caracterizaÇÃo da vegetaÇÃo da Área proposta...
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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
SECRETARIA ESPECIAL DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS
COORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS
CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA PARA A CRIAÇÃO DE UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO NO MUNICÍPIO DE CHAVES, MARAJÓ/PA
BELÉM-PA 2013
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E
LOGÍSTICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE
DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS COORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS
CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA PARA A CRIAÇÃO DE UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO NO MUNICÍPIO DE CHAVES, MARAJÓ/PA
BELÉM/PA 2013
EQUIPE TÉCNICA
Alexandre de Souza Mesquita Msc. Botânica Tropical, Engenheiro Florestal - Elaborador
Raimundo Menezes de Oliveira
Identificador Botânico
Marcio Cleiton Leonardo S dos Santos Auxiliar Botânico
DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (Biblioteca da SEMA)
Caracterização da Vegetação da Área Proposta para a Criação de Unidade de Conservação no Município de Chaves, Marajó, PA/ Secretaria de Estado de Meio Ambiente. – Belém: SEMA, 2013.
p. 33.
1. Unidade de Conservação. 2. Reserva Ecológica. 3. Ilha do Marajó I. Secretaria de Estado de Meio Ambiente. II Título.
CDD 22. ed. – 333.72
Lista de Tabelas
Tabela 1: Coordenadas geográficas dos nove pontos de observação. ....................... 5
Tabela 2: Principais Famílias identificadas por riqueza específica na área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. ......................................... 21
Tabela 3: Índice de Valor de Importância (IVI) das espécies de várzeas na área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. .......................... 22
Tabela 4: Principais Famílias identificadas no mangue da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. ............................................................. 23
Tabela 5: Principais Famílias identificadas no campo seco da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. ................................................. 23
Tabela 6: Principais Famílias identificadas no campo alagado da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. ................................................. 24
Tabela 7: Principais Famílias identificadas na vegetação de restinga da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. .......................... 24
Tabela 8: Principais Famílias identificadas na mata de praia da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. ................................................. 25
Tabela 9: Principais Famílias identificadas na vegetação de praia da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. ......................................... 26
Tabela 10: Principais Famílias identificadas na vegetação de teso da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. ......................................... 26
Lista de Figuras
Figura 1: Mapa de delimitação da área proposta para a criação de unidade de conservação no Município de Chaves, Marajó, Pará. Fonte: INPE (2009).................. 6
Figura 2: Fisionomia da vegetação de várzea na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013). .................................. 9
Figura 3: Fisionomia da vegetação de várzea na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013). ................................ 10
Figura 4: Fisionomia de Mata de Praia na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013). .............................................. 10
Figura 5: Espécies de Guadua glomerata na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013). .............................................. 11
Figura 6: Espécies de Montrichardia linifera, na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013). ................................ 11
Figura 7: Vegetação de mangue da Ilha Camaleão na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013). ................................ 13
Figura 8: Fisionomia do mangue na Ilha Camaleão na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013). ................................. 13
Figura 9: Fisionomia do mangue na Ilha Melancia Camaleão na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013)............. 14
Figura 10: Vegetação de manguezal na Ilhota na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013). ................................. 14
Figura 11: Fisionomia da restinga na Ilha Melancia na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013). ................................. 16
Figura 12: Vegetação de praia na zona costeira na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013). ................................. 17
Figura 13: Campo de fisionomia seco na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013). ............................................... 18
Figura 14: Campo de fisionomia alagada na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013). ............................................... 19
Figura 15: Fitofisionomia de Teso na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013). ............................................................ 20
SUMÁRIO
I CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................ 1
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 5
2.1 GERAL ............................................................................................................... 5
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................... 5
3 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................. 5
4 METODOLOGIA ...................................................................................................... 6
4.1 MÉTODOS DE AMOSTRAGEM ........................................................................ 7
5 RESULTADOS ......................................................................................................... 8
5.1 CARACTERIZAÇÕES DAS FITOFISIONOMIAS ............................................... 8
5.1.1 Floresta Ombrófila Densa Aluvial ............................................................. 8
5.1.2 Mangue ..................................................................................................... 12
5.1.3 Restinga .................................................................................................... 15
5.1.4 Vegetação de Praia .................................................................................. 16
5.1.5 Campo Natural ......................................................................................... 17
5.1.6 Vegetação de Teso .................................................................................. 19
6 FLORÍSTICA .......................................................................................................... 20
7 FITOSSOCIOLÓGICA ........................................................................................... 21
7.1 ÍNDICES DE DIVERSIDADE ........................................................................... 26
8 ESPÉCIES AMEAÇADAS E ENDÊMICAS ........................................................... 27
9 CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL DA FLORA ........................................ 28
10 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 30
ANEXOS I, II, III e IV ................................................................................................. 33
I CONTEXTUALIZAÇÃO
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará (SEMA/PA) por meio da
Diretoria de Áreas Protegidas tem como atribuições a criação e gestão de Unidades
de Conservação da Natureza (UCs). Atualmente, o Estado possui vinte e uma (21)
UCs criadas, totalizando 11.553.684,13 hectares de área e 17 áreas em processo de
criação para o Plano Plurianual 2012/2015.
A criação de UCs está sob responsabilidade da Coordenadoria de
Ecossistemas (CEC/DIAP/SEMA) e segue as proposições da Lei do
Macrozonenamento Ecológico Econômico e análise de demandas sociais, políticas e
técnicas-científicas.
O Arquipélago do Marajó consiste num emaranhado de ecossistemas que
perfazem um dos maiores complexos insulares do mundo, devido não somente a
sua extensão, mas à sua exuberância. Diante da diversidade de fitofisionomias, as
estratégias para indicação de áreas para conservação devem considerar as
condições ambientais, a biodiversidade local e populações e suas relações com o
ambiente.
