estudo de patologias em estruturas de madeira no …
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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI
CURSO DE GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL
WEILLER SOUSA AMARAL CARVALHO MELLO
ESTUDO DE PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE MADEIRA NO ESTADO DO
PIAUÍ COM FOCO EM TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO
TERESINA
2019
WEILLER SOUSA AMARAL CARVALHO MELLO
ESTUDO DE PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE MADEIRA NO ESTADO DO
PIAUÍ COM FOCO EM TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Uninovafapi, como requisito parcial para obtenção de nota na disciplina de TCC de Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Msc. Mark Anderson Moreira e Silva
TERESINA
2019
FICHA CATALOGRÁFICA
Catalogação na publicação Antonio Luis Fonseca Silva– CRB/1035
Francisco Renato Sampaio da Silva – CRB/1028
M527e Mello, Weiller Sousa Amaral Carvalho.
Estudo de patologias em estruturas de madeira no estado do
Piauí com foco em técnicas de reabilitação no estado / Weiller
Sousa Amaral Carvalho Mello. – Teresina: Uninovafapi, 2019.
Orientador (a): Prof. Me. Mark Anderson Moreira e Silva;
Centro Universitário UNINOVAFAPI, 2019.
76. p.; il. 23cm.
Monografia (Graduação em Engenharia Cilvil) – Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, 2019.
1. Patologia. 2. Estrutura. 3. Madeira. 4. Manifestações. I.Título. II. Silva, Mark Anderson Moreira e.
CDD 624.257
“Matar o sonho é matarmo-nos. É
mutilar a nossa alma. O sonho é o
que temos de realmente nosso, de
impenetravelmente e
inexpugnavelmente nosso.”
Fernando Pessoa
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, não tenho palavras para descrever o quão realizado eu me sinto
pelo resultado deste trabalho acadêmico, afinal a escolha de tema e o assunto que
seria abordado foi algo de escolha total minha e perceber que ele foi bem finalizado
gera um grande alívio em minha pessoa.
Quero expressar meu sincero agradecimento a Deus, pois apesar de não ser um
religioso veemente acredito que os pequenos detalhes da vida são de sua autoria e
que sua influência de forma positiva na minha vida foi fundamental até o presente
momento.
Minha sincera gratidão a todos aqueles que me ajudaram a chegar ao fim dessa
jornada inicial da minha vida acadêmica. Ao meu orientador, Mark Anderson, por
confiar que eu seria capaz de realizar o que é proposto em um curto período de seis
meses. Aos demais professores por transmitirem experiências e me proporcionarem
conhecimentos que serão de uma valia inestimável no meu futuro como indivíduo e
profissional. Aos meus amigos Calland e Thiago por me influenciarem de forma
positiva na escolha do tema e a Ana Paula pela ajuda na formatação e parte técnica
do TCC. Aos demais companheiros de curso Ayso, Victor, Pedro e Larissa pelo
apoio nessa reta final.
A minha família que são o principal motivo pela minha busca de melhorar cada dia
que passa. Quero deixa um agradecimento especial aos meus pais Raimundo e
Adara, pois eu posso ser o formando aqui mais o maior esforço foi de vocês dois, no
fim o diploma é de vocês. A minha tia Clarinda por ser o maior exemplo de bondade
e conhecimento.
A todos qυе, direta оυ indiretamente, fizeram parte da minha formação, о mеυ muito
obrigado.
RESUMO
As estruturas de madeira podem atuar como elementos estruturais, porém devido à ausência de uma mão de obra qualificada associada à facilidade de deterioração, caso não sejam executadas manutenções e proteções recorrentes, seu uso acaba por se tornar restrito a aplicações superficiais, devido ao medo da perda financeira dos investidores em aplicações mais complexas. Inserido nesse contexto, o presente trabalho, tem como o estudo de patologias objetivado, avaliar as patologias em estruturas de madeira apresentando o impacto desses problemas, expondo alguns pontos positivos e negativos, seguidos de um estudo de dois casos isolados que tinham em comum a presença da madeira em sua grande parte como elemento constituinte, a análise do trabalho foi executada por meio de fichas de identificação de danos e mapas de danos, além de registros fotográficos das principais patologias encontradas. Seguido dessa análise foi exposto o prognóstico desses problemas além de possíveis métodos de reabilitação para as estruturas deterioradas. Sendo assim, após o estudo e a análise das estruturas observou-se que as patologias mais recorrentes em ambos os casos estavam atreladas a presença de umidade, sendo este fator preponderante nesses dois casos distintos. Constatou-se, por fim, que grande parte das patologias se devem à falta de manutenção preventiva e corretiva em ambos os casos, pois além das duas serem estruturas com mais de trinta anos, ambas estão em completo estado de abandono.
Palavra-Chave: Patologias. Estrutura. Madeira. Manifestações
ABSTRACT
The wooden structures can be applied as structural elements, but due to the absence
of a skilled workforce associated with the ease of deterioration if no maintance and
recurrent protection is performed, its use ends up being restricted to superficial
applications due to the fear of financial loss of investors in more complex
applications. In this context, this project presents, firstly, some positives and
negatives points plus a general analysis about wood, later a study of the main
pathological manifestations and their deteriorating agents in this type of structure,
followed by a study of two isolated cases that had in common the presence of the
wood in its largely as a constituent element, the analysis of the work was performed,
by means of damage identification cards and damage incidence maps, besides
photographic records of the main pathologies found. Following this analysis, the
prognosis of these problems was exposed, as well as possible rehabilitation methods
for damaged structures. Thus, after the study and analysis of the structures, it was
observed that the most recurrent pathologies in both cases were linked to the
presence of moisture, being this factor preponderant in these two distinct cases.
Finally, it was observed that most of the pathologies are due to lack of preventive and
corrective maintenance in both cases, since both are structures with more than thirty
years, both are in complete abandonment.
Key words: Pathologies. Structure. Wood. Manifestations.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 - Destinação adequada segundo a CONAMA 15
Figura 1 - Fluxograma de Preservação 21
Figura 2 - Fungos em ponte de madeira no município de Pato Branco (PA) 26
Figura 3 - corpos de frutificação característicos de fungos 26
Figura 4 - Ataque bacteriano e fúngico a estruturas de madeira em ambiente
aquático 28
Figura 5 - Tombamento de eucalipto devido a ataques de cupins 29
Figura 6 - Ataque interno em viga de madeira por cupins (térmitas) 29
Figura 7 - Ataque de perfurador marinho a cais 30
Figura 8 - Deformação por excesso de carga na estrutura de madeira 31
Figura 9 – Corrosão de conector metálico gerando deterioração da madeira 32
Figura 10 - Ataque ultravioleta e intemperismo em pilarete de madeira 33
Figura 11 - Processo de queima e carbonização da madeira 34
Figura 12 - Método de aplicação de fumigante sólido 41
Figura 13 - Reforço de estrutura ao cisalhamento longitudinal (delaminação) 42
Figura 14 - Cobrejunta pontual e ponto de deterioração reforçado no centro 43
Figura 15 - Reforço com adição de peças 43
Figura 16 - Encamisamento em pilar de madeira 45
Figura 17 - Reforço com tirante em estrutura de madeira 46
Figura 18 - Aplicação de pinos colados em tirante de madeira 49
Figura 19 - Reforço com a utilização de consolo na reparação de vigas 51
Figura 20 - Sistema misto madeira-concreto-armado 52
Figura 21 - Demarcação do caso 1 55
Figura 22 - Demarcação do caso 2 55
Figura 23 - Modelo da ficha de identificação de dano 57
Figura 24 - Modelos de Mapas de dano 58
Figura 25 - Modelos de Mapas de dano 58
Figura 26 - Fachada Norte da edificação 62
Figura 27 – Caso 2 64
LISTA DE TABELAS/QUADROS
Tabela 1 - Análise de trabalhos em prol de patologias em madeira 14
Tabela 2 - Vida útil de projeto e níveis de desempenho mínimo (M) e superior (S) de
sistema de revestimento 17
Tabela 3 – Participação dos elementos de acordo com a classificação botãnica 25
Quadro 1 - Condições de uso de estruturas de madeira 19
Quadro 2 - Visualização simplificada dos tipos e utilização de madeiras 22
Quadro 3 – Classificações das causas de deterioração 24
Quadro 4 - Aspectos a serem analisados na realização de reforços 35
Quadro 5 - Possíveis falhas devido a interações com possibilidade de deformação 37
Quadro 6 - Diferentes tipos de manutenção 38
Quadro 7 - Diferenciação entre adesivos termofixos e termoplásticos 47
Quadro 8 - Etapas no processo e diagnóstico de patologias 54
Quadro 9 - Modelo de visualização 56
Quadro 10 - Planilha de referência 59
Quadro 11 - Aspectos patológicos nos casos 1 60
Quadro 12 - Aspectos patológicos nos casos 2 61
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
1.1 Objetivos 13
1.1.1 Objetivos Gerais 13
1.1.2 Objetivos Específicos 13
1.2 Justificativa 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO 15
2.1 Conceitos e Generalidades 15
2.1.1 Desempenho 16
2.1.2 Vida Útil 16
2.1.3 Mão-de-Obra e Durabilidade 18
2.1.4 Condições de uso e tipos de madeira 19
2.2 Patologias em estruturas de madeira 23
2.2.1 Conceitos de patologias em estruturas de madeira 23
2.2.2 Causas de deteriorações em estruturas 24
2.3 Características de agentes deterioradores 25
2.4 Características visuais de agente bióticos 25
2.4.1 Fungos 25
2.4.1.1 Fungos emboladores, manchadores e apodrecedores 27
2.4.2 Bactérias 27
2.4.3 Atividade de Insetos 28
2.4.4 Perfuradores Marinhos 29
2.5 Características visuais de agentes abióticos 30
2.5.1 Deterioração por agentes físicos 31
2.5.2 Deterioração por agentes químicos 31
2.5.3 Corrosão nas ligações 32
2.5.4 Deterioração pela ação de agentes meteorológicos 32
2.5.5 Deterioração pela ação de raios ultravioletas 32
2.5.6 Deterioração pelas ações do vento 33
2.5.7 Degradação pela ação do fogo 34
2.5.8 Danos gerados por animais silvestres 34
2.6 Análise situacional e compatibilidade 35
2.6.1 Identificação de objetivos e restrições 35
2.6.2 Conservação dos materiais originais e da aparência 36
2.6.3 Recuperação de cargas e reforço 36
2.6.4 Compatibilidade entre diferentes materiais 36
2.7 Manutenção 37
2.7.1 Controle de Umidade 39
2.7.2 Preservativos in loco 39
2.7.3 Tratamento de superfície 40
2.7.4 Fumigantes 40
2.7.5 Precauções com o uso de químico in loco 41
2.8 Técnicas de reabilitação, reforço ou substituição 41
2.8.1 Reabilitação por meio de ligações tradicionais 42
2.8.1.1 Reforço com cobrejuntas 42
2.8.1.2 Reabilitação com aumento de inércia através de adição de peças 43
2.8.1.3 Reabilitação com delaminações 43
2.8.2 Reabilitação de tabuleiro laminado com sistema laminado-protendido 44
2.8.3 Reabilitação ou reforço com encamisamento de estacas 44
2.8.4 Reforço de estruturas barras atirantadas 45
2.8.5 Reabilitação e reforço com adesivos e resinas 46
2.8.6 Adesivos epóxi 47
2.8.7 Reforço com cobrejuntas coladas por adesivos 48
2.8.8 Reforço de estruturas de madeira com compósitos fibrosos 48
2.8.9 Argamassa Epoxídica 49
2.8.10 Reforço com pinos colados em emendas tipo Júpiter 49
2.8.11 Reabilitação de estacas com próteses de madeira utilizando epóxi 49
2.8.12 Reabilitação de colunas com uso de próteses com grauteamento 49
2.8.13 Reforço com barras em peças submetidas a esforços axiais 50
2.8.14 Reforço de vigas com fibras reforçadas com polímeros 50
2.8.15 Reforço através de métodos com cálculos analíticos 50
2.8.16 Reforço com modificação do posicionamento do apoio e adição de consolos
51
2.8.17 Restabelecimento da estabilidade 51
2.8.18 Reabilitação de pavimentos 51
2.8.19 Substituição de elementos estruturais 52
3 METODOLOGIA 54
3.1 Caracterização e seleção das áreas de estudo 55
3.2 Coleta de dados 56
3.3 Fichas de identificação de dano (FID) 56
3.4 Mapa de dano (MD) 57
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 59
4.1 Edificação 61
4.2 Ponte de madeira 63
4.3 Métodos de Reutilização 64
5 CONCLUSÃO 68
REFERÊNCIAS 70
APÊNDICES 76
12
1 INTRODUÇÃO
A madeira é um dos mais antigos materiais de construção, juntamente com a
terra crua, a pedra natural e as fibras vegetais. É um material natural com enormes
potencialidades na indústria da construção e que se comporta muito bem quando
aplicado em edifícios se estes forem projetados, construídos e mantidos de forma
adequada (FLORES; GASPAR; SANTOS, 2004).
