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LÍNGUA PORTUGUESA
Prof. Doutora ROSANE REIS PROMILITARES AFA/EFOMM/EN MÓDULO 14
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SUMÁRIO
COLOCAÇÃO PRONOMINAL ___________________________________________________ 3
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS _________________________________________ 5
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO ________________________________________________ 9
GABARITO _________________________________________________________________ 16
LÍNGUA PORTUGUESA
Prof. Doutora ROSANE REIS PROMILITARES AFA/EFOMM/EN MÓDULO 14
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COLOCAÇÃO PRONOMINAL
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(ANDRADE, Oswald de. Poesias Reunidas. 5ª ed. São Paulo: Civilização Brasileira, 1971. p.125.)
A colocação dos pronomes oblíquos átonos em relação ao verbo de quem é complemento, foi motivo de
polêmica no Modernismo no Brasil. Como a linguagem oral do povo brasileiro se tornava mais e mais
distante do falar português, os poetas antropofágicos deflagraram as diferenças desse falar, dando ênfase
às colocações pronominais.
Vejamos como se devem colocar os pronomes oblíquos átonos (os clíticos)
Pro + clítico = o pronome na frente do verbo
Ex.:
Ninguém os convidou para a festa.
En + clítico = o pronome depois do verbo
Ex.:
Disseram-me que ele saiu.
Meso + clítico = o pronome no meio do verbo
Ex.:
Poder-te-ia dizer a verdade, mas não vou.
LÍNGUA PORTUGUESA
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No Brasil, os pronomes oblíquos átonos (os clíticos) se colocam de forma bem diversa da que adotam os
portugueses ou adotava-se no Brasil do passado. Essas colocações foram alvo de críticas de poetas
modernistas, que pretendiam uma linguagem mais próxima do falar do povo. Para nós, hoje, soam curiosos
em frases como a de Machado de Assis em Dom Casmurro:
“Entrou a achar em Capitu uma porção de graças novas, de dotes finos e raros; deu-lhe um anel dos seus e
algumas galanterias. Não consentiu em fotografar-se, como a pequena lhe pedia, para lhe dar um retrato;
mas tinha uma miniatura, feita aos vinte e cinco anos, e, depois de algumas hesitações, resolveu dar-lha.”
lha = lhe + a ( a Capitu + uma miniatura)
Precisamos estudar com cautela os casos de próclise em início de frase, de próclise ao verbo principal de
locução verbal, de rejeição à mesóclise e de oscilações proclíticas e enclíticas em verbos precedidos de
palavras “atrativas” (termo inadequado, porque as palavras não são imantadas, mas bastante
empregado).
EXEMPLOS:
BRASIL (fala e escrita) PORTUGAL (fala e escrita)
Me contaram um segredo. Contaram-me um segredo.
Os amigos querem te desejar boas vindas. Eles querem-te desejar boas vindas.
O cão se esconderá na casinha. O cão esconder-se-á na casinha.
“Infelizmente, certos gramáticos nossos, esquecidos de que esta variação posicional, em tudo legítima,
representa uma inestimável riqueza idiomática, preconizam, no particular, a obediência cega às atuais
normas portuguesas, sendo mesmo inflexíveis no exigirem o cumprimento de algumas delas, que
violentam duramente a realidade linguística brasileira.” (Celso Cunha)
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COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS:
1. Em relação a um só verbo:
a) Não se inicia período por pronome átono
Ex.:
Dei-te as flores mais belas.
b) Antepõe-se, em geral, o pronome átono a verbo flexionado em oração subordinada.
Ex.:
Os professores desejam que se façam bons exames. (oração subord. substantiva objetiva direta)
c) Antepõe-se o pronome átono a verbo modificado por advérbio.
Ex.:
Os corajosos nunca se desesperam.
d) Antepõe-se o pronome átono a verbo em orações negativas.
Ex.:
Ainda não me convenci da existência de seres extraterrestres.
Nada nos deixa mais irritados do que sua atitude.
Pelé o não encontrou.
