sermão cap 4
Post on 22-Nov-2014
1.431 Views
Preview:
DESCRIPTION
TRANSCRIPT
Português
11.º ano
Prof.ª Catarina Labisa
Sermão de St.º António
aos Peixes
Capítulo IV
1.º PARÁGRAFO
Questões 1. e 2.
«Antes, porém, que vos
vades, assim como
ouvistes os vossos
louvores, ouvi também
agora as vossas
repreensões.»
1. Com que objetivo vão
ser feitas as
repreensões aos
peixes?
• «Servir-vos-ão de confusão, já que não
seja de emenda.»
–Se não conseguir corrigir os defeitos dos
peixes (homens), o sermão poderá, ao
menos, contribuir para acordar as
consciências, para perturbar o espírito
dos pecadores.
2. Qual é o primeiro e
grande defeito dos
peixes e o que o torna
mais grave?
• O primeiro grande defeito dos peixes é comerem-se uns aos outros, e este defeito é agravado pelo facto de os peixes grandes se alimentarem dos pequenos, o que faz com que sejam necessários muitos peixinhos para satisfazer poucas bocas.
Como é alterado, neste
capítulo, o tratamento do
paralelismo
peixes/homens?
• Atenta no 1.º parágrafo e na referência a Santo Agostinho.
– «Santo Agostinho, que pregava aos homens para encarecer a fealdade deste escândalo, mostrou-lho nos peixes; e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abominável é, quero que o vejais nos homens.»
Como é alterado, neste
capítulo, o tratamento do
paralelismo
peixes/homens?
• O orador afirma que, nesta passagem,
fará o contrário de Santo Agostinho, ou
seja, em vez de pregar aos homens
evidenciando os seus defeitos através do
exemplo dos peixes, faz a sua peroração
aos peixes, ilustrando os seus pecados
por intermédio dos homens.
Como é alterado, neste
capítulo, o tratamento do
paralelismo
peixes/homens?
• Porém, o que ele faz é introduzir mais
uma inversão irónica no processo da
pregação: até agora tinha admoestado os
homens, fingindo pregar aos peixes;
presentemente, finge dar aos peixes o
exemplo dos homens para reforçar as
críticas que dirige aos humanos.
2.º PARÁGRAFO
Questões 3.
Explicita os referentes dos
dois deíticos sublinhados.
• «Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá; para a cidade é que haveis de olhar. Cuidais que só os Tapuias se comem uns aos outros? Muito maior açougue é o de cá, muito mais se comem os brancos.»
• O deítico pessoal «Vós» tem como referente OS PEIXES (embora tenha como alvo OS HOMENS).
• O deítico espacial «cá» designa a cidade brasileira onde se encontram: S. LUÍS DO MARANHÃO.
• «Vós virais os olhos
para os matos e para
o sertão? Para cá,
para cá; para a cidade
é que haveis de olhar.
Cuidais que só os
Tapuias se comem uns
aos outros? Muito
maior açougue é o de
cá, muito mais se
comem os brancos.»
• Tendo em conta o sentido literal da palavra «comer», os colonos poderiam interpretar a repreensão relacionando--a com os rituais antropofágicos dos índios do sertão, os Tapuias. Contudo, o Padre António Vieira esclarece que a sua crítica se dirige ao «açougue» metafórico dos brancos da cidade.
3. Explica a passagem, tendo em conta o
contexto histórico e geográfico em que o
sermão foi proferido.
Exemplifica e realça o valor
expressivo da repetição/pleonasmo e
da antítese, nesta passagem.
• «Vedes vós todo aquele
bulir, vedes todo aquele
andar, vedes aquele
concorrer às praças e
cruzar as ruas; vedes
aquele subir e descer as
calçadas, vedes aquele
entrar e sair sem
quietação nem sossego?»
• A REPETIÇÃO/ANÁFORA do verbo ver («vedes»), do determinante «aquele» e do quantificador «todo»;
• o recurso ao PLEONASMO («andar», «concorrer às praças», «cruzar as ruas»);
• a ANTÍTESE («subir e descer», «entrar e sair»)
contribuem para reforçar a ideia de azáfama, da vida atarefada dos brancos na cidade que o orador pretende tornar clara aos olhos do seu auditório.
