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CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CONSIDERAÇÕES SOBRE A HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO AERÓBIO
João Henrique Fregueto
LONDRINA – PARANÁ
2009
JOÃO HENRIQUE FREGUETO
CONSIDERAÇÕES SOBRE A HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO AERÓBIO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para sua conclusão.
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Esp. Allan Bussman Universidade Estadual de Londrina
______________________________________
Prof. Ms. Vilma Schwald Babboni Universidade Estadual de Londrina
______________________________________
Prof. Esp. Maria de Lourdes Ferreira Universidade Estadual de Londrina
Londrina, ____ de____________ de 2009.
A Deus; A meu pai, Divomar S. Fregueto;
A minha sobrinha, Ana L. Fregueto; Sem eles, nada teria sentido.
AGRADECIMENTOS
A minha Família, pelo apoio; Aos colegas de classe, pela ajuda em todos os momentos, e pelo incentivo a
sempre buscar a superação; Aos amigos, por me incentivarem a sempre prosseguir, em especial: Franciele Marconi, Kley Cavalcante, Ricardo Trevisan, Sayuri Yabuki, Tadao Nishida; e
tantos outros que se fizeram presentes durante a graduação; Ao professor orientador Allan Bussmann; e aos membros da banca avaliadora:
Professora Maria de Lourdes Ferreira e Professora Vilma Shwald Babboni A todos os professores que se fizeram presentes durante a graduação, nas disciplinas de modo geral, nos estágios obrigatórios e monitoria acadêmica.
FREGUETO, João Henrique. Considerações sobre a Hipotensão Pós-Exercício Aeróbio. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2009.
RESUMO
Dados recentes mostram alta incidência de hipertensão arterial em indivíduos
adultos, e principalmente em idosos, sendo esta um importante fator de risco
para o aparecimento de doenças cardiovasculares. Estudos demonstram um
efeito benéfico da atividade física para redução dos níveis de pressão arterial
em repouso após o exercício, fenômeno este denominado hipotensão pós-
exercício. A hipotensão pós-exercício é a redução dos níveis pressóricos, após
a prática do exercício, a valores abaixo dos verificados antes do inicio de sua
prática e pode ser benéfica tanto para hipertensos e pré-hipertensos, quanto
para normotensos. O objetivo do presente trabalho foi o de reunir estudos que
avaliaram a ocorrência de hipotensão pós-exercício aeróbio, e verificar as
principais considerações para que se observe essa redução dos níveis de
pressão arterial. O que ficou evidenciado é que o exercício de baixa ou
moderada intensidade e longa duração demonstra ser o mais indicado para
que ocorra a redução pressórica esperada. Não é possível precisar quais as
condições ideais para que ocorra hipotensão pós-exercício, devido às
diferenças entre os protocolos de cada estudo.
Palavras chave: hipotensão pós-exercício, exercício aeróbio, pressão arterial.
FREGUETO, João Henrique. Considerations about Dynamic Post-exercise Hypotension. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2009.
ABSTRACT Recent data showed a high incidence of arterial hypertension in adults, and
mainly elderly, being an important risk factor for the appearance of
cardiovascular diseases. Studies established beneficial effect of physical
activity to reduce levels of blood pressure in rest after exercise, a phenomenon
called post-exercise hypotension. The post-exercise hypotension is the
reduction in the pressure levels, after the exercise training, to values below
those recorded before the start of practice and it can be beneficial both for
hypertensive and pre-hypertensive, as for normotensive. The objective of this
work was to gather studies evaluated the occurrence of aerobic post-exercise
hypotension, and check the main considerations that reduction of blood
pressure. Which evidenced is that the exercise of low and moderate intensity
and long duration is shown to be the most indicated to occurrence of blood
pressure reduction expected. Can not specify what the conditions ideal to occur
post-exercise hypotension, due to differences between the protocols of each
study.
Keywords: Post-exercise hypotension, dynamic exercise, blood pressure.
Sumário 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................... 08
2 – JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 10
3 – OBJETIVOS ....................................................................................................... 11
3.1 – Objetivo Geral ................................................................................................. 11
3.2 – Objetivo Específico .......................................................................................... 11
4 – MÉTODOS ......................................................................................................... 12
5 – REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 13
5.1 – Hipertensão Arterial ......................................................................................... 13
5.2 – Exercício Físico e Hipotensão ......................................................................... 13
5.3 – Exercício Aeróbio e Hipotensão Pós-exercício ................................................ 14
5.4 – Efeito da duração do exercício sobre a hipotensão pós-exercício .................. 16
5.5 – Hipotensão pós-exercício e intensidade do exercício ..................................... 18
5.6 – Resposta da pressão arterial ao treinamento físico ........................................ 20
5.7 – Efeito do tipo de exercício aeróbio sobre a resposta hipotensiva .................... 21
5.8 – Fatores associados à hipotensão pós-exercício .............................................. 22
5.9 – Hipotensão pós-exercício em pessoas com cardiopatia ou doença renal ....... 23
5.10 – Hipotensão pós-exercício em idosos ............................................................. 23
5.11 – Hora da sessão de exercício e resposta pressórica; horários de maior
hipotensão pós-exercício ................................................................................. .24
5.12 – Hipotensão pós-exercício em mulheres ........................................................ 25
5.13 – Etnia e hipotensão pós-exercício .................................................................. 26
5.14 – Hipotensão pós-exercício em atletas............................................................. 26
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 27
7 - CONCLUSÕES ................................................................................................... 31
8 - REFERÊNCIAS ................................................................................................... 33
8
1 – Introdução
Segundo dados recentes, cerca de 20 a 30% da população adulta, e
50% da população idosa estão enquadrados em um estágio de hipertensão
arterial. Sendo este um importante fator de risco para manifestação de doenças
coronárias, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral e
doenças renais, as quais apresentam alta morbi-mortalidade (AIRES, 2008).
Trata-se de uma síndrome com causas múltiplas, caracterizada por níveis
tensionais elevados, normalmente associados a distúrbios metabólicos,
hormonais e hipertrofias cardíaca e vascular (BRUM et al. in NEGRÃO e
BARRETTO, 2006). Uma redução na pressão arterial sistólica de apenas
2mmHg pode reduzir até 6% das mortes por acidente vascular cerebral e até
4% por cardiopatia. Além disso, uma queda da pressão arterial alta pode
também reduzir a progressão da demência e a deterioração cognitiva, que são
mais comuns nas pessoas com hipertensão (McARDLE, KATCH e KATCH,
2008).
