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CURCEP
PROFª Drª CAMILA M PASQUAL
ALUNO(A) _______________________________________________________
LUCÍOLA, DE JOSÉ DE ALENCAR
ANÁLISE Lucíola é o quinto romance de Alencar e o primeiro da trilogia que ele denominou de "perfis de
mulheres" (Lucíola, Diva e Senhora). Situa-se entre seus romances urbanos que representam um
levantamento da nossa vida burguesa do século passado. A obra, publicada em 1862, é um romance de
amor bem ao sabor do Romantismo, muito embora uma ou outra manifestação do estilo Realista aí se faça
presente. Trata-se de um romance de "primeira pessoa", ou seja, o narrador da história é um personagem
importante da mesma, Paulo Silva, narra em cartas dirigidas a uma senhora, G. M. (pseudônimo de
Alencar), que as publica em livro com o título de Lucíola. Fixam o Rio de Janeiro da época, com a sua
fisionomia burguesa e tradicional, com uma sociedade endinheirada que frequentava o Teatro Lírico,
passeava à tarde na Rua do Ouvidor e à noite no Passeio Público, morava no Flamengo, em Botafogo ou
Santa Teresa e era protagonista de dramas de amor que iam do simples namoro à paixão desvairada.
Em todos os romances urbanos, Alencar aborda o amor como tema central. Ou, para ser mais
exato, "aborda a situação social e familiar da mulher, em face do casamento e do amor". Mas o amor
como o entendia a mentalidade romântica da época, um amor sublimado, idealizado, capaz de renúncias,
de sacrifícios, de heroísmos e até de crimes, mas redimindo-se pela própria força acrisoladora de sua
intensidade e de sua paixão.
Lucíola foi um romance ousado para a época. Pela primeira vez a literatura focalizava o tema
da prostituição que revelava cenas íntimas e descrições detalhadas da vida de alcova de uma mundana,
Lúcia, cujo verdadeiro nome é Maria da Glória, era linda, delicada, de aspecto suave, angelical, terna e
bondosa, uma prostituta que transpirava inocência.
Na obra, os conflitos íntimos das personagens e entre as personagens são determinados pelo
confronto do indivíduo com a sociedade do Rio de Janeiro em transformação, movida pelo dinheiro e
preocupada com o destaque proporcionado pela riqueza. Em Lúciola, a crítica social é implícita, pois os
valores sociais não são apenas da comunidade, mas estão arraigados nos próprios protagonistas. Para
Lúcia, a redenção é acompanhada de castigo e autopunição, pois ela própria, como Paulo, endossa os
preconceitos da sociedade.
Em Lucíola, a narração é feita em primeira pessoa, o que limita o foco narrativo a uma
perspectiva particular. Paulo narra os acontecimentos passados como se ele lá ainda estivesse, sem,
portanto, o olhar crítico e sereno do presente, sem o distanciamento necessário para uma reflexão mais
objetiva, entregando-se inteiramente às emoções e preconceitos que sentia outrora. Cabe, portanto, ao
leitor questionar a realidade e as motivações do comportamento de Lúcia.
Destaca-se no romance a divisão categórica entre o amor físico e o amor espiritual. Paulo,
com sua ingenuidade provinciana e sem estar acostumado à maliciosa maledicência da corte, será o único
amante de Lucíola capaz de perceber a inocência e a virgindade espiritual daquela prostitua.
Lúcia, apaixonada por Paulo, sofrerá pouco a pouco uma transformação que fará renascer nela
a adolescente pura e ingênua e que irá eliminando a prostituta escandalosa.
Numa solução moralista, a redenção será alcançada pela autopunição e pela morte. Como a
sociedade jamais aceitaria que ela fosse mulher objeto e ao mesmo tempo mãe, Lúcia morre. A causa de
sua morte é a infecção causada pelo filho morto em seu ventre, fruto de sua relação “pacaminosa” com
Paulo. A destruição do corpo proporciona a sobrevivência e supremacia do amor espiritual.
PERSONAGENS
LÚCIA, como se fossem duas personalidades numa só pessoa, sua principal característica é a
contradição. Ora era a cortesã sedutora e caprichosa, a mais linda, cobiçada e depravada do Rio de
Janeiro. Ora era Maria da Glória, a menina inocente e simples, para quem a prostituição era um tormento,
e os atos libidinosos constituíam verdadeira autopunição aliada a um angustiante sentimento de culpa.
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À proporção que Lúcia se apaixona por Paulo e é amada por ele, vai sepultando a prostituta e
assumindo a Maria da Glória, sua verdadeira personalidade. É assim que reencontra, através do
verdadeiro amor, a dignidade e inocência perdidas.
Sua expressão lembra ao leitor a dualidade de caráter, o olhar ora é “eloquente, raio
voluptuoso”, ora é “límpido, raio de luz de sua alma”. É bem o ideal de beleza romântica, “com sua
virgindade de alma tão pura e tão absoluta, que a não tisnaram os pecados do corpo”. Por isso, mesmo
nas horas em que mais lhe esplende a glória de cortesã, o romancista a veste simbolicamente de branco.
PAULO- Pernambucano, 25 anos, depois de formado, veio estabelecer-se no Rio de Janeiro. É
o narrador da história e como tal desvia a atenção do leitor para Lúcia, para outros personagens e demais
circunstâncias, relevando aos poucos apenas algumas informações sobre si mesmo.
Espírito observador e sensível, foi o único a compreender o estranho caráter de Lúcia. Seu
temperamento é reservado sem ser tímido: “...é Hábito meu, desde que entrei no mundo, não admitir os
estranhos à intimidade de minha vida ainda mesmo quando se trata de objetos sem consequência. Só
dispo a minha alma entre amigos”.
Suas reações psicológicas são expressas pelas reflexões que faz: “Que miserável animalidade
havia em mim naquela noite! Quando essa pobre mulher atingia o sublime do heroísmo e da abnegação,
eu descia até a estupidez e à brutalidade.”
A sua caminhada em direção ao amor pela heroína foi lenta. No início, o que o impelia para ela
era a atração sexual. Paulo, então, não a entende e transmite ao leitor suas incertezas e desconfianças. “Se
eu amasse essa mulher... mas tinha apenas sede de prazer, fazia dessa moça uma ideia talvez falsa....”
Dr. Sá e CUNHA─ amigos de Paulo, encarnam a moral burguesa e suas máscaras: austera
com os outros, benigna consigo. Ambos, frequentadores da cama de Lúcia, veem nela apenas a mulher
objeto. São esses representantes da sociedade preconceituosa e depravada que incutem em Paulo as
desconfianças, a malícia, o machismo e o desrespeito com relação a Lúcia, como o próprio Paulo revela.
“Cunha tinha razão, pensei eu, a cupidez e a avareza são as molas ocultas que movem este
belo autômato de carne”.
E chega mesmo a ser violento e sádico com ela: “Esta noite a senhora não se pertence é um
objeto, um bem do homem que a vestiu que a enfeitou a cobriu de joias, para mostrar ao público a sua
riqueza e generosidade...”
