possibilidades e limites do software altoqi eberick como ferramenta de apoio nas disciplinas de...
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UNIJU Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
DETEC Departamento de Tecnologia
Curso de Engenharia Civil
POSSIBILIDADES E LIMITES DO SOFTWARE ALTOQI EBERICK COMO
FERRAMENTA DE APOIO PARA O ENSINO DAS DISCIPLINAS DE ESTRUTURAS
DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIJU
Matias Sausen Feil
PROFESSOR ORIENTADOR
Lus Eduardo Modler
Iju, dezembro de 2002
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UNIJU Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
DETEC Departamento de Tecnologia
Curso de Engenharia Civil
POSSIBILIDADES E LIMITES DO SOFTWARE ALTOQI EBERICK COMO
FERRAMENTA DE APOIO PARA O ENSINO DAS DISCIPLINAS DE ESTRUTURAS
DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIJU
MATIAS SAUSEN FEIL
Trabalho de concluso de curso apresentado ao curso de graduao em engenharia civil da UNIJUI Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande Do sul como requisito parcial para a obteno do ttulo de engenheiro Civil
Iju, Rio Grande do Sul, Brasil
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SUMRIO
1- INTRODUO .................................................................................................................. 06
1.1- Delimitao do Tema ....................................................................................................... 06
1.2- Definio dos Objetivos do Estudo ................................................................................. 07
1.2.1- Objetivo Geral ................................................................................................... 07
1.2.2- Objetivos Especficos ........................................................................................ 07
1.3- Justificativa ...................................................................................................................... 08
1.3- Trajetria Percorrida ........................................................................................................ 09
1.3.1- Reviso Bibliogrfica ........................................................................................ 09
1.3.2- Estudo de Caso Eberick.................................................................................. 09
1.3.3- Elaborao de um Projeto Estrutural Completo ................................................ 10
2- NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAO .................................................................... 11
2.1- Utilizao de Novas Tecnologias no Ensino ................................................................... 11
2.2- Softwares no Ensino ........................................................................................................ 14
2.3- Novos Paradigmas de Educao ...................................................................................... 18
3- CARACTERIZAO DO SOFTWARE ESTUDADO .................................................... 22
3.1- Caractersticas Gerais ...................................................................................................... 22
3.2- Critrios de Projeto .......................................................................................................... 24
3.3- Recursos ........................................................................................................................... 28
3.4- Anlise Tcnica e Pedaggica ......................................................................................... 34
3.5- Refletindo sobre Possibilidades ....................................................................................... 39
3.6- Analisando as Limitaes ................................................................................................ 41
4- PROJETO ESTRUTURAL ................................................................................................ 42
4.1- Descrio do projeto ........................................................................................................ 42
4.2- Descrio do Projeto Estrutural ....................................................................................... 43
4.3- Anlise do usurio ........................................................................................................... 45
5- CONCLUSES .................................................................................................................. 48
6- REFERNCIA BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 51
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LISTA DE FIGURAS
Fig 1- Ambiente CAD Integrado ............................................................................................ 28
Fig 2- Prtico Espacial de Barras ............................................................................................ 29
Fig 3- Prtico Espacial de Barras Deformadas ....................................................................... 30
Fig 4- Prtico Espacial em 3D ................................................................................................ 30
Fig 5- Janela de Dimensionamento das Vigas ........................................................................ 31
Fig 6- Janela de Dimensionamento dos Pilares ...................................................................... 31
Fig 7- Janela de Dimensionamento das Lajes ......................................................................... 32
Fig 8- Visualizao Grfica dos Esforos Solicitantes ........................................................... 32
Fig 9- Visualizao das Deformaes das Lajes ..................................................................... 33
Fig 10- Prancha Gerada ........................................................................................................... 33
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NDICE DE ANEXOS
Anexo I- Planta Baixa Garagens .......................................................................................... 53
Anexo II- Planta Baixa Pavimento Tipo .............................................................................. 54
Anexo III- Disposio das Vigas ............................................................................................ 55
Anexo IV- Detalhamento das Lajes do Pavimento Tipo Armadura Inferior ....................... 56
Anexo V Detalhamento das Lajes do Pavimento Tipo Armadura Superior ..................... 57
Anexo VI- Detalhamento das Lajes da Cobertura Armadura Inferior ................................. 58
Anexo VII Detalhamento das Lajes da Cobertura Armadura Superior ............................ 59
Anexo VIII- Detalhamento das Vigas V6 e V14 .................................................................... 60
Anexo IX- Exemplo de Detalhamento das Esperas da Sapata ................................................ 61
Anexo X- Detalhamento de um Pilar ...................................................................................... 62
Anexo XI- Quadro de Resumo do Ao ................................................................................... 63
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1- INTRODUO
1.1- Delimitao do tema:
Os avanos tecnolgicos vm modificando a sociedade atual, com reflexos na maneira
das pessoas agirem e se relacionarem. Tais avanos exigem do sistema educacional uma
atualizao, no sentido de procurar incorporar as novas tecnologias em seus currculos de
modo a melhor preparar seus alunos para enfrentar as exigncias dos novos tempos.
Neste contexto, as Universidades desenvolvem esforos procurando assimilar estas
tecnologias inserindo-as no meio acadmico, visando a qualificao do ensino. Entretanto a
simples e desarticulada presena da tecnologia no ensino no representa necessariamente
qualidade, ela deve estar apoiada por uma slida metodologia de ensino, elaborada a partir de
um criterioso estudo que possibilite apropriar-se criticamente destas tecnologias, para utiliz-
las efetivamente no desenvolvimento da aprendizagem de forma consciente e crtica.
O curso de Engenharia Civil da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul -UNIJUI- vem desenvolvendo pesquisas neste sentido procurando estudar
softwares comerciais e gratuitos, visando utiliz-los como complemento do ensino das
disciplinas das reas de estruturas e pavimentao, de modo a qualificar o ensino e
familiarizar os alunos com as novas tecnologias.
O trabalho de concluso de curso (TCC), que ora se apresenta, est adscrito ao projeto
de pesquisa acima referido, no qual se prope estudar as possibilidades e limitaes da
utilizao do software AltoQiEberick como ferramenta de apoio ao ensino das disciplinas de
concreto armado. Com isto Objetiva-se fornecer dados que permitam avaliar a viabilidade da
utilizao do software no desenvolvimento dos conceitos ensinados nestas disciplinas, e em
caso afirmativo auxiliar na elaborao de uma metodologia de ensino e de um manual de
utilizao para os alunos.
O Eberick constitui-se de um software comercial desenvolvido pela AltoQi Tecnologia
em Informtica Ltda para auxiliar na elaborao de projetos estruturais em concreto armado,
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dimensionando blocos para estacas, sapatas, pilares, vigas e lajes e tem a sua utilizao
crescendo entre os profissionais da rea, principalmente na regio sul do Brasil.
Conforme Lucena (1999) para um software ser utilizado com fins educacionais antes
de tudo necessrio avaliar a qualidade, a interface e a pertinncia pedaggica do programa
no sentido de atender aos objetivos propostos pelo curso. exatamente nesta perspectiva que
este trabalho se desenvolve: avaliar as possibilidades da utilizao do software
AltoQiEberick como ferramenta de apoio ao ensino das disciplinas de Concreto Armado do
curso de Engenharia Civil da Uniju.
Para isto, o trabalho organizado, primeiramente por uma reviso bibliogrfica sobre
o assunto, abordando a questo da utilizao das novas tecnologias no ensino. Em seguida
apresenta uma avaliao sobre o Eberick visando sua utilizao didtica, para, em um terceiro
momento, apresentar as perspectivas do autor, como um aluno usurio, sobre as caractersticas
do programa e as contribuies que o mesmo poder proporcionar ao ensino de
dimensionamento de estruturas em concreto armado quando utilizado por um aluno do curso
de engenharia civil.
1.2- Definio dos Objetivos do Estudo:
1.2.1- Objetivo Geral:
Avaliar as possibilidades da utilizao do software AltoQiEberick como ferramenta de
apoio ao ensino das disciplinas de Concreto Armado do curso de Engenharia Civil da Uniju.
1.2.2- Objetivos Especficos:
Realizar um estudo sobre o funcionamento, caractersticas e limitaes gerais do software com relao :
- Interface com o usurio;
- Facilidade de uso;
- Linguagem utilizada;
- Acessibilidade do Manual;
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Avaliar as necessidades do usurio iniciante com relao aos conhecimentos adquiridos nas disciplinas da rea de estruturas;
Elaborar um projeto completo utilizando o software;
1.3- Justificativa:
A rea de Engenharia Civil vem passando por um perodo de grande desenvolvimento
tecnolgico, principalmente no que diz respeito a softwares, com o surgimento de uma grande
variedade de programas que praticamente automatizam o processo de clculo, desenho,
planejamento, entre outros, com grande preciso e rapidez, apresentando ainda detalhamentos
completos dos resultados obtidos. Tais programas j possuem utilizao difundida em grande
parte das empresas de engenharia civil, e o seu domnio, por parte dos profissionais, torna-se
cada vez mais importante.
As universidades, como formadoras dos profissionais, devem estar atentas a estes
avanos tecnolgicos a fim de melhor preparar seus alunos para as exigncias do mercado.
Entretanto necessrio lembrar que a forma da universidade incorporar estes avanos deve
ser cuidadosamente estudada a fim de no causar prejuzos formao do aluno e sim ajud-
lo na construo do conhecimento.
O AltoQiEberick um software comercial utilizado para clculo de estruturas em
concreto armado e o seu domnio, pelos projetistas, vm se tornando de grande importncia
diante de um mercado cada vez mais competitivo e seletivo, entretanto a sua utilizao
didtica como ferramenta de apoio ao ensino das disciplinas da rea de estruturas nas
universidades ainda tmida e vm sofrendo diversas restries, em parte, devido aos poucos
estudos quanto ao impacto que a utilizao de um software traz formao do aluno.
