o xiii conird às margens do rio são francisco - abid

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O XIII Conird às margensdo Rio São Francisco

T

ITEMHelvecio Mattana SaturninoEDITOR

E-MAIL: helvecio@gcsnet.com.br

A irrigação faz brotar um amplo leque de opções deprodução e muitos desafios em relação a conquistados mercados e realização de bons negócios.A vitivinicultura, inspiração dessa capa, com a fotode Cícero Barbosa Filho, tem em sua montagem aessência da formação de clusters, com base nosagronegócios com a uva sem sementes, ganhandosofisticados mercados externos, na elaboração devinhos e de várias outras alternativas de agregaçãode valor à produção.

endo-se como cenário o rio da integraçãonacional e o trabalho do homem em favordo agronegócio calcado na agricultura irri-

gada, a estada em Juazeiro oferece a oportunida-de de convivência com um pólo de expressivo su-cesso. O ambiente é dos mais promissores e todasas parcerias frutificaram, para que haja um ricoprocesso dialético, com sólidas transferências deconhecimentos e muita confraternização. Haverádias de campo, onde empreendedores estão comjardins de inovações em projetos públicos e priva-dos, com os desafios das logísticas para se alocaremrecursos disponíveis visando a busca permanentepelos mercados internos e externos, conquistando-os. No bojo desse processo, está a reversão do es-tigma do sofrido retirante para o das crescentesoportunidades de emprego, resgatando-se a cida-dania e assinalando-se para um amanhã mais se-guro e promissor, com maiores perspectivas de umharmonioso convívio com a rica Caatinga.

Abrir o XIII Conird com o foco no Comitê daBacia do Rio São Francisco e o tema “O agrone-gócio da agricultura irrigada, com revitalizaçãohídrica: a chave para mais empregos e a reversãodos ciclos de pobreza em ciclos de prosperidade”,sinaliza para os novos tempos e as novas oportuni-dades de gestão compartilhada dos recursoshídricos. Nesse “condomínio”, há um profícuocampo para evidenciar o quanto é importante oconstante desenvolvimento da agricultura irriga-da.

O sucesso desse empreendimento exige muitotrabalho e envolve a essência de uma moderna eco-nomia de mercado, ou seja, ser sustentável sob oponto de vista econômico, social e ambiental.

O desafio permanente é o de realização de bonsnegócios, multiplicando-os e gerando cada vez maisrenda e ampliando oportunidades de empregos nas

cadeias produtivas, agregando valores a tudo quea água faz brotar e frutificar, tendo como base oconstante desenvolvimento dos sistemas de irriga-ção e drenagem, sem perder a visão holística detoda a Bacia.

O XIII Conird oferece a oportunidade de umarica interlocução em torno desse estratégico em-preendimento, com o concurso dos agentes eco-nômicos e a feliz junção de esforços com a Fenagri,a partir de sua abertura em 29/10/2003, quando ter-se-á a praça da irrigação e drenagem.

A parceria com o governo da Bahia, o apoio daprefeitura de Juazeiro e do empresariado dessePólo, a participação das empresas de equipamen-tos de irrigação e o concurso de diversos organis-mos e profissionais dos mais diversos setores, eno-brecem e enriquecem a Abid.

O trabalho do Banco Mundial e os debates emtorno do mesmo exemplificam o alcance da agri-cultura irrigada.

Ao agradecer, antecipadamente, a todos quefizeram parte deste evento como atores e parcei-ros, o fazemos com a firme convicção que havere-mos de lograr um grande congresso, tornando-oindelével nessa estada no Pólo de Juazeiro/Petrolina e dos demais municípios que compõema região administrativa integrada: Sobradinho,Casa Nova, Curaçá, Lagoa Grande, Santa Mariada Boa Vista e Orocó.

REVISTA TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IRRIGAÇÃO

E DRENAGEM – ABID

Nº 59 - 3º TRIMESTRE DE 2003ISSN 0102-115X

ITEMITEMIRRIGAÇÃO & TECNOLOGIA MODERNA

CONSELHO EDITORIAL:ESTEVES PEDRO COLNAGOFERNANDO ANTÔNIO RODRIGUEZ

HELVECIO MATTANA SATURNINOHYPÉRIDES PEREIRA DE MACÊDO

JORGE KHOURYJOSÉ CARLOS CARVALHO

LUIZ CARLOS HEINZESALASSIER BERNARDO

COMITÊ EXECUTIVO:ANTÔNIO A. SOARES; DEVANIR GARCIA DOS SANTOS; FRANCISCO DE SOUZA;

GENOVEVA RUISDIAS; HELVECIO MATTANA SATURNINO; PAULO ROBERTO COELHOLOPES

EDITOR: HELVECIO MATTANA SATURNINO E-MAIL: HELVECIO@GCSNET.COM.BR

JORNALISTA RESPONSÁVEL: GENOVEVA RUISDIAS (MTB/MG 01630 JP). E-MAIL:RUISDIAS@MKM.COM.BR

ENTREVISTAS E REPORTAGENS: GENOVEVA RUISDIAS

COLABORADORES: ADEMÁRIO AFONSO DE ARAÚJO FILHO, ADONAI CALBO, ALUÍSIOROBERTO ANDRADE MACEDO, ANDRÉ LUÍS TEIXEIRA FERNANDES, ANTÔNIO

ALVES SOARES, ANTÔNIO MARCOS COELHO, ALBERTO CARLOS DE QUEIROZ PINTO,ALBERTO GALVÃO, ALTAMIRANO LORDÊLLO, ÁLVARO ROTA, ARNALDO EIJSINK,ARISTÓTELES PIRES DE MATOS, AVONI PEREIRA DOS SANTOS, BERNHARD KIEP,CARLOS GILBERTO FARIAS, CLEMENTINO DE SOUZA COELHO, DANIELA BZAGGIONI

LOPES, DEMETRIUS DAVID DA SILVA, DEVANIR GARCIA DOS SANTOS, DILTON DACONTI OLIVEIRA, DORACY PESSOA RAMOS, DURVAL DOURADO NETO, EDUARDO

GUSTAVO FARNESI BRANDÃO, ELIAS TEIXEIRA PIRES, EVERARDO C. MANTOVANI,EUGÊNIO BRUNHEROTO, FERNANDO BRAZ TANGERINO, FERNANDO KOSSATZ SAAD,FLÁVIA BATISTA MOREIRA, FRANCISCA NEUMARA HAJI, FRANCISCO ADRIANO DEC. PEREIRA, FRANCISCO GUEDES ALCOFORADO FILHO, FRANCISCO NUEVO,GEORGE ROBERTO GARZIERA, HANS RAJ GHEYI, HYPÉRIDES PEREIRA MACÊDO,INGBERT DOWICH, IVO MARZALL, JAIME FLAVIO DA FONSECA, JERSON KELMAN,JORGE KHOURY, JORGE ROBERTO GARZIERA, JOSÉ CISINO MENESES LOPES, JOSÉ

FERNANDO DA SILVA PROTAS, JOSÉ MARIA PINTO, JOSÉ OLÍMPIO RABÊLO DEMORAIS, LAIRSON COUTO, LÍLIAN PENA PEREIRA, LUCIANO MENESES CARDOSO

DA SILVA, LUÍS CÉSAR DIAS DRUMOND, LUÍS SANTOS PEREIRA, LUIZ EDUARDOFERRAZ, LUIZ GABRIEL AZEVEDO, MAÇAO TADANO, MANFREDO PIRES

CARDOSO, MANOEL ALCIDES MODESTO, MANOEL TEIXEIRA DE CASTRO, MÁRCIOMOTA RAMOS, MARCOS TESLLER, MARCUS VINÍCIUS FOLEGATTI, PATRÍCIA

COELHO DE SOUZA LEÃO, PAULO AFONSO ROMANO, PAULO AUGUSTO DA COSTAPINTO, PAULO EMÍLIO P. DE ALBUQUERQUE, PAULO ROBERTO COELHO LOPES,PEDRO BARBOSA DE DEUS, PEDRO EUGÊNIO C. T. CABRAL, ROBERTO ALVESNUNES, ROBERTO RODRIGUES, RUBENS SONSOL GONDIM, SALASSIER BERNARDO,SANDERSON ALBERTO MEDEIROS LEITÃO, VINÍCIUS JOSÉ DE SOUZA VIEIRA, VITALPEDRO DA SILVA PAZ, VÍTOR HUGO CAINELLI, WALTER FARIAS GOMES JÚNIOR,WASHINGTON L. C. SILVA, WASHINGTON PADILLA, WELLINGTON GOMES OLIVEIRA.

AUTORIA DOS ARTIGOS TÉCNICOS: PATRÍCIA COELHO DE SOUZA LEÃO.REVISÃO: MARLENE A. RIBEIRO GOMIDE, ROSELY A. R. BATTISTA E CIBELE PEREIRA

DA SILVA (SUPORTE TÉCNICO).FOTOGRAFIAS: ARQUIVOS DA AGROVALE, CODEVASF, EMBRAPA SEMI-ÁRIDO,

SECRETARIA DA AGRICULTURA, IRRIGAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA DA BAHIA,SECRETARIA DA AGRICULTURA IRRIGADA DO CEARÁ, ALBERTO CARLOS DE

QUEIROZ PINTO, CÍCERO BARBOSA FILHO, EVERARDO MANTOVANI,GENOVEVA RUISDIAS, GERALDO MOURA, HELVECIO MATTANA SATURNINO,MAURÍCIO ALMEIDA.

PUBLICIDADE: ABID, PELO E-MAILS: ABID@FUNARBE.ORG.BR EAPDC@BRTURBO.COM.BR OU PELO FAX: (61)274.7245.

PROJETO E EDIÇÃO GRÁFICA: GRUPO DE DESIGN GRÁFICO LTDA.(RUA CÔNEGO JOÃOPIO, 150, MANGABEIRAS, BELO HORIZONTE, MG, TEL: (31) 3225.5065

TIRAGEM: 6.000 EXEMPLARES.ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IRRIGAÇÃO E

DRENAGEM (ABID) – SCLRN 712, BLOCO C - 18, BRASÍLIA, DF,CEP: 70760-533 – FONE: (61) 273-2154 OU (61) 272-3191; FAX: (61)274-7245 EE-MAILS: APDC@BRTURBO.COM.BR

PREÇO DO NÚMERO AVULSO DA REVISTA: R$ 10,00 (SEIS REAIS).OBSERVAÇÕES: OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES,

NÃO TRADUZINDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DA ABID. A REPRODUÇÃO TOTAL

OU PARCIAL PODE SER FEITA, DESDE QUE CITADA A FONTE.AS CARTAS ENVIADAS À REVISTA OU A SEUS RESPONSÁVEIS PODEM OU NÃO SER

PUBLICADAS. A REDAÇÃO AVISA QUE SE RESERVA O DIREITO DE EDITÁ-LAS,BUSCANDO NÃO ALTERAR O TEOR E PRESERVAR A IDÉIA GERAL DO TEXTO.

ESSE TRABALHO SÓ SE VIABILIZOU GRAÇAS À ABNEGAÇÃO DE MUITOS PROFISSIONAIS E

AO APOIO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.

LEIA NESTLEIA NESTLEIA NESTLEIA NESTLEIA NESTA EDIÇÃO:A EDIÇÃO:A EDIÇÃO:A EDIÇÃO:A EDIÇÃO:

Especialistas do Banco Mundial consideramagricultura irrigada estratégica na geraçãode impactos socioeconômicos e na redução

da pobreza no Semi-Árido brasileiro

Em parceria com outras instituições, o BancoMundial está promovendo um estudo sobre os

impactos e as externalidades sociais da agriculturairrigada no Semi-Árido brasileiro, pretendendo

apontar diretrizes que poderão ser adotadas pelasautoridades brasileiras, em relação aos perímetrosde irrigação. O objetivo central visa identificar até

que ponto essa atividade tem contribuído para aredução da pobreza e das desigualdades regionais,

para o aumento e distribuição da renda e para ageração de empregos de qualidade na região.

Página 7

Porque o Pólo de Juazeiro-Petrolinadeu certo?

O consultor e engenheiro agrônomo,Ivo Marzall, aponta as principais razões que

transformaram esse pólo de irrigação no mais bem-sucedido do país.

Página 14

Thompson Seedless: potencial para cultivono Vale do São Francisco, de Patrícia Coelho

de Souza LeãoPágina 16

O futuro dos vinhos do Valedo São Francisco

As características climáticas e os investimentos nairrigação fizeram do Vale do São Francisco o único

local do mundo, onde se pode produzir uvas paravinho durante todos os dias do ano, com capacidade

para uma produção anual de duas safras e meia.Atualmente, oito empresas vitivinícolas estãoinstaladas na região e o governo baiano quer

estimular a instalação de novas indústrias do ramo.Página 21

XIII Conird e XIV Fenagri, uma parceriade eventos trazendo para Juazeiro, Bahia,

as atenções nacionais para a agriculturairrigada

Conheça tudo sobre a programação do XIIICongresso Nacional de Irrigação e Drenagem, que

acontece em Juazeiro, BA, de 26 a 31 de outubro de2003, em parceria com a XIV Feira Nacional da

Agricultura Irrigada.Página 24

AS CONFERÊNCIASAS CONFERÊNCIASAS CONFERÊNCIASAS CONFERÊNCIASAS CONFERÊNCIAS– Os recursos hídricos e as parcerias para o desenvolvimento

sustentável dos agronegócios calcados na agriculturairrigada. Página 30

– As externalidades socioeconômicas da agricultura irrigada.Página 33

– As cadeias produtivas nos agronegócios: o exemplo davitivinicultura irrigada. Página 37

OS SEMINÁRIOSOS SEMINÁRIOSOS SEMINÁRIOSOS SEMINÁRIOSOS SEMINÁRIOS– Barreiras comerciais e certificação da agricultura irrigada.

Página 40– Os impactos da revitalização e conservação de cursos

d’água na agricultura irrigada: o caso do Rio São Francisco.Página 43

– O insumo fertilizante e a agricultura irrigada: o caso damanga. Página 47

– Coeficientes de cultivos, eficiência de irrigação efertirrigação. Página 50

– O agronegócio da cana-de-açúcar irrigada e as perspectivasdas fontes renováveis de energia do Nordeste. Página 54

– Tecnologias e perspectivas do agronegócio da uva irrigada.Página 57

OS MINICURSOSOS MINICURSOSOS MINICURSOSOS MINICURSOSOS MINICURSOS– Introdução à irrigação e ao XIII Conird. Página 61– – – – – Processo de outorga de água e de licenciamento ambiental

para irrigação. Página 61– Equipamentos e tecnologia de aplicação de defensivos na

agricultura irrigada. Página 62– Manejo da irrigação utilizando o Irriga. Página 63– Manejo de irrigação de fruteiras e hortaliças com o uso de

cápsulas porosas. Página 63– Manejo integrado de pragas na manga irrigada. Página 65– Fertirrigação. Página 66– Irrigação e fertirrigação em pastagens. Página 66– Irrigação e fertirrigação na cultura do café. Página 67– Gerenciamento da irrigação via estação metereológica.

Página 67– Leite irrigado. Página 67– Manejo da videira irrigada para controle da ferrugem e da

bacteriose. Página 68– Manejo da mangueira irrigada: malformação floral, poda e

adensamento. Página 69– Irrigação e fertirrigação na cultura da cana-de-açúcar e o

reaproveitamento de águas servidas na agroindústriasucro-alcooleira. Página 69

OS DIAS DE CAMPO– Irrigação evidencia investimentos do Carrefour em

agronegócios no Brasil. . . . . Página 70– Agrovale, o pioneirismo no agronegócio sucro-alcooleiro no

Vale do São Francisco. Página 72– Codevasf mostra a retomada das obras do Salitre. Página 73

NAVEGANDO NA INTERNETPágina 74

CLASSIFICADOSPágina 74

O Projeto Jaíba, localizado no Norte de Minas, éum dos 11 perímetros públicos de irrigaçãoque fizeram parte de um estudo coordenadopelo Banco Mundial sobre os impactos e asexternalidades sociais da agricultura irrigadano Semi-Árido brasileiro. Esse estudo pretendeapontar também diretrizes que poderão seradotadas pelas autoridades brasileiras, emrelação aos perímetros de irrigação.

A revitalização do rio São Francisco serádebatida durante um dos principaisseminários que acontecem no XIII Conird.Pesquisadores, produtores, autoridades dogoverno e diversos outros representantes dosetor privado irão debater o assunto.

Este ano, o XIII Conird está sendo realizado emJuazeiro, Bahia, em parceria com outro eventoimportante, a XIV Fenagri. A programação doConird é atraente e apresenta quatroconferências, seis seminários, 14 minicursos,sessão pôster, dois dias de campo e uma visitatécnica. Já a programação da Fenagri tem nafeira, sua principal atração, além de rodadas denegócios e um seminário internacional.

Na agricultura irrigada do Vale do São Francisco,a cultura da videira destaca-se como exemplo desucesso e apresentou uma notável expansão daárea cultivada, passando de 1.759 hectares, em1990 , para 6.297 hectares, em 2002. Por issomesmo, é tema de um artigo técnico, de umaconferência e de um seminário durante o XIIIConird.

Oportunidades de ganhos coma agricultura irrigada

“Como profissional autônomo, atuando em umamplo leque de atividades junto a proprietários ru-rais, desde a corretagem imobiliária até os trâmitesburocráticos de preenchimento dos diversos formu-lários, enquadrando produtores rurais comobeneficiários da redução de tributos, atualizandovalores das benfeitorias e áreas produtivas de imó-veis rurais sem onerar carga tributária, com o devi-do conhecimento técnico, amparados por lei, possodizer-lhes que conheço relativamente bem esse mun-do rural. Os ganhos de produtividade significam umamelhor saúde financeira para o setor primário. O tra-balho desenvolvido pela ABID está nessa saudável di-reção, incluindo-se aí a maior proteção do produ-tor , sempre repleto de riscos e frustrações, que dei-xam escapar as oportunidades de ganhos consisten-tes no campo. Diante isso, é auspicioso observar asedições da revista ITEM, mostrando-nos o significa-do da agricultura irrigada e as formas de agregaçõesde valores às propriedades, aos produtos e a utiliza-ção dos fatores de produção. Parabéns pelas exce-lentes revistas, conteúdo de primeira, diagramaçãomaravilhosa, padrão de altíssima qualidade.”

Mario CapellutoRio de Janeiro – RJE-mail: mcapelluto@terra.com.br

CARTASleitoresUma justa homenagem a umgrande parceiro da ABID

“O gerente-geral daEmbrapa Café, Antôniode Pádua Nacif, foi umdos homenageados do 5ºEncontro sobre Produçãode Café com Qualidade,promovido pela Universi-dade Federal de Viçosa,entre os dias 9 e 11 de se-tembro, em Viçosa (MG).A homenagem a Nacif(que recebeu uma placade prata) foi entreguepelo vice-reitor da UFV,Fernando da Costa Baeta.Em seu discurso ele destacou a importante contri-buição dada pelo gerente-geral da Embrapa Café àpesquisa frente à coordenação do Consórcio Brasi-leiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café e porseu trabalho como gerente de pesquisas da Epamig.Baeta lembrou que Nacif foi um dos criadores doConsórcio, modelo até então inédito no Brasil. Lem-brou também o empenho do gerente-geral daEmbrapa Café para a criação da biblioteca eletrônicado café, que disponibiliza o conhecimento científicoda cultura a internautas de todo o mundo. O ende-reço da biblioteca é http://www.sbicafe.ufv.br/.

Sandra ZambudioEmbrapa Café, Brasília, DF.

O Plantio Direto e a Irrigação

“Ao analisar o relacionamento existente entre oPlantio Direto e a irrigação, tenho as seguintes ob-servações a fazer:

1- O PD favorece uma economia de água de irri-gação por minimizar a evaporação.

2- Aumentando gradativamente a permeabilidadee restringindo o escorrimento, o PD facilita a infiltra-ção da água excedente de chuva, vindo a enriquecero lençol freático responsável pelos ‘olhos d’água’ e,subseqüentemente, a recarga dos aqüíferos, cujaágua é muitas vezes reciclada na irrigação.

3- A irrigação pode favorecer a produção debiomassa durante a estiagem, ajudando então a tec-nologia do ‘solo imperturbado recoberto de resídu-os, imitando a natureza’!

4- O PD enseja rapidez no plantio seguinte à co-lheita, a qual, na estiagem, só é viável pela irrigação.

Terei muito prazer de colaborar com a ABID.”Fernando Penteado CardosoEngenheiro agrônomo, Fundação Agrisus pela

Agricultura Sustentável

6 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

ERRAMOSNa edição nº 58 da ITEM, cometemos algumas falhas:

– Na p. 9, na matéria com o secretário Pedro Barbosa de Deus, oquadro abaixo foi publicado incompleto, com a omissão da linhareferente às hortaliças:

SUPERFÍCIE IRRIGADA DAS PRINCIPAISEXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS / BAHIA

DISCRIMINAÇÃO ÁREA (ha) %

Fruticultura 105.600 32Grãos 85.800 26Cana-de-Açúcar 42.900 13Hortaliças 36.300 11Pastagens 26.400 8Café 19.800 6Algodão 9.900 3Outras 3.300 1TOTAL 330.000 100

Fonte: IBGE/SEAGRI - AIBA - ANO 2001

– Na p. 14, no intertítulo “Reversão do êxodo rural”, corrija o textoinicial para: “Na Chapada Diamantina e na região de Ibicoara-Mucugê...”

– Nas pp. 28 e 29, ocorreu uma inversão nas legendas das fotos doartigo.

Pedro Barbosa de Deus

Especialistas do Banco Mundial consideramagricultura irrigada estratégica na geração

de impactos socioeconômicos e na reduçãoda pobreza no Semi-Árido brasileiro

Banco Mundial, em parceria com outrasinstituições1, está promovendo um estu-do2 sobre os impactos e as externalidades

sociais da agricultura irrigada no Semi-Árido,pretendendo apontar também diretrizes que po-derão ser adotadas pelas autoridades brasileiras,em relação aos perímetros de irrigação. O obje-tivo central visa identificar até que ponto essaatividade desenvolvida no Semi-Árido tem con-tribuído para a redução da pobreza e das desi-gualdades regionais, para o aumento e distribui-ção da renda e para a geração de empregos dequalidade.

O estudo está sendo desenvolvido em parce-ria entre o Banco Mundial e o governo brasileiro– particularmente o Banco do Nordeste (BNB), oMinistério de Integração Nacional (MI) e a Com-panhia de Desenvolvimento dos Vales do SãoFrancisco e do Parnaíba (Codevasf), através de

intenso processo participativo, o qual tornoupossível a identificação de problemas que neces-sitam atenção, destacando os mais importantesdesafios a serem enfrentados na busca de umairrigação mais eficiente, eficaz e efetiva na regiãodo Semi-Árido.

Após uma série de consultas iniciais, as infor-mações disponíveis foram analisadas, no âmbitoda região, incluindo a análise integral da irriga-ção, relacionada com: a situação institucional; omarco legal e regulatório; os mecanismos fiscaise de gestão dos recursos orçamentários e finan-ceiros destinados a atender aos custosoperacionais e de manutenção (O&M); e, as inter-relações e implicações concernentes à reduçãoda pobreza rural. Os resultados dessa análiseinicial serviram de base para uma segunda roda-da de consultas com funcionários de governos edo setor privado (stakeholders).

A conclusão deprojetos, comoo do Jaíba, foiconsideradaprioritária noestudo do BancoMundial

Pólos de irrigação

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Pólos de irrigação

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 7

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Essas entrevistas permitiram realizar umaprimeira avaliação do diagnóstico inicial, com oobjetivo de complementá-lo e de colocar emdebate as implicações pertinentes à políticasetorial, frente ao governo e aos stakeholders dainiciativa privada, envolvidos com o uso, supri-mento, operação e manutenção das infra-estru-turas de irrigação.

Finalmente, após as consultas, dois seminári-os de validação foram realizados em Brasília,com a Seain/Ministério do Planejamento, e como MI, os quais reuniram autoridades do setorpúblico, dotadas de comprovada experiência nostemas relacionados ao estudo.

Os resultados iniciais da análise econômica apreços sociais e das pesquisas realizadas indi-cam que os investimentos destinados a desenvol-ver a agricultura irrigada na região são válidos epodem constituir uma estratégia efetiva paragerar impactos socioeconômicos positivos e re-duzir a pobreza, de maneira eficaz e sustentável.

Neste estudo, foram considerados 11 períme-tros públicos e áreas privadas de irrigação adja-centes a eles em pólos localizados em cincoestados brasileiros.

Pólos de irrigação analisados Perímetros públicos e áreas privadas Estadoadjacentes

1. Norte de Minas Gorutuba e Jaíba Minas Gerais

2. Submédio São Francisco Baiano Mandacaru, Tourão, Maniçoba e Curaçá Bahia

3. Submédio São Francisco Pernambucano Bebedouro e Nilo Coelho Pernambuco

4. Baixo Jaguaribe Morada Nova e Jaguaribe – Apodi Ceará

5. Baixo Açu – Mossoró Baixo Açu Rio Grande do Norte

O corretoatendimento ao

mercado e aconstância de

oferta comqualidade

demandammudanças e

aperfeiçoamentosnas cadeiasprodutivas

José Simas, task manager doBanco Mundial, liderou a equipeque preparou o estudo

8 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

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Constatações do Estudo

Uma das principais constatações prelimina-res desse estudo foi que tanto os perímetrospúblicos de irrigação quanto os privados de-monstram ser potenciais boas opções de investi-mentos para produzir crescimento econômico,desenvolvimento social e redução da pobreza naregião focada, e que o fato ocorre, particular-mente, quando um conjunto de ações integradasé efetivado em tempo hábil, cadeias produtivasapropriadas são consolidadas e mercados sus-tentáveis para os produtos gerados são adequa-damente desenvolvidos. Não obstante, o estudodemonstra que têm existido desperdícios e inefi-ciências na implementação destes projetos e quea expansão futura das áreas irrigadas deveria serprecedida por medidas que evitassem a repetiçãodos erros do passado.

O estudo mostra também que os resultadosnão ocorrem imediatamente após a construçãoda infra-estrutura, mas requerem de 10 a 15 anospara atingir seu pleno desenvolvimento. Esseperíodo é necessário, em conseqüência de inú-meros fatores, dentre os quais destacam-se: abaixa capacitação do capital humano e a introdu-ção de novos cultivos e de sistemas de produçãointensivos em capital, tecnologia e mão-de-obraqualificada, assim como o desenvolvimento denovos mercados. E ainda, em vista das condiçõesclimáticas e topográficas dominantes, é grande ademanda de água, envolvendo bombeamento demananciais até perímetros em tabuleiros eleva-dos, o que torna os sistemas de irrigação intensi-vos também em energia.

Por isso mesmo, para se tornarem competiti-vos, os cultivos da agricultura irrigada devem-serevestir desse caráter, com o exemplo da adoçãodo cultivo de frutas tropicais e hortaliças, para oqual a região apresenta vantagens comparativas.As áreas irrigadas do Semi-Árido geraram umaprodução com receita estimada em US$ 2 bi-lhões, dos quais US$ 170 milhões provêm deexportações.

Obras inacabadas - O agronegócio de frutas ehortaliças, embora intensivo em capital, tecnolo-gia e energia, proporciona oportunidades ímpa-res de geração de empregos rurais e urbanos,permanentes e sustentáveis, numa região de bai-xa atividade econômica. A agricultura irrigadagerou, no Semi-Árido, desde seu início na décadade 1970, um total estimado de cerca de ummilhão de empregos rurais e urbanos (on-farm eoff-farm).

Outra importante constatação refere-se à irri-gação privada no Semi-Árido, que atualmenteocupa dois terços da área irrigada da região, de

acordo com uma série histórica de imagens porsatélite. Pela sua dimensão, a atividade mereceser apoiada, como forma de difundir os efeitospositivos da irrigação, permitir ocompartilhamento dos investimentos públicos epropiciar maior rapidez no processo de desen-volvimento local e regional. No entanto, existemrestrições de ordens institucional, legal,regulatória e administrativa que tendem a impe-dir uma participação mais efetiva do setor priva-do nesse processo. Os especialistas do BancoMundial afirmam que a remoção de tais limita-ções faz parte de um pacote de ações não estru-turais (soft), que requerem modestos investimen-tos, mas constituem fatores essenciais para acriação de incentivos capazes de atrair o capitalprivado.

Após 1994, em decorrência da redução deinvestimentos públicos, um número significativode áreas irrigáveis permaneceu com sua infra-estrutura incompleta. Pelo fato de representa-rem obras que podem ser concluídas com relati-va facilidade, os especialistas do Banco Mundialconsideram que investimentos dessa ordem seri-am estratégicos e prioritários, antes do início denovos perímetros irrigados na região. A experi-ência demonstra que as obras de engenharia e deconstrução constituem a parte mais fácil da im-plementação de novos projetos. Os maiores desa-fios encontram-se no assentamento de novos pro-dutores, na atração de aportes empresariais e nodesenvolvimento dos clusters agronegociais e demercados capazes de viabilizar os empreendi-mentos.

Vitivinicultura no Semi-Árido

Um dos negócios agroindustriais de maior capaci-dade de geração de renda é a vitivinicultura. Deacordo com fontes empresariais do setor, seriaimpensável produzir uva e vinho de boa qualidade, nosubmédio São Francisco, sem contar com o processodesencadeado pelos investimentos indutores, feitosnos perímetros públicos. Atualmente, existem 600 hade uva para vinho e oito empresas vitivinícolas, pro-duzindo vinhos jovens e espumantes na única regiãodo mundo onde se pode obter duas e meia colheitaspor ano.

Um hectare de uva para vinho produz 22 toneladasde uva, que resulta em 22 mil garrafas de vinho, como valor de US$ 66 mil dólares. Desse valor, 50%representam imposto em cascata.

