exposição profissional a material biológico
Post on 06-Jun-2015
4.692 Views
Preview:
TRANSCRIPT
EXPOSIÇÃO PROFISSIONAL A MATERIAL BIOLÓGICO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS As medidas profiláticas pós exposição, se aplicadas em
tempo hábil e de maneira eficaz, reduzem o risco de infecção ocupacional.
20% a 37% dos acidentes com material biológico poderia ser evitado se as vítimas tivessem observado as precauções universais.
Importante: O potencial contagiante de um paciente é máximo quando da primoinfecção, podendo não haver quaisquer sintomas e/ou sinal ou informação sorológica detectáveis neste período.
O risco de contaminação com HIV após exposição percutânea a material biológico contendo sangue é de 0,3%
Hepatite B é 100 vezes mais transmissível que o HIV 40% - Probabilidade de infecção pelo VHB após exposição
percutânea com paciente fonte HBsAg positivo VHB sobrevive no sangue seco à temperatura ambiente, em
superfícies ambientais, por pelo menos 01 semana Vacina para hepatite B: extremamente eficiente, havendo
90% a 95% de resposta vacinal em adultos imunocompetentes
Redutores da eficácia da vacina para hepatite B: aumento da idade, obesidade, sexo masculino e fumo
03 doses ( 0,30,180 dias) Pode-se repetir o esquema 1 vez Imunoglobulina humana contra hepatite B ( 0,06ml/kg) Risco de adquirir Hepatite C: 1% a 10%
Fatores importantes que influenciam no risco de se adquirir um agente infeccioso através de um acidente ocupacional:
Fase evolutiva da infecção no paciente fonte Tipo de cepa que o paciente fonte possua Circunstâncias em que ocorreu o acidente:
a) Pele lesada ou não
b) Mucosa
c) Objetos cortantes ou perfurantes
d) Uso de barreiras protetoras
CONDUTAS FRENTE A PROFISSIONAL DE SAÚDE EXPOSTO A MATERIAL BIOLÓGICO Orientar cuidados locais imediatamente: lavar área exposta
com água corrente e sabão e/ou solução fisiológica Registro e notificação do acidente de trabalho (notificação
compulsória) Avaliar a exposição quanto ao potencial de transmissão:
a) Material biológico: estabelecer se o material biológico é de risco para transmissão da doença.
b) Tipo de exposição: percutânea, cutânea, mucosa e respiratória
c) Gravidade da exposição:
1) Percutânea mais grave: presença de sangue visível no dispositivo; agulha com lúmen e/ou grosso calibre, dispositivo previamente utilizado em veia ou artéria do paciente e lesão profunda
2) Mucosa mais grave: grande volume e/ou contato prolongado
Avaliar o paciente fonte:
a) Paciente fonte com diagnóstico ou sorologias conhecidas (TB, HIV, hepatites, sífilis, varicela, etc)
b) Paciente fonte com sorologias desconhecidas, mas disponível para exame – solicitar exames com aconselhamento pré teste. Ex: teste rápido para HIV, marcadores para hepatite B e C e sorologia para sífilis
c) Paciente fonte conhecido, mas não disponível para realização de exames – avaliar dados epidemiológicos
d) Paciente fonte desconhecido: avaliar perfil de atendimento do local
Avaliar o profissional exposto:
a) Vacinação (mínimo 03 doses) e imunização (anti HBs) para hepatite B
b) Vacinação para tétano
c) Sorologia para HIV e sífilis, além de marcadores para hepatite B e C
d) Vacinas específicas ( ou exposição prévia) para doenças a que foi exposto (varicela, hepatite A, meningococo, etc)
e) PPD (em caso de exposição a TB)
Estabelecer manejo específico para HIV, hepatite B, sífilis ou outras doenças
OBS: Quimiprofilaxia para HIV, quando indicada, deve ser iniciada preferencialmente até 02 horas após o acidente Acompanhamento clínico e sorológico para as doenças a que
foi exposto
Fluxograma para manejo HIV após acidente com material biológico
Situação do paciente fonte
Exposição percutânea
HIV positivo, assintomático ou
CV baixa
Menos grave 2 drogas
Mais grave 3 drogas
HIV positivo, sintomático, aids
ou CV elevada
Menos grave ou mais grave 3 drogas
Fonte desconhecida ou paciente fonte
com sorologia desconhecida
Em geral não se recomenda
HIV negativo Não se recomenda profilaxia
Situação do paciente fonte
Exposição de mucosa ou pele não íntegra
HIV assintomático ou CV baixa
Grande volume 2 drogas
Pequeno volume
considerar 2 drogas
HIV positivo, sintomático AIDS
ou CV elevada
Grande volume 3 drogas
Pequeno volume 2 drogas
Fonte desconhecida ou
paciente fonte com sorologia
desconhecida
Em geral não se recomenda
HIV negativoNão se recomenda
profilaxia
Observações: CV baixa: <1500 cópias/ml Mais grave: agulhas com lúmen ou de grosso calibre, lesão
profunda, sangue visível no dispositivo usado ou agulha usada recentemente em artéria ou veia do paciente
Menos grave: lesão superficial, agulha sem lúmen 2 Drogas: Zidovudina + Lamivudina (preferencialmente) 3 Drogas: Incluir Lopinavir/Ritonavir (preferencialmente) Paciente fonte desconhecido ou com sorologia desconhecida,
