no limite da vaidade feminina: o culto ao corpo e suas representações
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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO - UnC CURSO DE PSICOLOGIA
DANIELI GOEDERT
NO LIMITE DA VAIDADE FEMININA: O culto ao corpo e suas representações
PORTO UNIÃO 2012
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DANIELI GOEDERT
NO LIMITE DA VAIDADE FEMININA: O culto ao corpo e suas representações
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como exigência para a obtenção do título de Bacharel em Psicologia, do Curso de Psicologia - Universidade do Contestado – UnC, Campus de Canoinhas - Núcleo de Porto União, sob orientação da professora Esp. Alexsandra Esteves.
PORTO UNIÃO 2012
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NO LIMITE DA VAIDADE FEMININA: O culto ao corpo e suas representações
DANIELI GOEDERT
Este trabalho de conclusão de curso foi submetido ao processo de avaliação pela
Banca examinadora para obtenção do Título de:
Bacharel em Psicologia
E aprovado na sua versão final em ___/___/______ atendendo às normas da
legislação vigente da Universidade do Contestado e coordenação do Curso de
Psicologia.
__________________________________
Msc. Luciani Geraldi
BANCA EXAMINADORA:
________________________
Esp. Alexsandra Esteves
________________________
Esp. Ester Ângela Sobotta Kampmann
________________________
Esp. Rubens Weber
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família pelo apoio e amor incondicional, e em especial à minha amada prima Aline Fátima Goedert (in memorian), que foi meu modelo de persistência e garra, e que ficará para sempre em meu coração.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por iluminar meu caminho, e me permitir chegar tão longe, e por nunca desistir de mim, nem mesmo quando fraquejo. À minha orientadora de Escolar, Clínica e Tcc, Alexsandra Esteves, por todo apoio nestes últimos dois anos, por sua amizade e amparo emocional, e por diminuir meus medos quando meus “monstros” pareciam maiores do que realmente eram. Ao querido professor Rubens Weber por aceitar participar da minha banca e por ser este paizão, me “adotando”, e me acolhendo sempre. À doce professora Ester Kampmann por aceitar fazer parte da minha banca e por todo o apoio durante o curso. Aos demais professores que fizeram parte dessa trajetória, pelo conhecimento, apoio e experiências passadas ao longo do curso. Aos meus AMIGOS especiais por dividirem tantos momentos comigo. Bruna por estar sempre ao meu lado, e por me mostrar sempre o caminho certo, por mais doloroso que pudesse ser. Amanda a mãezona, por me dar colo nas tantas vezes que eu necessitei. Ronaldo por todo o apoio e amizade nestes cinco anos. Jéssica Lemos por me ajudar tanto nos momentos tão difíceis deste ano, deixando suas dores de lado para segurar as minhas. Bianca e Mariana pela amizade e amparo, e tantos outros que me apoiaram e me sustentaram quando eu mais precisei. E também as queridas Jéh W., Tati, Luh, Vanessa, Vania, Geo, Greice e Fran. Às mulheres que aceitaram abrir o diário de suas vidas, compartilhando suas experiências tão íntimas de suas histórias de vida, para contribuir com a minha pesquisa. Ao meu namorado Rafael, por todo amor e dedicação nestes últimos tempos. Pela compreensão e por acreditar tanto no meu potencial. À toda a minha família pelo apoio prestado durante toda a minha vida. Aos meus pais Odir e Odete, pelo amor, pela confiança depositada em mim, e pela oportunidade de cursar a faculdade. Aos meus irmãos Deiziani e Denilson, por serem meus tesouros e estarem sempre comigo.
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Eu quero ficar perto de tudo que acho certo até o dia em que eu mudar de opinião. A minha experiência, meu pacto com a ciência, meu conhecimento é minha distração. Coisas que eu sei [...] São coisas que antes eu somente não sabia [...] e agora eu sei!!!
Dani Carlos
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RESUMO
A presente pesquisa apresenta como tema central o estudo da vaidade feminina e a valorização do corpo cada vez mais acentuada. Tem o intuito de investigar até que ponto a vaidade física, nas mulheres, influencia no seu comportamento, fazendo que elas utilizem procedimentos estéticos, sobrepondo, muitas vezes os riscos de sequelas, deformações corporais e até de morte, em nome dessa beleza tão almejada. A relevância do estudo da vaidade e dos seus limites se dá no intuito de se observar, mais atentamente, as características desse problema que atinge a sociedade moderna, e para poder buscar soluções para esta questão, priorizando a vida e a saúde e aprendendo a viver e conviver com as diferenças. Contudo, sabendo dessa importância atribuída à imagem física pelos indivíduos, ainda mais pelo público feminino é pertinente investigar “qual o limite da vaidade feminina”. O método utilizado para a coleta das informações é a entrevista semi-estruturada, com questões pertinentes ao tema. Os sujeitos da pesquisa foram selecionados da seguinte forma: mulheres com idade entre 20 e 40 anos, que já tenham passado por um procedimento estético mais invasivo. Com a pesquisa foi possível observar como as entrevistadas percebem seus corpos, e se a cirurgia plástica estética fez que elas ficassem ou não satisfeitas com suas formas corporais atualmente. Também foi possível observar como essas mulheres encaram o medo dos procedimentos para realizarem seus desejos de modificação corporal. Palavras Chave: Vaidade, Mulher, Psicologia.
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ABSTRACT
The following research as the main theme of the study and appreciation of the feminine vanity body increasingly pronounced. Have the intention of to investigate the extent to which physical vanity, women, influences their behavior, causing them to use cosmetic procedures, overlapping, often risks of sequels, physical deformities and even death, in the name of beauty so longed. The relevance of the study of vanity and its limits is given in order to observe more carefully the characteristics of this condition that affects modern society, and in order to find solutions to this issue, prioritizing life and health and learning to live and live with differences. However, knowing this emphasis on body image by individuals, especially the female audience is pertinent to investigate "what is the limit of feminine vanity." The method used for the collection of information is semi-structured interview, with questions pertinent to the subject. The study subjects were selected as follows: women aged between 20 and 40 years old, who have already gone through a more invasive cosmetic procedure. Through research it was possible to observe how the respondents perceive their bodies, and if the plastic surgery did she stay or not satisfied with their current body shape. It was also possible to see how these women face the fear of the procedures to carry out their wishes of body modification.
Keywords: Vanity, Women, Psychology.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tabela demonstrativa da coleta de dados .......................................... 12
Tabela 2 – Tabela de Apresentação dos sujeitos de pesquisa ............................ 32
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 14
2.1 HISTÓRICO DA BELEZA ............................................................................... 14
2.2 A IMAGEM CORPORAL ................................................................................ 16
2.3 O CORPO DA MULHER ................................................................................ 17
2.4 A MÍDIA E O CORPO ..................................................................................... 18
2.5 NARCISISMO ................................................................................................. 20
2.6 TRANSTORNOS RELACIONADOS À IMAGEM CORPORAL ....................... 21
2.7 A VAIDADE FEMININA .................................................................................. 26
2.8 PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS INVASIVOS .............................................. 28
3 MÉTODO .......................................................................................................... 30
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................... 32
4.1 APRESENTAÇÃO DOS SUJEITOS DE PESQUISA ..................................... 32
4.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES .................................. 34
4.2.1 A satisfação com a Imagem Corporal ......................................................... 34
4.2.2 O Ideal de Beleza na Atualidade ................................................................. 36
4.2.3 Formas de Embelezamento e Procedimentos Estéticos ............................. 38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 42
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 45
APÊNDICES ........................................................................................................ 48
APÊNDICE A - Roteiro de Entrevista ................................................................... 49
ANEXOS .............................................................................................................. 50
ANEXO A - Termo De Consentimento Livre Esclarecido ..................................... 51
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1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais, até pela influência da mídia, as pessoas, principalmente as
mulheres, vem se preocupando demasiadamente com os padrões de beleza
estabelecidos.
A juventude prolongada e o culto ao corpo (magro) estão em evidência no
cenário do século XXI. Castellón, Pereira e Tarantino(2006) alertam sobre essa
necessidade de cultivar a magreza que, cada vez mais,faz aumentar os casos de
transtornos alimentares. Apesar de já haver uma conscientização à esse respeito, e
de ter surgido modelos de passarelas com um padrão de corpo diferente valorizando
as mulheres mais “cheinhas”, ainda há discriminações e patologias decorrentes do
“excesso” de peso.
Também a juventude eterna, com a qual as mulheres sonham, faz que elas
levem a questão da vaidade à níveis assustadores, que vão desde o uso de
cosméticos, a adoção de dietas rigorosas, o consumismo excessivo, até
intervenções cirúrgicas que modificam e até deterioram a imagem corporal (em
casos de insucesso).
Quando se fala dessa vaidade desenfreada, que vemos no universo feminino,
algumas questões causam estranhamento ou até certo espanto devido à coragem
que algumas mulheres demonstram ao expor seu corpo a riscos, até mesmo de
insucessos mostrados pela mídia todos os dias. Um exemplo clássico que acontece
com muita frequência é o grande número de casos de mulheres que perdem os
cabelos, ou em casos mais graves, desenvolvem neoplasias devido ao uso de
substâncias, como o formol, utilizadas na formulação de produtos que servem para
alisar os cabelos, denominados de escova progressiva, escova definitiva, escova de
chocolate, entre outros nomes empregados para definir essa prática
O presente trabalho investigou até que ponto a vaidade “física”, nas mulheres,
sobrepõe o risco de morte, de sequelas, ou de deformações corporais em nome
dessa beleza tão almejada. Bem como, tem o propósito também de mostrar quais as
formas de “sacrifício” que as mulheres estão dispostas a experimentar para alcançar
o padrão de beleza ideal.
A questão da beleza feminina, por vezes, ultrapassa os limites da vaidade
chegando a prejudicar a saúde e comprometer o bem estar psicológico das
mulheres que se submetem a procedimentos estéticos que não são bem sucedidos.
11
O consumismo exacerbado de roupas, sapatos, cosméticos, além de
alisamentos de cabelos, dietas e intervenções cirúrgicas passam muitas vezes para
uma questão de saúde pública. Os riscos da aplicação de certos produtos, cirurgias
fracassadas parecem não abalar o desejo desenfreado de algumas mulheres de
obterem a aparência “ideal”.
De acordo com Zanoni (2009), a imagem corporal pode ser de fato,
considerada um fator relevante para a satisfação do indivíduo. Além disso, o
ambiente que ele está inserido, seu papel social, e o quanto se expõe socialmente
podem determinar a atribuição de menor ou maior importância a sua imagem.
Contudo, sabendo dessa importância atribuída à imagem física pelos
indivíduos, ainda mais pelo público feminino foi pertinente investigar: Qual o limite da
vaidade feminina?
Com as mudanças que vem ocorrendo no universo feminino, ao longo dos
tempos, a mulher moderna se preocupa cada vez mais com os padrões de beleza
estipulados pela sociedade. De acordo com Azevedo (2007), a mídia em geral,
através de revistas, propagandas, desfiles de moda mostra um modelo de corpo
perfeito e padrão, que é desejado por homens e mulheres. Para as mulheres corpos
magros e bem definidos, para os homens corpos fortes e musculosos. Sendo assim,
essas imagens sugestionam cada vez mais pessoas a buscarem esse ideal. Com
isso, muitas vezes a saúde e o bem estar psicológico dessas mulheres ficam
ameaçados.
