as representações sociais da informática na realidade escolar
Post on 20-Dec-2015
2 Views
Preview:
DESCRIPTION
TRANSCRIPT
SBS - XII Congresso Brasileiro de Sociologia
GT 19 – Sociedade de Informação
Escola.com.br – As representações sociais da informática na realidade escolar
Regiane Aparecida Atisano
MAIO - 2005
1
SBS - XII Congresso Brasileiro de Sociologia
GT 19 – Sociedade de Informação
Escola.com.br – As representações sociais da informática na realidade escolar
Regiane Aparecida Atisano
Resumo apresentado no XII Congresso de
Sociologia promovido pela Sociedade
Brasileira de Sociologia, Belo Horizonte/MG.
MAIO - 2005
2
ÍNDICE
Introdução .................................................................................................................... 03
Desenvolvimento ......................................................................................................... 04
Conclusão .................................................................................................................... 12
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 14
3
1. INTRODUÇÃO
A sociedade atual está cada vez mais utilizando tecnologias da informação. Sendo o
computador e a internet algumas destas tecnologias em expansão nas mais diferentes áreas,
pesquisar o uso delas na escola parece absolutamente relevante, considerando a sua função
sócio-cultural. A escola apresenta-se preocupada com os avanços tecnológicos e com seus
alunos, procurando caminhar com as novidades informacionais, a fim de tornar o processo
pedagógico mais eficiente e apto a adaptar os alunos a uma tecnologia cada vez mais presente.
Partindo deste pressuposto, analisamos algumas teorias sobre tecnologia, educação e
representações sociais com o intuito de contextualizar e fundamentar o uso do computador e
da internet na escola. Realizamos também uma pesquisa de campo por onde obtivemos alguns
dados comprobatórios sobre a importância destas tecnologias no meio escolar. Trata-se de
uma escola particular de Curitiba com alunos de 5ª a 8ª séries.
Para tanto, nos baseamos na hipótese de que se existe uma representação social da
modernidade tecnológica, então a representação social da escola está mudando e criando
conflitos com as funções tradicionais da mesma, devido precisamente ao uso destas
tecnologias inovadoras. Desta forma, o problema que a pesquisa aborda é: O uso do
computador e da internet por estudantes estaria modificando as representações sociais da
escola? Estaria ela deixando de ser o único ou o mais importante local de aprendizagem, uma
vez que o computador e a internet podem ser acessados em diversos locais?
Portanto, estabelecemos alguns objetivos para responder a problemática deste
trabalho: a) averiguar a relação que os alunos de 5ª a 8ª séries mantêm com o computador e a
internet dentro da escola; b) verificar como esta relação modifica a representação que eles
fazem da escola; c) verificar o que os alunos pensam ser a escola.
Fundamentados por estas prerrogativas, apresentamos neste artigo os dados mais
importantes da pesquisa, fazendo uma reflexão sobre o conjunto de idéias e dados
desenvolvidos, a fim de demonstrar o que o esforço despendido nestas páginas significa
enquanto contribuição sociológica à compreensão da escola na sociedade da informação.
4
2. DESENVOLVIMENTO
Para que possamos ter uma compreensão total do assunto é necessário passarmos
pelas três teorias básicas deste trabalho: tecnologias da informação, escola e representações
sociais.
A primeira delas pode ser entendida como um dos meios mais eficazes e populares
na sociedade do século XXI. A sociedade da informação tem como característica principal a
aplicação constante de conhecimentos e informações sobre a produção de mais conhecimentos
e informações, formando um processo cumulativo (CASTELLS, 1999, p. 50). Além desta
característica, há também segundo Castells, “... três estágios da inovação em três principais
campos da tecnologia [...] microeletrônica, computadores e telecomunicações”.(CASTELLS,
1999, p. 58). Estas são as mudanças trazidas pela sociedade tecnológica.
A sociedade da informação possibilita “interatividade” aos indivíduos. Com este
conceito a sociedade torna-se globalizada, transmitindo aos indivíduos exigências
diferenciadas. Este “novo receptor” (SILVA, 2000, p. 13) não aceita mais aquela
programação rígida, ele procura flexibilizar esta estrutura através dos seus gostos,
participando. Este comportamento provém do uso do controle remoto das televisões, vídeos-
cassete, “micro-systems” e do “joystick”. É claro que não há uma ação direta no
funcionamento de um programa. Porém, aqueles telespectadores que adotam a dinâmica de
intervenção, mesmo nos programas pré-programados, estão tornando-se mais exigentes no
fato de atuar.
