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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) – UM DESAFIO A SER
ALCANÇADO
Autora: Clarice Brandão Dornelles 1
Orientadora: Isabel Cristina Ferreira 2
Resumo
Este artigo tem como objetivo demonstrar a importância da construção participativa e democrática do Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição escolar, visto que é um documento de extrema importância por direcionar o trabalho de todos os funcionários envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Contudo, na medida em que cada ano letivo termina, este instrumento deveria ser revisto, uma vez que os professores já evidenciaram as dificuldades vivenciadas em sala de aula, tiveram experiências positivas no que condiz a ensino, o que deveria ser inserido no PPP para orientar novas ações dos educadores no ano seguinte de modo que seja alcançada gradualmente uma educação realmente de qualidade. Contudo, observa-se que nem sempre a teoria se traduz em prática devido a vários entraves e dificuldades discutidos a seguir.
Palavras-chave: Projeto Político Pedagógico (PPP). Educação. Dificuldades para discutir o PPP. Atuação docente e dos gestores.
1 - INTRODUÇÃO
A opção do tema para este estudo se deve às dificuldades encontradas pela
direção, equipe pedagógica e professores na organização do trabalho pedagógico
da escola, devido aos constantes entraves no seu cotidiano, principalmente no
tocante a adequação da teoria com a prática, na mobilização do interesse, a atenção
e ação dos profissionais da educação para melhoria do ensino-aprendizagem,
reconhecendo a escola como espaço privilegiado de construção de conhecimento.
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O objetivo principal deste artigo concentra-se em definir as causas e os
entraves que dificultam a realização de um Projeto Político Pedagógico (PPP)
teórico-prático com a participação efetiva dos educadores em sua construção e
constante reformulação uma vez que as características da comunidade em que a
instituição está inserida mudam com o passar dos anos assim como o perfil dos
alunos atendidos.
Para isto, é essencial repensar a construção do PPP e evidentemente formar
cidadãos capacitados que possam sem maiores problemas formular uma vida
educacional, socioeconômica, política e cultural de qualidade através dos saberes
interiorizados na escola por meio de sua (re)construção do contínua.
A finalidade desta produção consiste em proporcionar uma breve reflexão e
fundamentação teórico-metodológica sobre o Projeto de Intervenção Pedagógica
desenvolvido no segundo semestre de 2011, com grupo de estudos constituído pelos
professores e equipe pedagógica da Escola Estadual Vale do Tigre no Município de
Nova Londrina Estado do Paraná cujo objeto de estudo concentrou-se na
delimitação e análise do PPP da instituição acima mencionada.
A justificativa para elaboração desta pesquisa parte da premissa de que para a
escola precisa construir a sua Proposta Pedagógica contando com a participação de
todos. Isso vem democratizar as relações de poder no âmbito escolar e levar os
usuários à intervenção no próprio sistema de ensino e no processo decisório por se
tornar capaz de delimitar novos processos educativos, metodologias de ensino e
formação daqueles que são e serão os educadores das atuais e futuras gerações,
evitando assim, o processo de deterioração do ensino básico. Diante disto, a
construção do PPP pela comunidade escolar reafirma a necessidade de uma
educação de qualidade pensada e elaborada por todos.
Em meio a isto, o problema que direcionará esta pesquisa consiste em
determinar: Quais seriam as causas e os entraves que dificultam a realização de um
PPP teórico-prático?
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O método escolhido para tecer tais considerações, parte de análises
bibliográficas e de uma pesquisa de campo realizada com os professores da
instituição onde o PPP foi analisado e discutido, assim como demais professores
que participaram do GTR – Grupo de Trabalho em Rede onde direcionei análises
sobre a temática deste artigo.
Dentre os principais resultados alcançados mencionam-se: a necessidade do
PPP trazer sua teoria para a prática, dos pais participarem ativamente das decisões
da escola e da vida acadêmica de seus filhos, acompanhamento dos problemas e
dificuldades que conduzem ao abandono, repetência e indisciplina resolvendo-os da
melhor maneira possível, entre outras perspectivas que podem ser evidenciadas a
seguir.
2 - DESENVOLVIMENTO
2.1 Os Entraves que Impedem ou Mesmo Dificultam que o Projeto Político
Pedagógico Seja Realizado na Prática
O Projeto Político Pedagógico (PPP) tem como função descrever os aspectos
gerais de cada instituição de ensino, relatando as características da comunidade
onde está inserida, dos alunos, projetos a serem realizados, objetivos mediante o
processo de ensino e aprendizagem, as atribuições de cada funcionário dentre
outros aspectos que visam a melhoria do processo educacional.
Para VEIGA (2004, p.13) sua construção:
[...] busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. Na
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dimensão pedagógica reside à possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.
Toda instituição escolar possui um PPP por ser um dos documentos
obrigatórios para sua abertura e funcionamento constituindo-se no primeiro
instrumento reconhecido legalmente que direciona as atividades da escola,
suscitando sua constante reflexão, discussão e reformulação por todos os
profissionais envolvidos para o exercício e difusão do conhecimento.
A Proposta Pedagógica da escola é uma tarefa dela mesma, um processo que
se constrói constantemente e se orienta com intencionalidade explícita se
concretizando em uma prática educativa. Portanto, construí-lo significa assumir a
educação como um processo de ensino-aprendizagem essencial para a formação
dos educandos e o exercício da cidadania.