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 9

Recomendações econômicas

Os resultados iniciais da avaliação econômi-ca do estudo, efetuada a preços sociais, indicamque os investimentos destinados ao desenvolvi-mento da irrigação no Semi-Árido, podem seruma estratégia válida e efetiva para gerar impac-tos socioeconômicos positivos, desde que sejamadequadamente executados e estejam acompa-nhados de elementos-chave para a formação deuma ação sinérgica entre os diversos segmentosenvolvidos.

Um exemplo dessa sinergia pode ser observa-do no pólo de Juazeiro e Petrolina. Nos seisperímetros desses pólos, onde as estratégias pú-blicas adotadas mantiveram uma maior coerên-cia, presença e racionalidade, o impacto alcan-çado tem sido satisfatório, de acordo com a taxaeconômica de retorno (TER) e o valor presentelíquido social (VPLS) calculados. Por outro lado,em perímetros do Ceará, Rio Grande do Norte eNorte de Minas, onde ocorreram falhas na atua-ção governamental, as TERs e os VPLSs obtidosnão foram considerados satisfatórios.

O estudo destaca o Projeto Jaíba como umexemplo de estratégia com falhas em seu desenho eexecução , lembrando que dos 100 mil hectares deprojeto (67 mil hectares de assentamento público)irrigáveis a serem incorporados, somente cerca de10,5 mil hectares estão em operação. Ao longo de 28anos, foram feitos investimentos da ordem de US$268 milhões em obras ainda inconclusas. Entre oinício do projeto e o começo de sua ocupação,

transcorreram-se 15 anos, o que indica que, se esseritmo for mantido, seriam necessários ainda muitosanos para sua conclusão final.

São feitas referências ainda ao pioneiro Pro-jeto Morada Nova (CE). Desenhado com critériossociais e orientado para o cultivo do arroz irriga-do em unidades familiares de 3 a 4 hectares, oProjeto teve um enfoque paternalista, com falhasna capacitação e assistência técnica. Como con-seqüência, não apresentou capacidade parareconversão em atividades mais rentáveis, assimque o preço do arroz despencou e a água passoua ser disputada pelos consumidores urbanos deFortaleza.

Os Projetos Jaguaribe-Apodi e Açu (CE/RN)também tiveram um período de construção ex-tremamente longo, por falta de um nível adequa-do de ações e de pequenas inversões para otérmino e assentamento dos agricultores noslotes semi-acabados.

Os especialistas do Banco Mundial sugeremque, mesmo sendo difícil transformar em positi-vos os resultados apresentados por alguns perí-metros, a adoção de um sistema de priorizaçãode investimentos, considerando como sunk costsos aportes já realizados e executando as obrascomplementares com maior rentabilidade socialmarginal, permitiria maximizar os retornos dosinvestimentos futuros.

A avaliação econômica do estudo sugere ain-da, que se considere a conclusão dos perímetrosjá iniciados, tais como, Jaíba e do Jaguaribe-Açucomo prioridade sobre novos investimentos, emrazão de sua alta rentabilidade marginal.

10 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

Da engenhariade captar e

conduzir a águapara a irrigaçãoaté a conquista

dosconsumidores,

há necessidadede muita

logística paraque todos os

elos funcionemem harmonia

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Externalidades e impactosindiretos

Além dos benefícios econômicos, a agricultu-ra irrigada do Semi-Árido gerou uma sériede externalidades e de benefícios indiretos(socioeconômicos). O mais destacável (deles) é ode geração de emprego e renda, calculando-seque, somente no setor primário, a agriculturairrigada gerou, nos últimos 30 anos, em torno demeio milhão de oportunidades de trabalho, nú-mero que sobe a quase um milhão, se foremconsiderados os empregos indiretos. Isso repre-senta uma geração anual de mais de 40 milempregos incrementais, sendo que na década de90 a média de novas contratações foi superior a50 mil empregos/ano.

Diferente da agricultura tradicional, que secaracteriza pela sazonalidade, a agricultura irri-gada criou oportunidades de trabalho durante oano todo, contribuiu para a expansão do empre-go formal, empregando grande contingente demão-de-obra feminina, com impacto na reduçãoda pobreza da região e queda da taxa de emigra-ção rural. Isso se traduziu num significativobenefício social, em termos de economias decor-rentes do diferencial dos custos dos serviçossociais entre a região de origem e os centros dedestino dos migrantes. Numa amostra de 14municípios analisados, onde se desenvolveramprojetos de irrigação, o número de potenciaismigrantes retidos pela oferta de empregos naagricultura irrigada foi da ordem de 126.000 emtrinta anos. Pode-se considerar também a econo-

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 11

mia decorrente da diferença entre a geração deum emprego na agricultura irrigada, que é daordem de US$5.000, e a geração de um empregourbano nos centros de destino, que pode variarde US$10.000 a mais de US$100.000, dependen-do do setor.

Outra análise sugere que os investimentos emirrigação no Semi-Árido contribuíram para adinamização do PIB rural e impulsionaram odesenvolvimento do setor urbano, inclusive demunicípios periféricos. Com efeito, a economiados municípios com irrigação cresceu a uma taxa2,5 vezes superior à dos municípios sem irriga-ção. Outro dado interessante: a cada 1%incremental do PIB rural correspondeu a umincremento de 1% do PIB urbano.

TAXAS DE CRESCIMENTO DOS MUNICÍPIOSPIB total, urbano e ruralPeríodo 1975-2000 (% médias ao ano)

Municípios PIB total PIB Rural PIB Urbano

MCI (% ao ano)* 6,43 6,52 6,55

MSI (% ao ano)** 2,53 1,24 3,40

Fonte: Base de dados da pesquisa; ver texto.* MCI (municípios com irrigação)** MSI (municípios sem irrigação)

As constatações acima ajudam a reforçar o argumento de que osinvestimentos em irrigação no Semi-Árido concorreram para adinamização do PIB Rural e impulsionaram o desenvolvimentodo setor urbano, inclusive nos municípios periféricos,contribuindo, portanto, para aumentar a riqueza e diminuir apobreza na região.

GERAÇÃO DE EMPREGOS, NOS CINCO PÓLOS DA AMOSTRA* (1973/2001)Empregos totais gerados por pólo da amostra

10.000

90.000

80.000

70.000

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

01973 1985/87 1989/92 1995 1999 2001

CE

RN

PE

BA

MG

* A necessidade de mão-de-obra varia de 0,2/ha, em média na orizicultura, a 0,7/ha, na bananicultura,chegando a 2,5/ha na vitivinicultura. Como há variações também entre os perímetros, a médiaponderada dos perímetros analisados é de 0,95/ha.

* J.E.A.Cavalcanti: Impactos socioeconômicos da irrigação na região mineira da Sudene. Viçosa, 1998

Valdir SoaresDamacena, deagricultor de

sequeiro airrigante no

Jaíba: feliz coma sua primeira

colheita demangas

O estudo sugere que a agricultura irrigadacontribuiu significativamente para a redução dapobreza na região. Constatou-se que, em 2000, oíndice de pobreza dos municípios com irrigação(40,4%) situou-se 16 pontos percentuais abaixodo dos municípios sem irrigação (56,7%) e qua-tro pontos abaixo da média nordestina (44,6%).Isso se reflete na renda per capita que, em 2000,foi da ordem de R$140,50 nos municípios comirrigação, contra apenas R$99,50 nos municípi-os-testemunhas.

Um dos indicadores mais marcantes do dina-mismo econômico, possivelmente imprimido pelaagricultura irrigada na região, é o aceleradocrescimento demográfico observado nos municí-pios com irrigação. No período de 1970-2000, apopulação desses municípios cresceu 91,8% (auma média de 2,19% ao ano, superior à médianacional de 2,09%), enquanto a dos municípiossem irrigação aumentou de apenas 15,6% (0,48%ao ano) e a do Nordeste 69,8% (1,84% ao ano).Três dos municípios com irrigação transforma-ram-se de cidades de tamanho médio em grandescidades, ingressando na lista dos 4% de municí-pios brasileiros com mais de 100.000 habitantes.São eles: Petrolina, cuja população cresceu de61.000 habitantes em 1970 para 219.000 em2000; Juazeiro, que passou de 62.000 para 175.000habitantes; e Mossoró, de 97.000 para 214.000.

Um dos aspectos mais interessantes da dinâ-mica populacional é a elevada taxa de urbaniza-ção observada nos municípios com irrigaçãoque, de essencialmente rurais em 1970, passa-ram a essencialmente urbanos em 2000. O cres-cimento urbano foi da ordem de 240% nos muni-cípios com irrigação (contra a média brasileirade 165% no período). Entretanto, enquanto aurbanização, em nível nacional, se processou àscustas do êxodo rural, nos municípios com irri-gação houve crescimento, também, da popula-ção rural, indicando que esses municípios capta-ram migrantes que se fixaram tanto na cidadecomo no campo, num processo de desenvolvi-mento urbano-rural harmonioso.

Condições e recomendaçõespara o crescimento

O estudo do Banco Mundial e seus parceiros,preliminarmente, aponta também algumas con-dições necessárias para que a agricultura irriga-da atinja os resultados esperados, sob a responsa-bilidade de cada um dos envolvidos no processo.São aquelas sob a responsabilidade do Estado,condições legais e normativas; as necessárias aoêxito do agronegócio, iniciativas de apoio ao

CRESCIMENTO POPULACIONAL, 1970-2000(em %)

MCI MSI Nordeste Brasil

Crescimento 1970-2000 91.8 15.6 69,8 82,3

Taxa anual 1970-1980 2.81 1.14 2,15 2,47

Taxa anual 1980-1991 2.12 0.12 1,82 1,52

Taxa anual 1991-2000 1.60 0.20 1,29 1,62

Taxa anual 1970-2000 2.19 0.48 1,84 2,09

Fonte: IBGE, Censo 1970 e 2000

As taxas de crescimento anual, no período 1970-2000, foram de2,19% para os MCI e de apenas 0,48% para os MSI. Essas taxasforam de 1,3% para os MCI-Grupo 1 (Ceará e Norte de Minas) e2,91% para os MCI-Grupo 2 (Rio G. do Norte, Pernambuco eBahia). O crescimento também foi diferenciado entre os MSI(0,29% para o Grupo 1 e 0,70% para o Grupo 2), denotandomaior dinamismo regional no Grupo 2. O crescimento foi maisacelerado na década de 1970, diminuindo gradativamente nosperíodos intercensitários seguintes. Entretanto, conforme ilustraa tabela acima, os MCI mantiveram sempre taxas anuais decrescimento significativamente superiores às dos MSI, às doNordeste e às do Brasil. As médias mais elevadas foram as dePetrolina (4,43% aa) e Juazeiro (3,65% aa), onde a irrigação sedesenvolveu mais rapidamente, baseada em produtos de altovalor econômico, contribuindo para expandir a economia eatrair pessoas para o pólo. Em contraste, as taxas anuais degrande parte dos municípios-testemunhas (MSI) mantiveram-senegativas ou próximas de zero, sugerindo uma possível transfe-rência populacional desses municípios para os MCI, motivadapelas oportunidades de emprego e renda. Enquanto a emigra-ção dos MSI aumentou, os municípios com irrigação passaram areceber migrantes.

12 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

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pequeno produtor, aspectos de planejamento ede gestão, aspectos tecnológicos e de manejosustentável dos recursos naturais.

Como primeira opção estratégica, o estudoaponta a necessidade da otimização da infra-estrutura existente. O Plano Nacional de Irriga-ção e Drenagem (Planird), estudo coordenadopelo Ministério da Integração Nacional, levan-tou a existência de 70 mil hectares em fase adian-tada de investimento e implementação dentrodos perímetros de irrigação, que poderiam serconcluídos com investimentos marginais, com-preendendo pequenas obras hidráulicas, infra-estrutura complementar e componentes meno-res, relacionados com a deficiência de transportee de logística.

A segunda linha de opções estratégicas estávoltada para o aperfeiçoamento do arcabouçoinstitucional das funções governamentais, deâmbitos federal e estadual, seus processos e pro-cedimentos. A experiência internacional e o co-nhecimento acumulado sobre os melhores pro-cedimentos para transferência das funções degestão de perímetros públicos para as organiza-ções de usuários deveriam ser considerados.

A terceira opção estratégica envolve açõesdirigidas à promoção e atração de parceirosempresariais privados para o agronegócio dairrigação. A área de irrigação privada no Semi-Árido hoje é três vezes maior do que a área totaldos perímetros públicos. E, ao contrário do queocorreu no Centro e Centro-Oeste do país, foidada pouca atenção aos aspectos regulatórios,

requerimentos de infra-estrutura, manejo de águae ações institucionais que facilitam a atração e apromoção da iniciativa privada.

Por isso, são necessárias algumas ações com-plementares importantes, a saber:

(a) regulação e a garantia da concessão dedireitos de uso da água;

(b) aperfeiçoamento de instrumentos para atitulação fundiária e o desenvolvimento do mer-cado de terras;

(c) desenvolvimento de planejamento estraté-gico e disponibilização de informaçõestecnológicas;

(d) promoção e fortalecimento de organiza-ções exportadoras;

(e) redução dos riscos fitossanitários;(f) fortalecimento da pesquisa agrícola dirigida

à agricultura irrigada, particularmente à fruti-cultura tropical e ao cultivo de hortaliças;

(g) melhoramento e aceleração dos processosde assentamentos de novos e melhores agriculto-res em perímetros públicos.

NOTAS1 Banco do Nordeste, Codevasf, BID, Ministério da

Integração Nacional.2 O estudo foi preparado por uma equipe de especialistas

do Banco Mundial e outras instituições, sob a liderançade José Simas, task manager do Banco Mundial.Entretanto, as conclusões e recomendações são deresponsabilidade exclusiva do líder do estudo e dosconsultores individuais, internacionais e nacionais, nassuas respectivas contribuições analíticas. As opiniões,interpretações e conclusões ali apresentadas não devemser atribuídas, de modo algum, ao Banco Mundial, ouaos países por ele representado.

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 13

A cultura damanga édestaque naprodução defrutas paraexportação

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Pólo Juazeiro-Petrolina é hoje oparadigma da agricultura irrigada noSemi-Árido, da fruticultura de expor-

tação e do agronegócio bem-sucedido. Essasduas cidades irmãs, separadas apenas pelo rioSão Francisco – Petrolina em Pernambuco, àmargem esquerda do grande rio e Juazeiro naBahia, à sua margem direita – começaram asua extraordinária trajetória de desenvolvi-mento há trinta anos, com dois modestos pe-rímetros de irrigação: Mandacaru e Bebedou-ro. Desde então, esses dois projetos se expan-diram, outros perímetros foram implantados,e a área irrigada do pólo atinge hoje quase 100mil hectares, onde se produzem anualmente180 mil toneladas de frutas num valor total deUS$ 200 milhões (preço pago ao produtor),dos quais US$ 80 milhões provenientes deexportações. Em conseqüência dessa expan-são, Juazeiro e Petrolina transformaram-se depacatas cidades de tamanho médio, típicas dointerior nordestino, em grandes centros urba-nos.

Motivados pelo sucesso de Juazeiro-Petrolina, outros pólos de irrigação se desen-volveram no Semi-Árido nas últimas duasdécadas, mas o pólo de Juazeiro-Petrolinacontinua disparado na liderança do setor.Como se explica esse dinamismo diferencia-do, no âmago de uma região caracterizada poruma tradicional letargia e imobilismo? Qual osegredo desse sucesso?

Na realidade, o sucesso de Juazeiro-Petrolina é o resultado da conjunção de umasérie de fatores favoráveis interativos, queforam inteligentemente equacionados para im-primir o desenvolvimento sustentado da agri-

cultura irrigada na região. Entre os fatores físi-cos, foram determinantes o clima seco e a abun-dância de água próxima, aliados à topografiaplana das terras ribeirinhas. As deficiências dossolos, de baixa aptidão agrícola natural, foramsendo gradativamente corrigidas durante a im-plementação dos perímetros. Essas condições,entretanto, são comuns a outras áreas do Semi-Árido, algumas delas até favorecidas com solosmais férteis, onde o desenvolvimento da agricul-tura irrigada não teve, no entanto, o mesmodinamismo. Quais foram, então, os fatores quediferenciaram Juazeiro-Petrolina da maioria dospólos de irrigação do Nordeste?

Um deles foi a proximidade de uma razoávelestrutura urbana, garantindo a oferta de serviçosde apoio às atividades agrícolas e de suporte àsnecessidades básicas de habitabilidade, saúde,educação e lazer – que favoreceram a decisão deempresários agrícolas de se estabelecerem naregião. A localização do pólo em área relativa-mente próxima aos grandes mercados e portosmarítimos do Nordeste teve influência não me-nos importante nessa decisão. Por outro lado, aexistência, no âmago do pólo, da mais importan-te unidade de pesquisa agrícola da Embrapa noNordeste – a Embrapa Semi-Árido – que contri-buiu para a definição dos produtos com potencialde desenvolvimento na região e assegurou oapoio tecnológico necessário à sua implementa-ção, foi também um fator importante deviabilização do pólo.

Entretanto, o agente propulsor do processo,responsável pelo deslanche diferenciado do pólofoi, sem dúvida, a presença de uma unidadeatuante da Codevasf na área. A Codevasf soubeavaliar o potencial do pólo e, para desenvolvê-lo,decidiu modificar a estratégia até então adotadanos projetos públicos de irrigação, baseada noassentamento de pequenos produtores e no culti-vo de produtos tradicionais. O novo paradigma

IVO MARZALLENGENHEIRO AGRÔNOMO, CONSULTOR DO BANCO MUNDIAL

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14 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

Por que o pólode Juazeiro-Petrolina

deu certo?

Por que o pólode Juazeiro-Petrolina

deu certo?

incluiu a participação de produtores empresari-ais no processo e o desenvolvimento de produtosde alto valor econômico, principalmente frutas ehortaliças. Para isso, fez pesquisas de mercado,presidiu a definição dos cultivos que ofereciamvantagens comparativas e promoveu oenvolvimento de produtores empresariais, crian-do as condições básicas para a viabilização donovo modelo, mediante a disponibilização delotes maiores devidamente titulados e o supri-mento de volumes adequados de água e energia.

Finalmente, o apoio político foi outro fatorproeminente – fundamental para o desenvolvi-mento do pólo, na medida em que contribuiupara a disponibilização de créditos adequadosaos produtores, para o desenvolvimento da infra-estrutura regional de energia e transporte (inclu-sive a construção de um aeroporto internacionalno pólo) e para o aperfeiçoamento dos serviçosurbanos.

A resposta a esses estímulos foi rápida e efe-tiva. Em poucos anos, estabeleceu-se no póloJuazeiro-Petrolina, uma concentração de umnúmero significativo de produtores de grandecompetência e capacidade empresarial. Atraídospelas condições favoráveis apontadas acima, elesajudaram a aperfeiçoá-las. Foram eles que efeti-vamente viabilizaram a produção de frutas e

hortaliças de qualidade, criaram clusters al-tamente operacionais, abriram mercados ex-ternos e deram impulso ao desenvolvimentoeconômico da região, transformando-a nomais importante centro agronegocial do Nor-deste. Foram as lideranças empresariais, eminteração com o setor público, que motiva-ram o governo a aperfeiçoar a infra-estruturae os serviços públicos na região e o setorprivado a desenvolver a cadeia econômicados produtos gerados no pólo. Foi oempresariado agrícola que gerou mais de 200mil novos empregos diretos e indiretos nopólo e fora dele, e abriu o caminho para aintegração e a capacitação de pequenos pro-dutores nos perímetros irrigados, contribuin-do, assim, para o desenvolvimento e a redu-ção da pobreza na região.

Em resumo, o potencial físico favorável, aproximidade de centros urbanos de porte, aexistência de infra-estrutura e de mercadospotenciais e a disponibilidade de tecnologiasadequadas foram os principais fatores quecontribuíram para atrair os empresários aopólo. E foi a concentração de produtores elíderes competentes o fator determinante dodesenvolvimento diferenciado do póloJuazeiro-Petrolina.

A construção decanais multiplicaas oportunidadesdos agronegócioscalcados naagriculturairrigada

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 15

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a agricultura irrigada do Vale do SãoF r a n -

cisco, a cultura da videira destaca-se comoum exemplo de sucesso. Esta cultura apre-

sentou a última década uma notável expansãoda área cultivada, passando de 1.759 hectares,em 1990 (Agrianual, 1997), para 6.297 hectares,em 2002 (Agrianual, 2003). Atualmente, a uvaconstitui uma das principais frutas exploradasna região sendo a quinta em área cultivada e asegunda na pauta de exportações. Segundo osdados da Secex/MDIC (Valexport, 2003), em1999 as exportações brasileiras de uvas de mesaforam de 8.083 toneladas, passando a 25.087 to-neladas em 2002, o que gerou um crescimento

“Thompson Seedless”Potencial para cultivo

no vale do São Francisco

Thompson SeedlessPotencial para cultivo

no vale do São Francisco

da ordem de 210% no período. A região respon-de por 95% da exportação de uvas finas de mesado país.

A história da viticultura remonta a milharesde anos no Oriente Médio, entre a Armênia e aPérsia, de onde se expandiu por toda a ÁsiaMenor, Síria, Egito e países mediterrâneos. Estaé a origem da variedade Thompson Seedless (Vitisvinifera L.), também denominada ‘Sultanina’ ou‘Sultana’ e ‘Kishmish’, no Mediterrâneo Orien-tal. A denominação mais conhecida no Ociden-te, Thompson Seedless, foi dada em homenagema William Thompson, que foi o primeiroviticultor a cultivá-la na Califórnia.

A variedade Thompson Seedless, apesar deser uma das mais antigas uvas cultivadas, podeser considerada ainda hoje a mais importanteuva sem sementes, sendo utilizada também,como um dos principais progenitores em cruza-mentos para obtenção de novas variedades. Pode

PATRÍCIA COELHO DE SOUZA LEÃOPESQUISADORA M.SC. EMBRAPA SEMI-ÄRIDO, CAX POSTAL 23, ZONA

RURAL, PETROLINA, PE, CEP 56300-970 – PATRICIA@CPATSA.EMBRAPA.BR

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A uva semsementes estáabrindo novasoportunidadesde negócios eempregos no

Vale do SãoFrancisco

16 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

FOTO: GILBERTO MELO

sempre esteve satisfatório nos cinco ciclos deprodução avaliados e variou de 16,30 a 21,4ºBrix,enquanto a acidez total média dos cinco ciclosfoi 0,82% (Leão,1999). Estes resultados confir-maram as observações dos produtores e de tra-balhos anteriores sobre a dificuldade de adap-tação da variedade na região.

Entretanto, novas perspectivas surgem paraesta variedade. Em trabalhos conduzidos a par-tir do ano de 2000, no Campo Experimental deBebedouro, em Petrolina, PE, foi utilizadagiberelina combinada ou não com crop set (fer-tilizante foliar) e anelamento no caule das plan-tas, para melhorar a qualidade dos cachos e aprodutividade de frutos, quando se obtiveramresultados satisfatórios. Os melhores resultadosforam obtidos com o ácido giberélico associadoao crop set e ao anelamento. Entretanto, consi-derando-se os fatores de risco associados aestresse e até morte de plantas causadas peloanelamento, esta prática não é recomendada. Otratamento que associou ácido giberélico e cropset resultou em tamanho de bagas e peso médiode cachos superiores a todos os demais trata-mentos e, como conseqüência, a produtividadepassou de 6,2 t/ha na testemunha para 15 t/ha(Quadro 1).

O ácido giberélico foi aplicado através de pul-verização dos cachos, em cinco fases distintasna mesma planta, nas seguintes concentrações:

• cachos com 2 cm de comprimento = 10ppm;

• 40% de floração = 15 ppm;• 80% de floração = 15 ppm;• 7 dias após a aplicação aos 80% de floração

ou na fase de “chumbinho” = 50 ppm;• 7 dias após a aplicação na fase de

“chumbinho” ou na fase de “ervilha” = 50ppm.

O crop set, na concentração de 0,1%, foi pul-verizado em toda a planta, quando as bagas en-contravam-se na fase “ervilha”, coincidindo coma última aplicação do ácido giberélico.

As características obtidas em ThompsonSeedless, em julho de 2001, utilizando-se este tra-tamento, foram cachos grandes com peso mé-dio de 400 g, bagas com 25 mm de comprimentoe 16,5 mm de diâmetro, sólidos solúveis de18,7ºBrix e acidez total de 0,8%, com relaçãoBrix/acidez de 23,5, considerada satisfatória. Oengaço e pedicelos apresentaram-se mais desen-volvidos e, portanto, com maior peso médio doque nos cachos da testemunha, não chegando acausar problemas na aparência do cacho ou noaumento do desgrane de bagas na fase de pós-

ser consumida in natura ou usada para produ-ção de uvas-passa, representando, aproximada-mente, 95% das uvas-passa produzidas naCalifórnia. A importância da Thompson Seedlessna viticultura mundial pode ser exemplificadapelas significativas áreas cultivadas no Chile,Estados Unidos e Índia, como a principal varie-dade de uvas de mesa.

No Vale do São Francisco, esta variedade foiintroduzida na primeira coleção de germoplasmaestabelecida no Campo Experimental deMandacaru, Juazeiro, BA, pela Suvale, e, após1975, pela Embrapa Semi-Árido. Iniciativas pi-oneiras de produtores foram concretizadas emmeados da década de 80, entretanto, não logra-ram êxito, pois as plantas apresentavam excessi-vo vigor vegetativo e baixa fertilidade de gemas.Isto que levou à crença geral de que a variedadeThompson Seedless não estaria adaptada às con-dições tropicais, tornando-se inviável o seu cul-tivo no semi-árido do Nordeste brasileiro.

Considerando-se a importância socioeco-nômica da cultura da videira para a região doVale do São Francisco, sobretudo recentementecom a expansão das uvas sem sementes, os tra-balhos de pesquisa com a variedade ThompsonSeedless foram retomados e fortalecidos, movi-dos pela idéia de que esta seria uma excelentealternativa para os produtores de uvas de mesa,especialmente para atender ao mercado exter-no. Estes trabalhos têm os seguintes objetivos:conhecer o comportamento da variedade e bus-car alternativas para ajustar o manejo, princi-palmente através do estudo de porta-enxertos,níveis adequados de nitrogênio e reguladores decrescimento para aumentar o tamanho dasbagas.

Características da variedadeThompson Seedless no Vale doSão Francisco

Na avaliação de uma coleção de variedadesdurante cinco ciclos de produção (1997-1998),quando não se utilizaram reguladores de cresci-mento para melhorar as características do ca-cho, não havendo variações do manejo e dapoda, a variedade Thompson Seedless não apre-sentou características desejáveis, tais como, bai-xa fertilidade de gemas (68%), baixa produtivi-dade (6 t/ha/safra), vigor excessivo (média de 8kg de ramos/planta), cachos pequenos e combaixo peso médio (172 g, 14,3 cm de comprimen-to e 9,4 cm de largura) e bagas pequenas (2,7 g,20,3 mm de comprimento e 16,0 mm de diâme-tro). Por outro lado, o teor de sólidos solúveis

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 17

QUADRO 2 – Duração em dias para as diferentes fases do ciclo fenológico e exigências térmicas(Graus-Dia), durante o período 1997-1998, Petrolina, PE

FASES FENOLÓGICAS 1o ciclo 2o ciclo 3o ciclo 4o ciclo Média

Poda no início de brotação 9 4 5 11 7

Início de brotação à floração 35 29 28 26 30

Floração ao início de maturação 35 34 37 40 37

Início ao final de maturação 35 38 70 23 42

Poda na colheita (dias) 114 105 97 100 104

Poda na colheita (Graus-Dia) 1.650 1.859 1.518 1.815 1.711

QUADRO 3 – Duração em dias para as diferentes fases do ciclo fenológico e exigências térmicas(Graus-Dia), durante o período 2000-2002, Petrolina, PE

FASES FENOLÓGICAS ÉPOCAS DE PODA

12/2000 04/2001 06/2001 10/2001 02/2002 04/2002 Média

Poda na fase de gemas inchadas 6 12 6 5 5 5 7

Gemas inchadas ao início de brotação 2 ____ 5 6 4 3 4

Brotação com 5-6 folhas separadas 3 2 3 8 4 5 4

5-6 folhas separadas ao início de floração 20 14 22 15 17 18 18

Início de floração à plena-floração 3 6 4 3 5 3 4

Plena-floração a “chumbinho” 6 5 6 4 2 3 4

“Chumbinho” à “ervilha” 10 5 10 5 5 6 7

“Ervilha” à meia baga 17 12 8 14 10 14 13

Meia baga ao início de maturação 8 14 21 18 21 18 17

Início ao final de maturação 33 22 25 25 29 25 27

Poda na colheita (dias) 108 93 110 103 102 100 103

Poda na colheita (Graus-Dia) 1.675 1.229 1.443 1.540 1.421 1.343 1.442

QUADRO 1 – Utilização de ácido giberélico, crop set e anelamento sobre a qualidade da uvaThompson Seedless, Petrolina, PE, 2001

CARACTERÍSTICAS TRATAMENTOS

Testemunha AG3 CS AG3 + CS A + AG3 + CS

Peso de cachos (g) 199 283 243 402 412

Peso de bagas (g) 1,87 3,21 2,65 4,02 4,74

Comprimento de bagas (mm) 16,70 22,83 18,93 24,66 26,76

Diâmetro de bagas (mm) 13,86 15,36 15,53 16,46 17,13

Peso do engaço (g) 7,65 12,20 9,10 17,61 19,13

Produtividade (t/ha) 6,20 10,64 6,96 14,63 14,40

Número de cachos/planta 50 46 45 37 35

SST (ºBrix) 21,23 19,70 20,06 18,66 18,73

ATT (g ác. tart./100 mL) 0,74 0,78 0,77 0,79 0,82

Relação SST/ATT 28,80 25,43 26,03 26,46 23,0

NOTA: AG3 – ácido giberélico; CS - crop set a 0,1%; A – anelamento.

