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Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012
O TRANSTORNO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) E O ESQUEMA CORPORAL
Lisiane Barcarolo Martinoto1 Sergio Alves2
Resumo: Este trabalho teve como propósito, estudar como as aulas de Educação Física podem ajudar crianças com TDAH (Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade) no desenvolvimento do seu esquema corporal. Foi verificada através de observações participativas, como a criança reage em algumas atividades propostas na área da educação física. Foram utilizados como procedimentos metodológicos os seguintes passos; por meio da observação participativa, descrições através de desenhos e questionários, caracterizando em uma pesquisa qualitativa. Após as análises pelos procedimentos propostos chegou-se a seguintes considerações; que a criança observada demonstrou progressos em seu esquema corporal como um todo, tendo suas noções de direita e esquerda estruturados, o equilíbrio estático e dinâmico também foram aprimorados. O estudo teve muitas formas de aprendizagem, pode-se saber o que é o TDAH, como trabalhar com esta população, desenvolver o esquema corporal, do qual se obteve mais sucesso. Pode-se comprovar de várias formas que a criança desenvolveu de forma compensadora e motivacional o seu esquema corporal. Palavras – chaves: TDAH; esquema corporal; desenvolvimento. Abstract: This work aimed to study how physical education can help children with ADHD (Attention Deficit Hyperactivity Disorder) in the development of their body structure. has been verified through participatory observations. how the child reacts in some proposed activities in the area of physical education. Was used as instruments the following steps, through participant observation, through drawings and descriptions questionnaires, featuring in a qualitative study. After analysis by the proposed procedures was reached following considerations; observed that the child has shown progress in their body structure as a whole, with their notions of right and left structured, static and dynamic balance were also improved. The study had many ways of learning, one can know what is ADHD, how to work with this population, develop the body schema, which is more successful. It can be proved in various ways that the child developed so rewarding and motivating their body schema.
Key-Words: DHD; body structure; development.
Introdução
Nos últimos anos o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tem
sido pesquisado por diversos autores (NETO e POETA, 2005; PELISOLI et. AL,
2007; ANTONY e RIBEIRO, 2005; ARAUJO e SILVA, 2003;). Alguns deles
comentam que o TDAH afeta de 3 a 5% da população infantil.
O TDAH tem características que afetam o comportamento, atenção, aprendizagem e
desenvolvimento motor da criança. Geralmente essa população apresenta
1 Especialista em Educação Especial, lisiane_barcarolo_martinoto@hotmail.com.
2 Mestre em Medidas e Avaliação em Educação Física, alveshandebol@hotmail.com.
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inquietação, impulsividade, falta de atenção, comportamento opositor, dificuldade em
discriminar direita e esquerda, em orientar-se no espaço e tempo, a característica
mais importante que envolve o trabalho é a má estruturação do esquema corporal.
O esquema corporal é a noção que a criança tem do seu próprio corpo e o mundo
que o rodeia. Quando a estruturação do esquema corporal é organizada a criança
pode utilizá-lo para agir de forma confiante.
Busca-se, com este trabalho, identificar quais as atividades que podem ser
trabalhadas nas aulas de Educação Física e que consigam ajudar a desenvolver o
esquema corporal em crianças com síndrome de TDAH.
Atualmente, no cotidiano da educação física, são poucos segmentos acadêmicos
que proporcionam estudos e pesquisas que envolvem as pessoas com
necessidades especiais. O que evidencia a importância deste estudo como mais
uma fonte de informação para acadêmicos e profissionais da área de educação
física e afins.
Portanto, o presente trabalho pretende responder à seguinte questão: Como as
aulas de Educação Física podem ajudar crianças com TDAH (Transtorno Déficit de
Atenção e Hiperatividade) no desenvolvimento do seu esquema corporal?
TDAH
Segundo Rohde, (2000 apud PELISOLI et. AL, 2007), as crianças com TDAH
apresentam sintomas como agitar as mãos ou os pés, não conseguir parar
sentados, correr, escalar, falar em demasia, dificuldades em participar de atividades
que exijam silêncio, freqüentemente não conseguem se concentrar. As crianças
devem apresentar estes sintomas em todos os momentos, em casa, viagens,
escolas.
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Araújo e Silva (2003) falam sobre a inquietação, comportamento opositor,
impulsividade, movimentação constante e distúrbios viso-perceptivo, falta de limites,
atenção e concentração, tendo também o seu esquema corporal desorganizado.
Conforme Paim, (1979 apud ANTONY e RIBEIRO, 2005) a atenção é um processo
psicológico do qual podemos concentrar nossa atividade psíquica em algum ponto,
fixando, definindo e selecionando percepções, bem como as representações,
conceitos e a elaboração do pensamento. O interesse da criança em determinado
objeto faz com que ela use as atividades da psíquica, mostrando assim, que a
atenção também precisa de motivação e afeto na escolha de tal objeto.
