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SEGURANÇA NO TRABALHO PARA ATIVIDADES DE
PROCESSAMENTO MECÂNICO DA MADEIRA
ALEXANDRE PETUSK FILIPE
2010
ALEXANDRE PETUSK FILIPE
SEGURANÇA NO TRABALHO PARA ATIVIDADES DE
PROCESSAMENTO MECÂNICO DA MADEIRA
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia da Madeira, área de concentração processamento da madeira, para obtenção do título de “Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. José Reinaldo Moreira da Silva
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL 2010
1
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da UFLA
ALEXANDRE PETUSK FILIPE
SEGURANÇA NO TRABALHO PARA ATIVIDADES DE
PROCESSAMENTO MECÂNICO DA MADEIRA
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia da Madeira, área de concentração processamento da madeira, para obtenção do título de “Mestre”.
APROVADA em 28/05/2010. Prof. Dr. José Reinaldo Moreira da Silva UFLA Prof. Dr. Giovanni Francisco Rabelo UFLA Prof. Dr. Nilton César Fiedler UFES
Prof. Dr. José Reinaldo Moreira da Silva UFLA
(Orientador)
LAVRAS – MG BRASIL 2010
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente ao Arquiteto Universal por nos criar e
proporcionar as oportunidades para que cresçamos e busquemos a nossa
evolução, tanto no campo da intelectualidade quanto no campo espiritual.
Também a todos que contribuíram direta e indiretamente para realização deste
trabalho. A minha Família que me apoiou nos momentos mais necessários. O
apoio dos amigos que são a Família que podemos escolher e que sem o auxílio
deles não temos forças para vencer as batalhas da vida.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas gerais pela
concessão da bolsa e pelo apoio financeiro para execução do projeto.
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................................... 2
ABSTRACT ...................................................................................................................... 3
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4
2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 5
3. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 6
3.1 Setor moveleiro ....................................................................................................... 6
3.2 Ergonomia ............................................................................................................... 8
3.3 Ambiente e legislação trabalhista ............................................................................ 8
3.4 Ambiência sonora .................................................................................................. 10
3.5 Ambiência luminosa .............................................................................................. 13
3.6 Ambiência térmica ................................................................................................ 14
4. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 19
4.1 Descrição do local de coleta .................................................................................. 19
4.2 Coleta de dados ..................................................................................................... 20
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 25
5.1 Ambiente de trabalho ............................................................................................ 25
5.2 Ruído ..................................................................................................................... 29
5.2.1 Dosimetria ...................................................................................................... 29
5.2.2 Ruído instantâneo .......................................................................................... 30
5.3 Iluminância ............................................................................................................ 34
5.4 Conforto térmico –IBUTG .................................................................................... 36
6. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 37
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 39
ANEXOS ......................................................................................................................... 42
2
RESUMO
FILIPE, Alexandre Petusk. Segurança no trabalho para atividades de
processamento mecânico da madeira. 2010 51p. Dissertação (Mestrado em
Ciência e Tecnologia da Madeira) – Universidade Federal de Lavras MG.
A segurança do trabalho é de grande importância em todas as atividades.
A ausência de ações que visem diminuir os acidentes do trabalho faz com que o
funcionário seja afastado de suas atividades, aumentando o custo de produção. A
legislação brasileira por meio de regulamentação específica como a Norma
Regulamentadora Nº15 – NR 15, Anexo 1, Atividades e Operações Insalubres
Portaria 3.214 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) determina que o
ambiente de trabalho esteja adaptado aos funcionários minimizando os riscos
físicos, químicos e ergonômicos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a estrutura
organizacional dos ambientes e os parâmetros físicos ruído, iluminância e
temperaturas dos postos de trabalho em fábricas de móveis. O ambiente de
trabalho nas fábricas de móveis consistiu de uma estrutura complexa composta
por máquinas, bancadas e equipamentos, necessários para execução das tarefas.
Também observou a utilização de produtos químicos como seladoras, vernizes,
solventes para limpezas, adesivos. Para o parâmetro físico ruído ficou constatado
que algumas máquinas emitiram valores acima do que estabelece a NR 15 que é
de 85 dB. Os valores de ruído permaneceram no intervalo de 66,00 a 117,40 dB.
Já para iluminância, foram coletados valores em lux (unidade de medição da
intensidade luminosa) tanto abaixo, quanto acima dos valores especificados pela
norma brasileira NBR 5413 (ABNT, 1992). Valores abaixo podem incorrer em
fadiga visual, vermelhidão da conjuntiva entre outros sintomas. As temperaturas
permaneceram abaixo do limite estipulado pela norma de 26,7 ºC, situação
desejável para conforto dos operários na execução de atividades considerada
moderada que é o caso de fábrica de móveis.
Palavras-chave: Ergonomia, segurança no trabalho, processamento mecânico.
3
ABSTRACT
FILIPE, Alexandre Petusk. Segurança no trabalho para atividades de
processamento mecânico da madeira. 2010 51 p. Dissertação (Mestrado em
Ciência e Tecnologia da Madeira) – Universidade Federal de Lavras MG.
Key words
4
1. INTRODUÇÃO
À medida que a sociedade evolui, seus hábitos e o acesso aos
conhecimentos também evoluem. Assim, cada vez mais os trabalhadores
reclamam das condições de vida e, principalmente, das condições laborais.
Tanto por razões econômicas como sociais, os cidadãos estão exigindo melhores
condições de trabalho. Essa atitude é observada nos diversos países.
As tarefas industriais principalmente aquelas de chão-de-fábrica se
desenvolvem com exposição do operador aos ruídos e as vibrações e sobre
efeitos do micro clima e da iluminação dos ambientes de trabalho. Toda essa
caracterização é denominada “ambiência física” (Millanvoye, 2007). Nas fábricas
de móveis as operações de processamento mecânico da madeira oferecem
situações de riscos aos operários. A falta ou até mesmo a retirada dos
equipamentos de proteção coletiva (EPC) das máquinas causa acidentes. Já os
equipamentos de proteção individual (EPI) são pouco usados pelo incômodo
gerado ao trabalhador.
