pensando na formação continuada do professor, este caderno ... · as práticas de leitura, que...
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Apresentação .............................................................................................. 04
Introdução ................................................................................................... 05
Unidade 1
Arte, Imagem e Leitura de Imagem ............................................................ 08
Unidade 2
Processos Metodológicos de Leitura de Imagem para Compreensão Crítica
e da Arte ..................................................................................................... 14
Unidade 3
Práticas de Leitura de Imagem na Formação Continuada do Professor .... 21
Unidade 4
Leitura de Imagem na Formação Humana ................................................. 33
1ª Proposta: Leitura de Imagem a partir dos momentos apresentado por
Buoro (2002)................................................................................................ 34
Conhecendo um pouco mais....................................................................... 35
2ª Proposta: Categorias para Leitura de Imagem proposta por Robert Willian
Ott (2001)..................................................................................................... 37
Conhecendo um pouco mais....................................................................... 38
3ª Proposta: Leitura de Imagem buscando a compreensão crítica............. 40
4ª Proposta: Leitura de Imagem a partir de obra de arte: um projeto de
trabalho apresentado por Fernando Hernandez (2000).............................. 42
Conhecendo um pouco mais....................................................................... 43
Referências Bibliográficas........................................................................... 45
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Este Caderno Pedagógico é um componente do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, programa esse promovido pela Secretaria
de Estado da Educação do governo do Estado do Paraná.
Pensando na formação continuada do professor, este caderno propõe a
partir das experiências concretas do professor conhecer a sua prática
pedagógica, as teorias que orientam seu trabalho em Leitura de Imagens e assim,
propor reflexão, análise e aplicação de diferentes estratégias para Leitura de
Imagens no cotidiano escolar. O Caderno é composto de quatro unidades, três
delas direcionadas ao professor e uma ao aluno.
Na Unidade 1, direcionada especificamente ao professor, contempla
reflexão e fundamentação teórica sobre a Arte, a Imagem e a Leitura de Imagem.
A Unidade 2 traz uma reflexão sobre os processos metodológicos para a
Leitura da Imagem que vem contribuir na formação continuada do professor.
As práticas de Leitura, que alguns autores apresentam como categorias,
outros como momentos, enfim alguns “roteiros” para a Leitura de Imagem vamos
encontrar na Unidade 3.
Especificamente ao aluno, a Unidade 4, contempla a prática propriamente
dita, proporcionaremos textos complementares, a fim de que ele possa se
apropriar e aplicar os conhecimentos adquiridos e serem inseridos no Portfólio.
Portanto, este instrumento pedagógico tem a intenção de contribuir: na
formação continuada dos professores da disciplina de Arte da Escola Estadual
Professor Amálio Pinheiro, Ponta Grossa – Paraná, intervindo através do debate,
da reflexão sobre Artes Visuais, imagem e estratégias didáticas para a Leitura de
Imagens e ao aluno a fundamentação teórica e aliada a prática, de forma que
contribua no modo de olhar e ver a imagem e na compreensão crítica de mundo.
A fundamentação teórica é de extrema importância em qualquer área do
conhecimento, também em Artes Visuais. Conhecer e se apropriar de diferentes
estratégias sobre e para a Leitura de Imagens na escola, possibilita ao
professor(a) assumir um papel de investigador e mediador entre o objeto de
conhecimento, o aluno e o mundo que o cerca.
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INTRODUÇÃO
O ensino de arte na escola, em todas as suas linguagens, tem um
histórico não muito favorável e os fatores que contribuíram para que isso
ocorresse não foram poucos: a falta de curso superior de graduação nas
diferentes linguagens da arte que levou muitos professores não habilitados
na área ministrar as aulas de arte. A obrigatoriedade do ensino das
linguagens artísticas: Música, Teatro e Artes Plásticas exigiu do professor
uma polivalência que ele não estava preparado; a carga horária reduzida
em apenas uma aula semanal e também a falta de recursos materiais e
físicos. Todos esses fatores fizeram com que o ensino da arte na escola
caísse no descrédito e de fato foi sendo desqualificada no espaço escolar.
A partir da década de oitenta é que os arte educadores se engajaram numa
luta em prol de um ensino de qualidade, tentando trazer a disciplina num
mesmo patamar de igualdade das outras áreas. Hoje ela faz parte da Base
Nacional Comum da Matriz Curricular, a carga horária obrigatória, em nosso
estado, é de no mínimo duas aulas semanais e os cursos de formação
continuada para os professores de arte já acontece com maior freqüência.
Isso não quer dizer que o ensino de arte na escola é um ensino de
excelência e que não temos problema. Ainda há muito a caminhar. Como
exemplo, podemos citar o trabalho de Leitura de Imagem na escola. Assim é
preciso destacar que seria muito interessante ter um Caderno Pedagógico
para cada linguagens da arte . Por esta razão aqui busca-se a iniciativa de
um Caderno Pedagógico voltado a para as Artes Visuais tendo como objeto
do estudo a Leitura de Imagem e sua complexidade. A partir daí, sendo a
Leitura de Imagem uma categoria da proposta para o ensino da artes visuais
de Ana Mae Barbosa esta não se dará de forma isolada e sim
interdisciplinarmente a História Geral e a História da Arte, bem como sua
interconexão com as poéticas que se processarão a partir do processo
criativo na produção do aluno.
A introdução da Leitura de Imagens na escola já vem sendo discutido
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desde a década de oitenta com a Discipline Based Art Education – DBAE,
que nessa abordagem de ensino sistematizada a partir de 1982, faziam
parte da equipe de pesquisadores Elliot Eisner, Brent Wilson, Ralph Smith e
Marjorie Wilson entre outros membros de também reconhecida competência
teórica e profissional (Rizzi apud BARBOSA, 2003). No Brasil só veio a
ganhar força no pós-modernismo mais especificamente com a divulgação da
Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa. Sua proposta era fundamentada
no estudo da Discipline Based Art Education – DBAE e construída para a
realidade brasileira. A divulgação da “Proposta Triangular” se deu através de
diversos seminários, congressos e palestras em várias regiões do país, mas
não foi uma tarefa fácil. A resistência dos professores em relação ao
trabalho com a imagem estava (talvez ainda esteja) muito arraigada na
concepção de que o uso ou contato com imagens e obras de arte induziam
ou incentivavam a cópia, sendo esta uma das maiores críticas a Proposta
Triangular. Na atualidade isto já se alterou no pensamento dos professores
de Artes Visuais, ampliando para um processo de releitura e posterior
criação. Essa era uma visão do ensino de arte até o modernismo, onde o
encaminhamento das aulas era voltado à criatividade e originalidade. O
ensino pós-moderno reagiu contra essa concepção defendendo que a arte
devia ser usufruída por todos desde os “talentosos” através do fazer artístico
e aos que não chegam a ela, pela decodificação (BARBOSA, 2000). Além
de Barbosa outros professores de Artes Visuais, também têm investigado
sobre a Leitura de Imagem na escola, como Anamélia Bueno Buoro e
Terezinha Sueli Franz e outros. Também norte Americano Robert Willian
Ott, e o espanhol Fernando Hernandez, este último que em seus estudos
propõe o estudo e a leitura da cultura visual. Os autores acima citados serão
balizadores da prática e teoria de Leitura de Imagem neste Caderno
Pedagógico.
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Ao ler uma obra deve levar o aluno a
compreender as relações que se
estabelecem em torno ao problema da
representação proposta pelo pintor.
Terezinha Sueli Franz
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ARTE, IMAGEM E LEITURA DE IMAGEM
Esta Unidade 1 tem o propósito de trazer aos professores algumas
concepções de Arte, de Imagem e concepções de Leitura de Imagem.
ARTE - «atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de
espírito, de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda,
podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação»...; «a
capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou
sentimentos...» (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
“A arte é o oposto da natureza. Uma obra de arte só pode porvir do interior do
homem” (Edward Munch, 1907).
A arte não reproduz o visível, mas torna visível (Paul Klee, 1920).
Por mais que encontramos as definições de arte, quer seja nos livros,
quer nas falas dos artistas, veremos que sempre está relacionada com a
atividade ou a produção artística.
Miriam Celeste Martins fala sobre a arte de uma visão muito
interessante:
A arte não envelhece porque o ser humano que a contempla é sempre novo, ou terá um olhar outro e estará realizando uma infinidade de leituras porque infinita é a capacidade do homem de perceber, sentir, pensar, imaginar, emocionar-se e construir significações diante das formas artísticas. (MARTINS, 1998, p. 61).
É com esse olhar que MARTINS (1998) concebe a arte é que queremos
conduzir esse Caderno Pedagógico. Nesta relação que a autora acima citada
faz da arte e da leitura de obra de arte, esse olhar sempre novo, instigando o
aluno em todas as suas capacidades perceptivas, emocionais para construir
seu conhecimento em arte, no desenvolvimento da sensibilidade humana.