COUTO E ROCHINHA─ o primeiro é um velho depravado dado a jovem galante. Encarna a
obsessão sexual da velhice. Representa a sociedade que explora e corrompe. Foi quem, aproveitando-se
da angústia e das necessidades de Maria da Glória, corrompeu a inocência da menina. O Segundo é um
jovem de 17 anos, libertino precoce que esbanja a herança em orgias. Tem a pele amarrotada e profundas
olheiras. Um velho prematuro.
LAURA E NINA─ Meretrizes, como Lúcia, mas sem sua duplicidade de caráter. Não são
capazes de “descer tão baixo”, porém também não possuem a “nobreza e altivez” da protagonista.
JESSUÍNA E JACINTO ─ a primeira é uma mulher de 50 anos, seca e encarquilhada. Foi
quem recolheu Lúcia e a iniciou na prostituição, quando o pai expulsou a mocinha de casa. Jacinto é um
homem de 45 anos que “vive da prostituição das mulheres pobres e da devassidão dos homens ricos”.
Por seu intermédio Lúcia vendia as joias ricas que ganhava e enviava o dinheiro à família pobre. É ele
quem mantêm a ligação misteriosa no livro, entre Lúcia e a irmã Ana e cuida dos negócios dela.
ANA─ é a irmã de Lúcia, que a fez educar num colégio até os doze anos como se fosse sua
filha. Com a morte da irmã, Ana se torna o símbolo de continuação do amor de Paulo e Lúcia, embora
ele, em nome do amor por Lúcia se recuse a casar com a menina.
ENREDO
Paulo Silva, o personagem-narrador, é um rapaz de 25 anos, pernambucano, recém-chegado ao
Rio de Janeiro, em 1855, com a intenção de aí se estabelecer. No dia mesmo de sua chegada à corte (Rio
de Janeiro), após o jantar, sai em companhia de um amigo para conhecer a cidade. Na rua das Mangueiras
vê passar em um carro uma jovem muito bela. Um imprevisto faz parar o carro, dando a Paulo a
oportunidade de repará-la melhor. Dia após, em companhia de outro amigo, o Dr. Sá, Paulo participa da
festa de N. Senhora da Glória, quando lhe aparece a linda moça. Informando-se do amigo, fica sabendo
tratar-se de Lúcia, a prostituta mais bela, requintada e disputada da cidade. Mas ele se impressiona com a
"expressão cândida do rosto e a graciosa modéstia do gesto, ainda mesmo quando os lábios dessa mulher
revelam a cortesã franca e impudente."
Mais ou menos um mês após sua chegada, Paulo vai à procura de Lúcia, levado, é claro pelo
desejo de possuir aquela linda mulher. Após longa e agradável conversa, acaba se surpreendendo com o
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"casto e ingênuo perfume que respirava de toda a sua pessoa". A um mínimo lance de seus seios, "ela se
enrubesceu como uma menina e fechou o roupão" discretamente. E ele, que fora quente de desejos, agora,
na rua, se acha ridículo por não haver ousado mais. Além do que, o Dr. Sá lhe confirmara que "Lúcia é a
mais alegre companheira que pode haver para uma noite, ou mesmo alguns dias de extravagância."
No dia seguinte Paulo está de volta à casa da heroína. Ao seu primeiro ataque, Lúcia se opõe
com duas lágrimas nos olhos. Supondo ser fingimento, mostra-se aborrecido e ela reage atirando-se
completamente nua em seus braços, já que era isso que Paulo queria. Mas no auge do prazer do sexo,
Paulo percebe algo diferente nas carícias de Lúcia: mesmo no clímax do gozo, parece que ela sofria.
Sente, na hora, um imenso dó, ao que ela corresponde cinicamente: "- Que importa? Contanto que tenha
gozado de minha mocidade! De que serve a velhice às mulheres como eu?" Ele quer pagar-lhe, ela rejeita
com um meigo aperto de mão. E ele retira-se realmente confuso com "a singularidade daquela cortesã,
que ora levava a impudência até o cinismo, ora esquecia-se do seu papel no simples e modesto recato de
uma senhora".
E as informações que lhe chegam a seu respeito são as piores. O Cunha diz que ela é "a mais
bonita mulher do Rio e também a mais caprichosa e excêntrica. Ninguém a compreende. "Nunca fica
muito tempo com o mesmo amante, "pois não admite que ninguém adquira direitos sobre ela." Além do
mais, é avarenta. Vende tudo o que ganha. Até roupas. Para Paulo, no entanto, ela parece ser ao contrário
de tudo isso. Afinal, ela finge para ele ou já o ama? Paulo fica em dúvida atroz.
Por aqueles dias, numa ceia em casa do Sá, com pessoas (Lúcia, Paulo, Sr. Couto, Laura, Nina,
Rochinha, etc...) maldosamente convidadas para transformar a ceia em bacanal, Lúcia desfila toda nua,
imitando as poses lascivas dos quadros que estavam nas paredes, ante os olhares voluptuosos dos
presentes. Depois, em lágrimas, nos jardins da casa, ela se explica a Paulo. Fez aquilo por desespero, pois
ele havia zombado dela momentos antes: "se o Senhor não zombasse de mim, não o teria feito por coisa
alguma deste mundo..."E depois porque teria sido uma decepção total, afinal o que Sá pretendia era
mostrar a seu amigo Paulo quem era Lúcia. Não foi para isso que se deu essa ceia?! - explicou Lúcia. E
os dois se amaram profundamente, lá mesmo no jardim, á luz da lua, até de madrugada.”
Decorridos alguns dias, Paulo de certo modo passa a morar com Lúcia, e, apesar das
prevenções e restrições, mais e mais se liga a ela por afeto. Lúcia, por sua vez, já ama Paulo e se entrega e
ele como a um dono e senhor. Há momentos de atritos entre ambos. Passageiros, e todos causados pelo
egoísmo e incompreensão de Paulo que não entende as profundas transformações que o seu afeto operou
nela. E a tal ponto, que ela não suportaria mais a ideia de se lhe entregar na cama, pois sente por ele um
amor muito puro e profundo. E ele, levado mais por desejo que por afeto, não consegue aceitar esse
comportamento sublime.
As más línguas já comentam que Paulo, além de viver à custa de Lúcia, ainda a proíbe de
frequentar a sociedade. Lúcia que já então procurava viver mais retraída dispõe-se a voltar à vida
mundana apenas para salvar-lhe a reputação. Mas Paulo - complicado, sádico, estúpido e chato - não
compreende.
Lúcia já não vibra como outrora. Mesmo quando excitada por Paulo. É a doença que já se faz
sentir. Paulo não entende essa frieza e por vezes se exaspera. Ela sofre calada, pois reconhece que "o
amor para uma mulher como eu seria a mais terrível punição que Deus poderia infligir-lhe!". O grande
sentimento que os unia, arrefece, dando lugar a uma amizade simplesmente.
O comportamento de Lúcia é cada vez mais sublime e heroico. Já não existe mais nada da
antiga cortesã. E Paulo, por fim, entende essa nobreza de caráter e compreende o porquê das suas recusas.
Ela lhe recusava o corpo porque o amava em espírito. E também porque já está doente. Paulo promete
respeitá-la de ora em diante.
