fernades da masculinidade
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V. 1 - N. 1
Coromandel - MG2011
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PRESIDENTE DA MANTENEDORAPaulo César de Sousa
DIREÇÃO GERAL E ADMINISTRATIVAAna Alice de Sousa
DIREÇÃO JURÍDICADárcio Pereira Junior
COORDENAÇÃO ACADÊMICAEstanislau Gonçalves Jovtei
COORDENAÇÃO DE MÍDIAS, TECNOLOGIAS E COMUNICAÇÕES INSTITUCIONAIS
Euller de Assunção Matos
COORDENAÇÃO DE PROJETOSSandro Pereira de Carvalho
COORDENAÇÃO DE RECURSOS HUMANOSEdinéia Abadia Martins Silva
COORDENAÇÃO DE PESQUISA E EXTENSÃOLuciana de Araújo Mendes Silva
SECRETARIA GERALDaiana Cristina Nunes
EDITORES RESPONSÁVEIS:Prof.ª Ms. Luciana de Araújo Mendes SilvaProf. Dr. Marcelo Marques Araujo
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CONSELHO EDITORIAL
Prof. Ms. Estanislau Gonçalves Jovtei (FPM/FCC)
Prof. Dr. Hidelberto de Sousa Ribeiro (UFMT)Prof. Dr. Hugo Christiano de Melo Soares (FPM)
Prof.ª Ms. Luciana de Araújo Mendes Silva (FPM/FCC)
Prof. Dr. Marcelo Marques Araújo (UFMT/MACKENZIE)
Prof. Dr. Robson Luiz de França (UFU)
Prof.ª Dr.ª Sandra Regina Afonso Cardoso (FPM)
Prof.ª Dr.ª Sílvia Regina Melo (UFGD)
COORDENADORES DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO
Administração – Prof. Dr. Gustavo Gastardelli de Oliveira Fontes / Prof.ª Esp. IvaniAparecida da SilveiraEducação Física – Prof. Ms. Estanislau Gonçalves JovteiEnfermagem – Prof.ª Esp. Carla de Sousa PortoLetras – Prof.ª Esp. Sônia Helena de CastroPedagogia – Prof.ª Esp. Angelita Valadares Hermann
COORDENADORA DO INSTITUTO DE POS GRADUAÇÃOProf. ª Esp. Sônia Helena de Castro
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICAGráca e Editora Composer
CAPAS
Gráca e Editora Composer
REVISÃO FINAL
Prof.ª Ms. Luciana de Araújo Mendes Silva
Prof. Dr. Marcelo Marques Araujo
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Elaborada por Maria Salete de Freitas Pinheiro – CRB -1262
Epistheme. - v. 1, n. 1 (2011) – Coromandel : Faculdade Cidade
de Coromandel, 2011-
Semestral.
ISSN 2237-6526
1. Educação - Periódicos. 2. Sociedades - Periódicos. 3. Saúde
- Periódicos. I. Faculdade Cidade de Coromandel.
CDU: 37
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APRESENTAÇÃO
Sabe-se que as instituições de Ensino Superior devem primar pela integração
entre ensino, pesquisa e extensão, fato evidente na Constituição Federal de 1998.Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/94) demonstra as
exigências relacionadas ao corpo docente, sua formação e também a institucio-
nalização da pesquisa. Vale mencionar aqui que tanto a pesquisa básica quanto
aplicada tem seu valor e são muito discutidas na atualidade, pois ambas estão
relacionadas ao desenvolvimento humano. Porém, nem sempre os investimentos
em pesquisa ocorrem na medida necessária. Ressalta-se que a pesquisa está di-
retamente relacionada à formação/titulação docente, à legislação, mas também
cabe dizer que deve estar atrelada ao estimulo e condições adequadas para suaexecução e efetividade.
A FACULDADE CIDADE DE COROMANDEL (FCC), conhecedora da importância da
pesquisa e também de sua publicação, apresenta o volume I da revista EPISTHEME
com o objetivo de levar aos leitores os resultados de pesquisas realizadas por seus
docentes e discentes. Apresenta, nesse volume, artigos de docentes com temas
de diferentes áreas: sociedade, educação e saúde. Apresenta, ainda, resumos de
trabalhos de conclusão dos diferentes cursos de graduação.
A FCC, consciente de que o conhecimento cientíco impacta diretamente nodesenvolvimento econômico de uma nação, como também fornece ferramentas
para a solução de diversos problemas relacionados à existência e sobrevivência
humana com um mínimo de qualidade de vida, incentiva a pesquisa no âmbito
universitário, visto que essa pode se tornar uma extensão da pesquisa institucio-
nalizada do país, de forma a contribuir para o desenvolvimento humano da nação
através das produções locais. Acredita-se assim, que com suas particularidades, a
FCC esteja contribuindo com este cenário, bem como espera-se que os governan-tes viabilizem nanciamentos amplos/efetivos para ciência e tecnologia a serviçoda sociedade.
O que se espera com a publicação do volume I da revista EPISTHEME é que
pesquisadores e/ou leitores valorizem e utilizem os conhecimentos produzidos no
meio acadêmico.
Ana Alice de Sousa
Diretora Geral e Administrativa
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CARTA DOS EDITORES:
A Revista Epistheme, atendendo às diretrizes da CAPES/CNPQ, traz um es-copo de artigos ancorados na área Multidisciplinar. Isso quer dizer que o leitor de
Epistheme poderá ter contato com relatos de pesquisas e abordagens teóricas
tratados de forma heterogênea por pesquisadores de diferentes áreas do conheci-
mento. Para uma melhor organização, decidimos dividir o volume em três grandes
dossiês de áreas diversas: Sociedade, Educação e Saúde.
No Dossiê Sociedade, que abre este volume, os artigos estão respaldados
em temáticas pontuais. É o caso do artigo dos pesquisadores, Costa; Borges; Mar-ques Pereira, sobre a sociedade da informação. Em outro artigo, Silva aborda a
pobreza multidimensional nas relações humanas. Ribeiro, pesquisador convidado,
traz um artigo sobre os problemas urbanos causados pelos fronts agropecuários
na Amazônia Legal. Borges; Costa; Pereira, trazem um artigo sobre o Toyotismo e a
Formação do Trabalhador. Fernandes contribui com um artigo sobre as mudanças
que vêm ocorrendo na construção social do gênero masculino na contemporanei-
dade. Os pesquisadores Pereira; Borges; Costa; Silva, trazem um artigo sobre aqualicação prossional e emprego nos dias de hoje. E por m, nesse Dossiê, Mar-
ques apresenta um artigo sobre o capital intelectual nas organizações brasileiras.
O Dossiê Educação, que registra artigos de áreas diversas no aparato da
Educação, traz o artigo dos pesquisadores Castro; França, sobre a importância do
ensino baseado na pesquisa. Em outro artigo, os pesquisadores Mendes; Mendes
Silva; Rabelo, trazem uma contribuição na discussão do papel docente na inclusão
do aluno com deciência no ensino superior. Em outro artigo,Valadares enfoca a
formação continuada dos professores. Araújo registra uma nova metodologia de
análise terminológica discursiva da comunicação na análise do termo marketing .
Ramos indica algumas causas da evasao de alunos do curso de licenciatura em
Educação Física da FCC. Lucas e Araújo trazem um artigo em inglês acerca dos
neologismos na publicidade brasileira. Lima propõe um artigo sobre os avaliadores
adjetivais em textos argumentativos. E por m, nesse Dossiê, Arruda traz uma con-
tribuição, também em texto na língua inglesa, acerca dos diversos papéis da língua
inglesa no mundo contemporâneo.
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No Dossiê Saúde, Mendes Silva; Morraye, trazem um artigo sobre a promo-
ção de saúde e os riscos e acidentes sofridos pelos coletores de resíduos sólidos
em Patos de Minas. Em outro artigo, Souza; Galvão, registram a visão dos enfer-
meiros, gestantes e puérperas no aleitamento materno em Coromandel. Fonseca;
Faria tratam dos acidentes de trânsito e atuação do enfermeiro no atendimento àsvítimas. Mendes Silva; Soares, trazem um artigo discutindo o estresse ocupacio-
nal na prossão de Enfermagem. E por m, Costa Luciano, traz uma contribuição
acerca do gerenciamento de resíduos em saúde.
Além dos três Dossiês aqui citados, a Revista Epistheme também registra os
Resumos dos Trabalhos de Conclusão de Curso das graduações e licenciaturas
oferecidas pela Faculdade Cidade de Coromandel.
A Revista Epistheme também traz oportunidades para autores de resenhasde livros das áreas de pesquisa e publicação contempladas. Para isso, há um es-
paço especíco denominado Resenhas Epistheme.