18 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

colheita. O número de cachos não foi influenci-ado pelos tratamentos e, portanto, o aumentona produtividade deve-se exclusivamente ao ga-nho no peso médio dos frutos. A utilização deácido giberélico nas épocas e concentrações aci-ma mencionadas, associado ao fertilizante foliarcrop set a 0,1%, é recomendada para melhorar aqualidade dos cachos e aumentar a produtivida-de da variedade Thompson Seedless.

Vale ressaltar que uma das característicasmarcantes observadas nas uvas sem sementes, eespecialmente na Thompson Seedless, é a sua altainstabilidade ou grande alternância produtivaentre as safras, o que tem levado à necessidadede realizar pesquisas que comprovem a viabili-dade de apenas uma safra anual, a exemplo doque está sendo feito com a variedade SuperiorSeedless (Festival).

Fenologia

O estudo da fenologia da videira é impor-tante para o conhecimento da duração das fasesdo seu desenvolvimento em relação ao clima, es-pecialmente quanto às variações estacionais, sen-do de fundamental importância para o planeja-mento das atividades a serem realizadas no vi-nhedo, bem como para a previsão da data decolheita. Em condições de clima tropical, comoaquelas predominantes no Vale do São Francis-co, a videira vegeta continuamente, não apre-sentando fase de repouso hibernal. A data depoda passa a ser a referência para o início dociclo fenológico.

A caracterização da duração em número dedias e a do somatório térmico (Graus-Dia) paracompletar as diferentes fases do ciclo fenológicona variedade Thompson Seedless foram avaliadasem dois trabalhos, durante os períodos de 1997-1998 e 2000-2002. As médias para duração do ci-clo desde a poda até a colheita coincidiram nosdois estudos realizados, estando em torno de 103a 104 dias (Quadros 2 e 3). A duração de cadauma das fases do ciclo em seis diferentes épocasde poda, durante o período de 2000 a 2002, estãono Quadro 3. O conceito de Graus-Dia, por suavez, pressupõe que, para o seu desenvolvimento,as plantas requerem uma quantidade constantede energia expressa em temperatura e represen-ta o acúmulo de calor efetivo equivalente à somadas temperaturas médias diárias acima da tem-peratura-base para o período considerado, apre-sentando variações entre as diferentes épocas depoda. O valor médio encontrado para o períodoavaliado, 1997-1998, foi 1.711 Graus-Dia, enquan-to que para o período de 2000-2002, a média decinco ciclos de produção foi mais baixa, 1.442Graus-Dia (Quadros 2 e 3).

Fertilidade de gemas

A fertilidade de gemas pode ser definidacomo a capacidade que elas apresentam para sediferenciar em vegetativas ou em frutíferas, sen-do uma medida quantitativa do potencial de umaplanta em produzir frutos. A brotação e a ferti-lidade de gemas na variedade ThompsonSeedless foram avaliadas durante cinco épocasde poda, nos anos de 2000 a 2002, no CampoExperimental de Bebedouro, Petrolina, PE.

Os valores mais altos de fertilidade de ge-mas ocorreram nos ciclos iniciados em junho de2001 (19%) e abril de 2002 (26,3%). A fertilida-de média para as cinco épocas de poda foi de13,5%, utilizando-se poda média com dez gemas.

Na Figura 1, observa-se uma tendência de au-mento da fertilidade desde as gemas basais atéas apicais, sobretudo a partir da 6a gema, naspodas de junho de 2001 e abril de 2002. Na podade junho de 2001, a fertilidade variou de 3,3, na1a gema, a 45,3% na 9a gema, enquanto que emabril de 2002, esta variação foi de 7,9, na 1a gema,a 58%, na 10a gema da vara.

Os resultados indicam que esta variedadeapresenta, em geral, baixa fertilidade de gemas,sendo necessária a realização de podas mais lon-gas. Outros estudos para avaliar a fertilidade nosramos terciários (netos) são também necessári-os. Sua fertilidade de gemas média é semelhan-te àquela obtida na variedade Superior Seedless(Festival), em torno de 13% a 14% (poda emvaras com dez gemas). Por outro lado, a épocade poda teve grande influência sobre os resulta-dos, o que evidencia que as condições climáti-cas, especialmente, temperatura, insolação e ra-diação solar, durante o período de diferencia-ção floral são determinantes da fertilidade degemas do ciclo seguinte.

QUADRO 4 – Valores médios para brotação efertilidade de gemas para cincodatas de poda (2000-2002), nacultivar Thompson Seedless,Petrolina, PE

Datas de poda % Brotação % Fertilidade

12/2000 30,9 7,4

06/2001 82,1 19,0

10/2001 59,8 10,8

02/2002 77,3 4,0

04/2002 77,8 26,3

Média 65,6 13,5

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 19

Consideraçõesfinais

O Semi-Árido brasileiro apresenta vantagenscompetitivas em relação a outras regiões pro-dutoras de uvas do país. O clima quente e secoaliado à disponibilidade hídrica e à utilização dasmais modernas tecnologias de irrigação garanteao Vale do São Francisco um lugar de destaqueno cenário mundial de produção de uvas finas.A implementação de novos projetos de irriga-ção em todo o Nordeste constitui um dos prin-cipais fatores para o desenvolvimento dessa re-gião, através da criação de novos pólos de pro-dução irrigada, onde a viticultura constitui-se emuma excelente opção.

A disponibilidade de melhores variedades deuvas sem sementes e a busca constante pelamelhoria da qualidade constituem desafios quedevem ser superados, para que o Vale do SãoFrancisco seja competitivo nos exigentes mer-cados internacionais. Thompson Seedless desta-ca-se entre as variedades de uvas sem sementespela preferência do consumidor e apresenta ex-celente aceitação nos mercados interno e exter-no. Em condições tropicais semi-áridas, diferen-temente de outras regiões produtoras do mun-do, essa variedade pode ser cultivada em qual-quer época do ano, embora o período quente eseco do 2o semestre favoreça a qualidade dosfrutos, isso constitui-se em uma grande vanta-gem competitiva, podendo-se abastecer os mer-cados externos durante o período de entressafra.

O cultivo de Thompson Seedless no Semi-Árido do Nordeste ainda é um grande desafio,que começa a ser superado, abrindo perspecti-vas de mercado para a uva brasileira, podendo-se vislumbrar um grande desenvolvimento eprosperidade para a viticultura dessa região, re-sultando em benefícios econômicos e sociais pelageração de renda, empregos e divisas para o país.

REFERÊNCIAS

AGRIANUAL 1997. São Paulo: FNP, p. 424-435, 1997.AGRIANUAL 2003. São Paulo: FNP, p. 542, 2003.LEÃO, P. C. de S. Avaliação do comportamento fenológico

e produtivo de seis cultivares de uva sem sementes noVale do Rio São Francisco. 1999. 120p. Dissertaçãomestrado. Faculdade de Ciências Agrárias e Veteriná-rias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal.

VALEXPORT - Há 15 anos unindo forças para o desenvol-vimento do Vale do Rio São Francisco e da fruticulturabrasileira. Disponível em: < http//www.valexpor.org.br> Acesso em: 10 de mar. 2003.

A variedadeThompson

Seedlessdestaca-se entre

as uvas semsementes pelapreferência doconsumidor eaceitação no

mercadoexterno

FIGURA 1 – Porcentagens de fertilidade de gemas de acordo com a posição da gemana vara, em cinco épocas de poda na cultivar Thompson Seedless

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

01 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Posição da Gema

18/12/2002

18/12/2002

18/12/2002

18/12/2002

18/12/2002

20 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

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s características climáticas e os investi-mentos na irrigação fizeram do Vale doSão Francisco o único local do mundo,

onde se podem produzir uvas para vinho duran-te todos os dias do ano, com capacidade parauma produção anual de duas safras e meia.

O Vale do Rio São Francisco produz hoje,aproximadamente, 20% do vinho fino brasilei-ro, uma posição significativa que foi alcançada,devido ao esforço das empresas que acredita-ram na possibilidade de produzir vinhos de qua-lidade e com características próprias, típicas deregiões de clima mais quente, com alta insola-ção, originados de uvas produzidas com o auxí-lio da irrigação em todo o seu ciclo.

O setor vinícola do Vale está entre as metasde expansão do governo baiano. Lá, já estão ins-taladas a Vinícola Santa Maria, no município deLagoa Grande, que produz o vinho Adega doVale; a Vinícola Milano, no município de SantaMaria da Boa Vista, com o vinho Botticelli; aAdega Bianchetti, neste mesmo município, comos vinhos Bianchetti; e, mais recentemente, aparceria entre a Vinícola Miolo e a Lovara Vi-nhos Finos, na Fazenda Ouro Verde, municípiode Casa Nova, com a produção dos vinhos TerraNova. A produção vinícola do Vale São Francis-co já atinge 5 milhões de litros de vinhos finospor ano, que estão sendo distribuídos, principal-mente, no Sudeste e Nordeste brasileiros, ten-do boa aceitação nos mercados europeu e nor-te-americano. A região do Pólo Juazeiro/Petrolina, com quatro municípios na Bahia equatro em Pernambuco, transformou-se no se-gundo pólo vinícola nacional.

Municípios que fazem parte doPólo de Irrigação de Juazeiro/Petrolina

BAHIA:• Juazeiro• Sobradinho• Casa Nova• Curaçá

PERNAMBUCO:• Petrolina• Lagoa Grande• Santa Maria da Boa Vista• Orocó

O futuro dosvinhos do

Vale do SãoFrancisco

A

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 21

O Vale do SãoFrancisco é oresponsável pelaprodução deaproximadamente20% do vinhonacional

Vantagens competitivas

“Temos como meta principal a elaboração devinhos finos de qualidade internacional, agre-gando valor e contribuindo para o desenvolvi-mento sustentável dos produtores locais”, afir-ma Henrique Benedetti, enólogo da FazendaOuro Verde. O grupo, instalado há apenas doisanos na região, está direcionando investimen-tos para concluir o plantio de 400 hectares deuvas viníferas, ampliação física da vinícola, mo-dernização do processo de elaboração da pro-dução e expansão do enoturismo, um setor ain-da pouco explorado no Brasil.

Algumas vantagens competitivas do Vale doSão Francisco:

- disponibilidade de terra;- água de qualidade;- alta incidência de radiação solar;- mão-de-obra abundante;- infra-estrutura de irrigação implanta-da e em expansão;

- proximidade dos mercados europeu enorte-americano;

- alta tecnologia;- altos níveis de produtividade.

A história do vinho na regiãoAs primeiras videiras plantadas no Vale do São Francisco

foram trazidas pelo Bispo de Petrolina, D. Avelar BrandãoVilela, durante a realização da primeira semana ruralista dacidade. Já na década de 60, o espanhol Francisco Molina trouxenovas variedades de uva de mesa e viníferas, para o municípiode Santa Maria da Boa Vista, alcançando sucesso em experi-mentos vinícolas. No final dessa década, o projeto piloto doBebedouro da Suvale, a atual Codevasf, iniciou experiênciasem plantações irrigadas. No início dos anos 70, FranciscoPérsico Pizzamiglio, adquiriu várias propriedades no municí-pio de Santa Maria da Boa Vista e instalou a Fazenda Milano,atual vinícola Vale do São Francisco, elaborando os vinhosBotticelli, Don Francesco e Cristal do Vale.

Em seguida, houve uma grande revolução com a chegadados gaúchos, liderados pelo enólogo Jorge Garziera (prefeitoeleito de Lagoa Grande), criador da festa da uva e do vinho evisionário do pólo e da rota do vinho do Vale São Francisco.Hoje, a região conta com seis vinícolas instaladas e em produ-ção e mais outras seis em fase final de elaboração de novosvinhos, com lançamentos previstos ainda para este ano. O po-tencial do enoturismo na região está gerando novas oportuni-dades de trabalho e renda, diante do potencial instalado.

O Sebrae/PE tem apoiado todas as ações em prol do de-senvolvimento dos vinhos do Vale do São Francisco, incenti-vando iniciativas como a festa da Uva e do Vinho e a prepara-ção do trade regional para o enoturismo, através de visitas téc-nicas e cursos mensais de degustação. O arquiteto CosmeCavalcanti, proprietário da Tenda Ambiente Turístico, umentusiasta dos negócios do vinho, é um dos criadores da Con-fraria de Vinhos Vale do Sol, um seguimento importante parao desenvolvimento do enoturismo regional.

Legenda

As característicasdo Semi-Árido

favorecem odesenvolvimentoda vitivinicultura

22 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

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Como se classificam os vinhosda região?

“São classificados como vinhos finos jovens,leves (pouco encorpados), de breve envelheci-mento, cor bastante jovial, com aroma bastanteintenso, especialmente os brancos. Em termosde qualidade geral, os vinhos do Vale são bemconceituados, inclusive em avaliações nacionaise internacionais.” (Ben-hur Rigoni, enólogo daGarziera).

As características mais marcantes dos vinhoselaborados no Vale do São Francisco são os aro-mas potentes, com especial ênfase para as uvasmoscatel, que já despontam como as que podemdar origem a vinhos com maior qualidade. “Paraa obtenção de melhor qualidade, deve haver umabusca constante por melhor produtividade e umamaior divulgação do Vale, pois, além de bonsvinhos, estamos produzindo também desenvol-vimento socioeconômico”, considera Ben-hurRigoni.

Mesmo assim, ainda há muito a fazer, tantopela pesquisa, na busca de variedades mais adap-tadas, métodos de condução e produção que pos-sam agregar mais intensidade às característicasorganolépticas, como pela área enológica, naampliação e modernização de instalações e téc-nicas.

Como tem sido a aceitação dosprodutos?

Tanto no mercado regional como nacional,os vinhos do Vale do São Francisco têm recebi-do premiações em concursos e avaliações naci-onais e internacionais. A revista especializadaVinho Magazine, edição no 44; ano 5, p. 42, en-dereço virtual: www.vinhomagazine.com.br, trazuma ampla e recente classificação dos vinhos doVale.

“A aceitação dos nossos vinhos está muitoboa, pois eles apresentam bom custo/benefício,produto diferenciado e com bom marketing na-tural (novidade). Sua aceitação está em notávelascensão; no fator qualidade, encontram-se bemposicionados, pois já começamos usando o quecomprovadamente deu certo, associado ao cli-ma favorável, muita incidência solar, pouca chu-va e água na medida certa.” (Ben-hur Rigoni).

Alguns prêmios dos vinhos do Vale do SãoFrancisco:

MOSCATO ITÁLIA• Prêmio em Bento Gonçalves, 10a

Avaliação Nacional, safra 2002,branco fino seco aromático

SHIRAZ TERRA NOVA• Medalha de Prata, em 2000, França

e em 2001, nos EUA.

ESPUMANTE TERRA NOVA• Medalha de Ouro, na Vititália, em

2001.

SHIRAZ, VINHO TINTO SECO,CARBENET SAUVIGNON/SHIRAZ,VINHO FINO TINTO SECO TERRANOVA• Medalhas de ouro, na Caribe Viños,

em 2002/2003.

MUSKADEL TERRA NOVA• Medalha de prata, na Caribe Viños,

em 2002/2003.

LATE HAVERST TERRA NOVA• Medalha de Prata, em Shangai,

China.

A elaboração de vinhos a partir dauvas do Vale do São Francisco já

atinge a cinco milhões de litros/ano

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 23

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24 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

XIII Conird e XIV Fenagri, uma parJuazeiro, Bahia, as atenções nacio

presidente do Comitê da Bacia do Rio São Francisco e ex-ministro doMeio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho(foto) fará a conferência inaugural do XIII Congresso Nacional de Irriga-

ção e Drenagem (XIII Conird), às 19 horas, do dia 26/10/2003, no Centro de Cultu-ra João Gilberto, em Juazeiro, BA. O tema a ser debatido durante o congresso será“O agronegócio da agricultura irrigada, com revitalização hídrica: a chave para maisempregos e a reversão dos ciclos de pobreza em ciclos de prosperidade”.

O XIII Conird está sendo promovido pela Associação Brasileira de Irrigaçãoe Drenagem (ABID) e pelo governo da Bahia, com a parceria de inúmeros seto-res governamentais e da iniciativa privada, voltados para os mesmos interesses.Nessas parcerias, um dos destaques é a da XIV Feira Nacional de AgriculturaIrrigada (XIV Fenagri), a partir de 29 de outubro, com a formação da praça dairrigação e drenagem.

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FOTO

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D/M

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HORÁRIO

7h30 às 10h

10h15 às 12h15

12h15 às 13h30

13h30 às 14h30

14h30 às 16h30

17h às 19h

19h às 20h

20h às 22h

24h

26/10 – 26/10 – 26/10 – 26/10 – 26/10 – DOMINGO

Credenciamento

Minicurso Introdutório

Espaço para empresas

Abertura do XIII Conird -Conferência Inaugural

Coquetel

27/10 – SEGUNDA27/10 – SEGUNDA27/10 – SEGUNDA27/10 – SEGUNDA27/10 – SEGUNDA

MINICURSOS

CONFERÊNCIAOs Recursos Hídricos e

as Parcerias para oDesenvolvimento Sustentável

dos Agronegócios Calcados naAgricultura Irrigada

Almoço

SESSÃO PÔSTER

SEMINÁRIOBarreiras Comerciais e

Certificação da AgriculturaIrrigada

SEMINÁRIOOs impactos da Revitalização eConservação de Cursos D’Água

na agricultura irrigada:O Caso do Rio São Francisco

Espaço para empresasapresentarem seus produtos.Atividades complementares

dos assuntos do dia

28/10 – TERÇA28/10 – TERÇA28/10 – TERÇA28/10 – TERÇA28/10 – TERÇA

MINICURSOS

CONFERÊNCIAAs Externalidades Socioeconômicas da

Agricultura Irrigada

Almoço

SEMINÁRIOO Insumo Fertilizante e a Agricultura

Irrigada:Caso da Manga13h às 15h

AGO da ABID15h30h às 16h30

SEMINÁRIOEficiência da Irrigação: Coeficientes de

Cultivos e Fertirrigação

PROGRAMAÇÃO GERAL DO XIII CONIRD

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 25

rceria de eventos trazendo paranais para a agricultura irrigada

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29/10 – QU29/10 – QU29/10 – QU29/10 – QU29/10 – QUARTARTARTARTARTAAAAA

MINICURSOS

CONFERÊNCIAAs Cadeias Produtivas nos

Agronegócios: O Exemplo daVitivinicultura Irrigada

Almoço

SEMINÁRIOO Agronegócio daCana-de-Açúcar

Irrigada eas Perspectivas dasFontes Renováveis de Energia no

Nordeste13h às 15h

SEMINÁRIOTecnologias e Perspectivas dosAgronegócios da Uva Irrigada

15h30 às 17h30

ABERTURA DA FENAGRI

Fenagri(Local: Porto)

30/10 – 30/10 – 30/10 – 30/10 – 30/10 – QUINTA

Dia de Campo no Carrefour:Uva Irrigada

Atividades deConfraternização

13h às 15h

Livre para opções de visitas aoAgronegócio da Manga

Irrigada, retorno a Fenagriou outras atividades

Fenagri(Local: Porto)

31/10 – 31/10 – 31/10 – 31/10 – 31/10 – SEXTA

Dia de Campo na Agrovale:Cana-de-Açúcar Irrigada

Atividades deConfraternização

13h às 14h30

Visita aoProjeto Salitre/Codevasf

16h às 17h

Fenagri(Local: Porto)

01/10 – SÁBADO01/10 – SÁBADO01/10 – SÁBADO01/10 – SÁBADO01/10 – SÁBADO

Atividades pós-eventosem conjunto com a Fenagri

Fenagri(Local: Porto)

ProfessorTangerino, emdebate no XIIConird emUberlândia MG

26 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

DATAHORÁRIO

26/10/200319h

27/10/200310h15 às 12h15

28/10/200310h15 às 12h15

29/10/200310h15 às 12h15

CONFERÊNCIASCONFERÊNCIASCONFERÊNCIASCONFERÊNCIASCONFERÊNCIAS

Conferência inauguralO agronegócio daagricultura irrigada comrevitalização hídrica:a chave para maisempregos e reversãodos ciclos de pobrezaem ciclos deprosperidade

Os recursos hídricos eas parcerias para odesenvolvimentosustentável dosagronegócios calcadosna agricultura irrigada

As ExternalidadesSocioeconômicas daAgriculturaIrrigada

As Cadeias Produtivasnos Agronegócios:O exemplo daVitivinicultura Irrigada

INSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃO

- Comitê da Bacia do Rio SãoFrancisco

- Secretaria de Estado do MeioAmbiente e Recursos Hídricos/BA

- ANA

- Superintendência de RecursosHídricos/BA

- Secretaria de Infra-estruturaHídrica – MI

- Aiba

- CSEI/Abimaq

- Codevasf/Superintendência/Juazeiro

- Codevasf

- Banco Mundial

- Codevasf

- Universidade Estadual NorteFluminense e ABID

- Plena Consultoria e Projetos Ltda.e ABID

- Valmont/Valley e ABID

- Secretaria de Estado daAgricultura, Irrigação e ReformaAgrária/BA

- Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento

- Carrefour Agronegócios

- Valexport

- Embrapa Uva e Vinho

- Pólo de Vitivinicultura do SãoFrancisco

PRELECIONISTPRELECIONISTPRELECIONISTPRELECIONISTPRELECIONISTASASASASAS

- José Carlos Carvalho – Conferencista

Solenidade de abertura com autoridadesdos governos federal’estadual e municipale rep[resentantes das organizações dosetor privado

- Jorge Khoury – Presidente da Conferência

- Jerson Kelman – Conferencista

- Manfredo Pires Cardoso – Conferencista

- Hypérides P. de Macêdo – Debatedor

- Humberto Santa Cruz e José Cisino deMenezes Lopes – Debatedores

- Eugênio Brunheroto – Debatedor

- Manoel Alcides Modesto – Debatedor

- Francisco Guedes Alcoforado Filho –Presidente da Conferência

- Luiz Gabriel Azevedo – Conferencista

- Clementino de Souza Coelho – Debatedor

- Salassier Bernardo – Debatedor

- Elias Teixeiras Pires – Debatedor

- Bernhard Kiep – Debatedor

- Pedro Barbosa de Deus – Presidente daConferência

- Roberto Rodrigues – Conferencista

- Arnaldo Eijisink – Conferencista

- Alberto Galvão – Debatedor

- José Fernando da Silva Protas – Debatedor

- Jorge Roberto Garziera – Debatedor

A parceria com a FenagriEste ano, a partir da abertura da XIV Fenagri, no dia 29 de outubro, os dois encontros

acabaram ganhando uma participação mais intensa do setor técnico-produtivo e o enrique-cimento do calendário, através da parceria estabelecida entre os dois eventos, mediante en-tendimentos da direção da ABID e da comissão organizadora do XIII Conird com a Prefei-tura Municipal de Juazeiro.

A XIV Fenagri inclui três acontecimentos em sua programação: a XIV Feira Nacionalde Agricultura Irrigada, com rodada de negócios nos dias 29 e 30/10, no âmbito da própriafeira; nos dias 29 e 30/10, será realizado o Encontro Setorial Al-Invest (Segurança Alimen-tar Européia e Adequação Tecnológica do Processamento de Frutas e Vegetais), com aparticipação de 75 empresários europeus, encerrando com uma rodada de negócios.

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 27

DATAHORÁRIO

27/10/200314h30 às 16h30

27/10/200317h às 19h

28/10/200313h às 15h

28/10/200317h às 19h

29/10/200313h às 15h

29/10/200315h30 às 17h30

SEMINÁRIOSSEMINÁRIOSSEMINÁRIOSSEMINÁRIOSSEMINÁRIOS

Barreiras Comerciais eCertificação daAgricultura Irrigada

Os Impactos daRevitalização eConservação deCursos D´Água naAgricultura Irrigada:O Caso do Rio SãoFrancisco

O Insumo Fertilizantee a AgriculturaIrrigada: Caso daManga

Coeficientes deCultivos, Eficiência deIrrigação eFertirrigação

O Agronegócio daCana-de-AçúcarIrrigada e asPerspectivas dasFontes Renováveis deEnergia no Nordeste

Tecnologias ePerspectivas doAgronegócio da UvaIrrigada

INSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃO

- Secretaria de DefesaAgropecuária – MAPA

- ANA – MMA

- Embrapa Semi-Árido

- Pieracciani Desenvolvimentode Empresas/SP

- Valmont/Valley

- SRH - MMA

- Embrapa Solos

- UFV

- Fundo Setorial/MCT

- Rruralminas

- Clube Plantio Direto-OesteBaiano

- Amanco

- ANA

- Embrapa Cerrado

- Grupo Clinica Agrícola deQuito/Equador

- Aguisa

- Grupo Bunge

- Secretaria Municipal deAgricultura de Juazeiro/BA

- UENF

- IE - Portugal

- Embrapa – Milho e Sorgo

- Embrapa – Semi-Árido

- UFBA

- UFPB

- Unesp/Ilha Solteira

- NaanDan/Irrigaplan

- Embrapa – Agroindustrial

- SIR/Seagri/BA

- Agrovale

- SIR/Seagri/BA

- UFV

- Netafim

- USP-Esalq

- Vinícola Lagoa Grande

- Embrapa Uva e Vinho

- BGMB

- UFBA

- UFPE

- Embrapa Semi-Árido

PRELECIONISTPRELECIONISTPRELECIONISTPRELECIONISTPRELECIONISTASASASASAS

- Maçao Tadano – Coordenador

- Lairson Couto – Palestrante

- Paulo R. Coelho Lopes – Dep./Debatedor

- Valter Pieracciani – Debatedor

- Bernhard Kiep – Debatedor

- Paulo Afonso Romano – Debatedor

- Doracy Pessoa Ramos – Coordenador

- Márcio Mota Ramos e Demétrius David da Silva– Palestrantes

- Sanderson A. M. Leitão – Dep./Debatedor

- Eduardo Gustavo Farnesi Brandão – Debatedor

- Ingbert Dowich – Debatedor

- Francisco Nuevo – Debatedor

- Devanir G. Santos – Debatedor

- Alberto Carlos Queiroz Pinto – Coordenador

- Washington Padilla – Palestrante

- Luiz Eduardo Ferraz – Dep./Debatedor

- Fernando Kossatz Saad – Debatedor

- Paulo Augusto Costa Pinto – Debatedor

- Salassier Bernardo – Coordenador

- Luis Santos Pereira – Palestrante

- Paulo Emílio Albuquerque – Dep./Debatedor

- José Maria Pinto – Depoimento/Debatedor

- Vital Pedro da Silva Paz – Debatedor

- Hans Raj Gheyi – Debatedor

- Fernando Braz T. Hernandez – Debatedor

- Jaime Flávio da Fonseca – Debatedor

- Rubens Sonsol Gondin – Debatedor

- Roberto Nunes – Coordenador

- Carlos Gilberto Farias – Palestrante

- José Olimpio R. Morais – Dep./Debatedor

- Antonio Alves Soares – Debatedor

- Marcus Tessler – Debatedor

- Marcus Vinicius Folegatti – Debatedor

- Jorge Roberto Garziera – Coordenador

- José Fernando Silva Protas – Palestrante

- Avoni Pereira dos Santos – Dep./Debatedor

- Francisco A. Pereira – Debatedor

- Álvaro Rota – Debatedor

- Patrícia Leão – Debatedora

28 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

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29/10

MINICURSOSMINICURSOSMINICURSOSMINICURSOSMINICURSOS

Introdução à Irrigação e ao XIII Conird

O processo de Outorga de Águas e LicenciamentoAmbiental para Irrigação

Equipamentos e Tecnologia de Aplicações deDefensivos na Agricultura Irrigada

Manejo da Irrigação Utilizando o Irriga

Manejo de Irrigação de Fruteiras e Hortaliças com oUso de Cápsulas Porosas

Manejo Integrado de Pragas na Manga Irrigada

Fertirrigação

Irrigação e Fertirrigação em Pastagens

Irrigação e Fertirrigação na Cultura do Café

Gerenciamento da Irrigação via estaçãometereológica.

Leite Irrigado

Manejo da Videira para Controle da Ferrugem/Bacteriose

Manejo da Mangueira irrigada: MalformaçãoFloral, Poda e Adensamento

Irrigação e Fertirrigação na Cultura da Cana-de-Açúcar e o Reaproveitamento de Águas Servidas naAgroindústria Sucro-alcooleira

INSTRUTOR (ES)INSTRUTOR (ES)INSTRUTOR (ES)INSTRUTOR (ES)INSTRUTOR (ES)

- Lairson Couto e outros

- Luciano Meneses- Altamirano Lordêllo

- Durval Dourado Neto

Everardo Chartuni Mantovani

Adonai G. CalboWashington L. C. Silva

Francisca Nemaura P. HajiFlavia Rabelo Batista Moreira

Washington PadillaJosé Maria Pinto

Luis César Drumond

André Luís Fernandes

Vitor Hugo Cainelli

Vitor Hugo Cainelli

Daniela Baggioni Lopes

Manoel Teixeira de CastroAristóteles Pires de MatosEduardo Ferraz

Walter Farias Gomes Júnior

INSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃOINSTITUIÇÃO

ABID/ANA

ANA/MMASRH/BA

Esalq/USP

UFV - Consórcio P&D Café

Embrapa HortaliçasEmbrapa Hortaliças

Embrapa Semi-ÁridoEmbrapa Semi-Árido

Grupo Clínica Agrícolade Quito, EquadorEmbrapa Semi-Árido

Uniube

Uniube - Consórcio P&D Café

Fockink

Fockink

Embrapa Semi-Árido

Embrapa Mandioca eFruticultura

Agrovale

DATAHORÁRIO

30/10/2003A partir de 7h30

31/10/2003A partir de 7h30

31/10/200315h

EQUIPESEQUIPESEQUIPESEQUIPESEQUIPESCoordenação: Antônio P. MatiasHonório - Embrapa Semi-Árido

- Carrefour

- Carrefour

- Carrefour

- Patrícia Coelho de Souza Leão,da Embrapa Semi-Árido

- Aluísio Roberto A. Macedo- Ademário A. de Araújo Filho- Vinícius José de Souza Vieira- Walter Farias Gomes

- Wellington Gomes Oliveira, daCodevasf

DIAS DE CAMPODIAS DE CAMPODIAS DE CAMPODIAS DE CAMPODIAS DE CAMPOLLLLLOCALOCALOCALOCALOCAL

Fazendas Vale das Uvase Orgânica do Vale

Agrovale

Visita ao Projeto Salitre

ESTESTESTESTESTAÇÕES / INFORMAÇÕESAÇÕES / INFORMAÇÕESAÇÕES / INFORMAÇÕESAÇÕES / INFORMAÇÕESAÇÕES / INFORMAÇÕES

1. A informação metereológica e a tomadade decisão

2. Os diferentes sistemas de irrigaçãoutilizados

3. Garantia de qualidade/depoimentos deum produtor integrado e do responsávelpela assistência técnica Carrefour

4. O sistema de produção de uvas semsementes

- Abertura- Sistema de gotejamento- Irrigação por superfície- Sistema de pivô central

- A retomada das obras do projeto

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 29

30 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

CONFERÊNCIASCONFERÊNCIAS

Presidente da conferência

Jorge Khoury – Secretário de Estado deMeio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahiae vice-presidente do Comitê de Bacia do RioSão Francisco.