VASCONCELLOS (1995, p.143) acrescenta ainda que o:
Projeto Pedagógico [...] é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da instituição.
É no Projeto Político Pedagógico (PPP) que se norteia e define coletivamente o
que a escola fará em relação à sua política de currículo, de gestão e de relação com
a comunidade. Nele apresentam-se também seus objetivos e metas, sendo que é
neste momento que a escola assume sua especificidade e seu eixo de atuação,
assim como o seu caminho metodológico.
Como visto, o PPP apresenta inúmeras atribuições, dentre as quais COSTA &
MADEIRA (1997, p.36) classificam da seguinte forma:
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a) o projeto diz respeito à concepção de escolas socialmente determinadase referidas ao campo educativo;b) na fase de reflexão é que a instituição define e assume uma identidade que se expressa por meio do projeto;c) o projeto serve de referência à ação de todos os agentes que intervêm no ato educativo;d) o desenvolvimento do projeto implica a existência de um conjunto de condições, sem as quais ele poderá estar condenado a tornar-se apenas mais um “formulário administrativo”;e) a participação só poderá ser assegurada se o projeto perseguir os objetivos dos atores e grupos envolvidos no ato educativo, em sua globalidade.
O Projeto pedagógico é um instrumento que articula as ações da escola de
forma consciente e organizada devendo ser tecido por todos para que possa cumprir
as necessidades curriculares determinadas pelo país, regionais e ainda locais para
que os educandos consigam conciliar os conhecimentos científicos mediados por
seus professores ao seu cotidiano. Somente desta forma, o PPP deixará de ser um
mero instrumento burocrático para se tornar um viés de transformação escolar.
O PPP assim concebido permite que todos os agentes educacionais trabalhem
em unidade dentro da instituição de ensino em prol dos alunos e do saber tendo
consciência de suas atribuições, valores a serem praticados e, de suas funções uma
vez que este instrumento é sinônimo de uma gestão de democrática de construção
coletiva que conduz a emancipação e organização escolar como um todo.
Seguindo esta linha de análise, VASCONCELLOS (2002, p. 21) pondera:
O Projeto tem uma importante contribuição no sentido de ajudar a conquistar e consolidar a autonomia da escola, criar um clima, um ethos onde professores e equipe se sintam responsáveis por aquilo que lá acontece, inclusive em relação ao desenvolvimento dos alunos.De certa forma, é o Projeto que vai articular, no interior da escola, a tensa vivência da descentralização e, através disto, permitir o diálogo consistente e fecundo com a comunidade e com os órgãos dirigentes.
De forma complementar, DEMO (l998, p.248), destaca:
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Existindo projeto pedagógico próprio, torna-se bem mais fácil planejar o ano letivo, ou rever e aperfeiçoar a oferta curricular aprimorar expedientes avaliativos, demonstrando a capacidade de evolução positiva crescente. É possível lançar desafios estratégicos, como: diminuir a repetência, introduzir índices crescentes de melhoria qualitativa, experimentar didáticas alternativas, atingir posição de excelência.
Ambos os autores VASCONCELOS (2002) como DEMO (1998) ressaltam
características que necessitam estar intrínsecas ao PPP desde o início de sua
construção até os momentos em que sua revisão se torna fundamental, pois se os
alunos são os principais beneficiados com uma escola democraticamente
construída, na medida em que a equipe pedagógica passa a rever os resultados de
cada ano letivo e, encontra um meio para solucionar os problemas de aprendizagem
inovando e motivando os professores, inserindo projetos diferenciados, entre outras
atividades, a escola tende a alcançar o status qualitativo tão almejado pelo Estado e
pelo país.
Além, disso, GANDIN (1999 p. 15) cita em sua pesquisa que:
O PPP é um momento do planejamento que vai ficando conhecido como "planejamento participativo" e que busca fazer, para as instituições cujo primeiro fim é o de contribuir para a construção da sociedade (caso das escolas), aquilo que o "planejamento estratégico" e o "gerenciamento da qualidade" fazem por outras instituições.
Segundo VASCONCELLOS (1995, p.143), o projeto pedagógico
[...] é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. E uma metodologia de trabalho que possibilita resignicar a ação de todos os agentes da instituição.
Desse modo, a construção e revisão do PPP de acordo com VEIGA (2004)
implica na revisão daquilo que de certa forma já foi concretizado, revendo-o
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pensando em algo sempre melhor para todos que participam do processo de ensino
e aprendizagem.
Contudo, sua reformulação exige empenho e dedicação destes profissionais
que no dia a dia em sala de aula detectam as dificuldades dos alunos e que ao
mesmo tempo necessitam se mostrar dispostos a inovar, atualizar seus
conhecimentos levando em consideração os acontecimentos globais, regionais e
locais que precisam ser entendidos pelos educandos por se refletirem em seu
cotidiano.
Este momento de reconstrução é a oportunidade de toda a equipe pedagógica
e demais funcionários que observam o processo de ensino de perto, demonstrarem
suas inquietações, sugerirem mudanças, estratégias e ações capazes de melhorar
não apenas a gestão da instituição mas todo o trabalho realizado em prol da
aprendizagem.