Lúcia um dia lhe revela todo o seu passado. Chamava-se Maria da Glória. Era uma menina
feliz de 14 anos e morava com os pais, quando, em 1850, sobreveio a terrível febre amarela. Seus pais, os
três irmãos, uma tia caíram de cama, Ela ficou só. No auge do desespero, resolveu pedir ajuda a um
vizinho rico, Sr. Couto, que em troca de algumas moedas de ouro tirou-lhe a inocência. "o dinheiro ganho
com a minha vergonha salvou a vida de meu pai e trouxe-nos um raio de esperança." Seu pai, porém,
sabendo da origem do dinheiro, e supondo ter a filha um amante, a expulsou de casa. Sozinha, sem ter
aonde ir, foi acolhida por uma mulher, Jesuína, que, quinze dias depois, à conduziu à prostituição,
estipulando pela beleza de seu corpo um alto preço. O dinheiro, ela o usava para cuidar do que restava da
família: "e eu tive o supremo alívio de comprar com a minha desgraça a vida de meus pais e de minha
irmã".
Uma colega de infortúnio foi morar com ela. Chamava-se Lúcia. Tornaram-se amigas. Lúcia
morreu pouco depois. No atestado de óbito, a heroína fez constar que a falecida se chamava Maria da
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Glória, adotando para si o nome da amiga morta. "Morri, pois para o mundo e para minha família. Meus
pais choravam sua filha morta; mas já não se envergonhavam de sua filha prostituída." E todo dinheiro
que ganhava, destinava-o à preparação de um dote para sua irmã, Ana, a qual passou a manter num
colégio interno depois da morte dos pais.
Agora Paulo compreende ainda melhor as atitudes misteriosas e contraditórias que Lúcia
tomava como cortesã. É que esse gênero de vida lhe parecia sórdido e abjeto. Ela suportava como a um
martírio, uma autopunição, uma maneira de reparar o seu pecado. Conhecido se passado heroico, ele
passa a sentir por Lúcia uma grande ternura e um amor sincero.
Seguem-se dias tranquilos. Lúcia muda-se para uma casinha modesta e Ana mora com ela.
"isto não pode durar muito! É impossível!" É o pressentimento da morte. Lúcia tenta convencer Paulo a
se casar com Ana, que já o ama também. Seria uma maneira de perpetuar o amor de ambos, já que ela se
julga indigna do puro amor conjugal. Paulo rejeita com veemência em nome do amor que não sente por
Ana.
Lúcia aborta o filho que esperava de Paulo. Ela se recusa a tomar remédio para expelir o feto
morto, dizendo "Sua mãe lhe servirá de túmulo". E já no leito de morte, recebe o juramento de Paulo
prometendo-lhe cuidar de Ana como sua filha. E morre docemente nos braços de seu amado, indo amá-lo
por toda a eternidade.
TESTES
1) ( UFPR 2014)Leia com atenção dois fragmentos de Lucíola, de José de Alencar.
Se tivesse agora ao meu lado o Sr. Couto, estou certo que ele me aconselharia para as ocasiões difíceis
uma reticência. Com efeito, a reticência não é a hipocrisia no livro, como a hipocrisia é a reticência na
sociedade?
Sempre tive horror às reticências; nesta ocasião antes queria desistir do meu propósito, do que desdobrar
aos seus olhos esse véu de pontinhos, manto espesso, que para os severos moralistas da época, aplaca
todos os escrúpulos, e que em minha opinião tem o mesmo efeito da máscara, o de aguçar a curiosidade.
(p.253-254)
Quando a mulher se desnuda para o prazer, os olhos do amante a vestem de um fluido que cega; quando a
mulher se desnuda para a arte, a inspiração a transporta a mundos ideais onde a matéria se depura ao
hálito de Deus; quando porém a mulher se desnuda para cevar, mesmo com a vista, a concupiscência de
muitos, há nisto uma profanação da beleza e da criatura humana, que não tem nome.
É mais do que a prostituição: é a brutalidade da jumenta ciosa que se precipita pelo campo, mordendo os
cavalos para despertar-lhes o tardo apetite. (p. 258) ALENCAR, José de. Lucíola. Ficção completa e outros escritos, vol 1. Rio de
Janeiro: Aguilar, 1965.
Considere as afirmativas abaixo:
1. A estratégia narrativa de Lucíola superpõe, entre o real e o ficcional, três figuras autorais: José de
Alencar, o escritor do romance; Paulo, o autor das cartas em primeira pessoa; G.M, a destinatária que as
organiza em forma de livro, atribuindo-lhe o título.
2. Apesar de situado no romantismo brasileiro, Lucíola inaugura o naturalismo na literatura brasileira ao
explicar a sensualidade e a prostituição da protagonista como consequência do meio em que vive: a
sociedade degradada da Corte no ano de 1855.
3. O grande amor de Paulo por Lúcia faz com que ele conheça profundamente os sentimentos e
pensamentos da amada, gerando em alguns momentos uma oscilação entre a narração em primeira pessoa
e a narração onisciente.
4. Paulo é ao mesmo tempo personagem do acontecimento passado e narrador do relato presente. A
distância de seis anos possibilita comentários, conclusões e reflexões, deixando clara a diferença temporal
entre viver e narrar o vivido.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
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2) (PUCPR) ─ Assinale a alternativa correta. José de Alencar, na variedade de romances que escreveu
(urbanos, indianistas, de costumes, históricos, perfis de mulher), pretendia construir:
a) uma obra romanesca com os aspectos fundamentais da vida brasileira;
b) o novo romance brasileiro;
c) uma descrição da capacidade criativa do escritor brasileiro;
d) uma oposição ao romance brasileiro sem qualidade literária que o precedeu;
e) uma história indianista do Brasil.
3) Leia a seguinte transcrição e assinale a alternativa correta:
A corte tem mil seduções que arrebatam um provinciano aos seus hábitos, e o atordoam e preocupam
tanto, que só ao cabo de algum tempo o restituem à posse de si mesmo e ao livre uso de sua pessoa.
Assim me aconteceu. Reuniões, teatros, apresentações às notabilidades políticas, literárias e financeiras
de um e outro sexo; passeios aos arrabaldes; visitas de cerimônia e jantares obrigados; tudo isto encheu
o primeiro mês de minha estada no Rio de Janeiro.
a) O fragmento traz as impressões do narrador de Amar, verbo intransitivo, de Mário de Andrade, quando
do registro de sua viagem à corte.
b) O fragmento traz as impressões do narrador de Esaú e Jacó, de Machado de Assis, quando de sua
chegada à corte.
c) o fragmento revela a visão que o narrador de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto,
possuía a respeito do Rio de Janeiro.
d) O fragmento contém as impressões de Paulo, o narrador de Lucíola, de José de Alencar, a respeito do
Rio de Janeiro.
e) O fragmento contém a percepção que o narrador do conto “o segredo”, de Lygia Fagundes Telles, tem
do Rio de Janeiro.
4) (ITA-SP) ─ O romance Lucíola pertence á chamada fase urbana da produção ficcional de José de
Alencar, neste livro:
a) o autor discute a desigualdade social no meio urbano;
b) O autor mostra a prostituição como um grave problema social urbano;
c) Não há uma típica narrativa romântica, pois o autor fala de prostituição, que é um tema naturalista;
d) não excite a presença do amor; há apenas promiscuidade sexual.
e) o autor focaliza o drama da prostituição na esfera do indivíduo, mostrando a diferença entre o ser e o
parecer.
