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1
CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO
UNISAL - CAMPUS MARIA AUXILIADORA
Rener Marcos de Jesus Santos
A EDUCAÇÃO DE JOVENS NA DOUTRINA DOS ESPÍRITOS:
Pressupostos de uma prática vinculada aos Métodos Educacionais de Pestalozzi.
Americana-SP
2017
RENER MARCOS DE JESUS SANTOS
A EDUCAÇÃO DE JOVENS NA DOUTRINA DOS ESPÍRITOS: Pressupostos de uma
prática vinculada aos Métodos Educacionais de Pestalozzi.
Dissertação defendida para obtenção do grau de
Mestre em Educação do Programa de Pós-graduação
em Educação - Mestrado do Centro Universitário
Salesiano de São Paulo, UNISAL.
Orientador: Prof. Dr. Francisco Evangelista.
Americana-SP
2017
Santos, Rener Marcos de Jesus.
S189e A educação de jovens na Doutrina dos Espíritos: Pressupostos de uma
prática vinculada aos Métodos Educacionais de Pestalozzi. / Rener Marcos
de Jesus Santos. – Americana: Centro Universitário Salesiano de São Paulo,
2016.
112 f.
Mestrado em educação - UNISAL – SP.
Orientador: Prof. Dr. Francisco Evangelista.
Inclui Bibliografia.
1. Práticas Educativas com crianças, adolescentes e jovens. 2. Educação
Sociocomunitária. 3. Método Educacional de Pestalozzi. 4. Educação Espírita.
5. Pedagogia Espírita. I. Título. II Autor
CDD 370
RENER MARCOS DE JESUS SANTOS
A EDUCAÇÃO DE JOVENS NA DOUTRINA ESPÍRITA: PRESSUPOSTOS DE UMA
PRÁTICA VINCULADA AOS MÉTODOS EDUCACIONAIS DE PESTALOZZI
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação – área de
concentração: Educação Sociocomunitária
Linha de pesquisa:
Análise histórica da práxis educativa as experiências sociocomunitárias
e institucionais
Orientador: Prof. Dr. Francisco Evangelista
Dissertação defendida em 24 de fevereiro de 2017, pela comissão julgadora:
__________________________________________
Prof. Dr. João Francisco Regis de Morais – Membro Externo
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
__________________________________________
Prof. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro – Membro Interno
Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL
__________________________________________
Prof. Dr. Francisco Evangelista – Orientador
Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL
Dedicatória
Dedico esse trabalho ao ‘J.R’ um ser iluminado que me ensinou a
admirar a simplicidade das coisas, elevando minha consciência ao
entendimento do amor fraterno.
AGRADECIMENTOS
Ao Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL - Campus Maria
Auxiliadora, por proporcionar um ambiente de estudo agradável mediado por profissionais
responsáveis e comprometidos com o programa de pós-graduação em Educação.
Ao centro espírita Casa Alvorada Cristã e seus evangelizadores/ educadores, alunos e
pais participantes da pesquisa por contribuírem significativamente com a presente pesquisa.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Francisco Evangelista por fazer uso da maiêutica socrática,
dando oportunidade para seu orientando refletir sobre o percurso da presente pesquisa, além de
que, nos momentos difíceis suas palavras serviam de conforto e força motivadora para auxiliar
no percurso acadêmico.
Ao professor Dr. Renato K. Soffner, coordenador do programa de pós-graduação
Mestrado em Educação, por seu profissionalismo e humildade em direção a formação dos
alunos/mestres.
À Vaníria por seu profissionalismo, carinho e compreensão, secretariando os
professores e, orientando os alunos sobre as normas e diretrizes do programa de pós-graduação.
Ao Professor Dr. Regis de Morais, por compor a comissão julgadora na qualificação e
defesa, contribuindo com sua experiência no campo acadêmico e, seu conhecimento da
Doutrina dos Espíritos.
Ao Professor Dr. Severino Antônio, por compor a comissão julgadora como membro
interno além das prazerosas e apaixonantes reflexões junto as ‘epígrafes’ apresentadas no início
de suas aulas.
Ao Professora Dra. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro, por compor a comissão julgadora
como membro interno.
À Professora. Dra. Renata Fernandes Siero, por proporcionar esclarecimentos nas aulas
de metodologia científica.
À Simoni por contribuir com a leitura do trabalho.
A minha família por respeitar os pedidos de silêncio nos momentos de estudo.
Aos autores citados por proporcionar leituras esclarecedoras, dando subsídios para
desenvolver a presente pesquisa, além de proporcionar um apaixonante aprendizado sobre
Johann Heinrich Pestalozzi e Allan Kardec.
Epígrafe
"Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade porque, não desejam
que as ilusões sejam destruídas” Friedrich Nietzsche.
RESUMO
A presente pesquisa por programa de pós-graduação mestrado em educação do Centro
Universitário Salesiano de São Paulo, tendo como área de concentração a educação
sóciocomunitária, traz em seu contexto o respeitado codificador da Doutrina dos Espíritos
Allan Kardec que, em suas alusões considerou a educação como fonte insubstituível que
promove a liberdade moral e intelectual, levando os indivíduos à emancipação e por essa,
a conquista de um convívio social e equitativo, desse modo a divulgação da Doutrina dos
Espíritos destacou o cerne de uma proposta pedagógica direcionada a evolução humana.
Pensadores posterior a Allan Kardec como Sócrates, Platão, entre outros elevaram em seus
enunciados a educação como fonte da vida, ao observar as propostas anteriores e a
promovida por pelo perguntador e codificador Allan Kardec, surge uma curiosidade: quem
foi este homem antes de divulgar as obras base do espiritismo, um filósofo, engenheiro,
líder religioso, ou um educador? Alguns pesquisadores apontam que Allan Kardec iniciou
sua formação acadêmica em Yverdon – Suíça, em um colégio que proporcionava um
ensino diferente do tradicional no contexto acadêmico do século XVIII. Dirigido por
Johann Heinrich Pestalozzi (1746/1827) um homem que direcionou esforços para uma
educação mais humana, usando como base a benevolência, promoveu no Castelo Yverdon
um ensino sem punições, ou repressões, ofertando aos alunos a liberdade do pensar e a
prática do ensinar. Por uma formação acadêmica a luz de Pestalozzi surge uma hipótese
de: A raiz educacional conquistada no Castelo Yverdon poderia ter influenciado Allan
Kardec durante as codificações das obras base da Doutrina dos Espíritos? É com base nesse
pressuposto que a presente pesquisa de cunho qualitativo em uma linha histórica e
filosófica, apresenta em seu eixo central uma investigação direciona as práticas
educacionais na evangelização de crianças, adolescentes e jovens promovidas no centro
espírita de modo a identificar aproximações com os métodos educacionais de Pestalozzi.
PALAVRAS-CHAVES: 1. Práticas Educacionais com crianças, adolescentes e jovens. 2.
Educação Sociocomunitária. 3. Método Educacional de Pestalozzi. 4. Educação Espírita.
5. Pedagogia Espírita.
ABSTRACT
The present research by master's degree program in education of the Salesian University Center
of São Paulo, having as concentration area the socio-communitarian education, brings in its
context the respected codifier of the Doctrine of the Spirits Allan Kardec who, in his allusions
considered education as an irreplaceable source that promotes moral and intellectual freedom,
leading individuals to emancipation and for this, the conquest of social and equitable living,
thus the dissemination of the Doctrine of Spirits highlighted the core of a pedagogical proposal
directed to human evolution. Thinkers after Allan Kardec as Socrates, Plato, among others
raised education as the source of life, while observing the previous proposals and promoted by
the questioner and coder Allan Kardec, a curiosity arises: who was this man before divulging
the basic works of spiritualism, a philosopher, engineer, religious leader, or educator? Some
researchers point out that Allan Kardec began his academic training in Yverdon - Switzerland,
at a college that provided a different teaching from the traditional one in the academic context
of the eighteenth century. Directed by Johann Heinrich Pestalozzi (1746/1827) a man who
directed efforts towards a more humane education, based on benevolence, promoted at Yverdon
Castle a teaching without punishment or repression, offering students freedom of thought and
practice of the teach. By an academic formation the light of Pestalozzi arises a hypothesis of:
The educational root conquered in the Castle Yverdon could have influenced Allan Kardec
during the codifications of the base works of the Doctrine of the Spirits? It is based on this
assumption that the present qualitative research in a historical and philosophical line, presents
in its central axis an investigation directs the educational practices in the evangelization of
children, adolescents and young people promoted in the spiritist center in order to identify
approximations with the methods educational institutions of Pestalozzi.
KEY WORDS: 1. Educational practices with children, adolescents and young people. 2. Socio-
Community Education. 3. Pestalozzi Educational Method. 4. Spiritist Education. 5. Spiritist
Pedagogy
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1– Irmãs Fox.......................................................................................................18
FIGURA 2– Salão Parisiense.............................................................................................19
FIGURA 3– Orfanado Stans..............................................................................................30
FIGURA 4– Colégio Yverdon...........................................................................................34
FIGURA 5– Eurípedes Barsanunfo...................................................................................38
FIGURA 6–Colégio Allan Kardec....................................................................................38
FIGURA 7 –Educandário Pestalozzi.................................................................................39
FIGURA 8 –Colégio Lins de Vansconcelos......................................................................41
FIGURA 9 –Adolfo Bezerra de Menezes ..................................................................... ....47
FIGURA 10 – Federação Espírita Brasileira (Brasília).....................................................49
FIGURA 11 – Fundadores da Aliança Espírita Evangélica ..............................................50
FIGURA 12 – 1º Turma da E.A.E......................................................................................51
FIGURA 13 – C.A.C – Assistência Espiritual...................................................................64
FIGURA 14 – C.A.C – 1º turma E.A.E.............................................................................65
FIGURA 15 – C.A.C – Evangelização Infantil.................................................................66
FIGURA 16 – C.A.C – Atividades Sociais.......................................................................66
LISTA DE ABERVIATURAS E SIGLAS
A.E.E – Aliança Espírita Evangélica
A.E – Assistência Espiritual
C.G.I – Conselho de Grupo Integrado
C.A.C– Instituição pesquisada
E.I. – Evangelização Infantil
E.A.E – Escola de Aprendizes do Evangelho.
F.E.B – Federação Espírita Brasileira
F.D.J – Fraternidade dos Discípulos de Jesus.
M.E – Mocidade Espírita
R.I. – Reforma Íntima
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................13
1. CAPÍTULO I: O MISTICISMO E ALLAN KARDEC, UMA PEDAGOGIA PARA
O MUNDO......................................................................................................................17
1.1 A PROPOSTA ESPÍRITA NAS CODIFICAÇÕES DE ALLAN KARDEC............24
1.2 A GENÊSE PRECEDENTE A ALLAN KARDEC..................................................25
1.2.1 O linear pedagógico Denizard Rivail, raízes de Allan Kardec...................27
1.2.2 Stans a gênese da nova pedagogia.................................................................28
1.2.3 A perspectiva pedagógica de Pestalozzi........................................................30
1.2.4 O método de Pestalozzi..................................................................................32
1.2.5 Castelo Yverdon a herança pedagogia..........................................................33
1.3 AS RAIZES DA EDUCAÇÃO ESPÍRITA..............................................................35
1.3.1 A educação espírita para uma pedagogia espírita.......................................41
2. CAPÍTULO II: BRASIL A REORGANIZAÇÃO DO ESPIRISTIMO...................45
2.1 O ASSISTENCIALISMO NO ESPIRITISMO BRASILEIRO..................................53
2.1.1 A legalidade jurídica......................................................................................55
2.2 A PRÁTICA A LUZ DA TEORIA..............................................................................56
2.2.1 A gênese do campo de pesquisa ....................................................................57
2.2.2 Vozes da gênese...............................................................................................59
2.2.2.1 Rm – discípulo.....................................................................................60
2.2.2.2 Saf – discípulo......................................................................................62
2.2.3 O regimento e práticas assistenciais na instituição pesquisada..................63
3. CAPÍTULO III: DADOS DA PESQUISA....................................................................67
3.1 QUESTIONÁRIOS....................................................................................................68
3.1.1 Q-I Evangelizadores.......................................................................................68
3.1.2 Q-II Educandos..............................................................................................69
3.1.3 Q-III Pais........................................................................................................69
3.2. SÍNTESE DOS ELEMENTOS..................................................................................69
3.3. SUBSÍDIOS DO CAMPO DE PESQUISA..............................................................70
4. CONSIDERAÇÕES........................................................................................................74
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................79
APÊNDICE 1 – MODELO DOS QUESTIONÁRIOS................................................86
APÊNDICE 2 – MODELO DE TERMO DE ADESÃO CONSEDIDA.....................89
ANEXO 1 – VOZES DA PESQUISA...........................................................................90
ANEXO 2 – SUBSÍDIOS DOS QUESTIONÁRIOS...................................................95
ANEXO 3 – ESTATUTO DO CAMPO DE PESQUISA...........................................107
13
INTRODUÇÃO
A educação no século XVII foi marcada pela promoção intelectual, onde pensadores
como Jan Amos Comenius apresentou a sociedade uma visão pedagógica defendendo o
‘ensinar tudo a todos’, ficando conhecido como o percursor da Pedagogia Moderna. Comenius
em suas ações, inspiraram o filósofo Jean Jacques Rousseau a defender os interesses
pedagógicos dos educandos. Rousseau em suas alusões promulgou que a educação só poderia
ser completa se junto a ela existisse a crença na bondade natural dos indivíduos. O aforismo
filosófico em direção a educação passou a desenvolver métodos próprios de educar,
ocasionando mudanças no sistema educacional, vindo a distanciar a religião dos processos
educativos, contudo promover o pensar sobre gratuidade do ensino elementar (CAMBI,1999).
A posteriori os ideais pedagógicos de Comenius e Rousseau, tiveram um upgrade nas
mãos de Johann Heinrich Pestalozzi, fiel discípulo que ao coordenar um orfanato, buscou a luz
de seus mentores, observar a inocência das crianças. Essa experiência proporcionou a ele uma
perspectiva diferenciada, levando-o a promulgar que a base da sociedade deveria ser a educação
das crianças. Sua alusão elevou três aspectos fundamentais a família, o intelecto e profissional
para os processos de educar, aspectos tiveram como a tríplice da natureza humana: o ser animal,
social e moral, e, por meio dessa era que se deveria promover a potencialidade dos indivíduos
(CAMBI,1999).
Sua perspectiva proporcionou um educar completo sem imposições, repressão, ou
punições, onde os educadores deveriam promover o desenvolvimento das capacidades dos
educandos crendo na bondade natural dos mesmos, surge então, [...] uma educação não
repressiva, sem punições, que segundo Pestalozzi ao contrário disso, só “serviria para agravar
o mal”. Foi por esse pensar que Pestalozzi fundou escolas direcionando um modelo educacional
diferente do tradicional, um dos exemplos da época foi Castelo Yverdon, ambiente educacional
que proporcionava a seus discípulos a liberdade do pensar, o despertar do ‘interesse e a vontade’
de buscar o conhecimento (MANCORDA, 1996, p 263).
Pestalozzi ao desenvolver seu método educacional direcionou a responsabilidade do
promover o desenvolvimento nos educadores e assim, deles exigia ‘devem ser professores e
alunos ao mesmo tempo’, promovendo a ensino mútuo e, ao promover essa prática aos muros
do Castelo Yverdon Pestalozzi junto a seus educadores, passou a formar indivíduos pensante
para si e para a sociedade (MANCORDA, 1996).
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Em Yverdon – ‘Castelo’, vários discípulos se formaram, porém, um deles ao qual
destacou-se como educador antes mesmo de se formar, ensinando outros alunos que
apresentavam dificuldade de aprendizado, será o protagonista da presente pesquisa.
O discípulo de Yverdon ‘Castelo’, agora professor passa a seguir os passos do mestre
Pestalozzi, acreditando fielmente em uma educação transformadora, passou a contribuir para
uma nova perspectiva educacional na França e na Alemanha, suas publicações (apostilas e
livros), foram usadas em várias escolas elementares da época. Entre várias publicações, o
agrado e a satisfação dos leitores levaram o fiel discípulo a integrar bancas e mesas de
sociedades acadêmicas renomadas o que elevou seu patamar profissional. Os escritos e anos de
dedicação a educação, não foi suficiente para enfrentar as imposições do governo e, o
descontentamento levou o professor a afastar-se das atividades educacionais.
Em meados de 1844, atividades paranormais passaram a assolar algumas regiões
isoladas da Europa chamando à atenção de pesquisadores acadêmicos que, se propuseram a
desvendá-las. Distante do mundo acadêmico o discípulo de Pestalozzi volta seu olhar para os
fenômenos, independente de auxilio político e acadêmico o professor passa a investiga-los.
Durante a observação e estudo dos fenômenos ele deixa o ceticismo de lado e busca
compreender a evolução dos fenômenos conforme a natureza em que se apresentavam a partir
de então, o professor vincula a ciência ao misticismo e, com suas bases filosóficas codifica uma
proposta a priori assustadora, porém renovadora para a sociedade parisiense.
Foi assim que o misticismo banal aos olhos leigos da sociedade parisiense passou a ser
visto como o misticismo educacional que elevou a educação como o princípio da fonte da vida
para liberdade e evolução dos indivíduos. A proposta educacional percorreu vários países da
Europa, cruzou o oceano em direção a América do Sul e, em 1903 no Brasil nas mãos de um
educador/ professor mineiro amante de Pestalozzi, ganha corpo em uma instituição educacional
e começa a ser praticado juntamente com o ensino elementar.
Atualmente o misticismo educacional é conhecido mundialmente por Doutrina dos
Espíritos, divulgada livremente em meios de comunicação social como, televisão, jornais,
revistas, rádios etc..., abarcado nos escritos de mensagens de nomes como Chico Xavier,
Divaldo Franco, Francisco do Espirito Santo Neto, João Nunes Maia, João Teixeira entre
outros. A Doutrina dos Espíritos em sua proposta educacional permeia a sociedade brasileira
a mais de 152 anos, amparada por estruturas organizadas como a Federação Espirita Brasileira
– FEB e a Aliança Espírita Evangélica – E.A.E, que conta com subdivisões regionais,
15
espalhadas por todo país, orientando as atividades dos Centros Espíritas, cativando novos
adeptos1.
O interesse em pesquisar a proposta educacional da Doutrina dos Espíritos surgi acerca
de personagens da memória filosófica ocidental, tais como Sócrates e Platão, que na perspectiva
da comunidade espírita contemporânea, são considerados os precursores do espiritismo, por
trazerem em suas ideais a coesão de Deus, a imortalidade da alma e da vida futura o arcabouço
que viriam mais tarde a se tornarem fundamentais, por suas implicações morais e filosóficas.
Houvessem Sócrates e Platão conhecido os ensinos que o Espiritismo
espalha, e não teriam falado de outro modo. Não há nisso, entretanto,
o que surpreenda, se considerarmos que as grandes verdades são
eternas e que os Espíritos adiantados hão de tê-las conhecido antes
de virem à Terra, para onde as trouxeram; que Sócrates, Platão e os
grandes filósofos daqueles tempos bem podem, depois, ter sido dos
que secundaram o Cristo na sua missão divina, escolhidos para
esse fim precisamente por se acharem, mais do que outros, em
condições de lhe compreenderem as sublimes lições; que, finalmente,
pode dar-se façam eles agora parte da plêiade dos Espíritos
encarregados de ensinar aos homens as mesmas verdades
(KARDEC,2002, p. 53:54).
Ainda assim, como pressuposto norteador, a formação acadêmica do professor/
pesquisador, discípulo de Pestalozzi, que se dispôs a codificar as instruções das inteligências
metafísicas e apresentar ao mundo uma proposta educacional. Contudo, surge um
questionamento: As raízes educacionais do professor/pesquisador podem ter o influenciado
durante a codificação e divulgação da Doutrina dos Espíritos destacando o caráter educacional?
Considerando o fato de que no ano de 1903 a proposta educacional da Doutrina dos
Espíritos foi vinculada aos métodos educacionais de Pestalozzi em um colégio da cidade de
Sacramento – MG e, por ele outros seguiram seu modelo, tal questionamento é pertinente ao
contexto para realizar uma investigação junto às práticas educacionais na Doutrina dos
Espíritos, levando a hipótese de uma possível influência bem como presença dos métodos
educacionais de Pestalozzi em suas práxis.
Desse modo, como objetivo geral apresentar a proposta educacional da Doutrina dos
Espíritos, como objetivo específico investigar as práticas educacionais de evangelização de
crianças, adolescentes e jovens, buscando traços do método educacional de Pestalozzi.
1 Pesquisas realizadas pelo IBGE, apontam que no ano 2000 havia cerca de 1.3% da população brasileira adepta,
dez anos após, houve um crescimento de 65%, ou seja, 2% da população, cerca de 3.8 milhões de brasileiros
são adeptos ao Espiritismo Kardecista.
16
Além dos pressupostos apresentados anteriormente, corrobora com nosso interesse em
pesquisar a educação promovida na Doutrina dos Espíritos o fato de que ao consultar o banco
de dados de plataformas acadêmicas renomadas, resultados apontaram pesquisas de cunho
histórico, filosófico e educacional vinculas a Doutrina dos Espíritos, porém não foram encontras
investigações acadêmicas elevando o cerne das práticas educacionais de evangelização de
crianças, adolescentes e jovens, abarcando aproximações entre suas práxis e os métodos
educacionais de Pestalozzi que, justifica a presente pesquisa.
Em termos de divisão do trabalho o primeiro capítulo eleva o contexto histórico da
origem da Doutrina dos Espíritos, a promoção dos fenômenos paranormais, a repercussão social
na Europa, os estudos para o entendimento fatos, a divulgação das obras originarias, uma breve
trajetória da vida do percursor e codificador Doutrina dos Espíritos e, os pressupostos
pedagógicos no ano de 1903 na América do Sul.
O segundo capítulo expõe uma singela retrospectiva posterior ao ano de 1903, elevando
a chegada da Doutrina dos Espíritos em território brasileiro, contextualizando a necessidade de
reestruturação, a organização e a legalidade dos centros e casas espíritas em território brasileiro.
Corroborando com o contexto apresenta-se a instituição pesquisada e suas atividades,
educacionais, assistenciais e sociais.
O terceiro capítulo apresenta a intersecção das informações levantadas juntos aos
sujeitos da pesquisa evangelizadores/educadores, educandos da pré-mocidade e mocidade e o
grupo de pais, por meio dos eixos metodológicos utilizados na investigação: a observação
participante, as narrativas e questionários.
O desenvolvimento teórico apoia-se em livros e artigos acadêmicos, literatura extraída
Doutrina dos Espíritos apresentada por autores como Regis de Morais, Herculano Pires,
Oliveira, Cavalcanti, Novelino, Incontri, Covello, entre outros acadêmicos do campo da
educação, história e filosofia.
.
17
1. CAPÍTULO I
O MISTICISMO E ALLAN KARDEC, UMA PEDAGOGIA PARA O MUNDO.
“Na verdade, a revelação divina está presente em todas as religiões, épocas,
culturas, entre todos os povos, houve e há enviados de Deus, para ensinar aos
homens as leis da vida, dentre elas as leis da própria consciência humana”
(KARDEC, 2001 ed. 271, p.118).
A evolução da consciência humana segundo Allan Kardec é a fonte primordial para que
os indivíduos venham desenvolver sensatez e direcioná-la a um convívio social prudente e
igualitário. A partir dessa premissa, levaremos o leitor a uma mera trajetória de um homem que
em meio as revoluções sociais do século XVIII, apresentou ao mundo ideais de uma filosofia
vinculada a ciência e religião, uma tríade que se eternizou em comunidades específicas em
quase todo o mundo.
Damos início a essa viagem junto aos ideais de um médico austríaco que tentou elevar
o misticismo em uma de suas teses de modo a inovar os métodos tradicionais de cura. Franz
Anton Mesmer defendeu o misticismo com seu conhecimento científico indagando a
possibilidade de uma interfase planetária entre dois polos, o macrocosmo e o microcosmo. O
contexto de seus estudos abarcou a possibilidade de um indivíduo sendo este o doador, captar
a energia do macrocosmo e redirecionar para outro indivíduo (microcosmo), fazendo uso das
mãos supostamente carregadas de fluídos magnéticos, o que em seu elucidar promoveria uma
possível cura de ‘doenças’ que fugiam do entendimento da medicina na época. Mesmo sendo
reconhecido como um médico sábio e renomado, sua tese causou estranheza nos membros da
sociedade de medicina, que se opuseram acusando Mesmer de charlatanismo e, sua tese foi ao
‘esquecimento’ (FIGUEIREDO, 2007).
Posterior à Mesmer, o teólogo Sueco Emanuel Swedenborg revelou a sociedade da
época suas experiências junto a forças desconhecidas (místicas), das quais ele denominou em
seus escritos como forças psíquicas. Os livros de Swedenborg explicavam relatos de visões,
premunições e possíveis desdobramentos do corpo físico, em experiências ocorridas em sua
infância, estendendo-se a adulta. As obras atraíram a atenção de admiradores e críticos, em ‘Os
sonhos de um Espírito Vidente’, Kant apresentou uma perspectiva crítica e cética quanto aos
fenômenos relato, porém, mais tarde, ele reconsidera sua posição fazendo uma suposta
consideração ao misticismo apresentado por Swedenborg (FIGUEIREDO, 2007).
18
Nesse mesmo período do século XVIII no ano de 1823, uma ‘patologia’ desconhecida
dos estudiosos da medicina, assolou a sociedade, o ‘sonambulismo’. A partir de então um
professor/pesquisador e um famoso magnetizador conhecido como Fortier passaram a levantar
hipóteses de uma possível cura junto a tese de Mesmer, realizando experimentos na tentativa
esclarecer as causas e efeitos do sonambulismo, algo que estava além da compreensão da
medicina da época. (SAUSSE, 2015).
Supostamente o sonambulismo foi a ponta do iceberg para outros eventos desconhecidos
ao homem. Em 1847 a cidade de Hysdesville, situada no condado de Wayne, Nova Iorque, surge
as primeiras manifestações paranormais é claro, que foram divulgadas para a sociedade.
Novamente a teoria de Mesmer agora acompanhada dos escritos de seu contemporâneo
Emanuel Swedenbord passam a ser vistas com mais cautela e Swedenbord consegue provar a
veracidade de seus relatos junto ao caso das irmãs Fox. As irmãs mobilizaram estudiosos,
curiosos bem como autoridades legais da época com manifestações paranormais indagando
supostas comunicações2 com algo que não consegui ser visto somente ouvido, ou sentido,
segundo as irmãs Kate Fox (1837–1892), Leah Fox (1814–1890) e Margaret ‘Maggie’ Fox
(1833–1893).