Os casos de acidentes de trabalho, com ou sem afastamento que depende
de sua gravidade, são comuns em marcenarias. Este fato é devido as máquinas
exigidas para o processo de fabricação de móveis. O afastamento provoca atraso
na entrega de produtos, além de prejuízo aos cofres públicos. Segundo
MTE 2009, é sabido que tal prejuízo atinge cifras de 5 bilhões de reais por ano
pois, a partir do 16º dia de afastamento o pagamento do salário fica a cargo do
INSS. Também, acontecem aposentadorias precoces de funcionários.
No Sul de minas gerais, as fábricas de móveis são consideradas
familiares, cuja estrutura fabril é simples, composta por numero reduzido de
máquinas equipamentos e funcionários. Este maquinário, na maioria das vezes, é
considerado obsoleto. O conhecimento da real situação do setor no que tange os
parâmetros estabelecidos pela norma brasileira é de grande valia na predição e
prevenção de acidentes.
5
2. OBJETIVOS
Avaliar a estrutura organizacional do ambiente de trabalho em fábricas
de móveis.
Avaliar parâmetros físicos dos postos de trabalho em fábricas de
móveis.
6
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Setor moveleiro
O setor moveleiro de Cruzília/MG possui 08 fábricas de móveis
sindicalizadas. Na cidade de Lavras/MG, o setor apresenta uma situação ainda
pior, pois não há um sindicato forte e atuante, uma vez que as marcenarias não
são organizadas politicamente. Um fator que dificultou realizar o trabalho em
um número maior de fábricas foi justamente a desunião dos proprietários.
As indústrias brasileiras produtoras de móveis de madeira maciça e
painéis são predominantemente micro e pequenas empresas. Sua capacidade
para investimentos em máquinas e em tecnologia é limitada. Suas cadeias
produtivas estão fundamentadas na utilização de espécies provenientes da região
amazônica, de madeira de reflorestamento ou de painéis (Jankowsky, 2004).
Segundo Fiedler (2001), o risco de acidentes é consideravelmente alto, pois
existem máquinas de cortes, como serras circulares, que além de propiciar
possibilidade de amputação de membros superiores, emitem ruídos que
dependendo do tempo de exposição levam a perda auditiva dos trabalhadores.
SILVA (2007), afirmou que no setor madeireiro brasileiro é comum
verificar a resistência à aplicação de recursos financeiros na produção, visando
melhorias. Contudo, a maioria dos problemas encontrados no setor produtivo
não requer aplicação de grandes montantes de recursos, sendo apenas necessário
estudar situações isoladas (Chão de fabrica). Com implementações de
melhorias, observa-se maior agregação de valor ao produto, principalmente por
meio de aplicação de técnicas corretas de processamento da madeira e
acabamento dos produtos, visando a redução de perdas de material e melhoria da
qualidade.
As fábricas de móveis, marcenarias e carpintarias apresentam riscos para
a saúde do trabalhador. Esses riscos são comuns à industria em geral, devido a
realização de operações e a utilização de equipamentos que oferecem perigo
7
elevado. Para garantir o trabalho em condições seguras, há necessidade de
proteções diversificadas e adequadas à cada máquina utilizada no processo
produtivo e de trabalhadores orientados para utilizá-las corretamente a cada
operação a ser executada (SOUZA, 2004).
Segundo GORINI (1998), no segmento de móveis sob encomenda,
existe multiplicidade de micro e pequenas empresas, em geral marcenarias, cuja
matéria-prima básica é a madeira compensada conjugada com madeiras nativas.
Seus equipamentos e suas instalações são quase sempre deficientes e
ultrapassados, o que gera muitas imprecisões nas medidas, e o trabalho ainda é
bastante artesanal. Seu produto final destina-se predominantemente ao mercado
doméstico.
Segundo CAÇADOR (1996), o setor madeireiro possui várias
deficiências e necessita de mudanças e que parcerias entre as indústrias deste
setor com as instituições afins de ensino, pesquisa e extensão, devem ser
buscadas pelos empresários.Já AMBRÓSIO (1996), enumerou vários pontos
para reverter essa situação:
a) reestruturação industrial - especialização por meio de pólos industriais;
aumento de cooperação entre as empresas; estudo de viabilidade de novos
mercados;
b) modernização produtiva - processos produtivos em si, com modernização de
máquinas e equipamentos; redução do custo da madeira aglomerada visando
o aumento da competitividade no mercado externo e redução de custos no
interno;
c) qualificação da mão-de-obra - formação de técnicos com conhecimento em
controle numérico e computadorizado; formação em desenho industrial por
meio de design por computação gráfica; formação de centros integrados com
a industria, entre outros.
8
3.2 Ergonomia
A ergonomia pode ser definida como um conjunto de ciências e
tecnologias que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano
e o trabalho, procurando adaptar as condições de trabalho às características do
homem. A palavra ergonomia é originada dos termos gregos ergo (trabalho) e
nomos (regras), que significa: regras para organizar o trabalho (COUTO, 1995,
v.1). Apesar do termo ergonomia ter surgido no século XIX, a ergonomia
aplicada ao trabalho é relativamente recente. O conceito moderno de Ergonomia
surgiu logo após a II Guerra Mundial, no projeto da cápsula espacial norte-
americana. Foi assim que pela antropometria surgiu o conceito de não adaptar o
homem ao trabalho, mas sim procurar adaptar as condições de trabalho ao
homem (COUTO, 1995). Os conceitos ergonômicos podem e devem ser
aplicados em todos os tipos de postos de trabalho, incluindo fábricas de móveis e
serrarias. São necessários estudos do ambiente de trabalho, e do trabalhador.
