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CANTANDO E CONTANDO A HISTÓRIA:
O USO DE MÚSICAS SOBRE A QUESTÃO DA TERRA NO BRASIL
MARIA INÊZ ANTONIO SKAVRONSKI1
RESUMO
Ao considerar a música uma forma de expressão artística com forte poder de
comunicação, uma linguagem de aproximação entre os jovens e o ensino, o presente artigo
propõe a sua utilização como alternativa metodológica, recurso didático e fonte documental
para o ensino da História. As reflexões acerca dos problemas do cotidiano educacional, em
destaque a crise na educação evidenciada principalmente na indisciplina dos alunos e nas
relações conflituosas entre alunos e entre alunos e professores permitem detectar as
dificuldades de se ensinar história a adolescentes que vivem num mundo que preconiza o
imediatismo. Assim, a música em sala de aula é um recurso metodológico que contribui para
que a visão tida por muitos alunos de que a história é uma disciplina extremamente teórica,
fora da realidade, seja desmistificada e que o passado não seja mais algo estranho, de não
pertencimento.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino, História, Indisciplina, Música, Terra.
1 Professora da Rede Estadual da Educação Básica do Estado do Paraná licenciada em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG com Especialização em Desenvolvimento e Integração da América Latina pela Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE (2008-2009), pela Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO de Guarapuava sob a Orientação do Prof. Dr. Oseias de Oliveira.
ABSTRACT
When considering music is a form of artistic expression with a strong power of
communication, a language of approximation between young people and education, this
article proposes to use an alternative methodology, a teaching and documentary source for the
teaching of history. Reflections on the problems of everyday education, highlights the crisis in
education primarily evident in the discipline of students and the conflicting relationships
between students and between students and teachers to detect the difficulties of teaching
history to young people who live in a world that advocates the immediacy . Thus, the music in
the classroom is a methodological tool which contributes to the view taken by many students
that history is a discipline very theoretical, unrealistic, is demystified and that the past is no
longer something alien, not belonging.
KEYWORDS: Education, History, Indiscipline, Music, Earth .
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CRISE NA EDUCAÇÃO: REPRODUÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA?
A relação entre ensino, indisciplina e violência é um tema bastante debatido
atualmente. É um assunto que permeia a sociedade e está sendo noticiado constantemente nos
meios de comunicação. Estamos assistindo uma crise que afeta todos os setores. A crise do
estado enquanto modelo político, a crise do trabalho, a crise familiar e até a crise existencial.
Essa crise geral que ocorre no mundo moderno e que envolve todas as áreas não exclui
a educação. Talvez na área educacional essa crise seja sentida com mais intensidade,
evidenciada na violência que está presente no âmbito escolar, seja pelo sistema educacional
considerado por muitas pessoas arcaico, pelo desgosto de alguns professores em lecionar, pela
indisciplina dos alunos ou ainda, pelos conflitos, muitas vezes refletidos na escola.
O relato de uma situação de violência presenciada no âmbito escolar pode auxiliar
nessa reflexão.
“Eram sete horas da manhã de uma quinta feira. Uma menina caminhava na rua
lentamente, pois já estava há quatro quadras de sua escola. De repente, ouviu gritos de
vários meninos que brigavam numa esquina próxima. Sem entender direito o que estava
acontecendo, resolveu chamar a inspetora de ensino de sua escola que aguardava a chegada
dos alunos no portão. Quando retornaram ao local da briga, o Diretor, a Inspetora de
Ensino e alguns Professores encontraram no chão, um menino inconsciente (desmaiado) e
todo machucado. Enquanto isso, um grupo de meninos corria em outra direção. Socorreram
a vítima conduzindo o menino machucado até o hospital mais próximo, enquanto os pais
eram comunicados.
Após o atendimento médico, os pais da vítima resolveram registrar ocorrência no
posto policial, mas ainda não entendiam porque o filho, que era um menino calmo, que
nunca havia participado de discussões e brigas tinha sofrido tanta agressão. Quando
puderam conversar com o filho começaram a conhecer os motivos que geraram tanta
violência.
Alguns dias antes, um colega do filho tinha sofrido ameaças e ofensas verbais por
parte do mesmo grupo de meninos que o agrediu. Essa situação tinha ocorrido no pátio
interno do colégio onde estudavam. Os meninos agressores reclamavam por domínio de
espaço no estabelecimento de ensino, na rua do bairro e também estavam envolvidos com
pequenos furtos e arruaças. Já tinham sido advertidos pelo Conselho Tutelar que
acompanhava o rendimento escolar do grupo e também o comportamento dos mesmos.
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Constantemente faltavam às aulas para beber e não aceitavam regras de boa convivência do
colégio, promovendo discussões e brigas e também depredando o patrimônio público.
O motivo alegado pelo grupo de meninos, que foram ouvidos pelo Conselho Tutelar,
foi: “não gostamos de meninos certinhos e estudiosos, nos sentimos excluídos por
professores, colegas e também pela sociedade, por isso unimos força para nos impor. E não
vemos outra alternativa de vida, a não ser usar dessa força para conseguir o que queremos.
Mas o que está oculto nas alegações desses jovens agressores? Quais os reais motivos
que levaram os meninos a agredir um aluno que sequer havia participado de brigas
anteriores com o grupo? Bastou apenas, o auxílio que o menino havia prestado a outro
colega que já tinha sido ameaçado e agredido pelos meninos no pátio do Colégio em um dia
anterior? A solidariedade prestada acabou sendo motivo de agressão.”
Este relato demonstra que por diversas vezes, a escola torna-se palco de conflitos entre
alunos ou então, entre alunos e professores. Não é raro existir, nas Delegacias de Polícia, nos
Conselhos Tutelares ou mesmo nos Fóruns de Justiça, registros de agressões físicas e ameaças
verbais feitas entre alunos ou então, de alunos contra professores, ou ainda, relatos de uso de
armas por alunos dentro de estabelecimentos de ensino.
Mas o que leva o ensino a viver essas situações? Será a escola palco de conflitos
reproduzidos pela sociedade violenta da qual fazemos parte? Será a educação reprodutora
dessa sociedade capitalista?
Atualmente os problemas educacionais ou da relação professor e aluno estão
fortemente estampados na mídia. Pesquisas revelam baixo índice de aprendizagem,
reportagens mostram a violência e a indisciplina nas escolas, destacam número excessivo de
professores amedrontados com situações e problemas que enfrentam diariamente nas salas de
aula. Em termos gerais, alegam que a ação escolar é uma espécie de reprodução da sociedade,
pois toda a problemática vivida fora dos muros escolares é reflexo nas salas de aulas, nos
pátios de colégios ou no relacionamento entre alunos e também entre alunos e professores.