Neste último caso, antepôs-se o pronome ao advérbio – colocação predileta de Machado de Assis.
“Se ainda o não disse, aí fica. Se disse, fica também.” (Dom Casmurro)
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e) Antepõe-se o pronome átono a verbo flexionado, em oração iniciada por palavra interrogativa ou
exclamativa.
Ex.:
Quem lhes dirá a verdade?
MAS
Ele dir-lhes-á a verdade?
Como nos tratam bem naquela casa!
MAS
Ele nos trata bem naquela casa!
f) Antepõe-se o pronome átono a verbo no subjuntivo, nas orações exclamativas e optativas.
Ex.:
Deus te guie! ; Bons ventos o levem!
g) Antepõe-se o pronome átono a verbo no gerúndio precedido da preposição em.
Ex.:
Os nosso fãs, em nos vendo por aqui, ficaram esperando.
Em se tratando de alunos, sempre procuramos ensinar o melhor.
h) Não se pospõe nem antepõe pronome átono a verbo no futuro do presente e futuro do pretérito.
Ex.:
Os congressistas apresentar-se-ão (mesóclise) no salão de convenções.
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2. Em relação a uma locução verbal, com infinitivo ou gerúndio (exceto nos casos em que não se
contrariem os princípios do primeiro item)
a) Antepõe-se ou pospõe-se (com hífen) o pronome átono ao verbo auxiliar ou ao verbo principal, nas
locuções sem preposição intermediária. A próclise ao verbo principal (uso brasileiro) tem abono
recente nas gramáticas
Ex.:
Pedro deve lhe dizer a verdade. (próclise ao verbo principal)
Pedro deve-lhe dizer a verdade.(ênclise ao verbo auxiliar) = Use este na sua Redação.
b) Antepõe-se ou pospõe-se o pronome átono ao verbo principal, nas locuções com preposição
intermediária.
Ex.:
Pedro começou a me dizer a verdade.
Pedro começou a dizer-me a verdade.
Não cabe o emprego dos pronomes o, a, os, as em posição intermediária nas locuções
verbais.
ERRADO = Os alunos estavam-no vendo.
CERTO = Os alunos o estavam vendo. OU Os alunos estavam vendo-o.
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3. Em relação a uma locução verbal, com particípio (apenas nos casos em que os itens anteriores não
forem contrariados).
Antepõe-se ou pospõe-se (com hífen) o pronome átono ao verbo auxiliar. JAMAIS ENCLÍTICO AO
PRINCIPAL!!!
Ex.:
Pedro nos tem deixado feliz.
Pedro tem-nos deixado feliz.
Errado: Pedro tem deixado-nos feliz.
4. Casos de mesóclise
Só se usa o pronome mesoclítico combinado com verbo no Futuro do presente ou Futuro do pretérito
(apenas nos casos em que os itens anteriores não forem contrariados).
Ex.:
“Capitu confirmava a suspeita; se ela vivia alegre é que já namorava a outro, acompanhá-lo-ia com os
olhos na rua, falar-lhe-ia à janela, às ave-marias, trocariam flores e...” (Machado de Assis – Dom Casmurro)
Vejamos como os modernistas abordavam em seus textos a crítica ao uso da mesóclise.
Crítica de Graciliano Ramos à colocação pronominal mesoclítica:
“Mocinha está lendo uma carta, deixada pelo pai ao fugir, a uma criança
Na carta o pai dá conselhos ao filho pequeno para que sejam válidos na fase adulta:
“ Lê muito, instrui-se e ter-te-ão por alguém.
O menino pergunta à Mocinha:
– Mocinha, quem é esse tal de Terteão?”
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Textos para a questão 01
Texto I
.........................................................
Afinal meu pai desesperou de instruir-me, revelou tristeza por haver gerado um maluco e deixou-me.
Respirei, meti-me na soletração, guiado por Mocinha. [....]
