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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC – SP
Mary Jones Ferreira de Moura Aquino
Organização e imprensa estudantil no Colégio de São Luiz e Liceu
Maranhense: processo de formação de uma elite letrada (1949-1958)
Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade
São Paulo – SP
2016
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC – SP
Mary Jones Ferreira de Moura Aquino
Organização e imprensa estudantil no Colégio de São Luiz e Liceu
Maranhense: processo de formação de uma elite letrada (1949-1958)
Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora na Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência
parcial para obtenção do título de MESTRE
em Educação: História, Política, Sociedade,
sob a orientação do Prof. Doutor Daniel
Ferraz Chiozzini.
São Paulo – SP
2016
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
Para Wagner Aquino Reis Ferreira,
amor e companheiro de todas as horas.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela força recebida em todos os momentos desta caminhada.
Agradeço à minha família FERREIRA DE MOURA E AQUINO REIS, que de perto e
de longe fazem parte da minha construção pessoal e profissional.
Agradeço ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política e
Sociedade (EHPS), pelas orientações gerais no decorrer deste percurso.
Agradeço ao professor Daniel Ferraz Chiozzini, meu orientador, pelo auxílio no
processo de definição do objeto a ser pesquisado e o direcionamento no decorrer do
trabalho.
Agradeço ao professor Mauro Castilho Gonçalves e a professora Raquel Discini de
Campos pela avaliação atenciosa no Relatório de Qualificação que muito contribuíram
na conclusão deste trabalho.
Aos professores do programa EHPS, que me ensinaram a trilhar os caminhos na área da
educação.
A Elisabete Adania, a Betinha, sempre atenciosa e prestativa.
Agradeço ao Grupo de Pesquisa Intelectuais e Instituições Educacionais do EHPS, pelos
momentos de aprendizagem.
Agradeço aos colegas do programa pelos momentos de escuta, força e descontração que
me proporcionaram.
Aos companheiros e companheiras da Pastoral Universitária, que foram também ponto
de apoio nesta jornada.
Aos funcionários da Biblioteca Pública Benedito Leite, do Arquivo Público do Estado
do Maranhão, da Inspeção Escolar, do Conselho Estadual de Educação e do Liceu
Maranhense, pela atenção dada.
Ao CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo
apoio financeiro.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
Capítulo 1
OS ESTUDOS SOBRE A IMPRENSA ESTUDANTIL ................................................ 20
1.1 O lugar da imprensa nas escolas ativas ................................................................. 25
1.2. A imprensa estudantil no Colégio de São Luiz .................................................... 33
1.3. A imprensa estudantil no Liceu Maranhense ...................................................... 44
Capítulo 2
OS IMPRESSOS ESTUDANTIS E SUAS PRINCIPAIS TEMÁTICAS ...................... 54
2.1. Posicionamento político nos impressos estudantis ............................................... 56
2.2 O cultivo pelas letras da Atenas Brasileira ........................................................... 67
2.3. O cotidiano escolar ................................................................................................. 74
Capítulo 3
SÃO LUÍS EM MEADOS DO SÉCULO XX ................................................................ 82
3.1. As instituições escolares da cidade: o Colégio de São Luiz e o Liceu
Maranhense .................................................................................................................... 86
3.2. São Luís: entre luzes e contradições de uma geração.......................................... 93
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 100
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 105
ANEXOS ....................................................................................................................... 111
RESUMO
A pesquisa investiga, por meio de impressos estudantis, as organizações discentes
existentes entre 1949 a 1958 no Colégio de São Luiz e Liceu Maranhense, escolas
localizadas em São Luís do Maranhão. No Colégio de São Luiz, de ensino privado,
temos o Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz Rêgo‖ com o jornal Avante (1949-1950).
No Liceu Maranhense, de ensino público, os alunos organizavam-se em Grêmio e
Centro Liceista com seus respectivos jornais: Folha Estudantil (1951), O Estudante de
Atenas (1956-1957) e O Liceu (1957-1958). Essas organizações estudantis publicavam,
em seus impressos, textos literários do cotidiano escolar e relacionados às questões
políticas da cidade e do país. Os jornais ainda publicavam anúncios, circulando,
também, fora das instituições escolares. Esses impressos são publicados quase que
concomitantemente à emergência, nos anos finais da década de 1940, de um grupo de
jovens escritores, com suas publicações na imprensa corrente, despontam como
inovadores literários e, nos anos posteriores, críticos da realidade política e social
maranhense. Procura-se problematizar esse grupo – presente na memória coletiva da
cidade como ―Geração Maranhense de 45‖ – para uma melhor compreensão do
movimento e investigação das relações com as publicações dos estudantes organizados.
Pretende-se, também, compreender a dinâmica de sociabilidade que os impressos
estudantis proporcionavam entre os estudantes, contribuindo para o entendimento das
práticas discentes no contexto da cultura escolar das instituições escolares. Para análise
dos jornais, foram utilizados os referenciais metodológicos de Cruz e Peixoto (2007) e
Luca (2011) e a investigação sobre a sociabilidade empreendida pelos impressos
estudantis de Sirinelli (1998).
Palavras-chave: História da Educação; Cultura Escolar; São Luís do Maranhão;
Organização Estudantil; Imprensa Estudantil.
ABSTRACT
The present research investigates the different student organizations spawned between
the years of 1949 and 1958 at the Colégio de São Luiz and the Liceu Maranhense. Both
schools are located in the Brazilian city of São Luís, Maranhão state.
At the Colégio de São Luiz, a private institution, there is the Grêmio Cultural e
Recreativo "Luiz Rêgo", responsible for publishing the newspaper Avante (1949-50). At
the Liceu Maranhense, a public institution, the students organized themselves in social
fellowships or fraternities. Each had it's own newspaper: Folha Estudantil (1951), O
Estudante de Atenas (1956-57), and O Liceu (1957-1958). Such organizations published
literary texts on the school's everyday life and local and national political issues, as well
as advertisements, circulating both in and outside the school. All such publications exist
almost concomitantly to the emergence of a group of young writers in the late 1940s,
prominent literary innovators and, in the following years, critics to the political and
social life in Maranhão.
This paper aims to problematize this group -- present in the collective memory of the
city as the "Geração Maranhense de 45" --, in order to better understand the movement,
and to better investigate the relationships with student organizations' newspapers. This
paper also intends to understand the dynamics of sociability promoted by the student
press among students, contributing to the understaing of their practices in the context of
school culture of institutions. For the analysis of the newspapers, we used the referential
methodology of Cruz and Peixoto (2007), and Luca (2011), and the investigation on
sociability undertaken by Sirinelli's student press (1998).
Keywords: History of Education; School Culture; São Luís do Maranhão; Student
Organization; Student Press.
1
INTRODUÇÃO
A formulação do objeto de pesquisa partiu do meu interesse pela história da
educação maranhense, dos anos pós-Estado Novo, precisamente em 1950, no qual
circulava nos centros urbanos do país a crença no desenvolvimento, no progresso e na
mudança de ordem urbano-industrial. Havia a convicção de que o avanço econômico do
país exigia a melhor formação de sua população. Esse melhoramento só seria eficaz
quando o sistema escolar brasileiro se estruturasse para levar o tão desejado
desenvolvimento do país, atendendo ao modelo urbano-industrial. Anísio Teixeira
(1977, p.78) defendia uma mudança educacional inserida nesse contexto.
Além do desenvolvimento econômico, em que estamos todos imersos,
há uma extrema necessidade de desenvolvimento educacional. Sem
desconhecer que essa educação, sob muitos aspectos, será uma
educação que nos habilite a tomar sobre os ombros a tarefa dos novos
métodos e processos da produção material.
O debate sobre a educação básica se reacendeu entre determinados grupos com
interesses antagônicos no âmbito das elites intelectuais e econômicas, manifestando-se
através de publicações e ações como A escola brasileira e a estabilidade social (1957),
de Anísio Teixeira, o Manifesto de Educadores ao Povo e ao Governo, em 19591, e a
Campanha em Defesa da Escola Pública (estatal), em 1960, que resultariam em 1961 na
aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 4.024/61), prevista
pela Constituição de 1946.
Ao pesquisar a educação no Maranhão, encontrei a dissertação de mestrado Do
velho ao novo: política e educação no Maranhão, de Maria Núbia Bonfim Pinto,
defendida em 1982 na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ). A
pesquisa retrata, em época posterior às campanhas já citadas, a política educacional do
Maranhão estabelecida pelo governo de José Sarney (1966 a 1970), caracterizada como
símbolo do novo/moderno e incorporada ao projeto político de desenvolvimento para o
estado. Embora a dissertação trate do período de 1966 a 1970, a autora retrocede às
décadas de 1940 e 1950 para discutir o cenário educacional e político do estado. O
referido trabalho ajudou a localizar pistas sobre história política, econômica e
educacional do estado.
1 Articulação que ocorreu, em 1959, de um grupo de educadores mobilizados em decorrência da
polêmica tramitação no Congresso Nacional da primeira LDB (Lei n. 4.024/61).
2
Cabe lembrar, a dissertação citada sobre a política educacional maranhense tem
como foco o período posterior à aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
porém, menciona o contexto da década de 1940 e 1950, momento de inserção de José
Sarney no movimento cultural da capital maranhense, chamado pela historiografia local
de ―Geração Maranhense de 45‖2, e de sua ascensão política no cenário da hegemonia
política que o Senador Vitorino Freire detinha no estado, sendo classificado, portanto,
como oligarca do período.
Ademais, após realizar outras leituras sobre o Maranhão do início da república
brasileira, constatou-se de modo recorrente, na historiografia maranhense, a afirmação
de que o estado andava, no início do século XX, na contramão quanto aos planos de
modernização da república brasileira. Assim, na coletânea São Luís do Maranhão:
novos olhares sobre a cidade (2012)3, as autoras Carmem de Jesus Rabelo de Sousa,
Juliana Carneiro Barbosa Cordeiro e Natércia Crystina Freitas Morais tratam de
variados temas do cotidiano da cidade no século XX, mas com a ênfase nas primeiras
décadas do século passado. Nesse momento, a capital do estado, São Luís, não havia
passado por reformas estruturais de modernização, como ocorreu em outras regiões do
país, e esse cenário foi se modificando a partir dos anos de 1930 e 1940 com as ações
dos governos municipal e estadual. Além dessa coletânea, no livro Maranhão: do
europeísmo ao nacionalismo. política e educação, de Maria Regina Nina Rodrigues
(1993, p.62), a autora destaca que ―o Maranhão vivia em situação de inferioridade em
relação aos outros estados da Federação, notadamente Sul e Sudeste‖.
No tocante à economia, o estado estaria, no início do século XX, ainda
reorganizando seu sistema agroexportador, não havendo uma expansão de produtos
agrícolas como ocorreu na região sudeste com a produção cafeeira. O parque fabril
também não alterou a situação, mesmo sendo uma alternativa de recuperação
econômica, visto que
2 Essa expressão será utilizada para classificar um movimento literário de escritores
maranhenses, para não confundir com a terceira geração do modernismo brasileiro chamada de
―Geração de 45‖. No decorrer deste trabalho, esse grupo será analisado. 3 Coletânea organizada por Elizabeth Sousa Abrantes, doutora em História Social pela
Universidade Federal Fluminense (UFF), e Sandra Regina Rodrigues dos Santos, doutora em
Políticas de Educação e Sistemas Educativos pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Ambas são professoras do Departamento de História e Geografia da Universidade
Estadual do Maranhão. Essa coletânea faz parte do Programa de Edição da Universidade
Estadual do Maranhão, alusivo à comemoração dos 400 anos da cidade de São Luís que ocorreu
em 2012.
3
A euforia industrial que tomou conta de São Luís no final do século
XIX durou pouco, embora as fábricas que se estabeleceram nesse
período tenham funcionado até meados do século XX. A retração do
mercado devido à concorrência com outros estados, bem como
problemas de ordem tecnológicos, gerenciais, financeiros, trabalhistas
[sic] levaram a uma crise que se tornou mais profunda a partir de 1930
(BARBOSA, 2005, p.15-6).
Além disso, no campo cultural, enquanto no eixo Rio-São Paulo a arte brasileira
era um tema que suscitava intensas discussões na década de 1920, culminando na
Semana da Arte Moderna em São Paulo, no Maranhão, particularmente na capital, tal
efervescência cultural resultou em uma renovação literária voltada a uma ―reedição da
mitologia da Atenas Brasileira‖ (CORRÊA, 1989, p.36). Ou seja, houve uma renovação
de grupos literários que reacendeu o esplendor e o prestígio da literatura maranhense4.
Assim, o Movimento Modernista, marcado pela Semana de Arte Moderna de 1922,
―chegou tardiamente à capital maranhense, cujo contexto literário estava arraigado a um
passadismo estético (Simbolismo e Parnasianismo)‖, segundo publicação da poetiza
maranhense Rosemary Rêgo (2010, p.1) no suplemento cultural e literário Guesa
Errante5, edição de número 221.
Entende-se que esse ―chegar tardiamente‖ da renovação literária aconteceu nos
anos de 1940 e 1950 com a presença de jovens intelectuais, chamados de ―Geração
Maranhense de 45‖, devido ao fato desses jovens terem se engajado na política,
chegando a governar o Maranhão na década de 1960. Os nomes que atuaram foram:
José Tribuzi Pinheiro Gomes (Bandeira Tribuzi); José de Ribamar Ferreira (Ferreira
Gullar); José Carlos Lago Burnett (Lago Burnett); José Ribamar Ferreira de Araújo
Costa (José Sarney), Lucy Teixeira, Carlos Madeira, Domingos Vieira Filho, Luis
Carlos Bello Parga, Erasmo Dias, José Brasil, Franklin de Oliveira, Osvaldino Marques
4 Segundo Corrêa (2001, p.29), a expressão Atenas Brasileira correlacionou o principium
sapientiae grego ao papel desempenhado pelo Grupo Maranhense (João Lisboa, Gonçalves
Dias, Gomes de Sousa e Odorico Mendes) no desafio de responder às exigências constitutivas
de uma cultura brasileira. Representou, na verdade, um autorretrato dourado da sociedade
senhorial gonçalvina, feito por meio da dimensão literária da intelectualidade. Essa expressão
circulou no jornal O Combate de 23 de novembro de 1950, com a publicação de uma nota
informando aos leitores sobre o lançamento da sua página literária destinada aos trabalhos de
escritores locais e, segundo um trecho da nota, ―Esta página literária visa unicamente o
desenvolvimento cultural de nossa histórica Atenas Brasileira‖ (O Combate, 23 nov. 1950, p.3). 5 O suplemento cultural e literário Guesa Errante, do Jornal Pequeno, foi publicado pela
primeira vez em 3 de março de 2002, e após exatas 53 edições de publicações semanais, que
cobriram um espaço de doze meses, resultou no primeiro Anuário Suplemento “Guesa
Errante”, que saiu no dia 1o de março de 2003. O nome do suplemento, segundo seu editorial,
foi uma homenagem ao poeta Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, e a sua obra O Guesa,
além de homenagear a língua portuguesa (SANTOS, 2008).
4
e outros que fizeram parte desse universo de produções literárias maranhenses. Esse
grupo frequentava a Movelaria Guanabara6, que ―se transformava a partir das cinco da
tarde num fervilhante centro cultural da época‖, onde se discutia de tudo, desde ―um
livro terminado de ser lido ou, [...] um artigo que alguém estava querendo escrever para
publicar no dia seguinte em O Combate7, o lançamento de um novo livro de um deles
ou pequenos licutes políticos, culturais e sociais‖ (TEIXEIRA, 2010, p.A5). Além disso,
nesse mesmo ambiente, eram debatidos caminhos de intervenção intelectual na
realidade maranhense com atividades literárias e produção de revistas como A Ilha,
Malazarte, Legenda etc. (PINTO, 1982). Entende-se que esses jovens faziam parte do
grupo de escritores maranhenses que renovaram e vitalizaram o ambiente cultural
estadual no pós-guerra pelo pertencimento que tiveram em locais e em produções em
comuns entre os seus membros.
6 Loja de móveis de propriedade do artista plástico maranhense Pedro Paiva Filho, ―se tornou
famosa pelas reuniões diárias dos jovens intelectuais de São Luís‖ (CORRÊA, 1989, p.67). Na
declaração de Gullar (2015, p.20), o artista plástico ―Pedro Paiva Filho, era dono de uma
pequena loja de móveis na rua do Sol, perto da praça João Lisboa, que se tornaria o ponto de
encontro da turma‖. Na década de 1950, em publicação do Jornal do Povo de 1952, Lago
Burnett, ao anunciar com tristeza o fechamento desse estabelecimento comercial, afirmou que a
Movelaria Guanabara foi o lugar em que ―se reuniu a nossa geração‖, e ainda a caracterizou
como ―igrejinha‖: ―A igrejinha de inúmeros rapazes, entre eles, poetas, contistas, pintores,
ensaístas, etc.‖ (p.2). 7 Segundo Catalogo da Biblioteca Pública Benedito Leite, O Combate, fundado em São Luís em
1925, apresentava fortes ligações ideológico-partidárias, por isso seu conteúdo era
essencialmente político. Historicamente, fazia oposição aos governos estaduais, criticando-os.
Publicava também um grande número de anúncios comerciais. Em 1938, devido à política
implementada por Getúlio Vargas, passou um bom tempo sem ser publicado, retornando em
1945 sem o seu subtítulo: Partido Republicano.
5
Figura 1: Imagem da Movelaria Guanabara com alguns de seus frequentadores.
Fonte: <http://frarte.blogspot.com.br/2012/09/movelaria-guanabara.html#>
Logo, parece que as ações modernistas, recebidas de forma impactante em São
Luís a partir da segunda metade da década de 1940 e nos anos 1950, tenham sido
interpretadas na assertiva de Ângela de Castro Gomes como
[...] um sinal de mudança radical, afirmando-se como um paradigma
de modernismo e modernidade nacional. Tal paradigma seria
retomado e consolidado, cuidadosamente, pelo trabalho de muitos
intelectuais, entre os quais os próprios modernistas paulistas e vários
críticos literários atuantes nas décadas de 1950 e 1960, que
estabeleceram uma história-memória do movimento modernista em
todo país (GOMES, 1999, p.12).
O Maranhão, nas primeiras décadas do século XX, estava em uma situação de
―atraso‖ diante dos acontecimentos políticos, econômicos e culturais da República
Brasileira, mas a partir dos anos de 1930 esse cenário começou a sofrer algumas
transformações. Para Juliana Carneiro Barbosa (2005, p.26), no campo educacional
maranhense, as discussões e ações ficaram a cargo dos órgãos governamentais, sem
muitas mudanças.
Outro fator a ser destacado é que apesar das obras dos poderes
públicos terem incluído nesse período das décadas de 1930 e 1940 a
construção do palácio da educação, da colônia de psicopatas e do
pronto-socorro Getúlio Vargas, obras de grande valor para a
população ludovicense, a maioria destas obras se limitava à
6
construção e reforma de vias públicas. Quando o governo se referia a
uma obra como o Palácio da Educação, sede do Liceu Maranhense,
tentava justificar a sua importância pelo grande valor estético que iria
proporcionar à cidade, muito mais que pelo seu valor educacional.
Entretanto, algumas fontes primárias da década de 1930 localizadas permitem
problematizar essa afirmação. O livro Questões de Educação: contribuição aos
problemas educacionais maranhenses, do professor Luís Moraes Rêgo8, diretor, em
1934, da Escola Normal, apresenta na forma de relatório que o Maranhão, em matéria
de educação, aproximava-se do movimento educacional que se operava no país naquele
momento. Segundo ele, havia um contato dos educadores do Maranhão com o
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – a Escola Nova –, que foi publicado em
1932 e organizado por intelectuais como Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e
Anísio Teixeira. Este era um programa de renovação educacional que propunha inserir a
escola no mundo moderno, discutindo a finalidade da educação (função social com base
na atividade e na produção), o papel do Estado (dever do Estado em proporcionar uma
educação integral e pública de caráter oficial, laica, gratuita e obrigatória), a
incorporação dos estudos do magistério à universidade (elevando a formação docente),
incluindo uma autonomia técnica e administrativa dos profissionais para desenvolver a
obra educacional e, por fim, a adaptação da escola para os interesses regionais.
O professor Luís Rêgo relacionava o ensino maranhense com o Manifesto dos
Pioneiros da Educação através dos esforços quanto à organização e aos resultados
obtidos na formação dos professores da Escola Normal. Porém, lamentava que as
condições econômicas do estado não favorecessem a melhoria das condições
educacionais locais, e destacava:
Considerando, a nossa situação, de deficiência material, as realizações
já existentes e o pessoal aparelhado e disposto a produzir, agiganta
[sic] o trabalho maranhense, tão apagado na modéstia de sua feitura,
mas altivo e digno pela nobreza de sua boa intenção. (RÊGO, 1934,
p.11)
8 O professor Luiz de Moraes Rêgo é destacado no Dicionário de educadores no Brasil (2002,
p.709) como um intelectual, um educador que contribuiu para que chegasse ao conhecimento
dos professores maranhenses o ideário da Escola Nova a partir da década de 1930. Além disso,
―pôs em prática o ideário da Escola Nova, por meio de iniciativas como: [...] Clube pedagógico
e Clubes Agrícolas; instituição de concursos de cálculo, horário de leitura, momento
educacional, [...]; torneios esportivos; publicação da revista Educação e do Jornal do
Estudante‖.
7
Entende-se, a partir dos relatos, que há uma comunicação dos profissionais da
educação maranhense no contexto das discussões dos planos nacionais quanto à
organização institucional e aos esforços para alcançar seus objetivos, porém a escassez
econômica serviu de argumento governamental para retardar os investimentos para a
modernização do ensino maranhense.
Não obstante, ao apresentar a situação do ensino maranhense baseando-se na
atuação da Escola Normal, localizada na capital, o professor Luís Rêgo (1934, p.40),
dentre outros assuntos, destacava que a carreira do professor dependia da sua
valorização financeira; mas argumentava que, no Maranhão, não era possível aplicá-la
devido à situação financeira do estado, afirmando que ―devem ser consideradas as
possibilidades de desenvolvimento das fontes econômicas‖. Relata, ainda, que as taxas
escolares no Maranhão eram entraves ao acesso de estudantes ao ensino secundário,
resultando ―graves embaraços à formação da cultura média nacional, necessária à
representação das forças vitais do país‖. Era, portanto, ―inadiável uma revisão nas
taxas‖ (p.73). Além da crítica às taxas escolares, critica o processo de avaliação para o
aproveitamento escolar que, para ele, ―está reconhecido e provado ser falso, nada
representando‖ (p.59).
Na década de 1940, o professor Luiz de Moraes Rêgo foi nomeado pelo então
interventor do estado Paulo Ramos para Diretor da Instrução Pública. Segundo relatório
apresentando ao interventor em 1941, o professor Luiz Rêgo procurou, no exercício de
sua função, expandir o ensino primário no interior do Maranhão, além de incentivar a
produção de impressos por parte de professores e alunos, pois para ele essa produção
fazia parte da formação de ambos. Portanto, podemos, com as devidas proporções,
chegar à conclusão de que o Maranhão não estava tão aquém das discussões
educacionais e das discussões da atuação do magistério.
Mesmo existindo, na primeira metade do século XX, um descompasso do
Maranhão com outros centros urbanos do país no que se refere a política, economia,
cultura e educação, o mesmo não acontecia com os jornais: ―o processo de
transformações políticas, econômicas, sociais e, especialmente, culturais [...] teve no
jornalismo uma força de ressonância ímpar, sendo mesmo impossível dissociar o modo
de vida urbano triunfante e a propagação de periódicos‖ (CAMPOS, 2012, p.50).
8
Em levantamento realizado no catálogo da Biblioteca Pública Benedito Leite, foi
encontrado um número significativo de jornais que circularam na capital maranhense na
década de 1940 e 1950, tendo um registro de 59 jornais, sendo dezenove produzidos por
estudantes (ver Tabela 1 em Anexos). Assim, constata-se a força do jornalismo na vida
urbana de São Luís pela propagação de diversos periódicos que, além de serem lugares
de circulação e de formação de ideias, sejam de estudantes ou não, representam grupos
sociais que compartilham padrões culturais estabelecidos. Nessa perspectiva,
particularmente os impressos produzidos por estudantes ―mantêm uma relação intensa
com a sua época, revelam, são produzidos e produzem tempos e espaços‖ (AMARAL,
2002, p.121). Além disso, os impressos estudantis situam-se entre as publicações da
imprensa periódica educacional9, oferecendo dados para a compreensão da História da
Educação. Logo,
[...] torna[m]-se um guia prático do cotidiano educacional e escolar,
permitindo ao pesquisador estudar o pensamento pedagógico de um
determinado setor ou de um determinado grupo social a partir da
análise do discurso veiculado e da ressonância dos temas debatidos,
dentro e fora do universo escolar (CATANI; BASTOS, 2002, p.5).
A partir dos impressos, a História da Educação se reconfigura dando ―ênfase nos
suportes materiais da produção, circulação e apropriação dos saberes pedagógicos‖
(CARVALHO, 1998, p.34). Embora a historiografia da educação brasileira tenha
interesse por esses impressos, os estudos sobre os jornais produzidos pelos estudantes,
em relação aos estudos sobre os impressos produzidos por professores, ainda não
receberam a devida atenção por parte dos pesquisadores, conforme adverte Giana Lange
do Amaral (2002, p.123)10
,
Por sua vez, provavelmente pela inconstante periodicidade,
dificuldade de acesso ou, quem sabe, por questões relativas à
―qualidade‖ dos textos que são produzidos, os impressos estudantis
não têm recebido a devida atenção dos pesquisadores, embora sejam,
também, uma fonte de pesquisa em potencial. Eles nos fornecem
configurações específicas da vida e da cultura escolar, onde se pode
constatar denúncias, expectativas e idealizações (principalmente dos
alunos) referentes à educação e ao cotidiano das escolas.
9 Segundo Catani e Bastos (2002, p.5) a imprensa periódica educacional é feita por professores
para professores, feita para alunos por seus pares ou professores, feita pelo Estado ou outras
instituições. 10
Coordenadora do Centro de Estudos e Investigações em História da Educação (CEIHE –
FaE/UFPel). Desenvolve o projeto ―Imprensa estudantil em Pelotas‖, acumulando
conhecimento a respeito desse tema.
9
Os artigos sobre a imprensa estudantil como ―Os impressos estudantis em
investigações da cultura escolar nas pesquisas histórico-institucionais‖ (2002) e ―Os
jornais estudantis Ecos Gonzagueanos e Estudante: apontamentos sobre o ensino
secundário católico e laico (Pelotas/RS, 1930-1960)‖ (2013), desenvolvidos por Giana
Lange do Amaral, fazem parte das reflexões da autora sobre essa produção, iniciadas
em sua tese de doutorado Gatos Pelados X Galinhas Gordas: desdobramentos da
educação laica e da educação católica da cidade de Pelotas (décadas de 1930 a 1960),
de 2003.
As pesquisas de Amaral contribuem com a presente pesquisa por salientarem a
importância de ampliar o estudo da cultura escolar presente nas instituições escolares
através da participação dos discentes com seus impressos, que podem e devem servir
como fonte e objeto de pesquisa no campo da História da Educação. Além disso, ao
analisar os impressos estudantis de duas escolas distintas da cidade de Pelotas, Rio
Grande do Sul, Amaral estabelece as relações das instituições de ensino com a cidade
quando transfere o clima de disputas ideológicas entre o a Igreja católica e a Maçonaria
aos estudantes do Colégio Gonzaga, ensino católico, e do Colégio Pelotense, com
ensino laico e criado pela Maçonaria, observando as semelhanças e diferenças entre as
respectivas escolas e seus impressos estudantis.
Outra produção que dialoga com a presente pesquisa é a dissertação
Organização e imprensa estudantil no Instituto de Educação Sud Mennucci (1952-
1954) (2015), de Isis Sanfins Schweter, da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, PUC-SP. Esse trabalho teve como foco a organização discente da Escola Normal
Sud Mennucci da cidade de Piracicaba – São Paulo através da imprensa estudantil,
associando à vida escolar as temáticas variadas como currículo, produções literárias,
cotidiano da escola, entre outras, além da sociabilidade exercida pelos discentes no
período da articulação e produção do impresso na cidade.
Além desses estudos, artigos publicados em revistas ou em anais de congressos
em História e Educação discutem o uso da imprensa, seja periódica ou educacional,
como fonte e objeto para a escrita da História da Educação também servem de suporte
para ampliar a contextualização dos impressos estudantis nos estudos educacionais.
Destacamos alguns textos: I) ―O jornal e suas representações: objeto ou fonte da
história?‖, trabalho apresentado no I Encontro Centro-Oeste de História da Mídia por
10
Maurílio Dontielly Calonga (2012); II) ―No rastro de velhos jornais: considerações
sobre a utilização da imprensa não pedagógica como fonte para a escrita da história da
educação‖, texto apresentado em parte no IX Congresso Iberoamericano de História de
la Educación Latinoamericana (CIHELA) e publicado na Revista Brasileira de História
da Educação, por Raquel Discini de Campos (2012); III) ―Jornais e revistas estudantis
(1861 – 1967): o que diziam esses jornais? Quais os possíveis ideários estudantis?‖,
texto publicado pela E-Locação, revista científica da FAEX, por Hercules Alfredo
Batista Alves, Daniel Amaro Cirino de Medeiros, Marina Souza Coelho e Sara Duarte
Peres (2013); IV) ―A imprensa educacional liceista do Maranhão na Primeira
República‖, texto apresentado no V Congresso Brasileiro de História da Educação, por
César Augusto Castro e Samuel Luis Velásquez Castellanos (2008); V) ―As vozes da
imprensa estudantil no Maranhão (1900-1930)‖, texto apresentado no VI Encontro
Nacional da Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia, por Nathália
Azevedo (2008);VI) ―Escola Normal Rural e seu impresso estudantil‖, uma publicação
da Educação em Revista, por Flávia Obino Corrêa Werle, Lenir Marina Trindade de Sá
Britto e Gisele Nienov (2007).
Partindo dessas leituras e da análise de Amaral sobre a produção discente,
constata-se que, desde o século XIX, estudantes produzem seus impressos, havendo a
partir da década de 1930 um crescente aumento dessas produções. Não podemos
esquecer que a década de 1930 é marcada na história da educação pelo ideário da Escola
Nova, com o lançamento do Manifesto de 1932 conclamando ―ao povo e ao governo‖ o
projeto de uma nova política educacional pautada no reconhecimento da função social e
política da escola frente às necessidades modernas do país, ressaltando que a escola,
nesse ideário, ―deve, pois, reunir em torno de si as famílias dos alunos, estimulando e
aproveitando as iniciativas dos pais em favor da educação‖ (Manifesto..., p.143). Além
disso, o Manifesto de 1932 aponta também a importância da imprensa na educação dos
povos, pois cabe ainda à escola despertar e desenvolver ―o poder de iniciativa e o
espírito de cooperação social entre os pais, os professores, a imprensa e todas as demais
instituições diretamente interessadas na obra da educação‖ (Manifesto..., p.143).
Um autor que se destaca nesse cenário é Guerino Casasanta, que em 1939
publicou o livro Jornais Escolares, da coleção Atualidades Pedagógicas. O estudo de
Casasanta é resultado de pesquisas realizadas a partir de um inquérito entre os
professores de Minas Gerais, em 1933, sobre a produção de jornais escolas, quando o
11
autor ocupou o cargo de Inspetor Geral da Instrução Pública de Minas Gerais. Para ele,
―o jornal escolar não é uma inovação‖, porém, no contexto do escolanovismo, teria ―por
objetivo vitalizar os trabalhos, imprimir-lhes movimento, cooperar para que os
programas tenham a eficácia educativa que deles se espera‖ (CASASANTA, 1939,
p.37).
Em resumo, sobre esse contexto da produção dos impressos estudantis,
constatamos na conclusão de Amaral (2002, p.123):
Embora se saiba que alunos de determinadas escolas, desde fins do
século XIX, editaram vários periódicos, é interessante salientar a
profusão de impressos estudantis que circularam em várias cidades
brasileiras entre as décadas de 1930 e 1960. A explicação para tal fato
deve ser buscada no contexto brasileiro da época, em que é crescente a
participação social e política dos estudantes. Ressalta-se também que
neste período a imprensa ainda representava um espaço fundamental
como meio de comunicação social. Ela estava aí, talvez como em
nenhuma outra época, a serviço de interesses das mais diversas
instituições e grupos sociais.
A partir desses estudos e de outros que seguem nessa direção, constatamos que
as análises dos impressos estudantis possibilitam uma abordagem da atuação dos alunos
em suas instituições escolares e suas relações externas aos estabelecimentos de ensino,
além da constituição da história das instituições escolares, de grande valor para a
história da educação. Cabe ressaltar, ainda, que a expressão ―jornal estudantil‖ refere-se
aos impressos produzidos por estudantes organizados em associações, grêmios ou
centros culturais, fazendo parte do ―protagonismo juvenil‖ expresso nos seus jornais.
Desse modo, esta pesquisa encontra-se no campo da História da Educação,
dentro da cultura escolar11
, tendo como voz dessa cultura novos sujeitos, nesse caso os
estudantes, e seus produtos. Além disso, esses novos sujeitos encontram-se inseridos
nas novas questões e temáticas lançadas pela Nova História Cultural que vem
reconhecendo a importância dos elementos culturais de grupos antes ignorados pela
historiografia. Segundo Carvalho (1998, p.32), essas novas abordagens ―vêm
redesenhando as fronteiras e redefinindo os métodos e objetos da História da
Educação‖. Esta investigação, portanto, consiste em analisar a atuação dos alunos
refletida na imprensa estudantil de duas instituições de ensino: o Colégio de São Luiz
11
Entendemos por cultura escolar a assertiva de Julia (2001, p.10): conjunto de normas que
definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que
permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos.
12
(ensino particular) e o Liceu Maranhense (ensino público), na cidade de São Luís,
Maranhão. Essa atuação estudantil está associada ao processo de mudanças que
envolveram o cenário da cidade nos anos de 1950. Além disso, procura-se analisar as
particularidades da cultura escolar dessas duas instituições de ensino – as aproximações
e os distanciamentos.
Os impressos estudantis que compõem o corpus documental da pesquisa são:
Avante (1949 e 1950), publicado pelo Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz Rêgo‖ do
Colégio de São Luiz, e Folha Estudantil (1951), Estudante de Atenas (1956 e 1957) e O
Liceu (1957 e 1958), ambos publicados, respectivamente, pelo Grêmio Liceista e Centro
Liceista do Colégio Liceu Maranhense. Esses impressos, como já mencionado, estavam
vinculados às associações estudantis, grêmio e centro cultural, e, através de suas
publicações, mostram ter por objetivos desenvolver o gosto artístico e literário nos
estabelecimentos de ensino, além de estimular atividades esportivas. O ponto comum
entre todos esses impressos é encampar como missão dos estudantes o esforço para a
volta da Atenas Brasileira, reforçando a memória social da cidade como um lugar de
excelência na esfera cultural do país.
O número de exemplares analisados foram treze e todos estão localizados no
acervo da Biblioteca Pública Estadual Benedito Leite, órgão vinculado à Secretaria de
Estado da Cultura do Maranhão, detentora de uma vasta coleção de jornais
maranhenses, além de obras raras, livros, revistas, microfilmes, manuscritos,
fotografias, tornando-se uma valiosa fonte de pesquisa para a escrita da história do
Maranhão. Vale ressaltar também que as escolas pesquisadas não oferecem a
possibilidade de encontrar exemplares desses jornais, pois o Colégio de São Luiz foi
extinto na década de 1990 e pouco dos documentos referentes a esse estabelecimento de
ensino foram localizados nos arquivos da Inspeção Escolar do Estado e no Conselho
Estadual de Educação. No caso do Liceu Maranhense, a escola possui um arquivo, mas
o acesso não foi permitido, suas estruturas estão impróprias para pesquisas e nem
mesmo na sala do grêmio da escola existe qualquer arquivo de documentos que
registrem sua história. Portanto, não teremos uma visão linear da vida dos exemplares
utilizados na pesquisa, mas um olhar que possa compreender a atuação dos estudantes
como grupo social.
13
A opção pelas edições do impresso estudantil Avante do Colégio de São Luiz,
dos anos de 1949 e 1950, com seis exemplares, possibilitou demonstrar as práticas
educativas de um estabelecimento educacional de caráter privado. Sua primeira edição
ocorreu em outubro de 1949 (próximo do final do ano letivo) e as demais edições
seguiram nos meses de abril, maio, junho, agosto e setembro de 1950 (no decorrer de
quase todo ano letivo). Na perspectiva de ampliar um pouco mais os dados sobre o
cotidiano escolar da capital maranhense, buscou-se inserir outros exemplares de
impressos estudantis produzidos em anos posteriores a 1950. Localizamos na Biblioteca
Pública Benedito Leite os jornais estudantis Folha Estudantil, com um exemplar de
1951, O Estudante de Atenas, com quatro exemplares de 1956 e 1957, e O Liceu, com
dois exemplares de 1958, ambos do Liceu Maranhense, produzidos pelo grêmio e centro
liceista, respectivamente, totalizando sete exemplares – número significativo e que,
portanto, pode ampliar o quadro demonstrativo da atuação dos estudantes da capital
maranhense para os anos posteriores a 1950, acrescentando, ainda, nesta análise, uma
particularidade entre escola pública e privada nas práticas educativas.
O interesse em pesquisar a década de 1950 deve-se também ao fato que, nessa
época, circulava a crença no desenvolvimento, no progresso e na mudança do país,
inclusive na área educacional. Além disso, na capital maranhense, como já foi
mencionado anteriormente, o período foi marcado pelo panorama político e cultural de
jovens da ―geração maranhense de 45‖, que realizaram embates literários e de
resistência política através da organização de grupos literários, com produções literárias
em livros, revistas e jornais, além de publicações de caráter político. Podemos verificar,
de maneira breve, na análise de Costa (2001, p.66), que a construção histórica
maranhense desse período sobre essa ―geração‖ deve-se ao fato de que
[...] houve um processo de politização da discussão cultural, pelo qual
uma parcela da intelectualidade transitou da esfera especificamente
literária para as esferas do debate político e econômico, a militância
cultural se transformando em militância político-partidária.