A manipulação do controle remoto e do “joystick” propicia a sensação do poder. O
indivíduo que se encontra com a pré-definição de programações ou, até mesmo, de ações (no
caso do videogame) já está vivenciando uma outra prática. Ele se distancia do comportamento
passivo e aproxima-se do ativo.
Na escola, os alunos que antes percebiam os professores como os donos da verdade e
os únicos orientadores, agora encontram outras fontes que podem trazer informações
diferentes ou sob outras perspectivas das que os professores fornecem em sala de aula. O
aluno também adquire o sentimento de alcançar as informações das mesmas fontes que o
professor, através da experiência virtual. O aluno obtém os assuntos e os trata da maneira que
desejar – arquivando-os ou deletando-os.
5
Segundo Castells a sociedade está sofrendo mudanças que alteram o sistema de
comunicação no mundo, principalmente com a nova idéia de que todos nós estamos aptos a
nos comunicar mutuamente a partir de uma sociedade global. “Afirmo que por meio da
poderosa influência do novo sistema de comunicação, mediado por interesses sociais,
políticas governamentais e estratégias de negócios, está surgindo uma nova cultura: a cultura
da virtualidade real...” (CASTELLS, 1999, p. 355 – grifo do autor).
É desta forma, que a segunda teoria do nosso trabalho, a escola, precisa entender as
mudanças da sociedade para que encontre formas eficazes de melhorar o processo de ensino-
aprendizagem. A escola é uma instituição socialmente construída (BERGER &
LUCKMANN, 1976), com o objetivo de educar e formar os indivíduos que a freqüentam
(DURKHEIM, 1995). Tanto para constituir-se como um ser social quanto para adquirir
conhecimentos socialmente reconhecidos, o indivíduo necessita da escola. Ela é uma
instituição “autorizada” pela sociedade para fornecer os parâmetros primordiais à formação
social, profissional e pessoal do indivíduo (BOURDIEU, 1977).
Em cada período histórico ela adaptou-se às influências contextuais.
Acompanhando as mudanças acentuadas ao longo dos séculos, observamos que a escola se modifica:
no século XVIII, encontra-se sedimentada na idéia de uma lógica universal, absoluta, onde tudo
obedecia a uma razão cega e determinada; no século XIX, dirige-se à energia, como conceito de
base, apoiada na possibilidade da sua conservação e degradação, em todas as estruturas. O século
XX, sacudido pelos avanços da física, da biologia, da matemática, provoca turbulências na certeza,
na ordem, na determinação, que atingem, certamente, a concepção de escola. (EIZIRIK, 1999, p.
116).
Durkheim (1978) escreve sobre a produção da sociedade através da escola e
Bourdieu (1992) afirma existir a reprodução da sociedade. Ambos reconhecem a função da
escola como mantenedora do status quo. Contudo, a escola não é o único local para socializar
e/ou adquirir conhecimentos.
A escola utiliza tecnologias, entretanto tecnologias educacionais entendidas como
“forma sistemática de planejar, implementar e avaliar o processo global da aprendizagem e da
instrução em termos específicos, baseada nas pesquisas de aprendizagem e comunicação
humanas e que se utiliza uma combinação de recursos e materiais – com o propósito de obter
uma instrução mais efetiva”.(OLIVEIRA, 1977, p. 5). Já o mundo moderno possui uma
dinâmica que inculca nos indivíduos a prática acelerada de informações, solicitando
mudanças rápidas, produtividade alta, variação de produtos, resultados imediatos, etc.
Fazendo esta relação dos tipos de tecnologias aplicadas na escola e encontradas na
sociedade, é possível vincular a construção das representações sociais dos indivíduos à prática
6
escolar. A escola se apropria de acontecimentos sociais para contextualizar muitos dos seus
conteúdos. Desta forma, muito dos fatos corriqueiros da sociedade são “produzidos” ou
“reproduzidos” na escola. As representações sociais fazem parte do cotidiano das pessoas.
Cada atitude, por mais costumeira que seja, tem um fundamento representativo. Este
fundamento parte do grupo em que o indivíduo vive, pois é pelo “modo como o grupo se
pensa em suas relações com os objetos que o afetam” (DURKHEIM, 1995, p. XXII) que ele
constrói suas representações sociais.
