anÁlise da importÂncia e destinaÇÃo dos resÍduos...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO:
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES
SILVANA DE SOUZA DANTAS
ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA E DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA COMUNIDADE ESCOLAR
NO MUNICÍPIO DE QUEIMADAS – PB
CAMPINA GRANDE – PB 2014
SILVANA DE SOUZA DANTAS
ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA E DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA COMUNIDADE ESCOLAR
NO MUNICÍPIO DE QUEIMADAS – PB
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Fundamentos da Educação: Práticas Pedagógicas Interdisciplinares, da Universidade Estadual da Paraíba, em convênio com Secretaria de Estado da Educação da Paraíba, em cumprimento à exigência para obtenção do grau de especialista.
Orientadora: Profª MSc. Maria de Fátima Coutinho Sousa
CAMPINA GRANDE – PB
2014
AGRADECIMENTOS
Em especial:
À Deus, por ter dado força e sabedoria para que este trabalho pudesse
acontecer;
À professora e orientadora Fátima por toda sua atenção, colaboração e
empenho;
A minha mãe Lidinalva pela compreensão e apoio;
Enfim, a todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a
realização deste trabalho.
RESUMO
Um dos problemas que afetam a humanidade é a produção de lixo, e entre os
diversos impactos em relação ao meio ambiente está o desperdício e a produção
excessiva dos resíduos sólidos. Com a proibição dos lixões, todos os municípios
terão que conscientizar a população da importância de separar o lixo, além do
reaproveitamento e reciclagem, de forma que diminua a concentração de lixo nos
aterros sanitários. O presente trabalho teve como objetivo investigar o conhecimento
e comportamento dos que fazem parte da Escola Estadual de Ensino Médio
Francisco Ernesto do Rêgo, na cidade de Queimadas/PB, referente aos resíduos
sólidos, além de verificar o acondicionamento e o destino dos resíduos sólidos entre
os participantes da comunidade escolar e propor estratégias de sensibilização
viáveis para amenizar a problemática dos resíduos sólidos. O trabalho representou
uma abordagem descritivo-qualitativa e os dados foram coletados através de
entrevista, questionário misto e observação participante. A análise dos dados
ocorreu a partir da estatística descritiva. Através da pesquisa realizada constatou-se
a falta de preocupação dos entrevistados em conhecer a temática em questão, uma
vez que não utilizam de forma correta os coletores seletivos no ambiente escolar,
tampouco se preocupam com a destinação final do lixo produzido. Para o sucesso
de um programa de coleta seletiva, será necessário a mobilização da população,
através do ambiente escolar que vise a sensibilização e conscientização, além da
formação continuada dos professores, pois há uma dificuldade em trabalhar e
conhecer melhor esta temática para inseri-la nos seus currículos.Em virtude disso,
surge como importante instrumento de mudanças a Educação Ambiental, visando a
construção e reconstrução de conhecimentos voltados aos diversos segmentos da
sociedade.
PALAVRAS- CHAVE: Resíduos sólidos. Educação. Coleta seletiva.
RESUMEN
Uno de los problemas que enfrenta la humanidad es la producción de residuos, y
entre los diferentes impactos en relación con el medio ambiente es de residuos y la
producción excesiva de residuos sólidos. Con la prohibición de los vertederos, todos
los municipios tienen que crear conciencia sobre la importancia de separar los
residuos, la reutilización y el reciclaje, de manera que se reduzcan al mínimo la
concentración de los residuos en los vertederos. El presente estudio tuvo como
objetivo investigar el conocimiento y el comportamiento de esa parte del Colegio
Estadual Francisco Ernesto do Rêgo, la ciudad de Queimadas/PB, además de
comprobar el envasado y la eliminación de residuos sólidos entre los participantes
de la comunidad escolar y estrategias proponer para aumentar la conciencia viable
para aliviar el problema de los residuos sólidos. La obra representa un enfoque
cualitativo descriptivo y los datos fueron recolectados por entrevistas, cuestionarios
mezclados y observación participante. El análisis de datos se produjo a partir de la
estadística descriptiva. A través de la encuesta se encuentra la falta de
preocupación de los encuestados para entender el tema en cuestión, ya que no
utiliza correctamente los colectores selectivos en el ámbito escolar, ni preocuparse
por la eliminación de los residuos producidos. Para el éxito de un programa de
recolección selectiva exigirá la movilización de la población, a través del ambiente
escolar centradas en la sensibilización, además de la formación permanente de los
docentes, ya que es difícil de trabajar y aprender más sobre este tema para
insertarlo en sus planes de estudio. Como resultado, emerge como un importante
instrumento de cambio de Educación Ambiental, para la construcción y
reconstrucción del conocimiento dirigido a diferentes segmentos de la sociedad.
PALABRAS-CLAVES: Residuos sólidos. Educación. Recolección selectiva.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Cores básicas dos coletores de lixo, destacando os materiais
recicláveis e os não recicláveis ................................................
FIGURA 2: Representação esquemática de um lixão ..................................
FIGURA 3: Representação esquemática de um aterro sanitário .................
FIGURA 4: Localização, limites e acesso rodoviário do município de
Queimadas/PB, com imagem da E.E.E.M. Francisco Ernesto
do Rêgo, o “Ernestão” .............................................................
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01: Opinião dos estudantes referente ao lixo ...................................
GRÁFICO 02: Na falta dos coletores, formas de eliminar o lixo, na visão dos
estudantes .................................................................................
GRÁFICO 03: Análise dos alunos sobre a utilização da lixeira em sala de
aula ............................................................................................
GRÁFICO 04: Avaliação dos estudantes sobre os principais problemas
causados pelo lixo .....................................................................
GRÁFICO 05: Opinião de alunos/professores na finalidade e uso dos
coletores seletivos .....................................................................
GRÁFICO 06: Resposta dos alunos referente à diferença entre lixão/aterro
sanitário .....................................................................................
GRÁFICO 07: Conhecimento dos entrevistados a respeito da PNRS ..............
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LISTA DE FOTOS
FOTO 1: Entrada principal da E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo ..................
FOTO 2: Entrada lateral da E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo .....................
FOTO 3: Coletores Seletivos na E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo ..............
FOTO 4: Lixo eletrônico encontrado no âmbito escolar ......................................
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .....................................................................
2.1 Resíduos Sólidos ......................................................................................
2.1.1 Periculosidade de um Resíduo ................................................................
2.1.2 Coleta Seletiva .........................................................................................
2.1.3 Destinação Final dos Resíduos Sólidos ...................................................
2.2 Educação Ambiental .................................................................................
2.2.1 Origem ......................................................................................................
2.2.2 Legislação ................................................................................................
2.2.3 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental ................
3 METODOLOGIA ............................................................................................
3.1 Caracterização do Município e da Área de Estudo ................................
3.2 Instrumentos de Coleta e Análise dos Dados ........................................
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................
4.1 Conhecimento e Comportamento Referente aos Resíduos Sólidos ....
4.2 Verificação do Acondicionamento e Destinação dos Resíduos
Sólidos ........................................................................................................
4.3 Estratégias para Instigar a Educação Ambiental e de Sensibilização
para a Problemática dos Resíduos Sólidos ............................................
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................
REFERÊNCIAS .............................................................................................
APÊNDICES ..................................................................................................
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APÊNDICE A – Informações fornecidas aos participantes da pesquisa .........
APÊNDICE B – Termo assinado pelo entrevistado para a pesquisa .................
APÊNDICE C – Formulário: entrevista direcionada aos.professores ................
APÊNDICE D – Formulário: entrevista direcionada aos.alunos .........................
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1 INTRODUÇÃO
Um dos problemas que afetam atualmente a humanidade é a crescente
produção de lixo, e entre os diversos impactos ocasionados pela percepção
inadequada em relação ao meio ambiente está o desperdício e a produção
excessiva dos resíduos sólidos.
O crescimento populacional e industrial tem acarretado ameaças, tais
como: destruição da camada de ozônio, efeito estufa, chuva ácida, desmatamento,
animais e plantas em extinção, falta de saneamento básico, entre outros. Pode-se
aferir que a vida sobre a Terra se encontra ameaçada, consequência da visão
antropocêntrica do ser humano, na qual a percepção de que o ser humano é
superior aos demais elementos do meio ambiente, vem afetando sobremaneira a
qualidade de vida da população (SILVA, 2001).
Silva (1995) afirma que nesta sociedade de consumo o desperdício é uma
constante, porque muitos não entendem a ligação dos produtos consumidos com a
natureza.
Uma das alternativas para amenizar a problemática dos resíduos sólidos
corresponde a implantação da coleta seletiva, porém esta deve ter como base o
trabalho de Educação Ambiental, e que deve iniciar nas escolas para depois atingir
os demais segmentos da sociedade (SILVA, 1995).
Na compreensão de Capra (1996) há soluções para os principais
problemas ambientais do nosso tempo. Algumas até tão simples, mas requerem
mudanças radicais nas percepções, valores e pensamentos de cada cidadão. A
escola, por ser difusora de conhecimentos e formadora de opiniões, deve abordar e
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orientar os alunos para as mudanças na separação do lixo doméstico, meios simples
e práticos para enfrentar o problema do lixo através do desenvolvimento de
atividades que propiciem reflexão, participação, propagação das informações e,
acima de tudo, comprometimento pessoal e mudança de atitudes em prol de um
meio ambiente saudável.
Um dos argumentos importantes neste trabalho é conscientizar a
população do risco de não saber tratar o lixo de forma consciente e sustentável,
acarretando, desta forma, problemas à sociedade e ao meio ambiente.
