igreja presbiteriana do brasil exegese de mateus 5.3
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1
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
JUNTA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA
SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO NORTE
EXEGESE DO TEXTO DE MATEUS 5: 10-12
JOSUE MARCIONILO DOS SANTOS
Trabalho para composição de nota
na disciplina de Exegese do Novo
Testamento I do Professor Rev.
Stefano Alves.
Recife – 2013
2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................04
2. ANÁLISE HISTORICA GERAL ................................................................04
3. AUTORIA.......................................................................................................04
4. EVIDENCIAM INTERNAS...........................................................................06
5. EVIDENCIAS EXTERNAS...........................................................................06
6. DESTINATARIO............................................................................................06
7. PROPOSITO...................................................................................................07
8. LOCAL ...........................................................................................................08
9. DATA.............................................................................................................08
10. GENERO LITERARIO....................................................................................08
11. ESBOÇO DO LIVRO......................................................................................09
12. ANALISE LITERARIA...................................................................................11
13. DEMILITAÇÃO DA PERICOPE....................................................................11
14. ANALISE CONTEXTUAL..............................................................................12
15. CONTEXTO ANTERIOR................................................................................12
16. CONTEXTO POSTERIOR...............................................................................12
17. ESTRUTURA DO TEXTO...............................................................................13
18. ANÁLISE TEXTUAL.......................................................................................13
19. ANÁLISE GRAMATICAL...............................................................................13
20. TRADUÇÃO LITERAL....................................................................................15
21. ANÁLISE LEXICA...........................................................................................17
22. ANÁLISE MANUSCRITOLOGICA...............................................................20
23. COMPARAÇÃO COM TRADUÇOES BIBLICAS........................................20
24. TRADUÇÃO FINAL.........................................................................................21
25. ANÁLISE TEOLÓGICA..................................................................................21
26. PARÁFRASE....................................................................................................24
27. COMENTARIO HOMILETICO.......................................................................24
3
28. CONCLUSÃO......................................................................................................24
29. BIBIOGLAFIA.....................................................................................................25
4
I Introdução
O teólogo alemão Dietrich Bonheffer foi grandemente perseguindo durante a
segunda guerra mundial quando capturando ele foi levando para um campo de
concentração chegando depois a ser executando por ordem do famoso carrasco nazista
Helmer.
As cartas de Bonheffer são marcadas por alguém que compreendia que Deus,
muitas vezes coloca na vida dos seus servos também o sofrimento a perseguição.
Em sua carta Bonheffer dia a seguinte frase a respeito do sofrimento e perseguição:
O sofrimento é, pois, a característica dos seguidores de Cristo; o discípulo não pode está
acima do mestre, se o mestre foi perseguindo os discípulos também assim o será.
Essa oitava bem-aventurança fala exatamente dos perseguidos.
Aqui nas bem - aventuranças nós encontramos qual o conceito de Deus sobre felicidade.
De todas as bem - aventuranças essa é que mais vai de encontro ao conceito de
felicidade proclamado no evangelicalismo brasileiro. Aqui ser feliz não é o mesmo que
ter uma vida de sobra e agua fresca nessa terra, mas implica em tribulação.
O presente trabalho tem o proposito de avaliar a luz de Mateus 5.10-12 o
conceito de felicidade segundo Deus em contraste com o conceito de felicidade
ensinado em nossos dias nos arraiais evangélicos em particular os adeptos da doutrina
da prosperidade.
1. – Análise Histórica Geral
1.1. – Autoria
Em comum com os outros três evangelhos o autor não se identifica pelo nome,
porem o nome do apostolo Mateus se associa a ele desde o século II. Essa convicção
foi mantida até a época da reforma. Por volta de 1776, A. e. Lessing (e depois Geiseler)
teorizou um estagio oral no desenvolvimento dos evangelhos Sinóticos contrariando a
posição tradicional adotada pela igreja desde o II século. Ele afirmou que eles eram
dependentes das tradições orais mais antigas que os escritores modificaram para seus
próprios públicos alvo. Com esse argumento a autoria de Mateus é descartada
atribuindo a um escritor anônimo ou até mesmo a um grupo.
A teoria mais comum acerca da autoria do evangelho segundo Mateus teve
inicio cerca de um século e meio atrás. É a teoria da chamada “duas fontes” da origem
dos evangelhos. Essa teoria afirmava que os autores dos evangelhos que conhecemos
por Mateus e Lucas compuseram seus evangelhos baseados não em recordações
5
históricas, mas utilizando uma fonte dupla, composta de Marcos e um documento
hipotético chamando Q. segundo Mack “Q demostra que outros fatores, que não a
crença de que Cristo era divino, exerceram um papel na geração do Jesus primitivo e
do movimento cristão... [como resultado] as narrativas dos Evangelhos canônicos não
podem mais ser vista como informação fidedigna dos acontecimentos históricos únicos
e fantásticos da base da fé crista. Os evangelhos devem ser vistos agora como resultado
das primeiras produções mitológicas dos cristãos. Q força o tema, pois ele documenta
uma historia mais antiga que não concorda com a narrativa transmitida pelos
evangelhos.” 1
Como podemos perceber não se trata apenas de uma teoria da autoria dos
sinóticos, mas uma sugestão de que ao longo do século os cristãos ortodoxos que tem
seguindo os evangelhos, tem negligenciado a única e real autoridade que podemos
ancora a nossa fé, ou seja, Q uma vez que essa fonte é anterior aos evangelhos e não
concordam com eles.
Entretanto entre os primeiros pais da igreja não há ao menos uma ligeira
insinuação que uma fonte como essa sequer existiu. Não existe nem mesmo um
fragmento de um manuscrito desse famoso evangelho perdido. Não encontramos nas
epistolas nenhuma menção a Q o que deveria ser encontrado já que segundo a teoria Q
se desenvolveu supostamente entre 30 e 65 d.C.
Segundo os defensores de Q, Papias de Hierápolis sugere que Mateus copiou (tá
lógia) um documento que consistia dos ditos de Jesus, depois outra pessoa compôs um
evangelho que continha esse documento. A conclusão é que Mateus não é o autor final
do primeiro evangelho.
Segundo Eta Linnemann Papias [ no mesmo documento] utilizara um pouco
antes a expressão tà lógia em relação a Marcos: “Marcos escreveu...aquilo que foi
falado ou feito pelo Senhor... mas não para dar uma apresentação compreensiva das
palavras do Senhor.”2
No uso de Papias a expressão ‘os oráculos” ( tà lógia) era paralela à frase tà
úpo tou Xrstou e praxtenta ( o que foi falado ou feito pelo senhor). Visto que Papias
em sua declaração a respeito de Marcos usa a palavra logia como sinônimo de palavras
e feitos, a expressão utilizada pelo escritor somente algumas linhas atrás não pode ser
compreendida exclusivamente como palavras se a regra logica for considerada.