Engenheiro civil pela Uni-versidade Federal daBahia e professor. Militana política desde 1983,quando exerceu os man-datos de prefeito munici-pal de Juazeiro, deputadofederal por quatro manda-tos, licenciando-se do úl-timo para ocupar o cargode secretário de Estado deMeio Ambiente e Recur-

sos Hídricos da Bahia. Foi, ainda, secretário de Es-tado da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia;superintendente do Distrito Industrial do SãoFrancisco, coordenador-adjunto do Programa deAgroindústria; diretor do Centro de Desenvolvi-mento Industrial. Participou de inúmeras missões,congressos e seminários no exterior e no Brasil.

“A Bahia sempre teve uma posição crítica em re-lação à transposição do Rio São Francisco, pelofato de os projetos, até então, apresentarem ape-nas um viés de obra física, sem uma visão social eambiental da intervenção na bacia. A proposta queestá sendo feita pelo grupo de trabalho coordena-do pelo vice-presidente da República, José deAlencar, vem de forma diferente. Primeiro, pelaprópria coordenação, que dá uma dimensão naci-onal à questão, além de despertar um sentimentode maior confiança, pois a ação passa a ser um pla-no de governo. E, está sendo colocada a possibi-

Conferência 27/0UT/2003 – 10h15 às 12h15

OS RECURSOS HÍDRICOS E AS PARCERIAS PARA ODESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS AGRONEGÓCIOSCALCADOS NA AGRICULTURA IRRIGADA

lidade de atendimento aos Estados da bacia queutilizam a água do São Francisco, como Minas Ge-rais, Bahia, Alagoas e Sergipe, com a inclusão daquestão da revitalização do rio.”

Conferencista

Jerson Kelman – Diretor-presidente daAgência Nacional de Águas – ANA.

Engenheiro civil, commestrado em Hidráulicapela Universidade Federaldo Rio de Janeiro (UFRJ)e Ph.D. em Hidrologia eRecursos Hídricos pelaColorado State University.Pesquisador do Centro dePesquisas de Energia Elé-trica (Cepel) e professorde Recursos Hídricos e docurso MBE (Master of

Business and Environment) da UFRJ, consultor eassessor especial do ministro do Meio Ambientepara temas relacionados com a criação da ANA,da qual é diretor-presidente desde dezembro de2000. Foi também presidente da Associação Bra-sileira de Recursos Hídricos (ABRH), membro doSteering Committee de Global Water Partnership(GWP) e do International Advisory Panel on Yacyreta(“Blue Ribbon Panel”). É autor de artigos técnicose livros. É editor associado da Revista Brasileirade Recursos Hídricos, da Water International, e daStochastic Hydrology and Hydraulics. É, ainda,membro de comitês internacionais de edição delivros.

“Embora a água utilizada na irrigação seja insumodo agronegócio - assim como sementes, defensi-

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vos agrícolas, fertilizantes e mão-de-obra - freqüen-temente, é desconsiderada em cálculos econômi-cos, por ser aparentemente “grátis”. Entretanto,esta visão, de que a água está sempre disponível,já não coincide com a realidade em diversas re-giões do país. Trata-se de um fenômeno que oseconomistas chamam “tragédia dos comuns”: o queé de todos, não é cuidado por ninguém e acabasendo sobre utilizado. A lição é que os rios, embo-ra sejam de domínio público, devem ter um gestorque regule o direito de uso da água.Esse direito de uso da água, chamado de “outor-ga”, para funcionar efetivamente, não pode ser umato puramente cartorial, exigido por algum buro-crata. Ao contrário, deve funcionar para garantir,em situação de escassez hídrica, que o direito dosdetentores de outorga prevaleça sobre usos nãoautorizados. Sem esta garantia, investir em irriga-ção pode ser atividade de grande risco.”

Conferencista

Manfredo Pires Cardoso – Diretor-geral da Superintendência de RecursosHídricos da Bahia.

Geólogo pela Universida-de Federal da Bahia. Foidiretor da Companhia deEngenharia Rural daBahia e superintendenteda Superintendência deIrrigação do Estado daBahia.

“O governo da Bahia tem

plena convicção de que a transformação real doEstado dar-se-á através da maior disponibilidadede água para o trabalho. Temos dois terços do Es-tado na região semi-árida, onde a água passa a sersolução e não problema. Mas é preciso que hajaum esforço muito grande do governo paradisponibilizar água para a irrigação.Atualmente, desempenhamos um papel decontroladores e de estimuladores do uso da águano Estado. Estamos concluindo, até o final desteano, o Plano Estadual de Recursos Hídricos, ondese confrontam as demandas e as ofertas hídricasaté 2020. Foram estabelecidos diversos cenários e,em um deles, prevalece o social, que vaidisponibilizar água para a irrigação.A outorga da água é um instrumento de controlepara o gestor da água (Estado) e, ao mesmo tem-po, um direito do usuário, que não corre o risco deimplantar um empreendimento e deparar com afalta dela.”Hoje, os principais pólos agrícolas do Estado es-tão crescendo e efetivando-se por causa da irriga-ção. Isso ocorre na calha do Rio São Francisco,como no caso de Juazeiro, em Bom Jesus da Lapa,com o Projeto Formoso, da Codevasf, e em Bar-reiras, tanto com água de superfície, quanto comágua subterrânea. Também, no Rio das Contas,Livramento desponta como grande pólo de fruti-cultura. São pólos consolidados. Temos também emIrecê, com a Barragem de Mirorós, um pequenopólo de 4 a 5 mil hectares irrigados com poços devazão média, que hoje já significam um problema,pela perda de capacidade de vazão nos meses dejulho a setembro. Na região da ChapadaDiamantina, existe um punjante pólo de produçãode verduras, instalado em função da Barragem deApertados, de caráter empresarial, que está tra-zendo de volta do Sul os retirantes da seca.”

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A outorga da água é um instrumento de controle para o gestor e, ao mesmo tempo, um direito do usuário

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Depoimento/Debatedor

Hypérides Pereira de Macedo –Secretário de Infra-Estrutura Hídrica doMinistério da Integração Nacional.

Engenheiro civil, com doiscursos de mestrado, umem Hidráulica e Sanea-mento pela UniversidadeFederal de São Paulo eoutro, em Ciências pelaUniversidade Federal doCeará. Professor e consul-tor, ocupou os cargos desecretário de Estado dePlanejamento do Ceará e,por duas vezes, secretário

de Estado de Recursos Hídricos do Ceará.

“O grande esforço do Ministério foi primeiro or-ganizar-se com a proposta de integração. E há umavisão muito clara sobre a oportunidade que a irri-gação pode propiciar às chamadas mesorregiões,regiões que apresentam problemas de desigualda-des econômicas. Nessa ordem, o Projeto Salitre éum dos pilares da transformação do famoso Pólode Juazeiro/Petrolina. Não só o Salitre, como tam-bém o Pontal, do lado de Pernambuco. O ministroCiro Gomes tem o compromisso de concluir obrasinacabadas e o Ministério tem um patrimônio mui-to grande, da maior importância social e econômi-ca, no caso, obras de irrigação que deverão ser con-cluídas ainda este ano. Tomamos a decisão de con-cluir a primeira etapa do Projeto Salitre, bem comooutros projetos de irrigação para que eles possamcomeçar a gerar benefícios e empregos para a so-ciedade.”

Debatedor

José Cisino Menezes Lopes –Diretor de Meio Ambiente da Associação deAgricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia.

Engenheiro agrônomo,formado pela Universida-de de Brasília, com espe-cialização em Pedologia.Executou diversos traba-lhos na área de irrigaçãodurante 23 anos naCodevasf, atuou como co-ordenador do núcleo deBarreiras e na implanta-ção dos projetos irrigados

Nupeba, Riacho Grande e Barreiras Norte. Atual-mente, é diretor de Meio Ambiente da Associaçãode Agricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia(Aiba) e membro suplente do ConselhoNacional dos Recursos Hídricos, representando osirrigantes da região Nordeste.

“O desenvolvimento da agricultura irrigada noOeste da Bahia é caracterizado pela abundânciade recursos naturais, que favorece o desenvolvi-mento desta atividade. A cada ano, aprende-se umpouco mais sobre como lidar com essa tecnologiatão delicada. O uso racional da água é o fator demaior atenção por parte dos irrigantes, conside-rando que este é um bem cada vez mais disputadopor diversos usos.A irrigação, indiscutivelmente, é a atividade demaior uso consultivo da água e, por isso, aotimização do seu uso na produção de alimentosrequer cuidados especiais. Estamos trabalhando,em parcerias diversas, para montagem de uma redede estações agrometeorológicas que possibilitea cobertura de todo o Oeste da Bahia, em temporeal, permitindo ao agricultor fazer a sua irrigaçãocom base em parâmetros técnicos que possibilitema máxima produção de alimentos com o mínimouso da água.”

Debatedor

Eugênio Brunheroto – Presidente daCâmara Setorial de Equipamentos deIrrigação da Abimaq.

Engenheiro Mecânicopela Escola Federal deEngenharia de Itajubá(Efei) e especialista emSolos pela Escola Superi-or de Agricultura Luiz deQueiroz (Esalq/USP).Atualmente, é diretor-presidente da LindsayAmérica do Sul, unidadefabril da multinacionalamericana Lindsay Manu-

facturing Co, fabricante de sistemas de irrigaçãopor pivô. Por mais de 20 anos, foi colaborador daCarborundum do Brasil, empresa essa, que man-teve acordo de transferência de tecnologia com aLindsay. É também presidente da Câmara Setorialde Equipamentos Irrigação (CSEI) da AssociaçãoBrasileira da Indústria de Máquinas e Equipamen-tos (Abimaq).

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Debatedor

Manoel Alcides Modesto Coelho– Superintendente da 6a SuperintendênciaRegional da Codevasf.

Formado em Filosofia eTeologia, foi padre, pro-fessor e deputado estadu-al e federal (de 1987 a1999). Conta com vastaexperiência na militânciapolítica.

“O mais importante é quese discuta, com responsa-bilidade, o papel central

do futuro da humanidade: a água potável, de múl-tiplos usos, e o que o Rio São Francisco represen-ta para nós. Não só deve-se discutir a revitalizaçãoda calha, do leito do rio, mas todo o Vale do RioSão Francisco e do Parnaíba, como é a responsabi-lidade da Codevasf nessa região. Porque vejo queesse debate antecede qualquer outra decisão polí-

tica de grandes impactos para o Vale. Portanto, éfundamental aprofundar a importância da águapara o futuro de toda a humanidade e não apenaspara determinados setores. Nesse sentido, matrizenergética e água constituem o tema central dequalquer discussão.As condições das águas estão precárias, porqueestão cada vez mais poluídas. Inverteu-se o senti-do do Velho Chico. É um rio de água potável, queestá-se tornando um esgoto. O lixo, os dejetos e osagrotóxicos são ameaças à sua revitalização. O Pro-jeto Salitre seria a grande oportunidade de um la-boratório, de uma oficina para rever tudo que sefez em termos de perímetro de irrigação no Valedo São Francisco. Estamos diante do Vale do Sali-tre, um rio morto, uma amostragem do que pode-rá ser o Velho Chico. O que fazer para revitalizaro Salitre é o ponto de partida, já que estamos cum-prindo a primeira etapa do perímetro de irrigaçãodo Salitre. Basta vontade política para isso. Só apartir da experiência positiva de revitalização doSalitre, será possível reorientar o perímetro de ir-rigação e mostrar que se pode fazer o mesmo como Rio São Francisco.”

Conferência 28/0ut/2003 – 10h15 às 12h15

AS EXTERNALIDADES SOCIOECONÔMICAS DA AGRICULTURA IRRI-GADA

Presidente da Conferência

Francisco Guedes AlcoforadoFilho – Presidente da Codevasf.

Engenheiro agrônomopela Universidade Federaldo Piauí, com cursos depós–graduação em Mane-jo Ambiental dos Ecossis-temas do Nordeste eTecnologias para aAgropecuária do Semi-Árido; mestrado em Botâ-nica, área de concentraçãoem Ecologia pela Univer-sidade Federal Rural do

Pernambuco. É pesquisador da Embrapa e dedi-cou-se à área política, a partir de 1999. Foi coor-denador-geral da equipe do governo de transiçãodo Piauí, em 2002. É membro fundador da Articu-lação do Semi-Árido Brasileiro, membro do Con-selho Gestor do Núcleo de Pesquisas e EstudosAgrários, membro instituidor da Fundação Agen-te para o Desenvolvimento do Agronegócio e doMeio Ambiente. Foi professor do curso de especi-alização da Universidade Federal do Piauí e é au-tor de 45 trabalhos técnico-cientificos nas áreas deagricultura e meio ambiente, sendo autor/co-au-tor de dois livros.

34 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

Conferencista

Luiz Gabriel Todt de Azevedo –Coordenador do Banco Mundial de OperaçõesSetoriais para o Brasil, divisão de MeioAmbiente e Desenvolvimento SocialSustentáveis.

Engenheiro civil pela Es-cola Politécnica da Uni-versidade Federal daBahia, mestre emHidrologia e doutor emPlanejamento e Geren-ciamento de RecursosHídricos pelo Departa-mento de Engenharia Ci-vil da Colorado StateUniversity , USA. Enge-nheiro de Recursos

Hídricos do Departamento de Divisão de Desen-volvimento Ambiental e Social Sustentáveis doBanco Mundial, onde atua desde 1993. Em 1997,passou a servir como coordenador (team leader)do grupo de recursos hídricos e irrigação para oBrasil, posição que ocupa até o momento. É res-ponsável, dentre outros, pela implementação doPrograma de Desenvolvimento Sustentável dosRecursos Hídricos do Semi-Árido Brasileiro –Proágua Semi-Árido. Além de suas atividades noBrasil, trabalhou em projetos do Banco Mundialem diversos países da América Latina, como Peru,Venezuela, Argentina e Chile.

“Basicamente, vou contar a história de como ocor-reu esse estudo sobre Impactos e externalidadessociais da irrigação no Semi-Árido brasileiro e suasprincipais conclusões, ainda em fase de confirma-ção. O nosso objetivo não foi identificar a irriga-ção como fator de crescimento. A nossa vertente éa de mostrar que a irrigação, que usa recursos fis-cais públicos, além de proporcionar crescimento,entre outros benefícios, contribui, de uma formadireta para a redução da pobreza e a melhoria daqualidade de vida das populações mais carentes.Uma das conclusões desse estudo, de forma cate-górica, é que em função das áreas subprodutivas esubutilizadas em projetos públicos irrigados já exis-tentes e em função das restrições fiscais, uma es-tratégia governamental de curto prazo seria a depromover a otimização do uso de áreas já desen-volvidas. A indicação seria a de se promover umaavaliação melhor do mercado, estabelecer umaproteção fitossanitária mais firme, aumentar ins-trumentos de crédito e estimular cadeias produti-vas para agregar maior valor à produção. Este tipode investimento público a curto prazo lograria re-tornos sociais e econômicos mais rápidos.”

Debatedor

Salassier Bernardo – Professor daUniversidade Estadual Norte Fluminense eresponsável pelo Núcleo da ABID na região.

Engenheiro agrônomopela Universidade FederalRural do Rio de Janeiro,com mestrado em Irriga-ção pela Universidade daCalifórnia, Davis – EUA;Ph.D. em Irrigação, pelaUtah St. University, Logan– EUA, e pós-doutora-do pela UniversidadeSouthampton, England –UK, ex-professor titular da

Universidade Federal de Viçosa, ex-pró-reitor depós-graduação da UFV, ex-professor titular e ex-reitor da Universidade Estadual Norte Fluminense(Uenf), orientador de inúmeras teses de mestradoe doutorado e autor de mais de 100 trabalhoscientíficos.

“As externalidades socioeconômicas da agricultu-ra irrigada são positivas, à medida que o projetode irrigação tenha sustentabilidade econômica,social e ambiental ou, em outras palavras, que sejaeconomicamente viável, socialmente responsávele ambientalmente sadio.Os projetos públicos de irrigação devem ser im-plantados, com os objetivos de amenizar os desní-veis sociais e promover o desenvolvimento regio-nal, evitando o aprofundamento da concentraçãode riquezas e das desigualdades regionais, de modoque diminua o perverso quadro econômico quevivenciamos no país.Muitos dos nossos projetos públicos de irrigação,em função dos altos custos de implantação e ma-nutenção, quando analisados sob o ponto de vistaeconômico e financeiro, apresentam relação cus-to/benefício desfavorável. Mas quando se considerao custo público por emprego gerado (agriculturairrigada – US$27.000; indústria em geral –US$83.000; pecuária – US$100.000; indústria quí-mica – US$220.000 (LIMA, F.F. de, Os recursoshídricos no Brasil: algumas considerações prelimi-nares. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza,v.30, n.1, p.64-75, jan./mar.1999 ), verifica-se queexiste justificativa para implantação de projetos deirrigação financiados pelo governo, sob a ótica so-cioeconômica e de desenvolvimento regional, des-de que se procure evitar a concentração de rique-zas ou o aumento de desigualdades regionais. Es-tes projetos criam condições para o progresso re-gional e a fixação do homem em sua região.”

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Depoimento/Debatedor

Clementino de Souza Coelho –Diretor da área de Engenharia da Codevasf.

Administrador de empre-sas pela Universidade Fe-deral da Bahia, e empre-sário, foi deputado federalpela Bahia. Participou deinúmeros seminários econgressos nacionais e in-ternacionais. Como em-presário, implantou e di-rigiu diversas empresascomo: a Frutos Tropicais

S.A., agroindústria exportadora de sucos concen-trados; a Sucovalle-Sucos e Concentrados do ValeLtda.; a UPA Agrícola Ltda, empresa exportadorade frutas in natura; a Frutos do Vale S.A.,agroindústria processadora de concentrados de to-mate e, a Pinã Saft, agroindústria exportadora desucos concentrados.

“A irrigação é uma atividade econômica própriadas regiões semi-áridas; e nenhuma região semi-árida do mundo alcançou o desenvolvimento semo concurso da irrigação. O Semi-Árido brasileiro,único inserido na zona intertropical do planeta,detém condições climáticas especiais que o dife-renciam, com vantagens, de todas as outras regi-ões com as mesmas características e o situa entre

as maiores fronteiras agrícolas do mundo.Como principal investidor na infra-estrutura deirrigação do Nordeste, o setor público adotou ummodelo orientado basicamente na execução deobras e direcionando a exploração dos projetos àcorreção da estrutura fundiária. A falta de foco noordenamento da produção vinculada aos merca-dos suprimiu da irrigação pública o seu papel deindutora do desenvolvimento regional e, por con-seqüência, de transformadora do quadro social.A despeito dos desvios cometidos, a irrigação pú-blica, ao demonstrar as vantagens diferenciadas daregião na produção agrícola, estimulou o investi-mento privado no setor. O pólo de Juazeiro-Petrolina, hoje com mais de cem mil hectares irri-gados, demonstra, pela dimensão atual da sua eco-nomia quando comparada com a de 40 anos atrás,a força transformadora da irrigação. A inclusão demais 180 mil hectares, com a implantação dos pro-jetos Pontal, Salitre, Baixio de Irecê e Jaíba, con-solidará as regiões do Médio e Sub-Médio SãoFrancisco como as maiores produtoras e exporta-doras de frutas tropicais e derivados do continen-te, ampliando sua condição de irradiadora do de-senvolvimento do Semi-Árido.O novo modelo institucional de estabelecimentode parcerias entre os setores público e privado quea Codevasf pretende adotar nos seus projetos, im-primirá à irrigação uma lógica de ordenamento daprodução, diretamente vinculada aos mercados emarcará a sua consolidação, como atividade vitaldo desenvolvimento sustentável do Nordeste.”

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Obras de engenharia e de construção como as do Jaíba constituem a parte mais fácil do projeto. Os maiores desafios estão nodesenvolvimento dos clusters agronegociais e na abertura de mercados

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Debatedor

Elias Teixeira Pires – Diretor da PlenaConsultoria e Projetos Ltda e sócio apoiadorda ABID.

Engenheiro agrônomo,com mestrado em Enge-nharia Agrícola, nas áreasde Irrigação e Drenagem.Trabalhou na Emater/MG, coordenando e exe-cutando atividades ligadasa irrigação durante 10anos. Foi sócio diretor daFahma Planejamento eEngenharia AgrícolaLtda. e, é sócio diretor da

Plena Consultoria e Projetos Ltda, desde 1993.Visitou vários países nas atividades do agronegócioda agricultura irrigada, entre eles: EUA, Chile,França, Espanha, México, Canadá, Japão,Tailândia, Honduras, Costa Rica, Equador e Ar-gentina. É, também, empresário rural em fruticul-tura irrigada no Jaíba-MG.

“É muito gratificante ver a ABID colocar para dis-cussão no XIII Conird o tema “As ExternalidadesSocieconômicas da Agricultura Irrigada”. Temaque encontra respaldo atual, nesta crise de empre-

go, de debates sobre crescimento e desenvolvimen-to e de custos para a sociedade. E esse tema é maisimportante ainda na região do Semi-Árido brasi-leiro, pelas razões conhecidas por todos.A irrigação, principalmente a irrigação pública,pelo fascínio provocado pelas obras, sempre foidefinida, avaliada e defendida como obra: quilô-metro de canal, volume da barragem, bomba, mo-tores etc. Poucas vezes ou quase nunca, foi avalia-da ou definida pela razão principal da obra: a pro-dução e seu efeito.Quando tivemos oportunidade e a felicidade decoordenar, em 2002, os estudos sobre o Novo Mo-delo de Irrigação do Brasil, verificamos que existi-am poucos estudos sobre a resposta da irrigaçãosob o ponto de vista econômico e social. Mas, narealidade, é fácil perceber regiões que se desen-volveram e vêm se desenvolvendo, com base naagricultura irrigada. Exemplos de Juazeiro,Petrolina, Janaúba (MG), Jaíba (MG), entre ou-tras. O impacto do agronegócio da agricultura ir-rigada na geração de emprego e renda, de formapermanente e sustentável, é impressionante.Esse tema mostra a oportunidade de se viabilizara importância que os produtores (pequenos, mé-dios e grandes) representam nos resultados dasexternalidades provocadas pela irrigação, pois sãoeles os únicos, em todo o processo, que colocamem risco os seus ativos.”

Debatedor

Bernhard Kiep – Diretor-presidente daValmont/Valley, empresa sócia patrocinadoraI da ABID.

Formado em Administra-ção de Empresas pelaBusiness Scholl, de Ham-burgo, Alemanha, e com oPMD pela HarvardBusiness Scholl. Foi presi-dente da câmara setorialde equipamentos de irri-gação da Abimaq. E-mail:blk@valmont.com.br

“Sabe-se que o potencial brasileiro para o cresci-mento da irrigação é o maior de todos os países domundo. O que está sendo necessário é um maiorconsenso para explorar esse potencial, de uma for-ma economicamente viável e com respeito ao meioambiente. Precisamos construir represas e traba-lhar em conjunto para fazer um melhor geren-ciamento da água.”A adoção do cultivo de hortaliças, bem como o de frutas, apresenta

vantagens comparativas nas áreas irrigadas do Semi-Árido

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3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 37

Presidente da conferência

Pedro Barbosa de Deus – Secretá-rio de Estado da Agricultura, Irrigação eReforma Agrária da Bahia.

Graduado em Geologia,com pós-graduação emGeologia Econômica peloInstituto de Geociênciasda Universidade Federalda Bahia. Iniciou suas ati-vidades profissionais naDivisão de Solos daCeplac, tendo depois atu-ado na iniciativa privada.Exerceu inúmeros cargos

de coordenação e direção no governo do Estadoda Bahia, assumindo a Secretaria de Estado daAgricultura, Irrigação e Reforma Agrária, em 1995,cargo atual exercido por ele.

“A busca por negócios mais intensivos é uma ca-racterística da Bahia em todas as áreas. O Estado

tem cuidado da agricultura tradicional, mas agrande resposta da iniciativa privada e dos inves-timentos públicos tem sido os negócios em que aagricultura irrigada se enquadra. É um setor quetem crescido, não tanto pelo esforço dos gover-nos, mas por esforço do setor privado em enxer-gar um negócio atrativo, em termos de resulta-dos financeiros. É isto que assistimos com as fru-tas e outras atividades agrícolas que usam a irri-gação. Estamos num esforço muito grande paraampliar a fronteira agrícola, especialmente noOeste, agregando outras culturas. Em Barreiras,além da soja e milho, agregamos o café irrigado eestamos fazendo um trabalho com a cultura doalgodão. Na linha dos novos negócios, estamostrabalhando na área de produção do açúcar e doálcool. Temos a convicção de que temos áreas exu-berantes e potencial para a produção de cana ir-rigada e implantação de um pólo sucro-alcooleirono Vale do São Francisco. A produção de uva demesa, ultimamente, a uva sem semente, é um ne-gócio consolidado, que atinge mercados exigen-tes. E, queremos expandir a produção de vinho,ainda pouco explorada no Estado, apesar das ini-ciativas exitosas já existentes.”

Conferência 29/0UT/2003 – 10h15 às 12h15

AS CADEIAS PRODUTIVAS NOS AGRONEGÓCIOS: O EXEMPLO DAVITIVINICULTURA IRRIGADA

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A vitivinicultura representa um dos agronegócios com maior capacidade de geração de renda e de emprego do Vale do São Francisco

38 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

Conferencista

Roberto Rodrigues – Ministro daAgricultura, Pecuária e Abastecimento.

“A opção básica do Minis-tério de estimular a produ-ção agrícola nacional eampliar a oferta de ali-mentos pressupõe a cons-trução de um novo mode-lo de desenvolvimento,com o aumento dos níveisde produção e índices deprodutividade.Para isso, é preciso intro-

duzir inovações tecnológicas para assegurar maio-res rendimentos por hectare e por unidade de ca-pital investido. A prática de irrigação configurauma estratégia de grande alcance para renovaçãoe modernização da agricultura brasileira e deve serentendida como um importante instrumento dedesenvolvimento pela sua capacidade de aumen-tar a oferta ao mercado interno.A irrigação é também estratégica para consolidara afirmação comercial do Brasil em mercados al-tamente competitivos e melhorar os níveis de pro-dução, produtividade, renda e emprego no meiorural e nos setores urbano-industriais, que se vin-culem ao complexo de atividades da agriculturairrigada. É a faceta estruturante do agronegócioque gira a roda da economia.”

Conferencista

Arnaldo Johannes Josef Eijisink– Diretor de Agronegócios do CarrefourBrasil.

Engenheiro agrônomo,formado pela Universida-de Estadual de São Paulo(Unesp/Jaboticabal). Seutrabalho como diretorde agronegócios doCarrefour envolve fazen-das do grupo na região doVale do São Francisco,além de mais um plantelde 70 mil cabeças de gado

em Mato Grosso, onde é desenvolvida a produçãode carne orgânica, com certificação internacional.O Brasil é o único país, onde o Carrefour desen-volve trabalhos de produção agropecuária.

“Nossas empresas têm algo diferente para mostrar:como produzir atendendo às exigências atualizadasdo cliente mundial, que é ter um produto social eecologicamente correto. Apesar de usarmos a águacom abundância, temos equipamentos modernose estações meteorológicas para definir, exatamen-te, a necessidade da planta, para não irrigar nemmais, nem menos, cuidando do meio ambiente emoutros pontos, como reciclagem de embalagens deprodutos tóxicos.Temos 350 pequenos e médios produtores de uvae manga, que trabalham em sistema de parceria,de acordo com o sistema de produção doCarrefour. Seus produtos recebem o selo de ga-rantia de origem Carrefour e são comercializadosna própria rede, que está presente com 200 lojasno Brasil e mais 9 mil em 30 países.Essa exportação de produtos in natura, em que auva e a manga têm peso importante, saiu de US$12 milhões, em 2002, e deverá atingir US$ 20 mi-lhões em 2003. Os produtos do Vale São Franciscoestão presentes na Espanha, Portugal, França, Itália,Bélgica e, mais recentemente, seguindo para Ásia,Cingapura, Taiwan, Indonésia, China e Tailândia.Além disso, temos 1.500 produtores empregadosnas quatro fazendas do Carrefour no Vale do SãoFrancisco, que são:1. Fazenda Agropecuária La Brunier, no municí-pio de Casa Nova, BA, com 130 hectares de uvacom semente;2. Fazenda Vale das Uvas, com 165 hectares, sen-do 110 hectares de uva com semente e 50 hectaresde uva sem semente;3. Fazenda Orgânica do Vale, com 230 hectarestotalmente ocupados com plantio orgânico de uvasem semente;4. Fazenda Lagoa Grande, no município de LagoaGrande, PE, com 220 hectares sendo implantados.Afirmo que esta região é uma bênção, pois reúnetodos os pontos favoráveis para o desenvolvimen-to da fruticultura irrigada: clima favorável para aprodução de uvas, quando se compara com outrospaíses competitivos do mundo, como África do Sul,Chile, Itália, Espanha e Grécia; um povo especialque, apesar das condições socioeconômicas desfa-voráveis, está disposto e disponível, tem fome decrescer junto com a empresa; além de umempresariado dinâmico.Estão surgindo indústrias, como a do vinho,alémde indústrias de sucos para o aproveitamento dapolpa de frutas em concentrados.No próximo ano, deveremos contar com mil hec-tares plantados e 3 mil funcionários. E para ter-mos 3 mil funcionários felizes, temos um projetosocial em execução. Nossos clientes internos sãonossos parceiros, bem como a comunidade. Desen-volvemos programas nas áreas de saúde e educa-ção, e isto traz um retorno insuperável.”