Aos leitores (as) de Epistheme, desejamos momentos aprazíveis nas próxi-
mas páginas!
Aos autores, professores e pesquisadores, nossos sinceros agradecimentos
pelas contribuições inestimáveis à Revista Epistheme.
Os editores
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SUMÁRIO
DOSSIÊ SOCIEDADE:
Trabalho, Educação e a Construção da Cidadania na “Sociedade da Informação”
Kely Alves Costa / Alex Rodrigo Borges / Karina Liotti Guimarães Marques Pereira . . . . . . . . . . . . . . 15
Pobreza Multidimensional: abordagem das capacitações e das necessidades humanas
Ana Márcia Rodrigues da Silva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Abertura de Fronts Agropecuários e Problemas Urbanos na Amazônia Legal
Hidelberto de Sousa Ribeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
O Toyotismo e a Formação do Trabalhador: trabalho e educação no modelo de organização
produtiva capitalista
Alex Rodrigo Borges / Kely Alves Costa / Karina Liotti Guimarães Marques Pereira . . . . . . . . . . . . . . 87
Da Masculinidade
Luís Antonio Bitante Fernandes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
A Qualicação Prossional no Contexto Empregatício
Karina Liotti Guimarães M. Pereira / Alex Rodrigo Borges / Kely Alves Costa / Ana Márcia
Rodrigues da Silva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Capital intelectual: valorização dos talentos humanos ou modelo taylorista camuado
dentro de algumas organizações brasileiras?
Thais Lara da Silva Marques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
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DOSSIÊ EDUCAÇÃO E LINGUAGEM:
A Importância do Ensino, Baseado na Pesquisa como Instrumento Incentivador à Leitura
e Interpretação Textual no Ensino Superior
Sônia Helena de Castro / Robson Luiz de França. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
O Papel do Docente na Inclusão do Aluno com Deciência no Ensino Superior
Delza Ferreira Mendes / Luciana de Araújo Mendes Silva / Ana Claudia Campos Rabelo . . . . . . . . . . 189
Uma Reexão Sobre a Formação Continuada dos Professores: um enfoque para a
formação reexiva
Neusa Maria Borges Valadares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205
Análise Terminológica Discursiva da Comunicação: um estudo sobre o conceito de
marketingMarcelo Marques Araújo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
A Evasão de Alunos do Curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade cidade
de Coromandel
Guilherme Ramos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
The Neologisms in the Brazilian Publicity Communication
Marcelo Marques Araújo / Rosana de Paula Lucas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259
Axiologização: avaliadores adjetivais e sua função argumentativo/persuasiva em artigo
de opinião
Eloísa de Oliveira Lima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267
English Language as lingua franca and its Implications to Language Education
Nalini Iara Leite Arruda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277
DOSSIÊ SAÚDE:
Os Riscos e Acidentes Sofridos Pelos Coletores de Resíduos Sólidos do Município de
Patos de Minas/MG Enquanto Desaos Para Promoção de Saúde
Luciana de Araujo Mendes Silva / Monica de Andrade Morraye. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
Aleitamento Materno em Coromandel/MG: uma visão dos enfermeiros, gestantes e
puérperas
Ismelinda Maria Diniz Mendes Souza / Sandra Aparecida Francisco Galvão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311
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Acidentes de Trânsito: prevenção e atuação do enfermeiro no atendimento às vítimas
Laura Moreira de Sousa Fonseca / Cleide Chagas da Cunha Faria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 325
Fatores Associados à Ocorrência de Estresse Ocupacional na Prossão de Enfermagem
Luciana de Araújo Mendes Silva / Édia Duarte Soares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 343
Segregação e Biossegurança: gerenciamento de resíduos de serviço de saúde
Cristiana da Costa Luciano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 365
RESUMOS:
Educação Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 376
Pedagogia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385
Enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 391
Administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 396
Letras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 401
RESENHAS EPISTHEME:
Procedimentos para a análise terminológica com base na Teoria Comunicativa daTerminologia
Marcelo Marques Araújo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407
Que Gramática Estudar na Escola? Tópicos Fundamentais
Zenalda Viana Neves / Marcelo Marques Araújo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 415
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DOSSIÊ SOCIEDADE
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* Especialista em Metodologia do Ensino e Tecnologia para Educação a Distância pela FaculdadeCidade de João Pinheiro (FCJP). Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uber-lândia (UFU). Professora da Faculdade Cidade de João Pinheiro (FCJP). kelynha_costa@yahoo.com.br
** Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em Fisioterapia eTraumato-ortopedia pelo Centro Universitário do Triângulo ( UNITRI) e em Metodologia do Ensino Supe-rior pela Faculdade de Patos de Minas, Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário do Cerrado- Patrocínio (UNICERP). Professor da Faculdade Cidade de João Pinheiro (FCJP) e da Faculdade de Patosde Minas (FPM). alexvze@msn.com
*** Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade Cidade Coromandel (FCC) e Bancode Dados pelo Centro Universitário do Triângulo (UNITRI). Possui MBA em Gerenciamento de Projetospela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Graduada em Tecnologia da Informação pela Faculdade Univer-
sidade de Cuiabá- Campus Tangará da Serra (UNIC-SUL).Professora da Faculdade de Patos de Minas(FPM) e da Faculdade Cidade de Coromandel (FCC). karinaliotti@yahoo.com.br.
TRABALHO, EDUCAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NA
“SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO”
Kely Alves Costa*
Alex Rodrigo Borges**
Karina Liotti Guimarães Marques Pereira***
RESUMO
Ao longo da história, a humanidade passa por transformações que afetam os processos de
trabalho, bem como as relações sociais e educacionais. O objetivo deste artigo, realizado a
partir de uma revisão bibliográca com abordagem qualitativa, consistiu em vericar comoo processo de “revolução informacional”, baseado principalmente no desenvolvimento das
tecnologias digitais, possui desdobramentos importantes quando se verica a necessidadede qualicação da mão-de-obra para o mercado de trabalho. Evidenciou-se, desta forma,uma relação estreita entre educação, trabalho e empregabilidade. O diálogo entre
qualicação e trabalho pressupõe que se considere o problema da construção da cidadania,pois também pode ser compreendido também através da inclusão social de indivíduos e
grupos tradicionalmente excluídos do desenvolvimento socioeconômico. Nesse sentido,
pode-se vericar que a construção da cidadania, cada vez mais, parece ligar-se ao grau departicipação na “sociedade da informação” que se constitui e, sobretudo, que as análises
das competências que são exigidas dos trabalhadores só podem ser problematizadas
quando articuladas às transformações do mundo do trabalho.
Palavras-chave: Educação. Trabalho. Sociedade da Informação.
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1 INTRODUÇÃO
A notícia de que o mundo estaria passando por transformações decisivas
desde o nal do século passado já não é nenhuma novidade. Assim como também
não é novidade o fato de que a maior parte destas transformações possui em seucerne o constante incremento tecnológico baseado, principalmente, na digitaliza-
ção das informações.
Em economia, fala-se em “economia da informação” (BOLAÑO, 2004), “rees-
truturação produtiva”, “acumulação exível” (HARVEY, 2000); quanto às transfor-
mações culturais, fala-se no surgimento da chamada “cibercultura” (LEVY, 1999);
em educação, admitem-se cada vez mais as chamadas Tecnologias da Informa-
ção e Comunicação (TICs), enquanto instrumento ou tecnologia educativa (SOUSA;FINO, 2001).
Há transformações em todas as esferas sociais, quanto ao Estado e às for-
mas de Política e Gestão da res publica, diz-se até que estaria surgindo uma nova
forma de “governo eletrônico” ou mesmo uma “cidadania digital” (ALVES; MOREI-
RA, 2004), na forma de adaptação das esferas públicas às novas realidades, ali-
cerçadas, no limite, na gura de um cidadão digital ou virtual.
São constantemente utilizados ainda termos como “sociedade da informa-
ção” ou “sociedade pós-moderna” como referencias heurísticas para o conjunto
de transformações que ocorrem no Estado, nas culturas, na forma de acumulação
do capital, na educação, no trabalho etc. que estariam de alguma forma intrinseca-
mente relacionadas com o alto padrão de desenvolvimento tecnológico alcançado
pela humanidade.
Sabe-se, todavia, que estas transformações têm provocado incertezas sobre
os destinos da sociedade desde o nal do século passado. A crise do capitalismo
monopolista, ocorrida a partir do nal da década de 1960, coloca questões fun -
damentais à reprodução do capitalismo e suas classes sociais. Assim, mudanças
estruturais foram realizadas, sendo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o
Banco Mundial (BM) passaram a determinar diretrizes para a Economia e a Educa-
ção nos países subordinados em relação ao desenvolvimento capitalista, afetando
a formação dos trabalhadores (SAMPAIO; FRANÇA, 2007).
