Esse é um fato real que nos paralisa. Mas não podemos ficar
parados o tempo todo na encruzilhada do Terceiro Passo. A vida, nossa maior mestra, nos impele a
praticá-lo, Talvez os traços herdados de nossa infância quando tentamos prender a atenção e cuidar
das pessoas a nossa volta para que eles não nos abandonassem tenha reforçado em nós uma porção
de tendências indesejáveis, tais como controlar, vigiar e um excessivo senso de responsabilidade. As
condições em que crescemos muitas vezes nos impediram de confiar em Deus. Talvez nossas orações
tenham ficado sem resposta e não conseguimos imaginar como um Deus podia ser tão cruel para nós.
O Terceiro Passo é uma oportunidade que o programa nos dá de realinharmos com Deus, talvez e bem
provável um outro Deus, agora da minha concepção e não aquele Deus que me foi imposto e sobre o
qual eu não tive nenhuma oportunidade de participação na sua conceituação Aqui vale um parêntesis
para dizer que o programa dos Doze Passos não é um programa religioso na acepção da palavra, ele é
um programa prático para facilitar a nossa recuperação. Alcoólicos Anônimos teve início num contexto
em que o pragmatismo era um modelo usado e pragmatismo nada mais é que fazer uso daquilo que dá
resultado prático. Experimentação de erros e acertos, aquilo que deu certo continuamos a usar, aquilo
que não deu descartamos. É assim a prática sugerida de Deus em nossa vida. Um Deus que cuida dos
resultados e por isso mesmo ele é muito prático. Posso escolher o que quiser e o que julgar melhor
para mim em determinado momento, mas o resultado não é necessariamente aquele que eu imagino. O
resultado é sempre de Deus, cabe a nós aceitarmos.
É com a criação desse novo Deus que tenho galgado os passos em minha vida, um dia de cada vez.
Mas não tem sido fácil descartar aquele outro Deus, porque mesmo ele não tendo funcionado, ele está
impregnado dentro de mim, afinal foram anos vivendo sob a sua imagem. Logo, a prática do Terceiro
Passo para mim é uma oportunidade que estou tendo de substituir aquele Deus que não deu certo por
um outro da minha concepção. É um trabalho de construção diária, como todo o programa de A.A. É
trabalho de construção a quatro mãos: eu vou construindo Deus e ele vai me moldando à sua maneira.
Durante a minha vivência no programa, alguns depoimentos a respeito desse passo me marcaram
muito e aqui abro mais um parêntesis para citar dois deles: o primeiro é de uma companheira que dizia
não concordar com o Deus das religiões. E, de acordo com a proposta do Passo, ela atribuiu uma
Deusa como sendo a sua divindade. Pois bem, numa determinada reunião, ela usou o termo Deusa
como ela a concebia e foi ridicularizada por todos que estavam no grupo. Ao que ela reagiu, em
prantos, dizendo: Será que eu vou ter que continuar a aceitar um Deus de segunda mão como antes?
Será que vou ter que aceitar o Deus de vocês? Será que não posso ter a minha própria concepção de
Deus? Não, meus companheiros, continuou ela, não é isso que diz o Terceiro Passo. O Terceiro Passo
me dá inteira liberdade para conceber o meu Deus, do meu modo e do meu jeito.
Graças a sua Deusa, essa companheira não saiu do grupo ou voltou a beber quando foi ridicularizada.
É esse o cuidado que devemos ter, não é o meu Deus que vai funcionar para o outro e sim o Deus dele
que vai funcionar para ele. Lembram-se quando o Dr. Silkworth advertiu para Bill: Não adianta ficar
pregando para eles, Bill... Pois é, o programa é individual, o Deus de minha concepção também é
individual...
No livro Viemos a Acreditar, tem um depoimento sob o título “Uma filosofia prática” em que o seu autor
diz ser ateu e por isso mesmo teve muita dificuldade em entender e praticar o Terceiro Passo. Devido a
um grande problema surgido em seu emprego passava pela sua cabeça pedir demissão e sair da
cidade a qual morava. O padrinho dele em A.A. sugeriu para ele que trabalhasse com afinco por mais
um determinado tempo e não preocupasse com os resultados. Pois bem, assim ele o fez e depois de
um ano percebeu que teve duas promoções e todos os seus relacionamentos melhoraram muito. Ele, a
partir daí, passou a entender o Terceiro Passo como sendo a prática da não preocupação. Fazer e não
preocupar, os resultados seriam independentes da vontade dele. Ele pode até não gostar dos
resultados, discordar deles, mas por mais que ele resista, os resultados são estes que estão aí. A partir
desse belíssimo texto, passei a me observar. Hoje quando minha relação com Deus está bem, percebo
claramente que não estou preocupado com nada, porque confio. Confiança é a palavra que define o
Terceiro Passo para mim e se confio em uma força superior a mim mesmo, não tenho espaço para
preocupar. Esse depoimento tem guiado a minha relação com Deus e com minha vida. Quando começo
a enveredar por caminhos da autopiedade e da preocupação me lembro dele e retorno ao caminho. A
intensidade com que estou preocupado com o futuro ou, pior, preocupado com o que aconteceu no
passado e me perco tentando fazer o impossível que é reescrever a história, serve para mim como
indicador de minha prática de Deus em minha vida e se estou me afastando dele, como não raro
acontece, respiro fundo e tento voltar a aquele princípio de orar silenciosamente e pedir: “Meu Deus me
ajude a voltar a confiar em Ti, pois estou me perdendo pelo caminho de minhas imaginações e atitudes
negativas”. Nem sempre essa retomada é imediata, mas se insisto e persisto ela acontece e isso tem
sido meu modo de praticar essa confiança em um novo Deus que, até aqui, tem me dado bons
resultados.
O Terceiro Passo, portanto me proporciona o entendimento de Deus de uma outra forma. Não se trata
mais daquele Deus vingativo julgador ou seja lá o que me foi passado, mas sim de um Deus que
funciona quando as coisas vão mal, que eu posso realmente acreditar nele porque ele é todo justiça e
amor. Não é mais aquele Deus que se parece com meus pais, autoritários, dedo em riste, isso não
pode, aquilo também não; também não é aquele Deus doentio das religiões e igrejas, como eu estudei;
nem um Deus a minha semelhança, um fardo de medo e incapacidade. Deus é Deus. Não como meu
pai, nem minha mãe, nem minha igreja ou eu mesmo. Ele está acima disso tudo, pois se assim não
fosse, eu não poderia confiar a Ele minha vida e minha vontade. É assim a minha concepção de Deus
hoje: um Deus que funciona que é justiça e que eu posso e devo discordar dele o quanto eu quiser e a
hora que quiser, mas tenho que aceitar que a minha vida e minha vontade está em suas mãos, pois
assim eu decidi.
O divino, o sagrado, pode ganhar muitos nomes. Pode ser Poder Superior, pode ser Deus, pode ser
Deuses, Deusa, pode ser uma vibração ou uma iluminação. Independentemente de como o
denominamos, há algo que reconhecemos como transcendente que ultrapassa a coisificação do mundo
e a materialidade da vida, que faz com que haja importância em tudo que existe. Desse ponto de vista,
não basta que eu me conecte com os outros ou com a natureza. Preciso fazer uma incursão no interior
de mim mesmo em busca da vida que vibra em mim e da fonte dessa vida. É essa fonte que posso até
chamar de Deus como eu O concebo. A conexão com essa fonte é aquilo que os gregos chamavam de
“sympatheia”, que significa simpatia. Trata-se de buscar uma relação simpática com o divino. E o
Terceiro Passo é o início dessa relação que irá se desenvolver nos demais passos.
NOSSO BEM ESTAR COMUM by passea
1a. Tradição de AA
1 Tradição
“ o nosso bem estar comum devera estar em primeiro lugar; a recuperação pessoal
depende da unidade de AA”
A qualidade mais preciosa que a sociedade de Alcoólicos Anônimos tem é a unidade. As
nossas vidas e as daqueles que estão para vir dependem diretamente dela. Ou
permanecemos unidos ou AA morre. Sem unidade, o coração de AA deixaria de bater, as
nossas artérias mundiais deixariam de levar a graça vivificante de Deus e a sua dádiva
desperdiçar-se-ia.
Fechados outra vez nas masmorras, os alcoólicos acusar-nos-iam, dizendo :que coisa
extraordinária poderia ter sido AA!”
“ Que significa isto?” perguntam alguns com ansiedade.
“Então, em AA o individuo não conta? Será que tem que ser dominado e absorvido pelo
seu grupo?”
Podemos responder a esta pergunta com um veemente “NÃO”!. Acreditamos que não
existe no mundo outra irmandade que cuide de cada um dos seus membros com tanto
carinho; certamente que não há nenhuma que guarde mais ciosamente o direito de cada
individuo pensar, falar e agir livremente. Nenhum AA pode obrigar outro a fazer o que
quer que seja;
Ninguém pode ser punido ou expulso. Os nossos doze passos são apenas sugestões
para a nossa recuperação; as doze tradições, que garantem a unidade do AA, não
contem uma única proibição. Dizem repetidamente “Nós devemos…” mas nunca “Tu tens
de …!”
Para muitas pessoas, toda esta liberdade individual é sinônimo de pura anarquia.
Qualquer recém-chegado, qualquer amigo que olhe para AA pela primeira vez, fica muito
perplexo. Vêem uma liberdade que parece quase permissividade. No entanto
reconhecem de imediato, uma força irresistível de propósito e ação em AA “Como é
possível”, perguntam, “que este grupo de anarquistas funcione? Como é possível que
coloquem em primeiro lugar o seu bem estar comum? O que será que os mantêm
unidos”?
Aqueles que observam AA mais de perto encontram rapidamente a chave deste estranho
paradoxo. O membro de AA precisa de adaptar os princípios da recuperação. A sua vida
depende, de fato da obediência e princípios espirituais. Se ele se desvia muito, o castigo
é certo e rápido: adoece e morre. Inicialmente, submete-se porque precisa, mas depois
descobre um modo de vida que quer verdadeiramente seguir. Para alem disto, descobre
que não pode manter esta dádiva preciosa, se não a der aos outros. Ninguém em AA
consegue sobreviver se não transmitir a mensagem. No momento em que se forma um
grupo, através do trabalho do décimo segundo passo, faz-se outra descoberta – a de que
a maioria dos indivíduos não se recupera a não ser que haja um grupo. Compreende- se
que o clamor dos desejos e ambições pessoais deve ser silenciado, sempre que
prejudiquem o grupo. Torna-se claro que o grupo tem de sobreviver para que o individuo
não morra.
Assim á partida, a questão principal é como viver e trabalhar em conjunto enquanto
grupos. No mundo que nos rodeia temos lideres destruírem povos inteiros. A luta pela
riqueza, poder e prestigio tem estado a dilacerar a humanidade como nunca. Se
personalidades fortes tem ficado num impasse ao procurar a paz e a harmonia, o que é
que poderia acontecer ao nosso errático bando de alcoólicos? Com o mesmo ardor com
que tínhamos lutado e rezado pela recuperação individual, começamos a procurar os
princípios pelos quais AA, como tal, pudesse sobreviver. A estrutura da nossa sociedade
foi forjada através da experiência.
Vezes sem conta, em inúmeras cidades e aldeias, revivemos a historia de Eddie
Rickenbacker e dos seus bravos companheiros, quando o seu avião se despenhou no
pacifico. Com nós, viram-se subitamente salvos da morte, mas ainda flutuando num mar
perigoso. Perceberam muito bem que o seu bem estar comum estava em primeiro lugar.
Nenhum podia ser egoísta em relação água e ao pão. Cada um tinha de pensar nos
outros, pois sabiam que só podiam encontrar a sua verdadeira força ancorados numa
mesma fé. E assim fizeram, de forma a ultrapassar todas as imperfeições da sua frágil
embarcação, todas as provas de incerteza, de dor, de medo e de desespero, e ate a
morte de um deles.
Assim tem sido, também, com AA . pela fé e pelas obras, conseguimos basear-nos em
lições de experiência inacreditável. Essas lições vivem nas Doze Tradições de Alcoólicos
Anônimos que – se Deus quiser – nos manterão unidos enquanto ele precisar de nós.
Varella.
REFLEXÕES DIÁRIAS – 1º PASSO by passea
1º PASSO
Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos
perdido o domínio sobre nossas vidas.
Quase ninguém se dispõe a admitir uma derrota total. É terrível admitir que o álcool
tornou-se uma obsessão que priva o alcoolista de toda sua auto-suficiência. O primeiro
passo trata da dificuldade que surge para admissão da derrota completa em relação ao
uso do álcool. O alcoolista, com o copo na mão, perde o controle quanto à ingestão de
bebida alcoólica e quanto a todas as conseqüências desta ingestão.
Para obter sucesso em manter-se abstinente, é preciso reconhecer esta impotência
perante o álcool. Caso contrario, a sobriedade será precária. Diz a literatura de A. A.: “O
princípio de que não encontraremos qualquer força duradoura sem que antes admitamos
a derrota completa, é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade toda”
(Os Doze Passos, p. 14). Muitos se revoltam por ter que admitir a derrota. Chegam no
grupo de A. A. buscando apoio e escutam que nenhuma força de vontade será suficiente
para quebrar a obsessão pela bebida.
Inicialmente, apenas os casos mais desesperados conseguiam aceitar esta verdade.
Felizmente, isto mudou com o passar dos anos. Alcoolistas em um estágio menos grave
conseguiam reconhecer seu alcoolismo. Para que estas pessoas pudessem aceitar esta
perda do governo de sua vida, os alcoolistas que tinham atingido um grau mais sério de
alcoolismo puderam a elas mostrar que, em momento anterior à chegada do fundo do
poço, a vida já havia se tornado ingovernável. Percebeu-se que, caso o recém-chegado
ainda permanecesse em dúvida, levava consigo a idéia da natureza da enfermidade, e,
muitas vezes, voltava ao grupo antes de precisar chegar a dificuldades extremas.
Observa-se que poucas pessoas conseguem praticar com sinceridade o programa de
A.A. sem chegarem afundar completamente. Isso ocorre pelo fato de que “... praticar os
restantes onze passos de A. A. requer a adoção de atitudes e ações que quase nenhum
alcoólatra que ainda bebe, sonharia adotar” (Os Doze Passos, p. 15). É o desejo de
sobrevivência que leva o alcoolista a ter disposição para escutar a mensagem de A. A., e
a reconhecer a necessidade de seguir o programa dos Doze Passos.
IMPOTÊNCIA
Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio
sobre nossas vidas.
Não é coincidência que o próprio Primeiro Passo mencione impotência. Uma admissão de
impotência pessoal perante o álcool é a pedra fundamental do alicerce da sobriedade.
Aprendi que não tenho o Poder e controle que uma vez pensei ter. Sou impotente sobre
os que as pessoas pensam sobre mim. Sou impotente até por ter perdido o ônibus. Sou
impotente sobre como as outras pessoas praticam (ou não praticam) os Passos. Mas,
também aprendi que não sou impotente perante algumas coisas. Não sou impotente
perante minhas atitudes. Não sou impotente perante a negatividade. Não sou impotente
sobre assumir responsabilidade por minha própria sobriedade. Tenho o poder de exercer
uma influência positiva sobre mim mesmo, as pessoas que amo e o mundo em que vivo.
A VITÓRIA DA RENDIÇÃO
Percebemos que somente através da derrota total somos capazes de dar os primeiros
passos na direção da liberação e da força. Nossa admissão de impotência pessoal
finalmente produz e alicerce firme sobre o qual, vidas felizes e significativas podem ser
construídas.
Quando o álcool influenciava cada faceta de minha vida, quando as garrafas tornaram-se
o símbolo de toda minha auto-indulgência e permissividade, quando vim a perceber que,
por mim mesmo, não podia fazer nada para vencer o poder do álcool, percebi que não
tinha outro recurso a não ser a rendição. Na rendição encontrei a vitória – vitória sobre
minha egoística auto-indulgência, vitória sobre minha resistência teimosa à vida como ela
era dada para mim. Quando parei de lutar contra tudo e contra todos, comecei a
caminhada para a sobriedade, serenidade e paz.
UM ATO DA PROVIDÊNCIA
Realmente é terrível admitir que, com um copo na mão temos convertido nossas mentes
numa obsessão tão grande por beber destrutivamente que somente um ato da
providência pode removê-la de nós.
Meu ato da Providência (manifestação de cuidado e direção divina) veio quando
experimentei a falência total do alcoolismo ativo – tudo que tinha algum significado em
minha vida havia ido embora. Telefonei para Alcoólicos Anônimos e, a partir daquele
instante minha vida nunca mais foi a mesma. Quando penso naquele momento tão
especial, sei que Deus estava agindo em minha vida bem antes que eu fosse capaz de
conhecer e aceitar conceitos espirituais. O copo foi arriado através desse único ato da
Providência e minha jornada pela sobriedade começou. Minha vida continua se
expandindo com o cuidado e a direção divina. O Primeiro Passo, no qual admiti que era
impotente perante o álcool, que tinha perdido o domínio de minha vida, tornou-se mais
um significado para mim um dia de cada vez – na salvadora de vidas, vivificante
Irmandade de Alcoólicos Anônimos.
O PASSO 100%
Somente o Primeiro Passo, onde admitimos inteiramente que somos impotentes perante
o álcool, pode ser praticado com absoluta perfeição.
Muito antes de conseguir alcançar a sobriedade em A. A. eu sabia, sem nenhuma dúvida,
que o álcool estava me matando mas, mesmo com esse conhecimento, fui incapaz de
parar de beber. Assim, quando encarei o Primeiro Passo, foi fácil admitir que me faltava
forças para não beber. Mas, que tinha perdido o domínio de minha vida? Nunca. Cinco
meses após ter chegado em A. A. estava bebendo novamente e imaginando por quê.
Mais tarde, de volta a A. A. e sentindo a dor de minhas feridas, aprendi que o Primeiro
Passo é o único que pode ser praticado 100%. E que a única maneira para praticá-lo é
aceitar esse Passo 100%. Desde então, já se passaram muitas 24 horas e não precisei
praticar novamente o Primeiro Passo.
ATINGINDO O FUNDO
Por que toda esta insistência que todo A. A. deve primeiro atingir o fundo do poço? A
resposta é que poucas pessoas tentarão praticar programa de A. A. sinceramente, a
menos que tenham chegado ao fundo. Pois praticar os restantes onze Passos do
programa, significa a adoção de atitudes e ações que quase nenhum alcoólico que esta
ainda bebendo pode sonhar em fazer.
Atingindo o fundo do poço minha mente abriu e fiquei disposto a tentar algo diferente. O
que tentei foi A. A. Minha nova vida em A. A. pode-se comparar como aprender a andar
de bicicleta pela primeira vez: A. A. tornou-se minha bicicleta de treinamento e minha mão
de apoio. Não é que eu desejasse tanto a ajuda; simplesmente não queria voltar a sofrer
essas coisas novamente. Meu desejo de evitar voltar ao fundo novamente foi mais forte
que meu desejo de beber. No começo isso foi que me manteve sóbrio. Porém, após
algum tempo, descobri a mim mesmo trabalhando os Passos o melhor que podia. Em
breve percebi que minhas atitudes e ações estavam mudando aos poucos. Um Dia de
Cada Vez, senti-me bem comigo mesmo, com os outros, e minhas feridas começaram a
cicatrizar. Agradeço a Deus pela bicicleta de treinamento e a mão de apoio que escolhi
chamar de Alcoólicos Anônimos.
UMA BEBIDA AJUDARIA?
Voltando atrás em nossas próprias história de bebida, não poderíamos mostrar que, anos
antes de perceber, que estávamos fora de controle, que nossa maneira de beber, mesmo
naquela época, não era apenas um hábito, mas era de fato o início da progressão fatal.
Quando eu ainda estava bebendo, não podia responder a qualquer situação da vida como
podiam outras pessoas mais saudáveis. O menor incidente desencadeava um estado de
espírito que, acredite, eu tinha que beber para entorpecer meus sentimentos. Mas o
entorpecimento não melhorava a situação, então procurava uma saída na garrafa. Hoje
preciso estar consciente do meu alcoolismo. Não posso me permitir acreditar que ganhei
o controle sobre minha maneira de beber – ou novamente pensarei que ganhei o controle
sobre minha vida. Tal sentimento de controle é fatal à minha recuperação.
HONESTIDADE RIGOROSA
Quem se dispõe a ser rigorosamente honesto e tolerante?
Quem se dispõe a confessar suas falhas a outra pessoa e a fazer reparações pelo danos
causados? Quem se interessa, ao mínimo, por um Poder Superior, e ainda pela
meditação e a oração? Quem se dispõe a sacrificar seu tempo e sua energia tentando
levar a mensagem de A. A. ao próximo? Não, o alcoólico típico, egoísta ao extremo,
pouco se interessa por estas medidas, a não ser que tenha de tomá-las para sobreviver.
Eu sou um alcoólico. Se eu beber eu morrerei. Meu Deus, que poder, energia e emoção
esta simples declaração gera em mim! Mas, verdadeiramente, é tudo que preciso saber
por hoje. Estou disposto a ficar vivo hoje? Estou disposto a ficar sóbrio hoje? Estou
disposto a pedir ajuda e estou disposto a ajudar outro alcoólico que ainda sofre hoje?
Descobri a natureza fatal de minha situação? O que devo fazer, hoje, para permanecer
sóbrio?
PRIMEIRO PASSO
Admitimos... (“Nós” a primeira palavra do Primeiro Passo)
Quando eu bebia, tudo o que eu pensava era sempre “!Eu, Eu, Eu”, ou “Meu, Meu, Meu”.
Tal obsessão do ser, tal doença da alma, tal egoísmo espiritual me escravizou à garrafa
mais da metade de minha vida.
O caminho para encontrar Deus e fazer Sua vontade um dia de cada vez, começou com a
primeira expressão do Primeiro Passo... “Nós”.
Havia poder, força e segurança no plural e para um alcoólico como eu, também havia
vida. Se tivesse tentado me recuperar sozinho, provavelmente teria morrido. Com Deus e
outro alcoólico tenho um propósito divino na minha vida... tornei-me um canal para o amor
benéfico de Deus.
“A RAIZ PRINCIPAL” DE A. A.
O princípio de que não encontraremos qualquer força duradora sem que antes admitamos
a derrota completa, é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa Irmandade.
Derrotado e sabendo disto, cheguei às portas de A. A. sozinho e com medo do
desconhecido. Um Poder fora de mim mesmo havia me tirado de minha casa, guiou-me
para uma lista telefônica, depois até a parada de ônibus e pelas portas de Alcoólicos
Anônimos. Uma vez dentro de A. A. Experimentei uma sensação de ser amado e aceito,
algo que não sentia desde a minha tenra infância.
Que nunca perca a sensação de milagre que experimentei nessa primeira noite com A.
A., o maior evento de toda a minha vida.
(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 11-14-17-19-24-26-34-151-301)
MENSAGEM PARA REFLEXÃO by passea
MENSAGEM PARA REFLEXÃO
Prezados companheiros e companheiras, vivemos em um mundo de constantes
mudanças em todos os aspectos. Algumas delas para melhor e outras, nem tanto. Em
A.A. não é diferente e a grande mudança do momento é a formação de novas Áreas cujo
objetivo é encurtar as distâncias para facilitar a comunicação entre os Grupos e a Área,
fazendo com que a via de mão dupla seja mais eficiente possibilitando o crescimento e
fortalecimento dos Grupos.
No entanto, nos últimos anos estão acontecendo algumas mudanças em A.A. que têm
nos preocupado muito.
Hoje, depois de 64 anos da chegada de A.A. no Brasil, adquirimos muita experiência e
muito esclarecimento sobre o funcionamento de A.A. e a importância do serviço através
do estudo da literatura que é fundamental para o nosso crescimento e para a continuação
da Irmandade. No entanto, estamos “pensando em demasia e sentindo bem pouco.” O
que está acontecendo conosco, companheiros (as)?
Percebe-se que existem muitos membros de A.A. com dificuldade em conviver com os
alcoólicos que chegam ao Grupo com múltipla dependência, ou seja, usuários de outras
drogas e também, com os homossexuais – mulheres – jovens - empresários e
profissionais bem sucedidos e ainda, com os alcoólicos que tem dificuldade em
permanecer sóbrios por muito tempo e recaem constantemente. Isso sem falar dos
possíveis alcoólicos enviados pela justiça que também são rejeitados em alguns Grupos.
Em contrapartida, muitos Grupos permitem que pessoas não alcoólicas freqüentem
diariamente as reuniões de recuperação, tirando a liberdade do membro de fazer seu
depoimento. Agindo assim, alguns Grupos estão invertendo as coisas, pois, rejeitam um
alcoólico e acolhem um não alcoólico. Se isso continuar acontecendo, qual será o futuro
de Alcoólicos Anônimos?
Acreditamos que podemos falar dos princípios sem ter que mudar a parte física do Grupo,
sem perder a espiritualidade. Podemos fazer eventos que atendam a necessidade de
todos, pois é possível ter qualidade com simplicidade, é possível falar de princípios sem
melindrar o companheiro(a). Não devemos esquecer os alertas que Bill nos deixou na
literatura: ...”não tem que”, mas “devemos”, “mantenha a mente aberta”, “eu sou
responsável”, “Atue por nós mas não mande em nós”, “...em A.A. não tem membros de
segunda classe”. Acreditamos que, talvez a falta de atenção para com estes alertas, seja
o que está contribuindo com a decadência de muitos Grupos de A.A., pois, estamos
deixando de ser irmãos e companheiros, deixando de sentir a dor do outro.
Companheiros(as), não podemos perder o amor que é a essência de A.A., nem o
companheirismo, o comprometimento, a simplicidade e tudo aquilo que nos aproxima uns
dos outros pois, assim como eu preciso de A.A. hoje, pode ser que meus netos ou
bisnetos possam precisar amanhã.
Diante de tudo isso, que tal refletirmos sobre este texto da Primeira Tradição, que diz:
“...Sem unidade, o coração de Alcoólicos Anônimos deixaria de bater, nossas artérias
mundiais deixariam de transportar a graça vivificante de Deus e as dádivas divinas dadas
a nós seriam gastas à toa. De novo em sua prisão, os alcoólicos nos condenariam,
dizendo, “que coisa formidável poderia ter sido A.A.!”
Vamos recordar um pouco da fala de Dr. Bob em sua última mensagem: “Existem duas
ou três coisas que lampejaram em minha mente, nas quais me amparo para emprestar
um pouco de ênfase. Uma delas é a simplicidade do nosso programa. Não vamos
estragar tudo com complexos freudianos e coisas que são interessantes para a mente
científica, mas que muito pouco tem a ver com nosso verdadeiro trabalho de A.A. Nossos
Doze Passos, quando apurados até o fim, se resumem nas palavras ‘amor’ e ‘serviço’.
Entendemos o que é o amor e compreendemos o que é serviço. Assim, conservemos
essas duas coisas na mente.”
Que o Poder Superior nos ilumine e que possamos preservar a nossa Irmandade para
todos que dela precisarem, hoje, amanhã e sempre!
20/11/2011
MCA/Área-MG
LIDERANÇA EM AA – SEMPRE UMA
NECESSIDADE VITAL by passea
TEMA: “LIDERANÇA EM AA – SEMPRE UMA NECESSIDADE VITAL”
EXPOSITOR: MARCOS P. (DELEGADO DE AREA 2009/2010)
Nenhuma sociedade pode funcionar bem senão contar com líderes competentes em
todos os níveis e o A.A. não pode considerar-se uma exceção. Às vezes nós AAs
abrigamos a idéia que podemos abrir mão de toda liderança ou por outras vezes exigimos
que nossos líderes sejam pessoas impecáveis e de inspiração sublime – gente de energia
e ação, bons exemplos para todos e quase infalíveis. A verdadeira liderança, certamente,
tem que seguir por caminhos intermediários a esses extremos.
Mas o que é liderança?
Liderança é o poder de agregar pessoas, criando uma visão e fornecendo a motivação e
as metas necessárias para atingi-la. Está inserida em diversas áreas da sociedade. Seja
política, religião, esportes e áreas administrativas não importando se pública ou privada.
A liderança deverá permitir ao grupo vislumbrar oportunidades de crescimento e
desenvolvimento. Incentivando, mostrando que é possível, adotando uma postura de
otimismo e entusiasmo. O verdadeiro líder é aquele que passa e conquista a confiança de
seus companheiros, é o espelho para seu liderado. Ao mencionar a expectativa de
crescimento, a liderança deverá buscar o comprometimento da equipe por meio da real
possibilidade de participação de seus membros no benefício gerado pelo resultado
atingido. É necessário muito cuidado para não confundirmos a liderança com a arte de
agradar e de demonstrar simpatia para as pessoas. Geralmente, em toda liderança
sempre existirá tomadas de decisões que podem agradar ou não as pessoas. O
verdadeiro líder é aquele que sabe o que precisa ser feito e faz. O líder é servidor de uma
causa, de uma obra. Sua missão é organizar e entusiasmar um grupo de pessoas para
juntos servirem a uma causa maior, ou seja, o ambiente ou contexto onde estiver
inserido.
Bons líderes são aqueles que têm poder de influência positiva sobre pessoas ou grupos
baseado na experiência pessoal e no conhecimento, conquistando credibilidade e
confiança e obtendo aceitação, consenso e ação na consecução de objetivos.
Liderar é conduzir um grupo de pessoas influenciando seus comportamentos e suas
ações para atingir objetivos e metas de interesse comum deste grupo, de acordo com
uma visão de futuro baseado num conjunto coerente de idéias e princípios. Existem
características básicas para que um indivíduo possa tornar-se um líder, tais como visão,
integridade, conhecimentos, autoconfiança, honestidade, flexibilidade, entre outras tantas
qualidades, mas é preciso destacar que nenhum líder é dotado de todas essas
qualidades o tempo todo, afinal são pessoas normais e como tais suscetíveis à falhas.
O líder é quem guia, quem toma a frente, quem inspira, quem dá confiança… São muitas
definições, mas uma das melhores é: o líder é quem serve. O líder servidor é fundamental
para a manutenção e crescimento de Alcoólicos Anônimos. Os líderes não dirigem por
mandato, lideram pelo exemplo. Com efeito, dizemos para eles: “Atuem por nós, mas não
mandem em nós.” Quando um líder nos guia pela força excessiva, nos revoltamos; mas
quando ele se torna um submisso cumpridor de ordens e não usa critério próprio, então
ele realmente não é um líder.
Não importa com que cuidado projetemos a nossa estrutura de serviço de princípios e
relacionamentos, não importam com que equilíbrio dividamos autoridade e
responsabilidade, os resultados operacionais da nossa estrutura não podem ser melhores
do que o desempenho pessoal daqueles que compõem essa estrutura e a fazem
funcionar. Boa liderança não pode funcionar bem numa estrutura mal planejada. Má
liderança não funciona nem na melhor das estruturas.
Com liderança teremos um constante problema. Boa liderança pode estar aqui hoje e
desaparecer amanhã. Equipar nossa estrutura de serviços com trabalhadores capazes e
com boa vontade tem que ser uma atividade constante. Esse é um problema que por sua
própria natureza não pode ser sempre resolvido. Precisamos continuamente encontrar as
pessoas certas para as nossas inúmeras tarefas.
Felizmente, a nossa Irmandade é abençoada com toda sorte de liderança verdadeira – o
pessoal ativo de hoje e os líderes em potencial de amanhã, de acordo com cada nova
geração de membros capazes de lidar com qualquer serviço que lhes possa ser
designado. Somente temos que procurar esse pessoal e confiar nele para que nos sirva.
Um líder em A.A. é um homem ou mulher que pode pessoalmente por em prática
princípios, planos e políticas de maneira tão dedicada e eficaz que os demais querem
apoiá-lo e ajudá-lo a realizar o seu trabalho.
Uma boa liderança elabora planos, normas e idéias para melhoramento de nossa
Irmandade e seus serviços. Mas nos assuntos novos e importantes consultará
amplamente antes de tomar decisões e atitudes. Boa liderança também é saber que um
excelente plano ou idéia pode vir de qualquer um, de qualquer lugar. Portanto, boa
liderança abandonará seus acalentados planos por outros melhores e dará crédito aos
seus autores. A boa liderança nunca se esquiva. Uma vez segura de que tem ou pode
obter apoio geral suficiente, ele toma decisões livremente e as coloca em ação, desde
que, naturalmente, essas ações estejam dentro do esquema de sua autoridade e
responsabilidade.
Boa liderança reconhece que mesmo as grandes maiorias quando muito perturbadas ou
não informadas podem, às vezes, estar completamente enganadas. Quando tal situação
aparece, ocasionalmente, e algo de importância vital está em jogo, é sempre dever da
liderança, mesmo que em pequena minoria, tomar posição contra a tormenta, usando
toda a sua habilidade de autoridade e persuasão para efetuar a mudança.
Boa liderança não se esquiva, quando requisitada, tem sempre que apresentar as suas
razões e que sejam boas. Um líder precisa reconhecer que mesmo as pessoas mais
orgulhosas ou raivosas podem muitas vezes estar totalmente certas, enquanto as mais
calmas e humildes podem estar enganadas.
Outro qualitativo para a liderança é o dar e receber, a habilidade de transigir sempre que
possa progredir uma situação que aparenta ser a direção certa. Fazer concessões é
sempre difícil para nós, pessoas de tudo ou nada. Entretanto não podemos esquecer de
que o progresso é quase sempre caracterizado por uma série de concessões vantajosas.
Ás vezes, entretanto, é necessário fincar o pé em determinada convicção sobre um
assunto até que ele se esclareça.
Liderança muitas vezes tem pela frente críticas pesadas e às vezes de longa duração. È
um teste pesado. Há sempre os críticos construtivos, os nossos amigos de verdade.
Nunca podemos deixar de ouvi-los atenciosamente. Devemos estar dispostos a deixar
que eles modifiquem as nossas opiniões ou que as mudem completamente. Muitas
vezes, também, teremos que discordar e fazer pé firme sem perder a sua amizade.
Há também aqueles que gostamos de chamar de nossos críticos destrutivos. Conduzem
pela força, são politiqueiros, fazem acusações. Talvez sejam violentos, maliciosos. Eles
soltam boatos, fazem fofocas para atingir seus alvos – tudo pelo bem de A.A.,
naturalmente! Mas em A.A. já aprendemos, afinal, que esses sujeitos, que devem ser um
pouco mais doentes do que nós, não são tão destrutivos assim, dependendo muito de
como relacionamos com eles. Para começar devemos ouvir cuidadosamente o que eles
dizem. Algumas vezes estão dizendo toda a verdade; outras vezes somente parte da
verdade, embora frequentemente estejam errados. Se eles estiverem certos, nós o
agradecemos; se estiverem errados, nós os perdoamos, afinal, estão mais doentes que
nós. De qualquer forma esses são bons testes para a nossa tolerância e paciência.
Um atributo da mais alta importância da boa liderança é a visão.
Visão é a habilidade de fazer boas estimativas, tanto para o futuro imediato como para o
futuro mais distante. Parece um contra-senso ao nosso “um dia de cada vez”. Mas esse
princípio altamente eficaz refere-se à nossa vida mental emocional e quer dizer que não
somos tolos para lamentar o passado nem sonhar com o futuro de olhos abertos.
Como indivíduos e como irmandade iremos certamente sofrer se deixarmos toda a tarefa
do planejamento para o amanhã nas mãos da Providência. Nos foi dado a todos nós a
capacidade de antevisão e devemos usar essa virtude. Precisamos distinguir entre
desejos fantasiosos sobre um amanhã feliz e o presente uso das nossas forças de
estimativas bem pensadas. A diferença entre progresso futuro e fracasso é determinada
aí.
O fazer estimativas tem diversos aspectos. Olhamos para a experiência passada e
presente para ver o que pensamos que elas representam. Disso deduzimos uma idéia ou
uma norma provisória. Primeiro perguntamos como é que essa idéia ou norma poderá
funcionar num futuro próximo. Perguntamos então como é que essa idéia ou norma se
aplicaria nas mais diversas condições num futuro distante. Se uma idéia for boa, nós a
tentaremos. Reavaliaremos mais tarde se está funcionando bem. Nesse ponto, talvez
tenhamos que tomar uma decisão crítica. Devemos responder a pergunta: Poderão as
vantagens de hoje se reverter em obrigações amanhã? A tentação de aproveitar os
benefícios imediatos, esquecendo-nos dos precedentes nocivos ou das conseqüências
que possam resultar.