Percebemos então que as bases que sustenta Q não são suficientes em si mesmas
e como o próprio autor acima citado completa até o século 19, a declaração de Papias a
respeito de tà lógia era corretamente tomada para se referir ao evangelho de Mateus.
1 Eta Linnemann A Critica Bíblica em Julgamento. Ed. Cultura Crista. 2011. Pag,.19. 2 Ibid.Pag.20
6
1.1.1.– Evidências internas
Embora não o autor do primeiro evangelho não se identifique explicitamente
temos alguns textos no próprio evangelho que parece ser uma indicação da autoria de
Mateus. Em Mat. 10: 3, a referencia ao “publicano” parece ser um sinal do autor do
livro. Presumivelmente o autor Mateus o cobrador de impostos chamou-se como tal por
humildade, já sua profissão era mui desprezada naqueles dias.3
A alusão, neste evangelho, ao começo do discipulado de Mateus, e outro sinal de
sua humildade. Na lista que Mateus faz dos doze apostolo ele cita seu nome após Tome
(Mat.10.3), demostrando outro sinal da humildade do autor sagrado. A historia da
chamada de Mateus, em Mt 9.9, é seguindo da narrativa de uma refeição a qual jesus
compareceu em companhia de publicanos e pecadores (Mat.9.10) começa com as
palavras kai. evge,neto auvtou/ avnakeime,nou evn th/| oivki,a|(. Visto que as ultimas três palavras
significa “em casa” quer dizer ‘”na minha casa” o trecho sugere que a refeição fosse
oferecida na casa de Jesus. Entretanto, o trecho paralelo em Mac 2.15 indica que a festa
teve lugar na casa de Levi, isto é Mateus. No texto de Marcos aparece auvtou/ (na casa
dele) dando o sentindo alternativo de Mat. 9.10 ( em casa), a minha casa, isto é, na do
autor, e isto concorda plenamente com Marcos e com fatos apresentados por ambos.
1.1.2.– Evidências externas
A mais importante evidencia externa primaria é atribuída a Papias bispo de
Hierapólis no II século d.C, citado por Eusébio de Cesárea em sua Historia Eclesiástica
no VI século d.C. Eusébio também, cita Irineu bispo de Lion no século II, e Orígenes o
grande teólogo do III século. Todos estes concordam em afirmar que este evangelho foi
escrito por Mateus.4
Com base nos argumentos expostos acima entendemos que não há razão para
abandonamos a posição tradicional da igreja que atribui a autoria do primeiro evangelho
a Mateus filho de Levi.
1.2. Destinatário
3 R.N. Champlin. O NT Interpretado Versículo por Versículo Vol II. Ed. Candeia. São PauloPag.260 4 Basil F. C. Atkinson. O Novo Comentário da Bíblia. Ed. Vida Nova, 1997. São Paulo. Pag. 1612
7
É comum se afirma desde os primeiros séculos da era crista que o Evangelho de
Mateus visava, sobretudo aos judeus recém-convertidos, como uma espécie de manual
de instrução na fé. O grande número de citações do Antigo Testamento justifica-se a luz
da mensagem pretendida por Mateus e dos destinatários que tem em vista, uma vez que
por meio dessas citações o autor pode impressionar seus leitores – em especial aqueles
bem treinados nas escrituras do Antigo Testamento – a considerar como o evangelho, a
lei e os profetas estão indissoluvelmente ligados.
Essas informações são bastante condizentes com a data e o lugar da escrita como
iremos propor mais adiante. Se Mateus realmente residia em Antioquia (ou mesmo em
Jerusalém) quando escreveu seu evangelho, de fato tinha em sua audiência um grande
número de judeus convertidos.
Embora acreditemos que essa seja uma boa indicação para identificar os
destinatários do Evangelho de Mateus não podemos descartar a opinião daqueles que
observa que Mateus é o mais universal dos evangelhos, de modo que ele não foi
endereçado a nenhuma particular comunidade. Isso aponta para uma larga audiência.5
1.3. Propósito
Ao contrario de Lucas e João Mateus não inclui declarações diretas acerca de seu
proposito em escrever o evangelho, contudo podemos identifica-lo por inferências
extraídas os temas que ele mesmo aborda.
Podemos dizer que Mateus é uma “ponte” entre o Velho e o Novo Testamento.
Seu propósito é mostrar que Jesus de Nazaré é o grande Messias prometido pelos
profetas do Antigo Testamento e esperado com ansiedade pela nação judaica. O tema
principal é o “Reino de Deus”, ou “Reino dos céus” (Mateus usa a expressão “reino dos
céus” trinta e cinco vezes e cinco vezes “reino de Deus”), sendo Jesus identificado
como o Rei deste Reino.
1.4. Local
A maior parte dos eruditos defende que Mateus foi escrito na Antioquia, um antigo
centro cristão. Existem algumas evidencias que sustenta essa tese:
1. Inacio, bispo da Antioquia, usava esse Evangelho, mais do que os outros.
2. É nesse lugar, igualmente, Pedro (tal como no próprio evangelho) desfrutava de
proeminência acima dos demais apóstolos.6
3. Em Antioquia e Damasco, o estáter equivalia a duas dracmas (ver. Mat.17:24 -
27).7
5 R.N. Champlin. NT Interpretado Versículo por Versículo Vol I. Ed. Candeia. São Paulo. Pag.261 6 Ibid. Vol I. Pag. 261 7 Ibid.Vol I pag.261
8
4. Antioquia sustentava uma população judaica bastante grande, ao mesmo tempo
em que foi o tempo que foi o primeiro centro que procurou alcançar o mundo
gentílico; essas duas grades realidades mesclam-se com grande vigor em
Mateus, “que respira uma atmosfera judaica e ao mesmo tempo considera a
missão gentílica de modo bastante favorável”.8
Nenhuma dessas evidencia são conclusivas contundo, não há outro lugar que mais
condições reúnam para apontarmos sua origem geográfica.
1.5. Data
Se aceitarmos a ideia de que Mateus foi o autor, então se torna provável uma data
antes da destruição do templo. Embora não se conheça a data exata em que foi escrito
este Evangelho é muito provável que tenha sido escrito antes de 70 d.C, porque na
profecia que trata da queda de Jerusalém não se alude à referida queda como fato
consumado.
Irineu afirmou que Mateus publicou também um evangelho entre os hebreus no
seu próprio dialeto, enquanto Pedro e Paulo pregava em Roma e punham os
fundamentos da igreja. Se admitimos que a tradição é verdadeira, Mateus compôs seu
livro nos dias de Nero, “enquanto Paulo e Pedro estavam em Roma”.