Segundo Silva et al. (2007) diversos trabalhos têm enfocado os
procedimentos necessários para levantamento do perfil da ergonomia e
segurança no trabalho em atividades madeireiras. Contudo, não são encontradas
informações técnicas para solucionar os problemas, de forma imediata e com
baixos investimentos desestimulando o empresariado a aplicar tais conceitos.
3.3 Ambiente e legislação trabalhista
As tarefas industriais principalmente aquelas de chão-de-fábrica se
desenvolvem com exposição do operador aos ruídos e as vibrações e sobre
efeitos do micro clima e da iluminação dos ambientes de trabalho. Toda essa
caracterização é denominada “ambiência física” (Millanvoye, 2007).
O Ministério do Trabalho e Emprego no Brasil, baseado em estudos
específicos, normatiza índices que possibilitam executar o trabalho com maior
conforto e segurança propiciando maior saúde, satisfação, qualidade e eficiência
9
ao trabalhador. As penalidades para as empresas que não se adequarem a essas
normas vão desde a interdição ao fechamento da empresa, além do pagamento
de multas (Brasil, 1998).
A segurança, o conforto ambiental e os espaços para convivência social,
são pontos essenciais no interior de uma empresa. Das modificações que venham
a ser realizadas devem-se levar em consideração as opiniões e demandas dos
trabalhadores, uma vez que são as pessoas mais afetadas pelo ambiente de
trabalho (Ministério da Saúde, 2001).
No Brasil, a avaliação da condição de trabalho nos ambientes é
determinada pela Norma Regulamentadora nº 9 da Portaria nº 3.214/78-MTE
que é parte da legislação trabalhista. Ela obriga a preparação do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e determinação dos limites de
tolerância conforme NR-15 Brasil, (1978) e ACGIH (2005).
Nota-se que a legislação estabelece diferenças entre doenças
profissionais e do trabalho. As doenças profissionais são adquiridas no exercício
do trabalho, como a LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbios
Osteo-musculares Relacionados ao Trabalho) em um digitador. A doença do
trabalho é decorrente das condições em que o trabalho é realizado. Ambas
doenças são consideradas acidentes do trabalho, quando decorrerem em
incapacidade para o trabalho.
Segundo Alvarez (1996) as características de um ambiente de trabalho
refletem, de maneira expressiva, na qualidade oferecida pelo trabalhador. Um
local de trabalho deve ser sadio e agradável. Assim ele proporcionará máxima
proteção, como resultado de fatores materiais ou subjetivos. Também, devem
prevenir acidentes, doenças ocupacionais, além de proporcionar melhor
relacionamento entre a empresa e o empregado.
Quando se compara o ambiente de trabalho nas fábricas de móveis com
as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, verifica-se
10
que, em muitos casos, existem diversas inadequações que podem afetar a saúde e
a segurança do trabalhador. A falta de informação, as necessidades constantes de
aumento de produtividade, redução de custos, as rápidas são as principais causas
da falta de adequação às normas (Silva, 1999).
A legislação nacional na portaria 3214/78 da NR 15, anexo 01, define
como ruído contínuo ou intermitente aqueles que não são ruídos de impacto que
apresentam picos de energia acústica. Um ambiente de trabalho agressivo é um
somatório de situações desconfortáveis ao homem, como o elevado nível de
ruído, o excesso de calor, dentre outros. Isso é prejudicial, implicando em perda
de produtividade e qualidade de vida do trabalhador (Fernandes e Morata, 2000).
Saliba (2002) conceitua riscos ambientais como agentes físicos,
químicos e biológicos, presentes nos ambientes de trabalho, capazes de produzir
danos à saúde quando superados os limites de tolerância. Gosling e Araújo
(2008) relacionaram a melhoria da qualidade de vida no trabalho à segurança,
higiene, conforto térmico, vibrações entre outros fatores.
3.4 Ambiência sonora
Podemos entender por ambiência sonora a exposição a ruídos no local
de trabalho. A nocividade do ruído para a audição está ligada a três parâmetros:
o nível sonoro, a freqüência e a duração da exposição. Segundo Millanvoye
(2007), admite-se que acima de uma exposição média cotidiana a audição corre
risco de degradar sofrendo perda auditiva parcial ou total podendo ser
irreversível. Na comunidade européia esse nível sonoro é de 80 dB(A). Já no
Brasil esse valor chega a valor de 85 dB(A) segundo a NR15 (MTE, 2009).
Venturoli et al, (2003) trabalhando com empresas fabricantes de móveis
a partir de madeiras, avaliando os níveis de ruído emitido pelas máquinas na
fabricação de móveis em marcenarias na cidade de Brasília no Distrito Federal
encontrou os valores de pressão apresentados na Tabela 1
11
Tabela 1. Valores de pressão sonora para marcenaria do Distrito Federal
Máquina Valores pressão sonora - dB(A) Mínimo Máximo
Desengrossadeira 92,43 98,77 Desempenadeira 93,55 96,28 Furadeira horizontal 80,32 84,53 Lixadeira de cinta 84,57 89,55 Serra circular de tampo móvel 94,88 101,34 Tupia 92,55 96,24 Fonte: Adaptação de Venturoli et al., (2003).
Os valores foram considerados altos exceto pela furadeira horizontal que
apresentou níveis de ruído abaixo de 85 dB.
É sabido que os valores de ruído podem sofrer alterações variadas em
função do material processado, podendo ser madeira maciça ou painéis
reconstituídos. Fiedler et al 2009, afirmou que a densidade básica influencia no
valor de ruído emitido por máquinas de processamento mecânico. Ainda, o tipo
de corte realizado na peça que pode ser perpendicular ou paralelo as fibras.
Segundo Vilela (2000), a manutenção das máquinas, modelo também podem
influenciar nos riscos apresentados nas operações, os valores de ruído podem
aumentar em função do desgaste de peças como rolamento.