O uso da madeira pelo homem como sistema construtor remete às origens
da edificação, tanto como elemento estrutural e como acabamento. A madeira é
constituída por uma estrutura tubular de condutas paralelas formadas com base na
lignina e celulose, o que lhe confere uma reação mecânica ótima no sentido das
fibras (RODRIGUES; SALES, 2013).
Engenheiros e arquitetos ao definirem projetos que utilizem a madeira como
principal elemento construtivo precisam por obrigação ter conhecimentos das
espécies mais apropriadas e adequadas, considerando alguns fatores como a
localização do empreendimento e os agentes biológicos a qual a construção será
exposta. Desta maneira, torna‐se possível determinar o tipo de construção, os
detalhes dos sistemas de proteção e construtivos que irão garantir a vida útil da
edificação (RODRIGUES; SALES, 2013).
Na construção civil, o termo patologia significa o estudo das manifestações
que representam danos em edificações, como as fissuras, os recalques ou as
infiltrações, que frequentemente são o resultado da atuação conjunta de diferentes
fatores causadores de deterioração (FRANÇA, 2011).
Por agentes causadores de deterioração podem ser entendidas as
ocorrências naturais de intempéries, variações climáticas ou movimentações de
solos, por exemplo. Entretanto, as ações humanas exercem grande impacto sobre o
desgaste nas estruturas, pois a elaboração de projetos levianos, a utilização de
materiais inadequados, a ausência de fiscalização durante a execução ou a
negligência na manutenção também propiciam o desenvolvimento acentuado das
patologias (GRIEBELER; WOSNIACK, 2017).
A partir das considerações feitas, o escopo do trabalho visa responder
questões como: a análise da patologia em madeira nos casos específicos
analisados, o método de reutilização/reforma ideal a ser aplicado visando aumentar
13
ainda mais a meia vida dessa estrutura e uma comparação entre causas e defeitos
tentando encontrar algum ponto em comum entre as patologias.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivos Gerais
Avaliar as patologias em estruturas de madeira no estado do Piauí, com foco
em técnicas de reabilitação por análise de casos, revisão da literatura existente e o
prognóstico final do impacto dessas patologias.
1.1.2 Objetivos Específicos
✓ Realizar uma pesquisa bibliográfica para recolher informações sobre os tipos
e patologias existentes;
✓ Coletar dados através da análise das patologias existentes nas edificações a
serem estudadas e analisar o impacto de agentes bióticos e abióticos através
de mapeamento de danos.
✓ Determinar possíveis métodos de reabilitação ou substituição para as
patologias encontradas;
✓ Análise dos impactos patológicos além das principais causas caso não seja
executado um reparo (prognóstico).
1.2 Justificativa
A ocorrência de defeitos e vícios em estruturas de madeira afeta seu
desempenho, comprometendo suas funções básicas como estética e principalmente
estruturais, além de afetar a valorização econômica da edificação, um dos pontos
principais quando se trata com estruturas dessa natureza.
No Brasil devido a um grande número de estruturas históricas projetadas
entre as décadas de 1920 e 1960, devido, sobretudo ao trabalho da empresa Hauff e
empresas sucessoras, projetadas e construídas ao longo desses anos, existem
muitas estruturas com mais de 50 anos de idade, ainda em uso. Em muitas delas, o
14
uso originalmente planejado, foi sendo alterado, ao longo da vida dessas estruturas.
A idade dessas estruturas combinada às alterações de uso e o controle precário
fizeram por potencializar a ocorrência de manifestações patológicas (BRITO, 2014).
Nesse contexto, torna-se necessário em função do tempo de Vida útil destas
estruturas, avaliar as principais manifestações patológicas detectadas e indicar as
possíveis intervenções em manutenções, reabilitações, reforços ou substituições, a
fim de garantir a segurança destas estruturas diante das eventuais condições de uso
na atualidade (BRITO, 2014).
Outro ponto de extrema importância é a falta de estudos e trabalhos
acadêmicos em estruturas patológicas em madeira onde pode ser analisada na
Tabela 1. Essa ausência propulsiona novos estudantes e pesquisadores da área a
se aprofundar na mesma.
Tabela 1 - Análise de trabalhos em prol de patologias em madeira
EBRAMEM ANO ÁREAS TEMATICAS
PUBLICAÇÕES GERAIS
PATOLOGIA, RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS E DURABILIDADE DA MADEIRA
I 1983 6 47 0
II 1986 7 60 1
III 1989 9 61 0
IV 1992 11 106 3
V 1995 10 100 0
VI 1998 9 144 1
VII 2000 9 140 2
VIII 2002 13 202 8
IX 2004 17 225 6
X 2006 14 223 11
XI 2008 4 245 5
XII 2010 20 420 9
XIII 2012 5 342 10
XIV 2014 11 322 18
TOTAL 2637 74
Fonte: EBRAMEM, 2014.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Conceitos e Generalidades
O Brasil nos últimos anos vem abraçando a redução do uso desenfreado de
materiais que aumentam o lixo urbano e o impacto ambiental nos setores da
Construção Civil e a madeira entra com vantagem nesse aspecto em relação aos
outros materiais devido a sua capacidade de reutilização, seja ele na própria área da
antiga aplicação ou em novas áreas.
O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente, 2002) delibera, sob a
forma de resoluções, recomendações, visando contribuir para a classificação dos
resíduos, na qual a madeira é um resíduo de classe B, que são os resíduos
reutilizáveis para outras destinações sem ser na própria obra. O CONAMA também
informa como deve ser o descarte adequado da madeira, devendo ser reutilizada ou
encaminhada a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a
permitir a sua utilização ou reciclagem futura como mostrado no gráfico 1.
Gráfico 1 - Destinação adequada segundo a CONAMA
Fonte: AUTOR (2019) adaptado de CONAMA (2002)
Diante de tais fatos, as empresas do ramo da engenharia que melhor
desenvolvem suas técnicas e as aplicam a fim de apresentar um desempenho que
cumpra os requisitos da nova norma de desempenho (ABNT NBR 15575:2013),
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Faz a destinação adequada Não faz a destinação adequada
Construtora
Autônomo
16
cumprirão com seu papel social e deixarão de ter gastos adicionais com reparos e
erros futuros.
2.1.1 Desempenho
Todos os edifícios sofrem alterações e mudanças ao longo do tempo, sejam
estas por envelhecimento natural das edificações ou meramente por necessidades
dos usuários. O processo de envelhecimento inicia-se a partir do momento em que é
a edificação é colocada em uso, sendo de responsabilidade dos usuários e
proprietários atuar no sentido de manter o desempenho especificado ao longo do
tempo conforme a (ABNT NBR 15575-4).
Quando se entra no âmbito de estruturas de madeira isso se torna cada vez
mais plausível dado o número de problemas que podem ser gerados pela
combinação do tempo mais agentes de degradação bióticos e abióticos, com isso é
papel da manutenção de edificações a preservação ou recuperação dos serviços
realizados para prevenir ou corrigir a perda de desempenho decorrente da
deterioração dos seus componentes, ou de atualizações nas necessidades dos seus
usuários (SILVA, 2014). Tendo em vista que as manifestações patológicas podem
ocorrer mesmo quando as exigências de desempenho sejam atingidas, pois as
exigências de desempenho não contemplam as características particulares de cada
tipo de sistema.
2.1.2 Vida Útil
De acordo com a ABNT NBR 15575-1:2013 entende-se como vida útil (VU) o
período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades
para as quais foram projetados e construídos considerando a periodicidade e correta
execução dos processos de manutenção especificados no respectivo Manual de
Uso, Operação e Manutenção não podendo ser confundida com prazo de garantia
legal.
Para vida útil de projeto (VUP) entende-se como sendo o período estimado
de tempo para o qual um sistema é projetado a fim de atender aos requisitos de
desempenho estabelecidos nesta norma, considerando o atendimento aos requisitos
17
das normas aplicáveis, o estágio do conhecimento no momento do projeto e
supondo o cumprimento da periodicidade e correta execução dos processos de
manutenção especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção,
de acordo com a ABNT NBR 15575: 2013.
A vida útil de serviço (VUS) ou de utilização consiste no período de tempo
contado a partir do término da construção até o aparecimento de uma manifestação
patológica considerada grave. Já vida útil residual (VUR) corresponde ao período de
tempo, após a vida útil de projeto, em que o componente, elemento, instalação ou
sistema construtivo vão apresentando decréscimo continuado do desempenho em
função do uso e/ou do envelhecimento natural.
Através da ABNT NBR 15575-1: 2013, é possível também identificar a vida
útil de projeto (VUP) para cada tipo de sistema, estabelecendo níveis de
desempenho mínimo (M) que são obrigatórios para o atendimento de cada requisito
analisado do projeto e levando-se em consideração a possibilidade da melhoria da
edificação, é presente também o nível de desempenho superior (S), estabelecendo-
se um limite de exigência para atendimento de desempenho (Tabela 2). Nessa
tabela é englobado a vida útil de todos os tipos de estrutura não sendo específica
apenas para estruturas de madeira, foco do trabalho aqui realizado.
Tabela 2 - Vida útil de projeto e níveis de desempenho mínimo (M) e superior (S) de sistema de revestimento
SISTEMA
VUP
MÍNIMO MÁXIMO
ESTRUTURA ≥50 ≥75
PISOS INTERNOS ≥13 ≥20
VEDAÇÃO VERTICAL EXTERNA ≥40 ≥60
VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA ≥20 ≥30
COBERTURA ≥20 ≥30
HIDROSSÁNITARIO ≥20 ≥30
Fonte: ABNT NBR 15575–1, 2013.
18
2.1.3 Mão-de-Obra e Durabilidade
Entre os diversos materiais destinados à construção civil, a madeira reúne
qualidades de exceção que a elegem, sob muitos aspectos, sobretudo sob o critério
da sustentabilidade, como material construtivo de elevado desempenho. Entretanto,
como todo material orgânico, ela deve receber analise prévia das condições em que
será aplicada, para identificar a necessidade de tratamento preservativo específico,
buscando obter o melhor resultado quanto à durabilidade e resistência aos agentes
biodeterioradores da madeira, como fungos e insetos xilófagos e perfuradores
marinhos (ABNT NBR 7190:2011).
Nesse ponto entra o conceito das madeiras de florestas tratadas com
preservativos químicos industriais, mais presente principalmente em países como
Austrália e Estados Unidos onde o avanço no uso de novas matérias primas na
construção civil é alavancada de forma mais rápido. Entre os métodos de tratamento
preservativos mais comuns temos: absorção por transpiração radial, imersão a frio e
pincelamento, além de preservativos líquidos e gasosos. Vale lembrar que fatores
externos influenciam mais facilmente a resistência da madeira do que uma estrutura
como o concreto. Durante o processo de proteção química de madeiras que serão
utilizadas em construções normalmente a temperatura do local deve ser considerada
em ensaios técnicos (CALIL JR et al, 2006).
Além das vantagens em durabilidade a madeira é um material que onera
menos as fundações e pilares e o preço pode ser menor em estados onde não
existem siderúrgicas porém, a mão de obra especializada é escassa sendo um dos
fatores mais preponderante na sua não escolha em construções, dado o fato que
isso deixaria mais caro a construção pois quanto maior o nível de especialidade do
operário mais o valor a ser pago pelo trabalho do mesmo. “Em países como Estados
Unidos e Canadá, por exemplo, 90% das moradias são construídas a partir da
madeira e produtos derivados.” (LAHR), além disso, outro obstáculo que freia o
crescimento do uso da madeira no Brasil é o baixo número de pesquisadores.
