gestÃo da imagem organizacional da biblioteca
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UNIVERSIDADE DE BRASLIA
FACULDADE DE CINCIA DA INFORMAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA DA INFORMAO
GESTO DA IMAGEM ORGANIZACIONAL DA
BIBLIOTECA PBLICA NA SOCIEDADE DA
INFORMAO: as bibliotecas polos do Estado do
Cear
Maria Cleide Rodrigues Bernardino
BRASLIA
2013
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MARIA CLEIDE RODRIGUES BERNARDINO
GESTO DA IMAGEM ORGANIZACIONAL DA
BIBLIOTECA PBLICA NA SOCIEDADE DA
INFORMAO: as bibliotecas polos do Estado do
Cear
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Cincia
da Informao - PPGCI, da Faculdade de Cincia da Informao - FCI, da
Universidade de Braslia, UnB, como requisito parcial para obteno do
ttulo de Doutor em Cincia da Informao.
Orientador: Prof. Dr. Emir Jos Suaiden.
BRASLIA
2013
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Dados Internacionais de Catalogao na Publicao
Universidade de Braslia - UnB
B523g Bernardino, Maria Cleide Rodrigues
Gesto da imagem organizacional da biblioteca pblica na sociedade da informao: as
bibliotecas polos do Estado do Cear / Maria Cleide Rodrigues. _ 2013.
314f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Prof. Dr. Emir Jos Suaiden.
Tese (Doutorado) - Universidade de Braslia - UnB, Faculdade de Cincia da Informao - FCI.
1. Biblioteca Pblica. 2. Gesto da Imagem Organizacional - Biblioteca Pblica. 3. Imagem
Organizacional - Biblioteca Pblica. II. Suaiden, Emir Jos (Orient.). II. Ttulo.
CDD 027
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Dedico este trabalho a minha querida av Joana Rodrigues (in
memorian) que embora analfabeta de formao, foi uma das criaturas
mais sbias que conheci que me contou as primeiras histrias de
trancoso e me fez amar a leitura e a biblioteca. Para a minha
av/me que me ensinou a amar e que por volta dos meus dezoito
anos, ainda sem saber o que era realmente a palavra Doutora, mas
tendo a certeza que no seria mdica lhe disse: sua neta ainda ser
doutora vov.
Dedico tambm as minhas filhas amadas Aline Rodrigues e Carine
Rodrigues, continuao da minha alma e razo de todo esse caminhar.
Filhas, quero ser sempre motivo de orgulho para vocs.
E por ltimo e no menos especial, para a grande companheira de
todos os dias e todas as horas Cleide Pereira, que trouxe aos meus
dias a calma e a serenidade que julgava no ter e me fez querer ser a
cada dia, uma pessoa melhor de esprito e de corao.
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AGRADECIMENTOS
Agradecer um ato de reconhecimento e neste percurso so muitos os agradecimentos, assim,
agradeo em primeiro lugar ao nosso Deus Todo Poderoso e Onipotente pela graa da
existncia;
Ao meu orientador Prof. Dr. Emir Suaiden que acreditou no projeto e aceitou a empreitada de
falar da biblioteca pblica comeando a orientao antes mesmo do processo seletivo, quando
me ouviu falar do projeto no CBBD de 2009, em Bonito e me encorajou a participar da
seleo para 2010;
banca examinadora composta pela Prof Dr Walda de Andrade Antunes, Prof Dr Lidia
Eugnia Cavalcante, Prof Dr Sofia Galvo Baptista, Prof Dr Elmira Luiza Melo Soares
Simeo e Prof. Dr. Antnio Lisboa Carvalho de Miranda pelas preciosas contribuies e olhar
investigativo sobre as bibliotecas pblicas;
Prof Dr Aurora Cuevas-Cerver (UCM) pela generosidade no compartilhamento de
saberes por ocasio do Estgio Sanduiche, em Madrid, Espanha;
Capes Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior pela concesso das
bolsas PRODOUTORAL (2010-2013) e PDSE (2012) que foi de apoio incontestvel para a
pesquisa;
amiga Maria Aparecida de Lavor, coordenadora do SEBP/CE que se colocou disposio
desde o incio, facilitando o acesso aos documentos das Polos e BPMs;
amiga Sarah Nascimento coordenadora da Polo de Maranguape pela disponibilizao dos
documentos;
bibliotecria Gicelly Silva da Biblioteca Pblica de Limoeiro do Norte por me receber em
sua casa;
Aos demais bibliotecrios, bibliotecrias e gestores das bibliotecas pblicas pesquisadas pela
disponibilidade e gentileza em participar da investigao;
s bibliotecrias das Bibliotecas Pblicas de Madrid pela participao na pesquisa durante o
estgio doutoral na UCM;
s secretrias do PPGCINF Jucilene Gomes e Marta Arajo pela competncia, gentileza e
ateno com todos os discentes do programa e a estagiria Elaine Cristina da Cunha pela
grande disposio em ajudar sempre;
s secretrias do IBICT Valria Vieira e Joelma Martins Mendanha que foram
fantasticamente maravilhosas sempre que precisei;
minha famlia, minha me Alzira Bernardino, filhas Aline Rodrigues e Carine Rodrigues
pela compreenso das ausncias e correo de portugus e ingls e meus genros Getlio
Holanda e Yuri Bezerra;
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famlia Lavor Miranda em Braslia: Aureni, Miranda, Emanuel Vinicius, Joo Victor,
Elisabeth Cisa e Paulo Andr, por me acolher em sua residncia e permitir que eu
compartilhasse de suas vidas;
Ao meu querido companheiro de doutorado e amigo Eduardo Alentejo que me ensina a
encarar a vida com mais humor todos os dias;
Lus Pereira e Gigliola Dantas que me acompanharam em algumas viagens pelo interior do
Cear;
amiga Carolina Custdio por me receber na cidade de Catarina;
minha querida amiga Joselina da Silva pelo primeiro olhar no projeto, apoio e incentivo
constante;
Aos meus companheiros do Curso de Biblioteconomia da antiga UFC no Cariri e a partir de
2013 a nova Universidade Federal do Cariri (UFCA): Ariluci Goes Elliott, Gracy Martins,
Irma Gracielly, Deise Santos e demais professores pela amizade e companheirismo de
sempre;
Ao querido amigo Dafn Didier que no mediu esforos para ajudar nesse processo;
Ao amigo David Vernon e Ana Cristina pela acolhida em Madrid e amizade;
s amigas de Braslia Edileuza Penha de Souza, Elo Ktia Coelho e Alline Polliana por me
receberem em suas casas;
Terezinha Vieira pessoa fantstica;
Fanka Santos e Ria Lemaire pelos dias de recolhida maravilhosa na medieval Chateau
Larcher, Frana, e boas conversas acadmicas regadas vinho;
Ana Maria S de Carvalho incentivadora pioneira da minha trajetria;
Rubens Pereira que deu um olhar historiogrfico ao projeto; e
todos os pesquisadores e amantes da biblioteca pblica.
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RESUMO
Investiga a imagem organizacional da biblioteca pblica a partir das variveis propostas por
Justo Villafae, autoimagem (imagem que a organizao tem de si mesma), imagem
intencional (imagem que a instituio projeta para o pblico) e imagem funcional (estrutura
tecnolgica e comercial da instituio). A pesquisa se d nas bibliotecas pblicas do Estado
do Cear, especificamente nas bibliotecas polos, que um projeto de descentralizao da
coordenao do Sistema Estadual de Bibliotecas Pblicas do Estado do Cear - SEBP/CE.
Tem o objetivo de identificar a imagem organizacional da biblioteca pblica no Cear,
revelando sua imagem pblica na sociedade da informao. Tendo como pressuposto a
hiptese que esta deve atuar significativamente na sociedade da informao, entretanto,
construiu uma imagem de descaso e abandono, amparada pelos questionamentos: qual a
imagem da biblioteca pblica do Estado do Cear na sociedade da informao? Qual a
mudana operacional na imagem da biblioteca pblica do Estado do Cear, a partir da criao
das bibliotecas polos? Como as bibliotecas pblicas do Estado do Cear se veem? Como
essas bibliotecas se projetam para a comunidade usuria? Como essas bibliotecas esto
estruturadas tecnologicamente e comercialmente? E como se relacionam com a comunidade
usuria? O modelo conceitual se baseia nas Teorias da Gestalt (Psicologia) e Institucional
(Administrao), para a construo do campo organizacional da biblioteca pblica. A
metodologia alicerada no mtodo dialtico e nos mtodos de procedimento comparativo a
partir do isomorfismo mimtico (teoria estruturalista) , e mtodo monogrfico e funcionalista
(representao imagtica da biblioteca pblica). O delineamento foi a partir de uma pesquisa
quali-quantitativa em quatro etapas e a mensurao dos dados coletados por meio da Escala
de Likert, do modelo de quantificao adaptado de Villafae e pela anlise de contedo. Por
fim, a investigao revelou uma imagem negativa da biblioteca pblica na sociedade da
informao no Estado do Cear e as bibliotecas polos no representou nenhuma mudana
organizacional para o SEBP/CE.
Palavras-Chave: Biblioteca Pblica. Gesto da Imagem Organizacional Biblioteca Pblica.
Biblioteca Pblica Cear. Imagem da Biblioteca Pblica.
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ABSTRACT
It examines the organizational image of the public library starting from the variables proposed
by Justo Villafae, self-image (the image the institution has about itself), intentional image
(the image the institution projects to the public) and functional image (technological and
commercial structure of the institution). This research is based on the public libraries of the
Ceara State, specifically on the pole libraries, which is a decentralization project of the
coordination of the Public Libraries State System of the Ceara State- SEBP/CE. It has the goal
of identifying the organizational image of the public library in Ceara, revealing its public
image in the information society. It has as an assumption the hypothesis that public library
must act meaningfully in the information society, however, it built an image of contempt and
desertion, supported by the questionings: what is the public library image of Ceara State in the
information society? What is the operational change in the image of the public library of
Ceara State, starting with the creation of the pole libraries? How do the public libraries of
Ceara State see themselves? How do these libraries project themselves to the user
community? How are these libraries technologically and commercially structured? And how
do they relate to the user community? The conceptual model is based on the Gestalt theories
(Psychology) and Institutional (Business Management), to the construction of the
organizational field of the public library. The methodology is grounded on the dialectical
method and comparative procedure methods -, as from the mimetic isomorphism (structuralist
theory) -, and monographic and functionalist method (a public library imagistic
representation). The delineation will start from a qualitative-quantitative research in four
stages and the collected data measurement will be done via Likert Scale, as from a
quantification model adapted from Villafae and through a content analysis. In this sense, the
investigation reveals a negative image of the public library in the information society in Ceara
State and that the pole libraries did not represent any organizational change for the SEBP/CE.
