manejo e monitoramento de trilhas interpretativas: contribuição
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Manejo e monitoramento de trilhas interpretativas: contribuição
metodológica para a percepção do espaço ecoturístico
em unidades de conservação
Vivian Castilho da Costa Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG) – UFRJ
vivianufrj@yahoo.com.br
Flávio Augusto Pereira Mello Pos-graduando em Educação Ambiental – SENAC-EAD,Consultor,Guia Regional de Ecoturismo
flzen@yahoo.com.br
RESUMO
Trilhas interpretativas são importantes instrumentos de educação ambiental em unidades de conservação. Bem planejadas, contribuem não só para a melhoria da percepção de visitantes acerca do patrimônio natural, mas também para a valoração e sensibilização de comunidades locais, além de servir como ferramenta adequada ao manejo da visitação. O presente trabalho visa combinar diferentes estratégias de manejo e propôr metodologias de monitoramento de trilhas interpretativas, possibilitando profissionais de educação ambiental a elaborar roteiros interpretativos e cognitivos, apoiados no reconhecimento das características físicas e ambientais da trilha. Uma das metodologias aplicadas na Trilha do Rio Grande (Parque Estadual da Pedra Branca - PEPB) baseia-se na técnica do Índice de Atratividades em Pontos Interpretativos (IAPI) desenvolvido por MAGRO & FREIXEDAS (IPEF, 1998). Foram tomadas as distâncias dos pontos de atratividade e inventariados os recursos naturais e culturais, além da avaliação de possíveis temas a serem aplicados para cada ponto, cujos pesos são multiplicados pela respectiva intensidade do atrativo. Houve a necessidade de analisar os impactos ao longo da trilha. Entretanto, considerando os impactos diretos causados pelo uso recreativo, assim como os causados pelo próprio manejo da área, foi utilizado o método de Manejo do Impacto de Visitação (MIV ou VIM) de GRAEFE, KUSS & VASKE (1990), que permitiu apontar as medidas adequadas de manejo para o melhor aproveitamento das atratividades e dos pontos interpretativos identificados no IAPI. Como resultados, temos um manejo mais efetivo da trilha (correção de áreas erodidas, implantações de corrimões, degraus, áreas de descanso e reflorestamento, etc.), para que os impactos não comprometam o patrimônio interpretativo e recreativo, ressaltando que outras metodologias podem ser aplicadas, como o estudo da capacidade de carga turística do local, o que fatalmente possibilitará uma maior monitoria das atividades praticadas nas áreas protegidas, além de outras modificações nos níveis de impactos dos atrativos identificados.
Departamento de Geociências Laboratório de Pesquisas Urbanas e Regionais
Simpósio Nacional sobre Geografia, Percepção e Cognição do Meio Ambiente HOMENAGEANDO LÍVIA DE OLIVEIRA |Londrina 2005|
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INTRODUÇÃO
Trilhas interpretativas são importantes instrumentos de educação ambiental em unidades de conservação. Bem planejadas, contribuem para a melhoria da percepção de visitantes acerca do ambiente natural e para a valoração e sensibilização de comunidades locais, além de servir como ferramenta eficiente no manejo da visitação. De modo geral, os gestores de Unidades de Conservação vêm aproveitando traçados de trilhas já existentes e, através de diferentes estratégias de comunicação, buscam somente enfatizar e relacionar o objeto “ecossistema” com conteúdos dirigidos pelo guia, educador e/ou denotar as infra-estruturas de apoio como placas, painéis, folders, mapas, etc. No entanto, geralmente não há um planejamento consistente das trilhas interpretativas e/ou monitoramento dos resultados advindo de seu uso.
A questão básica da educação ambiental, assim como de todo o esforço para a sensibilização da opinião pública, empresarial e governos, deve passar, inevitavelmente, pela qualidade da percepção.