Ao considerar a teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica, Bourdieu e
Passeron (1975), lembram que a característica fundamental da sociedade capitalista é a
estrutura de classes surgida da divisão social do trabalho baseada na apropriação desigual dos
meios de produção. E a educação da sociedade capitalista faz o papel de reprodutora dessa
estrutura social. O sistema educacional reproduz a ideologia da classe dominante que se
revela por costumes e pensamentos, contribuindo assim, no surgimento das desigualdades
sociais muitas vezes reveladas nos conflitos, na indisciplina, enfim, no relacionamento entre
os indivíduos que são elementos ativos da escola.
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Confirmando esse pensamento, Althusser, (s/d.:64 in: Saviani 1992, p. 33 e 34) diz
que:[...] a escola constitui o instrumento mais acabado de reprodução das relações de
produção de tipo capitalista. Para isso ela toma a si todas as crianças de todas as
classes sociais e lhes inculca durante anos a fio de audiência obrigatória “saberes
práticos” envolvidos na ideologia dominante.
Se considerarmos a teoria da educação como reprodutora da sociedade capitalista,
entendemos que toda e qualquer sociedade estrutura-se como um sistema de relações de força
material entre grupos ou classes. E sobre a força material ergue-se um sistema de relações de
força simbólica que tem o papel de reafirmar as relações de força material.
Assim, a violência material (dominação econômica) exercida pelas classes dominantes
sobre as classes dominadas corresponde à violência simbólica (dominação cultural) (Saviani,
1992, p. 30). E esta se manifesta de diversas formas: na formação da opinião pública pela
mídia, no discurso religioso, nas atividades artísticas, nas relações familiares e,
principalmente, na educação escolar. Então, a ação pedagógica pode ser entendida como uma
imposição da cultura das classes dominantes sobre as classes dominadas. E a sociedade
capitalista, conflituosa e violenta, é reproduzida na escola.
Então, como profissionais da educação, nos perguntamos: qual o papel do educador
frente a esses problemas? Como entender e amenizar situações externas que afetam o ensino?
Todas essas questões afligem especialistas e educadores que buscam soluções ou
entendimento dessa relação de atrito entre ensino e violência.
Segundo Aquino, (1998, p. 07)“a imagem entre nós já quase idílica, da escola como lócus de fomentação do
pensamento humano – por meio da recriação do legado cultural – parece ter sido
substituída, grande parte das vezes, pela visão difusa de um campo de pequenas
batalhas civis; pequenas mas visíveis o suficiente para causar uma espécie de mal
estar coletivo nos educadores brasileiros. Como se posicionar perante tal estado de
coisas?”
Se analisarmos a estrutura e o sistema ao qual foi enquadrado o ensino no Brasil,
iremos perceber que ao longo dos anos, o professor atuava como controlador e até repressor
de uma clientela que precisava ouvir calada, aceitar as informações sem contestar, demonstrar
obediência e ordem, resignada aos mandos da hierarquia escolar. Os efeitos de todas essas
ações nos levam a crer numa intrínseca ligação entre escola dominadora e alunos dominados.
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E atualmente, numa sociedade que prima pela liberdade e pela democracia, não trabalhamos
somente com alunos passivos e ouvintes. Nossa clientela é dinâmica e não aceita mais uma
sala de aula onde o professor seja considerado a única peça atuante no ensino. O aluno não é
mero expectador e sim elemento ativo e participante de todo esse processo. E quando é
reprimido constantemente por querer expressar sua opinião ou até por se exceder em
liberdade é classificado como indisciplinado.
É comum e constante no âmbito escolar, ouvir reclamações relacionadas à indisciplina
dos alunos. Professores citam um grande número de causas para esse comportamento
inaceitável e concordam que boa parte dele traz como consequências a evasão, a repetência e
o baixo rendimento escolar. No entanto, analisar as causas da indisciplina faz com que
diversos fatores sejam considerados. O pouco interesse dos alunos nas aulas tradicionais, o
fato das escolas ainda estarem engatinhando em inovações tecnológicas, o comodismo de
alguns professores que não buscam inovação ou aperfeiçoamento utilizando sempre métodos
de ensino que não mais atraem os alunos que vivem o imediatismo facilitado pela tecnologia.
Também é importante considerar que atualmente os jovens não demonstram ter muitas
perspectivas em relação ao futuro, pois assistem constantemente um mundo marcado pelo
desemprego, por conflitos, pela violência presente em todos os setores da sociedade, pela
desigualdade social e todos os problemas que estão representados nas questões familiares e
também educacionais.
É difícil enumerar todos os fatores que contribuem para gerar a indisciplina nas
escolas. Mas sendo ela uma das causas da dificuldade de aprendizagem, a indisciplina deve
ser um tema de debate entre os educadores de diversas áreas do conhecimento, com o objetivo
de amenizar problemas vividos na escola ou então de buscar soluções para essa problemática
no âmbito escolar.
Todas essas questões relacionadas à indisciplina contribuem para a permanência da
crise na educação vivenciada na maioria dos estabelecimentos de ensino. Fatores externos
acabam interferindo no relacionamento entre alunos e também entre alunos e professores,
influenciando assim, o ensino aprendizagem e a prática pedagógica.
Para analisarmos essa crise educacional, é importante salientar ainda, que outros
pontos são relevantes e que contribuem para essa realidade posta. A falta de vocação de
muitos professores que não gostam de estar em sala de aula, alegando que esse foi o emprego
possível, mas que realmente não era isso que desejavam. A baixa remuneração dos
profissionais de educação que está distante de corresponder com a importância da profissão.
O constante aperfeiçoamento exigido pela profissão que nem sempre é possível, a não ser
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quando ofertado pelo poder público. E, também, o conteúdo programático do currículo e a
metodologia empregada por boa parcela de professores que faz com que os alunos se
distanciem ou não demonstrem interesse pelas aulas.
A TECNOLOGIA EDUCACIONAL ALIADA AO ENSINO
Mesmo percebendo que a tecnologia educacional está inserida na educação há bastante
tempo, o cotidiano das escolas ainda não absorveu por completo a utilização desses recursos
tecnológicos, sutilmente infiltrados nas escolas.
À medida que presenciamos uma revolução em diversos setores que permitem ao
homem o aumento da produtividade, da capacidade de produção, de aumento na expectativa
de vida em vários países, de qualidade de vida e do desenvolvimento tecnológico incessante,
também sentimos consequências perversas e até inevitáveis no sistema econômico que
postulamos. Dentre elas temos a exclusão de boa parte da população de conquistas e
melhorias. Vivemos numa época em que a exclusão é crescente, seja ela no trabalho, na
convivência social e ao que nos interessa discutir no momento, na escolaridade e na qualidade
da educação.
