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Cristologia
SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia
Cristologia
SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia
Cristologia
SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia
PREFÁCIO
A Cristologia ou Doutrina de Cristo é um manancial de conhecimentos, que veio somar
satisfatoriamente para o crescimento dos nossos obreiros.
O Mestre na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pr. Jean Freddy Felau, esforçou-se
exaustivamente por apresentar, em especial aos nossos obreiros, um trabalho bem elaborado, que
vale a pena compulsá-lo.
Companheiros e companheiras, alunos e alunas do nosso Seminário em Teologia a nível
Bacharel, vamos crescer no conhecimento! Juntos faremos da nossa grande Igreja, uma potência
mundial.
Juntos somos fortes!!
Bispo Cordeiro
Cristologia
SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia
Cristologia
SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia
SUMÁRIO
Cristologia: Base da Teologia .................................................................................................................. 4
1. Introdução ........................................................................................................................................ 4
2. Natureza e método da cristologia ..................................................................................................... 4
3. O Jesus histórico e o Reino de Deus ................................................................................................ 7
4. A cristologia clássica e a crítica subsequente................................................................................... 9
5. A verdadeira humanidade de Jesus Cristo ....................................................................................... 15
6. A divindade de Jesus Cristo — Jesus é Deus .................................................................................. 16
6.1 Exemplos da Divindade do Messias no Velho Testamento....................................................... 16
6.2 Passagens Selecionadas do Novo Testamento Que Provam Que Jesus é Divino...................... 20
6.3 Designações do Novo Testamento a Jesus Cristo, Que São Atribuídas ao Deus do Velho Testamento.................................................................................................................................
22
7. Nomes, Poder e Atributos Divinos Aplicados a Cristo ................................................................... 24
8. A adoração dada a Cristo comprova que Ele é Deus ....................................................................... 28
9. A Pré-Existência do Filho................................................................................................................. 30
10. A verdadeira divindade de Jesus Cristo ........................................................................................... 32
11. A humilhação e exaltação de Jesus Cristo ....................................................................................... 33
12. A unicidade e universalidade de Jesus Cristo .................................................................................. 34
13. Cristo na bíblia .................................................................................................................... .............
35
13.1 A semente da mulher – GN. 3:15 ............................................................................................. 35
13.2 Renovo – Zc 6:12 ...................................................................................................................... 36
13.3 Emanuel – Is 7:14; Mt 1:23........................................................................................................ 38
13.4 Rosa de sarom e lírio dos vales – Ct 2:1-4................................................................................
38
13.5 Glória e União - Zc 11:7-14 ....................................................................................................... 39
13.5.1 Graça ........................................................................................................................... 39
13.5.2 União ........................................................................................................................... 39
13.6 O fundamento já posto – 1Cor 3:11 ......................................................................................... 42
13.7 O soberano - acima de tudo - Ef 1:21....................................................................................... 43
13.8 O cordeiro de Deus – Is 53:7.................................................................................................... 44
13.9 A palavra de Deus – O VERBO .............................................................................................. 46
13.10 Maravilhoso – Is 9:6 ..................................................................................... ........................ 48
13.11 Conselheiro – Is 9:6 .............................................................................................................. 49
13.12 Deus forte – Is 9:6 ................................................................................................................ 51
Cristologia
SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia
13.13 Pai da eternidade – Is 9:6 .................................................................................................... 52
13.14 Príncipe da paz – Is 9:6 ........................................................................................................ 53
13.15 Mistério da piedade - I Tm 3:16 ........................................................................................... 55
13.16 Jesus – Mt 1:21...................................................................................................................... 57
13.17 Pastor e Bispo – I Pe 2:25 ....................................................................................... ............. 59
13.18 O pão da vida – João 6:35 .................................................................................................... 61
13.19 Cristo – Mt 1:16 .................................................................................................................... 63
13.20 Senhor – At 2:36 ................................................................................................................... 65
13.21 A propiciação dos nossos pecados – I Jo 2:2, I Jo 4:10 ...................................................... 67
13.22 Autor e consumador da Fé – Hb 5:9, Hb 12:2 ...................................................................... 68
13.23 Nossa Paz – Ef 2:14, Cl 1:20 ................................................................................................ 69
CONCLUSÃO .......................................................................................................................................... 70
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... ... ................. 72
AVALIAÇÃO 1 ................................................................................................................. ...................... 74
Cristologia
SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia
Cristologia: Base da Teologia
1 Introdução
Cristologia é a doutrina da Igreja acerca da pessoa de Jesus como o Cristo. O autor do livro
aqui apontado afirma que a Cristologia sempre ocupa lugar central num sistema dogmático que
reivindica ser cristão. Toda tentativa de remover a Cristologia de seu lugar central ameaça o cerne
da fé cristã. Quem quer que olhe para Jesus, o Cristo, a partir da perspectiva do Novo Testamento,
estará inevitavelmente situado dentro de um quadro de referência teocêntrico. Todo o ministério de
Jesus era radicalmente teocêntrico.
Cristo é central tanto na ordem da criação quanto no âmbito da redenção. A fé cristã vê no
testemunho apostólico de Jesus, o Cristo, o critério final da verdade acerca da natureza e identidade
de Deus. Sendo assim, a própria pessoa de Jesus é teocêntrica em si mesma. O tipo de
cristocentricidade que acompanhou a teologia da “morte de Deus” mostrou ser errôneo. Mas, na
verdade, surge daqui uma pergunta importantíssima: sobre que Deus estamos falando na dogmática
cristã? A resposta dada no livro Dogmática Cristã é a seguinte: esse Deus não é a unidade simples,
solitária e autossuficiente do monoteísmo radical. O Deus do cristianismo clássico é, em contraste,
aquele Um que, de modo antecedente, diferencia a divindade como Pai, Filho e Espírito Santo e é
revelado como tal na economia da história e da salvação.
Originalmente, a doutrina da Trindade surgiu como produto da reflexão teológica sobre a
revelação de Deus na pessoa de Jesus, o Cristo. Assim sendo, esta doutrina veio como necessidade
de se explicar a realidade com a qual nos deparamos quando Deus, na história, foi Se revelando.
Mas, apesar desta doutrina trinitária, o cristianismo é universalmente classificado como uma forma
monoteísta de crença. E isto, ao meu ver, é com razão!
2 Natureza e método da cristologia
Abriu-se este assunto no livro Dogmática Cristã, primeiramente explicando que Cristologia é
a reflexão da Igreja sobre a asserção básica de que Jesus é o Cristo de Deus. Porém, como chegou-se
a esta conclusão? Para responder a esta pergunta, o autor do livro aqui mencionado, parte da grande
pergunta: “o que é cristologia?” Ou melhor: o que realmente significa cristologia?
Iniciando o circuito da resposta, nos é dito que cristologia é a interpretação de Jesus de
Nazaré como o Cristo de Deus a partir do ponto de vista da fé da Igreja cristã. “Cristo” é um título,
e não o segundo nome de Jesus. O título exprime a identidade de Jesus de Nazaré, de acordo com o
testemunho apostólico e a tradição católica.
A experiência de fé em Jesus como o Cristo vivo significa que a cristologia é mais do que
reflexão crítica sobre quem era Jesus em sua experiência terrena. Foge dos domínios da ciência.
Jesus Cristo pode ser o objeto da fé porque não é meramente Jesus de Nazaré, uma figura histórica
que viveu e morreu certa vez, mas também o Cristo ressurreto e vivo que está presentemente
corporificado na comunidade dos crentes. Além de ser Ele o filho de José, é primordialmente o
Filho de Deus.
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Cristologia
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Sem a confissão de fé em Jesus como o Cristo, a cristologia poderia ser reduzida a jesulogia.
Assim como existem os kardecistas, os budistas, os confucionitas, os marcionitas, etc. E além de
tudo, fé não é um mero desempenho humano, uma obra do intelecto, da vontade ou das emoções.
Ninguém pode chamar Jesus de o Cristo puramente como resultado de pesquisa científica histórica.
Desta forma, o autor do livro conclui que uma comissão de historiadores cientificamente treinados,
formada para encontrar fatos, não poderia provar que Jesus é o Cristo.
A afirmação da contemporaneidade de Cristo significa que o Espírito Santo atualiza a
presença de Cristo através da fé, o lado recebedor de um relacionamento pessoal real. O Espírito
Santo é o poder para juntar agora a fé pessoal e Jesus que é o Cristo vivo. É o Espírito que tira o
Jesus histórico da distância da história passada e o situa, como o Cristo vivo, no contexto existencial
do momento presente. Contudo, o Espírito Santo não atua de maneira direta, não mediada. O
Espírito é ouvido em, com e sob a pregação da Igreja. Não se põe o Espírito Santo de Deus diante de
um microscópio, ou numa mesa de pedra fria para dissecá-lo, ou ainda diante de uma banca de
teólogos, para que seja pesquisado e catalogada a sua estrutura. Deus não se deixa escarnecer.
O retrato de Jesus, o Cristo, que anima a pregação da igreja não é moldado por tais
construções arbitrárias da imaginação, mas pelos credos e confissões cristológicos da igreja. E isto,
porque o dogma cristológico aponta para além da igreja, assegurando que seu Senhor é o Cristo vivo
corporificado em Jesus de Nazaré, e não um mito a-histórico, um princípio metafísico, uma
personalidade religiosa ou um virtuoso moral.
O retrato autêntico do Cristo vivo é dado na Bíblia; tudo o mais é, na melhor das hipóteses,
alguma espécie de reprodução. Assim, a igreja sempre terá necessidade de testar suas interpretações
cristológicas referindo-se ao retrato bíblico de Jesus, o Cristo. Este retrato, porém, é como um único
instantâneo. É, antes, como uma montagem de retratos esboçados por diversos artistas, de vários
ângulos e em épocas e lugares diferentes. Não se muda o quadro pintado por um grande artista, pois
este já deu seu último retoque e o assinou.
O texto o qual aqui está sendo apontado, comenta ainda no assunto cristológico, sobre
história, dogmática e fé. Ele afirma que o historiador, o especialista em dogmática e o crente têm
suas maneiras próprias de abordar o Jesus Histórico. E assim, ao que parece, nos é mostrado que os
três, unidos, podem ser de grande validade para a busca de um melhor conhecimento sobre a pessoa
de Jesus Cristo. Como nota explicativa, o autor diz que, com “Jesus histórico”, ele designa Jesus de
Nazaré na medida em que pode ser feito objeto de pesquisa histórico-crítica. Mas, logo ele nos
lembra que a fé em Jesus como o Cristo não se baseia nos resultados de tal pesquisa. O Jesus
histórico não pode produzir a fé, mas a fé, ao meu ver, pode ajudar na pesquisa histórica de Jesus. É
tarefa da dogmática servir de “advogado de defesa” para os crentes frente à heterônoma
reivindicação da ciência no sentido de fornecer os conteúdos ou legitimar o fundamento da fé.
No livro, o autor nos aconselha que é importante guardar uma distinção entre dogmática e fé.
O que é relevante para as construções construtivas do teólogo não é necessariamente essencial para
a existência ou mesmo para o bem-estar da fé. A fé pode existir muito bem sem estar a par da mais
recente pesquisa, ao passo que a dogmática não pode ignorar o contínuo processo e os resultados da
pesquisa histórico-crítica. A fé vive do testemunho a respeito de Cristo na pregação da igreja e na
mensagem das Escrituras. A dogmática é uma reflexão crítica que continua na igreja em prol de uma
compreensão mais madura da fé, de seus fundamentos e conteúdos. Um dos pontos em debate na
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Cristologia
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teologia contemporânea diz respeito ao ponto de partida correto da cristologia. Tradicionalmente, a
cristologia era feita “a partir de cima”. A cristologia procedia de maneira dedutiva, movendo-se da
divindade eterna de Cristo lá em cima para sua natureza humana cá em embaixo.
Quando o dogma cristológico foi posto na defensiva por seus críticos modernos, fez-se a
tentativa de salvar seu significado mediante uma concentração no Cristo querigmático. Esta é uma
maneira contemporânea de fazer cristologia a partir de cima. Contudo, não podemos dar-nos por
satisfeitos em assumir o Cristo querigmático como ponto de partida da construção dogmática.
Existe hoje em dia entre os teólogos um virtual consenso de que a cristologia deve partir de
baixo. Neste ponto reside o mais profundo significado da nova busca do Jesus histórico. Mas, como
sancionado em Dogmática Cristã, nem o dogma nem o querigma são, de si mesmos, suficientes para
fornecer a base e o conteúdo da fé. Diz-se que há boas razões para exigir que a cristologia comece
de baixo! Fato este devido a que a cristologia se baseia no Cristo testemunhado pela fé apostólica, e
esse Cristo não é outro senão Jesus de Nazaré.
Porém, o perigo de começar a cristologia de baixo é que ela pode terminar numa “cristologia
baixa” sem utilidade para a fé cristã. “Cristologia baixa”, segundo o autor, é definida como uma
interpretação de Jesus que o trata como mero ser humano. Ela converte a clássica categoria
cristológica do “verdadeiramente humano” (vere homo) no “meramente humano”. Se assim for,
como então poderemos fazer uma cristologia confiável? Como conseguiremos usufruir de um
conhecimento sobre Cristo que nos ajude na fé e no conhecimento, sem o temor de estarmos criando
um cristo de laboratório?
Uma boa resposta, dada pelo livro Dogmática Cristã é que a reflexão cristológica é um
processo hermenêutico em que os movimentos “a partir de cima” e “a partir de baixo” não são
mutuamente excludentes, e sim dialeticamente relacionados numa compreensão abrangente da
identidade e do significado da pessoa de Jesus, o Cristo. Esse processo de interpretação pode ser
chamado de “círculo” ou “arco” hermenêutico.
Importante também é saber que, segundo o autor do livro, o pesquisador do N.T. precisa
achar nos ensinamentos de Jesus todas as sementes do desenvolvimento cristológico posterior. Não
atingir esse objetivo significaria que a cristologia perde suas origens no Jesus real da história.
Nesta busca sobre as sementes do desenvolvimento cristológico, encontra-se alguns grupos
distintos de pesquisadores. Primeiro: alguns eruditos localizam a raiz da cristologia na auto
manifestação do próprio Jesus. Segundo: outro grupo de eruditos localiza o dado central da
cristologia no acontecimento histórico da ressurreição de Jesus. Em terceiro lugar, há os que não
fundamentam a fé cristológica nem no Jesus terreno nem em sua ressurreição, mas tão somente no
querigma da igreja primitiva.
Para a dogmática, não há necessidade de jogar uma dessas linhas de interpretação contra as
outras. O Jesus histórico, o Cristo querigmático e o dogma cristológico – estes três constituem a
matéria da qual a cristologia é feita.
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3 O Jesus histórico e o Reino de Deus
Qual era a expectativa de Jesus acerca do reino de Deus? Na verdade, o “reino de Deus” era
o tema central de toda a mensagem de Jesus! Reinado ou reino de Deus, porém, era mais do que um
conceito presente na mente de Jesus e expresso em discurso. Era a força impulsora de toda a sua
carreira. Tudo o que Jesus realizava em palavra e ação era descrito como “sinal” do reinado de
Deus em irrupção.
Mas o consenso dos eruditos se desfaz no momento em que começam a descrever o
significado do reino de Deus. Na teologia protestante do século XIX, o reino de Deus era
interpretado predominantemente em termos morais, quer pessoais, quer sociais. Dois nomes que
surgem apoiando esta interpretação foram os de Friedrich Schleiermacher e Albrecht Ritschl.
O reino de Deus não virá como o resultado cumulativo de boas obras humanas e do
progresso histórico. Ele é, antes, um milagre do poder de Deus irrompendo de além do âmbito da
potencialidade humana. A pesquisa de Weiss e Schweitzer mostrou que o reino de Deus esperado
por Jesus em futuro próximo se assemelhava mais a um fim apocalíptico para o mundo do que a um
paraíso sobre a terra forjado gradualmente por meios humanos. O evento escatológico vem como
uma lâmina afiada penetrando o momento presente.
Não faz muito tempo, pensava-se que nosso principal problema na cristologia era que não
sabemos virtualmente nada a respeito do Jesus histórico. Agora, o problema é, antes, que uma
quantidade maciça de pesquisa focalizou a mensagem de Jesus acerca do reino vindouro, deixando-
nos ainda inseguros quanto a como interpretá-lo. O problema deslocou-se da história para a
hermenêutica.
Como podemos seguir Jesus em conceber a basileia (reino, reinado) de Deus como uma
realidade de outro mundo, de magnitude cósmica, prestes a irromper a qualquer hora? De acordo
com Harnack, os ensinamentos éticos de Jesus ainda são válidos, ao passo que suas idéias
escatológicas são estranhas aos tempos modernos.
Mas, o que Jesus realmente queria dizer com “reino de Deus”? Quando falava do reino,
Jesus não tinha em mente um âmbito no espaço e no tempo. O termo não se refere a uma região
espacial, e sim ao reinado dinâmico de Deus. Talvez devêssemos dizer simplesmente que a vinda do
reino significa a vinda de Deus. Esperar o reino é estar aberto para a vinda de Deus, nada menos do
que isto. Mas isto tem significado universal, pois quando Deus vem em poder o mundo precisa
mudar. As coisas não podem permanecer como estão. Deus não é um soberano ocioso sentado no
trono. Deus agirá quando vier, tanto em obras de juízo quanto em obras de graça. O reino não é uma
condição deste mundo que possa ser realizada por meios humanos. Não é um predicado deste
mundo.
Uma grande inversão na ordem das coisas está para acontecer. De acordo com Lucas 6:20s.,
os pobres ficarão felizes, os famintos serão saciados e os que choram rirão. Só a vinda do reino de
Deus pode gerar o poder de produzir tal miraculosa reviravolta no mundo humano. No entanto, o
propósito de tais eventos-sinal é apontar para a vinda de Deus e do domínio de Deus, e não focalizar
uma nova ordem social como bem último em si mesma.
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Na mensagem de Jesus, o reino de Deus nunca deixa de ser mistério. Ele nunca ofereceu uma
definição ou uma descrição direta. A ética de Jesus está carregada de pressuposições escatológicas;
ela faz sentido como uma moralidade que prefigura a nova realidade do reino de Deus que se
aproxima. Quando posta em operação num contexto terreno, a ética de Jesus visa funcionar como
sinal do reino que vem.
Seu propósito não era transmitir informação sobre o reino, como outros visionários
apocalípticos tinham feito com vívidos detalhes. Era, antes, convencer seus ouvintes de que estava
mais do que na hora de se aprontar para a vinda de Deus.
Um dos mais acalorados debates da moderna pesquisa do N.T. tem girado em torno da
pergunta se Jesus esperava a chegada do reino no futuro muito próximo ou se já estava sendo
realizado no presente. A maioria dos especialistas concorda, todavia, que, decididamente, a maior
parte das passagens que podem ser atribuídas ao Jesus histórico retrata o reino de Deus como uma
grandeza que chegou tão perto que tem um impacto presente.
Jesus olhava para frente, para a salvação que o reino vindouro traria; a igreja primitiva
olhava para trás, para ele como o Cristo que já tinha tornado o reino presente. Não obstante essa
orientação para o passado, a igreja primitiva também se voltava para frente, esperando uma
consumação futura.
As curas milagrosas e os exorcismos de demônios por ele praticados eram sinais adiantados
do reino que vem. Obviamente, o reino de Deus ainda não tinha sido estabelecido aqui e agora.
Agora há pessoas pobres e famintas. Quando o reino vier, sua miséria será removida. Agora elas
sofrem; em breve exultarão.
Quem ensina que o reino já foi realizado no tempo de Jesus transforma numa farsa o amor de
Jesus pelos pobres, oprimidos, famintos, enlutados, doentes, sobrecarregados, alienados, etc. Jesus
prometeu a todas essas pessoas que o reino viria em breve para mudar sua sina.
Daqui surge uma outra questão, Jesus não era um quietista, oferecendo consolo barato às
pessoas cuja situação deplorava, mas em relação à qual nada fazia. Há cristãos que querem tomar a
cruz e seguir Jesus, porém não têm esperança de alterar as condições que criam pobreza e opressão.
Recomendando sofrimento paciente neste mundo, prometem uma recompensa celestial no outro
mundo. Mas, Jesus, pelo contrário, fez o que pode para trazer o poder do domínio de Deus aqui para
a terra.
A gênese da cristologia no Novo Testamento, aparece-nos também, como um assunto básico
nesta matéria. O precursor de Jesus, João Batista, também pregou a mensagem do reino vindouro,
anunciando juízo impendente e tempo de arrependimento. Jesus, porém, era diferente, ele não era o
último profeta do reino por vir; era o agente de sua chegada em início e em poder. As realidades do
reino já estavam começando a agitar-se dentro da história por meio do impacto do ministério de
Jesus.
A raiz da cristologia no ministério de Jesus não está localizada num título honorífico
determinado que ele tenha reivindicado para si mesmo. O importante é que Jesus não era apenas o
proclamador, mas também o portador do reino no ponto de sua erupção. Assim, a gênese da
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cristologia reside no fato de que uma pessoa se relaciona com o reino vindouro através de sua
decisão a favor de Jesus ou contra ele, como a ocasião da irrupção do reino no tempo.
Se Jesus era o Messias, o Filho do Homem, o Filho de Deus ou o Senhor não depende de
acharmos estes termos como autodesignações nos lábios de Jesus, mas da questão se a comunidade
primitiva tinha boas razões para aplicar esses títulos a ele como confissões de fé.
Muitas escolas da teologia não procuram o cumprimento da expectativa de Jesus no duplo
final de sua vida, na cruz e na ressurreição. Um tipo de interpretação sustenta que o reino de Deus
ainda não apareceu; ele ainda é futuro e de outro mundo, não deste. Uma Segunda posição vê o
reino como uma chamada para a decisão aqui e agora, no confronto com a mensagem de Jesus; ele
já está presente em cada momento de decisão existencial. Uma terceira concepção vê o reino de
Deus como algo que está no futuro histórico e que vem por meio de transformações sociais e
políticas, ou gradual e progressivamente ou por meio da práxis revolucionária.
Na crucificação e ressurreição de Jesus a igreja primitiva encontrou a prova de que Jesus era
o Messias esperado e, além disso, de que ele era o rei do reino que pregara, coroado com uma coroa
de espinhos e entronizado numa cruz, tendo então recebido uma vitória sobre os poderes do mal em
sua ressurreição dos mortos. Aqui o Cristo da fé e o Jesus da história provam ser um único e mesmo
Senhor Jesus Cristo.
Os primeiros intérpretes esquadrinharam as Escrituras hebraicas, o A.T., e usaram seus
símbolos e estórias para apontar para a frente, para os acontecimentos “destes últimos dias” (Hb.
1:2) em que as promessas de Javé estavam sendo cumpridas no Filho.
O interesse da igreja era concentrar-se na pessoa de Jesus como o Cristo de Deus, pois nele
ela tinha experimentado salvação escatológica. A vinda do reino na cruz mantém o reino oculto na
história e só pode ser vista com os olhos da fé. Se deixamos a fé de lado e olhamos para a história
com olhos ordinários, não encontramos provas convincentes de que o reino de Deus já veio. Assim
como o próprio Jesus disse: “O meu reino não é deste mundo”.
A fé cristã primitiva manteve a tensão entre duas verdades. De acordo com a verdade da fé, o
reino de Deus já chegou em Cristo. Isto se encontra em tensão com a verdade sobre a história de que
o reino ainda não veio. A realidade plena do reino de Deus foi, assim, dividida num já e num ainda
não.
4 A Cristologia clássica e a crítica subsequente
Se tem uma questão onde a crítica gosta de “remexer”, é a da identificação de Jesus com
Deus. Como é possível, passar do reino de Deus, o dado central da mensagem de Jesus, para o
dogma da Trindade, que identifica a pessoa de Jesus Cristo com Deus?
A igreja primitiva cria que a vinda do reino de Deus ocorreu na crucificação e ressurreição
de Jesus de Nazaré. Sem a ressurreição não poderia ter surgido fé na divindade de Jesus. Desta
maneira, a fé não gerou a ressurreição, como disse Bultmann, mas a ressurreição sim, gerou a fé.
A vinda de Deus e a vinda de Jesus estão, assim, unificadas na experiência da salvação
escatológica. A lógica da salvação exigia a identificação de Jesus com Deus. A experiência da cruz e
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ressurreição de Jesus como o evento definitivo da salvação gerou a fé, centrada na pessoa de Jesus
Cristo, que tradicionalmente pertencia só a Deus, caso se quisesse evitar a idolatria. Se a salvação
realmente tinha chegado através da pessoa de Jesus, ele também deve ter sido Deus, porque Deus, e
tão somente ele, é o poder da salvação.
Se, para Jesus, o reino estava próximo, para a igreja ele já estava aqui – em Cristo. E os
participantes do reino de Deus em Cristo, tornam-se cristãos, experimentando já sinais que
pressagiam o estabelecimento absoluto deste reino.
Na cruz de Cristo, Deus lidou vitoriosamente com o pecado do mundo. Em sua ressurreição,
foi derrotada a morte e criada nova vida que permanece. Por assim dizer, então, ser participante do
reino de Deus, significa ser vitorioso contra o pecado e a morte.
Com isto, ou seja, com tudo o que já foi dito, podemos crer que a identificação de Jesus com
Deus não foi, a princípio, resultado de um desenvolvimento dogmático. Mas foi, antes de tudo, uma
certeza crescente, que se desenvolvia a cada revelação de Deus na pessoa de seu Filho Jesus Cristo.
A confissão de que “Jesus é Senhor” (Rm. 10:9; I Co. 12:3; Fp. 2:11) não foi produto de
uma posterior helenização do cristianismo. Essa fórmula apareceu já no culto da comunidade
palestina, colocando Jesus no mesmo nível de Deus. Kyrios era a tradução grega do termo
“adonai”, o nome predileto para designar Deus entre os judeus. Sua aplicação a Jesus no contexto
do culto não podia ser mal-entendida por pessoas familiarizadas com as regras da reverência devida
ao nome de Deus num ambiente hebraico.
Com base na fé em Jesus e no culto a ele prestado, a igreja primitiva não só reconheceu Jesus
como Senhor, mas também transferiu a ele todos os altos títulos e atributos divinos. E isto foi como
a primeira igreja viu a identificação de Jesus com Deus.
Porém, como era de se esperar, surgiram algumas heresias cristológicas, as quais, algumas
foram comentadas no livro Dogmática Cristã. A identificação de Jesus com Deus não aconteceu sem
grave perigo para a fé cristã. O perigo existente na acentuação da divindade de Cristo era o de que a
fé poderia perder de vista a humanidade real do homem Jesus. Essa visão unilateral produziu a
heresia conhecida como docetismo, a perene heresia da “ala direita” da cristologia. Esta heresia é
um ensino cristológico, difundido sobretudo em círculos gnósticos, que dizia que Jesus Cristo só
parecia ter um corpo humano e só pareceu sofrer e morrer. “Docetismo” vem do termo grego
dokein, que significa “parecer”. Marcião, o herege do século II, foi o teólogo mais proeminente a
popularizar uma cristologia docética. A influência gnóstica considerava a matéria como má e a
carne como irreal.
Por isso, quando Deus se fez homem e o Verbo se fez carne na pessoa de Jesus Cristo, isso
só aconteceu aparentemente, segundo os gnósticos. Nesta concepção, contudo, o Filho de Deus não
podia tornar-se realmente humano.
No polo oposto estava o ebionitismo, a perene heresia da “ala esquerda” da cristologia. É
um ensinamento cristológico muito difundido no século II, que apresenta Jesus como mero homem,
negando completamente sua divindade. Este termo provém do vocábulo hebraico ebionim, que
significa “pobres”. Os ebionitas eram originários principalmente de círculos judeus. Para os
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ebionitas, Jesus era certamente o Messias, o Cristo, mas era só um homem. Ele não podia ser Deus.
Eles também negavam o nascimento virginal de Jesus.
Esses extremos constituíam os dois lados da mesma moeda cristológica: rejeição de uma
encarnação real de Deus no homem Jesus.
Os docetas estavam presos a um conceito helenístico de Deus como um absoluto atemporal
que não podia realmente mudar. Porque Deus é Deus, ele é imutável. Assim, não podia haver uma
encarnação real, nenhuma mudança real em sentido ontológico, mas somente na aparência. O Deus
da metafísica grega determinava completamente a cristologia docética.
Os ebionitas estavam comprometidos com um conceito judaico de Deus como totalmente
outro em termos de transcendência e santidade. Deus é Deus e a humanidade é a humanidade; o
infinito não é capaz de entrar no finito. A separação ontológica torna uma encarnação real de Deus
impensável, até blasfêmia.
A linha docética à direita pode ser reconhecida no monarquianismo modalista, uma doutrina
do século III proposta por Sabélio, bispo de Roma.
Ele ensinou que o Deus uno (a monarquia divina) apareceu como o Pai no A.T., como o
Filho na vida de Jesus e, finalmente, como o Espírito na igreja. Diante deste assunto, é importante
também frisar como o autor de livro DC, que costumasse distinguir entre a “Trindade econômica” e
a “Trindade imanente”. A Trindade imanente significa que os nomes do Pai, do Filho e do Espírito
Santo se referem a distinções reais dentro de Deus. Em consequência, também falamos da Trindade
essencial ou ontológica. A Trindade econômica significa que as distinções surgem das três maneiras
em que o Deus uno se manifestou na história da revelação (a economia divina).
Desde que Friedrich Schleiermacher reabriu o debate sobre Sabélio, eruditos têm
questionado se Sabélio realmente ensinou que Pai, Filho e Espírito Santo referem-se meramente a
manifestações temporárias e sucessivas de Deus em relação ao mundo. Mas, o que importa lembrar
é que, esse novo tipo de docetismo também tornava impossível uma encarnação real.
Também no século III houve uma continuação da linha ebionita à esquerda: o
monarquianismo dinamista, representado por Paulo de Samósata, bispo de Antioquia. Adocianismo
a designação mais comum para esse tipo de cristologia. Cristo era realmente divino; estava
repleto do dinamismo do Espírito e, de modo único, foi adotado pelo Pai como seu único Filho
amado. Isso não era uma aparição de Deus a partir de cima, como no monarquianismo modalista.
Pelo contrário: no modelo adocianista, Jesus Cristo se tornou divino a partir de baixo, pela
inabitação do Espírito e por seu crescimento em santidade própria de Deus. A explicação aqui é que
o humano ascendeu, através de desenvolvimento espiritual e moral, ao nível da semelhança com
Deus.