Decorrente disto, VEIGA (1998, p.10) afirma:
No decorrer do processo de construção do projeto político-pedagógico, consideram-se dois momentos interligados e permeados pela avaliação: o da concepção e o da execução. Para que possam construir esse projeto, é necessário que as escolas reconhecendo sua história e a relevância de sua contribuição, façam autocrítica e busquem uma nova forma de organização do trabalho pedagógico que reduza os efeitos da divisão do trabalho, da fragmentação e do controle hierárquico
Este tratamento propõe o PPP como um dos pilares do planejamento que deve
juntar-se a um diagnóstico para julgar a prática e postular uma proposta concreta
capaz de construir uma nova organização pedagógica direcionada através da
cooperação dos funcionários e pais em benefício dos educandos.
Ao escrever o livro Pedagogia da autonomia, FREIRE (1999) relaciona uma
série de exigências pertinentes a tarefa de ensinar para promover o que PIAGET
(1995) chamou de abstração reflexionante e possibilitar um processo de reflexão
permanente sobre o compromisso do profissional da educação e os conhecimentos
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necessários para o seu fazer pedagógico e que precisam constar no PPP. Como
exemplo disto, cita-se a necessidade de ensinar com amor, aprender a aprender,
utilizar os conhecimentos prévios dos alunos para a partir disso promover as
mediações que transformem senso comum e saber científico.
VEIGA (2007) enfatiza que a construção do PPP dá uma relativa autonomia a
escola para delinear sua própria identidade a partir do diálogo e da reflexão coletiva,
para que no decorrer do ano letivo possa executá-lo e avaliá-lo embasando-se
continuamente no processo de ação e reflexão.
Apesar de todos os pontos positivos da construção deste instrumento, da
necessidade e continuidade dos planejamentos essenciais para a melhoria da
qualidade do ensino, menciona-se que nem sempre estas metas são alcançadas,
fazendo com que surjam os entraves que dificultam a realização de um PPP capaz
de conciliar a teoria mencionada anteriormente à prática.
VEIGA (2003, p.271) justifica esta problemática, mencionando:
Olhando de modo mais específico, no que concerne ao projeto político-pedagógico, o processo inovador orienta-se pela padronização, pela uniformidade e pelo controle burocrático. O projeto político-pedagógico visa à eficácia que deve decorrer da aplicação técnica do conhecimento. Ele tem o cunho empírico-racional ou político-administrativo. Neste sentido, o projeto político-pedagógico é visto como um documento programático que reúne as principais idéias, fundamentos, orientações curriculares e organizacionais de uma instituição educativa ou de um curso.Enveredar pela compreensão do projeto político-pedagógico como inovação regulatória e técnica implica analisar os principais pressupostos que embasam sua concepção. Assim, a construção do projeto no âmbito da inovação regulatória anda a par com “a reconstituição do campo do poder dentro das escolas, entendido este como espaço de jogo no interior do qual novos atores lutam pelo poder sobre a nova especialização de funções e a interpretação reguladora dos instrumentos de diagnóstico e avaliação” (Gomes, 1996, p. 98). Significa dizer que as inovações regulatórias, ao criarem indicadores de desempenho das escolas e instituições de ensino superior, acabam por transformar tais indicadores em referenciais para o diagnóstico prévio e para a avaliação de resultados.
Na medida em que o PPP se torna um instrumento construído às pressas para
abertura e reconhecimento e uma instituição de ensino onde apenas os gestores
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têm acesso ao seu desenvolvimento, não democratizando sua construção e
delegando as funções que acham cabíveis a cada profissional sem os consultar,
toda a teoria defendida por diversos autores onde existe a necessidade de uma
construção participativa se esvai. Como resultado este documento se torna apenas
mais um exemplo da burocracia exigido pelas secretarias de Educação de cada
Estado para o funcionamento da instituição de ensino
Menciona-se ainda, o fato de que faltam momentos em que os profissionais
possam parar suas aulas para refletirem sobre os aspectos referentes a qualidade
do ensino aprendizagem; ou quando isto acontece a relação professores e alunos
ainda não está consolidada o que dificulta a identificação das necessidades de
melhoria que devem constar nas propostas do PPP assim como as possíveis
soluções para tais problemáticas.
Cada instituição de ensino e a forma como é gerida instiga olhares
diferenciados sobre este documento, sobre seus problemas como evasão e
repetência. A forma como os profissionais da educação estão mobilizados para a
busca contínua de desenvolvimento profissional e ainda a necessidade permanente
dos estudos do PPP, de seus fundamentos e princípios para confrontá-lo com a
prática diária da escola melhorando a qualidade de ensino e aprendizagem.
Verifica-se desta forma que existe uma complexa teia de relações que separa
significativamente a teoria que direciona o que deveria acontecer no âmbito
educacional condizente a formulação e reformulação do PPP e a prática, sobretudo,
onde não existe uma gestão democrática fazendo com que este documento deixe de
ser pensando como o marco norteador do funcionamento da instituição para se
tornar apenas mais um critério exigido para seu funcionamento.
VIEIRA (2002, p.09) assinala que seu “processo de construção aglutinará
crenças, convicções, conhecimentos da comunidade escolar, do contexto social e
científico constituindo-se em compromisso político e pedagógico coletivo”. Sendo
assim, quando o PPP está inacessível aos professores como pensar em estratégias
que possam melhorar o processo de ensino e aprendizagem?