Essas não são teorias fantasiosas. Temos que fazer uso desses princípios para
constantemente fazer previsões. As nossas finanças devem ser avaliadas e distribuídas
nos orçamentos. Precisamos pensar nas nossas necessidades de serviço em relação às
condições econômicas gerais, às capacidades dos Grupos e boa vontade para contribuir.
Frequentemente precisamos pensar com meses e até anos de antecedência.
Todas as Doze Tradições foram inicialmente questões de estimativa e visão para o futuro.
A política de auto sustentação e do anonimato foram desenvolvidas assim. Primeiro uma
idéia, depois uma norma de procedimento experimental, depois uma firme norma de
procedimento e finalmente uma convicção – uma visão para o futuro.
Tolerância, responsabilidade, flexibilidade e visão são atributos indispensáveis entre os
lideres de serviços de A.A. em todos os níveis. Os princípios de liderança serão os
mesmos, seja qual for o tamanho da atividade.
Talvez isso pareça uma tentativa de projetar um tipo de membro de A.A. privilegiado e
superior. Mas não é. Os nossos talentos variam muito. Um regente de orquestra não é
necessariamente bom em finanças e previsões e vice-versa. Quando falamos em
liderança em A.A. somente declaramos que deveríamos selecionar essa liderança na
base de obter o melhor talento que pudemos encontrar.
Embora possa parecer que o assunto “liderança” seja aplicável somente no serviço, ele é
útil em qualquer campo de trabalho, particularmente no trabalho dos Doze Passos. Todos
os padrinhos são necessariamente líderes. Uma vida humana e geralmente a felicidade
de toda uma família está em jogo. O que o padrinho diz ou faz, como prevê as reações
dos seus afilhados, como controla e se apresenta bem, como faz as suas críticas e como
lidera bem seu afilhado, através de exemplos espirituais pessoais – essas qualidades de
liderança podem constituir toda a diferença, muitas vezes a diferença entre a vida e a
morte.
Agradecemos a Deus pelo fato de Alcoólicos Anônimos terem sido abençoados com tanta
liderança em todos os seus setores.
Fonte: Os Doze Conceitos para serviços mundiais -
PARA O RV – REPRESENTANTE DA
REVISTA VIVÊNCIA by passea
Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.
O QUE É A REVISTA VIVÊNCIA?
A revista "Vivência" é a nossa "reunião impressa" para os membros de A.A do Brasil.
Redigida, revisada e lida por membros de A.A. e outras pessoas interessadas no
programa de A.A. de recuperação do alcoolismo, "Vivência" é uma corda salva-vidas que
une um alcoólico com outro.
"Vivência" comunica a experiência, força e esperança de seus colaboradores e reflete um
amplo espectro geográfico da experiência atual de Alcoólicos Anônimos com a
recuperação, a unidade e o serviço. Publica também artigos de pessoas não alcoólicas,
que colaboram espontaneamente com a Revista.
As páginas da "Vivência" são a visão de como cada membro de A.A., de maneira
individual, aplica em sua vida o programa de recuperação, e é um fórum para as mais
variadas e divergentes opiniões de A.A. do Brasil.
Os artigos não pretendem ser comunicados oficiais de Alcoólicos Anônimos enquanto
irmandade, e a publicação de qualquer artigo não implica que Alcoólicos Anônimos e a
revista "Vivência" estejam de acordo com as opiniões expressas.
A Revista é editada bimestralmente e todas as colaborações são bem-vindas.
PORQUE SER UM ASSINANTE DA VIVÊNCIA?
A revista VIVÊNCIA, criada sob a inspiração da GRAPEVINE, tem desempenhado
satisfatoriamente a sua função, não apenas na troca de experiências, mas também na
divulgação da literatura, de eventos e na transmissão da mensagem de AA para os
possíveis alcoólicos, seus familiares, para os profissionais da área de saúde, e para a
comunidade em geral. A VIVÊNCIA registra a evolução da nossa Irmandade no Brasil a
cada dois meses, através de fatos gerados na JUNAAB e das informações recebidas de
todas as Áreas. A cada número ela traz notícias sobre Encontro Estaduais, Regionais,
Convenções, Conferências, Seminários e outros eventos que refletem o nível de
consciência compartilhada a cerca de nossos princípios. A VIVÊNCIA é um excelente
meio de divulgação de alcoólicos Anônimos junto à comunidade em geral, um eficaz
instrumento do CTO, constituindo-se também extraordinário canal interno de
comunicação permanentemente aberto. Externamente é o nosso cartão de visitas para a
sociedade. Além disso traz indispensável contribuição para o fortalecimento da nossa
preciosa UNIDADE. Os relatos de experiências por companheiros e companheiras de
todo o País são recursos adicionais para o melhor entendimento e prática dos TRÊS
LEGADOS.
OBJETIVOS PRINCIPAIS DA REVISTA VIVÊNCIA:
a) Informar o público em geral como funciona a Irmandade de A. A.
b) Destacar o Programa de Recuperação de A. A. através dos depoimentos de
companheiros que chegam à redação.
c) Informar aos membros e aos Grupos de A. A. o que a Comunidade Profissional pensa
a respeito da nossa Irmandade e sobre os problemas do alcoolismo.
Qual a importância da Revista Vivência para a divulgação da mensagem de A.A.
VIVÊNCIA, É uma forma de atração e não de persuasão. Condensamos material de
inquestionável interesse não só para quantos foram ou ainda são vitimas do alcoolismo,
mas, igualmente, para aqueles que se preocupam em conhecer, no âmago, a
complexidade de um problema que tantos males tem causado à humanidade.
Ela foi criada com a finalidade de veicular o pensamento da comunidade sobre o
programa e os princípios da irmandade, pensamento este externado na forma de
depoimentos ou comentário sobre como cada um pratica o programa sugerido de A.A., e
como os princípios têm sido assimilados e praticados em proveito próprio da instituição
como um todo.
Por outro lado, em se tratando de uma publicação acessível ao público em geral, a revista
desempenha, também, o seu papel institucional na medida em que transmite a esse
público o que é, o que faz, como faz, e o que deixa de fazer Alcoólicos Anônimos
enquanto Irmandade. Neste particular é com indisfarçável satisfação que registramos sua
plena aceitação, principalmente por parte da comunidade profissional que conosco
comunga do mesmo propósito primordial, dentro de uma mesma visão e com a mesma
abordagem acerca do problema do alcoolismo.
Assim, quanto à sua finalidade, não restam dúvidas de que a VIVÊNCIA tem preenchido
este seu duplo papel, em que pese o fato dos seus primeiros números haverem sido
editados em caráter experimental. A nossa dificuldade não está, pois, na revista em si
como publicação, mas na quase impossibilidade de mantê-la como órgão financeiramente
autônomo dentro da estrutura dos nossos serviços considerados essenciais.
Sabem os que lidam no campo empresarial das comunicações, e nele no particular de
jornais e revistas, que as publicações desse gênero vão buscar seus recursos financeiros
na venda de espaços para a publicação de anúncios e de matéria de cunho institucional
por parte de empresas e instituições. A nossa revista, muito embora tenha também o
público externo como destinatário, não pode, por força de um nosso princípio tradicional,
buscar nessa fonte os recursos financeiros de que necessita. Neste caso é a própria
Irmandade que terá de arcar com o sustento financeiro da sua revista, seja por meio de
assinaturas seja por meio de venda avulsa por parte das Centrais e Intergrupais de
Serviços.
Apesar das dificuldades o número de assinantes vem aumentando e aumentará muito
mais quando cada um fizer do seu companheiro, amigo, parente ou colega de serviço
mais um assinante da nossa revista.
Ao longo de toda a sua história, a Revista Vivência vem contribuindo, de forma decisiva,
para firmar e para difundir a cultura de A.A., importante e fundamental fator de coesão e
de unidade. Tem sido também, o veículo de expressão das experiências pessoais de
numerosos membros da Irmandade, assim como o meio disponível que lhes tem
possibilitado expressar as suas visões, emoções, experiências e esperanças, ou,
simplesmente, servido para contar as suas histórias. Ela tem sido a expressão da alma de
A.A. e, por isso, traz toda a riqueza da criação humana.
Como melhor divulgar a revista Vivência aos Profissionais
A VIVÊNCIA - EXISTIR PARA SERVIR. Não tem opinião sobre assuntos alheios à
Irmandade de Alcoólicos Anônimos e nem pretende entrar em qualquer controvérsia,
dentro ou fora da Irmandade. Nosso objetivo é o de levar a mensagem salvadora de A.A.
ao alcoólico sofredor. Não estamos trabalhando com uma mercadoria qualquer. Estamos
lidando com vidas humanas, o mais precioso dos bens.
A sobriedade só tem sentido se for partilhada com outros. Aliás, este é o método mais
eficiente para nos conservarmos sóbrios. Quando tudo falha, esta opção funciona. Não
podemos desperdiçar energias inutilmente. Outros alcoólicos morreriam, se o fizéssemos.
E quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo ajuda, queremos que a
mão de A.A. esteja sempre ali. E por isso, nós somos responsáveis.
VIVÊNCIA, por isso mesmo, é uma proposta sedimentada no universo vitorioso de A.A. É
uma forma de atração e não de persuasão. Condensamos material de inquestionável
interesse não só para quantos foram ou ainda são vitimas do alcoolismo, mas,
igualmente, para aqueles que se preocupam em conhecer, no âmago, a complexidade de
um problema que tantos males tem causado à humanidade.
REVISTA VIVÊNCIA E CTO – COMPARTILHANDO A MENSAGEM
O propósito primordial de Alcoólicos Anônimos é transmitir a sua mensagem ao alcoólico
que ainda sofre. A finalidade básica do CTO - Comitê Trabalhando com os Outros é
organizar, estruturar, padronizar e facilitar a divulgação da mensagem de A.A..
No desempenho dessas atribuições o CTO conta com uma poderosa aliada que é a
REVISTA VIVÊNCIA, cujo conteúdo contribui efetivamente de duas maneiras: na
formação e na informação. Na formação dos servidores do comitê ela apresenta artigos
sobre a atuação do CTO nas outras áreas, constituindo-se numa valiosa troca de
experiências que nos proporciona oportunidades para o aprimoramento do nosso
trabalho.
Mas, é no campo da informação, ou seja, na transmissão da mensagem de A.A. que a
Vivência apresenta uma performance excepcional. Uma pessoa que não conheça
Alcoólicos Anônimos ao ter em mãos um exemplar da nossa Revista percebe claramente,
pela apresentação gráfica, que ela é elaborada com capricho e carinho. Ao manuseá-la o
leitor encontra já nas primeiras páginas o Preâmbulo que é uma síntese da finalidade de
A.A., além dos enunciados dos Doze Passos e das Doze Tradições. Mais adiante,
encontra uma variedade enorme de artigos que vão, desde depoimentos de membros,
trechos da literatura de A.A. até artigos de profissionais da saúde, educação e outros.
Aliás, os artigos de profissionais constituem uma recomendação do nosso trabalho junto à
comunidade, abrindo portas para que conquistemos mais amigos.
“A história de A.A. esta repleta de nomes de não alcoólicos, profissionais e leigos, que se
interessaram pelo programa de recuperação de A.A.. Milhões de nós devemos nossas
vidas a essas pessoas e nossa dívida de gratidão não tem limites.” (Do folheto: A.A. em
sua Comunidade).
Portanto, ao oferecermos um exemplar da revista ou uma assinatura para alguém não-
alcoólico estamos também contribuindo para levar a mensagem e fazendo um trabalho de
CTO, que é o agente da Quinta Tradição e do Décimo Segundo Passo. Muitas pessoas
que tomam conhecimento da nossa Revista acabam ficando interessadas pelos assuntos
ali tratados e tornam-se assinantes.
Mas é no trabalho do Décimo Segundo Passo e na Quinta Tradição que a Vivência vem
ampliando a sua participação junto aos Comitês Trabalhando com os Outros dos Grupos ,
no trabalho de estudos e treinamentos para melhoria e padronização da mensagem de
nossa Irmandade. A sua dinâmica com experiência atuais e passadas de membros de
A.A., e de nossos profissionais amigos, são matérias facilitadoras para compreensão e
aplicação dos Princípios de Alcoólicos Anônimos.
Queremos ressaltar que a Vivência não foi criada objetivando substituir nossas literaturas
oficiais de Alcoólicos Anônimos. “ A Revista tem como objetivo principal, o de informar ao
público em geral como funciona a Irmandade de A.A., destacando o Programa de
Recuperação, tendo também a finalidade de informar aos membros e aos Grupos de A.A.
o que a comunidade profissional pensa a respeito de nossa Irmandade e sobre o
problema do alcoolismo”. (Manual de Serviço de AA, pág. 125).
Assim podemos destacar dentro do seu conteúdo:
.Apadrinhamento, principalmente, aos recém-chegados na compreensão do Programa de
Recuperação através dos depoimentos pessoais;
.Complementação ao trabalho do Comitê Trabalhando Com Os Outros através dos
depoimentos pessoais e artigos de profissionais amigos;
.Apadrinhamento aos profissionais de diversas áreas no conhecimento de como funciona
o Programa de Recuperação de Alcoólicos Anônimos;
.Artigos dos Profissionais amigos que nos ajuda a compreender a doença do alcoolismo,
e a visão dos mesmos nas práticas diárias com os bebedores-problemas;
.Enfim, o apadrinhamento nos Princípios de AA: Recuperação, Unidade e Serviço.
CTO E A VIVENCIA
Todos nós sabemos que CTO significa Comitê Trabalhando com os Outros, gostaríamos
de interpretar essas letras para “Companheiros em ação com os outros”, ora Bill não dizia
que o Alcoólicos Anônimos é uma sociedade de alcoólicos em ação, assim
resumidamente toda a nossa ação seja ela para a manutenção da nossa estrutura, a
edição de livros, periódicos, informativos e livretes têm como finalidade exclusiva a
transmissão da mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Devemos utilizar todos esses
meios sempre que possível como ferramenta eficaz na transmissão da mensagem
àqueles que precisam. Nos Estados Unidos a Revista Grapevine é tida por alguns como a
principal ferramenta de Décimo Segundo Passo, e nos trabalhos de Informação ao
Publico.
Sabemos o quanto a nossa Vivencia tem ajudado muitos alcoólicos (as) na manutenção
da sua sobriedade porque não podem frequentar as reuniões em nossos grupos, pelos
mais variados motivos, ou seja, companheiros (as) que se encontram em locais
longínquos e de difícil acesso, os que cumprem pena em regime fechado, os que se
encontram internados em clinicas de recuperação ou hospitalizados, os que cumprem
jornada de trabalho a noite então eles (as) “frequentam a nossa reunião impressa”, a
forma como a Vivência é conhecida, pois como nas nossas reuniões presenciais o
conteúdo da revista também é o compartilhar e experiências forças e esperanças.
Temos assim o conhecimento da eficácia da Vivencia na manutenção da recuperação do
alcoólico, porque então não a utilizamos como meio de abordagem ao alcoólico que ainda
sofre, porque não a utilizamos como de meio de informação e aproximação com toda a
comunidade profissional das mais variadas especialidades, talvez estejamos sendo
redundante, pois uma grande parcela de companheiros(as) da nossa irmandade tem
conhecimento desta ferramenta de comprovada eficácia, o que nos falta de fato é ação.
Precisamos é deixar de ver a Revista como um periódico gerador de receitas, mas sim
como ferramenta auxiliar da mensagem de A.A.
Ressaltamos que nos Estados Unidos a Revista Grapevine, a nossa Revista pioneira, em
muitos anos apresentou resultado financeiro negativo, mas não deixou de cumprir o seu
papel na transmissão da mensagem, pois lá não se poupa esforços sejam eles
financeiros ou não para que a mensagem chegue ao seu destino. Pó outro lado
acreditamos que os exemplares já lidos devem continuar com o seu propósito de oferecer
ajuda aos que precisam após a leitura pelo assinante, dentre as forma de utilização
desses exemplares, para que a mensagem siga adiante, destacamos por experiência as
seguintes:
o Deixe no consultório do seu médico ou dentistas, quando não oferecer
assinatura de cortesia.
o Encaminhe para as clinicas de recuperação e instituições de tratamento
o Encaminhe para as instituições prisionais depois de contato prévio
o Deixe no salão do seu cabeleireiro
o Ofereça ao familiar que pediu ajuda
o Faça chegar ao companheiro (a) que se afastou
o Presenteie o ingressante
o Traga para o grupo para ser utilizada como tema de estudos
Essas são algumas maneiras simples de utilização da Revista, que podem ser
facilmente adotadas. Precisamos ampliar a nossa base de dados dos nossos amigos
profissionais da medicina, psicologia , psiquiatria e outros da áreas sociais, através de
assinaturas de cortesia que vem caindo ano a ano, e isso exige um trabalho de
responsabilidade e amor dos nossos representantes da Vivencia em todos os níveis da
nossa estrutura. Sabemos que quando falamos com o coração a mensagem chega e
atinge, não temos duvida que os depoimentos contidos na nossa Revista são a mais a
pura linguagem do coração, reflitamos sobre isso.
CTO e Vivência: Caminhando juntos
Qual o objetivo do CTO?
É fazer cumprir a nossa Quinta Tradição:
“Cada grupo é animado de um único propósito primordial – o de transmitir sua mensagem
ao alcoólico que ainda sofre”.
O Comitê Trabalhando Com os Outros organiza, estrutura e padroniza a divulgação da
mensagem de A.A., pois nenhum alcoólico poderá ser ajudado se não souber o que é
A.A. e onde poderá ser encontrado.
A Revista Vivência pode ajudar o CTO atingir seus objetivos? De que modo?
Na página 01 da Revista, no Preâmbulo, há uma síntese do que é Alcoólicos Anônimos.
Nossos Passos, Tradições, Conceitos, 12 Perguntas e endereços dos ELS também estão
inseridos.
As Comissões do Comitê Trabalhando com os Outros:
Muitas vezes utilizamos “terceiras pessoas” para fazer a mensagem de A.A. chegar ao
Alcoólico.
Bill utilizou um profissional da Medicina: Doutor Silkwort: um ministro religioso: Reverendo
Walter Tunks, a Irmã Ignatia e Sra. Henrietta Seiberling.
O CCCP – Comissão de Cooperação com a Comunidade Profissional - é a Comissão
responsável pelo bom relacionamento entre Alcoólicos Anônimos e a imensa gama de
profissionais. Esta Comissão entra em contato com os Profissionais da Organização que
pretende “dar assistência” aos alcoólicos.
. No 1º contato com o profissional, o companheiro da CCCP leva uma Revista Vivência e
oferece ao profissional. No dia da Reunião com os funcionários, oferece alguns
exemplares para os mesmos.
A CIP – Comissão de Informação ao Público - é a Comissão do CTO que informa o
público em geral sobre o Programa de Recuperação de Alcoólicos Anônimos. Ela mantém
viva a imagem da Irmandade junto à Comunidade informando principalmente os
profissionais sobre o trabalho que pode ser feito com o alcoólico ativo.
Como a CIP pode utilizar a Vivência para atingir seus objetivos?
. A Imprensa: A TV quer fazer um programa sobre o alcoolismo e convida A.A. No 1°
contato com o repórter, levar um exemplar da Revista Vivência.
. A Medicina: o médico psiquiatra chama A.A. para colaborar com o hospital psiquiátrico:
presenteá-lo com um exemplar da Revista Vivência.
. A Justiça: juízes, promotores, delegados, como funciona o A.A.? Há revistas com
depoimentos de detentos, levar um exemplar.
. A Educação: Universidades, Estagiárias: presentear o Reitor e depois os estagiários que
chegam aos grupos.
. A Religião: vamos formar um grupo; precisamos do salão da Igreja. Informar o religioso
o que é Alcoólicos Anônimos - levar uma revista.
. As Organizações Não-Governamentais, por exemplo, Casas de Recuperação; temos
grupo de apoio; levar a cada 15 dias um exemplar e sortear entre os internos.
. Assinatura-Cortesia: na comunidade onde se localiza o Grupo: ao Profissional, ao
Religioso, à Assistente Social, ao Médico, etc.
. Nas Reuniões de Informação ao Público: montar um stand com literatura de A.A. e
exemplares da Vivência. Um RV presente para a divulgação da Revista:
a) Falar sobre a revista, folheando-a;
b) Deixar a(s) folhear (em) também;
c) Abrir na página: Como saber se alguém é alcoólico?
d) Além de oferecer a assinatura, se notar que a pessoa está interessada, oferecer um
exemplar da Vivência.
A CIT – Comissão de Instituições de Tratamento - é a Comissão que leva a mensagem
de A.A. aos internos dos hospitais, Clinicas de Repouso. Levando a mensagem de A.A.,
esta Comissão reforça a possibilidade do paciente alcoólico continuar sóbrio após a alta
através da frequência aos grupos de A.A.
Como a Revista Vivência pode ajudar a CIT?
A Revista Vivência traz depoimentos de companheiros que estiveram internados, saíram
da internação e foram direto a um Grupo de A.A. Presentear o Diretor da Instituição com
um exemplar. No dia da Reunião do Grupo de Apoio, sortear um exemplar entre os
pacientes. Eles irão aguardar este momento. A Oração da Serenidade: falar durante o
depoimento e mostrar a 4ª capa da Revista.
A CIC – Comissão de Instituições Correcionais - é A Comissão que leva a mensagem de
A.A. aos presídios, penitenciárias e Instituições Correcionais. O que faz a Comissão de
Instituições Correcionais?
Primeiro: palestras aos funcionários do presídio; é importantíssimo que eles tenham a
noção exata de como a Irmandade vê o alcoolismo, sua proposta de recuperação e que
tipo de atividade A.A. pretende desenvolver junto aos presos;
Segundo: reunião com os reeducandos alcoólicos.
Como utilizar a Revista Vivência para a CIC atingir seus objetivos?
No 1º contato com o Diretor do Presídio: levar uma Revista Vivência. Presentear os
funcionários e os reeducando.
Como poderemos adquirir para o Comitê Trabalhando com Os Outros as revistas para
este trabalho maravilhoso da Quinta Tradição?
. solicitando aos companheiros que queiram colaborar com os trabalhos do Décimo
Segundo Passo e Quinta Tradição, que façam doações das Revistas Vivência já lidas.
. aquisição pelo Grupo, Distrito ou mesmo pelo CTO junto aos ELS das revistas com os
temas conforme o trabalho a ser realizado. E o mais importante: apadrinhar o ESL que dê
desconto para esta aquisição.
Revista Vivência: uma excelente ferramenta na prática dos Três Legados de A.A.
Na Recuperação:
É uma reunião impressa. Identificamo-nos com os depoimentos publicados nas edições
da Revista Vivência, pois eles são um veículo de recuperação à nossa disposição a
qualquer tempo e lugar possibilitando assim, o conhecimento de relatos "que talvez nunca
ouvíssemos", pois são depoimentos de companheiros e companheiras que estão em
outros estados, como por exemplo: nós que moramos em Goiás, como ouvir experiências
de companheiros do Acre, Amazonas ou até mesmo no Sul sem nos deslocarmos para lá
ou eles para cá?
A Vivência é a manifestação da vontade de Deus através dos membros; fonte geradora
de força, experiência e esperança, resultando em maior qualidade de recuperação de
seus leitores.
Na Unidade:
Na unidade orgânica dos Representantes de Serviços do Grupo a Vivência é um elo de
ligação com o Universo de Alcoólicos Anônimos através de todos os eventos e
acontecimentos publicados. É a manifestação do Amor de Deus através dos artigos dos
companheiros onde muitas vezes ou quase sempre são inspirados por Deus em bloco.
Explico: são muitas experiências sobre um mesmo assunto com prismas diferentes e
amplos que transmitem sentimentos, pensamentos e ações que ajudam a transformar o
velho homem renovando assim, o sentimento de unidade do novo homem, único e
verdadeiro caminho da sobriedade.
No Serviço:
"Quem quiser ser o primeiro, terá que ser servo de todos".
Ter o privilégio de ser um servidor em A.A. e digo mais: um servidor da Revista Vivência,
assim como no Comitê Trabalhando com os Outros e outro qualquer encargo é sem
dúvida um tanto complicado e ardil aos olhos do velho homem.
Ser RV, RVD e CRV vem suprindo minhas carências e deficiências gerando crescimento
como pessoa, como profissional e na vida familiar. O mais importante tem sido o
crescimento espiritual quando imbuído de coragem, sabedoria, amor, boa vontade e
anonimato venho servindo o próximo sem nenhum reconhecimento material ou troca de
favores pessoais, apenas o mais importante: paz e graça da parte de Deus nosso Pai.
ESCREVER O QUE?
A revista VIVÊNCIA tem se preocupado em compartilhar as maneiras individuais de se
praticar nossos princípios. Acreditamos que em A.A. a única forma de ensinar é falando
da gente, sobre a nossa experiência, falando a linguagem do coração. Portanto, como já
ficou claro em nossas edições, damos preferência aos artigos que falam sobre
experiências vividas, sejam elas baseadas em fatos acontecidos dentro da Recuperação
do autor, dentro da Unidade do Grupo ou em Serviço de A.A. Talvez você tenha ouvido
uma frase numa reunião de A.A. que gostaria de compartilhar, ou talvez somente queira
narrar um acontecimento curto de poucas linhas. Não importa o tamanho, mande para
nós. Precisamos também de artigos que caracterizem a função informativa de VIVÊNCIA
para a comunidade em geral, inclusive de profissionais amigos.
DOZE MANEIRAS DE USAR A VIVÊNCIA
Sente-se ressentido, confuso ou simplesmente aborrecido? Gaste alguns minutos com
VIVÊNCIA. Sua leitura lhe trará nova perspectiva do seu problema de bebida, do A.A. e
de você.
Para milhares de leitores, em milhares de grupos, no Brasil e no exterior, VIVÊNCIA é
muito mais que uma revista. É parte vital deste programa que ajuda homens e mulheres a
levar uma vida feliz e produtiva sem álcool.
VIVÊNCIA é um informativo inspirador, mensageiro simpático e prestativo como um
membro ou pessoa amiga - ou mesmo um grupo de A.A. de qualquer tamanho. É
particularmente útil no apadrinhamento.
Quer ter acesso aos Passos e Tradições? VIVÊNCIA não pode lhe dizer o que fazer, mas
certamente pode lhe mostrar a experiência de outros.
Eis algumas formas práticas como VIVÊNCIA é útil para muitos companheiros e grupos:
1. É uma reunião escrita
VIVÊNCIA é a solução ideal para quem não pode assistir às reuniões regularmente ou
para quem deseja mais reuniões. Compacta de fácil leitura, a cada bimestre, publica a
essência do que de "melhor" você poderia esperar de uma reunião.
2. É o presente ideal
Para um companheiro ou amigo, poucos presentes podem ser mais apropriados do que
uma assinatura de VIVÊNCIA. É uma lembrança continuada de sua atenção e fonte de
prazer e de inspiração para o presenteado.
3. Preparando palestras
Procurando ideias para fazer uma palestra mais interessante? Você encontrará na leitura
de VIVÊNCIA: histórias pessoais, artigos interpretativos, anedotas, noticiário de A.A. do
Brasil e do mundo, opiniões de médicos sobre o alcoolismo e o programa de recuperação
oferecido pelo A.A. e muitas outras matérias.
4. Informações
Como A.A está chegando aos hospitais e prisões? O que é a Conferência de Serviços
Gerais e o que ela significa para os membros de A.A. individualmente? E quanto ao A.A.
no resto do mundo? VIVÊNCIA traz o mundo para sua casa e o mantém sempre
atualizado.
5. É um fórum
Quer transmitir uma ideia? VIVÊNCIA lhe dá uma visão tão ampla quanto possível de
A.A. como um todo, onde você e seus companheiros podem permutar histórias, pontos de
vista e interpretações do programa de recuperação.
6. Companheira nas abordagens
Permita que VIVÊNCIA mostre ao recém-chegado o que A.A. realmente é - uma
maravilhosa comunidade humana de mais de dois milhões de homens e mulheres em
todo o mundo, unidos no propósito comum de permanecerem sóbrios e ajudar outros a
alcançarem a sobriedade.
7. Reuniões temáticas mais produtivas
Grupos de todo Brasil estão usando artigos de VIVÊNCIA para discussão em reuniões
temáticas. Com VIVÊNCIA, os membros ficam melhor preparados para tais reuniões,
capazes de contribuir mais construtivamente.
8. A experiência acumulada
Você pensa que seu grupo tem problemas? Não se preocupe. Procure inteirar-se das
inúmeras experiências de grupos publicadas frequentemente em VIVÊNCIA. É uma forma
construtiva de manter seu grupo sintonizado com as Tradições.
9. Uma aliada no A.A. Institucional
Existe alguém no seu grupo apadrinhando (ou pretendendo apadrinhar) um grupo em
hospital ou numa prisão? Uma assinatura de presente será profundamente apreciada por
homens e mulheres com limitados contatos com o mundo exterior.
10. Ofertada ao recém-chegado
Muitos grupos usam VIVÊNCIA como importante ajuda para os programas de
apadrinhamento. Encorajam os recém-chegados a ler a revista, a discutir e fazer
perguntas sobre os assuntos lidos. Alguns grupos oferecem gratuitamente uma revista a
cada visitante.
11. Ligação com a Irmandade
A.A. vem crescendo muito em todo o mundo. Seu grupo, seu distrito ou Área estão
experimentando as dores do crescimento? Muitas soluções podem ser encontradas
através das experiências compartilhadas em VIVÊNCIA.
12. Arquivo da história de A.A.
VIVÊNCIA espelha os acontecimentos da Irmandade de Alcoólicos Anônimos no
momento atual. É uma preciosa coleção da experiência acumulada ao longo dos
Porque a Revista Vivência é importante para os Aas, amigos de A. A. e Profissionais?
A Revista Vivência é ...
- Um “Décimo Segundo Passo moderno”. Quantas vezes ficamos inibidos em abandonar
o assunto alcoolismo; basta começarmos mostrando Nossa Revista seguida da
abordagem;
- Uma “Reunião Ambulante”; podemos levá-la a qualquer lugar e para casa. Quando
chegamos cansados do serviço, sem ânimo de irmos à reunião do grupo, ou há alguém
doente na família, que nos prende em casa, a Vivência nos servirá de alento para o
momento apenas;
- A melhor ajuda para os companheiros que estão em iminente recaída. É só ler qualquer
matéria que a compulsão desaparece;
- Como sugestão, poderá ser livro de cabeceira de todo AA, pois lendo toda manhã um
trecho de qualquer matéria, ficaremos fortalecidos nas próximas vinte e quatro horas;
- Útil no Apadrinhamento! Basta oferecer uma Revista Vivência ao seu afilhado;
- Importante para esclarecer os Profissionais e a Comunidade, pois divulga Alcoólicos
Anônimos e seu programa de recuperação. Poderá chegar aos profissionais e à
comunidade através de assinaturas/cortesia;
- Eficaz nas abordagens e aos familiares: basta oferecermos um exemplar da mesma ao
alcoólico problemático ou a um familiar do mesmo.
AO REPRESENTANTE DA REVISTA VIVÊNCIA
- Sugere-se que todo RV leia a Revista Vivência para obter subsídios e desenvolver seu
trabalho.
- Faça sua própria assinatura, pois ninguém pode divulgar um produto que não conhece.
- A tarefa do RV é divulgar a Revista Vivência junto aos membros do grupo e familiarizá-
los com a oportunidade de aprimoramento da sobriedade que ela oferece, através de
artigos baseados em experiências pessoais de recuperação escritos por companheiros de
A. A., além dos artigos escritos por não Aas sobre suas experiências profissionais.
Chamada às vezes de “reunião impressa”, a Vivência também publica um calendário
mensal dos eventos especiais de A. A.
- Ao RV eleito pelo grupo, sugere-se enviar seu nome e endereço para Vivência, Caixa
Postal 580, CEP 01060-970, São Paulo – SP. Os mesmos dados devem ser enviados
para o Coordenador de Publicação e Literatura da Área. Com estas informações ele será
devidamente cadastrado e receberá regularmente a correspondência com os formulários
de assinatura da Vivência.
Outras atribuições do RV
- Informar ao grupo a chegada de cada nova edição e comentar sobre as matérias nela
publicadas;
- Fazer com que a Vivência sempre esteja exposta em lugar visível no grupo e, se
possível, manter um pequeno mural com frases da última edição, cupom de assinatura,
lista das assinaturas vencidas e a vencer, etc.
- Sugerir ao grupo que ofereça, assinaturas de cortesia da Vivência a médicos, juízes,
advogados, delegados, assistentes sociais, jornalistas, repórteres, etc.
- Sugerir ao grupo que use artigos da Revista nas reuniões com temas e nos trabalhos do
CTO – Motivar os membros do grupo a mandarem colaborações para a Vivência: artigos,
desenhos, etc.
- Solicitar aos profissionais, principalmente àqueles que conhecem o nosso programa, o
envio de artigos à Revista.
- Orientar e motivar os companheiros a fazerem ou renovarem suas assinaturas, e
encaminhar à Vivência as assinaturas, renovações e sugestões dos assinantes.
- Seria bom que o RVD participasse das Reuniões Mensais do Distrito apresentando
sugestões para o RSG, incentivando a eleição do RV e, caso o grupo ainda não possua,
o RSG faria a divulgação da Revista.
- Ao RVD que tiver condições de visitar os Grupos de seu Distrito sugere-se apadrinhar
ou acompanhar o RV do Grupo falando sempre sobre a Revista Vivência e principalmente
sobre o tema específico de cada edição.
- A participação do RVD na Reunião Mensal da Área, na medida do possível, também é
importante.
- Tudo que fizermos para A. A. através de um trabalho como Servidor de confiança
estaremos fazendo para nós mesmos.
COMO CONQUISTAR E MANTER OS ASSINANTES DA REVISTA
VIVÊNCIA?
1) Da importância dos Detalhes
• As melhores técnicas de conquistar assinantes não custam absolutamente nada.
• Os assinantes adoram cortesia, simpatia, entusiasmo, alegria e companheirismo.
• Um aperto de mão, um abraço com alegria e a satisfação em atender, valem mais que
todas as promoções que são feitas por outros meios.
2) Acompanhamento
• a chave da fidelidade do assinante é o acompanhamento.
• Jamais esquecer o assinante. Jamais deixar que ele esqueça.
• Será bem sucedido quando se faz o acompanhamento dos membros assinantes
3) Contato Pessoal
• A propaganda é apenas 1% do processo de divulgação; o contato no dia a dia é o que
realmente funciona.
• Nada substitui um contato pessoal e caloroso.
• Todos querem se sentir únicos, esperados e importantes.
4) Sorrir
• A cada dia olho no espelho e analiso como anda a minha expressão facial.
• Evito expressão de indiferença
• Elimino a expressão de tristeza.
• Reforço toda expressão de alegria.
• Sorrio com franqueza quando falo algo.
5) Demonstração do Produto
• Valorizo cada demonstração, pois represento pessoas que se envolveram no processo
das edições.
• Procuro sempre mostrar da melhor forma a Revista Vivência e os Serviços.
• Os apelos feitos para os olhos são 70% mais eficazes do que apenas o uso das
palavras.
6) Facilidade e Agilidade
• Quanto mais facilito e agilizo a operação, mais os assinantes são atraídos.
• Manter as coisas simples, eliminando burocracia excessiva.
7) Laços de Companheiros
• Faço amigos. Todos gostam de comprar amigos.
• Procuro encantar os assinantes.
• Lealdade e transparência nas informações.
8) Comodidade
• Faço tudo para que o assinante ache cômodo fazer assinatura ou renovar comigo.
• Jamais dificulto as coisas.
• Procuro ser solução e não problema para o assinante.
9) Credibilidade
• Os pequenos atos desonestos prejudicam tanto ou mais que os grandes.
• Não prometo o que não posso cumprir.
• Evito criar altas expectativas.
• Procuro fazer mais que prometi.
• Os companheiros precisam confiar em mim para fazer ou renovar assinaturas.
• Eu sou a imagem da estrutura de serviços da Irmandade.
10) Motivação
• Pensamento positivo me transforma naquilo que penso.
• Ajo entusiasticamente.