A partir disso estudos na literatura têm procurado meios para o controle
da pressão arterial, a fim de reduzir a prevalência destes problemas. Esses
podem ser farmacológicos e não-farmacológicos. Não-farmacológicos estão
diretamente relacionados à mudança no estilo de vida, como hábitos
alimentares e aumento dos níveis de atividade física (Joint National Committee
on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure,
apud FARINATTI et al., 2005).
Sendo assim, modificações no estilo de vida têm-se mostrado eficientes
na prevenção e no controle dos níveis tensionais elevados e são indicados a
todos os hipertensos e a indivíduos normotensos com historia familiar de
doença cardiovascular. As modificações que tem se mostrado eficientes na
redução dos níveis de pressão arterial são principalmente: redução do peso
corporal, diminuição da ingestão de sal e bebidas alcoólicas, não utilização de
drogas que elevem a pressão arterial e prática regular de exercício físico
(BRUM et al. in NEGRÃO e BARRETTO, 2006).
Dentre esses meios, a prática de exercícios físicos pode levar a
reduções na pressão arterial pós-exercício, dessa maneira a realização de
exercício moderado como um tratamento não-farmacológico para a hipertensão
9
tem sido bastante elucidado (McARDLE, KATCH e KATCH, 2008). Estudos que
utilizaram o exercício físico como forma de redução da pressão arterial tem
demonstrado bons resultados (URATA et al., 1987; MEDIANO et al., 2005),
tanto em indivíduos hipertensos (MEDIANO et al., 2005) quanto em indivíduos
normotensos (FORJAZ et al., 1998).
Os mecanismos responsáveis por essa redução na pressão arterial após
o término de uma atividade ainda não estão completamente claros (NEGRÃO e
RONDON, 2001). Principal motivo disso são as diferentes respostas
encontradas (NEGRÃO e RONDON, 2001; KULICS, COLLINS e DICARLO,
1999; BRUM et al., 2000) tanto nos mecanismos responsáveis por isso, quanto
na duração e intensidade do efeito hipotensor relacionado à duração e
intensidade do exercício (FORJAZ et al., 1998). Além da intensidade, duração,
tipo (aeróbio ou força), os quais podem influenciar as respostas obtidas e
dessa maneira torna-se difícil verificar as respostas hipotensoras.
10
2 – Justificativa
Sabe-se que existem diversos estudos de revisão a respeito do efeito
hipotensivo do exercício, e o que todos eles apontam são resultados não
conclusivos a respeito da magnitude da hipotensão pós-exercício, bem como
os mecanismos responsáveis por esta resposta (NEGRÃO e RONDON, 2001).
Sendo assim, revisões adicionais poderiam corroborar para melhores
esclarecimentos a respeito do tema, reunindo as principais considerações
sobre os mecanismos responsáveis pela redução da pressão arterial de
repouso, e também quais os tipos e intensidades de exercícios trouxeram mais
benefícios para que ocorresse essa redução nos níveis pressóricos. Esta
revisão reuniu estudos que avaliaram a hipotensão pós-exercício em diferentes
situações ou populações, a fim de facilitar a prescrição de treinamentos para
populações com hipertensão arterial ou grupos de risco para o surgimento
desta síndrome. Existe também a pretensão de que os diferentes estudos
apresentados neste trabalho respondam possíveis dúvidas a respeito do
tratamento da hipertensão arterial através do exercício aeróbio.
11
3 – Objetivos 3.1 – Objetivo Geral
Buscar na literatura os resultados a respeito da hipotensão pós-exercício
e os possíveis mecanismos responsáveis por isso.
3.2 – Objetivo Específico
Reunir estudos que compreendam o exercício físico e a hipotensão após
a sua prática de forma aguda ou crônica e suas principais considerações
quanto a intensidade, tipo, duração, mecanismos responsáveis e outros
possíveis fatores, em indivíduos hipertensos ou normotensos, e demonstrar os
principais resultados a respeito da redução da pressão arterial após a prática
de atividade física aeróbia tanto em curto prazo (exercício agudo), como em
longo prazo (exercício crônico) e como a atividade física ou o exercício físico
pode ser um importante meio para a redução dos níveis de pressão arterial de
repouso.
12
4 – Métodos
Foi realizada busca de estudos que se propuseram a avaliar o efeito
hipotensor do exercício aeróbio, a fim de reunir informações sobre este
fenômeno, por meio de pesquisas na internet em sites de busca de artigos,
livros e revistas de educação física e áreas relacionadas. Os principais termos
adicionados às buscas foram hipotensão pós-exercício; atividade física;
exercício físico e hipertensão arterial; respostas da pressão arterial, e suas
correspondentes na língua inglesa, de forma isolada ou combinada. Foram
utilizados estudos publicados nos idiomas português e inglês sem restrição de
data.
13
5 – Revisão da Literatura
5.1 – Hipertensão Arterial
A hipertensão arterial (HA) constitui sério problema de saúde pública em
todo o mundo, particularmente no Brasil, pela alta prevalência e por destacar-
se como importante fator de risco cardiovascular (AMADO e ARRUDA, 2003).
O tratamento não-medicamentoso pode controlar a hipertensão leve;
quando associado com o tratamento farmacológico, pode melhorar o controle
do paciente com hipertensão moderada / grave (LOPES, BARRETO FILHO e
RICCIO, 2003).
5.2 – Exercício físico e hipotensão
Hipotensão pós-exercício é definida como uma redução na pressão
arterial sistólica e/ou diastólica abaixo dos níveis de controle após uma única
sessão de exercício (KENNEY e SEALS, 1993).
O exercício físico agudo e crônico, desde que adequadamente planejado
quanto a sua duração e intensidade, pode ter um efeito hipotensor importante,
em animais geneticamente hipertensos e em humanos com hipertensão arterial
essencial (NEGRÃO e RONDON, 2001).
Estudos realizados nas últimas décadas mostram que existem poucas
dúvidas quanto ao efeito benéfico do exercício físico crônico na hipertensão
arterial (URATA et al., 1987; MEDIANO et al., 2005). Quanto ao efeito agudo
também são encontrados resultados positivos quanto à redução da pressão
arterial (NEGRÃO e RONDON, 2001; FORJAZ et al., 1998).
Reduções relativamente prolongadas da pressão arterial pós-exercício
justificam as recomendações de múltiplos períodos de atividade física
entremeados durante o dia inteiro (McARDLE, KATCH e KATCH, 2008).