A criança hiperativa, por sua vez, apresenta problemas na manutenção da atenção
que é responsável pela elaboração do pensamento. Antony e Ribeiro (2005)
ressaltam que a criança age de forma imediata como “sinto, logo ajo”, sem medir ou
planejar as conseqüências ou ações, mostrando que seus sentimento e
pensamentos reflexivos não são interiorizados. A impulsividade faz com que a
criança não obedeça a ordens, não cumpra regras, não tenha limites, tenha
reatividade emocional, enfim uma criança imatura e instável emocionalmente.
Tipos de TDAH
Araújo e Silva (2003) dizem que existem três tipos de TDAH, do qual apresentam os
sintomas que caracterizam os tipos de TDAH, falam também sobre a freqüência de
no mínimo de seis meses dos sintomas nas crianças que deve apresentar mais de
seis sintomas de cada tipo.
a) TDAH tipo desatento
Não enxerga detalhes ou comete erros por falta de cuidado;
Dificuldade em manter a atenção;
Parece não ouvir quando se fala com ela;
Dificuldade em organizar-se;
Evita/não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado;
Freqüentemente perde os objetos necessários de uma atividade;
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Distrai-se com facilidade;
Esquecimento nas atividades diárias.
b) TDAH tipo hiperativo/impulsidade
Inquietação, mexendo as mãos e os pés ou se remexendo na cadeira;
Dificuldade em permanecer sentada;
Corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente (em adultos, há um
sentimento subjetivo de inquietação);
Dificuldades de engajar-se numa atividade silenciosamente;
Fala excessivamente;
Responde perguntas antes de serem formuladas;
Age como se fosse movida a motor; (sic);
Dificuldades em esperar sua vez;
Interrompe conversas e se intromete.
c) Misto
É quando a criança apresenta características de ambos os tipos, tanto desatento
quanto hiperativo/ impulsivo. (ARAÚJO e SILVA, 2003)
d) Outras características - podem aparecer junto com as descritas ou no lugar delas:
Dificuldade em terminar uma atividade ou um trabalho;
Ficar aborrecida com tarefas não estimulantes ou rotineiras;
Falta de flexibilidade (não saber fazer transição de uma atividade para outra);
Imprevisibilidade de comportamento;
Não aprender com os erros passados;
Percepção sensorial diminuída;
Problemas de sono;
Difícil de ser agradada;
Agressividade;
Não ter noção do perigo;
Frustrar-se com facilidade;
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Não reconhecer os limites dos outros;
Dificuldade no relacionamento com colegas.
As causas
As causas do TDAH podem ser segundo Araújo e Silva (2003) por toxinas no
organismo como: componentes químicos, proteínas, lipídeo. Também podem ser por
bactérias, problemas no desenvolvimento, alimentação, hereditariedade, ferimento e
malformação. Como também por um transtorno neurobiológico (algumas alterações
nos hemisférios direito, córtex pré-frontal e gânglios da base, corpo caloso e
cerebelo no cérebro da criança). Segundo Magalhães et. al. (2004) crianças
prematuras têm probabilidades de apresentar o TDAH.
A hiperatividade pode ser genética, causada pela pouca produção de adrenalina e
noradrenalina (catecolaminas), que são neurotransmissores responsáveis pela
atenção, comportamento motor e motivação. Estes baixos níveis destas
catecolaminas causam a hipoativação desse sistema. É por isso que a criança
hiperativa não consegue controlar seus impulsos emocionais, moderar sua atenção
e seus níveis de atividade.
Outra causa pode ser pela pouca produção e/ou liberação de catecolaminas, gerada
por traumatismo de parto, doenças ou acidentes acontecidos no inicio do
desenvolvimento do sistema nervoso central, também pela privação sensorial e
estimulação no início do desenvolvimento da criança.
Segundo Smith e Stick (2001) algumas drogas como metilfenidato e pemolina que
são estimulantes, aumentam o nível das catecolaminas. Estes estimulantes agem
como inibidores assim normalizando o comportamento da criança hiperativa.
A privação sensorial e de estimulação no início do desenvolvimento da criança,
também pode contribuir para a síndrome.
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O Esquema Corporal na Criança com TDAH
Desenvolver o esquema corporal em crianças com TDAH não é uma tarefa fácil, já
que elas têm dificuldades em controlar, interagir com o seu corpo e com o das
pessoas ao seu redor. É justamente este corpo que deve ser usado e desenvolvido
para a organização do esquema corporal. (MESQUITA. Et. al. 2004).