5) Leia o trecho a seguir de Lucíola, romance de José de Alencar.
Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla até o africano puro; todas as posições, desde as
ilustrações da política, da fortuna ou do talento, até o proletário humilde e desconhecido; todas as
profissões, desde o banqueiro até o mendigo; finalmente, todos os tipos grotescos da sociedade
brasileira. Desde a arrogante nulidade até a vil lisonja, desfilaram em face de mim, roçando a seda e a
casimira pela baeta ou pelo algodão, misturando os perfumes delicados à impuras exaltações, o fumo
aromático do havana às acres baforadas do cigarro de palha.
O texto reflete uma das preocupações do autor em suas obras que foi:
a) criticar o preconceito racial e social no personagem representante da elite brasileira;
b) mostrar um panorama da vida nacional refletida na miscigenação racial e social;
c) destacar os vícios da sociedade brasileira, principalmente em relação à falta de higiene;
d) evidenciar a escandalosa segregação social promovida pelos ricos contra os mais pobres;
e) Ilustrar com um painel realista o nivelamento de toda a sociedade, sem distinção de ou cor, e em todos
os vícios imagináveis.
6) No texto de José de Alencar, os elementos literários que estruturam a narrativa ajustam-se com
perfeição à estética do Romantismo. Observe o fragmento abaixo:
Uma brisa ligeira, ainda impregnada das evaporações das águas, refrescava a atmosfera. Os lábios
aspiravam com delícias o sabor desses puros bafejos, que lavavam os pulmões fatigados de uma
respiração árida e miasmática. Os olhos se recreavam na festa campestre e matutina da natureza
fluminense, da qual as belezas de todos os climas são convivas. Subia a passo curto e repousado a
ladeira de Santa Teresa, calculando a hora de minha chegada pelo despertar de Lúcia; o meu
pensamento porém se abria as asas, e precedendo-me, ia saudar a minha doce e terna amida.
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Identifique a alternativa em que o elemento literário apresentado não se relaciona aos princípios estéticos
do Romantismo
a) Visão subjetiva da realidade que se apresenta impregnada de emoção e sensibilidade;
b) a natureza “significa e revela” é expressiva;
c) Como se nota no segundo período, dá-se destaque aos aspectos negativos e doentios da natureza
humana;
d) a mulher é exaltada e envolta numa aura de doce e terna beleza.
e) o sujeito é o fulcro central da visão romântica do mundo.
7) Sobre o romance Lucíola e seu autor, José de Alencar, é correto afirmar que:
a) a protagonista, Lúcia, escapa ao padrão de personagem feminina romântica, pois revela-se uma mulher
forte e decidida, que age de forma racional em todas as circunstâncias de sua vida, jamais se deixando
levar pelos sentimentos;
b) dentro da produção romanesca de José de Alencar, Lucíola caracteriza-se como uma obra que expressa
a idealização das virtudes e o heroísmo das personagens, uma vez que os conflitos são apenas de ordem
sentimental, não figurando as desarmonias geradas no âmbito da convivência social;
c) influenciado pelo pensamento positivista e cientificista que dominava a época, final do século XIX, o
romance mostra personagens cujos comportamentos são atribuídos à ação do meio em que vivem e à
herança genética;
d) Alencar foi um escritor exemplarmente romântico, mas um romântico que tem tutano, capaz de criar
um amor como esse de Lúcia e Paulo. Um amor vivo, amor de carne e espírito, tão intenso que eles são
capazes de sublimar até mesmo as solicitações do sexo, quando é dessa renúncia que se vai fazer o amor
maior.
e) o romance Lucíola é uma das obras mais representativas da ficção de José de Alencar. Nesse livro,
encontramos a formulação do ideal do amor romântico: o amor verdadeiro e absoluto, quando pode se
realizar, leva ao casamento feliz e indissolúvel.
8) Assinale a alternativa incorreta a respeito de Lucíola, de José de Alencar.
a) É Paulo─ como protagonista─ simultaneamente agente da narração e objeto da narrativa.
b) É um romance que apresenta uma pluralidade de olhares narrativos, principalmente na caracterização
da personagem Lúcia.
c) É um romance que traz uma visão alienada da sociedade urbana do Rio de Janeiro, por focalizar
unicamente o drama individual da protagonista.
d) É através do distanciamento temporal que a narrativa se torna possível, pois a narração é ativada pela
memória.
e) É a protagonista construída em dualidade, uma vez que, dissociando corpo e alma, ela também tem
dois nomes, duas casas, dois estilos de vida.
9) Em relação a Lucíola, de José de Alencar, assinale a alternativa incorreta.
a) A obra apresenta muito adequadamente o tema da prostituta regenerada, bem ao gosto do Romantismo.
b) O narrador tem, além dos leitores da obra, explicitamente uma interlocutora como personagem-
leitora.
c) A narrativa se constrói em dois tempos muito bem marcados: o da vivência e o da narração de
vivência.
d) A aparição da Maria da Glória resolve todos os problemas da personagem Lúcia, porque aponta o
caminho da expiação da culpa, construindo um final feliz para a narrativa.
e) É possível perceber nesse romance a presença de muitos paradoxos românticos ( virtude x vício, alma
x corpo, amor x prazer, ingenuidade x devassidão, família x prostituição).
10) De acordo com a leitura da obra Lucíola, de José de Alencar, julgue as afirmativas e, a seguir, marque
a alternativa correta.
I- Há, em Lucíola, um clima de sensualidade constante, combinando com ardor e sofrimento, bem no
clima da literatura romântica que predominava na segunda metade do século XIX.
II- o romance entre os protagonistas, Lúcia e Paulo, “sacode” a Corte e provoca um excitado burburinho
na sociedade. De um lado, a mulher que, sendo de todos, jurava não se prender a nenhum homem: de
outro, o homem em dúvida entre o amor e o preconceito.
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III- O foco narrativo é em 3ª pessoa; o narrador-observador não participa da história; com isso, há um
forte apelo à imaginação do leitor.
IV Em Lucíola, o amor não resiste às barreiras sociais e morais. Assim é o romance da bela Lúcia, a mais
rica e cobiçada cortesã do Rio de Janeiro, e Paulo jovem modesto e frágil.
a) Apenas a afirmativa I é correta.
b) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas.
c) Apenas as afirmativas I e IV são corretas.
d) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
e) Apenas as afirmativas I e II e III são corretas.
11) Leia o texto para responder à questão.
Uma mulher como eu não se pertence: é uma coisa pública, um carro de praça, que não pode recusar
quem chega. (Lucíola, de José de Alencar).
Pelas palavras da protagonista, percebe-se um forte desabafo. Esse sentimento é consequência:
a) de submissão, que é característica da própria personagem;
b) do forte apego que Lucíola tinha a sua família;
c) da impossibilidade de se manter como centro do poder e do domínio;
d) de resignação, recusando-se a abandonar sua vida para viver com Paulo;
e) de velhos preconceitos, já que a sociedade primava pelos bons costumes.