O tipo de atividade executada e intensidade também são fatores que vão
influenciar a observação ou não de hipotensão pós-exercício, assim como o
tempo de permanência. Tomasi et al. (2008) e Bermudes et al. (2003)
encontraram redução significativa da pressão arterial pós-exercício em
exercícios aeróbios quando comparados com exercícios de força, Negrão e
14
Rondon demonstraram que intensidades moderadas são mais eficazes para
ocasionar hipotensão pós-exercício do que intensidades altas, Forjaz et al.
(1998) demonstraram que quanto maior for o tempo que o individuo permanece
em atividade, maior será o efeito hipotensor e a duração desse efeito.
Cléroux et al. (1992) demonstraram que uma sessão de exercício em
bicicleta ergométrica, em intensidade moderada, é eficiente para reduzir de
forma significativa o nível pressão arterial de hipertensos, o que não foi
observado nos indivíduos normotensos que realizaram a mesma sessão de
exercício.
Pacientes hipertensos apresentam diminuição mais acentuada da
pressão arterial após a prática de exercícios físicos quando comparados com
indivíduos normotensos (NEGRÃO e FORJAZ, 1994).
Ao longo da última década aumentaram progressivamente o número de
estudos que mostram o efeito hipotensor do exercício físico no período pós-
exercício (NEGRÃO e FORJAZ,1994).
Estudos têm demonstrado um efeito benéfico do exercício de
força (MEDIANO et al, 2005) e aeróbio (BERMUDES et al., 2003) sobre a
redução da pressão arterial pós-exercício. Segundo Hamer (2006) o exercício é
associado com benefícios anti-hipertensivos, mas apesar das longas pesquisas
sobre a dose ótima de exercício (aspectos como frequência de treino,
intensidade e tempo), necessária para reduzir a pressão arterial ou manter o
nível pressórico normal, os resultados ainda permanecem obscuros.
5.3 – Exercício aeróbio e hipotensão pós-exercício
Negrão e Rondon (2001) analisando os mecanismos hipotensores
pós-exercício, evidenciaram que o efeito agudo hipotensivo encontrado após a
realização de exercícios físicos está relacionado mais ao tempo de execução
do que a intensidade. Segundo estes autores, os mecanismos que são
responsáveis por esta resposta hipotensiva ao exercício físico ainda não estão
totalmente claros, porém, acredita-se que essa se deva a uma redução no
débito cardíaco, associado a um menor volume sistólico.
Por sua vez o treinamento crônico a 50% do consumo de oxigênio pico,
foi mais eficiente para causar a hipotensão pós-exercício que um treinamento a
15
85% do consumo de oxigênio pico, pois em seu estudo realizado com ratos
espontaneamente hipertensos Negrão e Rondon (2001) observaram que a alta
intensidade não provocou a resposta esperada, ou seja, a queda na pressão
arterial, o que é contrário ao encontrado no treinamento moderado. Estudando
o controle autonômico da pressão arterial destes ratos, estes autores
encontraram que a diminuição da freqüência cardíaca, após o exercício
moderado, se deu por uma redução do tônus simpático no coração, o que na
verdade foi uma normalização deste tônus.
Kulics, Collins e Dicarlo (1999) submeteram ratos espontaneamente
hipertensos a um protocolo de exercícios a fim de observar quais mecanismos
seriam responsáveis pela hipotensão pós-exercício, divididos em dois
protocolos, onde no primeiro grupo foram determinados o débito cardíaco e a
resistência periférica total, antes, durante e depois do exercício. No segundo
grupo foi registrada a atividade nervosa simpática lombar antes e após o
exercício. O exercício dinâmico leve (9-12 m/min, 10%, por 40 minutos)
resultou em uma redução da pressão arterial média após o exercício,
associado a isso ocorreu uma redução na resistência periférica total, e uma
elevação do débito cardíaco. As reduções na pressão arterial e resistência
periférica total foram associadas com uma redução da atividade nervosa
simpática lombar. Estes resultados sugerem que a hipotensão pós-exercício é
mediada por reduções na resistência periférica total e atividade nervosa
simpática.
O treinamento físico atenua a hipertensão e aumenta a sensibilidade
barorreflexa na hipertensão espontânea. Um período de treinamento físico com
duração de 13 semanas aumentou o ganho de sensibilidade do barorreceptor
aórtico em ratos normotensos e espontaneamente hipertensos, melhorando
assim a sensibilidade barorreceptora, que resultará em uma regulação da
pressão arterial mais eficiente através do barorreflexo (BRUM et al., 2000).
O decréscimo no tônus simpático cardíaco e na frequência cardíaca
depois de um treinamento físico de baixa intensidade provavelmente tem
consequências hemodinâmicas em ratos espontaneamente hipertensos. Véras-
Silva et al. (1997) analisaram os efeitos do treinamento físico de baixa e alta
intensidade na pressão arterial de repouso, débito cardíaco, e resistência
periférica total em ratos espontaneamente hipertensos. Foram designados três
16
grupos, sedentários, treinados em alta intensidade (85% do consumo máximo
de oxigênio) e treinados em baixa intensidade (55% do consumo máximo de
oxigênio), em um treino com frequência semanal de cinco dias, e duração de
60 minutos, num período de 18 semanas. O treino de baixa intensidade, ao
contrario do de alta, demonstrou uma redução na frequência cardíaca e no
débito cardíaco e, por consequência, atenuou a hipertensão em ratos
espontaneamente hipertensos.
Apesar de muito estudada, ainda não se sabe ao certo quais são os
mecanismos responsáveis pela hipotensão pós-exercício. Evidências apontam
que reduções nas atividades nervosas simpáticas cardíacas e periféricas sejam
responsáveis por tal resposta pressórica ao exercício (FORJAZ, RONDON e
NEGRÃO, 2005).
5.4 – Efeito da duração do exercício sobre a hipotensão pós-exercício
Com relação à duração do exercício ainda não se tem conhecimento de
qual o tempo da sessão é ideal para que ocorra hipotensão pós-exercício.
Christofaro et al. (2008) utilizaram-se de normotensos para demonstrar o
efeito da duração da sessão de exercício sobre a magnitude da hipotensão
pós-exercício. Com três grupos, sendo um deles realizando 20 minutos de
atividade em esteira (75% da frequência cardíaca máxima prevista), o segundo
grupo realizando 40 minutos de mesma atividade e mesma intensidade e o
terceiro grupo não realizando nenhuma atividade, estes autores demonstraram
efeito da duração da sessão de exercício sobre a magnitude da resposta
pressórica, indicando que atividades com maior duração (40 minutos) são mais
eficientes para que se observe a ocorrência do fenômeno hipotensão pós-
exercício.