Então como enfrentar em sala de aula essa realidade que seleciona, exclui e gera
divergências? Como conceber um ensino que seja significativo para essa clientela heterogênea
e que é constantemente influenciada por todas as mudanças e novidades tecnológicas?
A escola deixou de ser um local prazeroso para a maioria dos alunos e foi substituída
por lan houses e locais de jogos eletrônicos que muitas vezes, são mais agradáveis aos
jovens. Estamos vivendo uma revolução tecnológica que é sentida sutilmente no sistema
educacional, pois muitas escolas sequer têm laboratórios de informática e computadores
disponíveis aos alunos. E quando os tem, boa parte dos professores não utilizam esse espaço
e esses recursos tecnológicos por falta de conhecimento e domínio dessa tecnologia, ou
então, por comodismo, resistem a essa evolução.
É difícil então, atrair a atenção dos alunos nas aulas, principalmente de História, que
é tida por muitos como uma disciplina extremamente teórica e distante de sua realidade.
Ensinar e analisar o passado deixou de ser interessante para uma clientela de jovens que está
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inserida numa sociedade que vive o imediatismo e que contestam os motivos de conhecer
“aquilo que já passou” sem perceber a relação existente entre o passado e o presente.
Ao considerar essa afirmativa e com a pretensão de melhorar o aprendizado do corpo
discente, os professores de História se deparam com o desafio de aliar as tecnologias
educacionais ao processo educativo utilizando alternativas metodológicas e também recursos
didáticos que possibilitem um ensino significativo.
Todas essas questões nos levam a refletir, buscar possibilidades e caminhos na
educação. Sentimos a necessidade de renovação e de reflexão que nos conduzam para uma
mudança consciente na prática de ensino nas aulas de História. Pois assim, o aluno, tem a
oportunidade de desenvolver um olhar consciente de sua própria sociedade e sobre si mesmo
ao perceber que o conhecimento histórico é essencial para sua vida, como afirmam Jaime e
Carla B. Pinski (2005, p.19):
Queiram ou não, é impossível, negar a importância, sempre atual, do ensino de
história. Nas palavras do historiador Eric Hobsbawn: “Ser membro da comunidade
humana é situar-se com relação a seu passado”, passado este que “é uma dimensão
permanente da consciência humana, um componente inevitável das instituições,
valores e padrões da sociedade”. A História é referência. É preciso, portanto, que
seja bem ensinada.
É com esse pensamento de valorizar o conteúdo, de incentivar a investigação
histórica, de interpretar as variadas fontes, de utilizar alternativas metodológicas para o
ensino da história, que fazemos parte de um mesmo grupo de educadores inquietos e
incansáveis, que buscam nos desafios apresentados pela profissão de professor, ímpeto para
elaborar reflexões e buscar caminhos para melhorar a educação. E que além de ensinamentos
formais, possamos contribuir com a busca de possibilidades que permitam fazer da escola,
um ambiente mais acolhedor, prazeroso, que não exclua ninguém e que através de
alternativas metodológicas consiga aproximar os alunos respeitando a diversidade.
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O ENSINO DA HISTÓRIA E O USO DE LINGUAGENS ALTERNATIVAS
A escola recebe constantemente, alunos que formam uma clientela heterogênea. Essa
diversidade sentida em aspectos culturais e sociais exige do professor a capacidade de ser um
articulador e principalmente um agente que permita a convivência e o respeito dessas
diferenças. Fazemos parte de um mundo que agrega, mas que também exclui. E por isso,
também é impossível ao professor e à escola não conviver com alunos de realidades
diferentes. Enquanto alguns alunos de classes sociais mais abastadas têm contato diário com
recursos tecnológicos que permitem e até facilitam aprendizados, existem, no mesmo
convívio, alunos que têm acesso limitado a essa tecnologia, por razões financeiras ou até por
outras questões, como distanciamento dos centros urbanos.
Mas, independente de razões econômicas e sociais, com certeza, não temos mais
alunos resignados a aceitar somente a figura do professor que usa aulas expositivas e que
exige silêncio absoluto e submisso de sua clientela. Estamos lidando com jovens de gerações
que nasceram na era tecnológica e digital, mesmo que ela seja restrita a uma parcela deles.
Que vivem em um mundo sem censura, sem repressão. Jovens que sentem a necessidade e o
direito de opinar, discordar e se expressar livremente.
O grande desafio então, é modificar e adequar nossa prática de ensino às novas
exigências do mundo que se apresenta. Um mundo em que as carências estão afloradas e
marcadas no imediatismo, no descartável, na exclusão, no relacionamento muitas vezes
superficial e também conflituoso, na busca da sobrevivência, no trabalho necessário e muitas
vezes, considerado mais importante que o estudo, no comodismo e resignação perante os
problemas sociais e na falta de perspectiva de vida da grande maioria dos jovens que
compõem a classe estudantil. Precisamos tornar possível uma prática de ensino de história
adaptada aos novos tempos e alunos, mas que não deixe de lado o essencial: conteúdo e
responsabilidade.
A inserção das tecnologias educacionais nas escolas e principalmente nas aulas das
diversas áreas de ensino é prioridade. Necessitamos modificar ou adequar o currículo da
educação básica a fim de que ele se torne mais próximo da realidade dos nossos alunos para
tornarmos a escola um local de aprendizado mais agradável e estimulador para essa clientela
que talvez não tenha a mesma oportunidade de vida, de trabalho ou de profissão que outros
indivíduos de classes sociais mais privilegiadas têm. É claro que as oportunidades não se
apresentam iguais a todas as pessoas. Mas é função da educação pública, tentar ao menos,
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aproximar os alunos dessas oportunidades, oferecendo um mínimo de possibilidades de
acesso a um mundo tecnológico que não podemos permanecer alheios, pois estamos
inseridos numa realidade que não nos permite mais, viver sem essa tecnologia que se
modifica e evolui diariamente.
Mas aí, sejamos cuidadosos porque também de nada adianta tecnologia na escola se
não existir o real compromisso e competência do professor. Sobre essa situação, Leandro
Karnal (2005, p.09) conclama:
“Que seja dito e repetido à exaustão: uma aula pode ser extremamente
conservadora e ultrapassada contando com todos os mais modernos meios
audiovisuais. Uma aula pode ser muito dinâmica e inovadora usando giz,
professor e aluno. Em outras palavras, podemos utilizar meios novos, mas é a
própria concepção de História que deve ser repensada.”