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Em outras palavras, faz-se necessário observar que o Projeto Político
Pedagógico na escola deve estar em consonância com a legislação e às políticas
públicas educacionais. É preciso entender que será no espaço da escola que se dá
a unidade do processo educativo, unidade impossível de ser concretizada de forma
democrática e efetiva sem a participação coletiva daqueles que vivem o cotidiano da
escola.
É importante lembrar, como destaca VEIGA (2003, p.275) que
O projeto político-pedagógico, na esteira da inovação emancipatória, enfatiza mais o processo de construção. É a configuração da singularidade e da particularidade da instituição educativa. Bicudo afirma que a importância do projeto reside “no seu poder articulador, evitando que as diferente s atividades se anulem ou enfraqueçam a unidade da instituição”. Inovação e projeto político-pedagógico estão articulados, integrando o processo com o produto porque o resultado final não é só um processo consolidado de inovação metodológica no interior de um projeto político-pedagógico construído, desenvolvido e avaliado coletivamente, mas é um produto inovador que provocará também rupturas epistemológicas. Não podemos separar processo de produto. Sob esta ótica, o projeto é um meio de engajamento coletivo para integrar ações dispersas, criar sinergias no sentido de buscar soluções alternativas para diferentes momentos do trabalho pedagógico-administrativo, desenvolver o sentimento de pertença, mobilizar os protagonistas para a explicitação de objetivos comuns definindo o norte das ações a serem desencadeadas, fortalecer a construção de uma coerência comum, mas indispensável, para que a ação coletiva produza seus efeitos.
Em conformidade a esta ponderação quando se reflete sobre a necessidade de
uma mudança da prática para a ação libertadora da escola, deve-se partir para
medidas que permitam a reorganização de sua estrutura criando um espaço de
diálogo, ou seja, despertar os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem
para uma nova consciência pautada na convivência reflexiva, permitindo que cada
um assuma uma tarefa cada vez mais crítica para o beneficio de todos.
Segundo VASCONCELLOS (2000, p. 162):
A escola deve perder o medo burocrático de perder tempo. Parece que estudar é perder tempo. Qualquer instituição que necessita se inovar, para e pensa as possíveis mudanças. Por que a escola não pode para pensar nas inovações necessárias?
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Neste sentido, pode ser mencionado FREIRE (1999), cujas pesquisas afirmam
que ensinar exige: rigorosidade metódica; pesquisa; respeito aos saberes dos
educandos; criticidade; estética e ética; saber usar palavras pelo exemplo; risco,
aceitação do novo e rejeição de qualquer forma de discriminação; e, acima de tudo
refletir criticamente sobre a sua prática, além de reconhecer sua identidade cultural e
ter segurança, competência profissional e comprometimento com sua prática.
Sendo assim, é fundamental:
A participação dos professores e especialistas na elaboração do projeto pedagógico da escola e o congraçamento participativo em colegiados diretivos escolares funcionam como balizamentos desta ‘utopia concreta’ da gestão democrática escolar no âmbito das instituições públicas. (CARNEIRO, 2006, p. 83)
Para que o PPP não se concentre em propostas excludentes e que ignorem a
realidade dos educandos e os recursos que a instituição tem disponíveis para o
desenvolver do processo de ensino e aprendizagem, sua revisão é fundamental
visto que as novas experiências e idéias que deram certo podem ser compartilhadas
e vivenciadas por outros educadores independentes das dificuldades, sobretudo,
quando se pensa no tempo disponível e na necessidade de cumprir um enorme
currículo em pouco tempo.
Todavia, não podemos esquecer de que existem estes princípios norteiam a
educação, mas o essencial é que não há docência sem discência, ou seja, enquanto
os educadores estiverem atuando não podem esquecer-se do compromisso
assumido como profissionais da educação e que exige a efetivação de uma
aprendizagem qualitativa e formação cidadã dos educandos.
O PPP não resolve nem resolverá todos os problemas da escola, mas sua
elaboração de forma coerente apoiada na necessidade de amenizar os problemas
cotidianos permite um avanço qualitativo para todos que estão envolvidos na
Educação.
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Além das dificuldades mencionadas acima no cotidiano escolar emergem
outros entraves que limitam a discussão que PPP e que não podem ser esquecidos,
como poderá ser evidenciado nas discussões posteriores.
2.2 A importância das Relações entre as pessoas que participam da Escola
A relação com mais intensidade que ocorre nas interações na escola é por
parte professor / aluno marcada como um dos primeiros contatos diários destes dois
envolvidos.
Será na sala de aula que o senso comum transformar-se-á em saber científico,
devido as orientações do professor que além do domínio da disciplina que ensina,
necessita estar sensível as dificuldades dos alunos evidenciando-as e encontrando
meios para lhes auxiliar a superar ou amenizar.
Neste sentido, conforme ZAGURY (2006, p. 35) nos diz:
Apontar o professor como único e responsável pela participação do aluno em aula é mascarar a realidade. Ignorar que por parte dos alunos, por razões sociais ou pessoais, não querem, não gostam de estudar, e muito menos de se esforçar para aprender, é igualmente ignorar que o ser humano é múltiplo e que cada indivíduo é único e reage diversamente aos estímulos recebidos. E é ignorar também que muitas destas variáveis não podem ser superadas unicamente pelo trabalho do professor, por melhor que ele seja e por mais que trabalhe bem e se esforce muito.