Partindo dessa conjuntura, pretende-se entender as práticas discentes através
desses impressos, em diálogo com o contexto da época e com a hipótese de que os
jornais estudantis eram espaços de sociabilidade por não serem ―obras solitárias, mas
empreendimentos que reúnem um conjunto de indivíduos, o que os torna projetos
coletivos, por agregarem pessoas em torno de ideias, crenças e valores que pretendem
difundir a partir da palavra escrita‖ (LUCA, 2011, p.140).
14
O corpus documental deste trabalho conta com – além dos jornais estudantis do
Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense – diversas fontes: I) artigos de jornais de
circulação local da época, como o Jornal do Povo, O Combate, Diário de São Luiz,
assim como outros jornais estudantis, vozes que retratam uma época e um lugar,
relacionando-os com assuntos que correspondem à cidade, aos jornais estudantis, às
escolas pesquisadas e à atuação dos seus estudantes; II) a revista Malazarte, outra fonte
da época, que marca a existência da produção dos jovens escritores intitulados
posteriormente de ―geração maranhense de 45‖; III) a imprensa corrente e as produções
acadêmicas e literárias; IV) livros e artigos que retratam a produção dos impressos
estudantis como elemento constitutivo de uma escola ativa e, também, os que fazem
referência ao cenário pesquisado; V) documentos oficiais, como os relatórios de notas
finais dos alunos da década de 1950, referentes ao Colégio de São Luiz e Liceu
Maranhense, que ajudaram na coleta dos dados sobre a organização e o funcionamento
dos referidos estabelecimentos de ensino.
Vale lembrar que as fontes são registros de uma sociedade com experiências de
um determinado tempo e lugar, e cabe ao pesquisador interpretar essas experiências por
meio da análise e não em estabelecer uma ―verdade‖ dos fatos obtidos com as fontes.
Assim, ―as fontes utilizadas em uma pesquisa devem ser intercruzadas e comparadas,
não com o objetivo de buscar os fatos considerados ‗verdadeiros‘, mas sim no sentido
de perceber as diferentes versões para os acontecimentos‖ (AMARAL, 2002, p.122).
Portanto, as fontes obtidas aparecem como caminhos que conduzem às novas
interpretações e à busca por novas fontes, possibilitando novas pesquisas.
Os procedimentos metodológicos realizados neste trabalho respaldam-se,
primeiramente, como já citado anteriormente, em utilizar os impressos estudantis ―não
apenas como fonte de informação para confirmação de análises, mas como objeto da
pesquisa histórica (LUCA, 2011, p.118) e, nesse caso, da pesquisa histórica
educacional. Cruz e Peixoto (2007, p.256) afirmam que, em ―diversos campos de
pesquisa, da comunicação à semiótica, da crítica literária à educação, a imprensa
aparece como fonte e também como objeto de pesquisa‖.
Depois desse entendimento sobre o corpus da pesquisa, procurou-se, a luz de
Luca (2011) e Cruz e Peixoto (2007), analisar o lugar da imprensa na construção
historiográfica, problematizando-a como porta-voz de interesses de grupos sociais na
15
sociedade moderna; ou seja, entender a imprensa como instrumento que tem seus
interesses e intervém na vida social. Além disso, advertem essas autoras, os diversos
materiais da imprensa, como jornais e revistas, são documentos de uma época e falam
de um lugar social e de um determinado tempo.
Trata-se de entender a imprensa como linguagem constitutiva do
social, que detém uma historicidade e peculiaridades próprias e requer
ser trabalhada e compreendida como tal, desvendando, a cada
momento, as relações imprensa/sociedade, e os movimentos de
constituição e instituição do social que esta relação propõe. (CRUZ;
PEIXOTO, 2007, p.260)
Luca (2011, p.132) chama atenção para as variações na aparência dos periódicos
em diferentes momentos, que ―resulta da interação entre métodos de impressão
disponíveis num dado momento e o lugar social ocupado pelos periódicos‖. Essa
indagação vem nos alertar para aspectos que envolvem as condições materiais dos
impressos, como formato, tipo de papel, capa, presença ou ausência de imagens, a
divisão de conteúdos, a publicidade etc., que indicam sua intencionalidade e sua
historicidade.
Os procedimentos para a realização da pesquisa tiveram dois momentos. O
primeiro foi a localização das fontes e a averiguação das ―condições oferecidas para
consulta‖, como adverte Luca (2011, p.141), além do manuseio específico de cada uma
delas. Aí buscou-se mapear os exemplares dos impressos estudantis analisados na
pesquisa, identificando título, subtítulo, periodicidade, publicidade, corpo
organizacional, formato, tipo do papel e localização (ver tabelas 2 e 3 nos Anexos deste
trabalho). Esse processo inicial já fornece algumas pistas sobre a produção de
determinados impressos: ―títulos e subtítulos funcionam como ‗manchetes‘ [...] por
meio dos quais uma publicação procura anunciar a natureza de sua intervenção e suas
pretensões editoriais‖ (CRUZ; PEIXOTO, 2007, p.263). Ainda nesse primeiro
momento, o objetivo foi identificar a composição do projeto gráfico no que tange a
organização e a distribuição dos conteúdos inseridos no interior dos impressos
estudantis. No segundo momento da análise, foram contemplados os conteúdos das
matérias, incluindo os resumos de cada uma, agrupando-os em temáticas mais
recorrentes (ver Tabela 4 em Anexos).
Cabe, ainda, acrescentar na análise dos impressos estudantis a categorização de
sociabilidade feita por Sirinelli (1996, p.249) ao classificar revistas como espaços de
16
―fermentação intelectual [...] viveiro e espaço de sociabilidade‖. Essa categorização
dada por Sirinelli para as revistas aplica-se, também, aos jornais, pois, ambos são
periódicos e não obras solitárias (LUCA, 2011).
Portanto, acredita-se que a produção dos impressos aqui analisados fazia parte
do contexto de uma época, seja por parte de grupos literários ou de instituições políticas
e escolares, que os utilizavam como meio de divulgação de suas ideias, seja por parte de
estudantes ou profissionais de diversas áreas. Verifica-se, por exemplo, esse fato no
primeiro editorial do jornal Avante (1949), periódico estudantil do Colégio de São Luiz,
escola de propriedade do professor Luiz Rêgo12
. Abaixo, destaca-se um trecho do
referido editorial:
Era nosso desejo, há muito tempo, fundar um órgão de imprensa, ou
simplesmente um jornal, para que, por intermédio desse periódico,
pudéssemos exprimir nossas ideias e pensamentos, e, desse modo,
formar ao lado dos nossos colegas dos outros colégios que tem o seu
jornal organizado. (Avante, 31 out. 1949)
Aliás, percebe-se ainda, através de uma nota do professor Luiz Rêgo – na
primeira página do jornal e em local de destaque – como é importante a construção de
jornais nesse contexto estudantil e na sociedade da época. Tal professor parabeniza a
iniciativa dos estudantes de sua escola de produzir um jornal para o colégio que
estivesse de acordo com a tradição dos jornais estudantis de outrora. A seguir, observa-
se a citada nota:
Parabéns.
Assim me dirijo a meus prezados alunos, aplaudindo a sua atitude e
estimulando o seu dedicado esforço, em fazerem ser publicado este
jornalzinho.
Bem compreendo o entusiasmo com que o jovem estudante prepara o
seu artigo, e com que alegria verifica-o publicado. É que passei por
essa fase, e guardo a melhor saudade do trabalho que empenhei com
os colegas de minha época, e relembro os instantes de alegria com que
líamos e relíamos o nosso pequeno jornal.
12
Além do Colégio de São Luiz, o professor Luiz Rêgo trabalhou em outros estabelecimentos
de ensino, o Liceu Maranhense, Colégio Rosa Castro, Colégio de Santa Tereza, Centro
Caixeiral, Escola Técnica de Comércio do Maranhão, Colégio Arimatéa Cisne e Colégio
Gilberto Costa, além da Faculdade de Farmácia. Foi diretor da Escola Normal do Estado e
Secretário de Educação nos governos Paulo Ramos e Neiva de Santana. No MEC, foi Inspetor
Regional do Ensino Comercial nos estados do Maranhão e Piauí. Membro da Academia
Maranhense de Letras, participou, na década de 1950, da fundação da Faculdade de Filosofia, da
qual fez parte do corpo docente. Também era sócio do Rotary Club de São Luís. Para mais
informações, consultar Rêgo, 1980.
17
Tenho acompanhado o interesse e o entusiasmo a que se vem
entregando um grupo de ginasianos do meu Colégio, jovens decididos
em manifestar os seus anseios de estudantes de ideal, por intermédio
da palavra escrita e divulgada.
Venho acompanhando o trabalho vontadoso em conseguirem alguns
anúncios, a cooperação e a ajuda de professores, a colaboração de
colegas e o esforço para o preparo material do jornalzinho.
Daí bem se justificarem os meus parabéns.
Os meus votos são por que o jornal se constitua o arauto dos
sentimentos de uma mocidade sadia em inteligência e em coração.
(Avante, 31 out. 1949)
Esse periódico escolar, também teve a sua visibilidade na cidade ocupando
espaço na imprensa local. O jornal O Combate (1949), na sua primeira página, no canto
inferior esquerdo, publicou a seguinte nota sobre o referido jornal estudantil:
AVANTE
Pelos estudantes Luiz Fernando Rêgo, J. Mario, Mario Silva e F.
Ferreira, nos foi ofertado o primeiro número do jornalzinho Avante
que é órgão das 3a e 4
a série do Colégio de São Luiz e virá pugnar
pelos interesses da classe estudantil. Agradecendo fazemos votos de
felicidades e vida longa. (O Combate, 1o nov. 1949, p.1)
Além disso, não apenas o jornal estudantil Avante ganhou visibilidade em um
veículo de comunicação da cidade. O jornal Diário de São Luiz (agosto de 1949)
também trazia na sua pauta assuntos relacionados ao cotidiano escolar ao publicar o
discurso que o estudante Luiz Fernando Rêgo, do Colégio de São Luiz, e um dos
organizadores do ―jornalzinho‖ fizeram em homenagem ao dia do estudante,
pronunciado no Teatro Artur Azevedo em sessão solene. A circulação dos jornais
estudantis na imprensa oficial da cidade reflete relações entre a escola e a sociedade
maranhense daquela época, pois os jornais ―não são, no mais das vezes, obras solitárias,
mas empreendimentos que reúnem um conjunto de indivíduos, o que os torna projetos
coletivos, por agregarem pessoas em torno de ideias, crenças e valores que pretende
difundir a partir da palavra escrita‖ (LUCA, 2011, p.140).
O jornal estudantil, a partir da década de 1940, encontrou espaço como elemento
formador do ensino secundário através da Lei Orgânica do Ensino Secundário n. 4.244,
de 9 de abril de 1942, título Da vida escolar no seu Capítulo XIII, artigo 46, ao
estabelecer como trabalho complementar da vida escolar a organização e o
18
desenvolvimento de entidades estudantis que promovam o gosto esportivo, artístico e
literário.
Os estabelecimentos de ensino secundário deverão promover, entre os
alunos, a organização e o desenvolvimento de instituições escolares de
caráter cultural e recreativo, criando, na vida delas, com um regime de
autonomia, as condições favoráveis à formação do espírito econômico,
dos bons sentimentos de camaradagem e sociabilidade, do gênio
desportivo, do gosto artístico e literário. Merecerão especial atenção
as instituições que tenham por objetivo despertar entre os escolares o
interesse pelos problemas nacionais. (BRASIL, 1942)
Essas orientações para a vida escolar, propostas por lei, podem ser observadas na
formação de grêmios, centros culturais, associações ou clubes estudantis que geralmente
mantêm como elemento divulgador de suas ações e ideias a organização e produção de
impressos que despertem o sentimento nacionalista, o gosto esportivo, artístico e
literário nutridos nos estabelecimentos de ensino, conforme orientações legais.
As informações circulavam em torno da produção jornalística, sendo essa
produção representada por diversos agentes sociais, disputando poder no campo das
ideias. Trabalhar com jornais, nas palavras de Campos (2012, p.66) ―significa
compreendê-los, portanto, muito mais como fragmentos verossímeis da cultura de um
tempo e de um espaço do que pensá-los como provas fidedignas do passado‖.
A partir dessas constatações, organizamos a dissertação em três capítulos. No
Capítulo 1, discute-se a imprensa estudantil no campo da história da educação com as
contribuições de Nóvoa (2002), Carvalho (1998), Catani e Bastos (2002) e Amaral
(2002), situando pesquisas que trabalham com essa temática, ampliando, assim, o olhar
sobre as diferentes maneiras de estudar a cultura escolar das instituições educacionais a
partir da atuação dos estudantes em seus impressos. Na sequência, problematiza-se o
lugar da imprensa nas escolas ativas, discutindo o papel educativo da imprensa
periódica, inclusive, como espaço de divulgação das ideias do movimento da Escola
Nova. Destacam-se as publicações que retratam o impresso estudantil como instrumento
pedagógico importante no processo educativo de uma época. A partir dessas discussões,
os impressos produzidos pelas organizações estudantis do Colégio de São Luiz e Liceu
Maranhense são analisados quanto às características de ordem material.
No Capítulo 2, os conteúdos que compõem cada periódico são analisados com
foco nos assuntos de teor literário, político e do cotidiano escolar. Esses assuntos são
agrupados em temáticas, tais como cultura literária, posicionamento político e cotidiano
19
escolar. Por meio dessa análise, procura-se apresentar as ideias e as ações das
organizações estudantis dentro e fora do ambiente escolar, sendo possível, até mesmo,
observar o cotidiano de cada estabelecimento de ensino.
No Capítulo 3, apresenta-se uma breve história de São Luís – MA, cidade dos
estudantes, com suas respectivas organizações e instituições educacionais, e um sucinto
relato do Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense. O objetivo é melhor entender o
lugar de formação da classe estudantil. Por fim, problematiza-se o movimento literário e
político chamado de ―Geração Maranhense de 45‖, pois pretende-se entender a relação
desse grupo com a cidade e analisar a possível influência de suas ideias com as
organizações estudantis.
20
Capítulo 1
OS ESTUDOS SOBRE A IMPRENSA ESTUDANTIL
É cada vez mais recorrente no campo dos estudos históricos a incorporação da
imprensa como documento de pesquisa. A análise da imprensa periódica, nas suas
diversas formas, jornais, revistas, almanaques, folhetins etc., ―permite apreender
discursos que articulam práticas e teorias, que se situam no nível macro do sistema, mas
também no plano micro da experiência concreta‖ (NÓVOA, 2002, p.11).
Na área educacional, é certo que a análise dos impressos tem se mostrado de
grande interesse para a História da Educação; e, no tocante aos estudos da imprensa
periódica educacional, os impressos, como suportes materiais, possibilitam várias
leituras da vida escolar. Ademais, os periódicos, além de representarem o testemunho
das concepções pedagógicas, mantêm relações com sua época e lugar. Na perspectiva de
Carvalho (1998, p.34), a História da Educação na sua pluralidade de domínios, abre
espaço para as investigações sobre os impressos de destinação pedagógica e seus usos
escolares. Essas investigações abrangem livros didáticos, manuais escolares, imprensa
periódica especializada em educação, bibliotecas escolares, coleções dirigidas a
professores etc.
Para Catani e Bastos (2002), a imprensa periódica educacional é o espaço das
publicações destinadas ou feitas por professores para professores, além das elaboradas
por alunos ou por professores para os demais alunos, ou, ainda, as elaboradas pelo
sistema educacional e por outras instituições ligadas à educação, como sindicatos,
partidos políticos, associações e Igreja, que recebem essa classificação. Ademais, o que
caracteriza a imprensa periódica educacional é a capacidade de captar ―vozes‖ de atores
muitas vezes ausentes na história educacional, ou ser um espaço que possibilite captar
acontecimentos locais e nacionais, além de ser um recurso de formação, de afirmações e
imposições de regras coletivas. Assim, os impressos estudantis encontram-se inseridos
nas publicações da imprensa periódica educacional pelo fato de serem produzidos em
instituições escolares com indícios da vida e da cultura escolar, como as práticas, os
ritos, os símbolos e seus valores.
A pesquisadora Giana Lange do Amaral, da Universidade Federal de Pelotas,
Rio Grande do Sul, que atualmente desenvolve pesquisas sobre impresso estudantil,
destaca o potencial dessa mídia como forma de compreender o universo da cultura
21
escolar pela voz do aluno, sendo fonte em potencial para as pesquisas educacionais.
Assim, os impressos produzidos pelos estudantes, na assertiva de Amaral (2002, p.120)
―passam a ser novas fontes e/ou objetos a darem visibilidade à produção estudantil‖,
que, no campo da História da Educação, não têm recebido a merecida atenção dos
pesquisadores, quando comparadas às publicações voltadas à imprensa destinada aos
professores.
Os impressos estudantis são elaborados por grupos de alunos, em sua maioria
pelos grêmios ou por iniciativas individuais de estudantes de uma determinada escola,
com publicações vinculadas aos participantes da vida escolar e do momento histórico
vivido. Consideramos esses impressos
[...] um espaço em que são expressados complexos processos de
influência, de produção, de disseminação de opiniões e de
informações acerca das relações entre estudantes, professores, direção,
turmas de alunos, interações entre diferentes estabelecimentos
escolares e com a comunidade externa à escola; bem como acerca da
proposta formativa da escola, valores e objetivos compartilhados ou
que devam ser reforçados, reafirmados. (WERLE; BRITTO;
NIENOV, 2007, p 83)
No que tange à tipologia da imprensa estudantil, temos os jornais estudantis
organizados por iniciativa dos alunos e os jornais escolares elaborados com publicações
de alunos por iniciativa de escolas, de seus professores ou diretores. Há pesquisas que
destacam, dentro da imprensa estudantil, jornais produzidos por iniciativa dos
estudantes organizados ou pela instituição escolar. A seguir, destacamos alguns
exemplos de pesquisas que se apresentam dentro dessa perspectiva.
Amaral (2013), no artigo ―Os jornais estudantis Ecos Gonzagueanos e
Estudante: apontamentos sobre o ensino secundário católico e laico (Pelotas/RS, 1930-
1960)‖, faz análise de dois jornais estudantis produzidos pelos grêmios de instituições
de ensino secundário de educação laica e católica da cidade de Pelotas/RS no período de
1930 a 1960. Os periódicos são: o Estudante, de 1934, criado pelos alunos do Ginásio
Pelotense, e o Ecos Gonzagueanos, de 1943, criado pelos alunos do Ginásio Gonzaga.
Registra-se que o Ginásio Pelotense é uma instituição criada pela Maçonaria em 1902 e
transferida para o município de Pelotas em 1916, e o Ginásio Gonzaga é uma instituição
de ensino católica, criada pelos jesuítas em 1895 e dirigida a partir de 1924 pelos
22
Lassalistas13
. Essas escolas apresentavam posturas bem diferentes junto à comunidade
da cidade, sendo analisadas a partir da participação discente através dos seus impressos.
Na publicação ―A imprensa educacional liceista do Maranhão na Primeira
República‖ (2008), os professores César Augusto Castro e Samuel Luis Velásquez
Castellanos, da Universidade Federal do Maranhão, destacam três jornais, A Inúbia
(1914), O Lábaro (1921/1923) e A Voz do Liceista (1936), todos publicados por
estudantes do Liceu Maranhense em fases distintas da política maranhense, com forte
repercussão na educação. Esses impressos, por serem publicados por estudantes do
Liceu Maranhense, modelo de ensino para a época, passavam a ser referência para os
estudantes de outras instituições de ensino de São Luís, capital do estado. Nos diferentes
números desses periódicos, os estudantes tecem críticas à sociedade, aos docentes e a
própria instituição de ensino à qual pertenciam, além das relevantes publicações
literárias.
Outro texto sobre a imprensa estudantil de São Luís do mesmo período, o artigo
―As vozes da imprensa estudantil no Maranhão (1900-1930)‖ (2008), da jornalista
Nathália Azevedo, faz uma leitura dos jornais que circularam em São Luís, Maranhão,
no início do século XX, produzidos por estudantes, participantes de grêmios, sociedades
ou clubes estudantis, e, também, produzidos por escolas, contextualizando os fatos
culturais, políticos e econômicos da época. A autora procurou identificar elementos do
processo de produção jornalística, compreender a relação dos jornais como os poderes
instituídos (escolas, governo e município).
Ainda nesse artigo, os jornais produzidos pelos estudantes são caracterizados
pela autora como os de perfil informativo, e os jornais produzidos pela escola, de perfil
institucional. Os jornais com perfil informativo são ―aqueles produzidos de forma
independente pelos próprios estudantes e que visavam relatar os acontecimentos, sejam
eles os mais variados como educacional, social e cultural‖ (AZEVEDO, 2008, p.5). Eles
eram mantidos graças a assinaturas dos associados e o público-alvo, além dos
estudantes, era a sociedade maranhense em geral. O jornal de perfil institucional
diferenciava-se ―por ser definido como porta-voz das escolas, tendo a participação do
alunado na sua produção‖ com objetivo de aperfeiçoar a instrução do estado; geralmente
13
Congregação religiosa de irmãos leigos fundada na França por São João de La Salle. Chegou
ao Brasil em 1907, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
23
não recebiam assinaturas, ―por serem destinados exclusivamente aos alunos da escola, e
o custo era arrendando pela instituição‖ (AZEVEDO, 2008, p.10-1). Entre os assuntos
produzidos de perfil informativo pela juventude estudantil, há reivindicações pela volta
da imagem e da cultura intelectual da cidade e por reformas educacionais que sejam de
fato democráticas. Os periódicos de perfil institucional produziam matérias relacionadas
a ciência, história, língua portuguesa, além de notícias sobre a escola, divulgação de
notas, de bom comportamento etc.
Outro exemplo de publicação sobre jornal estudantil é o artigo ―Jornais e
revistas estudantis (1861-1967): o que diziam esses jornais? Quais os possíveis ideários
estudantis‖, dos autores Hercules Alfredo Batista Alves, Daniel Amaro Cirino de
Medeiros, Marina Souza Coelho e Sara Duarte Peres. O texto tem por objetivo discutir
os ideários estudantis da cidade de Campanha, Minas Gerais, através dos jornais
produzidos por alunos da cidade de 1861 a 1967. Os periódicos pesquisados pertenciam
a vários tipos de estabelecimento de ensino, nos quais os jovens divulgavam suas ideias
ou as escolas as divulgavam em nome deles; ou seja, muitos eram publicados por meio
de órgãos estudantis e por escolas da cidade. Mas a análise dessas publicações constata
que mesmo os jornais de iniciativa dos estudantes serviam para mostrar uma imagem
das escolas e pregar aquilo que estas defendiam, independente se públicas ou
particulares, masculinas ou femininas. Além disso, todos os jornais estudados e
apresentados no artigo mostravam o ideal da moral cristã introduzida pela Igreja
católica, a força que o catolicismo exercia estava estampada nas matérias dos jornais.
Merece destaque também o artigo de Flávia Obino Corrêa Werle, Lenir Marina
Trindade de Sá Britto e Gisele Nienov (2007), ―Escola Normal e seu impresso
estudantil‖, que analisa A Voz da Serra, jornal estudantil produzido pelos alunos da
Escola Normal Rural La Salle, de Cerro Largo, Rio Grande do Sul, no período de 1946
a 1950. Quanto ao tipo do jornal, A Voz da Serra, na sua primeira fase, identificava-se
como ―órgão interno da escola‖, passando a partir de 1948 a se anunciar como ―órgão
interno dos alunos da escola‖. O trabalho discute o conteúdo desse impresso e mostra
que, ao longo da sua existência, mesmo com os variados títulos que recebeu
mencionando a especificidade da escola como rural, os temas tratados no jornal não
davam prioridade ao mundo rural. Entre as publicações humorísticas e de torneios
escolares, o periódico não descuidava das recomendações religiosas e dos textos de
formação voltados para a profissionalização e moralização de costumes. A análise da
24
publicação oferece um olhar sobre a proposta formativa de uma instituição escolar
masculina, cujo currículo estava voltado para a formação de professores, especialmente,
preparados para atuar na zona rural. Portanto, a análise desse impresso possibilitou um
tipo de abordagem nos estudos sobre a história de instituições escolares muito presente
no campo da História da Educação.
Isis Sanfis Schweter (2015), na sua dissertação Organização e imprensa
estudantil no Instituto de Educação Sud Mennucci (1952-1954), realizou uma pesquisa
sobre a organização discente do então Instituto de Educação Sud Mennucci, da cidade
de Piracicaba, São Paulo, por meio do seu impresso, o Sud Mennucci no período de sua
circulação, 1952 a 1954. Esse impresso, produzido por estudantes, publicava textos
como produções literárias e notícias sobre o cotidiano da escola, a relação com cidade, o
lugar da mulher, reivindicações por melhorias nas condições da escola etc. A análise da
pesquisadora consistiu em compreender a dinâmica de sociabilidade entre os estudantes
na organização e produção do impresso, contribuindo para o entendimento das práticas
discentes durante o período de circulação do jornal e da cultura escolar da instituição de
ensino. Vale ressaltar que os alunos responsáveis pela produção do Sud Mennucci
também faziam parte do grêmio da instituição escolar, porém o jornal não representava
o grêmio, pois apresentava-se como órgão estudantil da escola. Diferenciando-se de
outras produções do gênero, que geralmente representavam grêmios, associações ou
clubes estudantis, o jornal pode ser classificado como independente das instituições
discentes, mas com a presença de representantes destas. O estudo de seu conteúdo
aprofunda a análise da atuação discente e suas relações num determinado período da
história da educação e, particularmente, do espaço escolar.
A partir das pesquisas citadas sobre a imprensa estudantil, constatamos que os
jornais produzidos por alunos são práticas escolares que fazem parte da cultura escolar,
dando voz a esses sujeitos, pouco cogitados nas pesquisas educacionais. Além disso,
dentro da imprensa estudantil, o jornal produzido por alunos é o veículo mais utilizado
nas análises em diferentes lugares e segmentos de ensino. Nesta pesquisa, os jornais
analisados situam-se na imprensa periódica educacional estudantil.
25
1.1. O lugar da imprensa nas escolas ativas
Sabemos que a imprensa estudantil é um importante conjunto de publicações da
imprensa periódica educacional, pois, além de captar vozes ausentes na história das
instituições escolares, é também instrumento de formação, afirmação e regulação
coletiva. Além disso, Sousa e Catani (1994, p.178), ao realizarem estudos sobre a
imprensa periódica especializada em educação voltada para a formação dos professores
e com publicações em São Paulo, já apontavam a contribuição desse tipo de análise para
―a compreensão histórica do sistema de ensino e [para] colocar novas questões acerca
da ‗cultura escolar‘‖. Porém não é apenas a imprensa periódica educacional que é
valorizada pelos historiadores da educação como fonte/objeto de pesquisa. A imprensa
periódica não especializada em educação também vem contribuindo para ampliação das
pesquisas histórico-educacionais, principalmente os jornais. Campos (2009, p.18) dá
pistas sobre essa ampliação do campo de pesquisas educacionais a partir dos jornais não
especializados em educação ao destacar que aqueles publicados nas primeiras décadas
do século XX tinham uma ―enorme força persuasiva e formadora não só de opiniões,
mas de representações coletivas, aspirações e crenças‖. Esses veículos, de uma maneira
ou de outra, têm por objetivo convencer o público a quem se destina. Portanto, com o
poder de convencimento e de formação do leitor, o jornal, através de seus textos, ou por
meio de imagens, pode ser ―educativo‖:
[...] os impressos editados no sertão paulista refletiam a realidade,
refratavam a realidade, perpetuavam a realidade, construíam e
reconstruíam a realidade, sempre buscando educar e moralizar o leitor.
Ensinando gostos e modos de ser por meio de escritos, fotos, poemas,
e crônicas, os diários noticiosos instruíam o público consumidor a
apreciar isto e não aquilo; a consagrar A e rejeitar B. (CAMPOS,
2009, p.21)
Dessa maneira, ao ampliar a noção de formação para além do sistema escolar,
entende-se que a educação na sociedade ocorre também através de publicações em
periódicos não especializados. Além disso, na perspectiva de Campos (2009, p.21),
Trabalhar com fontes que eram lidas e escritas por pessoas que não
estavam diretamente envolvidas com as temáticas pedagógicas das
décadas de 1920 e 1930 é apreender um universo cultural e
educacional mais abrangente, do qual os jornais são testemunhos
privilegiados e no qual a escola está inevitavelmente inserida.
Partindo dessa concepção, os periódicos que não se ocupam de questões
diretamente ligadas à educação podem ser considerados ricas fontes para o campo
26
educacional, visto que os debates relacionados ao tema podem encontrar espaço nessas
publicações e chegar a determinados setores da população, ou também servirem de
instrumento de divulgação de um ideário educacional posto como modelo para a
sociedade. Anísio Teixeira (1900-1971), Lourenço Filho (1897-1970) e Fernando de
Azevedo (1894-1974) tornaram-se figuras representativas na esfera das disputas das
ideias educacionais no século XX; participando ativamente de publicações na imprensa
periódica, além de serem agentes políticos e educacionais. Na década de 1930, estes e
demais reformadores da educação elegeram a imprensa como veículo propagador de
suas ideias – e assim o fizeram com a publicação do Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova em 1932. Esse grupo de intelectuais, a partir de novas experiências
educacionais desenvolvidas em alguns estados da federação desde a década de 1920,
organizou um movimento de reconstrução educacional que ―culminou com a
‗declaração de princípios‘ do manifesto educacional, cuja ideia se originou nos debates
da IV Conferencia Nacional de Educação, reunida no Rio de Janeiro, em dezembro de
1931‖ (Manifesto..., p.121). Assim, os pioneiros esperavam um maior alcance de suas
ideias, almejando um importante impacto social.
Esse movimento de reconstrução educacional, a Escola Nova, concebia que a
escola necessitava ser reorganizada diante do contexto de modernização dos meios
produtivos da sociedade. A função social da escola precisava ter como base a atividade
produtiva e não apenas livresca. Ao Estado caberia o dever de proporcionar uma
educação integral e pública de caráter oficial, laica, gratuita e obrigatória. Havia
também a reivindicação quanto à incorporação dos estudos do magistério à universidade
(elevando a formação docente), à autonomia técnica e administrativa dos profissionais
para desenvolver a obra educacional e, ainda, à adaptação da escola para os interesses
regionais. Se os objetivos desse movimento ao publicar o Manifesto eram os de
propagar suas ideias para a educação brasileira, nada melhor que ocupar o espaço
privilegiado do jornal, veículo informativo e formativo da época.
A consciência do verdadeiro papel da escola na sociedade impõe o
dever de concentrar a ofensiva educacional sobre os núcleos sociais,
como a família, os agrupamentos profissionais e a imprensa, para que
o esforço da escola se possa realizar em convergência, numa obra
solidária, com as outras instituições da comunidade. [...] À escola
antiga, [...] se sucederá a escola moderna aparelhada de todos os
recursos para estender e fecundar a sua ação na solidariedade com o
meio social, em que então, e só então, se tornará capaz de influir,
transformando-se num centro poderoso de criação, atração e
27
irradiação de todas as forças e atividades educativas (Manifesto...,
p.144).
Para os autores do Manifesto, a escola e a imprensa deveriam ter por objetivos,
construir uma educação renovada, num ambiente escolar vibrante capaz de traduzir as
ideias de modernização postas na sociedade. Além disso, a escola compartilha com a
imprensa a construção de educação renovada do cidadão brasileiro. Desse modo:
[...] a escola deve utilizar, em seu proveito, com a maior amplitude
possível, todos os recursos formidáveis, como a imprensa, o disco, o
cinema e o rádio, com que a ciência, multiplicando-lhe a eficácia,
acudiu à obra de educação e cultura e que, assumem, em face das
condições geográficas e da extensão territorial do país, uma
importância capital (Manifesto..., p.144).
Além da propagação do Manifesto, os pioneiros da educação nova mantinham
uma relação com a Coleção Biblioteca Pedagógica Brasileira. Essa coletânea era
destinada para formação de professores, respaldada nos ideais da Escola Nova que
defendiam a renovação escolar, passando pela formação de professores. Valdemarin
(2010), citando Carvalho e Toledo (2006), explicita claramente, essa situação:
No Brasil dos anos de 1920 e 1930, o livro é peça fundamental de um
programa de transformação da cultura nacional em que se engaja toda
uma geração de políticos e intelectuais. Nesse programa, a reforma da
escola tem lugar central e editar livros voltados para a formação
docente como Bibliotecas para professores é uma de suas principais
estratégias. Essas Bibliotecas organizam-se como espécie de
repertório de valores e de conhecimentos destinados a balizar a prática
docente. Trata-se de construir uma nova cultura pedagógica apta a
promover uma mudança de mentalidade do professorado, peça-chave
do programa de reforma da sociedade pela reforma da escola que
estava em curso. (CARVALHO; TOLEDO, 2006 apud
VALDEMARIN, 2010, p.121)
A coleção era composta por cinco séries: Literatura Infantil, Livros Didáticos,
Atualidades Pedagógicas, Iniciação Científica e Brasiliana, lançando-se como obra
especializada em literatura educacional.
Com a concepção do movimento do escolanovismo que diz caber a escola
desenvolver a ideia de participação dos indivíduos nas atividades coletivas para uma
preparação para a vida adulta, podemos considerar que o impresso estudantil passa a ser
um instrumento pedagógico importante, uma vez que estimula os alunos a organizarem
e produzirem conteúdo com a mediação do professor. Com isso em mente, Guerino
Casasanta, em 1939, publicou o livro Jornais Escolares, da série Atualidades
28
Pedagógicas da Biblioteca Pedagógica Brasileira, no seu volume 32, pela Companhia
Editora Nacional; o objetivo era instruir o professorado nessa concepção educacional.
O livro é resultado de um inquérito realizado em 1933 entre os professores de
Minas Gerais, quando Guerino Casasanta ocupou o cargo de Inspetor Geral da Instrução
Pública daquele estado. Sua proposta de trabalho com os jornais escolares está
permeada pelos ideais do escolanovismo e atualiza o papel do professor e do aluno no
desenvolvimento do ensino e da aprendizagem:
Houve uma mudança de valores: o aluno começou a ser o centro das
preocupações da escola, lugar que era, antes, ocupado exclusivamente
pelo professor. E, por esse motivo, nova vida, mais bela e mais
encantadora, veio enriquecer e ampliar o ambiente escolar. O mestre
não caiu do seu pedestal e da sua dignidade: ao contrario, porque se
tornou mais compreensível à criança, interpretando-lhe as
necessidades, atendendo a seus anseios, passou a ser um ente
justamente querido e respeitado. (CASASANTA, 1939, p.12)
Caberia ao professor a tarefa de orientar os alunos nas suas diversas atividades
escolares, sendo a produção dos jornais escolares uma delas. Desse modo, o jornal
escolar é posto como atividade que auxilia a tarefa da educação, pois tem ―por objetivo
vitalizar os trabalhos, imprimir-lhes movimento, cooperar para que os programas
tenham a eficácia educativa que deles se espera‖ (CASASANTA, 1939, p.37).
Ainda sobre a importância dos jornais escolares, Casasanta (1939, p.42)
apresenta-os como uma forte contribuição ao sistema educacional, pois:
a) A escola deve ser uma família, devendo predominar aí o espírito
coletivo. O jornal alimenta esse espírito, promove a cooperação,
estimula as iniciativas. É o traço de união entre seus membros.
b) As atividades escolares, como aliás todas as atividades sociais,
requerem estímulo e incitamento. A publicidade é um meio de êxito e
sucesso. O jornal escolar pode manter vivas as atividades,
incentivando o entusiasmo entre os alunos, levando-os a empregar
nelas todo o esforço e toda a atenção.
c) O jornal une a escola à sociedade, pondo-a constantemente ao par
de sua vida e de suas realizações. Estabelece, assim, um entendimento
recíproco, interessando o povo na obra escolar.
d) O jornal leva aos pais, aos ex-alunos e a todos as notícias da escola.
Mantém, dessa forma, sempre vivo o interesse daqueles que viveram
na escola e cujas notícias lhes são particularmente gratas.
e) As notícias da vida escolar, de suas iniciativas e atividades,
suscitarão iguais procedimentos a outros estabelecimentos.
29
Além disso, a produção do jornal escolar serve como ponto de partida para a
revelação de uma tendência que pode incentivar os alunos à prática jornalística, à
prática da escrita. Cabe ainda destacar, na análise de Casasanta (1939), que a produção
dos jornais escolares estabelece o intercâmbio entre as escolas, o registro de sua história
e ainda divulga a própria instituição, atraindo o interesse da população sobre ela.
Casasanta (1939) elaborou ainda um manual sobre os jornais escolares,
prescrevendo atividades que envolvam professores e estudantes na produção. O autor
recomendava que os jornais escolares fossem organizados em seções, observando as
fontes e os títulos de notícias, sem esquecer a composição da diretoria do jornal, de seus
redatores e repórteres, e, também, do aspecto material, a forma de financiamento, os anúncios e
o intercâmbio entre as escolas.
As reflexões sobre os jornais escolares, na obra de Casasanta (1939, p.83), abrangem, na
sua maioria, atividades com estudantes do ensino primário, mas o ensino secundário também é
contemplado, uma vez que
Tratando-se de alunos adiantados, já com a personalidade formada, a
motivação e outros problemas de fundação e manutenção de jornal,
assumem aspectos diferentes. Propriamente, aqui, as atividades
surgem, como que concretizando as necessidades da classe. O papel
do professor será o de companheiro, para coordenar os movimentos,
dirigindo-os com tato e com habilidade.
Porém, há uma ênfase sobre a produção dos jornais escolares para o curso normal, com
o intuito de orientar os futuros professores a partir da prática em elaboração de jornais escolares,
para exercerem melhor essa atividade com seus futuros alunos.