Key-Words: Public Library. Organizational Image Management Public Library. Public
Library Ceara. Public Library Image.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 Macrorregio RMF e Macio de Baturit e Municpios Pesquisados 30
Figura 2 Macrorregio Litoral Oeste e Municpios Pesquisados 31
Figura 3 Macrorregio Litoral Leste e Jaguaribe e Municpios Pesquisados 32
Figura 4 Macrorregio Sobral e Ibiapaba e Municpios Pesquisados 33
Figura 5 Macrorregio Serto dos Inhamuns e Municpios Pesquisados 34
Figura 6 Macrorregio Serto Central e Municpios Pesquisados 35
Figura 7 Macrorregio Cariri e Municpios Pesquisados 36
Figura 8 Macrorregio Centro Sul e Municpios Pesquisados 37
Figura 9 Evoluo da Sociedade da Informao 57
Figura 10 Linhas de Ao do Livro Verde no Brasil 61
Figura 11 Meio Ambiente Organizacional 92
Figura 12 Relaes da Biblioteca com o Meio Ambiente Organizacional 94
Figura 13 Modelizao Icnica da Realidade 104
Figura 14 Exemplos de Nivelao e Exacerbao (levelling and shaperning) 109
Figura 15 Tipos e Abstrao (processos) 116
Figura 16 A Circunferncia que no 118
Figura 17 Imagem da Organizao 120
Figura 18 Autoimagem da Organizao 123
Figura 19 Imagem Intencional da Organizao 126
Figura 20 Imagem Funcional da Organizao 127
Figura 21 Processo de Institucionalizao de Hasselbladh e Kallinikos 133
Figura 22 Fases da Anlise de Contedo / Desenvolvimento de uma Anlise 140
Figura 23 Bibliometro de Madrid 147
Figura 24 Home Page das Bibliotecas da Comunidade de Madrid 149
Figura 25 Home Page da Rede de Bibliotecas Pblicas na web 150
Figura 26 Macrorregio RMF e seus Municpios 155
Figura 27 Macrorregio Macio de Baturit e seus Municpios 156
Figura 28 Macrorregies Cariri e Centro Sul e seus Municpios 172
Figura 29 Macrorregio Litoral Leste e Jaguaribe e seus Municpios 186
Figura 30 Macrorregio Serto Central e seus Municpios 195
Figura 31 Macrorregio Sobral e Ibiapaba e seus municpios 201
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Figura 32 Macrorregio Litoral Oeste e seus municpios 208
Figura 33 Nova Biblioteca Pblica Municipal de Itapipoca 209
Figura 34 Macrorregio Serto dos Inhamuns e seus Municpios 216
Foto 1 Biblioteca Polo de Maranguape 267
Foto 2 Biblioteca Polo de Russas 267
Foto 3 Biblioteca Polo de Quixeramobim 268
Foto 4 Biblioteca Polo de Tiangu 268
Foto 5 Biblioteca Polo de Itapipoca 269
Foto 6 Biblioteca Polo de Acara 269
Foto 7 Biblioteca Polo de Crates 270
Foto 8 Biblioteca Polo de Juazeiro do Norte 270
Foto 9 Biblioteca Polo de Iguatu 271
Foto 10 Biblioteca Pblica Municipal de Pindoretama 272
Foto 11 Biblioteca Pblica Municipal de Cascavel 272
Foto 12 Biblioteca Pblica Municipal de Limoeiro do Norte 273
Foto 13 Biblioteca Pblica Municipal de Tabuleiro do Norte 273
Foto 14 Biblioteca Pblica Municipal de Jaguaribe 274
Foto 15 Biblioteca Pblica Municipal de Caucaia 275
Foto 16 Biblioteca Pblica Municipal de Redeno 275
Foto 17 Biblioteca Pblica Municipal de Guaiba 276
Foto 18 Biblioteca Pblica Municipal de Pacatuba 276
Foto 19 Biblioteca Pblica Municipal de Fortaleza 277
Foto 20 Biblioteca Pblica Municipal de Catarina 278
Foto 21 Biblioteca Pblica Municipal de Acopiara 278
Foto 22 Biblioteca Pblica Municipal de Vrzea Alegre 278
Foto 23 Biblioteca Pblica Municipal de Misso Velha 279
Foto 24 Biblioteca Pblica Municipal de Barbalha 279
Foto 25 Biblioteca Pblica Municipal de Farias Brito 279
Foto 26 Biblioteca Pblica Municipal de Barro 280
Foto 27 Biblioteca Pblica Municipal de Brejo Santo 280
Foto 28 Biblioteca Pblica Municipal de Crato 280
Foto 29 Biblioteca Pblica Municipal de Quixad 281
Foto 30 Biblioteca Pblica Municipal de Mombaa 281
Foto 31 Biblioteca Pblica Municipal de Chor 282
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Foto 32 Biblioteca Pblica Municipal de Senador Pompeu 282
Foto 33 Biblioteca Pblica Municipal de Varjota 283
Foto 34 Biblioteca Pblica Municipal de Carir 283
Foto 35 Biblioteca Pblica Municipal de Reriutaba 284
Foto 36 Biblioteca Pblica Municipal de Forquilha 284
Foto 37 Biblioteca Pblica Municipal de Sobral 285
Foto 38 Biblioteca Pblica Municipal de Viosa do Cear 285
Foto 39 Biblioteca Pblica Municipal de Tau 286
Foto 40 Biblioteca Pblica Municipal de Arneiroz 286
Foto 41 Biblioteca Pblica Municipal de Novo Oriente 287
Foto 42 Biblioteca Pblica Municipal de Independncia 287
Foto 43 Biblioteca Pblica Municipal de Amontada 288
Foto 44 Biblioteca Pblica Municipal de Mirama 288
Foto 45 Biblioteca Pblica Municipal de Tururu 288
Foto 46 Biblioteca Pblica Municipal de Marco 289
Foto 47 Biblioteca Pblica Municipal de Cruz 289
Foto 48 Biblioteca Pblica Municipal de Bela Cruz 289
Foto 49 Livros em Braille sem local apropriado 290
Foto 50 Problemas de umidade e desorganizao 290
Foto 51 Problemas de umidade e desorganizao 2 291
Foto 52 Livros jogados pelo cho 291
Foto 53 Livros empilhados pelas cadeiras e mesas 292
Foto 54 Identificao da biblioteca 292
Foto 55 Sem iluminao e local apropriado para acervo 293
Foto 56 Livros empilhados 293
Foto 57 Livros encaixotados 294
Foto 58 Goteiras 294
Foto 59 Estante amarrada 295
Foto 60 Infiltraes e mofo 295
Foto 61 Fachada da Biblioteca Pblica do Retiro 300
Foto 62 Interior da Biblioteca Pblica do Retiro 300
Foto 63 Fachada da Biblioteca Pblica Jos Acua 301
Foto 64 Interior da Biblioteca Pblica Jos Acua 301
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Foto 65 Exterior da Biblioteca Pblica de Villa de Vallecas 301
Foto 66 Interior da Biblioteca Pblica de Villa de Vallecas 302
Foto 67 Exterior da Biblioteca Pblica Centro Pedro Salinas 302
Foto 68 Interior da Biblioteca Pblica Centro Pedro Salinas 303
Foto 69 Exterior da Biblioteca Pblica Villaverde Maria Molner 303
Foto 70 Interior da Biblioteca Pblica Villaverde Maria Molner 303
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 A Percepo Como Processo Cognitivo 111
Quadro 2 Anlise Comparativa Entre os Mecanismos Mentais e Perceptivos 115
Quadro 3 Modelo de Quantificao da Imagem Organizacional 136
Quadro 4 Distribuio das Bibliotecas Polos 137
Quadro 5 Categorizaes da Macrorregio RMF e Macio de Baturit 159
Quadro 6 Categorizao da imagem da biblioteca pblica pelos usurios 163
Quadro 7 Categorizao das Atividades (Cariri/Centro Sul) 173
Quadro 8 Categorizao da Imagem pelos usurios (Cariri/Centro Sul) 176
Quadro 9 Meio de Comunicao e Publicidade (Cariri /Centro Sul) 180
Quadro 10 Categorizao das Atividades (Litoral Leste e Jaguaribe) 187
Quadro 11 Categorizao das Atividades (Serto Central) 196
Quadro 12 Categorizao das Atividades (Sobral/Ibiapaba) 203
Quadro 13 Categorizao da Imagem pelos usurios (Sobral/Ibiapaba) 203
Quadro 14 Categorizao das Atividades (Litoral Oeste) 210
Quadro 15 Categorizao das Atividades (Serto dos Inhamuns) 218
Quadro 16 Imagem das BPMs (Serto dos Inhamuns) 218
Quadro 17 Mensurao da Autoimagem 226
Quadro 18 Mensurao da Imagem Intencional 228
Quadro 19 Mensurao da Imagem Funcional 229
Quadro 20 Imagem Corporativa da Biblioteca Pblica Cearense 231
Quadro 21 Proposta para Novas Bibliotecas Polos como Bibliotecas Regionais 234
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Autoimagem das Bibliotecas Pblicas Espanholas 147
Grfico 2 Relacionamento Comercial 151
Grfico 3 Autoimagem da Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 157
Grfico 4 Autoimagem da Macrorregio Pelos Usurios 158
Grfico 5 Autoimagem das BPMs da Macrorregio 158
Grfico 6 Meio de Divulgao Usados pela Macrorregio 160
Grfico 7 Recepo da Divulgao dos Servios Pelos Usurios 161
Grfico 8 Avaliao da Divulgao 162
Grfico 9 Avaliao do Layout da Biblioteca 162
Grfico 10 Avaliao da Biblioteca Pblica Pelos Usurios 163
Grfico 11 Avaliao da Comunicao da Macrorregio 165
Grfico 12 Equipamentos Tecnolgicos por Macrorregio 166
Grfico 13 Satisfao de uso dos Equipamentos Tecnolgicos Pelos Usurios 166
Grfico 14 Desempenho dos Funcionrios com as Tecnologias 167
Grfico 15 Satisfao em Relao ao Acervo 168
Grfico 16 Situao do Acervo 169
Grfico 17 Relacionamento Interno e Externo da Macrorregio 169
Grfico 18 Avaliao do Relacionamento Interno e Externo 170
Grfico 19 Desenvolvimento de Projetos Especiais 171
Grfico 20 Autoimagem das Macrorregies Cariri e Centro Sul 173
Grfico 21 Imagem das BPMs da Macrorregio Pelos Usurios 175
Grfico 22 Divulgao das BPMs da Macrorregio (Cariri/Centro Sul) 177
Grfico 23 Avaliao da Divulgao das BPMs da Macrorregio 178
Grfico 24 Avaliao do Layout das BPMs da Macrorregio 179
Grfico 25 Equipamentos Tecnolgicos da Macrorregio 180
Grfico 26 Satisfao dos Usurios da Macrorregio com as Tecnologias 181
Grfico 27 Habilidade dos Funcionrios com as Tecnologias 182
Grfico 28 Situao do Acervo (Cariri/Centro Sul) 182
Grfico 29 Avaliao do Acervo Pelos Usurios 183
Grfico 30 Avaliao do Layout da Biblioteca Pelos Usurios 184
Grfico 31 Avaliao da Comunicao (Cariri/Centro Sul) 185
Grfico 32 Autoimagem da Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 187
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16
Grfico 33 Autoimagem da Macrorregio Pelos Usurios 188
Grfico 34 Comunicao da Macrorregio com os Funcionrios e Clientela 190
Grfico 35 Publicidade das BPMs da Macrorregio 190
Grfico 36 Equipamentos Tecnolgicos da Macrorregio 191