Admitindo a existência de uma identicação entre mundo do trabalho e
mundo do conhecimento e do conhecimento como fator de produção (MACHADO,
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2002) e admitindo que, ao longo da história, a humanidade passa por transforma-
ções que afetam os processos de trabalho, bem como as relações sociais e educa-
cionais – o objetivo deste artigo consistiu em vericar como o processo de “revolu-
ção informacional”, baseado principalmente no desenvolvimento das tecnologias
digitais, possui desdobramentos importantes quando se verica a necessidade dequalicação da mão-de-obra para o mercado de trabalho.
Evidencia-se, desta forma, uma relação estreita entre educação, trabalho e
empregabilidade, sendo que, no contexto atual, o grau de domínio das técnicas
digitais torna-se imperativo para a determinação da cidadania, na medida em que
se torna condição para o mercado de trabalho e, sobretudo, para a própria sobre-
vivência material dos trabalhadores.
Assim, entende-se aqui que o aprofundamento de estudos relativos à inuên-cia da Educação na formação dos trabalhadores é de extrema importância, espe-
cialmente quando é recuperada a centralidade da categoria trabalho. Isso porque
as análises das competências que são exigidas dos trabalhadores e, principalmen-
te, as competências que são oferecidas pela escola só podem ser problematizadas
quando articuladas às transformações do mundo do trabalho. E quando se insere
nesse contexto o potencial das novas tecnologias digitais ou informacionais en-
quanto abertura para um novo nível de participação ou inclusão social e política
na sociedade (entendida ainda no sentido mais incipiente), essa vericação faz-se
ainda mais necessária.
2 METODOLOGIA
Esta investigação privilegiou a abordagem qualitativa em pesquisa educacio-
nal, na medida em que essa permite uma visão ampla do objeto estudado e seuenvolvimento com a realidade social, política, econômica e cultural. A opção pela
abordagem qualitativa justicou-se, desta forma, pelas características que foram
consideradas no desenvolvimento desta vericação, isto é, buscando-se conside-
rar, sobretudo, a perspectiva dos processos de transformação impressos na exis-
tência material do homem, avaliando as suas repercussões em diferentes esferas,
principalmente na educação.
Quanto aos procedimentos metodológicos, pautou-se, essencialmente, pela
realização de uma pesquisa do tipo bibliográca, com a nalidade de realizar o
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aprofundamento do referencial teórico que embasou a problematização proposta.
Assim, essa fundamentação ocorreu obedecendo às orientações próprias da pes-
quisa bibliográca, de modo a balizar maior compreensão sobre as relações entre
as transformações sociais relacionadas ao desenvolvimento cientíco-tecnológico
digital e a inclusão social dos trabalhadores, vista através da educação e da qua-licação para o trabalho que, no limite, guram como pré-requisitos fundamentais
para a construção da cidadania.
3 O CAPITAL E O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO
A m de compreender as mudanças ocorridas no mundo contemporâneo re-lacionadas às revoluções cientícas e tecnológicas, que embasam a constituição
da chamada “sociedade da informação”, algumas considerações são, no entanto,
necessárias. Em primeiro lugar, deve-se destacar o papel da ciência nesse ínterim,
bem como, em seguida, o da técnica enquanto promotora de transformações so-
ciais, tendo em vista, principalmente, o contexto e a lógica de reprodução do capital.
A ciência, para Weber (1999), deve contribuir para o desenvolvimento da
tecnologia que controla a vida e, também, para o desenvolvimento de “métodosde pensamento” e “ganhos de clareza”, indicando os meios necessários para se
atingir determinadas metas, advindo daí sua principal contribuição: “o desenvolvi-
mento da racionalidade” (BERLINCK, 1999, p. 12). Todavia, nunca é desnecessário
acrescentar que uma das características da modernidade é essa “racionalidade”
ser instrumentalizada, predominando o cálculo da ecácia que, no limite, “[...] ex-
pulsa os espaços em que age a ação argumentativa, a racionalidade comunicativa
que permitira a negociação coletiva dos ns.” (FREITAG, 1995, p. 144).A despeito de possíveis divergências teóricas, pode-se armar que Weber
(1999) e Habermas, como outros expoentes da Escola de Frankfurt, tinham em
comum o fato de questionarem a neutralidade da ciência. A esse respeito, segundo
Weber (1999, p. 19), os institutos de ciências alemães estariam se transformando,
como o sistema norte-americano, em “[...] empresas de capitalismo estatal [...]”,
sendo impossível geri-las sem dispor de recursos nanceiros consideráveis; além,
é claro, da própria exploração dos resultados cientícos com vista à obtenção de
lucros particulares ou, no limite, de garantia de reprodutibilidade do capital.
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Para Mészáros (2004, p. 284), o “[...] controle da ciência pelo Estado cresceu
a tal ponto que não se compara com os estágios passados do desenvolvimento his-
tórico [...]”, de forma que “[...] a própria liberdade dos cientistas entrou em discus-
são.” Assim, hodiernamente, o desenvolvimento cientíco atrelado à reprodução
do capital está longe de signicar a construção de uma sociedade mais avançada,que benecia toda a existência humana, tal como aparece nos desdobramentos da
razão iluminista. Signica, antes, a difusão ou hegemonia de uma ideologia que se
pauta na supremacia do “valor-de-troca”, de tal forma que os meios de pesquisa e
de produção alinham-se aos interesses do capital que, ao nal, convertem-se em
benefício não exatamente sociais.
Como um dos principais leitmotiv 1 para a realização cientíca atual, o desen-
volvimento tecnológico coloca, ainda, a discussão a respeito da técnica enquan-to propulsora de transformações sociais. Assim, para Levy (1999, p. 24), não se
deve falar simplesmente em “impactos” das novas técnicas, pois “[...] por trás das
técnicas agem e reagem idéias, projetos sociais, utopias, interesses econômicos,
estratégias de poder, toda uma gama dos jogos dos homens em sociedade.”, de
forma que não se deve atribuir sentido único a uma técnica.
No caso das tecnologias digitais, a ambiguidade e ambivalência de projetos
envolvidos em suas concepções e utilizações é particularmente evidente, como
ressalta Lévy (1999). Pode-se adotar aqui uma perspectiva de análise dialética,
que permite visualizar as transformações sociais e tecnológicas em partes e em
sua totalidade. Nesse sentido, em poucas palavras, pode-se considerar que o
âmago desse movimento dialético de transformação social vivenciado atualmente
encontra-se no constante desenvolvimento das chamadas tecnologias digitais.
4 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃOTrata-se, aqui, do movimento de digitalização da informação que se iniciou
nos anos de 1970, no chamado Silicon Valley 2, com o desenvolvimento dos pri-
meiros computadores pessoais. Segundo Lévy (1993, p. 44), o Personal Computer
1 Termo alemão (pl. Leitmotive) que em português pode-se traduzir por “motivo condutor” ou recorrente.2 Ou “Vale do Silício”, nome em português, é uma região localizada na Califórnia, Estados Unidos,
onde está situado um conjunto de empresas que se desenvolveram após a Segunda Guerra Mundial
e, principalmente, durante a Guerra Fria, com o objetivo de gerar inovações cientícas e tecnológi -cas, destacando-se na produção de Chips, na eletrônica e informática
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(PC) foi inventado por um grupo de jovens, num ambiente altamente propício a uma
bricolagem high tech, em que a paixão pela eletrônica se misturava a idéias sobre
o desvio da alta tecnologia em proveito da “contracultura”. Esse foi apenas o inicio
de uma longa cadeia de transformações quanto ao tratamento das informações
que, segundo as estimativas, desenvolvem-se hoje a uma velocidade exponencial,de forma que:
Computadores controlam o tráfego aéreo, as redes ferroviá-
rias, os vôos espaciais, pilotam uma multidão de máquinas
variadas. Controlam a distribuição da eletricidade, do calor, da
água, comandam o funcionamento dos robôs, das máquinas-
-ferramentas e das linhas de produção. Programas organizam
o trânsito urbano e regem as comutações das redes telefôni-
cas. Desde a vigilância interna dos prédios até a condução
do funcionamento das centrais nucleares, por toda a parte
os computadores coordenam, harmonizam, guiam, regulam
e administram as redes, os processos e complexos técnicos
sobre os quais o tecnocosmo se apóia [...] (LÉVY, 1998, p. 17).