O presente trabalho teve como objetivo investigar o conhecimento e
comportamento dos que fazem parte da Escola Estadual de Ensino Médio Francisco
Ernesto do Rêgo, na cidade de Queimadas/PB, referente aos resíduos sólidos e
instigar a Educação Ambiental de modo consciente e coerente, além de verificar o
acondicionamento e o destino dos resíduos sólidos entre os participantes da
comunidade escolar (funcionários, educadores e educandos) e propor estratégias de
sensibilização viáveis para amenizar a problemática dos resíduos sólidos.
Tem como aporte teórico os saberes de Silva (1995), Capra (1996),
Aurino (2003), Boff (2001), Genuino (2000), Vanzin (2006) e outros que
enriqueceram ainda mais o estudo.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS
Os seres vivos em geral produzem e eliminam algum tipo de resíduo, em
função do processo vital e de todas as suas atividades metabólicas. Como não há
órgão, máquina ou aparelho tão perfeito que aproveite toda a matéria e energia
consumida, as sobras e os rejeitos acabam por ser eliminados no meio ambiente
(SILVA, 2000).
A geração de lixo cresce dia após dia nas cidades, as quais estão cada
vez mais populosas e urbanizadas. Para Vanzin (2006), no século XXI, o
crescimento acentuado da população e das atividades industriais tem como causa
uma demanda cada vez maior de energia e, consequentemente, o aumento do
descarte de resíduos sólidos, que podem gerar problemas ambientais.
São grandes os desafios econômico-sociais e as inquietações da
sociedade moderna frente aos diagnósticos ambientais e seus efeitos
desencadeantes na saúde das populações.
Braga et al (2007) considera como principais componentes da crise
ambiental a população, os recursos naturais e a poluição; o nível de qualidade de
vida no planeta depende do equilíbrio entre estes três elementos. Assim, o aumento
da população implica em aumento do consumo, no entanto, o nível de consumo é
bem mais crescente a cada ano que passa. O crescimento contínuo populacional,
em conjunto com a crescente economia mundial e consumismo exagerado é
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incompatível com um ambiente finito, em que os recursos e a capacidade de
absorção e de reciclagem de resíduos são limitados.
Boff (2001) afirma que o atual modelo de produção e consumo mostra-se
predador da natureza e explorador de trabalhadores, não conseguindo desse modo,
garantir a sustentabilidade dos sistemas vivos. A ineficiência na gestão dos resíduos
sólidos tem causado problemas de ordem social. Enquanto a população segue para
casa no retorno do trabalho, o catador de lixo vive quase que exclusivamente da
coleta, triagem e reciclagem do lixo não orgânico. Eles entram em ação catando
papel, latas de alumínio, garrafas pet, copos e pratos de PVC, além de vidros e
metais em geral, recolhendo quase sempre no começo da manhã e no final do dia.
Atualmente, nas grandes metrópoles, os catadores estão se
profissionalizando cada vez mais e se firmam como nova classe social e profissional.
Firmados em cooperativas que prestam serviços à comunidade em geral, as
empresas procuram aliar práticas ecologicamente corretas com trabalho social e
buscam nestas cooperativas parcerias para coleta de material reciclável. O que
antes considerado lixo, hoje é amplamente disputado como insumo para produtos
recicláveis, que vão desde as tradicionais latas a camisetas confeccionadas com
material vindo do PET (SALLES, 2011). A grande dificuldade é a falta de incentivos
e de veículos para fazer o trabalho. Um possível problema que poderá ocorrer,
futuramente, serão as empresas entregarem os resíduos para outras empresas,
deixando de lado a responsabilidade social da reciclagem de lixo, fazendo com que
as cooperativas de catadores de lixo percam espaço.
No âmbito econômico, é preciso conscientizar os consumidores de seu
papel na preservação ambiental, levando as empresas a se comprometerem com
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políticas socioambientais realmente eficazes e que atendam as novas exigências
governamentais, propostas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Para enfrentar a situação, temos que fazer a nossa parte, na qual os
administradores e população devem começar a discutir objetivamente o problema,
conscientes de suas responsabilidades e de que o bom funcionamento do serviço de
limpeza urbana é imprescindível para começarmos a atingir os objetivos propostos
por qualquer programa de saneamento.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que entrou em vigor no
dia 2 de agosto de 2010, diferencia rejeitos de resíduos. A partir do que sobra de
determinado produto (embalagem, casca) ou processo (uso do produto) é que o
resíduo sólido é gerado, mas ele pode ser consertado, servir para outra finalidade
(reutilização) ou até ser reciclado.
Art. 3° (...) XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d‟água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (BRASIL, 2010)
Já o rejeito é um tipo específico de resíduo sólido - quando todas as
possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem já tiverem sido esgotadas e não
houver solução final para o item ou parte dele, trata-se de um rejeito, e as únicas
destinações plausíveis são encaminhá-lo para um aterro sanitário licenciado
ambientalmente ou incineração (BRASIL, 2010).
De acordo com Lima e Chenna (2000, p.13) “resíduos não representam,
propriamente, um produto final, mas, sim, um estágio, entre a matéria ou energia
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consumida e o destino final”. Resíduo é conhecido como um lixo passível de
reutilização, reciclagem, compostagem, recuperação ou reaproveitamento; ao qual
deve ser dada uma destinação final ambientalmente adequada.
2.1.1 Periculosidade de um Resíduo
O resíduo sólido urbano doméstico, hoje, é constituído por uma massa
heterogênea de resíduos, dos quais faz parte uma gama de produtos de risco,
muitos deles tóxicos, além de outros materiais. As características apresentadas por
um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-
contagiosas, podem apresentar risco à saúde pública, provocando mortalidade,
incidência de doenças ou acentuando seus índices; riscos ao meio ambiente,
quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada (ABNT, 2004). No Brasil, os
resíduos são classificados quanto à periculosidade, segundo a Norma Técnica NBR
10.004, da seguinte maneira: Resíduos Classe I (Perigosos): Apresentam risco à
saúde pública ou ao ambiente, caracterizando-se por terem uma ou mais das
seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e
patogenicidade; Resíduos Classe II (Não-inertes): Podem ter propriedades como
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, porém não se enquadram
como resíduo I ou III; Resíduos Classe III (Inertes): Não têm nenhum dos seus
constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de águas.(NBR 10.004, grifo nosso)
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Sabe-se que existem componentes com características de periculosidade
no resíduo sólido urbano, mesmo de origem residencial, comercial e/ou escolar (ex:
pilhas, baterias, sobras de alimentos, lixo de banheiro, embalagens de papel, metais,
vidros, plásticos, isopor, eletrônicos, eletrodomésticos, fraldas, tintas, medicamentos
vencidos, entre outros). No entanto, uma preocupação crescente, quanto à
modificação da composição dos resíduos sólidos está relacionada com a opção por
tratamento e/ou disposição final compatível com o meio ambiente. Formas,
tratamentos ou disposição final destes seriam a compostagem, reciclagem ou aterro
sanitário, mas temos que considerar que muitos resíduos são
eliminados/descartados sem que se leve em conta suas propriedades químicas e
físicas.
2.1.2 Coleta Seletiva
Coleta seletiva é o recolhimento de materiais recicláveis (papel, plástico,
metal e vidro) que não devem ser misturados ao lixo comum das residências,
estabelecimentos públicos ou local de trabalho. Trata-se de um cuidado dado ao
resíduo que começa com a separação dos materiais em orgânicos e inorgânicos, e,
em seguida, com a disposição correta para o reaproveitamento e reciclagem. A
separação no lixo evita a contaminação dos materiais reaproveitáveis, aumentando
o valor agregado destes e diminuindo os custos de reciclagem. Para iniciar um
processo de coleta seletiva é preciso avaliar, quantitativamente e qualitativamente, o
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perfil dos resíduos sólidos gerados em determinado município ou localidade, a fim
de estruturar melhor o processo de coleta.
A coleta de resíduos sólidos e sua correta disposição é considerada como
integrante do saneamento básico e sua falta ou deficiência pode ser causadora de
doenças e mortes.
O fato de não ser possível consumir o material até sua total destruição
implica na geração de resíduos em todas as atividades dos seres humanos,
resíduos indesejáveis a quem os eliminou, mas que podem ser reincorporados ao
meio para ser reutilizados e/ou reciclados.
De forma a sensibilizar as pessoas para a questão do correto tratamento
que os resíduos sólidos produzidos no dia-a-dia devem receber, a coleta seletiva
também funciona como um processo de educação ambiental, na medida em que
conscientiza as pessoas sobre os problemas do desperdício de recursos naturais e
da poluição causada pelo lixo. Para iniciar uma coleta seletiva, é necessário a
conscientização de todos diante da problemática, buscando soluções para a mesma.
Na próxima etapa, é necessário simbolizar e disponibilizar coletores específicos para
cada tipo de material em lugar comum a todos e de fácil acesso.
Na última fase é necessário ter um transporte de recolhimento dos
materiais selecionados e que posteriormente deverão ser encaminhados para as
usinas de reciclagem.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram
que dentre as 5.565 cidades brasileiras, 32,3% delas têm coleta seletiva. A
conclusão que está na pesquisa Perfil dos Municípios Brasileiros 2011, revela um
avanço no gerenciamento dos resíduos sólidos, onde a região Sul se destaca com o
maior percentual de municípios com programas de coleta seletiva de lixo em
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andamento: 55,8%. Já o Nordeste brasileiro é uma das regiões onde há a maior
porcentagem de municípios sem programa de coleta seletiva de lixo: 62,3%. Isso
mostra que um dos maiores problemas ainda se refere aos aterros sanitários. Os
lixões não atendem as normas de controle e estão proibidos no país desde o dia 02
de agosto de 2014.
