influência da arte japonesa do pós-impressionismo ao mangá
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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL- ULBRA Canoas/RS
UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
Tais Janaina Chrisostomo De Andrades
Influência da Arte japonesa do
Pós – Impressionismo ao Mangá
Canoas, junho de 2012.
1
Tais Janaina Chrisostomo De Andrades
Influência da Arte Japonesa do Pós – Impressionismo ao Mangá
Trabalho de curso apresentado como pré-
requisito parcial para obtenção de titulo
acadêmico de Licenciado(a) em Artes Visuais,
pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da
Universidade Luterana do Brasil, sob orientação
dos professores Doutor Celso Vitelli, Mestre José
Carlos Broch e Mestre Renato Garcia.
Canoas, junho de 2012.
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Dedicatória
Dedico este trabalho em memória de Iara
Chrisostomo De Andrades, minha mãe, que alem
de ter me criado com muito amor, foi quem mais
incentivou meus estudos.
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Agradecimentos
Agradeço aos meus familiares por terem me
ajudado nos momentos que mais precisei. A
minha filha, por ser o bem mais precioso que eu
possuo.
Aos professores que fizeram parte de minha
caminhada universitária e a professora,
juntamente com os alunos da Escola Alcides
Cunha.
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RESUMO
Este trabalho de curso (TC) “Influência da Arte Japonesa do Pós-Impressionismo ao Mangá”
é resultado de uma experiência vivida durante os Estágios Curriculares do Curso de
Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil. A pesquisa foi
desenvolvida com a intenção de relacionar um assunto contemporâneo, com um período
ocorrido na Europa no final do século XIX. Para fundamentar essa pesquisa foram
consultados alguns importantes autores, entre eles estão: Horst W. Janson, Andrew Graham –
Dixon, Ingo F. Walther e Sonia M. Bibe Luyten. A partir desse processo foi elaborado um
projeto para ser desenvolvido na turma de 1° ano do Ensino Médio, da Escola Estadual
Professor Alcides Cunha, situada no Bairro Protásio Alves, na Cidade de Porto Alegre.
Aplicado entre os dias 16 de setembro e 28 de outubro de 2011, esse projeto justificou-se em
tornar o estudo da História da Arte algo mais prazeroso e próximo aos interesses dos alunos.
Por isso considerou-se a influência da Arte japonesa para relacionar a arte erudita do Pós-
Impressionismo com a arte popular das histórias em quadrinhos japonesas, o Mangá. Como
apoio para esse projeto, foi utilizada a Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa que “designa
ações como componentes curriculares: o fazer, a leitura e a contextualização”. (2000, p.37).
Para facilitar a compreensão dos alunos foram desenvolvidas releituras de obras do artista
holandês Vincent Van Gogh, utilizando revistas de Mangás, entre outros materiais. Através
dessas atividades os alunos conseguiram, desvendar novas formas, correlacionar dois períodos
de épocas distintas, ampliar a capacidade de expressão, conhecer, reconhecer e apreciar a
História da Arte, além de exercitar a criatividade. A participação no Projeto com Arte Postal,
paralelo à 8ª Bienal do Mercosul, completou o trabalho desenvolvido com a turma e ajudou a
atingir o objetivo geral desse projeto, o qual era propiciar subsídios para que os alunos
pudessem compreender que a arte possibilita uma comunicação sem fronteiras. Também foi
possível mostrar aos alunos que um conteúdo atemporal consegue se comunicar com algo que
faz parte dos interesses de muitos jovens de hoje em dia. A turma expôs seus trabalhos no
Santander Cultural ao lado de outros trabalhos, produzidos por outras turmas que participaram
desse Projeto com Arte Postal. Enfim, nesse trabalho de curso, estão relatados os fatos mais
relevantes e acontecimentos importantes que contribuíram para enriquecer minha primeira
experiência em sala de aula.
Palavras chave: Pós-Impressionismo. Releitura. Mangá.
.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 6
1. Reconhecimento do espaço de ensino................................................................................ 11
1.1. Dados gerais da escola observada .................................................................................. 12
1.2. Observações Silenciosas .................................................................................................. 13
1.3. Análise das observações silenciosas ............................................................................... 16
1.4. Análise dos questionários respondidos pelo alunos ...................................................... 17
1.5.Motivos da escolha do tema de pesquisa em Artes Visuais........................................... 17
2. Influência da arte japonesa do Pós-Impressionismo ao Mangá ..................................... 19
2.1. Arte japonesa ................................................................................................................... 21
2.2. Andô Hiroshige e o Japonisme Europeu ....................................................................... 22
2.3. Pós -Impressionismo ........................................................................................................ 24
2.4. Principais artistas do Movimento Pós-Impressionista ................................................. 26
2.5. Cultura Pop Japonesa: O fenômeno Mangá ................................................................. 36
2.6. Utilizando a obra do Van Gogh para entender uma proposta contemporânea ........ 38
3. Projeto e Prática de Ensino em artes visuais ................................................................... 40
3.1. Dados gerais da Escola e turma em que foi realizada a ............................................... 41
prática de ensino ..................................................................................................................... 41
3.2. Dados gerais do Projeto de Ensino ................................................................................. 41
3.3. Prática de ensino .............................................................................................................. 43
CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 110
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 117
APENDICES ......................................................................................................................... 119
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INTRODUÇÃO
A experiência vivida em meu estágio permitiu que eu pudesse arriscar, e também
aprender com meus erros e acertos. Foi através dessa vivência que percebi que além da
pesquisa e vontade, é preciso trazer o conteúdo o mais próximo aos interesses dos alunos, pois
só assim conseguimos transformar uma aula que aparentemente poderia parecer monótona e
ultrapassada, em momentos de prazerosas descobertas, auxiliando o exercício da criatividade.
Durante meus estágios II e III, fiz observações em uma escola da rede particular
de Porto Alegre, porém uma semana antes de iniciar a desenvolver o projeto de ensino
aprendizagem nessa instituição, tive que cancelá-lo. No semestre seguinte, após encontrar a
Escola Estadual de Ensino fundamental e Médio, Professor Alcides Cunha, localizada no
bairro Vila Protásio Alves, mais conhecido como Morro Santana na Cidade de Porto Alegre,
com cerca de 1700 alunos, minha primeira preocupação foi ver se minha pesquisa e projeto
anteriores se adaptariam à nova realidade. Através de três observações no ensino fundamental
e duas no médio, e o reconhecimento da escola constatei que meu primeiro projeto seria
inviável.
Apesar de ter realizado novas observações, reelaborado um novo tema de
pesquisa e projeto de ensino, não solicitei que a professora e diretora respondessem a um
questionário como havia feito na escola anterior. O questionário foi entregue apenas aos
alunos.
Fazem parte do primeiro capítulo do meu TC a análise do questionário respondido
pela turma assim como os relatos das observações silenciosas, suas análises e também alguns
dados da escola que realizei meu estágio.
O tema desenvolvido em minha pesquisa anterior, por determinação do primeiro
colégio, abordava somente o período pós- impressionista. Já para a segunda escola refiz
minha pesquisa destacando a influência da arte japonesa do Pós- Impressionismo ao Mangá.
Iniciei com uma breve passagem da Obra do Gravurista japonês Hiroshige. Em seguida falei
sobre os principais artistas do Pós-Impressionismo, no entanto dei maior ênfase às obras do
Holandês Vincent Van Gogh, e após isso fiz um breve relato sobre história do fenômeno
Mangá. Apesar de o período Pós-Impressionista ter sido determinado pela escola que realizei
minha primeira observação, a História da Arte faz parte do meu gosto pessoal e é algo que
pretendo desenvolver em minha vida profissional.
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Alguns autores contribuíram para a elaboração do tema. A partir da leitura que fiz
de Andrew Graham-Dixon, no livro Guia Visual definitivo da Arte: Da Pré-História ao século
XXI, pude observar que o autor apontava como uma das influências das gravuras japonesas a
maneira como Van Gogh fechava cores vivas através de contornos, e com o autor Ingo F.
Walther, pude conhecer um pouco mais sobre o trabalho e obra desse artista.
Já com autor H.W. Janson, através do livro História Geral da Arte, Mundo
Moderno, e consegui compreender de forma clara que o pós- impressionismo não se tratava
de um movimento e sim de um período que agregava pintores com algum significado a partir
de 1880. Eles trabalharam em diferentes direções, por não partilharem de um objetivo
comum. Assim tornou-se difícil encontrar outro nome que fosse mais descritivo que o termo
pós – impressionismo.
Com a autora Sonia M. Bidê Luyten, através do livro Cultura Pop Japonesa,
consegui ter acesso à história do Mangá, no Brasil e no mundo. Além de constatar que apesar
de ser um assunto popular entre os jovens, sofria e ainda sofre preconceito da parte
acadêmica.
Foi através do livro Tópicos e Utópicos, que consegui compreensão da proposta
Triangular de Ana Mae Barbosa, que busca uma educação crítica do conhecimento construído
pelo próprio aluno. Este livro mostrou que releitura é uma atividade possível e quanto mais
problematizadora mais criadora. Esses fundamentos foram muito importantes para que eu não
tornasse as atividades com releituras em meros exercícios escolares, resumidos em cópias.
Utilizei outras fontes para minha pesquisa. Uma delas foi o site do museu Van
Gogh, : www.vangoghmuseum.nl, acredito que esse tenha sido essencial para minha pesquisa,
pois foi através dessa fonte que adquiri a maior parte das imagens das obras que Van Gogh
que foram apresentadas para turma. Todos esses dados fazem parte do segundo capitulo do
meu TC.
O tema da minha pesquisa, A influência da Arte japonesa do Pós- Impressionismo
ao Mangá, foi trabalhado no projeto de ensino, e desenvolvido com os alunos da 8ª série do
ensino fundamental e com os alunos do 1º ano do ensino médio no segundo semestre de 2011,
durante os estágios II e III.
Os relatórios das aulas realizadas, e as análises que fiz de cada uma delas fazem
parte do terceiro capítulo do meu TC.
Após uma conversa com a professora titular e minhas observações realizadas nas
duas turmas, constatei que a professora desenvolvia trabalhos sempre relacionados à
9
expressões contemporâneas, trabalhando muito pouco movimentos ou períodos de outras
épocas. Pensando nisso resolvi aproximar o estudo da História da Arte, algo que faz parte de
meu interesse pessoal, a um assunto atual. Além disso, eu consegui aproveitar parte da
pesquisa que já havia sido realizada para a escola anterior.
Estabelecendo uma analogia entre a entrada, de gravuras japonesas na Europa, no
final do século XIX, e de histórias em quadrinhos japonesas no Brasil, na atualidade, elaborei
um projeto de ensino que visava tornar o estudo da História da Arte algo mais prazeroso e
próximo aos interesses dos alunos. Considerou-se, para relacionar esses dois momentos, a
influência da arte japonesa. mostrando para os alunos que um conteúdo atemporal consegue
se comunicar com algo que faz parte da realidade de muitos adolescentes dos dias de hoje.
Os alunos conseguiram através do projeto, conhecer um pouco sobre a história da
arte, já que eles tinham uma grande carência de aulas que abordassem um conhecimento
teórico, e também ter uma noção do processo utilizado para realização de uma Xilogravura, e
a influência que ela teve na obra do Vincent Van Gogh. O trecho “Corvos”, do filme
“Sonhos”, do diretor Japonês Akira Kurosawa foi reproduzido para as turmas com a intenção
de reforçar a idéia do trânsito da arte entre tempo e espaço.
Apesar de desenvolver o mesmo projeto de ensino aprendizagem nas duas turmas,
foi a turma do ensino médio que me surpreendeu, já que nela havia pouca participação em
momentos que era necessária a colaboração do grupo. Porém quando eu conversava
individualmente com os alunos, notava que eles estavam compreendendo. Foi essa turma que
mostrou em seus trabalhos maior criatividade na hora de aproximar os dois períodos, além de
mostrar traços que identificavam a influência japonesa sofrida por Vincent Van Gogh.
Esses momentos tinham como objetivo, além do exercício da criatividade através
do uso de diferentes materiais, propiciar a compreensão que a arte possibilita uma
comunicação entre épocas diferentes.. Analisando a participação dos alunos nessas atividades
posso concluir que realizamos um bom trabalho.
A participação das turmas no Projeto com Arte postal, junto à 8ª Bienal do
Mercosul, ajudou a turma atingir o objetivo geral do projeto, que era proporcionar aos alunos
subsídios, para que eles pudessem compreender que a Arte possibilita uma comunicação
atemporal. O tema da Bienal foi a Territorialidade, e mostrava a relatividade do termo
“fronteira” ou “limite”. Assim, se tornou mais fácil levantar questões relevantes do período
pós-impressionista para serem confrontadas com questões contemporâneas.
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Essa participação no Projeto, paralelo à Bienal, foi muito enriquecedora, porém
gerou em mim uma grande preocupação com o prazo de entrega dos trabalhos. Percebi que o
tempo foi meu maior inimigo, mas graças a ajuda da professora titular, que conseguiu alguns
períodos cedidos por outros professores, consegui inserir as turmas nesse Projeto.
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CAPÍTULO 1
Reconhecimento
do Espaço de
Ensino
12
1.1. Dados gerais da escola observada
A Escola Estadual de Ensino Médio Professor Alcides Cunha, fundada no ano de
1944, na Cidade de Porto Alegre, encontra-se na Rua Hélio Pimpão, número 52, no Bairro
Vila Protásio Alves, mais conhecido como bairro do Morro Santana. A direção é composta
por: uma diretora, uma vice-diretora, além de coordenadores e supervisores. Esta instituição
atende mais ou menos 1.700 alunos, entre eles estão crianças do ensino fundamental até
jovens e adultos do EJA. Essa escola caracteriza-se pelo vínculo junto às famílias das crianças
desde o ensino fundamental até o médio.
A escola disponibiliza refeitório, uma sala de informática, uma pequena
biblioteca, sala de vídeo e um pátio para as atividades físicas, porém não existe uma sala para
o ensino de Artes. Apesar de ser uma escola tranquila, sem a ocorrência de grandes
problemas, está localizada em uma área que sofre com a violência. Um posto da polícia que
fica quase em frente a escola diminui o índice de assaltos naquela área.
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1.2. Observações Silenciosas
1.2.1. 1ª Observação Silenciosa
Data: 02/09/2011
Alunos presentes: 24
Quando cheguei para fazer minha primeira observação na turma 101, fui
informada pela professora titular que, nessa aula, ela teria que aplicar uma prova da disciplina
de Ed. Física, pois a professora estava impossibilitada de ir até a escola e pediu que ela fizesse
esse favor. Não acreditei no que ela estava falando, pois além daquele dia eu só teria mais um
período para observar a turma e fazer o questionário. Ela perguntou se eu queria ficar da
mesma forma, e eu respondi que sim. Naquele momento, ficar lá observando eles fazerem
uma prova era melhor do que nada.
Uma das coisas que pude notar é que muitos alunos chegaram atrasados. Eles
eram calmos, foram chegando em silêncio e sentando. A professora avisou a turma sobre a
prova da outra disciplina e conforme eles iam chegando, pegavam as provas para responder as
questões.
Quando saí da sala perguntei para a professora sobre o número exato de alunos e
ela respondeu que na verdade não sabia, pois muitos abandonavam no decorrer do ano letivo e
outros sumiam por um mês e apareciam do nada. Ela também falou sobre os alunos que
começavam no turno da manhã e acabavam mudando para o turno da noite quando
começavam a trabalhar durante o dia. Ela disse que isso era muito comum já que em uma
turma de primeiro ano do Ensino médio, alguns alunos começam a fazer estágio. Mas, ela fez
uma observação triste sobre a realidade da escola: muitos alunos deixavam de comparecer as
aulas por que não tinham dinheiro para o transporte. Então seus pais preferiam que eles
ficassem em casa. Esse foi meu primeiro dia na turma 101, na verdade fiquei sabendo um
pouco mais sobre eles pela professora. Em aula pude apenas observar a turma fazer uma
prova de outra disciplina.
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1.2.2. 2ª Observação Silenciosa
Data: 09 de setembro de 2011
Alunos presentes: 23
Nesse dia consegui ter uma melhor noção da turma 101, já que na aula anterior
eles haviam feito uma prova da disciplina de Ed. Física.
Os alunos foram chegando aos poucos e a professora falou que eles deveriam
apresentar o trabalho que eles deveriam ter feito sobre expressões contemporâneas. Antes
disso entreguei os questionários para turma. Eles levaram menos de dez minutos para
responder. Enquanto eles respondiam ao questionário, a professora comentou que os alunos
pesquisaram sobre expressões contemporâneas e que nesse trabalho eles deveriam expressar-
se da maneira que achassem melhor, poderia ser através de um vídeo, música, desenho,
pintura, desde que fosse relevante para eles.
Após finalização das perguntas do questionário, começaram as apresentações. A
professora comentou que aquela nota fecharia o Trimestre, e quem não apresentasse teria que
fazer outro trabalho.
A professora Letícia pediu para a turma iniciar as apresentações, mas Ninguém
queria apresentar, até que ela chamou um aluno pelo nome e perguntou se ele havia feito, ele
respondeu que sim, que tinha feito um texto sobre a vida de um menino, mas falou que não
queria apresentar. Outro aluno que parecia ser mais desinibido pediu para ler o texto do
colega. A professora perguntou para o menino se ele permitia que seu texto fosse lido por
outro adolescente, não hesitou e entregou sua folha para seu colega.
O texto desse aluno falava sobre a vida de um menino e de sua cumplicidade com
um gato de estimação e também da vontade de melhorar de vida. Acredito que ele estivesse
falando um pouco sobre ele, mas não tinha certeza, pois não o conhecia.
Depois dessa apresentação, outra menina se prontificou para apresentar seu
trabalho. Ela apresentou uma música da igreja Evangélica que ela pertencia. Nesse momento
achei que os alunos iriam debochar, ou rir, mas vi que mesmo aqueles que poderiam estar
achando engraçado, baixaram a cabeça e respeitaram. Notei que eles tinham muito respeito
pela professora. Ela exigia respeito com os de mais colegas. No final dessa apresentação a
15
menina falou que cantava na Igreja e que através da música ela conseguia expressar aquilo
que estava sentindo.
O mesmo menino que leu o texto para o outro colega no final da apresentação
dessa menina quis brincar respondendo algo no mesmo ritmo da música da colega, nesse
momento ele foi repreendido pela professora. Ela falou que aquilo era sério e que ele deveria
respeitar. Após esse episódio, o menino ficou calado.
Um trio, composto por dois meninos e uma menina também apresentou o trabalho
contando uma história em forma de quadrinhos. Notei que um deles chegou atrasado e nem
sabia o que estava acontecendo direito. A menina integrante do trio explicou rapidamente o
que eles deveriam falar e eles apresentaram a pequena história em quadrinhos.
Após esse trio, outra aluna apresentou seu trabalho em forma de texto. O texto
falava sobre a história de uma menina, porém para mim parecia ser outro texto autobiográfico.
Terminadas essas apresentações, a professora chamou os outros colegas que não
haviam apresentado os trabalhos, combinou com eles outra atividade para conseguir avaliá-
los.
Foi assim que finalizei minha segunda e última observação antes de assumir a
turma.
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1.3. Análise das observações silenciosas
Durante as duas observações que fiz na turma 101, percebi que a turma era calma
e com alguns alunos mais introspectivos. Observei isso, quando os alunos hesitavam em
apresentar seus trabalhos, isso poderia ser por timidez ou insegurança. Dois desses alunos
apresentaram textos como sendo suas expressões. O objetivo desse trabalho parecia não estar
muito claro para eles, pelo menos para mim não estava. Acredito que trabalhar expressões
contemporâneas, em sala de aula é muito importante, porém não significa que o trabalho
tenha que ser solto ou feito livremente. A professora comentou para mim que ela pediu que os
alunos fizessem uma pesquisa no começo do trimestre para ser realizado esse trabalho, mas
fiz a pergunta a mim mesmo, “o que será que eles pesquisaram?” Sinceramente, a turma
parecia não ter feito pesquisa alguma para a apresentação daqueles trabalhos. A ideia pareceu
boa, mas acredito que não tenha sido bem guiada. Para Ana Mae Barbosa “A arte na
educação, como expressão pessoal e como cultura, é um importante instrumento para a
identificação cultural e o desenvolvimento individual”. (2010, p.99).
Nesse trabalho, tratar de expressão contemporânea pareceu algo muito subjetivo.