2 Foi em Hydesville que Isaac Post teve a ideia de nomear em voz alta as letras do alfabeto, pedindo ao Espírito
para bater uma pancada quando a letra entrasse na composição das palavras (RIZZINI. J., p.194, 1994).
Figura: 1 As irmãs Fox.: Margaret, Kate e Leah. (Fonte: wwww.classicosespiritas.com.br)
19
Dados históricos apontam que somente Kate e Margareth eram as mediadoras, fazendo
uso de suas faculdades até então desconhecidas, contribuíam para a ocorrência dos fenômenos.
Somente depois de um tempo a irmã Leah passa a ter uma participação ativa na apresentação
dos fenômenos. Após a sociedade ter ciência do caso das irmãs Fox, outras ocorrências
paranormais similares foram divulgadas em pontos isolados da Europa. Contudo não é possível
a firmar que as Fox foram as pioneiras, mas sim as que corroboraram na prática a teoria de
Mesmer e Swedenbord. Por outro lado, leigos e incrédulos, usavam das manifestações
paranormais para se divertirem nas noites e, os fenômenos passaram a ser conhecidos como as
‘mesas girantes’ (RIZZINI. J, 1994 Apud FIGUEIREDO, 2007).
Enquanto a sociedade incrédula, aguardava respostas científicas sobre a elucidação dos
fenômenos, os mesmos eram promovidos para diversão em alguns salões nas noites parisienses.
Contudo, houve o despertar e a curiosidade do meio acadêmico, onde estudiosos da época
expressaram seus anseios solicitando ao Congresso Europeu, em caráter de urgência a formação
de uma direcionada a pesquisa e ao entendimento dos fenômenos paranormais. O Congresso
Europeu deferiu o pedido e os pesquisadores lançaram-se em direção ao desconhecido.
(FIGUEIREDO, 2007)
Figura 2: Salão parisiense com as "mesas girantes" (fonte: revista "L'Illustration", 1853).
20
As pesquisas sobre os fenômenos paranormais pareciam andar em círculos, os
pesquisadores não conseguiam chegar a uma definição do que de fato promovia tais
ocorrências. No ano de 1854, após uma série de observações foi percebido que as mesas que
giravam, também emitiam sons que levaram os pesquisadores acreditar em uma possível
telegrafia espiritual3. Os comentários sobre a evolução dos fenômenos se espalhou, chegando
aos ouvidos do famoso magnetizador Fortier que, em diálogo diz: “Caro Professor, veja o que
é ainda mais extraordinário: não apenas se faz girar uma mesa por magnetismo, mas se faz com
que ela fale, ela é interrogada e responde”. Em resposta ao Sr. Fortier, o Professor /pesquisador
diz: “vendo acreditarei nisso, e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar,
nervos para sentir e que ela pode se tornar sonâmbula; até esse momento, permita-me não ver
nisso uma história da carochinha”. (RIZZINI. J, 1994 Apud FIGUEIREDO, 2007).
Embora o comentário cético do Professor, o Sr. Fortier sabia que a emérita fala era de
um pesquisador que sempre buscou reconhecer os fatos mediante comprovação, ou seja, elevar
‘à voz da ciência’. O Professor / pesquisador não era cético, pois se tal fato fosse verídico,
como iria se dispor ao estudo do magnetismo? Deixaria esse de pesquisar os fenômenos
paranormais, ou ignorá-los?
Enquanto os fenômenos paranormais evoluíam, nos bastidores Fortier e o Professor
davam continuidade no estudo do sonambulismo na teoria e prática, onde acompanhavam os
pacientes em suas próprias residências. No ano de 1855 em atendimento na casa da Sra. Rogers
Fortier e o Professor conhecem um amigo da família ‘Rogers’ e, justamente naquele dia ele
começa a relatar sua experiência com os fenômenos paranormais. A voz do Sr. Pâtier soava de
forma sutil, sem exageros, uma serenidade que despertou o interesse do Professor/pesquisador
que, foi convidado para participar de uma sessão na casa da família Plainemaison. Na noite
marcada o Professor adentra à residência dos Planemaison, se surpreende ao ver o girar, correr
e bater de mesas bem como, com as tentativas de uma possível escrita mediúnica4(SAUSSE,
2015).
3 Das pancadas em paredes e soalhos, os sons passaram a ouvir-se em mesas, que indicavam, através de pancadas,
as letras que deveriam compor as palavras ditadas pelos Espíritos. Esse fato foi posteriormente comprovado no
ano de 1857 por um professor e pesquisador francês, renomado no mundo acadêmico que, mesmo incrédulo
sobre tais fenômenos se propôs a pesquisa-los. 4 Processo de comunicação, sugerido pelos próprios Espíritos, ganharam depois outra forma: uma prancheta
triangular dotada de rodinhas, com um lápis preso a uma das pernas, podia escrever com rapidez as mensagens.
Mais tarde, percebeu-se que a prancheta era desnecessária, surgindo assim a psicografia direta, chamada então
de escrita mecânica ou automática, porque o médium não tinha consciência daquilo que sua mão escrevia.
Adveio em seguida o processo da chamada escrita direta, em que folhas de papel, encerradas em caixas
hermeticamente fechadas, apareciam cobertas de desenhos e mensagens diretamente grafados. (p. 28)
21
Os encontros se tornaram frequentes com a participação do Professor/ pesquisador, até
que em uma noite o sr. Baldin um dos integrantes do grupo da casa dos Plainemaison, convida
o Professor para ir em sua residência a fim de presenciar uma atividade semelhante, ao aceitar
o convite o Professor, não se sabe por qual motivo, deixa de frequentar a casa dos Plainemaison
e inicia seus estudos na casa dos Baldin, observando e analisando a evolução dos fenômenos,
fazendo uso da ciência na tentativa de desvendar os fatos. Auxiliado por vários indivíduos
dotados de faculdades mediúnicas5 especificas que promoviam os fenômenos o Professor entra
em contato com uma inteligência invisível da qual se revelou como espírito protetor Z
(SAUSSE, 2015).
Z ‘o Espírito’ em diálogo com Professor diz que sua disposição em pesquisar os
fenômenos, não era uma mera coincidência, ‘Z’, revela que o Professor teve uma experiência
de vida anterior na cidade da Gália, aonde o druíta6 ‘Professor’ era comumente chamado de
Allan Kardec. Ao ter conhecimento do diálogo de ‘Z’ com o Professor o sr. Baldin, como se
tivesse esperando o dia ‘D’, entrega nas mãos do Professor alguns escritos psicografados para
que o mesmo pudesse fazer uma análise e possível interpretação. Ao ler os escritos o Professor
reestrutura em seu pensar outras inquietações e, a partir de então a ciência e a filosófica
começam a caminhar lado a lado dando outro propósito a pesquisa do Professor, ao invés de só
ouvir, ele passou a perguntar, dialogar e escrever (SAUSSE, 2015, grifo nosso)
As reuniões na casa do Sr. Baldin não tinham um objetivo determinado.
Esforcei-me para resolver nelas os problemas que me interessavam do ponto
de vista da filosofia, da psicologia e da natureza do mundo invisível; eu
chegava em cada sessão com uma série de questões preparadas metodicamente
e ordenadas; eram sempre respondidas com precisão, profundidade e de um
modo lógico (SAUSSE, 2015 p.34).
O jogo de perguntas e respostas o levavam o Professor em direção a um princípio de um
‘Ensinamento’ que ao seu ver deveria ser levado a sociedade, ao mundo. No ano de 1857 surge
a intensão de publicar as informações adquiridas no jogo de perguntas e respostas, ao publicar
o Professor sob orientação do espírito protetor ‘Z’, as titulam de o Livro dos Espíritos a qual,
foi registrada em autoria de Allan Kardec sendo a primeira obra apresentada ao mundo. Seu
5 Mediunidade é definida no Dicionário Aurélio como: sf. Condição de médium; médium: s2g. Esp. Intermediário
entre os vivos e a alma dos mortos. Segundo o Espiritismo Mediunidade é o nome atribuído a uma faculdade
que permitiria a comunicação entre espíritos encarnados (vivos) e espíritos desencarnados (mortos). Dentro
dessa concepção, ela se manifestaria de forma mais ou menos ostensiva em todos os indivíduos. Porém,
usualmente apenas aqueles que a apresentassem num grau mais perceptível seriam chamados médiuns. Maiores
informações sobre a comunicação entre encarnados e desencarnados podem ser encontradas no Livro dos
Médiuns de Allan Kardec. 6 Sacerdote celta, de grande influência política, que acumulava funções de educador e juiz.
22
conteúdo apresentou aspectos metafísicos, cosmológicos e psicológicos ligando a matéria ao
espírito, pontuando a evolução humana. A publicação despertou a curiosidade de alguns
intelectuais7 da época que decidiram por si conhecê-la (SAUSSE, 2015).
É por meio do interesse sobre o estudo da obra o Livro dos Espíritos que nasce a primeira
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, foi nessa sociedade que de fato as questões
cientificas e filosóficas deram direcionando a uma investigação voltada a experiência, não
privilegiando somente a dimensão invisível, mas sim abrangendo a essência dos indivíduos.
Mesmo com a sociedade ativa, Allan Kardec pensava que a proposta não deveria ficar restrita
a eles, foi assim, que no ano de 18608 ele inicia uma série de visitas em países próximos, com
objetivo de esclarecer e incentivar outros núcleos espiritas a disseminar os ensinamentos com
veracidade (SAUSSE, 2015).
As investidas de conservadores religiosos contra uma possível Doutrina dos Espíritos
levaram Allan Kardec a um caminho árduo na divulgação dos escritos. Sábio e sereno
acreditava tudo se resolveria com o tempo, elevando a frase ‘O silencio é um Prece’ e
‘amparado’ segundo ele por ‘Z’ o espírito protetor, ou mais conhecido como o espírito da
verdade continuou em sua jornada (SAUSSE, 2015, grifo nosso).
Foi graças à proteção e a assistência dos bons espíritos que incessantemente
me deram provas de sua solicitude, fico feliz em reconhecer que não
experimentei um único instante de fraqueza nem de desencorajamento, e que
prossegui na tarefa com o mesmo ardor, sem me preocupar com a
malevolência de que era objeto, De acordo com a comunicação do espirito da
verdade devia esperar por tudo isso, e tudo aconteceu (SAUSSE, 2015 p.43).
O sábio e crente Allan Kardec fez-se acalmar os inquietos, aos incrédulos o
‘Perguntador’ proferiu “O espiritismo em sua ciência está nos primórdios e ainda não
desvendou todos os seus segredos apesar de já ter desvendado maravilhas, bom em suma qual
a ciência que não tem fatos ainda obscuros? ” O ‘Livro dos Espíritos’ (1857), foi a ponta do
iceberg, onde estavam emergidos outros quatro eixos, o teocosmológico; ético e de
interexistencialidade; as leis de progresso, evolução e destruição; as punições e bendições
eternas, que deram o desdobramento a outras publicações como: o Livro dos Médiuns (1861),
O Espiritismo em sua expressão mais simples (1862), o Evangelho Segundo Espiritismo (1864),
o livro o Céu e o Inferno (1865), o livro A Gênese (1868). As extensões da obra primária
7 Cientistas, astrônomos e filósofos franceses, se interessaram em seu conteúdo, inclusive Napoleão III, sobrinho
de Napoleão Bonaparte que, chegou a procurar Allan Kardec para vir entender a proposta de evolução humana
advinda do Espiritismo. 8 Nesse ano o Livro dos Espíritos teve a sua segunda e terceira edição, publicada (SAUSSE, 2015 1ºed. pg.36).
23
complementaram o que Allan Kardec pronunciou: ‘um ensinamento para o mundo’ (SAUSSE,
2015 p.46).
Em esclarecimento as obras, o Livro dos Espíritos contextualiza ensinamentos
direcionados a lógica e racionalidade, elevando a compressão do pensamento científico,
filosófico e aspectos religiosos. Já o Livro dos Médiuns9, contextualiza a teoria dos fenômenos,
meios de comunicação com o mundo invisível bem como o desenvolvimento da mediunidade,
contudo o livro o Espiritismo em sua expressão mais simples, aborda aspectos simplificados e
de fácil compreensão do contexto apresentado por Allan Kardec que elucida:
Eis por que me esforcei em simplificá-la e torná-la clara, a fim de a pôr ao
alcance de todos, com o risco de a fazer contestada por certa gente quanto ao
título de filosofia, por que não é bastante abstrata e saiu do nevoeiro da
metafísica clássica (KARDEC, ALLAN, 1864 p. 353).
O Evangelho Segundo o Espiritismo, contextualiza os ensinamentos morais do Cristo,
elevando o caráter educativo, motivador e consolador. O Livro o Céu e o Inferno, contextualiza
o esclarecimento sobre a justiça de Deus à luz dos ensinamentos espíritas, apresentando na sua
primeira parte questões sobre a vida após a morte, em uma análise comparativa com outras
visões religiosas, além de explicar outras questões como: morte prematura, indivíduos com
deformações, acidentes / catástrofes e desencarne coletivo bem como, esclarecendo questões
sobre o céu e o inferno, purgatório e evocação dos perecidos, o livro na sua segunda parte traz
exemplos práticos após a morte como o depoimento dos que viveram materializados (MORAIS,
2014).
O livro A Gênese, dividido em três momentos, abrange na primeira parte questões sobre
a origem do planeta terra, na segunda parte explica a questão dos milagres e a natureza dos
fluídos, dando ênfase nas profecias do evangelho, já na terceira parte apresenta os sinais dos
tempos e a nova geração, marcando assim um novo tempo no mundo com a prática da justiça,
da paz, da fraternidade e caridade. A ordem das publicações levou a comprovação e a veracidade
dos fenômenos bem como, a existência de um plano não material, invisível, não palpável,
invisível constituído por energia de uma outra dimensão (MORAIS, 2014).
9 Na contemporaneidade ele é considerado o manual mais prudente para aqueles que venha a se dedicar as
atividades de comunicação com o mundo espiritual
24
1.1. A PROPOSTA ESPÍRITA NAS CODIFICAÇÕES DE ALLAN KARDEC.
Em meio a sociedade, surge a Doutrina dos Espíritos trazendo a possibilidade de uma
reestruturação da consciência humana dos indivíduos. Bom, poderíamos pensar na
neuroplasticidade10, porém, segundo as obras codificadas por Allan Kardec, esse processo
ocorreria por meio de outras existências, ou seja, por meio da reencarnação.
A reencarnação é um assunto constitucional desde o Egito antigo, na centralidade dos
princípios filosóficos de Sócrates, Platão e Pitágoras, no século IV d.C. por Pelágio11 que com
a proposta evolucionista, reencarnatória12 justificando-a na capacidade dos indivíduos de
substituir a morte do corpo por serem energia (consciência, espírito ou alma), bem como em
religiões que proferem o conceito de reencarnação como o Hinduísmo, Budismo, Jainismo,
Sikhismo, Raoísmo. A Doutrina dos Espíritos lança a ideia de que a alma seria capaz de
reconectar-se sucessivamente a diversos corpos a fim de alcançar o auto aperfeiçoamento, em
suma, a melhor forma de reestruturar, ou aperfeiçoar a consciência é viver várias existências
‘reencarnações’ (MORAIS, 2014, grifo nosso).
Contudo, a Doutrina dos Espíritos por Allan Kardec passou a ser vista como um tipo de
religião. Religião? Bom, Allan Kardec nunca negou o aspecto religioso nas cofidificações,
porém, ao justapor o sinônimo ‘aspecto’ temos: exterior / exterioridade e aparência, ou seja,
sinônimos que não remete à essência, desse modo, a ‘profundeza, ou o cerne’ da proposta
apresentada por ele é de:
Uma ciência de observação e um ensinamento filosófico. Como ciência
prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos;
como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem
dessas relações. Os princípios gerais são independentes de todas as questões
dogmáticas. É verdade que ele tem consequências morais, como todas as
ciências filosóficas. Suas consequências são no sentido do Cristianismo. (...)
O Espiritismo não é, pois, uma religião. Do contrário, teria seu culto, seus
templos, seus ministros. Sem dúvida cada um pode transformar suas opiniões
numa religião, interpretar à vontade as religiões conhecidas; mas daí à
constituição de uma nova Igreja há uma grande distância e penso seria
imprudente seguir tal ideia (KARDEC, Revista Espírita 1859, p. 149).
10 Conhecida como plasticidade neuronal, refere-se à capacidade do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e
moldar-se a nível estrutural e funcional ao longo do desenvolvimento neuronal e quando sujeito a novas
experiências. 11 Foi um monge britânico, ascético e acusado de herege, que viveu entre os séculos IV e V d. C. Perseguido pela
Igreja de Roma após ensinar ideias consideradas heréticas pelos líderes deste, como sua negação mais tarde
chamado " dogma do pecado original ", escreveu dois perderam obras longa, "From Nature" e "De livre
vontade", que voltou a defender a sua concepção da natureza do pecado. 12 Promulgada no século IV d.C, por Pelágio, a nomeando-a como cosmovisão a qual elucidava a possibilidade
de os indivíduos aperfeiçoarem-se ao longo de várias vidas.
25
Ao vincular a ciência e a filosofia, o aspecto religioso do espiritismo é elevado nas
mensagens do Cristo a qual eram realizadas por meio de ‘Parábolas13’ que levavam os
indivíduos a reflexão, para a compreensão ‘moral de seus atos’. Neste sentido a Fé, remete ao
sentido de (certeza) de que os atos eram condizentes as questões morais e éticas para si e para
os outros no convívio em sociedade. Desse modo a reflexão sobre os atos direcionam os
indivíduos a questionarem a si mesmos, os elevando a uma posição de réu e juiz de si,
direcionando o olhar singular de dentro para fora dos indivíduos, ou seja, um educar.
(BIGUETO, 2006, grifo nosso).
A fé inata será um dos caracteres distintivos da nova geração [do
século vinte], não a fé exclusiva e cega que divide os homens, mas a
fé raciocinada, que esclarece e fortifica, que os une e confunde num
sentimento comum de amor a Deus e ao próximo. Com a geração que
se extingue [do século XIX] desaparecerão os últimos vestígios da
incredulidade e do fanatismo, igualmente contrários ao progresso
moral e social (OP, p.394, grifo nosso).
O contexto das propostas codificadas por Allan Kardec, frisavam a primazia da
razão sobre qualquer afirmação dogmática, quer seja científica ou religiosa, ressalvando a
liberdade da consciência como o direito natural dos indivíduos. Neste sentido a fé
raciocinada é uma fé fundamentada exaltando a acepção de um estado, não de um processo.
O processo ‘raciocínio’ deu-se em sua construção entre ciência, filosofia abarcando o
aspecto de religião, desse modo os indivíduos que se propusessem ao estudo primeiramente
realizariam um movimento de raciocínio e, somente depois, a eles constituiria a fé (certeza).
1.2. A GENÊSE PRECENDENTE A ALLAN KARDEC
“Nascer, crescer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei”
(Dólmen de Allan Kardec)
Até o presente momento sabemos que Allan Kardec era um professor/ pesquisador que
teve discernimento para compreender as instruções a ele proferida e promulgar a Doutrina dos
Espíritos. Partindo do princípio que o Cristo Jesus nasceu, cresceu e promulgou a lei do amor,
13 Espécie de alegoria, ou comparação de objetos remotamente relacionados, contendo geralmente preceito ou
doutrina moral; curva plana cujos pontos distam igualmente de um ponto fixo e de uma reta fixa; dobadoira
dobrada, isto é, com duas ordens de travessas, cruzada.
26
à mesma lógica aplica-se a Allan Kardec. Porém uma pergunta não se cala: Quem de fato foi
esse homem, quais foram suas contribuições para a sociedade como professor / pesquisador,
antes do esclarecimento sobre os fenômenos paranormais?
Em uma época de incertezas políticas e os conflitos sociais, devido a revolução francesa,
nasce no ano de 1804 Hippolyte Leon Rivail Denizard em berço de uma família católica na
cidade de Lyon. Sua família preocupada com a instabilidade econômica devido às desordens
sociais, decide levar o pequeno Denizard Rivail para a Suíça, onde lá iniciaria seus estudos no
Instituto Yverdon- Castelo Yverdon e, foi nesse ambiente que fulgor do iluminismo14 ele
despertou sua paixão pela educação (SAUSSE, 2015, grifo nosso).
Empenhado nos estudos e, amante dos propósitos da educação, aos quatorze anos,
Denizard Rivail coordenou um grupo de estudos para auxiliar alunos que apresentavam déficit
escolar, aos dezoito anos 15, apresentou a sociedade seu primeiro escrito pedagógico levando
reflexões aos pais e mestres (educadores), na obra titulada ‘Como apresentar os caminhos da
aritmética aqueles sobre sua tutela’. Denizard Rivail em suas reflexões, sempre enfatizou a
importância da família como força aliada no ensino escolar e, todas suas publicações
direcionadas a educação davam ênfase ao papel da família, em destaque a ‘Mãe’ sendo essa a
primeira a educar, durante o desenvolvimento dos filhos (SAUSSE, 2015, grifo nosso).
No mesmo período em que publicava escritos sobre educação, também estudava e
pesquisava sobre os ensejos e implicações do sonambulismo que, como visto anteriormente
foi algo que estava além dos olhos da medicina da época. Contudo, Denizard Rivail veio
aprimorar o ensino público francês e alemão, publicando várias obras no campo da
educação. No ano de 1825 em meio a um período político conturbado Denizard Rivail aos
21 anos inaugura a primeira instituição de educação em Paris ‘Escola de Primeiro Grau’
elevando a bandeira a favor da laicização do ensino. Por conseguinte no ano de 1826 funda
o Educandário Rivail16 com uma grade de ensino voltada a educação escolar, e familiar ,
onde as práticas focavam a relação alunos e educadores. Destaca-se que o ensino fornecido
14 Surgiu na França no século XVII seus ideais elevavam ao pensamento racional e este deveria substituir as
crenças religiosas e o misticismo que sendo os mesmos poderiam bloquear a evolução do homem. A
perspectiva teocêntrica segundo os filósofos iluministas, tinha como propósito de iluminar as trevas em que se
encontrava a sociedade, mas para isso o homem teria que ser o centro e passar a buscar respostas para as
questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. 15 Após sua graduação em ciências e letras, ainda sim poliglota, direcionou seu conhecimento à educação quando
veio a ensinar astronomia, física, fisiologia química, língua francesa entre outras de seu conhecimento. 16 A “Instituição Rivail” contou com o auxílio financeiro de um tio materno que viciado em jogos
comprometeu a Instituição como pagamento de dívidas e a mesma teve que ser fechada isso em 1834.
Sem portas para disseminar seus anseios educacionais, decidiu junto com sua esposa Amélie entrar em
um negócio lucrativo, mas por esse foram levados ao caos financeiro (SAUSSE, 2015, p.31).
27
no educandário era direcionado a pessoas menos favorecidas financeiramente na sociedade
(SAUSSE, 2015).
Buscando a melhoria da educação pública, Denizard Rivail promulga que é
“necessário um meio próprio, para educar e esse, é como uma ciência bem distinta da qual
se deve estudar para ser um educador, como se estuda medicina para ser médico”. Foi por
essa fala que ele de titula discípulo17 de Pestalozzi. Denizard Rivail ao apresentar sua
proposta de melhoria do ensino público, a mesma assegurou a educação infantil, mantendo
a perseverança sobre o caráter científico ao qual deveria ser aplicado na formação de
educadores “A escola teórica e prática de pedagogia” (WANTUIL & THIESEN, p.123.
2004, grifo nosso).
Suas ações o levaram a tomar posse como membro no Instituto Histórico de Paris e
na Academia Real de Arras, aonde recebeu menção honrosa, por publicar o tema, ‘Qual o
sistema de estudo que mais se harmoniza com as necessidades da época? ’ No mesmo ano
Denizard Rivail apresentou o memorial de instrução pública, estabelecendo a liberdade do
ensino, se contrapondo a posse universitária bem como, ao vazio da educação moral nas
instituições públicas (WANTUIL & THIESEN, 2004).
Em defesa do estandarte do ensino para todos, Denizard Rivail entre os anos de 1835 a
1840, usou sua residência para ministrar cursos gratuitos de Química, Física, Astronomia,
Fisiologia e Anatomia. Porém no ano de 1849, a Lei Falloux, foi aprovada levando a instrução
pública ao poder do Clero Católico, após a divulgação, Denizard Rivail decidiu abandonar a
educação elementar, e passou a se dedicar ao estudo do esoterismo e do magnetismo animal
para a cura do sonambulismo. Foi ao pesquisar e estudar sobre o sonambulismo que Denizard
Rivail teve contato com os fenômenos das Mesas Girantes, onde acabou se envolvendo
cientificamente, filosoficamente de corpo e alma, assumindo o pseudônimo de Allan Kardec,
eternizando-se como o codificador das instruções dos espíritos. (WANTUIL & THIESEN,
2004, grifo nosso).
1.2.1 O linear pedagógico Denizard Rivail, raízes de Allan Kardec.
Todo mestre foi discípulo. Essa afirmação nos faz retroceder de forma sucinta aos
pensadores que inspiram Denizard Rivail em seus ideais pedagógicos. Na Grécia antiga os
17 O instituto proporcionou a Denizard Rivail o primeiro contato com os ideais de Johann Henrich Pestalozzi.
28
processos de educar já eram analisados por filósofos aos quais destacam-se Sócrates e Platão18
que identificaram os equívocos morais como fatores negativos para que os indivíduos viessem
alcançar a liberdade do pensar. No alvedrio do pensar, o Cristo Jesus buscou enfatizar em seus
ensinamentos a transcendência a fim de promover a educação moral e o crescimento espiritual,
contudo não deixava de observar a ingenuidade das crianças, pois segundo seus ensinamentos
os homens deveriam ter o olhar e a pureza delas para que pudessem se desenvolver
individualmente, bem como em sociedade (BIGUETO, 2006, grifo nosso).