Certamente meu pai usara um horrível embuste naquela maldita manhã, inculcando-me a excelência do
papel impresso. Eu não lia direito, mas, arfando penosamente, conseguia mastigar os conceitos sisudos: “A
preguiça é a chave da pobreza - Quem não ouve conselhos raras vezes acerta - Fala pouco e bem: ter-te-ão
por alguém.”
Esse Terteão para mim era um homem, e não pude saber que fazia ele na página final da carta. As outras
folhas se desprendiam, restavam-me as linhas em negrita, resumo da ciência anunciada por meu pai.
- Mocinha, quem é o Terteão?
............................................ (RAMOS, Graciliano. Infância. 33ª ed. Rio de Janeiro, São Paulo: Record, 1998. p.99)
Texto II
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(ANDRADE, Oswald de. Poesias Reunidas. 5ª ed. São Paulo: Civilização Brasileira, 1971. p.125.)
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Texto III
..........................................................
O que você chama de acintoso e proposital, ponho a mão na consciência e sei que não é. Apenas é um
novo hábito adquirido e que não é mais nem acintoso nem proposital. Manu, eu escrevi o Compêndio em
menos de mês e sem abandonar minhas ocupações. Saía o que saía e não corrigi nada. Meus pronomes e
brasileirismos, que estão muito diminuídos estes em número e por isso mais repetidos, saem hoje como
água que brota sem nenhuma preocupação mais. A não ser a preocupação de escrever desacintosamente.
Simplesmente porque já não há mais razão pra forçar a nota.
Agora corrigir um pronome colocado errado por inconsciência só pra ficar mais de estilo português isso não
faço não. E não faço porque d.aí é que ficava errado e forçado, d.aí é que eu não seguia mais a orientação
que queria e continuo querendo seguir e sigo mesmo.
......................................................
(ANDRADE, Mário de. Cartas a Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Simões, 1958. p. 220)
1. Os textos I, II e III abordam, direta ou indiretamente, um aspecto gramatical que costuma ocupar
grande espaço nas aulas de português.
a) Que aspecto gramatical é esse?
b) O que motivou a pergunta final feita pelo personagem do Texto I?
2. Assinale a frase redigida com clareza, correção e coerência.
a) Quando nos vermos de novo, eu te cumprimentarei.
b) Quando nos vermos de novo, eu cumprimentar-te-ei.
c) Quando virmo-nos de novo, eu te comprimentarei.
d) Quando nos virmos de novo, eu te cumprimentarei.
e) Eu te cumprimentarei quando nos vermos de novo.
3. As frases a seguir mostram uma mesma ideia escrita de cinco formas distintas; você deve assinalar a
forma mais adequada, levando em consideração sua correção, precisão, clareza e elegância.
a) Se liga aos teus amigos para sobreviveres.
b) Ligue-se aos teus amigos para sobreviver.
c) Liga-te aos teus amigos para sobreviver.
d) Liga-se aos seus amigos para sobreviveres.
e) Se ligue a teus amigos para sobreviver.
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4. ESCOLA NAVAL 2012
Em que opção, de acordo com a norma padrão, o verbo destacado também permite o uso da ênclise?
a) "[...] elas são frutos da sua época, os amigos se comunicam assim [...]." (5º§)
b) "[...] e que se vê hoje diante da escolha entre cortar seus passeios de bicicleta [...]." (1º§)
c) "Não me interessa que elas existam pra Tati, pra Rô, pro Cauê." (5º§)
d) "Já se fala em 'saturação social', inspirado pelo recente depoimento [...]." (1º§)
e) "São garotos e garotas que não se sentem com a existência comprovada [...]." (6º§)
5. ESCOLA NAVAL 2014
Em que opção o verbo destacado permite apenas o uso da próclise, de acordo com a norma padrão?
a) "Me lembro dessa cena: um adolescente [...]." (1º§)
b) "[...], que se assentou no banco do calçadão, [...]." (2º§)
c) "[...], mas eu devo lhes revelar: [...]." (6º§)
d) "Ver o mar a primeira vez, lhes digo, [...]." (7º§)
e) "Ele se desfolha em ondas e não para de brotar." (8º§)
6. COLÉGIO NAVAL 2013
Em que opção o verbo destacado também permite o uso da ênclise, segundo a modalidade padrão da
língua?
