acompanhamento da ação educativa nomeadamente ao nível...
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Anexo 1 – Sistematização das atividades desenvolvidas pela IGEC
Programa I –
Acompanhamento
Acompanhamento da Ação Educativa
Atividade que assenta na importância de conhecer, apoiar e
promover o trabalho dos estabelecimentos de ensino,
nomeadamente ao nível dos mecanismos de coordenação/gestão e
supervisão pedagógica do desempenho docente, reforçando “o
espaço de autonomia da[s] escola[s]” (IGEC, 2014b, p. 23).
Educação Especial – Respostas Educativas
A atividade desenvolvida neste âmbito visa assegurar uma
adequada resposta educativa dos estabelecimentos escolares aos
alunos com necessidades educativas especiais, mediante o
acompanhamento e avaliação da organização e funcionamento das
práticas pedagógicas de Educação Especial (IGEC, 2014b).
Gestão do Currículo: Ensino Experimental
das Ciências
Assenta na atividade de acompanhamento e conhecimento das
práticas de ensino experimental, no âmbito das ciências, ao nível
da educação pré-escolar e do ensino básico (1.º e 2.º ciclos),
contribuindo para melhoria das práticas educativas (IGEC,2014b).
Jardins de Infância da Rede Privada (JIRP) -
IPSS
Constitui a atividade de acompanhamento da qualidade da ação
pedagógica dos estabelecimentos de educação pré-escolar de
instituições particulares de solidariedade social pertencentes à rede
privada (IGEC, 2014b)
Programa II – Controlo
Organização do Ano Letivo (OAL)
Consiste na verificação da conformidade legal da organização e
funcionamento do ano letivo, analisando obstáculos à sua eficácia
e eficiência, bem como as condições de aprendizagem dos alunos,
procurando garantir equidade na prestação do serviço educativo
(Site IGEC, 2015).
Provas Finais do Ensino Básico e Exames
Nacionais do Ensino Secundário
Atividade que controla a aplicação das provas realizadas no 1.º, 2.º
e 3.º ciclos do ensino básico e dos exames nacionais do ensino
secundário, visando assegurar a adoção de procedimentos corretos,
por parte das escolas, no que respeita à garantia das condições de
sigilo e de imparcialidade no ato da sua realização (Site IGEC,
2015).
Organização e Funcionamento dos
Estabelecimentos do Ensino Particular e
Cooperativo
Atividade que impulsiona a regulação do funcionamento dos
estabelecimentos de ensino particular e cooperativo, garantindo a
execução de todas as condições legais (Site IGEC, 2015).
Cursos Profissionais nos Estabelecimentos do
Ensino Público, Particular e Cooperativo e
nas Escolas Profissionais
Atividade pela qual a IGEC procura garantir a legalidade da
organização dos cursos, bem como verificar a “integração da rede
de oferta formativa” (IGEC, 2014b, p. 35), dada a crescente
procura/oferta desta modalidade de ensino.
Sistema de Formação Contínua dos Docentes
Atividade através da qual a IGEC controla as atividades de
formação contínua dos professores, objetivando assegurar a
conformidade e a legalidade das ações de formação “face à
acreditação das mesmas e ao enquadramento legal aplicável”
(IGEC, 2014b, p. 36).
Programa III – Auditoria
O Sistema de Controlo Interno da
Administração Financeira do Estado aos
organismos do MEC e às escolas e
agrupamentos de escolas dos ensinos básico e
secundário
Atividade que pretende garantir, através de auditorias
administrativas e financeiras, a verificação “do sistema e dos
procedimentos de controlo interno das escolas, instituições de
ensino superior e ciência, e organismos do MEC” (IGEC, 2014b, p.
40), visando assegurar a conformidade legal e uma gestão adequada
dos recursos financeiros, humanos e patrimoniais.
Auditorias Temáticas
Atividade que se desdobra em três níveis: 1) processo de auditoria
“aos sistemas de supervisão, gestão e controlo associados às
modalidades de autofinanciamento das Instituições de Ensino
Superior Públicas” (IGEC, 2014b, p. 41); 2) processo de auditoria e
verificação da conformidade legal e financeira das “estruturas
orgânicas de Governo e Administração das Instituições de Ensino
Superior Públicas” (idem, ibidem) e 3) processo de auditoria “aos
sistemas de gestão, acompanhamento e controlo da Ação Social
Escolar no Ensino não Superior ao nível das estruturas centrais do
MEC – DGEstE, DGPGF e DGEEC” (idem, ibidem).
Auditorias aos Estabelecimentos de Ensino
Superior Privado
Atividade que objetiva tomar conhecimento do funcionamento dos
estabelecimentos do ensino superior privado, bem como analisar o
cumprimento legal e regulamentar dos atos executados, garantindo
a qualidade dos serviços prestados (IGEC, 2014b).
Auditorias aos Serviços Académicos das
Universidades Públicas
Constitui uma atividade praticada em ações sequenciais, iniciadas
em 2009 até 2013, pretende verificar a execução das
recomendações advertidas nos relatórios das ações iniciais e aferir
o grau de cumprimento dos normativos atualmente em vigor
(IGEC, 2014b).
Auditorias aos Serviços Académicos das
Instituições Públicas de Ensino Superior
Politécnico (Institutos Politécnicos e Escolas
Superiores não Integradas)
Alude à atividade que inicia um novo ciclo de auditoria aos
serviços académicos, priorizando a tomada de contacto com a
gestão das questões académicas, o (re)conhecimento de pontos
fortes e fracos da ação dos serviços académicos com apresentação
dos resultados provenientes da sua intervenção e a verificação da
conformidade normativa (IGEC, 2014b).
Auditorias à Gestão dos Recursos Docentes
no Ensino Superior Público
Atividade que audita a gestão e distribuição do corpo docente no
ensino superior público, apreciando os documentos normativos da
instituição em confronto com o quadro legislativo em vigor e a sua
conformidade legal (Site IGEC, 2015).
Auditorias na Universidade Católica
Portuguesa
Constitui a atividade resultante da importância de caracterizar o
funcionamento, a organização interna e a gestão dos serviços
académicos da referida universidade (IGEC, 2014b).
Programa IV - Avaliação
Avaliação Externa de Escolas (AEE)
Atividade que avalia os estabelecimentos escolares, visando apoiar
o desenvolvimento das escolas, as práticas de autoavaliação e o
envolvimento da comunidade educativa e local (IGEC, 2014b).
Avaliação Externa dos Centros de Formação
de Associação de Escolas (CFAE)
Atividade que avalia os centros de formação, adotando um modelo
de avaliação externa específico “permitindo o diagnóstico, a
identificação de problemas e a fundamentação dos processos de
decisão, de forma a garantir a qualidade” (IGEC, 2014b, p. 51).
Provedoria Corresponde à atividade que atua no sentido de prevenir e erradicar
Programa V - Provedoria,
Ação Disciplinar e
Contencioso
Administrativo
questões problemáticas surgidas do sistema educativo e dos
serviços do Ministério da Educação e Ciência (MEC). É, portanto,
um serviço que dá assim resposta às queixas que são expostas por
atores da comunidade educativa, pretendendo zelar pelos interesses
e direitos dos mesmos (IGEC, 2014b).
Ação disciplinar
Atividade que se circunscreve ao “conjunto de procedimentos de
natureza disciplinar desencadeados com vista ao esclarecimento de
factos que perturbem o normal funcionamento do sistema educativo
e à reposição da sua normalidade” (IGEC, 2014b, p. 53);
Contencioso Administrativo
Circunscreve-se à atividade que garante a representação do MEC,
junto dos organismos judiciais administrativos em ações que
decorrem da sua missão (IGEC, 2014b).
Formação de Instrutores das Escolas em
Matéria de Ação Disciplinar e o Estatuto do
Aluno
Atividade que incide no desenvolvimento de ações de formação em
áreas de procedimento disciplinar, abrangendo uma formação
específica para os diretores de escolas (IGEC, 2014b).
Programa VI – Atividades
Internacionais
Conferência Internacional Permanente das
Inspeções-Gerais e Nacionais de Educação
(SICI)
A SICI é uma associação de Inspeções de Educação Europeias que
representam sistemas educativos de países ou estados, visando
contribuir para o desenvolvimento de ações que contribuam para a
melhoria da educação dos membros associados. À IGEC cabe
participar nas atividades com o objetivo de (a)ceder a informações
e conhecimentos para favorecer a estruturação e desempenho da
IGEG, através da melhoria dos processos de inspeção; impulsionar
a troca de experiências e de abordagens no que respeita aos temas
que a SICI explora e desenvolve e ainda utilizar “a SICI como uma
plataforma para desenvolver parcerias com organizações
congéneres, potenciando a realização de projetos de cooperação”
(IGEC, 2014b, p. 60).
Escolas Europeias (EE)
O desenvolvimento das Escolas Europeias iniciou-se em 1953 para
solucionar a questão da educação dos filhos dos funcionários da
Comunidade do Carvão e do Aço, num espaço de ensino de
diversas línguas e culturas (Site IGEC, 2015). Atualmente, a IGEC
representa Portugal “nas estruturas de gestão e inspeção das
Escolas Europeias” (IGEC, 2014b, p. 61) e visa realizar inspeções
às EE (atendendo aos resultados e qualidade dos métodos de
ensino), garantir a tutela dos professores sob orientação da
governança nacional e garantir avaliações externas em consonância
com inspetores de outros países – a atividade ‘Whole School
Inspection’ (WSI).
Escolas Portuguesas no Estrangeiro
À IGEC atribui-se a realização de atividades inspetivas de auditoria
e avaliação às escolas portuguesas no estrangeiro, visando a
melhoria do funcionamento do ensino, no que respeita às
aprendizagens e resultados escolares dos alunos, à participação da
comunidade educativa no sistema escolar, à responsabilização da
escola (promovendo práticas de autoavaliação), ao cumprimento do
quadro legal vigente e à adequada gestão dos recursos financeiros,
humanos e patrimoniais (IGEC, 2014b).
Cooperação com as Inspeções da Educação
dos Países Lusófonos
Com esta atividade, a IGEC pretende demonstrar o interesse em
preservar meios de comunicação e de informação com os Países
Lusófonos e igualmente assegurar a disponibilidade para participar
“nas áreas da qualificação e do reforço das competências dos
inspetores das Inspeções da Educação dos Países Lusófonos,
através da promoção de estágios e ações de formação, bem como da
divulgação de documentação informativa e formativa” (IGEC,
2014b, p. 63).
Projetos Internacionais
Trata-se de uma atividade de cooperação institucional, de formação
do pessoal da Inspeção e de construção de parcerias internacionais,
que tem como objetivo transmitir as atividades levadas a cabo pela
IGEC, reconhecendo a importância de trocar experiências e
conhecimentos, a nível internacional (Site IGEC, 2015)
Programa VII – Recursos
Humanos, Financeiros e
Patrimoniais
Formação e Qualificação dos Recursos
Humanos
No âmbito desta atividade, a IGEC proporciona ações de formação
nas suas áreas de intervenção, objetivando o aperfeiçoamento e
atualização das competências e capacidades profissionais de todos
os trabalhadores que a constituem (IGEC, 2014b).
Recursos Financeiros e Patrimoniais
Esta atividade pretende assegurar uma adequada e eficaz gestão e
administração dos recursos financeiros, logísticos e patrimoniais
que a IGEC dispõe (IGEC, 2014b).
Recursos Humanos
Alude à atividade que pretende garantir “a correção dos
procedimentos inerentes à gestão e administração dos recursos
humanos da IGEC (…) [assegurando] (…) a estabilidade
organizacional e (…) uma adequada aplicação dos recursos
públicos” (IGEC, 2014b, p. 69).
Programa VIII – Sistemas
de Informação
Gestão de Sistemas de Informação
Atividade que assegura a gestão de quatro sistemas de informação:
1) o sistema utilizado pela IGEC – o GestIGEC – que constitui um
sistema operacional, de informação e de concretização das
atividades inspetivas e que se perspetiva a disponibilização de um
novo sistema GestIGEC, ainda a concretizar em 2015; 2) a Página
do Inspetor que dispõe de instrumentos e conteúdos que sustentam
a atividade inspetiva; 3) o e-Atendimento que constitui um serviço
de pedidos de informação e/ou documentação, reclamações ou
queixas e de comentários e/ou sugestões e 4) a Área Reservada às
Escolas, onde consideram “equacionar a possibilidade de
desenvolvimento da nova Área Reservada às Escolas,
disponibilizada na Internet” (IGEC, 2014b, p. 72).
Gestão da Infraestrutura Tecnológica
Assume a gestão das infraestruturas tecnológicas, dos meios
informáticos e dos recursos e acesso à rede em função da
adequação dos meios tecnológicos às “necessidades dos serviços e
que garantam a segurança, a confidencialidade e a integridade da
informação” (IGEC, 2014b, p. 73).
Programa XI –
Comunicação e
Publicações e Sítio Internet
Atividade que garante a difusão das várias atividades da IGEC e
disponibiliza serviços, informações e recursos a toda a comunidade
educativa, tanto a inspetores e demais colaboradores, como a
escolas e agentes educativos (IGEC, 2014b).
Documentação
Contro de Documentação e Informação
(CDI) e Arquivo
Atividade que “assegura o apoio documental à ação inspetiva e à
investigação realizada no âmbito de atuação da IGEC” (IGEC,
2014b, p. 76).
Expediente
Atividade que assenta, essencialmente, na gestão de informação e
documentos da IGEC, como “a receção, o registo, a classificação, o
encaminhamento e a digitalização da correspondência recebida,
bem como a expedição da correspondência produzida pela IGEC,
via fax, via postal e enviada em mão” (IGEC, 2014b, p.77).
Anexo 2 - Guião de Entrevistas E1, E2, E3 e E4
Entrevistados: Inspetores da ATI Sul (E1, E2, E3 e E4)
Objetivo Geral:
Caracterizar o perfil profissional do inspetor.
Blocos temáticos Objetivos específicos Formulário de perguntas/tópicos Notas
A
Legitimação da
entrevista
Legitimar a entrevista
Motivar o entrevistado
Informar o entrevistado sobre a temática e a
finalidade da entrevista.
Sublinhar a importância da participação do
entrevistado para o sucesso do trabalho.
Salientar o carácter restrito do uso das informações
concedidas.
Referir a disponibilidade para fornecer os
resultados do trabalho.
Pedir autorização para gravar a entrevista.
Proporcionar ao entrevistado um
ambiente que lhe permita estar à
vontade e falar livremente sobre
os seus pontos de vista.
B
Caracterização do
perfil profissional do
inspetor
Caracterizar a função
inspetiva e trabalho do
inspetor em função das
alterações do contexto
educativo
A função inspetiva e a figura do próprio inspetor
foram muito conotadas com autoritarismo,
fiscalização e controlo. Que alterações considera
que têm havido no modo de atuação da inspeção, e
consequentemente, do inspetor ao longo do tempo?
Perceber as alterações e
caracterizar a atuação do inspetor
ao longo dos tempos
Identificar os papéis
desempenhados
Conhecer as competências
e conhecimentos
necessários para
desempenhar as suas
funções
Identificar os valores que
conduzem o trabalho dos
inspetores nas escolas
Saber as dimensões mais
valorizadas e presentes no
trabalho do inspetor
Desenvolve diversas atividades no âmbito dos
programas de Acompanhamento, Controlo e
Avaliação. Que papéis desempenha no momento
em que está em atividade nas escolas?
Que conhecimentos e competências utiliza para
desenvolver a sua atividade nas escolas?
Como sabemos, a missão da IGEC consiste em
assegurar a legalidade e controlar, auditar e
fiscalizar o funcionamento do sistema educativo.
Quais são os valores que elege como os mais
relevantes para conduzir o seu trabalho?
Que dimensões valoriza mais enquanto inspetor?
Saber os papéis nas diversas
atividades (observador,
interpelador, monitor, avaliador,
controlador, mediador etc.)
Saber que valores regem o
trabalho do inspetor nas diversas
atividades
Pedagógicas, administrativas,
éticas, sociais
C
Finalização da
Entrevista
Entender se pretende
acrescentar algum aspeto
que não tenha sido
abordado durante a
entrevista
Agradecer a sua
Deseja acrescentar algum aspeto que não tenha sido
contemplado nesta entrevista?
colaboração.
Anexo 3 – Protocolo de Entrevista E1
Entrevistado: Inspetor da IGEC (E1)
Entrevistadora: Soraia (S)
S: Em primeiro lugar queria salientar que esta entrevista é realizada no âmbito do
relatório de estágio do mestrado em Educação e Formação com especialização em
Organização e Gestão da Educação e da Formação. O principal objetivo desta entrevista
é caracterizar o perfil profissional do inspetor. Nesse sentido, reforço a importância da
sua participação para o desenvolvimento do meu trabalho, garantindo o anonimato e a
confidencialidade desta entrevista. Posso gravar a entrevista?
E1: Sim…
S: A função inspetiva e a figura do próprio inspetor foram muito conotadas com
autoritarismo, fiscalização e controlo. Que alterações considera que têm havido no
modo de atuação da inspeção, e consequentemente, do inspetor ao longo do tempo?
E1: Hum… pois a… é natural desde os finais… já nos inícios dos anos 90… finais dos
anos 90… nos finais dos anos 90 já houve uma alteração relativamente a essa questão
da inspeção ser um bocado conotada como uma organização fiscalizadora e só
fiscalizadora e de controlo. A… se bem que nos finais dos anos 90, a partir de 95,
talvez, a… mudou muita coisa… eu não estava na Inspeção a… na altura era professor e
portanto estava na escola era delegado de grupo a… e fui portanto intervencionado
numa ação de avaliação de escolas, nos primórdios, digamos assim, que a inspeção
começou a desenvolver a avaliação de escolas… era uma auditoria pedagógica, era
assim a designação, e portanto eu tive dois ou três dias com um profissional da inspeção
a… desenvolver, portanto, digamos que um trabalho a esse nível na escola e portanto
havia já nessa altura por parte da Inspeção no desenvolvimento dessa atividade uma
postura que não era fiscalizadora… era já uma postura diferente, portanto já estávamos
no fundo a… já se estava a verificar uma mudança a esse nível e isso também
acompanhada com as mudanças a nível das Ciências da Educação, não é? A… até
porque percebemos que em termos de evolução também se observava uma passagem do
estudo, em termos de estudos de caso e multi-casos, em termos da passagem da sala da
aula como centro que deixou de ser, mesmo em termos das Ciências da Educação, para
passar a ser não a sala de aula mas a escola, o objeto de estudo e portanto muita
investigação começou a ser feita a esse nível e eu penso que isso também influenciou a
inspeção no sentido de agir nas escolas com as escolas como organizações e sendo
também esse o objeto de estudo, no caso seria mais, objeto de a… de… para ajudar no
sentido de melhorar as condições da escola e portanto através da avaliação… a
avaliação numa perspetiva de melhorar a ação educativa, a prestação do serviço
educativo e consequentemente o trabalho dos docentes. E como professor ainda não
estava ligado à Inspeção nem na altura a… pensava em estar e portanto isso foi uma
experiência muito interessante a… que tive como professor e que não senti que a
Inspeção tivesse uma atitude fiscalizadora, pelo contrário, eu até estava a desenvolver
na altura uma investigação-ação no âmbito de uma pós-graduação em Ciências da
Educação com o professor João Barroso, em 96 talvez 96… e portanto a… até essa
situação me ajudou, no fundo, a desenvolver um projeto, não é… porque eu estava a
desenvolver um projeto na escola enquanto docente e depois esse projeto… o
desenvolvimento desse projeto seria utilizado como a… objeto de avaliação na pós-
graduação através de um relatório, monografia… portanto isto para mostrar a partir de
metade dos anos 90, portanto a partir de 95, se… mesmo que olhemos para a área da
avaliação… avaliação de escolas desenvolvido pela Inspeção que eu acho que é a
atividade mais importante que pode mostrar… que efetivamente houve uma mudança
a… a… de uma perspetiva fiscalizadora e de controlo para uma perspetiva mais de
acompanhamento, de melhoria e preocupação em melhorar a escola sem ser através da
fiscalização, sem ser através do normativo, no fundo mas isso é uma perspetiva
pessoal… uma perspetiva muito pessoal, muito particular relativamente à Inspeção,
relativamente à educação e relativamente a… ao sistema educativo porque eu acho que
a Inspeção continua a ter atividades de fiscalização como obviamente e de controlo que
são… que são ligadas aos normativos, aos despachos, aos diplomas e que… como
garante, não é… em termos da execução desses mesmos normativos de forma que todos
a… portanto… a… que haja justiça e equidade, portanto, isso é a… Inspeção tem que
ter obviamente essa função, nomeadamente através da provedoria e portanto através da
ação disciplinar, não é… que é evidente que eu pessoalmente a… acho que a… não é
pela ação disciplinar que se melhora a escola, obviamente, mas a ação disciplinar é uma
consequência ou o último reduto no fundo para resolver uma situação. Portanto a
situação tem de ser resolvida de todas as maneiras, menos através da ação disciplinar,
mas quando não há outra hipótese, portanto, em termos de justiça há que desenvolver
esses procedimentos… então temos aqui um número de atividades que tem a ver com a
fiscalização e controlo e depois atividades que são atividades da ação disciplinar que
resultam também dessa fiscalização e controlo porque são agora as escolas que
desenvolvem os procedimentos disciplinares a… instaurados pelas escolas, como é
evidente… nós só desenvolvemos aqueles que são instaurados pelo Senhor Inspetor-
Geral e portanto que resultam da atividade inspetiva e portanto isso tem a ver com o
normativo. Depois temos aquilo que eu acho e isto é uma opinião muito pessoal… a… e
que sempre tentei influenciar a Inspeção nesse sentido como profissional por dentro, ou
seja, eu posso não concordar com muitas ações que foram feitas pela Inspeção,
pessoalmente, não quer dizer que esteja contra elas ou que não as execute, mas posso
não concordar e podia sair da Inspeção porque não concordava… tive exemplos de
colegas que fizeram estágio e que depois não continuaram porque não concordavam
com alguma ação da Inspeção… é um bocado também fundamentalismo, não é…
obviamente… mas as organizações podem ser mudadas por dentro não é… e é essa uma
perspetiva que eu sempre tive, uma perspetiva de através do meu contributo e
influenciando os outros mudar a organização para melhor não é mudar para pior… é
para mudar para melhor, portanto, esta é a opinião que eu tenho pessoal e que tem a ver
efetivamente com a questão normativa e conhecimento não é… e cada vez mais as
organizações têm que ser organizações do conhecimento a… e isso vem a ser feito
desde a… essa altura que eu referi, portanto a mudança da ação da Inspeção de uma
perspetiva fiscalizadora para um perspetiva do conhecimento, para uma perspetiva de
melhorar através do conhecimento… não é regular porque a Inspeção não consegue
regular, aliás a regulação é multi e portanto é nacional, internacional, é… a regulação
é… nós não podemos alguma vez pensar que a Inspeção vai produzir uma regulação
seja do que for, não é… porque os atores são muitos e ainda bem, são múltiplos e
portanto a regulação é múltipla e portanto nós contribuímos… uma pequena
contribuição nesse aspeto… agora o que tem efetivamente e o que tem acontecido é
isso… mesmo em termos da história da avaliação de escolas, começando aí pela
auditoria pedagógica que eu referi, apanhado como professor não como inspetor…
depois quando vem a avaliação integrada com a professora Carmo Clímaco que era
Subinspetora-Geral no final dos anos 90 e depois 2000, 2001 e 2002 terminou com o
professor David Justino que acabou com a avaliação integrada, infelizmente, não foi
feita a todo o universo de escolas nacionais, não é… foi abortada quase no fim, mas o
que é facto é que a professora… a Doutora Carmo Clímaco foi uma broker, ou seja, ela
conseguiu fazer uma ligação permanente sempre entre agências de educação, entre o
conhecimento e a Inspeção. Isso foi conseguido um pouco por ela e com outros
colaboradores não é… ao nível das várias atividades que foram desenvolvidas, mesmo
quando acabou a avaliação integrada, depois houve outras atividades nomeadamente a
efetividade da autoavaliação de escolas que porque foi uma questão política, não é… a
avaliação integrada acabou por uma decisão política naquela altura não interessava ter
atividades de avaliação… não interessava politicamente ter atividades de avaliação, o
que é facto é que a Doutora Carmo Clímaco… professora Carmo Clímaco implementou
outras atividades com outra designação que eram atividades de avaliação, a aferição é
uma avaliação e portanto ela não desistia, a Inspeção não desistia em contribuir para a
melhoria das escolas do sistema educativo. E esta é uma perspetiva muito interessante,
é… é… aqui que tem que assentar que as organizações têm que evoluir e tem que se
tornar úteis. Se não for através do conhecimento, esta é a minha opinião, as
organizações morrem e acabam por portanto serem realmente vistas como organizações
fiscalizadoras. Eu não queria nunca pensar que a Inspeção deixasse de ter esta evolução
em termos progressivos a… sempre ligada ao conhecimento, não é… como aconteceu
depois… após a avaliação integrada e portanto as atividades de efetivadade da
autoavaliação que depois terminou em 2007 com a entrada da avaliação externa, 1.º
ciclo, e depois 2011/12 com a entrada da avaliação externa, 2.º ciclo. E agora estamos
numa zona de impasse, digamos assim, não sabemos muito bem o que é que vai
acontecer mas também temos estado de algum modo a trabalhar a… também no sentido
de a… não só desenvolver atividades que vão nesse sentido, no sentido do
conhecimento a… como é o caso não só da avaliação externa como as atividades de
acompanhamento e inclusivamente atividades de avaliação que ainda não estão,
digamos assim, a… completamente concebidas como a avaliação dos centros de
formação das associações de escolas e que portanto também estão ligadas ao
conhecimento e que na sua conceção cada vez mais temos que ter em consideração o
conhecimento que está no ensino superior, não é… portanto a… eu fiz parte do grupo de
trabalho do 2.º ciclo de avaliação externa e tínhamos a… dois professores a… ligados à
avaliação do ensino superior com conhecimentos que foram úteis na reformulação do
modelo do 1.º ciclo e portanto só assim é possível a conceção das atividades e portanto
e também na própria formação dos inspetores… já tivemos um trabalho do qual eu
também fui formador para observação da prática letiva, no sentido de no futuro, se
assim o entenderem superiormente, introduzirem a observação da prática letiva na
avaliação externa dado que somos um dos três países na Europa que não tem observação
da prática letiva na avaliação externa. Eu não sei se me estou a alongar muito nesta
primeira questão… posso parar.
S: Desenvolve diversas atividades no âmbito dos programas de Acompanhamento,
Controlo e Avaliação. Que papéis desempenha no momento em que está em atividade
nas escolas?
E1: Eu neste momento e nos últimos dois anos e meio tenho estado a… efetivamente a
desenvolver atividades, menos de acompanhamento, a… se bem também que tenho
desenvolvido nas Ciências Experimentais, que é uma atividade de acompanhamento,
depois de controlo, mas isso todos desenvolvem a… porque nomeadamente na
Organização do Ano Letivo que é uma atividade que implica quase todos os inspetores
no início do ano a… e a… avaliação mas fundamentalmente avaliação e depois também
faço alguma infelizmente ação disciplinar, averiguações mais nessa índole, mas seja
qual for a atividade que eu faça, eu ponho sempre um cunho, isso parece às vezes um
pouco estranho ou difícil de interpretar, um cunho pedagógico. Mesmo que faça uma
averiguação a… dou comigo muitas… dou conta muitas vezes de estar a falar com as
escolas sobre a… como é que a… fazem a aprendizagem das crianças, se for a um
jardim-de-infância ou como é que se faz a aprendizagem dos aluno, se tiver numa escola
com ensino… o importante fundamentalmente é essa é… a minha maneira de agir, não
é… claro que o cerne do trabalho é aquele mas a… podemos sempre a… desenvolvê-lo
de forma a… conseguir ser útil à organização… à escola neste caso. O fundamental, o
mais importante é isso. É realmente ser útil.
S: Então alguns dos papéis que podemos dizer desempenha neste caso é observador…
interpelador, nas suas atividades…
E1: Sim, sou muito observador… a… e realmente obviamente tenho que interpretar
aquilo que observo e depois mesmo que aquilo que observo não tem a ver com o
trabalho que estou a desenvolver, se isso… for… importante a… após fazer essa
interpretação a… posso fazer alguma intervenção no sentido de a… perceber se aquilo
que interpretei após a observação realmente está correto, se é aquilo que se está a passar
e se realmente a organização necessita de alguma apoio relativamente a isso. Portanto
esta questão é efetivamente fundamental porque a… eu já pessoalmente sou observador
a… de alguma tendência sem ser por a… inspetor, por ser profissional da educação, que
é assim também que me considero… a… sou muito observador e portanto a… sempre
fui… claro que a… no desenvolvimento profissional do inspetor a observação é
fundamental, mas é claro que também temos que ter algum cuidado para não fazer
depois más interpretações (risos) e portanto é esse cuidado tem que ser depois… resulta
de um trabalho que é feito através do diálogo, não é… portanto encontrar respostas
para… de forma a fundamentar e a perceber o que é que se passa no sentido de agir para
não prejudicar nem a organização nem as pessoas, porque as pessoas que estão nas
escolas a… temos que pensar sempre que são pessoas inteligentes e são pessoas com
conhecimento, às vezes com mais que nós… há pessoas nas escolas que têm mais
conhecimento que nós inspetores (risos) e portanto temos que ter sempre essa… temos
que pôr isso sempre em causa, não é… e portanto o que eu acho que é mais importante é
a observação e a interpretação ideal com a escola sempre no sentido de postura de
respeito mútuo, consideração mútua… porque eu não sou nem mais nem menos
profissional do que o profissional que está na escola e portanto temos de respeitar
muito… o professor, o aluno, o auxiliar… não é assim que se chama… o assistente
operacional, e portanto porque são profissionais importantíssimos, e portanto se essa
postura, se o inspetor ou seja qual for o profissional que tiver essa postura de
observação, de interpretação, de diálogo, de a… apoiar, de agir no sentido de a…
portanto melhorar as condições a… ou pelo menos dar algum… alguma… algum
feedback no sentido de aqueles profissionais saberem como é que podem… ou o que é
que têm à sua disposição para conseguir agir e melhorar as condições da escola, não é…
porque aqueles alunos, aquela escola, seja qual for a escola são nossos alunos e…
portanto são alunos a… do pais, são alunos do sistema educativo e que nós pretendemos
é que haja sucesso, não é… e pouca retenção (risos). Eu não sei… veja se há alguma
questão que queira aprofundar…
Entrevistadora: Sim… (risos). Que conhecimentos e competências utiliza para
desenvolver a sua atividade nas escolas?
E1: Eu utilizo, quer dizer, vamos lá ver… em termos de competências eu utilizo todas
as minhas competências a… todas aquelas que fui adquirindo ou desenvolvendo ao
longo da minha vida profissional, mesmo quando a… desenvolvi profissões que não era
de docente. Umas das coisas que é cada vez mais mas já também a partir dos finais do
anos 90 a… se começou a considerar nos currículos não só para professores mas outros
profissionais, aquando da contratação por exemplo nos privados… nos públicos nem
sempre se faz isso tipo de contratação a… mas eu lembro-me que também tive no
privado como professor e fui diretor pedagógico e lembro-me que tínhamos em conta
nos currículos dos professores que admitíamos se esses professores tinham feito
voluntariado, se esses professores tinham feito outras coisas para além de estar na
escola, porque se nós olharmos para alguns professores a… eles fizeram o secundário
(risos) depois entraram na faculdade e depois foram para a escola, não é… e na
verdade… é muito importante que os alunos se relacionem com profissionais que
tenham uma abrangência e uma experiência muito grande. É claro que é uma
experiência de… experiência que pode ser de alguns anos ou de muitos anos, pode ser
diversificada e realmente eu desde empregado de café, balcão, vendedor… fiz essas
coisas todas, mesmo quando andava a estudar na faculdade e portanto a… todas essas
competências que adquiri vem-me servindo. Depois também tenho um curso que foi
feito pela área da saúde, porque sou farmacêutico, inscrito na ordem e com carteira
profissional e portanto também exerci e também tive uma atividade a nível de
laboratório veterinário e portanto todas essas competências que fui, digamos assim,
adquirindo ou desenvolvendo ao longo da minha vida… depois também como
professor, não é… e como professor também a… desenvolvi muitas atividades não só
dentro da sala de aula mas também em outros planos nomeadamente na área da
sexualidade, da educação sexual para poder aplicar… fui pioneiro em 1980 quando saiu
a primeira lei da educação sexual nas escolas e portanto com a associação do
planeamento familiar, portanto fiz formação como formador, desenvolvi projetos em
escolas nessas áreas e portanto depois como disse a… portanto recorri ao ensino
superior também para fazer uma pós-graduação com o professor João Barroso ainda não
era mestrado… depois continuei ainda para mestrado… não interessa se é mestrado o
que é… mas sempre a… toda a formação que fiz foi sempre sendo feito de forma a
adequá-la aquilo que era a… os meus objetivos profissionais e aquilo que eu gostava,
mas também onde estava que necessitava de determinados conhecimentos para que
pudesse evoluir. Portanto há aqui dois… duas grandes áreas em termos do
desenvolvimento de competências que tem a ver com aquelas que são necessárias à
organização, onde eu me encontro e se estiver na associação de planeamento familiar é
essas competências que são da ordem da saúde, do planeamento familiar, da
sexualidade… se estiver num privado, num colégio que tenha jardim-de-infância, por
exemplo, 1.º e 2.º ciclo, e se for diretor pedagógico tenho que ter competências a esse
nível para orientar o conselho pedagógico, para desenvolver planos de atividades para
aqueles alunos, não é… e portanto todas essas competências foram sempre sendo
adquiridas e portanto quando cheguei aqui à Inspeção já tinha… eu entrei em 2000, já
tinha 20 anos de serviço disto tudo. E portanto como eu estava a dizer é muito
importante não é o número de anos, porque estes 20 que eu estou a dizer podiam ser 20
vezes um, como diz o professor… o nosso candidato a presidente da república… o…
ajude… agora não me estou a lembrar… o professor…
S: Professor Nóvoa, não é?
E1: O professor António Nóvoa.
S: Exatamente.
E1: Já o ouvi várias vezes dar este exemplo que é aquela pessoa que diz “ah eu tenho
muitos anos de serviço”; “então e quantos anos tens de serviço”; “tenho 20 ou 30 anos
de serviço”; “então mas é 20 anos de experiência ou é 20 vezes um ano de experiência,
não é?. Portanto efetivamente as competências que utilizamos não aparecem assim por
obra e graça… tem que haver trabalho, não é… e tem que haver a procura do
conhecimento e eu pessoalmente sempre fui fazendo isso, não é?... de acordo com
aquilo que eram os meus interesses em termos profissionais e daqueles… e dos
interesses que são os interesses da organização, portanto aqui na Inspeção é… e
realmente a atividade inspetiva a… que abrange tudo… a atividade inspetiva é o
controlo, é a fiscalização, é a avaliação, é o acompanhamento é tudo… a… é muito
diversificada e é importante que os profissionais, ou seria importante eu não sei se isto é
verdade, todos os inspetores nem sei se eu tenho se eu como inspetor tenho as
qualidades que devia ter (risos) terei algumas, mas foi sempre essa não só a minha
preocupação e a minha ação. Portanto nesse sentido sempre procurei o conhecimento e
sempre a… quando a… desenvolvo a minha atividade profissional tento utilizar todas
essas competências que venho desenvolvendo ao longo do curso, como disse a… para
desenvolver essas atividades e cada vez acho que é mais importante a… esta história do
conhecimento e a questão das relações interpessoais… cada vez acho que é mais
importante a questão dos valores porque estamos muito mal em termos de valores e
acho que é fundamental, às vezes é mais importante em determinadas circunstâncias
falar com as pessoas a… falar de valores com elas, de atitudes, de melhorar muitas
vezes o estado de espírito ou psicológico das pessoas porque muitas vezes os
profissionais estão muito a… estão muito… estão desgostosos, não estão motivados,
está a ver? E eu fico altamente triste, desesperado quando a… chego a alguma escola e
há ali professores que estão desmotivados… porque não é possível motivar alunos com
professores desmotivados… mas os professores não têm culpa, não estou a dizer com
isto que as pessoas têm culpa… são as circunstâncias. Essas competências que um
profissional da inspeção também tem que ter e que são competências voltadas para as
relações interpessoais, para os valores são também fundamentais. Não é só saber o que
diz o normativo, não é?... eu tento sempre, por exemplo, em averiguações resolver as
situações e às vezes nem é preciso normativo… pode parecer um bocado estranho, mas
não é… eu tenho tido até ultimamente situações de… sei lá com… pais, não interessa
não vou dizer onde é que se passou, não é?... mas é genérico que os pais por exemplo
não queriam deixar os filhos irem fazer a prova de aferição, estavam zangados com a
escola porque a professora X ou Y e não tinha preparado bem os alunos e não tinha sido
resolvido o problema, fizeram uma queixa e não queriam deixar os filhos irem fazer a
prova de aferição… e eu fui lá e falei com as pessoas. O que é que eu fiz? Fui fazer uma
averiguação, podia ter ido ver os factos e dizer “pois de facto tendo em conta o
normativo, proponho isto e aquilo e tal e pronto e… não é?... mas não o que eu fiz foi
sentar as pessoas, os pais, o diretor na mesa e falar sobre aquilo e resolver-se… como é
que podemos resolver isto… então vamos resolver isto, há aqui um compromisso de
parte a parte e consegui… portanto as pessoas comprometeram-se cada uma delas com
aquilo que era possível… as pessoas perceberam que para o diretor só era possível fazer
aquilo, para os pais era possível aceitar aquele compromisso e os pais também se
comprometeram e os filhos foram fazer a prova de aferição. Portanto, e não foi
preciso… a… como é que poderei dizer… ameaçá-los com o normativo, não é…
portanto estas competências em acho que às vezes são mais importantes mesmo na
avaliação externa, a postura do avaliador quando avalia, quando entrevista nos grupos
a… a sua postura na escola é fundamental para a escola assentar os resultados da
avaliação porque se for uma postura a… de… mais de eu estou aqui e eu é que sei, não
é… e portanto se isto está tem que fazer assim a… ou uma postura que faça com que a
escola reaja negativamente nunca vai aceitar os resultados de uma avaliação externa,
por exemplo. E isso não tem interesse nenhum, não é?.... portanto em qualquer atividade
as competências que o inspetor deve usar são as competências ligadas não só do
conhecimento que deve ter do normativo ou o conhecimento que tem de ter em termos
da área em causa, pode ser das Ciências da Educação, pode ser das áreas das disciplinas,
não é… ou seja qual for, são fundamentais essas competências… obviamente… mas
essas competências de saber agir, de saber relacionar, das relações interpessoais são
também muito importantes… eu não sei se até são mais importantes, porque são elas o
veiculo das outras, não é? Senão, não tem consequências. Eu chego lá e faço uma
avaliação externa… produzo um relatório que obriga a escola a produzir um plano de
melhoria e a escola… e… e… eu vou lá faço as entrevistas, produzo o relatório a…
digo quais são as áreas a melhorar ou diz a equipa a… escola faz o plano, mas depois
isso pode não ter consequência nenhuma, não é?... e portanto é importante que isso se
faça de tal maneira que se crie empatia com a escola. Eu tive escolas em que… a… no
1.º ciclo de avaliação que tiveram a nota mais baixa em termos positivos,
suficiente…insuficiente… eram cinco domínios… e a escola depois convidou-me para
lá ir assistir a um concerto de violinos dos alunos e depois disse-me: “olhe nós
realmente tivemos resultados muito baixos, mas era isso que nós merecíamos porque foi
justo”, está a ver? A… e isto é que é importante porque a… neste caso o importante é
que a equipa, seja da avaliação, estou a falar da avaliação externa que é mais fácil, seja
qual for a atividade, neste profissão, que é uma profissão que as escolas têm a… dão
uma grande importância a… porque é a Inspeção é o inspetor, há esta perspetiva ainda
por muito que se diga que não, e é verdade… realmente não tem nada a ver mesmo
quando eu vim para cá em 2000, agora mesmo antes, com pessoas com que fui falando
a… efetivamente essa já não é a postura da generalidade dos inspetores… não quer
dizer que não haja alguma situação… a… mas a… as escolas dão uma grande
importância… atendem muito realmente a esta organização, portanto esta organização
tem que ter muito cuidado nas suas intervenções nas escolas, na forma como se
relaciona com as escolas, na empatia que cria porque ela depois pode ter boas
consequências e é essas boas competências que nós pretendemos, não é?... Portanto, não
sei se respondi à pergunta…
S: Sim… Como sabemos, a missão da IGEC consiste em assegurar a legalidade e
controlar, auditar e fiscalizar o funcionamento do sistema educativo. E por falar em
valores, quais são os valores que elege como os mais relevantes para conduzir o seu
trabalho, além daqueles já referiu na pergunta anterior?
E1: Há três valores que eu acho fundamentais que é: a justiça, a liberdade e a
democracia. São esses três. Depois há aqueles todos: o respeito a lealdade. Uma vez
puseram-me essa questão a… nunca me esqueço, até foi a professora Carmo Clímaco
numa conferência que fizemos na ESE em Lisboa na… por via até da avaliação
integrada. A… portanto conferências de formação sobre a avaliação a… na altura era a
avaliação integrada e a Carmo com quem eu sempre trabalhei e estou bastante ligado
a… disse… disse-nos: “ponham num papelinho o valor que considera mais importante”
e eu na altura pus lealdade e eu acho que é fundamental, a lealdade. Lealdade
relativamente a nós próprios, lealdade por exemplo relativamente a si, que me está aqui
a fazer esta entrevista, a… lealdade relativamente aos colegas e lealdade relativamente
às organizações com quem contactamos e ao sistema educativo e à tutela. Portanto é
fundamental. Depois estes valores que eu falei são muito importantes, a questão da
democracia, da justiça e da liberdade, são aqueles que elejo como os mais importantes,
em termos digamos da minha vida e portanto não se desliga da minha vida profissional.
A… depois há todos os outros valores, mas esses são os valores normais, não é? (risos)
o respeito, a honestidade… não é?... esses são normais… mas aquele… a democracia…
e quem me ajudou a perceber isto foi alguém que eu ainda considero um mentor que foi
Rúben Cabral, que é um homem já com muita idade e foi meu formador em duas
graduações a… e que falava também destes valores: da justiça, da democracia e da
liberdade e precisamente por esta ordem, ele explicava isso… é muito interessante… é
um homem com uma visão extraordinária, no final dos anos 90 já elegia o mandarim
como língua e que agora nos últimos anos tem aparecido… e eu lembro-me porque
nessa altura também achei… o mandarim, porque não? Estamos a falar em 97/96 e que
ele dizia: “mandarim é fundamental” e depois eu mais tarde, fui sabendo isso… ia às
escolas e perguntava: “ então e porque não o mandarim?” Isto já em 2007/08 e olhavam
assim para mim de lado: “Mandarim? Mas porquê o Mandarim...” foi também muito
importante.
S: Falou-me na dimensão pedagógica que valoriza enquanto inspetor em todas as
atividades. Que outras dimensões valoriza enquanto inspetor? Pode abordar também a
pedagógica… claro!
E1: Claro… eu acho que já falei delas todas… porque tem a ver com a dimensão… a
questão do conhecimento e a questão dos valores. Eu acho que só essas dimensões… e a
questão dos valores e das relações interpessoais a… e cada vez mais os valores e isto
porque nada está desligado, claro. Repare se olharmos para as pessoas como a…
como… uma pessoa e se olharmos depois para o pais ou para a Europa nós vemos uma
Europa com muita falta de valores a… basta olhar para a forma como estão a ser
tratados os refugiados a… e… a… só olharmos um pouco mais micro, para a questão da
pessoa… nós vemos que as pessoas também estão um pouco desligadas dos valores,
porque a… estão muito isoladas… apesar de terem um telemóvel todos os anos, um
smartphone terem tudo. Mas eu assisto muitas vezes isto já é comum dizer isto… já
começa a ser vulgar dizer. Vou ao restaurante e vejo famílias todas tão ali, às vezes três,
quatro, cinco e cada um está com o seu telemóvel e não falam uns com os outros, a… é
claro que isto também tem a importância que tem não é… poderão relacionar-se noutras
circunstâncias. A questão tem a ver também com a… o individualismo e não ajudar os
outros, está a ver?. Eu acho que isso está relacionado também o facto de as pessoas
estarem muito isoladas, apesar de ser muito global, em termos de internet e em termos
portanto de toda essa tecnologia, a… há uma grande também a nível individual uma
grande dificuldade das pessoas se relacionarem umas com as outras e se ajudarem,
portanto ajuda mútua e isso é uma dimensão a desenvolver… porque isso também… se
nós… tomarmos atenção a esta dimensão que é uma dimensão diria se calhar mais
humana eu não sou a sociologia mas diria, nem da psicologia, nem da psiquiatria, mas
diria que é uma dimensão talvez mais humana e que se vê nas escolas. Vamos lá ver os
professores a maior parte das vezes dão aulas para a turma como sendo uma turma fosse
um aluno, certo? Não há diferenciação pedagógica, por exemplo, há pouco. Dar a cada
aluno aquilo que quer… precisa…
S: Sim…
E1:A… e portanto as tentativas são sempre de homogeneizar os grupos ou tornando as
turmas, por exemplo, que é horrível, turma nível ou retirando grupos eventualmente
alunos de proficiência iguais ou semelhantes que vão constituir um grupo de forma a
que aquele professor continue a dar àquele como se aquele fosse um aluno. Portanto a
procura é sempre… mas se formos a ver e se observarmos bem isto tem a ver com esta
dimensão humana, porque as pessoas não se relacionam. O professor tem que trabalhar
de forma colaborativa… é impossível trabalhar e planear diferenciação pedagógica e
intencional, não é aquela que se improvisa na sala, todos os professores conseguem
fazer muito bem… andam a saltar de lugar em lugar a explicar aos alunos as dúvidas, só
um professor ou dois quando faz coadjuvação e os alunos são trinta… se calhar é muito
difícil conseguir chegar a todos naquela hora. Ora bem por isso, isso obriga ao trabalho
colaborativo, ora se as pessoas estão isoladas, se não trabalham colaborativamente por
as mais variadas razão… razões, mas até podiam colaborar colaborativamente,
utilizando a tecnologia, mas muitas vezes não… se nós olharmos para o número de
produtos tecnológicos que entraram na escola nos últimos anos, a maior parte deles foi
muito pouco usada, por exemplo quadro interativos etc… não é?.... Porquê? Também
por causa disso… produzir conteúdos com os quadros interativos, um professor sozinho
não consegue produzir conteúdos para os diferentes níveis de ensino que leciona, é
impossível… tem que trabalhar colaborativamente. Portanto esta dimensão humana não
sei se posso chamá-la assim, chamem-lhe o que quiserem, a questão dos valores, a
questão das relações, a questão humana, volta a falar na questão, nas questões das
relações interpessoais que é fundamental, não é… porque isso tem proporções a todos
estes níveis, desde a pessoa até ao pais e como falámos na questão da Europa e do
Mundo. E depois vemos o Trump pode ser presidente dos Estados Unidos, isto é uma
coisa quase impensável, se há uns anos atrás ouvíssemos falar daquele senhor… não
tenho nada contra o senhor, como é evidente ou vemos o que acontece na Síria, na
Turquia agora, ou vemos o que acontece com os refugiados que morrem que lhes dão
coletes que não funcionam e que… portanto isto é uma dimensão… eu acho que é a
mais importante é a vida humana. Parece que isto não tem nada a ver com a Inspeção
mas tem (risos).
S: Sim… Deseja acrescentar algum aspeto que não tenha sido contemplado nesta
entrevista?
E1: Não, a não ser que me queira perguntar algum aspeto (risos) que diga que eu não
tivesse dito…
S: Não (risos)… acho que não.
S: Muito obrigada pela entrevista.
E1: Muito bem… então desejo muito sucesso pela sua vida, está bem?
S: Muito obrigada.
Anexo 4 – Protocolo de Entrevista E2
Entrevistada: Inspetora da IGEC (E2)
Entrevistadora: Soraia (S)
S: Em primeiro lugar queria salientar que esta entrevista é realizada no âmbito do
relatório de estágio do mestrado em Educação e Formação com especialização em
Organização e Gestão da Educação e da Formação. O principal objetivo desta entrevista
é caracterizar o perfil profissional do inspetor. Nesse sentido, reforço a importância da
sua participação para o desenvolvimento do meu trabalho, garantindo o anonimato e a
confidencialidade desta entrevista. Posso gravar, então, esta entrevista?
E2: Pode.
S: A função inspetiva e a figura do próprio inspetor foram muito conotadas com
autoritarismo, fiscalização e controlo. Que alterações considera que têm havido no
modo de atuação da inspeção, e consequentemente, do inspetor ao longo do tempo?
E2: A… penso que essa imagem está cada vez mais a ser dissipada, ainda que existem
efetivamente algumas pessoas ainda que quando se fala em inspeção a… pensam a
inspeção enquanto uma… um serviço de controlo puro e simplesmente. No entanto,
quem conhece as atividades da Inspeção sabe que para além do controle existem muitas
outras, nomeadamente as de acompanhamento, as de avaliação e que se têm um âmbito
totalmente diferente. Ainda assim mesmo as de controlo são desenvolvidas sempre
numa perspetiva de a… esclarecimento e de apoio às instituições, às escolas neste caso,
ainda que penso que efetivamente essa imagem, portanto, tem vindo a desvanecer-se ao
longo dos tempos, em particular junto daqueles que já contactaram com atividades
inspetivas. Pode ainda existir essa imagem mais de, portanto, as pessoas que não
contactam diretamente com os inspetores e com a Inspeção, quem trabalha com a
Inspeção mais diretamente, quem tem conhecimento das atividades, quem já colaborou,
portanto, com equipas da Inspeção quando estão em escolas, naturalmente que já
desvaneceu essa imagem.
S: Desenvolve diversas atividades no âmbito dos programas de Acompanhamento,
Controlo e Avaliação. Que papéis desempenha no momento em que está em atividade
nas escolas?
E2: O papel é sempre o do inspetor, obviamente. Apesar de naturalmente quando
estamos em atividade de avaliação, estamos como avaliadores… mas lá está voltamos
ao início, se na Inspeção tem subjacente determinadas funções e objetivos, portanto não
sendo só a… atividade de controlo a… o inspetor também quando vai desenvolver
determinado tipo de atividade tem que se adequar ou adequar as suas… a sua ação aos
objetivos da atividade daí que tenha um determinado tipo de relação no âmbito das
atividades de controlo, uma atuação diferente nas de avaliação e a… e um papel
diferente nas de acompanhamento e isto de acordo com os objetivos de… de… cada
atividade. Não sei se estou a responder bem…
S: Sim, pode só dar exemplos dos papéis, por exemplo, para a atividade de
acompanhamento e de avaliação…
E2: De acompanhamento e mesmo dentro das atividades de acompanhamento elas são
especializadas em aspetos específicos como deve saber existem atividades de
acompanhamento…
S: Sim, sim.
E2: De… as chamadas de ação educativa, as atividades de acompanhamento da… no
âmbito da educação especial, atividades de acompanhamento das IPSS. Aquelas que eu
conheço melhor são as de acompanhamento das IPSS, dizemos IPSS mas é da Rede
Privada da… da… Educação Pré-Escolar e aí o que é que se pretende é conhecer, por
um lado neste âmbito, o que é que acontece? São instituições que durante muitos anos e
até muitas nunca tiveram uma visita, nenhuma ação, nenhum acompanhamento, lá está,
de uma instituição de… inspeção… O que é que se pretende? É numa primeira fase
conhecer a forma como a… instituição está a trabalhar no âmbito daquilo que é
esperado, de acordo com o que é esperado para a Educação Pré-Escolar, naturalmente…
a… como é que desenvolvem o trabalho, como é que os educadores a… planificam e se
organizam em termos da instituição, qual é a dinâmica da instituição, por outro lado…
numa primeira fase conhecer o seu trabalho e obviamente deixar algum… transmitir
algum aspetos… identificar digamos assim aspetos em que a instituição tem que
melhorar nos diversos aspetos, seja no planeamento, seja na ação, seja na avaliação, etc.
Portanto deixar um relatório e o objetivo é também transmitir oralmente obviamente
aos… às pessoas que trabalham nesta instituição os aspetos que devem melhorar e que
têm de ser melhorados e… a… havendo depois uma segunda fase em que vamos…
voltamos à instituição, no sentido de perceber qual foi a evolução, o que é que já
aconteceu, se houve ou não evolução… a… é nesse aspeto, ou seja, enquanto outras
atividades de controlo simplesmente vai se lá identificar se as escolas ou instituições
estão a cumprir o que está previsto nos normativos, ali é na de acompanhamento é uma
atividade diferente porque não puro e simplesmente registar isto não está de acordo com
os normativos é sim há estes aspetos que embora não estando a contrariar o normativo,
mas pode ser mais bem trabalhado.
S: O papel, por exemplo de mediador e monitor está presente neste caso nesta
atividade…
E2: É difícil dizer-lhe… encontrar correspondência com a palavra monitor ou…
S: mediador, neste caso…
E2: neste caso as palavras têm significados sempre muito diferentes… mediador seria
mediar entre alguém, estar ali, o que podemos entender enquanto mediador… aquilo
que está determinado e o que é esperado que se faça, mediar sim mas mediar num
sentido de mais de apoio… de apoio à instituição que, no caso do acompanhamento
destas instituições das IPSS o que as instituições consideram é que têm alguma falta de
apoio lá está, no sentido de às vezes fazem assim porque ninguém lhes fez ver… como
sabe um olhar externo as pessoas numa instituição entram em determinadas rotinas e
depois dificilmente às vezes internamente têm dificuldade em identificar aspetos que
podem ser melhorados. A nossa função é exatamente essa, é chamá-los à atenção, é
demonstrar-lhes que estão a fazer assim mas há outras formas, deverão procurar outras
estratégias para que a… o vosso trabalho possa ser mais eficaz e corresponder aquilo
que efetivamente está a ser esperado, portanto digamos que é mais um amigo crítico, se
calhar o que corresponderia mais… um amigo crítico no sentido de um olhar externo
diferente que não vai lá para a avaliar ou para identificar apenas uns erros mas vais sim
para chamar a atenção para aqueles aspetos que podem… devem…podem melhorar e
devem melhorar o seu trabalho.
S: Que conhecimentos e competências utiliza para desenvolver a sua atividade nas
escolas?
E2: Que conhecimentos e competências? A… têm que ser muitos aqui… e vamos
buscá-los a muitos aspetos. Desde logo a nossa formação inicial, não é… depois toda a
outra formação que fomos… adquirindo ao longo do nosso trajeto profissional, não é…
deve perceber esta função ou esta nossa ação de inspeção a… solicita-nos diversos
conhecimentos, portanto sejam eles conhecimentos dos normativos legais, desde logo,
sejam eles a leitura de muita autoformação, digamos assim, muita leitura, a… também
procurar trabalhos que saindo… sendo desenvolvidos sobre aspetos que nos interessam
e sobre os quais trabalhamos e para além disso também, como é óbvio, a formação
interna que nos é dada relativamente a cada atividade, não é… portanto através dessa
discussão interna, com os coordenadores das atividades ou com outros colegas que estão
a desenvolver as mesmas atividades vamos aferindo procedimentos e critérios e
portanto são todos esses conhecimentos, ou seja, formação inicial.
S: E competências?
E2: As que considero mais importantes são… para além dos conhecimentos… as
competências… a… a… ter facilidade de relacionamento com as pessoas, saber
transmitir a oralidade, ou seja, o saber… identificar as situações de forma clara e
objetiva de forma a poder transmiti-las aos nossos interlocutores. Depois é adequar
também a… nossa forma de agir consoante os espaços onde estamos, porque estamos
desde educação pré-escolar até ao ensino secundário. Há situações diversas, há
interlocutores diferentes também temos que adequar a nossa intervenção quando
estamos a… a… relacionar-nos com diretores de uma escola ou de outra instituição
qualquer, ou com um encarregado de educação ou com um aluno, não é? E portanto isso
tem que ser adequado, não é? A nossa atuação tem de ser adequada mediante os
interlocutores com quem estamos a… interagir e também com os objetivos da nossa
função daquele momento, não é? Tudo isto tem que ser bastante gerido, mas em termos
relacionais, acho que é fundamental.
S: Como sabemos, a missão da IGEC consiste em assegurar a legalidade e controlar,
auditar e fiscalizar o funcionamento do sistema educativo. Quais são os valores que
elege como os mais relevantes para conduzir o seu trabalho?
E2: Pode repetir aquilo que disse?
S: A questão tem a ver pronto com a missão da Inspeção, tendo em conta a missão da
inspeção, que valores é que elege para conduzir o seu trabalho?
E2: Garantir… tentar… ia dizer garantir mas isso é sempre difícil (risos) de ter a certeza
de que acontece mas é fazer os possíveis para ver garantida a equidade do serviço de
educação, a… a qualidade do serviço que prestada às escolas, portanto tendo em conta
obviamente em primeiro lugar os alunos e as crianças que são o alvo de… do trabalho
das escolas. Portanto é no sentido efetivamente que eles tenham o melhor serviço de…
educação porque têm direito a isso.
S: E que dimensões valoriza mais enquanto inspetora?
S:Dimensões, por exemplo, pedagógicas, administrativas, éticas… portanto neste
leque… já que desenvolve atividades de todos programas anteriormente referidos…
E2: Mas… a… é assim todas elas são importantes não é? Mas hum… é difícil de eleger,
porque acho que se uma falha… a… as outras também não podem funcionar bem, não
é?. Tem que haver sempre um trabalho em que pedagogicamente as coisas funcionem
bem, não é? Tem que haver ética profissional e para a… e só assim é que se consegue
portanto que o trabalho desenvolvido seja de qualidade. Portanto acho que não elegeria
nenhuma, devem estar todas na mesma dimensão e funcionarem em conjunto para que
tudo funcione bem.
S: Deseja acrescentar algum aspeto que não tenha sido contemplado nesta entrevista?
E2: Digo-lhe que espero que o seu trabalho contribua também para que as pessoas
percebam que aquilo que começou… pronto que a inspeção não é só fiscalização e… é
muito mais do que isso e que efetivamente existe para… um objetivo final que é a
qualidade da prestação do serviço educativo para que os alunos tenham efetivamente
a… a oferta de qualidade que lhes proporcione a… uma… vida futura de qualidade,
porque só com boas escolas, bons professores e bons alunos é que um país pode evoluir
(risos). É esse o objetivo final do nosso trabalho, penso eu ou acho eu.
S: Queria então agradecer a sua colaboração, obrigada.
E2: Tá Soraia, obrigada.
Anexo 5 – Protocolo de Entrevista E3
Entrevistada: Inspetora da IGEC (E3)
Entrevistadora: Soraia (S)
S: Em primeiro lugar queria salientar que esta entrevista é realizada no âmbito do
relatório de estágio do mestrado em Educação e Formação com especialização em
Organização e Gestão da Educação e da Formação. O principal objetivo desta entrevista
é caracterizar o perfil profissional do inspetor. Nesse sentido, reforço a importância da
sua participação para o desenvolvimento do meu trabalho, garantindo o anonimato e a
confidencialidade desta entrevista. Posso gravar?
E3: Claro que sim.
S: A função inspetiva e a figura do próprio inspetor foram muito conotadas com
autoritarismo, fiscalização e controlo. Que alterações considera que têm havido no
modo de atuação da inspeção, e consequentemente, do inspetor ao longo do tempo?
E3: Sim é verdade e as escolas ainda têm um pouco essa ideia, não é? Que a inspeção é
só fiscalizar, é só auditar e é só controlar, há uns anos a esta parte e nomeadamente com
a… a… atividade de… avaliação externa e agora mais recentemente a atividade de
acompanhamento da ação educativa, em particular, eu penso que essa ideia se está a
alterar a… porque na verdade avaliar uma escola sem a mobilizar a… para a melhoria,
não é… sem um pendor pedagógico, não é… não tem qualquer consequência alguma e
portanto a avaliação externa tem que ter essa vertente, não só de avaliar, mas de avaliar
para levar a que a… haja alterações de práticas e portanto as equipas inspetivas quando
vão para o terreno, penso que na generalidade vão a… com essa ideia, não é… de que
não se pode ter uma atitude… só de controlo ou de verificação daquilo que está correto
ou não, mas há que a… há que negociar também com a escola outras perspetivas
pedagógicas e de liderança, no caso de se encontrarem escolas menos bem estruturadas
a esse nível. A… depois a atividade de acompanhamento da ação educativa, eu acho que
foi completamente disruptiva, portanto é uma atividade recente na Inspeção que é um
pouquinho sequencial à avaliação externa que informa de uma metodologia a… de uma
metodologia que nós até costumamos dizer sem rede, porque não há propriamente um
figurino, há um roteiro é verdade, mas depois em cada escola… a… e são as escolas que
tiverem menos boas classificações na avaliação externa a… são identificadas as
principais fragilidades e dessas fragilidades que… que poderão ter sido identificadas
quer pelo diagnóstico interno, quer pelo diagnóstico externo, nomeadamente o relatório
de avaliação externa… dessas fragilidades são priorizadas a… equipa inspetiva dialoga
com a escola numa primeira intervenção e são priorizadas as …exatamente as principais
fragilidades, sobre as quais se vai conceber um programa de acompanhamento… um
programa de acompanhamento que é definido por áreas de intervenção a… por… por
objetivos, por metas, por indicadores de medida a… e tem responsáveis… têm
interlocutores que são responsáveis pela aplicação dessas atividades a… e depois… a…
portanto numa primeira intervenção é feito esse programa de acompanhamento, numa
segunda intervenção que é normalmente no 2.º período é feita a monitorização do
programa de acompanhamento é relançando o trabalho até final do ano, quando vai ser
depois avaliado, por assim dizer, o cumprimento das metas e de tudo aquilo que havia
sido proposto no programa. É uma atividade que as escolas têm recebido muito bem e
que a… é absolutamente disruptiva com as demais atividades da Inspeção e portanto
muito…. muito… nós até costumamos dizer que nós Inspeção prestamos consultoria a
custo zero nas escolas e portanto é de facto muito bem aceite, é muito eficaz porque as
escolas mudam as suas práticas… a… mais as suas práticas do que propriamente os
resultados, porque os resultados académicos são difíceis de melhorar, mas mudando as
práticas, mudando o processo, poderá ser mais fácil alcançar melhores resultados.
Portanto eu acho que a Inspeção de há uns anos a esta parte, de facto, tem feito e outras
atividades de acompanhamento também têm surgido, não é? Mais recentemente que eu
não conheço tão bem, nunca as implementei, mas por exemplo, penso que há uma
recente que tem a ver com o ensino experimental, também, o ensino profissional e penso
que o pendor é um pouco este: de acompanhar as escolas e perceber o que as escolas
vão fazendo e melhorar os processos. Acho que sim… acho que há um grande ganho,
acho que é uma Inspeção mais moderna, é uma Inspeção que deve ir por aqui a… não é?
A… enfim também nos cabe a nós fiscalizar e auditar, mas também ajudar a que as
escolas melhorem a… também julgo que é esse o nosso papel e depois enfim temos
conhecimento, temos know-how, temos experiência que nos pode facilitar esse trabalho,
sim.
S: Desenvolve diversas atividades no âmbito dos programas de Acompanhamento,
Controlo e Avaliação. Que papéis desempenha no momento em que está em atividade
nas escolas?
E3: Neste momento eu estou no serviço de provedoria da Inspeção-Geral da Educação e
Ciência, contudo também trabalho na Área Territorial do Sul, nomeadamente uma…
enfim numa intervenção a… uma intervenção por ano no âmbito da Organização do
Ano Letivo a… chamada OAL, uma avaliação externa e faço algumas atividades de
acompanhamento da ação educativa, porque o Senhor Inspetor-Geral achou por bem,
desde há perto de dois anos, que a provedoria não podia ser só o trabalho de gabinete,
tinha que haver sempre interação entre a provedoria e o trabalho de terreno, porque nós
analisamos as queixas, não é? ...que nos chegam da realidade, das escolas e dos
encarregados de educação, mas também precisamos estar atualizados com as atividades
que temos aprovadas e portanto esta é… é… este ir ao terreno perceber, ver a… como é
que as escolas funcionam em determinadas áreas também nos… devolve a nós
informação para analisarmos melhor as queixas que nos chegam dentro dessas mesmas
áreas. A… por outro lado, o trabalho de provedoria, a visão que nós temos geral de
Norte a Sul do país, as principais problemáticas das escolas também nos habilita a
perceber que intervenções naquelas escolas deviam ser feitas e esse trabalho julgo que a
Inspeção ainda poderá socorrer-se deste know-how que nós temos aqui na provedoria
para perceber que aquelas escolas têm tantas queixas relativamente a aquele assunto é
porque precisa de um maior acompanhamento, de uma maior intervenção da parte da
Inspeção naquela área. Pronto, esse cruzamento penso que é uma área, uma janela de
oportunidade aqui para a Inspeção. Sim.
S: Que conhecimentos e competências utiliza para desenvolver a sua atividade quando
está nas escolas?
E3: Sim, normalmente preparo-me com documentos que tenho porque me chegam das
escolas, os roteiros que… que…. no fundo são as matrizes das atividades, não é?... uma
avaliação externa tem determinada matriz, uma atividade de acompanhamento tem
outra, uma verificação de horários e turmas (OAL) tem outra matriz e portanto tento-me
preparar o melhor que eu sei e posso. A… e… portanto gosto bastante… tenho muita
pena de não ir a mais seminários a… não ter tempo para estudar mais a… mas sempre
que posso vou assistir a conferências e tentar estar atualizada a… precisamente nas
áreas enfim onde se estuda academicamente também a nossa atividade, não é a…
ultimamente fui à Universidade de Évora precisamente onde se falava da avaliação
externa, os impactos da avaliação externa nas escolas, o acompanhamento da ação
educativa… trabalhos de mestrado e doutoramento foram apresentados… a… o Senhor
Inspetor-Geral também esteve presente a… vou muito muitas vezes, sempre que posso,
ao Conselho Nacional da Educação… gosta também bastante dos estudos que são feitos
a… pela Aqueduto e outros organismos que trabalham com o Conselho Nacional da
Educação a… pronto e depois são os nossas leituras pessoais em casa, os nossos artigos
que gostamos de ler enfim…
S: E competências que utiliza nas escolas?
E3: Sim, as competências, são as competências do… enfim… específicas para aquela
atividade que decorrem do domínio da matriz da… atividade. Depois também
competências do ponto de vista social e… e… humano, porque eu considero muito
pessoalmente que a atitude é muito importante a… e portanto acho que o domínio
relacional, a forma como nós a… colocamos as questões, a forma como nós interagimos
com os pares, com os professores, com a direção, com os pares de educação é muito
importante para que o trabalho tenha sucesso a… e portanto valorizo muito esse lado. O
lado da competência social e pessoal, aliado às competências técnicas, pronto, o
dominarmos bem a… as matrizes das atividades… julgo que o inspetor muito bom
tecnicamente e muito mau do ponto de vista relacional pode estragar uma atividade, e
portanto acho que destas duas dimensões que se faz uma boa inspeção numa escola.
Considero isso.
S: Como sabemos, a missão da IGEC consiste em assegurar a legalidade e controlar,
auditar e fiscalizar o funcionamento do sistema educativo. Quais são os valores que
elege como os mais relevantes para conduzir o seu trabalho?
E3: A… o conhecimento, portanto, o estar documentada ao nível do conhecimento a…
a imparcialidade a… a correção, também e basicamente é isto… será o conhecimento, a
imparcialidade e a correção. São os três valores que eu acho mais importantes.
S: E que dimensões valoriza mais enquanto inspetora?
E3: Em primeiro lugar, um inspetor tem que conhecer, não é a realidade… portanto tem
que se documentar, tem que se preparar… não pode ir para escola fazer de conta, de
maneira alguma a… pronto a… documentar-te, ler muito bem toda a documentação que
lhe chega, estar preparado para colocar questões pertinentes. Nós podemos colocar
questões, não temos ascendente nenhum sobre os professores, nem sobre os diretores,
temos é esta possibilidade de colocar algumas questões… mas questões estas quem têm
que estar fundamentadas, não é? Pronto depois colocá-las de maneira a poder a… aferir
as respostas mais verdadeiras, não é? Para conduzir o nosso trabalho de forma a… a
enfim, o mais correto possível e… no sentido de esclarecer aquilo que nos é proposto,
não é na atividade. Mas acho que quanto mais… quanto mais nós a… a… a
trabalharmos a competência humana, quanto menos a… quanto mais estivermos ao lado
das escolas a… mais… melhor informação conseguimos e portanto a escola fala mais
sobre os seus processos, sobre as suas dificuldades do que se colocarmos uma atitude
muito intransigente, muito fechada, as escolas também se fecham, também receiam…
receiam o nosso trabalho, portanto acho por aí conseguimos ter as escolas a colaborar
mais connosco porque se tivermos uma atitude mais intransigente ou a parecer mais
intransigente, às vezes nem temos é o parecer… é o parecer que faz com que as pessoas
não… não digam o que têm a dizer ou tentem esconder a situação. Acho que a nossa
Inspeção precisa de ser a… precisa de estar a par com as escolas, não é?... precisa de
caminhar no mesmo sentido a… pronto e isso conseguimos fazer isso nas diferentes
atividades… mas eu penso que sim, penso que são essas as orientações da casa de há
uns a esta parte é nesse sentido… mesmo até a atividade da Organização do Ano Letivo
a… tem um pendor pedagógico a… mais evidente do que há anos atrás, sim.
S: Deseja acrescentar algum aspeto que não tenha sido contemplado nesta entrevista?
E3: Olhe dizer que estou na Inspeção há oito anos a… fui motivada para ir para a
Inspeção porque tive uma averiguação na minha escola relativamente a um erro que
tinha acontecido numa prova de psicologia. Eu era coordenadora de departamento e… e
portanto fui ouvido no âmbito das minhas responsabilidades e a pessoa que me fez a
averiguação que é hoje ainda colega a… eu… eu como é que eu hei de dizer… eu
percebi que aquela senhora era uma senhora de bem e que estava ali a exercer a sua
função, que estava preparada para o fazer, inclusive pronto era da mesma área científica
da minha e de teor da queixa a… mas percebi que era uma pessoa digna, que estava a
exercer a profissão com dignidade e quando vim para a Inspeção a… concorri, pronto
fiquei a… e… e era isto que eu queria fazer… era ter uma profissão digna e hoje…
confirmo essa expectativa que eu tinha… custou-me imenso, tive até três anos fora da
família no Alentejo, mas não me arrependo… gosto do que faço… agora este trabalho
de provedoria está-me a dar também uma outra visão sobre as escolas de Norte a Sul do
país portanto eu acho que é uma profissão muito meritória e temos de fazer dela o mais
meritória possível a… com a informação, com a procura de informação e como uma
atitude muito… muito… construtiva ao lado das escolas, eu acho que é por aí que o
nosso trabalho pode avançar a… portanto não estou nada arrependida (risos) pelo
contrário gosto imenso deste… deste trabalho a… muito embora às vezes seja um pouco
incompreendido às vezes as escolas… mas acho que também há alguns preconceitos
que a pouco e pouco se vão diluindo mas estou feliz (risos) por continuar nesta função,
sim (risos).
S: Pronto, então queria agradecer a sua colaboração, obrigada.
E3: De nada, estou ao dispor.
Anexo 6 – Protocolo de Entrevista E4
Entrevistada: Inspetora da IGEC (E4)
Entrevistadora: Soraia (S)
S: Em primeiro lugar queria salientar que esta entrevista é realizada no âmbito do
relatório de estágio do mestrado em Educação e Formação com especialização em
Organização e Gestão da Educação e da Formação. O principal objetivo desta entrevista
é caracterizar o perfil profissional do inspetor. Nesse sentido, reforço a importância da
sua participação para o desenvolvimento do meu trabalho, garantindo o anonimato e a
confidencialidade desta entrevista. Posso gravar a entrevista?