Aqui vemos a importância da terceira teoria. Serge Moscovici, psicólogo social
francês, define representações sociais como “um conjunto de conceitos, afirmações e
explicações originadas no cotidiano, no decurso de comunicações interindividuais. Elas são
equivalentes, em nossa sociedade, aos mitos e sistemas de crença nas sociedades tradicionais;
elas podem até mesmo ser vistas como uma versão contemporânea do senso comum.”
(MOSCOVICI, 1985, p. 1). Para ele, o estudo das representações sociais focaliza o cotidiano
do indivíduo a partir de sua compreensão dos fatos que o circundam, inclusive da influência
que cada um sofre dos pensamentos alheios.
Entendemos que “... as representações (ou os campos simbólicos) seriam micro-
fenômenos...” (OLIVEIRA, 1998/99, p. 182), pois não procuram ater-se em significados
universais, mas compreender aqueles significados que um grupo específico estabelece para
um fato. Através do estudo de micro-fenômenos é possível verificar como a construção do
pensamento de um grupo social é influenciada pelas modificações sociais, ambientais,
culturais e econômicas ocorridas em seu meio, desde que se estabeleçam relações com o
contexto geral.
Pesquisar a forma de pensamento de um grupo social nos permite uma compreensão
específica e ao mesmo tempo geral sobre a comunidade. Um exemplo disto são as categorias
de representações adquiridas em uma pesquisa, que indicam visões particulares de indivíduos,
mas que ao final da análise obtém-se a percepção total do grupo. A representação é utilizada a
fim de desvendar o simbolismo existente na vida cotidiana dos indivíduos sociais. Seja
através de símbolos, práticas sociais ou ideologias, a representação pretende “a abordagem
das relações e das transformações sociais.” (OLIVEIRA, 1998/99, p. 186).
7
2.1. A Pesquisa
Nesta pesquisa trabalhamos com alunos de 11 a 14 anos (83,10%), que estavam
cursando o período de 5ª à 8ª séries. A escolaridade dos pais (84,51%) e das mães (88,74%)
compreende o universitário incompleto até pós-graduação.
2.1.1. Posse e Uso do Computador e da Internet:
O número de alunos que têm internet em casa (87,32%) é quase tão grande quanto os
dos que possuem computador (95,78%). O motivo do uso do computador e da Internet está
vinculado ao fator financeiro, pois o uso do computador a qualquer horário do dia (80,88%) é
maior que o uso da internet (50%). O uso da internet pode resultar em gastos diferentes
dependendo do horário, devido aos valores dos pulsos telefônicos aplicados pelas agências de
telefonia.
Mesmo assim, 50% dos alunos utilizam a internet independente do horário: isto não
deixa de ser um dado significante. Verificamos que muitos dos alunos permanecem sozinhos
em casa, podendo realizar as suas atividades livremente, sem supervisão de qualquer
responsável.
2.1.2. Freqüência de uso do Computador e da Internet em Casa e na Escola:
Em casa os alunos utilizam muito mais o computador e a internet. A maior
freqüência de uso do computador em casa mantém-se entre três a cinco vezes na semana
(76,46%). A internet mantém-se igualmente de três a cinco vezes na semana (70,97%).
Conforme estes dados, podemos fazer a seguinte relação: se estes alunos têm 5 horas de aula
no período da manhã e destinam mais umas duas horas à tarde, eles têm uma grade horária de
35 horas de estudo por semana. Ficam, em média, 4 horas na internet por semana. Podemos
concluir que há um percentual de 11,43% das horas da semana para a internet. Podemos dizer
que é o mesmo tempo destinado às demais atividades fora da escola, como esportes, inglês,
passeios, etc.
O uso do computador (76,05%) e da internet (69,01%) na escola acontece uma vez
na semana, devido à aula de informática ocorrer nesta freqüência, ou seja: fora as aulas de
informática, dificilmente o aluno utiliza o computador da e na escola.
8
2.1.4. Representação Social da Escola, do Computador e da Internet:
Conforme o questionamento feito aos alunos, as respostas foram dadas
ordenadamente: o que vem à sua cabeça em primeiro, em segundo e em terceiro lugar.
Afirmamos que uma categoria citada três vezes demonstra estar muita mais presente entre os
alunos do que uma categoria destacada apenas uma vez com um percentual razoável.