Os alunos pareciam que queriam expressar seus sentimentos através desse trabalho, a
professora pode até ter proposto isso, não tenho certeza, pois peguei as apresentações no seu
final. Conforme Ana Mae (2010) o desenvolvimento da sensibilidade, só faz sentido quando,
quando for para desenvolver os sentidos, sendo esta a única concepção que interessa para o
ensino da Arte.
Tratar de um tema como expressões contemporâneas não deve ser nada fácil até
por que engloba um universo de coisas, mas se os alunos tivessem tido um objetivo mais
claro, acredito que eles teriam se envolvido mais com esse trabalho. Pode ter sido que a
intenção da professora era deixar os alunos trabalhassem com livres escolhas, mas isso
propiciou que muitos tivessem a escolha de não fazer o trabalho no final do trimestre, que foi
o que eu vi acontecer. A metade da turma não apresentou o trabalho, o qual poderia ter sido
muito mais rico se tivesse sido bem planejado, com um objetivo mais claro.
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1.4. Análise dos questionários respondidos pelo alunos
Quando fiz a leitura dos questionários respondidos pela turma 101, percebi que os
alunos tinham vontade de aprender coisas novas, mas eles não sabiam expressar direito o que
realmente queriam, parecia que “tudo que fosse trabalhado era lucro” , palavras de um aluno
em um dos questionários.
A maioria dos alunos nunca foi à uma exposição ou museu, e quando perguntei se
alguém conhecia algum artista plástico quase 95% da turma, respondeu que não. Atribuo a
isso, a má formulação de minha pergunta, acho que eles pensaram que eu estava perguntado
se eles conheciam pessoalmente, pois acredito que já haviam estudado ou escutado falar de
algum artista. Entre a resposta positiva, da minoria, estavam Iberê Camargo e Marcel
Duchamp. Mais da metade dos alunos respondeu que não tinha aulas de história da arte. Entre
os assuntos que eles mais gostariam de trabalhar estavam: pintura, desenho, artistas, história
da Arte e fotografia.
1.5 Motivos da escolha do tema de pesquisa em Artes Visuais
Durante meus estágios II e III, fiz observações em uma escola da rede particular
de Porto Alegre, porém uma semana antes de iniciar a desenvolver o projeto de ensino nessa
instituição, tive que cancelá-lo. No semestre seguinte, após encontrar a Escola Estadual de
Ensino fundamental e Médio, Professor Alcides Cunha, minha primeira preocupação foi ver
se minha pesquisa e projeto anteriores se adaptariam à nova realidade. Através de três
observações no ensino fundamental e duas no médio, e o reconhecimento da escola constatei
que meu primeiro projeto seria inviável. Por falta de condições do colégio Alcides Cunha, não
haveria como executar o projeto, já que sua principal atividade projeto se resumia na
confecção de um blog. Apesar de a escola oferecer uma sala de informática, esse laboratório
não estava em condições de uso. Além disso, nem todos os alunos tinham acesso à internet em
suas casas, informação constatada com a professora, o que dificultaria a participação dos
grupos nas atividades planejadas. Em decorrência disso, resolvi fazer algumas alterações em
meu tema.
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O tema desenvolvido em minha pesquisa anterior, por determinação do primeiro
colégio, abordava o período pós- impressionista. Já para a segunda escola refiz minha
pesquisa destacando a influência da arte japonesa do Pós- Impressionismo ao Mangá. Apesar
de o período Pós-Impressionista ter sido determinado pela escola que realizei minha primeira
observação, a História da Arte faz parte do meu gosto pessoal e é algo que pretendo
desenvolver em minha vida profissional.
Durante minha pesquisa, sobre o período Pós- Impressionista, o fato que mais
chamou minha atenção foi a influência da Arte japonesa, através de gravuras, nas obras de
grandes nomes da Arte que trabalharam no final do século XIX, entre eles estava o Vincent
Van Gogh. Eu sempre tive um enorme apreço pelas obras desse artista pós-impressionista, e
digo mais, meu gosto pela arte teve inicio quando conheci as obras dele, durante minha
adolescência. Apesar do meu fascínio pelo trabalho do artista Holandês, eu nunca tinha
observado traços da influência oriental, que hoje em dia enxergo nitidamente, em alguns de
seus trabalhos.
Com a intenção de trabalhar um assunto contemporâneo, próximo ao interesses de
muitos jovens dos dias de hoje, resolvi acrescentar na pesquisa o universo das histórias em
quadrinhos Japonesas, o Mangá. Na verdade, eu precisava de um meio para desenvolver a
história da Arte, que além de fazer parte do meu interesse pessoal, era um assunto pelo qual
eu me sentia mais segura para trabalhar com as turmas.
19
CAPÍTULO 2
Influência da arte japonesa do Pós-
Impressionismo ao Mangá.
20
Van Gogh foi uma das principais figuras do Pós-impressionismo, que sob
influência do Impressionismo e de gravuras japonesas exerceu relevante influência sobre a
arte moderna. O gosto pela arte japonesa começa quando ele se estabelece na França,
admirador de Hiroshige mestre das estampas japonesas, ele começou a fazer coleção de
gravuras.
Apesar de ainda sofrer preconceito entre os meios acadêmicos, as histórias em
quadrinhos japonesas se popularizaram de uma maneira impressionante no Brasil.
Adolescentes apreciadores e colecionadores de mangá de várias regiões do país participam de
eventos, como o AnimeRS, que reúne centenas de fãs deste tipo de Arte Japonesa.
Atenta a isso, e buscando aproximar estes jovens alunos a outros movimentos
artísticos de uma forma mais próxima, às suas realidades, já que a maioria dos adolescentes
sabe o que é um Mangá, mas pouco se sabe sobre Van Gogh. Resolvi aproximar obras do
período pós-impressionista com uma arte popular contemporânea, que em um primeiro
momento parecem não ter nada em comum, no entanto, ambas apresentam influências
orientais que começaram lá no século XIX.
21
2.1. Arte japonesa
Na primeira metade do séc. XIX acorreu um enfraquecimento do Xogunato
Tokugawa (ditadura militar feudal) período conhecido Edo, além de uma forte movimentação
social no Japão. Essa política conservadora isolava o país do resto do mundo, sob forte
pressão da Inglaterra e dos EUA, o país acabou entrando em colapso, ocasionando assim a
abertura de seus portos. Um novo governo se estabelece no país iniciando um novo momento
marcado pela modernização do mesmo, período esse chamado de Era Meiji (1868-1912).
(DIXON, 2008)
A Xilogravura era uma arte muito popular no Japão e com a abertura dos portos
elas começaram a chegar até a Europa. O interesse pelas gravuras japonesas acabou
resultando em um movimento estético francês chamado Japonisme.
Um famoso artista Japonês Katsushika Hokusai foi quem produziu uma das
xilogravuras mais famosas do mundo A Grande onda. “A partir de 1814 Hokusai desenhou
dez volumes de Mangás como uma obra de referência para desenhos. Eram 900 páginas de
figuras humanas, animais, pássaros, flores, insetos, peixes e objetos. Eram tão populares que
foram impressos até 1870.” (DIXON 2008, p. 338)
22
2.2. Andô Hiroshige e o Japonisme Europeu
Segundo Schlombs (2010) As estampas paisagísticas de Hiroshige
revolucionaram a pintura Européia. A explicação para esse fenômeno seria a abertura do
Japão para o mundo e exposições mundiais que ocorriam nas cidades de Londres (1862) e
Paris (1867) introduziram estampas xilográficas japonesas na Europa pela primeira vez.
Com a necessidade de novas técnicas e conteúdos pictóricos, alguns artistas
europeus encontraram nas xilogravuras japonesas uma nova forma de ver o mundo e novos
métodos de interpretação da realidade. O Pomar de ameixeiras em Kameido era famoso por
ter uma amexeira perfumada. Alguns trocos dessa árvore tinham adquirido novas raízes,
brotando assim novos troncos. Na composição do artista japonês uma grade de trocos foi
posicionada em primeiro plano. Atrás desses trocos é possível ver ameixeiras em plena
florecência e pessoas que parecem passear. Quando comparado com à composição Amexeira
em Flor de Van Gogh, podemos observar que o artista holandês se manteve fiel na maioria
dos detalhes da obra original. Ele acrescentou uma caligrafia japonesa nas bordas e contrastou
o Céu vermelho com a cor amarela reforçando assim sua maneira expressiva de trabalhar.
23
Hiroshige, 1857
(Fonte: SCHLOMBS, 2009, p. 84)
Van Gogh, 1887
(Fonte: SCHLOMBS, 2009, p. 85)
24
2.3. Pós -Impressionismo
Sendo uma extensão do Impressionismo o Pós-Impressionismo refere-se a um
período, entre 1880 à 1910, com uma grande inovação artística. Embora os artistas dessa
época tenham começado à margem do impressionismo, não estavam satisfeitos perante
algumas limitações do estilo e o ultrapassaram por diferentes caminhos já que não
compartilhavam de um objetivo comum. Essa nova geração tentou expressar sentimentos,
ideias por meio de uma nova maneira de usar a cor, pinceladas e o contexto. Problemas da
vida social emergiram fortemente nessa época, afetando artistas mais conscientes da geração,
fazendo assim com que essa nova arte se concretizasse.
Os artistas Pós-Impressionistas pretendiam romper com algumas restrições da
Arte Acadêmica Francesa da época, arte essa que retratava “pintura histórica” (este termo se
designava a temas religiosos, mitológicos, alegóricos e históricos). Alguns artistas ficaram
atraídos pelas ideias antigas sobre religião e formas simples de vida. Eles também
exploravam elementos decorativos da cor, linha e composição como recursos para retratar
emoções. Artistas como Cézanne e Van Gogh optaram por produzir, sozinhos, no Sul da
França, onde a luz radiante do Sol permitia que fizessem quadros de paisagens explorando o
brilho de suas cores. Gauguin, que explorava o uso simbólico da cor e das linhas tornou-se
líder de um grupo de Pont-Aven na Bretanha, parte oeste da França, que tinham por objetivo
chegar na “essência” do objeto, e não somente na sua aparência. Entre eles estavam Emile
Bernard e Paul Sérusier, que mais tarde criaram o grupo Nabis em Paris. Concentrando-se em
temas do cotidiano apartir de uma abordagem simplificada da pintura. Esse grupo não se
preocupava em ser realista e se inspirava nos vitrais e nas gravuras japonesas. Essa maneira
mais livre de produzir influenciou as artes gráficas e decorativas. Exemplo disso são os
cartazes do Henri de Toulouse Lautrec que apresentavam composição em diagonal e fortes
contornos. Essas características devem-se a grande influência do Japonisme, movimento
estético francês que surgiu através do interesse pela arte japonesa na Europa. (HEWITT e
WARD, 2008)
Apesar de todos esses artistas fazerem parte de um mesmo período, eles
trabalhavam de forma diferente um dos outros. A característica em comum entre eles era a
maneira que se expressavam através da cor e de suas pinceladas revelando uma visão mais
pessoal. Cézanne foi quem mais exerceu influência sobre outros artistas abrindo o caminho
25
para o cubismo e a arte abstrata. Ele fazia experimentos e dizia que “todas as formas da
natureza eram baseadas no cone, na esfera e no cilindro” (JANSON, p. 911, 2007). Para ele a
linha e a forma desenvolviam-se através da cor.
Fora da França, o pós-impressionismo foi promovido através de exposições.
Inovando assim a Arte na Europa e na América, difundindo ideias que influenciaram escolas e
artistas do século XX. “entre eles os fauvistas, os expressionistas e até os expressionistas
abstratos americanos.” (HEWITT e WARD, p.361, 2008)
26
2.4. Principais artistas do Movimento Pós-Impressionista
2.4.1. Paul Cézanne
Paul Cézanne (1839-1906), o mais velho dos pós-impressionistas, nasceu em Aix-
en-Provence, próximo da costa do Mediterrâneo. Chegou em Paris em 1861. Sua admiração
pela arte romântica fez com que Delacroix se tornasse sua primeira paixão entre os pintores, e
nunca perdeu a admiração por ele. Cézanne começou a pintar cenas ao ar livre, mas nunca
partilhou o mesmo interesse dos demais impressionistas pelos assuntos “tirados do natural”.
Cézanne começou uma busca paciente e disciplinada da harmonia da forma e da cor: cada
pincelada é como um bloco firmemente implantado na arquitetura pictórica (JANSON, 2007).
Cézanne não se contenta em traduzir diretamente o que via, ele queria representar
as manifestações da natureza, mostrar o que ela tinha de duradouro e imutável. Obstinado,
insistiu em seu motivo, observando a natureza para encontrar sua forma eterna e intrínseca.
Ele não queria utilizar métodos tradicionais de representar a profundidade do espaço.
Explorava o uso das cores, pois sabia que as cores frias como o azul e o verde, pareciam
recuar já as cores quentes – o vermelho, laranja e o amarelo – pareciam aproximar-se do
primeiro plano. Utilizou esse efeito no quadro Terça- feira gorda onde retratou seu filho e um
amigo.
27
Cézanne, 1888.
(Fonte, MALORNY, 2007, p. 51)
Em 1883, Paul Cézanne começou a desenvolver um novo tipo de representação
dos objetos. Reinventou a natureza-morta na base da superfície plana e deu à ela uma
profundidade espacial unicamente por via indireta de meios composicionais. Dado que,
Cézanne renunciou à perspectiva linear na representação dos objetos, pode mostrá-los nas
dimensões impostas pela composição. Ele preparava todos os elementos das suas naturezas
mortas no seu estúdio em Aix-em-Provence. Além dos frutos com formas arredondadas como
pêras, pêssegos e maçã o artista agregava recipientes de formas sóbrias desprovidos de
artifícios. (MALORNY, 2007)
28
2.4.2. Paul Gauguin
Pintor, gravador, ceramista e escultor, Gauguin era um artista completo que abriu
mão de tudo que tinha adquirido na vida, como família, bom emprego e dinheiro para se
dedicar em tempo integral à Arte. Esse artista queria que sua arte expressasse um significado
interior. Foi líder de um grupo em Pont-Aven na Bretanha, onde desenvolvera juntamente
com Emile Bernard, o Cloisonnisme, que segundo Walther (2007, p. 18).
[...] Servindo-se da mesma técnica medieval de esmaltagem, o cloisonné, de onde o
nome é derivado e que separa isoladamente cada superfície de vidro através de
hastes de metal, ambos passaram a usar nos seus quadros, de forma sistemática,
mesmo dogmática, linhas de contornos largas e coloridas para separar todas as
superfícies. O traço gráfico passou a ter tanto valor próprio, quanto a superfície
colorida que enquadrava. Claro que a linha e a superfície reproduziam ainda a
realidade, esboçavam a figura, o objeto tal como conhecemos.
Na obra a Visão depois do Sermão, 1888, apresenta um tronco gigante de uma
árvore que divide o quadro, que certamente teve influência das xilogravuras japonesas. A tela
apresenta em primeiro plano, mulheres e no plano do fundo acontece uma luta. Gauguin
utilizou sutilmente contornos nos chapéus ou gorros das mulheres para contrastar com o
fundo de um vermelho (anti-naturalista).
Gauguin, 1888
(WALTHER, 2007, p. 21)
29
Em 1888 foi para Arles, passar um tempo na casa de Van Gogh. Paul preferia
manter uma participação mais distanciada da condição humana. Ele criou sugestões que eram
de outras realidades, enquanto que a obra de Van Gogh era mais introspectiva, com muita
expressividade. (WALTHER, 2007)
Em 1891, Gauguin partiu de Paris, seu destino foi o Taiti. Embora tivesse
passado, o resto da sua vida no sul do Pacífico, nenhuma das suas telas taitianas foram tão
ousadas quanto as que ele pintou no sul da Bretanha. De maior importância neste período são
as gravuras em madeira; Oferenda de Gratidão, c. 1891-93, apresentando outra vez o tema do
culto religioso, uma divindade local que ocupa o lugar da figura bíblica da Visão. Ninguém
antes de Gauguin tinha ido tão longe na prática do primitivismo. (JANSON, 2007)
2.4.3. Vincent Van Gogh
Van Gogh produziu no período de dez anos aproximadamente mil pinturas.
Desenvolveu seu próprio estilo utilizando cores fortes e pinceladas bem expressivas. Sua
pintura era um veículo para suas emoções pessoais. Um dos principais artistas do pós-
impressionismo, exerceu uma considerável influência sobre a Arte Moderna.
Sua chegada em Paris, com o objetivo de fazer contatos e atualizar-se em relação
à Arte, representou uma virada em sua pintura. Aprendeu a linguagem pictórica da mancha
de cor. Sob influência do Impressionismo e das gravuras japonesas suas obras com temas
camponeses foram substituídas por telas coloridas e vibrantes. Certa vez resolveu fazer uma
exposição com sua própria coleção de xilogravuras em um café próximo da sua residência, o
cafe Le Tambourin.
Van Gogh produziu cópias apartir de xilogravuras do Japonês Andô Hiroshige. O
nome Japonaiserie era o nome que se dava para cópias de gravuras japonesas. Segundo
Walther (2007, p.27).
[...] De Van Gogh conhecem-se “A Ameixoeira em Flor”, da mesma maneira que a
“A ponte debaixo da chuva”. Xilogravuras japonesas do séc. XIX mostram já pontos
de contato com a arte ocidental; elas eram, pois, apropriadas para serem aceites.
Mesmo tentando imitar, as versões de Van Gogh ficam, no entanto, longe dos
modelos. [...] Em resumo Van Gogh europeizou os modelos, adaptou-os tanto à sua
própria linguagem pictórica, que corresponderam à tendência da época.
30
Van Gogh, 1887
(WALTHER, 2007, p. 25)
A obra O Retrato de Perè Tanguy (comerciante dono de uma loja de artigos em
Paris) resume o período parisiense de Van Gogh. Ele está sentado a frente de gravuras
japonesas que influenciaram consideravelmente suas pinturas.
Para explorar uma realidade espiritual com novos meios à sua disposição, Vincent
partiu para Arles, no sul da França. Pintando no período em que permaneceu por lá, seus
quadros mais importantes (Janson, 2007). Os Girassóis (1888), por exemplo, uma da série de
pinturas com as quais Van Gogh pretendia decorar um aposento preparado para Gauguin, é de
harmonia japonista-cloasonista em dourados, com as formas distintas decorativas das flores
em relevo contra duas cores fortes do fundo. (Thomson, 1999)
A obra O Quarto retrata o quarto do artista na casa amarela que ele alugou em
Arles. A influência das gravuras japonesas aparece nitidamente nessa obra através da maneira
que o artista fecha áreas de cores fortes através de contornos. Como no detalhe da perna da
cadeira e da mesa. A perspectiva exagerada também chama a atenção nessa pintura. Van
Gogh trabalhou dessa maneira de propósito, pois em uma carta enviada a seu irmão Theo,
31
declarou que tinha achatado o interior e deixado de fora as sombras para que sua imagem
ficasse mais parecida com uma cópia japonesa. As cores vivas nesse quadro também tinham a
intenção de transmitir noções de descanso e tranquilidade. (HEWITT e WARD, 2008)
Van Gogh, 1888
Disponível em: www.vangoghmuseum.nl.
Acesso em 18 dez. 2011.
Outras duas obras que ilustram bem o interesse do artista holandês pelo Japão são
a Cortesã, e o Auto-retrato com a Orelha Enfaixada (ou atada). A primeira foi baseada em
uma fotografia do artista japonês Kesai Eisen, que tinha sido utilizada para capa de uma
edição especial da revista Paris IIlustré . Ele copiou a figura japonesa dando-lhe um quimono
colorido e contrastando com um fundo amarelo. Ele também utiliza motivos de gravuras
japonesas entorno da figura como: bambu, lírios de água, sapos e ao longe um pequeno barco.
A escolha do sapo certamente não foi de maneira acidental. Na França do séc. XIX prostitutas
eram referidas como rãs. Disponível em: www.vangoghmuseum.nl, acesso 18 dez. 2011.
32
Kesai Eisen, 1886
Disponível em: www.vangoghmuseum.nl. Acesso em 18 dez. 2011.
Van Gogh, 1887
Disponível em: www.vangoghmuseum.nl. Acesso em 18 dez. 2011.
33
A obra Noite Estrelada parece refletir muito bem o estado de espírito
(instável) do artista. Com pinceladas extremamente expressivas Van Gogh criou
círculos e redemoinhos estilizados. Nela um cipreste brota em primeiro plano,
depois casas e igreja que parecem fazer parte de um pequeno vilarejo em
segundo plano e o céu estrelado. A cor é tão forte quanto as pinceladas.
Camadas de tinta azul espessa se contrastam com o amarelo. Mais uma vez
aparecem contornos em preto, nas casas e prédios, demonstrando assim mais
uma vez a influência da arte japonesa.