A percepção, como uma das expressões da cognição, caracteriza-se pela apreensão dos objetos e dos sentidos, como por exemplo árvores, sons, calor, casas, cadeiras, etc, na ocasião da estimulação sensorial. O objeto de percepção (ou o seu veículo) consiste nas qualidades sensíveis proporcionadas pelos predicados fornecidos pela imaginação, com base na experiência anterior atribuída ao objeto percebido. Pode-se então dizer que “a percepção consiste em afirmar que, através das capacidades de processamento de informação do sistema cerebral e sensorial, conhece-se o mundo externo e objetivamente real”.(CAEIRO et al, 2005)
Desta forma, conforme conceito da UNESCO (1977) “a percepção é a maneira pela qual o homem sente e compreende o meio ambiente, (natural ou citado por ele)”
Del Rio (2002) sugere que existam atributos específicos na formação da realidade percebida:
SENSAÇÕES MOTIVAÇÃO COGNIÇÃO AVALIAÇÃO
REALIDADE
CONDUTA
Filtros culturais e individuais
seletiva instantânea
Interesse necessidade
memória organização imagem
julgamento seleção expectativa
opinião ação comportamento
Retro-alimentação
Fonte: DEL Rio (2001)
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Portanto, o estudo da percepção ambiental vem determinando uma série de reflexões teóricas e práticas sobre como devem ser aplicadas, considerando o desenvolvimento tecnológico rápido de nossa sociedade (urbanização acelerada, meios de transportes mais eficientes), além do lazer e recreação estarem cada vez mais ligados a essa rapidez das ações da sociedade moderna, tão necessitada de consumo e de produtos mais naturais como uma tentativa de diminuir o ritmo e voltar às suas origens. Esse mundo moderno visual, de cores e formas variadas, e cada vez mais exigido por essa sociedade, tende a usar percepções espaciais (busca de lugares mais distantes) e temporais (viagens mais rápidas e com mais ação). Como acentuam OLIVEIRA & MACHADO (2004):
“A Percepção é o conhecimento que adquirimos através do contato atual, direto e imediato com os objetos e com os movimentos, dentro do campo sensorial (...) Quando se trata da percepção ambiental o que mais interessa é a visão". (p. 132)
Compreender como percebemos visualmente o espaço é compreendermos o meio ambiente. Durante muito tempo a Geografia vem investigando a percepção, principalmente, através de estudos da cognição ambiental, pois esta “é conhecimento e é um processo”, como avalia ainda OLIVEIRA & MACHADO (op. cit.):
“(...) cognição implica considerar alguns estágios, tais como: percepção, mapeamento, avaliação, conduta e ação. Como o processo cognitivo é amplo, dinâmico e interativo, cada estágio influi no seguinte. (...) a percepção é individual e seletiva, sujeita aos seus valores, suas experiências prévias e suas memórias. Ao passo que, na etapa seguinte, o mapeamento está submetido aos filtros culturais, sociais e, ainda, individuais. O mapeamento mental está na dependência vivencial e experiencial que os indivíduos dispõem de acordo com a idade, o sexo e o grau de escolaridade, não deixando de lado o aspecto econômico. (...) a geração de conduta e conseqüente ação é que levam ao processamento das informações recebidas, formando as representações e avaliando, de acordo com seus valores e expectativas. A ação propriamente dita é determinada pela atitude e expectativa, como produto da própria conduta.” (p. 134).
Posto alguns mecanismos da percepção, avaliamos o objeto de sua ação: a Informação. LAZARTE (2000), em seu livro “Ecologia Cognitiva na Sociedade da Informação”, traça alguns parâmetros que nos permitem avaliar a qualidade da informação:
A informação só tem sentido se for relevante para tomadas de decisão.
A informação só tem valor dentro de um certo contexto.
Mais informação nem sempre é melhor.
Saber ignorar é tão importante quanto a capacidade de reconhecer. A
capacidade de filtrar é que define a importância da informação.
LAZARTE (op. cit.) destaca também que estas observações são interpretadas no que pode ser chamado de “Ecologia Informacional”, onde:
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O excesso de informação supera a capacidade individual de processá-la.
Parte da informação possui uma conexão tênue com o contexto de significados relevantes do indivíduo.
O excesso ou o que não é interpretado é recebido como lixo (o ruído nos termos da Teoria da Informação).
As diversas experiências, estímulos, informações e interações, além de processadas, criam significados que constituem os aspectos essenciais do homem.
O excesso altera a saúde com problemas mentais, doenças cardíacas, problemas de relacionamento, etc.
Assim, para a absorção mais eficiente da Informação Relevante, o autor conclui que é necessário:
Reaprender a ignorar o que não é relevante.
Reparar no que é de fato importante.
Aprender a reagrupar em novas unidades do sentido, os estímulos recebidos como informação.
O poder de síntese, no processo cognitivo, deve permitir referenciais integradores.
A fragmentação cognitiva é contornada com a interpretação transdisciplinar, sendo o fator integrador o ser humano.
A visão de reversibilidade ultrapassa a análise de pontos positivos e negativos de uma alternativa, proporcionando uma visão dos pólos com parte integral da dimensão analisada.
Então, para o diagnóstico da realidade local e a seleção de informações que de fato interfiram nos resultados das ações implementadas, são necessárias ferramentas que ajudem a discernir o que é e não é importante, bem como poder ordená-las de modo a propiciar análises focais e gerais, permitindo extrapolações espaciais e temporais.
OBJETIVOS E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O presente trabalho visa combinar as metodologias IAPI (Índice de Atratividades em Pontos Interpretativos) e VIM (Manejo do Impacto de Visitação) como uma só ferramenta de
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percepção, filtragem e seleção de informações em trilhas interpretativas para atividades como:
Treinamento de percepção ambiental para profissionais da área (guias, monitores,
educadores ambientais, etc.);
Elaboração de roteiros interpretativos;
Elaboração de propostas de reordenamento interpretativo.
Monitoramento e manejo e elaboração de estratégias de manutenção.
Isso possibilita aos profissionais de educação e interpretação ambiental a reconhecerem as características físicas e ambientais da trilha. Tal estudo visa ainda permitir uma maior compreensão da importância dos recursos naturais existentes para o ser humano, a fim de estimular os processos cognitivos de aprendizado aos visitantes e usuários de trilhas interpretativas.
Neste sentido foi tomada como área de estudo a Trilha do Rio Grande (Figura 1), localizada na vertente leste do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), a maior floresta urbana inserida no município do Rio de Janeiro.