19
2.1.4 Condições de uso e tipos de madeira
Preservação de madeiras é o conjunto de medidas preventivas e curativas
adotadas para controle de agentes biológicos (fungos e insetos xilófagos e
perfuradores marinhos), físicos e químicos que afetam as propriedades da madeira,
adotadas no desenvolvimento e na manutenção dos componentes de madeira no
ambiente construído. O propósito das categorias de uso é oferecer uma ferramenta
simplificada para a tomada de decisão quanto ao uso racional e inteligente da
madeira, por meio de uma abordagem sistêmica ao produtor e usuário, que garanta
maior durabilidade das construções (ABNT NBR 7190), como pode ser visto no
Quadro 1.
Quadro 1 - Condições de uso de estruturas de madeira
CATEGORIA
DE USO
CONDIÇÃO DE USO DA MADEIRA
ORGANISMO
XILÓFAGO
1
Interior de construções, fora de contato com o solo, fundações ou alvenaria, protegidos das intempéries, das fontes internas de umidade e locais livres do acesso de cupins-subterrâneos ou arborícolas.
Cupim-de-madeira-seca e broca-de-madeira
2
Interior de construções, em construções, em contato com a alvenaria, sem contato com o solo ou fundações, protegidos das intempéries e das fontes internas de umidade.
Cupim-de-madeira-seca, broca-de-madeira, cupim-subterrâneo, cupim-arborícola.
3
Interior de construções, fora de contato com o solo e protegidos das intempéries, que podem, ocasionalmente, ser expostos a fontes de umidade.
Cupim-de-madeira-seca, broca-de-madeira, cupim-subterrâneo, cupim-arborícola, fungo embolorador/mancha dor, fungo apodrecedor.
4
Uso exterior, fora de contato com o solo e sujeitos as intempéries.
20
5
Contato com o solo, água doce e outras situações favoráveis à deterioração, como engaste em concreto e alvenaria.
6
Exposição à água salgada ou salobra.
Perfurador marinho, fungo embolorador/manchador Fungo apodrecedor.
FONTE: ABNT NBR 7190:2011.
O sistema de uso foi criado com o intuito de visar às etapas a serem
executadas durante o projeto de uma estrutura de madeira e quais os impactos
bióticos mais comuns em cada situação específica.
Desta forma, ao se utilizar a madeira como material de engenharia, as
seguintes etapas devem ser consideradas obrigatórias: a) definição do nível de
desempenho necessário para o componente ou estrutura de madeira, tais como:
vida útil, responsabilidade estrutural e garantias comerciais e legais; b) avaliação
dos riscos biológicos aos quais as madeiras serão submetidas durante a sua vida útil
– ataque de fungos e insetos xilófagos e/ou perfuradores marinhos; c) definição da
espécie de madeira adequada ao uso e da necessidade do tratamento preservativo
considerando: durabilidade natural da espécie, tratabilidade, processo de tratamento
e produtos preservativos disponíveis como pode ser observado no fluxograma na
Figura 1. O tratamento preservativo faz-se necessário se a espécie escolhida não é
naturalmente durável para a categoria de uso considerada e/ou se a madeira contém
alburno, porção naturalmente suscetível ao ataque de organismos xilófagos; d)
escolha do processo de tratamento da madeira e do produto preservativo adequado.
(NBR 7190:2011)
21
Figura 1 - Fluxograma de Preservação
FONTE: ABNT NBR 7190:2011.
Depois do impacto do uso de madeira em cada situação específica fica
evidenciado que a variedade dos tipos de madeira também se torna abrangente
devido a variação de resistência tanto mecânica como de intempéries químicos e
biológicos das mesmas, como pode ser visto no Quadro 2.
As características da madeira variam muito entre as espécies. Em um
exemplo, usando-se a densidade de massa aparente ao teor de 15% de
umidade como indicador dessas propriedades, verifica-se que a madeira de
balsa, com 200 kg/m3 e a de aroeira, com 1100 kg/m3, são materiais com
propriedades físicas e mecânicas totalmente distintas. Portanto, na escolha
da madeira correta para um determinado uso, devem-se considerar quais as
propriedades e os seus respectivos níveis são requeridos para que a
madeira possa apresentar um desempenho satisfatório. Esse procedimento
é primordial, especialmente em países tropicais onde a variedade e o
número de espécies de madeiras disponíveis na floresta são expressões de
sua biodiversidade (NAHUZ,2013).
22
Quadro 2 - Visualização simplificada dos tipos e utilização de madeiras
ESPÉCIE
NOME
BOTÂNICO
PESADA LEVE
INTERNA
Angelim-
amargoso
Vatairea
sp
✓ ✓ ✓ ✓
Angelim-
pedra
Hymenolob
ium
petraeum
✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Angelim-
vermelho
Dinizia
excelsa
✓ ✓ ✓ ✓
Cedroran
a
Cedrelinga
cateniform
s
✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Curamu Dipteryx
odorata
✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Cupiúba Goupia
giabra
✓ ✓ ✓ ✓
Curupixá Micropholis
venulosa
✓ ✓ ✓ ✓
Garapa Apuleia
leiocarpa
✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Jatobá Hymenaea ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Mandioqu
eira
Ruizterania
aibiflora
✓ ✓ ✓
Muiracati Astronium ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
US
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AS
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A
23
ara lecointei
Oiticica-
amarela
Clarisia
racemosa
✓ ✓ ✓ ✓
Pau-roxo Peltogyne
spp
✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Piquiaran
a
Caryocar
glabrium
✓ ✓
Quaruba Vochysia
máxima
✓ ✓ ✓ ✓
Tachi Tachigali
myrmecop
hilia
✓ ✓
Tatajuba Bagassa
guianensis
✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Tauari Couratari
oblongifolia
✓ ✓ ✓
Tauari-
vermelho
Cariniana
micrantha
✓ ✓ ✓
Uxi Endopleura
uchi
✓ ✓
FONTE: Catálogo de madeiras brasileiras para construção civil.
2.2 Patologias em estruturas de madeira
2.2.1 Conceitos de patologias em estruturas de madeira
No conceito mais cru do termo Patologia das Estruturas é o campo da
Engenharia das Estruturas que estuda as origens, formas de manifestação,
consequências e mecanismos de ocorrência das falhas dos sistemas estruturais e
ou de deterioração dos elementos estruturais (SOUZA; RIPPER, 1998).
Concomitantemente, segundo Brito (2014, p.31, apud RIPPER, 1998), “a
Patologia das Estruturas não é apenas um novo campo no aspecto da identificação
e conhecimento das anomalias, mas também no que se refere à concepção e ao
projeto das estruturas, e, mais amplamente, à própria formação do Engenheiro Civil.
24
O que ocorre é que todo o aprendizado da Engenharia de Estruturas tem sido feito,
em nível de projeto e execução, pela abordagem das estruturas a serem
construídas”.
Os pontos a serem aplicados e questionados sobre as patologias em
madeiras estão diretamente atreladas à escassez de dados sobre as mesmas,
muitas vezes aliadas as inúmeras causas e consequências de problemas nesse tipo
de estruturas, o que leva a uma necessidade de sistematização de processos de
detecção de problemas e reutilização rápidos, pois quanto menor o número de
trabalhos e estudos científicos sobre determinada patologias, mais impreciso e
custoso será a melhoria/reforma.
2.2.2 Causas de deteriorações em estruturas
Quando analisadas as causas de problemas em estruturas de madeira,
percebe-se que a natureza do problema pode ser muitas vezes mais complicada de
se determinar que o próprio método de reparação a se utilizar, dado o fato dos
diversos métodos de deterioração atrelados a mesma. Com o avanço nos estudos,
SOUZA e RIPPER (1998), criaram duas classificações específicas que interagem
entre si (Quadro 3) para os tipos de causas responsáveis pelo processo de
deterioração que a madeira pode estar sujeita são: “Causas intrínsecas e causas
extrínsecas.”
Quadro 3 – Classificações das causas de deterioração
Causas Intrínsecas
Causas do processo de
deterioração das estruturas
Falhas humanas
Causas Extrínsecas
Causas Naturais inerentes
ao próprio material
Ações Externas
FONTE: Tabela reformulada pelo autor, adaptada da tabela 2.2 de BRITO (2014) apud SOUZA E
RIPPER (1998).
25
2.3 Características de agentes deterioradores
Devido a complexidade no quesito químico e anatômico da madeira o estudo
dos seus componentes e análise da proporção dos mesmos ajudam a determinar
quais tipos de madeiras são mais suscetíveis a ataques específicos de agente
deterioradores sejam eles bióticos ou abióticos. A madeira apresenta três
componentes orgânicos principais, que são: celulose, hemicelulose e lignina
(BRITO, 2014). A participação de cada um desses elementos varia de acordo com a
classificação botânica da árvore, como mostra a Tabela 3.
Tabela 3 – Participação dos elementos de acordo com a classificação botãnica
Comp. Orgânico Coníferas Dicotiledôneas
Celulose 48-56% 46-48% Hemicelulose 23-26% 19-28% Lignina 26-30% 26-35% Fonte: HELLMEISTER (1983).
Com isso, técnicas de inspeção visuais podem ser diferenciadas de acordo
com o tipo de patologia e o tipo de madeira a ser analisada, pois a composição das
mesmas demonstrará a que males elas estão mais suscetíveis a estarem sujeitas.
2.4 Características visuais de agente bióticos
Os principais agentes bióticos de deterioração originários de patologias em
elementos de madeira destacam-se os fungos, as bactérias, os insetos e os
perfuradores marinhos.
2.4.1 Fungos
Os fungos são micro-organismos que tem por função a utilização da madeira
como fonte de nutrientes (HIGHLEY; SCHEFFER, 1989). Durante o processo
digestivo os fungos atuam degradando os três componentes orgânicos principais da
madeira (celulose, hemicelulose e lignina), com isso finalizando o processo de
digestão.
26
Uma vez que o fungo obtém uma quantidade suficiente de energia a partir
da madeira, produz um corpo de frutificação sexuada ou assexuada para distribuir
os esporos reprodutivos e infectam peças de madeira próximas às contaminadas
(BRITO, 2014, p.49, apud, RITTER et al, 1990), como pode ser observado nas
figuras 3 e 4.
.
Figura 2 - Fungos em ponte de madeira no município de Pato Branco (PA)
FONTE: KRIPKA (2012)
Figura 3 - corpos de frutificação característicos de fungos
FONTE: WOOD (2007) apud MARTINS (2009)
Martins (2009) descreve “que os esporos podem permanecer por muitos
anos nas edificações sem qualquer tipo de manifestação, resistindo à dissecação,
aguardando por condições favoráveis ao seu desenvolvimento.” Entre todas as
27
condições a serem analisadas o teor de umidade é o principal responsável para o
surgimento dos fungos.
2.4.1.1 Fungos emboladores, manchadores e apodrecedores
Embora existam mais de 43 mil espécies de fungos catalogadas apenas três
espécies específicas podem gerar dano a estruturas de madeira, são elas: os fungos
emboloradores, fungos manchadores e fungos apodrecedores. De acordo com Brito
(2014, p.50) “estes fungos são semelhantes em muitos aspectos, mas diferem
substancialmente quanto aos seus efeitos sobre as estruturas de madeira.”
Os fungos emboloradores e os fungos manchadores colonizam a madeira
logo após o desbaste e continuam a proliferar enquanto o teor de umidade
permanecer elevado. O principal efeito desses fungos é o de manchar ou descolorir
a madeira. Estes dois tipos são considerados fungos não deterioradores e são de
consequências brandas com características principalmente de ataque estético na
madeira. (ANAGNOST, 2011); (BASTOS, 2011); (BRANCO et al 2012);
(BRITO,2014); (DRIEMEYER,2009); (LOPES,2007); (RITTER; MORRELL,1990).
2.4.2 Bactérias
Pelczar (1996) afirmava que as bactérias são um domínio de micro-
organismos unicelulares procariontes, que em ambientes com alta umidade ou alta
presença de água se tornam agressores a estruturas de madeira. A biodeterioração
por bactérias é um processo mais lento se comparado ao ataque de fungos, porém a
situação pode se agravar se essa exposição associada a umidade ideal se ocorrer
por muito tempo.