IMAGEM
Ler imagens... Explicar imagem... A final tanto se fala em imagens, mas
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o que vem a ser Imagem?
Várias são as concepções sobre imagem. Vamos refletir sobre isso...
Imagem - “representação de uma pessoa ou coisa, obtida por meio de
desenho, gravura ou escultura” (Michaelis Moderno Dicionário da Língua
Portuguesa).
- “representação da forma ou do aspecto de ser ou objeto por meios
artísticos” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Como podemos notar em ambos os conceitos denotativos, a imagem
apresenta idéias e visões que se aproximam, definem a imagem como sendo a
imagem artística, porém nem toda imagem é artística assim como nem toda
arte é imagem. Vamos refletir mais especificamente sobre isso?
Para Wolff (2005, p.22-23) “A imagem é efetivamente real, é nela própria
uma realidade, mas não tem a realidade daquilo que representa”, já para o
filósofo Platão uma imagem não era o verdadeiro ser, mas sim a imitação, pois
seu conceito estava baseado na idéia da “mimeses”. Neste sentido a melhor
maneira de representar um objeto seria o de não torná-lo tão semelhante com
o real, e, portanto não ser uma mera cópia. Para Descartes bastava que
parecesse com algumas coisas e não assemelhá-lo completamente.
Imagem e a arte qual a relação de uma para com a outra?
A imagem é apoderada pela arte, por volta do século XIV, século esse
que é considerado o nascimento da arte, a partir desse momento ela passa a
ser chamada de imagem artística, mas essa união não resiste por muito tempo,
no início do século XX a arte abandona a imagem. Cada uma toma seu
caminho. Isso acontece com Cézanne e o Cubismo, pois começa a
desaparecer a perspectiva; também acontece com o surgimento da fotografia e
culmina com o Abstracionismo de Mondrian, Kandinsky e Malevitch, que
afirmavam que a verdadeira arte devia deixar de ser representativa (WOLFF,
2005). Não sendo a representação do real, arte abstrata não é considerada
imagem (WOLFF, 2005). Os movimentos artísticos continuam e na década de
sessenta ela volta a ser figurativa através da Pop Art. Sendo assim a imagem e
a arte ora se afastam, ora voltam a se encontrar. Mas o que importa mesmo é
quando as imagens e a arte estão disponíveis para o olhar crítico do leitor.
Neste processo educativo e investigativo em que o objeto de
conhecimento é a imagem e mais especificamente de ler a imagem de obra de
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arte dos artistas bem como das obras de arte produzidas pelos alunos e sendo
assim, vamos considerar qualquer obra como imagem, independentemente de
ser figurativa ou abstrata, já que Wolff (2005) afirma que a arte abstrata não é
considerada imagem, mas no nosso estudo uma obra pode ser abstrata e/ou
figurativa, mas ambas são imagens.
LEITURA DE IMAGEM
“Através da leitura de imagem podemos conceber a arte como uma
forma de pensar em e sobre a arte” (PILAR, apud BARBOSA, 2003 p. 72).
Ao falar em leitura logo nos vem à mente, livros, revistas, jornais, etc.,
enfim, textos e palavras, pois leitura nada mais é do que decifrar signos
gráficos. Cabe lembrar que a palavra texto provém do verbo latino texo, is
texui, textum, texere, que quer dizer tecer. Da mesma forma que um tecido não
é um amontoado desorganizado de fios, texto não é um amontoado de frases,
nem uma grande frase. Assim texto tem estrutura e segundo Fiorin (s.d.) (apud
Buoro, 2000), diz que garante que o sentido seja aprendido em sua
globalidade, que o significado de cada uma das partes depende do todo. Como
o texto, a imagem também tem sua estrutura, os elementos que a compõe
como a linha, a cor, a luz... e os princípios que a fundamentam destacam-se o
movimento, o equilíbrio, a unidade, o ritmo, a harmonia..., dessa maneira assim
como o texto a imagem também pode ser lida.
A criança antes mesmo de serem alfabetizadas já fazem Leitura de
Imagem, reconhecem diversos produtos através da linguagem visual. Isso
mostra o quão importante é trabalhar com a leitura, desde a Educação Infantil,
principalmente porque vivemos num mundo cercado por imagens. Mesmo
sendo evidente a sua importância no ensino da arte, somente a partir da
década de oitenta, aqui no Brasil, como vimos anteriormente, passou a ser
difundido a Leitura de Imagem na escola, quer seja de uma obra de arte ou
uma imagem da cultura visual. Várias são as artes que lidam com imagem: a
pintura, a escultura, a fotografia, a gravura, o desenho, design e o cinema,
essas são denominadas Artes Visuais.
Podemos encontrar imagens para o exercício da leitura em museus,
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livros, revistas, espaços de artes, edifícios públicos, etc. e essa leitura pode ser
de duas formas, que são muito importantes na apreciação artística, que é o
olhar e o ver. Embora pareça a mesma coisa, há uma grande diferença entre
elas. Eisner (2008, p. 80) nos diz que: “A crítica de arte desenvolve sua
habilidade para ver, ao invés de simplesmente olhar, as qualidades que
constituem o mundo visual”.
Para ilustrar esta citação de Eisner vamos recorrer a uma expressão
popular que diz: “Olha para você vê”. Olhar para ver, quando alguém faz uso
dessa expressão é porque quer chamar a atenção da outra pessoa, quer que
preste mais atenção. Ela também nos confirma que o ver é um olhar mais
atento, portanto nos leva a um olhar crítico que vai além do simples “gostei” ou
“não gostei”. Recorrer a esse olhar mais contemplativo leva a realização de
análise decodificando os códigos visuais. Para que se desenvolva esse “ver”
aprofundemos nossas reflexões no estudo crítico de Thistlewood:
[...] a esfera do ensino da arte que transforma os trabalhos de arte em percepção precisa e não casual, analisando sua presença estética, seus processos formativos, suas causas espirituais, sociais, econômicas e políticas e seus efeitos culturais. [...] Se as obras de arte são apenas submetidas a uma análise ingênua elas podem ser bem conhecidas como combinações de forma, cor, texturas e massa, mas pouco entendidas em relação aos religiosos, históricos, sociais, políticos, econômicos e outros que as originaram. (in BARBOSA, 2001, p. 145).
De acordo com a citação acima o ver e o olhar, nesse sentido são
primordiais para uma efetiva Leitura de Imagem na escola. Uma mesma
imagem pode ter lida mais de uma vez ou por diferentes pessoas, pois as
interpretações diferem de pessoa para pessoa, ela permite várias
interpretações e quando lidas em diferentes épocas podem propiciar uma nova
leitura, isso se deve ao repertório imagético de quem lê, o conhecimento
adquirido até aquele momento, a influência que o estado de espírito carreta,
pois ao ler uma imagem sentimentos como: alegria, tristeza, serenidade,
incertezas podem ser despertados ou pode também despertar uma reflexão
sobre si mesmo e o mundo o cerca.
Ao contemplar a obra de arte pode ocorrer à experiência estética, e essa
experiência é prazerosa. Pode ocorrer nas mais variadas situações, diante de
um objeto de arte ou não, desde que a pessoa esteja aberta para isso. Cada
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um faz a sua leitura particular e do mundo. (CAMPOS, 2002).
A arte tem a capacidade de nos transportar para lugares mais inusitados
e levar vivenciar sensações indescritíveis, nos proporciona viver uma
verdadeira fruição.
A fruição da arte exige essa entrega à experiência artística, o que significa ir ao encontro dela descobrindo seus conteúdos e recursos. A fruição é então o encontro de duas subjetividades e de sensibilidades: a do público e a do artista. Para isso é preciso desligar-se de certa forma de si mesmo e penetrar na obra. (COSTA, 1999 p. 45).
Se a fruição exige entrega à experiência estética, cabe ao professor
proporcionar essa vivência para o aluno, através de visitas em exposições de
artes, neste caso principalmente em artes visuais.
Pois bem, essas reflexões que acabamos de fazer sobre a Arte, a
Imagem e a Leitura de Imagem vão colaborar na compreensão dos processos
metodológicos da Leitura de Imagem para a compreensão crítica da arte. Mas
há um ponto que também pode ser interessante refletirmos - a releitura.
Hoje já podemos falar em releitura com mais segurança, do que alguns
anos atrás, quando Ana Mae divulgava a Proposta Triangular. Muitos
professores erroneamente começaram a trabalhar a releitura como cópia.
Apresentava uma imagem de obra de arte para o aluno e deixava que eles
copiassem e considerava o resultado como releitura. Dois exemplos bem
comuns utilizado nessa atividade eram com as obras: “Abapuru” de Tarsila do
Amaral e o “O Quarto” de Vincent Van Gogh.
