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1
ETEC. PHILADELPHO GOUVÊA NETTO
TATIANE DA SILVA
PRÓTESE OCULAR
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP
2010
2
ETEC. PHILADELPHO GOUVÊA NETTO
TATIANE DA SILVA
PRÓTESE OCULAR
Monografia apresentada à ETEC Philadelpho Gouvêa Netto, para obtenção do título de Técnico de Prótese Dentária, sob a orientação do professor Gustavo Cosenza B. Nogueira
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP
2010
3
Dedico esse trabalho a minha mãe Maria meu padrasto Nestor,
Aos meus irmãos Ronny e Juliana a minha prima Vanessa, que sempre
acreditaram em mim e estiveram ao meu lado.
Obrigada.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida que me concedeu
A minha família, por me apoiar nessa jornada,
Aos professores, por me instruir e ensinar com dedicação,
e aos colegas que participaram diretamente e
indiretamente na realização desse trabalho e
á um amigo em especial: Doni.
Obrigada a todos.
5
Quando a vida lhe oferece um sonho muito além de todas as suas expectativas, é
irracional se lamentar quando isso chega ao fim.
Sthephenie Meyer
6
RESUMO
A Prótese Ocular é uma das mais relevantes modalidades da prótese buco-maxilo-
facial. Seu desenvolvimento iniciou-se na antiguidade, através das civilizações
egípcia e romana, prosseguindo no período da Renascença, pelos feitos obtidos por
Ambroise Paré. No século XVIII, o desenvolvimento técnico e artístico das próteses
confeccionadas em vidro foi aprimorado na França, Itália e Alemanha, onde se
destacou Ludwig Muller Uri. Durante e devido, as grandes guerras mundiais, iniciou-
se a confecção da prótese ocular em vidro na América do Norte, sem sucesso,
sendo posteriormente desenvolvida a técnica de confecção em resina acrílica, que
preserva até hoje os mesmos conceitos básicos. A evolução da técnica de
confecção, dos materiais utilizados e novas propostas para facilitar e aprimorar o
processo de manufatura da prótese ocular persiste até os dias atuais, objetivando
melhorar a estética e a função das mesmas.
Palavras-chave: Olho artificial; prótese maxilo-facial; História, anoftalmia, ocularista.
7
ABSTRACT:
The ocular prosthesis is one of the most important modalities of the buco-maxilo-
facial prosthesis. Its development began during the antiquity, from the Egyptian and
Romancivilizations, continuing in the Renascença, for the facts obtained by Ambroise
Paré. In the century XVIII, the technical and artistic development of the prostheses
made in glass wentaprimorado in to France, ltaly and Germany, where Ludwig Muller
Uri stood out. During and due the great world wars, the making of the ocular
prosthesis in glass began in North America, without success, and later, the technique
of making of the same ones was developed in acrylic resin, that preserves the same
basic concepts even today. The evolution of the making technique, of the used
materiais and new proposed to facilitate and aprimorar the process of manufacture of
the ocular prosthesis persists to the days with the objective of improving the
aesthetics and the function of the same ones. Purpose: to propitiate historical and
technical knowledge on ocular prosthesis.
Key-words: artificial eyes, prosthesis maxillo facial, History, anofthalmic, ocularist.
8
LISTA DE FIGURAS:
Figura 1: Gráfico indicando Idade da decorrência anoftalmica.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/abo/v66n5/18154.pdf
Acessado em 18 de fevereiro de 2010 20h31min.
Figura 2: Gráfico indicando Processo de elaboração da perda
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/abo/v66n5/18154.pdf
Acessado em 18 fevereiro de 2010 20h31min.
Figura 3: Gráfico - Mecanismo de defesa
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/%0D/abo/v66n5/18154.pdf
Acessado em 18 de fevereiro de 2010 20h31min
Figura 4: Gráfico – Autoestima
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/abo/v66n5/18154.pdf
Acessado em 18 de fevereiro de 2010 20h31min
Figura 5: Gráfico - Período da adaptação da prótese ocular
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/abo/v66n5/18154.pdf
Acessado em 18 de fevereiro de 2010 20h32min
Figura 6: Moldagem da cavidade
Disponível em:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/saude/inic/INICG00644_01C.pd
f
Acessado em 05 de junho de 2010 22h12min.