1.5. Gênero literário
Muitos indícios apontam que o evangelho de Mateus pretende ser primariamente
um livro narrativo. Embora em Mateus encontremos discursos e parábolas a maior
parte do livro é narrativo.
Alguns vão sugerir que o gênero literário de Mateus é biográfico. O proposito de
Mateus então era sugerir um bioj 9helenístico aos seus leitores judeus cristãos. Mas o
evangelho de Mateus não é uma biografia no sentido técnico da literatura antiga.
Mateus apresenta alguns traços que se aproxima de uma biografia, porem Mateus não
narra a historia típica de um homem exemplar, senão a historia de absolutamente única
de Deus feito homem.
8 Merrill C. Tenney. O Novo Testamento Sua origem e Sua Análise.Ed. Vida Nova. São Paulo. 1995. Pag.152. 9 Na antiguidade os textos narrativos que começava com o nascimento e terminava com a morte era chamado de biografia ‘ bioj”
9
Podemos concluir que o o gênero literário de Mateus é narrativo mas tem diversas
outras formas importantes de literatura que compõem as partes constituintes do
evangelho como ditos de sabedoria, genealogia, discusos, parábolas e assim por diante.
1.6. Esboço do livro
Os exegetas parecem estar de acordo que o evangelho de Mateus pode ser
dividido em varias partes diferenciado. Mas quando se vai estabelecer uma divisão
concreta existe uma grande divergência entre eles. Não é o nosso proposito no presente
trabalho trazer mais uma divisão, mas vamos assumir que o esboço apresentado por
Herrison:
I. Nascimento e infância de Jesus Cristo, 1:1-2:23.10
A. Genealogia de Cristo, 1:1-17.
B. Nascimento de Cristo, 1:18-25.
C. Visita dos magos, 2:1-12.
D. Fuga para o Egito e massacre das crianças, 2:13-18.
E. Residência em Nazaré, 2:19-23.
II. Começo do ministério de Jesus Cristo, 3:1-4:11.
A. O precursor de Cristo, 3:1-12.
B. Batismo de Cristo, 3:13-17.
C. Tentação de Cristo, 4:1-11.
III. Ministério de Jesus Cristo, 4:12-25:46.
A. Na Galiléia, 4:12-18:35.
1. Residência estabelecida em Cafarnaum, 4:12-17.
2. Chamada de quatro discípulos, 4:18-22.
3. Visão geral do ministério galileu, 4:23-25.
10 CH.Pfeiffer & Harrison. The Wycliffe Bible commentary Vol IV ,1980. Pag. 22.
10
4. Sermão da Montanha, 5:1-7:29 (5:5,9-12 – orientações sobre mansidão
e não violência).
5. Dez milagres e acontecimentos relacionados, 8:1-9:38.
6. Missão dos doze, 10:1-42.
7. Resposta de Cristo a João e discurso relacionado, 11:1-30.
8. Oposição dos fariseus, 12:1-50.
9. Uma série de parábolas sobre o Reino, 13:1-58. 10.Retirada de Jesus após
a decapitação de João, 14:1-36. 11.Conflito com os fariseus por causa de
tradição, 15:1-20. 12.Retirada para a Fenícia e a cura da filha da mulher
cananéia, 15:21-28. 13.Volta ao mar da Galiléia e realização de milagres,
15:29-38. 14.Novo conflito com os fariseus e saduceus, 15:39-16:4.
15.Retirada para a região de Cesáreia de Filipos, 16:5-17:23. 16.Instrução
dos Doze em Cafarnaum, 17:24-18:35.
B. Na Peréia, 19:1-20:16.
1 Ensinamentos sobre o divórcio, 19:1-12.
2 A benção das crianças, 19;13-15.
3 Entrevista com o moço rico, 19:16-30.
4 Parábola dos obreiros na vinha, 20:1-16.
C. Na Judéia, 20:17-34.
1 Outra profecia sobre a morte e ressurreição de Cristo, 20:17-19.
2 Pedido ambicioso dos filhos de Zebedeu, 20:20-28.
3 Cura de dois cegos, 20:29-34.
D. Em Jerusalém, 21:1-25:46.
1 Entrada triunfal, 21:1-11.
2 Purificação do templo, 21:12-17.
3 Maldição da figueira estéril, 21:18-22.
4 Objeções à autoridade de Jesus e sua resposta alegórica, 21;23-22;14.
11
5 Jesus é interrogado por diversos grupos, 22:15-46.
6 Jesus denuncia publicamente os fariseus, 23:1-39.
7 Discurso no Monte das Oliveiras, 24:1-25:46.
IV. A Paixão de Jesus Cristo, 26:1-27:66.
A. Conspiração contra Jesus, 26:1-16.
B. A refeição final, 26:17-30.
C. Profecia da negação de Pedro, 26:31-35.
D. Acontecimentos no Getsêmani, 26:36-56 (26.51-56 – orientações sobre não
violência).
E. Acontecimentos nos tribunais judeus, 26:57-27:2.
F. Remorso de Judas, 27:3-10.
G. Acontecimentos nos tribunais romanos, 27:11-31.
H. A crucificação, 27:32-56.
I. Sepultamento, 27:57-66.
V. Ressurreição de Jesus Cristo, 28:1-20.
A. Descobrimento da sepultura vazia, 28;1-8.
B. Aparecimento de Jesus, 28:9,10.
C. O que disseram os soldados, 28:11-15.
D. A Grande Comissão, 28:16-20.
II Análise Literária
2.1. – Delimitação da Perícope
A perícope de Mateus 5.9-11 está inserida no grande bloco de discurso
conhecido como “sermão do Monte” ou “Sermão da Montanha”. O texto em questão é
a conclusão das bem Aventuranças. O Sermão do Monte é um discurso bem
organizado. No capitulo anterior (4.23) vamos encontrar o tema da pericope que é o
evangelho do Reino de Deus que chega agora na pessoa bendita de Cristo.
12
As tem divisões são muito claras, no capitulo cinco do versículo dois ao doze
Jesus esta falado a respeito dos cidadãos do reino de Deus. As bem aventuranças
retrata um caratê do cidadão deste reino de Deus. Do versículo treze até o versículo
dezesseis Jesus ensina como um cidadão do reino “aquele que foi transformado por
Jesus “se relaciona com o mundo. Jesus diz que eles são a luz do mundo, e o sal da
terra. As noves Bem – Aventuranças mais a declaração sobre ser sal e a luz forma a
introdução (5.3 – 16).
No capitulo cinco do versículo dezessete até o capitulo sete e versículo doze o
senhor Jesus fala da justiça do reino que era completamente diferente da religiosidade
da época, uma religiosidade que buscava o aspecto exterior. Jesus ensina que a
religiosidade do reino ela motiva uma busca a verdade interior do coração do homem.
No final do sermão o Senhor Jesus faz um convite para aquelas pessoas entrarem
no reino de Deus.