a) "Algumas de que nos orgulhamos e outras de que nem tanto." (1º§)
b) "Meu amigo Adamastor, [ ... ], não me deu as causas[ ... ]." (1°§)
c) "Com o que jogamos fora [ ... ], poder-se-ia alimentar [ ... ]." (2°§)
d) "Nossa cultura de mosaico nos tirou a capacidade[ ... ]." (5°§)
e) "[ ... ] jornal onde se liam estatísticas indecentes." (4°§)
7. O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos
abaixo.
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988)
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“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversa- ção familiar, despreocupada, ou na língua
escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens (...).”
(CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa.
São Paulo: Nacional, 1980)
Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
a) condenam essa regra gramatical.
b) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
c) criticam a presença de regras na gramática.
d) afirmam que não há regras para uso de pronomes.
e) relativizam essa regra gramatical.
8. Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [so- bre o uso de termos estrangeiros no Brasil] para que pa-
lavras como shopping center, delivery e drive-through se- jam proibidas em nomes de estabelecimentos e
marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com
nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para
a preservação da soberania nacional, a saber:
Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer “Tu vai” em espaços públicos do território
nacional;
Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe amo” e retirar ou acrescentar o plural em sentenças
como “Me vê um chopps e dois pastel”; ..........
Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra “borraxaria” e nenhum dono
de banca de jornal anunciará “Vende-se cigarros”; ..........
• Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como “casar-me-
ei” ou “ver-se-ão”. PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8/04/2001.
No texto acima, o autor
a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser protegida
contra deturpações de uso.
b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e socioculturais da
língua.
c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal pelo falante
brasileiro.
d) revela-se preconceituoso em relação a certos registros linguísticos ao propor medidas que os
controlem.
e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente os
pronomes.
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COMPORTAMENTO ANIMAL - 76 - SUPER - OUTUBRO 1998
A outra face do macaco
TEXTO I
Os chimpanzés, nossos primos genéticos, também fazem uso da força bruta de forma gratuita e com
requintes de crueldade. Já não estamos sós no inferno da violência. (Por Gabriela Aguerre)
TEXTO II
No livro "Uma Janela para a Vida", no qual relata suas três décadas de experiência nas selvas da Tanzânia,
tornando-se uma das pioneiras da observação direta dos chimpanzés, Jane Goodall relata sua decepção
com o comportamento dos animais. "Durante muitos anos acreditei que os chimpanzés eram, no geral,
bem mais legais do que nós. De repente descobri que, sob certas circunstâncias, podiam ser igualmente
brutais, que também tinham em sua natureza um lado obscuro. Isso doeu."
Assinale a alternativa que NÃO apresenta erro de colocação do pronome oblíquo e de emprego de crase.
a) Jane Goodall, uma das primeiras a observar os chimpanzés, escreveu um livro que se refere a trinta anos
de experiência na selva.
b) Jane Goodall, uma das primeiras à observar os chimpanzés, escreveu um livro que refere-se à trinta
anos de experiência na selva.
c) Jane Goodall, uma das primeiras à observar os chimpanzés, escreveu um livro que se refere a trinta anos
de experiência na selva.
d) Jane Goodall, uma das primeiras a observar os chimpanzés, escreveu um livro que refere-se a trinta
anos de experiência na selva.
e) Jane Goodall, um das primeiras a observar os chimpanzés, escreveu um livro que refere-se à trinta anos
de experiência na selva.
10.
ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?
O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a
economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em
"excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.
O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia
está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O
PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi
de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)
Aturma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está
"bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o
paraíso dos bancos e das instituições financeiras.
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Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente
inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco
Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da
bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é
a eterna vigilância".
Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade
da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.
A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada
de excepcional. O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase
sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes.
O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.