PILLAR (1999, p. 18) diz que: “Reler é ler novamente, é reinterpretar, é
criar novos significados. Ela também esclarece que:
[...] a leitura só se processa no diálogo do leitor com a obra, o qual se dá num tempo e num espaço preciso. Nesse sentido, não há uma leitura, mas leituras, onde cada um precisa encontrar modos múltiplos de melhor saborear a imagem. Já na releitura, entendida como um diálogo entre textos visuais, intertextos, podemos nos valer ou não de dados objetivos que a obra referente contém para criarmos (PILLAR, 1999, p. 20).
Com essa diferença entre ler e reler apresentada pela autora reafirma
que a releitura é criação, portanto não cópia.
Agora, vamos para a próxima etapa conhecer os processos
metodológicos de Leitura de Imagem para compreensão crítica da arte.
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Olhar o presente estando consciente de
como o passado afeta nossa maneira de
olhar.
Fernando Hernandez
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PROCESSOS METODOLÓGICOS DE LEITURA DE IMAGEM
PARA COMPREENSÃO CRÍTICA E DA ARTE
A sensibilidade, o gosto e o bom juízo crítico, não são inatos, mas sim adquiridos depois de estar em contato com objetos, opiniões, e experiências. Somente uma intervenção educativa adequada pode ajudar nossos estudantes a atingir a tão desejada “experiência estética” e a “sensibilidade artística”. Também é importante enfatizar que ela pode ser obtida pela educação escolar em variados níveis de complexidade (FRANZ, 2003, p. 155).
A intervenção educativa a que Franz se refere pode e deve ser
trabalhada em sala de aula e para que essa intervenção seja mais eficiente é
importante conhecer diferentes estratégias de Leitura de Imagem proposta por
diversos teóricos que apresentam estratégias metodológicas para esse fim. Por
isso nesta Unidade 2 vamos apresentar e analisar as propostas de Anamélia
Bueno Buoro, Robert Willian Ott, Terezinha Sueli Franz,e um projeto de
trabalho de Fernando Hernandez.
No percurso metodológico adotado por Anamélia Bueno Buoro destaca
a necessidade em mostrar, ao aluno, que arte é necessidade humana e como
estão imbricadas Arte e Cultura. Por meio de exemplos de produção artística,
dos diferentes períodos artísticos, propõe uma leitura de imagens aos alunos,
em seis momentos: a descrição que requer aquele olhar mais atento para
poder listar o que se vê; a análise descobrindo os elementos visuais, a
estrutura formal, os planos existentes e os princípios que a fundamenta; a
percepção das relações entre a obra focalizada e a produção anterior
realizada pelo artista produtor; a pesquisa sobre o artista, a obra ou o estilo da
pintura a fim de buscar respostas para dúvidas e curiosidades; a comparação
ou diálogos entre obras da mesma época e produção atual e a produção do
texto com registro do percurso empreendido, o qual abarque a significação do
texto visual lido (BUORO, 2002).
Outro processo metodológico para Leitura de Imagem que tem alguns
pontos em comum com a proposta de Buoro é a do americano Robert Willian
Ott. Ele criou um sistema de crítica artística o Image Watching que tem sido
bastante divulgado aqui no Brasil desde sua vinda para cá em 1988, quando
ministrou um curso no Museu de Arte Contemporânea da USP. Ott
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sistematizou o Image Watching principalmente a partir dos estudos de John
Dewey, Thomas Munro (1901 – 1973) e Edmund Feldman.
Quanto ao sistema desenvolvido por Munro, Ott (in BARBOSA, 2001, p.
119) trás que:
O sistema de Munro, conhecido como morfologia estética, diz respeito aos estágios básicos do processo individual de aprendizagem a partir de obras de arte. A morfologia estética era analítica por natureza e baseada na percepção sensorial, na associação e no contexto da obra para gerar formulações críticas.
Tanto o sistema de Munro quanto de Ott é um ensino de arte
desenvolvido para museus, porém não é rígido, podendo ser adaptados para a
sala de aula.
Para Ott (1988) quando os alunos têm contato com as obras originais
são desafiados à observação; adquirem mais conhecimento que serão úteis na
hora da produção e os que estão acostumados a observar arte em museus e
galerias estão mais propensos à pesquisa artística que exerce um papel
essencial em arte-educação.
O Image Watching vem fornecer conceitos para a crítica voltada à
produção artística relacionando o modo crítico e o criativo de aprender em arte-
educação através de cinco categorias: descrevendo – semelhante à proposta
anterior, o aluno observa deixando que a obra fale por si e em seguida lista, de
forma verbal o que percebe na obra; analisando - investiga como foi
executado o que foi percebido; interpretando - fornece dados para as
respostas pessoais e sensoriais permitindo expressarem o que sentem;
fundamentando – relaciona o conhecimento artístico que vem sendo
armazenado (nessa etapa pode-se convidar o artista para uma fala ou usar
vídeos com as falas dos mesmos, utilizar catálogos de exposições, publicações
acadêmicas, textos de reportagem de jornal ou revista) e por último revelando
– momento da produção, é o fazer artístico.
Todo conhecimento gerado a partir do desenvolvimento dessas
categorias podem ser expressos durante o trabalho de ateliê, uma vez que
proporciona um sistema de critica de arte tanto conceitual, perceptivo quanto
interpretativo.
Apresentando uma metodologia diferente das anteriores, Teresinha Sueli
Franz não dita passos metodológicos, traz uma reflexão de como educar para
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compreensão relacionando os níveis desta compreensão.
Desenvolver estudos de obras de arte dentro de uma perspectiva compreensiva, estejam estas em museus ou em outros espaços, é uma forma de introduzir os alunos no tipo de investigação que realizam os especialistas (críticos de arte, historiadores, curadores, etc.), isto é, examinar, observar atentamente, buscar evidências sobre o contexto, etc.; é também envolve-los profundamente com as exposições de arte, ensinando-lhes a fazer as perguntas sobre as obras, levando-os a refletir e a interpretar a arte mais seriamente (FRANZ, 2003, p.158).
Franz (2003) defende o ensino de artes numa perspectiva da educação
para a compreensão respaldada na teoria de Fernando Hernandez e também a
perspectiva considerada por Wiske, Howard Gardner, Verônica Mansilla e
David Perkins.
Na educação para a compreensão Mansilla mostra que:
Compreender [...] é aprender a problematizar e explicar fenômenos, demonstrando ao, menos em parte, características próprias das que desempenham os especialistas nos mais variados domínios do conhecimento humano (Mansilla apud FRANZ, 2003, p. 184).
Ainda sobre compreensão, (Perkins apud Franz, 2003) põe evidência
sete atividades de compreensão que uma pessoa seria capaz de realizar: a
explicação, a exemplificação, a aplicação, a justificação, a contextualização e a
generalização. De acordo com a autora aplicando essas atividades proposta
por Perkins estará indo além de uma simples leitura, estará extrapolando os
seus limites e os limites da disciplina em si.
Para que se possa levar o aluno a um alto nível de compreensão precisa
propor a inclusão de várias imagens a fim de desenvolver hábitos mentais
necessário para a compreensão do objeto estudado. Ser educado para a
compreensão é saber transferir o que aprende a outras situações e problemas,
desenvolve a própria identidade na medida em que questiona a visão
egocêntrica ao deparar com experiências de pessoas distantes tanto no tempo
quanto no espaço, (Boix-Mansilla apud Hernandez, 2000).
Franz em seus estudos aponta que existe maneira de abordar a
educação de Artes Visuais que não passa pela pura identificação. Há a
necessidade de ensinar os alunos a realizar pesquisas sobre obras de arte de
diferente tempo, espaço e cultura para que os mesmos adquiram um nível
17
elevado de interpretação. Quando dá liberdade aos alunos se expressarem
livremente sobre as obras de arte estará oportunizando manifestar suas
concepções iniciais sobre ela, muito importante na educação para a
compreensão. Trabalhar com a comparação de obras de arte é uma estratégia
didática imprescindível quando se trata de Leitura de Imagem. A comparação
pode ser tanto com outras obras de arte como em torno de uma idéia-chave,
escolhida a partir da do tema, da técnica ou outras questões relativas à arte e
seus objetos.
Franz analisa a leitura de imagem construindo as categorias como
âmbitos para leitura de imagem tais como: Histórico/Antropológico,
Estético/Artístico, Pedagógico, Biográfico e Crítico/Social relacionados com
níveis de compreensão tais como: ingênuo, principiante, aprendiz e
especialista.