Conforme Antony e Ribeiro (2005) a criança hiperativa pode não ter domínio do seu
próprio corpo, o seu corpo parece a dominar, suas ações são involuntárias, onde o
sentir e o pensar estão desligados. Para a criança conseguir dominar seu corpo
deverá ter o seu esquema corporal organizado.
O esquema corporal segundo Wallon (1968, apud Meur, 1989) é indispensável para
a formação da personalidade do indivíduo. É a representação global científica e
diferenciada que o mesmo tem do seu corpo.
Meur (1989) complementa que a própria criança se percebe e percebe as coisas a
sua volta. O seu desenvolvimento se dará pela tomada de consciência do seu corpo,
do seu agir, ser e transformação do mundo ao seu redor. Assim se sentirá bem,
vendo que seu corpo lhe obedece e o conhecendo, pode utilizá-lo também para agir.
A criança não se reconhecendo a si própria, dificilmente poderá aprender o espaço
que a rodeia, ou seja, a estruturação do espaço-temporal.
Segundo Oliveira (1997) o esquema corporal é a consciência das partes do corpo e
suas funções, que são os resultados das experiências vividas pelo indivíduo, através
das sensações, percepções, movimentos corporais, com a interação do meio e com
o outro, entre tantos outros aspectos em que a criança percebe o seu corpo e o
mundo ao seu redor, trazendo resultados internos ou externos. Tendo o seu
esquema corporal bem organizado, terá domínio de seu corpo; desenvolvendo o
equilíbrio, a postura, orientação espacial, sentimentos de autoconfiança, de
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competência, enfim um corpo que coordena a sua motricidade e formará o “eu” de
um individuo.
O potencial de aprendizagem, não envolve só um processo perceptivo polissensorial
complexo, mas também interage e retêm a síntese das atitudes afetivas vividas e
experimentadas.
O corpo originado pela necessidade biológica tende a camuflar as frustrações que a criança experimenta na interação com o meio, mas, ao mesmo tempo, é através da ação que a criança vai descobrindo suas preferências e adquirindo a consciência do esquema corporal. Esta somente pode ser entendida como uma dialética entre o mundo interior e exterior. Nessa perspectiva entendemos que o esquema corporal não se adquire pela consciência, e sim por suas vivências. (Airton Negrini. P.30, 1994)
O ser humano tem seu mundo construído a partir de suas próprias experiências
corporais, para agir psicologicamente, motoramente, emocionalmente e socialmente,
deve ter um corpo “organizado”. Essa organização é quando a criança começa a
descobrir as possibilidades de ação, sempre levando em conta fatores
neurofisiológicos, mecânicos, anatômicos e locomotores. Esta organização envolve
a percepção e o controle, através da interiorização das sensações, precisando ter
um equilíbrio postural, lateralidade, independência do corpo e domínio das ações e
das inibições, do qual poderá organizar seus gestos, ações, tendo coordenação para
todos os movimentos. (OLIVEIRA, 1997)
Oliveira (1997) divide em três etapas o desenvolvimento do esquema corporal, são
elas:
1ª Etapa: corpo vivido (até 3 anos de idade)
É a fase sensório-motora, onde a criança se confunde no espaço em que vive, tem
necessidade de grande movimentação, onde enriquece as experiências do seu
corpo motoramente, suas atividades são espontâneas, ou seja, não pensadas.
(OLIVEIRA, 1997)
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Inicialmente é a fase de vivência corporal, onde a criança corre, brinca, trabalha o
seu corpo.
Esta etapa é marcada pela experiência vivida pela criança, exploração, investigação,
descoberta e compreensão, a função de ajustamento é quando a criança faz essa
exploração. É quando ela adquiriu memória do corpo o que auxilia para
ajustamentos posteriores. (OLIVEIRA, 1997)
No final desta fase pode-se falar em imagem do corpo, pois o “eu” se torna unificado
e individualizado.
2ª Etapa: corpo percebido ou “descoberto” (3 a 7 anos)
É a fase da organização do esquema corporal, onde há a internalização das ações e
atenções.