Segundo o IBGE, a pesquisa também identifica que em 30,7% cidades os
gestores dizem ter conhecimento sobre a existência de cooperativas ou de
associações de catadores de materiais recicláveis. Porém, em apenas 14,8% das
cidades há, de fato, parceria formal entre prefeitura e os catadores para a coleta
seletiva (IBGE, 2011).
Os principais benefícios da implantação da coleta seletiva são ambientais,
com o aumento da vida útil dos aterros sanitários, a partir da diminuição de resíduos
que deixarão de ir para estes locais; aumentando, assim, o ciclo de vida das
matérias-primas de cada resíduo coletado e reaproveitado. Já o benefício social
gera trabalho e renda aos catadores de materiais recicláveis, resgatando a cidadania
destes por meio de sua organização em cooperativas e associações.
O benefício educacional da implantação da coleta seletiva tende a
estimular a mudança de hábitos e valores no que diz respeito à proteção ambiental,
conservando a vida e o desenvolvimento sustentável, formando novos cidadãos
responsáveis e sensibilizados com a degradação ambiental acelerada. Desta forma,
a tendência será reduzir gastos com aterramento dos resíduos e diminuir gastos
com a limpeza pública. Na Figura 1 a seguir, são mostradas as cores básicas, as
quais são encontradas em todos os locais de coleta seletiva de lixo, destacando os
materiais que podem ser recicláveis ou não recicláveis.
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FIGURA 1: Cores básicas dos coletores de lixo, destacando os materiais
recicláveis e os não recicláveis
Extraído de: http://www.ecodesenvolvimento.org/
A implantação de coletores seletivos de resíduos no ambiente escolar,
geralmente no pátio do prédio, não deixa de ser uma forma de educar para o
convívio social e conscientizar da importância de separar esses materiais para a
reciclagem, onde cada pessoa possa fazer a sua parte, em casa, na rua, no trabalho
e na escola. No âmbito escolar há a necessidade de ter um coletor específico para a
matéria orgânica, uma vez que os alunos produzem também uma grande quantidade
de restos de alimentos gerados no intervalo escolar. Esse coletor simbolicamente é
representado pela cor marrom, mas basicamente as empresas comercializam as
quatro cores destacadas na ilustração acima.
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2.1.3 Destinação Final dos Resíduos Sólidos
Nos países desenvolvidos, uma pessoa produz, em média, cerca de 2,5
kg de lixo por dia. Com o crescimento demográfico das cidades, em breve não
haverá mais tanta área para depositar lixo. Enterrá-lo não é a solução, pois pode
haver contaminação de reservatórios de água subterrânea utilizados pela própria
população produtora de lixo. Queimá-lo contribui para agravar ainda mais a poluição
atmosférica, além de representar um desperdício de recursos, tendo em vista que
grande parte do material descartado poderia ser reaproveitada (AMABIS, MARTHO,
2013).
Segundo a Lei 12.305, os governos municipais devem elaborar o Plano
de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS) e entre as determinações está a
extinção dos lixões, implantação da coleta seletiva, compostagem dos resíduos e
destinar somente os rejeitos para os aterros sanitários.
De acordo com Silva (2000, p. 13)
O gerenciamento da limpeza urbana não é uma tarefa simples e não dada a improvisos técnicos e administrativos. Em geral, depende de aspectos técnicos, administrativos, jurídicos, econômicos, sociais e políticos envolvidos, obrigando a profissionalização dos funcionários responsáveis pelo serviço, em qualquer nível. (SILVA, 2000, p. 13).
Assim, o desafio da limpeza urbana municipal não consiste apenas em
manter ruas, praças eavenidas limpas, mas também, em coletar e destinar
adequadamente o lixo urbano, cujo volume de produção, cresce mais que a
população (SILVA, 2000; PINTO, PEREIRA,FREITAS, 2010).
Segundo a pesquisa do IPEA (2012), são coletadas 183,5 mil toneladas
de resíduos sólidos por dia no Brasil, em 90% do total de domicílios, o que
representa 98% das moradias urbanas, mas apenas 33% das rurais. A matéria
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orgânica representa 51,4% do lixo diário, e apenas 31,9% é composto de material
reciclável (alumínio, plásticos, papel, aço, metais e vidro). Destes, mais de 30% têm
potencial de reciclagem, mas apenas 3% dos resíduos urbanos são efetivamente
reciclados. Consolidar programas de coleta seletiva de grandes cidades em
municípios menores é uma solução viável para chegar um número reduzido à
destinação final.
Boa parte do lixo produzido no Brasil ainda é lançado em lixões, mesmo
sendo atualmente proibido no país. Geralmente fica distante da cidade, uma vez que
o cheiro fétido é intenso na área. Um lixão é um ambiente de disposição final de
resíduos sólidos sem nenhuma preparação anterior do solo. Ausência de sistema de
tratamento de efluentes líquidos, o conhecido chorume (líquido escuro, ácido e de
alta Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO). Este penetra pela terra levando
substâncias contaminantes para o solo e para o lençol freático. Moscas, aves e ratos
convivem com o lixo ao ar livre, e pior ainda, crianças, adolescentes e adultos catam
comida e materiais recicláveis para vender. Na Figura 2 temos um esquema do lixão,
onde o lixo fica exposto sem nenhum procedimento que evite as consequências
ambientais e sociais negativas.
FIGURA 2: Representação esquemática de um lixão
FONTE: http://www.lixo.com.br/content/view/144/251/
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Para Ziegler (2010), o Brasil está caminhando para adotar o modelo
americano de tratamento de lixo. Nos Estados Unidos o conceito é construir grandes
aterros sanitários afastados das cidades. Lá, embora haja reciclagem, ela não é
suficiente, principalmente porque se produz muito lixo, devido ao alto consumo num
país economicamente capitalista. Baseado na construção de aterros, o modelo
americano se distingue do gerenciamento na destinação dos resíduos europeu, que
preza pelo conceito de aterro zero e foco na reciclagem. Enquanto os brasileiros
ainda tentam se conscientizar em jogar o lixo no lixo e a aprender a fazer o uso da
coleta seletiva, com a formação das unidades de triagem discutindo as verbas e
projetos destinados à construção de aterros, os europeus já possuem seus aterros,
mas cada vez menos.
Ziegler (2010) também afirma que, na Europa, países como Alemanha,
Dinamarca e Holanda - os mais desenvolvidos neste assunto - proibiram o
aterramento de lixos orgânicos. Desde 2005, na Alemanha, foi estabelecida por lei a
obrigação de coleta separada. Os resíduos urbanos biodegradáveis têm de ser
recolhidos e compostos separadamente. Madeiras não podem ser depositadas em
aterro e as embalagens são recolhidas. A lei europeia ainda destaca, para todos os
países do continente, a necessidade de redução de resíduos, com metas e prazos.
O relatório da Comissão Europeia afirma que, dentre os estados-membros da União
Europeia (UE), a Alemanha é o campeão em reciclagem de resíduos sólidos.
Corroborando com Birkenstock (2012), muitos ambientalistas não concordam com os
elogios da Comissão Europeia sobre a política alemã de tratamento de resíduos,
pois 38% dos resíduos sólidos urbanos totais são incinerados para a deposição de
cinzas no aterro sanitário e queimar uma quantidade tão grande de lixo não é
positivo, como também não segue a ordem da consciência ambiental, apoiada pela
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ciência, que é reduzir, reusar, reciclar, e no final, o descarte. Além da Alemanha,
entre os países mais eficientes no tratamento de lixo no continente estão Bélgica,
Holanda, Áustria, Suécia e Suíça.
Um dos requisitos para o cumprimento da Lei 12.305/2010 é a escolha de
áreas favoráveis para a destinação adequada de resíduos sólidos. Essa escolha
deve seguir uma série de critérios para ser aprovada. O alto grau de urbanização
das cidades, associado a uma ocupação intensiva do solo, restringe a
disponibilidade de áreas próximas aos locais de geração de lixo e com as dimensões
requeridas para se implantar um aterro sanitário que atenda às necessidades dos
municípios (CETESB, 2013).
Oaterro sanitário, defendida pela PNRS, tem o nivelamento de terra e
com o selamento da base a partir da argila e das mantas de PVC,antes de iniciar a
disposição do lixo. Desta forma, com essa impermeabilização do solo, o lençol
freático não será contaminado pelo chorume. Este é coletado através de drenos de
PEAD (Tubos de Polietileno), encaminhados para o poço de acumulação onde deve
ser tratado antes de ser descartado no curso de um rio ou em uma lagoa. O
tratamento pode ser feito no próprio local ou o chorume coletado pode ser
transportado para um local apropriado (geralmente uma Estação de Tratamento de
Efluentes - ETE). A operação do aterro sanitário prevê a cobertura diária do lixo, não
ocorrendo a proliferação de vetores, mau cheiro e poluição visual. Além disso, o
sistema de captação e drenagem de águas de chuva seria criado, visando escorrer a
água por locais apropriados para evitar a infiltração que gera o chorume. No Brasil,
usa-se normalmente uma camada de argila.
A decomposição dos resíduos faz com que se formem gases que
possibilitem a coleta do biogás, que é constituído por metano, gás carbônico e água
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(vapor), entre outros. Estes gases podem ser queimados na atmosfera ou
aproveitados para geração de energia. Segundo Nascimento (2009), no caso de
países em desenvolvimento, como o Brasil, a utilização do biogás pode ter como
recompensa financeira a compensação por créditos de carbono do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo, conforme previsto no Protocolo de Quioto. Com a
compactação de lixo no aterro é possível a produção de gás, podendo assim
diminuir a exploração de combustíveis fósseis, sendo já utilizada essa prática em
Portugal.
Na Figura 3 abaixo, temos um esquema do aterro sanitário que deve
contar com unidades de apoio, como acessos internos que permitam a interligação
entre os diversos pontos do aterro, portaria para controlar a entrada e saída de
pessoas e caminhões de lixo, além do isolamento da área para manutenção da
ordem e do bom andamento das obras.
