perfil da força de trabalho representada pelo cirurgião-dentista
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EDGARD MICHEL-CROSATO
PERFIL DA FORA DE TRABALHO REPRESENTADA PELO
CIRURGIO-DENTISTA: ANLISE EPIDEMIOLGICA DOS
PROFISSIONAIS QUE EXERCIAM SUAS ATIVIDADES NA
PREFEITURA MUNICIPAL DE SO PAULO, 2007
So Paulo
2008
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Edgard Michel-Crosato
Perfil da fora de trabalho representada pelo Cirurgio-Dentista:
anlise epidemiolgica dos profissionais que exerciam suas
atividades na Prefeitura Municipal de So Paulo, 2007
Tese de Livre-Docncia apresentada Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo, para concorrer ao ttulo de Livre-Docente pela Disciplina de Gesto e Planejamento em Odontologia
rea de Concentrao: Odontologia Social
So Paulo
2008
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Catalogao-na-Publicao
Servio de Documentao Odontolgica Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo
Michel-Crosato, Edgard
Perfil da fora de trabalho representada pelo Cirurgio-Dentista: anlise epidemiolgica dos profissionais que exerciam suas atividades na Prefeitura Municipal de So Paulo, 2007. / Edgard Michel-Crosato. -- So Paulo, 2008.
113p., 30 cm.
Tese (Livre-Docncia na Disciplina de Gesto e Planejamento em Odontologia rea de concentrao: Odontologia Social) -- Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo.
1. Orientao Profissional 2. Odontologia Social
BLACK D585
AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDO E
PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADO AO AUTOR A
REFERNCIA DA CITAO.
So Paulo, 01/09/2008.
Assinatura:
E-mail: michelcrosato@usp.br
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FOLHA DE APROVAO
Michel-Crosato E. Perfil da fora de trabalho representada pelo Cirurgio-Dentista: anlise epidemiolgica dos profissionais que exerciam suas atividades na Prefeitura Municipal de So Paulo, 2007 [Tese de Livre-Docncia]. So Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008. So Paulo, / / .
Banca Examinadora
1)Prof(a). Dr(a). ________________________________________________
Titulao:_____________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:_______________________
2) Prof(a). Dr(a).________________________________________________
Titulao: _____________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:_______________________
3)Prof(a). Dr(a). ________________________________________________
Titulao: _____________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:_______________________
4) Prof(a). Dr(a).________________________________________________
Titulao: _____________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:_______________________
5) Prof(a). Dr(a).________________________________________________
Titulao: _____________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:_______________________
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DEDICATRIA
minha esposa Maria Gabriela,
Aos meus pais, Edgard e Ana Cristina,
minha filha Ana Laura
Teresa, Wagner e Rafael
Juan, Daniza, Paulo e Dani
"Este trabalho, dedico a essas pessoas muito especiais, que
acompanharam tudo de perto".
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Moacyr da Silva, pelo constante apoio, contribuies e
principalmente por seus conselhos e orientaes.
Aos Profs. do Departamento de Odontologia Social: Profa. Dra. Hilda
Ferreira Cardoso; Profa. Dra. Ida T.P. Calvielli; Profa. Dra. Maria Erclia Arajo;
Profa. Dra. Simone Renn Junqueira; Prof. Dr. Dalton Luis de Paula Ramos;
Prof. Dr. Jos Leopoldo Ferreira Antunes; Prof. Dr. Rogrio Nogueira de
Oliveira; Prof. Dr. Rodolfo F.H. Melani; Prof. Dr. Antnio Carlos Frias; Prof. Dr.
Edgard Crosato, pela amizade e convivncia.
Profa. Dra. Maria Gabriela Haye Biazevic, pela inestimvel colaborao
na realizao deste trabalho.
Universidade de So Paulo, representada pelo Diretor da FOUSP Prof.
Dr. Carlos de Paula Eduardo pela oportunidade de continuar meu aprimoramento.
Aos funcionrios do Departamento de Odontologia Social, Andria, Sonia e
Laura.
A todos os funcionrios da biblioteca da Faculdade de Odontologia da USP.
A todos os Cirurgies-Dentistas da Prefeitura Municipal de So Paulo,
pela participao nessa pesquisa.
A coordenao de Sade Bucal da Prefeitura Municipal de So Paulo, na
pessoa da Maria Candelria Soares, pelo apoio na realizao da pesquisa.
Ao Observatrio de Recursos Humanos em pela participao nessa
pesquisa.
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Ao Ministrio da Sade / Pr-Sade pelo apoio financeiro para a realizao
desse trabalho.
A todas as pessoas que participaram de forma direta e indireta nesse
trabalho.
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Sem conhecer a extenso e a natureza de nossos problemas, no ser
possvel ao menos comear a tratar deles.
Dalai Lama
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Michel-Crosato E. Perfil da fora de trabalho representada pelo Cirurgio-Dentista: anlise epidemiolgica dos profissionais que exerciam suas atividades na Prefeitura Municipal de So Paulo, 2007 [Tese de Livre-Docncia]. So Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008.
RESUMO
O tipo de profissional que existe em um pas, em um determinado momento,
resultante do processo evolutivo da atividade, e caracteriza uma etapa de evoluo
da profisso. O objetivo do estudo foi verificar o perfil das atividades profissionais
dos Cirurgies-Dentistas que desenvolviam seu trabalho no Sistema nico de Sade
(SUS) no Municpio de So Paulo em 2007. Para obter as informaes constantes
da proposio deste trabalho foi realizado um estudo transversal descritivo e
analtico atravs da utilizao de questionrio. Foram entrevistados profissionais
participantes de curso de capacitao oferecido pela prefeitura e que estavam
presentes no dia do inqurito. Antes da sua aplicao, o instrumento passou por um
processo de estudo piloto e pr-teste para chegar sua verso final. A parte do
questionrio que mensurou a satisfao no trabalho foi adaptada para a lngua
portuguesa (Brasil). Tambm foram testadas as suas propriedades psicromtricas.
Os dados foram organizados e analisados no programa STATA 10.0. A pesquisa foi
encaminhada aos Comits de tica em Pesquisa da Prefeitura Municipal de So
Paulo e da Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo, tendo sido
aprovados. O processo de validao da escala de satisfao foi adequada,
apresentando boa consistncia e validade. Participaram do estudo 605 Cirurgies-
Dentistas que exerciam suas atividades profissionais na Prefeitura Municipal de So
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Paulo no ano de 2007. Em relao s caractersticas scio-econmicas, 70,74% dos
profissionais eram do gnero feminino e 29,26% do gnero masculino. Os
Cirurgies-Dentistas no estavam distribudos de forma simtrica pelo municpio, e a
regio que continha o maior nmero de profissionais foi a zona sul, com 40,00% do
total de profissionais. Em relao atuao profissional, 259 (42,81%)
apresentavam curso de especializao, 29 (4,79%) de mestrado e 03 (0,50%) de
doutorado. Relataram trabalhar em consultrio privado 381 Cirurgies-Dentistas
(62,98%). A mdia de horas trabalhadas por semana foi de 37,30 horas, atendendo
em mdia 8,38 pacientes a cada turno de 4 horas. O nvel de satisfao dos
participantes foi 2,84 (DP=0,29), em uma escala de 0 a 5. Os valores cada bloco
verificados foram: satisfao geral com o trabalho/emprego (mdia=2,86; DP=0,45),
percepo de renda (mdia=2,71; DP=0,47), tempo pessoal (mdia=2,86; DP=0,50),
tempo profissional (mdia=2,79; DP=0,84), equipe (mdia=2,80; DP=0,53),
relacionamento com pacientes (mdia=2,77; DP=0,40) e fornecimento de
assistncia/atendimento (mdia=2,25; DP=0,60). Os profissionais que participaram
do estudo eram em sua maioria mulheres, atuavam tambm no setor privado e
possuam uma carga de trabalho expressiva. A satisfao profissional foi boa e se
mostrou associada com o atendimento concomitante no setor privado.
Palavras-Chave: Odontologia; Recursos Humanos; Satisfao no Emprego
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Michel-Crosato E. Workforces Dental Surgeon profile: epidemiologic analysis of the Professional that worked at the So Paulos City Municipality, 2007 [Tese de Livre-Docncia]. So Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008.
ABSTRACT
The professional pattern that is available in a country, in a certain moment, reflects
the evolution of the activity, and characterizes an evolution step of the profession.
The objective of the study was to verify professional activities profile among the
Dental Surgeons that worked in the So Paulos Municipality (Public Health Care
Settings) in 2007. A descriptive cross-sectional and analytic study was carried out,
using a questionnaire. Dentists that participated of the continued education course
offered by the Municipality and that were present at the day of the questionnaire
application participated of the study. Before its application, the instrument was
submitted to a pilot process and also a pre-test was performed, and then the final
version was achieved. The questionnaire component that measured job satisfaction
was adapted to portuguese language (Brasil). Its psicometric properties were also
tested. Data were organized and analysed at STATA 10.0 package. The investigation
project was submitted to the School of Dentistry (FOUSP) and to the So Paulos
Municipality Ethical Committees, and was approved. A pesquisa foi encaminhada
aos Comits de tica em Pesquisa da Prefeitura Municipal de So Paulo e da
Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo, tendo sido aprovados.
Satisfactions scale validation process was appropriate, with good consistency and
validity. Participated of the study 605 Dental Surgeons that professed Professional
activities in the Municipality of So Paulo in 2007. Most of the professionals were
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female (70.74%) and 29.26% were male. Dental Surgeons were not equally allocated
through the city, and South Region had the highest number of working professionals,
with 40.00% of all. With regard to professional performance, 259 (42.81%) were
specialists, 29 (4.79%) had Master degree and 03 (0.50%) were PhDs. Most of the
dentists (N=381, 62.89%) used to work in private settings. The mean working hours
in a week were 37.30, with a mean of 8.38 patients in a 4-hour working shift. Job
satisfaction level among the participants was 2.84 (SD=0.29), in a 0 to 5 scale. The
series values were: general satisfaction with job/employment (mean=2.86; SD=0.45),
income perception (mean=2.71, SD=0.47), personal time (mean=2.86; SD=0.50),
professional time (mean=2.79; SD=0.84), team (mean=2.80; SD=0.53), patients
relationship (mean=2.77; SD=0.40) and healthcare delivery (mean=2.25; SD=0.60).