Com o passar do tempo, profissionais da saúde e estudiosos vem percebendo
a necessidade de se cuidar do bem estar biopsicossocial precocemente para se
evitar patologias futuras, trabalhando a prevenção e a promoção de saúde.
Sabe-se, para tanto, que hábitos saudáveis desde a infância são primordiais
para uma vida longínqua e livre de patologias. No entanto, desde criança, as
mulheres do século XXI preocupam-se com a beleza estética, desde roupas de grife,
maquiagens, cosméticos. Existem hoje, até tutoriais feitos por crianças explicando
como utilizar essas maquiagens.
As crianças, principalmente do sexo feminino, se vestem agora como mini
adultos, e há uma preocupação desde cedo com o corpo perfeito, livre de qualquer
gordura. De acordo com Moeller (2008, p.30) “ainda crianças, os indivíduos
aprendem que estar acima do peso é indesejável, e muito cedo começam a ver seu
corpo como fonte de embaraço e vergonha”.
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A relevância pessoal do presente trabalho se dá pela curiosidade da
pesquisadora em conhecer os aspectos da vaidade que fazem que determinadas
mulheres lutem incansavelmente pela busca do padrão de beleza ideal, enquanto
outras não achem esta uma questão muito significativa.
Contudo, a importância social e cientifica do estudo da vaidade e dos seus
limites se deu no intuito de observar mais atentamente as características desse
problema que atinge a sociedade moderna, e para poder buscar soluções para esta
questão, priorizando a vida e a saúde e aprendendo a viver e conviver com as
diferenças.
Como parte da construção da justificativa deste trabalho, foi realizada a busca
em bancos de teses a fim de conhecer os estudos existentes sobre o tema e foram
obtidos os seguintes resultados:
Tabela I – Tabela demonstrativa da coleta de dados
Banco De Teses
Vaidade Feminina
Vaidade e Psicologia
Total
Pertinentes ao tema
BVS 04 02 06 00
SCIELO 00 01 01 01
CAPES 01 00 01 00
BIBLIOTECA FUnC 00 01 01 01
Total 05 04 09 02
Fonte: Elaborada pela autora 2012.
Pode-se perceber com esta busca, que os sites pesquisados apresentaram
poucos resultados em relação aos descritores “vaidade feminina” e “vaidade e
psicologia”. Contudo, observa-se que as contribuições teóricas formuladas para o
presente trabalho puderam trazer conhecimento significativo acerca do assunto.
O material encontrado na Biblioteca da Fundação Universidade do
Contestado trata-se de um livro denominado Corpo Sofrido e Mal-Amado, que fala
sobre a relação entre a mulher e seu corpo. A primeira parte do livro fala sobre os
sacrifícios que as mulheres estão dispostas a enfrentar para que sua imagem
corporal chegue o mais próximo possível da imagem idealizada, estando portando
relacionada ao tema.
O artigo encontrado no site Scielo analisa as relações entre a vaidade e o
sofrimento conforme a obra Reflexões de Matias Aires. Discutem-se algumas fontes
13
de seu pensamento e conclui-se que o autor faz uma fina e ainda atual análise da
alma humana.
O objetivo geral do presente trabalho foi compreender como a vaidade física
influencia o comportamento das mulheres e o que elas estão dispostas a enfrentar
para obter a aparência desejada. Os objetivos específicos foram verificar o ideal de
beleza da mulher do século XXI; Conhecer as formas de embelezamento utilizadas
pelas mulheres; Verificar a satisfação feminina com sua imagem corporal e analisar
a conscientização das mulheres acerca das técnicas que utilizam para se tornarem
belas e suas consequências.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 HISTÓRICO DA BELEZA
A beleza tem sido objeto de estudo ao decorrer de toda a história da
filosofia. De acordo com Fontes [2004?], “a estética surgiu na antiga Grécia, como
uma reflexão sobre as manifestações do belo natural e do belo artístico”. Para
Platão o belo equivale ao bem, a verdade, a perfeição.
Fontes [2004?], ressalta que durante a Idade Média, o Cristianismo,
propagou uma nova concepção da beleza, onde Deus estava relacionado com a
beleza, o bem e a verdade. Santo Agostinho concebeu a beleza como a harmonia,
entre unidade, proporção e ordem. Nessa dimensão simbólica, acreditava-se que a
beleza do mundo não é mais do que o reflexo da suprema beleza de Deus, onde
tudo emana. A partir da beleza das coisas poder-se-ia chegar à beleza suprema que
é Deus. Para São Tomás de Aquino as coisas belas deveriam possuir condições
fundamentais como integridade, proporção e claridade/ luminosidade.
No entanto, foi Hegel que introduziu o conceito histórico de belo. Ou seja,
que a beleza muda com o passar do tempo. Para ele, essa mudança depende mais
da cultura e da visão do mundo do que propriamente uma exigência interna do belo
(Leite, 2007).
Desde a Pré-História até a contemporaneidade o padrão ideal de beleza,
principalmente do corpo, vem ao longo dos tempos sofrendo grandes mutações. De
acordo com Marmo (2007), na Pré-História as mulheres preferidas dos homens
possuíam seios fartos e ancas bem definidas. Sua estrutura corporal passava a
imagem de que eram bem alimentadas e poderiam gerar filhos sadios (MARMO,
2007).
Em meados do século VIII, por mais estranho que possa parecer para os
padrões de hoje, quanto mais barriguda uma mulher fosse, mais bonita seria. Havia
mulheres que colocavam enchimento sob a roupa para aumentar a região. Esta
imagem estava relacionada à gravidez imaculada da Virgem Maria, num tempo em
que a Igreja exercia fortes influências na sociedade (MARMO, 2007).
Por volta do século XV, no Renascimento, a protuberância era sinônimo de
beleza. Isso virou moda depois que a peste negra eliminou quase dois terços da
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população européia no fim da idade média, fazendo que a opulência passasse a
imagem de saúde (MARMO, 2007).
A partir do Barroco, meados do século XVII, o ideal de beleza foi se
modificando e exigindo traços e formas mais frágeis. A cintura afinava com o uso do
espartilho, e valia até a remoção da ultima costela no intuído de adelgaçá-la, a
famosa “cinturinha de pilão”. Já nos anos vinte, a moda eram as silhuetas cilíndricas,
com seios, cintura e quadris em tamanhos parecidos. Foi o fim do espartilho, e
então, as mulheres começaram a enrolar faixas sob a roupa para achatar seios e
quadris (MARMO, 2007).
Com o propósito de se adaptar a época, por volta dos anos quarenta, a
Segunda Guerra mundial exigiu mulheres mais masculinizadas, onde se
evidenciavam ombros largos. Padrão de beleza esse, exigido para a utilização da
força do trabalho feminino (MARMO, 2007).
Em 1947 o estilista Christian Dior lança uma coleção que traz de volta a
cintura fina e o padrão de corpo de Marilyn Monroe. Tempos depois, por volta dos
anos sessenta, de acordo com a autora, a magreza da modelo Twiggy e seus traços
de boneca tornam-se objeto de desejo das mulheres. Além disso, o movimento
hippie traz a moda do corpo sem curvas e de seios pequenos. Iniciando aqui a
intensa busca pela juventude eterna (MARMO, 2007).
Novamente, nos anos oitenta, a moda volta-se para o corpo masculinizado.
Onde os traços musculosos espantavam o fantasma da AIDS (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida), que apresentava pessoas demasiadamente magras. O
corpo de Madonna era o exemplo da época, representando a força da mulher no
mercado de trabalho e defendendo-a da violência. No fim dos anos oitenta, as
modelos famosas como Luiza Brunet, no Brasil, trazem de volta o padrão de beleza
clássico, mulheres bonitas e com curvas (MARMO, 2007).
Dos anos noventa em diante, a moda traz padrões de beleza que exigem um
corpo extremamente magro e seios grandes. Há um aumento considerável de casos
de anorexia e outros transtornos alimentares, principalmente entre as adolescentes
(MARMO, 2007).
É interessante observar como ao longo dos tempos, os corpos vão sendo
esculpidos de acordo com a moda. As mulheres emagrecem, engordam, afinam,
alargam, masculinizam-se e voltam a ficar com traços delicados. E com isso o corpo
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passa a ser mero objeto de desejo manipulado de acordo com os padrões que a
sociedade estabelece.
2.2 A IMAGEM CORPORAL
Segundo Penna (1989), a relação que se constrói entre o indivíduo e seu
corpo é de grande importância. As vivencias provenientes da interação do homem
com o mundo passam pelo corpo. O corpo é meio que possibilita o relacionamento
do homem com o seu ambiente.
De acordo com Mataruna (2004), a imagem corporal se define como a
maneira que o corpo se forma e se estrutura na mente, como ele se apresenta para
cada um. Segundo ele a imagem corporal nada mais é do que:
O conjunto de sensações sinestésicas construídas pelos sentidos (audição, visão, tato, paladar), oriundos de experiências vivenciadas pelo individuo, onde o referido cria um referencial do seu corpo, para o seu corpo e para o outro, sobre o objeto elaborado (MATARUNA, 2004, p.1).
Para Mataruna (2004), a imagem corporal é um processo de continua
evolução, que se modifica ao longo do tempo e se caracteriza por ser complexo e
subjetivo. De acordo com o autor, o corpo é o referencial do individuo, é seu centro.
É por ele que o individuo recebe os estímulos do ambiente, através dos sentidos
(MATARUNA, 2004).
Montardo apud Mataruna (2004), afirma que é já durante a pré-escola que a
criança desenvolve acentuadamente seu conceito de imagem corporal. Nesta fase a
criança começa a perceber as diferenças entre raças e também que conhece os
significados de feio e bonito (MATARUNA, 2004).
Para Tompson apud Cordás et al(2004),o conceito de imagem mental está
relacionada à percepção, onde o individuo observa a própria aparência física,
fazendo alusão à estimativa de tamanho e de peso do corpo. Envolve ainda o
subjetivo, que está relacionado aos aspectos de satisfação com a aparência, o nível
de preocupação e a ansiedade a ela associada. E por fim envolve a parte
comportamental, ou seja, que focaliza as situações evitadas pelo individuo devido ao
desconforto associado à aparência corporal (CORDÁS et al,2004).
Sendo assim, o corpo tem extrema importância na vida das pessoas,
fazendo a conexão entre o mundo interno e o externo. Contudo, a imagem corporal
17
nada mais é que a visão do individuo acerca de seu próprio corpo, como ele se
percebe diante do mundo e das experiências provenientes dele. A construção da
imagem mental do corpo se constitui também a partir do que a sociedade estabelece
como feio e bonito, que como foi citado, são conceitos adquiridos já na infância.