• Entusiasmado, contagio meus companheiros RV’s, RVD’s e eles, os assinantes.
• “Não” é a palavra mais desmotivante.
11) Assinantes satisfeitos
• Assinantes satisfeitos são meus mais poderosos aliados.
• Minha principal tarefa é fazer o assinante feliz.
• Eles voluntariamente farão divulgação da Revista Vivência e da Irmandade.
12) Ação
• Haja o que houver, ajo.
• Perdendo tempo, destruo muitas oportunidades.
• Procuro a perfeição: sempre algo para melhorar.
• Ideias não são suficientes, somente a ação importa.
13) Reclamações
• Para cada reclamação, outros 20 assinantes com o mesmo problema não o fizeram.
• A reclamação é de grande valia para sanar os erros e melhorar sempre mais.
• Transformo o assinante queixoso em assinante ativo.
14) Persistência
• Em geral, não é no primeiro contato que a pessoa assina a Revista Vivência.
• A maioria desiste apenas a um passo do sucesso. Thomas A. Edison, um dos maiores
gênios da nossa História, persistiu mil vezes até inventar a lâmpada elétrica.
15) Criatividade
• Uso a imaginação.
• Observo e anoto tudo o que pode ser mudado e melhorado.
• Não imito, crio.
• As boas ideias possuem uma elegante simplicidade.
• Toda ideia nova é absurda, até que se torne um sucesso.
16) Acreditar em si mesmo
“Eu posso” é uma sentença poderosa. Há situações em que meu “faro” é fundamental.
• Ouço a minha intuição.
• Acredito em mim, mesmo que ninguém mais acredite.
Se eu não acreditar em mim, quem o fará?
• Todos gostam de compartilhar com o otimista.
REVISTA VIVÊNCIA
NA ÁREA 02 - MG
PODEMOS AJUDAR?
Se você é ASSINANTE DA REVISTA VIVÊNCIA na ÁREA 02 – MG, ou deseja ser um
assinante, ou mesmo, renovar a sua assinatura, presentear e no seu Grupo Base não tem
o RV (Representante da Revista Vivência) e no Distrito ao qual o seu Grupo faz parte,
não tem o RVD (Representante da Revista Vivência do Distrito), nos colocamos a sua
disposição para ajudar, basta manter contato.
e-mail: rvpodemosajudar@gmail.com
ANONIMATO by passea
5. Anonimato
5.1. A respeito de colocar a tradição do anonimato em primeiro lugar
Box 4-5-9, Natal / 1988 (pág 10-11)
=>http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_holiday88.pdf
Titulo original: “Respecto a colocar en primer lugar la tradicion de anonimato”.
Recentemente, em uma reunião de Grupo celebrada em Nova Jersey, um dos
participantes propôs uma modificação de grande monta na literatura de A.A. Provocou
alguma comoção. A proposta era que a Décima Segunda Tradição, também conhecida
como a tradição do anonimato, fosse “elevada” da última da lista para ser dali em diante a
Primeira Tradição. Um dos temas tratados nessa reunião, foi como reativar a consciência
interna da Irmandade a respeito da importância do anonimato para o futuro
desenvolvimento e sucesso de A.A. O membro em questão usou o seguinte argumento:
Se o anonimato é de primeira importância para o bem estar de A.A. – e certamente é,
então a tradição do anonimato deve ser a primeira e não a última e por conseguinte deve
encabeçar a lista. Considerando o mal compreendido que devem estar o significado e o
propósito por parte dos membros em geral, esta sugestão parecia ter seu mérito.
Efetivamente, esta nova lógica quase nos estava gritando que o “álcool” e o “anonimato”
eram as palavras-raízes do nome da Irmandade. Portanto, já que o “álcool”e o tema e o
impulso principal do primeiro dos Doze Passos, não seria justo e apropriado que
“anonimato”, com a mesma importância no que diz respeito à Irmandade, fosse o tema e
o impulso principal da primeira das Doze Tradições? Parece fazer sentido. Mas,
realmente o tem? Alguns dias depois dessa reunião em Nova Jersey, o subcomitê de
Informação Pública dos Custódios foi informado desta proposta – e seguiu-se uma
discussão muito instrutiva da qual surgiu, aliás, com grande rapidez, evidência
incontrovertível de que a Decima Segunda Tradição, a tradição do anonimato, é a décima
segunda e última porque assim deve ser. De acordo com a exposição do membro do
comitê, na mente da maioria dos principiantes – inclusive na de grande parte de membros
com vários anos de sobriedade, e com certeza para a maioria das pessoas de fora da
Irmandade, “anonimato”equivale a “vergonha”ou “medo”,e praticar o anonimato é
esconder-se. Esta é, de fato, a impressão provocada pela palavra “anonimato” quando
não é devidamente explicada, principalmente no que se refere aos membros de A.A. Se o
mero ou simples anonimato, não explicado, fosse o tema da Primeira Tradição, não iria
ser convidativo para o leitor explorar as outras onze, nas que se baseia a tradição do
anonimato. Pelo contrário, poderia causar repulsão e, portanto privá-lo, talvez para
sempre, de um dos verdadeiros tesouros de A.A. Portanto, os motivos do anonimato
estão explicados cuidadosa e individualmente nas onze tradições que lhe precedem, com
a finalidade de que o membro de A.A. ao chegar à Décima Segunda tenha plena
consciência das lições que aprendeu, assim como o consolo, a tranquilidade e outros
benefícios derivados da prática do anonimato. De acordo com o comitê, ninguém propôs
que o Décimo Segundo Passo, que começa dizendo “Tendo experimentado um despertar
espiritual, por meio destes Passos...” – quer dizer, os onze anteriores, deveria mudar de
lugar na série, passado último para o primeiro. De forma semelhante, as lições, os
objetivos e os benefícios descritos nas primeiras onze tradições estão resumidos e
consumados na Decima Segunda Tradição que diz “O anonimato é o alicerce espiritual
das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios
acima das personalidades”. Teria algo de ruim (ou “anti-programa”) pôr em dúvida a
colocação da tradição do anonimato e depois dedicar uma séria discussão ao assunto?
Definitivamente, não. Desde tempos remotos, quando a literatura básica de A.A. começou
a ser publicada, sempre houve membros que encontraram palavras ou locuções que, no
seu modo de ver, deveriam ser mudadas. Talvez algumas frases inteiras deveriam ser
riscadas ou alguns parágrafos suprimidos, ou reorganizados – ou removê-los para outro
lugar. Por muito acertada que possa parecer alguma correção ao primeiro olhar, uma
consideração mais aprimorada demonstra, a maioria das vezes, que, com relação ao que
precede e segue, o conteúdo é precisamente o que deve ser e está onde deve estar sem
possibilidade de “melhorá-lo”.Aos que propuseram a mudança, assim como aos demais, a
discussão lhes ensinou o raciocínio original que colocou a tradição do anonimato como a
décima segunda e última, e ainda deu a este raciocínio uma nova e viva força.
5.2. Fotografias nos eventos de A.A.: Pensar antes de clicar
Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2007 (pág. 3-4)
=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_febmar07.pdf
Título original: “Fotos en los eventos de A.A. Pensar antes de pulsar”.
Atualmente, quando se podem bater fotos dos nossos amigos de A.A. com um rápido
movimento de “focalizar e clicar”a partir de qualquer telefone celular, está mais fácil que
nunca esquecer a Decima Primeira Tradição de A.A. que diz: “Nossas relações com o
público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o
anonimato pessoal na imprensa, no radio e em filmes”. E de fato, esta Tradição resistiu às
provas do tempo.
Na Conferência de Serviços Gerais de 1974, Ruth H., então Delegada do Sudeste de
Nova York, disse: “Recentemente um membro local tirou fotos de todos os assistentes a
um aniversário pessoal, sem perguntar a ninguém se queria ou não ser fotografado. O
participante de honra (que está sóbrio há muitos anos em A.A.) foi fotografado junto com
os oradores e cortando o bolo, como se fosse um casamento. Quando perguntou ao
fotógrafo se havia pedido permissão aos assistentes para tirar fotos, ele disse: ‘É o meu
Grupo e a câmera é minha’”. Em outro caso, relatou Ruth, um membro que tinha sido
fotografado na reunião de seu aniversario, “ingenuamente colocou a fotografia na mesa
da sala de estar da sua casa. Um vizinho entrou, olhou e indicou com o dedo
outra pessoa na foto dizendo ‘não sabia que ele era membro de A.A.’”. Esse assunto,
disse Ruth, “foi apresentado na assembleia de Área. Alguns disseram: ‘todo mundo me
via bêbado, porque haveria de me esconder em A.A.?’”. Outros opinavam que se poderia
afugentar os principiantes, ou, pelo contrário, os principiantes podem pensar que ficaria
bem chegar na próxima reunião de aniversário munido de uma câmera. Depois de discutir
o assunto, Ruth disse,
“a assembleia aprovou a moção de que nosso comitê de Área‘sugere energicamente’ que
não sejam feitas fotografias em nenhuma reunião de A.A. – para proteger o anonimato de
todos os presentes e não afugentar os participantes, uma vez que fazer fotos viola ‘o
espirito da Primeira, Décima Primeira e Décima Segunda Tradições’”. Atualmente, a
decisão de fazer ou não fazer fotos de membros de A.A. nos eventos de A.A. é um
assunto de consciência de Grupo. Por exemplo, antes ou depois do último café da
manhã/almoço da Conferência de Serviços Gerais, são feitas muitas fotografias – mas
não durante nenhuma das sessões plenárias. De acordo com um membro do pessoal do
Escritório de Serviços Gerais – ESG, a experiência coletiva de A.A. indica que deve ser
consultada a consciência de Grupo antes de tomar uma decisão desse tipo. Se a
consciência de Grupo não aprova que se façam fotos, seria prudente anunciar essa
decisão de forma reiterada a todo o Grupo. E em todos os casos, antes de fazer uma
fotografia de um ou mais membros, é sugerido pedir permissão tanto a eles como ao
servidor indicado pelo Grupo para lidar com esse assunto. Repetidamente, a experiência
demonstrou aos AAs que estar no foco do público é perigoso para a nossa sobriedade
pessoal – e para nossa sobrevivência coletiva se quebramos o anonimato
diante do público e depois nos embriagamos. Mas, como disse Bill W., nosso cofundador,
“era preciso dar a conhecer A.A. de alguma maneira. Assim, recorremos à ideia de que
seria muito melhor deixar que nossos amigos o fizessem por nós” – entre eles, nossos
sete Custódios não alcoólicos (no Brasil são quatro). Podem ficar na frente das câmeras
ou utilizar seus nomes completos sem risco para si próprios ou para a Irmandade. Assim,
fazem chegar a mensagem de A.A. a muitos alcoólicos doentes e aos profissionais que
os assessoram e cuidam deles. Numa seção do Livro de Trabalho de Informação Pública
são oferecidas sugestões “Para levar a mensagem através dos meios de comunicação”.
Sugere que quando um membro de A.A. aparece na TV, o rádio ou internet, e se
identifica como tal, “será prudente fazer alguns acertos anteriores com o entrevistador
para que seja utilizado apenas o primeiro nome, e para que sua imagem apareça em
forma de silhueta, sem possibilidade de ser identificada. Na Conferência de Serviços
Gerais de 1968, foi manifestada a opinião de que‘aparecer na TV de uma maneira que se
possa ver todo o rosto é uma quebra de anonimato ainda que não seja revelado o nome
completo’”.Entretanto, se um membro de A.A. aparece publicamente como um alcoólico
em recuperação, mas não revela que é membro de A.A., “não há nenhum problema com
respeito ao anonimato. O membro aparece como qualquer outro convidado pode utilizar
seu nome completo e sua imagem pode ser reproduzida normalmente”. É importante ter
em conta que “um membro de A.A. que apareça como tal, com o anonimato protegido,
em um programa de entrevistas deve explicar com antecedência ao entrevistador que os
AAs tradicionalmente limitam seus comentários ao programa de A.A. O membro não se
apresenta como um especialista nem fala a respeito da doença do alcoolismo, as drogas,
o índice de suicídios, etc.”. Tradicionalmente, “os AAs falam por si próprios, não pela
Irmandade em seu conjunto”. Geralmente costumam ressaltar que “o único interesse de
A.A. é a recuperação e a sobriedade continuada” dos alcoólicos que procuram a
Irmandade em busca de ajuda. E que, “quando falamos como membros de A.A. nos
asseguramos de dizer que A.A. não opina sobre assuntos alheios à Irmandade”.
Ao refletir sobre as nossas Tradições de anonimato no número de outubro de 1948 da
Grapevine, Bill W. expressou com franqueza e um toque de humor, uma ideia que ainda
tem ressonância na atualidade: “Temos bons amigos à direita e à esquerda, tanto entre
os proibicionistas como entre os anti proibicionistas. Como a maioria das sociedades, às
vezes somos escandalosos – mas nunca em público... Nossos amigos da imprensa e do
rádio superaram-se a si próprios. Qualquer um pode ver que parecemos estar mimados.
Nossa reputação já é muito melhor que o nosso caráter real”.
5.3. Mais perguntas sobre o anonimato
Box 4-5-9, Primavera (Mar.) 2013 (pág 1-2)
=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_spring13.pdf
Título original: “Más preguntas sobre el anonimato”
No número de outono (Set.) de 2012 do Box 4-5-9 apareceram várias perguntas e
respostas relacionadas com o anonimato a nível pessoal – por exemplo, durante as
reuniões de A.A. e diante do público, baseadas na Décima Primeira Tradição de A.A.
(N.T.:1). Como indicado no primeiro parágrafo desse artigo, aquelas perguntas e
respostas era apenas uma pequena parte das indagações que chegam ao Escritório de
Serviços Gerais – ESG, em Nova York. Neste artigo trataremos de algumas mais.
Pergunta. –
Faz pouco tempo, num artigo da imprensa (ou Internet ou vídeo) apareceu a fotografia de
um membro de A.A. acompanhada do seu nome completo. O ESG irá encaminhar a esse
membro algum comunicado para indicar-lhe que isso é uma violação da Tradição do
anonimato?
Resposta. –
A resposta do membro do pessoal do ESG lotado na seção de Informação Pública é
muito provável que seja algo parecido com o seguinte: “Permita-me que lhe explique
como tratamos as quebras de anonimato aqui no ESG. Quando chega ao ESG uma
noticia de quebra de anonimato documentada e pode ser identificada a Área onde mora o
membro em questão, enviamos uma cara ao Delegado dessa Área, com cópias do artigo
ou transcrição e umas cartas-modelo de resposta adaptáveis à situação. O Delegado
normalmente escreve ao membro. Este procedimento está baseado numa Ação
Recomendável da Conferência.
De maneira geral, não contatamos os profissionais da mídia com referência a quebras de
anonimato quando suas reportagens foram baseadas em informações facilitadas por um
membro de A.A. Pedimos a colaboração da imprensa naquilo relacionado com manter
nossa Tradição de anonimato, mas esses profissionais não são obrigados a seguir
nossas Tradições a esse respeito. A responsabilidade de respeitar a Tradição do
anonimato não cabe aos profissionais da mídia, mas ao membro individual de A.A.
Tratamos sempre de nos comunicar de uma maneira não punitiva e que não possa ser
interpretada como tal de maneira a não provocar ainda mais controvérsia escrevendo
alguma coisa que possa ser publicada mais tarde num jornal, revista, etc. como sendo ‘A
opinião de A.A.’” Pergunta. – O membro do pessoal do ESG envia a mesma carta de
“Quebras de Anonimato”ao Delegado quando num obituário está indicado que o falecido
era membro de A.A. e também são publicados os nomes completos de outros membros
de A.A.?
Resposta. –
De maneira geral, aos membros de A.A., parece-lhes pouco sensato quebrar o anonimato
de um membro inclusive depois de morto, mas em todo caso, a decisão final sobre essa
questão cabe à família do membro. Entretanto, os membros de A.A. concordam com que
deva ser respeitado o anonimato dos membros vivos citados nos obituários ou em
qualquer folheto comemorativo ou nota necrológica.
Pergunta. –
Tem A.A. em seu conjunto uma política geral que se refira ao anonimato póstumo dos
cofundadores, Bill W. e o Dr. Bob?
Resposta. – Não. Mas no ano de 2001a Junta de Serviços Gerais aprovou a seguintes
normas para servir como guia aos AAs em toda atividade de informação publica
relacionada com os cofundadores de A.A.: “As normas de informação pública do ESG
devem servir para guardar ao máximo possível o
anonimato dos membros de A.A. vivos ou mortos, incluindo os cofundadores. A seção de
Informação Pública existe no que se refere ao público em geral, como uma fonte de
informação relacionada com o programa de recuperação da Irmandade de Alcoólicos
Anônimos, não como fonte de informação sobre membros individuais de Alcoólicos
Anônimos, vivos ou mortos. Na medida em que já se encontra na nossa literatura de A.A.
informação não anônima sobre
os nossos cofundadores, a qual está disponível ao público em geral, podem ser dirigidas
as solicitações de informação a estes textos. A seção de Informação Pública pode facilitar
copias dessa informação aos meios de comunicação. Não deve ser oferecida
voluntariamente nem facilitar
informação adicional, por respeito aos princípios tradicionais de anonimato de A.A., ou
pela alta estima que os cofundadores, como membros da Irmandade de Alcoólicos
Anônimos. Tinham por estes princípios. Não deve ser facilitada informação sobre outros
membros de A.A., antigos ou atuais, sob
nenhuma circunstância”.
Pergunta. –
Os cofundadores fizeram, eles mesmos, algum comentário a respeito do anonimato
póstumo?
Resposta. – No livro “A.A. Atinge a Maioridade”, Bill escreve: “O Dr. Bob era
essencialmente uma pessoa mais humilde que eu. De alguma forma era uma pessoa
espiritual ‘natural’ e o anonimato lhe resultava fácil. Não podia entender porque algumas
pessoas precisavam de tanta publicidade. Nos anos que precederam à sua morte, seu
exemplo pessoal de respeito ao anonimato ajudou-me muito a guardar o meu próprio.
Lembro particularmente, uma comovente ocasião que acredito que todos Aas deveriam
conhecer. Quando foi comunicado que tinha uma afecção mortal, alguns de seus amigos
sugeriram que se erguesse um monumento ou mausoléu na sua honra e na da sua
mulher Anne, alguma coisa digna de um fundador e sua esposa. Certamente, este foi um
tributo muito natural e espontâneo. O comitê criado para esse fim chegou inclusive a lhe
mostrar a maquete do monumento proposto. Comentando isto comigo, o Dr. Bob sorriu e
disse: ‘Deus os abençoe. Têm boas intenções. Mas pelo amor de Deus, Bill, Porque não
nos enterram a você e a mim como aos demais? Um ano depois da sua morte visitei o
cemitério de Akron onde repousam os restos mortais do Dr. Bob e Anne. A simples lápide
mortuária não diz uma única palavra a respeito de Alcoólicos Anônimos. Algumas
pessoas podem pensar que este casal maravilhoso levou longe demais o anonimato
pessoal ao recusar, com firmeza, usar as palavras ‘Alcoólicos Anônimos’até na lápide. Da
minha parte não acredito que seja assim. A mim parece-me que este último e comovente
exemplo de humildade tem um valor mais duradouro para A.A. que qualquer publicidade
espetacular ou mausoléu majestoso”.
Pergunta. –
Já sei que na literatura de A.A. Bill escreveu muito a respeito do anonimato, mas estou
seguro que ele não poderia ter previsto a explosão tecnológica moderna. Como
protegemos o anonimato on-line?
Resposta. –
A comunicação em A.A. nos dias atuais flui de um alcoólico para outro através da
tecnologia de ponta, de uma maneira relativamente aberta que vai evoluindo com muita
rapidez. A proteção do anonimato é a preocupação principal dos membros, cada vez mais
numerosos, que acessam a Internet.Um recurso orientador da experiência compartilhada
de A.A. referente aos sítios da Web é o artigo de serviço do ESG “Perguntas frequentes a
respeito dos sítios Web de A.A.”(N.T.:2). A pregunta de número 7 diz: “E, enquanto ao
anonimato?”. Sua resposta: “Observamos todos os princípios e Tradições de A.A. em
nossos sítios Web. Uma vez que o anonimato é ‘o alicerce espiritual das nossas
Tradições’, praticamos o anonimato em todo Este folheto foi atualizado pela 61ª
Conferência de Serviços Gerais em maio de 2011. No passado outono (Set. 2012), o
Comitê deInformação Pública dos Custódios pediu que fosse atualizada a capa para
comunicar melhor os membros a respeito do conteúdo de uma ampla variedade de
informação a respeito do anonimato nos meios eletrônicos e nas redes sociais, sobre o
anonimato póstumo e como falar do anonimato aos membros da sua família. Momento
em todos os sítios Web de A.A. Um sítio Webde A.A. é um meio de comunicação público
que tem a capacidade de alcançar a audiência mais diversificada e numerosa possível e,
portanto, é necessário valermos-nos da mesma proteção que utilizamos diante da
imprensa, do rádio e o cinema. Ao utilizar os meios digitais, os membros de A.A. são
responsáveis pela proteção do seu próprio anonimato e o dos demais. Quando enviamos
mensagens de texto ou escrevemos num blog devemos assumir que estamos fazendo
uma divulgação pública. Quando quebramos nosso anonimato nestes fóruns, é possível
que, inadvertidamente, quebremos o anonimato de outros”.(Ver “Guia de Orientação na
Internet”, Junaab, código 245).
Para mais informação sobre o anonimato “on-line”, ver o folheto “Compreendendo o
Anonimato”, (ao lado) (N.T.:3) recém-reimpresso com nova capa contendo arte e
símbolos para representar a grande variedade de recursos para que os membros de A.A.
protejam seu anonimato e o dos seus companheiros.
5.4. O anonimato – a humildade em ação
Box 4-5-9, Ago. Set. / 1996 (pág. 1-2)
=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_aug-sept96.pdf
Título original: “El anonimato: la humildad en acción".
Nesta década de 1990, na que se considera Alcoólicos Anônimos como uma força do
bem, parece que cada vez mais membros bem-intencionados,incluindo uma multidão de
celebridades bem conhecidas, revelam seus nomes como membros de A.A.nos meios de
comunicação e fazem alarde da sobriedade alcançada na Irmandade – sempre com a
intenção de ajudar o alcoólico que ainda sofre. Talvez não conheçam a Tradição do
Anonimato, ou a considerem como algo fora de moda ou, ainda, que acreditem que o
mais importante é procurar que a mensagem seja difundida. Isto não é novidade. Como
escreveu Bill W., cofundador de A.A., faz mais de 40 anos, no número de janeiro de 1955
na revista Grapevine: “Os velhos arquivos da Sede de A.A. contém dúzias de
experiências de rupturas de anonimato parecidas. A maioria delas ensinam-nos as
mesmas lições. Nos ensinam que nós, os alcoólicos, somos os maiores racionalizadores
do mundo; que fortalecidos com o pretexto de fazer coisa boas porA.A., quebrando nosso
anonimato, poderemos
estar reiniciando nossa velha busca desastrada pelo poder e prestígio pessoal, as honras
públicas e o dinheiro – os mesmos impulsos implacáveis que antes, ao serem frustrados,
fizeram-nos beber; as mesmas forças que atualmente desgarram o mundo. Além do mais,
deixam muito claro o fato de que uma quantidade suficientemente grande de pessoas que
quebraram seu anonimato de forma sensacionalista, poderia arrastar consigo a nossa
Irmandade inteira para uma rua sem saída”. Como nos indica a literatura de A.A., as Doze
Tradições pedem-nos repetidamente que renunciemos a nossos desejos pessoais em
favor do bem comum, e assim levem-nos a compreender que o espirito de sacrifício,
simbolizado pelo anonimato, é a base de todas as nossas Tradições. Tudo isto é muito
bom, mas, como indivíduos e como membros de um Grupo, qual é a melhor maneira de
colocar em prática este princípio? Quais os critérios que utilizamos para abrir o
anonimato? E, o que podemos fazer para evitar as quebras do anonimato? Em 1988 uma
onda de quebras de anonimato conduziu à formação de um subcomitê especial do
Comitê de Informação Pública da Junta de Serviços Gerais. Sua tarefa, que não tinha
nada a ver com culpar os meios de comunicação e tinha muito a ver com o fato de que a
Irmandade deveria fazer seu próprio inventario, tinha duas facetas: elevar a consciência
dos membros “a respeito do propósito do anonimato e porque é vital nossa sobrevivência
como Irmandade; e pedir aos AAs de todos os lugares que ajudem a proteger esta
salvaguarda”. Faz alguns meses, enquanto o subcomitê estava-se preparando para se
dissolver depois de seis anos de esforços intensos, seus membros chegaram à conclusão
de que quantos mais Distritos, Áreas e Grupos de A.A. compartilhem sua experiência a
respeito da Tradição do Anonimato, mais saudável ela se tornará e mais saudáveis
ficaremos nós. Com essa finalidade, o comitê sugeriu uma série de temas de discussão.
A seguir, aparecem alguns deles, acompanhados de algumas das muitas respostas
encontradas na literatura de A.A.
Pergunta:
Qual é a relação entre o anonimato e “o egoísmo - o egocentrismo... a raiz de todos
nossos problemas”como Bill W. descreve no Livro Grande?
Resposta:
Bill W. com frequência advertia que se nos esquecermos do princípio do anonimato, iria
se abrir a caixa de Pandora (*) do egoísmo, liberando os espíritos da ambição mundana
tão perniciosos para nossa sobrevivência. Portanto, explicava, “a essência espiritual do
anonimato é o sacrifício dos nossos desejos pessoais em prol do bem comum”.
Pergunta:
Como tratamos o assunto do anonimato dentro do Grupo?
Resposta:
De maneira geral, não escondemos de ninguém a nossa identidade nos nossos Grupos e
reuniões. Entretanto, cada individuo e cada Grupo têm o direito de utilizar seus próprios
métodos. Porém, de acordo com o espirito das Tradições, é necessário que percebamos
que o principio do anonimato é bom para todos nós; devemos sempre ter presente que a
segurança e a eficácia futuras de A.A. dependem da sua conservação. Ao mesmo tempo,
todos os membros de A.A. devem ter o privilégio de vestir-se de tanto anonimato pessoal
quanto desejem.
Pergunta:
E o anonimato pessoal a nível público?
Resposta:
A nível pessoal, o anonimato assegura que os membros não sejam identificados como
alcoólicos; a nível da imprensa, a radio, a televisão e o cinema, ressalta a igualdade de
todos os membros ao colocar um freio naqueles que poderiam se aproveitar de sua
afiliação a A.A. para conseguir reconhecimento, poder e ganância pessoal.De acordo com
a Décima Primeira Tradição – forma longa, “Nossa relações com o público em geral
devem caracterizar-se por um anonimato pessoal. Acreditamos que A.A. deve evitar a
publicidade sensacional. Nossos nomes e fotografias, na qualidade de membros de A.A.,
não devem ser divulgados pelo radio, cinema ou imprensa. Nossas relações com o
público devem orientar-se pelo princípio da atração e não da promoção. Nunca há
necessidade de elogiarmos a nós mesmos. Achamos melhor deixar que nossos amigos
nos recomendem”.
Pergunta:
Colocamos e um pedestal alguns AAs?
Resposta:
Em um artigo publicado no número de outubro de 1947 da revista Grapevine, Bill W. falou
da síndrome do pedestal: “Por alguma razão, parece que qualificativo ‘fundador’chegou a
se aplicar exclusivamente ao Dr. Bob e a mim... Este sentimento nos é muito
comovedor...
entretanto, começamos a nos perguntar se, no longo prazo, tal ênfase exagerado será
bom para A.A.” Sua resposta a este situação esta na declaração explicita de que “como
membros particulares de A.A. devemos ser anônimos perante o público em geral... o Dr.
Bob e eu acreditamos que esta
saudável doutrina também deve aplicar-se a nós. Não pode haver nenhuma boa razão
para abrir uma exceção com ‘os fundadores’. “Quanto mais tempo os pioneiros de A.A.
ficarmos no centro do cenário, mais possível será que sentemos perigosos precedentes
para estabelecer uma liderança personalizada e permanente. Para assegurar o bem
futuro da Irmandade, não é precisamente isto que devemos evitar?... Embora sempre
gostaríamos de ter a satisfação de ser lembrados entre os originadores, esperamos que
vocês comecem a considerar-nos apenas como pioneiros e não como ‘fundadores’.
Assim,
poderemos também nos juntar a A.A.?” O Dr. Bob morreu em novembro de 1950; Bill W.,
em janeiro de 1971 – e seu nome, fotografia e história apareceram pela primeira vez nos
meios de comunicação do mundo todo. Na primavera daquele ano, a Conferência de
Serviços Gerais determinou que “não é prudente quebrar o anonimato de um membro
inclusive depois da sua morte, mas, em cada situação cabe à família tomar a decisão
final”. A Conferência de 1992 reafirmou esta opinião acrescentando que “os Arquivos
Históricos continuarão protegendo o anonimato dos AAs falecidos assim como o dos
demais membros”. Considerando o atual (1996) numero de membros de A.A. –
aproximadamente dois milhões no mundo todo, as quebras de anonimato ante o público,
embora preocupantes quando acontecem porque podem representar perigo, de fato são
relativamente poucas e incomuns. De acordo com um relatório com o título “As Origens
do Anonimato”,apresentado pelo Comitê de Arquivos Históricos da Junta de Serviços
Gerais à Conferencia de Serviços Gerais de 1989, “é possível que isto se deva ao fato de
que, na medida em que a Irmandade vai amadurecendo, os membros alcançam uma
compreensão cada vez mais clara do valor que tem o anonimato a nível publico para eles
mesmos”.(*) N.T.: Caixa de Pandora é um artefato da mitologia grega, extraído do mito da
criação de Pandora, que foi a primeira mulher criada por Zeus. A "caixa" era na verdade
um grande jarro dado a Pandora, que continha todos os males do Mundo. Então Pandora,
com sua curiosidade, abriu o frasco e todo o seu conteúdo, exceto um item, foi liberado
para o mundo. O item remanescente foi a esperança. Hoje em dia, abrir uma "caixa de
Pandora"significa criar um mal que não pode ser desfeito.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caixa_de_Pandora
5.5. O anonimato diante do público
Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2004 (pág. 8-9)
=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_feb-mar04.pdf
Título original: “El anonimato ante el público”.
Uma figura de muita visibilidade do cinema se interna em um centro de tratamento; sai e
aparece em um programa de televisão falando em termos elogiosos de “minha nova vida
em A.A.” Poucos meses mais tarde sai publicada a noticia de que “novamente foi
encontrado embriagado”. Um político apanhado em maus lençóis protesta, “o álcool me
fez atuar desse jeito, porém agora assisto reuniões de A.A.” Ou, um escritor, bem
intencionado, mas excessivamente entusiasmado, fala de sua “cura em A.A.” e promete
publicar a sua história para “ajudar outros iguais a mim”. Passados seis meses aparece a
noticia da sua “recaída”. O que faz a Irmandade frente a quebras de anonimato como
estas e outras que acontecem a cada ano às centenas? O que fazem individualmente os
membros de A.A. para ajudar? E, a quem cabe a responsabilidade? Como se percebe
claramente nas cartas enviadas ao Escritório de Serviços, ESG, muitos membros de A.A.
estão realmente preocupados, e de fato, alguns ficam com raiva devido a essas rupturas
da Tradição do anonimato, à qual Bill W., chamava “a chave de nossa sobrevivência
espiritual”. Entretanto, muitos desses companheiros desconhecem o que faz o ESG a
respeito, nem como eles próprios podem ajudar e contribuir para um efeito decisivo. A
cada ano o Comitê de Informação ao Público da Junta de Custódios envia uma carta aos
representantes dos meios de comunicação para lhes explicar a Tradição do anonimato de
A.A. perante o público. Muito apropriadamente em nossa época de computadores, e
diferentemente da primeira missiva um tanto verbal enviada em 1949, o texto, que
aparece que aparece no sítio de A.A. – http://www.aa.org, é breve e conciso. No entanto,
apesar das ligeiras revisões cosméticas feitas ao longo dos anos, a mensagem não
mudou. Primeiro, há uma expressão de gratidão “pela ajuda que nos deram nossos
amigos dos meios de comunicação que nos ajudaram a salvar inumeráveis vidas”.Logo
pedimos às agências de mídia que continuem nos ajudando, apresentando os membros
de A.A. unicamente por seu nome no registro civil sem divulgar fotos em que o membro
possa ser reconhecido. “O anonimato tem uma importância fundamental para nossa
Irmandade e oferece aos nossos membros a segurança de que sua recuperação será um
assunto confidencial. Com frequência, o alcoólico ativo evita qualquer fonte de ajuda que
possa revelar sua identidade”. A carta de anonimato mais recentemente redigida, em
fevereiro de 2004, como de costume será publicada em três idiomas – inglês español e
francês, e enviada a aproximadamente 10.000 jornais periódicos e emissoras de rádio e
televisão nos EUA e Canadá, com a esperança de que os editores gerentes, repórteres,
apresentadores de rádio e TV e muitos outros que trabalham nesse campo,
especialmente os entrevistadores e que fazem reportagens sobre celebridades que são
membros de A.A., a vejam, a leiam e a levem em conta. À carta e juntado um cartão de
resposta com porte pago e outro cartão com informações básicas de A.A. Em muitas
Áreas o Comitê de Informação ao Público local fazem copias do texto em papeis com seu
timbre e as enviam aos representantes dos meios de comunicação locais. Embora
façamos todo o possível para informar os meios de comunicação sobre nossa Décima
Primeira Tradição, normalmente não mantemos contato direto com os profissionais que
fazem suas reportagens baseados em informações fornecidas por membros de A.A. No
folheto de A.A., “Compreendendo o anonimato”, nos é lembrado que não é da
responsabilidade dos meios de comunicação manter nossas Tradições; é nossa
responsabilidade pessoal. Portanto, quando o ESG toma conhecimento de uma quebra
de anonimato diante do público, a Conferência de Serviços Gerais recomendou que o
membro do pessoal locado do escritório de informação pública comunique o fato ao
Delegado da área onde o incidente aconteceu. Dessa maneira, um membro local pode
entrar em contato com o companheiro cujo anonimato foi violado para falar-lhe
amigavelmente sobre a importância da Décima Primeira Tradição. O modelo de carta que
se ajunta à nota dirigida ao Delegado diz o seguinte: “Talvez esta quebra de anonimato
tenha ocorrido sem o seu consentimento ou sem você saber; entretanto, se for
entrevistado no futuro, ficaremos muito gratos se tiver a gentileza de mencionar nossas
Tradições de anonimato aos profissionais de mídia. Às vezes não as compreendem, mas,
quase sempre as respeitam”. Ao final das contas, a experiência de A.A. indica que os que
têm maior probabilidade de proteger nossas Tradições são os Grupos e os membros
individuais. Cada vez que um Grupo realiza uma reunião focada nas Tradições, o cimento
que mantém unida nossa Irmandade, ou lembra aos participantes ao abrir a reunião “o
que aqui é dito, não sai daqui”,o conceito que vamos formando do anonimato diante do
público vai ficando mais forte. A cada vez que um padrinho reforça ao iniciante a
importância do anonimato diante do público, explicando-lhe, com palavras da Décima
Primeira Tradição, que “a ambição pessoal não tem lugar em A.A.”, se torna mais forte o
nosso anonimato coletivo. Talvez seja este o nosso meio principal para antepor a tudo
nosso bem-estar comum.