Agora é a fase do ajustamento controlado, que proporciona maior domínio do corpo,
a criança, então, para aperfeiçoar e refinar seus movimentos adquirindo maior
coordenação dentro de um espaço e tempo determinado. (OLIVEIRA, 1997)
A representação mental dos elementos do espaço só foi possível por ter a fase de
descoberta. Para que a aja a estruturação do espaço-temporal a criança precisa
antes ver seu corpo como ponto de referência para se situar e situar os objetos em
seu espaço e tempo. (OLIVEIRA, 1997)
Após ter seu corpo orientado no espaço e tempo, descobrirá formas e dimensões,
tendo conceitos como embaixo, acima, esquerda e direita, noções de tempo,
intervalos, antes e depois. (OLIVEIRA, 1997)
3ª Etapa: corpo representado (7 a 12 anos)
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É a fase da estruturação do esquema corporal. A criança conhece todo o seu corpo,
consegue se movimentar corretamente no meio ambiente com controle do corpo
maior, então consegue ampliar e organizar seu esquema corporal. (OLIVEIRA,
1997)
No inicio da etapa a representação mental da imagem do corpo é uma simples
imagem reprodutora. A imagem do corpo é estática e feita de associações com
dados visuais e cinestésicos. (OLIVEIRA, 1997)
A criança, segundo Le Boulch (1984 apud OLIVEIRA, 1997) só dispõe de uma
imagem mental do corpo em movimento a partir de 10/12 anos, então atinge “uma
representação mental de uma sucessão motora”, com a introdução do fator
temporal. A imagem do corpo passa a ser antes das ações. O que se torna capaz de
organizar, de combinar as diversas orientações. Este mesmo autor fala sobre outro
fato que é a passagem da percepção de um espaço orientado no seu próprio corpo
e a representação mental de um espaço orientado, ou seja, o corpo situado como
objeto.
O próprio sujeito cria pontos de referências para se situar no espaço.
Segundo Fonseca (1976) referenciado na escala de Wintsch apresenta um exemplo
em ordem cronológica os diferentes estágios do desenho do corpo:
3 anos: primeiros desenhos do corpo: um oval e dois apêndices;
4 anos: dois pontos no oval do corpo a simbolizar dois olhos;
5 anos: aparecimento do tronco, isto é, um novo oval entre a cabeça e os
membros inferiores;
6 anos: membros mal articulados;
7 anos: membros de duplo contorno com diferenciação sexual pelo vestuário;
8 anos: aparecimento do pescoço;
9 anos: pormenores cada vez mais numerosos e perfeitos e com melhor
proporção;
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10 anos: introdução de fatores sociais com pormenores de vestuário e de
desenvolvimento e esboço de movimento.
O corpo, segundo Fonseca (1976), é o personagem central sobre o qual todo o
estudo sobre a criança terá que recair implicando em todas as atividades, escolares
ou não.
O desenvolvimento do esquema corporal
Para a criança desenvolver seu esquema corporal terá que ter a estruturação de
lateralidade, equilíbrio, espaço, tempo, independência do corpo e domínio das ações
e das inibições. (MEUR, 1989)
Segundo Meur (1989) lateralidade é a dominância lateral de um lado dos segmentos
do corpo que é mais forte e ágil, seja do lado direito ou esquerdo.
O conhecimento de direita e esquerda decorre da noção de dominância lateral. É
generalização, da percepção do eixo-corporal a tudo que cerca a criança.
Segundo Rezende et.al. (2003) a lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da
dominância lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo.
A lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a
utilizar um lado do corpo com maior desembaraço.
Conforme o mesmo autor, o que geralmente acontece é a confusão da lateralidade
com a noção de direita e esquerda, que esta envolvida com o esquema corporal. A
criança pode ter a lateralidade adquirida, mas não saber qual é o seu lado direito e
esquerdo, ou vice-versa. No entanto, todos os fatores estão intimamente ligados, e
quando a lateralidade não está bem definida, é comum ocorrerem problemas na
orientação espacial, dificuldade na discriminação e na diferenciação entre os lados
do corpo e incapacidade de seguir a direção gráfica.
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A lateralidade manual surge no fim do primeiro ano de vida, mas só se estabelece
fisicamente por volta dos 4-5 anos.
Rezende et.al. (2003) define o equilíbrio como a reunião de um conjunto de aptidões
estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle
postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático
caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de
apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio
dinâmico é aquele conseguido com o corpo em movimento, determinando
sucessivas alterações da base de sustentação.
Já estruturação espacial, segundo Meur (1989) é a tomada de consciência do seu
próprio corpo com o meio ambiente e das situações das coisas entre si. Também
são possibilidades para o individuo organizar-se perante os objetos que o cerca e de
movimentá-los, já estrutura temporal é a função de internalizar noções de tempo
como: antes, depois, durante intervalos (curtos e longos), ritmos, aceleração e
freada, diferenciação entre corrida e caminhada, dias da semana, passado, presente
e futuro.
Quando a criança tiver noções de tempo, poderá organizar-se na escola, no lazer e
em suas obrigações.
Segundo Rezende et.al. (2003) a estruturação espacial leva a tomada de
consciência pela criança, da situação de seu próprio corpo em um determinado meio
ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do lugar e da orientação no espaço que
pode ter em relação às pessoas e coisas.