O professor tem que ser no momento da aprendizagem o mediador e motivador
pois o aluno quando tem suas dúvidas, geralmente não quer dizer que não entendeu
o conteúdo, por isso a motivação exercida pelo professor, será como aborda SISTO
(2001) uma variável chave para a aprendizagem permitindo que gradualmente suas
dificuldades sejam reduzidas.
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Segundo FREIRE, (2002, p.51) cada professor tem suas características e
marca a vida do aluno de forma diferenciada, seja ele
[...] autoritário, licencioso, competente, sério, incompetente, irresponsável, amoroso da vida e das gentes, o professor mal-educado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum desses passam pelos alunos sem deixar sua marca.
Para GADOTTI (1992), a prática do educador deve ser permeada pelo diálogo,
jamais se posicionando como o único de detentor do saber, pois aquele que cativa o
educando, que se mostra aberto à comunicação favorece sua aprendizagem e a de
seus colegas, estimula os alunos a participarem, exporem suas opiniões, analisar e
relacionar os fatos estudados interiorizando-os de forma qualitativa e não apenas
decorando os conteúdos para a prova em um processo mecânico e sem importância
à sua vida.
Neste sentido, quando o exercício do professor da sala passa por este caminho
estará respeitando os diferentes valores, princípios e opiniões presentes no
cotidiano escolar, e, na medida em que tem resultados positivos, sua prática ao ser
compartilhada com demais colegas pode ser inserida no PPP para que futuramente
outros profissionais também possam ter a oportunidade de trilhar os mesmos
caminhos.
2.3 A Disciplina em Sala de Aula
Muito embora outro entrave seja considerado como empecilho da
aprendizagem este precisa ser entendido em seu parâmetro, ou seja, o problema da
disciplina em sala. O que é ser disciplinado? É necessário que o educador esteja
atento para saber até que ponto considera as manifestações dos alunos durante as
aulas como indisciplina. Seriam estas manifestações de atrapalho ao trabalho ou
momento de demonstração de não entendimento de certos conteúdos?
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Confirmando tal colocação ANTUNES (2003, p.34) menciona: “É essencial que
o espaço da sala de aula seja o espaço da discussão, da oposição, das divagantes
interpretações”. Portanto, não é prudente impedir que o aluno se manifeste durante
a aula se ele tem dúvidas a serem sanadas, se muitas vezes não concorda com o
que é colocado pelo professor será apenas por meio de um diálogo equilibrado que
possibilita a comparação dos diferentes pontos de vistas que a aprendizagem
seconstrurá.
O redimensionamento do problema sobre disciplina exige que o professor e
alunos respeitem regras de como se portar no ambiente escolar, contudo, a
indisciplina não surge somente ao desrespeitá-las. É importante considerar em
conformidade com ROSEMBERG apud VASCONCELLOS (1994 p.50) que “é
preciso ouvir e compreender o que o aluno tem por traz deste comportamento
manifestado como indisciplina.”
Este repensar caracteriza o momento de rever não somente as tendências de
ensino adotadas ao longo dos anos, mas também que seja (re)organizado um
trabalho coletivo com propostas explicitas no Projeto Político Pedagógico onde
articule a construção do conhecimento aliado ao papel do professor, ou seja, por
meio de um ensino exigente e inteligente de modo que a indisciplina não ocorra,
nem incentive os demais educandos.
Em conformidade a este posicionamento ZAGURY (2006) aponta que é
necessário a existência de um diálogo que conduza a decisões conjuntas e um
contrato de honrar a palavra empenhada, comprometimento nas atividades e
projetos e assim estabelecer uma relação de reciprocidade amparadas no PPP.
O professor necessita ter em sua prática de trabalho um meio de ofertar
condições de aprendizagem que estimulem os alunos a dialogarem em sala no
buscando decisões de melhoramento do processo de ensino e aprendizagem, das
estratégias de ensino e respeito das regras disciplinares, levando-os a fazer parte de
um ensino qualitativo.
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2.4 Uma aprendizagem Significativa:
Ao preparar suas aulas o professor deve pensar em meios inovadores que as
tornem meios diferenciados para incentivar à aprendizagem. Mas como propor uma
aprendizagem significativa de maneira prazerosa e que conquiste a atenção dos
alunos?
Nota-se que a questão da motivação seria um dos itens que poderia subsidiar o
trabalho do docente, principalmente se estiver aliada à interdisciplinaridade por ser
um importante diferencial na construção do saber na medida em que busca a
contextualização de tudo o que é proposto em sala demonstrando a importância e o
uso daquilo que se está ensinando e sendo aprendido.
GARRIDO (1990) e LENES (1994) mencionam que a questão motivacional
justifica porquê alguns alunos gostam e aproveitam à vida escolar adquirindo
comportamentos adequados e desenvolvendo seu potencial de aprendizagem
enquanto outros fazem de forma relaxada e sem interesse o que é proposto em sala.
Para a efetivação e verificação da aprendizagem buscam-se recursos
diversificados para saber o quanto este saber foi adquirido pelos alunos, sendo a
avaliação um dos recursos mais utilizados embora quando é realizada de forma a
“ameaçar” e “reprimir” os educandos se torne motivo de evasão escolar.
Por isso, quando é delineada no PPP é fundamental que sejam escolhidos
teóricos especializados na temática que vejam a avaliação como uma forma de
constatação das dificuldades dos alunos para que o professor possa rever seu
próprio trabalho, diferenciar as explicações, linguagem adotada, enfim, sua prática
cotidiana. Dessa forma, a avaliação não deve apenas quantificar o quanto o aluno
aprendeu ou não, mas direcionar o trabalho do professor.