Figura 7: Modelo de gesso
Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/_DZvSVjGA1SY/SsY5qM9phXI/AAAAAAAAAK8/vXhLvR2VzaE/s320/mascara_mortp.jpg Acessado em: 07 de junho de 2010 10h32min.
9
Figura 8: Preenchimento com cera Disponível em: http://www.eyelens.com.br/trabalhos.php Acessado em: 26 de maio de 2010 14h37min Figura 9: Molde na mufla metálica Disponível em:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/saude/inic/INICG00644_01C.pd
f
Acessado em: 08 de junho de 2010 15h21min.
Figura 10: Pintura da íris
Disponível em: http://www.google.com.br/images?hl=pt-R&q=protese%20ocular%20moldagem&um=1&ie=UTF-8&source=og&sa=N&tab=wi Acessado em: 08 de junho de 2010 14h50min.
Figura11: Prótese ocular na mufla com resina acrílica
Disponível em:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/saude/inic/INICG00644_01C.pd
f
Acessado em: 08 de junho de 2010 13h50min.
Figura 12: Prótese acrilizada
Disponível em: http://www.eyelens.com.br/trabalhos.php
Acessado em: 25 de maio de 2010 14h40min.
Figura 13: Paciente pronto para receber a prótese
Disponível em:
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://3.bp.blogspot.com/_-
NBNOqLjTy8/SiETmtNZVvI/AAAAAAAAABw/NDuSIem-
JTg/s320/Monocular%2B007.jpg&imgrefurl=http://eutenhovisaomonocular.blogspot.c
om/2009/05/visao-monocular-protese-ocular.html&usg=__i_wbAGkvB13f2xDtnEuXI-
Acessado em: 22 de maio de 2010 20h45min.
Figura 14: Paciente recebendo a prótese ocular
Disponível em : http://www.distritofederal.df.gov.br/sites/000/56/imagens/protesesocularesI.jpg Acessado em: 08 de junho de 2010 12hs45min.
10
Figura 15: Paciente com prótese ocular.
Disponível em: http://www.eyelens.com.br/gerenciador/uploads/thumb/protese_depois.jpg Acessado em: 08 de junho de 2010 13h20min.
Figura 16: Portadores de prótese ocular antes e depois.
Disponível em: http://www.eyelens.com.br/trabalhos.php
Acessado em: 25 de maio de 2010 15h38min.
11
SUMÁRIO
1. Resumo ..................................................................................................06
2. Resumo em Língua Estrangeira – Abstract ............................................07
3. Introdução...............................................................................................12
4. Revisão de Literatura..............................................................................13
5. Discussão ...............................................................................................17
6. Passos para confeccionar uma prótese ocular .......................................23
7. Conclusão................................................................................................29
8. Referências Bibliográficas.......................................................................30
12
INTRODUÇÃO
Prótese na sua acepção etimológica é todo meio de substituir a perda de
substâncias quer congênita quer adquirida.
Em decorrência de a face exprimir as emoções e identificar o ser humano,
distúrbios de natureza estética, psicológica e funcional frequentemente acometem o
paciente portador de deformidade facial. A prótese buco-maxilofacial, através dos
anos vem tentando minimizar a gravidade estética e/ou funcional destas
deformidades; dando assim aos pacientes a oportunidade de constituírem em seres
mais sociais e produtivos.
A prótese ocular é a modalidade da prótese facial que visa à reparação
aloplástica das perdas ou deformidades do bulbo ocular, tendo como objetivos a
recuperação da estética fácil, a prevenção do colapso e da deformidade palpebral; a
proteção da cavidade anoftálmica contra agressões provocadas por fumaça, poeira
entre outros; a restauração da direção da secreção lacrimal; e a prevenção do
acúmulo deste fluido na cavidade anoftálmica.
O objetivo do presente trabalho é mostrar a importância da prótese ocular
através de seu histórico.
13
REVISÃO DE LITERATURA
A arte de confeccionar prótese ocular data de épocas remotas. Na história
do Egito, México (Astecas), e do Peru (Incas) encontraram-se referências aos olhos
artificiais.
Segundo Fonseca e colaboradores (1987)4, Coulomb, oculista francês,
que trabalhou em Paris no inicio do século XX, cita em seu livro “L´Oeil Artificiel” que
os olhos artificiais inicialmente foram utilizados como adornos de estátuas,
posteriormente em mumificações, para mais tarde serem empregados em vivos.
