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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A importância da Auditoria de Processos como suporte à melhoria

contínua

Por: Ezequiel dos Santos Silva

Orientador

Prof. Luciana Madeira

Rio de Janeiro

2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A importância da Auditoria de Processos como suporte à melhoria

contínua

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em MBA em Auditoria e

Controladoria

Orientador: Luciana Madeira.

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos amigos (a)s Lindsey,

Anderson, Daniele, Luciane e Osmar

pelo companheirismo em todo período

de Pós Graduação e aos meus parentes

pela paciência da minha ausência e

incentivos para conclusão do curso.

Sem o apoio de vocês tudo seria muito

mais difícil.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às pessoas mais

importantes da minha vida.

À minha família, pelo apoio e a minha

namorada e futura esposa.

5

RESUMO

Para concorrer no mercado diante do cenário atual de competitividade com a

qualidade esperada, as organizações devem cada vez mais procurar

desenvolver processos estáveis, o que envolve não somente a empresa em si,

mas também toda sua cadeia produtiva. Esta tratativa demanda principalmente

que se construam parcerias confiáveis entre os clientes e as organizações, que

podem ser avaliados através de sistemas de qualidade. Este trabalho aborda a

questão da importância da auditoria de processo para a atividade de

desenvolvimento de processos que viabilize os serviços com qualidade e menor

custo possível.

6

METODOLOGIA

O estudo proposto será feito a partir do Método da Pesquisa Bibliográfica,

onde se buscará o conhecimento em diversos tipos de publicações, como livros

de Auditorias, artigos acadêmicos, teses monográficas e periódicas da área,

além da visitação de Bibliotecas Públicas e sites de Auditorias de renome. O

estudo do tema será delimitado entre o ano de 2000 e os dias atuais, pois se faz

necessário para um maior embasamento do tema fazer uma retrospectiva sobre

a Auditoria de Processos. Porém, a ênfase principal será calçada nos dias atuais

7

SUMÁRIO

Introdução 8

CAPÍTULO I - Considerações Iniciais 10

CAPÍTULO II – Revisão Bibliográfica 13

CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

8

INTRODUÇÃO

Segundo Kardec e Nascif (2002), a partir da década de 70 acelerou-se o

processo de mudança nas indústrias. A paralisação da produção era uma

preocupação generalizada, pois estava diminuindo a capacidade de produção,

consequentemente aumentou os custos e afetou a qualidade dos produtos. Na

manufatura, os efeitos dos períodos de paralisação foram se agravando pela

tendência mundial de sistemas ‘’ just-in-time’’, onde os estoques reduzidos para

a produção em andamento resultavam em pequenas pausas na

produção/entrega. Desta forma, a gestão de manutenção tem se tornado cada

vez mais valorizada nas indústrias.

Com tamanha competitividade entre as empresas, acaba sendo praticamente

inevitável pensar e agir estrategicamente em todas as áreas das empresas,

incluindo a manutenção. Dessa forma, cada vez mais as indústrias procuram

reduzir custos, tempo de produção, melhorar a segurança de trabalho e poluir de

forma menos intensa a natureza.

Xenos (2004) relata que as fábricas estão se tornando cada vez mais

automatizadas e complexas. Por isso, até mesmo as pequenas interrupções da

produção podem causar grandes prejuízos. Estes desafios industriais colocaram

a manutenção em evidência devido à ampla exigência por qualidade e maiores

volumes de produção. A manutenção é indispensável à produção e pode ser

considerada como a base de toda atividade industrial.

A utilização de novas tecnologias e de novos métodos de gestão se multiplica

nas empresas, especialmente nas que buscam manter e ampliar sua atuação no

mercado. Da mesma forma que não é possível as empresas trabalharem hoje

como há 20 anos, é impraticável tratar a manutenção como era antigamente.

Portanto, a empresa moderna deve ter estabelecida em suas diretrizes

industriais, uma boa política de manutenção, pois dela dependem a

funcionalidade, a disponibilidade e a conservação de sua estrutura produtiva,

representando um incremento significativo na vida útil dos equipamentos e

9

instalações, na segurança das pessoas e na proteção ao meio ambiente

(RODRIGUES, 2010).

10

CAPITULO I

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O surgimento do conceito de qualidade deu-se principalmente a partir do final

do século XVIII e princípio do século XIX quando as atividades produtivas eram

artesanais e em pequena escala, onde se aplicava apenas uma inspeção para

separação dos produtos bons dos maus.

Com a industrialização e o movimento de pesquisadores como Walter

Shewhart e Joseph Juran nos anos 30, o controle de qualidade passou a ser

através de técnicas estatísticas; seguido da evolução do termo nos anos 50 e o

seu envolvimento com a garantia – proporcionando um sentido mais amplo e

envolvendo não só o produto, mas os membros da organização. E, finalmente

alcança a fase atual – de gestão – onde a qualidade passa a concernir à alta

administração, relacionando o planejamento estratégico da organização e

programas de controle e melhoria da qualidade (GARVIN, 1992). Assim, com a

velocidade das mudanças que ocorrem no cenário atual do mercado e devido à

elevação do nível global de competitividade da economia, as organizações estão

sendo impulsionadas a redimensionar as etapas de seus processos no ciclo de

vida dos seus produtos. Esta redução dos intervalos de tempo entre o

desenvolvimento de um projeto para um novo produto ou serviço exige cada vez

mais a sincronia não só entre todos os setores da empresa, mas também em

toda a cadeia produtiva na qual ela se situa; de forma a garantir processos mais

enxutos, menos suscetíveis a falhas, melhores preços e qualidade no produto

final. Dentro desse contexto, o gerenciamento e desenvolvimento da cadeia de

fornecedores são atividades importantes, pois implicam diretamente na

estabilidade do processo e, consequentemente, no sucesso da organização.

Durante esta etapa de desenvolvimento, a atividade de auditoria de processos

faz-se presente servindo como base para avaliação da Manutenção Preventiva:

assegurando a confiabilidade e efetividade dos mesmos; verificando a eficácia

de setores do sistema de qualidade e conduzindo a processos mais eficientes a

11

ponto de não estarem sujeitos a interferências (VDA 6.3, 1998). Esta

confiabilidade entre o planejado e realizado contribui para o atendimento da

demanda dentro das exigências acordadas; a garantia de serviços não

defeituosos; diminuição dos custos extras e proporciona o bom cumprimento do

cronograma estabelecido pela organização, atendendo o mercado com

qualidade.

1.1 – OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo evidenciar a importância da Auditoria de

Processos, definir a Auditoria de Processos e explicitar suas características,

compreender a evolução da Auditoria de Processos e demostrar a importância

da Auditoria como suporte à melhoria contínua.

1.2 – JUSTIFICATIVAS

Para a excelência do desempenho e sucesso no negócio é necessário que

todas as atividades inter-relacionadas sejam compreendidas e gerenciadas

segundo uma visão de processos. Com este novo enfoque, uma organização

que busca a otimização e melhoria da cadeia de seus processos visa assegurar

o melhor desempenho possível do sistema integrado, com o objetivo de atender

às necessidades e requisitos do cliente.

1.3 – ESTRUTURA DO TRABALHO

O Trabalho de Conclusão de Curso está estruturado em dois capítulos, conforme

detalhado a seguir:

Capítulo 1 – Considerações Iniciais – Apresentação do tema do trabalho e o

contexto no qual está inserido. Neste capítulo também são apresentadas as

justificativas e motivações para a escolha do tema.

12

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica – Descreve o enfoque teórico necessário para

o entendimento do estudo de caso apresentado. Aborda conceitos e a evolução

da qualidade; gestão por processos; a importância do relacionamento com

fornecedores; certificações; definições de auditoria e a ferramenta de auditoria

de processos.

Conclusões – A partir dos exemplos citados é feita uma avaliação sobre o

método utilizado, suas vantagens e pontos de melhoria. Neste capítulo também

são apresentadas sugestões para trabalhos futuros relacionados ao tema.

13

Capítulo II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta primeiramente uma exploração teórica do processo

de evolução da qualidade, evidenciando conceitos e a sua crescente importância

no mercado. Aborda também a conceituação, a tendência da estrutura de gestão

por processos em uma organização e a necessidade da conformidade dos

processos de Manutenção. Por fim, descreve um dos meios de avaliação para

que sejam feitas avaliações em Manutenção de modo a embasar teoricamente

o estudo de caso proposto neste trabalho.