O que também é demonstrado através do estudo de Forjaz et al. (1998)
que comparou o efeito da duração do exercício sobre a magnitude e duração
da hipotensão pós-exercício. O exercício com duração de 45 minutos resultou
uma hipotensão pós-exercício de maior magnitude e duração que a sessão
com duração de 25 minutos, quando comparados com o grupo controle.
Jones et al. (2007) submeteram um grupo de normotensos fisicamente
ativos a sessões de exercício com as seguintes durações e intensidades: 30
17
minutos em bicicleta ergométrica semi-inclinada e intensidade de 70% do VO2
pico, 30 minutos de mesmo exercício com intensidade de 40% do VO2 pico e
uma terceira sessão com intensidade de 40% do VO2 pico, porém com duração
correspondente ao trabalho total feito no primeiro teste (70% do VO2 pico). A
pressão arterial sistólica foi significativamente mais baixa após os exercícios
realizados na intensidade de 70% do VO2 pico, e 40% do VO2 pico com
trabalho total correspondente à primeira sessão. O que demonstra que o
exercício de intensidade mais elevada e duração mais curta, têm o mesmo
efeito hipotensor que um exercício de intensidade mais baixa e duração
prolongada em indivíduos normotensos e fisicamente ativos.
A duração mínima de uma sessão de exercício necessária para que
ocorra a hipotensão pós-exercício ainda não foi estabelecida. Guidry et al.
(2006) compararam o efeito da duração da sessão de exercício na resposta
hipotensiva após a sua prática em 45 homens com pressão arterial elevada. De
forma aleatória os sujeitos realizaram duas sessões com intensidades de 40 ou
60% do consumo máximo de oxigênio em bicicleta, sendo uma sessão com
duração de 15 e outra com duração de 30 minutos. A pressão arterial foi
aferida através da MAPA (Monitoração Ambulatorial da Pressão Arterial).
Durante 9 horas a pressão arterial sistólica aumentou após todas as condições,
mas quando comparado com o dia controle foi verificado redução após ambas
as durações de exercício com as duas intensidades. A pressão arterial
diastólica reduziu depois de todas as condições de exercício durante 9 horas
após as sessões. O efeito hipotensivo do exercício de baixa intensidade e curta
duração pode ser comparado ao efeito de uma sessão com intensidade mais
elevada e maior duração.
MacDonald, MacDougall e Hogben (2000) utilizaram dois protocolos
para determinar o efeito da duração na resposta hipotensiva do exercício
aeróbio. No primeiro protocolo, 13 normotensos realizaram sessões de
exercício em bicicleta ergométrica com durações de 15, 30 e 45 minutos a 70%
do VO2 pico. Após o exercício, a pressão arterial sistólica demonstrou reduções
semelhantes entre os três testes. A redução da pressão arterial diastólica
também não foi afetada pela duração do exercício. No segundo protocolo, oito
hipertensos realizaram o mesmo exercício, com mesma intensidade, porém
com durações de 10 e 30 minutos. A pressão arterial sistólica apresentou
18
reduções similares após os dois testes. A pressão arterial diastólica também
não foi afetada pela duração do exercício, apresentado reduções semelhantes
após as duas durações.
Rebelo et al. (2001) analisaram o efeito de diferentes volumes de
intensidade sobre a resposta pressórica pós-exercício em indivíduos
hipertensos controlados, com idades entre 35 e 65 anos, praticantes de
exercícios físicos regulares. Foram realizados exercícios em ciclo ergômetro,
em intensidade de 75% da frequência cardíaca máxima, as sessões tiveram
duração de 25 ou 45 minutos. A pressão arterial foi verificada antes, logo após
e 30 minutos após a realização das sessões experimentais e controle. Foi
verificado reduções nos níveis pressóricos após as sessões experimentais
quando comparadas com as sessões controle, sem exercício físico. Foi
observado também que a duração do exercício tem efeito sobre a hipotensão
pós-exercício, sendo observado maiores reduções da pressão arterial após a
sessão de 45 minutos quando comparada com a sessão de 25 minutos,
quando comparadas com a sessão controle.
Segundo Negrão e Forjaz (1994) o exercício aeróbio de baixa
intensidade e duração prolongada é mais benéfico ao individuo hipertenso.
5.5 – Hipotensão pós-exercício e intensidade do exercício
Ainda não existe um consenso na literatura sobre qual intensidade do
exercício aeróbio é mais eficiente para que ocorra hipotensão pós-exercício,
diversos estudos têm analisado o efeito de diferentes intensidades sobre a
reposta hipotensiva que se observa após o exercício aeróbio.
Pescatello et al. (2004) analisaram o efeito da intensidade sobre a
hipotensão pós-exercício, em normotensos e hipertensos estágio 1. Em
intensidades moderadas e leves, em exercícios realizados em bicicleta, foi
relatada hipotensão pós-exercício. O que levou os autores a concluírem que
ambas as intensidades (leve 40% e moderado 60% do consumo máximo de
O2) provocaram hipotensão pós-exercício durante o dia (monitorado durante 9
horas após o término da sessão) e que exercícios dinâmicos de baixa
intensidade, como caminhar, contribuem para o controle da pressão arterial em
homens hipertensos.
19
Segundo Roger et al. (1996) o stress psicológico vem sendo associado
com o desenvolvimento de hipertensão. O exercício aeróbio aparenta reduzir
as respostas cardiovasculares ao stress psicológico. O objetivo foi determinar a
eficácia do treino de baixa e moderada intensidade na redução da pressão
arterial e das respostas cardiovasculares ao stress psicológico, em hipertensos.
Após 12 semanas de treinamento, os autores demonstram que a pressão
arterial média, no grupo treinado em intensidade baixa (em torno de 45% do
consumo máximo de oxigênio), foi reduzida, assim como a resposta da pressão
arterial sistólica e da pressão arterial diastólica ao exercício, ocorrendo também
uma redução na pressão arterial de repouso, demonstrando assim que o
exercício de baixa intensidade é aparentemente mais efetivo que o exercício de
intensidade moderada na redução da pressão arterial em repouso e às
respostas da pressão arterial ao stress.
Com o objetivo de avaliar o efeito hipotensor de diferentes intensidades
de exercício (50 e 75% do VO2 máximo) com mesma duração (30 minutos),
Quinn (2000) testou homens e mulheres hipertensos e normotensos em duas
sessões de exercício. A pressão arterial foi mensurada através da MAPA,
durante 24 horas após as sessões de exercício. Para os indivíduos
normotensos não foram verificadas diferenças significativas na pressão arterial
após exercício, em ambas as intensidades, quando comparada com os valores
do dia controle. Para os indivíduos hipertensos foi verificada hipotensão pós-
exercício em ambas as intensidades, com reduções de até 9mmHg para
pressão arterial sistólica após o exercício com intensidade de 75% do VO2
máximo.