Conforme Fonseca5 no século IV a.C. foi construída a estátua egípcia Ra-
Emka, dotada de olhos com esclera em quartzo branco opaco, córnea em cristais de
rocha e íris em pedras brilhantes que demonstravam grande aparência de vida.
Acredita-se que os egípcios dominaram a técnica de fabricação de olhos
artificiais utilizando vidro colorido assoprado, no entanto, não existem provas.
Múmias com olhos de prata foram encontradas no Egito.
Luce8 relata que os Incas, no Peru, chegaram a empregar ornatos
semelhantes para seus mortos, porém em ouro. Este material, na época, se
constituía na melhor matéria prima e, devido a sua compatibilidade com os tecidos,
foi utilizado em vivo.
O mesmo Culomb3, citado por Fonseca4 e colaboradores, acha difícil de
determinar se foram os egípcios ou os romanos os primeiros a empregar os olhos
artificiais como prótese em vivo. Kelley7 diz que muito provavelmente os sacerdotes
egípcios foram os primeiros ensaia-los como tal, em 500 a.C. Confeccionavam
peças de cerâmica pintadas, sobrepostas á cavidade retida por substâncias
colantes.
A construção de olhos artificiais era conhecida dos gregos e romanos, que
utilizavam metais e pedras preciosas.
Segundo Fonseca4 e colaboradores, na historia da prótese ocular, e
consequentemente, no desenvolvimento da técnica de reprodução artificial da íris,
houve um personagem que introduziu modificações expressivas, e isto devemos a
Ambroise Paré. Conforme Sneyder13 é atribuído a este destacado homem de
ciência, Ambroise Paré1 teve o privilegio de utilizar pela primeira vez o vidro e a
porcelana. De acordo com relatos com grandes esforços conseguiu confeccionar
olhos artificiais em forma de concha de vidro em 1579.
14
Segundo Valvo15 e colaboradores a forma que é utilizada até hoje nos
olhos de vidro se deve a Fabrizio D´Aquapendente.
A França, Boemia e Veneza dominaram por muito tempo a fabricação de
olhos de vidro. Mas foi Ludwing Muller Uri que vivia por muito tempo na Thuríngia,
cidade de Iauscha na Alemanha, que promoveram uma grande evolução na
confecção de olhos de vidro. Fabricava olhos para bonecas com tanta perfeição que
foi solicitado um exemplar para ser usado em paciente. O domínio da técnica e a
qualidade do cristal empregado produziram uma prótese com excelente resultado.
Desde então, a Alemanha passou a liderar a fabricação e a exportação
desses olhos, cujo segredo passava de pais para filhos não havendo no mundo
quem os igualasse, seja na qualidade do vidro, seja na perfeição das cores ou na
naturalidade da prótese.
No Brasil, além dos pioneiros da especialidade, destacamos o trabalho de
autores que buscavam o desenvolvimento desse tipo de prótese, e outros que
contribuíram com novos métodos. Atualmente existe a prótese ocular, encontrada
em óticas e a oftalmoprótese individualizada; esta, moldada conforme as
características oftálmicas do paciente. A confecção de prótese ocular individualizada
exige recursos técnicos, além do conhecimento de anatomia descritiva e topográfica
do globo ocular. Utilizam-se na moldagem da cavidade anoftálmica moldeiras
individuais adaptadas a seringas, somente seringas. Mais recentemente a seringa
modificada30, sendo alginato o material mais utilizado.
Ocularista é o termo utilizado para identificar o profissional que
confecciona próteses orbitárias e faciais.
Uma cavidade anoftálmica terá pela frente uma sequência de
complicações que terá suas manifestações dependendo do período de aparecimento
da mesma.
Nas crianças onde a formação da órbita ainda não se completou, á
ausência do bulbo ocular levará a uma órbita pequena, com fundos de saco rasos e
aspecto estético que comprometera a socialização dessa criança.
Nos adultos, uma cavidade mal conduzida proporcionara, além do
aspecto estético, complicações como entrópio, fundos de saco rasos, secreção
conjutival crônica e a síndrome da cavidade anoftálmica.
A verdade é que o paciente com ausência de um olho tem sua autoestima
comprometida e a confecção da prótese ocular restabelece sua autoestima e ainda
15
serve para conservar anatomicamente os anexos oculares (pálpebras, cílios, etc.) A
ausência denominada de cavidade anoftálmica, acaba levando á atrofia dos tecidos
da órbita.