Na época em que Constantino se tornou pontifex maximus (321 d.C.), o cristianismo foi
ameaçado por um sério ataque da esquerda. O ataque foi dirigido por Ário, que estava influenciado
pelos teólogos adocianistas Luciano de Antioquia e Paulo de Samósata. O arianismo, entretanto, era
uma negação da divindade de Cristo mais complexa do que aquela que encontramos no ebionismo
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ou no adocianismo. Para Ário, Cristo era mais do que um ser humano e mais do que o Filho adotivo
de Deus. Ele era o Logos, o Filho de Deus, que existia antes que Deus Pai criou o mundo.
Porém, ele não era Deus, não compartilhava da essência divina. O Logos não era eterno. No
início havia unicamente Deus, o Logos foi criado para assistir Deus na criação do mundo. O Logos
podia mudar, entrar na história, unir-se com carne humana na pessoa de Jesus, até sofrer e morrer.
Assim, a encarnação do Logos foi inferior a uma encarnação real da verdadeira essência de
Deus.
Atanásio, o impetuoso oponente de Ário, sustentava que o arianismo era heresia porque
questionava toda a realidade da salvação. Se o Logos, como redentor, é ontologicamente inferior a
Deus, como uma criatura o é em relação ao Criador, não pode haver salvação real, pois tal sistema
coloca o ônus da salvação sobre uma criatura. Atanásio perguntava como um ser inferior a Deus
poderia elevar os seres humanos até o nível de Deus. Como poderia o mediador entre Deus e a
humanidade ser menos do que plenamente divino e plenamente humano?
No Concílio de Nicéia, em 325 d.C., os pais inseriram uma antiga palavra de origem
gnóstica, homoousios (do grego homos, “igual, idêntico”, e ousia, “ser”), para expor a deficiência
da cristologia de Ário. O Credo Niceno tornou-se a afirmação fundamental da igreja na
interpretação da encarnação.
A partir de sua conexão trinitária, a cristologia passou a estabelecer a relação existente entre
o Cristo divino e o Jesus humano. O apolinarismo, que recebeu seu nome de Apolinário, bispo de
Laodicéia, começou afirmando a cristologia alta do Credo Niceno. Ele era completamente ortodoxo
na doutrina da Trindade. Ele sustentava que o Filho é distintamente outro do que o Pai (contra o
sabelianismo), porém compartilha eternamente da substância una do Pai (contra o arianismo).
Todavia, ter uma posição correta a respeito da Trindade pelo critério da ortodoxia não
determinava como um teólogo poderia interpretar a encarnação. Apolinário moveu-se na direção do
docetismo ao ensinar que a humanidade assumida por Cristo na encarnação era incompleta. Por
certo o Logos em Cristo era verdadeiramente Deus; entretanto, na encarnação ele não se tornou
inteiramente humano. Apolinário cria que uma união genuína só é possível quando o Logos, como
princípio ativo de autoconsciência e autodeterminação, substitui o espírito humano. A união que
havia em Cristo era uma união do Logos perfeito com uma natureza humana incompleta.
O Concílio de Constantinopla, em 381 d.C., afirmou o caráter completo da natureza humana
de Cristo. Estava em funcionamento a mesma lógica que exigia o homoousios com o Pai,
requerendo um homoousios comparável com a humanidade. Era a lógica da salvação. O princípio
operativo era este: o que não foi assumido não pode ser salvo. O primeiro concílio eclesiástico a se
decidir contra o apolinarismo declarou: “Se, pois, o homem todo estava perdido, era necessário que
aquilo que estava perdido fosse salvo.” (Concílio de Roma, 374-376 d.C.).
Para Nestório, um dos líderes da escola de Antioquia, Jesus Cristo era tanto plenamente
Deus quanto plenamente homem, mas as naturezas divina e humana devem manter-se distintas e não
reduzidas na encarnação. Deve haver dois de tudo – duas naturezas, duas substâncias, duas
vontades, duas séries de atributos – e, por consequência, também duas pessoas (prosopa).
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Essa doutrina de duas pessoas juntadas em Cristo tornou-se a marca definidora do
nestorianismo como heresia. O problema essencial do nestorianismo é simples: ele não podia
afirmar uma encarnação real. Os nestorianos propunham uma união de duas pessoas vivendo lado a
lado numa comunhão de amor e liberdade moral. Os alexandrinos insistiam numa unidade
ontológica mais profunda de Deus com o homem Jesus. Para Eutíquio, patriarca de Constantinopla,
e Dióscoro, bispo de Alexandria, a coisa mais significativa em Cristo era sua natureza divina, não
sua humanidade. Para esta doutrina, a partir do momento da encarnação, restava apenas uma
natureza. Por conseguinte, essa heresia é apropriadamente chamada de monofisismo, que significa
“uma natureza”, e, por vezes também de eutiquianismo, segundo o nome de um de seus
proponentes. Os monofisitas sacrificavam a integridade da humanidade de Jesus em benefício de sua
divindade.
No século V a igreja se debateu no dilema de optar entre um Cristo divino que não era
realmente humano (monofisismo) e um Jesus humano que não era realmente uno com Deus
(nestorianismo). A confissão ortodoxa que emergia seria, daí em diante, que Jesus Cristo era
plenamente Deus e plenamente humano. Como, porém, estão os dois relacionados permaneceu, para
eles, como um mistério. Por fim, em Calcedônia (451 d.C.), os pais do concílio formularam o dogma
cristológico das duas naturezas. Assim, a igreja optou por um meio termo entre as alternativas de
Nestório e de Eutíquio.
O veredito final pronunciado pelo credo de Calcedônia reza (fragmentado): “(...) Um só e o
mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, tornado conhecido em duas naturezas (que existem) sem
confusão, sem mutação, sem divisão, sem separação; não sendo a diferença das naturezas de modo
algum removida em razão da união, mas, antes, sendo as propriedades de cada uma preservadas, e
concorrendo (ambas) em uma só Pessoa (prosopon) e uma só hypostasis – não partida ou dividida
em duas pessoas (prosopa), mas um só e mesmo Filho e Unigênito, o Logos divino, o Senhor Jesus
Cristo... (...)”
Esta é a famosa definição calcedonense da identidade pessoal de Jesus Cristo. O propósito
principal do credo era afirmar uma encarnação verdadeira, não explicar seu mistério. As duas
naturezas, embora permanecendo distintas, foram unidas na pessoa una de Cristo. No entanto, o
credo não explicou como duas naturezas completas puderam ser unidas numa só pessoa. Pode-se
concluir com segurança que o concílio conseguiu cumprir, por certo tempo, uma cerca protetora em
torno do mistério da pessoa de Jesus Cristo. Ele, o credo, certamente deixou espaço para ulterior
desenvolvimento.
Agora somos levados do credo de Calcedônia à Formula de Concórdia. Consideremos o
ataque contundente de Paul Althaus: “Não se pode separar a natureza da pessoa. A personalidade
humana é um constituinte essencial da natureza humana. Por consequência, a ‘anhypostasia’ abole a
verdadeira humanidade de Jesus, seu ego humano que cria e orava, a verdade do fato de ele ser
tentado.
O que a anhypostasia nega é que a natureza humana de Jesus existia ou existe por si mesma
fora da Palavra, e a enhypostasia afirma que Jesus tinha existência pessoal, porém unicamente em e
através da Palavra. A humanidade não é abolida ou mutilada, mas sim elevada e realizada em união
com a pessoa, a hypostasis, da Palavra de Deus.
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No Ocidente praticamente não houve qualquer desenvolvimento digno de nota ao longo da
Idade Média, com exceção de um ressurgimento do adocianismo na Espanha do século VIII. Nesta
concepção, Jesus, em sua humanidade, era o Filho adotivo pela graça de Deus (adoptivus homo).
Esse ensinamento foi condenado em vários sínodos como reavivamento da impiedade nestoriana
que dividia Cristo em dois filhos, o Filho de Deus eterno e o Filho do homem adotivo.
O problema cristológico foi levantado mais uma vez nas acaloradas controvérsias entre
luteranos e calvinistas sobre a doutrina da comunicação de atributos (communicatio idiomatum).
Lutero ensinava que, na Ceia do Senhor, o Cristo todo estava realmente presente, inclusive sua
natureza humana, e, por conseguinte, também seu corpo e sangue. Zwínglio respondeu com sua
teoria da alloeosis, que explica o discurso da fé acerca da presença real como uma figura de
linguagem. Zwínglio disse que o Cristo humano não pode estar realmente presente na Ceia do
Senhor, visto que é finito. Já Lutero ensinou a ubiqüidade ou onipresença, que é, essencialmente, um
atributo da natureza divina, mas que é comunicada à natureza humana por causa da união
encarnacional.
Depois de algum tempo, sistematizou-se a doutrina da permuta dos atributos em três gêneros,
que, criam os pais luteranos, tinham o apoio da Escritura. Em primeiro lugar, há o gênero
“idiomático”: qualidade de qualquer das naturezas podem ser atribuídas à pessoa toda. Em segundo
lugar, há o gênero “apotelesmático”: ações da pessoa una podem ser atribuídas a uma ou outra das
duas naturezas. Em terceiro lugar, há o gênero “majestático”: qualidades divinas, tais como
onipotência e onipresença, são atribuídas à natureza humana. Os luteranos desejavam acentuar a
unidade da pessoa divino-humana, correndo o risco monofisita de misturar as naturezas. Sua
formula de combate era “finitum est capax infiniti”, o finito é capaz do infinito. Já os reformados
diziam que não. Eles mantiveram uma clara distinção entre as duas naturezas, de modo que seu
slogan veio a ser “finitum non capax infiniti”, o finito não é capaz do infinito.
Se o Logos é divino, então ele não podia se limitar à carne de Jesus.
Consequentemente, os calvinistas ensinavam que o Logos, sendo infinito, deve existir extra
carnem (fora da carne) e não estar limitado por sua união com a carne. Os luteranos reagiam com
uma teologia da cruz, sustentando que o Logos só pode ser conhecido na carne. Assim, cunharam a
expressão “totus intra carnem” e “nunquam extra carnem” (totalmente na carne e nunca fora da
carne)
O artigo VIII da Fórmula de Concórdia (1580) visava reconciliar diferenças entre a escola de
Johannes Brenz (da Suábia) e a escola de Martin Chemnitz (da Baixa Saxônia). Esta fórmula tentou
encontrar uma linguagem equilibrada para resolver as disputas, mas teve pouco êxito.
Só no século XIX houve um ponto de partida, por alguns luteranos, que foi mais satisfatório,
usando a ideia de kenosis, sugerida por Filipenses 2:6s., do mesmo modo que os atributos divinos
passaram à natureza humana, os humanos passaram à divina! Desta forma, o divino preenchia o
humano em muitos aspectos, inclusive no auxílio para que Jesus não pecasse, e o lado humano
preenchia o divino, inclusive no auxílio à humilhação e morte.
Schleiermacher, porém, era um dos que fizeram uma crítica à dogmática. Ele via a
necessidade de usar-se uma linguagem mais filosófica nestas explicações, pois o homem moderno
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não consegue entender esta cristologia antiga, como disse ele. Adolf von Harnack tinha também
pensamentos parecidos quanto ao valor dos dogmas. Tudo isto, devido ao fato de que, segundo eles,
a igreja criou seus dogmas como produtos da “helenização” do cristianismo. Mas, na verdade, a
igreja usou a linguagem que conhecia em sua época, como ainda hoje, continua desenvolvendo-se
em seu linguajar teológico para explicar cada vez melhor as doutrinas bíblicas. Tillich, se referindo
aos dogmas, disse que estes não são fins em si mesmos, mas que sempre estarão abertos a
questionamentos.
5 A verdadeira humanidade de Jesus Cristo
Quando busca-se o Jesus histórico, ao invés de pensarmos que está-se menosprezando sua
divindade, lembremo-nos de que, na realidade, isto é indicação de que se leva a sério a humanidade
plena de Jesus. O estudo crítico sobre Jesus começou no iluminismo.
Os estudos iluministas que levam a uma moderna biografia de Jesus, mostram-se falhas, pois
cria-se um Jesus moderno, esquecendo-se de, antes de trazê-lo para o hoje, viver com ele no passado
também, para entender-se melhor sobre sua pessoa humana enquanto aqui na terra.
Mas, a reinterpretação da cristologia no século XIX preferiu uma posição mais mediadora.
Aceita-se a pesquisa histórica como base teológica, mas não à fé. Assim, a fé se interessa pela
história de Jesus, não para se firmar, mas porque já é forte.
Um problema que surge nesta questão, porém, é a da “impecabilidade”, mas como vimos
mais atrás, percebeu-se que Jesus, sendo também o Logos, não pecou, pelos limites que cada uma de
suas naturezas lhe davam.
Outra pergunta que surgiu foi a seguinte, se Jesus assumiu a forma humana, então também
assumiu a sua natureza caída do homem? Alguns tentaram responder que, se Maria era virgem,
então não, pois o pecado é transmitido pelo esperma do homem! Mas, isto é, sem nexo. Daí a
resposta comum foi, e é que, Jesus assumiu sim a condição existencial de nossa natureza humana
caída.
Quanto à identidade do Jesus terreno e do Cristo ressurreto, chegou-se à conclusão que, são
eles uma só e a mesma pessoa.
Falando agora de Jesus Cristo como o ser escatológico, o autor do livro diz que a
ressurreição fez de Jesus o representante neste aspecto. Pois, se a esperança futura de todos é vencer
a morte, Jesus, quando a venceu, mostrou-se o ser escatológico aniquilador da morte. Quando Cristo
vence a morte, mostra que ele, na pessoa de Jesus, reaviva a imagem de Deus no homem, mas com
perfeição. Assim, o homem em Cristo tem sua imagem de Deus refeita, e a prova disto, é que agora
ele tem em Jesus, a vitória contra a morte. O Cristo ressurreto é o destino futuro de toda a
humanidade.
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6 A divindade de Jesus Cristo — Jesus é Deus
Se existe uma doutrina de grande importância no cristianismo, essa é a doutrina da natureza
de Cristo — Sua divindade e humanidade somente nesta axiomática doutrina que está edificada a fé
cristã. As Escrituras cristãs, compostas por 66 livros do Velho e Novo Testamento, enfatizam a
necessidade de um Redentor para os homens que estão em pecado. Todos eles estão mortos,
perdidos e sob a ira de Deus, à espera do julgamento final pelos seus pecados, a não ser que o
Salvador os resgate. Esse Salvador não é apenas um bom mestre, um homem sábio, como alguns
supõem. O Redentor da Bíblia cristã é o próprio Deus, único homem-Deus, uma Pessoa com duas
naturezas não misturadas, mas unidas.
Não existe religião alguma com a Divindade de um Redentor e a complexidade das duas
naturezas do Messias. Sim, existiram muitas religiões de mistério na antiguidade, as quais, de um
modo ou de outro, enfatizaram uma divindade ou um semideus, vindo para salvar os homens, ou
ajudá-los de várias maneiras. Porém nenhuma delas enfatizou a divindade suprema de um Deus
Todo-Poderoso, o qual tomou a forma humana, para salvar do horror de Sua própria ira alguns que
estavam mortos em ofensas e pecados. Neste ponto, Jesus Cristo permanece exclusivo. Maomé,
Krishna, Buda e outras figuras religiosas jamais fizeram as afirmações que Cristo fez. Eles jamais
afirmaram ser Deus. Jesus Cristo foi o único homem que afirmou ser Deus e manteve essa
afirmação, sempre e sempre.
Neste estudo veremos que os escritores bíblicos afirmaram constantemente que o seu
Salvador era Deus em carne. Maomé, Krishna, Buda e outras figuras religiosas, mantiveram todos a
afirmação de serem mais iluminados do que os outros, ou divinamente tocados, mas nunca que eram
Deus. Como poderiam fazê-lo? Como poderiam eles comprovar suas afirmações? Porventura eles
podiam ressuscitar os mortos? Podiam transformar água em vinho? Podiam andar sobre o mar? Não!
Somente Jesus Cristo e unicamente Cristo, afirmou ser Deus.
O objetivo deste artigo é demonstrar o inegável testemunho bíblico ao fato histórico de que
Jesus Cristo, o único Redentor dos homens, é Deus. Somente Ele fez essa afirmação e o registro
bíblico torna isso constantemente conhecido.
6.1 Exemplos da Divindade do Messias no Velho Testamento
Começo usando algumas profecias do Velho Testamento, a fim de provar que o Messias
vindouro era Divino. Ele não era especial de alguma maneira abstrata, mas o próprio Deus. O servo
sofredor de Isaías 53 não é apenas um homem que morre na cruz. Esta seria uma morte sem
significação alguma, pois muitos outros homens já haviam morrido crucificados, muito antes de
Jesus Cristo vir à Terra. Em vez disso, as profecias do Velho Testamento confirmam enfaticamente
e provam a divindade do Messias como Deus.
Primeiro, numa nota preliminar, é importante salientar que o finito não pode conter o
infinito. Seres humanos não compartilham dos atributos incomunicáveis de Deus, em hipótese
alguma. Seres humanos não podem ser infinitos, eternos, imutáveis, etc. Eles são criaturas limitadas
e não podem se tornar Deus, nem tomar os Seus atributos. Com o Messias, isso também é verdade.
Contudo, Deus pode adicionar-se à natureza humana, sem misturar Sua divindade com a umanidade.
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Essa ligação é feita sem a mistura das duas naturezas. A natureza humana continua a ser humana e a
natureza divina, sempre divina, embora numa só pessoa. O Filho de Deus possui duas naturezas. É
uma Pessoa com duas naturezas. A completa união desta natureza é um mistério, mas essencial e
necessário, conforme a Bíblia ensina. As Escrituras atestam este fato numa variedade de exemplos.
Menciono aqui que Deus não pode compartilhar Sua divindade na natureza da humanidade do
homem. Isto é importante, quando se consideram os versos referentes ao unigênito Filho do Pai e
provas idênticas. Deus não pode criar outro Deus, nem um homem pode se tornar Deus. Dizer isso é
deixar de pensar, penetrando no reino da fantasia. Não estamos falando de Zeus ou Hermes, figuras
fantásticas criadas, os quais são homens com extraordinários poderes (como os nossos super-heróis
de hoje). Em vez disso, estamos falando de um ser. Deus não pode compartilhar o Seu Ser com
criatura alguma. Ele só pode compartilhar o Seu Ser dentro de Si mesmo. Veremos, então, que Jesus
Cristo é Deus e que o Filho de Deus é o segundo membro na economia Divina, embora tendo uma
natureza humana. O Filho é da mesma substância do Pai e do Espírito, igual e totalmente Deus.
Contudo, o Filho tomou a natureza humana, como o homem Jesus Cristo. Aqui, Jesus continua
dizendo que é Deus, Aquele que é o único e todo-poderoso. A Bíblia comprova que isto é verdade?
Sim, ela o faz e de forma poderosa.
No Velho Testamento existe uma porção de Escrituras que testificam que o Messias judeu
que haveria de vir é Deus. Para os israelitas, o Messias profetizado seria o próprio Deus. Temos aqui
algumas das mais memoráveis Escrituras que foram registradas. A primeira é Salmos 2:6-12, no
qual acontece um diálogo entre Deus e o Seu Filho unigênito: "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o
meu santo monte de Sião. Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te
gerei. Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão. Tu os
esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Agora, pois, ó
reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos
com tremor. Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se
acender a sua ira; bem-aventurados todos aqueles que nele confiam."
Vemos aqui que o Senhor gera o Seu Filho. Esta é a eterna geração do Filho pelo Pai. Então,
o Filho deve ser adorado, pois "beijar" significa "dobrar os joelhos diante". Se o Filho não for
adorado, Ele ficará zangado e levará os homens a perecer em seus caminhos. O Filho fica irado, e o
único meio de escapar é Nele confiar para o livramento. Como poderiam o Filho e o Senhor ter
essas qualidades? A resposta é que o Senhor é o Filho, e o Filho é o Senhor, pois nenhum mero
homem seria profetizado dessa maneira. Somente Deus pode acender Sua ira por causa da falta de
adoração ao Seu Divino Ser.
O Salmos 110:1 também atesta o diálogo entre Deus e Deus. Davi escreve: "Disse o Senhor
ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos
teus pés." Jesus usa isso lindamente contra os fariseus, quando indaga como poderia o Messias ser o
Senhor de Davi e o seu filho ao mesmo tempo? A palavra aqui deve ser observada. A tradução
literal diz: "Yahweh disse ao meu Adonai." O termo "Yahweh" corresponde ao nome de Deus,
literalmente declarando "Eu Sou". Sempre que a designação Yahweh é usada na Bíblia em todo o
Velho Testamento, ela se refere ao "Grande Eu Sou". O título "Adonai" é usado para designar a
suprema posição de Deus como "Senhor". Então, Yahweh está falando para Adonai. Vemos aqui
Deus falando para Deus. O escritor de Hebreus usa este Salmo diversas vezes para designar o ofício
do Messias como o Sumo Sacerdote da ordem de Melquisedeque. Esta promessa, ou pacto, feito por
Deus para Deus como o Messias é terrivelmente destrutiva para os que não creem na Trindade.
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Aqui, o Messias é, pelo pacto, destinado à função Messiânica, como o Sumo Sacerdote de uma
melhor aliança. Aqui, Deus fala com Deus. Vemos o eterno conselho em ação; filho de Davi e,
contudo, o Senhor de Davi.
Daniel 7:13 é também um verso muito importante, e um dos meus favoritos. Nesse verso
encontramos o título "Filho do Homem", não como um título de humanidade, mas de deidade: "Eu
estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do
homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele." Duas figuras são apresentadas
nesta visão, uma do Ancião de Dias e uma do Filho do Homem, que vinha nas nuvens do céu, ou a
glória shekiná do céu. Quem quer que seja o Filho do Homem, Ele é Divino. De fato, Ele é tão
brilhante em Sua glória, que brilha em Si mesmo como as nuvens do céu. Compactas nuvens de
glória de brilho divino ilustram ante o Ancião de Dias, quando o Filho do Homem entra na Corte
Divina e os livros do julgamento são abertos. Como veremos, a designação favorita de Jesus a Si
Mesmo é este título: Filho do Homem. Ele certamente sabe que é o divino Filho do Homem, que
compartilha a glória de Deus. De fato, Ele resplandece com o brilho da glória de Deus.
Em Miquéias 5:2 encontramos a profecia do local de nascimento do Messias. Mas ela não
apenas marca o local do nascimento da humanidade de Cristo, como também marca a dupla natureza
de que Aquele que vai nascer é eterno: "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de
Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde
os dias da eternidade." Os dias do Messias são de 'eternidade'. Ao Messias são atribuídos
incomunicáveis atributos divinos — como a eternidade ou a natureza do que é eterno. Somente Deus
é eterno e, contudo, vemos que o Messias é considerado Eterno.
Zacarias 13:7 também designa o Messias com o título divino de Deus Todo-Poderoso.
Quando Cristo estava no jardim com Seus discípulos e foi preso, cumpriu-se a profecia de que o
pastor seria ferido e as ovelhas se dispersariam: "Ó espada, desperta-te contra o meu pastor, e
contra o homem que é o meu companheiro, diz o Senhor dos Exércitos. Fere ao pastor, e espalhar-
se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão sobre os pequenos." A chave aqui é "volverei a minha
mão sobre os pequenos". O Senhor está falando de Si mesmo. Ele é o pastor que vai estender Sua
mão sobre os pequenos [irmãos judeus] e os juntará para trazê-los de volta. Ele é o Messias e
também o Senhor.
Uma das profecias mais específicas referindo-se ao Messias é Isaías 9:6. Vamos ler o bem
conhecido verso da natividade, referindo-se ao advento do Messias como um menino nascido e, em
seguida, a designação que Lhe é dada: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o
principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus
Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." Aqui, o Messias é chamado de Maravilhoso! Por quê?
Uma resposta pode ser encontrada em Juízes 13, onde encontramos a narrativa do nascimento de
Sansão.
Os pais de Sansão, Manoá e sua mulher, encontram-se com o Anjo do Senhor. Após longa
conversa sobre o nascimento de Sansão, Manoá pergunta o nome do anjo. A resposta se encontra em
Juízes 13:18: "E o anjo do Senhor lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é
maravilhoso?" O nome do anjo é Maravilhoso! Em geral, os anjos têm nomes como Gabriel ou
Miguel. Contudo, esse anjo tem um nome maravilhoso demais para mencionar. Após a partida do
anjo, Manoá faz uma importante declaração, conforme Juízes 13:22: "E disse Manoá à sua mulher:
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Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus." O anjo do Senhor, cujo nome é
Maravilhoso, é Deus. Isso nos esclarece, quando consideramos Isaías 9:6. O Messias é Deus e o Seu
Nome é Maravilhoso. Contudo, a profecia de Isaías não para aqui. O Messias não apenas é chamado
Maravilhoso, como Deus, mas também é chamado Deus Poderoso. Se essa designação não for
bastante explícita, a profecia também O chama de Pai da Eternidade. O Messias não é apenas o
Redentor terreno, mas o Deus Poderoso, Pai da Eternidade. Pai da Eternidade é a designação que
Cristo dá a Deus, nos evangelhos. O Messias é chamado Deus nesse verso profético de Isaías, por
três vezes: uma vez, sutilmente, como Maravilhoso. Uma vez, explicitamente, como Deus Poderoso
e uma vez como o Pai da Eternidade. Portanto, o Messias é Deus!
Junto com Isaías 9:6, como uma amada profecia referente ao advento, vem a profecia do
Emanuel, de Isaías 7:14: "Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá,
e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel." Mateus interpreta o nome Emanuel
corretamente, em Mateus 1:23, como sendo 'Deus conosco'. A profecia referente à narrativa do
nascimento de Cristo, conforme designada e interpretada por Mateus, um meticuloso contabilista e
coletor de impostos, diz que Cristo é Deus. Sim, o Cristo nascido de uma virgem é Deus!
Outra profecia referente a Cristo é Jeremias 23:5-6: "Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que
levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a
justiça na terra.” Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome,
com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA. O descendente levantado a Davi será
um Renovo justo. O Messias virá da linhagem de Davi e será exaltado como Deus. Ele também será
chamado "O Senhor, Justiça Nossa." Essa designação é dada exclusiva e literalmente a Deus, como
"Yahweh Tsidkenu". O Messias não somente é exaltado como Deus, mas também é chamado "O
Senhor Justiça Nossa". O Messias é Yahweh. O Messias é Deus!
A última profecia que gostaríamos de examinar rapidamente é Malaquias 3:1: "Eis que eu
envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o
Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o
Senhor dos Exércitos." Vemos aqui que o Messias é identificado como "O Senhor", o qual virá ao
Seu templo. Ele é o Mensageiro da Aliança e o Servo eleito em quem Deus se compraz. Mas Ele é o
próprio Deus. Marcos 1:2 confirma esse verso de Malaquias, quando atesta a vinda de João Batista:
"Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o
teu caminho diante de ti." O mensageiro vem e, em seguida, vem o Senhor. Lucas também diz isso,
em Lucas 1:76: "E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque hás de ir ante a face
do Senhor, a preparar os seus caminhos." Lucas registra que João Batista será o profeta que
preparará o caminho do Altíssimo, o Senhor que virá ao Seu templo. O Messias é o Altíssimo Deus.
Estas profecias são apenas uma seção de cruzamento entre aqueles que falam do Messias
como sendo divino. Mas cada um deles credita o Messias como Deus. O Messias, ou o Cristo, que
virá é o Senhor Deus do céu e da terra. As projeções das Escrituras do Velho Testamento respaldam
este assunto. Isso é inegável, visto como o Novo Testamento confirma as projeções do Velho
Testamento como o fato histórico na vida de Jesus Cristo.
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6.2 Passagens Selecionadas do Novo Testamento Que Provam Que Jesus é Divino
O Novo Testamento não deixa qualquer dúvida sobre Cristo ser o Messias ou que o Messias
Deus. Jesus falou isso de Si mesmo e os apóstolos falaram sobre Jesus, mesmo depois que Ele subiu
ao céu, e em todas as cartas do Novo Testamento dirigidas às igrejas. Negar esse fato é reinterpretar
a mensagem da Bíblia, desprezando o próprio texto — algo que a maioria das pessoas que odeia a
Cristo faz. Examinar o texto e tratar honestamente com o mesmo é ver a divindade de Jesus Cristo
como o único verdadeiro Deus.
Vamos começar um breve exame dessas passagens com o texto constantemente explorado de
João 1:1-3: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava
no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez."
O Verbo aqui mencionado é Cristo. João utiliza uma efetiva designação do Logos Eterno, a fim de
que sua audiência gentio-romana ficasse convencida de que o Verbo Eterno, o Eterno Logos, era
Aquele que desceu do céu. Esta seria, e de fato foi, uma ferramenta efetiva no ensino aos gentios
aristotelianos e platônicos sobre o Único Deus Verdadeiro. Vemos aqui que o Verbo Eterno é o
próprio Deus. O texto grego não permite uma tradução de "um Deus", mas somente de "Deus". As
Testemunhas de Jeová assassinaram o texto grego aqui e também negaram a sua tradução nos versos
seguintes. Por exemplo, se o texto diz "um Deus", então essa tradução deveria ser usada no restante
do capítulo. A mesma construção usada no verso 1 é também usada mais 13 vezes no capítulo,
referindo-se ao próprio Jeová. Ora, se as Testemunhas de Jeová traduzem o verso 1 como "um
deus", então deveriam traduzir os demais 13 versos sobre Jeová com sendo Ele "um deus". Contudo
elas não o fazem porque isso iria prejudicar a sua falsa ambição teológica. Elas simplesmente negam
que Jesus Cristo é Deus, traduzindo horrivelmente o verso 1 e depois traduzindo corretamente o
restante da passagem, visto como esta se refere a Jeová. Esta é uma interpretação satânica, a fim de
negar a divindade do Verbo. Em vez disso, o Verbo é Deus, vindo de Deus e Criador de todas as
coisas. Ele é o eterno Verbo de Deus, o exato Logos do próprio Deus, o qual veio à Terra em forma
de homem, a fim de salvar Seu povo.
Depois, na mesma passagem de João 1, encontramos o verso 14 declarando: "E o Verbo se
fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de
graça e de verdade." Ora, João não apenas afirma que o Verbo é Deus, mas explica que o Verbo
mantém toda a glória do Pai, pois é o unigênito Filho de Deus. O Verbo desceu do céu, habitou entre
os homens, e Sua glória, a glória somente de Deus, brilhou entre os homens, por algum tempo.