2. 3 O CORPO DA MULHER
Ao longo da história, o corpo vem sendo objeto de estudo de muitas áreas de
conhecimento como da economia, da educação, ciências políticas, sociologia,
psicologia, entre outras. Além disso, “tem sido alvo de práticas diversas: de
moralização, de normalização, de modelização, de “capacitação”, de “treinamento” -
enfim, ele tem sido objeto de múltiplas técnicas de construção” (FILHO; TRISOTTO,
2008, p. 115).
De acordo Penna (1989), é possível demonstrar que as mulheres têm um
ideal subjetivo para o conjunto de suas partes corporais. É através da pequena
variabilidade nas dimensões idealísticas projetadas para o corpo feminino que se
estabelecem os limites da auto-aceitação. A autora salienta que a satisfação da
mulher como o seu corpo depende da magnitude de desvio entre as proporções
reais e aquele que ela acredita ser o modelo ideal (PENNA, 1989).
Portanto, quanto maior a distancia entre a imagem que ela tem formada de
seu corpo, e aquela que ela acredita ser o ideal de beleza, maior é a sua
insatisfação com o corpo.
A autora explica que a importância que as mulheres atribuem ao corpo está
relacionada muitas vezes ao grau de atração que ela desperta nos homens,
proporcionando status e segurança. Sendo assim, não estar bonita pode representar
um grave fracasso, abalando sua auto-estima e segurança (PENNA, 1989).
Para Penna (1989) como as proporções ideais do corpo feminino são
relativamente difíceis de serem alcançadas, a internalização desse ideal pode estar
indiretamente relacionada aos sentimentos de culpa, frustração e pelo aumento da
ansiedade.
Para se dar conta de tal demanda a autora explicita as alternativas
encontradas:
As armas encontradas para lutar contra essa tirania auto-imposta tem sido, frequentemente, as dietas, os exercícios e os cosméticos. Atualmente, um autêntico arsenal foi montado para as mulheres com alto poder aquisitivo.
18
São institutos de emagrecimento, cujos métodos – para quem neles se aventura- são tão tirânicos quanto os do próprio ideal de beleza interno (PENNA, 1989, p.32).
O que a autora menciona, na citação acima, aponta que não é recente a
busca da mulher pela satisfação do corpo. E que quando sua representação do
próprio corpo não condiz com a imagem internalizada de corpo ideal, ela busca
artifícios para se aproximar ao máximo desse padrão, muitas vezes utópico.
Barros (2010), destaca que a questão do corpo, em particular o feminino, foi
o alvo de atenções no século XX, onde houve uma reordenação de relações sociais
com a mudança do cenário rural para o urbano. A autora explicita que homens e
mulheres não fazem parte do mesmo discurso de beleza. Pelo contrário cada qual
recebe orientações distintas acerca do padrão de seus corpos:
Enquanto as mulheres são convidadas a apresentarem corpos delicados, suaves e graciosos, os homens são incentivados a apresentarem e a representarem, através de seus corpos, a força e a robustez, tidos como elementos masculinos (BARROS, 2010, p.138).
Aqueles que fogem desse ideal imposto pela sociedade são, por vezes,
julgados e condenados, não só pela sociedade como por si mesmos, como uma
“autodiscriminação”. No entanto, sabe-se que alguns ideais de beleza impostos são
praticamente impossíveis de alcançar, pois para haver uma homogeneização da
beleza, as pessoas não poderiam apresentar características tão peculiares e
distintas entre si. No entanto, a mídia continua tentando encaixar pessoas em
protótipos de beleza.
2.4 A MÍDIA E O CORPO
A mídia, através das propagandas publicitárias, retrata muitas vezes a
imagem de um ideal de beleza almejado por homens e principalmente pelas
mulheres.
O ideal de beleza traduzido pelo corpo magro difundido pelos meios de
comunicação e pelo próprio convívio social parece exercer um efeito marcante sobre
as mulheres. A exposição ao modelo de corpo magro desperta nas mulheres, por
vezes, afetos negativos como culpa, depressão, infelicidade e vergonha,
principalmente se a mulher que o observa esta um pouco ou até muito acima do
peso “ideal” (MORGAN; NEGRÃO; VECCHIATTI, 2002).
19
A questão do realce atribuído ao corpo feminino nas campanhas publicitárias
possibilita estudos sobre as peças veiculadas aos meios de comunicação e o modo
pelo qual eles tratam as questões referentes às mulheres e seus corpos. As imagens
publicitárias estão inseridas em um contexto e são reflexos da cultura da sociedade
e suas representações. De acordo com a autora, essas imagens são disseminadas
não sem espetáculo, não sem exageros e não sem exuberâncias (SAMARÃO,
2007).
Segundo a autora diz que: “o corpo feminino transformou-se em „arma‟ para a
publicidade e é mostrado, sempre que possível, com um mínimo de roupa. Beleza,
sensualidade e erotismo são armas privilegiadas para prender a atenção do público”
(SAMARÃO, 2007, p.51).
Miranda (2009), enfatiza que a sociedade consumista parece outorgar ao
individuo a responsabilidade de moldar-se de acordo com o que ela exige. As
mulheres, principalmente, são levadas a alcançar a aparência desejável, mesmo que
isso demande muito esforço e dedicação.
O corpo torna-se por vezes objeto de consumo que deve ser reinventado
todos os dias, devido ao consumismo exacerbado e alienado de mercadorias. A
perfeição corporal, tão almejada atualmente, por vezes, é vista e confundida como o
alcance da felicidade e realização. E quando se percebe que não é exatamente por
ai que se dá o desenrolar da historia é que surgem os sentimentos de frustração.
Enquanto as pessoas lutam para alcançarem esse padrão de corpo ideal, e fazem
demasiados sacrifícios1 para se aproximarem deste, quem lucra com essa inversão
1 No seu uso comum, a palavra sacrifício possui dois significados; um é abster-se e o outro, renunciar. Ambos são relevantes para o sacrifício quando cogitado psicologicamente, mas nem um nem o outro dão conta plenamente do significado original da palavra, que é santificar, tornar sagrado. O ato de renúncia é equivalente ao reconhecimento de um princípio ordenador supra-ordenado à consciência presente de um indivíduo. Jung reconhece que, em algum momento na vida, cada um de nós será chamado ao sacrifício; isto é, a renunciar a uma atitude psicológica apreciada, neurótica ou de outra natureza. Em cada caso, a exigência é maior que a de uma adaptação ocasional. Um indivíduo abre mão conscientemente de uma posição de ego em favor de uma outra que parece conter um maior significado e sentido. A dádiva sacrificial que se faz simboliza uma parte da personalidade e da auto-estima; contudo, jamais se pode estar plenamente cônscio das implicações do sacrifício na ocasião em que é realizado (SAMUELS; SHORTER; PLAUT, 2012). Disponível em: http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/sacrifi.htm. Acesso em: 10 set. 2012.
20
de prioridades humanas, de acordo com a autora, é a milionária indústria da beleza,
que induz através da mídia a essa busca desenfreada (MIRANDA, 2009).
O que a mídia, através das propagandas publicitárias, vende hoje, não são
cosméticos, roupas de grife e outras mercadorias. O que ela vende são sonhos,
projetos de ascensão social, padrões de felicidade e beleza. Estas envolvem os
consumidores, fazendo-os acreditar nesse ideal. O objetivo das propagandas é
ressaltar um tipo ideal de beleza a ser seguido como forma de garantia da felicidade
(MIRANDA, 2009).
Os maiores alvos dos anúncios publicitários, as mulheres, vêm sendo
constantemente interpeladas e retratadas pela mídia, que constrói uma imagem
homogeneizante da beleza feminina, contribuindo para a criação e aceitação dos
estereótipos (MIRANDA, 2009).
Os modelos de beleza são construídos, padronizados e vendidos pela
publicidade para as mulheres como modelos de beleza. Estes ainda são construídos
de forma que exerçam atração sexual sobre o outro. Além da dominação masculina
que oferece subsídios, atribuindo um poder simbólico sobre os corpos, os
diferenciando em termos de valor e prestígio e definindo hierarquias (MIRANDA,
2009).
Os meios de comunicação acabam estabelecendo padrões de beleza que são
absorvidos pela população, principalmente do sexo feminino, fazendo que busquem
assiduamente um corpo “ideal”. No entanto, muitas pessoas acabam nem
percebendo essa influência da mídia, e acreditam que esse ideal de beleza provém
de seus próprios desejos e conceitos de belo.
2.5 NARCISISMO
A vaidade faz parte da humanidade desde sua constituição. É um tema
universal, presente no Mito de Narciso à fábula da Branca de Neve, passando pelos
pecados capitais da Igreja Católica. Normalmente é compreendida como uma visão
exageradamente positiva de si próprio, uma afirmação esnobe da sua auto-estima,
poder ou beleza.
Na área da Psicologia, muito comentado é o mito de Narciso. Narciso, jovem
dotado de beleza singular, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la
até morrer. A lenda grega é transportada, para descrever um comportamento de
21
perversão sexual. Sigmund Freud utiliza, mais tarde, o termo narcisismo, que
passou a ocupar um lugar de destaque na teoria de desenvolvimento sexual
humano.
O Transtorno de Personalidade Narcisista, segundo o DSM IV (2002), pode
se caracterizar pela necessidade de admiração e ausência da empatia, bem como
sentimento de grandiosidade. As pessoas acometidas por este transtorno estão
constantemente preocupadas com o poder, a beleza, a inteligência, ou amor ideal.
Um indivíduo que apresenta tal transtorno acredita ser superior, especial e único, e
espera o reconhecimento destas qualidades pelos outros.
No entanto, a questão do narcisismo é dicotômica. Ao mesmo tempo em
que se sentem superiores possuem uma auto-estima bastante frágil, e de acordo
com Lowen (1983), sofrem de insegurança e insatisfação crônica. Grande parte dos
indivíduos bem sucedidos apresentam traços de personalidade narcisista, no
entanto, de acordo com DSM IV, esses traços constituem um Transtorno de
Personalidade Narcisista apenas se forem inflexíveis, mal adaptativos e
persistentes, causando algum prejuízo funcional significativo ou sofrimento psíquico.
Lowen (1983) explica que os narcisistas tendem a identificar-se com a
imagem ideal que fazem de si mesmos e não com a imagem real. O corpo é para
eles instrumento da mente, que se submete a vontade deles.
O autor ressalta que um indício da tendência narcísica da nossa cultura está
no fato das pessoas terem ficado demasiadamente envolvidas com sua imagem. Ele
acredita que quando essa busca desenfreada ultrapassa os limites e passa a ser
uma busca pela perfeição, por tornar-se um Adônis ou uma Venus, é considerado
um empreendimento narcisista, nocivo à saúde (LOWEN, 1983).
A vaidade, portanto, está de certa forma, presente na sociedade atual,
muitas vezes vista como natural. E de fato pode ser. No entanto, quando se
extrapolam os limites é que deixa de ser apenas uma tendência narcísica e passa a
ser uma patologia.
2.6 TRANSTORNOS RELACIONADOS À IMAGEM CORPORAL
O corpo magro e a silhueta definida são vistos como primordiais atualmente.