FIGURA 3: Representação esquemática de um aterro sanitário
FONTE: http://www.lixo.com.br/content/view/144/251/
25
2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
2.2.1 Origem
A Educação Ambiental, enquanto prática educativa, integra um conjunto
de relações sociais que se constitui em torno da preocupação com o meio ambiente.
No Brasil, o processo histórico de articulação das políticas nacionais e internacionais
relativas ao meio ambiente e à educação aumentaram a sua esfera de influência,
bem como da inter-relação entre movimentos sociais e ambientais que se
mundializaram (LOUREIRO, 2008).
Em 1953, o ornitólogo americano Eugene P. Odum , com a colaboração
de seu irmão Howard, lançou o livro "Fundaments of Ecology" (Fundamentos da
Ecologia, grifo nosso) que, daí em diante, sofreu sucessivas atualizações e
reedições, tornando-se referência obrigatória para quem quer se aprofundar nas
questões ambientais. A segunda parte do livro tinha um sugestivo título: "A natureza
dos homens". Para Odum (1986), a ecologia "possui um enorme potencial para uma
aplicação nos assuntos humanos, uma vez que as situações no mundo real quase
sempre incluem um componente de ciência natural e um componente sócio-político-
econômico."
Corroborando com a Coordenação de Educação Ambiental (1998), no
agitado ano de 1968, mais uma vez na Inglaterra, foi criado o Conselho para
Educação Ambiental, reunindo mais de cinquenta organizações voltadas para temas
de educação e meio ambiente. Mas a maior novidade do ano neste setor foi a forma
26
pela qual a educação ambiental passou a ser encarada: a UNESCO realizou um
estudo sobre o meio ambiente e a escola, junto a setenta e nove de seus países-
membros. Por este estudo, ficou claro que a Educação Ambiental não deveria
constituir-se em uma disciplina específica no currículo das escolas, tendo em vista
sua complexidade e interdisciplinaridade.
Por sua especificidade histórica, pela diversidade de agentes sociais e de
documentos e leis que foram produzidos, a Educação Ambiental adquire no Brasil
características peculiares e um grau de estruturação que torna o país um destacado
protagonista no cenário internacional.
O debate ambiental se instaurou no país em 1973, no âmbito do Estado,
muito mais por força de pressões internacionais do que por movimentos sociais de
cunho ambiental consolidados. Até a promulgação da Constituição Federal de1988,
a política ambiental brasileira foi gerida sem a participação popular na definição de
suas diretrizes e estratégias, à luz da Lei Federal n° 6.938, de 31/08/81, que instituiu
a Política Nacional do Meio Ambiente. Após a regulamentação da Lei que define a
PNEA, em 2002, e a posse da atual gestão federal, a Educação Ambiental assume
uma dinâmica intensa em termos político-institucionais e de projetos de formação de
amplos setores sociais. Passa a ocorrer uma efetiva atuação conjunta entre MMA e
MEC por meio do Órgão Gestor, a politização dos debates, processo no qual o
IBAMA tem importante contribuição, e a consolidação de espaços interinstitucionais,
tendo por referência, entre outros, o Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, documento aprovado no
Fórum Global, durante a Rio/92 (LOUREIRO, 2008).
Ainda de acordo com Loureiro (2008), o Programa Nacional de Educação
Ambiental (ProNEA), lançado em 1994 e reorganizado em 2004, sinaliza claramente
27
para um novo patamar de compreensão do processo educativo. Articula as
mudanças de percepção e cognição no aprendizado às mudanças sociais e explicita
o reconhecimento de que a intenção básica da educação não está apenas em gerar
novos comportamentos ou trabalhar no campo das ideias e valores. Propõe
compreender as especificidades dos grupos sociais, o modo como produzem seus
meios de vida, como criam condutas e se situam na sociedade, para que se
estabeleçam processos coletivos pautados no diálogo, na problematização do
mundo e na ação. Com isso, passa-se a ter, por pressuposto, que é a transformação
das condições materiais e simbólicas que expressa a concretude do ato educativo
na superação das formas alienadas de existência e das dicotomias entre sociedade-
natureza.
Na exposição dos princípios norteadores do ProNEA, alguns se
destacam: vinculação entre ética, estética, educação, trabalho e práticas sociais;
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte
e o saber; compromisso com a cidadania ambiental ativa; transversalidade
construída a partir de uma perspectiva interdisciplinar; entre outros igualmente
importantes, que apontam para a vinculação da Educação Ambiental à construção
da cidadania.
2.2.2 Legislação
O sucesso da implantação de um Plano Nacional de Resíduos Sólidos,
fundamental instrumento de política pública nesta área temática, exige novos
28
conhecimentos, olhares e posturas de toda a sociedade. Para que soluções venham
a conciliar os objetivos de desenvolvimento socioeconômico, preservação e
conscientização da qualidade ambiental, torna-se necessário um processo de
organização e democratização das informações, de modo a fazerem sentido e
mobilizarem o interesse, a participação e o apoio dos vários públicos (PLANO,
2011).
A aprovação da Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 e do seu
regulamento, o Decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002, estabelecendo a Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA), trouxe grande esperança, especialmente
para os educadores, ambientalistas e professores, pois há muito já se fazia
educação ambiental, independente de haver ou não uma lei regulamentada.
Art. 1º - Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art. 2º - A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Art. 3º - Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental incumbindo: I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem. (BRASIL, 2002)
Percebe-se na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a
necessidade de especial atenção aos conceitos ligados à Política dos 3 R‟s. O
conceito dos 3 R‟s é de muita necessidade para podermos entender a questão dos
Resíduos Sólidos e ao sucesso do PNRS e demais planos, projetos e ações
29
decorrentes, principalmente àqueles ligados à minimização da quantidade de
resíduos a serem dispostos e à viabilização de soluções ambientais, econômicas e
sociais adequadas. Corroborando com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos
(2011), a disseminação de uma Política de Minimizaçãode Resíduos e de
valorização dos 3 R‟s, é um conceito presente no Art.19 Inciso X da PNRS que
coloca a importância de, nesta ordem de prioridades, de :
1. Reduzir a Geração de Resíduos- em consonância com a percepção de que resíduos e, principalmente, resíduos em excesso significam ineficiência de processo, caso típico da atual sociedade de consumo. Este conceito envolve não só mudanças comportamentais, mas também novos posicionamentos do setor empresarial como o investimento em projetos de ecodesign e ecoeficiencia, entre outros. 2.Reutilizar– aumentando a vida útil dos materiais e produtos e o combate à obsolescência programada, entre outras ações de médio e grande alcance. É importante ampliar a relevância do conceito, muitas vezes confundido e limitado à implantação de pequenas ações de reutilização de materiais que resultam em objetos ou produtos de baixo valor agregado, descartáveis e /ou sem real valor econômico ou ambiental. Estas práticas têm sido comumente disseminadas como solução para o sério problema de excesso de geração e disposição inadequada de resíduos e compõem muitas vezes, em escolas e comunidades, grande parte do que é considerado como educação ambiental. 3.Reciclar – valorizando a segregação dos materiais e o encaminhamento adequado dos resíduos secos e úmidos, apoiando desta forma, os projetos de coleta seletiva e a diminuição da quantidade de resíduos a serem dispostos em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
2.2.3 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental
Para que as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
sejam obedecidas e as metas alcançadas, são necessárias metodologias de
sensibilização e mobilização capazes de influenciar os vários segmentos da
30
sociedade, inclusive os profissionais da área de educação e a população como um
todo.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica em todas as
suas etapas e modalidades reconhecem a relevância e a obrigatoriedade da
Educação Ambiental, incluindo os direitos ambientais e define que a educação para
a cidadania compreende a dimensão política do cuidado com o meio ambiente local,
regional e global.
No tocante às políticas públicas e iniciativas do Ministério da Educação
voltadas à Educação Ambiental, cite-se: os Parâmetros Curriculares Nacionais,
elaborados em 1997, que incluem, entre as dimensões transversais, o meio
ambiente; os Parâmetros em Ação-Meio Ambiente na Escola, dentre outros. Os
sistemas de ensino devem promover as condições para que as instituições
educacionais constituam-se em espaços educadores sustentáveis, com o intuito de
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, educar para a sustentabilidade socioambiental de suas comunidades,
integrando currículos, gestão e edificações em relação equilibrada com o meio
ambiente, tornando-se referência para a população local.(BRASIL, 2012)
O compromisso da instituição educacional, o papel socioeducativo,
ambiental, artístico e cultural que compõem as ações educativas, a organização e a
gestão curricular são componentes integrantes dos projetos institucionais e
pedagógicos da Educação Básica e da Educação Superior. (BRASIL, 2012)
31
3 METODOLOGIA
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO E DA ÁREA DE ESTUDO
O trabalho foi realizado na cidade de Queimadas/PB, localizada na
Microrregião de Campina Grande e na Mesorregião do Agreste Paraibano. A sede
do município tem uma altitude aproximada de 450 metros, distando 117,2 Km da
capital. O acesso é feito, a partir de João Pessoa, pelas rodovias BR 230/BR 104. O
município faz limite ao norte, com a cidade de Campina Grande, principal cidade do
interior paraibano, ao sul, com Barra de Santana, ao leste, com Gado Bravo e
Fagundes, e a oeste, com Caturité. Sua população, em 2010 era de 41.049
habitantes, com uma população residente rural, de 18.813 pessoas e população
residente urbana, de 22.236 pessoas, sendo, assim uma população total estimada
para 2013, em 42.586 habitantes distribuídos em 409 km2 de área. Segundo dados
do IBGE, censo 2010, são registrados 4.232 domicílios particulares permanentes
com banheiro ligados à Rede Geral de Esgoto, 8.728 domicílios particulares
permanentes com abastecimento ligado à Rede Geral de Água, e 8.299 domicílios
particulares permanentes têm lixo coletado (MASCARENHAS, 2005).