Sabemos disso, visto como esse Verbo eterno era a forma do próprio Deus, conforme Filipenses 2:6-
7 explica: "Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-
se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens." Paulo está falando
de Jesus Cristo. O Messias é Deus, por isso Ele não achou que era usurpação ser igual a Deus. Ser
igual a Deus é ser Deus. Pensem sobre os atributos de Deus e na incomunicável natureza dos Seus
atributos. Somente Deus pode se igualar a Si mesmo. Mas Deus tomou a forma de homem e foi feito
à semelhança de homens, para salvar os homens dos seus pecados.
Paulo não confunde as palavras sobre Deus manifestado em carne de homem, quando diz em
1 Timóteo 3:16: "E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em
carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido
acima na glória." Quem foi manifestado em carne? Foi Deus. Não foi um ser semelhante a Deus,
mas o próprio Deus. Deus tomou a forma de servo. Adotou em Si mesmo uma nova natureza, que
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antes não havia adotado: uma natureza humana.
Sabemos que Jesus Cristo é o Salvador dos cristãos. Sabemos, por inúmeras passagens do
Novo Testamento, que os apóstolos acreditavam que "Em nenhum outro há salvação, porque
também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser
salvos." (Atos 4:12). Isto é axiomático para os apóstolos — Jesus é o Salvador. É o Seu sacrifício
que salva os homens. Em Atos 20:28, vemos o registro de Lucas sobre a obra de Cristo ser atribuída
ao próprio Deus: "Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue."
Esse "Ele" é o próprio Deus. Ele comprou a igreja com Seu próprio sangue. Deus tem sangue? Sim,
Ele tem sangue pela natureza humana de Jesus Cristo. Ele morre e o seu sangue é considerado como
o sangue de Deus. Eles são sinônimos. Desse modo, os cristãos são remidos da condenação eterna
pelo sangue do próprio Deus. Lucas descreve a obra de Jesus como aquela que é feita por Deus. Isso
verdade porque Jesus é Deus e todos os Seus apóstolos o sabiam. De outro modo, teria sido
blasfêmia honrar um simples homem mortal por uma obra que somente Deus poderia fazer.
No Livro de Hebreus vemos o escritor citando muitas passagens do Velho Testamento,
comprovando a divindade do Messias como Deus. Em Hebreus 1:8-9, diz o escritor: "Mas, do Filho,
diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; cetro de equidade é o cetro do teu reino.
Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu Com óleo de alegria
mais do que a teus companheiros." Aqui, ele está citando o Salmos 45:7: "Tu amas a justiça e
odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus
companheiros." Vemos aqui Deus falando com Deus. O Ungido tem um trono e este é o Trono de
Deus. O escritor de Hebreus está provando que Cristo é maior do que Moisés e maior do que os
anjos, o que teria sido um choque para os neoplatonistas, contra os quais ele está escrevendo. Os
platonistas acreditavam em um supremo, único e perfeito Ser. Esse "Único" tem emanações que
fluem do Seu ser perfeito para os serem inferiores, isto é, Moisés, os anjos e até mesmo os mestres
como Jesus. Mas o autor de Hebreus prova que o Messias é o Único, o próprio Deus eterno, superior
a Moisés e a todos os anjos.
Uma das últimas provas gerais do Novo Testamento para a divindade de Cristo encontra-se
em Lucas 22:48, em que Judas trai o Filho do Homem. Lembrem-se que o título "Filho do Homem"
usado 80 vezes por Cristo, somente nos evangelhos. Esta é a Sua autodesignação favorita. "E Jesus
lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?" Os homens têm-se traído uns aos outros
com resultados catastróficos... Mas neste caso, Judas, um homem, trai o Filho do Homem. Nessa
colocação histórica, o maligno e rebelde servo do pecado trai o próprio Deus. Judas cuspiu na face
Daquele que Daniel descreve como vindo sobre as nuvens do próprio céu. Isso leva a traição de
Judas ao infinito grau de malignidade! Teria sido melhor para Judas que ele não tivesse nascido,
para depois trair o Filho do Homem com um beijo. Ironicamente, o salmista havia dito que devemos
beijar o Filho para que Ele não se zangue e pereçamos no caminho. Judas beijou o Filho de um
modo perverso e por isso está no inferno, pagando esse pecado, agora e por toda a eternidade.
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6.3 Designações do Novo Testamento a Jesus Cristo, Que São Atribuídas ao Deus do Velho
Testamento
Existem muitas passagens do Novo Testamento que são interpretadas à luz do Velho
Testamento como ações realizadas por Deus, porém atribuídas a Cristo. Algumas dessas espero
poder explicar em seguida. Acho que elas são de muita ajuda para comprovar a Divindade do
Messias.
A tentação contra o Senhor pelos israelitas no deserto é registrada inúmeras vezes. Esse
registro é tão repetitivo que algumas vezes o leitor fica revoltado diante do aparente pecado dos
israelitas nessa narrativa. Será que o leitor conhece bem este assunto, ou não? Vamos dar alguns
exemplos: Números 14:22: "E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que
fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz..." Em
Números 21:5-6, lemos: "E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do
Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem
fastio deste pão tão vil. Então o Senhor mandou entre o povo serpentes ardentes, que picaram o
povo; e morreu muita gente em Israel." Os israelitas desafiaram Deus e as serpentes foram o meio
de o Senhor os castigar. No Novo Testamento, Paulo nos admoesta a não tentarmos a Cristo. Em
seguida, ele liga o evento a Cristo, em 1 Coríntios 10:9: "E não tentemos a Cristo, como alguns
deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes." Que não tentemos Cristo agora, a fim de não
seguirmos os israelitas que tentaram a Cristo. Sua frase é "como alguns deles também tentaram",
referindo-se aos patriarcas e aos israelitas, que tentaram Deus. Para Paulo tentar Deus é como tentar
Cristo, visto como ambos são exatamente o mesmo Deus.
Outra passagem do Novo Testamento à luz das profecias do Velho Testamento encontra-se
em Hebreus 110-11: "E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos.
Eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão..." Esta é uma
descrição do Messias, Jesus Cristo. É uma citação da obra de Deus citada no Salmo 102:26: "Eles
perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os
mudarás; e ficarão mudados." Aqui vemos novamente a obra de Deus considerada como obra de
Cristo, no Novo Testamento.
Em João 12:40-41, diz a Escritura: "Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, a fim
de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, e se convertam, e eu os cure. Isaías
disse isto quando viu a sua glória e falou dele." Isso mesmo Isaías disse, quando falou Dele e de
Sua glória. João está citando Isaías 6:9-10. Essa visão veio a Isaías no capítulo 6: "Então disse ele:
Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.
Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele
não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem
se converta e seja sarado." Aquele que é santo, santo, santo e se assenta no trono é Cristo, conforme
João diz em sua inspirada palavra. Esta é a significação da visão de Isaías. Os anjos aparecem nessa
visão dizendo: "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua
glória." (verso 3). Esse Deus Todo-Poderoso é Jesus Cristo, conforme João 12:40-41.
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Em Isaías 45:23, lemos: "Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de
justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a
língua." Isso é copiado pelo apóstolo Paulo, em Romanos 14:11: "Porque está escrito: Como eu
vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, e toda a língua confessará a Deus." Esse
ato do joelho se dobrar será feito pelos homens diante do Senhor e esse Senhor é Jesus Cristo. Paulo
atribui o dobrar o joelho dos homens a Jesus Cristo, visto que, "como eu vivo" e "a mim", estão
falando da Redenção de Deus em Cristo.
Uma das clássicas ofertas do evangelho encontra-se em Mateus 11:28: "Vinde a mim, todos
os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." Nesta graciosa ordem, Jesus diz que os
homens devem ir a quem? Ele diz: "a mim", isto é, ao próprio Jesus.
Em Isaías 45:22, Jesus toma emprestadas as palavras do profeta: "Olhai para mim, e sereis
salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro." 'Olhai para mim' em
ambas as passagens são frases paralelas. Jesus afirma sua chamada no evangelho, como Deus afirma
sua chamada em Isaías. Deus é a única fonte de salvação – e Jesus é Deus!
No texto supracitado, vemos Cristo creditar as palavras de Deus a Si mesmo. Em Romanos
10:13, Paulo escreve a mesma coisa, referindo-se à Redenção em Cristo: "Porque todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." Em Joel 10:32, o profeta declara: "E há de ser
que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém
haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor
chamar." A Jesus é novamente dado o mesmo e igual peso em Sua obra e palavras, que é dado a
Deus. Somente Deus pode ser glorificado dessa maneira, a fim de que o resultado não seja a
blasfêmia. Paulo assegura que as palavras em Joel são, do mesmo modo, as palavras de Cristo. Aos
olhos de Paulo, Cristo é Deus.
Paulo também afirma isso em Efésios 4:8-9: "Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o
cativeiro, e deu dons aos homens. Ora, isto ele subiu que é, senão que também antes tinha descido
às partes mais baixas da terra?" Ele está citando o Salmos 68:18: "Tu subiste ao alto, levaste cativo
o cativeiro, recebeste dons para os homens, e até para os rebeldes, para que o Senhor Deus
habitasse entre eles." O salmista está falando das obras de Deus; literalmente, "Yahweh Elohim".
Paulo, em seguida, toma essa designação e a interpreta como a obra de Cristo em Sua ascensão ao
céu. Na obra redentora de Cristo, Ele dá dons aos homens e leva o cativeiro (os que morreram no
pecado) cativo (agora livres em Cristo). A obra de Deus é novamente atribuída a Cristo.
Por que será que todos esses versos das profecias e ideias do Novo Testamento atribuem as
obras de Deus a Jesus Cristo? Para quem trata fielmente com o texto, logo claramente é visto que
Jesus Cristo é Deus. Ele realiza a mesma obra de Deus e faz a mesma chamada feita por Deus à
salvação, visto como somente Deus pode agir dessa maneira. Como isso é possível? Vamos mostrar
como isso é possível, na próxima seção, que comprova que Jesus, em seus vários nomes, poder e
atitudes, é Deus.
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7 Nomes, Poder e Atributos Divinos Aplicados a Cristo
Se Jesus Cristo é Deus, então deveria haver amplas provas no Novo Testamente para
respaldar essa afirmação. Não existem apenas amplas provas, mas elas são tantas que não é possível
registrar todas elas aqui. Apanhei alguns versos selecionados, que demonstram que Jesus Cristo é
Deus, ao contrário da opinião popular.
O nome significa muito na Bíblia. A designação de um nome pode ser essencial na
identificação da pessoa, ou de um evento ou tempo especial. Por exemplo, "Icabode" foi o nome
dado a uma criança nascida no Velho Testamento, quando Arca da Aliança foi capturada pelos
filisteus, quando o sumo sacerdote Eli morreu. Esse nome significa "Foi-se a glória". Significativo?
Certamente. Desse mesmo modo, o nome de Cristo vai mostrar o Seu caráter e o Seu Ser.
Em 1 João 5:20, Jesus é chamado o verdadeiro Deus e a vida eterna: "E sabemos que já o
Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é
verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna."
Isso poderia ser mais explícito? Jesus é o verdadeiro Deus. Paulo afirma isso em Romanos 9:5, onde
ele chama Jesus Cristo de "Deus bendito eternamente": "Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo
segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém. "Jesus é o Deus bendito
eternamente." Em Tito 2:13, Paulo chama Jesus de "grande Deus e nosso Salvador". Ele diz:
"Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso
Salvador Jesus Cristo." Em João 20:28, Tomé faz a confissão: "E Tomé respondeu, e disse-lhe:
Senhor meu, e Deus meu!" Jesus não é somente Senhor; Ele também é Deus!
Em João 8:58-59, encontramos uma acirrada discussão entre os fariseus e Jesus. Esse debate
faz aumentar o ódio contra Cristo por parte dos judeus. Diz o texto: "Disse-lhes Jesus: Em verdade,
em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou. Então pegaram em pedras para lhe
atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou." Por
que eles lançaram mão de pedras para apedrejá-lo? Porque sabiam exatamente o que Jesus estava
dizendo. Jesus estava afirmando ser Aquele que havia libertado os israelitas do Egito. Ele era o "Eu
Sou", que havia falado a Moisés, conforme Êxodo 4, na sarça ardente. Isso fica mais forte, quando
nos lembramos da discussão anterior com eles, em João 5:17-19, em que Jesus faz algumas
declarações que os judeus não puderam suportar: "E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até
agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não
só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.
Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não
pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz
igualmente." Jesus faz o mesmo que o Pai faz. Isso porque Ele é Deus e pode realizar as mesmas
obras do Pai. Ele está em pé de igualdade com o Pai e pode realizar as mesmas ações do Pai. Se Ele
não fosse Deus não poderia dizer isso. Os judeus entenderam perfeitamente e por isso quiseram
matá-lo. Em seguida, vem o incidente em que Jesus declarou ostensivamente que Ele era o "Eu
Sou", ou o próprio Yahweh.
Deus é glorioso. Somente Ele é gloriosíssimo e possui uma glória que somente Ele conhece.
Isso é parte Dele. Ele não a divide com os outros. Em João 17:5, Jesus diz: "E agora glorifica-me tu,
Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse." Jesus já
possuía a glória divina, antes mesmo que o mundo existisse. Essa glória só pôde ser atribuída a
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Cristo porque Ele é "Deus bendito eternamente".
Em João 1:1-3, Jesus é apresentado como possuindo o atributo da eternidade: "No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez." Ele é o verbo que estava
com Deus desde o princípio. Isto significa que Ele é eterno. Ele é também o Criador pode criar tudo
do nada. Seu poder criador comprova a Sua Onipotência. Ele tem os mesmo atributos de Deus
porque é Deus.
Em Mateus 18:20, a onipresença é atribuída a Jesus: "Porque, onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." Isso não significa que a humanidade de Cristo
esteja presente em toda parte, pois assim Ele não seria realmente humano. Sua humanidade seria
predominante em Sua Divindade. Ou então Sua Divindade seria negada, caso fosse misturada à Sua
humanidade. Nos dois casos, atribuir uma mistura de Suas duas naturezas seria cair numa heresia
nada ortodoxa. Em vez disso, sua Divina Natureza como Deus está presente em toda parte. Ele pode
estar no meio do Seu povo, quando dois ou mais se reúnem em Seu Nome. Como poderia Ele estar
no meio de tantas igrejas em determinados dias, se Ele não fosse Deus?
Cristo não apenas é onipresente, como outra designação teológica lhe é atribuída —
imanência. Em João 3:13, lemos: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho
do homem, que está no céu." Este verso é muito rico. Jesus não é simplesmente Aquele que veio do
céu, mas, em Sua divindade, Ele permanece no céu. A frase "que está no céu" demonstra a
imanência do Ser Divino. Não apenas o Filho Divino está andando na Terra, em Sua natureza
humana, mas, ao mesmo tempo, Ele continua enchendo o céu como o Deus imanente de todas as
eras.
Visto como Jesus Cristo é Deus, Ele deve, necessariamente, ser Todo-Poderoso. Tanto
Apocalipse 1:8,18 como 11:17, mostram que a Jesus são atribuídos atributos de onipotência:
"Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir,
o Todo-Poderoso."
"E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as
chaves da morte e do inferno."
"Dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de
vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste."
Jesus tem as chaves da morte e do inferno, o que significa ser Ele o Todo-Poderoso Senhor
sobre a morte. O único que pode ter esse poder é Deus. Deus é o Senhor Todo-Poderoso que
controla o inferno e a morte. Jesus pode se levantar sozinho de entre os mortos, estando no comando
dos que estão mortos e no inferno, como o Senhor Todo-Poderoso.
Em João 5:17, Jesus é apresentado como tendo os mesmo atributos do Pai: "E Jesus lhes
respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." Ele trabalha do mesmo modo que o
Pai. Novamente, se Ele está realizando as obras do Pai e fazendo a Si mesmo igual para realizar as
mesmas obras do Pai, Ele deve ser Deus para conseguir isso. Suas obras têm a mesma qualidade das
obras do Pai. Os judeus odiavam essas palavras porque sabiam que Ele estava se fazendo igual a
Deus. Por quê? Porque Jesus é Deus e eles simplesmente odiavam esse fato.
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Os evangelhos também registram que Jesus é onisciente. O Filho de Deus comunicou à
natureza humana o conhecimento que a natureza divina possuía, em alguns casos. Não
completamente, mas em variadas porções. Isto só poderia ter sido possível porque Jesus é Deus. E
não é que os escritores achassem que Ele conhecia algumas coisas, mas todas as coisas, algo que
somente Deus poderia conhecer. Vemos isso em João 1:48: "Disse-lhe Natanael: De onde me
conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu
debaixo da figueira." Pedro Lhe diz em João 21:17: "Tu sabes todas as coisas." Jesus conhecia
detalhes específicos que somente Deus poderia conhecer. Por exemplo, em Apocalipse 2:3-4 Ele
diz: "E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste. Tenho, porém,
contra ti que deixaste o teu primeiro amor." Como poderia Jesus conhecer todas essas obras sobre a
igreja de Éfeso? Ele teria de ser onisciente, a fim de perscrutar o coração, a fim de conhecer a sua
paciência, trabalho e perseverança — para não mencionar sua disposição referente ao amor por Ele.
Jesus conhece todas as coisas porque é Deus.
O autor de Hebreus também escreve que Jesus, o Filho, é imutável – Ele nunca muda.
Hebreus 1:11-12 diz: "Eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa,
envelhecerão, e como um manto os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, e os teus anos
não acabarão." Em Hebreus 13:8 lemos: "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente."
Ele é o mesmo e Seus anos nunca chegarão ao fim. Ele permanece eternamente. Ele pode
permanecer eternamente porque é Deus. Isso não significa que Ele não atingisse a idade nem
crescesse em Sua natureza humana. Em vez disso, significa que Cristo, sendo o Divino Filho de
Deus, em Sua Divindade jamais mudará.
Jesus não somente é Deus, mas Paulo descreve sua imagem exclusiva como o Único a conter
toda plenitude da Divindade corporalmente. Colossenses 2:9 diz: "Porque nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade." Quem quiser ver Deus, basta olhar para Cristo. Ele é
a imagem do Deus vivo e essa imagem e perfeição são manifestadas somente Nele, porque Ele é
Deus. Nenhum homem poderia jamais afirmar isso — e nenhum, a não ser Jesus Cristo, fez isso. Por
que nenhum homem o fez? Porque simplesmente não poderia respaldar sua afirmação através do seu
ser. Nenhum homem poderia ressuscitar a si mesmo da morte, nem manter as chaves da morte e do
inferno, porque não é todo-poderoso, nem onisciente, nem onipresente. Mas Cristo afirmou isso,
respaldou suas afirmações e tudo isso Lhe foi atribuído, constantemente, pelos autores do Novo
Testamento.
Sendo Deus, Jesus Cristo respalda cada afirmação e age como Deus — pois é o Criador.
Colossenses 1:16-17 diz: "Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra,
visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi
criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele." Este
texto é muito rico. Ele criou todas as coisas, sem importar o que sejam: até os principados e
potestades (que podem se referir aos seres angélicos) foram criados por Ele e também para Ele, para
darem toda a glória, louvor e honra que seu Nome merece. Mas Paulo não pára aqui. Ele diz que
todas as coisas subsistem pelo Seu poder. A Terra, os céus, o universo poderiam cair, se Cristo não
os sustentasse pelo poder de Sua vontade onipotente. Todas as coisas subsistem Nele, foram criadas
por Ele e para Ele.
Jesus também é Aquele que elege os homens para a salvação. Em João 13:18, Ele elege os
apóstolos e condena o traidor Judas: "Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas
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para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar."
Judas não foi escolhido e por isso foi apontado como aquele que levantaria o calcanhar contra o
Ungido.
Em 1 Timóteo 6:15-16, Jesus é chamado de Senhor dos senhores: "A qual a seu tempo
mostrará o bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele
que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem
pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém." Ele é o Potentado, significando que é o
Todo-Poderoso... Somente Deus pode viver "na luz inacessível". Isso é atribuído a Cristo. Ele é o
Deus eterno que habita na luz inacessível.
Jesus tem o poder de revelar ou esconder a salvação dos homens. Isso comprova Sua
Divindade porque em todo o Velho Testamento, Deus é o único com poder para salvar e condenar.
Mateus 11:26-27 diz: "Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues
por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e
aquele a quem o Filho o quiser revelar." Quando Cristo quer revelar a salvação, Ele o faz e se
quiser escondê-la de outros homens, Ele o fará. A razão pela qual Ele pode declarar ou esconder a
salvação porque Ele é Deus. Ele tem o direito de dar a vida, quando o deseja, conforme João 5:21:
"Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles
que quer." Ele não faz isso com todos. Ele ressuscita apenas os eleitos. Como poderia um mero
homem mortal ressuscitar outro homem? Eu mesmo fico imaginando como isso poderia ser feito, a
não ser que Jesus fosse Deus.
Visto como Cristo é onisciente, Ele pode responder as orações dos santos, o que somente
Deus pode fazer. João 14:13 diz: "E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai
seja glorificado no Filho." (Confira 2 Coríntios 12:8-9) Como poderia um homem finito conhecer
todas as orações dos discípulos, quando eles oram em toda parte e em diversas horas? Impossível, a
não ser que Jesus seja Deus.
Ele não somente revela a salvação aos homens e responde as orações, mas também perdoa
pecados. Somente Deus pode perdoar pecados. As passagens de Mateus 9:6; Marcos 2:9-10 e Lucas
5:24 respaldam isso. Ele pode perdoar pecados e somente Deus pode fazer isso: "Ora, para que
saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao
paralítico): Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa." Aqui os judeus ficaram admirados de
quem seria esse homem que podia perdoar pecados. Por isso Ele lhes perguntou: "Qual é mais fácil?
dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados; ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e
anda?" (Marcos 2:9) Para demonstrar Sua Divindade, Ele realizou as duas coisas, ambas
impossíveis aos homens e somente possíveis a Deus.
Em todo o Velho Testamento, Deus ordena que os homens olhem para Ele, a fim de serem
salvos e que depositem sua confiança Nele. Ele estendeu Sua mão a um povo rebelde, todo o tempo.
Houve os que mantiveram sua fé e creram em Deus. Contudo, no Novo Testamento Jesus é o objeto
da fé. Em João 14:1, Ele diz: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em
mim." Ele se coloca igual a Deus. A mesma crença que o povo tinha em Deus deveria agora ser dada
a Ele. Crer em Deus é crer em Cristo, pois ambos são o mesmo Deus. Seu poder é tão imenso e
espantoso que Jesus pode chamar os homens para fora do túmulo, conforme lemos em João 5:28-29:
"Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a
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sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a
ressurreição da condenação." Jesus tem tal poder sobre a morte que, o som de Sua voz, pode
convocar os cadáveres em decomposição a atenderem Sua voz. E o Seu poder, no último dia, é
registrado como sendo tão grande que esse dia não será igual a nenhum outro, conforme Mateus
24:20-21: "E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado; porque haverá
então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há
de haver." Ele vai voltar em poder e glória. O sol, a lua e as estrelas cairão do firmamento e Sua
glória brilhará em todo o seu esplendor. Sua glória será tão radiante que o brilho do sol vai parecer
insignificante.
8 A Adoração Dada a Cristo Comprova Que Ele é Deus
Adorar a Deus é tão importante que o Senhor gasta tempo, em toda a Bíblia, explicando
como isso deve ser feito. Em Êxodo 20:1-7, lemos: "Então falou Deus todas estas palavras,
dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás
outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do
que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te
encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a
iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço
misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. Não tomarás
o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome
em vão."
Aqui, encontramos o objeto, os meios e a maneira de adorar. Somente Deus deve ser
adorado e nenhum outro deus deve ser tolerado. Adorar outros deuses é provocar a ira de Deus
contra o pecador rebelde. Deus é enfático e explícito ao dizer que nenhum outro deus deve ser
adorado porque Ele é o único Deus vivo e verdadeiro de todas as eras. Todos os outros deuses não
passam de ídolos mudos. Em Deuteronômio 6:13-16, Moisés diz: "O Senhor teu Deus temerás e a
ele servirás, e pelo seu nome jurarás. Não seguireis outros deuses, os deuses dos povos que houver
ao redor de vós; porque o Senhor teu Deus é um Deus zeloso no meio de ti, para que a ira do
Senhor teu Deus se não acenda contra ti e te destrua de sobre a face da terra. Não tentareis o
Senhor vosso Deus, como o tentastes em Massá."
Deus fica irado quando Seu povo se desvia para adorar os falsos deuses. Sua ira se acende
como um fogo. Juízes 2:12 diz: "E deixaram ao Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do
Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses dos povos, que havia ao redor deles, e
adoraram a eles; e provocaram o Senhor à ira." Quando isso acontece, o Senhor envia o
julgamento sobre o pecado do Seu povo. Em Jeremias 1:16 e 7:18 lemos: "E eu pronunciarei contra
eles os meus juízos, por causa de toda a sua malícia; pois me deixaram, e queimaram incenso a
deuses estranhos, e se encurvaram diante das obras das suas mãos... Os filhos apanham a lenha, e
os pais acendem o fogo, e as mulheres preparam a massa, para fazerem bolos à rainha dos céus, e
oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira." O povo de Deus deve desprezar os
deuses estranhos dos pagãos, como fizeram os amigos de Daniel, segundo lemos em Daniel 3:18:
"E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro
que levantaste." Paulo observa que existe um só Deus verdadeiro, em 1 Coríntios 8:5-6: "Porque,
ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos
deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós
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vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele." Tudo isso é
mostrado para que saibamos que somente Deus deve ser adorado. Adorar qualquer outro que não
seja o Deus vivo e verdadeiro é quebrar a Lei do Senhor e desobedecer-Lhe com o hediondo pecado
da rebelião.
Também é importante lembrar que Deus não divide a Sua Glória com outro deus. Isaías 42:8
diz: "Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu
louvor às imagens de escultura." Somente é aceitável adorar o Deus verdadeiro e nenhum outro.
Mesmo assim, Jesus é sempre adorado em todo o Novo Testamento e até mesmo do Velho
Testamento, por meio da profecia. Este fato é notável por duas razões: 1) Jesus permitiu ser
adorado, o que significa que Ele é Deus e sabia disso; 2) Somente Deus deve ser adorado e centenas
de Escrituras sobre este assunto o comprovam. Ele compartilha da glória divina. Deus só divide Sua
glória com Ele. Se Jesus não é Deus, então exatamente neste ponto toda a fé cristã desmorona e se
transforma em nada.
Jesus diz aos Seus discípulos que eles deveriam crer em Deus como o seu objeto de fé.
Contudo, em João 14:1 Ele diz: "Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em
mim." Crer em Deus é um ato de adoração e confiança em Seu Nome. Jesus ordenou que creiamos
Nele como cremos em Deus. O elemento de fé é o mesmo. Nesta confiança, Jesus é exaltado. A
profecia do Velho Testamento referente ao Filho, no Salmos 2:12 pode ajudar: "Beijai o Filho, para
que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira; bem-aventurados
todos aqueles que nele confiam." Os que confiam no Filho são chamados de bem-aventurados. Ele
deve ser beijado (isto é, adorado de joelhos) e Nele devemos confiar porque Jesus é Deus.
Jesus Cristo deve ser honrado da mesma maneira como o Pai, conforme é demonstrado em
João 5:23: "Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não
honra o Pai que o enviou." Ambos devem ser adorados, o que não seria legítimo, se Jesus não fosse
Deus. Se isso acontecesse estaríamos dando honra a um simples homem mortal, uma honra que é
devida somente a Deus.
Não apenas os homens devem adorar ao Senhor Jesus, mas também os anjos são ordenados a
fazê-lo, conforme Hebreus 1:6: "E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos
os anjos de Deus o adorem." De fato, todos os anjos, homens e criaturas são comandados a dobrar
os joelhos para adorá-Lo, conforme Filipenses 2:9-11: "Por isso, também Deus o exaltou
soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre
todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que
Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai."
Também lemos em Apocalipse 5:13: "E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e
debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado
sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o
sempre". O Cordeiro, Jesus Cristo, deve ser adorado para todo o sempre! Porque Jesus é Deus!
Ele sempre foi adorado: um leproso o adorou, conforme Mateus 8:2: "E, eis que veio um
leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo." Em Mateus 9:18, vemos
que um líder o adorou: "Dizendo-lhes ele estas coisas, eis que chegou um chefe, e o adorou,
dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá." Em
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Mateus 28:9,17, após Sua ressurreição, as mulheres O adoraram: "E, indo elas a dar as novas aos
seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando,
abraçaram os seus pés, e o adoraram. E, quando o viram, o adoraram e alguns duvidaram." (A
ideia de que alguns duvidaram é inacreditável!). Os demônios O adoraram, como aconteceu com o
possesso gadareno: "E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o." (Marcos 5:6) No caminho
de Emaús, dois discípulos O adoraram, conforme Lucas 24:52: "E, adorando-o eles, tornaram com
grande júbilo para Jerusalém." Até mesmo o cego de nascença, quando O encontrou, O adorou:
"Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou."
Jesus permitiu que os homens O adorassem e admitiu essa adoração. Essa era uma razão
para um israelita ser apedrejado e por isso os judeus quiseram apedrejar Jesus. Demônios, anjos,
leprosos, gentios, judeus, Seus próprios discípulos e outros O adoraram. Sempre e sempre vemos
que Jesus foi adorado e todos os que O adoraram agiram corretamente. Ele merecia essa adoração
porque Jesus é Deus!
9 A Pré-Existência do Filho
A última área que eu gostaria de acrescentar é mais notável do que tudo o mais, ou seja, a
natureza pré-existente do Filho de Deus. Aqui vemos que Jesus, o Filho de Deus, sempre existiu.
Ele não é um ser criado na natureza de Sua Divindade como Filho, mas Ele mesmo usou Sua
Divindade
para criar a carne de Jesus Cristo. A Bíblia não apoia o arianismo. Jesus não é o primeiro ser criado,
mas o único Ser autossuficiente, o Deus que sempre existiu, infinitamente.
Em João 3:13 vemos que o Filho sobe e desce do céu: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o
que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu." Conforme Sua imanência, vemos que Sua
origem é "do céu" e que do céu Ele "desceu". Isso é reiterado em João 6:38:"Porque eu desci do
céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." Se isso não fosse
verdade, Jesus teria dito que nasceu de Maria e José, a fim de fazer a vontade do Pai que O enviou.