1 - EVOLUÇÃO DA QUALIDADE

O termo qualidade possui uma definição intuitiva, gerada pela utilização da

palavra no cotidiano das pessoas. Desta forma, sintetizar uma definição técnica

única para a palavra qualidade torna-se uma tarefa crítica, visto que é um termo

abrangente; dinâmico e de domínio público (PALADINI, 2004). Desde o início do

desenvolvimento humano, já eram presenciados indícios dos significados do

termo que usualmente era empregado pelos primitivos na seleção dos melhores

materiais para ferramentas e utensílios. O conceito para os egípcios, vinha à

tona a partir do livro dos mortos – documento no qual formalizaram as práticas

para os procedimentos de sepultamento; passando pelos povos grego e romano

com a meticulosidade das exigências de suas construções; e pela idade média,

através da qualidade dos bens fornecidos nas associações mercantis e

armamentos (SILVA, 2008). Com a revolução industrial, a produção em larga

escala passou a demandar formas de medição e controle de conformidade dos

bens produzidos, de forma a tornar a produção uniforme (PALADINI, 1995).

A partir deste marco, o conceito de qualidade tornou-se mais evidente e

preciso, evidenciando reformulações e estendendo-se até os dias atuais.

Segundo GARVIN (1992), a evolução do termo pode ser classificada em quatro

14

diferentes “Eras”: Inspeção, Controle Estatístico da Qualidade, Garantia da

Qualidade e Gerenciamento Estratégico da Qualidade.

2.1.1 - Era da Inspeção

Primeira “era” especificada por GARVIN (1992) que permaneceu até meados

do século XIX e tratava da época em que a grande maioria dos produtos era

elaborada por artesãos. A produção era feita em pequenas quantidades e de

forma artesanal, permitindo a aproximação e informalidade entre cliente e

fornecedor. O artesão conhecia as exigências de seu cliente e, por deter o

conhecimento do processo como um todo, verificava a conformidade de seus

produtos durante a produção e no processo “pós-venda”. Devido ao aumento da

demanda, os artesãos passaram a treinar empregados e aprendizes para

aumentar a capacidade de produção. Com o surgimento da produção em massa,

a necessidade de produzir a maior quantidade possível para baixar os custos e

atender o mercado a um preço mais competitivo, convergiu para formalização da

inspeção. Juntamente com a influência dos estudos de Frederick W. Taylor, que

atribuiu maior legitimidade à atividade de inspeção, o controle dos produtos

passou a ser feito por profissionais especializados que realizavam a “inspeção

100%”, ou seja, verificavam todo o lote de produtos (MARSHALL JUNIOR et al,

2006).

2.1.2 - Era do Controle Estatístico da Qualidade

A inspeção 100% demandava muito tempo, era uma atividade de alto custo

e não agia para a solução dos problemas, uma vez que a atividade de inspeção

não era relacionada com a produção. Em 1931, Walter A. Shewhart, pesquisador

da empresa Bell Telephone, criou técnicas de acompanhamento e avaliação da

produção através do Controle Estatístico do Processo (GARVIN, 1992). Através

da estruturação das etapas do processo, análise de fluxos e variações era

possível melhorar o processo (e, consequentemente, a qualidade) e achar

causas prováveis. Neste período também foram implementadas técnicas de

15

amostragem, que promoveram a disseminação de cursos e evolução dos

procedimentos, tornando as aplicações estatísticas cada vez mais confiáveis.

Foram criadas sociedades de engenheiros da qualidade, como a American

Society for Quality Control (ASQC, hoje ASQ) e a Japanese Union of Scientists

and Engineers (Juse). Esta última, organizou os primeiros círculos de Controle

de qualidade (CCQ), que consistia em pequenos grupos de um mesmo setor que

praticavam voluntariamente o controle da qualidade (MARSHALL JUNIOR et al,

2006).

3 - Conceituação de auditoria de processos

Conforme Mills (1994), auditoria consiste na realização de uma avaliação

reconhecida oficialmente e sistematizada pelos interessados, com a finalidade

de assegurar que o sistema, programa, produto, serviço e processo aplicáveis

perfaçam todas as características, critérios e parâmetros exigidos. Há vários

tipos de auditoria: auditoria contábil, auditoria corporativa, auditoria ambiental,

auditorias de fornecedores, auditorias de saúde e segurança ocupacional,

auditorias de qualidade, etc., cada uma com seus parâmetros de exigência e

interessados específicos. As auditorias de qualidade são aquelas em que

principal objetivo é verificar a conformidade de um sistema1 em relação ao que

foi determinado, sejam em normas, procedimentos, legislações, entre outros.

A condução de auditorias da qualidade pode ser realizada de duas formas:

auditoria externa, realizada por uma entidade externa à organização e auditoria

interna, conduzida por membros da própria organização. Em Campos (1992) e

em VDA 6.3 (1998), as auditorias de qualidade são divididas em três tipos:

a) Auditoria de Produto: procura identificar se o produto produzido atende às

características previamente estabelecidas (especificação);

b) Auditoria do Sistema da Qualidade: esta auditoria é realizada baseando-se

em uma norma de gestão, como a ISO 9001:2000 ou a QS 9000, por exemplo.

A empresa que se submete a este tipo de auditoria procura sua certificação no

16

atendimento aos requisitos de uma norma de Gestão da Qualidade. Esta

auditoria consiste em verificar a aplicação das recomendações da norma e a

conformidade da execução do trabalho com relação ao seu procedimento;

c) Auditoria de Processo: esse tipo de auditoria procura identificar as falhas no

processo, através de análise de parâmetros operacionais e do conhecimento

técnico dos auditores.

Dados seus diferentes objetivos, cada uma destas auditorias da qualidade

possui características, abrangência e efeitos diferentes umas das outras. As

auditorias de produto, por exemplo, avaliam a conformidade de produtos e, em

caso da detecção de falhas, podem levar à tomada de ações corretivas, de certo

modo impedindo a reincidência de uma mesma não-conformidade.

Contudo, as auditorias de produto, assim como as inspeções, têm um caráter

puramente corretivo em relação à qualidade, pois não possuem a propriedade

de acompanhar tendências ou padrões de comportamento na realização dos

procedimentos dos processos de produção para prever futuras falhas.

Devido à baixa amostragem e ao fato de não “bloquear” os lotes auditados,

as não-conformidades detectadas na auditoria de produto normalmente já

atingiram o cliente (FERNANDES, 2005). Quanto às auditorias de sistemas,

estas possuem um foco mais global, não se atentando para detalhes e

particulares dos processos. Nestas auditorias, o auditor deve ser profundo

conhecedor da norma e possuir grande habilidade na condução e execução de

auditorias. Seu foco principal consiste em verificar a aplicação da norma e a

conformidade dos processos em relação aos requisitos desta norma não sendo

necessários conhecimentos específicos sobre características técnicas dos

processos auditados. Desta maneira, detalhes técnicos e específicos do

processo normalmente fogem da especialidade do auditor de sistemas. Além

disso, as auditorias de sistemas que recebem mais atenção são as auditorias

externas, e estas são tipicamente auditorias de conformidades, sendo sua

ênfase na verificação do cumprimento dos padrões especificados e não em

encontrar uma melhor maneira de se realizar um dado trabalho (BAFNA, 1997;

WYNNIE & MANNERS, 2001). Por estas lacunas encontradas nas auditorias de

17

produto e de sistemas, destaque deve ser dado às auditorias de processo. O

princípio básico de uma auditoria de processo é alocar um auditor com

conhecimentos específicos sobre o processo a ser auditado para verificar a

realização das atividades produtivas e as atividades de apoio ao processo

produtivo.

As auditorias de processo normalmente são auditorias internas e focam na

identificação de não conformidades em relação às especificações do processo,

procedimentos de trabalho, organização e limpeza, treinamento, logística e em

relação a diversas outras exigências relacionadas ao processo produtivo.

Focando nas falhas do processo é possível evitar que estas levem a uma futura

falha no produto, sendo a auditoria de processo uma atividade com alto foco

preventivo (FERNANDES, 2005), isto não excluindo o seu caráter também

corretivo. A figura 1 diferencia o foco de atuação das auditorias de sistema,

processo e de produto.