Most of the participants of the study were women that used to work at private
healthcare setting and they had expressive work shifts. Job satisfaction was good
and it was associated to concurrent attendance at private healthcare setting.
Key-Words: Dentistry; Manpower; Job Satisfaction
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LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 - Participao da mulher na Odontologia nos Estados Unidos e na
Europa................................................................................................. 29
Quadro 2.2 - Participao da mulher na Odontologia na Amrica Latina................ 30
Quadro 2.3 - Educao continuada no Brasil........................................................... 43
Quadro 4.1 - Locais onde ocorreram os cursos de capacitao realizados para os
Cirurgies-Dentistas do Municpio de So Paulo, 2007..................... 56
Quadro 4.2 - Blocos de agrupamento da escala de satisfao................................ 61
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LISTA DE FIGURAS
Figura 5.1 - Distribuio de Bland-Altman para as observaes inter-
observadores......................................................................................................... 67
Figura 5.2 - Distribuio de Bland-Altman para as observaes intra-
observadores..........................................................................................................
68
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LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 - Consistncia interna da verso brasileira da escala de satisfao
profissional. So Paulo, 2007....................................... 66
Tabela 5.2 - Validade inter-examinadores da verso brasileira da escala de
satisfao profissional. So Paulo, 2007....................................... 66
Tabela 5.3 - Consistncia externa da verso brasileira da escala de
satisfao profissional. So Paulo, 2007....................................... 69
Tabela 5.4 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho. So Paulo, 2007............................................................. 70
Tabela 5.5 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo gnero e regio
de residncia. So Paulo, 2007..................................................... 71
Tabela 5.6 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo idade e anos de
formados. So Paulo, 2007........................................................... 72
Tabela 5.6 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo faculdade, e
cursos realizados. So Paulo, 2007.............................................. 72
Tabela 5.8 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo atividades de
educao continuada. So Paulo, 2007........................................ 73
Tabela 5.9 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo Renda e horas
trabalhadas. So Paulo, 2007....................................................... 74
Tabela 5.10 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo queixas de
sade. So Paulo, 2007................................................................ 75
Tabela 5.11 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho. So Paulo, 2007............................................................. 76
-
Tabela 5.12 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho (Satisfao geral), So Paulo. 2007................................ 77
Tabela 5.13 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho (Renda). So Paulo, 2007............................................... 78
Tabela 5.14 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho (Tempo pessoal). So Paulo, 2007.................................. 79
Tabela 5.15 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho (Tempo profissional). So Paulo, 2007............................ 80
Tabela 5.16 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho (Equipe). So Paulo, 2007............................................... 81
Tabela 5.17 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho (Paciente). So Paulo, 2007............................................ 82
Tabela 5.18 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho (Fornecimento de assistncia). So Paulo,
2007................................................................................................
83
Tabela 5.19 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo satisfao no
trabalho, gnero, tipo, se trabalha no setor privado e idade. So
Paulo, 2007................................................................................... 84
Tabela 5.20 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo remunerao no
trabalho, gnero, tipo, se trabalha no setor privado e idade. So
Paulo, 2007................................................................................... 85
Tabela 5.21 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo horas trabalhadas
por semana, gnero, tipo, se trabalha no setor privado e idade. 86
-
So Paulo, 2007.
Tabela 5.22 - Distribuio dos Cirurgies-Dentistas segundo paciente por
turno de 4 horas, gnero, tipo, se trabalha no setor privado e
idade. So Paulo, 2007................................................................. 87
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABO Associao Brasileira de Odontologia
ADA Americam Dental Associaton
APCD Associao Paulista de Cirurgies Dentistas
CFO Conselho Federal de Odontologia
CONEP Conselho Nacional de tica em Pesquisa
CRO-PE Conselho Regional de Odontologia de Pernambuco
CRO-SP Conselho Regional de Odontologia de So Paulo
DP Desvio Padro
DF Distrito Federal
DORT Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
EUA Estados Unidos da Amrica
FOA-UNESP Faculdade de Odontologia de Araatuba da Universidade Estadual Paulista.
FOB-USP Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de So Paulo
FOL Faculdade de Odontologia de Lins
FOUSP Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo
IBGE Instituto Nacional de Geografia e Estatstica
IPEM Instituto de Previdncia Municipal de So Paulo
INEP Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa Educacionais
LER Leses por Esforos Repetitivos
Mn. Valor mnimo
Max. Valor mximo
OPAS Organizao Pan-Americana da Sade
PSF Programa de Sade da Famlia
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SESI Servio Social da Indstria
SNS Sistema Nacional de Sade
SUS Sistema nico de Sade
UFBa Universidade Federal da Bahia
UFPe Universidade Federal de Pernambuco
UNESP Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho
UNIB Universidade Ibirapuera
UNIP Universidade Paulista
UNISA Universidade de Santo Amaro
USP Universidade de So Paulo
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SUMRIO
1 INTRODUO...............................................................................................20
2 REVISO DE LITERATURA.........................................................................24
2.1 A participao feminina na Odontologia........................................24
2.2 Motivaes para escolher a Odontologia como profisso...........31
2.3 Atuao profissional.........................................................................34
2.4 Educao continuada.......................................................................40
2.5 Riscos Ocupacionais........................................................................43
2.6 Satisfao profissional.....................................................................46
2.7 Validao de questionrios..............................................................51
3 PROPOSIO...............................................................................................54
4 MTODO........................................................................................................55
4.1 Tipo de estudo...................................................................................55
4.2 Populao de estudo........................................................................55
4.3 Coleta de dados................................................................................56
4.4 O instrumento de coleta de dados..................................................57
4.5 Pr-teste e Estudo Piloto..................................................................58
4.6 Diretrizes para o processo de adaptao trans-cultural...............58
4.7 Mtodo da aplicao do questionrio.............................................60
4.8 Avaliao das propriedades psicomtricas...................................60
4.9 A escala de satisfao......................................................................61
4.10 Digitao e anlise dos dados.......................................................62
4.11 Consideraes ticas.....................................................................62
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5 RESULTADOS...............................................................................................64
5.1 Descrio da amostra.......................................................................64
5.2 Validao do instrumento de coleta................................................64
5.2.1 Descrio da amostra..............................................................65
5.2.2 Propriedades psicomtricas.....................................................65
5.2.3 Satisfao profissional.............................................................69
5.3 Distribuio scio-demogrfica.......................................................70
5.4 Educao continuada.......................................................................72
5.5 Atuao profissional e renda auferida............................................74
5.6 Queixas de Sade.............................................................................74
5.7 Satisfao no trabalho......................................................................75
5.8 Fatores associados...........................................................................84
6 DISCUSSO...................................................................................................88
6.1. Descrio da amostra......................................................................88
6.2 Distribuio scio-demogrfica.......................................................89
6.3 Educao Continuada.......................................................................90
6.4 Atuao profissional e renda auferida............................................91
6.5 Riscos ocupacionais.........................................................................92
6.6 Validao do instrumento de coleta................................................93
6.7 Satisfao profissional.....................................................................94
6.8 Fatores associados...........................................................................95
7 CONCLUSO.................................................................................................98
REFERNCIAS.................................................................................................99
ANEXOS..........................................................................................................107
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20
1 INTRODUO
A Odontologia tem passado por modificaes no modelo de prtica desde a
dcada de 1980, e vrios fatores tm contribudo para essas alteraes. Dentre elas,
destaca-se a implementao do Sistema nico de Sade (SUS), a sua incluso no
Programa de Sade da Famlia (PSF), a popularizao dos sistemas de Odontologia
de grupo, a abertura de novos cursos, a maior oferta de profissionais no mercado de
trabalho, bem como a mudana do poder aquisitivo da populao. Todas essas
caractersticas acabaram por modificar a relao paciente-profissional. Tais fatores,
alm de alterar o perfil da atividade odontolgica, tm feito com que o mercado de
trabalho e o campo de atuao tambm mudem, implicando alteraes na fora de
trabalho daqueles que se dedicam a essa profisso (MICHEL-CROSATO et al.,
2003).
Um fator importante do atual campo profissional o aumento indiscriminado
da oferta de cursos de graduao, fato que gerou o crescimento da disponibilidade
de profissionais no mercado de trabalho, sem no entanto haver planejamento sobre
a capacidade do mercado de trabalho de absorver tal incremento de profissionais.
Em 2008, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) divulgou relatrio que apontava
a existncia de 221.164 cirurgies-dentistas no pas (CONSELHO FEDERAL DE
ODONTOLOGIA, 2008), com uma proporo de um profissional para cada grupo de
848 habitantes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (INSTITUTO
NACIONAL DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2008). Por sua vez, a Organizao
Mundial da Sade (OMS) recomenda a relao mdia de um profissional para 1500
habitantes (JUNQUEIRA, 2006).
-
21
Paradoxalmente, a grande maioria da populao no tem acesso a
tratamento odontolgico (BELARDINELLI; RANGEL, 1999) e a distribuio dos
profissionais no uniforme, j que os cirurgies-dentistas elegem os grandes
centros urbanos para o exerccio de suas atividades (NICKEL; LIMA; SILVA, 2008;
SIMONETTI, 1980; VACARIUC, 1985).
A conseqncia desse excesso de oferta e diminuio da procura dos
servios odontolgicos privados foi o surgimento de novas formas de prestao de
servios por parte dos Cirurgies-Dentistas. Apesar do objetivo do egresso do curso
de Odontologia continuar sendo montar o seu consultrio particular, na maioria das
vezes, isso demora para acontecer, ou mesmo esse objetivo no se concretiza, em
funo dos custos de montagem e de manuteno. Assim, quando o profissional
ingressa no mercado de trabalho, procura novas alternativas para o exerccio
profissional. Vrios estudos tm sido realizados para verificar as caractersticas de
atendimento dos servios de sade bucal; em geral, eles apontam para a tendncia
do Cirurgio-Dentista procurar empregos privados e pblicos e trabalhar por
porcentagem (BRENNAM; SPENCER; SZUSTER, 2000; CORDN, 1991; COSTA,
1988; JUNQUEIRA, 2006; MADEIRA; PERRI DE CARVALHO, 1980; NEWTON;
THOROGOOD; GIBBONS, 2000; POURAT et al., 2007; SALIBA et al., 2002).