Grfico 37 Comunicao da Macrorregio 193
Grfico 38 Avaliao da Comunicao das BPMs pelos Usurios 193
Grfico 39 Autoimagem da Macrorregio do Serto Central 196
Grfico 40 Avaliao da Comunicao da Macrorregio do Serto Central 198
Grfico 41 Habilidades dos Funcionrios com as Tecnologias 199
Grfico 42 Relacionamento Interno e Externo da Macrorregio 200
Grfico 43 Autoimagem da Macrorregio (Sobral/Ibiapaba) 202
Grfico 44 Avaliao da Comunicao da Macrorregio (Sobral/Ibiapaba) 204
Grfico 45 Equipamentos Tecnolgicos da Macrorregio (Sobral/Ibiapaba) 205
Grfico 46 Habilidades dos Funcionrios com as Tecnologias 206
Grfico 47 Avaliao da Comunicao Interna e Externa 206
Grfico 48 Autoimagem das BPMs do Litoral Oeste 210
Grfico 49 Avaliao da Autoimagem da Macrorregio Pelos Usurios 211
Grfico 50 Avaliao da Divulgao das BPMs (Litoral Oeste) 212
Grfico 51 Avaliao da Comunicao das BPMs (Litoral Oeste) 212
Grfico 52 Tecnologias da Macrorregio (Litoral Oeste) 213
Grfico 53 Meios de Comunicao da Macrorregio (Litoral Oeste) 214
Grfico 54 Avaliao da Comunicao interna e externa das BPMs 215
Grfico 55 Autoimagem das BPMs da Macrorregio do Serto dos Inhamuns 217
Grfico 56 Avaliao da Divulgao da Macrorregio 219
Grfico 57 Avaliao da Comunicao da Macrorregio 219
Grfico 58 Uso dos Equipamentos Tecnolgicos da Macrorregio 220
Grfico 59 Habilidade dos Funcionrios da Macrorregio com as Tecnologias 221
Grfico 60 Meios de Comunicao das BPMs da Macrorregio 221
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABDF - Associao dos Bibliotecrios do Distrito Federal
ALA - Amrican Library Association
ALFIN - Alfabetizao Informacional
ASIS - American Society for Information Sciense
BN - Biblioteca Nacional
BNP - Biblioteca Nacional do Per
BPM - Biblioteca Pblica Municipal
CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
CBBD - Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentao e Cincia da
Informao
CCT - Conselho Nacional de Cincia e Tecnologia
CETIC - Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informao e da Comunicao
CMSI - Cpula Mundial Sobre a Sociedade da Informao
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico
CONABIP - Comisso Nacional Protetora das Bibliotecas Pblicas
CPICI - Comisso de Prospectiva, Informao e Cooperao Internacional
C&T - Cincia e Tecnologia
DASP - Departamento Administrativo do Servio Pblico
DIBAM - Direo de Bibliotecas, Arquivos e Museus
FBN - Fundao Biblioteca Nacional
FUST - Fundo de Universalizao dos Servios de Telecomunicaes
IBBD - Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentao
IBERSID - Encuentros Internacionales sobre Sistemas de Informacin
IBICT - Instituto Brasileiro de Informaao em Cincia e Tecnologia
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinio Pblica e Estatstica
IFLA - International Federation of Library Association
INL - Instituto Nacional do Livro
IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratgia Ecnonmica do Cear
IPHAN - Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional
MCT - Ministrio da Cincia e Tecnologia
MEC - Ministrio da Educao
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18
MinC - Ministrio da Cultura
NII - National Information Infrastructure
OCDE - Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico
ONG - Organizao No-Governamental
PDSE - Programa de Doutorado Sanduiche no Exterior (CAPES)
PIB - Produto Interno Bruto
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
RMF - Regio Metropolina de Fortaleza
SABI - Sociedade de Amigos da Biblioteca
SECULT - Secretaria da Cultura
SEPB/CE - Sistema Estadual de Bibliotecas Pblicas do Cear
SINABI - Sistema Nacional de Bibliotecas da Costa Rica
SNBP - Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas
TGI - Teoria Geral da Imagem
UCM - Universidad Complutense de Madrid
UNESCO - Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura
-
19
SUMRIO
1 INTRODUO 23
1.1 PROBLEMA 25
1.2 OBJETIVOS 26
1.2.1 Objetivo Geral 26
1.2.2 Objetivos Especficos 27
1.3 DELIMITAO E UNIVERSO DA PESQUISA 27
1.3.1 Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas 27
1.3.1.1 Coordenao Estadual do Sistema de Bibliotecas Pblicas do Cear 28
1.3.1.2 Bibliotecas Polos 29
1.4 JUSTIFICATIVA 37
2 EVOLUO HISTRICA E TENDNCIAS DA BIBLIOTECA
PBLICA NA SOCIEDADE DA INFORMAO
40
2.1 EVOLUO HISTRICA DA BIBLIOTECA PBLICA 43
2.1.1 A Biblioteca Pblica na Amrica Latina 45
2.1.2 A Biblioteca Pblica no Brasil 49
2.2 ORIGEM DA SOCIEDADE DA INFORMAO 55
2.2.1 Programa Sociedade da Informao no Brasil 59
2.3 MISSO E FUNES DA BIBLIOTECA PBLICA NO MBITO
DA SOCIEDADE DA INFORMAO
62
2.3.1 Biblioteca Pblica: Porta Aberta Para o Conhecimento 64
2.3.2 Diretrizes Para a Biblioteca Pblica na Sociedade da Informao 66
2.4 A BIBLIOTECA PBLICA E A FUNO EDUCATIVA NA
SOCIEDADE
68
2.4.1 A Sociedade da Informao e as Competncias Informacionais em
Bibliotecas Pblicas
71
2.4.1.1 Alfabetizao Informacional: Documentos Fundamentais 73
2.4.1.2 Aspectos de Alfabetizao Informacional em Bibliotecas Pblicas 75
2.4.1.3 As Bibliotecas Pblicas e o Desafio da Incluso Digital 76
2.5 CINCIA DA INFORMAO, BIBLIOTECA PBLICA E
IMAGEM ORGANIZACIONAL NA SOCIEDADE DA
INFORMAO
78
2.5.1 Evoluo da Imagem da Biblioteca Pblica Brasileira 82
-
20
2.5.2 Imagem Corporativa da Biblioteca Pblica 89
2.6 GESTO DA IMAGEM PBLICA DA BIBLIOTECA PBLICA 94
3 BASES EPISTEMOLGICAS PARA A CONSTRUO DO
CONCEITO DE IMAGEM NA ERA DA INFORMAO
98
3.1 NATUREZA ICNICA DA IMAGEM 102
3.1.1 Modelizao Icnica da Realidade 104
3.2 DEFINIO DA IMAGEM 106
3.3 PROCESSOS COGNITIVOS DE PERCEPO DA IMAGEM 111
3.3.1 Memria Visual 112
3.3.2 Pensamento Visual 114
3.4 MODELO CONCEITUAL DA PESQUISA 117
3.4.1 Teoria da Gestalt 117
3.4.2 Aproximao Gestltica ao Conceito de Imagem 121
3.4.2.1 Autoimagem 123
3.4.2.2 Imagem Intencional 125
3.4.2.3 Imagem Funcional 127
3.4.3 Teoria Institucional 128
3.4.3.1 Isomorfismo Institucional 130
3.4.3.2 Campo Organizacional da Biblioteca Pblica 132
4 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS 134
4.1 UNIVERSO DA PESQUISA E AMOSTRAGEM 137
4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA 138
4.3 ANLISE DOS DADOS 138
4.4 PR-TESTE 141
4.4.1 Anlise do Instrumento de Coleta de Dados 142
4.4.2 Anlise e Interpretao dos Dados do Pr-Teste 142
4.4.2.1 Anlise da Autoimagem no Pr-Teste 143
4.4.2.2 Anlise da Imagem Intencional no Pr-Teste 143
4.4.2.3 Anlise da Imagem Funcional no Pr-Teste 144
5 IMAGENS DAS BIBLIOTECAS PBLICAS ESPANHOLAS:
RELATO DO PERODO DO ESTGIO SANDUCHE
146
5.1 ANLISE DA AUTOIMAGEM NAS BIBLIOTECAS PBLICAS
ESPANHOLAS
146
5.2 ANLISE DA IMAGEM INTENCIONAL NAS BIBLIOTECAS 148
-
21
PBLICAS ESPANHOLAS
5.3 ANLISE DA IMAGEM FUNCIONAL NAS BIBLIOTECAS
PBLICAS ESPANHOLAS
151
5.4 ANLISE DA IMAGEM ORGANIZACIONAL DAS
BIBLIOTECAS PBLICAS ESPANHOLAS
152
6 MIL PALAVRAS VALEM UMA IMAGEM 154
6.1 BIBLIOTECAS PBLICAS CEARENSES 154
6.1.1 Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 155
6.1.1.1 Autoimagem da Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 157
6.1.1.2 Imagem Intencional da Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 159
6.1.1.3 Imagem Funcional da Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 165
6.1.2 Macrorregio do Cariri e Centro Sul 171
6.1.2.1 Autoimagem da Macrorregio do Cariri e Centro Sul 172
6.1.2.2 Imagem Intencional da Macrorregio do Cariri e Centro Sul 177
6.1.2.3 Imagem Funcional da Macrorregio do Cariri e Centro Sul 180
6.1.3 Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 185
6.1.3.1 Autoimagem da Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 186
6.1.3.2 Imagem Intencional da Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 189
6.1.3.3 Imagem Funcional da Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 191
6.1.4 Macrorregio do Serto Central 194
6.1.4.1 Autoimagem da Macrorregio do Serto Central 195
6.1.4.2 Imagem Intencional da Macrorregio do Serto Central 197
6.1.4.3 Imagem Funcional da Macrorregio do Serto Central 198
6.1.5 Macrorregio de Sobral e Ibiapaba 201
6.1.5.1 Autoimagem da Macrorregio de Sobral e Ibiapaba 202
6.1.5.2 Imagem Intencional da Macrorregio de Sobral e Ibiapaba 203
6.1.5.3 Imagem Funcional da Macrorregio de Sobral e Ibiapaba 205
6.1.6 Macrorregio do Litoral Oeste 207
6.1.6.1 Autoimagem da Macrorregio do Litoral Oeste 209
6.1.6.2 Imagem Intencional da Macrorregio do Litoral Oeste 211
6.1.6.3 Imagem Funcional da Macrorregio do Litoral Oeste 213
6.1.7 Macrorregio do Serto dos Inhamuns 215
6.1.7.1 Autoimagem Macrorregio do Serto dos Inhamuns 216
6.1.7.2 Imagem Intencional Macrorregio do Serto dos Inhamuns 218
-
22
6.1.7.3 Imagem Funcional Macrorregio do Serto dos Inhamuns 220
6.2 RETRATO DAS BIBLIOTECAS PBLICAS CEARENSES 222
6.2.1 Revelando a Autoimagem Organizacional 225
6.2.2 Revelando a Imagem Intencional 227
6.2.3 Revelando a Imagem Funcional 229
6.2.4 Revelando a Imagem Pblica Organizacional 231
7 CONSIDERAES FINAIS 233
7.1 RECOMENDAES PARA ESTUDOS FUTUROS 237
REFERNCIAS 239
APNDICES 255
ANEXOS 296
-
23
1 INTRODUO
A internet no destri as bibliotecas, mas pode
reforar o interesse nas informaes da vida
cotidiana da cidade - o que um dos objetivos
das bibliotecas pblicas as do presente e,
certamente, as do futuro.