A perda do globo ocular por trauma, fatores congênitos ou associados à
enfermidade, acarretam inúmeros problemas ao paciente. Essa perda pode causar
alterações de ordem estética, funcional, pessoal, e interpessoal, pelo fato das
pessoas enxergarem de forma diferente. (Syrillo,1987)14.
A mutilação provocada pela perda do globo ocular ocasiona sérios efeitos
psicológicos sobre o paciente. Perda de autoestima, medo de repulsão e rejeição
pode persuadir o paciente a fugir de uma interação social. (Fonseca, 1987)5.
Sabe-se que as doenças orgânicas frequentemente afetam o psíquico do
paciente, e no caso dos olhos isto é muito mais evidente, pois esses não são
somente uns instrumentos de percepção que permite orientação, mais também um
importante fator na psicodinâmica do individuo devido a grande participação que tem
no relacionamento humano. (Fonseca, 1987).
De acordo com Silva et al (1994) um dos fatores primordiais para o
portador de uma prótese ocular e a sua dissimulação, de forma que possa passar
despercebido na sociedade em que vive.
É o que devemos buscar. Uma prótese bem confeccionada, bem
adaptada para evitar complicações oftalmológicas e psíquicas no individuo,
mantendo - o interagido no meio em que vive como se fosse apenas portador de
visão monocular.
Nas manifestações artísticas iniciais do homem, não se denotava
importância á representação dos olhos, sendo seu crescimento observado,
paralelamente ao desenvolvimento da pintura e da escultura.
Vários materiais foram utilizados para reproduzir o bulbo ocular, ligados a
localização e cultura dos povos. Nas regiões litorâneas foram utilizados produtos
provenientes do mar e tribos indígenas confeccionavam olhos em resina vegetal
para enfeitar seus mortos. (Fonseca & Rose – 1987).4
Fonseca & Rose4 (1987) relataram o interesse das civilizações
babilônicas e suméria em intervenções cirúrgicas do globo ocular e, na história dos
Incas, Maias e Astecas encontram-se referências á confecção de olhos artificiais
para orna suas esculturas. Peças imitando olhos humanos foram encontradas em
múmias egípcias e, essa prática não ficou restrita aos egípcios, sendo encontrados
16
olhos feitos em madrepérola e hematita em múmias Astecas e Incas. Segundo
Kelly7, egípcios removiam os olhos dos mortos e, incluíam nas cavidades
anoftálmicas, pedras preciosas para simular a íris.
Olhos artificiais fabricados para pacientes vivos teriam sido elaborados
por egípcios e romanos a partir do século V a.C. de modo a recobrir as cavidades
anoftálmicas.
Segundo Fonseca5 (1987), no ano 500 a.C. peças em cerâmica pintadas
representando olhos e pálpebras, eram colocadas nos pacientes por sacerdotes
egípcios. Os autores denominaram epíteses as primeiras próteses confeccionadas e
adaptadas sobre a região mutilada com a finalidade de proteger e dissimular a lesão;
e anapleroses aquelas intracavitárias, surgidas posteriormente.
Após a confecção por Ambroise Paré1 de uma prótese ocular em forma de
globo (em ouro e prata), com esclera e íris pintadas em porcelana, iniciou-se a
prótese funcional. A prótese intracavitárias constituída por Paré, era metálica e
composta de duas faces convexas soldadas. A superfície externa era coberta por
uma camada de esmalte e caracterizada para simular vasos sanguíneos e a íris. O
hypoblephara( inicialmente era uma concha de metal esmaltada ou pintada, usada
sobre o olho atrofiado, uma vez que a enucleação não era prática comum até a
metade do ultimo século). Posteriormente passou a ser confeccionado em porcelana
ou vidro.
17
DISCUSSÃO
A prótese exerce duas funções, pois de um lado devolve ao paciente sua
autoestima e autoimagem, possibilitando sua integração psicossocial, enquanto por
outro lado, pode tornar-se um instrumento que afasta a possibilidade da perda ser
vivenciada em sua totalidade, contribuindo para que esses indivíduos adotem
atitudes de repressão diante da realidade instalada. Não há relação entre o resultado
estético obtido com o grau de satisfação do paciente. O preconceito é outro fator
importante, pois pode interferir ou não na reabilitação do paciente, dependendo do
comportamento que apresente diante da sociedade.