Não podemos e nem devemos substituir a investigação histórica por informações
muitas vezes superficiais, encontradas em sites de pesquisa e busca. E muito menos,
podemos trocar análises de textos ou a utilização de livros por vídeos, documentários, filmes
ou outros recursos que tratam sobre conteúdos históricos. Esses recursos, hoje disponíveis e
até de acesso facilitado, devem ser usados nas aulas. Mas é necessário cautela, quando de sua
utilização. Não podemos permitir que esses recursos sejam banalizados e que sirvam apenas
como complemento informativo e sem teor de discussão histórica, Pois, segundo Pinski
(2005, p. 22), “confundir informação com conhecimento tem sido um dos grandes problemas
da educação”.
Há necessidade de todo professor trabalhar com conteúdos históricos especificados
em temas ou recortes, para que ocorra um compromisso com o passado. Compromisso esse
que deve considerar os fatos históricos e a partir deles, fazer interpretações, análises e
críticas. Mas utilizar diversas abordagens e metodologias e também variados recursos
didáticos para complementar as aulas de história, com certeza, faz essa disciplina mais
agradável e significativa para os alunos melhorando a prática de ensino de história nas
escolas.
Com esse pensamento consideramos a proposta das DCE/Pr2 (2008, p.49), que
destaca: “as imagens, livros, jornais, histórias em quadrinhos, fotografias, pinturas, gravuras,
2 Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná.
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museus, filmes, músicas são documentos que podem ser transformados em materiais
didáticos de grande valia na constituição do conhecimento histórico”.
A evolução da tecnologia permite o acesso a novos recursos didático-metodológicos
que favorecem a efervescência de idéias e técnicas utilizadas nas aulas de história. Segundo
SCHMIDT & CAINELLI (2004, p. 109)
A partir do final do século XIX e principalmente, no século XX, o
desenvolvimento e a expansão de novas linguagens culturais, como a fotografia, o
cinema, a televisão e a informática, trouxeram novos desafios ao historiador e ao
professor de história. Esses profissionais tiveram de, além de compreender a
natureza das novas linguagens e incorporá-las, perceberem-nas legitimadas como
fonte para o estudo e a reconstrução do passado.
A MÚSICA COMO ALTERNATIVA DE ENSINO DA HISTÓRIA
A música não pode estar fora do contexto das novas linguagens culturais, pois ela
deve ser tratada como uma importante fonte documental, como recurso didático e também
como alternativa metodológica que possibilita conhecer e entender o passado de diversos
setores da sociedade, principalmente aqueles que na maioria das vezes são menosprezados
nos conteúdos tradicionais da disciplina de história.
A música traz consigo representações sociais e pode provocar manifestos, fazer
declarações, criar polêmicas e descrever o cotidiano, registrando acontecimentos de uma
determinada realidade social. Também pode fazer com que os alunos reflitam sobre questões
sociais nas quais eles estão inseridos e consequentemente, compreendam melhor a realidade
vivenciada. Assim, as letras de músicas, segundo ABUD (2005, p. 312)
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São representações, não se constituem num discurso neutro, mas identificam o
modo como, em diferentes lugares e em diferentes tempos uma determinada
realidade social é pensada e construída. Serão também instrumentos para a
construção de representações sociais dos alunos, evidenciando por meio de
múltiplas configurações intelectuais como os diferentes grupos constroem,
contraditoriamente, a realidade social.
Sendo uma forma de expressão artística com forte poder de comunicação, a música,
usada como alternativa metodológica para o ensino de história, não propõe somente a análise
das letras e composições para conhecer a realidade histórica. Considera-se necessário que
além de interpretar, extrair informações, também é preciso analisar as figuras de linguagem
presentes na construção literária das letras, a simbologia e o apelo que a canção traz na sua
interpretação. Toda essa dimensão no uso da música em sala de aula faz com que o aluno
aproxime-se dos fatos históricos e realmente sinta-se sujeito da história.
A convivência com os mais diversos tipos de sons e ruídos produzidos pela natureza
ou pelo ser humano é algo inevitável. Estamos constantemente ouvindo algum som. E entre
eles, a música cantada ou tocada, é algo agradável e prazeroso. Esses sons que nos
acompanham, em destaque, as músicas, podem ser usados como fonte de aprendizado que
trazem interpretações de determinado período histórico ou comunidade, sob a visão dos
compositores e cantores.
A música, aliada ao ensino, pode auxiliar na assimilação do conhecimento. E segundo
FERREIRA (2006, p. 13), “com a música, é possível ainda despertar e desenvolver nos
alunos sensibilidades mais aguçadas, na observação de questões próprias à disciplina alvo.”
Assim, pretende-se através do uso da música em sala de aula, contribuir para despertar a
sensibilização e o senso crítico no aluno. Que ele seja um bom ouvinte musical. Que não se
deixe levar somente pela emoção, pelo ritmo ou pela sonoridade. Que seja um ouvinte
curioso, que capte os detalhes da música e que busque através dela, informações, reflexões e
consequentemente, conhecimento e aprendizado. Confirmando esse pensamento, diz
FERREIRA (2006, p.9): É evidente que a comunicação verbal é por excelência a primeira na escala
comunicativa humana; também não é menos verdadeiro que, quando tem a música
como aliada, ganha força, entre outros motivos, pelo suporte e penetração mais
intensa que adquire a transmissão de sua mensagem original. Muitas vezes é mais
eficaz perpetuar um pensamento transmitindo-o verbalmente pelo canto que pela
escrita no papel, no papiro, no pergaminho ou na pedra – a história da humanidade
prova isso.
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A concorrência com meios de comunicação eficazes e inovações tecnológicas, mais a
interferência direta da mídia que ao dispor de recursos áudio visuais oferece a essa clientela
uma enorme quantidade de informações através de imagens e sons, faz com que boa parte
dos alunos considere a metodologia tradicional usada nas escolas, cansativa e ultrapassada.
Quando analisamos a relação entre juventude e música, comprovamos que a eficácia
da idéia de aliar essa forma de comunicação artística aos conteúdos propostos para a
disciplina de história, como fator de motivação às aulas. As aulas de história tornam-se mais
atrativas e prazerosas e proporcionam aos alunos maior interação e consequentemente mais
qualidade na educação. Assim, o uso de músicas como alternativa metodológica contribui
para a melhoria do processo ensino-aprendizagem.
Nesse contexto, surgem novos suportes tecnológicos trazendo imagens e sons. Entre
eles, destacam-se os novos tocadores de música e vídeo em formato MP3, MP4, celulares e
demais recursos de áudio que estão presentes no cotidiano principalmente dos jovens, que
ouvem músicas o tempo todo. Assim, constatamos que a música é uma linguagem universal
que tem forte poder de comunicação e que deve ser aproveitada como um elemento auxiliar
da aprendizagem na sala de aula.