Devido s mudanas nas sociedades modernas, a fora de trabalho feminina
comeou ser requerida no incremento da renda financeira das famlias (GIDDENS,
2005). A participao da mulher como fora de trabalho tem aumentado
consideravelmente nas diferentes atividades humanas. Esse processo de
feminilizao da fora de trabalho na rea odontolgica um achado constante nos
dados bibliogrficos, e apontam que houve no Brasil um aumento no nmero de
mulheres que exercem a profisso, o que tambm foi constatado nos Estados
-
22
Unidos da Amrica (EUA) e Europa (HJALMERS, 2006; MCEWEN; SEWARD, 1988;
MICHEL-CROSATO et al., 2003; PARAJARA, 2000; PERRI DE CARVALHO,
1995a,b; SALIBA et al., 2002; SERPA, 1991).
Outro fator que tem se destacado nesse campo profissional a avaliao da
satisfao profissional do Cirurgio-Dentista. Ayers et al. (2008) destacam que h
necessidade de um contnuo acompanhamento da fora de trabalho e da satisfao
profissional e das tendncias sociais do exerccio da Odontologia. Essa avaliao se
dedicaria a estudar vrios domnios: a satisfao geral com o trabalho / emprego, a
percepo sobre a renda, o tempo dedicado s atividades pessoais, o tempo
dedicado s atividades profissionais, a relao com a equipe de trabalho, o
atendimento odontolgico (HARRIS et al., 2008; HJALMERS, 2006; HJALMERS;
SDERFELDT; AXTELIUS, 2006; JEONG et al., 2006).
Tendo em vista que o maior conhecimento da realidade da profisso em
nosso pas de suma importncia, foi objetivo desse estudo verificar se essas
alteraes esto de fato modificando o exerccio profissional; buscou-se estudar o
perfil dos Cirurgies-Dentistas que atuam no servio pblico, o tipo de servio
oferecido, a remunerao profissional, o nmero de horas trabalhadas e a satisfao
profissional.
Para obter as informaes necessrias para a execuo desta pesquisa,
realizou-se um estudo transversal com Cirurgies-Dentistas que exerciam suas
atividades profissionais na Prefeitura Municipal de So Paulo no ano de 2007 e que
participavam de um curso de capacitao oferecido pela prpria prefeitura. A coleta
de dados foi realizada utilizando-se um instrumento que continha perguntas
fechadas e abertas e que antes da sua aplicao, passou por um processo de
estudo piloto e pr-teste para chegar sua verso final. A parte do questionrio que
-
23
mensurou a satisfao no trabalho, por se tratar de uma escala internacional, foi
adaptada para a lngua portuguesa do Brasil; alm disso, foram testadas as
propriedades psicomtricas do instrumento.
O presente documento foi estruturado em diferentes captulos. Na Reviso
de Literatura, para facilitar o entendimento dos leitores, os estudos foram agrupados
por assunto e, em cada grupo, os trabalhos foram citados em ordem cronolgica. Os
objetivos foram apresentados na Proposio. No captulo de Materiais e Mtodo
apresentou-se o delineamento do estudo, a forma da coleta de dados, o instrumento
de coleta, o processo de adaptao trans-cultural do instrumento, os testes das
propriedades psicomtricas do questionrio, a descrio das formas de anlise
estatstica e as consideraes ticas. Nos tpicos Resultados, Discusso e
Concluses, os dados da pesquisa foram, respectivamente, apresentados,
discutidos e sintetizados.
-
24
2 REVISO DE LITERATURA
Existem vrios trabalhos que visam examinar o perfil da fora de trabalho da
rea odontolgica, tanto na literatura estrangeira quanto na literatura de nosso pas.
Assim, para facilitar o entendimento dos leitores, tais estudos foram agrupados por
assunto e local onde as pesquisas foram realizadas.
2.1 A participao feminina na Odontologia
O perfil da fora de trabalho em Odontologia vem mudando em todo o
mundo. Dolan e Lewis (1987) realam que vem ocorrendo um processo de
feminilizao da fora de trabalho que se dedica Odontologia. Os autores
relataram que o perfil dos recm-graduados em cursos de Odontologia nos Estados
Unidos da Amrica (EUA) mudou drasticamente. Segundo eles, o nmero de
mulheres que ingressavam na carreira odontolgica aumentou significativamente.
Em 1960, 1,00% da fora de trabalho em Odontologia nos EUA, era representada
pelo sexo feminino. Em 1986, 27,00% dos alunos do ltimo ano das faculdades de
Odontologia eram mulheres.
Em pesquisa realizada no Estado de Washington (EUA) em 2005 por Del
AGUILA et al. (2005), 12,00% dos profissionais que se dedicavam Odontologia
eram do gnero feminino.
-
25
A American Dental Association (ADA) estimou que, para ano de 2020, a
participao da mulher nos EUA estaria prxima dos 30,00% (AMERICAN DENTAL
ASSOCIATION, 2001).
Em pesquisa realizada para verificar o perfil dos ortodontistas dos EUA,
Blasius e Pae (2005) verificaram que a participao das mulheres era de 50,00% em
relao ao total de Ortodontistas. Em pesquisa realizada por Janus, Hunt e Unger
(2007), que teve como objetivo verificar o perfil dos servios de prtese realizados
por clnicos gerais no Estado da Virginia (EUA), a porcentagem de mulheres na
profisso foi de 25,00%.
Ao avaliarem a fora de trabalho e a demanda por tratamento para a crie
dentria na cidade de Quebec (Canad) entre 1985-1988, Brodeur et al. (1990)
relataram que, em 1971, 55,60% dos profissionais registrados no Register of The
Board of The Dentist of The Province of Quebec eram do gnero feminino. Em 1985,
esse percentual diminuiu para 50,60% do total de registrados, voltando a subir em
1988, quando atingiu o patamar de 51,70%. Estudo realizado por Muirhead e Locker
(2007) entre estudantes de odontologia canadenses encontrou que a participao
feminina foi de 58,00%.
McEwen e Seward (1988) relataram a mesma tendncia citada
anteriormente, em pases europeus. Em estudo para verificar a contribuio da
mulher na Inglaterra e no Pas de Gales, constataram que houve crescimento da
participao feminina. Os autores relataram que em 1956, a porcentagem de
mulheres que ingressavam na profisso era de 13,70%; a porcentagem de mulheres
registradas no rgo de classe local, o Dentists Register, era de apenas 7,70% do
total de profissionais inscritos. Dez anos depois, em 1966, o nmero de mulheres
que ingressaram em cursos de Odontologia tinha subido para 16,30%, e aquelas
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26
registradas no rgo de classe representavam 10,70% do total de profissionais. Em
1976, essas porcentagens j estavam em 24,90% e 15,10%, respectivamente. E, em
1986, tais ndices eram de 34,60% e 21,20%, respectivamente.
Matthews e Scully (1993), em estudo que objetivou verificar o perfil dos
profissionais da Inglaterra com relao ao gnero, encontraram uma relao
homens/mulheres bem mais modesta: no binio 1985/1986 havia 1,37 homem para
1 mulher e, no binio 1990/1991, havia 1,02 homem para 1 mulher.
Harris et al. (2008) apontaram, em estudo realizado na Inglaterra, que a
participao da mulher na Odontologia foi de 36,00%.
Em estudo realizado na Bulgria (KATROVA, 2004), o autor relatou que a
participao das mulheres na profisso era de 72,57%. Na Sucia, em pesquisa
realizada por Kronstrm et al. (1997) observou-se uma participao feminina de
42,00%.
Na America Latina existem poucos estudos que relatam o nmero de
Cirurgies-Dentistas nos diversos pases. Em estudo realizado pela Organizao
Pan-Americana da Sade (OPAS) entre profissionais da sade, relatou que na
Argentina 56,00% dos trabalhadores eram mulheres; na Bolvia, o nmero era
60,70%, na Costa Rica 53,90%, na Colmbia 69,50%, em Cuba 72,50% e no Mxico
66,30% (ORGANIZAO PAN-AMERICANA DA SADE, 2004).
Em relatrio apresentado para a Organizao Pan-Americana da Sade
(AMARANTE, 2006), verificou-se que no Uruguai, em 1998, na regio de
Montevidu, a participao feminina era 55,00% e no interior do pas, 66,00%. Em
2005, essa participao j era de 71,00% considerando todo o pas.
No Brasil, vrios estudos tm se dedicado ao tema. Perri de Carvalho
(1995a,b) realizou uma pesquisa na regio da alta noroeste do Estado de So
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27
Paulo. O autor aplicou, em sala de aula, um questionrio aos alunos do oitavo
semestre da Faculdade de Odontologia de Araatuba da Universidade Estadual
Paulista Jlio de Mesquita Filho e da Faculdade de Odontologia de Lins (FOL).
Nessas instituies, houve predominncia de alunas mulheres: na FOL, a proporo
de mulheres foi de 59,40%, e na FOA-UNESP esse percentual foi de 60,70%. O
mesmo questionrio foi aplicado a Cirurgies-Dentistas de dez cidades nas
cercanias de Lins e de Araatuba; dos 10,00% de profissionais que responderam
pesquisa, 31,85% eram do gnero feminino. Complementando as informaes por
ele levantadas, o autor informou que, segundo os registros do Conselho Regional de
Odontologia, So Paulo (CROSP), havia 894 Cirurgies-Dentistas naquela regio,
dos quais 54,47% eram homens e 45,53% eram mulheres.
Em matria publicada em 1991, Serpa relata que, em 1967, na Faculdade de
Odontologia de Araatuba da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita
Filho (FOA-UNESP), havia apenas trs mulheres dentre os alunos que cursavam o
ltimo ano. Nesse artigo, a autora reproduziu um estudo realizado no Instituto
Metodista de Ensino Superior, localizado em So Bernardo do Campo-SP, que
registrou que em 1985, havia 55,55% de mulheres matriculadas no primeiro ano do
curso de Odontologia. Em 1990, esse percentual chegava a 89,25%. Ainda segundo
a autora, outras instituies de ensino superior apresentavam um quadro
semelhante, recebendo, anualmente, maior nmero de novos alunos do gnero
feminino que do sexo masculino.