Esclarece o sentido do verbo
«COMER» nesta passagem.
• «Comem-no os
herdeiros, comem-no
os testamenteiros,
comem-no os
legatários, comem-no
os credores; comem-
no os oficiais dos
órfãos, e os dos
defuntos e ausentes;
come-o o médico que
o curou. […]»
• O verbo «comer»
tem, aqui, o
sentido de explorar
monetariamente,
de procurar lucrar à
custa de um
defunto
endinheirado.
4.º PARÁGRAFO
Em que contexto se utiliza o
verbo «COMER» no 4.º
parágrafo?
• «Vede um homem desses
que andam perseguidos
de pleitos ou acusados de
crimes, e olhai quantos o
estão comendo. Come-o o
meirinho, come-o o
carcereiro, come-o o
escrivão, come-o o
solicitador, come-o o
advogado, come-o o
julgador, e ainda não está
sentenciado, já está
comido […]»
• O verbo «comer» é utilizado, neste parágrafo, no âmbito da justiça, indiciando a exploração que os agentes judiciais exercem sobre as vítimas do sistema: os réus, que ainda antes da sentença já foram esbulhados e maltratados.
5.º PARÁGRAFO
Com que objetivo é que Vieira
analisa um salmo bíblico?
• «Nonne cognoscent
omnes, qui operantur
iniquitatem, qui
devorant plebem meam,
ut cibum panis?» (ll. 52-
54)
• «Não compreenderão
todos os obreiros do
mal que devoram o meu
povo como quem come
pão?» (Salmo, 13-4)
• O orador pretende mostrar como alguns homens (os grandes) exploram outros (mais humildes) de forma violenta e iníqua («como quem come pão»).
Explica o sentido da
comparação e da metáfora na
crítica evidenciada.
• COMPARAÇÃO: «ut
cibum panis?» (ll.
53-54, 70) («como
quem come pão?»)
• METÁFORA: «[…] os
pequenos. São o
pão quotidiano dos
grandes […]» (ll. 74-
75)
• Estes dois recursos estilísticos realçam a forma intensiva, abusiva, constante de exploração dos humildes pelos poderosos, pois o pão é alimento quotidiano, de grande consumo, e a servidão de que é alvo o povo também é exercida diariamente e em larga escala.
6.º PARÁGRAFO
A que acontecimentos
históricos alude Vieira na
seguinte passagem?
• «Não vos bastam tantos
inimigos de fora e
tantos perseguidores
tão astutos e
pertinazes, quanto são
os pescadores, que nem
de dia nem de noite
deixam de vos pôr em
cerco e fazer guerra por
tantos modos?» (ll. 91-
94)
• Ao designar os «inimigos de fora», «os pescadores» que põem em risco a vida dos peixes, Vieira alude às forças europeias que ameaçavam a hegemonia portuguesa no Brasil (designadamente os holandeses).
7.º PARÁGRAFO
A partir da linha 104, o orador
recorre à contra-argumentação e
à sua refutação. Explica o
raciocínio desenvolvido nesse
parágrafo.
• O contra-argumento evocado é o de que os homens/peixes não têm outro modo de se sustentar senão comendo-se uns aos outros.
• Vieira procura provar, – por constatações gerais («O mar é muito largo, muito
fértil, muito abundante, e só com o que bota às praias pode sustentar grande parte dos que vivem dentro nele.» - ll. 106-109)
– e exemplos bíblicos (a boa convivência de todos os animais quando coabitaram na arca de Noé)
• que os seres podem sobreviver sem se comerem uns aos outros.
8.º/9.º PARÁGRAFOS
Questões 4.
4. No 8.º e 9.º
parágrafos, outros
defeitos são apontados.
Quais?
• O orador critica a «ignorância e cegueira» dos homens suscitadas por «um retalho de pano» que simboliza a vaidade.
• Concretamente, esses dois defeitos estão configurados na facilidade com que os homens se deixam convencer a empunhar as armas e a deixar- -se matar para poderem, ufanamente, envergar os trajes coloridos das ordens militares (Malta, Avis, Santiago…), ou seja, pela promessa da glória mordem o isco, como os peixes.