O jornal, nas escolas normais, deverá proporcionar ensejo a excelentes
lições de metodologia, partindo do ponto fundamental de que a
atividade isolada, é atividade perdida. Um plano, por exemplo, de
educação moral, sujeito a um número determinado de pontos e lições,
como atividade autônoma, nunca produzirá os frutos que se deseja
alcançar. (CASASANTA, 1939, p.83)
Outra reflexão pedagógica sobre os jornais escolares no processo educativo é
aquela que o francês Celestin Freinet14
sistematizou no livro Le Journal Scolaire,
14
Célestin Freinet (1896-1966) foi educador francês que integrava a produção do jornal escolar
no pensamento pedagógico. Para o autor, o jornal escolar é fruto de um trabalho coletivo que
ajuda na aprendizagem. Assim, ―toda a sua proposta pedagógica deriva diretamente do trabalho
desenvolvido com os alunos na busca de um processo que os levasse a gostar da escola e do
trabalho, que os levasse a serem cidadãos conscientes e participantes críticos do meio social‖.
Disponível em: <http://jornalescolar.org.br/wpcontent/uploads/2011/03/apresentando-
celestin.pdf>. Acesso em: 04 fev. 2016.
30
publicado em português, Jornal Escolar, em 1974 pela editora Estampa. Essa
publicação é resultado da sua experiência como professor primário com a produção de
jornais, realizada em escolas da França e em outros países da Europa durante sua vida
profissional. O autor defendia uma escola capaz de efetuar uma modernização dos
métodos e dos instrumentos educativos, como ocorreu em outras técnicas do trabalho no
mundo moderno. Sua crítica sobre a lentidão da educação em modernizar-se está no fato
de que:
[...] as pessoas têm tendência em impor às gerações que se lhes
seguem os mesmos métodos que as formaram, ou deformaram. A
cultura tradicional continua obstinadamente baseada num passado
caduco e trava as forças inovadoras que dinamizam o avanço.
(FREINET, 1974, p.6-7)
Freinet desenvolveu técnicas centradas na produção livre no ensino primário,
substituindo as tradicionais lições e trabalhos por técnicas de expressão, observação e
experiência livre, com as seguintes justificativas:
— O texto livre, que é a expressão natural inicial da vida infantil no
seu meio ambiente normal;
— A observação e a experiência como fundamentos indispensáveis
das aquisições de conhecimentos em ciências e em cálculo, em
história e em geografia;
— O desenho, a pintura e a música livres, expressão complementar
pela via afetiva e artística, de tudo o que a criança tem em si de
possibilidades difusas e, não obstante, superiores, de acesso à cultura,
não apenas escolar mas cultura social e humana (FREINET, 1974,
p.8).
Para desenvolver essas novas técnicas, Freinet (1974) utilizou o jornal escolar
como método de ensino e aprendizagem da escola moderna. Por constituir-se da recolha
de textos livres realizados e impressos diariamente, a produção de um jornal em
ambiente escolar pode estimular o trabalho coletivo e a autonomia das crianças,
principalmente do ensino primário. O autor vislumbrava vantagens pedagógicas,
psicológicas e sociais na produção do impresso para e pelos estudantes. Sua obra é
também um manual de elaboração de um jornal escolar, apresentando métodos de
organização técnica e os diversos tipos de jornais que podem ser produzidos, bem como
as formas e a apresentação desses conteúdos a diversas classes escolares.
É oportuno apresentar, também, que os jornais produzidos por estudantes
receberam uma atenção especial na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos
31
(RBEP)15
, publicada pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Ministério da
Educação nos anos de 1944, 1945 e 1946. Na seção ―Através de revistas e jornais‖,
publicava artigos da imprensa, entre os quais os jornais escolares são incluídos como
temáticas discutidas na educação. No volume II, número 5, de 1944, o texto ―Jornalismo
escolar‖, de Antônio D‘Ávila16
, publicado originalmente em O Estado de S.Paulo, é
dividido em dois comentários. O primeiro refere-se a uma publicação argentina sobre
jornais infantis e juvenis, com destaque para ―um ‗Inquérito sobre o periodismo
escolar‘, com fim de coordenar vistas a respeito do assunto e de sua prática na escola‖
(D‘ÁVILA, 1944, p.316). O segundo assunto é sugestão de que a reprodução do jornal
escolar deveria ser feita na escola pelos alunos, apresentando como alternativa o
hectógrafo17
, pois seria de mais interesse dos alunos do que dos professores.
Na revista de número 19, volume VII, de 1946, aparece republicado o texto
―Imprensa escolar‖, de R. de M.18
, publicado originalmente na Folha da Manhã. O
artigo faz críticas ao modo como é direcionado o jornal escolar ―entre atividades
extracurriculares de uma escola‖, pois, na visão do autor, o jornal escolar como
elemento constitutivo das atividades extracurriculares não significa que seja ―um
elemento eficiente de educação ativa‖ (R. de M., 1946, p.128).
15
A RBEP é uma revista editada por um dos mais importantes órgãos ligados à educação do
país, se não o mais importante: O Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep). É uma
revista publicada desde 1944 e até hoje continua sendo editada pelo mesmo órgão
governamental. É um compêndio de artigos, leis, pensamentos, técnicas e atividades produzidas
por vários órgãos do MEC e recolhidas pela divisão de Documentação e Informação Pedagógica
(BRAGHINI, 2005). 16
Antônio D‘Ávila, segundo Valdemarin (2010, p.172), teve uma experiência pedagógica ―longa
e diversificada; sua influência [...] decorreu [...] da produção de livros didáticos postos em
circulação por grandes editoras com forte presença nas escolas‖. Com a publicação do manual
Práticas escolares (1944/1966), destinado ao desenvolvimento do programa da disciplina
Prática de Ensino do Curso Normal, Antônio D‘Ávila ―apresenta oito planos de trabalho,
modelos de adivinhas, usos do jornal de classe e sugestões de exercícios sobre questões
gramaticais‖ (Valdemarin, 2010, p.186). 17
Método de impressão que ―baseava-se na criação de uma cópia mestra que seria utilizada para
gerar as outras cópias‖ (LUNAZZI; PALHARES, 2002, p.1). A cópia mestra era escrita num
pedaço do papel com uma tinta especial e pressionada com a face para baixo em uma bandeja
com uma espécie de gelatina que dissolvesse e absorvesse a tinta. As folhas de papel em branco
úmidas eram então pressionadas contra essa bandeja e algumas cópias eram feitas. Disponível
em:
<http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895/F809/F809_sem2_2002/99
5108_Rog%E9rioPalhares_maq_fotocopiadora.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2016. 18
Colunista do jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo). Publicava textos sobre
educação e assinava como R. de M. conforme pesquisa feita no próprio jornal da época.
32
Em outro espaço da revista, a seção ―Documentação‖, foi publicado uma
investigação sobre jornais e revistas infantis do Rio Janeiro que foi desdobrada em
quatro partes, divididas nos números 5 e 6 do volume II, de 1944, e números 7 e 8 do
volume III, de 1945. Essa investigação, segundo a revista, foi concluída pelo Instituto
Nacional de Estudos Pedagógicos, pois o órgão mostrava-se interessado ―sobre o valor
educativo dos jornais e revistas infantis e juvenis‖ (RBEP, 1944, n. 5, v. II, p.255)
Na década de 1950, o assunto dos jornais escolares mencionado na RBEP
encontra-se na sessão ―Idéias e Debates‖ do número 61, volume XXV, de 1956, no
artigo de Luiz Alves de Matos, da Universidade do Brasil, com o título ―Atividades
extraclasse‖19
. Esse artigo vem afirmar que ―o programa de atividades extraclasse é uma
parte vital, essencial e integrante do moderno currículo escolar [...] objetivando o
desenvolvimento de cidadãos livres, [...] para viverem integrados numa sociedade
democrática‖ (MATOS, 1956, p.28). No texto, os jornais estudantis estão classificados
como exemplos típicos de uma grande variedade de tipos de atividades extraclasses:
(1) Associações, diretórios, grêmios, centros de estudo, clubes, centros
excursionistas.
(2) Órgãos de redação e publicidade escolar: jornal da classe, jornal do
colégio, revista ou anuário do colégio; radioemissora interna; jornal
mural da classe ou do colégio.
(3) Teatro escolar: clube dramático:
(a) Leitura comentada de dramas ou comédias;
(b) Ensaios e representações de peças de autores consagrados;
(c) Elaboração socializada (em colaboração) de peças originais,
―sketches‖ e sociodramas. (MATOS, 1956, p.30)
Além disso, as atividades extraclasses, ainda na perspectiva do autor, precisavam
de instruções para que os órgãos dessas atividades pudessem se constituir
verdadeiramente como órgãos e funcionar conforme as orientações escolares. Logo,
[...] o plano geral de atividades extraclasse de qualquer escola poderá
desenvolver-se normalmente, sem atritos nem confusões, contribuindo
positivamente para tonificar o moral da escola e enriquecer a
experiência social dos alunos, incutindo-lhes as atitudes democráticas
fundamentais de sociabilidade, cooperação, decisão e responsabilidade
coletiva. (MATOS, 1956 p.34)
Desse modo, temos como formas de experiência social dos alunos a formação e
organização de grêmios e centros culturais estudantis. Estes exerciam o protagonismo
19
Segundo o artigo, ―o termo ‗extraclasse‘ se refere a um grupo de atividades, cujos resultados
são tão importantes que merecem ser acompanhadas pelos alunos com a mesma persistência
com que se dedicam às matérias exigidas pelo currículo oficial‖ (MATOS, 1956, p.28).
33
juvenil por meio de suas publicações em jornais estudantis e atividades culturais,
inseridos em um contexto histórico, local, regional ou nacional. Portanto, na década de
1950 na cidade de São Luís (MA), os impressos produzidos por órgãos estudantis,
expressam a atuação juvenil em determinadas escolas.
1.2. A imprensa estudantil no Colégio de São Luiz
Uma plêiade de jovens da 3a e 4
a série do curso Ginasial resolveu
fundar uma associação que se destina a propagar neste educandário o
cultivo das letras, e estimular nos jovens o gosto pelo esporte.
Dessa maneira, foi organizado o Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz
Rêgo‖, do qual fazem parte os seguintes rapazes: Luiz Fernando Rêgo,
Mario D. Domingues da Silva, José Mário Machado Santos, Francisco
de Sales Batista Ferreira, Wilson Neiva, Otavio Avertano Rocha,
Sebastião Campos, Ivanildo Monteiro, Whibers Martins Moura e
Guilherme Nunes.
Já foi efetuada a primeira reunião, sendo eleita a mesa da Diretoria
que assim está constituída:
Presidente – Mario Dias Domingues da Silva.
Vice-Presidente – Ivanildo Monteiro.
Secretário – José Mário M. Santos.
Tesoureiro – Luiz Fernando Rêgo.
Orador oficial – Otavio Avertano Rocha.
Ficou também deliberado nessa reunião, que o Grêmio Cultural e
Recreativo ―Luiz Rêgo‖, terá um órgão oficial. E é assim que surge
este jornal, cujo nome Avante, bem traduz o entusiasmo dos
componentes desta agremiação.
Quanto ao nome do Grêmio, foi uma feliz ideia do jovem Otávio
Rocha, que recebeu apoio integral, naturalmente, da parte dos seus
companheiros.
Mas é preciso que se faça notar, que o Grêmio não recebeu o nome de
―Luiz Rego‖, só pelo fato dele ser nosso diretor; foi também, porque
ele representa uma das maiores e mais legítimas culturas do Maranhão
de hoje.
O prof. Luiz Rego nunca poderia ficar esquecido e apesar desta
manifestação de respeito e admiração ser insignificante para tão ilustre
homem, pode crer o professor Luiz Rego que todos os componentes
desta associação deram seu voto, espontâneo, um voto criterioso,
porque todos nós sabemos que, assim procedendo, podemos dizer,
estamos cumprindo o nosso dever.
34
Pedimos o apoio dos nossos nobres professores e colegas, a fim de
levarmos avante este empreendimento.
[...]
Desta forma, esperamos chegar ao nosso objetivo – cultivar as Letras
neste exemplar colégio, e, incitar nos seus alunos o gosto pela prática
do bom esporte.
(Avante, 31 out. 1949, p.2)
Com essa apresentação no primeiro exemplar do jornal Avante, os organizadores
explicam ao seu público leitor a iniciativa de fundar uma organização estudantil. Os
estudantes se apresentam como plêiade, ou seja, ilustres jovens desejosos em incentivar
o cultivo das letras e do esporte no colégio. Explicam ainda a escolha para o nome do
grêmio e do jornal, visando demonstrar a lisura no processo de escolha e a
representação para a classe estudantil. Assim, em 1949, surgia o jornal Avante, órgão do
Centro Cultural e Recreativo ―Luiz Rego‖, cujo objetivo era desenvolver o gosto
artístico e literário naquele estabelecimento de ensino. No ano de 1950, o jornal teve
mais cinco edições. Vale destacar que, além do Avante, outros impressos surgiram na
escola nesse mesmo ano, como o jornal Nosso Sentir, órgão do Grêmio ―Joaquim
Santos‖, e o jornal Brasil Novo, órgão do Centro ―Aluizio de Azevedo‖ – uma
demonstração da força desse veículo de comunicação e formação na escola.
O jornal estudantil Avante foi publicado pela primeira vez em outubro de 1949, e
as demais edições foram em abril, maio, junho, agosto e setembro de 1950, totalizando
seis. Não há informação que comprove o tempo que ele circulou na escola. O formato
da primeira edição é de 24 cm X 33 cm, papel couchê20
, com dez anúncios publicitários,
tiragem de quinhentos exemplares e quatro páginas. A segunda edição tem o mesmo
formato e papel, com sete anúncios publicitários, tiragem de quinhentos exemplares e
seis páginas. Na terceira edição, o formato é mantido, mas o papel é jornal; são
dezenove anúncios publicitários, a tiragem aumentou para oitocentos exemplares e as
seis páginas permaneceram. A quarta edição mantém o formato, a tiragem e o número
de páginas; apenas os anúncios é que diminuem para dezoito. O formato das quinta e
sexta edições mudaram para 32 cm X 46,5 cm; as tiragens foram de oitocentos
exemplares e foram mantidas as quatro páginas. A diferença ficou no número de
anúncios, dezesseis na quinta edição, doze anúncios na sexta.
20
Papel couchê é um tipo de papel especial, próprio da indústria gráfica de melhor qualidade.
35
As mudanças ocorridas no formato e papel sugerem algumas considerações. As
duas primeiras edições foram produzidas utilizando o mesmo formato, papel e a mesma
tiragem, porém há um aumento de páginas em detrimento do número de anunciantes.
Talvez a preferência por um papel de melhor qualidade de impressão dificultasse a
vinda de mais anunciantes para o jornal, tornando os custos altos sem a possibilidade de
uma maior tiragem. Assim, para as novas edições, muda-se de papel couchê para papel
jornal, de menor custo financeiro, mantendo o formato e o número de páginas, porém há
um crescimento do número de anunciantes, um salto de sete para dezoito, além do
número de tiragem, de quinhentos para oitocentos exemplares. Nas últimas edições, há
uma pequena variação no número de anunciantes, e as páginas do impresso voltam a ser
apenas quatro, como era na primeira edição, além do formato que é ampliado. Mas, a
tiragem dos exemplares e o tipo de papel continuam sendo os mesmos.
Os anúncios publicitários cada vez mais se tornam fontes de financiamento. A
partir da quarta edição, o jornal publicou uma tabela de preços para anúncios, com
valores avaliados pelo centímetro da coluna. A tabela funcionava da seguinte maneira:
primeira página – Cr$ 7,00; última página – Cr$ 6,00; página interior – Cr$ 4,00. Nas
quinta e sexta edições, a tabela teve um reajuste: primeira página – Cr$ 9,00; última
página – Cr$ 8,00; página interna – Cr$ 6,00. Esse reajuste teve um impacto na
quantidade de anunciantes, diminuindo o número deles e consequentemente refletindo
no preço do jornal. Além dos anúncios publicitários, os redatores também anunciavam
que contribuições avulsas poderiam ser entregues na redação do jornal. Mesmo com
essas fontes de financiamento, o jornal Avante não era distribuído gratuitamente, sendo
cobrado ao preço de Cr$ 1,00 para número avulso e de Cr$ 1,50 para os números
atrasados da primeira, segunda, quinta e sexta edição. Para as terceira e quarta edição, o
preço do número avulso passou para Cr$ 0,50 e o preço do número atrasado para Cr$
1,00.
Quanto à presença da publicidade nos impressos, cabe fazer algumas
considerações. O número de anunciantes é alterado e diversificado a cada edição, sendo
que alguns deles ganham maior espaço nas páginas do jornal. A análise da publicidade e
seus espaços, segundo Cruz e Peixoto (2007, p.264), ―indicam a articulação da
publicação com determinados interesses empresariais e comerciais‖. Além disso,
quando os anúncios publicitários aparecem nos jornais estudantis, segundo as
prescrições de Casasanta (1939, p.40), ―o jornal une a escola à sociedade, pondo-a
36
constantemente ao par de sua vida e de suas realizações‖. Se a escola deve utilizar em
seu proveito o uso da imprensa no processo educativo, segundo os reformadores do
escolanovismo, é compreensível a apropriação de elementos publicitários da imprensa
periódica nos jornais estudantis.
Na primeira edição, os anúncios ocupavam o rodapé da página com tamanhos
pequenos, inclusive o Colégio de São Luiz está entre os anunciantes, traduzindo o
interesse do proprietário desse estabelecimento de ensino privado de propagandear seu
nome para além da comunidade escolar e assim conseguir mais alunos.
Figura 2: Anúncios publicitários ocupando o rodapé da página (exemplar 1).
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
Da segunda a sexta edição, o espaço para publicação de anúncios varia de tamanho e
forma, alterando a maneira como o produto é mostrado, associando-o ou não com imagens (ver
figuras 3 e 4). Essa variação pode indicar que o público de leitores ia além do espaço escolar.
Figura 3: Anúncio publicitário em destaque na página (exemplar 2).
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
37
Figura 4: Anúncios publicitários de variados tipos e tamanhos (exemplar 3).
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
Outro possível indício de que o público leitor ultrapassava os muros do colégio é
a publicação, na sexta edição em comemoração a seu aniversário, do histórico da escola;
entre as informações, foi divulgada a quantidade de alunos matriculados no ano de
1950. O texto informa que o colégio possuía um total ―de 860 alunos distribuídos nos
cursos Jardim da Infância, Curso Primário, Curso Ginasial, Curso Científico,
constituindo dois expedientes: um diurno e outro noturno‖ (Avante, 1950, p.1).
Lembrando que o número da tiragem do jornal naquela edição foi de oitocentos
exemplares, quase igual ao total de alunos indicado na publicação. Isso indica que a
maior circulação ocorreu no colégio, porém, pela natureza das publicações, pode-se
imaginar que os estudantes das séries iniciais não eram leitores usuais, logo, o
excedente poderia está circulando fora do colégio. Além disso, como edição de
comemoração pelo aniversário do colégio, a circulação do jornal na cidade seria de
interesse do próprio estabelecimento, pois publica um anúncio nessa edição divulgando
o exame de admissão para o ano seguinte.
Não foi possível identificar o local de impressão dos exemplares, pois não há um
espaço no jornal que ela possa ser encontrada. Porém na terceira edição, no texto de
abertura, primeira página, o autor relatou as dificuldades em conseguir um local para a
impressão do jornal e, segundo o texto, esta só foi possível porque ―conseguimos que
um homem soubesse compreender o passo que dávamos para alcançar o nosso objetivo
e ofereceu-nos a sua casa que é o Maranhão Católico para imprimir os números de
38
Avante‖. É curioso observar que um dos principais anunciantes do jornal é uma
tipografia, mas o nome não é Maranhão Católico. Vale dizer que foram localizados na
Biblioteca Pública Benedito Leite os periódicos Maranhão e Jornal do Maranhão,
ambos de orientação católica, que circulavam na época. Na edição cinco do Avante, há
um anúncio do Anuário do Maranhão, de publicação do jornal Maranhão. Pode-se,
então, supor que o chamado Maranhão Católico fosse o jornal Maranhão, de orientação
católica e este fosse o provável local de impressão do Avante.
Em relação à produção, os organizadores do jornal estão distribuídos entre
diretores, redatores e colaboradores, geralmente expostos no cabeçalho que compõe os
elementos gráficos do jornal. O cabeçalho apresenta o título, o subtítulo, os nomes dos
diretores e redatores, o local, o ano, o número e o lema do periódico. Porém, o subtítulo
e o lema acompanham o jornal a partir da sua segunda edição, tornando-se um padrão
para as demais edições, como um grito convocatório.
Figura 5: Cabeçalho da 1
a edição do jornal Avante sem o lema.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
Figura 6: Cabeçalho da 2
a edição do jornal Avante com o lema: ―Avante! Branda-me o
talento n‘alma. E o eco ao longe me repele – Avante‖.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
Quanto à composição de cada diretoria do grêmio e, respectivamente, do jornal,
as notas oficiais do grêmio, publicadas nos exemplares dois, quatro e seis, informam
sobre as mudanças ocorridas. Aliás, a mudança concentra-se apenas em nomes e não no
grupo. Temos na primeira edição: o diretor Luiz Fernando Rêgo, os redatores José
Mário Santos, Mário Domingues Silva e Francisco B. Ferreira, além dos colaboradores
39
Marcelo M. V. Pereira, Clení Furtado, José Rodrigues e Cléia Furtado21
. Na segunda
edição, a composição muda, sendo o diretor José Mário Santos e os redatores, Francisco
de Sales e Luiz Fernando Rêgo. Esse quadro permanece na terceira edição; nas quarta e
quinta edições, o diretor e os redatores mudam para Luiz Fernando Rêgo, Claudio
Ramos e Antonio Carlos Diniz respectivamente. Na sexta edição, a direção volta para
José Mário Santos e os redatores passam a ser Francisco Sales, Francisco B. Ferreira e
Antonio Carlos Diniz. Dessa vez, Luiz Fernando Rêgo não apareceu no quadro da
organização do jornal.
Figura 7: Composição do corpo organizacional do grêmio e do jornal
(exemplares 2 e 4).
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
21
Os organizadores e colaboradores eram estudantes da 3a e 4
a série do Ginásio e do Curso
Científico do Colégio de São Luiz. Sendo os organizadores associados ao grêmio. Observando
que Luiz Fernando Rêgo era filho do professor Luiz Rêgo, diretor e proprietário do Colégio.
40
Um aspecto que merece atenção sobre a organização do corpo diretivo do
impresso é que este é eleito conforme a eleição da diretoria do grêmio. A presença de
eleições do corpo diretivo do grêmio e do jornal é uma oportunidade para motivar a
prática de participação democrática na escola e, também, na sociedade, elemento
defendido pelo movimento da Escola Nova ao estabelecer que a escola precisa
disponibilizar de forma favorável a prática da democracia. Na assertiva de Anísio
Teixeira, a escola deve ―estabelecer um regime que procure dar ao mestre e aos alunos o
máximo de direção própria e de participação nas responsabilidades de sua vida comum‖
(TEIXEIRA, 1930, p.8).
Em todas as edições, o assunto mais publicado refere-se à organização e aos
desafios de produzir um impresso estudantil. Podemos dizer que esta é uma marca do
periódico, pois os títulos para desenvolver a temática podem variar, mas a presença dela
está sempre em voga, de maneira explícita ou implícita. Assim, de forma direta, temos
as seguintes publicações: I) na primeira edição, ―Nosso Jornalzinho Avante e Amigos
Leitores‖; II) na segunda edição, ―Avante e a perseverança no trabalho‖; III) na terceira
edição, ―O que é a vida e a fundação de um órgão estudantil‖; IV) na quinta edição,
―Voltamos das Férias, Avante, companheiro! E os jornais do Estudante‖.
Indiretamente, na quarta edição, na reportagem sobre o vencedor do concurso do
melhor craque esportivo do colégio, o jornal apareceu citado da seguinte maneira: ―A
saída dos primeiros exemplares do mês de maio, no qual se achava a chapa, foi
aguardada com bastante ansiedade pelos colegas‖. Na sexta edição (especial em
comemoração da independência do Brasil e do aniversário do colégio), no final do texto
―O grito do Ipiranga‖, o relato sobre o jornal é: ―Avante saindo em edição especial,
presta sua homenagem, pequena no tamanho, mas grande no sentimento‖. Portanto, há
uma ênfase tanto na valorização do periódico para os estudantes, quanto no trabalho do
grupo que o organizava, desse modo mostrando ao estudante o quanto ele se
enriqueceria culturalmente com a produção de um impresso, como outrora ocorreu com
os intelectuais da Atenas Brasileira.
Além disso, a presença do professor Luiz Rêgo nesse impresso estudantil é algo
recorrente. Ele ocupava espaço nas páginas assinando textos ou sendo homenageado. A
seguir, observa-se um texto assinado por ele:
41
Parabéns.
Assim me dirijo a meus prezados alunos, aplaudindo a sua atitude e
estimulando o seu dedicado esforço, em fazerem ser publicado este
jornalzinho.
Bem compreendo o entusiasmo com que o jovem estudante prepara o
seu artigo, e com que alegria verifica-o publicado. É que passei por
essa fase, e guardo a melhor saudade do trabalho que empenhei com
os colegas de minha época, e relembro os instantes de alegria com que
líamos e relíamos o nosso pequeno jornal.
Tenho acompanhado o interesse e o entusiasmo a que se vem
entregando um grupo de ginasianos do meu Colégio, jovens decididos
em manifestar os seus anseios de estudantes de ideal, por intermédio
da palavra escrita e divulgada.
Venho acompanhando o trabalho vontadoso em conseguirem alguns
anúncios, a cooperação e a ajuda de professores, a colaboração de
colegas e o esforço para o preparo material do jornalzinho.
Daí bem se justificarem os meus parabéns.
Os meus votos são por que o jornal se constitua o arauto dos
sentimentos de uma mocidade sadia em inteligência e em coração.
(Avante, 31 out. 1949).
Observou-se também um texto em homenagem a seu aniversário na primeira
edição do jornal:
Professor Luiz Rêgo
Transcorreu, a 28, o aniversário natalício do Professor Luiz
Rêgo, ilustrado maranhense, digno e esforçado Diretor do Colégio de
São Luiz.
A data é por demais grata a todos nós, seus alunos, que
reconhecemos em nosso Diretor a boa vontade e perseverança com
que labuta para levar avante seu ideal – encaminhar a mocidade nos
estudos dentro dos preceitos de disciplina e de ordem.
Abnegado defensor dos direitos da mocidade, voz sempre
pronta a prestar apoio a qualquer empreendimento, culto professor e
ilustrado membro da Academia Maranhense de Letras, é o professor
Luiz Rêgo por todos querido e admirado.
O Prof. Luiz Rêgo, figura bem conhecida em todos setores de
atividades, por certo receberá de todos seus admiradores votos de
ventura e felicidade, bem como de anos de vida e saúde tão
necessários à concretização de seu ideal.
Particularmente, o Colégio de S. Luiz prestará justas
homenagens ao homem ilustre que honra a terra berço.
Avante augura ao ilustrado professor, votos de ventura e
felicidades, extensivos à sua exma. senhora e filhos. (Avante, 31 out.
1949, p.4.)
42
Além disso, boa parte dos textos tem a fotografia do professor. Aliás, as fotos
que aparecem nas edições dos jornais são todas do professor Luiz Rêgo, salvo na quarta
edição, em que apareceu a foto do vencedor do concurso esportivo, e mesmo assim
dividindo espaço com a foto do professor. Na matéria de capa da sexta edição (edição
especial), na publicação ―O Colégio de S. Luiz: formação, fundação, principais dados de
sua vida, suas atividades e seus mestres‖, a foto que acompanha o artigo é do professor
Luiz Rêgo e não do colégio, mesmo o artigo relatando a história da instituição. Portanto,
a caracterização do colégio não está na sua estrutura física, mas na figura do professor
Luiz Rêgo, conhecido no meio educacional e cultural da cidade.
Figura 8: Homenagem ao professor Luiz Rêgo na primeira página da edição 5
(agosto de 1950).
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
43
Figura 9: Primeira página da edição especial, que evidencia na homenagem ao
aniversário do colégio ênfase na figura do professor Luiz Rêgo.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
A partir dessas análises é possível perceber que os aspectos gráficos do jornal
Avante mostram as condições de sua produção, além da construção das relações sociais
que os organizadores tiveram na escola e na cidade, visto que o jornal possuía um
número significativo de anunciantes. Além disso, essas relações externas influenciaram
também na organização do jornal, pois, a partir da quinta edição, o impresso terá sua
primeira página diferenciada das edições anteriores. Essa edição lembra a forma de
elaboração da primeira página do jornal Maranhão, semanário de orientação católica.
Ainda nessa mesma edição de Avante, aparece a propaganda de um periódico ligado ao
semanário católico. Logo, é possível constatar as relações entre o semanário de
orientação católica e o jornal estudantil Avante.
Há também, uma constante valorização da sua produção, convocando os
estudantes a participarem, pois estariam enriquecendo-se culturalmente, seguindo os
passos dos intelectuais de um passado glorioso da cidade. Pode-se verificar também a
forte presença do professor Luiz Rêgo no impresso como imagem associada ao
esplendor do colégio.
44
1.3. A imprensa estudantil no Liceu Maranhense
Apresentamos, nesta parte do capítulo, três impressos produzidos por estudantes
do Liceu Maranhense através do grêmio e do centro liceista. O grêmio, em 1951,
publicou o Folha Estudantil e, de 1956 a 1957, O Estudante de Atenas. O centro liceista
editou O Liceu, com dois exemplares publicados em 1957 e 1958.
O impresso Folha Estudantil, que circulou em 1951, foi publicado pelo Grêmio
Liceista ―Castro Alves‖ em junho. O único exemplar localizado tem quatro páginas,
formato de 32,5 cm X 47 cm, impresso em papel jornal, com oito anúncios publicitários
e cobrava Cr$ 1,00 por exemplar. Não há informação da tiragem e do local de
impressão, e não se pode encontrar o período de circulação. O corpo diretivo desse
jornal era composto pelos estudantes do curso ginasial noturno Alcindo O. Braúna e
José C. Neves, ambos diretor e secretário respectivamente.
Embora não tenha a informação do local da sua impressão, o principal
anunciante era a Tipografia Santa Cruz, com bom espaço na sua primeira página, em
detrimento dos demais anunciantes, que tinham espaços bem inferiores. Logo, imagina-
se que, dado o destaque a essa tipografia, há possibilidade da impressão ter sido feita
ali. Ainda no aspecto da publicidade, o ramo das atividades dos anunciantes era
diversificado, com produtos voltados para o público em geral e não apenas estudantil,
indicando que o periódico circulou para além dos muros escolares.
Figura 10: Anúncio publicitário em destaque no exemplar do jornal.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
45
Outro impresso publicado pelo grêmio liceista é O Estudante de Atenas. Editado
nos meses de maio, junho e setembro de 1956, e também no mês de maio de 1957,
tinha, em seu primeiro número, o formato de 24 cm X 33,5 cm e as edições de número
dois, três e sete tinham formato de 29 cm X 39,5 cm em papel jornal. Todas as edições
contam com quatro páginas, sem a informação da tiragem, do local de impressão e do
preço de venda.
Todas as edições vinham com o lema ―Só uma classe de homens não erra: os que
nada fazem‖ (Sêneca) e com o mesmo patrono do grêmio, e consequentemente do
jornal, o professor José R. Sá Vale, demonstrando a continuidade de um grupo frente ao
grêmio do colégio. Vale destacar, mesmo existindo essa confluência entre as duas
diretorias do grêmio, que o posicionamento do cabeçalho das edições de 1956 vai ser
modificada na edição de 1957. Talvez essa mudança possa ser uma distinção entre os
grupos ou um modelo da imprensa periódica da cidade que a nova diretoria do grêmio
procurou seguir22
.
22
Sobre essa informação verificar o Anexo.
46
Figura 11: Comparação entre os cabeçalhos da primeira edição (1956) e da sétima
edição (1957) de O Estudante de Atenas, produzidos por diretorias diferentes do
grêmio.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
No que diz respeito aos anúncios publicitários ao longo das edições, foram se
destacando em quantidade e em espaços. Na primeira edição, o jornal contou com três
anúncios no espaço do rodapé de uma única página. Na edição de número dois, os
anúncios aumentaram para oito, distribuídos em duas páginas, sendo seis deles na
mesma página e com tamanho reduzido e os outros dois em uma página, mas com
47
espaços de maior destaque. Inclusive, um deles recebe uma mensagem de
agradecimento ―pela valiosa cooperação prestada nesta edição‖ (O Estudante de Atenas,
27 jun. 1956. p.3).
Figura 12: Anúncio publicitário que recebeu agradecimentos da redação do jornal
(exemplar 2).
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
As edições três e sete tiveram seis anúncios publicitários cada. Estes também
não seguiam um padrão de tamanho, variavam entre pequenos, médios e grandes. Um
fato que merece destaque é que, nos três primeiros números, não há anunciantes do
ramo da papelaria, aparecendo apenas na edição de número sete. Geralmente, esse tipo
de anunciante sai nos jornais estudantis, já que o público-alvo do anunciante são os
estudantes.
O corpo dirigente do jornal das três primeiras edições de 1956 era formado por
José Fernandes (diretor) e J. Farias e Silva (redator), e o Colégio Estadual na redação –
nas primeira e segunda edições, aparece outro nome, Antonio Luiz Passos (secretário).
Em 1957, o grêmio terá nova diretoria que manterá o nome do jornal e um novo quadro
na composição do impresso. São eles: José de J. Brito (diretor); Raubino Pacheco
(redator); Vicente Goulart (secretário); Roque Macafrão, R. Nelson e Charlie Chan
(colaboradores), grupo do noturno do colégio.
48
Figura 13: Composição dos organizadores do jornal (exemplares 1, 2 e 7).
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
No Centro Liceista, outro órgão estudantil do Liceu Maranhense, as duas edições
do jornal O Liceu foram produzidos em 1957 e 1958, exemplares de número seis e 95,
respectivamente. Quanto ao formato, ambos medem 32 cm X 46 cm, produzidos em
papel jornal. A edição de 1957 conta com oito páginas, preço de venda Cr$ 2,00 e uma
tiragem de mil exemplares. Nela não há um espaço com a informação do local em que
foi impressa, apenas um artigo agradecendo o apoio financeiro de dois jornais da
49
cidade, Jornal do Dia e Diários Associados. Acredita-se, portanto, que a impressão
ocorreu nas dependências do Jornal do Dia. Eis a assertiva:
Mister se faz também, que dessa coluna formularemos os nossos
agradecimentos Drs. Alexandre Alves Costa e José Pires de Sabóia,
respectivamente diretores do Jornal do Dia e Diários Associados.
O primeiro, num gesto digno de elogios, abriu mão da taxa cobrada
pelo jornal, dispensando, inclusive, as despesas provenientes do
fornecimento de energia, material gráfico e tinta.
Quanto ao segundo, pôs à disposição de o Liceu, os clichês dos D. A.,
evitando-nos assim novas despesas. (O Liceu, abr. 1957, p.2)
Além disso, a entrevista do diretor do departamento de imprensa Lyra Pessoa,
realizada na redação do Jornal do Dia e publicada nessa mesma edição, confirmava o
local e a tiragem de mil exemplares. Esse impresso contava com onze anúncios
publicitários, com ramos de atividades variados, destinados a um público em geral e não
apenas escolar. Três desses anúncios ganharam maior espaço no jornal, um do ramo
escolar e dois do ramo de confecções.
Na edição de 1958, o jornal conta com quatro páginas, sete anúncios
publicitários e não há informação do local da impressão, do número de exemplares e do
preço de venda. Os ramos de atividades dos anunciantes eram variados e três deles
ocuparam maior espaço no jornal. Porém, entre os anúncios, não havia um destinado
exclusivamente ao público escolar. Desse modo, a quantidade e a diversidade dos
anunciantes mostravam que o jornal teve sua circulação ampliada para além do espaço
escolar, assim como ocorreu com os demais periódicos. Diferentemente de outros
impressos estudantis, nessa edição os endereços dos anunciantes estavam concentrados
na mesma rua do centro da cidade.
Cada publicação representava uma diretoria do Centro e os números das edições
refletiam dois grupos distintos na direção do jornal. Na edição de abril de 1957, a
produção era composta pelos diretores Benedito Lyra e Emanuel Silva, pelo redator
Coaracy Jorge Fontes – que no ano seguinte organizou o jornal Movimento, do
Movimento Nacional Acadêmico – e como primeiro-secretário José Falcão Filho, todos
estudantes do turno diurno do colégio. A edição 95 de 1958 informava que a sua
publicação era do Departamento de Imprensa e a redação era do Centro Liceista e do
Colégio Estadual; logo, entende-se que os integrantes dessa edição, na sua maioria,
eram estudantes que pertenciam à chapa vencedora do Centro.
50
Na edição de número 95, o grupo eleito para a diretoria do Centro publicou seu
jornal indicando Ano XXI para o exemplar 95. Isso indica que o jornal existia desde a
fundação do Centro Liceista, mas também pode ser uma forma de não reconhecer o
trabalho da gestão anterior e reafirmar a continuidade de uma tradição – inclusive, o
lema ―Ruem os monumentos se em abandono lhes ficam seus alicerces‖ apareceu
impresso.
Um ponto em comum entre as duas edições é a permanência do nome e o
tamanho do jornal. Geralmente, quando um novo grupo assumia a direção de um órgão
estudantil, era criado um novo jornal representando a identidade do novo grupo. O
próprio centro liceista produziu outros jornais, como Voz do Liceista (1936), Estudante
(1937) e Alvorada (1946)23
. Aliás, essa prática ocorreu também, no grêmio quando,
após a eleição para a sua nova diretoria em 1951, foi publicado o jornal Folha
Estudantil e, em 1956, depois de eleita a nova diretoria, quando foi publicado O
Estudante de Atenas. Vale ressaltar que a edição de número sete desse impresso
publicou a posse para a nova diretoria do grêmio e o nome do jornal permaneceu sendo
o mesmo. A nova diretoria do grêmio compartilhava o mesmo patrono da antiga
diretoria, uma demonstração que ambos comungavam dos mesmos ideais. No caso do
centro liceista, não há um compartilhamento entre os grupos, pelo contrário, há disputas
pela direção do centro.