Próximo aos pensamentos do Cristo, Comenius19 defendeu em seus ideais pedagógicos
o ensino tardio das crianças, suas práxis também buscavam aproximar os indivíduos da
transcendência, despertando a fé para compreensão das diferenças materiais e espirituais. Em
curso Rousseau20 direcionou um olhar crítico e pedagógico para defender a educação infantil
tano que como Nicolau Copérnico21, Rousseau fez sua descoberta22 copérnica, dando ênfase
na psicologia infantil. Sua teoria identificou a idade tenra como o epicentro do desenvolvimento
humano. A luz de Rousseau, Pestalozzi23 em Stans veio a desenvolver seu método educacional
(BIGUETO, 2006, grifo nosso).
1.2.2- Stans a gênese da nova pedagogia
No período Napoleônico a Suíça enfrenta uma série de conflitos sociais direcionados a
disputa do poder político, contudo, os núcleos familiares foram os mais prejudicados esse fato
18 A visão espiritualista das práxis de Sócrates e Platão, e também sua influência social no século XIX. As práxis
desses dois pensadores fundavam-se questionamentos em direção da própria ignorância humana, colocando
em pauta pensamentos morais equivocados, mergulhados no materialismo (BIGUETO, 2006). 19 Jan Comenius nasceu em 28 de março de 1592, na cidade de UherskýBrod (ou Nivnitz), na Morávia, região da
Europa Central pertencia ao antigo Reino da Boémia e que hoje corresponde à parte oriental da República
Checa. Viveu e estudou na Alemanha e na Polónia. Foi o último bispo da Igreja Hussita e tornou-se um
refugiado religioso. Foi um inovador e um dos primeiros defensores da universalidade da educação, conceito
que defende em seu livro Didática magna. É considerado como o pai da educação moderna. Aplicou um método
de ensino mais efetivo, a partir dos conceitos mais simples para chegar aos mais abrangentes (BICHETTO,
2006). 20 Foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço. É considerado um dos
principais filósofos do iluminismo e precursor do romantismo. Para ele, as instituições educativas corrompem
o homem e tiram-lhe a liberdade. Para a criação de um novo homem e de uma nova sociedade, seria preciso
educar a criança de acordo com a Natureza, desenvolvendo progressivamente seus sentidos e a razão com vistas
à liberdade e à capacidade de julgar (BICHETTO, 2006). 21 Que desenvolveu a teoria do Heliocentrismo, onde Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então
vigente Teoria Geocêntrica (que considerava a Terra como o centro), é considerada como uma das mais
importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia. 22 A criança ao atingir certa idade poderia ser embreada com a ignorância dos homens. 23 Jonhann Heinrich Pestalozzi, teve sua infância direcionada por duas mulheres juntamente com seu ancestre
paterno que era pastor, veio a influencia-lo ainda menino em aprender latim e, ler a Bíblia. Na sua fase juvenil
foi influenciado pelo pensamento de Rousseau e por alguns aspectos do movimento romântico e esse ponto
será fortemente verificado na tradução prática dos seus princípios educacionais.
29
se deu devido ao grande número de crianças órfãs, por perderem seus pais. Sem amparo familiar
as crianças passaram a ser reconhecidas como os filhos da guerra. Em meio a escuridão surge
um homem de fé e de bom coração que aceitou o convite do governo para coordenar uma obra
social na cidade de Stans, com a missão de acolher tanto os órfãos quanto dos desabrigados.
Jonhann Heinrich Pestalozzi ao aceitar o convite do governo, mal sabia a vivência e as
atividades que seriam desenvolvidas no orfanato, tão pouco poderia imaginar a descoberta de
uma teoria educacional. Além de priorizar o atendimento fraterno, Pestalozzi adequou o estudo
com o trabalho profissional dando ênfase no ensino mútuo para o despertar das capacidades
intelectuais e profissionais. Herdeiro do romantismo de Rousseau, sempre priorizou a presença
do vínculo afetivo na relação com os hóspedes do orfanato. Mesmo com todos os esforços de
Pestalozzi para manter a instituição ativa, o governo decide fechar o orfanato no ano de 1799
aproveitando suas instalações (antigo convento) para destino à construção de um hospital.
Contudo, suas experiências em Stans ficaram registradas em seus escritos Cartas de Stans
(CAMBI, 1999, grifo nosso).
As cartas apresentavam um conteúdo tanto quanto interessante, relatos da vivência,
o cotidiano e dos laços afetivos entre as crianças e Pestalozzi cita:
Eu ficava desde a manhã até a noite, praticamente sozinho entre eles. (...)
cada socorro, auxílio em cada sofrimento, cada lição que receberam, vinha
imediatamente de mim. Minha mão descansou em suas mãos, meus olhos
repousaram sobre os seus olhares. Minhas lágrimas escorriam com a deles,
e meu sorriso acompanhado do deles. Eles estavam fora do mundo, eles
eram de Stans, eles estavam perto de mim e eu estava perto deles. Sua sopa
era a minha, a bebida era a minha bebida. Eu não tinha nada, eu não tinha
nem família nem amigos, nem empregados em torno de mim, eu tinha eles.
Quando eles estavam em boa saúde, eu estava entre eles, quando eles
estavam doentes, eu estava à beira do leito. Eu dormia no meio deles. (...)
quando eles estavam na cama, eu orava com eles e novamente transmitia
ensinamentos até que eles dormissem: e eles me pediam também (1996,
p.21-2).
30
Após encerramento das atividades em Stans24, Pestalozzi foi amparado por um
representante do governo Suíço, um amigo conhecedor de seus ideais pedagógicos, que o
recomendou para lecionar em algumas escolas regulares. Pestalozzi atraiu uma serie de
admiradores que não mediam esforços para auxiliá-lo a fundar a Sociedade Amigos da
Educação, um espaço direcionado para o estudo. Pestalozzi promulgou a valorização do
papel social que a educação tem para com a sociedade, incluindo os pobres. Suas reflexões
contribuíram para a investigação e a teorização dos métodos e práxis educacionais no
século XIX (ARANHA, 2006).
1.2.3 -A perspectiva pedagógica de Pestalozzi.
Pestalozzi ao observar a fragilidade humana levantou a hipótese de que a mesma poderia
afetar significativamente o processo evolutivo dos indivíduos. Em uma de suas obras25 veio
apresentar o cerne filosófico da teoria dos três estados proporcionado o conhecimento sobre os
fatores que estabelecem a existência humana como o ser natural, o ser social e o ser moral.
A vivência com as crianças em Stans o levou a observar nos indivíduos os instintos
ingênuos em direção à satisfação do eu, e a oposição e a repressão dos mesmos frente à
24 Foi por essa experiência pedagógica que Pestalozzi desenvolveu os princípios fundamentais de seu ensino, o
“método intuitivo” e o “ensino mútuo” (CAMBI, 1999, p.417). 25 Minhas indagações sobre a marcha da natureza no desenvolvimento da espécie humana.
Figura 3: Pestalozzi no orfanato Stans
(fonte:www.art.pensamento.com.br)
31
sociedade. Por essa ele subentendeu que a desordem dos elementos não seria saldável para
os indivíduos, porém a ordem dos elementos levaria os indivíduos ao requinte, efetivando
suas capacidades humanas (INCONTRI, 1996).
Para esclarecimento:
Natural: baseado nos instintos e satisfações da natureza animal do homem;
Estado Social: baseado nos meios artificiais da estrutura material da
sociedade, criados pelo próprio homem, para satisfação de sua natureza
animal; Estado Moral: baseado na busca da realização espiritual através do
desenvolvimento de sua natureza interior (IBID., p. 142)
Na obra: Como Gertrudes ensina a seus filhos (1801) Pestalozzi observou os primórdios
dos três estados, na fase tenra das crianças e, apontou a importância da figura materna no
processo inicial de desenvolvimento das mesmas. A partir de então, foi dado ênfase nos estudos
sobre a importância da função materna na vida dos indivíduos, o que o inspirou a fundamentar
seu método pedagógico (IBID).
A obediência e o amor, a gratidão e a confiança reunidas, fazem brotar na
criança os primeiros gérmens da consciência. Ele começa a sentir, muito
vagamente no princípio que, não é justo ter raiva contra sua mãe que o ama.
Ele começa a sentir vagamente que sua mãe não é única no mundo e somente
para ele. Ele desperta a primeira tênue sombra do vago sentimento de que o
mundo não existe só para ele, e com este sentimento nasce também outro: que
ele mesmo não existe no mundo, só por si; é a primeira e vaga ideia do dever
e de direito, que começa a germinar. Estas são as primeiras características
fundamentais do desenvolvimento da personalidade. Eles surgem das relações
naturais que existem entre a mãe e o filho que cria (OP.CIT., p.142).
A base dos estudos tinha como intuito demonstrar a importância do papel da mãe sendo
essa a primeira educadora, incumbindo-a de proporcionar aos indivíduos sob sua tutela a
firmeza e o amor, o carinho, o cuidado e à atenção necessária para a conformidade dos três
estados. A educação cristã proporcionada a Pestalozzi em sua face tenra, isso fez com ele viesse
a completar sua teoria afirmando que além da mãe, os demais membros da família eram sim
responsáveis em auxiliar no desenvolvimento das capacidades das crianças. Supondo que todo
processo fosse completado, os indivíduos ao se desvincularem dos laços maternos/família,
poderiam ter grandes chances de alcançar a dignidade e por ela a liberdade26 para o convívio
social (INCONTRI, 1996).
26 Esse enfoque na liberdade, verificado posteriormente nas formulações políticas e pedagógicas de Fichte (que
se tornou reitor da Universidade de Berlim, a primeira instituição universitária dita contemporânea) e em
Fröebel, que buscou caracterizar a função sociopolítica e ideológica da educação, cujas ações devem emancipar
e integrar o sujeito, responsável na sociedade industrial e liberal a caminho
32
Portanto a visão educacional de Pestalozzi abarca o educar moral (mãe/família) com
fonte primária que antecede a educação escolar sendo essa o complemento intelectual para o
desenvolvimento dos indivíduos. Embora a crença religiosa tenha despertado em Pestalozzi
ideais de solidariedade e ‘o amor ao próximo’ visto nas práticas em Stans, sua proposta elevava
uma pedagogia firme, digo firme, não no sentido de repressão, mas com o intuito de mostrar a
ordem sem práticas arbitrárias. Contudo para Pestalozzi a pedagogia realmente deveria ser
vinculada a sociedade, pois os frutos dessa união produziriam indivíduos conscientes e
pensantes para a vida coletiva (ARANHA, 2006, grifo nosso).
A educação por Pestalozzi é primordialmente moral e lógica - princípio vital
de seu sistema. O indivíduo é um todo, cujas partes devem ser cultivadas, e a
unidade espírito-coração-mão, análogo à tríplice atividade conhecer-querer-
agir, por meio da qual ocorre o aprimoramento da inteligência, da moral e da
técnica (ARANHA, 2006, p.211).
1.2.4 - O método de Pestalozzi
Pestalozzi priorizou nos métodos educar a essência da natureza humana na tríplice:
intelectual, física e moral, o equilíbrio em os eixos proporcionava nos processos de
aprendizagem o uso de formas e meios simples como sons, formas e números, inicialmente para
que depois viesse a linguagem, seguindo uma ordem do simples ao complexo. Provas, castigos
e, ou recompensas, não eram enquadradas em suas práxis, ele buscava valorizar o indivíduo
para o despertar da liberdade, sua teoria e método eram focados na vivência intelectual,
sensorial e emocional proporcionando a experiência. Os educandos eram convidados a buscar
o conhecimento, ou seja, pairar na fronteira do concreto e do abstrato, vindo a desenvolver
condições de conduzir seu aprendizado (WANTUIL & THIESEN, 2004).
Para Pestalozzi os educadores (tutores) deveriam atuar com uma mãe que cuida de seus
filhos, direcionando amor, atenção e carinho, sendo assim o conteúdo era menos importante,
pois o direcionamento nas práxis educativas sendo seu método davam ênfase ao
desenvolvimento das habilidades e valores. Em analogia o educador/ tutor era visto como um
jardineiro, aquele que cuida da semente com todo seu conhecimento (experiência, carinho,
dedicação, respeito) para que ela se desenvolva, cresça e de seus frutos (IBID).
A escola para Pestalozzi teria que ser não só a extensão do lar, mas sim um ambiente
de inspirações com base no afeto e na segurança, proporcionando amor. A luz que ilumina o
caminho para o despertar dos indivíduos em direção a capacidade de auto salvação, ou seja, o
desenvolver de dentro para fora. Neste sentido o educador/ tutor teria que respeitar os
33
educandos em suas particularidades, cada um no seu estágio de desenvolvimento. Preocupado
não só com a formação dos indivíduos Pestalozzi pensava no perfil e na atuação dos
educadores/ tutores e por esse pensar, inaugurou uma escola de formação de professores
(IBID).
Um homem que influenciou a educação em sua época bem como na contemporaneidade,
seu amor, sua devoção à pedagogia aliada aos ideais de caridade e fraternidade, tornou
Pestalozzi o percursor da pedagogia do amor que se reflete nas palavras: "A vida educa. Mas a
vida que educa não é uma questão de palavras, e sim, de ação. É atividade." Foi por esse pensar
que Pestalozzi publicou outras obras relacionadas a pedagogia, representou a Suíça em Paris
(1802 – 1803) e por fim fundou o Instituto em Yverdon (WANTUIL & THIESEN, 2004).
1.2.5- Castelo Yverdon a herança pedagógica
As estruturas de antigo castelo medieval em Yverdon serviu para acomodar alunos
de diversas regiões que buscam um ensino diferenciado do convencional. Foi entre as
paredes do Castelo que Pestalozzi e seus tutores (educadores) promoviam o método
educativo ao qual, mais tarde teria repercussão universal. Entre vários discentes/discípulos,
encontramos o protagonista da presente pesquisa Hippolyte Léon Denizard Rivail como visto
no início do capítulo, foi levado a Yverdon por sua família para iniciar sua formação acadêmica
a luz de Pestalozzi. Denizard Rivail junto a outros educandos foram privilegiados, durante sua
formação acadêmica, pois as práticas educacionais do Castelo em Yverdon elevam os
indivíduos a uma formação libertadora.
Relatos de pesquisadores da história da educação elucidam que:
As portas do castelo permaneciam abertas o dia todo, e sem porteiros. Podia-
se sair e entrar a qualquer hora, como em toda casa de uma família simples, e
as crianças quase não se prevaleciam disso. Eles tinham, em geral, dez horas
de aula por dia, das seis da manhã às oito da noite, mas cada lição só durava
uma hora e era seguida de um pequeno intervalo, durante o qual
ordinarinariamente se trocava de sala. Por outro lado, algumas dessas lições
consistiam em ginastica ou em trabalhos manuais, como cartonagem e
jardinagem [...] (WANTUIL & THIESEN, 1998, p.37).
Durante as práxis educacionais, Pestalozzi sempre orientava seus educadores/ tutores a
provocar o pensar levando hipóteses aos educandos de modo a leva-los ao desejo de fazer
descobertas. Outro ponto forte nas práxis educacionais de Pestalozzi era promover o auxílio
34
mútuo, onde os educadores promoviam seus educandos a tutores, assim o aluno com grau de
instrução mais avançado retrocedia para auxiliar os alunos iniciantes. Toda a prática
educacional de Pestalozzi era direcionada na formação intelectual e profissional. A maiêutica
socrática? (IBID).
Embora o ensino no Castelo Yverdon tenha recebido críticas por apresentar métodos de
ensino diferentes do tradicional, ele foi citado por estudiosos da contemporaneidade na história
da educação, como o instituto que apresentou métodos educativos avançados para época e,
causou repercussão com o seu método de formação de professores ainda assim, contudo,
influenciou profundamente a reforma educacional prussiana (IBID).
Denizard Rivail teve a oportunidade de estar bem próximo de Pestalozzi, fiel a seus
métodos o aluno se tornou discípulo e após sua formação acadêmica, seus projetos e propostas
tinham como base o aprendizado adquirido a luz de seu mestre. Como exemplo de sua
fidelidade, a proposta de melhoria para a educação pública à qual, priorizou o ensino infantil
bem como, a importância da família na educação moral, por conseguinte a escola e seus
professores.
A educação, considerada como arte pedagógica, foi até aqui objeto de
especulação de um número muito pequeno de indivíduos que se ocuparam
disso por prazer; mas é preciso notar que a maioria daqueles que fizeram
pesquisas profundas sobre essa arte, jamais a praticaram. Frequentemente
também se entregaram a ideias sistemáticas, impraticáveis ou nocivas,
enquanto que aqueles que a praticam, não a estudam. De mil pessoas
Figura 4: Castelo Yverdon
(fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Picswiss_VD-47-01.jpg)
35
dedicadas à educação, muitas vezes não se encontrará uma só, que tenha lido
um quarto das obras sobre o assunto. Aqueles que se destinam à magistratura
não podem ser advogados sem terem estudado as leis; não confiaríamos a
saúde a um indivíduo que se dissesse médico sem ter estudado medicina; por
que confiaríamos assim tão levianamente os filhos a homens que não sabem o
que é educação? (CAMBI, 1999, p.30).
Denizard Rivail herdeiro dos ideais de Pestalozzi apresentou propostas pedagógicas em
defesa da melhoria do ensino público, buscou em sua vida acadêmica honrar seu mestre
Pestalozzi, colocando-se de corpo e alma em tudo a que se propunha a fazer. Próximo do fim
de sua carreira acadêmica, já cansando, decidiu buscar novos horizontes como visto
anteriormente. Mesmo longe das atividades acadêmicas é possível afirmar com base na citação
de Sausse “foi nessa escola que se desenvolveu as ideias que deviam torná-lo um observador
atento e meticuloso, um pensador prudente e profundo” que Denizard Rivail nunca deixou de
lado seu aprendizado em Yverdon (SAUSSE, 2012 p. 29).
Como bom discípulo, sempre aberto a transitar entre as fronteiras do concreto e o
abstrato (práticas de ensino do Castelo Yverdon) as raízes pedagógicas de Denizard Rivail
tiveram influência no estudo do misticismo como vemos em sua própria citação, porém no
pseudônimo de Allan Kardec: “Na verdade, a revelação divina está presente em todas as
religiões, épocas, culturas, entre todos os povos e, certamente houve e há enviados de Deus,
para ensinar aos homens as leis da vida, dentre elas as leis da própria consciência humana”
(KARDEC, 1971, p118, grifo nosso).
A proposta educacional dos Espíritos codificada e promulgada por Allan Kardec
apresentou ao mundo um modelo de educação, moral e social. Alguns biógrafos da vida de
Allan Kardec apontam princípios básicos dos métodos de Pestalozzi nas entrelinhas das obras.
O livro dos Médiuns, pode ser um dos exemplos, pois ao olhar atentamente a citação do
parágrafo anterior, essa nos leva a hipótese de que o livro é um manual para capacitar
educadores / tutores para que estes possam elucidar os leigos a entenderem as leis própria
consciência humana (SAUSSE, 2015).
1.3 AS RAIZES DA EDUCAÇÃO ESPÍRITA
O espiritismo deverá reformular os padrões da educação humana, propondo-
lhe novas metas, ajustando-lhe diversos procedimentos no relacionamento
entre educador e educando e, com isso, formará novas gerações de seres que
estarão capacitados para o trabalho árduo da reconstrução da civilização
(2000, pp.217-218)
36
Embora a disseminação da Doutrina dos Espíritos tenha ocorrido em território Europeu,
sua proposta pedagógica ganhou ênfase ao cruzar o oceano em direção a América do Sul, em
específico no território brasileiro. Embora outras atividades espíritas já viessem ocorrendo no
Brasil27 em 1907 o educador mineiro Eurípedes Barsanulfo, após ter estudado as obras do
espiritismo, identificou o caráter educativo e assim decidiu colocá-lo em prática fundando o
colégio Allan Kardec28 (NOVELINO, 2001).
Por acreditar na união e respeito entre os indivíduos Eurípedes direcionou esforços para
promover uma educação que abarcasse as diferenças e por esta, vir a invalidar tabus como de
gêneros, classes sociais, raciais entre outras. As práticas pedagógicas realizadas no Colégio
Allan Kardec, eram diferentes dos colégios tradicionais justamente por priorizar a inserção
simultânea de alunos e de promover a aproximação de gêneros na mesma sala de aula e por não
munir de métodos a avaliação dos alunos, tal como provas escritas (NOVELINO, 2001).
A escola era particular, gratuita e sem fins lucrativos. Iniciou suas atividades
com umas 80 crianças de ambos os sexos e pretendia contribuir na valorização
da infância, despertar o sentimento do bem e a vontade de conhecer. Desde o
início, Eurípedes compreendia que o problema educacional ia além do mero
aprender a ler, contar e escrever. Distanciava-se também das ideias coercitivas
que vigoravam na educação e procurou substituir práticas pedagógicas
tradicionais por um ensino cooperativo, adotando métodos que incentivavam
a ação, a liberdade, a investigação. A experiência do colégio Allan Kardec
tinha a intenção de negar a escola livresca, autoritária e distante da realidade.
Ao contrário, pretendia criar uma nova forma de lidar com os alunos
considerando seus interesses, necessidades, vivências, promovendo a
educação intelectual, física e moral (BIGUETO, 2006, p.152).
O princípio básico da visão educacional do Colégio Allan Kardec desde de sua fundação
sempre foi educar e não doutrinar. Essa faceta acontecia por meio de diálogos, reflexões e
questionamentos entre educadores e educandos, a maiêutica29 sendo aplicada nas práxis
educativas. Por essa promoção do pensar e um educar inovador, era comum os alunos que se
esforçavam e se destacavam em um breve espaço de tempo passavam a frente dos que estavam
em curso. O esquema curricular do Colégio Allan Kardec oferecia a priori o Curso Elementar
que contava com o aprendizado das quatros operações fundamentais da aritmética, porém o
27 Ver Capítulo II 28 O Colégio Allan Kardec, criado com o nome Liceu Sacramento em 1902, foi uma instituição de ensino na
cidade de Sacramento, Minas Gerais, considerada a primeira instituição de ensino com fundamentos da
pedagogia espírita. Forneceu uma primorosa educação gratuita para milhares de pessoas pobres e órfãs. Ainda
é tido como exemplo de educação diferenciada e atualmente funciona como um museu, memorial à Eurípedes
e centro espírita. 29 Método socrático que consiste na multiplicação de perguntas, induzindo o interlocutor na descoberta de suas
próprias verdades e na conceituação geral de um objeto.
37
aluno que apresentasse desempenho, ou soubesse ler era direcionado ao estudo da aritmética
teórica e prática, bem como monografia da língua portuguesa, história do Brasil e geografia
(NOVELINO, 2001).
A conclusão do programa estabelecido ensejava ao aluno- em qualquer época
do ano – a frequência ao Curso Médio, que contava com as seguintes
disciplinas: Aritmética, Geografia, História do Brasil e Universal, Geografia
Geral, Noções de Vida Prática, Ciências Naturais e Gramática Portuguesa
(morfologia e sintaxe). Critério idêntico de promoção que se efetuava com o
Médio. Eurípedes era professor do curso Superior, cujo currículo incluía as
matérias que se seguem: Português (sintaxe e literatura), Francês, Geometria,
História Universal, Cosmografia, Física e Química, além da Astronomia e a
Evangelização Espírita que era aplicada para todo o colégio (NOVELINO,
2001, p. 128).
Contudo a evangelização espírita em conjunto as práxis educacionais tinham como
intuito valorizar a relação interpessoal de modo a priorizar a honestidade, o cultivo das
amizades, o respeito a diversidade social e a preservação da natureza. Pontos primordiais do
espiritismo em sua proposta educacional para formar um indivíduo integral abarcando o
intelectual, moral, social e espiritual. O modelo educacional praticado no Colégio Allan
Kardec não se respaldava em provas como forma de avaliar, castigos e ou recompensas, os
alunos eram livres para ir e vir. Por essas práticas os alunos do Colégio Allan Kardec
demostravam-se brilhantes “especialmente na maneira fluente e elegante com que se
expressavam em cartas e outros tipos de comunicação (NOVELINO, 2001 p.113).
Eurípedes Barsanulfo foi considerado um grande educador da sua época e deixou seu
registo histórico na educação por seu compromisso, seriedade e respeito em direção à formação
e desenvolvimento do ser humano. Contudo ao observar as práticas educacionais promovidas
no Colégio Allan Kardec é possível assemelhá-las com as práticas de pedagógicas de Pestalozzi
(NOVELINO, 2001).
38
Allan Kardec enquanto Denizard Rivail teve seu mestre ‘Pestalozzi’, e Eurípedes de
quem foi discípulo? O que se sabe é que Eurípedes era um homem estudioso, autodidata, não
possuía formação acadêmica específica a nível superior, sua visão educacional adveio da
vontade de aprender de tudo um pouco, desse modo, a luz do conhecimento adquirido ele teve
discernimento para desenvolver suas práxis educacionais (NOVELINO 2001).
Figura 5: ‘Eurípedes Barsanulfo - Apóstolo do Bem’
(fonte: http://www.cealdf.org.br)
Figura 6: Colégio Allan Kardec: Atual museu em memória
de Eurípedes (Fonte: http://www.cealdf.org.br)
39
Após seu falecimento no ano de 1918, a instituição por ele fundada foi obrigada a mudar
seus métodos de ensino, mas os ideais de uma pedagogia inovadora tiveram sequencia nas mãos
de um de seus discípulos. Desse modo, para além dos limites da cidade de Sacramento estado
de Minas Gerais, Tomás Novelino30 elevou novamente o estandarte de uma pedagogia
inovadora, em um período onde a educação era vinculada a religião e pouco se falava na
liberdade do pensar. O fator motivador entendido como liberdade, levou Tomás a se contrapor
ao preconceito e as repressões da educação conservadora, assim, ele passou a abrigar estudantes
vítimas de preconceitos religiosos, fundando Educandário Pestalozzi (NOVELINO, 2001).
O educandário Pestalozzi por Tomás priorizava o ser livre:
Fazer homens e mulheres livres, criaturas ciosas de sua liberdade, amantes do
bem, do trabalho, da atividade, da evolução, e não seres modorrentos que
muito embora consigam às vezes grande cultura, a traga simplesmente
acumulada na memória. (…) O educandário porfiará por lapidar em seus
alunos intelecto e coração, aprimorando lhes razão e sentimento.
(RODRIGUES,1997 Apud NOVELINO, 2001 p.238).