Com o início dos estudos do impacto de bactérias em estruturas de madeira
,acreditou-se que o impacto negativo das bactérias era voltado apenas para a
durabilidade de madeiras que não eram tratadas da forma adequada, segundo Ritter
e Morrell (1990) a deterioração bacteriana parece não apresentar perigo para a
madeira tratada em autoclaves, que são normalmente utilizadas em elementos
estruturais expostos à uma quantidade de água constante. No entanto, Vatovec e
Kelley (2007) definiram que bactérias podem causar danos expressivos mesmo em
estacas totalmente submersas. Quando se comparada ao ataque por fungos fica
28
relativamente complicado determinar se a patologia foi gerada por bactérias sem
uma análise laboratorial ou colocaração característica que confirme o impacto
bacteriano como evidenciado na figura.
Figura 4 - Ataque bacteriano e fúngico a estruturas de madeira em ambiente
aquático
FONTE: AUTOR (2019)
2.4.3 Atividade de Insetos
Dentre os agentes bióticos, os insetos são os que apresentam o maior grau
de deterioração aplicado a estruturas de madeira, a característica marcante no
ataque de insetos é a formação de orifícios ou cavidades na madeira, que em
diversos casos retêm pó de madeira ou excrementos, próximos a entrada desses
pontos. Dentre todas as ordens de insetos, seis tem participação ativa no ataque a
estruturas de madeira, destacando-se os cupins, brocas, abelhas, vespas e formigas
(ELEOTÉRIO, 2000); (PEÑA et al, 2007); (RITTER; MORRELL, 1990).
Além disso, os ataques gerados pelos insetos podem facilitar a chegada de
fungos manchadores e apodrecedores já que os insetos podem transportar as hifas
onde os fungos estão alocados (HIGHLEY; SCHEFFER, 1989). No caso dos insetos
a presença de água ou alta umidade não é essencial, o que facilita mais a sua
infestação.
Vale destacar que duas espécies tem um impacto sobre a madeira superior
que as outras, são as formigas e os cupins. Segundo Souza e Ripper (1998), “as
formigas, elas tem como costume afofar a terra sob fundações superficiais,
especialmente em edificações de pequeno porte, provocando, com isto, recalques
29
diferenciais” e os cupins além da destruição de estruturas externas eles atacam os
tijolos para fazer os cupinzeiros o que reduz a resistência estrutural de certos pontos
das edificações, como pode ser visto nas figuras 6 e 7.
Figura 5 - Tombamento de eucalipto devido a ataques de cupins
FONTE: CELULOSE (2015)
Figura 6 - Ataque interno em viga de madeira por cupins (térmitas)
FONTE: ARRIAGA et al (2002)
2.4.4 Perfuradores Marinhos
Estruturas de madeira localizadas em ambientes marinhos ou com
salobridade continua podem ser alvos de brocas marinhas, seres que a longo prazo
podem ocasionar problemas graves e de onerosa reparação (ARRIAGA et al, 2002);
(BRITO, 2014). Os impactos gerados por brocas marinhas chegaram a valores
bilionários na baía de São Francisco entre 1919 e 1921, como podem ser
evidenciados na figura abaixo. (Thompson et al, 2007)
30
Figura 7 - Ataque de perfurador marinho a cais
FONTE: THOMPSON et al (2007)
2.5 Características visuais de agentes abióticos
Embora a deterioração da madeira seja algo que ocorre de forma natural, a
madeira também apresenta deterioração por agentes não-vivos (abióticos). Em
estruturas de madeira os agentes abióticos incluem agentes físicos por danos
mecânicos, por abrasão ou por impacto, à ação de luz ultravioleta, a corrosão do
metal de ligações, e agentes químicos como ácidos e bases fortes. (HIGHLEY;
SCHEFFER, 1989).
Dependendo como for o ataque é necessário perceber se existe a presença
de agentes bióticos como insetos, além de avaliar o estado da madeira, pois pode
ser de crucial importância para determinar que tipo de agente esteja atacando a
mesma, além de determinar se o ataque é correlacionado entre biótico e abiótico.
Além disso, os agentes abióticos podem funcionar como vias facilitares do ataque de
agentes vivos a madeira, já que eles podem degradar os tratamentos preservativos.
Os principais tipos de manifestações patológicas podem ser listados como:
Patologias de origem estrutural (fases de projeto, construção e/ou
manutenção); remoção de madeira em manutenções inadequadas;
anomalias em ligações; movimento de nós e distorções; instabilidade;
deslocamentos; fissuras; fendas; rachas; fendilhados; fendilhamentos;
fraturas incipientes; ações de agentes atmosféricos (como à chuva e a luz
ultravioleta, descargas atmosféricas, vento, etc.), danos devidos ao fogo, e
em casos extremos danos por animais silvestres (BRITO, 2014, P.96).
31
2.5.1 Deterioração por agentes físicos
Os principais tipos de deteriorações gerados por ações físicas destacam-se
as patologias de origem estrutural, os danos por vandalismo, danos por animais
silvestres e danos mecânicos, os danos físicos podem ter origem no excesso de
cargas, o que pode provocar deformação de elementos estruturais ou até mesmo
falhas. Quando os elementos de madeira são carregados além da sua capacidade
em um longo período de tempo, as fibras tornam-se permanentemente alongadas
num processo denominado por fluência ou deformação lenta como pode ser
evidenciado o fenômeno de cisalhamento devido ao excesso na figura abaixo.
(HIGHLEY; SCHEFFER, 1989)
Figura 8 - Deformação por excesso de carga na estrutura de madeira
FONTE: ARRIAGA et al (2002)
2.5.2 Deterioração por agentes químicos
Estruturas de madeira têm uma boa resistência a ataques de agressivos
químicos, salvo casos onde a estrutura de ataque é uma base ou ácido forte. O
ataque gerado por ácidos tem como foco a celulose e hemicelulose gerando uma
coloração escura similar a danos ocasionados por fogo, em contra partida os
ataques básicos tem como foco hemicelulose e lignina além de gerar um
clareamento na coloração da madeira. (BRITO, 2014); (CALIL JR et al, 2006);
(HIGHLEY; SCHEFFER, 1989); (RITTER; MORRELL, 1990)
32
2.5.3 Corrosão nas ligações
Quando embutidos em certas estruturas de madeira, elementos metálicos
podem vim a corroer devido a presença de água e oxigênio na madeira. Podendo
afetar a vida útil de ambas as partes, principalmente se a agressividade do ambiente
for alta como zonas marítimas ou com alto nível de salubridade. A degradação se
inicia quando a umidade na madeira reage com a estrutura de ferro, desprendendo
íons que deterioram as células da madeira. À medida que a corrosão progride, o
conector metálico torna-se uma célula eletrolítica com um polo ácido e um polo
alcalino. Embora as condições no ponto alcalino não sejam severas, a acidez no
outro ponto causa a hidrólise da celulose e reduz drasticamente a resistência da
madeira na região afetada, apresentando características visuais de coloração escura
e de aparência macia (Figura 9) (BRITO, 2014).
Figura 9 – Corrosão de conector metálico gerando deterioração da madeira
FONTE:AUTOR (2019)
2.5.4 Deterioração pela ação de agentes meteorológicos
2.5.5 Deterioração pela ação de raios ultravioletas
Os impactos gerados em estruturas de madeira por agentes atmosféricos
atuam tanto em ambientes externos como internos, podendo por em risco a
edificação ou apenas atuando no impacto estético da estrutura em si. Embora a
33
deterioração provocada pelos agentes meteorológicos como a radiação ultravioleta,
umidade relativa, temperatura do ar, precipitação e vento, geralmente não causam
problemas de grande porte na estrutura, quando comparados com o risco de
deterioração oriunda de agentes biológicos ou ação do fogo, os agentes
atmosféricos podem favorecer indiretamente a biodeterioração (apodrecimento), na
degradação ocasionada pelos raios ultravioletas o principal ponto de ataque é a
degradação química da lignina o que gera rupturas superficiais na madeira, porém
sem grande impactos na resistência da estrutura (Figura 10) (BRITO, 2014).
Figura 20 - Ataque ultravioleta e intemperismo em pilarete de madeira
FONTE: ARRIAGA et al (2002)
2.5.6 Deterioração pelas ações do vento
Com o aumento das ações danosas do homem contra a natureza os impactos do
efeito estufa, geram um aumento na incidência de acidentes gerados pela ação do
vento e isso repercute em mais deteriorações em todos os tipos de estruturas. Como
recurso ao dimensionamento em segurança a essas ações, as estruturas de
madeira devem ser verificadas em função das recomendações técnicas da ABNT
NBR 6123:1988 (BRITO, 2014).
34
2.5.7 Degradação pela ação do fogo
A madeira é um material combustível e inflamável. Por isso mesmo, o fogo é o
processo de degradação mais rápido que a madeira pode sofrer devido a queima
dos seus componentes-base. A reação exotérmica gerada começa a forma um
resíduo sólido na superfície da madeira (carvão) que tem uma boa função de
isolador térmico e com isso atua na diminuição do processo de carbonização e até
possivelmente sua extinção, se isso não ocorrer a estrutura pode vim a colapsar
totalmente. O processo de carbonização geralmente isola e protege a parte interna e
central da peça de madeira devido ao seu meio de propagação extremidade-centro,
podendo manter parte significativa de sua resistência como pode ser evidenciado na
Figura 11. (BARREAL, 1998); (BRITO, 2014); (BRITO, 2010); (CALIL; BRITO, 2010);
(MARTINS et al, 2014); (PINTO, 2005) (PINTO, 2007); (ROCHA et al, 2014);
(RITTER, 1990).
Figura 11 - Processo de queima e carbonização da madeira
FONTE: RITTER (1990)
2.5.8 Danos gerados por animais silvestres
Apesar de não ser um problema comum no Brasil danos ocasionados por
animais silvestres podem dar margem para o aparecimento de outros tipos de
agentes deterioradores, como é o caso de pica-paus que fazem abertura em
estruturas de madeira podendo facilitar a entrada de insetos além da biodeterioração
por apodrecimento.
35
2.6 Análise situacional e compatibilidade
2.6.1 Identificação de objetivos e restrições
Os trabalhos de reabilitação em estruturas de madeira necessita
primariamente de um profissional especializado que consiga organizar as ações a
serem executadas, e a medida que se contrata alguém para executar uma tarefa de
reabilitação em um patrimônio ou estrutura de madeira de alta complexidade similar
deverá ser a especialização do profissional que executará essa tarefa. Exigindo um
maior cuidado e rigor ao nível da definição estratégica, da coleta de informações, da
concepção de projetos de manutenção, reabilitação e reforço (BÁLLAN, 2009),
(BRANCO, 2012); (BRITO, 2014); (COIÁS, 2005); (DIAS, 2008). As principais
alternativas ou objetivos complementares para intervenções com foco em
reutilização ou reforço são listados no Quadro 4.
Quadro 4 - Aspectos a serem analisados na realização de reforços
PROFISSIONAL ESPECIALIZADO COM
CONHECIMENTO FOCADO NA
REALIZAÇÃO DE REFORÇOS
Restauração com o conhecimento das
técnicas construtivas da época
Conservação da aparência estética da
estrutura
Conservação dos materiais originais
independente do processo de origem
Recuperação do carregamento original
Outros interesses: economia,
sustentabilidade, condições ambientais e
biodeterioração
FONTE: AUTOR (2019) adaptado de BRITO (2014)
36
2.6.2 Conservação dos materiais originais e da aparência
A preservação da aparência da estrutura está relacionada com a quantidade
de degradação dos elementos de madeira. Dependendo do agente biodeteriorador e
do grau de ataque gerado, a aparência estética da estrutura pode ser
completamente comprometida mesmo se mantendo a resistência mecânica da
mesma, e com esse desgaste externo a remoção se faz necessária. Porém quando
isso não for possível ou recomendado por poder afetar a estrutura reduzindo sua
resistência métodos de aplicação com resinas adequadas podem ser executadas
(ARRIAGA et al 2002); (BRITO, 2014); (BONAMINI, 1995); (UZIELLI, 1995).
2.6.3 Recuperação de cargas e reforço
Convém observar que principalmente em estruturas de madeira mais antigas
ocorre uma conservação estrutural quanto aos seus elementos, de forma que uma
inspeção detalhada, pode determinar que apesar dos danos sofridos com o passar
dos anos, a estrutura ainda mantem um capacidade de resistir dentro da
conformidade com o que se necessita aos tempos atuais e com isso não havendo
necessidade de reparos ou substituições, apenas manutenções e métodos
preventivos contra possíveis ataques de agentes no futuro (BRITO, 2014); (UZIELLI,
1995)
Quando ao reforço, a capacidade de resistência da madeira precisa em
certas situações, ser amplificada por meio da fixação da estrutura de forma correta
para que possa atender os esforços solicitantes, como anexação de estacas de
apoio (ARRIAGA, et al 2002); (BRITO, 2014); (RITTER; MORRELL 1990); (UZIELLI,
1995).