Observa-se a transformação de uma técnica “[...] baseada em insumos deenergia [...]”, para outra apoiada em “[...] informações decorrentes da tecnologia
de microeletrônica e telecomunicação.” (LUCAS, 2002, p. 160). Neste sentido, com
base na condição “pós-industrial”, para Castells (2000) poder-se-ia mesmo falar
no surgimento de um novo paradigma, através do qual se pudessem conjugar as
transformações tecnológicas atuais e suas relações com a economia e a cultura, o
paradigma da “tecnologia da informação”.
A digitalização da informação em geral, para Bolaño (2004), faz parte dolongo processo de retomada da hegemonia norte-americana, iniciada no governo
Reagan. Esse movimento, para o autor, não se limita aos campos monetário, políti-
co e militar, mas atinge a reestruturação produtiva, de forma que:
[...] a hegemonia industrial perdida nos anos [19]70 nos se -
tores fundamentais ligados ao paradigma da Segunda Revo-
lução Industrial (automobilístico, eletro-eletrônico) será espe-tacularmente retomada naqueles setores ligados à Economia
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do Conhecimento, como as telecomunicações, a informática,
indústrias de conteúdo, inclusive educação, ou as biotecnolo-
gias, centrais para o novo padrão de acumulação capitalista,
fruto da Terceira Revolução Industrial. (BOLAÑO, 2004, p. 2).
Em decorrência disso, nos últimos anos, as máquinas informatizadas passa-
ram a executar uma innidade de tarefas que antes eram realizadas pelo trabalho
humano. Sendo ainda que:
O conhecimento se ampliou e os indivíduos são obrigados a
se adaptar às novas congurações do mundo técnico, onde a
informação digital de códigos e mensagens substitui muitas
atividades cognitivas no campo da linguagem escrita, leitura e
voz; capacidade de armazenamento, combinação de símbolos;
criação e produção sonora em todos os estilos musicais, sen-
sibilidade dos sensores, elaboração e captação de imagens,
visualização e controle do tempo. (TERUYA, 2000, p. 39).
Quanto à idéia de ampliação do conhecimento, relembrada inclusive pelo
nome de batismo adotado “sociedade do conhecimento” ou da “informação”, se-gundo Bolaño (2004), tratar-se-ia de uma noção puramente ideológica que, numa
ótica neoliberal, promove a expansão das TIC’s, dos novos métodos gerenciais
como a “gestão do conhecimento”, não fazendo senão promover uma reestrutura-
ção dos processos de trabalho.
Assim, se lida com perda de direitos, precarização, exibilização e, acima de
tudo, exclusão da ampla maioria da população mundial dos frutos dessa revolução
informacional, que se caracteriza, sobretudo, pela subsunção do trabalho intelec-tual e por uma extensa intelectualização dos processos de trabalho e de consumo.
4.1 Educação e Trabalho na era digital
Apesar das transformações identicadas ao trabalho na chamada “era digi-
tal”, para Bolaño (2004), informação e conhecimento não passaram a determinar
o valor das mercadorias tanto quanto o trabalho, pois não existe conhecimento ou
informação produtiva em abstrato, desvinculados do próprio trabalho. “Trabalho
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informacional” e “trabalho intelectual” são, portanto, expressões “[...] adequadas
para denir a nova situação, em que o que se extrai do trabalhador, como fonte da
mais valia, não são mais prioritariamente suas energias físicas, mas mentais.” (p.
1). Isso revelaria, ao nal, uma situação em que a rentabilidade do capital “[...] não
tem relação com eventuais ganhos de produtividade, mas com movimentos espe-culativos, como os que explicam a explosão das bolsas promovida pelas empresas
de tecnologia [...]” (BOLAÑO, 2004, p. 1).
Sob a hegemonia do pensamento dito neoliberal, a contra-
ditoriedade inerente ao desenvolvimento da Economia do
Conhecimento resolve-se a favor do capital, deixando à mar-
gem parcelas imensas da população mundial. As estratégias
industriais do setor de informática (de inovação rotinizada e
obsolescência precoce), por exemplo, contrapõem-se paradig-
maticamente àquelas do velho ciclo de vida dos bens de con-
sumo durável dos trinta gloriosos, que garantiam uma univer-
salização bastante extensa do acesso. (BOLAÑO, 2004, p. 2).
Assim, diversos autores concordam que a chamada Sociedade da Informação
é uma sociedade da exclusão (BOLAÑO, 2004; LUCAS, 2002; SCHWARTZ, 2000).A Terceira Revolução Industrial é uma revolução industrial capitalista pautada, na
sua constituição, pelas reformas neoliberais, de forma que projetos de inclusão
digital, por mais interessantes e adequados que possam ser em nível micro, não
são capazes de romper essa lógica.
Por “exclusão digital” entende-se o surgimento de “[...] mais uma barreira
socioeconômica entre indivíduos, famílias, empresas e regiões geográcas, a qual
decorre da desigualdade quanto ao acesso e uso das tecnologias da informaçãoe comunicação, hoje simbolizadas pela Internet.” (LUCAS, 2002, p. 161). Como se
pode notar, o problema da exclusão não se deve apenas ao “acesso” que, mes-
mo precariamente, tem sido difundido inclusive através de políticas públicas que
oferecem incentivos a treinamentos e aquisição de computadores pessoais, por
exemplo, em países da América Latina e África. Coloca-se aqui a questão principal,
isto é, o da própria dinâmica de produção e distribuição de riquezas, simbólica e
material.
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Divide-se o conhecimento, então, em duas categorias: o “conhecimento fun-
cional”, reservado à elite tecnológica, que constrói, edica e mantém em funciona-
mento os sistemas informacionais e, noutro extremo, o “conhecimento dos sinais”,
que compete às máquinas e também aos seus usuários, que reagiriam automati-
camente a determinadas informações ou estímulos, de forma que “não precisamsaber como essas coisas funcionam, mas precisam processar dados corretamen-
te.” (KURZ, 2002, apud LUCAS, 2002, p. 161).
Nesse ínterim, dois corolários devem ser compreendidos: por um lado, tem-
-se o aumento do desemprego em função da perda estrutural de muitos cargos e
funções que agora são desempenhados por máquinas e toda sorte de estruturas
eletrônicas e, por outro, os trabalhadores são impelidos a uma melhor qualica -
ção, a m de conseguirem dominar as novas tecnologias, introduzidas no ambienteprodutivo.
Constrói-se, assim, uma relação imperativa entre Educação e Trabalho, sen-
do que, no discurso dominante, a Educação, na forma de qualicação prossional,
aparece como solução para o problema do desemprego e, em decorrência, para a
questão da própria desigualdade e exclusão social. Sabe-se, todavia, que “[...] as
desigualdades sociais também aumentaram devido ao fator educação que separa
ainda mais as diferenças de classe e ascensão social, além de ressaltar a inu-
ência da economia capitalista no campo educativo, não atendendo e oferecendo
educação de qualidade para todos [...]”. (FRANÇA, 2009, p. 7). Assim, para o autor,
a retórica neoliberal atribuiria um papel estratégico à educação e determinaria a
vinculação da educação escolar à preparação para o trabalho.
Segundo Antunes (1999), a reestruturação produtiva faria aorar o sentido fa-
lacioso da “qualicação do trabalho”, que muito frequentemente assume a forma de
uma manifestação mais ideológica do que de uma necessidade efetiva do processo
de produção. “A qualicação e a competência exigidas pelo capital muitas vezes ob-
jetivam de fato a conabilidade que as empresas pretendem obter dos trabalhado-
res, que devem entregar sua subjetividade à disposição do capital.” (p. 52).
Surgiria, assim, uma nova “vocacionalização”, isto é, “[...] prossionalização
situada no interior de uma formação geral, na qual a aquisição de técnica e lingua-
gens de informática e conhecimento de matemática e ciência adquirem relevância
[...]”, valorizando “[...] as técnicas de organização, o raciocínio de dimensão es-
tratégica e a capacidade de trabalho cooperativo.” (FRANÇA, 2009, p. 8). Voltada
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para formação do trabalhador polivalente e multifuncional, há ainda a noção de
competência, que impõe novas exigências de conhecimentos ao trabalhador. Este
deve preparar-se inclusive para mudar de prossão, várias vezes ao longo da vida.
Desta forma, as competências juntamente com a denominada “empregabilidade”
formam a ideologia da acumulação exível fundada nos princípios e nexos organi-zacionais do toyotismo (BATISTA; ALVES, 2009).
Para França (2009), as reformas educacionais foram implementadas no Bra-
sil com um duplo princípio, sendo voltadas tanto para os princípios da emprega-
bilidade, qualicação/treinamento/formação prossional como, também, para o
combate ao analfabetismo e a exclusão. A educação passou, dessa maneira, nos
anos de 1960 e 70, de uma tentativa de adequar-se às exigências do padrão for-
dista para, após profunda reformulação em função das crises de reprodução docapital, à tentativa de adequar-se ao referencial de exibilização e globalização.