Para fundamentar sobre as diferenças de níveis de compreensão ela
segue os fundamentos estabelecidos por Perkins e Simmons e toma por base
o trabalho teórico de Prawat e Horoscik, que discute o papel do conhecimento
base, as conseqüências de suas possíveis limitações, bem como a importância
do conhecimento epistêmico do aluno.
De acordo com Franz os âmbitos de compreensão aparecem de forma
interconectada.
Veja a síntese no quadro a seguir:
Quadro 1 - Âmbitos de Compreensão para uma leitura crítica de imagem
HISTÓRICO/
ANTROPOLÓGICO
Está relacionada às questões como: o que a obra nos diz sobre a
vida das pessoas representadas no quadro, sua cultura, o
conhecimento do contexto histórico/político/social do observador.
ESTÉTICO/
ARTÍSTICO
Refere-se ao conhecimento da cultura artístico ou estético que gerou
a obra, às críticas feitas sobre ela e sua representação histórica.
PEDAGÓGICO
Está relacionado à que ensino e aprendizagem a obra propõe, as
formas de leitura e interpretação da obra, o papel dos espaços de
arte para a compreensão da mesma.
BIOGRÁFICO
Refere-se à relação indivíduo e obra, como a obra ajuda no
conhecimento da história pessoal, também como a história pessoal
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ajuda na interpretação e na compreensão de mundo e de si.
CRÍTICO/SOCIAL
Relação de como a obra contribui para interpretar criticamente o
mundo social em que se vive, o questionamento a quem a obra
beneficia e a quem prejudica e ainda Leva à reflexão sobre
cidadania, democracia e tolerância.
Fonte: FRANZ, (2003)
Quadro 2 - Níveis de compreensão: possibilidades numa leitura crítica de
imagem
Nível 1
INGÊNUO
Falta conhecimento prévio sobre arte em geral e prevalece as
concepções intuitivas e míticas. Não relaciona o que aprende na escola
com o cotidiano. Descarta o contexto da obra. Falta conscientização das
intenções e representações culturais que estão por trás de uma obra.
Nível 2
PRINCIPIANTE
Mistura de crenças intuitivas com os conhecimentos adquiridos,
prevalecendo a intuição. Conhecimento mínimo em arte e tem dificuldade
em relacionar o conhecimento para interpretar a imagem.
Nível 3
APRENDIZ
Demonstração de conhecimento e idéias sobre arte e a imagem a ser
analisada e utiliza o conhecimento e intuição para explicar.
Nível 3
ESPECIALISTA
Alto grau de conhecimento prévio sobre arte e a obra analisada. Uso dos
conceitos disciplinares para as interpretações. Reconhecimento que o
conhecimento é construído, discutível e provisório. ”Neste nível devemos
ter condições de avaliar espontaneamente as conseqüências práticas,
lógicas, sociais e morais do que sabemos sobre uma pintura, apoiando-
nos numa posição política sobre a própria existência humana, numa visão
de mundo que gere uma reação de mudança, de conhecimento no campo
que atuamos.
Fonte: FRANZ, (2003)
Fernando Hernandez (2000) chama a atenção para a importância de se
destacar a fluidez das imagens no cotidiano e pensar sobre os sentidos
produzidos nas mediações de crianças, jovens e adultos. Em seu livro “Cultura
Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho” apresenta um projeto de
trabalho para a compreensão de cultura visual a partir de obra de arte, que
contribui para instigar o aluno a pesquisar, a refletir e a debater sobre arte e
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registrar todo o processo no portfólio, o qual é constantemente retomado para a
avaliação.
Este projeto centrado em obras vai da descrição à interpretação e parte
basicamente de três perguntas referente a(s) obra(s) escolhida(s) que são: O
que foi pintado pelo pintor? De que falam essas obras? O que podemos
estudar e aprender de um quadro?
Em seus estudos Hernandez aponta que existe maneira de abordar a
educação de Artes Visuais que não passa pela pura identificação. Há a
necessidade de ensinar os alunos a realizar pesquisas sobre obras de arte de
diferente tempo, espaço e cultura para que os mesmos adquiram um nível
elevado de interpretação. Quando dá liberdade aos alunos se expressarem
livremente sobre as obras de arte estará oportunizando manifestar suas
concepções iniciais sobre ela, muito importante na educação para a
compreensão.
Professor, agora que conhecemos essas estratégias chegou a hora da
prática de Leitura de Imagem. Vamos lá...
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O desenho é apenas a configuração daquilo
que você vê.
Paul Cézanne
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PRÁTICAS DE LEITURA DE IMAGEM NA FORMAÇÃO
CONTINUADA DO PROFESSOR
Se a obra de arte tem seus códigos e um sistema estruturado de signos
há a necessidade em desenvolver a habilidade para decodificar esses signos.
Introduzir crianças e adolescentes para a leitura de elementos que compõe o
vocabulário visual já era uma idéia defendida por Rudolf Arnheim e atualmente
vem se expandindo através da Leitura de Imagem. Podemos contar com vários
estudiosos sobre o assunto e as suas posições diante desse trabalho. Dentre
outros temos como, por exemplo: William Erwin Eisner com uma leitura
qualitativa; Jaron Lanier com ênfase na apreciação da obra de arte; Charles
Sanders Peirce fazendo a integração com outras disciplinas; Edmund Feldman
e Robert William Otto que propõe um roteiro para a leitura, e Ana Mae Barbosa
com a Proposta Triangular. (BARBOSA, 2001).
O que difere a Leitura de Imagem de uma pessoa a outra é o repertório
imagético que cada um trás consigo. Mesmo que uma imagem já seja
conhecida ainda assim, pode ter um olhar inovador e diferenciado sobre ela.
Para iniciar as práticas de Leitura de Imagem escolhemos primeiramente
os momentos propostos por Buoro (2000) a: 1- descrição; 2- análise, 3-
percepção, 4- pesquisa, 5- comparação e 6- produção do texto, para
desenvolvermos essa atividade utilizaremos a obra “La Berceuse: Madame
Roulin”, do holandês Vincent Van Gogh.
1- descrição – Nesse momento deve observar atentamente a imagem e listar
tudo o que se vê.
Fig. 1 – Obra La Berceuse: Madame Roulin, 1889 – Vincent Van Gogh
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Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=4199
La Berceuse: Madame Roulin, 1889, de
Vincent Van Gogh (coleção particular, EUA) é uma
pintura que fez logo após o rompimento com o
amigo, artista Paul Gauguim e esta família era a
única que o Van Gogh recebia, dava atenção e
amizade naquele momento. No mesmo ano em que
pintou esta obra, ele produziu vários outros retratos
dessa família.
Pintada no período em que correu o
movimento Pós – Impressionismo, ou seja, no
período que vai de 1886 até o surgimento do
Cubismo no inicio do século XX. Esta pintura tem
cores contrastantes e os contornos bem delineados
que são características de pintura fauvista, que os
pintores só vão fazer uso alguns anos após a morte
de Van Gogh, por isso ele é considerado um
precursor da pintura fauvista.
Como podemos observar as imagens, a
seguir, são fragmentos da obra La Berceuse:
Madame Roulin, 1889, de Vincent Van Gogh.
Cada fragmento nos revela que para criar uma
composição utilizamos os elementos formais: a cor,
Vincent Van Gogh Nasceu na Holanda, no dia 30 de março de 1853. Um dos artistas mais representativos de todos os tempos, só teve sua genialidade reconhecida após a sua morte. Em vida só vendeu uma obra “Os vinhedos vermelhos” Juntamente com Gauguim e Cézanne foi destaque no movimento Pós-Impressionismo. Van Gogh teve um irmão e uma irmã. Ele e seu irmão Theo estabeleceram uma relação de amizade que perdurou para vida toda. Theo custeava as despesas, dos materiais de pintura, a seu irmão, eles trocaram várias cartas e através dessas cartas pode se resgatar muito sobre a vida desse pintor. Veja outros exemplos de obras suas:
Peach Blossom in the Crau, 1889 – Óleo sobre tela. Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/co000002.jpg
The Vicarage at Nuenen Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/go000102.jpg
Pós-Impressionismo – Movimento de pintura se originou como uma reação contrária ao Impressionismo, ou como o desenvolvimento maior desse movimento. Tem como principais reresentantes, Van Gogh, Gauguim,Cézanne, Lutrec e outros.
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a linha, a superfície. Como podemos na imagem abaixo.
Fig 2 - Fig. 1 – Fragmento da Obra La Berceuse: Madame Roulin, 1889 – Vincent Van Gogh
Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=
&co_obra=4199
Ao ter contato com a obra, a cor nos convida a percorrer o olhar para
todo o quadro e retornar ao centro. Através desse percurso do olhar
percebemos como perceber a obra se estrutura, o movimento, proporção,
equilíbrio, harmonia,... Você consegue identificar alguns destes princípios que
fundamenta esta obra na fig.3?