Nota-se ainda que as duas edições do jornal apresentaram o nome das chapas
ganhadoras das eleições de 1957 e 1958, porém não há presença de um patrono da
chapa ganhadora, apenas indicação de professor apoiando o processo eleitoral e as
chapas que concorrem às eleições.
Um ponto a ressaltar nas duas edições é a apresentação da primeira página do
impresso. Ambos não seguem o padrão no cabeçalho em indicar o nome do diretor e
redator do jornal na parte superior da página, muito comum aos jornais estudantis da
época. Essa informação sobre o diretor e o redator do jornal consta na segunda página
do impresso.
Na edição de abril de 1957, o cabeçalho ficou exprimido entre as manchetes, e
na edição 95 de 1958, voltado para lado direito da página. Esse modo de expor o
23
De acordo com o catálogo da Biblioteca Pública Benedito Leite (2007).
51
cabeçalho é percebido também em alguns exemplares de jornais de circulação na
cidade24
, o que pode mostrar a influência que tinham nos impressos estudantis.
Figura 14: Modelo do cabeçalho e a informação do corpo diretivo na segunda
página de O Liceu (edição de 1957).
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
24
As imagens que demonstram essa afirmação podem ser vistas nos Anexos.
52
Figura 15: Modelo do cabeçalho e a informação do corpo diretivo na segunda
página do impresso (edição de 1958)
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
Outro destaque em relação à primeira página do jornal, na edição de 1957 (ver
Figura 16), é o fato de as manchetes serem incisivas e acompanhadas de fotografias,
procurando chamar atenção do público para os principais assuntos do jornal – uma
espécie de vitrine para os olhos do leitor. Na edição de setembro de 1958 (ver Figura
17), a principal manchete procurava convencer os leitores da credibilidade do jornal;
também se vê o índice das demais notícias do jornal. Trata-se de uma abertura de jornal
mais comportada para os olhos do público. As duas edições, no entanto, partilham
manchetes sobre concursos de beleza e a necessidade de manter a produção e a
circulação do jornal.
Podem-se estabelecer aqui algumas constatações sobre a produção do grêmio e
do centro liceista. Primeiro, as produções do grêmio liceista, no que tange aos
elementos gráficos, estão mais próximas das composições gráficas comuns aos
impressos estudantis da época. As publicações sobre a composição para uma nova
diretoria mostraram-se distintas entre o grêmio e o centro liceista quanto à mudança de
53
diretoria e a presença do professor como patrono. A presença dos anunciantes é uma
constante na vida de todos os impressos, com publicidade das mais variadas atividades
comerciais, mostrando a extensão das relações que os estudantes tiveram fora do
ambiente escolar.
Figura 16: As manchetes do O Liceu, abril de 1957.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
Figura 17: Principais manchetes do O Liceu, setembro de 1958.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
54
Capítulo 2
OS IMPRESSOS ESTUDANTIS E SUAS PRINCIPAIS TEMÁTICAS
Neste capítulo, serão analisados os conteúdos dos impressos estudantis nos
aspectos de organização e constituição dos assuntos. Entendemos que a composição
gráfica e dos conteúdos dos impressos, de um modo geral, são construções de uma
época, ou seja ―não nasceram prontos‖ (CRUZ; PEIXOTO, 2007, p.261). A composição
que os impressos possuem são produto da construção social e histórica da nossa
sociedade. Portanto, na assertiva de Cruz e Peixoto (2007, p.267):
Nesse processo de configuração dos veículos, seus conteúdos e
formas, as convenções sobre como deve ser feito e o que deve conter
um determinado jornal ou revista são negociados social e
culturalmente, num espaço de um diálogo conflituoso sobre o fazer
imprensa a cada momento histórico.
Casasanta (1939, p.103) lembra que os jornais escolares também apresentam
seções temáticas e cada uma com sua motivação: a parte esportiva (motivação à prática
de esporte na escola e fora dela), a social (desenvolver a sociabilidade entre os
estudantes, além de noticiar acontecimentos da escola, seu cotidiano), a parte do humor
(quase sempre trazendo críticas aos alunos de forma bem-humorada, classificado como
forma de corrigir condutas) e uma parte com assuntos diversos (anedotas, perguntas,
charadas, palavras cruzadas etc., incluído também concursos).
Além disso, segundo o autor, as publicações dos alunos, associadas aos anúncios
e aos assinantes, devem atender ao público leitor, embora acredita-se que sob a
orientação da instituição escolar. Essa atenção dada ao leitor pode ser uma oportunidade
para difundir valores que a escola acredita que deveria ter uma sociedade ou estimular
que estes, em diálogo com a sociedade, venham a ser consolidados.
Nos jornais produzidos pelo ensino secundário, sejam do ensino normal ou não,
a organização do impresso ganha outra perspectiva, pois
Tratando-se de alunos adiantados, já com a personalidade formada, a
motivação e outros problemas de fundação e manutenção de jornal
assumem aspectos diferentes. Propriamente, aqui, as atividades
surgem, como que concretizando as necessidades da classe. O papel
do professor será de companheiro, para coordenar os movimentos,
dirigindo-se com tato e com habilidade. (CASASANTA, 1939, p.83)
55
O autor ainda especifica que o jornal nas escolas de ensino normal deveria
promover as lições de metodologia, pois ―será ponto de partida, sugestão, impulso para
uma magnífica obra educativa‖ (CASASANTA, 1939, p.85). Ele também mostra como
alguns desses jornais se apresentavam, dando o exemplo de um específico:
NOSSO PROGRAMA
O Sagitário comportará quatro seções:
1a – Seção Literária: Dedicada a todo o gênero de leitura,
propõe-se a desenvolver no aluno as suas tendências literárias. O
sentimento de ―brasilidade‖ deve animar todas as composições,
incentivando o amor dos alunos pelas coisas puramente brasileiras.
A elevação de ideias e de conceitos deve ser a face
característica desta seção.
2a – Seção Pedagógica: Estimular na classe estudantina o
penhor aos assuntos concernentes ao ensino, cultivando no aluno o
caráter eminentemente prático ou pragmático das modernas correntes
pedagógicas, difundindo as ideias da ―educação funcional‖ da ―escola
ativa‖, das doutrinas de William James, Bergson, Dewey, Claparède e
Montessori.
A pedra de toque desta seção é pugnar pelo desenvolvimento do
verdadeiro ―espírito universitário brasileiro‖, pela aproximação, cada
vez mais crescente, entre alunos e professores, de molde [sic] a
transformar a escola num salutar ambiente de respeito, cordialidade e
auxílio mutuo.
3a – Seção Crítica: Dedica-se esta seção à crítica no seu sentido
lato, do ponto de vista literário artístico e científico. Far-se-à com
cordura, serenidade e uma desmedida vontade de acerto. Não
compreende as cutiladas ervadas, as mais das vezes desgraciosas e
descortezes, dos Zoilos mirins. Deve ser ater exclusivamente àquele
conceito que Coelho Neto, já em 1893, consignou em seu livro Por
montes e vales: ―a verdadeira crítica é a que educa, a crítica serena e
digna‖.
4a – Seção Recreativa: Destina-se a ―testes‖, charadas, ―piadas‖,
perguntas, fino humorismo. Haverá concursos de charadas, com
instituição de prêmios.
***
Para que se possa manter este hebdomadário, pedimos aos
nossos caros leitores que não deixem em atraso suas assinaturas e será
considerada assinante toda a pessoa que receber este número.
(CASASANTA, 1939, p.85-7)
Todavia, os assuntos contidos nos exemplares analisados de Avante, Folha
Estudantil, O Estudante de Atenas e O Liceu não foram agrupados por seções, conforme
a prescrição de Casasanta (1939). Não há uma ordem, um padrão nos conteúdos que
56
indique os espaços para a publicação de cada notícia. Essa situação de não haver um
padrão de regularização dos conteúdos pode ser percebida também no trabalho de
Schweter (2015) sobre o impresso estudantil O Sud Mennucci, de Piracicaba, São Paulo,
nos anos de 1950. A forma de organização feita por Schweter (2015) foi definir em
categorias de análise do conteúdo do jornal.
Assim, esta pesquisa, primeiro procurou focalizar os principais assuntos
publicados nos impressos e depois associá-los em temáticas. Os artigos que compõem
os jornais Avante, Folha Estudantil, O Estudante de Atenas e O Liceu foram agrupados
por assuntos mais recorrentes, como textos literários, posicionamento político dos
alunos em diversos assuntos, aspectos do cotidiano escolar (aniversários, concursos,
esportes, rituais, normas de conduta moral etc.). Contudo, vale ressaltar que o impresso
Folha Estudantil organizou uma página literária o que mostra a forte presença literária
nesse jornal. Outro aspecto que merece destaque refere-se ao impresso O Estudante de
Atenas: os assuntos referentes à vida social escolar e aos esportes, juntos, faziam parte
da seção a Sociocracia, um diferencial desse jornal. A maior concentração dos assuntos
analisados nos impressos estudantis do Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense
seguiu a seguintes composições temáticas: política, cultura literária e o cotidiano
escolar.
2.1. Posicionamento político nos impressos estudantis
AVANTE
Luiz Fernando Rêgo
O jornal será o interprete dos nossos anseios, o farol a nos
apontar a meta a seguir, para que o nosso imenso desejo de
batalhar pelo Maranhão Atenas se transforme em realidade.
Temos a necessidade de cooperação de todos os colegas. É o
pedido que neste instante dirijo a todos os alunos do Colégio de
São Luiz, para que ofereçam a sua ajuda inteligente e valiosa a
favor do nosso ideal.
Trabalhemos pelo engrandecimento de nossa terra.
Bem formado o nosso espírito, bem formado o nosso caráter.
57
Estudemos. E façamos de Avante o grito de uma juventude sadia
que praticamente ama o Maranhão, ama o Brasil. (Avante, abr.
1950, p.1).
Com essas palavras no editorial do segundo número do jornal Avante, Luiz
Fernando Rêgo, um dos integrantes do Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz Rêgo‖ e
redator do jornal, além de apresentar o jornal como um veículo que realiza os anseios do
grupo em alcançar um Maranhão Atenas, solicita a participação dos estudantes na
concretização desse ideal, contribuindo também para o engrandecimento do estado e do
país. Além disso, na quinta edição, há uma publicação sobre a liberdade do Cardeal
Mindszenty, preso pelo regime socialista da Hungria, mostrando, através do cardeal, a
resistência da Igreja católica ao sistema socialista, servindo de exemplo para o Brasil e
mostrando o posicionamento desse grupo estudantil diante do contexto da Guerra Fria,
conflito ideológico entre Estados Unidos e União Soviética. Assim aparece o
posicionamento do jornal quanto ao fato:
A volta do Cardeal Mindszenty
E quando de volta a Hungria, sua casa foi assaltada pelos vermelhos
que encontraram-no rezando o terço de Nª. Senhora.
Durante um ano da sua ignomiosa prisão, ele sofreu calado, rezando e
implorando pelas almas dos seus verdugos.
E após tão atroz período, ele volta orgulhoso para sua amada pátria,
onde é recebido condignamente pelos seus compatriotas, cheio de
júbilo.
E quanto júbilo nós brasileiros teríamos em receber aquele homem
que mesmo frente às piores calúnias não deixou de pregar a sua
religião que é a de nós todos.
O Brasil, e a Igreja católica muito teriam a ganhar com a vinda desse
grande homem que é o Cardeal Mindszenty em nossa pátria (Avante,
ago. 1950, p.2).
Na segunda edição, o artigo ―A ociosidade‖, de Dicey, enaltecia o trabalho e o
ensino como forma de combater a ociosidade e, também, uma forma do país estabelecer
seu desenvolvimento ao lado das grandes potências mundiais. O texto associa a
ociosidade à vida do sertanejo, que, segundo o artigo, é um trabalhador sem instrução
educacional que não almeja um futuro para sua família e para o seu país. Um exemplo
que não deve ser seguido pelos estudantes, para não se tornarem indignos de ser
brasileiro. Ser brasileiro, nesse caso, é ―engrandecer a Pátria‖ com o estudo e com
58
trabalho, ou seja, considera-se que cabe aos letrados o papel condutor do progresso do
país. Vejamos parte desse artigo:
A ociosidade
Um dos maiores e mais terríveis males que afligem, infelizmente, a
maioria do povo do nosso Brasil é, sem dúvida alguma, a ociosidade,
a preguiça.
[...]
O nosso popular sertanejo é o melhor exemplo de indivíduo ocioso
(com raras exceções): depois de vender sua carga na cidade, ou de
vender suas cambadas de peixes, esses caboclos, com o dinheiro da
venda (que só dá para passar o dia) compram meio quilo de farinha e
de camarão seco, almoçam e depois vão dormir.
Não pensam esses indivíduos em guardar dinheiro para o futuro, pois,
se acontecer a desgraça da morte desse caboclo sua mulher e filhos
ficam na extrema miséria; não pensam em mandar seus filhos para
uma escola, para que, quando esses mesmos se tornarem homens, não
tenham necessidade de seguir os passos do pai.
A causa desta ociosidade é a falta de instrução, é a ignorância.
Esses sujeitos analfabetos, filhos e netos de analfabetos, não pensam
em trabalhar para engrandecer a Pátria, em colocar o Brasil ao lado
das Grandes Potências.
Trabalhamos incessantemente tentando convencer os ociosos, e nunca
nos deixemos levar, por esse defeito que nos torna indignos do nome
de brasileiros, e que pode conduzir-nos aos maiores crimes e vícios.
(Avante, abr. 1950, p.3)
Na Folha Estudantil, as publicações ―No Pórtico, Ecos da posse da nova
diretoria do grêmio liceista ‗Castro Alves‘‖ e ―Avante, mocidade ateniense‖ se
posicionam quanto à valorização da tradição literária do estado, conclamando os
estudantes para o cultivo desta através do envolvimento com o grêmio e com jornal.
No pórtico
A mocidade maranhense não pode ficar de braços cruzados. Para
frente, sempre para frente deve caminhar a obra extraordinária que
legaram ao Brasil e à América os maranhenses ilustres de ontem. Não
bastam os bustos que estão colocados nas praças públicas. Não bastam
os artigos dos nossos jornais, as frases dos nossos oradores nos dias de
festa. Não basta o nosso orgulho. Não basta a nossa vaidade sem
termos. É preciso o nosso trabalho intelectual, o trabalho que possa ser
apreciado como feitos pelos discípulos dos nossos antepassados!
Esperamos pois que os estudantes maranhenses, sentindo o que
sentimos, pensando como pensamos nesta hora, estejam ao nosso lado
nesta marcha que encetamos. (Folha Estudantil, 13 jun.1951, p.1)
59
Essa convocatória é reiterada no discurso de posse do presidente eleito do
grêmio:
A associação não é somente a Diretoria e sim todos nós em conjunto;
nós é que temos obrigação de mantê-la, engrandecê-la e defendê-la
com a nossa cooperação mútua, para que seja sempre aceitada pelos
nossos mestres; assim poderemos estudar para conhecer, conhecer
para organizar, organizar para realizar. (Folha Estudantil, 13 jun.
1951, p.1).
Na publicação ―Um conselho amigo‖, de R. C. Raposo, o assunto é educação. O
artigo levanta discussão sobre o papel da leitura no desenvolvimento da educação,
observando que ―o cerne mais sólido da educação encontra-se naquilo que lemos pelo
prazer de ler, e não por ser obrigação‖ (Folha Estudantil, jun. 1951, p.4).
Nas primeira, terceira e sétima edições do jornal O Estudante de Atenas foram
encontradas publicações relacionadas a assuntos referentes ao grêmio e a produção do
jornal. Os títulos ―Aqui colega, está o teu jornal‖ e ―Nossa luta‖, ambos na primeira
edição, exaltavam o lançamento do jornal e a nova diretoria do grêmio, além de
mostrarem como aqueles que trabalhavam ali estavam empenhados em representar a
classe estudantil noturna do colégio. A entrevista com presidente do grêmio Júlio Elias
Pereira, na terceira edição, serviu para apresentar as propostas de trabalho da nova
gestão, sem perder a oportunidade de fazer críticas à antiga diretoria quanto ao estado
de abandono que encontrou o grêmio e a promoção de atividades que se limitaram em
jogos esportivos.
O artigo ―A continuação de um ideal‖, na sétima edição, mostrava os desafios da
nova diretoria do grêmio em continuar o trabalho da gestão anterior, principalmente em
manter a produção do jornal. Lembrando que essa sétima edição foi publicada em 1957
com nova diretoria, mas do mesmo turno e compartilhando os projetos da gestão
anterior. Na segunda edição do jornal, as publicações estavam direcionadas para a
representação estudantil da União Maranhense de Estudantes Secundários, com
manchete informando o resultado da luta pela reforma administrativa dessa entidade
estudantil e uma carta ao seu novo presidente, advertindo sobre a sua responsabilidade
frente a essa entidade.
Além disso, foi publicado em forma de versos ato público dos estudantes na
cidade. ―Ato heróico e mui feliz. Sempre unidos e vibrantes. Tivemos em São Luís. A
greve dos estudantes‖ (O Estudante de Atenas, jun. 1956, p.2). Essa manifestação
60
política foi em solidariedade aos estudantes do Rio de Janeiro, que em 1956
organizaram um movimento contra o aumento do preço das passagens, paralisando as
linhas de ônibus e bonde da cidade. A polícia revidou com violência, levando ao
confronto entre policiais e estudantes. Não só O Estudante de Atenas se manifestou, o
Centro Liceista lançou uma nota no jornal O Combate de 4 de junho de 1956, de
circulação na cidade: ―deliberando juntamente com outros estudantes do Liceu
Maranhense resolve: decretar, em solidariedade aos nossos valorosos colegas cariocas,
greve pacífica nos dias 4, 5 e 6 do corrente‖ (O Combate, 4 jun. 1956, p.4).
Outro posicionamento do jornal refere-se ao gênero feminino, ao lugar da
mulher nesse impresso. Na edição de número dois, foi publicada, ao lado do resultado
do concurso de ―Rainha dos Calouros‖, a foto da atriz estadunidense Jane Russel, ―a
atriz querida dos estudantes‖ (O Estudante de Atenas, jun. 1956, p.3), considerada na
época um símbolo sexual. A referida foto chama atenção pelo espaço que ocupa na
página, sem uma relação da foto com um filme para que pudesse ser publicada. Outra
publicação na mesma edição e que pode ajudar nessa análise é feita em forma de humor:
―Uma conversa em cada número‖. O texto traz a seguinte redação:
Dois amigos iam passeando, quando um pergunta ao outro:
- Por que não te casas?
- Porque não encontro uma mulher que seja alfabeto.
- Mulher alfabeto? Que quer dizer isso?
- É muito simples, que seja... fixo-te nas iniciais que vou colocando:
Amante, bela, culta, devota, educada, firme, generosa, humilde,
ingênua, jovem, limpa, madrugadora, nobre, obediente, pacífica,
quieta, rica, séria, trabalhadora, urbana, virtuosa, xenógrafa, e,
sobretudo zelosa de sua honra. Entendes, agora, o que quer dizer
mulher alfabeto?
- Entendido. Porém, isso não encontrarás, nem com a lanterna de
Diógenes. (O Estudante de Atenas, 27 jun. 1956, p.2)
Desse modo, as publicações refletem o olhar dos estudantes, que
majoritariamente são do sexo masculino e que compõem o jornal, quanto ao papel da
mulher na sociedade.
61
Continuando na mesma edição, foram publicadas opiniões sobre o impresso,
com avaliações positivas da produção e dos produtores. Assim, o jornal passa a ganhar
prestígio e, ainda, se fortalece frente ao público leitor.
Vem causando grande repercussão no meio estudantil, a fundação de
O Estudante de Atenas. É um jornal que corresponde,
convenientemente, as necessidades para o qual foi criado.
[...] O Estudante de Atenas muito contribuirá para o desenvolvimento
intelectual do estudante maranhense. (Benedito de Jesus Batalha)
Como nele, transparece em cada um dos seus colaboradores, o estigma
perfumado de um bom começo para a vida pública. (Dr. Jessé
Guimarães, O Estudante de Atenas, 27 jun. 1956, p.4)
Porém, a mensagem de maior prestígio entre as publicações vem do ex-
interventor do estado e membro da Academia Maranhense de Letras, o general Luso
Torres:
O Estudante de Atenas, órgão oficial do Grêmio Liceista, cujo
primeiro número me foi amavelmente ofertado, apresenta uma
iniciativa merecedora de aplauso e incentivo, assim por captar os
recursos de comunicação espiritual no seio da mocidade [...] pelo
salutar exercício de escrever a língua nacional, que a juventude
estudiosa deve zelar. (O Estudante de Atenas, jun. 1956, p.4)
A partir da análise desse impresso estudantil, percebe-se que o grande interesse
era a formação da intelectualidade nos jovens estudantes do colégio, voltado ao público
de maioria masculina, com defesa para que não se apagasse da memória da cidade o
passado da Atenas Brasileira, participando também de atos políticos para o bem comum
da classe estudantil.
No jornal O Liceu, edição de abril de 1957, a política tomou conta dos principais
assuntos e, logo na primeira página, as manchetes e as fotos fazem um convite ao
público leitor para apreciar os principais momentos das eleições que elegeram a nova
direção do Centro, suscitando debates sobre democracia com o texto ―Opinando‖, de
Benedito Lyra, em que este elogiava a política democrática do diretor na realização da
disputa eleitoral pela diretoria. E ainda, a partir desse ato do diretor, apontava tal feito
como exemplo a ser seguido no país, garantir o processo democrático de uma eleição.
Negar, portanto, liberdade de pensamento e expressão ao estudante é
destruir todos os elos que unem a democracia. E foi, prezados colegas,
com esta liberdade de pensamento e expressão que essa autêntica
figura de democracia que ora dirige – Prof. José da Silva Rosa –
conseguiu implantar no Liceu uma política sadia. E é esta, prezados
62
liceistas, a futura política que devemos envolver o nosso Brasil. É de
estarrecer que os dirigentes do país não a tenham ainda adotado,
preferindo adotar uma política corruta e corrutora, política esta que
está levando o Brasil a ser não mais um Brasil para os Brasileiros, mas
um Brasil colônia, um Brasil dependente, um Brasil para os norte-
americanos, [...]
Enfim prezados liceistas quero deixar frisado o meu veemente apelo,
apelo este ao qual devemos dar o máximo de nossas energias para
podermos adotar ao nosso futuro Brasil político essa espécie de
verdadeira democracia; e assim caros liceistas estaremos concorrendo
para que o Brasil não seja um Brasil para os americanos e sim um
Brasil para os brasileiros. (O Liceu, abr. 1957, p.2)
Além disso, o artigo expressava também repúdio às relações de dependência
entre Brasil e Estados Unidos, reivindicando uma política voltada para os interesses
nacionais em detrimento da política desenvolvimentista do governo do presidente
Juscelino Kubitschek (1956-1961). Na época, Juscelino sofreu duras críticas, sendo
responsabilizado por consolidar a dependência do país ao capital estrangeiro e ao
processo inflacionário, devido à abertura da economia ao capital estrangeiro e a emissão
de papel moeda como forma de promover o desenvolvimento econômico. Priorizando
investimentos no setor industrial, nas áreas de transporte e energia, gerou uma
desnacionalização econômica, pois as empresas estrangeiras passaram a controlar
setores industriais estratégicos da economia nacional. Esses debates políticos do país
estavam presentes nesse grupo.
Quanto à vitória nas eleições do Centro Liceista, a palavra renovação significava
o renascer de uma entidade e de um jornal estudantil, mas revivendo suas tradições. A
chapa vencedora era Renovação Liceista, que com o slogan Dinamismo e Evolução –
Moralidade e Trabalho – Elementos novos com novos ideais prometia mudanças sem
perder a tradição.
No artigo ―O Renascimento‖, de Aymar Mesquita, mostra-se que uma das
tradições do Centro Liceista era a publicação de um jornal:
Após uma fase verdadeiramente calamitosa volta triunfalmente à
circulação O Liceu.
Revivendo o seu passado glorioso, ei-lo de volta, entretanto, desta vez
tem um novo caráter.
Suas características foram totalmente substituídas, novas ampliações,
novos assuntos e, principalmente nova direção.
[...]
63
De acordo com o que idealizou a direção destes consideráveis
melhoramentos surgirão mais tarde e, dignificando o tradicional Liceu.
(O Liceu, abr. 1957, p. 4)
Através do departamento de imprensa do Centro Liceista, a publicação de
―Venceremos as crises e normalizaremos a situação do Liceu‖ resumia a situação do
jornal: ―A tiragem de um jornal estudantil em nossa terra é um verdadeiro sacrifício. É
uma aventura de autênticos loucos‖ (O Liceu, abr. 1957, p.8). Com essa frase, o então
diretor procurou denunciar a dificuldade que era produzir um impresso estudantil
naquela época, seja pelos altos custos, maquinário insuficiente na cidade ou pela não
aquisição do jornal por parte dos estudantes. Portanto, diante dessa realidade, o
entrevistado propõe que a ―União Maranhense dos Estudantes Secundários (U. M. E.
S.), em combinação com Associação de Imprensa Estudantil e os Grêmios estudantis,
procur[e] o apoio dos poderes constituídos para a criação de uma tipografia de
estudantes para estudantes‖ (O Liceu, abr. 1957, p.6). Assim poderia ser solucionado o
problema de lançamento dos jornais estudantis na cidade. Mesmo com o relato sobre as
dificuldades enfrentadas, o diretor prometeu lançar novas edições para os meses de
maio, agosto, setembro, outubro e uma edição especial para o mês de novembro daquele
ano.
Além da publicação do jornal como tradição do Centro, outra tradição, segundo
entrevista com o diretor do Departamento Cultural, recém-eleito, Jovenal Lins, aparece
assim relatada:
- O Departamento Cultural do Centro é um dos mais importantes,
embora algum dos seus ex-dirigentes não o tenham considerado desse
modo.
Entretanto, posso afiançar que dessa vez ele preencherá as suas reais
funções, pois tenho um vasto plano de ação cuja realização depende
quase que totalmente do apoio que me venha a ser dado pela ilustre
Diretoria do Centro Liceista.
É pensamento meu levar a efeito uma série de conferencias, as quais
deverão ser feitas por colegas nossos nos diversos estabelecimentos de
ensino de nossa capital, levando um pouco da cultura liceista a cada
um dos mesmos, obrigando-os a retribuí-las, o que viria grandemente
o intercâmbio intercolegial em nossa terra.
Promoveremos, por outro lado, conferências mensais, no auditório do
Colégio, as quais ficarão a cargo de renomados intelectuais
conterrâneos. (O Liceu, abr. 1957, p.3)
64
Como forma de demonstrar a legitimação do seu prestígio social, a nova
diretoria do Centro Liceista publicou um artigo descrevendo a campanha eleitoral, o
resultado da eleição em clima de festa, a solenidade de posse que teve a participação da
direção do colégio, do presidente da U.M.E.S. e do grêmio liceista. Participaram
também, desse quadro, autoridades do governo estadual e municipal, inclusive o
governador do estado Eurico Bartolomeu Ribeiro, que ―prometeu ao Centro Liceista
todo o seu apoio e auxílio, não só como Chefe do Executivo, mas também, em caráter
pessoal‖ (O Liceu, abr. 1957, p.6). Além dessa declaração de auxílio por parte do
governador, outro artigo foi publicado informando ao público leitor a respeito do
projeto de lei tramitando na câmara dos vereadores, ―concedendo auxílio de Cr$
12.000,00 ao Centro‖ (O Liceu, abr. 1957, p.7). Esse projeto foi apresentado pelo
vereador Teixeira Mota, professor de História do Liceu Maranhense e certamente,
segundo o jornal,
Sendo a nossa Câmara constituída, em sua quase totalidade, de
elementos jovens e presidida pelo velho professor Mata Roma,
catedrático do Colégio do Estado, é de se esperar que tão importante
quão necessário projeto não encontre obstáculos naquela Casa e seja
aprovado com a máxima brevidade possível (O Liceu, abr. 1957, p.7)
Entretanto, já havia sido concedido ao Centro Liceista auxílio financeiro em
1956, através da Lei 693 sancionada em 25 de julho, no valor de Cr$ 2.000,00. Sendo
assim, as relações entre o Centro Liceista e os poderes públicos locais não se constituiu
com a nova diretoria eleita. Por outro lado, o jornal O Combate, em 27 de junho de
1956, publicou a situação do Liceu Maranhense, denunciando que ―tudo está faltando
no Liceu‖ e as relações políticas naquele estabelecimento de ensino se resumiam em
dizer que ―o governo, por sua vez não liga para estas coisas. E a política partidária
domina o Liceu. Uma Sinecura para amigos e recomendados‖ (O Combate, 27 jun.
1956, p.3).
O posicionamento do jornal em relação ao lugar da mulher aparece em forma de
humor da seguinte maneira: ―O Liceu está sendo muito visitado pelas garotas. Cuidado,
Sr. Presidente‖ ou ainda, ―Já repararam vocês que o 1o científico deste ano mais parece
um ‗jardim de rosas‘? Não durmam no ponto, ilustres ‗jardineiros‘!‖ (O Liceu, abr.
1957, p.3). Com essas brincadeiras, há a intenção de apresentar o sexo feminino como
distração frente às responsabilidades do homem, ou como objeto de conquista do
65
público masculino. As normas de conduta moral são voltadas, nessa edição, para o sexo
feminino e para o sexo masculino.
Na primeira página da edição 95, ano XXI, de 1958, a nova diretoria do centro
liceista publicou o artigo ―Pelo dinamismo da atual gestão impõe-se o Centro Liceista à
confiança dos nossos colegas‖, sobre as realizações da atual diretoria, as dificuldades na
publicação do jornal e apresentação de novos empreendimentos. Ainda na primeira
página, com o artigo ―Aos Liceistas‖, a redação enviava mensagem direcionada aos
estudantes do colégio, procurando explicar o atraso do jornal e prometendo lançar uma
próxima edição, mesmo com todo o trabalho que teriam de enfrentar. Além de fazerem
essa ampla defesa de sua gestão, o impresso, através da nova diretoria, lançou uma nota
sobre os preparativos para o II Congresso Estadual dos Estudantes Secundários do
Maranhão, em São Luís, naquele mês e ano, enfatizando que o Centro Liceista teria uma
atuação digna, pois, segundo o texto, a instituição era uma tradicional ―agremiação da
elite estudantil e baluarte das causas que afligem o estudante maranhense‖ (O Liceu, set.
1958, p.4).
O Liceu expressava, ainda, apoio aos ideais nacionalistas com uma nota sobre a
Petrobras – incluindo a foto da empresa – alegando que esta era ―uma realidade que se
impõem mesmo para os mais incrédulos. A REFINARIA DE MATARIFE E
CUBATÃO são provas esmagadoras do dinamismo e da capacidade dos brasileiros‖ (O
Liceu, set. 1958, p.1, destaque do original). Essa defesa foi ratificada com a publicação
do artigo ―Ser Nacionalista‖, do qual destacamos os seguintes trechos que denotam os
ideais nacionalistas defendidos por esse grupo e ao mesmo tempo refletem uma escrita
convocatória.
Ser nacionalista é saber lutar pelos direitos e interesses da nação.
Ser nacionalista é brigar, lutar e não entregar aquilo que é nosso.
Sejamos nacionalistas, mas nacionalistas na verdadeira acepção da
palavra, pois se assim formos dentro em breve nos orgulharemos de
sermos um povo forte, aguerrido e, por conseguinte, ―Poderoso‖ (O
Liceu, set. 1958, p.3).
Esse posicionamento político é verificado também nas eleições locais com a
publicação ―Mota e Cadmo concorrerão ao pleito de 3 de outubro‖. O texto apresentava
dois professores do colégio, Mota Teixeira e Cadmo Silva, como candidatos para o
legislativo municipal, e os redatores do jornal pediam votos para os dois. Outra forma
66
de chamar atenção dos estudantes para as eleições municipais foi a publicação
―Eleitores Liceistas‖, que recomendava aos estudantes votarem de forma consciente.
A escolha conscienciosa, o julgamento com acerto serão tuas armas
para o cumprimento das leis democráticas. Pensa antes de escolher o
teu candidato. Repudia os falsos nacionalistas, os comunistas,
demagogos e honra com teu voto aqueles verdadeiros brasileiros, os
homens de caráter reconhecidamente elevado e nobre. (O Liceu, set.
1958, p.2).
Novamente o nacionalismo é assunto recorrente no jornal. Devemos lembrar que
o pensamento nacionalista já fazia parte dos estudantes do Liceu Maranhense desde
1950, quando o Jornal do Povo de 22 de agosto de 1950 noticiou que os ―liceistas‖
aderiram à Frente da Juventude Populista, ―campanha da juventude em prol das
reivindicações democráticas defendidas pelas Oposições Coligadas no Maranhão‖
(Jornal do Povo, 22 ago. 1950, p.3), apoiando a candidatura de Getúlio Vargas para a
presidência da república e Saturnino Belo para governador do estado, em oposição ao
grupo vitorinista. Assim foi descrita a presença dos ―liceistas‖ no movimento:
A frente desse movimento encontra-se uma plêiade de moços
idealistas que comungam com os políticos de real prestígio do
Maranhão as mesmas esperanças de recuperação de nossas tradições
de povo civilizado e culto.
Assim é que, ontem, na sede do Partido Social Progressista se reuniu
um grupo considerável de estudante do tradicional Liceu Maranhense,
a fim de ser organizado o Núcleo Liceista da Frente da Juventude
Populista, que fundamenta as bases de suas atividades na defesa do
programa traçado pelas Oposições Coligadas e no Apoio às
Candidaturas do senador Getúlio Vargas e Satú Belo. (Jornal do Povo,
22 ago. 1950, p.3-4).
Além disso, o posicionamento político do jornal estabelecia também uma norma
de conduta moral para o público leitor do colégio, como repudiar candidatos comunistas
ou qualquer outro que não tenha seu caráter de reconhecimento ―elevado e nobre‖, e, de
acordo com a publicação do jornal, o Centro Liceista, sendo uma ―agremiação da elite
estudantil25
e baluarte das causas que afligem o estudante‖, deveria defender seus ideais,
que passam a ser os ideais da classe estudantil daquele estabelecimento de ensino. Esses
estudantes vivem em plena Guerra Fria, entre o bloco socialista liderado pela antiga
25
No que diz respeito à categoria ―elite estudantil‖, propõe-se inseri-la na definição de ―elite
cultural‖ dada por Sirinelli (1998) como ―homem de cultura‖. Sob esta classificação podem
estar reunidos tanto os criadores como os mediadores culturais: à primeira categoria pertencem
os que participam da criação artística e literária ou no progresso do saber, na segunda juntam-se
os que contribuem para difundir e vulgarizar os conhecimentos dessa criação e desse saber.
67
União Soviética e o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos. Logo, com essas
publicações há uma plena defesa dos estudantes ao capitalismo.
Apesar de ter apenas uma edição, o jornal deixou em evidência sua participação
em questões políticas ligadas ao nacionalismo, à representação estudantil e às eleições.
Embora apresente oposição ao grupo anterior do centro liceista, que publicou o
exemplar de abril de 1957, um ponto em comum entre as duas edições é o
posicionamento político sobre o nacionalismo, diferentemente do que ocorreu nas
edições encontradas do grêmio estudantil que procurava dar destaque aos textos
literários. Não podemos esquecer dois pontos convergentes entre os impressos do
grêmio e do centro liceista. O primeiro é o lugar da mulher no impresso, com ênfase na
beleza feminina. O segundo ponto é a constante presença nas publicações do empenho
das agremiações estudantis na produção e circulação dos impressos, com ênfase à
importância deles na vida estudantil e na própria cidade.
Por fim, a partir dos jornais estudantis aqui apresentados, constatamos que o
impresso Avante, do Colégio de São Luiz, é menos combativo que os demais impressos
do Liceu Maranhense, mostrando-se mais preocupado em estimular entre os estudantes
o apreço pelas letras, elevando a imagem do colégio como instituição de excelência para
a formação de uma elite.
2.2. O cultivo pelas letras da Atenas Brasileira
Para a compreensão deste item, é preciso destacar que na historiografia
maranhense, e também no senso comum, vigora a existência de uma São Luís
considerada a ―Atenas Brasileira‖. Essa expressão foi incorporada pela elite do século
XIX, classe dominante de proprietários comerciais e agroexportadores de algodão e
açúcar. A historiadora Helidacy Maria Muniz Corrêa (2012, p.20) assim descreve o
assunto:
Atenas Brasileira. Construção simbólica, elaborada pela
intelectualidade maranhense do final do século XIX, numa referência
à intensa atividade literária existente em São Luís, cujos maiores
representantes Odorico Mendes, Gonçalves Dias, João Lisboa, entre
outros, pertencentes ao denominado Grupo Maranhense do
Romantismo Brasileiro (1832-1868), estavam presos à constante
reminiscência de um tempo de esplendor econômico, no qual o
68
Maranhão desfrutou os benefícios de uma economia algodoeira
exportadora.
O interessante é explicitar que essa construção vem reafirmar a existência de um
conjunto de intelectuais excepcionais perante a sociedade local e nacional. A Atenas
Brasileira refere-se a um período da história maranhense do século XIX em que as elites
econômicas enviavam seus filhos para os grandes centros da Europa ou em outras
províncias do Brasil para estudarem, principalmente, Direito, Medicina, Letras e
Matemática. Esses doutores, quando voltavam para a terra natal, passavam a escrever
em jornais (BOTELHO, 2007). Desse modo, São Luís seria uma terra de doutores e
escritores que ―contribuiriam para a formação de escolas literárias e de avançados
estudos sobre os diversos ramos da ciência, incluindo as letras e o gênero humano‖
(BOTELHO, 2007, p.145).