Próxima a entrada da trilha, estão os prédios administrativos da sede do PEPB, banheiros e uma subestação de tratamento de água da CEDAE (Companhia Estadual de Distribuição de Água e Esgoto). O local conta ainda com algumas áreas que fazem parte do roteiro que complementam a visitação do Parque, ou seja, há também um centro de visitantes, um espaço museográfico, um anfiteatro, um orquidário e um minhocário. A trilha do Rio Grande é utilizada pelo Núcleo de Pesquisa e Educação Ambiental do PEPB para atividades e visitas guiadas com alunos de escolas públicas e particulares, instituições de ensino e visitantes em geral. Por este motivo, ela foi escolhida por apresentar potencial atrativo, além de necessitar de projetos vinculados à interpretação e levantamento (inventário) de impactos e à determinação da capacidade de carga.
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Figura 1 – Localização da Trilha do Rio Grande (PEPB-RJ)
METODOLOGIA
A primeira metodologia aplicada na Trilha do Rio Grande (Parque Estadual da Pedra Branca - PEPB) foi baseada na técnica do Índice de Atratividades em Pontos Interpretativos (IAPI) desenvolvido por MAGRO & FREIXEDAS (IPEF, 1998). Foram tomadas as distâncias dos pontos de atratividade e inventariados os recursos naturais e culturais, além da avaliação de possíveis temas a serem aplicados para cada ponto, cujos pesos foram multiplicados pela respectiva intensidade do atrativo.
Houve a necessidade de analisar os impactos ao longo da trilha. Para tanto foi adotada uma segunda metodologia, considerando os impactos diretos causados pelo uso recreativo, assim como os causados pelo próprio manejo da área, tomando como base o método de Manejo do Impacto de Visitação (MIV ou VIM) de GRAEFE, KUSS & VASKE (1990). O MIV/VIM permitiu apontar as medidas adequadas de manejo para o melhor aproveitamento das atratividades detectadas e dos pontos interpretativos identificados no IAPI.
Trilha do Rio Grande
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Rio Grande
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Sede da administração
Trilha do Quilombo
Trilha da Figueira
Trilha da Padaria
Localização da Trilha do Rio Grande no PEPB
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Índice de Atratividades em Pontos Interpretativos (IAPI)
O Índice de Atratividades em Pontos Interpretativos (IAPI) compara diferentes atrativos dentro de um mesmo tema, agregando ao potencial interpretativo um valor qualitativo. O grau de subjetividade presente nas avaliações é minorado, possibilitando, além do ordenamento na seleção de indicadores, um mapeamento dos pontos com concentrações de atratividade.
Este mapeamento permite uma melhor visualização da distribuição dos atrativos, interferindo diretamente na elaboração de roteiros, conferindo mais eficiência na programação do percurso e evitando os vazios que possam desestimular o visitante.
O IAPI compõe-se de cinco fases:
Fase 01: Levantamento de pontos potenciais para a interpretação: É um diagnóstico geral dos atrativos naturais e culturais. É basicamente um exercício de observação, onde se define que temas podem ser trabalhados. Determinado o tema de interesse, inicia-se a seleção dos pontos que estarão no roteiro previsto. É recomendado identificar e numerar os pontos com fitas coloridas que aceitem escritas e que possam ser retiradas posteriormente.
Fase 02: Levantamento e seleção de indicadores: É o levantamento dos recursos naturais visíveis a partir dos pontos pré-selecionados. Caracterizam-se pela facilidade de identificação em campo e sua repetição por um segundo observador (como filtro da subjetividade das impressões).
A atratividade do local é percebida e, geralmente, relacionada a: corpos d’água, variedade de vegetação, relevo, áreas históricas, entre outros. Pode ocorrer da atratividade ser definida pela combinação de dois ou mais fatores, como por exemplo água e relevo (JUBENVILLE, 1976 – in MAGRO & FREIXADAS, op. cit.) . Aspectos negativos, tais como: presença de insetos, riscos para fauna e exposição ao perigo podem também ser contabilizados para garantir a qualidade da visitação.
Estas fases foram sintetizadas no Quadro 1 abaixo.
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Quadro 1 - Relação de Indicadores para Avaliação da Atratividade de Pontos Interpretativos da Trilha do Rio Grande – PEPB/RJ
INDICADOR CARACTERÍSTICA
Linha vertical e
Horizontal
Predominância de elementos observados, dispostos em padrão vertical (troncos, brotações) ou
horizontal (raízes tabulares, rochas).
Visualização do horizonte em relação à posição do olhar do observador Posição
a) Em nível b) Inferior c) Superior
1º Plano: Os elementos melhor analisados encontram-se próximos ao observador, como interpretar
uma árvore cujo tronco esteja perto do visitante. A atenção é voltada para a percepção dos detalhes
(forma, cor, cheiro, características onde os sentidos são mais apurados).
2º Plano: Média - Escala e distancias intermediárias, podendo-se o ambiente com menos detalhes que
no 1º plano. Ex.: Lagoas, mirantes, cachoeiras, etc.
Escala e distância
3º Plano: Fundo – Predominam as vistas panorâmicas e espaços abertos. Não há detalhamento dos
recursos observados. Ex.: Mirantes, áreas montanhosas (relevo), árvores, etc.