Parajara (2000), em reportagem publicada pela Revista da Associao
Paulista de Cirurgies Dentistas (APCD) relatou que, dos 51.525 Cirurgies-
Dentistas que possuam registro no CROSP em 1999, 51,00% eram mulheres, e,
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28
dentre os profissionais que ainda estavam com inscrio provisria, a presena
feminina era ainda mais marcante, atingindo cerca de 67,00%.
Em pesquisa realizada em Araatuba, com o objetivo de analisar a
demanda do gnero feminino nos cursos de Odontologia, Saliba et al. (2002)
relataram que em relao Faculdade de Odontologia Faculdade de Odontologia
de Araatuba da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho,
observou-se que entre 1961-1970, 18,88% dos graduandos eram mulheres. No
perodo de 1971-1980, a proporo foi 41,43%, de 1981-1990 foi 51,10% e de
1991-2000 foi de 59,95%. Os autores concluram que houve um aumento do
nmero de mulheres na Odontologia, e aconselharam as instituies de ensino e
s entidades de classes que permanecessem atentas para avaliar as
conseqncias decorrentes desse perfil no mercado de trabalho futuro.
Em estudo realizado com egressos da Faculdade de Odontologia da
Universidade de So Paulo, Michel-Crosato et al. (2003) relataram que a
participao feminina foi de 55,25%.
Em pesquisa para verificar a prevalncia de distrbios osteo-
musculares entre Cirurgies-Dentistas no Meio-Oeste Catarinense, Michel-
Crosato, Kotiliarenko e Biazevic (2006) relataram que a participao feminina foi
de 48,00%.
Nesse tpico procuramos abordar a participao feminina no exerccio
da profisso de Cirurgio-Dentista. Os quadros 2.1 e 2.2 apresentam uma sntese
desses estudos.
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29
Pas/Continente Caractersticas / Regio Ano Estudo Mulheres
(%)
Estados Unidos
(EUA)
/ Canad
Cirurgies-Dentistas
(EUA) 1960 Dolan e Lewis (1987) 1,00
Formandos (EUA) 1986 Dolan e Lewis (1987) 27,00
Cirurgies-Dentistas
Washington (EUA) 2005 Del Aguila MA (2005) 12,00
Ortodontistas (EUA) 2005 Blasius e Pae (2005) 50,00
Cirurgies-Dentistas
Virgnia (EUA) 2007
Janus, Runt e Unger
(2007) 25,00
Cirurgies-Dentistas
(EUA) 2020 ADA (2001) 30,00
Cirurgies-Dentistas
Quebec (Canad) 1971 Brodeur et al (1990) 55,60
Cirurgies-Dentistas
(Quebec, Canad) 1988 Brodeur et al (1990) 51,70
Estudantes
(Canad) 2007
Muirhead e Locker
(2007) 58,00
Europa
Formandos
(Inglaterra) 1965
McEwen e Seward
(1988) 13,70
Cirurgies-Dentistas
(Inglaterra) 1965
McEwen e Seward
(1988) 7,70
Formandos
(Inglaterra) 1986
McEwen e Seward
(1988) 34,6
Cirurgies-Dentistas
(Inglaterra) 1986
McEwen e Seward
(1988) 21,2
Cirurgies-Dentistas
(Inglaterra) 1993 Mattews e Scully (1988) 50,00
Cirurgies-Dentistas
(Inglaterra) 2008 Harris et al. (2008) 36,00
Cirurgies-Dentistas
(Sucia) 1997 Kronstrm et al. (1997) 42,00
Cirurgies-Dentistas
(Bulgria) 2004 Katrova (2004) 72,57
Quadro 2.1. Participao da mulher na Odontologia nos Estados Unidos e na Europa.
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30
Pas/Continente Caractersticas / Regio
Ano Estudo Mulheres (%)
Amrica Latina
Formandos
(Inglaterra) 1960 Dolan e Lewis (1987) 1,00
Cirurgies-Dentistas
(Montevidu, Uruguai) 1998 Amarante (2006) 55,00
Cirurgies-Dentistas
(Uruguai, Interior) 1998 Amarante (2006) 66,00
Cirurgies-Dentistas
(Uruguai) 2005 Amarante (2006) 71,00
Profissionais de Sade
(Argentina*) 2004 OPAS (2004) 56,00
Profissionais de Sade
(Bolvia*) 2004 OPAS (2004) 60,70
Profissionais de Sade
(Costa Rica*) 2004 OPAS (2004) 53,90
Profissionais de Sade
(Colmbia*) 2004 OPAS (2004) 69,50
Profissionais de Sade
(Cuba*) 2004 OPAS (2004) 72,50
Profissionais de Sade
(Mxico*) 2004 OPAS (2004) 66,30
Brasil
Cirurgies-Dentistas
(Araatuba, CROSP) 1961 Serpa (1991) 3,00
Formandos
(So Bernardo do Campo-SP)
2000 Serpa (1991) 89,25
Cirurgies-Dentistas
(So Paulo, CROSP) 2005 Parajara (1991) 51,00
Cirurgies-Dentistas
(Araatuba-SP)
1991-
2000 Saliba et al. (2002) 59,95
Cirurgies Dentistas
(Brasil) 2003 CFO (2003) 57,50
Cirurgies-Dentistas
(Estado de So Paulo)
1990-
1998
Michel-Crosato et al.
(2003) 55,25
Cirurgies-Dentistas
(Santa Catarina) 2005
Michel-Crosato, Kotiliarenko
e Biazevic (2006) 48,00
Quadro 2.2. Participao da mulher na Odontologia na Amrica Latina.
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31
2.2 Motivaes para escolher a Odontologia como profisso
Outro aspecto importante com relao profisso odontolgica
correspondem aos motivos que levam os jovens a eleger a Odontologia como
profisso. Vrios foram os fatores relatados, e esses se alteram medida que as
caractersticas da profisso mudam.
Em 1973, Arbenz et al. (1973) realizaram um trabalho para verificar os
motivos da escolha da profisso odontolgica. Foram entrevistados 125 alunos do
curso de graduao da Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo
(FOUSP); relataram que o principal fator para a escolha da cincia odontolgica foi a
aptido s cincias mdicas.
Almeida Jnior et al. (1984) realizaram estudo no qual aplicaram
questionrios a 150 estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBa). Os
resultados apresentam que a maioria dos sujeitos de pesquisa escolheu a profisso
por gostar de cincias mdicas e, principalmente, de Odontologia. Os autores
tambm apontaram que alguns estudantes escolheram a Odontologia por ambio
scio-econmica, ou por influncia familiar. Os autores apresentaram que a histria
familiar poderia ter influncia na escolha da profisso, j que 43,30% dos
entrevistados relataram ter parentes que eram Cirurgies-Dentistas.
Em estudo que entrevistou todos os Cirurgies-Dentistas inscritos no
Conselho de Odontologia do Estado de So Paulo, Costa (1988) relatou que um
entre cada quatro profissionais indicou a perspectiva de ganhos financeiros e de
-
32
prestgio social como motivadora da escolha. Sua pesquisa foi conduzida com
Cirurgies-Dentistas da Grande So Paulo.
Com o objetivo de analisar as caractersticas do ensino e da prtica
odontolgica, Perri de Carvalho (1995a,b) realizou uma pesquisa na regio da Alta
Noroeste do Estado de So Paulo. O autor aplicou, em sala de aula, um questionrio
aos alunos do oitavo semestre da Faculdade de Odontologia da Universidade Julio
de Mesquita Filho (FOA-UNESP) e da Faculdade de Odontologia de Lins (FOL). O
mesmo questionrio foi aplicado a Cirurgies-Dentistas de dez cidades nas
cercanias de Lins e de Araatuba; tais questionrios foram entregues diretamente
aos profissionais. Os questionrios respondidos apontaram que a opo pela
Odontologia prendia-se s possibilidades de ganhos financeiros para as trs
categorias estudadas.
Em estudo realizado por Gietzelt (1997), entre os estudantes de Odontologia
de primeiro ano, foi encontrado que as principais motivaes por escolher a
Odontologia como carreira foram a aptido para a sade e possibilidade de ter vrios
empregos.
Carvalho, Perri de Carvalho e Sampaio (1997) realizaram um estudo para
verificar as motivaes e as expectativas que alunos de faculdades de Odontologia
do Municpio de So Paulo nutriam com relao ao curso e ao exerccio profissional.
Os autores aplicaram, a uma populao de 179 estudantes da Faculdade de
Odontologia da Universidade de So Paulo (FOUSP) e de cursos de Odontologia da
Universidade Paulista (UNIP) e da Universidade de Santo Amaro (UNISA),
questionrio no qual indagavam as razes da escolha profissional. Obtiveram os
seguintes resultados: vocao - 37,20% (UNIP), 39,40% (UNISA) e 23,40% (USP);
possibilidade de auferir bons rendimentos - 54,30% (UNIP), 11,40% (UNISA) e
-
33
34,30% (USP).
Em estudo realizado na Irlanda, Hallissey, Hannigan e Ray (2000)
verificaram por que os estudantes escolheram a ocupao de Cirurgio-Dentista.
Foram entrevistados 150 estudantes universitrios durante o ano letivo de 1998-
1999. Os graduandos escolheram a Odontologia principalmente devido a uma
percepo positiva de condies de trabalho, seguida pelas motivaes de poder
ajudar as pessoas.
Em estudo realizado por Michel-Crosato et al. (2003), referente questo
sobre os motivos de escolha da Odontologia como profisso, os autores relataram
que 170 (53,12%) a escolheram pelo fato de esta ser uma profisso liberal; 118
(36,875) por terem tido contato com outros dentistas; 103 (32,18%) pela flexibilidade
de horrio; e 101 (31,00%) por vocao.
Em pesquisa que tinha como objetivo verificar a motivao de estudantes do
curso de Odontologia e de Medicina na Universidade de Manchester (Gr-Bretanha),
Crossley e Mubarik (2002) relataram que os estudantes de Medicina manifestaram
uma atitude mais profissional na qual o desafio intelectual constituiu fator motivador
central para a escolha da profisso.
Gallagher et al. (2007) realizaram um estudo qualitativo para verificar os
motivos que levavam os jovens a escolher a Odontologia. Os autores concluram em
seu estudo que os graduandos escolheram a profisso por remuneraes lucrativas
e por ser uma profisso da rea de sade.