2.6.4 Compatibilidade entre diferentes materiais
A madeira é uma estrutura que raramente atuará sozinha em uma
edificação, sempre serão conectadas ou coladas em conexões rígidas, com isso se
faz necessário tomar certos cuidados para evitar concentrações de tensões e/ou
37
possíveis falhas, interações que podem ser problemáticas devido a reações geradas
entre os componentes que serão listadas no Quadro 5 (BRITO ,2014).
Quadro 5 - Possíveis falhas devido a interações com possibilidade de deformação
Deformações diferenciais
Retração diferencial entre diferentes
direções anatômicas da madeira
Retração diferencial entre a madeira e os
materiais não higroscópicos
diferentes deslocamentos entre as partes
estruturais ou elementos com rigidez
diferentes
Diferentes coeficientes de expansão térmica
entre madeira e metais
FONTE: AUTOR (2019) adaptado de BRITO (2014)
Além dos problemas anteriormente citados, outros podem vim surgir como
defeitos durantes a correlação entre os preservativos químicos da madeira (CCA,
CCB etc.) e os elementos de conexão/fixação de aço podendo gerar corrosão,
variação térmica da madeira no contato direto com matéria-prima externa, em
condições insuficientes de ventilação.
2.7 Manutenção
Manutenções são todas as atividades executadas com um planejamento
adequado para recuperar a capacidade funcional da edificação ou de partes dessa
edificação prezando pela ideia de que essa manutenção tem que focar no bem-estar
do usuário/contratante (NBR 5674, 1999).
A madeira é um material que requer tratamento periódico pois, apesar da
sua boa resistência mecânica geral ela é uma estrutura que pode ser deteriorada por
diversos agente bióticos como abióticos, com isso a implantação de inspeções e
manutenções periódicas preventivas além de monitoramentos elevaram sua vida útil
e desempenho (CRUZ, 2001); (RITTER, 1990); (VALLE et al, 2004).
Estudos realizados de acordo com a NBR 5674:1999, para diferentes tipos
de edificações, demonstram que os custos anuais envolvidos na operação e
38
manutenção das edificações em uso variam entre 1% e 2% do seu custo inicial.
Esse valor pode parecer irrisório comparado ao valor total do empreendimento,
porém acumulado ao longo da vida útil das edificações chega a ser equivalente ou
até superior ao seu custo total de construção (BRITO, 2014).
Dessa forma o trabalho de manutenção de uma edificação tem que ser visto
como algo contínuo e não esporádico, já que a redução de custos com manutenções
preventivas é bem inferior ao de corretivas. Muitos dos problemas gerados das
estruturas poderiam ter sido evitados durante a fase de projeto e execução,
deixando ainda bem menos onerosas a construção e suas possíveis patologias
futuras.
Diante disso, Helene (1992) afirma que as correções terão uma durabilidade
maior, serão mais efetivas, mais fáceis de executar e muito mais baratas quanto
mais cedo forem executadas. Isso pode ser interpretado pela lei de Sitter que
demonstra que os custos crescem segundo uma progressão geométrica de razão 5,
ou seja adiar uma intervenção significa aumentar os custos diretos cinco vezes.
Visto isso, Ritter (1990) desenvolveu 3 tipos de manutenção específica
(Quadro 6) para estruturas de madeira, englobando uma a mais em relação a
proposta normal de manutenção que atende apenas as manutenções preventivas e
corretivas.
Quadro 6 - Diferentes tipos de manutenção
Manutenção preventiva
Envolve manter a estrutura em bom
estado de conservação para reduzir
problemas futuros, nessa fase ainda não
se iniciou a deterioração, porém o risco é
presente.
Manutenção corretiva precoce
Nessa etapa a deterioração por
apodrecimento ou outras patologias já
estão presentes, porém ainda não afetam
a capacidade da estrutura, medidas terão
que ser tomadas.
Manutenção corretiva imediata
Nessa etapa a deterioração progrediu ao
ponto em que os principais componentes
estruturais avaliados têm apresentado de
moderada à severa perda de resistência,
aqui a substituição ou reabilitação se
torna obrigatória evitando sinistros.
FONTE: AUTOR adaptado de RITTER (1990)
39
2.7.1 Controle de Umidade
Entre os métodos mais econômicos e simples na redução de risco de
biodeterioração por apodrecimento encontra-se o de controle de umidade onde leva
ao enfoque de estruturas que se encontram em contato constante com a água como
pontes e regiões marítimas. “Quando a exposição à umidade é reduzida, os
elementos podem chegar a um teor de umidade inferior ao necessário para suportar
o crescimento da maioria dos fungos e insetos” (aproximadamente em 25%)
(RITTER, 1990, p.14)
Antes da utilização de preservativos para o controle e proteção de estruturas
de madeira, a redução de umidade era o único método para proteger estruturas de
pontes de madeiras não-tratadas e ainda assim elas apresentaram uma vida útil
prolongada. Entre as técnicas de controle de umidade em pontes está a de restrição
da passagem de água através dos tabuleiros, a aplicação de impermeabilizantes nos
tabuleiros atua protegendo os elementos estruturais críticos além da proteção contra
biodeterioração. Além disso outras alternativas são as aplicações de mantas
geotêxtil que desempenham um bom papel na proteção.
2.7.2 Preservativos in loco
A aplicação de preservativos químicos (CCA, CCB etc.) em estruturas de
madeira tem como impacto positivo direto na redução do aparecimento de
biodeterioradores, devido a importância desse tipo de tratamento cuidados especiais
devem ser tomados para nenhuma parte da estrutura ficar exposta os intemperes e
agentes para evitar que seja em vão a aplicação deste tipo de proteção.
Normalmente são utilizados dois tipos de tratamento: tratamentos de
superfície e fumigantes. Os tratamentos de superfície são aplicados para impedir o
ataque na região da madeira exposta, enquanto que os fumigantes são utilizados
para tratar a biodeterioração na parte interna da peça (BRITO, 2014); (LELIS et al,
2001); (PRIETO et al, 2008); (RITTER, 1990).
40
2.7.3 Tratamento de superfície
Como relatado anteriormente os tratamentos de superfície focam em
estruturas de madeira recém-expostas ou para complementar alguma reforma inicial,
apresenta um melhor resultado se aplicado antes da instalação da estrutura
biodeterioradora além de ser comumente usadas para o tratamento de fendas,
fissuras, em pontos localizados de furos. A sua eficácia e função como barreira é
excelente no trato de manutenções preventivas, porém se limita a isto, pois seu
impacto em tratamento interno é mínimo (RITTER, 1990).
Entre os vários tipos de preservativos líquidos convencionais, o óleo de
creosoto é o preservativo mais usado nos Estados Unidos em contrapartida no Brasil
seu uso foi vetado por órgãos ambientais. Além desse, graxas pastosas estão
disponíveis e são úteis para os tratamentos de superfícies verticais (BRITO, 2014)
(RITTER, 1990).
Segundo Clark e Eslyn (1997) a eficiência dos tratamentos de superfície
depende de quão profundo a estrutura foi aplicada, diversos fatores tem
importância crucial para a aplicação correta porém, o de maior destaque é o
teor de umidade. A madeira com água retida absorve menos preservativo do
que a madeira seca, sendo assim pontes e ambientes marítimos necessitam de
uma atenção redobrada durante a aplicação dessas proteções (apud RITTER,
1990). Atualmente hidro-repelentes da marca Stain são os mais recomendados
(BRITO, 2014).
2.7.4 Fumigantes
Os fumigantes são estruturas protetoras que originalmente se apresentam
em um estado sólido ou líquido, porém eles volatizam dentro da madeira se
tornando gases normalmente tóxicos com função de combater a biodeterioração
interna papel que os tratamentos de superfície não conseguem executar (RITTER,
1990).
Para uma maior eficácia deve ser analisado o estado da madeira, pois
se o preservativo for exposto a uma madeira que não protege adequadamente
seus conectores metálicos, os mesmos podem sofrer processo de oxidação
41
(biodeterioração abiótica). Além disso, quando os fumigantes difundem para
fora da madeira, podem favorecer o ressurgimento de fungos apodrecedores.
Existe uma variação na forma de aplicação do fumigante de acordo com
seu estado físico (Figura 13), se o mesmo se apresentar líquido é necessário a
utilização de equipamentos específicos e se estiver sólido ele pode ser aplicado
direto na cavidade ou orifício pré-perfurado (HIGHLEY; SCHEFFER, 1989);
(RITTER, 1990).
Figura 12 - Método de aplicação de fumigante sólido
FONTE: RITTER (1990)
2.7.5 Precauções com o uso de químico in loco
Apesar de ser abordado o impacto positivo do uso de preservativos químicos
no processo de manutenção da vida útil da madeira tem que se analisar o impacto
negativo que ele acarreta para a saúde de seres vivos devido a sua toxicidade.
Segundo Ritter (1990), quando aplicados corretamente, os tratamentos não
representam risco ambiental ou à saúde humana, no entanto, o potencial de dano
pode ser amplificado em áreas com presença contínua de água devido ao risco de
contaminação. Dessa forma o uso de químicos só deve ser executada por
profissionais qualificados e seguindo as leis de proteção estaduais/federais.
2.8 Técnicas de reabilitação, reforço ou substituição
Muito pouco se tem pesquisado no Brasil sobre métodos de reabilitação em
estruturas de madeira. Sendo assim em situações onde um especialistas vai
executar um laudo ou determinar o que fazer em determinada patologia, ele precisa
42
recorrer a técnicas realizadas em diversos países, técnicas estas que também serão
utilizada na resolução dos casos patológicos analisados neste trabalho acadêmicos.
2.8.1 Reabilitação por meio de ligações tradicionais
As técnicas de reabilitação por utilização de estruturas de madeira ou
metálica geralmente as usam com o intuito de reformar o elemento original, pois,
durante o processo raramente a resistência total original será recuperada, por ser
um método mais básico o desfecho final estético da estrutura recuperada pode ser
totalmente ou parcialmente perdido (Figura 14) (UZIELLI, 1995).
Figura 13 - Reforço de estrutura ao cisalhamento longitudinal (delaminação)
FONTE: UZIELLI (1995)
2.8.1.1 Reforço com cobrejuntas
De acordo com Ritter (1990) a técnica de utilização de cobrejuntas, que atua
com a adição de peças que tem por finalidade reforçar a resistência da estrutura de
madeira aumentando sua geometria e assim aumentando sua seção efetiva (área de
contato consequementemente) e capacidade de carregamento.
As cobrejuntas podem se subdividir em dois tipos: pontuais e parelelas, a
diferença na definição das duas é relativamente simples, elas se diferem
principalmente no formato e na aplicação. A cobrejunta pontual aplica-se geralmente
em locais definidos onde a transferência de carga é focada diretamente em um
ponto de ruptura como pode ser observado na figura abaixo. Já a cobrejunta
paralela é aplicada onde a capacidade resistente é insuficiente e necessita-se de um
reforço em um ponto específico da estrutura (RITTER, 1990).
43
Figura 14 - Cobrejunta pontual e ponto de deterioração reforçado no centro
FONTE: RITTER (1990)
2.8.1.2 Reabilitação com aumento de inércia através de adição de peças
Método onde a seção transversal da estrutura de madeira será aumentada
devido a adição de peças de reforço. De acordo com Uzielli (1995) se durante um
processo de reforço o encarregado responsável aplicar simultaneamente mais de
uma técnica de ligação a intensidade gerada pelo reforço não irão se somar, o que
acontecerá é que a peça com maior rigidez absorverá um maior carregamento. Caso
ela não suporte a carga, a peça secundária funcionará como estrutura de apoio, e
por isso é apropriado adicionar pregos ou parafusos para suprir cargas no caso de
falhas da estrutura primária (adesivos, etc) devido a um possível sobrecarregamento
(Figura 15).