A Zona Costeira e Mar territorial do Município de Chaves foi indicada para
proteção uma vez que a área tem potencialidades voltadas aos objetivos de uma
UC: preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza
cênica, refúgio para aves migratórias e berçário para espécies aquáticas e por
representar ecossistemas costeiros ainda não protegidos integralmente no estado,
além do potencial de exploração de recursos não madeireiros de forma sustentável.
Dessa forma, um planejamento para a conservação deverá apresentar as
seguintes etapas: levantamento de campo, estabelecimentos de metas, análise da
representatividade, implementação e monitoramento. Os levantamentos deverão
priorizar as informações que interfiram na distribuição das espécies. Nesse contexto,
a Gerência de Proteção à Flora é responsável pelos estudos de flora e
fitofisionomias voltados à criação da Unidade de Conservação da Natureza no
Estado do Pará.
Diante disso, foi elaborado um Termo de Referência para contratação de
consultoria ao Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), que financia esta
2
ação devido a uma proposta encaminhada pela CEC/DIAP/SEMA para apoio
financeiro ao processo de criação desde 2011 através do Fundo Brasileiro para a
Biodiversidade (FUNBIO).
Esta consultoria de Pessoa Física visou realizar estudos de flora e
fitofisonomias na Zona Costeira do Município de Chaves a fim de subsidiar a
elaboração do Diagnóstico de Flora e Ecossistemas que irá compor a peça técnica
para criação de Unidade de Conservação da Natureza. Os produtos oriundos desta
contratação foram: Plano de Trabalho, Relatório Preliminar e Relatório Final que
foram avaliados e aprovados pela GEPFLORA.
3
1 INTRODUÇÃO
Considerado o maior complexo de ilha fluvio-marinha do mundo, o
Arquipélago do Marajó é composto por várias ilhas, cortado pela foz do Rio
Amazonas e canais que constituem a região do Furo de Breves e Baía do Marajó, na
qual deságua o Rio Tocantins (AMARAL et al., 2007). Localizado no Estado do Pará,
ao norte é banhado pelo Oceano Atlântico e ao sul pelas águas fluviais dos rios Pará
e Tocantins. O canal sul do Rio Amazonas separa a Ilha do Marajó das ilhas
Mexiana e Caviana (LISBOA, 2012).
No Marajó, existem duas regiões fitogeográficas distintas que caracterizam a
paisagem. A parte oeste é constitui por uma floresta alta úmida e o leste formado
pelos campos secos e alagado, tesos, capoeira, restingas, matas ciliares, várzeas e
mangue (LISBOA, 2012).
As Florestas Ombrofilas Densas Aluviais são as formações florestais
inundadas pelas águas dos rios (VELOSO et al.,1991). Na Amazônia denomina-se
de várzeas ou igapó, dependendo da cor das águas dos rios que as inundam. A
várzea é uma vegetação periodicamente inundada por rios de água branca e o igapó
por rios de água preta ou clara (PIRES; PRANCE, 1985).
Segundo Almeida (2005), floresta de terra firme ocorre dispersas em manchas
ou fragmentos naturais em terrenos mais altos. Esse tipo de vegetação é extensa no
oeste da ilha do Marajó e em faixas sob forma de mata costeira (LISBOA, 2012).
A várzea do Marajó é constituída por árvores e palmeiras, além dos arbustos
e gramíneas nos bancos de sedimentos recém colonizados. Os manguezais são de
porte elevado resultado da sedimentação do Rio Amazonas e da energia das
correntes do canal Norte (ALMEIDA, 2005).
Segundo Schaeffer-Novelli (1995), os manguezais são ecossistemas que
ocupam áreas costeiras nas regiões tropicais e subtropicais, com transição entre o
ambiente terrestre e marinho. Na Amazônia essa tipologia vegetal foi formada no
holoceno inferior, tornando-se uma das formações mais nova, com uma flora
arbórea reduzida e típica (TOMLIINSON, 1988).
Os campos e cerrados são formações mais antigas que as florestas altas
úmidas, caracterizados por uma flora que tem influência edáfica e climática, com
4
origem nos leitos dos rios de água branca (DUCKE e BLEKE, 1954). Segundo
Lisboa (2012), os campos naturais do Marajó podem ser classificados em campos
secos e/ou alagados dependendo do relevo do terreno onde se originaram.
Os tesos são vegetações de origem antropogênica, formada durante a
ocupação da ilha, com estrutura arbóreo-arbustivo. As capoeiras se assemelham
aos tesos, sendo que é o resultado de uma alteração sobre a floresta nativa
(LISBOA, 2012). Segundo Amaral et al. (2007), teso é uma vegetação que
representa as áreas mais altas dos campos florestados, caracteriza-se pela
vegetação baixa e aberta, semelhante as capoeiras.
Do ponto de vista fitogeográfico, as restingas são formações encontradas em
areias holocênicas (RIZZINI, 1997), enquanto que Menezes (2007) afirma que esse
ecossistema localiza-se em área de sedimento quaternário. As espécies
encontradas nesse ambiente suportam a salinidade, temperaturas altas, fortes
presença de vento, solo instável e insolação forte e direta (SOUZA, 2004).
A Ilha do Marajó apesar de apresentar uma vegetação singular com a
predominância dos campos naturais e florestas úmidas tolerantes à inundação
durante o inverno chuvoso, os estudos de classificação e caracterização das
formações vegetais são raros e restritos a poucos municípios, tais como Anajás,
Joanes e Salvaterra. A zona costeira da ilha apresenta grande extensão territorial,
alta diversidade fitofisionomica e excelente potencial para a criação de uma Unidade
de conservação.