Van Gogh, 1889
Disponível em: www.moma.org, Acesso em 17 dez. 2011
Como Cézanne, Van Gogh dedicou ao máximo à pintura de paisagens, e
autorretratos, porém o sentido da realização destes foi sua autobiografia. Para isso começou a
tratar a cor pelas suas qualidades visuais e como caminho para expressar sua emoção. Como
sua vida era conturbada psicologicamente, suas auto-análises pictóricas são constituídas de
violentos contrastes de cor aplicados na tela, que ressaltam a expressividade do gesto
pictórico de suas obras. (Procopiak, 2009)
Apesar de não afirmar, um dos livros pesquisados levantou a hipótese da
influência de xilogravuras também no tipo de traço do artista. Para se realizar uma xilogravura
é necessário fazer cortes na madeira. A pincelada brusca da pintura de Van Gogh parece
34
querer mostrar exatamente esses cortes. Sendo assim a influência de antigas xilogravuras não
estaria tão somente nos contornos e sim na maneira de como ele realizava seus traços nas
telas.
35
2.4.4. Henri de Toulouse Lautrec
“Foi Lautrec quem apresentou Van Gogh, o solitário, aos seus amigos do atelier:
Charles Laval, Eugène Boch, Gauzi, Anquetin e Bernard . Naquele momento só se falava de
cloisonnisme, palavra derivada cloisonné que na fabricação de esmaltes”( Walther, 2009, p.
42) designa o processo que consiste em engastar um esmalte em arestas de metal que
representam o desenho. Tentando imitar esta técnica esta técnica, Van Gogh e Lautrec, sem
esquecer Gauguin ( que não pertencia ao grupo mas aprendeu a técnica com Bernard) Iniciam
a pintar superfícies de cor que delimitam por um contorno escuro. Segundo Walther (2009,
p.43.:
[...] O Japonisme com suas gravuras em madeira de forma escura de formas
estilizadas e contornos fortemente acentuados também deu o seu contributo, ao
demonstrar que a esquematização, a deformação que resultava deste processo
permitiam obter uma maior expressividade. A ausência de sombras, composição em
diagonal, maneira surpreendente de recortar a cena como uma sequência de filme –
alguns motivos decorativos que caracterizam o universo figurativo das obras da
maturaridade de Lautrec devem-se ao cloisonnisme e ao Japonisme.
O estilo de Lautrec começou a corresponder aos temas como: modelos de
Montmatre, cenas de Cabaré ou de circo, momentos íntimos e diversos retratos. Lautrec vem a
evidenciar no primeiro plano algumas personagens muito características para as destacar do
resto da multidão. “Uma técnica também utilizada é a que consiste em diluir a tinta e aplicá-la
em camadas ligeiras com grandes pinceladas. Chegando ao ponto de deixar aparecer pequenos
espaços da tela, Lautrec obtém assim um efeito de transparência que aumenta o efeito de
luminosidade e espaço”. (Walther, 2009, p. 50)
Sentado Toulouse- Lautrec observa o ambiente do Moulin Rouge, Elyssé ou do
Forlies – Bergère, reparando na forma de corpos consegue captar quase que
instantaneamente, expressões e contornos dos corpos das mulheres que ali trabalhavam.
Foi Chéret que fez o cartaz de inauguração do Moulin Rouge, mas foi Lautrec que
realizou os cartazes da temporada de 1891. Walther (Walther, 2009, p.69) relata que:
[...] Lautrec revoluciona a arte em desuso do cartaz. O seu olhar inovador descobriu
o segredo da moderna publicidade: esquematizar e impressionar fortemente, como
quem dá um murro. Numa noite, o cartaz em grande formato que representava La
Goulue, afixado nas paredes e nas colunas publicitárias de Paris, impôs o nome do
artista e da dançarina.
36
Lautrec aproveitou esse momento para fazer sua estréia na gravura. Até aquele
momento ele só tinha produzido desenhos para ilustrar jornais e dos quais tinham sido feitas
estampas. Essa era sua primeira litografia original. Deste modo fez posteriormente trezentas e
cinquenta litografias das quais trinta foram cartazes. Nesse primeiro cartaz Lautrec teria
aplicado a técnica do cloisonné inspirado na arte Japonesa. Essa forma de nivelar a
profundidade, delimitar as superfícies cercando-as com um traço, destacar as personagens
num fundo mais claro à maneira das silhuetas, são uns dos vários processos que convêm ao
cartaz de tipo moderno, realizado para ser visto à distância Segundo Walther: “Toda a força
dos cartazes de Lautrec reside nesta economia de meios e na estilização levada ao extremo,
autênticos modelos para os futuros profissionais da publicidade. É também por isso que o
cartaz do Moulin Rouge é provavelmente o cartaz mais célebre e popular que da história da
arte” (2009, p.72)
2.5. Cultura Pop Japonesa: O fenômeno Mangá
Ao surgir como charges de crítica social no final do século XIX e se desenvolver
como histórias em quadrinhos no início do século XX, o mangá é uma das formas de arte
mais associadas ao Japão moderno. “O mangá (man = humor; ga= desenho, imagem) é um
termo que se popularizou no início do século XX e significa, além de HQ (história em
quadrinhos), caricatura, cartum e até desenho animado” (LUYTEN, 2000, p. 68).
Como linguagem visual e narrativa, o mangá que conhecemos hoje evoluiu a
partir de Osama Tezuka, considerado Deus do mangá pelos fãs dessas histórias em quadrinhos
japonesas. A revolução que Tezuka fez com o mangá ocorreu por volta de 1950, tornando
uma das mídias mais poderosas do Japão. Segundo Luyten (2000) os olhos grandes
característico dos personagens criados por ele tem como inspiração no teatro Takarezuca, que
apresentava shows com mulheres que interpretavam papéis femininos e masculinos.
Desde 1960, ele virou inspiração para versões de animes (desenhos animados) e
filmes live-action (filmagem com atores). Entre esses filmes existe o gênero tokusatsu (efeitos
especiais) estando dentro desse gênero filmes de ficção e fantasia, que geralmente mostram
monstros e super heróis. Um dos exemplos mais famosos é o filme Godzilla. Conforme
Vergueiro (1985), histórias em quadrinhos japonesas sempre foram vistas pelos intelectuais
37
como objetos menor de pesquisa, desprovidas de valor acadêmico, pois eles sempre tiveram
uma grande ressalva quanto à produtos de massa.
Foi necessário portanto que, as artes plásticas começassem a utilizar alguns
recursos das histórias em quadrinhos em suas obras para que o mundo acadêmico começasse a
dar mais valor para elas. Esses recursos foram utilizados nos trabalhos de Roy Lichtenstein e
de Andy Warhol. Somando-se a isso grandes nomes do cinema como Fellini, Orson Wells e
Luiz Buñel, declararam ter grande influência da arte de histórias em quadrinhos. Esses fatos
contribuíram para que esse tipo de arte começasse a ser vista com menor pré-conceito pelo
meio acadêmico.
Impresso em papel jornal preto e branco, de baixo custo e com uma linguagem
que envolve os adolescentes. Suas histórias são construídas como novelas, com início, meio e
fim. Seu alcance é tão grande que não termina quando acabam as páginas (lidas de trás para
frente em função do formato oriental), ao contrário, dão início a um universo ilimitado de
eventos e produtos como animes (desenhos animados), brinquedos, longas metragens e séries
de TV. Este tipo de história em quadrinho se tornou um grande passatempo no Japão.
O mangá vem fazendo um grande sucesso no mercado brasileiro. Uma das
editoras mais famosas é a JBC, Como o próprio nome diz: Japan Brazil Communication, ela
possui a aspiração de ser uma via de comunicação entre o Brasil e Japão. “Para ela o mangá
não é apenas uma história em quadrinhos de origem nipônia, mas também um elo da cultura
japonesa com a brasileira. Isso se deve a origem da editora, que começou publicando um
jornal para os dekasseguis, trabalhadores brasileiros no Japão”. (LUYTEN, 2000, p.86) Essa
Editora manteve as mesmas características do mangá original japonês.
Os Cavaleiros do Zodíaco foi o anime responsável pela explosão de desenhos
japoneses na televisão e sucesso de vendas em bancas de revista. O Pokémon, bichinhos de
bolso, também movimentou o mercado de animes. Original para jogos fez tanto sucesso que
se tornou desenho animado e mangá.
No Brasil ocorrem muitos eventos que reúnem apaixonados por esse tipo de arte.
No Rio Grande do Sul ocorre duas vezes por ano o animeRs, evento que reúne fãs de vários
pontos do estado. Nele ocorrem concursos de fantasias, que o participante não é julgado
apenas pela vestimenta, mas também é avaliado pela interpretação de cenas vividas pelo
personagem. Lá ocorrem concursos de karaokê, torneios de videogames, mostra de vídeos e
seriados. São ministradas oficinas, que proporcionam ao visitante maior contato com a cultura
pop japonesa. Nelas os adolescentes podem aprender a fazer origami, desenho em quadrinhos,
38
técnicas de pintura, e até mesmo contato com artes marciais. Todas estas voltadas ao tema
abordado.
2.6. Utilizando a obra do Van Gogh para entender uma proposta
contemporânea
Observando as obras, que Van Gogh produziu a partir das gravuras do artista
japonês Hiroshige, me deparei com as seguintes questões: O que seria isso, uma cópia,
apropriação ou citação? O que significa realmente uma releitura?
Para Walther (2007), Van Gogh tentava imitar as gravuras de Hiroshige, no
entanto essas ficavam longe dos modelos do gravurista. A maneira como o artista Holandês
pintava, com um colorido pastoso, diferenciava-se da lisura das gravuras. Para o autor “Van
gogh europeizou os modelos, adaptou-os tanto à sua própria linguagem pictórica, que
corresponderam à tendência da época”. (2007, p.27). Acredito que Van Gogh não tenha feito
cópias e sim apropriações dessas obras, ele apropriou-se das obras do gravurista japonês e
colocou sua própria linguagem. Para Nicolaiewsky (1999), “mesmo ao “copiar” uma imagem
o artista sempre colocaria algo de pessoal, e que nunca se faria uma cópia exata, nem mesmo
de um trabalho de sua autoria”. Para Barbosa (2010) quando um artista cita, não existe uma
referência direta. Pode-se utilizar o modo de trabalhar, da cor mais comum do artista, ou da
obra que está sendo citada. Já quando existe uma apropriação ela está contida no trabalho, por
inteira ou desconstruída, mas está ali, presente.
2.6.1. O fazer, a leitura e a contextualização
Para tentar esclarecer essas práticas, e entender o que significa uma releitura,
recorri aos livros de Ana Mae Barbosa.
Para que seja possível satisfazer as necessidades e interesses das crianças e
adolescentes é fundamental a existência de um currículo que integre atividades artísticas,
história da Arte e análise dos trabalhos artísticos. Para Barbosa (2000) essa integração
equilibraria as duas principais teorias curriculares: aquela centrada no conteúdo e a centrada
nas crianças e adolescentes. A livre-expressão não é suficiente para o entendimento da arte.
Apreciar, educar os sentidos e avaliar a qualidade das imagens é uma ampliação fundamental
e necessária à livre expressão.
39
O conhecimento da relatividade dos padrões da avaliação dos tempos torna o
indivíduo flexível para criar padrões apropriados para o julgamento daquilo que ele
ainda não conhece. Tal educação capaz de desenvolver a auto-expressão, apreciação,
decodificação e avaliação dos trabalhos produzidos por outros, associados à
contextualização histórica, é necessária não só para o crescimento individual e
enriquecimento da nação, mas também é um instrumento para a profissionalização.
(BARBOSA, 2000, p.19)
Em 1980, foi criada e difundida no Brasil a Proposta Triangular. Conforme
Barbosa (2010), com o objetivo de quebrar com o sistema de ensino de arte que o aluno era
levado apenas a se expressar, essa abordagem propunha que se trabalhasse com três ações
básicas: criação (fazer artístico), leitura da obra de arte e contextualização (Barbosa, 2000,
p.37).
Inicialmente a contextualização era prioritariamente histórica, mas com o tempo
foi proposto que se contextualize a obra de arte não somente pela via histórica, mas também
pela social, psicológica, ecológica, geográfica, antropológica etc., Desta maneira conforme
indica Barbosa (2000) a contextualizar é estabelecer relações, tornando-se assim um caminho
para interdisciplinaridade.
Podemos interpretar com isso que qualquer conteúdo pode ser explorado e
trabalhado através da Proposta Triangular.
Sempre escutei falar de releitura, mas como ela surgiu e qual sua verdadeira
finalidade? A releitura é uma questão muito importante e séria, ela permite que o aluno pense
naquilo que está fazendo, podendo assim fazer ligações com outras coisas.
Para Barbosa (1991, p.107) a origem do termo releitura veio possivelmente da
prática, do trabalho no museu.
Quando um aluno observa obras de arte e é estimulado e não obrigado a escolher
uma delas como suporte de seu trabalho plástico a sua expressão individual se
realiza da mesma maneira que se organiza quando o suporte estimulador é a
paisagem que ele vê ou a cadeira de seu quarto... O importante é que o professor não
exija representação fiel, pois a obra observada é suporte interpretativo e não modelo
para os alunos copiarem. Assim estaremos ao mesmo tempo preservando a livre-
expressão importante conquista do modernismo [...] e nos tornando contemporâneos.
Acredito que releitura seja uma atividade que faz o aluno refletir sobre o que está
desenvolvendo. Através dela o aluno consegue citar e se apropriar de obras, criando novas
possibilidades. Ela como recurso didático pode ser aproveitada não só para o exercício da
criatividade, mas como uma maneira de relacionar diferentes épocas, contextos, obras
podendo assim gerar uma reflexão maior, que o aluno possa compreender qual seu papel no
mundo de hoje.
40
CAPÍTULO 3
Projeto e Prática de Ensino em Artes
Visuais
41
3.1. Dados gerais da Escola e turma em que foi realizada a
prática de ensino
A prática de ensino foi realizada em uma turma, do primeiro ano, do Ensino
Médio da Escola Estadual Professor Alcides, localizada no Bairro Vila Protásio Alves na
Cidade de Porto Alegre. Essa instituição atende cerca de 1700 alunos, entre eles estão
crianças e adolescentes do Ensino Fundamental e Médio, até jovens e adultos do EJA.
A turma escolhida para constar nesse trabalho de curso foi a turma 101, do
primeiro ano Ensino Médio. Essa turma constituída inicialmente por 38 alunos, sofreu durante
o ano um elevado número de evasão, devido a problemas a troca de turno dos alunos além de
problemas financeiros das famílias. Quando iniciei meu estágio a turma era formada por 26
alunos, porém consegui avaliar 25 desses.
Essa turma era formada por meninos e meninas, calmos, uma grande parte deles
tinha muita dificuldade em participar de atividades em que era necessária a participação do
grupo. Atribuo a isso, a característica introspectiva do grupo.
3.2. Dados gerais do Projeto de Ensino
Titulo: Influência da Arte Japonesa do Pós – Impressionismo ao Mangá.
Escola: Escola Estadual de Ensino Médio Professor Alcides Cunha.
Localização da Escola: A escola localiza-se no Bairro Protásio Alves, mais
conhecido como Morro Santana, na Cidade de Porto Alegre.
Professora Titular: Letícia Lau.
Turma: Turma 101, do primeiro ano do Ensino Médio.
Tema da Pesquisa: Procurou-se abordar nessa pesquisa, a influência da Arte
Japonesa em dois diferentes períodos da História da Arte, no Pós – Impressionismo e na Arte
Contemporânea com o Mangá, histórias em quadrinhos japonesas. Para uma maior
compreensão e elaboração do tema foram consultados os autores Andrew Graham – Dixon
com o – Guia Visual Definitivo da Arte: Da Pré História ao Século XXI; H.W. Janson através
do livro História Geral da Arte- Mundo Moderno e Ingo F.Walther- Van Gogh.
42
Tema do Projeto: O tema deste projeto é a relação que se estabelece entre dois
momentos da História da Arte. Sendo que o elo entre os dois momentos é a influência da Arte
Japonesa. Para que seja possível estabelecer uma relação entre esses dois momentos, além de
oportunizar o conhecimento da obra de um dos principais nomes do pós-impressionismo, o
artista holandês Vincent Van Gogh, foi estabelecida uma ligação entre ele e o fenômeno
Mangá, histórias em quadrinhos japonesas, que está cada vez mais popular entre jovens e
adolescentes do ocidente.
Justificativa: Visando tornar o estudo da História da Arte algo mais prazeroso e
próximo aos interesses dos alunos, considerou- se a influência da Arte Japonesa como meio
para relacionar dois momentos da História da Arte.
Objetivo Geral: Propiciar aos alunos subsídios, para que eles possam
compreender que a Arte possibilita uma comunicação atemporal e sem fronteiras. Assim
questões relevantes de algum período da História da Arte podem ser resgatadas e confrontadas
com questões contemporâneas.
Objetivo Especifico: Que o alunos consigam a partir das releituras, das obras do
artista Vincent Van Gogh através de Mangás:
Desvendar novas formas.
Correlacionar a Arte Erudita com a Arte Popular.
Ampliar a capacidade de expressão.
Conhecer, reconhecer e apreciar a História da Arte.
Exercitar a criatividade.
Conteúdos Envolvidos: Desenho, Pintura, colagem, e História da Arte.
Metodologias: Leitura de imagens, expositiva, dialogada e práticas.
43
3.3. Prática de ensino
3.3.1. Primeiro encontro
Aula 1
Dia 16/09/2011
Horário 7:30 às 8:20
TEMA:
- Vertentes da cultura japonesa: do Pós- Impressionismo ao Mangá.
CONTEÚDOS:
- Pintura Pós- Impressionista de Vincent Van Gogh .
- Influências da cultura japonesa na pintura pós-impressionista
- Fenômeno Mangá nos dias de hoje
LISTA DE ATIVIDADES:
- Comparações de obras de Van Gogh
OBJETIVOS DA AULA:
- Estabelecer relações entre duas manifestações artísticas de diferentes períodos.
- Instigar a criatividade dos alunos com a releitura de obras pós-impressionistas
usando como ferramenta para isso o Mangá
METODOLOGIA:
- Expositiva, dialogada e prática
MATERIAIS E RECURSOS A SEREM UTILIZADOS:
- Livros de Mangá.
- Reproduções de obras de Vincent Van Gogh
- Folhas de papel sulfite tamanho ofício
44
- Cola
- Tesoura
-Lápis 6b
- Lápis de cor
AVALIAÇÃO:
Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
- Se houve participação e empenho dos alunos ao realizarem a atividade
prática.
- Se os alunos conseguiram manter algumas características das
influências japonesas da obra de Van Gogh, como por exemplo: o
fechamento de áreas coloridas com contornos nítidos.
- Se os alunos conseguiram estabelecer ligações entre as duas
manifestações artísticas.
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
- Organizarei os alunos em duplas entregando, para cada uma, livros de Mangá,
visando a apreciação e troca de informações sobre estas histórias em quadrinhos
japonesas. 15 minuto
- Apresentarei algumas reproduções Vincent Van Gogh em seguida entregarei
Xerox das mesmas para os alunos. Eles farão releituras com recortes destes Xerox
e livros de mangá criando um novo cenário para eles, ressaltando as influências
japonesas das obras. 30 minutos.
45
Tsubaki Nekoi - 2003
Disponível em http://www.clampproject.xpg.com.br
Acesso em: 10 set 2011
Vincent Van Gogh – 1887
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 4 abr. 2011
46
Vincent Van Gogh – 1887
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 4 abr. 2011
Vincent Van Gogh – 1887
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 4 abr. 2011
47
Kesai, 1886
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 10 ago. 2011
Vincent Van Gogh, 1888
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 14 set. 2011
48
Vincent Van Gogh, 1889
Disponível em http://www.courtauldprints.com
Acesso em: 14 set. 2011
Sato Torakiyo, 1870-1880
Disponível em http://www.artandarchitecture.org.uk
Acesso em: 14 set. 2011
49
Realizado:
Em meu primeiro dia de aula eu estava um pouco nervosa, porém minhas
observações nas semanas anteriores fizeram com que eu ficasse um pouco mais familiarizada
com a turma. A professora Letícia entrou comigo em sala de aula e lá permaneceu até o final.
Perguntei para ela se ela ficaria em todas as aulas e ela falou que sim, pois não poderia me
deixar sozinha com a turma, mas falou que não iria interferir em nada. Ao entrarmos ela me
apresentou novamente para turma e pediu para que eu passasse uma folha para os alunos
assinarem a chamada, pois ela tinha esquecido na sala dos professores. Então, peguei uma
folha pedi para que eles assinassem e começamos nossas apresentações. Expliquei para turma
que eu estava fazendo estágio e que eu dependia da colaboração de todos. Falei também que
ficaria com eles até inicio de dezembro.