Fig 3 - Fig. 1 – Fragmento da Obra La Berceuse: Madame Roulin, 1889 – Vincent Van Gogh
Fonte:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=419
9
Esta obra trata-se de uma pintura figurativa e a primeira vista podemos
dizer que tem como tema um Retrato, no entanto ela recebeu o título de La
Berceuse: Madame Roulin porque a mulher retratada embala um berço, que
por sinal quase não se vê, sendo assim trata-se do tema Cenas de Gênero, por
representar uma cena do cotidiano.
Observe que a fisionomia dessa mulher apresenta características muito
presente nos retratos em que Van Gogh, ele ressalta os poderes expressivos.
24
Fig 4 - Fig. 1 – Fragmento da Obra La Berceuse: Madame Roulin, 1889 – Vincent Van Gogh
Fonte:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=419
9
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Fig 5 – Gaúcho Estancieiro – Johann Moritz
Rugendas
Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/au000002
.jpg
Esta obra de Rigendas nos traz informações
importantes para a Leitura, principalmente na visão
de Teresinha Sueli Franz, pois ela traz uma reflexão
que vai além da imagem, uma reflexão de como
educar para compreensão relacionando os níveis
desta compreensão.
No âmbito de compreensão
Histórico/Antropológico traz a reflexão sobre a vida
dos nossos vizinhos gaúchos e sua rica cultura.
Aqui cabem algumas reflexões como:
- O que o personagem dessa pintura diz sobre o
Brasil?
- Como é região que o gaucho vive?
- Você conhece a cultura gaucha?
Refletir sobre a harmonia cromática, o estilo,
o conhecimento da cultura artístico vai levar o aluno
Johann Moritz Rugendas Rugendas pintor e desenhista germânico que nasceu em Augsburg, Alemanha, em 29 de março de 1802 e faleceu em Weilleim, em 1858. Veio de uma família de artistas. Iniciou seus estudos de pintura com seu pai e depois foi se aperfeiçoar na academia de Belas Artes de Munique. Esteve de viagem aqui no Brasil de 1822 a 1835, nessa ocasião retratou nosso povo e nossos costumes. Algumas obras:
Indios Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/fi000008.jpg
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a analisar esteticamente a obra em questão.
- De que tema se trata essa pintura?
- Qual a harmonia cromática apresentada nessa pintura por Rugendas? Há
contrastes de cores? Você identifica algum princípio que fundamenta essa
composição?
- O que se conhece da cultura artística e estética dessa pintura?
Pedagogicamente essa pintura de Rugendas nos remete ao passado, a
nossa história, as lutas pela nossa terra, também o conhecimento da visão de
um artista estrangeiro sobre o Brasil.
- Qual a participação do gaucho na história dos Campos Gerais? Se nesse
momento surgir o comentário sobre os tropeiros, seria interessante conhecer o
monumento, em homenagem aos tropeiros que existe em nossa cidade; sugerir
uma pesquisa se há na região algum local que poderia ser visto os objetos que
os tropeiros usavam, por exemplo.
- Analisando outras obras de Rugendas, como você interpreta a visão dele em
relação ao nosso país?
Quanto ao âmbito biográfico a obra “Gaucho Estancieiro” fica bem
próxima de nós por se tratar de um personagem do sul do Brasil. Isso facilita a
reflexão e abre para um diálogo mais espontâneo.
- Como poderia relacionar essa pintura com a nossa biografia?
- Em sua família tem algum parentesco com os gaúchos?
Para a compreensão do significado crítico social podemos questionar:
- Como essa pintura ajuda a interpretar criticamente o mundo social em que
vivemos?
Como podemos perceber estas questões são apenas algumas
sugestões para a reflexão. A partir dessas sugestões podemos ampliar esse
repertório, pois, como já referimos anteriormente, Franz nos convida a fazer
uma leitura que vai além da imagem.
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Dando continuidade as práticas de Leitura de
Imagem, vamos às categorias do americano Robert
Willian Ott que propõe os seguintes passos:
descrevendo, analisando, interpretando,
fundamentando e revelando. Para essa Leitura
apresentamos a pintura “Paisagem” do aluno
Charles Ribas aluno da 7ª série da Escola Estadual
Professor Amálio Pinheiro – Ensino Fundamental,
Ponta Grossa/PR.
Fig 6 – Paisagem, 2008 - Charles Ribas.
Ateliê da Escoa Estadual Professor Amalio Pinheiro
Fonte: Portfólio da pesquisadora.
Analisando esta pintura podemos ver que as
características apresentadas lembram as obras do
movimento de pintura Fauvismo ou Fovismo, porque
percebemos que Charles simplifica as formas, abusa
nas cores puras e nos faz uso de contornos escuros.
Nasceu em Ponta Grossa – Paraná, em 14 de outubro de 1994, filho de Sérgio Pedroso Ribas e Irma Dmegion Leal. Charles por volta dos oito anos de idade começou a ter aula de violão, aos poucos foi deixando a música de lado e se interessando por desenho. Hoje com quatorze anos freqüenta o projeto de artes Valorizando Talentos, que acontece no contra turno escolar da Escola Estadual Professor Amálio Pinheiro – Ponta Grossa/PR no qual é um dos mais assíduos. Tem experimentado várias técnicas, porém tem se destacado com os trabalhos que apresentam características do movimento Fauvismo. Sua família tem dado apoio e o incentivopara participar de outros cursos e eventos. Tem a intenção de continuar participando do projeto, pois acredita que pode aprender sempre mais. Outras obras de Charles:
Retrato, 2008.
De volta ao Trabalho, 2008
Charles é aluno do ateliê Valorizando Talentos da Escola Estadual Professor Amálio Pinheiro orientado pela professora/artista Neuci Martins Ribeiro. Fonte: Portfólio da professora.
Fauvismo – Movimento de pintura que tem como característica marcante, por exemplo, as cores puras e fortes, o contorno escuro e a simplificação das formas. Henri Matisse, Maurice de Vlaminck, André Derain e Othon Friesz são alguns representantes do Fauvismo.
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Essa composição é figurativa, porém tende um pouco a abstração desta
forma ao observá-la podemos fazer as mais variadas descrições.
Quanto a interpretação, o importante é liberar as emoções, ter a
liberdade de verbalizar a nossa opinião. Nessa hora o professor tem a
oportunidade de desenvolver as habilidades pedagógicas diante das inúmeras
interpretações que com certeza os alunos venham apresentar.
Outra categoria é a fundamentação aqui nós temos a possibilidade de
constatar o conhecimento que vem sendo adquirido sobre a História da Arte.
Relembramos que nesse momento seria interessante convidar um artista local
para uma fala informal, para contar de sua vida, sua carreira artística, seu
processo de produção... ou analisar recortes com reportagem sobre o artista ou
a obra analisada, catálogos de exposição, enfim materiais que possa ampliar o
conhecimento.
Por fim Ott apresenta a categoria revelando, é a hora da produção
artística e essa produção não precisa necessariamente ser em artes visuais,
pode ser um texto visual, um desenho, pintura, escultura e outras, O importante
aqui é que uma nova obra seja.
29
Sobre o projeto de trabalho de Fernando
Hernandez centrado em obra de arte parte
basicamente das três perguntas: O que foi pintado
pelo pintor? De que fala esta obra? O que podemos
estudar e aprender desta pintura?
Para exemplificar esse projeto de trabalho
Hernandez escolhemos a pintura “Árvore” do aluno
Rodrigo Bonfim, que apresenta algumas
características do movimento Pós-Impressionismo
porque este conteúdo consta na Proposta
Curricular, da 6ª série da Escola Estadual Professor
Amálio Pinheiro.
Fig 7 – Árvore, 2008 - Rodrigo Soares Bonfim.
.Ateliê da Escoa Estadual Professor Amalio Pinheiro
Fonte: Portfólio da pesquisadora.
A Árvore, de Rodrigo foi retratada de forma
pontilhista, técnica utilizada pelos artistas pós –
impressionistas.
O que você sabe sobre o movimento Pós-
Impressionismo? Quais são os representantes
Nasceu em Ponta Grossa – PR, em 21 de setembro de 1993, filho de Iloilda Soares Bonfim. Rodrigo lembra que seu interesse por arte foi por volta dos doze anos manipulando argila. Contajá era mais que fazia vasinhos, deixava-os secar ao sol e depois pintava e presenteava suas primas para que as mesmas utilizassem em suas brincadeiras de “casinha”. Além de argila ele passava o tempo desenhando, muitas vezes copiando algumas gravuras. Em 2007, influenciado pelos amigos integra ao projeto Valorizando Talentos. Segundo ele pensava que apenas teria a disposição o material para produzir seus trabalhos, não esperava que houvesse os momentos de reflexão e conhecimento sobre arte para depois iniciar a produção. Um dos artista, que desperta sua atenção é o holandês Vincent VanGogh, devido a sua liberdade de expressão. Veja um exemplo de outra obra de Rodrigo.:
Bonsai, 2008. Acrílica sobre tela Rodrigo é aluno do ateliê Valorizando Talentos da Escola Estadual Professor Amálio Pinheiro orientado pela professora/artista Neuci Martins. Fonte: Portfólio da pesquisadora.