Contudo, como salientam as autoras, o problema é que, quando a vaidade extrapola
22
todos os limites toleráveis, surgem doenças perigosas e até fatais, como os
transtornos alimentares (CASTELLÓN; PEREIRTA; TARANTINO, 2006).
A etiologia dos transtornos alimentares está relacionada a predisposições
genéticas, sócio culturais e vulnerabilidades biológicas e psicológicas. Transtornos
alimentares ou de humor na família parecem estar entre os fatores predisponentes
da doença. Além destes, também estão relacionados “o contexto sociocultural,
caracterizado pela extrema valorização do corpo magro, disfunções no metabolismo
das monoaminas centrais e traços de personalidade” (MORGAN; NEGRÃO;
VECCHIATTI, 2002, p.18).
Muitos acreditam que a dieta é fator desencadeante dos transtornos
alimentares. No entanto, apesar de geralmente anteceder a doença, a dieta sozinha
não é capaz de desencadeá-la, a menos que esteja combinada com outros fatores
de risco. No entanto, estudos longitudinais demonstram claramente que a dieta
aumenta de modo considerável o risco para os transtornos alimentares. Indivíduos
que faziam dieta tiveram um risco 18 vezes maior para o desenvolvimento de
transtornos alimentares do que entre indivíduos que não faziam dieta após um ano
de seguimento (MORGAN; NEGRÃO; VECCHIATTI, 2002, p.18).
De acordo com Morgan; Negrão; Vecchiatti (2002), uma parte integrante da
etiologia dos transtornos alimentares está intimamente ligada ao atual ideal de
beleza centrado na magreza. Segundo estes mesmos autores, ser magra na cultura
ocidental representa competência, sucesso, autocontrole e desperta a atração
sexual. Além disso, as dietas severas e as cirurgias plásticas transmitem a idéia que
o corpo é maleável. E, portanto, possível de “adaptar” de acordo com o que a
sociedade determina ser belo. No entanto, o corpo ideal que mídia sugere é por
vezes uma impossibilidade biológica, como afirmam os autores, levando a
insatisfação corporal e dando espaço para o surgimento dos transtornos
alimentares. Dentre eles, estão a anorexia nervosa, bulimia nervosa, vigorexia,
ortorexia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica.
A anorexia caracteriza-se pelo comportamento persistente que uma pessoa
apresenta de manter-se magra, juntamente com a percepção distorcida da sua
imagem corporal, que o faz ver-se acima do peso. A questão deve ser levada a
sério, pois de acordo com Marot (2004), aproximadamente 10% dos casos de
internação pela doença morrem por inanição, suicídio ou desequilíbrio dos
componentes sanguíneos (MAROT, 2004).
23
O inicio da doença caracteriza-se pela restrição progressiva na alimentação
com a abolição de alimentos vistos como engordativos, a exemplo dos carboidratos.
Na anorexia nervosa, as pacientes sentem certa insatisfação com sua imagem
corporal, se sentindo obesas, quando, muitas vezes, estão esquálidas. No decorrer
da doença, estas, passam a viver em função da dieta, da sua forma corporal, da
alimentação, isolando-se do convívio social. A perda de peso é gradativa e
continuada, sendo que a alimentação, de acordo com os autores, torna-se um ritual
por vezes bizarro (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).
A bulimia, segundo Marot (2004), é caracterizada por episódios recorrentes
de orgias alimentares, onde o paciente come muito, em um curto espaço de tempo e
depois se sentindo “culpado” induz o vomito e ingere medicamentos laxantes para
eliminar o que comeu. A bulimia não é o contrário da anorexia, como muito se
pensa, na bulimia o paciente não quer engordar, no entanto, não consegue conter o
impulso para comer, e depois se usa de artifícios para eliminar esses alimentos do
organismo (MAROT, 2004).
A etiologia desta doença esta relacionada a fatores biopsicossociais. O
principal sintoma se caracteriza pela compulsão alimentar, onde o indivíduo ingere
uma grande quantidade de comida em um curto espaço de tempo, e depois se sente
culpado por isso, induzindo o vomito ou utilizando laxativos. O ciclo compulsão
alimentar-purgação desperta no individuo sentimentos de frustração, tristeza
ansiedade, tédio, solidão (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).
De acordo com os autores, essa doença inclui um aspecto comportamental
objetivo, que seria o de comer exageradamente, e um aspecto comportamental
subjetivo, que seria a sensação de perca do controle sobre o próprio
comportamento. Além disso, como os episódios ocorrem em geral às escondidas,
eles “são acompanhados de sentimentos de intensa vergonha, culpa e desejos de
autopunição” (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000, p. 30).
Após a ingestão de grande quantidade de comida, o individuo, tende
geralmente ao método mais utilizado de aliviar o desconforto físico e psicológico por
comer demais: o vômito auto-induzido. Este é um método compensatório presente
em 90% dos casos de Bulimia nervosa. Contudo, com a evolução deste transtorno, o
individuo “aprende” a vomitar de forma espontânea, sem necessitar induzi-lo
(APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).
24
A vigorexia é o transtorno alimentar caracterizado pela obsessão por atividade
física, com o intuito de manter o corpo magro e musculoso. Acomete, em geral mais
os indivíduos do sexo masculino, mas também está presente no sexo feminino. O
abuso de atividade física pode acarretar em muitos problemas físicos como lesão
muscular, insônia, desinteresse sexual, fraqueza, além dos sintomas psicológicos,
como irritação, sentimento de inferioridade, desmotivação e depressão (CABRAL,
[da. 2009]).
De acordo com Oliveira e Ribeiro (2011), nos dias atuais valoriza-se o corpo
musculoso a qualquer custo. Isto faz que aumente consideravelmente o número de
adeptos a diversas substancias disponíveis no mercado para ganho de massa
muscular, não mais apenas jovens masculinos, mas também o público feminino. A
excitação do momento, por vezes, faz jovens iniciarem o uso de esteróides e
anabolizantes, substancias estas, que podem propiciar efeitos colaterais graves,
inclusive levando ao óbito.
A preocupação maior no Brasil não é tanto com os atletas, mas com os
jovens, principalmente, que almejam ganhar massa e músculos rapidamente. Dessa
forma, acabam cedendo aos anabolizantes, que são vendidos em farmácias sem a
exigência de receita médica, apesar de trazerem em suas embalagens a tarja
vermelha especificando essa necessidade (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2011).
O uso inadequado, ou abuso, de esteróides pode causar aumento de peso,
aumento de massa muscular e óssea, tremores, acne severa, retenção hídrica,
dores articulares, aumento da pressão sanguínea, diminuição do HDL2e aumento do
LDL3, alterações nos testes de função hepática, tumores hepáticos, alterações no
hemograma, estrias, exacerbação da apneia do sono, lesões do aparelho locomotor,
além dos riscos de AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) por compartilhar
seringas (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2011).
O abuso de anabolizantes pode levar também a variações do humor, como
agressividade e raiva extremadas. Além disso, causam dependência. A interrupção
do seu uso pode acarretar sintomas depressivos e sintomas da síndrome de
abstinência (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2011).
2High Density Lipoprotein – que representa a fração de colesterol que circula na corrente sanguínea
ligado às lipoproteínas plasmáticas de alta densidade, o chamado “colesterol bom”. 3Low Density Lipoprotein – que representa a fração de colesterol ligado às lipoproteínas plasmáticas
de baixa densidade, o chamado “mau colesterol”.
25
Contudo, Oliveira e Ribeiro (2011) ressaltam que por ser um distúrbio de
percepção da imagem do corpo, por mais que o individuo tenha um ganho enorme
de massa corpórea, ele continua se achando fraco em relação ao outro.
Foi descoberto recentemente, por um médico adepto a medicina alternativa,
um novo transtorno alimentar, denominado de ortorexia nervosa. O termo ortorexia
vem das palavras gregas “orthos” que significa correto/apropriado e “orexia” que
significa apetite. Os indivíduos acometidos por este transtorno preocupam-se
demasiadamente com a qualidade da sua alimentação, tornando esse
comportamento uma fixação patológica em alimentar-se corretamente (KIRSTEN;
LOPES, 2009).
Indivíduos com ortorexia nervosa excluem da sua dieta alimentos que são
considerados impuros pelo uso de herbicidas, pesticidas e substancias artificiais.
Isso acarreta restrições importantíssimas na dieta (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2011).
Kirsten e Lopes (2009) reforçam que a questão da sociedade de consumo
que vivemos no século XXI, bem como seus valores predominantes de culto ao
corpo, são um berçário para o desenvolvimento de novos transtornos alimentares.
Apesar de ser recente, a ortorexia nervosa, é um transtorno de igual
importância dos demais, e deve-se atribuir a ela uma mesma atenção. A
preocupação exacerbada com a saúde, prezando pela extrema qualidade dos
alimentos, interfere negativamente na saúde do individuo, que por vezes, de acordo
com as autoras, age de forma descontrolada e insana (KIRSTEN; LOPES, 2009).
O transtorno da compulsão alimentar periódica se caracteriza pela ocorrência
de episódios onde a pessoa come exageradamente, em curtos períodos de tempo, e
depois sente-se culpada por isso. Neste transtorno há a sensação de perca do
controle ao comer. De acordo com os autores, esse transtorno atinge
aproximadamente 2% da população geral e cerca de 30% dos obesos que procuram
tratamento médico. Acomete mais mulheres que homens, na proporção de três
mulheres para cada dois homens, tendo seu início geralmente no final da
adolescência (BALLONE; MOURA, 2007).
Os autores afirmam que são muito próximas as características da bulimia e da
compulsão alimentar periódica. Segundo eles, a diferença está em que no transtorno
da compulsão alimentar não há a necessidade de vomitar após a grande ingestão
dos alimentos, como no caso da bulimia (Ballone; Moura, 2007). De acordo com
Stefano; Borges; Claudino (2002), em ambos os casos acontece há compulsão
26
alimentar, no entanto, os pacientes bulímicos são mais preocupados com o peso,
sendo que em 90% dos casos induzem o vômito, ou usam laxantes e purgativos.
De acordo com Stefano; Borges; Claudino (2002), para ser considerada
compulsão alimentar periódica, a pessoa necessita ingerir uma grande quantia de
alimentos em curtos períodos de tempo. Isso quer dizer que se uma pessoa “belisca”
o dia todo, como usa-se dizer, não pode ser considerado portador do transtorno de
compulsão alimentar, pois a pessoa come com frequência, mas em pouca
quantidade.
São diversos os transtornos alimentares que acometem uma grande porção
da população. Como visto, são diversos também os fatores que podem desencadeá-
los. Entre eles está o resultado do grande consumo da imagem, que extrapola os
limites aceitos da vaidade.
2.7 A VAIDADE FEMININA
Não é de hoje que as mulheres se preocupam com a beleza estética, e com
as formas de alcançá-la. Para Kant a beleza é intrínseca à forma feminina:
A mulher possuiu forte sentimento inato por tudo o que é belo, gracioso e ornado, se compraz em se ornamentar. Ama o gracejo e pode se entreter com futilidades, conquanto sejam alegres e divertidas. Prefere o belo ao útil. E, com prazer, economiza o que sobra das despesas domésticas, a fim de despendê-lo em brilho e enfeite (Kantapud Bittencourt, 2001, p. 13).