Através da música em sala de aula, a história passa a ser vista e tida como a disciplina
que busca interpretar e entender a realidade mostrando que todos nós fazemos parte dela. E
que, mesmo falando do passado, os alunos aprendem o conhecimento histórico no presente,
com alternativas metodológicas inovadoras que contribuem para o enriquecimento do ensino
da história e para a formação de uma consciência histórica.
Utilizando alternativas metodológicas para o ensino da história, o professor deve
buscar diversas abordagens e fontes históricas. Esses recursos diversificados como filmes,
documentários e também nesse contexto, a música, tornam-se fontes de pesquisa. Podem ser
usados como recurso material nas atividades didáticas e também em pesquisas e reflexões
históricas permitindo assim, a aproximação entre os alunos, mesmo entre aqueles que
demonstram resistências e até falta de contato entre grupos tão diversos e heterogêneos que
convivem no ambiente escolar. Essa proximidade que a música possibilita, pode ser uma
forte aliada para superar relações conflituosas que são presenciadas na escola.
Mas, alguns cuidados também devem ser considerados. Muitas vezes, o professor, ao
fazer uso da música como material didático, escolhe determinada composição musical,
geralmente pela letra, para discutir temas específicos. Não estabelece uma relação da letra
(composição) com o estilo e ritmo da música. Ou então, não analisa o sentimento e a
significação que a música gerou num contexto histórico. Não considera os apelos e
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reivindicações que a música traz e muito menos, busca conhecer a intenção do autor da
música quando de sua composição. Assim, o professor pode cometer o erro de perder a
dimensão da historicidade da fonte e apenas endossar aquilo que a letra já apresentava sem
formular questões e interrogações acerca de todos os elementos que constituem a fonte
utilizada. É oportuno então, lembrar que o papel da história e consequentemente do
professor/historiador, é investigar, dialogar e lançar perguntas sobre a sua fonte histórica
para assim, elaborar conhecimento e entendimento.
É importante notar, que a mesma música, interpretada em períodos históricos e ritmos
diferentes, pode modificar sua compreensão e em consequência a sua mensagem. Exemplos
assim, são percebidos quando versões musicais são gravadas com ritmos diferentes das
interpretações originais, ou então em regravações, que mesmo não sofrendo alterações de
estilo e ritmo, são usadas para representar realidades diferentes daquelas às quais a música
original, em outro período histórico, estava inserida. A música é a mesma, mas a
interpretação ou o seu entendimento é diferenciado pelo contexto histórico. Com esse
pensamento, Geni Rosa Duarte e Emílio Gonzalez (2007, p.53 e p.54) dizem:
Mesmo a letra, considerada importante na análise musical, deve ser
problematizada e confrontada com outros elementos que dão suporte à música.
Isso porque, ao priorizar exclusivamente a letra - em detrimento de outros -
melodia, ritmo, arranjo de voz, instrumentos -, ignora-se que a música envolve um
conjunto muito amplo de significações e experiências que, se muitas vezes não
podem ser exploradas em sua totalidade, também não podem ser simplesmente
ignoradas. Entre as várias dimensões que podem ser exploradas nesse diálogo,
podemos citar aqueles relacionados à autoria (quem compõe e grava/regrava e
grava), a circunstâncias da produção (contexto social/político) e veiculação
(interesses relacionados à gravação/divulgação musical) e à própria letra. E,
evidentemente, a historicidade da própria composição, gravação ou execução da
música.
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O ENSINO DE HISTÓRIA, A MÚSICA E A QUESTÃO DA TERRA NO BRASIL
Quando analisamos a crise educacional e sentimos os seus efeitos nas diversas
questões já debatidas, percebemos que a educação precisa enfrentar mudanças estruturais e
também pedagógicas.
Problemas como indisciplina nas escolas, dificuldades de ensino e de aprendizagem,
resultados pouco expressivos nas avaliações sistemáticas do ensino público, imediatismo
vivido por nossa clientela educacional, disparidades nas formas tradicionais de ensino e a
falta de perspectivas de uma grande maioria de jovens num futuro promissor, fazem de
nossos alunos, vítimas de um sistema que deseja e clama por transformação.
O pouco estímulo do professor que não recebe um salário condizente com a
importância de sua função, os problemas econômicos e sociais que são reproduzidos na
escola, o avanço tecnológico mais atrativo aos alunos em contraposição a um ensino
conservador e uma escola inerte e ainda fora desse contexto tecnológico, também
demonstram a necessidade de renovação iminente no ensino público.
Teorias acerca dessas problemáticas surgem constantemente. Mas a realidade
cotidiana das escolas públicas engloba muitos outros problemas. Resolvê-los por completo,
talvez seja utopia, mas tentar amenizá-los é tarefa de todos os elementos envolvidos na
educação. Uma das possibilidades que ora se apresenta, é tentar uma aproximação mais
direta com os alunos, através de linguagens alternativas de ensino.
Por ser uma linguagem universal e atrativa para a grande maioria das pessoas, a
música relacionada ao ensino de história é uma possibilidade de aproximação e até de
cumplicidade entre alunos e professores. O uso de diversos tipos de sons, ritmos e estilos
musicais utilizados nas aulas de história como fonte de pesquisa e recurso didático, traz
inovação, dinamismo, reflexão e gosto pelo aprendizado. Baseando-se nessas concepções, é
que foi implementado o projeto PDE Cantando e contando a história: o uso de músicas
sobre a questão da terra no Brasil. Através dessas idéias, o conteúdo curricular que discute
questões de distribuição, uso, posse e conflitos da terra pôde ser trabalhado com músicas
relacionadas a terra, até porque, a realidade de boa parcela dos alunos que foram o público
alvo desse trabalho é agrícola, marcada pela tentativa de manutenção de pequenas
propriedades e pelo sistema de faxinais. A relação de parte dos alunos com o uso e posse
dessas propriedades rurais, possibilitou debates e discussões acirradas em torno das questões
que envolvem o tema.
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Além de textos, fragmentos de filmes e diversas atividades propostas durante o
período do projeto, os alunos tiveram a oportunidade de analisar composições, ouvir músicas
selecionadas para as aulas, debater sobre questões que geram conflitos pela posse, uso e
distribuição da terra.
Também foi possível aos alunos, produzir trabalhos utilizando músicas e imagens
sobre o tema proposto. Todo esse processo permitiu aos alunos envolvidos, a pesquisa, a
coleta e sistematização de dados, o uso dos recursos tecnológicos que estão disponíveis no
âmbito escolar e principalmente uma aproximação maior com a História. Puderam perceber
que a História é significativa e que todos nós somos agentes de transformação. Através da
análise das composições musicais todos puderam perceber contextos históricos, intenções e
objetivos que os autores queriam alcançar, a quem gostariam de direcionar suas idéias, a que
público pretendiam atingir. Tiveram a oportunidade também de analisar a linguagem
metafórica usadas em algumas músicas, que muitas vezes foram censuradas em períodos de
governos ditatoriais.