5.6. O anonimato e as redes sociais
Box 4-5-9, Inverno (Dez.) 2009 (pág. 8-9)
=>http:// http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_holiday09.pdf
Título original: “El anonimato y el Internet” (Também traduzido e adaptado pelo CATI-
JUNAAB para o Brasil)
No mundo atual com o ritmo acelerado da alta tecnologia, os membros de A.A. estão
acessando a Internet em número cada vez maior e de forma que não poderia ter sido
imaginado até dez anos atrás. O bate-papo online de membros em todo o mundo se
tornou comum, e uma quantidade enorme de informações sobre o alcoolismo e AA é
obtida apenas com um clique do mouse. Portanto, com a amplitude do alcance da
Internet vieram desafios, preservar as Tradições de A.A. no universo online é um assunto
importante para todos na Irmandade. Tal como acontece com vários temas que são
abordados pelo AA, o Escritório de Serviços Gerais – ESG compilou um conjunto de
Orientações sobre a Internet (MG-18) (no Brasil os Guias de orientação de A.A. na
Internet aprovadas pela XXXIV CSG) com base na experiência compartilhada dos
membros de A.A., através de seus comitês
e comissões, que cobrem muitas das questões que esta nova tecnologia nos trás. Uma
dessas áreas de preocupação é a questão do anonimato
online, particularmente no que se refere aos sites de redes sociais, o que levou-nos a ter
um olhar mais atento para a literatura de A.A. e como as Tradições de A.A. podem ser
mais bem aplicadas neste meio popular de comunicação. "Qual é o propósito do
anonimato em Alcoólicos Anônimos?" e,"Por que é frequentemente referido simplesmente
como a melhor proteção que a Irmandade tem para garantir a sua existência e
crescimento?". Para estas perguntas a Conferência de Serviços Gerais de A.A. aprovou o
panfleto, "Entendendo o anonimato"(EUA/Canadá), que esclarece sobre anonimato e as
Tradições de A.A., trata da publicação em artigo de jornal/revistas ou sites na Internet,
sobre o nome completo ou fotos de membros de A.A.. "Se olharmos para a história da
AA, desde o seu início em 1935 até agora,", diz o folheto,“é claro que o anonimato serve
para duas funções diferentes, mas igualmente vitais:
Ao nível pessoal, o anonimato fornece proteção para todos os membros identificados
como alcoólatras, um salvaguarda de segurança, muitas vezes de importância crucial
para recém chegados. Ao nível da imprensa, rádio, TV, filmes e novas tecnologias de
mídia como a Internet, o anonimato sublinha a igualdade na Irmandade de todos os
membros, colocando um freio sobre aqueles que poderiam explorar sua filiação em AA
para conseguir o reconhecimento, poder, ou ganho pessoal". Quanto à pergunta
específica, "Sobre o anonimato online?”,os Guias de Orientações de A.A.
na Internet dizem: "Um Web Site é um meio público, que tem o potencial de atingir o
público mais amplo possível e, por conseguinte, exige as mesmas garantias que usamos
ao nível da imprensa, rádio e cinema".No entanto, o ESG recebe numerosas
comunicações de membros preocupados com quebras
de anonimato online, uso inadequado do nome e direitos autorais e marcas registradas de
A.A., matérias sendo indevidamente usados em sítios de redes sociais como Facebook,
MySpace, Twitter, Orkute outros. Estes sítios oferecem aos indivíduos a oportunidade de
postar uma grande quantidade
de informações pessoais (e outras), e também permitem que os usuários criem redes
sociais de “grupos"ou "eventos" para pessoas com interesses afins. Alguns membros não
publicam em seus perfis nada que seja relacionado ao A.A., enquanto outros entendem
que é correta a publicação, desde que não seja especificamente mencionado A.A., já
outros colocam abertamente a condição de membros de A.A. Um membro nos escreveu o
seguinte: “Digitei ‘Alcoólicos Anônimos’num desses sítios de redes sociais e surgiu uma
comunidade com mais de 6.600 membros. Entendi que parecia ser um lugar seguro para
frequentar por isso achei que estava tudo bem. Então entrei para ver quem eram os
membros e quando a página abriu vi o nome e o sobrenome dos membros dessa
comunidade, muitos com fotos. A partir daí, dependendo das configurações de
privacidade das pessoas, pude ver facilmente informações pessoais sobre essas
pessoas, suas famílias e amigos”. “Eu fui apadrinhado sobre a importância de nossas
tradições", continua dizendo o membro de A.A. “e de manter nossa Irmandade da mesma
maneira que a encontramos... Em minha opinião esta página não reflete o que é de A.A.”.
Na sua resposta a outro membro de A.A. que escreveu ao ESG expressando
inquietações semelhantes, o membro do pessoal do ESG responsável pela seção de
Informação Pública diz: “Alguns membros de A.A. acham que sítios de redes sociais são
um espaço privado; outros membros discordam fortemente e os entendem como um
ambiente público. Os guias de Orientação de A.A. na Internet definem que os sítios de
redes sociais são de ‘natureza pública’". Quando é alertado sobre eventual quebra de
anonimato a nível público – em revistas, jornais, televisão, etc., e depois de comprovar
que realmente se tratava de uma quebra de anonimato, o ESG normalmente encaminha o
caso para o Delegado da Área onde reside o membro para que se
encarregue de resolver esse assunto da maneira que lhe pareça oportuno (o Delegado da
Área geralmente envia um lembrete amigável para esse membro falando a respeito da
importância da Décima Primeira Tradição). Em relação à Internet, o método atual de
abordar a quebra de anonimato de um membro em nível público “não se aplica bem aos
sítios das redes sociais”. Dada a popularidade alcançada pela Internet e o grande número
de pessoas envolvidas. A questão do anonimato passou a ser preocupante, e procuramos
na experiência compartilhada acumulada dentro da Irmandade a respeito deste meiode
comunicação em rápida evolução, observar as palavras de Bill W. quando descreve o
anonimato como “o alicerce espiritual das nossas Tradições”. Como a maioria dos
assuntos em A.A., independentemente de como a Internet e novas tecnologias
possibilitem um e outro membro compartilharem, há grande benefício ha ser alcançado se
tivermos um cuidado e uma avaliação prudente sobre esse assunto que causa
preocupação para muitos membros. Falar com os padrinhos em A.A. e outros
companheiros a respeito de como aplicar as Tradições “on line”, possivelmente oferecerá
aos membros que utilizam esta tecnologia uma melhor compreensão de como nos
apresentar como membros de A.A. diante de qualquer pessoa –
seja ou não membro de A.A., que possa “entrar” sem avisar nas salas dos muitos sítios
das redes sociais Conforme apresentado no panfleto "Entendendo o
Anonimato"(EUA/Canadá), a respeito do anonimato online, a consciência coletiva de AA
expresso através de Conferência (EUA/Canadá) aprovou, na sua literatura sugestão que
"os lugares de acesso público da Internet, como sites da Web com texto, gráficos, áudio e
vídeo deve ser considerados como uma forma de ‘meios de comunicação pública’. Assim,
eles precisam ser tratados da mesma maneira como a imprensa, rádio, TV e filmes. Isto
significa que os nomes completos e os rostos não devem ser usados, nem dados de
identificação. No entanto, o nível de anonimato, nos correios eletrônicos, reuniões on-line
e salas de chat serão uma decisão pessoal".
5.7. O anonimato e os meios de comunicação
Box 4-5-9, Primavera (março) 2010 (pág. 9)
=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_spring10.pdf
Título original: “Carta de Anonimato a los medios de comunicación”.
A cada ano, desde 1949, o Comitê de Informação ao Público da Junta de Custódios envia
uma “Carta de Anonimato”anual aos meios de comunicação.
A singela carta agradece aos membros desses meios – repórteres de notícias, diretores
de fotografia e apresentadores de rádio e de televisão, o apoio que sempre prestaram a
Alcoólicos Anônimos no sentido de respeitar e proteger o anonimato dos membros de
A.A. e pede que esta
colaboração mantenha sua continuidade. Além disso, a carta solicita que ao apresentar
os membros de A.A. utilizem apenas o nome, sem o sobrenome, e que não sejam feitas
fotografias nas que possam ser reconhecidos seus rostos. Também explica que: “O
anonimato tem uma importância central para a nossa Irmandade e oferece aos nossos
membros a segurança de que sua recuperação será um assunto confidencial. Com
frequência, o alcoólico ativo evita qualquer fonte de ajuda que possa revelar sua
identidade”.Neste mês de fevereiro (2010), foram enviadas aproximadamente 9.000
cartas aos meios de comunicação dos EUA e Canadá (incluindo os meios em español
dos EUA e em francês de Québec). A carta também está na Web, no sitio do GSO.
Apesar do alcance da Carta de Anonimato e do cuidado dos membros e grupos de A.A.
de todas as partes e lugares, ocorrem quebras de anonimato, algumas ocasionadas por
celebridades bem intencionadas ansiosas por “ajudar outros alcoólicos como eu”.O que é
feito para responder a essas quebras de anonimato e às dezenas que ocorrem a cada
ano? Como indicam as cartas que se recebem no Escritório de Serviços Gerais, os
membros têm expressado uma constante preocupação por estas violações à Décima
Primeira Tradição, ”Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da
promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em
filmes”a qual Bill W., chamou de “a chave da sobrevivência espiritual de A.A. ”Quando
ocorre uma quebra de anonimato, os membros de A.A. pedem com frequência ao ESG
que envie uma carta aos responsáveis pelos meios que veicularam a notícia. Porém,
desde faz bastante tempo, o consenso da Conferência de Serviços Gerais tem sido que a
responsabilidade de proteger a Tradição do Anonimato a nível público e de responder às
quebras de anonimato nos meios de comunicação, cabe aos indivíduos, grupos e órgãos
de serviço da Irmandade. Assim, quando ocorre uma quebra de anonimato a nível público
o gabinete de Informação ao Público do ESG, envia uma carta ao delegado da Área
pertinente informando sobre os detalhes e sugerindo que o delegado ou outro servidor de
confiança se ponha em contato com o membro. O ESG apenas escreverá a carta se o
delegado assim o solicitar.
5.8. O anonimato nas reuniões “on line”
Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2004 (pág. 7-8)
=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_feb-mar04.pdf
Título original: “El anonimato em las reuniones em línea”
A internet é um lugar sedutor para os AAs. Consideramos as reuniões on-line como
entidades de extensão global por estar na Web; mas, e o anonimato on-line? É bastante
natural que os AAs, sentados na frente de seus computadores, tenham a impressão de
estar compartilhando individual e pessoalmente em um ambiente íntimo, especialmente
por não se encontrar entre uma multidão de companheiros numa grande sala de reunião.
Entretanto, há que se fazer uma advertência, a experiência de A.A. sugere que: a internet
é um meio de comunicação internacional e nem todos que “escutam” têm a mesma
amplitude de conhecimento a respeito do que A.A. é e não é e por isso precisamos nos
lembrar, e a nossos companheiros, que o que fazemos é levar a mensagem de A.A. e
não a nossa mensagem pessoal. A maioria dos AAs informados pelas lições da nossa
história compartilha a crença de que, entre outras coisas, o anonimato tem dois
importantes objetivos: a segurança e a espiritualidade. A certeza de que será respeitada
sua privacidade é o que torna possível a participação franca nas reuniões de A.A.; e nos
lembra, conforme a Décima Segunda Tradição, de “colocar os princípios acima das
personalidades”. Adaptar o princípio do anonimato para ser utilizado em nossas incursões
na internet ainda é um trabalho em curso e muitos AAs. Recorrem ao Escritório de
Serviços Gerais – ESG, para pedir orientação. Um membro escreveu: “É adequado que
os membros utilizem seus nomes completos nos intercâmbios de mensagens?” A
resposta do ESG: “Nossa experiência indica que a maioria dos membros utiliza seu nome
completo e, de fato, quando escrevem para este Escritório – onde o anonimato é
protegido, pedimos não apenas que utilizem seu nome completo, mas também a Área ou
região de onde escrevem. É possível interceptar qualquer correio, eletrônico ou de
tartaruga, e os que estão preocupados com esta possibilidade podem optar por não
revelar sua identidade. É uma decisão pessoal”. No artigo de serviço muito popular
chamado “Perguntas frequentes sobre a Web site de A.A.”,o ESG diz que em seu próprio
Web site (www.aa.org), que tem quase 5.000 visitantes por dia, o escritório “observa
todos os princípios e Tradições de A.A.” Enquanto ao anonimato, a experiência da
Irmandade indica que “um web site de A.A. é um médio de comunicação público que tem
capacidade para alcançar a audiência mais diversa e numerosa possível e portanto, é
necessário nos valer da mesma proteção que utilizamos diante da imprensa, a rádio e o
cinema”.O Grupo on-line dos Lamplighters (www.aa-lamplighters.org), estabelecido em
1991, e que agora tem quase 700 membros em mais de 30 países, adota a seguinte
postura referente ao anonimato: “O Grupo Lamplighters (acendedores), aluga um
‘servidor de lista’, o equivalente eletrônico a um porão de igreja. Através disso
controlamos a entrada às nossas reuniões e pedimos aos iniciantes apenas que nos
façam uma declaração de intenção baseada na Terceira Tradição – ‘Para ser membro de
A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber’. As pessoas que ficam navegando à
toa não podem casualmente numa reunião nossa. Precisam ser ‘membros’ dos
Lamplighters e ter feito a inscrição anteriormente. A inscrição, por suposto, é gratuita”. Os
Lamplighters explicam também que,“devido à configuração eletrônica do nosso servidor
de lista, o anonimato costuma estar mais bem protegido na internet do que nas reuniões
regulares de A.A. A muitos de nós nos parece que o fato de ignorar a raça, a idade, as
características físicas, o sotaque, a vestimenta, ou até o sexo dos companheiros torna
mais fácil antepor os princípios às personalidades. É claro que continuamos pedindo aos
nossos membros que respeitem o anonimato de todos seus companheiros. E os
alcoólicos que por qualquer razão que seja, queiram mais segurança, podem entrar com
pseudônimos para proteção adicional do seu anonimato”.
5.9. Quando abrir seu anonimato não é quebra de anonimato.
Box 4-5-9, Outono (Set.) 2012 (pág. 1-2)
=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_fall12.pdf
Título original: “Cuando romper tu anonimato no es ruptura de anonimato”.
Embora se tenha escrito muito a respeito do anonimato na literatura de A.A. – ver, por
exemplo, o folheto aprovado pela Conferência de Serviços Gerais “Entendendo o
Anonimato” (JUNAAB, código 216), a julgar pelos comunicados que chegam ao Escritório
de Serviços Gerais por parte dos membros da Irmandade, parece que ainda há muitas
dúvidas e confusão relacionadas com a “base espiritual de todas as nossas Tradições”. A
seguir aparece um apanhado das perguntas que recebemos por telefone e por correio
postal e eletrônico, e algumas respostas extraídas da literatura de A.A.
Pergunta. -
Temos um membro que recentemente veio de outra cidade e que usa seu sobrenome nas
reuniões. Devemos dizer a esta pessoaque está violando a Tradição do Anonimato?
Resposta. -
Em “A linguagem do coração”, p. 16, Bill W. escreve: “Deve ser o privilégio de cada
membro de A.A. se abrigar com tanto anonimato pessoal quanto deseje. Seus
companheiros de A.A. devem respeitar seus desejos e ajuda-lo a guardar seu anonimato
no grau que lhe pareça apropriado”. Portanto, cabe a cada indivíduo decidir até que ponto
quer ser anônimo abaixo do nível público. Usar seu sobrenome numa reunião de A.A. não
é “violar” a Tradição de A.A. De fato, o autor de um artigo publicado no número de
fevereiro de 1969da revista Grapevine, atribuiu ao Dr. Bob as seguintes palavras
referentes à Decima Primeira Tradição. “Já que nossa Tradição sobre o anonimato
designa com precisão o nível em que se deve manter o anonimato, deve ser evidente a
todos que conseguem ler e entender nosso idioma que manter o anonimato em qualquer
outro nível é definitivamente uma violação dessa Tradição”. “O A.A. que esconde sua
identidade perante os companheiros Aas com o emprego de um nome suposto, viola a
Tradição tanto quanto o AA que permite que seu nome apareça na imprensa em conexão
com assuntos pertencentes a A.A.”. “O primeiro esta mantendo seu anonimato acima do
nível da imprensa, do radio e de filmes, o último está mantendo seu anonimato abaixo do
nível da imprensa, do radio e de filmes – enquanto a Tradição estabelece que devemos
manter nosso anonimato no nível da imprensa, do radio e de filmes”. (O Dr. Bob e os
Bons Veteranos, p. 271/7/1-272).
Pergunta. -
O que devo fazer se vejo uma personalidade de renome em uma reunião, como por
exemplo, um ator, uma atriz ou o Delegado da Polícia local.
Resposta. -
Como todos os demais, as personalidades públicas devem desfrutar da proteção do
anonimato no grau que desejarem.
Pergunta. -
Vi num jornal um anúncio publicado por um Grupo de A.A. que dava o endereço de onde
o Grupo se reunia e outras coisas. Vocês não deveriam entrar em contato com esse
Grupo por ter quebrado o anonimato a nível público?
Resposta. -
Suponhamos que um alcoólico enfermo nunca tenha tido a boa sorte de conhecer um
membro de A.A. Como essa pessoa nos poderia encontrar? Seria uma busca muito dura
se o Grupo local acredita que também deve ser anônimo. Há que lembrar que a Decima
Primeira Tradição trata do anonimato pessoal. Os alcoólicos não irão se sentir atraídos a
A.A. se não sabem que existe... (As Doze Tradições Ilustradas).
Pergunta. -
Não me sinto envergonhado pelo meu alcoolismo e não me parece necessário guardar
segredo do fato de ser membro de A.A. Ao contrário, acredito que minha história pode
ajudar outras pessoas. Acredito que deva poder usar meu nome completo no meu livro
(entrevista televisada, blog, sítio na Web, etc.), ao compartilhar minha experiência em
A.A. Por que isso causaria problemas a outra pessoa?
Resposta. -
Revelar publicamente ser membro de A.A. em qualquer médio acessível pelo público é
considerado uma violação da Tradição de Anonimato de A.A. Em um artigo publicado em
“O melhor da Grapevine”, Bill W. diz: “Os velhos arquivos da Sede de A.A. contém dúzias
de experiências de rupturas de anonimato parecidas. A maior parte delas nos ensinam as
mesmas lições. Nos ensinam que nós, os alcoólicos, somo os maiores racionalizadores
do mundo; que, fortalecidos pelo pretexto de fazer boas ações para A.A., quebrando
nosso anonimato, podemos recomeçar nossa velha busca desastrosa pelo poder e
prestígio pessoais, das honrarias e do dinheiro: os mesmos impulsos implicáveis que
anteriormente, ao serem frustrados,
nos fizeram beber...”
Pergunta. -
Por que dizemos que “o anonimato é a base espiritual de todas as nossas Tradições?”.
Resposta. -
“... Essas experiências nos ensinaram que o anonimato é a verdadeira humildade em
ação. Trata-se de uma qualidade espiritual na vida de A.A. envolvendo tudo, em todo
lugar, hoje em dia. Movidos pelo espirito do anonimato, tentamos deixar de lado os
nossos desejos naturais de ganhar distinções pessoais como membros de A.A., tanto
entre os nossos companheiros como entre o público em geral. Ao colocarmos de lado
essas aspirações muito humanas, acreditamos que cada um de nós toma parte da
confecção de um manto protetor que cobre toda a nossa Irmandade e sob o qual nos é
dado crescer e trabalhar em conjunto”. (Os Doze Passos e as Doze Tradições, p. 170/3/1)
5.10. Reflexões sobre o anonimato
Box 4-5-9, Ago. Set./1988 (pág. 1 a 3)
=>http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_aug-sept88.pdf
Título original: “¿Ha pensado recientemente en el anonimato?”
Uma recente onda de rupturas de anonimato levou à formação de um subcomitê especial
do Comitê de Informação Pública dos Custódio. A este comitê foi-lhe designada uma
tarefa interessante e um tanto curiosa. Como disse um membro do novo grupo na sua
primeira reunião: “estaremos procurando um
meio para lembrar aos alcoólicos de todos os lugares, algo que a maioria de nós já sabe
– mas do qual raramente falamos, ou seja, que, para os alcoólicos sóbrios, a prática do
anonimato deveria ser tão agradável e emocionante quanto a própria sobriedade”Tendo
iniciado os trabalhos em abril do presente ano (1988), os dez homens e mulheres do
subcomitê estão estudando as diversas maneiras em que se quebra o anonimato, assim
como os possíveis meios através dos quais essas quebras, tanto as intencionais – se as
houver, como as não intencionais – como parece ser a maioria delas, podem ser
evitadas. Além do mais, diferentemente da maior parte dos esforços acordados que no
passado focavam o anonimato, esta campanha não está dirigida aos meios de
comunicação nem a nenhum indivíduo ou grupo fora da Irmandade, mas, unicamente aos
membros de A.A. Desta vez, a proposta a de considerar com carinho o presente brilhante
do anonimato, e de solicitar a ajuda dos AAs de todos os lugares, para que perdure a
proteção de sua promessa, seu prazer e seu poder. Ao abordar o problema, alguns
membros do comitê se lembraram de ocasiões em que seu próprio anonimato poderia ter
sido quebrado, ou quase. Conseguiram mantê-lo porque perceberam de repente o que
estavam fazendo, ou o que estavam a ponto de fazer.
Um membro, por exemplo, falou da sua associação com uma universidade onde, como
alcoólico e membro de A.A., servia como membro de uma junta consultiva que tinha
planejado um novo curso que iria fazer parte do programa de estudos da instituição – o
estudo e o tratamento do alcoolismo.
“Depois de aprovado o curso”,disse este membro do comitê, “seria publicado um panfleto
a respeito do mesmo onde iria constar meu nome como membro da junta consultiva. Uma
funcionária da universidade me telefonou querendo saber quais eram minhas credenciais
– por suposto, minha credencial profissional.
Infelizmente, nessa mesma semana perdi meu posto; entretanto, para atender à
funcionária, assim como à universidade, dei como subsidio minhas ‘credenciais’ em A.A.
– coordenador de tal comitê ou tal junta, etc., o qual nos pareceu satisfatório tanto à
universidade como a mim próprio. Passados alguns minutos após desligar o telefone, tive
a estranha sensação de que havia alguma coisa inadequada naquilo que tinha feito. De
repente, ‘a ficha caiu’... Telefonei à funcionaria e lhe disse que não poderia utilizar as
credenciais que lhe tinha dado, uma vez que ao fazê-lo estaria quebrando meu anonimato
diante do público. Não havia inconveniente algum em que ela soubesse minha afiliação a
Alcoólicos Anônimos;mas, esta afiliação não deveria aparecer num panfleto disponível ao
público. Sua resposta foi: ‘sabia que me ligaria prontamente. Essas credenciais de A.A.
tampouco me pareceram indicadas’”. Uma lição que pode ser extraída desta anedota é
que se não temos sempre presente a ideia, o propósito e o valor do anonimato, qualquer
um de nós pode, inadvertidamente, quebrar seu anonimato. Entre outras experiências
compartilhadas na sala, foi contada uma bastante curiosa que tinha
a ver com um artigo a respeito das mulheres e o alcoolismo publicado na revista Family
Circle. O Escritório de Serviços Gerais – ESG tinha pedido ao membro em questão para
participar de uma entrevista e documentar o artigo, e ela consentiu com prazer. “De
fato”,disse, “estava pessoalmente
encantada por ter sido escolhida para essa importante tarefa”. De acordo com a
companheira, o escritor, por respeito ao seu anonimato pessoal, lhe deu outro nome e
idade e mudou todas as informações pessoais, de tal maneira que, quando apareceu o
artigo “tinha outro nome – Ruth, uma idade diferente – 53 anos, e um tempo de
sobriedade um pouco mais curto que o verdadeiro. Na realidade, todo o que se referia a
mim tinha mudado, com
exceção da minha história de desespero e libertação que foi apresentada com todo
detalhe e fidelidade”. Agora vem o curioso desta experiência: “Pouco tempo depois da
publicação do artigo, uma mulher que já me tinha ouvido falar várias vezes, me chamou
e, a pesar de todas as mudanças dos
dados específicos, perguntou-me ‘é sua a história que aparece na revistaFamily Circle? ’.
Ela soube quem tinha sido entrevistada. Passado um mês, chegou uma carta ao ESG
encaminhada à minha atenção. Vinha de uma mulher canadense e na carta dizia que seu
nome também era Ruth e que também tinha 53 anos e queria agradecer à tal Ruth da
história publicada na Family Circle porque tinha recebido tanta inspiração que agora tinha
o que descreveu como‘três belíssimas semanas de sobriedade’”. Depois surgiu o
poderoso significado deste breve relato: “Obviamente, o verdadeiramente importante da
minha história manifestou-se sem envolver meu ego nem meu nome pessoal. Ajudei outra
pessoa e mantive meu anonimato. Entretanto, foi uma felicidade que quase estraguei
porque estive planejando responder pessoalmente à mulher; recomendaram-me que não
o fizesse. Recomendação acertada!”. “Entretanto”, o membro do comitê disse concluindo
“ainda sinto uma grande satisfação toda vez que lembro que um artigo a respeito de mim
própria – mas que não expunha minha identidade, atraiu atenção e teve efeitos positivos.
E cada a cada vez que me lembro volto a sentir a
alegria misteriosa, mas poderosa, do anonimato” Alguns outros membros do subcomitê
tinham histórias interessantes para contar, todas relacionadas com o fato de ter revelado
a outra pessoa o fato de serem alcoólicos ou membros de A.A. Um deles, seguindo a
recomendação de um companheiro de A.A., advertiu seu dentista que, por ser alcoólico,
não poderia tomar determinado medicamento sem correr perigo. A única resposta do
dentista foi a de insistir no pagamento integral antes de continuar com o tratamento. (Fica
claro que, embora tenha comunicado o aviso apropriado, este acabou sendo distorcido
por quem o recebeu). Outro membro do subcomitê relatou uma situação parecida onde
houve uma resposta diferente. Seu chefe imediato na empresa em que trabalhava sabia
desde o início que ele era membro de A.A. e que era tão atuante no serviço de A.A. que
em determinados dias não podia fazer horas extras. Mais tarde, quando surgiu um
problema alcoólico com um alto executivo da companhia, esse chefe pediu, e
prontamente recebeu permissão, para dizer ao presidente que a ajuda de A.A.
encontrava-se à disposição na empresa mesmo. Depois de se entrevistar com o
presidente, o chefe voltou para informar a resposta daquele alto executivo à noticia de
que havia entre os funcionários um membro de A.A. Era (e o citou diretamente) “Eu sabia
que esse tipo tinha algo de especial”. Certamente, alguns de nós revelamos a outras
pessoas que tínhamos feito algo a respeito do nosso alcoolismo sem precisar dizer
palavra alguma.Simplesmente se percebe. Assim foi com um membro do subcomitê que
relatou uma comovente história que tinha começado com uma chamada feita pelo porteiro
do deu edifício através do interfone do seu apartamento. O membro em questão morava
no prédio desde cinco anos antes de ingressar em A.A. e agora contava cinco anos de
sobriedade. Falando pelo interfone, o porteiro disse com alguma hesitação: “Não sei
precisamente como lhe dizer, mas, parece ue faz alguns anos o senhor tinha um
problema que agora não tem. Espero que não se sinta ofendido se lhe perguntasse se
tenho razão, e se a tenho, me permitiria que lhe perguntasse o que fez a respeito daquele
problema? Temos um funcionário no prédio que tem um problema e talvez o senhor
possa ajuda-lo”. O seguinte e feliz episódio desta história diz que, é claro, que tinha o
problema obteve ajuda; e o feliz resultado, pelo menos até a data, conta como agora
aquele funcionário, depois de uns quantos anos ainda está sóbrio e é um membro
dedicado de A.A. Tão significativo quanto este, é outro aspecto da história. O anonimato
deste membro de A.A. não foi quebrado nem sequer a nível pessoal, pelas suas palavras,
mas, simplesmente por estar sóbrio. Foi a mudança de comportamento e da sua
aparência que o “denunciaram”. Este é o caso de um membro que leva a mensagem
sendo a mensagem, sem dizer uma palavra a respeito dele. Não fez nada até que lhe foi
pedida ajuda. Na medida em que continuava a discussão, outro membro do subcomitê
explicou como, em algumas situações de trabalho, a quebra do anonimato pode causar
problemas graves. Este alcoólico, um produtor de televisão, ofereceu-se para documentar
um programa proposto a respeito do alcoolismo e a adição às drogas. Ao apresentar
quase sem demora material suficiente parta uma dúzia de episódios, o chefe da produção
perguntou-lhe como se havia tornado erudito com tanta rapidez, e ele respondeu um
pouco relutante, que era membro de A.A. “Formidável!”,respondeu o chefe. “Assim,
podemos focar o assunto desde dentro”. Embora a proposta preocupasse o membro,
podia racionalizá-lo – e ao que parece, com bastante razão, pensando que as
precauções que se referem à quebra do anonimato ao nível da imprensa, da rádio, da
televisão e do cinema, apenas têm a ver com, por
exemplo, aparecer na televisão, não trabalhar na mesma. E o seu trabalho era
simplesmente redigir o roteiro, indicar os participantes convidados, etc.; ele não iria
aparecer na tela. Entretanto, conforme ia realizando sua tarefa percebeu que não podia
ser objetivo enquanto à matéria. Por exemplo, não podia tolerar opiniões a respeito de
A.A. e o alcoolismo que diferiam das suas e da experiência de outros membros do
programa. Isto levou a argumentações acaloradas, por vezes desagradáveis, e, sem
duvida improdutivos como chefe da produção. Para resolver o problema, foi necessário
encomendar o projeto a outro produtor, uma pessoa que nunca tinha trabalhado em um
programa a respeito do alcoolismo e que sabia muito pouco a respeito da doença.
Entretanto, conforme lembra o membro de A.A., o novo produtor era um profissional muito
competente, que aprendeu rapidamente, e o programa acabou tendo muito sucesso. “Um
exemplo de reportagem televisiva de primeira categoria que ajudou muitas pessoas”.
Ao que acrescentou, “Eu não poderia tê-lo feito melhor”. Atualmente, este membro ainda
é produtor, mas já não se mete na corrente principal da
preparação e produção de programas a respeito do alcoolismo. Cada vez mais colegas
de trabalho sabem que é membro de A.A., porém oferece suas opiniões ou sugestões
apena se lhe forem pedidas. “Já não trato de fazer reportagens objetivas a respeito de
Alcoólicos Anônimos. Consegui perceber com clareza que não há maneira de ser objetivo
quando se trata de algo que salvou a minha vida”. É possível que os membros do
subcomitê, pelo fato de haverem tido experiências no anonimato muito diferentes umas
das outras, tenham uma ampla variedade de opiniões sobre como se dirigir à Irmandade
com referencia a esse assunto. Entretanto, um ponto que o subcomitê esta de acordo por
unanimidade é que a nível de Grupo – o nível mais importante dentro de A.A., parece que
se dedica pouco tempo e pouca discussão ao anonimato e à sua importância tanto para o
programa como para os membros individuais. Assim, o plano inicial do subcomitê será o
de procurar e colocar em pratica algumas formas de provocar “um pequeno renascimento
do entusiasmo”a respeito do anonimato, e baseados nisso ampliar os esforços. Para
começar, o subcomitê espera poder recolher uma pequena “biblioteca” de histórias,
contadas por membros, que tratem das suas experiências de anonimato: as quebras que
por pouco não aconteceram; as não intencionais tanto a nível pessoal como ao nível
público, e as consequências destas revelações. Espera-se também obter histórias
daqueles que descobriram os benefícios do anonimato, a verdadeira alegria que vem de
passar a mensagem de uma maneira serena e discreta, e a grande satisfação que
sempre segue ao ato de dar sem esperar nada em troca, nem sequer o reconhecimento.
Tem alguma história para contar a respeito do anonimato? Uma experiência pessoal a
esse respeito que queira compartilhar? Escreva a: Subcommittee on Anonymity, Box 459,
Grand Central Station, New York, NY 10163. Os membros do comitê aguardam suas
noticias. Precisamos da sua ajuda. E parece que o anonimato também.
EU NÃO ESTOU NO A.A. SÓ PARA PARAR DE BEBER by passea
“EU”
Não estou no A. A. só para parar de beber
RENDIÇÃO – ADMISSÃO – ACEITAÇÃO
O Primeiro Passo nos fala de rendição. A palavra “render” me leva a outra: “derrota” e
derrota para mim era algo inconcebível. Meu orgulho me impedia de enxergar qualquer
tipo de derrota, mas os companheiros de A. A. conseguiram abrir uma brecha em meu
orgulho, o suficiente para eu me sentir derrotado pelo álcool.
Eu me rendi, admiti e aceitei que eu era um alcoólico. Tinha algo errado em minha
maneira de beber. Percebi logo cedo em A. A. que eu tinha que viver no mundo real, que
a vida no mundo imaginário do alcoolismo estava me destruindo e não me levaria a lugar
nenhum.
A admissão da impotência é o primeiro passo para a libertação desta obsessão mental
poderosa que nos leva sempre a buscar o álcool como refúgio. Aliada a esta obsessão ou
depois de satisfeita esta obsessão através da ingestão de algum gole de bebida surgia
outra força tão poderosa quanto à obsessão que era a compulsão. Esta compulsão me
obrigava a continuar bebendo cada vez mais. Que loucura!
Como entender que uma pessoa inteligente, segura de si, já experiente, ciente do buraco
para o qual estava encaminhando não conseguia controlar a sua maneira de beber? Pois
é, eu não tinha resposta para esta pergunta, mas o A. A. logo em seu Primeiro Passo
para a recuperação me mostrou a dura realidade: o alcoolismo é um doença incurável,
progressiva e de fins quase sempre fatais. Que triste notícia, mas junto com esta triste
notícia veio outra e esta outra era confortadora e me mostrava o caminho a ser seguido: -
só existe uma forma de deter este anseio louco pela bebida alcoólica: Este caminho é
evitar o primeiro gole, pois é ele que põe em movimento toda esta loucura mental, esta
obsessão aliada a compulsão que leva o alcoólico cada vez mais para o fundo, cada vez
mais para a escuridão do fundo de poço. E é esta fabulosa sugestão que eu venho
seguindo com sucesso: evitando o primeiro gole e me apoiando nos companheiros
através das reuniões venho conseguindo, um dia de cada vez, conter esta destruição
chamada alcoolismo. Quero destacar dois pontos muito importantes que constam em
nossa literatura:
1) Nos primeiros tempos de A. A. era pensamento que somente os alcoólicos mais
desesperados conseguiriam digerir esta notícias amargas, mas com o passar dos anos
puderam perceber que mesmo aqueles que apenas eram bebedores potenciais poderiam
ser atingidos pela experiência salvadora de A. A. e conseguiram evitar muitos anos de
puro inferno em suas vidas. Cada vez mais, alcoólicos mais jovens e com um fundo de
poço menos doloroso vêm alcançando A. A.
2) Existe uma pergunta de fundamental importância em nosso Primeiro Passo: Por que
insistir que todo A. A. precisa chegar ao fundo de poço? E a resposta vem logo a seguir:
porque para praticar os restantes onze passos de A. A. requer a adoção de atitudes e
ações que quase nenhum alcoólico sonharia adotar. Quem se dispõe a ser rigorosamente
honesto e tolerante? Honestidade, tolerância, compreensão, humildade, coragem e tantas
outras virtudes até então desconhecidas para o alcoólico passam a ter importância
fundamental na prática do restante do programa. Mas não precisamos nos desesperar,
pois estas virtudes virão aparecendo pouco a pouco, um dia de cada vez, necessitamos
para que isso ocorra somente ter a mente aberta e boa vontade.
(Fonte: Revista Vivência Nº 111-Jan-Fev/2008 – Onofre/Cachoeira do Campo/MG)
RENDIÇÃO – NA OPINIÃO DO BILL by passea
RENDIÇÃO
“Na Opinião do Bill”
NAS MÃOS DE DEUS
Quando olhamos para o passado, reconhecemos que as coisas que nos chegaram
quando nos entregamos nas mãos de Deus foram melhores do que qualquer coisa que
pudéssemos ter planejado.
Minha depressão aumentou de forma insuportável até que finalmente me pareceu estar
no fundo do poço, pois naquele momento o último vestígio de minha orgulhosa
obstinação foi esmagado. Imediatamente me encontrei exclamando: “Se existe um Deus,
que Ele se manifeste! Estou pronto para fazer qualquer coisa, qualquer coisa!”
De repente, o quarto se encheu de uma forte luz. Pareceu-me com os olhos de minha
mente, que eu estava numa montanha e que soprava um vento, não de ar, mas de
espírito. E então tive a sensação de que era um homem livre. Lentamente o êxtase
passou. Eu estava deitado na cama, mas agora por instantes me encontrava em outro
mundo, um mundo novo de conscientização. Ao meu redor e dentro de mim, havia uma
maravilhosa sensação de presença e pensei comigo mesmo: “Então, esse é o Deus dos
pregadores!”