Observações: Algumas informações adicionais podem ser anotadas, pois podem auxiliar no caso de dúvidas quanto à
escolha dos pontos, tais como: vegetação diferenciada, presença ou sinais de animais, locais e beleza única, etc. Da
mesma forma podem ser incluídos indicadores que avaliem o desconforto que o sitio possa ter, como por exemplo: odor
forte, ruídos contínuos, plantas urticantes, insetos, etc.
Fonte: Baseado em MAGRO & FREIXEDAS (op. cit.).
Fase 03: Elaboração de ficha de campo: Em uma ficha de campo relaciona-se a ausência ou presença dos indicadores a serem avaliados em cada um dos pontos selecionados. É importante haver uma ficha para cada área analisada contendo os elementos considerados mais importantes.
Abaixo, encontra-se a ficha de campo (Quadro 2) utilizada na trilha do Rio Grande, a exemplo da ficha de campo com indicadores de atratividade (MAGRO & FREIXEDAS, op. cit.). A coluna de tema interpretativo é fundamental para que se possa agrupar os indicadores semelhantes ou afins. Os números entre parênteses indicam o peso atribuído aos indicadores selecionados, podendo variar para cada trilha.
É importante ressaltar que na ficha de campo da Trilha do Rio Grande, atrativos tais como: epífitas, rochas, cursos d´água, etc., não foram listados, por serem presença constante na trilha, embora possam agregar pontos à atratividade do local, estes foram indicadores escolhidos, para determinar os níveis de impacto encontrados na trilha, na metodologia do MIV/VIM. Corpos rochosos com valores interpretativos específicos, não foram identificados nesta trilha.
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Fase 4: Uso da ficha de campo: Para utilizar a ficha de campo, usamos uma graduação para facilitar a identificação dos recursos analisados no local (1 = presente; 2 = grande quantidade; 3 = predominante). Embora subjetiva, podemos buscar uma padronização através da análise de cada trilha, por duplas de apontadores, para que analisem seus pontos do início ao fim criando consenso e evitando mudanças de critérios. Na prática é uma segunda visita a trilha, onde de posse da listagem de atrativos dentro do tema eleito, é que buscamos padronizar os critérios de avaliação dos indicadores escolhidos. A intensidade anotada deve ser multiplicada pelo seu respectivo peso. Estes valores somados permitem chegar à pontuação final dos sítios.
A atribuição de valor numérico para o indicador objetiva facilitar a contagem de pontos para cada local analisado. Embora haja uma certa tendência de chamar este tipo de contagem de “quantitativa”, consideramos a avaliação como “qualitativa”.
Segundo LITTON (1979, in MAGRO & FREIXADAS, op. cit.) avaliações quantitativas da paisagem são freqüentemente denominadas de maneira errônea. Muitos elementos visuais podem ser medidos e colocados em uma escala, mas as avaliações resultantes são mais comparativas que quantitativas. O autor afirma que o uso de números arbitrários (ou relativos) para representar critérios visuais/estéticos é bastante comum e útil. Neste levantamento prévio, adequando-se a forma de condução do Núcleo de Pesquisa e Educação Ambiental do PEPB, não foram eleitos temas para a comparação de atratividade, mas comparou-se o nº de temas de cada ponto.
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(op.
cit.
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12
Fase 5: Seleção final: Os pontos interpretativos com maior pontuação, são selecionados de maneira definitiva, após uma checagem final em campo. O mesmo procedimento pode ser utilizado para a escolha de locais de descanso (colocação de bancos) ao longo da trilha.
As áreas com menor pontuação podem estar de acordo com impactos (erosão, queda de árvores, sinalização danificada, etc.) que prejudiquem a qualidade da visitação e, por consequência, a interpretação ambiental do local. Podem ser representadas por um gráfico que mostre os valores finais dos pontos de interpretação selecionados em relação ao grau de atratividade dos mesmos (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Valores finais para os pontos e de interpretação e paradas de descanso
Conclusões com o uso do IAPI: A eficiência do método para elaboração e reordenamento interpretativo das trilhas apontam também um aspecto relevante, com a definição de pontos onde se localiza a atratividade, o aumento do impacto físico pelo afluxo e concentração de visitantes, que se não corretamente monitorado e manejado podem descaracterizar e eventualmente destruir o atrativo.
As áreas de descontinuidades apontadas no Gráfico 1, entre os pontos 375 a 550 m e 550 a 850 m, demonstram a não utilização de todo o potencial interpretativo da trilha por parte do Núcleo de Pesquisa e Educação Ambiental do PEPB-RJ. Isto se deve à uma adequação de roteiro utilizado pela equipe do Núcleo, onde após a ida ao centro de
Áreas não utilizadas para interpretação
(Ptos)
13
visitantes, os alunos são apresentados a diferentes aspectos interpretativos, conforme apontado no Quadro 02.
Por não haver uma seleção temática específica, para fins de visualização no gráfico, foram somados os valores dos atrativos de cada ponto trabalhado, independente do tema. Desta forma observamos que há 4 pontos com intensa utilização interpretativa (00, 350, 550 e 850 m), sendo que de 00 m até a marca de 375 m (pouco mais de 1/3 da trilha) é onde efetivamente se desenvolve a interpretação.