Ele ainda atesta que ninguém viu o Pai, exceto Ele: "Não que alguém visse ao Pai, a não ser
aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai." (João 6:46) Isso mostra que Jesus sabia de Sua
natureza divina, e que Ele estava com o Pai, antes da formação do mundo. Somente Ele viu o Pai e
sua residência com o Pai é atestada em João 6:62. Aqui Jesus sobe ao céu, de onde veio: "Que seria,
pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?" Ora, se estas palavras não são
bastante claras, o Eterno Logos do Evangelho de João diz aos judeus: "Vós sois de baixo, eu sou de
cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo." (João 8:23) Se esta declaração fosse falsa,
todo o cristianismo e todos os cristãos, desde o tempo de Cristo até agora, estariam participando de
uma farsa. Eles iriam apresentar-se como sendo o povo mais estúpido e ignorante de todos os
tempos. Em vez disso, os discípulos jamais se abstiveram dessa declaração porque bem conheciam a
verdade da mesma. Não somente Cristo havia comprovado isso, como eles também a haviam
testemunhado a divindade Dele no Monte da Transfiguração.
Sua afirmação permanece, de ter Ele residido com o Pai, segundo João 8:42: "Disse-lhes,
pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não
vim de mim mesmo, mas ele me enviou." Ele tinha uma íntima relação com o Pai, o que comprova a
Sua eterna Divindade... Também em João 16:28, lemos: "Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez
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deixo o mundo, e vou para o Pai." Como o Pai é Deus, Jesus saiu do Pai e regressou à exclusiva
relação com Ele, isso comprova, maravilhosamente, a Sua pré-existência eterna, como o Filho de
Deus. Se Jesus Cristo não é Divino, então o Pai também não o é, pois ambos são um.
A verdade é que as profecias da Bíblia, os discípulos, os ouvintes, os seguidores, os
oponentes e as palavras do próprio Cristo [pelas quais seremos julgados] apontam para o inegável
fato de que todos sabiam que Jesus Cristo é Deus. Eles O odiavam por causa disso ou então O
adoravam. Jesus sabia que Ele é Deus. Ele confirmou isso através de Suas palavras, ações e
testemunho da verdade. Ninguém pode chamar Cristo de "um bom Mestre". Essa é a voz de quem
não é inteligente. Jesus Cristo não é "um bom Mestre" nem um "Homem Moral". Isso não está em
questão. Você pode fazer apenas uma escolha: ou Ele é o Senhor do Céu e da Terra, o Justo Juiz do
mundo, ou então Ele não passa de um lunático, um louco, um enganador pior do que o diabo. Como
você vai decidir chamá-Lo?
Fica evidente, no material acima, que muita coisa foi esquecida. Parecia-me que em certos
pontos eu fui repetitivo e monótono. Eu até pensei em retirar alguns pontos deste artigo, em
consideração ao leitor e pela possibilidade de ter usado ideias cíclicas e recorrentes. Mas foi isso
exatamente o que eu tentei fazer. Os que acham que Jesus foi apenas um bom Mestre ou um
exemplo de moralidade, não estão levando em conta os registros bíblicos. As Escrituras afirmam
continuamente a Divindade de Cristo. Este é um fato inegável no registro bíblico.
Pense nisto: a palavra escrita confirmando essas coisas não pode ter sido escrita por
demônios ou homens perversos. Os demônios são diabos e os homens maus não iriam registrar a
bondade de Cristo de um modo tão brilhante, nem iriam apresentá-Lo como o poderoso e Divino
Filho do Deus Vivo. Eles não teriam descrito o homem como um ser tão desprezível e maligno,
condenado ao inferno, perdido e amaldiçoado por toda eternidade, se tivessem escrito estas páginas
para enganá-los. Certamente não teriam escritos coisas ruins sobre eles mesmos e seus
companheiros e escrito coisas tão maravilhosas sobre Jesus Cristo. Isso não faria qualquer sentido.
Nem ainda poderia a Bíblia ter sido escrita por homens piedosos ou santos anjos, sem o poder do
Espírito Santo. Nenhum homem poderia ter escrito um bom livro sem dizer algumas mentiras, a fim
de enganar o leitor, dizendo: "Assim diz o Senhor", enquanto o que dizem é de sua pura palavra.
[NT: Como os carismáticos andam fazendo agora.] Se o fizessem não iriam se tornar homens bons,
de modo algum, mas demoníacos e malignos, conforme estamos voltando ao ponto anterior. Em vez
disso, a Bíblia é o registro da própria revelação de Deus aos homens, para que esses homens
perdidos em seus pecados possam possa buscar, esperançosamente, o Redentor dos homens, o
homem-Deus, Jesus Cristo. O testemunho de Jesus Cristo como Deus é o único meio pelo qual
importa que sejamos salvos da futura ira divina (Atos 4:12). A ira do Cordeiro será horrenda contra
os que estão perdidos. Eles correrão para as montanhas, implorando que os montes caiam sobre eles,
para se livrarem da ira do Cordeiro. Contudo, o Senhor colocou ao alcance de todos um meio para
os que desejam escapar da destruição que os aguarda. A resposta se encontra em Jesus Cristo, o
Deus de todas as eras. Que olhem para Ele todos os quadrantes da Terra, para serem salvos... Porque
Jesus Cristo é Deus!
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10 A verdadeira divindade de Jesus Cristo
Para a explicação deste assunto, DC entra na estória do Deus encarnado. Assim, como nota
explicativa, o autor diz que Story, no original. Traduziram este termo por “estória” para diferenciá-
lo de history, que traduzimos sempre por “história”.
Existe no tocante a encarnação, duas reações opostas da parte dos estudiosos. É a reação
conservadora, que rejeita a descoberta em defesa da fé tradicional. Dizem que a Bíblia contém
verdade, e não mito. O acontecimento da encarnação foi real.
A outra reação é a liberal, que consiste em reconhecer a descoberta do caráter mítico da
encarnação e então desmitologizar a fé cristã para torná-la relevante para o mundo contemporâneo.
Nesta concepção, a estória da encarnação não essencial para a fé cristã.
Porém, não viu-se nenhuma das posições como adequadas para uma teologia cristã
construtiva. Paul Tillich fala sobre a terceira abordagem, que é a interpretação do mito como estória,
sem compreender seus elementos simbólicos literalmente, mas também sem eliminar seus aspectos
históricos. Bultmann propõe o método de interpretação existencialista para salvar o querigma do
mito. Se bem que, ao meu ver, a desmitologização bultmaniana foi exacerbada, podemos tirar dela
seus auxílios, que não foram poucos! Desta forma, Deus não pode ser reduzido a um termo da
existência humana, então, o mito não é a realidade, mas a sombra da realidade, a maneira de se
referir à realidade, é como se fossem as etiquetas colocadas pela igreja primitiva, sobre os
acontecimentos que viam e ouviam.
Na verdade, a igreja tomou emprestado a linguagem do mito e da história para descrever e
interpretar o Logos de Deus. Os deuses gregos não eram como o nosso, e isto os primeiros cristãos
sabiam, então, é claro que eles não confundiam Cristo com Zeus, por exemplo, mas, a linguagem a
qual usava-se aos deuses gregos, era a única que eles conheciam, então, usavam esta linguagem, se
bem que bastante transformada, adaptada à Cristo, quando se referiam ao Logos de Deus.
Duas correntes tentaram explicar esta questão sobre a realidade de Deus. Foram os
adocianistas e ebionitas: Jesus não era, para eles, verdadeiramente Deus, pois Deus não pode sofrer.
A outra maneira era a dos docetas e monofisitas: Cristo era Deus, mas não seus sofrimentos.
Porém, o Deus de Israel não era assim, pois o Deus descrito na Bíblia, é o Deus que sofre
com o Filho. Deus sofreu por sua liberdade em amor. Se Deus estava em Cristo, então o sofrimento
tornou-se parte da experiência de Deus. Na verdade, só se compreende o verdadeiro ser de Deus e
da humanidade à luz do Cristo crucificado, como inferiu Martinho Lutero.
Lutero chamou isto de “alegre permuta”.
Isto, consequentemente, nos leva a afirmar a divindade de Cristo. A igreja primitiva
respondeu à proclamação apostólica do ato redentor de Deus em Cristo na linguagem da oração, do
louvor e da ação de graças. A cristologia ontológica se expressa aqui neste ponto, pois a natureza e
os atributos de Deus, que sempre foram utilizados na doxologia ao Pai, passa a ser usado na
adoração cristã do Filho. No N.T. não há um divórcio entre o ser de Cristo e sua missão,
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confirmando o fato de que Jesus não é só o Filho de Deus em algum sentido subordinado, mas é de
fato Deus.
Na realidade, o conselho nos dado pelo autor, é que, se quero superar os efeitos ruins
exercidos pela metafísica grega sobre a cristologia clássica, devo achar uma melhor, e não optar por
absolutamente nenhuma. Na verdade, a cristologia nunca poderá ser amarrada em conceitos
temporais, porque ela trata de um ser atemporal.
Jesus Cristo, como apresentado em DC, é o perfeito representante de Deus aos homens, e o
perfeito representante dos homens a Deus. Não é que Jesus se adaptou à nossa noção de Deus, mas,
na verdade, nós reconhecemos nele, o que devemos realmente pensar sobre Deus. Olhamos para
Jesus e dizemos: “Não há outro Deus”. Senão, ao invés de cristologia, deveria ser jesulogia. E isto,
só podemos fazer pela força mediadora do Espírito Santo, que torna a cristocentricidade de Jesus
presente e real em nossas vidas.
A encarnação, basicamente falando, é o auto-esvaziamento de Deus de tudo que separava o
Criador da criação, é a auto-entrega de Deus a outros para reconquistá-los. Deus pôde fazer isso por
causa da liberdade do amor divino, e não por necessidade pessoal.
11 A humilhação e exaltação de Jesus Cristo
A preexistência de Cristo faz parte do mito da encarnação. Paulo e João, no seu evangelho,
foram os que mais se referiram a este assunto. Na verdade, se Cristo não fosse preexistente, existiria
dúvidas ainda de se a nossa salvação realmente seria real e eterna. Ora, só o Deus eterno pode
conceder salvação!
Até o seu nascimento virginal mostra a sua preexistência. Mas, é daqui mesmo que surge
uma pergunta conflitante: como poderia Jesus ser como nós em todos os sentidos, se realmente não
tinha um pai humano? O conselho primordial do autor do livro o qual aqui comentamos, é que a
estória nunca deve se atolar na biologia. A verdade de seu nascimento virginal é que Deus mostrou,
através deste fato, que ele estava agindo no processo de salvação desde o momento do nascimento
de Jesus. Com o nascimento de Cristo através do Espírito Santo, Deus estava mostrando que Jesus
não iria ser adotado pelas coisas que fez, simplesmente, mas que antes de mais nada, já era o Filho
de Deus.
Tudo isto atingiu seu clímax no sofrimento e morte de Jesus. Ali foi seu esvaziamento total.
Agora, para que se examine a cruz em um sentido existencial, deve-se, antes de tudo, crer nela como
um fato histórico. A crucificação de Cristo aconteceu uma vez só na história, e não acontecerá mais.
O simbolismo e o poder da mensagem da cruz sim, pode ser passado de geração em geração.
Agora, a questão fica mais extraordinária quando no livro DC comenta-se sobre o descenso
de Jesus ao inferno. “Inferno” é uma tradução do termo grego hades, que designa a morada dos
mortos. Posteriormente foi que a teologia criou uma doutrina que ensina que a pessoa ou ia direto
para o céu ou para o inferno, com exceção de alguns que iam antes para o purgatório. O inferno é
considerado o domínio de Satanás, e Cristo devia libertar-nos também deste poder. Por isto, desceu
até lá!
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Quatro outros fatos ocorridos na vida de Jesus, foram de supra importância, segundo o autor,
para a cristologia, que foram: a ressurreição, a ascensão, o assentar-se à direita de Deus e a sua
vinda em glória. A ressurreição de Cristo é descrito como o ato pelo qual Deus o tirou de sua
humilhação e o exaltou, provando que Jesus era tudo o que disse que era. Se Jesus não tivesse
ressuscitado, sua causa teria perecido com ele. Na sua ascensão, vem a prova de que ele foi para o
Pai. E, além de ir para o Pai, Jesus, com a ascensão, cria a possibilidade de estar conosco através do
Espírito Santo. A ascensão é tida como um avanço, e não como um simples retorno ao estado
anterior. Além de ser assunto ao céu, Jesus senta-se à direita de Deus. Direita é símbolo de poder e
governo. Jesus agora rege os corações, não mais estando preso a seus limites enquanto na carne. E,
por fim, a última questão comentada no livro DC, que foi a vinda de Jesus em glória. Isto significa
que um dia nos encontraremos com ele novamente, porém, também nos carrega de
responsabilidades, pois ele virá e nos julgará. O bom é que este julgamento, para os cristãos, não
tem um valor negativo, pois o seu Juiz é Jesus Cristo, o Justo. Jesus será o Juiz porque ele é a
essência de tudo o que deve ser um ser humano. Desta forma, não seremos julgados por uma lei
diferente a nós, mas por uma lei criada pelo Deus que foi um de nós.
12 A unicidade e universalidade de Jesus Cristo
Jesus é o único meio de salvação. E isto, ele ganhou como herança, é a herança de
exclusividade. O catolicismo romano pegou esta exclusividade é jogou para a igreja. A questão que
surge, disto, é se a salvação pode ser provinda de outras religiões ou não! Vivemos num mundo com
pluralidade de religiões. As respostas reais sobre Deus, encontram-se em Cristo, então, para
alcançar-se a salvação, é só através dele.
João Batista mandou perguntar se Jesus era aquele que haveria de vir, ou se deveriam
esperar outro! A resposta da igreja era, ele é o Messias. É só no nome de Jesus que há salvação. A
resposta a João é sim, não devemos procurar outro.
Mas e a universalidade de Jesus? É aí onde encontra-se o cerne da questão! Ele é universal
porque é único. Se é salvador, é salvador universal, pois o mundo inteiro precisa de salvação. Se
Jesus é o salvador universal, isto implica então que não há salvação em outras religiões! Mas, não
devemos temer o diálogo com outras religiões, pois elas foram as ajudadoras, no princípio da igreja,
a emprestarem termos para a nossa fé. Pode-se falar em salvação fenomenológica e teologicamente.
A salvação temporal é a fenomenológica, e isto algumas religiões podem oferecer, mas a salvação
teológica, é a eterna, e esta, só Cristo pode oferecer! Se a salvação for só iluminação, Buda pode
salvar! A salvação da morte é a maior de todas, e esta, só o poder do sangue de Jesus Cristo tem.
A cristologia não é estática, por isso, do mesmo jeito que emprestamos de outras religiões no
passado, termos que nos valem até hoje, e outros que foram mudando durante a história, sendo
também, algumas vezes, emprestados de algumas outras religiões, podemos hoje enxergar as demais
religiões como grupos que buscam descrever a sua fé através de mitos, e mitos estes, que podem ser
inteligentes e aproveitados para nós também! Jesus quer se fazer entender em uma linguagem a qual
conhecemos. Deus não está sem testemunha nestas religiões. Não há dois caminhos de salvação,
mas um só.
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13 Cristo na bíblia
Podemos aprender muito sobre os atributos e a obra de um personagem bíblica observando
os nomes que este recebe na Bíblia. Jesus é o tema central da Bíblia dai a sua pessoa e obra
ocuparem grande parte dela. A maneira como a Palavra de Deus refere-se a Jesus têm muito a ver
com o nosso estudo sobre a Sua pessoa e obra. Deus têm exaltado a Jesus "acima de todo o
principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século,
mas também no vindouro" Ef 1:21. Queremos aproveitar as referências Bíblica que relatam essas
qualidades para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança- Rm 15:4.
13.1 A semente da mulher- GN. 3:15
"E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar."
A primeira referência a pessoa de Cristo na Bíblia encontra-se em Gênesis 3:15, num
contexto de profecia. O escritor de Hebreus diz que Gênesis 3:15 refere-se a Cristo como uma
esperança para aqueles que caíram em pecado no jardim do Éden. A esperança é forte, pois foi dito
que Cristo faria a vontade de Deus sendo O Salvador. Os que primeiro caíram em pecado já podiam
esperar a Satanás. Fica claro que Cristo será ferido pela descendência de Satanás quando a Bíblia
diz que a semente de Satanás ferirá o calcanhar dAquele que vêm da mulher. Satanás feriu o
calcanhar de Cristo, na cruz, na Sua crucificação. Cristo seria vitorioso. Deus diz a Satanás: a
semente da mulher "ferirá a tua cabeça". Isto Cristo fez quando ressuscitou I Co 15:57!
A batalha de Apocalipse 12:7 começou em Gênesis 3:15 com Miguel e seus anjos
combatendo o dragão e seus anjos. Satanás e a sua descendência querem acusar, cegar, perturbar,
cirandar como trigo, descordar, enganar, esbofetear, impedir, laçar, opor e tentar os que são de
Deus. Quando a Palavra de Deus é estudada torna-se possível ver a obra contra a descendência de
Cristo nas ações de Satanás. Nos crentes precisamos resistir o maligno Tiago 4:7, lutar contra suas
hostes espirituais nos lugares celestiais Ef 6:12, apagar os seus dardos inflamados Ef 6:16 e ser
vigilantes em relação a suas artimanhas que visam nos tragar I Pe 5:8,9. É uma verdadeira batalha.
Se você não conhece a batalha contra o pecado, é porque você ainda não renasceu. Os que
renasceram têm uma nova natureza, e, essa nova natureza batalha contra o pecado que habita em
nós Rm 7:23; Gl. 5:17 e nos leva para à vitória I Jo 4:4; Fp. 4:13; Jo 16:33; Rm 8:37.
Quando a Bíblia especifica "sua semente" fica claro que esta semente não vêm de qualquer
descendência humana, mas refere-se a semente que vêm da mulher. O Salvador viria através de
mulher "dando à luz filhos" I Tm 2:15 até que Deus enviou seu Filho, "nascido de mulher" Gl. 4:4.
Este veio e é nascido de uma virgem Is 7:14, não contraiu a corrupção que a humanidade herda
nascendo "de mulher" Jó 25:4, proveniente do homem Rm 5:12. Cristo veio através da mulher, e
mesmo Seu corpo tendo vindo de mulher, a semente juntamente com a Sua natureza divina são
provenientes de Deus, "do Espírito Santo" Mt. 1:20; Lc 1:35.
Cristo é a semente e caiu na terra para morrer com a finalidade de dar muitos frutos Jo
12:24. Cristo é realmente divino. I Pe 1:23 refere-se a Ele como a semente incorruptível e que agora
"é viva, e permanece para sempre". Através da vida de Cristo podemos ver a relação que existe
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entre a glória e a aflição. Agora, Cristo têm toda a glória, mas passou por todas as aflições. Sim, até
mesmo a morte Hb 2:9,10. Isso é uma lição para nós. Se a nossa vida Cristã é cheia de aflições no
mundo, devemos deixar que elas operem em nossa carne a morte, para que possamos participar da
glória, tendo mais da imagem de Cristo refletida em nossa vida. A pessoa de Cristo é a semente e
precisou morrer para que desse fruto; para que tivéssemos vida. É necessário que morramos também
a nós para que a Sua vida seja mais evidente em nós aqui na terra II Co 12:9,10.
Você já conhece a "semente da mulher"? Essa semente que caiu e morreu significa algo para
você pessoalmente? Você já morreu a si mesmo por causa dEle? Essa mensagem precisa ser
semeada aos outros. Fará você a sua parte Sl 126:6; Ec 11:6?
13.2 Renovo – Zc 6:12
Zacarias 6:12, "Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar, e edificará
o templo do Senhor." (Veja também Zacarias 3:8)
O nome Renovo é uma palavra que significa em português: ramo novo, que cresce do todo
de uma árvore recém-cortada, e do qual se origina uma nova árvore. No Dicionário Aurélio
Eletrónico e em hebraico, literalmente ou figurativamente, um broto.
Uma das principais razões para ser chamado de Renovo é devida a distinção existente no
relacionamento com aqueles que estão cortados de Deus. Os judeus, vez após vez, desobedeceram
as leis que Deus estabeleceu para eles cumprissem, buscaram outros deuses, profanaram lugares
santos e, em geral, esqueceram-se de seu Deus Santo e Amoroso. Em muitos casos, Deus trouxe
aflições, perseguição, escravidão e pragas para que o seu povo voltasse a ter comunhão com Ele.
Ezequiel 22:8-16; 36:21-32. Deus levou a Cristo dentre os que estavam cortados. Deus trouxe a
Cristo dentre os Judeus, que não O receberam João 1:11, para salvar o que se havia perdido Lucas
19:10.
A situação dos judeus têm muito em comum conosco, os gentios, que estamos separados da
comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa (Ef 2:12). Cristo foi O homem entre a
humanidade pecadora "para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do
grego" (Rm 1:16). Dessa forma Cristo é o Renovo.
Se você está se sentindo cortado e separado de Deus, saiba que o meio para voltar a Deus é
Cristo. "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vêm ao Pai, senão por mim." João 14:6
Uma das razões pela qual Cristo é chamado de Renovo é o fato de Ele ser novo, diferente e
especial para Deus. Até chegar o tempo de Cristo Deus usava e levantava outros tais como
patriarcas, juízes e profetas. Foi profetizado que Cristo viria como algo diferente; viria de Deus,
sendo o próprio Deus, aquele que brotaria como "um rebento do tronco de Jessé" Is 11:1. Ele viria a
ter o Espírito do Senhor sobre ele, "o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho
e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor." Is 11:2. Este Renovo pede
atenção, pois Ele será o juiz, conhecido como o "Renovo justo" Jr 23:5; Ap 19:15,16 pois ele
exercerá juízo e justiça fielmente Is 11:4,5; Ap 19:11-21. O reinado de justiça e de vitória será de
fato no milênio Is 11:6-16; Ap 20:1-6 mas, para os que conhecem a verdade, convém estarem
preparados para serem julgados por ele Hb 4:13. Ninguém é como Cristo, o Renovo, precioso diante
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de Deus Is 53:2. Este Renovo é especial e têm uma obra singular a fazer. Ele já se tornou especial
para você? Têm produzido efeitos em você a nova vida recebida de Deus?
Outra razão pela qual Cristo é chamado o Renovo está no fato dEle explicitar como será o
seu agir. Cristo brotará do seu lugar dentre os homens e "edificará o templo do Senhor" Zc 6:12-13.
O templo do Senhor é feito por Cristo. As profecias geralmente têm confusão ao redor delas. Essa
confusão é devida ao fato de as profecias poderem ser interpretadas de duas maneiras: literalmente
ou espiritualmente. É difícil saber quando usar uma maneira ou outra. Uma regra é interpretar as
profecias literalmente, se possível, e, se o contexto suportar tal interpretação. Não possível a
interpretação literal então deve ser usada a interpretação espiritual. Em muitos casos as profecias
podem ser interpretada literal e espiritualmente. Cristo cumprirá a profecia de Zacarias 6:12, tanto
literal quanto espiritualmente. Literalmente Cristo terá o seu templo real e terá seu verdadeiro reino
durante o milênio, no futuro Zc 6:13; Ap 20:1-6. Espiritualmente, nós somos o templo onde Cristo
reina neste presente tempo I Co 6:19; II Co 6:16-18. Deste templo:
Cristo é o fundamento - I Co 3:11 - SEJA FEITA NELE PELA FÉ!
Os ministros da Palavra são os arquitetos - I Co 3:10 - ESCUTAI OS!
Os crentes, pela fé, são as pedras vivas - I Pe 2:5 - SEJAM UNIDOS!
O templo têm um propósito particular - I Pe 2:5 - SEJA ATIVO EM OBEDIÊNCIA!
Sendo o Renovo Cristo também brotará e crescerá a fim de ser a "videira verdadeira" (João
15:1-8). Muitas vezes Jesus comparou a obra de Deus na terra ao homem que plantou uma vinha,
(Mt. 20; Mc 12: Lc 20) sendo Deus o lavrador desta vinha. Deus têm dado uma vinha às mãos dos
homens para eles a cultivarem e para que eles trabalhem enquanto é dia, para que tenha frutos
(almas salvas e obras de justiça) no dia da visitação (segunda vinda). Podemos aprender com isso
que há um trabalho a ser feito e só é aceito o que Ele manda que façamos (João 4:24, "em espírito e
em verdade"; Mt. 28:19,20). Não convém que seus ceifeiros inventem ou manipulem o que Deus
mandou que fizessem. Os ceifeiros verdadeiros só precisam obedecer (João 15:10, "Se guardardes
os meus mandamento, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os
mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor."; I Co 4:2). Você está cultivando a vinha de
Deus? Deus é seu lavrador? Você está trabalhando tendo a obediência que convém a glória de
Deus?
Se Cristo é o Renovo de Deus para nós, então somos as varas (João 15:1-8). Somos feitos
varas pela Palavra de Cristo (Tiago 1:21). Nós como zambujeiros, somos enxertados para que
sejamos participantes da raiz e da seiva da oliveira (Rm 11:17). Nessa posição temos uma nova
natureza (II Co 5:17). Sendo enxertados, passamos a ter novos desejos, novo fruto e nova aparência.
Na verdade nós nos tornamos como a videira (Rm 8:29). Não se trata de uma reforma, porem uma
regeneração (Tito 3:5) Não é uma nova filosofia, porém um arrependimento. É uma nova atitude de
Deus e nosso sobre o pecado. Somos tirados de um e enxertados no outro. Tendo sido enxertados no
Renovo temos uma nova posição. Se a raiz é santa, "também os ramos o são (Rm 11:16). Diante de
Deus, os ramos que estão enxertados na oliveira verdadeira, são santos e da mesma composição que
Cristo (Rm 8:17). Por isso convém vivermos santos diante dos homens!
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13.3 Emanuel - Is 7:14; Mt 1:23
"e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel."
"... E chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, que traduzido é: Deus conosco."
Através do nome Emanuel podemos ver alguns atributos maravilhosos da pessoa e da
natureza de Cristo. A obra principal do Filho de Deus também é conhecida pelo nome Emanuel.
Queremos ver Cristo na sua glória examinando este nome que é usado tanto no Velho Testamento
quanto no Novo Testamento.
O primeiro fato que nos chegado nome Emanuel é devido a sua natureza e pessoa: a Sua
divindade. O nome Emanuel significa, "Deus conosco", o que a própria Palavra de Deus nos relata.
Cristo é chamado "Deus" e de jeito nenhum essa qualidade deve ser menosprezada. Cristo é
diferente de todo o mais que pode ser imaginado ou visto na terra ou no céu. Cristo é "Deus".
Cristo é tão Deus que o próprio Pai O chamou por Deus (Hb 1:8 Téos - O Deus Triúno
Verdadeiro no grego; Sl 45:6,7 Eloím - o Deus Triuno Verdadeiro em hebraico) e é um título que o
escritor inspirado Judas concorda ao usar (Judas 25 Téos). Os nomes que Isaías listou em Isaías 9:6
apontam à natureza divina de Cristo pois Ele só pode preencher todos os atributos dos nomes sendo
Deus. Cristo é tão Deus que também foi chamado por Jeová (Joel 2:32; Atos 2:21,36; Rm 10:9,13).
Por isso o Apostolo Paulo diz em Efésios 1:21 que Cristo está "acima de todo o principado, e poder,
e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no
vindouro;" pois Cristo é "Deus".
É uma preciosidade o fato de Cristo ser Deus e "Deus conosco". Cristo "se fez carne, e
habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade." (João 1:14). Cristo não é Deus conosco apenas para nos fazer companhia. O fato de Cristo
estar conosco mostra a obra de Cristo. Cristo está conosco para ser o que precisamos. Precisamos de
alguém como nós para estar conosco. Precisamos de alguém como nós, mas que satisfaça a Deus
completamente. Cristo está conosco, como nós, mas está conosco como Deus. Se Cristo não
estivesse entre nós, continuaríamos separados de Deus e seus inimigos. O nome Emanuel é usado
justamente para mostrar a obra de Cristo, que é estar entre o homem e Deus, sendo o mediador
(Isaías 8:8; I Tm 2:5).
Nessa qualidade de Emanuel Cristo continua conosco (Mt.. 28:20; Atos 18:9,10; II Tm
4:22). Cristo continua sendo Deus eternamente (Rm 9:5; I Tm 3:16) e continua sendo o mediador de
todos que estão confiando nEle (I João 2:1,2).
13.4 Rosa de sarom e lírio dos vales - Cantares 2:1-4
O livro de Cantares de Salomão é repleto de linguagem simbólica. As vezes difícil para se
entender. Uma coisa é verdadeiramente revelada pelo livro: o amor de Cristo por Sua igreja, e o
amor da igreja por Cristo. Sem estas verdades o livro torna-se sem significado e sem utilidade na
Bíblia. É difícil saber quem está elogiando quem pelo livro, e em muitas passagens pode ser tanto
um quanto o outro. A nossa passagem pode se referir a Cristo ou a igreja. Também podem ser os
dois, veremos como Cristo é uma Rosa e um Lírio.
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Primeiramente, como Cristo pode ser igual a uma flor? Quais aspectos de flor têm Cristo?
Beleza e Fragrância - Cristo é precioso para o Pai (Mt. 3:17; 17:5; João 12:28; Zacarias
11:10, Chamado "Graça"). O crente para o Senhor Jesus é lindo (Dt 32:10). O Salvador para o
Cristão é formoso (Sl 90:14-17). Cristo produz no crente a fragrância do amor e obras agradáveis
em um mundo de corrupção e destruição (Fp. 4:18; Rm 12:1,2).
Sensibilidade - Cristo é meigo (Is 42:2,3; Mt. 12:20; Lc 4:18-21); sabe ouvir um coração
quebrantado (Sl 51:17) sarando-o (Sl 147:3); apascenta suavemente os seus cordeirinhos (Is 40:11;
João 8:7-11; Mt. 11:28,29). Os que conhecem a sabedoria de Cristo sabem que Ele é tratável (Tiago
3:17,18; II Co 2:7-11).
Primazia - Cristo é excelente para o Pai (Pv 8:23-30; Fp. 2:9,10). Cristo é especial para o
cristão (Sl 73:23-28; 89:6) e essa primazia é o que leva o crente a abandonar os prazeres
temporários proporcionados pelo pecado (Hb 11:24-27, 35-38; II Co 12:10).
Frutífera - Assim como a função da flor é produzir a semente e o fruto, o crente é fruto de
Cristo e um fruto delicioso (Gl 5:22; Pv 8:17-21).
Reprodução - Somos fruto de Cristo e natureza de fruto é que ele produz mais fruto (João
15:1-5,16; Rm 7:4; Mc 4:20; Sl 92:12-15).