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desse movimento de pintura?
Essa obra é fruto de uma pesquisa que ele vem desenvolvendo no
momento, que retrata árvores de diferentes formas, técnicas, cor e estilos.
Analisando um fragmento desta pintura podemos perceber e analisar
pela imagem os elementos visuais que a constituíram: ponto, cor, linhas se
formando pela sucessão de pontos, o plano pela superposição dos pontos e
certa abstração através das manchas indefinidas.
Fig 7 – Árvore, 2008 - Rodrigo Soares Bonfim.
.Ateliê da Escoa Estadual Professor Amalio Pinheiro
Fonte: Portfólio da pesquisadora.
Vamos a Leitura...
1- O que foi pintado pelo pintor?
Aqui o aluno, como propostas anteriores, vai descrever tudo que vê
na pintura com o professor fazendo a mediação entre a obra e o aluno.
2- De que fala esta obra?
Nesta fase requer um olhar mais atento para tentar compreender o
tema, o título e a diferença e relação entre eles e ainda, estabelecer relações
com o que já sabem com o que possam vir a aprender.
3- O que podemos estudar e aprender desta pintura?
Aqui temos que tomar certo cuidado porque temos a tendem a falar
sobre o que já sabemos e não do que o quadro fala. Para enriquecer essa
atividade seria interessante saber o que já falaram sobre este quadro,
relacioná-lo com outras obras, textos, opiniões...
Professor chegamos ao final do Caderno que foi escrito
exclusivamente para você, agora vamos partir para a próxima etapa que a
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Leitura de Imagem a formação humana, que é dedicado ao aluno, ou seja, são
propostas para que você aplique aos alunos utilizando todo o conhecimento até
aqui adquirido e com o conhecimento que, com certeza você irá buscar para
que a sua mediação com o aluno seja mais rica e produtiva.
Bom trabalho!
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A pintura nunca é prosa. É poesia que se escreve com versos de rima plástica.
Pablo Picasso
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LEITURA DE IMAGEM NA FORMAÇÃO
HUMANA
Você sabia que para fazermos uma Leitura
de Imagem não necessitamos de conhecimento
formal? Cuidado com essa afirmação! Sem esse
conhecimento a Leitura fica muito superficial.
Acreditando que essa atividade na escola possa
contribuir para ampliar o repertório imagético, e o
conhecimento em arte, principalmente em artes
visuais propomos algumas reflexões sobre a vida
do artista, do seu contexto, do contexto da obra e
do sentido que essa imagem da obra ressignifca
pra vida humana. Essas diferentes estratégias de
Leitura aqui apresentadas são para que você
aplique aos alunos, para que ele possa se
apropriar e aprender a ler uma imagem para
compreensão
De acordo com Francis Wolff (2005), a
imagem não pode explicar nada, ao contrário, ela
sempre deve ser explicada por outra coisa que não
imagens, portanto, pelo discurso. crítica da arte.
Leitura de Imagem a partir dos momentos
apresentado por Buoro (2002).
Acatando o pensamento de Wolff, observe a
reprodução da pintura “Abril vermelho”, da série
João Carneiro Artista pontagrossense considerado um dos maiores pintores de paisagens da nossa região. Iniciou sua carreira quando morava no bairro de Olarias, Ponta Grossa/PR. Atualmente residindo em Curitiba João Carneiro faz da arte seu meio de vida. Tem um currículo bem expressivo que conta com mais de 120 exposições, entre, individuais, coletivas e salões. No início da carreira ele trabalhava com óleo sobre tela, mas não se limitou somente a essa técnica, também fez e faz uso da tinta acrílica, guache, tinta vinilica encerada e aquarela. Além da pintura também tem trabalhos de escultura, gravura, desenho e vídeo arte. Na década de oitenta juntamente com os amigos artistas plásticos Luizzana Pellizzari e Almir Corrêa criou o grupo intitulado “Sucateando”, que era uma proposta de trabalho com ferro velho ou seja, sucatas, que naquela época não era utilizada para reciclagem. Uma das fases mais expressivas de sua carreira é a série os “Sem Terras”, embora essa sua fase tenha uma tendência expressionista, sua carreira é marcada por obras impressionista. Ele, assim como os pintores daquela época, de posse dos seus materiais de pintura sai a campo para pintar a paisagem como ele vê e não como realmente é. Em seus trinta e dois anos de carreira já produziu mais de cinco mil obras, das quais muitas
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“Sem Terras” produzida em 2002, pelo artista
plástico, pontagrossense João Carneiro e faça a
Leitura da Imagem a partir dos seis momentos
apresentados por pela Anamélia Bueno Buoro
(2000): descrever – descobrir – perceber –
pesquisar - comparar – produzir.
Fig. 19 Abril vermelho, 2002 – João Carneiro
Fonte: Portfólio do artista.
• 1º momento - Observar atentamente e
descrever tudo que observou no texto visual
apresentado.
• 2º momento – Descobrir os percursos
visuais da obra, os elementos visuais que a
compõe, a estrutura formal, os planos
existentes e os princípios que a fundamenta.
• 3º momento – Perceber quais as relações
entre a obra focalizada e a produção anterior
realizada pelo artista produtor;
• 4º momento - Pesquisar sobre o artista, a
obra ou o estilo da pintura a fim de buscar
delas já foram vendidas, tanto na região como em outros estados do Brasil e também no exterior. Já conquistou cinco prêmios, um com Vídeo arte e mais quatro prêmios em pintura. Fonte:Entrevista dada a professora pesquisadora Neuci Martins Ribeiro no dia 04/12/2008 Veja outras obras da artista: Capela Santa Bárbara, 1992,
Óleo sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
Mulheres da minha vida, 2003 - Óleo sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
Escultura, 1992 – Tambor prensado
Fonte: Portfólio do artista
Espantalho ao anoitecer, 1998 – Téc. mista sobre tela. Série
“Os Espantalhos”
Fonte: Portfólio do artista
Relógio das Flores, 2004 – Óleo sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
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respostas para dúvidas e curiosidades que por ventura venham
aparecer.
• 5º momento - Comparar ou dialogar obras da mesma época e com
produção atual. Você conhece outro artista que pintou essa mesma
temática dos Sem Terras. Você já viu outra obra com a mesma
harmonia cromática?
• 6º momento - Construir um texto verbal (BUORO, 2002).
Para conhecer um pouco mais e enriquecer seu conhecimento sobre
o artista plástico João Carneiro propomos a leitura da reportagem abaixo. A
matéria é sobre sua exposição individual que ele realizou no espaço cultural
PROEX, de 02 a 16 de julho de 2008, em nossa cidade. A matéria foi publicada
no site da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
�OVA PROPOSTA DA “GALERIA DE ARTES DA PROEX” MARCA A
VOLTA DA ARTE DE JOÃO CAR�EIRO A PG
10/07/2008 - 00:00 AM
Nada convencional em relação a padrões pré-estabelecidos, mas no mínimo diferente em
se tratando de um evento artístico-cultural – ou seria esta a fórmula politicamente correta para
se promover a exposição de um artista plástico: ‘um bate-papo informal’ entre estudantes
afins, a comunidade em geral e o próprio artista. Esta foi a proposta do professor Nelson Silva
Júnior, coordenador da Galeria de Artes da Proex da UEPG (Universidade Estadual de Ponta
Grossa), plenamente acatada pelo artista plástico João Carneiro, hoje residente em Curitiba,
quando da abertura de sua exposição individual “O Impressionismo de João Carneiro”, dia 2
do corrente (Galeria de Artes da Proex – Praça Marechal Floriano Peixoto, 129, até dia 18
próximo). Cinco ponto um, dos quais 32 anos dedicados às artes plásticas - a serem
comemorados em novembro deste ano -, João Carneiro se autodefine como ‘ponta-grossense
nascido e criado em Olarias’.
Em sua conversa-debate com alunos do curso de Artes Visuais da UEPG, aficionados e
demais convidados, João Carneiro contou sua trajetória artística em meio a histórias pitorescas
vivenciadas com colegas e amigos pela terra natal, valendo-se da projeção de slides em um
telão, desde 1976 até a presente data, com destaque para um currículo dos mais conceituados
em participações: “mais de 120 exposições entre individuais, coletivas e salões de artes”,
segundo ele, colecionando prêmios e menções honrosas em diversos eventos por esses brasis
afora. “Ao longo de minha carreira, esta foi a primeira vez em que participei de uma iniciativa
como essa, que eu relevo como ‘respeito ao artista’, especialmente pelo espaço aberto para
falar sobre a sua obra”, assinalou João.