E4: (assente com a cabeça)
S: A função inspetiva e a figura do próprio inspetor foram muito conotadas com
autoritarismo, fiscalização e controlo. Que alterações considera que têm havido no
modo de atuação da inspeção, e consequentemente, do inspetor ao longo dos tempos?
E4: Têm havido alterações sobretudo a… não podemos desligar isto da própria
conceção e das políticas a… de educação e até pensando um pouco na minha história,
estou aqui desde ora… 1993 e… lembro-me perfeitamente quando vinha, portanto na
altura teria aí uns trinta e dois anos e… e logo numa primeira reunião que fizemos a…
estava-se a discutir os objetivos de uma intervenção e… eu terei dito a palavra: “sim
então devemos acompanhar e avaliar” e logo na altura e não podemos dessumir isso que
era… era os inspetores e a sua cultura, não. Na altura depois foi-me dito… na altura que
seria a minha chefe… não, a inspeção não avalia, portanto eu já vivi vários ciclos,
dependendo das políticas educativas… e não tem nada a ver de agora…isto parece
quem está de novo avaliação externa, avaliação, acompanhamentos e numa outra cultura
realmente foi uma época que os meus colegas mais antigos até disseram que já tinham
tido esse período… na altura em que realmente eu integrei por exemplo era um período
em que era atividade de controlo em que se usava fiscalizar e aí implica realmente
uma… o que se espera em termos de políticas educativas e independentemente do que
haja com o inspetor: “olha agora vou ser fiscalizador, olha agora vou ser controlador”
não é? Portanto são questões que têm a ver realmente com políticas educativas e que
vão interferir naquilo que se espera e concetualmente a… quem… quem… quem dirige
e quem equaciona vai ter essa diferença. Em relação à questão é que a… de certa
maneira a… podem coexistir essas diferentes modalidades, não é? Porque realmente a…
numa situação, por exemplo, como a situação atual, há situações de atividade de
controlo, há situações como sabe de…de… auditoria, que isso já nos ultrapassa, não é…
e a questão que no meu entendimento… a evolução que tem sido feita é que se assiste
no momento atual, até mesmo com as atividades de controlo, ter sempre um índole, um
caráter não direi formativo mas acaba por ser um bocadinho e portanto acho que essa é
que foi a grande diferença… se bem que também em conversas com os meus colegas da
época… entre os mais velhos da época já eles também faziam muito mais aquela coisa
que chamavam na altura… até uma época em que eram os inspetores para uma zona de
escolas e portanto chamavam-lhe acompanhamento assistido e… já eles também dizia
“ah não era tanto assim” esse perfil… Ou seja esse perfil também está associado a… à
maneira como a…à própria conduta de intervenção, não é? O inspetor quando se dirige
coloca-se automaticamente nesse papel de… também ele está a ser avaliado e é natural
que… que os outros nos vejam… quer dizer às tantas eu acho que depois quando se tem
contacto com as escolas é… as escolas vão a… soltando esse aspeto e vendo a
diferença, porque se não é um estereótipo… até mesmo os meus amigos… “como é que
podes ter sido inspetora? Ah deves mandar muito, deves controlar muito…” dizem
isso…
S: Desenvolve diversas atividades no âmbito dos programas de Acompanhamento,
Controlo e Avaliação. Que papéis desempenha no momento em que está em atividade
nas escolas?
E4: Que papéis desempenho significa…?
S: Por exemplo, nas diversas atividades a… em algumas se calhar é mais observadora,
noutras controla… monitoriza…
E4: Sim, sim… há… há… embora como eu lhe digo não deixando de fazer o meu
trabalho acho que é possível… e nós conversamos entre colegas e… há várias maneiras
a… tendo uma conduta que naturalmente está definida e que é a conduta que se espera
que tenha um inspetor numa atividade que desenvolve porque está perfeitamente
determinado como sabe, quer os objetivos, quer a metodologia, é certo é que se
compararmos por exemplo… é fácil de perceber por exemplo nos professores, não é?
Há professores e professores… há professores sim que têm a questão técnica e científica
e o que faz a diferença que é-me ultrapassável é pois a maneira de ser… de estar sem
deixar de ser mais ou menos profissional. Aqui em relação… se me perguntar em
relação a mim própria como é que eu faço… a… eu... a… cruzo… desta maneira porque
sou inspetora, tive a sorte, não é?... de… é fácil para mim a… minha maneira de estar
na vida, o que é perfeito em termos de para ser inspetora tem de deixar de ser isto…
conciliar foi um trabalho que tive de fazer… tenho formação em Psicologia e realmente
ao princípio questionei-me o que é que isto tem a ver… no sentido da ação do
controlo… mas o controlo por exemplo… pondo… pondo as duas completamente
diferentes: acompanhamento e controlo. O que eu acho que seria mau e não é isso que
se pretende é que quem acompanha deve trazer alguma coisa… acompanhar… não é
ensinar como é que se faz, não é recomendar mas tem que se devolver alguma coisa,
não é? Porque chegar ali e não dar nada em troca, não é… não será acompanhar e agora
perguntar-me-á então mas de controlo vai ser observadora… vou-lhe dar um exemplo…
nós fazemos isso… eu hoje estou a trabalhar aqui com a minha colega… hoje não foi…
mas por exemplo a última que eu fiz foi os exames. Observar exames é uma ação de
controlo, não? Tem o item… eu tenho de estar a ver, não é… passo ali o que é
pressuposto, não é… o que tinham de fazer pronto… o guiãozinho tem cruzes sim e
não… e agora pergunta-me… então mas isso não é controlo… é controlo, não vou
ensinar… aqui a diferença é que nem me é permitido e… e… nem deve ser feito: “ai
mas veja bem… devia ter estado”; “olhe e ali se achasse assim”; “ai tenho uma dúvida
no exame de português…” contacte o júri… está a ver? É controlo eu só verificar
procedimentos e agora perguntar-me-á: então isso reduz-se a qualquer coisa que a… eu
sentada numa cadeira podia fazer ou podia ir lá outro profissional, não! Porque o
objetivo é através da… para eu obter as respostas do sim ou não, eu estou a interagir e
consigo-me aperceber dos procedimentos… não é… porque eu posso perguntar…
perguntar-lhe a sim própria… então mostre-me onde é que estão as nomeações e aí eu
vejo que fez as nomeações e fez o procedimento correto. Mas se lhe perguntar como
fez, não é? Há nuances, logo eu vejo, percebe? “E tantas vezes… reuni desta maneira,
preocupei-me com isto…” e a pessoa ao estar a falar está de certa maneira a… dar-nos
também os processos e os procedimentos que não há nenhum guião que escreva isso,
mas eu acho que é isso que a… torna a figura realmente do inspetor a… numa dimensão
mais ampla… porque isso nunca ficará escrito. Se pegar nessas fichas, não vai
conseguir ver diferença nenhuma entre a cruz feita de uma maneira ou feita de outra…
Como esta entrevista… com esse guião, feito por outra colega sua seria sempre a
entrevista tecnicamente perfeita, mas a forma de interagir faz a diferença, consegue?
S: Sim, sim!
E4: É essa a diferença. E portanto, falou em acompanhamento, falou em avaliação… a
avaliação por exemplo também fiz… a avaliação externa isso obriga tem logo aquela
margem… nós por mais que as pessoas nos estejam a contar, temos que admitir o
primeiro passo é perceber que estamos a ser avaliados e não só a avaliar e perceber que
as pessoas naturalmente nos dizem oque acham o que nós queríamos ouvir… portanto,
aí o papel que eu costumo fazer aí sinto-me um bocadinho… a… da clínica, a… da
experiência que tenho da psicologia clínica, que é a… preocupo-me sempre a… em que
as pessoas… tirar o que eu chamo o melhor das pessoas… o melhor até pode ser dizer
que não fazem as coisas (risos) a… levar as pessoas a dizer-nos aquilo que acham que
está bem ou que está mal e aquilo que fazem, tendo perfeitamente a noção que é sempre
uma espécie de… um cenário… as pessoas treinam, as pessoas preparam-se… se agora
me dissesse que ia lá à minha casa… naturalmente que se calhar eu dava conta… ia pôr
a almofadinha um bocadinho mais direitinhas não é?... Portanto temos de ter sempre
essa noção, não é… e que há sempre dois intervenientes… eu acho que em qualquer
destas tarefas a… mais do que saber e agora como é que me vou posicionar, não é? Tem
que ser também algo a… como é que o outro se vai posicionar… porque se nós não
percebermos isso a… corremos o risco de… as respostas que obtermos, quer dizer, não
produzirem grande efeito. Eu acho que a principal preocupação deverá ser: qual foi o
meu contributo para fazer um bocadinho alguma coisa? Deixei lá… sem mesmo
tendo… deixando lá uma recomendação, aquilo mexeu? É uma das coisas que me dá
muito especial prazer na avaliação externa, não é uma perfeição, mas às vezes nem que
seja um caso, vê-se pelo olhar de uma pessoa que só seja às vezes num grupo de não sei
quantas pessoas, fazer a diferença até numa pergunta incómoda. Isso para mim, no meu
caso, é para mim também avaliar. É deixar a pergunta incómoda, estou a fazer-me
entender, não?
S: Sim, sim está. Que conhecimentos e competências utiliza para desenvolver a sua
atividade nas escolas?
E4: Bom, aqui é fundamental a… a capacidade de análise, também capacidade de
síntese, capacidade de nos colocarmos no contexto e no lugar do outro a… é preciso
também a… ter preparação, saber do que se está a falar a… também é preciso ter
alguma humildade, porque efetivamente, por exemplo, estou a falar em termos de
práticas letivas… uma pessoa que deixa de ter dado aulas… eu quero acreditar que
teoricamente quem está no terreno, quem dá as aulas, quem é que gere as turmas, terá
a… também algo… muito a dizer que as nossas conceções, não é… que qualquer um de
nós estamos aqui e já não damos aulas, assistimos, mas não damos. Portanto a…
voltando à questão das competências, é muito importante também a questão da… de
alguma… assertividade, não é? É preciso que o outro também sinta que nós percebemos
das coisas. Para percebermos as coisas temos que nos informar e temos que não dar por
adquirido, não é? “Ah sim, fazia assim ou está na lei desta maneira”… portanto tem que
haver uma formação que passe necessariamente por querer saber mais… porque os
normativos são apenas meros indicadores, não é? A pergunta eu acho que… olhe eu
vejo assim um bocadinho em que não sei… não é propriamente competências mas a é
uma postura… eu vejo que a… a verdadeira atuação de um inspetor devia abarcar quase
como um investigador, não é? Quando, como, quando, como e porquê… um bocadinho
isso… se nós em cada intervenção conseguíssemos encontrar essa… essa… essas
respostas todas, não é? Em termos de atuação. Isto implica flexibilidade, não é nada
fácil porque é muito mais fácil a… a… ler só o que está no papel “não tem que fazer
assim, este é número de alunos, não deveria ter feito porque está lá a dizer…”. Não é
estar a… claro que quando existe a desconformidade ela existe, não é?... mas é mais
fácil as pessoas até aceitarem isso, se nós pelos menos percebermos porque é que os
fizeram… não tira digamos a desconformidade… estou-me a lembrar por exemplo em
situações… nós fazemos uma atividade que a organização do ano letivo e tem lógica eu
dizer “ai percebo”… ainda há dias eu falava… por exemplo uma das coisas que
desconformidade é a lei diz que por exemplo a constituição… os critérios de
constituição das turmas têm que estar no regulamento interno e no projeto educativo…
saiu um normativo e diz que tem lá nos dois sítios. E durante muito tempo até isto estar
definido, encontrávamos em escolas que não tinham nesses dois, mas tinham numa
coisa que chamavam projeto curricular. E quando eles nos confrontavam “ah mas não
cumpre o normativo” e quando eles nos perguntavam qual era a diferença e
objetivamente a pessoa tem que saber dar a resposta, para além de dizer: “olhe a
diferença é que está lá escrito”, não é?
S: Pois…
E4: Porque de facto qual é a diferença se está feito… o que é importante é que aquela
escola definiu os critérios e então: “olhe para estar dentro da normalidade faça uma
adenda, faça um anexo até à próxima reformulação”, não é? Ou seja a… quando eu digo
pôr no lugar do outro, não é no lugar no sentido de amiguinhos das escolas, mas
realmente o mais importante é ter os critérios, não é… e depois agir em conformidade
são… digamos… é a diferença entre a forma e o conteúdo. A forma interessa, mas o
conteúdo também é importante… e são estes aspetos que é muito difícil se não se tiver
flexibilidade. Se for um escravo a… da lei só e puro.
S: Pois… Como sabemos, a missão da IGEC consiste em assegurar a legalidade e
controlar, auditar e fiscalizar o funcionamento do sistema educativo. Quais são os
valores que elege como os mais relevantes para conduzir o seu trabalho?
E4: Os valores… para em relação a qualquer…
S: Sim, qualquer atividade… o seu trabalho enquanto inspetora.
E4: Valores… valores pessoais?
S: Valores, sim…
E4: Eu acho que… a… para mim será… a… transmitir transparência, a… pode parecer
confuso mas não vou falar mais porque depois gasta mais que a sua meia hora… mas
honestidade…
S: Não tem problema, pode falar à vontade…
E4: Daqui é uma honestidade… a… eu tenho uma expressão mas não sei se depois
percebe… não é que não perceba é honestidade… é honestidade intelectual…
S: Sim.
E4: A… transparência, honestidade a… rigor, mas não é um rigor de escravatura, é
rigor no sentido que está um bocado ligado quando eu há bocado utilizei assertividade,
não é… aquilo que tem de ser feito… não é… porque tem que ser feito… porque… para
ser uma questão de justiça, não é? Alguém tem que a… assegurar, isto por exemplo,
põe-se muito em termos de cumprimentos e de… de… o que se passa a nível de sala de
aula… eu tenho que zelar, eu tenho que assegurar sendo inspetora ou não, mas é dos
inspetores que estamos a falar não é… garantir que as condições… se tiver o meu filho
na turma A, não é porque é um sortudo… alguém tem que assegurar procedimentos
porque todas as pessoas, neste caso quer falemos da turma A tem os mesmos direitos de
B. As pessoas têm que perceber isso, não é? Portanto o que há… é zelar por esta
questão da… justiça dentro do que é diferente, mas há princípios que a… têm que ser
a… universais, direitos, portanto zelar também por esses direitos e depois também a…
associar ao rigor a… à correção, de fazer a… a… bem feito.
S: A… Que dimensões valoriza mais enquanto inspetora?
E4: Bom aí a… eu… gosto muito da questão relacional, porque é a que mais… onde eu
acho que tenho mais resultados, não é… acho que é a dimensão a… humana na
perspetiva de… só muda, só melhora quem sabe, não é… como o fazer. Isto aplica-se na
profissão e aplica-se na vida pessoal, não é? A questão do fumador… qual é… “ah não
me importo, não sei quê”… a… as pessoas só mudam… para mudar, as pessoas para
mudar, primeiro precisam de perder o medo e depois também precisam de ter alguma
luzinha como mudar. E agora estará a pensar “o inspetor vai fazer recomendações, vai
ensinar e vai dizer como é?” Não é nada disso que eu estou a dizer… o que eu estou a
dizer é que o mais importante, não é… é as pessoas sentirem que estamos ali… não, não
é para ser a… samaritanos, nem para abençoar, nem ara ser os melhores amigos, não
é… mas também não é o contrário: apontar o dedo, apontar a crítica, a… “isto está mal,
isto está bem”, não é? Portanto, esta dimensão relacional é no sentido de devolver um
bocadinho, pegar no discurso do outro, retribui-lo, questionar, às vezes também
perturbar, mas também não é incompatível sejam em que atividade for, do género, e
assim que deve feito… reforçar aquilo… reforçar aquilo que é bem feito, mas isso é
como lhe digo… a… não sei… como vai ouvir os outros colegas todos, não é… para
mim esse é o aspeto, eu já não sei se foi… como fui primeira… como fui não, sou
primeiro psicóloga e depois inspetora, não lhe sei dizer se uma coisa interferiu na outra,
não é… para mim esta entrevista se fosse só responder (emite sons como se estive a
falar rapidamente) perdia um bocadinho o interesse. Agora pode dizer: “ah mais perdeu
mais tempo”, é verdade! Nas escolas é a mesma coisa… a… o aspeto relacional, o
chegar a atingir os objetivos, mas através de uma relação dinâmica, para mim é o aspeto
essencial, porque só assim é que consigo… às vezes não gosto do que oiço… não é?...
S: Claro.
E4: Depois descobre-se, não é… que quanto mais as pessoas estão à vontade, mais
descobrimos facilmente até as coisas que nem fazem… quase preferia: “ai nem quero
ouvir” (risos), não é? Mas eu acho que… acredito nisso, mesmo tendo a noção, nós
saímos da escola, não pense: “ah que amigos voltem para a semana”… já ouvi muitas
vezes isso… “que bom darem-nos esta oportunidade, foi muito interessante, fez-nos
muito bem… gostámos muito de ter a Inspeção”. Não estou a dizer que não haja…
S: Sim…
E4: Porque aliás não tem essa ideia… de trocando… não é assim o sonho da vida das
escolas, quer dizer… terem a… Inspeção… em todas as… é ou não verdade?
S: Pois, sim… é pelo menos a ideia que algumas escolas têm.
E4: Têm… isso… existe e temos de ter essa noção que… há uma interferência…
S: Exatamente…
E4: Há uma avaliação, há um juízo, há alguém que está a mais e muitas vezes “vêm
estes agora… haviam eles estar cá para ver como é que é…” ou… e temos que lidar
com… com isso, não é?... é verdade há essa representação social e que eu acho que
ainda se mantém. Agora sabe o que é que aconteceu… é como por exemplo conhecer
uma pessoa: agora sabe-se que a pessoa tem estas qualidades, tem estes defeitos, talvez
esteja a… mais a descoberto outras facetas… porque que essa faceta na minha opinião
não desapareceu… para se dizer… a primeira coisa… fizeram um teste na assembleia:
“és inspetora” eu fiz isso… não é… quando descobrem há sempre uma reação… porque
sim nós também temos vida e estamos noutros sítios, não é… e por exemplo é
engraçado ver no olhar… se conhecer uma pessoa num ginásio… não é… num
ginásio… os inspetores também vão ao ginásio (risos)… está a ver aquela reação?
S: Sim…
E4: É evidente, quer dizer, isto não há nenhuma postura social… mas se calhar estou
aqui no ginásio a fazer uma aula… não é… e não vou chegar a uma escola: “então…”
mas não é por ser inspetora… deve fazer o mesmo agora chegava ali quando for debater
a sua tese “eh, fixe” percebe…? Agora o que é mais rico, desculpe qual é o seu nome?
S: Soraia.
E4: A Soraia, não é? Quando é conhecida pelas pessoas tem várias facetas: a Soraia
finalista; a Soraia quando está no meio dos papéis e a tese nunca mais avança; a Soraia
perante o júri; a Soraia … pronto eu acho que esse papel continua, o que há mais, talvez
se calhar ali… havia aquele papel mais fiscalizador ou controlo e não havia que eu me
lembre nas ações de avaliação e de acompanhamento como estão agora… ai em 2000
não existiam de certeza… quando entrei estas ações era tudo fiscalizar e controlar… e o
objetivos da inspeção vinha na lei na altura a… fiscalizar e… e… controlar… não me
lembro nada de avaliar… e acompanhar essa então… agora…sim…
S: Agora sim!
E4: É outro centro… fez esse estudo?
S: Sim, sim.
E4: É desde quando, mais ou menos? Ações de acompanhamento?
S: Escritas… desde 2013… pelo menos as atividades começaram em 2013.
E4: 2013, veja lá estamos a falar… acha que a representação social e… ia sair… e
provavelmente nunca desaparecerá, se quer que lhe diga… é inerente à própria… à
própria atividade em si. Acho eu. Não é tudo preto no branco para uma ação também
de… controlo e prestação de contas.
S: Exatamente. Deseja acrescentar algum aspeto que não tenha sido contemplado nesta
entrevista?
E4: Essa pergunta é muito difícil…. Achei interessante a… nem fazia ideia que
perguntas eram…. Até que está a ver isso é engraçado agora para dizer ali aos senhores
coordenadores que às vezes nesta azáfama, como a minha colega disse e reagiu, ela
estava a ser muito autêntica e por exemplo não fazia ideia a… que tinha andado por aqui
este tempo todo, não é?
S: É verdade, durante meses.
E4: E eu espero que não tenha… da minha parte não tenho nada a acrescentar… espero
de algum modo seja útil para o seu trabalho e… teria muito interesse em depois termos
acesso ao trabalho em si…
S: Sim.
E4: É, vai?
S: Exatamente e fica depois no repositório online.
E4: Espero que tenha sido útil de algum modo…
S: Sim, foi. Muito obrigada pelo seu contributo.
E4: Obrigada.
Anexo 7 - Grelha de Análise de Conteúdo E1, E2, E3 e E4
Categoria Subcategoria Unidades de Registo
Caracterização
do perfil
profissional do
inspetor
Alterações da
Inspeção e
atuação do
Inspetor
E1: “(…) nos finais dos anos 90 já houve uma alteração relativamente a essa questão da inspeção ser um
bocado conotada como uma organização fiscalizadora e só fiscalizadora e de controlo.”; “(…)se bem que
nos finais dos anos 90, a partir de 95, talvez, a… mudou muita coisa… eu não estava na Inspeção a… na
altura era professor e portanto estava na escola era delegado de grupo a… e fui portanto intervencionado
numa ação de avaliação de escolas, nos primórdios, digamos assim, que a inspeção começou a desenvolver
a avaliação de escolas… era uma auditoria pedagógica, era assim a designação, e portanto eu tive dois ou
três dias com um profissional da inspeção a… desenvolver, portanto, digamos que um trabalho a esse nível
na escola e portanto havia já nessa altura por parte da Inspeção no desenvolvimento dessa atividade uma
postura que não era fiscalizadora… era já uma postura diferente, portanto já estávamos no fundo a… já se
estava a verificar uma mudança a esse nível e isso também acompanhada com as mudanças a nível das
Ciências da Educação (…)”; “(…) percebemos que em termos de evolução também se observava uma
passagem do estudo, em termos de estudos de caso e multi-casos, em termos da passagem da sala da aula
como centro que deixou de ser, mesmo em termos das Ciências da Educação, para passar a ser não a sala de
aula mas a escola, o objeto de estudo e portanto muita investigação começou a ser feita a esse nível e eu
penso que isso também influenciou a inspeção no sentido de agir nas escolas com as escolas como
organizações e sendo também esse o objeto de estudo (…) para ajudar no sentido de melhorar as condições
da escola e portanto através da avaliação… a avaliação numa perspetiva de melhorar a ação educativa, a
prestação do serviço educativo e consequentemente o trabalho dos docentes.”; “E como professor ainda não
estava ligado à Inspeção nem na altura a… pensava em estar e portanto isso foi uma experiência muito
interessante a… que tive como professor e que não senti que a Inspeção tivesse uma atitude fiscalizadora,
pelo contrário (…)”; “(…) mesmo que olhemos para a área da avaliação… avaliação de escolas
desenvolvido pela Inspeção que eu acho que é a atividade mais importante que pode mostrar… que
efetivamente houve uma mudança a… a… de uma perspetiva fiscalizadora e de controlo para uma
perspetiva mais de acompanhamento, de melhoria e preocupação em melhorar a escola sem ser através da
fiscalização, sem ser através do normativo, no fundo mas isso é uma perspetiva pessoal… uma perspetiva
muito pessoal, muito particular relativamente à Inspeção, relativamente à educação e relativamente a… ao
sistema educativo porque eu acho que a Inspeção continua a ter atividades de fiscalização como obviamente
e de controlo que são… que são ligadas aos normativos, aos despachos, aos diplomas e que… como garante,
não é… em termos da execução desses mesmos normativos de forma que todos a… portanto… a… que haja
justiça e equidade, portanto, isso é a… Inspeção tem que ter obviamente essa função, nomeadamente através
da provedoria e portanto através da ação disciplinar, não é… que é evidente que eu pessoalmente a… acho
que a… não é pela ação disciplinar que se melhora a escola, obviamente, mas a ação disciplinar é uma
consequência ou o último reduto no fundo para resolver uma situação (…)” ; “(…) temos aqui um número
de atividades que tem a ver com a fiscalização e controlo e depois atividades que são atividades da ação
disciplinar que resultam também dessa fiscalização e controlo porque são agora as escolas que desenvolvem
os procedimentos disciplinares a… instaurados pelas escolas, como é evidente… nós só desenvolvemos
aqueles que são instaurados pelo Senhor Inspetor-Geral e portanto que resultam da atividade inspetiva e
portanto isso tem a ver com o normativo (…)” ; “Depois temos aquilo que eu acho e isto é uma opinião
muito pessoal (…) as organizações podem ser mudadas por dentro não é… e é essa uma perspetiva que eu
sempre tive, uma perspetiva de através do meu contributo e influenciando os outros mudar a organização
para melhor (…) portanto, esta é a opinião que eu tenho pessoal e que tem a ver efetivamente com a questão
normativa e conhecimento não é… e cada vez mais as organizações têm que ser organizações do
conhecimento a… e isso vem a ser feito desde a… essa altura que eu referi, portanto a mudança da ação da
Inspeção de uma perspetiva fiscalizadora para um perspetiva do conhecimento, para uma perspetiva de
melhorar através do conhecimento… (…)” “e o que tem acontecido é isso… mesmo em termos da história
da avaliação de escolas, começando aí pela auditoria pedagógica que eu referi, apanhado como professor
não como inspetor… depois quando vem a avaliação integrada com a professora Carmo Clímaco que era
Subinspetora-Geral no final dos anos 90 e depois 2000, 2001 e 2002 terminou com o professor David
Justino que acabou com a avaliação integrada, infelizmente, não foi feita a todo o universo de escolas
nacionais, não é… foi abortada quase no fim, mas o que é facto é que a professora… a Doutora Carmo
Clímaco foi uma broker, ou seja, ela conseguiu fazer uma ligação permanente sempre entre agências de
educação, entre o conhecimento e a Inspeção (…) mesmo quando acabou a avaliação integrada, depois
houve outras atividades nomeadamente a efetividade da autoavaliação de escolas que porque foi uma
questão política, não é… a avaliação integrada acabou por uma decisão política naquela altura não
interessava ter atividades de avaliação… não interessava politicamente ter atividades de avaliação, o que é
facto é que a Doutora Carmo Clímaco (…) implementou outras atividades com outra designação que eram
atividades de avaliação, a aferição é uma avaliação e portanto ela não desistia, a Inspeção não desistia em
contribuir para a melhoria das escolas do sistema educativo” ; “Eu não queria nunca pensar que a Inspeção
deixasse de ter esta evolução em termos progressivos a… sempre ligada ao conhecimento, não é… como
aconteceu depois… após a avaliação integrada e portanto as atividades de efetividade da autoavaliação que
depois terminou em 2007 com a entrada da avaliação externa, 1.º ciclo, e depois 2011/12 com a entrada da
avaliação externa, 2.º ciclo. E agora estamos numa zona de impasse, digamos assim, não sabemos muito
bem o que é que vai acontecer mas também temos estado de algum modo a trabalhar a… também no sentido
de a… não só desenvolver atividades que vão nesse sentido, no sentido do conhecimento a… como é o caso
não só da avaliação externa como as atividades de acompanhamento e inclusivamente atividades de
avaliação que ainda não estão, digamos assim, a… completamente concebidas como a avaliação dos centros
de formação das associações de escolas e que portanto também estão ligadas ao conhecimento e que na sua
conceção cada vez mais temos que ter em consideração o conhecimento que está no ensino superior (…)”.
E2: “(…) penso que essa imagem está cada vez mais a ser dissipada, ainda que existem efetivamente
algumas pessoas ainda que quando se fala em inspeção a… pensam a inspeção enquanto uma… um serviço
de controlo puro e simplesmente. No entanto, quem conhece as atividades da Inspeção sabe que para além
do controle existem muitas outras, nomeadamente as de acompanhamento, as de avaliação e que se têm um
âmbito totalmente diferente. Ainda assim mesmo as de controlo são desenvolvidas sempre numa perspetiva
de a… esclarecimento e de apoio às instituições, às escolas neste caso, ainda que penso que efetivamente
essa imagem, portanto, tem vindo a desvanecer-se ao longo dos tempos, em particular junto daqueles que já
contactaram com atividades inspetivas. Pode ainda existir essa imagem mais de, portanto, as pessoas que
não contactam diretamente com os inspetores e com a Inspeção, quem trabalha com a Inspeção mais
diretamente, quem tem conhecimento das atividades, quem já colaborou, portanto, com equipas da Inspeção
quando estão em escolas, naturalmente que já desvaneceu essa imagem.” ; “a inspeção não é só fiscalização
e é muito mais do que isso e que efetivamente existe para… um objetivo final que é a qualidade da
prestação do serviço educativo para que os alunos tenham efetivamente a… a oferta de qualidade que lhes
proporcione a… uma… vida futura de qualidade, porque só com boas escolas, bons professores e bons
alunos é que um país pode evoluir (risos). É esse o objetivo final do nosso trabalho, penso eu ou acho eu.”
E3: “(…) as escolas ainda têm um pouco essa ideia (…) Que a inspeção é só fiscalizar, é só auditar e é só
controlar, há uns anos a esta parte e nomeadamente com a… a… atividade de… avaliação externa e agora
mais recentemente a atividade de acompanhamento da ação educativa, em particular, eu penso que essa
ideia se está a alterar a… porque na verdade avaliar uma escola sem a mobilizar a… para a melhoria, não
é… sem um pendor pedagógico, não é… não tem qualquer consequência alguma e portanto a avaliação
externa tem que ter essa vertente, não só de avaliar, mas de avaliar para levar a que a… haja alterações de
práticas e portanto as equipas inspetivas quando vão para o terreno, penso que na generalidade vão a… com
essa ideia, não é… de que não se pode ter uma atitude… só de controlo ou de verificação daquilo que está
correto ou não, mas há que a… há que negociar também com a escola outras perspetivas pedagógicas e de
liderança, no caso de se encontrarem escolas menos bem estruturadas a esse nível” ; “[a atividade de]
acompanhamento da ação educativa, eu acho que foi completamente disruptiva, portanto é uma atividade
recente na Inspeção que é um pouquinho sequencial à avaliação externa que informa de uma metodologia
a… (…) que nós até costumamos dizer sem rede, porque não há propriamente um figurino, há um roteiro é
verdade, mas depois em cada escola… a… e são as escolas que tiverem menos boas classificações na
avaliação externa a… são identificadas as principais fragilidades e dessas fragilidades que… que poderão
ter sido identificadas quer pelo diagnóstico interno, quer pelo diagnóstico externo, nomeadamente o
relatório de avaliação externa… dessas fragilidades são priorizadas a… equipa inspetiva dialoga com a
escola numa primeira intervenção e são priorizadas as …exatamente as principais fragilidades, sobre as
quais se vai conceber um programa de acompanhamento… um programa de acompanhamento que é
definido por áreas de intervenção a… por… por objetivos, por metas, por indicadores de medida a… e tem
responsáveis… têm interlocutores que são responsáveis pela aplicação dessas atividades (…) nós até
costumamos dizer que nós Inspeção prestamos consultoria a custo zero nas escolas e portanto é de facto
muito bem aceite, é muito eficaz porque as escolas mudam as suas práticas… a… mais as suas práticas do
que propriamente os resultados, porque os resultados académicos são difíceis de melhorar, mas mudando as
práticas, mudando o processo, poderá ser mais fácil alcançar melhores resultados.”
E4: “Têm havido alterações sobretudo a… não podemos desligar isto da própria conceção e das políticas
a… de educação e até pensando um pouco na minha história, estou aqui desde ora… 1993 (…) e logo numa
primeira reunião que fizemos a… estava-se a discutir os objetivos de uma intervenção e… eu terei dito a
palavra: “sim então devemos acompanhar e avaliar” e logo na altura e não podemos dessumir isso que era…
era os inspetores e a sua cultura, não. Na altura depois foi-me dito… (…) [que a] (…) não, a inspeção não
avalia, portanto eu já vivi vários ciclos, dependendo das políticas educativas… e não tem nada a ver de
agora… isto parece quem está de novo avaliação externa, avaliação, acompanhamentos e numa outra cultura
realmente foi uma época que os meus colegas mais antigos até disseram que já tinham tido esse período” ;
“(…) na altura em que realmente eu integrei por exemplo era um período em que era atividade de controlo
em que se usava fiscalizar e aí implica realmente uma… o que se espera em termos de políticas educativas
(…) havia aquele papel mais fiscalizador ou controlo e não havia que eu me lembre nas ações de avaliação e
de acompanhamento como estão agora… ai em 2000 não existiam de certeza… quando entrei estas ações
era tudo fiscalizar e controlar… e o objetivos da inspeção vinha na lei na altura a… fiscalizar e… e…
controlar… não me lembro nada de avaliar… e acompanhar essa então… agora…sim…” ; “Portanto são
questões que têm a ver realmente com políticas educativas e que vão interferir naquilo que se espera e
concetualmente a… quem (…) dirige e quem equaciona vai ter essa diferença. Em relação à questão é que
a… de certa maneira a… podem coexistir essas diferentes modalidades (…) Porque realmente a… numa
situação, por exemplo, como a situação atual, há situações de atividade de controlo, há situações como sabe
de…de… auditoria (…)” ; “a evolução que tem sido feita é que se assiste no momento atual, até mesmo
com as atividades de controlo, ter sempre um índole, um caráter não direi formativo mas acaba por ser um
bocadinho e portanto acho que essa é que foi a grande diferença… se bem que também em conversas com
os meus colegas da época… entre os mais velhos da época já eles também faziam muito mais aquela coisa
que chamavam na altura… até uma época em que eram os inspetores para uma zona de escolas e portanto
chamavam-lhe acompanhamento assistido e… já eles também dizia “ah não era tanto assim” esse perfil…
Ou seja esse perfil também está associado a… à maneira como a…à própria conduta de intervenção (…) O
inspetor quando se dirige coloca-se automaticamente nesse papel de… também ele está a ser avaliado e é
natural que… que os outros nos vejam… quer dizer às tantas eu acho que depois quando se tem contacto
com as escolas é… as escolas vão a… soltando esse aspeto e vendo a diferença, porque se não é um
estereótipo… (…)” ; “ (…) existe e temos de ter essa noção que… há uma interferência (…) Há uma
avaliação, há um juízo, há alguém que está a mais e muitas vezes “vêm estes agora… haviam eles estar cá
para ver como é que é…” ou… e temos que lidar com… com isso, não é?... é verdade há essa representação
social e que eu acho que ainda se mantém”.
Papéis
desempenhados
nas escolas
E1: “(…) sou muito observador… a… e realmente obviamente tenho que interpretar aquilo que observo e
depois mesmo que aquilo que observo não tem a ver com o trabalho que estou a desenvolver, se isso…
for… importante a… após fazer essa interpretação a… posso fazer alguma intervenção no sentido de a…
perceber se aquilo que interpretei após a observação realmente está correto, se é aquilo que se está a passar e
se realmente a organização necessita de alguma apoio relativamente a isso” ; “eu já pessoalmente sou
observador a… de alguma tendência sem ser por a… inspetor, por ser profissional da educação, que é assim
também que me considero… a… sou muito observador e portanto a… sempre fui… claro que a… no
desenvolvimento profissional do inspetor a observação é fundamental, mas é claro que também temos que
ter algum cuidado para não fazer depois más interpretações (…) e portanto é esse cuidado tem que ser
depois… resulta de um trabalho que é feito através do diálogo, não é… portanto encontrar respostas para…
de forma a fundamentar e a perceber o que é que se passa no sentido de agir para não prejudicar nem a
organização nem as pessoas, porque as pessoas que estão nas escolas a… temos que pensar sempre que são
pessoas inteligentes e são pessoas com conhecimento, às vezes com mais que nós… há pessoas nas escolas
que têm mais conhecimento que nós inspetores (…) e portanto temos que ter sempre essa… temos que pôr
isso sempre em causa” ; “a observação e a interpretação ideal com a escola sempre no sentido de postura de
respeito mútuo, consideração mútua” ; “se o inspetor ou seja qual for o profissional que tiver essa postura de
observação, de interpretação, de diálogo, de a… apoiar, de agir no sentido de a… portanto melhorar as
condições a… ou pelo menos dar algum… alguma… algum feedback no sentido de aqueles profissionais
saberem como é que podem… ou o que é que têm à sua disposição para conseguir agir e melhorar as
condições da escola (…)”.
E2: “O papel é sempre o do inspetor, obviamente. Apesar de naturalmente quando estamos em atividade de
avaliação, estamos como avaliadores… mas lá está voltamos ao início, se na Inspeção tem subjacente
determinadas funções e objetivos, portanto não sendo só a… atividade de controlo a… o inspetor também
quando vai desenvolver determinado tipo de atividade tem que se adequar ou adequar as suas… a sua ação
aos objetivos da atividade daí que tenha um determinado tipo de relação no âmbito das atividades de
controlo, uma atuação diferente nas de avaliação e a… e um papel diferente nas de acompanhamento e isto
de acordo com os objetivos de… de… cada atividade” ; “atividades de acompanhamento das IPSS (…) aí o
que é que se pretende (…) é numa primeira fase conhecer a forma como a… instituição está a trabalhar no
âmbito daquilo que é esperado, de acordo com o que é esperado para a Educação Pré-Escolar,
naturalmente… a… como é que desenvolvem o trabalho, como é que os educadores a… planificam e se
organizam em termos da instituição, qual é a dinâmica da instituição, por outro lado… numa primeira fase
conhecer o seu trabalho e (…) transmitir algum aspetos… identificar digamos assim aspetos em que a
instituição tem que melhorar nos diversos aspetos, seja no planeamento, seja na ação, seja na avaliação, etc.
Portanto deixar um relatório e o objetivo é também transmitir oralmente obviamente aos… às pessoas que
trabalham nesta instituição os aspetos que devem melhorar e que têm de ser melhorados e… a… havendo
depois uma segunda fase em que vamos… voltamos à instituição, no sentido de perceber qual foi a
evolução, o que é que já aconteceu, se houve ou não evolução (…) enquanto outras atividades de controlo
simplesmente vai se lá identificar se as escolas ou instituições estão a cumprir o que está previsto nos
normativos, ali é na de acompanhamento é uma atividade diferente porque não puro e simplesmente registar
isto não está de acordo com os normativos é sim há estes aspetos que embora não estando a contrariar o
normativo, mas pode ser mais bem trabalhado.” ; “(…) mediador seria mediar entre alguém, estar ali, o que
podemos entender enquanto mediador… aquilo que está determinado e o que é esperado que se faça, mediar
sim mas mediar num sentido de mais de apoio… de apoio à instituição que, no caso do acompanhamento
destas instituições das IPSS o que as instituições consideram é que têm alguma falta de apoio lá está, no
sentido de às vezes fazem assim porque ninguém lhes fez ver… como sabe um olhar externo as pessoas
numa instituição entram em determinadas rotinas e depois dificilmente às vezes internamente têm
dificuldade em identificar aspetos que podem ser melhorados (…) A nossa função é exatamente essa, é
chamá-los à atenção, é demonstrar-lhes que estão a fazer assim mas há outras formas, deverão procurar
outras estratégias para que a… o vosso trabalho possa ser mais eficaz e corresponder aquilo que
efetivamente está a ser esperado, portanto digamos que é mais um amigo crítico (…) no sentido de um olhar
externo diferente que não vai lá para a avaliar ou para identificar apenas uns erros mas vais sim para chamar
a atenção para aqueles aspetos que podem… devem…podem melhorar e devem melhorar o seu trabalho.”
E3: “Neste momento eu estou no serviço de provedoria da Inspeção-Geral da Educação e Ciência (…) a
provedoria não podia ser só o trabalho de gabinete, tinha que haver sempre interação entre a provedoria e o
trabalho de terreno, porque nós analisamos as queixas (…) que nos chegam da realidade, das escolas e dos
encarregados de educação, mas também precisamos estar atualizados com as atividades que temos
aprovadas e portanto esta (…) este ir ao terreno perceber, ver a… como é que as escolas funcionam em
determinadas áreas também nos… devolve a nós informação para analisarmos melhor as queixas que nos
chegam dentro dessas mesmas áreas.”; “o trabalho de provedoria, a visão que nós temos geral de Norte a
Sul do país, as principais problemáticas das escolas também nos habilita a perceber que intervenções
naquelas escolas deviam ser feitas e esse trabalho julgo que a Inspeção ainda poderá socorrer-se deste know-
how que nós temos aqui na provedoria para perceber que aquelas escolas têm tantas queixas relativamente a
aquele assunto é porque precisa de um maior acompanhamento, de uma maior intervenção da parte da
Inspeção naquela área”.
E4: “(…)… há várias maneiras a… tendo uma conduta que naturalmente está definida e que é a conduta
que se espera que tenha um inspetor numa atividade que desenvolve porque está perfeitamente determinado
como sabe, quer os objetivos, quer a metodologia, é certo é que se compararmos por exemplo… é fácil de
perceber por exemplo nos professores (…) há professores e professores… há professores sim que têm a
questão técnica e científica e o que faz a diferença que é-me ultrapassável é pois a maneira de ser… de estar
sem deixar de ser mais ou menos profissional” ; “pondo as duas completamente diferentes:
acompanhamento e controlo (…) quem acompanha deve trazer alguma coisa… acompanhar… não é ensinar
como é que se faz, não é recomendar mas tem que se devolver alguma coisa (…) Porque chegar ali e não
dar nada em troca, não é… não será acompanhar e agora perguntar-me-á então mas de controlo vai ser
observadora… (…) Observar exames é uma ação de controlo (…) Tem o item… eu tenho de estar a ver (…)
passo ali o que é pressuposto (…) o que tinham de fazer pronto… o guiãozinho tem cruzes sim e não… e
agora pergunta-me… então mas isso não é controlo… é controlo, não vou ensinar… aqui a diferença é que
nem me é permitido e… e… nem deve ser feito: “ai mas veja bem… devia ter estado”; “olhe e ali se
achasse assim”; “ai tenho uma dúvida no exame de português…” contacte o júri… está a ver? É controlo eu
só verificar procedimentos e agora perguntar-me-á: então isso reduz-se a qualquer coisa que a… eu sentada
numa cadeira podia fazer ou podia ir lá outro profissional, não! Porque o objetivo é através da… para eu
obter as respostas do sim ou não, eu estou a interagir e consigo-me aperceber dos procedimentos… não é…
porque eu posso perguntar… perguntar-lhe a sim própria… então mostre-me onde é que estão as nomeações
e aí eu vejo que fez as nomeações e fez o procedimento correto (…) Mas se lhe perguntar como fez, não é?
Há nuances, logo eu vejo (…) e a pessoa ao estar a falar está de certa maneira a… dar-nos também os
processos e os procedimentos que não há nenhum guião que escreva isso, mas eu acho que é isso que a…
torna a figura realmente do inspetor a… numa dimensão mais ampla… porque isso nunca ficará escrito. Se
pegar nessas fichas, não vai conseguir ver diferença nenhuma entre a cruz feita de uma maneira ou feita de
outra…” ; “ (…) a avaliação por exemplo também fiz (…) isso obriga tem logo aquela margem… nós por
mais que as pessoas nos estejam a contar, temos que admitir o primeiro passo é perceber que estamos a ser
avaliados e não só a avaliar e perceber que as pessoas naturalmente nos dizem oque acham o que nós
queríamos ouvir… portanto, aí o papel que eu costumo fazer aí sinto-me um bocadinho… a… da clínica,
a… da experiência que tenho da psicologia clínica, que é a… preocupo-me sempre a… em que as pessoas…
tirar o que eu chamo o melhor das pessoas… o melhor até pode ser dizer que não fazem as coisas (…) levar
as pessoas a dizer-nos aquilo que acham que está bem ou que está mal e aquilo que fazem, tendo
perfeitamente a noção que é sempre uma espécie de… um cenário… as pessoas treinam, as pessoas
preparam-se… (…) há sempre dois intervenientes… eu acho que em qualquer destas tarefas a… mais do
que saber e agora como é que me vou posiciona (…) Tem que ser também algo a… como é que o outro se
vai posicionar… porque se nós não percebermos isso a… corremos o risco de… as respostas que obtermos,
quer dizer, não produzirem grande efeito. Eu acho que a principal preocupação deverá ser: qual foi o meu
contributo para fazer um bocadinho alguma coisa? Deixei lá (…) uma recomendação, aquilo mexeu? É uma
das coisas que me dá muito especial prazer na avaliação externa, não é uma perfeição, mas às vezes nem
que seja um caso, vê-se pelo olhar de uma pessoa que só seja às vezes num grupo de não sei quantas
pessoas, fazer a diferença até numa pergunta incómoda. Isso para mim, no meu caso, é para mim também
avaliar”.
Conhecimentos e
competências
E1: “(…) em termos de competências eu utilizo todas as minhas competências a… todas aquelas que fui
adquirindo ou desenvolvendo ao longo da minha vida profissional, mesmo quando a… desenvolvi
profissões que não era de docente (…) e realmente eu desde empregado de café, balcão, vendedor… fiz
essas coisas todas, mesmo quando andava a estudar na faculdade e portanto a… todas essas competências
que adquiri vem-me servindo. Depois também tenho um curso que foi feito pela área da saúde, porque sou
farmacêutico, inscrito na ordem e com carteira profissional e portanto também exerci e também tive uma
atividade a nível de laboratório veterinário e portanto todas essas competências que fui, digamos assim,
adquirindo ou desenvolvendo ao longo da minha vida… depois também como professor, não é… e como
professor também a… desenvolvi muitas atividades não só dentro da sala de aula mas também em outros
planos nomeadamente na área da sexualidade, da educação sexual (…)”… portanto recorri ao ensino
superior também para fazer uma pós-graduação (…) toda a formação que fiz foi sempre sendo feito de
forma a adequá-la aquilo que era a… os meus objetivos profissionais e aquilo que eu gostava, mas também
onde estava que necessitava de determinados conhecimentos para que pudesse evoluir.” ; “Portanto nesse
sentido sempre procurei o conhecimento e sempre a… quando a… desenvolvo a minha atividade
profissional tento utilizar todas essas competências que venho desenvolvendo ao longo do curso, como disse
a… para desenvolver essas atividades e cada vez acho que é mais importante a… esta história do
conhecimento e a questão das relações interpessoais” ; “em termos de competências eu utilizo todas as
minhas competências a… todas aquelas que fui adquirindo ou desenvolvendo ao longo da minha vida
profissional, mesmo quando a… desenvolvi profissões que não era de docente” ; “Essas competências que
um profissional da inspeção também tem que ter e que são competências voltadas para as relações
interpessoais, para os valores são também fundamentais. Não é só saber o que diz o normativo, não é?... eu
tento sempre, por exemplo, em averiguações resolver as situações e às vezes nem é preciso normativo…
(…)… eu tenho tido até ultimamente situações de (…) pais por exemplo não queriam deixar os filhos irem
fazer a prova de aferição, estavam zangados com a escola porque a professora X ou Y e não tinha preparado
bem os alunos e não tinha sido resolvido o problema, fizeram uma queixa e não queriam deixar os filhos
irem fazer a prova de aferição… e eu fui lá e falei com as pessoas (…) Fui fazer uma averiguação, podia ter
ido ver os factos e dizer “pois de facto tendo em conta o normativo, proponho isto e aquilo e tal e pronto
e… não é?... mas não o que eu fiz foi sentar as pessoas, os pais, o diretor na mesa e falar sobre aquilo e
resolver-se… como é que podemos resolver isto… então vamos resolver isto, há aqui um compromisso de
parte a parte e consegui…” ; “ (…) a postura do avaliador quando avalia, quando entrevista nos grupos a…
a sua postura na escola é fundamental para a escola assentar os resultados da avaliação porque se for uma
postura a… de… mais de eu estou aqui e eu é que sei, não é… e portanto se isto está tem que fazer assim
a… ou uma postura que faça com que a escola reaja negativamente nunca vai aceitar os resultados de uma
avaliação externa, por exemplo (…)” ; “(…) em qualquer atividade as competências que o inspetor deve
usar são as competências ligadas não só do conhecimento que deve ter do normativo ou o conhecimento que
tem de ter em termos da área em causa, pode ser das Ciências da Educação, pode ser das áreas das
disciplinas, não é… ou seja qual for, são fundamentais essas competências… obviamente… mas essas
competências de saber agir, de saber relacionar, das relações interpessoais são também muito importantes…
eu não sei se até são mais importantes, porque são elas o veiculo das outras (…)” ; “(…) as escolas dão uma
grande importância… atendem muito realmente a esta organização, portanto esta organização tem que ter
muito cuidado nas suas intervenções nas escolas, na forma como se relaciona com as escolas, na empatia
que cria porque ela depois pode ter boas consequências e é essas boas competências que nós pretendemos
(…)”;“(…) é muito importante que os alunos se relacionem com profissionais que tenham uma abrangência
e uma experiência muito grande”.
E2: (…) Desde logo a nossa formação inicial, não é… depois toda a outra formação que fomos…
adquirindo ao longo do nosso trajeto profissional, não é… deve perceber esta função ou esta nossa ação de
inspeção a… solicita-nos diversos conhecimentos, portanto sejam eles conhecimentos dos normativos
legais, desde logo, sejam eles a leitura de muita autoformação, digamos assim, muita leitura, a… também
procurar trabalhos que saindo… sendo desenvolvidos sobre aspetos que nos interessam e sobre os quais
trabalhamos e para além disso também, como é óbvio, a formação interna que nos é dada relativamente a
cada atividade (…) portanto através dessa discussão interna, com os coordenadores das atividades ou com
outros colegas que estão a desenvolver as mesmas atividades vamos aferindo procedimentos e critérios e
portanto são todos esses conhecimentos, ou seja, formação inicial” ; “(…) as competências… a… a… ter
facilidade de relacionamento com as pessoas, saber transmitir a oralidade, ou seja, o saber… identificar as
situações de forma clara e objetiva de forma a poder transmiti-las aos nossos interlocutores. Depois é
adequar também a… nossa forma de agir consoante os espaços onde estamos, porque estamos desde
Educação Pré-Escolar até ao Ensino Secundário. Há situações diversas, há interlocutores diferentes também
temos que adequar a nossa intervenção quando estamos a (…) relacionar-nos com diretores de uma escola
ou de outra instituição qualquer, ou com um encarregado de educação ou com um aluno (…)” ; “A nossa
atuação tem de ser adequada mediante os interlocutores com quem estamos a… interagir e também com os
objetivos da nossa função daquele momento (…) Tudo isto tem que ser bastante gerido, mas em termos
relacionais, acho que é fundamental.”
E3: “ (…) normalmente preparo-me com documentos que tenho porque me chegam das escolas, os roteiros
que… que…. no fundo são as matrizes das atividades, não é?... uma avaliação externa tem determinada
matriz, uma atividade de acompanhamento tem outra, uma verificação de horários e turmas (OAL) tem
outra matriz e portanto tento-me preparar o melhor que eu sei e posso” ; “sempre que posso vou assistir a
conferências e tentar estar atualizada a… precisamente nas áreas enfim onde se estuda academicamente
também a nossa atividade, não é a… ultimamente fui à Universidade de Évora precisamente onde se falava
da avaliação externa, os impactos da avaliação externa nas escolas, o acompanhamento da ação educativa…
trabalhos de mestrado e doutoramento foram apresentados (…)” ; “vou muito muitas vezes, sempre que
posso, ao Conselho Nacional da Educação… gosta também bastante dos estudos que são feitos a… pela
Aqueduto e outros organismos que trabalham com o Conselho Nacional da Educação a… pronto e depois
são os nossas leituras pessoais em casa, os nossos artigos” ; “as competências, são as competências do…
enfim… específicas para aquela atividade que decorrem do domínio da matriz da… atividade (…)” ;
“Depois também competências do ponto de vista social e… e… humano, porque eu considero muito
pessoalmente que a atitude é muito importante a… e portanto acho que o domínio relacional, a forma como
nós a… colocamos as questões, a forma como nós interagimos com os pares, com os professores, com a
direção, com os pares de educação é muito importante para que o trabalho tenha sucesso a… e portanto
valorizo muito esse lado. O lado da competência social e pessoal, aliado às competências técnicas, pronto, o
dominarmos bem a… as matrizes das atividades… julgo que o inspetor muito bom tecnicamente e muito
mau do ponto de vista relacional pode estragar uma atividade, e portanto acho que destas duas dimensões
que se faz uma boa inspeção numa escola.”
E4: “(…) é fundamental a… a capacidade de análise, também capacidade de síntese, capacidade de nos
colocarmos no contexto e no lugar do outro a… é preciso também a… ter preparação, saber do que se está a
falar a… também é preciso ter alguma humildade, porque efetivamente, por exemplo, estou a falar em
termos de práticas letivas… uma pessoa que deixa de ter dado aulas… eu quero acreditar que teoricamente
quem está no terreno, quem dá as aulas, quem é que gere as turmas, terá a… também algo… muito a dizer
que as nossas conceções, não é… que qualquer um de nós estamos aqui e já não damos aulas, assistimos,
mas não damos.” ; “é muito importante também a questão da (…) assertividade (…) É preciso que o outro
também sinta que nós percebemos das coisas. Para percebermos as coisas temos que nos informar e temos
que não dar por adquirido (…) portanto tem que haver uma formação que passe necessariamente por querer
saber mais… porque os normativos são apenas meros indicadores (…)” ; “(…)eu vejo assim (…) não é
propriamente competências mas a é uma postura… eu vejo que a… a verdadeira atuação de um inspetor
devia abarcar quase como um investigador (…)Quando (…) como e porquê… um bocadinho isso… se nós
em cada intervenção conseguíssemos encontrar (…) essas respostas todas (…) Em termos de atuação. Isto
implica flexibilidade, não é nada fácil porque é muito mais fácil a… a… ler só o que está no papel “não tem
que fazer assim, este é número de alunos, não deveria ter feito porque está lá a dizer…” (….) claro que
quando existe a desconformidade mas é mais fácil as pessoas até aceitarem isso, se nós pelos menos
percebermos porque é que os fizeram… não tira digamos a desconformidade… (…)” ; “(…) nós fazemos
uma atividade que a organização do ano letivo (…) ainda há dias eu falava… por exemplo uma das coisas
que desconformidade é a lei diz que por exemplo a constituição… os critérios de constituição das turmas
têm que estar no regulamento interno e no projeto educativo… saiu um normativo e diz que tem lá nos dois
sítios. E durante muito tempo até isto estar definido, encontrávamos em escolas que não tinham nesses dois,
mas tinham numa coisa que chamavam projeto curricular. E quando eles nos confrontavam “ah mas não
cumpre o normativo” (…) nos perguntavam qual era a diferença e objetivamente a pessoa tem que saber dar
a resposta, para além de dizer: “olhe a diferença é que está lá escrito”
Valores
E1: “(…) cada vez acho que é mais importante a questão dos valores porque estamos muito mal em termos
de valores e acho que é fundamental, às vezes é mais importante em determinadas circunstâncias falar com
as pessoas a… falar de valores com elas, de atitudes, de melhorar muitas vezes o estado de espírito ou
psicológico das pessoas porque muitas vezes os profissionais estão muito a… estão muito… estão
desgostosos, não estão motivados (…)” ; “Há três valores que eu acho fundamentais que é: a justiça, a
liberdade e a democracia.” ; “Lealdade relativamente a nós próprios, lealdade por exemplo relativamente a
si, que me está aqui a fazer esta entrevista, a… lealdade relativamente aos colegas e lealdade relativamente
às organizações com quem contactamos e ao sistema educativo e à tutela.” ; “o respeito, a honestidade”
E2: “(…) é fazer os possíveis para ver garantida a equidade do serviço de educação, a… a qualidade do
serviço que prestada às escolas, portanto tendo em conta obviamente em primeiro lugar os alunos e as
crianças que são o alvo de… do trabalho das escolas. Portanto é no sentido efetivamente que eles tenham o
melhor serviço de… educação porque têm direito a isso.”
E3: “ (…)o conhecimento, portanto, o estar documentada ao nível do conhecimento a… a imparcialidade
a… a correção, também e basicamente é isto… será o conhecimento, a imparcialidade e a correção. São os
três valores que eu acho mais importantes”
E4: “(…)transmitir transparência (…) honestidade intelectual (…)… transparência, honestidade a… rigor,
mas não é um rigor de escravatura, é rigor no sentido que está um bocado ligado quando eu há bocado
utilizei assertividade (…) aquilo que tem de ser feito (…) porque tem que ser feito… porque… para ser uma
questão de justiça (…) Alguém tem que a… assegurar, isto por exemplo, põe-se muito em termos de
cumprimentos e de… de… o que se passa a nível de sala de aula… eu tenho que zelar, eu tenho que
assegurar sendo inspetora ou não, mas é dos inspetores que estamos a falar não é… garantir que as
condições… se tiver o meu filho na turma A, não é porque é um sortudo… alguém tem que assegurar
procedimentos porque todas as pessoas, neste caso quer falemos da turma A tem os mesmos direitos de B.
As pessoas têm que perceber isso (…) Portanto o que há… é zelar por esta questão da… justiça dentro do
que é diferente, mas há princípios que a… têm que ser a… universais, direitos, portanto zelar também por
esses direitos e depois também a… associar ao rigor a… à correção, de fazer a… a… bem feito.”
Dimensões de
trabalho
E1: “(…)seja qual for a atividade que eu faça, eu ponho sempre um cunho, isso parece às vezes um pouco
estranho ou difícil de interpretar, um cunho pedagógico (…) Mesmo que faça uma averiguação a… dou
comigo muitas… dou conta muitas vezes de estar a falar com as escolas sobre a… como é que a… fazem a
aprendizagem das crianças, se for a um jardim de infância ou como é que se faz a aprendizagem dos aluno,
se tiver numa escola com ensino… o importante fundamentalmente é essa é… a minha maneira de agir, não
é… claro que o cerne do trabalho é aquele mas a… podemos sempre a… desenvolvê-lo de forma a…
conseguir ser útil à organização… à escola neste caso. O fundamental, o mais importante é isso. É realmente
ser útil.” ; “Eu acho que só essas dimensões… a questão dos valores e das relações interpessoais [e do
conhecimento] a… e cada vez mais os valores e isto porque nada está desligado, claro” ; “há uma grande
também a nível individual uma grande dificuldade das pessoas se relacionarem umas com as outras e se
ajudarem, portanto ajuda mútua e isso é uma dimensão a desenvolver… porque isso também… se nós…
tomarmos atenção a esta dimensão que é uma dimensão diria se calhar mais humana eu não sou a sociologia
mas diria, nem da psicologia, nem da psiquiatria, mas diria que é uma dimensão talvez mais humana e que
se vê nas escolas. Vamos lá ver os professores a maior parte das vezes dão aulas para a turma como sendo
uma turma fosse um aluno, certo? Não há diferenciação pedagógica (…) e portanto as tentativas são sempre
de homogeneizar os grupos ou tornando as turmas, por exemplo, que é horrível, turma nível ou retirando
grupos eventualmente alunos de proficiência iguais ou semelhantes que vão constituir um grupo de forma a
que aquele professor continue a dar àquele como se aquele fosse um aluno. Portanto a procura é sempre…
mas se formos a ver e se observarmos bem isto tem a ver com esta dimensão humana, porque as pessoas não
se relacionam. O professor tem que trabalhar de forma colaborativa… é impossível trabalhar e planear
diferenciação pedagógica e intencional, não é aquela que se improvisa na sala, todos os professores
conseguem fazer muito bem… andam a saltar de lugar em lugar a explicar aos alunos as dúvidas, só um
professor ou dois quando faz coadjuvação e os alunos são trinta… se calhar é muito difícil conseguir chegar
a todos naquela hora. Ora bem por isso, isso obriga ao trabalho colaborativo, ora se as pessoas estão
isoladas, se não trabalham colaborativamente por as mais variadas razão… razões, mas até podiam
colaborar colaborativamente, utilizando a tecnologia, mas muitas vezes não… se nós olharmos para o
número de produtos tecnológicos que entraram na escola nos últimos anos, a maior parte deles foi muito
pouco usada, por exemplo quadro interativos etc… não é?.... Porquê? Também por causa disso… produzir
conteúdos com os quadros interativos, um professor sozinho não consegue produzir conteúdos para os
diferentes níveis de ensino que leciona, é impossível… tem que trabalhar colaborativamente. Portanto esta
dimensão humana não sei se posso chamá-la assim, chamem-lhe o que quiserem, a questão dos valores, a
questão das relações, a questão humana, volta a falar na questão, nas questões das relações interpessoais que
é fundamental”
E2: “(…) todas elas [pedagógicas, administrativas, éticas] são importantes (…) Mas (…) é difícil de eleger,
porque acho que se uma falha… a… as outras também não podem funcionar bem (…) Tem que haver
sempre um trabalho em que pedagogicamente as coisas funcionem bem (…) Tem que haver ética
profissional e para a… e só assim é que se consegue portanto que o trabalho desenvolvido seja de qualidade.
Portanto acho que não elegeria nenhuma, devem estar todas na mesma dimensão e funcionarem em
conjunto para que tudo funcione bem.”
E3: “Em primeiro lugar, um inspetor tem que conhecer, não é a realidade… portanto tem que se
documentar, tem que se preparar… não pode ir para escola fazer de conta, de maneira alguma a… pronto
a… documentar-te, ler muito bem toda a documentação que lhe chega, estar preparado para colocar
questões pertinentes. Nós podemos colocar questões, não temos ascendente nenhum sobre os professores,
nem sobre os diretores, temos é esta possibilidade de colocar algumas questões… mas questões estas quem
têm que estar fundamentadas (…) Pronto depois colocá-las de maneira a poder a… aferir as respostas mais
verdadeiras (…) Para conduzir o nosso trabalho de forma a… a enfim, o mais correto possível e… no
sentido de esclarecer aquilo que nos é proposto, não é na atividade. Mas acho que quanto mais… quanto
mais nós a… a… a trabalharmos a competência humana (…) quanto mais estivermos ao lado das escolas
(…) melhor informação conseguimos e portanto a escola fala mais sobre os seus processos, sobre as suas
dificuldades do que se colocarmos uma atitude muito intransigente, muito fechada, as escolas também se
fecham, também receiam… receiam o nosso trabalho, portanto acho por aí conseguimos ter as escolas a
colaborar mais connosco porque se tivermos uma atitude mais intransigente ou a parecer mais intransigente,
às vezes nem temos é o parecer… é o parecer que faz com que as pessoas não… não digam o que têm a
dizer ou tentem esconder a situação. Acho que a nossa Inspeção precisa de ser a… precisa de estar a par
com as escolas (…) precisa de caminhar no mesmo sentido a… pronto e isso conseguimos fazer isso nas
diferentes atividades… mas eu penso que sim, penso que são essas as orientações da casa de há uns a esta
parte é nesse sentido… mesmo até a atividade da Organização do Ano Letivo a… tem um pendor
pedagógico a… mais evidente do que há anos atrás, sim.”
E4: “(…)gosto muito da questão relacional, porque é a que mais… onde eu acho que tenho mais resultados,
não é… acho que é a dimensão a… humana na perspetiva de… só muda, só melhora quem sabe, não é…
como o fazer (…) o mais importante, não é… é as pessoas sentirem que estamos ali… não, não é para ser
a… samaritanos, nem para abençoar, nem ara ser os melhores amigos, não é… mas também não é o
contrário: apontar o dedo, apontar a crítica, a… “isto está mal, isto está bem”, não é? Portanto, esta
dimensão relacional é no sentido de devolver um bocadinho, pegar no discurso do outro, retribui-lo,
questionar, às vezes também perturbar, mas também não é incompatível sejam em que atividade for, do
género, e assim que deve feito… reforçar aquilo… reforçar aquilo que é bem feito (…)” ; “(…)o aspeto
relacional, o chegar a atingir os objetivos, mas através de uma relação dinâmica, para mim é o aspeto
essencial (…)”
Anexo 8 – Guião de Entrevista E5
Entrevistada: Chefe de Equipa da Área Territorial de Inspeção do Sul (E5)
Objetivos Gerais:
Conhecer a cultura organizacional da IGEC na perspetiva da entrevistada;
Caracterizar o papel do gestor a partir do trabalho que desenvolve na organização.
Blocos temáticos Objetivos específicos Formulário de perguntas/tópicos Notas
A
Legitimação da
entrevista
Legitimar a entrevista
Motivar o entrevistado
Informar o entrevistado sobre a temática e a
finalidade da entrevista.
Sublinhar a importância da participação do
entrevistado para o sucesso do trabalho.
Salientar o carácter restrito do uso das
informações concedidas.
Referir a disponibilidade para fornecer os
resultados do trabalho.
Pedir autorização para gravar a entrevista.
Proporcionar ao entrevistado um
ambiente que lhe permita estar à
vontade e falar livremente sobre os
seus pontos de vista.
B
Caracterização da
ATI Sul
Caracterizar o
funcionamento da ATI Sul
Para começar, pedia que me falasse um pouco do
funcionamento da Área Territorial de Inspeção
Sul. Qual a dimensão da equipa que coordena?
Como são planificadas as atividades
Áreas/equipa/atividades, entre
outras; Enquadrar esta área no
âmbito da IGEC
Saber as atividades e modo de
planeamento, por exemplo: em
equipa, individualmente, advém
desenvolvidas no âmbito da ATI Sul?
De que modo é que articula o seu trabalho com os
inspetores na Área Territorial de Inspeção Sul?
dos normativos, etc.
Modo de trabalho, por exemplo,
realização de reuniões periódicas
etc.
C
Gestor
Perceber os momentos de
trabalho mais individuais e
em grupo
Identificar se delega
competências
Compreender o modo de
afetação de recursos e o
que tem em consideração
nesse processo
Toda essa coordenação porventura assenta em
trabalho mais individualizado e também em
trabalho em equipa. Fale-me um pouco dessa
diferença: quando se justifica ser mais individual e
quando é que é mais em grupo.
Costuma delegar competências e funções?
Porquê?
Como é feita a afetação de recursos na sua
atividade?
E o que tem em consideração quando realiza essa
afetação?
Por exemplo recursos humanos,
materiais, financeiros, etc.
D
Cultura Organizacional
Identificar os valores que
elege para conduzir o seu
trabalho
Como sabemos, a missão da IGEC consiste em
assegurar a legalidade e controlar, auditar e
fiscalizar o funcionamento do sistema educativo.
Quais são os valores que elege como os mais
relevantes para conduzir o seu trabalho?
O quadro de valores que rege a
organização
Compreender de que modo
é que o quadro de valores
é interiorizado e partilhado
pelos inspetores e pela
organização
Caracterizar a cultura da
IGEC
Atendendo ao quadro de referências da atuação
dos inspetores, percebe-se a existência de um
conjunto de valores que guiam a sua atuação:
como por exemplo, a seriedade, o bom senso, a
lealdade, a justiça, etc. No seu entendimento, de
que modo estes princípios/valores são
interiorizados e partilhados pelos inspetores?
E como consegue a organização manter os
inspetores próximos destes valores?
Como caracterizaria a cultura organizacional da
IGEC?
Visão do entrevistado em relação à
unidade organizacional
E
Papel do Gestor
Conhecer um dia típico de
trabalho da entrevistada
Identificar o tipo de
atividades e a frequência
de realização
Caracterizar as rotinas e
imprevistos do trabalho
Pedia-lhe que me descrevesse um dia típico de
trabalho.
Fale-me um pouco do tipo de atividades que
realiza no seu dia-a-dia.
Quais destas realiza com maior frequência?
Considera que o seu trabalho tem rotinas? Pode
dar-me alguns exemplos? E imprevistos?
Perceber se existe ou não um ‘dia
padrão’ ou se são sempre diferentes
Perceber se são diferentes e
variadas; curtas, longas,
Perceber que tipo de imprevistos
podem surgir - exemplos
Identificar rituais de
trabalho
Compreender os
constrangimentos da sua
atividade e o seu modo de
gestão
Perceber se faz parte das
suas funções representar a
organização junto de
outros atores
Compreender a
importância que as normas
e regulamentos da IGEC
têm na sua atividade
Conhecer os objetivos de
trabalho em relação à ATI
Sul
Perceber se procura
informações junto de
contextos externos para
desempenhar a sua função
Compreender o processo
E rituais? Pode descrever-me alguns?
Qual o maior constrangimento à sua atividade?
Como gere tudo isso?
É da sua competência representar a organização
junto de outros atores?
Com que tipo de atores é que costuma interagir?
Qual a importância que sente que as normas e os
regulamentos internos da organização têm no
desempenho da sua atividade?
Especificamente em relação à ATI Sul, quem
determina os objetivos de trabalho e o
planeamento?
Para desempenhar as suas funções tem por hábito
procurar informações junto de contactos externos?
De que forma é que o faz?
Como dissemina essa informação junto dos seus
Por exemplo, institucional,
individual; perceber se existe
ajustamento entre o institucional e
o individual – e como se faz esse
ajustamento;
Perceber porque é que é necessário
na sua opinião
Por exemplo: email;
presencialmente; telefone; reuniões
de disseminação a
informação
Conhecer de que forma é
que é realizada a
comunicação
Perceber como concretiza
o processo de tomada de
decisão
colaboradores?
De que forma é realizada a comunicação com os
inspetores e demais colaboradores?
No seu caso, em concreto, como se concretiza o
processo de tomada de decisão?
Solitário ou em conjunto? Porquê?
Entender se é mediante reuniões,
email, ofícios, etc.) – perceber
quais os que privilegia. Saber se
sempre foi assim.
Perceber, por exemplo, se há um
princípio moral, em que a tomada
de decisão baseia-se nos valores,
crenças e atitudes dos líderes
organizacionais. Entender se são
levados em conta objetivos
institucionais, partilhados, objetivos
pessoais etc. Compreender se existe
partilha no processo de tomada de
decisão
F
Finalização da
Entrevista
Entender se pretende
acrescentar algum aspeto
que não tenha sido
abordado durante a
entrevista
Agradecer a sua
colaboração.
Deseja acrescentar algum aspeto que não tenha
sido contemplado nesta entrevista?
Anexo 9 – Protocolo de Entrevista E5
Entrevistada: (E5)
Entrevistadora: Soraia (S)
S: Então para começar eu queria salientar que esta entrevista é realizada no âmbito do
relatório de estágio do mestrado em Educação e Formação com especialização em
Organização e Gestão da Educação e da Formação. Os objetivos gerais desta entrevista
incidem em conhecer a cultura organizacional da organização na sua perspetiva e
caracterizar também o papel do gestor a partir do trabalho que desenvolve na
organização. Depois e nesse sentido, reforço a importância da sua participação para o
desenvolvimento do meu trabalho e também asseguro a confidencialidade e o
anonimato desta entrevista. Posso gravar a entrevista?
E5: Sim… sim, pode.
S: Então para começar eu pedia que falasse um pouco do funcionamento da Área
Territorial de Inspeção do Sul…
E5: A… ora bem… a Área Territorial Sul é uma área muito abrangente… tem…
abrange as escolas que vão desde a Nazaré até Faro. Portanto, o que é que fazemos
aqui? A… basicamente asseguramos as nossas atividades do plano anual de atividades
em todas estas escolas… a… a ação disciplinar e a provedoria. Portanto os inspetores
que estão afetos à área territorial… a… têm o seu desempenho nesta… em toda esta
área e não sei se quer mais a vertente aqui da organização da casa… dos inspetores em
geral…
S: Eu queria perceber o funcionamento aqui da área territorial…
E5: Então o que é que fazemos aqui na área territorial… aqui esta equipa… a… planeia
todo o trabalho dos inspetores… a… acompanha o trabalho no terreno e depois verifica
o produto do trabalho, não é… os relatórios para submeter superiormente ao senhor
inspetor-geral, isto na parte das atividades. Depois a outra parte é assegurar a parte da
ação disciplinar, portanto, a… distribuir todo o trabalho que temos de processos
disciplinares… a… diariamente que é… há alturas que é quase diariamente planear…
planear não é mais nomear a… inspetores para irem ao terreno verificar situações que
nos foram relatadas por encarregados de educação… a… docentes e que precisam
mesmo de ser verificadas… portanto basicamente é isto que fazemos aqui nesta área.