Cristo é uma flor, mas não uma flor qualquer. Ele é a rosa de Sarom e o lírio dos vales, "o
primeiro entre dez mil" (Cantares 5:10) Especificamente Cristo é como uma rosa:
Presente no jardim - mostrando a sua humanidade. Cristo é o mais excelente entre outros,
pois está entre outros e veio como homem para dentre os homens com a finalidade de conhecer os
espinhos da vida. Assim como uma rosa que cresce entre o adubo orgânico produz uma flor mais
fragrante, Cristo entre os pecadores foi feito pecado diante de Deus para que fosse o Salvador que
satisfaz um Deus justo e santo, assim deu um doce aroma pela eternidade a aqueles que vêm a Deus
por Ele (Hb 7:25)
Rosado (Cantares 5:10) - mostrando que Seu sangue será dado em sacrifício pelos pecadores
(Rm 5:6-8)
Rosa de Sarom - Cristo é uma rosa rosada, fragrante e especial, pois Ele é comparado a uma
rosa entre muitas outras, a de Sarom. Sarom é um lugar entre as montanhas da Palestina e do Mar
Mediterrâneo que mostra a sua beleza e superioridade entre todas as flores que florescem em tais
lugares verdes.
Especificamente Cristo é como um Lírio:
Branco (Cantares 5:10) - mostrando a Sua divindade, pureza e justiça (Sl 85:11; Ap 1:13-18)
Lírio dos Vales - mostrando a Sua superioridade entre os anjos e os homens (Hb 1:2-4). Nos vales,
mesmo havendo maior umidade para a planta crescer, também há mais perigos de animais e de
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homens, Cristo vence a todos. Em meio a perseguição, aflição, trevas e perigos, Cristo é "formoso
de sítio" (Sl 48:1,2; Is 57:15) pois em Cristo somos "absolvidos da iniquidade" (Is 33:24).
Alegria - Assim como as flores trazem um ar de felicidade ao lugar onde estão presentes (Sl
16:11), contemplar a Cristo traz gozo (Fp. 4:8,9; Jr 15:16)
13.5 Glória e União - Zacarias 11:7-14
Nesta passagem temos duas palavras que parecem operar conjuntamente. Há outras palavras
que também são assim na Bíblia ("graça e verdade" João 1:17, "espirito e verdade" João 4:24,
"graça e paz" II Pe 1:2). Mesmo as profecias podendo ser interpretadas com diferentes pontos de
vista tomaremos o conteúdo do capítulo em consideração. O capítulo está tratando com os
impenitentes de Israel e as duas varas, Glória e União, que serão desfeitas diante da rebelião do
povo. Deus tinha dado essas duas varas para o cuidado do povo, mas o povo obstinado não quis ser
submisso ao que Deus deu para o seu bem. Então as varas foram quebradas para o povo não ter mais
esse cuidado de Deus. As varas representam o cuidado especial que Deus têm para com o povo de
Israel. Podemos entender com isso, para o nosso proveito, que a relação de comunhão entre Cristo e
o Seu povo também pode ser quebrada pela desobediência. Neste contexto queremos ver o porquê
as varas Graça e União são nomes adequados para Cristo.
13.5.1 Graça
A palavra graça quer dizer beleza, agrado e favor ou glória. A qualidade da pessoa de Cristo
beleza. Esta beleza é interior pois Cristo, de vista, não tinha boa aparência (Is 53:2). O Espírito de
Deus estava sobre Cristo e era a beleza do Seu ministério (Lucas 4:18,19).
O Espírito de Deus é quem traz deliciosos e lindos frutos da graça também às nossas
interiores (Gl 5:22). O pecado só traz destruição, medo, corrupção, contenda, ira, e morte (Sl 38:3;
Is 48:22; Rm 6:23; Gl 5:19-21). Mas, para os que estão em Cristo e obedecendo a Ele, conhecem as
belezas que vêm dEle. Esses frutos de obediência são a "salvação da minha face" (Sl 42:11; 67:2
"salvação traduzida nestes casos significa prosperidade, bonança, vitória ou salvação de Deus), a
saúde física e espiritual (Pv 3:8; 4:22; 16:24) e uma mente moderada (II Tm 1:7).
Uma vez que o crente conhece bem essa beleza de Cristo não se satisfaz com nada menos
que isso. O pecado pode nos enganar nos levando a pensar que o prazer momentâneo é duradouro
mas a realidade logo vêm e ficamos desgostosos das ervas amargosas, desejando outra vez voltar a
ver a "formosura do Senhor" sobre nós (Sl 27:4; 90:17). Cristo é a graça do crente. Quanto mais se
aprende de Cristo mais se pode o obedecer. Quanto mais se obedece a Cristo mais se têm a Sua
formosura. Para ter essa beleza é necessário ter Cristo. Para cuidar dessa beleza é necessário
obedecer a Sua Palavra. Pode-se pensar em Cristo pois Ele é puro, verdadeiro, justo, amável e de
boa fama (Fp. 4:8,9). Você está tendo essa beleza de Cristo na sua vida ou a beleza de Cristo têm
sido removida da sua vida pela sua desobediência?
A graça mostra não só as qualidades de Cristo e o que imputa aos que confiam e obedecem a
Ele, mas também a natureza da Sua obra. A obra de Cristo é graça, pois a graça e a verdade vieram
por Jesus Cristo (João 1:14). Cristo é a graça de Deus a nós. Por Cristo vir a nós já mostra o amor de
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Deus em graça (João 3:16). Por Cristo obedecer a Seu Pai salvando os pecadores se vê a graça de
uma maneira particular na Sua pessoa (Rm 5:8).
Através da salvação Cristo torna-se o pastor das ovelhas e é pronto a dar a sua vida por elas
mesmo elas não sendo sempre obedientes (João 10:11). Ele é o conforto para o crente e dá a Si
mesmo para as Suas ovelhas comerem (João 6:55,63). Ele é o maná do céu, o pão da vida (João
6:32-35) e a água viva (João 4:10,11; 7:38). A Sua obra de graça se dá devido as ovelhas serem
perfeitas e obedientes. Ele é a benção às ovelhas em graça. Cristo veio morrer pelas ovelhas mesmo
elas sendo pecadoras (Rm 5:6-8). Isto é a graça em ação.
Pelo sacrifício de Cristo, as ovelhas podem entrar e sair e achar pastagens de amor, paz e
gozo (João 10:9; Sl 23:2-5). Deus têm dado Cristo ao Seu povo para apascentar, interceder por Ele
(Hb 7:25) mediar por ele (II Tm 2:5,6) e preparar um lugar para ele (João 14:1-3). Os que estão em
Cristo podem dar graças a Deus pelo cuidado que Deus têm com a vara chamada Graça pois pela
graça são abençoados sobre maneira por Ele. É um pecado se os crentes desrespeitarem essa vara
que Deus têm dado para o seu próprio bem. Você conhece a beleza da obra de Cristo na sua vida?
Essa beleza está removida da sua consciência (II Pd 1:8,9)? Você pode retornar a ter a beleza de
Cristo na sua vida pela confissão dos pecados e o deixar do pecado que quebrou tal comunhão com
Deus (I João 1:9; Pv 28:13).
13.5.2 União
A palavra união quer dizer promessa séria ou significa o verbo atar? Cristo é a união que
Deus têm dado ao Seu povo tanto em relação a sua pessoa quanto pelo sua obra.
Na Sua pessoa podemos ver que Cristo é a união pois está atado a Deus. Cristo é o próprio
Deus (Sl 45:6,7; Hb 1:8; Is 9:6; Judas 25), Deus conosco (Is 7;14; Mateus 1:23), Jeová (Joel 2:28-
32; Atos 2:16; 16:31) e assim é unido a Deus. Pela obra da Sua pessoa o pecador ata-se a Deus, une-
se a Deus por Cristo, para todo o sempre (Ef 2:11-16; João 10:28,29; Rm 8:38,39).
A obra de Cristo também mostra que Ele é união. Pela obra de Cristo a promessa do Pai é
dada ao Seu povo (Hb 9:15). A salvação por Cristo foi prometida em Gênesis 3:15 até antes da
fundação do mundo (Ef 1:4). Cristo é a União entre Deus é o pecador arrependido pois Ele riscou a
cédula que era contra nós, cravando-a na cruz (Cl 2:14; Ef 2:13-16) não havendo mais separação.
Por Cristo, o crente é atado ao Pai tanto que nunca existiu, não existe e nunca existirá quem possa
nos desatar do Pai (Rm 8:38,39). Sim, somos salvos eternamente (Hb 5:9).
Quando o crente despreza a obra de Cristo na sua vida, não querendo ser conforme a Sua
imagem (Rm 8:29) ele produz uma quebra na comunhão com Deus que a obra de Cristo têm
realizado por ele. Quando o crente recusa a seguir a Palavra de Deus como a sua única regra de vida,
as promessas de bênçãos são quebradas para com ele até que o pecado seja confessado (Pv 28:13).
Tanto o povo de Israel chegou a esse ponto (sem ser quebrados de Deus eternamente - Rm 11:1. A
filiação não foi quebrada, mas a comunhão.). Quando os crentes que insistem nas suas ações de
desobediência (Mt. 18:15-18; Rm 8:35-39).
Graça e a paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor!
II Pe 1:2
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13.6 O fundamento já posto – 1Cor 3:11
"Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo."
Quando pensamos em um "fundamento", pensamos em algo forte, básico ou primordial.
Todas destas ideias estão incluídas quando a Bíblia usa a palavra "fundamento" referindo-se a
Cristo. Além destas ideias entendemos por meio do versículo acima que Cristo não é apenas forte,
básico e primordial, mas o único forte, básico e primordial.
Cristo é o fundamento forte, pois Cristo é o único Deus sábio (Jd 25) o Deus forte (Is 9:6)
Jeová (Jl 2:32; At 2:21; 16:31). Por Cristo ser Deus Ele têm poder para perdoar o pecado, dar a vida
e torná-la novamente (Jo 10:18). Por Cristo "os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são
limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho" (Mt.
11:5) e todos os que confiam nEle são salvos (At 16:31). Por Cristo ser o fundamento forte não é
admitido qualquer outro fundamento junto dEle, nem o que é próprio da igreja (seja os seus ofícios,
ordenanças ou propósito), de apóstolo ou de anjo (Gl 1:8). Ele é o que está posto e ninguém pode
pôr outro além dEle.
Cristo é o fundamento básico e principal. Cristo é a "Principal pedra da esquina" (Ef 2:20) da
edificação que têm material de construção, os crentes são "pedras vivas"(I Pe 2:5,6). Os que creem
não são confundidos, mas os que não creem, a pedra principal da esquina torna-se uma pedra de
tropeço e rocha de escândalo (I Pe 2:7,8). Se a nossa fé está posta sobre "esta pedra" de Cristo, (Mt.
16:18) mesmo tendo obras na carne que sofrem detrimento durante o julgamento por Cristo, (II Co
5:10) seremos salvos (I Co 3:15), pois temos o principal.
Cristo é o primeiro fundamento porque somente por Ele se pode começar um relacionamento
com Deus. Não há comunhão entre Deus e o pecador sem haver Cristo, e só Cristo, no meio. Cristo
O mediador (I Tm 2:5,6) entre Deus e o homem. É só pelo sangue de Cristo o que estava longe pode
chegar perto (Ef 2:13; I Pe 1:18,19). O pecador pode ter obras, igreja, intenções, filosofias, tradição,
cerimonia, boa família, mas sem Cristo tudo isso é como trapos de imundícia (Is 64:6; Rm 7:18; Fp.
3:9; Ap 3:17,18). Sem haver Cristo primeiramente, Deus não vê o pecador com olhos de amor e
perdão (Tt 3:3-6).
Cristo é o único que agrada a Deus pois ninguém pode ir ao Pai sem Cristo (João 14:6).
Cristo é o único em quem Deus se agrada (Mt. 17:5), a única porta (João 10:7), o único que é um
com o Pai (João 10:30), o único nome pelo qual devemos ser salvos (At 4:12) e o que determina se
temos a vida eterna ou se não veremos a vida (João 3:36). Cristo é o único que venceu o pecado, a
lei e a morte (I Co 15:54-57; Ap 19:11-20:6). Por isso "ninguém pode pôr outro fundamento do que
já está posto, o qual é Jesus Cristo."
Você está crendo em Cristo? Não confunda a fé em Cristo com religião, boa obra ou
sentimento. Tenha Cristo. Se você está em Cristo e seguro, ou se está fora de Cristo a pedra que é
preciosa por Deus um dia vêm para esmagar os que não têm a sua fé posta nela (Ap 19:13-15).
Venha já e creia em Cristo como seu salvador!
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13.7 O soberano - acima de tudo - Ef 1:21
"Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se
nomeia, não só neste século, mas também no vindouro;"
Por Cristo ser o Filho de Deus muitos usam a lógica e pensam que Cristo é menor ou inferior
ao Pai. Mas, o que o homem pensa não é a realidade. A verdade é que o próprio Deus Pai chama o
Seu Filho de Deus e este nome indica um Deus Triuno (Hb 1:8; Sl 45:6,7). Cristo, mesmo sendo
Filho, têm todos os atributos de Deus: santidade - Hb 4:15, eternidade - Jo 1:1,2; 8:58, onipotência -
Jo 1:3; Mt. 11:27, onisciência - Mt. 27:18; Jo 2;25; 13:11 (a não ser o que o Pai esconde do Filho -
Mt. 24:36). Cristo, de posição, é O Filho eterno, mas na qualidade de Cristo é Deus. Cristo nunca,
com a Sua mente divina, achou que era errado "ser igual a Deus" (Fp. 2:6). Os que creem na Sua
Palavra não devêm pensar nada menos.
Muitos pensam, também, que pelo fato de Cristo ser feito homem Ele se tornou inferior ao
Soberano Deus. É verdade que Cristo, como homem e por causa da paixão da morte, nasceu de
mulher e sob a lei (Gl 4:4) para ser feito homem, uma posição um pouco inferior a que os anjos
ocupam (Hb 2:9). Para que fosse o Salvador do pecador, Jesus "esvaziou-se a Si mesmo" (Fp. 27) da
qualidade de Deus para também ser homem. Cristo não foi forçado a ser feito carne, mas
"humilhou-se a Si mesmo" (Fp. 2:8). Cristo veio ser obediente até a morte para poder ser o Salvador
dos pecadores que o Pai havia dado a Ele (Jo 6:37; 17:2,6,9,11,24). Mas, em meio a toda a sua
condescendência (rebaixamento voluntário) (Jo 6:38) nunca deixou Jesus de "ser igual a Deus" (Fp.
2:6; Jo 10:30). Cristo, na carne, nunca, em nenhuma parte, foi menos do que Deus e isso fica claro
quando consideramos os seguintes feitos revelados na Palavra de Deus:
Como homem Jesus se cansou (Jo 4:6), mas como Deus Ele dá descanso para os que vêm a
Ele (Mt. 11:28-30);
Como homem Jesus sofreu sede (João 19:28), mas como Deus Ele dá água da fonte de água
que salta para a vida eterna (João 4:14);
Como homem Cristo teve fome (Mt. 4:2), mas como Deus Ele partiu os pães e saciou a
fome das multidões (Mt. 14:19-21) e como Deus Cristo é o pão da vida (Jo 6:48).
Como homem Jesus foi tentado em tudo, mas como Deus, Ele ficou "sem pecado" (Hb
4:15); Como homem, Cristo usou um barco para se transportar de um lado do mar ao
outro, mas como Deus até o vento e o mar lhe obedeceram (Mc 4:39-41) e até mesmo
andou por cima do mar (Mt. 14:25);
Como homem Cristo morreu, mas como Deus Ele ressuscitou (João 10:18) vencendo a lei, o
pecado e a morte (I Co 15:54-57).
Sem a menor duvida, Cristo, na carne e na terra, era como Ele mesmo disse, "Eu e o Pai
somos um" (João 10:30).
Cristo foi mesmo obediente em tudo, até a morte (Fp. 2:8) e com isto satisfez por completo o
Deus Pai (Is 53:11). Cristo foi exaltado soberanamente e posto à direita de Deus Pai nos céus (Fp.
2:9; Ef 1:20). Cristo não é limitado pelo corpo e pela posição de homem, mas agora plenamente na
posição de Deus e assim acima de tudo! Ele têm uma posição de honra e glória que é difícil para a
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mente humana perceber no seu total. Mas não há necessidade de se preocupar: Cristo está acima de
tudo! Qualquer principado (dignidade de príncipe), ou poder (ter faculdade de ou ter possibilidade
de), ou potestade (dominação, autoridade ou senhorio) ou nome é menor que Cristo (Ef 1:21).
A Cristo é dada exaltação soberana "para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos
que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o
Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp. 2:9-11). Por Cristo ser o agrado do Deus Pai em tudo, "todo
aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16). Por Cristo estar acima de tudo
há a salvação de qualquer pecador! Aquele que está acima de tudo intercede eternamente pelo seus
(Hb 7:25), segurando-os Sua mão (João 10:28), com Deus Pai os aperfeiçoando até ao dia de Jesus
Cristo, a obra que o próprio Pai começou (Fp. 1:6).
Não há morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem potestades, nem o presente, nem
o porvir, nem altura, nem profundidade, nem alguma outra criatura que pode nos separar do amor de
Deus que está em Cristo, o acima de tudo (Rm 8:38,39). Por isso o crente está seguro! Os que estão
naquele que está acima de tudo têm a confiam que Deus pode "fazer tudo muito mais
abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder (Cristo) que em nós
opera" (Ef 3:20; Fp. 4:13). Por isso o crente pode ser vitorioso! Por Cristo estar acima de tudo o
crente pode ser santificado pois aquele que confessa tudo a Deus é perdoado e purificado pelo
sangue de Cristo (I João 1:9; I Pe 1:18,19). Não há pecado nenhum, nem desobediência nenhuma
por parte do crente que pode frustrar o proposto do acima de tudo que veio padecer "para levar-nos a
Deus" (I Pe 3:18). Por isso o crente em Cristo é confiante e feliz!
Um aviso para os que estão confiando em algo além de Cristo Jesus para a sua justiça. Deus
só aceita os que vêm a Ele por Cristo (João 14:6). Ninguém satisfez a Deus da mesma forma que
Cristo Jesus. Ninguém é exaltado soberanamente senão Cristo Jesus. Confiar em outro ser além de
Jesus Cristo ou confiar em outro e também nEle é o mesmo que não ter a salvação que vêm de
Deus, pois tudo foi sujeitado unicamente aos pés de Cristo. Unicamente Cristo está Acima De Tudo.
13.8 O cordeiro de Deus - Is 53:7
"Como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus
tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca." Is 53:7
"Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." Jo 1:29
"E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus." Jo 1:36
"E, olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião", Ap 14:1
Assim que o pecado entrou no mundo, foi necessária a morte de um inocente que agradava a
Deus em favor ao verdadeiro culpado. Para cobrir a nudez que o pecado evidenciou em Adão e Eva
o Senhor Deus fez túnicas de peles, e os vestiu. Assim Deus mostrou a morte de um inocente para
cobrir um culpado (Gn. 3:21). O primeiro sacrifício com animal relatado na Bíblia foi o que Abel
fez oferecendo os primogênitos das suas ovelhas. O Senhor atentou para o sacrifício do animal em
contraste ao sacrifício de Cain que ofertava frutos da terra. Em Gênesis 22:7,8 há um exemplo do
costume do povo de Deus que usava cordeiros em seus holocaustos, assim entende-se a profecia que
Cristo seria o "Cordeiro de Deus". Isaque acha estranho fazer um holocausto apenas com fogo e
lenha então Abraão profetiza dizendo, "Deus proverá para Si o cordeiro para o holocausto". Assim
era o costume de adoração entre o povo de Deus e é visto que a única razão para o povo de Israel
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pedir ao Faraó permissão para sair do Egito era "para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus."
(Êx. 3:18). Um sacrifício, um inocente em lugar do culpado, é o que agradou o Senhor desde o
começo, e Ele não muda (Ml 3:6). Se qualquer culpado espera ser aceito pelo eterno e santo Deus,
têm que ser através do sacrifício do inocente pelo culpado. Essa é maneira que o justo Juiz ordenou.
Um sacrifício de animais mostrava seriedade nas promessas também entre os homens. Em
Gênesis 31:54, para firmar em público diante de Deus e os homens o compromisso que Jacó e Labão
tinham feito "ofereceu Jacó um sacrifício". O significado do sacrifício de um animal em muito nos
ensina doutrinas básicas de Deus e da salvação por Cristo. Podemos entender que a morte é
necessária para pagar o pecado (Ez 18:20; Rm 6:23); o inocente pagará pelo culpado e Deus pode,
pela maneira que Ele estipulou, ser agradado. Entendemos também que é necessária obediência
perfeita para que Deus aceite o sacrifício dado (ver o exemplo de Caim, Gn. 4:2-4; Hb 11:4, e de
Cristo, Fp. 2:8). Qualquer animal para o sacrifício não serve. Até mesmo o tipo, a idade e sexo do
animal têm sido determinados por Deus. A maneira como o sacrifício deve ser feito e oferecido
também são estipulados por Deus. O sacrifício da páscoa dá um exemplo bem claro para este estudo.
Em Êxodo 12 a páscoa foi instituída pela ordem de Deus antes mesmo do seu povo sair do
Egito. As qualificações para o sacrifício eram um cordeiro, um macho, sem macula, tomado entre as
ovelhas ou as cabras, de um ano de idade (Êx. 12:5). A cerimônia do sacrifício também tinha que
ser observada. Para ser aceito, o cordeiro era guardado do décimo até ao décimo quatro dia,
sacrificado a tarde e o seu sangue era um sinal para o Senhor não ferir ninguém na casa onde havia
o seu sangue posto na porta. A sua carne deveria ser assada no fogo, com pães ázimos, e comida
com ervas amargas. Nada dele deveria ser comido cru, nem cozido em água, a sua cabeça e os pés
com a sua fressura. Nada podia ser deixado até o amanhecer. Os próprios participantes daquela
primeira páscoa também precisavam preencher algumas qualificações. Os que comiam na páscoa
tinham que estar vestidos para viajar e tinham que comer apressadamente (Êx. 12:6-11). Tudo isso o
povo deveriam obedecer e tudo disso significava algo sobre Cristo e os o que seguem (Hb 1:1).
Quando João clamou, "Eis aqui o Cordeiro de Deus", todos os tipos e símbolos tinham que
ser cumpridos em Cristo. Durante a vida de Cristo, e especialmente na sua morte, a profecia de
Isaías foi cumprida (Is 53:7; Mt. 26:61-63; I Pe 2:22,23). Jesus era o sacrifício dado por Deus (Jo
3:16; Is 28:16; 42:1; I Pe 2:4). Cristo era do tipo certo, pois era "de Deus" tomado entre o povo (Jo
1:11, "o que era seu"; Mt. 26:45, "Filho do homem") e guardado aparte até que foi "chegada a hora"
certa (Jo 17:1). Cristo era o sacrifício de Deus sem mácula (II Co 5:21; Hb 4:15; I Pe 2:22) e
precioso diante de Deus (I Pe 1:19) como foi precioso o cordeiro de um ano. Assim como a páscoa
foi sacrificada à tarde, Jesus também foi crucificado à tarde (Mt. 27:46; Mc 12:34; Lc 23:44; Jo
19:14) e a aspersão do seu sangue é o sinal que Deus respeita (Hb 9:14; 12:24). Quem têm o sangue
de Cristo em seu coração nunca verá a morte, mas já passou da morte para a vida (Jo 5:24; II Ts
1:10; I Jo 1:7).
A morte de Cristo é acompanhada pela tristeza e o sofrimento da mesma maneira que a carne
da páscoa era assada no fogo e comida com ervas amargas (Mt. 26:37-44, "começou a entristecer-se
e a angustiar-se muito"; II Co 7:10, "tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação).
Assim como nenhuma parte da carne da páscoa deveria ficar para depois, nada do corpo de Cristo
foi deixado além da hora prevista pois ressuscitou no terceiro dia (Mt. 28:1-6, "Ele não está aqui")
exatamente como foi profetizado (Mt. 16:21). Os que "comem" de Cristo pela fé (Jo 6:55,63; Rm
1:17, "o justo viverá da fé") comem se preparando para peregrinar (Rm 6:4, para andar "em
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novidade de vida"; I Pe 2:11,12) honestamente entre os gentios até o "dia da visitação" de igual
modo os Israelitas comiam a páscoa vestidos para viajar naquela mesma hora. Também há uma
certa pressa para que o pecador seja salvo, não deixando para outra hora a salvação que é tão
necessária (At 17:30; Hb 3:7-11). O crente é um peregrino mas a vinda de Cristo é iminente, pode
acontecer logo, com pressa trilhe o seu destino olhando para Jesus que logo virá (Hb 12:1,2; I Ts
5:2; II Pe 3:10).
Cristo é o "Cordeiro de Deus", a "nossa páscoa" (I Co 5:7) em todas as maneiras. É
proveitoso observarmos que Cristo cumpriu completamente todos os tipos e símbolos do sacrifício
da páscoa sendo feito sacrifício por nós na sua própria pessoa (I Pe 2:24). Não foi a igreja o
sacrifício, nem as suas ordenanças. Não foi uma obra de obediência por algum homem outro que é o
sacrifício suficiente por nossos pecados. Tenha a plena certeza de estar confiando somente em
Cristo para a salvação completa dos seus pecados pois somente Cristo agrada a Deus (Jo 12:28; Is
53:11). Cristo é o Justo pelos injustos e leva para Deus os que estão nEle (I Pe 3;18). Cristo é o
"Cordeiro de Deus". Pela fé, Ele também é o seu?
13.9 A palavra de Deus - O VERBO
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." Jo 1:1
"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do
unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade." Jo 1:14
"O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos
contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida" I Jo 1:1
"Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três
são um." I Jo 5:7
"E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a
Palavra de Deus." Ap 19:13
Somente Deus trata o homem com imensa misericórdia (Êx. 34:6,7). O homem, mesmo
sendo a criação superior a toda a criação, sendo feito a imagem de Deus (Gn. 1:26; 2:7), é rebelde
contra o seu Criador (Dt 31:27), pecador (I Jo 3:4; 5:17), de dura cerviz (Sl 78:40), de coração
endurecido (Mc 8:17; Êx. 7:14) e inimigo de Deus (Rm 8:7). Mesmo Deus sendo digno de receber
toda a honra, glória, e poder por ter criado todas as coisas para Ele mesmo (Ap 4:11; Rm 11:36) o
homem não quer receber o conhecimento de Deus (Rm 1:28), quer amar mais as trevas do que a Luz
(Jo 3:19) e não quer vir a Deus (Jo 5:40; 12:37-41). Enquanto o homem natural tiver opção ele
sempre escolherá andar guiado pelos desejos da sua carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos, pois essa é a natureza do seu coração enganoso. Mesmo assim, Deus mostra ao
homem a Sua misericórdia dando-lhe a chuva, o sol e as condições de sobrevivência. Se Deus trata o
homem a não ser em justiça e não com sua ira isso deve-se a sua imensa misericórdia (Lm 3:22; Sl
74:10).
Deus fez mais do que cuidar das necessidades na vida passageira do homem. Deus têm Si
manifestado exteriormente pela natureza (Rm 1:20) e interiormente à consciência do homem (Rm
2:14). Além disso, Deus têm se comunicado com o homem de maneira que Ele mesmo pode ser
visto, tocado, ouvido, manuseado, testificado, conhecido (I Jo 1:1-3), estudado, crido e glorificado (I
Tm 3:16). Deus têm feito essa comunicação ao homem pecador por misericórdia (Ef 2:4-7) através
da Sua Palavra, o Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo (Jo 1:14).
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Cristo é a comunicação real de Deus e por isso é denominado o Verbo (Jo 1:1), ou melhor, a
Palavra de Deus (Ap 19:13). Sendo a Palavra, Cristo é uma comunicação. O que Deus quer que o
homem entenda, Ele mostra com Sua expressão ou manifestação. Cristo é a expressão pela qual
Deus fala a nós (Hb 1:1-3) e Deus realmente manifesta-se completamente por Cristo (Jo 14:9; 17:6).
Deus se comunica com o homem revela a Sua grandíssima misericórdia. Deus comunica-se com o
homem pecador através do Seu Filho e revela um infinito amor e misericórdia (Jo 3:16, "de tal
maneira"; I Jo 3;1, "quão grande amor"). Saiba que se Deus nos deu o que havia de mais precioso
diante dEle (Pv 8:30) com o propósito de se comunicar com o homem pecador, nenhum outro meio
pode ser aceito (Jo 14:6). Não são aceitas hoje visões, sonhos ou opiniões; nem de anjo ou de
apostolo (Gl 1:8). Nada daquilo que pode ser interpretado como igual ou além da comunicação de
Cristo é aceito por Deus. Deus falou-nos nestes últimos dias pelo Filho (Hb 1:1). Não há
dominação, visível ou invisível, ou potestade, que existe ou possa existir, ou qualquer outra criatura
que se tornou ou que pode se tornar que tomará o lugar da comunicação de Deus. Cristo está, antes
de todas as coisas (Cl 1:17), acima de todas as coisas (Ef 1:21) e vencedor para todo o sempre (Ap
19:13-15). Quem despreza a Palavra que Deus têm dado, despreza verdadeiramente a Deus (Jo
12:47-50; 14:24). Não podemos achar que a experiência finita humana pode se igualar ou superar a
Palavra do infinito Deus. Não podemos sugerir pela nossa filosofia que aquilo que os espíritos
podem nos comunicar têm preeminência sobre a comunicação divina de Deus. Tudo deve se
submeter à comunicação de Deus, ou a Cristo. Cristo é o Verbo dado por Deus em misericórdia.
Cristo é um com Deus (I Jo 5:7; Jo 1:18, "está no seio do Pai").