A prótese ocular é um instrumento de reabilitação de quatro aspectos
distintos: anatômico, pessoal, estético, e interpessoal. Segundo os aspectos
anatômicos e estéticos, a prótese restabelece o conforto estético proporcionando re-
inserção sócio-cultural, uma vez que a lesão esta localizada na face sendo
supervalorizada por todas as culturas e grupos sociais. Quanto ao aspecto pessoal,
ela pode recuperar todo sentimento, sensações, idéias, imagens e valores que o
paciente possui. A pessoa que perde um órgão sofre modificações em sua vida,
afetando diretamente seu comportamento e a maneira de agir. A prótese faz com
que as pessoas não vejam o portador de lesão ocular como tal, portanto, não
demonstrem sentimentos de compaixão ou repulsa, já que reagem e interagem
naturalmente com esses indivíduos, não comprometendo seus relacionamentos
interpessoais.
Botelho (2003)2 referem em seu trabalho que a maior incidência de
anoftlamia adquirida (47%) está na faixa etária de 0 á 6 anos(fig.I ), 70% dos
pacientes estão em processo de elaboração da perda(fig.II) e os mecanismos de
defesa mais utilizados em face da situação instalada foram racionalização,
repressão, negação e deslocamento(fig.III). 30% aceitam a realidade atual. Após o
evento desencadeado 37% manifestaram estado depressivo, tendo desaparecido os
sintomas em 64% deles. 70% adaptaram a prótese ocular logo após o tratamento
cirúrgico ao passo que 40% adaptaram-na dois ou mais anos após o elemento
desencadeante.
Esteticamente 70% estão satisfeitos ao passo que 30% estão
insatisfeitos. 53% revelam autoestima rebaixada e 37% autoestima distorcida.
(fig.V).
18
Figura 1: Gráfico indicando Idade da decorrência anoftalmica
Botelho (2003)2 conclui que a integração entre os vários elementos da
equipe multidisciplinar constituída por cirurgiões, protéticos, psicólogos e o apoio da
família é fundamental durante o processo de luto instalado pela perda. Atitude
positiva para com a pessoa acometida facilita a vivência da perda em sua totalidade,
o que proporcionará a reestruturação dos aspectos interpessoais e reintegração
psicossocial da pessoa, pois os recursos de enfrentamento delas estarão
fortalecidos.
A pessoa que é acometida na infância por uma deficiência visual, terá
mais chances de reintegrar-se totalmente a vida do que aquele que sofre um corte
abrupto das suas atividades em outra fase do desenvolvimento, já que terá que re-
significar suas cognições dali em diante. Durante a infância a aceitação da
deficiência é maior, devido o convívio precoce com as limitações desencadeadas
pela falta da visão e sua integração no processo de modificações naturais do
desenvolvimento.
Os fatores pessoais que facilitam a aceitação da prótese foram os
sentimentos de valia, crenças e valores positivos acerca da situação e de si
mesmos, determinação e coragem, enquanto os fatores pessoais dificultadores
foram principalmente os sentimentos de autopiedade, sensação de desvalia ou
inutilidade, idéias de aniquilamento e imagens distorcidas dessa nova realidade.
19
Figura 2: Gráfico do Processo de elaboração da perda
Figura 3: Gráfico - Mecanismo de defesa
20
Figura 4: Gráfico – Autoestima
Figura 5: Gráfico - Período da adaptação da prótese ocular
A perda instalada durante a adolescência e adulta dificulta o processo de
elaboração da nova realidade, pois há uma compreensão total da dimensão da
realidade e a tendência, muitas vezes de significá-lo como o fim de uma vida normal,
sem nenhuma manifestação de enfrentamento dessa realidade.
A participação da equipe é indispensável para que o indivíduo se fortaleça
na elaboração da perda. Com auxilio de especialistas em cirurgia plástica ocular,
protéticos e psicólogos pode conseguir a reabilitação, pois somente após o paciente
voltar a sentir, fazer e experimentar como antes é que se pode considerá-lo
psicologicamente reabilitado.
Pode haver a ocorrência de falhas durante o processo das próteses
21
oculares e posteriormente durante a função. Estas falhas, muitas vezes, estão
diretamente relacionadas com a estética final das próteses.