De acordo com Barros (2010), a segunda década do século XX foi decisiva no
estabelecimento de um novo ideal de beleza física, embasado na imagem
cinematográfica. Ao longo desse período, com a influência das indústrias de
cosméticos, da moda, da publicidade e de Hollywood, aderiram o uso da
maquiagem, em especial do batom, e passaram a valorizar o corpo esbelto, esguio.
Segundo Castro apud Barros (2010, p.142) “a combinação destas quatro
indústrias foi fundamental para a vitória do corpo magro sobre o gordo no decorrer
do século XX”. Contudo, a imprensa tem um papel primordial na construção desse
corpo moderno, com a exposição de produtos de beleza “milagrosos”, com a
promoção de mulheres insinuando pele, rostos, colos. Além da promoção da
sensualidade representada por atrizes loiras, com olhos super maquiados e corpos
esguios.
27
Com a evolução dos ideais de beleza, o século XXI é marcado pela vaidade
que se constrói já na infância. Atualmente as crianças, vestem-se como adultos.
Apesar de haver roupas infantilizadas, as crianças por si só, principalmente as
meninas, preferem roupas características da idade adulta como saias curtas e saltos
altos.
De acordo com Gadelha-Sarmet (2010), cada vez mais cedo, as crianças
possuem aparência de adultos com roupas mais arrojadas, sapatos de saltos,
cosméticos, marcas e, principalmente, acessórios. O hábito, no entanto, de vesti-las
como mini adultos não é muito recente. De acordo com a autora, historicamente
pode verificar-se que a criança foi vista como adultos em miniatura, e se vestiam
como tal.
De acordo com Barbosa (2008), a vaidade infantil pode ser importante
quando ajuda a criança a elevar sua auto-estima, motivar-se em prol de um objetivo,
ou sentir-se inclusa na sociedade, quando através da imitação traz uma identificação
como ser. No entanto, essa vaidade precisa ser controlada pelos pais para que a
criança não pule etapas essenciais no processo evolutivo-educativo, entrando
precocemente no universo adulto.
Sem perceber, por vezes, os pais acabam permitindo que os filhos cultuem a
moda, o diferente, o impossível, a extravagância de forma exagerada através dos
estímulos externos. De acordo com a autora, o estilo de moda atual danifica o
processo de maturidade das crianças, podendo prejudicar a sua formação emocional
e até, vir mais tarde, a apresentar problemas na adolescência (BARBOSA, 2008).
Hoje, contudo, há uma variedade muito grande de produtos no mercado que
incentivam a cultura da beleza e da estética, exercendo forte influência, não só
sobre o consumismo adulto, mas também no consumismo infantil.Esta cultura da
beleza está associada à idéia de que é necessário que se utilize determinados
produtos e vestimentas para que sejam aceitos no grupo social (GADELHA-
SARMET, 2010).
Oliveira e Ribeiro (2011), enfatizam que a imagem corporal desempenha a
função mediadora em todas as coisas, desde a escolha de vestimentas, passando
por preferências estéticas, até o desenvolvimento da empatia com as emoções dos
outros. De acordo com eles, portanto, é possível afirmar que a identidade humana é
inseparável de seu corpo.
28
Segundo os autores o momento atual é marcado pelo culto ao corpo e a
estética. Triplicaram-se o numero de cirurgias plásticas no país, houve um aumento
de frequentadores nas academias, e nunca houve tanta venda de cosméticos e
produtos para emagrecer, mesmo apesar da crise econômica. Os autores enfatizam
que é indispensável ser belo, musculoso, esguio e saudável como resultado do
grande consumo da imagem (OLIVEIRA;RIBEIRO, 2011).
Ninguém escapa deste cenário. Crianças, adolescentes, adultos e idosos
buscam uma imagem perfeita, sem, por vezes, medir as consequências para isso.
Os autores salientam que por esse motivo os indivíduos:
Tornam- se criaturas servis desse mundo de poder da imagem, e todos querem a melhor academia, a melhor roupa esportiva ou social, o perfume mais caro e importado, as grifes, o melhor carro e o melhor corpo; um corpo musculoso adquirido com o consumo de substâncias, sem gordura, com pele lisa, sem espinhas, sem estrias, sem rugas e até sem pelos. Essa é a chamada era da estética, muitas vezes com procedimentos sem nenhuma ética (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2011, p. 64)
E com todos os meios que estão dispostos a população, o corpo molda-se de
acordo com o que a sociedade acredita ser o ideal de beleza. Com isso,
principalmente as mulheres, remodelam seus corpos e sua identidade, e estão em
constante busca do resultado perfeito, que até hoje não se sabe qual é, pois vem se
modificando ao longo dos anos.
2.8 PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS INVASIVOS
Com a busca do corpo ideal, muitas pessoas, em especial o público feminino,
usam de artifícios para alcançar seus objetivos. Estes artifícios podem ir desde uma
dieta, ao uso de roupas e acessórios, alisamento de cabelos, até a realização de
procedimentos estéticos, que são por vezes considerados invasivos.
Procedimentos estéticos invasivos são procedimentos injetáveis, implantes,
peelings, toxina botulínica, enquanto os superficiais podem ser massagens,
drenagem linfática, limpeza de pele, entre outros4.
Dentre esses procedimentos, está a cirurgia plástica. De acordo com Ferreira
(2000), professor titular da disciplina de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo e Chefe da Divisão de Cirurgia Plástica do Hospital
4PEREIRA, Bruno de Faria. O limite da estética. Disponível em:
http://bruno.site.med.br/index.asp?PageName=estetica.
29
das Clinicas da FMUSP, cirurgia plástica pode ser definida como um conjunto de
procedimentos cirúrgicos que tem intuito de reparar – cirurgia estética - e/ou
reconstruir – cirurgia reparadora - partes do revestimento externo do ser humano.
De acordo com o autor, a própria definição de cirurgia estética é um tanto
controversa, e, de acordo com ele, há pouca literatura médica que trate do assunto
baseando-se em evidencias. Para ele, a exposição desse tema a mídia e ao senso
comum, por vezes, distorce a melhoria na qualidade de vida das pessoas através
desse procedimento, levando a acreditar que se trata de futilidade (Ferreira, 2000).
A cirurgia reparadora é utilizada para a reparação de partes corporais
atingidas por defeitos congênitos, anomalias do desenvolvimento, trauma, infecção,
tumor ou doença. Diferente desta, a cirurgia estética visa dar novas formas às
estruturas “normais” do corpo, objetivando melhorar a aparência e a auto-estima
(Ferreira, 2000).
Uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, a pedido da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), para indicar o numero de cirurgias realizadas
entre setembro de 2007 e agosto de 2008 mostram resultados surpreendentes5.
No Brasil, 73% das cirurgias realizadas nesse período, foram de caráter
estético, num total de 457 mil procedimentos, enquanto de caráter reparador foram
realizadas 172 mil cirurgias, 22%. Destas cirurgias estéticas, 96 mil foram para
aumento das mamas (21%), 91 mil foram lipoaspiração (20%), 69 mil foram de
abdome (15%), 55 mil foram redução das mamas (12%), 41 mil foram
procedimentos cirúrgicos nas pálpebras (09%), 32 mil no nariz (07%), 32 mil na face
(07%), 23 mil nas orelhas (05%) e outros procedimentos 18 mil (04%).
Dentre esses procedimentos de caráter estético, 402 mil foram realizados em
pessoas do sexo feminino, cerca de 64%, enquanto 55 mil foram realizados em
pessoas do sexo masculino, cerca de 8,7%.
5Pesquisa Datafolha sobre a Cirurgia Plástica no Brasil. Disponível em: http://www.info-cirurgiaplastica.com/2009/06/pesquisa-datafolha-sobre-cirurgia.html
30
3 MÉTODO
Pela natureza complexa do tema, acreditou-se ser relevante utilizar o método
qualitativo, forma mais adequada para fornecer descobertas capazes de enriquecer
debates, estratégias e mais pesquisas para compreender a vaidade feminina e suas
consequências.
De acordo com Gil (2002), a pesquisa de campo tem em vista um
aprofundamento das questões propostas pelo pesquisador, possibilitando uma maior
flexibilidade para ajustar ao longo do estudo os objetivos que foram construídos
inicialmente.
Foram entrevistadas mulheres, com uma faixa etária entre 20 e 40 anos, e
que já passaram por algum procedimento estético mais invasivo.
Foi utilizado como fonte de informação o conteúdo obtido através de
entrevista, além da observação do comportamento dos sujeitos participantes durante
a realização das mesma.
A entrevista foi realizada nas dependências da Fundação Universidade do
Contestado – FunC – Campus de Canoinhas, Núcleo de Porto União, devido sua
suposta imparcialidade, além da natural afinidade existente entre este ambiente e as
pesquisas científicas.
Para a realização da coleta de dados foram utilizados como equipamentos e
instrumentos um roteiro de entrevistas com perguntas elaboradas pela pesquisadora
e devidamente avaliadas pela professora orientadora; Um gravador para que o
depoimento fosse gravado e após devidamente transcrito, com a possibilidade de
detalhes; Um caderno de campo, para que pudessem ser anotadas as percepções e
observações da pesquisadora, após o término da entrevista.
A pesquisadora entrou em contato com três dos sujeitos através da indicação
de um funcionário de uma clínica estética. Os outros dois sujeitos a pesquisadora já
conhecia, e sabia da realização do procedimentos estéticos. A partir de então, as
mulheres interessadas foram convidadas a participar das entrevistas, onde se
obteve com detalhes as informações pertinentes ao presente trabalho.
Foram apresentados a todas as participantes o objetivo da pesquisa e o
Termo de Consentimento Livre Esclarecido, em duas vias, sendo uma da
pesquisadora e uma dos sujeitos pesquisados. Desta maneira, as participantes
31
ficaram asseguradas de seus direitos, e cientes de que poderiam desistir a qualquer
momento da participação na pesquisa.
A coleta das informações se deu através de uma entrevista semi-estruturada,
com questões pertinentes ao tema. A entrevista foi procedida individualmente, nas
dependências da universidade, conforme relatado anteriormente.
O registro das informações coletadas na entrevista se deu através da
transcrição dos dados gravados, para uma maior riqueza de detalhes. As
observações foram também transcritas no caderno de campo.
Após a realização das entrevistas e transcrição das mesmas, bem como as
percepções decorrentes das observações feitas, foram analisadas de acordo com os
conhecimentos pertinentes ao tema.
32
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 APRESENTAÇÃO DOS SUJEITOS DE PESQUISA
Para a apresentação dos sujeitos entrevistados foi construída uma tabela
que contém as principais informações de caracterização dos sujeitos. Foram
utilizados nomes fictícios para preservar a identidade dos sujeitos de pesquisa.