5. Explica a pergunta e a
resposta que se lhe segue.
• «Quem pesca
as vidas a
todos os
homens do
Maranhão, e
com quê?» (ll.
152-153)
• O orador quer averiguar quem explora alguns dos colonos do Maranhão e constata que estes são enganados por vendedores de «retalhos de pano», os quais, pelo engodo da vaidade, os levam a gastar mais do que o que ganham com o trabalho de suas vidas.
6. Sintetiza os argumentos
utilizados pelo orador, no
último parágrafo, para
persuadir o auditório a mudar
a sua conduta.
• O orador realça a ideia de que é muito insensato comprometer a vida por vaidade e evoca dois exemplos comprovativos: para os peixes, o facto de serem vestidos por Deus da forma mais bela e perene («de peles tão vistosas […], vestidos que nunca se rompem, nem gastam»); para os homens, o modelo de Santo António, que, apesar de nobre, trocou o garbo do traje aristocrático pelo modesto hábito de frade (primeiro a «loba de sarja», depois o «burel»).
• Os ouvintes devem fazer o mesmo: deixar-se de jactâncias pessoais que levam à ganância, à perdição e à exploração do homem pelo homem.
7. Neste capítulo, o sermão apresenta um tom
mais enérgico e combativo, sustentado em
recursos expressivos muito eficazes. Aponta
exemplos e comenta a expressividade de uso
de: anáfora, simetria, gradação, antítese,
personificação, interrogação retórica..
• Anáfora: «comem-no… comem-no… comem-no». (ll. 30-33 e muitas outras).
• Simetria: no segundo e no quarto parágrafos, são apresentados dois casos simétricos: o do homem que morreu e que é depredado pelos vivos e o do réu que é sugado por todos os agentes da justiça.
• Gradação: «come-o o sangrador que lhe tirou o sangue; come-o a mesma mulher, que de má vontade lhe dá para mortalha o lençol mais velho da casa; come-o o que lhe abre a cova, o que lhe tange os sinos, e os que, cantando, o levam a enterrar…» (ll. 34-37).
7. Neste capítulo, o sermão apresenta um tom
mais enérgico e combativo, sustentado em
recursos expressivos muito eficazes. Aponta
exemplos e comenta a expressividade de uso
de: anáfora, simetria, gradação, antítese,
personificação, interrogação retórica..
• Antítese: «são os maiores que comem os pequenos»
(l. 58); «não só de dia, senão também de noite, às
claras e às escuras…» (l. 86).
• Personificação: «com o movimento das cabeças
estais todos dizendo que não […] vos estais
admirando e pasmando de que entre os homens haja
tal injustiça e maldade». (ll. 81-83 e muitas outras).
• Interrogação retórica: «Cuidais que só os Tapuias se
comem uns aos outros?» (ll. 20-21).
8.
•1. b)
•2. c)
•3. d)
•4. g)
•5. f)
9. Modifica as formas verbais
sublinhadas, de forma a que as frases
correspondam a uma realização atual
da língua portuguesa.
• «Se fora pelo
contrário, era
menos mal. Se os
pequenos
comeram os
grandes, bastara
um grande para
muitos pequenos»
• Se fosse pelo
contrário, seria
menos mal. Se os
pequenos
comessem os
grandes, bastaria
um grande para
muitos pequenos.
Identifica o tempo e o modo dos
verbos utilizados.
• Fora
• Comeram
• Bastara
– pretérito mais-que-
perfeito simples do
indicativo
• Era
– Pretérito imperfeito
do indicativo
• Fosse
• Comessem
–pretérito imperfeito do conjuntivo
• Seria
• Bastaria
–condicional simples
«Não só vos comeis uns aos
outros, senão que os grandes
comem os pequenos.»
a) ainda que
b) se bem que
c) como também
• A locução
conjuncional
sublinhada
equivale a:
«Não só vos comeis uns aos
outros, senão que os grandes
comem os pequenos.»
• Divide e
classifica
as
orações.
• «Não só vos comeis uns
aos outros»
–ORAÇÃO COORDENADA
• «senão que os grandes
comem os pequenos.»
–ORAÇÃO COORDENADA
COPULATIVA
top related