A cidade conta com duas escolas públicas estaduais: a Escola Estadual
de Ensino Fundamental e Médio Tereza Alves de Moura, localizada no bairro do
Ligeiro, com capacidade para 800 alunos e tendo sete salas de aula (ESTADO DA
PARAÍBA, 2013); e a Escola Estadual de Ensino Médio Francisco Ernesto do Rêgo,
localizada no centro da cidade que mantém um anexo, conhecido por Dinâmico, que
32
está no mesmo bairro, mas em ruas distintas. No anexo está o ensino fundamental,
formado aproximadamente por 630 alunos. Com estes dados, Queimadas é a 12ª
cidade do estado em número de habitantes, a 39ª cidade em área territorial e o 10º
maior colégio eleitoral da Paraíba, totalizando, em 2010, 30.006 eleitores
cadastrados (Dados: IBGE, CENSO 2010).
Queimadas, inicialmente chamada Tataguassu, palavra indígena que
significa grande fogo, certamente refere-se ao fogo posto na mata por Pascásio de
Oliveira Ledo (dono da terra), por volta de 1712 (LOPES, 2006). Contudo, foi no
século XIX, que a localidade ganhou seu nome definitivo. Pessoas de áreas
próximas ateavam fogo na mata com o intuito de utilizar a terra com a pecuária e a
agricultura. Essa prática tornou-se comum e geralmente diziam “vamos para as
queimadas”, consolidando o nome atual da cidade.
O município dispõe de um grande potencial econômico, evidenciado pelo
seu polo comercial que atende as várias cidades circunvizinhas da região, pelas
atividades agrícolas e atividades pecuárias. Queimadas também dispõe de
indústrias e é sede de um promissor parque industrial.
A pesquisa foi desenvolvida na Escola Estadual de Ensino Médio
Francisco Ernesto do Rêgo, mais conhecida popularmente por “Ernestão”, no qual
está inscrita com a UTB de nº 1311400 na Secretaria de Estado da Educação, tendo
como número no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP): 250.789.92.
Está situada na Avenida Severino Bezerra Cabral S/N, Centro, município de
Queimadas, Paraíba. A escola possui a seguinte qualificação legal: Reconhecimento
– Decreto de Criação: 9.568 de 13 de agosto de 1982; e autorização para
funcionamento: Resolução nº 38/77 de 01 de junho de 1977. Esta unidade de ensino
foi selecionada para a pesquisa em decorrência de sua localização e do significativo
33
número de educadores e de educandos, uma vez que a pesquisa não inclui o anexo
Dinâmico, por possuir um alunado de nível escolar diferente (ensino fundamental) e
de estar situado em um endereço diferente da escola pesquisada. Esta escola
possui, totalizando os três turnos oferecidos, aproximadamente, 100 professores, 30
funcionários de diversas funções e 2.410 alunos, número considerado alto para os
padrões de um estabelecimento estadual de ensino médio. Com 23 salas de aula,
está situada às margens da BR-104 (Figura 4).
FIGURA 4: Localização, limites e acesso rodoviário do município de Queimadas/PB, com
imagem da E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo, o “Ernestão”
FONTE: Henriques, 2012, adaptada pela pesquisadora.
3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Segundo Cruz Neto (1996), em pesquisa qualitativa, o campo de estudo
se apresenta como possibilidade de nos aproximarmos do nosso objeto, conhecê-lo
34
e estudá-lo, a partir de sua realidade. Ainda, segundo este autor, “o campo torna-se
um palco de manifestações de intersubjetividade e interações entre pesquisador e
grupo estudado, propiciando a criação de novos conhecimentos”. Todos os trabalhos
que envolvem a temática ambiental enquadram-se no tipo de pesquisa qualitativa,
típico exemplo de pesquisa social, pois é neste tipo de pesquisa que os indivíduos
ou comunidade envolvidos no processo têm a possibilidade de identificar os próprios
problemas ambientais e buscar soluções para os mesmos (ROSA, 2003).
Tratou-se de uma abordagem descritivo-qualitativa, demonstrando que o
estudo exige um adequado relacionamento e, também uma abordagem pessoal
empática entre o pesquisador e o pesquisado, por isso se optou pela entrevista
individual como instrumento para coleta de dados. Assim, trabalhou-se com dados,
resultantes da coleta junto aos professores, alunos e funcionários, e dados
provenientes dos estudos acerca das falas emitidas.
Para a realização desta pesquisa foi solicitado por escrito o Termo
assinado pelo entrevistado para a pesquisa, como também as devidas Informações
fornecidas aos participantes da pesquisa (Apêndices A e B).
A entrevista permite, neste caso, uma melhor apreensão do material a ser
analisado e subsidia, de forma rica, a compreensão do objeto de estudo. Para tanto,
precisa escolher qual a maneira mais efetiva que, através do diálogo com o
entrevistado para que ele possa expressar, de forma espontânea a visão que tem
sobre o assunto estudado. Nesta investigação, optou-se pelo questionário misto
(Apêndices C e D), norteado por um roteiro com questões abertas e fechadas (com
alternativas), elaboradas, previamente, uma vez que a intenção é oportunizar a
expressão livre, mas orientada, dos entrevistados e, assim, através do que foi dito
por Lüdke e André (1996), que este tipo de questionário desenvolve-se a partir de
35
um esquema básico, porém aplicado sem tanta rigidez, permitindo que o
pesquisador faça as necessárias adaptações.
Minayo (1993), considera que “o número de sujeitos é suficiente ao
permitir uma certa reincidência das informações, porém não despreza informações
ímpares cujo potencial explicativo tem que ser levado em conta”. Assim, participaram
do estudo professores, estudantes e funcionários, ou seja, cerca de 10% de cada
grupo alvo, número considerado suficiente por apresentar elementos que permitam
visualizar o alcance dos objetivos propostos.
Os questionários, as entrevistas e a observação da área de estudo foram
realizados nos meses de junho a agosto de 2014. Em dias irregulares, as entrevistas
foram realizadas sempre em local reservado e que permitisse seu desenvolvimento
sem interrupções. Além da observação direta objetivando identificar as formas de
acondicionamento e o destino dado aos resíduos.
Para a análise dos dados, utilizar-se-á a estatística descritiva a partir da
distribuição de porcentagens, em forma de gráficos. Ao término da investigação, os
resultados serão comunicados ao estabelecimento envolvido, sendo preservada a
identidade dos sujeitos. A coleta de dados como propõe o estudo, possibilita a
obtenção de conhecimento científico relevante e não serão utilizados para outros
fins.
Corroborando com Dantas (2004), após a elaboração, validação e
aplicação dos questionários e das visitas à Escola Estadual de Ensino Médio
Francisco Ernesto do Rêgo, pode-se detalhar os seguintes resultados quantitativos e
qualitativos que possibilitarão o processamento de uma leitura detalhada com todas
as observações que se fizerem necessárias para sua análise e discussão em
segundo momento.
36
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CONHECIMENTO E COMPORTAMENTO REFERENTE AOS RESÍDUOS
SÓLIDOS
Com o aumento da produção de resíduos, observa-se a necessidade de
conhecer e tratar os resíduos adequadamente. A informação é uma forma de
contribuir para a conscientização e participação do morador que terá o papel de
separar os materiais que podem ser reciclados. Entretanto, a população nem
sempre está disposta a participar, o que explica o fracasso de inúmeros programas
de coleta seletiva.
Os alunos atendidos pela E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo são
oriundos de famílias das classes populares com as mais diversas ocupações:
agricultores, trabalhadores rurais, operários da indústria, servidores públicos,
trabalhadores do comércio informal e outras. A maioria dispõe de pouca instrução de
forma que esses alunos convivem em ambiente pouco letrado – o que constitui um
grande desafio para a escola. Ressalta-se, também que a maioria das famílias dos
alunos é beneficiária do Bolsa Família.
Em comunidades pequenas ou na maioria dos municípios brasileiros,
pessoas desprovidas de uma boa conscientização ambiental descartam o lixo de
qualquer forma e em qualquer lugar, sem um procedimento sistemático de coleta,
tampouco, sem possibilidade de reaproveitamento. Entretanto, crescendo a
comunidade, cresce a quantidade de lixo gerado e, consequentemente a
necessidade de implantação de um serviço organizado de limpeza, coleta e
37
transporte e de destinação final dos resíduos sólidos (PINTO, PEREIRA, FREITAS,
2010).
É aprendido desde cedo que o lixo que produzimos diariamente deve ser
jogado fora, que é sujo e fonte de problemas, então, desejamos livrar-nos dele o
mais rapidamente possível (SOLARES, 2001). No entanto, o lixo apenas é
considerado lixo quando é eliminado em ambiente inadequado e sem tratamento
prévio, mas quando este é acondicionado, gerenciado e tratado, o que antes era um
problema, passa a ser fonte de matéria-prima.
Em referência ao significado da palavra lixo, a maioria dos educadores,
no questionário, relataram que “deve ser despejado no lugar certo, porém, não
esquecendo que há o reaproveitamento e a coleta seletiva”. Já outros afirmaram que
“são materiais de potencial, que podem ser reciclados”. Um número reduzido, 15%,
declarou que “são materiais que não têm mais utilidade, tendo que ser descartado”.
Dentre esta porcentagem, incluem-se professores da área de ciências da natureza,
fato que desperta uma preocupação, pois os mesmos que são considerados
formadores de opinião mantém uma ideia não tão aceita nos dias atuais, e é de se
entender que muitos dos resíduos que vão para o lixo podem passar por processos
que conhecemos na Política de Minimização de Resíduos e de valorização dos 3 R‟s
(reduzir, reutilizar e reciclar), que é um conceito presente no Art.19 Inciso X da
PNRS.