GRÁFICO 1 – REPRESENTAÇÃO DA ESCOLA
FONTE: Pesquisa de Campo – JUL/2001
Os autores da representação social citados anteriormente afirmam que a convivência
em grupo permite a construção de categorias que apresentam um significado comum ao
grupo. Desta forma, verificamos através da pesquisa que a escola é percebida pela maioria dos
alunos como um local em que se estuda e aprende (69,02%). A representação de que a escola
é um local específico para aprender foi apresentado nas teorias escolares. Verificamos que os
alunos não pensam diferente da sociedade. Até mesmo porque, como enfatiza Bourdieu, o
conhecimento escolarizado só é reconhecido desde que se fundamente em uma instituição
legalizada socialmente para tal função.
11,28%0
11,27%0
8,45%
15,50%
14,10%2,82%
4,22%0
36,62%
25,35%
8,46%0
2,82%9,86%
9,86%
69,02%
3º
lugar
2º
lugar
1º
lugar
Estudar / aprender
Amigos / amizade
Chato / chatice
Professores
Material escolar
Alegria / diversão
Outros
9
GRÁFICO 2 – REPRESENTAÇÃO DO COMPUTADOR
FONTE: Pesquisa de Campo – JUL/2001
GRÁFICO 3 – REPRESENTAÇÃO DA INTERNET
FONTE: Pesquisa de Campo – JUL/2001
7,05%2,82%
4,22%21,13%
5,63%0
9,86%0
14,10%0
4,22%
22,53%11,27%
5,64%16,90%
14,09%
5,64%
2,82%
5,64%7,04%
29,58%
49,29%
3º
lug
ar
2º
lug
ar
1º
lug
ar
Internet
Brincar / diversão / jogos
Tecnologia / informática
Bate papo / e-mail
Fazer trabalho / pesquisar
Softwares
Facilidade / praticidade
Outros
2,82%
4,22%00
7,05%
2,82%8,45%
11,27%
4,23%
7,04%00
16,90%7,05%
21,13%
19,71%
5,64%0
4,22%
4,23%
5,64%14,08%
19,72%
46,48%
3º
lugar
2º
lugar
1º
lugar
Bate papo / e-mail
Pesquisa / trabalhos
Portal amplo / novidades /informações / encontra-semuitas coisas
Diversão / jogos
Tecnologia / informática
Drogas / besteira
Sites
Outros
10
Entendendo a biblioteca (também obtivemos informações sobre a representação
social da biblioteca. Os alunos a relacionam com os livros e as atividades de estudo,
aprendizado e pesquisa – 67,61% em primeiro lugar; 56,34% em segundo) como um local
com materiais complementares à atividade escolar, o computador e a internet na escola
incluem-se na mesma categorização. O computador e a internet na escola são utilizados pelos
professores como instrumentos que auxiliam nos trabalhos escolares. Entretanto, ao pedirmos
aos alunos uma palavra que significasse o computador, a primeira a aparecer foi internet
(49,29%) e as em segundo lugar foram brincadeiras, diversão e jogos (29,58%).
Estamos dizendo que o computador, mesmo tendo uma representação social voltada
para o entretenimento, na escola não é utilizado com este fim. Os professores o utilizam como
mais um meio de estudar e os próprios alunos fizeram esta relação.
A internet foi categorizada pelos alunos como um meio de interação através do bate-
papo e e-mail (46,48%), sem desmerecer o percentual que a significa como útil para pesquisas
e trabalhos (19,72%). Salientamos que a teoria das representações sociais afirma ser
necessário ater-nos àquelas palavras que os indivíduos expressam espontaneamente, pois
podem conter aspectos do núcleo central (SÁ, 1996). Já as palavras faladas num segundo
momento representam partes presentes no sistema periférico, sistema este que auxilia na
constituição da representação social. Observamos que as primeiras palavras que os alunos
citavam eram imediatas e sem muita elaboração, enquanto que as palavras seguintes eram
muito mais racionalizadas do que as primeiras.
Destacamos que a partir dos resultados da representação do computador e da internet,
podemos estabelecer duas grandes categorias de análise. Tanto o computador quanto a
internet foram percebidos como instrumentos para a comunicação (bate-papo, e-mail,
diversão) e como um portal de busca (pesquisas para trabalhos, jogos, informação, novidades,
informática). Os dados nos permitem chegar a estas categorias porque os alunos mencionaram
enfaticamente as relações sociais que estes meios possibilitam através do e-mail ou sites de
bate-papo, bem como a possibilidade de acessar qualquer informação. A internet, da maneira
que foi construída, pode ser percebida como um “portal aberto e sem fim”, onde todos os
tipos de informações são incluídos ou excluídos rapidamente.
