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PROFICIENCIA EM LEITURA: CONDI(:AO PARA 0DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA E DA CIDADANIA
Curitib"2U04
Rosane Gerda Prachtbiiuscr Piilzl
PROFICIENCIA EM LEITURA: CONDI(:AO PARA 0DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA E DA CIDADANIA
Trabalho de Conclusao de Curso aprcscntado ao Cursode Pcdagogia, da Faculdadc de Cicncias HumanasLctras c Artcs da Univcrsidadc Tuiuti do Parana, Tunna4°VMA.
Oricntadora: Prof· Dr • lolanda Bueno de CamargoCortclazzo
c'
Curitiba2004
AD meu marido,
e aos meus filhos, por todD apoio
e compreensiio recebidosnos momentos mais conturbados.
AGRADECIMENTOS
A minha familia, pelo amor, compreensao e apoio incondicional.
A minha orientadora, Prof a Dr a lolanda Bueno de Camargo CortelaZZD, exeelente
profissional, que atraves de seus conhecimentos e preciosa dedic8'Yao contribuiu
imensamente para a elabora9c3.0 deste trabalho.
A Carmen Lucia Barboni, Elaine Fek Duarte e Neusa Regina Vieira, pelo
companheirismo no decorrer deste ana.
A todos as profissionais que colaboraram direta au indiretamente para a realiz898.0
deste projeto.
Fa/a-se muito sobre 0 ate de fer, mas ainda nao sabemosexp/icar satisfatoriamente suas (o((;as motivadoras. As vezesentrar num texto e como entrar em si mesmo au, entlJo, numlugar que pode ser familiar ou estranho. A leitura das primeiraspaginas, como dizia Sartre, exige a traballJo de quem acendeuma (ogueira. Depois 0 fogo toma conta da (ogueira. 0 mesmoocorre na feitura: como se as paginas /essem a Jeilor. Ha umaJeilura que e traba/ho, es(o((;o pessoa/, mas mesmo essa,quando bem encaminhada, pode se tornar prazer. Diro demodo mais exato: a verdadeira Jeitura sempre e prazer.
(Paviani, 2003, p. 114)
SUMARIO
1 INTRODUCAo ...........................................•....... 07
2 LEIS, DOCUMENTOS E A REALIDADE ESCOLAR 10
2.1 LEIS E DPCUMENTOS QUE RESPALDAM A RELEVANCIA DA LEITURA .. 10
2.2 RESULTADOS DE PESQUISAS SOBRE 0 ATUAL NlvEL DE LEITURA NO
ENSINO FUNDAMENTAL 15
3 A LEITURA NAS SERIES INICIAIS E SUAS IMPLICACOES .....•....•.... 19
3.1 REVISAO BIBLIOGRAFICA 19
3.2 HISTORICO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL: QUASE DOIS SECULOS
DEPOIS, POUCO MUDOU 24
4 ANALISE DOS HABITOS DE LEITURA DE PROFESSORES E possivEIS
RELACOES COM A INEFICIENCIA DA LEITURA DOS ALUNOS 31
4.1 METODOLOGIA 31
4.2 CONSIDERACOES SOBRE OS DADOS OBTIDOS ATRAVES DOS
QUESTIONARIOS 33
5 CONSIDERAC;:OES FINAlS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . • . . . . .. 45
REFERENCIAS ...................•.•.•..•.•.•....•.•........•..... 50
LEITURAS COMPLEMENTARES ........•.•.•.......•.•...•......•.... 52
ANEXOS ............................•.•.........•.•...•.......... 53
LlSTA DE QUADROS
QUADRO 01 - PREFERENCIAS .
QUADRO 02 - FREQOENCIA ...
. .... 33
QUADRO 03 - MOTIVO QUE OS LEVA As lIVRARIAS . . . . . . . .. .
..34
35
'" .36QUADRO 04 - PERIODICIDADE: LEITURA DE REVISTAS .
QUADRO 05 - PERIODICIDADE: PUBlICA90ES SOBRE CELEBRIDADES .... 37
QUADRO 06 -lIVROS MAIS IMPORTANTES PARA SUA FORMA9AO .. 38
QUADRO 07 - ACESSO A INTERNET. . 39
QUADRO 08 - LEITURA A QUE TEM MAIOR ACESSO . . 40
QUADRO 09 - FATORES QUE CONSIDERAM AFETAR SIGNIFICATIVAMENTE 0
HABITO DA LEITURA. . ..... 41
QUADRO 10 - TIPO DE LEITURA QUE MAIS THE AGRADA EM MOMENTOS DE
LAZER. .. 42
RESUMO
Este trabalho tern como tema a proficiencia em leitura como condiyao para 0
desenvolvimento da autonomia e da cidadania, e tern como objetivo delinear 0 perfildos professores do Ensino Fundamental, enquanto leitores. Discute a importancia doexemplo de leitores proficientes para 0 cultivo do habito da leitura entre as alunos,como fatar do desenvolvimento da autonomia e da cidadania, valenda-s8 de dadoscoletados junto aos professores e pedagog as que atuarn na Rede Publica de Ensinoda Regiao Sui de Curitiba. A partir de urna revisao bibliogr;lfica faz-se 0 trabalho decampo. E relevante 0 estudo, a medida que procura apontar quest6es que possamcontribuir para a formayao de leitores proficientes, desenvolvendo ainda aautonomia e a cidadania.
Palavras-chave: professor leitor; profici€mcia; leitura; autonomia; cidadania
1 INTRODur;:AO
o interesse em levantar algumas quest6es referentes ao atual nivel de leitura
no Ensino Fundamental da Rede Publica de Ensino e pessoal e profissional,
decorrente das observal'6es realizadas durante os estagios curriculares do curso de
Pedagogia. Reforya-se 0 interesse devido aos dados estatisticos alarmantes obtidos
pelo SAEB (Sistema de Avaliayao da Educal'ao Basica), no ana de 2003, os quais,
no entendimento da pesquisadora, sao totalmente dissonantes em rela9ao ao
objetivo primordial do Ensino Fundamental, qual seja, a formayao basica de
cidadaos conscientes e crfticos, capazes de se adaptar as constantes mudan9as
sociais e aptos a colaborar ativamente para as mesmas.
A partir de uma reflexao da pesquisadora sobre os dados do SAEB, decidiu-
se optar pelo tema da profid€mcia em leitura como condic;:a.o para 0 desenvoivimento
da autonomia e da cidadania.
Esta pesquisa foi-se delineando a partir de observal'6es da pesquisadora em
rela9ao a pouca freqOemcia de professores e alunos no Farol do Saber, que deveria
ser utilizado como biblioteca da eseela na qual estagiou nos anos de 2003 e 2004.
Este fato levou-a a refletir sobre a possibilidade deste problema nao se restringir a
eseela na qual realizou seus estagios curricula res, mas de S8 tratar de urn problema
que atinge as escolas em gera!.
PDr acreditar que a pouca freqOencia dcs professores 8, conseqOentemente,
dos alunos no Farol do Saber (observada no decorrer do estagio) possa ser um dos
posslveis fatores que contribuem para 0 baixo desempenho em testes que exigem
um certo nlvel de proficiencia em leitura, como 0 do SAEB, 0 nivel de leitura tornou-
se 0 foco principal desta pesquisa, que tem como objetivo delinear 0 perfil dos
pratessores de quatra escolas da Rede Publica de Ensino Fundamental, da cidade
de Curitiba, enquanto leitores.
Este objetivo toi desenvolvido a partir das questoes norteadoras deste
trabalho, sendo que a primeira consiste em constatar fatares que contribuem para 0
baixo desempenho dos alunos do Ensino Fundamental em verifica90es de
proficiencia em leitura. A partir do pressuposto de que para se tornarem leitores
proficientes, as crianyas devam contar com 0 exemplo e apoio de leitores tamhem
proficientes, delineia-se a segunda questao norteadora deste trabalho: as
professores possuem habitos em relay8:o a leitura, considerados fundamentais para
a leitura proficiente, de modo que seus alunos possam te-Ios como referencia?
Optou-se entao par fazer uma pesquisa exploratoria a partir de uma revisao
bibliografica, com 0 objetivo de investigar a leitura e suas implic8goes na formayao
de leitores proficientes, e, ainda, par um trabalho de campo realizado atraves da
aplica9ao de um questionario.
o referido questioniuio foi aplicado em quatro escolas da Rede Publica de
Ensino, da regiao sui de Curitiba, que atendem alunos das classes baixa e media
baixa. Vale ressaltar tambem que as professoras que responderam esse
questionario atuam nas quatro etapas do Ensino Fundamental, e todas possuem
Ensino Superior completo.
Como ja ressaltado, por meio desse levantamento pretende-se delinear 0
perfil dos pratessores do Ensino Fundamental enquanto leitores, de modo que 0
resultado deste trabalho possa contribuir para reflexoes posteriores de profissionais
ligados a educa9ao e, ate mesmo de estudantes, sobre a importancia da leitura,
contribuindo para a melhoria da qualidade pe ensino e da torma9ao integral do
cidadao.
o primeiro capitulo, Leis, Documentos e a Realidade Escolar, constitui-se em
uma rapida explana980 de leis e documentos que respaldam a relevancia da leitura,
apresentando, tambem, as resultados de pesquisa sobre 0 atual nivel de leitura no
Ensino Fundamental do INEP (Instituto Nacional de Estatisticas e Pesquisa em
Educa9ao), e dados recolhidos por um programa televisivo de abrangencia nacional,
utilizados para pautar recente materia jornalistica.
o segundo capitulo, intitulado A Leitura nas Series Iniciais e suas
Implica90es, faz uma revisao bibliografica, destacando uma serie de fatores ja
descritos na vasta bibliografia sobre este tema, apontando que 0 desenvolvimento
do habito da leitura nas series iniciais e fundamental. Considerando relevante um
dos fatores encontrados durante 0 levantamento citado, trata, ainda, da questao das
bibliotecas e do despreparo de seus atendentes.
o terceiro capitulo traz a analise dos questionarios aplicados nas escolas da
Rede Publica de Ensino, as professoras do Ensino Fundamental, referentes a seus
habitos de leitura.
Nas Considerac;oes Finais, indicam-se constatac;oes e sugestoes da
pesquisadora acerca do nivel de profici€mcia dos alunos do Ensino Fundamental, e
das questoes norteadoras deste trabalho.
10
2 LEIS, DOCUMENTOS E A REALI DADE ESCOLAR
Atualmente, ha varias leis e documentos que ressaltam a importancia da
leltura como instrumento necessaria a concretiz8yao do objetivo de formar cidadaos
conscientes e criticos. Oestacam-se a Lei de Oiretrizes e Bases da Educa,ao (LOB
9.394/96), os Parametros Curriculares Nacionais e, em conseqOencia destes, os
proprios Projetos Politico - Pedagogicos das escolas.