Em seguida pedi para um aluno me ajudar a colar as reproduções de imagens do
Mangá Holic e A Cortesã, do Van Gogh, após isso começamos nossa leitura de imagem.
Iniciamos pela leitura do Mangá, nesse meio tempo os alunos ainda estavam chegando e eu ia
permitindo a entrada. Pensei em perguntar para professora se eu podia continuar deixando
entrar, mas preferi perguntar sobre o tempo limite no fim da aula. Então pedi para eles
descreverem o que podiam observar na imagem. A maioria dos alunos participou da leitura,
os meninos eram os mais participativos, parecia que eles estavam querendo me ajudar. Já um
grupo de meninas do canto esquerdo da sala não abriu a boca para nada, eu fazia perguntas
para elas para tentar uma resposta e não tinha sucesso. Então, os alunos que já estavam
participando começaram a descrever detalhadamente o que podiam observar na imagem.
Comecei a listar no quadro negro tudo aquilo que eles iam falando. Quando eu perguntei se
eles tinham idéia da data que foi realizada aquela obra, eles começaram a deduzir datas.
Alguns responderam que ela era de 20 anos atrás outros 30 e 40. Um deles falou em cem anos
e nesse momento muitos deles concordaram, falando que a imagem deveria ser muito antiga.
A turma parecia estar dormindo ainda, então pedi que eles levantassem de suas cadeiras e se
dirigissem até o quadro para observar melhor a imagem. Eles pareciam estar um pouco sem
jeito, nesse momento a professora Letícia falou: levantem pessoal, vamos! Nesse meio tempo
o supervisor da escola bateu na porta e abriu, olhando para o quadro com cara de deboche,
como quem diria “o que é isso???”, fiquei abismada com a falta de educação dele e ele
perguntou algo para professora e saiu rapidamente. Continuei a leitura, agora passando para A
50
Cortesã, como na outra imagem alguns alunos começaram descrever tudo que estavam
enxergando.
Escutei de uns que a imagem parecia ser japonesa ou chinesa. Comentaram da
mulher japonesa, o sapo e também das flores. Após toda a descrição, eles começaram a pedir
para eu revelar logo que imagens eram aquelas. Então comecei a falar sobre elas. Falei que a
primeira imagem era um Mangá bem popular no Japão, expliquei para eles que quando um
Mangá fazia muito sucesso, ele acabava virando um anime (desenho animado japonês) utilizei
como exemplo o Pokémon e o Dragon Ball Z. Em seguida, falei que no final do séc. XIX, os
portos do Japão se abriram e com isso a Europa começou a receber influências japonesas.
Van Gogh por sua vez colecionava gravuras oriundas do Japão. Nesse momento perguntei
para turma se eles sabiam o que era uma gravura, a resposta foi: “ NÃO”.
Peguei os materiais que eu utilizava em minhas aulas de Introdução à Gravura na
Ulbra e fiz uma breve explicação de como se realizava uma xilogravura. Pedi para os alunos
que chegassem mais perto para uma melhor visualização dos materiais. Ofereci para quem
quisesse experimentar cavar a madeira, poderia utilizar as minhas goivas. Alguns sem jeito
levantaram e começaram a mexer nos materiais achando graça naquilo tudo, como se
estivessem descobrindo algo novo, estranho e diferente do que estavam acostumados.
Depois dessa explicação, mostrei as obras que Van Gogh produziu naquela época
e que apresentavam influências japonesas. A foto da capa de uma revista francesa que ele
utilizou para fazer a Cortesã foi uma delas. Comentei que naquela época o sapo era utilizado
como um símbolo para se referir às prostitutas, então o artista poderia estar fazendo essa
referencia a mulher da foto. Nesse momento vi sorrisos se abrindo pela sala. Quando comecei
a mostrar a imagem de uma gravura de Hiroshige, bateu o sinal e a professora me chamou
falando que tinha terminado a aula. Uma aluna veio falar comigo, sobre seu interesse por
Mangá, e que havia ficado animada com a proposta da aula, após isso, arrumei meu material
sai rapidamente pois eu já tinha invadido o período da outra disciplina.
Análise:
Além de todo o nervosismo, ansiedade e insegurança do primeiro dia de aula a
ilusão também fazia parte daquele momento, pois eu acreditava que iria conseguir
desenvolver toda minha aula planejada para aquele dia.
51
As aulas do primeiro ano ocorriam apenas uma vez por semana no primeiro
período. Não bastasse o pouco tempo que eu tinha para a realizar as atividades o atraso dos
alunos e as interrupções feitas no decorrer do período, atrapalhavam o desenvolvimento da
aula. Os alunos chegavam aos poucos e pareciam estar com sono. Esse fator negativo
prejudicou o momento quando precisei a participação coletiva. Mesmo assim, consegui
apenas a participação de um pequeno grupo.
Quando coloquei a imagem de um Mangá ao lado de uma obra do Van Gogh,
minha intenção era estimular a imaginação dos alunos, além de instigar a curiosidade do
grupo para algo que ainda seria estudado por eles. “Quando representações de arte são
associadas a objetos e imagens da cultura pop, tidas como interessantes para as crianças, elas
aprendem essas associações”. (FEEDMAN, Apud BARBOSA, 2010).
De fato, isso foi alcançado. Como a turma era carente de história da arte eu não
sabia como eles receberiam as atividades relacionadas ao pós-impressionista Vincent Van
Gogh. O momento destinado à leitura das duas imagens acabou se tornando uma espécie de
jogo de adivinhações. Eles não estavam sabendo do que se tratava e nem o que iriam estudar,
mas gostaram e até se divertiram naquele primeiro momento.
Após a leitura das duas imagens, falei brevemente sobre a imagem do quadrinho
japonês exposta para turma.
Tive o cuidado de escolher um Mangá mais expressivo e um pouco diferente dos
demais, para que eles não percebessem imediatamente do que se tratava, apesar de ser obvio
para os alunos, que se tratava de um Mangá. Quando fui ao evento, AnimeRS, fui informada
por alguns jovens que esse Mangá, Holic, era produzido por mulheres, e geralmente eram as
meninas que gostavam dele. Uma das características mais marcantes do Holic eram suas
formas exageradas e desproporcionais. Não entrei em detalhes sobre a história do Mangá e
parti direto para as obras do Van Gogh.
Acreditava que os alunos poderiam não conhecer uma xilogravura, e para que eles
pudessem entender a origem da influência japonesa na obra de Van Gogh, levei meus
materiais utilizados na disciplina de introdução a gravura para que eles pudessem manejar os
materiais e compreender o que era uma xilogravura. O momento de apresentação desses
materiais foram bem proveitosos, hoje percebo que apesar de não ter sido programadas
atividades relacionadas à gravura, elas teriam sido bem proveitosas, pois os alunos mostraram
interesse nesse momento. Eu estava preocupada com o tempo para desenvolver as atividades
nessa turma, e não me permiti sair daquilo que já estava programado e de repente
52
desenvolver uma atividade usando o isopor como matriz, por exemplo, e até mesmo, mostrar
outros artistas que trabalhavam com a gravura.
Pensando nessa primeira aula, cheguei a conclusão que desenvolver uma aula
exatamente conforme o planejado é algo ilusório, às vezes é necessário ter a sensibilidade
para perceber que mudar um pouco o andamento das coisas para desenvolver uma outra
atividade, não mudará o objetivo final, e sim enriquecerá o andamento das aulas.
53
3.3.2. Segundo encontro
Aula 2
Dia 23/09/2011
Horário 7:30 às 8:20
TEMA:
- Vertentes da cultura japonesa: do Pós- Impressionismo ao Mangá.
CONTEÚDOS:
- Pintura Pós- Impressionista de Vincent Van Gogh .
- Influências da cultura japonesa na pintura pós-impressionista
- Fenômeno Mangá nos dias de hoje
LISTA DE ATIVIDADES:
- Comparações de obras de Van Gogh
OBJETIVOS DA AULA:
- Estabelecer relações entre duas manifestações artísticas de diferentes períodos.
- Instigar a criatividade dos alunos com a releitura de obras pós-impressionistas
usando como ferramenta para isso o Mangá
METODOLOGIA:
Expositiva, dialogada e prática
54
MATERIAIS E RECURSOS A SEREM UTILIZADOS:
- Livros de Mangá.
- Reproduções de obras de Vincent Van Gogh
- Folhas de papel sulfite tamanho oficio
- Cola
- Tesoura
- Lápis 6b
- Lápis de cor
AVALIAÇÃO:
Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
- Se houve participação e empenho dos alunos ao realizarem a atividade
prática.
- Se os alunos conseguiram manter algumas características das
influências japonesas da obra de Van gogh, como por exemplo: o
fechamento de áreas coloridas com contornos nítidos.
- Se os alunos conseguiram estabelecer ligações entre as duas
manifestações artísticas.
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
- Organizarei os alunos em duplas entregando, para cada uma, livros de Mangá,
visando a apeciação e troca de informações sobre estas histórias em quadrinhos
japonesas. 15 minuto
- Apresentarei algumas reproduções Vincent Van Gogh em seguida entregarei
Xerox das mesmas para os alunos. Eles farão releituras, e poderão utilizar recortes
dos livros de mangá , ressaltando as influências japonesas das obras. 30 minutos.
55
Vincent Van Gogh – 1887
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 4 abr. 2011
56
Vincent Van Gogh – 1887
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 4 abr. 2011
Vincent Van Gogh – 1887
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 4 abr. 2011
57
Vincent Van Gogh, 1889
Disponível em http://www.courtauldprints.com
Acesso em: 14 set. 2011
Vincent Van Gogh – 1888
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 9 set 2011
58
Vincent Van Gogh – 1888
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 9 set 2011
Vincent Van Gogh – 1890
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 9 set 2011
59
Realizado:
Entrando na escola no dia 23/09 me desloquei diretamente à sala dos professores,
onde lá esperei pela professora Letícia. Ao encontrá-la, comentei que estava com o vídeo do
Akira Kurosawa, mas eu acreditava que não haveria tempo de passar naquela manhã, pois eu
ainda teria que retomar o assunto que não tinha conseguido finalizar na última aula. Nesse
momento a professora me comunicou que eu deveria abordar com a turma exposição do
Eugenio Dittborn na Bienal, pois na aula seguinte faríamos a visita ao Santander Cultural. No
inicio fiquei sem saber o que fazer, pois realmente não esperava falar sobre esse assunto
naquela manhã. Eu falei para ela que não tinha programado nada e ela em um tom ríspido
falou que eu deveria apresentar algo sim, acrescentando que conhecia o pessoal do Santander
e não poderia passar vergonha se os alunos ficassem com cara de tacho em frente aos
monitores, sem saber nada sobre o assunto.
Ao entrar em sala de aula lembrei-me das anotações que eu tinha feito em meu
caderno quando fui conhecer a obra do Dittborn, em um encontro que ocorreu apenas para
professores, o qual Letícia tinha me inscrito. Como os alunos ainda estavam entrando em sala
aproveitei para rapidamente dar uma lida no meu material. Percebi nesse momento que além
das minhas anotações sobre a obra do Dittborn eu já havia anotado como eu ligaria o assunto
Arte Postal com o tema que estávamos estudando naquele momento. Foi um alivio, vi que não
seria difícil abordar o artista homenageado pela Bienal.
Já era quase 7:40 quando iniciei a aula, mas alguns alunos ainda estavam
chegando. Voltei a falar sobre as gravuras japonesas e a obra de Vincent Van Gogh,
mostrando algumas reproduções de imagens que eu não tinha conseguido mostrar na aula
anterior. Após isso, comecei a mostrar a fotos do evento animeRS, para eles entenderem como
adolescentes da mesma idade participavam de encontros que reunia admiradores de Mangá e
animes de todo estado. Eles adoraram as fotos e ficaram fazendo comentários sobre os as
fantasias dos meninos e meninas que faziam cosplay (maneira de vestir-se como heróis de
desenhos de animados e mangás). Uma das alunas falou que era fã de Mangá e que já
conhecia o evento. Quando terminei de mostrar as fotos entreguei livrinho de Mangá para
toda turma para que eles pudessem conhecer melhor o que era uma história em quadrinho
japonesa. Todos os alunos pegaram os livros, pedi para que eles prestassem bem atenção no
desenho. Eles ficaram admirados dos livros começarem da esquerda para direita. Deixei os
alunos apreciando os livros e quando faltava 15 minutos para acabar a aula falei com a
60
professora que realmente o vídeo que estaria programado teria que ser exibido na aula
seguinte à visitação da Bienal. Isso poderia atrasar todo meu planejamento, mas eu não tinha
escolha, pois eu ainda tinha que dar uma breve explicação sobre a obra do Eugenio Dittborn.
Pedi a atenção dos alunos, anunciando que na aula seguinte faríamos uma visita à
8ª Bienal do Mercosul. Falei que o artista homenageado deste ano era o Chileno Eugenio
Dittborn. Expliquei para eles que este artista trabalha com arte postal, um tipo de arte que
trabalharíamos no decorrer de nossas aulas. Falei para eles que o Eugenio trata em suas obras
o momento que aconteceu a ditadura no Chile, e que era uma maneira dele conseguir se
expressar e mostrar o que estava acontecendo no país dele. Falei que o tema central destas
obras era a arte sem fronteira. Perguntei para eles o que nós precisávamos para fazer uma
viagem? Uns responderam: Roupas, malas... Ouve risos nesse momento. Eu perguntei, além
de roupas, nós podemos viajar sem documentos? Quando pegamos um ônibus para algum
lugar nós precisamos levar a carteira de identidade não? Eles responderam que sim. Afirmei
que quando viajamos para um outro país precisamos de passaporte. Em seguida perguntei: E a
arte? Vocês acham que ela precisa de documentos? Vocês acham que a arte precisa de
documentos para ir de um lugar para o outro, existe fronteira para ela? A reposta de alguns
foi: Não!! Então referindo-me ao assunto que estávamos trabalhando, falei que Van Gogh só
teve influência da pintura japonesa pois naquele momento os portos do Japão abriram para a
exportação e da mesma forma que ele recebeu essa arte, os filhos de imigrantes japones
receberam revistas de Mangá em São Paulo. Até hoje estudamos a arte de Van gogh e as
revistas de Mangá estão cada vez mais presentes entre os jovens. Tentei mostrar para eles que
a Arte além de atemporal não tem fronteiras. E era mais ou menos essa a idéia do Eugenio
Dittborn, mandar sua arte para outros lugares para que pessoas assim como nós pudesse
apreciar e receber algum tipo de mensagem. Terminando essa breve explicação encerrei a
aula.
61
Análise:
Os imprevistos sempre acontecem, o pedido feito pela professora Letícia para que
eu falasse sobre a exposição do Eugenio Dittborn foi um deles. Nessa aula fiz uma
“mediação” do que veríamos na exposição do Santander Cultural. Na verdade esse momento
enriqueceu o conteúdo que já estávamos vendo, pois consegui fazer um diálogo entre as obras
do Van Gogh, o Mangá e o artista chileno. Minha vista anteriormente e algumas anotações
sobre a exposição me ajudaram a resolver esse imprevisto.
Quando nos encontramos diante do desafio de elaborar estratégias de mediação para
uma determinada exposição, o primeiro passo é mergulhar nesse universo procurando
fazer um levantamento das principais questões implícitas no contexto. São essas
questões que vão direcionar os percursos e o desenvolvimento de estratégias que
favoreçam a mediação. ( BARBOSA E COUTINHO, 2008, p.180)
Acredito que por mais que eu tenha uma programação de atividades, imprevistos
sempre ocorrerão. Não tem como estar preparada para eles, mas sim tentar resolvê-los da
melhor maneira possível. Nesse caso aproveitei para fazer uma relação entre a Influência
japonesa no Pós- Impressionismo e na Arte contemporânea, mostrando para os alunos que a
arte permite uma comunicação atemporal e sem fronteiras. Essa comunicação sem fronteiras
era sugerida pela obra do Artista Chileno, assim tornou-se mais fácil estabelecer uma relação
da exposição com o conteúdo que já estávamos trabalhando.
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3.3.3. Terceiro encontro
Aula 3
Dia 30/09/2011
Horário 8:20 às 10:30
TEMA:
- 8ª Bienal do Mercosul
CONTEÚDOS:
- Arte Postal de Eugenio Dittborn
LISTA DE ATIVIDADES:
- Apreciação de trabalhos de Eugenio Dittborn no Santander Cultural.
OBJETIVOS DA AULA:
- Apresentar o trabalho do artista homenageado na 8ª Bienal do Mercosul, o
Chileno Eugenio Dittborn.
METODOLOGIA:
- Visitação orientada à exposição através de mediadores.
MATERIAIS E RECURSOS A SEREM UTILIZADOS:
Ônibus disponibilizado pela organização do evento
AVALIAÇÃO:
Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
Se houve participação dos alunos nos questionamentos feitos pela monitora
responsável por guiar os alunos no Santander Cultural.
63
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
- Sairemos da escola às 8:20 , iniciaremos nossa visitação à exposição no
Santander cultural às 9:20 e retornaremos às 10:30
Realizado:
Chegando à escola, fui ao encontro da turma 101. Ao entrar em sala de aula
percebi que haviam poucos alunos. A maioria deles eram os meninos participativos de
sempre. O resto da turma foi chegando aos poucos, mas não passaram de quinze alunos
naquela manhã. Como não pedi nenhum tipo de material na aula anterior, eles não levaram
mochila nem caderno, estavam todos preparados apenas para apreciação das obras do Eugenio
Dittborn expostas no Santander Cultural. Falei mais um pouco sobre a exposição, mas não
comentei que os trabalhos que eles iriam realizar ficariam expostos lá no Santander, pois eu
havia recebido um e-mail do meu colega Ricardo informando que não estava 100%
confirmado o espaço para a exposição dos alunos, então preferi não causar nenhum tipo de
expectativa neles. Eu já havia falado sobre a exposição dos trabalhos, mas não falei para onde
elas iriam. Já passavam das 8 horas da manhã quando descemos para o pátio da escola ao
encontro das outras duas turmas que iriam conosco. Como eram três turmas, elas foram
divididas em dois ônibus. Como a turma 101 estava em número pequeno de alunos, ela foi no
mesmo ônibus da turma 81, minha outra turma de estágio. Lá fomos nós com o ônibus cedido
pela Bienal.
Como tínhamos marcado a visita lá no Santander às 9:20, o ônibus saiu uma hora
antes até por que do bairro Morro Santana até o Centro da Cidade naquela hora da manhã, o
deslocamento demoraria no mínimo uma hora. Chegando lá no Santander fomos recebidos
pelos monitores. Eles pediram que dividíssemos as três turmas em grupos de no máximo 15
alunos. As turmas se misturaram porém cuidei para que na minha só ficassem alunos da 81 e
101. Nos dirigimos à uma das obras do Eugenio Dittborn. Lá a monitora começou a fazer
questionamentos aos alunos. Os alunos estavam encantados, pois eles nunca tinham entrado
no Santander Cultural, muito menos admirado uma obra daquele porte. Os alunos começaram
a fazer questionamentos e a monitora respondia com outra pergunta, e assim eles iam tentando
desvendar os significados das obras do Dittborn. Toda pergunta que era feita pela monitora
64
era respondida imediatamente pelos pelos alunos. Ao mesmo tempo em que eles brincavam
com a respostas fazendo piadas sobre os desenhos as respostas eram coerentes às imagens.
Umas duas vezes a monitora chegou até meu ouvido e disse: “Essa turma não é fácil, hein?!
Eles brincam, agitam querem aparecer, mas são muito inteligentes”. Um dos alunos brincando
começou a querer ler as obras que estavam escritas em espanhol. A monitora então pediu que
ele começasse a ler em voz alta para turma. Ele realmente lia e tentava traduzir para turma,
alguns de seus colegas começaram a ajudá-lo na tradução do Espanhol para o Português.
Assuntos como ditadura, repressão, morte e o interesse do artista mostrar para outras pessoas
o que estava acontecendo com o país dele eram abordados com a turma. Ficamos
aproximadamente 30 minutos em frente à essa obra e depois fomos conhecer outros trabalhos.