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CURCEP/ GABARITO
PROFª Drª CAMILA M PASQUAL
LUCÍOLA, DE JOSÉ DE ALENCAR
ANÁLISE Lucíola é o quinto romance de Alencar e o primeiro da trilogia que ele denominou de "perfis de
mulheres" (Lucíola, Diva e Senhora). Situa-se entre seus romances urbanos que representam um
levantamento da nossa vida burguesa do século passado. A obra, publicada em 1862, é um romance de
amor bem ao sabor do Romantismo, muito embora uma ou outra manifestação do estilo Realista aí se faça
presente. Trata-se de um romance de "primeira pessoa", ou seja, o narrador da história é um personagem
importante da mesma, Paulo Silva, narra em cartas dirigidas a uma senhora, G. M. (pseudônimo de
Alencar), que as publica em livro com o título de Lucíola. Fixam o Rio de Janeiro da época, com a sua
fisionomia burguesa e tradicional, com uma sociedade endinheirada que frequentava o Teatro Lírico,
passeava à tarde na Rua do Ouvidor e à noite no Passeio Público, morava no Flamengo, em Botafogo ou
Santa Teresa e era protagonista de dramas de amor que iam do simples namoro à paixão desvairada.
Em todos os romances urbanos, Alencar aborda o amor como tema central. Ou, para ser mais
exato, "aborda a situação social e familiar da mulher, em face do casamento e do amor". Mas o amor
como o entendia a mentalidade romântica da época, um amor sublimado, idealizado, capaz de renúncias,
de sacrifícios, de heroísmos e até de crimes, mas redimindo-se pela própria força acrisoladora de sua
intensidade e de sua paixão.
Lucíola foi um romance ousado para a época. Pela primeira vez a literatura focalizava o tema
da prostituição que revelava cenas íntimas e descrições detalhadas da vida de alcova de uma mundana,
Lúcia, cujo verdadeiro nome é Maria da Glória, era linda, delicada, de aspecto suave, angelical, terna e
bondosa, uma prostituta que transpirava inocência.
Na obra, os conflitos íntimos das personagens e entre as personagens são determinados pelo
confronto do indivíduo com a sociedade do Rio de Janeiro em transformação, movida pelo dinheiro e
preocupada com o destaque proporcionado pela riqueza. Em Lúciola, a crítica social é implícita, pois os
valores sociais não são apenas da comunidade, mas estão arraigados nos próprios protagonistas. Para
Lúcia, a redenção é acompanhada de castigo e autopunição, pois ela própria, como Paulo, endossa os
preconceitos da sociedade.
Em Lucíola, a narração é feita em primeira pessoa, o que limita o foco narrativo a uma
perspectiva particular. Paulo narra os acontecimentos passados como se ele lá ainda estivesse, sem,
portanto, o olhar crítico e sereno do presente, sem o distanciamento necessário para uma reflexão mais
objetiva, entregando-se inteiramente às emoções e preconceitos que sentia outrora. Cabe, portanto, ao
leitor questionar a realidade e as motivações do comportamento de Lúcia.
Destaca-se no romance a divisão categórica entre o amor físico e o amor espiritual. Paulo,
com sua ingenuidade provinciana e sem estar acostumado à maliciosa maledicência da corte, será o único
amante de Lucíola capaz de perceber a inocência e a virgindade espiritual daquela prostitua.
Lúcia, apaixonada por Paulo, sofrerá pouco a pouco uma transformação que fará renascer nela
a adolescente pura e ingênua e que irá eliminando a prostituta escandalosa.
Numa solução moralista, a redenção será alcançada pela autopunição e pela morte. Como a
sociedade jamais aceitaria que ela fosse mulher objeto e ao mesmo tempo mãe, Lúcia morre. A causa de
sua morte é a infecção causada pelo filho morto em seu ventre, fruto de sua relação “pacaminosa” com
Paulo. A destruição do corpo proporciona a sobrevivência e supremacia do amor espiritual.
PERSONAGENS
LÚCIA, como se fossem duas personalidades numa só pessoa, sua principal característica é a
contradição. Ora era a cortesã sedutora e caprichosa, a mais linda, cobiçada e depravada do Rio de
Janeiro. Ora era Maria da Glória, a menina inocente e simples, para quem a prostituição era um tormento,
e os atos libidinosos constituíam verdadeira autopunição aliada a um angustiante sentimento de culpa.
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À proporção que Lúcia se apaixona por Paulo e é amada por ele, vai sepultando a prostituta e
assumindo a Maria da Glória, sua verdadeira personalidade. É assim que reencontra, através do
verdadeiro amor, a dignidade e inocência perdidas.
Sua expressão lembra ao leitor a dualidade de caráter, o olhar ora é “eloquente, raio
voluptuoso”, ora é “límpido, raio de luz de sua alma”. É bem o ideal de beleza romântica, “com sua
virgindade de alma tão pura e tão absoluta, que a não tisnaram os pecados do corpo”. Por isso, mesmo
nas horas em que mais lhe esplende a glória de cortesã, o romancista a veste simbolicamente de branco.
PAULO- Pernambucano, 25 anos, depois de formado, veio estabelecer-se no Rio de Janeiro. É
o narrador da história e como tal desvia a atenção do leitor para Lúcia, para outros personagens e demais
circunstâncias, relevando aos poucos apenas algumas informações sobre si mesmo.
Espírito observador e sensível, foi o único a compreender o estranho caráter de Lúcia. Seu
temperamento é reservado sem ser tímido: “...é Hábito meu, desde que entrei no mundo, não admitir os
estranhos à intimidade de minha vida ainda mesmo quando se trata de objetos sem consequência. Só
dispo a minha alma entre amigos”.
Suas reações psicológicas são expressas pelas reflexões que faz: “Que miserável animalidade
havia em mim naquela noite! Quando essa pobre mulher atingia o sublime do heroísmo e da abnegação,
eu descia até a estupidez e à brutalidade.”
A sua caminhada em direção ao amor pela heroína foi lenta. No início, o que o impelia para ela
era a atração sexual. Paulo, então, não a entende e transmite ao leitor suas incertezas e desconfianças. “Se
eu amasse essa mulher... mas tinha apenas sede de prazer, fazia dessa moça uma ideia talvez falsa....”
Dr. Sá e CUNHA─ amigos de Paulo, encarnam a moral burguesa e suas máscaras: austera
com os outros, benigna consigo. Ambos, frequentadores da cama de Lúcia, veem nela apenas a mulher
objeto. São esses representantes da sociedade preconceituosa e depravada que incutem em Paulo as
desconfianças, a malícia, o machismo e o desrespeito com relação a Lúcia, como o próprio Paulo revela.
“Cunha tinha razão, pensei eu, a cupidez e a avareza são as molas ocultas que movem este
belo autômato de carne”.
E chega mesmo a ser violento e sádico com ela: “Esta noite a senhora não se pertence é um
objeto, um bem do homem que a vestiu que a enfeitou a cobriu de joias, para mostrar ao público a sua
riqueza e generosidade...”