No capitulo sete no versículo vinte oito e vinte nove diz de forma muito clara,
ele fala das duas estradas dos dois fundamentos, ele convida aquelas pessoas entrarem
por esse ensinamento maravilhoso, a crerem no Senhor.
O trecho que vamos considerar nesse trabalho não pode ser interpretado à parte
de seu contexto maior, porem pode ser analisado como a conclusão da grande
introdução do Sermão do Monte.
2.2. – Análise Contextual
2.2.1. Contexto Anterior
O trecho que antecede Mateus 10-12 é a continuação das bem aventuranças que
é uma exclamação de felicitação que reconhece um estado real de felicidade. Começa
com o adjetivo grego “makarios” que significa bem – aventurado, afortunado ou ‘ser
felicitado”. A primeira felicitação é dirigida aos “pobres” espirituais, aqueles que
reconhece a sua falência moral e espiritual e tem a sua única esperança de refugio em
Deus (Mat.5.3,Is. 61.1). Este pobre e o mesmo que chora pelos seus pecados e os pela
falta de implementação da justiça de Deus na terra (Mat.5.4). Os bem aventurados não
se entristece com o pecado, mas também se sujeita a Deus com mansidão ( Mat.5.5).
Por esta razão eles tem fome de sede de justiça espiritual e social (Mat.5.6 ). A quinta,
sexta e a sétima bem, aventurança descrevem os frutos da obra que Deus , por meio de
seu Espirito, realiza no coração de seus filhos. O que foram cheios, ou plenamente
saciados, em resultado da misericórdia de Deus exercem agora misericórdia s
13
(Mat.5.7), tornam se puro de coração e são agora pacificadores. Logo o texto a ser
considerando encontra o seu lugar na perícope apontado para as consequências
temporais dessas bem aventuranças e a promessa escatológica da mesma.
2.2.2 Contexto Posterior
O trecho posterior conclui a introdução do Sermão do Monte. Nela Jesus afirma
os discípulos como sal e luz do mundo mostrando que os valores contra culturais
expresso nas bem aventuranças não sugere o conceito isolacionista do monasticismo. A
recomendação é que “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam
as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mat.5.16).11
O trecho
continua com uma longa secção que trata de diferentes posicionamentos de Jesus no
tocante a Lei Mosaica, dando a real interpretação da mesma que havia sido distorcida
pelos” antigos” interprete da Lei.
2.3. – Estrutura do texto
A estrutura do texto não apresenta nenhuma dificuldade, pois a pericope é bem
organizada.
Introdução às bem
aventuranças
Mt 5:1- 2
A primeira bem
aventurança
Os pobres Mt 5:3
A segunda bem
aventurança
Os que choram Mt 5:
A terceira bem aventurança Os mansos Mt 5:4
A quarta bem aventurança Os que tem fome e sede Mt 5:6
A quinta bem aventurança Os misericordiosos Mt 5:7
A sexta bem aventurança Os limpos de coração Mt 5:8
A sétima bem aventurança Os pacificadores Mt 5:9
A oitava bem aventurança Os perseguindos Mt 5:10 - 12
III Análise Textual
3.1. Análise Gramatical
11 Biblia Sagrada RA. SBB. São Paulo 1999.
14
Texto Analise
maka,rioi Adjetivo nominativo
masculino plural
Felizes
Oi Artigo nominativo
masculino plural
Os
dediwgme,noi Verbo particípio perfeito
passivo masculino plural
Perseguidos
e[neken Preposição Genitivo Por causa da dikaiosu,nhj( Substantivo genitivo
feminino singular
justiça
o[ti Conjunção subordinativa Por que auvtw/n Pronome pessoal Deles Evstin Verbo indicativo presente
ativo 3ª pessoa do singular
É
h` Artigo definido nominativo
singular
O
basilei,a
Substantivo nominativo
feminino singular
Reino
tw/n Artigo definido genitivo
masculino plural
Dos
ouvranw/nÅ Substantivo feminino
plural
Céus
maka,rioi Adjetivo nominativo
masculino plural
Felizes
Evste Verbo indicativo presente
ativo 2ª pessoa do plural
Sois
o[tan Conjunção subordinativa Quando ovneidi,swsin Verbo subjuntivo aoristo
ativo 3ª pessoa do plural
Insultarem
u`ma/j Pronome pessoal acusativo
plural
A vós
Kai Conjunção E diw,xwsin Verbo subjuntivo aoristo
ativo 3ª pessoa do plural
Perseguirem
kai. Conjunção E ei;pwsin Verbo subjuntivo aoristo
ativo 3ª pessoa do plural
Disserem
pa/n Adjetivo acusativo neutro
singular
Todo
ponhro.n Adjetivo acusativo neutro
singular
Mal
kaqV Preposição Contra u`mw/n Pronome pessoal genitivo
plural
Vós
Îyeudo,menoiÐ Verbo particípio presente
médio nominativo
masculino
Mentido
15
e[neken Preposição Por causa de evmou/ Pronome pessoal genitivo
singular
Mim
cai,rete Verbo imperativo ativo
presente 2ª pessoa do
plural
Alegrai-vos
Kai Conjunção E avgallia/sqe( Verbo imperativo presente
médio ou passivo depoente
2ª pessoa do plural
Exultai
o[ti Conjunção Porque O Artigo definido masculino
singular
A
misqo.j Substantivo nominativo
masculino singular
Recompensa
u`mw/n
Pronome pessoal genitivo
plural
Vossa
polu.j Adjetivo nominativo
singular
Grande
evn Preposição Em toi/j Artigo dativo masculino
plural
Os
ouvranoi/j Substantivo masculino
plural
Céus
ou[twj Adverbio Assim ga.r Conjunção Pois evdi,wxan Verbo indicativo aoristo
ativo 3ª pessoa do plural
Perseguiram
tou.j Artigo definitivo acusativo
masculino plural
Os
profh,taj Substantivo acusativo
masculino plural
Profetas
tou.j Artigo acusativo masculino
plural
Os
pro. Preposição genitiva Antes de u`mw/nÅ Pronome pessoal Vós
3.2. Tradução Literal
maka,rioi oi dediwgme,noi e[neken dikaiosu,nhj( o[ti auvtw/n evstin h` basilei,a tw/n ouvranw/nÅ
maka,rioi, evste o[tan ovneidi,swsin u`ma/j kai. diw,xwsin kai. ei;pwsin pa/n ponhro.n kaqV u`mw/n Îyeudo,menoiÐ e[neken evmou/Å
16
cai,rete kai. avgallia/sqe( o[ti o` misqo.j u`mw/n polu.j evn toi/j ouvranoi/j\ ou[twj ga.r evdi,wxan tou.j profh,taj tou.j pro. u`mw/nÅ
Felizes os perseguidos por causa da justiça porque deles é o reino dos céus. Felizes,
sois quando insultarem a vós e perseguirem e disserem todo mal contra vós mentido por
causa de mim. Alegrai-vos e exultai porque a recompensa vossa grande em os céus.
