economia de comunhÃo e engenharia de produÇÃo: …2 1. introdução para bem compreender o...
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ECONOMIA DE COMUNHÃO E
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: UMA
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA EM BUSCA
DE UM PANORAMA DE RELAÇÃO
PEDRO TADEU BERTTO (AFA)
T.BERTTO@IG.COM.BR
Fernando Celso de Campos (UNIMEP)
fccampos@unimep.br
Este artigo teve como principal objetivo o levantamento bibliométrico e
a apresentação de um panorama das principais publicações sobre a
Economia de Comunhão (EdC), na literatura nacional, no período
2000-2012. Especial atenção é dada aos ttrabalhos que relacionam a
EdC e a Engenharia de Produção. Pelo que se pôde perceber, o tema
encontra-se, ainda, em uma fase de descoberta e tem suscitado, no
Brasil, trabalhos em muitas Instituições de Ensino Superior, públicas e
privadas, contemplando as mais diferentes áreas de concentração São
apresentadas a origem e o contexto da Economia de Comunhão, a
abrangência do projeto no contexto mundial e o seu relacionamento
com outras áreas, e de maneira mais específica com a Engenharia de
Produção. Destacam-se, em relação ao volume de produções
científicas levantadas, a quantidade de teses e dissertações realizadas
no período, cujos temas e resultados foram apresentados em
congressos e simpósios relacionados à Engenharia de Produção, Os
resultados apontam novas oportunidades de pesquisas e propostas
ainda pouco exploradas.
Palavras-chaves: Economia de Comunhão; EdC; Engenharia de
Produção; Bibliometria.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1. Introdução
Para bem compreender o projeto Economia de Comunhão (EdC), é preciso contextualizá-lo
no tempo e no espaço, uma vez que sua gênese está indissociavelmente relacionada à vida e à
obra de Chiara Lubich (22/01/1920-14/03/2008), fundadora do Movimento dos Focolares, em
1943, em Trento, Itália. Ali, na efervescência da II Guerra Mundial, acalentada pelo calor de
fogueiras e pela companhia de jovens amigas, Chiara Lubich, diante da desolação provocada
pela guerra, teve uma intuição que, iluminada pelo Evangelho, a levou a começar
desenvolver, juntamente com suas amigas, um trabalho de caridade, destinado a socorrer as
vítimas da guerra, que rapidamente se transformou em um movimento, o qual se espalhou,
primeiramente pela Itália e, após 1956, por toda a Europa, inclusive a Oriental (Lubich, 2004),
e por outros continentes (SOARES PINTO; LEITÃO, 2006).
Desde 1958, o Movimento dos Focolares(Obra de Maria, para a Igreja Católica Apostólica
Romana), que congrega hoje, no mundo, mais de cinco milhões de pessoas, tem se difundido
também no Brasil, contando atualmente com 55 centros de difusão, em todos os Estados
brasileiros, estimando-se em cerca de 280 mil o número de pessoas que aderem à sua
espiritualidade, em mais de 500 cidades brasileiras.
Embora haja muito que se dizer sobre o Movimento dos Focolares e sobre sua importância, o
escopo deste trabalho não permite tal empreendimento, limitando-se a compreendê-lo como
pressuposto básico para a compreensão da gênese da EdC, que se constitui no tema central
deste estudo exploratório. Portanto, a pergunta de pesquisa que deu início a esse processo
investigativo é: “O que já foi publicado no Brasil sobre EdC? Qual a relação dessas
publicações com Engenharia de Produção?” O que se pretende com esse artigo é apresentar
um panorama geral do que foi publicado em alguns periódicos nacionais, eventos nacionais e
dissertações/teses do Brasil envolvendo a temática EdC. Como resultado desse levantamento
pretende-se cruzar todo esse referencial à procura de oportunidades de pesquisas e propostas
ainda pouco exploradas.
2. Método de pesquisa
Este trabalho tem por escopo o levantamento bibliométrico acerca das publicações sobre a
Economia de Comunhão, na literatura nacional, nos anos 2000 a 2012, visando o
delineamento de um “panorama” destas publicações. Especial atenção é dada aos trabalhos
que relacionam a EdC e a Engenharia de Produção.