Cristo é a Palavra de Deus. Cristo, em Si, é Deus. Através dos nomes que a Bíblia dá a Jesus
sabemos que Ele é a Palavra de Deus. A Jesus é dado o nome Jeová (Jl 2:32 - At 2:21,36; 16:31; Jr
23:5,6), Deus Forte (Is 9:6), único Deus sábio (Jd 24), Deus bendito (Rm 9:5), Deus (Is 45:22,23 -
Fp. 2:10; Sl 45:6 - Hb 1:8), e o verdadeiro Deus (I Jo 5:20). Qualquer pessoa que queira se igualar a
Cristo, aos patriarcas {como Moisés} ou aos profetas {como Elias} receberá do Deus Pai dura
repreensão, "Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-O". Através dos atributos
que a Bíblia mostra de Cristo sabemos que Ele é a Palavra de Deus. Cristo é o criador (Gn. 1:26; Jo
1:3; Cl 1:16,17; Hb 1:2), soberano (Sl 138:2; Jo 3:31; Ef 1:21; Fp. 2:9-11; Cl 1:17,18; "Todo-
Poderoso" Ap 1:8), eterno (Is 9:6, "Pai da eternidade"; Hb 1:10-12; Ap 1:8, "que é, e que era, e que
há de vir"), imutável (Hb 1:12); onipresente (Mt. 28:20, "e eis que Eu estou convosco todos os dias,
até a consumação dos séculos.") e onisciente (Jo 13:7; 16:30, "Agora conhecemos que sabes tudo, e
não precisas de que alguém te interrogue."; 21:17, "Senhor, tu sabes tudo" ).
Todos estes atributos testificam que Cristo é Deus pois são atributos de Deus. Cristo
verdadeiramente é o Verbo divino. Pelos feitos de Cristo também sabemos que Ele é divino pois
alem da criação, a redenção é efetuada por Cristo (I Co 1:30; Ef 1:7; Hb 9:12). Cristo é quem
administrará o juízo no último dia, (Jd 1;15, "para fazer juízo contra todos") pois foi profetizado do
"trono de Davi e no seu reino" que Cristo virá "com juízo e com justiça" (Is 9:7; Jo 8:16, "E, se na
verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro"). Ninguém, além de Deus, têm um "cetro de equidade" (Hb
1:8) e este título Deus diz é do Seu Filho. Podemos também afirmar que Cristo é a Palavra de Deus
pois a adoração dada a Ele é adoração devida à divindade. Por Cristo cremos para ser salvos (At
16:31) e em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo devemos ser batizados (Mt. 28:19). Se
Deus derramou tais bênçãos no Filho, devemos dirigir as nossas vidas por tal comunicação divina.
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Deus em misericórdia têm operado com o homem. Esta misericórdia se vê em Cristo quem
Deus deu em amor ao mundo. Por Cristo, Deus têm se manifestado ao mundo, agora e para sempre.
Se desprezamos a Cristo em qualquer ponto, estamos desprezando a Deus. Se ignoramos um pouco
a Bíblia, ou desobedecemos uma parte dela, estamos ignorando a Deus e desobedecendo a Ele.
Imagine se Deus não tivesse deixado uma comunicação para o homem saber o que Ele
deseja. O homem seria refém da sua própria mente limitada e do seu coração enganoso.
Superstições correriam livremente e a criação de filosofias diversas sobre o divino e como agradá-lo
nunca teriam fim. Medo, temor e ignorância seriam normais. Se Deus não nos tivesse dado a Sua
comunicação. Mas Deus deu-nos a Sua comunicação. Ela é clara, cheia de amor, graça e verdade. A
comunicação de Deus para com o homem é Cristo Jesus, o Filho de Deus. Quem não se submete à
esta comunicação responderá a Deus. Submeta a sua vida à Palavra de Deus.
13.10 Maravilhoso – Is 9:6
Isaías 9:6, "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os
seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso..."
A palavra "Maravilhoso" em hebraico significa extraordinário, surpreendente, difícil de
entender, admirável ou até assombroso quando consideradas as ações de julgamento e redenção em
relação a Cristo. A profecia de Isaías descreve Cristo como sendo as mil maravilhas, ou seja,
primoroso e excelente.
Assim são as qualidades de Cristo. Essa qualidade de Cristo ser maravilhoso pode ser vista
através das experiências daqueles que já se encontraram com Ele na sua glória. Quando Deus falava
com seu povo por meio de visões ou de sonhos ou até mesmo verbalmente, o efeito era assombroso.
Moisés "encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus" (Êx. 3:6). Ezequiel caiu sobre o seu
rosto (Ez 1:28). Daniel não tinha mais força e caiu sobre o seu rosto "num profundo sono" e depois
pode se levantar tremendo (Dn 10:8-19). Assim descreveu Habacuque sua reação ao se deparar com
a glória de Deus, "ouvindo-o eu, o meu ventre se comoveu, à sua voz tremeram os meus lábios;
entrou a podridão nos meus ossos, e estremeci dentro de mim" (Hc. 3:16). Cristo é Deus, porque as
mesmas reações foram relatados na Bíblia na presença da glória de Cristo. Quando os servidores
que foram mandados para prender a Jesus voltaram com as mãos vazias eles se desculparam
dizendo, "Nunca homem algum falou assim como este homem" (Jo 7:46). A fascinação que Cristo
exercia os impressionou grandiosamente.
A qualidade que Cristo têm de ser admirável provocou uma mulher dentre a multidão
levantar a sua voz e dizer, "Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste" (Lc
11:27). Cristo era maravilhoso para ela. Quando Paulo encontrou a Cristo pessoalmente ele caiu em
terra e tremeu atônito ao ponto de ficar cego a partir daí ficou três dias sem ver, sem comer e sem
beber (At 9:3-9). Cristo era maravilhoso para ele. A reação de falar com Jesus era tanto quanto o
próprio Deus Pai, pois Cristo é a Palavra de Deus e assim, maravilhoso. Quando João viu a Jesus
extraordinariamente ele caiu como morto aos Seus pés (Ap 1:13-17). Também foi assim com
aqueles que vieram com Judas Iscariotes para prender a Jesus (Jo 18:5,6). Até ao morrer, Cristo foi
maravilhoso. O centurião que estava presente na crucificação de Cristo ficou surpreendido com o
prodígio da majestade de Cristo, pois Mc 15:39 diz, "E o centurião, que estava defronte dele, vendo
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que assim clamando expirara, disse: Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus." A
assombrosa qualidade de Cristo foi maravilhosamente destacada neste centurião.
Se a Bíblia revela que os casos verídicos de encontros com o maravilhoso Deus provocaram
tais reações, podemos saber que qualquer pessoa que encontra a Jesus hoje também terá as mesmas
reações, pois Cristo não deixou de ser maravilhoso. Cristo não mudou (Hb 13:8). É verdade que
Satanás é um enganador e pode até se transformar em anjo de luz (II Co 11:14) mas em nada se
compara a Cristo Maravilhoso. Se você testemunha conhecer a Cristo pessoalmente como seu
Salvador, não é necessário um encontro como estes mencionados, mas uma coisa é certa, "se
alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (II
Co 5:17). Como é o testemunho da sua vida? Conhece este Cristo maravilhoso? Precisa se encontrar
com o Salvador maravilhoso? Ele disse, "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e
Eu vos aliviarei." (Mt 11:28).
As obras de Cristo também mostram que Ele é maravilhoso. João Batista na prisão precisava
de uma confirmação. Ele pediu que dois dos seus discípulos trouxessem um testemunho da
autenticidade de Cristo. Jesus enviou estes dois para dizerem o que tinham visto e ouvido: "que os
cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e
aos pobres anuncia-se o evangelho. E bem-aventurado é aquele que em Mim se não escandalizar."
(Lc 7:22,23). Os milagres de Cristo falaram alto de sua qualidade de ser maravilhoso. De certo, João
deixou de ter dúvidas. As obras de Cristo mostraram nitidamente que Ele era digno de admiração,
Nicodemos procurou a Jesus "porque ninguém pode fazer estes sinais ... se Deus não for com ele."
(Jo 3:2). As obras de Cristo eram maravilhosas porque eram obras de Seu Pai (Jo 4:34; 5:19; 9:4). A
obra de Cristo tem sido feita na sua vida? A sua vida está sendo um testemunho da grandeza que
Cristo? Não é possível andar na carne habitualmente e ter o Maravilhoso Cristo em seu coração.
13.11 Conselheiro
Isaías 9:6, "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os
seus ombros, e se chamará o seu nome: ... conselheiro ..."
Colossenses 2:3, "Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência".
A palavra hebraica usada em Isaías 9:6 significa avisar, consultar ou dar conselho. Para que
alguém possa dar conselho, este precisa conhecer bem a situação e até saber mais da situação ao
ponto de poder de ajudar resolvê-la. O nome "conselheiro" aponta para a sabedoria de Cristo e sendo
sábio, Ele pode nos avisar sobre cada uma das nossas situações. Imagine cada um dos bilhões de
pessoas que existem no mundo. Considere que cada um tem a sua personalidade particular. Cada um
tem a suas necessidades em horas diferentes dos outros. Cristo é conhecido como conselheiro, pois
Ele pode avisar e dar conselho a todos particularmente e a todos ao mesmo tempo. Ele conhece bem
os pensamentos dos homens, sim, conhece bem todas as coisas (João 2:25; 21:17). A Palavra de
Deus têm estes conselhos e quando cada pessoa a lê, pode ser aconselhada conforme a sua
particularidade naquele momento. Cristo é a Palavra de Deus, e Ele é o "Conselheiro". Você têm
avaliado a Sua sabedoria recentemente?
A sabedoria de Cristo é vista na maneira como Ele criou o mundo. Cristo é apontado como
"por quem" Deus "fez também o mundo" (Hb 1:2; Jo 1:3). Não só criou o mundo, mas também
sustenta o mundo continuamente (Cl 1:17, "todas as coisas subsistem por Ele."; At 17:26-28; Hb
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1:3). Para que alguma coisa criada continue existindo sem precisar ser melhorado de vez em
quando, pode ser vista a sabedoria de quem a fez. O mundo hoje continua assim como foi criado há
milhares de anos e para isso não foi necessário ser levado devolta para o laboratório para ser
repensado. Sim, mesmo com os efeitos da destruição do homem, o mundo ainda reproduz e se
purifica, continua apesar do homem. Olhando para o equilíbrio que o mundo tem declara-se a glória,
a sabedoria de Quem o fez (Sl 19:1-11). O homem poder descobrir os segredos da criação e usá-los
para o seu bem, já é uma misericórdia de Deus. Cada grão precisar ser cultivado da sua própria
maneira testifica a grande sabedoria de Cristo o conselheiro (Is 28:23-29).
Na relação da redenção, Cristo é mencionado como sendo o "conselho de paz" no Seu reino
(Zc 6:13). Através dos avisos da Palavra de Deus podemos conhecer a nossa situação pecaminosa e
de rebeldia contra o Santo Deus. Pela obra do Espírito Santo fomos levados a crer em Cristo, o
Filho de Deus como nosso Salvador, e desde aquele momento Cristo têm sido feito por Deus a nós,
"sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção;" (I Co 1:30). Agora tendo uma nova natureza por
Cristo (II Co 5:17) podemos discernir espiritualmente e completamente "com todos os santos, qual
seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade" pois "temos a mente de Cristo" (I Co
2:12-16; Ef 3:18). Tendo Cristo como nosso irmão (Mt. 12:48-50) podemos "alcançar misericórdia
e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno" (Hb 4:16) pois em Cristo "estão
escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência" (Cl 2:3). Cristo é o "único Deus sábio" (Jd
1:25) e com esta capacidade Ele vêm advogar pelos seus que pecam (I Jo 2:1). Que bênçãos têm os
que vêm a Deus por Ele. Você tem chegado perto de Deus por Cristo recentemente para conhecer a
grandeza da Sua plenitude?
O conselho que Cristo dispensa é para todos os que querem ouvir. Cristo avisou os
pecadores para se arrependerem; Ele animou as almas de creem nEle; aconselhou os cansados a
virem a Ele para acharem descanso; os famintos e sedentos para terem comida; os que eram curados
e perdoados, os aconselhou para não pecarem mais; e Ele avisou seus seguidores a fazerem a todos
como eles gostariam que os outros fizessem a eles; a se comportarem de uma maneira modesta e
humilde; a levar afronta e perseguições com alegria; a amarem uns aos outros; e a orar ao Seu Pai,
em Seu nome, por todas as coisas que precisariam: e agora Ele dá ao Seu povo conselho pelo
ministério da Palavra, qual é o conselho de Deus, o produto da Sua sabedoria, um relatório do Seu
conselho e concerto eterno, uma declaração da vontade de Deus e de Cristo; na qual Cristo
aconselha os pobres de espírito a virem a Ele para ter as riquezas, os sem roupa para serem vestidos,
os ignorantes para terem a luz espiritual e o conhecimento para os que estão perecendo sem
salvação; Cristo aconselha os que confiam nEle a estarem nEle e isso, pelas verdades dEle; O
conselho de Cristo é saudável e propicio, forte, sincero e fiel; é sábio e prudente, e livremente dado;
e no qual, sendo confiado, sempre têm êxito pleno: Cristo é o Conselheiro no céu pelos Seus; Ele
aparece lá na presença do Pai pelos Seus; representa as Suas pessoas, e apresenta as suas petições;
responde pessoalmente por todas as ofensas contra eles; e como Advogado deles, roga a sua causa;
e pede pelas bênçãos que Deus quer dar para eles, as quais eles mesmos precisam; por tudo isso
Cristo
é qualificado abundantemente, sendo o único Deus sábio (Jd 1;25), o ancião de dias (Dn 7:22), o Pai
do Seu povo; e como Mediador (I Tm 2:5,6), a Sabedoria de Deus (I Co 1:30), em Quem esconda
todas os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2:3), e em Quem o Espírito da sabedoria e
entendimento, e de conselho e poder repousa (Is 11:2). (Gill, Online Bible, Is 9:6).
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Por Cristo ser "o Conselheiro" o Salmista declara, "... àqueles que buscam ao Senhor bem
nenhum faltará." (Sl 34:10).
13.12 Deus forte
Isaías 9:6, "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os
seus ombros se chamará os seus nomes: ... Deus Forte ... "
Cristo não é nada menos do que "Deus". Este não é um nome que Ele tomou para Si só, mas
um nome que o Seu Pai O deu. O anjo do Senhor veio a José em sonho e disse que o que acontecia
era o que havia sido dito "de parte do Senhor, pelo profeta" e o nome do menino que logo nasceria
seria "Emanuel, que traduzido é: Deus conosco". Frequentemente os Salmos davam profecias ao
povo, que procurava informações sobre o Messias. O Salmo 45 é um destes. Quando o escritor de
Hebreus, pela inspiração, usa o trecho dos versículos 6,7 de Salmos 45, ele cita que Deus está
falando do próprio Filho. Nesta passagem Deus chama o Seu Filho de Deus (Hb 1:8,9). Por isso
Cristo podia afirmar, "Eu e o Pai somos um" (Jo 10:30). Muitas pessoas gostam de dizer que Jesus
quis dizer nessa passagem que Ele e o Pai eram um em propósito, ou mensagem, ou ainda citam
outra forma. É interessante notar que as pessoas que receberam a mensagem entenderam muito bem
que Cristo, pelas Suas palavras, quis dizer que Ele, sendo homem, fazia Se Deus a Si mesmo (Jo
10:33). Cristo era igual a Deus, mas não por usurpação e nós não devemos ter receio ao chamá-lo de
Deus. Podemos afirmar, juntamente com Isaías (Is 9:6; 45:21), Jeremias (Jr 23:6), Oséias (Os 1:7),
Tomé (Jo 20:28), Paulo (Rm 9:5; I Tm 3:16) e João (I Jo 5:20), que Cristo é o verdadeiro Deus
bendito, Jeová.
A força de Cristo pode ser vista através daquilo que Ele têm feito. Sabemos que Cristo
esteve ativo desde a criação do mundo, pois João nos diz que "todas as coisas foram feitas por Ele,
e sem Ele nada do que foi feito se fez" (João 1:3) uma afirmação que o escritor de Hebreus repete
dizendo que Deus Pai pelo Filho "fez também o mundo" (Hb 1:2; Ef 3:9; Cl 1:16,17). A obra da
salvação é comparada à obra da criação (II Co 4:6) e as duas obras mostram bem que Cristo é o
Deus Forte.
Na criação a vontade de Deus esteve ativa primeiramente para criar. "No princípio Deus..."
(Gn. 1;1). Deus não procurava licença de algo ou alguém para fazer a Sua vontade. Não existia algo
ou alguém além de Deus quando Ele decidiu criar o mundo. Paulo deixa uma pergunta no ar que
ainda não foi respondida e nem vai ser respondida nunca, pois ninguém foi o Seu conselheiro (Rm
11:33-36). Em relação a salvação acontece a mesma coisa. II Co 4:6 diz, "Porque Deus ...",
mostrando que a primeira obra da salvação foi dEle. É verdade que Deus compadece de quem Ele
compadece e têm misericórdia de quem Ele têm misericórdia, sem pedir licença, permissão ou o
direito de alguém (Rm 9:15,16). Se hoje existe alguém que ama a Deus, saiba que foi Deus que o
amou primeiro (I Jo 4:10,19). Se hoje existe alguém salvo saiba que foi por causa da obra excelente,
mas misteriosa, da eleição de Deus (Jo 15:16; 1:12,13) e essa obra foi feita bem antes que o homem
existisse, sim antes da fundação do mundo (Ef 1:4). Um Deus com a capacidade de fazer algo do
nada; só pela Palavra mandar "haja luz; e houve luz" (Gn. 1:3) é O mesmo "quem resplandeceu em
nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo." (II
Co 4:6).
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Na criação, a vontade de Deus não só foi ativa primeiramente para criar, pois só havia trevas
para receber a Sua obra (Gn. 1:2). O coração do homem é igual, pois "amaram mais as trevas do
que a luz, porque as suas obras eram más." (Jo 3:19). A profundidade dessas trevas é entendida
quando Deus olhou dos céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse
entendimento e buscasse a Deus. O que Deus não viu revela a profundidade das trevas que o homem
ama. O relatório de Deus era que "desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há
quem faça o bem, não há sequer um" (Sl 14:2,3). Sem a obra de Deus na vida do homem, o homem
continuaria em trevas e a amá-las. “Na obra da salvação é Deus que resplandece nos corações para
a iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.” (II Co 4:6).
O que Cristo criou, Ele sustenta (Cl 1:17; Hb 1:3) e isso apesar das obras de destruição do
homem em toda a parte do mundo. Um dia faz declaração a outro dia continuamente (Sl 19:2); e o
sol continua no seu curso que é desde uma extremidade dos céus até à outra extremidade e nada se
esconde do seu calor (Sl 19:6); durante milênios o fogoso respirar das ventas do cavalo é terrível (Jó
39:18-25); as riquezas da sabedoria e da ciência de Deus são eternamente profundas (Rm 11:33) e
isso testemunha que Algo sustenta tudo, e Este Algo é Cristo. A sustentação da salvação testemunha
da mesma força deste Deus Forte. Assim como a continuação do sol mostra o poder e glória de Deus
também a vereda dos justos brilha mais e mais até ser dia perfeito e isso testemunha como Cristo
sustenta o que Ele mesmo começou (Pv 4:18) Essa salvação Cristo aperfeiçoará até ao dia de Jesus
Cristo (Fp. 1:6). O homem que confia em Cristo não têm nada a temer. Cristo não é só o Autor da
nossa fé mas também é o seu consumador (Hb 12:2). Cristo vive sempre a interceder pelos Seus (Hb
7:25) e a intercessão de Cristo têm o ouvido do Pai (Mt. 17:5). Cristo satisfez tudo o que o Pai lhe
pediu e por isso é conhecido como sendo "a causa da eterna salvação" (Hb 5:9). Para o crente em
Cristo não há o medo de perder a salvação. O que o crente em Cristo têm é certeza (Fp. 1:6; II Tm
1:12).
Tudo quanto Cristo tinha feito foi vista por Deus e Ele mostrou a Sua aprovação dizendo que
"era muito bom" (Gn. 1:31). A salvação mostra a glória de Deus da mesma forma e Deus fica
completamente satisfeito com todos que estão em Cristo (Is 53:10). Temos uma salvação gloriosa e
uma salvação que produz obras gloriosas para nós (Ef 2:8-10). Há uma maravilhosa luz para
testificar (I Pe 2:9), vida eterna para gozar (Jo 3:16), paz com Deus que glória na esperança da
glória de Deus para experimentar (Rm 5:1-8), nenhuma condenação para nos separar de Deus (Rm
8:1) e perfeita preparação para o serviço de Deus para ter (II Tm 3:15,16). Tudo isso pelo Cristo que
é Deus Forte..
Você já tem esta obra feita por Cristo pela misericórdia de Deus? Se desejar, Ele quer que
você a busque (Is 55:1-6). Todos os que vêm a Deus por Jesus Cristo são misericordiosamente
aceitos. Venha já a Deus por Cristo, o Deus Forte!
13.13 Pai da eternidade – Is 9:6
Isaías 9:6, "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os
seus ombros, e se chamará o seu nome: ... Pai da Eternidade"
Como é Cristo, o Filho, considerado Pai? Mesmo o Pai e o Filho sendo um (Jo 10:30) e
quem vê o Filho vê o Pai (Jo 12:44,45) eles não são a mesma pessoa na trindade, mas pessoas
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distintas. Cristo está com o Pai (I Jo 1:2) e enviado pelo Pai (Jo 3:17) e nós chegamos ao Pai pelo
Filho (Jo 14:6) isso mostra que são pessoas distintas.
Mas Cristo é considerado Pai quando se entende que Ele é o autor da fé (Hb 12:2). Cristo é o
Pai de um novo testamento, pois "a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo 1:17). Neste
Novo Testamento, Cristo estabeleceu a Sua igreja (Mt. 16:18), com as doutrinas e as ordenanças.
Cristo é a cabeça da Sua igreja, e neste aspecto, é Pai. Pelo fato de Cristo cumprir a lei e obedecer a
tudo para termos a vida eterna (João 10:10; 14:6) Ele é chamado o Pai da Eternidade.
Cristo também é chamado por Pai devido a Sua obra para com os salvos. Ele veste os seus
(Gn. 3:21), sim, com a Sua salvação (Is 61:10), Seu sangue (Ap 1:5) e com a Sua própria justiça (II
Co 5:21). Esta vestimenta é assim como a de uma noiva, com turbante sacerdotal (Is 61:10) que faz
com que os Seus sejam lavados com a água da palavra para serem sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santos e irrepreensíveis (Ef 5:25-27). Cristo cuida dos seus com amor de Pai. Ele
guia os Seus pelas veredas da justiça, em pastos verdes, e mansamente a águas tranquilas (Sl
23:2,3). Os Seus não precisam espanto nenhum pois Ele guarda a alma de todo o mal para que
possam entrar e sair livremente e achar pastagens (Sl 121:7,8; Jo 10:9). A mesa preparada por Ele,
até mesmo na presença dos inimigos, é como uma casa de banquete (Ct 2:4). A mesa está farta bem
preparada com alimentação cheia de graça. A água é a água viva que torna uma fonte que salta para
a vida eterna (Jo 4:14) e o pão que Ele fornece é a Sua própria carne, que é a vida eterna (Jo
6:53,54,63). Verdadeiramente o Seu estandarte sobre os Seus é o amor (Ct 2:4). Cristo é o Pai pois
Ele promove os Seus à posições de honra. Ele se deu a Si mesmo por nossos pecados, para nos livrar
do presente século mau (Gl 1:4) ao ponto de sermos herdeiros de Deus (Rm 8:17). Em Cristo somos
salvos com uma eterna redenção (Hb 9:12) amando nos sempre com um amor eterno (Jr 31:3).
Cristo tem sido um Pai aos Seus e ainda está pronto para amparar todos os que estão prontos a vir a
Ele (Mt. 11:28). Você já conhece a bênção que é conhecer a Cristo como Pai?
Cristo é chamado Pai da Eternidade por ser eterno. Ele é o mesmo ontem, hoje e será
eternamente (Hb 13:5). Cristo, desde o princípio, está com Deus (João 1:1; 17:24), sim, Cristo
existe antes de todas as coisas (Cl 1:17; Pv 8:22) e nunca poderá morrer outra vez mas é vivo para
todo o sempre e têm as chaves da morte (Ap 1:18). Por Cristo há a vida eterna (Jo 3:16; 10:28) pois
o aumento deste principado e da paz não haverá fim (Is 9:6). Quem está em Cristo têm a vida eterna,
e, além disso, têm o cuidado de um amoroso Pai. Você conhece este Salvador pessoalmente? Você o
conhece intimamente e como Pai da Eternidade?
13.14 Príncipe da paz – Is 9:6
Isaías 9:6, "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os
seus ombros, e se chamará o seu nome: ... Príncipe da Paz."
Através de Cristo vêm a paz, a paz verdadeira, eterna, honrosa, exaltada e soberana. Cristo é
chamado por "Príncipe" por ser notável e nobre. Cristo é chamado príncipe "da Paz", pois esse é seu
fruto, reino e natureza.
Sem o "Príncipe da paz não há paz, pois, o homem, sem Cristo, tem só condenação diante
de um Deus justo e poderoso” (Is 57:21; Jo 3:36).
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A Bíblia mostra dois príncipes. Um é o "Príncipe da Vida" - Cristo (At 3:15), e o outro é o
"príncipe das potestades do ar" (Ef 2:2), o "príncipe deste mundo" - Satanás que opera nos filhos da
desobediência e é julgado (Jo 16:11). Um leva para vida eterna, pois é o "Príncipe da Paz" e o outro
leva para morte eterna, pois é o "príncipe dos demônios" (Mc 3:22).
Por Cristo ser chamado "Príncipe" podemos entender que Ele tem as qualidades de um
príncipe. Por Ele ser chamado "Príncipe da Paz" podemos entender que Ele tem as qualidades de
um príncipe reto e justo. O título de "Príncipe" significa responsabilidade (Ez 45:17), honra (I Re
11:34; 14:7; Jó 31:37; At 5:31), poder (Gn 32:28) e soberania (Nm 16:13; Êx 2:14).
A responsabilidade de Cristo é servir (Mt. 20:28) e salvar os seus (Jo 12:27,47; Lc 19:10)
fazendo assim toda a vontade do Seu Pai (Jo 4:34; 17:4). Cristo é honrado como "Príncipe da Paz",
pois está elevado à essa posição por Deus (At 5:31) sendo obediente em tudo (Fp. 2:8,9). Cristo têm
poder de príncipe por ser Filho de Deus (Mt. 1:23, "Deus conosco") e por isso têm a vitória sobre a
morte, o mal, o pecado e o príncipe das trevas, satanás (I Co 15:55,57; Hb 2:14; 9:26). As
qualidades pessoais de Cristo mostram que Ele é o "Príncipe da Paz."
Cristo é o Príncipe "da Paz" por ser onisciente. Cristo sabe todas as coisas (Jo 21:17) e assim
proporciona paz. Ele sabe qual é a exata medida da necessidade em cada momento e a situação dos
Seus (Hb 4:14-16). Por ninguém saber mais do que Ele, os que confiam nEle podem viver com
contentamento porque Ele prometeu, "Não te deixarei, nem desampararei." (Hb 13:5) e Cristo será
assim eternamente, "ontem, e hoje, e eternamente" (Hb 13:8). Por Cristo ser onisciente Ele é o
"Príncipe da Paz".
Cristo também é o Príncipe "da Paz" por ser onipotente. Cristo não teme ser usurpado por
algo que mude a eficácia da Sua obra. Por Ele ser onipotente pode "salvar perfeitamente os que por
Ele se chegam a Deus" (Hb 7:25) e proporciona paz aos que confiam nEle. A obra que Deus
começou em todos os que estão escondidos em Cristo será aperfeiçoada (Fp 1:6) e a nenhum dos
Seus faltará bem algum (Sl 23:1).
Cristo também é o Principie "da Paz" por ser onipresente. Cristo não é limitado a um lugar
ou a uma hora, está sempre presente com o Seu poder. Quando Cristo está presente, Ele
frequentemente traz a Sua paz (Jo 20:19-21). A Sua presença está prometida pois Ele mesmo a
prometeu, "e eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mt. 28:20).
Nada pode nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor, nada pode nos
separar de Cristo ("para que onde Eu estiver estejais vós também", Jo 14:3). Por Cristo ser
onipresente, Ele é o "Príncipe da Paz".
Cristo é o "Príncipe da Paz" por ser santo junto com os Seus outros atributos. Ninguém
convence a Cristo de nenhum pecado (João 8:46). Cristo não conheceu pecado (II Co 5:21). Por ser
santo, os seus atributos operam com justiça, retidão e são equilibrados em amor. Os que conhecem o
"Príncipe da Paz" não precisam temer que o poder fosse usado de uma maneira injusta, ou que o
Seu amor será menos do que limpo. As promessas de Cristo para os Seus, não só serão cumpridas
por Seu poder como também serão cumpridas pelo fato que não cumpri-las seria um defeito na Sua
santidade. Por Cristo ser santo Ele é o "Príncipe da Paz."
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Pela falta de conhecimento e poder, por ser limitado a um lugar e por ser pecado, Satanás
não têm paz e não pode fornecer paz a não ser aquela falsa paz que está embutida ao gozo
temporário do pecado (Hb 11:25). Os que seguem o "príncipe deste mundo" serão julgados
juntamente com ele no juízo final sendo atormentados para todo o sempre (Ap 20:11-15). Por isso é
verdadeiro Is 57:21, "Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus."
Os que estão em Cristo conhecem a paz e conhecerão a paz enquanto Ele permanecer, e Ele
é eterno. Para entrar em Cristo é necessário se arrepender dos pecados e ter fé em o Senhor Jesus
Cristo, que é Aquele que derrubou a parede de separação que estava entre o pecador e Deus,
"fazendo a paz" (Ef 2:13-16). Você já conhece a Cristo, o "Príncipe da Paz"? Continue crescendo
na graça e no conhecimento de Cristo (II Pe 3:18), pois quanto mais você descobre dEle, mais paz
conhecerá.
13.15 Mistério da piedade - I Tm 3:16
I Timóteo 3:16, "E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou
em carne, foi justificado no Espirito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo,
recebido acima na gloria."
Por Cristo ser divino, há muito mistério sobre a sua vida a ser discutido. Não há muito sobre
a sua vida humana e divina, obras milagrosas, sabedoria perfeita que pode ser explicada usando
somente a lógica humana. A vide de Cristo vai muito além da mente humana por isso Cristo é
referido como o "mistério" da piedade. Todas as palavras, doutrinas, feitos e o próprio exemplo de
Cristo, quando entendidos pela fé, enfatizam a necessidade da piedade em todas as suas partes,
interiores e exteriores. Por isso Cristo é referido como o "mistério" da piedade (John Gill
Commentary, Online Bible).
Tudo que se refere a Cristo envolve piedade. Para remir os que estavam sob da lei, Cristo
nasceu de mulher, sob a lei (Gl 4:4). Os que estavam longe de Deus, pelo sangue de Cristo, podem
se aproximar (Ef 2:13), sim, tão perto que podem ser chamados "filhos de Deus", "herdeiros de
Deus, e co-herdeiros de Cristo" (Rm 8:16,17). Para que o pecador seja piedoso diante de Deus, Deus
enviou Seu Filho Jesus Cristo para morrer. Foi o Justo pelos injustos (I Pe 3:18). Deus dar tão
grande salvação, aos que merecem eterna condenação e tormento no inferno, é um "mistério".