Neste sentido, segundo SALDANHA (1978, p.56) coloca que
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[...] a avaliação não é só um recurso de controle das mudanças de comportamento evidenciadas pelo aluno durante o processo de aprendizagem, mas também como um recurso de medidas de objetivos de ensino, de métodos, de conteúdos, de currículos, de programas e das próprias habilidades do professor.
O contexto de uma avaliação de acentuação de dificuldades faz com que os
alunos tenham uma visão de ensino marcada pelo desestimulo. Já na aprendizagem
significativa o professor tem que avaliar os rendimentos de seus alunos não somente
com provas como recurso único, pois estes critérios caracterizam uma avaliação
sem contexto.
Neste sentido, LUCKESI (1999) aborda que “o valor da avaliação encontra-se
no fato do aluno poder tomar conhecimento de seus avanços e dificuldades”. Cabe
ao professor, portanto, desafiá-lo a superar as dificuldades e continuar progredindo
na construção e interiorização dos saberes científicos mediados por seus
professores.
Conforme LIBÂNEO (2005, p.117):
Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos.
Ao mesmo tempo em que, coloca-se a avaliação como meio de medição da
aprendizagem é fundamental que seja lembrado que esta deve ser permeada por
objetivos diferenciados capazes de resolver os problemas de aprendizagem que
ficaram pendentes e, também redirecionar o trabalho do professor.
Sendo assim, o PPP precisa sugerir várias formas de avaliação, como por
exemplo, provas, trabalhos individuais ou em grupo, o valor de cada atividade
realizada, oportunizando ao professor saber como e porque avaliar.
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2.5 Pais aliados com a Escola no Desenvolvimento da Aprendizagem
O ambiente familiar, ou seja, os relacionamentos desenvolvidos em família
podem afetar muitas vezes o comportamento dos educandos na escola que se
recusam a participar das atividades propostas, a interagir com os colegas, se
mostram agressivos, dentre outras atitudes.
Diante disso, no PPP, precisam constar medidas que enfatizem a necessidade
de comprometimento dos pais em acompanhar seus filhos, e também direcionar os
professores e equipe pedagógica para sanar tais problemas.
A importância da participação da família no desenvolvimento escolar dos
alunos é grande valia. Essa parceria traz responsabilidade balanceada por ambas as
partes, ou seja, entre a escola e a família.
Neste sentido, SUTTER, (2007 p.2) coloca que:
“A família é o âmbito em que a criança vive suas maiores sensações de alegria, felicidade, prazer e amor, o campo de ação no qual experimenta tristezas, desencontros, brigas, ciúmes, medos e ódios”.
É preciso estabelecer uma conscientização de que nossa sociedade mudou e
os valores também, o envolvimento entre os pais e professores, ou seja, a educação
como um todo, proporciona maior comprometimento no alcance das metas
educacionais propostas e, sobretudo, na aprendizagem.
Assim, SILVA (2008 p.1) fala que:
Atualmente, os pais devem estar cada vez mais atentos aos filhos, ao que eles falam, o que eles fazem, as suas atitudes e comportamentos. E, apesar de ser difícil, a escola também precisa estar atenta. Eles se comunicam conosco de várias formas: através de sua ausência, de sua rebeldia, seu afastamento, recolhimento, choro, silêncio. Outras vezes, grito, zanga por pouca coisa, fugas, notas baixas na escola, mudanças na maneira de se vestir, nos gestos e atitudes. Os pais devem perceber os filhos. Muitas vezes, através do comportamento, estão querendo dizer alguma coisa aos pais. E estes, na correria do dia-a-dia, nem prestam atenção àqueles pequenos detalhes.
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Este estímulo de parcerias reforça a integração entre escola e família, pois os
pais ou responsáveis são os únicos capazes de corrigir e orientar os filhos, uma vez
que muitas coisas fogem do controle da instituição de ensino, como por exemplo, a
formação da moral e da ética de cada educando que é postulada desde sua infância
através dos exemplos vivenciados.
Tais considerações sobre a importância da presença dos pais na escola
também estão explicitas no PPP uma vez que a participação é decisiva no sucesso
ou fracasso dos filhos.
Diante dessa importante participação da família AZEVEDO (2009, p.6)
menciona:
A construção do projeto político-pedagógico e do regimento escolar é, também, um momento privilegiado para definir os canais institucionais de participação da família na vida escolar. Formas democráticas de escolha do dirigente escolar, conselho deliberativo escolar, reuniões de pais são formas significativas de participação.
Embora saiba-se que não é tarefa nada fácil estabelecer uma parceria
participativa da família na escola não podemos desistir enquanto educadores. Em
suma, na escola construímos conhecimentos que também são formulados na família
por ser o ambiente onde os valores e atitudes se consolidam.
Diante destas perspectivas foram elaborados os questionamentos em anexo
que permitiram o levantamento de dados expressos na discussão a seguir.
3- PESQUISA DE CAMPO
A metodologia utilização para coleta de dados a serem apresentados partiu da
realização de um curso com carga horária de 20 horas teóricas e 12 horas práticas
com um grupo de professoras formadas em diversas áreas, que ao longo de suas
reflexões demonstraram a possibilidade de uma prática mais integradora voltada a
19
realização plena do que se preconiza no PPP através de mudanças na prática
estabelecida na instituição em que atuam em Nova Londrina.