Forjaz et al. (2004) verificaram o papel da intensidade do exercício na
hipotensão pós-exercício em sujeitos normotensos exercitando-se em ciclo
ergômetro. Foi observado que a hipotensão pós-exercício é maior e mais
duradoura após exercícios de intensidade mais elevada (75% e 50%, quando
comparados com 30% do VO2 pico). O aumento no débito cardíaco é causado
por um aumento no volume de ejeção após o exercício de intensidade baixa, e
por um aumento na frequência cardíaca depois de exercícios aeróbicos
moderados ou mais intensos.
Em contrapartida a estudos que demonstram diferença entre
intensidades na resposta hipotensiva, Forjaz et al. (1998) não encontraram tal
20
relação, em exercícios realizados por normotensos durante 45 minutos, em
intensidades de 30, 50 e 80% do VO2 pico, demonstrando que as intensidades
utilizadas no estudo resultaram em uma hipotensão de mesma magnitude.
Quanto às variações de intensidade do exercício, e a resposta
hipotensiva, Cunha et al. (2006) analisando hipertensos em duas situações:
uma em exercícios de intensidade variável, e outra em exercícios de
intensidade contínua, encontraram que exercícios de intensidade continua
potencializam mais a resposta hipotensiva do exercício, quando comparados
com intensidades variáveis, os autores concluíram também que aquele tipo de
exercício resultou em hipotensão pós-exercício de pressão arterial diastólica e
redução mais duradoura de pressão arterial média quando comparado a
intensidades variadas.
5.6 – Resposta da pressão arterial ao treinamento físico
Laterza, Rondon e Negrão (2007) sugerem o treinamento físico como
um elemento importante na prevenção do desenvolvimento da hipertensão
arterial, assim como pode influenciar de forma eficiente no controle e no
tratamento da hipertensão já estabelecida.
A hipotensão pós-exercício pode funcionar como um mecanismo
benéfico para redução do aumento da pressão arterial, que é verificado com o
tempo. Estudos longitudinais parecem confirmar o efeito hipotensivo do treino
dinâmico aeróbio (SERRATOSA e FERNÁNDEZ, 1997).
Assim como ocorre com uma única sessão de exercício, o treinamento
físico também é capaz de reduzir os níveis da pressão arterial no decorrer do
tempo de prática (NEGRÃO e FORJAZ, 1994).
Viecili et al. (2009) avaliaram o número de sessões de exercício
necessárias para causar efeito hipotensor em indivíduos hipertensos. Durante
três meses os sujeitos se exercitaram em uma frequência de três vezes por
semana, durante 40 minutos, com intensidade de 70% do VO2 máximo. Logo
na primeira sessão já foram constatadas reduções na pressão arterial, porém a
maior parte das reduções foi verificada até a quinta sessão. Após o treinamento
observou-se reduções de 15 mmHg na pressão arterial sistólica e de 7 mmHg
na pressão arterial diastólica.
21
Urata et al. (1987) relataram que ao final do período de treino, composto
de 10 semanas com duração de 60 minutos três vezes por semana e
intensidade leve, ocorreu uma redução nos valores de pressão arterial média
do grupo treinado, sendo encontrado antes do período de treinamento o valor
médio de 120.7 ± 3.3 mm Hg e após o período de treino decresceu para 113.1
± 5.3 mm Hg. Esses resultados aparentemente estariam associados com a
redução das concentrações plasmáticas de norepinefrina encontrada neste
estudo.
Monteiro et al. (2007) estabeleceram um programa de condicionamento
físico individualizado, focado em pessoas hipertensas sob tratamento
farmacológico regular, pacientes da Unidade Básica de Saúde, e logo após
quatro meses de treinamento, avaliaram os efeitos deste programa no
condicionamento físico, perfil metabólico e níveis de pressão arterial. Os
resultados indicaram uma queda na pressão arterial sistólica de 6%, assim
como melhoras no condicionamento cardiorrespiratório, flexibilidade, e
conteúdo de glicose plasmática, o que confirma que programas de exercícios
são efetivos quanto à redução da pressão arterial.
O exercício aeróbio tem se mostrado muito útil no tratamento da
hipertensão arterial, através da redução da pressão arterial que se observa
logo após a sua prática. A hipotensão pós-exercício tem implicações clinicas,
pois a sua magnitude e duração são significativos. Sendo que em longo prazo
a prática de exercício aeróbio pode reduzir cronicamente os níveis de pressão
arterial de hipertensos (FORJAZ, RONDON e NEGRÃO, 2005).
5.7 – Efeito do tipo de exercício aeróbio sobre a resposta hipotensiva
Lizardo et al. (2007) compararam o efeito hipotensivo do exercício
realizado em esteira e ciclo ergômetro. Os sujeitos, normotensos do sexo
masculino, fisicamente ativos, se exercitaram durante 20 minutos a 85% da
frequência cardíaca máxima (obtida previamente em teste máximo) em ciclo
ergômetro ou em esteira. Os resultados demonstraram que nas condições
estudadas, exercícios realizados em esteira ergométrica são mais eficientes
para promover a hipotensão pós-exercício, quando comparados com exercícios
realizados em ciclo ergômetro.
22
5.8 – Fatores associados à hipotensão pós-exercício
Forjaz et al. (1998) se basearam na afirmativa de que uma única sessão
de exercício físico pode promover reduções nos valores de pressão arterial
com relação aos valores pré-exercício. Com o objetivo de identificar os fatores
que predispõem os hipertensos a apresentarem queda da pressão arterial após
uma sessão de exercício, eles verificaram que o VO2 Max se correlaciona de
forma positiva com as diferenças da pressão arterial diastólica e média entre as
sessões de exercício (ciclo ergômetro a 50% do consumo máximo de oxigênio -
VO2 Max) e controle. Foi verificado também que a idade e o peso se
correlacionam de forma negativa com as diferenças da pressão arterial sistólica
entre as sessões de exercício e controle. A conclusão dos autores foi a de que
hipertensos jovens, com menor peso, maior VO2 Max e maiores níveis de
pressão arterial apresentam maior hipotensão pós-exercício após uma única
sessão de exercício.
Forjaz et al. (2000) avaliaram o efeito de uma sessão de exercício na
redução da pressão arterial ambulatória (MAPA) a fim de identificar possíveis
fatores que influenciam esta redução pressórica. Os sujeitos, normotensos e
hipertensos, realizaram 45 minutos de exercício em bicicleta, a 50% do VO2
pico. A analise dos dados revelaram que aproximadamente 65% dos sujeitos
em ambos os grupos tiveram uma redução na pressão arterial após o exercício.