-
34
2.3 Atuao profissional
Ainda dentro do escopo do presente estudo, outro fator importante so as
possibilidades de atuao profissional do Cirurgio-Dentista. Esse aspecto tem sido
objeto de muitos estudos, que visam avaliar as oportunidades de colocao do
profissional no mercado de trabalho.
Em levantamento sobre as caractersticas de atendimento dos servios de
sade bucal da cidade de Bauru (SP), Moraes (1971) relatou que 53,09% dos
Cirurgies-Dentistas trabalhavam somente em consultrios odontolgicos, e 46,91%
atuavam em autarquias, em servios de assistncia odontolgica e na Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de So Paulo (FOB-USP).
Em estudo realizado no oeste do Estado de So Paulo para verificar as
necessidades e as tendncias da Odontologia e do exerccio dessa profisso,
Madeira e Perri de Carvalho (1980) destacaram a possibilidade de alocar os recm-
formados, pelo perodo de um ano, e mediante remunerao, em consultrios
odontolgicos especialmente montados pelo governo em cidades carentes.
Em trabalho realizado para verificar as opes de trabalho e a distribuio
dos Cirurgies-Dentistas no territrio nacional, Vacariuc (1985) constatou que as
atividades que apresentavam maiores ndices de preferncia eram o consultrio
prprio, o emprego junto a terceiros e a dedicao docncia.
Para analisar o perfil de atuao de egressos de cursos de Odontologia nos
Estados Unidos, Dolan e Lewis (1987) enviaram questionrios para uma populao
de 4.470 profissionais escolhidos aleatoriamente em um universo de 14.228
Cirurgies-Dentistas graduados nos anos de 1979, 1980 e 1981. Os autores
-
35
relataram que 36,10% das mulheres, e 24,50% dos homens, trabalhavam em
clnicas privadas. E comentaram ainda sobre a concordncia existente, na literatura
mdica e na literatura odontolgica, sobre a maior incidncia de profissionais do
sexo feminino atuando com vnculo empregatcio em empresas de Odontologia de
grupo, em empregos pblicos e em instituies privadas.
No j citado estudo realizado em 1988 por Costa, o autor constatou que, nos
1.020 questionrios respondidos, houve predominncia de atuao em consultrios
prprios, e que a porcentagem de homens que no possuam vnculo empregatcio
(66,00%) era maior do que a de mulheres (51,00%).
Em estudo sobre a atuao de Cirurgies-Dentistas do Distrito Federal (DF),
Cordn (1991) observou que a maioria dos profissionais da rea trabalhava em
consultrios individuais e particulares (64,00%) na condio de clnicos gerais; que
20,60%, alm do consultrio, tambm tinham um emprego pblico; e que somente
3,3% tinham como nica fonte de renda o servio pblico.
A pesquisa supra citada tambm revelou que 25,60% dos Cirurgies-
Dentistas tinham vnculo empregatcio com os servios pblicos federais ou distritais
e que 32,50% trabalhavam em mais de um local, privado ou pblico.
Pinto (1993), relatou que em 1989, havia 40.581 postos de trabalho
ocupados por Cirurgies-Dentistas, com maior concentrao nas regies Sudeste,
Sul e Nordeste do Brasil.
Em sua dissertao de mestrado, Silva (1994) encontrou que a maioria dos
profissionais formados em Odontologia que mantinham emprego em Araraquara
estava vinculada ao setor pblico; o autor explicou que, com a municipalizao dos
servios de sade, a prefeitura ampliou seus servios, abrindo maiores
oportunidades de emprego aos Cirurgies-Dentistas. O Servio Social da Indstria
-
36
(SESI), a UNESP, as empresas privadas e os sindicatos ofereciam poucos
empregos a tais profissionais naquela cidade.
Na j mencionada pesquisa realizada por Perri de Carvalho (1995a,b), o
autor relatou que, na populao de alunos estudada, as expectativas de atuao
profissional poca da formatura diferiram entre os alunos da FOA-UNESP e da
FOL. Na FOA-UNESP, 29,00% dos graduandos planejavam possuir consultrios
prprios, 36,00% pretendiam trabalhar em clnicas privadas; 52,00% previam
trabalhar em consultrios cedidos ou alugados; 56,00% queriam continuar
estudando; 54,00% objetivavam trabalhar em sindicatos ou associaes. As
expectativas dos alunos da FOL apresentaram percentuais um pouco diferentes:
40,00% tinham a previso de possuir consultrios prprios, e 27,00% queriam
trabalhar em clnicas privadas; 49,00% tinham a expectativa de atuar em
consultrios cedidos ou alugados; 54,00% pretendiam continuar estudando; 64,00%
objetivavam trabalhar em sindicatos ou associaes.
Em estudo realizado na frica do Sul com a finalidade de verificar os
padres de trabalho de Cirurgies-Dentistas de ambos os gneros, Wet, Truter e
Ligthelm (1997) verificaram que 89,90% dos entrevistados do sexo masculino
trabalhavam em clnicas privadas; as profissionais do sexo feminino que
trabalhavam dessa forma eram 70,00% do total da amostra.
Para verificar as diferenas de perfil da fora de trabalho na Sucia,
Kronstrm et al. (1997) enviaram questionrios a uma populao escolhida
aleatoriamente - de 2.100 Cirurgies-Dentistas daquele pas. Os resultados
apontaram que 50,00% dos profissionais trabalhavam em clnicas privadas e 50,00%
estavam vinculados aos servios pblicos. Entre os homens, 63,00% trabalhavam
em clnicas privadas, enquanto que apenas 32,00% das mulheres o faziam.
-
37
Pesquisa realizada para verificar o padro dos diagnsticos e as
caractersticas dos pacientes de servios odontolgicos na Austrlia apontou que,
dos 7.493 profissionais registrados no Dentist Register, 16,50% eram mulheres. De
todos os profissionais, 79,60% trabalhavam no setor privado (BRENNAN;
SPENCER; SZUSTER, 2000).
Aspectos atinentes aos ganhos financeiros e ao tempo dedicado
Odontologia tm sido avaliados por diversos estudiosos. E alguns desses
pesquisadores ainda se debruaram sobre as possveis diferenas - relacionadas a
esses fatores que podem ocorrer em conseqncia do sexo do profissional.
Em estudo que analisou algumas caractersticas dos Cirurgies-Dentistas
graduados na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Parahyba Neto, Bijella e Morais, (1983) verificaram que, com exceo das
clnicas empresariais, em todas as outras atividades desenvolvidas, os profissionais
do sexo masculino apresentavam mdia de horas semanais de trabalho superior
quelas registradas para o sexo feminino. Dos profissionais que trabalhavam
somente em consultrios particulares, os do sexo masculino cumpriam uma mdia
semanal de 39 horas, e os do sexo feminino atuavam por 30 horas. Entre aqueles
que mantinham vnculo empregatcio, os homens tambm trabalhavam mdia
semanal de 39 horas, e as mulheres apenas 34 horas.
Dolan e Lewis (1987) empreenderam pesquisa para verificar o perfil
profissional dos recm-graduados em cursos de Odontologia dos Estados Unidos.
Os autores relataram que as mulheres ganharam menos que os homens na prtica
privada, administrativa ou na docncia, mesmo realizando as mesmas atividades e
dedicando-se o mesmo nmero de horas ao servio.
-
38
O trabalho publicado por Cordn em 1991 apontou que, em geral, 68,00%
dos dentistas trabalhavam at 40 horas, e 30,00% trabalhavam mais de 40 horas
semanais. Na avaliao realizada segundo sexo, foi observado que os homens
dedicavam maior tempo ao consultrio. Quanto aos rendimentos, o autor relatou
tambm que 62,60% dos profissionais haviam tido, no ano de 1990, receitas
mensais superiores a dez salrios mnimos, e 24,40% haviam recebido,
mensalmente, mais de 30 salrios mnimos.
Pesquisa realizada com Cirurgies-Dentistas na frica do Sul apontou que
41% dos profissionais trabalhavam entre 41 e 50 horas semanais, e 13,00%
trabalhavam mais de 50,00 horas semanais (RUDOLPH; BRAND; GILBERT, 1995).
As publicaes de Perri de Carvalho (1995a,b) ressaltaram que outros
fatores, alm do tipo de atividade desenvolvida pelo Cirurgio-Dentista, influenciaria
seus rendimentos; o mercado de trabalho tambm deveria ser considerado em
estudos voltados ao assunto.
Wet, Truter e Ligthelm (1997) verificaram que, em 80% dos entrevistados, o
sexo masculino respondia pela principal fonte de renda da famlia, ao passo que
apenas 19,6% das profissionais do sexo feminino que atuavam em Odontologia se
inseriam nessa situao.
O trabalho de Kronstrm et al. (1997) apontou para os seguintes ndices de
horas semanalmente dedicadas ao exerccio profissional: entre os homens, 26-30
horas (7,00%), 31-35 horas (26,00%), 36-40 horas (48,00%), mais de 40 horas
(10,00%); entre as mulheres, 26-30 horas (27,00%), 31-35 horas (25,00%), 36-40
horas (30,00%), mais de 40 horas (2,00%). Os autores comentaram que
aproximadamente 53,00% dos Cirurgies-Dentistas consideravam a sua demanda
de pacientes suficiente; 12,00% dos homens e 20,00% das mulheres afirmavam ter
-
39
uma grande demanda; 30,00% dos homens e 21,00% das mulheres relataram ter
poucos pacientes novos; e 6,00% dos homens e 4,00% das mulheres consideravam
baixa a sua demanda.
Em estudo realizado para verificar o perfil do egresso do curso de
Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo
(FOUSP), Michel-Crosato et al. (2003), relataram que, em relao ao nmero de
horas que o profissional dedicava Odontologia no primeiro ano aps a
formatura, 159 (49,16%) trabalhavam de 8 a 12 horas por dia, e 30 (9,46%)
trabalhavam mais de 12 horas por dia, o que resultou em um somatrio de 189
(59,62%) Cirurgies-Dentistas atuando alm de 8 horas dirias.