Dessa forma, houve a participação de oito professoras sendo uma formada em
Matemática, quatro em Pedagogia, duas em Letras e uma em Ciências Biológicas.
Os resultados coletados serão expressos de forma qualitativa, lembrando que
como algumas perspectivas são igualitárias, todas foram somadas em um único
texto capaz de demonstrar os pontos de vista das oito profissionais que participaram
do curso acima mencionado.
No primeiro questionamento buscou-se identificar o que tais profissionais
pensavam sobre quais seriam os entraves que dificultam a realização do PPP
obtendo-se os seguintes dados:
• Para a formulação de um PPP democrático é fundamental a participação de
todos, sendo fundamental que deixe de acontecer apenas na teoria, evitando que a
prática seja relegada a segundo plano.
• Dentre os entraves que justificam este contexto podem ser mencionados: a
vulnerabilidade social a que os alunos estão expostos devido a falta de uma
estrutura familiar; crescimento do número de crianças e adolescentes que não
conseguem exercer seus direitos de cidadãos sendo esmagados pelo capitalismo;
os atrativos oferecidos pela mídia (TV e internet) que tornam a escola e seus
métodos tradicionais desestimulante; aumento da evasão escolar e da baixa
aprendizagem.
Como visto a unificação das respostas demonstra de forma nítida a percepção
esboçada pelos professores de que cada vez mais a escola necessita melhorar as
formas como direciona o processo de ensino e aprendizagem, fazendo com que seja
estimulante e atrativa de modo que possa realmente cumprir com sua função social,
formando cidadãos aptos para atuarem no mercado de trabalho.
20
Entretanto, para que isso ocorra o PPP necessita se tornar um instrumento
delineado teoricamente e também na prática construído a partir da percepção dos
professores e todos os demais funcionários que tem contato direto com os alunos e
percebem suas necessidades, dificuldades e ainda potencialidades diante do
processo de ensino e aprendizagem.
O segundo questionamento visava elucidar quais seriam as causas que
dificultam o processo de ensino e aprendizagem, diante da perspectivas das
profissionais entrevistadas, obtiveram-se os seguintes resultados.
• A relação entre professores e alunos que não está consolidada conforme
prevê o PPP da escola em que trabalham tendo como consequencia a repetência e
evasão.
• A falta de mobilização dos profissionais da educação para a qualificação
contínua.
• A não realização de estudos contínuos do PPP confrontando seus princípios
com a prática diária da escola.
• A inexistência de conciliação entre teoria e prática como prevê este
documento.
• A falta de interesse de alguns profissionais para a melhoria do PPP e
atualização de forma coletiva e democrática efetivando a unidade do processo
educativo.
A correção destes fatores é essencial e urgente para que o processo educativo
alcance o status qualitativo que deveria apresentar continuamente partindo da
análise da comunidade onde a escola está inserida e que necessita ser muito bem
relatada no PPP para que os profissionais que trabalhem na instituição conheçam o
perfil dos seus alunos.
21
A terceira pergunta almeja detectar o que levaria um aluno a indisciplina em
sala de aula e quais seriam as soluções para o problema e, dentre os motivos que
condicionam a indisciplina foram citados:
• A falta de qualificação dos professores que desestimula os alunos, uma vez
que possui acesso a um grande número de informações todos os dias.
• A mídia como mais atrativa do que os métodos tradicionais empregados na
escola.
Soluções para problema:
• Colocar regras (limites)
• Propiciar um ambiente de harmonia com a prática do diálogo e realização de
atividades que tenham objetivos em sua vida.
• Reflexão diária do trabalho realizado pelo professor com seus alunos.
• Utilizar recursos pedagógicos/tecnológicos tornando as aulas maias atrativas.
• Criar oficinas (dança, pintura, música, capoeira, etc) de modo que ocupem o
tempo livre dos alunos e criem valores embasados no respeito pelos colegas e
professores.
• Qualificação dos professores.
• Participação dos pais na escola e nas atividades desenvolvidas pelos filhos,
lhes estimulando e cobrando resultados positivos relativos a aprendizagem.
Como visto, a sociedade moderna facilita a aquisição de novos saberes uma
vez que divulga um grande número de informações quase momentaneamente,
22
entretanto, o professor necessita de criticidade e qualificação para que possa tornar
sua disciplina mais atrativa e dessa forma motivar seus alunos.
Paralelamente a isso, sem o apoio dos pais tal tarefa se torna muito mais
árdua, por isso é essencial sua participação na escola e, também na confecção de
documentos como o PPP que direciona toda a sua vida estudantil.
A quarta questão embasou-se na necessidade de identificar qual seria a
relevância da participação dos pais e quais as medidas a serem tomadas para a
efetivação da aprendizagem, obtendo-se os seguintes resultados:
• Os pais precisam estar aliados a escola, participando da vida escolar dos
filhos, e na consolidação de um processo educativo que se inicia em seus lares, uma
vez que a escola deve apenas transmitir o conhecimento científico e tornar o aluno
um cidadão critico e reflexivo diante de seus direitos e deveres.
• Os pais precisam ser parceiros da escola.
• Melhoria na qualidade de ensino.
• Reformulações contínuas do PPP, a partir de momentos destinados apenas
para a sua análise e reformulação com todo o quadro de funcionários da instituição.