S: E qual a dimensão da equipa que coordena?
E5: Olhe, no terreno, portanto, neste momento somos 49 inspetores. Portanto 49
inspetores no total, sendo que destes 49 temos dois inspetores que não estão a ir ao
terreno porque são os inspetores que estão a prestar apoio jurídico. Portanto temos dois
juristas e portanto as pessoas que estão no terreno a fazer quer as atividades mas mais a
ação disciplinar e a provedoria precisam sempre de apoio jurídico porque as questões
são sempre… tem que… a vertente jurídica é importantíssima não é, e portanto, antes de
ser entregue qualquer trabalho a… há sempre um apoio por parte dos juristas. Portanto
estes estão aqui permanentemente não vão ao terreno. Não quer dizer que às vezes isso
não aconteça que é o caso. Neste momento só temos um jurista porque outro está a fazer
um processo disciplinar que era muito urgente e pronto não havia mais ninguém e às
vezes é difícil, portanto o resto estão todos… Eu vou-lhe dizer, ontem tínhamos aí uma
situação de urgência de uma queixa e era uma coisa muito urgente e não havia um
inspetor, eu não tinha um inspetor disponível. Todos os inspetores ontem estavam no
terreno, portanto, toda a gente…
S: E aqui na casa?
E5: Aqui na casa, além dos dois juristas temos uma inspetora que faz o apoio, ou seja, o
apoio é feito aos inspetores que precisam de… a… estando no terreno de consultar
documentos que não estão acessíveis na nossa base de dados… a… é preciso preparar
todas estas intervenções, é preciso fazer uma preparação e é uma inspetora que nós
temos aqui, já é uma inspetora que está cá há muitos anos… há 30 anos e portanto é
essa que está de retaguarda a preparar as coisas, sempre que é preciso nomear um
instrutor para um processo, sempre que é preciso um inspetor para ir à escola… todos os
procedimentos formais que é preciso fazer temos o secretariado que é só uma pessoa
aqui e essa inspetora que também faz esse apoio. Mais ninguém, portanto basicamente é
isto aqui em Lisboa, por que nós temos instalações também em Évora que já existiam…
e já existiam porquê? Por via de uma organização diferente, porque antes havia uma
área… uma delegação em Lisboa e Vale do Tejo, uma delegação no Alentejo e uma
delegação no Algarve, portanto que tinham os seus inspetores e faziam o seu trabalho.
Os inspetores foram ao longo dos anos diminuindo e ah… o que fez com que em 2013,
o senhor Inspetor-Geral tenha decidido fazer outro tipo de organização e portanto a área
territorial passou a ser uma… passou a ser muito abrangente. No Alentejo há inspetores,
no Algarve há inspetores e como sabe nós fazemos algumas atividades que precisam de
preparação prévia em grupo. Aliás todas as coisas, todos os trabalhos realizados pelos
inspetores são sempre em par, exceto a ação disciplinar. E mesmo às vezes no caso da
ação disciplinar, por que as coisas são mais complicadas, na ação disciplinar é sempre
preciso alguém para secretariar. Num processo disciplinar, o instrutor tem sempre
alguém para secretariar. E por que é que tem que ter alguém para secretariar? Porque no
processo disciplinar é preciso ouvir pessoas, em inquirições não é? A… quem está
presente é o instrutor do outro lado e estarão testemunhas, eventualmente os arguidos e
nesse processo é preciso que as coisas não levantem todos… o que é tratado não
levante, não possa trazer dúvidas, daí que há sempre alguém que tem que fazer,
digamos, o trabalho de testemunho daquilo que é dito e daquilo que se passa e que
tenhamos que ter sempre o secretariado. Até há relativamente pouco tempo, e agora
também acontece, o secretariado é sempre… a… há um processo disciplinar numa
determinada escola, o inspetor dirige-se lá e pede ao senhor diretor ou à senhora diretora
que designe um assistente técnico para fazer esse apoio. Muitas vezes a escola bate-se
com problemas de pessoal e não tem assistentes técnicos disponíveis. Nesses casos e
quando os processos são complicados o que se faz é ir uma equipa de dois inspetores,
um é um instrutor e o outro vai para o secretariado. É uma situação que nem sempre
acontece, só em situações mais complexas ou que a escola não tenha ninguém
disponível. De resto, é a única altura em que vai só uma pessoa. Caso contrário, são
sempre dois inspetores a ir à escola. Nós, no caso por exemplo da AEE… a… é feita
com uma equipa de três pessoas, três avaliadores: dois inspetores e alguém que vem do
ensino superior. Ora este trabalho de articulação é preciso ser preparado e depois da
intervenção também na sequência do relatório… é um trabalho a três precisa de ser
aferido pelas pessoas. O que acontece é que hoje com as novas tecnologias, nós temos a
questão de poder mandar por email e isso agiliza os procedimentos… a… mas há
alturas que é preciso as pessoas estarem presencialmente não é… e isso faz com que
tenhamos que ter um espaço físico… a… é preciso, hoje muito menos, tirar cópias, mas
é preciso preparar às vezes documentação e… não é possível as pessoas que têm o seu
trabalho mais habitual na zona Sul, ou seja, no Algarve ou no Alentejo virem para
Lisboa fazer este trabalho, não é? Até porque os avaliadores externos que vão para o
Alentejo e para o Algarve… a… são das instituições de ensino superior daquela zona e
portanto temos sempre e mantivemos os espaços que tínhamos exatamente para esse
apoio. Nós na inspeção não temos atendimento presencial, ou seja, quando as pessoas
querem fazer uma queixa não se dirigem cá para fazer uma queixa e isso é sempre
feito… se quiserem vir aqui fazer ou a Évora ou a Faro, o que fazem é… nós temos
uma… um modelo… a pessoa se quer lá ir vai e preenche com os seus dados pessoais,
coloca o assunto que quer tratar e depois nós contactamos a pessoa no caso de ser
alguma coisa… a… em geral são queixas, exposições, pedidos de ajuda de nalgum
sentido de resolver alguma situação, isso fazemos sempre atendimento telefónico ou por
email, nunca presencial. Mas de qualquer maneira nas nossas instalações, as pessoas se
lá se dirigirem podem sempre também preencher esse modelo e deixar o assunto
resolvido. Outra questão que precisamos das instalações é que compete também à
Inspeção apoiar os instrutores dos processos disciplinares que estão a ser feitos na
escola. Portanto caso um diretor instaure um processo disciplinar, quer a um professor,
quer a um assistente, a… o processo decorre na escola. O senhor diretor nomeia um
docente para fazer esse processo… o apoio… portanto os docentes não têm… a…
formação jurídica a maior parte deles, ou quase todos… e portanto precisam de alguém
que ajude e esse apoio é sempre prestado pela Inspeção e também pode ser prestado
online e acontece, mas há sempre dois momentos em que os inspetores… instrutores
dos processos vêm aqui: primeiro… a… vêm aqui no início para que o jurista lhe
explique todo o procedimento… a… que todos os procedimentos que terá que fazer e
depois numa outra altura que é quando há necessidade de fazer uma nota de culpa, ou
seja, há acusação… a acusação é uma peça processual muito complexa e portanto tem
que ser sempre vista por um jurista e é sempre o professor… é sempre o docente que
a… se dirige a… às nossas instalações a fim de lhe ser prestado o apoio… portanto é
esse o motivo por que nós ainda mantemos... temos que manter as nossas instalações.
S: Então coordena toda a área até ao Algarve…
E5: Eu coordeno… exatamente… temos uma pessoa no secretariado aqui e depois
temos duas outras pessoas em Évora e uma em Faro. Estas pessoas têm também… como
nós temos neste momento 12 atividades no plano de atividades é preciso… todas as
atividades têm procedimentos que… a…não são fáceis porque desde a comunicação às
escolas, as comunicações aos inspetores, desde o envio dos documentos, por exemplo
na maior parte das atividades que fazemos antes de iniciar a atividade, quando damos
conta à instituição seja ela pública ou privada que vamos lá em tal data, mas mandamos
de imediato o pedido de documentos e os documentos que pedimos a… sempre são os
documentos estruturantes da escola, projeto educativo, plano anual de atividades,
regulamento interno, para que quando se vai fazer uma atividade tenha já um
conhecimento mínimo do conhecimento da escola… a… e… portanto a… essas pessoas
servem exatamente para isso, gerir todo o todos os meios, mandar os ofícios, distribuir
depois os documentos, mandar os relatórios para as escolas a… depois mandar a…
assegurar-se de tudo porque é… é muito fácil as coisas virem por email mas nem
sempre as coisas funcionam bem… quando é preciso ter a certeza de que os documentos
chegaram, que a escola os recebeu, que nos disse sim senhora recebeu o email… todas
essas etapas que nós temos estão distribuídas por estes assistentes técnicos… a cada um
tenho distribuído três e há um que tem mais atividades que é da sua responsabilidade.
S: E como são planificadas as atividades desenvolvidas no âmbito da Área Territorial de
Inspeção do Sul?
E5: Como é que são planificadas… olhe… a… portanto anualmente… a… neste
momento já estamos e estamos em maio, já estamos a planificar o próximo ano letivo
porque nós funcionamos… temos aí um… algo que às vezes é complicado gerir que é
os planos anuais têm que funcionar por anos civis, mas o nosso trabalho não pode ser
por ano civil é por ano letivo, daí que isto às vezes seja um pouco complexo a… mas
neste momento já estamos a planificar o próximo ano letivo. Portanto nós neste
momento nós já estamos a agendar todas as atividades que vamos ter no ano letivo
16/17 com antecedência porque as escolas também precisam de ser avisadas com tempo
a… e… portanto todos os… aquela que mais tempo necessita de… planeamento e
de…alguma reflexão a fazer é a avaliação externa porque é uma atividade um
pouquinho mais complexa, de mais dias, e que envolve não só os inspetores mas
também alguém de fora, portanto a… esse planeamento é feito com muita antecedência.
O que é que depois acontece, portanto, nós começamos a fazer o planeamento, alocamos
essas atividades aos inspetores de acordo com um determinado perfil porque nem todos
os inspetores fazem todas as atividades. É claro que todos estão preparados para fazer
todas as atividades, mas… por algumas… às vezes pela questão de formação científica,
por exemplo, é mais… é mais interessante e… ser por exemplo, dou-lhe um exemplo, a
atividade da gestão experimental das ciências foi inicialmente concebida por um grupo
de inspetores da área das ciências, mas e como a… esta intervenção é no âmbito da
educação pré-escolar e também do 1.º ciclo… a… foi alocado e que lhe pertenceu aliás
a atividade foi também concebida por uma pessoa da educação pré-escolar e como uma
pessoa do 1.º ciclo. O que é que tentámos fazer de início? No primeiro ano basicamente
foram pessoas que estavam mais diretamente ligadas a… a… ao grupo de trabalho, não
é… e pessoas da área e fomos pouco a pouco inserindo pessoas de outras áreas, mas isto
é sempre… vão portanto começámos com um grupo de seis pessoas e depois a pouco e
pouco vamos inserindo, vão fazendo formação, e vamos inserindo pessoas de outras
áreas. É o que fazemos sempre. E isto começamos a pensar nisto com muita
antecedência porque nunca vamos para o terreno anualmente sem fazer formação todos
os anos aos inspetores. Antes de começarmos qualquer atividade do ano há um ou dois
dias de formação naquela formação de preparação para aquela atividade. É claro que
durante o mês de setembro a… basicamente é setembro e outubro no início também
temos formação. Aproveitamos também para a… fazer formação nas áreas em que as
pessoas têm manifestado a… alguma fragilidade, têm achado que alguma coisa…
alguma atividade… a… é mais complexa em determinada área e o que nós fazemos
sempre é… e… se os inspetores manifestam-nos porque nós pedimos fazemos um
questionariozinho e perguntamos aos senhores inspetores quais são as dificuldades que
estão a ter nalgumas áreas e portanto perante a resposta deles nós tentamos sempre no
mês de setembro e outubro ter em conta aquilo que nos pedem e junto de docentes…
de… do ensino superior que estão diretamente ligados às áreas que nós pretendemos…
fazemos sempre alguma formação. Grande parte da formação é sempre realizada em
setembro e outubro. Depois vamos fazendo a… nomeadamente sempre na avaliação
externa, sempre em janeiro, porque em geral desenvolvemos a nossa atividade outubro,
novembro e dezembro. Em janeiro fazemos sempre uma reunião de ponto de situação
para aferir o que é que aconteceu, que dificuldades… isto porque a educação tem
mudado imenso… há imensas mudanças na legislação, há coisas que de um ano para o
outro temos que alterar e portanto isso faz com que em janeiro nalgumas atividades e
nomeadamente na avaliação externadas escolas é uma delas que façamos sempre
alguma reunião com todos os inspetores que desenvolveram a atividade, que nos vão
dizendo que dificuldades sentiram, o que é que correu menos bem, como é que podemos
melhorar o trabalho a partir daí. Basicamente é isso.
S: Então basicamente o planeamento é feito mais em equipa destas atividades…
E5: O planeamento é sempre feito em equipa, pela equipa que são… sou eu, a minha
colega também chefe de equipa e… e para cada atividade existe um inspetor que é o
responsável de transmissão… de transmissão a… de… de… da informação sobre aquela
atividade. Portanto estamos a falar por exemplo de… a… OAL, Organização do Ano
Letivo, nós fazemos o planeamento da atividades, eu e a minha colega T e temos dois
inspetores neste caso porque é uma atividade que abrange muitas escolas… há
atividades que temos um número reduzido digamos assim de atividades anuais, não é o
caso por exemplo da Organização do Ano Letivo, muitas vezes temos feito durante o
mês de setembro e outubro 100 intervenções… 100 intervenções precisamos sempre de
mais do que um inspetor porque os relatórios têm que ser muito bem vistos e depois
sempre todos os relatórios, todos os nossos relatórios têm… vão sempre para a escola, o
pré-relatório vai para a escola para efeitos de contraditório e a escola pode exercer caso
queira o direto de contraditório sobre tudo o que lá vem e estas situações pressupõem
sempre uma análise de alguém e portanto era completamente impossível com o número
de atividades que fazemos que anualmente serão 360 mais ou menos… 360 atividades
do plano de atividades, fora a… e não estou a contar aquelas que são as sequenciais, ou
seja, aquelas que nós vamos fazer uma atividade e deixamos recomendações e nalguns
casos temos que voltar lá para nos certificarmos que a escola cumpriu aquilo que foi
recomendado por que são recomendações importantes. E portanto o planeamento é feito
por nós as duas sempre com os interlocutores das atividades, que se é a OAL nós
planeamos juntamente com essas duas pessoas, como é deve ser feito, as intervenções já
sabemos quantas vamos fazer, mas quando é que vamos, a que escolas é que vamos a…
a que dias vamos, que equipas vamos escolher, portanto esse planeamento é feito
sempre pelas chefes de equipa em conjunto com os interlocutores.
S: E de que modo é que articula o trabalho com os inspetores na Área Territorial de
Inspeção Sul?
E5: Como é que articulo o meu trabalho?
S: Sim…
E5: A… então vamos lá ver… basicamente, a articulação do trabalho com os inspetores
é feita por via dos interlocutores, ou seja, a… o trabalho antes de ser iniciado tem uma
formação. Ou seja, no início do ano digamos que, como há pouco disse-lhe, setembro e
outubro preparamos com todos os senhores inspetores que vão fazer o trabalho, o chefe
de equipa e a interlocutora em reunião: vamos fazer estas atividades, como é que vamos
fazer… temos sempre os nossos guiões, os nossos roteiros… a… os inspetores são
todos… a… tomam todos conhecimento dos materiais que vão utilizar, como vão
utilizar, os tempos que vão ter para fazer os trabalhos… a… quando e uma atividade
que a… não tem sofrido muitas alterações a… não é tão difícil assim porque as pessoas
já estão mais ou menos rotinadas com o trabalho, mas há sempre algumas coisas novas
no início do ano a aferir… é ter em atenção a determinados procedimentos que vamos
de ano para ano melhorando e portanto antes de iniciar qualquer atividade nenhum
inspetor vai fazer qualquer coisa sem que esse trabalho já esteja sempre preparado, quer
a… por… pelo… pela parte da chefe de equipa que está presente sempre nas reuniões,
quer pelo interlocutor que depois é a pessoa que aprecia antes do chefe de equipa. A… o
inspetor quando vai para o terreno prepara… já vai com a preparação feita com todos os
inspetores. É claro que a… preparação é feita sempre em conjunto, mas para cada
atividade… para cada atividade, para cada intervenção que vai fazer são sempre a pares,
há um dia sempre que os inspetores preparam aquela intervenção. Portanto há uma
preparação a nível macro aqui dentro da casa e depois a nível micro os dois inspetores
preparam a intervenção. Desenvolvem a sua atividade, enviam-nos o relatório a… e esse
relatório é analisado sempre pelo interlocutor. Nunca vem à chefe de equipa sem que
seja analisado. É analisado, vem para mim, verifico o que é que de facto está a
acontecer… se… se há recomendações, se há necessidade de fazer alterações no
relatório, a interlocutora dá-nos conta dessa situação, eu envio novamente à equipa… a
equipa analisa de novo, volta e portanto aí é que se dá como depois o relatório final. E
portanto é um trabalho que é…é entre as chefes de equipa e sempre também entre o
interlocutor.
S: Toda essa coordenação, porventura, assenta em trabalho mais individualizado e
também em trabalho em equipa, como falou. Fale-me um pouco dessa diferença:
quando se justifica ser mais individual…
E5: O meu trabalho?
S: Sim o seu trabalho… e quando se justifica ser mais em grupo.
E5: A… o trabalho… eu… acho que não tenho nunca aqui no âmbito das atividades um
trabalho individualizado… a… o trabalho é sempre concebido… feito em grupo.
S: No âmbito das atividades. E no âmbito das suas funções?
E5: Das minhas funções a…
S: Tem trabalho individualizado também?
E5: Tenho trabalho individualizado… vamos lá ver. No que respeita à ação disciplinar
ai não, vamos falar de provedoria, atividades de provedoria. Há uma equipa de
provedoria a… que a… que analisam todas as queixas que entram na Inspeção. Tudo o
que diz respeito à Área Territorial Sul e que o Senhor Inspetor Geral ou a Senhora chefe
de equipa acha que necessita de uma intervenção no terreno manda para mim… eu
tenho que proceder a essa análise, verificar a… ler a queixa, verificar o que é que está
em causa, que pessoa, que inspetor tenho de designar para aquela questão porque os
inspetores… a… embora sejamos dignos… tenhamos esta vertente generalista porque a
educação é um mundo, são muitos assuntos… a… todos fazem tudo mas há uns que
pela sua formação académica ou pela formação que depois foram desenvolvendo ao
longo dos anos, têm mais apetência e são… têm mais especificidade em determinado…
a… numa determinada área por exemplo, digamos a educação especial, a educação
especial é preciso conhecimento mais específico em determinadas coisas, não é?... Eu
quando verifico o que é que está em causa, se vejo que é por exemplo um assunto da
educação especial, vou tentar ir buscar para fazer aquela intervenção aquela averiguação
uma pessoa que esteja… que tenha um conhecimento mais profundo daquela área. E
portanto isso é sempre um trabalho muito individualizado… eu estou aqui analiso,
verifico quem é a pessoa, nomeio a pessoa… preparo… preparo à inspetora A que
aquela inspetora que temos aqui no apoio porque faz todos os procedimentos para o
inspetor, o inspetor vai fazer… a… vai fazer essa ação ao terreno, faz uma informação,
dá conta do que é que verificou, manda para mim… sou eu que leio, analiso, verifico se
está bem, se concordo, a… se… a… a análise que foi feita se tudo aquilo… todos os
procedimentos foram seguidos pelo inspetor conduziram, de facto, a um resultado final
e quando nós vamos fazer qualquer atividade de provedoria a… o que vamos, embora às
vezes as pessoas não se apercebam disso, é verificar se a escola cometeu algo ilícito
porque se as pessoas nos estão a fazer uma queixa, não estão satisfeitos com alguma
coisa que nós vamos verificar é se, de facto, a… se a escola não procedeu do modo que
devia dentro da legalidade. É isso que nos move. Se os procedimentos foram feitos
todos dentro da legalidade ou não… muitas vezes estão dentro da legalidade, mas
deveriam ter sido mais céleres, mais eficazes e o que nós fazemos é sempre uma
recomendação ao senhor diretor para que da próxima vez seja mais célere ou a… tenha
outro tipo de procedimentos. Pronto a partir daí eu faço a…o meu parecer para o senhor
Inspetor-Geral para a… há sempre uma proposta… a…para se é acolhido pelo senhor
Inspetor-Geral. Basicamente isso dentro da provedoria é assim, é um trabalho muito
individual. Em relação aos processos disciplinares, os inspetores também fazem os
processos disciplinares a… sempre na sequência de intervenções que foram feitas…
(primeiro corte) foram instaurados pelo senhor Inspetor-Geral… na sequência sei lá…
de um… uma queixa verificamos que um diretor cometeu alguma ilegalidade, o senhor
Inspetor-Geral instaura um processo e depois os nossos inspetores vão fazer a instrução
desse processo. Mas a senhora… a… Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares,
atualmente a senhora é sub, porque não há diretor geral, a senhora… a subinspetora
geral manda para cá muitos processos disciplinares a… que ela na qualidade superior
hierárquica dos diretores instaura e pede para que seja aqui a inspeção a nomear um
instrutor e a fazer o processo, por isso temos sempre muitos processos. A… neste caso
eu quando há um processo disciplinar para instruir também fazendo o mesmo que faço
para a provedoria, verifico que assunto é que está em causa. Se for por exemplo… há
pouco eu disse-lhe que temos aqui um jurista que…a… estão aqui habitualmente
juristas a… presencialmente para fazer o apoio. Nem sempre está um deles que é o caso
agora porque vai… foi fazer um processo disciplinar e porque é que foi fazer o processo
disciplinar? Por que o assunto que estava em causa era o teor… da… natureza da… dos
factos tinham muito a ver com questões jurídicas e portanto fazia todo o sentido que
alguém que tivesse conhecimentos jurídicos fizesse aquele processo. Portanto eu vejo
quem é a pessoa que deve fazer aquele processo, nomeio e vai fazer esse trabalho.
Quando o processo termina e portanto dentro deste… de… deste tempo, o que é que eu
faço?... nos processos disciplinares os instrutores são autónomos, eu não tenho nada a
ver a… o que tenho que ver sempre é os tempos… tenho estar sempre preocupada com
os timings do processo que há tempos definidos, portanto nós temos que obedecer e
portanto tenho que estar atenta para que as coisas corram dentro dos tempos que devem.
Depois o inspetor… a… entrega o processo, eu não tenho formação jurídica a… o que é
que faço?... a… cabe-me a mim apreciar o processo… o que é que aprecio no processo..
se o processo está bem feito, se há alguma coisa que o inspetor não fez como devia a…
para isso como tenho os dois juristas, eles apreciam o processo. Eu peço para eles
analisarem e me fazerem um parecer. Portanto eles vão verificar todas as peças
processuais a… e… a… dizem-me se o processo está bem feito. Na sequência disso, eu
faço o meu despacho e vai… envio-o para o senhor Inspetor-Geral, no caso de ser ele a
decidir, ele vai decidir, no caso de não ser o senhor Inspetor-Geral, ser a Direção dos
Estabelecimentos Escolares, a Direção-Geral, depois é enviada para… fazemos uma
proposta para quem decide… a… vai para quem decide. Este é basicamente o trabalho
que eu faço individualizado…além das questões burocráticas, como é o caso das férias
dos inspetores, autorizar as férias, verificar as férias… os inspetores deslocam-se todos
os dias do seu domicílio profissional que é a sua residência para as escolas onde mando
e portanto quando a… se deslocam mais de 20km têm direito a ajudas de custo… todos
esses procedimentos burocráticos, mas as ajudas de custo tem que passar por mim a…
pedidos de férias, faltas, portanto toda essa parte burocrática essa sim é individual…
S: E em grupo? Pode dar-me exemplos, sem ser o planeamento das atividades que já me
falou… a… que tipo de trabalho… que tarefas é que faz mais em equipa?
E5: De resto as tarefas em equipa é só de… basicamente eu e a minha colega em termos
de reflexão do trabalho feito…a … reunimos habitualmente para pensarmos, refletirmos
sobre o que está feito, como é que vamos fazer… fazemos o trabalho de reflexão as
duas… de verificar sempre como é que podemos melhorar aqui o trabalho, como é que
podemos agilizar os procedimentos a… como é que a... estão a desenvolver o trabalho
todos os colegas porque temos a outra vertente que é avaliar todos os inspetores… e
embora a avaliação a… pressuponha um único avaliador, ou seja, a chefe de equipa é
que avalia todos e… é o caso mas estamos duas a trabalhar, portanto… a… interação
que temos… somos as duas chefes de equipa… temos que partilhar o trabalho de todos
os inspetores, portanto o que fazemos é muito a… refletir sobre o trabalho dos colegas,
o que é que podemos fazer, como é que podemos agir em determinadas situações, se
alguns inspetores não estão a fazer um trabalho com a qualidade que nós queremos…
pensamos o que é que devemos fazer, muitas vezes chamamos o inspetor para falarmos
com ele, verificar o que é que se está a passar, como é que… o que é que o inspetor
pode fazer… para melhorar aquele tipo de trabalho… mas basicamente é só isso…
S: Costuma delegar competências e funções… porquê?
E5: A… sim. Eu não... eu não digamos que a delegação de competências… a… a
delegação de competências… o nosso modo… como estamos, como está estruturado
esta Área Territorial tem uma chefe de equipa multidisciplinar que sou eu, mas tenho
uma chefe de equipa de acompanhamento, controlo e avaliação que é a minha colega.
Não é muito claro a… não é muito claro nas nossas competências se às vezes o que é
que faz uma e o que é que faz outra, porque eu tenho as competências todas e ela tem
outras que também são minhas. Porque são doze atividades e doze atividades é
completamente impossível serem geridas… portanto digamos que são 300 e… 300 e tal
atividades do plano anual… ações, intervenções no meu terreno que têm que ser todas
analisadas e só para uma pessoa é impensável, portanto nunca se conseguiria fazer. O
que nós…eu habitualmente faço é a… dividimos em termos de atividades a… embora a
minha colega tenha intervenção em todas há algumas que ela supervisiona
completamente… a leitura de relatórios é da sua responsabilidade é ela quem os assina.
Portanto algumas atividades é a minha colega quem tem e eu tenho outras. Eu dedico-
me em exclusivo à avaliação externa das escolas, à organização do ano letivo, aos
exames nacionais, aos cursos profissionais e agora à avaliação aos contratos de
autonomia. Portanto, estas são aquelas que eu sou a última pessoa a mexer nelas, leio o
relatório final e assino o relatório e dou como pronto. A minha colega e portanto… a…
o… a questão da provedoria e ação disciplinar que também me pertence… a minha
colega tem jardins-de-infância da rede privada, ensino particular e cooperativo, tem
educação especial, tem o… a… organização e funcionamento dos estabelecimentos
particulares e cooperativos e essa parte ela dá a última palavra em termos de relatório
final é ela quem analisa o relatório final antes de ir para a escola e portanto assina… é a
ultima pessoa a assinar, portanto é a pessoa responsável pelos relatórios. E portanto
dividimos um pouco as coisas porque uma pessoa é impossível conseguir gerir todas
essas tarefas, aliás por isso é que somos duas.
S: E como é que é feita a afetação de recursos na sua atividade? Recursos humanos,
recursos materiais, financeiros…
E5: Eu não tenho qualquer, portanto, nessa parte não… sou apenas chefe de equipa e
isso compete à direção da casa e portanto à direção de… da casa que eu digo quanto
muito manifesto ao senhor Inspetor-Geral… a… algumas dificuldades em termos de
recursos humanos porque aliás as coisas também são planificadas tendo em conta os
recursos humanos que nos estão alocados. A… como sabe na administração pública
a…é difícil neste momento ter mais a… recursos humanos porque não podem ser
contratadas mais pessoas, nomeadas mais pessoas no caso dos inspetores, a não ser por
concurso e portanto a… eu a…que trago aqueles inspetores que…
S: Na sua atividade, faz a nomeação de inspetores para as atividades… como é que…
E5: Eu só nomeio, mas nomeio perante aquilo que tenho…
S: Sim, sim exatamente, mas na sua atividade como é que esta afetação de recursos
também…
E5: Eu faço essa afetação de recursos, há pouco como lhe disse, de acordo… portanto
tenho tantas atividades para desenvolver, não é? E portanto vou ter de alocar (risos).
S: O que é que considera quando faz essa gestão…
E5: Há pouco disse-lhe… eu vou alocando inspetores às atividades de acordo com o
perfil. Portanto, há inspetores… tenho sempre em conta a formação académica,
científica de cada inspetor e depois também tenho em conta toda a outra formação que
os inspetores foram fazendo ao longo do tempo aqui nesta casa por monte próprio ou
por que a casa lhes proporcionou e portanto para determinadas atividades afeto
determinados inspetores que têm mais perfil pra…pra… pra aquele tipo de atividades.
Mas em geral como lhe disse os inspetores são um bocadinho generalistas porque têm
informação, qualquer inspetor tem formação para qualquer das atividades porque a faz.
Portanto há um momento em que faz formação geral sobre aquela atividade depois
como não pode fazer todas, porque é impossível, dedica-se mais a umas do que a outras.
Há apenas uma atividade que é desenvolvida por todos os inspetores. Não há nenhum
inspetor aqui destes 49 que temos que não faça que é Organização do Ano Letivo
(OAL). Todos os inspetores fazem essa atividade e estão preparados para fazer essa
atividade porque todos a fazem. Agora as outras depois são mais… há uns que fazem
mais avaliação externa, há um grupo habitualmente que são a… portanto… são 10…
22… 24… temos 24 inspetores que fazem avaliação externa, porque sempre [fizeram] e
estão mais preparados e depois há outros grupos que estão mais para fazer as outras
atividades. Não quer dizer que não façam avaliação externa, mas fazem menos de umas
para fazerem mais de outras, para podermos durante o ano a… ter inspetores que façam
várias coisas.
S: A… como sabemos a missão da IGEC consiste em assegurar a legalidade e controlar,
auditar e fiscalizar o funcionamento do sistema educativo. Quais são os valores que
elege como os mais relevantes para conduzir o seu trabalho… a sua atividade
profissional?
E5: Quais são os valores….
S: …. que elege como os mais relevantes para conduzir o seu trabalho?
E5: Valores… valores… para conduzir o meu trabalho… que valores… Olhe aqui a… a
inspeção… esta inspeção ou as outras… há uma coisa que temos sempre que ter em
mente é a… fazer o nosso trabalho a… da melhor forma. Portanto, todo o trabalho que é
desenvolvido nas escolas por nós… a… vão ao encontro daquilo que daquilo que se
espera, não é?... quer pelos nossos utentes, quer pela tutela a… daí que a… valores
éticos estão sempre presentes a… por que quando há qualquer formação, quando
nomeio qualquer pessoa para fazer um trabalho a… na escola o que se pretende é que
a…o trabalho seja feito com a maior honestidade, com eficiência, com eficácia e sem
esquecer os valores éticos que presidem o nosso trabalho. O nosso trabalho é de imensa
responsabilidade a… e a ética é… é… fundamental ter em conta… basicamente é isso.
S: Atendendo ao quadro de referências da atuação dos inspetores, percebe-se a
existência de um conjunto de valores que guiam a sua atuação: como por exemplo, a
seriedade, o bom senso, a lealdade, a justiça, entre outros. No seu entendimento, de que
modo estes princípios/valores são interiorizados e partilhados pelos inspetores?
E5: A… todos! Nós… em tudo… olhe vou-lhe dizer eu faço com todos os inspetores
a… reuniões… muitas reuniões… muitas reuniões, mas basicamente eu faço
anualmente duas com todos e o que é que eu transmito, é que… digamos que eu… eu…
eu estou aqui como chefe de equipa mas para transmitir tenho uma missão que me é
transmitida pelo senhor Inspetor-Geral e portanto o senhor Inspetor-Geral que transmite
a… a intenção a missão desta casa e o que se pretende sempre e eu transmito é que o
nosso trabalho e… passa sempre em todas as reuniões, mas nessas duas em que
refletimos nessas duas conjuntas anuais refletimos sobre o nosso trabalho: o que é que
fazemos, como fazemos e como é que… o que é que podemos fazer a… para sermos
mais eficazes e para melhorar basicamente a prestação, como é que nós podemos
trabalhar, motivar as escolas com vista ao sucesso educativo. Basicamente é isto que
nos move em qualquer atividade que nós façamos…é nunca perder de vista que a…
todos nós no Ministério da Educação e nesta Inspeção trabalhamos em prol dos alunos,
isto é o que move sempre nesta casa… é fazer tudo em prol dos alunos… a… a maneira
como a…os inspetores a… se devem apresentar nas escolas a… como devem a…
abordar os senhores diretores… todos os senhores… os… os… as pessoas que estão à
frente das estruturas de coordenação educativa, de todos os órgãos de administração e
a… órgãos de gestão e administração e as estruturas de coordenação educativa, tudo
isso inclusive a maneira de abordar os encarregados de educação, a maneira de ouvir os
alunos, tudo isso é preparado e a todos é exigido a… um desempenho exemplar porque
há alguma coisa que corre menos bem e vamos dizer que… como é que posso aferir se
esse trabalho é realmente realizado… porque todas as atividades que fazemos… nós
com a exceção das… das… da provedoria e da ação disciplinar, nós pedimos à escola
depois um feedback porque passamos sempre um questionário de satisfação e dentro
desses questionários de satisfação que são depois analisados… a…nós verificamos qual
é o grau de satisfação com a atividade e a maneira e o desempenho do inspetor e nestes
anos todos nós não temos nenhuma surpresa ou seja a… digamos que 98 ou 99% das
atividades que correm bem vão ao encontro daquilo que as escolas pretendem e neste
caso em termos do desempenho do inspetor, o desempenho do inspetor é sempre
avaliado com um grau de satisfação muitíssimo elevado, portanto não temos aí questões
de… que o desempenho do inspetor… alguém venha fazer algum reparo sobre… coisas
menos éticas, menos… a…menos agradáveis que… que eu termos de comportamento
do inspetor isso nunca aconteceu. O que de alguma maneira nos tranquiliza, não é… que
a… e nos dá… nos dá uma indicação que as coisas são feitas a… da melhor maneira e
com os melhores resultados.
S: E como consegue a organização manter os inspetores próximos destes valores?
E5: Como lhe disse através das reuniões…
S: Essencialmente através das reuniões?
E5: …sempre essencialmente através das reuniões. Portanto, há um contacto a… apesar
de não estarmos… não partilharmos o espaço físico, o contacto com os inspetores, tendo
os inspetores connosco é… é… muito próximo porque hoje há meios e quando eu vou
abrir o meu email durante o dia tenho os inspetores sempre a perguntar coisas, além do
telefone não é? E portanto há sempre um contacto muito próximo para qualquer
dificuldade, olhe repare: já hoje ainda estava em casa às 8.00 da manhã, ainda não tinha
saído e já tinha uma chamada de uma colega… a…e… ela ia nesse dia para a escola,
estava a fazer uma provedoria e na véspera quando tinha regressado tinha ficado com
uma dúvida sobre como deveria atuar numa determinada situação. E portanto logo de
manhã às 8 da manhã (risos) antes de ir perguntou-me o que é que eu achava que ela
deveria fazer porque tinha acontecido… e como vê o telefone está sempre a tocar a… eu
verifico aqui quem são as chamadas, agora não atendo, mas daqui a bocadinho já vejo
de quem são os telefones e já dou resposta. A… e portanto a… pergunta sempre eu
tenho esta dificuldade de manhã queria ouvir estes alunos, mas tenho este problema. O
que é que achas que eu deva fazer. Portanto há sempre um contacto com os inspetores
permanente, estando mesmo na escola, acontece qualquer coisa e imediatamente
telefonam e portanto nós sabemos sempre o que é que está a acontecer em qualquer
escola. Sabemos sempre onde é que estão os inspetores diariamente, não é?... porque
eles estão lá porque o trabalho está distribuído. Sempre que acontece alguma coisa que
a…não estava prevista a… o que há alguma dificuldade acrescida, imediatamente
telefonam e imediatamente solucionamos a situação.
S: Como caracterizaria a cultura organizacional da IGEC?
E5: Como caracterizo a cultura?
S: Sim…
E5: Olhe é… é… é muita proximidade, portanto os inspetores neste momento e
portanto só posso falar neste momento em que estou aqui , desde 2013, há muita
proximidade… a… inclusive com a direção desta casa com o senhor Inspetor-Geral com
os inspetores… a… os senhores inspetores… é uma cultura de proximidade, de…
somos poucos o que também faz com que toda a gente se conheça e partilhe as suas
coisas e basicamente a… basicamente… partilhamos posso dizer que não seja na
totalidade, quer dizer somos todos pessoas diferentes, mas partilhamos todos a…
partilhamos todos a… vestimos todos a camisola desta casa desta inspeção e o que
tentamos fazer é que o nosso trabalho seja feito o melhor possível, com rigor… com
rigor… a… e…que as pessoas nas escolas e a sua comunidade ache que a inspeção é
uma mais-valia e se vai perguntar se eu estou a dizer isto, se o que estou a dizer é
sustentado apenas na minha perceção, não é, é sustentado em dados muito… em
evidências claras a… que o nosso trabalho é reconhecido e por que é que eu vejo isto?
Porque a… os inspetores estão nas escolas e a… através das atividades ou através da
provedoria, interagimos com alunos, como pais, com docentes, com direção, com
autarquia a… e o que nos… o que passa sempre é que a… é que… a… o nosso trabalho
é feito com rigor e que aceitam e dão sempre como muito válido aquilo que lá vamos
fazer e muitas vezes casos de provedoria a razão pela qual recorrem a nós é por que
acham que somos um organismo, uma instituição independente, a… e que acreditam
que o trabalho que fazemos é um trabalho rigoroso… é um trabalho rigoroso e que a…
dá frutos, ou seja, por que razão é que as queixas que vêm para aqui muitas vezes em
relação às direções das escolas, por exemplo, se é questão de pais, já falaram com a
direção a… não conseguiram o que queriam a… ou a… muitas vezes as pessoas não
têm a confiança que deviam ter… quem está na direção das escolas a… acho que
também tem a ver com o modo de ser dos portugueses… há um diretor na escola que
deve ser o responsável por aquela escola ou agrupamento e muitas vezes os pais não
confiam inteiramente e portanto por que é que se nos dirigem e muitas vezes nós
perguntamos por que é se nos dirigem… não… porque nós achamos que a inspeção é
isenta e consegue verificar melhor as coisas… por que razão é que… há pouco eu disse-
lhe que os processos disciplinares das escolas são feitos, os processos instaurados pelos
diretores são instruídos por um professor da escola… muitas vezes temos aí queixas a…
dos docentes que são alvo dos processos que não querem que seja a escola a fazer
porque acham que quem deve fazer os processos é… são os inspetores pois dá garantia
de isenção e rigor e portanto melhor que isso para aferir… não há.
S: Pois. Eu pedia-lhe agora que me descrevesse um dia típico de trabalho seu.
E5: Não dias típicos.
S: São sempre diferentes?
E5: São sempre diferentes… a… e eu desde que entro até que saio eu não chego aqui
demasiado cedo porque saio sempre muito tarde, saio sempre às 20:00 isto porquê…
porque não somos muitos a… e… o que eu pretendo é assegurar que a… os inspetores
desde as 08:30 da manhã às 08:00 da noite tenham sempre a… alguém disponível a… e
o nosso secretariado a… está a partir das 08:30 às 08:00 da noite há sempre alguém. Eu
desde que chego entre as 09:30 e as 10:30 até às 08:00 não lhe posso dizer o número de
chamadas mas já tem acontecido que durante a manhã tenha atendido 50 chamadas, ou
seja, ou é de inspetores que estão no terreno e têm problemas ou é das escolas, porque
as escolas também nos contactam imenso.
S: Pois…
E5: As escolas contactam-nos no sentido de às vezes nós não temos essa competência
de acompanhar as escolas, mas muitas vezes eles tentam perguntar-nos coisas que nós
não respondemos é claro, porque isso pertence à Direção-Geral dos Estabelecimentos
Escolares essa competência. Mas por exemplo quando querem apoio jurídico, dirigem-
se a nós e muitas vezes aqui passam as chamadas… chegam aqui porque às vezes o
nosso jurista está ocupado e portanto a escola diz que precisa muito de falar com
alguém porque a… na sequência de um envio, de um relatório ou dos procedimentos
a… dos procedimentos que são necessários para a avaliação externa das escolas… a…
precisam de nos colocar algumas questões… as escolas têm dúvidas e portanto tudo isto
faz com que a… diariamente eu aqui a… a tenha mais da parte da manhã é sempre
muito complicada… esta parte de atendimento telefónico, fora o número de emails
diários que são a… a média… são de 30 por dia… portanto a média é 30 por dia… há
dias que serão menos outros que são muito mais. Mas a média é de 30… a… 30 emails
diários que é preciso responder a… a questões que nos são colocadas a… porque nem
sempre nos fazem via telefone… questões colocadas não só pelos inspetores… também
pelas escolas… a… é claro que aqui para mim não veem porque é logo… é feita uma
triagem quando ligam para aqui e é um assunto ou uma queixa… é ali a… a inspetora
que nos dá aqui o apoio que filtra a chamada verifica o que é que se passa, o que é que a
pessoa pretende… a… se … nomeadamente é para pedir alguma informação ou como é
que pode fazer uma queixa… qualquer coisa e isso já se viu para aqui . De resto o meu
trabalho durante a manhã é muito a… à base destes telefonemas e mails, além das
solicitações diárias do senhor Inspetor-Geral como vê enquanto aqui esteve e depois
todos os dias o despacho que tenho, ou seja, todos os dias chegam coisas… todos os
dias… todos os dias… e portanto é preciso todos os dias apreciar relatórios, processos
disciplinares, enviar planeamentos… muitas vezes a… as escolas principalmente a…
particular e cooperativo… as escolas particulares onde vamos ou temos planeado e
mandamos habitualmente com alguma antecedência que pode ser entre uma a duas
semanas a avisar que vamos fazer uma intervenção lá e que nos ligam a dizer que não
pode… não… não seria o dia ideal porque naquela semana o diretor está… o diretor
está fora, numa visita de estudo… com os alunos ou porque naquele dia há uma
atividade qualquer que envolve a câmara municipal ou outras entidades e a nossa
presença naquele dia iria impedir a… o normal funcionamento a… da escola. Isso nós
não queremos e tentamos resolver, mas todos os dias temos este tipo de trabalho…
todos os dias eu tenho para despachar, para enviar relatórios… todos os dias enviamos
relatórios, todos os dias tenho que ler relatórios, todos os dias tenho de ler processos…
tenho que nomear pessoas para intervenções e neste momento até lhe digo… até lhe
dizer quantas duas… quatro… cinco… seis… sete… oito… neste momento tenho a…
hoje que a… nomear oito inspetores para irem ao terreno verem o que é que se passa em
oito estabelecimentos particulares e privados. E portanto todos os dias… todos os
dias… todos os dias a… isto acontece. Além disto que é o normal temos sempre os
casos de assuntos que venham do senhor Ministro da Educação ou do senhor secretário
de estado porque muitas vezes acontece incidentes a… que são comunicados ao senhor
Ministro da Educação ou ao senhor secretário, imediatamente telefonam para o senhor
Inspetor-Geral no sentido de querer saber o que é que se está a passar e que a inspeção
verifique o que está a acontecer aqui e ali… e aí temos de estar sempre aqui para
podermos a… ir logo ao terreno ver o que é que se passa para podermos avisar a… e dar
conhecimento o que se está a passar ao Senhor Ministro.
S: O seu trabalho também é um bocadinho responder a estas solicitações do Senhor
Inspetor-Geral…
E5: Exatamente.
S: Já me falou um bocadinho das atividades… do tipo de atividades que realiza no seu
dia a dia. Quais destas realiza com maior frequência? Só para ter uma noção…
E5: O que é que realizo com mais frequência…
S: Sim, das suas atividades no dia a dia.
E5: No dia a dia… no dia a dia a… o que é que eu faço com mais frequências das
atividades… com mais frequência é a leitura de relatórios diários, não é… diariamente
eu tenho sempre relatórios para ler, ou seja, a… todos os dias… todos os dias porque
são 12 atividades há relatórios terminados… ou seja já passaram pelo interlocutor e é
preciso enviar para a escola e antes de enviar para a escola… a última leitura é feita por
mim e portanto eu todos os dias tenho um relatório… dois, três, quatro, cinco para ler
para enviar para a escola.
S: Eu também queria perceber se no seu dia a dia as atividades que realiza são… neste
caso eu já percebi que são variadas mas se são curtas, longas… a… duração dessas
atividades…
E5: A duração aqui enquanto estou aqui…?
S: Por exemplo, a leitura de relatórios talvez seja uma atividade muito longa… que leve
muito tempo…
E5: Olhe é assim eu… a… leio relatórios… (toca o telefone e da sequência da conversa
telefónica diz) diariamente eu estou a ter feedback do que é que está a acontecer.
Portanto esta inspetora ia a uma escola Campo Maior por causa de uma queixa que foi
uma situação grave e muito urgente e ela já me está a dizer logo de manhã a… ontem à
noite… mandámos os documentos que por acaso não chegaram atempadamente a casa
da inspetora embora ela já soubesse do que é que se tratava a… voltamos a mandar às
10 da manhã e neste momento que… é o quê são…
S: É uma da tarde.
E5: É uma da tarde e já me está a dar feedback do que é que sucedeu. O que é sucedeu
que não foi possível ouvir as pessoas porque neste… hoje as pessoas… a docente está a
faltar… portanto não pôde ouvi-la mas portanto sabemos em tempo real o que e que está
acontecer em qualquer sítio.
S: Estávamos a falar então da duração das suas atividades…
E5: Ah… em termos daquilo que mais tempo nos consome é de facto a apreciação das
coisas e os relatórios e vou-lhe dizer que eu… a… deixo para fim do dia, a partir das
cinco e meia, seis horas… é quando eu me dedico à leitura de relatórios é quando os
telefones deixam de tocar a… quando há menos pessoas e portanto digamos cinco e
meia… seis horas às oito é a hora que eu dedico sempre à leitura de relatórios e
relatórios das atividades e informações no âmbito da provedoria a… relatórios de ação
disciplinar e digamos que cinco e meia… seis e meia… sete e meia a… oito e meia …
digamos que duas horas e meio por dia, às vezes mais porque se tiver tempo a… eu
ainda faço… ainda leio quando há dias mais calmos ainda leio. É a atividade que mais
consome em termos de tempo é a leitura dos relatórios.
S: Mas também há atividades que são mais curtas e espaçadas mais curtas no tempo…
que desenvolve aqui…
E5: Sim, mas a leitura é o que leva mais tempo… eu… o relatório de avaliação
externa… repare… são treze páginas é preciso ler com alguma calma, embora já tivesse
passado portanto por várias pessoas. Portanto quando eu estou a ler um relatório de
avaliação externa já dificilmente vejo que alguma coisa não está bem, mas às vezes
acontece… às vezes acontece a… mas quer-se os nossos … temos aqui um problema…
que não é um problema que a… é os relatórios são muito extensos. Os portugueses
gostam muito de escrever, temos sempre… não condensamos as coisas… mas a ideia
que estamos a pensar é que os relatórios têm que ser mais concisos a… nós tentamos
que eles sejam mais claros e para os tornar muito mais claros e percetíveis escrevemos
muito, mas se calhar oque temos a refletir neste tempo é que precisamos de agilizar os
procedimentos para serem mais a… tornar isto mais eficiente e isso também passa por
condensar mais as coisas, mas os relatórios têm sempre muitas folhas e é preciso ver a
coerência das coisas e isto dá muito trabalho. Mas os relatórios é sem dúvida aquilo que
mais tempo leva.
S: Considera que o seu trabalho tem rotinas? Por exemplo, já me falou de atender o
telefone…
E5: Sim, isso sempre. A… o despacho diário… despacho a… de todos os documentos,
o atendimento e os emails são rotinas diárias.
S: E imprevistos? Que imprevistos é que surgem diariamente?
E5: Como lhe disse há pouco a… estas questões da tutela… do Senhor Ministro ter de
repente pedido que fossemos a algum lado, que apreciássemos uma determinada
situação, a… por questões … todas as questões mediáticas, por exemplo quando
acontece alguma coisa na escola fora do previsto.
S: Como é que lida com estes imprevistos?
E5: Como é que lido… olhe temos que resolver a situação… temos que muitas vezes
retirar um inspetor que está a fazer outra coisa, que foi o caso da inspetora que há pouco
telefonou… estava a fazer outro trabalho… é claro que temos aqui uma coisa sempre
em mente é o trabalho que está a ser realizado nas escolas a… é feito sempre e não há
nunca nada que o impeça. Ou seja, se o inspetor está na escola não chamo o inspetor
porque está a fazer aquela tarefa, agora depois quando o inspetor está a fazer o relatório
aí já não… portanto era o caso desta inspetora que estava a fazer o relatório a… veio a
situação urgente e isto depois também tem a ver com as localidades é por que a situação
urgente era no distrito de Portalegre e portanto esta inspetora que era aquela que estava
mais e que podia ir lá com mais rapidez, estava a fazer o relatório e deixou de o fazer o
trabalho que tinha de fazer hoje para se deslocar à escola e resolver a situação e pronto
isto aí é a… temos que agilizar as coisas rapidamente, ver quem é o inspetor que pode lá
ir, que depois também vamos ter que ver às vezes o perfil, que depois depende do
assunto, qual é a pessoa que pode ir ou onde é que está… se pode ir logo, ligamos e a…
agora há uma coisa que tentamos sempre é que não criar obstáculos ao trabalho da
escola, não é.
S: E rituais que tenha no seu trabalho? Pode descrever-me alguns?
E5: Rituais? A… rituais... rituais… algum ritual específico que eu tenha… assim é
julgo que é mais… que não posso dizer que são rituais algumas coisas que eu faço mas
não é como ritual… ritual, ritual não, não.
S: E para uma instituição como a IGEC é importante a inovação?
E5: É importantíssimo…a… a inovação é importantíssimo. A… nós trabalhamos com a
educação e portanto é na educação que se nota mais tudo aquilo que é inovador porque
há uma panóplia de grandes escolas do nosso país, não é? E portanto é… são… mais
onde embora não tanto como se esperaria, locais onde há práticas inovadoras e onde há
uma série de ações que implementam de acordo com as… com aquilo que é mais
moderno, não quer dizer que seja todos os… todas as escolas mas uma grande parte… e
um inspetor está a ir à escola a… a toda a hora e seja sei lá agora nas tecnologias de
comunicação e informação, por exemplo, vamos a uma escola e não todas mas uma
grande parte já tem todos os últimos programas, as últimas tecnologias e portanto o
inspetor não pode chegar lá e não ter conhecimento e não pode… ignorar as coisas… e
por outro lado tem que estar atualizado porque se pode deparar com coisas que ainda
não conheça, de maneira que… embora… embora… em termos das práticas a… do
nosso trabalho por vezes isso…a… não seja tão notório… a… como deveria porque nós
temos o nosso plano anual de atividades e temos aquele plano a… e muitas vezes
poderíamos a… fazer de um moldo diferente, mais inovadoras e às vezes não é tão
possível e arrastamos um bocadinhos as coisas e demoramos algum tempo a reagir a…
porque também é uma máquina muito pesada… a educação é uma máquina muito
pesada e demoramos algum tempo e reagir e portanto não vamos tão à frente quanto
gostaríamos.
S: Qual o maior constrangimento à sua atividade?
E5: Falta de recursos humanos e materiais.
S: E como é que gere isso?
E5: A… o corpo inspetivo a… está a… o nível etário dos inspetores está muito elevado
e isto nota-se porque as pessoas passam a ter mais problemas de saúde, não quer dizer
que os novos não tenham, mas passam a ter mais problemas de saúde, passam a…
passamos aqui algumas... a… situações de alguns inspetores que estão doentes de baixa
médica por um período muito prolongado, isso é mau porque não só se afastam do
serviço, não é… mas como depois quando regressam têm alguma dificuldade a…
adaptar-se. Não há… não tem havido desde 2009 nenhum recrutamento e o último que
houve recrutou muito poucas pessoas e portanto isso é um dos grandes
constrangimentos a… que faz com que a nossa atividade às vezes não seja tão célere
quanto queremos a... depois recursos materiais, nomeadamente computadores a… os
nossos computadores não são… a… substituídos quando deviam ser e muitas vezes a…
temos aí alguns problemas derivados disso… queremos fazer o melhor trabalho a… os
computadores não conseguem às vezes ter acesso à internet por exemplo nas escolas,
quando os docentes… quando os inspetores estão no trabalho precisam de comunicar e
mandar coisas… a… avariam-se com muita regularidade… aqui nem sempre as coisas
são o mais célere possível a… basicamente recursos materiais e humanos são aquilo que
mais… mais perturbam o nosso funcionamento normal.
S: É da sua competência representar a organização junto de outros atores?
E5: Às vezes… a… já tem acontecido. O Senhor Inspetor-Geral designa alguém
habitualmente para isso a… já fui designada por exemplo para a conferência das
inspeções a SICI em Amesterdão, no Porto a… mas muito pontualmente, porque
também há uma série de gente que o Senhor Inspetor-Geral não gosta que seja sempre a
mesma pessoa a fazer as representações… e depende daquilo a… depende dos convites
que nos são endereçados e da… do que está em causa… o tema dos seminários, dos
congressos, das conferências, assim é designada uma pessoa para representação.
S: E com que tipo de atores é que costuma interagir?
E5: A… docentes do ensino superior e não superior e inspetores a… e inspetores de
outros… de outros países.
S: Qual a importância que sente que as normas e os regulamentos internos da
organização têm no desempenho da sua atividade?
E5: Bom, as normas são importantíssimas. Nós temos que cumprir regras e uma série
de parâmetros e… e… portanto não podemos fazer aquilo que queremos e que…
achamos que às vezes seria o mais… seria o ideal, mas há uma série de coisas que
temos de obedecer e portanto e isso de alguma maneira baliza o nosso trabalho e
encaminha o nosso trabalho.
S: Especificamente em relação à ATI Sul, quem determina os objetivos de trabalho e o
planeamento?
E5: Os objetivos… vamos la ver… a… a inspeção funciona a… tem um modo de
funcionamento específico, portanto o Senhor Inspetor-Geral a… o Senhor Inspetor-
Geral e os Senhores Subinspetores, portanto determinam os objetivos anuais a… para
toda a inspeção… a… que nos são comunicados a…. depois de já nos ter auscultado,
portanto a… elaboram o plano anual de atividades e a partir daí são os nossos
documentos orientadores: objetivos da casa, plano anual de atividades e a partir dessa…
dessa determinação superior é que passamos aqui a agir e a fazer os… o, portanto o
nosso trabalho em determinar e planear todo o nosso trabalho.
S: Que depois os seus objetivos já são objetivos que derivam…
E5: … sim… os meus objetivos já são determinados pela direção desta casa, não é?
Portanto anualmente temos objetivos a cumprir… eles são-nos dados e partir daí a… é
que nós elaboramos as nossas tarefas para ir ao encontro daquilo que nos é solicitado.
S: Para desempenhar as suas funções tem por hábito procurar informações junto de
contactos externos? De que forma é que o faz?
E5: Funções… funções… contactos externos… a…eu propriamente, propriamente para
fazer melhor o meu trabalho socorro-me de a… de… literatura por exemplo, depende
daquilo que estamos a falar. Mas se às é necessário… o conhecimento é sempre
essencial… estar atualizada em tudo o que diz respeito à educação, que é uma coisa que
nós fazemos aqui habitualmente… portanto temos que estar sempre a… cientes do que é
que está a acontecer… portanto seja em termos de leitura, jornais, revistas com artigos
da educação a… seja em termos de leitura… de educação em termos daquilo que sai em
Portugal mas também aquilo que sai noutros países, nomeadamente aquilo que nos é
transmito a partir via SICI porque pronto temos de ter alguma ideia daquilo que os
outros fazem e como é que o fazem a… de modo a poder tirar algumas ideias, a poder
verificar aquilo que se adapta aqui e… pode ser uma boa prática para nós. Depois a…
contactos mais…
S: Sim… pessoas…
E5: Não propriamente… possivelmente às vezes reuniões com a Direção-Geral de
Educação e eu aqui só mesmo com a Direção-Geral de Educação. Os outros contactos
quer com… com… as outras instituições que fazem parte do Ministério da Educação,
não em termos de chefe de equipa, não me compete, portanto é sempre via Senhor
Inspetor-Geral, nunca eu.
S: Como dissemina essa informação junto dos seus colaboradores?
E5: Todas as informações… a… habitualmente todas… por exemplo quer haja artigos
importantes para o trabalho, quer a… haja a… ações, conferências, seminários com
problemáticas da educação que são relevantes e que nós achamos relevantes, o que
fazemos sempre é a… dar conhecimento a todos os inspetores para que eles possam
escolher de acordo com o tempo que têm disponível e… de acordo também com as suas
referências e com a temática da… do… trabalho que estão mais desenvolvem a… que
possam se assim o entenderem participar em coisas… basicamente e isto. É-lhes
transmitido tudo, todas… aquilo que nós achamos relevante transmitimos aos
inspetores.
S: De que forma é realizada a comunicação com os inspetores e demais colaboradores?
E5: É sempre via email. Todos os inspetores e os outros colaboradores têm o seu
computador e portanto aqui… o telefone também é muito utilizado, mas basicamente o
email é a ferramenta essencial de trabalho de todos.
S: E sempre foi assim?
E5: Não. Não foi assim e ainda eu estou a falar e refiro-me muito particularmente à área
territorial sul em que todos os inspetores têm o seu computador pessoal da casa,
portanto pertence à Inspeção embora a internet seja pessoal… não é paga a internet a…
a internet é pessoal, cada um tem a sua na sua casa, paga a sua a… aqui disponibilizam
é do computador. Mas basicamente que é aqui assim nos últimos anos e não lhe sei
dizer nos últimos anos, mas para aí nos últimos 10, embora haja a… ainda alguns
inspetores noutras áreas territoriais a… em que a comunicação é feita via correio. Ou
seja, não disponibilizam a… sua internet pessoal para o serviço, porque não lhes é paga.
Aqui toda a informação de facto é via email.
S: Que relação estabelece com eles… com os inspetores e restantes colaboradores?
E5: Uma boa relação de trabalho. A… eu era inspetora de terreno antes de ser chefe de
equipa a… e… a continuo a ser colega… quando me dirijo aos colegas, aliás é sempre
por colega a.. e portanto a relação que estabeleci antes continua a ser a mesma que…
que… era antigamente.
S: Portanto privilegia tanto a comunicação formal como a informal para o seu trabalho?
E5: Absolutamente, acho que a comunicação informal também é muito necessária e
e…se eu já tinha conhecimento com as pessoas e criado alguns laços continuo a mantê-
los da mesma maneira, embora haja coisas que têm de ser formais, é evidente, mas a
formalidade ainda permanece.
S: No seu caso, em concreto, como se concretiza o processo de tomada de decisão?
E5: Como é que concretizo qualquer tomada de decisão? Olhe não há aqui nenhuma
tomada de decisão e estou a falar tomada de decisão de a… assuntos de… assuntos de…
importantes… muito importantes… a tomada de decisão é sempre depois de ser
auscultada a minha colega chefe de equipa. Portanto todas as decisões aqui importantes
nunca são tomadas só por mim. Portanto mesmo que… esteja nas mesmas
competências, eu como trabalho em equipa com a minha colega, portanto a decisão é
sempre a… ponderada e antes de ser feita é…é… sempre muito verificada… analisada
em conjunto com a outra colega chefe de equipa.
S: Portanto, já que é tomada em conjunto porque é que privilegia a tomada de decisão
assim?
E5: Porque eu continuo a achar que a… duas cabeças pensam sempre melhor que uma
e… é preciso a… naquilo que diz respeito a coisas realmente importantes que a decisão
seja a tomada seja aquela que é mais pertinente e mais adequada. E portanto é preciso
ter algum cuidado e isso passa muito por ouvir outros e no caso é sempre tomada em
conjunto quer… seja em todas as decisões mesmo no que se refere às… à questão de…
de… à questão da avaliação dos inspetores. Embora a maior parte dos inspetores esteja
a ser avaliada por mim, eu sou eu a avaliadora, como eu e a minha colega verificamos o
trabalho e apreciamos o trabalho de todos… a… esta tomada de decisão é sempre em
conjunto.
S: E claro que considera que esta tomada de decisão também resulta dos objetivos da
organização, além da partilha na tomada de decisão…
E5: Claro é evidente que todas as tomadas de decisão da casa passam por obedecer a
objetivos que nos são dados anteriormente e portanto é sempre tendo em conta a… o
objetivo do nosso trabalho.
S: Pronto, deseja acrescentar algum aspeto que não tenha sido contemplado nesta
entrevista?
E5: Não, não… acho que perguntou tudo (risos).
S: Obrigada.
E5: De nada.
Anexo 10 – Grelha de Análise de Conteúdo E5
Categoria Subcategoria Unidades de Registo
Caracterização da
ATI Sul
Funcionamento da Área
de Inspeção
“ (…) a Área Territorial Sul é uma área muito abrangente… tem… abrange as escolas que
vão desde a Nazaré até Faro.”; “Por via de uma organização diferente, porque antes havia
uma área… uma delegação em Lisboa e Vale do Tejo, uma delegação no Alentejo e uma
delegação no Algarve, portanto que tinham os seus inspetores e faziam o seu trabalho. Os
inspetores foram ao longo dos anos diminuindo e ah… o que fez com que em 2013, o
senhor Inspetor-Geral tenha decidido fazer outro tipo de organização e portanto a área
territorial passou a ser uma… passou a ser muito abrangente.”; “(…) asseguramos as
nossas atividades do plano anual de atividades em todas estas escolas… a… a ação
disciplinar e a provedoria.”; “(…) aqui esta equipa… a… planeia todo o trabalho dos
inspetores… a… acompanha o trabalho no terreno e depois verifica o produto do trabalho
(…) os relatórios para submeter superiormente ao Senhor Inspetor-Geral, isto na parte das
atividades.” ;“Depois a outra parte é assegurar a parte da ação disciplinar, portanto, a…
distribuir todo o trabalho que temos de processos disciplinares… a… diariamente que é…
há alturas que é quase diariamente planear… planear não é mais nomear a… inspetores
para irem ao terreno verificar situações que nos foram relatadas por encarregados de
educação… a… docentes e que precisam mesmo de ser verificadas…” ; “No caso da ação
disciplinar, porque as coisas são mais complicadas, na ação disciplinar é sempre preciso
alguém para secretariar (…) Porque no processo disciplinar é preciso ouvir pessoas, em
inquirições (…) A… quem está presente é o instrutor do outro lado e estarão testemunhas,
eventualmente os arguidos e nesse processo é preciso que as coisas não levantem todos…
o que é tratado não levante, não possa trazer dúvidas, daí que há sempre alguém que tem
que fazer, digamos, o trabalho de testemunho daquilo que é dito e daquilo que se passa e
que tenhamos que ter sempre o secretariado (…) Muitas vezes a escola bate-se com
problemas de pessoal e não tem assistentes técnicos disponíveis. Nesses casos e quando os
processos são complicados o que se faz é ir uma equipa de dois inspetores, um é um
instrutor e o outro vai para o secretariado. É uma situação que nem sempre acontece, só
em situações mais complexas ou que a escola não tenha ninguém disponível.” ; “Outra
questão que precisamos das instalações é que compete também à Inspeção apoiar os
instrutores dos processos disciplinares que estão a ser feitos na escola. Portanto caso um
diretor instaure um processo disciplinar, quer a um professor, quer a um assistente, a… o
processo decorre na escola. O senhor diretor nomeia um docente para fazer esse
processo… o apoio… portanto os docentes não têm… a… formação jurídica a maior parte
deles, ou quase todos… e portanto precisam de alguém que ajude e esse apoio é sempre
prestado pela Inspeção e também pode ser prestado online e acontece, mas há sempre dois
momentos em que os inspetores… instrutores dos processos vêm aqui: primeiro… a…
vêm aqui no início para que o jurista lhe explique todo o procedimento… a… que todos os
procedimentos que terá que fazer e depois numa outra altura que é quando há necessidade
de fazer uma nota de culpa, ou seja, há acusação… a acusação é uma peça processual
muito complexa e portanto tem que ser sempre vista por um jurista e é sempre o
professor… é sempre o docente que a… se dirige a… às nossas instalações a fim de lhe
ser prestado o apoio”; “Nós na inspeção não temos atendimento presencial, ou seja,
quando as pessoas querem fazer uma queixa não se dirigem cá para fazer uma queixa e
isso é sempre feito… se quiserem vir aqui fazer ou a Évora ou a Faro, o que fazem é…
nós temos uma… um modelo… a pessoa se quer lá ir vai e preenche com os seus dados
pessoais, coloca o assunto que quer tratar e depois nós contactamos a pessoa no caso de
ser alguma coisa… a… em geral são queixas, exposições, pedidos de ajuda de nalgum
sentido de resolver alguma situação, isso fazemos sempre atendimento telefónico ou por
email, nunca presencial. Mas de qualquer maneira nas nossas instalações, as pessoas se lá
se dirigirem podem sempre também preencher esse modelo e deixar o assunto resolvido.”
Dimensão da Equipa
“(…) no terreno, portanto, neste momento somos 49 inspetores. Portanto 49 inspetores no
total, sendo que destes 49 temos dois inspetores que não estão a ir ao terreno porque são
os inspetores que estão a prestar apoio jurídico.” ; “Portanto temos dois juristas e portanto
as pessoas que estão no terreno a fazer quer as atividades mas mais a ação disciplinar e a
provedoria precisam sempre de apoio jurídico porque as questões são sempre… tem
que… a vertente jurídica é importantíssima não é, e portanto, antes de ser entregue
qualquer trabalho a… há sempre um apoio por parte dos juristas. Portanto estes estão aqui
permanentemente não vão ao terreno. Não quer dizer que às vezes isso não aconteça que é
o caso. Neste momento só temos um jurista porque outro está a fazer um processo
disciplinar que era muito urgente e pronto não havia mais ninguém e às vezes é difícil
(…)”; “Aqui na casa, além dos dois juristas temos uma inspetora que faz o apoio, ou seja,
o apoio é feito aos inspetores que precisam de… a… estando no terreno de consultar
documentos que não estão acessíveis na nossa base de dados… a… é preciso preparar
todas estas intervenções, é preciso fazer uma preparação e é uma inspetora que nós temos
aqui, já é uma inspetora que está cá há muitos anos… há 30 anos e portanto é essa que
está de retaguarda a preparar as coisas, sempre que é preciso nomear um instrutor para um
processo, sempre que é preciso um inspetor para ir à escola… todos os procedimentos
formais que é preciso fazer temos o secretariado que é só uma pessoa aqui e essa inspetora
que também faz esse apoio.” ; “(…) basicamente é isto aqui em Lisboa, porque nós temos
instalações também em Évora (…)”; “(…) temos uma pessoa no secretariado aqui e
depois temos duas outras pessoas em Évora e uma em Faro. Estas pessoas têm também…
como nós temos neste momento 12 atividades no plano de atividades é preciso… todas as
atividades têm procedimentos que… a…não são fáceis porque desde a comunicação às
escolas, as comunicações aos inspetores, desde o envio dos documentos, por exemplo na
maior parte das atividades que fazemos antes de iniciar a atividade, quando damos conta à
instituição seja ela pública ou privada que vamos lá em tal data, mas mandamos de
imediato o pedido de documentos e os documentos que pedimos a… sempre são os
documentos estruturantes da escola, projeto educativo, plano anual de atividades,
regulamento interno, para que quando se vai fazer uma atividade tenha já um
conhecimento mínimo do conhecimento da escola… a… e… portanto a… essas pessoas
servem exatamente para isso, gerir todo o todos os meios, mandar os ofícios, distribuir
depois os documentos, mandar os relatórios para as escolas (…)”; “(…) depois (…)
assegurar-se de tudo porque é… é muito fácil as coisas virem por email mas nem sempre
as coisas funcionam bem… quando é preciso ter a certeza de que os documentos
chegaram, que a escola os recebeu, que nos disse sim senhora recebeu o email… todas
essas etapas que nós temos estão distribuídas por estes assistentes técnicos… a cada um
tenho distribuído três e há um que tem mais atividades que é da sua responsabilidade.”
Planificação das
Atividades
“(…)portanto anualmente… a… neste momento já estamos e estamos em maio, já
estamos a planificar o próximo ano letivo porque nós funcionamos… temos aí um… algo
que às vezes é complicado gerir que é os planos anuais têm que funcionar por anos civis,
mas o nosso trabalho não pode ser por ano civil é por ano letivo, daí que isto às vezes seja
um pouco complexo a… mas neste momento já estamos a planificar o próximo ano
letivo.”; “(…) já estamos a agendar todas as atividades que vamos ter no ano letivo 16/17
com antecedência porque as escolas também precisam de ser avisadas com tempo a… e…
portanto todos os… aquela que mais tempo necessita de… planeamento e de…alguma
reflexão a fazer é a avaliação externa porque é uma atividade um pouquinho mais
complexa, de mais dias, e que envolve não só os inspetores mas também alguém de fora,
portanto a… esse planeamento é feito com muita antecedência.”; “(…) nós começamos a
fazer o planeamento, alocamos essas atividades aos inspetores de acordo com um
determinado perfil porque nem todos os inspetores fazem todas as atividades. É claro que
todos estão preparados para fazer todas as atividades, mas… por algumas… às vezes pela
questão de formação científica, por exemplo, é mais… é mais interessante e… ser por
exemplo, dou-lhe um exemplo, a atividade da gestão experimental das ciências foi
inicialmente concebida por um grupo de inspetores da área das ciências, mas e como a…
esta intervenção é no âmbito da educação pré-escolar e também do 1.º ciclo… a… foi
alocado e que lhe pertenceu aliás a atividade foi também concebida por uma pessoa da
educação pré-escolar e como uma pessoa do 1.º ciclo. O que é que tentámos fazer de
início? No primeiro ano basicamente foram pessoas que estavam mais diretamente ligadas
ao grupo de trabalho, (…) e pessoas da área e fomos pouco a pouco inserindo pessoas de
outras áreas, mas isto é sempre… vão portanto começámos com um grupo de seis pessoas
e depois a pouco e pouco vamos inserindo, vão fazendo formação, e vamos inserindo
pessoas de outras áreas.”; “E isto começamos a pensar nisto com muita antecedência
porque nunca vamos para o terreno anualmente sem fazer formação todos os anos aos
inspetores. Antes de começarmos qualquer atividade do ano há um ou dois dias de
formação naquela formação de preparação para aquela atividade.”; “Aproveitamos
também para a… fazer formação nas áreas em que as pessoas têm manifestado a…
alguma fragilidade, têm achado que alguma coisa… alguma atividade… a… é mais
complexa em determinada área e o que nós fazemos sempre é… e… se os inspetores
manifestam-nos porque nós pedimos fazemos um questionariozinho e perguntamos aos
senhores inspetores quais são as dificuldades que estão a ter nalgumas áreas e portanto
perante a resposta deles nós tentamos sempre no mês de setembro e outubro ter em conta
aquilo que nos pedem (…)” ;“Depois vamos fazendo a… nomeadamente sempre na
avaliação externa, sempre em janeiro, porque em geral desenvolvemos a nossa atividade
outubro, novembro e dezembro. Em janeiro fazemos sempre uma reunião de ponto de
situação para aferir o que é que aconteceu, que dificuldades… isto porque a educação tem
mudado imenso… há imensas mudanças na legislação, há coisas que de um ano para o
outro temos que alterar e portanto isso faz com que em janeiro nalgumas atividades e
nomeadamente na avaliação externadas escolas é uma delas que façamos sempre alguma
reunião com todos os inspetores que desenvolveram a atividade, que nos vão dizendo que
dificuldades sentiram, o que é que correu menos bem, como é que podemos melhorar o
trabalho a partir daí.”; “O planeamento é sempre feito em equipa, pela equipa que são…
sou eu, a minha colega também chefe de equipa e… e para cada atividade existe um
inspetor que é o responsável de transmissão… de transmissão a… de… de… da
informação sobre aquela atividade.”; “(…) por exemplo de… a… OAL, Organização do
Ano Letivo, nós fazemos o planeamento da atividades, eu e a minha colega T e temos dois
inspetores neste caso porque é uma atividade que abrange muitas escolas… (…) muitas
vezes temos feito durante o mês de setembro e outubro 100 intervenções… 100
intervenções precisamos sempre de mais do que um inspetor porque os relatórios têm que
ser muito bem vistos e depois sempre todos os relatórios, todos os nossos relatórios têm…
vão sempre para a escola, o pré-relatório vai para a escola para efeitos de contraditório e a
escola pode exercer caso queira o direto de contraditório sobre tudo o que lá vem e estas
situações pressupõem sempre uma análise de alguém e portanto era completamente
impossível com o número de atividades que fazemos que anualmente serão 360 mais ou
menos… 360 atividades do plano de atividades, fora a… e não estou a contar aquelas que
são as sequenciais, ou seja, aquelas que nós vamos fazer uma atividade e deixamos
recomendações e nalguns casos temos que voltar lá para nos certificarmos que a escola
cumpriu aquilo que foi recomendado porque são recomendações importantes” ; “ (…)
portanto o planeamento é feito por nós as duas sempre com os interlocutores das
atividades, que se é a OAL nós planeamos juntamente com essas duas pessoas, como é
deve ser feito, as intervenções já sabemos quantas vamos fazer, mas quando é que vamos,
a que escolas é que vamos a… a que dias vamos, que equipas vamos escolher, portanto
esse planeamento é feito sempre pelas chefes de equipa em conjunto com os
interlocutores.”