Os espaços posteriores apontados entre os pontos 375, 550 e 850 são os momentos reservados para lazer, observação não dirigida e compartilhamento de experiências.
A utilização do IAPI em todas as suas etapas, permitirá aos condutores a elaboração de diferentes roteiros interpretativos e conseqüentemente proporcionará uma melhor qualidade nas conduções dirigidas e a utilização mais intensa do patrimônio interpretativo da trilha em toda a sua extensão. Isto também irá se refletir na diluição dos impactos da visitação pela elevação do nº de pontos de parada e a alternância de ocupação de acordo com o tema desenvolvido.
Manejo do Impacto de Visitação - Visitor Impact Management (MIV - VIM)
O Manejo do Impacto de Visitação (MIV/VIM) de GRAEFE, KUSS & VASKE (1990) foca, principalmente, a capacidade de carga e o impacto do uso. Embora tenha surgido após o LAC (Limite Aceitável de Cambio – STANKEY, COLE, LUCAS, PETERSEN E FRISSEL – 1985), é uma das metodologias mais utilizadas, mas que aceita os princípios da Capacidade de Carga Turística (CIFUENTES, 1992). A diferença maior é que o MIV/VIM estabelece mecanismos para promover o manejo da visitação como um processo dinâmico para diagnóstico dos impactos da visitação, facilitando a tomada de decisões através da identificação sistemática de problemas, causas e soluções potenciais.
A avaliação de capacidade de carga e impactos da visitação, através do MIV/VIM, processa-se avaliando, de modo geral, 5 aspectos eletivos:
01- inter-relações dos impactos: Não existe apenas uma resposta previsível de ambientes ou de indivíduos ao uso, mas uma série de indicadores de impacto inter-relacionados, que podem ser identificados e usados como base para as estratégias de manejo e manutenção.
02- Relações de uso/impacto: Os indicadores de impacto relacionam-se à quantidade de uso que uma determinada área recebe; a extensão e a natureza desta relação varia largamente para os diferentes tipos de impactos porém, para muitos deles, não há uma relação direta com a densidade de visitantes. As relações entre o uso e impacto variam para diferentes medidas de uso da visitação e são influenciadas por uma variedade de fatores.
14
03- Variação de tolerância ao impacto: Um dos fatores mais importantes na relação uso/impacto é a variação inerente à tolerância entre ambientes e grupos de usuários. Algumas espécies podem se beneficiar, enquanto outras não são nem deslocadas. O mesmo pode ocorrer com grupos de visitantes, alguns podem apreciar alta densidade de uso enquanto outros consideram tais níveis inaceitáveis.
04- Influências de atividades específicas: Determinadas atividades criam impactos mais rapidamente ou em nível maior que outras. Os impactos também podem variar dentro de uma dada atividade de acordo com o tipo de transporte ou equipamento utilizado e características da visitação (impactos sociais), tais como: tamanho do grupo e comportamento. Pode-se avaliar as características da visitação, principalmente, aplicando-se questionário específico sobre o perfil e o que o visitante achou da visita à trilha e/ou a Unidade de Conservação, de seus equipamentos (infra-estrutura), quais as suas experiências positivas e negativas, etc.
05- Influências locais específicas: Os impactos da visitação são influenciados pela variação de locais específicos e variáveis sazonais. Épocas chuvosas são mais propícias a impactos naturais, mas que podem ser intensificados com o uso da visitação, assim como épocas de seca podem intensificar os casos de queimadas e volume menor de água nos córregos e rios.
Cabe ressaltar que, na presente pesquisa, os indicadores de atividades específicas no que diz respeito aos visitantes (impactos sociais), não foram medidos, devido ao fato de haver maior presença de grupos guiados e agendados de escolas e instituições de ensino, o que iria mascarar os resultados a serem verificados comparativamente. Mas, esta etapa pode ser realizada, posteriormente, pelo Núcleo de Pesquisa e Educação Ambiental do PEPB-RJ com as visitas não guiadas que forem agendadas no futuro.
Portanto, para a aplicação do MIV - VIM (Quadro 3) são utilizados os seguintes passos sistemáticos:
15
Quadro 3 – Passos Sistemáticos para Aplicação do MIV/VIM
Fonte: Adaptado de FREIXADAS-VIEIRA, V. M.; PASSOLD, A. J. & MAGRO, T. C. (2000).
1- Pré-avaliação e revisão de informações: Políticas, legais, registros da área. Produto: Resumo da situação existente
2- Revisão dos Objetivos de Manejo: Compatibilidade com os marcos legais, e direções políticas. Especificar objetivos da experiência da visitação e do manejo do recurso. Produto: Conhecer os objetivos específicos da área.
3 -Seleção dos Indicadores de Impacto: Identificar variáveis sociais e ecológicas mensuráveis. Selecionar para exame aquelas mais pertinentes para os objetivos de manejo da área.