A caracterização da vegetação existente no Município de Chaves é de
fundamental importância, pois contribuirá para mostrar o potencial e o estado de
conservação em termos de vegetação, subsidiando o processo de criação de
unidade de conservação. Nesse sentido, são geradas informações ecológicas das
espécies existentes, riqueza e grau de endemismos.
A criação da unidade é uma tentativa de garantir a manutenção da estrutura e
dos processos ecológicos da paisagem marajoara a fim de se proteger e conservar
remanescentes naturais, garantindo assim a sobrevivência de grande parte da
biodiversidade amazônica.
5
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Identificar as espécies da flora e as fitofisionomias existentes na área
proposta para criação de unidade de conservação, no Município de Chaves, Zona
Costeira/Mar Territorial, a fim de subsidiar a criação de Unidade de Conservação
Estadual, na região do Marajó.
2.2 ESPECÍFICOS
Identificar fitofisionomias predominantes e espécies da flora mais
representativas;
Identificar espécies ameaçadas, endêmicas, raras, cinegéticas e de
distribuição restrita, que necessitam de estratégias especiais de conservação e;
Levantar informações por meio de entrevistas com as populações locais,
identificando os principais usos, as principais ameaças e ameaças exercidas sobre a
flora da região.
3 ÁREA DE ESTUDO O estudo foi realizado na área de 29.850 hectares dentro dos limites proposto
para a criação da Unidade de Conservação - UC no Município de Chaves, localizado
no Estado do Pará, a uma latitude 00º09'36" Sul e a uma longitude 49º59'18" W
(Figura 1). Considerando a extensão de aproximadamente 60 km no sentido do Rio
Arapixi ao Canal da Tartaruga, o levantamento da flora ocorreu perpendicular a linha
da costa para o interior continente, chegando até os campos naturais, onde foram
distribuídos nove pontos de observação (Tabela 1).
Tabela 1: Coordenadas geográficas dos nove pontos de observação. Fitofisionomia UTM E UTM N Campo Natural 726400.826 9976430.843 Restinga 724454.005 9980868.682 Mangue 724866.032 9981448.636 Floresta Ombrófila Desa Aluvial 687779.758 9980834.966 Mata de praia 689067.761 9982402.972 Campo Natural 702534.672 9978621.072 Praia 726716.418 9977024.238 Bambuzal 726688.005 9976352.322 Teso 726552.903 9976350.403
6
4 METODOLOGIA
O estudo foi baseado no método de Avaliação Rápida – RAP, que consistiu
em alocar os pontos amostrais definidos a partir da análise preliminar de imagem de
satélite da área proposta para criação de unidade de conservação (The Nature
Conservancy). Nas fitofisionomias florestais (manguezal e várzea), foram alocados
duas e três amostras. Foi observado um ponto amostral nos campos naturas, tesos,
vegetação litorânea e restinga.
O levantamento dos dados amostrais visou à identificação das fitofisionomias
predominantes e das espécies mais representativas da flora de interesse para
conservação como as ameaçadas, endêmicas, raras, cinegéticas e de distribuição
restrita.
Os dados coletados em campo sobre a flora e as fitofisionomias foram
anotados em ficha de campo (Anexo I). Para a coleta dos Pontos de Observação foi
Figura 1 - Mapa de delimitação da área proposta para a criação de unidade de conservação no Município de Chaves, Marajó, Pará. Fonte: INPE (2009).
7
utilizado um GPS com precisão de três metros. As coordenadas geográficas das
unidades amostrais auxiliaram na confecção do mapa de vegetação.
Para a identificação das principais ameaças à flora local e avaliação do status
de conservação das espécies encontradas na área foi realizada entrevista semi-
estrutural, em consonância com LIMA (2004), com um representante de duas
comunidades locais, conforme o Anexo II. Nas entrevistas, abordou-se os principais
usos e as ameaças sobre a floresta, a prática utilizada para preparo do solo
(incêndio) e existência de criação de gado no local.
4.1 MÉTODOS DE AMOSTRAGEM Ao longo dos aproximadamente 60 km de faixa litorânea destinada à criação
de unidade de conservação foram demarcados nove pontos de observação (PO),
através dos quais foram identificadas as fitofisionomias existentes, as quais serviram
de base para a definição dos métodos de inventário florístico mais adequado para
cada ambiente.
Na vegetação litorânea (praia), a coleta de dados seguiu o método de
caminhamento, o qual consiste no reconhecimento da vegetação, identificação das
espécies ao longo do litoral e análise dos dados (FILGUEIRAS et al., 1994). O
mesmo método foi adotado para os campos naturais, teso e restinga.
No manguezal, localizado na Ilha Camaleão, foi instalada uma parcela de
10m x 10m, totalizando 100m2 para identificar todas as árvores acima de 15 cm de
circunferência a altura do peito.
Para as áreas de várzeas instalaram-se, em cada ponto de observação, três
parcelas de 20m x 20m, a cada 50 metros do exterior para o interior, totalizando
1.200m2. Nessas parcelas foram identificadas todas as árvores acima de 15 cm de
circunferência a altura do peito.
As espécies não identificadas e materiais férteis foram coletados de acordo
com as técnicas desenvolvidas por Fidalgo e Bononi (1989). A classificação em
famílias adotada no estudo foi baseada no sistema da APG III (2009). Todos os
indivíduos levantados foram identificados em nível de espécie e as amostras
8
botânicas férteis foram incorporadas ao acervo do herbário João Murça Pires (MG)
do Museu Paraense Emílio Goeldi.
5 RESULTADOS 5.1 CARACTERIZAÇÕES DAS FITOFISIONOMIAS A área proposta para criação de Unidade de Conservação para a Zona
Costeira do Município de Chaves apresenta seis tipos de fitofisionomias: Floresta
Ombrófila Densa Aluvial, Campos naturais, restinga, manguezais, vegetação de
praia e teso. As três primeiras formações foram identificadas na classificação das
vegetações pela imagem LandSat 8 utilização para a geração do Mapa de
vegetação (Anexo III).