Figura 15 - Reforço com adição de peças
FONTE: ARRIAGA et al (2002)
2.8.1.3 Reabilitação com delaminações
Um problema típico de estruturas de madeira são fendilhamentos
longitudinais normalmente ocasionados pelo excesso de carga ou por erros em
44
projetos ineficientes que podem gerar tensões perpendiculares às fibras. É um de
problema que acontece também em madeiras laminadas coladas principalmentes
nos pontos de cola entre as seções.
As técnicas mais comuns para reabilitar fendas longitudinais são costuras e
travamentos com estruturas metálicas com o intuito de evitar o desenvolvimento
dessas fendas, já que o fechamento não é aconselhado em estruturas de madeira.
São métodos de reabilitação mais comuns em edificações, porém podem ser
executados em pontos específicos de pontes com menores dimensões (RITTER,
1990).
2.8.2 Reabilitação de tabuleiro laminado com sistema laminado-protendido
Segundos Ritter (1990) o método de reabilitação laminado-protendido é o
mais eficiente para tabuleiros laminados. Nesses casos as fendas longitudinais
ocorrem com frequência devido a fadiga gerada pelas cargas, separando a estrutura
de madeira e causando rompimento asfáltico favorecendo infiltração de água na
ponte, podendo facilitar outros tipos de biodeterioração. Com isso, as lâminas não
atuam mais de forma uníssona podendo gerar falhas localizadas, somando todos os
possíveis problemas gerados a longo prazo a substituição do tabuleiro se torna
inevitável.
Durante a reabilitação a lâmina-protendida funciona como uma série de
barras de aço de alta resistência inseridas transversalmente nas lâminas de madeira
do tabuleiro, durante o ato elas são comprimidas juntas gerando uma superfície
impermeável. As barras de protensão atuam externamente nas laterais dos
tabuleiros pregados, sendo assim não se faz necessário interditar a ponte. O
sistema de reabilitação laminado-protendido fornece uma boa solução além de
aumentar a capacidade de carga e a vida útil (BRITO, 2014); (RITTER, 1990).
2.8.3 Reabilitação ou reforço com encamisamento de estacas
Durante o processo de encamisamento estacas de madeira são reforçadas
com o uso de telas de aço e concreto armado. O uso de formas para adequar o
concreto ou graute se faz necessário para nivelar a estrutura, esse procedimento
45
impede a continuação da deterioração da madeira além de aumentar sua resistência
devido ao revestimento gerado pelos materiais anteriormente citados (Figura 16),
porém, são necessários equipamentos especializados para esse tipo de
procedimento (ARRIAGA et al 2002); (GRAHAM, 2005); (RITTER, 1990).
Figura 16 - Encamisamento em pilar de madeira
FONTE: RITTER (1990)
2.8.4 Reforço de estruturas barras atirantadas
Os tirantes atuam em estruturas de madeira, principalmente treliças
aumentando sua resistência e rigidez por meio de esticadores. Tendo como foco a
força de tração, esse tipo de aparato pode atuar no controle de tensões e desvios
(Figura 18). Com isso se faz necessário ter manutenções periódicas nesse tipo de
estrutura ou até a inserção de outros elementos para conter as variações de volume
da peça devido ao teor de umidade da madeira (BRITO, 2014); (CECCOTTI;
MARRADI, 1993); (UZIELLI, 1995).
46
Figura 17 - Reforço com tirante em estrutura de madeira
FONTE: TAMPONE et al (1989)
2.8.5 Reabilitação e reforço com adesivos e resinas
A aplicação de resinas e adesivos vem evoluindo gradativamente de forma
que a sua aceitação e utilidade se diversificou em diferentes tipos de estruturas na
área da construção civil. No entanto, a capacidade de unir materiais não é uma
propriedade intrínseca do material, pois depende de como e em que tipo de
estrutura o material será aplicado. Para isso é necessário um conhecimento amplo
sobre a estrutura que será reabilitada e o agente reabilitador. De acordo com Fiorelli
(2002), os adesivos apresentam diversas classes, e de acordo com sua composição
química podem ser divididos em inorgânicos ou orgânicos.
Os adesivos inorgânicos por apresentarem uma base forte de silicato e
reagirem dando uma alta resistência entre os materiais pode ser confundido com o
cimento, o que os difere é como a ligação entre eles e os materiais são formadas.
(CARRASCO, 1984)
Em contrapartida os adesivos orgânicos são mais recomendados para as
estruturas de madeira. Podem se subdividir em natural e sintético, os sintéticos de
maior preferência pelo mercado devido a sua durabilidade a ação da água e por não
sofrer biodeterioração microorgânica. Os adesivos sintéticos ainda se subdividem
em termofixos e termoplásticos e seus conceitos variam, além da forma de aplicação
(Quadro 7).
47
Quadro 7 - Diferenciação entre adesivos termofixos e termoplásticos
Adesivos termoplásticos
Tem como característica principal a
variação do seu estado físico, podendo
ser amolecido ou solidificado de acordo
com a sua variação de temperatura, além
de apresentar uma vida útil extensa
devido a sua estabilidade química e física
quando disperso em água. Não pode ser
aplicado em construções pesadas. Ex.:
Adesivos animais.
Adesivos termofixos
São endurecidos por meio de reações
químicas, possuem elevada resistência a
umidade e calor. Ex.: epóxi
FONTE: FIORELLI (2002)
2.8.6 Adesivos epóxi
A resina epóxi é um plástico termofixo que se endurece quando se mistura
com um agente catalisador. Atua em elementos de madeira como estrutura de
ligação ou preenchimento em reabilitações estruturais. O nível de eficácia dessa
resina é maior quando ela é utilizada como matriz de colagem para proporcionar
resistência ao cisalhamento entre os elementos para reabilitações ou reforços
estruturais em locais sem umidade.
Segundo Ritter (1990) em reparos semiestruturais o adesivo é utilizado para
preencher vazios ou reparar superfícies de apoio, além disso pode ser utilizado
como estrutura de grauteamento em elementos de madeira como pontes.
48
2.8.7 Reforço com cobrejuntas coladas por adesivos
Nesse método de reforço os adesivos são empregados in loco com a função
de ligação entre as placas de cobrejuntas e os orifícios ou fendas deterioradas. A
resina de epóxi ganha destaque em estruturas de madeira devido a sua cura rápida.
De acordo com Ritter (1990) originalmente a ação conjunta de cobrejuntas e
epóxi eram focadas em edificações, seu uso em estruturas de madeira veio com a
utilização de MLC (madeira laminada colada) em um processo específico de
substituição de lâminas com a colagem via epóxi. Além disso, o uso de elementos
de epóxi com estruturas com base em óleos deve ser evitado devido a ausência de
aderência da resina com a base.
2.8.8 Reforço de estruturas de madeira com compósitos fibrosos
A utilização de novos componentes com alta performance em técnicas de
reabilitação vem sendo utilizado em países de primeiro mundo é o caso dos
polímeros reforçados com fibras (FBR) que se subdividem em fibras sintéticas e
naturais. As fibras sintéticas apresentam baixo peso e elevada resistência mecânica
e à corrosão. A primeira aplicação das fibras sintéticas na construção civil foi na
formação de uma cúpula, em 1968, em Benghazi na Líbia (BRITO, 2014).
Apesar dos pontos positivos gerados pelas fibras sintéticas, o fato de ser um
material relativamente novo e com poucos anos de uso geram uma falta de dados
quanto ao seu desempenho em longo prazo em diferentes tipos de estruturas de
madeira. Além disso apresenta outras desvantagens como retração, fluência e
questões de instabilidade a flambagem (MIOTTO, 2009).
Enquanto as fibras sintéticas são a cara da modernização, as fibras naturais
já apresentam um caráter mais antigo com aplicações datas de 800 a.C. pelo uso de
israelitas. Sua importância é indiscutível se consideradas as suas vantagens
relacionadas à abundância, biodegradabilidade e baixo custo, quando comparadas
com as fibras sintéticas (MIOTTO, 2009).
49
2.8.9 Argamassa Epoxídica
O uso de adesivos e resinas tem um impacto amplo positivamente na
engenharia na recuperação de estruturas, uma de suas funções extras é de
preenchimentos de vazios ocasionados por diferentes tipos de biodeteriorações,
fazendo uma função de argamassa, podendo também ser aplicada em pontes com
funções de reparação superficial. Segundo Ritter (1990) o epóxi é capaz de
aumentar a resistência ao cisalhamento e reduzir fendas em estruturas separadas,
além de atuar como substituinte em partes de elementos estruturais severamente
deteriorados.
2.8.10 Reforço com pinos colados em emendas tipo Júpiter
Em algumas situações específicas dependendo do estado das estruturas
que serão reforçadas é possível aplicar pinos que são admitidos como estruturas
parafusadas apesar de serem coladas (Figura 19) (BRITO, 2014).
Figura 18 - Aplicação de pinos colados em tirante de madeira
FONTE: ARRIAGA et al (2002)
2.8.11 Reabilitação de estacas com próteses de madeira utilizando epóxi
Esse tipo de reabilitação é voltado para estruturas que sofrem
predominantemente com cargas de compressão axial, segundo Ritter (1990) é um
método econômico de reabilitação para subestruturas deterioradas devido ao tipo de
esforço específico mencionado anteriormente.
2.8.12 Reabilitação de colunas com uso de próteses com grauteamento
Nesse tipo de reabilitação a estrutura de colunas ou estacas é substituída
parcialmente na área que está deteriorada através de um corte em um entalhe
50
diagonal (cunha) ao invés da retirada completa da seção. Depois de retirada a parte
deteriorada é reposta por uma nova estrutura que é revestida por epóxi, nesse tipo
de procedimento devido a angulação e ao processo de cura é comum a utilização de
abraçadeira de metal para fixar a estrutura in loco. (RITTER, 1990)
2.8.13 Reforço com barras em peças submetidas a esforços axiais
Nesse tipo de método de reforço as posições das barras coladas que serão
aplicadas nas peças de reforço vão variar de acordo com a acessibilidade a
extremidade (topo) das peças submetidas aos esforços. Não sendo possível aplicar
no topo, serão aplicadas nas laterais com a menor angulação possível os reforços e
se ainda assim não for possível devido a inacessibilidade, podem ser executadas
ranhuras nas superfície da madeira para alocar as barras porém, o impacto gerado
pelo intemperes externos são maiores nesse caso (ARRIAGA et al 2002).
2.8.14 Reforço de vigas com fibras reforçadas com polímeros
O reforço com uso de polímero se divide em duas técnicas de aplicação
mais utilizadas que são com as utilizações de fibras de carbono e de vidro. Dentre
as duas que tem tipo um maior destaque é a de carbono devido a melhores
resultados estruturais. De acordo com Fiorelli (2000), o aumento de rigidez de
madeiras moles com a utilização de fibras carbono reforçadas com polímero foi de
130%, além de melhorias consideráveis em madeira de alta e baixa densidade.
2.8.15 Reforço através de métodos com cálculos analíticos
Métodos de reforço como: próteses de extremidades de vigas com barras
coladas in loco, reforço com barras coladas em peças submetidas a esforços axiais,
reabilitação de vigas com placas internas coladas in loco são métodos que utilizam
de cálculos analíticos para poder determinar a viabilidade e a resistência do
componente substituindo através de equações de ancoragem, cálculos de
flambagem, condições dos apoios, disposições construtivos e cálculos de resistência
da madeira que entra em um campo mais profundo e vasto da engenharia que não
51
será abordado neste trabalho acadêmico, visto que o objetivo do mesmo é uma
análise mais “simplória” dos problemas gerados em estruturas de madeira.
2.8.16 Reforço com modificação do posicionamento do apoio e adição de
consolos
Nesse tipo de métodos ocorre um reposicionamento nos apoios de peças
deteriorados, normalmente em extremidades de vigas com o intuito de evitar perdas
maiores e problemas gerados no vão da viga. Essa técnica pode ser utilizada em
casos de vigas não visíveis apoiadas nas extremidades em paredes espessas como
pode ser analisado na figura abaixo (BRITO, 2014); (UZIELLI, 1995).
Figura 19 - Reforço com a utilização de consolo na reparação de vigas
FONTE: UZIELLI (1995)
2.8.17 Restabelecimento da estabilidade
Em situações de instabilidade ou de alta deformação a utilização de
estruturas de contraventamentos podem ajudar a restabelecer a estabilidade e
geometria global da estrutura. Sendo necessário um cuidado nos pontos de conexão
entre elementos com diferentes deformações como por exemplo, aço e madeira
(BRITO, 2014).