Quando os alunos referiram-se à internet como um meio de interação, é possível
confirmar a teoria sobre interatividade de Marco Silva (2000). Pois os alunos se relacionam
com amigos e até com estranhos, constituindo uma atualização das formas de se relacionar
socialmente. A interatividade que Silva descreve consiste tanto neste círculo de amizades
como na comunicação global que o aluno tem com o mundo através dos diferentes sites e das
11
diversas informações que se encontram à disposição na rede mundial de comunicação – a
internet. Este dado demonstra que a tecnologia não muda o ponto básico da sociedade, ou
seja, as relações sociais; ao contrário, as tecnologias estão favorecendo o relacionamento entre
os indivíduos, além de reforçar os fundamentos da sociologia.
12
3. CONCLUSÃO
A atual geração escolar nasceu e vive na era da informática, interpretando o mundo
de acordo com os instrumentos simbólicos que ela adquiriu do contexto social, diferentemente
dos professores, socializados numa outra realidade.
Pensando na escola como um local para processar conhecimentos através de uma
orientação linear, mas continuamente em contato com as mudanças sociais, os alunos a
consideram uma instituição necessária e importante. A palavra “estudo”, apresentada na
pesquisa de campo, mantém um grande vínculo com a escola. Portanto, os alunos
compreendem a escola como uma instituição própria para a aprendizagem e, também, para a
socialização.
A representação social da escola teria sido destituída caso não tivesse acompanhado
as novas tecnologias, inserindo-as em seus currículos. Os alunos pesquisados apresentaram
uma nova representação social no sentido do como aprender, mas não desvinculam isto da
função da escola. A escola é a instituição indicada socialmente para educar os indivíduos,
porém sua forma de ensinar e aprender poderá ser alterada conforme os recursos que a
sociedade cria.
A escola não está destituída do seu papel. A partir do momento que a internet e o
computador começam a participar do processo educacional, eles incluem formas diferentes de
processar o conhecimento. Consideramos que a diferença não está nos instrumentos, mas na
forma de usá-los. As novas teorias educacionais frisam a necessidade de se trabalhar com a
linguagem do aluno, para que ele associe a aprendizagem à realidade (FREIRE, 1996). O
computador e a internet, nos dias de hoje, fazem parte desta linguagem. Eles estão incluídos
no grupo de amigos, nas atividades fora da escola e no ambiente doméstico dos alunos.
Os resultados deste trabalho trazem subsídios para os professores entenderem onde
está a deficiência de algumas aulas. É possível verificar o que o aluno espera de um professor
e de sua disciplina, podendo anexar às suas aulas dinâmicas semelhantes ao do computador e
da internet, que propõem uma interatividade com o aluno. No computador e na internet o
aluno sente-se o construtor do conhecimento, pelo fato de estar comandando e definindo
parâmetros para o seu trabalho.
13
Este estudo contribui também para as escolas que se sentem perdidas em relação ao
seu papel educacional versus o potencial educativo representado pelas novas tecnologias. O
investimento em equipamentos não significa necessariamente que a escola saiba direcionar o
ensino da melhor forma possível. Sabendo como os alunos interpretam a relação com o
computador e a internet, será mais fácil as escolas encontrarem pontos frágeis de suas aulas e
aperfeiçoar o sistema de ensino, vinculando-o às formas consideradas atrativas pelos alunos.
Sendo assim, este estudo demonstra o quanto a educação é um fator imprescindível
para a sociedade, desde que sempre em contato com as grandes informações e novidades,
procurando preparar os alunos a interpretar o desenvolvimento e as demandas sociais. É assim
que a escola assume sua identidade, não como transmissora de conhecimento, mas como uma
instituição que propicia reflexão e análise crítica sobre os diversos acontecimentos e práticas
da sociedade e sobre o próprio conhecimento que vem pela rede comunicacional (LIBÂNEO,
2000, p. 71).
14
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERGER, Peter L. & LUCKMANN, Thomas. A Construção Social da Realidade.
Petrópolis: Vozes, 1976.
BOURDIEU, Pierre & PASSERON, Jean Claude. A reprodução. Elementos para uma
teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
_____. “Sistemas de Ensino e Sistemas de Pensamento”. In: A Economia das Trocas
Simbólicas. São Paulo: Editora Perspectiva, 1977.