Além disso, outros elementos podem ser associados à construção da Atenas
Brasileira. No final do século XIX, em São Luís, brotaram as sociedades recreativas, as
conferencias literárias e festas, locais de encontros da sociedade dominante. Cabe
destacar também que o Liceu Maranhense, colégio de ensino secundário de 1838, nesse
contexto, ―abrigaria um professorado primoroso, bastando, para comprová-lo, declinar
que um dos mestres, o de grego, seria Sousândrade‖ (CORRÊA, 1993, p.127).
Sousândrade, escritor maranhense, participou, junto a Artur e Aluízio de Azevedo,
Graça Aranha, Coelho Neto, Celso Magalhães, Raimundo Corrêa entre outros, da
chamada segunda geração de intelectuais participantes na elaboração da ideia da Atenas
Brasileira. Na fase republicana, um terceiro grupo, chamado de Novos Atenienses e
formado por Ribeiro do Amaral, Justo Jansen, Barbosa de Godois, Maranhão Sobrinho,
Humberto de Campos, entre outros, também teve participação no ideário ateniense
(CORRÊA, 2012).
Desde o primeiro grupo de intelectuais atenienses:
Multiplicaram-se as gráficas e consolidou-se o jornalismo político e
literário. O Maranhão começou a receber pedidos de serviços gráficos
do restante do Brasil: e livros, escritos nas mais diversas províncias,
publicaram-se com sucesso, pelo trabalho de tipógrafos competentes,
a despeito da escassez de recursos técnicos, substituídos pelo paciente
treinamento, transmitido pela experiência de autênticos artesãos,
quase artistas, da composição, como foram os renomados Correia de
Frias e Belarmino de Matos, que trouxeram os dois primeiros prelos
mecânicos para o Maranhão.
O trabalho nas oficinas gráficas era extenuante.
69
Quanto ao jornalismo doutrinário, quando praticado pelos mestres,
transpirava a escrita elegante, recordando a linhagem dos clássicos.
(CORRÊA, 1992, p.128)
Assim, o imaginário da intelectualidade maranhense da Atenas Brasileira foi
incorporado na produção literária e jornalística com base nas produções do Grupo
Maranhense da primeira geração (1832-1868), da segunda geração (1868-1894) e da
terceira geração (1894-1932), criando uma preocupação para as gerações posteriores da
elite local em manter essa simbologia.
Desse modo, no jornal estudantil Avante, as publicações referentes ao campo
literário estão presente e são variadas. Crônicas, poemas, sonetos, textos biográficos de
escritores maranhenses como Odorico Mendes e Antonio Gonçalves Dias, além do
poeta português Guerra Junqueira, são exemplos dessa variedade. Importante ressaltar
que Manoel Odorico Mendes é identificado no jornal, sendo da primeira geração de
escritores da chamada Atenas Brasileira. Essa informação foi publicada na segunda
edição da seguinte maneira: ―Em São Luiz do Maranhão em homenagem a este ilustre
homem, que sem dúvida alguma foi um dos que mais contribuíram para que à nossa
terra fosse dado o brilhante título de ‗Atenas Brasileira‘‖ (Avante, abr. 1950, p.3). Essa
expressão Atenas Brasileira está presente em outros textos do Avante, como neste da
primeira edição:
Publicaremos, além de outros artigos, páginas literárias, tão
necessárias ao desenvolvimento cultural dos jovens da atualidade.
Nessas páginas, descreveremos biografias de homens célebres, que
engalanaram a história do Maranhão com letras aureoladas, com o
esplendor do talento. Sim; pois se na Atenas Antiga, houve um
Homero, um Ulisses, na Atenas Brasileira houve um Gonçalves Dias,
um Humberto de Campos. (Avante, 31 out. 1949, p.1)
Na segunda edição, no seu editorial, essa expressão apareceu na forma
―Maranhão Atenas‖, pois esse grupo de jovens anunciou que ―o jornal será o interprete
dos nossos anseios, o farol a nos apontar a meta a seguir, para que o nosso imenso
desejo de batalhar pelo Maranhão Atenas se transforme em realidade‖ (Avante, abr.
1950, p.2). Outro exemplo da presença dessa expressão no jornal está na quinta edição,
com as seguintes palavras: ―Está, portanto, nas mãos dos estudantes de nossa terra o
bom nome bem como o futuro da Atenas Brasileira‖ (Avante, ago. 1950, p.2). Cabe uma
análise de quanto essa expressão permaneceu viva no imaginário coletivo da cidade,
através das práticas estudantis observadas nas publicações de artigos. Inclusive, esse
desejo expresso nos estudantes é um reflexo do que viveu a cidade ludovicense na
70
década de 1950, pois, a título de informação, o periódico de circulação na cidade, O
Combate, em 23 de novembro de 1950 publicou uma nota informando aos leitores sobre
o lançamento da sua página literária destinada aos trabalhos de escritores locais. e
aponta que esta ―visa unicamente o desenvolvimento cultural de nossa histórica Atenas
Brasileira‖ (O Combate, 23 nov. 1950, p.3).
Na sexta edição do Avante, setembro de 1950, o artigo ―Desenvolvimento
cultural do Brasil‖, assinado por Jomaza, ocupou quase toda página para relatar a
história da literatura brasileira. O texto apresentava uma cronologia das escolas literárias
brasileiras, com autores maranhenses em determinados períodos sendo destacados. No
século XX, o texto não faz referência às escolas literárias, e sim aos autores que
despontaram no começo do século, incluindo maranhenses. Porém essa ênfase dada aos
escritores maranhenses no contexto literário brasileiro até o inicio do século passado
não é observada na sequência do texto. Todavia, em 1948, jovens escritores da cidade
lançaram uma revista chamada Malazarte. No editorial de seu primeiro número, os
criadores foram apresentados como ―um pequeno grupo formado de alguns modernos
artistas e escritores do Maranhão atual‖ (Malazarte, jul. 1948, p.1). O lançamento da
revista, com seus respectivos produtores, foi comentado na imprensa local da época,
fazendo circular a construção da identidade da revista e, ao mesmo tempo, exaltando o
grupo responsável por sua criação. Assim era descrita a publicação:
Temos sobre nossa mesa de trabalhos o primeiro número de
―malazarte‖, mensário de cultura que tem como diretores os poetas
Correa da Silva, Bandeira Tribuzi, pintor J. Figueiredo e o teatrólogo e
ator José Brasil.
O aparecimento de ―malazarte‖, cujo nome constitue uma
homenagem de um grupo de artistas e escritores modernos do
Maranhão a Graça Aranha, o renovador da mentalidade artística e
literária do Brasil, que em fevereiro de 1911, publicou o drama que
tem por tema a figura lendária de Pedro Malazarte, está despertando
grande interesse nos meios literários de São Luiz.
Esse primeiro número de ―malazarte‖ apresenta farta colaboração, da
autoria de Erasmo Dias, Lucy Teixeira, José Brasil, Corrêa da Silva
Franklin de Oliveira, Bandeira Tribuzi, Osvaldino Marques e Carlos
Madeira. (O Imparcial, 30 jul. 1948, p.1).
No entanto, esse grupo de jovens escritores maranhenses – proclamado moderno
no jornal O Imparcial e apresentado, em 1948, na revista Malazarte – sequer aparecia
no artigo do jornal Avante de 1950. Aliás, a única pessoa deste grupo da revista
Malazarte citada no jornal estudantil é Lucy Teixeira, que teve seu nome veiculado na
71
quarta edição graças ao registro de sua peça teatral Quem Beija o Leão?, representada
pelos alunos do Colégio do Estado, o Liceu Maranhense. Na publicação, ela recebe o
título de ―culta maranhense‖ e não de ―artista modernista‖ ou ―moderna‖. Constata-se
que o Avante tem como foco o aspecto literário, a valorização dos escritores
maranhenses da primeira, segunda e terceira geração da Atenas Brasileira.
O impresso Folha Estudantil dedicou uma página literária com publicações de
contos e poesias. Na mesma direção do Avante, fazia também a defesa do título que a
cidade cultivava de ―Atenas Brasileira‖. Essa defesa era o argumento utilizado pelos
dirigentes do jornal como justificativa para os estudantes se envolverem nas diversas
atividades propostas pelo grêmio através do seu jornal. Vejamos parte do artigo
―Avante, mocidade ateniense‖:
Volvendo a memória ao passado, revivemos os dias áureos dos nossos
ascendentes, quando a glória maranhense se sobressaiu, pelas letras,
entre as demais glebas do solo pátrio. Hoje quando desfolhamos as
páginas imortais do livro dos heróis da literatura nacional, orgulhamo-
nos daqueles que souberam elevar aos píncaros da glória o nome do
Maranhão.
Eles, robustecidos pelo espírito de sacrifício e denotados de boa
vontade e amor aos interesses da pátria, trabalharam pelo
engrandecimento literário do povo brasileiro. Razão esta que bem
define a vitória dos grandes homens de letra que o Maranhão se honra
de tê-los como filhos, cuja gratidão estes legaram a terra berço o título
indelével de ―Atenas Brasileira de Letras‖. Não podemos esquecer a
vida e os relevantes serviços de nossos primeiros irmãos que honraram
o nome, a tradição e a história de nossa gente, como ANTONIO
GONÇALVES DIAS, ODORICO MENDES, COÊLHO NETO,
JOÃO FRANCISO LISBOA, HUMBERTO DE CAMPOS, GRAÇA
ARANHA, RAIMUNDO CORRÊA, ARTUR AZEVÊDO, ALUISIO
AZEVÊDO, CATULO DA PAIXÃO CEARENSE e outros mais que
não se afastam da memória dos brasileiros.
Avante, Mocidade Ateniense! (Folha Estudantil, 13 jun. 1951, p.2,
destaque do original).
Essa reivindicação por um engajamento dos estudantes pela ―glória maranhense‖
se concentra nas atividades que enaltecem o nome da cidade como Atenas Brasileira. Na
mesma publicação, J. Bastos reitera o valor a essa tradição literária do estado, chamando
o impresso de página literária.
Esta página de literatura, criada por modestos alunos do ginásio,
precisa de teu apoio e boa vontade, para isso envia para este jornal os
teus trabalhos literários ou de qualquer outra natureza, contanto que as
tuas colaborações tenham um fim – trabalhar pelo ―Grêmio‖ do nosso
colégio. Procedendo desta maneira, companheiro de Ginásio, terás
72
uma folha pública, onde poderás externar teus sentimentos e ideais,
tudo isso para o interesse de teu estabelecimento de ensino e da tua
coletividade estudantil.
Eis, para frente! Mocidade Maranhense! Com a mesma cadência que
desenvolviam os maranhenses de ontem; para que a tua plaga não só
patenteie esta tradição que é o orgulho do Maranhão, mas de todo o
Brasil! (Folha Estudantil, 13 jun. 1951, p.2).
No impresso O Estudante de Atenas, variados estilos são apresentados em forma
de poemas, crônicas, biografia (como a do escritor Gonçalves Dias) e entrevistas com
escritores locais para discutir literatura (como a realizada com Mario Martins Meireles,
pertencente à Academia Maranhense de Letras). Na entrevista com o escritor
maranhense Mário Martins Meireles, na terceira edição, o jornal realiza seu objetivo de
―estimular o desenvolvimento intelectual do estudante ateniense‖. Diferente dos outros
impressos estudantis citados, Avante e Folha Estudantil, O Estudante de Atenas não
publica textos reivindicatórios de uma Atenas Brasileira, mas encampa como luta o
desenvolvimento intelectual do estudante como continuidade dos esforços das gerações
do passado glorioso da cidade. Com esse propósito, no início do texto, é apresentado o
desejo em ―receber uma acertada orientação [...], para nossa formação literária, já que
nós vamos enveredando pelas cousas do espírito‖. Assim, ao entrevistar um escritor
maranhense e ex-professor do colégio, o grêmio liceista, a partir do seu impresso,
apresenta um diálogo entre a classe estudantil – desejosa de orientação e formação
literária – e a Academia Maranhense de Letras – casa dos intelectuais fundada em 1908
– que terá fundamental importância para a formação intelectual do estudante. Desse
modo, entre as orientações sobre quais escritores nacionais e maranhenses os estudantes
deveriam ler, e suas respectivas escolas literárias, destaco um ponto alto da entrevista:
- Que nos diz V. Excia. do movimento modernistas na poesia?
- Que nome se me afigura impróprio: até quando o ―modernismo‖ de
hoje será um movimento Moderno? E quando for superado, quando
for coisa do passado, como já o é o simbolismo de ontem?
- A poesia é eterna e, consequentemente, será sempre moderna,
cantem os poetas no estilo que cantarem e como e quanto sua
inspiração lhes permitir.
- Devemos acompanhá-lo?
- Só os gênios logram escapar a influência do meio, no tempo e no
espaço...; mas que o acompanhá-lo não importe no valer-se de suas
liberdades, quanto ao metro e a rima, para fingir ―poesias‖...
- Ao ver de V. Excia., qual o poeta deveríamos seguir?
73
- Acompanha-se à escola, não neste ou aquele poeta,
propositadamente, sob a pena de perder-se a personalidade.
- Nossa última pergunta: Manuel Bandeira, Mário de Andrade, que diz
deles?
Não só Manuel Bandeira e Mário de Andrade, como também Cassiano
Ricardo, Menotti Del Picchia, Jorge de Lima, J. G. de Araújo, etc. (O
Estudante de Atenas, 4 set. 1956, p.3)
A discussão iniciada no início do diálogo, ―até quando o ‗modernismo‘ de hoje
será um movimento Moderno?‖, requer problematizar o conceito de moderno e
modernismo uma vez que
[...] tendem a apontar para as conjunções e disjunções existentes entre
os dois termos em momentos e espaços diferenciados e, como
desdobramento, para a multiplicidade de modernidades e
modernismos que podem ser pensados. Isto é, para a possibilidade de
uma variedade de projetos de modernização que se expressariam por
numerosas, mas não arbitrárias estéticas modernistas. (GOMES, 1999,
p.12)
Moderno e modernismo são expressões anunciadas na entrevista do O Estudante
de Atenas e, também, foram mencionadas em 1948 por escritores na revista Malazarte,
já citada anteriormente. Esses escritores se apropriam do termo moderno para
classificarem o grupo como ―modernos artistas e escritores do Maranhão atual‖ (p.1).
Na segunda edição da revista, publicaram a definição do Modernismo, de Bandeira
Tribuzi, caracterizando-o como:
Aquele movimento artístico de que Graça Aranha e Anita Malfatti
foram complemento circunstancial e veículo apresentou-se em 1922,
na já histórica Semana de Arte Moderna, com todas as características
da revolução que tem raízes no complexo social-econômico;
idealismo, coragem e gosto de destruição (Malazarte, 13 set. 1948,
p.1).
Essa publicação sobre o conceito do modernismo vem reforçar o entendimento
de que os escritores apresentados na revista Malazarte são um marco da chegada do
modernismo no estado, como aparece em publicação de O Globo que a revista fez
questão de republicar :
[...] Malazarte, mensário de cultura, constitui uma corrida vertiginosa
de um grupo de jovens vontadosos, representantes do movimento
renovador das letras e artes maranhenses, em busca como o fez José
Bonifácio, da completa libertação de um ideal que é o mais um
destino.
74
[...] Abolidos os artifícios, os jovens seguidores da nova escola de
cultura avançam a passos largos nos domínios da glória literária e
artística.
[...] o futuro é esta mocidade, que canta poemas sem rima e sem
métrica, que escreve sem significados pomposos, que deita o pincel
para exprimir a verdade, que ama como lhe manda o coração.
Salve, pois, mocidade vitoriosa e consciente!... (O Globo, 30 jul.
1948)
Essa ebulição de jovens escritores modernos no final da década de 1940 talvez
tenha ocorrido pela associação que suas produções tiveram com as características do
movimento modernista de 192226
, que ―se caracterizou, como não podia deixar de ser,
pelo prazer de liquidar uma literatura e arte decadentes‖ (Malazarte, 1948, p.1). Na
entrevista publicada no jornal O Estudante de Atenas, verifica-se um interesse por parte
do estudante em problematizar o movimento modernista. Porém, novamente, nenhum
jovem escritor maranhense é citado como referência literária. Tampouco, o escritor
Mario Meireles, membro da Academia Maranhense de Letras, menciona esse
movimento literário da revista Malazarte – que circulava em São Luís, no final da
década de 1940 – como modernista.
No jornal O Liceu, edição de 1957 e de 1958, não há publicações referentes à
memória coletiva da Atenas Brasileira, no sentido de exaltação ou convocação ao
público estudantil. Inclusive, poucos são os poemas nesse periódico, textos literários tão
comuns nos jornais estudantis da cidade.
2.3. O cotidiano escolar
Do cotidiano escolar publicado pelo Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz Rêgo‖,
através do seu impresso, destaca-se, principalmente, a organização de atividades
esportivas e de concursos ocorridos na escola; e, também, a participação dos integrantes
do grêmio em atividades fora do colégio. Além disso, muitas são as felicitações dadas
pelo grêmio a entidades estudantis criadas no próprio colégio ou em outros
estabelecimentos escolares da cidade. Era comum uma agremiação escolar receber
jornais estudantis de outra escola e publicar esse recebimento no seu impresso. O
26
Segundo Angela de Castro Gomes (1993, p.63), o Modernismo ―é um movimento de ideias
que circulava pelos principais núcleos urbanos do país desde a segunda metade dos anos 1910,
assumindo características cada vez diferenciadas com o passar das décadas de 1920 e 1930‖.
75
Avante, na sua quarta edição, noticiou o recebimento do jornal estudantil O Liceu, do
Colégio Estadual, Liceu Maranhense:
O LICEU
Recebemos O Liceu, órgão dos alunos do Colégio Estadual.
Bem impresso, com excelente colaboração assinada, O Liceu se
propõe a ser o veículo dos sentimentos da mocidade daquele
educandário.
De coração, almejamos o melhor êxito às suas atividades.
Ao confrade R. Maranhão Lima e aos seus companheiros de trabalho,
o nosso apreço e amizade. (Avante, jun. 1950, p.5)
Portanto, esse intercâmbio que ocorreu entre o Colégio de São Luiz e o Liceu
Maranhense possibilitou o estreitamento dos laços entre os órgãos estudantis e,
consequentemente, entre os estudantes. Ou seja, formou-se uma sociabilidade entre eles.
Além disso, há uma visibilidade da produção dos estudantes de uma determinada
instituição escolar, o que podia servir como indicativo de um local de formação
intelectual da cidade.
Os aniversários dos estudantes e dos professores, bem como artigos que
estabeleciam normas de conduta moral aos estudantes, são publicados no jornal,
fazendo parte também do cotidiano escolar. Numa das edições, felicita-se a filha do
professor Luiz Rêgo, diretor do colégio, e ex-aluna, por seu aniversário. A moça estava
estudando engenharia em São Paulo, na Universidade Mackenzie, e talvez essa ligação
com São Paulo explique o artigo ―Exaltação a S. Paulo‖, assinado por Francisco F.
Ferreira, um dos redatores do jornal, publicado na sua primeira edição.
As publicações que descrevem normas que definem conhecimentos a ensinar e
condutas a inculcar (JULIA, 1995) nos estudantes podem ser observadas na terceira
edição, com o artigo ―Para você, colega...‖, assinado por Sérgio Prates Machado, do
turno noturno, que de forma poética pede a juventude cautela na vida.
Somos o trigo novo, ainda embalados pelos ventos, ainda com
reflexos dentro em nós do sol da fé.
São tão breves estes anos como o é o tempo que ficam nas espigas
maduras à espera das colheitas.
Nós, na ânsia de vivermos livres, no frenesi louco de liberdade, talvez
a lancemos fora do tempo único em que possuímos.
76
Vivamos, respiremos este ar, este ar que purificará o sangue jovem
que pulsa em nossas veias, purifiquemos nossos pensamentos, para
que nosso espírito exale puridade. (Avante, maio 1950, p.6)
Outra forma de sugerir normas de conduta moral aos estudantes do colégio,
aparece na quarta edição do jornal, logo na primeira página e em destaque, na qual o
professor Luiz Rêgo pede aos alunos compromisso nos afazeres da vida escolar:
Exatamente convido cada jovem do Colégio de S. Luiz a pensar no
seu futuro. Cada um tem um ideal a alcançar.
Cada um tem um sonho que almeja transformar em realidade.
Nesse instante a que rogo seja reservado concentração, que cada
jovem não seja egoísta em pensar somente na sua felicidade. Mas que
pense no orgulho, na alegria dos seus pais em ver o seu esforço, o seu
sacrifício compensado pelo êxito do filho. E também pense no Brasil,
no conceito de nossa Pátria, no dever que assiste a cada um de nós, em
trabalhar, em realizar visando o engrandecimento do país natal.
[...]
A hora da aula, o tempo reservado ao preparo dos deveres, é sagrado.
Não pode, não deve ser colocado em plano secundário, nem
desperdiçado em brincadeiras insensatas.
Aproxima-se a Prova Parcial. Trata-se de um dos momentos sérios da
vida do escolar. Eis porque espero que os meus alunos se empenhem
em estudar, para que alcancem o êxito que eu, seus professores e seus
pais almejamos.
É o recado que peço a Avante fazer chegar ao conhecimento dos
estudantes do Colégio de S. Luiz. (Avante, junho 1950, p.1)
O estímulo às atividades físicas entre os estudantes estava presente no jornal de
diferentes modos: I) relatos sobre várias modalidades esportivas, sempre valorizando a
importância dos exercícios físicos para o desenvolvimento humano e da nação; II)
divulgação de torneios esportivos do Colégio; III) realização de concursos esportivos
entre os estudantes. Desse modo, o grêmio, através do jornal, procurou estimular o
esporte no meio estudantil daquele estabelecimento de ensino. Por fim, eram publicadas
também as comemorações cívicas do colégio e curiosidades em conhecimentos gerais e
históricos.
O jornal Folha Estudantil apresenta, entre os elementos do cotidiano escolar, o
torneio de futebol que ocorreu entre as séries do colégio no estádio municipal, além de
anúncios dos aniversariantes, boas-vindas a ex-alunos em visita à cidade e desejos de
77
boa viagem. Foram publicados agradecimentos ao governador do estado Cesar Aboud27
por ter cedido o clube para a comemoração da posse da nova diretoria do grêmio,
notícias da solenidade de posse da nova diretoria do grêmio e do baile de comemoração.
Os artigos ―Um apelo aos colegas‖, de C. Ferreira Araújo, e ―Nosso ideal‖, de J.
B. Cunha, ao chamarem a atenção dos alunos para os assuntos de indisciplina na escola
e para a dedicação aos estudos, descrevem normas de conduta moral:
É terrivelmente desolador o aspecto do Colégio Estadual. Janelas sem
venezianas, tendo as vidraças totalmente quebradas, as paredes
completamente riscadas á giz, ou lápis. As salas se apresentam em sua
maioria, em tal estado que, dir-se-ia, por elas, ter passado um tornado,
em vista da lamentável aparência dos moveis, inteiramente
danificados. Nos corredores há um continuo eco de gargalhadas, de
gritos, de pragas, de obscenidades, etc.
E quem são os autores de tudo isto? Nós, meus colegas! Infelizmente
adotamos uma maneira de agir contrária a todos os princípios de
educação e bom tom. (Folha Estudantil, 13 jun. 1951, p.3)
Meus colegas, devemos empregar todo e qualquer esforço de boa
vontade nos nossos estudos, principalmente os jovens que tem seu
trabalho durante o dia e alguns que lutam com grandes dificuldades
para alcançar o seu ideal, porque aqueles que estudam num
estabelecimento de ensino noturno, têm a esperança de mais alguns
anos ver suas ideias vitoriosas. Para que no futuro possamos alcançar
o apogeu, devemos honrar o nome de ―ATENAS BRASILEIRA‖ a
qual nos deu aqueles ilustres maranhenses que ora vivem no coração e
no pensamento do povo brasileiro. (Folha Estudantil, 13 jun. 1951,
p.4, destaque no original)
O jornal O Estudante de Atenas publicava aniversários, homenagens, solenidade
de posse do grêmio, anúncios de concursos, falecimento, entrevistas, festas, boas-vindas
aos alunos transferidos para o curso noturno e também felicitações para alunos que
estivessem namorando, noivando ou que tivessem casado. O jornal também noticiava
eventos de grêmios de outros estabelecimentos de ensino da cidade, além do
recebimento do impresso de um grêmio estudantil da cidade de Teresina, Piauí. Esse
intercâmbio entre os estudantes das instituições de ensino na cidade, e fora dela
também, fazia parte do universo cultural escolar daquela época.
Na terceira edição do jornal, aparece artigo sobre a sessão cívica ocorrida no
colégio em comemoração ao dia do estudante, organizada pela União Maranhense de
27
Presidente da Assembleia Legislativa, assumiu o governo interinamente em 1951,
substituindo Eugênio Barros, que aguardava o julgamento no Superior Tribunal Eleitoral dos
recursos contra sua diplomação e posse.
78
Estudantes Secundários e autoridades da cidade, e que contou com a presença do
deputado estadual Raimundo Emerson Bacelar e de emissoras de rádio da cidade,
Timbira, do governo do estado, e Difusora, do referido deputado. Essas publicações
demonstram o prestígio dado aos eventos escolares do Liceu Maranhense, consolidando
a imagem do colégio na cidade. Os valores morais cultivados na escola foram
colocados, ainda nessa edição, quando o redator do jornal chamou atenção dos
estudantes pelo mau comportamento fora do estabelecimento de ensino.
Nós, estudantes, temos (mesmo sem pressentir) grandes
responsabilidades. Além do compromisso com o Colégio a
preocupação que nos traz as provas ocupa lugar predominante a nossa
EDUCAÇÃO.
Li uma nota num matutino da cidade reclamando a falta de educação
dos jovens estudantes maranhenses, visto o acontecido no dia 11 –
―Dia do Estudante‖, no Cine Teatro.
Procuremos doravante recuperar o elogiável nível educacional de que
foram portadores os nossos antecedentes de ideal, desfazendo, assim,
a atitude precipitada de um dos órgãos literários de nossa Capital. (O
Estudante de Atenas, 4 set. 1956, p.3, destaque no original)
Os assuntos esportivos das edições se resumem a informações das atividades
esportivas disputadas no colégio ou fora dele. Na publicação ―Visita à Academia
Maranhense de Letras‖, a história dessa instituição é apresentada, lançando convite para
os estudantes conhecerem o lugar, aproximando os estudantes da Academia com o
propósito de incentivá-los ao mundo literário.
Entre as publicações do centro liceista, O Liceu, em 1957, ocupou-se em noticiar
os informes sobre as atividades esportivas do colégio com fotografias do time de futebol
da instituição, algo que os demais jornais analisados não fizeram.
79
Figura 18: Edição do O Liceu de 1957 indicando evento esportivo do colégio e
fotografia do time.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
Como todo jornal estudantil de sua época, O Liceu publicou aniversários,
homenagens, agradecimentos, festas, entrevistas e uma sessão solene da posse da nova
diretoria. Porém trouxe inovação ao publicar fotografias, por exemplo, da eleição e da
sessão de posse da nova diretoria, ou ainda a fotografia da candidata do colégio ao título
de Miss Maranhão, levando ao conhecimento do público leitor o destaque do Liceu na
sociedade maranhense.
Figura 19: Foto da candidata ao título de Miss Maranhão no jornal O Liceu de
1957.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
80
Figura 20: O Liceu de 1957, noticiando a eleição e posse da nova diretoria do centro
liceista, com as imagens de cada evento.
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite
Na edição de 1958, os anúncios referem-se também aos campeonatos esportivos
disputados entre os estudantes do colégio ou a participação em jogos organizados por
outras instituições. Além disso, foram publicados os aniversariantes do colégio, alunos
ou funcionários, e as solenidades que aconteciam no auditório, como a posse da nova
diretoria do Centro Liceista e uma homenagem a um professor. Havia também informes
sobre as comemorações realizadas na Páscoa, no dia do estudante, no dia da árvore e no
aniversário do Centro Liceista. Também fazia parte do universo escolar os concursos de
81
poesia, pintura e desenho promovido pelo Centro Liceista e publicados no jornal,
procurando estimular o lado artístico dos estudantes.
Destaca-se, também, a participação dos estudantes do curso clássico no
campeonato interno das diversas modalidades esportivas promovidas pelo colégio. Há
muito tempo o curso clássico não conseguia ter ―número suficiente de atletas para
compor as equipes disputantes das diversas modalidades‖ (O Liceu, set. 1958, p.4). Isso
mostra que no colégio, entre o curso clássico e científico, o científico tem o maior
número de alunos. A participação do colégio nos eventos da cidade também fazia parte
do seu cotidiano, como foi o caso do desfile dos liceistas na Olimpíada e na Parada da
Juventude, bem como a participação de integrantes do Centro Liceista no II Congresso
Maranhense de Estudantes Secundaristas em São Luís.
Pode-se constatar que a vida escolar do Colégio de São Luiz e do Liceu
Maranhense, demonstrada nos impressos estudantis, tem em comum os acontecimentos
esportivos em que os estudantes se envolviam, dentro ou fora dos estabelecimentos
escolares. Outra constatação é a forma de chamar atenção dos estudantes. Casasanta
(1939, p.105), nas suas prescrições, apresenta o humor, dentro da organização de um
impresso, como uma das formas utilizadas para criticar um estudante e, por isso, deve
ser de forma leve, para não ofender a pessoa criticada; a crítica deveria ser ―motivo,
apenas, de diversão‖. Porém, essa postura de criticar através do humor não apareceu nos
impressos analisados.
82
Capítulo 3
SÃO LUÍS EM MEADOS DO SÉCULO XX
A virada do século XIX para o século XX, em São Luís, foi marcada pelos
efeitos da crise da economia agroexportadora. As alterações econômicas chamaram
atenção dos poderes do estado e do município, ―ficando os serviços públicos distantes
das prioridades dos governantes da capital maranhense, desinteresse que, de uma
maneira geral, marcou a Primeira República‖ (SOUSA, 2012 p.99). Diferentemente do
que aconteceu em outras capitais brasileiras, nas quais, nas primeiras décadas do século
XX, administradores públicos implementaram políticas de modernização, em São Luís
isso não ocorreu. As significativas mudanças ocorreram nas décadas de 1930 e 1940.
Não podemos esquecer que esse período foi marcado, no país, pela chamada ―Era
Vargas‖ e no Maranhão isso ficou evidente, ―sobretudo, na esfera política, com a
presença de sucessivas intervenções federais no governo‖ (CORRÊA, 2012, p.68),
levando a uma crise política no estado que atingiu a sociedade nos aspectos econômicos
e sociais. Porém, toda essa instabilidade política se encerra com a chegada do
interventor federal, o maranhense Paulo Martins de Souza Ramos, ao governo do
estado. Esse interventor federal irá governar de 1937 até 1945, período em que o
Maranhão enfrentava epidemias, possuía poucas escolas, era deficiente na oferta de
hospitais. Grande parte da população vivia no meio rural, cuja economia era de
subsistência (BOTELHO, 2007, p.179). Seu governo baseou-se, segundo historiadores
maranhenses, na política de ―cooptação‖ de intelectuais para atuação na administração
pública do estado. Desse modo:
Paulo Ramos, interventor, de novembro de 1937 a março de 1945,
iniciou um processo de reestruturação e expansão administrativa da
máquina estatal, ao mesmo tempo em que manteve distantes as velhas
oligarquias do Estado e promovia a cooptação de intelectuais para a
composição da burocracia estatal. (CORRÊA, 2012, p.68)
Nessa fase política, os intelectuais vislumbravam o ―renascimento‖ de um tempo
perdido de outrora. O então interventor federal Paulo Ramos nomeou, em 1941, para
Diretor da Instrução Pública o professor Luiz de Moraes Rêgo, que procurou, no
exercício de sua função, expandir o ensino primário no interior do Maranhão, além de
incentivar a produção de impressos por parte de professores e alunos, pois, para ele,
essa produção fazia parte da formação de ambos. O relato de seu empenho na direção da
83
Instrução Pública do Estado é verificado no seu relatório do ano de 1941, apresentado
ao interventor federal Paulo Ramos. Além disso, no livro Memorial Balsense, de
Raimundo Floriano, verifica-se a relação da criação de um grupo escolar na cidade de
Balsas, interior do estado, com o período de permanência do professor Luiz Rêgo na
Diretoria da Instrução Pública:
Luiz Rêgo empenhou-se no mister de plantar Grupos Escolares
Estaduais em todas as cidades maranhenses onde elas só existiam nas
esferas municipal ou particular. Assim, nasceu em Balsas aquele que,
mais tarde, seria denominado Grupo Escolar Professor Luiz Rêgo.
(FLORIANO, 2014, p.62)
Ainda nesse período, em particular na capital São Luís, as políticas de
modernização do espaço urbano – que em algumas capitais brasileiras já havia ocorrido
no início do século XX – foram discutidas e executadas com algumas alterações nas
áreas mais antigas da cidade. Logo, com a implantação de um plano de reforma urbana
na cidade, seguindo a ―onda modernizadora‖ iniciada na Era Vargas, os representantes
do governo estadual ou do governo municipal procuravam dar uma nova fisionomia
para a capital maranhense e expor tais medidas em relatórios e jornais da época,
conforme Juliana Barbosa (2005, p.23) demonstra em sua monografia denominada
“PELA HORA DA MORTE”: Os efeitos da Segunda Guerra Mundial no custo de vida em
São Luís:
Em diversas reportagens de jornais e fala dos governadores se observa
que a preocupação primordial do governo era com o enquadramento
de São Luís no molde das cidades modernas, daí a elaboração de um
plano de reformas urbanísticas que visava dar uma nova fisionomia
para a cidade.
Mais uma vez, os jornais são utilizados como meio de distribuição de ideias e
ações para construção da imagem positiva dessas mudanças urbanas. As ações políticas
tardias possibilitaram a conservação da arquitetura mais antiga da cidade e, ao mesmo
tempo, reforçavam ainda, no meio da intelectualidade, um culto ao passado glorioso e à
sua riqueza cultural erudita. Além disso, essas ações políticas ainda suscitaram debates,
tais como aquele pela conservação da arquitetura colonial devido ao valor dado à cidade
e outro contra a conservação dessa arquitetura, já que tal preservação associaria a cidade
ao atraso e ela ficaria fora dos moldes da modernidade.
Com o fim do Estado Novo e, consequentemente, com o fim do governo
estadual de Paulo Ramos, o debate girou em torno da liberdade e da democracia no país,
84
nas esferas política, econômica ou social. No caso maranhense, esse período foi
marcado por panorama político e cultural específico: ―foi a época dos lançamentos
literários e a arrancada para a terceira oligarquia do Maranhão28
‖ (RÊGO, 2010).
Durante a candidatura de Eurico Gaspar Dutra para presidente do país, Vitorino Freire
se tornou seu principal articulador no Maranhão, e ficou responsável direto pela
organização do PSD no estado, montando sua trajetória no poder até a década de 1960 e
influenciando na distribuição de cargos públicos, no controle dos partidos políticos e na
perseguição à oposição. Acreditava-se que os entraves econômicos e sociais que vivia o
estado faziam parte da política comandada por Vitorino Freire, considerado como
representante de um governo oligárquico ―caracterizado pelo mandonismo que se
refletia nos níveis econômico e político, estava marcado pela dominação dos coronéis e
dos seus correligionários‖ (PINTO, 1982, p.14). Assim, o poder político era regulado de
acordo com os interesses do então mandatário, que na época ocupava o cargo de
Senador da República pelo PSD, conseguindo, portanto, manipular o sistema político
maranhense pela sua articulação com o governo federal e com a cúpula nacional do seu
partido, sem contar sua ligação com o jornal Diário de São Luís (porta-voz do
vitorinismo) e a Rádio Timbira (emissora oficial do governo estadual), que
proporcionavam certo controle das informações sobre a situação política, econômica e
social do estado.
Diante da situação, as benfeitorias realizadas no estado chegariam por
intermédio de Vitorino Freire, através das concessões e favores, ou por uma política
paternalista, refletida na área educacional: ―Assim a construção de escolas, a nomeação
de pessoas para cargos do magistério, a liberação de verbas para o poder local,
dependem da força política dos controladores do poder‖ (PINTO, 1982, p.98). O
governo federal, por meio de convênios, estabelece ações a serem realizadas no governo
estadual e municipal, fazendo os governos ligados ao vitorinismo a promoverem
políticas educacionais direcionadas de cima. Desse modo,
No que se refere à construção de prédios escolares, contava o Estado
com recursos· oriundos de convênios mantidos com o Governo
Federal, através do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP).
Como se percebe, a política educacional não obedecia a um plano de
ação específico do Maranhão e talvez por isso também, estivesse na
28
Período marcado pela presença de Vitorino Freire, que congregou à sua volta os grandes
coronéis do Maranhão no cenário político maranhense. Mais informações em PINTO, 1982 e
COSTA, 2001.
85
dependência dos setores político e econômico, portanto neles
arrimada e a eles servindo. (PINTO, 1982, p.102)
Contudo, na oposição a Vitorino Freire encontrava-se o Jornal O Combate, que
publicou, em 13 de junho de 1951, um anúncio na primeira página informando que o
presidente da república, Getúlio Vargas, através do Ministério da Educação e Saúde,
teria aprovado a liberação de verbas para a campanha de educação para adolescentes e
adultos, uma forma de apresentar para a sociedade as ações que o governo estadual
deveria realizar. Além desse jornal, outro grupo de oposição era o PSP, associado ao
Jornal do Povo, que juntos tinham o apoio político e financeiro do líder nacional do
partido, Adhemar de Barros, possuindo amplas bases em São Luís.
[...] diretórios distritais, especialmente na periferia e no interior da
ilha. Estes diretórios, além das atividades político-partidárias, ainda
mobilizavam a população em torno das necessidades do bairro,
organizavam escolas primárias (a mais conhecida foi batizada de
―Adhemar de Barros‖, funcionando no bairro operário do Lira),
escolas de corte e costura, postos de saúde, salas de recreação,
torneios esportivos, cumprindo por estes meios o ―programa social‖
do PSP. (COSTA, 2001, p.34)
Nesse ínterim, em São Luís, ocorreu a greve de 1951, movimento urbano que
―girou em torno do poder exercido por Vitorino Freire que havia corrompido o processo
eleitoral, garantindo a vitória de seu candidato, Eugênio Barros‖ (BOTELHO, 2007,
p.183). A greve teve apoio de trabalhadores, estudantes, políticos e empresários da
cidade, bem como das ―Oposições Coligadas‖, aliança partidária que aglutinou em torno
de Saturnino Belo, então candidato às eleições de 1950, PSD, PR, PSP, PL, UDN e
PTB.