2.8.18 Reabilitação de pavimentos
Os métodos mais comuns de reabilitação de estruturas são com sistemas de
tábuas cruzada, painéis de madeira e sistemas de compósitos mistos de madeira-
concreto-armado. Sendo este último uma estrutura mista que necessita que as vigas
52
se apresentem em um bom estado já que nesse tipo de método absorvem as
tensões positivas e as lajes as negativas com composição de concreto armado e as
vigas conectadas com fixação de parafusos, pinos colados com gel epóxi como
exemplificado na figura abaixo (UZIELLI, 1995).
Figura 20 - Sistema misto madeira-concreto-armado
FONTE: GÓMEZ (2007)
2.8.19 Substituição de elementos estruturais
A substituição é vista como o esforço final na tentativa de reabilitar uma
estrutura, visto que os métodos de reforço se tornam inviáveis devido ao alto grau de
deterioração ou a impossibilidade de reforço devido a falta de manutenções. Nesses
casos o escoramento da estrutura se faz necessário devido a remoção do elemento
deteriorado e a aplicação de uma nova estrutura no local, com isso é necessário
fazer determinação do que gerou a deterioração na estrutura e corrigir esse ponto.
Além disso, se faz necessário análise se existe a presença ou não de
biodeterioração e se existir executar a remoção do nível de umidade do ambiente
(BRITO, 2014).
Sempre que executada a substituição de um componente é de suma
importância a análise minuciosa de todos os elementos adjacentes, de acordo com
Ritter (1990) causas específicas que originam falhas estruturais podem ser também
responsáveis por falhas prematuras. Com isso a substituição de peças danificadas
por peças de madeiras se faz possível, porém, deve ser analisada a
compatilibilidade entre as técnicas e peças.
No entanto, em alguns casos a substituição se torna impossível devido a
impossibilidade da retirada da peça deteriorada ou colocação da peça nova devido a
difícil posição de implantação. Nesses casos, pode-se recorrer a algumas técnicas
53
de reabilitações como a adição de peças para o aumento de inércia com o intuito de
gerar uma resistência similar a original. Já no caso de substituições de edificações
historicamente importantes o procedimento é questionável já que a arquitetura
original é perdida (UZIELLI, 1995).
54
3 METODOLOGIA
Para Gil (2002), quando levada em conta a profundidade do estudo de uma
pesquisa, se têm três grandes grupos: pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e
pesquisa explicativa. Visto os impactos do objetivo dessa pesquisa, ela apresenta
características de uma pesquisa explicativa, pois visa identificar os fatores que
determinam o aparecimento de patologias em estruturas de madeira ou contribuem
para a ocorrência dos fenômenos (KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS, 2010).
Trata-se de uma pesquisa com caráter de ampliação de conhecimentos e
desbravamento de abordagem qualitativa, com foco em análise visual-documental. A
primeira etapa consistiu no estudo sobre conceitos importantes que englobam o
básico sobre desempenho da madeira e início das patologias em estrutura, baseado
em autores especialistas da área. A posteriori foram abordados os impactos da
manutenção, além dos agentes deterioradores e métodos de reforço adequados
para cada situação específica.
A segunda etapa consistiu na observação e análise in loco das patologias
presentes nas edificações e pontes estudados, fazendo os mapeamentos de danos
das patologias presentes nas estruturas de madeira e uma identificação através de
fichas.
A última etapa focou no prognóstico dessas patologias e uma análise dos
possíveis métodos de reabilitação a serem executados para os tipos de problemas
presentes naqueles tipos específicos de construções.
Algumas etapas dos procedimentos deste trabalho tiveram como referência
o método de diagnóstico de Campante-Gnipper.
Quadro 8 - Etapas no processo e diagnóstico de patologias
FONTE: AUTOR (2019) adaptado de GNIPPER (2010)
ETAPAS
Problema Diagnóstico Alternativas Aplicação Solução
55
3.1 Caracterização e seleção das áreas de estudo
Os casos analisados localizam-se em municípios diferentes no estado do
Piauí. O caso 1 é referente a uma edificação localizada na ilha Grande de Santa
Isabel no município de Parnaíba, datada de 1984. Essa obra é do arquiteto
“autodidata” Gerson Castelo Branco, no caso 2 foi analisado uma ponte de madeira
localizada no povoado vertentes município de Piripiri-Pi. Ambos os casos
demarcados nas Figuras 22 e 23.
Figura 21 - Demarcação do caso 1
FONTE: GOOGLE MAPS (2019)
Figura 22 - Demarcação do caso 2
FONTE: GOOGLE MAPS (2019)
56
Ambos os locais apresentam clima tropical com incidência de chuva no
verão, sendo o caso 1 localizado na proximidade de ambiente marítimo tendo o
impacto do vento e da sal em uma escala maior que no caso 2, ambientado em
região de floresta. Nos dois casos a alta incidência de umidade será fator
preponderante na presença de algumas patologias similares em ambos listadas
posteriormente nos resultados.
3.2 Coleta de dados
Primariamente, foi realizada uma vistoria com o objetivo de coletar o máximo
de informações sobre ambos os locais. Foi feito um levantamento (Quadro 9)
considerando a idade de ambas as construções, a presença de preservativos
químicos, e a existência de manutenção ou não. Em seguida, as informações
coletadas foram alocadas em um quadro para facilitar a visualização, por fim foi feita
uma inspeção visual e registro fotográfico in loco das patologias externas.
Quadro 9 - Modelo de visualização
Vistoria
Casos I II
Idade
Existência de preservativo
Existência de manutenção
FONTE: AUTOR (2019)
3.3 Fichas de identificação de dano (FID)
Com o objetivo de facilitar na compreensão das patologias foram criadas
fichas de identificação de dano (Figura 24) para cada um dos casos. As FID são os
registros principais para a produção de mapas de dano de uma edificação de valor
cultural além de funcionar como meio de avaliação impessoal de patologias visuais
(CARVALHO; PICANÇO; MACEDO, 2014).
A FID foi executada em formato A3 (210 mm x 420 mm) com o auxílio da
ferramenta AutoCAD.
57
Figura 23 - Modelo da ficha de identificação de dano
FONTE: ANJOS (2016)
3.4 Mapa de dano (MD)
O mapa de dano (Figuras 25 e 26) é um material de ilustração que contem
informações para embasar os trabalhos de intervenção em técnicas de reabilitação
ou substituição sendo seu conteúdo formado por materiais visuais, além de
elementos gráficos e dados patológicos (COSTA, 2008). O mapa de dano foi
executado em tamanho A2 (420 x 594 mm).
58
Figura 24 - Modelos de Mapas de dano
FONTE: ANJOS (2016)
Figura 25 - Modelos de Mapas de dano
FONTE: ANJOS (2016)
59
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisadas duas construções divergentes localizadas em cidades
diferentes com uma característica predominante em comum: a presença da madeira
como estrutura principal de análise e a possível similaridade patológica dada o fato
da presença de clima similar e alto teor de umidade. Ambas as estruturas não
apresentam manutenção recorrente aliado ao seu alto tempo de vida (mais de 30
anos de construção em ambas) o que as tornam alvos fáceis de inúmeras patologias
como poderá ser observado posteriormente.
Com o objetivo de facilitar as construções estudadas, o quadro 10 apresenta
uma planilha de referência com informações obtidas dos moradores locais:
Quadro 10 - Planilha de referência
Vistoria
Casos I II
Idade 35 anos 54 anos
Existência de preservativo Não Não
Existência de manutenção Não Não
FONTE: AUTOR (2019)
Com a função de esclarecer e facilitar a compreensão completa dos
resultados o Quadro 11 e Quadro 12 vai apontar de maneira clara as patologias
encontradas, além dos respectivos códigos de identificação nas fichas de dano
presentes no apêndice desse trabalho e da caracterização dessa patologia nos
casos específicos.
60
Quadro 11 - Aspectos patológicos nos casos 1
CASO 1
Patologias Aspectos Observados
Ataque de fungos (AF) Coloração branca presentes em certos
pontos na fachada norte e oeste
Ataque bacteriano (AB) Amolecimento da madeira em certos
pontos da fachada oeste
Ataque de insetos (AI) Perfurações circulares características de
térmitas nas fachadas norte e oeste
Corrosão de ligações (CL)
Oxidação de estruturas metálicas
liberando íons que enfraquecem a
estrutura de madeira
Vandalismo (VA) Pichações além de quebra proposital de
parte da estrutura, reduzindo sua
eficiência na fachada oeste
Fendas por intemperismo atmosférico
(IA)
Favorecimento ao aparecimento de
corrosão devido ao vento já que o caso 1
se apresenta em região marítima, além do
ataque de raios ultravioletas e chuva
Deterioração por agentes físicos (DF) Perda ou retirada de peça central na laje
do pavimento superior que ajuda na
sustentação e resistência
Fendas por defeitos naturais (DN) Presentes visualmente nas fachadas norte
e oeste
Ausência de barreira química (BQ) Ausência ou perda de proteção química
Perda pontual de resistência (PP) Devido a deterioração em pilar de
sustentação da edificação gerou perda de
resistência
FONTE: AUTOR (2019)
61
Quadro 12 - Aspectos patológicos nos casos 2
CASO 2
Patologias Aspectos Observados
Ataque de insetos (AI) Perfurações circulares além de caminhos
gerados por brocas e formigas.
Ataques bacterianos (AB)
Ataque lento, além da presença do ataque
de bactérias anaeróbias e por sulfeto de
ferro
Ataque de fungos (AF) Fungos desenvolvidos de forma visível na
região das longarinas da ponte.
Corrosão de ligações (CL) Corrosão metálica (abraçadeira metálica)
Carbonização (CA) Ataque gerado pelo fogo na região do
tabuleiro da ponte
Patologia estrutural (PE)
Gerada pela divergência e substituição de
forma errônea de parte do tabuleiro da
ponte
FONTE: AUTOR (2019)
As fichas de identificação de dano assim como os mapas de dano
encontram-se no apêndice, A seguir são apresentados individualmente as
manifestações patológicas, prognósticos, além de possíveis métodos de
reutilização/substituição.
4.1 Edificação
No caso 1 (Figura 26), o foco nessa edificação foi pela presença de
estruturas de madeira tanto no seu revestimento externo como na parte de
estrutural. Além disso, o local se encontra próximo de ambiente marítimo onde a
umidade e o vento são em larga escala, facilitando a análise de possíveis patologias
62
ligadas a esses fatores. Pelo fato do local ser de propriedade privada a análise
visual patologia foi focada primariamente no âmbito externo, levando em
consideração apenas as patologias internas voltadas para o pilar de sustentação
central da edificação.
Primariamente foram realizadas as análises visuais do pavimento térreo
onde se observou uma predominância de deterioração ligada a insetos,
principalmente formigas e térmitas caracterizadas pela presença de orifícios. Outro
ponto negativo de insetos é por facilitarem o ataque de fungos, seres estes que
também foram constatadas na análise. Ao longo prazo se não forem executadas
técnicas de reabilitação, esses ataques podem gerar redução da capacidade de
resistência da estrutura ocasionando o surgimento de trincas, além de recalques
diferenciais que são extremamente onerosos para serem reabilitados. No 1º andar
existia uma maior quantidade de problemas voltados, mais a corrosão de ligações e
patologias ligadas a agentes atmosféricos (Figura 26).
Figura 26 - Fachada Norte da edificação
FONTE: AUTOR (2019)
Essa presença maior de problemas ligada à corrosão metálica e agente
meteorológicos foi correlacionada com a ausência de preservativos químicos que
auxiliariam a proteção da estrutura de madeira atuando como “peça de sacrifício”
perante aos ataques massivos das chuvas e ventos. Sem a proteção necessária as
peças começaram a apresentaram fissuras facilitando a entrada de água do
pavimento superior para vigas e pilares do pavimento inferior através de percolação
higroscópica. Caso não sejam executadas técnicas de reabilitação especifica para
63
esses problemas a coloração das estruturas mudará perdendo valor estético devido
ao impacto contínuo solar, facilitação no apodrecimento devido ao impacto direto da
madeira contra o ambiente externo e por fim perda de resistência das estruturas de
madeira devido a corrosão metálica liberar íons que a transformam em uma
estrutura eletrolítica atacando a madeira através do pólo catódico.