Tabela II – Apresentação dos sujeitos de pesquisa
Nome Idade Estado Civil Filhos Escolaridade Profissão Religião
Helena 22 Solteira 00 Superior Incompleto
Estudante Católica
Bela 34 Casada 01 Superior Incompleto
Estudante Católica
Ana 34 Solteira 01 Superior Incompleto
Aux. Adm Católica
Sandra 37 Casada 01 Superior Completo
Secretária Católica
Paula 36 Casada 02 Médio Completo
Ag. Turismo Espírita
Fonte: Elaborada pela autora 2012.
Helena tem vinte e dois anos, é solteira e estudante. O procedimento
estético realizado por Helena foi a mamoplastia, pois estava insatisfeita com o
tamanho de seus seios. Ela afirma que não pretende realizar outro procedimento
estético, mas, no entanto pretende fazer novamente uma mamoplastia no intuito de
aumentar os seios, que na sua opinião, não ficaram grandes o suficiente. Helena
chegou a entrevista bem vestida e com uma leve maquiagem e falou com bastante
espontaneidade.
Bela tem trinta e quatro anos, é casada, tem uma filha e é estudante. Os
procedimentos que Bela realizou foram a mamoplastia e a lipoaspiração. Bela disse
que se sentia satisfeita com seu corpo até engravidar, porque segundo ela sempre
foi magrinha e também tinha seios grandes. Quando engravidou Bela viu as formas
de seu corpo se modificarem, e depois do parto quis voltar rapidamente as formas
antigas, optando, portanto, pela cirurgia plástica estética. Bela também chegou a
33
entrevista muito bem vestida, maquiada e com muitos adereços. Falou bastante e
com muito entusiasmo, detalhando bastante suas respostas.
Ana tem trinta e quatro anos, é solteira, tem um filho e é auxiliar
administrativo e estudante. Os procedimentos mais invasivos realizados por ela
foram a mamoplastia e a lipoaspiração nos culotes das costas. Além destes, Ana
costuma fazer massagem, drenagem linfática, peeling, bronzeamento artificial e
carboxiterapia6. Ana ainda pretende fazer uma lipoaspiração abdominal. Ela
apresentou-se na entrevista muito bem arrumada e maquiada. Contudo suas
respostas eram breves e precisas, sem muitos detalhamentos.
Sandra tem trinta e sete anos, é casada, tem uma filha e é secretaria. Os
procedimentos estéticos que já realizou foram a mamoplastia e a lipoaspiração.
Sandra é uma mulher bonita e não aparenta a idade que tem. No entanto, ela não
esta totalmente satisfeita com sua aparência e afirma que as pessoas sempre
querem o que não tem. Na entrevista apresentou-se bem arrumada e com uma
maquiagem leve. Suas respostas eram precisas, sem muitos detalhamentos, e
aparentava certa timidez ao falar.
Paula tem trinta e seis anos, é casada, tem duas filhas e atualmente
trabalha como agente de turismo. Os procedimentos que Paula já realizou foram
levante de seios, lipoaspiração e abdominoplastia. Ela apresentou-se bem arrumada
e maquiada para a entrevista. Aparentou sentir-se um tanto desconfortável no início
da entrevista, no entanto, com o decorrer soltou-se e falou bastante. Paula foi a
única das entrevistadas que afirmou que não pretendia fazer cirurgias plásticas, pois
não se importa com a aparência física. No entanto, fez três procedimentos estéticos
porque seu marido desejou. Contudo no início da entrevista Paula relatou que não
consegue se olhar no espelho e não está satisfeita com seu corpo. Afirmou que
desde sua primeira gravidez nunca mais conseguiu voltar ao seu corpo anterior, nem
com os procedimentos estéticos, nem mesmo fazendo academia todos os dias.
Paula afirmou que acha que essa obstinação, principalmente do marido, é que
dificulta o seu emagrecimento.
6A Carboxiterapia consiste em um procedimento estético não cirúrgico usado para tratar celulites,
estrias, gordura localizada e flacidez. Para tanto, faz-se a injeção de dióxido de carbono (CO2) sob a pele. Este gás faz que aumente a circulação celular e a oxigenação dos tecidos. (Disponível em: http://www.tuasaude.com/carboxiterapia).
34
4.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
A análise foi realizada a partir do depoimento de cinco mulheres que já
realizaram algum procedimento estético mais invasivo. Para a discussão dos
resultados e análises das informações foram estruturados itens para uma melhor
compreensão.
4.2.1 A Satisfação com a Imagem Corporal
Segundo Alves (2009), o individuo está inserido em uma sociedade regida por
regras e costumes. Portanto, de acordo com ele, “é inevitável e perfeitamente
compreensível que o mesmo partilhe e interiorize um conjunto de atitudes, crenças,
valores e comportamentos” (Alves, et al, 2009, p.2), estes são passados através das
gerações e são comuns a todos pertencentes a determinada cultura. Como efeito, o
individuo molda-se em função do normal e aceitável em seu meio social na busca de
preencher os requisitos básicos exigidos pelo grupo a qual pertence. Para Paula a
beleza não era fundamental, segundo ela, nunca ligou para isso, mas acabou
fazendo cirurgias plásticas porque seu marido queria: “eu fiz por causa do meu
marido. Como eu disse não ligo muito pra corpo gordo ou magro, e também sou
muito medrosa, mas meu marido é muito de cultuar o corpo, pra ele isso é
fundamental” (sic). Isso também está relacionado ao que Penna (1989) fala sobre a
importância que as mulheres atribuem aos seus corpos. Segundo ela, muitas vezes
essa importância está relacionada ao grau de atração que ela desperta nos homens,
proporcionando status e segurança. Sendo assim, não estar bonita pode representar
um grave fracasso, abalando sua auto-estima e segurança.
Penna (1989), afirma que a satisfação da mulher como o seu corpo
depende da magnitude de desvio entre as proporções reais e aquele que ela
acredita ser o modelo ideal. Portanto, quanto maior a distancia entre a imagem que
ela tem formada de seu corpo, e aquela que ela acredita ser o ideal de beleza, maior
é a sua insatisfação com o corpo. E também quando a representação do próprio
corpo não condiz com a imagem internalizada de corpo ideal, ela busca artifícios
para se aproximar ao máximo desse padrão, muitas vezes utópico. Isto pode ser
observado na fala de Helena que expressa: “não me sinto satisfeita com o meu
corpo.. coloquei silicone e ainda não estou satisfeita.. eu não tinha quase nada, mas
35
usava enchimento, só que eu coloquei o silicone e eu achei q ia ficar enorme não,
fica num tamanho proporcional” (sic).
A perfeição corporal, tão almejada atualmente, por vezes, é vista e
confundida como o alcance da felicidade e realização. E quando se percebe que não
é exatamente por ai que se dá o desenrolar da historia é que surgem os sentimentos
de frustração (Miranda, 2009). Helena também retrata essa realidade em sua fala:
“Desde bem adolescente eu queria por silicone, eu achava bonito, e eu não me
sentia feliz, eu não me sentia bem com meus peitos, e eu achava que eu só ia ser
feliz o dia que eu colocasse silicone. E agora eu me deparei com uma realidade que
não é bem assim. Porque você busca preencher alguma coisa que não é. Eu achava
que quando colocasse silicone não ia querer mais nada na vida. E agora eu me
encontro frustrada porque pra mim 300ml é pouco. Eu quero mais. Talvez até 350 ml
ia ser pouco, eu quero mais! Então o que me levou foi sempre essa insatisfação
comigo mesma. Só que ainda continuo insatisfeita” (sic).
Para o autor, é aceitável que em uma cultura que valoriza demasiadamente
a magreza, e evidencia a verdadeira “cultura do magro”, se procure atingir esse ideal
de beleza. E, de acordo com ele, quando isso não acontece, é que surge a
insatisfação corporal (Alves, 2009). Paula é a única das entrevistadas que afirma
não se preocupar com a aparência física, e é também a mais cheinha delas. Afirmou
que fez os procedimentos estéticos em função do marido que repetia que ela era
gorda, no entanto parece que o comportamento do marido influenciou na forma de
Paula se ver, ou não se ver: “Eu não me sinto satisfeita, tanto que eu não consigo
me olhar no espelho. Depois da minha primeira gravidez eu engordei e nunca mais
consegui voltar ao meu peso de antes. Na verdade eu não me importo muito com a
questão de corpo, se é gordo ou magro. Pra mim não faz diferença. Fiz cirurgia
plástica na verdade por causa do meu marido” (sic).
Alves (2009), afirma que atualmente cultua-se uma verdadeira
supervalorização das qualidades físicas sobre as psicológicas. Partindo-se desses
valores, as dietas restritivas e as cirurgias plásticas difundem a ilusão de que o
corpo é completamente maleável. Nesse sentido, a impossibilidade biologia e
psicológica do ideal de beleza imposto para a maioria das mulheres faz que a
insatisfação corporal se torne constante (MORGAN et al apud ALVES, 2009) .
Com o intuito de atingir o ideal de beleza, que não é possível apenas
através da redução de peso, a mulheres estão recorrendo a formas mais radicais de
36
remodelação corporal, como a cirurgia estética. O autor acredita que o aumento
desse tipo de cirurgia reflete a crença na sua eficiência para corrigir a deformação
corporal e para curar a mente afetada pela estigmatização corporal (Alves, 2009).
No entanto, a partir da fala de Helena, acima descrita, pode-se perceber que nem
sempre a cirurgia plástica dá conta da parte mental, e às vezes o que se busca com
a cirurgia não é alcançado, mesmo que o corpo tenha atingido a forma que se
esperava a pessoa não sente-se satisfeita porque a imagem mental não foi
modificada.
4.2.2 O Ideal de Beleza na Atualidade
Ferreira e Sampaio (2009) afirmam que quando se busca o conceito do belo
atualmente, chegam-se de imediato a critérios relacionados a qualidades estéticas
presentes nos indivíduos como atributos físicos enaltecidos pela mídia. De acordo
com eles, neste sentido, a beleza estaria relacionada à baixa quantidade de gordura
corporal, nádegas e seios grandes e empinados, músculos definidos, pele
bronzeada, lábios grossos, ausência de celulite, estrias, ausência de qualquer
mancha ou espinha na pele, e também ausência de características na pele que
demonstrem a idade, como rugas, marcas de expressão e flacidez.
Isto que os autores afirmam como sendo o ideal de beleza pode ser
observado na fala de Helena: “Uma mulher bonita pra mim precisa ter bastante
peito, magra, e que tenha bunda” (sic). Bela expressa sobre o ideal de beleza que:
“Um corpo ideal pra mim hoje, aos 34 anos acredito que atingi o corpo ideal para
mim” (sic). Contudo, a resposta de Bela não está distante da resposta de Helena,
pois seu corpo possui as características que para Helena denotariam um corpo
ideal. Bela afirma: “Se eu te dizer que aos vinte anos gostava do meu corpo,
gostava, claro que sim, mas hoje quando tive a possibilidade de colocar silicone,
aumentar um pouco o volume, dar mais forma ao meu corpo, eu acho que hoje eu
gosto mais do meu corpo do que quinze anos atrás”. Não distante da fala das
primeiras entrevistadas, Sandra expressa “a gente sempre quer o que não tem como
sou baixa, acho linda uma mulher alta, magra” (sic). Contudo é possível observar
que existe sim um padrão de beleza que rege a sociedade e define certas
características como sendo essenciais para ser uma pessoa bonita.