MILANESI (2002)
A investigao se debrua sob a temtica da biblioteca pblica, mais especificamente a
biblioteca pblica do Estado do Cear, a partir da criao das Bibliotecas Polos em 2001, que
permitiu a descentralizao da coordenao da Biblioteca Pblica Governador Menezes
Pimentel em Fortaleza, do Sistema Estadual de Bibliotecas Pblicas (SEBP/CE).
A proposta das bibliotecas polos no Estado do Cear surgiu da necessidade de
dinamizar as aes do SEBP/CE e foi dividida inicialmente em dez bibliotecas distribudas
nas oito macrorregies do Estado1. Essas macrorregies administrativas exerceriam
coordenaes regionais do SEBP/CE nos municpios de suas respectivas jurisdies. Essa
iniciativa permitiu o fortalecimento do Sistema, a implantao de um sistema de comunicao
em rede entre as bibliotecas, a elaborao de uma poltica de atendimento s comunidades e a
atuao da Biblioteca Estadual Governador Menezes Pimentel como rgo coordenador.
O projeto de criao das bibliotecas polos de autoria da coordenadora do SEBP no
Estado do Cear, poca Maria Helena Costa Pereira de Lyra, se orientou na inexistncia de
um rgo centralizador de apoio, coordenao e orientao s atividades das bibliotecas
pblicas nos municpios cearenses e na falta de ateno por parte da maioria dos
administradores municipais, para implementao uma rede de bibliotecas que oferecesse um
servio capaz de levar s bibliotecas do interior um atendimento bibliotecrio de qualidade
(LYRA, 2001, p. 4).
O objetivo identificar a imagem organizacional das bibliotecas pblicas cearenses a
partir das bibliotecas polos, municpios atendidos e usurios dentro das variveis: autoimagem
(como a instituio se v); imagem intencional (como a instituio se projeta para o pblico);
e imagem funcional (como a instituio se estrutura), que constituem os objetivos especficos.
1 A proposta inicial do projeto eram dez bibliotecas polos em oito macrorregies, sendo a dcima biblioteca polo
a Biblioteca Pblica Municipal de Sobral, que dividiria a macrorregio Sobral e Ibiapaba com o municpio de
Tiangu, porm, por questes polticas, no se efetivou.
-
24
Neste sentido, a construo da investigao est estruturada em sete captulos,
incluindo a introduo no captulo primeiro. O segundo captulo, Evoluo Histrica e
Tendncia da Biblioteca Pblica na Sociedade da Informao, traz a reviso de literatura
desde a historicidade da biblioteca pblica na Antiguidade, na Amrica Latina e Brasil, a
compreenso do construto sociedade da informao, o Programa Sociedade da Informao no
Brasil e o entendimento da biblioteca pblica como organizao no contexto da Cincia da
Informao, at a evoluo do conceito de imagem organizacional para a biblioteca pblica e
a gesto pblica da imagem para a biblioteca pblica. Este captulo traz tambm uma breve
descrio da imagem das bibliotecas pblicas espanholas, em virtude do Estgio Sanduche na
Universidad Complutense de Madrid (UCM).
O terceiro captulo, Bases Epistemolgicas para a Construo do Conceito de Imagem
na era da Informao, se constitui no marco terico da pesquisa e vai desde a compreenso da
natureza icnica da imagem e sua definio at os processos cognitivos de percepo da
imagem. Este captulo tambm traz a construo do modelo conceitual da pesquisa baseado
nas Teorias da Gestalt, da Psicologia e Institucional, da Administrao, convergindo assim
para a construo do campo organizacional da biblioteca pblica.
A metodologia delimitada no quarto captulo com a descrio dos processos e
instrumentos da pesquisa e seu delineamento. O captulo traz a descrio da realizao do pr-
teste que se deu junto aos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas do Brasil, por ocasio
do projeto de qualificao em maro de 2012. Apresenta os resultados da investigao que foi
realizada com o auxlio de questionrio enviado por correio eletrnico.
O quinto captulo, Imagens das Bibliotecas Pblicas Espanholas: relato do perodo do
estgio sanduche, traz as anlises da aplicao do instrumento de pesquisa adaptado junto a
cinco bibliotecas pblicas municipais da Comunidade de Madrid, a fim de revelar uma
imagem organizacional dessas bibliotecas.
No sexto captulo, Mil Palavras Valem uma Imagem, apresentamos a anlise e
discusso dos dados coletados nas nove bibliotecas polos e trinta e nove bibliotecas pblicas
municipais do Cear, distribudas pelas oito macrorregies. Os resultados so apresentados
por macrorregio respeitando as variveis e por fim apresenta um retrato das bibliotecas
pblicas cearenses. O stimo e ltimo captulo traz as consideraes finais da pesquisa e as
recomendaes para estudos futuros.
-
25
1.1 PROBLEMA
Na era da informao, cada vez mais a imagem se configura em um relevante
instrumento de competitividade. A imagem, assim como a informao, comporta elementos
de sentido e percepo. A informao na sociedade da informao usada pelas
organizaes como recurso econmico para aumentar a eficincia e efetividade, para
estimular inovao e posicionamento competitivo, atravs da melhoria na qualidade dos seus
produtos e servios (VARELA, 2007, p. 31). Neste sentido, esta investigao tem amparo na
Cincia da Informao como um campo dedicado s questes cientficas e prtica
profissional voltadas para os problemas da comunicao e do conhecimento e,
consequentemente, dos registros da informao pelas organizaes, seu fluxo informacional e
as questes das tecnologias inerentes informao. Saracevic (1974) afirma que o problema
da informao de mbito mundial e de natureza complexa que encontra auxlio nos sistemas
de informaes com apoio de tecnologias especficas.
Sobre as origens do conceito de informao, Logan (2012) afirma que as primeiras
definies aparecem em 1386, na Inglaterra, como derivao do latim para informar, dar a
conhecer e posteriormente em 1450, como noo de comunicao do conhecimento. O autor
afirma que o sentido de informao como algo que pode ser armazenado s veio tona por
volta do sculo XX. Foi Shannon, em 1948, quem definiu informao como uma mensagem
enviada por um emissor para um receptor, para ele a informao era o padro ou sinal e no
o significado, esse conceito deu o ponta p para o desenvolvimento da Cincia da Informao
(LOGAN, 2012, p. 27). Esse conceito de informao dissociado do seu significado separa
tambm a informao do conhecimento, que seria a informao assimilada na mente das
pessoas. A informao , portanto, a matria prima da Cincia da Informao. Saracevic
(1996) postula que a recuperao da informao como uma disciplina da Cincia da
Informao a soluo para os problemas derivados da exploso informacional.
As bibliotecas, sobretudo, as pblicas, matria deste estudo, tem como ponto de
convergncia a informao e o conhecimento. A informao est registrada, processada e
armazenada para que seja assimilada e conferida em conhecimento por aqueles que a usam.
Compreendendo melhor, a informao objetiva e o conhecimento subjetivo. A gesto da
informao nas organizaes compactua para a organizao da informao e a disseminao
do conhecimento. Para que a biblioteca possa fazer a gesto da informao adequadamente
como um sistema, preciso que se estruture como organizao, principalmente no mbito da
sociedade da informao.
-
26
As bibliotecas pblicas so organizaes que pela sua estrutura e natureza, atuam ou
deveriam atuar de forma ativa na sociedade da informao. Entretanto, a hiptese levantada
por esta Tese que ao longo dos anos a biblioteca pblica construiu uma imagem de
abandono e descaso, que foi perpetuada pelos governos nas esferas federal, estadual e
municipal, sem distino; e amparada na seguinte questo: qual a imagem da biblioteca
pblica do Estado do Cear na sociedade da informao?
A partir da criao das polos no Estado do Cear e os objetivos das mesmas, as
hipteses secundrias se estruturam na implantao do Sistema Estadual de Bibliotecas
Pblicas, na criao das redes de bibliotecas polos, que suscitam novos questionamentos: qual
a mudana operacional na imagem da biblioteca pblica do Estado do Cear a partir da
criao das bibliotecas polos? Como as bibliotecas pblicas do Estado do Cear se veem?
Como essas bibliotecas se projetam para a comunidade usuria? Como essas bibliotecas esto
estruturadas tecnologicamente e comercialmente? E como se relacionam com a comunidade
usuria?
Essas hipteses se estruturam por sua vez nas variveis: autoimagem: que trata da
imagem que a organizao tem de si a partir de sua orientao estratgica, cultura corporativa,
poltica de recursos humanos e clima interno; imagem intencional: que composta pela
identidade visual da instituio, sua comunicao interna, de marketing e institucional; e
imagem funcional: que evidenciada pela competncia tecnolgica e comercial e
relacionamento direto e indireto coma comunidade onde est inserida.
1.2 OBJETIVOS
Os objetivos de uma pesquisa se constituem na definio e delimitao da natureza da
investigao, o que se pretende, o seu propsito. Neste sentido, o intuito deste trabalho est
dividido em objetivo geral e objetivos especficos.
1.2.1 Objetivo Geral
Identificar a imagem organizacional da biblioteca pblica do Estado do Cear, a partir
do modelo de gesto das bibliotecas polos e revelar a imagem pblica da biblioteca pblica na
sociedade da informao.
-
27
1.2.2 Objetivos Especficos
Investigar o propsito da coordenao do SEBP/CE ao criar as bibliotecas polos,
atravs dos documentos de criao, legislao e relatrios;
Identificar a imagem organizacional da biblioteca pblica a partir das bibliotecas polos
do Estado do Cear e seu raio de atuao, com um olhar para sua autoimagem, imagem
intencional e imagem funcional;
Analisar as possveis mudanas operacionais da organizao atravs da criao das
bibliotecas polos;
Constatar a eficincia do modelo de bibliotecas polos no sentido de contribuir para
uma imagem positiva das bibliotecas pblicas cearenses.
1.3 DELIMITAO E UNIVERSO DA PESQUISA
Esta investigao tem como cenrio as bibliotecas pblicas do SEBP/CE,
especificamente, as nove bibliotecas polos do Estado. importante salientar que esse olhar
tambm ser direcionado para as bibliotecas dos municpios atendidos pelas polos, sua
clientela e a coordenao geral em Fortaleza. Dessa forma, a pesquisa fica distribuda em todo
territrio cearense, atravs da representatividade das bibliotecas polos.
Para compreender a dinmica dessa organizao sistmica, ser mostrado a seguir
como esta funciona, comeando pela coordenao geral do SNBP/RJ e chegando a
coordenao do SEBP/CE e as demais bibliotecas polos do Estado.
1.3.1 Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas
O Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas (SNBP) foi criado pelo Decreto
Presidencial n 520, de 13 de maio de 19922, com o objetivo de contribuir para o
fortalecimento das Bibliotecas Pblicas do pas.
O SNBP nasceu atravs de um projeto de implantao encaminhado por um Grupo de
Trabalho da Associao dos Bibliotecrios do Distrito Federal (ABDF) coordenado pelo
Professor Antnio Agenor Briquet de Lemos. O projeto visava implementao de recursos
necessrios prestao de assistncia tcnica especializada s bibliotecas estaduais, com o
2 VER: http://www.bn.br/snbp/historico.html
http://www.bn.br/snbp/historico.html
-
28
objetivo de melhorar os servios oferecidos e o estabelecimento de uma rede de colaborao
mtua.