Cristo é Deus "na carne". Deus é Espírito e não têm corpo como o homem (Jo 4:24), mas
Deus se manifestou por Cristo. Cristo é "a expressa imagem da Sua pessoa" (Hb 1:3). A maneira
como Deus pode se manifestar em uma carne finita é um mistério. Por Cristo ser Deus manifestado
em carne o anjo falou a José que Cristo deveria receber o nome Jesus. Isso para cumprir a profecia
de que todos O chamariam Emanuel, que traduzido é: "Deus conosco" (Mt. 1:19-23). A maneira
como o Deus eterno, soberano, onipotente, onisciente, onipresente, criador do mundo e do universo
pode se manifestar num corpo finito de uma criança judia, numa família pobre, numa cidade
pequena; numa criança que fora submissa a pais finitos e pecadores e viver sem provocar grandes
notícias públicas por uns trinta anos é um mistério. Mas o mistério não faz com que a verdade seja
menos real.
Cristo foi "justificado no Espírito", isso quer dizer, mostrado justo e inocente. Em o
nascimento de Jesus o Espírito Santo operou misteriosamente. Mesmo Cristo nascendo de mulher
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pecadora e, assim com corpo humano, Ele era infinitamente piedoso. O Espírito Santo garantiu a
santidade de Cristo (Lc 1:34,35). Um mistério que nem mesmo Maria compreendeu, mas aceitou
pela fé (Lc 1:38). Todos os salvos aceitam este fato com a mesma fé. Os que pregam diferente
devem ser considerados como "falsos profetas" e com o "espírito do anticristo” (I Jo 4:1-3). Em o
batismo de Jesus o Espírito Santo operou, testificando que Ele era verdadeiramente o Filho de Deus
(Mt. 3:13-17). O crente batizado, da maneira neo-testamentária, mostra a piedade, a salvação, que
recebe de Deus por Cristo (Rm 6:5). A salvação é uma obra divina dada a nós pelo Espírito Santo,
testificando de Jesus a nós (Tt 3:4-7) e o batismo simboliza esse mistério. Em a tentação de Jesus o
Espírito Santo apresentou Jesus justo e inocente diante de Satanás e do mundo (Mt. 4:1-11). As
obras de Cristo aconteceram pela unção do Espírito Santo (At 10:38; Mt. 12:28; Lc 4:16-21) e foram
suficientes para mostrar "que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus" (Jo 20:30,31). Cristo também foi
ressuscitado pelo Espírito Santo e isso mostra que todos os que confiam em Cristo ressuscitarão
assim como Ele pelo mesmo Espirito (Rm 8:11). Todos os que confiam em Cristo pela fé são
justificados diante de Deus (Jo 3:35,36). Tudo isso é um mistério, mas graças a Deus é um "mistério
da piedade".
Cristo foi "visto pelos anjos" como parte do "mistério da piedade". Antes da Sua
encarnação, Cristo "era cada dia as delicias" do Pai (Pv 8:30) com os anjos o adorando (Hb 1:6). Na
encarnação, os anjos estavam presentes "louvando a Deus" (Lc 2:13,14). Agora, estando "à destra
de Deus, tendo subido ao céu" têm os anjos sujeitos a Ele (I Pe 3:22) e eles o louvam eternamente
(Ap 5:11,12). Cristo possui tanta piedade, que os anjos cantam e louvam pela eternidade sem chegar
à metade da expressão que é esse "mistério de piedade".
O "mistério da piedade" se expressa diferentemente quando se entende que Deus
"manifestado na carne" e "justificado no Espírito" e "visto dos anjos" foi "pregado aos gentios". O
que os gentios têm para que mereçam tal benção? Os gentios estavam tão confortados com as trevas
que amaram mais as trevas do que a luz de Cristo (Jo 3:19). Os gentios estavam "sem Cristo,
separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem
Deus no mundo" (Ef 2:12) e estavam contentes assim. Os gentios não entenderam a Deus, nem
buscaram a Deus. Eles todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Os gentios não tinham
o temor de Deus diante de seus olhos (Rm 3:10-18), mas mesmo assim, pelo "mistério da piedade"
Cristo foi "pregado aos gentios" (Exemplos: O eunuco - At 8:26-40, Cornélio - At 10:1-48, e nós
nos confins da terra - Mt. 28:18-20). Para que você conheça o "mistério da piedade" não o procure
entender. Clame a Deus pela fé, crendo nas promessas de Deus para que Ele faça de você piedoso
por Cristo, o "mistério da piedade".
O "mistério da piedade" não só deve ser pregado aos gentios, mas "crido no mundo". O que
o Deus Santo viu para dar tal consideração ao homem? Assim como o Salmista perguntou, também
temos que perguntar, "Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para
que o visites?" (Sl 8:4). Para que Deus amasse tal podridão (Is 1:6), com tantas iniquidades e para
que sejamos restituídos a glória de Deus (Is 64:6; Rm 3:23), o "mistério da piedade"
verdadeiramente têm que estar presente. O mistério gloriosamente presente é Cristo, o "mistério da
piedade". Cristo é o mediador entre o Deus Santo e o homem pecador (I Tm 2:5,6). Para que os
pecadores cheguem a crer é um mistério. Estes estão satisfeitos com os falsos deuses (At 17:16),
com a concupiscência da carne, dos olhos e da soberba da vida (I Jo 2:16). Mas o "mistério da
piedade" veio para fazer a vontade do Seu Pai (Hb 10:9) e operar de tal maneira que fosse "crido no
mundo". O "mistério da piedade" não para na beleza da crença para a salvação. Cristo "foi recebido
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acima na gloria" e onde Ele estiver, estejais vós nEle (Jo 14:1-4). A promessa é, e têm que ser aceita
pela fé, pois é um mistério, pois assim como Cristo foi aceito "em cima" serão todos os Seus, na Sua
vinda (I Co 15:23).
Pela fé em Cristo, somos feitos piedosos diante de Deus. Seguindo os mandamentos de
Cristo, misteriosamente nos tornamos piedosos no mundo.
13.16 Jesus - Mt 1:21
Mateus 1:21, "E dará à luz um filho e chamarás o seu nome Jesus; porque Ele salvará o seu
povo dos seus pecados."
"Jesus" é um nome usado aproximadamente 942 vezes no Novo Testamento e vêm de uma
palavra hebraica usada 281 vezes no Velho Testamento. No Novo Testamento o nome é Jesus. No
Velho Testamento, o nome é Josué.
É um excelente estudo fazermos uma comparação entre os dois homens que têm o mesmo
nome. Há muitos similares entre os dois. Talvez um estudo futuro possa cuidar deste assunto, mas
queremos hoje estudar outro aspecto do nome "Jesus".
O nome "Jesus", como foi dito, vêm de uma palavra hebraica. Essa palavra hebraica
significa Jeová é a salvação. Por isso o anjo falou a José, em Mateus 1, o filho que o Espírito Santo
gerou se chamará Jesus, "porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados." (Mt. 1:21). O nome
"Jesus" significa o mesmo que Josué, Jeová é a salvação.
Pelo nome podemos ver que Jesus é Jeová. No Velho Testamento, o nome Jeová e a palavra
"Senhor" são usadas intimamente, pois as duas significam a mesma coisa (Jeová = O que existe; o
nome próprio do único e verdadeiro Deus. Esta palavra é usada mais de 5,500 vezes no Velho
Testamento). Muitas vezes quando "Jeová" ou "Senhor" são usadas no Velho Testamento, referem-
se a Jesus do Novo Testamento. Pelo nome então podemos entender que Jesus é Jeová. Gn 2:4 diz:
"que o Senhor Deus fez a terra e os céus". Colossenses 1:16, no Novo Testamento, diz em referência
a Jesus, "Porque nEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra..." mostrando que o
Senhor ou Jeová do Velho Testamento é o Jesus do Novo Testamento. Por isso o filho de Deus
chama-se Jesus. Jesus é Jeová. Em Dt 10:17, em uma clara referência ao Deus Pai, é usado o nome
"Senhor dos senhores". Este mesmo nome é usado pelo Cordeiro, Jesus Cristo, em Ap 17:14; 19:16
(Ver também Jr 23:5,6). Não foi nenhum deslize ou significado oculto quando próprio Jesus disse
em Jo 10:30, "Eu e o Pai somos um." Ele quis dizer o que o nome Jesus significa: Jeová é a
salvação.
Em muitas passagens, o Deus Triuno, que é Espírito (Jo 4:24), são usadas palavras que
representam formas e ações com os homens. Nestes casos pode ser a própria pessoa de Jesus porque
a referência diz claramente que foi o "Senhor". Por exemplo, Gn 18:1 diz que o "Senhor" apareceu a
Abraão (e a Isaque em Gn. 26:24). Deus, que é Espírito, só pode aparecer se tiver forma. Deus se
mostra em corpo por Jesus Cristo. Por isso Ele será chamado Emanuel, que traduzido é Deus
conosco (Mt. 1:23). É dito que o Senhor "encontrou" a Moisés (Êx. 4:24) mas ninguém têm visto "O
Filho unigênito, que está no seio do Pai, e esse O revelou" (Jo 1:18). Jesus, o Senhor, foi quem
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encontrou a Moisés. Jesus disse em Jo 12:45, "quem me vê a mim, vê aquele que me enviou".
Verdadeiramente, Jesus é Jeová que é a salvação.
Quem tem Jesus Cristo têm a salvação. O Velho Testamento profetizando diz que depois que
o Espírito do Deus for derramado sobre toda a carne, "todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo" (Jl 2:28-32). O Novo Testamento mostra que este Senhor é Jesus. Atos 2, no dia de
Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado, Pedro prega Jesus Cristo usando as próprias
palavras de Joel para dizer que Jesus é este Senhor (At 2:16-21,36) e por Jesus só o pecador pode
ser salvo (At 2:37,38). Por Jesus significar Jeová ele era a salvação para aqueles que estavam
arrependidos dos seus pecados creram e foram salvos com uma eterna salvação mostrando tal
salvação pelas suas vidas (At 2:40-42).
Só por Ele alguém pode ir ao Pai. (Jo 14:6). "Aquele que crê no Filho têm a vida eterna;
mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece." (Jo
3:36).
Jesus também é Jeová, pois Ele é a imagem de Deus. Deus é Espírito e não têm corpo como
homem (João 4:24). Como pode um Espírito ter uma imagem? Pela operação de Deus isso fica
claro. Deus se revelou como quis, através de Cristo (João 1:18). Jesus é tão perfeitamente a imagem
de Deus que também é chamado a "imagem do Deus invisível" (Cl 1:15). Por isso Jesus é Jeová.
Temos que ter muito cuidado com aqueles que querem dizer que Jesus não é o Jeová. Eles
estão em cooperação com o próprio "deus deste século", Satanás, que opera para cegar "os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, que é a imagem de Deus." (II Co 4:4). Não dê atenção a aqueles que dizem que Jesus não é
Jeová. Ele é Jeová e o Seu próprio nome diz a verdade. Qualquer diminuição desta verdade é um
outro evangelho e quem prega, ensina, representa ou coopera com tal doutrina falsa, é anátema (Gl
1:8; Ap 22:18,19).
A beleza do nome de Jesus é vista pelas bênçãos que Ele proporciona. A salvação se dá
somente por Jesus. Jesus faz o pecador arrependido se tornar a "justiça de Deus" (II Co 5:21), salvo
(At 16:31), remido (Ap 5:9; Gl 3:13; 4:5), justificado (At 13:39) e glorificado (Rm 8:17,30). Aquele
que se considera o príncipe dos pecadores pode ser salvo por Jesus (I Tm 1:15). Aquele que vê os
seus pecados como escarlata ou vermelho como o carmesim, por Jeová que é a salvação, estes se
tornarão brancos como a neve e como a lã branca (Is 1:18). Por Jesus o que estava sem Deus no
mundo, não tendo esperança e separado da comunidade de Israel já se aproximou (Ef 2:12-18). Não
uma boa posição judicial que o pecador recebe de Cristo, mas uma posição familiar. Por Jesus, O
Jeová que é salvação, o pecador que crê, torna-se filho de Deus, e logo herdeiro, herdeiro de Deus, e
co-herdeiro de Cristo (Rm 8:14-17). Quem vêm a Deus pelo único mediador entre Deus e o homem
(I Tm 2:5,6), é adotado imediatamente (Gl. 4:4-7). Através das bênçãos que vêm de Jesus Ele
comprova que Jeová é a salvação. Note bem isso, se Jesus significa Jeová é a salvação podemos
concluir que não é a igreja a salvação, nem um sacrifício do homem ou aquilo que os homens
podem sacrificar.
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13.17 Pastor e Bispo - I Pe 2:25
I Pedro 2:25, "Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor
e Bispo das vossas almas."
As Sagradas Escrituras comparam o nome de Jesus ao nosso estado anterior como
pecadores. O pecador era como uma ovelha desgarrada. O estado do pecador antes da sua salvação
mostra o quanto Cristo é Pastor E Bispo das almas. A palavra "Pastor" aponta o cuidado dado às
ovelhas, e a palavra "Bispo" aponta para a responsabilidade que o Pastor têm para com as ovelhas.
Para entendermos bem o cuidado de Cristo como Pastor antes da salvação do pecador
considere uma ovelha desgarrada. Desgarrar significa afastar, guiar fora do caminho certo, rondar
ou perambular. Metaforicamente a palavra significa ser guiado da verdade para o erro, enganar;
cortar ou cair da verdade. É usada para descrever hereges.
O primeiro pecador, Adão, não caiu da verdade por ignorância ou engano, mas pela própria
vontade. Mesmo sabendo quais seriam as consequências após comer o fruto proibido ele escolheu
cair e estar junto de Eva na transgressão (Gn. 3:6; I Tm 2:14). Adão foi a primeira ovelha
desgarrada. Depois desse pecado toda a humanidade tornou-se inimigo de Deus, espiritualmente
morta em pecados, incapaz de conhecer a Deus, incapaz de agradar a Deus, com entendimento cego
pelo deus deste século, presa aos laços do diabo, fraca, sem esperança, sem Deus no mundo, rebelde
contra o testemunho interno e externo de Deus e com a ira de Deus permanecendo sobre eles.
Mesmo o homem sendo totalmente responsável pelas suas ações e um transgressor
legalmente condenado à morte eterna separado do Deus santo, Cristo, ainda assim, age com amor
especial para com aqueles que o Pai deu a Ele (Jo 6:39,40). Estas são as pessoas que as Escrituras
especificam com o nome especial: "minhas ovelhas". Com um amor que "excede todo o
entendimento" (Ef 3:19) estas ovelhas desgarradas (Is 53:6; Ez 34:6), rebeldes, sujas, com feridas,
inchaços, chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo (Is 1:6) são
buscadas e salvas pelo Senhor Deus através de Cristo, o Pastor (Lc 19:10). Sendo dadas a Cristo na
eternidade passada (II Tm 1:9), a operação de Deus faz com que elas voltem ao Pastor (I Pe 2:25).
O Pastor ama efetivamente, pois Ele traz todos os seus à salvação (Jo 10:27; 18:9; Hb 5:7-9),
sendo Ele mesmo a porta do aprisco, ou melhor, o meio pelo qual eles recebam uma nova natureza
(Jo 10:9; II Co 5:17; II Tm 2:5,6). Aqueles que entram pelo Pastor passam a ter tanto vontade
quanto capacidade para de agradar a Deus (Fp. 4:13) e conhecer a mente do Senhor (II Co 2:16).
Aquele que têm o Pastor como salvador têm paz, jamais terá inimizade contra Deus, e têm
comunhão aberta a qualquer hora do dia ou da noite com o Todo Poderoso (Ef 2:14-18) alcançando
misericórdia e achando graça, a fim der ser ajudado em tempo oportuno (Hb 4:16).
Sendo trazido à salvação, o cuidado do Pastor continua, pois nada pode separar a ovelha do
Seu Pastor (Rm 8:38-39). Durante toda a existência de Cristo, a ovelha será ricamente abençoada
com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais (Ef 1:3). Este amor por elas existe desde
antes da fundação do mundo (Ef 1:4) e vai até o fim (Jo 13:1). Deste amor nada; nem a tribulação,
ou a angustia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada pode as separar (Rm 8:35). Este
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tão grande amor é maior do que a morte (Ct 8:7) e as tribulações e as aflições vêm só para que as
ovelhas sejam mais do que vencedoras (Rm 8:37) e aperfeiçoadas em toda a boa obra (Hb 13:20,21).
O Pastor defenderá a sua ovelha de ataque, pois Ele sempre estará com ela (Mt. 28:20; Hb 13:5). Ele
unge com óleo de alegria (graça) qualquer ferida permitida para o bem da ovelha ou que possa trazer
glória para Deus (Sl 45:7; Rm 8:28; II Co 12:9). Os pensamentos do Pastor são bons e saudáveis
apenas para os seus (liberdade e alimentação - Jo 10:9) e ele está sempre pronto para dar a sua vida
pelas ovelhas (Jo 10:11). Sem dúvida, a realidade deste eterno amor no coração e a experiência do
Seu cuidado tão fiel e amoroso na vida, a ovelha achada chega a ter inteira confiança nEle como é
visto em Salmos 23, "O Senhor é meu pastor, nada me faltará."
Mas, este cuidado e amor, essas promessas e bênçãos são somente para as ovelhas que
ouvirem a Sua voz (Jo 10:27). Os lobos disfarçados de ovelhas (hipócritas) ou os bodes não são
conhecidos por Cristo como sendo Seus (Mt. 7:21-23).
Cristo também é Bispo, pois é responsável por aqueles que Deus tem dado a Ele. Um bispo,
no contexto bíblico, é um supervisor que têm a responsabilidade de verificar se o negócio de outros
está sendo feito corretamente. Cristo tem o nome de Bispo por ter a responsabilidade sobre as
ovelhas que são de Deus. A responsabilidade é fazer a vontade do Pai (Hb 10:9) para com as
ovelhas do aprisco divino. A vontade do Pai é que Cristo não só salve, mas também guarde as
ovelhas que o Pai têm dado a Ele (Jo 6:37-40). A obra salvadora de Cristo (Jo 6:37) é buscar e
salvar o que se havia perdido (Lc 19:10; Ez 34:15,16): os eleitos por Cristo antes da fundação do
mundo (Ef 1:3,4). A Sua obra é também guardar aqueles que vêm a Deus por Ele (Jo 6:39; Lc 15:4).
O nome Pastor mostra o cuidado usado ao fazer as Suas obras. O nome Bispo revela a Sua
responsabilidade de cumprir todas as Suas responsabilidades para com o Pai.
Cristo têm a responsabilidade de salvar "o Seu povo dos seus pecados" (Mt. 1:21) e nisso
têm sido perfeitamente responsável (Hb 7:25). Cristo nasceu para salvar aqueles que o Pai os deu
(Mt. 1:21) e nisso é fiel (Hb 2:17). Por estes Cristo viveu. Na Sua vida, foi batizado para "cumprir
toda a justiça" (Mt. 3:15), foi tentado em tudo, mas sem pecado (Hb 4:15), cumpriu toda da lei (Jo
8:46; Fp. 2:8), e padeceu com o peso de viver no mundo pecaminoso num corpo humano (tinha sede
Jo 19:28, canseira - Jo 4:6, conheceu agonia - Lc 22:44, padecimento - Hb 5:8 e choro - Jo 11:35),
tudo por Seus escolhidos (Hb 10:9; Jo 13:1; 17:24). Cristo também morreu pelos muitos que o Pai
os deu (Mt. 20:28; 26:28; Hb 9:28) segundo as Escrituras (I Co 15:3). A Sua morte foi dolorosa, o
Justo pelos injustos, (I Pe 3:18) mas satisfatória para Deus (Is 53:11; Atos 1:9; Hb 12:2) trazendo os
seus muitos filhos à glória. Não há nada mais pendente no nascimento, na vida ou na morte de
Cristo. Ele é um fiel sumo sacerdote daqueles que são de Deus, e pode expiar os pecados do povo
(Hb 2:17). Mas Cristo não só morreu pelos Seus, como também ressuscitou por eles (Rm 6:4; Jo
6:40) e têm a vitória por completo (I Co 15:54-57).
Cristo é um Bispo fiel em que também ora continuamente pelos Seus (Jo 17:9,11,20; Hb
7:25). Em um dia glorioso, Cristo virá para aqueles que o Pai têm dado para Ele cuidar (Jo 14:1-3;
Hb 9:28). Os que confiam em Cristo não têm nada a temer, pois nenhum daqueles que o Pai os deu
têm sido perdido (Jo 18:9) e nenhum nunca pode se perder (Jo 10:28). Desde o seu nascimento, a
sua ida para o céu, até a sua volta Cristo está comprometido a salvar os Seus amados (Jo 13:1; Ap
1:5); os que Deus colocou na Sua mão (Jo 10:29). Cristo salva perfeitamente aqueles que Deus têm
dado a Ele e também guarda a estes até o dia perfeito (Fp. 1:6; II Tm 1:12; Hb 10:23). Que
confiança têm as ovelhas no cuidado Deste Bispo! Com Seu poder Ele guarda os Seus em
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obediência (Fp. 4:13), vivendo a interceder sempre por eles, (Hb 7:25; Jo 17:11,12) advogando por
eles quando pecarem (I Jo 2:1; Hb 9:24). A Sua palavra alimenta-os (I Pe 2:2), lava-os (Ef 5:26; Jo
15:3), ensina-os, reprova, corrige, instrui em justiça e prepara para toda a boa obra (II Tm 3:16,17).
Para nos apresentarmos diante de Deus irrepreensíveis, e com o Seu poder Ele nos guarda de
tropeçar (Jd 24) e nos guarda do maligno (II Ts 3:3; Jo 17:15).Como Cristo é o Pastor nada falta
para as Suas ovelhas, Cristo é responsável para que nenhum daqueles que Ele guarda se perca (Jo
18:9) mas assegura que todos os que Ele guarda venham a experimentar a vida eterna. Ele mesmo
conserva aqueles que o Pai O deu (Jd 1:1; Jo 10:28,29). O importante é vir a Deus por Cristo, pois
somente aqueles que vêm, e somente estes, de maneira nenhuma serão lançados fora (Jo 6:37).
13.18 O pão da vida – João 6:35
João 6:35, "E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vêm a mim não terá fome, e
quem crê em mim nunca terá sede."
O povo, que ainda não tem sido iluminado pelo Espírito de Deus, sempre procurará saciar o
corpo (Êx. 16:3; Jo 6:26). Jesus não nega a necessidade do corpo, mas mostra algo mais sublime: ele
mesmo (Mt. 4:4; Jo 6:27).
O povo religioso sempre quer receber o que Jesus é pelas obras que eles praticam (Jo 6:28).
Jesus não nega a existência de obras no comer dEle, mas mostra que a obra necessária é a fé, que
vêm de Deus (Jo 6:29; Gl 5:22).
Jesus Cristo é comparado ao maná no deserto (João 6:31), mas Jesus é melhor que o maná.
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O povo comum procura a satisfazer somente o corpo, mas Cristo é mais sublime, Ele satisfaz
o coração. O povo quer fazer obras, mas Cristo determina que confia na obra de Deus. O coração só
terá satisfação verdadeiramente quando crer pela fé em Cristo e procurar crescer nEle. Essa
satisfação só será conhecida se continuar andando nEle.
Confie e alegre-se nEle sempre. Não pare de comer dEle, não perca o amor por Ele. Assim
Ele sempre será glorificado na sua vida e você sempre será abençoado por Ele.
Quando Cristo partiu o pão entre os dois discípulos no caminho à Emaús, no partir do pão
com Cristo, seus corações ardiam de alegria e entendimento (Lc 24:13-32). Fará bem para os nossos
corações se abrirmos a palavra e comermos do PÃO DA VIDA (Jr 15:16), e isso, continuamente.
13.19 Cristo – Mt 1:16
Mateus 1:16, "E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o
Cristo."
João 1:41, Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que,
traduzido, é Cristo).
Os nomes “Cristo” e “Messias” andam juntos na Bíblia, pois os dois significam a mesma
coisa: ungido. O nome Cristo e usado 529 vezes no Novo Testamento. O nome Messias é usado
duas vezes no Velho Testamento, Dn 9:25,26 e duas vezes no Novo Testamento Jo 1:41; 4;25.
Cristo é a tradução em grego para o nome Messias em hebraico. Por isso os dois nomes andam
juntos.
Podemos entender o significado dos nomes se entendermos o significado da palavra “ungir”.
O verbete “ungir” como um verbo transitivo direito significa: Untar com óleo ou com unguento;
Aplicar óleos consagrados a; sagrar; Dar posse a, por meio de unção; investir de autoridade por meio
de unção, sagração, ou outra cerimonia que a confere. Como verbo transobjetivo. significa : investir
(em autoridade ou dignidade); sagrar (Dicionário Aurélio Eletrónico). Autoridade e dignidade foram
investidas em Cristo. Cristo foi consagrado e recebeu posse de algo por alguém que têm tal direito
de conferir tais posições e privilégios. Olhando pela Bíblia vemos que a unção foi um sinal dos dons
do Espírito Santo e que foi conferido aos profetas (Is 6:1-9), sacerdotes (Êx. 30:30) e reis (Saul, I
Sm 10:1; Davi, 16:13; Salomão, I Rs 1:39, Way of Life Encyclopedia), Cristo é tudo isso e melhor
(profeta maior - Mt. 12:41; sacerdócio eterno - Hb 7:22-28; rei dos reis - Mt. 12:42; Ap 19:16).
Entendemos que Cristo é o sagrado de Deus sabendo que Ele é o eleito do Senhor, (Is 42:1)
quer dizer, o escolhido de Deus (Mt. 12:18-21, Lc 23:35), aquele em quem Deus se compraz (Mt.
3:17; 12:18; 17:5). Deus pôs sobre Cristo o Seu Espírito (Is 42:1; Jo 1:32-34) e isso de forma
corpórea, como pomba (Lc 3:22) e sem medida (Jo 3:34). Não só foi conferido o Espírito Santo a
Cristo, mas também o Espírito permanece continuamente, pois as Escrituras dizem que o Espírito
Santo repousou sobre Ele (Is 11:2; Mt. 3:16; Jo 1:32). O salmista manifestou que o Filho de Deus é
o ungido (Sl 2:2). Os profetas também afirmaram que Cristo é o Ungido de Deus (Is 11:1-5; Dn
9:24-26). O próprio Cristo revelou que Ele era o Ungido de Deus isso na Sua pregação em Nazaré
(Lc 4:18-21; Is 61:1) e os membros da igreja em Jerusalém repetiram a mesma verdade (At 4:25-28).
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O apóstolo Pedro pregou a mesma coisa (At 10:36-38) completando o testemunho dado por todos os
oficiais na Bíblia. Com a manifestação do salmista, a afirmação dos Profetas, a declaração de Deus
Pai, o sinal do Espírito Santo, o testemunho de Cristo, a confirmação dos membros na primeira
igreja no Novo Testamento e a pregação dos apóstolos, podemos declarar confiantes que Cristo é
Ungido por Deus. Por isso podemos pregar a perfeita salvação por Cristo abertamente. Foi isso que
os apóstolos quiseram dizer quando pregaram que em nenhum outro nome há, dado entre os homens,
pelo qual devemos ser salvos (At 4:12). Cristo é quem guarda os salvos eternamente (Jo 10:28).
Pode ser notado aqui que não há parente ou discípulo de Cristo, homem bom ou mulher sincera ou
qualquer ordenança da igreja que foi ungido por Deus para ser "O Cristo do Senhor" (Lc 2:26).
Só Cristo é O Ungido do Senhor. Quando misturamos a mensagem de Cristo a qualquer obra
do homem, profeta, anjo ou instituição religiosa faz pouco caso de Quem o Eterno Deus separou e
declarou para ser o Único pelo qual o homem vai ao Pai (Jo 14:6). Pregar outro evangelho é o
mesmo que transtornar (Alterar a ordem do; pôr em desordem; desorganizar – Aurélio) o evangelho
de Cristo (Gl 1:6-8).
A ênfase que deve ser dada a Cristo é vista pelos nomes em conjunto com o título "Cristo"
pela Bíblia. Os anjos que testemunharam aos pastores de Belém o nascimento de Jesus chamariam a
Ele "o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2:11). Quando Simeão, o homem justo e temente a
Deus que esperava a consolação de Israel, viu "O Cristo do Senhor" ele proclamou, pelo Espírito,
que este era "a tua salvação" (Lc 2:25-32). No tempo de Cristo escolher os seus discípulos, André
disse a Simão e a Pedro: "Achamos o Messias (que traduzido, é o Cristo)" (Jo 1:41). Quando Jesus
perguntou aos discípulos quem eles diziam que Ele era, Pedro respondeu e falou "O Cristo de Deus"
(Lc 9:20), ou "O Cristo, o Filho do Deus Vivo" (Mt. 16:16; Jo 6:69, "do Deus vivente"). Marta, ao
encontrar-se com Jesus no túmulo de Lázaro, declarou, "Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o
Filho de Deus, que havia de vir ao mundo." (Jo 11:27), uma declaração que os demônios também
fizeram em parte (Lc 4:41). Os homens de Samaria, depois de conhecerem a Jesus, testemunharam
que Jesus era "verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo." (Jo 4:42). Perante o Sinédrio, Jesus
afirmou que Ele era "o Cristo, Filho do Deus Bendito" (Mc 14:61,62). Na morte, Cristo não perdeu
a Sua glória de Ungido pois "o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e
as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de
Deus." (Mt. 27:54). Paulo, em suas epistolas nomeou a Jesus como o Filho de Deus, e nosso Senhor
(Rm 1:3,4; 6:23). Se os anjos, homens justos e tementes a Deus, os discípulos que andaram junto
com Jesus, os homens das cidades que foram convertidos, as mulheres próximas a Jesus, e os
apóstolos mostraram tal honra chamando Jesus, o único Ungido de Deus, nós não devemos
confundir o assunto de maneira nenhuma. Jesus é o Cristo, o Único Autorizado e Consagrado por
Deus.