Para a realização da pesquisa priorizou-se a busca por artigos e outras formas de publicação
que tivessem a expressão Economia de Comunhão ou EdC em seus títulos.
Foram pesquisadas, prioritariamente, bases de dados constantes do Portal de Periódicos da
Capes, o Banco de Teses da Capes, anais de congressos relacionados à área de Engenharia de
Produção, entre eles, os anais do ENEGEP, do SIMPEP e do CNEG, além das Revistas
Produção e Produção On-Line, vinculadas à ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia
de Produção, Revista Gestão & Produção, da Universidade Federal de São Carlos, Revista
Sistemas e Gestão da Universidade Federal Fluminense, Revista GEPROS (Gestão da
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Produção, Operações e Sistemas), da UNESP/Bauru, Revista RAE, da Fundação Getúlio
Vargas, RAC e RAC On-Line da ANPAD e RAUSP, da Universidade de São Paulo além de
fontes constantes dos mecanismos de busca Google Scholar e Google Acadêmico.
Os resultados obtidos foram, então, classificados em planilhas eletrônicas, agrupados segundo
sua natureza, a saber: Teses, Dissertações, Artigos encontrados em anais de congressos e,
finalmente, artigos encontrados em revistas e periódicos nacionais.
Em relação às Teses e Dissertações, estas foram classificadas de tal forma a se permitir saber,
em relação a cada uma, seu título, autores e orientadores, instituições onde foram
apresentadas e área de concentração, ano de publicação e, quando for o caso, possíveis órgãos
financiadores da pesquisa.
De modo análogo, os artigos apresentados em congressos foram classificados levando-se em
conta os seguintes dados: nome e edição do evento, ano de publicação, título do artigo,
autores e co-autores.
Para as publicações em revistas ou periódicos foram consideradas: o nome do veículo,
instituição relacionada, ano de publicação, título do trabalho, autores e co-autores e, ainda, a
classificação Qualis do veículo, obtida na Lista Completa de Periódicos Classificados
(WebQualis).
O conjunto de dados obtidos foi, então, processado de tal maneira a permitir a obtenção de
dados bibliométricos, que passam a ser apresentados na sequência.
3. A Economia de Comunhão: suas origens e contexto histórico
Uma das concretizações do Movimento dos Focolares, desde sua criação, foi a organização de
pequenas comunidades onde se vive uma experiência de “convivência humana renovada, em
todos os seus aspectos pelo Evangelho”, (Bruni, 2005), às quais se convencionou chamar de
Mariápolis (ou cidades de Maria). São chamados, também, de Mariápolis, os encontros
característicos dos focolarinos, realizados em diferentes regiões e cidades do país, todos os
anos.
Em maio de 1991, Chiara Lubich, em visita a Mariápolis Ginetta localizada em Vargem
Grande Paulista, impressionou-se com o contraste existente na cidade de São Paulo, onde
luxuosos edifícios coexistiam (e ainda coexistem) com as favelas da periferia da cidade, às
quais, Dom Paulo Evaristo Arns (então Cardeal Arcebispo de São Paulo), já havia se referido
como sendo uma “coroa de espinhos” da metrópole paulistana (BRUNI, 2005).
É preciso ressaltar que, na verdade, aquela visita de 1991 não era a primeira que Chiara
Lubich fazia ao Brasil, uma vez que aqui já estivera nos anos de 1961, 1964 e 1965, cuja
realidade sócio-econômica já a impressionara, mas que, naquela oportunidade havia se
agravado substancialmente (Araújo, 1998) in COSTA et al. (1998).
Novamente Chiara Lubich se sentiu impelida a buscar uma resposta para sua indignação e, no
dia 25 de maio de 1991 se deu o lançamento, em nível mundial, a partir da Mariápolis Ginetta
(até então Mariápolis Araceli), do projeto Economia da Comunhão na Liberdade, com uma
proposta paradoxalmente simples e revolucionária: criar junto às mariápolis condições de
geração de atividades industriais que fossem capazes de gerar lucro e emprego (Soares Pinto e
Leitão, 2006), levando ao surgimento de diversas empresas, que em apenas três anos
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formaram o primeiro pólo industrial da EdC, denominado Pólo Spartaco, próximo à
Mariápolis Ginetta, na região metropolitana de São Paulo.