(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)
Atente para as afirmações:
I. Na frase - Há razões para esse medo? - substituindo-se o verbo há no mesmo tempo verbal, tem-se:
Existirá razões para esse medo?
II. Está correta, de acordo com a norma culta, a colocação pronominal da frase: O setor mais dinâmico foi
a indústria, que se superou em 2007.
III. Dos substantivos economia, estabilidade e intermediação, formam-se, respectivamente, os verbos:
economizar, estabilizar e intermedear.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
11. 1Eu troteava, nesse tempo. De uma feita que 6viajava de escoteiro, com a 9guaiaca12empanzinada
de 15onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, 24por me ficar mais perto da estância onde 7devia
pousar. Parece que foi ontem! Era fevereiro; eu vinha21abombado da 18troteada.
2Olhe, ali, à sombra daquela mesma 16reboleira de mato que está nos vendo, desencilhei; e
estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma 13sesteada morruda.
Despertando, ouvindo o ruído manso da água fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas de me
banhar; até para quebrar a lombeira... E fui-me à água que nem 22capincho!3Depois, daquela 19vereda
andei como 10três léguas, chegando à estância cedo, obra assim de braça e meia de sol.
4Ah! Esqueci de 25dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco muito esperto e
boa vigia. Era das crianças, mas às vezes 26dava-lhe para acompanhar-me, e depois de sair da 11porteira,
nem por nada fazia 27caravolta, a não ser comigo.
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Durante a troteada reparei que volta e meia o cusco parava na estrada e latia, e troteava sobre
o 17rastro - parecia que estava me chamando! Mas como eu não ia, ele tomava a alcançar-me, e logo
recomeçava...
Pois nem lhe conto! Quando botei o pé em terra na 20estância e já 8dava as boas tardes ao dono da
casa, aguentei um tirão seco no coração... não senti o peso da guaiaca! Tinha perdido as trezentas onças de
ouro.
E logo passou-me pelos olhos um darão de cegar, depois uns 14coriscos... depois tudo ficou
cinzento... 29De meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:
- Então, patrício? Está doente?
- 5Não senhor, não é doença; é que sucedeu-me uma 28desgraça; perdi uma dinheirama do meu
patrão...
23- A la fresca!
- É verdade... antes morresse que isso!
Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu
para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...
Adaptado de Simões Lopes Neto. Trezentas onças. In: BETANCUR,P. (Org.).
Obra completa de Simões Lopes Neto. Porto Alegre: Sulina, 2003. p. 307-308.
Considere as seguintes propostas de substituição depronomes átonos em segmentos
1 - por me ficar mais perto(ref. 24) - por ficar mais perto para eu
2 - dizer-lhe(ref. 25) - dizer para o senhor
3 - dava-lhe(ref. 26) - dava a ele
Quais são gramaticalmente corretas e contextualmente adequadas?
a) Apenas 1.
b) Apenas 2.
c) Apenas 3.
d) Apenas 1 e 2.
e) 1, 2 e 3.
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1.
a) A colocação de pronomes oblíquos átonos.
b) A mesóclise é tão rara no português do Brasil que o personagem a confundiu com um nome próprio.
2.
RESPOSTA: D
3.
RESPOSTA: C
4.
RESPOSTA: A
5.
RESPOSTA: B
6.
RESPOSTA: D
7.
RESPOSTA: E
No poema, Oswald de Andrade esclarece o que a gramática normatizou sobre a próclise: não se usa
pronome oblíquo no início da frase. Tal regra foi confirmada por Cegalla, no tex- to seguinte. Apesar de a
regra existir, os dois a relativizam, pois consideram que, em situações informais, na oralidade, é comum o
uso de pronomes oblíquos no início da períodos.
8.
RESPOSTA: B
O autor ironiza o projeto de lei descrito. Tal crítica pode ser observada por meio de expressões como: “só
falta”; “nosso inculto e belo idioma”, bem como nas sugestões dele para inibir determinado usos regionais
e socioculturais da língua.
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9.
RESPOSTA: A
10.
RESPOSTA: B
11.
RESPOSTA: B
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