Sendo assim torna-se necessrio a realizao de pesquisas nesta rea com o objetivo de
conhecer o software para, com maior embasamento, avaliar o impacto que a sua utilizao
traz ao ensino das disciplinas da rea de estruturas alm de definir a melhor forma de utiliz-
lo na construo do conhecimento, podendo assim, aliar as exigncias do mercado uma
formao do aluno consciente e crtica.
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1.4- Trajetria Percorrida:
1.4.1- Reviso Bibliogrfica:
Antes de qualquer posicionamento frente ao programa entendeu-se como pertinente
fazer uma reviso bibliogrfica no sentido de colher embasamento terico que viesse balizar o
desenvolvimento do trabalho. Para tanto, buscou-se subsdios em materiais que debatiam a
utilizao de softwares no auxlio formao do conhecimento do aluno, desde artigos
produzidos por outras universidades que tratam especificamente do caso de engenharia civil,
at livros que trabalham a questo de metodologia de ensino e didtica ligados rea de
pedagogia. Alm disto procurou-se referenciais tericos em livros que abordam o
dimensionamento de estruturas em concreto armado bem como assuntos especficos acerca da
estrutura e caractersticas de programas computacionais como o que est sendo estudado.
1.4.2- Estudo de Caso:
Aps o estudo bibliogrfico e levantamento de novas questes desenvolveu-se um
estudo sobre o software Alto Qieberick na perspectiva de investigar questes de relevncia
para o projeto tais como dados de entrada (input), interface com o usurio, respostas (output),
potencialidades do software para fins profissionais e didticos, alm de avaliaes do
desempenho do programa frente a mtodos conhecidos de anlise. Este ltimo assunto tem
uma grande relevncia didtica para o trabalho, pois possibilita comparar os mtodos
tradicionais com as respostas do software, avaliando, a partir da ordem de grandeza, as
possveis diferenas encontradas, bem como a segurana existente na utilizao de programas
computacionais na anlise e dimensionamento de estruturas.
Na perspectiva de balizar a anlise das possibilidades e limitaes do Eberick como
ferramenta didtica, utilizou-se de um check list, de autoria de Nietzel (2000), que tem como
objetivo direcionar discusses em torno da questo de avaliao de softwares educacionais.
1.4.3- Elaborao de um Projeto Estrutural Completo:
Uma vez feita a reviso bibliogrfica, um estudo de caso e uma reflexo sobre as
questes levantadas por Neitzel (2000), elaborou-se um projeto estrutural completo com o
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objetivo de avaliar o desempenho do software frente a uma situao prtica, possibilitando um
contato mais prximo com todos os recursos disponveis e com as contribuies que o mesmo
pode proporcionar a um aluno de Engenharia Civil. Tal projeto, alm de contribuir para a
formao do autor como engenheiro, possibilitou uma anlise pessoal, como aluno e usurio,
do desempenho do programa, tanto para o uso profissional, como para o uso acadmico.
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2- NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAO 2.1- Utilizao das novas tecnologias no ensino
Os avanos tecnolgicos pelos quais o mundo vem passando, com reflexos
significativos no comportamento e nos valores da sociedade, segundo Levy (1999), criaram
um novo paradigma na educao no sentido de assimilar tais avanos na formao dos
indivduos de forma a prepar-los para esta nova realidade. Neste contexto se discutem as
melhores maneiras de inserir as novas tecnologias no ensino de maneira eficaz, sem trazer
prejuzos a formao do aluno.
Nesta nova realidade a utilizao das tecnologias no ensino vem se tornando uma
constante preocupao das universidades na busca de qualificar a educao, entretanto
necessrio lembrar que a sua simples presena isolada e desarticulada no representa
necessariamente qualidade. Falar em tecnologia educacional, conforme Neitzel (2000),
significa primeiramente falar em um projeto que oferea suportes tericos didticos e
pedaggicos a essas tecnologias. necessria a elaborao de uma metodologia de ensino
consistente e bem fundamentada que direcione o uso desta tecnologia no sentido de atingir
seus objetivos, ou seja, a construo do conhecimento.
A evoluo tecnolgica traz consigo novas possibilidades educao, na medida em
que viabiliza diversos tipos de recursos e instrumentos facilitadores do conhecimento que
podem ser utilizados como auxiliares na construo da aprendizagem. Tais possibilidades, no
entanto, segundo Mercado (1999), exigem uma nova postura tanto dos educadores como do
aluno no processo de aprendizagem, reformulando os conceitos de ensinar e aprender.
Para Mercado (1999) as novas tecnologias, por permitirem uma maior interao do
aluno com o objeto de conhecimento, podem, desde que baseadas em uma boa proposta
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metodolgica, tornarem-se mediadoras do processo de aprendizagem, possibilitando ao aluno
construir o seu prprio conhecimento. Neste processo o aluno passa a desempenhar um papel
ativo, tirando do educador a figura de nica fonte de conhecimento. Esse passa a ter a funo
de integrar, atravs de um ambiente de ensino-aprendizagem propcio, as tecnologias com
situaes que permitam ao aluno aprender conforme os objetivos educacionais desejados.
Esta integrao, segundo Lucena (1999), passa primeiramente por uma reflexo
completa acerca dos objetivos a serem alcanados, das tcnicas a serem desenvolvidas e dos
contedos a serem abrangidos com o uso dos recursos tecnolgicos, bem como dos pr-
requisitos necessrios sua utilizao. Alm disto necessrio que os professores se
apropriem de forma crtica destas tecnologias, definindo possibilidades e limitaes do seu
uso visando construo do conhecimento.
Para a utilizao de recursos tecnolgicos no ensino, conforme Valente (1997 apud
Nietzel, 1999) necessrio ter clara a abordagem educacional que ser utilizada, definindo o
papel destes dentro da sala de aula. Desta forma a aprendizagem pode ser encarada a partir de
duas vises educacionais: a promoo do ensino ou a construo do conhecimento.
Na primeira abordagem os recursos tecnolgicos passam a desempenhar papel
semelhante ao do professor como transmissor de conhecimento, sendo utilizado como um
instrumento de auxlio instruo. Ao aluno cabe memorizar e desenvolver o contedo
preparado e transmitido pelo professor com ajuda dos recursos tecnolgicos. Neste processo
de aprendizagem o aluno parte passiva, apenas assimila um conhecimento j pronto e a
figura do professor tem sua importncia reduzida, uma vez que divide a sua funo com o
computador. Tal abordagem no estimula a formao de um indivduo crtico e reflexivo e
tende a ser repensada na medida em que no responde as exigncias da sociedade moderna
(Valente apud Nietzel, 1999).
J na segunda abordagem o conhecimento no transmissvel e sim construdo pelo
aluno atravs de uma interao do indivduo com os recursos tecnolgicos mediados pelo
professor. A aprendizagem se d a partir da experimentao dos recursos tecnolgicos por
parte do aluno realizando atividades reflexivas dentro de um ambiente propcio para o
desenvolvimento do conhecimento criado pelo professor. Nesse processo o professor deixa de
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ser a fonte nica do conhecimento passando a ser um mediador e estimulador da
aprendizagem, e o aluno por sua vez passa a desempenhar funo ativa, sendo responsvel
pela formao do seu conhecimento. Esse contexto, segundo Mercado (1999), requer um
aluno mais preocupado com processo do que com o produto, preparado para tomar decises e
escolher seu caminho de aprendizagem.
Nesta linha de pensamento os projetos pedaggicos e metodolgicos passam a
desempenhar papel fundamental no processo de aprendizagem e o papel do professor
valorizado, ganhando um novo sentido.
A sociedade moderna exige um indivduo crtico e reflexivo, capaz de aprender a
aprender, isto , segundo Coll, ser capaz de realizar aprendizagens significativas por si
mesmo em uma ampla gama de situaes e circunstncias (1997, apud Mercado, 1999, p.49),
tais caractersticas devem ser estimuladas em todo o processo de formao deste indivduo.
As novas tecnologias, por permitirem uma ampla interatividade sujeito-objeto podem se
transformar, desde que inseridas em um ambiente metodolgico eficiente, em uma ferramenta
bastante til no sentido de atingir este intuito.
A atual dinamicidade dos processos de construo do conhecimento e a evoluo
acelerada da cincia e da tecnologia, segundo Moraes (2001), vm exigindo, no apenas
novos espaos do conhecimento, mas tambm novas metodologias que reconheam o aluno
como elemento ativo do processo de aprendizado e que vejam o conhecimento como algo que
deva ser construdo e no simplesmente repassado. Neste contexto torna-se necessrio uma
ruptura com os mtodos instrucionistas, objetivando um aluno capaz de aprender a aprender
de forma crtica, reflexiva e criativa.
A simples incorporao das novas tecnologias no ensino no significa modernidade,
muito pelo contrrio, dependendo da forma como for utilizada pode reafirmar velhas prticas
pedaggicas que vm se mostrando ultrapassadas frente nova dinmica exigida pela
sociedade atual, alm de aumentar a dependncia em relao tecnologia. a utilizao dos
novos recursos devem ser antes de uma interveno tecnolgica um processo de construo
institucional e pessoal (Mercado, 1999, p.34).
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Perrenoud (2000 p.45) defende que formar para as novas tecnologias formar o
julgamento, o senso crtico, o pensamento hipottico e dedutivo, as faculdades de observao
e de pesquisa, a imaginao e a capacidade de memorizar e classificar os dados que se tiver
acesso, e isto s possvel atravs de uma viso construtivista do ensino. Sendo assim,
segundo Moraes (2001), mais do que uma preferncia ou afinidade intelectual com esta ou
aquela teoria a opo por uma pedagogia menos instrucionista uma condio de
sobrevivncia humana frente aos desafios postos pela nova realidade.