Nos artigos lidos (Hiperatividade: doença ou essência um enfoque da gestalt-terapia,
Comportamentos indicativos do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em
crianças: alerta para pais e professores, Intervenção motora em uma criança com
transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), Terapia cognitivo-
comportamental no TDAH) foram encontradas várias formas de ajudar a criança a
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desenvolver o seu esquema corporal, tais como: a psicomtricidade, terapias (terapia
cognitivo- comportamental, Gestalt-Terapia, entre outras), intervenções
psicomotoras, massagem, e adaptações didáticas na escola e com os pais da
criança.
Segundo Pelisoli et, al. (2007) a psicomotricidade deve ajudar a criança a se
concentrar em determinadas atividades, a diminuir as tensões externas e a controlar
a excitabilidade. Nas crianças hiperativas o controle do freio inibitório é um dos
recursos usados.
Conforme Pelisoli et, al. (2007) em sua pesquisa sobre o TDAH e a
psicomotricidade, através da terapia cognitivo comportamental e da psicomotricidade
pode-se desenvolver também o esquema corporal, pois, os resultado foram positivos
e significativos, pode-se perceber que as crianças conseguiam dar melhores
respostas adaptativas. Em relatos de professores, soube-se que o desempenho
escolar progrediu de forma significativa.
Nesta terapia foram trabalhadas as cognições de treinamentos e contingências
como: auto-instrução e de resoluções de problemas sociais, auto-monitoramento,
auto-avaliação e auto-reforço. Na psicomotricidade o freio inibitório, a concentração,
a lateralidade, a coordenação, o relaxamento e a relação com o seu próprio corpo e
o dos outros, desenvolvidos em atividades.
Para Antony e Ribeiro (2005) deve-se desenvolver com a criança hiperativa um
trabalho feito com ela mesmo, com seus pais e professores, oferecendo um suporte
educacional apropriado, uma melhor integração social permitindo que a criança use
sua criatividade, já que são bastante sensoriais intuitivas e afetuosas. Enfatizando
as qualidades e não seus defeitos.
A criança deve ser trabalhada a fim de promover o resgate da consciência do seu
próprio corpo, pensamentos e sentimentos, assumindo responsabilidades e
ajustando a criatividade.
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Neto e Poeta (2005) mostraram através de 25 sessões de intervenção psicomotora,
em uma criança com TDAH, que é possível desenvolver positivamente a motricidade
fina, equilíbrio, esquema corporal e organização temporal, e também se pode
diminuir sintomas característicos do TDAH.
Outra alternativa foi proposta por Araújo e Silva (2003) que é por meio de um
trabalho interdisciplinar entre pais, professores e terapeutas. Do qual devem aplicar
estratégias e intervenções apropriadas tais como: modificação do ambiente,
adaptação do currículo, flexibilidade na realização e apresentação de tarefas,
adequação do tempo de atividade, administração e acompanhamento de medicação,
etc.
Visto todas as abordagens de tratamento conforme (NETO e POETA, 2005,
ANTONY e RIBEIRO, 2005, PELISOLI et, al. 2007...) para a criança com TDAH, as
aulas de educação física poderão auxiliar de todas as formas para o
desenvolvimento do esquema corporal, através de atividades que possam propiciar
de forma divertida e interessante, a estruturação da lateralidade, do equilíbrio, do
espaço-temporal, conhecimento do próprio corpo, assim estruturando também o
esquema corporal.
Esquema corporal segundo Gallaheu e Ozmun
Gallaheu e ozmun (2005) definem esquema corporal e imagem corporal como o
desenvolvimento da criança em diferenciar e localizar as partes do corpo em si
mesmo e em outras pessoas.
Também ressaltam o entendimento da criança em três áreas do esquema corporal.
A primeira refere-se ao conhecimento das partes do corpo, onde é necessário
localizar todas as partes do corpo. A segunda é onde a criança precisa conhecer o
que as partes do corpo podem fazer, ou seja, como realizar um gesto motor. A
terceira a criança deve entender de como usar e reorganizar as partes do corpo para
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a realização para um ato motor específico e poder desempenhar um gesto motor.
(GALLAHEU e OZMUN, 2005).
Os mesmos autores falam que a imagem corporal é como a criança se enxerga
internamente, essa imagem deve ser real. As características do corpo externamente,
como: altura, peso e forma, fazem com que nos comparamos uns com os outros, é
importante ter uma imagem realista, para que no futuro a criança não sofra com
preocupações e distúrbios como anorexia e bulimia. (GALLAHEU e OZMUN, 2005)
O esquema corporal, a imagem corporal, a estruturação espacial e a orientação
direcional estão totalmente ligados e combinados para que a criança possa entender
e localizar suas dimensões espaciais.
Portando é importante também desenvolver as habilidades de estruturação espacial
e orientação direcional.
Para os autores Gallaheu e Ozmun (2005) é importante que as crianças tenha um
período por dia de educação física na escola, pois as crianças com dificuldades
perceptivos motoras poderão se igualar a seus companheiros.