Articulação do trabalho
com os inspetores
“(…) a articulação do trabalho com os inspetores é feita por via dos interlocutores, ou
seja, a… o trabalho antes de ser iniciado tem uma formação.” ; “(…) setembro e outubro
preparamos com todos os senhores inspetores que vão fazer o trabalho, o chefe de equipa
e a interlocutora em reunião: vamos fazer estas atividades, como é que vamos fazer…
temos sempre os nossos guiões, os nossos roteiros… a… os inspetores são todos… a…
tomam todos conhecimento dos materiais que vão utilizar, como vão utilizar, os tempos
que vão ter para fazer os trabalhos… a… quando e uma atividade que a… não tem sofrido
muitas alterações a… não é tão difícil assim porque as pessoas já estão mais ou menos
rotinadas com o trabalho, mas há sempre algumas coisas novas no início do ano a aferir…
é ter em atenção a determinados procedimentos que vamos de ano para ano melhorando e
portanto antes de iniciar qualquer atividade nenhum inspetor vai fazer qualquer coisa sem
que esse trabalho já esteja sempre preparado, quer a… por… pelo… pela parte da chefe de
equipa que está presente sempre nas reuniões, quer pelo interlocutor que depois é a pessoa
que aprecia antes do chefe de equipa.”; “Portanto há uma preparação a nível macro aqui
dentro da casa e depois a nível micro os dois inspetores preparam a intervenção.
Desenvolvem a sua atividade, enviam-nos o relatório a… e esse relatório é analisado
sempre pelo interlocutor. Nunca vem à chefe de equipa sem que seja analisado. É
analisado, vem para mim, verifico o que é que de facto está a acontecer… se… se há
recomendações, se há necessidade de fazer alterações no relatório, a interlocutora dá-nos
conta dessa situação, eu envio novamente à equipa… a equipa analisa de novo, volta e
portanto aí é que se dá como depois o relatório final. E portanto é um trabalho que é…é
entre as chefes de equipa e sempre também entre o interlocutor.”; “Nós, no caso por
exemplo da AEE… a… é feita com uma equipa de três pessoas, três avaliadores: dois
inspetores e alguém que vem do ensino superior. Ora este trabalho de articulação é preciso
ser preparado e depois da intervenção também na sequência do relatório… é um trabalho a
três precisa de ser aferido pelas pessoas. O que acontece é que hoje com as novas
tecnologias, nós temos a questão de poder mandar por email e isso agiliza os
procedimentos… a… mas há alturas que é preciso as pessoas estarem presencialmente não
é… e isso faz com que tenhamos que ter um espaço físico… a… é preciso, hoje muito
menos, tirar cópias, mas é preciso preparar às vezes documentação e… não é possível as
pessoas que têm o seu trabalho mais habitual na zona Sul, ou seja, no Algarve ou no
Alentejo virem para Lisboa fazer este trabalho, não é? Até porque os avaliadores externos
que vão para o Alentejo e para o Algarve… a… são das instituições de ensino superior
daquela zona e portanto temos sempre e mantivemos os espaços que tínhamos exatamente
para esse apoio”
Gestor
Trabalho individual e em
grupo
“Das minhas funções a… (…) Tenho trabalho individualizado… (…) No que respeita à
ação disciplinar ai não, vamos falar de provedoria, atividades de provedoria. Há uma
equipa de provedoria a… que a… que analisam todas as queixas que entram na Inspeção.
Tudo o que diz respeito à Área Territorial Sul e que o Senhor Inspetor-Geral ou a Senhora
chefe de equipa acha que necessita de uma intervenção no terreno manda para mim… eu
tenho que proceder a essa análise, verificar a… ler a queixa, verificar o que é que está em
causa, que pessoa, que inspetor tenho de designar para aquela questão porque (…) No que
respeita à ação disciplinar ai não, vamos falar de provedoria, atividades de provedoria. Há
uma equipa de provedoria a… que a… que analisam todas as queixas que entram na
Inspeção. Tudo o que diz respeito à Área Territorial Sul e que o senhor inspetor geral ou a
senhora chefe de equipa acha que necessita de uma intervenção no terreno manda para
mim… eu tenho que proceder a essa análise, verificar a… ler a queixa, verificar o que é
que está em causa, que pessoa, que inspetor tenho de designar para aquela questão porque
(…)… todos fazem tudo mas há uns que pela sua formação académica ou pela formação
que depois foram desenvolvendo ao longo dos anos, têm mais apetência e são… têm mais
especificidade em determinado.” (…) “Eu quando verifico o que é que está em causa, se
vejo que é por exemplo um assunto da educação especial, vou tentar ir buscar para fazer
aquela intervenção aquela averiguação uma pessoa que esteja… que tenha um
conhecimento mais profundo daquela área.” ; “E portanto isso é sempre um trabalho
muito individualizado… eu estou aqui analiso, verifico quem é a pessoa, nomeio a
pessoa… preparo… preparo à inspetora A que aquela inspetora que temos aqui no apoio
porque faz todos os procedimentos para o inspetor, o inspetor vai fazer… a… vai fazer
essa ação ao terreno, faz uma informação, dá conta do que é que verificou, manda para
mim… sou eu que leio, analiso, verifico se está bem, se concordo, a… se… a… a análise
que foi feita se tudo aquilo (…) de facto, a… se a escola não procedeu do modo que devia
dentro da legalidade.” (…) “Pronto a partir daí eu faço a…o meu parecer para o Senhor
Inspetor-Geral para a… há sempre uma proposta… a…para se é acolhido pelo Senhor
Inspetor-Geral. Basicamente isso dentro da provedoria é assim, é um trabalho muito
individual.” ; “Em relação aos processos disciplinares (…) instaurados pelo senhor
Inspetor-Geral… na sequência sei lá… de um… uma queixa verificamos que um diretor
cometeu alguma ilegalidade, o senhor Inspetor-Geral instaura um processo e depois os
nossos inspetores vão fazer a instrução desse processo. (…) a subinspetora geral [da]
Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares manda para cá muitos processos
disciplinares a… que ela na qualidade superior hierárquica dos diretores instaura e pede
para que seja aqui a inspeção a nomear um instrutor e a fazer o processo, por isso temos
sempre muitos processos. (…) neste caso eu quando há um processo disciplinar para
instruir também fazendo o mesmo que faço para a provedoria, verifico que assunto é que
está em causa. (…) Portanto eu vejo quem é a pessoa que deve fazer aquele processo,
nomeio e vai fazer esse trabalho. Quando o processo termina e portanto dentro deste…
de… deste tempo, o que é que eu faço?... nos processos disciplinares os instrutores são
autónomos, eu não tenho nada a ver a… o que tenho que ver sempre é os tempos… tenho
estar sempre preocupada com os timings do processo que há tempos definidos, portanto
nós temos que obedecer e portanto tenho que estar atenta para que as coisas corram dentro
dos tempos que devem. Depois o inspetor… a… entrega o processo, eu não tenho
formação jurídica a… o que é que faço?... a… cabe-me a mim apreciar o processo… o que
é que aprecio no processo.. se o processo está bem feito, se há alguma coisa que o inspetor
não fez como devia a… para isso como tenho os dois juristas, eles apreciam o processo.
Eu peço para eles analisarem e me fazerem um parecer. Portanto eles vão verificar todas
as peças processuais a… e… a… dizem-me se o processo está bem feito. Na sequência
disso, eu faço o meu despacho e vai… envio-o para o Senhor Inspetor-Geral, no caso de
ser ele a decidir, ele vai decidir, no caso de não ser o Senhor Inspetor-Geral, ser a Direção
dos Estabelecimentos Escolares, a Direção-Geral, depois é enviada para… fazemos uma
proposta para quem decide… a… vai para quem decide” ; “Este é basicamente o trabalho
que eu faço individualizado…além das questões burocráticas, como é o caso das férias dos
inspetores, autorizar as férias, verificar as férias… os inspetores deslocam-se todos os dias
do seu domicílio profissional que é a sua residência para as escolas onde mando e portanto
quando a… se deslocam mais de 20km têm direito a ajudas de custo… todos esses
procedimentos burocráticos, mas as ajudas de custo tem que passar por mim a… pedidos
de férias, faltas, portanto toda essa parte burocrática essa sim é individual…” ; “De resto
as tarefas em equipa é só de… basicamente eu e a minha colega em termos de reflexão do
trabalho feito…a … reunimos habitualmente para pensarmos, refletirmos sobre o que está
feito, como é que vamos fazer…(…) fazemos o trabalho de reflexão as duas… de verificar
sempre como é que podemos melhorar aqui o trabalho, como é que podemos agilizar os
procedimentos a… como é que a... estão a desenvolver o trabalho todos os colegas porque
temos a outra vertente que é avaliar todos os inspetores… e embora a avaliação a…
pressuponha um único avaliador, ou seja, a chefe de equipa é que avalia todos e… é o
caso mas estamos duas a trabalhar, portanto… a… interação que temos… somos as duas
chefes de equipa… temos que partilhar o trabalho de todos os inspetores, portanto o que
fazemos é muito a… refletir sobre o trabalho dos colegas, o que é que podemos fazer,
como é que podemos agir em determinadas situações, se alguns inspetores não estão a
fazer um trabalho com a qualidade que nós queremos… pensamos o que é que devemos
fazer, muitas vezes chamamos o inspetor para falarmos com ele, verificar o que é que se
está a passar, como é que… o que é que o inspetor pode fazer… para melhorar aquele tipo
de trabalho… mas basicamente é só isso…”
Delegação de
competências
“… o nosso modo… como estamos, como está estruturado esta Área Territorial tem uma
chefe de equipa multidisciplinar que sou eu, mas tenho uma chefe de equipa de
acompanhamento, controlo e avaliação que é a minha colega.”; “Não é muito claro a…
não é muito claro nas nossas competências se às vezes o que é que faz uma e o que é que
faz outra, porque eu tenho as competências todas e ela tem outras que também são minhas.
Porque são doze atividades e doze atividades é completamente impossível serem
geridas… portanto digamos que são 300 e… 300 e tal atividades do plano anual… ações,
intervenções no meu terreno que têm que ser todas analisadas e só para uma pessoa é
impensável, portanto nunca se conseguiria fazer. O que nós…eu habitualmente faço é a…
dividimos em termos de atividades a… embora a minha colega tenha intervenção em
todas há algumas que ela supervisiona completamente… a leitura de relatórios é da sua
responsabilidade é ela quem os assina. Portanto algumas atividades é a minha colega
quem tem e eu tenho outras. Eu dedico-me em exclusivo à avaliação externa das escolas, à
organização do ano letivo, aos exames nacionais, aos cursos profissionais e agora à
avaliação aos contratos de autonomia. Portanto, estas são aquelas que eu sou a última
pessoa a mexer nelas, leio o relatório final e assino o relatório e dou como pronto. A
minha colega e portanto… a… o… a questão da provedoria e ação disciplinar que também
me pertence… a minha colega tem jardins-de-infância da rede privada, ensino particular e
cooperativo, tem educação especial, tem o… a… organização e funcionamento dos
estabelecimentos particulares e cooperativos e essa parte ela dá a última palavra em
termos de relatório final é ela quem analisa o relatório final antes de ir para a escola e
portanto assina… é a ultima pessoa a assinar, portanto é a pessoa responsável pelos
relatórios. E portanto dividimos um pouco as coisas porque uma pessoa é impossível
conseguir gerir todas essas tarefas, aliás por isso é que somos duas.”
Afetação de Recursos
“Eu não tenho qualquer, portanto, nessa parte não… sou apenas chefe de equipa e isso
compete à direção da casa e portanto à direção de… da casa que eu digo quanto muito
manifesto ao senhor Inspetor-Geral… a… algumas dificuldades em termos de recursos
humanos porque aliás as coisas também” ; “Eu vou alocando inspetores às atividades de
acordo com o perfil. Portanto, há inspetores… tenho sempre em conta a formação
académica, científica de cada inspetor e depois também tenho em conta toda a outra
formação que os inspetores foram fazendo ao longo do tempo aqui nesta casa por monte
próprio ou por que a casa lhes proporcionou e portanto para determinadas atividades afeto
determinados inspetores que têm mais perfil pra…pra… pra aquele tipo de atividades (…)
Mas em geral como lhe disse os inspetores são um bocadinho generalistas porque têm
informação, qualquer inspetor tem formação para qualquer das atividades porque a faz.
Portanto há um momento em que faz formação geral sobre aquela atividade depois como
não pode fazer todas, porque é impossível, dedica-se mais a umas do que a outras.”
Cultura
Organizacional
Valores
“(…) há uma coisa que temos sempre que ter em mente é a… fazer o nosso trabalho a…
da melhor forma. Portanto, todo o trabalho que é desenvolvido nas escolas por nós… a…
vão ao encontro daquilo que daquilo que se espera, não é?... quer pelos nossos utentes,
quer pela tutela a… daí que a… valores éticos estão sempre presentes a… por que quando
há qualquer formação, quando nomeio qualquer pessoa para fazer um trabalho a… na
escola o que se pretende é que a…o trabalho seja feito com a maior honestidade, com
eficiência, com eficácia e sem esquecer os valores éticos que presidem o nosso trabalho. O
nosso trabalho é de imensa responsabilidade a… e a ética é… é… fundamental ter em
conta… basicamente é isso.”
Interiorização do quadro
de valores pelos
inspetores
“(…) eu faço com todos os inspetores a… reuniões… muitas reuniões… muitas reuniões,
mas basicamente eu faço anualmente duas com todos e o que é que eu transmito, é que…
digamos que eu… eu… eu estou aqui como chefe de equipa mas para transmitir tenho
uma missão que me é transmitida pelo senhor Inspetor-Geral e portanto o senhor Inspetor-
Geral que transmite a… a intenção a missão desta casa (…) passa sempre em todas as
reuniões, mas nessas duas em que refletimos nessas duas conjuntas anuais refletimos
sobre o nosso trabalho: o que é que fazemos, como fazemos e como é que… o que é que
podemos fazer a… para sermos mais eficazes e para melhorar basicamente a prestação,
como é que nós podemos trabalhar, motivar as escolas com vista ao sucesso educativo
(…) todos nós no Ministério da Educação e nesta Inspeção trabalhamos em prol dos
alunos, isto é o que move sempre nesta casa… é fazer tudo em prol dos alunos… a… a
maneira como a…os inspetores a… se devem apresentar nas escolas a… como devem a…
abordar os senhores diretores… todos os senhores… os… os… as pessoas que estão à
frente das estruturas de coordenação educativa, de todos os órgãos de administração e a…
órgãos de gestão e administração e as estruturas de coordenação educativa, tudo isso
inclusive a maneira de abordar os encarregados de educação, a maneira de ouvir os alunos,
tudo isso é preparado e a todos é exigido a… um desempenho exemplar”
Proximidade dos
inspetores com os valores
“(…)sempre essencialmente através das reuniões. Portanto, há um contacto a… apesar de
não estarmos… não partilharmos o espaço físico, o contacto com os inspetores, tendo os
inspetores connosco é… é… muito próximo porque hoje há meios e quando eu vou abrir o
meu email durante o dia tenho os inspetores sempre a perguntar coisas, além do telefone
não é? E portanto há sempre um contacto muito próximo para qualquer dificuldade
(…)estando mesmo na escola, acontece qualquer coisa e imediatamente telefonam e
portanto nós sabemos sempre o que é que está a acontecer em qualquer escola. Sabemos
sempre onde é que estão os inspetores diariamente, não é?... porque eles estão lá porque o
trabalho está distribuído. Sempre que acontece alguma coisa que a…não estava prevista
a… o que há alguma dificuldade acrescida, imediatamente telefonam e imediatamente
solucionamos a situação.”
Cultura Organizacional “ (…) é muita proximidade, portanto os inspetores neste momento e portanto só posso
falar neste momento em que estou aqui, desde 2013, há muita proximidade… a…
inclusive com a direção desta casa com o senhor Inspetor-Geral com os inspetores… a…
os senhores inspetores… é uma cultura de proximidade, de… somos poucos o que
também faz com que toda a gente se conheça e partilhe as suas coisas e basicamente a…
basicamente… partilhamos posso dizer que não seja na totalidade, quer dizer somos todos
pessoas diferentes, mas partilhamos todos a… partilhamos todos a… vestimos todos a
camisola desta casa desta inspeção e o que tentamos fazer é que o nosso trabalho seja feito
o melhor possível, com rigor… com rigor… a… e…que as pessoas nas escolas e a sua
comunidade ache que a inspeção é uma mais-valia (…) Porque a… os inspetores estão nas
escolas e a… através das atividades ou através da provedoria, interagimos com alunos,
como pais, com docentes, com direção, com autarquia a… e o que nos… o que passa
sempre é que a… é que… a… o nosso trabalho é feito com rigor e que aceitam e dão
sempre como muito válido aquilo que lá vamos fazer e muitas vezes casos de provedoria a
razão pela qual recorrem a nós é por que acham que somos um organismo, uma instituição
independente, a… e que acreditam que o trabalho que fazemos é um trabalho rigoroso… é
um trabalho rigoroso e que a… dá frutos, ou seja, por que razão é que as queixas que vêm
para aqui muitas vezes em relação às direções das escolas, por exemplo, se é questão de
pais, já falaram com a direção a… não conseguiram o que queriam a… ou a… muitas
vezes as pessoas não têm a confiança que deviam ter… quem está na direção das escolas a
(…)… há um diretor na escola que deve ser o responsável por aquela escola ou
agrupamento e muitas vezes os pais não confiam inteiramente e portanto por que é que se
nos dirigem e muitas vezes nós perguntamos por que é se nos dirigem… não… porque nós
achamos que a inspeção é isenta e consegue verificar melhor as coisas… por que razão é
que… há pouco eu disse-lhe que os processos disciplinares das escolas são feitos, os
processos instaurados pelos diretores são instruídos por um professor da escola… muitas
vezes temos aí queixas a… dos docentes que são alvo dos processos que não querem que
seja a escola a fazer porque acham que quem deve fazer os processos é… são os
inspetores pois dá garantia de isenção e rigor e portanto melhor que isso para aferir… não
há.”
Papel do Gestor Dia típico de trabalho “São sempre diferentes… a… e eu desde que entro até que saio eu não chego aqui
demasiado cedo porque saio sempre muito tarde, saio sempre às 20:00 isto porquê…
porque não somos muitos a… e… o que eu pretendo é assegurar que a… os inspetores
desde as 08:30 da manhã às 08:00 da noite tenham sempre a… alguém disponível a… e o
nosso secretariado a… está a partir das 08:30 às 08:00 da noite há sempre alguém. Eu
desde que chego entre as 09:30 e as 10:30 até às 08:00 não lhe posso dizer o número de
chamadas mas já tem acontecido que durante a manhã tenha atendido 50 chamadas, ou
seja, ou é de inspetores que estão no terreno e têm problemas ou é das escolas, porque as
escolas também nos contactam imenso (…) no sentido de às vezes nós não temos essa
competência de acompanhar as escolas, mas muitas vezes eles tentam perguntar-nos
coisas que nós não respondemos é claro, porque isso pertence à Direção-Geral dos
Estabelecimentos Escolares essa competência. Mas por exemplo quando querem apoio
jurídico, dirigem-se a nós e muitas vezes aqui passam as chamadas… chegam aqui porque
às vezes o nosso jurista está ocupado e portanto a escola diz que precisa muito de falar
com alguém porque a… na sequência de um envio, de um relatório ou dos procedimentos
a… dos procedimentos que são necessários para a avaliação externa das escolas… a…
precisam de nos colocar algumas questões… as escolas têm dúvidas e portanto tudo isto
faz com que a… diariamente eu aqui a… a tenha mais da parte da manhã é sempre muito
complicada… esta parte de atendimento telefónico, fora o número de emails diários que
são a… a média… são de 30 por dia… portanto a média é 30 por dia… há dias que serão
menos outros que são muito mais (…) questões colocadas não só pelos inspetores…
também pelas escolas… a… é claro que aqui para mim não veem porque é logo… é feita
uma triagem quando ligam para aqui e é um assunto ou uma queixa… é ali a… a inspetora
que nos dá aqui o apoio que filtra a chamada verifica o que é que se passa, o que é que a
pessoa pretende… a… se … nomeadamente é para pedir alguma informação ou como é
que pode fazer uma queixa…” ; “De resto o meu trabalho durante a manhã é muito a… à
base destes telefonemas e emails, além das solicitações diárias do senhor Inspetor-Geral
como vê enquanto aqui esteve e depois todos os dias o despacho que tenho, ou seja, todos
os dias chegam coisas… todos os dias… todos os dias… e portanto é preciso todos os dias
apreciar relatórios, processos disciplinares, enviar planeamentos… muitas vezes a… as
escolas principalmente a… particular e cooperativo… as escolas particulares onde vamos
ou temos planeado e mandamos habitualmente com alguma antecedência que pode ser
entre uma a duas semanas a avisar que vamos fazer uma intervenção lá e que nos ligam a
dizer que não pode… não… não seria o dia ideal porque naquela semana o diretor está…
o diretor está fora, numa visita de estudo… com os alunos ou porque naquele dia há uma
atividade qualquer que envolve a câmara municipal ou outras entidades e a nossa presença
naquele dia iria impedir a… o normal funcionamento a… da escola. Isso nós não
queremos e tentamos resolver, mas todos os dias temos este tipo de trabalho… todos os
dias eu tenho para despachar, para enviar relatórios… todos os dias enviamos relatórios,
todos os dias tenho que ler relatórios, todos os dias tenho de ler processos… tenho que
nomear pessoas para intervenções e neste momento até lhe digo… até lhe dizer quantas
duas… quatro… cinco… seis… sete… oito… neste momento tenho a… hoje que a…
nomear oito inspetores para irem ao terreno verem o que é que se passa em oito
estabelecimentos particulares e privados.” ; “Além disto que é o normal temos sempre os
casos de assuntos que venham do senhor Ministro da Educação ou do senhor secretário de
estado porque muitas vezes acontece incidentes a… que são comunicados ao senhor
Ministro da Educação ou ao senhor secretário, imediatamente telefonam para o senhor
Inspetor-Geral no sentido de querer saber o que é que se está a passar e que a inspeção
verifique o que está a acontecer aqui e ali… e aí temos de estar sempre aqui para
podermos a… ir logo ao terreno ver o que é que se passa para podermos avisar a… e dar
conhecimento o que se está a passar ao senhor Ministro.”
Atividades realizadas
com maior frequência
“(…)o que é que eu faço com mais frequências das atividades… com mais frequência é a
leitura de relatórios diários, não é… diariamente eu tenho sempre relatórios para ler, ou
seja, a… todos os dias… todos os dias porque são 12 atividades há relatórios
terminados… ou seja já passaram pelo interlocutor e é preciso enviar para a escola e antes
de enviar para a escola… a última leitura é feita por mim e portanto eu todos os dias tenho
um relatório… dois, três, quatro, cinco para ler para enviar para a escola.”; “… em termos
daquilo que mais tempo nos consome é de facto a apreciação das coisas e os relatórios e
vou-lhe dizer que eu… a… deixo para fim do dia, a partir das cinco e meia, seis horas… é
quando eu me dedico à leitura de relatórios é quando os telefones deixam de tocar a…
quando há menos pessoas e portanto digamos cinco e meia… seis horas às oito é a hora
que eu dedico sempre à leitura de relatórios e relatórios das atividades e informações no
âmbito da provedoria a… relatórios de ação disciplinar e digamos que cinco e meia… seis
e meia… sete e meia a… oito e meia … digamos que duas horas e meio por dia, às vezes
mais porque se tiver tempo a… eu ainda faço… ainda leio quando há dias mais calmos
ainda leio”
Rotinas “Sim, isso sempre. A… o despacho diário… despacho a… de todos os documentos, o
atendimento e os emails são rotinas diárias”
Imprevistos “(…) estas questões da tutela… do Senhor Ministro ter de repente pedido que fossemos a
algum lado, que apreciássemos uma determinada situação, a… por questões … todas as
questões mediáticas”; “Como é que lido… olhe temos que resolver a situação… temos
que muitas vezes retirar um inspetor que está a fazer outra coisa, que foi o caso da
inspetora que há pouco telefonou… estava a fazer outro trabalho… é claro que temos aqui
uma coisa sempre em mente é o trabalho que está a ser realizado nas escolas a… é feito
sempre e não há nunca nada que o impeça. Ou seja, se o inspetor está na escola não chamo
o inspetor porque está a fazer aquela tarefa, agora depois quando o inspetor está a fazer o
relatório aí já não… portanto era o caso desta inspetora que estava a fazer o relatório a…
veio a situação urgente e isto depois também tem a ver com as localidades é por que a
situação urgente era no distrito de Portalegre e portanto esta inspetora que era aquela que
estava mais e que podia ir lá com mais rapidez, estava a fazer o relatório e deixou de o
fazer o trabalho que tinha de fazer hoje para se deslocar à escola e resolver a situação e
pronto isto aí é a… temos que agilizar as coisas rapidamente, ver quem é o inspetor que
pode lá ir, que depois também vamos ter que ver às vezes o perfil, que depois depende do
assunto, qual é a pessoa que pode ir ou onde é que está… se pode ir logo, ligamos e a…
agora há uma coisa que tentamos sempre é que não criar obstáculos ao trabalho da escola,
não é.”
Rituais “(…) não posso dizer que são rituais algumas coisas que eu faço mas não é como ritual…
ritual, ritual não, não.”
Inovação
“(…) a inovação é importantíssimo. A… nós trabalhamos com a educação e portanto é na
educação que se nota mais tudo aquilo que é inovador porque há uma panóplia de grandes
escolas do nosso país, não é? E portanto é… são… mais onde embora não tanto como se
esperaria, locais onde há práticas inovadoras e onde há uma série de ações que
implementam de acordo com as… com aquilo que é mais moderno, não quer dizer que
seja todos os… todas as escolas mas uma grande parte… e um inspetor está a ir à escola
a… a toda a hora e seja sei lá agora nas tecnologias de comunicação e informação, por
exemplo, vamos a uma escola e não todas mas uma grande parte já tem todos os últimos
programas, as últimas tecnologias e portanto o inspetor não pode chegar lá e não ter
conhecimento e não pode… ignorar as coisas… e por outro lado tem que estar atualizado
porque se pode deparar com coisas que ainda não conheça, de maneira que… embora…
embora… em termos das práticas a… do nosso trabalho por vezes isso…a… não seja tão
notório… a… como deveria porque nós temos o nosso plano anual de atividades e temos
aquele plano a… e muitas vezes poderíamos a… fazer de um moldo diferente, mais
inovadoras e às vezes não é tão possível e arrastamos um bocadinhos as coisas e
demoramos algum tempo a reagir a… porque também é uma máquina muito pesada… a
educação é uma máquina muito pesada e demoramos algum tempo e reagir e portanto não
vamos tão à frente quanto gostaríamos.”
Constrangimentos “Falta de recursos humanos e materiais.” ; “(…)o corpo inspetivo a… está a… o nível
etário dos inspetores está muito elevado e isto nota-se porque as pessoas passam a ter mais
problemas de saúde, não quer dizer que os novos não tenham, mas passam a ter mais
problemas de saúde , passam a… passamos aqui algumas... a… situações de alguns
inspetores que estão doentes de baixa médica por um período muito prolongado, isso é
mau porque não só se afastam do serviço, não é… mas como depois quando regressam
têm alguma dificuldade a… adaptar-se (…)não tem havido desde 2009 nenhum
recrutamento e o último que houve recrutou muito poucas pessoas e portanto isso é um
dos grandes constrangimentos a… que faz com que a nossa atividade às vezes não seja tão
célere quanto queremos a… (…) ”; “ (…) depois recursos materiais, nomeadamente
computadores a… os nossos computadores não são… a… substituídos quando deviam ser
e muitas vezes a… temos aí alguns problemas derivados disso… queremos fazer o melhor
trabalho a… os computadores não conseguem às vezes ter acesso à internet por exemplo
nas escolas, quando os docentes… quando os inspetores estão no trabalho precisam de
comunicar e mandar coisas… a… avariam-se com muita regularidade… aqui nem sempre
as coisas são o mais célere possível a… basicamente recursos materiais e humanos são
aquilo que mais… mais perturbam o nosso funcionamento normal.”
Representação da
Organização
“(…) Às vezes… a… já tem acontecido (…) O Senhor Inspetor-Geral designa alguém
habitualmente para isso a… já fui designada por exemplo para a conferência das inspeções
a SICI em Amesterdão, no Porto a… mas muito pontualmente, porque também há uma
série de gente que o Senhor Inspetor-Geral não gosta que seja sempre a mesma pessoa a
fazer as representações… e depende daquilo a… depende dos convites que nos são
endereçados e da… do que está em causa… o tema dos seminários, dos congressos, das
conferências, assim é designada uma pessoa para representação.” ; “A… docentes do
ensino superior e não superior e inspetores a… e inspetores de outros… de outros países.”
Normas e regulamentos
na sua atividade
“Bom, as normas são importantíssimas. Nós temos que cumprir regras e uma série de
parâmetros e… e… portanto não podemos fazer aquilo que queremos e que… achamos
que às vezes seria o mais… seria o ideal, mas há uma série de coisas que temos de
obedecer e portanto e isso de alguma maneira baliza o nosso trabalho e encaminha o nosso
trabalho.”
Determinação de
objetivos de trabalho e
planeamento ATI Sul
“(…) a inspeção funciona a… tem um modo de funcionamento específico, portanto o
Senhor Inspetor-Geral a… o Senhor Inspetor-Geral e os Senhores Subinspetores, portanto
determinam os objetivos anuais a… para toda a inspeção… a… que nos são comunicados
a…. depois de já nos ter auscultado, portanto a… elaboram o plano anual de atividades e a
partir daí são os nossos documentos orientadores: objetivos da casa, plano anual de
atividades e a partir dessa… dessa determinação superior é que passamos aqui a agir e a
fazer os… o, portanto o nosso trabalho em determinar e planear todo o nosso trabalho” ;
“(…) os meus objetivos já são determinados pela direção desta casa, não é? Portanto
anualmente temos objetivos a cumprir… eles são-nos dados e partir daí a… é que nós
elaboramos as nossas tarefas para ir ao encontro daquilo que nos é solicitado.”
Procura de informações “(…) eu propriamente, propriamente para fazer melhor o meu trabalho socorro-me de a…
de… literatura por exemplo, depende daquilo que estamos a falar. Mas se às é
necessário… o conhecimento é sempre essencial… estar atualizada em tudo o que diz
respeito à educação, que é uma coisa que nós fazemos aqui habitualmente… portanto
temos que estar sempre a… cientes do que é que está a acontecer… portanto seja em
termos de leitura, jornais, revistas com artigos da educação a… seja em termos de
leitura… de educação em termos daquilo que sai em Portugal mas também aquilo que sai
noutros países, nomeadamente aquilo que nos é transmito a partir via SICI porque pronto
temos de ter alguma ideia daquilo que os outros fazem e como é que o fazem a… de modo
a poder tirar algumas ideias, a poder verificar aquilo que se adapta aqui e… pode ser uma
boa prática para nós.” ; “(…) possivelmente às vezes reuniões com a Direção-Geral de
Educação e eu aqui só mesmo com a Direção-Geral de Educação. Os outros contactos
quer com… com… as outras instituições que fazem parte do Ministério da Educação, não
em termos de chefe de equipa, não me compete, portanto é sempre via Senhor Inspetor-
Geral, nunca eu.”
Disseminação de
informação
“Todas as informações… a… habitualmente todas… por exemplo quer haja artigos
importantes para o trabalho, quer a… haja a… ações, conferências, seminários com
problemáticas da educação que são relevantes e que nós achamos relevantes, o que
fazemos sempre é a… dar conhecimento a todos os inspetores para que eles possam
escolher de acordo com o tempo que têm disponível e… de acordo também com as suas
referências e com a temática da… do… trabalho que estão mais desenvolvem a… que
possam se assim o entenderem participar em coisas… basicamente e isto. É-lhes
transmitido tudo, todas… aquilo que nós achamos relevante transmitimos aos inspetores.”
Comunicação com
inspetores
“É sempre via email. Todos os inspetores e os outros colaboradores têm o seu computador
e portanto aqui… o telefone também é muito utilizado, mas basicamente o email é a
ferramenta essencial de trabalho de todos.” ; “Não foi [sempre] assim e ainda eu estou a
falar e refiro-me muito particularmente à área territorial sul em que todos os inspetores
têm o seu computador pessoal da casa, portanto pertence à Inspeção embora a internet seja
pessoal… não é paga a internet a… a internet é pessoal, cada um tem a sua na sua casa,
paga a sua a… aqui disponibilizam é do computador. Mas basicamente que é aqui assim
nos últimos anos e não lhe sei dizer nos últimos anos, mas para aí nos últimos 10, embora
haja a… ainda alguns inspetores noutras áreas territoriais a… em que a comunicação é
feita via correio. Ou seja, não disponibilizam a… sua internet pessoal para o serviço,
porque não lhes é paga. Aqui toda a informação de facto é via email.” ; “(…) acho que a
comunicação informal também é muito necessária e e…se eu já tinha conhecimento com
as pessoas e criado alguns laços continuo a mantê-los da mesma maneira, embora haja
coisas que têm de ser formais, é evidente, mas a formalidade ainda permanece.”
Relação com
colaboradores
“Uma boa relação de trabalho. A… eu era inspetora de terreno antes de ser chefe de
equipa a… e… a continuo a ser colega… quando me dirijo aos colegas, aliás é sempre por
colega a... e portanto a relação que estabeleci antes continua a ser a mesma que… que…
era antigamente.”
Concretização do
processo de tomada de
decisão
Olhe não há aqui nenhuma tomada de decisão e estou a falar tomada de decisão de a…
assuntos de… assuntos de… importantes… muito importantes… a tomada de decisão é
sempre depois de ser auscultada a minha colega chefe de equipa. Portanto todas as
decisões aqui importantes nunca são tomadas só por mim. Portanto mesmo que… esteja
nas mesmas competências, eu como trabalho em equipa com a minha colega, portanto a
decisão é sempre a… ponderada e antes de ser feita é…é… sempre muito verificada…
analisada em conjunto com a outra colega chefe de equipa.” ; “(…) duas cabeças pensam
sempre melhor que uma e… é preciso a… naquilo que diz respeito a coisas realmente
importantes que a decisão seja a tomada seja aquela que é mais pertinente e mais
adequada. E portanto é preciso ter algum cuidado e isso passa muito por ouvir outros e no
caso é sempre tomada em conjunto quer… seja em todas as decisões mesmo no que se
refere às… à questão de… de… à questão da avaliação dos inspetores. Embora a maior
parte dos inspetores esteja a ser avaliada por mim, eu sou eu a avaliadora, como eu e a
minha colega verificamos o trabalho e apreciamos o trabalho de todos… a… esta tomada
de decisão é sempre em conjunto.” ; “(…) todas as tomadas de decisão da casa passam por
obedecer a objetivos que nos são dados anteriormente e portanto é sempre tendo em conta
a… o objetivo do nosso trabalho.”
Anexo 11 – Quadro dos modelos de gestão e de liderança de Tony Bush
Quadro retirado de Costa, Figueiredo e Castanheira, 2013, p. 4
Anexo 12 – Guião de Entrevista E6
Entrevistada: Coordenadora da Atividade de Acompanhamento dos Jardins de Infância da Rede Privada (JIRP) - IPSS.
Objetivos Gerais:
Conhecer os intervenientes que integram a atividade de Acompanhamento dos JI;
Conhecer o processo de planeamento e concretização da atividade de Acompanhamento dos JI
Blocos temáticos Objetivos específicos Formulário de perguntas/tópicos Notas
A
Legitimação da
entrevista
Legitimar a entrevista
Motivar o entrevistado
Informar o entrevistado sobre a temática e a
finalidade da entrevista.
Sublinhar a importância da participação do
entrevistado para o sucesso do trabalho.
Salientar o carácter restrito do uso das informações
concedidas.
Referir a disponibilidade para fornecer os resultados
do trabalho.
Pedir autorização para gravar a entrevista.
Proporcionar ao entrevistado um
ambiente que lhe permita estar à
vontade e falar livremente sobre os
seus pontos de vista.
Conhecer a função da
entrevistada no âmbito da
atividade de
Acompanhamento dos JI
Para começar, pedia-lhe que me dissesse quais são as
principais funções que desempenha no âmbito da
atividade de Acompanhamento dos JI
Funções desempenhadas enquanto
coordenadora; perceber o papel da
entrevistada na atividade
B
Intervenientes na
Atividade de
Acompanhamento
dos Jardins de
Infância
Identificar os restantes
elementos da equipa e
respetivas funções na
atividade de
Acompanhamento
Conhecer a constituição
da equipa de
Acompanhamento dos JI
a nível central
Conhecer os principais
interlocutores nos JI
Conhecer as
competências necessárias
para desempenhar as suas
funções
Conhecer a opinião da
entrevistada em relação
Existem outros membros na equipa da ATI Sul que
participem nesta atividade? Que funções têm no
decorrer da atividade?
Como é constituída a equipa a nível central?
Quem são os vossos principais interlocutores nos JI?
Que competências considera indispensáveis para
desempenhar as suas funções?
Em que medida essas competências são distintas das
que necessita noutras atividades da IGEC?
Outros coordenadores; inspetores e
interlocutores da atividade.
Membros e funções desempenhadas
Saber as competências-chave e
entender a importância dos
conhecimentos e da experiência na
área da EPE para o
desenvolvimento da atividade
Perceber se com a formação na
EPE o olhar é diferente no decurso
da atividade; Por exemplo, mais
próximo da avaliação ou do
acompanhamento da ação
educativa?
às expectativas colocadas
pela IGEC na atividade
Na sua opinião, quais as expectativas colocadas pela
IGEC na atividade de Acompanhamento dos JI?
C
Narrativa sobre o
planeamento e a
Conhecer o modo de
planeamento e
concretização da
atividade de
acompanhamento dos
JIRP - IPSS
Podemos começar pelo modo como ocorre a
montagem do dispositivo da atividade:
Como são constituídas as equipas de
acompanhamento? A que critérios obedece o
processo de formação das equipas?
Existe uma formação específica para estes
inspetores? De que teor?
Qual o procedimento adotado para a seleção dos JI a
intervencionar? Quem toma essa decisão?
Podia descrever o que sucede desde que são
designadas as equipas até ao momento em que vão
para o terreno?
Nomeação das equipas; Critérios de
seleção dos inspetores
Exemplos de formações específicas
que sejam fundamentais para a
realização da atividade de
acompanhamento dos JI
Fases e momentos de planeamento
até à ida ao terreno
concretização da
Atividade
Que reuniões são efetuadas? Com quem?
Determinada a equipa e o JI a intervencionar, como é
que é feita a preparação da atividade em específico?
Pode dar-me exemplos?
Qual a principal preocupação na análise dos
documentos dos JI?
Existe a preocupação em acautelar uniformidade de
procedimentos ao nível do país? Como o fazem?
De que modo conseguem apreender o grau de
concretização do currículo nos JI?
Podia falar-me um pouco de como se desenrola a
observação das práticas letivas?
A atuação no terreno é diferente da que têm noutro
Por exemplo na análise do PEI e
das ATAS – perceber se a equipa
consegue encontrar nestes
documentos as dinâmicas dos JI
Articulação e desenvolvimento da
atividade a nível nacional
Saber o número de observações
efetuadas; entender que aspetos
específicos são focados: a relação,
o movimento em sala, etc.
Entender as diferenças que
caracterizem a atuação dos
tipo de intervenção? Porquê?
Como é que asseguram que os JI assimilam o
essencial da intervenção e procuram melhorar?
Qual o modo de tratamento das informações
recolhidas antes e durante a visita aos JI?
Como é que é feita a divulgação dos resultados aos JI
e respetiva comunidade educativa?
inspetores no terreno dos JI;
confronto com outras atividades da
IGEC
Perceber o funcionamento da 2.ª
intervenção – de continuidade – e o
que acontece se se verificarem os
mesmos aspetos após essa
intervenção
D
Finalização da
Entrevista
Entender se pretende
acrescentar algum aspeto
que não tenha sido
abordado durante a
entrevista
Agradecer a sua
colaboração.
Deseja acrescentar algum aspeto que não tenha sido
contemplado nesta entrevista?
Anexo 13 – Protocolo de Entrevista E6
Entrevistada: Coordenadora da atividade de Acompanhamento dos JIRP – IPSS (E6)
Entrevistadora: Soraia (S)
S: Então primeiramente queria realçar que esta entrevista é realizada no âmbito do
relatório de estágio do mestrado em educação e formação com especialização em
Organização e Gestão da Educação e da Formação. O principal objetivo desta entrevista
é conhecer os intervenientes que interagem na atividade de Acompanhamento dos
Jardins de Infância, bem como o processo de planeamento e concretização desta mesma
atividade. Nesse sentido, reforço a importância da sua participação para o
desenvolvimento do meu projeto de investigação e também sublinho que asseguro a
confidencialidade e o anonimato desta entrevista. Posso gravar a entrevista?
E6: Claro que sim!
S: Então, para começar pedia-lhe que dissesse quais são as principais funções que
desempenha no âmbito da atividade de acompanhamento dos jardins de infância.
E6: Portanto, eu digamos tenho a coordenação a nível nacional… nacional não podemos
dizer que não abrange as ilhas, mas é do país todo, Portugal Continental com outra
colega, portanto sou co-coordenadora e… portanto a pergunta era qual?
S: Quais são as suas funções…
E6: As funções…
S: Sim as suas principais funções.
E6: Pronto depois de realmente os chefes determinarem a realização desta atividade,
que aliás antes foi-me pedido de conselho da sua realização que eu anui e portanto
juntamente com a minha colega, aliás tudo o que disser em princípio tudo o que eu faço
é juntamente com outra colega, portanto vou passar a não ter que dizer, está bem?
S: Está bem…
E6: Construímos os documentos todos, portanto fomos nós que construímos os
documentos, depois pedimos a contribuição de outras pessoas das representantes das
áreas territoriais da inspeção que são três que entretanto foram designadas de
interlocutoras desta atividade… nós enquanto coordenadoras e elas enquanto
interlocutoras e portanto o grosso foi construído por nós, mas teve intervenções de
várias pessoas, portanto um roteiro que é um guião, chamemos-lhe um roteiro que é um
guião e depois no fundo as matrizes dos relatórios.
S: Tudo isso faz parte das suas funções…
E6: Sim… sim, fizemos isso em 2013. Esse trabalho foi em 2013.
S: E diariamente quais são assim as suas funções em específico?
E6: Específico da coordenação?
S: Sim
E6: Para além de anualmente vermos os instrumentos e em função… isto também é
uma aprendizagem para nós… portanto em função do que for encontrado no terreno
porque nós também vamos ao terreno já depois passo a dizer depois lembre-me…
S: Sim…
E6: Mas estou a dizer só estritamente as funções de coordenadora… portanto… estava a
dizer o quê? (risos)
S: as suas funções enquanto coordenadora…
E6: Ah, como nós também estamos numa aprendizagem, aliás desde o princípio de
2013 estamos nesse processo, todos os anos vamos aferindo aspetos que precisamos de
manter, que temos de reformular, aperfeiçoamento e esse processo digamos é contínuo
ou vamos tirando apontamentos, fazendo pontos de situação, tirando apontamentos para
quando chegarmos no fim do ano, em geral, os documentos nunca saem todos iguais,
atendendo aos ajustamentos que encontramos no terreno e que nós próprios temos
considerado como necessitando de… aperfeiçoamento…
S: reformulações…
E6: ou informações complementares… de reformulações, mais de reformulações,
vamos repensando as coisas. Depois as nossas funções é também ler os relatórios que
nos chegam das atividades que resultam das atividades do terreno… portanto das
pessoas que desenvolvem a atividade que são duas, uma das quais têm que ser… ter
formação inicial digamos em educadora de infância, independentemente depois de
outras formações que tenha realizado… na equipa é assim, aliás está isso escrito no
roteiro e portanto lemos e depois de já terem sido lidos, no fundo, fazemos a revisão
final desses relatórios, enviamos a interlocutora e portanto acompanhamos todo, todo
esse processo. Para além disso, ai não como coordenadoras mas porque pusemos essa
questão logo à partida também vamos ao terreno fazer várias intervenções tanto as
intervenções iniciais e as de continuidade… essa de continuidade também está prevista
no roteiro e portanto também sentimos digamos na pele as dificuldades, como é está a
realidade dos jardins de infância, os seus principais problemas, como é que podemos
atuar, dando sempre as duas perspetivas, que digamos acho que nos completa… se só
estivéssemos só digamos em gabinete a coordenar a atividade e ficarmos desfasadas da
realidade…
S: portanto tem sempre essa articulação…
E6: sim temos sempre essa articulação.
S: Então existem outros membros da equipa na ATI Sul que participem nesta atividade?
Que funções é que têm no decorrer da mesma?
E6: A interlocutora da atividade na ATI Sul e nos outros… Norte
S: Há só uma interlocutora na ATI Sul?
E6: Sim, outra na ATI Norte e outra na ATI Centro.
S: E que funções é que têm no decorrer desta mesma atividade? Neste caso só da equipa
da ATI Sul…
E6: Ah só da ATI Sul… Colabora na distribuição de serviço com a chefe… com uma
das chefes, depois também faz… não sei se em conjunto se não, isso não tenho
conhecimento, chamemos-lhe a amostra… não é uma amostra representativa, que
seleciona um conjunto de jardins de infância a intervencionar na área territorial do sul e
pronto. E depois também faz a primeira leitura dos relatórios… dos produtos… dos
relatórios que são realizados… para além de gerir algumas questões ou dúvidas dos
colegas, mas também nós fazemos às vezes até vemos que nem recorrem tanto aos
interlocutores recorrem mais diretamente a nós perante dúvidas… é verdade é outras das
funções da coordenação que eu não disse. Por exemplo no terreno levantam-se algumas
dúvidas ou situações novas e recorrem a algumas de nós por email ou por telefone para
pensarmos em conjunto situações que tenham surgido de novo.
S: Então digamos que os interlocutores fazem também um bocadinho a ponte entre os
inspetores e as coordenadoras…
E6: Umas vezes mais outras vezes menos, mas sim é suposto sim…
S: Quantos inspetores é que estão envolvidos nesta atividade? Que fazem parte da ATI
Sul?
E6: Por ATI’S eu não sei porque eu tenho a dimensão mais global…
S: Ah… está bem…
E6: Eu já fui interlocutora também do Sul por acaso… fui interlocutora e coordenadora
desde a génese porque a minha formação inicial é mesmo a educadora de infância ao
passo que a Dr.ª MP não é… é do 1.º ciclo de formação inicial… pronto. E… portanto
os números… isso compete a cada área territorial… nós temos sempre os números
globais… trinta e poucos inspetores a nível global.
S: Como é que constituída a equipa a nível central? Já não falamos só na ATI Sul…
E6: São três interlocutoras… por acaso são todas mulheres… temos reuniões
periódicas… também para fazer pontos de situação e depois temos reunião de final do
ano com alguns já dos dados porque uma das funções que nós temos enquanto
coordenadoras que eu não disse é também a elaboração do relatório global…
exatamente que sai todos os anos e portanto… por acaso só no último ano é que elas
colaboraram porque também estão com muitas atividades no terreno e nós por vezes
poupamo-las portanto às vezes já nem se sabe bem onde é que acaba o papel do
interlocutor… onde é que acaba… onde começa nós sabemos… agora onde é que acaba
é nós às vezes assumimos essas funções… pronto… porque elas também poderia dar
dados por área territorial mas muitas vezes… por acaso a última vez conseguimos pedir-
lhes mas das outras vezes fomos nós que mexemos neles todos e que trabalhámos,
fizemos o tratamento dos dados todos… sim o relatório global…
S: Então e a equipa, só para tentarmos perceber… então a equipa a nível global, sendo
assim, são as coordenadoras, não é?
E6: Exatamente!
S: Os interlocutores, neste caso são três e depois os inspetores… há assim mais…
E6: Não há mais ninguém… há ainda as chefes de equipa de cada Área Territorial que
no caso da pessoa que é do Sul intervém mais diretamente com a interlocutora… as
outras… portanto depende das características de cada área territorial. As outras duas não
intervêm tanto.
S: Quem são os vossos principais interlocutores nos jardins de infância?
E6: Eu percebi… a pessoa a quem nos dirigimos mesmo é ao diretor pedagógico ou à
diretora pedagógica porque é a figura que perante o Ministério de Educação… no fundo
é a responsável pedagógica… não quer dizer que nós vamos à casa das pessoas e não
apresentemos, até por uma questão de deferência… e é bom também envolver toda a
gente… alguém da direção técnica… por exemplo se são instituições com… instituições
particulares de solidariedade social costuma haver o presidente da associação ou alguém
da direção da associação e aí temos muito gosto que estejam presentes… mas o nosso
principal interlocutor como há de ver quando for connosco fazer a intervenção… é o
diretor pedagógico… sim.
S: hum, pronto…
E6: …que às vezes nem existe…
S: E quando não existe quem é que…
E6: Não existe mas há sempre uma pessoa que assume essas funções só que às vezes
desconhece-se que tem de ser diretor pedagógico porque nem pediram o
reconhecimento perante o Ministério de Educação, como há de ter oportunidade de ver.
S: Então e que competências considera indispensáveis para desempenhar as suas
funções?
E6: As minhas?
Eu: Sim… portanto que competências-chave que são importantes para si para
desempenhar essas funções que me disse…
E6: Olhe ter um grande conhecimento de… passo em modéstia mas tem que ser ter…
sobre a realidade em educação pré-escolar em Portugal… acho que têm de se ter esse
conhecimento… porque senão não se conseguiria construir digamos… sem ser assente
esse conhecimento não conseguiríamos construir esses documentos, gizar a atividade,
estabelecer os objetivos…não se conseguia fazer nada que tenha sentido para as pessoas
que estão no terreno porque isto tem que ter sentido para todos… envolver todos.
Portanto acho que à partida sim… depois também ter competências relacionais no
aspeto de quando nós vamos aos jardins de infância, nós não vamos, ainda que sejamos
inspetores, não vamos numa atitude de digamos controlar…
S: Pois, sim…
E6: Vamos numa atitude de acompanhar e fomentar a melhoria… a portanto temos de
ter relações muito de parceiros por datas ainda que é inevitável… muitas vezes nos
veem como… pronto… um bocadinho mais inspetores… não deixamos de ser
inspetores mas é com um cariz… não é por acaso que a atividade não é de controlo é de
acompanhamento que há à partida uma grande diferença na filosofia. Não sei se tem a
noção das diferentes atividades cá na casa…
S: Sim, sim… entretanto também tenho uma pergunta sobre isso, mas nós já lá vamos…
Entretanto queria perceber a importância dos conhecimentos e da experiência também
na área do pré-escolar…
E6: Ah sim… sim… também é essencial termos estado a trabalhar com crianças…
S: Antes de assumir esta função?
E6: Sim… em jardins de infância a trabalhar com crianças… só passei um ano pela
direção regional, mas foi um ano, uma passagem fugaz e depois é que concorri para a
Inspeção… portanto e isso tudo também é muito importante porque se estivesse só em
gabinetes… imagine tirava o curso e estivesse em gabinetes acho que não poderia ter
esse tal conhecimento que falei à bocado sobre a realidade dos jardins de infância, das
suas dificuldades… tenho… esse… tenho quando digo tenho… é sempre temos… na
primeira pessoa do plural… temos.
S: Em que medida essas competências são distintas das que necessita noutras atividades
da IGEC? Por exemplo, percebe-se que com a formação no pré-escolar tem um olhar
diferente… e eu queria perceber aqui se essas competências são mais próximas da
avaliação ou do acompanhamento da ação educativa por exemplo… não sei se me fiz
entender…
E6: (demonstra uma expressão confusa à pergunta colocada, acenando com a cabeça
que não entendeu)
S: Então eu vou reformular… basicamente o que estou a tentar perceber é que estas
competências têm que ser distintas de outras competências que é necessário noutras
atividades… por exemplo na avaliação… é nesse sentido…
E6: Ah…. Pronto há aquelas três atividades que nós já falámos… e por isso é que é
bom… avaliação… controlo e acompanhamento… esta está enquadrada no
acompanhamento
S: exatamente… sim…
E6: A perspetiva no acompanhamento é mais próxima de todas as outras atividades…
essa do acompanhamento da ação educativa de todas as atividades de acompanhamento.
É sempre mais enquadrada neste aspeto e aqui ainda tem uma característica especial
porquê? Porque o Ministério da Educação durante muito tempo foi omisso em relação
ao acompanhamento às IPSS’S e portanto agora ainda há de ter uma sensibilidade
especial ao fazer esse acompanhamento porquanto as pessoas não estão habituadas
como por exemplo na ação educativa que os inspetores intervenham… deem sugestões,
façam propostas de melhoria ou aspetos… também por outro lado temos de dizer
aspetos que não estão de acordo com a legislação vigente… imagine o número de
crianças por sala, agora um exemplo, ainda que seja funções de acompanhamento não
podemos fechar os olhos se não cumprirem a lei… é um aspeto a corrigir… na
avaliação não vamos tanto quanto inspetores vamos mais enquanto avaliadores…
também faço avaliação externa, de vez em quando, muito menos, mas não vestimos a
camisola de inspetores tanto mais de avaliadores para haver distanciamento, também
não é por acaso as equipas de avaliação têm sempre um elemento externo para também
tornar mais distante…
S: Portanto é uma das competências…
E6: De controlo essa é muito diferente realmente do acompanhamento… a mais
diferente é o controlo porquê?! Porque o controlo é a verificação… a simples
verificação da conformidade legal, ou seja, imagine que íamos no âmbito do controlo a
um jardim-de-infância nós só íamos ver o que não estava de acordo com a legislação e
só portanto, o objetivo é a correção desses aspetos e não é a nossa postura nem a nossa
atitude ainda que tenhamos de…
S: Abram exceções nesse sentido…
E6: Sim… e foram exceções porque nós quando concebemos a atividade, não tínhamos
incluído os aspetos a corrigir… foi sempre tudo a melhorar no acompanhamento… só
que começámos a ver que não poderíamos ignorar esses aspetos até para a qualidade do
serviço educativo prestado. Pronto… não sei se respondi à pergunta…
S: Sim eu penso sim… pronto sendo assim está-me a tentar dizer que a atividade de
acompanhamento na área dos jardins de infância está muito mais próxima da área de
acompanhamento da ação educativa, portanto do programa inteiro… é isso que me esta
a tentar…
E6: Todas mais próximas, as de acompanhamento que é das ciências experimentais
estão todas mais próximas. Tudo o que é acompanhamento estão mais próximas…
S: Também depois a atuação do inspetor no terreno é diferente… em…
E6: É diferente… com especial equidade nos jardins de infância por causa disso do
Ministério de Educação ter… digamos não ter feito acompanhamento que supostamente
deveria ter feito.
S: Na sua opinião, quais são as expectativas colocadas pela IGEC na atividade de
acompanhamento dos JI?
E6: As expectativas é contribuir, e isso é a maior expectativa, contribuir mesmo para a
melhoria e… para a melhoria tanto a nível das crianças… das aprendizagens das
crianças, como do bem-estar das crianças, como da prestação do serviço que o jardim-
de-infância presta… ai isso é a maior expectativa de todas… sim…
S: É apenas isso dentro do âmbito…
E6: Sim esta é a maior expectativa…
S: Agora podemos falar um pouco de como ocorre a montagem do dispositivo da
atividade de acompanhamento dos jardins de infância… Como é que são constituídas as
equipas de acompanhamento? A que critérios obedece o processo de formação das
equipas? Como são formadas?
E6: As equipas que vão para os jardins de infância?
S: Sim…
E6: Acompanhamento é o programa… depois entre várias há as atividades… uma delas
é… isso nós já… ou seja, estabelecemos como orientação uma pessoa, como já fomos
referindo, tinha de ser a formação básica… tinha de ser… habilitação em formação pré-
escolar, independentemente de ter outras e já podia ir com outras que não fosse só que a
observação da prática letiva é sempre acompanhada por uma pessoa tenha… ou seja,
imagine dois elementos numa equipa que tenham tido a formação em educadora de
infância, dois elementos… podemos ir cada um para o seu grupo de crianças para fazer
a observação da prática letiva…
S: em separado…
E6: Sim… se for um educador e outra pessoa que não tenha sido educador de infância aí
têm de ir juntos. A única exceção que existe é com as coordenadoras porque como a
Dr.ª MP já está muito… tem um olhar muito treinado e digamos tem muita experiência,
nós separamo-nos não vamos juntas… no princípio começámos a ir juntas.
S: essa então é a única exceção… e o critério, digamos quando fazem nomeação das
equipas esse é que é o critério essencial… têm outros?
E6: Temos esse critério. Depois os outros critérios que haja… são das áreas territoriais.
Nós enquanto coordenadoras não temos nada com isso, com o perfil… esses aspetos…
o perfil que eventualmente sim sei que o têm… já nós… não é controlado por nós…
porque o único pressuposto que pusemos… o único critério que estabelecemos à partida
foi precisamente esse da formação.
S: Portanto não é a coordenação que faz a nomeação das equipas?
E6: Não, a constituição das equipas não… é em cada área territorial.
S: Existe alguma formação específica para estes inspetores? De que teor é que são essas
formações?
E6: Tem… esta atividade… tem originado algumas formações, já houve várias sobre a
avaliação da educação pré-escolar, já houve formação com a responsável pelas
orientações curriculares para a educação pré-escolar, ainda vem cá na próxima sexta.
Nós interagimos diretamente com ela e constitui-se como perita… nós temos uma perita
uma pessoa cientificamente reconhecida…
S: Acaba por fazer também da equipa como perita externa?
E6: Sim, sim… recorremos a ela assiduamente em qualquer situação e ela é uma pessoa
muito disponível.
S: Pode-me dar outros exemplos de formações mais específicas…
E6: Portanto avaliação da educação pré-escolar, depois o carácter holístico para a
educação pré-escolar, isso é mais específico mesmo… e foi frequentado pelas pessoas
que fizeram esta atividade, independentemente de ser educadores ou não e houve outra
com a Dr.ª GP e a Dr.ª ILS… Ah observação da prática letiva, também, Dr.ª HP…
S: Isso é anual? Vai acontecendo…
E6: Vai acontecendo, sim vai (anualmente). Ah, para além da formação entre pares, ou
seja, os interlocutores organizam reuniões de formação periodicamente para as pessoas
que realizam a atividade em cada Área Territorial… do Sul. Nós próprios enquanto
coordenação também iremos anualmente, agora ainda nem está agendado por que temos
imenso que fazer e às vezes não dá para tudo, uma ida ao Norte, ao Centro e ao Sul.
S: Qual é que o procedimento adotado para a seleção dos jardins de infância a
intervencionar?
E6: É a interlocutora
S: Portanto é um decisão que passa pela interlocutora…
E6: É uma decisão entre a interlocutora juntamente com a chefe de equipa.
S: E não me sabe dizer como é que é feita essa seleção?
E6: Eu já fiz… é um bocado aleatório, exceto nalguns casos que nós abrimos digamos
umas vagas para introduzir jardins de infância… mas isso é exceção não é regra… que
tenham sido objeto de queixa… aproveitamos a atividade para ver se a queixa pode ter
tido algum fundamento ou não, independentemente do tratamento que é dado à queixa
na provedoria.
S: Então introduzem esses jardins de infância para serem intervencionados…
E6: Sim, mas raramente… estamos a excecionar o máximo possível porque como é uma
atividade de acompanhamento e depois perde a lógica.
S: Podia descrever o que sucede desde que são designadas as equipas até ao momento
em que vão para o terreno?
E6: Eu já fui interlocutora e nesse sentido é bom (risos).
S: Pois (risos)…
E6: Portanto é enviado um ofício ao jardim-de-infância a avisar que nos dias tais e tais
vai ser intervencionado e a avisar alguma documentação a disponibilizar no primeiro dia
em que vão os inspetores. Isto é mais ou menos uma semana antes e pede-se aí nesse
ofício que preencham a ficha de caracterização. Essa ficha de caracterização é reenviada
à respetiva ATI e depois é enviada à equipa de inspetores que vai fazer a atividade para
ter conhecimento do que ai encontrar: número de grupos, número de atividades que se
desenrolem, para terem conhecimento mais ou menos da primeira realidade, quem é o
diretor pedagógico, se há e se tem autorização de funcionamento, isso tudo. Depois
independentemente desse ofício, um dos elementos da equipa telefona na véspera ou
antevéspera, mas se calhar na véspera, à instituição ou jardim-de-infância a dizer olhe
eu sou “flana tal”, portanto venho confirmar a minha ida, tem alguma dúvida, portanto
dá espaço para tirar dúvidas e portanto depois desenvolve-se a atividade durante quatro
dias… incluído a elaboração do relatório.
S: Que reuniões são efetuadas? Com quem?
E6: Já no jardins-de-infância?
S: Sim no jardim-de-infância e para concretizar esta atividade até mesmo na altura da
atividade…
E6: Na atividade, nós quando chegamos ao jardim-de-infância há uma apresentação da
atividade feita a quem? Sempre ao diretor pedagógico, como eu já tive oportunidade de
dizer e também dizemos que temos muito gosto se quiser estar alguém da direção.
Portanto apresentamos os objetivos da atividade, como é que se vai desenrolar, questões
práticas porque às vezes as instituições também se precisam de organizar em função…
impomos um bocadinho a nossa presença durante quatro dias, às vezes não sejam
integrais, no fundo têm que estar organizados durante quatro dias para receber a equipa.
No fundo fazemos a planificação com eles e damos parte aliás da planificação em que o
primeiro dia é análise documental e analisamos os documentos, no segundo dia vamos
observar a prática educativa/letiva, no terceiro dia ouvimos as pessoas… várias pessoas
em entrevista em painel e no quarto dia elaboramos o relatório e damos as conclusões às
mesmas pessoas que estiveram no início da atividade. Às vezes se puderem estar mais,
se nos perguntarem se os educadores podem estar presentes, há toda a pertinência mas
muitas vezes não os dispensam porque é dentro da componente educativa/letiva. Não sei
se respondi a tudo…
S: Sim, era mais ou menos para saber quais as reuniões que são efetuadas na atividade e
durante o planeamento.
S: Quando é determinada a equipa e o jardim-de-infância a intervencionar, como é que é
feita a preparação da atividade em específico? Pode dar-me exemplos? No caso dos
jardins de infância de pequena e grande dimensão, como fazem em relação a estas
particularidades que são diferentes?
E6: Nós não temos propriamente um dia de planeamento. O que fazemos no
planeamento é ver a ficha de caracterização.
S: Fazem juntos, os inspetores?
E6: Os inspetores que vão ao terreno… juntos quando é possível, por exemplo eu faço
aqui porque estou aqui, mas que às vezes está [noutros locais]… pode não fazer. No dia
da análise documental dá para as pessoas organizaram-se: quem é que vai ver a sala A,
quem vai ver a sala B, quais os pais, aliás isso até é feito em colaboração com o diretor
pedagógico porque como é só análise documental, o primeiro dia também serve,
digamos, para gizar para planear a atividade.
S: Isso é feito lá? Em conjunto e com os outros…
E6: Sim é feita lá e em conjunto só pela equipa.
S: E quando o jardim-de-infância é de grande dimensão, entende-se que a metodologia é
diferente…
E6: Não é tão diferente assim, mas quer dizer há sempre diferenças. Imagine que há um
jardim-de-infância de duas salas, de manhã fica logo visto se separarem, lá está depende
da composição da equipa…
S: Também depender da equipa e não só da dimensão…
E6: E da composição da equipa se for uma pessoa que tem habilitações em educação
pré-escolar e outra que não, aí é um dia inteiro porque vão as duas de manhã e depois
vão no período da tarde, está a ver? Se por acaso, imagine, vamos inventar, umas dez
salas de educação pré-escolar, que é raro, mesmo em instituições muito grandes é raro,
aí não queremos abarcar a realidade toda… como somos duas inspetoras o que está
determinado, no roteiro, está tudo gizado e pensado no roteiro e a equipa já vai com o
conhecimento do que está roteiro e portanto aí imagine, conforme a composição da
equipa, mais uma vez, em que condiciona vermos duas ou quatro períodos da
componente letiva, mas integralmente… nós não vamos fracionadamente, não fazemos
observação da prática letiva por período curto. É um período inteiro da manhã e um
período inteiro da tarde, para quê? Para conseguirmos ir ver se há planeamento com as
crianças do que se vai realizar e depois a avaliação, se não houvesse um período inteiro
da manhã ou da tarde nunca conseguiríamos… se andássemos a entrar e sair da sala essa
dimensão que para nós é muito importante nunca seria observada.
S: Então sendo assim digamos que o planeamento é feito muito lá no jardim-de-
infância…
E6: Sim, ajustando ao que está pensado…
S: …e feito à priori…
E6: Sim.
S: Qual é que é a principal preocupação na análise dos documentos dos jardins de
infância?
E6: Primeira, primeira… agora estou a falar por mim… é se fazem sentido, porque às
vezes há documentos muito bonitos, mas depois uns não têm nada a ver com os outros,
uns contradizem os outros… se há coerência entre eles, se o que preconizam… imagine
que segue um determinado modelo e depois todos os documentos não têm a ver com
esse modelo pedagógico, estou a dar um exemplo só para ilustrar, portanto é a principal
preocupação. E se realmente têm… porque às vezes estas áreas são frágeis em termos
de planeamento e avaliação, o planeamento tem a ver com a avaliação. Portanto é muita
coerência, articulação…
S: Entre o planeamento e avaliação das aprendizagens?
E6: Sim, exatamente.
S: Por exemplo, na análise dos programas educativos individuais, o que é que procuram
quando analisam esses documentos, os PEI?
E6: Exatamente os PEI. Não há muitos PEI porque as crianças ainda estão no jardim-
de-infância e só quando já estão identificados com necessidades educativas especiais
permanentes. Quando não há necessidades educativas especiais permanentes têm apoio
da intervenção precoce da infância e têm planos também individuais, chamados os
PIIP’S.
S: E quando fazem a análise desses documentos, o que é que têm em conta?
E6: Temos em conta se a liderança foi da educadora na sala, se foi feito em equipa, com
eventualmente com a educadora de educação especial ou da educadora da intervenção
precoce, lá está… com a colaboração dos pais, se os pais também tiveram ou foram
corresponsabilizados, se as medidas podem enquadrar no projeto curricular, vemos esse
aspetos sobretudo.
S: E nas atas das reuniões pedagógicas, por exemplo, o que é que também procuram e
conseguem perceber daí?
E6: Às vezes muito pouco (risos). Também isso é o menos, porque se houver uma boas
dinâmicas e houver umas atas que quase só tenham uma sequência de pontos de ordem
de trabalhos e pouco desenvolvimento, se as práticas forem ótimas podemos dizer que
realmente os registos não dão visibilidade ao trabalho que é realizado, não faz jus ao
trabalho realizado. Não é muito a nossa preocupação as atas, ainda que as vejamos…
atas ou quaisquer outros registos do trabalho efetuado.
S: Sim, estes são só exemplos também para perceber… sendo assim as atas têm que
ganhar também uma dinâmica que tem que ser vista no jardim-de-infância…
E6: Exatamente.
S: Existe a em acautelar uniformidade de procedimentos ao nível do país? Como o
fazem?
E6: O que dá alguma equidade e nós fizemo-lo nesse sentido é o roteiro. O roteiro,
criando aqueles procedimentos, das grandes questões não é… porque há questões que só
se levantam em termos de equipa e havendo a leitura dos relatórios pela coordenação
que é a nível do país, acho que nós conseguimos garantir alguma equidade a nível de
norte a sul.
S: Então é muito através do roteiro que fazem essa articulação…
E6: E não só do roteiro… através da leitura dos relatórios que nós fazemos enquanto
coordenadoras da atividade global de todos os relatórios. Por exemplo imagine que
encontramos só uma especificidade que há a aferir e que são aspetos que não
acrescentam nada ou características que não estão previstas na atividade, só numa
determinada área territorial, nós interpolamos a interlocutora junto dos colegas,
também, tenta que haja alguma equidade.
S: Têm esse cuidado através dos relatórios…
E6: Temos e é um dos grandes cuidados.
S: De que modo é que conseguem apreender o grau de concretização do currículo nos
jardins deinfância?
E6: Observando a prática educativa/letiva, realmente se fossemos só ver os documentos
ou mesmo ouvir pessoas não conseguíamos ter essa dimensão, mas ao observarmos o
período da manhã e um período da tarde de prática letiva, temos essa dimensão, além de
cruzarmos os dados com a análise documental e com a entrevista aos próprios
educadores.