Paramos em frente a uma imagem que além de risos por parte de alguns rendeu comentários
grandes comentários. Quando a monitora perguntou para eles o que eles estavam enxergando
um dos alunos respondeu: um padre mamando em uma índia. Realmente era isso. E a
monitora perguntou o que o artista poderia estar querendo passar com aquela obra. Para minha
surpresa, um dos alunos respondeu que era o poder sugando o povo. E os outros também
falaram que eram os poderosos se aproveitando dos mais fracos. Engraçado que eu pensei que
eles iriam levar para o apelo sexual, mas não. Percebi nesse momento que os alunos estavam
de fato prestando a atenção em todas as explicações e o melhor refletindo sobre elas. Em
seguida partimos para outra imagem, nesse instante o resto da turma 101 juntou-se para a
explicação. Era um homem que parecia ter se enforcado. Nesse momento os alunos
começaram a fazer questionamentos sobre a morte. Será que havia continuação após a morte?
Alguns falaram que existia, outros falaram que não. Nesse momento alguns começaram a
brincar e falar sobre outras coisas e eu interferi falando que era para eles pensarem sobre
aquilo. Que ali poderíamos pensar sobre a vida sem fim com uma continuação, ou com o fim
a morte. Partindo para apreciação de outro trabalho, pedi para a monitora a palavra. Nesse
momento senti a necessidade de fazer uma ligação mais uma vez sobre o assunto que
estávamos estudando em sala de aula com as obras de Dittborn. Fiz algumas perguntas para
eles, uma delas foi se existiria fronteira para Arte. Os alunos responderam que não. Após isso
a professora veio até mim falando que teríamos que ir pois tínhamos hora marcada para pegar
o ônibus de volta. Saímos e esperamos o transporte por uns vinte minutos, tive que controlar
os alunos para que não se dispersassem pelo centro da cidade. Chegamos 11:50 na escola e os
alunos foram liberados. Avisei a turma 101 que iríamos assistir um vídeo na aula seguinte e a
81 que continuaríamos a atividade prática que iniciamos na aula anterior.
65
Análise: Eu acreditava que a visita à Bienal, antes dos trabalhos com Arte Postal
serem realizados, não tinha muito sentido, pois eu realizaria este trabalho apenas com o
conceito da Arte Postal. Estava enganada, em frente à uma das obras do artista fiz novamente
uma conexão entre o assunto que eu estávamos trabalhando em sala de aula com a idéia de
subverter as fronteiras do artista chileno. Este momento com os alunos foi de extrema
importância, pois vi que nessa hora eles realmente conseguiram fazer essa associação. Liguei
a arte japonesa chegando na Europa, através de gravuras japonesas colecionadas pelo artista
pós-impressionista Vincent Van Gogh, e a arte japonesa chegando hoje em dia até a gente
através de revistas de Mangás. Tentei mostrar para eles nesse momento a idéia de uma arte
sem limites de fronteira ou de tempo. A visitação à exposição, do Eugenio Dittborn,
oportunizou aos alunos mais do que apreciação das obras, eles conseguiram utilizar as
mesmas para “viajar” na intenção do artista, que utiliza seus trabalhos para atravessar
fronteiras e penetrar em centros urbanos.
A mediação configura- se pela capacidade do mediador em criar formas de
experimentar propostas colaborativas de aprendizagem. Penso, ainda, a
mediação como construção flexível e pragmática que pode contribuir tanto
para uma permanência como para a renovação e a transformação de modos de
olhar, de fazer e de interpretar. (BARBOSA , COUTINHO, 2008, p. 271)
Infelizmente, não consegui notar isso nas duas turmas completas, pois como
tivemos que nos separar eu fiquei apenas com algumas meninas da turma 101 e o restante da
turma 81. Os alunos responderam muito bem aos questionamentos feitos pela mediadora, mas
achei muito importante chamar a atenção dos alunos ao final da mediação, para o assunto que
estávamos tratando em sala.
66
3.3.4. Quarto encontro
Aulas 4, 5 e 6
Dia 07/10/2011
Horário 7:30 às 9:10 e 10h 15min às 12:00
TEMA:
- Vertentes da cultura japonesa: do Pós- Impressionismo ao Mangá.
CONTEÚDOS:
- Pintura Pós- Impressionista de Vincent Van Gogh .
- Influências da cultura japonesa na pintura pós-impressionista
- Fenômeno Mangá nos dias de hoje
LISTA DE ATIVIDADES:
- Atividade Prática.
- Projeção do vídeo
OBJETIVOS DA AULA:
- Estabelecer relações entre duas manifestações artísticas de diferentes períodos.
- Instigar a criatividade dos alunos com a releitura de obras pós-impressionistas
usando como ferramenta para isso o Mangá
METODOLOGIA:
- Expositiva, dialogada e prática
MATERIAIS E RECURSOS A SEREM UTILIZADOS:
- Trecho do filme “Sonhos” do diretor Akira Kurosawa
- Livros de Mangá.
- Reproduções de obras de Vincent Van Gogh
- Folhas de papel sulfite tamanho A5
67
- Cola
- Tesoura
- Lápis 6b
- Lápis de cor
- Tinta Guache colorida
AVALIAÇÃO:
- Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
- Se houve participação e empenho dos alunos ao realizarem a atividade
prática.
- Se os alunos conseguiram manter algumas caractrísticas das influências
japonesas da obra de Van gogh, como por exemplo: o fechamento de
áreas coloridas com contornos nítidos.
- Se os alunos conseguiram estabelecer ligações entre as duas
manifestações artísticas.
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
- Continuação da atividade prática da aula anterior. Entregarei os trabalhos
para que eles possam terminar. 40minutos
- Os grupos deverão apresentar seus trabalhos para o resto da turma. 20
minutos
- Iniciaremos a atividade com arte postal. 40 minutos
Realizado:
Ao entrar na escola dia 07 fui direto à sala dos professores ao encontra da
professora Letícia, para conversar com ela sobre períodos de outras disciplinas que ela tinha
ficado de conseguir para eu realizar o trabalho com arte postal. Acho que ela tinha esquecido,
pois foi tentar conseguir com outros professores na mesma hora. Nesse meio tempo perguntei
para ela se a sala de vídeo estava reservada para turma, ela respondeu que sim e entregou a
chave para eu abri-la. Quando estávamos indo em direção à turma 101, o supervisor nos parou
dizendo que a turma teria hora cívica às 8 horas e cinqüenta e cinco minutos. Nesse momento
68
fiquei quase em desespero pois, vi que mais um período seria perdido. Falei com a professora
e pedi para passar o filme do mesmo jeito nos primeiros minutos de aula. Ela disse que sim,
não haveria problema e entrou novamente na sala dos professores trazendo a feliz noticia que
eu poderia dar aula para 101 nos dois últimos períodos daquela manhã.
Foi um alivio, mesmo assim levei os alunos para sala de vídeo. Novamente pelo
fato de ser o primeiro período, os alunos estavam chegando aos poucos. Já passavam das oito
horas e cinquenta minutos quando o filme acabou então prometi que passaria novamente no
quarto período, assim todos já estariam em sala de aula. A turma toda desceu para o pátio da
escola e lá cantaram o hino Nacional e de Porto Alegre. Ao terminar todo esse momento
cívico, voltamos. Já em sala novamente falei para os alunos que retornaria no quarto período
levando- os novamente à sala de vídeo e em seguida realizaríamos uma atividade prática que
serviria como um exercício para atividade com arte postal que seria exposta no Santander
Cultural, mesmo espaço que eles tinham visitado na semana anterior.
Voltando no 4º período, fomos direto para sala de vídeo. Reprisei o filme,
principalmente para alguns alunos que chegaram atrasados e para minha surpresa esses
mesmos alunos ficaram conversando baixo e não assistiram mais uma vez o que tinham
perdido no primeiro período. Voltando para sala, pedi para que os alunos que estavam
dispersos no vídeo anexassem as imagens de obras do Vincent Van Gogh no quadro negro
enquanto isso eu arrumava os materiais que seriam utilizados pela turma.
Achei que fosse necessário falar sobre a visitação à exposição de Eugenio
Dittborn, já que não tinha conseguido fazer no primeiro período. Perguntei aos alunos o que
eles tinham entendido sobre a exposição, nesse momento a professora que estava fora da sala
entrou. Os alunos começaram a falar que as obras do Eugenio Dittborn Ultrapassava
fronteiras. Fiz novamente uma ligação entre a arte postal do artista chileno e o assunto que
estávamos trabalhando em sala, até por que não estava com a maioria dos alunos da 101 no
dia da visitação, fui breve nessas explanações. Em seguida falei sobre o trecho do filme
sonhos que eles tinham acabado de assistir, dando ênfase ao fato de Van Gogh não separar sua
obra da realidade. O filme mostrava um estudante entrando como num passe de mágicas em
um quadro de Van Gogh, sugerindo não havia fronteira entre obra e realidade. Todas estariam
num mesmo plano. Logo após essas explicações solicitei que a turma organizasse grupos de
no máximo cinco integrantes. Os alunos que não estavam prestando atenção no filme pediram
para fazer em trio, pois eles eram excluídos da turma. Olhei séria para eles e perguntei se eles
eram excluídos ou se excluíam. Não responderam, e ficaram os três sentados. Então, acabei
69
permitindo trios também. Comecei a explicar que faríamos uma releitura utilizando as obras
de Vincent Van Gogh e recortes de Mangás. Um dos grupos pediu novamente explicações
sobre a atividade e eu fui até eles. A professora ficou mais um tempinho em sala, pediu que eu
passasse uma folha para os alunos assinarem, como lista de presença, que deveria ser
entregue para a professora de matemática, após isso se retirou novamente. Fiquei até o final
do período atendendo os grupos. Eu não deixava os alunos ficarem parados, perguntava o
tempo o todo para cada integrante qual seria a participação dele no trabalho. Expliquei que
eles deveriam se dedicar naquela atividade, pois na semana seguinte faríamos uma atividade
similar porém, individual, falei novamente que ela seria exposta no Santander Cultural e seria
vista por pessoas de todo o mundo. Nesse momento um dos alunos falou: “Ah professora, tu
quer nos humilhar, Né? Vamos passar vergonha” Eu perguntei por que ele estava falando
aquilo, e ele falou que para realizar um trabalho deste tipo eles deveriam ter mais tempo, por
que a arte precisa de inspiração. Ele falou isso rindo, este aluno me chamou atenção. Ele
estava no grupo com alguns meninos e decidiu sentar sozinho para fazer um desenho.
Perguntei para ele por que tinha se separado do grupo, ele falou que tinha se estressado e que
tava dando um tempo ali sozinho e depois voltaria. Enquanto eu atendia outros grupos eu não
deixava de ver ele dedicado em executar aquela atividade, quando voltei novamente para ver
como estava indo seu desenho, para minha surpresa ele estava muito adiantado, notei que ele
já deveria desenhar Mangá, pois ele não utilizou recorte de Mangá em sua releitura, ele
desenhou um em frente à uma ponte, essa recriada apartir da obra A ponte de laglois, perto
Arles, com lavadeiras. Outro grupo, de meninas que ficam sentadas ao fundo da sala, me
chamou diversas vezes, fiquei surpresa, pois as mesmas não participaram em nenhum
momento na primeira aula. Achei que eu teria problema com elas até o final do meu projeto.
Acredito que por elas terem ficado comigo no Santander Cultural e eu ter puxado várias vezes
conversa com elas fez com que quebrasse uma barreira entre nós. Notei que ela estavam mais
a vontade em perguntar algumas coisas e tirar dúvidas. Uma delas perguntou, se eu tinha
certeza que elas poderiam cortar os livros de Mangá, eu repondi que sim. Ela falou, que tava
com pena por que gostava muito de Mangá para cometer aquele crime. Começamos a rir, e
falei que ela podia cortar sem medo. Falei para elas também sobre o contorno que Van Gogh
utilizava em suas obras que isso, era a prova da influência de gravuras Japonesas, também
perguntei para elas se elas já tinham escutado falar de Van Gogh e todas responderam que
não. A menina que gostava de Mangá falou que desde a sexta série a professora Letícia só
falava no tal de Iberê Camargo e que ela não agüentava mais. Falei para ela que estudar Iberê
70
Camargo também era necessário, pois ele era um artista Gaúcho, conhecido mundialmente e
quando fui tentar dar mais explicações já fui interrompida por outras meninas pedindo ajuda
para fazer um desenho. Eu não parei um minuto auxiliando os grupos na atividade. O trio que
estava disperso no filme já estava terminando seu trabalho, porém notei que eles fizeram de
qualquer jeito como se quisessem se livrar logo da atividade.
Outro trio veio até mim falando que iria continuar na aula seguinte, pois faltavam
quase dez minutos para acabar a aula e não daria tempo para eles pintarem, então eles
preferiam fazer na semana seguinte, questionei por que eles não iniciavam apenas a pintar
naquela aula e eles falaram que não iria secar e também não queriam fazer mal feito. Aceitei
as desculpas. Atendi mais alguns alunos, e eles começaram a organizar os materiais. Pedi que
me entregassem todos os trabalhos e devolvessem os materiais que tinham utilizado. Um dos
alunos viu que seu estava com a máquina fotográfica e pediu para eu tirar fotos da turma.
Então foram todos para o fundo da sala e eu fiz o que pediram. Em seguida guardaram seus
materiais e quando bateu o sinal saíram, ficando em sala três meninas que me ajudaram a
guardar os materiais.
Turma 101 Turma 101
(Fonte: Tais de Andrades) (Fonte: Tais de Andrades)
71
Turma 101 Turma 101
(Fonte: Tais de Andrades) (Fonte: Tais de Andrades)
Análise:
Mais um imprevisto aconteceu, a hora cívica sendo avisada em cima da hora não
estava em minha programação. O bom, que conseguimos com a professora de matemática os
dois últimos períodos. Por isso foi possível eu realizar a atividade em grupo, algo que não
tinha sido planejado para aquele dia já que pensei que não haveria tempo e tivesse que partir
direto para o trabalho com arte postal. Imprevistos sempre acontecerão, mais uma vez falo
que o importante é tentar resolve-los da melhor forma. Algo que me desagradou foi o fato de
reprisar para turma o filme, principalmente para alguns alunos que chegaram atrasados e
perceber que eles não estavam preocupados com isso. Tive vontade de parar o filme e chamar
a atenção deles, mas também pensei que não valeria a pena e ainda iria atrapalhar os outros
colegas que estavam concentrados. Eles não estavam fazendo barulho, mas estavam fazendo
outras coisas. Esses mesmo alunos foram os que fizeram o trabalho de qualquer jeito colando
recortes soltos na folha, como se os Mangás estivessem voando. Parei para pensar e percebi
que os alunos nem sempre são como nós queremos. Acho que eu deveria ter sido mais severa
com eles, mas também fico pensando que não posso obrigá-los a prestar a atenção ou dizer
que o trabalho está péssimo. “ É comum a limitação dos sentindos diante das coisas e
situações, de forma que olham mas não vêem, tocam mas não sentem, ouvem mas não
escutam”.(BOAL, apud, PÉREZ-BARREIRO; CAMNITZER, 2009). Realmente, fiquei
pensando sobre isso e não sei se agi da melhor maneira.
72
Confesso que na hora da atividade prática preferi ajudar aqueles alunos que
estavam interessados e que realmente participaram de todas as atividades.
Uma das coisas que mais me incomodou foi a presença da professora em sala.
Parece que ela está me avaliando, isso me deixa um pouco tensa. Ela não estava no começo
desta segunda parte da aula, mas chegou quando comecei a discutir com a turma sobre o filme
e a exposição visitada na semana anterior. Ela chegou com uma risadinha, pedindo licença e
sentou. Bem no começo da conversa, acabei até esquecendo algumas coisas que eu queria
falar.
O fato de conseguir os dois últimos períodos com a turma fez com que eu
percebesse que a 101 rende muito. Só não rende quando a aula acontece no primeiro período,
pois os alunos vão chegando aos poucos e ainda estão dormindo. Naquela hora estavam todos
mais dispostos e participativos. Quando comuniquei para turma que estava confirmada a
exposição dos trabalhos deles no Santander cultural, um olhou para cara do outro como se
dissesse, “é isso mesmo que estamos ouvindo?”. Pareceu até com os comentários que
aconteceram sobre isso, que eles não se achavam capazes de fazer algum trabalho para ser
exposto em um lugar como o Santander. Falei para eles que era uma oportunidade única, e
todos tinham sim capacidade de realizar algo legal, por isso eles deveriam se dedicar àquela
atividade que estavam desenvolvendo naquele momento, que serviria de treino para a
atividade com arte postal, que seria a mesma atividade, porém individual. Se eu pudesse
voltar atrás teria feito o trabalho em duplas de no máximo trios. Acho que trabalho em grupo
não rende tanto como imaginei que iria render. O trabalho maior sempre fica nas mãos de um
ou dois e o resto fica fazendo de conta que fica fazendo, apenas opinando. Cobrei deles que
todos deveriam colocar a mão na massa. Eu queria a participação de todo o grupo, então tinha
que ficar em cima puxando eles e cobrando o tempo todo.
73
3.3.5 Quinto encontro
Aulas 7 e 8
Dia 13/10/2011
Horário 7:30 às 9:10
TEMA:
- Vertentes da cultura japonesa: do Pós- Impressionismo ao Mangá.
CONTEÚDOS:
- Pintura Pós- Impressionista de Vincent Van Gogh .
- Influências da cultura japonesa na pintura pós-impressionista
- Fenômeno Mangá nos dias de hoje
LISTA DE ATIVIDADES:
- Atividade Prática.
OBJETIVOS DA AULA:
- Estabelecer relações entre duas manifestações artísticas de diferentes períodos.
- Instigar a criatividade dos alunos com a releitura de obras pós-impressionistas
usando como ferramenta para isso o Mangá
METODOLOGIA:
- Expositiva, dialogada e prática
MATERIAIS E RECURSOS A SEREM UTILIZADOS:
- Livros de Mangá.
- Reproduções de obras de Vincent Van Gogh
- Folhas de papel sulfite tamanho A5
- Cola
74
- Tesoura
- Lápis 6b
- Lápis de cor
- Tinta Guache colorida
AVALIAÇÃO:
Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
- Se houve participação e empenho dos alunos ao realizarem a atividade
prática.
- Se os alunos conseguiram manter algumas características das
influências japonesas da obra de Van gogh, como por exemplo: o
fechamento de áreas coloridas com contornos nítidos.
- Se os alunos conseguiram estabelecer ligações entre as duas
manifestações artísticas.
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
Continuação da atividade prática da aula anterior. Entregarei os trabalhos para que
eles possam terminar. Em seguida os grupos deverão apresentar seus trabalhos
para o resto da turma, para que possamos terminar essa parte e iniciarmos a
atividade com Arte Postal.
Realizado:
Chegando na escola fui em direção à sala dos professores onde lá encontrei a
professora titular. Ela não ficaria naquela manhã comigo em sala, pois ela estaria em outra
turma. Letícia apenas pediu que eu passasse uma folha para a turma, que serviria como uma
lista de chamada, para em seguida entregar ao professor de Física que tinha nos cedido o os
dois primeiros períodos.
Ao chegar na sala estavam à minha espera poucos alunos, já que era o primeiro
período da manhã, e eles costumavam a chegar aos poucos.
75
Pedi que eles se organizassem em seus respectivos grupos para finalização de suas
releituras. Dois integrantes de um trio, que já haviam entregado o trabalho, estavam sem fazer
nada, então entreguei uma folha A5 para cada um deles e expliquei a atividade individual.
Falei que eles deveriam se dedicar ao máximo, pois eram aqueles trabalhos que mandaríamos
para outra escola e posteriormente ficariam expostos no Santander Cultural. Os dois ficaram
pensativos, baixaram a cabeça e iniciaram a atividade.
Uma menina que estava presente apenas na primeira aula, reapareceu. Entreguei
uma folha A3 para ela e pedi que ela fizesse individualmente a atividade que tinha sido feita
em grupo. Solicitei também que essa aluna assistisse pela internet o trecho corvos do filme
“Sonhos” e entrasse no site do museu do Van Gogh (www.vangoghmuseum.nl) pois só assim
ela poderia acompanhar nossa atividade. Falei que ela não poderia mais faltar. Ela falou que
não conseguia chegar no primeiro período por que sua mãe estava no hospital. Falei que
levaria o caso à professora Letícia. Mesmo assim pedi que ela iniciasse a atividade então ela
falou que faria em casa. Naquele momento vi que ela não tava com vontade de participar,
então fui atender os demais.
Os grupos estavam realizando a tarefa e pedindo auxilio o tempo todo. Comecei a
pedir que eles acelerassem o ritmo de trabalho, pois ainda queria que eles apresentassem seus
trabalhos para o resto da turma ainda naquela manhã.