A estruturação espacial, segundo Gallaheu e Ozmun (2005) pode ser dividida em
duas categorias (o conhecimento de quanto espaço o corpo ocupa e a habilidade de
se movimentar em um espaço externo).
A primeira é o conhecimento de quanto espaço o corpo ocupa, relacionando os
objetos ao seu redor. A criança com a experiência progride, a partir do seu mundo
interno, assim localizando externamente a si mesma para que após possa
estabelecer uma estrutura de referência. A partir desse conceito a criança pode lidar
com outros dois conceitos de auto-espaço e espaço geral. O auto-espaço é a área
que está ao redor da criança, limitando-se até onde se corpo pode-se estender. O
espaço geral é a localização de objetos partindo de onde o seu corpo está em pé ou
onde os outros estão. (GALLAHEU e OZMUN, 2005)
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Orientação direcional, segundo Gallaheu e Ozmun (2005) é a capacidade da criança
em dimensionar objetos que estão no espaço externo, como por exemplo, conceitos
de esquerdo-direita, fora/dentro, para cima/para baixo, topo/fundo e frente/trás.
A orientação direcional está dividida em duas categorias como lateralidade e
direcionalidade. A lateralidade é a consciência interna das dimensões do corpo, da
localização e direção.
Direcionalidade segundo os autores Gallaheu e Ozmun (2005) é a lateralidade
projetada externamente, a criança agora consegue dimensionar objetos no espaço,
essa direcionalidade depende da lateralidade bem desenvolvida.
Caracterização da Pesquisa
O trabalho desenvolvido trata-se de um estudo teórico-empírico, onde foram
realizados dados secundários e coleta de dados primários em pesquisa de campo.
É uma pesquisa qualitativa tipo exploratório, do qual Gil (1991) explica que este tipo
de pesquisa visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a
torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico;
entrevistas com pessoas. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas
e Estudos de Caso que é o tipo de pesquisa que será utilizado neste estudo, onde
será observada apenas uma criança.
Os dados coletados serão descritivos, através de desenhos, fotografias, questionário
e outros elementos descritivos, sempre capturando o ponto de vista dos
participantes. O pesquisador não se preocupa em evidenciar idéias definidas antes
do início dos estudos.
Instrumentos de Coleta
Os instrumentos de coleta foram por meio da observação participativa, descrições
através de desenhos e questionários, tendo como base os conceitos que orientam
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essa pesquisa, sendo que o grau de estruturação pode variar de acordo com o
contexto e os sujeitos envolvidos, tendo sempre em vista os objetivos da
investigação.
Também será utilizada a fotografia que para Guran (2000), é um elemento que
registra o trabalho desenvolvido no campo de pesquisa e nos remete a um caminho
de entender o campo a partir da fotografia que contribuiu para registrar as ações no
andamento de estudos, entendendo essas manifestações das imagens registradas
como fenômenos constitutivos da pesquisa. Desta forma, a fotografia se transforma
numa metodologia de trabalho que pode documentar a realidade.
Apresentação e análise dos dados
Para melhor apresentação dos relatos das observações, adotaram-se codinomes
para os participantes de estudo, com a seguinte denominação, a primeira
observadora teve como codinome Maria, a segunda como Eva, e no final o relato da
pesquisadora ainda inferimos um apelido para o sujeito do objeto do estudo como
Pablo.
No primeiro relato obteve-se a seguinte argumentação:
Na observação de disfunções motoras, listagem de Gallahue e ozum (2005)
respondida por Maria e Eva, no dia 11 de setembro de 2009, sobre o sujeito Pablo,
observa-se que o mesmo tem as seguintes características da síndrome do TDAH:
não conduz bem o corpo em deslocamento, não distingue a esquerda de direita, em
atividades locomotoras; apresenta mais eficiência em um lado do que outro, troca de
letras e números regularmente, a letra tem inconsistência de tamanho.
Para finalizar a pesquisadora fez sua observação acompanhando o aluno Pablo dois
períodos por semana, durante todo o ano até o dia 11 de setembro, pois é sua
professora de educação física. Descreveu as seguintes características, que podem
ser descritas na síndrome do TDAH:
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Observam-se empecilhos em manter o equilíbrio, não obtém boa condução do corpo
em movimento, em atividades locomotoras, não executa movimentos com mais
eficiência em um lado do que outro, ao executar combinações de coordenação
simples, apresenta desvios em seu movimento e possui postura corporal pobre.
Geralmente parece estar desajeitado em atividades que requerem coordenação, não
distingue a esquerda de direita, tem dificuldade em medir espaços em relação ao
corpo, colide com objetos e outras crianças, troca letras e números regularmente,
engolem palavras, o tamanho da letra é inconsistente e é incapaz de copiar objeto
(palavras, números, letras, etc...), tende ser propenso a acidentes.