Como bom discípulo de Eurípedes e seguidor de Pestalozzi, Tomás priorizou o
desenvolvimento infantil em suas atividades educacionais, em meio aos bastidores eram
promovidas aulas de evangelização a luz da Doutrina dos Espíritos, em conjunto com projetos
culturais promovidos por Maria Ap. esposa de Tomás com o tempo, o educandário passou a ser
30 Órfão de pai e mãe, Novelino foi internado junto com os irmãos e irmãs no asilo Anália Franco em São Paulo
(1908). Também foi aluno de Eurípedes, no Colégio Allan Kardec, em Sacramento.
Figura 7: Educandário Pestalozzi, Franca- SP.
(Fonte: http://www.correiofraterno.com.br)
40
referência no quesito educação infantil. Posteriormente suas instalações aos moldes do Castelo
Yverdon passaram a promover cursos a nível superior de educação, ciências e tecnologia.
Futuramente o educandário veio a agenciar em suas instalações o primeiro curso de pedagogia
espirita31, porém cabe destacar que o interesse na temática surgiu das alusões do professor Ney
Lobo32, após o golpe militar de 1964, onde ele que o mesmo tomou um curso diferente do qual
imagina (NOVELINO, 2001).
O professor Ney Lobo percebe a necessidade de preparar gerações futuras para um
regime político democrático e, em seu pensar o tipo de educação para abarcar essa transição
teria que ser diferencia da tradicional a fim de promover os indivíduos a um pensar social.
Embora o interesse sociopolítico, cabe destacar que a teorização e a sistematização do pensar
pedagógico para suprir tal façanha o elevou como elemento norteador princípios da Doutrina
dos Espíritos considerando as experiências vividas ao longo das vidas, o respeito pela igualdade
e desigualdade relativa aos diferentes graus evolutivos de cada espírito, em suma a
subjetividade dos indivíduos (LOBO, 2003).
Ney Lobo criou o primeiro grupo de estudos elevando a temática da pedagogia espírita,
porém para sustentar seu pensar pedagógico sobre o modelo educacional que substituísse o
método tradicional ele fez uso dos mesmos ideais de Rousseau, Pestalozzi e Eurípedes,
promover o trabalho discente /docente dos alunos, além de outras particularidades dos métodos
a quais já forma apresentas. Foi na obra a Filosofia Espírita da Educação 33 que apresentou os
fundamentos a proposta didático-pedagógica da pedagogia espírita, conquistando à aprovação
junto à da secretaria de educação do estado do Paraná e, no ano de 1967, assumi a diretoria do
instituto e por conseguinte o Colégio Lins de Vasconcelos dedicando-se de corpo e alma a
pedagogia espírita no Brasil (LOBO, 2003).
Após a regulamentação da pedagogia espírita outras capitais brasileiras passaram a
promover simpósios e congressos, encontros com finalidade de promover e aprimorar os
estudos sobre a temática. Contudo vale lembrar que a educação na época não era totalmente
livre, ou seja, não existia uma laicidade educacional logo, a pedagogia espírita só poderia ser
31 Um exame das raízes da Pedagogia Espírita na História da Pedagogia Geral bem como de um estudo dos
antecedentes representados pelas formas da Pedagogia Judaica e da Pedagogia Cristã. Trabalhos a respeito
foram publicados no n. º 3 da revista Educação Espírita, referente a dezembro de 1972. 32 Nascido em Curitiba, em 1919, fez carreira militar e formou-se em Letras em 1936. Licenciou-se depois em
Filosofia em 1964 e ainda continua militando pela Pedagogia Espírita, escrevendo e dando cursos pelo Brasil.
Viveu sempre em sua cidade natal, afastando-se apenas por curtos períodos em virtude da carreira no exército,
e dedicou-se de corpo e alma à ideia e à prática da Pedagogia Espírita. 33 Obra apresentada em cinco volumes.
41
aceita e praticada em instituições que viessem a promove-la como foi o caso do professor Ney
Lobo ao fundar a cidade-mirim trabalhando e educando por meio da pedagogia espírita.
1.3.1– A educação espirita para uma pedagogia espírita
“Temos que conquistar uma educação sem manipulações e manobras que nos
lesem, segreguem e reprimam” (DUSSEL, 2007).
A pedagogia é considerada a teoria da educação, como um “conjunto de doutrinas e
princípios que visam a um programa de ação; estudo dos ideais da Educação, segundo uma
determinada concepção de vida, e dos meios mais eficientes para realizá-los”. Durkheim a
define como uma “teoria prática, ou seja, uma teoria que tem por objeto refletir sobre os
sistemas e os processos da educação, visando a apreciar a sua validade e, por esse meio,
esclarecer e dirigir a ação dos educadores” ainda assim, René Hubert, no tratado da pedagogia
geral, anuncia que a educação precede à pedagogia (MORAIS, 2014 pág. 95).
Se a educação precede à pedagogia elevasse duas ponderações para o entendimento da
educação espírita a formação sectária e a formação universal. Com bases no ponderar filosófico
de Sócrates e Platão, nos ensinamentos do Cristo Jesus bem como nos ideais pedagógicos de
Comenius, na pedagogia moderna de Rousseau ‘Emílio’ e, de Pestalozzi ‘como Gertrudes’
vemos a grande tarefa entre gerações ‘apresentar valores palpáveis no sentido prático em
direção a formação integral dos indivíduos para a sociedade’ (MORAIS, 2014).
Figura 8: Alunos e Diretor do Colégio Lins de Vasconcellos
(fonte: Acervo: Biblioteca Pública do Paraná.)
42
A proposta educacional contida na Doutrina dos Espíritos trilhou um percurso prático
até chegar aos ouvidos e mãos de Allan Kardec, em o Livro dos Espíritos (1857) a cosmovisão
elevou a possibilidade de os indivíduos alcançarem em meio ao tempo e espaço sua evolução
moral e espiritual sendo essa obtida ao longo de várias vidas. O pressuposto de uma vida após
a morte é um conceito antigo que antecede a Doutrina dos Espíritos como vimos anteriormente
promulgado por Pelágio a.C. Ainda assim, em Morais em sua obra o segundo ensinamento,
referência Léon Denis na obra Depois da Morte nos elucida:
Nos escritos egípcios as vidas sucessivas representam assunto corriqueiro; nos
Upanichads e no Bhagavad Gita, o alicerce do pensamento; Heródoto, em suas
descrições, tratava do assunto com familiaridade; os essênios, os chineses e
japoneses, os escandinavos e os geramanos desdê suas organizações sociais
tinham a palingênese como natural e lógica (1990, p. 136 Apud MORAIS,
2014, p.195).
A partir desse esclarecimento vemos que a reencarnação não é um feito propriamente
dito da Doutrina dos Espíritos, porém em seu cerne elevasse a mesma como a única
possibilidade dos indivíduos se reeducarem. Não objetivo explicar detalhadamente, ou
apresentar relatos de reencarnação, mas sim, entender como os indivíduos podem aproveitar a
oportunidade do reeducar. Segundo a Doutrina dos Espíritos é na fase tenra que os indivíduos
têm a possibilidade de reiniciar o processo evolutivo ‘entre vidas’ e este estende-se ao longo da
vida (IBIDEM).
Os determinismos relativos a que se submete o ser reencarnante, como criança
— hereditariedade, influência do meio sociocultural, limitações físicas ou
psíquicas — foram livremente aceitos e escolhidos para facilitar o processo de
educação do Espírito na existência e o cumprimento das tarefas assumidas.
Essencialmente bom, porque criatura divina, o ser reencarnante é, pois, ao
mesmo tempo, relativamente imperfeito, dependendo o grau de suas virtudes
e vícios, conhecimentos e capacidades, de seu estágio evolutivo. Mas,
justamente por recomeçar esquecido e adormecido, tais tendências positivas e
negativas se mostram ainda fugazmente, predominando a bondade essencial
do ser humano, em sua pureza, capacidade de amar e receptividade ao bem.
Na “roupagem da inocência”, a criança está mais próxima de sua verdadeira
essência, podendo ser tocada mais facilmente para se tornar nesta vida um ser
interexistente, plenamente responsável por si e pelo próximo (MIRANDA,
2004, p. 121).
A partir desse ponto cabe um retorno a Pestalozzi, pois ao observar a natureza humana
coloca a criança como um ser em potencial, deixa claro em sua teoria que a mesma necessita
de cuidados essenciais de seus tutores primários para que venha se desenvolver. Corroborando
com Pestalozzi a autor Regis de Morais complementa “Na medida em que a educação familiar
43
auxilia as crianças na formação de seus conceitos e valores essenciais, se torna a educação mais
importante entre todas” (MORAIS, 2014 p. 98).
O termo usual dos adeptos da Doutrina dos Espíritos ‘somos eternas crianças
espirituais, eternos aprendizes 34’, eleva a alusão de Dora Incontri “Renascemos múltiplas
vezes, ascendemos de mundo em mundo, experimentamos ações, debruçamo-nos sobre a
natureza do cosmos para perscrutá-lo e decifrá-lo — e tudo isso faz parte do processo
pedagógico em que estamos lançados como Espíritos em evolução” (INCONTRI, 2004 p. 141).
Cabe relembrar que a em seu conceito legal a pedagogia é um conjunto de técnicas,
princípios, métodos e estratégias da educação e do ensino, que conduz os assuntos educacionais
em um determinado contexto. Por meio dessa definição e o que conhecemos até agora de sua
estrutura entendemos que sua pedagogia busca abordar com precisão a singularidade dos
indivíduos de modo a auxiliá-los em um processo educativo que eleva uma ‘Lei’ moral e
espiritual que determina a evolução humana, tornando real a necessidade singular dos
indivíduos permitindo a eles a transformação moral e ética (MORAIS, 2014).
As leis morais contidas no Livro dos Espíritos estimulam os valores morais
como: a fé, esperança, solidariedade, ação desinteressada no bem, amor a
Deus e ao próximo, fraternidade, tolerância religiosa, não-violência,
equilíbrio, mansuetude, misericórdia desapego aos bens terrenos, humildade,
paciência, justiça, busca do autodomínio e auto melhoramento, entre outras
(AMUI, 2007, p.35).
Todo o contexto da Doutrina dos Espíritos fez Dora Incontri elucidar em seus escritos
que a pedagogia espírita se aproxima do modelo de educacional proposto por Pestalozzi sua
comparação se deu ao fato de que aquele que se dispõe a tutelar um eterno aprendiz, deve ser
este um eterno aprendiz que tenha a capacidade de despertar o interesse no outro bem como, o
desejo de crescer junto, promovendo o pensamento inteligente e reflexivo, assumindo uma
postura coerente frente ao que se ensina bem como, aplicando em si o conteúdo que deseja
transmitir, só conhecer não basta, é preciso vivenciar colocar em prática para realizar um bom
trabalho (AMUI, 2007).
O educador dotado de simplicidade é aquele que vivência o conteúdo junto a seus
discípulos a fim de promover a reflexão e o interesse de aprender para aprender a fazer,
contribuindo e vivenciando novas experiências. “A reflexão é de grande importância, pois
permite classificar os interesses e necessidades do Espírito, que são a base do equilíbrio da
34 Pronuncia dos membros da instituição pesquisada.
44
aprendizagem. Esta não dá saltos, o amadurecimento da ideia vem da interação entre a
inteligência, a razão e a boa vontade” (AMUI, 2007, p.34).
Pestalozzi elevou a ideia de que o educador deve ser como um jardineiro, aquele que
precisa de instrumentos e conhecimento sobre plantas, árvores, melhor tipo de terra ou recurso
(substrato) necessário para plantar e colher bons frutos sendo assim é ele o ‘educador’ a figura
que leva a seus tutelados o intelecto, moral, social e espiritual apresentando-se como uma mãe
que se dispõe a educar seu filho para que este alcance sua evolução (AMUI, 2007).
Os princípios educacionais de Pestalozzi se baseiam no desabrochar das faculdades dos
indivíduos levando a sua formação espiritual nas esferas da mente, do coração e das mãos a
tríade da formação integral originou um método ativo que pudesse ir de encontro com as reais
necessidades dos indivíduos. A Doutrina dos Espíritos em sua pedagogia busca a educação do
espírito ‘indivíduo encarnado’ elevando suas tendências positivas é claro, levando em
consideração as tendências que este traz de outras encarnações. Com isso, a Educação deve
facilitar o processo de ascensão espiritual, semeando “verdades e virtudes com vista à
eternidade”. A transformação do espírito é a principal tarefa desta Pedagogia (INCONTRI,
2004 p.46).
O Professor pedagogo Hypolitte Leon Denizard Rivail dotado de ideais pedagógicos,
iluminado por antecessores como Sócrates e Platão, o consolador Jesus Cristo e os grandes
educadores Comenius, Rousseau e Pestalozzi, na figura de Allan Kardec buscou a intersecção
entre a ciência a filosofia e a religião, com o auxílio de grupo de médiuns realizando várias
perguntas cruzando informações filtrando aquilo que mais se repetia, aceitou correções, teve
humildade colocar de lado todo conhecimento e autoridade que possuía frente a sociedade
francesa, para apresentar ao mundo o caráter pedagógico da Doutrina dos Espíritos não como
o pedagogo mais sim como seu codificador.
Allan Kardec e as codificações da Doutrina dos Espíritos inspiraram Eurípedes
Barsanulfo, Tomás Novelino, Ney Lobo, Herculano Pires entre outros contemporâneos, sendo
coincidência, ou não todos caminharam em uma única direção a transformação moral e
intelectual dos indivíduos a fim de formar o indivíduo visando a natureza da essência humana,
corroborando com os métodos educacionais de Pestalozzi.
45
2. CAPÍTULO II – BRASIL A REORGANIZAÇÃO DO ESPIRITISMO
No capítulo anterior apresentamos a origem e trajetória da Doutrina dos Espíritos na
Europa até a América do Sul. Allan Kardec com base nas instruções recebidas estruturou ‘uma
ciência que trata da natureza, origem e destinação dos Espíritos bem como, das relações com o
mundo corporal e espiritual’, Eurípedes Barsanulfo, Tomás Novelino entre outros promoveram
a vertente educacional em território35 brasileiro, contudo até o presente momento só
apresentamos a vertente educacional, porém é necessário relatar como a Doutrina dos Espíritos
chegou e se apresentou em terras brasileiras, para que o leitor entenda sobre a sua reorganização.
Com base em estudos é sabido que os povos indígenas foram os primeiros habitantes do
Brasil, a nível cultural, elevavam o caráter mitológico de crenças religiosas como danças,
evocação dos espíritos da natureza, rituais de cura entre outros. Durante a massificação
migratória de povos de outros continentes, como os portugueses e seus agregados (asiáticos e
africanos) o território indígena se tornou complexo na diversidade cultural e religiosa,
considerando os laços culturais já existentes (MORAIS, 2014).
Segundo relatos históricos o primeiro contato com o mundo invisível em território
brasileiro, após a imigração, ocorreu por meio dos imigrantes africanos apresentando seus ritos
de curandeirismo, fazendo uso de plantas medicinais que foram forte influência entre a
população. Porém no ano de 184036 em meio a imigração dois médicos37 passaram a divulgar
o estudo da homeopatia fazendo uma interface com a Doutrina dos Espíritos codificada e
promulgada por Allan Kardec, na Europa.
A Homeopatia e o Espiritismo podem ser vistos da seguinte forma: na
homeopatia a ação dos medicamentos não é de natureza material, química,
mas sim de ordem dinâmica, fluídica; no Espiritismo consideramos a trindade
universal – Deus, Espírito e Matéria – e acrescentamos o períspirito,
transformação do fluido universal, a fim de se poder unir o Espírito à matéria.
Como o Períspirito está ligado átomo a átomo, célula a célula ao corpo físico
35 Meia década após tais estudos a sociedade toma ciência das primeiras manifestações de cunho espiritual que,
ocorreram no estado da Bahia e este, passou a ser conhecido como o epicentro do pioneirismo do espiritismo
no Brasil (LANG, 2008). 36 Por volta de 1840, ao influxo das falanges de Ismael, chegavam dois médicos humanitários ao Brasil. Eram
Bento Mure e Vicente Martins, que fariam da medicina homeopática verdadeiro apostolado. Muito antes da
codificação kardeciana, conheciam ambos os transes mediúnicos e o elevado alcance da aplicação do
magnetismo espiritual. (XAVIER, 1977) 37 Por meio desses surge à luz do espirito de Ismael, a Sociedade de Estudos Espíritas, carregando a bandeira e o
lema de que era por meio da caridade que se encontraria a salvação e sem essa, não haveria um adequado
espirita. Essa sociedade tinha como foco divulgar a homeopatia, traduzir as obras de Kardec e escolher um
protetor espiritual para o Brasil.
46
e, tudo o que passa num, repercute imediatamente no outro. Nesse sentido, o
equilíbrio funcional do períspirito pode ser perturbado por agentes fluídicos,
da mesma natureza causando perturbações, repercutindo no corpo físico,
torna-o também enfermo. Do mesmo modo, pela ação de elementos também
fluídicos, porém, salutares, pode-se normalizar-se o períspirito e,
consequentemente, o organismo material, intimamente ligado (THIAGO,
1983, p. 11 a 13)
Os estudos dos fluidos vitais vieram a corroborar com as codificações de Allan Kardec,
despertando o interesse de estudiosos da elite brasileira, onde somente membros da alta
sociedade tinham acesso aos escritos, pois não havia traduções na língua portuguesa. Embora
houvesse certo interesse sobre o espiritismo Europeu, grande parte da população da época
aderiu ao cristianismo caucasiano e, o misticismo religioso dos povos africanos acabou sendo
reprimido com a escravidão, o que o alunou parcialmente da sociedade, restringindo os cultos
religiosos dessa categoria somente nas senzalas. O cristianismo predominou junto a igreja tanto
na religião quanto na educação essa a porta voz a frente da sociedade (GODOY, 1990).
Com o passar do tempo instala-se o monopólio religioso que restringiu os cultos
religiosos de base africana e, os estudos e práticas do espiritismo Europeu38. Mesmo com as
restrições o número de adeptos do misticismo vinha aumentando e, como o movimento religioso
dominante tinha total apoio de representantes do governo no período republicano, foi
promulgado o decreto lei39 ao qual proibia as práticas do espiritismo de qualquer vertente,
instala-se a revolta e manifestações por partes dos adeptos do espiritismo, a oposição levou o
governo a perseguir, aprisionar todos indivíduos que iam contra a lei (GIUMBELLI, 1997).
É crime praticar o Espiritismo, a magia e seus sortilégios, usar de talismãs
e cartomancias, para despertar sentimentos de ódio ou amor, inculcar cura de
moléstias curáveis ou incuráveis, enfim, para fascinar e subjugar a credulidade
pública. Pena: prisão de 1 a 6 meses e multa de 100$000 a 500$000
(INCONTRI, p.279).
Mesmo com as investidas do governo contra as práticas e publicações de conteúdos
espírita (livros, jornais), o número de adeptos não parava de crescer, o movimento espírita
necessitou defender sua liberdade social para praticar e divulgar a Doutrina dos Espíritos. Como
o acesso as obras de Allan Kardec eram somente aos estudiosos da alta sociedade esses,
38 Relatos históricos apontam a pastoral da arquidiocese de São Salvador da Bahia onde, o arcebispo Manuel
Joaquim da Silveira publicou "Erros perniciosos do Espiritismo", uma crítica ao espiritismo, contudo, o
movimento espirita não se calou e diante das críticas veio a se defender por meio da revista "O Écho d'Alêm-
Tumulo e do jornal “Monitor do Espiritismo no Brasil” (BARBOSA, 1987) 39 Entretanto, estando o país ainda sem uma Constituição, o Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890, promulgou
o Código Penal da República. Este diploma, de inspiração positivista, associava a prática do Espiritismo a
rituais de magia e curandeirismo, conforme expresso em seu Artigo 157.
47
iniciaram grupos de estudo até fundarem a Federação Espírita Brasileira, da qual apresentou
em seu cerne um único objetivo defender os direitos da comunidade espírita, contudo mesmo
com intenções pacíficas a Federação não teve forças o suficiente frente ao governo e a igreja
para sustentar suas atividades (GIUMBELLI, 1997).
Instala-se a crise financeira no movimento espírita brasileiro e alguns membros acabam
desistindo de suas ideias. Grupos menores de estudos espíritas também passaram por crise,
porém um em destaque o grupo Regeneração sofreu com investidas externas (governo e igreja)
bem como, as internas. O grupo passa por uma crise existencial40 de interesse particular de parte
dos membros, a oposição lutava por apresentar o lado cientifico da Doutrina dos Espíritos, já o
outro lado apresentava o aflorar do espiritismo religioso e assistencial. O desgaste de debates
constantes acabou provocando o desligamento de vários membros inclusive do próprio
fundador41 (GIUMBELLI, 1997).
Contudo, o fundador do grupo Regeneração, ao deixá-lo recebe uma missão:
A sua missão é relatada pelo Espírito Humberto de Campos em Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do Evangelho nos seguintes termos: "Descerás às
lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do
Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços.
Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu
espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais,
dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração". (XAVIER, 1977,
p.179)
40 O cerne dos conflitos era em defesa dos aspetos científicos e filosóficos se contrapondo aos aspectos místicos
e religiosos do Espiritismo 41 Adolfo Bezerra de Menezes ao se deligar do grupo assumiu a presidente da Federação Espírita Brasileira,
permanecendo no cargo do ano de 1895 até a sua morte em 1900 (XAVIER, 1977).
Figura 9: Dr. Adolfo Bezerra de Menezes
(fonte: http //www.alinaçaespiritaevangelica.com.br)
48
Por que a reorganização do espiritismo em território brasileiro? Para responder à
pergunta é só observar o contexto histórico da Doutrina dos Espíritos. Allan Kardec organizou
as codificações e a promoveu na Europeu lembrando, com dificuldade de aceitação da
sociedade, porém não tão quanto a do território brasileiro devido suas raízes religiosas e o
monopólio do cristianismo da igreja católica. A Federação Espírita Brasileira elevou sua
bandeira para quebrar esse monopólio, porém a única forma de sustentar suas práticas com
liberdade era se protegendo na constituição que em um de seus artigos relatava a liberdade
religiosa. A partir de então houve a necessidade de reorganizar o espiritismo aos moldes de uma
sociedade impregnada pelo cristianismo católico (GUIMBELLI,1997, p. 282).
Como a Doutrina dos Espíritos codificada por Allan Kardec, possui aspectos religiosos
com base no cristianismo, os militantes espíritas passaram a dar ênfase na prática da caridade e
por ela o aspecto religioso se elevou no movimento espírita Brasileiro. Segundo Guimbelli
“uma remodelação dessas práticas e de um redimensionamento das relações existentes entre
elas, determinando o seu enquadramento em espaços previamente reconhecidos pelas funções
que ocupam na dinâmica social mais ampla” (GUIMBELLI,1997, p. 282).
Cabe destacar que Allan Kardec nunca não negou traços religiosos do cristianismo na
Doutrina dos Espíritos
O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e um
ensinamento filosófico. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se
podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as
consequências morais que decorrem dessas relações. Os princípios gerais são
independentes de todas as questões dogmáticas. É verdade que ele tem
consequências morais, como todas as ciências filosóficas. Suas consequências
são no sentido do Cristianismo. (...) O Espiritismo não é, pois, uma religião.
Do contrário, teria seu culto, seus templos, seus ministros. Sem dúvida cada
um pode transformar suas opiniões numa religião, interpretar à vontade as
religiões conhecidas; mas daí à constituição de uma nova Igreja há uma grande
distância e penso seria imprudente seguir tal ideia (KARDEC, Revista Espírita
1859, p. 149).
A partir de então a mão amiga, o ombro acolhedor, o preocupar-se com o outro passou
a ser visto, com outros olhos pela sociedade, com passar do tempo os preconceitos foram
diminuindo e, o número de frequentadores só aumentava tanto dos necessitados do corpo
(carentes) quanto os necessitados da alma.
Uma fonte de consolações, um posto de orientações para os que se aturdem e
se transviam, mãos amigas estendidas na benção do passe, canal sempre aberto
à caridade e do amor. Mas é também a trincheira serena e vigilante da verdade,
o tribunal que não condena, mas a ajuda que absorve através do
esclarecimento espiritual (PIRES, 1980, p.33).
49
A prática da caridade elevou-se a frente ao caráter cientifico e filosófico da Doutrina
dos Espíritos, a caridade e filantropia adaptou-se de rapidamente a realidade do território
brasileiro a partir de então foi necessário a organização das atividades para atender a demanda
que surgia, de modo a assegurar que os Centros42, ou Casas Espíritas, viessem a desenvolver
suas atividades, sem desviar da proposta assistencial. Em meio ao grande número de seguidores
adeptos as instituições começam a perceber a carência de trabalhadores/ voluntários a fim de
dar continuidade nas atividades propostas pela Federação Espírita (FEB, 2007).
Formar indivíduos para atuar nas atividades propostas nos centros e casas espíritas foi
um desafio que o movimento espírita teve que superar. As instituições do movimento espírita
passaram a necessitar de pessoas especializadas e capacitadas para atuarem como expositores,
dirigentes, bem como trabalhadores/ voluntários. Contudo, uma proposta de escolarização foi
apresentada as instituições como forma de unir forças para que o movimento espírita não viesse
a falir. A partir de então surge um novo direcionamento para as instituições por meio das
orientações de Edgar Armond43 que no ano de 1973 funda a Aliança Espírita Evangélica,
apresentando subsídios para desenvolver potenciais para novas frentes de trabalho (FEB, 2007).
42 Estados Unidos abrigou cerca de 300 grupos ligados ao espiritismo, porém o primeiro deles que se regulamentou
sob o escudo do Espiritismo foi a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Allan Kardec no dia
1 de abril de 1858. 43 Responsável pela implantação da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP) onde colaborou por mais
de três décadas, sistematizou o estudo da Doutrina em termos evangélicos e estabeleceu cursos para auxiliar o
desenvolvimento de médiuns. Em 1973, a Aliança Espírita Evangélica nasceu sob sua inspiração. Foi, também,
Figura 10: Federação Espírita Brasileira – Brasília
(fonte: http //www.alinaçaespiritaevangelica.com.br.
50
Com 15 anos de vida, a Aliança se descentralizou e se regionalizou. O
conceito de Regional da Aliança é muito semelhante ao que motivou a criação
da Aliança: grupos que se unem para fazer, juntos, tudo aquilo que seria difícil
realizar isoladamente. A partir de 1988, com a descentralização, um novo
ciclo de expansão ocorreu, novas lideranças surgiram; a Aliança passou a ser
dirigida por um conselho de 15 Casas Espíritas e os Centros Espíritas
passaram a ter uma vida mais ativa em nosso movimento, porque passaram a
trabalhar em conjunto com as demais Casas Espíritas de suas regionais. Desde
o ano 2000, os coordenadores regionais também passaram a atuar em grupo.