Assim, pois perseguiram os profetas os antes de vós.
3.3 – Análise Léxica
Na análise lexicográfica de Mateus 5.10 -12 serão tomadas as palavras consideradas
como mais importantes para a ideia teológica do texto. São os seguintes: maka,rioi,
dediwgme,noi dikaiosu,nhj, cai,rete.
A. ) maka,rioi ία, ιον é um Adjetivo nominativo que tem o significado de feliz, bem
aventurado. Makarizvw, fut. Isw,iw, chamar feliz, felicitar.
cai,rete, cai,rw. Verbo imperativo pode se traduzir por estar alegre, regozijar-se.
misqo.j substantivo traduzindo por recompensa no sentido de pagamento, salario.
A.1 )Uso na Literatura Clássica
Na linguagem poética grega clássica descreve a condição dos deuses e daqueles
que compartilham da existência feliz deles. No século IV a.C foi perdendo o sentido e
veio a ser uma palavra de uso comum, como nossa palavra “feliz”.12
Platão procurava invitar a palavra, mas usou no sentido de feliz: bem aventurado os
sábios por causa do conhecimento (Platão, Leis, 2,66oe). Aristoteles usa a palavra
como um termo técnico no sentido de impetrar a benção (Rhet., A9 1367b 33).13
A.2 ) Uso no Antigo Testamento (Septuaginta)
Makarios e makarizo na LXX geralmente traduz o Hebraico, yrEv.(a;î felicidade, bem
estar, v;a', pronunciar bem aventurado ouyrEv.(a;î bem estar para... 14
Encontramos a palavra pela primeira vez na literatura sapiencial louvando o homem
prudente, numa clausula participial ou relativa. Isso independente de se tratar de
bênçãos terrestres (Sl 127,17), da prosperidade (Jó 29:10-10-11), de uma vida sábia (Pv
3.13), ou do cumprimento do mandamento de Deus (Sl 1.1; 41:1-2;119:1).15
12 Brown & Coenen DIT do NT Vol I. Ed. Vida Nova. São Paulo. 2000. Pag. 217 13 Ibid 14 Ibd 15 Haubeck & Siebenthal Nova Chave Linguistica do NT Grego. Ed. Hagnos São Paulo 2009. Pag. 62
17
Nos Salmos Makarios é o homem que confia em Deus (Sl 2:12;34:8-9; 32:1-2). A
palavra é usada no NT para falar do favor de Deus e a felicidade terrestre dos dons do
Criador. A.3) Uso no Novo Testamento
O uso de Makarios é relativamente frequente no NT geralmente no contexto
pronuncia bendito alguém como é o caos do nosso texto (Mat 5:10-12), ou alguma
coisa.
B ) dediwgme,noi, ( diwkw). Verbo do presente perfeito passivo nominativo
masculino pode significar correr atrás, caçar, perseguir com severidade, perseguindo.
B.1) Uso na Literatura Clássica
Na literatura clássica encontramos em Homero dioko talvez tenha conexão com
o homérico diemai, “ fugir” . Significa, lit. “ caçar”, “ perseguir” , “ correr atrás” , “
afugentar” , e fig. “ seguir com zelo” alguma coisa, “procurar realizar” algo, “procurar
obter” , “prosseguir” .
B.2) Uso no Antigo Testamento (Septuaginta)
Na LXX, dioko, juntamente com ekdioko e katadioko, emprega-se para a
“perseguição” por soldados hostis (Êx 15:9), ou por qualquer pessoa cujas intenções são
hostis (Gn 31:23).
B.3 ) Uso No Novo Testamento
O significado mais comum n Novo Testamento é “perseguir” , ou “ ser
perseguido” (cerca de 30 vezes, especialmente nos Evangelhos, Atos, Paulo,
Apocalipse), O substantivo, diogmos refere-se somente à “ perseguição” . Em 1 Ts 2:15,
o composto ekdioko também significa “perseguir”. O uso figurado é achado somente
nas Epístolas, sempre com um significado positivo; pertence aqui o uso em Fp 3:12,
dioko (Lc 17:23) e katadioko (Mc 1:36) significam “ correr atrás” , “ seguir” , nas
passagens referidas.
Em 2 Tm 3:12 expressa o ponto de vista de que ser cristão sempre será ligado
com a perseguição ( Sofrer).
A mensagem é perseguida na pessoa do cristão (At 22:4, o “caminho” , o curso
seguido pela fé) ou do próprio Cristo (At 9:4-5; 22:7-8; 26:14-15). Conforme Jo 15: 18
a perseguição é causada pelo ódio que o mundo sente contra Deus e a Sua revelação em
Cristo (cf. também Mt 10:22; Mc 13:13;Lc 21:17; Ap 12:13). Paulo vê por detrás da
18
perseguição o contraste entre a carne e o espírito; a hostilidade do homem natural que
se dirige contra Deus e assim, contra o homem que é guiado pelo Espírito de Deus
(G14:29).
Logo, a perseguição pode ser um sinal de que uma pessoa está do lado de Deus.Assim,
Jesus chama de bem-aventurados aqueles “ que são perseguidos por causa dajustiça”
(Mt 5:10 e segs.; Bênção).16
C ) dikaiosu,nhj dikaiosu.vnh (derivada de dike) Substantivo genitivo que pode
ser por justiça, retidão.
C.1) Uso na Literatura Clássica
Todas as palavras neste grupo são derivadas de dik e ( Castigo). Segundo H. Frisk, o
substativ. -raiz original significava -Instrutora” ou “instrução.
O sentido de “instrutora” aparece nas obras de Hesíodo.. Para Platão,
dikaiosyne e básica à estrutura do estado e da alma humana e, para
Aristóteles é a principal das virtudes humanas. Em Pindaro e Ésquilo, o
verbo correspondente e derivativo dikaioo emprega-se com os seguintes
sentidos: (a) “aplicar justiça” (e.g. a lei acerca da violência, Fragmento
169,3); (b) “exigir como direito”, “considerar como sendo certo, passar
sentença” ; (c) “dar a alguém o que merece”, ou no sentido de “castigar”.
C.2) Uso no Antigo Testamento (Septuaginta)
Na LXX e usado no sentido de , “declarar justo”, justificar”. dois outros
substantivo da mesma raiz expressam ou o resultado da ação humana, ou a aplicação da
justiça a determinada pessoa, dikaioma (desde Platão e Aristóteles) que significa: (a)
“ação correta” ; (b) “julgamento”, ou de condenação ou de absolvição; (c) (da LXX em
diante) “ordenança”, “decreto” ;(d) “documentos legais”, “credenciais” .