o uso de profilaxia deve ser decidido em função de dados clínicos e epidemiológicos do paciente fonte, de dados epidemiológicos do local e da gravidade do acidente
Grande volume: grande quantidade de material biológico de risco
Pequeno volume: poucas gotas do material biológico; exposição de curta duração
Situação doProfissional exposto
Paciente fonte HBsAg positivo ou desconhecido com risco
Paciente fonte HBsAg Desconhecido sem risco
Paciente fonte HBsAg negativo
Não vacinado ou vacinação incompleta
1 dose de HBIGVacina (iniciar ou completar)
Vacina (iniciar ou completar)
Vacina (iniciar ou completar)
Vacinado com resposta desconhecida
Fazer anti HBs e reclassificar
Fazer anti HBs e reclassificar
Fazer anti HBs e reclassificar
Vacinado (3 doses), sem resposta adequada
1 dose de HBIG e revacinar
Revacinar Revacinar
Vacinado (6 doses), sem resposta adequada
2 doses de HBIG, com intervalo de 30 dias
Não imunizar Não imunizar
Vacinado, com resposta adequada
Não imunizar
Não imunizar Não imunizar
Exposição Ocupacional ao vírus Hepatite B
Observações Paciente desconhecido, com risco:
politransfundidos, com cirrose, em hemodiálise, HIV positivo e usuários de drogas injetáveis, contactantes domiciliares e sexuais de portadores de HBsAg positivo, HSH, heterossexuais com vários parceiros e relações sexuais desprotegidas, história prévia de DST, pacientes provenientes de prisões e de instituições de atendimento a pacientes com deficiência mental.
HBIG: Imunoglobulina Humana contra a hepatite B – Fazer o mais precocemente possível, até 07 dias após o acidente. Dose: 0,06 ml/kg. Disponível nos CRIE
Sem Resposta Adequada: Anti HBs < 10UI/ml Com Resposta Adequada: Anti HBs maior ou igual a
10 Revacinar: Administrar novamente 03 doses da
vacina contra hepatite B
MANEJO PARA OUTROS AGENTES ESPECÍFICOS APÓS EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A MATERIAL BIOLÓGICO DE RISCO
Agente Infeccioso Exposição de risco
Conduta
Meningococo Contactantes próximos, com exposição a secreções respiratórias sem proteção
Quimioprofilaxia para adultos com rifampicina 600mg VO 2x/dia/02 dias;Crianças de 1mês a 10 anos: 10mg/kg/dose 2x/dia/2 dias (dose máx. 600mg); menores de 01 mês: 5mg/kg/dose, 2x/dia/2dias
Haemophilus influenza b
Contactantes próximos, com exposição a secreções respiratórias, sem proteção adequada
Quimioprofilaxia indicada para todos os contatos domiciliares desde que existam crianças menores de 4 anos (além do caso índice), com vacinação incompleta ou inexistente. Adultos: rifampicina 600mg VO, 1x/dia/4 dias; crianças de 01 mês a 10 anos: 20mg/kg/1x/dia/4 dias (até o máx. de 600mg); menores de 1 mês: 10 mg/kg/ 1x/dia/4 dias. Completar vacinação, conforme PNI
Tuberculose Exposição a secreções respiratórias sem proteção adequada
Se PPD previamente positivo, investigar adoecimento, acompanhando clinica e radiologicamente ( a positividade não se refere à exposição atual).Se PPD negativo: repetir em 4 meses, investigando viragem tuberculínica que se ocorrer, indica quimioprofilaxia com INH 300mg/VO/dia/6 meses, após exclusão de TB doença
Sífilis Exposição percutânea ou de mucosas a sangue ou secreções potencialmente contaminadas
Acompanhar com VDRL. Se ocorrer positividade durante o acompanhamento, tratar como sífilis primária
Sarampo Exposição a secreções respiratórias sem proteção adequada, em profissionais suscetíveis
Vacinar em até 72h ou imunoglobulina em até 06 dias (para pessoas de alto risco, em quem a vacian é contraindicada
Observações: Caso o PPD seja desconhecido, aplicá-lo. Se
permanecer negativo ou < 5mm, reaplicar com 2 semanas (efeito booster) e avaliar como indicado no quadro
Sarampo: pessoas suscetíveis são aquelas não vacinadas e sem história prévia
Influenza A, novo subtipo viral
Manipulação de secreções respiratórias, realização de procedimentos invasivos geradores de aerossóis ou manipulação de amostras clínicas em laboratório, sem o uso adequado de EPI em profissionais suscetíveis
Oseltamivir (Tamiflu) 75mg, VO, 1x/dia/10 dias
Varicela Exposição a secreções respiratórias ou contato direto sem proteção adequada em profissionais suscetíveis
Vacina em até 72h ou imunoglobulina humana antivaricela-zoster (VZIG) em até 96h (para pessoas de alto risco em que a vacina é contra indicada como imunodeprimidos e gestantes) Dose de VZIG: 125U/10kg máximo de 625U; 1,25ml=125U
Em relação a influenza A, as recomendações descritas são válidas para a epidemia de 2009/2010. O tratamento e a profilaxia para casos de infecção por novos subtipos virais devem seguir as recomendações nacionais durante a epidemia/endemia vigente
Hepatite A Não há recomendações para
profilaxia pós exposição de rotina em profissionais de saúde que assistem pacientes
com hepatite A confirmada.