Contudo, um estudo sobre a realidade escolar, 0 SAEB - Sistema Nacional de
Avaliac;ao do Ensino Bilsico - realizado no ano de 2003, aponta que menes de 5%
dos alunos da 4" Serle sao considerados leitore5 competentes, e do total de alunos,
mais de 50% tern seu nivel de leltura considerado critleD ou muito critleD. Estes
dados demonstram uma discordancia entre as dispositivos das leis, as documentos
e a realidade escolar. Esta discordancia ficara ainda mais evidente ap6s a leltura
dos dois sub-capitulos subseqOentes, nos quais estes dados serao mais detalhados.
2.1 LEIS E DOCUMENTOS QUE RESPALDAM A RELEVANCIA DA
LEITURA
Inicia-S8 este tema abordando a Lei de Diretrizes e Bases vigente, por se
tratar da lei maior da Educac;ao Brasileira e, assim sendo, foi respaldando-se nela
que os Parametros Curriculares Nacionais (PCN's) Icram elaborados. Vale ainda
ressaltar que em decorrencia do lato dos PCN's nortearem a elabora,ao dos
Projetos Politico - Pedag6gicos, tais docum7ntos serao abordados em sua ordem
hierarquica.
II
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educa9ao (9.394/96) em seu
capitulo II. seyao das disposic;oes gerais da Educac;:clo 8a5ica, disp6e-se que: "A
Educa9ao Basica tem por finalidade desenvolver 0 educando, assegurando-Ihe a
formac;:aocomum indispensavei para 0 eXercicio da cidadania e fornecer-Ihe meios
para progredir no trabalho e em estudos posteriores."(Art. 22 , LDB apresenta9ao,
CURY).
Tal objetivo e reafirmado ainda na Se9ao III referente ao Ensino Fundamental,
que em seu artigo 32, disp6e sobre a obrigatoriedade e gratuidade do Ensino
Fundamental, com durayao minima de oito an os e sabre 0 objetivo dessa etapa: a
forma9iio basica do cidadao. Para alcan98r tal objetivo, apresenta varios artigos, que
indicam formas para viabiliza-Ios. Dentre estes artigos, destaca-se 0 1°, pois e neste
que fica mais explicita a importancia do pleno dominio da leitura como um dos
requisitos para a capacidade de aprender, dispondo que: "0 desenvolvimento da
capacidade de aprender, tendo como meios basicos a plena dominic da leitura, da
escrita e do calculo". (LOB, apres. CURY 2003, p.38).
Os abjetivos acima descritos encontram-se tambem nos Parametros
Curricula res Nacionais, em seus objetivos geraiS, que, aiem de as refon;arem, as
ampliam, explicitando-os ainda mais. Os mesmos sao indicados no volume 2 -
Lingua Portuguesa - com merecido destaque, ressaltando que e imprescindfvel que
se considerem a leitura e a escrita como praticas complementares, que permitem ao
aluno construir seu conhecimento.
as peN's alertam para a importancia da forma9ao de leitores competentes,
caracterizando-os como aqueles que "por iniciativa pr6pria, sao capazes de
selecionar, dentre os trechos que circulam so,cialmenteaqueles que podem atender
a uma necessidade sua" (PCN, vol. 2, p.41) e que ait§mdisto, compreendam 0 que
12
leem, identifiquem tambem as elementos implicitos, realizem inferencias,
estabele(:am relac;6es com seus conhecimentos previos, bern como tenham noeao
de que um mesma texta pade ser interpretada de varias farmas, e que para justificar
e validar a sua e necessaria localizar as elementos disGursivos.
Cansideranda a abjetiva acima, destaca-se ainda nos PCN's a necessidade
de se trabalhar com uma ampla gama de textos e de gemeros variados. Apresentam-
S8 tambem objetivos Qutros, tais como: destacar informac;oes relevantes, dados para
a soluc;ao de urn problema e fazer infer€mcias sabre a que ficou apenas nas
entrelinhas ..
Para que S8 atinjam as objetivos propostos, destacam-se ainda as seguintes
afirma90es:
Principalmente quando as alunos nao tern cantata sistematico com bonsmateriais de leitura e com adultos leitores, quando nao partitipam depraticas nas quais ler e indispensavel, a escola deve oferecer materiais dequalidade, modelo de leitores proficientes e' praticas de leitL1ra eficazes.(peN, vol. 2, p. 42)
Para aprender a ler, portanto, e preciso interagir com a diversidade detextos escritos, testemunhar a utilizacao que as ja leitores fazem deles eparticipar de atos de leitura de fato; e preciso negociar a conhecimento queja se tem e a que e apresentado peJo texto, 0 que esta atras e diante dosolhos, recebendo incentivo e ajuda de leitores experientes. (peN, vol. 2,p.42-43)
AIE§m disso, os peN's apresentam uma serie de sugestoes de atividades a
serem realizadas com intuito de promover 0 habito da leitura.
Tais disposil;oes se refletem tambem nos Projetos Politico - Pedag6gicos das
escolas em geral, normalrnente expressos sob forma de objetivos. E cornurn
encontrar-se, nos Projetos Politico - Pedag6gicos das escolas, a afirmal;8o que se
pretende formar cidadaos conscientes e criticos, capazes de se adaptarem as
constantes mudanl;as socia is, bern como capazes de colaborar para tais mudanl;as.
refere a etapa de gestao educacional, realizada no decorrer deste ano (2004), p6de-
se ter contata com 0 Projeto Politico - Pedag6gico da eSGolamunicipal na qual se
realizou 0 estagio. Constatou-se que 0 mesmo reserva urn capitulo para a "Iiteratura
infantil e sua importiincia", com cerca de 15 paginas.
o Projeto Politico Pedag6gico inicia-se com uma lista de objetivos e metas,
que refletem 0 desejo de S8 criarem ambientes propicios a leitura, ampliando a
gama de tipos de leitura e buscando 0 comprometimento da familia para incentivar
a formac;ao de leitores e escritores. 0 Projeto analisado sugere que deveriam 5er
criadas ainda, mini-bibliotecas nas salas e em Qutros ambientes da escola, bem
como a montagem de formas variadas de atividades que envolvam as alunos em
momentos de leitura em grupos e ainda incentivar a montagem de pe9as teatrais
com recursos variados.
No decorrer do capitulo, ap6s descrever suas metas, a escola busca embasar
teoricamente a relevancia desse tema, recorrendo a autores variados, coerentes
com as varias colocagoes ja ressaltadas nos Parametros Curriculares Nacionais, que
consideramos importante destacar a seguir.
Enfatiza-se 0 reforgo aos estimulos recebidos em casa, ou quando
necessario, suprir sua ausfmcia na escola, propiciando 0 manuseio diario de
materiais de leitura variados (Iivros, revistas, entre outros); destituindo a antiga visao
de se trabalhar 0 texto como pretexto (mera instrumento avaliador), de forma que os
alunos possam ter contato com "diferentes visoes de mundo, ampliando horizontes,
estimulando leitores criticos e criativos". Para se alcanc;:aremesses objetivos, deve-
se favorecer a familiariza9ao das crian9as, com a linguagem literaria, pois "a
utiliza9ao de livres pode despertar na crian9a, mesmo aquela com grande
14
dificuldade, 0 interesse pelo mundo das gravuras, das letras, das cores e do
conhecimento". (CURITIBA, 2000, p.48)
Considerando-se, ainda, que no Projeto Politico - Pedag6gico destaca-se que
no decorrer de seu desenvolvimento a crianc;:a primeiro S9 apropria da linguagem
para depois se alfabetizar, salienta-se a importancia de, inicialmente, se
desenvolverem as "capacidades de ouvir e dizer".(CAIMI, in CURITIBA, 2000, p. 48).
° referido Projeto Politico Pedag6gico faz refer'mcia ainda ao exemplo do
professor, que devera demonstrar ser urn born leitor, relatando suas leituras. Sugere
ainda, que a professor leia diariamente para seus alunos, au urn pequeno poema, ou
par exemplo, urn livre mais denso, 0 qual poderc~ ser lido em capitulos.
Nesse projeto, e destacada, ainda, a importancia de se conceder tempo hi!bil
para que as crianry8spass am preparar sua leitura previamente, para 56 entao faze-Ia
em voz alta; e de S9 respeitar a diversidade considerando-se que "cada crianc;a tern
uma percepc;:ao (mica e individual, a que faz com que uma crianC;:8 nunca descreva 0
que leu exatamente como outra" (SANDRONI; MACHADO, in CURITIBA, 2000, p.
50), pais elas recriam, interpretam, comparam urn texto com 0 Dutro e descrevem-no
de acordo com suas experiencias.
Alerta-s8, ainda, para 0 tato de que as textos possuem ideologias, entretanto,
S8 utilizados de forma variada, explicitam opinioes diferentes 8, pDr vezes,
divergentes, as quais S8 comparadas umas com as outras e ou discutidas, podem
levar if reflexao e a critica.
Em rela9ao aD objetivo da forma9ao de cidadaos, hi! ainda duas afirma90es
de destaque no Projeto Politico - Pedag6gico analisado, sendo elas:
15
Para que 0 alune 5e tome um cidadao e preciso que ele saiba [ef 0 mundo:placas, letreiros, legend as, revistas, gibis, [ivros e jornais, entre outr05, masnaD 56 tendo a que esta escrito e sim a mensagem que quer transmitir, quenem sempre esta evidente. Isto e urn processo que 8em duvida comerrarana mais tenra idade. A literatura infantil quando trabalhada com obrasabertas propicia as passos iniciais a esta construyao.{GURITIBA, 2000,p.59)
Uma das fun90es da literatura e fazer 0 alune desenvolver uma leitura queperpasse pela parafrase ( que e a decodifjcayao direta com a 16gica dapalavra). Nao senda limitada a repetir 0 que a autor disse sem transcenderao que esta escrito, pais 5e isso nao e feito, a leitura e apenas um Usistemade intertexta" G6es (1993, p.18) afirma que: e 56 a partir desta leitura quecria um ser ativa, participante, sujeita de sua pr6pria hist6ria, senda capazde deflagrar a'Yoes e resalu'Yoes operando 0 novo de forma comunicativa eoperando a linguagem e realizando assim a co~autoria da obra, e que eledescobrira que a literatura podera ajuda~lo a transfigurar a real, dentro doespa'Ya da linguagem e imagem usanda a seu alhar de leitor sabre 0 seuprisma e ritma emociana1. (CURITIBA, 2000, p. 60)
Assim, pode-se constatar, no decorrer dos paragrafos acima, que 0 referido
Projeto Politico - Pedag6gico atende 0 objetivo da LDB, no que 5e refere aformalYaodo cidadao, habilitando-o as habilidades basicas de ler, escrever e fazer
calculos, por meio do incentivo a formalYao de leitores, explicitado tambem no
decorrer dos Parametros Curriculares Nacionais.
Entretanto, apesar de se contar com este respaldo substancial de leis e
documentos, quanto a importElnciada leitura, pode-se verificar, a seguir, atraves de
dados estatisticos, que a realidade escolar ainda esta muito aquem do que se
objetiva.