AUTO CONFIANÇA E FORÇA DE VONTADE
Quando pela primeira vez fomos desafiados a admitir a derrota, a maioria de nós se
revoltou. Havíamos nos aproximado de A. A. esperando aprender a ter auto confiança.
Então nos disseram que, no tocante ao álcool, de nada nos serviria a auto confiança:
aliás, ela era um empecilho total. Não era possível ao alcoólico vencer a compulsão pela
mera força de vontade.
É quando tentamos fazer com que nossa vontade se harmonize com a vontade de Deus,
que começamos a usá-la corretamente. Para todos nós, esta foi uma das mais
maravilhosas revelações. Todo o nosso problema tinha sido o mau uso da força de
vontade. Tínhamos tentado atacar nossos problemas com ela ao invés de tentar fazer
com que ela se alinhasse com os planos de Deus para conosco. O propósito dos Doze
Passos de A. A. é tornar isto cada vez mais possível.
A FORÇA NASCENDO DA FRAQUEZA
Se estamos dispostos a parar de beber, não podemos abrigar, de forma nenhuma, a
esperança de que um dia seremos imunes AL álcool.
Tal é o paradoxo da recuperação em A. A.: a força nascendo da fraqueza e da derrota
completa, a perda de uma vida antiga como condição para encontrar uma nova.
SOMENTE COM O PODER DA INTELIGÊNCIA?
Para o homem ou mulher intelectualmente auto suficiente, muitos Aas podem dizer: “Sim,
éramos como você – inteligentes demais para nosso próprio bem. Adorávamos ouvir as
pessoas nos chamarem de precoces. Usávamos nossa instrução para nos vangloriar,
embora tivéssemos o cuidado de esconder isso dos outros. Secretamente, achávamos
que poderíamos flutuar acima dos outros, somente com o poder da inteligência.
“O progresso científico nos dizia que não havia nada que o homem não pudesse fazer. O
conhecimento era todo poderoso. O intelecto era capaz de conquistar a natureza. Uma
vez que éramos mais brilhantes do que a maioria (assim pensávamos), os benefícios da
vitória seriam nossos, automaticamente. O deus do intelecto substituía o Deus de nossos
pais.
“Mas novamente o álcool tinha outras idéias. Nós, que tão brilhantemente tínhamos
vencido, de repente nos convertemos nos maiores derrotados de todos os tempos.
Percebemos que tínhamos que mudar ou morrer.”
A PEDRA FUNDAMENTAL DO ARCO DO TRÍUNFO
Tendo experimentado a destruição alcoólica, abrimos nossas mentes em relação às
coisas espirituais. A esse respeito, o álcool foi um grande persuasor. Ele finalmente nos
derrotou obrigando-nos a raciocinar.
Tivemos que deixar de fazer o papel de Deus. Isso não funcionou. Decidimos que dali por
diante, nesse drama da vida, Deus ia ser nosso Diretor. Ele seria o Chefe: nós, os Seus
agentes.
As boas idéias, na sua maioria, são simples, e esse conceito constitui a pedra
fundamental do novo arco do triunfo, através do qual passamos à liberdade.
PRELÚDIO AO PROGRAMA
Poucas pessoas tentarão praticar sinceramente o programa de A. A., a não ser que
tenham “chegado ao fundo do poço”, pois praticar os Passos de A. A. requer a adoção de
atitudes e ações que quase nenhum alcoólico que ainda bebe pode sonhar em adotar. O
alcoólico típico, egoísta ao extremo, não se interessa por essa perspectiva, a não ser que
tenha que fazer essas coisas para não morrer.
Sabemos que o recém-chegado tem que “chegar ao fundo do poço”, do contrário pouca
coisa pode acontecer. Por sermos alcoólicos que o compreendem. Podemos usar a fundo
o poderoso argumento da obsessão mais alegria, como uma força que pode destruir seu
ego. Só assim ele pode se convencer de que unicamente com seus recursos tem pouca
ou nenhuma chance.
NÓS NÃO ESTAMOS LUTANDO
Paramos de lutar com tudo e com todos – mesmo com o álcool, pois a essa altura a
sanidade voltou. Agora podemos reagir sadia e normalmente, e constatamos que isso
aconteceu quase automaticamente. Vemos que essa nova atitude face ao álcool é
realmente uma dádiva de Deus.
Aí esta o milagre. Não estamos lutando com ele, nem estamos evitando a tentação.
Tampouco temos que prestar juramento. Em vez disso, o problema foi removido. Ele não
existe para nós. Não somos nem atrevidos nem medrosos.
É assim que reagimos – enquanto nos mantivermos em boas condições espirituais.
VITÓRIA NA DERROTA
Convencido de que nunca conseguiria fazer parte e jurando nunca me conformar com o
segundo lugar, eu sentia que simplesmente tinha que vencer em tudo que quisesse fazer,
fosse trabalho ou divertimento. Como essa atraente fórmula de bem viver começou a dar
resultado, de acordo com a idéia que eu então fazia do que fosse sucesso, fiquei
delirantemente feliz.
Mas quando acontecia de um empreendimento falhar, eu me enchia de ressentimento e
depressão que só podiam ser curados com o próximo triunfo. Portanto, muito cedo
comecei a avaliar tudo em termos de vitória ou derrota – “tudo ou nada”. A única
satisfação que eu conhecia era vencer.
Somente através da derrota total é que somos capazes de dar os primeiros passos em
direção à libertação e à força. Nossa admissão de impotência pessoal finalmente vem a
ser o leito de rocha firme sobre o qual podem ser construídas vidas felizes e significativas.
ACEITANDO AS DÁDIVAS DE DEUS
“Embora muitos teólogos afirmem que as experiências espirituais súbitas representem
alguma distinção especial ou algum tipo de preferência divina, eu questiono esse ponto
de vista. Todo ser humano, qualquer que sejam seus atributos para o bem ou para o mal,
é uma parte da economia espiritual divina. Portanto, cada um de nós têm seu lugar, e não
posso aceitar que Deus pretenda elevar alguns mais do que outros.
“Dessa forma, é preciso que todos nós aceitemos qualquer dádiva positiva que
recebamos com profunda humildade, tendo sempre em mente que primeiro foram
necessárias nossas atitudes negativas, como um meio de nos reduzir a um estado tal que
nos deixasse prontos para receber uma dádiva positiva através da experiência da
conversão. Nosso próprio alcoolismo e a imensa deflação, que finalmente daí resultou,
constituem na verdade a base sobre a qual repousa nossa experiência espiritual.”
FORÇAS CONSTRUTIVAS
Minha opinião era tão arraigada, como a frequentemente vemos hoje em dia nas pessoas
que se dizem atéias ou agnósticas, sua vontade de descrer é tão forte, que parecem
preferir a morte a uma busca sincera de Deus, feita com a mente aberta. Felizmente para
mim e para muitos como eu que buscaram A. A., as forças construtivas, produzidas em
nossa Irmandade, quase sempre venceram essa colossal teimosia. Abatidos e
completamente derrotados pelo álcool, frente a frente com a prova viva da libertação e
rodeados por pessoas que podiam nos falar do fundo do coração, finalmente nos
rendemos.
E então, paradoxalmente, nos encontramos numa nova dimensão, o verdadeiro mundo
do espírito e da fé. Boa vontade suficiente, mente aberta suficiente – e pronto!
NUNCA O MESMO OUTRA VEZ
Descobrimos que quando um alcoólico plantava na mente de outro a idéia da verdadeira
natureza de sua doença, este jamais voltaria a ser o mesmo. Após cada bebedeira, ele
diria a si mesmo: “Talvez esses Aas tenham razão”. Depois de algumas experiências
assim, e muitas vezes antes do começar a ter grandes dificuldades, ele voltaria a nós,
convencido.
Nos primeiros anos, aqueles dentre nós que ficaram sóbrios em A. A., eram na verdade
casos horríveis e completamente sem esperança. Mas depois começamos a ter sucesso
com alcoólicos moderados, e mesmo com alguns alcoólicos em potencial. Começaram a
aparecer pessoas mais jovens. Chegavam muitas pessoas que ainda tinham trabalho, lar,
saúde e posição social.
Naturalmente foi necessário que esses recém-chegados chegassem emocionalmente ao
fundo do poço, mas eles não tiveram que chegar a todos os tipos de fundo de poço
possíveis para admitir que estavam derrotados.
A ESPERANÇA NASCIDA DO DESESPERO
Carta ao Dr, Carl Jung:
“Muitas experiências de conversão, qualquer que seja a variedade, têm como
denominador comum o profundo colapso do ego. O indivíduo enfrenta um dilema
impossível.
“No meu caso, o dilema tinha sido criado por minha compulsão pela bebida, e o profundo
sentimento de desespero foi extremamente aumentado por meu médico. Foi aumentado
ainda mais quando meu amigo alcoólatra contou-me de seu veredicto de desespero com
respeito ao caso de Rowland H.
“No despertar de minha experiência espiritual, veio-me uma visão de uma sociedade de
alcoólicos. Se cada sofredor levasse a outro a visão científica quanto à condição
desesperada do alcoólico, poderia abrir-lhe a possibilidade de uma experiência espiritual
transformadora. Esse conceito foi e é a base do sucesso, que desde então A. A. tem
alcançado.”
FELIZES – QUANDO SOMOS LIVRES
Para a maioria das pessoas normais a bebida significa a libertação da preocupação, do
aborrecimento e da ansiedade. Significa uma alegre intimidade com os amigos e um
sentimento de que a vida é boa.
Mas não foi isso o que aconteceu conosco, nos últimos tempos de nossas pesadas
bebedeiras. Os velhos prazeres desapareceram. Havia um desejo ardente de gozar a
vida, como nunca, e uma dolorosa ilusão de que algum novo controle milagroso nos
permitisse fazê-lo. Havia sempre mais uma tentativa e mais um fracasso.
Estamos certos de que Deus nos quer ver felizes, alegres e livres. Portanto, não podemos
compartilhar a crença de que esta vida seja necessariamente um vale de lágrimas,
embora em certa época tenha sido exatamente isto para muitos de nós. Mas ficou claro
que vivíamos criando nossa própria miséria.
EM BUSCA DA FÉ PERDIDA
Muitos Aas podem dizer a uma pessoa sem fé: “Nós desviamos da fé que tínhamos
quando crianças. Com a chegada do sucesso material, achamos que estávamos
ganhando o jogo da vida. Isso era emocionante e nos fazia felizes.
“Por que deveríamos nos preocupar com abstrações teológicas e deveres religiosos ou
com o estado de nossas almas aqui ou no além? A vontade de ganhar nos levaria para
frente”.
“Mas então o álcool começou a nos dominar. Finalmente, quando começamos a ver
nosso placar marcando zero, e percebemos que mais um golpe nos colocaria fora do jogo
para sempre, tivemos que buscar nossa fé perdida. Foi em A. A. que a reencontramos.”
ENTREGAR-SE SEM RESERVAS
Depois de fracassar em meus esforços para fazer alguns bêbados pararem de beber, o
Dr. Silkworth novamente me lembrou da observação do professor William James de que
as experiências espirituais realmente transformadoras quase sempre se baseiam num
estado de calamidade e colapso. “Pare de lhes pregar sermões”, disse o Dr. Silkworth, “e
dê-lhes primeiro os duros fatos médicos. Isso pode sensibilizá-los tão profundamente que
talvez venham a querer fazer qualquer coisa para recuperar-se. Então sim, elas poderão
aceitar aquelas suas idéias espirituais e talvez até um Poder Superior”.
Pedimos que você seja destemido e meticuloso desde o início. Alguns de nós procuramos
nos agarrar às nossas antigas idéias, e o resultado foi nulo – até que nos entregamos
sem reservas.
COMBATE SEM AJUDA
Na verdade, poucos são aqueles que, assaltados pelo tirano álcool, venceram o combate
sem ajuda. É um fato estatístico que os alcoólicos quase nunca se recuperam, só por
meio de seus próprios recursos.
A caminho de Point Barrow, no Alaska, dois garimpeiros se instalaram numa cabana com
uma caixa de uísque. O tempo ficou muito ruim e a temperatura baixou para 20 graus
negativos; eles ficaram tão bêbados que deixaram o fogo apagar. Quando estavam a
ponto de morrer por congelamento, um deles acordou a tempo de reacender o fogo. Saiu
para procurar combustível e avistou um tambor de óleo vazio, cheio de água congelada.
Embaixo do gelo, avistou um objeto amarelo-avermelhado. Eles descongelaram o tal
objeto, e era um livro de A. A. Um deles leu o livro e parou de beber. A lenda diz que ele
se tornou o fundador de um de nossos grupos mais longínquos do norte.
O INSTINTO DE VIVER
Quando homem e mulheres ingerem tanto álcool a ponto de destruir suas vidas, cometem
um ato totalmente antinatural. Contrariando seu desejo instintivo de auto preservação,
parecem estar inclinados à auto destruição. Lutam contra seu mais profundo instinto.
À medida que vão progressivamente se humilhando pela terrível surra administrada pelo
álcool, a graça de Deus pode penetrar neles e expulsar sua obsessão. Aqui, seu
poderoso instinto de viver pode cooperar plenamente com o desejo de seu Criador de
lhes dar uma nova vida.
“A característica central da experiência espiritual consiste em dar a quem a experimenta
uma nova e melhor motivação, fora de qualquer proporção com qualquer processo de
disciplina, crença ou fé.
“Essas experiências não podem nos tornar íntegros de uma vez; constituem um
renascimento a uma nova e verdadeira oportunidade.”
“IMPOTENTE PERANTE O ÁLCOOL”
Eu vinha descendo continuamente ladeira abaixo e, naquele dia em 1934, estava
acamado no andar superior do hospital, sabendo pela primeira vez que estava
completamente sem esperança.
Lois estava no andar térreo, e o Dr. Silkworth estava tentando, com suas maneiras gentis,
transmitir a ela o que estava acontecendo comigo e que meu caso era sem esperança.
“Mas Bill tem uma grande força de vontade”, ela disse. “Ele tem tentado
desesperadamente ficar bom. Doutor, por que ele não consegue parar?”
Ele explicou que minha maneira de beber, que anteriormente era um hábito, tornou-se
uma obsessão, uma verdadeira loucura que me condenava a beber contra meu desejo.
“Nos últimos estágios de nosso alcoolismo ativo, a vontade de resistir já não existe.
Portanto, quando admitimos a derrota total e quando ficamos inteiramente dispostos a
tentar os princípios de A. A., nossa obsessão desaparece e entramos numa nova
dimensão – a liberdade sob a vontade de Deus, como nós O concebemos.”
DESDE A RAIZ PRINCIPAL
O princípio de que não encontraremos qualquer força duradoura, sem antes admitamos a
derrota total é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade toda.
É dito a todo recém-chegado, e logo ele percebe por si mesmo, que sua humilde
admissão de impotência perante o álcool constitui o primeiro passo em direção à
libertação de seu jugo embriagador.
Assim, pela primeira vez, vemos a humildade como uma necessidade. Mas isso é apenas
o começo. Afastar completamente nossa aversão à idéia de ser humildes, obter uma
visão da humildade como o caminho que leva à verdadeira liberdade do espírito humano,
trabalhar para a conquista da humildade como algo desejável por si mesmo, são coisas
que demoram muito, muito tempo para a maioria de nós. Uma vida inteira dedicada ao
egocentrismo não pode ser mudada de repente.
ALTO E BAIXO
Quando nossa Irmandade era pequena, lidávamos somente com “casos desesperados”.
Muitos alcoólicos menos desesperados tentavam A. A., mas não eram bem-sucedidos
porque não podiam admitir sua desesperança.
Nos anos seguintes isso mudou. Os alcoólicos que ainda tinham saúde, família, trabalho
e até dois carros na garagem, começaram a reconhecer seu alcoolismo. À medida que
essa tendência crescia, jovens que mal passavam de alcoólicos em potencial passaram a
juntar-se a eles. Como poderiam pessoas como essas aceitar o Primeiro Passo?
Recordando nossas próprias histórias de bebida, mostrávamos a eles que anos antes de
reconhecê-lo, já havíamos perdido o controle, que mesmo naquela época nossa maneira
de beber já não era um mero hábito, que era na verdade o começo de uma progressão
fatal.
VÁ COM CALMA, MAS VÁ
A procrastinação na verdade é apenas preguiça.
“Tenho observado que algumas pessoas conseguem suportar alguma procrastinação,
mas muito poucos conseguem viver em completa rebeldia.”
“Temos conseguido colocar muitos bebedores problema diante desta terrível alternativa:
‘Ou nós, Aas, fazemos isso, ou morreremos’. Uma vez que isto entre em sua cabeça,
beber mais só vai apertar mais o laço.
“Como muitos alcoólicos têm dito: ‘Cheguei ao ponto em que ou permanecia em A. A. ou
do lado de fora. De modo que aqui estou!’”
(Fonte: Na Opinião do Bill – paginas: 2-42-49-60-87-118-121-135-168-174-209-217-218-
235-242-245-246-283-305-314-322)
ADMISSÃO – NA OPINIÃO DO BILL by passea
ADMISSÃO
“Na Opinião do Bill”
ACERCA DA HONESTIDADE
O perverso desejo de ocultar um mau motivo, atrás do bom, se infiltra nos atos humanos
de alto a baixo. Esse tipo sutil e evasivo, de farisaísmo, pode se esconder sob o ato ou
pensamento mais insignificante. Aprender a identificar, admitir e corrigir essas falhas,
todos os dias, constitui a essência da formação do caráter e de uma vida satisfatória.
A decepção dos outros está quase sempre enraizada na decepção de nós mesmos.
De algum modo, estar sozinho com Deus não parece ser tão embaraçoso quanto
enfrentar uma outra pessoa. Até que resolvamos sentar e falar em voz alta a respeito
daquilo que há tanto tempo temos escondido, nossa disposição de “limpara a casa” é
ainda muito teórica. Quando somos honestos com outra pessoa, isso confirma que temos
sido honestos conosco e com Deus.
NA HORA DA VERDADE, SOMOS TODOS IGUAIS
No princípio, passaram-se quatro anos antes que A. A. conseguisse levar à sobriedade
permanente uma única mulher alcoólica. Assim como aquelas pessoas que tiveram um
fundo de poço “muito alto”, as mulheres diziam que eram diferentes; elas não precisavam
de A. A. Mas, com o aperfeiçoamento da comunicação, principalmente pelas próprias
mulheres, a situação mudou.
Esse processo de identificação e transmissão tem continuado. Aqueles que viviam na
sarjeta diziam que eram diferentes. Ainda com mais ênfase, o membro da alta sociedade
(ou o bêbado das altas rodas) dizia a mesma coisa, como também diziam os artistas e os
profissionais, os ricos e os pobres, os religiosos, os agnósticos, os índios e os esquimós,
os veteranos e os prisioneiros.
Mas hoje todas essas pessoas, e muitas outras, falam sobriamente do quanto todos nós,
alcoólicos, somos iguais na hora da verdade.
VIVA SERENAMENTE
Quando um bêbado está com uma terrível ressaca porque bebeu em excesso ontem, ele
não pode viver bem hoje. Mas existe um outro tipo de ressaca que todos
experimentamos, bebendo ou não. Essa é emocional, resultado direto do acúmulo de
emoções negativas de ontem e, às vezes, de hoje – raiva, medo, ciúme e outras
semelhantes.
Se queremos viver serenamente hoje e amanhã, sem dúvida precisamos eliminar essas
ressacas. Isso não quer dizer que precisamos perambular morbidamente pelo passado.
Requer, isso sim, uma admissão e correção dos erros cometidos – agora.
CRESCIMENTO PELO DÉCIMO PASSO
Naturalmente, no decorrer dos próximos anos, cometeremos erros. A experiência nos tem
ensinado que não precisamos ter medo de cometê-los, desde que mantenhamos a
disposição para confessar nossas faltas e corrigi-las prontamente. Nosso crescimento
como indivíduos tem dependido desse saudável processo de ensaio e erro. Assim
crescerá nossa Irmandade.
Devemos sempre nos lembrar de que qualquer sociedade de homens e mulheres que
não podem corrigir livremente suas próprias faltas, inevitavelmente chega à decadência e
até mesmo ao colapso. Esse é o castigo universal por não continuar fazendo seu
inventário moral e atuar de acordo com ele, do mesmo modo nossa sociedade como um
todo deve fazer, se quisermos sobreviver e prestar serviço de maneira proveitosa e
satisfatória.
NÃO PODEMOS VIVER SOZINHOS
Todos os Doze Passos de A. A. nos pedem para irmos contra nossos desejos naturais;
todos eles reduzem nosso ego. Quando se trata da redução do ego, poucos Passos são
mais duros de aceitar do que o Quinto Passo. Dificilmente qualquer um deles é mais
necessário à sobriedade prolongada e à paz de espírito.
A experiência de A. A. nos ensinou que não podemos viver sozinhos e com os problemas
que nos pressionam e com os defeitos de caráter que os causam ou agravam. Se
passarmos o holofote do Quarto Passo sobre nossas vidas, e se ele mostrar, para nosso
alívio, aquelas experiências que preferimos não lembrar, então se torna mais urgente do
que nunca desistirmos de viver sozinhos com aqueles atormentadores fantasmas do
passado. Temos que falar deles para alguém.
Não podemos depender totalmente dos amigos para resolver todas as nossas
dificuldades. Um bom conselheiro nunca pensará em tudo, por nós. Ele sabe que a
escolha final deve ser nossa. Entretanto, ele pode ajudar a eliminar o medo, oportunismo
e a ilusão, tornando-nos capazes de fazer escolhas afetuosas, prudente e honestas.
FORÇA DE VONTADE E ESCOLHA
“Nós, Aas, sabemos que é inútil tentar destruir a obsessão de beber só pela força de
vontade. Entretanto, sabemos que é preciso uma grande vontade para adotar os Doze
Passos de A. A. como um modo de vida que pode nos devolver a sanidade.
Qualquer que seja a gravidade da obsessão pelo álcool, felizmente descobrimos que
ainda podem ser feitas outras escolhas vitais. Por exemplo, podemos admitir que somos
impotentes pessoalmente perante o álcool; que a dependência de um ‘Poder Superior’ é
uma necessidade, mesmo que esta seja simplesmente uma dependência de um grupo de
A. A. Então podemos preferir tentar uma vida de honestidade e humildade, fazendo um
serviço desinteressado para nossos companheiros e para ‘Deus como nós O
concebemos’.
Conforme continuamos fazendo essas escolhas e assim indo em busca dessas altas
aspirações, nossa sanidade volta e desaparece a compulsão para beber”.
CONVERSAS QUE CURAM
Quando pedimos orientação a um amigo em A. A., não devemos hesitar em lembrá-lo de
nossa necessidade de completo sigilo. A comunicação íntima normalmente é tão livre e
fácil entre nós que um AA pode às vezes esquecer-se de guardar segredo. Nunca
deveríamos violar o santo refúgio protetor desta que é a mais curativa de todas as
relações humana.
Essas comunicações privilegiadas têm vantagens incalculáveis. Encontramos nelas a
perfeita oportunidade de sermos totalmente honestos. Não precisamos nos preocupar
com a possibilidade de prejudicar outras pessoas e nem precisamos temer o ridículo ou a
condenação. E também temos a melhor oportunidade possível para identificarmos o auto-
engano.
EXAMINANDO O PASSADO
Deveríamos fazer um preciso e exaustivo exame de como nossa vida passada afetou
outras pessoas. Em muitos casos descobrimos que, embora o dano causado aos outros
não tenha sido grande, o dano emocional que causamos a nós mesmos o foi.
Além do mais, os conflitos emocionais danosos permanecem muito profundos, abaixo do
nível da consciência, às vezes quase esquecidos. Portanto, deveríamos tentar relembrar
e rever bem estes acontecimentos passados que deram origem a esses conflitos e
continuam causando violentos desequilíbrios emocionais, perturbando dessa forma nossa
personalidade e mudando nossa vida para pior.
Reagimos mais fortemente às frustrações do que as pessoas normais. Revivendo esses
episódios e discutindo-os em estreita confiança com outra pessoa, podemos reduzir seu
tamanho e portanto seu poder inconsciente.
“ADMITIMOS PERANTE DEUS”
Desde que você não esconda nada, ao fazer o Quinto Passo, sua sensação de alívio
aumentará de minuto a minuto. As emoções reprimidas durante anos saem de seu
confinamento e, milagrosamente, desaparecem à medida que são reveladas. Com a
diminuição da dor, uma tranqüilidade restauradora toma seu lugar. E quando a humildade
e a serenidade estiverem assim combinadas, pode acontecer algo de grande significação
para nós.
Muitos Aas, anteriormente agnósticos ou ateus, nos dizem que foi nessa fase do Quinto
Passo que de fato sentiram, pela primeira vez, a presença de Deus. E mesmo aqueles
que já tinham fé, muitas vezes tomaram consciência de Deus como nunca antes.
VITÓRIA NA DERROTA
Convencido de que nunca conseguiria fazer parte e jurando nunca me conformar com o
segundo lugar, eu sentia que simplesmente tinha que vencer em tudo que quisesse fazer,
fosse trabalho ou divertimento. Como essa atraente fórmula de bem viver começou a dar
resultado, de acordo com a idéia que eu então fazia do que fosse sucesso, fiquei
delirantemente feliz.
Mas quando acontecia de um empreendimento falhar, eu me enchia de ressentimento e
depressão que só podiam ser curados com o próximo triunfo. Portanto, muito cedo
comecei a avaliar tudo em termos de vitória ou derrota – “tudo ou nada”. A única
satisfação que eu conhecia era vencer.
Somente através da derrota é que somos capazes de dar os primeiros passos em direção
à libertação e à força. Nossa admissão de impotência pessoal finalmente vem a ser o leito
de rocha firme sobre o qual podem ser construídas vidas felizes e significativas.
GUIA PARA UM CAMINHO MELHOR
Quase nenhum de nós gostou da idéia do auto-exame, da redução do orgulho e da
confissão das imperfeições que os Passos requerem. Mas vimos que o programa
realmente funcionava para os outros e viemos a acreditar na desesperança da vida tal
como a estávamos vivendo.
Portanto, quando fomos abordados por aquelas pessoas que tinham resolvido o
problema, só nos restou apanhar o simples conjunto de instrumentos espirituais que
puseram ao nosso alcance.
Nas Tradições de A. A. está implícita a confissão de que nossa Irmandade tem suas
falhas. Confessamos que temos defeitos de caráter, como a sociedade, e que esses
defeitos nos ameaçam continuamente. Nossas Tradições são um guia para melhores
formas de trabalhar e de viver, e representam para a sobrevivência e harmonia do grupo
o que os Doze Passos de A. A. representam para a sobriedade e paz de espírito de cada
membro.
UM PRINCÍPIO SALVADOR
Essa prática de admitir os próprios defeitos a uma outra pessoa é, sem dúvida, muito
antiga. Foi validada em todas os séculos, e caracteriza a vida de todas as pessoas
espiritualmente centradas e verdadeiramente religiosas.
Mas hoje a religião não é nem de longe a única defensora desse princípio salvador. Os
psiquiatras e psicólogos apontam a grande necessidade que todo ser humano tem de
desenvolver percepção e conhecimento práticos de suas próprias falhas de personalidade
e de discuti-las com uma pessoa compreensiva e digna de confiança.
No que se refere aos alcoólicos, A. A. vai ainda mais longe. A maioria de nós declararia
que sem a corajosa admissão de nossos defeitos para um outro ser humano, não
poderíamos nos manter sóbrios. Até que estejamos dispostos a tentar isso, parece
evidente que a graça de Deus não nos tocará para expulsar nossas obsessões
destrutivas.
NUNCA O MESMO OUTRA VEZ
Descobrimos que quando um alcoólico plantava na mente de outro a idéia de verdadeira
natureza de sua doença, este jamais voltaria a ser o mesmo. Após cada bebedeira, ele
diria a si mesmo: “Talvez esses Aas tenham razão”. Depois de algumas experiências
assim, e muitas vezes antes do começar a ter grandes dificuldades, ele voltaria a nós,
convencido.
Nos primeiros anos, aqueles dentre nós que ficaram sóbrios em A. A., eram na verdade
casos horríveis e completamente sem esperança. Mas depois começamos a ter sucesso
com alcoólicos moderados, e mesmo com alguns alcoólicos em potencial. Começaram a
aparecer pessoas mais jovens. Chegavam muitas pessoas que ainda tinham trabalho, lar,
saúde e posição social.
Naturalmente foi necessário que esses recém-chegados chegassem emocionalmente ao
fundo do poço, mas eles não tiveram que chegar a todos os tipos de fundo de poço
possíveis para admitir que estavam derrotados.
COMPLETA A LIMPEZA DA CASA
Muitas vezes, os recém-chegados procuram guardar para si mesmos os fatos
desagradáveis referentes às suas vidas. Tentando evitar a experiência humilhante do
Quinto Passo, eles tentaram métodos mais fáceis. Quase sem exceção se embriagaram...
Tendo preservado no resto do programa, perguntavam-se por que tinham recaído.
Acho que a razão é que eles nunca completaram a limpeza de sua casa. Fizeram seu
inventário, mas continuaram agarrados a alguns de seus piores defeitos. Eles somente
pensaram que tinham perdido seu egoísmo e medo. Somente pensaram que tinham se
humilhado. Mas não tinham aprendido o suficiente sobre humildade, coragem e
honestidade. Até que contaram a outra pessoa toda a sua vida.
O COMEÇO DA VERDADEIRA AFINIDADE
Quando chegamos em A. A. e pela primeira vez na vida nos encontramos entre pessoas
que pareciam nos compreender, a sensação de pertencer foi muito emocionante.
Achamos que o problema de isolamento tinha sido resolvido.
Mas logo descobrimos que, embora não estivéssemos mais sozinhos, no sentido social,
ainda sofríamos das antigas angústias do isolamento ansioso. Enquanto não falássemos,
com toda franqueza, de nossos conflitos e ouvíssemos mais alguém fazer o mesmo,
ainda não fazíamos parte.
O Quinto Passo foi a resposta. Foi o começo de uma verdadeira afinidade como o homem
e com Deus.
O PRIVILÉGIO DE COMUNICAR
Todos devem concordar que nós, Aas, somos pessoas incrivelmente afortunadas.
Afortunadas porque sofremos tanto. Afortunadas porque podemos conhecer-nos,
compreender-nos e amar-nos uns aos outros tão bem.
Esses atributos e virtudes raramente caem do céu. Na verdade, a maioria de nós sabe
muito bem que essas dádivas são raras e que têm sua verdadeira origem em nosso
sofrimento comum e em nossa libertação comum, pela graça de Deus.
Assim sendo, somos privilegiados por podermos comunicar-nos uns com os outros numa
intensidade e de uma maneira raramente alcançada por nossos amigos não-alcoólicos do
mundo que nos cerca.
“Eu costumava me envergonhar de minha situação e não falava sobre isso. Mas hoje
confesso francamente que tenho tendência à depressão e isso tem atraído para mim
outras pessoas com a mesma tendência. Trabalhar com eles tem me ajudado bastante”.
“DESTEMIDO E MINUCIOSO”
Minha auto análise tem sido frequentemente falha. Às vezes tenho deixado de
compartilhar meus defeitos com as pessoas certas; outras vezes tenho confessado os
defeitos delas, em lugar dos meus, e ainda outras vezes, minha confissão dos defeitos
tem sido mais de queixas, em alta voz, acerca de minhas circunstâncias e meus
problemas.
Quando A. A. sugere um destemido inventário moral, isso deve parecer a todo recém-
chegado que lhe estamos pedindo mais do que ele é capaz de fazer. Cada vez que ele
tenta olhar para dentro de si, o orgulho diz: “Você não precisa percorrer esse caminho...”
e o medo diz: “Não se atreva a olhar!”
Mas o orgulho e o medo desse tipo não passam de bichos-papões. Uma vez que façamos
inventário com toda a boa vontade e nos esforcemos para fazê-lo minuciosamente, uma
luz maravilhosa invade essa cena nebulosa. À medida que persistimos, nasce um tipo de
confiança totalmente novo, e a sensação de alívio com a qual finalmente nos deparamos
é incrível.
QUANDO OS CONFLITOS AUMENTAM
Algumas vezes eu seria forçado a examinar situações onde estava agindo mal. No
mesmo instante, eu começaria freneticamente a procurar desculpas.
“Essas”, eu exclamaria, “são realmente faltas de um homem de bem”. Quando essa frase
favorita fosse destruída, eu pensaria: “Bem se aquelas pessoas me tratassem sempre
bem, eu não teria que me comportar da maneira que me comporto”. A desculpa seguinte
seria esta: “Deus sabe muito bem que tenho terríveis compulsões. Simplesmente não
posso vencê-las, só mesmo Ele vai ter que me tirar dessa”. Finalmente chegava o
momento em que eu exclamaria: “Isso eu positivamente não farei! Nem mesmo tentarei”.
Claro que meus conflitos foram aumentando, porque eu estava completamente carregado
de desculpas, recusas e revolta.
Numa auto-avaliação, o que nos vem à mente, quando estamos sozinhos, pode ser
distorcido por nossa própria racionalização. A vantagem de falar com uma outra pessoa é
que podemos obter, diretamente, seus comentários e conselhos a respeito de nossa
situação.
DESDE A RAIZ PRINCIPAL
O princípio de que não encontraremos qualquer força duradora, sem que antes admitimos
a derrota total é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade toda.
É dito a todo recém-chegado,e logo ele percebe por si mesmo, que sua humilde
admissão de impotência perante o álcool constitui o primeiro passo em direção à
libertação de seu jugo embriagador.
Assim, pela primeira vez, vemos a humildade como uma necessidade. Mas isso é apenas
o começo. Afastar completamente nossa aversão à idéia de ser humildes, obter uma
visão da humildade como o caminho que leva à verdadeira liberdade do espírito humano,
trabalhar para a conquista da humildade como algo desejável por si mesmo, são coisas
que demoram muito, muito tempo para a maioria de nós. Uma vida inteira dedicada ao
egocentrismo não pode ser mudada de repente.
CONTANDO O PIOR
Embora fossem muitas as variações, meu principal tema era sempre: “Como sou terrível!”
Do mesmo modo como muitas vezes, por orgulho, exagerava minhas mais modestas
qualidades, também exagerava meus defeitos através do sentimento de culpa. Em todos
os lugares, eu vivia confessando tudo (e mais um pouco) a quem quisesse me ouvir.
Acreditem ou não, eu achava que essa ampla exposição de meus erros era uma grande
humildade de minha parte e considerava isso um consolo e um grande bem espiritual.
Porém, mais tarde, percebi profundamente que na verdade não tinha me arrependido dos
danos que causei aos outros. Esses episódios eram apenas a base para contar histórias
e fazer exibicionismo. Junto com essa compreensão, veio o começo de um certo grau de
humildade.
ALTO E BAIXO
Quando nossa Irmandade era pequena, lidávamos somente com “casos desesperados”.
Muitos alcoólicos menos desesperados tentavam A. A., mas não eram bem-sucedidos
porque não podiam admitir sua desesperança.
Nos anos seguintes isso mudou. Os alcoólicos que ainda tinham saúde, família, trabalho
e até dois carros na garagem, começaram a reconhecer seu alcoolismo. À medida que
essa tendência crescia, jovens que mal passavam de alcoólicos em potencial passaram a
juntar-se a eles. Como poderiam pessoas como essas aceitar o Primeiro Passo?
Recordando nossas próprias histórias de bebida, mostrávamos a eles que anos antes de
reconhecê-lo, já havíamos perdido o controle, que mesmo naquela época nossa maneira
de beber já não era mero hábito, que era na verdade o começo de uma progressão fatal.
PERDÃO
Através do Quinto Passo, que é de vital importância, começamos a ter a sensação de que
poderíamos ser perdoados, fosse o que fosse que tivéssemos pensando ou feito.
Muitas vezes, ao trabalhar nesse Passo com nossos padrinhos ou conselheiros
espirituais, pela primeira vez nos sentimos verdadeiramente capazes de perdoar os
outros, não importando quão profundamente sentíssemos que eles tivessem nos
ofendido.
Nosso inventário moral nos tinha convencido de que todo perdão era desejável, mas foi
somente quando fizemos resolutamente o Quinto Passo que soubemos no íntimo que
éramos capazes, tanto de aceitar o perdão como também de perdoar.