S: O que é que procuram como evidências para sustentar e dizerem realmente que há
concretização das áreas de conteúdo? Como exemplo, para fundamentar melhor esta
questão…
E6: Olhe é o que também já falei… se planeia com as crianças… nós não é bem as áreas
de conteúdo não é o nosso principal enfoque. O principal enfoque é o currículo como
um todo. As áreas de conteúdo não são disciplinas, são transversais e têm um caráter
holístico, digamos. Uma pessoa pode estar no fundo a desenvolver uma atividade de
matemática, digamos, o domínio da matemática mas despois abordar N áreas de
conteúdo… quando se trabalha bem na educação pré-escolar é assim… não é agora
vamos trabalhar esta área de conteúdo e depois vamos trabalhar aquela… Portanto uma
das coisas que vemos é a articulação e esse poder de tornar as áreas de conteúdo como
integradas, com este caráter holístico. Depois o planear com as crianças, portanto dar à
criança um protagonismo bastante grande na sua aprendizagem, também é outra
maneira de como se vê, não deixando de… [descurar] os objetivos que o educador tem,
respeitando as suas propostas, no fundo puxar “a brasa à sua sardinha” porque não pode
esquecer-se dos princípios que tem e do que quer desenvolver nas crianças e portanto é
esse saber, digamos que não é para toda a gente, muitos não conseguem, é que nos
vemos como uma é prática educativa. Também como está a sala organizada, também é
um bom educador, a organização da sala… se dá para trabalhar os diferentes domínios
das orientações curriculares, aí pode vir a propósito das áreas de conteúdo, como se
organiza o tempo… se estão muito tempo em grande grupo naquelas conversas
intermináveis que não levam a lado nenhum, a organização dos materiais… [temos] um
olhar mais fino, entrasse numa sala de educação pré-escolar quase que dá para perceber
como é que essas pessoas trabalham.
S: E quem tem essa experiência sabe muito melhor o que procura…
E6: Exatamente. É mais fácil…
S: Podia falar-me um pouco de como se desenrola a observação das práticas letivas?
E6: É uma observação, digamos, naturalista, no sentido de vamos só tirando uns
apontamentos, se precisarmos, ou então tiramos no fim. Nós interagimos muitas vezes
para as pessoas não se sentirem muito observadas. Eu pelo menos tento, muitas vezes,
interagir com as crianças e até apoiar, levar algum material é assim. Portanto não temos
nenhuma grelha de observação propriamente porque aí condicionava a nossa observação
e nós queremos estar abertas ao que vamos encontrar…
S: Qual o número de observações efetuadas quando vão ao terreno?
E6: Aqui têm a ver com o número de salas e aquilo que já fui dizendo, no fundo estas
coisas têm ligação com o que se vai dizendo. Portanto se for uma equipa com duas
pessoas que tiverem formação em educação de infância conseguimos ver quatro
períodos, dois da manhã e dois da tarde, portanto se tiver quatro salas conseguimos. Se,
imagine, a equipa for constituída por um educador e por uma pessoa de outra formação,
ainda que seja docente, porque os inspetores vieram da carreira docente, aí só se vêm
duas, mas depois falamos com todos os educadores porque o que está em causa não
vamos dizer o que vimos na educadora A ou educadora B, mas no fundo o que
concluímos sobre as práticas pedagógicas.
S: Queria também entender que aspetos é que focam, portanto aspetos específicos na
altura da observação…
E6: Organização do espaço, organização do tempo, organização do grupo, se é das
mesmas idades ou não é, depois na construção e desenvolvimento do currículo é como é
que fazem a gestão do currículo, lá está já falámos das áreas de conteúdo que não é cada
área de conteúdo per si, se estão todas integradas se, lá vamos ter à organização do
espaço, se a maneira como está organizado o espaço se tem atenção à gestão do
currículo e dos interesses do grupo. Imagine, vamos a um jardim-de-infância, vemos as
salas todas iguais, ou seja, com casinhas, com garagem e isso tudo vemos que o grupo
não teve nenhuma intervenção na sua organização, logo é tudo tão estereotipado e
também não teve em conta o desenvolvimento do currículo, das áreas de conteúdo.
S: E aspetos mais específicos? Isso são mais aspetos gerais de observação… por
exemplo a interação…
E6: Ah, a interação do educador com as crianças, das crianças entre si… se têm
possibilidade de se organizarem entre pares, em pequenos grupos, se não estão só em
grande grupo, se é essencialmente a educadora que dirige, se a criança recorre ao
educador, portanto se têm um boa relação, isso é muito importante a relação pedagógica
que estabelece… sim.
S: A atuação no terreno é diferente da que têm noutro tipo de intervenção? Porquê? Por
exemplo eu queria entender a diferença da intervenção dos inspetores que vão para o
terreno no jardim-de-infância e se é diferente de outras atividades…
E6: São todas diferentes… No fundo são todas diferentes porque se nós atendermos à
especificidade da nossa atuação… e tem de ser diferente para já porque vamos estar
imenso tempo na sala de atividades e portanto temos de ser colaborativas… não
impormos a nossa presença… pronto e depois é a atividade dentro do que as a inspeção
faz que estamos mais tempo dentro de uma sala de atividades, portanto só isso… e
depois é a especificidade da educação pré-escolar e o público-alvo.
S: daí as diferenças…
E6: sim daí as diferenças.
S: Como é que asseguram que os jardins de infância assimilam o essencial da
intervenção e procuram melhorar?
E6: Não foi por acaso que fizemos a intervenção de continuidade. Portanto a
intervenção de continuidade, para além de pormo-nos muito disponíveis para as pessoas
nos fazerem todas as perguntas e mais alguma que queiram fazer… há pessoas que são
mais de colocar questões, outras que não ouvem um bocadinho mais e são mais reativas
não são tão proativas. Mas na continuidade nós vemos realmente o progresso e em geral
ficamos muito satisfeitas e mesmo os dados que temos são ótimos porque houve um
grande progresso. Às vezes mesmo de sítios que nós não tínhamos a mesma…
julgávamos que a mensagem pudesse não ter passado… nós às vezes as nossas
expectativas também diferem quando acabamos uma instituição pensamos ‘ai estes vão
melhorar imenso’ e outros não temos assim [tanta certeza] e às vezes somos
surpreendidos e as nossas expectativas caem à partida e ficamos muito satisfeitas.
Pronto e portanto aí a continuidade e se for preciso ainda lá vamos outra vez, portanto
temos essa garantia que os aspetos a melhorar identificados se vão sempre
concretizando.
S: Então, digamos que, se os jardins de infância continuarem a insistir nos mesmos
aspetos ou erros vocês fazem novamente uma intervenção…
E6: Fazemos… mas depende dos erros. Os erros que se enquadram naqueles aspetos a
corrigir que não estão conforme a legislação depois participamos deles, porque não se
compreende como é que, por exemplo, uma criança no jardim-de-infância não tem
direito a cinco horas, que é um direito das crianças, educativas letivas se o Ministério da
Educação paga integralmente essa componente. Também não percebemos como é que
um grupo pode ter 30 crianças, estou a dar exemplos para se ver, se há uma legislação
bastante clara que diz que um grupo de educação pré-escolar não pode ter mais de 25 e
aí participamos porque há um acordo celebrado entre a instituição e o ministério da
educação e da segurança social que terá de ser equacionado porque quando se
estabelece um acordo tem que haver cumprimento das partes. Mas isto é só em
situações já…
S: Mas acontece?
E6: Acontece poucas vezes… mas já aconteceu. Muito poucas, muito poucas.
S: Então participam essa situação a outras entidades competentes…
E6: Sim, exatamente, para equacionarem a continuação ou não a celebração do acordo.
Já houve um caso excecional nestes anos todos porque estamos a intervir nos jardins de
infância, no Norte, em que teve de se encerrar, não tinha as condições mínimas para
receber crianças e portanto aí estavam em causa a segurança e a garantia da segurança
das crianças.
S: Qual o modo de tratamento das informações recolhidas antes e durante a visita aos
jardins de infância? Como é que disseminam a informação recolhida?
E6: Portanto nós cruzamos a informação da análise documental, da observação da
prática letiva e das entrevistas que fizermos, não é? Pronto, depois temos no relatório,
como já deve saber, sete campos de análise, sete áreas chave digamos. E aí cruzando os
dados obtidos na análise documental, na observação da prática letiva e nas entrevistas,
chegamos a determinadas conclusões, conforme a área-chave. E também partilhamo-las
muitas vezes, há de ter oportunidade de ver, se forem pessoas abertas vamos também
durante a nossa estadia vamos deixando transparecer… não aparecem assim de surpresa
as conclusões no final.
S: Então digamos que…
E6: É um bocadinho partilhado e as pessoas também vão concordando…
S: E reúnem entre vocês?
E6: Sim, entre nós e vamos partilhando também e aferindo com a diretora pedagógica.
S: Há então uma partilha colaborativa…
E6: Sim, mas depende caso a caso, mas no geral sim.
S: Como é que é feita a divulgação dos resultados aos jardins de infância e respetiva
comunidade educativa?
E6: Nós enviamos o nosso relatório para o jardim-de-infância e depois tem um
momento para o contraditório, portanto que eles se podem pronunciar em 10 dias úteis
para se pronunciarem. É raro, é raro isso acontecer… como isto foi construído em geral
nunca acontece um caso ou outro, outras vezes respondem-nos a dizer ‘já estamos a
implementar as medidas’ também não são no fundo respostas, nem contraditórios.
S: É também para dar conhecimento da situação…
E6: Sim exatamente, e depois umas das indicações que nós damos no relatório é que
quando recebam o relatório esse relatório seja um elemento no fundo para discussão
pela equipa pedagógica e também divulgação aos pais. Há uns que afixam nos placares,
dão conhecimento, conforme eles se organizam, nas reuniões de pais, portanto é assim
que garantimos a sua divulgação.
S: Mas fica a cargo, então neste caso, do jardim-de-infância a divulgação?
E6: É… é… é… exatamente, é.
S: Deseja acrescentar algum aspeto que não tenha sido contemplado nesta entrevista?
(risos)
E6: (risos) se calhar lembramo-nos amanhã ou depois mas pronto… há todo o tempo
para acrescentar… eu também estava condicionada com as perguntas que me ia fazendo
e o que eu queria era responder às perguntas, não sei se consegui responder a tudo o que
queria, mas se tiver mais alguma questão…
S: Nós também vamos articulando…
E6: Se for preciso acrescentar mais alguma coisa estou disponível…
S: Eu agradeço muito o seu contributo. Obrigada!
E6: De nada.
Anexo 14 – Grelha de Análise de Conteúdo E6
Categoria Subcategoria Unidades de Registo
Intervenientes na
Atividade de
Acompanhamento
dos Jardins de
Infância
Funções da coordenação “(…) tenho a coordenação a nível nacional… nacional não podemos dizer que não abrange as
ilhas, mas é do país todo, Portugal Continental com outra colega, portanto sou co-
coordenadora” ; “(…) depois de realmente os chefes determinarem a realização desta
atividade (…) foi-me pedido de conselho da sua realização que eu anui (…)” ; “Construímos
os documentos todos (…) depois pedimos a contribuição de outras pessoas das representantes
das áreas territoriais da inspeção que são três que entretanto foram designadas de
interlocutoras desta atividade… nós enquanto coordenadoras e elas enquanto interlocutoras e
portanto o grosso foi construído por nós, mas teve intervenções de várias pessoas, portanto
um roteiro que é um guião, chamemos-lhe um roteiro que é um guião e depois no fundo as
matrizes dos relatórios”; “Esse trabalho foi em 2013.” ; “(…) também estamos numa
aprendizagem, aliás desde o princípio de 2013 estamos nesse processo, todos os anos vamos
aferindo aspetos que precisamos de manter, que temos de reformular, aperfeiçoamento e esse
processo digamos é contínuo ou vamos tirando apontamentos, fazendo pontos de situação,
tirando apontamentos para quando chegarmos no fim do ano, em geral, os documentos nunca
saem todos iguais, atendendo aos ajustamentos que encontramos no terreno e que nós
próprios temos considerado como necessitando de… aperfeiçoamento…”; “Depois as nossas
funções é também ler os relatórios que nos chegam das atividades que resultam das
atividades do terreno… portanto das pessoas que desenvolvem a atividade (…) portanto
lemos e depois de já terem sido lidos, no fundo, fazemos a revisão final desses relatórios,
enviamos a interlocutora e portanto acompanhamos todo, todo esse processo (…)”; “(…)
outras das funções da coordenação (…) por exemplo no terreno levantam-se algumas dúvidas
ou situações novas e recorrem a algumas de nós por email ou por telefone para pensarmos em
conjunto situações que tenham surgido de novo (…)”; “(…) uma das funções que nós temos
enquanto coordenadoras (…) é também a elaboração do relatório global… exatamente que
sai todos os anos e portanto… por acaso só no último ano é que elas [interlocutoras]
colaboraram porque também estão com muitas atividades no terreno e nós por vezes
poupamo-las portanto às vezes já nem se sabe bem onde é que acaba o papel do
interlocutor… onde é que acaba… onde começa nós sabemos… agora onde é que acaba e
nós às vezes assumimos essas funções… pronto… porque elas também poderia dar dados por
área territorial mas muitas vezes… por acaso a última vez conseguimos pedir-lhes mas das
outras vezes fomos nós que mexemos neles todos e que trabalhámos, fizemos o tratamento
dos dados todos… sim o relatório global… (…)”.
Funções enquanto
inspetora
“(…) ai não como coordenadoras mas porque pusemos essa questão logo à partida também
vamos ao terreno fazer várias intervenções tanto as intervenções iniciais e as de
continuidade… essa de continuidade também está prevista no roteiro e portanto também
sentimos digamos na pele as dificuldades, como é está a realidade dos jardins de infância, os
seus principais problemas, como é que podemos atuar, dando sempre as duas perspetivas, que
digamos acho que nos completa… se só estivéssemos só digamos em gabinete a coordenar a
atividade e ficarmos desfasadas da realidade… (…)”
Constituição da equipa
local e central
“Por ATI’S eu não sei porque eu tenho a dimensão mais global…”; “E… portanto os
números… isso compete a cada área territorial… nós temos sempre os números globais…
trinta e poucos inspetores a nível global”; “São três interlocutoras… temos reuniões
periódicas… também para fazer pontos de situação e depois temos reunião de final do ano
com alguns já dos dados (…)” ; “(…) há ainda as chefes de equipa de cada Área Territorial
que no caso da pessoa que é do Sul intervém mais diretamente com a interlocutora… as
outras… portanto depende das características de cada área territorial”; “(…) nós temos uma
perita uma pessoa cientificamente reconhecida…[responsável pelas OCEPE] (…) [acaba por
fazer parte da equipa] (…) recorremos a ela assiduamente em qualquer situação e ela é uma
pessoa muito disponível.”; “Nós interagimos diretamente com ela e constitui-se como
perita”.
Interlocutores nos JI “(…) a pessoa a quem nos dirigimos mesmo é ao diretor pedagógico ou à diretora
pedagógica porque é a figura que perante o Ministério de Educação… no fundo é a
responsável pedagógica… não quer dizer que nós vamos à casa das pessoas e não
apresentemos, até por uma questão de deferência… e é bom também envolver toda a gente…
alguém da direção técnica… por exemplo se são instituições com… instituições particulares
de solidariedade social costuma haver o presidente da associação ou alguém da direção da
associação e aí temos muito gosto que estejam presentes… mas o nosso principal interlocutor
como há de ver quando for connosco fazer a intervenção… é o diretor pedagógico… sim.”;
“(…) que às vezes nem existe (…) há sempre uma pessoa que assume essas funções só que
às vezes desconhece-se que tem de ser diretor pedagógico porque nem pediram o
reconhecimento perante o Ministério de Educação, como há de ter oportunidade de ver.”
Competências
indispensáveis à função da
entrevistada
“(…) ter um grande conhecimento de… passo em modéstia mas tem que ser ter… sobre a
realidade em educação pré-escolar em Portugal… acho que têm de se ter esse
conhecimento… porque senão não se conseguiria construir digamos… sem ser assente esse
conhecimento não conseguiríamos construir esses documentos, gizar a atividade, estabelecer
os objetivos…não se conseguia fazer nada que tenha sentido para as pessoas que estão no
terreno porque isto tem que ter sentido para todos… envolver todos. Portanto acho que à
partida sim… depois também ter competências relacionais no aspeto de quando nós vamos
aos jardins de infância, nós não vamos, ainda que sejamos inspetores, não vamos numa
atitude de digamos controlar…(…) vamos numa atitude de acompanhar e fomentar a
melhoria… a portanto temos de ter relações muito de parceiros por datas ainda que é
inevitável… muitas vezes nos veem como… pronto… um bocadinho mais inspetores… não
deixamos de ser inspetores mas é com um cariz… não é por acaso que a atividade não é de
controlo é de acompanhamento que há à partida uma grande diferença na filosofia”; “(…)
também é essencial termos estado a trabalhar com crianças (…) em jardins de infância (…)
só passei um ano pela direção regional, mas foi um ano, uma passagem fugaz e depois é que
concorri para a Inspeção… portanto e isso tudo também é muito importante porque se
estivesse só em gabinetes… imagine tirava o curso e estivesse em gabinetes acho que não
poderia ter esse tal conhecimento que falei à bocado sobre a realidade dos jardins de infância,
das suas dificuldades… tenho… esse… tenho quando digo tenho… é sempre temos… na
primeira pessoa do plural… temos (…)”
Competências distintas nas
atividades da IGEC
A perspetiva no acompanhamento é mais próxima de todas as outras atividades… essa do
acompanhamento da ação educativa de todas as atividades de acompanhamento. É sempre
mais enquadrada neste aspeto e aqui ainda tem uma característica especial porquê? Porque o
Ministério da Educação durante muito tempo foi omisso em relação ao acompanhamento às
IPSS’S e portanto agora ainda há de ter uma sensibilidade especial ao fazer esse
acompanhamento porquanto as pessoas não estão habituadas como por exemplo na ação
educativa que os inspetores intervenham… deem sugestões, façam propostas de melhoria ou
aspetos… também por outro lado temos de dizer aspetos que não estão de acordo com a
legislação vigente… imagine o número de crianças por sala, agora um exemplo, ainda que
seja funções de acompanhamento não podemos fechar os olhos se não cumprirem a lei… é
um aspeto a corrigir… na avaliação não vamos tanto quanto inspetores vamos mais enquanto
avaliadores… também faço avaliação externa, de vez em quando, muito menos, mas não
vestimos a camisola de inspetores tanto, mais de avaliadores para haver distanciamento,
também não é por acaso as equipas de avaliação têm sempre um elemento externo para
também tornar mais distante…”; De controlo essa é muito diferente realmente do
acompanhamento… a mais diferente é o controlo porquê?! Porque o controlo é a
verificação… a simples verificação da conformidade legal, ou seja, imagine que íamos no
âmbito do controlo a um jardim-de-infância nós só íamos ver o que não estava de acordo com
a legislação e só portanto, o objetivo é a correção desses aspetos e não é a nossa postura nem
a nossa atitude ainda que tenhamos de… [abrir] (…) exceções porque nós quando
concebemos a atividade, não tínhamos incluído os aspetos a corrigir… foi sempre tudo a
melhorar no acompanhamento… só que começámos a ver que não poderíamos ignorar esses
aspetos até para a qualidade do serviço educativo prestado.”; [Depois a atuação do inspetor
no terreno] (…) é diferente… com especial equidade nos jardins de infância por causa disso
do Ministério de Educação ter… digamos não ter feito acompanhamento que supostamente
deveria ter feito.”
Expectativas colocadas
pela IGEC na atividade
“As expectativas é contribuir, e isso é a maior expectativa, contribuir mesmo para a melhoria
e… para a melhoria tanto a nível das crianças… das aprendizagens das crianças, como do
bem-estar das crianças, como da prestação do serviço que o jardim-de-infância presta… ai
isso é a maior expectativa de todas… sim…”
Narrativa sobre o
planeamento e a
concretização da
Atividade
Processo de formação das
equipas
“(…) estabelecemos como orientação uma pessoa, como já fomos referindo, tinha de ser a
formação básica… tinha de ser… habilitação em formação pré-escolar, independentemente de
ter outras e já podia ir com outras que não fosse só que a observação da prática letiva é
sempre acompanhada por uma pessoa tenha… ou seja, imagine dois elementos numa equipa
que tenham tido a formação em educadora de infância, dois elementos… podemos ir cada um
para o seu grupo de crianças para fazer a observação da prática letiva…(…)”; “(...) se for um
educador e outra pessoa que não tenha sido educador de infância aí têm de ir juntos. A única
exceção que existe é com as coordenadoras porque como a Dr.ª MP já está muito… tem um
olhar muito treinado e digamos tem muita experiência, nós separamo-nos não vamos juntas…
no princípio começámos a ir juntas”; “(…)Depois os outros critérios que haja… são das áreas
territoriais. Nós enquanto coordenadoras não temos nada com isso, com o perfil… esses
aspetos… o perfil que eventualmente sim sei que o têm… já nós… não é controlado por
nós… porque o único pressuposto que pusemos… o único critério que estabelecemos à
partida foi precisamente esse da formação” ; “(…) a constituição das equipas (…) [é feita] em
cada área territorial.”
Formações específicas “(…) atividade… tem originado algumas formações, já houve várias sobre a avaliação da
educação pré-escolar, já houve formação com a responsável pelas orientações curriculares
para a educação pré-escolar, ainda vem cá na próxima sexta”; “Portanto avaliação da
educação pré-escolar, depois o caráter holístico para a educação pré-escolar, isso é mais
específico mesmo… e foi frequentado pelas pessoas que fizeram esta atividade,
independentemente de ser educadores ou não e houve outra com a Dr.ª GP e a Dr.ª ILS… Ah
observação da prática letiva, também, Dr.ª HP…”; “Ah, para além da formação entre pares,
ou seja, os interlocutores organizam reuniões de formação periodicamente para as pessoas que
realizam a atividade em cada Área Territorial… do Sul. Nós próprios enquanto coordenação
também iremos anualmente, agora ainda nem está agendado por que temos imenso que fazer e
às vezes não dá para tudo, uma ida ao Norte, ao Centro e ao Sul.”
Procedimento de seleção
dos JI
“É uma decisão entre a interlocutora juntamente com a chefe de equipa”; “(…) é um bocado
aleatório, exceto nalguns casos que nós abrimos digamos umas vagas para introduzir jardins
de infância… mas isso é exceção não é regra… que tenham sido objeto de queixa
aproveitamos a atividade para ver se a queixa pode ter tido algum fundamento ou não,
independentemente do tratamento que é dado à queixa na provedoria.”; “(…) estamos a
excecionar o máximo possível porque como é uma atividade de acompanhamento e depois
perde a lógica.”
Preparação da atividade Portanto é enviado um oficio ao jardim-de-infância a avisar que nos dias tais e tais vai ser
intervencionado e a avisar alguma documentação a disponibilizar no primeiro dia em que vão
os inspetores. Isto é mais ou menos uma semana antes e pede-se aí nesse ofício que
preencham a ficha de caracterização. Essa ficha de caracterização é reenviada à respetiva ATI
e depois é enviada à equipa de inspetores que vai fazer a atividade para ter conhecimento do
que ai encontrar: número de grupos, número de atividades que se desenrolem, para terem
conhecimento mais ou menos da primeira realidade, quem é o diretor pedagógico, se há e se
tem autorização de funcionamento, isso tudo. Depois independentemente desse ofício, um dos
elementos da equipa telefona na véspera ou antevéspera, mas se calhar na véspera, à
instituição ou jardim-de-infância a dizer olhe eu sou “flana tal”, portanto venho confirmar a
minha ida, tem alguma dúvida, portanto dá espaço para tirar dúvidas e portanto depois
desenvolve-se a atividade durante quatro dias… incluído a elaboração do relatório.”; “Nós
não temos propriamente um dia de planeamento. O que fazemos no planeamento é ver a ficha
de caracterização.”; “Os inspetores que vão ao terreno… juntos quando é possível, por
exemplo eu faço aqui porque estou aqui, mas que às vezes está [noutros locais]… pode não
fazer. No dia da análise documental dá para as pessoas organizaram-se: quem é que vai ver a
sala A, quem vai ver a sala B, quais os pais, aliás isso até é feito em colaboração com o diretor
pedagógico porque como é só análise documental, o primeiro dia também serve, digamos,
para gizar para planear a atividade.”
Concretização da atividade “Na atividade, nós quando chegamos ao jardim-de-infância há uma apresentação da atividade
feita a quem? Sempre ao diretor pedagógico, como eu já tive oportunidade de dizer e também
dizemos que temos muito gosto se quiser estar alguém da direção. Portanto apresentamos os
objetivos da atividade, como é que se vai desenrolar, questões práticas porque às vezes as
instituições também se precisam de organizar em função… impomos um bocadinho a nossa
presença durante quatro dias, às vezes não sejam integrais, no fundo têm que estar
organizados durante quatro dias para receber a equipa. No fundo fazemos a planificação com
eles e damos parte aliás da planificação em que o primeiro dia é análise documental e
analisamos os documentos, no segundo dia vamos observar a prática educativa/letiva, no
terceiro dia ouvimos as pessoas… várias pessoas em entrevista em painel e no quarto dia
elaboramos o relatório e damos as conclusões às mesmas pessoas que estiveram no início da
atividade. Às vezes se puderem estar mais, se nos perguntarem se os educadores podem estar
presentes, há toda a pertinência mas muitas vezes não os dispensam porque é dentro da
componente educativa/letiva.”; “Imagine que há um jardim-de-infância de duas salas, de
manhã fica logo visto se separarem, lá está depende da composição da equipa… (…) se for
uma pessoa que tem habilitações em educação pré-escolar e outra que não, aí é um dia inteiro
porque vão as duas de manhã e depois vão no período da tarde, está a ver? Se por acaso,
imagine, vamos inventar, umas dez salas de educação pré-escolar, que é raro, mesmo em
instituições muito grandes é raro, aí não queremos abarcar a realidade toda… como somos
duas inspetoras o que está determinado, no roteiro, está tudo gizado e pensado no roteiro e a
equipa já vai com o conhecimento do que está roteiro e portanto aí imagine, conforme a
composição da equipa, mais uma vez, em que condiciona vermos duas ou quatro períodos da
componente letiva, mas integralmente… nós não vamos fracionadamente, não fazemos
observação da prática letiva por período curto. É um período inteiro da manhã e um período
inteiro da tarde, para quê? Para conseguirmos ir ver se há planeamento com as crianças do que
se vai realizar e depois a avaliação, se não houvesse um período inteiro da manhã ou da tarde
nunca conseguiríamos… se andássemos a entrar e sair da sala essa dimensão que para nós é
muito importante nunca seria observada.”
Preocupação na análise dos
documentos do JI “ Primeira, primeira… agora estou a falar por mim… é se fazem sentido, porque às vezes há
documentos muito bonitos, mas depois uns não têm nada a ver com os outros, uns
contradizem os outros… se há coerência entre eles, se o que preconizam… imagine que segue
um determinado modelo e depois todos os documentos não têm a ver com esse modelo
pedagógico, estou a dar um exemplo só para ilustrar, portanto é a principal preocupação. E se
realmente têm… porque às vezes estas áreas são frágeis em termos de planeamento e
avaliação, o planeamento tem a ver com a avaliação. Portanto é muita coerência,
articulação…”; “[Na análise dos PEI] (…) Temos em conta se a liderança foi da educadora na
sala, se foi feito em equipa, com eventualmente com a educadora de educação especial ou da
educadora da intervenção precoce, lá está… com a colaboração dos pais, se os pais também
tiveram ou foram corresponsabilizados, se as medidas podem enquadrar no projeto curricular,
vemos esse aspetos sobretudo”; “Não há muitos PEI porque as crianças ainda estão no jardim-
de-infância e só quando já estão identificados com necessidades educativas especiais
permanentes. Quando não há necessidades educativas especiais permanentes têm apoio da
intervenção precoce da infância e têm planos também individuais, chamados os PIIP.”; “[Nas
atas das reuniões pedagógicas] (…) não é muito a nossa preocupação as atas, ainda que as
vejamos… atas ou quaisquer outros registos do trabalho efetuado”; “Também isso é o menos,
por que se houver uma boas dinâmicas e houver umas atas que quase só tenham uma
sequência de pontos de ordem de trabalhos e pouco desenvolvimento, se as práticas forem
ótimas podemos dizer que realmente os registos não dão visibilidade ao trabalho que é
realizado, não faz jus ao trabalho realizado.”
Uniformidade de
procedimentos ao nível do
país
“O que dá alguma equidade e nós fizemo-lo nesse sentido é o roteiro. O roteiro, criando
aqueles procedimentos, das grandes questões não é… porque há questões que só se levantam
em termos de equipa e havendo a leitura dos relatórios pela coordenação que é a nível do país,
acho que nós conseguimos garantir alguma equidade a nível de norte a sul”; “E não só do
roteiro… através da leitura dos relatórios que nós fazemos enquanto coordenadoras da
atividade global de todos os relatórios. Por exemplo imagine que encontramos só uma
especificidade que há a aferir e que são aspetos que não acrescentam nada ou características
que não estão previstas na atividade, só numa determinada área territorial, nós interpolamos a
interlocutora junto dos colegas, também, tenta que haja alguma equidade.”
Apreensão do grau de
concretização do currículo
“Observando a prática educativa/letiva, realmente se fôssemos só ver os documentos ou
mesmo ouvir pessoas não conseguíamos ter essa dimensão, mas ao observarmos o período da
manhã e um período da tarde de prática letiva, temos essa dimensão, além de cruzarmos os
dados com a análise documental e com a entrevista aos próprios educadores.”; “(…) se
planeia com as crianças… nós não é bem as áreas de conteúdo não é o nosso principal
enfoque. O principal enfoque é o currículo como um todo. As áreas de conteúdo não são
disciplinas, são transversais e têm um caráter holístico, digamos. Uma pessoa pode estar no
fundo a desenvolver uma atividade de matemática, digamos, o domínio da matemática mas
despois abordar N áreas de conteúdo… quando se trabalha bem na educação pré-escolar é
assim… não é agora vamos trabalhar esta área de conteúdo e depois vamos trabalhar aquela…
Portanto uma das coisas que vemos é a articulação e esse poder de tornar as áreas de conteúdo
como integradas, com este caráter holístico. Depois o planear com as crianças, portanto dar à
criança um protagonismo bastante grande na sua aprendizagem, também é outra maneira de
como se vê, não deixando de… [descurar] os objetivos que o educador tem, respeitando as
suas propostas, no fundo puxar “a brasa à sua sardinha” porque não pode esquecer-se dos
princípios que tem e do que quer desenvolver nas crianças e portanto é esse saber, digamos
que não é para toda a gente, muitos não conseguem, é que nos vemos como uma é prática
educativa. Também como está a sala organizada, também é um bom educador, a organização
da sala… se dá para trabalhar os diferentes domínios das orientações curriculares, aí pode vir
a propósito das áreas de conteúdo, como se organiza o tempo… se estão muito tempo em
grande grupo naquelas conversas intermináveis que não levam a lado nenhum, a organização
dos materiais… [temos] um olhar mais fino, entrasse numa sala de educação pré-escolar
quase que dá para perceber como é que essas pessoas trabalham.”
Observação da Prática
Letiva “É uma observação, digamos, naturalista, no sentido de vamos só tirando uns apontamentos,
se precisarmos, ou então tiramos no fim. Nós interagimos muitas vezes para as pessoas não se
sentirem muito observadas. Eu pelo menos tento, muitas vezes, interagir com as crianças e até
apoiar, levar algum material é assim. Portanto não temos nenhuma grelha de observação
propriamente porque aí condicionava a nossa observação e nós queremos estar abertas ao que
vamos encontrar…”; “Aqui têm a ver com o número de salas (…) Portanto se for uma equipa
com duas pessoas que tiverem formação em educação de infância conseguimos ver quatro
períodos, dois da manhã e dois da tarde, portanto se tiver quatro salas conseguimos. Se,
imagine, a equipa for constituída por um educador e por uma pessoa de outra formação, ainda
que seja docente, porque os inspetores vieram da carreira docente, aí só se vêm duas, mas
depois falamos com todos os educadores porque o que está em causa não vamos dizer o que
vimos na educadora A ou educadora B, mas no fundo o que concluímos sobre as práticas
pedagógicas”; “[Observamos] (…) Organização do espaço, organização do tempo,
organização do grupo, se é das mesmas idades ou não é, depois na construção e
desenvolvimento do currículo é como é que fazem a gestão do currículo, lá está já falámos das
áreas de conteúdo que não é cada área de conteúdo per si, se estão todas integradas se, lá
vamos ter à organização do espaço, se a maneira como está organizado o espaço se tem
atenção à gestão do currículo e dos interesses do grupo. Imagine, vamos a um jardim de
infância, vemos as salas todas iguais, ou seja, com casinhas, com garagem e isso tudo vemos
que o grupo não teve nenhuma intervenção na sua organização, logo é tudo tão estereotipado
e também não teve em conta o desenvolvimento do currículo, das áreas de conteúdo”; “(…) a
interação do educador com as crianças, das crianças entre si… se têm possibilidade de se
organizarem entre pares, em pequenos grupos, se não estão só em grande grupo, se é
essencialmente a educadora que dirige, se a criança recorre ao educador, portanto se têm um
boa relação, isso é muito importante a relação pedagógica que estabelece… sim.”
Intervenção no terreno “São todas diferentes… No fundo são todas diferentes porque se nós atendermos à
especificidade da nossa atuação… e tem de ser diferente para já porque vamos estar imenso
tempo na sala de atividades e portanto temos de ser colaborativas… não impormos a nossa
presença… pronto e depois é a atividade dentro do que as a inspeção faz que estamos mais
tempo dentro de uma sala de atividades, portanto só isso… e depois é a especificidade da
educação pré-escolar e o público-alvo.”
Garantia dos resultados da
intervenção “Portanto a intervenção de continuidade, para além de pormo-nos muito disponíveis para as
pessoas nos fazerem todas as perguntas e mais alguma que queiram fazer… há pessoas que
são mais de colocar questões, outras que não ouvem um bocadinho mais e são mais reativas
não são tão proativas. Mas na continuidade nós vemos realmente o progresso e em geral
ficamos muito satisfeitas e mesmo os dados que temos são ótimos porque houve um grande
progresso. Às vezes mesmo de sítios que nós não tínhamos a mesma… julgávamos que a
mensagem pudesse não ter passado… nós às vezes as nossas expectativas também diferem
quando acabamos uma instituição pensamos ‘ai estes vão melhorar imenso’ e outros não
temos assim [tanta certeza] e às vezes somos surpreendidos e as nossas expectativas caem à
partida e ficamos muito satisfeitas. Pronto e portanto aí a continuidade e se for preciso ainda
lá vamos outra vez, portanto temos essa garantia que os aspetos a melhorar identificados se
vão sempre concretizando.”; “Fazemos… [uma nova intervenção] mas depende dos erros. Os
erros que se enquadram naqueles aspetos a corrigir que não estão conforme a legislação
depois participamos deles, porque não se compreende como é que, por exemplo, uma criança
no jardim-de-infância não tem direito a cinco horas, que é um direito das crianças, educativas
letivas se o Ministério da Educação paga integralmente essa componente. Também não
percebemos como é que um grupo pode ter 30 crianças, estou a dar exemplos para se ver, se
há uma legislação bastante clara que diz que um grupo de educação pré-escolar não pode ter
mais de 25 e aí participamos porque há um acordo celebrado entre a instituição e o ministério
da educação e da segurança social que terá de ser equacionado porque quando se estabelece
um acordo tem que haver cumprimento das partes”; “[participam essa situação a outras
entidades competentes] (…) para equacionarem a continuação ou não a celebração do acordo.
Já houve um caso excecional nestes anos todos porque estamos a intervir nos jardins de
infância, no norte, em que teve de se encerrar, não tinha as condições mínimas para receber
crianças e portanto aí estavam em causa a segurança e a garantia da segurança das crianças”.
Tratamento das
informações recolhidas
“(…) cruzamos a informação da análise documental, da observação da prática letiva e das
entrevistas que fizermos (…) depois temos no relatório, como já deve saber, sete campos de
análise, sete áreas chave digamos. E aí cruzando os dados obtidos na análise documental, na
observação da prática letiva e nas entrevistas, chegamos a determinadas conclusões, conforme
a área-chave. E também partilhamo-las muitas vezes, há de ter oportunidade de ver, se forem
pessoas abertas vamos também durante a nossa estadia vamos deixando transparecer… não
aparecem assim de surpresa as conclusões no final”; “entre nós e vamos partilhando também e
aferindo com a diretora pedagógica”.
Divulgação dos resultados “Nós enviamos o nosso relatório para o jardim-de-infância e depois tem um momento para o
contraditório, portanto que eles se podem pronunciar em 10 dias úteis para se pronunciarem.
É raro, é raro isso acontecer… como isto foi construído em geral nunca acontece um caso ou
outro, outras vezes respondem-nos a dizer ‘já estamos a implementar as medidas’ também não
são no fundo respostas, nem contraditórios (…)”; “(…) umas das indicações que nós damos
no relatório é que quando recebam o relatório esse relatório seja um elemento no fundo para
discussão pela equipa pedagógica e também divulgação aos pais. Há uns que afixam nos
placares, dão conhecimento, conforme eles se organizam, nas reuniões de pais, portanto é
assim que garantimos a sua divulgação”.
Anexo 15 – Lista de normativos, orientações de referência e documentação de
apoio da atividade dos Jardins de Infância da Rede Privada1
Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos
Básico e Secundário, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 139-A/90, de 28 de abril,
republicado pelo Decreto-Lei n.º 41/2012, de 21 de fevereiro e alterado pelo
Decreto-Lei n.º 146/2013, de 22 de outubro.
Lei n.º 5/97, de 10 de fevereiro
Lei-quadro da Educação Pré-Escolar - consagra o ordenamento jurídico da educação
pré-escolar, na sequência da Lei de Bases do Sistema Educativo.
Decreto-Lei n.º 147/97, de 11 de junho
Estabelece o ordenamento jurídico do desenvolvimento e expansão da rede nacional de
educação pré-escolar e define o respetivo sistema de organização e financiamento.
Despacho n.º 5220/97, de 4 de agosto
Aprova as orientações curriculares que se constituem como uma referência comum para
todos os educadores da Rede Nacional da Educação Pré-escolar e destinam-se à
organização da componente educativa.
Despacho Conjunto n.º 258/97, de 21 de agosto
Define os tipos de equipamento. Define normas de qualidade e segurança do material.
Listagem de material mínimo por sala.
Despacho Conjunto n.º 268/97, de 25 de agosto
Define os requisitos pedagógicos e técnicos para a instalação e funcionamento de
jardins de infância da rede nacional.
Anexo 1 – refere as normas para instalações adaptadas.
Anexo 2 – refere as normas para construções de raiz.
Decreto-Lei n.º 240/2001 de 30 de agosto
Aprova o perfil geral de desempenho profissional do educador de infância e dos
professores dos ensinos básico e secundário.
Lei n.º 31/2002 de 20 de dezembro
Sistema de avaliação da educação e do ensino não superior.
Lei n.º 46/2006 de 28 de agosto
Proíbe e pune a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado
de saúde.
1 Retirado de IGEC, 2016b.
Decreto-Lei n.º 34/2007 de 15 de fevereiro
Regulamenta a Lei n.º 46/2006, de 28 de agosto, estabelecendo as entidades
administrativas competentes para procederem à instrução dos processos de
contraordenação, bem como a autoridade administrativa que aplicará as coimas e as
sanções acessórias correspondentes pela prática de atos discriminatórios.
Decreto-Lei nº 3/2008, de 7 de janeiro (retificado pela Declaração de Retificação n.º
10/2008, de 7 de março), alterado pela Lei n.º 21/2008, de 12 de maio
Define os apoios especializados a prestar na educação pré-escolar e nos ensinos básico e
secundário dos sectores público, particular e cooperativo.
Decreto-Lei n.º 281/2009 de 6 de outubro
Cria o Sistema Nacional de Intervenção Precoce.
Portaria n.º 293/2013 de 26 de setembro
Alarga o Programa de Apoio e Qualificação do Sistema Nacional de Intervenção
Precoce na Infância.
Despacho n.º 2296/2015, de 5 de março
Delegação de competências no âmbito do ensino particular cooperativo e solidário
(alínea a) do n.º 2).
Circular n.º17/DSDC/DEPEB/2007 - Gestão do currículo na educação pré-escolar.
Circular n.º 4 DGIDC/DSDC/2011 - Avaliação na educação pré-escolar.
Circular n.º5-DGE/2015/2555/DSEEAS, de 2015-07-20, clarifica a articulação entre o
PEI e o PIIP.
Documentação de apoio
Bertram, Tony e Pascal, Christine. (2009). Manual DQP - Desenvolvendo a Qualidade
em Parcerias, adaptação sob coordenação de Júlia Oliveira-Formosinho. Lisboa:
Ministério da Educação, Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular.
Cardona, Maria João (2007). "A avaliação na educação de infância: as paredes das salas
também falam! Exemplo de alguns instrumentos de apoio", Cadernos da Educação de
Infância – APEI, n.º 81: 10-16.
Cardona, Maria João (coord.); Tavares, Teresa; Uva, Marta e Vieira, Conceição (2010).
Guião de Educação Género e Cidadania. Educação Pré-Escolar. Lisboa: Presidência
do Conselho de Ministros, Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
Cardona, Maria João e Guimarães, Célia Maria (coord.) (2013). Avaliação na Educação
de Infância. Viseu: PsicoSoma.
Castro, Joana Pacheco de e Rodrigues, Marina (2008). Sentido de Número e
Organização e Tratamento de Dados: Textos de apoio para educadores de infância,
coordenação de Lurdes Serrazina. Lisboa: Ministério da Educação, Direção-Geral de
Inovação e Desenvolvimento Curricular.
Departamento da Educação Básica (1997). Educação Pré-Escolar: Legislação. Lisboa:
Ministério da Educação, Departamento da Educação Básica.
Departamento da Educação Básica (1997). Orientações Curriculares para a Educação
Pré-Escolar. Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da Educação Básica.
Departamento da Educação Básica (1997). Qualidade e Projeto na Educação Pré-
Escolar. Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da Educação Básica.
Departamento da Educação Básica (2002). Organização da Componente de Apoio à
Família. Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da Educação Básica.
Direção-Geral da Inovação e de Desenvolvimento Curricular (2010) Metas de
aprendizagem para a educação pré-escolar, documento consultado em:
http://metasdeaprendizagem.dge.mec.pt/educacao-pre-escolar/metas-de-aprendizagem/
Godinho, José Carlos e Brito, Maria José (2010). As Artes no Jardim de Infância:
Textos de apoio para educadores de infância, organização de Helena Gil e Isabel
Carvalho. Lisboa: Ministério da Educação, Direção-Geral de Inovação e
Desenvolvimento Curricular.
Martins, Isabel et al (2009). Despertar para a Ciência – Atividades dos 3 aos 6: Textos
de apoio para educadores de infância, coordenação de Isabel Martins. Lisboa:
Ministério da Educação, Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular.
Mata, Lourdes (2008). A Descoberta da Escrita: Textos de apoio para educadores de
infância, coordenação de Inês Sim-Sim. Lisboa: Ministério da Educação, Direção-Geral
de Inovação e Desenvolvimento Curricular.
Mendes, Maria de Fátima e Delgado, Catarina Coutinho (2008). Geometria: Textos de
apoio para educadores de infância, coordenação de Lurdes Serrazina. Lisboa:
Ministério da Educação, Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular.
Sim-Sim, Inês, Silva, Ana Cristina e Nunes, Clarisse (2008). Linguagem e comunicação
no jardim de infância: Textos de apoio para educadores de infância, coordenação de
Inês Sim-Sim. Lisboa: Ministério da Educação, Direção-Geral de Inovação e
Desenvolvimento Curricular.
Vasconcelos, Teresa (coord.) (2011). Trabalho por projetos na Educação de Infância:
mapear aprendizagens, integrar metodologias. Lisboa: Ministério da Educação,
Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular.
Anexo 16 – Cronograma das atividades desenvolvidas na IGEC
Meses de concretização
Atividades desenvolvidas no âmbito da EMEE S O N D J F M A M
(I) Leitura e mobilização de documentos relacionados com a IGEC e o processo
de AEE
(II) Participação nas reuniões da Equipa de Reflexão da AEE da IGEC
(III) Seleção das amostras dos agrupamentos de escolas e elaboração dos
documentos referentes aos respondentes dos questionários de satisfação da AEE
(IV) Preparação e tratamento dos questionários de satisfação a aplicar aos
agrupamentos de escolas no âmbito da AEE
(V) Participação na formação dos inspetores: Avaliação Institucional – Processos
Integrados de (Auto) Avaliação – Parte I e II
(VI) Formação sobre a Gestão do Currículo: Ensino Experimental das Ciências
(VII) Participação na sessão de formação sobre a AEE 2015-2016
(VIII) Participação na avaliação externa do AE O
(IX) Oficina de formação sobre a Supervisão e Acompanhamento do Trabalho
dos Docentes e a sua Relação com a OPL
(X) Análise dos contraditórios da AEE 2013/2014
(XI) Reunião de situação do trabalho efetuado nas escolas no âmbito da
Avaliação Externa
(XII) Participação na atividade de Acompanhamento do Jardim de Infância SCJ
(XIII) Formação sobre Avaliação de Escolas com Contratos de Autonomia
(XIV) Elaboração do capítulo “Avaliação do Processo pelas escolas e pelos
avaliadores” do Relatório Global da atividade de AEE do ano letivo 2014/2015
Meses de concretização
Atividades desenvolvidas no âmbito da EMS S O N D J F M A M
(I) Formação acerca do funcionamento do sistema GestIGEC
(II) Atualização da lista de dados dos peritos externos
(III) Construção da calendarização da AEE de 2016
(IV) Organização do dossier das sínteses curriculares dos peritos externos
(V) Elaboração de um relatório de análise estatística dos questionários aplicados
aos inspetores da ATI Sul
Meses de concretização
Atividades desenvolvidas no âmbito da Atividade Internacional S O N D J F M A M
(I) Leitura e mobilização de informações relacionadas com a SICI e as EE
(II) Planificação das inspeções à secção linguística das EE de Bruxelas II e
Luxemburgo I
(III) Observação de entrevistas para a escolha de docentes para as EE
Meses de concretização
Outras atividades S O N D J F M A M
(I) Reuniões periódicas com os coordenadores de estágio
(II) Trabalho académico
(III) Presença nas provas de mestrado de colegas da Faculdade
Anexo 17 – Diários de Campo
Dia 1 - Quinta-feira, 17 de setembro de 2015
No primeiro dia de estágio, chegámos ao edifício da Inspeção-Geral da Educação e
Ciência (IGEC) pelas 10:00 e fomos recebidas pelo Dr. H que nos esperava junto ao
elevador para nos encaminhar até à sala de trabalho que ocuparemos durante este ano de
estágio.
Na sala de trabalho já se encontrava a Dr.ª L que também nos esperava para
conversarmos um pouco sobre a Equipa Multidisciplinar da Educação Pré-Escolar e
Ensinos Básico e Secundário (EMEE) e a nossa integração na IGEC. Cumprimentámo-
la e dirigimo-nos todos para a mesa de reuniões. A Dr.ª L começou por fazer um
enquadramento da EMEE, abordando sucintamente as atividades que desenvolvem no
âmbito da equipa. Descreveu-nos em breves linhas a atividade de acompanhamento,
controlo e avaliação externa das escolas (AEE), referindo a importância das mesmas
para o trabalho desenvolvido na IGEC.
Na presente reunião, foi recordada a nossa presença na IGEC, em meados de maio,
que teve como objetivo encontrarmos um foco de estudo que animasse o nosso projeto
de investigação para ser abordado no anteprojeto. A Dr.ª L, que não esteve presente na
dita reunião, perguntou-nos os temas que pretendemos abordar este ano de estágio.
Entre os planos de melhoria que a minha colega Margarida pretende abordar e a
atividade internacional que será explorada pela Patrícia, eu mencionei que tenciono
abordar a atividade dos Jardins de Infância da Rede Privada (JIRP) - IPSS, integrada no
programa de Acompanhamento, atividade desenvolvida no âmbito da EMEE.
A dada altura, a Dr.ª L falou-nos da atividade de Ensino Experimental das Ciências,
proferindo que a equipa está a organizar 15 ações que se realizarão de Norte a Sul do
país: seis na Área Territorial de Inspeção do Norte (ATI Norte), três na Área
Territorial de Inspeção do Centro (ATI Centro) e seis na Área Territorial de Inspeção
do Sul (ATI Sul). Esta é uma atividade que será desenvolvida no âmbito da educação
pré-escolar (EPE) e no 1.º e 2.º ciclos do ensino básico, sendo da competência da IGEC
acompanhar o ensino experimental das ciências, procurando 1) conhecer e analisar as
práticas educativas laboratoriais e experimentais; 2) implementar metodologias
experimentais e de investigação e 3) contribuir para uma melhor gestão do currículo,
visando resultados positivos dos alunos.
A Dr.ª L prosseguiu a reunião com a proposta de participação em algumas
atividades que vão ocorrer no mês de outubro e novembro na organização. Primeiro, a
possibilidade de participarmos na formação dos inspetores, assistindo à comunicação de
investigadores e docentes, que acontecerá em dois dias: 1) um primeiro para
consolidação de conhecimentos e abordagem teórica em torno da avaliação externa de
escolas e 2) um segundo dia onde serão desenvolvidas atividades práticas, visando a
construção do roteiro e metodologia de trabalho a transpor para a avaliação das escolas.
Segundo, a formação para a AEE com docentes e outros intervenientes convidados que
estão envolvidos no processo de Avaliação.
Adicionalmente a Dr.ª L referiu que as estagiárias, nos anos anteriores, foram
bastante eficientes e úteis numa das tarefas mais trabalhosas e demoradas, reportando-se
aos questionários de satisfação das escolas, no âmbito da AEE. Em continuação ao
exposto, a Dr.ª L fez-nos um enquadramento da importância desta tarefa, proferindo que
esta será uma atividade que vamos realizar continuamente durante o nosso estágio.
Decidiu-se o horário de trabalho a implementar na IGEC e abordou-se a
organização do nosso trabalho. A este propósito, os coordenadores realçaram que não
estaríamos em permanência no 5.º andar, EMEE, mas sim em rotatividade, passando
também pelo 2.º andar, pela ATI Sul. Ainda em relação ao horário de estágio, o Dr. H e
a Dr.ª L reforçaram que estaríamos à vontade para decidir os nossos horários e também
disseram que se algum dia, eventualmente, necessitarmos de sair mais cedo ou tivermos
que faltar um dia, mais tarde compensaríamos e tudo ficaria resolvido.
A Dr.ª L, em relação à AEE, referiu que em 2012/2013 as escolas assinaram
contratos de autonomia que lhes concederam maior autonomia e responsabilidade na
sua autoavaliação. Em virtude disso, mencionou que estão a pensar fazer a avaliação
dessas mesmas escolas, em 2016, e terminar o 2.º ciclo de AEE, para dar início ao 3.º
ciclo de avaliação.
A propósito do uso de informação e da confidencialidade, a Dr.ª L destacou que
todo o material publicado no site da IGEC é de conhecimento geral e que pode ser
utilizado sem restrições, mas com as devidas referências. Contudo, no caso de
consultarmos documentos oficiais que não podem ser divulgados, devemos cumprir os
deveres de confidencialidade: não divulgar a terceiros informações que são propriedade
da IGEC. Teremos acesso a eles para benefício do nosso estágio, no entanto não podem
constar de anexos dos nossos trabalhos.
Também nos chamaram à atenção para a importância de realizarmos diários de
campo (DC) semanais, dizendo que são uma ótima ferramenta de trabalho e que nos vão
ajudar imenso a realizar o relatório de estágio. Destacaram, ainda, que deveríamos
acrescentar um espaço aos nossos diários com dúvidas e questões a esclarecer, para que
mais tarde pudéssemos elucidá-las com a sua ajuda. Na sequência desta conversa, o Dr.
H referiu que por vezes temos tendência para confundir conceitos e designar “serviços”
de “divisões”, “organização” de “instituição” entre outras, disponibilizando-se para nos
apoiar, no caso de surgirem dúvidas deste género.
Voltando uma vez mais ao tema das atividades em que vamos participar, a Dr.ª L
mencionou que iremos também realizar um acompanhamento à atividade de AEE. Não
saberiam se íamos todas em separado mas o que estava assente é que as três estagiárias
não podiam ir juntas. Falou-se também na possibilidade de, no meu caso, acompanhar
uma a atividade de acompanhamento dos JIRP - IPSS para que efetivamente fosse
possível concretizar o meu trabalho de investigação.
Em termos de outras atividades, a Dr.ª L destacou que no dia 28 de setembro
(durante a tarde) haveria uma apresentação de um trabalho estatístico e que no dia 29 de
setembro poderíamos assistir a outra apresentação sobre a avaliação externa das Escolas
Europeias (EE) com apresentação da Dr.ª HC. Adicionalmente mencionou que dois
inspetores (incluindo-se a si) tiveram uma formação sobre a liderança escolar e que
haverá uma apresentação sobre os temas debatidos, ideias defendidas, autores que se
debruçaram sobre o tema, ou seja, uma partilha de conhecimento acerca do tema
liderança escolar.
Já no remate final da reunião, a Dr.ª L reportou que, além das escolas definidas que
serão avaliadas pela equipa de inspetores da IGEC, também as escolas integradas no
programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) vão ser alvo de um
acompanhamento e intervenção da Inspeção-Geral em relação ao trabalho que têm
vindo a desenvolver. A Dr.ª L sublinhou a importância de, não só cumprir as
responsabilidades imputadas à IGEC, mas também superar estas responsabilidades e dar
resposta a outras entidades, o Ministério da Educação e Ciência (MEC), no sentido de
promover um trabalho contínuo, sistemático e conjunto com outras instâncias.
Terminada a reunião, iniciámos a visita às instalações e espaços da IGEC.
Começámos por ser apresentadas à EMEE, no piso em nos encontrávamos. Algumas
pessoas não eram totalmente desconhecidas, uma vez que esta não era a primeira visita
à IGEC da minha parte. Já conhecia a Dr.ª MA – uma das coordenadoras da atividade
dos JIRO – da última reunião na IGEC – ocorrida a 28 de maio – aquando da escolha do
tema de investigação para o anteprojeto.
Continuámos a visita pelo 4.º andar, a área da Auditoria e Controlo Financeiro que
procede ao controlo financeiro e das contas das escolas face aos seus gastos e receitas.
Também estivemos na área da Informática, no mesmo piso, onde conhecemos o Dr. CA
que sublinhou a sua disponibilidade para qualquer questão que necessitássemos da sua
parte.
No 3.º piso conhecemos a área do Ensino Superior e no 2.º piso, a ATI Sul, também
designada de EMS (Equipa Multidisciplinar da Área Territorial de Inspeção do Sul),
chefiada pela Dr.ª FA, que nos explicou que a área do Sul, no campo de atuação da
IGEC, abrange desde a cidade da Nazaré até ao Algarve. Existem duas sedes, uma em
Évora e outra situada no Algarve, que dão apoio à Inspeção em Lisboa. A visita
conduzida pela Dr.ª FA continuou pelos restantes gabinetes: enquanto explicava o
funcionamento da ATI Sul mostrou-nos a composição do 2.º piso. Conhecemos,
também, uma das áreas bastante relevantes pelo volume de trabalho recebido
diariamente, a área da Provedoria. A Provedoria corresponde ao serviço de resposta a
queixas chegadas do e-atendimento e que atua no sentido de prevenir e erradicar
questões problemáticas surgidas do sistema educativo e dos serviços do MEC. A dada
altura surgiu a questão da atribuição de inspetores à AEE que decorre em novembro e a
possibilidade do Dr. H intervir na avaliação externa de um estabelecimento educativo
do Algarve, possibilitando à Margarida a participação numa avaliação no local onde
reside.
Por último, fomos conhecer um dos Subinspetores-Gerais da IGEC, o Dr. JR, que
nos recebeu muito afavelmente e nos colocou à vontade para eventuais dúvidas e
questões que precisássemos de ver esclarecidas.
No final da visita, perto das 13:00, a Dr.ª L frisou que poderíamos também fazer
uma base de dados das escolas que foram avaliadas, percecionando quais é que
possuíam o plano de melhoria na página da escola, para mais tarde serem contactadas,
uma vez que essa é uma das obrigações que a escola assume no âmbito da AEE
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
O primeiro dia de estágio permitiu-me obter uma impressão geral do
funcionamento da IGEC, em termos da organização dos departamentos e dos recursos
humanos que o constituem. Achei bastante importante a realização desta visita por dois
motivos: 1) para conhecer sucintamente a organização física e estrutural da IGEC e 2)
para conhecer os membros que a constituem, entendendo na prática o funcionamento e
funções desta organização.
Dia 2 - Sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 10:00. Continuámos a visita ao edifício, pelo expediente,
conhecendo duas colaboradoras com quem também nos vamos relacionar quando
estivermos a trabalhar os questionários de satisfação, como referiu o Dr. H. Neste 3.º
piso possuímos também a oportunidade de conhecer os membros pertencentes aos
Recursos Humanos.
De seguida fomos ter com a Dr.ª AG – Chefe de Divisão de Comunicação e
Sistemas de Informação (DCSI) – para visitarmos o 1.º piso. Percecionei um local
amplo com mesas e cadeiras de estar logo à entrada e com uma varanda relativamente
grande. Ai também situa-se o local de refeição que em tempos foi um bar onde serviam
refeições para todos os membros da organização, tal como proferiu o Dr. H.
Prosseguimos a visita até à biblioteca da organização. Constatei que era um espaço
acolhedor, bastante semelhante às bibliotecas escolares. A sala era constituída por
inúmeras estantes compostas por livros (todos identificados por área/autoria e com a
referência associada), por cadeiras e mesas de trabalho e por um espaço devidamente
identificado para efeitos de leitura com sofás individuais. A Dr.ª AG confessou-nos que
este espaço tem estado fechado desde a altura em que a funcionária da biblioteca se
reformou, passando a ser um espaço que só é frequentado ocasionalmente, quando é
solicitado por algum membro da IGEC. Neste caso, a Dr.ª AG justificou que se
precisássemos de algum livro bastaria solicitar-lhe que facilmente faria chegá-lo até nós.
Continuámos no mesmo corredor e entrámos numa sala de arquivo e catalogação de
documentos. Na porta em frente, outra sala de arquivos, encontrava-se repleta de
prateleiras e caixas arquivadas com documentação/processos antigos.
Visitámos a última sala deste corredor. Nesta sala encontrámos inúmeros
documentos, brochuras e livros relacionados com a IGEC e inferiores ao ano 2013.
Como o Dr. H e a Dr.ª AG deram-nos aval positivo para consultar e trazer alguns livros,
decidi assim levar comigo o relatório da AEE de 2011/2012, o plano de atividades de
2004, uma brochura sobre a educação e formação em Portugal do ano 2007 e o roteiro
da EPE, tema este que me interessa, uma vez que é a área que vou abordar no meu
relatório de estágio.
Terminada a visita, subimos até ao 7º andar. A Dr.ª AG ficou pelo 3.º andar.
Chegados ao 7.º piso, fomos conhecer os colaboradores do departamento jurídico que
tratam da ação disciplinar na IGEC. Todos os membros desejaram-nos um bom estágio
e disponibilizaram-se para nos ajudar no que for necessário.
Voltámos para o 5.º piso para tratarmos de questões relacionadas com as contas do
email e de criação da sessão de trabalho nos computadores da IGEC. Procedemos à
configuração dos computadores, com o auxílio do Dr. CA, criando a sessão primeiro e
fazendo a configuração do email.
Realizadas as configurações, ficámos a aguardar indicações do Dr. H para irmos
conhecer o Inspetor-Geral da IGEC, no entanto não foi possível reunirmos hoje com o
Dr. LC, pelo que o Dr. H disse-nos que ficaria para terça-feira.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Gostei imenso de conhecer a biblioteca da IGEC. Considero que é um sítio bastante
agradável de trabalho, mas que se perde por permanecer continuamente fechado e não
ser aproveitado pelos membros da organização. A partir da visita e apresentação dos
diversos colaboradores da IGEC, compreendi que há bastante confiança e abertura entre
profissionais e até mesmo no trabalho que desenvolvem, sendo que a disponibilidade
entre colegas e para com as estagiárias também foi evidente no decorrer da visita aos
departamentos da IGEC.
Dia 3 - Terça-feira, 22 de setembro de 2015
Como houve greve parcial da Soflusa, só cheguei às 11:00 à IGEC. Deparei-me,
logo de manhã, com um problema na password,, solicitando ajuda ao Dr. CA que me
repôs a password e solucionou facilmente o problema.
Posto isto, comecei por consultar o meu email para saber se tinha indicações do Dr.
H para iniciar a leitura de documentação. Reparei que nos tinha enviado um email com
a anotação de alguns sites e documentos para consultarmos.
Entretanto, o Dr. H pediu-nos que o acompanhássemos até ao 6.º andar para
conhecermos o Senhor Inspetor Geral da IGEC. Entrámos na sala e cumprimentámos o
Dr. LC que nos falou como funcionava a organização, em breves palavras. Perguntou-
nos as nossas motivações de trabalho na IGEC: enquanto as minhas colegas estavam
mais direcionadas para a avaliação, eu mencionei que desde o início estive divida entre
duas áreas a formação e a avaliação, sendo que me decidi pela avaliação com o apoio da
Professora Doutora Estela Costa que me aconselhou a IGEC. Posteriormente
referenciou a importância de mantermos confidencialidade sobre os processos de
trabalho da organização. Desejou-nos um bom estágio e mostrou-se disponível para nos
ajudar no que precisássemos.
Voltámos para o nosso gabinete e aproveitei o restante tempo para consultar o
Plano de Atividades (PA) da IGEC de 2015, de forma mais aprofundada, e também
pude consultar a Lei n.º 31/2002 que aprova o sistema de avaliação da educação e do
ensino não superior, para contextualizar a atividade da AEE levada a cabo pela IGEC.
Saí pelas13:00.
Reflexão Pessoal
Já comecei a tomar contacto com alguma documentação pertencente à IGEC que
considero fundamental para o início do estágio. O PA é um documento que já tinha
consultado, no entanto esta abordagem mais aprofundada tem permitido conhecer
melhor os programas e atividades que a organização desenvolve.
Dia 4 - Quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Cheguei à IGEC, uma vez mais, às 11:00 devido à greve parcial da Soflusa. Hoje
estive a analisar o relatório de atividades e autoavaliação de 2014, leitura proposta pelo
Dr. H no email enviado ontem. Estive a focar-me, essencialmente, nas atividades
realizadas e no balanço das mesmas, ficando com uma perspetiva geral das atividades
levadas a cabo pela IGEC.
Saí pelas 14:00.
Reflexão Pessoal
Estou a achar bastante interessente o relatório de atividades e autoavaliação da
IGEC (2014) pois é um documento bastante extenso e completo de informações que
está a permitir reter uma ideia geral das atividades desenvolvidas, no ano precedente, as
planeadas e as realizadas, e o balanço positivo e de melhoria da realização das mesmas
atividades.
Dia 5 - Quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Cheguei à IGEC às 09:50. Para hoje estava previsto a continuação da tarefa de
mobilização de documentos ligados ao trabalho desenvolvido pela IGEC. Estive até às
11:00 a consultar documentos relacionados com a Atividade Internacional, uma vez que
o Dr. H tinha sugerido que mobilizássemos informação acerca desta temática. Consultei
o site da SICI – Standing International Conference of national and regional
Inspectorates of education – e das EE, tendo também feito uma consulta às informações
que constam no site da IGEC, nomeadamente a história, os objetivos, a gestão e as
secções portuguesas nas EE.
Pelas 11:00, o Dr. H reuniu-se connosco, adotando a seguinte ordem de trabalhos:
Balanço do trabalho realizado;
Proposta de leitura de documentos;
Relevância da AEE: abordagem aos instrumentos;
Plano de trabalho para os próximos meses.
Iniciámos a presente reunião com um balanço do trabalho realizado até hoje. Foi
feito um mapeamento dos documentos que já tínhamos lido: 1) PA; 2) documentos da
AEE; 3) relatório de atividades e autoavaliação de 2014 e 4) documentos referentes à
atividade internacional e à SICI.
O Dr. H deixou-nos algumas sugestões de leitura: além do plano de atividades de
2015 e o relatório de atividades e autoavaliação de 2014 (que já nos tinha proposto),
sugeriu-nos a análise do balanço social para conhecermos os recursos humanos da IGEC
e a leitura dos instrumentos de AEE 2015/2016.
A propósito da avaliação externa, o Dr. H reforçou a importância de analisarmos os
documentos disponibilizados pelo site da IGEC, como forma de nos inteirarmos sobre o
processo de AEE, permitindo obter um conhecimento generalizado do modo como são
avaliadas as escolas. A mobilização destes documentos será importante, porque está já
acordado com o Dr. H que vamos participar como observadoras numa AEE, no caso da
minha colega Margarida provavelmente em novembro, no meu caso e da minha colega
Patrícia, ainda não está estipulado a escola e o dia da avaliação.
Passámos para o ponto quatro desta reunião, com o Dr. H a reportar que em
novembro haverá um dia de formação sobre a AEE e que a nossa participação será
bastante útil para aprofundamento de conhecimentos dentro desta área. Prosseguindo, o
Dr. H relatou ainda o plano de trabalho das formações da Equipa de Trabalho de
Reflexão da AEE em que vamos participar, nos dias 28 e 29 de setembro de 2015. Esta
Equipa de Trabalho/Reflexão abarca um conjunto de inspetores da IGEC de Norte a Sul
do país e que vão debater os seguintes temas/situações: 1) o atual modelo de AEE,
desmistificado em pontos fortes e propostas de melhorias e 2) a preparação do 3.º ciclo
de AEE. Da parte da tarde, iremos assistir a uma formação com a Doutora LL e o
Doutor JB que vêm falar sobre um estudo dos indicadores estatísticos utilizados na
AEE. No dia 29 de setembro de 2015, teremos a oportunidade de assistir, segundo o Dr.
H, à apresentação sobre a avaliação externa das EE, uma atividade de acompanhamento
destas escolas que será conduzida pela Dr.ª HC, com início às 10 horas. O Dr. H referiu
também que no mesmo dia teríamos a possibilidade de assistir à apresentação sobre o
tema da liderança escolar, de dois colegas da IGEC, o Dr. JG e a Dr.ª L, que tiveram a
oportunidade de estar em conferências internacionais e vêm, de algum modo, partilhar
parte do conhecimento adquirido através das mesmas. Avançando um pouco no
calendário, o Dr. H propôs que participássemos na conferência da Avaliação das
Lideranças de Escolas, a realizar-se entre 9 e 11 de novembro de 2015, mas sem
adiantar mais informações acerca da mesma.
Prosseguimos com a tomada de decisão acerca de quem será a primeira estagiária a
ocupar o lugar na ATI do Sul. Nenhuma de nós estava com receio de ocupar o lugar
pela primeira vez, pelo que o método escolhido para tomar essa decisão recaiu em tirar à
sorte a posição de cada uma. A sorte ditou que eu seria a primeira, permanecendo com o
lugar durante o mês de outubro, a Patrícia a segunda, ficando o mês de novembro e a
Margarida ocuparia o mês de dezembro. Em rotatividade permaneceremos assim na
IGEC até ao mês de maio de 2016.
Já no final da reunião, o Dr. H mencionou que nos iria enviar para o email da IGEC
um documento importante que servirá de mote à formação de 28 de setembro.
Terminada a reunião, já perto das 12:00, prossegui com a tarefa da leitura do
relatório de atividades e autoavaliação referente ao ano 2014.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
A mobilização de informação relativa à organização e funcionamento da IGEC está
a ser uma tarefa muito interessante e motivadora pelo facto de, por um lado, permitir
obter um conhecimento aprofundando das áreas de intervenção da Inspeção-Geral e por
outro, possibilitar a utilização desse mesmo conhecimento para intervir enquanto
Técnica Superior de Educação e Formação, nas várias tarefas que me serão propostas.
Adicionalmente considero que esta pesquisa documental é uma tarefa bastante
árdua, mas também compensadora por possibilitar priorizar e aproximar-me de áreas de
interesse de estudo, com utilidade para o meu relatório de estágio, e quiçá, no futuro,
para o âmbito profissional.
Em relação às formações em que irei estar presente nos próximos dois dias, creio
que serão uma mais-valia em termos de aprendizagem de novos conceitos, dentro da
área da educação, e uma oportunidade de conviver com profissionais competentes e
detentores de conhecimentos teórico-práticos fundamentais para compreender o
processo de AEE.
Quanto à reunião com o Dr. H, considero que foi uma mais-valia, pelo
acompanhamento do trabalho realizado e pela possibilidade de colocar dúvidas e
receber feedback das leituras mobilizadas. Considero que me orientou, no que concerne
aos conhecimentos que ainda necessito de adquirir para melhor intervir na IGEC.
Dia 6 - Segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Cheguei à IGEC às 10:00. O plano de trabalho para hoje revelou-se bastante longo.
Como sabia que durante a tarde iria estar na formação sobre o indicador do valor
esperado voltei, uma vez mais, a analisar o documento que o Dr. H nos enviou por
email: Modelos para comparação estatística dos resultados académicos em escolas de
contexto análogo - Painel de dados para apoio à avaliação externa das escolas.
Conforme o documento citado, pude efetivamente assimilar que o modelo do valor
esperado constitui um modelo de comparação de resultados escolares que aprecia um
conjunto de dados contextualizados como a idade, a dimensão das turmas, a
percentagem de alunos que beneficiam de Ação Social Escolar (ASE), os resultados nas
provas de aferição e exames nacionais, a habilitação dos pais e das mães e a
percentagem de professores do quadro dos 1.º, 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário. Este
modelo está contemplado na AEE desde o segundo ciclo de avaliação externa.
Pelas 10:30, o Dr. H veio chamar-nos para assistirmos à formação da reunião de
trabalho que iria decorrer no 2.º andar, numa sala preparada para o efeito. Descemos e
deparei-me com uma sala relativamente ampla, onde já estavam todos os intervenientes
desta sessão, exatamente 11 pessoas.
O Dr. H iniciou a sessão aludindo à nossa presença nestes dois dias de trabalho.
Fizemos uma breve apresentação, tal como os intervenientes que procederam à sua
identificação pessoal e profissional. Observei que a maioria dos intervenientes presentes
eram inspetores (de Norte a Sul) e todos estavam intimamente ligados à área da AEE. O
ambiente que se vivia era de grande harmonia e percebeu-se que os participantes tinham
uma relação profissional muito estável e consonante.
O âmbito da primeira parte da sessão incidiu na apresentação dos resultados de um
questionário de satisfação aplicado aos peritos externos que participaram na AEE. De
um modo geral, esta apresentação demonstrou resultados positivos: 1) satisfação dos
peritos com o questionário colocado; 2) concordância com os níveis de avaliação; 3)
concordância [total] com a equipa inspetiva (2 inspetores e 1 perito externo); 4)
concordância e alguma discordância com os dias de intervenção inspetiva; 5)
concordância na apresentação das avaliações às escolas avaliadas; 6) concordância de
apresentação de consequências da avaliação externa e 7) concordância, na sua maioria,
com a metodologia utilizada para o relatório de avaliação.
Nesta reunião também foram discutidas algumas recomendações e apreciações dos
peritos externos em relação à dimensão envolvente da AEE, numa perspetiva de
melhoria contínua desta atividade desenvolvida pela IGEC, salientando:
o A importância da AEE no reforço do papel dinâmico da escola;
o A clarificação dos critérios a avaliar;
o A melhoria da gestão do tempo em cada painel;
o O processo de AEE como prática consistente para a melhoria das escolas;
o A consolidação das práticas deste ciclo;
o A mudança de perceção deste tipo de avaliação junto das escolas.
A segunda parte, ainda no decorrer da manhã, presenteou os intervenientes com
uma apresentação de dados estatísticos caracterizadores das escolas nacionais, com
recurso ao site Infoescolas – Estatísticas do Ensino Básico e Secundário. Desta
apresentação, foi possível construir uma visão geral de como as escolas se caracterizam
em termos de número de alunos;, distribuição de alunos por curso, por idade, por sexo;
a taxa de retenção; o indicador de progressão, dos resultados em contexto e da
comparação de notas internas das escolas com a média dos exames nacionais.