Constituíram as equipes de coordenação regional, com responsáveis por
diversas áreas (Mocidade, Evangelização Infantil, cursos e reciclagens,
divulgação, de acordo com suas necessidades). E, vimos mais um impulso de
participação e criatividade em novas frentes de trabalho. Aproximadamente
na mesma época, o Conselho de Grupos Integrados (CGI) passou a atuar em
apoio mais intenso às Casas da Aliança. E para fazer isso com maior
efetividade, cada Casa conselheira precisou organizar uma equipe de apoio,
para que o trabalho não ficasse centralizado numa única pessoa. No âmbito
das reuniões do CGI, grupos de trabalho passaram a ser constituídos para
estudar os assuntos relativos à condução do nosso movimento. O momento
atual é de atividade intensa. O CGI possui diversas frentes de atuação e as
regionais estão fortalecendo suas equipes de trabalho. Tudo indica que os
modelos de trabalho evoluem quanto mais se distanciam do individual e se
focalizam na atuação em equipe. Mas isso não é uma descoberta, não é uma
novidade. Desde a criação da Aliança, escolhemos como lema uma frase que
reflete isso: “confraternizar para melhor servir”. O que está ficando cada vez
mais claro é que o trabalho em equipe é um caminho seguro para exercitar
fraternidade (FEB, 2007, p.21,22).
pioneiro do movimento de unificação, tendo lançado a ideia de criação da União das Sociedades Espíritas
(USE).
Figura 11: Fundadores da Aliança Espírita Evangélica
(fonte: http://alianca.org.br/alianca/historia-da-aee/)
51
Edgar Armond propôs o educar para servir, sem modificar a proposta inicial promulgada
por Allan Kardec, sendo assim, os alunos, ou, aprendizes do estudo espírita para poder atuarem
nas atividades dos centros ou casas espíritas primeiramente, deveriam trabalhar a reforma
subjetiva por meio de reflexão sobre questões éticas, morais e sociais das quais eram
explanadas pelos alunos/ aprendizes no caderno de temas, deveriam também seguir o programa
(grade curricular do estudo), trabalhar suas dificuldades na caderneta pessoal, participar das
caravanas de evangelização, realizar atividades sociais e promover no ambiente familiar o
evangelho no lar44 (FEB, 2007).
A prática da caridade é permitida desde o primeiro ano do curso, porém algumas
atividades assistenciais que necessitam de conhecimento específico só é permitida, após a
conclusão dos cursos complementares45 que são oferecidos a partir do momento em que os
aluno/aprendizes avança no estudo. Os alunos que concluírem as etapas da escola de aprendizes
do evangelho, bem como os cursos complementares passam a ser considerados como servidores
do Cristo Jesus e, a partir de então, entram no período probatório com duração de um ano, para
se adaptarem ao trabalho e para o despertar do interesse no ingresso a Fraternidade dos
Discípulos de Jesus, por Armond promulgada (FEB, 2007).
44 Harmonizar o lar por meio da prece, a luz do Evangelho de Jesus. 45 Curso de Passes e Radiações, para atuar como passista, caso queira desenvolver atividades nos trabalhos de desobsessão,
deve participar do Curso de Médiuns e para prestar a Assistência Fraterna, deve realizar o Curso de Entrevistadores e,
assim, como expositor o Curso de Expositores, ministrado por membros mais experiente e, em alguns casos até por
profissionais como oradores, psicólogos entre outros (FEB, 2007).
Figura 12: 1º turma da Escola de Aprendizes do Evangelho da
F.E.E.S.P. (fonte: http://alianca.org.br/alianca/historia-da-aee/)
52
Além do estudo para a formação de servidores e discípulos do Cristo Jesus, Edgar
Armond organizou a forma de educar, ou evangelização de crianças, adolescentes e jovens
sendo assim, para que uma casa, ou centro espírita quisesse iniciar atividades de evangelização
essa teria que atender os pré-requisitos mínimos:
b) A Evangelização da Infância e da Juventude no Centro Espírita deverá
funcionar semanalmente, com aulas ministradas no período de uma hora ou
uma hora e trinta minutos. A título de férias, as atividades poderão ser
interrompidas, nos meses que se achar conveniente. c). Os métodos e
processos de ensino devem ser adaptados à situação real do Centro Espírita,
isto é, às possibilidades dos alunos, das salas de aula, do número de
evangelizadores etc. d). Nas reuniões da Evangelização Espírita da Infância e
da Juventude não deverá haver atividade mediúnica. Os evangelizandos que
necessitarem de assistência espiritual serão encaminhados às reuniões
próprias do Centro Espírita. e). Os evangelizadores e evangelizandos das
últimas turmas de Juventude poderão constituir uma equipe para auxiliar nas
programações, atividades e eventos da Infância e Juventude. f). As atividades
dos jovens junto a outros setores, ou fora do Centro Espírita, devem ser sempre
orientadas pelo dirigente/coordenador da Juventude ou pela Diretoria do
Centro. g). Propiciar aos jovens a capacitação para desempenhar atividades no
Centro Espírita tais como: colaboração nas aulas para crianças, prestação de
serviços nos setores de secretaria, tesouraria, informática e atividades
assistenciais; colaboração nas reuniões públicas, doutrinárias, quer ocupando
a tribuna, quer realizando outras atividades programadas para essas reuniões,
e ajudar na divulgação da Doutrina. h). Os responsáveis pelo Centro Espírita
devem divulgar constantemente a tarefa de Evangelização da Infância e da
Juventude aproveitando todas as palestras públicas para esclarecimentos
relativos à sua importância, utilizando cartazes e murais com incentivos e
notícias, periódicos para salientar a relevância da tarefa e neles publicar
trabalhos das crianças e jovens, entre outros procedimentos. i). O Centro
Espírita deverá criar condições para melhorar o funcionamento da
Evangelização da Infância e da Juventude, podendo utilizar todos os espaços
disponíveis. j). Criar, no Centro Espírita, reuniões de pais, responsáveis e
evangelizadores, com os objetivos de: demonstrar o valor do trabalho de
evangelização; conscientizá-los quanto à sua importância na formação da
criança e do jovem; estabelecer a harmonia na orientação das novas gerações,
e promover a integração Família e Centro Espírita. k). Na atividade de
recreação externa, com a presença de crianças e jovens, onde exista exposição
a riscos, recomenda-se solicitar o apoio de órgãos de segurança, como o Corpo
de Bombeiros e Defesa Civil (FEB, 2007 pg. 69-70).
Embora haja instruções que direcionam o evangelizar das crianças adolescentes e
jovens, cabe destacar que, após estabelecida as atividades de evangelização, a própria
instituição (casa, ou centro espírita) pode vir a desenvolver o seu programa de aulas é claro,
mantendo uma estrutura organizada por setores como: secretaria, equipe de preparação e
organização de material para as aulas. Cabe destacar que a participação dos pais é importante
nas atividades de evangelização infanto-juvenil, porém esses devem iniciar um grupo específico
53
para refletirem sobre a importância da família e as responsabilidades do educar de seus filhos
(FEB, 2007).
Edgar Armond fundou a Aliança Espírita Evangélica para efetivar com segurança,
sinceridade e desprendimento a tarefa de evangelizar adultos, crianças, adolescentes e jovens
de modo a espiritualizá-los por meio da reforma íntima. Toda sistematização proposta por ele
teve um único objetivo:
Efetivar o ideal de vivência do espiritismo religioso por meio de programas
de trabalho, estudo e fraternidade para o bem da humanidade. Difundir o
espiritismo, na atualidade, para reviver os valores e ideias do Cristianismo
Primitivo, unindo em torno desta finalidade espírita que compartilhem os
mesmos ideais. Estimular, preservar e dar apoio na criação, aplicação e
funcionamento nos Grupos participantes da Aliança, dos programas de:
Escolas de Aprendizes do Evangelho, Grupos Mediúnicos, Assistência
Espiritual, Mocidade Espírita e de Evangelização Infantil e maneira gratuita,
aberta e livre de quaisquer restrições, preconceitos ou discriminações,
inclusive religiosas. Nossa proposta é evangelizar! (CONSELHO, G.I, 2014,
pág. 25,26).
Atualmente na Europa o movimento espírita atinge cerca de dezoito países como:
Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Escócia, Espanha, França, Grécia, Holanda,
Inglaterra, Itália, Polônia, Portugal, Prússia, Rússia, Suécia, Suíça, Ucrânia. Na América cerca
de oito países: Brasil, Canadá, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, Guiana Francesa, México e
Peru. Na África cerca de cinco países: Pequena Cidade Africana, Argélia, Egito, Guiné Bissau
e Ilhas Maurícia. Na Ásia seis países: Extremo da Ásia, China, Cochinchina (Indochina), Síria,
Turquia e Israel, a maioria vinculado a Aliança Espírita Evangélica (CONSELHO, G.I, 2014).
2.1 O ASSISTENCIALISMO NO ESPIRITISMO BRASILEIRO
Desde sua origem na Europa a Doutrina dos Espíritos promulga o aperfeiçoamento do
ser humano, a proposta do reeducar a consciência busca o despertar dos indivíduos para a
benevolência e a prática da caridade para com seus semelhantes.
Na máxima Fora da caridade não há salvação, estão contidos os destinos do
homem sobre a Terra e no céu. [...] Nada exprime melhor o pensamento de
Jesus, nada melhor resume os deveres do homem do que está máxima de
ordem divina. O Espiritismo não podia provar melhor a sua origem, do que a
oferecendo por regra, porque ela é o reflexo do mais puro Cristianismo
(KARDEC, 2006, p. 202; grifo nosso).
54
O contexto histórico Europeu e a trajetória da Doutrina dos Espíritos no Brasil espírita
nos levam, a sua proposta filantrópica que se divide em duas vertentes: uma que ampara o lado
material, visando o atendimento das necessidades físicas, a fim de despertar o auxílio ao
próximo sem cobranças futuras e a outra, a vertente moral, é compreendida por meio da caridade
moral como esclarece uma passagem do Livro dos Espíritos: [...] A caridade moral, como
entendia Jesus, a benevolência (boa vontade) para com todos, indulgência (tolerância) para com
as imperfeições alheias e perdão das ofensas. [...] (KARDEC, 2000, q. 886 – ed.130 Apud FEB,
2007).
A filantropia é praticada nos Centros, ou Casas Espíritas que busca atender a carência
socioeconômica, e carência moral e espiritual dos indivíduos aos que lá recorrem. Segundo os
ensinamentos da Doutrina o indivíduo que pratica a lei da caridade é aquele que busca alcançar
sua evolução espiritual, sendo que a caridade deve ser direcionada a qualquer um sem restrições
(CAVALCANTI, 1985).
A caridade repousa sobre a diferença social e moral que separa os espiritas
dos pobres, marcando assim a distância entre eles, ela também os aproxima.
A caridade supõe não só o reconhecimento da inferioridade alheia como o da
própria inferioridade e necessidade de evolução e redenção. Como me disse
um espirita: “é a pessoa doente que a gente coloca junto ao doente para curar”
Os espiritas veem-se como os rotos e esfarrapados de que Cristo falou. Nesse
cruzamento entre a ideia de uma desigualdade moral/ social e o
reconhecimento de uma igualdade essencial situa-se a caridade
(CAVALCANTI, 1985, p.24).
A prática da caridade não se estende somente aos adeptos ou simpatizantes da doutrina,
ele abrange famílias em situação de vulnerabilidade social, mas para que possa atender a
demanda, suas atividades são realizadas de forma sistematizada orientada pelo próprio
departamento de promoção social dos centros espíritas que busca: “realizar um estudo da
realidade dos indivíduos que necessitam, ou solicitam o auxílio material além de aplicar
métodos e técnicas com base na ciência social, sempre visando os princípios doutrinários”.
Um trabalho deve ser realizado com planejamento para que não comprometa os compromissos
financeiros, bem como as demais atividades propostas nas dependências das instituições (FEB,
2007 pg. 76;77).
Realização de Palestras Públicas destinadas ao público em geral, nas quais
são desenvolvidos temas abordados à luz da Doutrina dos Espíritos ; Reuniões
de Estudo Sistematizado da Doutrina dos Espíritos , de forma programada,
metódica e constante, destinadas às pessoas de todas as idades e de todos os
níveis culturais e sociais, que possibilitem um conhecimento abrangente e
aprofundado do Espiritismo em todos os seus aspectos; realizar atividades
de Atendimento Espiritual no Centro Espírita para as pessoas que
55
procuram esclarecimento, orientação, ajuda e assistência espiritual e moral,
abrangendo as atividades de: Recepção, atendimento fraterno, explanação do
Evangelho à luz da Doutrina dos Espíritos , passe e magnetização de água,
irradiação e Evangelho no lar; realizar reuniões de Estudo e Educação da
Mediunidade, com base nos princípios e objetivos espíritas, esclarecendo,
orientando e preparando trabalhadores para as atividades mediúnicas; realizar
Reuniões Mediúnicas destinadas à prática da assistência aos espíritos
desencarnados necessitados de orientação e esclarecimento; realizar
atividades de Evangelização Espírita da Infância e da Juventude, de forma
programada, metódica e sistematizada, atendendo à criança e o jovem,
esclarecendo-os e orientando-os dentro dos princípios da Doutrina dos
Espíritos ; realizar atividades de Divulgação da Doutrina dos Espíritos
utilizando todos os veículos e meios de comunicação social compatíveis com
os princípios espíritas, tais como: palestras, conferências, livros, jornais,
revistas, boletins, folhetos, mensagens, rádio, televisão, internet, cartazes,
fitas de vídeo e áudio; Atividades Administrativas necessárias ao seu normal
funcionamento, compatíveis com a sua estrutura organizacional e com a
legislação do seu país; Participar das atividades que têm por objetivo a União
dos Espíritas e das Instituições Espíritas e a Unificação do Movimento
Espírita, conjugando esforços, somando experiências, permutando ajuda e
apoio, aprimorando as atividades espíritas e fortalecendo a ação dos espíritas
(FEB, 2007 p. 21;22, grifo nosso).
2.1.1 A legalidade jurídica
Contudo para que os Centros e Casas espíritas venha a desenvolver suas atividades
assistenciais é necessário que as mesmas criem seu estatuto social, regimento interno além, de
se enquadrem na lei 9.608/98, lei do voluntariado, respeitando outras legislações vigentes no
pais de modo a atender as exigências legais para realizar as atividades filantrópicas.
Do Estatuto Social:
É o documento legal que dá existência jurídica ao Centro Espírita, devendo
ser registrado, bem como as suas alterações, no Cartório Civil das Pessoas
Jurídicas, também chamado Cartório de Títulos ou Documentos. 2.
Recomenda-se que o estatuto contenha, sempre, os cargos administrativos do
Centro Espírita (Presidente, Vice-Presidente, Secretários e Tesoureiros). Os
cargos relativos às atividades doutrinárias podem ser relacionados no
Regimento Interno (FEB, 2007 pg. 95;96).
Do Regimento Interno:
Documento ao qual não se reveste de exigência legal, sendo a sua elaboração
facultativa. Recomendável, contudo, a sua adoção, para melhor organização
administrativa, doutrinária e assistencial do Centro Espírita; o regimento
Interno é um desdobramento prático do Estatuto Social e não deve conflitar
com o mesmo, sob pena de, na parte em que conflitar, não ter validade; o
regimento Interno, e suas alterações, deve ser aprovado pelo Conselho
56
Deliberativo do Centro Espírita ou órgão equivalente. Não necessita de
registro em Cartório, mas é imprescindível a aprovação dos órgãos
mencionados e o seu registro em Ata; recomenda-se que dele conste previsão
do cadastro dos associados (Quadro de Associados), de trabalhadores
voluntários e de colaboradores da instituição (FEB, 2007 pg. 95;96).
Da Legislação Vigente:
O Estatuto da Criança e do Adolescente e Código Civil Brasileiro é
imprescindível autorização escrita dos pais ou responsáveis legais para
frequência da criança e do jovem nas atividades da Evangelização Espírita
Infanto-Juvenil; participação em atividades externas; em respeito à legislação
vigente (Código Civil Brasileiro e o Código de Trânsito Brasileiro) é
imprescindível a observância das exigências legais em relação à segurança do
veículo e ao seu condutor, nos casos de transporte de crianças e jovens em
atividades externas; recomenda-se o apoio, quando possível, do Corpo de
Bombeiros e/ou da Defesa Civil nas atividades externas envolvendo crianças
e jovens; recomenda-se que as eventuais ações relativas a receituário ou
distribuição de medicamentos na instituição ocorram sob a supervisão de
profissionais legalmente habilitados; considerando-se o caráter assistencial
do Centro Espírita, recomenda-se a não-utilização das palavras “cura” e
“terapia” em suas atividades, pelo sentido próprio que elas possuem junto aos
profissionais de saúde; os recursos oriundos do Poder Público devem ser
aplicados nos fins para os quais foram destinados, procedendo-se aos registros
necessários em respeito às determinações legais; organizar e atualizar
constantemente toda a documentação relativa a convênios e parcerias,
públicas ou privadas, mantendo-a em arquivo adequado para verificação pelos
órgãos competentes (FEB, 2007 pg. 95;96).
Contudo, a reorganização do espiritismo no Brasil foi necessária para que o mesmo
viesse a fazer parte da cultura brasileira em sua diversidade. Embora o aspecto religioso do
espiritismo tenha sido exaltado em suas práticas, a reorganização não desestruturou suas bases,
um espiritismo com aspecto religioso sem dogmas, sem rituais, sem hierarquia, levando-o a
aceitação da sociedade brasileira por meio da moral cristã (MORAIS, 2014).
2.2. A PRÁTICA A LUZ DA TEORIA
Como todo conhecimento se válida por meio da prática, após, conhecer o movimento
organizacional no espiritismo no brasileiro é claro o que se estendeu por outros países,
conheceremos a instituição que proporcionou subsídios para abarcar a hipótese da presente
pesquisa. Cabe destacar que as informações apresentas neste subitem foram sintetizadas de um
documento encontrado que não menciona autoria, porém as informações contidas no mesmo
são consideradas como histórico da origem da instituição.
57
2.2.1 A gênese do campo de pesquisa
No ano de mil novecentos e oitenta e nove dois jovens simpatizantes do movimento
espírita procuraram um centro espírita para saciar o desejo de conhecer os trabalhos do mesmo.
Com o passar do tempo já integrados ao grupo, os jovens sentiram necessidade de aprimorar as
atividades assistenciais conhecendo um pouco a mais sobre a Doutrina dos Espíritos. Ao terem
ciência do programa da Escola de Aprendizes do Evangelho e, de uma turma em andamento na
cidade de Piracicaba-SP, solicitaram ao dirigente das atividades na instituição, a implantação
do estudo em caráter experimental, com auxílio aos membros da Aliança Espírita Evangélica46.
Sabe-se que durante o processo de implantação do estudo a luz da A.E.E, alguns membros da
instituição foram resistentes e, os interessados no estudo acabaram deixando a instituição (C.
A. C., 2003).
Com o rompimento, os interessados no estudo oferecido pela A.E.E ficaram
desamparados de ambiente físico para dar continuidade aos estudos. Contudo, uma pessoa com
certa influência na prefeitura da cidade levou a intenção do grupo ao secretário da cultura da
época e o mesmo acabou cedendo o centro comunitário de uma área verde localizada na
periferia do município. Os moradores ao saberem que o centro comunitário seria usado para
atividades vinculadas ao espiritismo, começaram a investir contra o grupo até deixarem o local.
Após saírem do centro comunitário, passaram a ocupar um prédio que ainda estava em reforma,
para que pudessem concluir os estudos (C. A. C., 2003).
Com o passar do tempo o grupo começou a receber doações por essas, foram adequando
o ambiente para proporcionar mais conforto durante os estudos, bem como para promoverem o
atendimento ao público. O estudo em andamento era para dar base para iniciar os trabalhos de
assistência espiritual, porém ao iniciarem o atendimento ao público (assistência espiritual)
surge a necessidade de formar novos membros para auxiliarem nas atividades, a partir de então,
deram início a 1ºturma da Escola de Aprendizes do Evangelho, tendo como dirigente o Sr. O.
D. e, sua esposa L. como secretária, porém antes de finalizar o prédio ao qual ocupavam foi
solicitado pelo proprietário entretanto, já estruturados o grupo decide locar um imóvel próxima
a igreja matriz da cidade (C. A. C., 2003).
46 Como visto anteriormente a A.E.E prioriza em seu cerne o aprimoramento dos trabalhos de assistência espiritual por meio
da educação e conhecimento da Doutrina dos Espíritos a qual os praticantes (trabalhadores/ voluntários devem ter
conhecimento.
58
Em quatorze de abril de mil novecentos e noventa e quatro o centro espírita passou a
ser conhecido como Casa Alvorada Cristã, sendo o primeiro da região de campinas vinculado
a Aliança Espírita Evangélica. Sua estrutura administrativa organizou-se tendo como
representantes o Sr. P. A. V. Presidente, a Sra. E. F. Vice-Presidente, o S.r. C. B. primeiro
Secretário; a Sra. M. J. F. N. segundo Secretário, a Sra. S. A. primeiro Tesoureiro e, a Sra. A.
D. S. como segundo Tesoureiro ficando esses à frente das atividades assistenciais e
administrativas até que outros membros tivessem interesse em assumir os cargos. A
organização do grupo levou a instituição a iniciar a primeira turma de evangelização infantil
bem como inaugurar sua biblioteca com objetivo de vender, ou emprestar livros para os
frequentadores, ou interessados na Doutrina do Espíritos (C. A. C., 2003).
Como toda demanda a instituição necessitou arrecadar fundos para manter as instalações
e a partir de então, os membros começaram a vender pizzas, feijoada, macarronada, bolos,
doces, tanto nas ruas da cidade quanto nos dias de atendimento ao público. Embora necessitasse
de doações, a instituição nunca deixava de fazer suas obras sociais, uma delas da qual podemos
citar é o sopão, que era distribuído na periferia da cidade para famílias carentes e moradores de
rua. O trabalho social ficou conhecido e uma rede de supermercados locada na cidade, passou
a doar mantimentos necessários para confecção da sopa. Segundo dados a primeira turma de
aprendizes do evangelho foi concluída com dez integrantes aptos para iniciar as atividades
assistenciais na instituição, porém somente seis deles fizeram o ingresso na ‘Fraternidade dos
Discípulos de Jesus’ (C. A. C., 2003).
Após a conclusão, em quatro de maio de mil novecentos e noventa e cinco, a instituição
iniciou a segunda turma e, por conseguinte outras vieram a se formar, porém o espaço físico
ficou pequeno para o desenvolvimento das atividades assistenciais, assim como para os estudos
da Doutrina dos Espíritos, porém, no ano de mil novecentos e noventa e nove, uma doação
anônima presenteou a instituição com um imóvel que anteriormente era utilizado como sede do
Projeto Reviver destinado a abrigar e cuidar de crianças carentes e moradores de rua. Ao tomar
posse do imóvel a instituição contou com o auxílio de voluntários do programa Reeducando
para Viver47 para reformar e adequar as instalações. Após concluída a reforma das instalações
a Casa Alvora Cristã passou a dar continuidade em suas atividades (C. A. C., 2003).
Tão logo as turmas eram finalizadas, novos voluntários iam se juntando ao grupo sendo
possível ampliar as atividades assistenciais tanto interna quanto externas, tanto que em onze de
47 Programa destinado aos detentos em regime semiaberto, que também participam de outras atividades em prol
da comunidade. Com o trabalho os detentos da delegacia do município iriam a júri para reajuste penal, ou seja,
reduzir o tempo de condenação.
59
outubro do ano dois mil, a instituição iniciou com auxílio dos membros de uma casa espirita do
município de Piracicaba-SP o primeiro grupo de gestantes. O objetivo era atender as
necessidades básicas das futuras mães em situação de vulnerabilidade social. Orientações sobre
pré-natal, período gestacional, formação familiar e, após o nascimento os cuidados com bebê,
além da assistência material para as mães que não tinham condições de comprar o enxoval para
seus filhos. Entre essas e outras ações sociais a instituição foi conquistando as comunidades
carentes do município, ganhando o reconhecimento da câmara municipal da cidade (C. A. C.,
2003).
Todo trabalho de caridade desenvolvido pela instituição advinha de doações e as
mesmas eram direcionadas para o bazar beneficente, as peças de roupas vendidas a preço
simbólico e o dinheiro arrecadado era direcionado para as obras sociais já mencionadas. A
instituição sempre procurou manter uma relação próxima com a sociedade, promovendo e
participando de atividades festivas do município, como a festa das nações, dos imigrantes,
oferecendo ao público as famosas guloseimas na barraca de doces (C. A. C., 2003).
Embora o documento encontrado no acervo fornece-se subsídios para apresentar um
pouco da história do campo de pesquisa, dois membros proclamaram-se como integrantes da
instituição desde sua origem, o que despertou o interesse em ouvir e dar vida as vozes da
pesquisa. Algumas pesquisas científicas vêm trazendo a importância da narrativa como forma
de aproximar o pesquisador com os sujeitos pesquisados. Benjamin (1987) em uma obra
publicada no ano de mil novecentos e oitenta, assinala a importância do ato de narrar, pois é
esse que traz a essência da experiência vivida. É por esse pensamento de Valter Benjamin que
apresentamos a gênese da instituição pesquisada narrada e experiência.
2.2.2 Vozes da gênese
“A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca”
(LARROSA, 2004, p. 116).
Fatos narrados a partir da experiência vivida por um, ou mais indivíduos podem
ressignificar a história, a memória de fatos e acontecimentos que marcam, ou melhor que
permanecem vivos nos indivíduos. Desse modo as informações narradas podem conter fatos
não relatados na história tida como ‘oficial’. A luz de Larrosa o cotidiano pode formar uma
nova história a partir da perspectiva de cada indivíduo. Ao refletir sobre a citação de Larrosa é
60
vemos a importância de valorizar as narrativas, porém valorizá-las na integra (LARROSA,
2004).