À essas empresas, conforme Bruni (2002) destaca, caberia a missão de servirem como um
laboratório, do qual deveria ser destilado um novo estilo de gestão econômica, marcado pela
transparência, pela eficiência e pela responsabilidade, de sorte que pudessem vir a
compartilhar o modo de vida comunitário.
Segundo a contribuição de Ferrucci in Costa et al. (1998), a EdC, “em lugar do lucro, coloca
no centro o homem e sua felicidade”, indissociável da felicidade dos demais seres humanos
que o cercam, sendo, portanto, viável desde que inserida no contexto dominado por “valores
humanos, pela amizade entre as pessoas, sociedades e nações”, que dela queiram participar.
A compreensão da EdC, se dá, necessariamente, por meio da assimilação de suas principais
características, que segundo Lubich (2004), estão diretamente relacionadas à visão do mundo
segundo a espiritualidade do projeto. Desta forma, aos agentes das empresas da EdC, se
impõe o desafio da coerência entre o estilo de comportamento na organização produtiva e na
vida social e também econômica, de modo que o ambiente de trabalho possa se tornar lugar de
crescimento humano e espiritual.
Gratuidade, solidariedade e atenção para com os excluídos, passam a ser palavras de ordem
nas empresas da EdC, que se apresenta não como um modelo alternativo de empresa, mas
como um modelo transformador das estruturas que norteiam as “relações intra e extra
empresariais segundo um estilo de vida de comunhão” e que preservem, ao mesmo tempo, os
valores da empresa e a do mercado (LUBICH, 2004).
Pressupõe-se que as empresas da EdC devam ser capazes de produzir riquezas, que possam
ser canalizadas para a satisfação das necessidades daqueles que se encontram em dificuldades,
exigindo lideranças empresariais realmente capazes de fazer as empresas funcionarem e
obterem lucros, que por sua vez, teriam uma destinação diferente do que ocorre no modelo
econômico tradicional.
Segundo Lubich (2004) parte do lucro deve ser destinada aos necessitados (até que estes
possam se sustentar por seus próprios meios). Outra parte deve ser destinada à formação dos
chamados “homens novos”, que são pessoas que, uma vez animadas e formadas no amor,
possam ser capazes de assimilar a “cultura da partilha” e, a terceira parte, destinada à
incrementação da própria empresa, a fim de que continue gerando lucros.
Aqui está a essência conceitual da Economia de Comunhão, cujo último ingrediente não é
outro se não a Providência Divina à qual Soares Pinto e Leitão (2006), se referem como o
“sócio invisível”, uma vez que, segundo Lubich (2004), “nas empresas da Economia de
Comunhão deixa-se espaço à intervenção de Deus, mesmo na atividade econômica concreta”.
Uma das bases da EdC é a gratuidade. No entanto, conforme discorre Zamagni (2002) in
Bruni (2002), a gratuidade praticada na Economia de Comunhão não se confunde com o
altruísmo ou a filantropia, uma vez que o ato de dar não pode se desconectar de significados e
relacionamentos, e neste sentido é muito didática a explicação de Bruni (2006) in Soares Pinto
e Leitão (2006), quando afirma que, enquanto “na economia de mercado tradicional, vende-se
o peixe para quem tem fome” (e pode comprá-lo), “na filantropia, dá-se o peixe para quem
tem fome” (e não tem recursos), “no altruísmo, ensina-se o faminto a pescar”, já na “EdC,
pesca-se junto com quem tem fome”, uma vez que o projeto é essencialmente relacional.
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4. Abrangência da EdC no contexto mundial e no Brasil
Desde sua fundação, a EdC teve pleno acolhimento, não somente no Brasil, mas em várias
partes do mundo assim várias foram as empresas que aderiram ao projeto, modificando seus
estilos de gestão, de forma a adequá-los à espiritualidade do Movimento dos Focolares, que
fornece a sustentação espiritual, ideológica e ética (Soares Pinto e Leitão, 2006), além de
“alguma infraestrutura e troca de experiências e de solidariedade”. Os autores enfatizam que,
a despeito de todo o apoio dado às empresas que aderem ao projeto, o Movimento dos
Focolares, em nenhum momento impõe, restringe ou cobra ações das empresas, que, para
serem aceitas no projeto, devem comungar dos princípios da proposta, e declarar, a partir
desta convicção, sua crença na unidade.