Diferentemente das auditorias da qualidade baseadas nas normas de gestão

da qualidade – ISO 9001:2000, VDA 6.1 ou QS 9000, por exemplo - na execução

de auditorias de processo o auditor deve conhecer os detalhes técnicos das

atividades relacionadas ao processo a ser auditado, tais como parâmetros,

especificações, normas técnicas e índices de classe mundial. Esses dados

técnicos, somados aos itens da norma de referência, auxiliam o auditor na

elaboração de um check-list para acompanhamento da auditoria.

Como exemplo, durante uma operação de soldagem, em uma auditoria de

sistema, o auditor verifica a quantidade de pontos de solda exigidos pelo

desenho do produto e se o soldador está executando os pontos exigidos neste

desenho. Em uma auditoria de processo o auditor poderá verificar se o ângulo

do eletrodo em relação à chapa é adequado. É de seu conhecimento que este

ângulo influencia o tamanho do ponto de solda, e que pontos de solda pequenos

irão trazer menor resistência mecânica ao conjunto soldado e eventual

comprometimento da qualidade da peça.

Olhando a mesma questão sob a ótica da auditoria de sistema, o tamanho do

“botão” do ponto de solda poderia também ser verificado. No entanto, essa

verificação somente ocorreria se o auditor encontrasse um documento

18

especificando o tamanho do ponto de solda, ou seja, se houvessem requisitos

de análise de medição do ponto de solda. Na execução de auditorias de

processo o auditor não precisa encontrar um documento “de referência” ou

contar com a “habilidade de inspetores de processo”. Como é conhecedor da

tarefa a ser auditada, o auditor de processo pode contar com sua própria

habilidade para fazer tais verificações.

Desta maneira, mesmo não havendo uma evidência objetiva na

documentação para as análises, o auditor de processo deve valer-se de sua

experiência e de seus conhecimentos para identificar não conformidades.

Não é incomum um processo avaliado por uma auditoria de sistema, em que

foram identificadas uma ou duas não-conformidades, que durante a realização

de uma auditoria de processo se identifiquem dez a vinte não-conformidades.

Para a condução de auditorias de processo deve-se seguir o mesmo formato

geral e estrutura da condução das outras auditorias, a saber:

a) Preparação: formulação e utilização de check-list adequado para cada

processo a ser auditado;

b) Condução: a auditoria deve ser conduzida por apenas um auditor e somente

em caso de processos muito complexos é interessante a presença de dois

auditores;

c) Relatório: deve ser simples e relatar apenas fatos relevantes, tais como a

finalidade da auditoria, data e hora de realização; o nome do auditor; o processo

examinado; e as conclusões da auditoria;

d) Follow-up: este consiste no aspecto mais crítico da auditoria. Caso

discrepâncias sejam encontradas, passos devem ser seguidos para corrigi-las.

Isto pode ser feito corrigindo o desempenho dos processos ou mudando, quando

necessário, as instruções (BAFNA, 1997; WINNIE & MANNERS, 2001).

Os mesmos autores recomendam que a etapa relativa ao follow-up seja

realizada pelos responsáveis pelo processo, que devem executar as ações de

melhorias sugeridas, caso necessárias. Além disso, é importante que os

19

resultados das ações tanto corretivas quanto preventivas sejam examinados

quando o processo for auditado novamente.

Com relação à determinação de quais processos serão os permanentemente

avaliados pelas auditorias de processo, Bafna (1997) e VDA 6.3 (1998)

defendem que sejam utilizados critérios específicos da empresa, tais como a

importância relativa do processo com relação às operações da empresa, por

exemplo. O primeiro autor a alertar para o importante papel desempenhado pela

condução de auditorias voltadas especificamente para os processos de

manufatura foi Skinner (1969), apresentando a auditoria em processos como

uma ferramenta importante para estabelecer uma série de políticas de

manufatura quando do desenho do sistema de produção. De lá para cá, porém,

a auditoria de processo permaneceu relevada a um segundo plano, já que a

norma de gestão da qualidade mais amplamente utilizada, a ISSO 9001:2000,

não prevê a auditoria de processo em seu escopo.

De acordo com Bafna (1997), esta pouca atenção dada às auditoria de

processo deve-se também a obstáculos que as empresas podem vir a encontrar

para sua implementação, entre os quais o autor destaca a existência de um mito

presente entre os funcionários de que esta auditoria é menos importante que as

demais auditorias da qualidade. Além disso, os funcionários veem a auditoria de

processos como um instrumento de espionagem do seu trabalho e por isso a

temem ou acham que seu resultado pode significar carga extra de trabalho.

Para dirimir estes preconceitos, o autor sugere que as metas a serem

perseguidas pelas auditorias de processos sejam amplamente divulgadas pela

organização, atestando sua utilidade, sendo reforçado que esta é uma

ferramenta que pode levar ao aprimoramento contínuo de seu trabalho, e não

um meio de verificação de erros para que a gerência possa punir os envolvidos.

Ressalta-se que, embora a auditoria de processo muitas vezes se apresente na

literatura como o “parente pobre” na família das auditorias, ela leva ao exame e

à avaliação de um processo em profundidade (BAFNA, 1997).

4 - Os impactos da auditoria de processos na melhoria contínua

20

O conceito de melhoria contínua surgiu nas práticas adotadas pelas

empresas japonesas após a Segunda Guerra Mundial. Também denominada de

Kaizen, esta filosofia prega a busca contínua de formas para melhorar as

operações de uma empresa. Este conceito traz a perspectiva de atuar nas

causas de um problema potencial antes mesmo de se notar os seus possíveis

efeitos (RITZMAN e KRAJEWSKI, 2004). A melhoria contínua encontra-se

embasada na crença de que todos os aspectos de uma operação podem ser

continuamente melhorados, partindo do princípio que os envolvidos diretamente

em uma operação se constituem nos principais atores capazes de identificar

alterações que devem ser realizadas (IMAI, 1997).

De acordo com Hamel e Prahalad (1995), a busca da competitividade

necessita, entre outros fatores, da melhoria contínua de processos. Desta

maneira, Cole (2001) destaca o aprendizado e o caráter investigativo em

processos como as principais características da melhoria contínua, sendo que

sua essência está na habilidade de solucionar problemas de maneira efetiva. A

obtenção de resultados que revelem a melhoria contínua pressupõe a resolução

de problemas da empresa mediante métodos de análise que facilitem o encontro

da sua causa-raiz. Apesar do importante papel certamente desempenhado pelas

auditorias de produto e de sistemas, as melhorias incrementais nos processos

individuais que podem ser proporcionadas a partir das não conformidades

observadas por intermédio das auditorias de processo podem conduzir de

maneira mais eficaz à melhoria contínua (BAFNA, 1997). As auditorias de

produto, por exemplo, são executadas após a realização de tarefas produtivas,

ou seja, possui foco meramente corretivo. Já as auditorias de sistema, apesar

de apresentarem focos tanto corretivo quanto preventivo, possuem sua

abrangência e frequência de realização relativamente baixas quando

comparadas às auditorias de processo.

Neste contexto insere-se a auditoria de processo como um instrumento para

melhoria contínua, atuando com dois enfoques:

Foco corretivo: Procedimentos de trabalho que não são seguidos ou que não

garantam o resultado (produto) esperado – quer seja por dificuldade de

21

realização da instrução de trabalho ou pela falta de clareza na mesma – podem

ser alterados (Figura 2).

Figura 2 - Alcance das auditorias de sistema e de processo em uma atuação

corretiva

b) Foco preventivo: Um procedimento de trabalho sempre pode ser melhorado.

A atuação do auditor de processo no sentido de melhorar o procedimento reflete

diretamente na prevenção da ocorrência de potenciais não-conformidades

(Figura 3).

Entretanto, para o alcance de patamares desejáveis de melhoria contínua,

deve-se buscar agregar valor às auditorias e, para isso, deve-se tornar úteis as

informações de seus resultados. Para conduzir a um processo de melhoria

contínua, a auditoria de processo não deve ser limitada à avaliação de

22

conformidades, mas ir além, permitindo discussões entre auditor e auditado

sobre melhorias potenciais na operação em questão. Isto é possível nas

auditorias de processos internas já que auditores e auditados pertencem à

mesma empresa e, portanto, é de se esperar que possuam interesses comuns

(WINNIE e MANNERS, 2001).