Para os estudantes, a maioria, ou seja, 55,7% concordam que o lixo
significa um problema que deve ser eliminado, esquecendo que muitos dos resíduos
que vão para o lixo podem passar por alternativas de tratamento, reciclagem e
reutilização, necessitando, estes jovens, de uma conscientização sobre o papel do
cidadão sustentável no mundo atual. Já os 15,7% dos entrevistados entendem que o
38
lixo é algo que não presta, mas que ainda pode ser reutilizado ou reciclado. 8,4%
acham que o lixo significa um problema apenas para o meio ambiente. Dentre uma
minoria de 5,2% e 2,1% acreditam que o lixo remete a doença e a sujeira,
respectivamente. Podemos observar os dados no Gráfico 01.
GRÁFICO 01: Opinião dos estudantes referente ao lixo
Dentre os educadores e educandos foi pesquisada a questão da
destinação local dos resíduos e, de acordo com os educadores, todos responderam
que guardam em uma sacola ou bolsa até chegar à lixeira ou à sua casa porque
“não se deve jogar lixo em local inadequado, isto é inaceitável”. Outros disseram:
“faço isso porque foi a educação que meus pais me deram, e a minha graduação
fortificou ainda mais este pensamento”. Atitudes assim são plausíveis dentro do
âmbito escolar, pois muitos alunos se espelham e observam o comportamento dos
seus mestres, e com a observação pode ocorrer uma conscientização crescente na
mente de um estudante.
Os alunos responderam que na falta de um coletor por perto, 76%
preferem guardar o lixo em uma sacola, mochila ou mesmo no próprio bolso da
roupa. A maioria alega que não quer transformar o ambiente escolar num lixão a céu
55,7%15,7%
8,4%
5,2%
2,1% 12,6%
O lixo, para você, o que significa?
Usa-se e joga-se fora
Algo que não presta, mas que ainda pode ser reutilizado ou recicladoUm problema para o meio ambiente
Doença
Sujeira
Não sabe ou não respondeu
39
aberto, ou que é questão de educação. Uma boa parte disse também que prefere
procurar uma lixeira mais próxima possível porque é ciente da importância de não
jogar no chão, proporcionando, assim, um ambiente escolar mais agradável a todos.
Os que jogam no chão por motivos desconhecidos ou de preguiça em procurar
coletores próximos, motivos alegados pelos mesmos, formaram um percentual de
16% dos estudantes entrevistados. Estes dados podem ser verificados através do
Gráfico 02.
GRÁFICO 02: Na falta dos coletores, formas de eliminar o lixo, na visão dos estudantes
Também foi perguntado aos alunos se, na sala de aula a lixeira é utilizada
de forma correta, e os números no Gráfico 03 confirmam que, para ter uma
educação básica é fundamental ter bom senso em saber eliminar o lixo de forma
adequada, principalmente dentro do local que exige respeito e higiene que é a sala
de aula.
GRÁFICO 03: Análise dos alunos sobre a utilização da lixeira em sala de aula
76%
16%8%
Mesmo não tendo lixeira por perto, como você faz para eliminar dentro da escola o seu lixo?
Guardo em uma sacola, mochila ou bolsoJogo no chãoNão sabe ou não respondeu
27,2%
54,5%
18,1%
Na sua sala de aula, a lixeira é utilizada de forma correta?
Sim
Não
Não sei
40
O lixo que o ser humano produz e joga no planeta todos os dias é um
risco muito sério à saúde de todos os seres vivos e do planeta em si. Dentre os
principais problemas, podemos destacar: doenças; acidentes aéreos, pois com a
aglomeração de aves, tais como os urubus, há o risco iminente de ocorrer choques
entre as aves e a aeronave; chorume que é um líquido que o lixo acumulado produz
quando vai se decompondo, sendo dez vezes mais poluente que o esgoto, podendo
alcançar os lençóis freáticos; além da poluição do ar e inundações. No Gráfico 04,
os estudantes foram questionados sobre os perigos que o lixo pode causar à
sociedade e ao meio ambiente, sendo lembrados de problemas próximos ao seu
cotidiano, como a aparição de insetos e doenças (53,5%), além da poluição do ar,
visual e ambiental (42,8%).
GRÁFICO 04: Avaliação dos estudantes sobre os principais problemas causados pelo lixo
4.2 VERIFICAÇÃO DO ACONDICIONAMENTO E DESTINAÇÃO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS
Na visitação à E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo logo na entrada,
avistamos próximo ao portão principal, dois grandes tambores de aproximadamente
200 litros, que armazenam de forma conjunta todo o lixo. O caminhão de
42,8%
53,5%
3,5%
Quais são os principais problemas que o lixo pode acarretar à sociedade e ao meio ambiente?
Aparição de insetos e doenças
Poluição
Não sabe ou não respondeu
41
responsabilidade da Prefeitura Municipal de Queimadas que recolhe o lixo escolar,
geralmente passa pelas manhãs, em três dias semanais (segunda, quarta e sexta-
feira). Já no portão lateral uma lixeira de tamanho reduzido, com lixo espalhado no
local próximo, pode ser confundido com o matagal que toma conta do entorno do
colégio, como podemos ver nas Fotos 1 e 2 abaixo.
FOTO 1: Entrada Principal da E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo
FONTE: Silvana Dantas, 2014 FOTO 2: Entrada Lateral da E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo
FONTE: Silvana Dantas, 2014
Na parte interna da escola estão cinco grupos de coletores seletivos pelos
corredores, mas seria necessário identificar cada lixeira com o respectivo nome do
resíduo a ser colocado, pois muitos alunos ainda não conseguem diferenciar através
das cores: azul (papel e papelão), vermelho (plástico), verde (vidro) e amarelo
(metal). Há a necessidade de ter o coletor marrom (matéria orgânica) uma vez que
os alunos produzem também uma grande quantidade de restos de alimentos
42
gerados no intervalo escolar. Apesar de ter os coletores no ambiente, alguns já
foram danificados pelo fato de não ter a tampa móvel, ou de ter outra cor, o que
mostra certo desinteresse da comunidade escolar em preservá-los, como podemos
analisar na Foto 3.
Foto 3: Coletores seletivos na E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo
FONTE: Silvana Dantas, 2014
Em relação à presença dos coletores, dos 100 alunos pesquisados, 66%
afirmam que sabem a finalidade e utilizam todos os dias. 26,2% não entendem ao
certo a presença dos mesmos, apesar disso, podem utilizar de forma incorreta, e 6%
desconhecem a finalidade dos coletores seletivos. Dentre os educadores
pesquisados, a maioria afirmou que utiliza muito pouco, como também não
consegue distinguir rapidamente as cores, relacionando com o material destinado
(60%). Boa parte dos educadores não se sensibiliza com a questão, 20%, e a
mesma porcentagem também respondeu que se sente sensibilizada com a causa e
utiliza as lixeiras específicas diariamente. Todos esses dados estão no Gráfico 05.
Dessa forma, os que fazem o „Ernestão‟ necessitam de um comprometimento mais
consistente com a questão ambiental, pois a Educação Ambiental é uma pedagogia
de ação e o professor é um profissional que lida com pessoas, podendo ter/ser efeito
multiplicador.
43
GRÁFICO 05: Opinião de alunos/professores na finalidade e uso dos coletores seletivos
A administração dos resíduos gerados no processo de produção e
consumo representa um grande desafio na nova economia. Com o crescimento
populacional e industrial, observamos que órgãos e instituições, bem como a
sociedade, tem se preocupado com a geração de resíduos e o impacto que estes
vêm causando ao meio ambiente, alterando a qualidade de vida da população.
Atualmente, o município de Queimadas encontra-se em condições similares a
maioria dos municípios brasileiros, discutindo a viabilidade de implantação de
consórcios e usinas, buscando solução imediata para a questão dos lixões e tendo
que conscientizar a população, em cumprimento ao que norteia a Lei Federal
12.305, de 2 de agosto de 2010 (MUNICÍPIOS, 2013). Com o término do prazo dado
por lei para que os municípios brasileiros acabem com os lixões, o Governo Federal
não tem números precisos, mas reconhece que nem todas as cidades vão conseguir
trocar os depósitos a céu aberto por aterros sanitários. É o caso da cidade de
Queimadas, na Paraíba, onde a situação é tão grave que já foi parar na justiça. Por
lei, esses lixões a céu aberto já não deveriam existir em nenhum município
brasileiro, e no caso de Queimadas o problema vem sendo denunciado há algum
tempo. O IBAMA chegou a instaurar um processo administrativo, mas mesmo depois
de várias notificações, o aterro sanitário não saiu do papel. Como resposta, o órgão
Sim Não Muito pouco Não respondeu
66%6% 26,20% 2%
20%
20%60%
0%
Na sua escola ou ambiente de trabalho existem lixeiras específicas para a utilização da coleta seletiva. Você sabe
a finalidade e as utiliza no seu dia-a-dia?
Estudantes Professores
44
ambiental ajuizou uma ação civil pública contra a Prefeitura. Com o descumprimento
da lei, os municípios estão sujeitos à suspensão de recursos federais e ainda a
sanções previstas na Lei de Crimes Ambientais, cuja multa varia de R$ 5 mil a R$ 50
milhões, além do risco da perda de mandato do gestor municipal. Segundo a Lei
12.305, os governos municipais devem elaborar os PGIRS (Planos de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos), e entre as determinações está a extinção dos
lixões, implantação da coleta seletiva, compostagem dos resíduos e destinar
somente os rejeitos para os aterros sanitários.