A apologia à modernização tomou a educação como pedra
de toque. O empresariado brasileiro, além de suas próprias
ações na política de qualicação de seus empregados e da
ampla mobilização pela educação básica, mais do que nunca,
assumiram posição nas relações com o Estado, destacando a
educação do trabalhador como condição fundamental para a
qualidade e para a produtividade industrial. (LUCENA; FRAN-
ÇA; PALAFOX, 2009, p. 158)
O resultado dessa “operação” na educação em função da “empregabilida-
de” leva ao questionamento sobre a dimensão ontológica do próprio trabalho que,
para Marx (1980), seria o meio através do qual o homem modicaria não apenas
a sua relação com a natureza, mas a sua própria natureza humana. Visto comoconsequência de uma melhor qualicação, então, o trabalho reduz-se agora ao
“economicismo do emprego”, redenido sob a forma de empregabilidade. Com a
introdução de novas tecnologias, passa-se a exigir do trabalhador uma qualica-
ção que proporcione a construção de competências necessárias para atuação do
prossional multifuncional, mesmo que essa qualicação não busque proporcionar
a união entre a técnica e o conhecimento da leitura crítica de mundo (SAMPAIO;
FRANÇA, 2007).
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Como se viu, há transformações na Educação e no Trabalho que dialetica-
mente relacionam-se ao problema da reprodutividade do capital. Volta-se, desta
forma, para a questão da exclusão que, intrinsecamente, pressupõe a concepção
de democracia visualizada nas relações sociais hoje estabelecidas. Assim, se o
trabalho é condição essencial para a conquista da cidadania, como se pode equa-cionar o problema do desemprego através da qualicação do trabalhador, se a
educação torna-se mais um instrumento de dominação e reprodução da ideologia
que mantém e perpetua os altos níveis de desigualdade social?
Mesmo ao trabalhador “qualicado”, multifuncional, politécnico, preparado
para executar tarefas que exigem um domínio técnico especíco num ambiente
altamente informatizado, resta muitas vezes a saída para a informalidade, o sub-
-emprego, isto é, a precarização do trabalho. Além da falácia ideológica que rela-ciona desemprego a qualicação, pois, muitas vezes, não se habilita o trabalhador
a participar do processo criativo, tampouco são distribuídos os louros pela sua
consecução, pelo contrário, acaba mantendo-se a estrutura de desigualdade entre
classes de forma ainda mais cruel.
5 TRABALHO E CIDADANIA
Verica-se que as polêmicas relativas ao que o mercado de trabalho exige
da Educação e, ao mesmo tempo, o que ela oferece ao mercado de trabalho se
acirram, de forma que um dos dilemas da sociedade atual é saber o que fazer com
as pessoas que não conseguem inserir-se no mundo do trabalho, sendo obrigadas
a sobreviver de forma precária. Essa questão nos leva a pensar em qual seria a
melhor forma de tratar a Educação, no sentido de possibilitar, de fato, a construção
da cidadania, pois:
O trabalho e a educação são elementos deste processo de
construção da cidadania capitalista. O trabalho agora, dife-
rentemente da visão grega, passa a ser visto como meio ne-
cessário para conquista da cidadania. É por meio do trabalho
que o indivíduo recebe a parcela a que tem direito nas rela-
ções sociais, o seu salário, tornando real a sua condição de
cidadão. (FRANÇA; PREVITALLI; LUCENA, 2009, p. 205).
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Noutro sentido, não é apenas no ambiente produtivo que as novas tecnolo-
gias são inseridas, de forma que a exclusão digital também pode ser compreendi-
da quando se visualiza diferentes esferas de ação social, sendo que nem mesmo
a participação política escapa ao reino da virtualização ou da digitalização – como
quando se verica o crescente esforço do Governo Federal para o estabelecimentodo chamado “governo eletrônico”, com desenvolvimento e consolidação vincula-
dos, no discurso ocial, à universalização da inclusão digital. Mas, como observam
Silva et al. (2005, p. 29), “[...] sem ‘cidadãos digitais’, não há governo eletrônico.”
A esse respeito, convém mencionar Lévy (1999) e Castells (2003), segundo
os quais a grande diferença da técnica informacional atual, quando comparada às
antigas mídias eletrônicas, é justamente o fato de possibilitarem uma re-signica-
ção pelos seus usuários que se transformam também em criadores, isto é, maisdo que receptores passivos. Desta forma, na cibercultura, ocorreria a transição da
lógica da distribuição (transmissão) para a lógica da comunicação (interatividade).
Isso signica modicação radical no esquema clássico da in-
formação baseado na ligação unilateral emissor-mensagem-
-receptor: a) o emissor não emite mais no sentido que se
entende habitualmente, uma mensagem fechada, oferece
um leque de elementos e possibilidades à manipulação do
receptor; b) a mensagem não é mais “emitida”, não é mais
um mundo fechado, paralisado, imutável, intocável, sagrado,
é um mundo aberto, modicável na medida em que responde
às solicitações daquele que a consulta; c) o receptor não está
mais em posição de recepção clássica, é convidado à livre
criação, e a mensagem ganha sentido sob sua intervenção.
(SILVA, 2008, p. 4-5).
Relacionando-se a possibilidade de maior participação do receptor no tocan-
te às informações que são por ele recebidas, assim como pela própria lógica de “in-
teratividade” envolvida na difusão das mídias digitais, principalmente através da
internet, ao problema da Educação e do Trabalho, não é difícil vericar a situação
de exclusão social também através de uma espécie de “exclusão digital.”
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas últimas décadas, são inúmeras as transformações ocorridas no mundo
do trabalho e, em decorrência, na formação do trabalhador, isto é, na educação,
principalmente quando se tem em mente o crescente desenvolvimento tecnológi-co, em que a tecnologia e a ciência servem aos ns do capital, através do incre -
mento tecnológico constante inclusive.
Dada a importância do acesso às mídias na “sociedade da informação”, que
assim se constitui em função do desenvolvimento dos meios de comunicação digi-
tais, pode-se vericar, através da reexão proposta, que a construção da cidadania,
cada vez mais, parece ligar-se ao grau de participação na “sociedade da informa-
ção” que se constitui, isto é, a inclusão digital em sentido amplo, e não apenas de
domínio mecânico da técnica.
O diálogo entre qualicação e trabalho pressupõe que se considere o proble-
ma da construção da cidadania, pois também pode ser compreendido através da
inclusão social de indivíduos e grupos tradicionalmente excluídos do desenvolvi-
mento socioeconômico. Considera-se, desta forma, que o problema da inclusão
social passa igualmente pela “inclusão digital”, em que as informações recebidas
possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida do cidadão e não sirvam
apenas como argumento para a perpetuação da exploração do trabalho.
Nesse sentido, poder-se-ia falar no surgimento (ou de sua necessidade) de
uma democracia digital, que pressupõe, mais do que o acesso às mídias digitais,
a possibilidade de compreensão efetiva dessa realidade, não relacionada simples-
mente ao consumo e, principalmente, a conversão dessas técnicas em instrumen-
tos de participação e atividade política, justamente por permitirem, mesmo que
ainda precariamente, essa posição também de “emissor” do usuário.
Trata-se, sobretudo, de uma tomada de consciência a respeito do desenvolvi-
mento e utilização dos incrementos tecnológicos, nesse contexto, principalmente
das mídias digitais, em prol de um desenvolvimento humanitário e também demo-
crático - além de que, no limite, seu domínio tem se tornado condição sine qua non
de empregabilidade e de sobrevivência, portanto, no modelo de reprodução atual
do capital.
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POBREZA MULTIDIMENSIONAL:ABORDAGEM DAS CAPACITAÇÕES E DAS
NECESSIDADES HUMANAS
Ana Márcia Rodrigues da Silva*
RESUMO
A pobreza é muito complexa para ser restrita à insuciência de renda. Este é um problema
multidimensional que se expressa em termos de deciência de capacitações básicas einsatisfação de necessidades humanas. Diante disso, por meio deste trabalho, objetivou-se
estudar a pobreza na região Nordeste do Brasil considerando aspectos multidimensionais
de privação. Para tanto, primeiramente criticou-se a ótica unidimensional. Em seguida,
abordou-se a pobreza como um fenômeno multidimensional. Para operacionalizá-lo no
contexto do Nordeste brasileiro, foi realizada uma análise fatorial de correspondências
múltiplas utilizando variáveis qualitativas selecionadas da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD) do ano de 2006. Com isso, foram extraídos escores fatoriais para
o cálculo de um indicador sintético de pobreza multidimensional. Obtidos indicadores
complexos de pobreza, foram comparados com indicadores unidimensionais. Por meio da
análise empírica foi possível concluir que ao tratar a pobreza em uma única dimensão pode-
se evidentemente negligenciar a real pobreza, uma vez que os indicadores multidimensionais
não foram condizentes com os unidimensionais para o ano utilizado na análise.