A auditoria de processos pode ser realizada de acordo com os critérios

estabelecidos pela empresa ou, a exemplo dos sistemas da qualidade, pode

valer-se das recomendações de uma norma específica para auxiliar na sua

execução. A empresa em que foram coletados e analisados os dados utilizados

neste trabalho vale-se dos preceitos da norma VDA 6.3 para a condução e

análise de suas auditorias de processo. Desta maneira, o tópico a seguir traz

uma explanação de sua estrutura.

5 - Era da Garantia da Qualidade

Segundo GARVIN (1992), a “garantia da qualidade” tem enfoque em quatro

principais movimentos: a quantificação dos Custos da Qualidade, Controle Total

da Qualidade, Técnicas de Confiabilidade e o programa Zero Defeito. Nesta

“era”, a qualidade continuou com o enfoque na prevenção de problemas, apesar

das técnicas utilizadas se expandirem além da estatística.

- Custos da Qualidade

Os custos reais envolvidos nos processos para qualidade foram evidenciados

por JOSEPH JURAN em sua publicação na década de 50 (GARVIN, 1992).

Assim, definiram-se os custos inevitáveis, que eram referentes aos custos de

prevenção e avaliação; e os custos evitáveis que seriam os custos da não-

qualidade, como perdas, retrabalhos, refugo, devoluções, manutenção, vendas,

imagem etc.

- Controle Total da Qualidade

23

Evidenciado por FEIGENBAUM, tem como princípio a integração das

diversas áreas da organização para a melhoria da qualidade. Assim, todos os

departamentos passam a ter responsabilidade pelo sucesso do

empreendimento. FEIGENBAUM (apud GARVIN, 1992):

"(...) para se conseguir uma verdadeira eficácia, o controle precisa começar pelo projeto do

produto e só terminar quando o produto tiver chegado às mãos de um freguês que fique

Satisfeito”.

- Técnicas de Confiabilidade

Até a década de 50, o controle estatístico da qualidade tornou-se uma pratica

usual e assegurava a qualidade dos processos de fabricação, porém este

processo não garantia a qualidade de uso. Para expandir esse processo de

modo a englobar o uso pelo cliente, foram criadas técnicas de confiabilidade

como a Análise do Tipo e Efeito de Falha – FMEA, Análise individual de cada

componente e uso de Sistemas paralelos (BUENO, 2003).

- Programa Zero Defeito

Desenvolvido por Philip Crosby, tinha como abordagem filosófica “fazer certo

da primeira vez” e consistia de 14 passos para a qualidade, promovendo a

conscientização, motivação e a filosofia de trabalho (CAMPOS apud SILVA,

2008).

6 - Era do Gerenciamento Estratégico da Qualidade

Nas duas últimas décadas do século XX, a qualidade passou a concernir à

alta administração, relacionando o planejamento estratégico da organização a

programas de controle e melhoria da qualidade. A legislação de defesa do

consumidor – que responsabilizava o fabricante pelas falhas ocorridas até

mesmo após a garantia do produto, e o desenvolvimento de padrões

internacionais redefiniram o conceito de qualidade dentro da organização.

24

Assim, o cliente e suas necessidades passam a ser o foco principal; as

organizações passam a utilizar ferramentas como pesquisas de mercado,

análise dos concorrentes e aplicação de métodos de melhoria continua, de forma

a continuarem competitivas no mercado (MARSHALL JUNIOR et al, 2006).

Segundo Falconi (1992), todo sistema deve garantir a qualidade total, porém

praticar esse controle é eliminar a causa fundamental dos problemas quanto à

qualidade, custo, atendimento, moral e segurança.

De fato, buscar alternativas para aumentar a vida útil de um equipamento e

se programar para uma possível falha de uma máquina, são pontos que podem

manter a estabilidade da produção de uma fábrica, além de ser uma premissa

ao departamento de manutenção. No entanto, para Kardec, Nascif e Baroni

(2002) a visão da equipe é o fator crítico para sucesso da organização e a grande

dificuldade da empresa é ter uma visão alinhada com base nas opiniões dos

responsáveis pela gestão juntamente com os manutentores.

Para Xenos (2004), é necessário um estudo para certificar o gerenciamento

da empresa e averiguar se a manutenção está estruturada para garantir um

melhor desempenho dos equipamentos e funcionários.

A coleta de opiniões de membros do departamento é uma das ações que

proporciona uma visão mais abrangente da situação real da empresa, podendo

assim, ser comparada com a PAS 55-1 (2008), no que diz a respeito à busca de

uma padronização no sistema de gestão de ativos. O programa de auditoria para

os elementos do sistema de manutenção devem ser planejados, estabelecidos,

implementados e mantidos pela organização, com base nos resultados das

avaliações de riscos das atividades da organização e nos resultados das

auditorias anteriores (PAS 55-1,2008).

Portanto, a manutenção industrial deve atender a norma estabelecida e

auditar é sinônimo de melhoria de aspectos quanto à confiabilidade,

manutenibilidade e disponibilidade do equipamento, evitando assim, futuras

falhas que diretamente poderão afetar na lucratividade, segurança e no meio

ambiente.

7 - ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO

25

É a segunda quebra de paradigma na Manutenção. Praticar a Engenharia de

Manutenção significa uma mudança cultural. É deixar de ficar consertando

continuadamente, para procurar as causas básicas, modificar situações

permanentes de mau desempenho, deixar de conviver com problemas crônicos,

melhorar padrões e sistemáticas, desenvolver a manutenibilidade, dar feedback

ao projeto e interferir tecnicamente nas compras (KARDEC e NASCIF, 2002).

A Figura 3 mostra os resultados e os benefícios de uma manutenção Preditiva

e Detectiva e a Engenharia de Manutenção.

Na Figura 3, pode-se observar que com a introdução da Manutenção Preditiva

e Detectiva e da Engenharia de Manutenção houve uma evolução dos resultados

obtidos apenas com a Manutenção Corretiva não Planejada e a Manutenção

Preventiva.

A Manutenção Preditiva possibilitou investigar defeitos (ruídos e temperaturas

anormais, por exemplo) nos equipamentos e com isso reduzir várias falhas. A

Engenharia de Manutenção proporcionou uma melhora bastante significativa,

pois a manutenção passou a utilizar de recursos da engenharia para investigar

falhas e defeitos e reduzir custos. Outros exemplos da Engenharia de

Manutenção são: estudo de melhores fornecedores, estudos de eficiência

26

energética (comprar equipamentos mais eficientes), realizar estudos sobre

desgastes de peças para incluir em uma preventiva e fazer estudos de contratos

de energia elétrica.

8 - PIRÂMIDE SGM

A Pirâmide SGM (Figura 1) mostra uma visão atual e moderna de uma gestão

de manutenção. A gestão de ativos tem se difundido no ambiente industrial e

conforme visto no item 2.1 surgiu à necessidade de padronizar esses novos

conceitos e maneiras de gerir a manutenção.

O estágio 1 dessa pirâmide contém itens básicos e de sobrevivência de um

setor da manutenção como manutenção corretiva e manutenção preventiva. É a

chamada Manutenção do Dia a Dia.

O estágio 2 contempla a Manutenção Proativa que para Kardec e Nascif

(2002), é uma manutenção onde se faz a intervenção com base na frequência

de ocorrência da falha.

O estágio 3 da pirâmide trata da Integração da função Manter. Através de

ferramentas como o MPT. Esse estágio tem a função de manter os dois primeiros

estágios funcionando, além de controlar o desempenho desse sistema.

O estágio 4 trata de itens como a Manutenção Centrada em Confiabilidade

(MCC) que segundo Mortelari (2011) foi desenvolvida para a aviação civil norte-

americana por uma equipe da United Airlines. O objetivo é fornecer um suporte

robusto, tanto técnico, como lógico, para o desenvolvimento de planos de

gerenciamento de risco de falhas e suas consequências. Além disso, este

estágio contempla a simplificação/padronização dos equipamentos, ou seja,

desenvolvimento de um único fornecedor de máquinas, peças, entre outras

ações que possam otimizar não só a produção, mas a manutenção dos

equipamentos.

O estágio 5 da pirâmide é a própria gestão de ativos. Segundo a PAS55-1

(2008) são atividades, práticas sistemáticas e coordenadas pelas quais uma

organização gerencia de forma ótima e sustentável, seus ativos e sistemas de

ativos, desempenho associado a eles, os riscos e despesas ao longo dos seus

27

ciclos de vida para o propósito de cumprir seu planejamento estratégico

organizacional.