Conforme entrevista realizada pelo repórter Alessandro Moura (2014),
publicada no TV Justiça, o problema do lixão a céu aberto chegou à justiça e o
Tribunal Regional Federal da quinta região determinou que o município
apresentasse projeto de recuperação da área degradada. A Prefeitura Municipal de
Queimadas garante que está em busca de parcerias, e que também pretende
mobilizar a comunidade e as escolas em um trabalho de educação ambiental, uma
providência que interessa diretamente quem vive da reciclagem. De acordo com
Fernanda Moura (2014), do Jornal da Paraíba, o gestor do município de Queimadas,
Jacó Maciel, informou que cerca de 940 toneladas de lixo são encaminhadas por
mês até o lixão, o que equivale a 188 caminhões carregados com resíduos, e gastos
na ordem de R$ 62 mil. Sobre este assunto, os estudantes que respoderam o
questionário alegaram que não se preocupam em saber a destinação final do lixo
gerado na escola e na sua casa (54,5%), número próximo aos que se preocupam
(45,5%). Dentre os mesmos, 59,1% confessaram que não sabem diferenciar lixão de
aterro sanitário, contrastando com os 24,4% que admitem ter um conhecimento do
assunto, como podemos verificar no Gráfico 06.
45
GRÁFICO 06: Resposta dos alunos referente à diferença entre lixão/aterro sanitário
Várias respostas foram dadas ao conhecimento descrito. Citam-se as
principais: “O lixão é exposto e visível e o aterro sanitário está embaixo do solo”, “O
lixão é um espaço a céu aberto, onde o lixo é depositado e aterro sanitário é
semelhante a um buraco onde o lixo é depositado e depois coberto por terra e
reaproveitado os gases tóxicos, que são canalizados e convertidos em energia”. As
respostas mostram lógica e entendimento positivo dos que explicaram a questão,
mas a maioria, tanto os professores como os alunos pesquisados desconhecem o
que defende a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tem como principais
objetivos a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental, a não geração,
redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos. Os dados no
Gráfico 07 mostram um número compreensível, pois nem todos acompanham as leis
que regem o território, assim como também não há uma profunda preocupação com
a problemática dos resíduos no seu cotidiano atual.
GRÁFICO 07: Conhecimento dos entrevistados a respeito da PNRS
24,4%
59,1%
16,3%
Você sabe diferenciar lixão de aterro sanitário?
Sim
Não
Não respondeu
Sim Não Não respondeu
21%75,7%
3%65%
35%
0%
Já ouviu falar na Política Nacional de Resíduos Sólidos?
Estudantes Professores
46
Referente à futura criação do aterro sanitário no município de Queimadas,
foi perguntado aos educadores se os mesmos têm intenção de conscientizar os
alunos do consumo responsável/sustentável e instruí-los das vantagens sociais e
econômicas da coleta seletiva ou esta responsabilidade cabe apenas aos
professores de áreas específicas? Todos os pesquisados responderam
positivamente, ou seja, por ser uma proposta interdisciplinar, a Educação Ambiental
não deve pertencer exclusivamente a nenhuma disciplina e nem área, mas
relacionar-se com todas elas.
4.3 ESTRATÉGIAS PARA INSTIGAR A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DE
SENSIBILIZAÇÃO PARA A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Diversos problemas sócio-ambientais decorrem da produção, acúmulo e
disposição final dos resíduos sólidos de forma errônea. Atualmente os produtos
industrializados são elaborados para serem utilizados uma só vez e em seguida são
jogados fora. Na cozinha da E.E.E.M. Francisco Ernesto do Rêgo, os funcionários,
em conversa informal, constataram que boa parte do lixo é formada pelos principais
materiais: plásticos, pois provém de embalagens, tais como polpas de fruta, iogurtes,
carnes, biscoitos, leite, arroz, macarrão, dentre outros; em segundo lugar o papelão,
por servir de caixa para os pacotes de tamanho pequeno de alimentos; e em terceiro
está o material orgânico, ou seja, restos de alimentos da merenda produzidos no
intervalo escolar. Como não há um trabalho referente a compostagem orgânica, por
não existir hortas na área, toda a matéria orgânica é acumulada em baldes e
47
conduzido para alimentar animais dos funcionários da escola, sendo louvável este
procedimento pelo fato de não ser encaminhada ao lixão municipal.
Determinados resíduos sólidos, como o lixo eletrônico, exige um maior
controle no destino final e na reciclagem por conterem substâncias tóxicas. O lixo
eletrônico é proveniente de equipamentos eletro-eletrônicos: computadores,
celulares, televisores, geladeiras, entre outros. Verificamos que existe lixo eletrônico
na sala dos professores e também no laboratório de ciências. São, por exemplo,
mouses, monitores e impressoras quebradas. Este tipo de lixo, segundo a Norma
Técnica NBR 10.004 está enquadrado entre os Resíduos da Classe I (Perigosos),
apresentando risco à saúde pública ou ao ambiente, caracterizando-se por terem
uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade e patogenicidade. A gestora escolar informou que todo esse lixo será
encaminhado para a 3ª Regional de Ensino da Paraíba, situada em Campina
Grande. A foto 4 mostra alguns lixos eletrônicos e outros aparelhos quebrados e
encostados dentro da sala dos professores.
FOTO 4: Lixo eletrônico encontrado no âmbito escolar
FONTE: Silvana Dantas, 2014
48
Os problemas levantados com relação à escola existem e foram
averiguados no decorrer de nossa pesquisa, mas a raiz do problema não está
apenas na gestão escolar. Corroborando com Dantas (2006), uma grande parcela
da população não se preocupa em conservar o patrimônio público e esse
comportamento é considerado normal entre eles, pois a ideia de que “é do governo”
como o alunado está acostumado a repetir, faz com que a estrutura escolar se
desgaste de forma acelerada. Vimos ausência de lixeira e porta em determinadas
salas de aula, telhado quebrado em alguns pontos, carteiras quebradas, entulhos
acumulados no laboratório de ciências, paredes riscadas, banheiros com defeitos,
dentre outros problemas.
Para reduzir as consequências do mau gerenciamento dos resíduos
sólidos no ambiente escolar, a solução encontrada seria preparar a população para
uma mudança de comportamento e percepção, visando o uso correto dos serviços
prestados e infraestrutura adequada, com aplicação de uma política voltada para o
bem estar e educação aos adolescentes. Precisamos tornar a Política Nacional de
Educação Ambiental e de Resíduos Sólidos uma realidade, pois só assim
colheremos mudanças e contribuiremos para uma sociedade mais justa e
ambientalmente sustentável. É possível delinear estratégias de sensibilização, que
poderão suavizar a problemática dos resíduos sólidos na escola.
“A educação enquanto direito de todos e dever do Estado, pode constituir-
se numa via de acesso à plenitude democrática, mediante a formação de indivíduos
conscientes de sua inserção na sociedade” (GENUINO, 2000).
Podemos concordar que toda mudança exige paciência, colaboração,
respeito, motivação e um tempo necessário de transformação do ambiente no qual
se deseja trabalhar. O apoio escolar, o incentivo a participação individual e coletiva,
49
que envolva a comunidade escolar, expondo os principais pontos do trabalho com o
objetivo de expandir o conceito de responsabilidade social e ambiental, sendo
permitido e apoiado pelo gestor a realização deste trabalho.
O investimento de ações em Educação Ambiental no ambiente escolar
propõe mudar de dentro para além da estrutura escolar. A partir da elaboração do
plano municipal de resíduo, surge a necessidade de exigir cada vez mais a
Educação Ambiental nas disciplinas escolares. Logo, a dimensão ambiental deve ser
inserida no currículo escolar de todos os níveis de ensino, conforme proposta da
Política Nacional de Educação Ambiental. Por outro lado, observa-se ainda a
necessidade de políticas públicas claras e efetivas na criação de um cenário
pedagógico mais específico para a realidade local, pois muitos dos problemas
envolvendo resíduos estão ligados ao nosso padrão de produção e consumo.
Uma das estratégias de sensibilização junto a comunidade escolar tem
por objetivo despertar a consciência ambiental e estimular a participação dos
envolvidos, além de propor oficinas e palestras para que educadores e alunos
aprendam a reaproveitar e reciclar os resíduos utilizados. Avaliar a concepção dos
resíduos sólidos, pois de acordo com Rosa (2003) um dos pontos cruciais para se
trabalhar mudanças de comportamento ligadas ao meio ambiente é a identificação e
sensibilização quanto aos problemas ambientais que afetam a comunidade. Deve-se
levar em conta os conceitos averiguados pelo grupo envolvido para que as
estratégias possam ser construídas.
Sobre o consumo de papel nas salas de aula e também na secretaria da
escola, é sugerido reutilizar papéis para rascunho e reciclagem; utilização de caixas
para coletar papel usado; confecção de banner feita a partir do papel jornal para
50
apresentações científicas no ambiente escolar e realização de campanhas de
conscientização.
Como afirma Silva (1995), a coleta seletiva deve iniciar na escola, para
em seguida atingir os outros segmentos da sociedade. Consequentemente, de
acordo com o plano municipal de gestão, caberá às autoridades competentes
realizarem programas e ações para a participação dos grupos interessados, em
especial das cooperativas ou outras formas de associação de catadores do
município, formadas por prestadores de serviço de limpeza urbana, gerando
mecanismos para a criação de fontes de negócios, emprego e renda, mediante a
valorização dos resíduos sólidos. Dessa maneira se reduz a quantidade de rejeitos
encaminhados para disposição final ambientalmente adequada.