Nesse contexto, jovens escritores realizavam embates literários e de resistência
política através das organizações de grupos literários, com debates, produções literárias
em livros e revistas, além de publicações em jornais. Todo esse movimento de jovens
intelectuais tinha o intuito de fazer uma intervenção intelectual na realidade
maranhense, tanto no aspecto cultural quanto no político-econômico. Esses jovens
escritores ficariam conhecidos por ―Geração Maranhense de 45‖, principalmente devido
à participação que tiveram na vida literária da cidade – com a publicação da revista
Malazarte, já apresentada no capítulo anterior – e na vida política, destacando-se em
funções públicas do estado na década de 1960. Essa ―geração‖ foi composta pelos
seguintes nomes: José Tribuzi Pinheiro Gomes (Bandeira Tribuzi); José de Ribamar
86
Ferreira (Ferreira Gullar); José Carlos Lago Burnett (Lago Burnett); José Ribamar
Ferreira de Araújo Costa (José Sarney), Lucy Teixeira; Carlos Madeira, Domingos
Vieira Filho; Luis Carlos Bello Parga; Erasmo Dias; José Brasil; Franklin de Oliveira;
Osvaldino Marques e outros que fizeram parte desse universo de produções literárias.
Entre os integrantes desse grupo, José Sarney irá ascender na política maranhense,
chegando ao posto de governador do estado na década de 1960. Alguns de seus
companheiros de ―geração‖ integrariam sua equipe na administração do Estado29
. Essa
―Geração Maranhense de 45‖ será problematizada mais adiante. É com esse cenário que
se deparam as organizações estudantis em suas respectivas instituições de ensino.
3.1. As instituições escolares da cidade: o Colégio de São Luiz e o Liceu
Maranhense
O Colégio de São Luiz, estabelecimento de ensino primário e secundário, foi
fundado em 8 de setembro de 1934 e funcionou até a década de 1990. Seus fundadores
foram os professores Luiz Rêgo e Luiz Viana e, a partir de 1937, passou a ser
administrado pelo professor Luiz Rêgo. Essas informações aparecem nos jornais de
circulação na cidade e nos jornais estudantis30
que circularam na instituição. Além
disso, a escola, na figura do diretor administrativo, o professor Luiz Augusto Araújo de
Morais Rêgo, em 1966, redigiu um relatório solicitando ao Conselho Estadual de
Educação autorização para o funcionamento da Escola Normal naquele estabelecimento
de ensino. No referido relatório, consta a data da sua fundação e, em seu início, o diretor
assim destacava:
O Colégio de São Luiz é um educandário tradicional nesta Capital.
Fundado em 8 de setembro de 1934, pelos eméritos educadores Luiz
Viana e Luiz Rêgo e desde 1937 sob a direção e responsabilidade
deste último, tem preparado milhares de crianças, de jovens, rapazes e
moças, com a sua Escola Primária, reconhecida pelo Estado do
29
Alguns membros da ―Geração Maranhense de 45‖ que participaram do governo foram: Bello
Parga (diretor do Banco do Nordeste); Carlos Madeira (Juiz Federal); Domingos Vieira Filho
(diretor do Departamento de Cultura); Bandeira Tribuzi (membro Superintendência do
Desenvolvimento do Maranhão – SUDEMA) (MORAIS, 2012). 30
Esse histórico aparece no jornal Alvorada (1946), do Centro Liceista do Colégio do Estado
―Liceu Maranhense‖, e também no jornal Avante (1950), do Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz
Rêgo‖ – Colégio de São Luiz. Além disso, sua data de fundação é citada também no Dicionário
dos eEducadores do Brasil (2002) e no livro Cultura e educação (1980).
87
Maranhão, e com o seu Curso Secundário completo – 1o e 2
o ciclos
ginasial e colegial, reconhecido pelo Governo Federal.
[...]
Os responsáveis pelo Colégio de S. Luiz, inicialmente originado numa
modesta instalação de casa particular, à rua Rio Branco, esquina com
a Praça Odorico Mendes, tem primado em tornar o Colégio com a
melhoria crescente de suas instalações, cada vez mais aparelhado a
satisfazer ao programa que inspirou a sua formação e o seu
funcionamento. (Conselho Estadual de Educação, 1966, p.1)
Figura 21: Colégio de São Luiz, Rua Rio Branco, 41.
Fonte: Relatório do Conselho Estadual de Educação de 1966
O colégio foi fundado após decreto n. 19.890/1931 que estabelecia uma
organização no ensino secundário ―empreendida pelo ministro da educação Francisco
Campos, no início dos anos 1930, efetivada por uma série de decretos‖ (SOUZA, 2008,
p.147). Essa etapa de ensino teria uma duração de sete anos divididos em dois cursos. O
primeiro, o curso fundamental, foi distribuído em cinco séries e destinado à formação
geral do adolescente. O segundo, o curso complementar, distribuído em três
modalidades, o jurídico, os de medicina, farmácia e odontologia e os de engenharia e
arquitetura, com duração de dois anos respectivamente. Estes eram preparatórios para os
candidatos destinados ao ensino superior (SOUZA, 2008).
A Reforma Francisco Campos (1931) ―reafirmou a função educativa do ensino
secundário‖ (NUNES, 2000, p.44) ou, nas palavras de Dallabrida e Souza (2014, p.13-
4), a reforma ―conferiu, em nível legal, organicidade ao ensino secundário brasileiro por
meio de várias estratégias curriculares inovadoras‖, de caráter menos humanista e mais
científico, com ―espaço maior e inovador aos eixos das Ciências da Natureza e do
88
nacionalismo‖. Além disso, essa organicidade do ensino secundário teve como
propósito um maior controle do trabalho do docente e da participação do discente nas
instituições de ensino, seja no ensino público ou no particular. Assim descrevem os
autores:
O controle sobre os colégios foi coroado pela implementação do
serviço de inspeção aos estabelecimentos de ensino secundário, que
prescrevia ―inspeção preliminar‖ e ‖inspeção permanente ou
equiparação‖. Nos respectivos ―distritos de inspeção‖, os inspetores
federais zelavam pelo cumprimento dos dispositivos detalhadamente
explicitados no Decreto n. 19.890. (DALLABRIDA; SOUZA, 2014,
p.15)
O caráter disciplinar da reforma levou a uma maior permanência do estudante
secundarista na escola, com atividades escolares específicas, além de estabelecer um
sistema de avaliação de forma regular e não mais parcial, como ocorria antes. No
Colégio de São Luiz, o ensino secundário, durante a lei ―Francisco Campos‖, ofereceu o
curso fundamental aos candidatos aprovados no exame de admissão, como era
estabelecido pela referida lei. Além disso, a escola organizava suas turmas de forma
mista, feminino e masculino, e também existiam turmas especificas, só feminina e só
masculina, algo que era previsto por lei. Entre essas singularidades do colégio, no início
do seu funcionamento, estava a produção do jornal escolar. É preciso ressaltar que ―o
jornal escolar não é uma inovação‖ (CASASANTA, 1939, p.38) nas instituições
escolares desse período, pois ―alunos de determinadas escolas, desde fins do século
XIX, editaram vários periódicos‖ (AMARAL, 2002, p.123). Logo, o Colégio de São
Luiz, tendo como diretor o professor Luiz de Moraes Rêgo, defensor dos ideários da
Escola Nova, não deixaria de produzir seu impresso escolar, visto que na época este era,
segundo Casasanta (1939), uma atividade que auxiliava a tarefa da educação.
Portanto, no ano de 1936, circulou o jornal escolar Aurora31
, com publicações de
alunos do curso primário e secundário, sob a direção dos professores Luiz Viana e Luiz
Rêgo e com a colaboração dos professores do colégio. Os redatores acreditavam que
―num colégio, o jornal contribui para o seu progresso‖ (Aurora, 30 maio 1936). As
publicações apresentavam, na sua grande maioria, a vida escolar, com divulgações das
atividades escolares, nome do corpo docente do colégio, resultados das avaliações,
31
Localizado no acervo da Biblioteca Pública Benedito Leite do Estado do Maranhão, sendo os
exemplares de 1 a 5, de maio a setembro de 1936. Não há informação do período da sua
existência.
89
textos literários, homenagens etc. Ao que tudo indica, o jornal parecia fazer parte do
material escolar, pois se verificou na edição de número quatro uma nota de avisos aos
pais. Entre esses avisos, há um esclarecimento a respeito do jornal: ―O jornal Aurora sai
mensalmente. É escrito e custeado pelos alunos. A quota de cada aluno, para a
manutenção do jornalzinho, é de 500 reis mensais, a qual vai incluída no recibo de
mensalidade. Todo aluno tem direito a um exemplar do jornal‖ (Aurora, 17 ago. 1936,
p.8).
O jornal Aurora (1936) foi ao encontro de uma das prescrições de Casasanta
(1939, p.37), pois tinha ―por objetivo vitalizar os trabalhos, imprimir-lhes movimento,
cooperar para que os programas tenham a eficácia educativa que deles se espera‖. Nas
décadas seguintes, o Colégio de São Luiz continuará com as publicações de impressos
estudantis, porém produzidos por estudantes através de seus órgãos estudantis.
Na década de 1940, já na conjuntura política do Estado Novo, o ensino
secundário mais uma vez é alvo de reformas. O ministro da Educação e Saúde Gustavo
Capanema institui a Lei Orgânica do Ensino Secundário pelo Decreto-lei n. 4.244, de 9
de abril de 1942, dividindo o ensino secundário em dois ciclos. O primeiro ciclo,
denominado de ginasial, constituía um curso de formação geral ao adolescente, com
duração de quatro anos. O segundo ciclo, com duração de três anos, dividia-se em dois
cursos, o clássico e o científico. O Colégio de São Luiz, a partir dessa nova
configuração educacional para o ensino secundário, irá oferecer o ginásio e o curso
científico32
nos turnos diurno e noturno. Porém a nova lei ―interpunha-se contra a
coeducação indicando salas separadas para homens e mulheres em escolas frequentadas
por ambos os sexos‖ (SOUZA, 2008, p.179), ao contrário da lei anterior. Entretanto, no
Colégio de São Luiz, as turmas continuavam de forma mista, salas com público
feminino e masculino, mas também existiam turmas só femininas e só masculinas.
Além dessas mudanças, a nova lei motivou as escolas de ensino secundário a
criarem órgãos escolares que favorecessem o desenvolvimento da vida escolar no que
tange à formação de um espírito autônomo, cultural, participativo e recreativo. Nesse
caso, uma das formas de percepção dessa vida escolar proposta por lei pode ser
encontrada nas ações estudantis através dos seus jornais, geralmente publicados pelos
32
Não há registros nos arquivos da Supervisão de Inspeção Escolar do Estado do Maranhão de
documentos que indiquem a existência do curso clássico no Colégio de São Luiz.
90
grêmios estudantis ou centros culturais, com notícias quanto à realização de eventos
literários e esportivos ocorridos nas escolas. Surgiram, então, na década de 1940, no
Colégio de São Luiz, órgãos estudantis como o Grêmio Oficial ―Gonçalves Dias‖ em
1943, o Centro ―João Lisboa‖ da 4a série ginasial e, em 1949, o Grêmio Cultural e
Recreativo ―Luiz Rêgo”.
O Liceu Maranhense foi criado pela lei n. 77 de 24 de julho de 1838 e
equiparado ao Colégio Pedro II em 9 de março de 1917. Tendo como diretor na época
de sua fundação Francisco Sotero dos Reis, homem de destaque das letras e da política
na cidade, pertencente à primeira geração da chamada Atenas Brasileira. Desde a sua
fundação até a República, o Liceu Maranhense, primeiro colégio público de ensino
secundário e exclusivo para o sexo masculino, teve seu primeiro local de funcionamento
o andar térreo do Convento do Carmo. Sua atual instalação foi inaugurada em 1941 na
Praça Deodoro, centro da cidade, antigo local onde funcionava o Quinto Batalhão de
Infantaria do Exército. O ensino ministrado nesse colégio, inicialmente, servia como
curso preparatório para que os filhos da elite da sociedade maranhense pudessem ser
encaminhados para os estudos de nível superior, sendo essa sua principal marca, mesmo
depois das reformas que procuravam diminuir o caráter literário e propedêutico do
ensino secundário.
Na década de 1950, o Liceu Maranhense era denominado de Colégio Estadual
do Maranhão, como era chamado o estabelecimento de ensino secundário ―destinado a
dar, além do curso próprio do ginásio, os dois cursos de segundo ciclo‖ (Artigo 5o,
parágrafo 2o, BRASIL, 1942). Mesmo institucionalmente denominado de Colégio
Estadual do Maranhão, ainda permanecia a popularidade do nome Liceu Maranhense,
principalmente no interior do colégio, onde os alunos chamavam-se de ―liceistas‖ e
intitulavam também as suas agremiações estudantis de ―liceistas‖: o Grêmio Liceista e o
Centro Liceista. Atualmente, sua denominação é de Centro de Ensino Liceu
Maranhense e iremos nominá-lo neste trabalho de Liceu Maranhense, como é chamado
até hoje.
O Liceu Maranhense oferecia o curso ginasial e os dois ciclos do colegial, o
clássico e o científico, nos turnos diurno e noturno. Além disso, as turmas eram
divididas em femininas, masculinas e mistas. Nesse período, através do Grêmio e do
Centro Liceista, foram lançados impressos estudantis e suas produções refletiam ―as
91
demandas das instituições e/ou grupos que os produziram‖ (ALVES et al., 2013, p.88).
Sobre o grêmio liceista, a sua história encontra-se, de forma ficcional, na obra literária
Vencidos e degenerados, de 1915, do escritor maranhense José do Nascimento
Moraes33
. Uma crônica da vida de São Luís do Maranhão em fins do século XIX e
começo do século XX, com críticas à sociedade da época. Vejamos parte da crônica que
destacava o grêmio:
[...] E, como houvesse marasmo literário no Maranhão, dormindo as
letras um sono condenador, depois de tantas lutas, e tanta atividade, o
Grêmio Gonçalves Dias foi uma nota saliente na vida pacata de São
Luís. [...] A fundação do Grêmio foi assunto predileto das rodas;
falava-se nele nos bailes e nas tavernas, falavam grandes e pequenos;
e ainda mais se falou, quando a diretoria do Grêmio, reunida, visitou
as redações dos dois jornais diários da capital, comunicando-lhes que
tinha ficado resolvido em sessão, que todas as reuniões ordinárias do
Grêmio cada sócio defenderia uma tese, que seria tirada à sorte na
sessão anterior.
[...]
Combinada e votada que foi a criação do jornal que se chamou, por
indicação do velho Bento, O Campeão, uma comissão levou o fato ao
conhecimento dos jornais.
[...] os lentes do Liceu não olhavam com bons olhos para os gremistas;
procuravam até os prejudicar nos exames. A verdade, porém, é que
eles iam fazendo os atos e avançando nos estudos. [...] Aqueles
rapazinhos com o tal Clube iam longe. Muitas casas já lhes abriam as
portas. (MORAES, 2000, p.103-4; 106-7).
No que tange ao Centro Liceista, Castro e Castellanos (2008), em artigo ―A
imprensa educacional liceistas do Maranhão na primeira república‖, destacaram três
impressos estudantis que circularam na cidade de São Luís em momentos distintos da
primeira fase da república brasileira com a intenção de dar visibilidade aos discursos
dos alunos do Liceu Maranhense. Esses jornais servem como meio de entender o
movimento estudantil maranhense e são eles: A Inúbia (1914) e o Lábaro (1921), da
33
Foi Jornalista, cronista e professor, destacando-se na literatura, na educação e na imprensa
maranhense da primeira metade do século XX. José do Nascimento Moraes nasceu em 19 de
março de 1882 em São Luís do Maranhão e faleceu na mesma cidade aos 76 anos a 21 de
fevereiro de 1958. Filho de Manuel do Nascimento Moraes e de Maria Catarina Vitória, entre
1897 e 1899 finalizou seus estudos no Liceu Maranhense, voltando como professor em 1914.
(GOMES, 2015). No prefácio de Vencidos e degenerados, Nauro Machado relatou: ―A extensão
do homem como gerador crítico do meio em que vive, possuiu-a Nascimento de Moraes em
grau superior e dinâmico, sobretudo por ser ele vítima dos preconceitos que se lhe antepunham,
como sujo carvão ou agudas facas, muitos dos seus coestaduanos diminuídos pelo que liam
saído da pena de um homem de cor, e mais grave ainda para eles, filho de um pobre e analfabeto
sapateiro‖ (MACHADO, 2000).
92
União Estudantil Maranhense – grêmio liceista, e A Voz do Liceista (1936), do Órgão
Oficial do Centro Liceista. Os autores, ao analisarem o impresso A Voz do Liceista,
apresentaram o Centro Liceista como uma agremiação fundada no mesmo ano da
publicação do seu impresso e que se dedicava ―à promoção de sessões cívicas que, no
entender do seu diretor, era uma forma de manter o nacionalismo‖ (CASTRO;
CASTELLANOS, 2008, p.11). A redação do periódico recebeu apoio do diretor do
Liceu Maranhense, o professor Mata Roma, que lhe concedeu ―condições físicas e
materiais para o exercício de suas atividades‖ (CASTRO; CASTELLANOS, 2008
p.11). Essa confirmação de data apareceu em outro jornal do Centro Liceista, O Liceu,
de abril de 1957, ao ser anunciado que no dia 2 de maio daquele ano o Centro Liceista
comemorava 21 anos de existência, ou seja, foi fundado em 1936, ano de publicação do
impresso A Voz do Liceista.
Figura 22: Liceu Maranhense em 1949, por Josy Ribeiro.
Fonte: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/fotografias/GEBIS%20-
%20RJ/ma34891.jpg>.
Cabe destacar que os estudantes do Liceu Maranhense tiveram participação ativa
em alguns momentos da cidade. Um bom exemplo é a participação dos alunos na greve
de 1951, que ocorreu na cidade por causa do resultado das eleições de 1950. O Jornal
do Povo, periódico local, publicou na sua edição de agosto de 1950 a participação dos
estudantes do Liceu Maranhense na Frente da Juventude Populista do PSP – movimento
de apoio à candidatura de Getúlio Vargas para a presidente e Saturnino Bello para
governador do estado, em oposição ao candidato do senador Vitorino Freire. Assim, o
Liceu Maranhense, além de ser conhecido como primeira escola de ensino secundário
93
do Maranhão, tinha entre suas características a formação de seus estudantes para
atuarem dentro e fora da escola.
3.2. São Luís: entre luzes e contradições de uma geração
Durante o levantamento bibliográfico da pesquisa sobre o movimento literário e
político que ocorreu em São Luís no final da década de 1940 e com ascensão nos anos
de 1950 e 1960, chamado de ―Geração Maranhense de 45‖, foram constatadas diferentes
definições, seja na forma de construir ou de discutir tal ―geração‖. Para Wagner Cabral
da Costa (2001, p.65), historiador e professor da Universidade Federal do Maranhão,
―essa geração foi geralmente representada como ‗portadora de um projeto coletivo para
o Maranhão‘ e ‗somatório do gosto literário e da preocupação com os problemas
econômicos e sociais‘ (sua nova tônica)‖. Desse modo, ―geração‖ para o autor significa
uma representação simbólica construída socialmente para cada grupo de escritores
dando sua contribuição para a Atenas Brasileira. Seguindo a discussão sobre a
―geração‖, Maria de Fátima da Costa Gonçalves (2000, p.92), professora da
Universidade Federal do Maranhão, faz a seguinte assertiva:
É dado sempre às chamadas ―gerações do Maranhão‖ um lugar que
definem como um dispositivo no campo político ou campo intelectual
que pode converter trajetórias da história do Maranhão: como se
estivesse reservado a essas ―gerações‖, autodefinidas e
autoconsagradas em campos distintos, o papel de reabilitar o
Maranhão, segundo as representações dos agentes sociais sobre um
passado.
Além disso, autores maranhenses utilizam expressões singulares para classificar
esse movimento literário. Rossini Corrêa (1989, p.50) o como ―a mais complexa do
Brasil, umbilicalmente relacionada com o modernismo hipertardio, com o pós-
modernismo retardado e com o neomodernismo heterodoxo‖. No artigo ―A cidade de
símbolos e projetos: ‗a Ponte da Esperança‘ e o nascimento da ‗cidade nova‘‖, de
Natércia Crystina Freitas Morais (2012, p.217), a ―Geração de 45‖ é vista como
colaboradora da política maranhense na década de 1960:
Um instrumento importante do governo Sarney para conseguir seus
objetivos foi o apoio de intelectuais da chamada ―geração de 45‖, da
qual foi participante, para respaldar o seu discurso que era também o
ideal daquela geração.
94
A ideia de modernização da sociedade maranhense foi lançada pela
―geração de 45‖, que se dizia preconizadora desse projeto e da qual
José Sarney fazia parte.
Porém, em sua pesquisa Poesia no Poder: a trajetória político-literária de
Bandeira Tribuzi em São Luís nos anos 60, Paulo Henrique dos Santos Moraes (2012,
p.20-1) não se apropria da expressão ―Geração de 45‖ para denominar o grupo de
Bandeira Tribuzi:
A geração a que pertence Bandeira Tribuzi teve inicio com
publicações e movimentos culturais nos anos 1940, e também se
utilizou do discurso da Atenas para referendar sua importância,
sobremaneira, vinte anos depois, quando José Sarney foi lançado ao
posto de governador do estado e também presidente da Academia
Maranhense de Letras.
A evocação da tal geração também é recorrente na imprensa corrente atual. No
suplemento cultural e literário Guesa Errante, do Jornal Pequeno, a poetiza maranhense
Rosemary Rêgo escreveu um texto classificando o grupo de ―A geração de 45‖ ou de
Movimento da Movelaria Guanabara, pois, para a poetiza, ele dinamizou ―o contexto
literário da capital maranhense‖. Entre as informações que a autora dá a respeito do
movimento, podemos observar o destaque dado a um dos seus integrantes, Ferreira
Gullar, como portador da memória daquela geração.
Os integrantes dessa geração, além do talento literário, desenvolveram
aptidões para o jornalismo, rádio e alguns chegando, inclusive, a
exercer cargos políticos. Ferreira Gullar é um dos remanescentes da
Geração de 45 que mantém viva a memória daquele tempo de
esplendor literário. (RÊGO, 2010, p.2)
Em O Imparcial de 30 de abril de 2015, em comemoração de seus 89 anos, a
redação realizou uma entrevista com o ex-senador José Sarney que foi um convite a
relembrar a época em que havia trabalhado nesse jornal e, ―sobretudo, sobre a criação
do suplemento cultural Letras e Artes [...] em 1950, quando passou a exercer o cargo de
chefia do Jornal e do referido suplemento‖. Em uma breve exposição de sua trajetória
como escritor e político, o jornal identificou a participação de José Sarney em um
movimento literário maranhense, sem nomear esse movimento de ―geração‖.
Em 1953 Sarney bacharelou-se pela Faculdade de Direito do
Maranhão, época em que ingressou na Academia Maranhense de
Letras. Ao lado de Bandeira Tribuzi, Luci Teixeira, Lago Burnet,
Bello Parga, José Bento e outros escritores, fez parte de um
movimento literário difundido por meio da revista que lançou o pós-
modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores. (O
Imparcial, 30 abr. 2015)
95
Na introdução do livro Governo e o povo (1970), de José Sarney34
, a expressão
utilizada para denominar o grupo é ―Geração de 50‖. Uma forma de legitimar as
mudanças que realmente ocorreram nos aspectos culturais e políticos a partir da geração
da qual ele fazia parte.
É nesse pequeno e deprimente universo que acontece, para
desempenhar um papel decisivo, no Maranhão, aquela que poderíamos
chamar, à falta de melhor designativo comum, a Geração de 50,
porque é a partir desta década que começa a marcar sua presença forte
no cenário maranhense até que, em 1965, através daquele que melhor
lhe sintetiza a soma do gosto literário e a preocupação – que é a sua
nova tônica – pelos problemas econômicos e sociais, chega ao poder,
com a eleição, para governador do estado, de José Sarney e a
constituição de sua equipe de administração.
[...]
A José Sarney, deputado federal aos 24 anos, caberia o papel de
realizar a mais decisiva presença da Geração, pela sua dupla qualidade
de escritor de talento e político de êxito fulgurante que, em 1965, na
maré alta de memorável campanha cívica em que percorreu o estado
inteiro levantando a bandeira do Progresso com Justiça Social, haveria
de destroçar a velha e corrupta máquina administrativa e, com apenas
35 anos, chegar ao poder para nele consumar aquele mesmo idealismo
realista que comungava há tantos anos com seus companheiros de
geração que integraria em sua equipe para produzir no seu estado uma
administração de novo tipo que tanta gente já tem apontado como
―milagre maranhense‖. (SARNEY, 1970, p.3)
Essa discussão sobre ―geração‖ encontra-se nas bibliografias de referências, mas
também em obras que destacam a existência e a importância desse movimento literário
e político para a cidade de São Luiz e para o Maranhão. Na imprensa local, temos dois
textos que se posicionam de forma distinta. O Jornal Pequeno titula esse movimento de
―geração de 45‖ sem enaltecer um ou outro participante. O Imparcial destaca, na figura
de José Sarney, esse movimento literário, enaltecendo sua trajetória. Além disso, o
próprio José Sarney, no citado livro Governo e o povo, pontua sua posição sobre a
geração apresentando-se como porta-voz do grupo.
No campo da história, Sirinelli (1996), ao apresentar o estudo sobre os
intelectuais a partir da experiência francesa, utilizou as categorias de itinerário, geração
e sociabilidade para a compreensão do movimento dos intelectuais. Não se pretende
nessa pesquisa fazer um estudo no campo da história dos intelectuais, mas apropriar-se
34
O livro reúne discursos de José Sarney durante sua gestão como governador do Maranhão.
96
dessas categorias, particularmente geração e sociabilidade, para análise das práticas
sociais das chamadas ―gerações‖ de uma determinada época.
Assim, segundo análise de Sirinelli (1996), deve-se observar o itinerário não
apenas dos ―grandes intelectuais‖, mas os que tiveram importância em determinada
época, ou seja, os ―despertadores‖, conhecidos ou não. É mais fácil compreender o
caminho dos ―despertadores‖, pois estes ―representaram um fermento para as gerações
intelectuais seguintes, exercendo uma influência cultural e mesmo às vezes política‖
(SIRINELLI, 1996, p.246). Além disso, a análise do itinerário de um ―despertador‖,
segundo Sirinelli (1996, p.246), ―pode ocultar dentro de si um outro, que marcou uma
geração antes‖. Portanto, os estudos sobre itinerário apontam uma análise da
organização dos grupos de intelectuais vindos de uma ―matriz comum‖, mas com
trajetórias particulares que precisam de cuidados quanto à sua interpretação.
Para o entendimento da constituição do meio intelectual, ou seja, do ―pequeno
mundo estreito‖ que forma ―redes‖ através dos laços ali constituídos, Sirinelli utilizou a
categoria sociabilidade. Podemos afirmar que revistas são exemplos que se encaixam
nas categorias de sociabilidade e rede apresentadas por Sirinelli. Elas concentram forças
de adesão ou exclusão de opiniões em torno da sua produção. Assim, a revista, na
conclusão de Sirinelli (1996, p.249), ―é antes de tudo um lugar de fermentação
intelectual e de relação afetiva, ao mesmo tempo viveiro e espaço de sociabilidade‖.
Além das revistas, os jornais também são espaços de sociabilidade, pois o termo é
proposto por Sirinelli para entender o funcionamento das estruturas de grupos de
intelectuais que sustentam a união de seus membros através de laços que se originam
nos estudos, muitas vezes compondo as ―redes‖ de intelectuais na fase adulta, ou unidos
em defesa de ideais comuns de uma determinada época.
Os participantes da ―Geração Maranhense de 45‖ compartilharam ainda como
estudantes da experiência de publicação em jornais estudantis. Por exemplo, José
Sarney e Lago Burnett, na época de estudantes, publicavam no jornal estudantil
Alvorada (1946)35
. Lago Burnett, além de publicar nesse jornal, dirigiu o jornal
estudantil O Clarim (1946)36
, ambos do Colégio do Estado (Liceu Maranhense).
35
Jornal estudantil do Centro Liceista com publicações de artigos científicos, literatura e
informes sobre educação. Buscava manter a tradição maranhense das letras. 36
Jornal estudantil independente com literatura e informes sobre educação.
97
Portanto, nesse caso, os jornais, mesmos os estudantis, ―são ambientes de sociabilidade
entre pares, espaços de visibilidade de determinados grupos e de silenciamento de
outros‖ (CAMPOS, 2012, p.64). Uma forma de dar visibilidade ao grupo que produzia
esses periódicos estudantis era a ocupação de espaço em algum órgão da imprensa local.
Tanto o jornal estudantil Alvorada (1946) quanto o jornal estudantil O Clarim (1946)
ocuparam esse espaço, como podemos observar no jornal O Combate (1946) e no
Diário de São Luiz (1946), nos seguintes anúncios, respectivamente:
Jornais de Estudante
―O CLARIM‖ – Temos sobre a nossa mesa de trabalho o primeiro
número desse interessante órgão da imprensa estudantil, que se está
editando, sob a direção de Burnett Lago.
―ALVORADA‖ – Recebemos mais um número do órgão oficial do
Centro Liceista com variada colaboração. (O Combate, 16 jul. 1946)
Alvorada
Circulou, ontem, nesta capital, o n. 4 do jornal Alvorada, órgão oficial
do Centro Liceista, tendo como diretores os jovens estudantes
Reginaldo C. Teles de Souza e Ubirajara Rayol.
De feição agradável e bem impresso, trazendo magnífica colaboração,
Alvorada vencerá galhardamente. (Diário de São Luiz, 16 jul. 1946,
p.5)
Além disso, esses jornais recebiam artigos de integrantes do Centro Cultural
Gonçalves Dias, uma agremiação cultural fundada em 1945 e lugar de sociabilidade
para muitos estudantes e professores, onde se discutia arte e literatura, além da
realização de eventos culturais na cidade. Sobre o Centro Cultural Gonçalves Dias o
jornal O Combate (1945) publicou:
Esteve, hoje, em nossa redação uma comissão do Colégio do Estado
[...] que nos veio convidar para assistir, amanhã às 8 horas no Palácio
da Educação, a inauguração do Centro Cultural Gonçalves Dias.
A iniciativa de jovens estudantes do Colégio do Estado merece, pois,
os francos elogios dadas as finalidades da novel agremiação que visa o
alevantamento cultural dos alunos do tradicional estabelecimento de
ensino do Maranhão ora dirigido pelo prof. Mata Roma. (O Combate,
8 ago. 1945, p.1).
Ademais, o Centro Cultural Gonçalves Dias, no contexto da década de 1940,
surgia, em São Luís, como alternativa para enfrentar o ―marasmo‖ cultural que pairava
na cidade. Nas palavras de Corrêa (1989, p.66) o Centro Cultural foi organizado:
98
Para rebater o marasmo, os mestres de cultura e a mocidade
intelectual, [...], procuraram a organização de uma instituição
participante, capacitada à promoção da reanimação cultural, como
mecanismo de garantia de salvaguarda da tradição literária estadual,
que possibilitasse, em consequência, a produção e reprodução
continuadas do contexto adequado ao surgimento de componentes
renovados da intelectualidade, responsáveis pelos debates e pelas
alternativas vindouras.
Mas, apesar de aglutinar pessoas em torno da causa literária, a movimentação de
ideias no Centro Cultural Gonçalves Dias convergiu para tensões entre seus integrantes,
ocorrendo a exclusão de alguns deles por divergirem nos debates e nas ações do Centro,
principalmente com a presença de Bandeira Tribuzi, recém-chegado de Coimbra com
ideias novas, divulgando nomes do modernismo brasileiro. A dissidência ocorreu
quando Bandeira Tribuzi, contrariando ao regulamento, ausentou-se sem justificativa
dos encontros obrigatórios, sendo afastado do Centro Cultural e levando com ele outros
integrantes, como José Sarney, Lago Burnett, Erasmo Dias etc., além de aglutinar outros
colaboradores na produção de impressos para a difusão das novas ideias. Aliás, na visão
de Corrêa (1989, p.77), com o afastamento de Tribuzi do Centro Cultural ―se processou
um rompimento pacífico: foi a retirada silenciosa de um temperamento discordante, que
afirmava uma concepção particular do fenômeno poético‖. Desse modo, os integrantes
que romperam com o Centro Cultural Gonçalves Dias começaram a fazer seus debates
na Movelaria Guanabara, que se transformou em lugar de ―sociabilidade de
microcosmos intelectuais‖ de uma geração de jovens da cidade de São Luís.
Voltando à ideia de geração, Sirinelli (1996) afirma ser não apenas a transmissão
cultural que uma classe de certa idade recebe de outra, no sentido de um legado que
deve ser cultivado ou retomado, mas também a existência da sua autonomia. Nessa
perspectiva, o meio intelectual toma como referência para a definição do seu processo
embrionário um acontecimento fundador para marcar a existência dos seus primeiros
anos e assim formar uma memória coletiva de uma geração. Portanto, ―ao mesmo tempo
o inato e o adquirido‖ (Sirinelli, 1996, p.255) marcam uma dada geração. Entende-se
que o grupo maranhense chamado de ―Geração Maranhense de 45‖ representou uma
geração que recebeu um legado, mas que se definiu a partir de um acontecimento
fundador, o rompimento com o Centro Cultural Gonçalves Dias e os debates e
articulações na Movelaria Guanabara, através da produção de revistas e publicações em
jornais.
99
Essa geração, além de expressar suas ideias, criou em torno de si uma imagem
de grupo formado por modernos artistas e escritores da cidade, imagem reforçada
através da imprensa local, como os noticiários que saíram sobre o lançamento da revista
Malazarte (1948). Um desses noticiários caracterizava o grupo da revista como
―consagrados nomes da nova geração intelectual do Maranhão‖ (Diário de S. Luiz, 31
jul. 1948). Podemos relacionar essas informações com o processo de representação que
os intelectuais constroem de sua imagem, ―pois, além de deterem competência para
operar com a palavra, com o discurso, ocuparam púlpitos socialmente valorizados na
imprensa, no Estado, nas instituições de ensino e nos círculos de cultura‖ (VIEIRA,
2008, p.74). Nesse caso, a construção da imagem do grupo na época foi realizada nas
produções literárias e nos jornais da cidade, sendo posteriormente reproduzida na
historiografia local.
Porém, essa imagem construída em torno da memória de uma geração de jovens
escritores que marcaram uma fase de agitações culturais e políticas no Maranhão foi
contestada pela historiadora Ligia Teixeira37
, em texto publicado no Jornal Pequeno,
versão on-line, em 16 de dezembro de 2014. Para a historiadora, essa memória foi
construída por José Sarney quando era governador do Maranhão; ele teria cooptado
―intelectuais para publicarem livros e propagarem na mídia chapa branca a existência de
uma tal geração 45‖. Sua argumentação é fundamentada pelo contexto do envolvimento
de José Sarney nessa geração: a autora afirma que, nos anos de 1940, Sarney teria se
infiltrado ―no chamado grupo da Movelaria Guanabara, que reunia intelectuais
opositores ao domínio vitorinista no estado‖. Sua justificativa em dizer que Sarney era
infiltrado deve-se ao fato de que, segundo ela, ―Sarney e seu pai – desembargador
Sarney Costa, que comandava fraudes eleitorais no estado – eram aliados ferrenhos do
vitorinismo‖. Enfim, a repercussão da imagem de um grupo de jovens escritores que
despontaram no final da década de 1940 como movimento literário que revelou
Bandeira Tribuzi, Ferreira Gullar e o próprio Sarney como protagonistas da invenção do
modernismo maranhense reflete a imagem que o próprio Sarney construiu de sua
trajetória.
37
Ligia Teixeira tem um blog na página do Jornal Pequeno on-line.
100
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, foi analisada a atuação dos estudantes organizados em
agremiações estudantis na cidade de São Luís – capital do estado do Maranhão – em
duas instituições escolares. O corpo discente dessas escolas, no período aqui estudado,
está inserido no contexto de jovens escritores que constituem um grupo de intelectuais
que dinamizaram o ambiente cultural maranhense a partir dos anos pós-segunda guerra
mundial, com inserção na política estadual. É recorrente na literatura acadêmica,
jornalística e literária esse grupo aparecer como ―Geração de 45‖, ou ―Geração de 45
Maranhense‖, por serem considerados os percussores do modernismo no estado,
chegando a atuar nas esferas públicas do poder estadual.
Vale lembrar que esses jovens escritores tiveram sua formação inicial no Centro
Cultural Gonçalves Dias, criado para a revitalização da produção literária na cidade,
reacendendo na juventude o renascimento do passado glorioso da Atenas Brasileira.
Houve uma tensão nesse centro entre seus participantes, o que resultou na formação de
um grupo dissidente, chamado depois de ―Geração Maranhense de 45‖. Desse modo,
essa chamada ―geração‖, mesmo se autointitulando porta-voz do modernismo
maranhense, está cumprindo com seu ideário de renovação da Atenas Brasileira, ou
seja, inserir as publicações literárias maranhenses no circuito nacional e sua atuação
política nas esferas governamentais, como outrora os expoentes literários e políticos da
Atenas Brasileira fizeram. Constata-se que o grupo se apresenta como um marco inicial
para aspectos modernos nas letras e na política, mas fica patente a tradição de um
passado dedicado à produção literária através da ideia de Atenas Brasileira.