O foco do trabalho é o estágio 2, Manutenção Proativa, que através do extrato

de informações do histórico dos equipamentos identifica-se a causa básica das

falhas frequentes e modifica-se o projeto para reduzi-las. A manutenção proativa

cria ações conetivas que objetivam as causas da falha raiz, não apenas

sintomas. Seu objetivo central é prolongar a vida útil da máquina ao invés de

fazer reparos desnecessários, evitando que a falha seja aceita como um evento

de rotineiro e normal. Isso é feito através da substituição da manutenção de falha

em crise pela manutenção de falha programada (KARDEC E NASCIF, 2002).

Os seis itens do segundo estágio da pirâmide SGM são:

- Inspeção Preditiva

- Desenvolvimento das Habilidades Técnicas;

- Integração das tarefas programadas, preventivas e trocas sob condição;

- Análise Sistêmica das funções (Modos de Falhas);

- Manutenção proativa;

- Análise do Histórico de desempenho (Determinação do perfil de perdas).

9 - AUDITORIA

A avaliação de qualquer modelo de gestão, também denominada de auditoria

ou análise crítica, é a prática correspondente ao C (Check) do PDCA1. A

organização deve garantir que as auditorias do sistema de gestão de ativos

sejam conduzidas para determinar as responsabilidades, competências e

exigências para planejar e conduzir um projeto de forma adequada (DORIGO E

NASCIF, 2009).

Plan Do Check Act (PDCA) é uma metodologia que tem como função básica o

auxílio no diagnóstico, análise e prognóstico de problemas organizacionais,

tendo em vista que ele conduz a ações sistemáticas que agilizam a obtenção de

28

melhores resultados com a finalidade de garantir a sobrevivência e o crescimento

das organizações (QUINQUIOLO, 2002).

Segundo Cabral (2004) uma auditoria é uma atividade independente,

documentada e sistemática efetuada no sentido de verificar, por meio de

evidência objetiva, a adequabilidade e o cumprimento do estabelecido no

sistema de qualidade. Existem auditorias internas e externas. As primeiras são

realizadas por um auditor da empresa ou por um auditor de fora contratado para

a inspeção, enquanto as externas são feitas por um auditor da entidade

certificadora. Vale ressaltar que, o objetivo de ambas é idêntico, a diferença está

em que as auditorias da entidade certificadora tem influência direta na

manutenção do certificado de qualidade. Porém, as auditorias internas se limitam

a apontar ao responsável eventuais aspectos a corrigir ou melhorar para

assegurar o cumprimento do estipulado e, consequentemente, reduzir a

possibilidade de se verificarem irregularidades nas auditorias da entidade

certificadora. Para Almeida (2010), o auditor deve colher elementos suficientes

que comprovam seu parecer. Portanto, os auditores elaboram papéis de trabalho

que representam o registro de todas as evidências obtidas ao longo do serviço

de auditoria. Este trabalho deve ser planejado adequadamente em busca de

superar as metas propostas e com menor custo possível. Os principais objetivos

a serem atingidos são os seguintes:

- Adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios e forma

de organização da empresa;

- Planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares;

- Obter maior cooperação dos colaboradores da empresa;

- Determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditoria;

- Identificar previamente problemas relacionados com contabilidade e produção.

Na Figura 4 é possível ver de modo simplificado os passos de uma auditoria.

29

Na PAS 55-1 (2008) recomenda-se que os programas de auditoria para os

elementos do sistema de gestão de ativos devem ser planejados, estabelecidos,

implementados e mantidos pela organização, com base nos resultados das

avaliações de riscos das atividades da empresa e, também nos resultados das

auditorias anteriores. Tendo em vista que o grau de complexidade da auditoria

varia de empresa para empresa, pode ocorrer que determinados procedimentos

30

relatados no programa de auditoria não sejam aplicáveis, como também pode

ocorrer que o auditor tenha de adicionar outros procedimentos de avaliação, em

função de circunstâncias peculiares de determinada companhia.

3 - SUBDIVISÕES DO NIVEL 2 DA PIRAMIDE SGM

A) INSPEÇÃO PREDITIVA

Para Rodrigues (2010), a Manutenção Preditiva é uma forma de atuação da

manutenção proativa, em que o manutentor analisa a máquina para verificar os

“sintomas” de uma possível “doença” que possa existir nela. Conhecendo a

“doença”, se faz a indicação do melhor tratamento.

Em termos mais técnicos a Manutenção Preditiva é a manutenção que

permite garantir uma qualidade de serviço desejada, com base na aplicação

sistemática de técnicas de análise, utilizando-se de meios de supervisão

centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a manutenção

preventiva e diminuir a manutenção corretiva (RODRIGUES, 2010).

Esse tipo de manutenção, encontrada no segundo estágio da pirâmide SGM,

é uma evolução bastante significativa dos tipos de manutenção encontrados no

primeiro estágio. Segundo Kardec e Nascif (2002), a Manutenção Preditiva é a

primeira grande quebra de paradigma na manutenção e se intensifica quanto

mais o conhecimento tecnológico desenvolve equipamentos que permitam

avaliação confiável das instalações e sistemas operacionais em funcionamento.

Segundo a PAS-55:1 (2008), a organização deve estabelecer, implementar e

manter processo(s) e/ou procedimento(s) para monitorar e medir o desempenho

do sistema de gestão de ativos e o desempenho e/ou a condição dos ativos.

Quando o grau de degradação se aproxima ou atinge o limite previamente

estabelecido, é tomada a decisão de intervenção. Normalmente esse tipo de

31

acompanhamento permite a preparação prévia do serviço como, por exemplo,

compra de peças, ferramentas, programação do dia e horário com a Engenharia

de Produção. Após a tomada de decisão é feita a programação da Manutenção

Corretiva Planejada. Kardec e Nascif (2002) dizem que as condições básicas de

se adotar a Manutenção Preditiva são as seguintes:

- O equipamento, sistema ou instalação devem permitir algum tipo de

monitoramento/medição;

- O equipamento, sistema ou instalação devem merecer esse tipo de ação, em

função dos custos envolvidos;

- As falhas devem ser oriundas de causas que possam ser monitoradas e ter sua

progressão acompanhada;

- Seja estabelecido um programa de acompanhamento, análise e diagnóstico,

sistematizado.

Para Kardec e Nascif (2002) o custo do acompanhamento periódico através

de instrumentos/aparelhos de medição e análise não é muito elevado e quanto

maior o progresso na área de microeletrônica, maior a redução dos preços

desses equipamentos. A mão de obra envolvida, dependendo da técnica

empregada, pode não apresentar um gasto significativo, haja vista a

possibilidade de acompanhamento, também, pelos manutentores.

Existem várias técnicas preditivas como análise de vibração, análise de óleo,

análise de temperatura, análise de correntes, entre outras. Essas técnicas

podem ser classificadas da seguinte forma:

- Acompanhamento ou monitoração subjetiva;

- Acompanhamento ou monitoração objetiva;

- Monitoração contínua.

32

Segundo Kardec e Nascif (2002), o acompanhamento ou monitoração

subjetiva é a mais rudimentar. Isso porque para monitorar basta usar os sentidos

do corpo humano (visão, audição, tato e olfato) desde que haja condições

mínimas de segurança para a realização.

O mesmo autor define que a monitoração objetiva, mais atual, tem como base

medições por meio de instrumentos especiais como medidores de vibração ou

de radiação térmica, por exemplo.

A monitoração contínua, para Kardec e Nascif (2002), é também uma

monitoração objetiva, pois é baseada em medições. A diferença é que essas

medições são contínuas. Existe a possibilidade de colocar esses dados

contínuos em sistemas modernos de supervisão. Esses sistemas alertam para

um defeito como vibração acima do valor admissível, por exemplo.

3.1.1 TÉCNICAS PREDITIVAS

A manutenção preditiva não é absoluta e nem todos os equipamentos

requerem o mesmo tratamento. Desse modo a escolha do tipo ou modalidade

de manutenção a ser aplicada a este ou aquele equipamento é puramente

gerencial (KARDEC, NASCIF E BARONI, 2002).

33

Segundo Kardec e Nascif (2002) uma pequena bomba que rega o jardim da

entrada de uma fábrica certamente terá manutenção corretiva não planejada,

isto é, somente terá manutenção após a quebra. Já um redutor de um moinho

de bolas em uma fábrica de cimento deverá ser contemplado no programa de

Manutenção Preditiva. Existem várias técnicas preditivas, porém será descrito

na sequência do trabalho duas técnicas bastante utilizadas: Análise de

temperatura e Análise de Vibração.