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“SUCATEANDO” POR AÍ
No Paraná da década de 80, a formação de grupos, que tinham em comum reagir contra a
apatia, a insolvência e a alienação da cultura local, foi uma das mais interessantes
características no cenário das artes plásticas, conforme registra a crítica de arte Adalice
Araújo, também professora e artista plástica. Em Ponta Grossa, mais precisamente em 1989, o
grupo representante desse movimento surgiu com a idealização do projeto “Sucateando”,
reunindo artistas como Almir Corrêa, hoje professor da UTFPR- Universidade Tecnológica
Federal do Paraná - Ponta Grossa (ex-Cefet); Luizzana Pellizzari, atualmente como professora
de uma escola de Artes na França; e, naturalmente, o consagrado João Carneiro.
Para a cidade e as artes plásticas, principalmente, até mesmo em nível nacional, o grupo
marcou época por onde pode mostrar seus trabalhos nada ortodoxos, mas essencialmente
inovadores em sua concepção do ponto de vista da arte pela arte, de acordo com a produção
então instalada e seguidora de escolas ‘disto ou daquilo’. Na maturidade de seus 32 anos,
quando do início do projeto, João Carneiro viajou por algumas cidades paranaenses e de
outros estados, em companhia de Luizzana e Almir, expondo a arte do ‘Sucateando’ (criações-
montagens em ferro velho), durante sete anos, ou até 1996 – ano em que o projeto parou. A
falta de patrocínio, pra variar, teria sido um dos motivos da interrupção do movimento, mas
enquanto o grupo esteve na ativa, eles ganharam espaço e projeção, por exemplo, pela ‘Sala
Miguel Bakun – Curitiba’ (hoje Casa Andrade Muricy), ‘Museu de Arte Contemporânea /
CIC – Centro Integrado de Cultura’ (Florianópolis-SC) e ‘Museu de Arte Contemporânea’ de
Salvador – Bahia.
DEDICAÇÃO & DEUS
A versatilidade em técnicas artísticas se faz presente em diversas fases de inspiração e
produção na obra de João Carneiro, cujo início pelas artes plásticas marca sua inclinação para
a escola impressionista. Embora a experimentação pelo projeto ‘Sucateando’ tenha sido um
grande salto em sua carreira, a série “Os Sem Terra”, em desenhos aquareláveis e em óleo
sobre tela, registra sua performance pelo expressionismo, assinalando um dos momentos mais
marcantes em sua trajetória artística (a série faz parte do acervo do artista).
Sem contar sua habilidade em desenhos, que vai desde canetas simples até lápis
aquarelável, Carneiro incursiona por diversas escolas e estilos, com total liberdade de
expressão dentro das artes plásticas – suas obras também podem ser conferidas em gravuras
em metal, instalações (objetos), esculturas em madeira e ferro velho, pinturas em óleo sobre
tela, acrílica e em materiais diversos (cola, areia, tecido, etc.). Sobre a dedicação ao seu
trabalho, João Carneiro faz questão de registrar: “quando faço as minhas obras, faço-as com
excelência como se estivesse não fazendo para mim, mas para Deus”.
João Carneiro se autodefine como ‘ponta-grossense nascido e criado em Olarias
Fonte: http://www.tibagi.uepg.br/uepgnoticias/noticia.asp?Page=5428
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Categorias para Leitura de Imagem proposta por
Robert Willian Ott (2001).
Já vimos anteriormente que a imagem pode
ser lida, dessa forma a proposta a ser apresentada
ao aluno é de ler a obra do aluno Lucas Cedric de
Ávila. Ao ler essa obra muitas reflexões podem
ocorrer. Já lemos uma obra a partir da proposta de
Buoro (2002) agora vamos descobrir a forma de ler
imagem a partir das categorias de Robert Ott
(2001). Peça ao aluno que olhe e veja atentamente
a imagem e a partir das problematizações abaixo
para ir construindo sua leitura.
Fig 20 – Fim de Tarde, 2008 – Lucas Cedric de Ávila.
.Ateliê da Escoa Estadual Professor Amalio Pinheiro
Fonte: Portfólio da pesquisadora.
1. O que você nesta reprodução? Descreva e
partilhe suas idéias com os demais colegas.
2. O que você percebe em relação aos
Nasceu em Ponta Grossa – Paraná, em 06 de maio de 1994, filho de Marcelo de Ávila e Luciane Aparecida de Ávila. Lucas é filho de pai pintor (letrista) e mãe professora que também gosta de desenhar. Cresceu convivendo com desenho ajudando o pai ou criando histórias inspirada no personagem Hulk, do seriado Incrível Hulk. Conta que gosta de pedir opinião aos pais quando termina um desenho ou uma pintura, diz que seu pai sempre o aconselha a produzir seus próprios desenhos, não copiar do que já está pronto. Sobre sua produção diz que acha importante expor os trabalhos para que saibam o que ele vem aprendendo e produzindo. Época de Colheita, 2007 Acrílica sobre
tela Fonte: Portfólio da pesquisadora Capoeira, 2008 Acrílica sobre tela
Fonte: Portfólio da pesquisadora Lucas é aluno do ateliê Valorizando Talentos da Escola Estadual Professor Amálio Pinheiro orientado pela professora/artista Neuci Martins Ribeiro.
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elementos da composição, as técnicas e formas da obra de arte?
Analise cuidadosamente.
3. O que e como você sente ao apreciar “Fim de Tarde” do aluno Lucas?
Interprete à sua maneira, seja criativo, libere suas emoções.
4. Ao ler a obra Fundamente relacionando os conhecimentos artístico,
adquirido até aqui.
5. Bom! Robert Ott está nos desafiando, diz que após esse processo
somos capazes de construir um texto visual, um desenho, uma pintura,
uma escultura ou outra forma de expressão artística, recorrendo aos
conhecimentos que foi adquirido até agora. Revele, produza criando sua
própria “obra”. Ela fica ao seu critério, pode ser utilizado o material de
sua escolha.
Para que você possa se aprofundar um pouco mais sobre o tema
apresentado por Lucas Cedric, capturamos de um blog esse texto. Veja que
interessante.
D O M I N G O , 7 D E O U T U B R O D E 2 0 0 7
Brincadeira de criança
Estava lendo, há pouco, uma reportagem do Jornal do Brasil sobre a
redescoberta de brincadeiras infantis por crianças que nasceram na era do
computador. Fiquei nostálgica e confesso que estou mesmo influenciada pela
semana das crianças, mas o que se há de fazer se a semana é delas? A
reportagem falava sobre crianças que estão descobrindo a alegria de brincar
de bola de gude, cama de gato, peteca. Que coisa! Fiquei lembrando de
quando brincava no canteiro do jardim na casa do meu avô - afogando todas
as plantas e sujando tudo de terra, é claro! As crianças de hoje nem sabem o
que é brincar na terra; as mães andam estressadas demais para permitir
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tanta sujeira e as pracinhas não são mais seguras. Pracinhas? Lógico! Havia
duas aqui perto de casa e os brinquedos estavam inteiros. Hoje o que se vê
por aí são terrenos com restos do que um dia foi brinquedo e o nosso medo
de levar os pimpolhos a um passeio.
Sinto também que estou parecendo jurássica lembrando de bola de gude,
elástico e cama de gato. Vocês nunca brincaram dessas coisas? Meus primos
jogavam bolinha de meia e bolinha de gude( Como na canção do Milton) e eu
brincava de pular elástico. Andava de bicicleta à noite, pois minha mãe não
me deixava ficar na rua com sol muito forte. Hoje é falta de
responsabilidade, no Rio de Janeiro, deixar criança de dez anos andar de
bicicleta à noite.
Quando pequena, esperava ansiosa as férias escolares para ir a Petrópolis
rever os primos e ir com minha madrinha tomar banho de rio. Meus primos
que nasceram muito depois arregalam os olhos quando os mais velhos falam
de banho de rio; afinal,a imagem de rio que eles têm é algo de causar um
certo asco.
Hoje as crianças divertem-se diante do computador e da televisão, perdem
um tempo precioso e não estabelecem contato com outras crianças. Os pais,
por sua vez, não perdem tempo brincando com seus filhos; é mais fácil
entregar um vídeo game e deixar a babá eletrônica cuidar de tudo. Na rua
não dá para brincar: sabe-se lá se aparecerá um maníaco em dia de fúria? As
pracinhas estão um caos de descaso público em todos sentidos: lixo e
mendicância. Produtos culturais de qualidade para o público infantil ou são
raridades ou mal divulgados. Acho que vou parar por aqui, antes que eu fique
tentada a usar a frase "No nosso tempo não era assim..."