Os trabalhadores das fábricas de móveis estão expostos a diversos riscos
à sua integridade física e psicológica. Existe risco de acidentes que podem levar
afastamento do trabalhador por períodos consideráveis de tempo, que implica
em prejuízos para as empresas (Fiedler et al., 2001).
Os valores de ruídos são normatizados pelo MTE pela NR 15 que trata
das atividades e operações insalubres. Para ruído ocupacional os valores que os
trabalhadores são submetidos durante a jornada de trabalho influenciam
diretamente na quantidade de horas permitidas de trabalho. A Tabela 2 apresenta
os valores de ruído e de horas de trabalho permitidos.
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Tabela 2 valores de nível de ruído dB (a) e de máxima exposição diária
permissível Nível de ruído dB(a) Máxima exposição diária permissível.
85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 45 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos
Fonte: NR 15 MTE (1978)
O procedimento para coleta e análise do ruído ocupacional é realizado
conforme determina o anexo 1 da NR-15 (MTE 2008). O aparelho que mede o
nível de pressão sonora pode ser o dosímetro de ruído ou o decibelímetro para
medição de dose de ruído e ruído instantâneo respectivamente. Os ruídos devem
ser coletados durante a jornada de trabalho do operário. Após a coleta calcula-se
a dose que é o acúmulo da concentração do ruído em relação ao tempo máximo
permitido, conforme Equação 1. Caso ultrapasse 100% significa que o valor qual
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o trabalhador foi submetido durante o tempo de trabalho, não atendeu as
especificações da norma.
100...3
3
2
2
1
1 ∗⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛++++=
TC
TC
TC
TCDose
n
n (1)
Em que:
Dose = dose diária quando ocorrem dois ou mais períodos de exposição de diferentes níveis (%);
Cn = tempo total diário em que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico;
Tn = tempo máximo diário permissível a este nível, segundo Tabela 2.
3.5 Ambiência luminosa
A quantidade de luz natural ou artificial presente no ambiente de uma
determinada situação de trabalho é entendida como a ambiência luminosa que
deve estar de acordo com o que estabelece as normas brasileiras. A iluminância
é expressa geralmente em LUX. Millanvoye (2007) afirmou que diferentemente
das outras ambiências físicas, uma iluminação incorreta induz não provoca, a
priori, nenhuma doença profissional, mas, pode incorrer em fadiga e
desconforto.
Fiedler et al (2006), constatou não haver um padrão das empresas com
relação à iluminância nos postos de trabalho. Também que a iluminância no
ambiente de trabalho é facilmente influenciada pela arquitetura da indústria, que
é influenciada pela quantidade de aberturas naturais e tipo de iluminação do
local. A iluminância por sua vez pode ser geral ou localizada e depende do tipo
de lâmpadas utilizadas.
Couto (2002), afirmou que as más condições de iluminação podem
resultar em queda do rendimento e fadiga visual do trabalhador. A queda de
14
rendimento pode ser considerada uma das principais conseqüências, sendo
comum nas tarefas em que a visão é muito exigida, como na atividade de
costura. Já a fadiga visual, é caracterizada por ardor e dolorimento nos olhos,
vermelhidão da conjuntiva, modificação na frequência de piscar,
lacrimejamento, intolerância a claridade (fotofobia), visão dupla (diplopia),
sensação de visão velada, entre outros sintomas.
Os valores de iluminância padronizados pela norma brasileira NBR
5413 – Iluminação de interiores – da Associação Brasileira de Normas
Técnicas ABNT,1992 indicam quais valores devem ser utilizados nos postos de
trabalho. Existem três valores referenciais para uma mesma operação sendo
mínimo, médio e máximo, (Tabela 3). Os parâmetros para escolha dos valores
de referência são idade, doenças oculares preexistentes e uso de sistema
corretivo visual como óculos. A utilização destes valores garante uma boa
iluminação que facilita a execução das operações e diminui erros.
Tabela 3. Valores dos limites máximos, médio e mínimo de iluminância para ambientes produtivos do setor madeireiro, tipo marcenaria e carpintaria
Operações Valores referenciais de iluminância (Lux) Mínimo Médio Máximo
Corte e aparelhamento grosso 150 200 300
Aplainamento, lixamento grosso, colagem, folheamento. 200 300 500
Aparelhamento de precisão, lixamento fino e acabamento. 300 500 750
Fonte: NBR 5413 (ABNT, 1992). 3.6 Ambiência térmica
Millanvoye (2007) mencionou que ambiência térmica trata-se do micro
clima do posto de trabalho. Numa edificação, ele pode variar de uma zona a
15
outra do local, conforme o processo utilizado. Ele também pode sofrer influencia
do clima exterior e de suas variações sazonais. Os componentes da ambiência
térmica são: a temperatura, a velocidade de deslocamento do ar, a umidade
relativa e a radiação infravermelha. A ambiência térmica no trabalho é um
parâmetro significativo, que interage com as possibilidades de trabalho físico do
operador.
Uma grande fonte de tensão no trabalho são as condições ambientais
desfavoráveis, é o calor assim como outros fatores baixa iluminação e excesso
de e ruído. Esses fatores causam desconforto, aumentam o risco de acidentes e
pode provocar danos consideráveis a saúde dos trabalhadores (Iida, 2002). A
temperatura tem grande influência na configuração no rendimento do trabalho
humano podendo causar desgaste físico pois acelera o metabolismo (Pereira et
al, 2007). Conforme Couto (1995), quanto mais quente for o ambiente de
trabalho, tanto menor será a tolerância do trabalhador a atividade física e mental.
A norma indica o índice de bulbo úmido e termômetro de globo
(IBUTG) como parâmetro para verificação da adequação do ambiente de
trabalho (NR15, 2009).