Músicas como “Cara de Índio” (Djavan, 1992), “No Sangue da Terra Nada Guarani”
(Nelson C. de Castro, com interpretação de Dante Ramon Ledesma), “Fruto do Suor”
(Gustavo Berger e Antonio Osanah com interpretação de Dante Ramon Ledesma, 1987),
“Curumim Chama Cunhata que eu vou Contar” ou “Todo dia era dia de Índio” (Jorge Ben Jor
com interpretação de Baby do Brasil) remetem o ouvinte a analisar as situações étnico-raciais,
destacando a questão indígena. A intenção de trabalhar com essas composições foi
principalmente levantar polêmica em relação às disputas por terras indígenas desrespeitando
esta população e as leis que amparam os povos indígenas do Brasil.
Também analisando as questões relacionadas à luta pela terra dos afro-descendentes,
quilombolas que reivindicam o direito legítimo à terra de seus antepassados, selecionamos as
músicas “Retirantes”(Dorival Caymmi), “Terra Seca”(Ary Barroso, 1947), “Sorriso
Negro”(Dona Ivone Lara), “Negros”(Adriana Calcanhotto, 1992), “Preta”(Mariene de Castro
e E. J. Veloso com interpretação de Daniela Mercury, 2008) e “Vocês Conhecem
Zumbi?”(Alexandre Pires, 2004).
As músicas que trazem reflexões acerca da invasão dos colonizadores e da dominação
por eles exercida na América Portuguesa e Espanhola também suscitam discussões sobre
exploração e expulsão de povos das terras cobiçadas por esses conquistadores europeus.
Sendo músicas engajadas3, ou seja, que trazem um teor de reivindicação, de mobilização e até
3 Entende-se nesse contexto como sendo músicas ou canções de protesto, de cunho político, que reivindicam ou denunciam determinados sistema de governo ou situações políticas.
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de luta pela terra fazem com que os alunos percebam além da composição (letra) a melodia
que geralmente utiliza instrumentos de som produzidos e utilizados pelos povos andinos.
Assim, podemos sentir o quanto o som identifica um momento histórico. Dentre essas
músicas destacamos “América Latina” (Francisco Alves e Humberto Zanatta), “O Grito dos
Livres”(José Fernando Gonzalez, 1994), “Afro América”, e “Canção para uma Nova
América”, (Dante Ledesma,1987) sendo todas elas, interpretadas por Dante Ramon Ledesma.
Já as músicas que trazem como discussão as questões de conflitos atuais pela terra, às
vezes identificadas com movimentos que priorizam e defendem a instituição da reforma
agrária e a formação de assentamentos, destacamos “A Vitória do Trigo” (Dante Ramon
Ledesma), “Assentamento” (Chico Buarque, 1997), “Funeral de um Lavrador” (João Cabral
de Melo Neto e Chico Buarque), “Cio da Terra” (Milton Nascimento), “Levantados do Chão”
(Milton Nascimento e Chico Buarque, 1997), “Herdeiro da Pampa Pobre” (Gaúcho da
Fronteira, Venê Darte com interpretação de Engenheiros do Hawaii, 1991) , “Meu País” (Zezé
di Camargo e Luciano, 2004) e “Brejo da Cruz” ( Chico Buarque, 1997).
Todas essas músicas selecionadas foram ouvidas, analisadas e a partir de pesquisas
sobre os períodos históricos de que faziam parte, foi possível relacionar os objetivos da
composição e do momento da gravação com os fatos históricos que estavam ocorrendo. Isso
possibilitou a reflexão e o entendimento de algumas músicas se cristalizarem como
verdadeiros hinos de movimentos sociais, de manifestações e reivindicações. Além disso, os
alunos puderam compreender fatos históricos a partir da visão dos compositores em
contraponto aos textos sugeridos para leitura e interpretação.
Como a questão da terra é um problema secular no Brasil e ainda não resolvido, os
alunos, ao estudarem o contexto de distribuição, posse e uso da terra no Brasil desde a
colonização, tiveram a possibilidade de compreender como ocorreu o surgimento de
movimentos que ainda lutam pela direito a terra. A idéia mitificada de que o MST
(Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) é formado somente por grupos de camponeses
arruaceiros pôde ser desconstruída, apesar de que alguns alunos, moradores de pequenas
propriedades rurais não reconhecem a atuação do movimento como legítima. Não se
identificam com a luta pela terra, mesmo sofrendo pressão por parte de alguns latifundiários
que através da agricultura mecanizada, aos poucos, estão concentrando terras e forçando a
saída de pequenos agricultores do campo. Essa problemática da terra é identificada em nossa
história desde a chegada dos colonizadores e permaneceu inalterada pelos séculos seguintes.
Isso pode ser reafirmado nas palavras de Márcia Maria Menendes Motta (2001, p. 01):
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Nunca é demais refletir sobre o que herdaremos no século XXI. Sobre o universo ru-
ral, não há duvidas: nossa herança é espólio não partilhado, fruto de uma história
mais do que secular de um poder (às vezes sem limites) dos senhores e proprietá-
rios de terra e de grilagens realizadas diante dos olhares cúmplices dos representan-
tes da justiça. Não há como negar, ao não partilharmos o território, a nação brasileira
do novo milênio tem como herança uma concentração fundiária desumana. Um país
de dimensões continentais capaz de construir uma sociedade onde apenas 1% dos
proprietários rurais detém 44% das terras, enquanto 67% deles detêm apenas 6% das
terras. É difícil pensar na recriação da nação brasileira, sem levar em conta tão tris-
tes números.
Essa reflexão mostra que a luta pela terra no Brasil é inerente à nossa história. O que
recebemos como herança em relação à estrutura fundiária brasileira é a concentração de terras
que gera muitas disputas no campo.
Desde o início da colonização do território brasileiro a terra foi motivo de conflito e
violência. Os nativos que aqui viviam tiveram suas terras arrancadas pelas armas e pelo
extermínio. Tentaram defender a terra da qual e pela qual viviam, sobreviviam e respeitavam.
Mas a luta indígena diante da ganância do colonizador foi sufocada. A lei da espada, da cruz e
do ferro foi mais forte. Assim, o colonizador tomou posse desse território sem considerar os
povos nativos que, expulsos e empurrados do litoral, foram espremidos em terras menos
valiosas, do ponto de vista europeu.
Inicia-se aqui, uma questão até hoje não resolvida: a luta pela terra no Brasil devido à
apropriação desigual e a concentração de terras em mãos de poucos proprietários.