2.2 Software no ensino:
O avano tecnolgico na rea de informtica vem colocando a disposio do mercado
uma gama de softwares elaborados para os mais variados fins. Estes softwares, atravs de
seus recursos, criaram novas possibilidades de ensino, e comeam a ser utilizados como
ferramentas didticas na educao. As universidades, segundo Mercado (1999), cada vez
mais, procuram inserir programas computacionais em seus currculos buscando qualificar o
seu ensino, entretanto esta uma questo bastante delicada e merece, antes de qualquer coisa,
muito estudo. A escolha de um software deve ser criteriosa e sempre embasada nos objetivos
propostos pelo curso.
A sociedade atual, conforme Mercado (1999), exige de um profissional, conscincia
crtica, criatividade e reflexo, isto , um profissional capaz de construir novos conhecimentos
e se adaptar frente as mais diversas situaes de forma a se manter em constante atualizao.
Os softwares vm se mostrando ferramentas eficientes no desenvolver destas habilidades.
Os softwares, de um modo geral, permitem realizar seqncias de aprendizagem nos
quais se corrigem os erros e reconhece- se resultados, antes inesperados, permitindo ao aluno
com base nestas experincias construir seus valores e fixar os conceitos de uma forma
autnoma. Desta forma pode-se desenvolver aprendizados significativos mesmo sem a
presena do professor, resultando em uma maior liberdade ao aluno.
Estas caractersticas, conforme autores como Mercado (1999), Moraes (2001), Levy
(1999) e Perrenoud (2000), favorecem a viso construtivista da aprendizagem, pois permitem
atividades reflexivas quando inseridas dentro de um ambiente pedaggico eficiente formado
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por atividades instigadoras do conhecimento, tornando-se mediadora por facilitar a construo
da aprendizagem.
Para Valente (1997, apud Nietzel, 1999) a utilizao de um software para fins
educacionais no pode ser feita sem considerar o seu contexto pedaggico de uso. Um
software s pode ser tido como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como ele
ser utilizado. Portanto, para ser capaz de qualificar um programa computacional necessrio
ter muito clara a abordagem educacional a partir da qual ele ser utilizado e qual o papel o
software neste contexto.
Conforme Lucena (1999, p.14), software educacional todo aquele que possa ser
usado para algum objetivo educacional, pedagogicamente defensvel por professores e
alunos, qualquer que seja a natureza e a finalidade para a qual tenha sido criado. Entretanto
para que seja utilizado com finalidade educacional, qualidade, interface e pertinncia devem
ser avaliados. Para Pravia (2000) um software educativo aquele que viabiliza o processo de
ensino-aprendizagem, construindo o conhecimento de forma consciente e crtica.
Partindo destas duas definies a questo da utilizao do software parte de trs
tpicos principais. O primeiro a definio dos objetivos a serem alcanados com a utilizao
do programa, isto , quais os conceitos a serem abrangidos e quais habilidades sero
desenvolvidas. Definido isto se realiza uma anlise das caractersticas e possibilidades do
software, verificando se ele realmente possui as condies necessrias para atender os
objetivos propostos. Com base nos objetivos definidos e nas caractersticas do software se
parte para a elaborao de uma metodologia de ensino eficiente que valorize as suas
vantagens e minimize os seus defeitos, uma vez que, segundo Valente (1997, apud Nietzel,
1999), um software s pode ser tido como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo
como ele ser utilizado, ou seja, muito do sucesso ou do fracasso desta investida depende do
ambiente pedaggico no qual o ele est inserido.
Tais tpicos constituem a etapa de planejamento para uma inovao curricular que
segundo Garcia (apud Mercado, 1999) deve ser seguida pelas fases de difuso, adaptao,
implementao, e institucionalizao.
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Na etapa de difuso colocado em prtica, em carter experimental, o que foi
planejado e atravs de instrumentos de avaliao analisa-se a resposta dos alunos frente
nova metodologia, verificando possveis problemas. Na fase seguinte procura-se solucionar
tais problemas adaptando a metodologia s circunstncias identificadas para ento
implement-las na prtica educacional. Caso os resultados propostos inicialmente forem
atingidos satisfatoriamente esta nova prtica institucionalizada e passa a fazer parte do
currculo do curso.
Segundo Mercado (1999) contribuem para o insucesso a falta de identificao dos
objetivos, a nfase sobre o meio e no sobre a mensagem, a resistncia a mudanas, a falta de
um sistema de apoio, a falta de domnio, por parte dos professores, das novas tecnologias, os
custos excessivos de softwares e computadores e por fim uma escolha equivocada do
software. Todas estas causas devem ser evitadas, atravs de um bom planejamento, sob pena
de desqualificar o ensino.
A utilizao de softwares j uma realidade amplamente difundida no desempenho
profissional de engenharia. Tais Softwares procuram automatizar o processo de clculo e
detalhamento, transformando as etapas da concepo de um projeto, tornando-as mais rpidas
e precisas, permitindo ao profissional, segundo Carvalho (2000), usar seu tempo
principalmente na anlise dos resultados e das alternativas e no na resoluo propriamente
dita. Desta forma aumenta o tempo disponvel para atividades mais nobres da arte de
projetar, como a anlise das diversas alternativas que um projeto completo oferece
(CARVALHO et all, 2000 p.2).
Para Pravia (2001), diante desta realidade o mercado de trabalho vem dando
preferncia contratao de engenheiros com conhecimentos na operao de softwares
utilizados comercialmente, caracterizando-se em uma exigncia dos novos tempos.
As universidades, conforme Perrenoud (2000), como formadoras dos profissionais no
devem ficar passivas diante desta realidade sob pena de desqualificao. Torna-se necessrio
uma reavaliao dos currculos e mtodos de ensino de forma que os mesmo consigam
assimilar as novas tecnologias, porm sem trazer prejuzos formao do aluno. Neste sentido
a utilizao de um software deve ser bastante criteriosa.
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A opo por utilizar um software comercial direcionado educao, segundo Schon
(2000), tem o objetivo de resolver duas questes com uma s medida. Espera-se familiarizar o
aluno com os softwares mais usados comercialmente e auxiliar no desenvolvimento dos
contedos programticos, na construo dos conceitos e valores propostos pelo curso,
capacitando-o para o mercado de trabalho.
Entretanto para atingir este objetivo o programa deve, segundo Pravia (2001),
viabilizar o processo de ensino-aprendizagem, construindo o conhecimento de forma
consciente e crtica sem interferir na capacidade do aluno de analisar e intervir nos processo
executados.
Para Pravia (2001), esta condio extremamente importante para o sucesso da
utilizao do software no ensino, e ao mesmo tempo de difcil concepo. Os programas
comerciais normalmente no possibilitam o acesso as etapas intermedirias de clculo
apresentando apenas os resultados, impossibilitando o acompanhamento dos processos
utilizados para a resoluo do problema e desta forma no desenvolvendo por si s um
conhecimento crtico, muito pelo contrrio, pode-se criar uma alienao no processo e uma
extrema dependncia do software, com o usurio virando um mero digitador de dados,
incapaz de analisar e julgar os resultados fornecidos pelo programa. Alm disto com a rpida
evoluo tecnolgica em curso o mesmo software que hoje o ltimo lanamento, em poucos
anos pode cair em desuso tornando este digitador obsoleto.
Neste momento, segundo Mercado (1999) ganham importncia as metodologias de
ensino e as didticas utilizadas pelos professores para corrigir tais problemas e direcionar o
uso do software ao seu objetivo proposto. O software de forma alguma substitui a figura do
professor e nem a necessidade de passar por todo o contedo proposto, e sim, se constituir
em uma ferramenta para desenvolver conceitos vistos em sala de aula.
O software comercial possui uma caracterstica intrnseca bastante interessante que a
capacidade de simular situaes reais com grande facilidade e preciso. Tal caracterstica,
segundo Levy (2000), permite ao indivduo amplificar sua imaginao individual e aos
grupos, compartilharem, discutirem e refinarem modelos mentais comuns, pois o software
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possibilita realizar mudanas em parmetros de um determinado modelo e visualizar
instantaneamente os resultados obtidos, se tornando uma ferramenta bastante til no
desenvolver do raciocnio crtico, da imaginao e da criatividade, pois estimula que o aluno,
com base nos seus conhecimentos, proponha solues para um determinado problema e s
analise de forma crtica, optando por uma delas.
Para Perrenoud (2000) o software automatiza as operaes repetitivas diminuindo o
tempo gasto com elas e por conseqncia densifica os momentos de aprendizagem, que se
daro atravs da anlise crtica e da verificao do que, como e porque estes resultados foram
obtidos.
O software permite exteriorizar dados possibilitando que os mesmos possam ser
compartilhados. Alm disto o software comercial permite desenvolver atividades bem prticas
atravs de simulaes de situaes reais. Possibilitando visualizar modelos e comportamentos
do que fisicamente seria de difcil ilustrao, ajudando a compreender conceitos um tanto
quanto abstratos e, segundo Mercado (1999), facilitando a passagem do analgico para o
conceitual.
No entanto, para Levy, as tcnicas de simulao no substituem o raciocnio humano,
mas prolongam e transformam a capacidade de imaginao e pensamento (Levy, 2000, pg
86). Sendo assim necessrio ter claro que em engenharia os softwares comerciais so
programas de auxlio ao projeto e exigem do profissional, alm da tcnica operacional, uma
slida formao conceitual para se atingir resultados satisfatrios.
2.3- Novos paradigmas de educao A cultura uma atividade que produz crise. Se no fizesse isso, no seria cultura, e sim propaganda de
regime (Umberto Eco)
A rpida evoluo tecnolgica e principalmente o crescimento das aplicaes das
novas tecnologias nas mais diversas reas da sociedade exigem da educao uma constante
busca por atualizao. Sendo assim as universidades vem incentivando a incorporao das
novas tecnologias em seus currculos ampliando significativamente os recursos disponveis
aos educadores para facilitarem o processo de aprendizagem. No entanto conforme Moraes
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(1996) a grande maioria dos cursos no vem fazendo um uso eficiente destes recursos
favorecendo muito mais a concepo tradicional e empirista de ensino, que j se mostra
esgotada frente s novas exigncias da sociedade por formar seres incapazes de construir e
reconstruir conhecimentos, em detrimento dos aspectos construtivos, reflexivos e criativos
que estas ferramentas possibilitam. Mais do que a simples incorporao das novas tecnologias
necessria uma mudana de paradigma no sentido de compreender o aluno como elemento
ativo do processo de aprendizagem, capaz de aprender por si s diante das mais diversas
situaes, colocando-o em condies de enfrentar os desafios atuais. Trata-se de uma
reforma no programtica, mas paradigmtica (Morin, 2000, apud Martinazzo, 2002, p. 85).