A exposição ao calor deve ser avaliada pelo "Índice de bulbo úmido
termômetro de globo" - IBUTG. Esse índice é definido pelas Equações 2 e 3
para ambientes sem carga e com carga solar, respectivamente.
tgtbnIBUTG 3,07,0 += (2)
tgtbstbnIBUTG 2,0017,0 ++= (3)
Em que:
IBUTG = Índice de bulbo úmido termômetro de globo, em oC.
tbn = temperatura de bulbo natural (úmido), em oC.
tg = temperatura de globo, em oC.
tbs = temperatura de bulbo seco, em oC.
16
Para ser considerado confortável, o clima de trabalho deve satisfazer a
diversas condições. Quatro fatores contribuem para atingir essa condição:
temperatura do ar, calor radiante, velocidade do ar e umidade relativa. Além
desses fatores, devemos considerar o tipo da atividade desenvolvida, pois o
funcionamento fisiológico de cada ser humano é diferenciado pela situação
(Dul, 2004)
Araújo 2008, afirmou que a temperatura do ambiente afeta o
metabolismo do funcionário em serviço. Sabemos que a exposição, não
controlada, ao calor induz erros de percepção e raciocínio, o que pode
desencadear acidentes. É sabido que o corpo humano exibe mecanismos de
defesa de seu organismo quando submetido e calor intenso, vaso dilatação
periférica, sudorese para efetuar a troca de calor e esfriar o corpo.
Silva et al 2003, pesquisando fábricas de móveis na cidade de Ubá Minas
Gerais encontrou os valores mínimos e máximos de IBUTG variando entre 21,0
a 27,0º C nos postos de trabalho como demonstrados na Tabela 4.
Tabela 4. Valores mínimos e máximos de IBUTG encontrados nos postos de trabalho em fábricas de móveis na cidade de Ubá MG
Setor IBUTG mínimo IBUTG máximo Corte 22,6 24,2
Usinagem 21,2 25,9 Acabamento 22,4 24,2
Pintura 22,1 27,0 Prensa 23,4 25,2
Fonte: Silva (2003).
Silva (2003) encontrou nos setores de pintura valores de IBUTG de
25,9ºC a 27,0ºC no período de 14 às 16 horas. Esses valores encontrados são
superiores ao valor permitido pela legislação brasileira. Assim durante este
período, o trabalhador deverá trabalhar por 45 minutos e executar 15 minutos de
descanso, conforme prescrito na (NR-15,MTE 1978).
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A NR 15 no anexo n° 3, da Portaria 3.214/78-MTE, trás como definição
dos tipos de atividade a classificação como leve, moderada e pesada em função
do esforço realizado no cumprimento das tarefas. A classificação das atividades
estão apresentadas na Tabela 5.
Tabela 5. Classificação das atividades executados por operários em indústrias e
consumo de calorias por hora de trabalho Tipos de atividade kcal/h
Trabalho leve Sentado, movimentos moderados com braços e troncos
125 a 150 Sentado, movimentos moderados com pernas e braços De pé, em máquina ou bancada principalmente com braços
Trabalho moderado Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas
180 a 300 De pé em máquina ou bancada com alguma movimentação Em movimento, levantar ou empurrar
Trabalho pesado Trabalho intermitente de levantar e sentar
440 a 550 Empurrar ou arrastar pesos Trabalho fatigante Fonte: Adaptação NR-15 (MTE,1978)
A Norma regulamentadora (MTE,1978) implica que após a definição das
atividades desenvolvidas, deve-se proceder o cálculo dos valores de IBUTG, por
meio da obtenção dos valores de temperatura de Bulbo úmido (BU), Bulbo Seco
(BS) e Termômetro de Globo (TG). Posteriormente comparam-se os valores
obtidos com os limites da Tabela 6, que apresenta os regimes de trabalho em
função das atividades desenvolvidas e os valores de IBUTG.
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Tabela 6. Regime de trabalho em função do IBUTG definido pela NR 15
Tempo para Atividade desenvolvida Leve Moderada Pesada Trabalho contínuo Até 30 Até 26,7 Até 25
45min trabalho/ 15 min descanso 30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30min trabalho/ 30 min descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15min trabalho/ 45 min descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
Proibido trabalho sem medidas controle Acima 32,2 Acima 31,1 Acima 30,0 Fonte: Adaptação NR-15 (MTE,1978).
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4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Descrição do local de coleta
As medições foram realizadas em 14 fábricas de móveis sendo 08 no
pólo moveleiro de Cruzília e 06 no pólo moveleiro de Lavras ambos situados no
Sul de Minas Gerais.
O município de Cruzília é localizado no sul de Minas Gerais, situado a 384 km de Belo horizonte. Apresenta uma latitude de 21.83° S, longitude 44.8° W, Figura 1 . A altitude média é de 1060m.
Figura 1. Mapa ilustrativo da posição da cidade de Cruzília-MG.
20
Lavras é um município brasileiro da região do Campo das Vertentes, no
sul do estado de Minas Gerais. Localiza-se a uma latitude 21° 14' 30 sul e a uma
longitude 44° 00' 10 oeste, Figura 2 estando a uma altitude de 919 metros
Figura 2. Mapa ilustrativo da posição da cidade de Lavras-MG.
4.2 Coleta de dados
Foram medidos os parâmetros físicos ruído, iluminância e calor, nas
fábricas de móveis. As medições foram realizadas diretamente nos postos de
trabalho. O levantamento geral da produção e da organização do local foi
realizado utilizando filmagens e fotografias digitais de todas as etapas de
produção dando ênfase à segurança, a ergonomia e a qualidade dos produtos.
O dosímetro de ruído foi ajustados de forma a atender os seguintes
parâmetros:
Circuito de ponderação “A”;
Circuito resposta lenta (Slow);
21
Nível limiar de integração de 85 dB(A), que corresponde a uma dose
de 100% para uma exposição de 8 horas;
Faixa de medição entre 85 e 115 dB(A), que significa que níveis
abaixo de 85 dB(A) não serão considerados, bem como proibida
qualquer ocorrência acima de 115 dB(A);
Incremento de dose igual a 5.