O crescimento da EdC, é analisado por diversos autores e, embora as estatísticas oferecidas
não sejam precisas, para Soares Pinto e Leitão (2006), o projeto mostra clara tendência de
crescimento em número de empresas nele registradas, que, em 2004 eram cerca de oitocentas
empresas distribuídas pelo mundo e, no Brasil, 120 empresas associadas. Para os autores, os
números revelados apontam para um futuro promissor, descaracterizando a EdC como um
simples “modismo”.
Dados recentemente publicados no Relatório Anual EdC 2010-2011 (2012), indicam que
existem hoje, no cenário mundial 840 empresas registradas no projeto. O Brasil ocupa a
segunda posição no ranking das nações com maior número de empresas vinculadas à
Economia de Comunhão, num total de 167 empresas. A primeira posição é a da Itália com um
total de 247 empresas.
O crescimento do projeto, nos diferentes continentes, pode ser observado na figura 1, a seguir:
Figura 1 – Número de empresas EdC nos diferentes continentes Fonte: Relatório Anual para EdC 2010-2011
Dentre os poucos autores que têm se dedicado ao estudo da EdC destacam-se os trabalhos de
Araújo (1998 e 2002), Gonçalves e Leitão (2001), Brandalise (2003), e Almeida e Leitão
(2003) e, em âmbito mundial destacam-se Sorgi (1998), Ferruci (1998), Ressl (2000), Gui
(2002), Bruni (2002 e 2005), dentre outros.
5. EdC – uma revisão quantitativa de suas publicações
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Conforme o escopo definido, para este trabalho, serão apresentados, nesta seção, em um
primeiro momento, os resultados obtidos no levantamento numérico das publicações e, em um
segundo momento, na seção a seguir, serão destacados os artigos relacionados e publicados na
área de Engenharia de Produção, visando verificar a mútua contribuição entre a EdC e esta
área do conhecimento humano.
5.1 Teses e dissertações
Foram encontradas, no período pesquisado, um total de 70 (setenta) publicações sobre a EdC,
sendo 10 (dez) teses de doutorado, 30 (trinta) dissertações de mestrado, 14 (quatorze) artigos
publicados em revistas e periódicos e 15 (quinze) artigos publicados em anais de congressos
relacionados à Engenharia de Produção (o estudo limitou-se à pesquisa nos anais de CNEG,
SIMPEP e ENEGEP). A figura 2, a seguir, demonstra em percentuais, a composição do total
de publicações, por tipo de trabalhos elaborados.
Figura 2 – Tipos de trabalhos encontrados na pesquisa (%)
Em relação às teses e dissertações, considera-se relevante ressaltar que foram encontradas
tanto em instituições de ensino superior públicas quanto privadas, sendo este um dado
interessante do ponto de vista da abrangência e do interesse pelo tema nos meios acadêmicos.
Nove foram as Instituições de Ensino Superior (IES) que tiveram teses sobre EdC pesquisadas
no período, contemplando, estas publicações nove diferentes áreas, conforme se observa na
tabela 1 que apresenta, sinteticamente, o número de teses publicadas no período, as
instituições onde foram realizadas e os anos de publicação.
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Conforme se pode observar, destaca-se, dentre as IES, A PUC/RJ, que contribuiu com duas
teses sobre o tema, nos anos de 2004 e 2006, contemplando duas diferentes áreas, ou seja,
Administração e Engenharia de Produção. Dentre as áreas contempladas, a Engenharia de
Produção foi a única a contribuir com dois trabalhos, também nos anos de 2004 e 2006.
Percebe-se claramente uma dispersão das pesquisas realizadas entre as diferentes áreas do
conhecimento humano, o que denota, ainda, um processo de amadurecimento e crescente
interesse do tema pelos pesquisadores. A tabela 2, a seguir, apresenta de maneira sintética a
produção de teses no período considerado.
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Tratamento semelhante pode ser dado ao conjunto de dissertações encontradas na pesquisa,
conforme a tabela 3 (ordenada por ordem alfabética das siglas das IES).