2.2 RESULTADOS DE PESQUISAS SOBRE 0 ATUAL NivEL DE
LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Ha pesquisas, como a do Sistema Nacional de AvalialYaodo Ensino Basico
(SAEB) e do "Provao do Fantastico", que demostram claramente que apesar da
fOrmalY030do cidadao ser meta prioritaria, conforme disposto anteriormente, ainda
16
esta lange de ser alcanyada. Tal afirma-;:ao pauta-se pelos resultados recentemente
divulgados do SAEB, 2003, bem como pelos resultados de uma pesquisa realizada
em 27 capita is, para sustentar recente materia jornalistica: a "Provao do Fantastico" I
a qual sera melhor descrita ap6s a explana\,ao sobre os resultados do SAEB 2003.
Confonme dados do Instituto Nacional de Estatisticas e Pesquisa em
Educayao (INEP), apesar de se constatar uma pequena melhora nos resultados dos
testes de Lingua Portuguesa aplicados a alunos da 4' Serie, de 165,1 pontos em
2001 para 169,4 em 2003, estes indices ainda nao atingem 0 considerado por
aquele Instituto como 0 ideal, que seria de 200 pontos.
Ainda segundo os resultados do SAEB, 55% dos alunos da 4' serie do ensino
fundamental toram consideram em estagio critico ou muito critico em leitura. Isto
signifiea que este percentual de alunos nao e 0 de leitores competentes, urna vez
que eles nao compreendem textos simples. 0 indiee intermediario, no qual as alunos
sao considerados ainda em fase de constru\,ao das habilidades de leitura, porem, ja
capazes de reconhecer 0 tema de urn texto e as elementos de urna narrativ8, e de
apenas 39,7%, segundo 0 SAEB (2003).
Esses dados passam a ter propor90es ainda mais alarm antes ao se atentar
para a fata de que apenas 4,8% podem ser considerados leitores competentes, au
seja, apenas um numero correspondente a men os de 5% dos alunos de 4 a serie do
Ensino Fundamental encontram-se em um nivel adequado, conseguindo estabelecer
rela((oes de causa e conseqOemcia em textos narrativos mais longos bem como
distinguir efeitos de humor mais sulis.
Oeve-se frisar que os dados acima destacados apresentam pequena melhora
no desempenho dos alunos em rela\,ao aos. anos anteriores. Houve, de qualquer
forma, uma melhora que, no entanto, esta muito aquem do necessario para se
17
atingir a meta de fonnarmos cidadaos conscientes. Na atualidade, ern can seq Oem cia
das constantes transformac;:6es economicas, politicas, socio-culturais, prima-se pela
formac;ao continuada, como adequac;ao as exigencias impostas pelas necessidades
do mercado de trabalho, 0 que torna imprescindivel a formag:ao de leitores
competentes, para possibilitar 0 acesso as inlorma~oes relevantes e a capacidade
de aprender.
Poucas semanas antes da divulga~ao do resultado do SAEB 2003, a convite
de urn programa jornalistico de repercussao nacional, professores da Universidade
Federal do Rio de Janeiro elaboraram um teste com 0 intuito de avaliar a Educa~ao
Basica no Brasil. Para pautar a materia jornalistica, loram aplicados testes de Lingua
Portuguesa e de Matematica a 270 alunos de escolas publicas, que cursam a 4"
serie, nas 27 capitais brasileiras (GLOBO, 2004).
Apesar de 5er apenas uma pesquisa ilustrativa e naD cientifica como 0 SAEB,
esse teste antecipou as mesmos dados negativQs. Os dados obtidos atraves dos
testes loram analisados pelo educador Joao Batista Araujo de Oliveira, com 40 anos
de experiencia em program as de alfabetizat;:ao.
Esperava-se que os alunos conseguissem ler textos, analisar tabelas e
concluir 0 que leram. Entretanto, mais de 50% dos alunos nao responderam as
quest6es que requeriam a utilizac;ao do raciocinio e, apesar de ser uma prova
considerada de facil entendimento a faixa eta ria a qual se destinava, 28,1% erraram
mais da metade da prova de Lingua Portuguesa.
Na prova de Matematica, os resultados fcram ainda piores, atingindo urn
percentual de 46,3% de alunos que erraram rna is da metade da prova. Segundo
am,lises realizadas, os alunos nao resolv!'ram as problemas por nao terem
entendido 0 enunciado desses problemas.
18
Segundo 0 parecer final do educador Joao Batista, convidado pela Rede
Globa a analisar as dados, 80% das avaliac;:oes seriam passiveis de reprov8c;:80.
Mais de 50% desses estudantes podem ser considerados analfabetos funcionais, ou
seja, pod em fer e escrever, mas naD interpretam, analisam ou acompanham 0
raciocinio de fonma funcional (GLOBO, 2004).
Joao Batista salientou ainda que a problema persiste, muitas vezes, ate a
universidade e cita que 0 Ensino Fundamental deva ser prioridade, pois este e para
todos. 0 educador considera a "universidade para todos" uma demagogia , e
conclama a devida importancia a Educa\'iio Basica de qualidade (Globo , 2004).
Ambas as pesquisas salientam que apesar dos esforgos empreendidos pelo
Ministerio da EduC8980, bern como par alguns municipios, destinados it melhoria da
qualidade do Ensino Fundamental, apesar dos indices apresentarem uma pequena
alterayao da SitU8gc30 em relac;:ao aos resultados de anos ante rio res, ainda nao
representam melhorias suficientemente positivas.
Apes ter obtido informac;6es sobre a referida materia, 0 secreta rio de Ensino
Basico do Ministerio da Educac;ao, Francisco das Chagas, afirmou em entrevista it
Rede Globo de Televisao, que esta sendo construida uma rede nacional de
formac;aa continuada que cantara com a apoio de 20 universidades. Jnformou, ainda,
que em cada uma dessas universidades, havera um centro de educal):ao continuada,
incluindo a area de alfabetiza9ao e Iinguagem.
Apes essa explanal):ao sobre os atuais niveis de leitura nas series iniciais,
considera-se necessario abordar alguns fatores de implical):8a direta sobre a
proficiencia em leitura. Deste modo, encontra-se a seguir, uma revisao bibliogrilfica
que visa a explicitar tais fatores.
19
3 A LEITURA NAS SERIES INICIAIS E SUAS IMPLICACOES
Por S8 tratar de urn importante tater para 0 desenvolvimento da autonomia e
cidadania, 0 habito da leitura nas series iniciais tern merecido destaque nao
somente em leis e documentos como os citados anteriormente, como tambem em
diversas obras de pesquisadores variados que a apresentam sob varias
perspectivas. Sendo que algumas das propostas, que VaG ao encontro dos objetivos
da pesquisadora, serao apresentadas a seguir, no decorrer da revisao bibliogn3fica.
Por considerar que urn dos fatores que podem infJuenciar significativamente 0
habito da leitura e 0 funcionamento das bibliotecas, apresenta-se ainda urn breve
hist6rico das bibliotecas no Brasil.
3.1 REVISAO BIBLIOGRAFICA
Fator comum de varias publica~5es, a detini980 da leitura, apresenta uma
certa unanimidade no que se refere a atirma980 de que ler e mais do que
decodificar, sendo necessario tambem interpretar e relacionar os fatos.
Neste sentido, e de suma importEmcia destacar a seguir algumas
considera,oes de Cagliari (1999), que esclarece alguns processos que a leitura
implica:
[... ] podemos ter varias atitudes perante a leitura, Ela e uma atividadeprofundamente individual e duas pessoas dificilmente fazem uma mesmaleitura de um texto, mesmo cientrfico. Ao contra rio da escrita, e umaatividade de assimila9ao de conhecimento, de interiorizagao, de reflexao.(CAGLIARI, 1999, p.150)
A leitura nao e a fala da escrita, mas um processo proprio que pressup6eum amadurecimento de habilidades lingOisticas em parte diferentes das queocorrem na produgao da fala espontanea [... } exige ainda que 0 leitor
20
acompanhe urn raciocinio sabre a pensamento exterior, expresso par Dutrapessoa ... (CAGLIARI, 1999, p.161-162)
E importante salientar que 0 autor faz referencias, no decorrer de sua obra, a
chamada leitura Iingi.Hstica, que tern como base a escrita e implica uma
interpreta,ao pessoal do leitor, sobre a interpreta,ao da "Ieitura de mundo" do autoe.
Deste modo, ela sera diferenciada de leitor para leiter, pais e influenciada por
conhecimentos previos do leitor, sejam eles: Gulturais, ideol6gicas, filosoficos, etc.
Como ha uma variedade de textos e modos de escrever, ha que se considerar
tambem a existencia de formas variadas de Ie-los, e subentenda-se que ha tambem
varios modos de interpreta-Ios, pais como ja foi destacado, a compreensao do que
se Ie deve-se a interpretayao que temos dos fates co-relacionados.
Outro fator a ser considerado ao se tratar dos niveis de leitura dos alunos das
series iniciais e a da alfabetizac;ao e suas co-relac;oes com as metodos utilizados
para tal lim.
Os metodos de alfabetizac;ao foram historicamente fonnando uma grande
quantidade de anallabetos luncionais, capacitados apenas a oralizar a escrita e
alguns poucos realmente proficientes em termos de leitura, no que se refere ao real
entendimento e conseqClente apropriac;ao dos conhecimentos, e segundo Jose
Juvencio Barbosa:
(...) a sistema parecia funcionar satisfatoriamente: assegurava alfabetizaC;:8opara todos e selecionava uma minoria que, superando as Jimitac;:oesdasmetodologias, conseguia atingir um estagio de leitor f1uente. Estesusufrufam plenamente das vantagens de saber ler, enquanto aquelesalfabetizados se tornavam socialmente adequados. (BARBOSA, 1994, p.31)
Barbosa ressalta, ainda, que 0 conhecimento acumulado pela humanidade
atraves da escrita permite que os leitores possam se apropriar deles com maior
facilidade e a partir deles construir tambem seu
modo, a leitura e apontada como urn valioso meio para a constrw;ao do
conhecimento ( BARBOSA, 1994, p. 28).
A leitura como meio de construc;aodo conhecimento tambem e defendida par
Paviani ao afirmar que "[...]Ier e escrever sao opera,oes complexas[ ...] experiemcias
cognitivas capazes de permitir 0 acesso ao mundo cientifico tecnol6gico. Saber ler e
escrever hoje, significa novas e permanentes modalidades de aprender a aprender"
(PAVIANI, 2003, p. 52). Leva-nos, deste modo, a compreender a leitura como um
meio viavel para a aplicac;ao do "aprender a aprender", proposto par Jaques Delors
em 1996 como um dos qualro pilares da educayao, no Relal6rio da UNESCO da
Comissao Internacional sobre Educa,ao para 0 Seculo 21, intitulado "Educa,ao:
Urn tesouro a Descobrir".
Assim, S8 nas series iniciais 0 aluno nao S8 tarnar urn leitor proficiente, estara
fadado a engrossar as listas de estudantes que, segundo Paviani (2003), se formam
no Ensino Medic, au ate mesma no Ensino Superior, sem terem adquirido condic;oes
de autonomia de aprendizagem e com sua formal'ao cientlfica cultural deficitaria. Ou
seja, alem de naD terem adquirido competencias e habilidades para transformar as
informat;6es obtidas em conhecimento, e de nao dominarem teorias e metodos
especificos de sua area, nao senio capazes de entender 0 contexto para atuarem
adequadamente sobre ele.