O dosímetro foi utilizado colocado preso ao cinto do trabalhador e o
microfone de captação ajustado para coletar os ruídos, (Figura 3).
Figura 3. Medição do nível de pressão sonora, por meio de dosímetro.
22
Para medições de ruído instantâneo foi utilizado decibelímetro
MSL 1325 realizando a coleta próximo a máquina emissora de ruído (Figura 4).
Figura 4. Metodologia de medição do nível de pressão sonora, por meio de
decibelímetro.
As medições de iluminância foram realizadas por meio de luxímetro
digital da marca Instrutemp modelo LD-200 diretamente nos postos de trabalho
de corte, lixamento, pintura, montagem entre outros. As medições ocorreram em
meia jornada de trabalho de 8 h. Em algumas fábricas as medições foram
realizadas no período da manhã e outras no período da tarde. No total foram
efetuadas medições em 330 postos de trabalho. Foram realizadas no mínimo três
medições de 2 em 2 horas em cada um dos 330 postos de trabalho totalizando
990 medições utilizando uma adaptação da NBR 5382 (ABNT,1985) verificação
de iluminância de interiores. A Figura 5 apresenta uma medição de iluminância
em um posto de trabalho.
23
Figura 5. Metodologia empregada na medição de iluminância, no setor
madeireiro de Lavras/MG.
Para efeito de comparação foi considerado fora do valor normativo o
posto de trabalho que apresentou pelo menos uma medição abaixo do limite
estipulado pela NBR 5413 (ABNT,1992).
Os valores de temperatura de bulbo úmido, bulbo seco e termômetro de
globo utilizadas para calcular o IBUTG foram coletados utilizando o termômetro
de globo marca Instrutherm modelo 5235 Figura 6
Figura 6. Medição de temperaturas, para calculo de IBUTG nas fábricas de
móveis.
As medições foram realizadas em intervalo de 2 horas em meia jornada
de 8 h trabalho, em seqüência o cálculo do índice IBUTG foi efetuado utilizando
a Equação (2). O termômetro de globo foi instalado no ambiente mais utilizado
pelos funcionários.
24
Os dados foram analisados realizando a comparação entre os valores
medidos com os apresentados na NR 15 no anexo 3, da Portaria 3.214/78-MTE.
A NR 15 estabelece para atividades consideradas moderadas como é o caso das
fábricas de móveis o IBUTG deve permanecer abaixo de 26,7ºC.
25
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Ambiente de trabalho
O ambiente de trabalho nas fábricas de móveis consistiram de uma
estrutura complexa composta por máquinas, equipamentos, ferramentas e
bancadas, além da utilização de produtos químicos como seladoras, vernizes,
solventes para limpezas, adesivos. Todos os equipamentos são necessários para
o processamento e acabamento dos produtos nas confecções de móveis.
As fábricas são em sua maioria construídas em forma de galpão
conforme literatura. As máquinas e bancadas são dispostas de forma a teantar
evitar ao máximo que apresente barreiras físicas que impeçam a comunicação
entre os postos de trabalho.
Os trabalhos desenvolvidos se interagem e pode ser observado que as
barreiras físicas presentes via de regra atrapalham a comunicação entre os
setores operacionais. Os materiais que revestem as paredes presentes em
algumas fábricas se mostraram velhos, presença de pó e teia de aranhas que
indicam falta de limpeza. A falta de reboco, pintura no acabamento do
revestimento faz com que o ambiente se torne mais escuro o que não é a situação
ideal para um processo de fabricação.
Em algumas fábricas de móveis ficou visível o descaso com a deposição
de resíduos, pois, estavam jogados sem cuidado (Figura 7)
26
Figura 7. Estrutura de uma fábrica de móveis em Lavras/MG.
Na Figura 7 podemos notar que os resíduos gerados são simplesmente
amontoados sem lugar definido. A proximidade com a área útil das máquinas é
um agravante no processo de fabricação e gera mais riscos de acidente aos
operadores. O material de revestimento dessa empresa em algumas partes é
tijolo maciço (tijolinho) que em função da cor escura torna o ambiente com
menos iluminância. As partes da empresa que possuem reboco e pintura como
revestimento, apresenta sujeira, e amarelecimento pela falta de manutenção que
também torna o ambiente mais escurecido.
27
Figura 8. Estrutura de uma fábrica de móveis em Cruzília/MG.
Na Figura 8 é clara a deposição de serragem oriunda da usinagem da
madeira no meio do local circulação. A presença de um sistema de exaustão
pode vir a ser uma solução. A falta de um local específico para montagem dos
móveis que não seja em conjunto com a utilizada para cortar a madeira faz com
que haja mais dificuldades para efetuar o trabalho. As figuras 8 e 9 são exemplos
de fábricas de móveis familiares uma vez que a expansão é feita
desordenadamente aproveitando uma área lateral no espaço livre para aumento
da área, sem que fosse feito um planejamento prévio no início ou um
planejamento adequado para expansão. O material de revestimento dessa
empresa é bloco de cimento sem reboco e pintura que torna o ambiente mais
escurecido.
28
Figura 9. Estrutura de uma fábrica de móveis – Cruzília MG.
Nota-se que a empresa apresentada na Figura 9 apresenta um layout mais
bem planejado, com áreas definidas para depósito, corte, montagem e despacho.
Existe nesta empresa um sistema de exaustão que qualitativamente percebe-se
uma diminuição da quantidade de pó, o que não se nota nas empresas que não
possuem o sistema. Esta empresa apesar de possuir o material de revestimento
pintura em cor branca que é o ideal para que o ambiente fique mais claro as
aberturas para entrada de luz permitem a luz incida diretamente que não é a
situação ideal.