Novos conhecimentos promovem rupturas e mudanas na cultura de uma sociedade
oferecendo outras maneiras de fazer ou realizar as atividades do dia-a-dia. No caso dos
avanos tecnolgicos, segundo Levy (1999), alm do fazer est sendo alterada a maneira
como pensamos, conhecemos e aprendemos o mundo, em funo das mudanas nos hbitos
que tais avanos causam na sociedade. Segundo Maturana mudanas no fazer, implicam em
mudanas no ser, j que ambos esto acoplados (Maturana apud Moraes, p. 13). Estas
transformaes do fazer e do ser, certamente, exercem influncias sobre o processo da
formao de qualquer profissional.
medida que novos paradigmas surgem, novas tecnologias so criadas as quais
rompem com certezas, e geram novas demandas que devem ser saciadas pelo sistema
educacional no sentido de formar indivduos capazes de atuarem nesta nova realidade.
Neste contexto, para Mercado (1999), o professor se constitui em agente das inovaes
e nesta perspectiva precisa estar atento s demandas da sociedade, sociedade esta que vive,
atualmente um paradoxo. Se de um lado a humanidade vive um momento histrico, especial,
que o desenvolvimento das tecnologias da comunicao e da informao por outro lado
demanda novos valores criados por este desenvolvimento. Neste sentido a mdia, os
multimeios e os diferentes programas, conforme Moraes (2001), no podem ser vistos apenas
como um instrumental didtico-pedaggico, ou seja, introduzir novos recursos, ditos
modernos, em velhas prticas que continuam vendo o aluno como mero receptor de um
conhecimento j pronto, restringindo-o a copiar e reproduzir informaes repassadas pelo
professor. A simples incorporao de uma nova tecnologia no garante a inovao e o
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surgimento de novo paradigma. Faz-se, hoje, necessrio, antes de discutir qual a melhor
tcnica para ensinar, perguntar-se que profissional queremos formar? Um repassador, um
reprodutor, ou um sujeito reflexivo, que tenha a autonomia da escolha e a conscincia do que
est fazendo?
Diante desta realidade faz-se necessrio, sim, que se utilize todas as conquistas
tecnolgicas, mas sob outra viso da educao compreendendo o aluno como sujeito ativo do
processo do conhecimento, responsvel pela sua aprendizagem, explorando as caractersticas
intrnsecas que estas ferramentas possuem. Marx, j defendia que o homem precisa ter tempo
para pensar, criar e a mquina executar o pensado e o idealizado. No entanto para isto
acontecer com eficincia torna-se necessrio uma efetiva integrao entre a educao e a
informatizao e neste sentido h ainda uma distncia significativa a ser caminhada. Para
Moraes (2001), da forma como vem sendo incorporada educao a informtica tende a
submeter os alunos a uma dependncia, uma vez que no estimula o pensamento crtico.
A finalidade da utilizao de um software didaticamente no pode, de forma alguma,
se restringir a ensinar o aluno a domin-lo sob argumento de se estar preparando-o para o
mercado de trabalho, uma vez que com a rpida evoluo tecnolgica o programa que hoje o
ltimo lanamento em pouco tempo torna-se obsoleto e se o profissional formado no teve
capacidade de se apropriar criticamente desta tecnologia e do conhecimento que podia ser
desenvolvido por ela, tornar-se obsoleto tambm. O ideal que se utilize tal ferramenta dentro
de situaes que instigam o raciocnio crtico do aluno, estimulando a compreenso
consciente dos conceitos propostos.
O surgimento de novas mediaes para o ensino, para o trabalho e para trocas sociais
est apontando para a necessidade de ver a universidade de outra maneira:
a funo da Universidade repassar, ou construir conhecimentos? o indivduo que aprendeu a usar os diferentes programas, ser um profissional
mais competente, um profissional com longa vida?;
capaz de entender como sua vida transformada por estes meios?.
Os diversos programas que esto surgindo, entre eles o Eberick, no podem ser
ignorados no processo de formao profissional. A escola no pode ficar atrs dos
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multimeios, mas tambm no podem vir a reboque destes. Entender e usar com competncia
todos estes meios, compreendendo suas possibilidades e limites, para viabilizar um projeto
pessoal ou coletivo de forma eficiente e eficaz, se constitui no grande desafio da educao.
Cabe Universidade possibilitar a criao de novos modelos, que passam pela
cooperao, pela superviso mtua, pelo trabalho de equipe e pela construo de uma nova
cultura profissional mais substancial. A prioridade, para sair da submisso tecnolgica ,
segundo Schn (2000, p34) formar um prtico reflexivo, capaz de auto-observao, auto-
avaliao e auto-regulao. No na solido, no reinventando a plvora, mas contribuindo na
construo de uma identidade profissional, tendo em vista a necessidade de situar toda e
qualquer profisso na totalidade dos desafios e incertezas dos tempos atuais. Em sntese,
poderamos dizer que a universidade deve ensinar o aluno a aprender. Aprender no
prender, ser livre para dar direo a sua ao.
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3- CARACTERIZAO DO SOFTWARE ESTUDADO
3.1- Caractersticas gerais:
O Eberick um software comercial desenvolvido pela AltoQi Tecnologia em
Informtica para auxiliar projetos estruturais de edificaes em concreto armado e foi
adquirido pelo curso de Engenharia Civil da Uniju com vistas a ser utilizado como uma
ferramenta de apoio didtico para o ensino das disciplinas de concreto armado.
O programa aplica-se ao clculo de edificaes em concreto armado com um ou
vrios pavimentos, calculando lajes, vigas, pilares, blocos sobre estaca e sapatas a partir do
modelo estrutural lanado graficamente em um ambiente CAD integrado ao programa.
O ambiente CAD possibilita importar plantas arquitetnicas previamente gravadas em
formato DXF e utiliz-las como apoio para o lanamento da estrutura, e desta forma pode-se
localizar com preciso as posies dos elementos estruturais a partir de pontos fixos da
arquitetura. Para isso o ambiente possui ferramentas de captura de pontos.
O lanamento dos elementos feito por pavimentos e para se iniciar o
dimensionamento necessrio concluir toda a estrutura de baixo para cima, no se pode
dimensionar o primeiro pavimento sem lanar antes as fundaes, uma vez que o software
cria um modelo de prtico espacial reticulado com base nas informaes passadas no
lanamento da estrutura e para tanto necessrio que o modelo atenda as condies de
estabilidade.
O clculo feito em trs etapas. A partir da estrutura lanada o programa constri um
sistema de prtico reticulado considerando pilares e vigas como barras ligadas por ns. Em
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seguida so calculados todos os painis de lajes isoladamente e suas reaes de apoio
transmitidas s barras do prtico. Com base nos carregamentos atuantes so determinados,
atravs de uma anlise elstica linear e de primeira ordem, os deslocamentos nodais, cujo
conhecimento permite definir as reaes e os esforos internos de cada barra do prtico.
A determinao dos deslocamentos se d a partir da resoluo do sistema de equao
dado por [K] * {U} = {F}, onde a matriz K representa os coeficientes da estrutura e
conhecida como matriz de rigidez. No vetor U esto contidos os deslocamentos nodais, que
so as incgnitas do problema. J o vetor F contm os carregamentos nodais definidos pelo
lanamento da estrutura. A equao ter dimenso igual a seis vezes o nmero de ns da
estrutura, uma vez que para cada n existem seis tipos de deslocamentos possveis, trs de
translao e trs de rotao (Ferro, et all, 2001:03).
Determinadas as deformaes e os esforos internos parte-se para o dimensionamento
de cada elemento estrutural separadamente, seguindo as orientaes da associao brasileira
de normas tcnicas para projetos de estruturas em concreto - NBR 6118.
Para as vigas os dimensionamentos das armaduras so de cisalhamento, toro e
flexo simples e so feitos pelo o mtodo dos estados limites ltimos (NBR 6118 itens
2.1.1, 3.2.2; 3.2.2.2 e 4.1). So feitos ainda verificaes das tenses no concreto devido aos
esforos de cisalhamento e toro (NBR 6119 itens 4.1.3.1 e 4.1.4.1) e do estado de
fissurao e abertura de fissuras nas sees do momento mximo para cada vo (NBR 6118
itens 4.2.1 e 4.2.2). O programa ainda exibe diagramas dos esforos resultante do clculo do
prtico e das flechas mximas em cada vo, permitindo ao usurio analisar o
dimensionamento, alterando-o caso necessrio.
A laje, por sua vez, pode ser calculada atravs de trs procedimentos diferentes: pelos
Mtodos de Marcus, Ruptura e das Grelhas. A partir dos esforos determinados por um destes
mtodos so calculadas as armaduras para os momentos positivos nos vos e negativos nos
apoios pelo mtodo dos estados limites ltimos (NBR 6118 itens 3.3.2, 3.3.2.1 e 3.3.2.10)
para lajes macias, nervuradas e pr-moldadas. Alm disso, feita a verificao da tenso de
cisalhamento nos apoios de acordo com a NBR 6118, item 5.3.1.2b.
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J para os pilares so dimensionadas as armaduras de flexo-compresso, tambm pelo
mtodo dos estados limites ltimos seguinte determinaes da NBR 6118.
Os blocos so calculados pelo mtodo das bielas, sobre 2, 3, 4, 5 e 6 estacas com carga
normal, considerando de forma simples os momentos nas duas direes, no sendo calculados
os casos que resultam em estacas tracionadas. O dimensionamento feito pelo mtodo dos
estados limites ltimos de acordo com a NBR 6118.