Infere-se que 0 autor acredita no cultivo do habito da leitura, como urn meio
viilVel para amenizar os efeitos historicos da alfabetizat;80, como 0 destacado por
Barbosa (1994), pois, segundo Paviani (2003), a habilidade da leitura possibilita uma
melhor compreensiio do mundo e somente se esta se tamar um Mbito, tera status
de competencia reflexiva. Ou, segundo palavras do autor:
22
( ... J Somente aquele que cultiva 0 habito da leitura aurnenta a capacidadede enlendimento e de reflexao criteriosa sobre a complexidade do mundo.(... ) E somente aqueles que transfonnam e5sa habilidade em Mbito, podemsuperar aspectos mecanico-fisiol6gicos da leitura para dar-Ihe a status decompetencia reflexiva. Par i550, pede-se dizer que: fer e muito mais queconhecer, lere pensar. (PAVIANI, 2003, p. 118)
Sendo que esta afinnayao de Paviani vern ao encontro de afirmayoes de
Paulo Freire aD analisar 0 ato de estudar. Infere-se que este ato sempre envolve a
leitura, seja atraves de urn relata de urn experimento realizado, lendo urn texto au
uma obra, pesquisando ou mesmo ao responder quest6es, a leitura esta sempre
presente no ato de estudar. Por vezes, e uma tarefa difieil. necessitando certo
empenho de quem estuda, exigindo inclusive que se reduza a preocupa9ao com a
quantidade e aumentando a qualidade. Segundo 0 autor:
Nem sempre 0 texto se da facllmente ao leitor. Neste caso, ° que se devefazer e reconhecer a necessidade de melhor instrumentar-se para voltar aotexto em condir;Oes de enlende-lo. Nao adianla passar a pagina de urn livrose sua cornpreensao nao foi alcancada. Irnpoe-se, pelo contffirio, insistenciana busca de seu desvelamento A compreensao de um texto nao e algoque se recebe de presente. Exige trabalho paciente de quem por ele sesenle problematizado.Neo se rnede ° estudo pelo nurnero de paginas !idas nurna noite ou pelaquantidade de livros lidos nurn semestre. Estudar mio e 0 ate de consumirideias, mas de cria-Ias e recria-Jas. (FREIRE, 1976. p. 12)
Essas abordagens consideram a aprendiz como urn ser dinamico na
construtyao de seus eonhecimentos, colaborando deste modo para 0 exercicio do
espirito critieo e criativo, pais quando se tern entendimento sabre 0 que se leu,
abrem-se as possibilidades de relacionar os textos lidos com conhecimentos previas
sabre 0 assunto, facilitanda inferlmcias sabre ideias nao explicitas.
Em decorr,mcia das possibilidades que a leitura nos oferece, Cagliari (1999,
p. 148) ressalta que "a leitura e a extensao da escola na vida das pessoas. A maioria
23
do que se deve aprencter na vida tenl de ser conseguido atraves da leitura fora da
escola. A leltura e uma herang8 maior do que qualquer diploma".
Em geral, a primeiro contata das crianyas com a leitura ocorre atraves do que
chama de "Ieitura auditiva". Ela S8 da atraves de urn interlocutor que Ie em voz alta,
permitindo que os ouvintes tambem "Ieiam" 0 texto, ao ouvi-Io. Em geral, acredita-se
que a leltura silenciosa seja mais proveitosa, po is na.o inibe 0 leitor e permite que ele
retorne ao que naD foi entendido, com maior facilidade, propiciando a refiexao,
porem, Cagliari (1999) afirma que ouvir textos tambem pode levar os ouvintes areflexao.
Muitas vezes, a escola e 0 unice Jugar no qual as crianc;:as tern contata com
as Ilvros, assim, as peN's sugerem que a escola oportunize urn ample contato das
criam;as com livros e Qutros materiais de leltura, bern como que 0 professor seja urn
exemplo de leitor a ser seguido, pois quando ern familia, as crian9as nao
compartilham a real importancia da leitura, elas poderao faze-Io com 0 professor.
Entretanto se 0 mesmo tambem nao gostar de ler, seus alunos deixarao de ter urna
valiosa oportunidade de compartilhar com ele momentos positiv~s e construtivos que
envolvam a leitura.
Vale ressaltar que os autores anteriormente mencionados apresentam
caracteristicas que vao ao encontro do atual conceito de "Ietramento", apesar de nao
utilizarem este termo.
Segundo Vera Mansagao Ribeiro, 0 conceito de letramento, no Brasil, surgiu
na decada de 80, inicialmente, em nucleos universitarios que se dedicam a estudos
e interven96es na area de en sino da leitura e da escrita, sendo incorporado nos
Para metros Curriculares Nacionais, na decaqa de 90, acarretando 0 interesse dos
educadores em geral para 0 tema (RIBEIRO, 2003).
24
Magda Soares (2003) destaca em seu artigo intitulado "Letramento e
alfabetiz8yaO: as multiplas facetas", que no Brasil esses dais conceitos
freqOentemente se confundem. entretanto sao distintos.
Infere-se a partir das observayoes de Magda Soares (2003, p.04 ) a respeito
do Censo que a distinyao entre a alfabetizayao e 0 letramento consiste no fato de
que a primeira se refere aD ato de saber ler e escrever, enquanto 0 segundo refere-
se a capacidade de fazer usa competente da leitura e da escrita. Ou seja, a
alfabetizayao, segundo a autera, diz respeito a "aquisic;:ao do sistema convencional
de escrita", enquanto a letramento refere-se ao "desenvolvimento de habilidades do
usa desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas praticas socia is que
envolvem a lingua escrita" (SOARES, 2003, p.12).
Sendo assim, alfabetiz8c;:ao e letramento, apesar de S9 constituirem como
conceitos diferentes, sao interdependentes e simultaneos, abarcam as aspectos
individual e social do desenvolvimento do aluno. Devem ser entendidos, assimilados
e incorporados pelos professores de modo que saibam trabalha-Ios em sua pratica
pedag6gica de modo a propiciar a proficiencia para a leitura e a escrita de seus
educandos.
Outro elemento decorrente e fundamental para a consolidayao da
alfabetizaC;8o e do letramento e 0 exercicio da leitura. FreqOentar e utilizar biblioteca
pod em complementar a trabalho iniciado na sal a de aula.
Cagliari, par considerar que a crianc;a que Ie pouco tem uma formaC;80
deficitaria, resgata ainda a importancia da biblioteca escolar a qual em sua opini80
"deve ser 0 mais dinamica possivel, pois e de fato um complementa necessaria ,
indispensavel a forma,ao dos alunos, tanto ql<antoas aulas e os professores" (1999,
p.l77).
25
A biblioteca e ainda uma importante aliada da forma9ao dos cidadaos e da
educa9ao continuada, conforme a afirma9a.o de Silva:
Fora da escola, tambem e a biblioteca uma das instituiyoes mais indicadaspara alicen;:ar a auto-educacao dos cidadaos, dada a variedade de recursosinformativos que ela pode oferecer. a liberdade de op~o que proporciona ea baixo custo Que sua utilizayao representa para a consulente. (1999, pAD)
Entretanto, apesar de contar com todos as atrativQs anteriormente
destacados, e de haver urn respaldo de leis e documentos que inferem au mesmo
explicitam a importancia da leitura para a formayao integral do cidadao, a tratamento
dispensado as bibliotecas publicas no Brasil nao colaboram para 0 desenvolvimento
deste h8bito.
Oeste modo, apresenta-se a seguir urn breve hist6rico das bibliotecas no
Brasil, par considera-Io importante a me thor contextualizac;ao do tema em questao.
Ressalta-se ainda, que este hist6rico tern abrangencia nacional, devido a grande
dificuldade de acesso aDs dados municipais e estaduais.
3.2 HISTORICO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL: QUASE DOIS
SECULOS DEPOIS, POUCO MUDOU
Interpretando 0 artigo de Emir Jose Suaiden, professor do departamento de
Ciencia da Informa,ao e Documenta9ao da Universidade de Brasilia, intitulado "A
biblioteca publica no contexto da sociedade da informac;ao", pode-se dizer que
poucas mudan9as significativas ocorreram, desde 04 de agosto de 1811, data da
inaugura9ao da primeira biblioteca de acesso publico, instalada no Coh'>giodos
Jesuitas, na Bahia.
26
Ja naquela epoca, a grande preocupa~ao em disponibilizar 0 acesso aos
livros era decorrente da preocupa98o com a educac;:ao. 0 referido autor destaca que
nos primordios da historia da bibJioteca no Brasil, a preocupa~o maior era com a
preservac;:ao do acervo, assim as livros nao podiam ser emprestados. 0 seu modele
organizacional era importado dos paises desenvolvidos da epoca.
Apenas 101 anos apos a inaugura~ao da primeira biblioteca no Brasil, foi
desenvolvido pela Biblioteca Nacional, em 1912, urn curso para formar bibliotecarios,
parE3m, ainda nos moldes importados, naD se considerando 0 contexte do Brasil, 0
que tornava 0 sistema inadequado, pois os modelos importados eram destinados a
urn publico letrado, enquanto a maioria da popula~ao brasileira era analfabeta. Este
modelo acarretou fomnas de cataloga~o e classifica~o demasiadamente
burocraticas, dificultando a consulta dos usuarios.
Outro dado relevante destacado no artigo de Suaiden (2000) foi a
inaugura~ao da Biblioteca Publica Municipal Mario de Andrade, em 1926, decorrente
das discuss6es levantadas da Semana de Arte Moderna, na qual S8 apontou para a
urgencia de urn modele mais adequado a nossa realidade, ressaltando-se ainda,
que, da fundagao daquela biblioteca, resultou a cooperagao entre os institutos, ate
entao inexistente e que acarretou na melhoria do atendimento aos usuarios.
Em 1937, deu-se a cria~ao do Instituto Nacional do Livro por Getulio Vargas,
entao presidente da Republica, decorrente da necessidade da qualificagao de mao-
de-obra open,ria, emergente do momento de grande expansao industrial. Esta
cria9ao teve, tambem, cunho politico, pois foi uma forma de revidar as criticas a sua
administrat;ao, dentre as quais, as dos intelectuais da Seman a de Arte Modema a
respeito da falta de uma politica cultural. a Ipstituto Nacional do Livro tinha como
dos servi,os bibliotecarios"(Suaiden, 2000, p. 53).
Ainda em rel8yao a essa criat;ao, 0 autor destaca 0 posicionamento de Mario
de Andrade, em 1939, a respeito do assunto:
A cria9Ao de bibliotecas populares me parece uma das atividades maisalualmente necessarias para 0 desenvolvimento da cullura brasileira. NAoque essas bibliotecas venham resolver qualquer dos dolorosos problemasda nossa cultura, 0 da alfabetizaiY3o, 0 da criacao de professores do en sinesecundario, por exemplo... Mas a disseminacao, no pova, do habita de ler,se bem orientada, criara fatalmente uma populacAo urbana maisesclarecids, mais capaz de vontade pr6pria, menos indiferente a vidanacionat. (in SUA1DEN, 2000, p.S3)
Apesar dessas iniciativas, havia varios entraves para melhorar 0 acesso aDs
livros, dentre eles, 0 fato de 0 livro ser considerado urn grande risco editorial e a falta
de urn sistema eficaz de distribuiyao, que na epoca se concentrava apenas entre 0
Rio e Sao Paulo.