O projeto foi aprovado e sua implantao se deu ainda em 1977, inclusive no Estado
do Cear, com o apoio do Instituto Nacional do Livro (INL), do Ministrio da Educao
(MEC) e do governo do Estado. Entretanto, o SEBP/CE s foi efetivado legalmente em 1980,
atravs do Decreto n 14.152, de 24 de novembro de 1980 (Anexo 3), que garantia o
fortalecimento das bibliotecas pblicas no Estado do Cear, com a colaborao entre as
bibliotecas e a Biblioteca Nacional. A partir desse momento comeou a trajetria para que
todo o Estado contasse com uma biblioteca pblica.
Neste sentido, o SNBP, com sede na Fundao Biblioteca Nacional (FBN), assume
como pressuposto bsico para o desenvolvimento de suas aes a funo social da biblioteca
pblica como organizao, entretanto, sem esquecer a sua funo cultural e educadora. Sua
atuao perante as demais bibliotecas pblicas do pas possvel pelo entendimento da
biblioteca pblica como sistema informacional, como uma unidade de informao sistmica,
voltada para as demandas informacionais da comunidade usuria e baseada em aes voltadas
para a interao e integrao dessas bibliotecas pblicas em mbito nacional.
A gesto atravs do compartilhamento de informaes e conhecimento que
exercido pelos sistemas estaduais que, por sua vez, deve articular, coordenar e apoiar as
Bibliotecas Pblicas Municipais dos seus Estados. A seguir delimitaremos o SEBP/CE e
consequentemente o universo de nossa pesquisa.
1.3.1.1 Coordenao do Sistema Estadual de Biblioteca Pblicas do Cear
A Biblioteca Pblica Governador Menezes Pimentel que abriga a coordenao do
SEBP/CE foi criada primeiramente como Biblioteca Provincial em 1867 e na dcada de 1990
foi integrada arquitetonicamente ao Centro Cultural Drago do Mar. Atualmente coordena o
SEBP/CE, composto por 190 bibliotecas pblicas em 184 municpios (BERNARDINO;
LAVOR, 2011).
Em fevereiro de 2009, a Secretaria da Cultura do Estado do Cear foi contemplada
com a Biblioteca de Referncia do programa Mais Cultura do MinC3. O recurso para o
projeto foi de aproximadamente R$ 2.500.000,00, sendo que a primeira parte foi investida na
3 VER: http://www.secult.ce.gov.br/equipamentos-culturais/biblioteca-publica/biblioteca-publica
http://www.secult.ce.gov.br/equipamentos-culturais/biblioteca-publica/biblioteca-publica
-
29
compra de equipamentos e materiais da biblioteca estadual e a segunda parte foi destinada
aquisio de 29 mil livros (CEAR, 2011).
Com o objetivo de compartilhar esforos e servios em prol de uma biblioteca pblica
mais participativa e presente na vida da sociedade, foi criado e implantado em 2002 o projeto
Bibliotecas Polos, que distribua responsabilidades de coordenao regional a inicialmente
dez municpios e posteriormente a nove, a fim de no somente fortalecer as polticas de
interiorizao da cultura e de desenvolvimento, mas tambm de garantir a efetiva atuao de
uma biblioteca pblica devidamente bem planejada e estruturada na sociedade, que caminha
para uma constante e urgente necessidade de informao cada vez mais especializada e
rpida.
1.3.1.2 Bibliotecas Polos
O projeto das bibliotecas polos foi implantado atravs do Decreto n 26.658, de 11 de
julho de 2002 (Anexo 2) e previa que sua estrutura deveria contar com pelo menos um
profissional bibliotecrio ou de nvel superior com conhecimentos em administrao de
biblioteca, alm de trs auxiliares, de preferncia com 2 grau (LYRA, 2001, p. 31). Neste
sentido, Lyra (2001, p. 41) conclui que,
A estrutura bsica do sistema estadual de bibliotecas pblicas deve contar
com dois tipos de unidades operacionais distintos. Uma unidade de
planejamento e fomentos das atividades (Coordenao Geral), e unidades de
execuo programtica (Bibliotecas Polos), alm de um rgo de assessoria.
Pensando em um sistema que atuasse de forma eficaz e eficiente, o projeto das
Bibliotecas Polos foi implantado no Estado, distribuindo em oito macrorregies (Anexo 1),
distribudas em nove municpios cearenses, a fim de permitir a descentralizao do sistema e
uma atuao mais forte e efetiva das bibliotecas pblicas municipais no Cear. A distribuio
das bibliotecas polos pelas macrorregies se deu da seguinte forma:
a) Regio Metropolitana de Fortaleza e Macio de Baturit: sob a responsabilidade
da Biblioteca Polo do Municpio de Maranguape e congrega 27 municpios:
Acarape, Aquirz, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturit, Capistrano, Caucaia,
Chorozinho, Euzbio, Fortaleza (capital do Estado), Guaiba, Guaramiranga,
Horizonte, Itaitinga, Itapina, Maracana, Mulung, Ocara, Pacajs, Pacatuba,
-
30
Pacoti, Palmcia, Redeno e So Gonalo do Amarante. Essa distribuio pode
ser visualizada melhor na Figura 1, com destaque para os municpios pesquisados.
Figura 1 - Macrorregio RMF e Macio de Baturit e municpios pesquisados.
Fonte: A autora baseado em IPECE (2007)
A Biblioteca Pblica Capistrano de Abreu, da cidade de Maranguape, atende as
bibliotecas municipais da macrorregio do Macio de Baturit e Regio Metropolitana de
Fortaleza (RMF).
b) Litoral Oeste: est sob a responsabilidade das bibliotecas polos dos municpios de
Itapipoca, composta pelos municpios: Amontada, Apuiars, Itapaj, Mirama,
Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, So Luiz do Curu, Tejuuoca, Trairi, Tururu,
Umirim e Uruburetama; Acara com: Barroquinha, Bela Cruz, Camocim, Chaval,
Cruz, Granja, Itarema, Jijoca de Jericoacoara, Marco, Martinpole, Morrinhos e
Uruoca, totalizando 27 municpios, visualizados na Figura 2 com os municpios
pesquisados em destaque.
POLO
S
-
31
Figura 2 - Macrorregio Litoral Oeste e municpios pesquisados.
Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).
A Biblioteca Pblica Rita Aguiar Barbosa, do municpio de Itapipoca, a biblioteca
polo da macrorregio, com quatorze municpios sob a sua coordenao e a Biblioteca Pblica
Poeta Manoel Nicodemos de Arajo, na cidade de Acara, que divide a coordenao da
macrorregio Litoral Oeste, com treze municpios sob a sua coordenao.
c) Litoral Leste e Jaguaribe: so 24 municpios que compem esta macrorregio,
cuja coordenao da biblioteca pblica municipal de Russas. So eles: Alto
Santo, Aracati, Beberibe, Cascavel, Erer, Fortim, Icapu, Iracema, Itaiaba,
Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaribe, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada
Nova, Palhano, Pereiro, Pindoretama, Potiretama, Quixer, So Joo do Jaguaribe
e Tabuleiro do Norte, conforme Figura 3.
POLOS
-
32
Figura 3 - Macrorregio Litoral Leste e Jaguaribe e municpios pesquisados.
Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).
A Biblioteca Pedro Maia Rocha, do municpio de Russas, a biblioteca polo da
macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe.
d) Sobral e Ibiapaba: conta com 29 municpios que so: Alcntaras, Carir,
Carnaubal, Corea, Croat, Forquilha, Frecheirinha, Graa, Groaras, Guaraciaba
do Norte, Hidrolndia, Ibiapina, Ip, Irauuba, Massap, Morajo, Meruoca,
Mucambo, Pacuj, Pires Ferreira, Reiriutaba, Santana do Acara, So Benedito,
Senador S, Sobral, Ubajara, Varjota e Viosa do Cear, sendo a polo no
municpio de Tiangu. Na Figura 4 possvel visualizar no destaque os
municpios pesquisados.
PLO
-
33
Figura 4 - Macrorregio Sobral e Ibiapaba e municpios pesquisados.
Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).
A biblioteca polo da macrorregio a Biblioteca Pblica Municipal Deputado Lencio
Vasconcelos de Aguiar, no municpio de Tiangu.
e) Serto dos Inhamuns: conta com 16 bibliotecas pblicas municipais e est sob a
coordenao da biblioteca pblica municipal de Crates. Os municpios que
compem a macrorregio so: Aiuaba, Ararend, Arneiroz, Catunda,
Independncia, Ipaporanga, Ipueiras, Monsenhor Tabosa, Nova Russas, Novo
Oriente, Paramb, Poranga, Quiterianpolis, Tamboril e Tau, visualizados na
Figura 5.
PLO
-
34
Figura 5 - Macrorregio Serto dos Inhamuns e municpios pesquisados.
Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).
A Biblioteca Pblica Municipal Norberto Ferreira Filho, da cidade de Crates, a
Polo da macrorregio.
f) Serto Central: congrega 21 municpios: Banabui, Boa Viagem, Canind,
Caridade, Chor, Deputado Irapuan Pinheiro, General Sampaio, Ibaretama,
Ibicuitinga, Itatira, Madalena, Milh, Mombaa, Paramoti, Pedra Branca, Piquet
Carneiro, Quixad, Santa Quitria, Senador Pompeu e Solonpole sob a
responsabilidade da biblioteca polo de Quixeramobim (Figura 6).
POLO
-
35
Figura 6 - Macrorregio Serto Central e municpios pesquisados.
Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).
A Biblioteca Pblica Municipal Ismael Pordeus a Polo da macrorregio.
g) Cariri: sob a responsabilidade do municpio de Juazeiro do Norte ficam 28
municpios, que so: Abaiara, Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assar,
Aurora, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Caririau, Crato, Farias
Brito, Grangeiro, Jardim, Jati, Mauriti, Milagres, Misso Velha, Nova Olinda,
Penaforte, Porteiras, Potengi, Saboeiro, Salitre, Santana do Cariri e Tarrafas
(Figura 7).
POLO
-
36
Figura 7 - Macrorregio Cariri e municpios pesquisados.
Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).
A Biblioteca Pblica Municipal Dr. Possidnio da Silva Bem a Polo da macrorregio
do Cariri.
h) Centro Sul: composta por 14 municpios: Acopiara, Baixio, Caris, Catarina,
Cedro, Ic, Ipaumirim, Jucs, Lavras da Mangabeira, Ors, Quixel, Umari e
Varzea Alegre, tendo como biblioteca polo o municpio de Iguatu (Figura 8).
P
L
O
POLO
-
37
Figura 8 - Macrorregio Centro Sul e municpios pesquisados.
Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).
A Biblioteca Pblica Municipal Dr. Matos Peixoto, do municpio de Iguatu, a Polo
da macrorregio.
1.4 JUSTIFICATIVA
A necessidade de conhecer a realidade das bibliotecas pblicas do Cear surgiu,
primeiramente, da identificao com a temtica e da inquietao quanto ao traado de uma
imagem que se revelava pouco atraente, mas que no refletia um pensamento resultado de
pesquisa cientfica. A investigao tem amparo na Cincia da Informao, enquanto uma
disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da informao, as foras que
regem o fluxo informacional e os meios de processamento da informao para a otimizao
do acesso e do uso (BORKO, 1968), e ainda no seu entendimento como cincia social que
visa atender s suas demandas sociais da informao.
Entendemos por Cincia da Informao, a cincia que estuda a informao desde a
sua gnese at o processo de transformao de dados em conhecimento, alm de estudar a
aplicao da informao nas organizaes, o seu uso, ela tambm estuda as interaes entre as
pessoas e sistemas de informao, a prpria logstica da informao, seu planejamento,
modelagem de dados e anlise.