O processo de colonização levou a extinção de muitas sociedades indígenas que
viviam no território dominado e consolidou a posse da terra pelos colonizadores. Logo após,
os portugueses estabeleceram as instituições econômicas, sociais e políticas que moldariam a
questão agrária brasileira baseada em latifúndios monocultores com produção voltada ao
mercado externo, erigida num sistema de doações de terras a portugueses (capitanias
hereditárias e sesmarias) e no trabalho escravo de índios e africanos. Desde o início, a
propriedade da terra permaneceu privilégio de poucos. As sesmarias eram doadas pela Coroa
Portuguesa a pessoas “com posses”, que tivessem “escravos e gado” e que produzissem de
acordo com a política mercantilista. A terra que era um bem comum passou a ser um bem
individual.
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Os indígenas, os negros africanos e os mestiços que serviram de mão-de-obra
submissa e escrava não foram incluídos nos frutos da colonização. Era a “massa excluída” de
privilégios e de posses.
Nota-se então, que a apropriação desigual da terra e sua consequente concentração não
é um problema recente na nossa história. Somente alguns privilegiados passaram a estabelecer
o direito sobre a terra no Brasil, mesmo quando devolutas. A partir da Lei de Terras (1850)
ocorre a regulamentação da venda de terras consideradas devolutas no país. Essas terras não
pertenciam ao domínio público e nem ao privado, por isso eram consideradas desocupadas.
Entretanto, nelas viviam pessoas que delas retiravam seu sustento, como índios e
quilombolas, mas que, legalmente, não adquiriram essas terras, não tendo o direito de
propriedade definido. Essa lei visava beneficiar a imigração que chegava ao Brasil no período
cafeeiro, propondo financiamentos aos colonos para a aquisição de terras devolutas. Mas uma
vez, comprova-se a manutenção da exclusão e da concentração de terra nas mãos de poucos
proprietários.
Todo esse processo contribuiu para que a terra fosse sempre alvo de conflito e
dominação no Brasil. Aquela terra que até o final do século XV era coletiva e concebida pelo
nativo como fonte de seu sustento, sobrevivência e preservação, após a chegada do
colonizador, passou a ser, a terra encharcada pelo sangue dos conflitos surgidos pela sua
posse e domínio.
Esse processo de dominação da terra, desigual e muitas vezes violento, continua a
acontecer. É sempre veiculado pela mídia, e em boa parte das vezes, favorável aos
latifundiários. Sobre essa questão, aproveitamos as palavras de Ariel José Pires (2008, p. 270)
Entender as dimensões políticas da violência no campo é também acompanhar um
cotidiano político que, periodicamente, mostra aspectos da violência extremada no
meio rural brasileiro. Assim, a mídia apresenta cenas de truculência, que só
ocorreriam em situações de guerra civil. São cenas paradoxais numa nação que se
esforça por construir uma imagem de democracia e modernidade para si mesma e
para a comunidade internacional.
Essa violência institucionalizada e praticada principalmente pelo Estado reforça as
contradições da zona rural brasileira, existente há séculos e que continuam sendo vivenciadas
em movimentos sociais e rebeliões que demonstram as insatisfações e as injustiças marcadas
pelo monopólio da terra por uma minoria de proprietários em detrimento de uma enorme
quantidade de trabalhadores sem-terra.
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Os movimentos de luta pelo direito à terra, surgidos em diversos momentos históricos,
sempre se mobilizaram em torno das suas reivindicações. E atualmente, em busca de
legitimidade e reconhecimento, ocupam espaços nos noticiários fazendo com que essa questão
seja vista na sociedade brasileira como passível de discussão e necessária de resolução.
A desigualdade no direito a terra e os conflitos gerados por ela, são os temas centrais
dessa polêmica que pode ser exemplificada nas palavras de Herbert de Souza (Betinho) na
Carta da Terra (1994):“Um dia a vida surgiu na terra. A terra tinha com a vida um cordão umbilical. A
vida e a terra. A terra grande e a vida pequena. Inicial. A vida foi crescendo e a
terra ficando menor, não pequena. Cercada, a terra virou coisa de alguém, não de
todos, não comum. Virou a sorte de alguns e a desgraça de tantos. Na história foi
tema de revoltas, revoluções, transformações. A terra e a cerca. A terra e o grande
proprietário. A terra e o sem-terra. E a morte.” (Herbert de Souza. Carta da
Terra, out/1994)
Notícias veiculadas por emissoras de TV, reportagens e manchetes de jornais,
comprovam essa problemática identificada no campo.
HISTÓRIA, MÚSICA, TERRA E ENSINO: COMO FAZER?
As concepções acima referenciadas fundamentaram o trabalho que consistiu em
discutir e propor novas metodologias para o ensino de história, destacando aqui, o uso da
música em sala de aula como recurso didático e como fonte histórica. Ao considerar que tudo
é História e que as diversas fontes devem ser aproveitadas para a compreensão do
conhecimento histórico, foi possível demonstrar, aos professores e alunos, que as músicas
podem apresentar uma visão histórica, uma forma de interpretar e entender a realidade que o
compositor ou cantor vive. Através da análise da música, podemos ter revelado o cotidiano
de gerações e fazer comparações de sociedades de épocas e de locais diferentes.
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Assim, podemos considerar as músicas como registros históricos, evidências e fontes
que se transformam em recursos didáticos, à medida que trazem uma certa imagem do mundo.
Utilizando músicas sobre a questão da terra no Brasil, os alunos puderam perceber a visão do
compositor e cantor sobre essa temática podendo comparar com a atualidade. Tiveram a
oportunidade de se reportar ao período já citado e tentar compreender a realidade descrita nas
letras musicais e perceberam que as músicas são representações sociais que atestam o modo
de vida de pessoas em diferentes lugares e diferentes tempos.
O projeto Cantando e contando a história: o uso de músicas sobre a questão da terra
no Brasil foi também apresentado aos professores de história e disciplinas afins do Colégio
Estadual Barão de Capanema e demais Estabelecimentos de Ensino Estadual do Município
quando foram discutidas e sugeridas alternativas metodológicas para o ensino de história,
destacando o uso da música em sala de aula. Com os professores do Colégio, em reuniões,
foram apresentados textos e pesquisas que trazem subsídios para a discussão do tema:
alternativas metodológicas. Nesses encontros houve troca de experiências entre os professores
que puderam relatar a sua prática de ensino. Foi demonstrada aos professores a intenção de
tornar as aulas de história mais prazerosas utilizando novas metodologias aliadas às
tecnologias educacionais.
Em seguida, o projeto foi direcionado aos alunos de 3as. séries do Ensino Médio do
turno matutino, em que o conteúdo movimentos sociais: a luta pela terra e a organização de
movimentos pela conquista do direito a terra na América Latina – o caso Brasil é integrante
do currículo das aulas de história.