5.1.1 Floresta Ombrófila Densa Aluvial Essa fitofisionomia é comumente chamada de várzea e ocorre com maior
dominância no local de estudo, representando a tipologia mais representativa.
Ocorre após a vegetação de praia, se prolonga até os limites dos campos naturais e
nas margens dos rios de água branca ou barrenta. Segundo Almeida et al. (1996)
esse ecossistema aberto é associado às planícies inundadas dos rios e igarapés de
água branca do estuário amazonas, submetido a enchentes e vazantes de marés.
As várzeas são inundadas pelas águas do rio Pará e Amazonas, carregadas
de sedimentos e sementes que originaram a riqueza da flora do Marajó,
apresentando um sub-bosque aberto e, com dossel entorno de 22 metros de altura.
Esse ambiente apresenta espécies típicas, como Euterpe oleracea Mart (açaizeiro),
Virola surinamensis (Rol. ex Rottb). Warb. (ucuuba da várzea) e Mauritia flexuosa L.
f. (buritizeiro) (Figura 2 e 3). As palmeiras predominam no estrato médio da floresta
com abundância de açaizeiros e murumuru.
A Floresta apresenta uma faixa de Mata de Praia, que possivelmente teve sua
origem com a deposição de sedimentos e sementes carregados pelas águas do rio
Pará e Amazonas. É um ambiente desenvolvido entre a praia e o mangue com
característica de floresta de terra firme, solo arenoso pobre em matéria orgânica. A
flora é formada por árvores e palmeiras, com sub-bosque aberto e dossel fechado.
9
Pode ser confundida com a floresta de restinga, por apresentar espécies comuns
dessa formação e pela semelhança do ambiente (Figura 4).
A espécie Guadua glomerata Munro (taboca) foi comumente encontrada
formando grandes faixas nas praias, próximo aos rios e entre os campos e a floresta
(Figura 5). Nas margens da floresta, em alguns leitos de rios e furos, ocorre com
frequência a presença da Montichardia linifera (Arruda) Schott. (Aninga), espécie
que ocorre principalmente nos leitos dos rios da Amazônia (Figura 6).
Figura 2 - Fisionomia da vegetação de várzea na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
10
Figura 3 - Fisionomia da vegetação de várzea na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
Figura 4 - Fisionomia de Mata de Praia na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
11
Figura 5: Espécies de Guadua glomerata na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
Figura 6: Espécies de Montrichardia linifera, na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
12
5.1.2 Mangue
É um ecossistema costeiro de região tropical e subtropical, com árvores com
capacidade para suportar ambiente salgado ou salobro sobre influência de maré
(TOMLINSON, 1986). Os mangues com influência marinha são formados por
espécies exclusivas desse ecossistema, no entanto os manguezais estuarinos
podem ocorrer associados a espécies típicas de várzeas ou igapó (ALMEIDA, 1996).
Segundo Menezes et al. (2008), os mangues do Marajó são banhados pela água
doce dos rios Amazonas, Pará e Tocantins, estando bem preservados.
O litoral da área de estudo com influência principalmente do rio Amazonas
não se encontra vegetação de mangue. Essa fitofisionomia foi localizada na Ilha
Camaleão numa pequena faixa, a qual é dominada por Avicennia germinans (L) L
(siriúba) alcançando aproximadamente 10 metros de altura, ocorrendo numa
pequena extensão às margens do rio (Figura 7 e 8). Outros trechos de mangue
foram encontrados na ilha Melancia, onde a vegetação está associada à floresta de
várzea, com a presença de Swartzia platygyne (Benth.) Ducke (Pitaíca), Euterpe
oleracea Mart (açaizeiro) e Mauritia flexuosa L. f. (buritizeiro), entre outras (Figura 9).
Uma pequena ilhota em formação também apresenta essa fitofisionomia, com
concentração de Avicennia germinans (Siriúba) e Laguncularia racemosa (L.) CF
Gaertn. (mangue-branco) com altura em média de 5 metros (Figura 10).
13
Figura 7: Vegetação de mangue da Ilha Camaleão na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
Figura 8 - Fisionomia do mangue na Ilha Camaleão na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
14
Figura 9 - Fisionomia do mangue na Ilha Melancia Camaleão na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013).
Figura 10- Vegetação de manguezal na Ilhota na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
15
5.1.3 Restinga
As restingas são formações consideradas recente na era geológica, com
espécies típicas de ecossistemas adjacentes com a Mata Atlântica, a Mata de
Tabuleiro e Caatinga (FREIRE, 1990). Em termos botânicos a restinga é um tipo de
vegetação encontrada adjacente ao oceano nas planícies costeiras arenosas
quaternárias (ARAUJO & HENRIQUES, 1984).
O primeiro estudo sobre restinga na Amazônia foi realizado por Pires (1973),
que descreveu vegetação de restinga sobre areia branca das praias e dunas,
abrangendo uma área de 1000 km², representando menos de 0,1% das formações
vegetais.
De acordo LISBOA (2012) os rios Amazonas, Pará e Tocantins são barreiras
naturais contra a ação direta das águas do Atlântico sobre a costa da Ilha do Marajó,
mas não impede a salinidade nos locais de frente ao oceano. O mesmo autor
considera que existe restinga no Marajó baseado em três fatores: a vegetação
presente no solo arenoso exposto; a fisionomia é semelhante a essa formação e por
conter espécies típicas de restinga.