4- Determinação dos padrões para os Indicadores: Declaração dos objetivos de manejo em termos de condições desejáveis para indicadores de impacto selecionados Produto: Declarações quantitativas das condições desejadas (Ex: Até 30% de perda da vegetação em sítio específico)
5- Comparação de padrões e condições existentes (Monitoramento): Avaliação de campo dos indicadores de impactos sociais e ecológicos. Produto: Determinação da consistência ou discrepância com os padrões selecionados
Situação Não aceitável
6- Identificação das causas prováveis do impacto: Examinar padrões de uso e outros fatores potenciais que afetam a ocorrência e intensidade dos impactos inaceitáveis. Produto: Descrição dos fatores causais para atenção no manejo
7- Comparação de padrões e condições existentes (determinação das estratégias de manejo): Examinar uma gama completa de estratégias diretas e indiretas relacionadas com as causas prováveis dos impactos de visitação. Produto: Matriz de estratégias diretas e indiretas relacionadas com as causas prováveis dos impactos da visitação
8- Implementação
16
Na escolha dos indicadores e verificadores na Trilha do Rio Grande, buscou-se selecionar aqueles de fácil percepção e que proporcionassem a compreensão mais direta das características físicas da trilha e suas relações com a visitação, flora e fauna.
O exercício do olhar dirigido através de planilhas (Quadro 4) constituiu-se também em um instrumento de percepção, não só dos conteúdos interpretativos presentes, mas também da realidade do uso e manejo da visitação refletidos nas alterações percebidas na trilha.
Quadro 4 - Levantamentos da Trilha do Rio Grande Quanto ao MIV
Trilha DO RIO GRANDE VIM UC SEDE DO PEPB
Nº 01
Datas: Nov/Dez – 2004 Jan/Fev – 2005
Apontador: Flávio e Vivian
Objetivo: Diagnóstico Físico-Funcional
INDICADOR / verificador Número de vezes (100 m de distância) entre os pontos
Parâmetros: LEITO DA TRILHA
1 (0 a
100m)
2 (100 a 200m)
3 (200 a 300m)
4 (300 a 400m)
5 (400 a 500m)
6 (500 a 600m)
7 (600 a 700m)
8 (700 a 800m)
9 (800 a 900m)
10 (900 a
1000m) Ocorr. na Parcela
% na trilha Referencial
alteração de largura 3(>) 1(>) 1 (<) 1(<) 3(>)
2 (<) 2 (<) 2 (>) 3 (>) 1(<) 1(>) 01 a 03 30 < 0,8 mt ou > 1,3
mt
afundamento 1 1 1 2 01 a 03 25 > 0,05 mt
erosão em sulcos 1 9m
2 11/6m 01 a 03 25 < 0,3 mt
erosão em canais 1
5m 1 10m
1 8m
1 9m
1 20m
2 40/9m 01 a 03 25 < 0,3 mt
erosão laminar 3 9/30/8m 01 a 03 15 < 0,3 mt
canal de drenagem (água pluvial ou fluvial) 4 1 2 4 2 2 1 1 01 a 03 15 < 0,3 mt
superfície descoberta (incidência solar) 1 (5m)
1 (5m)
1 (8m)
1 (3m)
1 (6m)
2 (12m)
2 (20 m)
1 (6m)
2 (10m) 01 a 05 20 < 5,0 mt
Obs: Entrada da trilha tem 4 metros de largura
Parâmetros: BORDA
1 (0 a
100m)
2 (100 a 200m)
3 (200 a 300m)
4 (300 a 400m)
5 (400 a 500m)
6 (500 a 600m)
7 (600 a 700m)
8 (700 a 800m)
9 (800 a 900m)
10 (900 a
1000m) Ocorr. na Parcela
% na trilha Referencial
perda de borda crítica 1 1 3 4 4 1 01 a 03 35 > 0,5 mt
desbarrancamento de encosta 1 1 2 3 1 1 01 a 03 15 > 0,5 mt
Sinalização 1 2 1 1 10 dano Manutenção de infraestrutura
bancos 1 1 1 10 Falta de manutenção
atalhos 2 2 2 2 2 00 00 00
Parâmetros: SOLO
1 (0 a
100m)
2 (100 a 200m)
3 (200 a 300m)
4 (300 a 400m)
5 (400 a 500m)
6 (500 a 600m)
7 (600 a 700m)
8 (700 a 800m)
9 (800 a 900m)
10 (900 a
1000m) Ocorr. na Parcela
% na trilha Referêncial
compactação 11,7 15,8 13,5 11,5 14,8 13,3 11,5 14,3 9,8 1 a 3 20 > 15’
solo exposto (sem litter) S S S N N S S S N S = Sim ou N = Não 30 N = Não
rochas aflorantes 11m 12m 26m 22m 30m 18m 20m 40m 42m 1 a 10 mt 20 < 10 mt
raízes expostas 3,5m 25m 30m 7m 20m 80m 42m < 10 mt 20 < 10 mt
alagamentos 1 3 2 01 a 03 00 00
aclives / declives acent. 1 e 2
>20% e 10 a 20%
4 10 a 20% 3
10 a 20% De 10 a 20% e >20% 15 Inclinação do
terreno
17
Continuação quadro 4 Parâmetros:
VEGETAÇÃO 1
(0 a 100m)
2 (100 a 200m)
3 (200 a 300m)
4 (300 a 400m)
5 (400 a 500m)
6 (500 a 600m)
7 (600 a 700m)
8 (700 a 800m)
9 (800 a 900m)
10 (900 a
1000m) Ocorr. na Parcela
% na trilha Referêncial
árvores caídas 1 1 1 1-3 (causas naturais) 15 1
espécies exóticas S S S S S S S S S S = Sim ou N = Não 20 N = Não
vegetação danificada na borda (mortas) N S S S S N N N N S = Sim ou N = Não 20 N = Não
incêndios N N N N N N N N N S = Sim ou N = Não 00 N = Não
Parâmetros: SANEAMENTO
1 (0 a
100m)
2 (100 a 200m)