Após dois meses de aulas de educação física, com o aluno Pablo notou-se que as
disfunções motoras segundo a listagem de Gallahue e Ozum (2005) respondida pela
pesquisadora, no dia 06 de novembro de 2009, como o principal objetivo o
desenvolvimento do esquema corporal. Demonstrou que o aluno agora apresenta
um bom equilíbrio estático e dinâmico, conduz o corpo em movimento.
Agora já distingue a esquerda de direita, em atividades locomotoras, executa
movimentos com mais eficiência em um lado do que outro, às vezes troca de pé ou
mão, porém com menos freqüência que fazia antes, melhorou a coordenação em
fazer alterações no movimento, executa combinações de coordenação singela.
Apresenta boa comunicação, não fala alto demais, esquece algumas palavras,
porém não deixa de falar o final delas, usa estrutura frasal madura, já possui postura
corporal um pouco melhor do que no início da pesquisa, não copia objeto.
Nas observações feitas o aluno Pablo mostrou-se com seu desenvolvimento do
esquema corporal desorganizado, pois seu equilíbrio, movimento, lateralidade e
noções de corpo foram desenvolvidas com dificuldades. Após a análise da
pesquisadora no dia seis de novembro, notou-se uma melhora nestes aspectos, ou
seja, seu esquema corporal está se estruturando.
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Também foram encontradas, nas observações características descritas por Araújo e
Silva (2003) que falam sobre a inquietação, comportamento opositor, impulsividade,
movimentação constante e distúrbios viso-perceptivos, faltas de limites, atenção e
concentração, tendo também o seu esquema corporal desorganizado.
Análise das fotos
As fotos foram tiradas no dia 11 de setembro de 2009, foram feitas atividades e
questionário, onde o aluno Pablo foi observado e fotografado. Em seguida foram
feitas as fotos novamente no dia 06 de novembro de 2009.
Quando solicitado que mostrasse o quadril direito, o ombro do colega, que girasse
sua cabeça para o lado direito. Pablo não soube atender corretamente as atividades
demonstrando que ainda não reconhece suas partes do corpo, podendo se
caracterizar na etapa definida por Meur (1989) como a segunda etapa do
desenvolvimento do esquema corporal chamado como: conhecimento das partes do
corpo.
Após o trabalho desenvolvido, quando solicitado que mostrasse o quadril direito, o
ombro do colega e girasse a cabeça para o lado direito o aluno fez corretamente as
solicitações, apenas girou a cabeça para o lado esquerdo, o define que sua
lateralidade ainda precisa ser desenvolvida.
Pablo agora já chegou ao fim da etapa que Meur (1989), define como o
conhecimento das partes do corpo, onde a criança deve reconhecer e demonstrar
onde ficam os segmentos do seu corpo e em outras pessoas.
Pablo está se desenvolvendo, porém precisa de mais tempo para desenvolver-se
melhor, teve apenas dois meses de aulas de educação física, tendo apenas dois
períodos por semana. Gallaheu e Ozmun (2005) dizem que para a criança
desenvolver-se em seu esquema corporal, tenha um período por dia de educação
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física na escola, pois as crianças com dificuldades perceptivas motoras poderão se
igualar a seus companheiros.
Foto do colchonete: tirada no dia 11 de novembro de 2009.
Foto: 1
Essa foto retrata uma atividade, sugerida por Gallahue (2005), com música no
colchonete, onde o aluno deita-se, escuta uma música e imagina seu corpo no
colchonete. Após, foi pedido para que o aluno Pablo desenhasse o seu corpo no
colchonete. Percebe-se, segundo Fonseca (1976) que utiliza em seu trabalho a
escala de Wintsch, que o aluno apresenta um desenho compatível com crianças
entre 5 e 6 anos. Pablo, por sua vez, tem 9 anos.
No dia 06 de novembro de 2009, foi feita esta mesma atividade, onde houve grandes
progressões, o seu desenho neste dia, demonstrou todas as formas, com orelha,
braços e mãos pernas e pés, demonstrando que pela escala de Wintsch Fonseca
(1976), este se encontra em um desenho de 6 e 7 anos, ou seja, o aluno cresceu um
ano no seu desenho em apenas dois meses de atividades físicas, desenvolvendo o
seu esquema corporal.
Abaixo encontra-se a fotografia da atividade 11 de setembro de 2009.
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Foto: 2
Pablo demonstrou que seu esquema corporal está se estruturando e se
desenvolvendo corretamente, porém ainda precisa continuar se desenvolvendo,
para avançar em seus progressos.