Um dos meninos pediu uma nova folha para começar a atividade sozinho. Ele
tinha iniciado na aula anterior com um grupo e resolveu sair dele. Perguntei o motivo da
separação e ele falou que não tinha nenhum, apenas preferia fazer sozinho. Mesmo não sendo
essa a proposta do trabalho não quis ficar forçando ele a fazer parte do outro grupo já que eu
vi que ele se sentia incomodado. Vi o grupo, o qual ele pertencia, comentando que não sabiam
o motivo da saída do colega, percebi que eles também ficaram surpresos. Esse menino estava
com muita dificuldade em realizar aquela atividade. Eu tentava auxiliá-lo, mas não parecia
adiantar muito.
O tempo estava passando e chegamos ao final do primeiro período. Uma parte da
turma, que tinha chegado atrasada, entrou nesse momento. Vi que os grupos estavam mais
lentos porque alguns integrantes essenciais haviam chegado atrasados. Um dos integrantes do
trio que já havia terminado o trabalho em conjunto chegou e eu entreguei a folha A5 para ele
também. Notei que esses menino iniciou a nova atividade proposta com maior entusiasmo e
dedicação, coisa que não tinha acontecido no trabalho anterior.
76
Um dos meninos que já havia feito o trabalho em grupo finalizou também o
individual naquela manhã. Conversei com ele sobre o seu trabalho. O trabalho dele ficou bem
semelhante à uma história de quadrinhos de Mangá. Ele utilizou apenas o lápis 6B para
realizar a releitura.
Eu já estava ficando muito nervosa, pois mais da metade da turma não tinha
terminado o trabalho em grupo, e não adiantava muito eu pedir para eles apressarem os
trabalhos por que eu via que eles estavam se dedicando apenas estavam em um ritmo mais
lento. Novamente o aluno que estava fazendo o trabalho individual com muita dificuldade
veio até mim dizendo que não sabia desenhar e que tinha muita dificuldade. Falei para ele que
todos nós tínhamos qua até mesmo Van Gogh tinha, mas a única maneira de melhorar era
fazendo, colocando a mão na massa. Falei para ele sentar e fazer sem medo. Ele parecia
querer desistir, mas eu insisti. Assim fiquei atendendo os grupos durante todo o segundo
período. O resultado do trio que já estava fazendo o trabalho individual estava ficando muito
bom. Eles pediam algumas dicas para mim, mas as idéias partiam todas deles.
A aula estava chegando ao final e mais uma vez não conseguimos finalizar os
trabalhos. Chamei a atenção de todos, avisando que na aula seguinte eu daria alguns minutos
para que eles pudessem terminar os trabalhos em grupo.
Análise:
Mais um imprevisto aconteceu, uma menina apareceu naquela aula, depois de ter
ficado várias aulas sem acompanhar as atividades. Eu não tinha pensado no que eu pediria
para algum aluno fazer caso tivesse faltado várias aulas. Naquele momento achei que a
melhor maneira para ela acompanhar seria fazendo um trabalho de pesquisa. Comecei a dar
uma breve explicação para ela, mas vi que ela também não estava muita vontade de fazer algo
naquela manhã. Eu insisti, mas percebi que não teve muito efeito. Eu não estava falando com
uma criança, então pensei na hora: azar é o dela! Sei que essa minha conduta poderia estar
errada, mas eu também não poderia forçar uma aluna a fazer algo e ficar dando uma atenção,
que não serviria para nada, enquanto outros já estavam solicitando minha ajuda. Isso também
servia ao menino que resolveu fazer o trabalho sozinho. A proposta não era essa, eu queria
que eles trocassem idéias com os outros colegas do grupo, mas ele se sentia incomodado de
realizar o trabalho com outros colegas. Eu não insisti, para que ele voltasse ao grupo que
pertencia. Tentei saber o motivo e ele disse que não tinha apenas não queria. Minha intenção
77
naquele momento era que todos realizassem a atividade, então permiti que ele fizesse sua
vontade. Acredito que uma atividade artística não pode se tornar um sacrifício para alguém,
tem que ser algo prazeroso. Naquele momento parecia ser algo que incomodava aquele aluno.
Ele só sabia falar que não sabia fazer nada. Pensando na conduta dele, talvez a vontade dele
de fazer a atividade individualmente era exatamente a vontade de se sentir útil, já que ele se
diminuía e não querer interferir no que seus outros companheiros do grupo já estavam
fazendo. Eu senti que ele precisava de muito incentivo se não ele iria desistir de fazer. Falei
para ele que todo mundo era capaz e que alguns tinham um pouco mais de facilidade, porém
todos poderiam chegar no mesmo objetivo. Ele tinha muita dificuldade sim, mas mesmo
assim consegui que ele realizasse a atividade e para mim nesse momento já era o bastante.
Realizar bem os exercícios pode contribuir para erguer a auto-estima, quando
percebem que estão fazendo algo com qualidade, recebendo aprovação, sendo
aplaudidos e valorisados, os educandos descobrem-se com competências em áreas
que até então eram desconhecidas por eles.
Vi neste caso que era algo muito mais além que uma dificuldade em desenhar ou
ter alguma idéia, esse aluno tinha um problema de auto-estima, pois ele se diminuía o tempo
todo. Depois da aula falei com a professora Letícia sobre ele, e ela falou que ele era um
menino introspectivo, e que gostava de se expressar escrevendo.
Eu não parei um minuto, atendendo os grupos. Quando eu estava dando uma
explicação para alguns, outros já estavam: “Sora, sora, vem cá”. Notava que eles tinham
ótimas idéias, mas não se sentiam seguros. Segundo Barbosa (2008, p.298).
78
3.3.6. Sexto encontro
9ª Aula
Dia 14/10/2011
Horário 7:30 às 08:20
TEMA:
- Vertentes da cultura japonesa: do Pós- Impressionismo ao Mangá.
- Arte Postal
CONTEÚDOS:
- Pintura Pós- Impressionista de Vincent Van Gogh
- Mangá.
LISTA DE ATIVIDADES:
- Releituras de obras de Van Gogh utilizando recortes de Mangás.
OBJETIVOS DA AULA:
- Estabelecer relações entre duas manifestações artísticas de diferentes períodos.
- Instigar a criatividade dos alunos com a releitura de obras pós-impressionistas
usando como ferramenta para isso o Mangá
METODOLOGIA:
- Expositiva, dialogada e prática
79
MATERIAIS E RECURSOS A SEREM UTILIZADOS:
- Livros de Mangá.
- Reproduções de obras de Vincent Van Gogh
- Folhas de papel sulfite tamanho A5
- Cola
- Tesoura
- Lápis 6b
- Lápis de cor
- Tinta guache colorida
AVALIAÇÃO:
Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
- Se houve participação e empenho dos alunos ao realizarem a atividade
prática.
- Se os alunos conseguiram manter algumas características das
influências japonesas da obra de Van Gogh, como por exemplo: o
fechamento de áreas coloridas com contornos nítidos.
- Se os alunos conseguiram estabelecer ligações entre as duas
manifestações artísticas.
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
Os alunos irão finalizar e apresentar seus trabalhos realizados em grupos, e após
isso deverão iniciar os trabalhos de releituras individuas que fazem parte do
projeto com Arte postal.
80
Vincent Van Gogh – 1887
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 4 abr. 2011
Vincent Van Gogh – 1887 Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl Acesso em: 4 abr. 2011
81
Vincent Van Gogh – 1888
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 9 set 2011
Vincent Van Gogh – 1888
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 9 set 2011
Vincent Van Gogh – 1890
Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 9 set 2011
82
Vincent Van Gogh – 1887 Disponível em http://www.vangoghmuseum.nl
Acesso em: 4 abr. 20
Van Gogh, 1889
Disponível em: www.moma.org,
Acesso em 17 dez. 2011
83
Realizado:
Como de costume, cheguei mais cedo e fui direto à sala dos professores ver se a
professora Letícia já tinha chegado na escola. Encontrando a professora nos dirigimos à sala de aula. A
professora titular permaneceu pouco tempo em sala, pois precisava resolver outros assuntos.
Pedi para que alguns alunos me ajudassem a colocar as imagens junto ao quadro negro.
Avisei que eles deveriam finalizar os trabalhos em grupo, afinal tínhamos que ainda fazer a atividade
individual que tinha um prazo para ser entregue para outra escola. Eles entenderam minha
preocupação e começaram a aula em um ritmo mais acelerado. Alguns foram me ajudando outros
pegando os materiais como lápis de cor, tinta guache, pincéis, lápis 6B, cola, tesouras e livros de
Mangá que eu deixava disponível para eles em todas as aulas. Como era o primeiro período alguns
alunos foram chegando no decorrer da aula, eu já não me importava se tinha que obedecer algum
limite de tempo para a entrada em sala, eu permitia a entrada de todos. Minha única preocupação
naquele momento era, que eles terminassem logo os trabalhos em grupo e partissem para o individual.
Os trabalhos estavam, ficando ótimos, pois os alunos haviam entendido muito bem a
proposta do trabalho. O único problema era o tempo. Eles não estavam conseguindo dar conta.
O tempo foi passando e conforme os grupos iam acabando a atividade eu entregava a
folha A5 para cada um e explicava a atividade individual. Percebi que dois grupos ainda estavam com
os trabalhos incompletos. Eu pedia o tempo todo para eles acelerarem, pois eles teriam que apresentar
os trabalhos ainda naquela manhã para o resto da turma e para que eu pudesse avaliá-los. Um dos
meninos que já havia terminado os dois trabalhos (em grupo e individual) começou a auxiliar os
colegas que estavam atrasados com a atividade. Faltava 25 minutos para acabar a aula e notei que mais
uma vez não eles não conseguiriam apresentar os trabalhos para apreciação dos colegas.
Uma das meninas já estava finalizando o trabalho individual, bem expressivo por sinal,
mas ela estava utilizando tinta guache, então pedi que, após a finalização, ela deixasse o trabalho sobre
a mesa secando para não ter perigo de manchar os demais trabalhos e no final do terceiro período
levasse até a turma 81, onde eu estaria.
Faltava um minuto para acabar o período, quando comecei a guardar os materiais e pedir
para que os alunos entregassem os trabalhos, mesmo aqueles que não tinham terminado o trabalho em
grupo. Eu não deixava eles levarem para casa, não queria correr o risco de eles esquecerem os
trabalhos e atrasar ainda mais a atividade.
Análise: Apesar de dois grupos estarem atrasados em relação aos outros, eu cuidava para
não ficar o tempo todo mandando eles se apressarem. Pedia para que eles acelerassem, porém de uma
maneira que não fizesse eles realizarem o trabalho de qualquer maneira, somente para entregar no
prazo. Por mais que estivéssemos queimados atrasados, de nada adiantava atropelar tudo, se o
principal objetivo do meu estágio era desenvolver atividades que ampliassem a capacidade de
observação e de expressão dos alunos. Ana Mae Barbosa (2010, p. 393) comenta que existem alguns
84
comandos para preservar a estrutura social na sala de aula, através da dependência do aluno para com
seu professor. A autora relata que.
O mando de direcionamento como estratégia instrucional obtém vários resultados:
Ele controla o uso do tempo do estudante. Força o estudante a formar uma percepção
rápida das características essenciais. Faz o estudante tentar perceber uma outra
abordagem de imagens. Serve ao objetivo de fazer os estudantes ficarem menos
conscientes dos detalhes e mais preocupados com as grandes massas organizacionais
genéricas, e ativa uma certa espontaneidade de estilo.
Minhas solicitações ficavam longe dos comandos citados pela a autora. A minha
maior preocupação era que algum aluno não conseguisse terminar o trabalho a tempo de ser
enviado para outra escola. Daria para eles o tempo que fosse necessário, até por que cada
aluno tinha seu próprio ritmo, mas estávamos realmente em cima do prazo de entrega, e
deixar o trabalho de algum aluno de fora não frustraria apenas ele e sim a mim, pois eu sabia
o quanto eles estavam envolvidos com aquela atividade.
85
3.3.7. Sétimo encontro
Aulas 10 e 11
Dia 17/10/2011
Horário 9h e 10 min às 11h e 10 min
TEMA:
- Vertentes da cultura japonesa: do Pós- Impressionismo ao Mangá.
- Arte Postal
CONTEÚDOS:
- Influências da Arte Japonesa, na pintura pós-impressionista de Vincent Van
Gogh.
- Histórias em quadrinho japonesas.
- Arte Postal
LISTA DE ATIVIDADES:
- Avaliação dos trabalhos em grupo.
- Releituras de obras de Van Gogh utilizando recortes de Mangás.
- Montagem de um Painel com as releituras
- Elaboração de um texto sobre o processo da montagem
OBJETIVOS DA AULA:
- Estabelecer relações desta influência Japonesa nas obras de Vincent Van Gogh
com fenômenos de hoje. Ex: Mangá.
- Inserir os trabalhos no projeto com arte postal.
- Mostrar aos alunos como seria um processo de curadoria através da montagem
do painel.
METODOLOGIA:
- Expositiva, dialogada, leitura de imagens e prática.
86
MATERIAIS E RECURSOS A SEREM UTILIZADOS:
- Revistas de Mangá.
- Reproduções de obras de Vincent Van Gogh .
- Livros de Mangá.
- Folhas de papel sulfite tamanho A5
- Cola
- Tesoura
- Lápis 6b
- Lápis de cor
- Tinta guache colorida
AVALIAÇÃO:
Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
- Se houve participação dos alunos na realização da atividade prática.
- Se os alunos participaram do processo de montagem do painel e a
elaboração do texto.
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
Inicialmente os grupos deverão apresentar seu trabalhos para apreciação dos
demais colegas. E por fim terão que finalizar suas releituras individuais e
posteriormente farão a montagem de um painel com os trabalhos em seguida
realizando um texto sobre os critérios utilizados para a montagem.
Realizado:
Conforme eu havia solicitado à professora Letícia, ela conseguiu mais dois
períodos para eu finalizar com os alunos os trabalhos que fariam parte do projeto com Arte
postal. Antes do professor de História sair da sala de aula eu já estava aguardando na porta,
87
pois nesse dia eu não poderia perder um minuto sequer. Nessa aula além da finalização dos
trabalhos individuais os alunos deveriam apresentar os trabalhos produzidos em grupo.
Entrei em sala de aula e já fui entregando as releituras realizadas por cada grupo.
Pedi para que eles, espontaneamente, levassem seus trabalhos à frente da sala para que seus
colegas pudessem a apreciá-los. Eles não queriam apresentar os trabalhos para o resto da
turma, aquilo para eles parecia ser tortura. O grupo dos meninos do fundo foi o primeiro a
apresentar, porém um deles, que parecia ser bem introspectivo, não levantou. Insisti para ele
falar do trabalho com o restante do grupo e não teve jeito, ele não foi. O “medo” de ir até a
frente era tanto, que ele estava disposto a ficar com zero, mas não queria acompanhar seus
colegas.
Rapidamente perguntei para o grupo se eles tiveram alguma dificuldade em
realizar aquele trabalho e que obra de Van Gogh eles tinham utilizado para fazer aquela
releitura. Eles responderam que era O Quarto, do Vincent Van Gogh. Perguntei para turma se
eles achavam que os colegas haviam atingido o objetivo do trabalho e todos responderam que
sim. Um grupo formado por meninas mal conseguia apresentar de tanta vergonha. Uma delas
levou o trabalho à frente do rosto. Fiquei admirada com dificuldade que eles tinham de falar
para os outros. O trabalho desse grupo tinha ficado muito bom, porém elas mal conseguiam
falar de tanta vergonha. Chamei atenção do tipo de traço bem expressivo que elas tinham
utilizado, característica marcante da obra do artista pós-impressionista.
Dois meninos que tinham feito o trabalho individualmente também não
apresentaram. Um deles por pura rebeldia, pois o seu trabalho tinha ficado muito bom. O
outro por ser muito encabulado também.
Terminando esse momento de apresentações eles foram para o recreio, mas eu
pedi que eles retornassem logo, pois tínhamos que finalizar os trabalhos individuais e fazer a
montagem do painel e o texto que iria para a outra escola. Eu permaneci em sala durante o
recreio e algumas meninas também. Eu estava muito apreensiva, pois a escola que eu teria que
enviar os trabalhos ficava em Lajeado e no dia 19/10 seria o prazo final para eu entregar os
trabalhos para minha colega da Ulbra que estava fazendo o estágio nessa escola.
Comecei a pedir para que eles acelerassem o trabalho, pois teríamos que
organizar um painel e fotografar e realizar um texto e para isso tínhamos apenas 45 minutos.
Para completar nessa manhã, uma aluna que não tinha assistido a uma aula
sequer, resolveu aparecer. Expliquei rapidamente para ela o trabalho que estávamos fazendo
e pedi que ela fizesse uma pesquisa em casa sobre Mangá e acessasse o site do museu do Van
88
Gogh para ver principalmente algumas obras que ele realizou em Paris, que tinham grande
influência da arte japonesa. Falei que ela deveria fazer anotações que eu precisava para eu dar
uma olhada na aula seguinte. Essa minha explicação foi bem superficial, pois não podia parar
um andamento de aula em função de uma única aluna que resolveu aparecer depois de muitas
aulas. Pedi que ela pedisse auxilio para seus colegas e entreguei a folha A5 para que ela
começasse a desenvolver o trabalho individual. Alguns alunos estavam com os trabalhos pela
metade, muita coisa deveria ser feita ainda. Comecei a conversar individualmente com cada
aluno para ver o que poderia ser melhorado em cada um dos trabalhos. Em um determinado
momento sentei em minha mesa e o trio que estava sentado em minha frente olhou as notas
que eles tinham recebido pelo trabalho em grupo. Um deles questionou por que eles tinham
ganhado apenas 8,0 por aquele trabalho enquanto a maioria dos alunos havia ganhado nota
dez. Nesse momento fui pega de surpresa, mas perguntei para ele se realmente ele achava que
o trio tinha se dedicado naquele trabalho. Pedi que ele comparasse os trabalhos que eles
tinham produzido individualmente com que eles tinham produzido em conjuto. Perguntei se
ele conseguia notar a diferença e ele respondeu que sim. Então falei para o aluno que quando
eles realizaram o primeiro trabalho parecia que eles tinham que queriam se livrar logo daquilo
fazendo de qualquer maneira sem se preocupar com o objetivo proposto. Já no individual
muito pelo contrário, os três baixaram a cabeça e se preocuparam com os mínimos detalhes.
Fizeram ótimas releituras das obras de Van gogh substituindo alguns elementos das obras por
Mangá sem esquecer de utilizar o contorno e as cores fortes utilizadas pelo artista. Ele ficou
olhando para mim quieto. Fiquei esperando alguma reação da parte desse aluno, já que aquele
trio não era fácil, mas o silencio dele parecia ser aceitação de tudo aquilo que eu havia falado.
Mais uma vez não conseguimos terminar os trabalhos a tempo. Falei para turma que eu
entraria em contato com a professora Letícia e que provavelmente na manhã seguinte no
máximo quarta feira eu teria a última aula com eles para de uma vez por todas finalizar os
trabalhos, pois dia 19 seria o último dia para entrega dos trabalhos para outra escola.
89
Grupo do Alaor
(fonte: ANDRADES, 2011)
Grupo do Jorge
(fonte: ANDRADES, 2011)
Trio do Douglas
(fonte: ANDRADES, 2011)
90
Análise:
Fiquei muito satisfeita com os trabalhos realizados em grupos da turma 101.
Apesar da demora com a finalização dos mesmos os alunos em geral conseguiram atingir o
objetivo proposto. Além da apreciação dos trabalhos dos demais colegas, fechamento da
Proposta Triangular, sugerida por Ana Mae Barbosa, eu precisava avaliar os alunos. Notei
durante meu estágio que é ilusório querer avaliar aluno por aluno, aula por aula. Eu Tinha que
escolher ou auxiliava meus alunos e dava andamento nas aulas ou parava para avaliar. Eu não
conseguia fazer tudo ao mesmo tempo. No começo eu nem sabia o nome deles direito. Com o
tempo fui reconhecendo. A apresentação do grupo foi muito importante para eu lembrar quem
havia participado das atividades, e conseguir dar uma nota por aquele trabalho.
O fato de uma aluna aparecer do nada depois de muitas aulas foi mais uma
situação inesperada que tive que pensar em algo naquele momento. Não tinha muito o que
fazer com ela, então pedi que fizesse uma pesquisa em casa para eu conseguir avaliá- la pelas
aulas que ela havia perdido. Acredito que não há muito sentido nisso, mas a professora titular
disse que precisava das notas de todos alunos. Como essa aluna não conseguiria fazer um
trabalho em grupo achei que essa fosse a melhor saída naquela ocasião.