No decorrer da apresentação, o Dr. H mostrou exemplos de algumas escolas (de
Norte a Sul do país e públicas/privadas) e, em grupo, foram discutidas questões
relacionadas com os indicadores de progressão, de resultados em contexto e o
(des)alinhamento das notas internas de uma escola com as notas internas das outras
escolas do país aos alunos com resultados análogos nos exames.
A participação aberta e interessada de todos os intervenientes foi evidente durante
toda a sessão. A dada altura discutiu-se o conceito “referente” aplicado à AEE que
considero que foi o ponto alto desta formação por se tratar de uma proposta de
melhoria: propôs-se que deveriam ter referentes dos campos de análise mais explícitos e
direcionados para o que se pretende avaliar, proporcionando um melhor conhecimento
do que é pretendido na AEE.
Outra questão também mencionada e muito pertinente para o processo de AEE diz
respeito à utilização do valor esperado na avaliação externa, mais um instrumento
contemplado no processo da AEE. A questão debatida hoje prendeu-se com a
preocupação dos inspetores utilizarem dados do valor esperado na avaliação de
2015/2016 com um desfasamento de 2 anos, ou seja, dados relativos ao ano 2013/2014.
Esta questão foi o foco central da sessão da parte da tarde. Terminámos às 12:30.
A segunda parte da sessão teve início às 14:30. Quando entrei já estavam todos os
intervenientes presentes, incluindo a Doutora LL e o Doutor JB2 que começaram por
apresentar algumas conclusões acerca do indicador do valor esperado. Pude reparar
também que nesta sessão estava, além dos presentes da parte da manhã, o Sr. Inspetor-
Geral da IGEC, o Dr. LC.
Nesta sessão foi explanado o funcionamento dos indicadores do valor esperado, da
progressão, o indicador do sucesso e também abordado, embora com menos
pormenores, os rankings. Em abordagem ao valor esperado foi explicado que o mesmo
calcula-se com base num conjunto de variáveis (idade, contexto socioeconómico,
retenções, escolaridade dos pais, entre outros) e na média dos exames nacionais. Quanto
2 Diretora-Geral e Subdiretor-Geral da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC).
ao indicador da progressão, o Doutor JB teve oportunidade de explicar que é um
indicador que acompanha o desempenho escolar, comparando a média dos exames do
9.º ano com os exames do 12.º ano, face à média nacional e a um número total de três
anos escolares. Pelo que entendi, há progressão se os alunos do 12.º ano de uma
determinada escola compararem-se mais positivamente com a média nacional dos seus
colegas de ano, do que se comparavam quando frequentavam 9.º ano, há três anos atrás.
Face a este indicador, o Doutor JB destacou como desvantagem o facto de os
estabelecimentos de ensino selecionarem, à priori, os alunos que vão a exame, através
da retenção dos alunos que ficam condicionados à realização dos exames. Falou-se,
também, do indicador do sucesso aplicado ao 3.º ciclo do ensino básico que aborda a
avaliação interna da escola – taxa de retenção nos 7.º e 8.º anos – e a avaliação externa –
os exames nacionais. A este nível, são casos de insucesso: 1) quem reprova nos dois
primeiros anos do 3.º ciclo ou 2) quem obtém resultados negativos nos dois exames
nacionais.
A Dr.ª TJ3, face à questão da retenção de alunos, mencionou que cabe entender as
razões de tais reprovações, como forma de intervir com conhecimento e de forma
prática no plano educativo, prevenindo o aumento do número de reprovações e,
consequentemente, o abandono precoce dos alunos.
A dada altura, falou-se também dos cursos profissionais (CP) e da importância de
calcular indicadores de empregabilidade, fazendo um retrato geral por cursos. O Dr. LC
chamou a atenção para os fatores externos (localização geográfica, lacunas do mercado,
etc.) que podem influenciar mais ou menos os indicadores de empregabilidade de cada
CP.
Já no final, o indicador do valor esperado mereceu, uma vez mais, um destaque
interessante na presente reunião, constituindo uma questão preocupante por parte dos
inspetores da IGEC, pela situação do desfasamento dos dados a utilizar (do ano
2013/2014) na AEE do presente ano: 2015/2016. Tentou-se encontrar uma solução e
chegar a um consenso em relação à possibilidade de utilização de dados mais recentes
na AEE deste ano letivo.
A discussão perdurou. Saí às 17:00.
Reflexão Pessoal
3 Chefe de Equipa Multidisciplinar de Acompanhamento, Controlo e Avaliação - Sul
Desta reunião pude efetivamente adquirir novos conhecimentos, em relação às
diferentes abordagens da AEE, como o processo de avaliação externa, na conceção dos
peritos externos e a metodologia de trabalho deste processo levado a cabo nas escolas.
Além disso, creio também que a minha participação na reunião de
trabalho/formação foi uma experiência enriquecedora pelo facto de permitir tomar
contacto com a metodologia de trabalho dos inspetores na definição de propostas de
melhoria/recomendações, no (re)conhecimento de opiniões dos inspetores face ao
processo AEE (uma vez que lidam diariamente com o processo de avaliação externa na
prática) e também para estudar a cultura organizacional, entrando pelo funcionamento
da Equipa de Reflexão.
Dia 7 – Terça-feira, 29 de setembro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 09:50, um pouco antes do início da sessão que estava
marcada para as 10:00. Esta teve lugar na mesma sala onde decorreu a formação de
ontem. A equipa de trabalho começou a ficar composto a partir das 10:00 e pelas 10.10
deu-se início à formação sobre as EE, apresentada pela Dr.ª HC que iniciou o seu
discurso, identificando-se como a coordenadora das EE.
Seguiu-se uma breve introdução sobre a criação das EE: o desenvolvimento destas
escolas iniciou-se em 1953 para resolver a questão da educação dos filhos dos
funcionários da Comunidade do Carvão e do Aço. A primeira escola foi criada em
Luxemburgo, com o apoio do Governo deste país. Pretendeu-se que todos os alunos –
de várias nacionalidades – tivessem acesso a uma educação multicultural, a um
património de várias línguas, assente no princípio de uma cidadania europeia e também
nacional. Atualmente existem 14 EE e que são controladas pelo governo dos 28 estados
membros da União Europeia.
Prosseguindo, a Dr.ª HC falou-nos acerca da atividade Whole School Inspection
(WSI) proferindo que são objetivos da mesma: “1) Garantir a qualidade do Sistema
Educativo das EE; 2) Promover boas práticas; 3) Estimular processos de autoavaliação
da escola; 4) Proporcionar melhorias dos resultados”. Salientou, vincadamente, a
importância de desenvolver nas escolas o processo de autoavaliação e que este deve ser
um dos resultados obtidos com a Avaliação Externa: comparação de dados apresentados
às escolas para levá-las a refletir o seu processo de atuação e melhoria contínua, ou seja,
conduzir à adoção de práticas de autoavaliação.
Também apresentou os campos de análise que são contemplados na avaliação das
EE, o equivalente aos domínios avaliados a nível nacional: 1) Management and
Organisation; 2) School Ethos and Climate; 3) Curriculum and Planning; 4)
Resources; 5) Teaching and Learning; 6) Assessment and Achievements; 7)
Educational Support; 8) Quality and Assurance Development4.
Da atividade WSI resultam a produção de relatórios com informação dos pontos
fortes, áreas de melhoria e recomendações que são enviados às escolas com a solicitação
do preenchimento de um formulário seis semanas após a avaliação das EE. Face às
recomendações expostas, as escolas devem proceder à enumeração dos passos que vão
seguir para melhorar a prática educativa. Dois anos após a avaliação, é enviado o
mesmo questionário à escola para demonstrem as suas melhorias, através das ações
levadas a cabo e do processo de autoavaliação.
De entre o que tem vindo a ser referenciado, a Dr.ª HC reforçou que a avaliação das
EE é realizada para fortalecer a autonomia das mesmas, no que respeita aos princípios
educativos que (pros)seguem, às ações de melhoria que devem implementar face às
áreas prioritárias que identificam como deficitárias, ou seja, à sua atuação diária.
Tive, também, a oportunidade de observar um documento que apresentava os
campos de análise e os critérios/indicadores que cumprem esses campos de avaliação
das EE. Os comentários dos inspetores face ao documento e, mais concretamente, aos
indicadores, foram bastante positivos, ressalvando que ao nível da AEE em Portugal,
ainda há muito a desenvolver.
Esta apresentação contemplou um espaço para dúvidas e questões acerca das EE
que os inspetores presentes não quiseram desperdiçar, questionando várias fases do
processo da avaliação das EE, como a metodologia do relatório, a duração das
entrevistas, a metodologia da observação de aulas, entre outras, penso que também para
confrontar o processo AEE em Portugal com o processo da avaliação das EE.
Pelas 12:00, seguiu-se o Dr. JP, inspetor da IGEC, que fez uma apresentação em
torno da conferência/workshop que participou em Belgrado, em meados de setembro,
4 1) Gestão e Organização; 2) Ethos e Clima da Escola; 3) Currículo e Planeamento; 4) Recursos; 5)
Ensino e Aprendizagem; 6) Avaliação e Realizações; 7) Apoio Educativo (Geral, Moderado e Intensivo);
8) Garantia de Qualidade e Desenvolvimento.
acerca da temática “Evaluating School Leadership”. Esta apresentação refletiu a sua
experiência num trabalho de grupo que contou com os seguintes pontos: a) visita a uma
Escola; b) observação de aulas e c) entrevistas (público educativo diverso) sobre o tema
da liderança.
Tal apresentação permitiu reter as seguintes conclusões:
A questão da avaliação da liderança nas escolas emergir da avaliação da
dimensão organizacional;
A prestação de contas entendida como “a pré-condição para o
desenvolvimento da eficiência” (Dr. JP);
A consideração de que todos os atores educativos são agentes de mudança;
O diretor deve atuar como um facilitador de práticas de liderança na escola.
Terminámos perto das 13:00.
Reflexão Pessoal
Achei esta sessão bastante interessante pela oportunidade de conhecer a realidade
europeia ao nível da avaliação externa. Pude compreender um pouco da história da
criação das EE, relatada pela Dr.ª HC, que durante toda a formação apresentou com
grande entusiamo o trabalho que realiza neste âmbito.
Além disso, a formação proporcionou-me um contacto muito enriquecedor com o
tema da liderança das escolas, alargando a minha perspetiva em torno deste tema, no
sentido de conhecer informação privilegiada que advém da experiência profissional de
um inspetor da IGEC e que de outra forma não teria acesso. É ainda de salientar que a
IGEC é uma organização que aposta na valorização profissional dos inspetores,
proporcionando a partilha de experiências e de conhecimentos entre os intervenientes,
para uma melhor atuação de todos os profissionais no terreno das escolas.
Dia 8 – Quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Cheguei às 10:00 à IGEC e o plano de afazeres para hoje não carecia de um
trabalho inexorável, como os dois dias anteriores, que foram muito produtivos, mas
trabalhosos a nível de DC. Assim, para hoje, o plano estabelecia-se mais calmo, mas
igualmente importante: a continuação da leitura de documentos centrais da IGEC.
Comecei por entrar na dimensão da AEE e nos instrumentos subjacentes a este
processo. Nenhum destes instrumentos era completamente desconhecido, no entanto
achei por bem (re)ler esses documentos, para enquadrar e conhecer melhor o processo
da AEE referente a 2015/2016.
Em primeiro lugar consultei o Quadro de Referência para a Avaliação Externa das
Escolas, que apresenta as dimensões e campos de análise contemplados no processo de
avaliação.
Seguidamente consultei o Documento de Apresentação da Escola que se estabelece,
na minha opinião, como um documento fulcral, tanto para a escola como para os
inspetores, por se revelar um instrumento caracterizador do contexto e áreas
desenvolvidas pela escola.
Posteriormente também observei a Escala de Avaliação utilizada para AEE, um
documento com o qual já tinha tomado contacto antes e a Metodologia que assenta na
análise documental de vários documentos pedagógicos/educativos e legais, relatórios de
atividades, entre outros; na análise de informação estatística; na análise dos
questionários de satisfação aplicados à comunidade educativa; através da observação
direta do contexto e ambiente escolar e pelas entrevistas de painel à comunidade escolar
designada para o efeito.
Por curiosidade, consultei as Agendas de Trabalho da AEE para ter uma noção de
como se processa o trabalho dos inspetores nos dias de intervenção em que se
encontram nas escolas. Afinal, também irei estar presente numa avaliação externa, ainda
a combinar pelo Dr. H, muito provavelmente para janeiro de 2016.
Tinha intenções de consultar igualmente o Plano de Melhoria da Escola, no entanto
o Dr. H pediu-nos para reunirmos, a fim de sintetizarmos algumas questões relacionadas
com as formações em que a participámos nos dois dias anteriores. Acabei por consultá-
lo, mais tarde, fora do local de estágio.
Às 12:00 iniciámos a reunião com o Dr. H que nos começou por esclarecer o que é
o indicador do valor esperado, exemplificando-nos da seguinte forma: para a escola A o
valor esperado é de 16,5 valores e para a escola B é 12 valores. A média dos exames
nacionais para a escola A foi de 16 valores, enquanto a média da escola B foi de 14
valores. Tais cálculos significam que a escola (que tinha como valor esperado 16,5) está
abaixo da média esperada, por obter de 16 valores (menos cinco décimas). No caso da
escola B (que tinha como valor esperado 12 valores e obteve 14 valores de média nos
exames nacionais) significa que está acima da média esperada, com mais dois valores.
Também nos explicou a seguinte situação: a escola A obteve 18 valores nos exames
finais levando 30 alunos a exame. A escola B obteve 12 valores mas em contrapartida
levou a exame 100 alunos. À partida dir-se-ia que a escola A, face aos resultados, é uma
escola melhor do que a B. No entanto, há que verificar que, no caso da escola A, no 10.º
frequentavam 100 alunos, o 11.º ano abrangeu 80 e no 12.º ano foram 30 alunos a
exame, o que significa que a taxa de desperdício é maior, mesmo com a média elevada.
Na escola B verificou-se que no 10.º estavam 150 alunos, no 11.º frequentavam 120 e
no 12º foram a exame 100 alunos, significando que um maior número de alunos foi a
exame, mesmo que a média tenha sido mais baixa que a escola A.
O Dr. H indicou que já aconteceu a várias escolas obterem resultados negativos nos
exames e, inversamente ao exposto, obterem bons resultados na avaliação externa,
evidenciando que a ação da escola “tem produzido um impacto em linha com os valores
esperados na melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos
percursos escolares”5. Esta ideia parece contraditória, tal como o Dr. H referenciou, mas
por vezes há fatores que influenciam tais resultados escolares que não são passíveis de
serem controlados.
Nesta reunião, foi ainda abordada a preocupação com a taxa de abandono nas
escolas, entre 0,5 a 1%. Em circunstâncias que o(s) aluno(s) abandona(m) a
escolaridade obrigatória, o caso é reportado a Comissão de Proteção de Crianças e
Jovens (CPCJ) para que esta entidade resolva o assunto e nesses casos a taxa de
abandono é diminuta. No entanto, outros casos ocorrem: nas palavras do Dr. H, há
alunos que desaparecem do sistema educativo, optando por continuar noutras escolas ou
emigrando para outros locais, não se detetando o trajeto que percorrem. Atualmente,
existe um número (do género mecanográfico) que acompanha o aluno desde o início do
seu percurso escolar e mais facilmente se percebe o trajeto que faz no sistema
educativo.
Passámos para o tema das EE, abordado na formação de 29 de setembro de 2015,
apresentado pela Dr.ª HC. O Dr. H fez uma pequena abordagem ao surgimento e à
população heterogénea das EE. Em termos de resultados, o Dr. H frisou que os alunos
saem com três línguas e com uma cultura completa do país residente. A conversa sobre
as EE foi muito curta, visto que o Dr. H teve que se ausentar para resolver problemas do
foro profissional. No entanto, antes de se ausentar referiu que iria tentar dar-nos a
5 Documento Escala de Avaliação, IGEC 2015
possibilidade de participarmos no destacamento de docentes para as EE para o ano 2016
com a Dr.ª HC.
Saí pelas 13:05
Reflexão Pessoal
Ter contacto com a dimensão e com os instrumentos subjacentes ao processo da
AEE fez-me consolidar alguns conhecimentos que já tinha adquirido anteriormente.
Desde logo, o âmbito da avaliação externa que se fundamenta num apoio e
acompanhamento externo das práticas educativas implementadas pelas escolas, do qual
resultam, entre outros aspetos, a identificação de pontos fortes e áreas de melhoria. O
quadro de referência que me fez compreender os campos de análise e referentes nos
quais toda a avaliação recai, constituindo-se a base de trabalho dos inspetores. A
metodologia de trabalho também foi um documento elucidador do desenvolvimento da
avaliação. Compreendi as várias estratégias metodológicas assentes no processo de
avaliação, bem como a importância que cada uma delas assume no decorrer deste
processo. Depois, assimilei que o plano de melhoria da escola evidencia-se como um
documento orientador para a ação educativa de cada agrupamento de escolas (AE) que
deve ser desenvolvido atendendo aos resultados da avaliação, no que concerne às áreas
de melhoria.
Sublinho, também, que amanhã iniciarei funções na ATI Sul com o
acompanhamento da Dr.ª FA6. Estou com muitas expectativas positivas e muito
motivada para ocupar este lugar, que é uma novidade na IGEC. Confesso também que
sinto uma certa curiosidade em relação às tarefas que irei desempenhar, no entanto,
acredito que será um desafio enorme desenvolver atividades distintas da EMEE.
Tentarei, ao longo deste mês, recolher informações acerca do modo de funcionamento
da ATI Sul, como forma de obter conhecimento da organização desta equipa.
Dia 9 – Quinta-feira, 01 de outubro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 09:50. Fui recebida pela Assistente Técnica da ATI Sul, a PT
e pela Dr.ª FA que me deram indicações iniciais sobre o local onde vou permanecer e o
que iria fazer durante a manhã. Como a Dr.ª FA estava em formação que se prolongaria
6 Chefe da Área Territorial de Inspeção do Sul.
pela manhã inteira, fiquei a trabalhar com a PT que estava incumbida de me transmitir o
funcionamento do sistema GestIGEC7.
Na ATI Sul, durante o mês de outubro, vou permanecer no gabinete da PT,
ocupando o lugar da D. FM, Assistente Técnica, que se mudou recentemente para outro
departamento da IGEC. A minha secretária fica precisamente em frente à da PT, num
gabinete relativamente espaçoso e com bastante luminosidade e espaço de trabalho.
A PT, antes de me começar a explicar o funcionamento do GestIGEC, procedeu a
um pequeno enquadramento do seu trabalho e, também, da ATI Sul. Disse-me que a sua
função estava intimamente ligada ao programa de Controlo, à atividade Organização do
Ano Letivo (OAL), estando a seu cargo a receção e envio de ofícios às escolas, um
exemplo dado por si, das tarefas que desenvolve. Pronunciou também que a ATI Sul
funciona em concordância com ATI do Alentejo e Algarve e que são os seus colegas
que tratam da atividade de Acompanhamento da Ação Educativa, da AEE e da
Educação Especial – Respostas Educativas.
O GestIGEC, conforme o que a PT me explicou, constitui um Sistema de
Informação para a Gestão Operacional da IGEC com funcionalidades variadas: registo
de processos; entradas, saídas e registos internos; entre outras. Todas as atividades
desenvolvidas no âmbito da Inspeção-Geral têm que ser registadas no GestIGEC. A
título de exemplo, a PT referenciou que à atividade de OAL está associada a uma escola
e a uma equipa de inspetores e que esta atividade tem uma identificação designada de
NUP que é registada do GestIGEC.
Abordámos também a importância do trabalho ser efetuado em rede, onde todos os
colaboradores (de Lisboa, de Évora ou de Faro) têm acesso aos documentos, garantindo,
em caso de férias ou ausência dos colegas, o desenvolvimento do trabalho estipulado.
Pode não haver um entendimento técnico do trabalho que se desenvolve, mas facilmente
se realizam as tarefas dos colegas que estão planeadas.
Questionei-a acerca da redação dos ofícios na atividade que desenvolve. A PT
disse-me que são redigidos pelos interlocutores8 que tratam desses documentos e que
chegam numa fase posterior à PT, que tem como função inserir o NUP, a data do ofício
e fazê-los chegar à Dr.ª FA que assina e devolve à PT para seguirem via eletrónica para
a escola.
7 O sistema de informação responsável pela gestão operacional da IGEC.
8 Inspetores com atividades acrescidas.
A PT teve também a oportunidade de me mostrar uma das funcionalidades do
GestIGEC relativa aos documentos padrão para preenchimento que se encontram neste
sistema, como por exemplo, justificação de faltas, licenças, documentos de despesas,
informação eletrónica, termo de responsabilidade, entre outros. Estivemos a analisar um
boletim itinerário de despesas de deslocação e também uma justificação de saída mais
cedo, apelidado de relógio de ponto.
Todos os documentos que entram são registados no Sistema GestIGEC pelo
Expediente. Por uma questão de facilidade, a PT regista os que lhe chegam ao email.
Por vezes, recebe também assuntos relacionados com a Provedoria que encaminha para
as pessoas que tratam essas questões.
Entre as 11:30/12:00, a afluência de trabalho era enorme, pelo que a PT deixou-me a
pesquisar no Sistema GestIGEC na sua secretária, enquanto respondia a solicitações do
momento (tratamento de documentos). Tive a oportunidade de verificar algumas
funcionalidades do sistema, mas muito por alto, uma vez que só procedendo à
simulação e à experiência é que se assimila conhecimentos. Desta pesquisa, resultaram
as seguintes questões:
Que tipo de processos se regista?
Na atividade inspetiva, onde é que se regista a atividade?
Também se enviam ofícios a partir do sistema?
Enquanto explorava o GestIGEC, impôs-se a questão de o meu computador não ter
o sistema e do meu utilizador da IGEC não permitir o acesso à ferramenta, pelo que a
PT achou por bem chamar o Dr. CA, da área da informática, para resolver esta situação.
O Dr. CA frisou-nos que era natural não ter acesso ao sistema, porque no momento que
criou as nossas sessões9 não lhe foi dito que iriamos trabalhar com o GestIGEC, pelo
que estas sessões não têm permissão para o manuseamento do sistema.
Pude ainda verificar que a Dr.ª FA tinha regressado da formação e que já se
encontrava no seu gabinete a atender telefonemas e a dar continuidade ao seu trabalho.
Pouco antes de me ausentar da IGEC, Dr.ª FA veio saber como tinha corrido o primeiro
dia de trabalho na ATI Sul e também conhecer o modo como será feita a distribuição
das três estagiárias durante o tempo que vamos estagiar. Expliquei que, pelo raciocínio
do Dr. H, o mês de outubro pertencia a mim, o mês de novembro à Patrícia e o mês de
dezembro à Margarida, voltando eu no mês de janeiro e assim sucessivamente até maio.
9 As sessões das estagiárias que dão acesso ao ambiente de trabalho do computador da IGEC.
Face à minha explicação, a Dr.ª FA disse que seria uma situação complicada se
efetivamente fosse um mês a cada uma pela questão de não termos continuidade nas
tarefas que iremos desenvolver e sugeriu que ficássemos três meses, alternadamente.
Não comentei por saber que a decisão não passa por mim, mas sim pelo Dr. H e pela
Dr.ª L que são os meus orientadores de estágio na organização.
Por último, ficou acordado que eu e as minhas colegas participaremos, na próxima
segunda-feira, dia 5 de outubro, na formação aos inspetores sobre os processos de
autoavaliação.
Saí da IGEC pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Senti que o dia hoje foi muito educativo e produtivo e bastante interessante por
tomar contacto com as funções da PT relativas à OAL do 1.º ciclo. Apesar de ser o
primeiro dia na ATI Sul, acredito que irei aprender imenso, uma vez que é nesta área
que se operacionaliza muitas atividades relacionadas com a AEE.
A abordagem ao Sistema GestIGEC também se traduziu numa consolidação de
novos conhecimentos, por me permitir focar todas as funcionalidades desta ferramenta.
Contudo, espero poder trabalhar com este sistema para confirmar a sistematização de
conhecimentos, mas a nível mais prático. Acresce destacar ainda a preciosa ajuda que a
PT me deu durante toda a manhã, disponibilizando todo o seu tempo para as minhas
dúvidas e inquietações.
Em relação à formação que irei assistir sobre os processos de autoavaliação, creio
que será outro momento de consolidação de conhecimentos a acrescentar aos anteriores:
por um lado, por permitir relembrar conceitos abordados durante a licenciatura e, por
outro lado, entender a autoavaliação na conceção e opinião dos inspetores.
Dia 10 – Segunda-feira, 05 de outubro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 10:30. A formação iniciou um pouco antes, pelo que quando
cheguei, a sala já estava repleta de inspetores da IGEC, contando também com a
presença das Professoras Doutoras Estela Costa e Marta Almeida do Instituto de
Educação da Universidade de Lisboa (IEUL), oradoras nesta formação.
O tema da formação incidiu na Avaliação Institucional – Processos Integrados de
(Auto)Avaliação e na discussão da importância do processo de autoavaliação das
escolas para os inspetores presentes.
Para dar início à formação, as professores abordaram a avaliação como resposta a
novos desafios, assumindo um papel nuclear nos processos políticos e educativos de
hoje em dia. Foi evidenciado que o seu objetivo principal centra-se na preocupação em
tornar a escola mais eficiente, havendo atualmente uma preocupação crescente com a
responsabilização e prestação de contas das escolas sobre os resultados escolares dos
alunos.
Tal como referiram as professoras, o processo de autoavaliação das escolas,
evidenciada como uma medida transnacional, é um instrumento central de política
educativa que prossegue sistematicamente o objetivo de promover a melhoria da
qualidade do sistema educativo.
Nesse sentido, os objetivos desta sessão incidiram em: 1) “promover
comportamentos para direcionar as escolas para os processos de avaliação e
autoavaliação; 2) explicitar as funções e papéis a desenvolver para a escola orientar o
desenvolvimento organizacional e 3) desenvolver comportamentos indutores de
processos de reflexão e problematização das práticas letivas nas escolas”.
Pelas 11:00, prosseguiu-se uma atividade de discussão do know how dos inspetores,
das dificuldades no terreno, das inquietações suscitadas com seu trabalho, envolvendo a
reflexão em torno das seguintes questões:
a) Como inspetor, o que valoriza no relatório de autoavaliação?
b) O que procura perceber quando reúne com o painel de autoavaliação?
c) O que podemos fazer para apoiar o desenvolvimento dos processos de
autoavaliação (com vista a melhorar as aprendizagens dos alunos e a sua
experiência na escola?)
O trabalho de reflexão foi realizado em grupos, ou seja, cinco grupos de cinco
inspetores cada, que trabalharam essencialmente meia hora em torno do tema e das
questões lançadas.
Passando à fase do debate, várias ideias foram expostas, gerando-se uma conversa
cruzada, resultando na valorização da estrutura e organização do relatório, nas ações
desenvolvidas, na ideia que a escola reflete da sua imagem, no plano de melhoria, no
modelo de autoavaliação (realizado interna ou externamente à escola), entre outros (1.ª
questão).
O modelo de autoavaliação utilizado pelas escolas foi alvo de uma interessante
discussão da qual resultou a questão da “compra” dos relatórios de autoavaliação das
escolas. A este nível surgiram vários comentários:
A escola detém instrumentos da parte da IGEC que pode utilizar na construção
do relatório da autoavaliação, evitando gastos monetários indispensáveis;
Quando o relatório é construído por equipas externas corre-se o risco de não
explorar os aspetos mais frágeis das escolas;
As equipas externas apenas apresentam o produto final, não decifrando o
conteúdo do relatório.
As equipas externas podem constituir um apoio à escola na construção do
relatório de autoavaliação, mas cabe à escola interpretar e desconstruir o seu
conteúdo.
Algumas conclusões que resultaram desta discussão prendem-se com o facto de as
escolas não estarem preparadas para lidar com tanta informação e de estas não saberem
conduzir uma avaliação organizacional do trabalho que desenvolvem, recorrendo, por
isso, a empresas externas que produzem relatórios de autoavaliação não interpretados
pelas escolas. A questão que também se impôs refere-se às escolas percecionarem o
processo de autoavaliação como uma obrigação e não como uma necessidade.
Claramente, a autoavaliação constitui um instrumento de autonomia que atenta à
importância de as escolas partirem de um processo de exploração dos pontos fortes e de
melhoria relativos ao trabalho que desenvolvem, uma vez que “ninguém pode evoluir se
não se conhecer a si próprio” (frase referida por um inspetor presente na formação). A
este propósito, foi também salientado que a escola deve, assim, cimentar uma cultura de
avaliação para espelhar um melhor conhecimento do trabalho que desenvolve no
relatório de autoavaliação.
A segunda parte desta formação contemplou um caso real de um relatório de
autoavaliação de um estabelecimento educativo, que foi abertamente explorado pelos
participantes da formação.
As dimensões consideradas foram: 1) Cultura e clima de escola – amplamente
apoiados pela importância de promover uma cultura de qualidade e de melhoria
continuada; 2) Participação e envolvimento – relacionadas com a promoção de boas
relações entre os atores educativos; 3) Imagem Externa – preocupada com a garantia da
credibilidade do desempenho da escola e com a melhoria da sua imagem; 4) Relação
Escola – Família – Comunidade – que estabelece a participação dos encarregados de
educação na vida escolar, bem como a medição do grau de satisfação da comunidade
escolar em relação à escola; 5) Gestão / Projeto Educativo – relacionado com o
estabelecimento/monitorização do plano de melhoria, a definição do perfil da escola, a
articulação do plano de formação, entre outros; 6) Sucesso Educativo – atinente à
análise e melhoria dos resultados escolares (internos e externos), à garantia do sucesso
escolar, à identificação dos problemas pedagógicos, entre outros; e 7) (In)disciplina.
Destas dimensões consideradas no processo de autoavaliação foram discutidas as
fragilidades que incidiram essencialmente na confusão entre os objetivos do processo de
autoavaliação e os processos de tomada de decisão, devendo ser encontradas evidências
que sustentem a tomada de decisão da escola. Outras fragilidades encontradas no
processo de autoavaliação das escolas referem-se aos problemas da equipa de
autoavaliação; à fraca responsabilização e comprometimento dos outros; à maior
preocupação na recolha de dados em detrimento da sua análise; às fragilidades na
construção de instrumentos de recolha de dados, aos problemas de comunicação, ao
nível da divulgação e linguagem utilizada; entre outros.
A formação terminou às 13:00. Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
A participação nesta formação foi muito interessante pela abordagem prática feita
ao processo de autoavaliação das escolas. Considerei muito relevante auscultar a
apreciação dos inspetores em relação à autoavaliação que se realiza nos
estabelecimentos escolares e à importância dos relatórios de autoavaliação para o
processo de melhoria do sistema educativo.
Das aprendizagens realizadas pude relembrar conceitos, já abordados na
licenciatura, e assimilar as fragilidades que as escolas têm na construção do processo de
autoavaliação, muitas vezes encarado como um instrumento de caráter obrigatório, na
sua conceção, para (cor)responder a solicitações de instâncias externas.
Dia 11 – Terça-feira, 06 de outubro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 10:00 e passei toda a manhã, junto da PT, a verificar o
funcionamento do sistema GestIGEC. Continuámos o plano de trabalho de quinta-feira
(01/10): verificação de registo de entrada e saída de processos do sistema.
Pude, efetivamente, esclarecer as dúvidas que tinha em relação ao sistema,
nomeadamente no que diz respeito aos processos que são registados. Foi-me dito que os
processos referem-se, por exemplo, às atividades desenvolvidas no âmbito dos
programas da IGEC que devem ficar todas registadas no sistema. Esta situação
possibilita que todos os colaboradores, independentemente do departamento onde
trabalhem, tenham acesso aos processos criados por outros membros.
A minha segunda questão prendia-se com a atividade inspetiva10
, querendo
entender o seu modo de funcionamento. Rapidamente percebi que a atividade inspetiva
reporta-se ao trabalho do inspetor e não à atividade na escola que o inspetor desenvolve.
Ou seja, este campo trata do mapa de trabalho dos inspetores, sendo que estes têm
acesso ao sistema para procederam ao registo do trabalho desenvolvido. Noutras
situações, acontece que existem inspetores que enviam o seu mapa de trabalho do mês e
o colega da PT, que se encontra em Évora, regista os tempos de trabalho no sistema.
Mas, regra geral, todos fazem-no autonomamente. Ainda relativamente ao trabalho do
inspetor, pude assimilar que procurando pelo nome é possível encontrar detalhadamente
uma espécie de histórico que revela as intervenções realizadas e os
processos/documentos associados aos mesmos.
Relativamente à minha terceira dúvida, não precisei de questionar a PT acerca do
envio dos ofícios pelo sistema, uma vez que em conversa, compreendi que os mesmos
não são enviados a partir do sistema mas sim do email da Equipa Multidisciplinar do
Sul (EMS) que tem acesso aberto aos quatro assistentes técnicos desta Área Territorial
de Inspeção (ATI).
Falámos também acerca do serviço de provedoria e ação disciplinar e da
importância desta área na ATI Sul. A provedoria constitui um serviço de resposta a
queixas que são expostas por atores da comunidade educativa e podem dar lugar a
averiguações da parte da IGEC. Para que isto aconteça, na ATI Sul é nomeado um ou
dois inspetores que se deslocam à escola para se apurarem factos e testemunhas da
ocorrência, desencadeando-se assim uma intervenção inspetiva que pode resultar na
instauração de processo de inquérito ou disciplinar.
Pelas 12:00, a PT esteve a mostrar-me outra funcionalidade do sistema, relacionada
com o envio de documentos em que: 1) quando se regista algum processo e se anexa
documentos ao mesmo que sejam para ser entregues a outros departamentos, o que
10
Um dos campos do sistema do GestIGEC.
acontece é que esse departamento só acusa a receção no sistema quando recebe,
fisicamente, tais documentos; 2) existem documentos que são enviados por circuito
interno que por vezes não são recebidos e permanecem nessa mesma categoria.
Para consolidar melhor o procedimento de registo do GestIGEC, solicitei à PT que
registasse um documento de raiz, entendendo de que forma é que são preenchidos todos
os passos. À medida que a PT ia registando, iam-me sendo explicados todos os passos,
para quando tiver essa tarefa em mãos não ser um processo de trabalho desconhecido.
Explicou-me, também, as fases que o processo assume desde o momento é que é criado
pelo utilizador: quando está em aberto e porquê e quando é que passa para análise.
Já no final da manhã, a PT mostrou-me uma atividade registada da AEE de uma
escola em Sintra para me exemplificar qual o procedimento a adotar quando se trata da
AEE. Pesquisando pelo estabelecimento educativo que se pretende, aparecem todos os
processos associados ao AE, desde os inspetores designados para a atividade da
avaliação externa, as fases da avaliação (planeamento, relatório, contraditório, etc.) e
todos os restantes processos que a escola tem associados.
Tive, minutos antes de sair, a oportunidade de conversar com a Dr.ª FA sobre as
tarefas que vou realizar no decorrer do tempo que permanecerei na ATI Sul. Foi
mencionado que amanhã estarei a tratar da avaliação dos inspetores e que na quinta-
feira, à semelhança das minhas colegas, colaborarei numa tarefa relacionada com o
envio de questionários para as escolas na EMEE.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Hoje foi um dia de maior aproximação ao sistema GestIGEC. Contudo, continuo a
acreditar que apenas a observação do procedimento do sistema e a abordagem ao seu
funcionamento perde-se pela ausência de prática/experiência de trabalho com o mesmo.
Espero, o mais breve possível, poder manusear esta ferramenta de trabalho que constitui
uma peça essencial de todo o trabalho desenvolvido pela IGEC.
Do ponto de vista do conhecimento adquirido em relação à estrutura da IGEC,
assimilei que a estrutura da organização obedece a um modelo hierarquizado, no que
respeita a serviços de apoio jurídico e administração geral, percecionando-se também
um modelo matricial, na partilha de funções, visto nas equipas multidisciplinares onde
intervenho frequentemente, a EMEE e a EMS, esta última também designada de ATI
Sul. Acrescento ainda que, de entre uma panóplia de áreas de intervenção, a IGEC
promove um serviço de provedoria, que compreendi que analisa as queixas que chegam,
sobretudo, via eletrónica de vários intervenientes da comunidade educativa e que prevê
um trabalho célere na análise das queixas da comunidade, para que possam ser
averiguados os factos e as testemunhas do sucedido, a fim de se dar o tratamento certo
ao acontecimento. Assimilei, assim, que tudo isto implica uma ótima gestão de tempo e
de recursos que viabilizem respostas céleres e eficazes aos vários processos que chegam
à IGEC.
Dia 12 – Quarta-feira, 07 de dezembro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 09:50. Perguntei à PT se sabia se a Dr.ª FA me tinha deixado
algum trabalho para realizar hoje, conforme tínhamos falado ontem. A PT disse-me que
não tinha recebido instruções nenhumas, pelo que me juntei à assistente técnica para
continuarmos a abordagem ao funcionamento do sistema GestIGEC.
Como a PT tinha que dar entrada de um documento interno, no âmbito de uma ação
disciplinar, deixou-me observar todo o procedimento, desde o seu registo até ao envio
do mesmo, por circuito interno, rumo ao departamento jurídico. A PT explicou-me que
por vezes um só documento relacionado, por exemplo, como um inquérito, pode ter
associado vários processos que devem ser registados, mostrando-me como se procedia à
associação de vários documentos.
Como ainda não tenho acesso ao utilizador11
com permissão para aceder ao sistema,
a PT deixou-me experienciar o registo de documentos para verificar se, efetivamente,
teria aprendido os procedimentos. Pude assim registar quatro boletins de itinerários três
declarações de despesas e um processo disciplinar que se encontravam pendentes para
serem registados no GestIGEC. Quanto ao processo disciplinar registado, procedi ao
encaminhamento por circuito interno e posteriormente acompanhei a PT no
encaminhamento do documento ao departamento responsável que só acusa a receção no
sistema quando o documento está fisicamente com o outro colaborador.
Pelas 12:00, a Dr.ª L veio chamar-me para participar numa reunião de explicitação
de tarefas a realizar na próxima semana. O foco desta reunião recaiu na explicitação da
metodologia que vamos utilizar para definir as amostras de aplicação dos questionários
de satisfação. Foi-nos explicado, em primeiro lugar, que este instrumento de trabalho
11
Em princípio será criado um utilizador para as três estagiárias.
está em vigor desde o 2.º ciclo de AEE e que uma das recomendações do Conselho de
Escolas (CE) é precisamente abranger um maior leque de atores educativos no
preenchimento de questionários de satisfação.
A Dr.ª L disse-nos também que, ainda durante esta semana, haverá uma reunião de
apresentação da AEE com as responsáveis pela ATI Sul, onde será tratada a questão da
entrega dos questionários e apuradas as condições em que serão aplicados os
questionários de satisfação, se via online ou em formato papel (no caso dos pais muito
provavelmente será neste último formato).
Teve, também, já quase no final da reunião, a explicar a metodologia de
apuramento da amostra para alcançarmos o número de questionários a aplicar a cada
escola, proferindo que, no caso da EPE, face ao total de crianças, retira-se uma amostra
de 20%; no 4.º ano será aplicado a 40% dos alunos e entre o 5.º e o 12.º ano (incluindo
vocacionais e profissionais) será aplicado a 20% (em cada ano). À medida que a Dr.ª L
nos ia explicando o modo de aplicarmos esta metodologia, também nos mostrou como é
que deveríamos fazê-lo, exemplificando com uma escola da região do Alentejo.
Perto das 13:00, a Dr.ª L disse-nos que deixaria, a partir de amanhã, um dossier
pronto com todos os documentos que iremos necessitar para realizar esta tarefa.
Perguntei se permaneceria no 5.º piso, junto às minhas colegas, enquanto estaria a
desenvolver esta tarefa, ao qual a Dr.ª L me respondeu que sim e que as chefes da ATI
Sul já estavam a par da situação. Fui ainda informada que amanhã estaria presente numa
formação sobre a Gestão do Currículo: Ensino Experimental das Ciências.
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
Hoje já experienciei funcionalidades do sistema GestIGEC o que me permitiu
tomar algum contacto com funções mais próximas da minha área profissional. Penso
que é importante proporcionarem-me mais tarefas com o sistema, pela relevância que o
mesmo assume no seio da Inspeção-Geral. A este nível, importa realçar algumas
competências adquiridas, como a gestão e a disseminação de informação, a capacidade
de concetualizar, no sentido de combinar informação e conhecimento de diversas fontes,
a capacidade e iniciativa e autonomia no trabalho pelo interesse mostrado na utilização
deste instrumento e, sobretudo, a capacidade de adaptação a uma ferramenta de trabalho
que opera a nível da gestão operacional das atividades da IGEC.
Em relação às tarefas relacionadas com os questionários de satisfação a aplicar às
escolas, creio que será uma tarefa muito trabalhosa, mas em simultâneo bastante
interessante de realizar, pela natureza do trabalho estatístico e responsabilidade que
acarreta a seleção dos respondentes aos questionários de satisfação.
Dia 13 – Quinta-feira, 08 de outubro de 2015
Cheguei às 10:00 à IGEC. A formação acerca da Gestão do Currículo: Ensino
Experimental das Ciências estava prevista para iniciar às 10:30, mas começou um pouco
antes com o moderador, membro da IGEC, a abrir a sessão, proferindo que esta
formação abrange um leque variado de profissionais ligados ao ensino das ciências.
Salientou, também, que esta formação realiza-se no âmbito da introdução de uma nova
atividade inspetiva, a gestão do currículo – o ensino experimental das ciências –
integrada no programa de Acompanhamento da IGEC.
O primeiro orador – professor universitário de Biologia – realizou uma pequena
apresentação inicial, afirmando que as pessoas que estariam presentes hoje, além de
estarem ligadas à área da didática das ciências, têm também experiência na área do
ensino, conhecendo a realidade das ciências nos estabelecimentos educativos. Iniciando
o tema em questão, a primeira questão lançada aos inspetores centrou-se na
diferenciação de trabalho prático e trabalho experimental. De acordo com este orador, o
trabalho prático não envolve necessariamente experienciar em específico num
laboratório. No caso do trabalho experimental, este envolve mexer com materiais e
variáveis, num contexto laboratorial. Na sua opinião, é importante desenvolver
experiências meramente de aprendizagem técnica (e.g. exercício escrito) ou de um
equipamento (e.g. microscópio) em consonância com atividades experimentais de
âmbito laboratorial.
Outra das questões debatidas pelo orador centrou-se no problema existente da
definição das atividades para o ensino das ciências, evidenciando a importância de
questionar: 1) que atividades devem ser selecionadas?; 2) como devem ser
desenvolvidas?; 3) qual a exigência intelectual das práticas experimentais? e 4) de que
forma é que as atividades definidas promovem a discussão, a interação grupal e o
debate?. No seguimento do discurso, o orador denotou a importância de se saberem à
priori os objetivos com que se pretende trabalhar, para que as atividades sejam
delineadas em função dos objetivos visados. Na tentativa de envolver os participantes
da formação, o orador realçou a importância dos inspetores questionarem os professores
em relação às atividades que incrementam no âmbito das ciências experimentais, uma
vez que é também uma forma de desenvolver reflexivamente o professor.
A importância de desenvolver o ensino das ciências, conforme o mesmo orador,
radica também na implicação das crianças ao contínuo contacto com experiências de
fenómenos e exploração de variáveis (em perceção ao seu funcionamento), que lhes
permita explorar as diferenças e as semelhanças, desenvolvendo competências
investigativas. Ao professor cabe preparar, guiar, orientar os alunos, solicitar ideias e
opiniões, ajudar a procurar os erros e falhas, pedir argumentos, colocar problemas aos
alunos por etapas, suscitando a sua capacidade de reflexão crítica em torno dos temas
abordados.
O segundo orador – professor do IEUL - cuja apresentação incidiu na temática
“atividades práticas e a construção de conceções acerca da ciência, tecnologia e
sociedade”, iniciou o seu discurso, destacando a importância de as pessoas estarem
familiarizadas com as ciências, à semelhança da matemática e do português. Referiu-se,
igualmente, à relevância de estarmos familiarizados com as ciências tecnológicas para
podermos participar em processos decisórios e porque a tecnologia está presente
diariamente nas nossas vidas.
Para o orador, educar em ciência significa adquirir conhecimento sobre ciência e de
ciência e aprimorar capacidades práticas. Na sua opinião, a escola acaba por transmitir
ideias de ciência: conjunto de factos, verdades absolutas e definitivas que são passadas
através de filmes, bandas desenhadas, desenhos animados, entre outros. Para
exemplificar, o orador mostrou alguns desenhos de crianças que transmitiram as suas
ideias sobre ciência para o papel.
O desafio que se coloca aos educadores, segundo o orador, é facilitar a construção
de ideias sobre o que é a ciência às crianças: 1) a ciência como processo e explicação de
fenómenos naturais; 2) conhecimento durável mas provisório; 3) baseado na observação
de evidências e 4) diversas metodologias associadas. Como atividades, o orador
destacou a importância de discutir histórias dos alunos, contactar com cientistas, visitar
centros de investigação, apresentar contraexemplos, discutir ideias dos desenhos
animados e filmes, desmontar estereótipos, realizar experiências que comprovem algo e
realizar observações simples. A título de exemplo, o orador mostrou uma atividade
realizada com caracóis, em que as crianças observaram o rasto, como se moviam, para
onde iam, o que eles comiam, entre outras ações, registando todas as descobertas, por
exemplo, mediante desenhos acerca do que sabiam antes e o que descobriram após a
atividade. Esta atividade permitiu desenvolver uma discussão em torno da experiência
dos caracóis.
Em jeito de discussão, o orador questionou a importância de melhorar as
capacidades de questionamento dos docentes aos inspetores para obter feedback do
outro lado do público. No seguimento desta questão, referiu que os professores devem
procurar receber respostas produtivas dos alunos, na medida em devem apresentar
problemas com soluções, promover a ciência como forma de trabalhar (sendo que o
aluno deve mostrar o que sabe) e impulsionar a ciência como um processo e não como
um produto. Para um trabalho eficaz da parte do professor há que avaliar, em atividades
desenvolvidas, a discussão, a colaboração, a capacidade de comunicação e observação
do aluno recorrendo, se for necessário, à utilização de grelhas de registo.
Seguiu-se o terceiro orador, neste caso, uma professora de Ciências, que trouxe
uma apresentação sobre o trabalho prático em ciências e que começou por falar dos
desafios que se colocam aos professor em relação a esta área disciplinar. Referiu que,
primeiramente, o professor deve promover uma imagem de ciência próxima do real e
que deve valorizar a aprendizagem dos alunos por processos de autodescoberta e de
trabalho independente e autónomo, colocando de lado a figura do professor como o
transmissor de conteúdos e valorizando o papel do mesmo como o gestor de conflitos e
o mediador da aprendizagem. Na sua conceção, a mera transmissão de factos e
conteúdos apela fundamentalmente à memória, o que pode traduzir desinteresse,
desistência e desmotivação aos alunos. Para explicar a aprendizagem das ciências dos
alunos a oradora recorreu ao pensamento de Vygotsky e ao contributo da psicologia da
aprendizagem, tentando descrever de que forma podemos situar o ensino das ciências na
Zona de Desenvolvimento Proximal12
. Essencialmente numa primeira fase deve-se
entender o que sabem os alunos, como pensam (sobre isso) e como chegaram a estas
conclusões. Numa segunda fase, assimilam-se as dificuldades e proporciona-se
feedback.
12
Conceito utilizado por Vygotsky que define a “distância que medeia entre o nível actual de
desenvolvimento da criança, determinado pela sua capacidade actual de resolver problemas
individualmente e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de problemas
sob a orientação de adultos ou em colaboração com os pares mais capazes” (Vygotsky, 1978, p. 86 citado
por Fino, 2003, p. 277).
Outra questão debatida diz respeito à importância da avaliação na promoção de
aprendizagem: 1) avaliação formativa – recolha de evidências, dados e factos,
observação das aprendizagens mediante grelhas de registo, verificação da interação
entre membros; 2) avaliação sumativa – testes e inquéritos (avaliação do desempenho e
prestação de contas); 3) autoavaliação – como guia do processo de ensino e
aprendizagem.
A parte da manhã de formação durou até às 13:30. Voltei para assistir à segunda
parte que teve início às 14:30.
A primeira oradora da tarde é professora catedrática no IEUL, abordando o seguinte
tema “atividades práticas no panorama europeu: a aposta em atividades inquiry”. Estas
atividades surgiram nos anos 60, sendo retomadas numa perspetiva complexa. São
experiências (vivências) que permitem aos alunos o desenvolvimento da perceção
acerca dos aspetos científicos relacionados com o mundo que nos rodeia. Acrescenta
que constitui um processo internacional de diagnóstico de problemas, crítica de
experiências, distinção de alternativas, planificação de investigações, verificação de
hipóteses, procura de informações, construção de modelos e debate com os outros. A
tipologia das atividades inquiry obedece a uma investigação que responda a questões
“qual”, o “quê” e “como”?. Estas são atividades que possibilitam aos alunos: a)
desenvolver competências de raciocínio rápido, de organização e interpretação de
dados; b) propor explicações e que retirem conclusões com base nas observações; c)
trabalhar em colaboração estreita com os colegas e respeitar a diversidade de ideias e
argumentos; d) a utilizar uma linguagem adequada aos moldes científicos; e) aplicar as
aprendizagens em locais reais e f) refletir criticamente sobre as estratégias usadas e os
resultados obtidos nas suas investigações.
Apresentou-nos de seguida o modelo dos 5’E que se desenvolve em cinco etapas:
1) Engage (motivar) – os alunos são motivados para suscitar a sua curiosidade e
interesse relativamente a uma situação problemática; 2) Explore (explorar) – os alunos
colocam questões, fazem previsões e formulam hipóteses, realizando experiências para,
posteriormente, discutirem resultados; 3) Explain (explicar) – apresentam as suas
conclusões procurando argumentar com base nos resultados obtidos; 4) Extend
(ampliar) – são apresentados problemas adicionais (estender a situações novas, procurar
novos caminhos, partir daqui para uma nova investigação); 5) Evaluation (avaliar) –
corresponde à avaliação do processo de trabalho de todas as etapas antecedentes.
Como forma de terminar a sua apresentação, a oradora apontou quatro
características subjacentes à atividade de IBSE13
, a saber:
Parte de um problema num determinado cenário;
Os alunos têm de construir um caminho utilizando várias informações;
Implica uma investigação orientada pelo professor;
Dependendo da atividade pode ser utilizado o trabalho experimental.
Por fim estiveram presentes as últimas duas oradoras – a primeira professora da
Escola Superior de Educação do Politécnico de Castelo Branco e a segunda professora
do IEUL – que nos abordaram a complexidade do trabalho prático em currículos e
manuais escolares do Ensino Básico.
Começaram por abordar o conceito de trabalho prático, mencionando que há um
papel ativo do aluno que se envolve nos domínios psicomotor, cognitivo e afetivo,
existe experiência de aprendizagens e constitui uma atividade de ensino e
aprendizagem. Aplicado ao ensino das ciências, o trabalho prático estabelece-se como a
atividade de ensino/aprendizagem em que o aluno está ativamente envolvido e que
permite mobilizar capacidades e conhecimentos teórico-práticos. Conforme as
professoras, tais atividades envolvem colocar questões, planificar investigações, analisar
dados, usar o pensamento matemático, construir explicações e argumentar a partir de
evidências.
Colocaram uma questão: de que forma podemos ensinar as ciências a partir da
Taxonomia de Bloom?. Partindo do primeiro nível - o conhecimento - atende-se à
evocação da memória para identificar conceitos, conhecimentos e ideias, dentro do tema
em questão. Do segundo nível – compreensão – pretende-se que o aluno demonstre
algum entendimento pelos conteúdos, sendo capaz de reproduzi-los por palavras
próprias. O terceiro nível – aplicação – refere-se a situações em que o aluno aplica o
conhecimento em problemas que surjam. O quarto nível – análise – espelha a
capacidade do aluno estruturar as informações, compará-las, distingui-las e criar
relações entre as mesmas. O quinto nível – avaliar – estabelece a capacidade do aluno
fazer julgamentos, criticar e posicionar-se face aos conteúdos. O sexto nível – criar –
expressa a capacidade do aluno criar novos modelos, estruturas e visões, utilizando
conhecimentos já adquiridos (em fases anteriores).
13
Inquiry Based Science Education.
Ao nível de quem decide o trabalho prático, as oradoras questionaram se devem ser
os professores a decidir, os alunos a propor ou proposto, em discussão, pelos dois
intervenientes. Abordou-se a tipologia das atividades de caráter prático, bastante
discutida pelas oradoras e público presente, tendo chegado às seguintes conclusões:
deve abranger o conhecimento concreto/abstrato, envolver um processo aberto/fechado
e atividades simples/complexas.
Como primeira atividade desta apresentação, foi sugerido aos inspetores que
analisassem as metas curriculares de Ciências da Natureza do 6.º ano: 1) identificando
os descritores que evidenciam claramente atividades de trabalho prático e 2)
classificando as capacidades dos processos científicos com base num instrumento de
análise distribuído aos inspetores.
A segunda atividade desta apresentação teve que ver com os manuais escolares,
nomeadamente a análise das atividades práticas nos manuais do 6.º ano: 1) identificando
as capacidades de processos científicos e possíveis fragilidades das atividades
distribuídas pelos inspetores.
Durante a resolução destas atividades, foi possível verificar a existência de trabalho
colaborativo entre pares, que se envolveram ativamente na discussão da tarefa durante, a
resolução do trabalho e no momento da apresentação que se observou que a grande
maioria do público quis participar e contribuir, não só com a conclusão a que chegaram
em grupo, mas com a sua opinião pessoal, apelando à experiência profissional enquanto
inspetores da IGEC.
A formação terminou às 17:45. Saí pelas 17:50.
Reflexão Pessoal
A participação nesta formação foi uma mais-valia pela abordagem aprofundada ao
ensino das ciências, priorizando a importância desta área no ensino básico e as
diferentes conceções de ensino teórico-práticas para envolver as crianças nas
aprendizagens na área das ciências. Além dos diferentes métodos de ensino-
aprendizagem abordados pelos oradores, também assimilei os diversos instrumentos de
avaliação no ensino das ciências, com enfoque na promoção e valorização das
aprendizagens dos alunos e no processo de trabalho dos mesmos. Realço, também, a
importância evidenciada pela IGEC ao constante aprofundamento das suas áreas de
trabalho, percecionado pelo investimento na formação dos recursos humanos, quer em
conferências internacionais, quer em palestras e formações com professores do ensino
superior, na procura de atualizar e adquirir (novos) conhecimentos sobre os diferentes
contextos da escola, para melhor responder aos objetivos a que se propõem.
Dia 14 – Segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 10:00. Antes de iniciarmos a tarefa proposta para hoje – a
preparação da amostra dos respondentes aos questionários de satisfação - a Dr.ª L quis
falar connosco para clarificar alguns pontos referentes à atividade, aludindo aos
instrumentos que teremos de utilizar na fase em que a seleção da amostra já se encontrar
concluída. A Dr.ª L enviou-nos também um email com estes instrumentos em anexo
para fazermos uso deles a partir do momento em que proceder à explicação da sua
utilização.
Ficou assim acordado que eu e a minha colega Patrícia faríamos durante a manhã a
seleção da amostra da população das escolas escolhidas aleatoriamente para aplicação
dos questionários. Através do levantamento dos dados das escolas referente ao número
de alunos por turma e ano, ao pessoal docente e não docente, solicitados às escolas
numa fase prévia, calculámos o seguinte, para cada estabelecimento/agrupamento de
escola:
o Para a EPE os questionários serão aplicados aos encarregados de educação de
25% do total das crianças deste nível;
o Para o 1.º ciclo do ensino básico os questionários são apenas aplicados a 40% do
total dos alunos que frequentam o 4.º ano;
o Para os níveis subsequentes – 2.º e 3º ciclos e ensino secundário, incluindo turmas
de CEF (cursos de educação e formação), PIEF (programa integrado de educação e
formação) e CP – calcula-se 20% do total de alunos e turmas.
o O restante universo escolar está definido à priori pela escola, totalizando-se os
docentes de cada escola e o pessoal não docente.
Durante a manhã conseguimos recolher a amostra de todos os AE pedidos pela Dr.ª
L, deixando o trabalho deste dia efetuado.
Saímos pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
A preparação da amostra está a revelar-se uma tarefa bastante interessante, mas
também um pouco confusa, nesta primeira fase. Em primeiro lugar devo dizer que está a
ser interessante pela metodologia que estamos a utilizar e pela recorrência frequente aos
cálculos estatísticos, para obtenção da amostra. Em segundo lugar, considerei, também,
a tarefa um pouco confusa, visto que à medida que ia desenvolvendo com a minha
colega Patrícia foram surgindo dúvidas relacionadas à aplicação dos 20% nos ensinos
básico e secundário (incluindo CP, CEF e PIEF). De qualquer forma, deixámos todo o
trabalho desenvolvido e amanhã trataremos de confirmar se o mesmo está em
conformidade com o solicitado.
No âmbito do trabalho desenvolvido, acresce ainda referenciar positivamente o
trabalho em equipa que se estabeleceu, permitindo partilhar conhecimentos, dúvidas e
métodos de trabalho. Foi uma manhã muito positiva.
Dia 15 – Terça-feira, 13 de outubro de 2015
Cheguei à IGEC às 10:00 e voltei a tratar da amostra dos questionários de
satisfação, juntamente com as minhas colegas. Estivemos, assim, até às 10:30 a (re)ver a
preparação das amostras, de aproximadamente 23 escolas, antes de reunirmos com a
Dr.ª L que nos iria proporcionar feedback deste trabalho.
Pouco antes das 11:00 reunimos com a Dr.ª L e começámos por expor o trabalho
realizado ontem. Primeiramente mencionei que para extrair estas amostras, eu e a
Patrícia, seguimos a metodologia recomendada – 25% dos alunos da EPE; 40% dos
alunos do 4.º ano do 1.º ciclo e 20% dos alunos do ensino básico, secundários e cursos
vocacionais e profissionais – surgindo-nos dúvidas nestes últimos níveis de ensino, ao
nível da amostra que era pretendida. Ou seja, a nossa questão passava por entender se
calculava-se os 20% dos alunos por ano (considerando num agrupamento todos os 5.º
anos) ou por ciclo (apreciando os 5.º e 6.º anos juntamente). Em resposta à nossa
questão, a Dr.ª L pegou numa das escolas e, em conjunto connosco, começou a analisar
para nos elucidar se tínhamos seguido a metodologia certa. Verificou que o nosso
raciocínio estava correto, mesmo na recolha da amostra dos ensinos básico, secundário e
profissionais, onde tivemos esta dúvida inicial. Entendemos, assim, que procedemos de
modo certo, calculando os 20% dos alunos por ano e não por ciclo, como pensámos
inicialmente.
A fase subsequente à seleção das amostras das escolas foi-nos também explicada
pela Dr.ª L que me incumbiu de preencher um documento que oficializa a amostra da
população respondente aos questionários, como forma de tomar contacto com esta
metodologia de trabalho. Enquanto a minha colega Patrícia me ditava os dados centrais
de suporte ao documento (e.g. código do agrupamento, nome do agrupamento, nome
das escolas, turmas, número de alunos, etc.) eu preenchia-o, guardando, posteriormente,
numa pasta que criei para o efeito. Continuei o preenchimento destes documentos,
acordando com as minhas colegas que todas preencheríamos três documentos cada uma,
inicialmente, para tomarmos contacto com esta tarefa.
Entretanto, a Dr.ª L entregou-nos mais escolas do Centro para prepararmos as
amostras, tarefa que ficou adiada para amanhã. Combinámos entre as três e
posteriormente com a Dr.ª L que amanhã ficaremos durante a tarde na IGEC, a fim de
tratar dos documentos destas escolas.
Saí pelas 13:20.
Reflexão Pessoal
Hoje foi um dia muito atarefado em torno destes procedimentos da preparação das
amostras da população respondente aos questionários de satisfação. Comummente,
também está a ser uma tarefa gratificante e se ontem senti muitas dúvidas e inquietações
em relação a este trabalho, hoje sinto que as mesmas já se dissiparam, uma vez que
recebemos feedback positivo do trabalho que realizámos, estabelecendo para o
desenvolvimento desta tarefa, organização e métodos de trabalho.
Dia 16 – Quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 10:00 e continuei a desenvolver o trabalho da preparação das
amostras com as minhas colegas, uma vez que a Dr.ª L nos tinha dado mais escolas para
procedermos à seleção das amostras, desta vez, escolas do Centro. Durante toda a
manhã, calculei aproximadamente seis escolas e, sempre que necessário, dei apoio às
minhas colegas, tal como elas que se disponibilizaram para me apoiar na realização
desta tarefa.
Pelas 13:30 saí, tendo regressado às 16:00 com a Patrícia para terminarmos o
presente trabalho. Apenas tinha deixado uma escola para terminar, pelo que fiz esse
trabalho em menos de meia hora. Fizemos, também, a revisão dos ficheiros que
oficializam as amostras das escolas, para garantir que o trabalho estava pronto para ser
entregue à Dr.ª L.
Às 18:20 enviámos o trabalho à Dr.ª L que nos tinha solicitado assim que
terminássemos e saímos pelas 18:30.
Reflexão Pessoal
Dado o caráter urgente da tarefa, terminámos hoje o trabalho do cálculo das
amostras das escolas. Considero que fiz um bom trabalho, colaborando em tarefas de
um Técnico Superior de Educação e Formação que exigiram capacidade de trabalho
autónomo, momentos de trabalho em equipa, mobilização de conhecimentos estatísticos
e orientação para resultados. O balanço que faço desta atividade é muito positivo.
Dia 17 – Quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:05 e estive a manhã inteira a preparar os
questionários para posterior envio às escolas. A Dr.ª L esteve a acompanhar-nos uma
parte da manhã para nos explicar qual o procedimento que deveríamos adotar para
preparar os questionários para as escolas.
Esta tarefa aplica-se apenas aos pais dos alunos da EPE e, também, aos pais dos
alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e ensino secundário, que ainda respondem
aos questionários de satisfação em formato papel. Em cada embalagem de questionários
dedicados aos pais dos alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário encontram-se
200 questionários e dos pais dos alunos da EPE contabilizam-se 40 questionários. O
trabalho realizado foi o seguinte: através das amostras feitas anteriormente por nós,
procedeu-se à contabilização do número de questionários a aplicar aos pais dos alunos
da EPE, tal como aos pais dos restantes alunos. Posteriormente, aos questionários
juntou-se também, em igual número, os envelopes com o logótipo da Inspeção-Geral
para na fase subsequente ao preenchimento dos mesmos, estes serem devolvidos em
envelopes selados às escolas, e depois à IGEC.
Saí pelas 12:50.
Reflexão Pessoal
Esta constitui a segunda fase da tarefa dos questionários. É uma tarefa bastante
trabalhosa que exige elevada concentração e responsabilidade. Todos os questionários
contabilizados devem coincidir com o número das amostras recolhidas, assim como os
envelopes que devem ser preparados em igual número. É de salientar que colaborei
numa tarefa que apelou a competências de responsabilidade e de trabalho na preparação
de materiais, no âmbito da AEE, tarefas coincidentes com as funções de um Técnico
Superior de Educação e Formação.
Dia 18 – Segunda-feira, 19 de outubro de 2015
A manhã de hoje foi, uma vez mais, dedicada inteiramente à preparação dos
questionários para enviar às escolas. Quando cheguei à IGEC, pelas 10:00, a Dr.ª L já
estava à nossa espera para nos dar indicações do trabalho efetuado na quinta-feira
passada. Essencialmente deu-nos recomendações de logística, em relação à colocação
dos envelopes nos sacos dos questionários, se houver espaço para isso e também à
colocação dos questionários e respetivos envelopes em caixas de cartão, também se
estiverem disponíveis para serem usadas.
Depois de ouvir as recomendações, voltei à preparação dos questionários,
terminando as escolas da região do Sul, com as minhas colegas. Uma vez conferidas,
com a ajuda da Dr.ª L, passei para a preparação dos questionários, desta vez da zona
Norte. Estes teriam que estar prontos ainda hoje, já que saem com urgência da IGEC,
amanhã, para as escolas. Então, dado o volume de trabalho, a Dr.ª L juntou-se a nós
neste processo, preparando connosco os questionários dos pais da zona do Norte do
país. Como já tinha terminado a minha parte, ainda pude preparar os questionários de
uma escola do Centro. Terminámos as seis escolas previstas da região Norte.
Saí pelas 13:30.
Reflexão Pessoal
Esta tarefa já está na fase final, pelo menos, no que diz respeito às primeiras
avaliações. Amanhã iremos retificar uma amostra de uma escola do Centro e proceder à
preparação dos questionários e penso que daremos esta tarefa por terminada. O Dr. H
também nos disse que assim que terminássemos esta tarefa nos atribuiria outra
atividade, em princípio amanhã.
Dia 19 – Terça-feira, 20 de outubro de 2015
Hoje cheguei às 10:20 e estivemos a finalizar a tarefa de preparação dos
questionários para envio às escolas. Faltavam duas escolas da zona Centro, pelo que me
juntei às minhas colegas para terminarmos esta tarefa com maior rapidez.
Quando estávamos a levar as últimas caixas dos questionários para a sala de
reuniões, a Dr.ª L referenciou que esta tarefa vai repetir-se todos os meses, visto que no
total serão inquiridas 100 escolas. Neste momento apenas estivemos a tratar de 23
escolas, pelo que as restantes distribuir-se-ão pelos restantes meses até abril
Terminámo-la pelas 11:45 e decidi ocupar o restante tempo com a atualização dos
DC e com a redação do relatório de estágio.
Entretanto, com a finalização desta tarefa, a Dr.ª L informou-me que amanhã
voltarei para o 2.º andar, para a ATI Sul, uma vez que só iremos desenvolver a tarefa
que o Dr. H tem para nós na próxima segunda-feira (porque o coordenador não está cá e
não deixou nenhuma recomendação).
Saí perto das 13:00.
Reflexão Pessoal
Finalizámos a tarefa dos questionários de satisfação. Considero que foi uma
experiência bastante gratificante e com repercussões positivas do ponto de vista
profissional pela possibilidade de colaborar numa tarefa inerente ao processo de AEE,
no âmbito da minha especialidade académica e pelas competências de trabalho
(autónomo e em grupo) que desenvolvi para efetuar este trabalho. Em termos de
aprendizagens, pude também assimilar a importância dos questionários de satisfação,
uma vez que permitem abranger a comunidade educativa (pais, alunos, professores e
pessoal não docente) na participação do processo de AEE a fim de ser auscultados e, de
alguma forma, envolvidos neste processo. Também compreendi que a partir dos
resultados dos questionários de satisfação, é possível à equipa inspetiva assinalar áreas
para apreciação mais intensa no decorrer da visita às escolas.
Dia 20 – Quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:00, dei-me conta que o Dr. H tinha enviado um
email com todas as indicações para darmos início à próxima tarefa. Como não tinha a
certeza se deveria permanecer na EMEE com as minhas colegas, desloquei-me à ATI
Sul piso para falar com a Dr.ª FA, a fim de entender onde é que deveria ficar a trabalhar
hoje. A Dr.ª respondeu-me que como tinha de tratar da tarefa que o Dr. H nos deixou no
email, deveria continuar no EMEE e só na segunda-feira, 26 de outubro, é que deveria
assim regressar ao 2.º andar.
Nesse sentido, voltei para o 5.º andar para dar início à tarefa no âmbito das EE. A
tarefa incidiu no planeamento de uma deslocação a Bruxelas e Luxemburgo, com o
roteiro de trabalho inerente à mesma que incluiu a delineação de viagens, a observação
de aulas e marcação de reuniões. Todas as indicações que necessitava saber estavam
definidas no email enviado pelo Dr. H pelo que estive, com as minhas colegas, a definir
o primeiro dia de visita à escola de Bruxelas II.
Este primeiro dia envolveu a seleção do voo de Lisboa para Bruxelas e o
agendamento de algumas reuniões com representantes da escola e outros atores do meio
envolvente. Seguidamente, para agendarmos a observação de aulas para este dia,
tivemos de recorrer aos horários dos professores que nos tinham sido enviados pelo Dr.
H logo no início do estágio. Ao consultarmos percebemos que as aulas na escola de
Bruxelas II terminavam às 15h30 e como nesse dia o Dr. H já teria a manhã e a parte de
tarde preenchidas com a viagem e reuniões na escola, seria impossível assistir às aulas
dos professores.
Face a esta situação, decidimos enviar um email ao Dr. H expondo a questão e
propondo que a observação de aulas ficasse mesmo para o segundo dia de visita.
Ficámos a aguardar resposta, visto que todo o planeamento da agenda de trabalho estava
condicionado pela questão da observação de aulas.
Sai pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Esta é uma tarefa que carece de uma grande responsabilidade por mexer com
organização da vida profissional do Dr. H e dos restantes profissionais das EE de
Bruxelas II e Luxemburgo I, daí ficarmos a aguardar o contacto do Dr. H com a resposta
à dúvida colocada.
Dia 21 – Quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 10:00 e voltei a debruçar-me no planeamento das
deslocações do Dr. H às EE de Bruxelas II e Luxemburgo, com as minhas colegas. O
Dr. H já nos tinha respondido ao email de dúvidas, aceitando a nossa sugestão em
relação à atividade de observação de aulas efetuar-se apenas segundo dia de visita, dada
a ocupação parcial do primeiro dia com a viagem e reuniões na escola.
O primeiro dia de visita estava assim planeado. Passámos para o segundo dia e,
entre mais reuniões e observações de aulas, estivemos de encaixar cada compromisso,
de acordo com a duração dos mesmos (definidos no email do Dr. H) e atendendo aos
horários dos professores, quando se tratasse de aulas a observar. Neste dia estivemos,
também, a planear a viagem do Dr. H de Bruxelas para Luxemburgo. Passámos para o
terceiro e quarto dias de visita, em Luxemburgo, sendo que o processo de planeamento
utilizado foi o mesmo: atentas aos compromissos (reuniões, observação de aulas,
almoços, encontros), às durações e aos horários dos professores delineámos o programa
para ambos os dias. No fundo, o nosso raciocínio neste trabalho incidiu na seguinte
frase sublinhada pelo Dr. H no email: “este planeamento funciona quase como uma
equação matemática e como um puzzle, onde há peças que só encaixam num sítio.” Foi
o que efetuámos.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Terminada a tarefa da organização da agenda de trabalho do Dr. H, devo salientar
que foi bastante enriquecedora por permitir colocar em evidência competências de
organização e planeamento, muito valorizadas num Técnico Superior de Educação e
Formação. Permitiu também experienciar o planeamento e organização de uma
deslocação de trabalho, programando diversas atividades a serem cumpridas, tendo em
conta os objetivos da atividade, horários definidos e disponibilidades dos intervenientes.
Dia 22 – Segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Assim que cheguei à IGEC, pelas 10:05, eu e as minhas colegas começámos por
fazer a revisão do planeamento da deslocação do Dr. H às EE de Bruxelas II e
Luxemburgo I, a fim de entregarmos, por email, o referido documento. Demorámos
cerca de 20 minutos a tratar deste trabalho e como estava determinado que hoje voltaria
para a ATI Sul, perguntei à Dr.ª L se deveria ir para o 2.º piso ou permanecer neste
andar, esperando assim pelo Dr. H, que nos ficou de proporcionar feedback do trabalho
realizado. A Dr.ª L informou-nos que provavelmente o Dr. H só estaria na IGEC à tarde,
pelo que a nossa reunião teria que ficar adiada para amanhã.