Palavras-Chave: Pobreza Multidimensional. Necessidades Humanas. Capacitações.
1 INTRODUÇÃO
Com base na abordagem das capacitações e das necessidades humanas, a
pobreza é caracterizada como um fenômeno multidimensional, relacionado não
apenas às variáveis econômicas, mas, sobretudo a variáveis culturais e políticas.
Desse modo, considerações vinculadas estritamente à insuciência de renda tor-
nam-se inecazes para se mensurar a pobreza.
* Mestre em Economia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Graduada em Economia pela
Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Professora da Faculdade Cidade de Coroman-del (FCC). Professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG). anamarciarodrigues@hotmail.com
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Esses aspectos têm de ser alvo de políticas públicas. Para isso, a aplicação
de métodos de estimativas de indicadores é de fundamental importância. São en-
contrados avanços na literatura nacional e internacional para se tratar a pobreza
em sua abrangência multidimensional. Contudo, tal literatura ainda é recente com
poucas contribuições no contexto mundial, bem como no cenário brasileiro.A maioria dos estudos da pobreza está ligada à abordagem que se apóia no
utilitarismo, segundo o qual a renda é a melhor representante do bem-estar. As
ideias de desenvolvimento com equidade e justiça estão pouco presentes na teoria
econômica tradicional, que privilegia, acima de tudo, o crescimento econômico.
Neste ponto, as teorias das capacitações e das necessidades humanas são
importantes por acreditarem que o desenvolvimento não se restringe ao mero
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O bem-estar das pessoas não podeestar ligado apenas à felicidade, preferências ou escolhas. Por conseguinte, é in-
trinsecamente multidimensional e relaciona-se às aptidões dos indivíduos em ter
determinado tipo de vida. Segundo essas óticas, a pobreza é uma deciência de
capacitações básicas ou insatisfação das necessidades humanas básicas que in-
cluem a liberdade das pessoas.
Destarte, objetivando desenvolver, aplicar e interpretar resultados de meto-
dologias de análise de indicadores de desenvolvimento para o Nordeste do Brasil,
este trabalho procurou estabelecer uma análise da pobreza através da estimação
de indicadores multidimensionais, para o conjunto da população rural e urbana,
utilizando referenciais teóricos recentes. Para tanto, utilizou-se a Pesquisa Nacio-
nal por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatís-
tica (IBGE) do ano de 2006.
Dessa forma, este trabalho foi dividido em seções, a saber. Na primeira ex-
põem-se brevemente argumentos contrários a visão estritamente monetária da
pobreza em direção à abordagem multidimensional. Na segunda seção, através da
teoria das necessidades humanas básicas agregando-se a abordagem das capaci-
tações, abandona-se a visão unidimensional da pobreza. Na terceira seção é rea-
lizado o tratamento empírico destas vertentes, no contexto do Nordeste brasileiro.
Finalmente, os resultados obtidos, associados à discussão teórica apresen-
tada são utilizados para estabelecer as considerações nais. Consequentemente
poderá ser vericado se, ao tratar a pobreza em uma única dimensão, pode-se ou
não negligenciar a real pobreza.
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2 METODOLOGIA
A realização deste trabalho baseia-se em um estudo de natureza descritiva,
fundamentando-se no uso de pesquisa do tipo descritiva qualitativa e quantitativa,
cujo propósito é obter um instantâneo preciso de alguns aspectos do ambientepesquisado. Além da pesquisa bibliográca, que visa o contato direto com a bi-
bliograa já publicada sobre o tema em questão, para o alcance dos objetivos
estabelecidos, são utilizados os softwares STATA e SPSS para manipular dados se-
cundários extraídos da PNAD do ano de 2006. O universo de estudo compreende a
região Nordeste do Brasil considerando todas as unidades da federação.
Quanto a PNAD, trata-se de uma pesquisa anual por amostragem probabilísti-
ca de domicílios, realizada em todo o território nacional pelo Instituto Brasileiro deGeograa e Estatística (IBGE).
A PNAD é uma pesquisa anual por amostragem probabilística
de domicílios, realizada em todo o território nacional exclusi-
ve a área rural da região Norte1. A população alvo é composta
pelos domicílios e pessoas residentes em domicílios na área
de abrangência da pesquisa. A PNAD adota um plano amostralestraticado e conglomerado com um, dois ou três estágios de
seleção dependendo do estrato (SILVA et al., 2002, p. 661).
Vale ressaltar que é uma amostra complexa que vem sendo atualizada ano
a ano. Ademais, a metodologia de estudo poderá ser melhor compreendida na
terceira seção deste trabalho.
3 A VISÃO UTILITARISTA DA POBREZA
No nal do século XIX e início do século XX foi o período em que se iniciaram
os estudos cientícos sobre a pobreza. Esses primeiros estudos se caracterizaram
por uma denição de pobreza associada à idéia de subsistência. O conceito de
subsistência estava baseado nas necessidades nutricionais mínimas requeridas
1 Em 2004 foi incluída a área rural da região Norte do Brasil.
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para a manutenção da eciência física do indivíduo ou família, dependendo da
unidade de análise adotada.
Essa visão da pobreza encontra forte respaldo na Teoria Econômica Tradi-
cional (ou Neoclássica) e é fundamentada no pensamento microeconômico utili-
tarista. De acordo com esse pensamento, “[...] a ‘utilidade’ de uma pessoa é re-presentada por alguma medida de seu prazer ou felicidade.” (SEN, 2000, p. 77),
implicando numa noção de valor baseada somente na utilidade individual, denida
em termos subjetivos (SEN, 1990a; 2001). O indivíduo é considerado como um
consumidor cujo comportamento visa à maximização dessa utilidade, sendo que
os seus gastos em consumo reetem a utilidade que as mercadorias consumidas
geram para ele. O seu bem-estar individual é denido com base na sua função
consumo (LADERCHI, 2003) e, por extensão, o bem-estar social é a maximizaçãoda soma das utilidades, ou a função consumo total. É dessa forma que a renda (ou
consumo) aparece como indicador exclusivo de bem-estar.
Admitir a exclusividade da renda como a mais adequada proxy de bem-estar
é ignorar outras dimensões que o inuenciam. Isto é válido para o indivíduo, famí -
lia, comunidade, região ou país. A extensão dessa exclusividade para o estudo da
pobreza produz uma simplicação do debate que já não pode mais ser aceita. As
mudanças sociais, políticas e econômicas testemunhadas no decorrer do século
XX e seus efeitos para as diversas populações ao redor do mundo induzem, no
mínimo, ao questionamento sobre a aplicabilidade dessa variável como medida
única de bem-estar.
Esse questionamento atinge frontalmente a Teoria Econômica Clássica do
Bem-estar e do Crescimento Econômico, segundo a qual países pobres, subde-
senvolvidos ou em desenvolvimento deveriam buscar o crescimento econômico
– entendido como condição suciente – para que o aumento na renda doméstica
eliminasse a pobreza interna, tão característica desses países. A realidade é que
crescimento econômico e/ou PIB per capita elevado não podem ser vistos como
meios sucientes para melhorar a vida das pessoas (SEN, 1990a).
Sen (1999) reconhece limitações de se medir o bem-estar das pessoas ex-
clusivamente pela satisfação dos desejos ou felicidade. Sobre isso, Comin et al.
(2006, p. 33) ressaltam que:
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[...] a visão baseada na utilidade deve ser rejeitada como
uma “abordagem geral” de bem-estar, tanto nas suas ver-
sões clássica, moderna ou contemporânea. Uma abordagem
normativa “geral” exige uma base informacional mais ampla
e heterogênea para análise de bem-estar, qualidade de vida
ou arranjos sociais, considerando as coisas que as pessoas
realmente valorizam ser e fazer e, ao mesmo tempo, levando
em conta as desigualdades entre as pessoas, os direitos, as
liberdades e as atitudes adaptativas.
A visão utilitarista do bem-estar é criticada por estar vulnerável às condições
mentais e às preferências adaptativas2. Conforme Sen (1990b), esta perspectiva
subjetivista que tem sido excessivamente empregada, pode ser muito enganosa,por não reetir corretamente a real privação de uma pessoa.
[...] Uma pessoa que teve uma vida de infortúnios, com pouquís-
simas oportunidades e quase sem esperança, pode conformar-
-se mais facilmente com as privações do que outras que foram
criadas em circunstâncias mais afortunadas e abastadas. A mé-
trica da felicidade pode, portanto, distorcer o grau de privação,
de um modo especíco e tendencioso. (SEN, 1999, p. 61).