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 39

Debatedor

Alberto Sabino SantiagoGalvão – Superintendente de Valexport.

Economista, formado pela Universidade Federalda Bahia, pós-graduado em Consultoria Empresa-rial pela Universidade de São Paulo e Gestão emNegócios Internacionais pela Fundação GetúlioVargas. Trabalhou nas multinacionais AGA e Oxi-gênio do Brasil, em Salvador/BA, ambas do setorde gases industriais. Trabalhou durante oito anosno Sebrae/PE nas áreas de projetos, consultoria ecapacitação e, atualmente, é superintendente daValexport.

Ele deverá apresentar os números de produção dafruticultura irrigada da região do Submédio SãoFrancisco, as vantagens comparativas com outrasregiões do país, a origem do empresariado que atuana região, dados sobre a exportação de frutas e asestratégias estabelecidas pela Valexport.

Debatedor

José Fernando da Silva Protas –Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho esecretário executivo da Câmara Setorial deVitinicultura, Vinhos e Derivados.

Economista pela Univer-sidade de Rio Grande,com mestrado em Econo-mia Rural, com áreas deconcentração em Econo-mia da Produção e Admi-nistração Rural (UFRS) eDesenvolvimento Rural(Universidade de Évora,em Portugal). Pesquisa-dor da Embrapa Suínos eAves, onde foi chefe-ad-

junto de apoio. Foi presidente-executivo e chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho e é o atual secretá-rio-executivo da Câmara Setorial da Vitinicultura,Vinhos e Derivados. Tem inúmeros trabalhos téc-nico-científicos publicados.

Depoimento/Debatedor

Jorge Roberto Garziera – Pioneirona atividade vitivinícola no Vale do SãoFrancisco e prefeito do município deLagoa Grande, PE.

Economista e Administra-dor de Empresas, atua noVale do São Francisco des-de 1995, liderando a cria-ção do Pólo Vinícola doSão Francisco. Enólogopela Escola de Vitivini-cultura em Bento Gonçal-ves, RS, e pela Pegeot, deMendonça, Argentina. Pi-oneiro na atividade

vitivinícola, foi gerente da Fazenda Milano, dePérsico Pizzamiglio, voltada para o plantio e ela-boração de vinhos da marca Vinhos de Milano, hojeBotticelli.

Considera as características do semi-árido, espe-cialmente as do Vale do São Francisco, favoráveispara o desenvolvimento de um pólo vitivinícola,com possibilidades de bom desempenho econômi-co pelos ganhos de escala. Além disso, a opção pelovinho apresenta novas perspectivas de agregaçãode valor à uva, que abre novas possibilidades, nãodependendo apenas do produto in natura.

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As características do Semi-Árido são favoráveis para odesenvolvimento de um pólo vitivinícola

40 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

SEMINÁRIOSSEMINÁRIOS

Coordenador

Maçao Tadano – Secretário de DefesaAgropecuária do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento.

Engenheiro agrônomopela Universidade do RioGrande do Sul. Foiextensionista da Empaer/MT, membro do ConselhoDeliberativo da Sudam eda Sudeco, secretário deEstado da Agricultura doMato Grosso, secretárioda Indústria, Comércio eTurismo do Mato Grosso,

deputado estadual e federal pelo Estado do MatoGrosso, presidente do Conselho Brasileiro deFitossanidade, chefe de gabinete da presidência doConselho Federal de Engenharia, Arquitetura eAgronomia e secretário de Defesa Agropecuáriado Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento.

Palestrante

Lairson Couto – Agência Nacional deÁguas.

Engenheiro agrônomopela Universidade Federalde Viçosa, com mestra-do em Irrigação pelaUniversity of California epós-doutorado emMicroirrigação, Manejode Água e Fertilizantespela University of Florida,EUA. Atuou na área deEngenharia de Irrigação

na Suvale (hoje Codevasf), pesquisador na área deManejo de Irrigação e Agricultura Irrigada daEmbrapa Milho e Sorgo. Foi chefe-geral daEmbrapa Milho e Sorgo e da Embrapa Agricultu-ra Irrigada.

“Com a conscientização da sociedade sobre os pro-blemas ambientais do planeta e do surgimento dosmovimentos ambientalistas nas últimas décadas, osmercados internacionais se tornaram mais exigen-tes quanto a essas questões. Portanto, a certificaçãona agricultura passou a ser uma exigência da co-munidade e do mercado internacional. Acertificação tem como um dos objetivos reconhe-cer os progressos significantes já realizados porprodutores, cooperativas, organizações de produ-tores, redes locais e internacionais para desenvol-ver e implementar sistemas agrícolas, levando emconsideração boas práticas, ou seja, práticas agrí-colas sustentáveis, que reduzam os efeitos negati-vos da produção de alimentos sobre o meio ambi-ente e as pessoas. Essa tendência de aumento dasexigências de qualidade do processo de produçãoleva ao incremento do mercado de produtos cer-tificados. Isto exige um grande esforço deestruturação das redes de certificação. A dimen-são do interesse desse mercado pode ser avaliada,pelo fato de que já existem mais de dez certificadorasnacionais e internacionais atuando no país, a maisantiga desde 1978. Hoje, dentre os clientes dessascertificadoras se incluem os produtores de frutaspara o mercado externo, que quase sempre utilizama irrigação em seus sistemas de produção.O uso sustentável desse recurso natural preocupa,cada vez mais, técnicos e autoridades em todo omundo. A manutenção da qualidade da água e oseu uso racional dependem da gestão especialmen-te na irrigação. Diante desse cenário, a ANA ini-ciou em 2001 discussões com diversos segmentos,incluindo a Associação Brasileira de Normas Téc-nicas (ABNT) e o Instituto Brasileiro de Qualida-de e Produtividade (IBQP), hoje transformado no

Seminário 27/OUT/2003 – 14h30 às 16h30

BARREIRAS COMERCIAIS E CERTIFICAÇÃO DA AGRICULTURAIRRIGADA

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 41

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Movimento Brasil Competitivo (MBC), visando oestabelecimento de ações para o uso racional daágua nessa atividade. Desses estudos, surgiu umaproposta básica de Programa de Certificação daSustentabilidade do Uso da Água na AgriculturaIrrigada.Esse programa tem como objetivos a concepção eo desenvolvimento de um referencial metodológicode gestão da qualidade aplicável para o uso sus-tentável da água na agricultura irrigada. O Proje-to, em fase final de execução, vem sendo desen-volvido no âmbito do convênio ANA/MBC, usan-do o trecho da Bacia do Rio Preto, no Distrito Fe-deral, como referencial. A agricultura irrigada nes-sa sub-bacia é bastante diversificada quanto a sis-temas e métodos de irrigação, culturas, tamanhodas glebas irrigadas e com a demanda atual de águapara irrigação superando a oferta, portanto, bas-tante representativa. Esse modelo de certificaçãoem desenvolvimento considera a certificação douso sustentável da água como o reconhecimentopelo uso de boas práticas na agricultura irrigada eé facultativo. Como boas práticas, preconiza-se:regras de conduta, procedimentos e medidas decontrole no dia-a-dia de uma atividade ou negó-cio. Até o momento, a idéia é utilizar nesse mode-lo de certificação em proposição os oito critériosdo Prêmio Nacional de Qualidade: liderança e or-ganização, estratégias e planos, clientes, socieda-de, informação e conhecimento, pessoas, proces-sos, resultados.”

Debatedor

Valter Pieracciani – Sócio-diretor daPieracciani Desenvolvimento de Empresase da Pritchett Rummler-Brache do Brasil.

Mestre em Administração de Empresas pela PUC/SP, bacharel em Administração de Empresas pelaUniversidade Mackenzie. Pós-graduado em Admi-nistração Industrial pela Universidade de Roma

(Itália). Engenheiro Me-cânico pela Escola de En-genharia Mauá. Foi pro-fessor assistente na Uni-versidade de Roma e atu-almente leciona em cursosde pós-graduação. É autorde livro e de dezenas deartigos publicados. Foi di-retor-geral da AssociaçãoBrasileira de Normas Téc-

nicas (ABNT), presidente do Instituto Paulista daQualidade, membro do conselho diretor da Asso-ciação Brasileira do Controle da Qualidade e docomitê nacional do Centro da Qualidade para aAmérica Latina e Caribe, Programa das NaçõesUnidas. Participou da comissão técnica decertificação do Instituto da Qualidade Automotivae do conselho consultivo da SGS-ICS CertificadoraLtda. Em 1998, foi nomeado consultor especialis-ta no Ministério da Agricultura, Pec. e Abasteci-mento para o relançamento do Programa Brasilei-ro de Qualidade e Produtividade.

“A normalização como base para a certificação, aprodutividade e a inovação têm sido consideradaspelos países em desenvolvimento as grandes ala-vancas para o progresso. Especificamente, no cam-po de normalização e das barreiras técnicas, con-sidera-se que existam os grandes desafios do futu-ro, principalmente em relação ao comércio exterior.O Brasil, além de suas grandes reservas de água,pode ser referência no campo da gestão desse va-lioso recurso e da sustentabilidade.Evoluindo, desde a definição de melhores práti-cas, passando pela criação de uma estrutura ade-quada para a elaboração das normas brasileirasaplicáveis ao assunto, e chegando à certificação,estaremos consolidando tecnologia e criando asbases para uma gestão justa, durável e competen-te dos recursos naturais.No que se refere à água e à gestão, usar a normali-zação como alavanca de inserção competitiva e li-derança brasileira no campo internacional.”

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O uso sustentável da água preocupa, cada vez mais, técnicos e autoridades em todo o mundo

42 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

Depoimento/Debatedor

Paulo Roberto Coelho Lopes –Chefe-geral da Embrapa Semi-Árido.

Engenheiro agrônomopela Universidade Federalda Bahia, com mestradopela Universidade Federaldo Rio Grande do Sul edoutorado pela Universi-dade Politécnica deValência, Espanha. Pes-quisador dedicado às áre-as de coordenação e de di-reção intermediária e su-

perior. Participou e coordenou inúmeros projetos,como o de produção integrada de uvas de mesa e demanga no Vale do São Francisco. Possui trabalhospublicados em revistas nacionais e estrangeiras.

“O Sistema de Produção Integrada é constituídopor um conjunto de práticas agronômicasselecionadas a partir daquelas disponíveis regio-nalmente, que, no conjunto, asseguram a qualida-de e a produtividade das culturas dentro de umabase de sustentabilidade. Neste contexto, as Nor-mas Técnicas de Produção Integrada de Frutas es-tabelecem critérios referentes a procedimentosobrigatórios, recomendados, permitidos com res-trição e proibidos para as seguintes áreas temáticas:capacitação de recursos humanos; organização deprodutores; recursos naturais; materialpropagativo; implantação de pomares; nutrição deplantas; manejo e conservação do solo; recursoshídricos e irrigação; manejo da parte aérea; prote-ção integrada da planta; colheita e pós-colheita;análise de resíduos; processo de empacotadoras;sistema de rastreabilidade e cadernos de campo eassistência técnica.A certificação constitui um elemento diferenciadordo produto no mercado, facilita sua identificação,oferece garantias ao consumidor sobre o produtoque adquire e não só aumenta a confiança do con-sumidor, como também facilita a venda do produ-to e sua introdução em novos mercados. Este pro-cesso deve ser de total imparcialidade, transparên-cia e objetividade, o que permite que as empresascertificadas possam apresentar recursos, em casosde desconformidade com as decisões da empresade certificação. Na Produção Integrada de Frutas(PIF), deve-se buscar tanto a certificação do pro-duto, como do processo produtivo.Para o Brasil, a certificação de frutas é uma expe-riência nova. O Instituto Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro),em parceria com o Ministério da Agricultura e osetor produtivo, está desenvolvendo um programapara a conformidade da PIF.”

Debatedor

Bernhard Kiep – Diretor-presidenteda Valmont/Valley.

“No vasto mundo da agricultura irrigada, é muitodifícil criar normas ou padrões que atendam todasas culturas e sistemas de irrigação criados pelo ho-mem. Temos que tomar cuidado para não construirarmadilhas onde os agricultores acabem presos. Aspróprias normas ISSO 9000 e 14000 foram cria-das, no período pós-guerra, para serem utilizadascomo barreiras comerciais e acabaram tornando-se programas de qualidade. Ao mesmo tempo, cri-ar critérios básicos como numa fábrica é muitobom, mas é preciso cautela em relação a esse as-sunto.”

Debatedor

Paulo Afonso Romano – Consultorda OEA para projetos junto à Secretaria deRecursos Hídricos do Ministério do MeioAmbiente.

Engenheiro agrônomopela Universidade Federalde Viçosa, tendo exercidocargos políticos e adminis-trativos ligados à agrope-cuária e ao meio ambien-te. Foi secretário-geral doMinistério da Agricultura,Pecuária e Abastecimen-to, presidente da Cia. dePromoção Agrícola (Cam-

po), deputado federal e secretário nacional de Re-cursos Hídricos.

“É necessário ressaltar a oportunidade e a neces-sidade de certificação da produção irrigada.De agora em diante, entretanto, não basta o aten-dimento a requerimentos convencionais. É funda-mental inserir a dimensão ambiental com o esta-belecimento de parâmetros de sustentabilidade douso da água e do solo.As exigências de consumidores e, principalmente,de governos de países importadores protecionis-tas e ricos, estarão sempre buscando formas de blo-quear a entrada ou depreciar nossos produtos.O exemplo do “boi rastreado”, guardadas as pecu-liaridades, é evidência da capacidade brasileira deempreender. Em pouco tempo, passou da lingua-gem técnica para a rotina de produção e do mer-cado, incorporando vantagens para compradorese produtores.”

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 43

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Coordenador

Doracy Pessoa Ramos – Chefe-geral da Embrapa Solos.

Engenheiro agrônomo,com mestrado em Ciênciado Solo e pós-graduaçãopela Universidade FederalRural do Rio de Janeiro(UFRRJ). É doutor emSolos e Nutrição de Plan-tas pela Escola Superiorde Agricultura Luiz deQueiroz (Esalq/USP).Completou cursos inter-nacionais de interpretação

de solos, para fins não agrícolas, e sobre progra-mas na Michigan State University. Ligado à área deensino e pesquisa, também exerceu cargos de di-reção superior e intermediária na UFRRJ e naEmbrapa.

“A água e os solos são recursos naturais essenci-ais. O primeiro, como componente bioquímico dosseres vivos e como meio de vida de várias espéciesvegetais e animais e, o segundo, como fator funda-mental à produção de alimentos. Os dois juntosformam o binômio básico à sustentabilidade dohomem, seja como componentes essenciais, sejacomo elementos representativos de valores soci-ais, culturais e de produção de bens de consumo.De acordo com a Agência Nacional de EnergiaElétrica (Aneel), o Brasil possui a maior disponi-

bilidade hídrica do planeta, correspondente a182.170 m3/s, que, junto com as razões produzidasem territórios estrangeiros, como nas da baciaAmazônica, Paraná, Paraguai e Uruguai, podematingir a disponibilidade total de 258.750 m3/s. Jáem relação ao recurso solo, o Brasil é, por contado domínio sobre o conhecimento atual de mane-jo de solos tropicais e de produção nestas regiões,o país de maior potencial à produção de alimentosdo mundo.O crescimento demográfico e o desenvolvimentosocioeconômico são freqüentemente acompanhadosde rápido aumento do uso dos recursos água-solonos setores industrial, doméstico e da produção dealimentos. Esta situação é bem pior nos países emdesenvolvimento, nos quais a escassez da água temsido intensificada e a saúde humana gravementeafetada pela aceleração da contaminação e polui-ção deste recurso. Da mesma forma, o uso inade-quado das terras nesses países tem conduzido à de-gradação do recurso solo por erosão acelerada desuas camadas superficiais, colocando em risco apotencialidade deles à produção de alimentos.O Rio São Francisco é um dos maiores e mais uti-lizados corpos d’água do território brasileiro. Atra-vessando ou servindo de limites entre territórios,tem influência marcante na vida das pessoas de,no mínimo, cinco Estados brasileiros, onde gran-de parte da população o tem como projeto básicode vida e de sustentabilidade. Sua água e os solosque o margeiam são hoje responsáveis por grandeparte da produção de fruteiras e de grãos que ser-vem de base à alimentação direta da população oude obtenção de divisas no mercado externo.”

Seminário 27/OUT/2003 – 17h à 19h

OS IMPACTOS DA REVITALIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE CURSOSD’ÁGUA NA AGRICULTURA IRRIGADA: O CASO DO RIO SÃOFRANCISCO

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O Rio São Francisco tem influência na vida das pessoas de, no mínimo, cinco estados brasileiros, especialmente das que vivem no Semi-Árido

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Palestrante

Márcio Mota Ramos – Professor daUniversidade Federal de Viçosa.

Engenheiro Agrônomo,com mestrado em Enge-nharia Agrícola, doutora-do em Engenharia e largaexperiência em irrigação emanejo de recursoshídricos. É professor titu-lar do Departamento deEngenharia Agrícola daUniversidade Federal deViçosa e bolsista do

CNPq. Leciona em cursos de graduação e pós gra-duação e suas áreas de interesse em pesquisa seconcentram em recursos hídricos, irrigação locali-zada e quimigação. Tem trabalhado como consul-tor e coordenador de convênios e contratos paradiversas agências e instituições brasileiras comoRuralminas, Incra e ANA. É autor ou co-autor emmais de 80 trabalhos publicados em revistas cien-tíficas e apresentou mais de 70 artigos em congres-sos e similares. Orientou oito e aconselhou seteteses de doutorado, além de orientações eaconselhamentos, em nível de mestrado.

“Os cursos d’água vêm, há muito tempo, sendoutilizados e explorados de forma intensiva, princi-palmente nas áreas de grandes concentrações ur-banas e de intensa atividade agrícola e minerária,com a ocupação das áreas ripárias, dos topos dosmorros e das áreas de encostas. Esta ocupação, deforma desordenada e sem qualquer planejamen-to, trouxe a alteração do regime hídrico dos rios,alternando enchentes desastrosas e secas severas. O rio São Francisco não fugiu à regra. Hoje, o re-flexo da ocupação não é muito aparente pelo efei-to dos grandes reservatórios que foram construídosao longo de sua calha. O mesmo não se pode dizerde seus afluentes, que com poucos barramentos,tiveram seus regimes hídricos muito alterados. Arazão principal desta alteração tem sido, no AltoSão Francisco, as atividades minerárias que se si-tuam normalmente nas áreas de cabeceira e derecarga, e provocam a redução da cobertura vege-tal e o rebaixamento do lençol freático de rios comoRio das Velhas e o Rio Paraopeba. Outros afluen-tes importantes para a manutenção do regimehídrico do São Francisco são os que se localizamnas áreas de Cerrados, principalmente os de mé-dio curso situados no Norte e Noroeste de MinasGerais e Oeste Baiano como os rios Verde Gran-de, Paracatu, Corrente, Grande, dentre outros,onde programas de desenvolvimento governamen-tais, voltados para a agricultura irrigada, têm re-duzido a disponibilidade hídrica em algumas sub-

bacias.Para reverter o quadro atual, são necessárias açõese programas que promovam a recarga dosaqüíferos, melhorando a disponibilidade temporaldos recursos hídricos nas bacias e, conseqüente-mente, na calha do rio São Francisco. O processode reversão é lento. A recomposição e preserva-ção da cobertura vegetal nas áreas de recarga, po-dem, no princípio, até reduzir a disponibilidadehídrica média anual, mas trarão, no futuro, gan-hos invejáveis com a maior perenidade dos peque-nos cursos d’água, potencializando principalmen-te a agregação de novas áreas irrigadas ao proces-so produtivo, desenvolvendo regiões e aumentan-do a renda e os indicadores econômicos nos muni-cípios da bacia. A preservação das matas ciliares ede galeria ainda existentes e sua recomposição nasáreas degradadas trarão grandes benefícios à qua-lidade das águas e à navegabilidade do São Fran-cisco.”

Palestrante

Demetrius David da Silva –Professor da Universidade Federal de Viçosa.

Engenheiro agrônomo, com doutorado em Enge-nharia Agrícola. Professor da Universidade Fede-ral de Viçosa e bolsista do CNPq. Orientou deze-nas de teses de mestrado e doutorado. Participoude inúmeros seminários, congressos e simpósios eé autor de livros, capítulos de publicações e arti-gos técnico-científicos em periódicos nacionais einternacionais, que têm como tema a gestão derecursos hídricos.

Depoimento/Debatedor

Sanderson Alberto Medeiros –Coordenador do grupo assessor técnico doFundo Setorial de Recursos Hídricos/MCT.

Engenheiro Agrícola, es-pecialista em RecursosHídricos pela Universida-de Federal da Paraíba,com mestrado em Sanea-mento Ambiental pelaUniversidade de Gante,Bélgica. Fez cursos de es-pecialização em Engenha-ria de Recursos Hídricosnas universidades de

Guelph e Mcgill no Canadá, em nível de Ph.D. Suacarreira internacional iniciou no Mali, África, como

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 45

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chefe do Departamento de Engenharia de uma or-ganização norte-americana. Foi pesquisador e con-sultor no Laboratório Nacional de Engenharia Ci-vil de Lisboa, Portugal, participando da ComissãoEuropéia para a Normatização da Reutilização deÁguas Residuárias. Foi coordenador de projetosde desenvolvimento internacionais em Angola eMoçambique, na área de gestão de recursoshídricos. Trabalhou como engenheiro consultor daSecretaria de Recursos Hídricos do Ministério doMeio Ambiente e na Agência Nacional de Águas(ANA). Foi secretário executivo do Grupo de Tra-balho Amazônico e gerente da Cooperação Técni-ca Brasil-África no Ministério das Relações Exte-riores. Atualmente, é servidor de carreira do Mi-nistério da Ciência e Tecnologia e coordenador dogrupo assessor técnico do Fundo Setorial de Re-cursos Hídricos. No segundo semestre de 1999, foinomeado como um dos 14 Futuros Líderes Mun-diais da Água para o próximo milênio por quatroorganizações internacionais: Associação Interna-cional de Recursos Hídricos; o Instituto Internaci-onal da Água de Estocolmo, Suécia; a FundaçãoNippon do Japão; e, o Centro para a Gestão deRecursos Hídricos do Terceiro Mundo.

“Os Fundos Setoriais de C&T foram criados paraincentivar o desenvolvimento científico etecnológico em áreas estratégicas e construir umanova forma de financiamento de investimento emC&T. Os Fundos financiam ‘desde encontros, con-gressos, publicações, auxílios individuais, infra-estru-tura de pesquisa, bolsas de formação e de fomentotecnológico, projetos cooperativos entre universida-des e empresas, rede cooperativas, entre entidades depesquisa, até grandes projetos estruturantes.’ (MCT,2000).O Fundo Setorial de Recursos Hídricos – CT-Hidro- foi criado pela Lei nº 9.993, de 24 de julho de2000. Seus recursos são advindos de 4% da com-pensação financeira pela exploração de recursoshídricos para fins de geração de energia elétrica,que é um percentual do valor da energia produzi-da a ser paga pelas concessionárias de serviços deenergia elétrica às unidades da Federação e aosmunicípios, em cujos territórios se localizam ins-talações destinadas à produção de energia elétri-ca, ou que tenham áreas invadidas por água dosrespectivos reservatórios. Nesse âmbito, no míni-mo 30% dos recursos são destinados a projetos de-senvolvidos por instituições de pesquisa sediadasnas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.As diretrizes básicas do financiamento das ativi-dades pelo Fundo foram estabelecidas na referidalei e são as seguintes: ‘financiamento de projetoscientíficos e de desenvolvimento tecnológico desti-nados a aperfeiçoar os diversos usos da água, demodo a garantir à atual e às futuras gerações altopadrão de qualidade, utilização racional e integrada

com vistas ao desenvolvimento sustentável e à pre-venção e defesa contra fenômenos hidrológicos críti-cos ou devido ao uso inadequado de recursos naturais.’

O CT-Hidro possui um comitê gestor, constituídono âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia eé responsável pela elaboração das diretrizes de atu-ação do Fundo, pelo acompanhamento e avalia-ção das ações por ele apoiadas. A partir de 2003, oCT-Hidro conta também com um Grupo de ApoioTécnico (GAT) que tem, entre outros objetivos, ode funcionar como secretaria técnica de apoio aoFundo. O GAT é composto por três membros: ocoordenador, do MCT, um representante daFinanciadora de Estudos e Projetos (Finep) e umrepresentante do Conselho Nacional de Desenvol-vimento Científico e Tecnológico (CNPq).Desde a sua criação, mais de 170 projetos das áre-as prioritárias estabelecidas pelo CG estão sendoapoiados pelo CT-Hidro, totalizando um investi-mento de mais de US$ 10 milhões. Essa soma re-presenta um resultado significante, conseqüênciados esforços feitos pelo Ministério da Ciência eTecnologia de investir em C&T, no setor de recur-sos hídricos, com o propósito de promover progres-so e difundir tecnologia adequada na área de re-cursos hídricos por todo esse vasto e diversificadoPaís.Neste ano, o Fundo Setorial de Recursos Hídricosjá lançou quatro novos editais nas áreas de sanea-mento básico, capacitação de recursos humanos esustentabilidade hídrica da região semi-árida bra-sileira. O CT-Hidro amplia e consolida o seu le-que de atuação como um mecanismo de fomentoao desenvolvimento científico e tecnológico noBrasil. Dessa forma, o Ministério da Ciência e Tec-nologia, mais uma vez inova, ao investir em açõesindutoras de progresso científico e tecnológico emrecursos hídricos, com resultados diretos para ainclusão social de suas populações.”

Debatedor

Ingbert Doowich – Diretor do Clubede Plantio Direto do Oeste Baiano.

Engenheiro agrônomo,consultor e especialista nosistema Plantio Direto.Diretor-executivo do Clu-be de Plantio Direto doOeste Baiano e diretor-adjunto da Associação doPlantio Direto no Cerra-do (APDC). “O sistema Plantio Dire-

46 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

to constitui-se em importante ferramenta no ma-nejo sustentável da bacia hidrográfica do Rio SãoFrancisco, visando a redução nos aportes de sedi-mentos e a manutenção de sua vazão, visto que osistema é conservador de água. Com uma cobertu-ra efetiva do solo, podemos acumular mais águano período inicial das chuvas e durante o ciclo dasculturas, minimizando os efeitos do estresse hídricocausado por veranicos. Com a adoção do sistemade Plantio Direto, como forma tradicional para cul-tivo dos solos da região, poderemos, em poucosanos, reduzir o volume de água a ser usado naslavouras irrigadas, permitindo uma irrigação comlâminas menores, ampliando a área atualmenteirrigada do Oeste Baiano, reduzindo o aporte desedimentos, sem comprometimento da vazão dosmananciais da região, com preservação das nascen-tes, redução no aporte de sedimentos, fertilizan-tes e agrotóxicos aos rios tributários do São Fran-cisco, sustentáculo de uma economia pujante, al-tamente tecnificada e reconhecida internacional-mente pela qualidade de sua produção.”

Debatedor

Francisco de Assis SacomaniNuevo – Gerente comercial da AmancoBrasil S.A., empresa sócia patrocinadora Ida ABID.

Engenheiro agrônomopela Escola Superior deAgricultura “Luiz deQueiroz” (Esalq/USP),com especialização emEngenharia de Irrigaçãopela Universidade Esta-dual de Maringá, Institu-to Nacional de Reforma yDesarrollo Agrario , emestrado em Engenharia

Civil, Hidráulica e Saneamento pela USP. É ge-rente comercial da Amanco Brasil S.A. e vice-pre-sidente da Câmara Setorial de Equipamentos deIrrigação da Abimaq.

“É de suma importância a união de todos:irrigantes, técnicos, órgãos públicos e indústrias deequipamentos de irrigação, na luta pelo desenvol-vimento sustentável da agricultura irrigada. Deve-mos promover e estimular práticas agrícolas queconservem o meio ambiente, desenvolver equipa-mentos de irrigação cada vez mais eficientes na uti-lização dos recursos hídricos, e tomar consciênciae ações urgentes visando a revitalização, conser-vação e utilização racional de nossa inestimável ri-queza hídrica. Para mim, o nosso querido Rio São

Francisco, é sem dúvida nenhuma, o mais impor-tante dos rios brasileiros. Devemos aproveitar aoportunidade de no XIII Conird, juntarmos for-ças para evitar que o Rio São Francisco e muitosoutros venham a tornar-se um escoadouro, comohoje encontra-se nosso saudoso Rio de Piracicaba.”

Debatedor

Eduardo Gustavo FarnesiBrandão – Presidente da FundaçãoRural Mineira – Ruralminas.

Ex-vice-prefeito e ex-pre-feito de Ribeirão das Ne-ves, foi também superin-tendente do Centro Indus-trial de Ribeirão das Ne-ves e deputado estadual.

Debatedor

Devanir G. dos Santos – AgênciaNacional de Águas.