Portanto, aplicar manutenção preditiva, na política de manutenção, não

significa que todas as máquinas da fábrica devem adotar este tipo de

manutenção. Faz-se necessário um estudo de quais são os equipamentos com

maior relevância para a empresa (equipamentos críticos, que envolvam aspectos

de: segurança, meio ambiente e produção) para que haja um uso criterioso e

eficiente dos recursos financeiros da manutenção.

4.2 ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

4.2.1 INSPEÇÃO PREDITIVA

As perguntas referentes a inspeção preditiva se encontram na Tabela 5 e

foram elaboradas levando-se em consideração duas observações:

- A empresa possui esta técnica no setor de manutenção;

- Essa técnica é aplicada para auxiliar o setor a melhorar o desempenho dos

equipamentos (aumento de confiabilidade, redução de custos, redução de

defeitos e falhas, entre outros) e não simplesmente para atender aos requisitos

das normas.

O objetivo é avaliar se o setor faz inspeções preditivas, se as anomalias são

prontamente atendidas, se os instrumentos são adequados para a atividade, se

a rota de inspeção é adequada para o manutentor, se o manutentor utiliza os

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e/ou Equipamentos de Proteção

34

Coletiva (EPCs) na inspeção. Outro tópico importante é se os dados coletados

fazem diferença nas estratégias do setor e se são aplicados métodos de

investigação de defeitos/falhas. Outro ponto bastante importante é sobre os

equipamentos: Segundo o item 4.5.2 da PAS 55-1 (2008), a organização deve

assegurar que ferramentas, instalações sejam mantidos em boas condições e,

onde aplicável, calibrados. O mesmo item cita que a organização deve

estabelecer e manter processo(s) e procedimento(s) para controlar essas

atividades de manutenção e calibração. Isso é importante porque o instrumentos

de manutenção preditiva (câmera termográfica, analisador de vibração, etc) são

essenciais para o monitoramento de desempenho e condição dos equipamentos.

4.2.2 DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES TÉCNICAS

As questões referente a este item da pirâmide SGM se encontram na Tabela

6 e foram elaboradas levando em consideração o item 4.4.3 da PAS 55-1 (2008).

Esse tópico relata que a organização deve assegurar que qualquer pessoa sob

seu controle direto que se encarregar das atividades relacionadas com a gestão

35

de ativo tenha um nível adequado de competência em termos de formação,

treinamento e experiência. O mesmo item relata que a organização deve

identificar as exigências de competência a estes recursos humanos e planejar o

treinamento necessário para atingir estas competências.

A pergunta 4 da Tabela 6 faz um questionamento sobre a importância que a

organização tem para o estado psicológico do funcionário para executar suas

atividades. O ponto chave é que muitas vezes a atividade pode envolver riscos

sobre seus ativos físicos e humanos, por exemplo. É interessante que antes de

qualquer trabalho o gestor tenha ciência que seu funcionário está bem

emocionalmente para realizar a atividade. Caso contrário, este funcionário pode

causar um acidente de trabalho.

4.2.3 INTEGRAÇÃO DAS TAREFAS PROGRAMADAS, PREVENTIVAS E

TROCAS SOB CONDIÇÃO (PREDITIVA)

Para que haja uma boa investigação de falhas, deve-se tentar integrar os três

tipos de manutenção (programadas, preventivas e trocas sob condição). Sendo

assim, a partir de informações de uma manutenção sob condição, a equipe de

36

manutenção pode implementar itens novos nas manutenções preventivas. As

questões referente a este item da pirâmide SGM se encontram na Tabela 7.

O item 4.4.6 da PAS 55-1 (2008) diz que a organização deve estabelecer e

manter os registros necessários para demonstrar conformidade. Como isso é um

requisito, o objetivo de perguntar sobre a integração das tarefas programadas,

preventivas e trocas sob condição é verificar se a empresa utiliza os históricos

armazenados para traçar estratégias e planos de ação para evitar não-

conformidades e não somente ter conhecimento se ela possui algum registro.

Ter estoque de peças sobressalentes é um requisito e uma necessidade da

empresa. A questão em pauta é: as empresas revisam seus estoques de peças

sobressalentes para minimizar perdas com peças obsoletas, itens estragados,

etc? Sendo assim, a pergunta 6 da Tabela 7 aborda justamente isso, verificando

se existe esta avaliação.

4.2.4 ANÁLISE SISTÊMICA DAS FUNÇÕES (MODOS DE FALHA)

37

No item 4.6.2 da PAS 55-1 (2008) relata que a organização deve estabelecer,

implementar e manter um processo para solucionar e investigar falhas,

incidentes e não-conformidades associados com a gestão de ativos. Portanto, o

questionário tem como objetivo verificar como o desenvolvimento da falha será

absorvido pelo manutentor, supervisor e o gerente de manutenção. Pois, a união

dessas visões críticas proporcionará uma análise qualitativa do problema. Além

disso, a empresa necessita estar preparada para que as investigações sejam

desempenhadas dentro de um prazo que ela possa sofrer o mínimo de

consequências ou danos. As questões referente a este item da pirâmide SGM

se encontram na Tabela 8.

A PAS 55-1 (2008) menciona também que em uma corporação deve ser bem

definido um responsável para:

- Tomar decisões para pacificar as consequências surgidas através de uma

falha, um incidente ou uma não-conformidade;

- Investigar falhas, incidentes e não-conformidades para determinar sua causa-

raiz;

- Avaliar a necessidade de ações preventivas para evitar a ocorrência de falhas,

incidentes e não-conformidades;

- Comunicar aos membros superiores do departamento, os resultados das

investigações e ações corretivas e/ou preventivas identificadas;

- Eliminar causas devido a mau desempenho e não-conformidade de máquinas,

identificadas nas investigações e avaliações de conformidades.

A pergunta 4 da Tabela 8 foi elaborada como requisito na estrutura da

auditoria, pois no item 4.4.7.3 da PAS 55-1 (2008) é mencionado que a

identificação e avaliação de riscos devem considerar a probabilidade de eventos

plausíveis e suas consequências, além de, no mínimo, cobrir os riscos de falhas

humanas e funcionais, danos acidentais ou ações terroristas.

38

4.2.5 MANUTENÇÃO PROATIVA

O questionário da Tabela 9 foi elaborado com intuito de verificar se existe

uma identificação e eliminação sistemática dos problemas potenciais

relacionados com todos os aspectos de confiabilidade, disponibilidade e

sustentabilidade.

Segundo o item 4.6.1 da PAS 55-1 (2008) a organização deve estabelecer,

implementar e manter processos que buscam garantir que o sistema de gestão

de ativos esteja operando conforme previsto. A aferição de resultados é

fundamental para a verificação da eficácia dos sistemas, pois ele proporciona

um alerta de prováveis não-conformidades com os requisitos de desempenho do

sistema de gestão de ativos.

Logo, na PAS 55-1 (2008) é mencionado que a implantação de indicadores

de manutenção servirá como itens de verificação de resultados. Portanto, devem

ser considerados os indicadores reativos para possibilitar detecção e

fornecimento de dados sobre incidentes e falhas do sistema de gestão de ativos.

39

4 – DEFINIÇÕES DA QUALIDADE

A dificuldade encontrada em se definir um conceito único para o termo

qualidade existe devido à variedade de conceitos e definições. Dentre as

principais linhas de pensamento, destacam-se Juran, Deming, Feigenbaum e

Crosby, que foram os precursores para o desenvolvimento de ferramentas e

conceitos da qualidade.

Para GARVIN (1992), o termo qualidade pode ser facilmente mal entendido,

pois, além das empresas possuírem diferentes interpretações na aplicação do

termo, existem também interpretações pelo estudo do tema por diversas

disciplinas, tais como: filosofia, economia, marketing e gerência de operações.

Com base nessas observações, o autor identificou cinco abordagens para a

definição da qualidade, conforme segue:

- Abordagem Transcendental

40

Esta abordagem de aplicação pouco prática pressupõe que a qualidade é

sinônima de “excelência inata”; ou seja, é absoluta e universalmente

reconhecível quando se há experiência.