Primeiramente os alunos foram motivados a participar das atividades através de
observação e discussão de charges. Em seguida, assistiram fragmentos de filmes que mostram
as transformações sociais ocasionadas pela música e pelo conflito da terra na realidade das
personagens bem como perceberam a visão dos compositores sobre essa realidade. Após,
foram destacadas músicas sobre a questão da terra no Brasil. Essas músicas, utilizadas nas
aulas de história como fontes de pesquisa e de análise contribuíram para a construção do
conhecimento histórico propondo aos alunos a formação de conceitos espontâneos sobre uma
determinada realidade e a aproximação dos conceitos científicos. O uso da música como
metodologia alternativa permitiu a proximidade do passado com o presente, desvendando
processos pouco conhecidos e raramente levantados pela historiografia. Os alunos puderam
relacionar a problemática atual sobre a questão da terra identificada na maioria das vezes com
o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
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As músicas sobre a questão da terra no Brasil foram trabalhadas a partir da audição,
interpretação e análise das letras. Assim, os alunos tiveram como atividades relacionar o
contexto atual com a questão da terra em outros períodos históricos do Brasil e interpretar a
realidade através de composições de letras e músicas produzidas pelos próprios alunos. Essa
produção serviu como material didático, pois os alunos desenvolveram um CD-DVD
utilizando imagens coletadas por eles, à medida que a música é apresentada. Essas imagens
foram relacionadas com as questões colocadas nas músicas.
Ao trabalhar conteúdos históricos usando músicas, os alunos tiveram a possibilidade
de relacionar o passado com o presente, percebendo que as músicas são fontes de pesquisa e
que representam a visão dos compositores e cantores em uma determinada realidade histórica.
A análise de músicas auxilia a transmitir uma memória coletiva, desenvolve a capacidade de
julgamento fazendo com que os alunos comparem sociedades de épocas diferentes em locais
diferentes e formem uma consciência política.
A proposta final do trabalho foi a realização de um Festival de Música Popular no
Estabelecimento de Ensino. O Festival contou com a participação de todos os alunos,
professores e funcionários. Os interessados em participar do referido festival passaram por um
processo seletivo que teve regras pré-estabelecidas, entre as quais: interpretar somente
músicas nacionais, que destacassem questões sociais e que apresentassem cunho histórico. O
objetivo do festival foi ressaltar a importância da música popular e fazer com que os alunos
percebessem que as músicas podem ser utilizadas como fonte histórica e também como meio
de aproximação entre as pessoas, pois a música permite a liberdade de pensamento, expressão
e também de solidariedade.
Esse festival foi divulgado e todo o Colégio foi decorado com trechos de músicas de
intérpretes nacionais. Esse evento marcou o encerramento da implementação pedagógica na
escola e do projeto Cantando e contando a História: o uso de músicas sobre a questão da
terra no Brasil.
Mas a idéia de usar músicas para o aprendizado em sala de aula está lançada. E,
certamente, as aulas de história serão mais atrativas e prazerosas aos alunos, que usando a
música como linguagem alternativa e como fonte documental, podem perceber que esse
importante recurso didático contribui para a compreensão e construção do conhecimento
histórico, além de amenizar questões conflituosas no cotidiano escolar.
22
MÚSICA: ALIADA DA TRANSFORMAÇÃO
É fato que o mundo se transforma pelas ações humanas e que assume novos valores e
prioridades. Novos tempos possibilitam novas formas de relações entre as pessoas e muitas
vezes, o relacionamento entre os seres humanos deixa de lado o humanismo e passa a ser
medido pela mecanização. Com toda a evolução tecnológica que vivenciamos, também
constatamos mudanças que afetam as estruturas sociais. A busca incessante por bens
materiais, pela sobrevivência num mundo que exclui e classifica o tempo todo, torna as
pessoas mais competitivas e às vezes até, mais perversas.
Toda essa crise do mundo moderno afeta diretamente a educação e por isso, as pessoas
envolvidas neste processo sentem a necessidade de buscar alternativas metodológicas e
recursos didáticos para qualificar a prática docente.
Quando presenciamos situações de indisciplina e de violência no cotidiano escolar,
confirmamos essa urgência em realizar ações conjuntas para resolver, senão, amenizar esses
problemas que dificultam e até impedem uma prática de ensino que priorize uma educação
com a participação de todos, que contribua para a formação de cidadãos conscientes de seus
deveres e direitos, uma educação que realmente seja democrática.
Somos parte integrante de um sistema que exclui e que seleciona. Mas não podemos
esquecer que somos seres humanos que interagem entre si. Essa interação é necessária para a
sobrevivência da espécie, e se quisermos, ela pode ser a mais pacífica possível. Como nos
diferenciamos dos demais seres pela capacidade de raciocínio, de diálogo e de produção,
podemos buscar soluções para adaptação às mudanças que o mundo nos impõe.
A crise geral do mundo moderno é sentida principalmente na educação, pois a
violência e todos os problemas por ela gerados são refletidos no âmbito escolar atingindo
alunos e professores.
Nas escolas, convivemos com a diversidade. E essas diferenças culturais, sociais,
familiares e também comportamentais devem ser respeitadas, valorizadas, para que não sejam
motivos de conflitos. Por isso, os professores se deparam com a tarefa de aliar alternativas
metodológicas e o uso das tecnologias disponíveis nas escolas públicas para melhorar a
relação entre os alunos e consequentemente o ensino-aprendizagem.
Assim, a música quando usada nas aulas de história e também na escola, através de
festivais, é um elemento de aproximação entre os jovens e uma forte aliada para superar as
relações de violência tanto material (econômica) quanto simbólica (cultural) no cotidiano
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escolar. Agressões verbais e físicas, presenciadas nos estabelecimentos de ensino, como no
relato descrito no início desse artigo, podem ser evitadas quando há vontade, empenho e
mobilização para direcionar ações em prol da boa convivência entre alunos que fazem parte
de universos heterogêneos, mas que convivem no mesmo ambiente escolar.
A história aliada à música, às tecnologias educacionais e a eventos organizados nas
escolas, como o festival de músicas que marcou o encerramento da implementação desse
trabalho, auxiliam no rompimento de preconceitos, despertam talentos e, principalmente,
geram solidariedade entre os alunos que vivem numa sociedade que na maioria das vezes
impõem condições adversas aos jovens. Essas atitudes somadas à vontade dos professores de
possibilitar novos caminhos e alternativas metodológicas para a educação, podem transformar
uma situação social.
Assim, “a solidariedade prestada deixará de ser motivo de agressão”.
24
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