Ap6s a criayao do Instituto Nacional do Livre, no inicio da decada de 40,
muitas editoras passaram a investir no livre didatico, pOis este tinha mercado
assegurado, sendo comprado pelo governo para posterior distribui,80. Alem dos
problemas ja citados, segundo Suaiden (2000), havia problemas na fabrica9iio de
papel, poucas editoras qualificadas para a produ,80 de qualidade, numero
insuficiente de livrarias e falta de publico leitor, devido aos elevados indices de
analfabetismo.
Desde a preduyao dos primeiros livros e instituiyao das primeiras bibliotecas
medievais localizadas em geral em mosteiros ou conventos, ah§m de ser
considerado como urn material que devesse ser conservado, os livros conferiam
Ustatus social" a quem os detinha. 0 hist6rico das bibliotecas no Brasil demonstra
que, desde a sua criayao, os fatos colaboraram para a criaya.odo estere6tipo de que
as mesmas eram apenas para a elite, enquanto que para os demais era urn lugar de
28
castigos, sendo "(...]decorrente de uma palitica conservadora, baseada em conceitos
de cultura erudita, de elite (Iivro como tesouro intelectual e biblioteca como guardia
da cultura)[..T (SUAIDEN, 2000, p.S7) e ainda segunda a autar deve-se tambem asua caracteristica de deposito de livros desatualizados.
Os livros faziam parte do cotidiano SDrnente daqueles que passu em
condi90es financeiras para compra-Ios. Em relayao as bibliotecas publicas e
escolares, crieu-se urn estigma de lugar para ande eram encaminhados as alunos
que deveriam "cumprir algum castigo", ou quando muito para "pesquisas escolares".
Entretanta, vale destacar que segunda Suaiden (2000), devida aa despreparo das
funcionarios das bibliotecas, as pesquisas restringem-se a c6pias de trechos de
enciclopedias e au dicioniuios, sem apresentar variedade bibliografica e muito
menos exigir a capacidade critica, pois como destacado, as funcionarios, ao
"auxiliarem" os alunos indicavam logo uma enciclopedia, na qual podia encontrar-se
o tema de forma sucinta, pois e uma forma rapida e eficaz de garantir a atendimento
estudantil nas bibliotecas, entretanto, ineficiente.
Suaiden (2000, p.S6) procura atribuir as fracassas da desenvalvimenta das
bibliotecas publicas ao "despreparo dos profissionais da informac;ao",em formar urn
publico leitor, para elaborar diagn6sticos consistentes, para vincular a biblioteca com
as interesses cornunitarios e, principal mente, demonstrar a import€mciados servic;os
bibliatecarias aa grande publica".
Ao se analisarem a hist6rico e os posicionamentos acima destacados, pode-
se concluir que nao houve mudanc;as muito signifrcativas ate hoje, pais no decarrer
dos estagios, ainda podem-se presenciar crianc;as lendo na hora do recreio como
forma de puni9aa e, as paucas vezes em qu'l se encontraram as alunas nas Farois
29
do Saber, as mesmos estavam fazendo c6pias de enciclopedias au da internet, a
titulo de "pesquisa"
Neste sentido, vale ressaltar ainda outras afirmat;6es de Silva, autor que faz
urna definit;ao da biblioteca escolar atual, muito semelhante as descri<;oes
contextuais de Suaiden, sendo que 0 referido autor destaca que:
De fato quando existem nas escalas espa9Ds denominados bibliotecas,estes nao passam na maioria dos casas, de verdadeiros dep6sitos de livrose ou, 0 que e piar de objetos de natureza variada, que nao estao sendaempregados no momento, seja par estarem danificados, seja par terernperdido sua utilidade. As vezes, a ~biblioteca· e um armaria trancado,situado numa sala de aula, ao qual as alunos 56 t~m acesso se algumprofessor se dispoe a abrf·lo... quando a chave e localizada. Outras vezes,a biblioteca, razoavelmente instalada, fundona em horiuios breves eirregulares, sendo uma verdadeira loteria adivinhar quando ela estaraaberta. Ha situac6es em que 0 espaco da bibHotecaescolar e utilizado naocomo urn local de estudo, de pesquisa ou de leitura, mas de punicao: 0aluno perde 0 recreio ficando "de castigo" na biblioteca. E, na melhor daship6teses, au na menos pi~r, a biblioteca e 0 espaco onde os alunos VaG
copiar verbetes, trechos ou paragrafos dos mesmos livres e enciclopedias~receitados· pelos professores, -desde os tempos imemoriais ...". Nesteultimo caso, pele menos he a frequencia e consulta a biblioteca, ainda quede forma acritica e viciada. (SILVA, 1999, p. 15)
Silva tambem ressalta a preocupatyao dos bibliotecarios em relaC;aoaos
emprestimos. Porem, na atualidade, a mesma nao esta rnais ligada a preocupatyao
descrita anteriarmente com a conserva!;ao do acervo, mas aos atrasos. Afirma que
"ha bibliotecas escolares que preferem suprimir as emprestimos a ter que conviver
com eventuais atrasos cometidos pelos leitores"(SILVA, 1999, p.60).
Este capitulo nao estaria completo se deixassemos de destacar urn fato
citado no historico das bibliotecas brasileiras e ainda observado durante as visitas as
escolas e Far6is do Saber que fizeram parte desta pesquisa, a/em de muito bem
descrito por Silva (2000, p. 62) quanto ao despreparo dos atendentes das
bibliotecas: " ..como denunciam varios autores, cabe lembrar que grande parte dos
profissionais que estao lotados na biblioteca escolar e constituida par professores,
30
muitos em fim de carreira etou enfadados com 0 trabalho em sala de aula". Este fato
foi ainda muito bern ilustrado em uma de minhas visitas a uma escola municipal, a
qual deveria fazer uso do Farol do Saber, sendo que a pedagoga justifieou 0
afastamento dos alunos com relar;ao aD Farol, ern decorremcia do fata de que as
profissionais atualmente lacados nos mesmos, sao em sua maioria educadores,
afastados par laude medico e que, portanto, como muitos deles estaa la para
afastar-se do cotidiano de sala de aula e contato direto com 0$ alunos, as mesmos
deixaram de proporcionar, par exemplo, a hora do conto. Alem deste fata, a
pedagoga ressaltou que, com a instala~ao dos computadores no Farol para acesso
da comunidade, reduziu-se ainda mais 0 espa90 do mesmo, inviabilizando a ida de
uma turma inteira ao Farol, ao mesmo tempo. Estes fatos denotam que a falta de
comprometimento de alguns atendentes dos Far6is do Saber acarretam na
desmotivayao de professores e alunos.
Acreditando que apos a leitura destes capitulos, tenha side possivel
contextualizar a importancia da proficiencia em leitura para a formayao do cidadao,
bem como da aproximayao das crianyas com a mundo da leitura e com leitores
proficientes, a proximo capitulo apresenta as resultados da pesquisa realizada.
Oestaca-se que a autora decidiu pesquisar os habitos de leitura dos professores da
Educa9ao Basica, par acreditar em sua influencia direta sabre os habitos das alunos.
31
4 ANALISE DOS HABITOS DE LEITURA DE PROFESSORES E
POSSiVEIS RELAC;:OES COM A INEFICIENCIA DA LEITURA DOS
ALUNOS
Como ja citado no decorrer deste trabalho, documentos tais como as peN"s e
Projetos Politico-Pedag6gicos salientam a imporlancia do exemplo, no qual as
crian((as possam se espelhar, para a construcao do habito da leitura.
Considerando-se que autores como Garcia (in SILVA, 1999) destacam que "0
professor e a melhor artifice do processo de aproximaryao entre 0 aluno, a leitura e a
biblioteca escolar". percebe-se a importancia de entendermos as habitos de leitura
dos professores, para podermos relaciona-Ios aos dos alunos.
4.1 METODOLOGIA
A pesquisadora decidiu aptar par uma pesquisa qualitativa, realizada a partir
de um breve estudo da legisla,ao e de uma revisao bibliografica, e de trabalho de
campo, ande se coletou urn conjunto de dados por meio de question arias.
Estes questionarios fcram elaborados com 0 intuito de se delinear uma visao
geral dos habitos de leitura dos professores.
Eram compostos par doze perguntas, sende que destas sete eram objetivas e
foram respond ides per treze professoras do Ensine Fundamental, que atuam em
escolas da rede publica, da regiao sui do municipio de Curitiba.
Para a aplicayao dos questionarios, a pesquisadora contou com a
colaberayao das pedagogas das quatro escolas visitadas. Ah§m de responderem
informalmente a algumas quest6es levantadas pela pesquisadora, as pedagogas
32
encaminharam as questionarios a uma professora de cada etapa do Ensine
Fundamental, sendo que as mesmas toram recolhidos uma seman a ap6s a sua
entrega. A idade das participantes esta entre 28 e 43 anos.
Apesar de terem side entregues quatro questionarios em cada escola, em tres
das escolas, apenas tres questionarios foram devolvidos. Deste modo, apenas uma
escola entregou as quatro, 0 que possibilitou a analise de apenas treze
questionarios dos dezesseis entregues.
Oas treze professoras que colaboraram no preenchimento dos question arias,
todas sao graduadas, sendo que sete delas ja concluiram a p6s-graduaf):ao e duas
delas ainda estao cursando. Em rela-rao as Qutras atividades, uma esta cursando
atualmente Informatica, uma lingua estrangeira e Qutras duas participam de
programas de atualiz8c;;ao, tais como: projeto "Lego na Escola" e "Mem6rias
Curitibanas".
33
4.2 CONSIDERA<;:OES SOBRE OS DADOS OBTIDOS POR MEIO DOS
QUESTIONARIOS
Apos tabelar os resultados dos questionarios, a pesquisadora pode realizar
algumas inferencias quanta aos habitos de leitura dos professores das quatro
escolas participantes deste estudo, as quais encontram-se a seguir.
Considerando os dados da questao referente a preferencia de leitura (quadro
01), as professoras demonstraram que, em geral, S8 detem em leituras rapidas de
revistas e jornais. Fato que a pesquisadora considera muito relevante, pois infere-se
dai que S8 os professores nao se detem em leituras mais aprofundadas, dificilmente
incentivarao seus alunos a faze-las.
Quadro 01 - Preferencias
Livros de Livros de ficc;aoRevistas romance cientifica Jornais Qutros
P1 TodosP2 X XP3 X X Livros area de
educacaoP4 X X GibisP5 X XP6 X XP7 X XP8 X X
Qualquer tipo desdeP9 que 0 titulo desperte
meu interesseP10 X X
Livros area deP11 X X X educacaoP12 X XP13 X X
11 06 0 06
Em rela9ao a frequencia as bibliotecas (quadro 02), verifica-se que apenas
tres das treze professoras dizem frequentar as bibliotecas. Fato que preocupa a
pesquisadora, pois se os professores nao considerarem a biblioteca como urn
esparyode grande utilidade, nao a frequentarao com seus alunos. Este fato torna-se
ainda mais relevante ao considerarmos que, atualmente, os pais, em geral,
trabalham fora e nao tem tempo de acompanhar seus filhos a biblioteca. Alem disso,
muitos deles tambem nao foram incentivados a usar as bibliotecas adequadamente.