Diante disso, percebe-se que existem duas maneiras de se estudar a pobreza. A
primeira consiste em simplicá-la a uma única dimensão. Esta abordagem monetária
é também chamada de unidimensional. Outra forma é incorporar as demais dimen-
sões da pobreza chegando-se, por conseguinte, a um conceito multidimensional.
4 POBREZA MULTIDIMENSIONAL
O enfoque multidimensional se constitui em um avanço para o pensamento
cientíco da pobreza justamente por ampliar a visão e as discussões sobre o as-
sunto, com consequências importantes para o planejamento, execução e sucesso
das políticas públicas.
2 Ver Sen (1980).
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Sob esta ótica, a discussão acerca da pobreza assim como das políticas so-
ciais de combate estaria baseada na idéia de conceitos objetivos e universais. Isto
é, estudar um conjunto de critérios que impedem o indivíduo de desenvolver-se
como cidadão. Nesse sentido, duas grandes abordagens não utilitaristas se desta-
cam: a Teoria das Necessidades Humanas e a Teoria das Capacitações.
4.1 Teoria das Necessidades Humanas
A Teoria das Necessidades Humanas tem sua origem nas contribuições de
diferentes campos do pensamento acadêmico, o que resulta na diversidade de
denições. Apesar de haver uma proposta consistente no sentido de se estudar
as necessidades humanas não apenas de modo estritamente material, em sua
maioria, os estudos as identicam de maneira subjetiva e relativa, como a “inges-
tão energética alimentar” ou o “custo das necessidades básicas”, associando-as
a preferências monetárias. Neste caso, prevalece a idéia segundo a qual o seu
atendimento está somente a cargo do mercado, o que nem sempre é referente às
necessidades sociais, mas à métrica utilitarista. Uma minoria concebe as neces-
sidades básicas como um fenômeno objetivo e universal. Sendo assim, convém
destacar o papel da Nova Teoria das Necessidades Humanas.
Em contraste à teoria utilitarista, Doyal e Gough (1991) discutem o caráter
universal das necessidades humanas. Para os autores os seres humanos em to-
dos os tempos, lugares e culturas possuem necessidades comuns. Ao defender
a universalidade e a objetividade dessas necessidades para além das diferenças
culturais e históricas, pressupõe-se que, embora sua satisfação possa variar, estas
necessidades são as mesmas para todas as pessoas em toda parte.
Pereira (2006, p. 35-36) acrescenta que:
A melhoria simultânea da eciência e da equidade social
aqui defendida contradiz a visão dominante no âmbito da
Economia do Bem-Estar, segundo a qual medidas igualitárias
destroem o incentivo ao trabalho, distorcem os mecanismos
mercantis de transmissão do bem-estar e produzem indiví-
duos irresponsáveis [...] Com base em estudos recentes [...]
defende-se a hipótese de que, pelo contrário, a discrepância
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entre eciência e equidade, além de causar prejuízo social,
tem sido nociva para o próprio crescimento econômico [...] O
certo, pois, é privilegiar concertações estratégicas entre e-
ciência e equidade, o que vai redundar em otimização das
metas de satisfação de necessidades.
A pobreza aqui pode ser traduzida como a não satisfação das necessidades
humanas básicas, ou seja, o comprometimento da saúde física e da autonomia
dos indivíduos. Portanto, a satisfação otimizada das necessidades é defendida por
aqueles que acreditam que a vida dos pobres deve ser melhorada.
4.2 Teoria das Capacitações
Outra grande abordagem não utilitarista da pobreza é a Teoria das Capa-
citações. De acordo com Kuklys (2005), a década de 1980 marca o inicio das
discussões em torno das “capabilities” (capacitações) das pessoas instigadas por
Amartya Sen. Este economista explora uma vertente particular do bem-estar cor-
roborando suas vantagens em termos de habilidades dos indivíduos em realizar
valiosas ações ou alcançar adequados estados de existência (SEN, 1993). É no-
tória nesta abordagem a preocupação com a liquidação da pobreza. Isso porque,os aspectos da pobreza limitam e aniquilam um grande número de pessoas que
vivem no mundo atual (SEN, 1997).
Segundo o autor supracitado, pobreza signica que as oportunidades mais
básicas para o desenvolvimento dos indivíduos como cidadãos lhes são negadas.
Ou seja, signica a privação de uma boa saúde, de desfrutar de uma vida criativa e
ter um padrão de vida decente, de liberdade, de dignidade, de amor próprio, entre
outras privações.A capacitação de um indivíduo depende de uma variedade de fatores incluin-
do características pessoais e acordos sociais. Logo, o conjunto capacitário pode
ser traduzido como a liberdade mais abarcante de um indivíduo na realização de
seu bem-estar (SEN, 1993). Além disso, a liberdade que um indivíduo desfruta
constitui em um objeto muito importante da igualdade e justiça e o permite inuen-
ciar o seu próprio modo de vida (SEN, 1990b).
Sen (1990a; 1990b; 1993; 2001) ressalta que a vida é um conjunto de “doin-
gs e beings” (estados e ações). Portanto, os elementos constitutivos da existência
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humana são as várias combinações de diferentes tipos de estados e ações, isto é,
de “functionings” (funcionamentos). Os funcionamentos referem-se às atividades
e condições do indivíduo, tais como, gozar de uma boa saúde, estar bem abrigado,
ter acesso a boa educação, entre outras (DUCLOS, 2002).
Com base nesta abordagem o conceito de pobreza, assume uma forma rela-tiva no que tange a quais bens são considerados indispensáveis para viver em de-
terminada sociedade, mas tem um componente absoluto central no que concerne
às capacitações (DUCLOS et al. , 2002). Como assinala Sen (1984b), a abordagem
da privação relativa não pode ser sozinha a base para o conceito de pobreza, pois
há um irredutível núcleo de privação absoluto nesta idéia.
Após nalizar a abordagem das capacitações comprovando que concilia es-
tas duas noções e tendo em vista que o bem-estar, nesta vertente, não está restritoa preferências ou desejos, e ainda, que a abordagem concentra-se em privações
importantes muito além da renda, a conclusão plausível é que representa uma
relevante contribuição para a análise multidimensional. De acordo com Laderchi
et al. (2003), esta conclusão proporciona um quadro coerente para a denição de
pobreza no contexto da vida das pessoas e das liberdades que gozam, chamando
a atenção para as suas variadas causas. Por conseguinte, isto fornece maiores
opções para a formulação de políticas que a abordagem monetária.
5 MENSURAÇÃO DA POBREZA MULTIDIMENSIONAL
É importante ressaltar que as vertentes das necessidades e capacitações
juntas possibilitaram a formulação do Relatório de Desenvolvimento Humano de
1990 e também uma série de relatórios e informes subsequentes. Em adição, Alki-
re (2007) arma que a abordagem do desenvolvimento humano surgiu em conjun-to com uma ferramenta metodológica denominada Índice de Desenvolvimento Hu-
mano (IDH). Isto representou um avanço em relação à abordagem unidimensional,
uma vez que se trata de uma forma diferente de abordar a pobreza observando-se
três dimensões: saúde, educação e renda.
Diante do que foi ressaltado, uma forma de associar a pobreza à violação de
direitos se dá pelo estudo deste problema com abrangência multidimensional, ou
seja, através da abordagem das necessidades e das capacitações em substituição
à vertente utilitarista. Sendo assim, na sua mensuração, além da insuciência de
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rendimentos, devem-se levar em conta outras carências, relacionadas a condições
habitacionais, abastecimento de água, saneamento básico, grau de instrução, in-
serção no mercado de trabalho, entre outras (NEDER, 2008a).
Dentro da visão unidimensional, estudos apontam para a diminuição da po-
breza no Brasil e consequentemente para a melhora das condições de vida dapopulação em termos de desenvolvimento econômico e social. Apesar das evidên-
cias empíricas de diminuição de pobreza unidimensional, está evidente que as
necessidades dos seres humanos não se restringem à maximização de sua utilida-
de. Existem bens e serviços contidos nas necessidades que não estão à venda no
mercado. É com base nisso que se faz necessário o estudo da pobreza em termos
multidimensionais para que haja o melhor direcionamento das políticas públicas
no sentido de universalizar os direitos humanos.Estima-se que a pobreza seja muito maior do que possa parecer no âmbito da
renda. Nesse sentido, diante da melhora dos indicadores unidimensionais, faz-se
necessário a investigação empírica multidimensional visando identicar em que
medida esta melhora está evidenciada em termos multidimensionais, isto é, obser-
vando-se um conjunto de critérios que estão além da renda. Dessa forma, preten-
de-se identicar se a pobreza multidimensional constitui-se em um problema na
região Nordeste do Brasil, mesmo com a melhora na renda já ressaltada. Ademais
este estudo pretende identicar o ranking das unidades da federação em temos da
pobreza multidimensional. Por m, os resultados serão direcionados para a formu-
lação de políticas sociais de combate ao tipo de pobreza aqui discutido.