- Abordagem Centrada no Produto

Define a qualidade como uma variável precisa e mensurável. Produtos de

custo mais alto teriam mais qualidade, pois, teoricamente, teriam mais atributos,

o que seria refletido no custo de produção.

- Abordagem Centrada no Valor

GARVIN (1992) a define como “Excelência que se pode adquirir”. Abordagem

de difícil aplicação. Na prática determina que um produto de qualidade é um

produto que oferece um desempenho ou conformidade a um preço de custo

aceitável.

- Abordagem Centrada na Produção

Baseada na conformidade com as especificações, esta abordagem de

enfoque interno, implica que qualquer desvio é considerado como uma queda na

qualidade. Enfatiza a máxima de Crosby - “fazer certo da primeira vez”, pois leva

a menores custos.

- Abordagem Centrada no Usuário

Ainda segundo EDWARDS apud GARVIN (1992): “Qualidade consiste na

capacidade de satisfazer desejos”. Esta visão subjetiva parte da premissa de

que a qualidade “está diante dos olhos de quem observa” (GARVIN, 1992).

41

6 – GESTÃO POR PROCESSOS

Neste tópico serão abordados conceitos e definições relativas a processos,

suas aplicações nas organizações, a importante influência da qualidade na

gestão por processos e como esta nova estrutura pode atuar para atingir as

metas da organização.

2.3.1 - Conceito de Processo

Segundo HARRINGTON (apud GONÇALVES, 2000a), processo é qualquer

atividade que recebe uma entrada (input), agrega-lhe valor e gera uma saída

(output) para um cliente interno ou externo (figura 1). Este fluxo de transformação

pode acontecer através de uma única atividade ou um conjunto delas,

executadas em sequência lógica com o objetivo de produzir um bem ou serviço

que seja de interesse para um grupo de clientes (HAMMER E CHAMPY apud

GONÇALVES, 2000a).

Figura 1 – Exemplificação de um processo

Fonte: Adaptado de SLACK et al, 2002.

Este fluxo de transformação pode acontecer através de uma única atividade

ou um conjunto delas, executadas em sequência lógica com o objetivo de

produzir um bem ou serviço que seja de interesse para um grupo de clientes

(HAMMER E CHAMPY apud GONÇALVES, 2000a). Os inputs – ou recursos de

entrada – podem ser tangíveis (materiais, equipamentos, dados, etc.) ou

intangíveis (conhecimento, informações...), assim como os outputs podem ser

INSUMOS(INPUT)

PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO

SAIDAS OUTPUT)

42

bens (produtos) ou serviços (GONÇALVES, 2000a). Segundo SLACK et al

(2002), são chamados bens as saídas de processos que resultam em itens

tangíveis, que podem ser estocados e de baixo nível de contato com o

consumidor. Como exemplos, têm-se: a produção de petróleo; indústrias de

eletrônicos; automotivas e etc. Ainda segundo o autor, serviços são as saídas

intangíveis, de maior contato com o consumidor e que sua produção não pode

ser estocada. Como exemplos deste tipo de output estão as empresas aéreas,

de telemarketing, serviços hospitalares e etc.

2.3.2 - Tipos de Processos

Segundo GONÇALVES (2000a), em uma organização podem ser

identificados três tipos de processos: de negócio, organizacionais e gerenciais.

Processos de Negócio (ou Cliente) são os processos-chave da empresa,

aqueles que resultam no produto ou serviço ao cliente externo. Estes processos

caracterizam a atuação da empresa no mercado e são suportados pelos demais

processos internos.

Processos Organizacionais ou de Integração Organizacional viabilizam a

coordenação dos subsistemas da organização, oferecendo suporte aos

processos de negócio.

Processos Gerenciais são focados nos gerentes e suas relações, incluem

ações de medições e ajuste do desempenho da organização.

2.3.3 - Hierarquia do Processo

Como abordado em sua definição, um processo pode constituir de uma única

ou um conjunto de tarefas. Nesta visão, a organização pode agrupá-las ou

desmembrá-las de acordo com sua conveniência. Dois conceitos importantes

são:

- Macroprocesso: Definido como sistemas amplos e multifuncionais que

representam os principais processos da empresa (JURAN, 1992). Geralmente

43

envolvem mais de uma função da organização e dependendo de sua

complexidade é dividido em subprocessos (GONÇALVES, 2000b).

- Subprocesso: São divisões do macroprocesso. Possui objetivos específicos,

recebem entradas e geram suas saídas em um único departamento

(GONÇALVES, 2000b).

Podem ser divididos em atividades e tarefas.

A figura 3 ilustra um exemplo desta hierarquia.

2.3.4 - Importância da Gestão por Processos

Durante o século XX, a estrutura por funções foi predominante nas empresas.

Esta estrutura - considerada “vertical” - consistia na exagerada divisão de

tarefas. Com a hiperespecialização das pessoas, os departamentos não

possuíam uma visão sistêmica da organização (GONÇALVES, 2000a). Como

consequências da utilização desta estrutura estão a difícil troca de informações

entre as áreas, objetivos conflitantes (objetivos específicos das áreas se tornam

diferentes dos objetivos da empresa) e a burocratização devido à hierarquia

(PALADINI, 1995). Com o sucesso da implementação do gerenciamento por

processos nas indústrias japonesas nas décadas de 80 e 90, a cultura desta

44

nova estrutura começou a ser difundida no ocidente. A mudança para times

horizontais implica em empregar objetivos externos; definir responsabilidades

pelo andamento do processo; diminuição dos gastos com transporte,

armazenagem e deslocamento através de recursos de tecnologia e maximizar o

agrupamento de atividades (STEWART apud GONÇALVES, 2000a).

Uma vez que o mercado demanda constantes mudanças na organização,

tanto organizacionais quanto econômicas e de atividades, o aperfeiçoamento

dos processos de negócio da organização torna-se uma importante ferramenta

para a vantagem competitiva

(GONÇALVES, 2000b).

2.3.5 - Gestão da Qualidade no Processo

De um modo geral, a qualidade inicialmente era buscada através do produto

acabado. Este meio de verificação era ineficiente, oneroso para a organização e

não trazia benefícios na prevenção e correção de falhas. Passou-se então a

utilizar as informações das inspeções como base das ações da fábrica. Assim, a

visão de que “o produto é resultado do processo” (JURAN, 1992), tornou-se a

grande chave para a gestão da qualidade, fazendo com que as ações sejam

voltadas para as causas e não para os efeitos. PALADINI (1995) afirma que

através da melhor estruturação dos processos pode-se direcionar as ações do

processo produtivo para o pleno atendimento do cliente. Dentro do contexto

específico de qualidade, tem-se que o processo deve ser capaz de atingir as

metas estabelecidas através de condições operacionais (JURAN, 1992). A

noção de função qualidade, conceituada por JURAN (1992) fixa a importância

da gestão por processos para que todos os setores estejam integrados, de forma

a atender as necessidades dos clientes, como segue sua definição: “Conjunto

das atividades através das quais se atinge a adequação do produto ou serviço

ao uso, não importando em que parte da organização estas atividades são

executadas”.

45

7 – QUALIDADE E O RELACIONAMENTO COM CLIENTES

Dentre as inovações propostas pelo conceito de Qualidade Total em uma

organização está a mudança da ênfase em relação aos fornecedores. O foco

das relações empresa-fornecedor passa do produto fornecido e suas

especificações para os processos produtivos do mesmo, que se torna uma

“extensão do processo da empresa”. Esta nova visão demanda uma gama maior

de variáveis a serem avaliadas para a escolha de um fornecedor (PALADINI,

1995).

Partindo da premissa de que produtos ou serviços de alta qualidade dão à

organização uma considerável vantagem competitiva, um bom desempenho do

fornecedor em relação ao seu cliente influencia no aumento da lucratividade,

atuando na redução de custos de operação e evitando custos pela não-

conformidade (ou “má-qualidade”).

Do ponto de vista do fornecedor, a preocupação com a qualidade pelos

fornecedores se dá a partir de dois pontos de vista (BAILY et al, 2000):

1) Qualidade de design ou especificação: o material a ser utilizado deve ser

descrito ao fornecedor de forma clara e especifica, com o intuito de não

oferecer informações ambíguas.

2) Qualidade de Conformidade: É de responsabilidade do fornecedor a

entrega de material conforme características especificadas pelo produtor.