Por fim, as estacas so dimensionadas, quando submetidas carga normal e foras
horizontais aplicadas nas duas direes, pelo mtodo dos estados limites ltimos, sendo ainda
verificadas quanto ao tombamento, deslizamento e arrancamento.
Em todos os dimensionamentos possvel detalhar cada elemento a partir de
parmetros pr-definidos nas configuraes de projetos. Alm disto o programa possui um
editor de ao que possibilita alterar o detalhamento gerado pelo computador, permitindo ao
usurio complementar o dimensionamento para casos no previstos pelo programa, alm de
personalizar os detalhamentos conforme opo pessoal.
Aps executar a anlise estrutural possvel visualizar o prtico espacial reticulado
construdo pelo software, permitindo conferir visualmente se a estrutura foi lanada de forma
correta, alm de possibilitar acesso a diversos dados globais, como o esforo encontrado em
cada barra e as deformaes da estrutura. Esta ltima de grande valor para o projetista, uma
vez que permite visualizar o comportamento espacial da estrutura frente aos carregamentos
existentes.
Dimensionados todos os elementos estruturais o software gera as pranchas de
detalhamento separadamente para cada andar e elemento, includo o volume de concreto
necessrio e um quadro com o resumo do ao utilizado.
3.2- Critrios de Projeto:
O Eberick um software de auxlio ao projeto estrutural e exige habilidade,
experincia e competncia por parte do usurio para apresentar resultados satisfatrios, no
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podendo ser utilizado como uma soluo final fechada. Todos os dados devem ser
cuidadosamente analisados e complementados caso necessrio. O Eberick, assim como
qualquer programa, possui algumas limitaes que devem ser contornadas pelo usurio:
- Pilares: Os pilares so dimensionados a esforos de flexo-compresso reta ou oblqua.
Pilares sujeitos trao so detectados, porm o programa no os dimensiona, ficando esta
tarefa a cargo do usurio. Alm disto, no so considerados no dimensionamento os esforos
cortantes e os momentos torsores. Esforos estes que devem ser considerados pelo projetista
em separado nos casos de esforos horizontais relevantes estrutura.
- Vigas: As vigas so dimensionadas a flexo, esforo cortante, toro, flexo-compresso reta
e flexo-trao reta. Quando surgirem outros tipos de esforos relevantes estrutura estes
devem ser considerados separadamente. Com relao ao comprimento das vigas o mesmo no
deve ser inferior a duas vezes a sua altura, para casos de um s vo. J para vigas contnuas
este comprimento no deve ser inferior a trs vezes a sua altura, caso contrrio trata-se de uma
viga-parede para a qual as hipteses de dimensionamento utilizadas pelo programa no se
aplicam.
- Lajes: As lajes so dimensionadas sujeitas apenas aes perpendiculares ao seu plano,
considerando que as cargas distribudas atuam uniformemente em toda a superfcie. Nos casos
de cargas lineares, como cargas de parede, as mesmas so distribudas em toda a superfcie da
laje quando dimensionadas pelos mtodos de Marcus e Ruptura. Pelo mtodo das grelhas a
carga proveniente das paredes aplicada diretamente nos ns da grelha.
Processo de Marcus: um processo simplificado que calcula lajes retangulares, considerando o tipo de um bordo nico, adotando o vnculo predominante, ou seja, se
determinada laje possui um trecho engastado e outro apoiado, considera-se o trecho
maior como nico. No caso de lajes aproximadamente retangulares o software realiza
uma aproximao considerando-as retangulares. J lajes no retangulares so
discretizadas em forma de grelha e calculadas separadamente considerando as vigas
como apoios ideais. Os momentos negativos obtidos so uniformizados seguindo os
mesmos critrios utilizados no mtodo de Marcus.
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Mtodo da Ruptura (mtodo das charneiras plsticas): Este processo tambm calcula lajes retangulares, porm considera de forma mais exata os tipos de apoio dos
bordos representando seus comprimentos reais. Alm disto calcula tambm lajes com
quatro lados, sem que estes sejam perpendiculares. Entretanto os casos que no se
enquadram nestas formas no so dimensionadas e permanecem em situao de erro,
as quais so alertadas pelo software.
Analogia da Grelha: Este um processo mais exato que os demais e se baseia na dicretizao das lajes em malhas ortogonais com espaamento previamente
configurado pelo usurio. Este mtodo permite abranger praticamente todos os tipos
de lajes, alm disto as vigas no so consideradas apoios ideais e sim com a sua
rigidez real. Entretanto, segundo Polillo (1973), este mtodo no leva em conta a
influncia favorvel dos momentos de toro que surgem no interior da laje e tendem a
diminuir s solicitaes flexo.
O programa dimensiona a armadura das lajes a partir dos momentos fletores mximos
calculados por um dos trs mtodos disponveis e dispe uma armadura uniforme para toda a
laje. J a armadura negativa dimensionada a partir do momento negativo mximo em cada
um dos apoios das lajes definidas no lanamento da estrutura como engastadas. O Eberick no
considera momentos negativos no interior das lajes (que podem ocorrer em alguns tipos de
lajes), alm disto no so considerados no dimensionamento os esforos torsores, os quais, se
forem relevantes, devem ser includos separadamente.
- Anlise da estrutura: Para iniciar a anlise necessrio que estrutura satisfaa as condies
de equilbrio, uma vez que o Eberick no processa estruturas hipostticas. Estas condies
devem ser garantidas pelo usurio. A anlise estrutural feita pelo mtodo matricial da
rigidez direta, onde so determinados os deslocamentos nodais, os esforos internos e as
reaes nos apoios. Tais resultados so verificados pelos mtodos dos estados limites ltimos
e dos estados limites de utilizao, dimensionando os elementos estruturais.
O Eberick realiza uma anlise esttica linear de primeira ordem, no considerando
aes variveis com o tempo, analisando apenas uma hiptese de carga, ficando restrito a
casos em que a alternncia de cargas variveis possa ser considerada desprezvel. Alm disto
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o programa considera que os materiais possuam comportamento fsico-elstico linear para
todos os pontos da estrutura, ou seja, considera que em nenhum ponto sero ultrapassados os
limites do material para as tenses de servio.
A anlise esttica linear de primeira ordem, logicamente, no considera os efeitos de
segunda ordem que surgem a partir dos deslocamentos gerados pela ao dos carregamentos e
que foram determinados no incio da anlise estrutural. Esses deslocamentos modificam a
geometria inicial do modelo utilizado para o clculo e em algumas vezes podem causar
esforos relevantes e que devem ser considerados separadamente. No entanto o programa
realiza uma anlise de estabilidade global alertando para a ocorrncia destes casos. Nestas
situaes para utilizar o Eberick com eficincia o usurio deve garantir maior rigidez da
estrutura, restringindo, por exemplo, o deslocamento de alguns ns.
- Aes Consideradas: O software considera na etapa de dimensionamento as cargas fixas da
estrutura, determinada automaticamente atravs do peso prprio de cada elemento lanado, e
a sobrecarga informada pelo usurio no lanamento da estrutura conforme o tipo de atividade
desenvolvida em cada pea. Alm disto o programa permite incluir no dimensionamento a
carga do vento, a qual pode resultar em situaes no calculadas pelo programa e que devem
ser analisadas separadamente pelo usurio. Como j foi dito o software no trabalha com
cargas variveis, no sendo indicado para projetos nos quais mais de 20 % das cargas
previstas sejam variveis.
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3.3- Recursos:
O programa aplica-se ao clculo de edificaes em concreto armado com um ou vrios
pavimentos, calculando lajes, vigas, pilares, blocos sobre estaca e sapatas a partir do modelo
estrutural lanado graficamente em um ambiente CAD integrado ao programa, conforme
mostra a figura 1.
Figura 1 Ambiente CAD Integrado
O ambiente CAD possibilita importar plantas arquitetnicas previamente gravadas em
formato DXF e utiliz-las como apoio para o lanamento da estrutura, desta forma pode-se
localizar com preciso as posies dos elementos estruturais a partir de pontos fixos da
arquitetura. Para isso o ambiente possui ferramentas de captura de pontos.
O lanamento da estrutura feito por pavimento, sendo assim de fundamental
importncia a preciso das posies de cada elemento para que no haja desencontro ou
problemas de continuidade na estrutura no momento da construo do prtico. Para facilitar
isto o Eberick possibilita copiar os dados de um pavimento para o outro com trs opes: a
estrutura inteira; pilares e vigas e s os pilares.
Aps o lanamento grfico da estrutura o software constri, com base nas informaes
lanadas, um prtico espacial reticulado a partir do qual sero definidos as deformaes e os
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esforos internos solicitantes de cada elemento estrutural, dados que sero utilizados
posteriormente para o dimensionamento das peas.
O software permite duas opes de visualizao deste prtico: Atravs de barras e em
3d. Tais opes podem ser visualizadas nas figuras 2 e 4 respectivamente.
Na primeira opo pode-se conferir visualmente se a estrutura foi lanada de forma
correta, sem problemas de alinhamento e continuidade, alm disto pode-se ter acesso a
diversos dados globais, como os esforos encontrados em cada barra e as deformaes da
estrutura (figura 3). Esta ltima de grande valor didtico, uma vez que permite visualizar o
comportamento espacial da estrutura frente aos carregamentos existentes.
Figura 2 Prtico Espacial de Barras
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Figura 3 Prtico Espacial de Barras Deformado
Na segunda opo o software permite visualizar o prtico espacial criado em 3D
representando graficamente as dimenses lanadas para cada elemento, possibilitando analisar
a estrutura como um todo. Nesta janela pode-se ainda modificar as dimenses de cada
elemento em separado a partir de um duplo clique sobre o mesmo e visualizar
instantaneamente o resultado na estrutura (figura 4).