37
Além das características físicas que as entrevistadas citaram para definir um
ideal de beleza, três delas afirmaram a importância de se gostar e se aceitar. Bela
expressa: “Ideal de beleza pra mim também é você se gostar, é você se olhar no
espelho e se reconhecer principalmente” (sic). No mesmo sentido Ana afirma que
para ela a beleza “representa como forma de expressar o estado de espírito de cada
dia, estar bem se sentir bem faz toda a diferença”. (sic). E por fim Sandra fala que “a
beleza representa auto-estima, estar de bem com você, se olhar no espelho e se
gostar, com certeza há mais ânimo para tudo, mas é claro que ser saudável é
essencial” (sic).
Mesmo falando sobre a importância de se aceitarem, todas as entrevistadas
mostraram evidencias contrarias à suas falas no momento que revelam a realização
de diversos procedimentos estéticos. A partir daí denotam a necessidade de
“corrigir” alguma imperfeição para só então se aceitarem como tal. Sandra, em sua
fala acima, afirma que a saúde é essencial, mesmo demonstrando o contrario
quando falou que não se aprofundou nos riscos dos procedimentos para não desistir
dos mesmos. Em relação à saúde a autora evidencia que:
“Mesmo gozando de perfeita saúde, seu corpo não é perfeito e deve ser corrigido por numerosos rituais de autotransformação, sempre seguindo os conselhos das imagens-normas (padrões) veiculadas pela mídia” (MALYSSE apud FERREIRA; SAMPAIO, 2009, p.124).
De acordo com os autores, é importante lembrar que essa obstinação pela
busca da estética ideal atinge não só as pessoas mais vaidosas, como a todos nós,
que de uma forma ou de outra, mais ou menos intensa, tentamos atingir
determinada aparência, ao encobrirmos as imperfeições ou na busca da valorização
pessoal quando sentimos que não estamos de acordo com o padrão esperado pela
sociedade (Ferreira; Sampaio, 2009). Uma das entrevistadas frisa que não considera
a vaidade como uma de suas características. Helena afirma que gosta de se
arrumar, usar maquiagem, no entanto em sua fala expressa: “não sou aquela
pessoa vaidosa, vaidosa, vaidosa” (sic). Ela não se considera uma pessoa vaidosa,
porque afirma não passar a maioria do tempo bem arrumada e maquiada, fazendo
isso apenas quando vai sair.
Ferreira e Sampaio (2009) falam também das repercussões do status
adquirido pela aparência corporal que eleva a posição de qualificadora ou
desqualificadora das pessoas. Isso nos faz perceber que a estética permeia nosso
dia a dia e que ela influencia na construção da identidade da população que está
38
submetida a sua pressão, além da eficácia na conquista da ascensão social, seja
financeira, ou referente ao status pessoal. Bela reforça essa fala dos autores quando
afirma: “não vamos ser hipócritas de dizer que a beleza não te abre algumas portas.
Uma pessoa bem apresentável, e eu digo assim, não só a beleza física, a corporal,
peito, aquela estrutura assim, mas uma beleza assim de estar bem vestida, de estar
bem apresentável para a sociedade. Eu acredito que essa beleza ajuda você se
articular dentro da sociedade. Porque você é visto a partir de que olhar? Você é visto
a partir do olhar do outro. Então dizer que você não se preocupa com a beleza,
acredito que são poucas as pessoas que digam isso. Eu já digo que eu me
preocupo. Preocupo-me com a beleza, com a minha aparência, gosto de estar bem
apresentável a familiares, amigos, a sociedade(sic).
Atualmente existe um mercado em grande expansão que serve como fábrica
produtora de um corpo ideal, que são as academias de ginástica, consultórios dos
cirurgiões plásticos e os centros de tratamento estético. A expansão dos produtos
para emagrecer ou para aumentar a massa muscular faz repensar nossa satisfação
com nossos corpos, através da difusão de campanhas ostensivas nos meios de
comunicação (FERREIRA; SAMPAIO, 2009).
Contudo, o que se entende pela sociedade é que se não se possuí
naturalmente um corpo “ideal”, a mulher tem a sua disposição diversos artifícios para
que possa conquistá-lo.
4.2.3 Formas de Embelezamento e Procedimentos Estéticos
De acordo com Penna (1989), como as proporções ideais do corpo feminino
são relativamente difíceis de serem alcançadas, a internalização desse ideal pode
estar indiretamente relacionada aos sentimentos de culpa, frustração e pelo
aumento da ansiedade.
No intuito de se aproximar dessas proporções ideais, as mulheres usam de
artifícios que a autora define como armas para lutar contra a tirania auto-imposta,
que são o uso de cosméticos, exercícios físicos, dietas, entre outros. Segundo ela,
os métodos criados para se obter a aparência ideal são tão tirânicos quanto os do
próprio ideal de beleza interno (Penna, 1989). Isto que a autora salienta refere-se
ainda aos anos oitenta, e sabe-se que hoje a quantia de novos procedimentos
estéticos criados está ainda maior.
39
A vontade de estar bela, muitas vezes, faz que as mulheres não enxerguem
esse arsenal de métodos de embelezamento como uma tirania. Bela expressa: “Eu
amo, adoro essa parte de cuidar de mim. Gosto de maquiagem, gosto de cuidar do
cabelo, tiro meu tempo pra hidratação, pra cuidar do cabelo, cuidar da pele, uso
muito creme. Essa parte estética cosmética ela também está muito ligada a mim. Se
abrir meu guarda roupa, nessa parte cosmética, tem tudo o que você imaginar” (sic).
Bela faz pilates, dança, caminha duas vezes por semana, faz limpeza de pele em
casa, limpeza de pele no salão a cada seis ou oito meses, ou quando acha
necessário. Faz esfoliação e máscara uma vez por semana, as vezes faz
abdominais de redução, mantém uma alimentação balanceada, gosta de fazer
massagem relaxante sempre que pode. Faz depilação toda semana (com aparelhos
que ela mesma tem em casa), e gosta de fazer suas unhas sozinha. Acerca dos
procedimentos que ela mesma realiza ela afirma “Aí entra essa parte de
perfeccionismo minha” (sic). Afirma que cuidar de si é um relaxamento para ela.
Ana também afirma sentir prazer em cuidar de si: “adoro tudo que diz
respeito a estética, a mais ou menos 08 anos busco sempre estar em forma, faço
academia, e mantenho uma alimentação saudável” (sic). Ana faz massagem,
drenagem, peeling, bronzeamento artificial e carboxiterapia.
Sandra diz se sentir melhor: “quando estou magra, cabelo macio com brilho,
pele boa, tudo que uma mulher quer” (sic). Ela afirma que começou a se cuidar mais
depois dos trinta anos “e também depois que tive minha filha, quando o corpo muda
bastante” (sic). Bela também afirmou que sua gravidez influenciou na busca de
melhoria para o corpo: “A lipoaspiração o que me levou a fazer foi essa
transformação do corpo na gravidez. Quando eu tive minha filha eu fiquei com mais
abdômen, que é normal dessa fase, e eu acredito que eu me precipitei um pouco, eu
não entrava mais nas minhas roupas. Não serviam mais as blusas, não serviam
mais as calças e ai eu comecei a me irritar. Eu não tive paciência de fazer uma
reeducação alimentar e entrar por esse caminho. Eu encontrei na lipoaspiração um
método muito fácil. Você chegar ali e tirar dois litros da sua gordura e você poder
entrar na suas roupas, e realmente foi o que aconteceu, eu cheguei a forma que eu
estava antes da gravidez. O médico falou que era pouca gordura que tinha que ser
retirada, que talvez um ano de academia e exercícios intensos todos os dias eu
conseguiria voltar ao meu corpo de antes, mas muitas vezes o tempo não dá, é
40
muito difícil e eu também não sou muito de academia direto, talvez isso me levou a
fazer a lipoaspiração” (sic).
Segundo os autores o momento atual é marcado pelo culto ao corpo e a
estética. Triplicaram-se o numero de cirurgias plásticas no país, houve um aumento
de freqüentadores nas academias, e nunca houve tanta venda de cosméticos e
produtos para emagrecer, mesmo apesar da crise econômica. Os autores enfatizam
que é indispensável ser belo, musculoso, esguio e saudável como resultado do
grande consumo da imagem (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2011).
Das entrevistadas, todas fizeram implantes de silicone, duas delas fizeram
também lipoaspiração abdominal, e uma fez lipoaspiração dos culotes e ainda
pretende fazer a lipoaspiração abdominal. Estes dados coincidem com os de uma
pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, a pedido da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica (SBCP) entre setembro de 2007 e agosto de 2008. A pesquisa
aponta que 73% das cirurgias realizadas nesse período, foram de caráter estético,
num total de 457 mil procedimentos, destas, 96 mil (21%) foram para aumento das
mamas e 69mil (15%) foram lipoaspiração de abdome7.
.Com todas as possibilidades disponíveis à população, o corpo molda-se de
acordo com o que a sociedade acredita ser o ideal de beleza. Com isso,
principalmente as mulheres, remodelam seus corpos e sua identidade, e estão em
constante busca do resultado perfeito, que até hoje não se sabe qual é, pois vem se
modificando ao longo dos anos. Sandra expressa isso em sua fala: “sempre estamos
buscando o melhor, acho que ninguém esta totalmente satisfeita com o corpo com
a aparência física” (sic).
Todas as entrevistadas afirmaram procurar se informar mais acerca dos
riscos na realização das cirurgias plásticas, mas isso não abalou a vontade de
realizar o procedimento. Helena afirmou: “eu procurei me informar pra saber como
que é, como que funciona. Eu sabia dos riscos, mas a vontade era maior” (sic). Da
mesma maneira Bela declarou: “eu me informei muito, li muito na internet,
principalmente de casos que não deram certo, parece que a gente vai sempre pelo
negativo né. Eu fiquei um pouco com medo, não vou dizer que não fiquei, mas
encarei igual” (sic). Ana assegurou que sempre procura saber tudo da maneira mais
detalhada possível: “sempre busco informações principalmente quanto aos riscos
7Pesquisa Datafolha sobre a Cirurgia Plástica no Brasil. Disponível em: http://www.info-cirurgiaplastica.com/2009/06/pesquisa-datafolha-sobre-cirurgia.html
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quando envolve anestesia” (sic). Contudo, o fato de ela conhecer os riscos não fez
que ela desistisse de realizar o procedimento, pelo contrario ela afirmou que
pretende ainda fazer uma lipoaspiração abdominal. Da mesma forma Sandra
declarou: “tenho conhecimento de todos os riscos de um procedimento estético,
quando fiz analisei todos, mas na verdade não foquei nisso, porque se pensar e
começar estudar tudo o que pode acontecer você acaba não fazendo, porque os
riscos são muitos!” (sic). Não distante das demais respostas Paula afirmou: “Eu tinha
esse conhecimento que todo mundo tem, de televisão que geralmente o que mostra
é desgraça né! Fulana morreu ao fazer lipoaspiração (risos), mas eu não fui buscar
muito a fundo, senão não faria, sou muito medrosa. [...] Eu sabia sim dos riscos,
tanto que a gente assina um termo gigante antes da cirurgia que coloca todas as
possibilidades de insucesso [...] eu fiz, mas tive medo. Medo que desse alguma
coisa errada, medo de sentir muita dor depois” (sic).