PLO
-
38
A escolha desse tema Biblioteca Pblica decorreu de uma experincia de oito anos
como bibliotecria da Biblioteca Pblica Municipal de Juazeiro do Norte, Biblioteca Polo da
macrorregio Cariri. Advm ao mesmo tempo, do trabalho de criao dessas bibliotecas polos
juntamente com a coordenao estadual em Fortaleza, das visitas tcnicas realizadas no
perodo de 2001 a 2005, dos treinamentos e capacitaes oriundos da funo, do Sistema
Nacional4 e Estadual de Bibliotecas Pblicas, e principalmente do interesse a respeito da
misso da Biblioteca Pblica como centro de formao de leitores e promoo da leitura para
a comunidade.
Vale salientar que o SEBP/CE verificou alguns problemas em visitas tcnicas aos
municpios em se tratando do Estado do Cear. O acervo das bibliotecas criadas era composto
por livros didticos ou por colees de campanhas de leitura do governo, para doao aos
alunos, e em algumas cidades nem existiam5. Outro problema observado foi a ingerncia de
verbas para implantao e modernizao de bibliotecas. Como por exemplo, o projeto Uma
Biblioteca em Cada Municpio (TAKAHASHI, 2000, p. 64), lanado em 1996 durante o
governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, onde as Prefeituras recebiam verbas para
dotar o seu municpio de uma biblioteca pblica. Atravs das visitas da coordenao do
SEBP/CE e da Biblioteca Polo de Juazeiro do Norte, ficou comprovado que em algumas
ocasies a implantao ou modernizao das bibliotecas no ocorria verdadeiramente. Aps
alguns anos, esse projeto foi modificado para distribuio de mveis, equipamentos e acervo
para a criao de bibliotecas.
Desse modo, esta investigao pautada pelo carter interdisciplinar da Cincia da
Informao, que fornece os subsdios necessrios para aprofundarmos como uma pesquisa
social, no mbito da biblioteca pblica e da gesto dos servios das bibliotecas denominadas
de Bibliotecas Polos. Portanto, investigar e compreender as bibliotecas pblicas como um
todo, sua cultura organizacional a partir do modelo de bibliotecas polos, sua estruturao e
imagem uma pesquisa vlida e inovadora para a Cincia da Informao. Barreto (2005)
escreveu um ensaio para o Jornal Brasileiro de Cincias da Comunicao, no qual fala que o
futuro da Cincia da Informao hoje seu olhar para a interatividade, a facilidade do acesso
em rede, dizendo que: o usurio de informao no aceita mais percorrer os caminhos
ocultos dos universos particulares da linguagem nem jogar tempo com as intrincadas regras
4 VER: http://www.bn.br/snbp/historico.html 5 De acordo com visita tcnica realizada pela coordenao da Polo de Juazeiro do Norte no perodo de 2001 a
2005.
http://www.bn.br/snbp/historico.html
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das taxonomias voltadas para os processos de almoxarifagem de acervos convencionais ou
eletrnicos.
A criao das bibliotecas polos no Estado do Cear veio a contribuir para uma maior
articulao das bibliotecas, facilitando a comunicao e promovendo a interatividade de seu
processo de gesto, inaugurando assim, uma nova cultura organizacional. Assim, pretende-se
investigar se a implementao do projeto das bibliotecas polos contribuiu para a concepo de
uma imagem positiva para a biblioteca pblica no Estado do Cear. Entendendo por imagem
da organizao o somatrio das percepes da organizao sobre as variveis: sua
autoimagem, sua imagem intencional e sua imagem funcional. Uma varivel um conceito
que contm valores ou propriedades mensurveis e que podem ser qualidades, caractersticas,
quantidades etc (MARCONI; LAKATOS, 2010). As variveis propostas para o estudo
carregam as caractersticas metodolgicas e cada uma envolve elementos subjetivos como
experincias, valores, sentimentos, preconceitos, atitudes, observaes, crenas e informaes
(GALVO, 2004) aliados a uma poltica de comunicao visual e fidelizao de clientes.
Por fim, no se pretende encontrar solues precisas, mas apontar a atual situao das
Bibliotecas Pblicas do Estado do Cear, aqui representadas pelas nove Bibliotecas que fazem
parte do Projeto de Bibliotecas Polos e suas jurisdies, descrever a atuao destas frente s
problemticas das Bibliotecas Pblicas do pas e descrever as propostas existentes de forma a
minimizar ou sanar problemas, contribuindo para a mudana do quadro geral da Biblioteca
Pblica no Estado.
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40
2 EVOLUO HISTRICA E TENDNCIAS DA BIBLIOTECA PBLICA NA
SOCIEDADE DA INFORMAO
Conhecer a origem das bibliotecas implica em abordar
a produo de conhecimentos e dos registros do
conhecimento, pois, desde sua origem na Antiguidade
Clssica, a biblioteca um espao de preservao
dos conhecimentos gerados pela humanidade
a partir de diferentes sociedades.
(ARAJO; OLIVEIRA, 2011)
Ao fazer uma retrospectiva da evoluo da biblioteca, Milanesi (1985) assinala que
sua histria a prpria histria do registro da informao e do homem, o que significa que
difcil separar o registro e o acesso informao da histria e conceito de biblioteca. Martins,
(2002, p. 72) afirma que a histria da biblioteca antecede a histria do livro. Isto porque
antes mesmo do surgimento do livro como suporte da informao as bibliotecas j existiam,
como apontam os registros histricos. o caso das bibliotecas minerais formadas por tabletes
de argila, as vegetais compostas de rolos de papiro e as animais constitudas de pergaminho
(MARTINS, 2002). Traz-se tona a interessante a afirmao de Mey (2004, p. 74) ao
contrapor a etimologia da palavra biblioteca originria do grego bibliotheke atravs do latim e
formada pelos termos biblion, que significa livro e teke, caixa, importante pontuar que a
terminologia se refere biblioteca como depsito e no como organismo dinmico:
[...] a palavra grega "biblion" no se poderia referir a livros, uma vez que
eles eram inexistentes para os gregos antigos: havia apenas rolos de papiro.
O papiro, este sim, vinha da cidade fencia de Biblios (hoje no Lbano), o
que nominou o tipo do suporte grego.
Neste sentido, o registro do conhecimento e a formao de acervo so anteriores ao
livro e a prpria biblioteca que se conhece hoje. Da Idade Mdia at a Renascena as
bibliotecas eram fechadas e tidas como sagradas. Eram as bibliotecas monacais ou
monsticas, que poderiam ser as bibliotecas dos mosteiros, das catedrais ou capitulares. Vale
ressaltar que as chamadas bibliotecas capitulares nasciam de uma imposio material da
necessidade do livro para o ensino e tinham sempre um professor entre os seus designatrios.
As bibliotecas medievais eram organismos sagrados e as instituies religiosas da
poca eram arquitetonicamente preparadas para conter em suas paredes estantes embutidas e
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as mesas e estantes de leitura traziam os livros acorrentados (MARTINS, 2002). O conceito
de biblioteca na Antiguidade e na Idade Mdia era ligado ao resguardo da memria e no
tinha o carter de disseminao da informao. Como ilustra muito bem o filme O Nome da
Rosa, de Jean Jacques Annaud6, baseado na obra homnima de Umberto Eco. Sobre isto,
Battles (2003, p.122) conclui que a biblioteca era uma espcie de mosteiro, no qual uma
pequena elite de textos marcava o ritmo das oraes, balanava os turbulos e entoava no
cantocho, o grande dilogo dos sculos.
Das grandes bibliotecas da Antiguidade, a mais famosa de todas sem dvida a
biblioteca de Alexandria, que segundo relatos histricos possua mais de setecentos mil
volumes. A biblioteca de Alexandria foi fundada por Ptolomeu I Soter, em 280a.C., e
ampliada por seu filho Ptolomeu Filadelfo a.C. A biblioteca era dividida em duas partes, uma
principal que ficava na cidade de Bruchium e uma suplementar em Serpio (MARTINS,
2002). a mais famosa por algumas singularidades na formao de seu acervo e pelos
incndios que sofreu, sendo o terceiro o mais terrvel e definitivo (BEZ, 2006). Sobre a
biblioteca de Alexandria e as suas obras clebres Cnfora (1989, p. 19) pontua que l se
encontravam preciosas colees de livros de propriedade do Rei, os livros rgios. E Martins
(2002, p. 75) afirma que a biblioteca de Alexandria ostentava a singularidade de possuir
manuscritos nicos de grande nmero de obras da Antiguidade que com ela desapareceram.
O acervo da biblioteca de Alexandria merece destaque pela singularidade de sua
formao que inclua alm da contribuio de vrios autores e pessoas diversas, a
particularidade da ampliao do acervo por Ptolomeu II Filadelfo, atravs da compra de rolos,
papiros ou mesmo bibliotecas inteiras, sem se preocupar com o alto valor. Seu sucessor
Ptolomeu III Evrgeta enviava cartas aos soberanos da Antiguidade solicitando o envio de
obras dos mais variados tipos para que fossem incorporados ao acervo da Biblioteca de
Alexandria. Depois ordenou que qualquer navio que fizesse escala no porto da cidade tivesse
seus originais copiados, retirados e que fosse entregue aos proprietrios uma cpia, j que o
original permaneceria na biblioteca, alm disso, era pago uma quantia especfica,
correspondente a 15 talentos, por isso o fundo oramentrio passou a ser chamado de fundo
dos navios (CNFORA, 1989).
6 O NOME da Rosa. Direo: Jean Jacques Annaud. Produo: Bernd Eichinger. Intrpretes: Sean Connery;
Christian Slater; Helmut Qualfinger; Elya Barkin e outros. Roteiro: Andrew Birkin, Grard Brach, Howard
Franklin e Alain Godard. Msica: James Horner. Alemanha: 20th Century Fox Film Corporation, 1986. 1 DVD
(130 min), widescreen, color. Baseado na obra O Nome da Rosa, de Umberto Eco.
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Ptolomeu II Evrgeta, segundo Cnfora (1989), usou de diversos mtodos para obter
as obras, como, por exemplo, solicitar emprestado a Atenas seus manuscritos originais de
squilo, Sfocles e Eurpedes, que eram considerados como patrimnio cultural de valor
incalculvel pelos atenienses e que s foram liberados mediante um depsito em dinheiro,
entretanto, Ptolomeu III preferiu perder o dinheiro do depsito a devolver os originais,
enviando uma cpia aos atenienses.
Outra biblioteca merecedora de destaque a de Prgamo que, segundo Cnfora
(1989), tinha certa rivalidade com a biblioteca de Alexandria. Isso instaurava uma verdadeira
multido de falsificadores que ofereciam textos antigos falsificados e remendados, os quais
uma hesitava recusar em virtude da possibilidade da outra aceitar. Localizava-se na cidade de
Prgamo, na sia Menor, e conforme Martins (2002) foi fundada pelo Rei Eumnio, no
Sculo II a.C. A biblioteca reunia cerca de trezentos mil volumes copiados em pergaminho.
Bez (2006) afirma que foram descobertas muitas falsificaes por causa, ao que tudo indica,
da pressa em possuir a maior e mais valiosa coleo do mundo, sendo que o caso mais grave
foi o falso discurso desconhecido de Demstenes.