Engenheiro agrônomopela Universidade Federalde Lavras (Ufla), com cur-so de especialização emirrigação pelo Instituto dePesquisa de Vercelli, Itália,e mestrado em GestãoEconômica do Meio Am-biente pela Universidadede Brasília (UnB). Foi co-ordenador regional da

Ruralminas, tendo elaborado e implantado inúme-ros projetos de irrigação e drenagem, membro dogrupo responsável pela elaboração de normas téc-nicas de irrigação e drenagem da Associação Bra-sileira de Normas Técnicas (ABNT), consultor doInstituto Interamericano de Cooperação pela Agri-cultura (Iica) na Codevasf, consultor do Programadas Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnude Iica) na Secretaria Nacional de Irrigação e Se-cretaria de Recursos Hídricos, consultor da Secre-taria de Recursos Hídricos pela Unesco, ocupan-do o cargo de coordenador do Núcleo de Desen-volvimento dos Planos de Recursos Hídricos. Pos-sui vários trabalhos publicados nas áreas de irriga-ção e drenagem, tarifas de água e planos de recur-sos hídricos e é co-autor de quatro livros.

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 47

Seminário 28/OUT/2003 – 13h30 às 15h30

O INSUMO FERTILIZANTE E A AGRICULTURA IRRIGADA: O CASODA MANGA

Coordenador

Alberto Carlos de Queiroz Pin-to – Pesquisador da Embrapa Cerrados

Agrônomo, com área deconcentração em Fito-tecnia pela Escola deAgronomia da Universi-dade Federal do Ceará,mestrado em Fitotecnia,com área de concentraçãoem Fruticultura de ClimaTropical pela Universida-de Federal de Lavras(UFA); doutorado em

Horticultura, com área de concentração em Cul-tura de Tecidos em Fruticultura pela Texas A&MUniversity, College Station – Texas, EUA. Foiextensionista rural; supervisor técnico regionalNordeste da Bayer Ind. Químicas S.A., coordena-dor de pesquisa de Fruticultura Tropical pelo Cen-tro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia juntoà Embrapa, gerente técnico da Estação Experimen-tal de Fruticultura Tropical de Conceição doAlmeida, professor convidado do curso de Melho-ramento de Culturas Tropicais da Texas A&MUniversity, presidente da Comissão Executiva doVIII Congresso Brasileiro de Fruticultura, asses-sor técnico-científico da Fundação de Apoio à Pes-quisa do Estado de Pernambuco e da Fundação de

Apoio à Pesquisa do DF, consultor ad hoc do CNPqe da Embrapa. Professor convidado do curso depós-graduação em Fruticultura da UnB, orientadorde vários estudantes de pós-graduação com parti-cipação em bancas de tese de mestrado e doutora-do. Líder de Projeto de Fruticultura para a regiãode Cerrados, presidente da Sociedade Brasileirade Fruticultura, consultor da FAO para países afri-canos (Namíbia e Nigéria), revisor e consultor adhoc de diversas revistas nacionais e internacionais,presidente (chairman) da Comissão Executiva doVII Simpósio Internacional de Manga e, atualmen-te, é líder nacional do Projeto Melhoramento Ge-nético da Manga junto à Embrapa. Tem inúmerostrabalhos técnicos e científicos publicados em li-vros, revistas científicas nacionais e internacionais.

“Não existe nenhuma dúvida quanto aos efeitosbenéficos do uso adequado, e em conjunto, dos fa-tores adubação e nutrição, sob condição de irriga-ção, na qualidade da manga. É claro que esses fato-res devem ser também somados aos efeitos relevan-tes dos fatores solo, clima e, principalmente, gené-tico em relação a cultivar explorada. Não há um efei-to isolado de nenhum desses fatores responsávelpela melhor qualidade da fruta. Porém, a escolhacorreta do fertilizante, tanto na quantidade quantona qualidade, e uma boa estratégia na sua oferta àplanta permitem uma nutrição equilibrada que re-sultará em melhor qualidade da fruta.Para muitas das desordens fisiológicas ou deterio- SE

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O pólo de Juazeiro/Petrolina destaca-se como um dos maiores produtores de manga destinada ao mercado externo

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rações da qualidade da fruta, como manchasesverdeadas na casca, sabor insípido, colapso in-terno da polpa, oxidação da amêndoa e cavidadepeduncular, existem hipóteses e resultados de pes-quisa que as relacionam com a deficiência oudesbalanço nos teores de macro e/oumicronutrientes. Existem evidências de que dosesde N nas folhas, acima de 1,2%, promovem a for-mação de manchas esverdeadas na casca dos fru-tos. Alguns resultados mostram que o uso do ges-so tem sido indicado para equilibrar a relação Ca:Ne diminuir o colapso interno da polpa. Já o equilí-brio na relação Mg:K:N tem permitido a obtençãode frutos mais doces. Existem hipóteses sobre ouso do B na promoção de um maior vingamentode frutos e menor incidência de oxidação da amên-doa e cavidade peduncular na manga.Qualquer que seja o programa de adubação e nu-trição preparado para diminuir esses problemas, ouso da irrigação e fertirrigação torna-se obrigató-rio, uma vez que há uma maior eficiência na apli-cação do fertilizante em cultivo irrigado compara-do com o cultivo em sequeiro.”

Palestrante

Washington Padilla – Professor econsultor internacional.

Engenheiro agrônomopela Universidade Centraldo Equador, commestrado em Química dosSolos e Fisiologia Vegetalpela North Carolina StateUniversity; Ph.D. em Físi-ca dos Solos e Manejo doMeio Ambiente pela Uni-versidade de Minnesota;cursos de especialização

em produção de fertilizantes e fertirrigação na In-glaterra, França e ex-União Soviética. Ocupou car-gos de gerenciamento e coordenação, como o dachefia nacional da Área de Solos e Fertilizantesdo Instituto de Investigações Agropecuárias; degerente técnico nacional da Agripac e de gerentetécnico da Área Andina da Chevron Chemical. É oatual gerente-geral da Agriolab Cia. Ltda. e dogrupo Clínica Agrícola de Quito. Na área de ensi-no, é catedrático das Universidades Central doEquador e de São Francisco de Quito, e tem edita-dos inúmeros livros e publicações especializadas.

“Las plantas por ser organismos autotróficos sonlas únicas capaces de alimentarse de substanciasminerales y mediante el proceso de fotosíntesis,

lograr transformarlas en substancias orgánicas, lasmismas que son usadas posteriormente como ali-mento por parte del hombre y los animales.Es por esto que para la nutrición vegetal es muyimportante poner atención en las fuentes fertili-zantes que sirven como su alimento, para poderalcanzar con la unión de ellas un compuesto lo másbalanceado posible que al ser disuelto por el aguade riego, pueda satisfacer las necesidades de loscultivos.Para el caso del Mango, al igual que de otros culti-vos, la ley de Lievig o ley del mínimo, se ajusta enforma perfecta, ya que la deficiencia o falta de unelemento imposibilita a la planta completar su ci-clo biológico y por lo tanto el elemento que seencuentra en deficiencia es el que marca su máxi-mo rendimiento.El llegar a obtener la fuente fertilizante perfectatanto por su calidad física como química, para elcultivo del Mango, ha sido hasta ahora muy difícil,al igual que sigue siendo para la mayoría de culti-vos, pero lo más importante para alcanzar la quemás se aproxime y cumpla con las exigencias delcultivo, se fundamenta en los siguientes criterios:las fuentes a ser usadas, deben ser lo más solublesposible; usar fuentes que guarden compatibilidadentre ellas; que la relación entre nutrientes dentrode la fórmula, guarde el balance requerido por elcultivo a ser aplicado; que el precio esté en relaciónal costo beneficio. Todos estos factores podrán seranalizados en forma clara durante el tiempoasignado para tratar el tema propuesto.”

Debatedor

Paulo Augusto da Costa Pinto –Secretário Municipal da Agricultura de Juazeiro.

Engenheiro agrônomo,com mestrado em Solos eNutrição de Plantas, espe-cialista em Metodologiada Pesquisa Científica, emFontes Alternativas deEnergia para a Agricultu-ra e Irrigação e Drena-gem; bolsista do Iica/OEA, CNPq e Capes; di-retor da Faculdade de

Agronomia do Médio São Francisco; professor daUniversidade do Estado da Bahia (Uneb). Foi co-ordenador do colegiado de curso de EngenhariaAgronômica e do Núcleo de Pesquisa e Extensão.Conselheiro do Consu e do Consepe e orientadorem projetos de pesquisa. Consultor do Sebrae eda Secretaria de Estado da Agricultura, Meio Am-biente e Reforma Agrária de Juazeiro, BA.

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“ ‘Qualquer adubação, que deixe a planta em con-dição fisiológica ótima, confere-lhe o máximo de re-sistência. Conseqüentemente, trata-se de fornecera ela a adubação adequada, que lhe traga os diver-sos elementos exigidos, nas proporções relativas desuas necessidades efetivas. Assim, tanto o excessocomo a carência de um ou de diversos elementos,que rompem o equilíbrio fisiológico normal da plan-ta, são capazes de diminuir sua resistência natural.’(F. Labrousse, Annales Agronomiques, 1932).Na região sanfranciscana, responsável por aproxi-madamente 85% das exportações de manga dopaís, os fertilizantes utilizados na cultura da man-gueira representam cerca de 45% do custo deinsumos, no segundo ano de plantio, reduzidos paracerca de 30%, nos anos seguintes. O uso corretode fertilizantes, na quantidade, forma, época deaplicação e fonte adequadas, além de possibilitarmenores custos na implantação e condução da cul-tura, reduz não só sua suscetibilidade a doenças epragas, mas também o uso de agrotóxicos, diminu-indo a possibilidade de poluição ambiental.A fertilidade do solo é um dos mais importantesfatores determinantes da produção e da qualidadeda manga. No entanto, resultados de análise desolos, como única ferramenta para se fazer reco-mendação de fertilizantes, apresentam limitadaaplicabilidade para árvores frutíferas, devido a suaespecífica distribuição do sistema radicular, hábi-tos perenes, efeitos de porta-enxerto e frutificaçãodiferenciada (alternância de safra).Para que os nutrientes sejam fornecidos em quan-tidades corretas e de maneira equilibrada, é im-portante contar com um sistema adequado dediagnose foliar que possa auxiliar no processo deinterpretação do sistema nutricional da manguei-ra ‘Tommy Atkins’, nas condições de solo e de cli-ma da região. Pinto (2002), em sua tese de douto-rado, determinou as normas do Sistema Integradode Diagnose e Recomendação (DRIS) de teoresfoliares para a mangueira ‘Tommy Atkins’, na re-gião do Submédio São Francisco, que possibilitouaos produtores condições de realizarem diagnós-tico adequado do estado nutricional da cultura,com uma eficiente recomendação de adubação,disponível na internet pelo site:www.paulopinto.cjb.net.”

Debatedor

Luiz Eduardo Ferraz – Gerente deprodução da Agropecuária Guimarães S.A.(Aguisa)

Engenheiro agrônomo pela Universidade FederalRural de Pernambuco, com participação em inú-meros simpósios técnicos. É membro da comissãotécnica para elaboração de normas técnicas paraprodução integrada da manga. SE

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Depoimento/Debatedor

Fernando Kossatz Saad – Assessoragronômico da Bunge Fertilizantes.

Engenheiro agrônomopela Universidade Esta-dual de Ponta Grossa, RS,com pós-graduação emCiência e Tecnologia deSementes pela Universi-dade Federal de Pelotas.Trabalhou com assistênciatécnica a um grupo de pro-dutores da CooperativaAgrária Mista Entre Rios,

em Guarapuava, PR; foi pesquisador da área deFitotecnia da Fundação de Apoio à Pesquisa doCorredor de Exportação Norte, em Balsas, MA.Desde 2000, exerce a função de assessor agronô-mico da Bunge Fertilizantes e atua com a marcaManah, na região Norte-Nordeste.

“O Brasil vem-se destacando, cada vez mais, comoum grande fornecedor de frutas ao mercado mun-dial, principalmente pela qualidade percebida emnossos produtos. Ela deve-se à soma de dois gran-des fatores: condição climática e tecnologia de pro-dução adotada nos grandes pólos de fruticultura.Esses fatores são os que deixam a produção demanga no Vale do São Francisco em condição in-vejável para os demais países produtores.Quando falamos em tecnologia de produção defrutas para exportação, imediatamente pensamosem agricultura irrigada e, conseqüentemente, ci-tamos o uso da fertirrigação como forma de forne-cer os nutrientes, à medida que a planta necessita,no momento certo, na quantidade correta.Entretanto, ao mesmo tempo em que nos referi-mos à fertirrigação, lembramos que os insumosfertilizantes utilizados para esta tecnologia possu-em um custo elevado, muitas vezes, tornandoinviável sua utilização.Não devemos questionar o custo dos produtos, massim, sua qualidade. Muitas vezes os produtos maissimples, a exemplo do Map pó, KCl pó branco esulfato de potássio, desde que sejam de boa quali-dade, podem suprir a necessidade nutricional dasplantas para seus elementos. Desta forma, deve-mos buscar sempre a utilização da tecnologia, ten-do como parâmetro a relação custo-benefício, de-terminando estratégias de manejo com produtosde boa qualidade, observando suas interações como ambiente e buscando o melhor retorno econô-mico. Às vezes, a simplicidade é o melhor cami-nho a ser seguido.”

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Coordenador

Salassier Bernardo – Professor daUniversidade Estadual Norte Fluminense.Ver currículo na conferência do dia 29/10sobre “As externalidades socioeconômicasda agricultura irrigada”.

Palestrante

Luís Santos Pereira – Consultorinternacional.

Engenheiro agrônomopela Technical Universtiy ofLisbon, com pós-gradua-ção em Hidrologia Aplica-da e Operacional pelo Fe-deral Institute ofTechnology, Lausane, Suí-ça, e pós-doutorado emHidrologia pelo FederalInstitute of Technology,

Zurique, Suíça. Obteve habilitação em Engenha-ria Agrícola pela Tecnical University of Lisbon, ededicou-se especialmente à área de ensino, tornan-do-se também consultor especializado. Atua emorganizações como a FAO e a Unesco, entre ou-tras. Tem inúmeros trabalhos publicados.

Debatedor

Rubens Sonsol Gondin – Pesquisa-dor da Embrapa Agroindústria Tropical.

Engenheiro agrônomo, especialista em Engenha-ria de Irrigação, com mestrado em Irrigação e Dre-nagem. Trabalhou, no período de 1989 a 1992, noBanco do Nordeste. Exerceu atividades profissio-

nais no Ambiente de Polí-ticas de Desenvolvimento,como consultor interno,participando de vários tra-balhos, com destaque parao Projeto Novo Modelo deIrrigação, em cooperaçãotécnica com o Banco Inte-ramericano de Desenvol-vimento, e a organizaçãodo Manual de ImpactosAmbientais. Atualmente,

é pesquisador na Embrapa Agroindústria Tropi-cal, e participa de vários projetos de pesquisa, den-tre os quais: Suporte Tecnológico para a GestãoSustentável dos Recursos Hídricos no BaixoJaguaribe, financiado pela Finep - CT Hidro.

“Segundo o Banco Mundial (2000), da água doceutilizada no planeta, a agricultura consome 70%,a indústria, 22% e o uso doméstico, 8%. No Brasil,

Seminário 28/OUT/2003 – 17h às 19h

COEFICIENTES DE CULTIVOS, EFICIÊNCIA DE IRRIGAÇÃO EFERTIRRIGAÇÃO

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A água deve ser distribuída na agricultura de modo eficiente, de tal forma, que as perdas sejam minimizadas

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a irrigação consome 59%, a indústria 19% e o con-sumo urbano chega a 22% (Cristofidis, 1999). Agestão de recursos hídricos numa bacia hidrográ-fica envolve, portanto, de forma significativa, agestão da demanda de água para irrigação.Neste contexto, a concessão de outorga de água parairrigação, pelo órgão gestor, requer parâmetros téc-nicos para estimativa de demanda hídricageorreferenciada. O coeficiente de cultivo torna-se,então, um parâmetro fundamental, não só paramanejo de água de irrigação, como para a gestão derecursos hídricos no âmbito de uma bacia.”

Depoimento/Debatedor

José Maria Pinto – Pesquisador daEmbrapa Semi-Árido): Ver o currículoresumido no minicurso sobre fertirrigação.

Debatedor

Hans Raj Gheyi – Professor da Univer-sidade Federal de Campina Grande.

Formado em CiênciasAgrárias na University ofUdaipur, com mestradoem Ciências do Solo naPunjab AgriculturalUniversity, na Índia. Tor-nou-se doutor em Ciênci-as Agronômicas (Químicade Solo) pela Université deLouvain, Bélgica, e lecio-nou na University of

Udaipur, Índia, e no Instituto Nacional Agromiques,Algéria. Tem pós-doutorado no Orstom, França, eé professor titular na Universidade Federal daParaíba e na Universidade Federal de CampinaGrande. Foi coordenador de pós-graduação emEngenharia Agrícola na UFPB. É editor da Revis-ta Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental,coordenador do programa de pós-graduação emEngenharia Agrícola, na UFCG. Tem vários tra-balhos publicados em livros, revistas e con-gressos nacionais e internacionais. Mais de 60 ori-entações de dissertação e teses na área de Irriga-ção e Drenagem. Suas áreas de interesse são:salinidade, relação solo-água-planta, reuso de águae nutrição mineral.

Depoimento/Debatedor

Paulo Emílio Pereira deAlbuquerque – Pesquisador daEmbrapa Milho e Sorgo.

Engenheiro agrícola, commestrado em EngenhariaAgrícola pela Universida-de Federal de Viçosa(UFV), e doutorado emAgronomia, com área deconcentração em Irriga-ção e Drenagem, pelaUnesp de Botucatu. Atuana área de irrigação e dre-nagem, requerimento de

água das culturas, evapotranspiração, manejo eprogramação da irrigação, dentre outras linhas depesquisa correlatas.

“Com foco voltado para a questão da preservaçãoambiental, a agricultura deve-se adequar à novamentalidade vigente, de modo que venha raciona-lizar o uso de insumos. Na agricultura moderna,um dos insumos utilizados é a água, que, normal-mente, é captada diretamente de uma fonte natu-ral. Ela deve ser obrigatoriamente distribuída naagricultura de modo eficiente, de tal forma, que asperdas sejam minimizadas. Uma alternativa paraisso é aplicar a água da irrigação no momento cer-to e na quantidade demandada pela cultura, deacordo com os fatores intrínsecos a sua necessida-de. Esses fatores estão diretamente ligados ao cli-ma, ao tipo de cultura e ao seu estádio de desen-volvimento.Estudos de evapotranspiração da cultura (ETc) sãouns dos caminhos trilhados em busca da eficiênciade irrigação. Tendo em vista que determinar ETc édifícil e complexo, em função dos fatores mencio-nados, é proposto correlacioná-la à evapo-transpiração de uma cultura de referência (ETo),através de um coeficiente de cultivo (Kc), ou seja,ETc = Kc ETo. Esta relação é matematicamentesimples, pois uma interferência direta em Kc cau-sa uma resposta linear em ETc. Entretanto, nosaspectos físicos e biológicos, há um certo grau decomplexidade para uma intervenção em Kc. Atranspiração é uma necessidade fisiológica da plan-ta, para que ela produza. Em contrapartida, a eva-poração da água do solo pode e deve ser evitada.Essa intervenção sobre a evaporação produz res-posta mais rápida, quando aplicada nas fases inici-ais do ciclo da cultura, quando há grande superfí-cie de solo exposta à incidência direta dos fatoresclimáticos (principalmente radiação, pressão devapor do ar e vento). Por isso, práticas conserva-cionistas de preparo de solo, como o plantio dire-to na palhada, podem interferir diretamente nos SE

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valores de Kc, reduzindo-os e induzindo, em con-seqüência disso, a aplicar menores volumes de águade irrigação. Sistemas de irrigação, como os loca-lizados, que aplicam menores volumes de água,também podem interferir positivamente na efici-ência, uma vez que somente parte da superfície dosolo é umedecida.O fato é que analisar os coeficientes de cultivo paraum amplo leque de culturas (de ciclos anuais eperenes), num país como o Brasil, de classes cli-máticas distintas de norte a sul, é tarefa difícil eexigirá esforços de pesquisadores e técnicos quetêm buscado a eficiência de irrigação, para obterno final do processo uma agricultura auto-susten-tável.”

Debatedor

Jaime Flávio da Fonseca – NaanDan/Irrigaplan, empresa sócia patrocinadora I daABID.

Engenheiro agrônomo,formado pela Universida-de Federal Rural do Riode Janeiro, atua no ramode irrigação desde 1989 ,quando iniciou na SimabTrading S.A. Também tra-balhou na Isratec Ltda.Iniciou suas atividades nogrupo NaanDan Irrigaplan,em 1993, como gerente da

filial de Holambra - SP. A partir de 1995, transfe-riu-se para sede em Leme/SP, atuando nas áreascomercial e de supervisão de projetos. Hoje, atuana área de desenvolvimento de novos produtos emercados e cursa especialização em Marketing naFundação Getúlio Vargas. “O ramo de irrigação, independente das adversi-dades econômicas dos últimos tempos, tem conse-guido um crescimento de suas atividades e áreasimplantadas. A indústria de irrigação tem colabo-rado para este crescimento, com a busca constan-te de novos produtos e processos visando aviabilização cada vez maior e a melhoria da efici-ência de um projeto irrigado.Além disso, o sucesso de um projeto de irrigaçãotambém depende da correta aplicação dos insumosenvolvidos. Neste aspecto, é de suma importânciaa observação de parâmetros como os coeficientesde cultivos, diretamente relacionados com a apli-cação eficiente e racional de água e fertilizantes, deforma ecologicamente responsável.”

Debatedor

Vital Pedro da Silva Paz – Professorda Universidade Federal da Bahia.

Engenheiro agrícola pelaUniversidade Federal daParaíba, com mestrado emEngenharia Agrícola pelaUniversidade Federal deViçosa (UFV), doutoradoem Irrigação e Drenagempela Escola Superior deAgricultura Luiz deQueiroz (Esalq/USP). De-dica-se à área de ensino e

pesquisa. Foi professor visitante na UniversidadeFederal de Uberlândia e, atualmente, é professorda Universidade Federal da Bahia.

“O planejamento é indispensável para compati-bilizar os vários usos da água, viabilizando os dife-rentes setores produtivos, monitorando a quanti-dade e a qualidade dos recursos hídricos e melho-rando os níveis de eficiência global.A importância do uso eficiente da água, obviamen-te, varia de região para região e de época para épo-ca. Por exemplo, em regiões áridas e semi-áridas,a necessidade de água é maior que em regiões úmi-das, portanto, os custos, os benefícios e o uso daágua devem ser considerados. Além disso, os fato-res de ordem econômica e social também são im-portantes e, em muitos casos, a educação tem le-vado à conservação e ao melhor uso da água dis-ponível.As novas tecnologias de irrigação e de manejo cons-tituem importantes ferramentas para o uso efici-ente da água. Vários trabalhos apontam baixosvalores de eficiência, que indicam a necessidadede metodologias para melhores estimativas daquantidade de água a aplicar. Nesse sentido, aspesquisas para determinação de coeficientes decultivos devem avançar, definindo as relações deevapotranspiração das culturas sob diferentes con-dições de exploração e manejo.Os métodos e equipamentos de irrigação podem edevem ser aprimorados para reduzir as perdas einduzir ao manejo adequado, em conjunto com osolo, a planta e o clima, com ganhos de eficiênciado uso da água. Métodos pouco eficientes tornam-se incompatíveis com as políticas atuais de uso dosrecursos hídricos, principalmente em regiões comdisponibilidades restritas. É o caso, por exemplo,da irrigação por sulcos, em que apenas uma parce-la da ordem de 45%, em média, da água derivadaé efetivamente utilizada pelos cultivos.Estima-se que, em nível mundial, a eficiência deirrigação é de 73% em média. Muito do volume

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 53

perdido torna-se severamente degradado em suaqualidade, ao arrastar sais, pesticidas e elementostóxicos do solo, motivo pelo qual, além da dificul-dade de recursos hídricos adicionais, em muitoscasos, tem-se o uso não eficiente, como causa daredução da disponibilidade e da qualidade da água.Pequenos aumentos da eficiência produzem incre-mentos significativos na água disponível para ou-tros fins, principalmente em situações de competi-ção pelo seu uso; quanto maior a eficiência, me-nores os custos de bombeamento, condução e dis-tribuição da água de irrigação.Nos últimos anos, tem-se registrado uma revolu-ção na ciência e na arte da irrigação e alcançado,também, alto conhecimento das relaçõesinterativas solos-cultivos-água, decorrentes do cli-ma e dos métodos de aplicação de água. Esses avan-ços tecnológicos coincidem com uma série de ino-vações com recursos computacionais, que permi-tiram a adoção de práticas mais eficazes de aplica-ção de água, adubos, controle de umidade do soloe estimativa da necessidade de água das culturas,a partir de complexos modelos agroclimatológicos.Estratégias de otimização do uso da água e buscade melhor rentabilidade da agricultura devem in-tegrar as tecnologias de irrigação com sistemas dealta eficiência e, principalmente, reduzido custopara o produtor.”

Debatedor

Fernando Braz TangerinoHernandez – Professor da Unesp.

Engenheiro agrônomo,com mestrado em Produ-ção Vegetal pela Unesp/Jaboticabal, e doutoradoem Irrigação e Drenagempela Escola Superior deAgricultura Luiz deQueiroz (Esalq/USP). Éprofessor da Unesp, coor-dena o Laboratório de Hi-dráulica e Irrigação, além

de chefiar o Departamento de Fitossanidade, En-genharia Rural e Solos da Universidade. É mem-bro da comissão local de Informática da Unesp,conselheiro e primeiro secretário do Conselho Mu-nicipal de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimentode Ilha Solteira, além de secretário da Comissãode Estudos de Irrigação e Drenagem da ABNT.

“Pretende-se fazer uma abordagem sobre a situa-ção atual desses temas e das reais necessidades dos

irrigantes, de modo a direcionar ações de pesquisae de extensão rural para um rápida adoção de pro-cedimentos que promovam a melhoria dos índicesde eficiência no uso da água. Determinação decoeficientes de cultura em plantas perenes elisimetria aplicada ao estudo de plantas isoladastambém deverão ser dois assuntos a serem abor-dados.”

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As novas tecnologias de irrigação e de manejo constituemimportantes ferramentas para o uso eficiente da água, inclusive,como veículo de insumos, a exemplo dos fertilizantes

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Coordenador

Roberto Alves Nunes – Superinten-dente de Irrigação da Secretaria da Agricultu-ra, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia.

Engenheiro agrônomo,com pós-graduação emGestão de Programas deReforma Agrária e Assen-tamento pela Universida-de Federal de Lavras(Ufla). Desenvolveu ativi-dades de avaliação de áre-as agrícolas em Foz doIguaçu, PR, foi gerente deprojeto de assentamento

de produtores e superintendente do Projeto Jaíba,MG, engenheiro chefe do escritório da Ceasa, emBelo Horizonte, MG, chefe de escritório e coor-denador regional da Ruralminas, gerente executi-vo do Distrito de Irrigação de Formoso “A”, emBom Jesus da Lapa, BA, gerente de projetosagropecuários privados com milho, soja e implan-tação de embriões, visando o melhoramento gené-tico da raça Brangus, produto da join venture Camp

Coley, São José, em Correntina, BA, chefe do De-partamento de Agricultura Irrigada da EBDA, emSalvador, BA, sendo, atualmente, o superintenden-te de Irrigação da Secretaria da Agricultura, Irri-gação e Reforma Agrária da Bahia.

“É grande o interesse do governo da Bahia em pro-mover o aproveitamento de áreas potencialmenteirrigáveis no Semi-Árido baiano, principalmentena região do Vale do São Francisco.Em função dos significativos resultados alcança-dos pela atividade sucro-alcooleira no país, a Bahiaplaneja sua inserção nesse mercado em face doselevados índices obtidos, tanto em produção agrí-cola, quanto em rendimento industrial da cana ir-rigada nessa região. Esses índices refletem as con-dições naturais de luminosidade e temperatura, aolongo de todo o ano, assim como a condição deprover à cultura a quantidade necessária de água,no momento correto e com padrão tecnológicoadequado. Dessa forma, a Bahia poderá suprir suademanda interna de açúcar e álcool e inserir-se,num futuro próximo, tanto no mercado nacional,como no internacional.”

Seminário 29/OUT/2003 – 13h às 15h

O AGRONEGÓCIO DA CANA-DE-AÇÚCAR IRRIGADA E ASPERSPECTIVAS DAS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA DO NORDESTE

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O governo da Bahia está estimulando o cultivo da cana-de-açucar no Vale do São Francisco

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Palestrante

Carlos Gilberto CavalcantiFarias – Diretor superintendente daAgro-Indústrias do Vale do São FranciscoS.A. (Agrovale)

Engenheiro agrônomopela Universidade Federalda Paraíba, com especia-lização em cana-de-açúcare larga experiência emcana irrigada no Vale doSão Francisco. Atualmen-te, é também diretor téc-nico da Mandacaru Co-mercial.

A Agrovale, com uma usina produtora de açúcar eálcool em pleno semi-árido nordestino, tem comoatividade principal o cultivo da cana-de-açúcar,sendo 15 mil hectares cultivados em solo totalmen-te irrigado, tornando-se a única do Brasil nessacategoria. Os sistemas de irrigação utilizados são:• gotejamento subterrâneo – 50,70 hectares;• pivô central e linear – 1.080,13 hectares;• superfície por sulco de infiltração com politubo– 3.500 hectares;• superfície por sulco de infiltração com regadeiras– 10.369,17 hectares.Do cultivo total, cerca de 2.215 ha são fertirrigadoscom vinhaça.

Debatedor

Marcus Henrique Tessler –Diretor comercial da Netafim Brasil.

Engenheiro civil pela Es-cola de Engenharia Mauá/SP, com mestrado pelaColorado State University,doutorado pela Universityof Arizona. Professor deIrrigação e Drenagem naFaculdade de EngenhariaAgrícola da Unicamp, foicoordenador de vendas daNetafim Brasil no Cerra-do, Uberlândia/MG.