Mesmo após a realização de todos esses procedimentos estéticos, a maioria
das entrevistadas, cerca de 80%, não está satisfeita e pretende ainda realizar outros
procedimentos. Helena afirma que pretende futuramente aumentar a prótese, porque
acredita que seus seios ainda estão pequenos, e só não fez uma nova cirurgia logo
em seguida, porque ficou com medo ao pesquisar sobre o assunto e encontrar um
caso em que a mulher teve uma infecção ao fazer duas cirurgias em seguida. Ana já
fez uma lipoaspiração dos culotes, mas pretende ainda fazer refazer o procedimento
no abdome e também relata que pretende fazer botox nas linhas de expressão.
Sandra também afirma que não parou por ai, pretende fazer algum procedimento na
pele, no intuito de retirar rugas e linhas de expressão. Bela que diz estar satisfeita
com seu corpo, afirma que não pretende fazer mais nenhum procedimento invasivo,
mas que pretende ainda fazer uma depilação a laser, porque gosta de estar sempre
bem depilada. Somente Paula que não declarou pretender fazer mais algum
procedimento, no entanto afirmou: “não vou dizer que nunca mais vou fazer, porque
sei lá né, mas eu não pretendo” (sic).
42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve o intuito de verificar como a vaidade física influencia
o comportamento das mulheres e o que elas estão dispostas a enfrentar para obter
a aparência desejada.
A imagem corporal representa a maneira pela qual o corpo apresenta-se para
cada um. O desvio entre as proporções reais do seu corpo e aquelas que a mulher
acredita ser o ideal é que definem seu nível de insatisfação com o corpo.
Geralmente esse ideal, é imposto e difundido pela mídia, fazendo uma massificação
dos padrões de beleza, e determinando que todos os que desejem serem vistos
como belos se encaixem nesse padrão. No entanto, cada pessoa é anatômica e
psicologicamente diferente, sendo, portanto, praticamente impossível homogeneizar
os corpos encaixando-os em protótipos de beleza.
Apesar dessa massificação imposta pela mídia e absorvida pelas mulheres, a
maioria delas não admite e não se considera influenciada por ela. Contudo, o ideal
de beleza descrito por todas as entrevistadas, como sendo sua opinião “particular”,
condiz com o modelo transmitido pelos meios de comunicação através dos anúncios
e campanhas publicitárias. Além do mais, como se explica a questão do histórico da
beleza que vem se modificando no decorrer dos tempos e marcando épocas com
tão distintos ideais de beleza? Como em cada época “coincidentemente” a maioria
das mulheres tem a mesma opinião a respeito do ideal de beleza sem serem
influenciadas por nada? Se cada uma tem uma opinião distinta acerca do que é
belo, como se discrimina feio e bonito?
Por vezes, a insatisfação com sua imagem faz que o sujeito procure
remodelar seu corpo na busca de corrigir possíveis “defeitos” através da cirurgia
plástica estética.
Foi possível observar que das cinco entrevistadas, duas declararam estarem
satisfeitas com seus corpos. No entanto, apesar de uma delas afirmar que realizou
os procedimentos estéticos por causa do seu marido, declarou no inicio da
entrevista, que não consegue olhar-se no espelho, demonstrando, de certa maneira,
que sua imagem corporal conota algum significado que ela evita. Além disso,
demonstrando-se satisfeitas ou não, todas as entrevistadas modificaram as formas
de seus corpos ao realizarem a cirurgia estética, o que leva a crer que não estavam
totalmente satisfeitas com seus corpos, e por isso a mudança.
43
A cirurgia plástica estética, por vezes, é entendida como a solução para a
satisfação do corpo e da mente. Muitas vezes não é o que acontece, como no caso
de Helena que imaginou que seria o alcance da felicidade e se decepcionou depois.
Ela mesma admitiu que talvez nem aumentando a prótese se sentisse satisfeita, que
talvez quisesse mais e mais. Da mesma maneira, a maioria delas pretende fazer
mais algum procedimento estético, buscando modificar mais alguma parte de seus
corpos.
Foi possível observar também a determinação das entrevistadas na
realização dos procedimentos estéticos. Todas afirmaram saber dos riscos, mas não
se aprofundaram para que não desistissem de realizá-los. Afirmaram que o medo
estava presente, mas o desejo de realizar a cirurgia plástica era maior.
Com a pesquisa foi possível observar, que muitas vezes, realmente, as
mulheres acabam deixando seus medos de lado, e em alguns casos, até expondo a
vida à riscos em nome da beleza, em busca de formas corporais mais perfeitas
possíveis. Contudo nem sempre esse ideal é alcançado, e é necessário que as
pessoas estejam preparadas para lidar com a frustração. Seja ela por não atingir a
imagem desejada ou por essa busca ser além da aparência física, ser de se aceitar
e de aceitar que o corpo também tem seus limites, e não pode ser moldado,
remoldado ou esculpido da maneira que muitos acreditam.
Também foi possível perceber a necessidade de se olhar de maneira mais
crítica a essa questão da busca do corpo perfeito através das cirurgias plásticas
estéticas e de se perceber a necessidade e importância dos cuidados psicológicos,
sendo que a mente e o corpo não podem ser separados.
A presente pesquisa proporcionou à pesquisadora compreender um pouco do
sentimento das mulheres que buscam modificar seus corpos no intuito de sentirem-
se satisfeitas com a aparência. E também que apesar de deixarem seus medos de
lado e encararem os riscos, nem sempre ficam satisfeitas e atingem a imagem
esperada. A insatisfação com o resultado pode ocorrer com mulheres que obtiveram
sucesso na cirurgia, ou seja, mesmo que não tenham alcançado a aparência
perfeita, ou ao menos satisfatória, não tiveram nenhuma complicação e nem
deformação de seus corpos, como no caso das entrevistadas. Sendo assim é
possível imaginar que essa insatisfação ocorre de forma bem mais veemente em
casos em que a mulher acorda com parte de seu corpo desfigurado e que ela não
mais o reconhece.
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Não se pretende com a pesquisa esgotar o assunto, ou concluí-lo, mas sim
fazer que se desperte mais interesse sobre o assunto, que surjam novos
questionamentos e que aproxime mais a Psicologia desse tema, desmistificando a
separação de mente e corpo e entendendo sua relevância tanto no processo de
aceitação de si, como no próprio estudo sobre esse processo de modificação que
não pode ser somente corporal, mas sim uma mudança no corpo e na mente.
45
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48
APÊNDICES
49
APENDICE A – Roteiro de Entrevista
1. IDENTIFICAÇAO
Nome:
Idade:
Estado Civil:
Filhos:
Escolaridade:
Profissão:
Religião:
2.IMAGEM CORPORAL
Como se sente em relação a sua imagem corporal? Está satisfeita com seu corpo?
3. IDEAL DE BELEZA
O que acredita ser o “ideal” de beleza? O que a beleza representa para você? Como
vê o corpo ideal?
4. FORMAS DE EMBELEZAMENTO
O que faz para se sentir mais bela? Quais os procedimentos estéticos que já
realizou? O que levou a realizar tais procedimentos? Quais ainda têm vontade de
realizar? Quando iniciou essa busca pela beleza?
5. CONHECIMENTOS SOBRE OS PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS QUE UTILIZA
E SEUS RISCOS
Qual seu conhecimento a respeito dos procedimentos estéticos que realizou ou tem
vontade de realizar? Sabe dos riscos?
50
ANEXOS
51
ANEXO – Termo De Consentimento Livre Esclarecido
1. Identificação do Projeto de Pesquisa
Título do Projeto: NO LIMITE DA VAIDADE FEMININA: O culto ao corpo e suas representações
Área do Conhecimento: Ciências Humanas
Curso: Psicologia
Patrocinador da pesquisa: Danieli Goedert
Instituição onde será realizado: Fundação Universidade do Contestado – FUnC – Campus Universitário de Porto União.
Nome da pesquisadora: Danieli Goedert
Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima identificado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de extrema importância para nós, mas se desistir, a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.
2. Identificação do Sujeito da Pesquisa
Nome:
Data de Nascimento: Nacionalidade:
Estado Civil: Profissão:
CPF: RG:
Endereço:
Telefone: E-mail:
3. Identificação do Pesquisador Responsável
Nome:
Profissão: Psicologa
Endereço:
Telefone: (xx) E-mail:
Eu, sujeito da pesquisa, abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário(a) do projeto de pesquisa acima identificado. Discuti com o pesquisador responsável sobre a minha decisão em participar e estou ciente que: 1. O(s) objetivo(s) desta pesquisa são: • Compreender como a vaidade física influencia o comportamento das mulheres e o que elas estão dispostas a enfrentar para obter a aparência desejada. • Verificar o ideal de beleza da mulher do século XXI; • Conhecer as formas de embelezamento utilizadas pelas mulheres;
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• Verificar a satisfação feminina com sua imagem corporal; •Analisar a conscientização das mulheres acerca das técnicas que utilizam para se tornarem belas e suas consequências. 2. O procedimento para coleta de dados serão: Entrevistas semi-estruturadas, observações diretas e gravações das entrevistas.
3. O(s) benefício(s) esperado(s) é(são) que: possa identificar como o comportamento das mulheres é influenciado pela vaidade física , e para que se observe se elas possuem o conhecimento adequado sobre os procedimentos estéticos que estão realizando. Colaborando na produção de informações acerca do tema.
4. O(s) desconforto(s) e o(s) risco(s) esperado(s) é(são): No caso de não se sentir a vontade com relação a algum assunto, será respeitado a sua escolha em não responder a questão. 5. A minha participação é isenta de despesas e tenho direito de ter acesso aos resultados da pesquisa após sua conclusão.
6. Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração nesta pesquisa no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação.
7. A minha desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico.
8. Os resultados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo, mas concordo que sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados.
9. Poderei consultar o pesquisador responsável (acima identificado), sempre que entender necessário obter informações ou esclarecimentos sobre o projeto de pesquisa e minha participação no mesmo. 10. Tenho a garantia de tomar conhecimento, pessoalmente, do(s) resultado(s) parcial(is) e final(is) desta pesquisa. Declaro que obtive todas as informações necessárias e esclarecimento quanto às
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dúvidas por mim apresentadas e, por estar de acordo, assino o presente documento em duas vias de igual teor (conteúdo) e forma, ficando uma em minha posse.
______________________, _____ de____________ de ______. _________________________________ ________________________________ Pesquisador Responsável pelo Projeto Sujeito da pesquisa e/ou responsável Testemunhas: _________________________________ ________________________________ Nome: Nome: RG: RG: CPF: CPF: Telefone: Telefone:
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