Já na ATI Sul, estive durante algum tempo a aguardar instruções para a tarefa que
iria desenvolver, uma vez que a Dr.ª FA se encontrava bastante ocupada com afazeres
profissionais: reuniões informais e telefonemas prolongados. Durante esse tempo
aproveitei para fazer alguma pesquisa bibliográfica e adiantar o meu relatório de
estágio.
Quando comecei a receber indicações para realizar a tarefa relacionada com os
avaliadores externos da AEE e após algumas dificuldades em receber o email da Dr.ª
FA com o documento que irei trabalhar, o Dr. H pediu-me que fosse ao 5.º andar para
nos reunirmos, a fim de obtermos feedback da tarefa das EE. Afinal, o Dr. H tinha
conseguido vir à IGEC mais cedo, e dada toda a situação, combinei com a Dr.ª FA que
amanhã começaria a tarefa dos avaliadores externos, logo a partir das 10:00.
Na reunião com o Dr. H, estivemos a conversar sobre todo o planeamento das
deslocações e a assimilar de que forma é que o que planeámos era exequível ou não, em
função do conhecimento que o Dr. H detém sobre os atores das escolas (professores,
diretores, pais, contabilistas e alunos) e dos seus hábitos de trabalho. Apesar de algumas
mudanças feitas pelo Dr. H (em termos de horários e de uma observação de aula que
passou do 2.º dia para o 1.º dia), todo o trabalho estava exequível e bem delineado,
recebendo, deste modo, um feedback bastante positivo. Também teve oportunidade de
explicar que esta tarefa vai repetir-se durante estágio, mas de forma mais complexa,
pedindo que guardássemos os horários dos professores disponibilizados para a
realização da mesma.
Terminada a reunião, ficou definitivamente acordado com o Dr. H que estaria
durante três meses na ATI Sul, estando portanto a cumprir funções de outubro a
dezembro de 2015.
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
Considero que hoje poderia ter aproveitado melhor a manhã, dando início ao
trabalho dos avaliadores externos, tarefa que ficou adiada uma vez mais.
Devo também salientar que, na minha opinião, é bastante importante receber
feedback das tarefas que realizo, dado que permite-me entender o que desenvolvo
corretamente, mas essencialmente, conhecer as minhas limitações e os aspetos que devo
melhorar, para melhor responder a todas as atividades que me vão sendo propostas no
decorrer do estágio.
Dia 23 – Terça-feira, 27 de outubro de 2015
Quando cheguei à IGEC, pelas 09:50, estive a consultar alguns documentos de
trabalho que a Dr.ª FA me tinha enviado no dia anterior para o meu email. Constatei que
se tratavam de materiais relacionados com a tarefa que seria pedida, cujo foco
direciona-se para os peritos externos da AEE.
Pouco tempo depois, a Dr.ª FA chegou e esteve a explicar-me a tarefa que ia
desenvolver da parte da manhã: competia-me atualizar a base de dados dos docentes
(peritos externos) em função da sua disponibilidade para participarem na AEE
2015/2016. Disponibilizou-me, também, um dossier onde constam os mapas da
disponibilidade dos docentes (nem todos tinham feito chegar ainda este documento à
Dr.ª FA) e uma cópia dos emails (também não constavam todos os emails, sendo que
em alguns casos apenas existiam o mapa de disponibilidade). A partir desta
documentação, estive a fazer um levantamento dos docentes disponíveis e
indisponíveis, cerca de 55 docentes, fazendo esse registo na base de dados do Excel e
também a acrescentar docentes que não estavam contemplados na listagem.
Adicionalmente, a pedido da Dr.ª FA, estive também a anotar numa folha à parte, as
disponibilidades dos docentes, por mês, para ficarmos com um panorama geral do
número de docentes que podem realizar as avaliações externas, por mês de intervenção.
Ainda durante a manhã, estive a imprimir as sínteses curriculares atualizadas de
dois docentes que vão participar no processo de AEE, para atualizar o dossier onde
constam as informações dos peritos externos.
Durante o tempo em que estive a trabalhar, percecionei que a Dr.ª FA e a Dr.ª TJ14
trabalham em cooperação, discutindo muitos assuntos relacionados com a avaliação das
escolas. Percebi, também, que há muita abertura na partilha de informações e no
processo de decisão quando se tratam de assuntos profissionais de interesse comum.
Pelas 12:30 enviei o trabalho da atualização da base de dados à Dr.ª FA e durante a
restante meia hora pude começar a atualizar o diário de campo referente ao dia de hoje.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
A tomada de contacto e análise das disponibilidades de cada docente para as
avaliações externas a decorrer entre novembro 2015 e maio 2016 faz-me crer que estou
mais próxima do processo da AEE e que estou a contribuir para o desenvolvimento
desta atividade da IGEC.
Dia 24 – Quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Cheguei à IGEC às 09:55 e como não possuía nenhum email da Dr.ª FA, nem
qualquer indicação de trabalho a desenvolver, estive durante a primeira meia hora a
fazer pesquisa bibliográfica para o meu relatório de estágio.
14
Chefe da Equipa Multidisciplinar de Acompanhamento, Controlo e Avaliação – Sul (EMACA-S)
Entretanto, a Dr.ª FA chegou com um dossier, pedindo-me que tratasse de
reestruturar o documento das avaliações externas de 2015/2016 (de janeiro a maio),
colocando as escolas que serão intervencionadas no referido período e ajustando, assim,
as escolas ao mês de intervenção. Inicialmente a tarefa parecia-me bastante acessível: a
partir dos documentos do dossier, comecei por colocar o nome das escolas que serão
alvo de AE em janeiro, deparando-me logo de seguida com uma contrariedade. No caso
do mês de janeiro, as intervenções de avaliação incidem no final do mês, apanhando
também o mês de fevereiro (acontecendo o mesmo com os restantes meses) e nesse
sentido, em vez de proceder à estruturação por mês tive que calendarizar as intervenções
por datas de intervenção, ficando com uma perceção clara dos dias de AEE.
Enquanto estava a desenvolver a tarefa da calendarização da AEE, observei que a
Dr.ª FA estava constantemente a interromper o seu trabalho mais individualizado com a
presença de vários inspetores que, à vez, vinham expor os mais variados assuntos
relacionados com atuais processos instaurados às escolas. Notei também que quando os
assuntos careciam de uma resolução mais célere, a Dr.ª FA reunia com os inspetores
para discutir procedimentos inerentes a estes processos.
Mais tarde, a Dr.ª FA pediu-me também para atualizar, uma vez mais, a base de
dados dos peritos externos, já que tinha recebido, entre ontem e hoje, novas respostas à
proposta de participação dos docentes na AEE. Como não tinha urgência, decidi deixar
esta tarefa para terminar amanhã e dedicar-me aprofundadamente ao trabalho da
calendarização da AEE, deixando por terminar o mês de maio.
Perto das 12:30 fui ao 5.º andar falar com o Dr. H e a Dr.ª L que me puseram ao
ocorrente da chegada de algumas caixas de questionários já respondidos (preparados
precedentemente por mim e pelas minhas colegas), alertando-me também que
participaria neste processo de tratamento dos questionários. Advertiram-me logo que
amanhã viria para o 5.º andar tomar contacto com a metodologia do tratamento dos
mesmos. Assenti e pedi apenas que me deixassem terminar o trabalho da calendarização
porque não queria deixar “a meio” uma tarefa que já tinha iniciado antes na ATI Sul. Já
no final da conversa a Dr.ª L informou-me que no dia 10 de novembro participarei, com
as minhas colegas, numa formação sobre a AEE que terá lugar na Faculdade de
Farmácia.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Este corrupio do 5.º para o 2.º piso (e vice-versa) tem-se constituído uma mais-
valia, pelo contacto que tenho tido com as diversas vertentes do trabalho da IGEC:
trabalho muito diversificado onde, por vezes, impera a ação imprevista em situações de
caráter urgente. Realizam-se com muita frequência reuniões de caráter informal e
formal, telefonemas, envio e receção de emails, análise de documentos, entre outras
tarefas. Fico com a perceção do trabalho da Dr.ª L e do Dr. H, mas também adquiro
informações sobre o funcionamento da ATI Sul, tal como inteiro-me das funções da Dr.ª
FA e da PT. Em relação à tarefa da calendarização das AEE, devo sublinhar que me está
permitir aperfeiçoar a competência de trabalho com ferramentas do Office,
nomeadamente o Excel, entendendo a importância e utilidade desta ferramenta em
qualquer organização educativa/formativa. Apesar de algumas dificuldades surgidas no
trabalho com o mesmo (formatações das colunas e linhas da calendarização), considero
que superei-as, tentando sempre procurar soluções para ultrapassá-las.
Dia 25 – Quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Quando cheguei à IGEC, pelas 09:50, fui diretamente falar com o Dr. H para saber
se deveria ir para o 2.º piso terminar o trabalho da calendarização das AEE no ano letivo
2015-2016 ou permanecer aqui, no 5.º piso, a tratar da abertura e separação dos
questionários de satisfação. Como hoje tínhamos marcada uma formação de trabalho
com programa que trata dos questionários, o Dr. H pediu-me que ficasse no 5.º andar
que ele próprio falaria com a Dr.ª FA para informá-la que hoje estaria em permanência
neste andar. Entretanto, o Dr. H informou-me que a Dr.ª FA ainda não estava na IGEC
pelo que, mais tarde, trataria de comunicar-lhe a minha presença no 5.º andar.
Durante cerca de duas horas estive dedicada à tarefa de abertura das caixas com os
envelopes dos questionários dos pais de cada estabelecimento escolar, dedicando-me
essencialmente à abertura dos envelopes e à colocação separada dos questionários dos
pais da EPE (Q3) e dos pais do ensino básico e secundário (Q4), separando também os
questionários que apresentavam comentários e os que não possuíam comentários. A par
desta tarefa, estive também a assinalar nos questionários dos pais, os que acrescentaram
e os que não acrescentaram comentários aos questionários, por uma questão de
facilidade no tratamento das respostas.
Já perto das 11:45, a meio da manhã, o Dr. CA convidou-nos para nos juntarmos
aos trabalhadores da EMEE, a fim de tomarmos chá e provarmos as broas que tinha
trazido da sua terra, vivendo-se ali um momento de confraternização e de agradável
convívio. Neste momento, além da cumplicidade denotada, percecionei também uma
enorme abertura e proximidade relacional entre os membros, não se denotando as
posições hierárquicas demarcadas na organização.
Entretanto a Dr.ª AG chegou para nos dar formação acerca do funcionamento do
programa de tratamento dos questionários. Pouco antes de darmos início à formação, a
Dr.ª L tentou perceber, com a Dr.ª AG, de que forma é que os inspetores da AEE podem
ter acesso aos comentários dos pais da EPE e ensino básico e secundário, considerando
a importância de se fazer chegar essa informação à escola em causa. Dada a afluência de
respostas dos pais, chegou-se à conclusão que se devem tratar as respostas e que de
alguma forma, eu e as minhas colegas, poderíamos ser útil nessa tarefa. Em todo o caso,
não valia a pena estarmos a dividir os questionários por resposta dada e não resposta,
uma vez que o próprio sistema (desde que assinalada a cruz no campo de resposta) cria
uma hiperligação para a digitalização da resposta. O que ficou por solucionar foi a
questão de os inspetores terem acesso a tais informações.
Dos questionários retirados e separados, observei que os pais apontam muitas
críticas relacionadas com as poucas condições da infraestrutura das escolas (quer do
edifício, das casas de banho e até dos balneários), ao mau funcionamento do refeitório
escolar (referindo-se às ementas, às poucas condições do refeitório, à quantidade de
comida que cada aluno come), à atuação (ou falta de formação) dos funcionários
docentes e não docente, às direções de escola e à indisciplina e falta de segurança nas
escolas. Em contrapartida, houve quem utilizasse este espaço para opinar positivamente
sobre o funcionamento das escolas, dando como exemplo a importância dos professores
motivarem e envolverem os alunos para a aprendizagem e prática educativa.
Passámos para a formação de trabalho com o programa de tratamento dos
questionários de satisfação em que nos foi proferido (e demonstrado) que:
1) A primeira parte do processo diz respeito à digitalização dos questionários.
Deve-se ter em atenção o modo como são inseridos os questionários na máquina
de digitalização, tendo em conta que só podem ser colocadas no máximo 50
folhas. Por cada tipo de questionários15
(Q3 e Q4) deve ser criado um novo lote
e assim que terminemos a digitalização o mesmo deve ser fechado. Em cada
lote devemos pôr sempre o documento da amostra que contabiliza os
questionários de cada AE para que o programa identifique o código da unidade
escolar.
2) A segunda etapa deste processo refere-se à classificação. Nesta fase temos que
identificar/classificar as digitalizações que nos aparecem, visto que o sistema
não as reconhece. Devem ser classificadas conforme os questionários (Q3 e Q4)
e os respetivos números de página.
3) A terceira etapa reporta-se à validação dos questionários. Devo salientar que a
passagem da segunda para esta terceira etapa, por norma, demora sempre algum
tempo, dado o tamanho do lote enviado. Nesta fase procede-se à verificação do
que o sistema não detetou (n.º de filhos, respostas múltiplas ou rasuradas, etc.)
sendo da nossa responsabilidade inserir as respostas corretas, consoante os
questionários apresentados.
Durante toda a explicação, foi possível trabalhar com o sistema, sob a orientação e
supervisão da Dr.ª AG que nos elucidou, sempre que necessário, o modo de
funcionamento deste programa.
Perto das 13:00, hora em que terminou a formação, continuei a abrir envelopes e a
proceder à separação de questionários Q3 e Q4.
Sai pelas 13:30.
Reflexão Pessoal
Hoje a manhã foi bastante produtiva, no que respeita à aprendizagem da utilização
do programa de tratamento de questionários de satisfação. Em relação à tarefa da
abertura dos envelopes para extração dos questionários, não sendo a mais motivadora,
devo dizer que faz parte de todo o processo e que constitui uma etapa de trabalho, tal
como as seguintes (de tratamento dos questionários). Sublinho, também, que à medida
que ia recolhendo os questionários preenchidos pude observar com alguma atenção
parte dos comentários dos pais da EPE, do ensino básico e do ensino secundário. Tomar
contacto com esta realidade colocou-me a pensar que alguns pais utilizam tais
15
Os questionários organizam-se por Q1 – Docentes; Q2 – Trabalhadores não-docentes; Q3 – Pais e
Encarregados de Educação da EPE; Q4 - Pais e Encarregados de Educação; Q5 – Alunos do 4.º ano (1.º
ciclo) e Q6 – Alunos do 2.º e 3.º ciclos e do Ensino Secundário.
questionários para reportar preocupações que possuem e, por vezes, salientar problemas
existentes nas escolas, depositando de alguma forma, esperança que tais respostas sejam
reconhecidas e que possam, eventualmente, atenuar alguns problemas que reportam e
que sucedem nas escolas.
Dia 26 – Segunda-feira, 02 de novembro de 2015
Assim que cheguei à IGEC, às 09:55, comecei logo a abrir os envelopes e a retirar
os questionários das escolas cuja avaliação externa está mais próxima de ocorrer. O Dr.
H e a Dr.ª L juntaram-se a nós, nesta árdua tarefa, para conseguirmos o mais cedo
possível passar ao tratamento dos questionários. Foi também pedida a ajuda da PT neste
processo que se disponibilizou desde logo para nos apoiar na abertura.
Pelas 11:00 começámos a tratar os questionários no sistema, no entanto um dos
computadores trouxe algumas complicações quanto ao tratamento dos questionários: 1)
a primeira tarefa consistiu em digitalizar os questionários de uma escola do Norte, no
entanto o código da escola não foi assumido pelo sistema, logo estes questionários não
puderam ser tratados. A Dr.ª AG detetou de imediato que o erro do sistema, salientando
que este lote teria que ser tratado manualmente. Apesar desta contrariedade,
conseguimos realizar as três fases do tratamento dos questionários (digitalizar –
classificar – validar) referente a duas escolas do Centro e duas do Norte.
Um pouco antes de sair estive também a ajudar a Patrícia e o Dr. H a retirar os
questionários dos envelopes de uma escola da zona Centro.
Saí pelas 14:00.
Reflexão Pessoal
As complicações surgidas com o sistema de tratamentos dos questionários
atrasaram o trabalho delineado para hoje, uma vez que há escolas que necessitam de ser
analisadas com a maior brevidade possível devido ao início da avaliação, a 12 de
novembro. Amanhã teremos que pegar nestas mesmas escolas e tratar de analisá-las no
sistema dos questionários. Acresce ainda salientar a disponibilidade da PT para apoio da
abertura dos questionários, mesmo sabendo que não é da sua competência a realização
desta tarefa. Aqui percebe-se a importância do trabalho de equipa para cumprir as
competências legais da IGEC.
Dia 27 – Terça-feira, 03 de novembro de 2015
Hoje quando cheguei à IGEC, perto das 10:00, encontrei a Dr.ª L a abrir os
envelopes de uma escola do Centro. Antes de continuar o trabalho de ontem, a Dr.ª L
esteve a dar-nos algumas recomendações em relação ao tratamento dos questionários,
mais especificamente sobre a importância de informarmos a Dra. AG, o Dr. H e o Dr.
CA acerca do trabalho que é realizado diariamente, no final de cada manhã. Esta é
assim uma forma de existir um controlo sobre o que foi realizado e o que ainda está por
tratar em relação aos questionários. Nesse sentido, eu e a minha colega Patrícia
enviámos um email com todas as indicações: 1) escolas tratadas e 2) problemas
encontrados com os lotes digitalizados.
Entretanto detetámos um problema com o lote digitalizado ontem, pelas 13:00 uma
vez que não tinha passado para a fase da classificação nem para a validação. Também
fizemos a digitalização de três escolas e o mesmo estava a suceder. Entendemos, mais
tarde, que tal situação estava a acontecer devido ao sistema que e encontrava cheio e a
Dr.ª AG ficou de tratar a situação e reportar a entidade responsável, a Direção-Geral de
Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC). Também foi solicitada a intervenção do
Dr. CA para se tentar solucionar este problema. A este nível, saliento, ainda, que na
tentativa de solucionar este inesperado problema, o envolvimento e entreajuda dos
membros da organização revelaram-se bastante importantes para delinear estratégias e
encontrar soluções que vislumbrassem o pleno funcionamento do sistema dos
questionários.
Durante o resto da manhã, estive a tratar de abrir os envelopes e retirar os
questionários das caixas enviadas pelas escolas à IGEC.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Já começo a ganhar algum ritmo de trabalho na abertura dos envelopes, o que faz
com que consiga despachar mais trabalho em menos tempo. O importante nesta tarefa é
separar os questionários por tipos de questionário (Q3 e Q4) para serem tratados e
analisados no lote correto e que exista alguma rapidez para despachar os questionários
das escolas que vão chegando.
Devo também salientar que o facto de o sistema estar com algumas falhas embaraça
o nosso trabalho, porque todo o tratamento dos questionários depende do
funcionamento do sistema. Espero que amanhã todas estas questões se encontrem
resolvidas.
Dia 28 – Quarta-feira, 04 de novembro de 2015
Cheguei à IGEC às 10:00 e fui informada que o sistema de tratamento dos
questionários ainda não estava em funcionamento, pelo que teríamos que aguardar até à
DGEEC resolver esta questão. Enquanto isso, como tínhamos deixado uma escola por
fazer (a última deste conjunto), peguei nos envelopes e, com as minhas colegas, retirei
os questionários dos pais deste AE.
Quando terminámos esta tarefa, procedemos à preparação da mesa de trabalho que
se encontra no centro da sala para colocarmos todos os lotes de questionários
organizados, a fim de, mais tarde, quando o sistema estiver em funcionamento fazermos
o devido tratamento dos mesmos.
Como não havia mais tarefas a desenvolver neste andar, segui para a ATI Sul, com
indicação do Dr. H e da Dr.ª L para continuar o trabalho que deixei pendente em relação
à calendarização das AEE referente a 2016. Pedi à Dr.ª FA que me disponibilizasse o
material de apoio à realização deste ficheiro e pelas 12:30 terminei-o e enviei-o à chefe
de equipa por email. No tempo que me restou, pude adiantar uma parte do meu relatório
de estágio.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
O problema do sistema de tratamento dos questionários está a fazer com que
atrasemos todo trabalho o que, por sua vez, repercute no trabalho da equipa da avaliação
das escolas que necessita desta informação tratada no momento da preparação da AEE.
Dada esta situação, aproveitei para voltar à ATI Sul para terminar a tarefa da
calendarização das avaliações externas para 2016, dando este trabalho por concluído.
Dia 29 – Quinta-feira, 05 de novembro de 2015
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:00, fui diretamente ter com o Dr. H para saber
informações acerca do sistema de tratamento de questionários, e do local onde devo
permanecer hoje a trabalhar, se na EMEE ou na ATI Sul.
O Dr. H elucidou-me que o sistema ainda não estava em funcionamento e que faria
mais sentido seguir para a ATI Sul. Durante a primeira hora da manhã estive a atualizar
os DC e a trabalhar na primeira parte do relatório de estágio, uma vez que a Dr.ª FA se
encontrava bastante ocupada com telefonemas profissionais. Mais tarde, por indicação
da Dr.ª FA, estive a atualizar, novamente, a base de dados dos peritos externos da AEE
2016, pois durante estas semanas, a Dr.ª recebeu mais respostas por parte dos mesmos.
Estive até ao 12:00 a tratar desta tarefa e, algum tempo depois, fui chamada pelo
Dr. H que quis reunir connosco para nos elucidar de todo o envolvimento da formação
sobre a AEE, inclusive as tarefas que vamos desempenhar durante o dia 10 de
novembro. Em primeiro lugar, mencionou que devemos estar às 09:30 na Faculdade de
Farmácia da Universidade de Lisboa para conhecermos o espaço onde decorrerá a
formação (como os W.C. e os bares da faculdade). Adicionalmente será nossa função,
também, preparar o espaço da formação que terá início às 10:30. Outras tarefas que
serão da nossa competência dizem respeito: 1) à substituição de águas na mudança de
oradores; 2) ao apoio nos debates com os microfones aquando da intervenção do
público; 3) à assistência aos participantes na localização da faculdade. Também foi
pedido que tirássemos fotografias ao painel e à audiência. O Dr. H proferiu que iriamos
ter a ajuda da nossa colega da Universidade de Coimbra, a CE, que vem de Coimbra no
próprio dia para assistir à formação.
Devido à avaria do sistema de questionários, a Dr.ª L colocou-nos a hipótese de
virmos amanhã tratar dos questionários manualmente, uma vez que a avaliação externa
se está a aproximar e as equipas de avaliação necessitam do tratamento dos
questionários para análise das respostas o mais celeremente possível.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Hoje, a reunião com o Dr. H, permitiu sistematizar as tarefas que vamos
desenvolver no dia da formação interna, uma vez que não tinha ideia que estaríamos
presentes na organização desta sessão. Acresce salientar que considero muito
importante a realização destas reuniões prévias com o Dr. H e com a Dr.ª L que me
permitem expor dúvidas, relatar questões e fazer sistematização de tarefas. São reuniões
que se estabelecem com diferentes intencionalidades e que me possibilitam, assim,
desenvolver as atividades propostas com certeza que vou corresponder às expectativas
dos coordenadores.
Dia 30 – Sexta-feira, 06 de novembro de 2015
A pedido da Dr.ª L e do Dr. H hoje vim à IGEC, juntamente com a minha colega
Patrícia, tratar da análise dos questionários de três escolas que iniciam a avaliação
externa a 12 de novembro.
Cheguei pelas 13:30 e a Dr.ª L colocou-nos a par do método de tratamento dos
questionários: o trabalho consistia em inserir as respostas dos mesmos numa base de
dados para cada tipo de questionário e identificar o nome da escola, o código e a região
a que pertence a mesma.
Inicialmente juntámo-nos no mesmo computador e enquanto eu ditava as respostas
dos questionários, a Patrícia digitava na base de dados. Terminámos o primeiro lote de
questionários dos pais da EPE (da primeira escola) e decidimos trabalhar
autonomamente, visto que a dimensão dos questionários a analisar, em termos globais,
chegava perto dos 1000. Então dividimos as escolas e também os questionários e
analisámos separadamente, tendo no final, agregado todo o trabalho e enviado à Dr.ª L.
Conseguimos terminar duas escolas por completo, ficando a faltar à volta de 200
questionários da terceira escola.
Saí pelas 18:30.
Reflexão Pessoal
Hoje foi um dia bastante cansativo mas também muito produtivo. A dimensão dos
questionários era enorme, pelo que o trabalho parecia não ter fim. Como não
terminámos de exportar os resultados dos questionários para o Excel e uma vez que a
AEE inicia dentro de uma semana, a Dr.ª L disponibilizou o seu tempo de fim-de-
semana para tratar dos restantes 200 questionários que faltavam colocar no ficheiro.
Dia 31 – Segunda-feira, 09 de novembro de 2015
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:00, pensei que o sistema de tratamento dos
questionários já estivesse a funcionar, visto que a Margarida tinha conseguido validar
um lote referente a segunda-feira passada. Chamámos a Dr.ª L e a Dr.ª AG que
estiveram a perceber se o sistema estava pronto a funcionar. Verificou-se que o estado
das restantes digitalizações ainda não tinha alterado, o que indicava que o sistema
permanecia em baixo e como não há data prevista para a sua resolução, sugerimos que
fizéssemos, entre as três, a análise dos questionários manualmente, usando o Excel, tal
como fizemos com as escolas do Norte, na sexta-feira anterior. A Dr.ª L concordou com
a nossa sugestão, visto termos de avançar com a análise dos questionários, porque a
avaliação (2.º fase) está prevista para a terceira semana de novembro.
Entretanto pediu-nos que digitalizássemos os questionários tratados na sexta-feira
passada com comentários, para fazermos chegar aos inspetores e peritos externos
alocados às escolas do Norte, via email. A Dr.ª AG esteve a explicar-nos como devemos
utilizar a impressora para digitalizar estes documentos. A partir da funcionalidade
«enviar para o email» digitalizámos os questionários e enviámos diretamente para os
emails da Dr.ª AG, Dr.ª L e Dr. H.
Em parceria com a Patrícia, estive a transpor os resultados dos questionários de
satisfação de uma escola do Sul que será avaliada a partir de 19 de novembro.
Procedemos à análise de 150 questionários. Pouco antes de sair, a Dr.ª L chamou à
atenção para o facto de duas escolas que supostamente iriam iniciar a avaliação a 19 de
dezembro terem que adiar a data de avaliação por falta de peritos externos (podendo ser
as que estávamos a analisar). Ficou de nos dar uma resposta na terça/quarta-feira.
Saí pelas 13:30.
Reflexão Pessoal
Como o problema do sistema persiste, achámos por bem sugerir que fossemos
analisando os questionários das escolas que serão alvo de avaliação externa muito
brevemente, evitando assim momentos de stress e trabalho exaustivo, como o que
ocorreu na sexta-feira passada. Como forma de adiantar trabalho, na quarta-feira trarei o
computador para apoiar as minhas colegas na análise dos questionários.
Dia 32 – Terça-feira, 10 de novembro de 2015
Cheguei à Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa pelas 09.30, conforme
o combinado com o Dr. H. Fui de imediato ter ao auditório, com as minhas colegas, e lá
encontrei a Dr.ª L e o Dr. LC. Cumprimentámos os presentes e, seguindo instruções da
Dr.ª L, começámos por distribuir as folhas do programa de hoje pelos assentos do
auditório, focalizando-nos mais na parte do meio da sala. Posteriormente veio ter
connosco uma técnica da organização deste evento que nos mostrou a localização do
edifício, apresentando os bares e as casas de banho existentes e mais próximas do
auditório. Também nos foi mostrado o local onde estão guardados os copos e as garrafas
de água para irmos colocando nas mudanças de painel.
Entretanto, os inspetores e peritos convidados começaram a chegar, sendo possível
observar o ambiente cúmplice entre as pessoas presentes, que se pode justificar dada a
relação laboral que estabelecem diariamente.
A formação iniciou perto das 10:30 com o Dr. LC, na abertura dos trabalhos,
começando a agradecer a presença de todos, referindo-se ao público, ao painel de
oradores e em especial ao Dr. H e à Dr.ª L pelo esforço empreendido na organização
desta formação interna, desde todo o planeamento até à sua execução. O Dr. LC
prosseguiu com a abordagem à avaliação das lideranças pedagógicas, um dos domínios
da AEE, que se vislumbra difícil de avaliar, no contexto da IGEC. Adicionalmente, o
Dr. LC apontou a importância de se valorizarem as lideranças intermédias que se
revelam de extrema relevância para o bom funcionamento da escola, destacando, a título
de exemplo, os coordenadores de turma. Reforçou que a Inspeção tem tentado, junto do
Governo, proceder ao alargamento da AEE e incluir, no âmbito do programa de
Avaliação, a observação de aulas, sendo esta uma proposta levada a cabo pela Equipa de
Trabalho para implementar no 3.º ciclo da AEE. Além disso, o Dr. LC destacou também
que outra das propostas que esta equipa pretende desenvolver refere-se à melhoria da
estrutura dos relatórios, que surgem no seguimento da visita às escolas avaliadas.
Seguiu-se um ponto de situação da AEE com a Dr.ª L que nos começou por
elucidar que 2011/2012 marca o arranque do 2.º ciclo da AEE e que, para a sua
conclusão, prevê-se a avaliação de 100 escolas em 2015/2016 e 77 escolas em
2016/2017. Referiu-se, ainda, à atividade de Acompanhamento da Ação Educativa,
mencionando que as escolas com classificações mais baixas na AEE são acompanhadas
pela IGEC desde 2013. A metodologia de trabalho utilizada incide no acompanhamento
do trabalho dos atores da escola pela equipa inspetiva. Ainda dentro do âmbito do
programa de Avaliação, a Dr.ª L referiu que a IGEC tem mais uma atividade
suplementar, no que respeita à avaliação de escolas com contratos de autonomia,
pretendendo-se avaliar em 2015/2016, 44 estabelecimentos educativos.
Prosseguiu-se com a intervenção do Dr. H, apontando as principais referências
internas da avaliação do segundo ciclo de AEE:
o A avaliação externa como uma atividade consolidada que promove a
prestação de contas e a melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem;
o Na avaliação externa produzem-se juízos de avaliativos que contribuem
para as escolas refletirem sobre o seu desempenho e sobre os caminhos para
a melhoria dos seus resultados;
o A avaliação externa como uma atividade com impacto: 1) antes – as escolas
organizam-se pensando na avaliação e estruturam toda a ação em função
desta visita; 2) durante – existência de interação e dialética entre a equipa e
direção de escola com impacto que gere melhoria e discussão de ideias; 3)
após – momento de tomada de decisão para melhorar as suas práticas,
apoiado no feedback da equipa inspetiva.
Para terminar a sua abordagem elucidativa da AEE o Dr. H proferiu que a Equipa
de Trabalho já começou a pensar como dar sequência à avaliação externa desenvolvida
no segundo ciclo, anotando pontos fortes e aspetos que devem ser alvo de melhoria para
se construir o modelo do terceiro ciclo de AEE.
O seguinte orador convidado, Dr. AG, inspetor do OFSTED16
entre 2002 e 2015,
moderado pelo Dr. H, trouxe-nos o seguinte tema: Avaliação das Lideranças de Escolas,
projetando em primeiro lugar, as razões que presidem a avaliação levada a cabo pelo
OFSTED. Estas incidem essencialmente: 1) na segurança, constituindo um dever do
governo proteger as crianças; 2) no cumprimento das leis; 3) na eficiência das escolas;
4) na prestação de contas; 5) no incentivo à melhoria; 6) para informar os pais e o
público sobre os resultados escolares; 7) na relação do governo com as escolas.
Em seguida, mostrou à plateia um esquema que apresenta a estrutura da inspeção
em Inglaterra, mencionando dois órgãos que a compõem: 1) as autoridades centrais que
controlam as estruturas e o financiamento das escolas e 2) as autoridades locais que se
responsabilizam pelo declínio do papel das escolas.
Dada a importância em relação à figura do Headteachers, o orador reforçou o seu
papel de facilitador de uma liderança eficaz, dinâmica e inspiradora, visando o
desenvolvimento do verdadeiro potencial de todas as crianças. Destacou quatro funções
que lhe estão associadas: a) lidar e gerir a escola; b) desenvolver e motivar os alunos
para alcançar os padrões educacionais mais elevados; c) promover e assegurar a
segurança das crianças e d) supervisionar o funcionamento das aulas e a atuação do
professor. Em continuação ao exposto, o Dr. AG mostrou-nos um estudo sobre o papel
16
Office for Standards in Education, Children's Services and Skills.
dos HT em Inglaterra em comparação à média da OCDE17
, evidenciando a importância
da parte pedagógica do seu trabalho. Também proferiu, neste âmbito, que países
diferentes necessitam de dissemelhantes tipos de inspeção que se adaptem aos seus
sistemas de educação existentes.
Nas escolas em Inglaterra e para OFSTED é importante considerar a autonomia e a
responsabilidade das escolas perante a comunidade educativa. Em Inglaterra, as escolas
têm tido maior autonomia de gestão e tomada de decisão nos processos educativos. A
responsabilidade do diretor da escola deve ser assegurada pelos governadores da escola,
através da autoavaliação e da gestão do seu desempenho. No caso da Inspeção de
OFSTED, é assegurada às escolas uma avaliação externa que garante a
responsabilização, mediante julgamentos claros e avaliativos.
Em termos de campos a apreciar pelo OFSTED, o orador destacou, a título de
exemplo, a eficiência da escola, o planeamento financeiro, o ensino e o uso de recursos
de aprendizagem, a amplitude, o equilíbrio e relevância do currículo da escola, a
qualidade do acesso e oportunidade. Referente aos HT, o Dr. AG apresentou um gráfico
acerca da eficácia da liderança e gestão dos processos educacionais, com resultados
positivos no que respeita à liderança do HT e dos outros atores educacionais, eficácia na
gestão do ensino e na governança escolar. No caso do relatório de avaliação são
considerados os seguintes elementos: 1) Liderança e visão geral; 2) Gestão do currículo;
3) Gestão de ensino e aprendizagem, incluindo a monitorização do ensino,
desenvolvimento profissional e de gestão de desempenho; 4) Impacto de gerentes de
nível médio 5) O papel e o impacto dos governadores e 6) As influências externas,
incluindo consultores e ligações com outras escolas.
Passando para o momento do debate, muitos foram os comentários/perguntas à
exposição do Dr. AG, todos referentes ao relatório de avaliação produzido por
OFSTED. Em resposta às questões sobre o relatório, foi mencionado que o mesmo
incide na definição de prioridades que a escola deve adotar, mas não profere como
devem fazê-lo, sendo que o modo como põem em prática as suas ações fica à
responsabilidade da escola. Refere, também, que o foco de avaliação dos inspetores está
mais direcionado para gestão da escola. Ainda ao nível do relatório, interpelou-se a
existência de contraditório, ao que foi respondido que o feedback está normalmente em
concordância com a opinião dos atores das escolas e que a escola recebe o projeto
17
Organização para a Cooperação Desenvolvimento Económico (OCDE).
relatório, não o final, para poder opinar acerca das evidências expostas pelos inspetores
resultantes das visitas. Quanto à equipa de inspetores, esta é constituída em função da
dimensão da escola, deixando-nos um exemplo: para uma escola com aproximadamente
1000 alunos realizam-se dias de visita para uma equipa de quatro inspetores. Na
formação da equipa, existe um elemento que chefia o grupo de inspetores, sendo que
existe outro elemento que é diretor de escola. Em relação aos instrumentos de trabalho,
a equipa de avaliação tem acesso às fontes nacionais de dados que dão conta do
progresso das escolas. Adicionalmente, as avaliações das aulas são feitas pelos HT que
posteriormente fornecem os relatórios conclusivos à equipa de inspetores e que, por sua
vez, analisa em função dos critérios que seguem na avaliação.
Durante a manhã, aquando do intervalo, acresce salientar que estivemos a indicar
aos participantes as respetivas localizações da faculdade, nomeadamente as casas de
banho e os bares, função que nos foi solicitada para realizar ao longo do dia da
formação. Em todos os painéis, estivemos, também, a preparar a sala com os copos e
águas em função do número de oradores. Ainda antes de sair estivemos a compor a sala,
pouco antes de sairmos para o almoço às 13:00.
Quando voltámos, perto das 14:30, continuámos a sessão com a Dr.ª TJ,
moderadora deste painel, que começou por agradecer aos oradores presentes, referindo
que este painel é dedicado ao relato de experiências profissionais, com enfoque
específico na liderança das escolas.
A Dr.ª HC, trouxe-nos uma apresentação sobre a atividade WSI, da qual é
coordenadora, mencionando que valorizam bastante a componente da autoavaliação das
escolas e que o domínio da liderança, nesta atividade, é um domínio que se dilui por
uma série de campos de avaliação que avalia a direção como equipa. Mais acrescenta
proferindo que não se destaca a figura do líder nas EE, surgindo apenas o conceito de
liderança implicitamente na avaliação das EE. Neste caso, em particular, a atividade
WSI está mais interessada em obter evidências resultantes da gestão da direção,
enquanto equipa de trabalho da escola. Contudo, cada elemento é avaliado
individualmente pelo Secretário-Geral das EE.
Na avaliação que realizam à direção da escola, destacando em breves linhas, os
domínios contemplados são: a) Administração e Organização – avaliação incidida na
gestão da escola e na consonância dos professores com o papel pedagógico e ensino da
escola; b) Desenvolvimento do Espírito Europeu – importância de garantir o
desenvolvimento de um contexto europeu tendente a promover a compreensão e
respeito mútuo pela diversidade num ambiente marcado por diversas culturas e também
de garantir a identidade cultural do aluno; c) Recursos Humanos, Financeiros e
Materiais – enfoque na gestão eficiente dos recursos humanos, financeiros e materiais e
no ambiente físico que deve ser adequado ao ensino e aprendizagem dos alunos; d)
Implementação e desenvolvimento de um sistema de controlo da qualidade – garantia
do pleno funcionamento de processos de autoavaliação da escola e do desenvolvimento
de metas e planos de ação que permitam à escola progredirem.
O Dr. JP seguiu com a apresentação sobre a Avaliação da Liderança Escolar
resultante de um workshop em que esteve presente na Sérvia. Apresentou algumas notas
pessoais, salientando que: 1) a generalidade das inspeções dos países que estiveram
presentes na formação não tem implementado um sistema direto de avaliação das
lideranças; 2) a avaliação das lideranças advém de uma avaliação externa às escolas
com dimensões próprias para avaliar a liderança; 3) “Teacher’s Leadership” refere-se à
ideia que está no cerne do desenvolvimento da organização, tal como a liderança de
topo, neste caso o professor como líder na sala de aula e em grupos de professores; 4) a
liderança não está apenas presente nas estruturas e hierarquias da escola, também, se
encontra presente na ação diária dos professores, manifestada mediante a mobilização
de outros membros educativos e a participação em ações inovadoras; 5) o enfoque do
desenvolvimento da escola deve direcionar-se para a qualidade do trabalho dos
professores e na sua contribuição para a reforma do sistema escolar; 6) a capacidade de
liderança deve ser desenvolvida por todos os profissionais da educação para intervirem
como agentes de mudança na escola; 7) a qualidade dos docentes revela-se fulcral para
o ensino-aprendizagem mas também para a concretização da liderança na escola; 8) o
diretor deve apresentar-se como facilitador das práticas de liderança no contexto
escolar; 9) a qualidade das lideranças intermédias deve estar no seio da atividade
inspetiva, no âmbito da avaliação; 10) a prestação de contas é referenciada pelo orador
como “pré-condição para o desenvolvimento da eficiência/eficácia das organizações
escolares”.
Para o Dr. JP, uma escola de qualidade deve possuir: qualidade da liderança (não só
do diretor, mas também das estruturas intermédias), qualidade dos serviços de
psicologia e pedagogia, professores de elevada qualidade, envolvimento em diversos
projetos, cooperação com os encarregados de educação e restante comunidade, sentido
de comunidade e liderança para o futuro. Para assegurar que uma escola tem qualidade,
o orador menciona que esta deve fazer ouvir a voz dos professores e alunos, aperfeiçoar
os programas de desenvolvimento de capacidades, fomentar a partilha de boas práticas
relacionadas com o trabalho em sala de aula e com as novas tecnologias, desenvolver
mecanismos de sustentabilidade da liderança na escola, incrementar estruturas de apoio
às áreas de trabalho escolar, aplicar o conceito de avaliação tanto na teoria como na
prática e “estandardizar os métodos, critérios e formação para avaliadores”. Já no
término da sua apresentação, aludiu que se espera nas escolas lideranças competentes
que respondam com qualidade, eficiente e democrática, às mutações dos diferentes
contextos da sociedade, garantindo um modelo de liderança que assegure o
desenvolvimento contínuo da escola e a qualidade do ensino-aprendizagem.
Seguiu-se a apresentação da Dr.ª L, resultado de um simpósio – Excellence,
Equality and Equity: Improving the Quality of Education for all – realizado na Suíça,
entre 2 a 4 de setembro. A sua apresentação recaiu na abordagem às perceções dos
docentes sobre as características dos diretores, das quais, se destacam: solidários,
organizados, acessíveis, conhecedores e respeitosos. Enquanto solidários, os diretores
apoiam imparcialmente a equipa de trabalho, os alunos e os encarregados de educação.
Como diretores organizados e acessíveis são líderes de várias equipas no contexto
escolar, priorizando as tarefas, conforme o trabalho a realizar, e demonstram
recetividade e abertura no acolhimento de novos membros na escola. Também devem
ser qualificados academicamente, conhecedores das atividades diárias das escolas e
possuir know-how para resolverem problemas que surjam no âmbito escolar. Por último,
têm de ser respeitadores e agir em conformidade e equidade com todos os agentes
educativos.
No que respeita às dinâmicas de liderança colaborativa – numa gestão em tempos
de mudança – a oradora referenciou a importância de existir um esforço da comunidade
educativa para alcançar uma liderança colaborativa, atendendo aos diversos atores,
atividades e contextos da escola. Segundo a Dr.ª L, a liderança colaborativa consiste
“num processo aberto, complexo e adaptável” contemplando “um sistema fluido sem
limites explícitos”. Num discurso ancorado à liderança pedagógica nas escolas,
apresentou dez elementos que designa de “chaves”, a saber: polifonia, interação,
experiência, flexibilidade, compromisso, responsabilidade, negociação, tomada de
decisão, controlo baseado na confiança e avaliação.
Recorrendo às suas notas pessoais, provenientes do simpósio assistido, destacou
que a liderança constitui um trabalho intelectual complexo e difícil, onde a reflexão e a
diferenciação no modo de pensar são elementos-chave. Assume que a organização e a
priorização, num trabalho de liderança pedagógica, revelam-se fundamentais na ação
diária do líder, sublinhando, simultaneamente, a dificuldade demonstrada pelos
indivíduos no momento de avançar e pensar produtivamente. A inspetora prossegue
com alguns apontamentos sobre a aprendizagem da liderança em relação ao trabalho
complexo que se estabelece e na importância de existir processos de coordenação e
planeamento, articulados com flexibilidade, num cenário muito ambíguo. Considera,
nesse sentido, que a aprendizagem da liderança é dinâmica, evolutiva, pessoal e, ao
mesmo tempo, coletiva. Finalmente, alusivo aos temas que aparecem subjacentes à
aprendizagem da liderança, expõe a autoavaliação e o autoconhecimento como temas
centrais da liderança, a aprendizagem pessoal alicerçada ao desafio e apoio de outros
profissionais e, por último, o desenvolvimento dos líderes como agentes de mudança
que se coaduna com princípio moral, aptidão de resposta cultural, disponibilidade para
aprender, capacidade de construir e compreensão do papel do diretor.
Seguiu-se a mudança de painel, cujo tema central concentrou-se no impacto das
lideranças no quotidiano da escola. Para dar início à exploração deste tema, o diretor do
AE C procedeu a um breve enquadramento do estabelecimento escolar que representa,
expondo seguidamente o impacto que a liderança exerce sobre as práticas educativas,
incindido na gestão da atividade pedagógica do agrupamento. Nesse sentido, mostrou
quatro eixos de atuação prioritários na ação educativa da escola, a saber: 1) Melhoria
das Aprendizagens; 2) Prevenção do abandono, absentismo e indisciplina; 3) Gestão e
Organização e 4) Relação Escola/Famílias e Comunidade. Conforme o diretor, a linha
de atuação da escola, atendendo ao processo de liderança e monitorização da ação
educativa, consubstancia-se com a comunidade para alcançar a visão da escola e na
procura de respostas à questão: como devem ser vistos pelos agentes educativos?;
aprendizagem e crescimento no sentido de sustentar a intervenção escolar para
alcançarem os objetivos e a missão que prosseguem; processos internos alicerçados na
satisfação da comunidade, cuja questão essencial é compreenderem em que processos
devem sobressair; e resultados, vislumbrando o sucesso, tendem a explorar como devem
surgir diante da comunidade educativa. Seguindo esta linha condutora, que se coaduna
com os eixos supramencionados, o diretor alude à motivação dos alunos para o sucesso,
à mobilização dos pais e encarregados de educação, à envolvência do pessoal não
docente e ao apoio e motivação dos professores, como estratégias de ação educativa.
Quanto ao impacto da avaliação externa no exercício da liderança de topo, o diretor
referenciou que o avalia, mediante uma análise SWOT18
, em consideração aos pontos
fortes, fracos, ameaças e constrangimentos e oportunidades. Na valorização das
lideranças na escola, o orador também revelou a importância do amigo crítico, um
perito externo, que apoia a atuação da escola; o observatório da escola, em relação à
constituição de equipas coesas e organizadas pela avaliação externa; a construção de
planos de melhoria que se traduz num processo de intencionalidade educativa para a
escola; o compromisso escolar gerido por metas; a discussão sistémica de partilha
intraescola e o trabalho em equipa, com a participação em microrredes escolares. No
seguimento da valorização da liderança na escola, a gestão pedagógica integrada deste
AE envolve, necessariamente e por um lado, a gestão do percurso escolar do aluno, em
relação ao currículo, ao enriquecimento curricular e extracurricular, numa vertente de
valorização da dimensão pedagógica e, por outro lado, a gestão de recursos e de tomada
de decisão que se circunscreve, a primeira, aos recursos humanos, financeiros, entre
outros e, a segunda, a uma gestão participada e fundamentada pelos princípios e missão
escolar. Finalmente, no acompanhamento das práticas pedagógicas, é realizada uma
monitorização alicerçada na regulação pelos resultados, na melhoria contínua e na
recolha de evidências que, simultaneamente, também surgem como mecanismos de
prestação de contas às entidades externas de avaliação do estabelecimento escolar. Por
último, esclareceu os presentes acerca de uma ferramenta de gestão pedagógica utilizada
pelo agrupamento, que dá acesso a uma série de ações, por exemplo, à gestão da
turma/do aluno (individualmente) e dos conteúdos, ao planeamento das disciplinas, à
estruturação e acesso aos planos de turma, entre outras.
Ainda dentro deste tema, seguiu-se a coordenadora de diretores de turma do AE
AB que, à semelhança do orador anterior, fez uma sumária contextualização do AE que
representa, em relação à sua organização pedagógica. Sendo uma escola que encontra
uma linhagem muito (de)marcada pelos cursos profissionais, a coordenadora fez
questão de abordar algumas ações que conduzem as práticas pedagógicas da escola,
nomeadamente, a revisão do regulamento dos CP, a recuperação de módulos não
concluídos, a alternação dos instrumentos de avaliação, a valorização do saber estar nos
18
Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats.
critérios de avaliação e a sinalização atempada, com recurso a serviços internos e
externos à escola, como o Serviço de Psicologia e Orientação (SPO), a Tutoria e a
Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ). Atinente à avaliação externa, a
coordenadora salientou que a ação levada a cabo pela IGEC tem conduzido à melhoria
da prestação do serviço educativo, mediante o plano de acompanhamento da ação
educativa e a identificação dos pontos fortes e áreas de melhoria da escola. Mais
concretamente, em relação ao plano de acompanhamento, foi essencialmente valorizado
este instrumento de trabalho para o contexto educativo desta escola, ressalvando
também o apoio dos inspetores no planeamento estratégico, na definição de metas, na
monitorização e na interligação entre as lideranças intermédias. Das metas estabelecidas
no plano de acompanhamento deste agrupamento, entre as quais, por exemplo, o
envolvimento dos diretores de turma, pais/encarregados de educação e docentes, a
execução do programa de tutorias, o envolvimento e implicação dos alunos e a
coadjuvação de aulas, a coordenadora referiu que a maioria das metas foram atingidas
ou superadas pelo AE. Daqui depreendeu-se, uma vez mais, a importância do plano de
acompanhamento e das ações realizadas pela IGEC, na monitorização e apoio ao
trabalho que se estabelece como fundamental nas escolas. Quanto à liderança nas
escolas, finalizando a sua apresentação, a coordenadora focou-se essencialmente nas
características inerentes aos profissionais da educação, como a autonomia, o
humanismo, a assertividade, a gestão de conflitos, a capacidade de adaptação à mudança
e a abertura a novas ideias.
O segundo painel, dedicado ao tema das lideranças na escola, recebeu três
representantes do AE AR – coordenadores de departamento do 1.º ciclo e de
Matemática e Ciências Experimentais e de Expressões. Numa abordagem sucinta,
explicaram os efeitos da avaliação externa na liderança do AE AR, relativamente ao
fortalecimento da ação da escola em paralelo com a mudança, à autoavaliação
desenvolvida pela escola, à priorização do que se identifica como ações primárias na
escola, à mudança nas dinâmicas pedagógicas, à adequação das metodologias de
trabalho e à monitorização constante e sistemática das ações educativas. Em
continuação ao exposto, os oradores expuseram algumas ações desenvolvidas no 1.º
ciclo, destacando: as permutas (realizado no 3.º e 4.º anos), a coadjuvação, os testes
intermédios (internos à escola) e a “ação ler num minuto”. Acrescentaram, também, que
no 2.º e 3.º ciclos e no ensino secundário, são desenvolvidas assessorias de Português e
Matemática (neste caso apenas no 2.º ciclo), turmas de perfil (apenas do 5.º ao 8.º ano),
oficina consigo a Português e Matemática (especificamente para o 7.º e 8.º anos),
reforço curricular nas disciplinas de exame e coavisão/supervisão pedagógica. Outras
ações foram igualmente destacadas pelos coordenadores, como a consciência fonológica
para a EPE e 1.º ciclo, reuniões entre os 1.º e 2.º ciclos em cada período, workshops
pedagógicos, conselhos de turma por ano e reuniões de departamento disciplinar por
ano/ciclo. Para a concretização da missão da escola, mencionam a importância do
exercício das competências de liderança, de assumir o compromisso e as próprias
responsabilidades das lideranças intermédias, de obter um conhecimento da realidade e
do contexto educativo e de exercer um trabalho/projeto de escola partilhado e apoiado
por todos os profissionais educativos. Para tal, a emergência de lideranças eficientes são
essenciais para criar boas dinâmicas que conduzam à melhoria nas aprendizagens dos
alunos e, consequentemente, ao sucesso escolar, tal como aludem na apresentação.
Após um breve intervalo, o término da formação este a cargo da Dr.ª LL e do Dr.
JB – da DGEEC – que presentearam os intervenientes da IGEC com o seguinte tema:
“Modelos para comparação estatística dos resultados académicos em escolas de
contexto análogo” e “Modelos para análise da progressão académica dos alunos em
escolas básicas e secundárias”. O início deste painel foi apresentado pela Dr.ª LL que
salientou o desfasamento temporal de dois anos na comparação estatística dos alunos e
que afeta a AEE, tema debatido recorrente na IGEC. Recorreu ao documento dos
modelos para a comparação estatística, indicando que as variáveis se mantêm em
2015/2016, verificando o valor esperado através da regressão linear múltipla e
sublinhando algumas mudanças em relação à variabilidade da observação dos resultados
escolares das diversas unidades orgânicas.
O Dr. JB deu continuidade à sessão com a apresentação dos indicadores estatísticos
disponíveis no site InfoEscolas19
: 1) demográficos – número de alunos por ano
curricular e distribuição dos alunos por idade e sexo 2) acerca do desempenho da escola
– “indicador da progressão dos alunos entre o 6.º ano e o 9.º ano, a taxa de retenção ou a
desistência dos alunos, indicador dos resultados no 9.º ano em contexto e indicador da
promoção do sucesso escolar”. De seguida, procedeu a uma breve exibição dos gráficos
destes quatro indicadores supracitados, relacionados com os indicadores de desempenho
da escola. Incidindo um pouco mais no indicador da promoção do sucesso escolar,
referenciou que indica a percentagem de alunos que obtiveram positiva nos exames do
19
http://infoescolas.mec.pt/
9.º ano, após um percurso sem retenções nos 7.º e 8.º anos. Prossegue dizendo que o
indicador mede a diferença entre os resultados dos alunos da escola e face à média
nacional para os alunos com nível anterior semelhante. É um indicador que por si só
tem, também, em conta o nível académico dos alunos e que compara com discentes que
possuam um desempenho escolar semelhante aos alunos que a escola recebeu
precedentemente. Em abordagem aos rankings, nesta perspetiva, apresentam estímulos
algo distorcidos: por um lado se as escolas e colégios evitarem a matrícula ou
permanência dos alunos com dificuldades; e por outro lado, se as escolas e colégios
evitarem que os alunos que possuem dificuldades realizem os exames nacionais. No
entanto, o Dr. JB inferiu que este indicador controla o nível escolar dos alunos, à
entrada do ciclo, sendo que um percurso que manifeste retenções se exclui de um
percurso que tenha sucesso.
No final da apresentação foram lançadas e discutidas com os presentes duas
questões: a) como podemos melhorar o futuro?; b) do ponto de vista da IGEC, que outra
informação seria interessante apresentar? e c) discutida a dificuldade da DGEEC em
obter informação do 1.º ciclo, no que respeita à comparação das escolas não ser possível
controlar o nível de alunos à entrada do ciclo em cada escola, uma vez que não existem
exames precedentes para estes alunos.
A formação terminou pelas 18:00 e saí depois da organização do espaço, pelas
18:30.
Reflexão Pessoal
A participação nesta ação de formação interna de AEE permitiu-me, primeiramente,
tomar contacto com os diversos temas explorados na sessão. Destaco, essencialmente, a
apresentação do inspetor de OFSTED que me possibilitou conhecer com maior
pormenor o sistema de inspeção de Inglaterra. Além disso, o tema dominante desta
formação foi, sem dúvida, a dimensão da liderança das escolas, o que me permitiu estar
a par das diversas perspetivas sobre a valorização desta dimensão no contexto
pedagógico e organizacional das escolas. A este nível, é de destacar a importância que a
IGEC tem vindo a atribuir à reflexão e à aquisição de conhecimento no âmbito das
lideranças intermédias escolares e do papel do professor como líder, muito também
porque a liderança se estabelece como um dos domínios em análise no quadro de
referência da AEE.
Dia 33 – Quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Hoje, quando cheguei à IGEC, por volta das 10:15, voltei a tratar dos questionários
de satisfação dos AE, com avaliação externa prevista para 19 de novembro. Dado o
caráter urgente desta tarefa, estive a manhã inteira a exportar os resultados dos
questionários para os ficheiros em Excel. Acabei uma escola, pelas 11:45 e de seguida
procedi à digitalização dos comentários com a opção de envio para o Dr. H, a Dr.ª. L e a
Dr.ª AG a fim de serem remetidas às equipas de avaliação. Também comecei o
tratamento de uma nova escola, mas não a terminei, pelo avançar das horas. Deixei
apenas por terminar os questionários aos pais do ensino básico e secundário desta escola
para quinta-feira.
A Dr.ª L informou-nos, também, a propósito das duas escolas que iniciariam a AE
mais tarde, que deveríamos realizar o tratamento de todas escolas, uma vez que a
situação já estava a ser resolvida.
Saí pelas 13:30.
Reflexão Pessoal
Hoje como trouxe o computador consegui adiantar mais trabalho, analisando por
completo os questionários de uma escola e dando início ao tratamento de outra unidade
escolar. Apesar do trabalho moroso e cansativo está a ser gratificante experienciar a
exportação dos resultados dos questionários enviados aos pais da EPE e ensino básico e
secundário, por constituir uma tarefa contemplada nas funções de um Técnico Superior
de Educação e Formação.
Dia 34 – Quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:10. Estive a manhã inteira a tratar dos questionários,
sendo que o procedimento se têm vindo a repetir ao longo desta semana: 1) exportação
dos dados dos Q3 e Q4 para o Excel e 2) digitalização dos comentários para posterior
envio às equipas de avaliação.
Hoje terminei os questionários Q4 da escola que iniciei ontem e tive oportunidade
de tratar os resultados do Q3 de uma nova escola, deixando por terminar os
questionários Q4 referentes à mesma.
Por forma a terminar o conjunto de questionários desta AEE, combinámos com a
Dr.ª L que na segunda-feira ficaríamos o dia todo, também porque a avaliação terá
início no dia 19 de novembro. Também se estabeleceu que quarta ou quinta-feira
teríamos o dia de folga para compensar as horas extraordinárias feitas nas últimas duas
semanas.
É de salientar ainda que, durante toda a manhã, foi possível observar algum
alvoroço no piso da EMEE com a presença da Dr.ª FA e outros colaboradores da IGEC
em reuniões de trabalho.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Apesar da quantidade de trabalho surgida nestes últimos dias, é de relevar que entre
as três tem sido muito mais fácil transpor os dados dos questionários das escolas que
iniciarão a avaliação externa em novembro. Na segunda-feira espero terminar as
restantes escolas que estão por tratar para dar por concluída esta tarefa.
Dia 35 – Segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Cheguei à IGEC pelas 10:10. Conforme o combinado com a Dr.ª L, hoje procedi à
finalização da exportação dos resultados dos questionários para os ficheiros Excel.
Terminei os questionários relativos aos pais do ensino básico e secundário de uma
escola do Centro, que tinha deixado por fazer na quinta-feira, e também dei início (pelas
13:00) aos questionários de uma escola da zona Sul, tendo terminado a sua análise às
16:00. Também fiz a digitalização dos comentários referentes aos questionários de
satisfação das escolas tratadas.
Neste dia fez-se notar a ausência do Dr. H que esteve presente numa reunião no
edifício da IGEC, tal como a Dr.ª L que a partir das 14:30 também se encontrava numa
reunião. Deixou-nos entregues à Dr.ª MP, para eventuais dúvidas ou questões emergidas
desta tarefa.
Saí pelas 16:20.
Reflexão Pessoal
Hoje terminámos o tratamento dos resultados dos questionários, deixando
terminada esta tarefa que se refere à AEE de novembro. O balanço que faço da sua
realização é bastante positivo, por permitir contribuir, ainda que minimamente, para a
realização da AEE. O tratamento dos questionários foi uma atividade que me permitiu
desenvolver competências ao nível da análise de informação, do planeamento e
organização, da orientação para resultados, da responsabilidade, da autonomia e
capacidade de iniciativa, de adaptação e resolução de problemas, de coordenação e
priorização de tarefas e de trabalho em grupo.
Dia 36 – Quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Para compensar as horas extraordinárias que temos vindo a fazer nas últimas duas
semanas, pedimos por email ao Dr. H que nos dispensasse a passada terça-feira, também
para adiantarmos alguns pontos referentes ao relatório de estágio.
Hoje, quando cheguei à IGEC pelas 10:10, fui informada que deveria seguir para a
ATI Sul, para continuar o trabalho que tenho vindo a desenvolver nesta área. A Dr.ª FA
colocou-me a par da situação das respostas aos emails por parte dos peritos externos,
pelo que a minha tarefa, durante manhã, foi essencialmente (re)atulizar a base de dados
dos peritos, discriminando os que estão disponíveis para participar na AEE 2016 e
acrescentando os novos docentes que reiteraram o seu interesse em participar neste
processo.
Quando terminei esta tarefa, perto das 12:10, comecei a organizar, por pastas, as
sínteses curriculares dos peritos, por Universidade/Instituto Politécnico, que me tinham
sido enviadas durante a semana de 2/11 a 5/11 pela Dr.ª FA. Apesar de me ter sido
pedido apenas que imprimisse as fichas curriculares dos peritos, achei por bem
organizar primeiro os documentos e, posteriormente, verificar quais os docentes que já
tinham a síntese curricular impressa e guardada no dossier. Deixei para realizar amanhã
as impressões dos referidos documentos.
Já perto das 13:00, estivemos reunidas com o Dr. H que nos fez um ponto de
situação em relação à sua futura presença na IGEC. Começou por nos dizer que dia 30
de novembro irá tentar estar na organização para acompanhar o nosso trabalho e
voltarmos a reunir e que, depois desta data, só estará na organização no dia 15 de
dezembro. De qualquer modo, frisou que está disponível para ser contactado por email,
no caso de querermos entrar em contacto por qualquer questão. Também nos disse que
dia 14 de dezembro realizar-se-á a 2.ª parte da formação dos inspetores sobre as
questões da liderança, com as Professoras Doutoras Estela Costa e Marta Almeida e que
estamos convidadas a participar.
A Dr.ª L que, também esteve presente nesta reunião (durante 15 minutos), disse-nos
que na terça-feira irá reservar parte da manhã para reunirmos e fazermos um ponto de
situação em relação ao estágio e ao relatório. Antes de sair, a Dr.ª L proferiu que
amanhã tínhamos o dia de folga para aproveitarmos para descansar ou trabalhar no
relatório de estágio.
Referindo-se a estas três/quatro semanas que passaram, o Dr. H interpelou-nos
acerca da tarefa dos questionários, solicitando a nossa opinião sincera. Apesar de ser
uma tarefa morosa, dissemos que tínhamos gostado de realizá-la e que, no fundo, faz
tudo parte do processo (desde preparar amostras, questionários até à abertura e posterior
tratamento dos mesmos). Adicionalmente perguntou se tínhamos sugestões de tarefas
que gostássemos de desenvolver na IGEC e questionou também o que é que eu tenho
vindo a fazer na ATI Sul. Além de explicar que estou a trabalhar os ficheiros dos peritos
externos e que também já tinha estado a trabalhar com o ficheiro da AEE 2016,
aproveitei para expor uma questão relacionada com o GestIGEC. Mencionei que
durante as primeiras semanas estive a aprender a manusear o sistema e que tinha tido
oportunidade de experimentar, no computador da PT, com a sua supervisão. No entanto,
desde essa altura que nunca mais pude estar em contacto com o sistema e senti que tinha
aprendido a utilizar um programa que não vou usar durante o meu estágio. O Dr. H
disse-me para não me preocupar que ele próprio irá certificar-se que todas nós vamos
utilizar o sistema.
Falou-nos ainda da possibilidade de participarmos numa avaliação externa, no meu
caso e no da Patrícia na margem sul, reforçando a questão de não podermos participar
em avaliações externa que se realizem em AE que já tivéssemos frequentado. Por fim
questionou-nos acerca dos nossos projetos, percebendo em que direções nos
encontramos a caminhar, para que mesmo à distância nos possa proporcionar algum
acompanhamento.
Saí pelas 13:40.
Reflexão Pessoal
Estas pequenas reuniões de ponto de situação são fulcrais, pois permitem evidenciar
dificuldades sentidas (a todos os níveis), expor opiniões em relação ao trabalho
realizado na IGEC e obter feedback das tarefas efetuadas. São reuniões que se revelam
muito importantes pelo acompanhamento que é proporcionado ao trabalho académico,
ao nível do relatório de estágio, e ao trabalho profissional que desenvolvo diariamente
na IGEC. Permite-me perspetivar as competências de trabalho que tenho vindo a
desenvolver com a participação nas atividades da Inspeção, quando nos fazem refletir
acerca das dificuldades sentidas e nos dão feedback do trabalho realizado. A nível
profissional, sinto que é muito importante esta supervisão, uma vez que me estimula na
consolidação e desenvolvimento de competências de trabalho. Acresce (re)afirmar que
há bastante preocupação da parte do Dr. H e da Dr.ª L, não só com o nosso percurso do
estágio - em termos de tarefas a efetuar e em relação a formações a frequentar - mas
também ao nível do nosso relatório - mais concretamente quanto aos temas do projeto
de investigação.
Dia 37 – Segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:15, segui diretamente para o 5.º andar com o
intuito de falar com a Dr.ª L acerca do local onde iria permanecer hoje. Tive a indicação
que os dados das escolas que serão alvo de avaliação externa em janeiro ainda não
tinham chegado, pelo que a Dr.ª L pediu-me que continuasse o trabalho que estava a
desenvolver no âmbito da ATI Sul. Também me disse que estaria numa reunião da parte
da manhã e que só à tarde é que saberia novidades sobre os dados das escolas.
Em jeito de continuação do trabalho dos peritos externos, a Dr.ª FA encarregou-me
de organizar o dossier das sínteses curriculares, abrangendo: 1) a organização dos
separadores do dossier por faculdade/universidade/instituto e 2) a impressão das
sínteses que não constavam no dossier dos anos precedentes. Estive, também, a fazer a
verificação dos docentes que efetivamente reiteraram o seu interesse em participar na
AEE para que constem no dossier as suas informações curriculares. Para o efeito e
utilização própria, criei uma base de dados de controlo às sínteses curriculares já
impressas e arquivadas no dossier. Estive, assim, debruçada na organização de sínteses
de cinco universidades.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Não consegui terminar o trabalho hoje, dado o número elevado de peritos externos
que colaboram anualmente com a IGEC. Devo salientar, ainda, que estou a gostar
imenso de realizar esta tarefa por estar a desenvolver competências relacionadas com a
organização e gestão do trabalho, procedendo à criação de um instrumento de
organização que me permite verificar e controlar todo o trabalho realizado.
Dia 38 – Terça-feira, 24 de novembro de 2015
Cheguei à IGEC às 10:00. Para hoje tínhamos marcada a reunião de
acompanhamento dos trabalhos de investigação referentes aos relatórios de estágio com
a Dr.ª L. Estivemos em reunião, cerca de 45 minutos, onde foram abordados os
seguintes pontos, de modo sucinto:
o Os prazos de entrega da primeira parte da caracterização da organização;
o A organização e a consulta de documentos para efetuarmos a caracterização da
IGEC;
o O ponto de situação em relação ao desenvolvimento dos trabalhos;
o Os temas dos projetos de investigação e o modo como podemos começar a
incidir na sua elaboração.
No caso do meu projeto, no âmbito da EPE, pedi que me disponibilizassem
documentos de caracterização da atividade de acompanhamento deste nível de ensino,
podendo assim enquadrar inicialmente a atividade. A Dr.ª L, a este respeito, disse-me
que a atividade de acompanhamento dos JI da rede privada é uma competência da IGEC
e explica-se pela crescente expansão da rede da educação pré-escolar, tanto a nível
público como privado, enquadrada na Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar de 1997.
Também me referenciou que a rede nacional da EPE surge para garantir uma resposta
educativa congénere a todas as crianças do país. Quanto à atividade em si dos jardins-
de-infância, frisou que o programa foi construído com base na lei supracitada e
referenciou-me, ainda, que a ação da IGEC direciona-se para as Instituições Particulares
de Solidariedade Social (IPSS) por existir financiamento do Estado, com incumbência
da IGEC para um trabalho de acompanhamento/regulação da educação. Por último,
mencionou que a Dr.ª IS, autora das orientações curriculares, deu o seu contributo para
o desenvolvimento desta atividade.
Terminada a reunião, a Dr.ª L e a Dr.ª MP disponibilizaram-me livros referentes à
EPE para um contacto mais aprofundado ao tema. Os livros disponibilizados, editados
pelo Ministério da Educação (ME), foram: 1) Legislação da Educação Pré-Escolar; 2)
Orientações Curriculares; 3) Organização da Componente de Apoio à Família e 4) A
Educação Pré-Escolar e os Cuidados para a Infância em Portugal.
Pelas 11:00 demos início à segunda fase da elaboração das amostras referentes à
avaliação das escolas do Norte, para posteriormente prepararmos os questionários dos
pais da EPE, ensino básico e secundário. Neste dia, selecionei amostras de três escolas.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
A conversa com a Dr.ª L sobre o meu projeto de investigação permitiu-me,
novamente, explanar o tema de estudo e objetivos que pretendo seguir no decurso da
minha investigação. A este nível, senti-me bastante apoiada pela Dr.ª L que demonstrou,
num primeiro momento, interesse e preocupação com o nosso projeto e, num segundo
momento, disponibilização na entrega de materiais de estudo e de apoio ao relatório.
Dia 39 – Quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Hoje cheguei às 10:15 à IGEC e estive toda a manhã a selecionar as amostras de
cinco escolas do Norte e uma da ATI Sul, a partir dos dados que vão chegando das
escolas que serão intervencionadas em 2016. O processo de preparação da amostra é
realizado do mesmo modo que se procedeu para a avaliação das escolas precedentes.
Quando procedi à elaboração da amostra de uma escola do Sul, verifiquei que os
dados não estavam percetíveis, apresentando a totalidade dos alunos por ano e não
discriminando os mesmos por turma, pelo que fui expor esta questão à Dr.ª FA que
ficou de resolver a identificação destes dados com a escola.
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
Considero que o dia foi bastante proveitoso com a preparação das amostras da AEE
que terão início em janeiro 2016. Estamos já a trabalhar, também, em amostras de
escolas que só serão avaliadas em fevereiro e março 2016 para adiantar o trabalho e
deixarmos o dossier todo preparado e devidamente organizado.
Dia 40 – Quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Hoje, quando cheguei à IGEC, pelas 10:15, a Dr.ª L deu-nos algumas
recomendações e teceu comentários atinentes ao trabalho da recolha das amostras que
temos vindo a realizar. Começou por realçar que o trabalho realizado da preparação das
amostras anteriores (do mês de janeiro referente às escolas do Norte) estava elaborado
corretamente, em função da metodologia utilizada. No entanto, alertou-nos para o facto
de em agrupamentos de grandes dimensões devermos escolher mais escolas, para a
amostra abranger um maior número de estabelecimentos de ensino. A título de exemplo
e em meu entendimento, num AE com 10 JI não cingir-nos a uma amostra de dois
estabelecimentos, mas mediante o resultado dos 20% do total dos alunos, selecionar três
ou quatro JI Proferiu-nos, também, para começarmos a dar mais importância à
preparação das amostras das escolas da ATI Sul do mês de janeiro.
Uma vez que nos deparámos com a ausência dos dados das restantes escolas da ATI
Sul, comecei por dividir as amostras do Norte (de março a maio), por mim e pela minha
colega Patrícia, e deixámos todas as escolas preparadas, com as amostras feitas. Desta
vez, tomei atenção às indicações da Dr.ª L e alarguei, no caso dos AE de maiores
dimensões, a amostra a mais estabelecimentos de ensino, atendendo à percentagem de
alunos que deveria selecionar, em cada caso. Os estabelecimentos de ensino da ATI
Norte estavam preparados, apenas nos faltou transpor as amostras de cada AE para os
documentos em Word que oficializam as escolas e as respetivas turmas do agrupamento
que deverão responder aos questionários de satisfação.
Já no final da manhã, tivemos a conversar com a Dr.ª L sobre as escolas da ATI
Sul, no que respeita à urgência em realizar as amostras de janeiro para fazer sair os
questionários, o mais tardar no dia 7 de dezembro, visto que a Dr.ª L não estará na
IGEC na próxima semana.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Do dia de trabalho de hoje, apenas deixámos por elaborar as amostras no
documento Word, preparado para o efeito. Creio que na segunda /terça-feira essa tarefa
ficará completa, bem como daremos continuidade (assim que nos disponibilizarem os
dados) à seleção das amostras das escolas de janeiro da ATI Sul. Sinto que já começo a
lidar muito melhor com os timings de trabalho, em função do caráter mais ou menos
urgente das tarefas que nos vão sendo solicitadas.