_____. “Estrutura, Habitus e Prática”. In: A Economia das Trocas Simbólicas. São Paulo:
Editora Perspectiva, 1977.
BOUDON, R. & BOURRICAUD, F. “Organização” (verbete). Dicionário Crítico de
Sociologia. São Paulo: Editora Ática, 1993.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Paz e Terra, 1999. Volume 1.
DE FELIPPE JR., Bernardo. Pesquisa: o que é e para que serve. Brasília: Editora Sebrae,
1995.
DE MASI, Domenico. A sociedade pós-industrial. São Paulo: Senac, 2000.
DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
_____. “Representações Individuais e Representações Coletivas”. In: Sociologia. São Paulo:
Ática, 1995.
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia (com um estudo da obra de Durkheim pelo prof.
Paul Fauconnet). 11ª ed.. São Paulo: Melhoramentos/MEC, 1978.
DURKHEIM, Émile; MAUSS, Marcel. "Algumas formas primitivas de classificação". In:
MAUSS, Marcel. Ensaios de Sociologia. São Paulo, Perspectiva, 1981.
EIZIRIK, Marisa Faerman. “(Re)pensando a representação de escola: um olhar
epistemológico”. In: TEVES, Nilda & RANGEL, Mary (orgs.). Representação Social e
Educação: Temas e enfoques contemporâneos de pesquisa. Campinas, SP: Papirus, 1999.
Capítulo 4.
ERIKSON, Erik H. Identidade: Juventude e Crise. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.
FERREIRA, Aurélio Buarque de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio
de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986.
15
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e Sociedade. SP: Editora Moraes, 1984. pp. 15-43
(Quadro Teórico).
GIDDENS, A. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Editora Unesp, 1991.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1994.
GOFFMAN, Ervin. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1983, pp.
25-53.
ILLICH, Ivan. Sociedade sem Escolas. 5ª edição. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes,1979.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1994.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências
educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 2000.
LITWIN, Edith (org.) Tecnologia Educacional. Política, Histórias e Propostas. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1997.
MANNHEIM, Karl. Ideologia e Utopia. 4ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986, pp. 29-
41 e 288-306.
MARCONDES Fº, Ciro. Televisão: a vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna, 1988.
MARCONI, Marina de Andrade & LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa:
planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração,
análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 1982.
MARQUES, Juracy C. “O jovem”. In: Compreensão do Comportamento. Porto Alegre:
Editora Globo, 1979, pp. 221-263.
MAUSS, Marcel. “As representações”. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo: EDUSP,
1974, vol. I, pp. 90-115.
MOSCOVICI, Serge. Sobre Representações Sociais. École des Hautes Etudes en Sciences
Sociales, Paris. Tradução: Clélia Maria Nascimento-Schulze. Núcleo de Psicologia Social.
Departamento de Psicologia. UFSC, 1985.
OLIVEIRA, Márcio de. “Representação social e simbolismo: os novos rumos da imaginação
na Sociologia Brasileira”. In: Revista de Ciências Humanas. Curitiba: Editora da UFPR, nº
7/8, 1999, pp.173-193.
PEDRA, José Alberto. Currículo, Conhecimento e suas Representações. Campinas, SP:
Papirus, 1997.
16
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. São Paulo: Atlas,
1985.
SÁ, Celso P. de. “As proposições básicas da teoria do Núcleo Central”. In: SÁ, Celso P. de.
Núcleo Central das Representações Sociais. Petrópolis: Vozes, 1996, pp. 62-87.
SILVA, Marco. Sala de Aula Interativa. A Era da Interatividade. Rio de Janeiro: Quartet,
2000.
SPINK, Mary Jane. “Desvendando as teorias implícitas: uma metodologia de análise das
Representações Sociais”. In: Guareschi, P. & Jovchelobvitch, S. (org.). Textos em
Representações Sociais. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.
TOMAZ, Lea Maria. “Os nativos da Ilha do Mel (Pr): uma identidade em questão”. In:
Cadernos de Ciências Sociais. Curitiba: Editora do IPARDES, 1996, pp. 13-37, volume 1, nº
2.
TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994, pp. 213-268; 371-
394.
UNESCO. Manual de Pesquisa Social nas Zonas Urbanas. São Paulo: Livraria Pioneira
Editora, 1978.
top related