(Fonte: Na Opinião do Bill – paginas: 17-24-48-65-83-88-102-111-126-135-149-164-209-
213-228-231-261-289-305-311-314-318)
ACEITAÇÃO – NA OPINIÃO DO BILL by passea
ACEITAÇÃO
“Na Opinião do Bill”
TUDO OU NADA
A aceitação e a fé são capazes de produzir cem por cento de sobriedade. De fato, elas
geralmente conseguem; e assim deve ser, caso contrário, não podemos viver. Mas a
partir do momento em que transferimos essas atitudes para nossos problemas
emocionais, descobrimos que só é possível obter resultados relativos. Ninguém pode, por
exemplo, livrar-se completamente do medo, da raiva e do orgulho. Consequentemente,
nesta vida não atingiremos uma total humildade nem amor. Assim, vamos ter que nos
conformar, com referência à maioria de nossos problemas, pois um progresso muito
gradual, às vezes é interrompido por grandes retrocessos. Nossa antiga atitude de “tudo
ou nada” terá que ser abandonada.
LUZ PROVENIENTE DE UMA ORAÇÃO
Concedei-nos, Senhor, a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos
modificar. Coragem para modificar aquelas que podemos, e Sabedoria para distinguir
umas das outras.
Guardamos como um tesouro nossa “Oração da serenidade”, porque ela nos traz uma
nova luz que pode dissipar nosso velho e quase fatal hábito de enganar a nós mesmos.
No esplendor dessa oração, vemos que a derrota, quando bem aceita, não significa
desastre. Sabemos agora que não temos que fugir, nem deveríamos outra vez tentar
vencer a adversidade por meio de um outro poderoso impulso arrasador, que só pode nos
trazer problemas difíceis de serem resolvidos.
LIVRANDO-SE DE UMA “BEBEDEIRA SECA”
“Às vezes nós ficamos deprimidos. Disso sei muito bem; eu mesmo fui um campeão das
bebedeiras secas. Enquanto as causas superficiais constituíam uma parte do quadrado;
acontecimentos que precipitavam a depressão; estou consciente de que as causas
fundamentais eram muito mais profundas.
“Intelectualmente, eu poderia aceitar minha situação, mas emocionalmente não.
“Para esses problemas, certamente não há respostas adequadas, mas parte da resposta
certamente se encontra no esforço constante para praticar todos os Doze Passos de A.
A.”
ACEITAÇÃO DIÁRIA
“Grande parte de minha vida foi passada repisando as faltas dos outros. Essa é uma das
muitas formas sutis e maldosas da auto-satisfação, que nos permite ficar
confortavelmente despreocupados a respeito de nossos próprios defeitos. Inúmeras
vezes dissemos: ‘Se não fosse por causa dele (ou dela), como eu seria feliz!”
Nosso primeiro problema é aceitar nossas circunstâncias atuais como são, a nós mesmos
como somos, e as pessoas que nos cercam como também são. Isso é adotar uma
humildade realista, sem a qual nenhum verdadeiro progresso pode sequer começar.
Repetidamente precisaremos voltar a esse pouco lisonjeiro ponto de partida. Esse é um
exercício de aceitação que podemos praticar com proveito todos os dias de nossas vidas.
Desde que evitemos arduamente transformar esses reconhecimentos realistas dos fatos
da vida em álibis irreais para a prática da apatia ou do terrorismo, eles podem ser a base
segura sobre a qual pode ser construída a crescente saúde emocional e, portanto, o
progresso espiritual.
A FORÇA NASCENDO DA FRAQUEZA
Se estamos dispostos a parar de beber, não podemos abrigar, de forma nenhuma, a
esperança de que um dia seremos imunes ao álcool.
Tal é o paradoxo da recuperação em A. A.: a força nascendo da fraqueza e da derrota
completa, a perda de uma vida antiga como condição para encontrar uma nova.
LIBERDADE ATRAVÉS DA ACEITAÇÃO
Admitimos que não podíamos vencer o álcool com os recursos que ainda nos restavam, e
assim aceitamos o fato de que só a dependência de um Poder Superior (mesmo que
fosse apenas nosso Grupo de A. A.) poderia resolver esse problema até aqui insolúvel.
No momento em que fomos capazes de aceitar inteiramente esses fatos, iniciou-se nossa
libertação da compulsão alcoólica.
Para a maioria de nós foi preciso grande esforço para aceitar esses dois fatos. Tivemos
que abandonar nossa querida filosofia de auto-suficiência. Não o conseguimos apenas
com a força de vontade; isso aconteceu como resultado do desenvolvimento da boa
vontade para aceitar esses novos fatos da vida.
Não fugimos nem lutamos, mas aceitamos. E então começamos a ser livres.
NENHUM PODER PESSOAL
“ A princípio, o remédio para minhas dificuldades pessoais parecia tão evidente que eu
não podia imaginar um alcoólicos recusando a proposta que lhe fosse adequadamente
apresentada. Acreditando firmemente que Cristo pode fazer tudo, eu tinha a idéia
inconsciente de supor que Ele faria tudo por meu intermédio – quando e da maneira que
eu quisesse. Depois de seis longos meses, tive que admitir que ninguém tinha se
apoderado do Mestre – nem mesmo eu.
“Isso me levou à boa e saudável conclusão de que havia muitas situações no mundo
sobre as quais eu não tinha nenhum poder pessoal – que, se eu estava tão pronto a
admitir isso a respeito do álcool, devia admitir também em relação a muitas outras coisas.
Tinha que ficar quieto a muitas outras coisas. Tinha que ficar quieto e entender que Ele e
não eu, era Deus.”
OBSTÁCULOS EM NOSSO CAMINHO
Vivemos num mundo cheio de inveja. Em grau maior ou menor, todos são contaminados
por ela. Deste defeito certamente retiramos uma satisfação deturpada porém definida. Se
assim não fosse, porque poderíamos tanto tempo desejando o que não temos, em vez de
trabalhar para obtê-lo, ou furiosamente procurando qualidade que nunca teremos, em vez
de adaptarmo-nos aos fatos, aceitando-os?
Cada um de nós gostaria de viver em paz consigo mesmo e com seus semelhantes.
Gostaríamos de ser assegurados de que a graça de Deus pode fazer por nós aquilo que
não podemos.
Temos visto que os defeitos de caráter baseados em desejos imprevidentes a indignos
são obstáculos que bloqueiam nosso caminho em direção a esses objetivos. Agora
vemos, com clareza, que estivemos fazendo exigências irracionais a nós mesmos, aos
outros e a Deus.
DOIS CAMINHOS PARA OS MEMBROS MAIS ANTIGOS
Os fundadores de muitos grupos acabam por dividirem-se em duas categorias,
conhecidas na linguagem de A. A. como “velhos mentores” e “velhos resmungões”.
O velho mentor vê sabedoria na decisão do grupo de assumir sua própria direção e não
guarda ressentimento ao ver reduzido seu status. Seu julgamento, reforçado por
considerável experiência, é saudável: ele está disposto a ficar de lado, aguardando com
paciência os acontecimentos.
O velho resmungão está certamente convencido de que o grupo não pode caminhar sem
ele. Ele constantemente conspira para reeleger-se e continua sendo consumido pela auto
piedade. Quase todos os membros mais antigos de nossa sociedade passaram por isso,
em maior ou menor grau. Felizmente, a maior parte deles sobreviveu para se transformar
no velho mentor. Estes vêm a ser a verdadeira e duradoura liderança de A. A.
MAIS DO QUE CONFORTO
Quando me sinto deprimido, repito para mim mesmo declarações como estas: “O
sofrimento é a pedra de toque do progresso...” “Não tema o mal”... “Isso também vai
passar”... “Essa experiência pode se transformar em benefício”.
Esses fragmentos de oração trazem muito mais do que um mero conforto. Eles me
mantêm no caminho da aceitação perfeita, dissolvem meus temas obsessivos de culpa,
depressão, revolta e orgulho; e às vezes me dão a coragem para mudar as coisas que
posso e sabedoria para perceber a diferença.
O APRENDIZADO NÃO TERMINA NUNCA
“Minha experiência, como antigo membro, é em alguns pontos paralela à sua e as de
muitos outros. Todos nós descobrimos que chega o momento em que não mais podemos
conduzir os negócios funcionais dos grupos, das áreas ou, em meu caso, de A. A. com
um todo. Em última análise, só valemos pelo exemplo espiritual que porventura tenhamos
dado. Nesta medida tornamo-nos símbolos úteis – e isso é tudo.”
“Tornei-me discípulo do movimento de A. A., ao invés do professor que eu outrora achava
que era”.
A OBSESSÃO E A RESPOSTA
A idéia de que de algum modo, algum dia, vai controlar e desfrutar da bebida constitui a
grande obsessão de todo bebedor anormal. A persistência dessa ilusão é incrível. Muitos
a perseguem até as portas da loucura e da morte.
O alcoolismo, e não o câncer, era minha doença. Mas qual a diferença? O alcoolismo não
era também um consumidor do corpo e da mente? O alcoolismo levaria mais tempo para
matar, mas o resultado era o mesmo. Então decidi, que se houvesse um grande Médico
que pudesse curar a doença do alcoolismo, o melhor que eu poderia fazer era procurá-Lo
imediatamente.
SATISFAÇÕES DE UMA VIDA CORRETA
Como é maravilhoso sentir que não precisamos nos distinguir especialmente de nossos
companheiros para podermos ser úteis e profundamente felizes. Poucos de nós podemos
ser líderes destacados, e nem queremos sê-lo.
O serviço prestado com alegria; as obrigações honestamente cumpridas; os problemas
bem aceitos ou resolvidos com a ajuda de Deus; a consciência de que em casa ou no
mundo lá fora somos parceiros num esforço comum; o fato de que aos olhos de Deus
somos todos importantes; a prova de que o amor dado livremente sempre traz retorno; a
certeza de que não estamos mais isolados e sós em prisões construídas por nós
mesmos; a segurança de que podemos nos ajustar e pertencer ao esquema de Deus –
essas são as satisfações de uma vida correta, que jamais poderiam ser substituídas por
qualquer pompa ou cerimônia ou por qualquer quantidade de posses materiais.
REVOLTA OU ACEITAÇÃO
Todos nós passamos por períodos em que somente podemos orar com o maior
empenho. Às vezes, vamos ainda mais longe. Somos acometidos por uma revolta tão
doentia que simplesmente não conseguimos orar. Quando essas coisas acontecem, não
devemos achar que somos tão doentes. Devemos simplesmente voltar à prática da
oração, tão logo possamos, fazendo o que sabemos ser bom para nós.
Uma pessoa que persiste na oração encontra-se na posse de grandes dádivas. Quando
tem que lidar com situações difíceis, descobre que pode enfrentá-las. Pode aceitar a si
mesma e ao mundo que a cerca.
Pode fazer isso porque agora aceita um Deus que é Tudo – e que ama a todos. Quando
ela diz: “Pai nosso que estais no céu, santificado seja Teu nome”, ela quer dizer isso
profunda e humildemente. Quando em verdadeira meditação e portanto livre dos
clamores do mundo, sabe que está nas mãos de Deus, que seu destino final está
realmente seguro, aqui e no além, aconteça o que acontecer.
(Fonte: Na Opinião do Bill – paginas: 6-20-30-44-49-109-114-131-138-148-169-194-254-
293)
HUMILDADE by passea
HUMILDADE
A palavra humildade, de acordo com nossa concepção, tem relação com nossos
sentimentos perante o Poder Superior. Essa humildade vem ligada ao sentimento de
espiritualidade e não a bens materiais.
Temos necessidade de praticá-la em todos os sentidos se quisermos crescer como seres
humanos pertencentes à irmandade do mundo, como o quer este nosso Poder Superior.
Dentre as muitas formas de defini-la, humildade significa: a virtude que nos dá o sentido
de como realmente somos.
Muitas vezes ela é interpretada como sendo fraqueza, rebaixamento, mas, a realidade, a
humildade é força, é aceitação, é a capacidade de pedir perdão e se perdoar.
Humildade é o ponto de partida para nosso crescimento espiritual, porque sem a
humildade não haveria a aceitação dos Passos, lemas e Tradições que são a base de
nossa reformulação de vida.
Encontramo-la logo no 1º Passo, quando admitimos que somos impotentes perante o
álcool, e que nossas vidas haviam-se desmoronado completamente à mercê dessa
doença.
No 2º Passo vamos encontrá-la na submissão ao Poder Superior e na admissão de no
passado nosso modo de pensar, agir e viver não era razoável e equilibrado. Contudo, a
experiência da vida não nos deixa duvidar que o ser humano não é todo sábio, nem todo
poderoso, nem capaz de um amor perfeito.
Essas qualidades pertencem a um ser Superior, segundo entendimento que cada um
tenha Dele.
Podemos entregar-lhe nossas tristezas, dissabores e pedir que nos ajude com sua
bondade infinita.
No 3º Passo vamos encontrá-la na rendição incondicional ao Poder Superior quando
formos capazes de dizer: - Senhor, não sou capaz de resolver este problema sozinho,
preciso de Sua orientação e cuidados; ensina-me Sua vontade em relação a mim e a
farei.
Já no 4º Passo vamos precisar de humildade para podermos nos olhar honestamente e
fazer uma auto análise sincera do que realmente somos.
Talvez seja difícil e desagradável levar a cabo um inventário moral próprio e com toda
sinceridade, mas é um passo vital, se desejamos progredir.
No 5º Passo vamos encontrar a humildade na admissão de nossas falhas perante Deus,
perante nós mesmos e confidenciando-as a um outro ser humano de confiança. Tal
reconhecimento requer tanto humildade, como honestidade.
É muito mais fácil sermos honestos com outra pessoa do que conosco mesmos.
Até certo ponto todos nós somos tolhidos pela nossa necessidade de justificar as nossas
ações e palavras. Se admitirmos os nossos erros a nós mesmos, a Deus e a outro ser
humano, teremos uma vaga idéia da pessoa maravilhosa que poderemos ser.
No 6º Passo vamos encontrá-la na disposição em remover os nossos defeitos de caráter,
entregando-os ao Poder Superior para que nos ajude a eliminá-los.
Não podemos confiar somente nos nossos duvidosos poderes humanos. Tornamo-nos
capazes de ver também nossas qualidades como dádivas de Deus.
Não deveria eu compreender que Deus não remove um defeito para produzir um vácuo,
um vazio, mas sim, para dar lugar ao seu conceito de amor, bondade e tolerância?
No 7º Passo, encontramos a humildade na promessa de utilizarmos honestidade e
inteligência que são dádivas divinas para solucionarmos nossos problemas.
Essa rendição ante a vontade de Deus põe em movimento todo seu amoroso poder para
devolver às nossas vidas a ordem e serenidade.
Pedir a Deus humildemente que elimine nossas culpas é uma das mais nobres ações e
uma das melhores maneiras de orar que existe.
A palavra chave é humildade, o nosso reconhecimento de que necessitamos que um
Poder Superior a nós mesmos nos ajude a ver uma perspectiva real e a manter nossas
mentes abertas à verdade.
A humildade não requer submissão ou padecimentos, tudo isto encerra qualidades
negativas contra as quais não podemos nos rebelar.
A verdadeira humildade é da livre aceitação.
No 8º Passo vamos encontrar a humildade na disposição em admitir nossos erros de
modo que possamos limpar a nossa consciência de culpa.
O que fazer para livrar-nos de tal condição?
Fazendo uma relação de todas as pessoas com quem temos atuado mal, nos dispondo a
reparar o dano causado. A quem magoei?
Seguramente as pessoas mais próximas a mim: minha família – se consciente ou
inconscientemente carregamos este fardo de culpa, isto deve ser apagado fazendo
correções.
Somente então encontraremos paz de espírito e um padrão mais racional de
pensamentos e comportamento.
A humildade é a boa vontade em fazer correções; muitas vezes cria a oportunidade de
fazê-las de maneira natural, espontânea e sem embaraços. E isso leva ao crescimento
espiritual.
Vamos encontrar a humildade no 9º Passo, na coragem de reparar os danos causados,
os desacordos e a falta de compreensão entre mim e meus parentes ou ex-amigos.
Um auto-exame honesto e prudente será necessário. Um casual pedido de desculpas,
por exemplo, raramente é suficiente para livrar-nos da culpa de críticas prejudiciais.
A melhor maneira de reparar os estragos é mudando nossas atitudes, adotando um trato
marcado pela constante bondade e compreensão.
No 10º Passo vamos encontrá-la na atenção suficiente de revisão e preparação para o
meu dia-a-dia, renovando meus esforços para progredir no desenvolvimento pessoal.
Olhar para dentro de si mesmo: ai que encontraremos todas as respostas.
No 11º Passo vamos encontrar a humildade na disposição de estar em comunhão com
nosso Poder Superior, pedindo-lhe apenas a capacidade de reconhecer Sua vontade,
pondo de lado todas as orações em que imponho minha vontade, instruindo a Deus sobre
o que queremos que faça por nós.
O objetivo das preces e das meditações é manter nossas mentes abertas a receptivas à
orientação.
Este processo de “escuta interior” orientará nossos pensamentos e ações e trará paz à
nossa existência.
“É Deus que nos dá forças e torna perfeito o nosso caminho”.
“Deus está presente em todas as criaturas, mas nem todas estão igualmente cientes de
sua presença”.
No 12º Passo vamos encontrar a humildade estando sempre dispostos a levar a
mensagem aos outros.
Essa necessidade está sempre ao meu redor se eu me mantiver suficientemente alerta
para reconhecê-la.
Ajudando os outros, também me ajudo.
Essa é a culminação triunfante – o resumo – dos Passos, é o reconhecimento de que
alcançamos uma profunda consciência de Deus e a nossa relação para com Ele, e que
estamos prontos para continuar o trabalho, levando aos outros a luz e a dignidade que
encontramos. Então, quando obtenho uma idéia clara e sensata de onde estou, qual o
caminho em que estou, passo a perceber que meu crescimento espiritual apenas
começou.
E quanto mais eu me conscientizar da minha capacidade, da minha pequenez e dividir
em porções o que eu posso fazer, as minhas desculpas e a minha importância ficam
ridículas e cômicas.
Assim, conscientizado de mim, tomo também consciência e fé de que Deus é bom e que
preciso Dele para abafar meu orgulho e saber então o significado da palavra Humildade.
No livro “O melhor de Bill”, Bill citou o seguinte trecho:
“Esta é a razão pela qual vejo humildade para o dia de hoje como aquele meio-termo
seguro e garantido entre esses extremos emocionais violentos. Trata-se de um lugar
tranqüilo onde posso manter perspectiva e equilíbrio suficientes para iniciar o meu
próximo passo em direção à estrada claramente indicada que leva a valores eternos”.
(Fonte: Revista Vivência Nº 91 – Set/Out-2004 – Rubens A.. /Paulina/SP)
HUMILDADE – REFLEXÕES DIÁRIAS by passea
HUMILDADE – REFLEXÕES DIÁRIAS
Servindo meu irmão
O membro de A. A. fala ao recém-chegado, não com espírito de grandeza, mas com o
espírito de humildade e fraqueza.
Enquanto passam os dias em A. A. peço a Deus para guiar meus pensamentos e minhas
palavras ao falar. Neste labor de contínua participação na Irmandade, tenho muitas
oportunidades de falar. Assim, frequentemente peço a Deus para me ajudar a observar
meus pensamentos e palavras, que elas possam ser verdadeiras e próprias reflexões de
nosso programa; focalizar minhas aspirações mais uma vez para procurar Sua direção;
para me ajudar a ser realmente agradável e amável, prestativo e curativo, mas sempre
cheio de humildade e livre de qualquer traço de arrogância.
Talvez eu tenha que enfrentar atitudes ou palavras desagradáveis; recursos típicos do
alcoólico que ainda sofre. Se isto vier a acontecer, tomarei um momento para concentrar-
me em Deus; e então ser capaz de responder de uma perspectiva de compostura, força e
sensibilidade.
Uma caminho para a fé
A verdadeira humildade e a mente aberta poderão nos conduzir a fé. Toda reunião de A.
A. é uma segurança de que Deus nos levará de volta à sanidade, se soubermos nos
relacionar corretamente com Ele.
Minha última bebedeira deixou-me num hospital totalmente quebrado. Foi então que fui
capaz de ver passado flutuar na minha frente. Percebi que por causa da bebida, tinha
vivido todos os pesadelos que pudera haver imaginado. Minha própria teimosia e
obsessão para beber levaram-me para um abismo escuro de alucinações, apagamentos
e desespero. Finalmente vencido, pedi ajuda a Deus. Sua presença convenceu-me para
que acreditasse. Minha obsessão pelo álcool foi tirada e minha paranóia foi suspensa.
Não estou mais com medo. Sei que minha vida é saudável e sã.
Dois “magníficos padrões”
Todo o progresso de A. A. pode ser expressado em apenas duas palavras: humildade e
responsabilidade. Todo o nosso desenvolvimento espiritual pode ser medido, com
precisão, conforme nosso grau de adesão a estes magníficos padrões.
Conhecer e respeitar as opiniões, talentos e prerrogativas dos outros, e aceitar estar
errado, mostra-me o caminho da humildade.
Praticar os princípios de A. A. em todos os meus assuntos me leva a ser responsável.
Respeitar estes preceitos dá crédito à Quarta Tradição – e a todas as outras Tradições da
Irmandade.
Alcoólicos Anônimos tem desenvolvido uma filosofia de vida cheia de motivações válidas,
rica dos mais altos e relevantes princípios e valores éticos, uma maneira de vida que
pode ser estendida além dos limites da população alcoólica. Para honrar estes preceitos,
preciso somente rezar e cuidar de cada companheiro como se cada um fosse meu irmão.
Afinal, livre
Outra grande dádiva que podemos esperar por confiar nossos defeitos a outro ser
humano é a humildade – uma palavra frequentemente mal compreendida... representa
um claro reconhecimento do que e quem somos realmente, seguido de um esforço
sincero de ser aquilo que poderíamos ser.
Sabia no fundo do meu ser que se quisesse ser alegre, feliz e livre para sempre, tinha de
compartilhar minha vida passada com outra pessoa. A alegria e o alívio que senti após
fazer isto estão além de qualquer descrição. Quase que imediatamente após fazer o
Quinto Passo, me senti livre da escravidão do ego e da escravidão do álcool. Esta
liberdade permanece após 36 anos, um dia de cada vez.
Descobri que Deus podia fazer por mim o que eu não podia fazer sozinho.
É bom ser eu mesmo
Inúmeras vezes os novatos procuram guardar para si certos fatos de suas vidas...
Desviaram-se para métodos mais fáceis... mas, não aprenderam o suficiente sobre a
humildade.
Humildade soa muito como humilhação mas, na realidade, ela é a capacidade de olhar
para mim mesmo – e honestamente aceitar o que vejo. Não preciso ser o “mais esperto”
nem o “mais estúpido” ou qualquer outro “mais”. Finalmente é muito bom ser “eu” mesmo.
É mais fácil para mim aceitar-me se compartilhar toda a minha vida. Se não posso
compartilhar nas reuniões, então é melhor ter um padrinho – alguém com que eu possa
compartilhar “certos fatos” que podem me levar de volta à bebida e para a morte. Preciso
praticar todos os Passos. Preciso do Quinto Passo para aprender a verdadeira
humildade. Métodos mais fáceis não funcionam.
Uma liberdade sempre crescente
É no Sétimo Passo que efetuamos a mudança em nossa atitude que nos permite, com a
humildade servindo de guia, sair de dentro de nós mesmos em direção aos outros e a
Deus.
Quando finalmente pedi a Deus para remover estas coisas que me separavam Dele e da
luz do Espírito, embarquei numa viagem mais gloriosa do que podia imaginar.
Experimentei libertação destas características que me mantinham escondido em mim
mesmo. Devido à humildade desta Passo, hoje me sinto limpo.
Sou especialmente consciente deste Passo porque agora sou útil a Deus e a meus
companheiros. Sei que Ele me concedeu forças para cumprir Sua vontade e me preparou
para qualquer pessoa ou coisa que possa surgir no meu caminho hoje. Estou realmente
em Suas mãos e agradeço pela alegria de poder ser útil hoje.
Sou um instrumento
“Humildemente rogamos a Ele que nos livre de nossas imperfeições.”
O assunto de humildade é um dos mais difíceis. Humildade não é pensar menos do que
deveria de mim mesmo: humildade é reconhecer que eu faço bem certas coisas, é aceitar
cortesmente um elogio.
Deus pode somente fazer para mim o que Ele pode fazer através de mim. Humildade é o
resultado de saber que Deus é quem faz, não eu. Na luz desta percepção, como posso
ter orgulho de minhas realizações? Sou um instrumento, e qualquer trabalho que pareça
estar fazendo, está sendo feito por Deus através de mim. Peço a Deus diariamente que
remova minhas imperfeições, para que possa mais livremente continuar meus assuntos
de A. A. de “amor e serviço.”
Um momento decisivo
Um momento decisivo em nossas vidas chegou quando procuramos a humildade como
algo que realmente desejávamos, em vez de algo que precisávamos ter.
Ou a maneira de viver de A. A. Torna-se uma alegria ou eu volto para a escuridão e
desespero do alcoolismo. A alegria acontece em minha vida quando minha atitude em
relação a Deus e à humildade se tornam um desejo ao invés de uma carga. A escuridão
de minha vida transforma-se em uma luz radiante, quando eu compreendo que ser
verdadeiro e honesto ao fazer o meu inventário, resulta em minha vida ficar plena de
serenidade, liberdade e alegria.
A confiança em meu Poder Superior se aprofunda e o fluxo de gratidão se espalha
através de mim. Estou convencido de que ser humilde é ser verdadeiro e honesto ao
tratar comigo e com Deus. Então, humildade é algo que “realmente desejo”, ao invés de
ser “uma coisa que devo ter”.
Abandonando o centro do palco
Pois, sem certas doses de humildade, nenhum alcoólico poderá permanecer sóbrio...
Sem ela não podem viver uma vida de muita utilidade ou, com os contra-tempos,
convocar a fé que se necessita para enfrentar qualquer emergência.
Por que tanta resistência à palavra “humildade”? Eu não sou humilde ante outras
pessoas, mas para Deus, como eu O entendo. Humildade significa “mostrar um respeito
submisso” e ao ser humilde eu percebo que não sou o centro do universo. Quando bebia
eu era consumido pelo orgulho e o egocentrismo. Sentia o mundo todo girar em torno de
mim, que eu era o mestre do meu destino. A humildade me dá condições de depender
mais de Deus para me ajudar a vencer os obstáculos e minhas próprias imperfeições,
para que possa crescer espiritualmente. Preciso resolver mais problemas difíceis para
aumentar minha competência e, quando encontro os obstáculos da vida, preciso aprender
a superá-los com a ajuda de Deus.
Comunhão diária com Deus demonstra minha humildade, e me abastece com a
compreensão de que ser mais poderoso do que eu está disposto a me ajudar, se eu parar
de tentar representar o papel de Deus.
Humildade é uma dádiva
Já que colocávamos a confiança própria em primeiro lugar, permanecia fora de cogitação
uma autêntica fé num Poder Superior. Faltava esse ingrediente básico de toda a
humildade, o desejo de solicitar e fazer a vontade de Deus.
Quando vim pela primeira vez para A. A., desejava encontrar um pouco da ilusória
qualidade chamada humildade. Não percebi que procurava por humildade porque
pensava que poderia me ajudar a conseguir o que eu queria, e que eu faria qualquer
coisa pelo outros se eu pensasse que Deus, de alguma forma, me recompensaria por
isto. Agora tento me lembrar que as pessoas que encontro durante o meu dia estão tão
próximas de Deus quanto eu poderia estar, enquanto estiver nesta terra. Preciso rezar
para saber a vontade de Deus hoje e ver como minha experiência com a esperança e a
dor pode ajudar outras pessoas; se posso fazer isto não preciso procurar humildade, ele
me encontrou.
Um ingrediente nutritivo
Apesar de que a humildade houvesse anteriormente representado uma alimentação
forçada, agora começa a significar o ingrediente nutritivo que pode nos trazer a
serenidade.
Quantas vezes me concentro em meus problemas e frustrações?
Quando estou tendo um “bom dia”, estes mesmos problemas diminuem em importância e
minha preocupação com eles se reduz. Não seria melhor se encontrasse a chave para
abrir “a mágica” de meus “dias bons” para usar no infortúnio dos meus “dias maus”?
Já tenho a solução! Ao invés de tentar fugir de minhas dores e desejar que meus
problemas desapareçam, posso rezar pedindo a humildade! A humildade curará a dor. A
humildade será tirada de mim mesmo. A humildade, esta força que me é concedida por
esse “Poder Superior a mim mesmo”, é minha, basta pedir! A humildade devolverá o
equilíbrio a minha vida. A humildade permitirá o equilíbrio a minha vida. A humildade
permitirá me aceitar alegremente como ser humano.
Orgulho
Há milhares de anos vimos querendo aumentar nossa parcela de segurança, prestígio e
romance. Quando parecia que estávamos tendo êxito, bebíamos para viver sonhos ainda
maiores. Quando estávamos frustrados, mesmo que pouco, bebíamos para esquecer.
Nunca havia o suficiente daquilo que julgávamos querer.
Em todos esses esforços, muitos dos quais bem intencionados, ficamos paralisados pela
nossa falta de humildade.
Havia-nos faltado a visão de que o aperfeiçoamento do caráter e os valores espirituais
deveriam vir primeiro, e que as satisfações materiais não constituíam o propósito da vida.
Repetidamente me aproximei do Sétimo Passo, somente para retroceder e me
reorganizar. Faltava alguma coisa e me escapava o impacto do Passo. O que eu não
havia visto direito? Uma palavra simples: lida mas ignorada, a base de todos os Passos,
na verdade de todo o programa de Alcoólicos Anônimos – essa palavra é “humildemente”.
Entendi meus defeitos: constantemente adiava meu trabalho; ficava com raiva facilmente;
sentia muita auto-piedade; e pensava: por que eu? Então me lembrei: “o orgulho sempre
vem antes da queda” e eliminei o orgulho e minha vida.
“Uma medida de humildade”
Em todos os casos, o sofrimento havia sido o preço de ingresso para uma nova vida.
Porém, este valor de ingresso havia comprado mais do que esperávamos, trouxe uma
medida de humildade que logo descobrimos ser um remédio para a dor.
Foi doloroso deixar de tentar controlar minha vida, embora o sucesso me havia iludido e,
quando a vida ficava muito difícil, eu bebia para escapar. Aceitar a vida em seus termos,
é o que aprenderei através da humildade que experimento quando coloco minha vontade
e minha vida aos cuidados de Deus, como eu O entendo.
Com minha vida aos cuidados de Deus, o medo, a incerteza e a raiva não são mais
minhas respostas para aquelas situações da vida que eu preferiria não acontecessem
para mim. A dor de viver esses momentos será curada pelo conhecimento de que recebi
da força espiritual para sobreviver.
Rendição e autocrítica
Minha estabilidade proveio de tentar dar, não de exigir que me dessem.
É assim que penso que pode funcionar com a sobriedade emocional. Se olharmos cada
distúrbio que temos, grande ou pequeno, encontraremos em sua raiz uma dependência
doentia, e, em consequência, exigências doentias. Que possamos, com a ajuda de Deus,
entregar continuamente essas exigências alei jantes. Então nos poderá ser dada a
liberdade para viver e amar: poderemos então fazer um Décimo Segundo Passo para nós
mesmos e para os outros, em direção à sobriedade emocional.
Anos de dependência do álcool, como um alterador químico de meu humor, tiraram-me a
capacidade de interagir emocionalmente com meus companheiros. Pensava que tinha de
ser auto-suficiente, autoconfiante, e auto motivado num mundo de pessoas não
confiáveis. No final perdi minha dignidade e fiquei dependente, sem qualquer capacidade
para confiar em mim mesmo ou acreditar em qualquer outra coisa. Rendição e auto-
exame, enquanto compartilho com os que chegam, ajudam-me a pedir humildemente por
socorro.
Gratidão pelo que tenho
Durante este processo de aprendizagem, a respeito de humildade, o resultado mais
profundo de todos foi a mudança de nossa atitude sobre Deus.
Hoje minhas preces consistem principalmente em dizer “obrigado” ao meu Poder Superior
por minha sobriedade e pela maravilhosa generosidade de Deus, mas preciso também
pedir ajuda e força para colocar em prática a Sua vontade na minha vida. Não preciso
pedir a Deus a cada minuto para me socorrer de situações em que me coloco por não
fazer a Sua vontade. Agora minha gratidão parece estar ligada diretamente à humildade.
Enquanto tenho humildade para ser grato pelo que tenho, Deus continua me
abastecendo.
Defeitos removidos
Porém, agora as palavras: “Sozinho nada sou, o Pai é quem faz”, começaram a adquirir
um significado brilhante e animador.
Quando coloco o Sétimo Passo em ação, devo lembrar que não há espaço para
preencher. Eu não digo, “humildemente peço a Ele para (preencher o espaço) remover
meus defeitos”.
Por anos eu preenchi o espaço imaginário com: “Ajuda-me!”, “Dá-me a coragem para!” E
com “Dá-me a força!”, etc. O Passo diz simplesmente que Deus removerá meus defeitos.
O único trabalho que devo fazer é “humildemente pedir”, o que, para mim significa pedir o
conhecimento de que por mim mesmo não sou nada, o Pai é que “Faz o trabalho”.
Peço para Deus decidir
“Peço que removas de mim todo e qualquer defeito de caráter que me impeça de ser útil,
a Ti aos meus semelhantes.”
Tenho admitido minha impotência e tomado a decisão de colocar minha vida e minha
vontade sob os cuidados de Deus, como eu O concebo, não sou eu quem decide quais
os defeitos serão removidos, nem a ordem em que os defeitos serão removidos. Peço a
Deus que decida quais os defeitos que me impedem de ser útil a Ele e aos outros e
então, humildemente,peço que os remova.
Impelidos
Impelidos por centenas de formas de medos, auto-ilusão, egoísmo e auto piedade,
pisamos nos pés dos outros e eles revidam.
Meu egoísmo era a força que me impelia para a bebida. Bebia para celebrar o sucesso e
bebia para afogar as minhas desgraças. Humildade é a resposta. Aprendo a entregar a
minha vontade e aminha vida aos cuidados de Deus. Meu padrinho me diz que o serviço
me mantém sóbrio. Hoje me pergunto: Procurei saber a vontade de Deus para comigo?
Prestei serviço a meu Grupo de A. A.?
Eu escolho o anonimato
Temos a certeza de que a humildade, expressa pelo anonimato, é a maior salva-guarda
que Alcoólicos Anônimos sempre poderá ter.
Uma vez que não existem regras em A. A., coloco-me onde quero estar e, portanto,
escolho o anonimato. Desejo que meu Deus me use, humildemente, como uma de suas
ferramentas neste programa. Sacrifício é a arte de dar de mim mesmo generosamente,
permitindo que a humildade substitua meu ego. Com a sobriedade, suprimo aquela ânsia
de gritar para o mundo:
“Eu sou um membro de A. A.” e experimento alegria e paz interior. Deixo as pessoas
verem as mudanças em mim e espero que elas perguntem o que me aconteceu. Coloco
os princípios de espiritualidade à frente de julgamentos precipitados, de fofocas e de
críticas. Desejo amor e carinho em meu Grupo, para poder crescer.
Uma mente aberta
A verdadeira humildade e a mente aberta poderão nos conduzir à fé...
Meu pensamento alcoólico me levou a acreditar que eu podia controlar a bebida, mas não
conseguia. Quando vim para A. A., percebi que Deus estava falando para mim através do
meu Grupo. Minha mente se abriu o suficiente para perceber que eu precisava de Sua
ajuda. Uma real e honesta aceitação de A. A. levou mais tempo, mas com ela veio a
humildade. Sei como eu era insano, e hoje sou extremamente grato por ter minha
sanidade restaurada e ser um alcoólico sóbrio.
A nova e sóbria pessoa que sou, é muito melhor do que jamais eu poderia ter sido sem A.
A.
Guardiões ativos
Para nós, contudo, trata-se muito mais do que uma política salutar de relações públicas.
É mais do que uma negação do egoísmo. Esta Tradição é um lembrete permanente e
prático de que a ambição pessoal não tem lugar em A. A.
Nela cada membro se transforma num diligente guardião da nossa Irmandade.