Dentre as bibliotecas da Antiguidade, pode-se destacar ainda a Biblioteca de Nnive,
descoberta por Layard7, em 1854, no palcio do Rei Assurbanipal II (MARTINS, 2002),
composta por aproximadamente 25 mil placas de argila e que considerada por alguns
autores como a primeira biblioteca da histria, pois foram encontrados manuscritos da
Armnia do Sculo II a.C., os quais haviam sido roubados por Alexandre no momento das
invases e conquistas (BEZERRA, 2011). Entretanto, conforme afirma Martins (2002, p. 76),
a primeira biblioteca foi estabelecida por Pisstrato8 (560-527 a.C.) na Grcia. Essa
biblioteca, segundo Albert Cim, tinha o carter de biblioteca pblica e a pretenso de reunir
todas as obras de Homero e outros autores importantes da poca.
Martins (2002, p. 323) destaca que a histria da biblioteca, dos fins do sculo XVI,
[...] at os dias atuais, um processo gradativo, ininterrupto e simultneo de transformao,
marcado pela laicizao, democratizao, especializao e socializao. A laicizao foi
observada a partir da Renascena, com a perda gradativa da caracterstica religiosa cunhada
pela natureza dos seus mantenedores e administradores, geralmente mosteiros e monges. A
democratizao se d em consequncia da laicizao, com a perda do carter sagrado do livro,
7 Sir Austen Henry Layard (1817-1894) foi um dos principais arquelogos britnicos do sculo XIX. Suas escavaes forneceram evidncias importantes sobre a antiga Mesopotmia (atual Iraque), principalmente sobre
a civilizao assria. 8 Governador e tirano grego que governou entre 560 a.C. e 527 a.C.
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deixando a biblioteca cada vez mais leiga e civil e, em consequncia disso, pblica e aberta, o
que gera assim, o terceiro processo simultneo e gradativo que a especializao. E por
fim, o processo de socializao, este para Martins (2002, p. 324) o mais significativo dentre
os que em nossos dias distinguem a biblioteca. Ao mesmo tempo em que depende dos
processos anteriores, depende tambm da conscincia da sociedade. A biblioteca, neste
sentido, no mais apenas um mero depsito de livros, mas um espao dinmico de
construo de saberes e socializao do conhecimento.
2.1 A EVOLUO HISTRICA DA BIBLIOTECA PBLICA
Para Arajo (2002) as bibliotecas pblicas nasceram da necessidade de organizao e
disseminao dos registros grficos, visuais e sonoros, oriundos do aumento acelerado da
produo cultural e intelectual. A histria registra que seu surgimento se deu na Inglaterra
fabril do sculo XIX, em decorrncia das transformaes provocadas pela revoluo
industrial, as quais exigiram fora de trabalho qualificado (ARAJO, 2002, p. 11). Alm de
Arajo (2002), autores como Mueller (1984) e Nogueira (1986) defendem o seu surgimento a
partir da segunda metade do sculo XIX concomitantemente nos Estados Unidos e Inglaterra.
Sobre isto Bezerra (2011, p. 22) completa que o conceito de biblioteca pblica como servio
do Estado est sedimentado nos princpios de liberdade e igualdade fundamentados pelas
ideias revolucionrias da Frana no sculo XVIII. Entretanto, as razes do seu surgimento
no tem uma preciso histrica, pois alguns afirmam ter nascido em virtude das necessidades
e exigncias da revoluo industrial (ARAJO, 2002; ALMEIDA JNIOR, 2003), outros,
como Wada (1985), afirmam que a biblioteca surgiu a partir de uma atitude filantrpica para
minimizar os problemas sociais da poca.
Com o surgimento do papel e tambm da imprensa, a produo em massa de livros se
expandia e consequentemente as bibliotecas cresciam. Conforme Battles (2003), a Biblioteca
do Museu Britnico um exemplo desse fenmeno, pois, juntamente com outras Bibliotecas
Nacionais na Europa e na Amrica, viu-se subitamente com um acervo de centenas de
milhares de livros. A biblioteca do Museu Britnico tinha como responsvel o advogado
Anthony Pannizzi9, que comeou sua carreira como revolucionrio italiano no exlio. Ainda
de acordo com Battles (2003, p. 133), com o seu trabalho de organizao dos livros, catlogos
e marcao das estantes, Pannizzi pretendia fazer com que a biblioteca ficasse mais
9 Bibliotecrio ingls (1787-1879) que redigiu as 91 regras publicadas em 1839 para o Museu Britnico.
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44
transparente para seus leitores, substituindo os mistrios de seu funcionamento por uma
sofisticao que contribuiria para a independncia do leitor.
A biblioteca pblica at ento tinha um perfil elitista e, por conseguinte, excludente
enquanto que a sociedade inglesa encontrava-se em srio declnio econmico em virtude do
perodo napolenico. Sobre isto Battles (2003, p. 137) afirma que:
Foi nesses anos de conflito de classes e de terror econmico que o
movimento pela biblioteca pblica tomou conta da Inglaterra, com a elite
progressista da nao reconhecendo que as luzes da energia intelectual e
cultural faziam falta na vida do homem do povo.
Nesse perodo, Pannizi dedicava-se a criao de uma biblioteca para a nao e essa
luta pela biblioteca pblica se espalhava para toda a populao. Neste momento se tem a
criao do primeiro projeto de uma biblioteca pblica, entretanto, este enfrentou dificuldades
de aceitao pelas autoridades britnicas. Em 1838, liderado por William Lovett10, teve incio
o movimento cartista e por toda a Inglaterra no final do sculo XIX disseminavam-se os
sales de leitura cartista, baseados na Carta do Povo de Lovett. Tratavam-se na realidade de
bibliotecas cooperativas que emprestavam livros aos membros de organizaes polticas
radicais (BATLLES, 2003).
Difundiu-se ento essa ideia para a populao e, enquanto no surgia de fato uma
biblioteca pblica, iniciativas de socializao da informao se espalharam por toda a
Inglaterra. Como ressalta Battles (2003, p.138), esses sales se tornaram extremamente
populares, e logo estavam competindo com as bibliotecas comerciais, que funcionavam por
subscries e ofereciam a seus membros um cardpio sempre renovado de livros por uma
pequena taxa.
Apesar da iniciativa popular para a criao da biblioteca pblica, alguns filsofos eram
contrrios ideia pautados pelo pensamento de que, quando as camadas mais pobres
adquirissem conhecimento, este seria utiliz-lo para a runa da nao. Entretanto, outros
pensadores acreditavam que a democratizao do acesso informao seria benfica para
todos. Em 1850 aprovada a Lei de Bibliotecas Pblicas da Inglaterra com 118 votos a favor
e 101 contra; em 1919 a lei finalmente aprovada por unanimidade (SANTOS, 2012). Assim,
os sales cartistas de leitura foram imediatamente suplantados pelas bibliotecas pblicas, um
10 William Lovett (1800-1897), ativista britnico, lder do movimento poltico radical cartista. Escreveu o
documento: Cartismo, uma nova organizao do povo, que deu origem ao Projeto: Carta do Povo, que
reivindicava a melhoria poltica e social do povo atravs da educao e da cultura.
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exemplo disso, a Biblioteca Pblica de Manchester, inaugurada em 1852, no local onde
antes era ocupado por um salo de leitura (BATTLES, 2003).
A biblioteca pblica surge, portanto, na Inglaterra como uma oportunidade de
democratizao da educao e da cultura para as classes que at ento no tinham acesso
informao por meio da biblioteca, visto que a mesma no era disponvel a todos (ARAJO,
2002). Alm disso, embora alguns no concordassem com esse plano, ela surge num contexto
de dificuldades econmicas, como uma ferramenta de incluso social, confirmando o que diz
Battles (2003, p. 137) acerca de Anthony Panizzi, que honrou o bom senso do povo que o
adotou criando no apenas para os ricos intelectuais, mas para os estudantes pobres, para o
povo uma das maiores bibliotecas do mundo.
Sobre isto, Almeida Jnior (1997 apud ALMEIDA JNIOR, 2003, p. 67) afirma que,
A biblioteca pblica surge, no isoladamente, deslocada dos acontecimentos
e da situao da sociedade daquela poca. Ao contrrio, ela est imersa nas
transformaes, nas mudanas e alteraes daquela poca e, assim, deveria
continuar participando de cada cenrio histrico, cenrios no estanques,
mas dinmicos e em constante mutao.
Nos Estados Unidos foram os filantropos capitalistas que fundaram bibliotecas
pblicas por volta dos sculos XIX e XX (LEMOS, 2008). Moraes (2006, p. 97) destaca a
relevncia da contribuio das bibliotecas pblicas norte-americanas ao afirmar que: a
biblioteca pblica aberta, no sentido que hoje se tem, desenvolveu-se com as ideias
democrticas norte-americanas. das contribuies mais relevantes dos Estados Unidos
cultura universal.
2.1.1 A Biblioteca Pblica na Amrica Latina
As bibliotecas pblicas assumem na era da informao uma gama de desafios que,
conforme Betancur Betancur (2007), no era uma realidade em outras pocas e as razes so
as mais variadas possveis. Pode ser pelo desenvolvimento dos sistemas de informao, pelas
demandas da sociedade da informao ou pela prpria evoluo do conceito de biblioteca
pblica.
Na Amrica Latina as bibliotecas pblicas tem sido alvo de reflexes nos ltimos anos
tanto no que diz respeito a sua atuao na sociedade da informao, como sobre a sua misso
e conceito, que refora imagens de uma instituio viva e dinmica, marcadamente social.
Refletindo sobre as bibliotecas pblicas da Amrica Latina, Suaiden (1993) afirma que a
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maioria dessas bibliotecas so consideradas como bibliotecas escolares, sendo poucas as que
podem realmente ser consideradas como referncia para a comunidade. O autor afirma ainda
que o desenvolvimento dessas bibliotecas s foi possvel devido dedicao e criatividade
dos bibliotecrios que acreditam em sua instituio como agente de transformao social
(SUIDEN, 1993, p. 20).
O pesquisador venezuelano Iraser Pez Urdaneta (1952-1994) trouxe uma interessante
reflexo sobre a misso da biblioteca pblica como uma definio da estratgia de
capitalizao, de inteligncia e de cidadania. A capitalizao o investimento para o
melhoramento dos recursos humanos, financeiros, tecnolgicos e de infraestrutura para a
biblioteca pblica. A estratgia de inteligncia se constitui em um investimento em aes
culturais de desenvolvimento do conhecimento no ambiente social da biblioteca em sua
comunidade e seu entorno. Para a estratgia de cidadania, o foco a formao do cidado,
incentivando a aquisio e consumo de cultura em ambiente socializador da biblioteca
(YEPES OSRIO, 2007). Entender a biblioteca pblica como um sistema trplice de
capitalizao, de inteligncia e de cidadania requer sensibilidade e, sobretudo, vontade
poltica.
O surgimento e o desenvolvimento da biblioteca pblica na Amrica Latina para
Jaramillo, Montoya Ros e Uribe-Tirado (2008, p. 40) se devem [...] fundamentalmente, a
fenmenos urbanos que correspondem aos processos de imigrao e de industrializao e que,
de alguma maneira, correspondem s condies sociais, econmicas e polticas de cada pas.