COUTO E ROCHINHA─ o primeiro é um velho depravado dado a jovem galante. Encarna a
obsessão sexual da velhice. Representa a sociedade que explora e corrompe. Foi quem, aproveitando-se
da angústia e das necessidades de Maria da Glória, corrompeu a inocência da menina. O Segundo é um
jovem de 17 anos, libertino precoce que esbanja a herança em orgias. Tem a pele amarrotada e profundas
olheiras. Um velho prematuro.
LAURA E NINA─ Meretrizes, como Lúcia, mas sem sua duplicidade de caráter. Não são
capazes de “descer tão baixo”, porém também não possuem a “nobreza e altivez” da protagonista.
JESSUÍNA E JACINTO ─ a primeira é uma mulher de 50 anos, seca e encarquilhada. Foi
quem recolheu Lúcia e a iniciou na prostituição, quando o pai expulsou a mocinha de casa. Jacinto é um
homem de 45 anos que “vive da prostituição das mulheres pobres e da devassidão dos homens ricos”.
Por seu intermédio Lúcia vendia as joias ricas que ganhava e enviava o dinheiro à família pobre. É ele
quem mantêm a ligação misteriosa no livro, entre Lúcia e a irmã Ana e cuida dos negócios dela.
ANA─ é a irmã de Lúcia, que a fez educar num colégio até os doze anos como se fosse sua
filha. Com a morte da irmã, Ana se torna o símbolo de continuação do amor de Paulo e Lúcia, embora
ele, em nome do amor por Lúcia se recuse a casar com a menina.
ENREDO
Paulo Silva, o personagem-narrador, é um rapaz de 25 anos, pernambucano, recém-chegado ao
Rio de Janeiro, em 1855, com a intenção de aí se estabelecer. No dia mesmo de sua chegada à corte (Rio
de Janeiro), após o jantar, sai em companhia de um amigo para conhecer a cidade. Na rua das Mangueiras
vê passar em um carro uma jovem muito bela. Um imprevisto faz parar o carro, dando a Paulo a
oportunidade de repará-la melhor. Dia após, em companhia de outro amigo, o Dr. Sá, Paulo participa da
festa de N. Senhora da Glória, quando lhe aparece a linda moça. Informando-se do amigo, fica sabendo
tratar-se de Lúcia, a prostituta mais bela, requintada e disputada da cidade. Mas ele se impressiona com a
"expressão cândida do rosto e a graciosa modéstia do gesto, ainda mesmo quando os lábios dessa mulher
revelam a cortesã franca e impudente."
Mais ou menos um mês após sua chegada, Paulo vai à procura de Lúcia, levado, é claro pelo
desejo de possuir aquela linda mulher. Após longa e agradável conversa, acaba se surpreendendo com o
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"casto e ingênuo perfume que respirava de toda a sua pessoa". A um mínimo lance de seus seios, "ela se
enrubesceu como uma menina e fechou o roupão" discretamente. E ele, que fora quente de desejos, agora,
na rua, se acha ridículo por não haver ousado mais. Além do que, o Dr. Sá lhe confirmara que "Lúcia é a
mais alegre companheira que pode haver para uma noite, ou mesmo alguns dias de extravagância."
No dia seguinte Paulo está de volta à casa da heroína. Ao seu primeiro ataque, Lúcia se opõe
com duas lágrimas nos olhos. Supondo ser fingimento, mostra-se aborrecido e ela reage atirando-se
completamente nua em seus braços, já que era isso que Paulo queria. Mas no auge do prazer do sexo,
Paulo percebe algo diferente nas carícias de Lúcia: mesmo no clímax do gozo, parece que ela sofria.
Sente, na hora, um imenso dó, ao que ela corresponde cinicamente: "- Que importa? Contanto que tenha
gozado de minha mocidade! De que serve a velhice às mulheres como eu?" Ele quer pagar-lhe, ela rejeita
com um meigo aperto de mão. E ele retira-se realmente confuso com "a singularidade daquela cortesã,
que ora levava a impudência até o cinismo, ora esquecia-se do seu papel no simples e modesto recato de
uma senhora".
E as informações que lhe chegam a seu respeito são as piores. O Cunha diz que ela é "a mais
bonita mulher do Rio e também a mais caprichosa e excêntrica. Ninguém a compreende. "Nunca fica
muito tempo com o mesmo amante, "pois não admite que ninguém adquira direitos sobre ela." Além do
mais, é avarenta. Vende tudo o que ganha. Até roupas. Para Paulo, no entanto, ela parece ser ao contrário
de tudo isso. Afinal, ela finge para ele ou já o ama? Paulo fica em dúvida atroz.
Por aqueles dias, numa ceia em casa do Sá, com pessoas (Lúcia, Paulo, Sr. Couto, Laura, Nina,
Rochinha, etc...) maldosamente convidadas para transformar a ceia em bacanal, Lúcia desfila toda nua,
imitando as poses lascivas dos quadros que estavam nas paredes, ante os olhares voluptuosos dos
presentes. Depois, em lágrimas, nos jardins da casa, ela se explica a Paulo. Fez aquilo por desespero, pois
ele havia zombado dela momentos antes: "se o Senhor não zombasse de mim, não o teria feito por coisa
alguma deste mundo..."E depois porque teria sido uma decepção total, afinal o que Sá pretendia era
mostrar a seu amigo Paulo quem era Lúcia. Não foi para isso que se deu essa ceia?! - explicou Lúcia. E
os dois se amaram profundamente, lá mesmo no jardim, á luz da lua, até de madrugada.”
Decorridos alguns dias, Paulo de certo modo passa a morar com Lúcia, e, apesar das
prevenções e restrições, mais e mais se liga a ela por afeto. Lúcia, por sua vez, já ama Paulo e se entrega e
ele como a um dono e senhor. Há momentos de atritos entre ambos. Passageiros, e todos causados pelo
egoísmo e incompreensão de Paulo que não entende as profundas transformações que o seu afeto operou
nela. E a tal ponto, que ela não suportaria mais a ideia de se lhe entregar na cama, pois sente por ele um
amor muito puro e profundo. E ele, levado mais por desejo que por afeto, não consegue aceitar esse
comportamento sublime.
As más línguas já comentam que Paulo, além de viver à custa de Lúcia, ainda a proíbe de
frequentar a sociedade. Lúcia que já então procurava viver mais retraída dispõe-se a voltar à vida
mundana apenas para salvar-lhe a reputação. Mas Paulo - complicado, sádico, estúpido e chato - não
compreende.
Lúcia já não vibra como outrora. Mesmo quando excitada por Paulo. É a doença que já se faz
sentir. Paulo não entende essa frieza e por vezes se exaspera. Ela sofre calada, pois reconhece que "o
amor para uma mulher como eu seria a mais terrível punição que Deus poderia infligir-lhe!". O grande
sentimento que os unia, arrefece, dando lugar a uma amizade simplesmente.
O comportamento de Lúcia é cada vez mais sublime e heroico. Já não existe mais nada da
antiga cortesã. E Paulo, por fim, entende essa nobreza de caráter e compreende o porquê das suas recusas.
Ela lhe recusava o corpo porque o amava em espírito. E também porque já está doente. Paulo promete
respeitá-la de ora em diante.