O conceito básico de humildade é expresso na Décima Primeira Tradição. Ela me permite
participar completamente do programa numa maneira simples e profunda; ela preenche
minha necessidade de ser parte integral de um todo significativo. Humildade me traz mais
perto do espírito atual de companheirismo e unicidade, sem o qual eu não poderia
permanecer sóbrio.
Lembrando que todo membro é um exemplo de sobriedade, cada um vivendo a Décima
Primeira Tradição, posso experimentar liberdade porque cada um de nós é anônimo.
Uma genuína humildade
... que devemos conduzir-nos com a genuína humildade. Isto para que nossas grandes
bênçãos jamais nos estraguem: para que vivamos eternamente em grata contemplação
d’Aquele que reina sobre todos nós.
A experiência me ensinou que minha personalidade alcoólica tem tendência para o
grandioso. Mesmo que tiver, aparentemente, boas intenções, posso sair pela tangente
atrás de minhas “causas”. Meu ego toma conta e perco de vista o meu propósito primeiro.
Posso até tomar o crédito pela obra de Deus em minha vida. Esse sentimento exagerado
de minha própria importância é perigoso para a minha sobriedade e pode causar grande
dano a A. A. como um todo.
Minha salvaguarda, a Décima Segunda Tradição, serve para manter-me humilde.
Percebo, tanto como um indivíduo, como um membro da Irmandade, que não posso me
gabar de minhas façanhas, e que “Deus faz por nós o que não podemos fazer por nós
mesmos”.
Anonimato
O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da
necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.
A Décima Segunda Tradição tornou-se importante nos primeiros dias de minha
sobriedade e, junto com os Doze Passos, continua a ser indispensável em minha
recuperação. Tornei-me consciente, após ingressar na Irmandade, de que tinha
problemas de personalidade. Assim, quando ouvi pela primeira vez a mensagem da
Tradição, estava muito claro: existe uma maneira imediata para, com os outros, encarar
meu alcoolismo e seus acompanhantes, a raiva e as atitudes defensivas e ofensivas. Vi a
Décima Segunda Tradição como sendo uma grande desinfladora do ego; ela aliviou a
minha raiva e me deu uma chance de utilizar os princípios do programa. Todos os
Passos, e esta Tradição em particular, têm-me guiado por décadas de sobriedade
contínua. Sou grato àqueles que estavam aqui quando precisei deles.
(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 29-46-127-139-143-198-199-201-202-203-204-205-
206-207-208-210-213-227-250-300-342-354-373)
HUMILDADE – NECESSIDADE DE: NA OPINIÃO
DO BILL by passea
HUMILDADE – Necessidade de:
NA OPINIÃO DO BILL
Livres da escuridão
A auto-análise é o meio pelo qual trazemos uma nova visão, ação e graça para influir no
lado escuro e negativo de nosso ser. Com ela vem o desenvolvimento daquele tipo de
humildade, que nos permite receber a ajuda de Deus. No entanto, ela é apenas um
passo. Vamos querer ir mais longe. Vamos querer que o bem que está dentro de todos
nós, mesmo dentro dos piores, cresça e floresça. Mas, antes de tudo, vamos querer a luz
do sol; pouco se pode crescer na escuridão. A meditação é nosso passo em direção ao
sol.
“Uma luz clara parece descer sobre nós – quando abrimos os olhos. Uma vez que nossa
cegueira é causada por nossos próprios defeitos, precisamos primeiro conhecê-los a
fundo. A meditação construtiva é o primeiro requisito para cada novo passo em nosso
crescimento espiritual.”
A humildade em primeiro lugar
Encontramos muito em A. A. que antes pensavam, como nós, que humildade era
sinônimo de fraqueza. Eles nos ajudaram a nos reduzir ao nosso verdadeiro tamanho.
Com seu exemplo nos mostraram que a humildade e o intelecto poderiam ser
compatíveis, contanto que colocássemos a humildade em primeiro lugar. Quando
começamos a fazer isso, recebemos a dádiva da fé que funciona. Essa fé também é para
você.
Apesar da humildade primeiro ter significado uma humilhação, agora ela começa a
representar o ingrediente que pode nos trazer serenidade.
Caminho direto para Deus
“Acredito firmemente tanto na orientação como na oração. Mas estou bem consciente e
espero que humilde o suficiente para ver que não há nada de infalível em minha
orientação.
No momento em que acreditar que encontrei um perfeito caminho para Deus, eu me
tornarei egoísta o suficiente para entrar em verdadeira dificuldade. Ninguém pode causar
mais sofrimento desnecessário do que aquele que possui força e acha que a obteve
diretamente de Deus.”
Conquista material
Nenhum membro de A. A. quer condenar os avanços materiais. Nem entramos em
discussão com muita gente que se agarra à crença de que satisfazer nossos desejos
básicos é o objetivo principal da vida. Mas estamos convencidos de que nenhum tipo de
pessoa no mundo jamais se atrapalhou tanto, tentando viver segundo esse pensamento,
como os alcoólicos.
Estávamos à procura de mais segurança, prestígio e romance. Quando parecíamos estar
sendo bem-sucedidos, bebíamos para viver sonhos ainda maiores. Quando estávamos
frustrados, mesmo um pouco, bebíamos para esquecer.
Em todas essas lutas, muitas delas bem-intencionadas, nosso maior obstáculo era nossa
falta de humildade. Faltava-nos ver que a formação do caráter e os valores espirituais
tinham que vir em primeiro lugar e que as satisfações materiais eram simplesmente sub-
produtos e não o principal objetivo da vida.
A verdadeira ambição e a falsa
Concentrávamos muito em nós mesmos e naqueles que nos cercavam. Sabíamos que
éramos cutucados, por medo ou ansiedade descabidos, a uma vida que levava à fama,
dinheiro e ao que supúnhamos que fosse liderança. Assim, o falso orgulho tornou-se o
outro lado da terrível moeda com a marca do “medo”. Simplesmente tínhamos que ser a
pessoa mais importante, a fim de encobrir nossas inferioridades mais profundas.
A verdadeira ambição não é aquilo que achávamos que era. Ela é o profundo desejo de
viver de maneira útil e caminhar humildemente, sob a Graça de Deus.
Rompa as paredes do ego
As pessoas que são impelidas pelo orgulho, inconscientemente não enxergam seus
defeitos. Os recém-chegados desse tipo certamente não precisam de consolo. O
problema é ajudá-los a descobrir uma trinca nas paredes construídas pelo seu ego,
através da qual a luz da razão possa brilhar.
Adquirir uma humildade maior é o princípio fundamental de cada um dos Doze Passos de
A. A., pois sem um certo grau de humildade, nenhum alcoólico pode ser permanente
sóbrio.
Quase todos os Aas descobriram também que, a não ser que desenvolvam essa preciosa
qualidade, muito mais do que a necessária para se obter a sobriedade, ainda não têm
muita probabilidade de virem a ser verdadeiramente felizes. Sem ela não podem viver
com propósito útil ou, nas horas difíceis, apelar para a fé que pode enfrentar qualquer
emergência.
Respeito próprio através do sacrifício
No princípio sacrificamos o álcool. Tivemos que fazê-lo, ou ele nos teria matado. Mas não
poderíamos nos libertar do álcool a menos que fizéssemos outros sacrifícios. Tivemos
que jogar fora a auto justificação, a auto piedade e a raiva. Tivemos que nos livrar da
competição louca em busca do prestígio pessoal e grandes saldos bancários. Tivemos
que assumir a responsabilidade pelo nosso estado lamentável e deixar de culpar os
outros por isto.
Foram realmente sacrifícios? Sim, foram. Para obter suficiente humildade e respeito
próprio a fim de permanecermos vivos, tivemos que abandonar o que tinha realmente
sido nosso bem mais querido – nossa ambição e nosso orgulho ilegítimos.
A humildade “perfeita”
Eu, por minha parte, tento encontrar a definição mais verdadeira de humildade que puder.
Ela não será a definição perfeita por que eu serei sempre imperfeito.
Nesse artigo, escolheria a definição seguinte: “A humildade absoluta consistiria num
estado de completa libertação de mim mesmo, na libertação de todas as exigências que
meus defeitos de caráter lançam tão pesadamente sobre mim agora. A humildade perfeita
seria a total boa vontade de, em todos os momentos e lugares, reconhecer e fazer a
vontade de Deus”.
Quando penso nessa visão, não preciso ficar desanimado porque nunca a atingirei, nem
preciso me encher da presunção de que algum dia alcançarei todas essas virtudes.
Preciso apenas contemplar essa visão, deixando-a crescer e encher meu coração. Isto
feito, posso compará-la ao meu último inventário pessoal. Tenho então uma saudável
idéia de onde me encontro no caminho para a humildade. Vejo que minha caminhada em
direção a Deus apenas começou.
Ao reduzir-me ao meu verdadeiro tamanho, minhas preocupações comigo mesmo e o
sentimento de minha própria importância fazem-me rir.
A base de toda a humildade
Uma vez que estávamos convencidos de que poderíamos viver exclusivamente pela
nossa força e inteligência, tornava-se impossível a fé num Poder Superior.
Isto era assim, mesmo quando acreditávamos que Deus existia. Podíamos na verdade ter
as mais fervorosas crenças religiosas, que continuavam estéreis, porque nós mesmos
ainda tentávamos fazer o papel de Deus. Já que púnhamos a autoconfiança em primeiro
lugar não era possível uma verdadeira confiança num Poder Superior. Faltava aquele
ingrediente básico da humildade, o desejo de buscar e fazer a vontade de Deus.
Os racionaliza dores e os modestos
Nós, alcoólicos, somos os maiores racionaliza dores do mundo. Animados pela desculpa
de que estamos fazendo grandes coisas para o bem de A. A., podemos, ao quebrar o
anonimato, continuar com nossa antiga e desastrosa busca de poder e prestígio pessoal,
honras públicas e dinheiro – as mesmas ambições implacáveis que, quando frustradas,
certa vez nos conduziram à bebida.
O Dr. Bob era essencialmente uma pessoa muito mais humilde do que eu, e ele
compreendeu o anonimato muito facilmente. Quando ficou evidente que ele estava
mortalmente doente, alguns de seus amigos sugeriram que se erguesse um monumento
ou mausoléu em sua homenagem e de sua esposa Anne – algo digno de um fundador e
sua esposa. Falando-me a esse respeito, o Dr. Bob sorriu e disse: “Deus os abençoe.
Eles têm boa intenção. Mas vamos deixar que tanto você quanto eu sejamos enterrados
igual a qualquer outra pessoa”.
No cemitério de Akron, onde jazem o Dr. Bob e Anne, a lápide simples não diz sequer
uma palavra a respeito de A. A. Esse comovente e definitivo exemplo de modéstia tem
um valor mais permanente para A. A. do que qualquer promoção pública ou monumento
grandioso.
Aceitando as dádivas de Deus
“Embora muito teólogos afirmem que as experiências espirituais súbitas representem
alguma distinção especial ou algum tipo de preferência divina, eu questiono esse ponto
de vista. Todo ser humano, qualquer que sejam seus atributos para o bem ou para o mal,
é uma parte da economia espiritual divina. Portanto, cada um de nós têm seu lugar, e não
posso aceitar que Deus pretenda elevar alguns mais do que outros.
“Dessa forma, é preciso que todos nós aceitemos qualquer dádiva positiva que
recebamos com profunda humildade, tendo sempre em mente que primeiro foram
necessárias nossas atitudes negativas, como um meio de nos reduzir a um estado tal que
nos deixasse prontos para receber uma dádiva positiva através da experiência da
conversão. Nosso próprio alcoolismo e a imensa deflação, que finalmente daí resultou,
constituem na verdade a base sobre a qual repousa nossa experiência espiritual.”
A arrogância e seu oposto
Um possível membro muito teimoso foi levado pela primeira vez a uma reunião de A. A.,
na qual dois oradores (ou talvez palestrantes), falavam sobre o tema “Deus, como eu O
concebo”. Suas atitudes manifestavam arrogância. De fato, o último orador se excedeu
em suas convicções teológicas.
Ambos estavam repetindo, o que eu fazia anos atrás. Em tudo o que diziam estava
implícita a mesma idéia: “Gente, ouçam o que estamos dizendo. Nós é que sabemos o
que é o verdadeiro A. A. – e é melhor que vocês o aceitem”.
O novo possível membro disse que tinha entendido e foi embora. Seu padrinho protestou
dizendo que isso não era o verdadeiro A. A., mas era tarde demais. Ninguém mais
conseguiu abordá-lo depois disso.
Considero a “humildade só por hoje” como uma postura sadia e segura, um meio do
caminho entre os violentos extremos emocionais. É um lugar tranqüilo, onde posso
manter a perspectiva necessária e o suficiente equilíbrio para dar mais um pequeno
passo no caminho claramente demarcado que conduz aos valores eternos.
Fé e ação
A educação e o treinamento religiosos de seu provável membro podem ser bem
superiores aos que você tenha. Nesse caso, ele vai duvidar que você possa acrescentar
alguma coisa, ao que ele já conhece. Mas desejará saber por que as próprias convicções
não funcionaram, enquanto as suas parecem funcionar bem. Talvez ele seja um exemplo
de que a fé sozinha não basta.
Para ser vital, a fé deve ser acompanhada de auto-sacrifício, altruísmo e ação construtiva.
Admita a possibilidade de ele saber mais a respeito de religião do que você, mas chame a
atenção dele para o fato de que, por mais profundas que sejam sua fé e educação
religiosa, essas qualidades não devem ter lhe servido muito, caso contrário ele não
estaria solicitando ajuda.
O Dr. Bob não precisava de mim para sua orientação espiritual. Ele tinha mais do que eu.
Na verdade o que ele mais precisava, quando nos encontramos pela primeira vez, era de
uma profunda deflação e da compreensão, que somente um bêbado pode dar a outro. O
que eu precisava era de humildade, de esquecimento de mim mesmo e de estabelecer
um verdadeiro parentesco com outro ser humano de meu próprio tipo.
Uma Irmandade – muitas crenças
Como sociedade, nunca deveremos nos tornar vaidosos a ponto de supor que somos
autores e inventores de uma nova religião. Humildemente refletimos que cada um dos
princípios de A. A. foi retirado de fontes antigas.
Um ministro na Tailândia nos escreveu: “Levamos os Doze Passos de A. A. ao maior
mosteiro budista desta província, e o sacerdote responsável pela organização disse:
‘Esses passos são excelentes! Para nós, budistas, eles seriam ainda mais aceitáveis se
vocês tivessem inserido a palavra ‘bem’ em seus Passos, em vez de ‘Deus’. Entretanto,
vocês dizem nesses Passos que é um Deus como cada qual O concebe, e isso
certamente inclui o bem. Sim, os Doze Passos de A. A. certamente serão aceitos pelos
budistas aqui.’”
Os membros mais antigos de St. Louis recordam como o Padre Edward Dowling ajudou-
os a começarem seu grupo. Aconteceu de o grupo ser composto por uma grande maioria
de protestantes, mas isso não o perturbava em absoluto.
Humildade para a Irmandade, também
Nós, Aas, às vezes exageramos as virtudes de nossa Irmandade. Não nos esqueçamos
de que, na verdade, poucas dessas virtudes foram de fato conquistadas por nós. Para
começar, fomos forçados a elas pelo cruel chicote do alcoolismo. Finalmente as
adotamos, não porque o quiséssemos, mas sim porque fomos forçados a fazê-lo.
A seguir, à medida que o tempo ia confirmando a aparente correção de nossos princípios
básicos, começamos a nos conformar porque essa era a coisa certa a fazer. Alguns de
nós, e eu em especial, ajustamo-nos então, ainda que com alguma relutância.
Mas finalmente chegamos a um ponto onde passamos a desejar nos conformar com
alegria com esses princípios que a experiência, sob a graça de Deus, nos ensinou.
Em direção à maturidade
Muitos membros mais antigos, que têm submetido a “cura das bebedeiras” de A. A. a
severos mas bem-sucedidos testes, descobrem que frequentemente ainda lhes falta
sobriedade emocional. Para obter isto, precisamos desenvolver real maturidade e
equilíbrio (ou seja, humildade) em nossas relações com nós mesmos, com nossos
semelhantes e com Deus.
Não permitamos nunca que A. A. seja uma entidade fechada; não recusemos nunca
nossa experiência ao mundo que nos cerca, se ela puder ser útil e valiosa. Deixemos que
nossos membros, individualmente, atendam o chamado de cada um dos campos da
atividade humana. Deixemos que eles levem a experiência e o espírito de A. A. em todos
esses assuntos, seja qual for o bem que posam realizar. Pois Deus nos salvou apenas do
alcoolismo; o mundo nos recebeu de volta para a cidadania.
A. A. em duas palavras
“Todo o progresso de A. A. pode ser expresso em apenas duas palavras: humildade e
responsabilidade. Todo nosso desenvolvimento espiritual pode ser medido, com precisão,
conforme nosso grau de adesão a esses magníficos padrões.
“Uma humildade sempre mais profunda, acompanhada por uma crescente boa vontade
para aceitar e cumprir com nossas responsabilidades – estas são realmente as pedras de
toque para todo o crescimento na vida do espírito. Elas nos proporcionam a essência do
bem, tanto no ser como no atuar. É por meio delas que conseguimos encontrar e fazer a
vontade de Deus.”
O único propósito
Há quem profetize que A. A. pode muito bem tornar-se uma nova ponta de lança para um
despertar espiritual no mundo todo. Quando nossos amigos dizem essas coisas, estão
sendo não só generosos como também sinceros. Mas nós, de A. A. devemos refletir que
tal homenagem e tal profecia podem acabar se transformando numa bebida tóxica para a
maioria de nós, se realmente viermos a acreditar que esse é o verdadeiro propósito de A.
A., e se começarmos a nos comportar dessa maneira.
Portanto, nossa sociedade deverá ajustar-se prudentemente a seu único propósito: o de
levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Tratemos de resistir à orgulhosa idéia de
que, se Deus nos permitiu o êxito numa área, estamos destinados a ser um meio de
graça salvadora para todos.
A humildade traz a esperança
Já que agora não mais patrocinamos bares e bordéis, já que levamos o salário para casa,
já que estamos tão ativos em A. A. e agora que as pessoas nos felicitam por esses sinais
de progresso – bem, naturalmente ficamos nos felicitando. Certamente ainda não
estamos muito perto de atingir humildade.
Deveríamos estar dispostos a tentar a humildade, procurando remover nossas
imperfeições, da mesma forma que fizemos quando admitimos que éramos impotentes
perante o álcool e viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia nos
devolver à sanidade.
Se a humildade pôde nos permitir encontrar a graça, através da qual pôde ser banida a
obsessão mortal do álcool, então deve haver esperança de se obter o mesmo resultado,
em relação a qualquer outro problema que possamos ter.
(Fonte: Na Opinião do Bill – páginas: 10-36-38-40-46-74-97-106-139-160-168-199-212-
223-226-244-271-304-325)
HUMILDADE – PARA HOJE – POR BILL by passea
HUMILDADE – para hoje
por Bill
Não pode haver nenhuma humildade absoluta para nós, seres humanos. Na melhor das
hipóteses, podemos apenas vislumbrar o significado e o esplendor desse ideal perfeito.
Como diz o livro Alcoólicos Anônimos, “Não somos santos... reivindicamos o progresso
espiritual, ao invés da perfeição espiritual”. Apenas Deus em Si mesmo pode se
manifestar no absoluto; nós, seres humanos, temos que viver e crescer no domínio do
relativo. Buscamos a humildade para hoje.
Consequentemente, na prática, nos perguntamos: “Exatamente o que significa ‘humildade
para hoje’ e como a reconheceremos quando a encontrarmos?”
Dificilmente precisamos ser lembrados de que a culpa ou a revolta excessiva conduz à
pobreza espiritual. Mas passou-se muito tempo antes que percebêssemos que podíamos
ser ainda mais arruinados pelo orgulho espiritual. Quando nós, os primeiros Aas, tivemos
nosso primeiro vislumbre do quão espiritualmente orgulhosos podíamos ser, criamos a
expressão: “Não tente ficar maravilhosamente bem até Quinta feira!” Essa admoestação
dos velhos tempos pode parecer outro desses jeitosos álibis que podem nos desculpar
por não tentarmos fazer o melhor possível. Não obstante, uma análise mais apurada
revela exatamente o contrário. Esta é a nossa forma em A. A. de nos precavermos contra
a cegueira do orgulho e as perfeições imaginárias que não possuímos.
Agora que não freqüentamos mais bares e bordéis, agora que levamos o salário para
casa, agora que somos tão ativos em A. A. e que as pessoas nos parabenizam por esses
sinais de progresso – bem, naturalmente passamos a nos congratular com nós mesmos.
E todavia podemos não estar ao alcance da humildade. Pretendendo agir corretamente e
não obstante agindo mal, quantas vezes dissemos ou pensamos, “Meu plano é correto e
o seu é falho”, “Graças a Deus os seus pecados não são os meus”, “Você está
prejudicando A. A. e eu vou detê-lo”, “Eu tenho a orientação de Deus e portanto Ele está
do meu lado”, e assim por diante, infinitamente.
A coisa alarmante acerca dessa cegueira do orgulho é a facilidade com que ela é
justificada. Mas não precisamos ir muito longe para perceber que esse tipo de auto
justificação ilusória é um destruidor universal da harmonia e do amor. Ela coloca homens
contra homens e nações contra nações. Por meio dela, pode-se fazer com que toda as
formas de loucura e violência pareçam certas e até mesmo respeitáveis. É claro que não
cabe a nós condenar. Precisamos apenas investigar a nós mesmos.
Como podemos então trabalhar cada vez mais para reduzir nossa culpa, revolta e
orgulho?
Quando inventário esses defeitos, gosto de pintar um quadro e contar uma história a mim
mesmo. Meu quadro é aquele de uma Rodovia para a Humildade e minha história é uma
alegoria. Em um dos lados da minha Rodovia, vejo um grande pântano. Os acostamentos
da Rodovia acompanham um charco raso que finalmente se funde naquele lamaçal da
culpa e da revolta no qual me afundei tão frequentemente. A auto-destruição está lá à
espreita e eu sei disso. Mas o terrenos do outro lado da minha Rodovia parece excelente.
Vejo clareiras convidativas e, além delas, grandes montanhas. As incontáveis trilhas que
levam a essa terra agradável parecem seguras. Será fácil, penso eu, encontrar o caminho
de volta.
Juntamente com alguns amigos, decido tomar um rápido atalho. Escolhemos nosso
caminho e alegremente o seguimos. Sonhadoramente, alguém logo diz: “Talvez
encontremos ouro no topo daquelas montanhas”. E então, para nossa surpresa, achamos
ouro – não pepitas dos regatos, mas sim moedas plenamente cunhadas. Uma das faces
dessas moedas apresenta a inscrição: “Isto é ouro puro – vinte e quatro quilates”. Com
toda certeza, pensamos, esta é a recompensa pelo nosso paciente e penoso caminhar de
volta para a eterna luminosidade da Rodovia.
Logo no entanto, começamos a notar as palavras na outra face das nossas moedas e
temos estranhos pressentimentos. Algumas delas ostentam inscrições muito atraentes:
“Eu sou o Poder”, “Eu sou a aclamação”, “Eu sou a riqueza”, “Eu sou a Retidão”, dizem
elas. Mas outras inscrições parecem muito estranhas. Por exemplo: “Eu sou a Raça
Suprema”, “Eu sou o Benfeitor”, “Eu sou as Boas Causas” e “Eu sou Deus”. Isso é muito
intrigante. Não obstante, embolsamos as moedas. Mas em seguida vêm aquelas
realmente chocantes e dizem: “Eu sou o Orgulho”, “Eu sou a Raiva”, “Eu sou a Agressão”,
“Eu sou a Vingança”, “Eu sou a Discórdia”, “Eu sou o Caos”. Reviramos então uma única
moeda – apenas uma – na qual se lê: “Eu sou o próprio Demônio”. E alguém entre nós
fica horrorizado e grita: “Isto é ouro de tolo e este é o paraíso dos tolos – vamos cair fora
daqui!”
Mas muito não querem voltar conosco. “Vamos ficar aqui e separar estas moedas
malditas”, dizem eles. “Escolheremos apenas aquelas que trazem as inscrições felizes.
Aquelas que dizem, por exemplo, ‘Poder’, ‘Glória’ e ‘Retidão’. Vocês vão se arrepender de
não terem ficado aqui” . Não é de se estranhar que tenham se passado muitos anos antes
que parte do nosso grupo original voltasse à Rodovia.
Essa é a história daqueles que juraram nunca voltar. Eles haviam dito: “Este dinheiro é
ouro de verdade e não venham nos dizer o contrário. Vamos acumular tudo que
pudermos. É claro que não gostamos dessas frases loucas. Mas há muita lenha aqui.
Vamos fundir tudo isso em bons e sólidos tijolos de ouro”. Então os recém-chegados
adicionaram: “Foi assim que o ouro do Orgulho levou nossos irmãos. Eles já estavam
discutindo acerca dos seus tijolos quando partimos. Alguns estavam feridos e outros
estavam morrendo. Eles haviam começado a se destruir uns aos outros”.
Esse quadro simbólico ilustra para mim graficamente como poderei conseguir a
“humildade para hoje”, apenas na medida em que for capaz de evitar o pântano da culpa
e da revolta, bem como aquela terra bela mas ilusória semeada com a moeda do
Orgulho. É assim que poderei encontrar e permanecer na Estada para a Humildade que
fica entre o pântano e a terra do outro lado. É portanto permanentemente necessário um
inventário constante que possa revelar quando estou saindo do caminho.
É claro que nossas primeiras tentativas desse inventário estão prontas a ser muito irreais.
Eu costumava ser um campeão da auto-avaliação irreal. Queria contemplar apenas a
parte da minha vida que parecia boa. Exagerava em quaisquer virtudes que supunha
haver conquistado. Em seguida eu me congratulava pelo grande trabalho que estava
realizando. Assim, minha auto-ilusão inconsciente nunca falhava em converter o meu
pequeno ativo bom em um sério passivo. Esse processo surpreendente era sempre
agradável, Isso naturalmente gerava uma terrível ansiedade por mais “realizações” e
ainda mais aprovação. Eu estava recaindo diretamente no padrão dos meus dias de
bebedeira. Lá estavam os mesmos velhos objetivos – poder, fama e aplauso. Além disso,
eu dispunha do melhor álibi conhecido – o álibi espiritual. O fato de eu ter realmente um
objetivo espiritual sempre fez essa insensatez absoluta parecer perfeitamente justa. Eu
não conseguia diferenciar uma moeda boa de outra ruim; era uma fundição de ouro em
tijolos da pior espécie. Lamentarei para sempre os prejuízos que causei às pessoas ao
meu redor. Na realidade, estremeço ainda quando percebo o que poderia ter feito para A.
A. e seu futuro.
Naquela época, eu não estava muito preocupado acerca das áreas vitais nas quais
estava imobilizado. Sempre havia um álibi. “Afinal de contas”, dizia a mim mesmo, “estou
ocupado demais com questões muito mais importantes”. Essa era a minha prescrição
quase perfeita para o conforto e a complacência.
Mas ocasionalmente eu tinha simplesmente que enfrentar determinadas situações onde,
frente a frente, estava me saindo muito mal. De imediato, estabelecia-se uma
assombrosa revolta. Em seguida, a procura de desculpas tornava-se frenética. “Essas
são na realidade as falhas de um homem bom”, exclamava eu. Quando esse truque
preferido finalmente se desmantelava, eu pensava: “Bem, se essa gente ao menos me
tratasse direito, eu não teria que me comportar desse jeito”. A desculpa seguinte era:
“Deus sabe muito bem que eu tenho medonhas compulsões. Não consigo simplesmente
superar essa. Assim, Ele terá que me libertar”. Finalmente vinha o instante em que eu
gritava: “Isso eu positivamente não farei; nem mesmo tentarei”. É claro que meus conflitos
continuavam se acumulando, porque eu simplesmente estava cheio de desculpas e
recusas.
Quando esses problemas haviam finalmente me esgotado o suficiente, havia ainda uma
outra fuga. Eu começava a vadear no pântano da culpa. Lá, o orgulho e a revolta cediam
espaço à depressão. Embora as variações fossem muitas, meu tema principal sempre
era: “Eu sou horrível”. Assim como havia exagerado minhas modestas conquistas através
do orgulho, assim eu exagerava agora meus defeitos através da culpa. Eu corria por aí
confessando tudo (e muito mais!) a quem quer que me ouvisse. Acreditem ou não, eu
tomava isso como uma grande humildade da minha parte e contava com isso como meu
único ativo e consolação remanescentes!
Durante esse ataques de culpa, nunca havia um arrependimento decente pelos males
que eu havia causado, nem propósito algum de fazer reparações conforme pudesse.
Nunca me ocorreu a idéia de pedir perdão a Deus, muito menos de perdoar a mim
mesmo. É claro que minha deficiência realmente grande – orgulho e arrogância
espirituais – nunca era examinada. Eu havia desligado a luz por meio da qual poderia tê-
la enxergado.
Acredito hoje que posso estabelecer uma clara conexão entre minha culpa e meu
orgulho. As duas atitudes recebiam, com certeza, atenção. Quando orgulhoso eu podia
dizer: “Olhem para mim, eu sou maravilhoso”. Na culpa eu resmungava: “Sou horrível”.
Consequentemente, a culpa é na realidade o verso da moeda do orgulho. A culpa
objetiva, a auto-destruição e o orgulho vida a destruição dos outros.
É por essa razão que veja a “humildade para hoje” como a posição segura entre esses
dois extremos emocionais exagerados. Ela é um lugar calmo onde posso manter uma
perspectiva e um equilíbrio suficientes para dar meu pequeno passo seguinte no caminho
nitidamente demarcado que leva aos valores eternos.
Muitos de nós experimentaram oscilações emocionais muito maiores que as minhas.
Outros experimentaram menos. Mas todos nós as experimentamos às vezes. Acredito no
entanto que não precisamos lastimar esses conflitos. Eles parecem ser uma parte
necessária do crescimento emocional e espiritual. Eles são a matéria-prima a partir da
qual tem que ser realizado grande parte do nosso progresso.
Alguém duvida que A. A. não passe de um poço transbordante de dor e conflito? A
resposta é: “Claro que não”. Em grande parte, nós Aas realmente encontramos a paz.
Embora intermitentemente, conseguimos atingir uma crescente humildade cujos
dividendos foram a serenidade e a alegria legítima. Não nos desviamos mais tanto quanto
fazíamos.
No início dessa meditação, acreditava-se que os ideais absolutos estivessem muito além
do nosso alcance ou mesmo da nossa compreensão; que careceríamos tristemente de
humildade se realmente achássemos que podíamos atingir algo como a perfeição
absoluta neste breve intervalo de existência terrena. Essa presunção seria certamente o
ápice do orgulho espiritual.
Raciocinando dessa forma, muitas pessoas não fazem nenhuma concessão relativa aos
valores espirituais absolutos. Os perfeccionistas, afirmam elas, ou estão cheios de
presunção porque imaginam que atingiram algum objetivo impossível, ou então estão
atolados na auto-condenação porque não fizeram na disso.
Penso que não devemos sustentar essa visão. Não é culpa dos grandes ideais que eles
sejam ocasionalmente mal-utilizados, tornando-se assim desculpas esfarrapadas para a
culpa, a revolta e o orgulho. Por outro lado, não poderemos crescer muito a menos que
tentemos constantemente vislumbrar quais são os eternos valores espirituais. Como diz o
Décimo Primeiro Passo do programa de recuperação de A. A.: “Procuramos melhorar,
através da prece e da meditação, nosso contato com Deus na forma que O concebíamos,
rogando apenas o conhecimento da Sua vontade em relação a nós e forças para realizar
esta vontade”. Isso certamente significa que devemos nos voltar Para Perfeição de Deus
como nosso guia, ao invés de como o objetivo a ser atingido em algum período de tempo
previsível.
Tenho certeza de que, por exemplo, devo procurar a melhor definição de humildade que
me seja possível conceber. Essa definição não terá que ser absolutamente perfeita – sou
apenas solicitado a tentar. Suponhamos que eu escolha uma definição como essa: “A
humildade perfeita seria um estado de completa libertação de mim mesmo, libertação de
todas a s exigências que meus defeitos de caráter me impõe agora tão pesadamente. A
humildade perfeita seria uma disposição total, permanente e une presente para descobrir
e cumprir a vontade de Deus”.
Quando medito sobre essa concepção, não preciso desanimar porque nunca a atingirei,
nem preciso ficar cheio de mim por presumir que qualquer dia desse possuirei todas
essas virtudes.
Preciso apenas apoiar-me na própria concepção, deixando-a crescer e preencher cada
vez mais o meu coração. Feito isso, posso compará-la ao meu último inventário pessoal.
Terei então uma idéia lúcida e sadia de onde realmente me encontro na Rodovia para
Humildade. Percebo que minha jornada em direção a Deus apenas começou. A medida
que sou reduzido ao meu tamanho e estatura corretos, minha auto-centralização e minha
importância tornam-se divertidas. Cresce então a certeza de que tenho um lugar nessa
Rodovia, de que posso avançar ao longo dela com uma paz e uma confiança cada vez
mais profundas. Percebo mais uma vez que Deus é bom, que não preciso temer o mal.
Esta é uma enorme dádiva, essa percepção de que a um destino para mim.
A medida em que continuo a contemplar a perfeição de Deus, descubro ainda mais uma
alegria. Em criança, ouvindo a minha primeira sinfonia, senti-me arrebatado por uma
indescritível harmonia embora pouco entendesse de onde ou como ela surgirá. Assim,
quando ouço a Música das Esferas de Deus, posso ouvir novamente aqueles couros
divinos através dos quais sou informado de que o grande compositor me ama – e de que
eu O amo.
(Fonte: O melhor de Bill – paginas: 36 a 47)
HUMILDADE – CAMINHOS PARA: – NA OPINIÃO
DO BILL by passea
HUMILDADE – Caminhos para:
NA OPINIÃO DO BILL
Nas mãos de Deus
Quando olhamos para o passado, reconhecemos que as coisas que nos chegaram
quando nos entregamos nas mãos de Deus foram melhores do que qualquer coisa que
pudéssemos ter planejado.
Minha depressão aumentou de forma insuportável até que finalmente me pareceu estar
no fundo do poço, pois naquele momento o último vestígio de minha orgulhosas
obstinação foi esmagado. Imediatamente me encontrei exclamando: “Se existe Deus, que
Ele se manifeste! Estou pronto para fazer qualquer coisa, qualquer coisa!”
De repente, o quarto se encheu de uma forte luz. Pareceu-me com os olhos de minha
mente, que eu estava numa montanha e que soprava um vento, não de ar, mas de
espírito. E então tive a sensação de que era um homem livre. Lentamente o êxtase
passou. Eu estava deitado na cama, mas agora por instantes me encontrava em outro
mundo, um mundo novo de conscientização. Ao meu redor e dentro de mim, havia uma
maravilhosa sensação de presença e pensei comigo mesmo: “Então, esse é o Deus dos
pregadores!”
Buscando o ouro do insensato
O orgulho é o grande causador da maioria das dificuldades humanas, o principal
obstáculo ao verdadeiro progresso. O orgulho nos induz a exigir de nós e dos outros; e as
exigências não podem ser cumpridas sem perverter ou fazer mau uso dos instintos que
Deus nos deu. Quando a satisfação de nossos instintos em relação ao sexo, segurança e
posição social se torna o único objetivo de nossa vida, então o orgulho entre em cena
para justificar nossos excessos.
Posso alcançar a “humildade por hoje” apenas na medida em que sou capaz de evitar,
por um lado, o lamaçal de sentimentos de culpa e revolta, e por outro, essa bela mas
esmagadora terra semeada de moedas de ouro do orgulho do insensato. É assim que
posso encontrar e permanecer no verdadeiro caminho da humildade, que está situado
entre esses dois extremos. Logo, é necessário um inventário constante que possa
mostrar quando me afasto do caminho.
O sistema econômico de Deus
“No sistema econômico de Deus, nada é desperdiçado. Através do fracasso, aprendemos
uma lição de humildade que é provavelmente necessária, por mais dolorosa que seja.”