3 (200 a 300m)
4 (300 a 400m)
5 (400 a 500m)
6 (500 a 600m)
7 (600 a 700m)
8 (700 a 800m)
9 (800 a 900m)
10 (900 a
1000m) Ocorr. na Parcela
% na trilha Referêncial
inscrições (pichação rochas, árvores ou sinalização) S S S = Sim ou N
= Não 00 N = Não
Lixo na trilha 01 a 03 15 (Ocorrência visual)
Parâmetros: RISCO
1 (0 a
100m)
2 (100 a 200m)
3 (200 a 300m)
4 (300 a 400m)
5 (400 a 500m)
6 (500 a 600m)
7 (600 a 700m)
8 (700 a 800m)
9 (800 a 900m)
10 (900 a
1000m) Ocorr. na Parcela
% na trilha Referêncial
de escorregar 1 1 < 2 10 00
cair de encosta 1 <1 00 00
fatal 1 S = Sim ou N = Não 00 N = Não
Parâmetros: FAUNA
1 (0 a
100m)
2 (100 a 200m)
3 (200 a 300m)
4 (300 a 400m)
5 (400 a 500m)
6 (500 a 600m)
7 (600 a 700m)
8 (700 a 800m)
9 (800 a 900m)
10 (900 a
1000m) Ocorr. na Parcela
% na trilha Referêncial
espécies domésticas 1 1 2 S = Sim ou N = Não 00 N = Não
Parâmetros: SOM
1 (0 a
100m)
2 (100 a 200m)
3 (200 a 300m)
4 (300 a 400m)
5 (400 a 500m)
6 (500 a 600m)
7 (600 a 700m)
8 (700 a 800m)
9 (800 a 900m)
10 (900 a
1000m) Ocorr. na Parcela
% na trilha Referêncial
percepção de música 1 1 1 a 3 10 00
percepção de gritos de pessoas 1 1 a 3 10 00
Fonte: Baseado em FREIXADAS-VIEIRA, V. M.; PASSOLD, A. J. & MAGRO, T. C. (op. cit.).
O objetivo da planilha de campo acima (Quadro 4) foi diagnosticar as características físicas e funcionais da trilha e seus respectivos impactos. Para escolher os indicadores, a trilha foi percorrida (por cerca de 3 meses), ajustando-os e detalhando os seus verificadores, procurando a avaliação mais precisa possível da realidade dos impactos ambientais locais. A trilha possui 875 metros de extensão e foi dividida em 9 parcelas de 100 metros cada. Cada indicador e verificador foi contabilizado em parâmetros de ocorrência, além do percentual de representatividade na trilha e de seu referencial. Exemplo: presença de espécies exóticas, onde o parâmetro de cada parcela é declarar se existe (SIM) ou se não existe (NÃO); detalhar percentual máximo para a existência razoavelmente suportada na trilha (no caso, 20%) e a recomendação que se deve ter, ou seja, considerar a não existência como um padrão de referência ótima (NÃO). Por fim, foi elaborada a tabela (Quadro 5) de percentual total do percurso e seus indicadores de impacto apresentados (percentual da trilha), baseada no parâmetro de percentual mínimo e máximo e na determinação dos pontos que excederam, através de uma escala de classificação (baixo, médio e alto impacto).
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erosão em sulcos
erosão em canais
erosão laminar
canal de drenagem (água pluvial ou fluvial)
superfície descoberta (incidência solar)
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sinalização
bancos
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compactação
solo exposto (sem litter)
rochas aflorantes
raízes expostas
alagamentos
aclives / declives acent.
árvores caídas
espécies exóticas
vegetação danificada na borda (mortas)
incêndios
inscrições (pichação rochas, árvores ou sinalização)
Lixo (visualização)
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RESULTADOS
Verificou-se que os resultados alcançados pelas planilhas do IAPI e MIV/VIM foram decisivos para uma análise confrontativa entre as áreas de menor atratividade e os impactos ambientais de maior proporção (negativos).
Foi então gerado um gráfico dessa relação, onde procurou-se demonstrar, de forma mais latente, os pontos de maior fragilidade dos principais indicadores (leito, borda, solo e vegetação) e que devem ser atacados com um planejamento mais eficiente do manejo da trilha, através de estratégias mais eficazes de manutenção e controle de seus impactos.
Gráfico 2: MIV por Parcelas
Nota-se que os impactos maiores na borda e no leito da trilha estão entre as parcelas de 300 a 600 m de distância, o que denota uma preocupação que os gestores do Parque devem ter nestes pontos da trilha do Rio Grande. Esse resultado está em consonância com a falta de atratividades detectadas pelo gráfico do IAPI (gráfico 1), já que a metade do leito e da borda da trilha está comprometida, há uma falta de manutenção de seus impactos e por consequência, uma passagem mais rápida da equipe do Núcleo de Educação Ambiental por esses locais para se “vencer os obstáculos naturais” que a trilha impõe à visitação.