“Já ocorreram muitos avanços na busca pelo do-mínio do pacote tecnológico quanto ao uso dafertirrigação por gotejamento subterrâneo na cana-de-açúcar no Brasil, sendo que algumas

constatações devem ser evidenciadas. O uso ade-quado desta ferramenta, com o objetivo depotencializar a produção, quanto ao aspecto de seobter a máxima produtividade exige a identifica-ção de pontos que definam o sucesso no uso datecnologia, sem desviar o foco, o “nicho”de mer-cado e o espaço onde é alta a viabilidade para aintrodução da tecnologia, como:• variedades que respondam a adoção de cultivosintensivos;• a melhor época em que se deve e é viávelfertirrigar plenamente a cultura;• uso adequado da tecnologia;• a fertirrigação por gotejamento revolucionou e fa-cilitou os tratos culturais nas culturas, desde sua des-coberta. Portanto, o uso, o domínio e o efetivoparcelamento da fertilização, seja com o uso de ferti-lizantes químicos ou com a vinhaça, devem ser utili-zados como práticas para potencializar a produção.”

Depoimento/Debatedor

José Olímpio Rabêlo de Morais– Diretor de Desenvolvimento da Irriga-ção/ SIR/Seagri/BA.

Engenheiro agrônomo,com pós-graduação emAgricultura Irrigada peloCentro Interamericano deDessarollo de Águas y Ter-ras, Universidade de LosAndes , em Mérida,Venezuela. Foi diretor re-gional do Dnocs e daCodevasf, além de coorde-nador de Irrigação.

“A alternativa de ampliar o plantio de cana irriga-da, em especial, na Bacia do São Francisco, é umadas metas que o Estado da Bahia vem perseguin-do, com vistas a auto-suficiência na produção deaçúcar e álcool, gerando excedentes exportáveis ecriando uma oferta local de energia elétrica, obti-da através da utilização do bagaço de cana.Durante o XIII Conird, os congressistas terão opor-tunidade de conhecer o mais exitoso empreendi-mento sucro-alcooleiro do país, com 100% da canacultivada com irrigação, usando tecnologias comosulco, aspersão (pivô) e gotejamento. As produti-vidades obtidas pela empresa Agrovale são as mai-ores registradas no Brasil, acima de 100 toneladaspor hectare e seus custos são extremamente com-petitivos.O exemplo da Agrovale leva-nos a dizer que aBahia, em médio prazo, terá sua inserção entre os SE

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maiores produtores de açúcar e álcool do Brasil e,para isso, conta com o governo federal na decisãode implantar os projetos Salitre e Baixio de Irecê,em obras, e Iuiú e Cruz das Almas, com projetosde viabilidade já concluídos.”

Debatedor

Marcus Vinícius Folegatti –Professor da USP e vice-presidente da Sbea.

Formado pela Escola Su-perior de Agricultura Luizde Queiroz/USP, ondetambém concluiu os cur-sos de mestrado, doutora-do e livre-docência. Fezestágios de pós-doutoradona University of Califórnia,Davis (USA) e na UtahState University, Logan(USA). É professor asso-

ciado na Esalq/USP, bolsista do CNPq, orientouinúmeras teses de mestrado e doutorado. Sua pro-dução científica, tecnológica e artística é vasta. Temcoordenado atividades na área de ensino e é o atu-al vice-presidente da Sociedade Brasileira de En-genharia Agrícola.

“A região Nordeste poderá fechar a safra 2003/04com uma produção de aproximadamente 54 mi-lhões de toneladas de cana-de-açúcar, um cresci-mento de até 8% em relação ao ciclo anterior, ten-do os estados de Alagoas e Pernambuco como prin-cipais pólos produtores.Grande parte deste aumento, apesar da seca re-gistrada nos últimos anos, principalmente em Per-nambuco, foi causado pelos grandes investimen-tos em irrigação, que têm provocado o incrementono desenvolvimento e produtividade. Segundo da-dos de Walane de Mello Ivo, pesquisadora daEmbrapa Tabuleiros Costeiros, a produtividademédia brasileira da cana alcança 60/70 mil kg/ha.No Sudeste, salta para 80 mil kg/ha. E no Nordes-te, oscila entre 50/60 mil kg/ha sendo que, em al-gumas áreas de Alagoas, o cultivo irrigado garan-te médias de 120 mil kg/ha.O sindicato da área em Pernambuco calcula quepelo menos 5% do faturamento das indústrias deaçúcar e álcool - um total de R$ 1,2 bilhão na safra2002/03- é atribuído a melhorias nas lavouras e nasindústrias, sendo boa parte dos recursos destina-dos à irrigação.Concomitantemente a essa maior oferta debiomassa energética pela cana, o interesse pela ge-ração de energia a partir de fontes renováveis, prin-cipalmente as alternativas, vem experimentando

nova fase de crescimento no Brasil. Até pouco tem-po, o apelo ambiental era o único argumento utili-zado para incentivar tais fontes, não sendo, no en-tanto, suficiente para justificar sua utilização. Po-rém, a crise de energia elétrica e o plano de racio-namento vividos em 2001 chamaram a atenção paraum outro fator: a necessidade de diversificar as fon-tes de energia. Como resultado, vêm sendo cria-dos mecanismos legais que regulamentem o usodestas fontes, como por exemplo o Programa deIncentivo às Fontes Alternativas de Energia Elé-trica, que incentiva a geração de energia elétrica apartir da energia eólica, da biomassa e de peque-nas centrais hidroelétricas.Este incentivo traz boas perspectivas, uma vez quea região Nordeste conta com grande potencial deaproveitamento de energia eólica.”

Debatedor

Antônio Alves Soares – Professor daUniversidade Federal de Viçosa.

Engenheiro agrícola, comPh.D. em Engenharia deIrrigação pela Utah StateUniversity. Diretor cientí-fico da Fundação ArthurBernardes, bolsista doCNPq. Participou da ori-entação de inúmeras tesesde mestrado e doutorado.Publicou 47 artigos cientí-ficos em periódicos naci-

onais e internacionais. Tem vários trabalhos emcongressos, simpósios, seminários e encontros,além de quatro livros publicados e nove capítulosinclusos em livros relacionados com Engenharia eManejo de Irrigação.

“Com a intensificação da atividade sucro-alcooleiraem algumas regiões brasileiras, verifica-se consi-derável aumento na produção de águas residuárias,que, pela falta de tratamento adequado, podemtransformar-se em sérias fontes poluidoras dos cor-pos de água. A agricultura irrigada, conduzida comcritérios apropriados, tem condições de usar e de-purar essas águas servidas.Assim, os resíduos da atividade sucro-alcooleira,ao invés de serem fontes poluidoras, podem serusados como fonte de água e de nutrientes para asculturas, pois amenizam o impacto ambiental, re-duzem os custos de implantação e de instalação desistemas de tratamento, reduzem custos com ferti-lizantes e o consumo de água de boa qualidade uti-lizada na agricultura irrigada.”

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 57

Coordenador

José Roberto Garziera – Pioneirona atividade vitivinícola no Vale do SãoFrancisco e prefeito do município deLagoa Grande, PE. – Ver currículo naConferência do dia 29/10/2003, sobre “Ascadeias produtivas nos agronegócios: oexemplo da vitivinicultura”.

Palestrante

José Fernando da Silva Protas– Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho.Ver currículo na conferência: “As cadeiasprodutivas nos agronegócios: o exemplo davitivinicultura irrigada”.

“A viticultura irrigada é uma grande alternativapara as regiões tropicais e subtropicais do Brasil,onde as tecnologias já disponíveis permitem a pro-dução ininterrupta de uva durante todo o ano. Ascaracterísticas de cultura perene, com elevada de-manda de mão-de-obra e alta capacidade de gera-ção de renda em pequenas áreas, associadas às di-ferentes opções de mercados (consumo in natura,vinhos, sucos) interno e externo, tornaram a ativi-dade muito atrativa para o desenvolvimento dospólos de irrigação em diferentes regiões do Brasil.

O crescimento da viticultura tropical e subtropicalno país gerou uma forte demanda por pesquisa. AEmbrapa Uva e Vinho, há mais de uma década,desenvolve projetos diretamente ou em parceriacom instituições locais nos principais pólos vitícolasdo país, assim como em áreas emergentes compotencial para a cultura.Um exemplo de trabalho de grande envergadura éo desenvolvimento de novas variedades brasilei-ras de uvas, adaptadas às regiões de clima quente,uma vez que as tradicionais, seja para vinho, mesaou suco, são oriundas de zonas temperadas e, emregra, apresentam problemas de adaptação em re-giões tropicais. Os resultados deste trabalho sãopromissores. Atualmente, a Embrapa Uva e Vinhodispõe de oito seleções de uvas de mesa sem se-mentes que estão em fase de validação junto a or-ganizações de viticultores nos estados do Ceará,Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo,Paraná e Rio Grande do Sul. No caso de uvas parasuco, estão sendo testadas três novas seleções noMato Grosso, em Minas Gerais e no Paraná. Para-lelamente ao trabalho de melhoramento genético,foi desenvolvida tecnologia para o cultivo de‘Niágara Rosada’, como uva de mesa, e de ‘Isabel’e ‘Isabel Precoce’, ambas para suco em zonas tro-picais.No que concerne à produção de vinhos, o ProjetoVinhos Típicos de Qualidade para o Vale doSubmédio São Francisco busca desenvolvertecnologias adaptadas ao meio geográfico, paraprodução de vinhos de qualidade, criando, assim,

Seminário 29/OUT/2003 – 15h30 às 17h30

TECNOLOGIAS E PERSPECTIVAS DO AGRONEGÓCIO DA UVAIRRIGADA

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O crescimento da viticultura tropical e sub-tropical no país gerou uma forte demanda por pesquisa

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bases para o desenvolvimento de uma indicaçãogeográfica no futuro para produtos vitivinícolasregionais. O Projeto contempla: a) zoneamentovitivinícola dos fatores naturais, incluindo carac-terizações climática, edáfica e geográfica integra-da da região; b) seleção de variedades e desenvol-vimento de sistemas de produção vitícola para aprodução de vinhos na região do Semi-Árido Tro-pical; c) avaliação do potencial enológico de novasvariedades, aprimoramento e desenvolvimento denovas tecnologias vinícolas para a produção de vi-nhos típicos de qualidade na região do Semi-Ári-do Tropical.”

Depoimento/Debatedor

Avoni Pereira dos Santos –Especialista em Cooperativas.

Administrador de empre-sas com especialização emControladoria e diversoscursos em Administraçãode Cooperativas e Comér-cio Exterior. Há 25 anostrabalha com Administra-ção de Cooperativas e há15, com envolvimento di-reto na exportação de uva.

“O grande desafio do agronegócio da fruticulturairrigada no Vale do São Francisco é inserir o pe-queno produtor no contexto de qualidade exigidapelo mercado internacional.”

Depoimento/Debatedor

Francisco Adriano de CarvalhoPereira – Professor da Escola de Agro-nomia da Universidade Federal da Bahia.

Engenheiro agrônomo,com especialização emEngenharia de IrrigaçãoInternacional pela Uni-versidade Federal daBahia. Tem curso demestrado em EngenhariaAgrícola pela Universida-de Federal de Viçosa edoutorado em Irrigação eDrenagem pela Escola

Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Suas áreas de atuação são: Agrome-

teorologia, Necessidade Hídrica das Culturas; e,Engenharia de Água e Solo, Irrigação e Drenagem.É professor da Escola de Agronomia da UFBA,junto ao Departamento de Engenharia Agrícola.

“A agregação de valor econômico aos produtos pri-mários, notadamente os oriundos da atividadeagropecuária, tem sido uma constante nas discus-sões técnicas que balizam os planejamentos estra-tégicos do setor.A região do São Francisco, situada no sub-médiodo seu vale, destaca-se como a maior produtorade uvas de mesa do Brasil. O pólo vitivinícola doSão Francisco já pensa em criar o enoturismo. Es-pera-se que os próximos dez anos sejam do vinhoe da uva de mesa sem sementes. A fruticultura ir-rigada da região já apresenta mais de 60 mil hecta-res em produção. As técnicas hoje disponíveis naárea de irrigação permitem estabelecer umavitivinicultura programada, ajustando-se, assim, osetor produtivo às questões de mercado.Com a irrigação, é possível manejar o parreiral, demaneira a se produzir até cinco safras em dois anos.Esta é uma vantagem insuperável se comparadacom o regime de safras vitivinícolas do resto domundo.”

Debatedora

Patrícia de Souza Coelho Leão –Pesquisadora da Embrapa Semi-Árido. –Ver currículo na matéria sobre o dia decampo do Carrefour, no dia 30/10/2003.

Debatedor

Álvaro Moreira Rota – É professor-adjunto do Departamento de EngenhariaAgrícola da Universidade Federal de Pelotas.

Engenheiro agrônomopela Faculdade de Agro-nomia Eliseu Maciel daUniversidade Federal dePelotas, com mestrado,em Hidrologia Aplicada edoutorando em Engenha-ria de Recursos Hídricos,pelo Instituto de PesquisasHidráulicas/UFRS. Tam-bém atua na área de pes-

quisa como consultor em projetos de irrigação edrenagem, no Brasil e no exterior.

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 59

60 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

MINICURSOSMINICURSOS

Atualização, treinamentoe informação

Oportunidade oferecida pelos minicursos

Empresas, profissionais liberais, estudantes, ou seja, todo o universointeressado em analisar as oportunidades em um evento como o XIII

Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem (Conird) encontrará, no leque deopções de minicursos, a forma concreta de buscar um sistema organizado de

informações. Para isso, foram cuidadosamente selecionados e programados14 minicursos que serão ministrados por renomados profissionais advindos doexterior e de diversas partes do Brasil, das universidades, centros de pesquisa,

agências reguladoras e da iniciativa privada. A abordagem é bem ampla,desde a introdução aos fundamentos e princípios da irrigação e drenagem,

até a refinados manejos que facilitem lograr melhores mercados com acertificação do processo de produção. Os títulos são sugestivos e cada

participante poderá usufruir de até quatro desses minicursos, sendo dois delesquitados no valor da inscrição do XIII Conird.

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Inúmerasopções de

minicursospoderão serencontradas

durante osquatro dias do

XIII Conird

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26/OUT – 14h30 às 19h

RESUMO – Este minicurso destina-se a introdu-zir todos os participantes aos fundamentos bási-cos da irrigação e drenagem e ajudá-los em even-tuais dúvidas sobre como melhor aproveitar o le-que de opções de minicursos e outras atividadesoferecidas pelo XIII Conird.A abordagem permitirá ao participante ter umanoção geral sobre irrigação e agricultura irrigada,a gestão de recursos hídricos e o uso racional daágua, orientando-o a tomar decisão sobre a opor-tunidade do investimento.Serão discutidos temas como: por que irrigar; asvantagens e desvantagens da irrigação; a disponi-bilidade e requerimentos de água em quantidadee qualidade; a gestão dos recursos hídricos e o usoracional da água; a escolha do sistema ou métodode irrigação mais apropriado para determinadascondições; aspectos legais e ambientais; custos erentabilidade da agricultura irrigada e asustentabilidade do sistema.Espera-se que ao final do curso o participante te-nha adquirido conhecimentos e informações quepossam contribuir para a melhor percepção do as-sunto e como proceder para se tornar um empre-endedor em agricultura irrigada.

Introdução à irrigação e ao XIII Conird

LAIRSON COUTO – Engenheiro agrônomo pela Uni-versidade Federal de Viçosa, com mestrado em Irriga-ção pela University of California e pós-doutorado emMicroirrigação, Manejo de Água e Fertilizantes pelaUniversity of Florida, EUA. Atuou na área de Engenha-ria de Irrigação na Suvale (hoje Codevasf), pesquisa-dor na área de Manejo de Irrigação e AgriculturaIrrigada da Embrapa Milho e Sorgo. Foi chefe-geral daEmbrapa Milho e Sorgo e da Embrapa AgriculturaIrrigada.

OUTROS MEMBROS DA ABID.

27/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – Gerir o uso compartilhado dos recur-sos hídricos é uma necessidade premente e que temo objetivo de buscar acomodar as demandas eco-nômicas, sociais e ambientais em níveis sustentá-veis, de modo que venha a permitir a convivênciados usos atuais e futuros da água, sem conflitos.É nesse instante, que o instrumento da outorga dedireito de uso de recursos hídricos se mostra ne-cessário, pois é possível, com ele, assegurar ao usu-ário o efetivo exercício do direito de acesso à água,bem como realizar o controle quantitativo e quali-tativo dos recursos hídricos.A outorga é um dos instrumentos da Política Naci-onal de Recursos Hídricos (Lei no 9.433/97) e estáprevista, também, nas leis estaduais que tratam daPolítica Estadual de Recursos Hídricos.

Processo de outorga de águas e licenciamentoambiental para irrigação

A Agência Nacional de Águas (ANA) e os órgãosde recursos hídricos dos Estados, com o exemploda Superintendência de Recursos Hídricos (SRH)da Bahia, neste minicurso do XIII Conird, vêm-sefortalecendo para a melhoria do atendimento aousuário no processo de análise do pedido e deemissão da outorga, buscando a simplificação dosprocedimentos técnicos e administrativos, o au-mento do conhecimento sobre demanda e dispo-nibilidade hídrica, utilizando-se de recursosinformatizados para reduzir os prazos e organizara base de dados.Dependendo do projeto, há necessidade delicenciamento ambiental e de procedimentos adi-cionais, havendo oportunidade de interlocuçõesnesse minicurso com o objetivo de dar orientaçãosobre os casos a serem levantados pelos partici-pantes. M

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Fundamentos básicos da irrigação e da drenagem serãoministrados durante este minicurso

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LUCIANO MENESES – EngenheiroCivil pela Universidade Católica doSalvador, mestre em RecursosHídricos e Engenharia Ambiental pelaUniversidade Federal do Rio Grandedo Sul, especialista em SaneamentoEcológico pela Universidade de

Linköpings (Suécia) e doutor em DesenvolvimentoSustentável pelo Centro de Desenvolvimento Susten-tável da Universidade de Brasília. Atualmente, traba-lha como Engenheiro/Hidrólogo na Agência Nacionalde Águas (ANA), lotado na Superintendência de Ou-torga e Cobrança. Foi consultor da Secretaria deRecursos Hídricos do Ministério do Meio Ambientepela Organização dos Estados Americanos (OEA) e éautor de diversos artigos científicos sobre planeja-mento e gestão de recursos hídricos publicados emcongressos e revistas técnicas, além de capítulo delivros. Já ministrou diversos cursos de especializaçãosobre recursos hídricos nas áreas de Engenharia eDireito Ambiental.

ALTAMIRANO VAZ LORDÊLLO NETO– Engenheiro agrônomo e mestre emCiências Agrárias, com área de con-centração em Fitotecnia (irrigação edrenagem) pela Escola de Agrono-mia da Universidade Federal da Bahia,onde também foi professor. Atual-

mente, é coordenador técnico de Controle e Avalia-ção de Gerência de Gestão da Superintendência deRecursos Hídricos da Bahia. Tem vários trabalhospublicados.

27/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – Agricultura irrigada: importânciaambiental, econômica e social. Quimigação: defi-nição, histórico, vantagens e limitações. Caracte-rísticas e propriedades dos defensivos aplicados viaquimigação. Insetigação. Fungigação. Herbigação.Índice de área foliar e relação entre volume decalda e quantidade relativa do ingrediente ativono alvo folha. Comparação de custo e de rendi-mento de trabalho entre aplicação de defensivosvia avião, trator e água de irrigação. Aferição dosistema de irrigação do tipo pivô central, para finsde quimigação. Impacto ambiental da quimigação.Planejamento da quimigação. Noções gerais dehidráulica aplicada à tecnologia de aplicação dedefensivos. Bombas injetoras. Umidade relativa,temperatura, velocidade do vento e tamanho degota. Sistema NOTLIADA.

Equipamentos e tecnologia de aplicaçãode defensivos na agricultura irrigada

DURVAL DOURADO NETO – Enge-nheiro agrônomo pela UniversidadeFederal de Viçosa (UFV), mestre emAgronomia pela Universidade de SãoPaulo (USP) em Irrigação e Drena-gem, especialista em Física do Solopelo ICTP/ONU, Trieste, Itália, doutorem Agronomia pela USP na área de

Solos e Nutrição de Plantas, pós-doutor em Física doSolo e Modelagem em Agricultura pela Universidadeda Califórnia, Davis e livre-docente em Fitotecnia pelaUSP. Tem 52 trabalhos publicados, 21 teses e disser-tações orientadas e defendidas, autor de 17 livros, 54capítulos de livro, 33 softwares, oito patentes. Atuana área de agricultura irrigada e modelagem emagricultura. Além de professor de graduação e pós-graduação, é, atualmente, chefe do Departamento deProdução Vegetal da Escola Superior de Agricultura“Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo(Esalq/USP).

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O gerenciamento do uso compartilhado dos recursos hídricos éuma necessidade premente dos vários setores produtivos

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 63

27/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – O manejo eficiente da água, da ener-gia e dos insumos na agricultura irrigada édeterminante para se lograr sucesso nos empreen-dimentos. Assim, irrigantes, empresários, pesqui-sadores, gestores de água e da sociedade, em ge-ral, estão à procura de alternativas que facilitemesse trabalho, de forma consciente ou não. O de-nominador comum é que todos querem auferirmais renda e conduzir o trabalho de forma susten-tável sob todos os aspectos. A realidade atual daagricultura irrigada é a convivência antagônica desistemas de irrigação altamente modernos e comgrande potencial de aplicação eficiente de água,sendo manejados, muitas vezes, de forma empíricae inadequada. Tais procedimentos têm neutraliza-do as potencialidades desses sistemas, com usoineficiente dos recursos existentes, com perdas derentabilidade e com contaminação do meio ambi-ente.Neste minicurso, pretende-se discutir a situaçãoatual, apresentar conclusões sobre as possíveis sa-ídas, e o sistema de gerenciamento, o Irriga, que éuma solução importante para o manejo da agri-cultura irrigada. Além disso, serão apresentadosexemplos de utilização do Irriga em condições decampo.

TÓPICOS1. Introdução:

a) a irrigação no Brasil e no mundo;b) situação atual do manejo da irrigação no Brasil;c) objetivo do minicurso.

Manejo da irrigação utilizando o Irriga

2. Aspectos básicos do manejo:a) princípios básicos;b) monitoramento do solo, clima ou planta;c) evapotranspiração da cultura;d) eficiência de Irrigação.

3. O Irriga:a) visão geral;b) vantagens e desvantagens;c) principais conceitos utilizados pelo Irriga.

4. Exemplo de manejo da irrigação, com a utiliza-ção do Irriga.5. Exemplo da utilização do Irriga, para o planeja-mento da irrigação.

EVERARDO CHARTUNI MANTOVANI– Engenheiro agrícola, com mestradoe doutorado em Manejo da Irrigaçãopela Universidade de Córdoba,Espanha. É professor titular da Uni-versidade Federal de Viçosa, pesqui-sador do CNPq e integrante do Nú-

cleo de Cafeicultura Irrigada do Consórcio Brasileirode Pesquisa e Desenvolvimento do Café, conduzidopela Embrapa Café. Orientou e co-orientou inúmerostrabalhos de iniciação científica, mestrado e doutora-do. Tem trabalhos científicos publicados no Brasil eno exterior e é editor de cinco revistas nacionais.Participou do lançamento de pelo menos dez softwaresna área de irrigação. Além de coordenar programasde pesquisa em execução, trabalha com a implanta-ção de sistemas de manejo de irrigação em fazendasirrigadas.

27/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – Em geral, os produtores que utilizamirrigação não empregam nenhuma tecnologia paracontrole, porque a acham cara, complicada, tomatempo e não traz muito benefício.A determinação do momento e da quantidade deágua da irrigação ou manejo continua sendo umdesafio, mesmo com o desenvolvimento de tantosmétodos fundamentados em propriedades do soloe da planta.

O objetivo deste minicurso é introduzir princípiose equipamentos à base de cápsulas porosas parafazer o manejo da irrigação de frutas e hortaliças,considerando as particularidades dos sistemas deirrigação, as diferenças entre culturas e a variabili-dade da distribuição da tensão da água no solo.Dentre os sensores de cápsula porosa, maior aten-ção é dada ao tensiômetro comum, como instru-mento de referência, ao Irrigas como produto demaior robustez, baixo custo e praticidade e aotensiômetro a gás como uma importante novida-de, que combina as melhores características dotensiômetro e do Irrigas.

Manejo de irrigação de fruteiras e hortaliçascom o uso de cápsulas porosas

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TÓPICOS

1. Manejo da irrigação e sua importância.

2. Sensores de cápsula porosa:• Princípios de funcionamento.• Construção, calibração, utilização.

a) tensiômetros comuns;b) blocos de gesso;c) psicrômetro de solo;d) Irrigas;e) tensiômetros com cavidade cheia de ar.

3. Padrões de tensão de água no solo, o problemada amostragem:

a) instalação de sensores individuais;b) instalação de baterias de sensores;c) sinalizadores de irrigação.

4. Automação da irrigação:a) com tensiômetros;b) com blocos de gesso;c) com Irrigas.

5. Instalação de sensoresa) fruteiras;b) hortaliças;c) substratos com plantas ornamentais.

ADONAI GIMENEZ CALBO – Enge-nheiro agrônomo, pela Escola Supe-rior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,mestrado em Fisiologia Vegetal pelaUniversidade Federal de Viçosa ePh.D. em Fisiologia Vegetal pela Uni-versidade da Califórnia, Davis, Esta-

dos Unidos. Pesquisador da Embrapa, desde 1976,tem trabalhado com relações hídricas einstrumentação aplicada à fisiologia vegetal e aomanejo de irrigação; desenvolvimento de plantas;construção de protótipos de equipamentos de pes-quisa e desenvolvimento de diversos tipos de meto-dologias para avaliações relativas a plantas e seuambiente. O fruto deste trabalho, em colaboraçãocom pesquisadores e estudantes, tem sido publicadona forma de artigos científicos, técnicos e de docu-mentos de propriedade intelectual. Foi editor daRevista Brasileira de Fisiologia Vegetal, entre 1989 e1999.

WASHINGTON L. C. SILVA – Enge-nheiro agrônomo pela UniversidadeFederal de Viçosa, diversificado emEngenharia Agrícola, mestrado emRecursos Hídricos, pela UniversidadeFederal de Campina Grande e Ph.D.em Engenharia de Irrigação, pela

Washington State University, nos Estados Unidos.Pesquisador da Embrapa, desde 1975, tem trabalha-do com sistemas e manejo de irrigação, fertirrigação,rotação de culturas irrigadas e cultivo protegido dehortaliças. Como autor e co-autor tem mais de 200trabalhos técnico-científicos e livros publicados, noBrasil e no exterior. Realizou cursos de especializaçãono Japão e em Israel e participou de vários congressose viagens técnicas nos Estados Unidos e Espanha,além de ter prestado consultoria no Uruguai e Bolívia.Foi bolsista do CNPq e colabora como revisor de váriasrevistas científicas no Brasil. Tem ampla experiênciaem planejamento e gestão de processos de P&D eTransferência de Tecnologias, por ter exercido fun-ções gerenciais na Embrapa, por 12 anos.

A determinação do momento e da quantidade de água para airrigação ou manejo continua sendo um desafio

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 65

28/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – No cenário nacional, o pólo de agri-cultura irrigada Petrolina/Juazeiro (PE/BA), noSubmédio São Francisco, destaca-se como um dosmaiores produtores da manga destinada ao mer-cado internacional, sendo responsável por 90% dasexportações brasileiras desta fruta. Para asseguraruma produção agrícola sustentável e competitiva,faz-se necessário que os produtores de manga uti-lizem as técnicas de Produção Integrada de Frutas(PIF), obedecendo aos padrões reconhecidos eexigidos pelos mercados importadores. A PIF re-presenta um conjunto de técnicas voltadas à ob-tenção de frutas livres de resíduos de agroquímicose proporciona menor impacto ambiental ao siste-ma de produção. É uma novidade tecnológica nopaís, na qual o manejo integrado de pragas e do-enças representa 80% da estratégia de implanta-ção desse sistema de produção agrícola.Com o objetivo de assegurar uma produção agrí-cola sustentável e competitiva, a partir de 1999, aEmbrapa Semi-Árido, em parceria com o Ministé-rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(MAPA), Conselho Nacional de Desenvolvimen-to Científico e Tecnológico (CNPq), Banco doNordeste, Distrito de Irrigação Senador Nilo Coe-lho e Associação dos Exportadores deHortigranjeiros e Derivados do Vale do São Fran-cisco (Valexport), iniciou pesquisas no Vale doSubmédio São Francisco. As metodologias propos-tas pela Embrapa Semi-Árido permitem conhecera densidade populacional da praga e seus danos,no pomar amostrado, possibilitando o controle, demaneira racional e econômica, trazendo como con-seqüência a redução dos custos de produção, dosriscos de resíduos nos frutos e de intoxicação detrabalhadores e consumidores. Atualmente, noVale do São Francisco, existem 74 fazendas expor-tadoras de manga que realizam o monitoramentode pragas e doenças, num total de 5.289,86 hecta-res. O que consolida a validade e a aplicabilidadedas metodologias propostas.No Manejo Integrado de Pragas (MIP), serão abor-dadas as práticas que visam eliminar ou reduzir,significativamente, os riscos de perdas econômi-cas às culturas.Serão feitas considerações sobre a tomada de de-cisão para adoção das medidas de controle, medi-ante o conhecimento do nível populacional daspragas encontradas no monitoramento. Com oMIP, o uso de agroquímicos é reduzido, o que pro-porciona menor impacto ao ambiente e ao homeme propicia uma maior qualidade aos produtos euma agricultura mais sustentável.

FLÁVIA RABELO BARBOSA –Engenheira agrônoma, pela Univer-sidade Federal Rural de Pernambu-co, com mestrado em Fitossanidade,área de concentração em Entomo-logia, e doutorado em Produção Ve-getal, com concentração em Entomo-

logia pela Universidade Federal de Goiás. Pesquisado-ra da Embrapa Semi-Árido, tem como linhas de pes-quisa a Entomologia Econômica, o manejo integradode pragas, a seletividade de inseticida e os controlesbiológico e químico. É autora de capítulos e artigostécnico-científicos publicados em periódicos e livrostécnicos.