Figura 4 Prtico Espacial em 3D
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Aps a anlise estrutural cada elemento dimensionado isoladamente e por pavimento
atravs de janelas especficas. Nestas janelas pode-se visualizar diversos dados sobre os
elementos como os diagramas dos esforos internos e as deformaes, apresentando ainda os
valores das reaes e dos esforos, o que possibilita ao usurio acompanhar o
dimensionamento e modific-lo, se necessrio (figuras 5, 6 e 7).
Figura 5 Janela para o dimensionamento das Vigas
Figura 6 Janela para o dimensionamento dos Pilares
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Figura 7 Janela para o Dimensionamento das Lajes
No caso das lajes calculadas pelo mtodo das grelhas possvel visualizar
graficamente, por intensidade de cores, o comportamento de cada barra discretizada para os
mais diferentes tipos de esforos solicitantes, permitindo identificar os pontos mais crticos
(figura 8). Para estes casos pode-se ainda visualizar a deformao de cada laje, ilustrando o
comportamento desta estrutura frente aos esforos de carregamento (figura 9).
Figura 8 Visualizao Grfica dos Esforos solicitantes
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Figura 9 Visualizao das Deformaes das Lajes
Aps o dimensionamento de cada elemento o software gera pranchas no formato DXF
(que podem ser configuradas pelo usurio) o detalhamento conforme a NBR 6118. Alm
disto, o software, automaticamente, apresenta um quadro de resumo do ao utilizado,
representando conforme as configuraes definidas pelo usurio no incio do projeto (figura
10).
Figura 10 Prancha Gerada
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3.4- Anlise Tcnica e Pedaggica
Para balizar o estudo das caractersticas, possibilidades e limitaes do Eberick
visando a sua utilizao didtica optou-se por utilizar as questes do check list criado por
Neitzel (1999) para avaliar previamente a qualidade, a interface e a pertinncia pedaggica de
softwares utilizados para fins didticos a partir de perguntas que visam medir se tal programa
consistente, previsvel, confivel, compreensvel e fornece ajuda apropriada caso algo de
errado. O check list se divide em dois questionrios, um para avaliar os aspectos pedaggicos
e outros os aspectos tcnicos.
Para subsidiar uma reflexo dos aspectos pedaggicos, Neitzel (1999) levanta as
seguintes questes:
1- O software aberto, permitindo o processo ativo da produo, criao?
2- Facilita uma concepo de educao voltada para a construo do conhecimento de forma
interativa?
3- Instiga a curiosidade, ateno e busca independente de informao?
4- Possibilita o hipertexto?
5- Permite a utilizao de som, texto, imagem e vdeo na criao de projetos?
6- Favorece a interdisciplinidade?
7- Leva a busca de informaes em diferentes fontes de pesquisa?
8- Possibilita o registro e a consulta de aes, permitindo a depurao?
Refletindo sobre as mesmas, possvel considerar:
9- desafiador o levantamento de hipteses, reflexo e troca?
10- Est livre de preconceitos?
11- Facilita o trabalho cooperativo?
12- Apresenta diferentes nveis de dificuldade?
13- Proporciona o feedback imediato, que auxilie a compreenso do erro?
Analisando o Eberick a partir destas questes foi possvel levantar diversas
caractersticas de grande interesse para este trabalho, sobre os quais discursa-se a seguir.
O Eberick, por ser um software de uso profissional, no foi desenvolvido com o intuito
de ensinar e por esta razo no possui, explicitamente, caractersticas pedaggicas. Como a
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maioria dos programas comerciais, no possibilita acesso aos procedimentos intermedirios
de clculo e desta forma no possvel acompanhar os processos utilizados para a resoluo
do problema. Baseado no modelo proposto pelo usurio o programa executa automaticamente
os mtodos de clculos conforme a NBR 6118 apresentando os resultados obtidos. No entanto
o software permite configurar parmetros a serem utilizados no clculo, alm de possibilitar o
acesso aos dados obtidos. Permite que o usurio analise os resultados e os processe conforme
necessrio. Desta forma pode-se dizer que o software possibilita uma participao ativa no
processo de produo e criao dos dados exigindo do usurio, entretanto, uma slida
formao conceitual a respeito do assunto. Neste sentido, o software teria que ser utilizado
visando desenvolver e estimular estes conceitos e no no ensino deles propriamente dito.
necessrio considerar que o Eberick, por permitir a simulao das mais diversas alternativas
que um projeto estrutural pode oferecer, apresenta resultados rpidos, o que favorece o
desenvolvimento da criatividade, da imaginao e do raciocnio crtico no usurio. No
entanto, exige que este usurio esteja consciente e preocupado com o processo, analisando e
entendendo os resultados obtidos. Esta condio pode ser alcanada atravs de um ambiente
pedaggico que desenvolva atividades neste sentido, que estimule o aluno a criar alternativas
e verific-las. A possibilidade ou no de o software desenvolver o conhecimento de forma
interativa depender muito da metodologia utilizada pelo professor.
sabido que o software por si s no ensina, mas ajuda a desenvolver conceitos j
ensinados em sala de aula atravs de uma aplicao prtica. A facilidade de se criar
alternativas estruturais e verificar as suas eficincias desenvolve a curiosidade do aluno no
sentido de construir a alternativa ideal, fazendo com que o mesmo crie e teste seus modelos
estruturais se decidindo por aquele que apresentar o resultado mais satisfatrio.
Um problema do ponto de vista pedaggico do Eberick que o mesmo, por ser um
software comercial elaborado, exclusivamente para auxiliar projetos de dimensionamento de
estruturas em concreto armado, dificulta a interdisciplinidade, pois tem sua utilizao bastante
restrita a esta rea, alm de exigir um certo grau de conhecimento por parte do usurio. Estes
fatos tornam complicada a utilizao do software mesmo nas disciplinas preparatrias de
concreto armado.
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O programa, alm de no promover a interdisciplinaridade, tambm, por si s, no
estimula a busca de informaes em outras fontes de pesquisa, pois parte de princpio que o
usurio j possui os conhecimentos necessrios para a sua utilizao. A busca por
informaes deve partir do interesse do aluno, incentivado pelo professor.
Por outro lado, o software possui caractersticas pedaggicas interessantes por permitir
que o usurio faa a depurao dos resultados obtidos. Aps calcular os esforos internos da
estrutura o programa abre uma janela para cada elemento estrutural apresentando os
resultados encontrados, informaes de erros e os diagramas dos esforos solicitantes. Com
base nessas informaes cada dado obtido pode ser analisado e recalculado, podendo
desenvolver conceitos importantes na compreenso do comportamento das estruturas.
Alm disto Eberick, por permitir levantar hipteses para modelos estruturais com certa
rapidez e facilidade, pode estimular o aluno a criar e a refletir sobre os resultados encontrados.
Todas as alternativas que um projeto estrutural oferece, podem ser simuladas e seus resultados
discutidos em sala de aula. Isto, no entanto, implica, conforme j destacado anteriormente, um
ambiente pedaggico propcio para estas discusses, criado pelo professor, em alunos com
senso crtico dispostos a enfrentar situaes desafiadoras.
O Eberick permite criar, refinar e discutir modelos mentais comuns, sendo assim pode-
se incentivar situaes ou trabalhos em grupo nos quais os alunos so desafiados a criarem
alternativas de modelos e com base nos resultados obtidos discutirem as melhores opes.
O Eberick, por ser destinado ao uso profissional no apresenta nveis de dificuldade,
podendo ser utilizado pelo professor para simular modelos estruturais de maior ou menor
complexidade conforme o objetivo proposto, iniciando com modelos simples, com poucas
variveis, para ento partir para modelos mais complexos.
Para subsidiar uma anlise tcnica dos diferentes programas Neitzel (1999) coloca as
seguintes questes:
1- Acesso fcil ao fabricante, com possibilidade de atualizao?
2- Traz manuais e tutoriais?
3- Apresenta ajuda? e on line?
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4- auto-executvel?
5- Executa em diferentes marcas, modelos e configuraes de equipamentos?
6- Opera e reconhece diferentes tipos de arquivos?
7- Possibilita a integrao com outros softwares?
8- A interface amigvel?
9- de fcil utilizao para um usurio novato?
Tomando estas questes como referncia possvel analisar tecnicamente o Eberick,
fazendo algumas consideraes. Inicialmente, importante destacar que o acesso do Eberick,
junto ao fabricante, pode ser feito sem grandes dificuldades. No entanto, por tratar-se de um
software comercial com um preo relativamente alto, torna-se difcil realizar a aquisio e
atualizao do programa, sendo estas uma das principais limitaes da utilizao do Eberick
para fins didticos. Como alternativa, a Alto Qi pode oferecer, sem custos adicionais, verses
freeware e demos, que possibilitam a utilizao do software, porm com algumas restries.
Considerando aspectos mais tcnicos propriamente ditos, possvel afirmar que o
mesmo atende aos quesitos mnimos necessrios pois, acompanhado por um manual de
utilizao que explica passo a passo atravs de um exemplo todos os recursos e ferramentas
disponveis pelo programa. Seguindo o manual realiza-se no computador o dimensionamento
completo de um edifcio, desde o lanamento dos pilares at a gerao das plantas finais.
O programa possui, alm do manual de utilizao, uma janela de ajuda que explica
como utilizar todos os recursos e ferramentas disponveis, como resolver as mensagens de
erro apresentadas pelo software. Alm disto a AltoQi tecnologia em informtica ltda.
disponibiliza uma pgina na internet de onde podem ser tiradas dvidas de funcionamento via
e-mail.
Lanada a estrutura o programa dimensiona preliminarmente todos os elementos de
forma automtica, ou seja, autoexecutvel. No entanto necessria a depurao de cada
resultado obtido atravs de uma anlise bastante criteriosa. Em casos de elementos que
apresentem algum tipo de problema os mesmos no so dimensionados permanecendo em
situao de erro, identificada pelo software, at que o usurio faa a correo. O usurio, para
contornar tal situao, ter que analisar o problema, detectando o que est errado e refletindo
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sobre possveis solues. Embora possa parecer um limite, tecnicamente falando,
pedagogicamente, pode caracterizar-se como a possibilidade do desenvolvimento
investigativo.