Na Ilha Melancia, há uma região costeira possivelmente de origem sedimentar
com influência marinha e solo arenoso exposto ao sol, formando dunas e vegetação
entre dunas. As espécies encontradas suportam salinidade, extremas temperaturas
e forte vento. Considerando as definições dos autores citados, a vegetação de
restinga está presente ao norte dessa ilha (Figura 11). Na zona litorânea da unidade
de conservação não foi observado essa fitofisionomia, isso não significa que nessa
área não ocorra esse tipo de vegetação.
16
Figura 11: Fisionomia da restinga na Ilha Melancia na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia Alexandre Mesquita (2013).
5.1.4 Vegetação de Praia Segundo Souza Filho et al. (2002), as praias constituem extensas cristas
arenosas que se ampliam desde o nível da maré alta de sizígia, com fim na base
das dunas ou falésias, até o nível da maré baixa de sizígia.
A vegetação de praia estende-se na área de estudo pela planície costeira em
alguns pontos com solo arenoso, limitando-se com a floresta de várzea, tabocal e
buritizal (Figura 12). É formada por espécies herbáceas, arbustivas e lianas. Numa
pequena faixa de praia, onde houve maior deposição de sedimentos arenosos,
surgiu um ambiente imune a inundação originando uma Mata Costeira com espécies
arbóreas, entre a praia e a várzea.
17
Figura 12 - Vegetação de praia na zona costeira na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
5.1.5 Campo Natural Os campos naturais podem ser encontrados em planície lamosa de
supramaré ("campos alagado") e adentrando a terrenos mais altos ("campo seco"),
com melhor drenagem. Estes campos podem ser confundidos, de acordo com Píres
(1973) com os campos de várzea, diferindo deste por não apresentar Poaceae de
grande porte, denominadas canaranas.
A variação no nível de drenagem destes campos contribui para o enorme
mosaico apresentado o predomínio de indivíduos de Cyperaceae (Cyperus
articulatus Benth – Priprioca e Eleocharis interstincta (Vahl) Roem. & Schult. –
Junco), e também de indivíduos de Poaceae (Steinchisma laxa (Sw.) Zuloaga,
Hymenachne amplexicaulis (Rudge) Nee e Leersia hexandra Sw. – Canaranas).
Os trechos com menor influência dos regimes de enchentes apresentam
predomínio de indivíduos de leguminosas (Chamaecrista diphylla (L.) Greene,
Crotalaria micans Link e Zornia latifolia Sm., dentre outras). Fisionomicamente,
quando seco, assemelham-se aos campos savanóides de terra firme (Figura 13).
18
Porém nos campos savanóides encontramos com frequência indivíduos de
Trachypogon spicatus (L.f.) Kuntze e Axonopus aureus P. Beauv., o que não foi
encontrado nestes campos naturais estudados (Rocha 2012). No entanto, os trechos
mais úmidos são dominados por Eichhornia diversifolia (Vahl) Urb. (Ponteriaceae),
Ludwigia hyssopifolia (G.Don) Exell (Onagraceae) e Nymphoides indica (L.) Kuntze
(Menyanthaceae), macrófitas aquáticas típicas da região (Figura 14).
Figura 13: Campo de fisionomia seco na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
19
Figura 14: Campo de fisionomia alagada na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
5.1.6 Vegetação de Teso
Segundo Amaral et al. (2007), a vegetação de teso é uma formação presente
no Marajó formada pelas áreas mais altas dos campos florestados, ficando fora da
zona de inundação. Caracterizado pela vegetação relativamente baixa, com alta
incidência de luz. Para Lisboa (2012) a origem dos Tesos está relacionada com as
civilizações que pré-colombianas que chegaram ao Marajó. Constitui uma estrutura
arbórea-arbustiva semelhante às formações florestais da parte leste da ilha.
Considerando as denominações desses autores para essa fitofisionomia, a
pequena área de cota mais elevada localizada no campo alagado, próximo a
comunidade Santa Quitéria, é uma formação de Teso. Ambiente com espécies
herbáceas, arbustivas e arbóreas, alcançado até 8 metros de altura. O solo é
arenoso de origem quartizosa, sofrendo inundação na época do inverno amazônico,
período de muitas chuvas no Marajó (Figura 15).
20
Figura 15: Fitofisionomia de Teso na área de estudo, Município de Chaves, Marajó, Pará. Fotografia: Alexandre Mesquita (2013).
6 FLORÍSTICA
O levantamento florístico na área proposta para a criação de unidade de
conservação resultou no registro de 1384 indivíduos amostrados, 136 espécies
distribuídas em 43 famílias e 119 gêneros. Foram identificadas 37 ervas, 14 lianas,
uma taboca, 12 subarbustos, 6 palmeiras, 9 arbustos e 57 espécies arbóreas. As
denominações taxomônicas e a fitofisionomia de ocorrência dos táxons são
apresentadas no Anexo IV.
A flora é representada principalmente pelas famílias Fabaceae, a mais rica
com 39 espécies, seguida por Cyperaceae (10), Poaceae (8), Chrysobalanaceae e
Malvaceae (7), Arecaceae e Euphorbiaceae (6), Asteraceae (5), Apocynaceae (4).
Dez famílias apresentaram duas espécies e 24 apenas somente uma. A Fabaceae,
como árvores, arbustos, subarbusto, ervas e cipó, somam 29 % de todos os táxons
levantados (Tabela 2).