A pesquisa demonstra que, o tema tem sido explorado por pesquisadores vinculados a IES,
públicas e privadas de todo o país, e, também nas mais diferentes áreas de concentração.
Novamente, dentre as instituições que têm contribuído para o tema, a PUC do Rio de Janeiro
ganha destaque por ser a IES que apresenta o maior número de pesquisas (05), sendo 4 delas
concentradas na área de Administração e 1 na área de Engenharia de Produção.
Dentre as áreas de interesse, a Administração se mostra como campo fértil para pesquisas
desse gênero, contribuindo com quase 50% das pesquisas encontradas. Isto aponta para o
interesse, por estudiosos e práticos da administração, em novas formas de fazer a gestão das
modernas empresas e na busca da quebra dos paradigmas administrativos consolidados ao
longo do tempo.
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Na sequência, a tabela 4 (ordenada por área de concentração), ainda em relação às
dissertações sobre o tema, resume os títulos apresentados, nas diferentes áreas de
concentração, no período.
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5.2 Artigos constantes nos anais de congressos
Foram encontrados 14 (quatorze) artigos relacionados à Economia de Comunhão em dois dos
principais eventos da área de Engenharia de Produção (SIMPEP e ENEGEP), além de 01
(um) artigo encontrado nos anais do CNEG (Congresso Nacional de Excelência em Gestão).
A tabela 5 (agrupada pelos eventos) apresenta os artigos pesquisados, os quais serão
sucintamente analisados na seção seguinte deste artigo.
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Fonte: Elaborada pelos autores
Tabela 5 – Artigos apresentados em congressos: autores e eventos onde foram apresentados
5.3 Artigos publicados em revistas e periódicos nacionais
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A pesquisa retornou um número de 14 (quatorze) artigos encontrados em revistas e periódicos
nacionais, os quais são apresentados na tabela 6 (ordenada pelo Ano de publicação), na
sequência.
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6. A EdC e seu relacionamento com outras áreas
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Além do levantamento quantitativo das publicações sobre o tema, este artigo tem como
escopo a reflexão acerca da EdC e sua relação com outras áreas, e de maneira mais específica
com a Engenharia de Produção. Assim, nesta seção, tendo como base os 15 (quinze) artigos
publicados em anais de congressos e simpósios relacionados na tabela 5, traça-se um
panorama da literatura sobre a mútua contribuição entre a EdC e a Engenharia de Produção.
Dentre os autores contribuintes, Machado e Desideri (2003), propõem, a partir de um estudo
em empresas participantes do projeto, uma reflexão acerca da gestão de pessoas à luz da EdC,
no sentido de demonstrar os efeitos de uma relação baseada em valores como respeito,
confiança, comunhão de bens, entre outros fatores, sobre o relacionamento patrão-empregado
e como isto pode servir para alavancar a empresa.
Com propósito similar, Medeiros e Martins (2007) propõem a identificação de possíveis
virtudes sociais que, emergentes do relacionamento entre colaboradores e entre estes e suas
lideranças, concluindo que é possível a constituição de diferentes formas de relações, ricas de
virtudes sociais, no mundo do trabalho, valorizando a relação entre o capital social e os
valores humanos. De fato, os aspectos humanísticos e éticos aplicados na gestão das modernas
organizações emergem como um tema recorrente nos estudos acerca da EdC, seja no estudo
dos impactos dos princípios da EdC no relacionamento entre as pessoas, seja na questão da
gestão do conhecimento voltada para a conquista de um desenvolvimento sustentável em
ambientes de negócios contemporâneos (OLIVEIRA E FANDIÑO, 2004).
Lucas e Barbosa Filho (2006), consideram as dificuldades, para os gestores, na condução de
empresas em um ambiente dinâmico, permeado de incertezas e marcado por desigualdades
sociais e, procedem a um estudo sobre os princípios que são norteadores do sistema de gestão
de uma empresa vinculada à EdC, vinculando, em seu trabalho, o projeto Economia de
Comunhão ao conceito de responsabilidade social, teorias das quais, as convergências e
divergências entre elas são o tema do estudo de Valéry e Gomes (2008) cujo artigo se propõe
a contribuir para o entendimento dos aspectos característicos de cada abordagem.