2.2.2.1 R.m – discípulo
Quando eu inicie na Casa Alvora Cristã isso, há 22 anos atrás, ela ficava
perpendicular à rua da rodoviária. Lembro que lá no início só era realizado
o estudo, no caso a Escola de Aprendizes do Evangelho, onde o mesmo já
tinha sido iniciado em outro local, segundo comentários na comunidade da
área verde no Parque Ester. Lembro que lá não tínhamos cadeiras e toda vez
eu tinha que levar uma cadeira da minha casa, olha que percorria uma boa
distância com a cadeira nas mãos. Em meio aos Estudos as pessoas passaram
a nos procurar, em busca de Assistência Espiritual, mas como o local não
favorecia, éramos carentes de tudo, estrutura física e estudo para os
trabalhos, ficamos com receio de iniciar as atividades. Em uma conversa com
o dirigente o Sr. F.S ele nos autorizou mediante tantas solicitações a iniciar
as atividades de assistência mesmo sem concluir a Escola de Aprendizes, mas
fomos amparos por outros voluntários de outros centros já estruturados que
nos deu apoio. O público que nos procurava era bem diversificado, inclusive
muito evangélicos nos procuravam, isso sem contar os católicos, outra as
classes sócias também se misturavam entre alta, médica, baixa e, pessoas em
situação de vulnerabilidade social. Lembro que ficamos lá uns 8 meses e logo
depois o ambiente que era cedido por uma pessoa, teve que ser entregue, só
não me lembro o motivo. Aí começamos a procurar outro local para nos
instalarmos, porém o que percebi na época era que estamos mais maduros em
relação ao Espiritismo, a proposta e nossos trabalhos, a procura do público
nos motivou muito a buscar esse novo local. Quando encontramos uma casa
próximo a Igreja Santa Gertrudes e, como o local era muito bom, tínhamos
estrutura para atender o público e a partir de então nunca mais paramos. Lá
iniciamos a Primeira turma de Escola de Aprendizes do Evangelho, inclusive
a Evangelização Infantil, lembro que antes de iniciar os trabalhos com as
crianças todos nós tivemos que participar de um curso na regional e, após
concluído iniciamos os trabalhos. Em conjunto ao trabalho com a crianças
iniciamos os trabalhos com os Pais, mas na época era tudo meio cru, fazíamos
na raça por não ter experiência era tudo novo. No começo foi bem difícil, pois
as pessoas tinham muito preconceito. Ficamos pensando em como quebras
esses paradigmas, mas nada vinha e mente. Lembro que como era um número
bem pequeno de trabalhadores na Casa, tínhamos que arrecadar dinheiro
para sustentar nossos compromissos embora todos os membros contribuíssem
com as despesas isso não era suficiente para arcar, contudo foi aí que tivemos
a ideia de fazer pizzas, tortas e outras guloseimas, lembro que era muita coisa,
tínhamos boas cozinheiras. Fazíamos e saiamos para vender, olha digo para
você, conquistamos as pessoas não foi pela doutrina não, foi pelas guloseimas
que fazíamos, não ainda fazemos e muito bem. Algumas pessoas que
trabalhavam na prefeitura informaram ao secretário da cultura da época
sobre nossas guloseimas e, ele deu uma oportunidade para montarmos uma
barraca de doces na feira de artesanato, aquele famosa na cidade, então e até
hoje somos requisitados a participar das feiras, festa do imigrante entre
outros eventos promovidos pela secretaria da cultura. (R.M em sorrisos diz,
conquistamos pela barriga vê se pode!). Mesmo assim não foi fácil, as pessoas
passavam na frente e diziam, olha os macumbeiros, feiticeiros e, a única coisa
que fazíamos era vibrar muita oração que o esclarecimento viesse logo. Olha
61
quase me esqueci, esse local bonito que tu vês hoje é uma doação, uma pessoa
boa de espirito sempre envolvida com atividades assistenciais veio a dor esse
prédio que aqui estamos. Lembro que era muito feio e tivemos que investir
muito, é claro tivemos muitas doações creio que se não fosse essas ainda
estaríamos mexendo nas instalações, que por incrível que pareça embora esse
tamanho, já está pequena para nós. Aqui funcionava um centro de apoio a
pessoas carentes me parece que um albergue, acolhia pessoas até de fora da
cidade, mas a obra não foi para frente por não ter pessoas para auxiliar,
tivemos contato com o pessoal que aqui realizam essas atividades, mas foram
poucas vezes, pois tínhamos que dar conta de nossa obra. Acho que foi assim
que o dono do prédio antes de falecer foi de seu desejo nos doar. Foi aí que a
titulamos como Casa Alvorada Cristão, casa pela luta em conquistarmos um
cantinho para trabalhar na seara do mestre jesus e fazer esse trabalho lindo
que é ajudar a todos sem perguntar a quem. Não cobramos dízimos, nenhum
dinheiro, isso nem é citado nas Assistências Espirituais, quem quer ajudar
tem uma caixinha lá fora coloque sua doação e ainda pedimos para que não
se identifique, pois não é objetivo nosso bajular um, nosso objetivo é servir a
todos, todos que nos procuram.
O tabu ainda não foi quebrado, uma vez quando as testemunhas de jeová
foram na minha casa, esperei elas se pronunciarem e, logo após me
identifiquei como espírita, quando comecei a falar sobre a minha visão, nossa,
não quiseram ouvir e o pior, marcaram minha casa, eles até pulam quando
estão em missão na rua. De uma outra vez estava no consultório médico lendo
um livro espírita e quando uma pessoa percebeu ao ver a capa, ela se mudou
de lugar e, isso ocorreu, mais de uma vez, isso me entristece, pois aqueles que
não conhecem a doutrina ainda tem muito preconceito.
As pessoas nos procuram pela dor, é raro o caso que a pessoa vem por amor,
as dores morais pegam as não físicas. A pessoa vem atrás da comunicação
com o mundo espiritual, mas quando chegam aqui e veem que não tem
comunicação e sim orientação são poucos os que ficam, só mesmo aqueles
que entendem. Até hoje sofremos preconceito, as pessoas pensam que vamos
fazer cantorias, atabaque, alarde. A doutrina é bem tranquila quanto a isso
as únicas imagens que temos na parede é de Jesus Cristo para simbolizarmos
seus ensinamentos e, só se falamos em Jesus, musica temos sim, mas uma
música serena. Quando as pessoas adentram em nossa casa e encontram um
ambiente sereno, tranquilo sendo esse um local para refletir.
Automaticamente o preconceito acaba, mas só quando eles adentram a nossa
Casa. Quando iniciamos o grupo de gestantes digo o primeiro, como a
população ainda não conhecia nossas reais intenções junto a Doutrina
Espirita, tínhamos que atender algumas gestantes evangélicas lá na calçada
pois elas não queriam entra de forma alguma, com carinho e à medida que
elas iam percebendo que não tinha rituais malignos foram chegando aos
poucos desarmando seus pensamentos preconceituosos.
Eu sou um exemplo vivo, passei a frequentar o Espiritismo por que meu
esposo perdeu a mãe que, tinha problema cardíaco e ela morreu enquanto ele
dormia a partir daí ele passou a se sentir culpado. Busquei o busquei auxilio
nessa instituição espirita e foi por ela que ele teve o esclarecimento de suas
questões vindo a melhorar. Já no meu caso sempre tive curiosidade e, não
gostava do que o padre falava nas missas, ele sempre me deixava com uma
dúvida, mas foi no espiritismo que encontrei as respostas para minhas
dúvidas, trouxe minhas filhas para evangelização infantil e aí fiquei. Hoje
trabalho na Evangelização Infantil e minha expectativa é despertar nas
crianças que Deus é amor, Deus é pai, não é carrasco, a esperança de um
mundo sem preconceitos em ambas vertentes.
62
Cada religião tem seu modo de acolher as pessoas e, buscar a Deus a procura
a ele é livre tem pessoas que escolhe um credo, outras, não temos é que
respeitar todos as opiniões e as diferenças. Respeitamos a todos mesmo que,
não sejamos respeitados a lei do amor é a qual fundamenta nossos princípios.
Hoje vejo que tudo evoluiu até as nossas atividades, sendo mais
sistematizadas, roteiros para os ensinamentos, tanto para trabalhar com os
pais, com a crianças também. O plano de aula é elaborado pelos próprios
trabalhadores, e tem um número de aulas tanto para os pais quanto para as
crianças. Algumas pessoas participam da elaboração do roteiro anual. A uma
sistematização dos temas para todas as faixas etárias, a mocidade é aplicada
uma avaliação um exame espiritual no final do segundo ano. Todos esses
anos as crianças que passaram por aqui hoje pessoas de bem, tem uma vida
razoável aqueles que entenderam os ensinamos do Cristo. Digo que muitos
que foram nossos aluninhos na Evangelização hoje são voluntários, não aqui,
mas em outras Casas, mas sempre que possível estão são conosco nos
auxiliando.
Os pais relatam melhora dos filhos ao frequentar a evangelização, pois temos
crianças que estão aqui desde quando eram bem pequenas, o processo ocorre
no inverso, o pai percebe a mudança dos filhos e acabam ficando curiosos na
nova postura dos filhos. Hoje a maioria das crianças que estão aqui são
trazidas pelos pais com a queixas de que não conseguem educar, são rebeldes
poucos são as queixas de ver vultos, espíritos ouvir vozes, as queixas são mais
por conduta e relação familiar.
Hoje vejo esse trabalho como uma educação e as pessoas que aqui
frequentam conseguem ver que aqui é a escola preparatória para a vida, ou
para várias vidas (depoimento gravado em 06/2016, grifo nosso).
2.2.2.2 – S.a.f – discípulo
Frequentávamos o luz e verdade, mas, víamos que precisamos que algo a,
mais para desenvolver nossos trabalhos, quando tivemos ciência da Regional
de Campinas e os cursos que ela oferecia, logo fomos falar com o dirigente
dos trabalhos para que fosse implantado o sistema de estudo conforme a
Aliança Espírita vinha divulgando. Lembro que no começo foi até aceito, mas
ao iniciar o curso e algumas pessoas a perceberem que teriam que mudar seu
íntimo para poder evoluir, muitas passaram a ir contra e a turma foi ficando
fraca sem muitos participantes. Foi quando decidimos sair do Luz e Verdade
e, abrir uma casa para que fizesse o correto, tivemos uma oportunidade a qual
a Prefeitura da cidade cedeu uma local lá na área verde, periferia da cidade
e, lá continuamos os nossos estudos, lembro que a própria comunidade foi
contra nossa permanência lá, devido ao local a qual estamos ocupando seria
a sede comunitária do bairro. Quantas pedradas, as crianças nos
aporrinhavam, não deixavam nós estudarmos direito, era terrível, sempre
tinha algo que nos atrapalhava. Uma vez entraram lá e quebraram algumas
coisas, foi quando decidimos sair dali. Primeiro ficamos estudando na casa
do Zeca e depois tivemos uma oportunidade em uma construção, era
construção mesmo abaixo à rodoviária, tínhamos que levar cadeiras, era um
local só para o estudo mesmo e mais nada. Precisamos de um ambiente para
atender a população que já vinha nos procurar em caráter de assistência
espiritual, mas nem tinham condições para tal. Um dia o proprietário pediu
o local e ficamos novamente nas mãos de Deus, um dos integrantes do grupo
na época deu a ideia de alugarmos uma casa e abrimos para as atividades ao
público e, foi assim que fizemos, com todos os esforços hoje estamos aqui
nesse lugar. Melhoramos muito, eu vim pela dor pois via entidades, via
quando estava dormindo, tinha uma entidade que queria me matar, mas eu
63
não tinha conhecimento, mas depois que comecei a frequentar aqui, passei a
entender o porquê ela me perseguia. Faz 3 anos que perdi meus filhos em um
acidente de carro, a Casa me deu o suporte necessário, não vou dizer que
estou bem completamente, mas tenho um amparo. Meu irmão também perdeu
o filho em acidente, e convidei ele para vir até a Casa Alvorada e, desde então
não saiu mais. Ao longo do tempo sofremos muito com o preconceito, o
Espiritismo prega a liberdade a mudança de conduta, por meio do estudo, se
você não tem conhecimento bagagem, não vai poder auxiliar nem você
mesmo. Aqui os trabalhos pregam a reforma intima, o local ao qual deixamos
eles faziam o que queriam, não pregavam a libertação, todos tinham seus
vícios e, não cuidam. A escola de aprendizes deu essa oportunidade de
mudança “conheça-te a ti mesmo” isso é o Espiritismo, para que você venha
a entrar em contato com uma entidade de luz é necessário ter clareza, boa
conduta, estudo para que ela venha usar de suas faculdades. Fiz o curso de
médiuns e no curso foi passado que eu poderia trabalhar com crianças então
hoje estou aqui. A mudança dos pais, das crianças tem crianças que desde de
pequeno frequentavam e ainda estão aqui, E os trabalhos com os pais lares
sem base desamor, nos trabalhando com os pais tenta passar o amor,
trabalhamos a vivência, procuramos temas nos livros. Eu era metida,
arrogante sempre procurava condenar o outro, para que eu, não fosse
condenada, mesmo sabendo que o erro era meu, mesmo sabendo que não
tinha feito minha parte eu tirava proveito. Hoje eu sei de tudo que fiz e o que
eu não fiz, mas digo a você a moral pesa muito nessa doutrina e é por ela que
tentamos a cada dia buscar ir em frente sempre pensando que tenho que me
valorizar, mas na mesma medida tenho que valorizar o meu próximo também
(depoimento gravado em 06/2016).
O relato da experiência por meio das vozes da gênese proporcionou aos mesmos a
oportunidade de aparecem na história deixando sua marca, ou melhor sua fala. Ao observamos
os relatos vemos com é vivido a bandeira da Doutrina dos Espíritos na vida desses indivíduos,
e a importância que a elas os faz.
2.2.3 O regimento e práticas assistenciais da instituição pesquisada
No ano de dois mil e dois o Código Civil passa a reconhecer como pessoa física de
direito privado somente associações, fundações e sociedades. A modificação no código passar
classificar a instituição como pessoa jurídica, porém, o enquadramento a qualificou com uma
organização de assistência social, podendo essa receber subvenções do poder público. Diante
das mudanças no ano de dois mil e três a instituição elaborou a primeira edição do Estatuto de
Regimento Interno48, o qual dispôs de cinco capítulos constando trinta e sete artigos que
48 Documento anexo.
64
determinam diretrizes a serem seguidas e descrevem com clareza os propósitos da instituição
(C. A.C., 2003).
I-O estudo, a prática e a divulgação da doutrina como religião, filosofia e
ciência, nos moldes da codificação de Allan Kardec e segundo os programas
da Aliança Espírita Evangélica, contidos no livro “Vivencia do Espiritismo
Religioso”; II- A evangelização do ser humano, conforme preceitua “O
Evangelho do Segundo Espiritismo”; III-A atuação na área de assistência
social, a prática da caridade como dever social e princípio da moral cristã e
como exercício pleno da solidariedade e respeito ao próximo (ESTATUTO
CASA ALVORADA CRISTÃ, 2003, grifo nosso).
Internamente a prática e divulgação da Doutrina dos Espíritos ocorre por meio do
atendimento fraterno, onde o visitante é inicialmente acolhido e orientado por um membro
voluntário. O primeiro passo é a escuta, ouvir as queixas do visitante, após a um diálogo
fraterno, onde o membro sugere a terapia mediúnica e a participação nas exposições
doutrinárias49 que acontecem no salão principal. A terapia mediúnica ocorre por meio dos
passes e radiações, que são realizados em uma sala separada com a presença de uma corrente
de médiuns. O visitante a partir de então passa a ser titulado como assistido e, após quatro
semanas, participando das exposições doutrinárias (leitura espirita) e a terapia mediúnica esse,
retorna ao atendimento fraterno, onde irá relatar sua evolução considerando a queixa inicial. O
relato do assistido é encaminhado ao grupo de Colegiado50 e, ao retornar na quinta semana o
assistido recebe as orientações do plano espiritual, onde o mesmo pode receber alta, ou iniciar
um novo ciclo de terapia mediúnica (C. A. C., 2003).
49 Atualmente a instituição realiza em torno de noventa e seis exposições doutrinárias ao longo do ano. Sua
assistência fraterna e terapia mediúnica atendem cerca 110 assistidos ás segundas feiras e, 50 aos sábados,
direcionando para suporte setenta trabalhadores voluntários, sendo 34 Discípulos ingresso na FDJ. 50 Grupo mediúnico que em curso busca retransmitir as orientações dos espíritos para leva-las aos assistidos.
Figura 13: Assistência Espiritual (fonte: acervo (C. A. C., 2003)).
65
A proposta do evangelizar ocorre de forma sucinta no salão durante a exposição de
temas extraídos do Evangelho do Segundo Espiritismo, bem como de outras obras relacionadas.
Porém, é na escola de aprendizes do evangelho - E.A.E que o assistido/aluno, ou aprendiz vai
adquirir conhecimento da Doutrina dos Espíritos e, ao concluir todas as etapas e os requisitos
básicos e complementares51 do programa, o aprendiz é direcionado para o exame espiritual,
sendo aprovado passa a ser reconhecido como servidor. Após titulado, o servidor entra em
estágio probatório, período ao qual irá decidir sobre seu ingresso na Fraternidade dos Discípulos
de Jesus (CONSELHO, G.I, 2014).
O segundo eixo da proposta do evangelizar espírita ocorre de forma semelhante com as
crianças, adolescentes e jovens para que também sejam orientados a fim de adquirirem
conhecimento da Doutrina dos Espíritos. Como visto anteriormente a sequência segue
Evangelização Infantil de 03 a 11, Pré-mocidade de 12 a 14 e Mocidade de15 a 24. Após o
término do Curso da Mocidade Espírita os jovens são convidados a participarem da A.E.E
seguindo o mesmo protocolo dos adultos até se tornarem Discípulos. Cabe destacar que nesse
processo ninguém é forçado a prosseguir, tudo acontece com a vontade e interesse tanto dos
adultos quanto dos adolescentes e jovens (IBID).
51 Como parte complementar o curso de passe e radiações e o curso de médiuns em conjunto com a E.A.E.
Figura 14: 1º turma da E.A.E (fonte: acervo (C. A. C., 2003))
66
O terceiro eixo da proposta da ênfase nas atividades sociais e para isso a instituição
realiza campanhas sociais como a do agasalho, adote uma criança em datas comemorativas,
caravanas que levam brincadeiras as crianças de bairros carentes, além dos grupos de gestantes.
Todo subsidio para realizar essas ações advém da venda de roupas vendidas a preço simbólico
no bazar da caridade, com itens de doação. Desse modo, sua vertente Social busca prestar
assistência através da caridade, sendo esse um dos fundamentos expostos no livro Vivência do
Espiritismo Religioso (IBID).
O estender das mãos, o suprir as necessidades básicas (materiais) e espirituais (estudo e
conhecimento), vem de encontro a promover a caridade por meio da assistência social e da
orientação espiritual, é semelhante em toda comunidade espírita vinculada a Aliança Espírita
Evangélica e a Fraternidade dos Discípulos de Jesus (GIUMBELLI, 1995).
Figura 15: Evangelização Infantil (fonte: acervo (C. A. C., 2003)).
Figura 16: Atividade Social / Festa das Nações
(fonte: acervo (C. A. C., 2003)).
67
3. CAPÍTULO III – DADOS DA PESQUISA
Pretende-se neste capítulo apresentar a metodologia utilizada, bem como os
participantes da pesquisa que subsidiam a hipótese inicial que gerou essa investigação. Para
abarcar os pressupostos o campo de pesquisa desenvolve atividades educacionais de
evangelização de crianças com idade entre 03 a 11 (infantil – jardim), adolescentes com idade
entre 12 a 14 (pré-mocidade) e jovens com idade entre 15 a 24 (mocidade), além do grupo de
pais com idade entre 39 a 62 anos.
Para levar o esclarecimento da hipótese inicial, optou-se em utilizar como método de
pesquisa a observação participante. Durante dois meses o pesquisador vivenciou na integra as
atividades de evangelização das crianças, adolescentes e jovens, buscando observar as
atividades educacionais da instituição e a didática utilizada pelos evangelizadores/ educadores
e, como esses estabelecem o vínculo com seus educandos. Os frutos dessa observação foram
surgindo logo na terceira semana, onde o pesquisador passou a perceber uma certa harmonia e
interesse mútuo entre os pesquisados direcionado à pesquisa. Comentários como, o que ele está
fazendo, quero participar também, foram bem-vindos para direcionar outro método de pesquisa.
A observação participante permite ao pesquisador vivenciar os eventos decorrentes da
instituição pesquisada. A vivência apresenta a teoria na prática logo, se torna mais fácil
compreender o ambiente e os aspectos simbólicos que remetem sentido aos pesquisados. Um
indivíduo fora desse contexto não seria capaz de extrair a essência necessária dos pesquisados,
apresentando assim resultados coesos que realmente abarquem a hipótese inicial.
A observação participante pode ser conceituada como: O processo no qual um
investigador estabelece um relacionamento multilateral e de prazo
relativamente longo com uma associação humana na sua situação natural com
o propósito de desenvolver um entendimento científico daquele grupo (MAY,
2001, pg.177).
Ao direcionar inicialmente a observação participante é que foi possível validar os
pensamentos do Prof. Severino Antônio52 sobre a relação de pesquisados e pesquisador. O Prof.
Severino sempre alertou sobre a importância do ouvir, e este dar ouvidos deve ser promovido
segundo suas falas, do pesquisador para os pesquisados e, não ao inverso. Quanto as vozes da
pesquisa o Prof. Severino comenta: ‘Olhem é imprescindível que o pesquisar ouça e de (voz as
52 Durante as aulas no programa de Mestrado em Educação
68
vozes), valorizem a essência a subjetividade dos indivíduos pertencentes do ambiente ao que
vocês estão se dispondo a pesquisar’.
Pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para
sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião,
suspender o juízo, suspender à vontade, suspender o automatismo da ação,
cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que
nos acontece, aprender a lentidão, escutar os outros, cultivar a arte do
encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço (LARROSA,
2004, p.122).
Ao dar ouvidos as vozes da pesquisa a surpresa, uma riqueza escondida entre falas,
relatos de experiências, sentimentos de alegria e angustia vieram à tona. Voluntariamente os
pesquisados se ofereciam para serem ouvidos. Todos os depoimentos foram registrados com o
auxílio de um gravador e, os áudios foram convertidos em texto 53, mantendo na integra os
relatos, respeitando e valorizando a subjetividade dos pesquisados.
Embora as vozes da pesquisa tenham contribuído significativamente, foi necessário
direcionar três tipos de questionários a fim de captar informações dos grupos participantes da
pesquisa. O primeiro questionário (Q-I) foi confeccionado com oito perguntas, sendo o intuito
o de identificar a postura e nível de conhecimento dos Evangelizadores / Educadores; já o
segundo questionário (Q-II) foi confeccionado com cinco perguntas, sendo o intuito de
verificar o quanto os Educandos absorvem do transmitido nas aulas; o terceiro questionário
(Q-III) foi confeccionado com seis perguntas, sendo o intuito de identificar o tipo de
esclarecimento que os Pais desenvolveram com o aprendizado, e como eles veem suas condutas
e a de seus filhos a partir do estudo.
3.1 DOS QUESTIONÁRIOS
Somente algumas perguntas foram selecionadas como objeto de análise para a
compreensão da hipótese da pesquisa. Cabe destacar que as demais questões poderão ser usadas
como base para futuras pesquisas em outros apontamentos sobre o contexto da educação.
3.1.1- Q-I–Evangelizadores
4). Qual seu entendimento sobre o Espiritismo?
5). Tem conhecimento sobre a pedagogia espírita?
6). O que da pedagogia espírita você aplica nas atividades em sala de aula?
53 Anexo I
69
3.1.2- Q-II–Educandos
2) O que você aprendeu da Doutrina dos Espíritos com os evangelizadores?
3) O que os evangelizadores ensinam que não é da Doutrina dos Espíritos?
4) O que é o Espiritismo para você?
3.1.3- Q-III–Pais
2) O que mudou na conduta de seu filho (a)s ao frequentar as atividades da
evangelização?
3) O que mudou em você, após frequentar a Escola de Pais?
3.2 SÍNTESE DOS ELEMENTOS
Na resposta da pergunta quatro do questionário Q-I, os pesquisados elevaram relatos de
uma mudança de pensamentos e sentimentos bem como de condutas individuais e sociais, após
conhecerem a Doutrina dos Espíritos. Um dos pesquisados responde: ‘O espiritismo é uma
doutrina com princípios morais, que através dos estudos consegui esclarecer, me completar
como ser’ (Sujeito XI, pg. 94, grifo nosso).
Na resposta das perguntas cinco e seis os questionados expuseram singelos relatos
como, já ouvi falar uma vez em um curso de evangelização, ou posso até ter aplicado alguns
conceitos nas atividades de evangelização, porém não tenho certeza. Em uma das respostas
vemos: ‘Enquanto área autônoma de conhecimento, não tive contato com a pedagogia espírita’
‘Talvez até explique as diretrizes da pedagogia espirita, porém não tenho consciência por não
ter entrado em contato com a mesma’ (Sujeito III, anexos p. 94).
Na resposta das perguntas dois e três do questionário Q-II, os pesquisados ofereceram
relatos sobre conceitos promulgados na Doutrina dos Espíritos, elevando o auxílio ao próximo,
o perdão, a paciência, a melhora interior, a reencarnação entre outros. Porém, na resposta da
pergunta quatro ‘O que é o espiritismo? ’, um dos pesquisados diz: “É uma ideologia que tem
como foco a auto melhora, que temos que ser melhores a cada dia como melhor em outras vidas,
se auto melhorar para ajudar o próximo, não pensar em recompensas. Em geral, se melhorar e
repensar seus defeitos e ajudar o próximo. Para mim o Espiritismo foi, onde eu aprendi a me
melhorar, aprender evoluir. Aprendi que a vida não é só isso aqui, que ela vai continuar. É uma
base para mim; O espiritismo para mim e a verdade um conforto e o amor” (Anexo 2- Item
3.1.2 - Sujeito I, pg. 99).
70
Na resposta da pergunta dois do questionário Q-III, os pesquisados exibiram relatos
sobre a mudança de postura, pontuando a compreensão, tranquilidade e carinho de seus filhos
em direção a eles, após frequentarem as aulas da evangelização. As respostas da pergunta três
a maioria dos pesquisados apresentam relatos sobre a responsabilidade do educar bem como,
do convívio no contexto familiar. Uma das respostas o pesquisado escreve: “meu papel materno
vai muito além do que eu imaginava...que a minha responsabilidade é maior do que a matéria,
também espiritual”. Vemos aqui uma evidência de que o educar, além da reforma íntima é como
agir em determinadas situações durante a orientação dos filhos, um movimento reflexivo dos
pais, buscando reavaliar o papel do primeiro educador (Anexo 2- Item 3.1.3 - Sujeito I, pg.