29
5.2 Ruído
5.2.1 Dosimetria Os valores de ruído apresentados nas Tabelas são em decibéis, e a
dosimetria em número de vezes o valor ultrapassado do limite permitido de
duração da exposição diária a ruídos nas fábricas de móveis NR-15 (MTE,1978).
Estão apresentados na Tabela 7 os valores de dosimetria e agrupamento dos
valores próximos encontrados nas fábricas de móveis de Cruzília e lavras.
Tabela 7 Valores de dosimetria e os grupos de empresas com valores próximos
Grupo Empresa Dosimetria I 6 2,76 I 2 2,86 II 11 7,55 II 8 8,33 II 1 9,21 II 4 9,42 III 5 14,11 III 10 15,04 III 9 15,14 III 14 19,54 IV 7 22,11 IV 12 25,01 IV 13 29,14 IV 3 30,52
Em todas as empresas a dose foi maior que a permitida por lei. Justifica a
adoção de medidas como a manutenção preventiva dos maquinários, mudança
de local de compressores para evitar que ruídos sejam emitidos dentro das
fábricas, uso de protetor auricular de preferência tipo concha (EPI).
Noronha 2007, encontrou valores de 25,59 para dosimetria em marcenarias no
Distrito Federal, mostrando que o problema com ruídos é grave também em
outras regiões do Brasil. Todas as empresas apresentaram valores maiores que 1
30
que é o que recomenda a NR-15 (MTE,1978), porém algumas apresentam
situação mais agravada chegando a valores maiores que 30 doses permitidas. O
uso de protetores auriculares do tipo concha EPI para diminuir a agressão aos
ouvidos é imprescindível.
5.2.2 Ruído instantâneo
Os valores de ruído foram medidos em decibels e representam a situação
instantânea da emissão de ruídos pelas máquinas utilizadas no processo de
fabricação de móveis. A Figura 10 demonstra a posição dos valores de ruídos
emitidos pelas máquinas em relação ao valor da NR-15 (MTE,1978) que é
85 dB (A).
65
75
85
95
105
115
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Empresa
Ruí
do d
B(A
)
Figura 10 disposição dos valores de ruído em relação ao limite estabelecido pela
NR15 (MTE,1978).
31
Em geral as empresas apresentaram maior número de máquinas emitindo
ruídos acima do permitido pela NR-15 (MTE,1978) que é 85 dB (A). Algumas
empresas 3 e 4 apresentaram todas as máquinas emitindo valores de ruídos
acima de 85 dB (A). Na Tabela 08 encontram-se os resultados de ruídos
instantâneos emitidos pelas máquinas da Empresa 03 e 4.
Tabela 08: Valores de ruídos instantâneos em dB(A)emitidos pelas máquinas nas
empresas 3 e 4 Empresa Máquina Valor dB(A)
3 Furadeira horizontal 87,00 3 Lixadeira cinta 89,60 3 Torno 89,70 3 Plaina desengrossadeira 97,50 3 Plaina desempenadeira 99,00 3 Serra circular carrinho 99,30 3 Tupia 102,20 3 Serra circular fixa 102,80 4 Exaustor 86,90 4 Tupia 89,70 4 Furadeira múltipla 97,30 4 Serra circular fixa 97,70 4 Plaina desempenadeira 98,20 4 Coladeira de borda 98,40 4 Lixadeira disco 103,40 4 Plaina desengrossadeira 112,50
Na Tabela nota-se pelos valores apresentados, as operações não devem
ser realizadas sem a utilização dos protetores auriculares (EPI) e que em
algumas empresas os problemas são mais graves uma vez que valores maiores
que muito acima de 85 dB são encontrados. Segundo Noronha 2007, a
manutenção preventiva dos motores reduz consideravelmente os níveis de ruído
32
o que justifica a indicação de manutenções periódicas nos motores das máquinas
das fábricas de móveis.
Na tabela 09 estão apresentados os valores de ruídos instantâneos das
máquinas que apresentaram valores acima de 85 dB que é estabelecido pela NR-
15 (MTE,1978) em todas as empresas pesquisadas.
Tabela 09: Valores de ruído instantâneo Máquina Mínimo Máximo
Plaina desengrossadeira 89,40 112,50 Respigadeira 96,00 106,30 Seccionadora 92,90 94,20
Tupia 85,60 109,80
As máquinas apresentadas na tabela 09 emitiram ruídos acima do
permitido pela NR-15 (MTE,1978), devido a este fato o uso dos equipamentos
de segurança deve ser obrigatório. Além das máquinas apresentadas na Tabela
foi observado numa empresa uma tupia manual que apresentou o ruído médio de
97,28 dB
Foi realizado um cálculo do tempo aproximado máximo de exposição do
operador em função do valor médio de ruído encontrado para cada máquina
(Tabela 10).
33
Tabela 10. Valores médios de ruídos em dB e os respectivos tempos permitidos
aproximados de utilização das máquinas. Máquina Valor médio ruído dB Tempo de utilização (h)
Máquina de costura 72,18 8,0 Exaustor 82,43 8,0 Afiadora 84,43 8,0
Compressor 84,50 8,0 Torno 85,51 7,0
Furadeira vertical 85,63 7,0 Furadeira horizontal 88,67 5,0
Lixadeira cinta 90,12 4,0 Serra fita 91,08 3,5
Grampeador 91,75 3,5 Esmeril 92,58 3,0
Seccionadora 93,55 2,75 Lixadeira disco 94,13 2,25
Serra circular carrinho 94,50 2,25 Plaina desempenadeira 95,21 2,0
Tupia 95,32 2,0 Serra circular fixa 97,13 1,5
Tupia Manual 97,28 1,5 Furadeira múltipla 97,30 1,0
Coladeira automática 98,40 1,25 Plaina desengrossadeira 98,90 1,25
Respigadeira 100,60 1,0
Observa-se na Tabela que os ruídos emitidos pelas máquinas apresentam
em alguns casos valores acima dos limites de tolerância estabelecidos pela NR-
15 (MTE, 1978). O valor máximo permitido é de 85 dB (A) para a exposição de
uma jornada de trabalho de até 8 horas. Desta forma é importante a adoção de
medidas de segurança do trabalho nesses locais. Pode-se citar alterações na
disposição das máquinas para manter longe dos operários a fonte de ruído, como
realocar compressores que estiverem confinados em salas de pintura,
trabalhando na fonte emissora de ruídos (EPC). A utilização dos equipamentos
34
de proteção individual (EPI) sendo os protetores auriculares tipo concha os mais
indicados.