21
Tabela 2: Principais Famílias identificadas por riqueza específica na área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. Família Nº de sp Nº de in Família Nº de sp Nº de in Fabaceae 39 366 Bixaceae 1 1 Cyperaceae 10 19 Boragianaceae 1 2 Poaceae 8 60 Clusiaceae 1 10 Chrysobalaceae 7 21 Convolvulaceae 1 99 Malvaceae 7 50 Elaeocarpaceae 1 1 Arecaceae 6 357 Gentianaceae 1 1 Euphorbiaceae 6 24 Gnetaceae 1 1 Asteraceae 5 32 Humiriaceae 1 1 Apocynaceae 4 4 Hydroleaceae 1 2 Anacardiaceae 2 7 Lauraceae 1 1 Combretaceae 2 4 Loganiaceae 1 1 Cucurbitaceae 2 2 Marantaceae 1 121 Lamiaceae 2 34 Meliaceae 1 4 Malpighiaceae 2 2 Menyanthaceae 1 1 Moraceae 2 7 Myristicaceae 1 56 Passifloraceae 2 3 Myrtaceae 1 1 Rubiaceae 2 22 Onagraceae 1 22 Sapindaceae 2 8 Pontederiaceae 1 1 Sapotaceae 2 2 Rhizophoraceae 1 3 Acanthaceae 1 26 Vitaceae 1 1 Araceae 1 1 Vochysiaceae 1 2 Bignoniaceae 1 1 Legenda: Número de espécies - Nº de sp, Número de indivíduos - Nº de in. 7 FITOSSOCIOLÓGICA Na vegetação de várzea, foram identificadas 43 árvores, 5 palmeiras e um
cipó. No entanto, a maior densidade é de palmeiras, principalmente Euterpe
oleracea (43,66%). Os parâmetros que caracterizam a estrutura da vegetação
determinaram uma densidade média de açaizeiro de 6800 ind.ha-1. Essa espécie
exibiu o maior índice de valor de importância (IVI) dentre as 15 com importância
ecológica na flora.
A Virola surinamensis é a mais importante das espécies arbóreas na
estrutura da floresta, apresentando IVI de 26,7%. A espécie tem facilidade em se
estabelecer nesse ambiente, isso é indicado pela alta densidade dos indivíduos
amostrados (8,99%). Também mostra uma alta frequência (Tabela 3).
A posição sociológica caracteriza a existência de indivíduos de Virola em
todos os estratos, possuindo a melhor distribuição nas classes de tamanho
22
abordadas. Constituindo um indício de sua participação na estrutura da floresta em
todas as fases de seu desenvolvimento.
Tabela 3: Índice de Valor de Importância (IVI) das espécies de várzeas na área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. Espécie DR% FR% DoR% IVC% IVI% Euterpe oleracea 43,66 3,53 8,5 52,2 55,7 Virola surinamensis 8,99 3,53 14,2 23,2 26,7 Ceiba pentandra 0,96 2,35 18,1 19,1 21,4 Swartzia racemosa 7,70 3,53 9,9 17,6 21,1 Astrocaryum murumuru 11,08 3,53 4,0 15,1 18,6 Pentaclethra macroloba 4,33 3,53 3,3 7,7 11,2 Avicennia germinans 1,93 2,35 6,4 8,4 10,7 Hevea brasiliensis 2,41 3,53 4,6 7,0 10,6 Symphonia globulifera 1,61 3,53 5,3 6,9 10,4 Spondias mombin 0,80 3,53 3,8 4,6 8,1 Mauritia flexuoxa 1,93 2,35 3,2 5,1 7,5 Mora paraensis 0,80 3,53 1,6 2,4 6,0 Hirtella racemosa 1,28 3,53 0,7 2,0 5,5 Apeiba burchellii 1,12 3,53 0,5 1,7 5,2 Sterculia speciosa. 1,28 3,53 0,3 1,6 5,1 Legenda: Densidade relativa - DR%, Frequência relativa - FR%, Dominância relativa - DoR%, Índice de valor de cobertura e Índice de valor de importância.
Os mangues estudados apresentam somente duas espécies Avicennia
germinans (L.) L. e Laguncularia racemosa (L.) C.F. Gaertn, que são espécies
típicas desse ambiente. No entanto, existe a ocorrência de Inga umbratica Poepp. &
Endl., Swartzia racemosa Benth., Carapa guianensis Aubl., e Mauritia flexuoxa L.f.
associada a esse ambiente (tabela 4).
23
Tabela 4: Principais Famílias identificadas no mangue da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. Família N.° sp N.° in Ne% Ni% Fabaceae 1 17 33% 53% Acanthaceae 1 14 33% 44% Combretaceae 1 1 33% 3% TOTAL 3 32 100% 100% Legenda: número de espécies - Nº de sp; número de indivíduos - Nº de in; percentagem do número de espécie - Ne%, percentagem do número de indivíduos - Ni%.
Analisando apenas as áreas abertas (campos naturais em diferentes níveis de
umidade), as famílias botânicas mais representativas em riqueza específica foram
Fabaceae, Cyperaceae e Poaceae, o que se repete em outras áreas abertas da
Amazônia (MIRANDA et al. 2003.; MAGNUSSUM et al. 2008; SANAIOTI et al. 1997).
O "Campo alagado" foi único ambiente onde não há supremacia das fabaceae,
havendo uma maior riqueza de Cyperaceae (Tabela 5 e 6).
Tabela 5: Principais Famílias identificadas no campo seco da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. Família N.° sp N.° in Ne% Ni% Fabaceae 7 219 25,0% 34,7% Poaceae 5 56 17,9% 8,9% Asteraceae 3 29 10,7% 4,6% Cyperaceae 3 11 10,7% 1,7% Malvaceae 3 26 10,7% 4,1% Convolvulaceae 1 98 3,6% 15,5% Cucurbitaceae 1 1 3,6% 0,2% Euphorbiaceae 1 1 3,6% 0,2% Lamiaceae 1 27 3,6% 4,3% Marantaceae 1 121 3,6% 19,2% Onagraceae 1 21 3,6% 3,3% Rubiaceae 1 21 3,6% 3,3% TOTAL 28 631 100% 100% Legenda: número de espécies - Nº de sp; número de indivíduos - Nº de in; percentagem do número de espécie - Ne%, percentagem do número de indivíduos - Ni%.