A “justiça” no AT não é questão de ações que se conformam a um determinado
conjunto de padrões legais absolutos, mas, sim, de comportamento que está em
conformidade com o relacionamento bidirecional entre Deus e o homem.
C.3 ) Uso No Novo Testamento
O NT emprega as palavras deste grupo de muitos modos diferentes, O adjetivo dikaioj ocorre em quase todos os livros do NT, mais frequentemente em Mateus.
Em Mateus dikaios se aplica a Cristo (Mt ,27:19, 24 .), a homens justos (Mt 1:19; 5:45;
9:13; 10:41; 13:17, 43, 49; 23:28-29, 35; 25:37, 46), e as coisas (Mt 20:4; 23:35; 27:4).
16 Brown & Coenen DIT do NT Vol II. Ed. Vida Nova. São Paulo. 2000. Pag. 1657
19
Na oitava bem aventurança Mateus usa dikaiosu,nhj no sentido retidão em
conformidade com a Lei de Deus. Bem-aventurado aquele homem que, como o proprio
Jesus, e perseguido por amora justiça (Mt 5:10). Jesus exorta: “Buscai, pois, em
primeiro lugar, o reino de Deus e a Sua justiça”. Mesmo assim, esta justiça não deve ser
pavoneada diante dos olhos dos homens (Mt 6:1); fazer assim seria procurar da parte
dos homens a sua recompensa, e não da parte de Deus; e desta forma que agem os
fariseus, os quais, como sepulcros caiados, parecem ser justos aos olhos dos homens
embora por dentro (e portanto, aos olhos de Deus) estão cheios de pensamentos impuros
(Mt 23:27-28 ).
D ) cai,rete, cai,rw Verbo imperativo ativo presente Pode ser traduzida por “esta alegre”
“ regojizar-se”.
D.1) Uso na Literatura Clássica
Na literatura clássica encontramos em Homero no sentido de regozija-se por alguém ou
por algo. aparece numa forma participial. O imperativo do presente ocorre
freqüentemente na saudaçãocaire (singular.), cairete (plural, )“Salve!” Na abertura de
uma carta, frequentemente se emprega cairein no infinitivo.
D.2) Uso no Antigo Testamento (Septuaginta)
Na LXX chara aparece apenas nos escritos menos antigos (principalmente
Sabedoria. e 1-4 e Macabeus.), e é principalmente uma tradução das palavras hebraicas
simhah, “alegria”.
D.3 ) Uso No Novo Testamento
No NT, o verbo. e o substantivo. Ocorrem mormente nos Evangelhos e nas
Epístolas de Paulo (o verbo. 74 vezes; o substantivo. 59 vezes). Nas epistolas Paulo usa
em muitas ocasiões como uma saudação. Ele também usa para expressar alegria em
Deus que excede de todo o entendimento. Nos evangelhos o termo aparece no mesmo
sentido em varias ocasião como em Mateus 5.12: cai,rete kai. avgallia/sqe( o[ti o` misqo.j u`mw/n polu.j evn toi/j ouvranoi/j\ ou[twj ga.r evdi,wxan tou.j profh,taj tou.j pro. u`mw/nÅ
20
3.4 – Análise Manuscritologica
No texto que estamos consideramos encontramos apenas uma variante no v.11, o
termo yeudo,menoi que é apontado no aparato crítico como dotado de grande margem de
dúvida. Surge o termo no Sinaiticus, Vaticanus, Ephaemi Rescriptus, K, W (Freer Gospels), D,
Q (Koridethi), P, 0196. Nas famílias dos manuscritos 1,118,131 e 209 (f1descrita por Lake) e
13, 69, 124, 174, 230, 346, 543, 788, 826, 828, 983 3 1689 (f13 descrita por Ferrar), 28, 33, 565,
700, 892, 1009, 1010, 1071, 1079, 1195, 1216, 1230, 1241, 1242, 1253, 1365, 1546, 1646, 2148
(yeudo,menon), 2174, a maioria dos manuscritos bizantinos, a maioria dos lecionários na
Synaxarion e Menologion, o lecionário l883m, os manuscritos da Ítala e Vetus Latina a?, aur, f,
ff1, 1,q, os textos Siríacos Sinaíticos, a Peshitta, a Siríaca Harclean, , a Siríaca Palestinense, a
versão Copta Saídica, a versão Copta Boarídica, , a versão Armênia, a versão Etiópica, a versão
Geórgica, referências da Apostolic Constituitions, Crisóstomo, Agostinho, Cirilo e Pseudo-
Crisóstomo. É omitido em Bezae Cantabrigiensis, 33, a ítala itb,c,d,g1,h,k, versão Siríaca
Sinaítica, a versão Geórgica, o Diatessarão, Tertuliano, Orígenes, Orígenes, Eusébio, Hilário,
Lúcifer e Agostinho. 17
O termo yeudo,menoi é colocado em questão por explicar a razão da perseguição,
e preencher talvez uma lacuna de sentido entre as expressões. Uma tese possível é a
inclusão posterior do termo, num dado momento da história, para explicar que a
perseguição é injusta. É uma explicação para a má intenção frente ao evmou, pronome que
aponta para os interlocutores (no caso do texto, os maqhtai.). Sem o termo, o texto fica
mais difícil de ser explicado.
As testemunhas são mais abundantes para a presença do termo, e não tanto para a
ausência. São 53 testemunhos a favor, contra 17. A maioria das evidências contrárias ao
termo (8) vem dos Pais da Igreja, principalmente Pais Latinos. Por outro lado os
manuscritos mais antigos citam a versão com a presença do termo yeudo,menoi. Os códices
mais antigos (Sinaiticus, Vaticanus e Ephaemi Rescriptus) são testemunhas do texto. Dos
manuscritos independentes, a maioria cita o texto como pertencente à tradição. O que
não cita é um manuscrito recenseado, o Bezae Catabrigiensis.
A minha conclusão é que o texto deve ser mantido. A exclusão do termo torna o
texto mais breve e mais difícil. As outras evidências internas e externas apontam para a
presença do termo. Como a leitura não fica prejudicada pela presença do termo, e este
encontra respaldo na maioria dos manuscritos estimados pela crítica, o texto fica mantido
como está na versão que adotamos18.
17 17 R.N. Champlin. O NT Interpretado Versículo por Versículo Vol I. Ed. Candeia. São Paulo. Pag. 86-97,306 18 BNT NA27
21
3.5. – Comparação com Traduções Bíblicas Existentes
R60 ARA NVI VUL Bienaventurados
los que padecen
persecución por causa de la justicia,
porque de ellos es
el reino de los
cielos.
Bem-aventurados
os perseguidos por
causa da justiça, porque deles é o
reino dos céus.