Ainda foi solicitado ao aluno Pablo que fizesse desenho para compararmos com a
Tabela proposta pelo INEF (1976) e pela escala de Wintsch.
Desenho 01
Este é um desenho feito pelo aluno Pablo, no dia 11 de setembro de 2009, onde ele
deveria desenhar a figura de homem, a figura de uma mulher e o seu próprio corpo.
Este desenho foi comparado com a escala de Wintsch, que mostra a evolução do
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esquema corporal. Os desenhos apresentados mostram que o aluno Pablo se
enquadra no desenvolvimento do seu esquema corporal entre 5 e 6 anos.
Segundo Fonseca (1976) referenciado na escala de Wintsch, apresenta um exemplo
em ordem cronológica os diferentes estágios do desenho do corpo:
3 anos: primeiros desenhos do corpo: um oval e dois apêndices;
4 anos: dois pontos no oval do corpo a simbolizar dois olhos;
5 anos: aparecimento do tronco, isto é, um novo oval entre a cabeça e os
membros inferiores;
6 anos: membros mal articulados;
7 anos: membros de duplo contorno com diferenciação sexual pelo vestuário;
8 anos: aparecimento do pescoço;
9 anos: pormenores cada vez mais numerosos e perfeitos e com melhor
proporção;
10 anos: introdução de fatores sociais com pormenores de vestuário e de
desenvolvimento e esboço de movimento.
Segundo o trabalho de investigação sobre o desenho do corpo, realizado por um
grupo de alunos do INEF (Lisboa) em 1975 e 1976, que se encontra abaixo a tabela
de evolução do esquema corporal, mostra que o aluno Pablo se enquadra em um
desenho de 4 anos.
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Já no dia 06 de novembro de 2009, foi feito outro desenho por Pablo, que se
encontra logo abaixo e mostra que o aluno progrediu um ano em seu esquema
corporal, tendo um desenho agora de uma criança de 5 anos.
Desenho 2
Pablo agora já demonstra uma diferenciação entre os sexos e apresentam todas as
formas do corpo, o que antes não acontecia, não havia braços, mãos e nem cabelos.
Depois de dois meses de trabalho em aulas de educação física, o desenho de Pablo
demonstra progresso, enquadrando-se em um desenho de 6 e 7 anos, pela escala
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de Wintsch, e 5 anos pela evolução do esquema corporal segundo INEF (1975-
1976).
Considerações Finais
Ao realizar este estudo, apresentou-se resultados positivos em relação a educação,
pois o trabalho teve menos de um ano de pesquisa, com duração de dez meses,
tendo a coleta de dados nos dois últimos meses. Uma coleta antes de iniciar o
trabalho para desenvolver o esquema corporal e outra após dois meses de aulas de
educação física, após obteve-se doze encontros com o aluno com TDAH, o que foi
muito pouco. Mesmo assim o aluno teve grandes progressos em seu
desenvolvimento, mostrando que a educação física é sim, um ótimo espaço para a
criança desenvolver-se.
Os resultados das coletas após todo o trabalho com a criança nas aulas de
educação física, enfatizando o esquema corporal, pode-se encontrar na estruturação
do desenho que demonstrou ter evoluído um ano no seu desenho, segundo a escala
de Wintch (FONSECA, 1976).
Pablo demonstrou, em seus desenhos, que seu esquema corporal está se
estruturando e se desenvolvendo corretamente, porém ainda precisa de
continuidade, para avançar em seus progressos. Já demonstra uma diferenciação
entre os sexos e apresenta todas as formas do corpo, o que antes não acontecia,
não havia braços, mãos e nem cabelos. Depois de dois meses de trabalho em aulas
de educação física, o desenho de Pablo, enquadra-se em um desenho de 6 e 7
anos, segundo a escala de Wintch e na evolução do desenho segundo a INEF,
apresentou um desenho de 5 anos.
Este trabalho teve como aproveitamento muitas formas de aprendizagens. Pode-se
conhecer o que é o TDAH, como trabalhar com esta população. Desenvolver o
esquema corporal foi um dos conhecimentos, do qual obteve-se mais sucesso.
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Pode-se comprovar de várias formas que a criança desenvolveu de forma
compensadora e motivacional o seu esquema corporal.
Pesquisar é socializar conhecimentos, tê-los e aprimorá-los após cada etapa da
vida.
Pablo está se desenvolvendo, porém precisa de mais tempo para aprimorar-se
melhor, pois teve apenas dois meses de aulas de educação física, com dois
períodos semanais. Para os autores Gallaheu e Ozmun (2005) é importante que as
crianças tenham um período por dia de educação física na escola, pois as crianças
com dificuldades perceptivo motoras poderão assim se igualar a seus companheiros.
A partir deste contexto apresento este estudo a toda a comunidade cientifica.
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