Por fim foi possível constatar problemas isolados como perdas pontuais na
resistência do pilar central de sustentação da edificação por corrosão das ligações
por falta de manutenção no local além de atos de vandalismo como o roubo de
certos pontos do local esse ultimo problema não gera nenhum problema estrutural
posterior apenas perda no valor estético do ambiente.
4.2 Ponte de madeira
No caso 2 foi analisado o impacto patológico onde foi possível notar que
existiam patologias similares ao caso 1 principalmente em áreas de alta umidade,
além disso, o alto estado de deterioração da ponte foi fator preponderante para o
foco deste trabalho, pois a mesma serve como via de circulação de veículos
podendo em casos de não execução de reformas ou substituição de parte do local
deteriorado gerar um sinistro que colocaria ainda mais em risco a vida de quem
usufrui da ponte, já que no seu estado atual o risco já é iminente.
Durante a análise visual dos problemas que a ponte apresentava pode-se
perceber que o alto teor de umidade favorecia agentes deteriorados bióticos como
fungos, bactérias e insetos principalmente nas regiões de mesoestrutura e
superestrutura da ponte. O forte ataque de bactérias com formação de sulfeto de
ferro na região da longarina geram manchas amareladas na madeira que caso não
seja executado uma melhoria geram impactos estéticos e ao longo prazo geram
redução na resistência grave da madeira com o amolecimento do material, além
disso a presença de outros tipos de bactérias como anaeróbias foi detectada nos
pilares de madeira.
64
Figura 27 – Caso 2
FONTE: AUTOR (2019)
Além disso, durante a análise visual da região do tabuleiro da ponte foi
possível identificar pontos de carbonização (deterioração por fogo), pois apesar da
madeira queimada ser um bom isolante térmico, se a queima continuar por um
tempo prolongado e não for realizado um teste de resistência dessa madeira
queimada e reforço da mesma a capacidade de resistência da estrutura será
comprometida. Por fim, foram realizadas substituições errôneas do tabuleiro por
peças de madeira de dimensões e resistências diferentes o que gerou patologias
estruturais já que a distribuição das cargas recebidas não se encontra de forma
uniforme gerando tensões maiores em certos pontos, podendo provocar a longo
prazo deteriorações pontuais com geração de defeitos maiores e mais onerosos
para se recuperar.
4.3 Métodos de Reutilização
Para elucidar de uma forma mais explicativa o quadro 11 vai apontar
possíveis métodos de reabilitação ou substituição correlacionando com as patologias
encontradas em cada caso.
65
Quadro 11 – Possíveis métodos de reabilitação/substituição
Patologia Tipo de técnica
aplicada
Modelo de referência Característica
s
Caso 1
Ataque de
fungos e
bactérias por
alta presença de
umidade e
temperatura
adequada
Próteses de argamassa
epóxi armada com
barras de aço ou de
fibra de vidro para
reconstituição parcial
de nós de ligações
madeira deteriorada
FONTE:ARRIAGA et al
(2002)
Patologia
presente nas
fachadas
norte e oeste,
tanto no piso
superior como
térreo em
pontos de
proximidade
de nós;
Corrosão de
ligações
metálica
gerando perda
de resistência na
madeira
Substituição das
estruturas metálicas
oxidadas por novas
estruturas
galvanizadas, aplicação
de fumigantes para a
preservação química
interna
Perda de
resistência em
certos pontos
do pilar de
sustentação e
pontos da
fachada
externa.
Presença de
fendas naturais
e ocasionadas
por
biodeterioradore
s
Reforço com chapa inserida internamente em extremidades de viga de madeira nas regiões de apoios biodeterioradas
FONTE: RODRIGUES
(2004)
Localizada no
apoio de vigas
da laje
superior
Ataque por
insetos
Reforço com aumento da inércia com adição de peças de madeira fixadas paralelamente com pinos metálicos e coladas com adesivo epóxi ou substituição das peças de madeira já que elas se
Perfurações
circulares
características
de térmitas e
formigas na
laje superior
66
encontram em um estado crítico de deterioração
FONTE: GOMEZ (2007)
Fendas por
intempéries
atmosféricos
Reforço com
substituição parcial de
peças de madeira
fixadas com entalhes
em bisel cavilhados ou
pregados na região de
apoio além da
aplicação de
preservativo químico ou
substituição da ripa de
madeira
FONTE: ARRIAGA et al
(2002)
Presente nas
ripas do
pavimento
superior que
ficam
expostas aos
agentes
externos
Caso 2
Ataque por
biodeterioração
tripla (insetos,
fungos e
bactérias) por
alta presença de
umidade e
temperatura
adequada
Reforço com aumento da inércia com adição de peças de madeira fixadas paralelamente com pinos metálicos e coladas com adesivo epóxi ou substituição das peças de madeira já que elas se encontram em um estado crítico de deterioração ou substituição das ripas amolecidas/deteriorados sendo o tratamento mais indicado
Presença de
caminhos
característicos
de formigas
tanto na parte
do tabuleiro
superior como
inferior,
regiões com
pontos
amarelados.
Ataque por
bactérias
anaeróbias
Reforço com a
aplicação de
preservativos de
tratamento de
superfície
Ataque
anaeróbico
nos pilares de
madeira que
ficam em
67
contato com a
água do rio
Patologias
estruturais
gerada pela
diversidade de
materiais
Pode ser executado um
reforço dos pavimentos
superior e inferior
composto por dupla
camada cruzada em X
porém o ideal seria a
interdição e a execução
de uma reforma
completa já que o
sinistro é eminente na
mesma.
FONTE:ARRIAGA et al
(2002)
Variedade de
materiais
atuando em
conjunto com
resistência
diferentes
gerando
sobrecarga
em pontos
específicos do
tabuleiro.
Carbonização Teste de resistência
das madeiras
carbonizadas e
comparação com
madeira original para
determinar a perda total
da resistência na
queima, se apresentar
resistência similar
técnicas de reabilitação
serão suficientes, se
não a substituição é o
mais adequado pois a
carbonização destrói o
preservativo químico
favorecendo a
deterioração por
apodrecimento.
Queima de
toras de
madeira que
funcionam
como
estruturas do
tabuleiro
superior da
ponte.
FONTE: AUTOR (2019)
68
5 CONCLUSÃO
Os aparecimentos de defeitos fazem com que as estruturas de madeira
percam parte da sua funcionalidade e eficiência além do caráter estético que é
primariamente afetado em diversos casos. Esse trabalho acadêmico teve como foco
as principais patologias de identificação visual em madeira.
As principais patologias identificadas foram: biodeteriorações causadas por
bactérias, fungos (principalmente manchadores e apodrecedores), insetos além das
patologias que a umidade afetava indiretamente como as ocasionadas por agentes
meteorológicos.
A análise de casos diferentes foi de suma importância para encontrar um
fator em comum entre ambos no que tange as patologias de madeira: a umidade.
Perceber que o fato da percolação higroscópica na madeira ser relativamente fácil
ajuda a entender a importância da aplicação de preservativos químicos externos e
internos além de ser de suma importância na facilitação de foco em futuras
inspeções e manutenções. Conhecer os principais pontos fracos da madeira ajuda a
agregar conhecimento em casos da aplicação da mesma no cotidiano, reduzindo
seus impactos negativos e gerando inúmeras aplicações promissoras da madeira
em diversificados projetos na construção civil.
De acordo com o que foi exposto e analisado se pode concluir que em
ambos os casos a ausência de manutenções preventivas e corretivas aumentou em
inúmeros casos o surgimento de problemas nas estruturas que com o passar do
tempo vão se tornando mais onerosas as suas recuperações. Manutenções estas
seriam de sumo importância estética e estrutural principalmente na ponte de
madeira (caso 2) onde o descaso pela segurança de quem usa a construção é
gigantesco como pode ser evidenciado pelas análises visuais nas fichas de
identificação de dano.
Como consideração final, é sugerido criar uma política de inspeção e
manutenção em ambos os casos para evitar gastos futuros, pois um apresenta um
valor histórico e arquitetônico enquanto o outro atua diretamente na circulação de
pessoas.
Para estudos futuros e complementação da metodologia utilizada,
recomenda-se a execução de cálculos analíticos, análises laboratoriais e testes de
simulação para a determinação do exato tipo de reabilitação total para cada caso
69
estudado já que as reabilitações/substituições citadas são as mais prováveis, porém
sem um grau de exatidão total.
70
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FACHADA NORTE
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO DAS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ENCONTRADAS
FICHA 01/04
REGISTRO: 20/04/19
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DE DANOS - CASO 1
LEGENDA:
AF- ATAQUE DE FUNGOS
AB- ATAQUE BACTERIANO
AI- ATAQUE DE INSETOS
CL- CORROSÃO DE LIGAÇÕES
VA- VANDALISMO
IA- INTEMPERISMO ATMOSFÉRICO
DF- DETERIORAÇÃO POR AGENTES
FÍSICOS
DN- FENDAS NATURAIS
BQ-AUSÊNCIA DE BARREIRA
QUÍMICAS
PP- PERDA PONTUAL DE
RESISTÊNCIA
VA / DF DN / BQ / AB / AF
IA AI
FACHADA NORTE
FACHADA OESTE
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO DAS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ENCONTRADAS
FICHA: 02/04
REGISTRO: 20/04/19
LEGENDA:
AF- ATAQUE DE FUNGOS
AB- ATAQUE BACTERIANO
AI- ATAQUE DE INSETOS
CL- CORROSÃO DE LIGAÇÕES
VA- VANDALISMO
IA- INTEMPERISMO
ATMOSFÉRICO
DF- DETERIORAÇÃO POR
AGENTES FÍSICOS
DN- FENDAS NATURAIS
BQ-AUSÊNCIA DE BARREIRA
QUÍMICAS
PP- PERDA PONTUAL DE
RESISTÊNCIA
FACHADA OESTE
VA AF/AB/BQ/CL
IA/DN PP por CL
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DE DANOS - CASO 1
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DE DANOS - CASO 2
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO DAS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ENCONTRADAS
FICHA: 03/04
REGISTRO: 20/04/19
LEGENDA:
AF- ATAQUE DE FUNGOS
AB- ATAQUE BACTERIANO
AI- ATAQUE DE INSETOS
CL- CORROSÃO DE LIGAÇÕES
CA- CARBONIZAÇÃO
PE- PATOLOGIA ESTRUTURAL
DN- FENDAS NATURAIS
IA- INTEMPERISMO
ATMOSFÉRICO
VISTA SUPERIOR
AI/PE/CA/IA CA
AI/CL(ABRAÇADEIRA METÁLICA)
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DE DANOS - CASO 2
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO DAS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ENCONTRADAS
FICHA: 04/04
REGISTRO: 20/04/19
LEGENDA:
AF- ATAQUE DE FUNGOS
AB- ATAQUE BACTERIANO
AI- ATAQUE DE INSETOS
CL- CORROSÃO DE LIGAÇÕES
CA- CARBONIZAÇÃO
PE- PATOLOGIA ESTRUTURAL
DN- FENDAS NATURAIS
IA- INTEMPERISMO
ATMOSFÉRICO
VISTA LATERAL
AB/AF/AI AB (ANAERÓBIAS)
AF
Fachada Oeste
Perímetro 21m
Fachada Norte
Perímetro 12m
LEGENDA
Fungos Bactérias In
setos Vandalismo C
orrosão Metálica Patologia Estrutural
Fendas Naturais Ataque Metereológico A
usência de Preservativo Químico
Mapa de danos - Caso 1
ALUNO:
Weiller Sousa Amaral Carvalho Mello
PROFESSOR:
Mark Anderson
CONTEÚDO:
Mapa de Incidência de dano no Caso 1
MATÉRIA:
Trabalho de Conclusão de Curso
FOLHA:
01/02
DATA:
05/2019
ESCALA:
1:100
Vista Superior
Vista Lateral Área: 63m²
LEGENDA
Fungos Bactérias Insetos Carbonização Corrosão Metálica Patologia Estrutural
Fendas Naturais Ataque Metereológico Ausência de Preservativo Químico
Mapa de danos - Caso 2
ALUNO:
Weiller Sousa Amaral Carvalho Mello
PROFESSOR:
Mark Anderson
CONTEÚDO:
Mapa de Incidência de dano no Caso 2
MATÉRIA:
Trabalho de Conclusão de Curso
FOLHA:
02/02
DATA:
05/2019
ESCALA:
1:100
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