A ética e a responsabilidade social são, ainda, analisadas no artigo de Cavalcanti, Melo e
Ribeiro (2006), que consideram a prática de ações sociais inseridas no planejamento
estratégico, na missão e nos princípios de modernas empresas e, neste contexto, identificam
estas características nas empresas com gestão calcada nos princípios da Economia de
Comunhão.
Ampliando o foco da responsabilidade social, alguns autores, entre eles Martins, Franco e
Silva (2006) analisam a contribuição da Economia de Comunhão à questão do
desenvolvimento sustentável, passando a vincular o projeto a outra de suas dimensões – a
preocupação ambiental e a busca pela erradicação da pobreza. Segundo os pesquisadores,
“ao colher os resultados do projeto da Economia de Comunhão se verifica que a EdC constitui
uma possível resposta à realização do desenvolvimento sustentável”. Questões ambientais são
também consideradas por Gonçalves (2004), cujo trabalho ilumina, por meio de um estudo
realizado em uma empresa vinculada à EdC, a necessidade de mudança de mentalidade dos
empresários em relação ao destino a ser dado nos descartes de resíduos sólidos industriais.
Valiosa também é a contribuição de Martins et al., (2006), ao reconhecerem que “a EdC vive
um período de teorização daquilo que já existe na prática” desde sua fundação e, neste
sentido, reconhecerem a semelhança entre a EdC e o empreendedorismo social, conceito
igualmente em processo de amadurecimento.
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Por sua vez, Medeiros e Gonçalves (2006) retomam a questão da produção, em empresas
vinculadas à EdC, dos valores humanos relacionais considerados como capital social, de que
forma isto ocorre e quais os impactos desta “nova visão” sobre a engenharia de produção.
Sobre a necessidade deste novo olhar sobre o mundo, refletido no processo de gestão das
empresas, significativa é a constatação de Machado et al., (2004), que identificam a EdC
como uma possível resposta a este desafio, cujo princípios, calcados na Doutrina Social da
Igreja, possam ser os pilares para a implantação de uma organização não mais
instrumentalista mas onde o homem possa resgatar seu papel de sujeito-autor de sua história.
Finalmente, ao estudar a relação entre a Engenharia de Produção e a Economia de Comunhão,
ensinam Gonçalves, Medeiros e Rocha (2005) que “trabalhar é preciso”. Em seu artigo, os
autores argumentam que é preciso se estabelecer um debate acerca desta relação,
identificando características que permitem diferenciar a EdC dos modelos de produção
predominantemente capitalistas ou solidários.
7. Considerações finais
Este artigo teve como principal objetivo apresentar um panorama das principais publicações
sobre a EdC, na literatura nacional, no período 2000-2012.
Pelo que se pôde perceber, de acordo com os resultados encontrados, o tema encontra-se,
ainda, em uma fase de descoberta e tem suscitado trabalhos em uma grande parte de IES,
públicas e privadas espalhadas pelo Brasil, contemplando as mais diferentes áreas de
concentração. De qualquer forma se mostra como campo fértil para novas pesquisas.
Destaca-se, em relação ao volume de produções científicas levantadas, a quantidade de teses e
dissertações realizadas no período, cujos temas e resultados foram apresentados em
congressos e simpósios relacionados à Engenharia de Produção, sendo que, para esta área, o
número de artigos gerados possa, ainda, ser considerado muito pequeno frente ao potencial
que o tema enseja. Isto se aplica, também, ao reduzido número de publicações encontradas em
revistas e periódicos nacionais.
O artigo, que ora se apresenta, é limitado em suas pretensões, contemplando apenas a
literatura nacional, com um corte temporal específico. Aponta-se para a necessidade de novas
pesquisas que venham contemplar outros aspectos da EdC e, assim, satisfazer o desejo de
Chiara Lubich, expresso em 2001, no sentido de que a Economia de Comunhão deveria
extrapolar a simples exemplificação e criação de empresas baseadas na opinião de quem é
“mais ou menos competente”, conforme Lubich (2004), mas, sobretudo, tornar-se uma
verdadeira ciência que pudesse valorizar aqueles que se propusessem a demonstrá-la com
fatos e, ao mesmo tempo, representar uma verdadeira “vocação” para aqueles que, de alguma
forma, para ela se dedicarem.
Referências
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