2.4.1 - Visão da Qualidade sobre o Desenvolvimento de Fornecedores

Segundo SILVA (2008):

O desenvolvimento de fornecedores é o conjunto de atividades tomadas por uma

empresa cliente com seus fornecedores para aprimorar a performance e/ou

capacidade do fornecedor e ir de encontro às necessidades de suprimento da

empresa cliente a curto ou longo prazo.

46

A atividade de desenvolvimento de fornecedores está diretamente ligada ao

setor de compras da organização. Nele, através dos inputs das áreas de

logística, qualidade, produção e outras, são selecionadas as fontes de

suprimento da organização.

No âmbito da qualidade, a ênfase passa a ser a avaliação dos fornecedores.

Neste foco, o conjunto de ações do fornecedor é o mais relevante. Um processo

estável que ofereça produtos conforme se torna a principal avaliação da

qualidade. O “valor de atendimento” passa a ser considerado o fornecedor como

um todo e não mais um item em especifico por ele fornecido (PALADINI, 1995).

A atuação dos fornecedores com a empresa tende a um relacionamento

mútuo de parceria benéfica, de modo que ambas se mantenham competitivas no

mercado (BAILY etal, 2000). A avaliação dos fornecedores é importante, pois o

desempenho dos sistemas da organização depende da qualidade dos

subsistemas que a complementam (GARVIN, 1992). BAILY et al, (2000)

descreve cinco métodos para avaliação da capacidade do fornecedor, conforme

segue:

1. Desempenho Anterior: Utilizado nas compras em grandes quantidades de

vários fornecedores, este método avalia registros de quesitos como: entrega,

serviço, preço e outros para a tomada de decisão.

2. Reputação: Amplamente usado, se baseia nas referências de mercado e

de outros clientes.

3. Visita e Avaliação: Envolve visitas ao fornecedor para avaliação de sua

capacidade de fornecimento e conformidade de acordo com especificações

exigidas pela empresa.

4. Certificação de Terceiros: Escolha de fornecedores com base em

avaliações feitas por organizações independentes cujos resultados são

publicados na forma de certificado de avaliação da qualidade.

5. Avaliação de Amostras de Produtos: Estágio chave para controle total da

qualidade se baseia nas conformidades do fornecimento. Relaciona-se com o

novo enfoque dado para a conformidade do processo do fornecedor, e não

somente para os produtos fornecidos.

47

8 – NORMALIZAÇÃO

Segundo MARSHALL JUNIOR et al, (2006), a internacionalização dos

mercados influencia diretamente o aumento da competitividade. Com a disputa

por mercados globais, as crescentes exigências obrigaram as empresas a

reavaliar seus sistemas de gestão para o reconhecimento internacional. A

adoção da padronização dos procedimentos industriais e de serviços torna a

certificação necessária para qualquer organização; facilitando a comunicação

com os clientes e atendendo a adequação que passa a ser exigida para o

sistema de qualidade.

O autor define como objetivos da normalização, os seguintes itens:

- Economia: Redução de variedade de produtos e procedimentos;

- Comunicação: Informações mais claras entre fornecedores e clientes;

- Segurança: Proteger a vida e a saúde;

- Proteção ao Consumidor: oferecer meios de aferir a qualidade de bens e

serviços;

- Eliminação de Barreiras Técnicas e Comerciais: Evitar regulamentos

conflitantes entre países, facilitando o intercâmbio comercial. Para que estes

objetivos sejam cumpridos, representantes de 25 países criaram uma

organização internacional para coordenar, controlar e facilitar o intercâmbio

internacional de bens e de serviços. Esta organização, denominada International

Organization for Standardization (ISO) ou Organização Internacional de

Normalização - tem seu escopo estabelecido em todos os campos de

conhecimento, exceto na área de engenharia e eletrônica, que são de

responsabilidade da International Eletrotechnical Commission (IEC).

(MARSHALL JUNIOR et al, 2006). É importante frisar que esta organização não

estabelece a forma de como as empresas devem lidar com os sistemas de

gestão da qualidade, mas sim elabora normas que estabelecem as exigências

que devem ser cumpridas para que a empresa tenha seu sistema de gestão

reconhecido internacionalmente. As normas ISO são classificadas por “famílias”,

48

que são especificadas de acordo com a área de aplicação. Dentre as áreas

principais relacionadas ao tema do presente trabalho, temos:

ISO 9000 - Sistemas da Qualidade: Normas para a gestão e garantia da

qualidade. Representam um conjunto internacional de requerimentos padrões

para um sistema de manejo de qualidade. Esta família de normas busca avaliar

a qualidade na especificação, desenvolvimento, produção, instalação e serviço

pós-venda; qualidade na produção, inspeção e ensaios finais. Assim, asseguram

que a organização pode fornecer produtos ou serviços que atendam às

exigências de qualidade do cliente (ISO, 2008).

ISO 14000 - Gestão Ambiental: Normas para emissões e controle ambientais.

Referem-se à prevenção de processos de contaminações ambientais. Este

conjunto de normas orienta a organização quanto a sua estrutura, forma de

operação e de levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização

de dados e resultados, inserindo a organização no contexto ambiental (ISO,

2008).

ISO / TS 16949 - Sistema de Gestão Automobilística: Normas que atendem aos

requisitos das principais montadoras do mundo (americanas, alemãs, francesas

e italianas). Resultado do trabalho da International Automotive Task Force

(IATF).

Especificamente para a indústria automotiva, a norma ISO 9001:1994 não

conseguia atender às exigências requeridas pelas montadoras. Para que os

requisitos do setor fossem avaliados conforme as exigências, foram criadas

normas nacionais. Desta forma, estabeleceram-se nos seguintes países, suas

respectivas normas:

- França: Evaluation Aptitude Qualité Fournisseur (EAQF 94)

- Alemanha: Verband der Automobiliindustrie (VDA 6.1)

- Itália: ANFIA Valutazione Sistemi Qualità (AVSQ 94)

- Estados Unidos: Quality System 9000 (QS 9000)

49

Esta variedade de normas e diferentes requisitos resultavam na duplicidade

de documentações comuns e forçava para que os fornecedores tivessem

conhecimento em diferentes normas para obter certificação de fornecimento nos

diferentes países.

Assim, a partir da necessidade de normalizar e padronizar os requisitos da

indústria automobilística, foi elaborada em 1999 a norma ISO / TS 16949 –

Sistema de Gestão Automobilística, que abrange a grande maioria dos requisitos

dos países supracitados, tornando-se a norma vigente para o setor e seus

fornecedores.

50

CONCLUSÕES

A realização deste trabalho permitiu – se entender de forma ampla a

importância da Auditoria de Processos nas Organizações. Foi demonstrado

também inúmeras ferramentas de gestão para garantia da eficácia e eficiência

dos processos organizacionais.

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Sendo a área de qualidade e desenvolvimento de processos de ampla

abrangência, várias outras ferramentas da qualidade podem ser abordadas

como suporte para fornecimentos.

Como sugestões para trabalhos futuros a serem desenvolvidos a partir da

revisão bibliográfica: Análise dos resultados da aplicação da auditoria de

processos em processos de manutenção ao longo de um determinado período

de tempo, verificação da eficácia da implantação dos planos de melhoria através

de outras auditorias de processos e desenvolvimento de metodologias de

implantação de auditorias de processos em serviços aplicáveis a outros setores.

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 - Almeida, Marcelo Cavalcanti. Auditoria

2 - Dias, Sérgio Vidal dos Santos. Auditoria de Processos Organizacionais

3 -Castro, Humberto Barbosa de Castro. Auditoria de Processos Licitatórios e

contratos administrativos.

4 - PALADINI, E.P. Gestão da Qualidade: Teoria e Prática. São Paulo, Atlas,

2004.

5 - ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: Um Curso Moderno e Completo.

São Paulo: Editora Atlas S.A, 2010

6 - ABRAMAN, PAS:55 Gestão de Ativos. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora

LTDA, 2008.

7 - DORIGO, Luiz Carlos; NASCIF, Júlio. Manutenção Orientada para

Resultados. Rio de Janeiro: Quality Editora LTDA, 2009.

8 - RODRIGUES, Marcelo. Gestão da Manutenção Elétrica, Eletrônica e

Mecânica. Curitiba: Editora Base, 2010

9 - VITALI, Claudio Antônio. Auditória de processos de manutenção planejada.

Curitiba: Monografia de especialização, 2011

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