Nos sujeitos normotensos esta redução foi significante e negativamente
correlacionada com o peso e o índice de massa corporal. A resposta da
pressão arterial também foi maior nas mulheres. Nos hipertensos a redução da
pressão arterial foi negativamente correlacionada à idade e ao índice de massa
corporal. O que demonstra que a hipotensão pós-exercício depende de
características individuais, tanto em normotensos, quanto em hipertensos. As
reduções da pressão arterial após o exercício foram maiores em sujeitos com
pressão arterial inicial mais elevada nos dois grupos.
23
5.9 – Hipotensão pós-exercício em pessoas com cardiopatia ou doença renal
A hipotensão pós-exercício também pode ser benéfica para portadores
de alguma cardiopatia. Em estudo realizado com pacientes portadores de
doença coronariana e hipertensão (Grupo I), insuficiência cardíaca (Grupo II) e
pacientes com hipertensão (Grupo III), Masson et al. (2006) observaram
hipotensão pós-exercício em todos os grupos de sujeitos, sendo que no Grupo
I a pressão arterial sistólica inicial de 125,17±14,36mmHg reduziu para
116,20±13,57mmHg, já no Grupo II foi de 112,57±20,67mmHg para
107,23±16,76mmHg, e no Grupo III foi de 126,85±12,76mmHg para
115,64±9,78mmHg. O efeito anti-hipertensivo do exercício aeróbio também já foi testado em
sujeitos com doença renal crônica. Como demonstrado no estudo de Headley
et al. (2008), o exercício aeróbio realizado em intensidades médias de 50-60%
do VO2 pico por sujeitos com doença renal crônica reduziu significativamente a
pressão arterial sistólica e diastólica quando comparado com o período
controle. O que demonstra que o exercício aeróbio também é eficaz para
reduzir a pressão arterial de indivíduos com alguma patologia renal.
5.10 – Hipotensão pós-exercício em idosos
Hagberg, Montain e Martin (1987) demonstraram reduções na pressão
arterial sistólica de idosos hipertensos após sessões de exercício com
intensidades de 50 ou 70% do VO2 máximo, sendo os resultados semelhantes
após ambas as sessões. Já a pressão arterial diastólica não sofreu alterações
após as duas sessões de exercício. Estes resultados demonstram que a
atividade física também é eficaz para redução da pressão arterial de pessoas
com idades mais avançadas.
Em mulheres de terceira idade, normotensas e hipertensas limítrofes o
efeito de uma sessão de exercício com intensidade de 75% da frequência
cardíaca máxima também é capaz de reduzir os níveis pressóricos até oito
horas após a prática do exercício. Foi o que Corazza et al. (2003)
demonstraram em seu estudo envolvendo mulheres com faixa etária de 46 a 68
24
anos, demonstrando que a sessão de exercício foi capaz de provocar
hipotensão pós-exercício tanto nas mulheres normotensas, quanto nas
hipertensas limítrofes.
Brandão Rondon et al. (2002) estudaram o efeito hipotensivo do
exercício em 24 idosos hipertensos, através da MAPA, após 45 minutos de
exercício em bicicleta a 50% do consumo máximo de oxigênio. Os resultados
demonstraram redução da pressão arterial sistólica, média e diastólica durante
as 22 horas de acompanhamento após a sessão de exercício, durante o dia e a
noite. Esta redução demonstra a relevância clínica da hipotensão pós-exercício
em idosos hipertensos.
Rodriguez et al. (2008) verificaram se 60 minutos de caminhada
semanal, dividido em duas sessões, com intensidade entre 50 e 60% do VO2
máximo, em um período de 12 semanas, eram suficientes para reduzir a
pressão arterial de idosas hipertensas, previamente sedentárias. Os resultados
demonstraram reduções na pressão arterial sistólica, diastólica e média. Os
valores de pressão arterial média iniciais eram de 95,33±8,46 mmHg, e após as
12 semanas de caminhada reduziram para 88,47±8,34 mmHg.
5.11 – Hora da sessão de exercício e resposta pressórica; horários de maior hipotensão pós-exercício
Jones et al. (2009) reportam que existe uma variação circadiana na
resposta da pressão arterial seguido de uma sessão de exercício ininterrupta. A
resposta usual do fenômeno da hipotensão pós-exercício é ausente ou
revertida quando o exercício é realizado entre 04h00min e 08h00min horas. Os
autores se destinaram a comparar reduções na pressão arterial após
protocolos de exercícios constantes e intermitentes realizados as 08h00min e
16h00min horas. Nesses dois períodos do dia, oito homens normotensos
completaram 30 minutos de exercício continuo em ciclo ergômetro, e três
períodos de dez minutos separados por dez minutos de repouso no protocolo
de exercício intermitente. O resultado foi de que o exercício intermitente media
uma maior hipotensão pós-exercício quando comparado com o exercício
continuo, e esta diferença é ainda mais acentuada no período da tarde. O que
leva a pressupor que exercícios realizados no período vespertino, com
25
pequenos intervalos durante a realização são recomendados para se obter
menores valores de pressão arterial.
Wallace et al. (1999) observaram a magnitude e a duração da redução
da pressão arterial após uma sessão de exercício e os intervalos pico dessa
redução no período de 24 horas. Participaram do estudo sujeitos normotensos
e hipertensos, que realizaram 50 minutos de exercício a 50% do VO2 máximo.
Foram observadas reduções na pressão arterial apenas dos sujeitos
hipertensos, e o pico de redução foi observado das 11.00 – 21.00 horas para a
pressão arterial sistólica e das 11.00 – 15.00 horas para pressão arterial
diastólica.
Segundo estudo de Negrão e Forjaz (1994) a pressão arterial
permanece abaixo dos níveis pré-exercício num período de 24 horas após a
sessão de exercício físico, este fato se deve, em grande parte, ao descanso
noturno, demonstrando assim que o exercício físico agudo tem importância
clínica na hipertensão arterial.