O envolvimento dos pais dos estudantes e funcionários da escola é
fundamental para que o trabalho em Educação Ambiental possa ser realizado de
maneira eficaz, de forma que toda a comunidade deve estar envolvida no processo,
sendo assim parte da dimensão da unidade escolar. Para Aurino e Silva (2003) é de
suma importância trabalhos de sensibilização com os pais dos estudantes e
funcionários no sentido de torná-los agentes multiplicadores em Educação
Ambiental, haja vista que o sucesso da coleta seletiva depende da contribuição da
comunidade envolvida.
A estratégia mais relevante e prioritária no trabalho de Educação
Ambiental seria a formação dos professores de maneira contínua e permanente e a
inserção da dimensão ambiental no currículo escolar. Os Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCNs são referências para promover a reflexão, com apoio das normas
legais, procurando contribuir na busca de respostas a problemas que são
identificados nos níveis de ensino, objetivando uma transformação desse ensino que
51
atende a demanda da sociedade atual. Com uma proposta aberta e flexível, o que
se quer não é um modelo curricular homogêneo, mas sim a autonomia de
professores e equipes pedagógicas.
É preciso investir mais na formação continuada dos professores para que
haja aplicação de estratégias metodológicas de forma dinâmica, criativa, lúdica, pois
só ampliamos os conhecimentos acerca das questôes ambientais dos mesmos
através do processo de sensibilização (LEÔNCIO, 2003).
Considerando que os objetivos da educação sejam formar cidadãos
críticos, conscientes e capazes de obter conhecimentos a partir das suas próprias
realidades, acreditamos que o tema resíduos sólidos e coleta seletiva possa ser
realidade na escola pesquisada e analisada. Diante disso, acreditamos que o
propósito do trabalho é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a
decidir e atuar na realidade sócio-ambiental, de modo comprometido e com
formação de valores, pois esse é o desafio da educação ambiental rumo a um
desenvolvimento democrático e sustentável.
52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É cada vez mais urgente educar a população acerca do problema do lixo.
Com o crescimento populacional acelerado, aliado à economia pujante e o alto
consumismo tem-se um acúmulo de lixo com efeitos maléficos para o meio ambiente
e a saúde da população, através da contaminação ambiental.
Com a proibição dos lixões em todo território nacional, de acordo com o
Plano Nacional de Resíduos Sólidos, de Lei nº 12.305/10, todos os municípios terão
que formular o Plano Municipal de Resíduo, conscientizando a população da
importância de separar o lixo, reaproveitando-o ou reciclando-o, de forma que
diminua a concentração de lixo nos futuros aterros sanitários.
Desta maneira, o presente trabalho demonstrou que os conhecimentos
acerca dos resíduos sólidos e destinação local/final retratam a visão que a maioria
da sociedade tem a respeito dos resíduos sólidos, como algo que não serve mais e
que deve ser eliminado. Também revelou a falta de preocupação dos entrevistados
em conhecer a temática em questão, uma vez que não utilizam de forma correta os
coletores seletivos no ambiente escolar, tampouco se importam em saber a
destinação final do lixo produzido.
O trabalho de sensibilização é lento e exige paciência, motivação e união,
porque é preciso que a comunidade esteja empenhada em amenizar a problemática
dos resíduos sólidos.
Outro ponto que merece atenção é a formação continuada dos
professores, pois há uma dificuldade em trabalhar e conhecer melhor esta temática
para inseri-la nos seus currículos.
53
Para o sucesso de um programa de coleta seletiva, será necessário a
mobilização da população, alcançada através do ambiente escolar que vise a
sensibilização e conscientização da comunidade local. Para trabalhar com a
reciclagem, pode ser elaborada uma oficina de reciclagem de papel e de artesanato
com outros materiais, tais como PET, tendo por finalidade desenvolver uma
atividade prática de reuso e reciclagem, e demonstrando as diferentes possibilidades
de aproveitamento dos resíduos gerados na própria unidade escolar.
Com um conhecimento mais aprofundado, caberá à população cobrar do
poder público soluções ambientais e sanitárias, devendo a sociedade fazer a sua
parte, se conscientizando da problemática e intensificando ações educativas e de
campanhas de conscientização, estimulando as pessoas a desperdiçar menos e a
produzir menos lixo.
Portanto, os objetivos foram alcançados por termos conseguido investigar
o conhecimento e comportamento referente aos resíduos sólidos dos que fazem
parte da Escola Estadual de Ensino Médio Francisco Ernesto do Rêgo e em virtude
disso, surge como importante instrumento de mudanças a Educação Ambiental,
visando a construção e reconstrução de conhecimentos voltados aos diversos
segmentos da sociedade.
54
REFERÊNCIAS
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59
A P Ê N D I C E S
60
APÊNDICE A – Informações fornecidas aos participantes da pesquisa
Prezado(a) Diretor(a), Pais (Mães)
Estamos desenvolvendo um projeto de pesquisa científica, cujo tema é
ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA E DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA
COMUNIDADE ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE QUEIMADAS – PB.
O objetivo deste projeto é investigar o conhecimento e comportamento dos
que fazem parte da Escola Estadual de Ensino Médio Francisco Ernesto do Rêgo,
na cidade de Queimadas/PB, referente aos resíduos sólidos e instigar a Educação
Ambiental de modo consciente e coerente, além de verificar o acondicionamento e
destino dos resíduos sólidos, a caracterização dos resíduos sólidos, o diagnóstico
das percepções dos resíduos sólidos entre os participantes da comunidade escolar
(funcionários, educadores e educandos) e propor estratégias de sensibilização
viáveis para amenizar a problemática dos resíduos sólidos.
Para levantamento dos dados utilizaremos a entrevista individual, baseado
num roteiro de questões semi-estruturadas.
Antes de concordar ou discordar com a autorização da participação do aluno
nesse estudo, é necessário ressaltar que sua contribuição é de grande importância e
que não haverá nenhum risco ou prejuízo pessoal ao participar dessa pesquisa,
estando à aplicação do questionário prevista para ocorrer no ano de 2014.
Solicitamos que leia o Termo de Consentimento que será apresentado para
apreciação e assine-o, caso haja concordância de sua parte.
Colocamo-nos a disposição para esclarecer quaisquer dúvidas durante a
investigação.
Agradecemos antecipadamente a sua atenção.
Responsáveis pela pesquisa:
____________________________ ________________________________ Silvana de Souza Dantas Maria de Fátima Coutinho Sousa
Aluna/Pesquisadora Orientadora
61
APÊNDICE B –Termo assinado pelo entrevistado para a pesquisa
TERMO DE CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO COMO
SUJEITO DE PESQUISA
Eu, _____________________________________, RG n° __________________,
declaro que assinando este documento, estou dando o meu consentimento para ser
entrevistado(a) pela pesquisadora Silvana de Souza Dantas, aluna da Universidade
Estadual da Paraíba e sua orientadora Profª. MSc. Maria de Fátima Coutinho Sousa, o
que contribuirá para o levantamento de dados de pesquisa do trabalho intitulado: ANÁLISE
DA IMPORTÂNCIA E DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA COMUNIDADE
ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE QUEIMADAS – PB. Compreendo que estarei cedendo, a
partir desta data, os direitos de participação individual a ser utilizada integralmente ou em
partes, sem restrições, pelos pesquisadores (acima citados). Compreendo também que
estará assegurado o anonimato nos resultados dos dados obtidos, ao mesmo tempo em que
estou livre a consentir ou recusar a participação em qualquer etapa deste processo.
Assim, declaro que as informações fornecidas para esta pesquisa podem ser usadas,
e inclusive, divulgadas.
Queimadas, ___/___/2014
______________________________ Assinatura
62
APÊNDICE C – Formulário: entrevista direcionada aos professores
O lixo, para você, o que significa?
Mesmo não tendo lixeira por perto, como você faz para eliminar dentro da escola o seu
lixo? E por quê?
No seu ambiente de trabalho existe lixeiras específicas para a utilização da coleta
seletiva. Você sabe a finalidade e as utiliza no seu cotidiano escolar?
( ) Sim ( ) Não ( ) Muito pouco
Você concorda que, com a futura criação do aterro sanitário no município de Queimadas,
todos os professores tem uma função importante em conscientizar os alunos do consumo
responsável/sustentável e instruí-los das vantagens sociais e econômicas da coleta
seletiva?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
( ) Cabe esta responsabilidade a professores de áreas específicas
Já ouviu falar na Política Nacional de Resíduos Sólidos?
( ) Sim ( ) Não
Levando-se em conta a Educação Ambiental, na sua opinião o que é preciso ser feito
para amenizar o problema ambiental e organizar o meio ambiente no âmbito escolar?
__________________________________
Rubrica do entrevistado
Disciplina que leciona:_________________________________________________________
Séries do ensino médio no qual trabalha/Turno:_________________ / __________________
63
APÊNDICE D – Formulário: entrevista direcionada aos alunos
O lixo, para você, o que significa?
Na sua compreensão, quais são os principais problemas que o lixo pode acarretar à
sociedade e ao meio ambiente?
Na sua sala de aula existe lixeira? ( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta anterior seja Sim, a lixeira é utilizada de maneira correta?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei.
Mesmo não tendo lixeira por perto, como você faz para eliminar dentro da escola o seu
lixo? E por quê?
Na sua escola existe lixeiras específicas para a utilização da coleta seletiva. Você sabe a
finalidade e as utiliza no seu dia-a-dia?
( ) Sim ( ) Não ( ) Muito pouco
Há uma preocupação da sua parte em saber a destinação final de todo o seu lixo gerado
na escola e na sua casa?
( ) Sim ( ) Não
Você sabe diferenciar lixão de aterro sanitário? Caso a resposta seja Sim, explique.
Já ouviu falar na Política Nacional de Resíduos Sólidos?
( ) Sim ( ) Não
Nome ou Rubrica_____________________________________________________________
Séries do ensino médio no qual estuda/Turno:____________________ / ________________
64
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