Em estudo realizado no Meio-Oeste Catarinense, onde participaram da
pesquisa 153 profissionais, mais da metade dos Cirurgies-Dentistas, ou seja, 86
(52,59%) relataram trabalhar mais do que 40 horas semanais e de atender mais de
cinco pacientes por turno de 4 horas; apenas 10% relatou atuar sem pessoal
auxiliar. Com relao posio ergonmica de trabalho, as localizaes que
correspondem a 9, 10, 11 e 12 horas foram as preferidas por cerca de 56,86% dos
profissionais e 80% relatou trabalhar exclusivamente na posio sentado. Na
questo da renda, 56,21% dos respondentes recebiam at R$ 5.000,00 por ms,
sendo que 31,37% relatou valores superiores e 12,42% preferiu no revelar a
renda. A renda familiar de 49,67% dos profissionais correspondeu a valores que
no superaram os R$ 10.000,00 e 31,37% deles no informou a condio
(MICHEL-CROSATO; KOTILIARENKO; BIAZEVIC, 2006).
-
40
2.4 Educao continuada
Diferentes autores empreenderam estudos voltados s reas ou
especialidades que o Cirurgio-Dentista atua em sua prtica. Tambm os cursos de
ps-graduao (atualizao, especializao, mestrado e doutorado) tm sido
avaliados e discutidos na literatura.
Discutindo a crise no atendimento odontolgico, Simonetti (1980) relatou que
os especialistas seriam importantes para o progresso da cincia odontolgica, mas
ponderou que a linha de raciocnio que supervaloriza a realizao de cursos de
especializao prejudicaria a formao profissional. Tal postura levaria o indivduo a
uma viso limitada da prtica odontolgica, que lhe tornaria difcil a adequao a
novas situaes.
Dos 167 profissionais que responderam aos questionrios enviados por
Parahyba Neto, Bijella e Morais (1983), em que se analisaram algumas
caractersticas dos profissionais formados pela Faculdade de Odontologia da UFPE,
apenas 48 (28,74%) exerciam alguma especialidade e, destes, somente 28 estavam
registrados como especialistas no Conselho Regional de Odontologia do Estado de
Pernambuco (CRO-PE). Entre as especialidades exercidas pela populao
estudada, as mais freqentes foram: para o gnero feminino, odontopediatria,
endodontia e periodontia (que, somadas, representaram 80,95% das especialidades
exercidas por esse sexo); para o gnero masculino, endodontia, prtese e cirurgia
(totalizando 70,37% das especialidades exercidas pelos homens). Para os autores, o
elevado ndice de profissionais que no exerciam especialidades (71,26%) poderia
estar associado ao baixo poder aquisitivo da populao atendida, ou ainda ao fato
-
41
de que o clnico geral estaria apto a atender s necessidades odontolgicas bsicas
da comunidade; esse percentual sugeriria a inexistncia de um mercado de trabalho
favorvel para os especialistas na regio estudada.
O estudo realizado por Almeida Jnior et al. (1984) com graduandos da
Faculdade de Odontologia da UFBa relatou que os alunos que pretendiam fazer
outro curso aps a obteno do ttulo de Cirurgio-Dentista citaram com maior
freqncia: medicina, psicologia e farmcia, demonstrando a preferncia dessa
populao pelas cincias biomdicas.
Vacariuc (1985) apontou que as opes de especialidades mais procuradas
em seu estudo, que foram: odontopediatria, endodontia, prtese dental, ortodontia e
dentstica. A autora relatou ainda que existe preferncia do gnero feminino em
especializar-se em odontopediatria, e dos homens, por cirurgia.
Costa (1988) realizou um estudo com profissionais da Grande So Paulo e
em relao s especialidades odontolgicas praticadas em consultrios pela
populao estudada, que foram: dentstica, endodontia, odontopediatria, prtese,
periodontia, cirurgia, semiologia e ortodontia, nessa ordem de freqncia. Todavia,
quando consideradas apenas as profissionais mulheres, essa ordem se alterou para:
dentstica, prtese, endodontia, periodontia, cirurgia, odontopediatria, semiologia e
ortodontia. O autor ainda destacou que apenas 25,00% dos Cirurgies-Dentistas que
responderam pesquisa eram especialistas, e que a maioria destes no se dedicava
apenas especialidade estudada.
Cordn (1991) constatou que 55,80% dos profissionais de sua amostra no
haviam freqentado cursos de educao continuada. Entre aqueles que haviam
freqentado, 18,70% tinham feito cursos de aperfeioamento; 23,60% concluram
cursos de especializao; e apenas 1,90% haviam feito cursos de mestrado,
-
42
doutorado ou ps-doutorado. Quase todos os cursos de aperfeioamento
freqentados pelos participantes haviam tido durao inferior a 40 horas.
Na populao avaliada por Silva (1994), a porcentagem total de
especialistas foi de 48,50%, e a maioria (59,50%) dos profissionais havia concludo
os cursos de especializao nos 10 anos anteriores pesquisa. O autor destacou
dois fatores como responsveis pelo grande nmero de especialidades na cidade
estudada (Araraquara-SP): a nfase que os docentes dos cursos de graduao em
Odontologia do ao conhecimento tcnico e especializao e a atuao da sede
regional da Associao Paulista dos Cirurgies-Dentistas (APCD), que oferecia
cursos de diferentes reas. Os resultados desse estudo demonstraram a seguinte
distribuio de profissionais por rea de atuao odontolgica: dentstica, 72,00%;
odontologia preventiva, 64,00%; odontopediatria, 58,80%; cirurgia, 29,40%; prtese,
26,50%; endodontia, 20,60%; periodontia, 11,80%; e ortodontia, 6,00%.
O site do Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa Educacionais (2000)
relatou os resultados e a anlise dos dados recolhidos pelo questionrio-pesquisa
aplicado aos graduandos de cursos Odontologia pelo Exame Nacional de Cursos
(Provo). Das 14 especialidades arroladas, a que teve o maior ndice de adeses
foi a dentstica restauradora, que obteve manifestao de interesse por parte de
59,9% dos pesquisados. Os estudantes revelaram ainda um desejo bastante
acentuado pela continuidade dos estudos: 77,2% pretendiam fazer cursos de
aperfeioamento e de especializao, e 20% pretendiam fazer cursos de mestrado e
de doutorado.
Michel-Crosato, Kotiliarenko e Biazevic (2006) apontaram em seu estudo
realizado no Meio-Oeste Catarinense, que 76,00% do total de 153 Cirurgies-
Dentistas relataram ser especialistas e 26,00% eram clnicos gerais.
-
43
O quadro 2.3 apresenta a sntese dos trabalhos de educao continuada
realizados no Brasil.
Pas/Continente Caracteristicas /
Regio Ano Estudo
Especialistas
(%)
Brasil
Cirurgies-Dentistas
(Pernambuco) 1983
Parahyba Neto, Bijela
e Morais (1983) 28,74
Cirurgies-Dentistas
(So Paulo-SP) 1988 Costa (1988) 25,00
Cirurgies-Dentistas
(Braslia-DF) 1991 Cordn (1991) 44,20
Cirurgies Dentistas
(Piracicaba-SP) 1994 Silva (1994) 48,50
Cirurgies-Dentistas
(Brasil) 2000 INEP (2000) 77,02
Cirurgies-Dentistas
(Santa Catarina) 2005
Michel-Crosato,
Kotiliarenko e Biazevic
(2006)
76,00
Quadro 2.3. Educao continuada no Brasil.
2.5 Riscos Ocupacionais
A preocupao com problemas de sade decorrentes do exerccio
profissional tambm est presente na rea odontolgica. A literatura contempla
estudos voltados a essa matria, como o de Eccles (1970), que postulou que, como
o Cirurgio-Dentista desenvolveria os procedimentos no paciente consciente, e que
este est freqentemente apreensivo, seu trabalho seria permeado por um clima de
tenso, o que poderia lev-lo a situaes de grande estresse.
-
44
Para Nogueira (1983), os riscos ocupacionais poderiam ser divididos em
dois grupos: os acidentes de trabalho - eventos caracterizados pelo curto perodo de
tempo decorrido entre a ao do agente nocivo e o aparecimento da leso, e as
doenas profissionais - eventos caracterizados por maior perodo de tempo
transcorrido a ao do efeito nocivo e o aparecimento da doena. As doenas
profissionais poderiam ser causadas por agentes mecnicos, fsicos, e biolgicos, e
a melhor maneira de preveni-las seria a adoo de medidas preventivas j
conhecidas.
Os Cirurgies-Dentistas modernos, como verdadeiros profissionais da
sade, teriam a obrigao de conhecer, cumprir e divulgar as normas ergonmicas e
sanitrias que beneficiam os seus clientes, a populao, os seus familiares e a eles
prprios (GENOVESE; LOPES, 1991).
Augustson e Morken (1996) citaram as queixas mais comuns entre os
profissionais da rea de Odontologia: dores nas costas (49,00%), desconforto no
pescoo (47,00%), desconforto no ombro e dores no pulso (21,00%), dentre outras.
Para Poi, Reis e Poi (1999), seria necessrio que o Cirurgio-Dentista fosse
visualizado em sua totalidade. A partir dessa viso, postularam os autores, o
profissional deveria dedicar algum tempo para preservar a sua sade.
Os profissionais de Odontologia no deverim se limitar a cuidar da sade
alheia. Alm da competio profissional cada vez mais acirrada, o Cirurgio-Dentista
teria de lidar com muitos problemas especficos, tais como varizes, leses por
esforos repetitivos (LER), dores na coluna e estresse. Os cuidados com o bem-
estar deveriam comear desde cedo e, preferencialmente, deveriam integrar o dia-a-
dia da prtica em consultrio (LUSVARGHI, 1999).
-
45
Midorikawa et al. (1998) realizaram estudo para observar a incidncia de
leses por esforos repetitivos (LER) e de distrbios osteomusculares relacionados
ao trabalho (DORT) em Cirurgies-Dentistas, constatando que 66,9% dos
profissionais que apresentavam tais manifestaes eram do gnero feminino.
Alexopoulos Stathi e Charizani (2004) verificaram ser elevada a
prevalncia de queixas msculo-esquelticas em 430 Cirurgies-Dentistas gregos
que realizaram a pesquisa mediante a aplicao de um questionrio. Os resultados
da pesquisa mostraram que 62,00% relataram ao menos uma queixa dolorosa,
30,00% sofriam do problema cronicamente, 16,00% tinham tido relatos de
ausncia de dor e 32,00% declararam ter procurado assistncia mdica em
decorrncia dos problemas.