5.12 – Hipotensão pós-exercício em mulheres
Pescatello et al. (1999) examinaram mulheres hipertensas e
normotensas, a fim de determinar se a hipotensão pós-exercício ocorre em
mulheres e elucidar possíveis mecanismos hemodinâmicos e hormonais. As
pacientes foram submetidas a exercício em ciclo ergômetro durante 40
minutos, a 60% do consumo máximo de oxigênio. Foi observada hipotensão
pós-exercício apenas nas mulheres hipertensas. A pressão arterial sistólica,
diastólica e média reduziram nas mulheres hipertensas por mais de 7 horas
depois do exercício, ao passo que a pressão arterial foi similar nas mulheres
normotensas. Os autores concluíram que a hipotensão pós-exercício não foi
justificada por ajustes hemodinâmicos e hormonais que ocorreram depois do
exercício. A magnitude e a duração da hipotensão pós-exercício pode ser
suficientes para normalizar a pressão arterial de mulheres hipertensas durante
a maior parte do dia.
26
5.13 – Etnia e hipotensão pós-exercício
Pescatello et al. (2003) avaliaram a influência da etnia sobre a resposta
hipotensiva após exercício, em mulheres negras e brancas na pré-menopausa,
normotensas ou hipertensas, através da MAPA. Foram realizados 40 minutos
de exercício de intensidade moderada. Entre as mulheres brancas hipertensas
foi observada redução da pressão arterial sistólica e diastólica. Entre as
mulheres negras, foi observada hipotensão pós-exercício de pressão arterial
sistólica, ao passo que a pressão arterial diastólica não diferenciou após o
exercício. Nas mulheres brancas normotensas a pressão arterial não
demonstrou diferenças após o exercício, já nas mulheres negras normotensas
a pressão arterial sistólica apresentou redução após o exercício, o que não foi
verificado na pressão arterial diastólica.
5.14 – Hipotensão pós-exercício em atletas
Dujić et al. (2006) analisaram os mecanismos responsáveis pela
Hipotensão pós-exercício depois de um curto exercício máximo em atletas de
futebol, com capacidade de resistência maior que as reportadas na literatura
em estudos de hipotensão pós-exercício. Os resultados deste estudo
demonstraram reduções na pressão arterial sistólica e diastólica, no débito
cardíaco, considerando que a frequência cardíaca aumentou nos dois
momentos pós-exercício (30 e 60 minutos após a sessão curta de exercício).
Reduções na pressão arterial diastólica foram maiores em sujeitos com menor
VO2 máx., ao passo que as maiores reduções na pressão arterial sistólica
foram observadas na linha de base. A resistência periférica total não foi
alterada significativamente após o exercício. Os autores concluíram que em
atletas moderadamente treinados, a hipotensão pós-exercício é associada
primeiramente com reduções no débito cardíaco. A ocorrência de hipotensão
pós-exercício é mais frequente em indivíduos treinados com menores níveis de
aptidão cardiorrespiratória ou maior pressão arterial sistólica de repouso.
27
6 – Considerações Finais A hipotensão pós-exercício é definida como uma redução da pressão
arterial após a prática de uma sessão de exercício, ou mesmo após um período
de treinamento.
Em estudos que utilizaram ratos espontaneamente hipertensos, foi
observada a ocorrência de hipotensão pós-exercício em intensidades mais
baixas (NEGRÃO e RONDON, 2001; VÉRAS-SILVA et al., 1997). Estudos
realizados com esse tipo de animais são de grande utilidade para avaliar
mudanças no sistema nervoso e cardiovascular, através de método invasivo, a
fim de elucidar os mecanismos responsáveis pela redução dos níveis
pressóricos. Nestes animais, de acordo com os estudos apresentados nesta
revisão, os mecanismos responsáveis por tal redução foram diminuições do
tônus simpático no coração (na verdade foi a normalização deste tônus, que se
apresenta alterado em animais espontaneamente hipertensos) (NEGRÃO e
RONDON, 2001), reduções na resistência periférica total e atividade nervosa
simpática (KULICS, COLLINS e DICARLO, 1999), aumento do ganho de
sensibilidade do barorreceptor aórtico (BRUM et al., 2000), redução na
frequência cardíaca e no débito cardíaco (VÉRAS-SILVA et al., 1997). Ainda não se tem um consenso sobre a duração mínima do exercício
para que ocorra hipotensão pós-exercício. Sugere-se que a sessão deve ser de
baixa intensidade e maior duração (FORJAZ, 1994), porém também existem
estudos demonstrando que menores durações são suficientes para que ocorra
a redução pressórica após o exercício (JONES et al., 2007). Diferenças nas
intensidades utilizadas em cada estudo não permitem comparar os resultados
de forma mais direta. Estudos que utilizaram a mesma intensidade para
durações diferentes demonstram que a duração prolongada é mais eficiente
para que ocorra a hipotensão pós-exercício (CHRISTOFARO et al., 2008;
REBELO et al., 2001). De forma contrária, também existem estudos que
demonstram que a duração não é responsável pela ocorrência ou não de
hipotensão pós-exercício, em normotensos e hipertensos (MACDONALD,
MACDOUGALL e HOGBEN, 2000).
Quanto ao efeito da intensidade do exercício, mesmo com uma quantia
significante de estudos analisando este fator sobre a ocorrência de hipotensão
28
pós-exercício, ainda não se pode afirmar qual intensidade é a mais indicada.
Pode-se verificar resultados demonstrando maior hipotensão pós-exercício
após sessões de baixa intensidade (PESCATELLO et al. 2004; ROGER et al.
1996), alguns demonstrando que a intensidade não tem efeito sobre a
magnitude da hipotensão pós-exercício (QUINN, 2000; FORJAZ et al. 2004;
FORJAZ et al, 1998). Diferenças nos resultados podem ser atribuídas aos
diferentes protocolos utilizados em cada estudo, tais como diferenças nas
intensidades analisadas, ou nos sujeitos testados (normotensos, hipertensos
ou ambos). O que dificulta conclusões sobre a intensidade adequada do
exercício para reduções da pressão arterial. O treinamento físico é capaz, assim como uma única sessão de
exercício, de reduzir os níveis pressóricos, ou prevenir o surgimento da
pressão arterial relacionada com o tempo (idade) (LATERZA, RONDON e
NEGRÃO, 2007; SERRATOSA e FERNÁNDEZ, 1997; NEGRÃO e FORJAZ,
1994). São conhecidos os benefícios em longo prazo do treinamento físico na
redução da pressão arterial (FORJAZ, RONDON e NEGRÃO, 2005). Em
hipertensos, após um período de três meses, foram verificadas reduções de até
15 mmHg na pressão arterial sistólica (VIECILI et al., 2009). Em hipertensos
sob controle farmacológico, o exercício também auxilia no controle da pressão
arterial (MONTEIRO et al., 2007).