24
Tabela 6: Principais Famílias identificadas no campo alagado da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. Família N.° sp N.° in Ne% Ni% Cyperaceae 4 4 30,8% 30,8% Fabaceae 3 3 23,1% 23,1% Apocynaceae 1 1 7,7% 7,7% Asteraceae 1 1 7,7% 7,7% Menyanthaceae 1 1 7,7% 7,7% Poaceae 1 1 7,7% 7,7% Pontederiaceae 1 1 7,7% 7,7% Vitaceae 1 1 7,7% 7,7% TOTAL 13 13 100,0% 100% Legenda: número de espécies - Nº de sp; número de indivíduos - Nº de in; percentagem do número de espécie - Ne%, percentagem do número de indivíduos - Ni%.
O levantamento da flora na pequena formação de restinga resultou na
amostragem de apenas 13 espécies, distribuídas em 10 famílias. Os táxons mais
representativos em riqueza foram Fabaceae (3 sp) e Euphorbiaceae (2 sp), para as
demais famílias registrou-se uma espécie (Tabela 7). Desses 13 táxons catalogadas
para esse ambientes costeiro, Anacardium occidentale, Chrysobalanus icaco,
Entada polyphylla e Hydrolea spinosa também foram registradas nas restingas
estudadas por Amaral (2008).
Tabela 7: Principais Famílias identificadas na vegetação de restinga da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. Família N.° sp N.° in Ne% Ni% Fabaceae 3 3 23% 23% Euphorbiaceae 2 2 15% 15% Anacardiaceae 1 1 8% 8% Asteraceae 1 1 8% 8% Chrysobalaceae 1 1 8% 8% Cyperaceae 1 1 8% 8% Gentianaceae 1 1 8% 8% Hydroleaceae 1 1 8% 8% Myrtaceae 1 1 8% 8% Sapindaceae 1 1 8% 8% TOTAL 13 13 100% 100% Legenda: número de espécies - Nº de sp; número de indivíduos - Nº de in; percentagem do número de espécie - Ne%, percentagem do número de indivíduos - Ni%.
A Mata de praia, localizada em solo arenoso com deposição de sedimento,
apresentou 12 espécies. Destas, as espécies Spondias mombin L., Himatanthus
25
articulatus (Vahl) Woodson e Pterocarpus santalinoides L'Hér. ex DC. foram citadas
por Amaral (2008) para as Florestas de restingas do Pará (Tabela 8).
Tabela 8: Principais Famílias identificadas na mata de praia da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. Família N.° sp N.° in Ne% Ni% Fabaceae 3 3 25% 12% Anacardiaceae 1 1 8% 4% Apocynaceae 1 1 8% 4% Arecaceae 1 1 8% 4% Chrysobalaceae 1 2 8% 8% Combretaceae 1 3 8% 12% Euphorbiaceae 1 1 8% 4% Lamiaceae 1 6 8% 24% Rhizophoraceae 1 2 8% 8% Sapindaceae 1 5 8% 20% TOTAL 12 25 100% 100% Legenda: número de espécies - Nº de sp; número de indivíduos - Nº de in; percentagem do número de espécie - Ne%, percentagem do número de indivíduos - Ni%.
A formação de praia no continente da UC é formada predominantemente por
lianas e herbáceas. Nessa fitofisionomia, foram identificadas 25 espécies
pertencentes a 13 famílias. Fabaceae foi a mais rica (9 sp), seguida de Cyperaceae,
Malpighiaceae, Poaceae e Apocynaceae todas com 2 espécies. Os demais táxons
apresentaram somente uma espécie (Tabela 9).
Foram identificadas 19 espécies distribuídas em 11 famílias botânicas na
fitofisionomia de teso. De todas as espécies 37% são Fabaceae, 11% são
Euphorbiaceae e Passifloraceae (Tabela 10).
26
Tabela 9: Principais Famílias identificadas na vegetação de praia da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. Família N.° sp N.° in Ne% Ni% Fabaceae 9 10 36% 38% Cyperaceae 2 2 8% 8% Malpighiaceae 2 2 8% 8% Poaceae 2 2 8% 8% Apocynaceae 2 2 8% 8% Bignoniaceae 1 1 4% 4% Bixaceae 1 1 4% 4% Boragianaceae 1 1 4% 4% Cucurbitaceae 1 1 4% 4% Euphorbiaceae 1 1 4% 4% Hydroleaceae 1 1 4% 4% Onagraceae 1 1 4% 4% Passifloraceae 1 1 4% 4% TOTAL 25 26 100% 100% Legenda: número de espécies - Nº de sp; número de indivíduos - Nº de in; percentagem do número de espécie - Ne%, percentagem do número de indivíduos - Ni%.%.
Tabela 10: Principais Famílias identificadas na vegetação de teso da área proposta para criação de UC, Município de Chaves, Marajó, Pará. Família N.° Espécie N.° Indivíduos Ne% Ni% Fabaceae 7 7 37% 37% Euphorbiaceae 2 2 11% 11% Passifloraceae 2 2 11% 11% Arecaceae 1 1 5% 5% Asteraceae 1 1 5% 5% Boragianaceae 1 1 5% 5% Convolvulaceae 1 1 5% 5% Cyperaceae 1 1 5% 5% Lamiaceae 1 1 5% 5% Loganiaceae 1 1 5% 5% Poaceae 1 1 5% 5% TOTAL 19 19 100% 100% Legenda: número de espécies - Nº de sp; número de indivíduos - Nº de in; percentagem do número de espécie - Ne%, percentagem do número de indivíduos - Ni%.