Por fim, as sugestões de estratégia de manejo apresentam-se na forma de uma planilha final (Quadro 6), onde foram identificadas as causas prováveis dos impactos de cada indicador e seus respectivos verificadores.
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600-700m
700-800m
800-900m
-20-
Simpósio Nacional sobre Geografia, Percepção e Cognição do Meio Ambiente |Londrina 2005|
Quadro 6 - Sugestões Estratégicas de Manejo em Função dos Impactos Detectados e Suas Causas Prováveis na Trilha do Rio Grande
Impacto Indicador Verificador Causa Provável
Estratégia de Manejo Potencial
LEITO Alto impacto: Alteração de largura da trilha; Erosão em canais; Canal de drenagem (pluvial ou fluvial).
O escoamento superficial e subsuperficial da drenagem (chuva) ocorre por falta de canaletas e converge para o leito da trilha de forma difusa, provocando muita erosão.
Correção e nivelamento do leito da trilha; Melhoria da drenagem (criar canaletas para o escoamento da água pluvial e fluvial); Correção da largura da trilha.
BORDA Alto impacto: Perda de borda crítica; Desbarrancamento de encosta; Atalhos.
Por ser uma trilha circular que acompanha a mata ciliar (afluentes do rio Grande), há constantes desmoronamentos de talude e tálus, provocando assoreamento da trilha e do rio mais abaixo.
Fazer barreiras de contenção com pedras e toras de madeira (aproveitando árvores caídas) e mudar traçado em locais com maior perda de borda crítica e desbarrancamento. Fechar atalhos e reflorestá-los quando preciso.
SOLO
Alto impacto: Solo exposto (sem serrapilheira). Médio impacto: Áreas de maior compactação, rochas aflorantes e alagamentos.
Consequência do fluxo superficial da drenagem que leva o litter de dentro da trilha para a borda da mesma.
Ao corrigir e nivelar o leito, usar serrapilheira (limpeza de áreas de infraestrutura do Parque) recobrindo a trilha, pois é um regulador natural da água da chuva (infiltração) no solo, prevenindo a compactação do mesmo.
VEGETAÇÃO Alto impacto: Espécies exóticas (bananais e jaqueiras).
A presença da ação antrópica (moradores próximos da trilha), introduzindo secularmente estas espécies.
Reflorestamento de espécies nativas e poda das exóticas para manutenção de luz (sucessão arbórea) para as espécies reflorestadas.
SANEAMENTO Baixo impacto: Inscrições (pichações nas placas de sinalização da trilha).
A presença da ação antrópica (moradores próximos da trilha) e de visitação não guiada.
Coibir e fiscalizar mais efetivamente as infrações e ter projetos de manutenção da infraestrutura (com sinalização mais eficaz contra furtos e pichações). Educação Ambiental mais eficaz.
RISCO Baixo impacto: Escorregar; Cair; Quedas Fatais.
Há áreas de alta declividade (principalmente no início da trilha) o que facilita escorregamentos e, em certos trechos, a perda de borda crítica facilita o estreitamento da trilha e o desbarrancamento encosta abaixo, o que pode provocar quedas dos visitantes que podem até ser fatais.
Corrigir e/ou realizar mudanças no traçado da trilha. Implantação de corrimãos e degraus em locais declivosos e pontes de madeira e pinguelas em córregos escorregadios.
FAUNA Médio impacto: Espécies domésticas (cachorros e animais de tração como cavalos e mulas)
A presença da ação antrópica (moradores próximos da trilha).
Fiscalizar a entrada de animais domésticos e realizar estudo de novos caminhos (trilhas alternativas) a serem utilizados para escoar a produção (bananas) dos moradores.
SOM Baixo impacto: Som de música e pessoas gritando
A presença da ação antrópica (moradores próximos) da trilha.
Educação Ambiental mais eficaz, voltada aos moradores próximos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As metodologias atualmente empregadas no diagnóstico das trilhas, tais como o IAPI, MIV/VIM, LAC, Capacidade de Carga Turística, entre outras, são de suma importância tanto para inventariar as atratividades e os aspectos físico-ambientais e sociais, como avaliá-los frente aos impactos ambientais que estes locais possam apresentar e que, de certa forma, podem estar prejudicando as potencialidades naturais envolvidas.
Os resultados nos mostraram que, a partir do momento em que temos estas informações, um manejo mais efetivo (correção de áreas erodidas, implantações de corrimões, degraus, áreas de descanso e reflorestamento, etc.) irá promover a correção dos impactos e atender uma eficaz visitação não comprometendo o patrimônio interpretativo e recreativo da trilha. Ao mesmo tempo, cabe ressaltar que deve haver uma constante monitoria das atividades praticadas nas áreas protegidas, além de outras modificações nos níveis de impactos dos atrativos identificados, que devem estar em consonância com o Plano de Manejo da Unidade de Conservação, quando este efetivamente existir.
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Simpósio Nacional sobre Geografia, Percepção e Cognição do Meio Ambiente |Londrina 2005|
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