5.3 Iluminância
Os valores encontrados correspondem às medições executadas indicando
a iluminância percebida pela visão do trabalhador. Fiedler et al 2006, afirmaram
que os valores de iluminância nas empresas moveleiras seguem um padrão
indefinido. As Figuras 11 e 12 confirmam o que Fiedler (2006) encontrou nas
fábricas de móveis.
0
750
1500
2250
07:30 09:30 11:30
Hora
Ilum
inân
cia
Figura 11. Valores de iluminância encontrados na Empresa 1.
35
50
400
750
1100
13:30 14:35 15:50Hora
Ilum
inân
cia
Lux
Figura 12. Valores de iluminância encontrados na Empresa 5.
O que justifica essa indefinição é que as construções são via de regra
diferente uma das outras tanto no tipo de material construtivo, quanto na
arquitetura utilizada. Os valores encontrados nos setores de trabalho em sua
maioria estão abaixo dos limites mínimos normatizados pela NBR 5413/1992,
indicando que é necessária a adequação do sistema de iluminação, podendo ser
construção de aberturas com aproveitamento da energia solar, substituição das
lâmpadas por outros tipos mais eficientes, ou aumento do número de pontos
luminosos artificiais (lâmpadas).
36
5.4 Conforto térmico –IBUTG
Os resultados das temperaturas de bulbo seco e úmido e de termômetro
de globo permitiram calcular o IBUTG das unidades produtoras visitadas. Os
valores encontrados encontram-se na Figura 13 e representam o conforto térmico
existe nos postos de trabalho.
13,63
18,7017,67
15,81
11,41
16,5115,27
13,31
19,59
23,96
16,3415,49 16,18
17,17
0
10
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Empresa
IBU
TG
Figura 13. Valores de IBUTG para cada empresa.
As empresas permaneceram abaixo do limite estipulado pela norma para
atividades moderadas podendo os funcionários realizar suas atividades pelas 8
horas diária de trabalho.
37
6. CONCLUSÕES
A dose de exposição aos ruídos em todas as empresas foi maior que a
estabelecida pela NR-15 (MTE,1978).
As fábricas de móveis são visivelmente diferentes quanto aos materiais
construtivos e modelos de arquitetura.
Os valores de iluminância apresentaram padrão indefinido e em sua
maioria estavam abaixo dos valores estabelecidos pela NBR 5413
(ABNT, 1992).
As empresas não apresentaram problemas relativos a temperatura
segundo a NR-15 (MTE, 1978).
38
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ficou visivelmente perceptível a presença de poeira e odores
característicos de solventes em todos os locais de trabalho nas fábricas de
móveis. Seria de grande valia o levantamento qualitativo e quantitativo destes
problemas.
39
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42
ANEXOS
Valores de iluminância encontrados na empresa 1.
0
250
500
07:30 09:30 11:30
Hora
Ilum
inân
cia
lux
43
Valores de iluminância encontrados na empresa 2.
0
500
1000
1500
2000
2500
13:00 15:00 17:00
Hora
Ilum
inân
cia
lux
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
2250
2500
2750
13:00 15:00 17:00
Hora
Ilum
inân
cia
lux
44
Valores de iluminância encontrados na empresa 3.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
12:30 15:30 17:30
Hora
Ilum
inân
cia
lux
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
12:30 15:30 17:30
Hora
Ilum
inân
cia
lux
45
Valores de iluminância encontrados na empresa 4.
0
750
1500
2250
07:30 09:30 11:30
Hora
Ilum
inân
cia
lux
0
500
1000
1500
2000
2500
07:30 09:30 11:30
Hora
Ilum
inân
cia
lux
46
Valores de iluminância encontrados na empresa 5.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
08:00 09:30 11:00Hora
Ilum
inân
cia
lux
0
500
1000
1500
2000
2500
08:00 09:30 11:00
Hora
Ilum
inân
cia
lux
47
Valores de iluminância encontrados na empresa 6.
0
250
500
750
13:00 15:00 17:30
Hora
Ilum
inân
cia
lux
0
250
500
13:00 15:00 17:30Hora
Ilum
inân
cia
lux
48
Valores de iluminância encontrados na empresa 7.
0
500
1000
12:30 15:30 17:30
Hora
Ilum
inân
cia
lux
0
750
1500
2250
3000
12:30 15:30 17:30
Hora
Ilum
inân
cia
lux
49
Valores de iluminância encontrados na empresa 8.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
07:30 09:30 11:30Hora
Ilum
inân
cia
lux
0
750
1500
2250
3000
3750
4500
5250
6000
07:30 09:30 11:30Hora
Ilum
inân
cia
lux
50
Valores de iluminância encontrados na empresa 9.
0
250
500
750
13:30 14:35 15:50
Hora
Ilum
inân
cia
Lux
Valores de iluminância encontrados na empresa 10.
0
250
500
750
13:30 14:40 15:30Hora
Ilum
inân
cia
lux
51
Valores de iluminância encontrados na empresa 11.
0
250
500
750
08:00 09:30 11:30
Hora
Ilum
inân
cia
lux
Valores de iluminância encontrados na empresa 12.
0
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200
300
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07:00 09:00 11:30
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Ilum
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52
Valores de iluminância encontrados na empresa 13.
0
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Hora
Ilum
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Lux
Valores de iluminância encontrados na empresa 14.
0
1000
2000
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