A ocorrência de porosidades e alterações dimensional das próteses
oculares são fatores de suma importância no que diz respeito á durabilidade das
mesmas. Segundo Goioto et.al6.(2000), a ocorrência de porosidades compromete o
tempo de uso e a resistência, inviabiliza o uso da prótese pelo trauma causado por
contato, irrita a mucosa devido ao acumulo de microorganismos e matéria orgânica
dificultando a higienização.
A alteração dimensional acarreta perda de adaptação da prótese com os
tecidos circundantes e diminuição de retenção. Muitas variáveis influenciam a
ocorrência de alteração dimensional nas resinas para confecção de próteses
distintas, tais como: sistema monômero x polímero, proporção liquido/pó, expansão
e contração térmica tanto na resina acrílica quanto do gesso, perda e absorção de
água, pressão no ato da prensagem, pressão interna, tamanho e espessura da peça
e método de polimerização.
Buscando o aprimoramento das próteses oculares novos materiais têm
sido propostos para a confecção das mesmas.
Segundo Oliveira9 as próteses pode ser classificadas em
Olhos industrializados-representam conceito das próteses atualmente empregadas a
mais inadequada.
Olhos individualizados-olhos plásticos podem ser coloridos, aparados, lixados e
novamente polidos. Por estes fatores suplantaram os de vidro na aceitação
comercial.
Segundo a situação apresentada de casa paciente pode surgir variações de prótese
oculares que podem ser:
• Prótese ocular oca: feita em resina acrílica é mais confortável que a mesma
prótese maciça e evita a deformidade da cavidade anoftálmica.
• Prótese ocular de recobrimento: quando a perda ocular é parcial ou apenas
atrofia, é possível a confecção de uma peça em fora de concha ou de
recobrimento.
• Prótese ocular de contato: indicada para pacientes que apresentam perda da
visão com atrofia do globo ocular. Confecciona uma prótese em resina acrílica
incolor e restabelece o contorno normal do globo ocular.
• Prótese ortocavitaria: indicada para pacientes com retração da cavidade
22
anoftálmica são feitas em tamanhos maiores até que chegue a um volume
satisfatório para confecção de uma prótese restauradora
As recomendações ao paciente de prótese ocular são:
A cavidade seja lavada duas a três vezes ao dia com água filtrada e fervida. O Uso
de água boricada é indicado com restrições, pois pode causar irritações.
Não usar qualquer produto para limpeza da peça e nunca fervê-la, e voltar ao
retornar de três em três meses para novo polimento da peça, ou quando for
necessário.
23
Passos para confeccionar uma prótese ocular:
1 Primeiramente molda-se com alginato a cavidade do paciente
Figura 6: Moldagem da cavidade
24
2.Após a geleificação do alginato, vaza-se com gesso pedra.
Figura 7: Modelo em gesso
2.Preencha a cavidade com cera
Figura 8: Preenchimento com cera
25
3. Inclui na mufla:
Figura 9: Molde na mufla metálica
4.Depois de retirada a cera, incia-se a confecção da íris
Figura 10: Pintura da íris
26
5.Depois da íris caracterizada inclui-se novamente na mufla:
Figura 11: Prótese ocular na mufla com resina acrílica
6. Depois do cozimento, inicia-se o acabamento,
Figura12: Prótese acrilizada
27
7. Dado todo o acabamento, já esta pronta para ser colocada.
Figura 13: Paciente pronto para receber a prótese
8. Coloca-se a prótese no paciente
Figura14: Paciente recebendo a prótese ocular
28
9. Prótese colocada
Figura 15: Paciente com prótese ocular.
Vários portadores de prótese ocular:
Figura 16: Portadores de prótese ocular antes e depois.
29
CONCLUSÃO
Podemos observar que o conhecimento dos aspectos técnicos, históricos,
e ate mesmo psicológicos na confecção e adaptação de uma prótese ocular é de
extrema importância. E o que é muito importante também é manter uma interação
com ocularista e o oftalmologista, para atingir os objetivos de uma boa adaptação
minimizando e evitando complicações no paciente e principalmente complicações
psicológica do mesmo.
Mesmo que a prótese ocular não permita que o paciente volte a enxergar, ela
ajuda a restaurar a autoestima de seus portadores, permitindo assim um convívio
melhor com a sociedade e maior aceitação de sua deformidade.
30
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