Blessed are those
who are persecuted
because of righteousness, for
theirs is the
kingdom of heaven.
Beati qui
persecutionem
patiuntur propter iustitiam quoniam
ipsorum est regnum
caelorum
Bienaventurados
sois cuando por mi
causa os vituperen
y os persigan, y
digan toda clase de
mal contra
vosotros,
mintiendo.
Bem-aventurados
sois quando, por
minha causa, vos
injuriarem, e vos
perseguirem, e,
mentindo, disserem
todo mal contra
vós.
"Blessed are you
when people insult
you, persecute you
and falsely say all
kinds of evil against
you because of me.
Beati estis cum
maledixerint vobis
et persecuti vos
fuerint et dixerint
omne malum
adversum vos
mentientes propter
me
Gozaos y alegraos,
porque vuestro
galardón es grande
en los cielos;
porque así
persiguieron a los
profetas que fueron
antes de vosotros.
Regozijai-vos e
exultai, porque é
grande o vosso
galardão nos céus;
pois assim
perseguiram aos
profetas que
viveram antes de
vós.
Rejoice and be
glad, because great
is your reward in
heaven, for in the
same way they
persecuted the
prophets who were
before you.
gaudete et exultate
quoniam merces
vestra copiosa est
in caelis sic enim
persecuti sunt
prophetas qui
fuerunt ante vos
As traduções comparadas não traz nenhuma variante significativa as mudanças
dos termos que aparecem na Vul e na R60 não traz nenhuma mudança no conteúdo do
texto.
3.6. – Tradução Final
Felizes os que são perseguidor por causa da justiça porque deles é o reino dos
céus.
Feliz, sois quando, por minha causa, vos injuriarem e os perseguirem e falem
toda classe de mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai porque grande é o vosso galardão nos céus; pois da mesma
forma perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
22
3.7 – Análise Teológica
v.10 maka,rioi: Aqui jesus nos dar um conceito real de felicidade o que não pode
ser confundido com euforia. A raiz original do grego clássico parece significar grande e
era usada também como sinônimo de rico, mas quase sempre aludido a prosperidade
externa não espiritual. Na literatura grega primitiva era aplicada aos deuses e a sua
condição de felicidade em contraste com a situação medíocre do homem. Mas não
devemos nos apressar em buscar o significado da palavra na literatura grega, jesus era
judeu e estava falando para um auditório judeu portanto devemos nos voltar para a
literatura hebraica. Na LXX maka,rioi é usado para traduzir a palavra hebraica rvea' que
indica os que são felizes aos olhos de Deus. O uso que Jesus fez da palavra aqui reflete
as ideias e as expressões hebraica que se encontra na literatura de sabedoria, em especial
nos Salmos. Enfim makarios descreve o homem que é singularmente favorecido por
Deus. O termo feliz como é usado em nossos dias não transmite bem a ideia do termo
grego mas preferimos usar-lo aqui para fazer um contraste entre a felicidade segundo
Deus e a felicidade segundo os homens. A felicidade segundo Deus descreve uma
condição e não um sentimento interior.
oi dediwgme,noi O que nos salta os olhos é que a felicidade segundo Deus
consiste em ser perseguido. Essas 8° bem-aventurança trata a respeito dos
perseguidos.No versículo anterior o Senhor Jesus havia tratando dos pacificadores e
agora Jesus passa dos pacificadores para os perseguidos. Não foi por acaso que jesus
passou da pacificação para a perseguição. O que o Senhor Jesus esta querendo dizer é
que por mais que busquemos a paz sempre haverá pessoas que se recusara a ter paz
conosco. O Senhor Jesus mostra que ainda que o crente deva busca a paz ser construtor
da paz, ainda assim ele será perseguindo.
Outro fato importante que merece ser notando é que Jesus deixou essa bem-
aventurança em ultimo lugar porque quando alguém começa a viver a realidade das
bem-aventuranças anteriores ele consequentemente será perseguindo. Jesus, portanto
fala que os perseguidos são felizes.
Nessa bem-aventurança é que Jesus alerta da inevitabilidade da perseguição. Se existia
alguém honesto com os seus discípulos foi Jesus Cristo. Ninguém nunca pode dizer que
foi enganado por Jesus. Jesus fala “aqui” do que os seus discípulos devem esperar.
Nesse caso ele diz com todas as letras que seus discípulos serão perseguidos. Essa fato
apresentado por jesus aqui apresenta um total contraste com o evangelicalismo
moderno. Tem se pregando hoje um evangelho do tipo: aceitem o Senhor Jesus e você
jamais terão problemas. Esse não o evangelho de cristo, o evangelho de cristo implica
em perseguição.
Jesus é muito honesto com os seus discípulos, sempre foi, por exemplo, em
Mateus 16:24 ele disse: se alguém que vir após mim a si mesmo se neguem tome a sua
cruz e siga-me. Jesus no versículo 21 deste mesmo capitulo falou da sua morte ele disse
que seria morto. E agora no versículo 24 Jesus esta dizendo que aquele que o seguem
deve também esta disposto a morrer.
23
O que Jesus está dizendo é que o amor por ele deve ser tão profundo que aquele
que ama o senhor Jesus a perspectiva da morte pela perseguição estará sempre a porta.
Jesus também disse aos seus discípulos que eles seriam odiados Mateus 10:22: Sereis
odiados de todos por causa do meu nome; aquele porem que persevera até o fim esse
será salvo.
O Senhor Jesus, portanto nos ensina que haveria oposição e ódio porque essa é
uma marca normal do ser discípulo de Jesus .
Em João 16.2 Jesus diz que muita pessoa inclusive nos perseguiria achando que estava
cultuando a Deus fazendo isso. Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em
que todos que vos matar julgaram com isso tributar a Deus.
Porque seremos odiados? Jesus responde de forma muito clara em João 15:18:
A palavra grega ko,smoj traduzida por mundo aqui tem o sentindo de mundo caído, sem
Cristo rebelde contra Deus. Ou seja, Jesus é muito honesto, ele diz de forma muito clara
que seus discípulos seriam perseguidos e seriam odiados, que o mundo nos odiaria.
Mas a bem aventurança só é aplicada aos que são perseguidor por causa da dediwgme,noi “justiça” . Justiça aqui se refere a justiça moral dos que tiveram o coração
limpo, que tem uma justiça que excede aos escriba e fariseu. A verdadeira justiça é a
conduta apropriada diante de Deus.19
Nesse caso aqui “ justiça” não se trata de um
anelo pela justiça divina, mas só é feliz o que é perseguindo por causa da práxis Crista
e a profissão de fé em jesus. A perseguição é “e[neken evmou/”, por minha causa (de
Cristo). É quando a confissão em Cristo se manifesta em obras. Um covarde, crente
nominal, hipócrita e que tem um baixo padrão moral jamais será perseguindo “ e[neken evmou/”. Ninguém no mundo ousara a persegui-lo porque ele já vive como o mundo vive.