Lúcia um dia lhe revela todo o seu passado. Chamava-se Maria da Glória. Era uma menina
feliz de 14 anos e morava com os pais, quando, em 1850, sobreveio a terrível febre amarela. Seus pais, os
três irmãos, uma tia caíram de cama, Ela ficou só. No auge do desespero, resolveu pedir ajuda a um
vizinho rico, Sr. Couto, que em troca de algumas moedas de ouro tirou-lhe a inocência. "o dinheiro ganho
com a minha vergonha salvou a vida de meu pai e trouxe-nos um raio de esperança." Seu pai, porém,
sabendo da origem do dinheiro, e supondo ter a filha um amante, a expulsou de casa. Sozinha, sem ter
aonde ir, foi acolhida por uma mulher, Jesuína, que, quinze dias depois, à conduziu à prostituição,
estipulando pela beleza de seu corpo um alto preço. O dinheiro, ela o usava para cuidar do que restava da
família: "e eu tive o supremo alívio de comprar com a minha desgraça a vida de meus pais e de minha
irmã".
Uma colega de infortúnio foi morar com ela. Chamava-se Lúcia. Tornaram-se amigas. Lúcia
morreu pouco depois. No atestado de óbito, a heroína fez constar que a falecida se chamava Maria da
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Glória, adotando para si o nome da amiga morta. "Morri, pois para o mundo e para minha família. Meus
pais choravam sua filha morta; mas já não se envergonhavam de sua filha prostituída." E todo dinheiro
que ganhava, destinava-o à preparação de um dote para sua irmã, Ana, a qual passou a manter num
colégio interno depois da morte dos pais.
Agora Paulo compreende ainda melhor as atitudes misteriosas e contraditórias que Lúcia
tomava como cortesã. É que esse gênero de vida lhe parecia sórdido e abjeto. Ela suportava como a um
martírio, uma autopunição, uma maneira de reparar o seu pecado. Conhecido se passado heroico, ele
passa a sentir por Lúcia uma grande ternura e um amor sincero.
Seguem-se dias tranquilos. Lúcia muda-se para uma casinha modesta e Ana mora com ela.
"isto não pode durar muito! É impossível!" É o pressentimento da morte. Lúcia tenta convencer Paulo a
se casar com Ana, que já o ama também. Seria uma maneira de perpetuar o amor de ambos, já que ela se
julga indigna do puro amor conjugal. Paulo rejeita com veemência em nome do amor que não sente por
Ana.
Lúcia aborta o filho que esperava de Paulo. Ela se recusa a tomar remédio para expelir o feto
morto, dizendo "Sua mãe lhe servirá de túmulo". E já no leito de morte, recebe o juramento de Paulo
prometendo-lhe cuidar de Ana como sua filha. E morre docemente nos braços de seu amado, indo amá-lo
por toda a eternidade.
TESTES
1) ( UFPR 2014)Leia com atenção dois fragmentos de Lucíola, de José de Alencar.
Se tivesse agora ao meu lado o Sr. Couto, estou certo que ele me aconselharia para as ocasiões difíceis
uma reticência. Com efeito, a reticência não é a hipocrisia no livro, como a hipocrisia é a reticência na
sociedade?
Sempre tive horror às reticências; nesta ocasião antes queria desistir do meu propósito, do que desdobrar
aos seus olhos esse véu de pontinhos, manto espesso, que para os severos moralistas da época, aplaca
todos os escrúpulos, e que em minha opinião tem o mesmo efeito da máscara, o de aguçar a curiosidade.
(p.253-254)
Quando a mulher se desnuda para o prazer, os olhos do amante a vestem de um fluido que cega; quando a
mulher se desnuda para a arte, a inspiração a transporta a mundos ideais onde a matéria se depura ao
hálito de Deus; quando porém a mulher se desnuda para cevar, mesmo com a vista, a concupiscência de
muitos, há nisto uma profanação da beleza e da criatura humana, que não tem nome.
É mais do que a prostituição: é a brutalidade da jumenta ciosa que se precipita pelo campo, mordendo os
cavalos para despertar-lhes o tardo apetite. (p. 258) ALENCAR, José de. Lucíola. Ficção completa e outros escritos, vol 1. Rio de
Janeiro: Aguilar, 1965.
Considere as afirmativas abaixo:
1. A estratégia narrativa de Lucíola superpõe, entre o real e o ficcional, três figuras autorais: José de
Alencar, o escritor do romance; Paulo, o autor das cartas em primeira pessoa; G.M, a destinatária que as
organiza em forma de livro, atribuindo-lhe o título.
2. Apesar de situado no romantismo brasileiro, Lucíola inaugura o naturalismo na literatura brasileira ao
explicar a sensualidade e a prostituição da protagonista como consequência do meio em que vive: a
sociedade degradada da Corte no ano de 1855.
3. O grande amor de Paulo por Lúcia faz com que ele conheça profundamente os sentimentos e
pensamentos da amada, gerando em alguns momentos uma oscilação entre a narração em primeira pessoa
e a narração onisciente.
4. Paulo é ao mesmo tempo personagem do acontecimento passado e narrador do relato presente. A
distância de seis anos possibilita comentários, conclusões e reflexões, deixando clara a diferença temporal
entre viver e narrar o vivido.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
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2) (PUCPR) ─ Assinale a alternativa correta. José de Alencar, na variedade de romances que escreveu
(urbanos, indianistas, de costumes, históricos, perfis de mulher), pretendia construir:
a) uma obra romanesca com os aspectos fundamentais da vida brasileira;
b) o novo romance brasileiro;
c) uma descrição da capacidade criativa do escritor brasileiro;
d) uma oposição ao romance brasileiro sem qualidade literária que o precedeu;
e) uma história indianista do Brasil.
3) Leia a seguinte transcrição e assinale a alternativa correta:
A corte tem mil seduções que arrebatam um provinciano aos seus hábitos, e o atordoam e preocupam
tanto, que só ao cabo de algum tempo o restituem à posse de si mesmo e ao livre uso de sua pessoa.
Assim me aconteceu. Reuniões, teatros, apresentações às notabilidades políticas, literárias e financeiras
de um e outro sexo; passeios aos arrabaldes; visitas de cerimônia e jantares obrigados; tudo isto encheu
o primeiro mês de minha estada no Rio de Janeiro.
a) O fragmento traz as impressões do narrador de Amar, verbo intransitivo, de Mário de Andrade, quando
do registro de sua viagem à corte.
b) O fragmento traz as impressões do narrador de Esaú e Jacó, de Machado de Assis, quando de sua
chegada à corte.
c) o fragmento revela a visão que o narrador de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto,
possuía a respeito do Rio de Janeiro.
d) O fragmento contém as impressões de Paulo, o narrador de Lucíola, de José de Alencar, a
respeito do Rio de Janeiro.
e) O fragmento contém a percepção que o narrador do conto “o segredo”, de Lygia Fagundes Telles, tem
do Rio de Janeiro.
4) (ITA-SP) ─ O romance Lucíola pertence á chamada fase urbana da produção ficcional de José de
Alencar, neste livro:
a) o autor discute a desigualdade social no meio urbano;
b) O autor mostra a prostituição como um grave problema social urbano;
c) Não há uma típica narrativa romântica, pois o autor fala de prostituição, que é um tema naturalista;
d) não excite a presença do amor; há apenas promiscuidade sexual.
e) o autor focaliza o drama da prostituição na esfera do indivíduo, mostrando a diferença entre o
ser e o parecer.