Dentre os aspectos histricos que marcaram a biblioteca pblica na Amrica Latina, destaca-
se a criao da Biblioteca Nacional da Colmbia, em 1777, que foi a primeira BN na regio e
que mais tarde impulsionaria os servios bibliotecrios e criaria a Rede Nacional de
Bibliotecas Pblicas em 1972.
Notadamente, a Colmbia o pas que mais investiu e desenvolveu suas bibliotecas
pblicas. O destaque em um esforo conjunto com a UNESCO a criao da Biblioteca
Piloto de Medelln em 195211, que se deu a partir da necessidade de uma biblioteca pblica
que contribusse para o desenvolvimento cultural da sociedade. A Biblioteca Piloto de
Medelln foi planejada e executada com o intuito de ser a maior e mais completa biblioteca
pblica da Amrica Latina. A biblioteca piloto de Medelln a segunda no mundo, a primeira
encontra-se em Nova Delhi, na ndia.
11 VER: http://www.bibliotecapiloto.gov.co/index.php
http://www.bibliotecapiloto.gov.co/index.php
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A Escola de Biblioteconomia da Universidade de Antioquia, criada em 1956, uma
importante instituio para o desenvolvimento da biblioteca pblica na Colmbia. Alm de
formar profissionais para as bibliotecas, tambm mantm o Grupo de Investigao em
Biblioteca Pblica, do Centro de Investigaes em Cincia da Informao da Escola
Interamericana de Biblioteconomia. A Rede Colombiana de Bibliotecas Pblicas foi criada a
partir de 1972 como uma estratgia para a proteo, recuperao, registro e difuso do
patrimnio cultural (JARAMILLO; MONTOYA ROS; URIBE-TIRADO). A Rede
Colombiana de Bibliotecas Pblicas coordenada pelo Ministrio da Cultura atravs da
Biblioteca Nacional, especificamente pelo Grupo de Bibliotecas Pblicas. responsvel por
vrias aes, dentre elas a realizao de eventos como o Seminrio Nacional de Bibliotecas
Pblicas em 1985. Em funo do Seminrio surgiu o Comit Nacional de Bibliotecas
Pblicas, que realizou diagnstico das bibliotecas pblicas colombianas e o encaminhamento
de propostas para o desenvolvimento do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas.
A partir do Plano de Fortalecimento das Bibliotecas Pblicas em 2002, as instituies
convocadas entregam um Plano Mestre para os servios de bibliotecas na Colmbia e criam
em 2004 os Parques Bibliotecas. Os Parques Bibliotecas so complexos formados por prdio
de arquitetura moderna, com amplos espaos de uso pblico, e no eixo central encontra-se
uma biblioteca com equipamentos de alta tecnologia, internet, acervo e pessoal qualificado.
Os Parques Bibliotecas foram construdos nos locais de menor ndice de desenvolvimento
humano e contriburam para a diminuio dos ndices de violncia. Os objetivos da criao
dos Parques bibliotecas foram contribuir para a melhoria da qualidade de vida e da cidadania,
criar condies para o desenvolvimento urbano em Medelln, melhorar o acesso informao
e educao e contribuir para uma convivncia pacfica entre os cidados (DOMINGUZ,
2009).
Na Argentina as primeiras bibliotecas pblicas surgiram a partir de 1794 com a
socializao das livrarias para o pblico local. O pioneiro foi Facundo de Prieto y Pulido que
doou sua biblioteca particular ao Convento de la Merced para consulta pblica, que foi
transformada em biblioteca pblica pela Junta de Mayo12 em 1810 e que passou a funcionar
apenas em 1812 (PARADA, 2002). A Lei n 419 de 1870, Lei de Proteo s Bibliotecas
Populares, deu origem a Comisso Nacional Protetora das Bibliotecas Populares (CONABIP)
na Argentina.
12 Junta Provisional Gubernativa de las Provincias del Ro de la Plata, conhecida como a Junta de Mayo, surgida em Buenos Aires em 25 de maio 1810 e que deu impulso a destituio de Baltasar Hidalgo de Cisneros
em consequncia Revoluo de Maio.
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Em 1813, o Chile cria a sua Biblioteca Nacional e em 1873 criada a primeira
biblioteca pblica no pas, a Biblioteca Santiago Severn, em Valparaso. No perodo de 1978
a 1993 as bibliotecas pblicas chilenas ficaram subordinadas Direo de Bibliotecas,
Arquivos e Museus (DIBAM) e a partir de 1993 Coordenao Nacional de Bibliotecas
Pblicas, que passou a chamar-se no mesmo ano de Subdireo de Bibliotecas Pblicas13.
A Biblioteca Nacional do Per (BNP) foi criada por decreto em 28 de agosto de 1821
pelo General Dom Jos de San Martn, entretanto, s foi inaugurada mais de um ano depois,
em 17 de setembro de 1822. apenas em 1962 que a Biblioteca Nacional assume a funo de
promover o desenvolvimento das bibliotecas pblicas do pas. Em 1922 criada a Lei n 4506
que dispe sobe a obrigatoriedade dos municpios provinciais a criar e prover bibliotecas
pblicas e em 1983 cria-se, a partir de Lei Orgnica, a mesma obrigatoriedade para os
Distritos. O Sistema Nacional de Bibliotecas do Per firmou convnios com as bibliotecas
pblicas e a Biblioteca Nacional para o desenvolvimento das bibliotecas pblicas do pas. No
convnio, a BNP deve capacitar as bibliotecas pblicas municipais, prestar assessoramento
tcnico e bibliogrfico e suprir os primeiros gastos de funcionamento (BONINI, 2003).
A Venezuela criou sua Biblioteca Nacional em 1833 atravs de Decreto Presidencial e
sua funo promover, planejar e coordenar o Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas, que
subordinado ao Instituto Autnomo Biblioteca Nacional, que funciona em redes estatais e de
servios bibliotecrios. O Instituto abriga as 727 bibliotecas pblicas venezuelanas, inclusive
a Biblioteca Nacional, e tem a responsabilidade de administrar as bibliotecas pblicas e
prove-las para a participao social14.
A primeira biblioteca de Cuba foi criada em 1793. A biblioteca da Sociedade
Econmica de Amigos de Cuba surgiu com o objetivo de apoiar a educao e a cultura no
pas. A Biblioteca Nacional de Cuba foi criada em 1901 e o Sistema Nacional de Bibliotecas
Pblicas em 1963 (JARAMILO; MONTOYA ROS; URIBE-TIRADO).
Na Costa Rica, a Biblioteca Nacional foi fundada em 1888 e em 1890 iniciou-se um
programa de desenvolvimento para as bibliotecas pblicas atravs do estabelecimento da
Direo Geral de Bibliotecas, subordinada Secretaria de Instruo Pblica. O Sistema
Nacional de Bibliotecas de Costa Rica (SINABI) comeou a funcionar a partir de 2000 e tem
sob a sua coordenao 56 bibliotecas pblicas, sendo 31 oficiais e 25 semioficiais. As oficiais
so mantidas diretamente pelo SINABI atravs do Ministrio da Cultura e Juventude; as
13 VER: http://www.bibliotecaspublicas.cl 14 VER: http://www.bnv.gob.ve/contenido_bibliotecas.php?sw=3
http://www.bibliotecaspublicas.cl/http://www.bnv.gob.ve/contenido_bibliotecas.php?sw=3
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semioficiais so as que foram criadas pelo Decreto n 11.987C, de 17 de maro de 1981, e so
administradas a partir de convnios entre o SINABI/Ministrio da Cultura e Juventude, os
governos municipais, ONGs, Fundaes e outras instituies de interesse. O SINABI
coordena ainda o Bibliobs que presta servios de extenso bibliotecria para as comunidades
que no dispem de bibliotecas pblicas15.
A primeira biblioteca pblica mexicana foi criada em 1946 por Jos Vasconcelos, que
foi o primeiro diretor. A partir de 1983 se estabelece o Plano Nacional de Bibliotecas
Pblicas, que abriu mais de quatro mil bibliotecas em todo o pas. No mesmo ano se cria a
Rede Nacional de Bibliotecas Pblicas e, com isto, as bibliotecas pblicas passaram a ser
consideradas como um elemento chave para a educao e cultura, tornando-se mais vivas,
dinmicas e abertas a todos (FERNNDEZ DE ZAMORA, 1994).
Em 1972 fundada a Biblioteca Nacional do Equador Eugenio Espejo que
desempenha funes essenciais para as bibliotecas pblicas. O Sistema Nacional de
Bibliotecas, um rgo descentralizado do Ministrio da educao e Cultura, coordena as
bibliotecas pblicas do pas16.
A Biblioteca Nacional da Bolvia foi criada a partir da Biblioteca Pblica de
Chuqusaca, em 23 de julho de 1825, quando o General Andrs Santa Cruz, presidente na
ocasio, solicitou ao Marechal de Ayacucho, Antnio Jos de Sucre, sua organizao. Depois
do ano de 1883 a Biblioteca Nacional da Bolvia passou a ter autonomia e a servir como
difusora da cultura letrada do pas.
2.1.2 A Biblioteca Pblica no Brasil
Suiaden (2000) afirma que a histria dos livros e das bibliotecas registra uma
interligao entre o acesso informao e o poder aquisitivo, de forma muito intensa. O
acesso escrita sempre foi marcado por esforos isolados, sem, no entanto, se tornar uma
prioridade dos governos, daqueles que dominavam o poder. A leitura e a escrita eram
sinnimas de poder e de status e a biblioteca era o smbolo dessa imagem. Em virtude do
acesso restrito e segmentado, a biblioteca tinha um perfil diferente do que possui hoje. Desse
modo, pensar no usurio ou mesmo na informao no era uma prioridade, o que prevalecia
15 VER: http://www.sinabi.go.cr/ 16 VER: http://www.sinab.gov.ec
http://www.sinabi.go.cr/http://www.sinab.gov.ec/
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era a preservao da memria. A criao e manuteno de bibliotecas era a ltima coisa a ser
pensada.
Pode-se afirmar que essa realidade mudou um pouco com a chegada da famlia Real
ao Brasil, trazendo a Biblioteca Real e a Imprensa Real. Entretanto, no foi uma mudana
significativa no que diz respeito a novos pensamentos e paradigmas em se tratando de
bibliotecas, como afirma Suaiden (2000, p. 52), a vinda da Biblioteca e da Imprensa Real
tambm no representou indicadores efetivos do acesso e da disponibilidade de informao
para toda a sociedade. No entanto, essa Biblioteca representou uma significativa evoluo
nos costumes da comunidade leitora da poca. De acordo com Schwarcz (2002), embora no
tendo as mesmas funes de uma Biblioteca Pblica e contando com outras, a maioria das
pessoas que precisava de informao a procurava.
Suaiden salienta (1980) que a primeira biblioteca pblica brasileira foi a da Bahia,
fundada em 4 de agosto de 1811. Sendo uma iniciativa de Pedro Gomes Ferro Castelo
Branco atravs de um projeto encaminhado ao Conde dos Arcos, ento governador da
Capitnia da Bahia, tornando-se, como aponta Lemos (2008), o primeiro grande mecenas do
Brasil a advogar para a causa das bibliotecas pblicas.
Mesmo com a restrio do emprstimo e da disponibilidade de informaes, a Real
Biblioteca veio a facilitar e abrir caminhos para o que viria a seguir: a criao da primeira
Biblioteca Pblica do Brasil, na Capitania da Bahia. O projeto de implantao dessa biblioteca
foi o primeiro da histria com
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