Recomenda-se atenção às precauções.
IG ou vacina para hepatite A pode era
indicada quando uma investigação
epidemiológica indica transmissão intra-hospitalar do vírus
Alguns estudos mostram equivalência da vacina em comparação à IG na prevenção pós exposição ao VHA. Para indivíduos de 1 a 40 anos a vacina é mais apropriada. Para pessoas com > 40 anos a IG é melhor indicada por estudos limitados de vacina nessa faixa etária e pela maior possibilidade de casos graves. IG é indicada para < 1 ano, imunodeprimidos, portadores de doença hepática crônica e em quem a vacina está contraindicada
Para hepatite A está indicada precauções padrão, exceto em casos de pacientes incontinentes ou em uso de fraldas, onde é indicada precauções de contato.
Tétano
História de imunização
Ferimentos não contaminados
Todos os outros ferimentos, inclusive puntiformes
TT (1) IGHAT (2) TT( 1) IGHAT
Ignorada Sim Não Sim Sim
0 - 1 Sim Não Sim Sim
2 Sim Não Sim Sim (3)
3 Não (4) Não Não (5) Não (6)
Observações sobre Tétano: 1) TT= Toxóide Tetânico. Em menores de 6 anos,
aplicar DPT e em maiores de 6 anos, aplicar TT ou DPaT adulto
2) IGHAT = imunoglobulina humana antitetânica. Dose: 250 UI IM. Na impossibilidade de utilizar IGHAT, indicar SAT, de 3000 a 5000 U, IM
3) A não ser que o ferimento tenha ocorrido há mais de 24h
4) A não ser que tenha decorrido mais de 10 anos da última dose de vacina
5) A não ser que tenha decorrido mais de 5 anos da última dose de vacina
6) A não ser que tenha decorrido mais de 10 anos da última dose de vacina
Via de Transmissão
Condição do animal agressor
Clinicamente sadio (cão e gato)
Raivoso, suspeito, desaparecido, silvestre ou animal doméstico
Contato indireto (manipulação de utensílios contaminados ou lambedura de pele íntegra)
- Lavar com água e sabão
- Não tratar
- Lavar com água e sabão
- Não tratar
- Acidentes leves: arranhões, lambedura em pele lesada, mordedura única e superficial em tronco ou membros ( com exceção das mãos)
Observar o animal por 10 dias após a exposição: se ele permanecer sadio, encerrar o caso; se morrer ou desaparecer durante o período de observação, aplicar o tratamento ( 1 dose de vacina nos dias 0 – 3 – 7 – 14 – 28 )
Iniciar o tratamento com 01 dose de vacina nos dias 0 – 3 – 7 – 14 – 28
Raiva pós exposição
Via de transmissão Condições do animal agressor
Clinicamente sadio ( cão e gato)
Raivoso, suspeito, desaparecido, silvestre ou animal doméstico
Acidentes Graves: Mordeduras na
cabeça, pescoço e mãos
Mordedura s profundas e/ou múltiplas e dilacerantes, em qualquer parte do corpo
Arranhaduras profundas provocadas por gato
Lambedura em mucosas
Iniciar o tratamento o mais cedo possível com 1 dose de vacina nos dias 0 – 3 – 7, contados a partir do 1º dia da vacina; interromper o tratamento e continuar a observação.Se no 10º dia após a agressão o animal permanecer sadio, encerrar o caso.Se ele adoecer, morrer ou desaparecer durante a observação, aplicar soro, completar a vacinação para 5 doses ( dias 14 e 28)
Iniciar o tratamento com soro mais 01 dose de vacina nos dias 0 – 3 – 7 – 14 – 28.
Raiva Pós Exposição
top related