101).
3.3 SUBSÍDIOS DO CAMPO DE PESQUISA
A falta de um princípio ético universal que permeasse os povos para o enfrentamento
das diferenças, levou homens e mulheres a violência e por ela a barbárie. O caos social ofuscou
os sentimentos de amor, caridade e compaixão dos indivíduos fazendo com que os mesmos
ficassem mergulhados nas trevas da própria subjetividade, contudo surge, o Cristo Jesus
apresentando aos povos as leis de um ser supremo entre elas, o amar a Deus sobre todas as
coisas e, amar ao próximo como a si mesmo.
Percebe-se que na primeira lei um direcionamento teológico quanto a uma figura divina
e suprema da qual jamais deverá ser desobedecida, porém ao observarmos atentamente a
segunda máxima ‘amar ao próximo como a si mesmo’ deixa de lado o discurso teológico e nos
aproxima de um discurso moral, ético e social, uma medida paliativa para enfrentamento das
diferenças entre os indivíduos.
O filósofo Jonh Locke54 anunciou ao desenvolver a teoria do conhecimento, que só é
possível efetivar o mesmo, caso este seja praticado, ou seja, na íntegra o ‘conhecimento só é
alcançado por meio da experiência’. A luz de Locke é possível compreender que o sentido da
ética religiosa não nasce na figura divina Deus, mais sim na socialidade dos indivíduos em
direção a Ele. A [...]máxima ‘Fora da caridade não há salvação’ íntegra e efetiva na
subjetividade55 dos indivíduos a moral e a ética por meio da prática.
54 Locke fundador do empirismo, formulou a teoria da tabula rasa, onde afirmava que todos nascemos sem saber
absolutamente nada e que todo conhecer, saber e agir não existe se não pela experiência. 55 É entendida como o espaço íntimo do indivíduo, ou seja, como ele "instala" a sua opinião ao que é dito (mundo
interno) com o qual ele se relaciona com o mundo social (mundo externo), resultando tanto em marcas
71
O professor Regis de Morais56 na obra o Segundo Ensinamento, faz suas conjecturas
sobre os fundamentos da Doutrina dos Espíritos:
O espiritismo (...) nada vem destruir, porque assenta suas bases no próprio
cristianismo; sobre o evangelho, do qual não é mais que a aplicação. (...) É
uma doutrina puramente moral, que absolutamente não se ocupa dos
dogmas e deixa a cada um em inteira liberdade de usar as crenças, pois não
impõe nenhuma (MORAIS, 2014, p.226, grifo nosso).
Ponderando a citação do professor Regis de Morais a Doutrina dos Espíritos desde sua
codificação vem propondo aos indivíduos uma rebelião contra o próprio instinto da natureza
humana, promovendo o despertar da consciência, levando os indivíduos a uma experiência
individual para o conhecer-te a si mesmo, sentindo e praticando, ou seja, em Locke buscar o
conhecimento sensitivo, aquele que da certeza aos indivíduos que existe algo além, mas que
não pode ser visto, ou sentido, a ‘fé’ e a possibilidade de uma ‘interexistência’ (MORAIS,
2014).
Como visto no primeiro capítulo, o cerne da Doutrina dos Espíritos abarca questões
cientificas e filosóficas, respaldadas no cristianismo. Com base em seus fundamentos os
indivíduos que a estudam e a praticam, em hipótese podem desenvolver o sentido lógico de
modo a compreenderem o ‘o aqui e agora’, a dimensão material e a dimensão espiritual é que
remete a ‘existências anteriores’. Para a Doutrina dos Espíritos o mundo material é o local, onde
temporariamente os indivíduos tem a possibilidade de aprimorar e aprender com as experiências
vividas, seguindo os ensinamentos do Cristo Jesus (MORAIS, 2014).
Com base nas respostas dos questionários Q-I, Q-II e Q-III, os pesquisados elucidam a
vivência da prática a luz da teoria da Doutrina dos Espíritos, é vivido na consciência dos
mesmos, o perdão, a paciência, o auxílio ao próximo em suma, conceitos que elevam a
racionalidade filosófica moral e religiosa na educação espírita. Dora Incontri em sua tese
esclarece que a educação espírita eleva em seu discurso a ressignificação, ou seja, uma via de
mão dupla entre educador/ evangelizador e educandos desse modo, todos pertencentes ao grupo
são convidados ao auto educar de modo a despertarem em si mesmos suas potencialidades
(INCONTRI, 2001).
O despertar das potencialidades foi um dos pontos considerados durante a observação
participante, nítido nas práticas educacionais de evangelização infanto-juvenil. Aulas
singulares na formação do indivíduo quanto na construção de crenças e valores compartilhados na dimensão
cultural que vão constituir a experiência histórica e coletiva. 56 Graduado em Filosofia e Ciências Sociais, Mestre em Filosofia Social, Doutor em Educação, Livre Docência
em Filosofia da Educação.
72
expositivas que despertam o questionamento, reflexões por meio de hipóteses, aproximando da
maiêutica de Socrática. Postura, fala coesa, responsabilidade, firmeza, preocupação ficaram
evidentes na relação entre educadores/ evangelizadores e educandos. Além de serem
acolhedores, o afeto sempre constante, abraços, beijos, troca de carinho gestos e movimentos
explícitos sem receios, exemplificam o amor ao próximo durante as atividades.
Movimentos que se aproximam com os métodos educacionais de Pestalozzi. Ainda
assim, cabe destacar outro aspecto importante durante as atividades é permitido que os alunos
da mocidade venham a auxiliar os educadores/evangelizadores na organização e
direcionamento dos educandos mais novos, além de poderem compartilhar experiências vividas
com outras turmas iniciantes. Uma prática adotada por Pestalozzi bem como o Allan Kardec
enquanto Jovem- Denizard Rivail, a promoção do auxílio mútuo.
A educação por Pestalozzi é primordialmente moral e lógica - princípio vital
de seu sistema. O indivíduo é um todo, cujas partes devem ser cultivadas, e a
unidade espírito-coração-mão, análogo à tríplice atividade conhecer-querer-
agir, por meio da qual ocorre o aprimoramento da inteligência, da moral e da
técnica (ARANHA, 2006, p.211).
Contudo as narrativas foram fundamentais para corroborar com a hipótese da pesquisa
e por si falam:
Discípulo: Minha visão é trabalhar o futuro das crianças, elas precisam ser orientadas,
por meio de estudo e pesquisas vemos como anda a educação no brasil, seja
no ambiente formal seu no lar. Aqui ficamos sobrecarregados pois os reflexos
da educação do lar e a educação formal vem a parecer tudo aqui nos trabalhos.
Por isso o amor aqui é fundamental, pois nem sempre tu tens o esse em casa.
Trabalho com evangelização faz 10 anos, e o interessante é ver os ex-alunos
pequenos na mocidade e isso não é nada obrigado, eles que lembrar em voltam
ou querem fazer mais e mais. Porém tem aqueles que passaram por aqui e que
se perderão. Eu entrevisto essa criançada e vejo que tenho que ser uma avó ou
até mesmo uma mãe para ganhar o respeito e, feedback que recebo é você fala
como mãe, mas não grita como ela. Assim vejo o diálogo como fundamento.
O trabalho aqui é de doutrinação e educação pois precisamos alimentar a obra
de pessoas que possam dar continuidade nos trabalhos. Não podemos esperar
uma melhora social, pois não podemos esquecer da pessoa e suas
particularidades. O pais tem uma grande importância nesse processo, pois tem
pais que deixam os filhos aqui a vão fazer outras coisas e não acompanham os
filhos, como eu entrevisto eu vejo em seus relatos o que eles presenciam em
casa na relação dos pais e as crianças precisam ter a base na família, um auxilia
o outro. Vejo mais resultado quanto os pais participam da escola de pais, creio
que é um trabalho em conjunto, pais errados filhos certos (M.F–ANEXO I
P.93)
73
Servidor:
Minha vida inteira fui católica, só eu era praticante fiz todo o processo da
religião, mas um vazio penetrava em mim. Tive uma depressão, após ter meu
filhos e por uma amiga passei a conhecer o espiritismo, me encantei, trouxe
meus filhos para a evangelização sempre os acompanha nas aulas, um dia a
professora faltou e me pediram para ajudar, sem pensar duas vezes fui lá,.
Encontrei o conforto para o vazio que eu sentia, quando percebi toda essa
simplicidade, diferente de quando eu ia na missa, pois tinha que usar minha
roupa mais chique, hoje venho aqui do jeito que eu quero e ninguém me
repara, ou faz comentários do que eu estou usando, todos estão aqui com um
foco trabalhar e servir Jesus. Sou bancaria a 30 anos, sempre gostei de criança
e aqui pude realizar um outro sonho dar aula, ser educadora. Temos uma
responsabilidade imensa, sou cobrada pelos alunos da minha turma, uma vez
que eu precisei faltar, eles dizem nós estamos aqui semana passada, e você
não, por aí tu imaginas o movimento que causamos neles. Aqui planto uma
semente e, percebo a evolução, tem alunos que estão aqui desde bebes, penso
que os jovens precisam ser bem encaminhados com muito amor. Percebo que
as outras religiões possuem um grupo tão forte, será que elas obrigam a ficar,
nós só convidamos, não obrigamos. Formamos alunos nas escolas todos os
anos, mas quando é chegada a hora do compromisso, a maioria corre e aí os
mesmos continuam a trabalhar para formar mais e mais, um trabalho sem fim
(M.M–SERVIDORA ANEXO I P.90).
Pestalozzi em Yverdon considerou a importância do papel do educador na vida do
educando, priorizou um educar que valorizasse a essência dos indivíduos, a tríplice (intelecto,
físico e moral). As vozes da pesquisa aos ouvidos do pesquisador, não eram só vozes, mais sim
gestos, movimentos, brilho no olhar e o prazer de estarem ali promovendo o educar a luz de
uma pedagogia a qual acreditam ser um método integral para orientar as crianças, adolescentes
e jovens para a vida, para a prática da caridade.
74
4. CONSIDERAÇÕES
“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente
você estará fazendo o impossível” (São Francisco de Assis)
Durante o percurso da presente pesquisa vimos que a Doutrina dos Espíritos trilhou
um caminho árduo em meio a sociedade Europeia com esforços estruturou-se nas bases da
ciência, filosofia e do cristianismo religioso, no Brasil apresentou duas vertentes uma na
perspectiva educacional e pedagógica e outra promovendo o espiritismo assistencialista
elevando o caráter religioso - caridoso dando base para a existência dos centros e casas
espíritas ainda assim sua difusão e propagação no Brasil.
A ideia inicial era apresentar ao leitor uma contraposição entre a origem da Doutrina
dos Espíritos na Europa ‘o caráter cientifico e filosófico’ com o espiritismo ‘assistencialista
religioso’ trabalhado no Brasil, porém ao conhecer a biografia de Allan Kardec por Henri
Sausse nos deparamos com Hippolyte Leon Denizard Rival um pedagogo, professor,
pesquisador que ocupou a cadeira de academias renomadas da sociedade francesa, contudo,
abandou seu status social para investigar os fenômenos paranormais renunciando o nome de
Hippolyte Leon Denizard Rivail, assumindo o pseudônimo de Allan Kardec.
Sócrates promulgou que o verdadeiro conhecimento humano é essencialmente a herança
de uma vida anterior em um mundo imaterial, contudo fez uso da (maiêutica socrática), o trazer
à tona este conhecimento anterior. Platão seu discípulo compilou os ideais de seu mestre dando
continuidade ao seu legado provocando os indivíduos ao pensar sobre tudo e todas as coisas. O
consolador Cristo Jesus pregou em sua jornada as leis que regem o amor.
Os educadores como Comenius em suas alusões defende a ideia de que é por meio
do sentimento o educando pode ser tocado e modificado acreditando na bondade humana,
já Rousseau em seu feito colocou em pauta a sensatez entre a razão e o sentimento elevando
a sensibilidade como parte do progresso moral dos indivíduos. Pestalozzi ao observar os
três estados da natureza humana identifica a valor do amor e o aplica em seus processos
educativos, embora não ter dado ênfase a racionalidade ele não a descartou, elevou a tríplice
mente, coração e mão, acreditando na potencialidade dos indivíduos, respeitando suas
particularidades.
75
Vimos aqui uma genealogia pedagógica realizada por homens colocaram seus espíritos
a disposição para viver a experiência, independente do resultado eles acreditaram e fizeram
aquilo que devia ser feito. Hippolyte Leon Denizard Rivail discípulo do Castelo Yverdon
‘Pestalozzi’ iluminou-se em suas raízes educacionais vindo a desenvolver uma perspectiva
humanística em direção à educação, sendo o principal herdeiro de Pestalozzi, tanto que
seguiu na íntegra sua filosofia e pedagogia nas escolas da França e Alemanha.
Dentro dessa perspectiva, Hippolyte Leon Denizard Rivail fez uso da ciência para
observar os fenômenos paranormais, em sua compreensão fez uso da filosofia e por uma
educação cristã livre de dogmas teve discernimento para ouvir, perguntar e codificar uma
Doutrina educacional que antecede a educação elementar, a educação da própria consciência
humana apresentando-a a sociedade por meio das obras o Livro dos Espíritos, o Livro dos
Médiuns, Evangelho do Segundo Espiritismo, A Gênese, entre outras divulgadas para
promulgar a Doutrina dos Espíritos (SAUSSE, 2015).
A pedagogia proposta por Pestalozzi paira nas entrelinhas da Doutrina dos Espíritos
tanto que no Brasil, sua vertente pedagógica foi facilmente evocada por Eurípedes
Barsanulfo nos muros do educandário Allan Kardec, onde Eurípedes orientava seus
discípulos sobre a perspectiva da Doutrina dos Espíritos, além de proporcionar uma grade
pedagógica em um modelo de educação integral fazendo jus as práxis de Pestalozzi
promovendo a atenção e valorização do educando.
Após abranger o contexto da proposta educacional da Doutrina dos Espíritos bem
como seu linear pedagógico chegamos ao entendimento que os feitos de Dr. Bezerra de
Menezes e de Edgar Armond na reorganização da Doutrina dos Espíritos deram destaque no
espiritismo assistencialista religioso, contudo essa transição se fez necessária, pois o
desenvolvido religioso no Brasil cresceu a luz do cristianismo dogmático, promovido pela
igreja católica da época que se contrapunha as outros tipos de crenças.
A Doutrina dos Espíritos sobreviveu conquistando gerações de adeptos a mais de 150
anos tanto no Brasil como em vários países do mundo. Contudo o desfecho da investigação e
estudo para a compreensão dos fenômenos paranormais por Hippolyte Leon Denizard Rivail
provou o quanto é importante suprir à ausência do conhecimento abrindo as portas para a
fronteira do inimaginável, atentando-se não só aos fatos, mas sim as experiências.
Por esse pensar a presente pesquisa trilhou um caminho junto as experiências, investigar
e identificar nas práticas educacionais de evangelização das crianças, adolescentes e jovens
traços das raízes educacionais de Allan Kardec enquanto jovem- Denizard Rivail.
76
Fazendo uso da observação participante, munidos do conhecimento sobre as
práticas educacionais de Pestalozzi e a proposta educacional da Doutrina dos Espíritos
notamos durante o ato de evangelizar que os educadores fazem uso de uma didática
diferenciada, nos padrões legais poderia ser um tipo de aula expositiva, onde educador /
evangelizador transmite a mensagem e os educandos ouvem e anotam.
A organização que rege os centros e casas espíritas vinculados a ela fornece
conteúdo apostilado para o ato de evangelizar, porém ao que percebemos os
evangelizadores da instituição pesquisada o usam somente como roteiro extraindo do
mesmo somente o tema da aula, o desenvolvimento prático segue seu curso explorando
exemplos da vida cotidiana extraindo das experiências vividas, fazendo uso do aspecto
religioso com base nos ensinamentos do Cristo Jesus, trabalhando junto aos educandos
questões como morais e éticas, críticas e julgamentos transformando-os em chaves
filosóficas para o pensar, respeitando a singularidade e a capacidade de cada indivíduo em
absorver os ideais, ou seja, cada um no seu tempo.
O assistencialismo -caridoso da Doutrina dos Espíritos é incentivado por meio de
caravanas, onde os próprios educandos auxiliam os educadores a elaborar a temática do
evento, elaboram, participam e aplicam as brincadeiras e teatros direcionados as
comunidades carentes do município. Cabe destacar que em nenhum momento os
educandos são forçados a participar e sim convidados: ‘aquele que puder se dispor a
participar a ajuda será bem-vinda’.
Dotados de simplicidade e comprometidos com o que fazem os educadores/
evangelizadores direcionam carinho aos educandos, visto o brilho no olhar durante e depois
das aulas. Comum ouvir dos educadores/ evangelizadores: “preparei essa aula ontem, mas
hoje junto a turminha, o que aquele aluno falou, não era para eles, era para mim, algo me
tocou”. Embora os educadores sejam ‘possuidores’ do conhecimento frente aos educandos
notamos que durante as aulas ambos vivenciam o aprendizado trocando experiências. Por
parte dos educandos o olhar de quero mais ansiosos para o próximo encontro. Carinho e o
afeto é o que não falta pelo que pudemos observar na relação evangelizadores/ educadores
e educandos.
Contudo que foi observado, os relatos das vozes da pesquisa sobre o trabalho de
evangelizar corroboram de forma significativa para pontuar o compromisso, respeito e a
dedicação dos educadores / evangelizadores. Em um nos mostra a preocupação dos
evangelizadores/ educadores para com seus educandos: ‘Percebemos a ausência de um aluno
da pré modicidade por duas semanas consecutivas. Buscamos informações sobre ele com alguns
77
de seus amigos, que nos informou que ‘nosso menino’ tinha sofrido um acidente de bicicleta,
ficando incapacitado de se locomover em grandes distancias. Comunicamos os demais
integrantes do grupo e juntos decidimos criar uma escala para buscar e levar o aluno nos dias
de evangelização, tivemos a cooperação de todos evangelizadores, nossa ação fez com que esse
aluno continuasse a frequentar o estudo até sua melhora, não o perdemos ele’ (M.M–
SERVIDORA, grifo nosso).
Quando perguntado a educadora: se esse fato ocorresse em uma escola convencional os
professores teriam tomado essa atitude? Em resposta a educadora disse: ‘Provavelmente não,
aqui somos livres para fazer aquilo que tem que ser feito aprendemos isso com a Doutrina dos
Espíritos, assumimos um compromisso e temos um objetivo em comum auxiliar as crianças,
adolescentes e jovens a pensar e refletir sobre seus atos para que possam por si encontrarem um
caminho, seja ele qual for. Se não formos o exemplo nosso trabalho será improfícuo.
Essa atitude pode ser vista como um “gesto de amor ao próximo”, tal como prega a
moral cristã, que ressalta a importância de amar ao próximo como a si mesmo, promovendo
ações em seu benefício. De acordo com o discurso espírita kardecista:
[...] toda a movimentação humana, sem a luz do amor, pode perder-se nas
sombras.
Seremos admitidos ao aprendizado do Evangelho, cultivando o Reino de Deus
que começa na vida íntima. Estendamos, assim, a fraternidade pura e simples,
amparando-nos mutuamente [...]. Fraternidade que trabalha e ajuda,
compreende e perdoa, entre a humildade e o serviço que asseguram a vitória
do bem. Atendamola, onde estivermos, recordando a palavra do Senhor que
afirmou com clareza e segurança: – “Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos: se vos amardes uns aos outros” (KARDEC, 2006, p. 295).
Ao que podemos perceber a prática da benevolência e fraternidade acontece dentro e
fora das instalações, inclusive entre os próprios membros da instituição. O termo ‘fora da
caridade não há salvação’ conduz os adeptos da Doutrina dos Espíritos que se voluntariam a
desenvolver as atividades que ali são promovidas sejam elas práticas sociais, educacionais, ou
auxílio espiritual.
[...] na máxima “Fora da caridade não há salvação”, estão contidos os destinos
do homem sobre a Terra e no céu. [...] Nada exprime melhor o pensamento de
Jesus, nada melhor resume os deveres do homem do que está máxima de
ordem divina. O Espiritismo não podia provar melhor a sua origem, do que a
oferecendo por regra, porque ela é o reflexo do mais puro Cristianismo
(KARDEC, 2006, p. 202; grifo nosso)
78
Ao conhecer a origem da Doutrina dos Espíritos sua proposta pedagógica e vivenciar
suas práticas educacionais, percebemos junto aos educadores/ evangelizadores da
instituição pesquisada que realmente somos ‘eternos aprendizes’ no sentido de que devemos
estarmos abertos as experiências para que com elas venhamos a quebrar nossos preconceitos e
paradigmas sociais.
Quanto a educação promovida no contexto da Doutrina dos Espíritos identificamos em
suas práxis um educar transformador (mente, coração e mão), contudo vemos que a educação
para a sociedade, a educação acadêmica deveria ser espiritualista, a fim de promover o pensar,
individual e coletivo, independente do credo do método que se aplica a Educação.
As aproximações da educação promovida na Doutrina dos Espíritos com os métodos
educacionais de Pestalozzi se justapõem a um educar social, tendo como princípios a educação
do espírito as ações do educador e do educando elevando o amor a fim de desenvolver
intelectual, moral e físico dos indivíduos desse modo, as atividades de evangelização de
crianças, adolescentes e jovens bem como a relação interpessoal entre evangelizadores e alunos
educadores, não abarcam pressupostos, mas sim, a certeza de que EXITE RAIZES E
MÉTODOS EDUCACIONAIS DE PESTALOZZI NAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS DE
EVANGELIZAÇÃO.
79
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86
APÊNDICE 1 – MODELO DOS QUESTIONÁRIOS
QUESTIONÁRIO I – AOS EVANGELIZADORES
Instituição: Data: ____/____/_____
Gênero: ( ) Masc. ( ) Fem.
Idade: Tempo na Instituição: Aprendiz ( ) Sim ( ) Não
Turma / Período: Discípulo ( ) Sim ( ) Não
1) Quais atividades você desenvolve na instituição, além da Evangelização / Mocidade /
Escola de Pais?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2) Quais cursos promovidos na instituição e, ou em outras vinculadas, que você realizou?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3) Participa de palestras e, ou reciclagens para desenvolver suas atividades na instituição?
Quais?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4) Qual o seu entendimento sobre o Espiritismo?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5) Tem conhecimento da Pedagogia Espirita? Caso sim, onde aprendeu?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6) O que da Pedagogia Espírita você aplica nas atividades em sala de aula?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
7) O que da Doutrina dos Espíritos você aplica nas atividades em sala de aula?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8) Qual sua área de atuação Profissional?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Grato por contribuir com a pesquisa!
87
QUESTIONÁRIO II – AOS EDUCANDOS
Instituição: Data: ____/____/_____
Gênero: ( ) Masc. ( ) Fem.
Idade
Turma / Período:
1) Em que período você iniciou os estudos na Instituição? (Ex. Infantil / Pré, ou Mocidade).
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2) Ao frequentar as atividades de evangelização o que você aprendeu da Doutrina dos
Espíritos com os Evangelizadores?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3) O que os Evangelizadores ensinam que não é da Doutrina dos Espíritos?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4) O que é o Espiritismo para você?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5) Quais suas expectativas após o término dos estudos? (Mocidade)
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Grato por contribuir com a pesquisa!
88
QUESTIONÁRIO III – AOS PAIS
Instituição: Data: ____/____/_____
Gênero: ( ) Masc. ( ) Fem.
Idade: Profissão
Turma / Período:
1) A quanto tempo frequenta a instituição? Participa de outras atividades além da Escola
de Pais? Quais?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2) O que mudou na conduta de seu filho (a)s ao frequentar as atividades de Evangelização?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3) Que despertou em você após frequentar o grupo de Pais?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4) Cite um tema abordado nas aulas que foi de grande relevância, explique?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5) Quem passou a frequentar a instituição primeiro? (Você, ou seu filho (a)s)?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6) Qual sua visão sobre o Espiritismo?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Grato por contribuir com a pesquisa!
89
APÊNDICE 2 – MODELO TERMO DE ADESÃO CONSENTIDA
Caros,
É com grande prazer que convido vocês, trabalhadores/ voluntários da Evangelização
Infantil e Mocidade, Alunos e Pais, a participarem da pesquisa com a temática A
EDUCAÇÃO DE JOVENS NA DOUTRINA DOS ESPÍRITOS: Pressupostos de uma
prática vinculada aos Métodos Educacionais de Pestalozzi. A qual, vincula-se ao Curso de
Pós-Graduação Stricto Senso – Mestrado em Educação, do Centro Universitário Salesiano de
São Paulo - UNISAL – Americana.
Sua participação é fundamental, pois é por meio dela nas entrevistas e questionários
que o pesquisador conterá informações necessárias a serem integradas ao conteúdo da
pesquisa de modo a fundamentar a temática proposta. Os resultados serão apresentados
oportunamente aos participantes bem como, estarão disponíveis como futuras fontes para
outras pesquisas acadêmicas.
Ressalto que sua participação é voluntária e que suas informações terão privacidade
garantida pelo pesquisador, sendo assim, em nenhum momento os participantes serão
identificados.
Em suma, contando com a participação espontânea de todos, antecipadamente
agradeço.
Eu me proponho a participar
voluntariamente, pois entendi as informações.
Concordo em participar desta pesquisa
Assinatura do participante
_________________-SP ___ de ______ de 20___.
90
ANEXO 1 –VOZES DA PESQUISA
A-1.1 M.m – servidora – Pré Mocidade
Minha vida inteira fui católica, só eu era praticante fiz todo o processo
da religião, mas um vazio penetrava em mim. Tive uma depressão, após
ter meu filhos e por uma amiga passei a conhecer o espiritismo, me
encantei, trouxe meus filhos para a evangelização sempre os
acompanha nas aulas, um dia a professora faltou e me pediram para
ajudar, sem pensar duas vezes fui lá,. Encontrei o conforto para o vazio
que eu sentia, quando percebi toda essa simplicidade, diferente de
quando eu ia na missa, pois tinha que usar minha roupa mais chique,
hoje venho aqui do jeito que eu quero e ninguém me repara, ou faz
comentários do que eu estou usando, todos estão aqui com um foco
trabalhar e servir Jesus. Sou bancaria a 30 anos, sempre gostei de
criança e aqui pude realizar um outro sonho dar aula, ser educadora.