Outra considerao, que pode ser vista tambm como uma limitao, que para o
Eberick ser executado com eficincia precisa de computadores que satisfaam as
configuraes mnimas de funcionamento que so: processador Pentium de 200 MHz;
monitor Super VGA de 17 que suporte resoluo mnima de 1024x768 pontos; 64 Mb de
memria RAM (AltoQiEberick). Tais requisitos podem variar de acordo com a obra
calculada. O dimensionamento de edifcios com mais de 10.000 m, por exemplo, pode se
tornar lento exigindo um equipamento com maior capacidade.
Um aspecto tcnico interessante do Eberick em relao a sua operao relativamente
simples, devido a uma boa interface, o que facilita a bastante a sua utilizao. O programa
apresenta basicamente dois tipos de ambientes, um CAD para a entrada grfica, com diversas
ferramentas com funes especficas que auxiliam o lanamento da estrutura e outro para a
depurao dos resultados no formato de janelas individuais para cada elemento que contm,
alm dos resultados, diversos tipos de informaes pertinentes ao dimensionamento, de modo
a oferecer dados que ajudam na tomada de qualquer deciso. Esta boa interface facilita a
anlise dos resultados, por apresentar diversas informaes, inclusive grficas, e estimula a
simulao, pois o lanamento da estrutura feito de forma rpida e simples.
Outro aspecto tcnico de grande relevncia levantado pelo questionrio, diz respeito a
utilizao do programa por um usurio novato. A resposta desta pergunta passa primeiramente
por uma definio do conceito do usurio novato. No caso do Eberick um usurio novato tem
que ser, no mnimo, um aluno de engenharia civil com os conceitos bsicos de concreto
armado formados, caso contrrio sua utilizao torna-se muito difcil e at perigosa.
Feita esta ponderao, o Eberick um programa de fcil operao, uma vez que o
lanamento da estrutura feito todo em forma grfica seguindo padres de ambiente CAD,
bastante familiares para a maioria dos estudantes de engenharia civil e o dimensionamento
feito em janelas individuais para cada elemento. No entanto a utilizao do Eberick no se
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restringe a saber oper-lo, o fundamental que usurio compreenda todas as operaes e saiba
interpretar os resultados obtidos, sendo esta a maior dificuldade para o usurio iniciante.
Tais respostas indicam que o Eberick apresenta limites, tanto pedaggicos quanto
tcnicos. Por outro lado oferece tambm vantagens que podem contribuir com a formao do
aluno. Caractersticas estas, que devem ser pesadas conforme os objetivos propostos e as
habilidades a serem desenvolvidas.
Por fim cabe lembrar, que todas as consideraes em relao aos questionrios foram
desenvolvidas levando em conta uma viso construtivista do conhecimento, as quais no se
aplicam em um modelo instrucionista.
3.5 Refletindo Sobre as Possibilidades:
O curso de Engenharia Civil da UNIJUI, conforme projeto poltico-pedaggico
(2001), tem por objetivo formar profissionais aptos a responderem quantitativa e
qualitativamente aos anseios de desenvolvimento da sociedade, capacitados a absorver e
desenvolver novas tecnologias estimulando a sua atuao crtica e criativa na resoluo dos
problemas e se prope, dentre outras competncias desenvolver o domnio de infotecnologias
e de outras ferramentas para o exerccio profissional, viso crtica de ordens de grandeza na
soluo, capacidade de desenvolver atividades prticas e analisar e interpretar resultados.
Tais caractersticas e capacidades constam no perfil traado para o engenheiro formado pela
universidade e podem, claramente, ser desenvolvidas com maior eficincia a partir da
utilizao de softwares como o caso do Eberick.
A utilizao de um software nas aulas das disciplinas de concreto armado teria como
objetivo oferecer aos alunos uma ferramenta de apoio ao desenvolver dos conceitos
transmitidos pelo professor em sala de aula aumentando a eficcia do ensino, alm de
familiarizar os alunos com uma ferramenta utilizada no meio profissional de engenharia.
Com o Eberick o aluno pode vivenciar e visualizar situaes que pelos mtodos
tradicionais de ensino so de difcil concepo, tornando mais claros conceitos antes
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abstratos. Isto pode ser alcanado atravs de atividades propostas pelo professor dentro de
uma metodologia de ensino.
Por exemplo, partindo de uma planta arquitetnica de um prdio bastante simples o
aluno pode ser estimulado a propor solues estruturais passveis de serem utilizadas para este
projeto, como as dimenses dos pilares, lajes e vigas, o tipo de laje e a prpria disposio dos
elementos estruturais analisando e verificando os resultados obtidos e os impactos causados
por cada mudana no projeto como um todo, se constituindo em uma ferramenta eficiente
para desenvolver o pensamento crtico e criativo na resoluo de problemas estruturais, alm
de familiarizar os alunos com as grandezas das solues e a interpretao dos resultados,
todos objetivos traados para o perfil do profissional que se deseja formar.
Como o processo de clculo automatizado pode-se dedicar mais tempo na anlise
dos resultados do que na resoluo do problema propriamente dito. Com isto o aluno densifica
os perodos de aprendizagem, desenvolvendo maior criatividade e raciocnio crtico.
Os recursos visuais que auxiliam na anlise do comportamento da estrutura, como os
diagramas dos esforos solicitantes e as deformaes da estrutura permitem ao aluno entender
de forma menos abstrata o que est acontecendo com os elementos estruturais e conhecer os
tipos de esforos e a intensidade dos mesmos devido ao carregamento lanado, facilitando a
assimilao destes conceitos. Segundo Morn (apud Mercado, 1999) o caminho para o
conhecimento integral funciona melhor, se comea pela viso, pela experincia concreta,
vivida, sensorial e vai incorporando a intuio, o emocional e o racional, ou seja, a
experincia visual destes conceitos na tela do computador facilita o entendimento racional
auxiliando na construo do conhecimento de forma eficiente.
Outro aspecto interessante que pode ser explorado com uma viso pedaggica
apropriada a questo da compreenso do erro. O software identifica elementos em situaes
de erro e que para serem dimensionados devem ser corrigidos. O aluno precisa compreender o
que est errado e tomar decises que resolvam esta situao. Para exemplificar pode-se tomar
o seguinte exemplo: durante um dimensionamento uma viga se encontrou em situao de erro
devido a esforos torsores considerveis para os quais nenhuma armadura era suficiente. Estes
esforos eram causados por outras vigas apoiadas nela ao longo do seu comprimento. Para
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resolver esta situao existem diversas alternativas e ao pensar em cada uma delas o aluno j
estar desenvolvendo conceitos importantes, especficos e que seriam de difcil concepo
sem a presena do software.
3.6- Analisando as Limitaes
O Eberick, por ser um software comercial no permite acesso aos procedimentos
intermedirios de clculo, uma vez que os mesmos so automatizados. Isto impossibilita ao
aluno acompanhar a resoluo do problema e por conseqncia no auxilia no
desenvolvimento e na fixao dos mtodos de dimensionamento que o principal contedo
terico desenvolvido por estas disciplinas. Nesta rea existem muitos outros softwares,
inclusive gratuitos que permitiriam desenvolver a aprendizagem destes mtodos com
eficincia.
Alm disto o Eberick um software bastante complexo, no no sentido de operao e
sim por exigir uma slida formao conceitual do aluno, isto dificulta a utilizao do
programa nas disciplinas iniciais, onde se formam os conceitos bsicos para o
dimensionamento de estruturas em concreto armado como resistncia dos materiais e
mecnica estrutural. Nesta rea tambm existe uma gama de softwares que apresentariam
resultados mais eficientes que o Eberick.
Em mecnica estrutural, por exemplo, ensinado ao aluno determinar os esforos
internos solicitantes de vigas isostticas (mecnica Estrutural I) e hiperestticas (mecnica
estrutural II). Para simular tais situaes no Eberick, devido ao seu mtodo de resoluo por
prtico espacial reticulado seria necessrio lanar primeiramente as fundaes e os pilares,
elementos estruturais que ainda no foram ensinados aos alunos para s ento lanar a viga,
tornando mais complexa e no muito prtica a simulao.
E por fim o Eberick um software comercial relativamente caro o que praticamente
impossibilita o aluno de desenvolver atividades fora da universidade. O fato de a UNIJUI
possuir apenas um exemplar torna ainda mais difcil o acesso ao programa diminuindo
bastante o campo de aplicao didtica do software.
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4- PROJETO ESTRUTURAL
4.1- Descrio do Projeto
O projeto consistiu em dimensionar, em carter acadmico, a estrutura de um prdio
residencial com quatro pavimentos situado na rua Ernesto Alves no centro da cidade de Iju, a
ser executado em concreto armado, calculando vigas, pilares, lajes e fundaes. O prdio
formado por garagens no primeiro andar e pavimento tipo com dois apartamentos por andar,
conforme plantas em anexo (Anexos I e II). O acesso aos apartamentos superiores feito
somente por escada, a qual no constar no projeto, pois o Eberick no as dimensiona, e como
o objetivo deste projeto estrutural avaliar o software isto sairia fora do escopo do trabalho.
O prdio ser assente, a dois metros de profundidade, em sapatas projetadas em
concreto armado, sob um solo arenoso com tenso mxima admissvel de 4,0 KN/m. As
mesmas sero escalonadas, com alturas mnimas de 15 cm e 25 cm. O fechamento ser em
alvenaria, com paredes de 15 cm, utilizando tijolo furado, com um peso especfico de 13
KN/m. J as lajes sero do tipo macia, sujeitas a uma carga acidental de 1,5 KN/m,
conforme preconiza a NBR 6118 para apartamentos residenciais, com exceo das lajes da
cobertura, para as quais utilizou-se 0,5 KN/m. As vigas, por suas vezes, tero a altura fixada
em 60 cm, devido a limitaes arquitetnicas.