FRANCISCA NEMAURA PEDROSAHAJI – Engenheira agrônoma pelaUniversidade Federal do Ceará, commestrado e doutorado (1981) emEntomologia Agrícola pela Universi-dade de São Paulo (Esalq/USP). NaSecretaria de Agricultura do Estado

do Ceará assumiu a pesquisa agropecuária. Atual-mente, é pesquisadora da Embrapa Semi-Árido, ondeliderou vários projetos de pesquisa relacionados como estudo de pragas de culturas de expressão econômi-ca do Nordeste brasileiro, sendo, atualmente, coorde-nadora dos projetos de Produção Integrada de UvasFinas de Mesa, Manejo Integrado da Mosca-branca naCultura do Tomate e Monitoramento de Moscas-das-frutas na Cultura da Manga no Submédio do Vale doSão Francisco. Tem vários trabalhos publicados; vári-as orientações e coorientações de dissertações debolsistas e estagiários.

Manejo integrado de pragas na manga irrigada

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Para assegurar a competitividade da manga, torna-se necessária aadoção de técnicas de produção integrada de frutas

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28/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – Como conseqüência da redução da pro-dutividade das pastagens, a pecuária vem apresen-tando a cada dia níveis mais críticos de produção.Pode-se ressaltar como uma das causas, o manejoinadequado das pastagens, principalmente no quediz respeito à prática generalizada do excesso delotação. Atualmente, a degradação das pastagens éo maior problema dos sistemas de produção.Muitos pecuaristas têm investido na tecnologia deirrigação de pastagem. O projeto do equipamen-to, normalmente, é realizado sem assessoria e, demaneira geral, os pecuaristas não possuem nenhumtipo de manejo de água e energia.Este minicurso dará oportunidade de os partici-pantes tomarem conhecimento de tópicos defertirrigação, irrigação na produção de volumosos

Irrigação e fertirrigação em pastagens

suplementares, alguns resultados econômicos empastagens irrigadas, principais sistemas utilizadosem irrigação de pastagem, instalação de um proje-to de irrigação de pastagem, aplicação de águaresiduária de suinocultura, manejo racional deágua e de energia elétrica.

LUÍS CÉSAR DIAS DRUMOND – En-genheiro agrônomo, com mestradoem Engenharia Agrícola pela UFV, edoutorado em Agronomia pela Uni-versidade Estadual Paulista (Unesp/Jaboticabal), a ser concluído. Profes-sor da Universidade de Uberaba

(Uniube) e da Faculdade de Agronomia e Zootecniade Uberaba (Fazu), é orientador de alunos em cursosde iniciação científica. Consultor, pesquisador e tam-bém autor de livros e artigos sobre pastagens ecafeicultura irrigadas.

28/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – A irrigação teve avanço considerávelnas últimas décadas, tanto no que diz respeito aoaprimoramento de novos métodos de levar águaao solo e às culturas, como no incremento de no-vas áreas irrigadas. Dentre as vantagens da irriga-ção, está aquela que possibilita utilizar o própriosistema de irrigação como meio condutor e distri-buidor de produtos químicos, como fertilizantes,inseticidas, herbicidas, nematicidas, reguladores decrescimento, simultaneamente com a água de irri-gação. Esta prática é conhecida, atualmente, comoquimigação.Embora o termo quimigação seja relativamentenovo, a idéia de utilizar o sistema de irrigação comocondutor de agroquímicos já vem desde o iníciodos anos 40. Ano a ano essa técnica vêm sendoaprimorada e usada nos países que empregam airrigação mais tecnificada, como os Estados Uni-dos, Israel e Espanha.A fertirrigação, aplicação de fertilizantes via águade irrigação, é o mais eficiente meio de fertiliza-ção e combina dois principais fatores essenciais nocrescimento e desenvolvimento das plantas: águae nutrientes. Aproximadamente, 4,3 milhões dehectares são cultivados nos EUA, utilizando essaprática. O crescimento anual da fertirrigação nes-se país está em torno de 8% a 9%, o que mostrasua importância nos cultivos irrigados.

Fertirrigação

Embora a fertirrigação apresente vantagens, noBrasil existe uma carência de informações sobreperíodo de aplicação, freqüência, doses e tipos defertilizantes, para a maioria das culturas irrigadas.Para gerar tecnologias em áreas irrigadas, aEmbrapa Semi-Árido vem desenvolvendo pesqui-sas, que visem solucionar problemas e definir cri-térios técnicos da aplicação de fertilizantes atra-vés de sistemas de irrigação.

JOSÉ MARIA PINTO – Engenheiroagrícola pela Escola Superior de Agri-cultura de Lavras (Esal), commestrado em Engenharia Agrícolapela Universidade Federal de Viçosa(UFV) e doutorado em Agronomia,área de concentração Irrigação e Dre-

nagem, pela Escola Superior de Agricultura Luiz deQueiroz (Esalq/USP). Pesquisador da Embrapa desdejaneiro de 1985, na área de Irrigação e Fertirrigação.Publicou 42 artigos em periódicos, 59 trabalhos emanais de congressos, 16 em publicações internas daEmbrapa e cinco capítulos de livros.

WASHINGTON PADILLA – Gerente-geral da AgriolabCia. Ltda. e do grupo Clínica Agrícola de Quito,Equador – Ver currículo no seminário sobre “O insumofertilizante e a agricultura irrigada: caso da manga”.

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 67

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28/OUT – 7h30 às 10h

TÓPICOS• Cafeicultura irrigada no Brasil: estatísticas e vi-abilidade econômica nas principais regiõescafeeiras brasileiras.• Descrição dos principais sistemas de irrigaçãodo cafeeiro – pivô central convencional, pivô cen-tral com emissores localizados, gotejamento, tu-bos perfurados a laser, autopropelido / carretelenrolador, aspersão convencional e aspersão emmalha.• Custos de implantação e manutenção dos siste-mas de irrigação do cafeeiro.• Principais problemas e possíveis soluções na ir-rigação do cafeeiro.

Irrigação e fertirrigação na cultura do café

• Uso racional da água e energia elétrica na cafei-cultura irrigada.• Fertirrigação do cafeeiro: conceitos, equipamen-tos de injeção e manejo.

ANDRÉ LUÍS TEIXEIRA FERNANDES– Engenheiro agrônomo e mestre emIrrigação e Drenagem, pela EscolaSuperior de Agricultura “Luiz deQueiroz”, da Universidade de SãoPaulo (Esalq/USP), doutorado em En-genharia de Água e Solo pela

Unicamp. É professor e pesquisador da Universidadede Uberaba e autor de mais de 100 trabalhos depesquisa. Tem cinco livros técnicos publicados.

28/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – Este minicurso irá demonstrar ummodelo de manejo de água de uma cultura qual-quer, sob irrigação, com a utilização de uma esta-ção meteorológica portátil e automática, com lei-tura direta da ET.A partir da introdução da cultura a ser manejadana área de um pivô central Fockink, definiu-se,através do balanço hídrico das culturas, uma ma-neira simples de estimar, quando e quanto irrigar.Para o produtor rural este tipo de manejo de águaé extremamente vantajoso, visto que a leitura dosparâmetros de interesse do balanço hídrico da cul-tura é feita diretamente no display da estaçãometeorológica.

Gerenciamento da irrigação, via estação meteorológica

VICTOR HUGO CAINELLI – Engenhei-ro agrícola, com mestrado em Enge-nharia Agrícola, na área de Irrigaçãoe Drenagem, pela Universidade Fe-deral de Santa Maria. Com 18 anosde experiência em irrigação, traba-lha atualmente na empresa FockinkLtda., no município de Panambi, RS,atuando na Divisão de Relações como Mercado.

29/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – Este minicurso pretende demonstraros efeitos da irrigação sobre a produção das pasta-gens de verão e de inverno, em sistemas de pique-tes em rotação, com população pré-definida de va-cas de leite, usando o minipivô central Fockink.Durante a demonstração, serão abordados os se-guintes tópicos:• produção de leite a pasto;

Leite irrigado

• custo da produção de leite somente a pasto;• produção de leite por vaca por dia, tratada so-mente a pasto;• tipos de pastagens utilizados etc.Será demonstrada a viabilidade econômica da im-plantação do sistema de produção de leite a pasto,usando-se dois indicadores econômicos: a taxa inter-na de retorno (Tir) e o valor líquido presente (Vlp).

VICTOR HUGO CAINELLI – Ver currículo no minicursoanterior.

68 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

29/OUT – 28/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – Para que haja expansão, conquista emanutenção do comércio mundial pelos produ-tos agrícolas brasileiros torna-se imperioso queo país proteja o setor produtivo da entrada depragas/doenças, que tanto podem depreciar nos-sos produtos, como favorecer a formação debarreiras sanitárias e fitossanitárias impostas porpaíses competidores. Tais barreiras, que anteseram vistas como um mero problema no comér-cio internacional, atualmente, devem mereceruma atenção especial do governo, por represen-tarem sérios entraves durante as negociações biou multilaterais. As justificativas técnico-cientí-ficas exigidas pelos acordos internacionais po-dem levar anos para ser construídas. O setorprodutivo deve, portanto, estar cada vez maisatento à segurança biológica na agricultura, serealmente deseja manter a competitividade e au-mentar as exportações de seus produtos.É neste contexto que devem ser discutidos osproblemas fitossanitários da viticultura da regiãodo Semi-Árido nordestino, grande produtora eexportadora de uvas finas de mesa de alta quali-dade. A intensificação das técnicas de cultivo davideira e a expansão anual da área plantada sus-tentam a competitividade da região. O manejode podas, controle hídrico, aplicação de defen-sivos e de fertilizantes e agentes químicos regu-ladores de eventos fisiológicos garantem alta

produtividade e propiciam até 2,5 safras por ano.Entretanto, essas condições podem induzir aestresse, propiciando o aparecimento de proble-mas fitossanitários que, se não forem contorna-dos, podem trazer sérios prejuízos econômicose, a médio/longo prazo, diminuir a vida útil dosparreirais instalados.Atualmente, o cancro bacteriano e a ferrugemda videira são as doenças que mais ameaçam aestabilidade fitossanitária da região. Ambas asdoenças são consideradas pelo Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento comopragas A2 (aquelas de importância econômicapotencial, já presentes no país, mas não ampla-mente distribuídas). O cancro bacteriano nãoestava presente no Brasil até 1998, quando apa-receu no Pólo Petrolina/Juazeiro, causando sé-rias perdas econômicas e limitando a época decultivo de variedades suscetíveis. Atualmente, abacteriose está oficialmente relatada em Per-nambuco, Bahia e Piauí. O trânsito de materialvegetal de videira para fora desses Estados estáproibido.A ferrugem não está ainda presente nas regiõesprodutoras de uva do Semi-Árido. Esta doençamanifestou-se pela primeira vez no Brasil em2001, na região de Maringá e proximidades, e,em 2003, foi relatada no estado de São Paulo. AEmbrapa Semi-Árido vem orientando os produ-tores da região a não trazerem material de vi-deira do Paraná ou São Paulo, evitando assim orisco de uma introdução acidental da doença naregião.O minicurso abordará aspectos das duas doen-ças citadas, discutindo perspectivas de controlee implicações em termos de defesa vegetal.

DANIELA BIAGGIONI LOPES – Engenheira agrônoma,com mestrado em Fitopatologia pela Universidade deSão Paulo e doutorado em Plant Pathology pelaUniversidade da Flórida, EUA, onde também foi pro-fessora colaboradora. Trabalhou como pesquisadorada Universidade Federal do Rio Grande do Norte ehoje está ligada à Embrapa Semi-Árido, onde partici-pa de projetos de pesquisa nas linhas de epidemiologiae controle da malformação floral e vegetativa damangueira, monitoramento da ferrugem da videira ealternativas para o manejo integrado do cancrobacteriano da videira, todos desenvolvidos ou emdesenvolvimento no Submédio São Francisco. É auto-ra de inúmeros artigos publicados em periódicos eeventos técnicos.

Manejo da videira para o controle da ferrugem eda bacteriose

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O manejo adequado da videira garante alta produtividade epropicia até 2,5 safras por ano no Semi-Árido

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 69

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S29/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – Esse minicurso está fundamentado naexperiência de 24 safras (25 anos) da cultura irri-gada de cana-de-açúcar na Agrovale. Durante ossete meses de moagem (período de safra), 2.100hectares (14% da área total da empresa) são irri-gados com águas residuárias da indústria sucro-alcooleira (lavagem da cana, vinhaça e águas quen-tes). A utilização dessas águas é realizada em irri-gação por sulcos, sendo 600 hectares por tubosjanelados e os demais por regadeira.Serão abordados tópicos como:• características edafo-climáticas;• manejo de Irrigação da Agrovale (relação água-solo-planta);

Irrigação e fertirrigação na cultura dacana-de-açúcar e o reaproveitamento de águasservidas na agroindústria sucro-alcooleira

29/OUT – 7h30 às 10h

RESUMO – Este minicurso terá como foco prin-cipal as causas da malformação floral e princi-pais fatores que determinam a sua incidência namangueira. Como a doença está-se propagandoe como o produtor poderá evitar a infestaçãodo pomar. Práticas culturais que têm o potenci-al de diminuir a contaminação de novas plantas.Será abordada a resposta fisiológica da mangueiraà poda. Haverá ênfase nos fatores a serem consi-derados na realização da poda de formação, ma-nutenção e limpeza. Como a poda pode ajudar nafloração e escalonamento da produção. A poda depanícula.

Na parte sobre plantioadensado, será dada ênfa-se aos aspectos ligados àcondução da planta e pro-cedimentos para aindução floral. Compara-ção entre pomaresadensado e pomares comsistema tradicional.

MANOEL TEIXEIRA DE CASTRONETO – Pesquisador da EmbrapaMandioca e Fruticultura. Engenheiroagrônomo formado pela Escola deAgronomia da Universidade Federalda Bahia, com mestrado e doutora-do em Fisiologia Vegetal pela

University of Arizona, EUA, com área de concentraçãoem Fisiologia da Produção de Fruteiras e especialinteresse em mangueiras. É consultor internacionalpela FAO em projetos de fruticultura na Namíbia eGuiana. Tem trabalhos publicados em várias revistasbrasileiras.

ARISTÓTELES PIRES DE MATOS –Pesquisador da Embrapa Mandiocae Fruticultura. Engenheiro agrôno-mo formado pela Universidade Fe-deral da Bahia, com mestrado e dou-torado em Fitopatologia pela Uni-versidade de Mompelier, França. Pes-

quisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura e con-sultor ad hoc de várias revistas na área da Fitopatologia.

Manejo da mangueira irrigada: malformação floral,poda e plantio adensado

• fertirrigação com vinhaça, com manejoambientalmente sustentável;• evidências técnicas, econômicas e ambientais domanejo de irrigação por superfície com águasresiduárias; e,• resultados e observações decorrentes do manejoutilizado na Agrovale.

WALTER FARIAS GOMES JÚNIOR –Engenheiro agrônomo pela Universi-dade Federal Rural de Pernambuco,com especialização em Irrigação eDrenagem. Seu atual cargo é o dechefe do Departamento de Irrigaçãoe Drenagem da Agrovale.

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70 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

DIAS DE CAMPODIAS DE CAMPO

Os agronegócios do Carrefour, no Brasil,permeiam desde as parcerias com produtores doSemi-Árido, controlando-se qualidade dos produ-tos, até as exigências e tendências dos consumido-res finais, que buscam nas gôndolas dos supermer-cados da Europa ou do mercado brasileiro, frutase outros produtos com garantia de qualidade. Éjustamente com base nessa cadeia produtiva, datomada de água do Rio São Francisco, até o aten-dimento de sofisticados mercados, que o Carrefourestá expandindo seus agronegócios, especialmen-te os localizados no Pólo de Irrigação de Juazeiro/Petrolina. Até o final de 2003, mais 220 hectarescultivados com uvas orgânicas e apirênicas (semsementes) deverão ser incorporados aos 500 hec-tares em produção. Em 2004, mais 280 hectarescompletarão o projeto de mil hectares cultivadoscom uvas, dobrando o atual número de emprega-dos do grupo, ou seja, de 1.500 para 3 mil. OCarrefour atua também com negócios de produ-ção e comercialização de mangas, tendo-se comobase principal as quatro fazendas do grupo locali-zadas na região.“A uva sem semente é a bola da vez”, garanteArnaldo Johannes Josef Eijisink, diretor deAgronegócios do Carrefour Brasil. Ele conta queo plantio da fruta está crescendo em ritmo acele-rado para abastecer os nichos de mercado em ní-vel mundial. Recentemente, o Carrefour iniciou aexportação da uva com semente para a Ásia, emdois períodos por ano, gastando 40 dias com trans-porte marítimo. “O produto chegou com sucesso,qualidade e competitividade e os pedidos estão au-mentando”, comenta ele.

O Carrefour mantém parceria com 350 pequenose médios produtores de manga e uva da região,que produzem dentro do conceito de qualidade,acima da média. Esses produtos são direcionadospara abastecer as 200 lojas do grupo, no Brasil, epara a exportação.“Há algum tempo, começamos a exportar durantepoucas semanas no ano. Atualmente, exportamosdireto durante oito meses ao ano”, diz Arnaldo,mostrando os números. As exportações de uva emanga já têm um peso importante para o Carrefoure vão representar US$ 10 milhões, em 2003. No-vas variedades de manga, como ‘Kate’ e ‘Kent’ es-tão despertando interesse e maior abertura domercado externo. “É uma oportunidade fantásti-ca para os pequenos produtores, porque eles têma venda acertada, a preço definido, com risco zero,para colocar o seu produto no mercado externo,com as vantagens de ter apoio e treinamento pelanossa equipe”, afirma Arnaldo Eijisink.

AS ESTAÇÕES

O dia de campo do Carrefour está programadopara ser realizado nas fazendas denominadas Valedas Uvas e Orgânica do Vale, que têm plantio deuvas com e sem sementes sob irrigação. Estão pro-gramadas quatro estações técnicas, três a cargo daempresa e uma sob a responsabilidade da EmbrapaSemi-Árido.Na primeira delas, os participantes terão a opor-tunidade de conhecer o processo de tomadas dedecisões com base nas informações meteorológicas,obtendo uma visão geral do empreendimento.A segunda estação será realizada junto ao conjun-to de bombas e filtros, quando serão dadas infor-mações sobre os diferentes sistemas de irrigação ede manejos, praticados no cultivo de uvas.

Irrigação evidencia investimentos do Carrefour emagronegócios no Brasil

Fazendas Vale das Uvas eOrgânica do Vale30/OUT – partir das 7h30

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 71

Na terceira estação, dar-se-á ênfase ao controle dequalidade, com depoimento de um dos 350 produ-tores integrados e do profissional do Carrefour,responsável pela assistência técnica desses produ-tores.A quarta estação estará a cargo da Embrapa Semi-Árido, sob a responsabilidade da pesquisadoraPatrícia Coelho de Souza Leão. Os participantesdo dia de campo poderão ter informações sobreo andamento dos trabalhos da Unidade na região,especialmente aqueles voltados para a produçãode uvas apirênicas, de porta-enxertos e a impor-tância da adoção do sistema de Produção Inte-grada de Frutas (PIF), para o meio ambiente epara os produtores que desejam exportar seusprodutos. DIA

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PATRÍCIA COELHO DE SOUZA LEÃO – Pesquisadorada Embrapa Semi-Árido. Engenheira agrônoma for-mada pela Universidade Federal Rural de Pernambu-co, com mestrado em Agronomia, área de concentra-ção em Genética e Melhoramento de Plantas naUniversidade Estadual Paulista, Unesp/Jaboticabal.Especialização em Viticultura e Enologia em ClimasCálidos pelo INIA, Espanha. Pesquisadora responsávelpor projetos de pesquisa com uvas e mangas naregião do Semi-Árido brasileiro e autora de diversosartigos técnico-científicos, publicados em livros eperiódicos técnicos.

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O Carrefour mantém parceria com 350 pequenos e médiosprodutores de manga e uva da região, que produzem dentro doconceito de qualidade, acima da média

72 ITEM • Nº 59 • 3º trimestre 2003

A Agro-Indústrias do Vale do São Francisco S.A.(Agrovale) foi fundada em 19 de setembro de 1972,tendo sua primeira safra em 1980. Implantar umaempresa do porte da Agrovale, numa região secae de solo atípico, para a produção da cana-de-açú-car, como era o Vale do São Francisco, foi um gran-de desafio que só pôde ser levado adiante pela con-vicção da capacidade produtiva do grande vale.A empresa representa a realização de um projetopioneiro no Brasil na implantação de uma usina

produtora de açúcar e álcool, em pleno Semi-Ári-do nordestino. Tendo como atividade principal ocultivo da cana-de-açúcar, com 15 mil hectarescultivados em solos totalmente irrigados, tornan-do-se também a única do Brasil nessa categoria.Ocupa, respectivamente, áreas nos projetos Tourãoe Maniçoba e áreas próprias de bombeamento. Aprodução de açúcar e álcool da Agrovale está des-tinada predominantemente, a atender ao estadoda Bahia.Ao longo de sua história, a empresa tem demons-trado competência, tendo sido agraciada anual-mente, desde 1991, pela Fundação Instituto MiguelCalmon de Estudos Sociais e Econômicos (Imic),com os títulos de maior e melhor empresa da Bahiano setor cana, açúcar e álcool, além de outraspremiações por parte da Unicef, da FundaçãoAbrinq, pelos direitos das crianças, pelo Centro deInformações Sucro-alcooleiras (ProCana) e pelosistema Federação das Indústrias do Estado daBahia.Em sua produção com o uso da irrigação, aAgrovale utiliza diferentes sistemas como pivô cen-tral e gotejadores subterrâneos e, em maior esca-la, o sistema de irrigação de superfície por sulcode infiltração. A cana-de-açúcar necessita de umaquantidade de água adequada e com freqüênciasdeterminadas por fatores de solo, clima e da pró-

Agrovale, o pioneirismo no agronegóciosucro-alcooleiro do Vale São Francisco

Agrovale31/OUT – a partir das 7h30

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A Agrovale tem 15 mil hectares de cana-de-açúcar cultivados em solos irrigados

3º trimestre 2003 • Nº 59 • ITEM 73

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Codevasf mostra a retomada das obras do Salitre

Projeto Salitre31/OUT – 15h

Os participantes do XIII Conird terão a oportuni-dade de visitar as obras do Projeto Salitre, cujasobras de construação foram retomadas no segun-do semestre deste ano. Junto com os demais pro-jetos de irrigação existentes na região, o Salitre iráintegrar-se ao bem-sucedido Pólo de Juazeiro-Petrolina, assim considerado no estudo recentecoordenado pelo Banco Mundial . A Codevasf estáencarregada da organização dessa visita.Esse pólo foi criado a partir de estudos efetuadosna década de 60, quando a Sudene iniciou a im-plantação dos dois primeiros projetos, Bebedouroe Mandacaru, com o assentamento dos primeirosirrigantes em 1968. Mais tarde, novos projetos fo-ram ali implantados: Curaçá, Maniçoba, Tourão,Mandacaru, Senador Nilo Coelho, totalizando aincorporação de 46.729 hectares. Além de outrosperímetros de irrigação em estudo, a implantaçãoda primeira etapa do Projeto Salitre irá represen-tar a incorporação de mais 5.084 hectares ao pro-cesso produtivo. Esse projeto está localizado naregião submédia do Rio São Francisco.As obras civis e montagem de equipamentos daprimeira etapa do Salitre foram retomadas emagosto de 2003 e estima-se que o cronograma es-teja cumprido até o final do primeiro semestre de

2004. A implantação desta primeira etapa repre-senta custos de investimentos da ordem de R$ 138milhões, a preços de janeiro de 2003, de um totalde R$ 363 milhões.O Projeto Salitre, quando totalmente implantado,irá contar com 67.400 hectares, dos quais 31.305hectares de agricultura irrigada, em cinco etapas.A previsão é de que sejam criados 30 mil empre-gos diretos e 60 mil indiretos, beneficiando umapopulação de 180 mil pessoas, o que geraria umaprodução de 630 mil t/ano e um valor anual de pro-dução de R$ 230 milhões.Em sua primeira etapa, estão previstos 75 produ-tores empresariais, que irão ocupar uma área de3.374 hectares, e 255 pequenos produtores, queocuparão ocupar 1.710 hectares, totalizando 5.084hectares irrigados.

Quem irá orientar a visita será WELLINGTON GOMESOLIVEIRA, geólogo formado pela Universidade Fede-ral da Bahia, que é o chefe de fiscalização das obrasde implantação do Projeto Salitre. Ele tem vastaexperiência no assunto, já que foi o responsável pelafiscalização de obras de outros projetos da Codevasf,como as da Barragem Itacarambi, MG; as de implan-tação da Área F do Projeto de Irrigação do Jaíba, MG,do Projeto de Irrigação Formoso A, em Bom Jesus daLapa, BA, do Projeto de Irrigação de Barreiras, BA, e doProjeto de Irrigação Marituba, em Penedo, AL

pria cultura. No mapa, a localização da Agrovaledentro do projeto de irrigação Tourão.Durante o dia de campo a ser realizado naAgrovale, os participantes terão a oportunidade deconhecer a experiência da Empresa, com diferen-tes sistemas de irrigação. A abertura será feita peloengenheiro Aluísio Roberto Andrade Macedo. Eleé superintendente de Produção Agrícola daAgrovale, formado em Engenharia Civil pela Uni-versidade Estadual de Pernambuco.As três estações estão assim programadas:

• Na primeira delas, o engenheiro agrônomo,ADEMÁRIO AFONSO DE ARAÚJO FILHO, irá explanarsobre o sistema de gotejamento. Ele é gerente deAgronomia da Agrovale, formado na UniversidadeFederal de Alagoas, com MBA em Comércio Exteriorpela Fundação Getúlio Vargas e pós-graduando emGestão em Manejo Ambiental em Sistemas Agrícolaspela Universidade Federal de Lavras (Ufla).

• A segunda estação, sobre irrigação por superfície,ficará a cargo do gerente de irrigação e drenagem daAgrovale, o engenheiro agrônomo VINÍCIUS JOSÉ DESOUZA VIEIRA, formado pela Universidade FederalRural de Pernambuco, com especialização em fruti-cultura tropical irrigada pela Universidade Estadualda Bahia.

• A terceira estação, ficará a cargo do chefe doDepartamento de Irrigação e Drenagem da Agrovale,engenheiro agrônomo WALTER FARIAS GOMESJÚNIOR, também responsável por um dos minicursosministrados durante o XIII Conird. Ele irá explanarsobre o sistema de pivô central.

Ademário, Walter e Vinícius

Navegando na internet

Para quem quer ficar atualizado, algumasdicas de sites de interesse da agriculturairrigada:

.agricultura.gov.brPortal do Ministério da Agricultura, Pecu-ária e Abastecimento, onde se obtêm in-formações sobre a estrutura da institui-ção governamental, legislação, recursoshumanos, qualidade e notícias atualizadasdiariamente. Através dele, pode-se che-gar aos sites de quaisquer órgãos ligadosao Ministério e às informações que elestrazem. São eles: Embrapa, Instituto Na-cional de Meteorologia (Inmet), Ceagesp,Agrofit, Proagro, Secretaria de Apoio Ru-ral e Cooperativismo (Sarc) e Serviço Na-cional de Proteção de Cultivares (SNPC)etc.

.agrisus.org.brSite da Fundação Agrisus pela Agricultu-ra Sustentável, da família do engenheiroagrônomo Fernando Penteado Cardoso,fundador do Grupo Manah, e consorcia-da à Fundação de Estudos Agrários Luizde Queiroz. Traz notícias, informações econsultas.

.ana.gov.brSite da Agência Nacional de Águas, com in-formações atualizadas sobre a Política deRecursos Hídricos, informações para os pro-dutores rurais em relação à legislação vi-gente.

.boletimpecuario.com.brSite com um boletim informativo sobre oque acontece no setor agropecuário, cominformações atualizadas, diariamente, so-bre o clima nas diversas regiões brasilei-ras, cotações de preços de produtos, lei-lões, publicações, política para o setor etc.Circula desde outubro de 2000 e contacom, aproximadamente, 19 mil leitores di-ários. O interessado pode recebê-lo diari-amente ou semanalmente. O acesso é gra-tuito, bastando inscrever-se nos linksopcionais do site.

.nead.org.brSite do Núcleo de Estudos Agrários de De-senvolvimento Rural, organismo do Minis-tério de Desenvolvimento Agrário, vincula-do ao Conselho Nacional de Desenvolvimen-to Rural Sustentável. Com atividades inicia-das em 1998, o Nead busca avaliar, com oobjetivo de aperfeiçoamento, as políticaspúblicas voltadas para a atividade agrária.Traz informações atualizadas sobre o setor.

.srb.org.brPortal da Sociedade Rural Brasileira, cominformações sobre legislação, seguros, cré-dito rural, ciência e tecnologia, produtos eserviços, meio ambiente, atividades rurais eenquetes.

.todafruta.com.brPortal da Fundação de Estudos e Pesquisasem Agropecuária, Medicina Veterinária eZootecnia sobre fruticultura, com o objeti-vo de divulgar e incentivar pesquisas sobreo assunto, divulgar encontros, seminários esimpósios, além de matérias jornalísticas.Traz informações sobre as seguintes frutas:abacaxi, acerola, anonáceas, banana, cacau,caju, caqui, carambola, citros, coco, frutasexóticas, figo, goiaba, graviola, guaraná, ja-buticaba, laranja, lechia, limão, maçã, ma-mão, manga, mangostão, maracujá, pêra,pêssego, tangerina e uva.

.thewritework.comSebastião de Assis, brasileiro radicado nosEstados Unidos, com experiência na Euro-pa, tem Ph.D. focado na especialidade de“escrever para vender idéias, serviços e pro-dutos”. Seu escritório oferece esses serviçospara pessoas físicas e jurídicas que necessi-tem de materiais comerciais, educacionais,marketing etc., escritos na língua inglesa.

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