5) Leia o trecho a seguir de Lucíola, romance de José de Alencar.
Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla até o africano puro; todas as posições, desde as
ilustrações da política, da fortuna ou do talento, até o proletário humilde e desconhecido; todas as
profissões, desde o banqueiro até o mendigo; finalmente, todos os tipos grotescos da sociedade
brasileira. Desde a arrogante nulidade até a vil lisonja, desfilaram em face de mim, roçando a seda e a
casimira pela baeta ou pelo algodão, misturando os perfumes delicados à impuras exaltações, o fumo
aromático do havana às acres baforadas do cigarro de palha.
O texto reflete uma das preocupações do autor em suas obras que foi:
a) criticar o preconceito racial e social no personagem representante da elite brasileira;
b) mostrar um panorama da vida nacional refletida na miscigenação racial e social;
c) destacar os vícios da sociedade brasileira, principalmente em relação à falta de higiene;
d) evidenciar a escandalosa segregação social promovida pelos ricos contra os mais pobres;
e) Ilustrar com um painel realista o nivelamento de toda a sociedade, sem distinção de ou cor, e em todos
os vícios imagináveis.
6) No texto de José de Alencar, os elementos literários que estruturam a narrativa ajustam-se com
perfeição à estética do Romantismo. Observe o fragmento abaixo:
Uma brisa ligeira, ainda impregnada das evaporações das águas, refrescava a atmosfera. Os lábios
aspiravam com delícias o sabor desses puros bafejos, que lavavam os pulmões fatigados de uma
respiração árida e miasmática. Os olhos se recreavam na festa campestre e matutina da natureza
fluminense, da qual as belezas de todos os climas são convivas. Subia a passo curto e repousado a
ladeira de Santa Teresa, calculando a hora de minha chegada pelo despertar de Lúcia; o meu
pensamento porém se abria as asas, e precedendo-me, ia saudar a minha doce e terna amida.
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Identifique a alternativa em que o elemento literário apresentado não se relaciona aos princípios estéticos
do Romantismo
a) Visão subjetiva da realidade que se apresenta impregnada de emoção e sensibilidade;
b) a natureza “significa e revela” é expressiva;
c) Como se nota no segundo período, dá-se destaque aos aspectos negativos e doentios da natureza
humana;
d) a mulher é exaltada e envolta numa aura de doce e terna beleza.
e) o sujeito é o fulcro central da visão romântica do mundo.
7) Sobre o romance Lucíola e seu autor, José de Alencar, é correto afirmar que:
a) a protagonista, Lúcia, escapa ao padrão de personagem feminina romântica, pois revela-se uma mulher
forte e decidida, que age de forma racional em todas as circunstâncias de sua vida, jamais se deixando
levar pelos sentimentos;
b) dentro da produção romanesca de José de Alencar, Lucíola caracteriza-se como uma obra que expressa
a idealização das virtudes e o heroísmo das personagens, uma vez que os conflitos são apenas de ordem
sentimental, não figurando as desarmonias geradas no âmbito da convivência social;
c) influenciado pelo pensamento positivista e cientificista que dominava a época, final do século XIX, o
romance mostra personagens cujos comportamentos são atribuídos à ação do meio em que vivem e à
herança genética;
d) Alencar foi um escritor exemplarmente romântico, mas um romântico que tem tutano, capaz de
criar um amor como esse de Lúcia e Paulo. Um amor vivo, amor de carne e espírito, tão intenso que
eles são capazes de sublimar até mesmo as solicitações do sexo, quando é dessa renúncia que se vai
fazer o amor maior.
e) o romance Lucíola é uma das obras mais representativas da ficção de José de Alencar. Nesse livro,
encontramos a formulação do ideal do amor romântico: o amor verdadeiro e absoluto, quando pode se
realizar, leva ao casamento feliz e indissolúvel.
8) Assinale a alternativa incorreta a respeito de Lucíola, de José de Alencar.
a) É Paulo─ como protagonista─ simultaneamente agente da narração e objeto da narrativa.
b) É um romance que apresenta uma pluralidade de olhares narrativos, principalmente na caracterização
da personagem Lúcia.
c) É um romance que traz uma visão alienada da sociedade urbana do Rio de Janeiro, por focalizar
unicamente o drama individual da protagonista.
d) É através do distanciamento temporal que a narrativa se torna possível, pois a narração é ativada pela
memória.
e) É a protagonista construída em dualidade, uma vez que, dissociando corpo e alma, ela também tem
dois nomes, duas casas, dois estilos de vida.
9) Em relação a Lucíola, de José de Alencar, assinale a alternativa incorreta.
a) A obra apresenta muito adequadamente o tema da prostituta regenerada, bem ao gosto do Romantismo.
b) O narrador tem, além dos leitores da obra, explicitamente uma interlocutora como personagem-
leitora.
c) A narrativa se constrói em dois tempos muito bem marcados: o da vivência e o da narração de
vivência.
d) A aparição da Maria da Glória resolve todos os problemas da personagem Lúcia, porque aponta
o caminho da expiação da culpa, construindo um final feliz para a narrativa.
e) É possível perceber nesse romance a presença de muitos paradoxos românticos ( virtude x vício, alma
x corpo, amor x prazer, ingenuidade x devassidão, família x prostituição).
10) De acordo com a leitura da obra Lucíola, de José de Alencar, julgue as afirmativas e, a seguir, marque
a alternativa correta.
I- Há, em Lucíola, um clima de sensualidade constante, combinando com ardor e sofrimento, bem no
clima da literatura romântica que predominava na segunda metade do século XIX.
II- o romance entre os protagonistas, Lúcia e Paulo, “sacode” a Corte e provoca um excitado burburinho
na sociedade. De um lado, a mulher que, sendo de todos, jurava não se prender a nenhum homem: de
outro, o homem em dúvida entre o amor e o preconceito.
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III- O foco narrativo é em 3ª pessoa; o narrador-observador não participa da história; com isso, há um
forte apelo à imaginação do leitor.
IV Em Lucíola, o amor não resiste às barreiras sociais e morais. Assim é o romance da bela Lúcia, a mais
rica e cobiçada cortesã do Rio de Janeiro, e Paulo jovem modesto e frágil.
a) Apenas a afirmativa I é correta.
b) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas.
c) Apenas as afirmativas I e IV são corretas.
d) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
e) Apenas as afirmativas I e II e III são corretas.
11) Leia o texto para responder à questão.
Uma mulher como eu não se pertence: é uma coisa pública, um carro de praça, que não pode recusar
quem chega. (Lucíola, de José de Alencar).
Pelas palavras da protagonista, percebe-se um forte desabafo. Esse sentimento é consequência:
a) de submissão, que é característica da própria personagem;
b) do forte apego que Lucíola tinha a sua família;
c) da impossibilidade de se manter como centro do poder e do domínio;
d) de resignação, recusando-se a abandonar sua vida para viver com Paulo;
e) de velhos preconceitos, já que a sociedade primava pelos bons costumes.
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