91
3.3.8. Oitavo encontro
Aula 12
Dia 19/10/2011
Horário 10h e 10 min às 11h e 10 min
TEMA:
- Vertentes da cultura japonesa: do Pós- Impressionismo ao Mangá.
- Arte Postal
CONTEÚDOS:
- Influências da Arte Japonesa, na pintura pós-impressionista de Vincent Van
Gogh.
- Histórias em quadrinho japonesas.
- Arte Postal
LISTA DE ATIVIDADES:
- Avaliação dos trabalhos em grupo.
- Releituras de obras de Van Gogh utilizando recortes de Mangás.
- Montagem de um Painel com as releituras
- Elaboração de um texto sobre o processo da montagem
OBJETIVOS DA AULA:
- Estabelecer relações desta influência Japonesa nas obras de Vincent Van Gogh
com fenômenos de hoje. Ex: Mangá.
- Inserir os trabalhos no projeto com arte postal.
- Mostrar aos alunos como seria um processo de curadoria através da montagem
do painel.
METODOLOGIA:
- Expositiva, dialogada, leitura de imagens e prática.
92
MATERIAIS E RECURSOS A SEREM UTILIZADOS:
- Revistas de Mangá.
- Reproduções de obras de Vincent Van Gogh .
- Livros de Mangá.
- Folhas de papel sulfite tamanho A5
- Cola
- Tesoura
- Lápis 6b
- Lápis de cor
- Tinta guache colorida
AVALIAÇÃO:
Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
- Se houve participação dos alunos na realização da atividade prática.
- Se os alunos participaram do processo de montagem do painel e a
elaboração do texto.
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
Inicialmente os grupos deverão apresentar seus trabalhos para apreciação dos
demais colegas. E por fim terão que finalizar suas releituras individuais e
posteriormente farão a montagem de um painel com os trabalhos em seguida
realizando um texto sobre os critérios utilizados para a montagem.
Realizado:
Como não conseguimos terminar a atividade com Arte Postal, no dia 17/10, liguei
para a professora Letícia e ela prontamente conseguiu mais um período na quarta feira dia
19/10. Esse dia foi muito complicado para mim, pois no começo da semana eu já estava
sentindo algo estranho no meu olho. Justamente nessa quarta-feira que eu precisava finalizar o
trabalho com a turma acordei com meu olho muito vermelho, muito mesmo. Eu já havia dado
93
aula no primeiro período na turma de ensino médio, como minha casa não fica muito longe da
escola aproveitei o intervalo das 8:20 às 10:00 para voltar para casa e colocar mais uma
compressa e colírio nos meus olhos.
Chegando em sala de aula, a pergunta veio imediata porém mais discreta sobre o
que eu tinha acontecido com meu olho. Falei para turma que achava que era uma alergia e que
eles não precisavam se preocupar. Os alunos estavam voltando do recreio aos poucos. Avisei
que só teríamos aquele período para finalizar os trabalhos e fazer a montagem do painel, pois
naquele dia de noite eu teria que levar os trabalhos até a Ulbra.
Dois alunos ficaram do lado de fora da aula, fui até a porta e chamei-os. A menina
ficou rindo e o menino se escondeu no meio de outros adolescentes. Quando fechei a porta
perguntei para os alunos se era permitido na escola que os alunos matassem aula, um menino
respondeu que não, mas acontecia. Falei que aqueles dois eram bem grandinhos e que eu não
precisava ir pegá-los pelos braços. As únicas pessoas que seriam prejudicadas seriam eles,
ninguém mais. Esses dois faziam parte daquele trio que comentei em vários dos meus
relatórios, por sorte eles já tinham terminado o trabalho individual.
Entreguei novamente as releituras uma por uma, falando sobre o que poderia ser
melhorado. Pedi para turma que conforme eles fossem terminando, me entregassem para eu
colocar o trabalho junto ao quadro para em seguida montar o painel. Tínhamos pouco tempo
para fazer a montagem e o texto. Três ainda estavam finalizando, eu fiquei pedindo para que
eles acelerassem, eu precisava fazer a montagem, mas ficava com pena, pois eles eram ótimos
alunos e eu não poderia deixar os trabalhos de fora. Falei para o menino que também estava
finalizando que o trabalho dele não estava dizendo muito sobre o que trabalhamos em aula.
Parecia sim um desenho em estilo japones, mas perguntei para ele o que eu poderia identificar
da obra de Van Gogh, ele olhou sério e falou que nada. Então sugeri para ele trabalhar com a
cor e contorno já que ele havia utilizado apenas o lápis 6 b para realizar aquele desenho. Notei
que ele parecia estar de saco cheio daquilo, mas ele era um dos melhores alunos em termos de
participação e educação então começou a seguir o que eu havia dito. Uma das meninas que
estava finalizando o trabalho me chamou, perguntando se ela não poderia entregar no dia
seguinte. Eu perguntei o porquê daquilo se eu tinha dito inúmeras vezes que só teríamos
aquele período e depois os trabalhos já iriam para outra escola. Então, ela mostrou que havia
acontecido um pequeno acidente. Ela tinha manchado todo o trabalho dela. Sério, nessa hora
eu não acreditei. Ela pediu, por favor, e a outra menina que estava fazendo ao lado dela disse
que também não conseguiria terminar. Eu falei para eles que não teria como. Eu tinha ainda
94
quinze minutos para fazer a montagem e elaborar o texto sobre todo o processo com a turma.
Peguei os trabalhos dos alunos que já haviam terminado e junto com outros dois alunos
começamos a anexar os trabalhos junto ao quadro negro.
Quando começamos a discutir o processo da montagem a professora de
matemática chegou, com uma cara feia de quem não estava querendo ceder nem cinco
minutos. Nesse momento achei que todo meu trabalho estava perdido. Falei para turma que
realmente eu não sabia o que seria feito, pois eu esperei por todos eles e mesmo assim não
conseguimos fazer a montagem e muito menos o texto. Falei que ligaria para minha colega da
outra escola para tentar resolver o problema da melhor maneira possível, mas já não sabia o
que iria acontecer dali por diante. Recolhi minhas coisas e falei para eles que no dia seguinte
eles saberiam o que iria ser feito. Falei para os três alunos que estavam com o trabalho em
mãos que eles teriam que terminar e trazer novamente no dia seguinte.
Trabalho da aluna Tainá
(Fonte: ANDRADES, 2011)
95
Trabalho aluna Izabel
(Fonte: ANDRADES, 2011)
Trabalho da aluna Ana Paula
(Fonte: ANDRADES, 2011)
96
Trabalho da aluna Cristiane
(Fonte: ANDRADES, 2011)
Trabalho do Aluno Jorge Henrique
(Fonte: ANDRADES, 2011)
97
Trabalho do aluno Jorge Luís
(Fonte: ANDRADES, 2011)
Análise:
Nesse dia só fui à escola pois precisava terminar os trabalhos que iriam para
escola de Lajeado. Eu havia combinado de entregar a noite na ULBRA para minha colega,
pois os correios estavam em greve e não queríamos correr riscos. Meu olho estava realmente
muito vermelho, mas eu tinha um compromisso para cumprir e não podia quebrá-lo. Eu estava
bem preocupada, pois só tínhamos um período para finalizar os trabalhos fazer a montagem e
realizar o texto. Realmente não conseguimos terminar tudo a tempo. Como eu estava
preocupada com o projeto com Arte postal e queria realmente que todos alunos participassem
fui esperando por eles. Não sei se essa minha atitude foi certa, se é certo esperar por todos
sempre realmente não sei, mas no decorrer das aulas senti essa necessidade. Eu via que todos
alunos da turma 101 estavam se dedicando, até mesmo quem eu percebia que tinha
dificuldades estava se esforçando, tentando dar o seu melhor. Escutei de uma das meninas no
decorrer das aulas que ficava treinando desenhos de Mangá em casa durante o final de
semana. Por sinal o trabalho dela ficou bem expressivo com um desenho de Mangá e flores
que estavam presentes na gravura de Hiroshige que Van Gogh utilizou para fazer a obra
Amexeira em Flor . A releitura da Cortesã porém na versão Mangá ficou surpreendente
também. “ Por meio do inter-relacionamento entre a cultura visual de massa e a arte, novas
imagens são produzidas da arte emergem. Aquilo que se considera “culto” é transformado
nesse processo”.(BARBOSA, 2010, p. 127).
98
Criatividade entre os alunos desta turma não faltou. Eles realmente baixaram a
cabeça e executaram no trabalho tudo aquilo que foi aprendido e repetido inúmeras vezes na
aula. De tanto eu repetir as características de gravuras japonesas encontradas na obra de Van
Gogh, eles já sabiam direitinho o que passar para o papel. Vi o quanto foi bom repetir a
mesma atividade que eles realizaram em grupo agora individualmente. Eles estavam mais
confiantes e se dedicaram muito mais. A cada aula eu me surpreendia mais com esta turma.
Consegui entender um pouco o motivo da vergonha que eles apresentavam quando tinham
que apresentar seus trabalhos para os outros colegas. Essa turma estava cheia de alunos
introspectivos que funcionavam melhor criando individualmente e essa proposta fez com que
eles tivessem mais liberdade para colocar, aquilo que não conseguiam apresentar verbalmente
para o resto da turma, no papel. Para mim todo esse processo refletiu nos belos trabalhos
realizados.
Então, depois de tudo isso que eu observei como eu conseguiria deixar o trabalho
de algum aluno de fora? Impossível. Tive sim que esperar por todos, finalizei a aula falando
que eu não saberia o que iria acontecer dali por diante, mas que eu daria um jeito.
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3.3.9. Nono encontro
Aula 13
Dia 21/10/2011
Horário 7h e 30 min às 8h e 20 min
TEMA:
- Arte Postal
CONTEÚDOS:
- Arte Postal
- Curadoria
LISTA DE ATIVIDADES:
- Montagem de um Painel com as releituras
- Elaboração de um texto sobre o processo da montagem
OBJETIVOS DA AULA:
- Inserir os trabalhos no projeto com arte postal.
- Mostrar aos alunos como seria um processo de curadoria através da montagem
do painel.
METODOLOGIA:
- Dialogada, leitura de imagens e prática.
AVALIAÇÃO:
- Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
- Se houve participação dos alunos na realização da atividade prática.
- Se os alunos participaram do processo de montagem do painel e a
elaboração do texto.
100
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
Os alunos farão a montagem de um painel com os trabalhos em seguida realizarão
um texto sobre os critérios utilizados para realização da montagem.
Realizado:
Na última aula do dia 19/10, eu tinha ficado sem saber o que fazer, pois a
principio deveria ter sido a última aula antes de entregar os trabalhos para minha colega que
morava em Lajeado. Eu havia combinado com ela de entregar todos os trabalhos da turma de
ensino médio no próprio dia 19 à noite, pois era a única noite que ela estaria na Ulbra, já que
ela morava em Lajeado e outra maneira ficaria difícil.
Quando eu sai da escola eu estava apavorada, pensando na melhor maneira de
resolver este problema, então liguei para ela e a solução encontrado foi que eu deveria ir até a
Ulbra na sexta-feira à noite e entregaria os trabalhos para o motorista do ônibus que ela
costumava a ir para Lajeado. Fui até a Ulbra quinta- feira de noite e combinamos com o
motorista que ela esperaria por ele no Centro de Lajeado por volta das 23:30 para pegar os
trabalhos que estariam com ele. Passei por momentos estressantes, mas conseguimos uma
solução para todos os problemas.
Além de tudo isso, o problema do meu olho foi diagnosticado como conjuntivite.
Quando fiquei sabendo desse problema expliquei para médica que eu precisava dar a última
aula do meu estágio e não poderia faltar. Ela falou que eu não poderia ter contato com outras
pessoas, explicou também que o vírus não pularia do meu olho, eu só passaria ele se tocasse
no olho e não lavasse as mãos.
Bom, depois disso assumi o risco, comprei meus remédios e um álcool gel. Cuidei
para ficar com as mãos sempre limpas e fui para escola na manhã seguinte.
Chegando à escola fui direto ao encontro da professora Letícia. Ao encontrar a
professora expliquei o que estava acontecendo, claro que não falei que era conjuntivite, pois
eu seria barrada pela diretora da escola, com razão. Pode ter sido irresponsabilidade da minha
parte, mas assumi esse risco. Meu olho estava um horror, mas a sorte que eu tinha um óculos
fume azulado, que não atrapalharia muito se eu precisasse ficar em um ambiente fechado.
Cheguei à sala de aula e a primeira coisa que falei para os alunos foi que eu estava
com uma alergia no olho e precisaria dar aula de óculos. Recebi elogios pelos óculos. Foi
engraçado.
101
Comecei a aula recebendo os trabalhos dos três alunos que tinham ficado de
terminar em casa. Notei que valeu a pena permitir que eles levassem os trabalhos, pois
realmente tinha ficado muito bom o resultado. O menino tinha solucionado seu trabalho
utilizando cores fortes como o artista pós-impressionista usava. A menina fez a releitura da
ponte com um casal se beijando. Pedi ajuda aos alunos para colocar os trabalhos junto ao
quadro, aproveitei isso para avaliá-los um por um. Fizemos breves comentários sobre os
trabalhos e comentamos particularidades de cada um. Elogiei a turma pela dedicação que
todos tiveram para a realização daquele projeto.
Eu expliquei novamente o projeto com Arte postal, lembrando mais uma vez da
obra aeropostal de Eugenio Dittborn e fazendo um comparativo com a idéia do nosso trabalho
que era juntar a obra de um artista pós impressionista influenciado pela arte japonesa com o
Mangá, histórias em quadrinhos que fazem parte da realidade de muitos adolescentes nos dias
de hoje.
Em seguida, comuniquei à turma que deveríamos fazer uma montagem com os
trabalhos, expliquei que tudo aquilo fazia parte de um processo de curadoria. Nós iríamos
expor no Santander então precisávamos mostrar como queríamos que as outras pessoas
vissem a organização de nossas obras. Falei que precisávamos fotografar essa organização
para enviar para outra escola junto com um pequeno texto explicando todo o processo.
Salientei que todos deveriam participar, pois todos tinham responsabilidade sobre essa
montagem e eu não queria que apenas três ou quatro como sempre participassem dando
opinião. Como sabia que eles morriam de vergonha de falar para o outro colega, comecei a
chamar um por um perguntando qual seria sua opinião. Depois perguntava o que os colegas
achavam se concordavam ou não com a idéia proposta.
Algumas idéias foram surgindo, outros como sempre optaram pelo silencio sem se
manifestar, mas os alunos concordaram em separar os trabalhos pela utilização de materiais.
Começando pelos trabalhos que eram feitos com lápis 6b, passando para lápis de cor, canetas
hidrocor até chegar nas tintas coloridas. Fizemos um esboço rápido do texto quando a aula já
estava chegando ao fim.
102
Trabalho do aluno Ariel
(Fonte: ANDRADES, 2011)
Trabalho do aluno Jordi
(Fonte: ANDRADES, 2011)
103
Trabalho da aluna Andréia
(Fonte: ANDRADES, 2011)
Trabalho da aluna Karine
(Fonte: ANDRADES, 2011)
104
Montagem dos trabalhos da turma 101
(Fonte: ANDRADES, 2011)
Análise:
Foi um sacrifício para conseguirmos terminar os trabalhos a tempo de ser entregue
para outra escola, porém todo esforço valeu a pena. A turma 101 entendeu muito bem a
proposta do trabalho conseguindo realizá-lo com sucesso. Foi incrível ver os alunos que eram
mais indisciplinados e também aqueles que tiveram dificuldade em realizar o primeiro
trabalho em grupo, se esforçando para realizar um trabalho legal. Notei que a turma estava
orgulhosa em expor seus trabalhos no Santander. O fato de terem feito a atividade em grupo
anteriormente deu mais confiança para realização deste trabalho individual.
Senti a necessidade de falar mais uma vez sobre o projeto com Arte postal. Ao
falar sobre o processo de curadoria, foi lembrado por parte dos alunos que esse processo já
tinha sido trabalhado em sala de aula pela professora titular.
A organização das tarefas, das propostas e dos conteúdos pelos professores
ocupa um papel importante. É necessário que o aluno participe das
atividades com consciência de suas finalidades, cabendo ao professor
explicar o para quê e o porquê das tarefas. (IAVELBERG, 2003, p. 11)
Eu fiquei muito satisfeita com os trabalhos realizados pela turma 101. Claro que
tudo isso foi possível, pois a professora titular entendeu a importância deste projeto e
conseguiu todos os períodos que eu solicitei para ela, caso contrário teria sido impossível
inserir esta turma no projeto já que tínhamos apenas um período por semana e aconteceram
vários imprevistos no decorrer das aulas.
105
3.3.10. Décimo encontro
Aula 14
Dia 28/10/2011
Horário 7h e 30 min às 8h e 20 min
TEMA:
- Arte Postal
CONTEÚDOS:
- Arte Postal
- Curadoria
LISTA DE ATIVIDADES:
- Montagem de um Painel com os trabalhos recebidos da outra escola
OBJETIVOS DA AULA:
- Inserir os trabalhos no projeto com arte postal.
- Mostrar aos alunos como seria um processo de curadoria através da montagem
do painel de um novo painel com os trabalhos recebidos de outra escola.
METODOLOGIA:
- Expositiva, dialogada, leitura de imagens.
MATERIAIS E RECURSOS A SEREM UTILIZADOS:
- Trabalhos recebidos da outra escola.
AVALIAÇÃO:
- Os alunos serão avaliados por critérios, de acordo com os objetivos específicos
desta atividade. Para uso de tais critérios será levado em consideração:
- Se os alunos participaram do processo de montagem do painel e a
elaboração do texto.
106
DINÂMICA PLANEJADA PARA A AULA:
Os alunos abrirão o envelope com os trabalhos recebidos da outra escola
realizarão a montagem de um novo painel com esses trabalhos.
Realizado:
Cheguei à escola cedo e como de costume passei na sala dos professores para
encontrar a professora Letícia. Como ela não chegou no horário, tomei a liberdade de me
dirigir sozinha para sala de aula. O primeiro período como sempre funcionava de uma
maneira mais lenta, pois os alunos iam chegando ao poucos e pareciam dormir em pé. Entrei
na sala e já fui mostrando para turma o envelope com os trabalhos da outra escola. Eles
ficaram muito curiosos querendo saber o que tinha ali dentro.
Esperei alguns minutinhos e pedi para que todos se reunissem em minha volta
para abrirmos juntos aquele envelope. Pedi para um dos alunos ler o que estava escrito
naquele envelope para os resto da turma. Ele leu que a escola ficava em Lajeado e era uma
turma do EJA. Todos estavam atentos querendo saber o que iria sair daquele envelope, então
eu abri. Tirei os trabalhos do envelope e fui passando para os alunos. Eles passavam um para
o outro fazendo os mais diversos comentários. Uns comentavam que eram uns trabalhos
estranhos não tinham muito sentido. As opiniões foram as mais variadas.
Falei para turma que da mesma forma que havíamos feito uma montagem para
nossos trabalhos agora deveríamos fazer uma montagem para os trabalhos da outra escola.
Agora seriamos os curadores das obras da turma de Lajeado. Comecei a organizar os
trabalhos lado à lado os trabalhos junto ao quadro negro onde eles poderiam visualizar
melhor, enquanto isso pedi para que eles pensassem como montaríamos um painel com
aqueles trabalhos e quais seriam os critérios para a montagem. Quando terminei expor os
trabalhos, mais criticas começaram em relação aqueles trabalhos. Um dos alunos comentou –
“Professora, vai me desculpar, mas nossos trabalhos ficaram muito melhores do que estes aí”
Expliquei para turma que a questão de ficar melhor ou pior era relativa. Eles
tinham trabalhado outro assunto, diferente do nosso. E que da mesma forma que ele não
gostou daqueles trabalhos outra pessoa poderia não gostar dos nossos.
Os alunos chamaram atenção para dois trabalhos da outra turma, um deles
lembrava a técnica do Grafitti assunto que atrai os alunos. Outro foi de um jogo que parecia
107
um tabuleiro de xadres. Então perguntei para eles como poderíamos organizar aquele
trabalho, um aluno começou a querer tomar conta da montagem querendo decidir tudo e
falando que os trabalhos da outra escola tinham ficado melhores que os nossos. Neste
momento um grupo inteiro dos meninos mandou ele calar a boca e não falar bobagem.
Perguntei se ele realmente achava aquilo e ele respondeu que sim. Então falei para o resto da
turma que era a opinião dele e que todos deveriam respeitar. Nessa hora outro menino
começou a discutir com ele, começou a ficar um clima quente na turma. Pedi para que eles
parassem com aquela discussão e ofensas. Esse menino falou que não daria mais opinião para
nada e os outros colegas falaram que era bom mesmo.