Com referencia a sua utiliza9aO, a mesma e prejudicada, quando ela e
utilizada apenas para realiza9ao do que poderiamos chamar de ~pseudo-pesquisas~,
nas quais apenas realizam copias, em geral de fontes indicadas pelos atendentes
que, muitas vezes, nao tern forma9ao especifica em sua area de atua9aO.
Vale aqui recordar 0 posicionamento de Silva, ao afirmar que "[ ..] como
denunciam varios autores, cabe lembrar que grande parte dos profissionais lotados
na biblioteca escolar e constituida por professores, muitos em tim de carreira e/ou
enfadados com 0 trabalho em sala de aula" (2000, p. 62), dado este tambem
denunciado no relato de uma das pedagogas.
Quadro 02 - Frequencia
Bancas derevistas e ·omais Livrarias Bibliotecas Cinema Outros
P1 X XP2 X XP3 X XP4 X XP5 XP6 X XP7 XP8 Xpg XP10 XP11 X XP12 X XP13 X X X
I Total II 06 ICQDI 03 1001 I
35
Em relac;:ao aos motivos que as levam as livrarias, oito professoras afirmam
que 0 fazem com 0 intuito de comprar 1ivros para si e destas, quatro tambem 0
fazem para conhecer os lanc;:amentos. Apenas tres professoras afirmam freqOentar
livrarias apenas para ver as novidades, uma afirma tambem comprar presentes e
apenas uma afirma ir a livraria apenas para comprar livros para terceiros. Dutra
afirma ainda, apenas acompanhar seus filhos e uma ultima afirma alem de ver as
novidades, comprar livros escolares para seus filhos,
Em relac;:ao a estes dados, a pesquisadora, apesar de considerar satisfatorio
o fndice de professores que costumam ir as livrarias para comprar livros, infere que
os resultados desta questao sao dissonantes em relac;:ao as preferencias de leitura,
e quanto ao tipo de leitura a que tern maior aces so, sendo que as mesmas serao
apresentadas rnais adiante. Entretanto, infere-se tambem que a maiaria das
professoras considera importante informar-se sobre as novas publicac;:6es e
aquisit;ao de livros.
Quadro 03 - Motivo que os leva as livrarias
D Comprar Comprar Ilvros Veras Comprar I Ilivros para 5i para terceiros novidades presentes Qutros
P1 X XP2 XP3 XP4 X
P5Acompanhar os
filhosLivros
P6 X escolares paraas mhos
P7 XP8 XP9 XP10 X XP11 X XP12 X XP13 X X
I Total II 08 I 01 07 01 02
J6
Com referencia a periodicidade da leitura de revistas (quadro 04), cinco
professoras afirmam compra-Ias periodicamente e outras cinco assinam alguma
revista e destas, duas assinam revistas relacionadas a educa980 e as demais
assinam revistas de entretenimento. Oeste modo, a maioria afirma comprar revistas
periodicamente, indicando 0 resultado a ser confirmado no quadro 08, como sendo 0
tipo de leitura a qual tem mais aces so, reconfirmando que, em geral, as professoras
optam por leituras nipidas.
Quadro 04 - Periodicidade: Leitura de Revistas
D CompraTem I
Iperiodicamente Qual Assinatura _ Qual
P1 - X Nova Escola
P2 X Nova Escola
P3 - -Recreio e Professor
P4 X Ed. Infantil e
Fundamental
P5 - -P6 X Veja e Claudia
P7 X Veja -PB
P9 X Veja
P10
P11 X Veja -P12 X Veja X Conti go
Veja, Eclesia e
P13 - X Contigo
Total 05 05
37
No que diz respeito as publicac;6es sobre as wcelebridades instantaneas",
apenas uma afirma Ie-las com periodicidade, uma se absteve e onze afirmam Ie-las
apenas esporadicamente.
Tres professoras que afirmaram ler esse tipo de revista esporadicamente,
fizeram questao de esclarecer que fazem este tipo de leitura apenas em
consult6rios, como se temessem ser classificadas de algum modo, talvez
considerado pejorativ~, caso assumissem ler esse tipo de revista. Isto despertou 0
interesse da pesquisadora, pois esta questao era objetiva e nao abria espaC;o a
justificativas e, sendo assim, alerta para a hip6tese de que talvez os dados nao
sejam tao fieis a realidade, abrindo a possibilidade de que algumas ten ham optado
pela resposta que acreditavam ser a mais "aceitavel"
Quadro 05 - Periodicidade: Publica<;6es sobre ··Celebridades"
ApenasI eSDoradicamente Reoularmente Qual
P1 X -P2 XP3 XP4 XP5 -P6 XP7 X - VejaP8 X CarasP9 X -P10 X Dos ArtistesP11 XP12 XP13 X -Total 11 01
38
Ja em relaCYEIoaos livros que consideram os mais importantes para sua
formac;:ao (quadro 06), obtiveram-se respostas relacionadas a sua area de atu898:o,
qual seja "educ89E10", entre nove professoras. Quatro acreditam que tenha sido
importante para sua formacyc3oos livros de auto-ajuda e apenas uma citou dais livros
de literatura. Oeste modo, a pesquisadora infere que a leitura naD foi parte tao
importante de sua infancia, pois conforme citado anteriormente, apenas uma referiu-
S8 a livros de literatura infanto-juveni1. 0 que denota que a preocupacyao da
pesquisadora quanta a influencia dos habitos de leitura dos professores, em rela~o
aos dos alunos, e relevante, pois e consensual que dificilmente conseguimos passar
adiante valores dos quais nEIO nos apropriamos. As professoras que nao tiveram
experiencias positivas em rela~ao a leitura durante sua infancia e nao conferem
importancia aos livros de literatura lidos nesta etapa de suas vidas, estarao menos
aptas a sugerir a seus alunos a importEmcia da leitura.
Quadro 06 - Livros mais importantes para sua forma~ao
Titulo iTipo P1 P5 P6 P7~1 P1 P1 P13
Area de Educaciio X X X Ix X X X
Sobre Criancas X
-Bern estar: Corpo e Mente X
Sao Franscisco XOs 10 Habitos das Pessoas -
bern Sucedidas X
Psicologia emXDesenvolvimento
- XQuem Arna Educa
Llvros Espiritas XPequeno Principe - X
A Revolucao dos Bichos II II X
39
Quanta a utilizac;ao da Internet, uma S8 absteve, apenas duas professoras
naO a utilizam, quatro utilizam apenas esporadicamente, e seis a utilizam
regularmente. Nessa questao, destaca-se a unanimidade quanta a utiliza~o para
pesquisa. Pois, infere-s9 aD relaciona-la aD fato de que poucas destas professoras
freqOentam bibliotecas, que suas pesquisas restringem-se a leituras de artigos da
Internet, 0 que po de ser um tanto quanto tendencioso, a pautar-se no senSO-CDmum.
Apesar de canter muitos dados valiosas, esse veiculo tambem apresenta
muito "Iixo eletr6nico" Par S8 tratar de urn veiculo publico e de livre aceSSD, pode-s8
construir uma pagina e publicar 0 que quiser, pois nao hi! urn 6rg80 que possa
averiguar a "cientificidade" do que e publicado. Oeste modo, seu acesso requer
cuidados quanto a selery80 do que eo real mente cientifico, atual e comprovado.
Quadro 07 - Acesso a Internet
Nao Apenasutiliza esporadicamente Regularmente Tipo de site
P1 X -P2 X PesquisaP3 X Pesquisa/Educa(:iioP4 X Pesquisa/EducaC;;:8o e
LazerP5 X - -P6 X Pesquisa/EducacaoP7 - - -P8 X PesQuisaP9 - X GoogleP10 X PesquisaP11 X PesQuisaP12 X PesQuisas/e-mailP13 - - X PesQuisalEntretenimento
iTotal IC][JI 04 II 06 I
Em relay80 aos dad os sobre 0 tipo de leitura ao qual tem maior aces so, os
professores assinalaram praticamente todas as OP90es. Contudo, esta
"multiplicidade" indica nova mente a preferencia por leituras rapidas, pois apenas
tres afirmam ter maior aces so a livros sobre educac;ao, e uma citou livros
pedag6gicos.
Quadro 08 - Leitura a qual tem maior acesso
C:::IIRevistasl~ Internet Sites
P1 - - - X
P2 X educacao X X
P3educayao educayao a
X X bem estar IInfantil ~
P4 X educacao X diversos X Gazetaauto
P5 X Isto Ii - X a·uda X Gazetamoda e
P6 X curiosi- X educaCao X Pedag6- X Noticiasdades Gicos
P7 X X X Xassuntos
P8 X variadosP9 X Veja X Educayao X GazetaP10 X educaCaoP11 X - - - -
Veja e Sites deP12 X Conti go X busca X Espiritas X Gazeta
politica politica, Gaze!aP13 X educayao - educayao - Variados Folha de
economia economia SaoPaulo
Total 11 07 08 - 09
A fa[ta de tempo fOI citada apenas por uma professora como a causa que
considera afetar mais significativamente 0 habito da leitura. Tres de[as destacam 0
alto custo e nove destacam a fa[ta de interessel habito ou gosto pel a [eitura. Dados
que [evaram a pesquisador~ a inferir que as professoras tem a conscrencia da
importancia do desenvo[vimento do interesse pelo habito da leitura.
Quadro 09 - Fatores que consideram aletar significativamente 0 habito da leitura
Falta de Falta de Falta deinteresse! ..gosto" pela Tempo Custohabito leitura Elevado
P1 X -P2 X -P3 X - - -P4 XP5 X - -P6 X -P7 X - -P8 Xpg X - -P10 XP11 - - - XP12 X
~X - - -08 01 01 0
A analise da questao referente ao tipo de leitura que mais agrada as
professoras em momentos de lazer (quadro 10) nilo privilegia um tipo em especial, ja
que a maior parte das alternativas foram indicadas. Entretanto, atraves dela pode-se
inferir mais uma vez que as professoras preferem, em geral, leituras rapidas e
descontraidas, como as de entrevistas, passatempos, reportagens e romances.
Quadro 10 - Tipo de leitura que mais Ihe agrada em momentos de lazer
Revista I Ti~o II Livro I Tipo Jornais I Quais IP1 X - - - -P2 XP3 X - X Educac;ilo X locais
LiteraturaP4 X pas sa tempos X alema X Gazeta
X atrevida X Religiosos -P5entrevistas e col una
P6 X moda X Romance X socialP7 - - - XP8 X variados X RomanceP9 X todos X Todos X lodosP10 X Romance
P11 RomanceX noticias X Ficc;ilo - -
P12 XP13 X Ve-a X Romance X Gazela
Total 10 10 - 06
Alem dos resultados obtidos atraves dos questionarios impressos, obtiveram-
se algumas informat;6es at raves de conversas informais com as atendentes dos
Far6is do Saber e com as pedagogas das escolas. Par se tratarem de informa90es
consideradas pela pesquisadora como quest6es de suma importimcia para a
percept;ao de algumas possiveis causas do baixo desempenha dos alunos em
testes de Lingua Portuguesa, como 0 do SAEB 2003, e por colaborarem ainda para
o retrata da realidade escolar, as mesmas serao destacadas a seguir.