Como visto, nas respostas anteriores existe uma grande preocupação das
docentes no que condiz a participação ativa dos pais na vida escolar dos filhos e no
estabelecimento de uma parceria deste com a escola.
Paralelamente os professores, equipe pedagógica e demais funcionários
também necessitam atuar conjuntamente redirecionando o PPP e acrescendo-lhe
novas perspectivas sempre que necessário e seu publico alvo apresentar mudanças
comportamentais, mais uma vez ressalta-se a necessidade de tornar a teoria em
prática.
23
No fim dos questionários as professoras puderam opinar e sugerir algumas
mudanças para modificar estas características impressas na escola, sendo
ressaltados os seguintes itens:
• Identificar o motivo da indisciplina dos alunos.
• Criar regras comuns para o funcionamento das aulas. O professor pode fazer
isso com a ajuda dos próprios alunos. Dentro destas podem constar: levantar a mão
e esperar a sua vez antes de perguntar ou falar, fazer silêncio em momentos de
explicação, falar em um tom de voz adequado, etc.
• Analisar se a falta de entendimento dos conteúdos relaciona-se a algum
déficit de aprendizagem e encontrar métodos para resolver o problema e, se
necessário encaminhar os alunos para atendimentos médicos especializados.
• Não entrar em conflito com os alunos, mas estabelecer vínculos de amizade
para que os mesmos possam superar suas dificuldades.
• Demonstrar cotidianamente a importância da aprendizagem.
As sugestões mencionadas caminham em prol de um único objetivo: melhorar
a qualidade do processo de ensino e aprendizagem. Assim, na medida em que as
experiências podem ser compartilhadas todos os docentes têm a oportunidade de
aprender uns com os outros identificando os melhores métodos para agir com esta
ou aquela determinada turma.
Entretanto, tais considerações não podem ficar apenas na oralidade, mas
necessitam fazer parte do PPP da escola de forma que possam orientar outros
profissionais futuramente.
24
4- CONCLUSÃO
Para o alcance de uma educação de qualidade é preciso estar pondo sempre
em prática estudos e projetos diversificados, pois diante da modernidade vivenciada
é fundamental ousar e vencer obstáculos que impedem o crescimento profissional,
sobretudo, dos docentes que necessitam de atualização contínua para promover
uma prática de ensino e aprendizagem efetiva baseada no caráter transformador da
educação e na formação cidadã dos educandos.
Ao se escolher discutir o Projeto Político Pedagógico como tema deste artigo,
notou-se a existência de uma grande distância entre a teoria e prática o que não
deveria acontecer visto que este instrumento legal é norteador de todas as
atividades desenvolvidas em âmbito educacional.
Sua formulação é extremamente complexa, uma vez que precisa abordar as
características da comunidade onde a escola foi construída, sua estrutura física,
recursos materiais e humanos, e, sobretudo, as ideologias que caracterizam o
processo de ensino e aprendizagem, os métodos que o facilitam e ampliam seu
êxito, projetos que podem ser desenvolvidos e que deram certo, a revisão de outros,
etc.
Portanto, o PPP é um instrumento que necessita ser revisto continuamente
pela comunidade escolar e por todos aqueles interessados no alcance de uma
educação de qualidade, como os pais, por exemplo, o que demanda tempo,
dedicação e empenho de todos para que os bons resultados sejam colhidos a curto,
médio e longo prazo.
Apesar disto, existem uma série de entraves que dificultam esta tarefa, como
exemplo, um extenso currículo a ser seguido, algumas gestões não democráticas
onde o PPP é elaborado apenas pelos diretores e pedagogos sem que os
professores tenham acesso, a falta de tempo para que seja feita sua revisão e
acréscimo de projetos e metodologias que deram certo ao longo de um ano letivo,
dentre outras dificuldades que oscilam de uma instituição de ensino para outra.
25
No que concerne a pesquisa de campo, evidenciou-se que todas as
professoras citam a necessidade do PPP ser construído de forma democrática, a
partir das experiências vivenciadas em sala de aula cotidianamente.
Para isso, é fundamental a criação de momentos em meio ao ano letivo, onde
tais discussões possam ser postas para todos os funcionários, assim como as
dificuldades vivenciadas, métodos que refletem pontos positivos, para
posteriormente serem acrescidos no PPP.
Além disso, o PPP necessita se tornar um documento de fácil acesso a todos
os profissionais que atuam na instituição de ensino, para que as teorias trazidas
possam se tornar práticas diárias orientando o processo de ensino e aprendizagem,
a socialização, direitos e deveres de todos dentro deste local.
Diante destes resultados iniciais, sugere-se aos gestores da instituição
pesquisada que sejam analisados os pontos de vistas dos profissionais
entrevistados, e, que o PPP realmente se torne um instrumento que demonstra a
realidade da escola tornado a teoria e a prática sinônimas.
26
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27
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VIEIRA, S. Gestão da escola: desafios a enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
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ANEXO 01.
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES DO PROJETO
1. Quais os entraves que dificultam a realização do PPP com sucesso?
____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2. Cite as causas que dificultam o processo de ensino e aprendizagem?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3. O que leva um aluno a indisciplina em sala de aula e quais seriam as soluções
para o problema?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4. Qual a relevância da participação dos pais e quais as medidas a serem tomadas
para a efetivação da aprendizagem?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5. Sugestões.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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