Trata-se de um exemplo relativamente simples e bastante usual, o que o torna um
exemplo bastante prtico para auxiliar na anlise do desempenho do software visando a sua
utilizao didtica.
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4.2- Relato do Projeto Estrutural:
O lanamento da estrutura foi feito com auxlio de uma planta arquitetnica
previamente gravada no formato DXF. Inicialmente se definiu arbitrariamente a dimenso dos
pilares, 20x20 cm e das vigas, 12x60 cm. J para as lajes, definiu-se por utilizar macias,
atribuindo uma espessura de 10 cm e uma sobrecarga, em funo da utilizao, de 1,5 KN/m.
Tais dimenses servem apenas para o lanamento da estrutura. As medidas finais foram
definidas na etapa de anlise dos resultados, sendo modificadas conforme demandou o
projeto.
Nesta etapa deparou-se com uma limitao do programa, uma vez que as vigas V6 e
V14, conforme a planta (Anexo III), apresentaram trechos muito pequenos, inferiores a trs
vezes a altura das vigas, os quais, para o Eberick, so considerados como vigas-parede e no
so dimensionados. Neste impasse, duas alternativas se apresentavam como solues
possveis: repensar o modelo lanado ou calcul-las separadamente. Na oportunidade, optou-
se pela segunda opo.
Lanada a estrutura iniciou-se o processamento do prtico espacial, o qual transcorreu
sem erros, significando que o modelo estrutural proposto atendeu as condies de estabilidade
exigidas pelo programa, caso contrrio seria necessrio criar outro modelo estrutural.
Aps o processamento do prtico espacial iniciou-se o dimensionamento dos
elementos propriamente dito. A partir dos resultados obtidos realizou-se uma anlise
detalhada de cada elemento em separado, iniciando pela cobertura, passando pelos tetos tipo
(2x) e chegando nas fundaes, na seguinte ordem: lajes, vigas e pilares, e sapatas, no caso
das fundaes.
Na primeira parte da anlise dedicou-se exclusivamente a resolver casos de elementos
em situao de erro. Tal situao alertada pelo programa sempre que alguma condio para
o dimensionamento no for atingida, ou em casos de limitaes do software. Em ambos
necessrio, primeiramente, identificar o tipo de erro a partir dos cdigos usados pelo Eberick,
para ento se decidir por uma soluo.
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No caso das lajes no foi identificado qualquer tipo de erro para nenhum dos
pavimentos, indicando que a espessura de 10 cm, definida inicialmente, embora de forma
arbitrria, foi suficiente para as cargas do projeto em questo. No entanto, na perspectiva de
possibilitar uma estrutura mais leve, alterou-se a espessura das lajes para 9 cm, o que resultou
em lajes com armaduras muito densas, tornando a alternativa menos eficiente. Em razo disto,
fixou-se a espessura das lajes em 10 cm. Espessura com a qual foram calculadas e detalhadas
conforme Anexo IV. J para as lajes da cobertura, que possuem um carregamento inferior,
definiu-se por uma espessura de 9 cm, como mostra o Anexo V.
Definido o dimensionamento final das lajes processou-se novamente o prtico, para
que esta nova situao j fosse considerada no dimensionamento dos outros elementos.
Partiu-se ento para o dimensionamento das vigas da cobertura, que so diferentes das
do tipo, uma vez que as mesmas no esto sujeitas ao carregamento das paredes, alm de
receberem uma carga menor das lajes. Em razo do baixo carregamento as dimenses
lanadas inicialmente foram suficientes e todas foram calculadas sem apresentar erros, com
exceo dos casos da V6 e da V14, que j eram esperados, por se tratarem de vigas-parede.
Uma vez calculadas as vigas da cobertura, partiu-se para a anlise das vigas do tipo, a
qual no se mostrou to tranqila como as anteriores, uma vez que alm dos casos de erro j
esperados, V6 e V14, outras duas vigas acusaram situao de erro: V14 e V17. Ambas
estavam sujeitas a momentos torsores elevados, para os quais nenhuma armadura, selecionada
nos critrios de projeto, era suficiente. Estes momentos torsores so causados devido s aes
das vigas V6 e da V8, que esto apoiadas em V14 e em V17 respectivamente. Primeiramente
optou-se em rotular as extremidades da V6 e da V8 apoiadas sobre as vigas em questo. Tal
soluo restringe a transmisso do momento torsor, diminuindo a sua intensidade. No entanto
esta soluo no foi suficiente para alterar a situao de erro. Sendo assim optou-se em alterar
as dimenses destas vigas, passando-as para 15x60 cm, o que resolveu o problema.
No caso das vigas-parede, as mesmas foram dimensionadas pelos mtodos tradicionais
e as suas armaduras includas no detalhamento final conforme anexo VIII.
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J para o clculo dos pilares era esperado que muitos se encontrassem em situao de
erro, devido ao dimensionamento arbitrado inicialmente, uma vez que 20x20 cm uma
dimenso insuficiente para a maioria dos casos. No entanto as solues propostas foram
simples, restritas a alterar estes valores, por tentativa, conforme as necessidades do projeto.
Outra soluo possvel seria aumentar a taxa de armadura, o que se tornou desnecessrio em
razo das dimenses finais dos pilares no serem muito grandes.
Sendo assim optou-se por calcular as dimenses dos pilares do primeiro pavimento,
por ser o mais carregado, e utilizar as mesmas para os demais. Outra alternativa seria
dimension-los por pavimento, conforme o carregamento atuante. Entretanto tal alternativa
mais indicada para prdios com grandes alturas, onde a variao das dimenses resultantes
considervel, o que no o caso deste projeto.
Para as sapatas no foram encontrados maiores problemas para o dimensionamento,
uma vez que as cargas de projeto so relativamente baixas e o solo no qual esto assentes
possui boa capacidade de suporte, de forma que nenhuma ultrapassou as dimenses mximas
definidas nos critrios de projeto. O problema encontrado foi em relao s esperas dos
pilares, uma vez que muitas estavam dimensionadas com bitolas diferentes dos pilares. Para
estes casos o Eberick acusa situao de erro e devem ser corrigidos para serem detalhados. A
soluo encontrada foi recalcular os pilares superiores escolhendo uma bitola superior, para
ento redimensionar as esperas. Tal soluo corrigiu a situao de erro e possibilitou o
detalhamento dos elementos conforme o exemplo do anexo VIII.
Calculados todos os elementos iniciou-se a gerao das pranchas de detalhamento de
cada elemento. O mesmo feito de forma automtica pelo software, com exceo dos
elementos dimensionados pelo mtodo tradicional, neste caso as vigas-parede. O
detalhamento destes foi includo s pranchas pelo editor de ao disponvel pelo programa,
sem nenhuma dificuldade.
4.3- Anlise do Usurio
Para a anlise pessoal - como aluno e usurio-, do desempenho do software frente a
este projeto optou-se em organizar a anlise do Eberick em quatro etapas, conforme o seu
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funcionamento: lanamento da estrutura; processamento do prtico espacial; anlise dos
resultados; e gerao das pranchas.
A etapa de lanamento possibilita ao aluno/usurio idealizar o seu modelo estrutural,
desenvolvendo conceitos importantes sobre o funcionamento da estrutura, uma vez que o
instiga a pensar como transmitir os esforos at as fundaes de uma maneira econmica,
respeitando os limites impostos pelo projeto arquitetnico, como o espao para as garagens,
por exemplo. Tal forma de raciocnio fundamental para o sucesso de um projeto, uma vez
que todo o processo de dimensionamento depende exclusivamente do modelo de clculo
proposto.
O fato do lanamento da estrutura ser feito de forma grfica na tela do computador, o
mesmo realizado com mais facilidade e rapidez do que se fosse feito a mo, o que motiva o
aluno/usurio dedicar mais tempo na elaborao do modelo estrutural, desenvolvendo
criatividade e raciocnio crtico atravs das solues propostas.
A etapa de processamento do prtico a mais rpida do funcionamento do software e
praticamente no exige grande esforo por parte do usurio, apenas que garanta a estabilidade
estrutura. No entanto tal etapa representa o ponto crtico da utilizao do Eberick como
ferramenta didtica. Como o processamento do prtico feito de forma automtica ele exclui
o aluno da resoluo do problema. Esse fato pode causar no aluno o sentimento de que
aprender os mtodos de dimensionamento desnecessrio, uma vez que o programa faz isto
para ele, tornando o software, desta forma, uma ferramenta desmotivadora. Tal sentimento
muito perigoso para a formao profissional do indivduo, uma vez que o desenvolvimento
dos mtodos e dos conceitos que se envolvem so fundamentais para a compreenso crtica do
comportamento estrutural, sem os quais o aluno torna-se um mero digitador, incapaz de
propor solues para situaes no englobadas no funcionamento do programa, limitando em
muito a atuao do profissional.
A anlise dos resultados, por sua vez, consiste, basicamente, na aplicao dos
conceitos fundamentais de concreto armado e por esta razo pode servir como uma ferramenta
interessante para desenvolv-los, quando utilizados em sala de aula sob o acompanhamento
do professor. Alm disto, por se tratar da anlise de uma estrutura real, a mesma pode ser
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utilizada para promover uma noo das grandezas dos valores que so esperados para
determinado tipo de estrutura, contribuindo com uma experincia prtica de dimensionamento
de estruturas. No entanto o mesmo risco identificado na etapa anterior tambm esta presente
na anlise dos resultados, uma vez que, tomada uma deciso para solucionar uma situao de
erro, o software recalcula o elemento automaticamente, criando a sensao de facilidade ao
aluno/usurio, desmotivando-o a pensar de forma crtica, analisando a situao como um todo,
e sim restringindo o seu pensamento unicamente em resolver este erro, mesmo que a soluo
no seja a mais indicada.
A grande validade pedaggica identificada nesta etapa diz respeito a forma oficial de
representao dos resultados obtidos. To importante quanto dimensionar os elementos de
forma co
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