Temos uma responsabilidade imensa, sou cobrada pelos alunos da
minha turma, uma vez que eu precisei faltar, eles dizem nós estamos
aqui semana passada, e você não, por aí tu imaginas o movimento que
causamos neles. Aqui planto uma semente e, percebo a evolução, tem
alunos que estão aqui desde bebes, penso que os jovens precisam ser
bem encaminhados com muito amor. Percebo que as outras religiões
possuem um grupo tão forte, será que elas obrigam a ficar, nós só
convidamos, não obrigamos. Formamos alunos nas escolas todos os
anos, mas quando é chegada a hora do compromisso, a maioria corre
e ai os mesmos continuam a trabalhar para formar mais e mais, um
trabalho sem fim.
A-1.2 R.m –servidora – Infantil
Estou na Casa Alvorada desde 2010, fui convidada por uma amiga,
participe do clube do livro, fui convidada para a escola de aprendizes
e trouxe meu filho para a evangelização infantil e da escola dos pais,
com a escola passe a ser servidora. Esse é meu terceiro ano na
91
evangelização infantil, fui convidada a Primeiro ano de 7 a 10, Ano
passado o 4 a 6. Estou a aprender e não ensinar. Seguimos um
cronograma para as aulas, todo começo de ano montamos o plano de
aula. Sempre trabalhamos em duas, dividimos as atividades. O
trabalho é baseado na vivencia evangelho do segundo espiritismo, onde
buscamos atingir a criança e nós mesmos a uma reforma intima, mas
por ser criança o trabalho é mais. Sou educadora, no começo deu um
frio na a parte pedagogia como professora ajuda em algumas coisas,
mas o comprometimento aqui é outro, o que eu sinto que é parecido
são. Objetivo principal é o ser cristão o ser fraterno, fazer o bem para
o mundo. Somos o primeiro ouvido, ou seja, falamos e ao mesmo tempo
ouvimos. Sou educadora, a parte pedagogia como profissional como
professora ajuda em algumas coisas, mas aqui o comprometimento é
outro vai além do ensinar e aprender, na escola temos um programa
mais pedagógico aqui o objetivo é o ser cristão o ser fraterno, então os
trabalhos a brandura o perdão, aí o primeiro ouvido é o meu
A-1.3 S. f – servidora – Infantil
Estou na casa alvorada a 2 anos, ano passado não tinha uma turma
fixa, eu auxiliava a quem precisava, esse ano estou nessa sala com a
Rosangela, eu vim de Curitiba e chegue a casa para tratamento aqui,
não sou professora sou nutricionista, não sou educadora, sinto que o
cronograma é o de menos pois o que importa é aquilo que você coloca
no coração e direciona para o ensinar. Sinto falta quando não venho e
toda vez que venho aqui trago minha sobrinha. Um impacto positivo
um lampejo lembrar dos sentimentos de jesus, o cristão tem que ser o
espelho, temos compromisso, o respeito a si mesmo e ao próximo. Eu
para ser cristão tenho que ser o exemplo não só por palavras, mas sim
por atitudes e esse sim virtuosas, por meio do respeito, sinceridade, o
pensar no próximo. Minha sobrinha leva o que ela aprende aqui para
casa
92
A-1.4 D.t–discípulo – Infantil
Estou na casa a muito tempo fiz todo o processo da aliança, trabalhei
com a pré mocidade, e tudo para a educação, tanto aqui quanto lá fora,
vejo que é igual estamos educando, para a vida, para o mundo eu aplico
os conhecimentos adquiridos aqui na escola que eu trabalho. Sou
professora a 28 anos eu me sinto mais realizada no meu trabalho fora
daqui eu acho que tudo que é visto aqui. Com essa visão espirita
melhorou minha atuação em sala de aula, a educação que é passada
por aqui, deveria ser trabalha no ambiente formal de ensino de forma
sutil disseminar a questão dos valores. Eu como educadora vejo
Pestalozzi o tempo inteiro em tudo que fazemos, amor e amor, o
dedicar-se ao trabalho. Cativar a reflexão, tudo isso discutimos em
grupo de colegiado entre os professores, a questão dos valores. Hoje
eu trabalho, mas a educação do que a religião a frente das atividades
em primeiro plano é a educação e o plano de fundo é religioso. Hoje
vejo que o espiritismo tem uma abertura grande e nosso trabalho pode
trazer um diferencial para a sociedade por trabalhar o indivíduo em si,
as abordagens são feitas de acordo com as faixais etárias. Saio daqui
satisfeita e feliz com ano que vem assumo a mocidade.
A-1.5 S. a –discípulo – Intermediário
Estou na casa a 15 anos vim como todos por meio do sofrimento é
olhando a dificuldade dou outro e temos que fazer algo em beneficio ao
próximo, A evangelização foi o primeiro trabalho que vim a
desenvolver na Casa, pois tenho facilidade em lidar com as crianças.
Ajudei em outras atividades e hoje eu ajudo a coordenar as atividades
da evangelização, ganho minha vida com pesquisas, em neurociências
epilepsia com a má formação do córtex cerebral, então posso
contribuir com a minha verdade e ela me traz o entendimento que vai
além do cristianismo, tenho a ciência a meu lado, a filosofia para
compreender a coisa e em fim a religião como fonte de equilíbrio, creio
93
que a base de tudo é o respeito, a si a ao próximo entre modos e
maneiras.
Multiplicadores da mensagem do cristianismo de fazer um mundo
melhor e as crianças que passam por aqui no mundo serão exemplos é
claro a partir do momento que eles queiram. Fazemos trabalho nas
comunidades, levamos o evangelho a luz do conhecimento para os
valores então é modificar o eu para que o eu seja diferente em
sociedade, mas esclarecido de seus direitos e deveres, mais humano,
menos preconceituoso. Não queremos doutrinar ninguém penso eu,
queremos sim mostrar uma realidade a partir da realidade educando,
para que eles se tornem cidadãos do mundo. E para isso precisa
conhecer a si mesmo para, vencer o orgulho a vaidade o preconceito.
Nosso trabalho tem uma vertente totalmente social e a postura social
reflete na realidade sócio-política. Assim quanto mais conhecimento
menos sofrimento isso que pensamos para a sociedade.
A-1.6 M.m–discípulo – Entrevista de Jovens e Adolescentes
Minha visão é trabalhar o futuro das crianças, elas precisam ser
orientadas, por meio de estudo e pesquisas vemos como anda a
educação no brasil, seja no ambiente formal seu no lar. Aqui ficamos
sobrecarregados pois os reflexos da educação do lar e a educação
formal vem a parecer tudo aqui nos trabalhos. Por isso o amor aqui é
fundamental, pois nem sempre tu tens o esse em casa. Trabalho com
evangelização faz 10 anos, e o interessante é ver os ex-alunos pequenos
na mocidade e isso não é nada obrigado, eles que lembrar em voltam
ou querem fazer mais e mais. Porém tem aqueles que passaram por
aqui e que se perderão. Eu entrevisto essa criançada e vejo que tenho
que ser uma avó ou até mesmo uma mãe para ganhar o respeito e,
feedback que recebo é você fala como mãe, mas não grita como ela.
Assim vejo o diálogo como fundamento. O trabalho aqui é de
doutrinação e educação pois precisamos alimentar a obra de pessoas
que possam dar continuidade nos trabalhos. Não podemos esperar uma
melhora social pois não podemos esquecer da pessoa e suas
94
particularidades. O pais tem uma grande importância nesse processo,
pois tem pais que deixam os filhos aqui a vão fazer outras coisas e não
acompanham os filhos, como eu entrevisto eu vejo em seus relatos o
que eles presenciam em casa na relação dos pais e as crianças
precisam ter a base na família, um auxilia o outro. Vejo mais resultado
quanto os pais participam da escola de pais, creio que é um trabalho
em conjunto, pais errados filhos certos.
A-1.7 B. f– discípulo – Infantil
Desde quando eu comecei aqui já faz 10 anos mudou minha vida o jeito
de encarar as coisas, trabalho com evangelização, faz falta na minha
vida. Sou professora e na escola normal a preocupação é com a
aprendizagem, na idade de 4 a 6 anos trabalhamos o comportamento,
fazer eles acreditarem que existe um Deus, em como eles tem que
respeitar os mais velhos, pais, professores. Usamos o lúdico para
entenderem a mensagem ao qual queremos transmitir a
autovalorização trabalhar o individual, procurar o bem para eles,
então se tem a melhora individual logo existira uma melhora social.
Tinha dois irmãos na mesma turma que chegaram aqui um atracando
o outro, hoje eles se abraçam e se beijam sem agressões físicas e
verbais. Não posso dizer que não nos preocupamos com o ser
individual, na educação formal, precisamos entender que lá o foco é o
ler e o escrever, aqui como eles já vem polidos eu uso os trabalhos da
educação formal aqui dentro e uso os trabalhos daqui lá fora também.
O espiritismo para mim é um entendimento da vida, aprofundei sobre
os estudos, eu era católica, não tenho preconceito de outras religiões,
procuro respeitar todas, lembrando que eu era católica.
95
ANEXO 2 – SUBSÍDIOS DOS QUESTIONÁRIOS
A-2 - 3.1.1 Q-I -Evangelizadores
1). Quais atividades você desenvolve na instituição, além da Evangelização / Mocidade / Escola
de Pais?
Ao observar as respostas que a maioria dos questionados dizem a respeito de sua
participação de outras atividades na instituição como: assistência espiritual, atividades de
evangelho no lar, auxilio na cozinha em eventos comemorativos do município, câmara de
passes, secretariado das turmas da E.A.E, diálogo fraterno, entrevistas, além das atividades de
Evangelização (Anexo 2, 3.1.1 -Q-I Evangelizadores, p. 95).
2). Quais cursos promovidos na instituição e, ou em outras vinculadas, que você realizou?
Na segunda questão, a maioria dos questionados responderam ter realizados cursos
promovidos pela instituição com o intuito de aprimoramento para o desenvolvimento das
atividades e, não só as de Evangelização, mas em no contexto geral das atividades.
3). Participa de palestras e, ou reciclagens para desenvolver suas atividades na instituição?
Quais?
Na terceira questão, a maioria dos questionados responderam que sempre que possível
estão realizando as reciclagens dos cursos realizados para aperfeiçoamento, buscando
novidades para as atividades da Casa.
4). Qual seu entendimento sobre o Espiritismo?
Sujeito I – idade 52 anos - gênero feminino
Somos todos espíritos eternos em desenvolvimento, que através do
espiritismo podemos aprender a vida além do corpo físico, que somos
todos centelhas divinas em busca de aprendizado para nos tornarmos
verdadeiramente exemplos do amor verdadeiro.
Sujeito II – idade 37 anos - gênero feminino
96
Para mim é a volta do Cristianismo primitivo. A grande revelação, o
consolador e o entendimento que Cristo prometeu.
Sujeito III – idade 29 anos - gênero masculino
Para mim o Espiritismo é a doutrina reveladora que explica os porquês
da vida com embasamento e objetivo, além de primar pela necessidade
de mudança interior.
Sujeito IV – idade 49 anos - gênero feminino
Doutrina consoladora na qual tento seguir minha transformação e
melhorando com os ensinamentos que a escola nos fornece, reforma
intima diária.
Sujeito V – idade 50 anos - gênero feminino
Uma luz um caminho que busco na melhora dos meus sentimentos e
atos.
Sujeito VI – idade 57 anos - gênero feminino
Exemplo do amor de Deus e ao próximo, tando nas dores, esperança de
um mundo melhor, respostas sem dúvidas, a luz que aclara, paz, amor
com responsabilidade, verdade espiritual. “Deus é tudo em todos os
momentos”.
Sujeito VII – idade 72 anos - gênero feminino
É uma doutrina de muito amor.
Sujeito VIII – idade 44 anos - gênero feminino
Praticamente é a explicação de tudo, é onde encontro forças para
enfrentar as dificuldades é onde realmente encontrei Deus, o conforto
para meu interior.
Sujeito IX – idade 52 anos - gênero feminino
Para mim o espiritismo veio complementar as dúvidas que tinha sobre
muitos acontecimentos na minha vida.
97
Sujeito X – idade 52 anos - gênero feminino
É uma chance para reparar meus erros e melhorar a cada dia.
Sujeito XI – idade 44 anos - gênero feminino
O espiritismo é uma doutrina com princípios morais, que através de
estudos consegui esclarecer, me completar com ser.
5). Tem conhecimento da Pedagogia Espirita? Caso sim, onde aprendeu?
6). O que da Pedagogia Espírita você aplica nas atividades em sala de aula?
Sujeito I – idade 52 anos - gênero feminino
5) A Pedagogia Espirita aprendendo os ensinamentos de Jesus Cristo e
compartilhando com o próximo os conhecimentos estudados, pois a
prática desse ensinamento nem sempre esteve em mim. Lembrando
meus ouvidos são os primeiros a ouvirem as palavras e lições por
mim proferidas.
6) Busco sempre, não só na sala de aula, vivenciar aprendizados,
atitudes que tenho conquistado através do espiritismo.
Sujeito II – idade 37 anos - gênero feminino
5) Pedagogia do amor e da mudança interior, na Casa Alvorada Cristã.
6) O primeiro ouvido para as aulas, é sempre o meu “Frase de uma
amiga, as aulas são testes de transformação interior.
Sujeito III – idade 29 anos - gênero masculino
5) Enquanto área autônoma de conhecimento, não tive contato com a
Pedagogia Espírita.
6) Talvez até explique as diretrizes da Pedagogia Espirita, porém não
tenho consciência por nãos ter entrado em contato com a mesma.
Sujeito IV – idade 49 anos - gênero feminino
5) Sim nos cursos em São Paulo.
98
6) Atividades de fixação para aula, amar de coração.
Sujeito V – idade 50 anos - gênero feminino
5) Sim, nas aulas que a casa oferece.
6) Os ensinamentos sempre voltados na realidade atual.
Sujeito VI – idade 57 anos - gênero feminino
5) Sim durante o curso de Evangelização Infantil é dado a teoria no
momento, não participo das salas de aula.
6) Participo da assistência infantil, não trabalho na sala de aula.
Sujeito VII – idade 72 anos - gênero feminino
5) Sem resposta.
6) Sem resposta.
Sujeito VIII – idade 44 anos - gênero feminino
5) Superficialmente no curso de Evangelização Infantil, porém não
prático.
6) Como disse anteriormente, não prático não dou aulas, apenas
trabalho na câmara de passe infantil.
Sujeito IX – idade 52 anos - gênero feminino
5) Não tem conhecimento da Pedagogia Espírita.
6) Sem resposta.
Sujeito X – idade 52 anos - gênero feminino
5) Não tem conhecimento da Pedagogia Espírita.
6) Não tenho conhecimento estou estagiando para trabalhar com a
mocidade ano que vem.
Sujeito XI – idade 44 anos - gênero feminino
5) Tenho conhecimento, aprendi no curso de evangelização, mas não
conclui ele.
6) Não prático atividades dentro da sala de aula, trabalho com os passes
e entrevistas dos pais e crianças.
99
7). O que da Doutrina dos Espíritos você aplica nas atividades em sala de aula?
8). Qual sua área de atuação Profissional?
Sujeito I – idade 52 anos - gênero feminino
7) Jesus é meu mestre, meu guia, tenho estudado, buscando sempre seus
exemplos para colocar em prática em vida sempre em todos os lugares.
8) Sou Pedagoga, atualmente professora do 2º ano do ensino
fundamental I (rede municipal de Cosmópolis).
Sujeito II – idade 37 anos - gênero feminino
7) O que estudei, (o) mais o cronograma da aula baseando-se no
Evangelho. Serve como aula p/ mim também.
8) Professora.
Sujeito III – idade 29 anos - gênero masculino
7) Todos os ideias e premissas são trabalhadas em aula como forma de
levar o conhecimento aos alunos.
8) Minha área de atuação é jurídica.
Sujeito IV – idade 49 anos - gênero feminino
7) tento trazer para as aulas toda minha dedicação e amor com as
crianças.
8) Nutricionista Clínica – Funcional.
Sujeito V – idade 50 anos - gênero feminino
7) As mensagens em forma lúdica.
8) Professora.
Sujeito VI – idade 57 anos - gênero feminino
7) Não trabalho na sala de aula, participo da assistência infantil.
8) Do lar.
100
Sujeito VII – idade 72 anos - gênero feminino
7) Sem resposta.
8) Sem resposta.
Sujeito VIII – idade 44 anos - gênero feminino
7) Sem resposta.
8) Bacharel em Direito Previdenciário.
Sujeito IX – idade 52 anos - gênero feminino
7) Sem resposta
8) Trabalho como Doceira
Sujeito X – idade 52 anos - gênero feminino
7) Por enquanto não, estou em fase de aprendizado
8) Sou professora
Sujeito XI – idade 44 anos - gênero feminino
7) Em geral a doutrina nos ensina, doação troca, mas sempre com
disciplina.
8) Sou controladora, atualmente trabalho na área financeira de uma
empresa de combustíveis.
A-2 - 3.1.2 Q-II –Educandos -
1) Em qual período você iniciou os estudos na Instituição? (Ex. Infantil / Pré, ou Mocidade).
Por intermédio de quem?
Sujeito I – idade 17 anos gênero feminino
Na evangelização por intermédio dos meus familiares, que frequentam
a casa à noite, logo comecei a vir na mocidade de manhã.
Sujeito II – idade 16 anos gênero masculino.
Na evangelização por intermédio dos meus familiares.
101
Sujeito III – idade 16 anos gênero feminino
Vim com a Monica e conheci a Rosário.
2) Ao frequentar as atividades o que você aprendeu da Doutrina dos Espíritos com os
Evangelizadores?
Sujeito I – idade 17 anos gênero feminino
Diferentes coisas como: ajudar o próximo ideais e conceitos do
espiritismo reencarnação, amigos superiores e inferiores, mas em
relação a ciência e tenho muitas dúvidas.
Sujeito II – idade 16 anos gênero masculino.
Eu aprendi muita coisa, a perdoar, ter fé ser mais paciente, querer
melhorar. Eu concordo com quase tudo.
Sujeito III – idade 16 anos gênero feminino
Aprendi a ser uma pessoa melhor sobre a humildade o amor que o
espiritismo traz com todas suas explicações me mostrando o real dessa
vida na terra.
3) O que os Evangelizadores ensinam que não é da Doutrina dos Espíritos?
Sujeito I – idade 17 anos gênero feminino
Respeitar o outro (socialmente e ideologicamente), convivência, sobre
a vida, sentimentos.
Sujeito II – idade 16 anos gênero masculino.
Eles ensinam que a gente deve ajudar os outros fazer visitas as pessoas,
ajudam a gente a lidar com os nossos sentimentos se autoconhecer.
Sujeito III – idade 16 anos gênero feminino
Tudo que é ensinado se refere a doutrina, exceto os exemplos que
trazem de outras pessoas ou vida.
102
4) O que é o Espiritismo para você?
Sujeito I – idade 17 anos gênero feminino
É uma ideologia que tem como foco a auto melhora, que temos que ser
melhores a cada dia como melhor em outras vidas, se auto melhorar
para ajudar o próximo, não pensar em recompensas. Em geral, se
melhorar e repensar seus defeitos e ajudar o próximo.
Sujeito II – idade 16 anos gênero masculino.
Para mim o Espiritismo foi onde eu aprendi a me melhorar, aprender
evoluir. Aprendi que a vida não é só isso aqui que vai continuar. É uma
base para mim.
Sujeito III – idade 16 anos gênero feminino
O espiritismo para mim e a verdade um conforto e o amor.
5) Quais suas expectativas após o término dos estudos? (Mocidade)
Sujeito I – idade 17 anos gênero feminino
Eu não sei tenho objetivos externos a casa que me faz refletir se vou
continuar morando nessa região ou mudar de país, mas tenho vontade
de continuar meus estudos.
Sujeito II – idade 16 anos gênero masculino.
Eu quero continuar frequentando, fazer cursos e ajudar na casa.
Sujeito III – idade 16 anos gênero feminino
Pretendo trabalhar como evangelizadora na Casa.
103
A-2 - 3.1.3 Q-III -Pais
1) A quanto tempo frequenta a instituição? Participa de outras atividades, além da Escola de
Pais? Quais?
Sujeito I – idade 39 anos - gênero feminino
Frequento a instituição a oito meses e, participo da assistência espiritual
como assistida.
Sujeito II – idade 30 anos - gênero feminino
Frequento a instituição a 15 anos, além de frequentar a escola de pais,
sou trabalhadora e aluna, trabalho na câmara de passes da evangelização
infantil e sou aluna do curso de médiuns.
Sujeito III – idade 45 anos - gênero feminino
Primeiro ano da escola de aprendizes do evangelho.
Sujeito IV – idade 62 anos - gênero masculino
Segundo ano da escola de aprendizes do evangelho.
2) O que mudou na conduta de seu filho (a) s ao frequentar as atividades de Evangelização?
Sujeito I – idade 39 anos - gênero feminino
Envolvimento maior nas questões relacionadas ao plano superior maior,
entendimento e clareza da existência da vida nos dois planos.
Sujeito II – idade 30 anos - gênero feminino
Tenho dois filhos, mas o, mais novo de três anos nasceu com bronquite
asmática que veio aparecer com 40 dias de vida. Buscando na medicina
o equilíbrio da doença, a estabilidade em tratamento tradicional e
homeopático com remédios fortíssimos, oxigênio a cada 15 dias, pois
as crises eram de 15 em 15 dias. Comecei leva-lo na evangelização
infantil e o tratamento de passes, depois de 3 anos nessa luta,
conseguimos o equilíbrio da doença.
104
Meu filho usava duas bombinhas de medicamentos misturado juntos ou
errados poderia leva-lo a óbito. Estamos a 9 meses sem crises, sem
medicamentos, e acredito que não foi coincidência, foi através dos
passes e da bondade Divina que ele pode ser presenteado por essa
benção.
Sujeito III – idade 45 anos - gênero feminino
Ficou mais calma
Sujeito IV – idade 62 anos - gênero masculino
Ela está mais calma, mais compreensiva mais amorosa.
3) O que despertou em você, após frequentar a Escola de Pais?
Sujeito I – idade 39 anos - gênero feminino
Que meu papel materno vai muito além do que eu imaginava...que a
minha responsabilidade é maior do que a matéria, também espiritual.
Sujeito II – idade 30 anos - gênero feminino
Através dos exemplos e das vivencias passado na escola de pais, lá
temos palestras trocamos experiências, buscamos nossa reforma intima
e entendemos que ninguém é perfeito é perfeito, mas todos temos a
oportunidade de recomeçar e cumprir nossa missão com nossos filhos.
Sujeito III – idade 45 anos - gênero feminino
O jeito de corrigir minha neta.
Sujeito IV – idade 62 anos - gênero masculino
A maneira e a conduta quanto tenho que ter na hora de corrigir.
105
4) Cite um tema abordado nas aulas que teve grande relevância, explique o porquê?
Sujeito I – idade 39 anos - gênero feminino
A fase dos 7 anos…pude compreender melhor o que estamos
vivenciando e o que está povir compreensão dessa transição.
Sujeito II – idade 30 anos - gênero feminino
Seria muito difícil citar um tema, a cada aula aprendemos muito com os
ensinamentos de jesus. O tema que mais gosto é a paciência, pois estou
em constante busca e trabalho para ser mais paciente.
Sujeito III – idade 45 anos - gênero feminino
O tema que tratou a mediunidade na infância, porque achei que só
adulto tinha mediunidade.
Sujeito IV – idade 62 anos - gênero masculino
O tema que tratou da individualidade que somos únicos e que a criança
é também e temos de respeita-las no que diz a sua individualidade.
5) Quem passou a frequentar a instituição primeiro? (Você, ou seu filho (a) s)?
Sujeito I – idade 39 anos - gênero feminino
Eu, depois minha filha desde a gestão, estudamos e frequentamos
instituições espíritas.
Sujeito II – idade 30 anos - gênero feminino
Eu comecei a frequentar primeiro, quando era solteira, católica e
apostólica romana. Foi no espiritismo que pude sentir e praticar a fé. A
plantação é livre, mas a colheita é obrigatória. A caminhada é longa e a
mudança é lenta, mas trabalhando pelo próximo e pedindo que jesus
possa fazer do nosso coração a extensão do seu amor, conseguiremos
caminhar ao pai maior.
106
Sujeito III – idade 45 anos - gênero feminino
Eu.
Sujeito IV – idade 62 anos - gênero masculino
Eu.
6) Qual a sua visão sobre o Espiritismo?
Sujeito I – idade 39 anos - gênero feminino
Minha concepção é religião, ciência e filosofia de vida. É a fé
raciocinada, questionada e entendida e a compreensão da vida, o sentido
do existir. O espiritismo trouxe respostas aos meus questionamentos.
Sujeito II – idade 30 anos - gênero feminino
A melhor coisa que aconteceu em minha vida. É uma doutrina que não
condena, mostra que Deus não condena e nem pune, ele nos dá o direito
de corrigir e foi dentro dessa doutrina que entendi que sem caridade e
amor ao próximo não há como caminhar com Deus. O espiritismo me
mostrou a reforma intima e o amor a Deus e ao próximo. A buscar
trabalhar sem esperar nada em troca. Pois nesse mundo estamos nesse
mundo só de passagem e levamos apenas o bem que fizemos.
Sujeito III – idade 45 anos - gênero feminino
Pelo que eu tenho aprendido estou gostando muito, mas ainda tenho o
que aprender.
Sujeito IV – idade 62 anos - gênero masculino
Através do espiritismo passei a ver o evangelho de forma mais
profunda.
107
ANEXO 3 – ESTATUTO DO CAMPO DE PESQUISA
Figura 1 pag. 1 do Estatuto: fonte acervo histórico C. A. C.
108
Figura 2 pag. II do Estatuto: fonte acervo histórico C. A. C.
109
Figura 3 pag. 1II do Estatuto: fonte acervo histórico C. A. C.
110
Figura 4 pag. 1V do Estatuto: fonte acervo histórico C. A. C.
111
Figura 5 pag. V do Estatuto: fonte acervo histórico C. A. C.
112
Figura 6 pag. V1 do Estatuto: fonte acervo histórico C. A. C.
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