Os estudantes organizados nas suas respectivas agremiações estudantis, nos
grêmios do Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense, publicavam uma escrita
convocatória entre os estudantes para as responsabilidades que teriam em manter a
tradição da cidade de Atenas Brasileira. Não só os alunos do colégio de São Luiz
alimentavam esse espírito, mas também o professor Luiz Rêgo foi personagem ilustre
da cidade e merece também ser lembrado como cultivador da cultura local. Constata-se,
no decorrer desta pesquisa, que o professor comungava dos ideais da Escola Nova e sua
relação com o ensino da cidade merece um aprofundamento em pesquisas posteriores.
101
O fato dos estudantes se envolverem na organização e na produção dos jornais
em suas escolas representava um esforço em não deixar desaparecer aqueles que
representaram o Maranhão nos círculos literários do Brasil do século XIX e início do
século XX, permanecendo, portanto, um diálogo entre o passado e o presente, um eco
das elites letradas da cidade. Entende-se que as organizações estudantis se consideravam
porta-vozes desse eco, desenvolvendo produções literárias e também posicionamentos
políticos em nome dessa tradição. Ademais, considera-se a evocação do nacionalismo
como posicionamento político presente em todas as publicações, mesmo naquelas do
centro liceista, onde as diretorias se apresentam distintas quanto à representação
estudantil. Ou seja, o nacionalismo, além do nome do jornal, é um ponto convergente
entre os grupos. Porém os estudantes não fazem críticas quanto à situação política e
social do estado, não reclamam por melhorias nos estabelecimentos de ensino, a crítica
recai, muitas vezes, sobre as relações que os estudantes apresentam na escola.
Nos impressos estudantis analisados, a imagem apresentada das instituições
escolares a partir das publicações do cotidiano escolar, foi assim entendida:
I) O impresso Avante apresentou o Colégio de São Luiz como uma
instituição dinâmica que, com o auxílio do grêmio cultural, estimulou as
atividades esportivas, proporcionando concursos literários e esportivos,
além das comemorações de aniversários, participação dos integrantes do
grêmio representando o estabelecimento escolar em atividades fora da
escola.
II) A imagem da escola é associada à imagem positiva do professor Luiz
Rêgo, proprietário do colégio, atuante na educação da cidade desde a
década de 1930, assumindo, inclusive, o cargo de Diretor da Instrução
Pública do Estado de 1941 a 1945. Logo, os elogios eram constantes ao
professor, seja nas publicações dos alunos do grêmio, seja por
colaboradores do jornal. O jornal era o amplificador do pensamento e do
trabalho desse professor, ecoando na escola e na cidade. A boa
propaganda da escola estendia-se também ao sucesso escolar dos seus
alunos, quando, ao parabenizar uma ex-aluna, o jornal destacou que ela
estava estudando engenharia na Universidade Mackenzie em São Paulo,
e a escola teria contribuído para essa nova etapa de sua vida. A imagem
102
construída do Liceu Maranhense apresentada nos impressos estudantis e
de um local de preparação de jovens para atuar na sociedade.
III) Embora fosse legitimada a imagem de uma escola de boa qualidade, era
preciso ter, por parte do aluno, um maior comprometimento nos seus
afazeres escolares. Ao estabelecer normas de conduta para os estudantes,
o impresso reforçava a necessidade de concentração por parte dos alunos,
dentro e fora da sala de aula, na realização das suas obrigações. Ou seja,
era preciso ―corrigir-se enquanto era tempo‖: recado presente no
cotidiano da vida dos estabelecimentos escolares.
Não se pretendeu fazer um estudo minucioso das técnicas adotadas pelos
estudantes para a elaboração de seus impressos, mas destacar alguns elementos da sua
constituição material para a compreensão da organização e composição dos conteúdos,
pois é nesse processo que localizamos os indícios do projeto coletivo que o grupo
objetivou realizar. Observamos convergências e divergências entre as organizações
estudantis das duas instituições de ensino, o Colégio de São Luiz e o Liceu Maranhense.
O grêmio estudantil do Colégio de São Luiz e o grêmio do Liceu Maranhense, através
de suas publicações, procuraram contribuir com a memória coletiva da cidade e em
desenvolver junto aos estudantes a tradição da Atenas Brasileira. Essa convocatória feita
aos estudantes não foi visível nas produções do centro liceista, que estavam mais
ligadas à manutenção da tradição do centro dentro do estabelecimento de ensino. Os
jornais do Liceu Maranhense mostram uma organização de estudantes discutindo, além
da produção literária e esportiva dos alunos, questões ligadas à vida da organização
estudantil, como as eleições para o grêmio e do centro liceista e o relato da posse para a
nova diretoria eleita. O grêmio do Colégio de São Luiz, no seu impresso, não noticiava
as eleições para a posse da nova diretoria, apenas lançava uma nota sobre a escolha dos
novos dirigentes para o grêmio e para o jornal, com a participação dos sócios nessa
escolha.
Trabalhar com a imprensa periódica educacional, com foco nas produções
estudantis, não foi uma tarefa fácil, embora tenha sido instigante entrar em contato com
esse tipo de pesquisa. Esse tipo de documento proporcionou descobertas interessantes,
como a possibilidade de olhar para a história do Liceu Maranhense a partir da cultura
escolar presente em fases distintas das publicações estudantis, revelando a atuação de
103
alunos como grupo organizado na década de 1950. Além disso, os impressos
possibilitaram obter informações sobre o histórico do Colégio de São Luiz, levando a
outras fontes que permitiram conhecer um pouco mais essa instituição de ensino, que já
não existe na cidade e que revela ser um potencial para estudos posteriores.
Localizar pesquisas que se debruçam sobre impresso estudantil, principalmente
os estudos de Amaral (2003) e Schweter (2015), possibilitou a compreensão de que o
impresso estudantil fazia parte da cultura escolar em diferentes épocas e lugares do
século XX. Além disso, foi possível identificar publicações que na época conferiram
estudos acerca da inserção da produção de jornais nas escolas como um dos
instrumentos constitutivos do escolanovismo (Casasanta, 1939; Freinet, 1973 e artigos
da RBEP da década de 1940 e 1950).
De fato, trazer a experiência da imprensa periódica para o espaço escolar levou
gerações de estudantes a publicarem em jornais de forma independente ou através das
organizações estudantis daquele período. Os impressos analisados nesta pesquisa são
porta-vozes de organizações estudantis que utilizam esse veículo de comunicação para
transmitir notícias e divulgar ideias, tendo suas publicações relacionadas com anseios a
serem conquistados. Portanto, é relevante considerar, principalmente nas produções do
grêmio e do centro liceista, a forte ligação com a imprensa periódica, ao observar,
também, a nítida semelhança na organização do cabeçalho e dos anúncios publicitários
dos jornais estudantis com os da imprensa corrente.
Esses impressos também funcionavam com uma espécie de ―laboratório‖ de
atuação em outros espaços de publicações da cidade. Exemplo disso são os jovens
escritores da chamada ―Geração maranhense de 45‖, que antes das suas publicações em
jornais e revistas da cidade produziram jornais estudantis. Vale lembrar que, mesmo
sofrendo influência da imprensa periódica da cidade, o Colégio de São Luiz seguia um
estilo muito parecido com os jornais estudantis analisados por outras pesquisas.
Podemos considerar alguns pontos encontrados na pesquisa que sugerem que os
impressos estudantis analisados são espaços de formação de redes de sociabilidade.
Sirinelli (1998, p.249), ao estudar as estruturas elementares da sociabilidade dos
intelectuais, observou que ―uma revista é antes de tudo um lugar de fermentação
intelectual e de relação afetiva, ao mesmo tempo viveiro e espaço de sociabilidade‖.
Essa observação é estendida aos jornais, pois, assim como as revistas, os impressos aqui
104
analisados agregaram estudantes em torno de uma obra coletiva, estabelecendo laços
afetivos entre os organizadores, que procuraram propagar suas ideias com o uso da
escrita.
Os impressos estudantis ainda serviram de espaço de preparação de uma elite
letrada, pelo fato de receberem a colaboração dos professores, da imprensa periódica da
cidade e dos empresários e políticos da cidade, com a finalidade de conseguirem fazer
circular seu projeto coletivo. Não é possível afirmar se entre esses colaboradores que
patrocinavam de alguma maneira os jornais estudantis existiam forças antagônicas
disputando espaço entre os estudantes.
Os jornais analisados publicavam lançamentos de impressos estudantis,
proporcionando, também, uma sociabilidade entre outros estudantes da cidade. Assim,
esses estudantes entraram em contato tanto com a imprensa periódica, como com
empresários e outros grupos de estudantes que também publicavam seus jornais na
cidade, ampliando, portanto, sua circulação para além dos muros escolares.
Vale destacar que alguns pontos trabalhados nesta pesquisa abrem caminhos
para trabalhos posteriores em relação à história dessas instituições escolares e de outras
da cidade, incluindo como fonte, além dos impressos, a memória dos alunos que direta
ou indiretamente se envolveram com os jornais estudantis. Um aspecto que não foi
possível desenvolver, por depender de mais estudos, foi a discussão entre tradição e
modernidade existente na cidade e os reflexos na imprensa estudantil, deixando em
aberto questões para serem retomadas em outras pesquisas.
Enfim, este trabalho procurou trazer uma voz pouco ouvida nas pesquisas
educacionais, o estudante, que se manifesta através dos impressos. Só nos resta esperar
que esta pesquisa proporcione para a história da educação, primeiramente, um registro
histórico para ambas instituições escolares e uma reflexão sobre a história das suas
organizações estudantis, que hoje não conhecem a sua própria origem, particularmente,
o Liceu Maranhense, que tem um grêmio estudantil na atualidade, mas este não possui
um acervo de sua história.
105
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110
FONTES PRIMÁRIAS:
AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 1, outubro de 1949.
AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 2, abril de 1950.
AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 3, maio de 1950.
AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 4, junho de 1950.
AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 5, agosto de 1950.
AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 6, setembro de 1950.
FOLHA Estudantil. Órgão do Grêmio Liceista. n. 1, 13 de junho de 1951.
O ESTUDANTE de Atenas. Órgão Oficial do Grêmio Liceista. n. 1, maio de 1956.
O ESTUDANTE de Atenas. Órgão Oficial do Grêmio Liceista. n. 2, junho de 1956.
O ESTUDANTE de Atenas. Órgão Oficial do Grêmio Liceista. n. 3, setembro de 1956.
O ESTUDANTE de Atenas. Órgão Oficial do Grêmio Liceista. n. 7, maio de 1957.
O LICEU. Órgão Oficial do Centro Liceista. n. 6, abril de 1957.
O LICEU. Órgão Oficial do Centro Liceista. n. 95, setembro de 1958.
111
ANEXOS
112
Tabela 1 – Os impressos em circulação na cidade de São Luís – MA (1940-1950)
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
1 Correio da Tarde Diário 1940-1949 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
Surgiu em junho de 1940, sob a direção de
Dr. Manoel Tavares Neves Filho e Antonio
Fonseca Passos. De propriedade da
Sociedade Correio da Tarde Ltda., era um
jornal, segundo seu programa, sem
tendências políticas, sem sistemas
ideológicos, sem visões unilaterais.
2 Boletim Informativo da Convenção
Batista Maranhense
Publicando o expediente do Batista
Maranhense
Indeterminada n. 03 e 04 de junho de1943 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal religioso protestante que divulgava
ideias e ações de ordem batista. Presidente:
Pr. C. L. Amorim.
3 Jornal do Comércio Indeterminada n. 01-34, março a dezembro de
1944; n. 139, janeiro de 1947
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal preocupado com o estudo da
economia. Diretor Prof. Silveira Leite.
4 A Juventude
Órgão da Juventude Democrata
Indeterminada n. 01, março de 1946 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal reivindicativo de melhores
condições na educação e no combate ao
integralismo, além de possuir propagandas
e homenagens a Nascimento Moraes.
113
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
5 A Tarde Diário n 01-83, setembro a dezembro de
1946; n. 84-193, janeiro a setembro
de 1947
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Dirigido por J. Pires. Extensão do Jornal
Diário de São Luiz.
6 Alvorada
Órgão Oficial do Centro Liceista
Indeterminada n. 01-05, maio, julho e agosto de
1946; n. 06, julho de 1947
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil com publicações de
artigos científicos, literatura e informes
sobre educação. Buscava manter a tradição
maranhense das letras. Tinha Nascimento
de Moraes como colaborador. Diretores:
Reginaldo C. Telles de Sousa e Ubirajara
Rayol.
7 O Irapurú
Órgão Oficial do Centro Cultural
“Humberto de Campos”
Indeterminada n. 03, novembro de 1946 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal com artigos sobre sociedade,
esporte, literatura, propaganda, educação e
política. Diretores: Renato Carvalho, Ilsa
Ribeiro e Stella Martins.
114
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
8 A Pátria
Um jornal a serviço da democracia cristã
Semanal n. 02, 17, 19, 22-24, janeiro a março
de 1947
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal de tendência religiosa, contra o
comunismo e adepto das tendências de
Plínio Salgado.
9 Jornal Pequeno
O Esporte
Diário De 1947 até os dias atuais. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Nascido em 1947 com o nome O Esporte.
Em 1951 mudou seu nome para Jornal
Pequeno/O Esporte conservando-se
essencialmente esportivo. Com o passar do
tempo, o jornal tornou-se noticioso e
crítico. Atualmente, é um jornal com
colunas diversificadas, mas tendo como
destaque as denúncias políticas.
10 O Clarim
Órgão Independente
Indeterminada n. 03, março de 1947 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil com literatura e informes
sobre educação. Diretor: Lago Burnett.
115
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
11 A Luz
Órgão da Juventude Espírita Maranhense
Mensal n. 01-03, janeiro a março de 1948 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal religioso espírita. Divulgava as
ideias e atos espíritas. Diretor: Antônio
Alves Martins.
12 Malazarte
Mensário da Cultura
Mensal n. 01- 02, julho de 1948 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal literário em homenagem a Artur
Azevedo, Odorico Mendes e Graça Aranha.
Possuía poemas e trechos de obras de
Erasmo Dias, Lucy Teixeira, José Brasil,
Bandeira Tribuzi, Franklin de Oliveira,
Osvaldino Marques, Carlos Madeira, Mario
de Andrade, Lago Burnett, José Sarney
Costa, Domingos Vieira Filho.
13 Avante
Órgão do Grêmio Cultural e Recreativo
“Luiz Rêgo”
Mensal n. 01, outubro de 1949; n. 02-06,
maio, junho, agosto e setembro de
1950
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil. Possuía artigos
científicos, literários, esportes e informes
sobre educação. Diretor: Luis Fernando
Rêgo. Redatores: J. Mário Santos, Mário
Domingues e Francisco B. Ferreira (1949).
Cláudio Ramos, Antônio Carlos Dinis
(1950).
116
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
14 Correio Trabalhista
Órgão do Partido Trabalhista Brasileiro
Semanal n. 01-03, dezembro de 1949; n. 08,
fevereiro de 1950
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal político-partidário do PTB de Vargas
e Saturnino Bello. Diretor: Manoel
Nogueira de Araújo.
15 Folha Escolar
Trabalho em cooperação dos alunos da
Escola “Benedito Leite”
Bimestral n. 12 e 13, outubro e dezembro de
1949
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil com publicação de artigos
primários, científicos e literatura. Redação:
Margarida Ferreira. Gerência: Mário S.
Mesquita. Direção: Profª Benedita Rosa
Soares e Silva e Elda Archer Serra Martins.
16 Pacotilha O Globo
Órgão dos Diários Associados
Seis vezes por
semana
1949-1962 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal crítico e noticioso que surgiu em
junho de 1949, da junção entre os jornais O
Globo e Pacotilha.
117
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
17 Tribuna do Povo Variável n. 38-43 e 51, abril-julho e setembro
de 1949; n. 127-145, agosto a
setembro de 1953; n. 146-192,
janeiro a dezembro de 1954; (sem
numeração) janeiro a dezembro de
1955; n. 368-419, janeiro a
dezembro de 1958; n. 420-470,
janeiro a dezembro de 1959.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal crítico e noticioso. Direção: médica
e militante comunista Maria José Aragão.
Talvez por falta de recursos financeiros
e/ou perseguição por parte de autoridades
constituídas, o jornal não possuía uma
periodicidade regular.
18 Diário Popular Diário Março a abril de 1950; agosto a
dezembro de 1951; janeiro a
dezembro de 1952; janeiro a
dezembro de 1953; janeiro a outubro
de 1954; janeiro a março de 1955.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Periódico de cunho político e noticioso.
Dirigido em sua primeira fase (1950) por J.
Pires; em 1951 passou a ser dirigido por
Freias Diniz. O jornal se ligou ao PTB
(Partido Trabalhista Brasileiro), fez
campanha a favor de Getúlio Vargas à
presidência. Depois passou para o comando
do senador Vitorino Freire.
118
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
19 Horizonte
Jornal Informativo de Cultura Lítero
Artística João Lisboa
Quinzenal n. 02-03, agosto e novembro de 1950 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal literário com artigos científicos e
propagandas. Diretor: Francisco A. dos
Santos Netto.
20 Jornal de Bolso Diário Maio a outubro de 1950; maio a
dezembro de 1968; janeiro a
dezembro de 1969; janeiro a
dezembro de 1970.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Sob a direção de Celso Bastos. Crítico do
Vitorinismo, acusando-o de ser um regime
corruptor da máquina governamental.
21 Jornal do Povo
Contra a opressão e a injustiça social
Seis vezes por
semana
1950-1964. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal de oposição ao Senador Vitorino
Freire e seu grupo. Denunciava o
Vitorinismo como sendo um regime
oligárquico que exercia um total controle
da máquina do Estado. Direção: José Neiva
de Sousa. Destacava-se também pela defesa
de uma linha nacionalista para a economia
do país. Logo após o golpe militar, parou
de circular.
119
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
22 O Brazil Novo
Órgão do Centro “Aluízio Azevedo”
Indeterminada n. 01, junho de 1950. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil contendo artigos de
literatura, propaganda e adivinhações.
23 Satélite
Órgão de divulgação da classe sarelista
Mensal Setembro, outubro e novembro de
1950; outubro de 1952.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Tratava de esporte, literatura e eventos
sociais. Dirigido por Edgard Pantoja.Trazia
notícias locais e nacionais.
24 União
Órgão da U. E. C. S. M.
Quinzenal n. 02 e 03, setembro e outubro de
1950.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal voltado para o público estudantil.
Diretor: Martins de Araújo.
25 Folha Estudantil
Órgão do Grêmio Liceista
Indeterminada n. 01, junho de 1951. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil com publicação de
literatura, artigos científicos. Perseguia os
ideais de Atenas Brasileira. Direção:
Alcindo Braúna.
26 Novidades De dois em dois
dias
n. 24-95, setembro a novembro de
1951; n. 96-134, janeiro a novembro
de 1952.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Abordava sociedade, saúde, esporte,
economia, literatura e propaganda com
destaque à política. Direção: Antonio
Afonso.
27 Industrial
Órgão de Publicidade do Curso
Industrial
Indeterminada n. 01, setembro de 1952. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil com artigos científicos e
informativos. Direção: Ozandy Teixeira.
Colaboradores: Grêmio Escola Técnica de
São Luís e Aquiles Lisboa.
120
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
28 Informação Agrícola Quinzenal n. 98, março, n. 100-107, maio a
dezembro de 1952.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal ligado à agricultura brasileira.
Também enfocava política, sociedade,
economia, educação e transporte.
29 Nosso Sentir
Órgão do Grêmio Cultural e Recreativo
“Des. Joaquim Santos”
Indeterminada n. 03, maio de 1952. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil com artigos científicos,
literatura, esporte, piadas e propagandas.
Diretor: Luis Augusto Rêgo.
30 Resistência
Hoje e sempre a serviço do Povo
Diário n. 01-03, 04, 06, 07, 09, 11, 12, 14,
16 -25, 27-29, 31, 33-36, maio a
julho de 1952.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal noticioso, tendo como foco
reivindicar melhorias em prol do povo nas
áreas de saúde, segurança, transporte,
economia e política, possuindo também
entretenimento e literatura. Diretor:
Reginaldo Telles
121
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
31 Correio da Semana
Órgão Independente e Noticioso
Semanal n 01-03, agosto e novembro de 1953. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal independente de agremiações
partidárias. Dirigido por José Melo.
32 Jornal do Dia
Órgão a serviço da verdade
Seis vezes por
semana
1953-1958; 1960-1973 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal de caráter político. Com colunas
variadas como: boletim esportivo, cinema,
teatro, mercados e cotações dentre outras.
Diretor: Arimatéia Athayde. Em 1969, já
sob a direção do deputado Arthur Carvalho,
o jornal trazia inúmeras reportagens sobre
os feitos do então governador José Sarney.
Foi substituído pelo O Estado do
Maranhão.
33 Reação
Semanário Oposicionista. Jornal do povo
e para o povo.
Semanal n. 01-04, junho e julho de 1953. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal de assuntos ligados à política
reforma eleitoral e agrária, operariado,
saúde e esportes, sendo oposicionista a
Vitorino Freire. Direção: Ney Milhomem.
Redação: Wolney Milhomem.
122
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
34 Troféu Indeterminada n. 01, novembro de 1953. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal esportivo que valorizava o esporte
local, principalmente o futebol. Diretor:
Djard Martins.
35 A Tocha Indeterminada n. 16, setembro de 1954. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal com artigos sobre política, vida
social, além de propagandas e algumas
homenagens a ilustres da sociedade.
Direção: Waldemar Santos.
36 Alvorada
Órgão educativo, cultural e recreativo
Mensal n. 01, 02, 03, junho a setembro de
1954; n. 06, 08, 09, março, maio,
junho e julho de 1955; n. 12-16,
janeiro a novembro de 1956.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Folha dirigida por Reinaldo Martins.
Mantida pela União Gráfica Ateniense –
Sanatório Aquiles Lisboa. Divulgava
artigos de temas variados.
37 Arte e Cultura
Órgão do Grêmio Cultural Literário Prof.
Paulo Freitas
Indeterminada n. 02, junho de1954. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil que publicava artigos
científicos, literatura e propagandas.
Diretor: Teódolo Correia. Redator: José
Casemiro Neiva.
123
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
38 Correio Esportivo
Órgão Esportivo Independente
Semanal n. 01-04, dezembro de 1954; n. 05 e
06, janeiro de 1956.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal esportivo com foco no futebol local
e nacional. Direção: Quintino Bogéa.
39 Jornal do Maranhão
Semanário de Orientação Cristã
Semanal 1954-1964; 1966-1971 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal Católico. Divulgava notícias
religiosas vindas de todo Brasil e de outros
países. Fundador: Luis Felipe Ferreira da
Silva. Diretor: Joaquim R. Mendonça
Ferreira da Silva. Gerente: José Bonifácio
Ferreira da Silva.
40 O Gráfico de Athenas
Boletim Oficial do Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias gráficas de
S. Luís
Semanal n. 03, 05,07, 08, fevereiro a abril de
1954.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal oficial do sindicato dos
trabalhadores das indústrias gráficas.
41 Sampaio
Órgão do D. P. do Sampaio Corrêa F.
Clube
Indeterminada n. 04, agosto de1954. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal dedicado aos assuntos esportivos.
42 Voz Universitária
Órgão Oficial da União Maranhense dos
Estudantes
Indeterminada n. 01, maio de 1954. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil com artigos científicos,
teatro, cinema, esporte e entrevistas.
Direção: Sálvio Dino. Redação: Mário
Leal.
124
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
43 A Tarde Diário Agosto a dezembro de 1955; janeiro
a dezembro de 1956; janeiro a
dezembro de 1957; janeiro de 1958.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
Jornal dirigido pelo Senador Vitorino
Freire.
44 O Cometa Indeterminada n. 01, março de 1955. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal abrangendo esporte, teatro, literatura
e propaganda. Direção: Antonio Coelho.
45 O Grêmio
Órgão Oficial do G. C. Caixeiral
Indeterminada Junho de 1955. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Folha sobre o Centro Caixeiral. Direção:
Arykerne Ribeiro. Divulgava homenagens,
humorismo, poesias, crônicas e anúncios.
46 O Motivo
Órgão Espírita
Mensal n. 01-03, março a abril de 1955. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal de divulgação dos ideais do
espiritismo.
47 Universitário em Marcha
Órgão Oficial da UNE
Indeterminada n. 01,02, abril e agosto de 1955. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal voltado para o público universitário.
Começou a circular como órgão
independente. passando, mais tarde, a ser:
órgão da UNE.
125
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
48 O Estudante de Atenas
Órgão Oficial do Grêmio Liceista
Indeterminada n. 01-03, maio, junho e setembro de
1956; n. 07, maio de 1957.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil pertencente ao curso
noturno do Liceu Maranhense. Apresentava
notícias sobre o colégio, poesias, crônicas,
colunas sobre esportes e anúncios.
49 A Juventude
Órgão Oficial do Grêmio Cultural João
Lisboa
Indeterminada n. 09, setembro de 1957. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal editado pela bancada do Grêmio
Cultural João Lisboa do Ginásio de Barra
do Corda, durante o I Congresso Estadual
de Estudantes Secundários.
50 O Liceu
Órgão Oficial do Centro Liceista
Indeterminada n. 06, 07, abril, maio, junho de 1957;
n. 95 setembro de 1958.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil.
51 O Mearim em Folha
Órgão Oficial da União Vitorinense de
Estudantes
Indeterminada n. 08, junho de 1957; n. 11, junho e
julho de 1958.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal fundado por J. R. Farias e Silva.
Direção: José Fernandes.
126
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
52 Vigilância
Órgão da Agremiação Liberal Acadêmica
Indeterminada n. 01, 09, agosto, setembro de 1957. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal sob a direção de Alvino Coelho.
Tinha como lema ―Um jornal que não
vende a verdade‖. Era de distribuição
gratuita.
53 Diário da Manhã
Um jornal vibrante – uma arma do povo
Diário 1958-1966 Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal pertencente ao integrante Newton
Bello do PSD, partido do Vitorino Freire.
Além da política, trazia artigos literários.
54 Movimento
Órgão Oficial do Movimento Nacional
Acadêmico
Indeterminada n. 02-04, abril e maio de 1958. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal dirigido por Coaracy Jorge Fontes,
em prol dos Acadêmicos.
55 O Esporte Universitário
Órgão Oficial da Associação Atlética
Acadêmica da Faculdade de Filosofia
Indeterminada n. 02, março de 1958. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal esportivo voltado para os
universitários.
56 O Idealista
Órgão dos Vestibulandos do ano de 1958
Indeterminada n. 01, junho de 1958. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil contendo artigos
científicos, crônicas, poesias e anúncios.
57 Tribuna Estudantil
Órgão Oficial da União Maranhense de
Estudantes Secundários
Quinzenal n. 06, junho de 1958. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil editado pelo departamento
da imprensa e publicidade.
127
Nº Título
Subtítulo
Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações
58 O Universitário
Órgão Oficial da União Maranhense dos
Estudantes
Indeterminada n. 01, março de 1958. Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal estudantil dirigido por Otavio Lira
Filho.
59 O Governo
O jornal que divulga o que sabe porque
sabe o que divulga
Semanal n. 21, 22, agosto e novembro de
1959; n. 24, julho de 1960; n. 28 ,29,
março e julho de 1962; n. 31, 33
setembro e outubro, dezembro de
1963; n. 34, maio de 1964; (sem
numeração) abril, julho, agosto e
novembro de 1966.
Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito
Jornal dirigido por José Linhares.
Fonte: Catálogo da Biblioteca Pública Estadual Benedito Leite
128
Tabela 2 – Os impressos estudantis do Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense (1949 – 1958)
C
O
L
É
G
I
O
D
E
S
Ã
O
Título
Subtítulo
Periodicidade Publicidade Diretores, editores e
redatores
Caracterização
Formato
(cm)
Tipo do
papel
Localização
Avante
Órgão do Grêmio
Cultural e Recreativo
―Luiz Rêgo‖
n. 1 (outubro de 1949)
Mensal 10 anúncios
publicitários.
Diretor: Luiz Fernando Rêgo.
Redatores: José Mário Santos,
Mário Domingues Silva e
Francisco B. Ferreira.
Colaboradores: Marcelo M. V.
Pereira, Clení Furtado, José
Rodrigues, Cléia Furtado.
Jornal estudantil 24 X 33 Couchê Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
n. 2 (abril de 1950)
Mensal 7 anúncios
publicitários.
Diretor: José Mário Santos.
Redatores: Francisco de Sales
e Luiz Fernando Rêgo.
Jornal estudantil 24 X 33 Couchê Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
n. 3 (maio de 1950)
Mensal 19 anúncios
publicitários.
Diretor: José Mário Santos.
Redatores: Francisco de Sales
e Luiz Fernando Rêgo.
Jornal estudantil 24 X 33 Jornal Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
n. 4 (junho de 1950)
Mensal 18 anúncios
publicitários.
Diretor: Luiz Fernando Rêgo.
Redatores: Claudio Ramos e
Antonio Carlos Diniz.
Jornal estudantil 24 X 33 Jornal Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
Nº 5 (Agosto de 1950)
Mensal Sim. 16
anúncios
publicitários.
Diretor: Luiz Fernando Rêgo.
Redatores: Claudio Ramos e
Antonio Carlos Diniz.
Jornal Estudantil 32 X 46,5 Jornal Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
129
L
U
I
Z
Título
Subtítulo
Periodicidade Publicidade Diretores, editores e
redatores
Caracterização
Formato
(cm)
Tipo do
papel
Localização
n. 6 (setembro de 1950)
Mensal 11 anúncios
publicitários.
Diretor: José Mário Santos.
Redatores: Francisco Sales,
Francisco B. Ferreira e
Antonio Carlos Diniz.
Jornal estudantil 32 X 46,5 Jornal Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
Folha Estudantil
Órgão do Grêmio
Liceista
n. 1 (13 de junho de
1951).
Indeterminado 8 anúncios
publicitários.
Diretor: Alcindo O. Braúna.
1o Secretário: José C. Neves.
Jornal estudantil 32, 5 X 47 Jornal Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
O Estudante de Atenas
Órgão Oficial do Grêmio
Liceista
Ano I
n. 1 (maio de 1956)
Indeterminado 3 anúncios
publicitários.
Diretor: José Fernandes.
Redator: J. Farias e Silva.
Redação: Colégio Estadual.
Jornal estudantil 24 X 33,5
Jornal Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
130
L
I
C
E
U
M
A
R
A
N
H
E
N
S
E
Título
Subtítulo
Periodicidade Publicidade Diretores, editores
e redatores
Caracterização
Formato
(cm)
Tipo do
papel
Localização
n 2 (junho de
1956)
Indeterminado 7 anúncios
publicitários
Diretor: José
Fernandes.
Redator: J. Farias e
Silva.
Redação: Colégio
Estadual.
Jornal estudantil 29 X 39,5
Jornal Acervo da
Biblioteca
Pública
Benedito Leite
n. 3 (setembro de
1956)
Indeterminado 6 anúncios
publicitários.
Diretor: José
Fernandes.
Redator: J. Farias e
Silva.
Redação: Colégio
Estadual.
Jornal estudantil 29 X 39,5
Jornal Acervo da
Biblioteca
Pública
Benedito Leite
131
Título
Subtítulo
Periodicidade Publicidade Diretores,
editores e
redatores
Caracterização
Formato
(cm)
Tipo do
papel
Localização
O Liceu
Órgão Oficial
do Centro
Liceista
n. 6 (abril
1957)
Indeterminado 11 anúncios
publicitários
Diretores:
Benedito Lyra e
Emanuel Silva.
Redator: Coaracy
Jorge Fontes.
1º Secretário: José
Falcão Filho.
Jornal estudantil 32 X 46 Jornal Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
n. 95
(setembro de
1958)
Indeterminado 7 anúncios
publicitários.
Publicação do
Departamento de
Imprensa.
Redação: Centro
Liceista, Colégio
Estadual.
Jornal estudantil 32 X 46
Jornal Acervo da
Biblioteca Pública
Benedito Leite
Fonte: Elaboração própria.
132
Tabela 3 – Distribuição dos conteúdos dos jornais estudantis por temáticas
C
O
L
É
G
I
O
D
E
S
Ã
O
L
U
I
Z
Avante Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n. 1 ―Nosso jornalzinho Avante‖,
assinado por Mário Domingues da
Silva, apresenta o jornal, seus
objetivos, dificuldades,
organização da equipe, a
cooperação do diretor da escola e a
explicação da escolha do título do
jornal.
―Amigos Leitores‖ apresenta a
organização do jornal, conclama a
participação dos estudantes,
enaltece o nacionalismo, tradição
intelectual maranhense das letras e
exalta a iniciativa do diretor Luiz
Rêgo.
―Paulo Afonso‖
(poesia exaltando a
natureza brasileira),
assinado por Clení
Furtado.
―Grêmio Cultural e
Recreativo ‗Luiz Rêgo‘‖,
assinado por José Mário
M. Santos, apresenta a
criação e organização do
órgão.
Congratulações do
professor Luiz Rêgo pela
publicação do imprenso
estudantil.
Novos bacharéis (anúncio
de colação de grau do
curso de Direito).
―Grêmio Cultural‖, em
que Nina Rodrigues
felicita a criação.
Aniversário do professor
Luiz Rêgo
Aeromodelismo por
Luiz Fernando Rêgo.
―Exaltação a São Paulo‖
(história, política, economia
e seus aspectos culturais),
por Francisco F. Ferreira.
―Apenas e não Atenas‖, por
Silva Galhardo, critica a
atual situação da
intelectualidade maranhense
no contexto da ABL.
―Gutemberg e a Imprensa‖,
por José Mário Santos.
133
C
O
L
É
G
I
O
D
E
S
Ã
O
L
U
I
Z
Avante Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n. 2 ―Avante‖, por Luiz
Fernando Rêgo, diz que
um jornal estudantil deve
primar pela cultura
humanista, afirma o desejo
pela volta do Maranhão
Atenas e revela o
nacionalismo.
―A perseverança no
trabalho‖, por Mário
Domingues, relata as
dificuldades enfrentadas na
organização do jornal na
retomada das atividades do
ano anterior.
―A ociosidade‖, por Dicey,
enaltece o trabalho e o
ensino como formas de
combater a ociosidade e
ajudar o país se
desenvolver ao lado das
grandes potências
mundiais.
―Virgilio Brasileiro‖, por
Francisco de Sales B. Ferreira,
fala da história e da obra literária
de Manuel Odorico Mendes,
escritor maranhense.
―Um grande poeta‖, por José
Mário Santos, fala da história e da
obra de Antonio Gonçalves Dias,
escritor maranhense. Menciona,
ainda, sua importância para a
literatura.
―Anseios‖, por Chales, poesia.
―Crepúsculo‖, por Olivar Alves,
texto literário.
―Grêmio Cultural e
Recreativo ‗Luiz Rêgo‘‖,
notícia sobre eleição para
a nova diretoria.
―Honrosa Visita‖, sobre
a visita do professor
Coelho de Sousa, do Rio
Grande do Sul, aos
estudantes do Colégio,
com reunião no salão da
escola.
Nota em destaque na
primeira página, do
professor Luiz Rêgo,
felicitando o retorno do
jornal.
Comemoração do
aniversário do professor
Francisco Solano
Ribeiro, do colégio
Ateneu Teixeira Mendes
―Sports‖, por J. C.,
breve relato sobre a
origem dos
―sports‖.
―Pátria‖, por Leopoldo,
definição do termo e
enaltecimento da pátria
brasileira.
Conhecimentos e
curiosidades.
Anedotas – Boa vontade.
Endereço errado
Charadas
134
C
O
L
É
G
I
O
D
E
S
Ã
O
L
U
I
Z
Avante Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n. 3 ―O que é a vida e a
fundação de um órgão
estudantil‖, por Luiz
Fernando Rêgo, crítica aos
que desencorajaram a
permanência do jornal com
relatos das dificuldades
encontradas para sua
produção.
―Que é o Brasil de Viriato
Correia‖, exaltação ao
nacionalismo republicano:
―O Brasil é a obra de seus
construtores, ou melhor,
daqueles que o tiraram do
nada selvagem e o fizeram
terra civilizada‖.
Crônica ―Ilusão‖, de
Salvio Castro Costa,
diálogo entre a ciência e a
ignorância.
Quadrinha de Amor, de
Charles Diniz.
―Sexualidade‖, poesia
com cooperação do jovem
poeta gaúcho Cosmo
Antônio Laitano, de Porto
Alegre – RS.
―Avante‖, de Luiz
Fernando, poesia dedicada
ao jornal.
―Saudade Imortalizada‖,
poesia de R. Ribeiro
(aluno do noturno).
Anúncio do Grêmio Cultura e
Recreativo ―Luiz Rêgo‖ da
eleição para a escolha do melhor
craque, além da realização do
torneio ―Paulo Ramos‖ de
voleibol e da organização das
equipes femininas e masculinas.
Festividade no colégio Ateneu
Teixeira Mendes com a presença
dos integrantes do grêmio do
Colégio de São Luiz na
comemoração do 1o de maio.
―A disciplina humana‖, de
Wolney Milhomem, artigo sobre
conduta moral que exalta o
Colégio de São Luiz pela sua
disciplina.
Aniversariantes – estudantes do
colégio.
Felicitações pela apresentação do
Grêmio ―Machado de Assis‖ do
Colégio Ateneu Teixeira Mendes
―A marcha do
Esporte‖, informes
sobre os esportes:
box, futebol e vôlei;
resultado do torneio
de vôlei ―Paulo
Ramos‖.
―Tiradentes‖, por José
Couto, comemoração
pela passagem do dia 21
de abril
―Para você, colega...‖,
de Sérgio Prates
Machado (noturno),
pede cautela a juventude
quanto a ânsia em querer
viver livre.
―Reflexos da História‖,
fatos históricos
nacionais e
internacionais.
Destaque ―a
Constituição do Estado
Nacional apareceu a 10
de novembro de 1937‖,
Ditadura chamada de
Estado Nacional.
Charadas.
135
Anedotas.
136
C
O
L
É
G
I
O
D
E
S
Ã
O
L
U
Avante Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n. 4 ―Convencionou-se, por um
triste conúbio da
mediocridade com a
esperteza, que o papel de
um programa não é definir,
mas iludir‖. (p.4, canto
inferior direito do jornal)
―Os pobres‖, de R.