Segundo o estudo de Lizardo et al. (2007) o tipo de exercício aeróbio
também influencia a magnitude da hipotensão pós-exercício. Assim, de acordo
com este estudo, o exercício aeróbio em esteira é mais eficiente para promover
a redução dos níveis pressóricos após o exercício, quando comparados com
exercícios realizados em bicicleta. Em determinados sujeitos a hipotensão pós-exercício pode ser mais
significativa. Esta diferença se relaciona com alguns fatores como idade
(indivíduos mais jovens apresentam maior hipotensão pós-exercício), peso
(pessoas mais leves apresentam maiores reduções da pressão arterial), maior
Vo2 Max (FORJAZ et al., 1998), e maiores níveis pressóricos pré-exercício
(FORJAZ et al., 1998; FORJAZ et al., 2000). Em cardiopatas (doença coronariana com hipertensão, ou com
insuficiência cardíaca), o exercício também é capaz de provocar alterações
importantes para a redução da pressão arterial (MASSON et al., 2006). Em
29
indivíduos com doença renal crônica, o efeito do exercício também é benéfico
na resposta da pressão arterial (HEADLEY et al. 2008). Tanto nestes
indivíduos, como em pessoas apenas hipertensas, ou diabéticas, além da
redução da pressão arterial o treinamento físico melhora a capacidade aeróbia,
diminui os lipídeos e glicose plasmáticos (IRIGOYEN et al., 2003),
proporcionando, desta maneira, benefícios à saúde desses indivíduos. Em idosos hipertensos, de ambos os sexos, uma única sessão de
exercício é suficiente para reduzir os níveis de pressão arterial (HAGBERG,
MONTAIN e MARTIN, 1987; CORAZZA et al., 2003; BRANDÃO RONDON et
al., 2002). O treinamento físico também apresentou reduções importantes na
pressão arterial, após um período de 12 semanas, mesmo com duas sessões
semanais com durações de 30 minutos (RODRIGUEZ et al., 2008).
A hora da prática da sessão de exercício também pode influenciar a
ocorrência ou não de reduções pressóricas (JONES et al., 2009), pelo que foi
demonstrado, exercícios no período vespertino são mais eficientes para
reduções da pressão arterial, quando comparados com exercícios realizados
logo no inicio da manhã. Num período de 24 horas, o exercício é eficaz para
reduzir a pressão arterial (WALLACE et al., 1999), sendo que o período de
hipotensão pós-exercício de pressão arterial sistólica é mais extenso que o de
pressão arterial diastólica, sendo esta redução relacionada ao descanso
noturno (FORJAZ, 1994). Em mulheres, assim como no caso dos atletas, existem poucos estudos
que se predispõem a estudar uma amostra tão específica. Exceto por estudos
que se utilizam apenas de mulheres, mas para observar algum outro fator, e
não para observar se ocorre hipotensão pós-exercício em mulheres de
determinada idade. Com base no estudo apresentado, em exercícios de
intensidades moderadas, apenas mulheres hipertensas apresentam reduções
pressóricas após o exercício (PESCATELLO et al., 1999). Contudo, apesar de
não se observar hipotensão pós-exercício em mulheres normotensas, é
importante manter um nível de exercício físico, pois como sugerem Laterza,
Rondon & Negrão (2007) o treinamento físico é importante na prevenção do
aumento da pressão arterial, e também um aliado no tratamento da hipertensão
arterial estabelecida.
30
Com relação à etnia, existem poucos estudos, porém o que demonstra
PESCATELLO et al. (2003), é que a hipotensão pós-exercício ocorre tanto em
mulheres hipertensas negras quanto nas brancas, já nas mulheres
normotensas, foi observada hipotensão pós-exercício de pressão arterial
sistólica apenas nas mulheres negras.
Em atletas, a hipotensão pós-exercício é observada em indivíduos com
menor Vo2 máx., ou maiores níveis pressóricos pré-exercício (DUJIĆ et al.,
2006). Pelo baixo número de estudos que relatam hipotensão pós-exercício em
atletas (e no caso desta revisão, apresentado apenas um), não é possível
afirmar se a redução pressórica após o exercício é significante neste tipo de
sujeitos, uma vez que o estudo apresentado utilizou atletas de futebol, o que
não permite associações a outras modalidades.
31
7 – Conclusões De acordo com a literatura revisada, uma única sessão de exercício é
capaz de reduzir de forma significativa os níveis pressóricos pós-exercício em
hipertensos, normotensos, cardiopatas, portadores de doença renal crônica,
idosos, mulheres, mulheres brancas e negras, e em atletas. O efeito de apenas
uma sessão de exercício, sobre a pressão arterial, não é suficiente para
melhora da qualidade de vida dessas pessoas, e de outras que possivelmente
se beneficiariam com a hipotensão pós-exercício, mas estes resultados
demonstram que, em longo prazo, o exercício traria muitos benefícios para
esses indivíduos, com melhoras na saúde e reduções nos níveis de pressão
arterial. É demonstrado nos estudos de efeito do treinamento físico sobre a
pressão arterial, que o exercício físico praticado de forma regular, e prescrito
de forma correta, é uma importante forma de tratamento da hipertensão
arterial, ou mesmo uma forma de evitar o desenvolvimento do aumento da
pressão arterial que é observado com o avançar da idade.
Com relação à intensidade, não se tem um consenso nos resultados
apresentados, o que se tem sugerido, e que alguns estudos têm demonstrado
é que intensidades mais baixas são mais indicadas para que ocorra redução
pressórica. Alguns autores não encontraram efeito da intensidade sobre a
resposta da pressão arterial após o exercício, o que dificulta ainda mais a
possibilidade de se concluir qual a intensidade mais adequada. Porém isso
ainda pode ser alvo de pesquisas, para tentar demonstrar qual a intensidade
mais adequada de fato. A duração do exercício também não é bem definida,
sendo sugerido, e até mesmo demonstrado, em alguns estudos que durações
prolongadas combinadas com intensidades médias ou baixas são mais
indicadas para reduções pressóricas. Encontram-se autores que relatam o
inverso, menores durações associadas a maiores intensidades são mais
benéficas para hipertensos ou mesmo normotensos. Existem também estudos
que não demonstram efeito desta variável nas respostas do nível de pressão
arterial. O que pode justificar os resultados tão discrepantes são as diferenças
metodológicas de cada estudo, alguns utilizando hipertensos como sujeitos,
outros normotensos, e até mesmo os dois, por exemplo. O que não permite
comparações diretas entre os estudos.
32
Finalmente, pode-se inferir que a hipotensão pós-exercício tem
significância para diversas populações, hipertensas ou não, demonstrando
assim que o treinamento físico é um importante meio de prevenção, ou mesmo
de tratamento da hipertensão arterial.
33
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