Nem sempre chegamos mais perto da sabedoria por causa de nossas virtudes; nossa
melhor compreensão frequentemente tem fundamento nos sofrimentos de nossos antigos
desatinos. Pelo fato disso ter sido a essência de nossa experiência individual, é também a
essência de nossa experiência como irmandade.
Aceitação diária
“Grande parte de minha vida foi passada repisando as faltas dos outros. Essa é uma das
muitas formas sutis e maldosas de auto-satisfação, que nos permite ficar
confortavelmente despreocupados a respeito de nossos próprios defeitos. Inúmeras
vezes dissemos: ‘Se não fosse por causa dele (dela), como eu seria feliz!’”
Nosso primeiro problema é aceitar nossas circunstâncias atuais como são, a nós mesmos
como somos, e as pessoas que nos cercam como também são. Isso é adotar uma
humildade realista sem a qual nenhum verdadeiro progresso pode sequer começar.
Repetidamente precisaremos voltar a esse pouco lisonjeiro ponto de partida. Esse é um
exercício de aceitação que podemos praticar com proveito todos os dias de nossas vidas.
Desde que evitemos arduamente transformar esses reconhecimentos realistas dos fatos
da vida em álibis irreais para a prática da apatia ou do derrotismo, eles podem ser a base
segura sobre a qual pode ser construída a crescente saúde emocional e, portanto, o
progresso espiritual.
Não podemos viver sozinhos
Todos os Doze Passos de A. A. nos pedem para irmos contra nossas desejos naturais;
todos eles reduzem nosso ego. Quando se trata da redução do ego, poucos Passos são
mais duros de aceitar do que o Quinto Passo. Dificilmente qualquer um deles é mais
necessário à sobriedade prolongada e à paz de espírito.
A experiências de A. A. nos ensinou que não podemos viver sozinhos e com os
problemas que nos pressionam e com os defeitos de caráter que os causam ou agravam.
Se passarmos o holofote do Quarto Passo sobre nossas vidas, e se ele mostrar, para
nosso alívio, aquelas experiências que preferimos não lembrar, então se torna mais
urgente do que nunca desistirmos de viver sozinhos com aqueles atormentadores
fantasmas do passado. Temos que falar deles para alguém.
Não podemos depender totalmente dos amigos para resolver todas as nossas
dificuldades. Um bom conselheiro nunca pensará em tudo, por nós. Ele sabe que a
escolha final deve ser nossa. Entretanto, ele pode ajudar a eliminar o medo, oportunismo
e a ilusão, tornando-nos capazes de fazer escolhas afetuosas, prudentes e honestas.
Coragem e prudência
Quando o medo persistiu, nós já o conhecíamos e fomos capazes de lidar com ele.
Começamos a ver cada adversidade como uma oportunidade enviada por Deus para
desenvolver a espécie de coragem que nasce há humildade não do desafio.
A prudência é um terreno trabalhável, um canal de navegação seguro entre os obstáculos
do medo de um lado e descuido do outro. A prudência na prática cria um clima definido, o
único clima em que a harmonia, eficiência e progresso espiritual firmes podem ser
conseguidos.
“A prudência é o interesse racional sem preocupação.”
A humildade perfeita
Eu, por minha parte, tento encontrar a definição mais verdadeira de humildade que puder.
Ela não será a definição perfeita porque eu serei sempre imperfeito.
Nesse artigo, escolheria a definição seguinte: “A humildade absoluta consistiria num
estado de completa libertação de mim mesmo, na libertação de todas as exigências que
meus defeitos de caráter lançam tão pesadamente sobre mim agora. A humildade perfeita
seria a total boa vontade de, em todos os momentos e lugares, reconhecer e fazer a
vontade de Deus”.
Quando penso nessa visão, não preciso ficar desanimado porque nunca a atingirei, nem
preciso me encher da presunção de que algum dia alcançarei todas essas virtudes.
Preciso apenas contemplar essa visão, deixando-a crescer e encher meu coração. Isto
feito, posso compará-la ao meu último inventário pessoal. Tenho então uma saudável
idéia de onde me encontro no caminho para a humildade. Vejo que minha caminhada em
direção a Deus apenas começou.
Ao reduzir-me ao meu verdadeiro tamanho, minhas preocupações comigo mesmo e o
sentimento de minha própria importância fazem-me rir.
“Admitimos perante Deus...”
Desde que você não esconda nada, ao fazer o Quinto Passo, sua sensação de alívio
aumentará de minuto a minuto. As emoções reprimidas durante anos saem de seu
confinamento e, milagrosamente, desaparecem à medida que são reveladas. Com a
diminuição da dor, uma tranqüilidade restauradora toma seu lugar. E quando a humildade
e a serenidade estiverem assim combinadas, pode acontecer algo de grande significação
para nós.
Muitos Aas, anteriormente agnósticos ou ateus, nos dizem que foi nessa fase do Quinto
Passo que de fato sentiram, pela primeira vez, a presença de Deus. E mesmo aqueles
que já tinham fé, muitas vezes tomaram consciência de Deus como nunca antes.
Guia para um caminho melhor
Quase nenhum de nós gostou da idéia do auto-exame, da redução do orgulho e da
confissão das imperfeições que os Passos requerem. Mas vimos que o programa
realmente funcionava para os outros e viemos a acreditar na desesperança da vida tal
como estávamos vivendo.
Portanto, quando fomos abordados por aquelas pessoas que tinham resolvido o
problema, só nos restou apanhar o simples conjunto de instrumentos espirituais que
puseram ao nosso alcance.
Nas Tradições de A. A. está implícita a confissão de que nossa Irmandade tem suas
falhas. Confessamos que temos defeitos de caráter, como sociedade, e que esses
defeitos nos ameaçam continuamente. Nossas Tradições são um guia para melhores
formas de trabalhar e de viver, e representam para a sobrevivência e harmonia do grupo
o que os Doze Passos de A. A. representam para a sobriedade e paz de espírito de cada
membro.
Percepção da humildade
Uma melhor percepção da humildade inicia uma mudança revolucionária em nossa
maneira de ver. Nossos olhos começam a se abrir aos imensos valores resultantes do
doloroso esvaziamento do ego. Até agora, dedicamos grande parte de nossas vidas a
fugir do sofrimento e dos problemas. A fuga através da garrafa foi sempre nossa solução.
Então, em A. A., observamos e escutamos. Por todo lado vimos o fracasso e a miséria
transformados pela humildade em valores inestimáveis.
Para quem tem progredido em A. A., a humildade significa uma claro reconhecimento do
que e de quem realmente somos, seguido de uma tentativa sincera de nos tornar aquilo
que poderíamos ser.
Entre os extremos
“ verdadeira questão é se podemos aprender de nossas experiências algo que sirva de
base para podermos crescer e para ajudar outros a crescerem à imagem e semelhança
de Deus.
“Sabemos que se nos negarmos a fazer aquilo que é razoavelmente possível para nós,
seremos castigados. E também seremos castigados se pretendermos ter uma perfeição
que simplesmente temos.
“Aparentemente o caminho da relativa humildade e progresso deve estar entre esses
extremos. Em nosso lento progresso em abandonar a rebeldia, a verdadeira perfeição
está sem dúvida muito distante.”
O começo da humildade
“Há poucos pontos absolutos inerentes aos Doze Passos. Quase todos os Passos estão
abertos à interpretação baseada na experiência e na visão do indivíduo.
“Consequentemente, o indivíduo é livre para começar os Passos no ponto em que puder
ou quiser. Deus, como nós O concebemos, pode ser definido como um ‘Poder maior...’
ou, como o Poder Superior. Para milhares de membros, o próprio grupo de A. A. tem sido,
no início, um ‘Poder Superior’. Esse reconhecimento é fácil de aceitar, se o recém-
chegado sabe que os membros, em sua maioria, estão sóbrios e ele não.
“Sua admissão é o começo da humildade – pelo menos o recém-chegado está disposto a
renunciar à idéia de que ele mesmo é Deus. Isso é tudo o que ele precisa para começar.
Se, continuando esta admissão, ele relaxar e praticar todos os Passos que
puder,certamente crescerá espiritualmente.”
Alcançando a humildade
Percebemos que não precisávamos sempre apanhar e levar cacetadas para ter
humildade. Ela poderia ser alcançada seja se a procurássemos voluntariamente, seja
pelo constante sofrimento.
Em primeiro lugar, procuramos obter um pouco de humildade, sabendo que morreremos
de alcoolismo se não o fizermos. Depois de algum tempo, embora ainda possamos nos
revoltar, até certo ponto, começamos a praticar a humildade, porque essa é a coisa certa
a se fazer.
“Chega então o dia em que, finalmente livres da revolta, praticamos a humildade, porque
no fundo a queremos como um modo de vida.”
Complete a limpeza da casa
Muitas vezes, os recém-chegados procuram guardar para si mesmos os fatos
desagradáveis referentes às suas vidas. Tentando evitar a experiência humilhante do
Quinto Passo, eles tentaram métodos mais fáceis. Quase sem exceção se embriagaram...
Tendo preservado no resto do programa, perguntavam-se porque tinham recaído.
Acho que a razão é que eles nunca completaram a limpeza de sua casa. Fizeram seu
inventário, mas continuaram agarrados a alguns de seus piores defeitos. Eles somente
pensaram que tinham perdido seu egoísmo e medo. Somente pensaram que tinham se
humilhado. Mas não tinham aprendido o suficiente sobre humildade, coragem e
honestidade. Até que contaram a outra pessoa toda a sua vida.
Perfeição – apenas um objetivo
Nós, seres humanos, não podemos ter humildade absoluta. No máximo podemos apenas
vislumbrar o significado e o esplendor desse perfeito ideal. Só Deus pode Se manifestar
no absoluto; nós seres humanos, precisamos viver e crescer no domínio do relativo.
Assim sendo, buscamos progredir na humildade para hoje.
Poucos de nós estão prontos para sequer sonhar com a perfeição moral e espiritual;
queremos apenas nos desenvolver tanto quanto esteja ao nosso alcance nessa vida, de
acordo, é claro, com as mais variadas idéias que cada um tenha sobre o que esteja ao
seu alcance. Lutamos equivocadamente para alcançar objetivos determinados por nós
mesmos, em vez de lutar pelo objetivo perfeito, que é o objetivo de Deus.
O instinto de viver
Quando homens e mulheres ingerem tanto álcool a ponto de destruir suas vidas,
cometem um ato totalmente antinatural. Contrariando seu desejo instintivo de auto
preservação, parecem estar inclinados à auto destruição. Lutam contra seu mais profundo
instinto.
Á medida que vão progressivamente se humilhando pela terrível surra administrada pelo
álcool, a graça de Deus pode penetrar neles e expulsar sua obsessão. Aqui, seu
poderoso instinto de viver pode cooperar plenamente com o desejo de seu Criador de
lhes dar uma nova vida.
“A característica central da experiência espiritual consiste em dar a quem a experimenta
uma nova e melhor motivação, fora de qualquer proporção com qualquer processo de
disciplina, crença ou fé.
“Essas experiências não podem nos tornar íntegros de uma vez; constituem um
renascimento a uma nova e verdadeira oportunidade.”
Precisamos a ajuda de fora
Era evidente que uma auto-avaliação, feita a sós, e admissão de nossos defeitos,
baseada só nessa avaliação, nem de longe seriam suficientes. Tínhamos que ter ajuda de
fora, se quiséssemos saber e admitir a verdade a nosso respeito – a ajuda de Deus e de
um outro ser humano.
Somente através de uma discussão sobre nós mesmos, sem esconder nada, somente
com a disposição de seguir conselho em direção ao pensamento correto, à honestidade
sólida e à verdadeira humildade.
Se estivermos nos enganando, um conselheiro competente pode rapidamente percebê-lo.
E, à medida que ele habilmente nos afasta de nossas fantasias, ficamos surpresos ao
descobrir que vamos tendo poucos dos costumeiros ímpetos de nos defender das
verdades desagradáveis. De nenhuma outra forma podem desaparecer tão prontamente
o medo, o orgulho e a ignorância. Depois de certo tempo, percebemos que estamos
numa nova base firme para a integridade, e agradecidos damos crédito a nossos
padrinhos, cujos conselhos nos indicaram o caminho.
Para matar ou curar o sofrimento
“Acredito que quando éramos alcoólicos ativos, bebíamos principalmente para acabar
com o sofrimento de um tipo ou de outro – físico, emocional ou psíquico. É claro que cada
pessoa tem um ponto fraco, e suponho que você tenha encontrado o seu – por essa
razão é que recorremos à garrafa outra vez.
“Se eu fosse você, não me culparia tanto por isso; por outro lado, a experiência deveria
redobrar sua convicção de que o álcool não tem um poder permanente para acabar com
o sofrimento”.
Em cada história de A. A., o sofrimento tinha sido o preço da admissão para uma nova
vida. Mas esse preço tinha comprado mais do que esperávamos. Ele trouxe humildade,
que logo descobrimos que era um remédio para o sofrimento. Começamos a ter menos
medo do sofrimento e a desejar a humildade mais do que nunca.
Desde a raiz principal
O princípio de que não encontraremos qualquer força duradoura, sem que antes
admitamos a derrota total é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade
toda.
É dito a todo recém-chegado, e logo ele percebe por si mesmo, que sua humildade
admissão de impotência perante o álcool constitui o primeiro passo em direção à
libertação de seu jugo embriagador.
Assim, pela primeira vez, vemos a humildade como uma necessidade. Mas isso é apenas
o começo. Afastar completamente nossa aversão à idéia de ser humildes, obter uma
visão da humildade como o caminho que leva à verdadeira liberdade do espírito humano,
trabalhar para a conquista da humildade como algo desejável por si mesmo, são as
coisas que demoram muito, muito tempo para a maioria de nós. Uma vida inteira
dedicada ao egocentrismo não pode ser mudada de repente.
Contado o pior
Embora fossem muitas as variações, meu principal tema era sempre: “Como sou terrível!”
Do mesmo modo como muitas vezes, por orgulho, exagerava minhas mais modestas
qualidades, também exagerava meu defeitos através do sentimento de culpa. Em todos
os lugares, eu vivia confessando tudo (e mais um pouco) a quem quisesse me ouvir.
Acreditem ou não, eu achava que essa ampla exposição de meus erros era uma grande
humildade de minha parte e considerava isso um consolo e um grande bem espiritual.
Porém, mais tarde, percebi profundamente que na verdade não tinha me arrependido dos
danos que causei aos outros. Esses episódio eram apenas a base para contar histórias e
fazer exibicionismo. Junto com essa compreensão, veio o começo de um certo grau de
humildade.
Nosso manto maior
Quase todo jornalista que vai fazer uma reportagem sobre A. A. se queixa, a princípio, da
dificuldade de escrever sua matéria sem citar nomes. Mas esquece rapidamente esta
dificuldade quando compreende que este é um grupo de pessoas que não se preocupa
de forma alguma com o aplauso.
Provavelmente é a primeira vez em sua vida que ele faz uma reportagem sobre uma
organização onde ninguém quer publicidade pessoal. Por mais cético que ele seja, essa
sinceridade evidente o transformará num amigo de A. A.
Movidos pelo espírito do anonimato, enquanto membros de A. A. tentamos deixar de lado
nossos desejos naturais de distinção pessoal, tanto entre nossos companheiros
alcoólicos como ante o público em geral. À medida que deixamos de lado estas
aspirações muito humanas, acreditamos que cada um de nós contribui para tecer um
manto protetor que cobre toda nossa sociedade e sob o qual podemos crescer e trabalhar
em unidade.
(Fonte: Na Opinião do Bill – paginas: 2-12-31-44-83-91-106-126-149-156-159-191-211-
213-236-246-248-291-305-311-316)
A HUMILDADE É O TRAJE DO ANONIMATO E O
ANONIMATO É A EXPRESSÃO DA HUMILDADE by passea
A HUMILDADE É O TRAJE DO ANONIMATO E O ANONIMATO É A EXPRESSÃO DA
HUMILDADE
Uma criação em lar religioso me incutiu uma noção de humildade sempre ligada a ficar de
joelhos. Na minha vida adulta engrossei o caudal daqueles que vêem humildade
intimamente relacionada à pobreza. Foi difícil entender o sentido de humildade. Em A. A.
me foi mostrado que nossos Doze Passos refletem um conteúdo de humildade, quase
sempre ao lado da fé.
Foi relativamente fácil relacionar um conteúdo de humildade com a heterogênica
composição de nossa Unidade. Entendia humildade como a minha coexistência no Grupo
em pé de igualdade com companheiros menos providos de recursos ou de escolaridade.
Aceitei essa condição de bom grado. Acresce que a não-religiosidade de A. A. me
liberava de ver a humildade em atitude de genuflexão.
Foi cômodo formar uma convicção de que o A. A. teria uma concepção diferente de
humildade. Levou tempo para que percebesse que não existem distintas acepções de
humildade.
Talvez a descrição que alguém possa fazer da humildade contenha uma visão particular
que de forma alguma destoa do significado único.
Em dicionários encontrei definições secundárias de humildade, que contemplavam uma
noção de modéstia, pobreza e ainda respeito, reverência e submissão. Contudo, em
destaque, a definição: Humildade: virtude que nos dá o sentimento de nossa fragilidade.
A aceitação de nossa condição humana.
A aceitação de nossa condição humana nos tira a veleidade de sermos Deus. Essa
mesma aceitação de nossa humildade nos põe, de imediato, em nível de igualdade com
as criaturas e nos induz mais facilmente ao reconhecimento de um Criador. Daí a total
desnecessidade de darmos relevo à nossa personalidade. Daí a importância de nos
despirmos dos atos que nos destacam. Daí a convicção plena de que nosso maior
tesouro está em nossas intenções.
E que a pura alegria de nosso sentimento íntimo, vale mais, é mais gratificante do que os
momentos de pequena glória que podemos ter ao declarar nossa autoria.
(Fonte: Revista Vivência – 91 – Set./Out. 2004 – Guaracy)
HUMILDEMENTE ROGAMOS A ELE QUE NOS
LIVRASSE DE NOSSAS IMPERFEIÇÕES by passea
“HUMILDEMENTE ROGAMOS A ELE QUE NOS LIVRASSE DE NOSSAS
IMPERFEIÇÕES”
Ao pedir:
“Humildade”: refiro-me sinceramente às minhas limitações reconhecendo que sou falível,
sujeito a cometer erros.
“Rogamos”: peço e suplico a Ele.
“Ele”: um Ser Superior a mim, potencializa dor e iluminador da minha auto-imagem.
“Que nos livrasse”: que me possibilite ficar resguardado, a salvo.
“De nossas imperfeições”: incorreções ou falhas apuradas nos Passos anteriores.
Notemos que a palavra “Ele” na frase está unindo o nosso reconhecimento da
superioridade de Deus ao nosso desejo de evoluir e crescer seguindo Sua orientação e
preceitos.
No 7º Passo o que se faz é reconhecer que apesar do esforço que fizemos nos 4º, 5º e 6º
Passos para fazer um inventário o mais completo e honesto possível de nossa vida
passada relacionando por escrito tudo de que nos lembramos e reexaminando
cautelosamente com lisura e isenção de ânimo, de tudo o que foi listado pode haver
ocorrido omissões involuntárias.
Além disso, existe ainda a possibilidade de não termos feito uma avaliação plenamente a
certada no nosso inventário, já que nossa capacidade de discernir e apreciar com
imparcialidade as coisas é muito inferior à de Deus.
Justo por isso nós Lhe pedimos com humildade que potencialize nosso espírito e nossa
mente suprindo suas deficiências de modo que possamos conhecer a verdade sobre nós
e nosso comportamento, incorporando à nossa imagem mental fatos exatos com base
nos quais possamos corrigir os erros que cometemos livrando-nos assim, dos danos que
causamos a nós mesmos, criando condições de reparar nos Passos seguintes os danos
causados a terceiros.
Em outras palavras, eu peço a Deus que me auxilie ampliando minha capacidade de
entendimentos e compreensão além do normal.
Chegou a hora de percorrer o caminho rumo à liberdade do espírito com a ajuda de um
Poder Superior a mim mesmo. Com a ajuda deste Poder Superior que eu chamo de
Deus, eu, alcoólico, compreenderei que me julguei espezinhado, fiz péssimos conceitos
de mim mesmo, acumulei críticas a respeito de meus pensamentos e ações e adquiri
sentimentos de inferioridade, de não prestar, baseado somente em provas que qualquer
pessoa imparcial rejeitaria e quase sempre motivado por um perfeccionismo injustificável.
Através do 7º Passo descobrirei que é hora de encontrar um conceito verdadeiro a
respeito da minha pessoa passando a agir como amigo e não como inimigo de mim
mesmo.
Saberei que não sou herói nem vilão, mas apenas um ser humano com defeitos e
qualidades como qualquer outro e que está neste mundo para evoluir fazendo o bem a
mim mesmo e a meus semelhantes. Por pior que alguém seja sempre tem algo de bom
para oferecer.
Percebi ainda com clareza o essencial: tenho que me perdoar e gostar de mim mesmo
para poder perdoar e gostar dos outros.
Descobri que mudar meus hábitos colocando coisas novas e boas em minha mente vão
ajudar-me a construir uma imagem adequada e realista baseada no meu sucesso e não
no meu fracasso.
Para mim foi e é tremendamente importante para a prática deste Passo o convívio e a
frequência às reuniões de A. A., onde consegui vividamente me aceitar como sou e aos
outros como são através dos exemplos, da compreensão, da solidariedade e do
sentimento de integração em um grupo social em vez do isolamento.
A troca de idéias e experiências, o encontro de novos e verdadeiros amigos, a visão de
novos horizontes e caminhos, além de uma série enorme de outras coisas que só existem
em A. A. facilitaram muito minha integração no mundo e na vida como um ser digno,
decente e capaz.
No Grupo tenho desfrutado de momentos em que sinto algo parecido à verdadeira paz de
espírito; meus olhos começaram a se abrir aos imensos valores que resultaram
diretamente do doloroso esvaziamento do ego.
Sozinho nada sou, o Pai é que faz!
Tenho procurado cultivar a virtude da humildade, este dom que Deus me deu para que,
através dele eu reconheça meu exato tamanho.
Praticando este Passo procuro me tornar livre de minhas imperfeições no tanto que for
possível, mas não me tornando perfeccionista, porque só Deus é perfeito.
É bom ter sempre na mente estas verdades:
“Não sou melhor porque me louvam, nem sou pior porque me censuram. Sou, na
verdade, o que sou aos Teus olhos Senhor e, à luz da minha consciência”.
“O que vem de fora não me faz mal porque não me torna mal. Só que vem de dentro
pode me fazer mal, porque pode me tornar mal”.
Concluo que todos nós podemos e devemos ser felizes.
A alegria e a risada espontânea contagiam assim como tudo mais que sai naturalmente
de dentro.
É um fato psicológico que os sentimentos que temos para com as outras pessoas são os
sentimentos que temos em relação a nós mesmos.
Nós damos o que possuímos.
Quando começamos a nos sentir mais caridosos com os outros estamos fazendo a
mesma coisa conosco.
É dessa maneira que nos tornamos melhores e nos livramos de nossos defeitos e
imperfeições rumo à liberdade do espírito. Passando a gostar de nós mesmos, limpamos
a nossa casa (mente) e ficamos em condições de ir recolher o lixo que jogamos na casa
dos outros (8º Passo).
Aprender a “viver com os outros” é uma aventura fascinante!
(Fonte: Revista Vivência Nº 117 – Antônio)
HUMILDADE – UM SENTIMENTO QUE LEVA A
PESSOA A RECONHECER SUAS
PRÓPRIAS LIMITAÇÕES by passea
HUMILDADE
“Um sentimento que leva a pessoa a reconhecer suas próprias limitações”
Humildade é uma palavra que vem do latim “húmus” que significa terra boa para se
cultivar, que recebe bem e germina a semente. Refere-se à qualidade daqueles que
sabem ouvir e não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar serem
superiores a elas.
A humildade é a virtude que mostra o sentimento exato da nossa fraqueza, modéstia,
respeito, pobreza, reverência e submissão.
É nessa posição que talvez se situe a humildade confissão de Albert Einstein quando
reconhece que “por detrás da matéria há algo de inexplicável”..
A humildade é preciosa aos olhos de Deus e revela que quem possuir será mais e mais
abençoado e agraciado com os Seus cuidados; ela conserva a alma na tranqüilidade e
contentamento, mesmo em meio às dificuldades diárias e gera a paciência e resignação
nos momentos mais difíceis.
Pode-se defini-la como “um sentimento que leva a pessoa a reconhecer suas próprias
limitações; modéstia; ausência de orgulho.
É conveniente que utilizemos a humildade para eliminarmos nossos defeitos, tal como o
fizemos ao admitir que éramos impotentes perante o álcool e chegamos à crença de que
um Poder Superior a nós mesmos nos poderia devolver a sanidade. Se a humildade pode
capacitar-nos a encontrar a graça por meio da qual a obsessão conseguiu desvanecer-se,
então deve existir a esperança de que conseguiremos os mesmos resultados com
respeito a qualquer outro problema que possamos ter.
A humildade é tão importante para mantermo-nos sóbrios como comer e beber é
importante para nossa sobrevivência.
Conseguir ser humilde é o princípio essencial de cada um dos Doze Passos; é o caminho
da tolerância que nos mantém sóbrios. Sem desenvolver esta preciosa virtude
perderemos a probabilidade de encontrar a felicidade.
Procurando ser humilde tenho tentado ser honesto comigo e com meus semelhantes para
aprender a admitir e corrigir minhas falhas. Se cultivo o orgulho não enxergo a realidade,
torno-me incapaz de amar, de perdoar, de aceitar, de tolerar e de conviver.
A prática da humildade consiste em desenvolver sentimentos há muito perdidos
principalmente por causa do alcoolismo: a compaixão pela dor do outro, a misericórdia
pelos sentimentos alheios, a empatia de me perceber igual nas perdas e nas conquistas.
Registro aqui minha gratidão por estar hoje sóbrio, conquistando dia a dia minha vida
envolto pelo amor de um Poder Superior a mim que, se eu deixar me livrará de minhas
imperfeições.
(Fonte: Revista Vivência – 117 – Jan./Fev. 2009 – Jorge)
7º PASSO by passea
7º PASSO
“Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições”
Este Passo inicia-se com uma palavra chave para o nosso processo de recuperação:
HUMILDADE. Uma das palavras de nossa língua com a qual perdemos um gande tempo
tentando explicá-la e nunca conseguimos devido à grande dificuldade em praticá-la.
Desde criança recebemos direcionamentos para sermos o melhor, o mais bonito, o mais
capaz e quando o fazemos nos colocam num pedestal e nos inflam o ego.
Geralmente encontramos grande dificuldade para analisar nossas imperfeições, pois é
muito cômodo culpar os outros e essas imperfeições são a causa do nosso deficiente
relacionamento.
Quando por necessidade somos obrigados a nos retratar chamamos a isto de renúncia e
nos orgulhamos de nossa atitude.
Este Passo nos traz uma novidade: - o não exigir e sim pedir.
Nossos defeitos são sempre alimentados pelo medo de perder ou não conseguir algo que
consideramos essencial para nossa felicidade.
Sabemos que alguns de nossos defeitos dependem só de nossa própria vontade para
serem corrigidos: - mentimos porque queremos ou gostamos; fofocamos, agredimos com
palavras e atitudes, somos donos da verdade, somos impacientes, procrastinamos,
somos falsos, etc. porque nos acostumamos a isso e disso tudo podemos nos livrar
adotando novas atitudes.
Existem, porém problemas que são mais graves, pois são inerentes à nossa
personalidade.
Quando perdemos o controle erramos instintivamente e o posterior arrependimento nada
resolve ou ainda piora a situação. Deste descontrole somente Ele nos pode oferecer
condições de nos livrarmos.
Analisando friamente o assunto em minha vida constatei que tenho que fazer alguma
coisa, pois todo o descontrole parte de uma situação perfeitamente controlável.
Sem me dar conta, inicio um processo que pouco a pouco alimenta neurose que me
domina e só termina quando explodo e, normalmente esta explosão tem que atingir
alguém que culpo por aquele meu estado, pois adoro ser vítima.
Através da prática deste Passo venho conseguindo paz interior, tranqüilidade e
sobriedade, que dependem muito da minha capacidade de ser equilibrado e responder
aos problemas com atitudes dentro de uma faixa de reações emocionais normais.
Venho conseguindo este novo modo de viver trilhando a proposta dos Doze Passos de A.
A. e freqüentando as reuniões do Grupo, onde encontro cumplicidade e calor humano.
Do próximo Passo em diante vou me preparar para um mundo que será sempre o
mesmo: - eu é que deverei ser diferente.
Fui excluído por ser diferente de uma forma negativa e agora, a inclusão vai depender de
mim, que eu seja mais uma vez diferente, porém de maneira positiva.
(Fonte: Revista Vivência – 117 – Jan./Fev.2009 – Érico/SP)
ORAÇÃO DO SÉTIMO PASSO by passea
A ORAÇÃO DO SÉTIMO PASSO
“Libertação do egoísmo em busca da humildade.”
Em uma reunião de serviços de A. A. onde os nervos de certos companheiros, inclusive
os meus, já estavam à flor da pele para serem manifestados, um companheiro sereno fez
a seguinte pergunta: vocês já fizeram a oração do 7º Passo?
Todos ficaram perplexos. Eu mesmo tentei lembrar que oração era esta, mas não
consegui. Espera aí! Tem oração no Sétimo Passo?
Que oração é essa? Eu conhecia muito bem as orações da Serenidade e de São
Francisco, as duas mais usadas em A. A., mas a oração do Sétimo Passo passou-me
despercebida.
Então o companheiro pegou o “Livro Azul” (Alcoólicos Anônimos) e no capítulo 6
“Entrando em Ação” onde Bill W. escreve sobre os Doze Passos e justamente no Sétimo
Passo havia essa oração que dizia assim:
“Meu criador, agora desejo que me aceites como sou, por inteiro, bom e mau. Peço que
removas de mim tudo e qualquer defeito de caráter que me impeça de ser útil a Ti e aos
meus companheiros. Conceda-me forças para que ao sair daqui, eu cumpra as tuas
ordens. Amém!”
Chegando em casa refleti melhor sobre esta oração e sobre a mensagem deste passo
que me fez olhar alguns de meus defeitos de frente e humildemente pedir que o Poder
Superior arrancasse de dento de mim todo o mal.
Quando surgem situações que querem destruir minha serenidade, a dor muitas vezes me
leva a pedir a Deus a clareza para identificar meu papel na situação.
Admitindo minha impotência perante meus defeitos peço por aceitação. Tento ver como
meus defeitos de caráter contribuíram para a situação. Poderia ter sido mais paciente?
Fui tolerante, insisti em fazer da minha maneira? Estava assustado?
Á medida que meus defeitos são revelados, coloco a autoconfiança de lado e
humildemente peço a Deus que remova minhas imperfeições.
A situação pode não mudar, mas com a prática de exercitar a humildade, desfruto de paz
e serenidade, que são os benefícios naturais por colocar minha confiança em um Poder
Superior a mim mesmo.
Descobri neste Passo a solução! Ao invés de tentar fugir de minhas dores e desejar que
meus problemas desapareçam, posso rezar pedindo humildade!
A humildade curará a dor. A humildade permitirá que eu me aceite alegremente como ser
humano, sujeito a erros! Repetidamente trabalhei no Sétimo Passo. Ás vezes retrocedia e
me reorganizava. Faltava alguma coisa e me escapava o trabalho do Passo: - o que eu
não havia visto direito? Uma palavra simples, lida, mas ignorada, a base de todos os
Passos, na verdade de todo o programa de Alcoólicos Anônimos; essa palavra é
humildemente.
Entendi muito de meus defeitos. Constantemente adiava meu trabalho, ficava com raiva
facilmente, sentia muita auto-piedade, e pensava: - por que eu? Então me lembrei: “o
orgulho sempre vem antes da queda” e eliminei o orgulho da minha vida...
Descobri que a verdadeira alegria da vida está em dar algo ao próximo.
Ficar livre das minhas imperfeições faz com que eu possa mais livremente fazer meu
serviço e permite que cresça em mim a humildade. Minhas imperfeições podem ser
colocadas humildemente, aos cuidados amorosos de Deus para que possam ser
removidas.
A essência do 7º Passo é a humildade e a melhor maneira de buscá-la é poder dar tudo
de mim para Deus: o bom e o mau para que “Ele” possa remover o mau e devolver-me o
bom.
Tendo admitido minha impotência perante alguns defeitos, e tomando a decisão de
colocar minha vida e minha vontade aos cuidados de Deus, não sou eu quem decide
quais defeitos serão removidos, nem a ordem que serão removidos, ou ainda a hora que
serão removidos.
Peço a Deus que decida quais os defeitos que me impedem de ser útil a ”Ele” e aos
outros e então, humildemente peço que os remova.
Não estou mais disposto a viver com a multidão de defeitos de caráter que caracterizaram
minha vida quando eu bebia. O Sétimo Passo é o meu veículo para libertação destes
defeitos. Rezo para ser ajudado a identificar o medo escondido nos defeitos e então peço
a Deus para me libertar do medo. Esse método tem funcionando para mim sem falhas e é
um dos grandes milagres de minha vida em Alcoólicos Anônimos.
Quando finalmente pedi a Deus para remover estas coisas que me separavam “Dele” e
da luz do espírito, embarqueis na viagem mais gloriosa que podia imaginar. Experimentei
a libertação destas características que me mantinham escondido em mim mesmo.
Devido a humildade deste Passo, hoje me sinto limpo. Sou especialmente consciente
deste Passo porque agora sou útil a Deus e a meus companheiros. Sei que Ele me
concede forças para cumprir sua vontade e me prepara para qualquer obstáculo ou coisa
que possa surgir no meu caminho hoje. Sei que estou realmente seguro nas mãos de
Deus e agradeço pela alegria de poder ser útil hoje.
(Fonte: Revista Vivência – 117 – Jan/.Fev.2009 – Garcia/Ribeirão Preto/SP)
QUANDO SOU HUMILDE? by passea
QUANDO SOU HUMILDE?
“Quando vou ao Grupo e peço a Deus humildade para poder entender os depoimentos
dos companheiros; quando vou depor e peço também humildade para poder falar sem
orgulho, acanhamento ou vergonha e muitas outras imperfeições que tenho”
Sou um alcoólico em recuperação; hoje, com uma liberdade maior do que a de ontem,
pois estou liberto de uma escravidão na qual eu não percebia que estava.
Hoje graças aos Doze Passos de A. A. tenho responsabilidade sobre minha pessoa e
minhas escolhas traçaram o meu amanhã.
Primeiramente gostaria de agradecer a todos os companheiros mais antigos da
Irmandade por estarem dando continuidade aos trabalhos de Bill e Bob.
Quando vou ao Grupo peço a Deus humildade para poder entender os depoimentos dos
companheiros; peço também mente aberta para poder saber ouvir e entender a cada um
e, quando vou depor peço também humildade para poder falar retirando minha vergonha,
orgulho e muitas outras imperfeições que tenho.
Não adianta ir ao Grupo e não participar da programação; ir ao Grupo e não ter a
humildade para mudar; não adianta, pois viçarei o mesmo bêbado de antes, porém sem
beber se eu não me cobrar com humildade para estar me reformulando de nada
adiantaria minha parada na militância alcoólica.
Hoje compreendo a humildade como uma fonte de sabedoria para minha recuperação.
Só por hoje tenho responsabilidade reconhecendo o meu real lugar que é freqüentando o
Grupo.
Quando estava na ativa não tinha escolha, pois a doença me levava a ser irresponsável,
mentiroso, manipulador, fazendo tudo de errado e com muita insanidade.
Hoje, com a sanidade devolvida tenho que ter humildade e mudar, pois só assim minha
mente votará a dar frutos bons uma vez que o círculo vicioso da ativa levou vários anos e,
só essa real humildade vai me devolver uma vida feliz sem uso do álcool. Essa humildade
me trará paz de espírito o que busco para o meu crescimento pessoal e espiritual.
Grato a Irmandade que me estendeu a mão e me ajudou na libertação da miséria de vida
que eu estava levando.
Hoje, graças ao cultivo da humildade, estou liberto e feliz 24 horas de serenidade e
sobriedade.
(Fonte: Revista Vivência – 117 – Jan./Fev.2009 – Francismar/Divinópolis/MG)
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