Entretanto aquele que ousa a ser diferente e sinceramente ama o Senhor ele sofre. Mas
apesar de sofre ele consegue se alegra e exultar (Cai,rete kai. avgallia/sqe() no
sofrimento.
V 11-12. Existe uma diferença digna de ser notada entre o versículo 10 e os
versículos 11 e 1. No versículo 10 jesus está falando na terceira pessoa para a segunda
pessoa. Agora ele se dirigem mais especificamente a cada ouvinte em particular. Jesus
está dizendo: Você é feliz quando por minha causa for injuriado, perseguindo. O que
jesus está fazendo agora é particularizando a ideia da bem aventurança apontado para
cada ouvinte.
Essa perseguição se dar de varias maneiras:
ovneidi,swsin Em forma verbal recebendo insultos
ei;pwsin pa/n ponhro.n kaqV u`mw/n Îyeudo,menoiÐ. Em forma de calunia, maledicência.
Essa perseguição não é motivo para nos enchemos de auto piedade mas é motivo
para saltarmos de alegria. A expressão cai,rete kai. avgallia/sqe passa a ideia de saltar
de alegria e continuar saltado.
Parece um tanto paradoxal dizer a alguém que é perseguido salte de alegria. Como
alguém pode se se regozija e exultar em meio à perseguição? Jesus dar duas razoes:
1. Deles é o reino dos céus.
19 D. A. Carson O comentário de Mateus . Ed. Shedd publicações, 2010 São Paulo. Pag. 170.
24
Os discípulos de Jesus têm de se regozijar sob a perseguição porque sua recompensa
será maior na consumação do reino. Não é que o cristão tem que procurar a perseguição,
mas quando ela vem ele “ainda tem no que se alegra, no Deus da sua salvação”. Deles é
o reino dos céus. Eles não têm apenas a certeza de que estaria no reino de Deus, mas ele
teria a recompensa (o misqo.j ) nos céus.
2. Eles estão alinhados com os santos do passado (ou[twj ga.r evdi,wxan tou.j profh,taj tou.j pro. u`mw/n).
A perseguição prova que a nossa religião é verdadeira e que estamos nos passos dos
santos do passado. A oposição é certa, mas o discípulo de Jesus tem de regozijar se,
pois os discípulos alinham a si mesmo com os profetas do Antigo Testamento que
foram grandemente perseguidos.
Se somos perseguidos hoje, pertencemos a uma nobre sucessão. Mas o motivo
principal pelo qual deveríamos nos regozijar é porque estamos sofrendo, disse ele, por
minha causa (v.) 11), por causa de nossa lealdade para com ele e para com os seus
padrões de verdade e de justiça.
·
3.8. – Paráfrase
Felizes são os perseguidos por causa da justiça do reino de Deus porque deles é o reino
dos céus. São felizes quando são caluniados e insultados por causa por minha causa
(jesus Cristo). Se alegrem e pulem de alegria porque a recompensa de vocês (que está
no céu), é grande. Os profetas que vieram antes de vocês também foram perseguidos
3.9 – Comentário Homilético
· TEMA: A Felicidade Segundo Deus
I. Não é a Ausência de Sofrimento
II. É Sofre em Consequência da Fidelidade a Cristo
III. É a Certeza de que o Nosso Galardão Está nos Céus
Conclusão
Essa bem aventurança mostra o qual equivocado está aqueles que ensinam que ser
cristão implica em ausência de sofrimento. A Escritura deixa claro que não só nos foi
concedida a graça de cremos em Cristo, mas também de sofrer por Ele. Para o cristão, a
morte é a mudança de um casebre para uma boa moradia. Aqui na terra somos
peregrinos ou ciganos, vivendo num lar pobre e frágil, estamos sujeitos a doenças, dor e
perigo. Na morte, porém, trocamos este casebre que se esmigalha e se desintegra por
25
uma casa feita não por mãos humanas, mas eterna nos céus. O cidadão do Reino
adquire seu direito na morte e recebe o título de uma mansão que jamais se deteriorará
ou ruirá. Você acha que se Deus tomou todas as providências para a vida, não pensou
também na morte? A Bíblia diz que somos estrangeiros numa terra estranha. Este
mundo não e nosso lar; nossa pátria é no céu. Quando um cristão morre, ele entra na
presença de Cristo. Ele vai para o céu passar a eternidade com Deus. A morte nesse
mundo não é o termino de tudo. Não é o cair da cortina que fecha o palco da vida, mas é
o fim da jornada nessa presente condição. A morte nesse mundo deve ser vista como
uma benção. Não foi a toa que Jesus Cristo disse assim: bem aventurado desde agora os
que morrem no Senhor porque eles morrendo aqui descansam das suas fadigas.
Para o cristão que tem essa perspectiva de temporalidade a morte é a porta de
entrada para voltar para a terra prometida. Na verdade uma terra que nós nunca
conhecemos até agora. Quando os sinais da nossa velhice começam a aparecer isso me
evidencia que está chegando o tempo de voltar pra casa. Uma casa que nunca foi minha,
mas que certamente será minha. Uma pátria que eu não conheci, mas certamente é
minha. Cada dia que passa nos somos lembrados de que pertencemos a uma outra
esfera, a outra situação. A morte pra nós com perspectiva cidadão do Reino de Deus é o
começo da caminha para o verdadeiro lar. É tempo que começamos a desfrutar da vida
que vamos ter em plenitude quando nós expiramos a ultima vez aqui.
Em vista disso somos chamados para viver a justiça do Reino. Isso significa que
enquanto você está aqui você tem que ter costumes diferentes dos daqui. Você tem que
ter costume do povo do livro, isto é daqueles que pauta por uma regra, uma norma de
comportamento que faz com que nós defiramos daqueles que estão nesse presente
tempo que é um tempo de desobediência a Deus, um tempo de afronta a Deus um tempo
de oposição a Deus, um tempo onde as pessoas são anti-Deus. E por isso são
perseguidos.
O nosso governo tem sido o primeiro a mostra que é um governo anti-Deus porque
todas as leis que eles fazem desencontram dos padrões estabelecidos dos cidadãos dos
céus. E você e eu somos chamados para ter uma contra regra. Para expressar uma contra
cultura. Ainda que para isso tenhamos que sofre por um breve tempo.
Isso significa que você não tem que se amoldar ao Modus Vivedis desse presente
tempo. Foi isso que Jesus disse na oração ao seu pai celestial: Eu não peço que os tire
do mundo, mas que os guarde do mal. Isto é, eles não são dessa mudanidade, não são
dessa esfera de maldade de. Eles não são do mundo como também eu não sou.
Bibliografia
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26
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