Vale enfatizar que se trata de uma literatura ainda recente no contexto da
pobreza, mas que pode signicar o ponto de partida para a ruptura do debate
liderado pelo Banco Mundial em torno desta questão. Ou seja, se a pobreza não
se restringe a renda, então, as políticas públicas devem levar em consideração um
conjunto de critérios que limitam o bem-estar e o desenvolvimento dos seres hu-
manos. A utilidade medida pela renda, logo, passa a representar apenas uma das
muitas dimensões que devem ser incorporadas ao conceito de pobreza.
5.1 Escolha das dimensões e indicadores primários
Para mensurar a pobreza em termos da insatisfação de necessidades huma-
nas ou deciência de capacitações básicas, é necessário formular um indicador
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que seja capaz de mensurar um conjunto de critérios que impedem os indivíduos
de desenvolverem-se como cidadãos. Deste modo, será calculado um indicador
composto de pobreza.
De acordo com Asselin (2002) um indicador composto é denido por múl-
tiplos indicadores qualitativos de pobreza a partir de um conjunto de categorias
que representam para diferentes unidades da população. Para calculá-lo primei-
ramente devem ser escolhidos alguns indicadores primários (variáveis básicas)
e que se reram à condição de pobreza. Estes indicadores precisam representar
dimensões como liberdade, segurança alimentar, saúde entre outras, considera-
das relevantes.
Como na prática há uma tendência em se medir funcionamentos, em vez
de capacitações, haja vista a impossibilidade da mensuração dessas últimas, asvariáveis estabelecidas representam funcionamentos e também, na interpretação
estabelecida neste trabalho, representam necessidades básicas ou requerimentos
especícos (na visão de Doyal e Gough, 1991).
Os indicadores primários efetivamente utilizados na análise foram: Material
das paredes do domicílio (matpar ); Material do telhado do domicílio (mattel); Forma
de iluminação do domicílio (ilumina); Indicador de condição de domicílio (dcond);
Número médio de pessoas por cômodo no domicílio (pessporc); Forma de escoa-douro do banheiro ou sanitário (escoad); Destino do lixo domiciliar (lixo); Condição
de abastecimento de água do domicílio (dagua); Condições sanitárias do domicílio
(dbanh); Número médio de anos de estudo no domicílio (anosestm); Proporção de
alfabetizados no domicílio (palfa); Proporção de crianças do domicílio na escola
(pcriesc); Taxa de pessoas ocupadas em trabalho precário no domicílio (tprecari );
Razão de dependência no domicílio (rdepen); Pobre unidimensional (pobreuni ).
Esses indicadores estão baseados nas seis dimensões a seguir: característi-cas domiciliares; condições sanitárias; educação; condições de trabalho; razão de
dependência; pobreza monetária.
5.2 Análise fatorial de correspondências múltiplas
Após a escolha das variáveis foi realizada a análise de fatorial de correspon-
dências múltiplas. Assim, foram estimados indicadores compostos de múltiplos
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indicadores preliminares (dimensões) de pobreza. Segundo Asselin (2002), a aná-
lise de correspondências é parte da abordagem da inércia3 e signica um método
não-paramétrico para o cálculo de indicadores compostos.
Conforme Clausen (1988), a análise de correspondências pode ser entendida
como um caso particular de análise de correlação canônica. Esta última analisa arelação entre dois conjuntos de variáveis contínuas, enquanto a primeira analisa a
relação entre as categorias de variáveis discretas. Da análise de correspondências
foram extraídos escores fatoriais.
5.3 Resultados da análise fatorial de correspondências múltiplas
Na análise fatorial de correspondências múltiplas para o ano de 2006, foram
utilizados 21.846.180 casos válidos, 29.866.892 casos com missing totalizando
51.713.072 casos na análise, o que corresponde à população nordestina expandi-
da a partir da amostra. A análise foi feita em dois eixos fatoriais com uma inércia
total de 0,411. O primeiro fator com uma inércia de 0,235 explicou 57,18% dos ca-
sos. Por sua vez, o segundo fator com uma inércia de 0,176 respondeu por 42,82%
da variabilidade dos casos.
Apesar dos indicadores primários originais serem orientados em ordem cres-
cente com o decréscimo da privação, o primeiro fator vai de valores que represen-
tam menor pobreza multidimensional para valores que indicam maior situação de
pobreza. No entanto, isso não implica em inconsistência do eixo, tendo em vista
que, todas as variáveis se comportaram da mesma forma. Os escores extraídos
da análise fatorial de correspondências múltiplas do primeiro fator, para o ano de
2006, podem ser interpretados de maneira que quanto mais elevados mais pobre
será a pessoa, no sentido multidimensional. É importante notar que o primeiro eixo
fatorial está orientado no mesmo sentido da pobreza monetária.As medidas de discriminação das variáveis em relação aos fatores possibi-
litaram a interpretação dos eixos. Na Tabela 1 são apresentadas essas medidas.
Observou-se que as variáveis mais discriminadas pelo Fator 1 foram: pobreuni,
rdepen, anosestm e palfa. Isto sugere que representa em maior extensão as di-
mensões: pobreza monetária, razão de dependência e educação. Além disso, o
primeiro fator discriminou, melhor que o segundo, as condições domiciliares. Por
3 Ver Asselin (2002).
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outro lado, pode-se concluir que o Fator 2 representa as condições de trabalho,
visto que discriminou fortemente o indicador primário tprecari .
Tabela 1- Medidas de discriminação
Variável Peso da variável 2006
Fator
1 2
matpar 12 0,086 0,010
mattel 12 0,037 0,007
escoad 15 0,060 0,007
lixo 15 0,074 0,025
ilumina 12 0,057 0,033
pobreuni 60 0,552 0,005
dcond 12 0,012 0,002
dagua 15 0,156 0,043
dbanh 15 0,152 0,047
anosestm 20 0,353 0,047
palfa 20 0,187 0,003
pcriesc 20 0,081 0,003
tprecari 60 0,066 0,891
rdepen 60 0,415 0,099
pessporc 12 0,104 0,000
Total Ativo* 84,591 63,195
*Os pesos das variáveis são incorporados no total ativo.Fonte: Elaboração própria através do programa SPSS com base nos dados das PNADs.
Os dados desta tabela, são representados pelo Gráco 1. Neste gráco as vari-
áveis são representadas por vetores que ligam a origem do sistema de eixos a pontos
no primeiro quadrante. A projeção dos vetores sobre os eixos ortogonais conrmam a
medida de discriminação da variável em relação ao fator (NEDER, 2008a).
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Gráco 1 - Medidas de discriminação
Fonte: Elaboração própria através do programa SPSS com base nos dados da PNAD.
Diante do que foi apresentado, o Fator 1, por discriminar um grande número
de variáveis, bem como, por ter elevada inércia, representará o indicador de pobre-
za multidimensional.
5.4 Cálculo do indicador composto
Para computar o indicador composto é relevante o perl da unidade da po-
pulação para os indicadores primários. Este perl é traçado pela média dos pesos
das categorias. Os pesos das categorias são os escores normalizados desses in-
dicadores no eixo fatorial proveniente da análise de correspondências múltiplas
que foi eleito como representante da pobreza. Então, os pesos são simplesmente
a média dos escores normalizados por unidade da população pertencente a uma
categoria especíca:
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onde: W α,k é a média dos escores não-normalizados de uma dada categoria
no eixo α;λα é o autovalor do eixo α.
Os pesos das categorias obtidos das coordenadas do centróide das catego-
rias, isto é, do escore para aquela categoria, dividido pelo autovalor do eixo fatorial
eleito, é multiplicado por 1000 para simplicação numérica.Diante disso, o valor do indicador composto C
u para alguma unidade da popu-
lação u é obtido da seguinte forma:
, em que: K é o número de indicadores ca-
tegóricos; Jk é o número de categorias para
o indicador k ; W k jk
é o peso da categoria (normalizado do escore do primeiro eixo)
j k ; Ik jk é a variável binária 0/1, que possui valor 1 quanto a unidade u tem a cate-goria j
k .
O indicador composto C é uma variável numérica que mensura o nível de
bem-estar multidimensional e pode ser usada como ferramenta de análise assim
como ocorre com os indicadores monetários. Apesar do indicador composto pos-
suir valores negativos, ele pode ser facilmente transformado em positivo usando o
valor absoluto médio da categoria de menor pe
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