.3
Duas das escolas visitadas deveriam utilizar 0 Farol do Saber situado em
suas dependencias, como biblioteca escolar. Porem, segundo informa96es das
atendentes dos Far6is do Saber, apenas em uma delas uma unica professora leva
seus alunos periodicamente ao Farol. Segundo investiga9ao junto a pedagog a,
descobriu-se que este fata deve-s8 inclusive a co-responsabilidade que as
professoras assumiriam, pelo emprestimo de livros par parte de seus alunos.
Em Dutra escola, 0 relato da pedagoga sugere que a falta de interesse deve-
se tambem ao despreparo dos atendentes do Farol do Saber. Segundo ela, a
maiaria dos atendentes nao sao da area, sendo em geral, professores afastados das
salas de aula atraves de laudos medicos. Fato este que denota que em muitos
casas, as atendentes nao deveriam ter urn contata mais direto e prolongado com as
criam;as.
A profissional em questao ressaltou ainda que houve muitas mudanc;as desde
a implantay80 dos Farois, que diminufram a eficie!:ncia do seu atendimento. Como
por exemplo, 0 fato de que havia profissionais responsaveis por cada Farol,
habilitados na area de biblioteconomia, os quais organizavam inclusive a ~hora do
conto". Entretanto, com a centralizay.3o desta funy.3o, uma unica pessoa habilitada
ficou responsavel por tad os os Farois e inclusive este momenta foi esquecido, 0 que
acabou por contribuir para 0 desinteresse tanto por parte dos professores, quanto
dos alunos. Esse desinteresse, ainda segundo a mesma pedagog a, deve-se em
parte tambem a oferta restrita dos titulos, em sua maioria provenientes de doayoes.
Na terceira escola visitada, nao ha biblioteca na escola, nem Farol do Saber
nas proximidades, que possibilite a visita periodica dos alunos.
Destaca-se tambem que, das quatro escolas visitadas, apenas na ultima ha
uma pequena biblioteca. Entretanto, a mesma situa-se no mesmo espa90 da sala de
informatica, 0 que segundo a pedagoga permite a sua utilizaC;ao freqClente,
entretanto, com restrigoes de horarios, 0 que prejudica a qualidade das atividades.
Ha ainda uma outra questao que a pesquisadora considera importante
ressaltar, que consiste no fato de que apesar de muito bern organizados, limpos e
bern iluminados, os espac;os dos Far6is do Saber sao muito pequenos, 0 que talvez
impossibjlite que uma turma de 30 alunos possa usufruir dele com a devida
eficie!ncia.
Durante os varios meses em que a pesquisadora teve a oportunidade de estar
em um Farol do Saber, no decorrer de seu estagio curricular no ano de 2004,
encontrou poucos alunos fazendo usa do mesmo. Alem disso, a grande majaria fez a
visita apenas com 0 objetivo de elaborar ··pesquisas··, as quais nao passam de
c6pias de verbetes de dicianarios OU trechos de enciclopedias, ou ainda restringem-
se a impressao de textos, extraidos da internet.
5 CONSIDERA<;OES FINAlS
Apos a pesquisa realizada, infere-S9 que apesar de os professores terem
consciemcia de que S8 faz necessaria 0 desenvolvimento do "g05to" pel a leitura,
transformando-o deste modo em habita, eles proprios nao 0 cultivaram durante sua
infancia. Fato que S8 reflete em sua atu8c;ao, pais como ja foi anteriormente citade,
um professor que nao possui 0 habito de freqOentar a biblioteca, dificilmente
conseguira que seus alunos 0 f898m.
Atraves da revisao bibliografica p6de-se inferir que urn dos falares que
influenciam 0 desempenho dos alunos no Ensino Fundamental em proficiencia em
leitura - questao norteadora deste trabalho - refere-s8 a importancia da interac;ao
dos alunos com adultos proficientes.
Pois conforme afirma Garcia (in SILVA, 1999, p. 73), "certamente 0 professor
e 0 melhor artifice do processo de aproxima9ao entre 0 aluno. a leitura e a biblioteca
escolar". Fato ester tambem defendido nos Parametros Curriculares Nacionais, ao
sa lien tar que:
Principalmente quando os alunos nao tem contato sistematico com bonsmateriais de leitura e com adultos leitores. quando nao participam depraticas nas quais ler e impresclndivel, a escola deve orerecermateriais dequalidade, modelo de leitores proficientes e pratica de leitura eficazes.(peN, vol. 2, p.42)
o referido documento destaca, ainda, a necessidade de interagir com leitores
proficientes para que os estudantes possam presenciar a utili dade dos textos.
Ressalta-se que a partir dos dados obtidos por meio do questionario, pede-se
inferir tambem alguns habitos de leitura das professoras que colaboraram para a
realizac;ao deste trabalho. Estes dad os, como ja men cion ado nas considerac;oes
46
sabre os mesmas, denotam que as professoras tern preferencia par leituras breves,
de revistas e jarnais e as que h§em livros, em geral, optam par romances.
Considerando que apenas quatro professoras afirmam ler livros sobre
educayao au pedag6gicos, evidencia-se que a maiaria del as nao se interessa par
obras mais densas, ou cientilicas. Este lato, aliado a perspectiva de que apenas tres
das treze prolessoras Irequentam bibliotecas, denota que os habitos de leitura das
professoras nac sao suficientes para que as mesmas sirvam de parametro para seus
alunos, confirmando a hip6tese a partir da qual delineou-se a segunda questao
norteadora.
No entendimento da pesquisadora, faz-se necessaria urn resgate entre as
docentes sabre 0 valor da leitura para a constrw;ao de uma educ8980 que vise aformayao de cidadaos criticos e autonomos, como referenciado anteriormente
atraves da bibliogralia apresentada.
Por ser um instrumento valioso para a tao proclamada constru~ao do
conhecimento, por ser muito favoravel ao almejado "aprender a aprender", que se
constitui como um dos quatros pilares da educa~aot por conferir autonomia aaprendizagem, 0 habito da leitura deve ser cultivado, com apoio de leitores
proficientes.
Seu valor e ainda ressaltado na ja relerida alirma~ao de Cagliari (1999, p.
148) que destaca que "a leitura e a extensao da escola na vida das pessoas. A
mataria do que se deve aprender na vida tera de ser conseguido atraves da leitura
fora da escola", afirmando ainda que" a leitura e uma heran~a maior do que
qualquer diploma" (CAGLIARI, 1999, p. 148).
47
Quando as professores nao tern 0 habito de ler, podem inibir aquela
oportunidade que talvez. para seus alunos seja a unica, de compartilhar momentos
positivos e construtivos, com leitores proficientes.
A pesquisadora julga conveniente destacar uma afirmagao de Hans Magnus
Einzenberger (in FRAGO, 1993, p. 77), atraves da qual, se infere a necessidade do
cultivo do habito de leitura inclusive para as professores:
o analfabetismo voltou, e 0 fez de urna fonna que naD tern nada de digna.Trata·se do ~analfabeto secundario~. de memoria atroflada, atencaodispersa e fugaz. desinfonnado par uma super*informacao trivial,consumidor qualificado e incapaz de sustentar urn discurso oralminimamente prolong ado, ameno, correta, precisQ, isle e complete esignificativo. (EINZENBERGER, in FRAGO, 1993, p. 77)
Vale ainda ressaltar que:
Ler e hoje urna cornpetencia 6bvia e necessaria para qualquer profissional[ ... J Entretanto, a arte de ler, a que requer reflexeo, urna dose de solidao, aque consiste ern percorrer os segredos do texto, a que nos da 0 prazer dedescobrir 0 ser das coisas ou as artimanhas da razeo, essa exige leitoresdecididos, as vezes apaixonados, no minimo curiosos quase sempre muitoatentos. (PAVIANE, 2003, p.113)
Considerando todos os dados apresentados no decorrer deste trabalho, a
pesquisadora, apos inferir que os professores, em sua maioria, nao tiveram 0 htlbito
de leitura desenvolvido durante sua inffmcia, salienta que na formac;ao inicial de
professores dos cursos de Pedagogia e de Licenciatura e de suma importancia 0
resgate desta prtltica. Po is, em geral, no decorrer destes cursos, grande parte dos
alunos demonstra claramente que as sugest6es de leitura feitas por seus
professores sao postergadas 0 quanto for possivel e, em muitos casos, apenas sao
realizadas as que se lornarn imprescindiv~is para a obten980 das "notas·, e
consequente conciusao do curso. Isto leva a crer que a formaC;ao inicial dos
48
prolessores pode desempenhar um papel lunda mental na lorma9iio de cidadiios, se
conseguir resgatar junto a estes futuros profissionais a real dimensao e importancia
da leitura, formando educadores proficientes, que futuramente servirao de exemplo
aos seus alunos, ampliando ainda mais 0 alcance da formay8o de leitores.
Para a alter8<;8.0 dos atuais niveis de leitura, sugere-s8 que os gestores das
escolas articulern projetos, de modo a estimular 0 desenvolvimento do habito da
leitura entre os professores, bern como a conscientiz8yao de que seu apoio efundamental para a forma98o de noves leitores. Uma forma viavel seria tarnar as
reuni6es pedag6gicas em momentos que permitam a forma98o de grupos de estudo,
que tenham autonomia para desenvolver estudos de seu interesse, mas que,
entretanto, proporcionem momentos de troca de conhecimentos.
Os gestores poderiam, tambem, articular projetos junto as professoras· com 0
objetivo de desenvolver 0 habito da leitura entre os alunos, tais como: a institui<;ao
de mini-bibliotecas nas salas de aula e a instituic;:ao da hora do conto realizada
pel os pr6prios alunos, podendo ser realizada na propria sala de aula, no patio, ou
em outras turmas.
Ja aos coordenadores dos Farois do Saber, em parceria com os gestores das
escolas, caberia 0 desenvolvimento de metas e estrategias para a revitalizaC;:8o dos
Farois. Esta revitalizaC;:8o poderia ser iniciada por meio da instituic;:ao de urn
programa de capacitaC;:8o dos atendentes, no decorrer do qual seria possivel
tambem, desenvolver projetos com 0 intuito de reaproximar os professores e alunos
dos Farois do Saber. Contando ainda com uma revitalizac;:ao do acervo e com a
possibilidade de que na lalta de espa90 adequado nos Farois, houvesse a
possibilidade de os atendentes desenvolverem. um trabalho em espa90s da escola, e
em conjunto com os professores.
49
Ressalta-se ainda que seria de suma importancia que nos cursos de
Pedagogia e Licenciatura fassem abordados com maior enfase os atuais nfveis de
leitura no Ensino Fundamental e suas implica96es. Oespertando ainda nos
academicos a influencia deste habito para 0 seu desempenho academico e
profissional, al8m da influencia direta de seus habitos sabre seus futuros - au atuais -
alunos.