Falei que fazia parte, que isso servia de exemplo que nem todo mundo tem a
mesma opinião, mas que devemos respeitar. O tempo estava acabando e tínhamos ainda que
realizar nossa montagem. Eles não estavam querendo dar muita opinião, mas as que surgiram
era que deveríamos organizar os trabalhos por materiais utilizados da mesma forma que
havíamos feito com os nossos, porém a maneira de organizá-los foi diferente. Eles colocaram
o Desenho que tinha chamado mais atenção da turma, sozinho na parte superior e por último
colocaram o que para eles parecia não ter sentindo nenhum com os de mais trabalhos. Em
seguida mostrei a foto da montagem original feita pela outra turma. Perguntei se eles tinham
alguma de qual teria sido a intenção daquela turma por aquela montagem e curiosamente um
aluno falou que parecia um jogo. Quando li o texto que a outra turma mandou junto com os
trabalhos, dizia exatamente isso que eles queriam montar um tabuleiro como se fosse um
jogo, uma brincadeira. Quando li isso o aluno que tinha comentado, falou- “Viu só, eu acertei,
falei que parecia um jogo”. Ele percebeu isso depois que mostrei a foto, mas anteriormente
eles já haviam comentado sobre o trabalho que parecia um tabuleiro de xadrez.
Terminando essa parte me despedi dos alunos, agradecendo pela dedicação em
todo o meu estágio. Falei que eles eram alunos fantásticos e que eu desejava tudo de bom para
eles entre outras coisas. Falei sobre a possibilidade de irmos ver os trabalhos expostos no
Santander, mas alguns trabalhavam na parte da tarde. Falei para eles tentarem vistar a Bienal
novamente aproveitando para tirar fotos na frente dos trabalhos expostos para depois postar
no Orkut ou facebook e se exibir para os amigos. Eles adoraram quando falei isso. Deram
risadas e se animaram em ir.
Assim acabou a aula, com despedidas, abraços e muito carinho. Sentimento,
apesar de todos os acontecimentos e contratempos, de trabalho cumprido.
108
Montagem realizada pela turma 101
Com trabalhos da escola de Lajeado
(Fonte: ANDRADES, 2011)
Análise:
A última aula na turma 101 rendeu assunto. Quando abri o envelope com os
trabalhos da outra escola os comentários foram mais variados. Foi muito legal perceber as
caras de curiosidade e ansiedade para ver o que tinha dentro daquele envelope. Ao ver aquela
vontade da turma de saber o que eles estavam recebendo, cheguei a conclusão que o projeto
tinha valido muito a pena. Em minha opinião, o que mais valia era esta troca de informações e
de experiência de duas escolas que apesar de pertencerem ao mesmo estado, são de culturas
costumes e idades diferentes já que a turma da outra escola era uma turma do EJA.
Fiquei surpresa com quando um aluno começou a criticar nossos trabalhos,
confesso que não esperava. Ele com toda educação falou que era para eu desculpar ele, mas
ele achava que os trabalhos da outra escola estavam muito melhores. Para mim a questão não
eram se estavam melhores ou piores, mas achei que toda a turma desenvolveu um trabalho tão
legal que não esperava que um aluno diminuísse o que eles haviam feito em relação aos
outros trabalhos, mas claro, isso também fazia parte de todo o processo. Era a opinião dele e
deveria ser respeitada. Analise Dutra Pillar (1999, p.13) comenta que,
[...] o observável tem sempre a marca do conhecimento, da imaginação de quem
observa, ou seja, depende das coordenações do sujeito, das estruturas mentais que ele
possui no momento, as quais podem modificar os dados. Assim, duas pessoas podem
ler a mesma realidade e chegar a conclusões bem diferentes. Isto porque, o que o
109
sujeito aprende em relação ao objeto depende dos instrumentos de registro, das
estruturas mentais, das estruturas orgânicas específicas para o ato de conhecer,
disponíveis naquele momento.
O mais engraçado foram os defensores comprando a briga. Começou uma
discussão, o grupo que sempre participava e que era super prestativo dos meninos do fundo
começaram a xingar ele. Eu fiquei admirada, pois aqueles alunos eram bem educados, não
tinha visto nenhum deles levantar o tom da voz até o instante, porém eu não podia permitir
aquilo. Pedi que todos parassem e respeitassem a opinião do colega. Discutimos um pouco a
questão do belo, que o bonito para um nem sempre é para outro.
110
CONCLUSÃO
O meu trabalho de curso é resultado de uma experiência vivida durante os
estágios curriculares do curso de Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil. Essa
vivência teve inicio no segundo semestre de 2010, quando entrei em contato com uma escola
da rede particular, porém meu projeto de ensino aprendizagem foi desenvolvido no segundo
semestre de 2011 em uma escola da rede pública de Porto Alegre.
Após uma conversa com a professora titular do ensino fundamental e médio, da
Escola Estadual Professor Alcides Cunha, obtive a permissão para desenvolver parte do
projeto que já havia sido elaborado para a primeira escola da rede particular, durante o estágio
I. O tema determinado por essa instituição havia sido o Pós- Impressionismo. Vi que por falta
de condições do colégio Alcides Cunha, não haveria como executá-lo, já que a principal
atividade desse projeto se resumia na confecção de um blog. Apesar de a escola oferecer uma
sala de informática, esse laboratório não estava em condições de uso. Além disso, nem todos
os alunos tinham acesso à internet em suas casas, informação constatada com a professora, o
que dificultaria a participação dos grupos nas atividades planejadas. Em decorrência disso,
resolvi fazer algumas alterações em meu tema.
Durante minha pesquisa, sobre o período Pós- Impressionista, o fato que mais
chamou minha atenção foi a influência da Arte japonesa, através de gravuras, nas obras de
grandes nomes da Arte mundial que trabalharam no final do século XIX, entre eles estava o
Holandês Vincent Van Gogh.
Eu sempre tive um enorme apreço pelas obras do Van Gogh, e digo mais, meu
gosto pela arte teve inicio quando conheci as obras dele, durante minha adolescência. Apesar
do meu fascínio pelo trabalho do artista Holandês, eu nunca tinha observado traços da
influência oriental, que hoje em dia enxergo nitidamente, em alguns de seus trabalhos.
Com a intenção de trabalhar um assunto contemporâneo, próximo ao interesses de
muitos jovens dos dias de hoje, resolvi acrescentar na pesquisa o universo das histórias em
quadrinhos Japonesas, o Mangá. Na verdade, eu precisava de um meio para desenvolver a
história da Arte, que além de fazer parte do meu interesse pessoal, era um assunto pelo qual
eu me sentia mais segura para trabalhar com as turmas. Não bastasse isso, durante uma
conversa com a professora titular e posteriormente com uma aluna, percebi que raramente era
111
desenvolvido o estudo dos movimentos e períodos artísticos, pois a base do trabalho da
professora era a Arte contemporânea. Foi por esses motivos que alterei meu tema de
pesquisa, utilizando a influência japonesa como um meio para relacionar a arte erudita com a
arte popular, e possibilitando assim o encontro de dois momentos diferentes da história da
Arte, o período do Pós- Impressionismo com a Arte Contemporânea do Mangá.
Aproveitando a proximidade das idades entre a oitava série do ensino fundamental
e o primeiro ano do ensino médio, desenvolvi o mesmo projeto para as duas turmas.
Assumi o risco, uma vez que essas duas tinham características completamente
diferentes. Enquanto a turma da oitava série era expressiva e participativa, a do primeiro ano
era introspectiva e nem sempre participava nos momentos em que era solicitada a participação
do grupo, mas foi nessa turma “quieta” que tive uma surpresa com os resultados dos
trabalhos.
A escolha da turma para inserir neste trabalho de curso não foi uma tarefa fácil,
pois acredito ter atingido o objetivo em ambas. Pensando sobre de minha Prática de Ensino,
percebi que a característica da turma que era considerada negativa por mim foi na verdade um
dos fatores que ajudaram na obtenção de bons resultados nas atividades individuais. Graças à
essa atividade eles tiveram mais liberdade para ousar sem se preocupar com a opinião do
colega. Esse fato me ajudou a escolher a turma 101 para ser abordada neste trabalho.
Desde a primeira aula quando solicitado o compartilhamento de idéias com o resto
da turma, a maioria dos alunos não participava. Isso não acontecia nem quando eu chamava
diretamente alguns alunos pelo nome, eles simplesmente não abriam a boca. No inicio eu não
entendia, mas aos poucos fui entender que na verdade era por pura vergonha e timidez. A
turma, era calma, nunca tive grandes problemas com barulhos ou interrupções dos alunos.
Apesar de pouca participação em momentos que era necessária a colaboração de todo o grupo,
a turma sempre mostrou interesse e dedicação, principalmente, como relatei acima, nas
atividades individuais. Quando solicitei uma atividade em grupo, notava que para alguns era
algo muito difícil, então não insistia para que se unissem com os demais colegas.
Quando resolvi trazer o Mangá para sala de aula, minha idéia era trazer algo que
fazia parte dos interesses de muitos adolescentes, e assim eu conseguiria facilitar a
compreensão dos alunos e enriquecer a aulas de história da Arte. Para ficar mais inteirada
sobre o assunto visitei um desses eventos que reúnem admiradores de Mangás de vários
cantos do estado e lá tirei fotos para levar até os alunos. Eles ficaram admirados com as fotos
de meninos e meninas que faziam cosplay (maneira de vestir-se como herói de desenhos
112
animados e mangás, mais notadamente os animés, desenhos de heróis japoneses). E para
minha surpresa, durante uma conversa com uma a aluna, ela relatou que já havia visitado um
evento desses e colecionava Mangás. Curiosamente essa menina vestia-se com roupas
características de sua religião Evangélica. Na época fiquei admirada quando ela me contou
isso, até por que durante uma de minhas observações, antes de começar a desenvolver o
projeto, lembro que durante uma atividade sobre expressões contemporâneas, essa aluna
apresentou para turma uma música que ela cantava em sua igreja. Após esse fato, não por
preconceito, mas talvez por ingenuidade minha, pois jamais poderia imaginar que aquela
menina seria fã de quadrinhos japoneses. Eu estava completamente equivocada já que para
Oliveira (2009, sem página), “Um grupo religioso, por exemplo, por mais particulares que
sejam suas concepções e práticas de vida social, existe no interior de uma sociedade dinâmica,
cujas características e cujos problemas ele não pode evitar”. Assim, por mais que esta menina
pertencesse a um grupo, ela não estava isolada da cultura de massa, e influência das mídias e
de interesses de adolescentes de sua faixa etária.
A turma 101 era carente de história da Arte, porém trabalhar com a história exigia
muito cuidado, dependendo da maneira que ela fosse trabalhada, poderia parecer sem sentido
e gerar desinteresse. Foi através das atividades com releitura que consegui chegar aos meus
objetivos. Para isso utilizei a proposta triangular de Ana Mae Barbosa que designa ações
como: O fazer, a leitura e a contextualização. “Através da apreciação e da decodificação de
trabalhos artísticos, desenvolvemos a fluência, flexibilidade, elaboração e originalidade – os
processos básicos da criatividade”. (Barbosa, 1998, p. 18). Através da contextualização
estabelecemos relações entre algumas obras do artista Vincent Van Gogh e o Mangá. A
turma realizou trabalhos utilizando colagem, revistas de em quadrinhos japonesas, tintas
guache, lápis de cor e outros materiais, e com isso conseguiram correlacionar a Arte erudita
com a Arte popular. Esse exercício ampliou a capacidade de observação e de expressão dos
alunos já que eles mostraram em seus trabalhos elementos característicos da influência da arte
japonesa na obra do artista pós-impressionista, como, por exemplo, o fechamento de cores
vivas através do contorno. Van Gogh se tornou para eles um artista muito próximo, ele já não
fazia mais parte apenas do Pós – Impressionismo, ele se tornou pop para turma.
Essa atividade foi desenvolvida pela turma em dois momentos, a primeira em
grupo e a segunda individualmente para a participação do projeto com arte postal, realizado
paralelamente à 8ª Bienal do Mercosul.
113
O Projeto com arte postal foi criado e desenvolvido por meus colegas da Ulbra.
Quando fui convida, por eles para participar desse trabalho, não sabia muito bem como
encaixaria minhas aulas. No principio achei que as turmas participariam dessa proposta
apenas enviando os trabalhos para outra escola, utilizando o conceito de Arte Postal, e
posteriormente os trabalhos ficariam expostos no Santander Cultural. Porém no decorrer das
aulas percebi que a participação nesse projeto facilitou o transito pelos dois momentos da
História da Arte, já que o tema da Bienal foi a Territorialidade, e mostrava a relatividade do
termo “fronteira” ou “limite”. No caso, utilizávamos o fato da influência japonesa ter
atravessado fronteiras, chegando na Europa no século XIX e hoje no ocidente através do
Mangá. Mostrando assim que a Arte possibilita a comunicação de um conteúdo atemporal,
por exemplo as obras do Vincent Van Gogh, com algo que faz parte dos interesses de muitos
adolescentes e jovens dos dias de hoje, o Mangá.
Antes mesmo de confirmar a participação da turma nesse projeto a professora
titular já tinha se encarregado de inscrever as turmas para a visitação das obras, do artista
homenageado naquela edição da Bienal, que estavam expostas no Santander. Só que a data
que ela reservou para isso foi logo na terceira aula. Momento que eu mal tinha conseguido
mostrar para os alunos o que eu estava pretendendo desenvolver com eles.
Quando cheguei para desenvolver a segunda aula com a turma 101, passei por um
dos maiores imprevistos do meu estágio. A professora titular pediu para que eu falasse sobre a
exposição do Eugenio Dittborn, artista homenageado daquela edição da Bienal, mas isso não
havia sido planejado para aquela aula.
Eu ainda estava muito insegura, e por instantes achei que naquele momento meu
estágio iria por água baixo. Quando planejei essa aula não pensei nos imprevistos que
poderiam ocorrer, ou que a professora poderia fazer uma solicitação dessas e muito menos na
resposta que a turma poderia me dar. Pensei na aula como se ela dependesse exclusivamente
de mim. O projeto pedia um planejamento anterior com o tempo de duração para cada
atividade, mas isso me pareceu ilusório naquele momento. Do que adiantava toda uma
organização se ela poderia mudar completamente.
Acredito que essa aula tenha sido uma das maiores lições do meu estágio, e que
levarei para o meu futuro profissional. Claro que é necessário fazer um planejamento anterior,
porém tenho que estar ciente que ele não dependerá só de mim para que seja executado.
Estarei lidando com indivíduos, que só pelo fato de serem seres humanos são imprevisíveis.
Ter uma segunda opção para atividade pode ser um dos caminhos, mas nem isso tem como
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saber, pode ser que funcione pode ser que não. Refletindo sobre isso, vejo que o importante é
sempre tentar resolver os imprevistos da melhor forma para todos. Vejo, com essa reflexão,
que posso passar anos em sala de aula, e mesmo assim nunca estarei preparada para os
imprevistos, até por que se eu estiver preparada para isso o nome será qualquer outro menos
“imprevisto”.
Quando comuniquei a turma sobre a participação da escola no projeto com arte
postal, e que os trabalhos deles ficariam expostos no Santander Cultural, notei que eles
ficaram bem empolgados, alguns acreditavam que não seriam capazes para isso. Acredito que
em parte a dedicação tenha sido tão intensa por eles saberem que seus trabalhos ficariam
expostos no mesmo lugar que estavam os trabalhos do Eugenio Dittborn, artista chileno
homenageado na 8ª Bienal do Mercosul.
Creio que em momentos eu tenha sido um tanto quanto egoísta, por só pensar no
tempo para desenvolver as atividades e na participação do projeto com arte postal, para ter um
maior “sucesso com meu estágio”. Com uma visão mais pessoal, foi que me posicionei em
meus relatórios. Penso que poderia ter me posicionado mais em relação ao aluno.
Como se pode observar, a escolha do tema não foi pensando nas características
das turmas, com isso assumi o risco do não envolvimento do grupo com o projeto, mas quem
me garantiria que se eu tivesse pensado somente nas características eles se envolveriam?
Penso que durante a realização desse projeto de ensino tenha faltado um
fechamento final após os trabalhos do projeto com arte postal terem sido enviados para outra
escola. Não consegui uma finalização que eu pudesse fazer uma conversa seguida de um
questionário, por exemplo. Porém, após cada atividade com releitura reservei um momento
para que os alunos pudessem apreciar de forma reflexiva os trabalhos uns dos outros. Nesses
momentos eu questionava os alunos sobre as dificuldades encontradas no decorrer do
processo de realização do trabalho. Nem todos participaram, a timidez era tanta que algumas
alunas colocavam os trabalhos na frente de seus rostos. Perguntava se a turma conseguia
enxergar nas releituras características tanto das obras do Van Gogh quanto as de Mangá. Eles
nunca discordavam dos trabalhos de seus colegas provavelmente para não ficar de mal uns
com os outros. Minha intenção além de propiciar uma apreciação de forma reflexiva, era
saber se aquela atividade realmente tinha feito algum sentido para eles.
Atribuo à esses momentos a compreensão do conteúdo. Eu como mediadora,
fazendo os questionamentos, sentia que a turma estava consciente da proposta do exercício.
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Esses momentos serviram também para que eu conseguisse avaliar os alunos, já
que avaliá-los em todas as aulas era quase impossível.
Foi durante esses estágios, que percebi que a Arte permite uma comunicação
atemporal
Após essa experiência comecei a refletir sobre a verdadeira importância da Arte
Educação. Desde que entrei para o curso de licenciatura em Artes Visuais, sempre soube da
importância da Arte, porém não até estágio eu não enxergava o papel fundamental que o
professor tem como mediador, da aprendizagem. Não digo mediador do conhecimento, pois
numa sala de aula ocorre uma troca dos dois lados, e ensinar não garante uma aprendizagem,
tudo vai depender da forma que eu levarei esse conhecimento e do interesse dos alunos em
absorver-lo. Percebi com essas práticas, a importância de elaborar um conteúdo paralelo aos
interesses dos alunos, mostrando para eles que o que aconteceu há muitos anos atrás, não foi
um fim em si mesmo.
Não vou mentir, foi só agora durante esses estágios, que percebi que a Arte
permite uma comunicação atemporal. Há pouco tempo escutei, em uma palestra de um grande
historiador de Arte, algo que me fez refletir sobre a atemporalidade. Ele falou o seguinte:
“Nós somos o Renascimento”. Essa frase referia-se a tamanha importância que foi aquele
movimento para a humanidade, mas principalmente, para meu entendimento, ele estava nos
falando que o aquilo que somos hoje é reflexo do que ocorreu no passado. A história da Arte
sempre irá gerar muitas interpretações, no caso do meu projeto eu levei aos alunos um período
artístico, em que vários artistas trabalhavam de maneiras diferentes uns dos outros, porém
consegui absorver um sutil detalhe que gerou a possibilidade de relacionar aquele período
com algo da atualidade.
Agora, que posso ver meu desempenho como professora de uma maneira mais
critica e reflexiva, acredito ter realizado um bom trabalho. É difícil falar sobre isso, criticar o
próprio desempenho não é uma tarefa fácil. Essa foi minha única experiência em sala de aula,
não sei ainda o que é certo ou errado. Acredito que daqui alguns anos eu possa conseguir
enxergar tudo isso de outra forma, discordando ou continuando a acreditar nas coisas que
realizei. Acho isso tudo muito indefinido ainda.
Uma das coisas que aprendi nesse estágio, e que levarei daqui para frente, é que
por mais que seja feito todo um planejamento inicial, imprevistos acontecerão no meio do
caminho, e eu nunca estarei preparada para isso. O que existe de fato é o presente, o que
aconteceu está gravado em minha consciência e em alguns relatos. Acredito que seja muito
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cedo para falar da Tais no seu futuro profissional. Eu posso falar das coisas que eu almejo,
entre elas está a vontade de trabalhar com os alunos de uma forma mais reflexiva, para que
eles possam compreender que trabalhar a história da arte, em sala de aula, não é uma tarefa
que está restrita apenas para desenvolver a criatividade, e sim uma tentativa de entender o que
somos hoje. Espero adquirir muito conhecimento, mas que eu possa ter muita sabedoria para
usá-lo, do contrário a desvalorização da arte em sala de aula poderá começar por mim.
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APENDICES
120
Apendice 1. Cópia do questionário respondido pela professora
Letícia Lau
121
Apendice 2. Cópia dos questionários respondidos pelos alunos da
Escola Alcides Cunha
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123
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