Ribeiro, oração, em forma
de poesia, pelos pobres.
―Dois gênios‖, por
Gaúcho, texto sobre
Beethoven e Chopin.
―Venceu o renhido pleito
estudantil o ‗crack‘ Antonio
Carlos Diniz‖, apuração dos
votos e entrega da premiação aos
vencedores dos melhores
esportistas do colégio,
reportagem de Auro, ocupou
quase toda primeira página.
―Um recado amigo‖, do
professor Luiz Rêgo, chama
atenção dos alunos para a
concentração nos estudos.
Grêmio Cultural ―Joaquim
Santos‖, apresentação e
felicitações a mais nova
agremiação estudantil do Colégio
de São Luiz.
Grêmio Cultural e Recreativo
―Luiz Rêgo‖, notícia sobre a
eleição da nova diretoria para o
próximo trimestre.
Intercâmbio entre escolas:
Recebimento do jornal O Liceu,
do Colégio Estadual, Liceu
Maranhense.
Esportes de Théo
Drummond –
Exaltação ao esporte,
pois, segundo o texto,
reflete o grau de
desenvolvimento de
uma nação. (p. 4)
―Para seu Fichário?
Inventores e suas
invenções‖.
―Apontamentos do
natural‖, por Barão Von
Wolff (noturno), trata da
temática ―saber
envelhecer‖, chama
atenção da juventude
sobre o saber envelhecer
e o respeito que se deve
ter com os idosos.
―Curiosidades &
Variedades‖ (p.4).
Anedotas (p.5).
137
I
Z
Fundação do Centro Literário
―Graça Aranha‖ foi celebrada no
Colégio de São Luiz, dia 1o de
maio.
―Quem Beija o leão?‖, registro
da apresentação teatral dos
alunos do Colégio Estadual, o
Liceu Maranhense, de autoria
Lucy Teixeira (pertencente à
chamada ―geração maranhense
de 45‖).
Aniversariantes do Colégio mês
de junho e julho.
―Em festa a família Luiz Rêgo‖,
felicita a esposa e os filhos do
professor Luiz Rêgo pela
passagem de aniversário (p.6).
―Homenagem ao nosso patrono‖,
venda de ingressos para a festa
em homenagem ao diretor, o
professor Luiz Rêgo, no clube da
cidade.
Aniversário da professora do
Colégio, Etelvina D. da Silva.
138
C
O
L
É
G
I
O
D
E
S
Ã
O
L
U
Avante Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n. 5 ―Voltamos das Férias‖, por
Auro Morais, invoca os alunos
dedicação aos estudos e
também aos trabalhos do
jornal.
―Avante, companheiro!‖, de
Claudio Ramos, chamada de
arranque para a continuidade
dos trabalhos no Avante e
demonstração de satisfação
pelo aumento de tamanho do
jornal.
“Os jornais do Estudante‖,
enfatiza a existência de jornais
estudantis em algumas escolas
da cidade e exalta o Colégio
pela existência de três
periódicos estudantis.
―A volta do Cardeal
Mindszenty‖, fala de Igreja
versus Comunismo e relata a
liberação do cardeal preso
pelos ―vermelhos‖ na Hungria,
recebido com júbilo pela
população. Expressa desejo
desse modelo de cardeal no
Brasil.
―Divagações‖, por Eldes
Machado Matos.
―Angelus: a minha boa
vozinha...‖, poesia de Rai
Moraes.
―Confissão: a memória de
Catulo‖, poesia de José
Lopes.
―Perguntas sem Respostas‖,
poesia de Cosmo Antônio
Laitano.
Grêmio Cultural e Recreativo
―Luiz Rêgo‖, convida os
alunos e professores para a
participação no jornal com
publicação de textos, e chama
para as eleições da
agremiação.
Bibliografia, relação de obras
para auxiliar os alunos na
preparação para o vestibular.
Anúncio de concursos
promovidos pelo jornal que
estão circulando no Colégio e
ficha para ingressar no
grêmio.
―Galeria dos nossos mestres‖,
em destaque na primeira
página, homenagem ao
professor Luiz Rêgo, sua
história e ações educacionais.
Aniversariantes de alunos e
ex-aluna do mês de agosto.
―História do atletismo‖,
texto exalta os exercícios
físicos.
―Enciclopédia esportiva‖,
feitos esportivos de
futebol.
―IV Campeonato Mundial
de Futebol‖, histórico dos
jogos mundiais de futebol.
―Madrugada‖, de
Wolney Milhomem,
frustração de Deus com a
humanidade, texto misto
de filosofia, história e
religião.
―Dia das mães‖, história
da origem da data.
Curiosidade sobre o
primeiro circo.
―Responda se puder!‖,
concurso sobre
conhecimentos gerais.
―Ligeiros relatos sobre o
hipnotismo‖, condensado
de ciência popular.
Concurso Esportivo com
perguntas sobre esporte.
―Para resolver‖, concurso
matemático com
perguntas.
Concurso cultural para
identificar nas
fotografias, o nome dos
139
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três escritores brasileiros.
―No Colégio‖, piada.
―Superstição; na
alfândega‖, anedota
(p.2).
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Avante Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n. 6 ―O Colégio de S. Luiz‖, relata
formação, fundação, principais
dados do colégio, suas
atividades e seus mestres; faz
homenagem a instituição,
menciona que, entre as escolas
da cidade, o colégio está apto
para cultivar a ―letra e o
esporte‖ (p.1-2). A matéria
termina com as seguintes
palavras: ―Servir ao Brasil,
com patriotismo, é o seu
programa de ação‖ (p.2).
Homenagem ao poeta
português Guerra Junqueira.
―Gregório Matos‖, por
Sálvio C. Costa, fala da vida
e da obra do poeta brasileiro
do século XVII.
―Desenvolvimento cultural
do Brasil‖, por Jomaza,
descreve a história da
literatura brasileira
(preenche quase toda
página).
―Mãe‖, prosa.
―Longe de ‗São Luiz‘‖,
poesia de Ray Moraes.
Grêmio Cultural e Recreativo
―Luiz Rêgo‖ anuncia o
resultado da eleição
extraordinária do grêmio.
―Concurso Avante‖, esclarece
sobre os concursos
organizados pelo jornal,
realizados na escola.
Organização e regras para
participação e ficha de votação
para concurso de beleza.
Concurso cultural com
perguntas sobre três poesias.
Aniversário do Colégio de São
Luiz – parabenização pela
data.
Artigo sobre o aniversário da
cidade de São Luís.
Homenagem ao dia do
professor – comemora-se no
dia 13 de agosto.
Notícias do Torneio ―Luiz
Rêgo‖, organizado pelo
Grêmio ―Dr. Joaquim
Alves dos Santos‖.
―O grito do Ipiranga‖,
por José Mario, história
da independência do
Brasil pela passagem do
7 de setembro. Edição
especial do jornal.
―25 de Agosto‖,
homenagem ao dia do
soldado.
Ficha de inscrição para
ingressar no grêmio.
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Folha
Estudantil
Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos
diversos
n. 1 (1951) ―No Pórtico‖, fala da
representatividade do
periódico para os estudantes
e explica a expressão
―Atenas Brasileira‖ para a
cidade de São Luis.
―Ecos da posse da nova
diretoria do grêmio liceista
‗Castro Alves‘‖, discurso de
posse do presidente do
grêmio Raimundo José
Alves Gonçalves, com foto
dele.
―Avante, mocidade
ateniense‖, por J. Bastos,
conclama a participação dos
estudantes com artigos na
página literária para
desenvolver o cultivo pelas
letras, como outrora ocorreu
no Maranhão literário.
Biografia de Castro
Alves e comentário sobre
o livro Espumas
flutuantes.
―Folha estudantil‖,
poema de Rodney
Araújo.
―Vitamina literária‖, por
Francisco Costa, um
conto literário e um
convite a fazer leituras
de obras literárias como
Fragmentos de um
diário, de Humberto de
Campos.
―Impossível‖, soneto de
Ulisses Diniz.
―A árvore que cantava‖,
conto literário de
Antonio Diniz.
―Deus‖, soneto de J.
Bastos retirado de seu
livro Sonetos avulsos.
―Ri coração‖, soneto de
Izolete Souza dedicado a
seu irmão para
compreender que,
Notícias da solenidade de posse
no colégio e baile em um clube da
cidade.
―Um apelo aos colegas‖, por C.
Ferreira Araújo, chama atenção
dos estudantes pela má
conservação do colégio.
―Nosso ideal‖, por J. B. Cunha,
pede aos colegas do noturno que
se dediquem mais aos estudos
para honrar o nome ―Atenas
Brasileira‖.
Agradecimentos ao governador do
estado Cesar Aboud, na primeira
página, por ter cedido um clube
para a comemoração da posse da
nova diretoria do grêmio.
Na mesma página, homenagem ao
vice-presidente do grêmio, pela
luta e independência do grêmio.
Aniversários dos alunos.
Desejo de boa viagem ao ex-
professor do colégio e então
promotor Dr. José Bento Neves.
Desejo de boa viagem ao fiscal de
―Esporte em
marcha‖, informe
sobre torneio de
futebol entre séries
do Colégio, no
estádio municipal.
(está na página
literária).
―Um conselho
amigo‖, por R. C.
Raposo, aconselha
que leitura boa é
leitura prazerosa e
não obrigatória: ―O
cerne mais sólido da
educação encontra-se
naquilo que lemos
pelo prazer de ler e
não por ser
obrigação‖.
―A desinteligência‖,
por Ubirajara
Miranda.
―Grifos‖, fala sobre a
importância da
imprensa a partir de
Guttemberg para a
divulgação do
conhecimento.
142
―nenhuma mulher
merece tanto sofrimento
e tanta tristeza‖.
―Palavras no silêncio‖,
poesia de Ulisses Diniz.
renda do estado Alcindo Brauna.
Boas-vindas ao ex-aluno
Raimundo de Jesus Nunes, em
visita a cidade.
―Homenagem a Pedro Paiva
Filho‖, por R. Pachêco Gaspar,
felicita o aluno do colégio pela
exposição de seus trabalhos de
pintura.
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O Estudante
de Atenas
Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n, 1 (1956) ―Aqui, colega, está o teu
jornal!‖, por José Fernandes,
exalta a nova diretoria do
grêmio e o acontecimentos
do colégio.
―Nossa Luta‖, por Edmilson
Cavalcante, noticia que a
nova diretoria coloca-se
disposta ao trabalho de
representar a classe
estudantil noturna e de
honrá-la como capaz.
―Mãe‖, por Roque Pires
Macatrão.
―O Brasil‖, soneto do
professor Sá Vale.
Posse da nova diretoria do
Grêmio Liceista
Novos dirigentes do Grêmio ―23
de Setembro‖ da Escola Técnica
de São Luís – grêmio liceista
convidado para o evento.
―Ecos do dia 9 de maio‖, noticia
aniversário do professor Rubem
Almeida, e sessão cívica por José
Ribamar Farias e Silva (ocupa
quase toda página).
Aniversários e festas particulares.
Anúncio do concurso ―Rainha dos
Calouros‖.
Posse no Grêmio ―Machado de
Assis‖ do colégio Ateneu Teixeira
Mendes.
Recebimento de exemplares A
Cultura, órgão do Grêmio
Cultural Demóclito de Sousa
Filho, do Ginásio Des. Antônio
Costa, Teresina, Piauí.
Anúncio do concurso literário.
Notícias do
campeonato de
futebol promovido
pelo grêmio, por B.
Lima.
Metade da página
relatando o
campeonato.
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O Estudante
de Atenas
Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n. 2 (1956) Nota em manchete sobre o
resultado da luta das
representações do corpo
discente em prol da reforma
administrativa da U.M.E.S
(O diretor, José Fernandes).
―Carta aberta ao presidente
da U. M. E. S‖, por Roque
Pires Macatrão, adverte o
presidente eleito quanto a
sua responsabilidade frente à
entidade estudantil
maranhense.
Quadra: ―Ato heróico e mui
feliz/ Sempre unidos e
vibrantes/ Tivemos em São
Luís/ A greve dos
estudantes‖.
―O Amor‖, por Elmano.
―Não chores‖, por
Desley Fonseca Costa.
―Uma chama triste‖, por
Charles Chan.
―Divagações‖, por José
Fernandes com sua foto.
―Nas garras do cupido‖,
felicitações a novos namorados do
Colégio.
Notícia sobre a presença de
integrantes do grêmio em festas
de estudantes do colégio e
também da U. M. E. S.
Nota de falecimento da profa.
Maria do Carmo Teixeira.
―Waldomiro na tesouraria da U.
M. E. S‖, informe da presença do
Colégio, através do grêmio, na
entidade estudantil estadual.
Aniversários.
Festas providas pelos estudantes e
pela U.M.E.S.
Resultado do Concurso de
―Rainha dos Calouros‖.
Homenagem ao secretário do
grêmio Oton Leite.
―Empolgante vitória
da 3a série ginasial‖,
por Lima de Oliveira,
sobre a conclusão do
campeonato de
futebol.
Opiniões sobre o
jornal, avaliações
positivas externas.
Foto em destaque de
―Jane Russel, a atriz
querida dos
estudantes‖ (atriz
estadunidense famosa
naquela época).
―Um grande passo‖,
por J. M. Lindoso,
texto para despertar
nos jovens o interesse
pela cooperação em
atividades que
elevem a
intelectualidade
estudantil.
―Uma conversa em
cada número‖,
conversa entre dois
amigos sobre o
modelo feminino não
muito presente entre
eles.
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O Estudante
de Atenas
Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n. 3 (1956) ―Todos os grêmios,
juntamente com a atual
diretoria da U. M. E. S. estão
unidos para uma única
finalidade: engrandecer o
estudante maranhense‖
(manchete).
―Palavras do presidente do
Grêmio Liceista, Júlio Elias
Pereira, em entrevista
concedida ao diretor de O
Estudante de Atenas‖, por
José Fernandes, o
entrevistado lança críticas à
antiga gestão do grêmio e
manda mensagem aos
estudantes (ocupa quase toda
página).
―O verdadeiro ideal‖, por
José Maria Lindoso, evoca o
trabalho, o patriotismo como
ideais na vida.
―Importante trabalho
redacional de O
Estudante de Atenas: fala
ao nosso redator o
escritor Mário Meireles,
destacado membro da
Academia Maranhense
de Letras – Esperamos,
assim, estimular o
desenvolvimento
intelectual do estudante
maranhense‖, entrevista
que discuti entre outros
assuntos literários, a
relação ―modernismo‖ e
moderno.
―Taylor‖, poema de
Franklin Barradas.
―Silêncio‖, poema de
Charles Chan.
―Sociocracia‖, por Farias e Silva,
chama atenção para a ―falta de
educação‖ dos estudantes durante
um evento no teatro da cidade.
Boas-vindas aos estudantes
transferidos do curso diurno para
o turno noturno.
―Ecos do ‗Dia do Estudante‘:
brilhante sessão cívica no Colégio
Estadual‖, noticia organização do
U. M. E. S. e autoridades da
cidade, com a presença de
deputado e emissoras da cidade.
―Visita a um ‗imortal‘‖, notícia
sobre a participação dos diretores
do jornal no sarau da cidade.
Entrevista com a ―Rainha dos
Calouros 56‖ e notícias de sua
coroação.
Aniversários, noivados,
casamentos e festas.
Registro de participação da
professora Maria Freitas em
evento nacional no Rio de
Janeiro.
Notícias esportivas
sobre o campeonato
ganho pelo time do
Liceu noturno, por
Lima de Oliveira.
Notícias de outras
competições
esportivas em
comemoração ao dia
do estudante.
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O Estudante
de Atenas
Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos
Humor
n. 7 (Ano 2,
1957)
―A continuação de um
ideal‖, artigo em que o novo
diretor do jornal aponta os
desafios em continuar com o
trabalho de produzir
periódico e pede ajuda para
os estudantes para que não
morram as ―tradições
gloriosas‖.
―Dia‖, por M. Macatrão.
―Teus olhos‖, por
Charles Chan.
―Gonçalves Dias‖,
soneto de José R. de Sá
Vale (professor e patrono
do grêmio).
―Garoto de parque‖,
crônica de R. Nelson.
―Burro‖, soneto de
Vicente Maya
(professor).
―Rainha‖, poema de
Vicente Goulart.
―Visita à Academia
Maranhense de Letras‖,
informações sobre a
história, sua tradição
local e convite aos
estudantes para conhecer
o lugar (página inteira).
―Posse da Diretoria do Grêmio
Liceista – Secção Noturna‖,
manchete de abertura da página
com fotos do presidente eleito, da
sessão solene e do patrono. A
reportagem inteira aparece na
página 2.
―Sociocracia‖, destaca eventos,
aniversariantes e entrevistas.
Entrevista especial com o
presidente eleito do grêmio, Luiz
Souza.
―Inaugurado com
grande brilhantismo o
certame interno do
Liceu‖.
―Detalhes dos cotejos
futebolísticos levados
a efeito no campo dos
Maristas‖, notícias
dos próximos jogos, e
de acontecimentos
esportivos
vivenciados pelos
estudantes do
colégio.
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O Liceu Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos diversos Humor
n. 6
(1957)
Na primeira página, fotos que
destacam as principais
notícias que compõem o
jornal.
―Opinando‖, artigo em que
Benedito Lyra reivindica
democracia plena no Brasil a
partir do exemplo da política
adotada pelo diretor do Liceu
durante a campanha eleitoral,
e noticia as eleições do
grêmio. Repudia as relações
com os EUA.
―‗Bate-papo‘ com os
colegas‖, por Coaracy
Fontes, apresentação do
jornal, agradecimentos aos
jornais locais O Dia e
Diários Associados pelo
patrocínio e aos colegas pelo
apoio.
―O Renascimento‖, por
Aymar Mesquita, fala do
renascer de um jornal
revivendo suas tradições,
porém de caráter novo.
―O Liceu tem obrigação
moral de manter a tradição de
seu nome‖, declarações do
―Soberbia‖,
declaração de amor
por Charlie Chan.
―Adeus‖, crônica de
Sau Luiz Chung.
―A imagem‖, conto
de T. J. M.
Homenagem o novo
diretor do colégio pela
nomeação e críticas aos
professores.
Notícia sobre a
campanha eleitoral do
Liceu; comício; eleição
e posse. Nota sobre
exibição de filme
concedido pelo agente
consular dos EUA.
Fotos do resultado das
eleições e da posse da
nova diretoria.
―Honra ao Mérito‖,
homenagem ao
secretário do colégio.
―Um voto de
agradecimento‖, por
José Franco,
agradecimento especial
para turma 32 do
científico pelos votos
recebidos.
Aniversários: a maioria
dos aniversariantes é do
Centro liceista.
Uma página inteira
sobre atividades
esportivas do
colégio: reação
espetacular do
Liceu; fundada a
associação esportiva
Palmeiras; derrotado
o time do vôlei do
Liceu; análise
individual dos
―players‖ liceistas
(com fotos que
ilustram os fatos).
―Auxílio de Cr$
12.000,00 ao Centro
Liceista‖, notícia sobre
projeto do vereador
Teixeira Mota, que
também é professor do
colégio.
―Pan-Americanismo‖,
por Sued Tavares.
―O ignorante‖, por
Emanuel Silva.
―‗O Liceu‘ está
sendo muito
visitado pelas
garotas. Cuidado,
Sr. Presidente‖.
―Já repararam
vocês que o 1o
científico deste ano
mais parece um
‗jardim de rosas‘?
Não durmam no
ponto, ilustres
‗jardineiros‘!‖
―Sabem vocês, que
o Chico é o mais
querido pelas
garotas do Liceu?‖
―E por falar em
garotas do Liceu,
ouvimos, durante a
campanha,
comentários como
este: ‗Gostamos de
maçãs, mas não
queremos
MACIEIRAS...‘‖
148
professor/diretor José Rosa.
―Agir primeiro, falar depois‖,
entrevista com o então
presidente do Centro Liceista
no final da sua gestão.
―Vitória da consciência
liceista: triunfou a
‗Renovação‘‖, notas sobre a
apresentação dos nomes da
nova diretoria, incluindo
departamento internacional
de correspondência e
mensagens de apoio na posse
da nova diretoria dadas pelo
governador do estado.
―Venceremos as crises
normalizaremos a situação do
‗Liceu‘‖, entrevista com
diretor do departamento de
imprensa do Centro Liceista,
realizada na redação do
jornal O Dia. Ele sugere
união entre U. M. E. S.,
grêmios e Associação de
Imprensa estudantil para
aquisição de uma tipografia
de estudantes; promete lançar
novos números em maio,
agosto, setembro, outubro e
uma edição especial em
novembro.
―Novos Horizontes‖,
por Andréa, anúncio de
como será a coluna
social do jornal.
Notícia de festa
organizada por uma
aluna para comemorar a
vitória da diretoria do
centro.
Anúncio para o
aniversário do Centro
Liceista – completaria
21 anos de existência.
Anúncio sobre candidata
do Liceu ao título de
Miss Maranhão.
Importante entrevista do
Diretor do Dep.
Cultural, usada como
forma de criticar a
antiga gestão e fazer
propaganda da atual
gestão.
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O Liceu Política Letras/Artes Vida Social
Escolar
Esporte Assuntos Diversos Humor
n. 95
(Ano
XXI,
1958)
―Pelo dinamismo da atual
gestão impõe-se o Centro
Liceista à confiança dos
nossos colegas‖, chamada do
jornal.
―Realizações da atual
diretoria – Dificuldades
técnicas entravam a
publicação do jornal‖,
reportagem.
―Aos Liceistas‖, texto que
enfatiza o quanto é
trabalhoso publicar um jornal
estudantil e os esforços que o
grupo está fazendo para a
próxima edição.
Apoio político para
Petrobras, com foto.
―Mota e Cadmo concorrerão
ao pleito de 3 de outubro‖,
campanha eleitoral para os
dois professores do Colégio
em disputa ao cargo de
vereador da cidade.
Posicionamento do
Congresso Secundarista
Maranhense.
―Exaltação a
Mulher‖, soneto de
Ariston Porto
Nunes.
―Sonhando
contigo‖, por
Fernando Luiz
Netto Silveira.
Posse da nova diretoria;
comemorações realizadas
na Páscoa, no dia do
estudante, no aniversário
do Centro Liceista.
Notícias sobre: concurso de
poesia, pintura e desenho;
desfile liceista na
Olimpíada e parada da
juventude; as
comemorações do Dia da
Árvore; solenidade para
homenagear o professor
Vicente Maia; Congresso
Maranhense de Estudantes
Secundaristas.
―Eleitores liceistas‖,
recomendações aos
estudantes em pensar bem
nos candidatos antes de
escolher, sendo um dos
princípios democráticos.
Aniversariantes.
Boas–vindas aos estudantes
do interior do estado que
vieram para o Congresso
Maranhense de Estudantes
Secundaristas.
Anúncios dos jogos
esportivos no
Colégio.
Notícias das vitórias
conseguidas pelos
estudantes no torneio
olímpico da cidade –
masculino e
feminino.
Destaque para a
entrada dos
estudantes do curso
clássico no
campeonato interno
– eles conseguiram
formar um time com
apesar da quantidade
de alunos.
―Ser Nacionalista‖, em
que Ramos d‘Oliveira
apresenta sua visão
sobre o que é ser
nacionalista: ― brigar,
lutar e não entregar
aquilo que é nosso‖.
Vem com fotos da
Petrobras.
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Tabela 4 – A descrição dos anúncios publicitários dos jornais estudantis.
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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 1 Cunha Santos & Cia. Ltda.
Livraria Universal de Ramos D‘Almeida
Castro Gomes & Cia. Limitada.
Machado & Trindade (Antigo Narcisos,
Machado & Cia.)
A Colegial
Colégio de São Luiz
Tipografia Teixeira
Livraria Moderna
Rianil
Lages & Companhia
Armazém de ferragens
Revistas, figurinos, livros, material escolar e para escritório.
Ferragens e Materiais para Construção.
Linho Irlandês, Material elétrico em geral. Dist. Dos carros
―LAND ROVER‖. Peças e acessórios para veículos.
Livros, escolares e romances, ponto de cruz, figurinos,
álbuns e grande variedade de brinquedos para natal.
Educação.
Papelaria, tipografia, encadernação, pautação e fábrica de
carimbos de borracha.
Venda livros em geral.
Loja de roupas.
Armazém de tecidos, estivas, miudezas e ferramentas
grossas.
Rua Portugal, 190
Praça João Lisboa, 114
Rua Cândido Mendes, 129
Praça João Lisboa, 78-13
Rua Rio Branco, 41 e 55
Rua Afonso Pena, 112
Rua Portugal, 303
10
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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 2
A Colegial
Livraria Universal de Ramos D‘Almeida
Cunha Santos & Cia. Ltda.
Rianil
Castro Gomes & Cia. Limitada.
Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães
Ltda.
Casa Americana
Livros, escolares e romances, ponto de cruz, figurinos, álbuns
de bordados.
Revistas, figurinos, livros, material escolar e para escritório.
Armazém de ferragens
Loja de tecidos
Ferragens e Materiais para construção.
Tipografia, papelaria, encadernação e pautação.
Artigos finos para presente e artigos para homens.
Praça João Lisboa, 114
Rua Portugal, 190
Rua Cândido Mendes, 129
Rua Afonso Pena, 112
Praça João Lisboa, 43
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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 3 Rianil
A contadora
Antigripal Jesus
Casa Americana
Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães
Ltda.
Ótica Lux
Casa Olimpia e Parc Roial de Cateb & Irmão
Farmácia Garrido de A. F. Garrido
Foto Londres de Clodomir Pantoja
Café mineiro de J. Naufel & Cia
Moraes & Cia. Ltda
Rianil de Abreu & Rego
Auto - Elétrica Ltda. General Motores do
Brasil S.A.
Cunha Santos & Cia. Ltda.
Loja de tecidos.
Material escolar para curso primário.
Artigos finos para presente e artigos para homens.
Tipografia, papelaria, encadernação e pautação.
Aparelhagem para confecção de lentes e montagem de óculos
em geral.
Modas, miudezas, vidros, armarinho e perfumaria.
Drogas nacionais e estrangeiras.
Especialista em retratos de casamentos, banquetes e batizados.
Retratos aquarela, caderneta estudantil e profissional.
Distribuidora de café.
Discos em geral.
Loja de tecidos.
Refrigeradores.
Armazém de ferragens.
Rua Joaquim Távora, 328
Praça João Lisboa, 43
Rua Afonso Pena, 112
Rua Osvaldo Cruz, 141-B
Rua Osvaldo Cruz, 298/253-B
Rua Osvaldo Cruz, 87
Praça João Lisboa, 167
Rua Osvaldo Cruz, 423
Rua Osvaldo Cruz, 290
Avenida Magalhães de Almeida, 35
Rua Joaquim Távora, 340
Rua Portugal, 210
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Casa Paris
M. Silva & Filhos
Guaraná popular
Livraria Universal de Ramos D‘Almeida
Garantia do Povo
Perfumes, sedas
Fábrica de carimbos de borracha.
Bebida.
Figurinos, livros, revistas, material escolar e para escritório.
Joias, relógios, óculos e objetos para presente.
Rua Dr. Herculano Parga, 122
Praça João Lisboa, 114
Rua Afonso Pena, 28
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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 4
Cunha Santos & Cia. Ltda.
A Contadora
Café Mineiro de J. Naufel & Cia.
Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães Ltda.
A Diamantina de J. Brito
Farmácia Garrido de A. F. Garrido
Guimarães e Sousa & Cia.
R. Santos & Cia.
Antigripal Jesus
Lojas A Pernambucana
Casa Americana
Auto-Eletrica Ltda.
Rianil
Casa Paris
Foto Londres de Clodomir Pantoja
R. Santos & Cia.
Armazém de ferragens.
Material escolar do curso primário.
Fabricante de café.
Tipografia, papelaria, encadernação e pautação.
Joias, relógios, óculos. Oficinas de Ourives e gravações.
Drogas nacionais e estrangeiras.
Máquina de escrever ―Smith Corona‖.
―Copas Laqueadas‖.
Medicamento
Lojas de tecidos
Artigos finos para presentes.
Peças para automóveis.
Loja de tecidos.
Perfumes e sedas.
Especialista em retratos de casamento, batizado.
―Copas laqueadas‖
Rua Portugal, 210
Rua Joaquim Távora, 328
Rua Osvaldo Cruz, 423
Rua Afonso Pena, 112
Rua Osvaldo Cruz, 203
Rua Osvaldo Cruz, 87
Rua Godofredo Viana, 216/240 A
Praça João Lisboa, 43
Rua Joaquim Távora, 340
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J. Braga & Cia.
Guaraná popular
Ferragens, tintas, óleos e miudezas.
Bebida.
Praça João Lisboa
Rua Godofredo Viana, 216/240 A
18
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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 5
Anuário do Maranhão
Bar Garota. Direção Manoel Coelho
Venda de Bicicleta
J. Braga & Cia.
Colégio de São Luiz
Esperanto por correspondência
Farmácia Garrido de A. F. Garrido
Sapataria Castelo
Café Mineiro de J. Naufel & Cia.
Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães
Ltda.
R. Santos & Cia.
Cunha Santos & Cia. Ltda.
Casa Moraes de Moraes e Cia. Ltda.
Auto-Eletrica Ltda.
Livro artístico, literário, religioso, educativo,
recreativo, informativo e divertido.
Venda de bebidas.
Venda avulsa de bicicleta feminina.
Ferragens, tintas, óleos e miudezas.
Chamada para exame de admissão.
Cursos.
Drogas nacionais e internacionais.
Venda de sapatos.
Venda de café.
Tipografia, papelaria, encadernação e pautação
(impressos em geral).
Vendas de Colchões.
Armazém de ferragens.
Rádios, discos, refrigeradores e material
elétrico.
Igreja Nossa Senhora do Rosário
Praça João Lisboa
Redação do jornal Avante
Rua Rio Branco, 41/55
Rua Nilo Peçanha, 12, sala 1017 ou
Caixa Postal 141, Lapa, Rio de Janeiro
Rua Osvaldo Cruz, 84
Rua Osvaldo Cruz, 153
Rua Osvaldo Cruz, 423
Rua Afonso Pena, 112
Rua Godofredo Viana, 296 B/240 A
Rua Portugal, 210
Rua Osvaldo Cruz, 290
Rua Joaquim Távora, 340
157
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Rianil
Guaraná popular
Peças para automóveis.
Loja de tecidos.
Bebida
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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 6
Cunha Santos & Cia. Ltda.
R. Santos & Cia.
Auto-Eletrica Ltda.
Farmácia Garrido de A. F. Garrido
Sapataria só Castelo
Bar Garota. Direção Manoel Coelho
Casa Moraes de Moraes & Cia. Ltda.
Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães
Ltda.
Colégio de São Luiz
Rianil
Peitoral Jesus
Guaraná popular de M. Feres & Cia.
Armazém de ferragens.
Vendas de colchões.
Peças para automóveis.
Drogas nacionais e internacionais.
Vendas de sapatos.
Bar
Rádios, discos, refrigeradores e material elétrico.
Tipografia, papelaria, encadernação e pautação
(impressos em geral).
Divulgação do Exame de Admissão
Loja de tecidos.
Medicamento
Refrigerante
Rua Portugal, 210
Rua Godofredo Viana, 276 B/ 240 A
Rua Joaquim Távora, 340
Rua Osvaldo Cruz, 87
Rua Osvaldo Cruz, 153
Praça João Lisboa
Rua Osvaldo Cruz, 290
Rua Afonso Pena, 113
Rua Rio Branco, 41/55
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Folha
Estudantil
Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 1 (1951) Tipografia Santa Cruz – A casa ―A Ribamar‖
A Colegial
Casa Moraes
Garantia do Povo
Machado & Trindade
Casa de Móveis, Guanabara, de Pedro Paiva F.
Bar Comercial de Mamud Chaim
Lojas Rianil
Serviços Gráficos
Artigos para estudantes
Rádios, refrigeradores e bicicletas.
Joias, relógios, óculos, prataria, objetos de cristais e artigos para
presentes.
Importação e Exportação.
Estufamentos, móveis em geral, cortinas e decorações.
Bebidas, doces frios.
Loja de tecidos.
Rua Nina Rodrigues, 144
Rua Osvaldo Cruz, 290
Rua Osvaldo Cruz, 324
Praça João Lisboa, 78 B
Rua Nina Rodrigues, 156 A
Rua Candido Mendes
08
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O Estudante
de Atenas
Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 1 (1956)
Nº 2
M. Feres & Cia: Indústria e Comércio
AMAI
Casa Ancora. Romão dos Santos & Comp.
Ltda.
Joalheira A Hora Certa
Bar da Penha
Salão de Beleza ―Elza Sadala‖
Casa Ancora. Romão dos Santos & Comp.
Ltda.
Casa da Fé, de Sebastião Esteves de Queiroz
Distribuidora Silmar
Amalie: União Indústria e Comércio
Representações Ltda.
Fabricantes, importadores e exportadores de bebidas e cereais.
Apresentações teatrais
Ferragens, Tintas e Acessórios para automóveis.
Joias, relógios, anéis, pulseiras e artigos finos para presentes.
Refeições, merendas e refrigerantes em geral.
Cortes de cabelos, manicure, pedicure e tratamento de cabelo
em geral.
Ferragens, Tintas e Acessórios para automóveis.
Armarinho.
Artigos domésticos em geral.
Lubrificantes.
Rua Portugal, 302
Rua Godofredo Viana, 223
Rua Joaquim Távora, 341
Rua Nina Rodrigues, 441
B
Rua Portugal, 302
Rua Jacinto Maia, 451
Rua 13 de maio, 389
Praça João Lisboa e
Rua Herculano Parga
Rua Cândido Mendes, 143
03
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Nº 3
Casa Morais
Distribuidora Silmar
Amalie: União Indústria e Comércio
Representações Ltda.
Joalheira A Hora Certa
Casa Ancora. Romão dos Santos & Comp.
Ltda.
Panair do Brasil. Agente: Pinheiro Gomes e
Cia. Ltda.
Vendas de rádios, radiolas, máquinas de costura, geladeiras, etc.
Rádios, radiolas, discos, aparelhos domésticos, velocípedes,
bicicletas.
Lubrificantes.
Joias, relógios, anéis, pulseiras e artigos finos para presentes.
Ferragens, Tintas e Acessórios para automóveis.
Transporte aeroviário
Rua Oswaldo Cruz, 450
Praça João Lisboa, 23
Rua São João, 389 A
Rua Joaquim Távora
Rua Cândido Mendes, 143
Rua Godofredo Viana, 223
Rua Portugal, 302
Rua Nina Rodrigues, 43
08
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O Estudante
de Atenas
Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 7 (1957) Lages & Cia.
A Colegial
Cunha Santos & Cia. Ltda.
Discos? Silmar.
A Centenlha. Cavaignac & Cia.
Casas Moraes
Armazém de tecidos, estivas, miudezas e ferramentas
grossas.
Livros escolares e romances, ponto de cruz, figurinos,
álbuns e bijuteria, cinzeiros.
Armazém de ferragens.
Material elétrico, tinta e ferragens.
Confecção.
Rua Portugal, 303
Rua Portugal, 198-210
Rua Colares Moreira,
182
06
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O Liceu Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total
n. 6 (1957)
n. 95
(1958)
Distribuidora Silmar
Alfaiataria e Camisaria de José Emiliano Ribeiro.
Casas Moraes
R. Santos & Cia.
Farmacia Central de Ericeira & Cia.
Farmácia Sanitária
Drogagrande
A Colegial
Casa Paris de Alexandre Hilal & Cia. Ltda.
Casa do linho puro
Importadora do Norte Ltda.
Casas Moraes
Móveis Cimo. Movelaria, loja das noivas.
Casa Paris
Rádios, radiolas, discos, aparelhos domésticos,
velocípedes, bicicletas.
Confecciona roupas masculinas e femininas.
Confecção.
Camas, colchões, estofados, tapetes, etc.
Medicamentos.
Medicamentos.
Medicamentos.
Livros escolares e religiosos, estampas, ponto de cruz,
figurinos, álbuns e bijuteria, cinzeiros.
Roupas em geral.
Acessórios de automóveis, rádios, ferragens, aparelhos
eletrônicos.
Rádios, radiofones, radiolas.
Movelaria.
Roupas em geral.
Rua Portugal, 303
Rua 7 de setembro, 639 A
Rua Osvaldo Cruz
Rua Godofredo Viana, 216
B/240 A
Praça João Lisboa, 37 A
Rua Nina Rodrigues, 23
Rua 14 de julho, 172
Rua Osvaldo Cruz, 100
Rua Nina Rodrigues, 95 A
Rua Osvaldo Cruz, 285
Rua Osvaldo Cruz, 100
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Real Jóia
A Federal. Moisés Gutman.
Garantia do povo
Tropical Renner, de J. Serrano & Cia. Ltda.
Magazine Serrano.
Joias em geral e artigos finos para presentes.
Móveis em geral.
Joias, óculos, e relógios.
Rua Osvaldo Cruz, 324
Rua Osvaldo Cruz, 10 A
Rua Osvaldo Cruz, 63
07
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Avante nº 1, em 31 de outubro de 1949 (primeiro exemplar) Avante nº 6, em setembro de 1950 (último impresso localizado)
166
Avante em agosto de 1950 (edição lançada após as férias do colégio)
Jornal Maranhão: semanário de orientação católica em 05 de fevereiro de
1950
167
O Estudante de Atenas nº 1, 24 de maio de 1956 (primeiro exemplar
localizado)
O Estudante de Atenas nº 7, 14 de Maio de 1957 (último exemplar
localizado)
168
Primeira página do jornal O Combate em 18 de agosto de 1955
Primeira página do jornal O Combate em 04 de junho de 1956
169
Primeira página do Jornal do Povo em 06 de abril de 1951
Primeira página do Jornal do Povo em 24 de abril de 1955
170
Primeira página do O Liceu edição de abril de 1957 Primeira página do O Liceu edição de setembro de 1958
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