Estudando a dor decorrente da atividade profissional dos Cirurgies-
Dentistas de Porto AlegreRS, Loges (2004) constatou que metade dos
profissionais entrevistados referiu sintomas de lombalgia e um quarto da amostra,
cervicalgia, 41,00% queixas de dores de cabea, 20,00% problemas nos ombros,
13,00% nos cotovelos e 25,00% relataram sintomas nas mos e punhos. A
prevalncia dos distrbios msculo-esquelticos se mostrou acentuada para o
gnero feminino. Os achados indicaram que os dentistas homens apresentaram
maior consumo de bebidas alcolicas e contraturas no ombro direito, enquanto as
mulheres fizeram mais uso de medicamentos e referiram mais dor espontnea no
ombro direito durante o trabalho.
Michel-Crosato, Kotiliarenko e Biazevic (2006) realizaram um estudo no
Meio-Oeste Catarinense, onde participaram da pesquisa 153 profissionais. Do total
de Cirurgies-Dentistas pesquisados, 93,00% relataram dores msculo-esquelticas
em pelo menos uma parte do corpo no ltimo ano em decorrncia da atividade
-
46
profissional, com predominncia para os indivduos do gnero feminino. A regio
mais prevalente com sintomatologia foi a coluna cervical (69,93%). O risco de dor
para os indivduos que apresentavam a probabilidade positiva para transtornos
psiquitricos menores foi cerca de quatro vezes maior. Puderam concluir que a
prevalncia dos distrbios osteomusculares foi alta e que esteve associada a
algumas caractersticas ocupacionais e scio-econmicas.
2.6 Satisfao profissional
A prtica de uma profisso no pode ser considerada somente como o
resultado das aptides e habilidades de sua fora de trabalho. Ela ir resultar da
confluncia de fatores psicolgicos e sociais que exercem marcada influncia sobre
o comportamento do homem no exerccio de sua profisso e condicionam a
compatibilizao do profissional com seu trabalho. Seu nvel de ajustamento do
profissional nos leva chamada satisfao profissional (KOTLIANRENKO, 2005).
Verificando os fatores que contribuem com satisfao profissional do
Cirurgio-Dentista e com a sua qualidade de vida, Logan et al. (1997) realizaram
estudo e constataram que, embora a maioria dos profissionais entrevistados
estivesse satisfeito com sua carreira, estavam igualmente insatisfeitos com seu
nvel de estresse, com o ambiente de trabalho e com o tempo pessoal disponvel.
Para Nicolielo e Bastos (2002), a satisfao profissional constitui um tema
muito importante e atualmente vem sendo descrita como o estado emocional
positivo resultante do prazer que se tem com as experincias do trabalho, estando
fortemente relacionada a fatores como desempenho profissional, qualidade de
vida, sade fsica e mental e com a auto-estima do trabalhador. Os autores
-
47
relataram que haveria uma relao estabelecida entre o tempo de atuao no
mercado de trabalho e a satisfao profissional, estando os profissionais recm-
formados mais insatisfeitos.
Soria Bordin e Costa Filho (2002) afirmaram que o setor odontolgico
estaria atravessando uma fase paradoxal, caracterizada pelo excesso de
profissionais no mercado de trabalho e pelo grande contingente populacional
carente de tratamentos odontolgicos. Com isso, haveria necessidade crescente
de serem aprimoradas suas habilidades gerenciais, a fim de possibilitar a melhor
organizao do setor.
Funk et al. (2004) avaliaram o perfil do Cirurgio-Dentista formado pela
Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo (RS) no perodo de
1965 a 1999. Os resultados mostraram que a maioria dos profissionais se sentiam
satisfeitos com a prtica da Odontologia, mas deixaram transparecer a insatisfao
com os aspectos financeiros da profisso.
Um estudo foi realizado em Medunsa, frica do Sul, por Harris e Zwane
(2005), que teve por objetivo verificar as expectativas e percepes com relao
satisfao na carreira com graduados de 2003 do curso de Odontologia, encontrou
que o respeito profissional e o estresse foram os fatores que mais impactaram na
satisfao com o trabalho.
Gorter et al. (2006) realizaram um estudo que analisou a prtica
odontolgica alem. O objetivo do trabalho foi desenvolver um instrumento que
medisse os recursos de trabalho entre dentistas e avaliasse a sua importncia
relativa. Um questionrio foi enviado a 848 dentistas generalistas para que
pudessem monitorar e registrar suas experincias de trabalho. Os autores
-
48
concluram que a infra-estrutura de trabalho se mostrou correlacionada com a
satisfao no trabalho.
Em 2006, Hjalmers realizou um estudo com Cirurgis-Dentistas suecas e
que teve como objetivo verificar quais eram os problemas que sofriam decorrentes
do seu exerccio profissional. Os dois artigos publicados sobre o estudo Hjalmers
(2006) e Hjalmers, Sderfeldt e Axtelius (2006) relataram que essas profissionais
sofriam com muitos problemas relacionados s suas condies psicossociais de
trabalho, e que existiam grandes discrepncias entre sua percepo de situao
ideal de trabalho e a sua realidade.
Em pesquisa em Cirurgies-Dentistas da regio do Meio-Oeste
Catarinense (MICHEL-CROSATO; KOTILIARENKO; BIAZEVIC, 2006), observou-
se que 83,10% estavam entre satisfeitos ou muito satisfeitos com a profisso.
Estudo realizado na Coria do Sul por Jeong et al. (2006) investigou o nvel
e distribuio da satisfao profissional, e explorou fatores ambientais do trabalho
associados com satisfao dos Cirurgies-Dentistas coreanos. Foi selecionada
amostra aleatria e estratificada 1.029 dentistas dentre 10.357 dentistas registrados
na Associao Odontolgica Coreana. Aplicou-se um questionrio auto-administrado
postado pelo correio. A taxa de resposta foi de 62,20%. A mdia de satisfao
profissional geral entre os participantes foi de 3,20 em 5 pontos. Em termos de
fatores do ambiente de trabalho, o aspecto mais satisfatrio foi o relacionamento
com os pacientes (3,70) e o menos satisfatrio foi o tempo pessoal (2,80). O estudo
sugeriu que o relacionamento com pacientes, a percepo de renda, o tempo
pessoal, a equipe e o treinamento especializado foram fatores importantes do
ambiente de trabalho para a satisfao profissional. Os autores realaram que os
achados deste estudo seriam teis para planejar aes efetivas e assim poder
-
49
contribuir para aumentar o nvel de satisfao profissional entre os dentistas sul-
coreanos.
Bengmark , Nilner e Rohlin (2007) descreveram algumas caractersticas dos
graduados das cinco primeiras turmas do programa odontolgico de Malm (Sucia).
De 166 profissionais graduados entre 1995-1999 convidados a participar do estudo,
128 responderam pesquisa (taxa de resposta de 77,00%). O questionrio continha
questes sobre caractersticas do participante, educao fundamental e situao
profissional. Quanto situao atual, a maioria dos participantes estava trabalhando
como dentista em perodo integral e acreditava que seu curso tinha fornecido uma
boa base para o exerccio da profisso. Verificou-se que a satisfao dos
participantes com sua situao profissional esteve correlacionada com o quanto eles
eram capazes de influenciar sua situao de trabalho. Quanto ao gnero, houve
diferenas com relao ao interesse por atividades de pesquisa: 64,00% das
mulheres graduadas e 42,00% dos homens estariam interessados. Concluiu-se
tambm que os participantes da pesquisa estavam satisfeitos com sua situao
profissional e a maioria gostaria de prosseguir seus estudos na ps-graduao.
Berthelsen, Hjalmers e Sderfeldt (2008) avaliaram de que maneira
Cirurgies-Dentistas dinamarqueses generalistas de clnicas particulares percebiam
o apoio de colegas e relacionaram o apoio percebido a fatores contextuais
demogrficos e relacionados ao trabalho. A varivel mais importante relacionada
percepo de apoio entre dentistas foi o porte da clnica. Mulheres perceberam
maior apoio emocional (por exemplo, discutindo com suas colegas sobre pacientes
problemticos) que seus colegas homens; por outro lado, no foi encontrada
diferena de gnero para a percepo de apoio prtico, como ajudar um ao outro no
caso de atraso nos horrios.
-
50
Em 2008, Harris et al. (2008) enviaram um questionrio a 684 dentistas
ingleses, contendo 83 afirmaes sobre atitudes relacionadas ao trabalho, o que
avaliaria a satisfao geral e questes relativas carga de trabalho. Dentistas
generalistas do Sistema Nacional de Sade (SNS), trabalhando integralmente neste
Sistema, tinham a menor probabilidade de estarem satisfeitos com seu trabalho,
seguidos de dentistas do servio particular do SNS e dentistas trabalhando
conjuntamente no SNS e clnicas privadas. Dentistas particulares eram os mais
satisfeitos. Foram encontradas diferenas entre os todos os grupos com relao
satisfao geral e a facetas de satisfao profissional relacionadas restrio
capacidade de oferecer assistncia de qualidade, controle do trabalho e
desenvolvimento de habilidades tcnicas.
Em estudo publicado em 2008, Ayers et al. descreveram as prticas de
trabalho e a satisfao profissional de dentistas neozelandeses de ambos os
gneros. A pesquisa foi realizada em mbito nacional, por meio de questionrios
postados por correio a todos os dentistas com o certificado anual de exerccio da
profisso. As mulheres trabalhavam menos horas por semana e sua principal razo
para o trabalho de meio-perodo foi cuidar dos filhos, enquanto que para os homens,
o motivo foi escolha pessoal. Uma proporo maior de mulheres que homens eram
assalariadas ou scias de clnicas em vez de possuir seu prprio consultrio. Os
homens eram mais ativos com relao educao continuada e houve diferena
significativa entre as mdias de pontuao de satisfao na carreira para homens e
mulheres (p
-
51
Puriene et al. (2007) avaliaram, utilizando um questionrio, o nvel de
satisfao profissional entre dentistas lituanos, pesquisando a satisfao com
diferentes fatores ambientais do trabalho e relacionando-os satisfao profissional.
As caractersticas de trabalho que causaram mais insatisfao profissional foram
seguro social e renda. As caractersticas de implicaram maior satisfao foram as de
relacionamento com pacientes e com outros profissionais. No geral, observou-se que
os dentistas lituanos vivenciavam grande satisfao profissional e os estudos de
ps-graduao e a possibilidade ilimitada de desenvolvimento profissional tiveram
impacto mais positivo para a satisfao profissional que fatores ambientais.