Par S8 tratar de urn tema de grande relevancia e abrangencia, a pesquisadora
ressalta que esta e apenas uma pesquisa exploratoria que aborda uma pequena
parte dos fatares que influenciam no desempenho dos escolares em leitura.
Entretanto, par S8 tratar de urn meio para 0 desenvolvimento da autonomia e da
cidadania, a proficiencia em leitura desperta para a possibilidade de muitas outras
questoes relacionadas ao tema, que possibilitam futuras pesquisas, tais conic: os
habitos de leitura dos alunos e de seus familiares; formagao necessaria aos
atendentes das bibliotecas; importancia da revitalizayao das bibliotecas enquanto
espayo de pesquisa e lazer; implicayoes da formayao de educadores em relayao ao
desenvolvimento do habito da leitura; influ€mcias do incentivo precoce a leitura, entre
outros.
50
REFERENCIAS
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educar;ao (lei 9.394/96). 6. ed., Rio de Janeiro:
DP&A,2003.
BRASIL Parametros curriculares nacionais: lingua portuguesa. Secretaria de
Educa9ao Fundamental. Brasilia:
CURITIBA Projeto Politico Pedagagico. Centro de Educac;ao Integrada "Prof' Nair
de Macedo", NucJeo Regional de Educac;ao de Curitiba, 2000.
BARBOSA, Jose Juvencio. Affabetizar;ao e leitura. Silo Paulo: Cortez, 1994.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Affabetizar;ao e lingOlstica. Silo Paulo: SCipione, 1999.
FRAGO, Antonio Vinilo. Alfabetizar;ao na sociedade e na histaria: vozes, palavras e
textos. Porto Alegre: Artes Medicas, 1993.
FREIRE, Paulo. Ar;ao cultural para a liberdade:entre oulros escritos. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1976.
PAVIANI, Jayme. Ensinar: deixar aprender. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.
SILVA, Waldeck Carneiro da. Miseria da biblioteca escolar. 2 ed. Silo Paulo: Cortez,
1999.
SUAIDEN, Emir Jose. A biblioteca publica no contexto da sociedade da informar;ilo.
Revista Eletronica Scielo Brasif (on fine). Brasilia, v. 29, n. 2, maiolago. 2000.
Disponivel em: http://www.scielo.br/pdf/cifv29n2/a07v29n2.pdf. Acesso em: 03 set
2004.
51
GLOBO. Fantastico. Disponivel em: http://www.globo.com/fantastico. Acesso em 13
jun. 2004.
MEG. SAEB. Disponivel em: http://www.mec.gov.br. Acesso em 30 jun. 2004.
RIBEIRO. Instituto Paulo Montenegro. Disponivel em: Illlir//wwwjQITI.oro.br/an.
Acesso em 20/12/04
SOARES, Magda. 08 out. 2003. Disponivel em:
h!!p:l/\Vww._ru:m~£LQ}.:gJ~.r 16/olllrosl£):IO$ sC'magga3o'l!~s.~.h~c . Acesso em 20/12/04.
52
LEITURAS COMPLEMENTARES
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escofa: 0 que e, como se (az.15 ed. Sao Paulo:
Edil'oes Loyola, 2003.
CARVALHO, Marlene. Guia pratico do affabetizador: serie principiosA ed., Sao
Paulo: Alica, 2003
CHAUi, Marilena. Convite a fifosofia. Sao Paulo: Alica, 1999.
FREIRE, Paulo. A import[mcia do ato de fer: em tres artigos que se completam. 44.
ed. Sao Paulo: Cortez, 2003.
_____ . Educagao e mudanga. 24. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
NASPOLlNI, Ana Tereza. Didatica de portuguese lijolo por lijolo: leilura e produgao
da escrila. Sao Paulo: FTD, 1996.
53
ANEXOS
54
ANEXO 1
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
Faculdade de Ciencias Humanas Letras e Artes
Curso de Pedagogia
Este questionario servira de subsidio para a reda980 de meu Trabalho de
Conclusao de Curso, e para tanto agrade9Q desde ja sua colabora~o em preenche-
10.
1.QuaiD tipo de leitura que mais Ihe agrada?
) Revistas
) Outro. Qual? _
) Livros de romance ) Livros de fic9ao ) Jornais
2.Voce vai com maior freqOencia 8:
) Bancas de revistas e jornais
) Outro. Qual? _
) Uvrarias ) Bibliotecas ( )Cinema
3. Quando voce vai a Hvrarias, na maioria das vezes, seu objetivo e:)Comprar livros para voce )Comprar livros para os outros
) Ver as novidades ( ) Comprar presentes ( ) Outros. Qual? _
4. Voce costuma comprar alguma revista periodicamente? Qual?
5. Voce assina alguma revista? Qual?
6. Sabemos que atualmente 0 mercado publicitario vern ampliando cada vez mais 0
numero de publica96es sobre a vida das "celebridades" (ate mesma das
instantaneas) devido a grande procura; voce costuma ler alguma? Qual?
Com que frequencia? ( ) Apenas esporadicamente ( ) regularmente
7. Quais sao os Bvros que voce considera que foram importantes para sua
forma9ao?
8. Voce utiliza a Internet com frequencia? Qual e 0 tipo de "site" que mais lhe
agrada?
9. A que tipo de leitura voce tern mais aces so?
) Revista/ Sobre: ( ) Livros/ Tipo:
( ) InterneU Sites sobre: ( ) Jornais Qual? _
10. Voce utiliza a Internet? Em geral, com qual(quais) finalidade(s)? Com qual
freqOencia?
11. Muitas pessoas reclamam da falta de tempo ou dinheiro, para lerem mais. Na
sua opiniao, quais fatores voce considera que afetam mais significativamente a
leitura?
12. Ern momentos de lazer e descontrayao, como urn final de semana na praia ou no
campo, qual 0 tipo de leitura que 0 agradaria?
) RevistaslTipo· ) Livre _
) Jornals _
Escolaridade:. _
Faz algum curso atualmente? Qual? _
Fun,ao atual: _
Sexo: _ Idade: _
ANEXO 2
PRovAo DO FANTASTICO
TESTE DE liNGUA PORTUGUESA
Pcrgunta n° I
Voce sabia?
Os carm11l.!ios sciu as animais mais len/os do mundo. Algunsc"ramujus conseguem se mover somenle vinfe cenlimelros em1111/ mi17l1lo. Eles medem ale cinco centimetros, vivem emlodos os continentes do munc/o,menDS nos gelados. Comemplantas que viram musgo e algas.
Queslao I) Qual e a com ida dos caramujos?
Questao 2) Quanta pade medir um caramujo?
56
57
Pergunta nO2
Leia 0 inicio desta historia e depois responda as perguntas:
Lucia j{\ vou indo
Lucia Ja-Vou-Indo nao sabia andar depressa. De maneira nenhuma. Andavadevagar, fa lava devagar. chorava e ria devagarinho e pensava mais devagar ainda.Muito natural, pais cia era lima lesm3.
Um dia, Lucia recebeu urn convite para uma Festa. LeVOli 0 dia inteirinho para ler 0bilhetc que dizia assim:
Chispa-Foguinho, a libelula, convidavoce para uma festa danc;ante, embaixodo Pe de Maracuja, as oito horas danoite do dia 30 de janeiro. Comes ebebes, muita musica, muita alegria,tudo do born, do melhor e de grac;a.
Mal acabou de ler, Lucia ja se foi preparando para a festa. Queria se por a caminhoimediatamente, embora faltasse ainda uma semana.
Questao 3) Por que a lesma comc90u a se arrumar assim que acabou de ler 0convite?
Questiia 4) 0 que as canvidadas iam fazer na festa?
Pergunta n° 3
Observe a tabela abaixo e responda as perguntas:
Animal Recorde Tamanho AJimcntayao AmbientcElefante Maior da lerra 3,5 metros de Capim, plantas, Africa
altura folhagcns,6000 qui IDS caseas de
arvoft!sGirara Maisalto 5,5 metros de Folhas, cascas Africa
altura de arvorcs,1800qui los scmcnlcs, frulas
Baleia azul Maior do mar e 33 metros de Pcqucnos Oceanosda terra comprimcnto crustaceos At[untieo c
150 toneladas marinhos IlacificoGuepardo Mais veloz 1,4 metro de Coclhos, Africa
compri menlo antilopes,(scm con tar a animais de pastocauda)
Caramujo Mais lenlo 0,6 a 5 em Algas, plantas Todos osdecompostas continentcs,
menos AntartidaTartaruga Vida mais longa 1,5 metro de Folhas, Ilhas Gahipagos
comprimcnto semenles, frutas
Questao 5) a que a tabela acima diz sobre a aiimentayao do mais lento de lodos osanimais?
Questao 6) 0 que a tabela diz sobre 0 animal rna is veloz de todos?
58
TESTE DE MATEMATICA
I) Joao cSl<i pcnsando:
Minim aula comc9aas 7h30rnin. Lev()20 minutos parachegar a escola.
,C"rr """'z.,..,,__ . _
Complete: Para mio chegar atrasado it cscola, Joao deve sair de casa ale:
59
2 ) Bia lem R$ 15,00. Cia deve gastar todo estc dinhciro na compra de material cscolar.EI.
ve a viLrinc abaixo:
~ ~ ~R$ 4,50 R$ 0,50 R$ 1,00, , IIR$ 7,50 R$ 3,50 R$ 3,00
Risque os objclos da vitrinc que Bia pode comprar.
3) Ana prccisa compmr 72 lapis que s6 sao vcndidos em caix3s com 12 lapis.
Rcsponda: Quanlns caixas de lapis Ana ter{l que comprar'?
60
4) Complete as lacunas nn figura abaixo para que as duas plaquinhas de cada parrcprcscntcm 0 lnl.!smo numcro:
5) Quando os ;:1Iullos entraram na sala de aula cnconlraram cstc gnifico:
jan fev mar abr mai jun juJ ago set out nov dez
A profcssora cxplicOlI que 0 gr<i£ico rcprescntava 0 Iltunero de anivcrsariantes datllnna em cadu Illes.
Observe 0 gnifico c depois rcsponda:
(A) Qual 0 mes que tern rnais aniversariantes?
(8) H;:'ialgum mes que nao tenha aniversarianlcs?
(C) Quantos alun05 hit na turma?
61
6) Cadn um dos quadradinhos abaixo tern 1 em de lado.
Responda: Qual C 0 peri metro da figura abaixo?
7) Foi fcita uma pcsquisa entre os 360 alunos de lima escola para saber os tipos decaJ(,':ados mais usados pel os alunos.
Resultado da pcsquisa:
• a mctadc dos alunos Llsuva sandalia• urn quarto dos alunos llsava Lenis• um quarlo dos alunos nao usava sand;:ilia c nem tellis
(A) Use 0 circulo abaixo para fazcr urn gni.rico que representc 0 resultado da pesquisa:
(B) Responda: Quanlos alunos usavam tt:nis?
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