Escrito por Andréa Motta às 22:46
Fonte: http://leioomundoassim.blogspot.com/2007/10/brincadeira-de-criana.html
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Leitura de Imagem buscando a compreensão
crítica.
Nesta proposta vamos buscar a compreensão a
fim de explorar os próprios limites e para que isso
aconteça vamos recorrer a algumas questões
pertinentes para esse momento. Esta Leitura de
Imagem foi adaptada da proposta de uma brasileira
chamada Teresinha Sueli Franz (2003).
Fig 21 – As Mulatas, 2008.– Flávia Tarades.
.Ateliê da Escoa Estadual Professor Amalio Pinheiro
Fonte: Portfólio da pesquisadora.
1. O que a obra “As Mulatas” de Flávia Tarades
nos diz sobre a vida das pessoas?
2. Como é a vida dos afros descendentes no
Brasil e no mundo?
3. O que se sabe da cultura: artística ou
estética que gerou a pintura “As Mulatas”?
4. O que esta pintura representa aos
brasileiros?
Nasceu em Ponta Grossa – Paraná, em 20 de janeiro de 1993, filho de José Tarades e Reni Ferreira Tarades. Flávia sempre gostou muito de pintura, mas acreditava que não tinha talento. Quando estava na 6ª série fez uma paisagem cheia de detalhes, onde aplicou diversas texturas. Essa composição chamou atenção, tanto minha quanto dos colegas de sala e foi a partir dessa composição que ela começou a produzir outros trabalhos e pensar na possibilidade de se engajar no meio artístico. Conta que sua produção é mais durante as aulas do Projeto, que em casa raramente pinta. Seus trabalhos também têm despertado a atenção de alguns artistas. Flávia tem uma linguagem própria, que lembra a pintura Naif,conhecida também como pintura primitivista. Ela admira os outros estilos de pintura, mas a aplicação das cores puras, o desenho mais ingênuo da pintura Naif a atrai muito mais. Flávia tem vendido várias telas e isso a incentiva produzir cada vez mais porque vê o reconhecimento de seu trabalho. Do dinheiro que recebe da venda das telas, sempre reserva uma parte para compra de mais materiais de pintura. Flávia além de conhecer mais sobre a pintura primitivista, também tem procurado conhecer os artistas locais, conheceu pessoalmente
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5. O que se pode aprender e ensinar com esta
pintura?
6. Como você relaciona esta pintura com a
história dos afros descendentes?
1. Como você relaciona “As Mulatas” com a sua
própria biografia?
2. Como esta pintura ajuda a interpretar
criticamente o mundo social em que
vivemos?
3. A quem beneficia a visão de mundo que esta
obra representa e a quem prejudica?
Que tal propor aos alunos uma nova criação a
partir desta obra que acabaram de ler?
Bom Trabalho!
Marcelo Chimaneski e Osiris Guimarães. Do saudoso João Pilarski, só conheceu algumas obras.
A Creche, 2007 – Acrílica sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
A Transformação, 2007 –
Acrílica sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
A imigrante, 2008 – Acrílica sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
Beleza Rural, 2007 Acrílica sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
Enfeitando a Catedral,2007 Acrílica sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
Flávia é aluna do ateliê Valorizando Talentos da Escola Estadual Professor Amálio Pinheiro orientado pela professora/artista Neuci Martins Ribeiro. Fonte: Portfólio da pesquisadora
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Leitura de Imagem a partir de obra de arte: um
projeto de trabalho apresentado por Fernando
Hernandez (2000).
Faça a Leitura de Imagem da obra Natureza morta
com banana e mexerica de Zunir Andrade a partir das
três perguntas apresentadas abaixo:
Fig. 22 Natureza morta com banana e mexerica, 2007
Zunir Andrade
Fonte: Portfólio do artista
1. O que foi pintado pelo pintor? - aqui
você vai descrever o que vê na imagem.
2. De que fala esta obra? - Registre o que
vê, o que imagina, o que sabe ou o que falam sobre
essa obra.
Nasceu em Buri – São Paulo, 26 de fevereiro de 1947, filho de Zunir Pereira Andrade e Orlanda Protasio Andrade Zunir assim como seu pai e tios, também tocava em uma banda musical na cidade de Itararé, isso aconteceu quando ainda criança, onde residiu até seus vinte e cinco anos. Já aldulto, participou como ritmista de um grupo de chorinho intulado “Grupo Sereno”, também na cidade de Itararé- SP.Conta que sempre apreciou artes visuais, mas considerava que não tinha dom artístico. Em 1996 Zunir vem transferido, para nossa cidade em virtude de transferência do trabalho. Aqui passa a ter amizade com alguns artistas locais como Plácido Fagundes, João Carneiro, Sidnei Mariano e Alceu Rogoski, por exemplo. Numa dessas conversas o artista plástico Plácido o incentiva a pintar e recomenda a Zunir um livro da Betty Edwards, “Desenhando com o lado direito do cérebro.” Zunir, então, passa a estudar sozinho durante dois anos. Na seqüência tem aula de óleo sobre tela com a artista Rosane Santos e o artista Hélio de Jesus. Nessa época Zunir estava com 56 anos, a partir daí começou a expor seus trabalhos. Atualmente conta com um currículo de quatro exposições individuais, seis coletivas e oito salões de arte. Sua produção é de mais ou menos setenta quadros dos quais já vendeu mais da metade deles.
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3. O que podemos estudar e aprender
desta pintura?
Numa das aulas de Arte os alunos de uma da
7ª série da Escola Estadual Professor Amálio
Pinheiro foram visitar e conversar com o artista
Zunir Andrade, com o objetivo de conhecer sua
produção, saber como iniciou sua carreira e
conhecer sobre o seu processo de produção. A
exposição aconteceu no Serviço Social do
Comércio – SESC Ponta Grossa/PR. Nessa
ocasião foi proposto e esses alunos produzirem um
texto através da Leitura que fizeram das obras,
associando com os conteúdos adquiridos dentro e
fora da sala de aula. Deste encontro selecionamos
um dos textos para esse momento.
O texto é do aluno Jonatas da Silva, esse
aluno é um apreciador de arte e sempre procurar
saber um pouco mais de tudo que é relacionado
com as artes visuais, principalmente sobre pintura.
Exemplo de outras obras de Zunir.
Paisagem dos Campos Gerais - Óleo sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
Estrada dos Alagados-
Óleo sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
Marinha: Praia de
Caraúbas - Óleo sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
Sorveteiro de Guaratuba Óleo sobre tela
Fonte: Portfólio do artista
Fonte:Entrevista dada a professora pesquisadora Neuci Martins Ribeiro no dia 04/12/2008
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"Dia do azar, mas eu tô com sorte".
Vamos começar, ele pinta policromia e tem características do Impressionismo. Ele faz sombras coloridas, pinta várias coisas, desde paisagens marinhas até natureza morta e também cenas de gênero, porque ele faz pescadores no seu dia-a-dia. Ele também faz denúncias sobre a destruição da natureza como: a água do mar limpo transparente, tudo bonito, mas na areia uma garrafa, ou na natureza bela, mas tronco de árvores caídos e outros cortados. O mais legal foi tirar dúvidas com o próprio artista. Outra coisa que ele faz é a mistura de cores, faz efeitos de sol, sombras, céu entre as folhas das árvores, isso eu notei em vários uadros como no quadro "Paisagem com homem de bicicleta". Ele coloca a cor preta entre os verdes das árvores para dar volume.Aprendi a fazer transparência em taças de vidro, ele deixa um efeito de luz nos lados da taça. Ele faz natureza morta junto com paisagem. No quadro do pescador com rede fez efeito da rede embaixo da água, um pescador com a ponta da rede no barco e outro pescador com a rede embaixo da água e a transparência na água com o pé do pescador. Não fez os aros da bicicleta, só completou com preto, para dar movimento e uma árvore pequena atrás de uma bem grande para dar efeito de profundidade na pintura. No quadro que tem um farol, ele misturou cores para dar efeito de preto e o farol parece com um de outra pintura que eu vi. Foi uma experiência única. Pena que nosso amigo Eduardo não estava aqui, mas valeu a pena. Coitado do Zunir vai se arrepender de ter falado que podemos falar com a Neuci quando quisermos entrar em contato com ele... Ahaaaa.
(Jonatas da Silva, 2007 – 7.ª Série) Fonte: Portfólio da pesquisadora
Jonatas da Silva Em 2007 estudava na 7ª série do Ensino Fundamental da Escola Estadual Professor Amálio Pinheiro, Ponta Grossa/PR.
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