Estudo de Gorter et al. (2008) na Alemanha teve como objetivo determinar o
nvel de envolvimento entre dentistas e investigar quais recursos de trabalho
odontolgico se correlacionam com o envolvimento ao trabalho. Um total de 632
Cirurgies-Dentistas com idade mdia de 44 anos respondeu pesquisa, sendo a
amostra constituda 75,00% por homens e 25,00% por mulheres. Os autores
relataram que os dentistas mostraram mdias elevadas com relao ao
envolvimento com o trabalho e o cuidado com o paciente, e o orgulho com a
profisso foram fatores determinantes para a satisfao profissional.
2.7 Validao de questionrios
O uso de questionrios auto-administrados em sade tem sido aceito com
maior freqncia na avaliao de eventos relacionados sade (DEYO, 1998),
-
52
sendo recomendados pela Organizao Mundial da Sade como teis para analisar
a eficcia dos estudos de tratamentos de sade (EHRLICH; KHALTAEV, 1999).
Qualquer questionrio deve possuir como fundamentos tcnicos algumas
propriedades psicomtricas, confiabilidade e validade, bem avaliadas especialmente
quando usadas para discriminar entre fatores causais esperados (BEURSKENS et
al., 1995; KIRSCHNER; GUYATT, 1985; STRATTFORD et al., 1994).
A validade pode ser definida como o grau em que os resultados de um
estudo so provveis de serem verdadeiros, ou seja, o grau em que uma medida
realmente mede ou detecta o que se prope a medir (AMATUZZI et al., 2006). Em
um estudo epidemiolgico, podem existir dois tipos de validade: interna (o grau em
que os resultados de um estudo esto corretos para a amostra de indivduos que
esto sendo estudados) e externa (grau pelo qual os resultados de uma observao
mantm-se verdadeiros em outras populaes diferentes da de onde provm a
amostra) (STEIN, 1998).
A confiabilidade ou reprodutibilidade a consistncia de resultados quando
a medio ou o exame repetido (STEIN, 1998), ou seja, o grau em que repetidas
medidas de uma caracterstica so concordantes (AMATUZZI et al., 2006). Alguns
estudos tm sido destinados a examinar as caractersticas psicomtricas dos
instrumentos de pesquisa, especialmente quando da validao para verses de
idiomas diferentes do original, pois a simples traduo para a lngua da populao
na qual ser aplicado o questionrio no revela, necessariamente, as caractersticas
preconizadas pelo questionrio em sua verso original (OPPENHEIM, 1993).
A maioria dessas investigaes tem estado concentrada na confiabilidade
(consistncia interna e confiana teste-reteste) e na validade dos questionrios
-
53
(BOSCAINOS et al., 2003; GROTLE; BROX; VOLLESTAD, 2003; GUILLEMIN;
BOMBARDIER; BEATON, 1993).
Entre os estudos para avaliar a satisfao profissional, destaca-se o estudo
de Jeong et al. (2006), onde se testaram as propriedades psicomtricas de uma
escala de satisfao profissional.
-
54
3 PROPOSIO
O presente estudo visou verificar a constituio da fora de trabalho
representada pelos Cirurgies-Dentistas que desenvolviam suas atividades no
Sistema nico de Sade (SUS) do Municpio de So Paulo no ano de 2007,
levantando, nessa populao, os seguintes aspectos: o tipo de atividade
desenvolvida; o tempo de dedicao profisso; a renda auferida; as reas de
atuao ou especialidades a que se dedicavam; os cursos realizados aps a
graduao; as possveis queixas relativas sade decorrentes da atuao
profissional, e a satisfao profissional.
Outra proposio do estudo foi realizar a adaptao trans-cultural da
verso brasileira da escala de satisfao profissional.
-
55
4 MTODO
4.1 Tipo de estudo
Para obter as informaes constantes da proposio deste trabalho foi
realizado um estudo transversal descritivo e analtico atravs da utilizao de
questionrio.
4.2 Populao de estudo
Cirurgies-Dentistas que exerciam suas atividades profissionais na
Prefeitura Municipal de So Paulo no ano de 2007 e que participavam de um curso
de capacitao oferecido pela prefeitura, e que estavam presentes no dia da coleta
de dados.
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56
4.3 Coleta de dados
Para realizar a coleta de informaes foi utilizado um instrumento que
apresentava perguntas fechadas e abertas, agrupadas por assuntos (Anexo A).
O questionrio foi aplicado nas salas de aula do curso de capacitao
executado pela Prefeitura Municipal de So Paulo. A capacitao aconteceu em
vrias regies de So Paulo (Quadro 4.1), abrangendo profissionais que
trabalhavam em todas as reas da capital.
A coleta dos dados era realizada ou no incio ou no trmino das aulas, nos
perodos matutino ou vespertino. Antes do incio, uma explicao sobre a pesquisa
era dada, convidando-se os Cirurgies-Dentistas a participar.
Local Zona Endereo
Instituto de Previdncia Municipal de So Paulo (IPREM) Norte Av. Zachi Narchi, 536.
Universidade Ibirapuera (UNIB) Sul Av. Interlagos, 1329.
Superviso Tcnica de Sade de Ermelino Matarazzo Leste Av. So Miguel, 5977.
Faculdade Santa Marcelina Leste R. Cachoeira de Utupanema, 60.
Universidade de So Paulo (USP) Leste Av. Arlindo Betio, 1000.
FOUSP Faculdade de Odontologia Centro Oeste Av. Prof. Lineu Prestes, 2227.
Faculdade Anhembi-Morumbi Sudeste R. Dr. Almeida Lima, 1134
Quadro 4.1 Locais onde ocorreram os cursos de capacitao realizados para os Cirurgies-Dentistas do Municpio de So Paulo, 2007.
-
57
4.4 O Instrumento de coleta de dados
O instrumento (Anexo A) de coleta de dados foi elaborado em blocos. O
primeiro apresenta a caracterizao da amostra com questionamentos sobre gnero,
idade e regio de residncia.
A segunda parte se refere formao profissional, abordando temas como
o tipo de instituio em que realizou a graduao, instituio, tempo de formado (em
anos), se possui ttulo de especialista, rea da especialidade, se possui mestrado,
doutorado e ps-doutorado e as respectivas reas, se costuma participar de
congressos, se tem acesso a revistas cientficas, se membro de sociedades da
rea.
O terceiro agrupamento se refere ao mercado de trabalho e atuao
profissional. Os temas abordados foram: situao profissional, atuao em servios
privados e pblicos, atende convnios, realiza atividade docente, qual remunerao
mdia mensal, tempo de dedicao, posio de trabalho e queixas de sade.
O quarto bloco deu destaque participao da mulher na odontologia,
enfocando principalmente as diferenas atuaes entre a atuao de homens e
mulheres.
O quinto e ultimo bloco apresenta o indicador de satisfao profissional.
-
58
4.5 Pr-teste e Estudo Piloto
O instrumento, antes da sua aplicao, passou por um processo de estudo
piloto e pr-teste para chegar a sua verso final. A parte do questionrio que
mensura a satisfao no trabalho, por se tratar de uma escala internacional, foi
adaptada para a lngua portuguesa do Brasil. Tambm foram testadas as
propriedades psicromtricas do instrumento.
4.6 Diretrizes para o processo de adaptao trans-cultural
As diretrizes seguidas nessa pesquisa foram propostas por Beaton et al.
(2000) e Wild et al. (2005), e so relatadas a seguir:
Etapa 1: Preparao: organizao da pesquisa.
Etapa 2: Primeira traduo: a primeira traduo do questionrio diretamente
de sua verso original em ingls para a lngua portuguesa falada no Brasil foi
realizada por um tradutor juramentado sem conhecimento odontolgico, sem vnculo
acadmico e desconhecedor do propsito e do contedo do estudo. Tambm
realizou a primeira traduo um profissional da rea de Odontologia, com vnculo
acadmico e conhecedor do estudo.
Etapa 3: Concordncia entre as tradues: as duas tradues foram
comparadas e sintetizadas em uma nica verso brasileira, e em seguida foi
realizada a traduo de volta lngua inglesa (back translation).
-
59
Etapa 4: Traduo de volta ao ingls (back translation): foi realizada por dois
professores de Ingls, nativos e sem qualquer conhecimento do questionrio original
e odontolgico.
Etapa 5: Reviso da back translation; com o intuito de eliminar qualquer
ambigidade e assegurar a equivalncia conceitual da traduo, os autores
realizaram a reviso da back translation. O autor do questionrio original pode ser
envolvido para resolver alguma dvida.
Etapa 6: Harmonizao; o Comit de Especialistas foi composto por dois
professores brasileiros da Lngua Inglesa, um professor-doutor de Lngua
Portuguesa e o autor do trabalho, os quais realizaram uma verso pr-final.
Foram avaliadas quatro equivalncias: a) semntica: anlise do significado
das palavras, quando existia mais de um significado e das dificuldades gramaticais
da traduo; b) idiomtica: anlise de algum termo coloquial, quando necessria a
adaptao ao vocabulrio brasileiro; c) experiencial: anlise das situaes do
questionrio original com o cotidiano brasileiro e, d) conceitual: anlise dos exemplos
citados no questionrio original com o cotidiano brasileiro.
Etapa 7. Questionrio cognitivo: os questionrios foram entregues para 8
pacientes nativos (brasileiros) e que configuravam caractersticas dos participantes
do estudo (idade, sexo, raa, gnero).
Etapa 8. Reviso do questionrio cognitivo: os resultados dos questionrios
cognitivos foram revisados pelo autor do projeto e a traduo foi finalizada.
Etapa 9. Reviso: com o objetivo de assegurar a traduo e conferir mnimos
detalhes que poderiam ter sido esquecidos durante o processo.
Etapa 10. Verso Final.
-
60
4.7 Mtodo da aplicao do questionrio
Etapa 1: a escala de validao foi fornecida para cada entrevistado pelo
avaliador sorteado, e o tempo de preenchimento foi cronometrado. Os avaliadores
foram: o autor e outro profissional, ambos Cirurgies-Dentistas. Todos os
entrevi
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