7.1 Índices de Diversidade
Segundo Knight (1976), o índice de Shannon-Wiener normalmente varia de
3,83 a 5,85 para florestas tropicais, valores considerados altos para qualquer tipo de
vegetação. O índice de Shannon calculado para flora envolvendo todas as
fitofisionomias da área proposta para a criação de Chaves foi de 3,3, inferior ao
intervalo aceitável para uma alta diversidade. No entanto, não significa que a flora de
27
Chaves apresente baixa diversidade, pois o índice de Shanno é avaliado
normalmente para tipologia florestal, sendo que este estudo foi baseado em um
levantamento rápido e pontual.
8 ESPÉCIES AMEAÇADAS E ENDÊMICAS
Quanto à distribuição geral dos táxons, quatro são endêmicos do Brasil
(Andira multistipula, Desmoncus ortacanthos, Mora paraense e Sterculia excelsa),
sendo A. multistipula e M. paraense endêmicas da Amazônia.
A espécie Desmoncus ortacanthos mencionado pela Lista da Flora do Brasil
(2013) como endêmico do Brasil, não é citado para a Amazônia brasileira, sendo
este o primeiro registro encontrado no Pará. O mesmo ocorre com A. multistipula,
mencionada como endêmica da Amazônia, apenas para os estados do Acre e
Amazonas, este também é um novo registro da espécie para o estado do Pará.
Sterculia excelsa é endêmica do Brasil sendo encontrada na Amazônia e Mata
Atlântica.
A espécie Gnetum leyboldii, a única Gimnospema levantada, é de origem
amazônica possui ampla distribuição, ocorrendo desde o Sul dos Estados Unidos,
Costa Rica até a bacia amazônica (REVILLA, 2002). A espécie é estreitamente
relacionada à ambientes aquáticos, beiras de rios e igapós, e na área deste estudo
é frequente nas áreas de várzea. Classificada como pouco ameaçada de acordo
com os critérios da IUCN (2013). Os demais táxons ampliam suas distribuições além
das fronteiras do País, sendo dois exóticos naturalizados na região (Crotalaria retusa
e Nerium oleander).
A Virola surinamensis foi considerada pela IUCN (2013) em perigo de
extinção e conta na lista de espécies da flora brasileira com deficiência de dados (IN
06, de 23 de setembro de 2008). As demais espécies não foram citadas em
nenhuma categoria de ameaça.
Segundo Oliveira et al. (2003) as espécies raras são àquelas que ocorrem na
amostragem com apenas um indivíduo. Entretanto, nesse estudo não se pode
afirmar que todas as espécies levantadas com um indivíduo são raras, devido a
amostragem da população ter sido em áreas pontuais de cada ambiente estudado.
28
As herbáceas são compostas, quase em sua totalidade, por espécies de
distribuição ampla e de ambiente palustre.
9 CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL DA FLORA Do ponto de vista conservacionista, além das espécies endêmicas (Andira
multistipula e Mora paraense), as populações de Gnetum e Virola, por serem
consideradas importantes na área, podem ser apontadas como referências para o
monitoramento de reservas genéticas (KAGEYAMA & GANDARA 1994).
Segundo a entrevista realizada com os lideres comunitários, o principal uso
da floresta está relacionado com o extrativismo vegetal, principalmente do açaí.
Dentre as seis espécies de palmeiras levantadas, o açaizeiro apresenta alta
frequência e são habitualmente utilizadas pelas populações tradicionais da área de
estudo. A produção de açaizeiro é considerada uma ameaça para a flora local,
devido ao desmatamento da floresta no entorno das casas dos ribeirinhos para o
monocultivo da espécie.
De acordo com Meirelles et al. (2004) o conhecimento da estrutura e
funcionamento desses ambientes e principalmente das alterações resultantes das
perturbações que ele sofre é uma necessidade premente, haja vista que estas
perturbações podem resultar em mudanças florística e fitossociológicas em relação
as áreas sem impacto
10 CONCLUSÃO
A área destinada à criação da Unidade de Conservação de Uso Sustentável
proposta para o Município de Chaves, no arquipélago do Marajó, é um mosaico
vegetacional com predominância de Floresta Ombrófila Densa Aluvial, em relação
aos Campos naturais, manguezais, restinga, vegetação de praia e teso. A flora é
bem diversificada com espécies arbóreas, palmeiras, lianas, ervas, arbustos e
subarbustos.
A floresta Aluvial é totalmente caracterizada pela várzea, onde ocorrem
espécies comuns desse ambiente amazônico. Os campos naturais são
fitofisionomias com diferentes níveis de umidade, dependendo da área e da estação
29
do ano pode ser totalmente alagado ou seco. Os mangues, localizados na ilha
camaleão e ilhota, assinalam uma formação recente com duas espécies típicas,
porém associadas a indivíduos da vegetação de várzea. Uma pequena área na ilha
melancia com deposição de solo arenoso quartzo, foi denominada de restinga,
formação com espécies comuns de outras restingas do Pará. O teso e praia são
dominados por vegetação herbácea, além das lianas como salsa da praia.
Foram identificadas 135 espécies angiospermas e uma gimnosperma de
origem Amazônica, estreitamente relacionada à ambientes aquáticos, classificada
como pouco ameaçada de acordo com os critérios da IUCN (2013). A Virola
surinamensis também está em perigo de extinção e consta na lista de espécies da
flora brasileira com deficiência de dados.
Por fim, a área destinada à unidade de conservação é formada por um
conjunto de fitofisionomias ainda pouco conhecida e estudada, apresentando
espécies nunca estudadas sobre o ponto de vista botânico, de acordo com
levantamento bibliográfico. Portanto, este estudo mostrou que a região do Município
de Chaves tem potencial biológico importante para gerar uma proposta de criação
de unidade de conservação nessa área, buscando de forma assegurar a
conservação e a preservação do patrimônio ambiental registrado nesse local para as
comunidades locais que dependem dos recursos florestais dessa área.
30
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