As bênçãos que temos por Cristo mostram até que ponto Cristo é o Ungido de Deus. Os
apóstolos pregavam Cristo (At 8:5), pois o evangelho (boas novas) é "de Jesus Cristo" (Rm 15:19,
29). Por Cristo temos a salvação (At 15:11; 16:31; 20:21; Rm 5:11), a vida eterna (Jo 20:31), paz
com Deus (At 10:36; Ef 2:13-18). Por Cristo somos feitos um com Deus (Ef 2:14-18), temos o amor
de Deus revelado a nós (Rm 5:8). Cristo é o fim da lei para justiça de todo aquele que nele crê (Rm
10:4) e é O exemplo de como devemos andar (Rm 15:5, "segundo Cristo Jesus"). Tendo tais
bênçãos e posições em Cristo, podemos concordar que Ele vale a exposição das nossas vidas ao
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perigo pelo seu nome assim como os discípulos expuseram as suas (At 15:26). Agora oramos por
Cristo (Rm 1:8) e teremos as nossas obras julgadas diante do Seu tribunal (Rm 14:10).
Cristo recebendo tais ênfases e sendo por Ele que recebemos tantas bênçãos devemos dar a
adoração e o louvor que só a Ele merece (Ap 5:12-14). Deus não dividirá a Sua glória com nenhum
outro (Is 42:8). Se há alguém que pretende receber ou presume dividir a autoridade ou dignidade que
pertence somente a Cristo, então, a ênfase é dada a quem Deus não consagrou e as Escrituras estão
sendo destorcidas para a própria destruição de quem pretende tal posição (II Pe 3:16; Gl 1:8). "Em
nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os
homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4:12).
13.20 Senhor – At 2:36
Atos 2:36, "Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós
crucificastes, Deus o Fez Senhor e Cristo."
Apocalipse 17:14, "... e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e Rei dos
reis; ..."
Existem muitos que clamam, "Jesus é o Senhor". Ocorrem hoje em dia muitas musicas que
entoam a verdade que ninguém é Senhor senão Jesus. É quase uma moda todos os religiosos terem
adornos nos carros, interiores das casas, camisetas, bijuteria, etc. que declaram o fato: JESUS É O
SENHOR. A Bíblia também declara este fato (At 2:36). Há uma doutrina religiosa e popular que
ensina que depois de ter Cristo como Salvador da alma é necessário colocar Ele como Senhor da
vida como se fosse possível dividir os atributos de Cristo em fases da nossa vida.
Será que todos que clamam abertamente o fato do senhorio de Cristo conhecem como é se
inteirar de Cristo, O Senhor, nas suas palavras, pensamentos, amores e hábitos de viver (Fp.
2:10,11)? Será que existem exemplos bíblicos de pessoas que conhecem a Cristo como Salvador e
não como Senhor? Quais são os efeitos de Jesus ser Senhor? Todos os que cantam que Jesus é o
Senhor, estarão com Cristo no céu (Mt. 7:21,22)?
Antes de estudarmos a verdade sobre o senhorio de Cristo convém definirmos algumas
palavras. Lembremos que existem duas maneiras de expressar senhor no Velho Testamento (Senhor,
Senhor). Quando a palavra “Senhor” é usada no Velho Testamento ela significa Jeová, O que
sempre existe. Quando a palavra “Senhor” é usada no Velho Testamento ela significa o sentido de
reinar, firme, forte, senhor com autoridade e direito. Veja Sl 110:1 que relata o Pai falando do Filho.
O Pai é referido com a palavra "Senhor" e o filho por “Senhor”. No Novo Testamento a palavra
grega usada para “Senhor”, “Senhor” e “senhor” é a mesma. O significado da palavra “Senhor” no
grego é: aquele a quem alguém ou alguma coisa pertence sobre qual ele têm poder de decidir;
mestre. Veja Lucas citando Sl 110:1 em seu evangelho (Lc 20:41-44).
As Santas Escrituras não deixam nenhuma dúvida que Cristo é o Senhor, tanto antes do Seu
nascimento quanto depois. O Velho Testamento fala de Jesus sendo “Senhor”. Além do Sl 110:1
temos Isaías que menciona Jesus como Senhor dizendo o que viu, "O Senhor assentado sobre um
alto e sublime trono:" que só pode ser Jesus o chamado “Senhor”. Deus é espírito e nunca foi visto
por ninguém, mas se revela pelo Filho (Jo 1:18). Falando sobre Messias, Malaquias profetiza sobre
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Jesus e usa o título de "Senhor" (Ml 3:1). O nome "Senhor" não é usado somente por Jesus no Velho
Testamento. No Novo Testamento, Zacarias, o pai de João Batista, profetizou dizendo que a obra do
seu filho será "ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;" (Jo 1:76), uma clara
referência a Jesus (Mt. 3:3). Os anjos anunciaram o nascimento de Jesus aos pastores em Belém
dizendo, "vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2:11). Houve muitos que
chamaram a Jesus por Senhor: discípulos (Mt. 8:25), apóstolos (Lc 17:5), Paulo (At 9:5,6), os que
foram tocados por Jesus (Mt. 18:6) e ainda será chamado Senhor pelos não crentes juntamente com
os crentes no último dia (Fp. 2:10,11). Cristo é verdadeiramente o Senhor dos senhores (I Tm 6:15;
Ap 17:14; 19:16). O próprio Deus O exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todos
os nomes (Fp. 2:9), pois Cristo foi feito mais excelente do que os anjos (Hb 1:4) coroado de glória e
de honra (Hb 2:9) e assentado à destra da majestade nas alturas (Hb 1:3). Se Jesus é o Senhor que o
Salmista reconheceu, os profetas declararam, os anjos anunciaram, o povo de Deus identificou
Quem O Senhor Deus exaltou, então devemos maior honra, respeito e obediência às suas Palavras.
De outra forma ele não seria o nosso Senhor (Lc 6:46). Entendendo essas colocações, será que é
possível de conhecer a Jesus somente como Salvador e não como Senhor? É provável que: se Cristo
não é o nosso Senhor também não seja o nosso Salvador, pois ele não se divide.
Cristo é o Senhor por direito de Criador. Foi Cristo que fez o mundo (Jo 1:1-3; Hb 1:2) e por
isso Ele deve receber o louvor de tudo (Ap 4:11; 5:12,13; Fp. 2:10,11). Cristo é o Senhor por direito
de Redentor. Cristo nos adquiriu por "bom preço" (I Co 6:20) que não com coisas corruptíveis como
prata ou ouro mas Seu próprio sangue imaculado e precioso (At 20:28; I Pe 1:18.19; 2:9). Por Ele
nos comprar devemos lealdade a Ele, tanto em espírito quanto no corpo (I Co 6:20). Cristo é o
Senhor por direito de Esposo. Os crentes obedientes a Jesus são considerados como uma esposa (Ef
5:22-30). Foi a infidelidade dos membros da igreja em Corinto nesta relação que provocou em o
apóstolo Paulo à tristeza e provocou todos os ministros de Deus quando os membros deram mais
atenção às ocupações terrestres do que as celestiais (II Co 11:2). Jesus tendo direito de Criador,
Redentor e Esposo é devidamente adorado louvado e de fidelidade suprema.
Mesmo havendo muitos que dizem abertamente "Senhor, Senhor" (Mt 7:21,22), há poucos
que sabem honrar a Jesus como Senhor nos seus íntimos. Uma coisa é exteriorizar, é outra coisa é
interiorizar. Uma das razões para que muitos fiquem com a confissão exterior e não chegam a
integrar-se às verdades é devido a eles conheceram poucos fatos de Cristo como Senhor. Por anos
esta multidão só têm lido os evangelhos para saber do nascimento, da vida, da morte e da
ressurreição de Cristo. Estes não gastam muito tempo com o resto do Novo Testamento para saber
das Suas doutrinas. Sobre a separação da iniquidade, da santidade na adoração, da obediência na
igreja e no lar sabem pouco. Uma maneira de viver com Jesus como Senhor é crescer no seu
conhecimento (II Pe 3:18) e isso pelas Epistolas.
É muito mais fácil declarar pela pregação, canção e adorno um determinado fato do que
obedecer a realidade desse fato (Is 48:1; Lc 6:46; At 19:13-18). As nossas ações mostram a verdade
das nossas declarações. Só honramos a Jesus como Senhor quando obedecemos a Ele. Só os que
fazem a vontade do Pai entrarão no reino dos céus (Mt. 7:21; Rm 2:13). O fato é que a fé sem as
obras é fé morta (Tg 2:22-26). Somente o que é interiorizado pode ser expresso para o agrado de
Deus. A desobediência nega a Quem professamos conhecer (Tt 1:16). Interpretamos o que
confessamos pelo que fazemos. O que declara a nossa obediência sobre o senhorio de Jesus?
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O problema em viver o fato de ter a Jesus como Senhor traz perseguição (II Tm 3:12) e
nunca é gostoso morrer. Todavia, em meio a perseguição a verdade de Cristo ser o Senhor se
manifesta. Nada pode se exaltar contra Ele, pois todo o poder no céu e na terra foi dado a Ele (Mt.
28:19; Ef 1:21). Por Cristo ser o Senhor, podemos tudo (Fp. 4:13) e por Ele todas as nossas
necessidades são supridas (Fp. 4:19). Depois de Cristo sofrer a humilhação de viver como homem e
até a maldição de ser pendurado em uma cruz, Ele foi declarado Senhor para a glória de Deus (At
2:36). Só depois de sofrermos por Seu nome podemos saber e entender melhor a posição de glória
que Deus deu a Cristo. Só pelo sofrimento e pela necessidade de depender no Senhor é que
deixamos o medo do homem (Sl 119:67). Achamos o cuidado que o Senhor tem por nós no nosso
sofrer. Durante a perseguição aprendemos a lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade (I Pe 5:7). Se
não combatemos nunca saberemos vestir toda a armadura de Deus (Fp. 3:7-11). Você está sendo
perseguido? Aprenda com o senhorio de Cristo. Medita no Seu exemplo, olhe para Sua paciência,
veja a Sua vitória (Rm 8:28; Hb 12:2).
13.21 A propiciação dos nossos pecados – I Jo 2:2, I Jo 4:10
I Jo 2:2, "E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas
também pelos de todo o mundo."
I Jo 4:10, "... e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados."
A obra salvadora que Jesus Cristo fez diante de Deus para todos os que creem é vista na
palavra "propiciação". Essa obra de propiciação é muito importante, pois por ela, a justiça de Deus é
demonstrada (Rm 3:25). Pela propiciação Deus é tanto o justo quanto justificador daquele que têm
fé em Jesus (Rm 3:26).
Estando em pecado, o homem é inimigo (Rm 8:7) e transgressor (I Jo 3:4) e por isso é
condenado (Jo 3:19) e destituído da glória de Deus (Rm 3:23). O pecador quebrou a lei santa de
Deus e por isso, selou a sua condenação imediata e eterna (Rm 3:10-20), a sua separação de Deus
(Ef 2:12) e morte espiritual (Ef 2:1) e física (Rm 5:12; 6:23; Hb 9:27).
É bom lembrarmos que não foi Deus o transgressor. Os próprios pecados do homem geram a
separação entre ele e Deus (Gn. 2:7 - 3:16; Is 59:1-12). O homem torna-se, no mesmo instante,
culpado e fraco (Rm 8:5-8). O pecador é culpado pelos seus pecados pessoalmente, e devido os
pecados, ele torna-se fraco para fazer justiça diante do Deus ofendido.
Nessa situação desesperada é que Cristo como a propiciação pelos pecados do povo de Deus
torna-se revelador.
A palavra grega usada no Novo Testamento e traduzida como "propiciação" em português
significa expiação. O verbo transitivo direito expiar de onde vêm a palavra expiação em português
significa: remir (a culpa), cumprindo pena; pagar. 2. Sofrer as consequências de: 3. Sofrer, padecer.
Como um verbo pronominal, purificar-se (de crimes ou pecados) (Dicionário Aurélio Eletrónico, v.
2.0).
Deus é santo e fiel. Ele tem proferido sobre a árvore do conhecimento do bem e do mal, "no
dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn. 2:17). Através dos profetas Deus avisou
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constantemente o povo, "a alma que pecar, essa morrerá." (Ez 18:4,20). Por Deus ser justo,
nenhum pecador pode viver.
Mas, nessa situação de pecado por parte do homem e de santidade por parte de Deus, Deus
enviou Seu Filho para a propiciação (I Jo 4:10). Cristo nasceu sob a lei (Gl 4:4) e, em tempo, foi
feito pecado por nós (II Co 5:21). Com o pecado do Seu povo sobre Ele Cristo derramou Seu
sangue. Todo o castigo que o pecado merecia; toda a morte que a justiça de Deus pedia; a
condenação completa que Deus exigia para o pecador - foram feitas por Cristo. Ele é a propiciação,
a expiação, quem paga as consequências. Ele é o purificador dos nossos crimes diante de Deus.
Sendo assim Cristo é a reconciliação, a concórdia, a redenção dos pecadores para com Deus.
Através de Cristo, a propiciação dos nossos pecados, Deus mostra a sua justiça e por Cristo Deus vê
como justificado aquele que tem fé em Jesus (Rm 3:26).
Para entrar nessa benção que é ter Cristo, a propiciação dos seus pecados, é necessária uma
obra de Deus. Essa obra levará o condenado a aborrecer os pecados e a clamar que Deus seja
"propício" (Lc 18:13 - "misericórdia", da palavra grega "propiciação" - Concordância Fiel do Novo
Testamento).
Velho Testamento haviam a mesma pregação. A arca da aliança tinha a propiciação que
simbolizava Jesus Cristo (Hb 9:5-15; Êx. 25:17-22; Lv 16:11-17). O propiciatório ficava sobre o
vaso de ouro, que continha o maná, a vara de Arão, que tinha florescido e as tábuas da aliança (Hb
9:4) mostrando que Cristo, a propiciação dos nossos pecados, é superior a tudo que houve antes dEle
e que Ele cumpriu tudo o que o tipificava.
13.22 Autor e consumador da Fé – Hb 5:9, Hb 12:2
Hebreus 5:9, "E, sendo consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que
lhe obedecem;"
Hebreus 12:2, Olhando para Jesus, autor e consumador da fé..."
O crente têm tudo para dar graças a Deus por Jesus Cristo. O começo e o fim da sua salvação
está em Cristo Jesus. A fé não é natural do próprio homem. Se alguém espera o fim da fé e a
salvação da sua alma (I Pe 1:9), deve dar toda a glória a Deus por Jesus Cristo. Cristo é a causa da
salvação (Hb 5:9).
É fato que a fé salvadora não vem do homem, pois, na carne, "não habita bem algum" (Rm
7:18). O que controla as ações do homem é o seu coração (Mt. 15:18,19) e o coração do homem é
enganoso "mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jr 17:9). Por isso "não há
ninguém que entenda" (Rm 3:11). Se é necessário entender as coisas de Deus para ter a fé para
salvação, os pecadores em si, não têm esperança, pois eles estão "entenebrecidos no entendimento,
separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração" (Ef 4:18).
Por isso "não há ninguém que busque a Deus" (Rm 3:11). Se dependesse do próprio homem chegar
a Deus pelo seu próprio poder, ele nunca chegaria, pois os seus pensamentos não são os de Deus (Is
55:8) e ele é fraco devido pecado (Rm 5:6), não podendo agradar Deus em nada (Rm 8:8). Se o
homem fosse só ignorante e fraco talvez o caso fosse outro, mas o homem natural é rebelde e
inimigo de Deus. Deus teria a glória e o domínio de tudo, mas o homem não deseja ter
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conhecimento dos Teus caminhos. Ele grita, "Quem é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos?"
(Jó 21:14,15) e "Que é senhor sobre nós?" (Sl 12:4). Sim, devido o pecado, o homem têm se
desviado pelo seu próprio caminho (Is 53:6). Se um destes for salvo, pode dar graças a Deus por
Quem o causou ter tal confiança: Jesus Cristo.
Devemos frisar que há tipos diferentes de fé e estabelecer o fato que Jesus Cristo é o autor e
consumador de só um tipo de fé, aquela que salva. Existe fé histórica. Essa fé acredita nos fatos
históricos de um assunto. É a crença na existência de Deus e que Jesus é o Filho de Deus. Até os
demônios têm esta fé (Tg 2:19) assim como têm muitos religiosos (Mt. 5:20). Existe fé intelectual.
Essa fé não só reconhece os fatos sobre Deus como concorda que são verdadeiros. Há muitos que
querem inferir que só precisam "confessar que Jesus é o Filho de Deus" para que Deus esteja nele, e
Ele em Deus (I Jo 4:15; 5:1) sem saber que a confissão verdadeira não vêm do intelecto mas sim do
coração (Rm 10:9). Essa fé intelectual pode ser movida pelas emoções como aconteceu com Simão,
o mágico (At 8:9-24) e com os que comeram do pão que Jesus multiplicou (Jo 6:26,27). Existe a fé
do coração que é a fé salvadora. Essa fé é aquela que Cristo causa (Hb 5:9) por dar um novo coração
(Ez 36:26). Ele faz com que a terra seja boa, ouça e entenda a semente incorruptível que é a Palavra
(Mt. 13:23; I Pe 1:23). O eunuco tinha essa fé e por isso confessou como nos vemos em At 8:37. O
autor dessa fé é Jesus Cristo (Hb 12:2).
A fé salvadora é divina. É fruto do Espírito Santo (Gl 5:22), é dom de Deus (Ef 2:8,9).
Devemos crer somente segundo a operação da força do Seu poder (Ef 1:17-20; Jo 6:64,65; 15:5).
Crer nAquele que Deus enviou é obra de Deus (Jo 6:29) e nunca do homem. Se algum pecador pode
dizer que já conhece a Jesus Cristo como Senhor e declarar que Jesus é o filho de Deus, saiba este
que ele não nasceu assim pelo sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de
Deus (Jo 1:12,13). Graças a Deus por Jesus Cristo, pois Ele é o autor da fé salvadora!
A quem é dada essa fé salvadora? Se essa fé fosse dada a todos os pecadores, todos seriam
salvos pois a operação de Deus não leva apenas ao querer mas também o efetuar (Fp. 2:13). Isso
quer dizer que a obra de Deus é efetuada naqueles nos que recebem tal fé. Todos os pecadores são
chamados ao arrependimento (At 17:30) mas nem todos podem se arrepender. Só podem vir àqueles
que o Pai concede que venham (Jo 6:65). Só podem vir a Cristo quem o Pai traz (Jo 6:44). Todos são
responsáveis, mas há poucos que podem (Mt. 22:14). Os que recebem tal fé sempre chegam a crer
no Evangelho, e estes que vêm, de maneira nenhuma, serão lançados fora (Jo 6:37). Você já conhece
essa fé? Cristo é o seu autor.
Se esta doutrina parece ruim, lembre-se que é pela misericórdia que Deus opera e não pela
justiça. Se fosse pela justiça, ninguém seria salvo, pois todos são pecadores. Mas Deus, na Sua
soberania, compadece de quem ele compadece e têm misericórdia de quem ele quer ter misericórdia
(Rm 9:15) e quem compreende a mente do Senhor (Rm 11:33-36)? Deus, na ação do julgamento,
não faz acepção de pessoas (Rm 2:11; Cl 3:25; I Pe 1:17), mas ao beneficiar com misericórdia, Ele
escolhe a quem Ele quer (Jo 15:16; Rm 9:11-16). O homem que não recebe tal fé salvadora não está
reclamando; ele está satisfeito com o seu pecado (Rm 3:11-18). O homem que recebe tal fé regozija
na graça de Deus e dá a Ele toda a glória (Ef 2:4-10). Se há um pecador que deseja crer no Senhor,
creia já, até procure que o Senhor ajude a sua incredulidade (Mc 9:24). Depois entenda melhor essa
fé que veio a ser causada por Jesus Cristo e Ele receberá toda a glória.
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Como é dada essa fé? Deus opera de uma maneira soberana, sem forçar o homem, mas
dando a ele uma nova disposição para querer as coisas de Deus (Sl 110:3; Is 26:12; II Co 3:3-5; Fp.
2:13). Num coração já regenerado por Deus (Tt 3:5), a Palavra é levada e pregada. Pela operação da
Palavra de Deus, a fé é dada ao novo coração para que ele creia na mensagem (Rm 10:13; II Ts
2:13). Então é manifestado o novo coração. Ele se arrepende do pecado e crê no Salvador tendo
assim a conversão. Assim a salvação é recebida e a vida espiritual se manifesta num andar que
agrada a Deus (II Co 5:17).
A beleza de Cristo ser o autor da fé está no fato de Ele também ser o seu consumador (Hb
12:2). Aquele que começa a boa obra em nós a aperfeiçoa até o dia perfeito (Fp. 1:6). Cristo, o único
Deus sábio, nosso Salvador, é poderoso para nos guardar do tropeço e apresenta-nos irrepreensíveis
com alegria, perante a sua glória. A Ele seja a glória e a majestade, o domínio e o poder, agora, e
para todo o sempre (Jd 24,25). A nossa fé é provada muitas vezes, mas isso para o nosso bem (Tg
1:3; Rm 8:28). Para a glória de Deus (Rm 8:29, "conforme a sua imagem"; I Pe 1:6-9; 2:12). A
provação da fé nunca impedirá o crente de chegar ao seu fim, que é a salvação da alma (I Pe 1:9).
Cristo é o consumador da nossa fé, e, pela força do Seu poder, somos guardados, na virtude de Deus
para a salvação (I Pe 1:5; Mt. 28:18). A salvação que Jesus Cristo causa é eterna (Hb 5:9; 9:12) e
será revelada no último dia.
Só pode esperar o fim da fé aquele que têm a Jesus como o seu autor, a causa, e o seu
consumador. Não aceite qualquer imitação emocional, intelectual ou histórica. Examine se você está
na fé ou não. É de grande valor ter essa fé da qual Jesus é o autor e consumador.
13.23 Nossa Paz – Ef 2:14, Cl 1:20
Ef 2:14, "Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a
parede de separação que estava no meio,"
Cl 1:20, "E que, havendo por Ele feito a paz pelo sangue da Sua cruz, por meio dEle
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas..."
A condição natural do homem em relação a Deus é de separação (Is 59:1,2; Gn. 3:23,24).
Estando separado, o homem sem Cristo têm uma condição desesperadora. A Bíblia mostra tal
homem fraco (Rm 5:6; Jr 13:23), pecador (Rm 5:8) e assim, sem esperança (Ef 2:12). Para que o
povo no Velho Testamento se lembrasse dessa condição continuamente eles eram instruídos a
oferecer "ofertas pacíficas" para Deus, e só através delas, podiam ter as Suas bênçãos (Êx. 20:24; Lv
4:26). Judicialmente o homem natural pode ser um cidadão exemplar, mas para Deus ele é
condenado e tem a ira de Deus sobre ele permanecendo (Jo 3:18,19, 36). Fisicamente o homem
natural pode ser bonito e forte isso nos olhos do homem, mas é corrupto e tem doença maligna aos
olhos de Deus (Is 1:6; Ef 2:1). Socialmente tal homem pode ter uma boa posição, e ser um homem
moral entre os seus semelhantes, mas, ao mesmo tempo, está longe de Deus (Ef 2:13).
Religiosamente, o homem pode ser o "príncipe dos judeus" como Nicodemos era ou praticante ao pé
da letra como eram os escribas e Fariseus, mas ainda ignorantes do reino de Deus (Jo 3:1-9; Mt.
15:1-9) e seus inimigos (Rm 8:7; Ef 2:15). Não é saudável pensar que a situação do pecador sem
Cristo é animadora.
"Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus", (Is 57:21).
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Deus é que faz a diferença entre o pecador e Ele. Por causa da Sua misericórdia, pelo Seu
muito amor, deu o Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, para vir ao mundo e ser feito pecado no lugar
do homem (II Co 5:21). Por isso, quando Jesus nasceu em Belém, os anjos louvaram a Deus
dizendo, "Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens" (Lc 2:14). A
misericórdia de Deus é a "boa vontade para com os homens" e por causa de Quem Ele enviou, Jesus,
há "paz na terra". Cristo, pela profecia, era o "Príncipe de Paz" e tal principado de paz não terá fim
(Is 9:6,7).
Cristo veio ser a paz para o pecador que crê nEle. Ele cumpriu a lei que nos condena (Mt.
5:17; Fp. 2:8) e Deus ficou completamente satisfeito (Is 53:11; Mt. 28:18; At 1:9). Em Cristo, "A
misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram" (Sl 85:10). Cristo têm a
vitória sobre a lei que nos condena, sobre a morte que é o nosso destino (I Co 15:55-57) e sobre
aquele que nos acusa diante dEle, o diabo (Hb 2:14). Cristo satisfaz a Deus tanto que Ele nos dá uma
"eterna redenção" (Hb 9:12) pois Ele aniquilou o pecado pelo sacrifício de Si mesmo (Rm 5:8; Hb
9:26) e estará vivo eternamente, vivendo sempre para interceder pelos seus (Hb 7:24,25) perante a
face de Deus (Hb 9:24). Pelo sangue de Cristo, derramado em favor aos pecadores, os "que antes
estáveis longe" podem chegar perto (Ef 2:13). E, estando perto, não há mais separação, mas
presença e paz.
O pecador, pela graça de Deus, mostra a sua fé em Cristo e se arrepende dos pecados. O
pecador arrependido é aceito por Deus graças a obra de Cristo e a partir dai passa a haver paz. Por
Cristo ser o único meio (Jo 14:6), e o único mediador (I Tm 2:5,6) Ele têm o nome "nossa paz".
Cristo é essa paz (Jo 14:27; I Co 1:3; Ef 2:14).
CONCLUSÃO
Jesus de Nazaré transformou o mundo. Jamais houve e jamais haverá alguém como Ele. Ele
o tema de mais livros, peças, poesias, filmes, e manifestações de adoração do que qualquer outro
homem na história da humanidade. Ele dividiu a história humana em a.C. e d.C. – "antes e depois de
Cristo".
Ler as Suas palavras cuidadosamente – comparando-as com as de Maomé, Buda, e os
escritos hindus, ou de qualquer outro líder religioso – é ficar atônito diante do seu poder e
singularidade. Os que O ouviram, perguntaram surpresos: "Donde lhe vêm esta sabedoria e poderes
miraculosos?" (Mt 13.54). Observar o que Ele fez é convencer-se intuitivamente das afirmações
básicas da fé cristã.
Tudo de bom que o cristianismo fez ao mundo é resultado da influência de Jesus. Mas, quem
era esse homem? As Escrituras hebraicas predisseram com séculos de antecedência a vinda de um
Messias divino para toda a humanidade, e Jesus é o cumprimento dessas profecias.
Veja o que a Bíblia diz sobre Ele:
§ Jesus é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação (Colossenses 1.15);
§ Porque aprouve a Deus que, em Jesus, residisse toda a plenitude (Colossenses 1.19);
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§ Jesus é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste (Colossenses 1.17);
§ Em Jesus habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade (Colossenses 2.9);
§ Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito [Jesus], que está no seio do Pai, é quem o
revelou (João 1.18);
§ Jesus é o resplendor da glória e a expressão exata do Ser de Deus, sustentando todas as
coisas pela palavra do seu poder... (Hebreus 1.3);
§ Em Cristo todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos (Colossenses
2.3);
§ O Verbo [Jesus] estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo
não o conheceu (João 1.10);
§ O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia se manifestou...
Isto é, Cristo em vós, a esperança da glória (Colossenses 1.26,27);
§ Jesus se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção (1
Coríntios 1.30);
§ Jesus é a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem (João 1.9);
§ Deus, o Pai, constitui ao Filho, Jesus, herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez
o universo (Hebreus 1.2);
§ Jesus é o Mediador da Nova Aliança... (Hebreus 12.24);
§ Jesus é o Autor e Consumador da fé... (Hebreus 12.2);
§ Em Jesus temos a redenção, a remissão dos pecados (Cl 1.14);
§ Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (1
Timóteo 2.5);
§ Jesus disse: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim
(João 14.6).
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Bíblica do Brasil, 1999. 220.61 Silva, Antônio Gilberto da, 1929 -
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Almeida. Edição rev. e atualizada no Brasil. Brasília: Sociedade Bíblia do Brasil, 1969.
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THIESSEM, Henry Clarence – Palestras em Teologia Sistemática – Imprensa Batista Regular 1ª
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BERKHOF, Louis Berkhof. Teologia Sistemática. São Paulo. Editora Cultura Cristã.GRUDEM,
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Prova n°01 – QUESTIONÁRIO
1) O Salmos 110:1 também atesta o diálogo entre Deus e Deus. Davi escreve: "Disse o Senhor ao meu
Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés." Jesus
usa isso lindamente contra os fariseus, quando indaga como poderia o Messias ser o Senhor de Davi e o
seu filho ao mesmo tempo? A palavra aqui deve ser observada. A tradução literal diz: "Yahweh disse ao
meu Adonai." O termo "Yahweh" corresponde ao nome de Deus, literalmente declarando "Eu Sou".
Sempre que a designação Yahweh é usada na Bíblia em todo o Velho Testamento, ela se refere ao Senhor
como...
Assinale com ( X ) a alternativa correta.
a) ( ) "o Grande Eu Sou".
b) ( ) "Deus".
c) ( ) "o Poderoso".
d) ( ) "Adonai".
2) O que é a doutrina da Cristologia na igreja?. Assinale com ( X ) a alternativa correta.
a) ( ) é a doutrina que explica o Cristo do Antigo Testamento.
b) ( ) é a doutrina que explica os Evangelhos de Cristo.
c) ( ) é a doutrina que explica o Cristo do Novo Testamento.
d) ( ) é a doutrina acerca da pessoa de Jesus como o Cristo.
3) Através do nome Emanuel podemos ver alguns atributos maravilhosos da pessoa e da natureza
de Cristo. O primeiro fato que nos mostra o nome Emanuel é a Sua divindade. O que significa o
nome Emanuel. Assinale com ( X ) a alternativa correta.
a) ( ) Jesus Cristo
b) ( ) Deus conosco
c) ( ) Messias
d) ( ) Deus poderoso
4) O que significa graça? Assinale com ( X ) a alternativa correta.
a) ( ) Beleza
b) ( ) Agrado.
c) ( ) Favor ou glória.
d) ( ) Todas as alternativas são corretas.
5) "Jesus" é um nome usado aproximadamente 942 vezes no Novo Testamento e vêm de uma
palavra hebraica usada 281 vezes no Velho Testamento. No Novo Testamento o nome é Jesus.
No Velho Testamento, o nome é Josué. . O que significa o nome Jesus. Assinale com ( X ) a
alternativa correta.
a) ( ) Jeová é poderoso
b) ( ) O Messias
c) ( ) Jeová é a salvação.
d) ( ) O Cristo
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