Dia 41 – Segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:30, já sabia o plano de trabalho a cumprir para o
dia de hoje. A Dr.ª L tinha falado comigo na quinta-feira à tarde acerca da AEE da ATI
Sul, referente a janeiro, proferindo que trataria de imprimir as amostras que já estavam
realizadas e tratar das que ainda estavam por elaborar, pois os dados até à parte da
manhã de quinta ainda não tinham chegado. A nossa tarefa seria, assim, tratarmos de
contabilizar os questionários para os pais da EPE e ensino básico e secundário, tendo
em conta as amostras de janeiro da ATI Sul (a maior parte elaboradas pela Dr.ª L) e da
ATI Norte (todas tratadas pelas estagiárias).
Num total de 12 AE, cada uma de nós tratou, individualmente, da preparação dos
questionários de quatro escolas. Como terminei perto das 12:00, pude ainda realizar
uma amostra de um AE da zona Centro, a ser avaliado em janeiro 2016.
Saí pelas 13:15.
Reflexão Pessoal
Considero que a contagem dos questionários, além de ser uma tarefa demorada,
exige elevada concentração e método de trabalho pelo número elevado de questionários,
quase sempre acima dos 200, que devem ser contabilizados e enviados aos AE
selecionados. É, assim, uma atividade que envolve uma enorme responsabilidade e que
nos obriga a tomar muita atenção ao número de questionários que devem ser enviados,
definidos na amostra, e preparar impreterivelmente esse número de questionários e os
envelopes que serão enviados posteriormente às escolas.
Dia 42 – Terça-feira, 01 de dezembro de 2015
Hoje cheguei à IGEC às 09:50. A pedido da Dr.ª MP, estive a tratar do documento
da amostra de uma escola do Centro, que tinha chegado ontem, documento este que
oficializa a amostra elaborada à priori.
A Dr.ª MP pediu-nos, também, para prepararmos os questionários (Q5), ou seja,
para os alunos do 1.º ciclo de três escolas que pertencem à ATI do Sul. Como já
tínhamos preparado estas escolas – do mês de janeiro – recorremos às folhas das
amostras para preparar o número exato de alunos do 1.º ciclo que serão inquiridos e
juntar estes questionários Q5 aos Q3 e Q4 já preparados.
Saí às 12:40.
Reflexão Pessoal
Com a tarefa dos questionários de satisfação ainda em mãos, estes últimos dias têm
servido para selecionar amostras, elaborar os documentos das amostras e contabilizar
questionários a enviar às escolas, respondendo assim às solicitações do momento, a
pedido de vários colaboradores da IGEC.
Dia 43 – Quarta-feira, 02 de dezembro de 2015
Quando cheguei à IGEC, pelas 09:50, liguei o meu computador pessoal, e como
não tinha os documentos base para tratar das amostras, estive durante quinze/vinte
minutos a passar esses documentos do computador da IGEC para o meu computador.
Posteriormente, comecei a tratar do documento das amostras das escolas que serão alvo
de avaliação externa em fevereiro, da ATI Norte, tendo feito três escolas referente a este
mês. Também iniciei hoje a realização das amostras do mês de março da mesma área de
inspeção.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Foi um dia bastante produtivo, na medida em que temos adiantado todo o trabalho
(amostras de fevereiro e março) que nos tem vindo a ser solicitado, mas que não tem
carácter urgente de realização. Reforço, por isso, o trabalho em equipa que se estabelece
diariamente, na divisão de tarefas e apoio na consecução das mesmas, que nos permite
mais eficiência e eficácia na realização das atividades. Para amanhã prevejo a
continuação do trabalho que não foi possível terminar até à hora de saída.
Dia 44 – Quinta-feira, 03 de dezembro de 2015
Hoje cheguei à IGEC às 10:00. Estive a manhã inteira a tratar dos documentos das
amostras das escolas da zona Norte, do mês de março e abril, que serão alvo de
avaliação externa. No total procedemos à realização de sete amostras de escolas.
Saí pelas 13:30.
Reflexão Pessoal
Hoje consegui terminar as escolas do mês de março e deixar concluídas as escolas
que serão avaliadas em abril. Para segunda-feira, apenas deixei para fazer as escolas de
maio, concluindo a elaboração dos documentos das amostras da ATI Norte.
Dia 45 – Segunda-feira, 07 de dezembro de 2015
Neste dia, cheguei à IGEC às 10:15 e estive a organizar os documentos referentes
às amostras selecionadas precedentemente da ATI Norte, escolas que serão
intervencionadas em fevereiro, março e abril, ou seja, as que estavam já passadas a
computador. Fiz um registo das mesmas, com as minhas colegas, e posteriormente
enviámos à Dr.ª L.
Mais tarde, a Dr.ª L trouxe mais documentos com os dados das escolas da AE de
2016, desta vez referentes a fevereiro I20
e fevereiro II21
, da ATI Sul e também dos
meses de fevereiro e março da ATI Centro. Nesse sentido, estive a selecionar as
amostras de três escolas de fevereiro I.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Estamos numa fase de adiantamento de trabalho dado o volume de escolas que
serão alvo de avaliação externa neste ciclo. É também uma forma de darmos
continuidade à tarefa dos questionários de satisfação, deixando todo o trabalho
preparado para sair da IGEC quando for o momento exato para isso. Adicionalmente,
creio que permite antever eventuais problemas que possam surgir, como o caso do
documento dos dados de uma escola do Sul que não estava discriminado por turma-
alunos, como foi pedido pela IGEC, o que motivou, necessariamente, a alteração da
parte da escola, demorando algum tempo na sua retificação.
Dia 46 – Quarta-feira, 09 de dezembro de 2015
Cheguei à IGEC às 10:10 e procedi à continuação do trabalho da seleção das turmas
a que serão aplicados os questionários de satisfação. Pude extrair as amostras de quatro
escolas da ATI Sul, referente ao mês de fevereiro I. Terminei assim a seleção das
amostras da avaliação que decorre no supracitado mês.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Uma vez terminada a seleção das amostras das escolas que serão avaliadas em
fevereiro (ATI Sul), passarei amanhã para a seleção das amostras das escolas da região
Centro. Esta organização é feita segundo a proximidade das datas de avaliação, dando
prioridade às avaliações que se desenrolem primeiro. Devo ainda sublinhar a autonomia
de trabalho que temos tido no decorrer da realização destas tarefas, denotando-se
confiança no trabalho que efetuamos diariamente, por parte do nossos coordenadores de
estágio. Além disso, reforço novamente, a importância da divisão de trabalho entre
todas que também tem sido um método eficaz na organização da nossa atividade diária.
20
Primeira avaliação do mês de fevereiro. 21
Segunda avaliação do mês de fevereiro.
Dia 47 – Quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
Hoje, quando cheguei à IGEC, pelas 10:10, voltei-me novamente para a tarefa da
seleção das amostras, desta vez da ATI Centro, referente às escolas que serão
intervencionadas em fevereiro e março. Deste conjunto, procedi ao apuramento das
turmas de três escolas (avaliadas em fevereiro) e duas escolas (avaliadas em março),
faltando-me a seleção da amostra de uma escola, cuja avaliação realizar-se-á em março.
A Dr.ª L pediu-nos também para procedermos à retificação da amostra de uma
escola do Norte que por lapso não enviou os dados corretos dos alunos que constituem o
universo da escola. Apesar de esta amostra estar concluída e arquivada, procedemos à
retificação dos dados que estavam incorretos, realizando a seleção das turmas, com base
nos novos dados enviados.
Pouco antes de sairmos, fizemos ainda uma reunião de balanço do trabalho
efetuado até hoje, com a Dr.ª L. As conclusões desta reunião são: 1) todas as escolas da
ATI Norte que serão avaliadas entre fevereiro e maio têm as amostras selecionadas e
estão também passadas para o documento que oficializa a amostras; 2) das escolas da
ATI Centro que serão avaliadas em fevereiro e março apenas temos a seleção das
turmas feitas (menos de uma escola de março), sendo que trataremos de passar para os
documentos na próxima semana; 3) as escolas da ATI Sul de fevereiro são, no total, oito
mas como temos só seis documentos dos dados das escolas, apenas essas é que estão
tratadas.
Saí pelas 13:15.
Reflexão Pessoal
A quantidade de escolas que trato diariamente com as minhas colegas faz com que
tenha uma maior responsabilidade na execução das tarefas, mas essencialmente na
organização dos documentos, tal como nos foram entregues inicialmente. É por isso que
no meu quotidiano profissional assumo essa preocupação com todas as tarefas,
controlando sempre o que está feito e o que está por fazer para ter sempre conhecimento
do meu universo de trabalho.
Dia 48 – Sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
Acompanhada pelas minhas colegas e pela Dr.ª L, estive presente nas provas de
mestrado de uma colega, no IEUL, que no ano precedente esteve a estagiar na IGEC. O
relatório de estágio apresentado intitula-se “Planos de Melhoria, Aprendizagem
Organizacional e Regulação da Educação – Uma análise dos planos de melhoria das
escolas da Área Territorial de Inspeção de Lisboa e Vale do Tejo (2012/2013)” e, à
semelhança do que o título indicia, debruça-se sobre a identificação e análise das ações
apreciadas nos planos de melhoria das escolas avaliadas no ano letivo de 2012/2013, da
Área Territorial de Inspeção de Lisboa e Vale do Tejo.
Reflexão Pessoal
Assistir à defesa do relatório de estágio da colega que estagiou na IGEC em
2014/2015, possibilitou-me conhecer com maior detalhe o seu percurso na organização,
compreendendo as aprendizagens e competências adquiridas no decorrer do mesmo.
Assimilei, ainda, a responsabilidade e a importância que um trabalho desta natureza
assume em diversos momentos (planeamento e concretização ao longo do tempo), mas
essencialmente, no momento das provas do mestrado.
Dia 49 – Segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
A formação dos inspetores teve início às 10:00 com a introdução da agenda
dedicada a esta sessão: 1) Chuva de ideias; 2) Avaliação das Escolas: entre o
daguerreótipo e a película; 3) Dispositivo de regulação como instrumento de autonomia
da escola e 4) Política de Avaliação de Escola. Esta sessão constitui a segunda parte da
formação, ocorrida a 5 de outubro na IGEC, com as Professoras Doutoras Estela Costa e
Marta Almeida.
As professoras iniciaram esta sessão com a abordagem ao conceito de regulação
expondo que o mesmo está presente em todo o contexto da IGEC e das escolas,
nomeadamente no processo de autoavaliação, que resulta da gestão estratégica dos
estabelecimentos de ensino. Definiram regulação como a coordenação da ação dos
atores, através de regras que são adotadas no terreno, vindas de leis, referenciais e
matrizes, neste caso em particular, relacionadas com a AEE. Fizeram referência a dois
tipos de regulação: 1) normativa, burocrática e institucional intensamente marcadas
pelas normas e regras provindas do Estado e 2) autónoma que estabelece como os atores
se apropriam das tais regras emanadas do Estado e como adaptam-nas no terreno de
trabalho. No caso concreto da regulação autónoma, mencionaram que é bastante
encontrada no terreno devido às diferentes conceções dos atores que convergem no
contexto escolar.
Em continuação ao exposto, afirmaram que na provisão coletiva e
institucionalizada da educação, a configuração da ação educativa resulta da interação
dos dois dispositivos de regulação, o que também podemos designar de multirregulação,
conceito proferido pelas professoras, citando o professor João Barroso. Defenderam a
existência de uma geometria variável na provisão da educação, apesar da lógica
homogeneizadora inerente à regulação burocrática. Um dos exemplos de regulação
normativa é assente pelo Decreto-Lei 75/2008, de 22 de abril, – regime de autonomia,
administração e gestão, que define o relatório de autoavaliação como um instrumento de
autonomia e como um dos requisitos introduzidos com a avaliação externa, que também
serve de instrumento de prestação de contas às autoridades escolares. Conforme as
professoras, a lógica do Estado de regulação normativa também se expressa no
preâmbulo do Decreto-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho, na valorização de uma cultura de
autoavaliação, quando se lê que “(…) toda esta trajetória de aprofundamento da
autonomia das escolas é realizada em estreita conexão com processos de avaliação
orientados para a melhoria da qualidade do serviço público de educação, pelo que se
reforça a valorização de uma cultura de autoavaliação e de avaliação externa, com a
consequente introdução de mecanismos de autorregulação e melhoria dos desempenhos
pedagógicos e organizacionais”.
Segundo as professoras, temos vindo a assistir a uma regulação pelos resultados
com a substituição da gestão direta e centralizada para uma gestão mais descentralizada
com a crescente interposição de atores educativos onde, no caso concreto da avaliação,
esta permite o comprometimento da escola para com a comunidade educativa,
proporcionando informação que contribua para a qualidade do serviço público da
educação. Foi destacado, ainda, que a regulação local tem como polos de influência: a)
Serviços da administração central, desconcentrada ou descentralizada com intervenção
direta ao nível local; b) Grupos de interesse, como por exemplo, políticos, sociais,
económicos, entre outros organizados ou não em associações formais e c) Atores
individuais que interferem diretamente no funcionamento do sistema educativo (e.g. os
pais, alunos, professores, funcionários, gestores escolares, entre outros).
Abordando as escolas de qualidade, as professoras destacaram quatro fatores que as
distinguem22
: 1) Definição e execução dos planos de ação de melhoria com a sua
monitorização; 2) Percursos de aprendizagem flexíveis; 3) Autoavaliação cíclica e 4)
22
União Europeia (Euydice, 2008), OCDE e UNESCO (United Nations Educational, Scientific and
Cultural Organization – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura).
Projeto de educação (PE) para todos. Numa outra abordagem, para a melhoria escolar é
importante entender a escola como centro de mudança que depende da alteração da
cultura escolar e da compreensão da escola como comunidade de aprendizagem23
. Uma
escola aprendente é aquela que reflete e trabalha em estrita colaboração para o seu
desenvolvimento profissional e organizacional. A autoavaliação, neste âmbito, funciona
como um instrumento de autonomia e gestão estratégia da escola. De acordo com as
professoras, estamos perante o cenário de long-life learning que também se transpõem
para o contexto educativo. A aprendizagem pressupõe uma construção social que leve
ao questionamento de práticas pedagógicas e à procura de soluções para o
desenvolvimento da escola. Cada escola tem a sua missão e deve procurar gerir as suas
práticas pedagógicas em função do cumprimento da mesma.
Foi, também, apresentada a questão da emergência de comunidades aprendentes
aludindo aos quatro estádios, defendidos por Wenger et al em 2002, e reportados à
importância da constituição de uma equipa de autoavaliação na escola: 1) Estádio
potencial – manifesta-se quando as equipas identificam as necessidades próximas e
determinam os papéis de atuação no seio do grupo; 2) Estádio de formação/união –
manifesta-se quando há tentativas de alargar o grupo e estabelecer tempos e espaços
comuns de trabalho; 3) Estádio de maturidade – capacidade de procura de novos
projetos promotores de aprendizagem e inovação em concordância com a missão do
grupo; 4) Estádio de renovação – é atingido pela equipa de autoavaliação quando
demonstram facilidade em transmitir conhecimento aos novos elementos e a
possibilidade de trocar os membros não afeta o funcionamento da equipa de trabalho.
Quanto aos níveis de aprendizagem organizacional, as professoras apresentaram as
teorias: declarada e em uso. Em relação à primeira, a teoria declarada, salientaram que
se expressa na estrutura, nas normas de funcionamento, nos comportamentos dos atores,
nos normativos e documentos oficiais e nos valores da organização. No que respeita à
segunda, a teoria em uso, esta expressa-se no decorrer das ações da organização. Ainda
neste âmbito, as professoras recorreram à abordagem dos ciclos de aprendizagem,
proferindo que no ciclo simples de aprendizagem, alusivo às equipas de autoavaliação,
estas são apenas capazes de recolher os dados e analisar pontos fortes e fracos, ficando
por este diagnóstico basilar não entendendo, na realidade, o que está por detrás destes
problemas. No ciclo duplo de aprendizagem, as equipas de autoavaliação são capazes de
23
Azevedo (2005).
detetar os pontos fortes, fracos e os constrangimentos externos, fazendo um
entendimento profundo das causas e razões do bom e mau funcionamento da escola. É,
assim, capaz de a partir dos pontos fortes e fracos, retirar aprendizagens para refletir e
desenvolver-se com a sua autoaprendizagem. Na aprendizagem deutero, a escola deve
indagar o próprio processo de diagnóstico. Interroga-se sobre as suas práticas e reajusta
o próprio dispositivo de regulação da autoavaliação.
Posteriormente foi mostrado um quadro com exemplos de análise de respostas das
equipas de autoavaliação das escolas, ao que é solicitado pela IGEC, no contexto da
AEE:
1) Numa orientação imediata, uma das respostas que serviu como exemplo -
“Como vamos responder à IGEC?” – é analisada como uma resposta imediata a
situações inesperadas e mostrando um lado de sobrevivência por parte da
escola.
2) Numa orientação técnica - “Será que a informação recolhida é suficiente?” – a
equipa de autoavaliação tenta promover a eficiência e centra-se nas
metodologias que utiliza para responder às solicitações da IGEC.
3) Numa orientação deliberativa – “Evidenciaram-se preocupações em usar
metodologias que fossem ao encontro dos itens do quadro de referência da
IGEC” – existe uma aceitação dos fins e a seleção dos processos para chegar ao
pedido pela IGEC.
4) Numa orientação dialética – “A realização desta formação permitiu-nos
descobrir muitas das vantagens que a formulação dos nossos próprios
indicadores, documentos orientadores e instrumentos de medida nos pode
proporcionar (…)” – evidencia-se já indicadores da transformação da prática e o
questionamento dos processos utilizados. Aqui denota-se que a preocupação da
escola em responder objetivamente à IGEC já não está tanto implícita na ação
dos mesmos.
5) Numa orientação transpessoal – “Mudei as minhas crenças e atitudes face à
autoavaliação” – compreende-se que a equipa de avaliação autodesenvolve-se
sem que se prenda às solicitações da IGEC, preocupando-se realmente com o
desenvolvimento da escola.
Antes de terminarmos a sessão da parte da manhã lançou-se uma questão de
reflexão a pares, durante 15 minutos. A questão incidiu no seguinte: “Como induzir um
questionamento que inspire a consolidação da institucionalização da autoavaliação ao
nível da escola? – Nos painéis; Com a direção; No relatório”.
As principais conclusões dos inspetores evidenciaram os seguintes pontos:
o Envolver a comunidade e perceber se os atores estão conscientes do
processo de avaliação da escola;
o Criar uma cultura de avaliação, envolvendo todos no processo;
o Adotar um modelo que foque as questões de aprendizagem, valorizando o
serviço educativo;
o Importância de existir um processo de autoavaliação transversal e a
preocupação de nos painéis se entender o significado e a relevância que o
processo de autoavaliação tem para a equipa;
o Perceber a estratégia que promove a autoavaliação;
o Importância de o relatório de avaliação conter pistas do caminho a seguir
(para a melhoria das escolas);
o Compreender a visão da direção em relação à liderança;
o Perceber o tipo de formação que a equipa de autoavaliação possui e se
procura para enriquecer profissionalmente;
o Dificuldade na desconstrução do discurso por parte da equipa de
autoavaliação;
o Importância de questionar o ‘porque não’ em relação às ideias surgidas da
equipa de autoavaliação;
o Conhecer a regulação autónoma em relação à escola, ou seja, entender como
conduzem a sua autoavaliação;
o Perceber se existem circuitos de informação interna e como são utilizados a
favor da autoavaliação;
o Sensibilizar a direção para proporcionar condições de trabalho às equipas de
autoavaliação;
o Relevância de compreender que a avaliação externa não pode recair
totalmente nos processos de autoavaliação das escolas avaliadas e
responsabilizar-se apenas os atores que intervém no âmbito deste processo;
o No momento da avaliação externa é importante questionar-se o ‘para quê’
(conhecendo a intencionalidade e justificar as opções tomadas);
o Considerar o efeito indutor e validador na importância de compreender e
validar práticas de autoavaliação;
o Apreciar os recursos que existem ao dispor da equipa de autoavaliação.
Terminámos para cumprir o horário do almoço às 13:00.
A segunda parte da sessão iniciou pelas 14:15, com a abordagem à temática da
Política de Avaliação de Escola. As professoras começaram por fazer referência à
avaliação enquanto prática social, que acarreta uma dimensão ética (com valores
associados), dimensão política e pedagógica, assente em processos que exigem rigor e
objetividade, no âmbito da avaliação. Segundo as professoras, também temos de aceitar
a coexistência de uma pluralidade de critérios, a multirreferencialização, um referencial
comum na avaliação externa e um referencial singular no que toca à autoavaliação, que
fica a cargo da escola encontrar as suas próprias práticas e entender o que faz mais
sentido no seu contexto educativo.
Conforme as professoras, a escola deve seguir uma política de avaliação baseada
em sete elementos-chave considerados, em simultâneo, pontos organizadores da lógica
de pensar de cada a escola, mostrando capacidade de se autorregular, a saber:
1. Missão e
finalidades Composição da equipa de autoavaliação que conduza o processo de
monitorização;
Comprometimento e (cor)responsabilização dos atores na procura de
uma cultura de escola coesa e una.
2. Princípios
orientadores
3. Dimensões
A avaliação tem por base múltiplos referentes, constituindo-se um
processo de definição e construção conjunta que se ajusta ao contexto e
aos seus atores. Neste caso, a avaliação pode variar em função da
avaliação normativa (resultados mensuráveis) e avaliação criterial
(critérios de qualidade). A escola precisa de informação que deve obter
mediante sistemas de comparação. 4. Referencialização
5. Definição de
ciclos
A equipa deve estabelecer áreas prioritárias e acompanhar os diversos
documentos da escola, como o projeto educativo. Definem-se ciclos
espaçados no tempo que conduzam a diversas fases de avaliação.
Distribuem-se e partilham-se responsabilidades, bem como se
selecionam métodos, fontes e instrumentos que apoiem a avaliação da
escola.
6. Operacionalização
7. Divulgação A divulgação do processo de autoavaliação ancorado à necessidade de
prestar contas dos resultados à comunidade.
Quase no final da sessão, discutiu-se a política da (auto)avaliação da escola que
deve ser definida de acordo com a organização escolar em causa, sendo da competência
da própria escola (re)orientar o seu processo de avaliação, tendo em conta o seu
contexto educativo. Deve atender, assim, à utilização de metodologias quantitativas e
qualitativas (instrumentos de recolha e análise), aos diversos atores e fontes de
informação, à definição de planos de ação, à priorizando ciclos de avaliação e
posteriormente ao fornecimento de informação resultante dos documentos produzidos
pela equipa. Como ideias finais, as professoras acrescentaram a importância do trabalho
entre pares, de existir dispositivos de observação das práticas letivas (OPL), do
mecanismo de observação, essencial para o diagnóstico de necessidades e da integração
de outros processos avaliativos (e.g. TEIP).
Saí pelas 16:10.
Reflexão Pessoal
A presença nesta formação constituiu mais um momento de consolidação de
conhecimentos pela abordagem a muitos conceitos relacionados com a área da política
educativa, aprofundados na licenciatura em Ciências da Educação, como os tipos de
regulação da educação e o dispositivo de regulação como instrumento de autonomia da
escola. Além disso, a minha participação constituiu uma oportunidade de compreender
algumas ideias exploradas pelos inspetores para a consolidação da autoavaliação como
uma prática efetiva das escolas.
Dia 50 – Terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:00 e estive a terminar a seleção da amostra de uma
escola do Centro (que será avaliada em março 2016) que me tinha faltado terminar na
semana passada.
Posteriormente, tivemos uma conversa informal com o Dr. H e com a Dr.ª L acerca
dos nossos trabalhos de caracterização da organização, neste caso, em relação ao que já
tínhamos realizado. Falámos, também, sobre os nossos projetos de investigação, mais
concretamente, sobre os temas que estarão no cerne deste capítulo. Em relação ao meu
tema, a atividade dos Jardins de Infância - IPSS, a Dr.ª L proferiu que amanhã teríamos
oportunidade de agendar uma reunião com a Dr.ª MA para o início de janeiro, a fim de
começar a esclarecer alguns pormenores face ao primeiro momento que defini como
eixo de análise do projeto.
No restante tempo de estágio, pude adiantar ainda mais a seleção das amostras de
uma escola do Sul – que será avaliada em janeiro e que tinha sido enviada para escola
para ser retificada – e três de fevereiro II, tendo deixado uma escola para terminar
amanhã.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Amanhã terminarei a escola de fevereiro II, da ATI Sul, juntando-me às minhas
colegas na elaboração dos documentos das amostras em ficheiro Word.
Dia 51 – Quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Cheguei à IGEC às 10:10 e logo pela manhã estive a concluir a seleção das
amostras de turmas de uma escola da ATI Sul, referente à avaliação de fevereiro II,.
Também estive a preparar as amostras das turmas de duas escolas: 1) uma escola onde
os dados tinham acabado de chegar à organização, referente a fevereiro e 2) outra escola
que apenas tinha dados corretos referentes à EPE e ao 1.º ciclo.
Seguidamente, como forma de registar todo o trabalho já efetuado por nós,
estivemos a organizar por ATI e por datas de avaliação todas as escolas que constam no
dossier alusivo à atividade dos questionários de satisfação. Este mapeamento permitiu
passar em revista as escolas que ainda não tinham enviado os dados para a seleção das
amostras e relembrar a Dr.ª L da presente situação, ou seja, dos dados que ainda
permanecem em falta.
Adicionalmente também registámos as escolas, cujo trabalho está orientado:
o As escolas do Norte estão efetuadas (tanto seleção das amostras como
elaboração dos referidos documentos);
o As escolas do Centro estão também tratadas, no que respeita às avaliações
referentes aos meses de fevereiro e março;
o As escolas do Sul, dos dados que nos chegaram até hoje, as escolas de
fevereiro estão todas tratadas (à exceção de duas cujos dados de uma delas
ainda está por chegar à organização) e as de fevereiro II têm apenas a
seleção das amostras feita.
Hoje também pudemos assinalar a chegada de aproximadamente seis caixas de
questionários respondidos de escolas do Sul e Centro e que têm prioridade de
tratamento, visto a avaliação iniciar-se já em janeiro. O controlo da chegada dos
questionários foi realizado por nós.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Diariamente procedo ao controlo dos ficheiros das escolas com os quais trabalho
com frequência, o que me permite ter conhecimento da localização dos mesmos, mas
essencialmente saber o que está concluído e o que está por terminar, como já tinha
sublinhado. Considero importante fazê-lo, pois é também um meio de me organizar
diariamente e de preparar antecipadamente o trabalho a realizar no dia seguinte.
Dia 52 – Quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:00. Terminada, por agora, a seleção das amostras das
escolas que nos tinham chegado, estive a elaborar os documentos das amostras a
computador, das avaliações que decorrem em fevereiro II. No total procedi à elaboração
dos documentos de cinco amostras da ATI Sul de fevereiro II. Mais tarde, enviei os
documentos à Dr.ª L, fazendo um ponto de situação das amostras de fevereiro II (ATI
Sul): oito escolas (cinco amostras elaboradas, duas amostra por elaborar por ausência de
dados e uma feita mas na posse da minha colega Margarida). Verifiquei também que
hoje chegaram mais cinco caixas de questionários respondidos para a avaliação externa.
Por volta das 13:15, a Dr.ª L veio chamar-nos para nos juntarmos ao almoço de
Natal da IGEC, a fim de confraternizarmos com os membros da organização, fazendo
também parte da festa natalícia. Eu e a minha colega Patrícia juntamo-nos, assim, à
festa que decorreu no 1.º piso da organização, na sala de reuniões, almoçando e
confraternizando com os presentes na sala. Durante este evento, viveu-se um ambiente
de festa, bastante agradável, observando-se um momento de partilha e convivência entre
todos os membros da IGEC e em que só alturas destas permitem juntar a maior parte
dos trabalhadores desta organização.
Desejámos boas festas à Dr.ª L e aos membros conhecidos na IGEC. Saímos pelas
14:45.
Reflexão Pessoal
O almoço de Natal da IGEC constituiu um momento verdadeiramente agradável
para os presentes. Observei uma pura confraternização entre os membros, denotando a
importância da junção de todos na organização para uma convivência que assinala a
época natalícia.
Inicialmente devo confessar que eu e a minha colega Patrícia sentimos alguma
vergonha inicial, mas depois com o passar do tempo, começámo-nos a sentir mais à
vontade com a presença de alguns membros que conhecemos na IGEC. A hospitalidade
e o contentamento com a nossa presença fez-nos sentir que também fazemos parte da
organização e isso é bastante importante.
Dia 53 – Segunda-feira, 04 de janeiro de 2016
Cheguei à IGEC pelas 10:10 e recebi, desde logo, indicações da Dr.ª L acerca do
processo de AEE. Devido ao funcionamento do sistema de tratamento dos questionários
por tempo determinado, a Dr.ª L e a Dr.ª AG conseguiram tratar dos questionários das
escolas, cujas avaliações iniciam em janeiro24
. No entanto, como duas escolas não
passaram para a fase de validação, a Dr.ª L pediu-nos para tratarmos de exportar os
dados dos questionários Q3 e Q4 de uma escola e apenas o Q4 de outra, as duas
pertencentes à ATI do Centro.
Todavia, precedentemente à análise destes questionários, a Dr.ª L e a Dr.ª AG
estiveram a analisar o sistema, tentando compreender se estaria a funcionar para darmos
continuidade ao trabalho pela análise no sistema. Verificou-se que o mesmo estava em
baixo e, nesse sentido, estive parte da amanhã a tratar da exportar os dados dos
questionários dos pais da EPE.
Entretanto, a Dr.ª AG deu-nos indicação que o sistema já estava a funcionar e
aproveitámos para digitalizar, a classificar e validar os questionários em falta: o lote Q3
e Q4 da mesma escola e o lote Q4 de outra escola.
Durante a manhã, consegui também a selecionar a amostra das turmas de uma
escola do Sul, cujos dados tinham ficado de ser retificados pelo AE.
Já perto das 13:00, estivemos reunidas com o Dr. H que fez um ponto de situação
da sua agenda de trabalho, proferindo que durante o mês de janeiro estaria pela IGEC no
dia 14 e também entre dia 25 e 28 do mesmo mês. Alertou-nos, a mim e à Patrícia, que
a avaliação externa a que iremos assistir está a aproximar-se, no entanto não nos
confirmou o estabelecimento escolar que será intervencionado. Apontou, como dias de
referência do início da avaliação externa, 28 e 29 de janeiro, para assistirmos, num
24
Escolas do Norte, Sul e Centro.
destes dias à preparação da avaliação. Pediu-nos, ainda, que fizéssemos um
levantamento das atividades/tarefas que realizámos e nas quais participámos para ter
conhecimento do que temos desenvolvido no decorrer do estágio. Convidou-nos,
também, a participar numa formação a realizar-se em março sem adiantar o tema da
mesma. Estivemos, por último, a planificar os próximos acontecimentos: a nossa
participação numa intervenção da AEE, a atividade de acompanhamento dos Jardins de
Infância da Rede Privada e a avaliação de escolas com contratos de autonomia (ACA),
esta ultima atividade, se for possível, para a altura final do estágio.
Antes de sair, pedimos também à Dr.ª L para quinta-feira nos dispensar do estágio
para assistirmos à defesa da tese de uma colega que estagiou na Direção-Geral da
Educação (DGE).
Saí pelas 13:25.
Reflexão Pessoal
Finalmente o sistema de tratamento dos questionários está a funcionar plenamente,
o que significa que será uma ótima ajuda na validação dos questionários de AEE e
possibilitará uma análise mais fácil dos mesmos que devem sempre chegar com alguma
antecedência à equipa de avaliação.
Devo também acrescentar que hoje solicitei à Dr.ª L e ao Dr. H para terminar a
tarefa da organização do dossier das sínteses dos peritos externos (tarefa realizada no
âmbito da ATI Sul) antes da minha colega Patrícia ocupar o seu lugar nesta área da
Inspeção, por apreciar bastante o sentido de responsabilidade e de compromisso com os
diversos profissionais da IGEC.
Dia 54 – Terça-feira, 05 de janeiro de 2016
Assim que cheguei à IGEC, pelas 10:10, recebi um recado da Dr.ª AG, transmitido
pela Dr.ª MA, para ligarmos quando chegássemos ao gabinete. O nosso telefone não
estava a funcionar e decidimos ir diretamente ao encontro da Dr.ª AG que nos explicou
que o sistema se encontrava a duplicar lotes de questionários e, nesse sentido, pediu-nos
que digitalizássemos uma escola de pequena dimensão (escolhida pela Dr.ª AG) só para
se certificar se o sistema continuava a fazer a duplicação de lotes.
Procedemos, então, à digitalização de dois lotes com a Dr.ª AG, passando para as
fases seguintes, a classificação e a validação, mais tarde, pelas 12:00. Entretanto, como
eu e a Patrícia tínhamos de ir falar com a Dr.ª FA acerca da nossa situação de estágio,
fomos ao seu encontro no 2.º piso. Comecei por falar acerca da tarefa que tinha deixado
por finalizar, em novembro, e solicitei à chefe de equipa que me deixasse terminá-la
antes de a minha colega ocupar o lugar na ATI Sul. A Dr.ª FA combinou connosco que
esta semana estaríamos as duas na EMEE a tratar da tarefa dos questionários, mais
importante neste momento, e que na segunda voltaríamos a reunir para assim concluir a
tarefa dos peritos a partir dessa semana.
Voltámos para a EMEE e estive a tratar da seleção das amostras que a Dr.ª L nos
deixou na mesa: uma amostra da zona Centro e outra do Sul. Posteriormente procedi à
elaboração do documento da amostra de um AE do Centro. Enviamos estas duas
amostras elaboradas no Word e também o documento da amostra de um AE do Sul que
a Dr.ª L nos tinha solicitado à priori.
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
Na sequência da minha ida à ATI Sul, reparei que o computador onde eu trabalhava
não estava na secretária. A PT disse-me que o tinham levado para outro departamento
por estar a fazer falta a um funcionário da IGEC. Apercebi-me que, quando voltar para
o 2.º andar, tenho de levar o meu computador pessoal para terminar a tarefa solicitada.
Dia 55 – Quarta-feira, 06 de janeiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:20 e comecei a preparar os questionários para enviar aos AE
que serão alvo de avaliação em fevereiro. Em conjunto com as minhas colegas, procedi
então à contagem dos questionários Q3 e Q4 e também dos respetivos envelopes, em
função das turmas indicadas nas amostras das escolas. Estive, assim, a preparar os
questionários e envelopes de três AE: um do Centro e dois do Sul.
Posteriormente, como o trabalho da preparação dos questionários já estava
realizado (pelo menos o que nos tinham deixado para fazer), estive a selecionar
amostras de dois AE, cuja avaliação se realiza em abril.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Hoje foi mais um dia rotineiro com tarefas muito específicas: 1) contagem e
preparação de questionários de satisfação para expedição para os AE e 2) seleção de
amostras de AE que serão avaliados em abril. Todavia, é de salientar que compreendo
que esta rotina é bastante necessária para cimentar procedimentos e meios de trabalho
muito precisos para o eficaz desenvolvimento do processo de AEE.
Dia 56 – Quinta-feira, 07 de janeiro de 2016
Hoje, eu e as minhas colegas, fomos dispensadas do estágio para assistirmos às
provas de mestrado de uma discente do IEUL que estagiou no ano 2014/2015 na DGE.
O tema do relatório de estágio direcionou-se para “A Ação da Direção-Geral da
Educação na Revisão e Conceção das Orientações Curriculares para a Educação Pré-
Escolar”.
Reflexão Pessoal
Assistir às provas de mestrado desta colega fez-me entender os aspetos
relacionados com o seu projeto de investigação, concentrando-me, em particular, no
estudo das Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE e, de um
modo geral, na abordagem à EPE, cujo tema também me interessou por se relacionar
com o meu projeto de investigação.
Dia 57 – Segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10 e dirigi-me de imediato à EMEE para informar a Dr.ª L
que durante estes dias estaria na ATI Sul a terminar a tarefa iniciada em novembro de
2015: a organização do dossier das sínteses curriculares dos peritos externos. Como
sabia que não tinha computador no gabinete onde permaneço sempre que vou para o 2.º
andar, decidi primeiro retirar todos os materiais que necessitava do email institucional
no computador da IGEC .
Já na ATI Sul, e em conversa com a Dr.ª FA, combinámos que seria melhor
trabalhar no espaço da EMEE, no gabinete das estagiárias, visto que a tarefa que me
encontrava a desenvolver implicaria fazer impressões e recorrer diversas vezes ao email,
onde estão as sínteses curriculares. Trouxe os dossiers que necessitava e que foram
disponibilizados pela Dr.ª FA, e estive primeiro a criar, novamente, o ficheiro Excel
com o registo de todos os peritos externos envolvidos na AEE 2015/2016 e a respetiva
universidade a que estão vinculados, com base na atualização que tenho vindo a fazer
do Excel que contém as informações profissionais dos peritos.
Além de ter terminado de desenvolver a base de dados, ainda pude imprimir as
sínteses dos docentes da Universidade do Algarve.
Saí pelas 13:20.
Reflexão Pessoal
Dada a situação da ausência do computador que pertencia à ATI Sul e que continha
os meus materiais de trabalho, tive que voltar a construir o ficheiro Excel de controlo
da impressão das sínteses e aceder aos currículos pelo email. Estive, assim, a trabalhar
no meu computador pessoal, recorrendo sempre que necessário ao computador da IGEC
(do 5.º andar) para imprimir as sínteses, a fim de terminar o mais rapidamente possível
o trabalho solicitado.
Dia 58 – Terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:15. Estive a dar continuidade à tarefa da organização
do dossier das sínteses dos peritos que participam no processo de AEE, referente ao ano
letivo 2015/2016. Recorrendo à base de dados que criei para controlar a organização do
dossier, fui imprimindo as sínteses que possuía no meu email e arquivando-as
respetivamente por faculdade/instituto superior a que os peritos pertencem.
A estrutura do dossier foi definida em função da organização dos docentes, por
universidade/instituto superior, sendo que também imprimi os documentos que
apresentam o interlocutor da atividade e os peritos que manifestaram o seu interesse na
intervenção neste processo, com breve referência aos dados profissionais.
Também tive oportunidade de atualizar novamente a lista dos peritos externos que
aceitaram o convite para participar na AEE de 2015/2016.
Completei o dossier pelas 12:45 e enviei os materiais (lista dos peritos externos e
ficheiro de controlo das sínteses) à Dr.ª FA pelas 13:00.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Hoje finalizei a organização do dossier das sínteses curriculares dos peritos
externos. Foi uma tarefa solicitada em novembro que só tive oportunidade de terminá-la
esta semana, pela urgência em resolver outras questões relacionadas com os
questionários de satisfação, durantes estes meses que passaram. Em relação à tarefa
concluída, evidencio algumas aprendizagens realizadas, como o desenvolvimento de
mecanismos de gestão do trabalho realizado, como o ficheiro Excel criado e as
capacidades aprimoradas ao nível de planeamento do trabalho, gestão de informação e
organização de documentos.
Dia 59 – Quarta-feira, 13 de janeiro de 2015
Cheguei à IGEC às 10:10 e estive a fazer as alterações solicitadas pela Dr.ª L em
relação ao número de questionários e envelopes que serão enviados para os AE do Norte
e do Centro, ainda esta sexta-feira.
Seguidamente dei apoio a minha colega Patrícia na realização das moradas para a
identificação das caixas de questionários.
O restante tempo foi utilizado na redação do relatório de estágio.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Como o dia na IGEC foi mais calmo, aproveitei para dar continuidade ao meu
relatório de estágio. São momentos que aproveito para incidir com maior profundidade
em pesquisas bibliográficas e na análise documental para o trabalho académico.
Dia 60 – Quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:10 e estive, simultaneamente com as minhas colegas, a
listar as tarefas desenvolvidas até ao presente dia, a pedido do Dr. H, para mais tarde
abordarmos na reunião de balanço. Também em conjunto, estivemos a inventariar
atividades que ainda gostaríamos de desenvolver no âmbito do estágio, atendendo ao
PA e às tarefas desenvolvidas pelas nossas colegas dos estágios anteriores.
Desta listagem foram apontadas as seguintes atividades desenvolvidas:
o Leitura de documentos;
o Reuniões da Equipa de Reflexão sobre o processo de AEE (abordagem ao
valor esperado e às EE);
o Formação sobre a Avaliação Institucional (Parte I e II);
o Formação sobre a Gestão do Currículo: Ensino Experimental das Ciências;
o Seleção de amostras e elaboração dos respetivos documentos;
o Preparação e tratamento dos questionários de satisfação;
o Planificação da agenda de trabalho do Dr. H para visita às EE de Bruxelas II
e Luxemburgo;
o Formação sobre a AEE de 2015-2016;
Individualmente anotei as tarefas desenvolvidas enquanto estagiei na ATI Sul para
posteriormente informar o Dr. H:
o Formação e intervenções práticas no GestIGEC;
o Realização do cronograma de AEE da ATI Sul;
o Atualização da lista de peritos externos que participam na AEE em 2015-
2016;
o Organização do dossier das sínteses dos peritos externos.
Como sugestões de novas atividades apontámos 1) a participação na seleção de um
docente para as EE (atividade abordada pelo Dr. H há algum tempo); 2) a construção de
uma base de dados das escolas que contêm os planos de melhoria nas suas páginas
oficiais (desde março de 2015); 3) a participação numa reunião com diretores de escolas
acerca da aplicação dos questionários de satisfação; 4) a participação na elaboração de
um capítulo referente a um relatório no âmbito da AEE.
Seguidamente, estivemos a apoiar a Dr.ª L no processo de empacotamento dos
questionários de satisfação para posterior expedição aos AE, neste referido caso, de
todos os agrupamentos do Centro e do Norte.
Perto das 12:00, eu e a minha colega Patrícia, acompanhadas pelo Dr. H, fomos ter
com a Dr.ª FA para conversarmos sobre o estágio na ATI Sul. Foi abordada a questão da
ausência do computador na ATI Sul, ficando esclarecido que tanto o Dr. H como a Dr.ª
FA iriam tratar de encontrar uma solução para a minha colega iniciar funções na ATI
Sul, já na segunda-feira. Aproveitei para solicitar a colaboração da Dr.ª FA no meu
relatório de estágio, concedendo-me uma entrevista para estudar o seu trabalho
enquanto gestora. Recebi uma resposta positiva da sua parte, faltando apenas combinar
a data da mesma. Pediu-me, ainda, que lhe enviasse um email, sem urgência, com os
dias em que estive efetivamente na ATI Sul. Entretanto, na sequência de um telefonema
recebido pela Dr.ª FA, estivemos a falar sobre alguns processos no âmbito do Ensino
Especial e da importância de garantir um ensino individualizado, com respostas
educativas necessárias e um acompanhamento efetivo às crianças que apresentam
necessidades educativas especiais (NEE). Aludiu-se ainda ao Ensino Especial como
uma questão bastante complexa, em termos de processos que chegam à IGEC
diariamente.
A reunião terminou às 13:10. Saí pelas 13:20.
Reflexão Pessoal
Considerei muito importante realizar esta listagem de tarefas desenvolvidas e que
pretendemos desenvolver, por permitir fazer um balanço do estágio desenvolvido até
aqui e sugerir novas tarefas (podendo aprofundar áreas de interesse) que me
proporcionem competências de trabalho no âmbito de um Técnico Superior de
Educação e Formação.
Dia 61 – Segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:10 e encontrei a Dr.ª L a tratar do empacotamento
dos questionários de satisfação que eram para ter saído da Inspeção na sexta-feira
passada. Juntas terminarmos o processo, expedindo os questionários que deveriam sair
ainda hoje para os AE. Entretanto a Dr.ª L deu-me indicação de que tinham chegado
hoje à IGEC os questionários de satisfação de dois AE da ATI Sul. Pediu-nos para
procedermos à abertura dos mesmos, apenas de um agrupamento, estando a D. F a tratar
da outra escola. Além da abertura dos questionários, estivemos ainda tratá-los no
sistema de informático.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Já começaram a chegar à IGEC os questionários enviados, referentes à avaliação
que decorrerá em fevereiro, para serem tratados no sistema proporcionado pelo
Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação. As grelhas de informação das datas
em que decorrem a avaliação dão para nos orientarmos e responsabilizar pelos
questionários que temos de tratar no sistema, priorizando-os sempre por data de
avaliação.
Dia 62 - Terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:00 e verifiquei que o Dr. H já nos tinha enviado um email
com a indicação do AE e das datas de realização da avaliação externa em que eu e a
minha colega Patrícia vamos participar. Adicionalmente, recebi alguns materiais de
apoio para a referida avaliação, com o intuito de me começar a inteirar do processo da
avaliação e do contexto do agrupamento. Imprimi três cópias (para mim, para a Patrícia
e para o Dr. H) e estive a ler e a analisar esses mesmos documentos.
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
Hoje já comecei a preparar a minha participação, com estatuto de observadora,
numa avaliação externa de um AE pertencente à ATI Sul. A análise dos documentos
enviados pelo Dr. H, em relação ao modelo do valor esperado, está a possibilitar
familiarizar-me com um dos instrumentos mais relevantes na AEE e que permite ter
uma noção dos resultados escolares dos alunos.
Dia 63 – Quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:10, constatei que já possuímos mais
questionários para tratar no sistema informático. Durante toda a manhã, estivemos a
digitalizar, classificar e validar os questionários de satisfação que chegaram entre ontem
e hoje à IGEC, de quatro AE, pertencentes à ATI Sul e que iniciarão as avaliações
externas no próximo dia 29 de janeiro.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Com o funcionamento do sistema informático, está a ser possível tratar os
questionários de todos os AE, facilitando assim o nosso trabalho diariamente, nos
prazos estabelecidos.
Dia 64 – Quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10 e iniciei a manhã com o envio de um email à Dr.ª FA,
listando as tarefas realizadas e os dias de intervenção na ATI Sul, documento que tinha
sido solicitado pela mesma. Seguidamente, eu e a minha colega Margarida, estivemos a
digitalizar e validar os questionários dos pais da EPE e dos ensinos básico e secundário
de um AE da ATI Sul. Posteriormente abrimos os questionários Q3, Q4 e Q5 (1.º ciclo)
de um AE, também pertencente à ATI Sul e digitalizámos todos os questionários
abertos hoje. Conseguimos deixar os questionários Q5 completamente tratados, no
entanto os questionários Q3 e Q4, no momento da validação, surgiu um erro que
impediu o tratamento destes lotes no sistema. A situação foi reportada à Dr.ª AG que
ficou de proceder à validação dos dois lotes manualmente. No final da manhã, enviámos
um email à Dr.ª AG e à Dr.ª L com a informação do trabalho desenvolvido hoje.
Saí pelas 12:55.
Reflexão Pessoal
Dos oito AE que serão avaliados a 29 de janeiro, ainda estão por digitalizar e
validar os questionários de um agrupamento que deverá chegar amanhã. Na segunda-
feira trataremos de inseri-los no sistema informático para fazermos chegar os resultados
à equipa de avaliação o mais celeremente possível. Com a realização da lista de tarefas,
constatei que tive uma participação na ATI Sul bastante reduzida, dada a urgência de
intervir muitas vezes na EMEE, no sentido de apoiar as minhas colegas no trabalho que
ia surgindo no âmbito da AEE.
Dia 65 – Segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:15. Estivemos a digitalizar e a validar o último AE
da ATI Sul com avaliação marcada para 28 de janeiro.
O Dr. H disponibilizou-nos mais materiais de apoio da AEE a que vamos assistir,
entre dia 29 de janeiro e 4 de fevereiro, pedindo também que efetuássemos a impressão
de dois documentos: a 1) Agenda de Trabalho e a 2) Apresentação do Agrupamento de
Escolas. Dos restantes documentos, foram disponibilizados ainda o Plano Anual de
Atividades, o Plano de Estudo, o Plano Plurianual de Melhoria, o PE e o Relatório
Anual de Atividades.
Para me inteirar da organização e estrutura do Agrupamento de Escolas O (AE O),
estive o resto da manhã a ler o documento de apresentação do AE e o PE do
agrupamento. Consegui, ainda, realizar alguns apontamentos de sistematização de
informação a saber no decorrer da avaliação externa do AE O.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
A leitura dos materiais de apoio à AEE, neste caso, os documentos que elucidam
todo o panorama e funcionamento do AE O, está a ser uma tarefa bastante interessante
por possibilitar-me conhecer e caracterizar este agrupamento, em função dos
instrumentos de trabalho, como por exemplo o PE e o documento de apresentação do
AE.
Dia 66 – Terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:10, verifiquei o email para saber se possuía mais
materiais da avaliação externa do AE O. Como não me tinham sido enviados mais
documentos, dei continuidade à leitura do PE, incindindo particularmente no
diagnóstico organizacional do AE, nas metas e nas estratégias a adotar para
(cor)responder às necessidades/problemas detetados.
Seguidamente tivemos indicação que tinham chegado à IGEC questionários de três
escolas, cujas avaliações pertencem à ATI do Norte e do Centro e iniciam em meados
de fevereiro. A Dr.ª L solicitou que tratássemos dos questionários, atendendo às
avaliações que estão mais próximas e estivemos, assim, a abrir os envelopes dos AE do
Centro e do Norte do país. Foi possível, ainda, digitalizar e validar as duas escolas,
deixando-as tratadas no sistema.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Com a chegada diária de caixas de questionários provenientes dos AE, há que
organizar o trabalho em função da prioridade de tratamento dos questionários,
atendendo à data de avaliação externa, como tenho vindo a sublinhar. Esta é uma das
estratégias que temos vindo a adotar para que todo o trabalho se desenvolva
eficazmente. Em relação à análise dos documentos, é de salientar que está a ser bastante
interessante traçar o plano de trabalho e linha condutora da ação do AE, pelos diversos
documentos apresentados, entendendo, ainda, as estratégias inerentes à ação educativa e
os problemas identificados pelo diagnóstico do AE.
Dia 67 – Quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
Como cheguei à IGEC às 09:55, estive a digitalizar e a validar os questionários Q3
e Q4 de um AE da zona Sul, antecipando algum trabalho no âmbito da AEE.
Pelas 10:20, o Dr. H veio avisar-nos que a reunião da equipa de reflexão da IGEC
iniciava às 10:30 e que estaríamos à vontade para assistirmos a partir da altura que
quiséssemos descer. Pelas 10:35, começámos a assistir à reunião, cujo enfoque se
direcionou para a reflexão da atual situação da AEE e das novas propostas para o
terceiro ciclo de avaliação externa, procedendo ao confronto do que atualmente se
realiza e do que se pretende modificar neste processo. Durante a sessão, os presentes
apresentaram um memorando da equipa de reflexão, resultado do trabalho das reuniões
da equipa da AEE e que será aprovado pelo Senhor Inspetor-Geral da IGEC, o Dr. LC,
que posteriormente apresentará ao Secretário-Geral do MEC, daí que possam surgir
alterações aos aspetos apresentados, tal como sublinhou o Dr. H.
Uma das primeiras questões propostas e debatidas aludiu, de um modo geral, à
equipa de avaliação. Começou-se por referir a importância de reforçar a formação anual
para inspetores e peritos externos, considerando os domínios de análise da AEE. A este
nível, pretende-se que haja formação no âmbito da OPL para os peritos externos,
contemplando a possibilidade de também se realizarem observações de aulas nas
escolas. Na situação atual, em relação aos peritos externos, realçou-se que existe um
protocolo que demarca as responsabilidades que lhe estão imputadas no âmbito da AEE,
no entanto, verificam-se, tal como foi referido, situações muito díspares no que diz
respeito à participação destes na formação e na redação do relatório da AEE. Referente
à composição da equipa da avaliação, abordou-se que, atualmente, o grupo é composto
por dois inspetores e um perito externo (docentes e investigadores), propostos pelos
institutos superiores, ligados ou não à área da educação. Propõe-se, em relação à equipa
de avaliação, a sua manutenção com a particularidade de estarem familiarizados com a
área da educação. Falaram sobre a possibilidade de se considerar a participação, na
qualidade de peritos externos, de diretores, docentes do ensino não superior e outros
especialistas e equacionar, ainda, a participação de professores aposentados que
reiterem o interesse em participar na AEE. A ideia de desenvolver uma bolsa de peritos
externos, heterogénea, em correspondência ao perfil requerido, também foi discutida na
sessão, neste caso, em referência a avaliadores com conhecimento de escolas e do
sistema educativo, e tendo em conta as especificidades das escolas (cf. as escolas
profissionais e artísticas, por exemplo). Também mostraram a importância de atenuar os
constrangimentos acarretados da indisponibilidade dos peritos externos que, em
determinados momentos, afetam o processo de AEE.
Em relação aos coordenadores, clarificando o seu papel, referiu-se que são
inspetores e relatores com responsabilidades acrescidas na elaboração do relatório. A
este propósito, mencionaram que todos os elementos da equipa de avaliação devem
participar no relatório com juízos avaliativos e asserções e que se devem reforçar as
competências do coordenador na distribuição de tarefas da AEE. Em relação à redação
do relatório, será atribuído um tempo adicional ao coordenador para a sua finalização e
também deve ser revisto o tempo disponibilizado ao outro elemento da Inspeção. Face à
apresentação das conclusões provisórias do relatório, concluiu-se que a definição de
estratégias de apresentação deverá estar a cargo do coordenador e dos outros elementos.
Ainda neste âmbito, realçaram a importância de uniformizar a metodologia de
elaboração dos relatórios, com a participação de todos os elementos na sua redação em
diferentes níveis de colaboração, considerando, ainda, que o relatório deve ser assinado
por todos os membros da equipa de avaliação. No que concerne à OPL, incumbe ao
coordenador da avaliação atribuir os níveis de ensino a observar em conformidade com
o perfil profissional da equipa que o acompanha.
Passámos para a análise dos procedimentos prévios à intervenção da AEE,
chegando-se à conclusão que se deveriam designar “seleção de escolas e ciclos de
avaliação”. Abordaram, neste sentido, que atualmente a lista de escolas avaliadas é
organizada por ano letivo, avaliando-se o agrupamento como um todo e não fazendo
uma análise em função do ciclo de cada escola. Como propostas de melhoria,
explicaram a importância de definir a lista das escolas a avaliar por ano civil e a partir
da análise de risco (diferenciando os ciclos de avaliação de cada escola), tendo em conta
os resultados das avaliações precedentes e outros dados de avaliação (e.g. a informação
fornecida pelo site Infoescolas).
Ainda da parte da manhã, explicitaram o quadro de referência da AEE, incindindo
apenas no domínio Resultados. Pouco antes de entrarmos nos campos de análise,
voltou-se a discutir a aplicação do conceito “referentes” no quadro de referência da
AEE25
que são considerados “(…) elementos de harmonização das matérias a analisar
pelas equipas de avaliação”26
. O grupo de trabalho apontou que existe um desacordo de
conceitos e que será mais correto designar objeto de avaliação aos referentes (conceito
que ainda vigora nos documentos oficiais da IGEC). Neste âmbito e, na abordagem ao
campo de análise Resultados Académicos, explanou-se que é necessário construir uma
matriz concetual, analisando os seguintes conceitos: 1) Domínios; 2) Campos de
Análise; 3) Objeto de Avaliação; 4) Referentes e 5) Indicadores. Ou seja, propôs-se que
se estruturasse o quadro concetual, usando a terminologia expressa no documento do
quadro de referência da AEE, mas clarificando o seu significando, com recorrência à
literatura científica. Em relação aos objetos de avaliação (os atuais referentes), dentro do
domínio Resultados, o grupo concluiu que deveriam abranger os seguintes: a)
Resultados Internos; b) Resultados Externos; c) Qualidade do Sucesso; d) Abandono e
Desistência. Na opinião do grupo, devem ser considerados outros aspetos na construção
dos indicadores, como:
25
Esta questão já tinha sido discutida na reunião do grupo de trabalho da IGEC da AEE e está presente no
DC6 - 28/09/2015. 26
Quadro de Referência para a Avaliação Externa de Escolas.
o O cálculo da taxa de conclusão do ensino secundário geral, considerando o
número de alunos inscritos no 10.º ano e o número de alunos que completou o
12.º ano, de modo a apreciar a eficácia das medidas de promoção do sucesso
escolar;
o A taxa de não conclusão do ciclo de formação por abandono escolar e módulos
em atraso dos CP;
o As taxas de conclusão, as provas finais/exames nacionais e o abandono precoce.
Além disso, no contexto deste domínio, considerou-se relevante determinar
tendências, nos casos em que existem pelo menos três ciclos de formação. As escolas
devem, também, apresentar tratamento estatístico, desassociado do agrupamento, para
que tomem consciência das suas fragilidades e construam planos de melhoria.
Seguiu-se o campo de análise Resultados Sociais com alusão aos ainda referentes
da AEE: 1) Participação na vida da escola e assunção de responsabilidades; 2)
Cumprimento das regras e disciplina; 3) Formas de solidariedade e 4) Impacto da
escolaridade no percurso dos alunos. A proposta da Equipa de Reflexão debatida
determinou a alteração das formas de solidariedade para promoção/desenvolvimento da
cidadania e a introdução da prevenção de bullying e outros comportamentos de risco,
bem como a possibilidade de se valorizar o cargo de delegado de turma.
Por último, abordou-se o campo de análise Reconhecimento da Comunidade e os
respetivos objetos de avaliação: 1) Grau de satisfação da comunidade educativa; 2)
Formas de valorização dos sucessos dos alunos e 3) Contributo da escola para o
desenvolvimento da comunidade envolvente. Na generalidade, o Dr. H salientou que
estes objetos permanecem no quadro de referência da AEE, com maior impacto do
estudo da comunidade educativa.
Saí pelas 13:20.
Reflexão Pessoal
Foi fundamental assistir a esta reunião de trabalho, não só para conhecer os
pareceres dos inspetores presentes em relação ao processo de AEE atual, mas também
pela oportunidade de assimilar as propostas debatidas para o terceiro ciclo de AEE, em
função da análise do modelo que atualmente vigora.
Dia 68 – Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:05 e como tinham vindo mais caixas de
questionários da avaliação que inicia a 8 e 11 de fevereiro, estivemos a dar prioridade à
abertura das mesmas, tendo aberto quatro caixas de AE do Centro. Em seguida,
procedemos ao tratamento dos questionários dos quatro AE abertos precedentemente.
Antes de sair, verifiquei que tinha um email do Dr. H com mais materiais de apoio à
avaliação externa do AE O, desta vez documentos relacionados com os questionários de
satisfação da comunidade educativa deste agrupamento.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Hoje senti que a manhã foi bastante produtiva pela abertura de quatro caixas de
questionários e respetivos tratamentos no sistema informático. Reforço, uma vez mais, a
importância do trabalho em equipa no contexto profissional em que nos encontramos
inseridas, por possibilitar desenvolver celeremente o trabalho solicitado no âmbito da
AEE.
Dia 69 – Sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:10, fui diretamente ter à sala de reuniões, sita no
segundo andar, acompanhada pela minha colega Patrícia. Encontrámos o Dr. H que
esperava pela restante equipa, a Dr.ª RM – coordenadora da atividade – e o Dr. PR –
perito externo. Pouco antes de chegarem, o Dr. H esteve a solicitar-nos que durante as
visitas ao AE O tirássemos notas para depois também contribuirmos com as nossas
asserções e conclusões do que observámos no decorrer da avaliação. Referiu, ainda, que
não poderíamos intervir nos painéis, contudo se quisermos, informalmente, questionar
alguns atores da comunidade educativa, poderíamos fazê-lo sem qualquer
constrangimento.
A reunião iniciou-se às 10:20, já com a presença da Dr.ª RM e do Dr. PR,
começando por nos esclarecerem o âmbito da realização da mesma. A Dr.ª RM
explanou-nos que esta reunião tem como propósito preparar a estratégia de abordagem
aos atores educativos e aclarar algumas questões que foquem o objetivo da avaliação,
visto que uma das finalidades da equipa de avaliação incide essencialmente na recolha
do maior número de informações para fundamentar, posteriormente, o relatório de
avaliação. Além disso, esta reunião tornou-se essencial para elucidar as áreas que serão
prioritárias para serem salientadas durante a avaliação.
A primeira questão que debateram recaiu na abordagem à agenda de trabalho,
devido à repetição de alguns nomes presentes nas várias entrevistas a concretizar. Em
esclarecimento ao exposto, foi referido que algumas pessoas repetem-se durante as
entrevistas, dado que assumem mais do que um cargo no AE, salientando, a título de
exemplo, alguns elementos da equipa de autoavaliação. No entanto, deixou-se em aberto
esta questão para ser esclarecida, logo de início com o diretor do AE. Ainda neste
âmbito, a equipa referenciou que ambiciona inquirir também o mediador de conflitos e a
equipa de acompanhamento das famílias, que não constam no programa definido à
priori.
Centrando-se no foco da reunião, a Dr.ª RM abordou alguns aspetos relacionados
com os documentos solicitados ao AE, nomeadamente: 1) a AE; 2) o plano anual de
atividades; 3) o plano de estudo; 4) o plano de melhoria plurianual – TEIP; 5) o PE e 6)
o relatório anual de atividades. Adicionalmente, a equipa também se referiu à receção
de outros documentos provenientes da IGEC e da DGEEC, como os resultados dos
questionários e respetivos comentários e os dados do valor esperado calculados. A este
nível, refletiu-se a relevância de solicitar alguns dados que devem ser monitorizados
pela escola, a saber: a) as taxas de abandono; b) as taxas de sucesso dos alunos com
NEE, que permitem entender se existem problemas de aprendizagem deste grupo; c) as
medidas de sucesso, operacionalizadas nos projetos desenvolvidos pelo agrupamento
AE em confrontação com as que são eficazes à aprendizagem dos alunos; d) as taxas de
sucesso referentes à oferta de CP; e) a participação dos pais em reuniões e horas de
atendimento; f) os dados da EPE, em relação ao sucesso deste nível educativo e g)
medidas disciplinares sancionatórias de forma a monitorizar a indisciplina escolar.
Seguidamente, estabeleceram-se as estratégias de intervenção no terreno, em
referência à atuação da equipa no decorrer da visita, mencionando que devem ser
anotados todos os aspetos considerados relevantes (sistematização de pontos fortes e
fracos), atendendo aos Domínios e Campos de Análise que são contemplados no quadro
de referência da AEE. Também vão ter em consideração o relatório de avaliação
externa, realizado na avaliação precedente, refletindo às ações de melhoria executadas e
a eficácia da realização das mesmas, em comparação com os pontos fracos detetados.
Passando para a abordagem aos resultados dos valores esperados, os membros da
equipa estiveram, em conjunto, a analisar os valores do agrupamento, desde o ano letivo
de 2011-2012 até 2013-2014, face aos seguintes indicadores: 1) percentagem de alunos
que concluíram o ensino; 2) percentagem de positivas a Português (Prova Final e Exame
Nacional27
) e 3) percentagem de positivas a Matemática (Prova Final e Exame
Nacional28
) e para o 4.º, 6.º e 9.º anos escolares. A Dr.ª RM, para facilitar a
interpretação dos mesmos, disponibilizou a toda a equipa dois documentos com a
representação dos valores esperados, em quadro e sinalizados com as respetivas subidas,
descidas e valores que se encontram em linha. Após a interpretação e sinalização de
aspetos a aclarar no momento das entrevistas, que resultam da análise aos valores
esperados, apontaram-se as oscilações entre a conclusão do 3.º ciclo e a percentagem de
positivas a Matemática e Português no Exame Nacional, decorrendo daqui, também, a
questão de compreender que medidas é que estão a ser implementadas29
, se, de facto,
serão as mais eficazes e, em última instância, interpolar se o AE não transita os alunos.
Referenciaram, ainda, a importância das variáveis de contexto para compreender os
resultados dos valores esperados e a comparação com as escolas que têm contextos
semelhantes.
Seguiu-se a apresentação, muito sumária, do AE, primeiro, em relação às
características culturais, onde aproximadamente 25% dos alunos são estrangeiros, o que
se traduz na dificuldade de compreensão/aprendizagem da língua e de integração social.
A sensibilidade do tema foi por inúmeras vezes abordada pelos membros da equipa que
relataram algumas experiências de alunos estrangeiros na integração e aprendizagem
nas escolas portuguesas, analisando de que forma é que estes alunos podem ser
apoiados para um melhor acesso e inclusão social nas escolas. Outras conclusões se
seguiram, como o número expressivo de alunos que possuem ASE, indiciando um
contexto socioeconómico desfavorável. Foram ainda abrangidos e analisados outros
aspetos, em relação às habilitações literárias dos encarregados de educação, ao número
de professores do quadro e às condições físicas das escolas que compõem o
agrupamento.
Apontaram-se mais aspetos e questões que surgiram da análise e reflexão da equipa
face aos documentos de escola, aludindo 1) ao funcionamento da EPE e à importância
de ser prestada uma maior atenção a este nível educativo no momento da visita; 2) à
fragilidade no planeamento das atividades, verificando o seu aproveitamento, contudo
referenciando positivamente o desporto escolar para desenvolver as competências
27
Apenas no caso do 9.º ano. 28
Apenas no caso do 9.º ano. 29
Não só no 3.º ciclo mas considerar também o 1.º e 2.º ciclos.
sociais; 3) à necessidade de aclarar as estratégias que suportam as atividades; 4) ao
desenvolvimento do diagnóstico organizacional, assente no PE, com ideias bastante
interessantes e 5) à questão da indisciplina como um problema de maior relevância do
AE, para compreender o modo como funciona o gabinete de disciplina: como
remediação ou prevenção?.
Numa análise ao relatório de autoavaliação e, em comparação com o documento de
apresentação do agrupamento, foram enumeradas algumas discordâncias, onde o grupo
tentou compreender e analisar as ideias que a escola reflete continuamente nestes
documentos. Além disso, o grupo intentou, ainda, assimilar de que forma é que o
relatório de autoavaliação – um documento regulador do funcionamento interno da
escola –, articula-se com o funcionamento do AE.
A propósito da pertença deste AE a um TEIP, a equipa de avaliação referenciou que
um dos aspetos mais positivos é a constituição da equipa de recursos humanos que
compõem a escola. Em apreciações pessoais, mencionou-se que estas equipas devem
atuar em articulação com os professores para a prestação de um melhor serviço
educativo. Deve-se começar por atuar dentro da sala de aula, proporcionando formação
aos docentes no que respeita às estratégias de ensino/aprendizagem dos alunos.
Abordando os resultados dos questionários de satisfação aplicados à comunidade
educativa do AE O, para compreender outros elementos a ter em consideração na visita
às escolas, foram essencialmente destacados aspetos mais focalizados na estrutura física
e funcionamento do AE, como a falta de assistentes operacionais, a (in)segurança no
exterior das escolas, a indisciplina e a multiculturalidade. Perante a questão da
multiculturalidade, os elementos da equipa deduziram que a escola deve tentar tirar
partido das diversidades culturais, assumindo esta situação não como um obstáculo nem
como um problema, mas sim como algo inerente ao ambiente interno do AE que deve
ser trabalhado a partir da multiculturalidade existente.
A reunião terminou pelas 13:25. Saí pelas 13:30.
Reflexão Pessoal
Participar na reunião de preparação da avaliação externa do AE O constituiu uma
mais-valia, pela possibilidade de nos familiarizarmos com as metodologias de trabalho e
estratégias definidas, em função das características das escolas avaliadas. No decorrer
desta reunião, pude consolidar a minha capacidade de interpretação e análise dos
valores esperados, retirando as minhas próprias conclusões da análise dos dados do AE
O, sustentando-me, também, nas interpretações dos valores esperados.
Dia 70 – Segunda-feira, 01 de fevereiro de 2016
Hoje realizou-se o primeiro dia de avaliação externa do AE O. Cheguei à escola-
sede às 08:40, acompanhada pela Dr.ª RM, coordenadora da atividade, pelo Dr. H e pelo
Dr. PR, perito externo. Fomos recebidos pela equipa da Direção, nomeadamente o Dr. F
e a Dr.ª A, respetivamente diretor e subdiretora do AE O.
Para a sessão de abertura, foram convidados a estarem presentes diversos atores da
comunidade educativa, como os representantes das parcerias estabelecidas com o AE
(cerca de 20 pessoas), docentes do agrupamento, representantes das instâncias centrais –
membros da DGE de acompanhamento ao programa TEIP – e locais – elementos em
representação à Câmara Municipal e juntas de freguesia que abrangem o AE e membros
da associação de pais e encarregados de educação do agrupamento.
De modo a enquadrar a atividade de avaliação externa, a Dr.ª RM deu início a uma
breve apresentação em termos de objetivos da avaliação, do quadro de referência
utilizado, da metodologia da equipa – abrangendo a análise de documentos, a
apresentação dos questionários de satisfação, a observação direta dos espaços e
equipamentos e as entrevistas de painel –, dos níveis de classificação usados e da
divulgação do relatório.
Seguiu-se a apresentação do diretor do AE, que procedeu à caracterização do
agrupamento sobre a composição das escolas, referenciando que o AE é composto pela
escola-sede que leciona o 2.º e 3.º ciclos e por três escolas básicas que lecionam o 1.º
ciclo e integram respetivamente três JI. A escola sede é apontada como escola de
referência para alunos invisuais e com baixa visão. Quanto aos alunos, o diretor Dr. F
fez um balanço em termos de números, apontando o modo como estão distribuídos por
JI e ciclos de ensino. Pôde assinalar, também, algumas mudanças que se fizeram notar
após a redação do documento de apresentação do agrupamento, em referência ao
número de docentes do quadro e ao número de alunos efetivos no agrupamento.
Continuando a sua apresentação, expôs o contexto socioeconómico que caracteriza o
AE O e abordou os apoios que os alunos auferem, como a ASE e o reforço alimentar,
proferindo como se caracterizam as famílias do AE. Dentro deste ponto, foi abordado,
em último, a caracterização do pessoal docente e não docente em números de efetivos e
contratados das escolas.
A segunda parte da apresentação do diretor Dr. F aludiu ao PE de Escola e ao
Projeto TEIP do AE. Abordaram-se os objetivos, com destaque para o trabalho
transversal do português e as áreas prioritárias, incididas no apoio à melhoria das
aprendizagens, à prevenção do abandono, do absentismo e da indisciplina, à gestão e
organização e à melhoria da relação escola-família-comunidade-parcerias.
Posteriormente, o Dr. F abordou os problemas diagnosticados, entre todos os
destacados, incidiu com maior pormenor na intervenção do Gabinete de Apoio ao Aluno
e à Família (GAAF) que vão ao terreno para conseguir combater o absentismo escolar e
abranger os pais no processo de educação; as situações de indisciplina contínuas no
interior da escola; os resultados escolares e o apoio ao elevado número de alunos, cuja
língua do contexto social não é português. Também abordou os constrangimentos que
atualmente enfrentam, essencialmente, a colocação morosa do corpo docente
contratado, a mudança de docentes que dificulta o trabalho contínuo com os alunos, o
contexto socioeconómico desfavorecido das famílias e a imagem externa da escola que
não se harmoniza com o trabalho desenvolvido pela equipa do AE. Em termos de
operacionalização, a estratégia da escola passa por atuar no sucesso escolar na avaliação
interna dos alunos, na interrupção precoce do percurso escolar e na erradicação da
indisciplina. Para a concretização de tais estratégias, o AE tem definido uma panóplia
de ações que operacionaliza diariamente, também medidas advertidas do programa
TEIP, como o apoio ao estudo, a Turma Mais às disciplinas de Português e Matemática
no 1.º, 2.º e 3.º ciclos, o acompanhamento a alunos e famílias através da intervenção do
GAAF e mediação de conflitos, o gabinete da disciplina, o tutor de turma
(disponibilização de uma hora semanal do diretor de turma para tratar de assuntos de
vários âmbitos com os alunos) entre outras medidas. Complementando, fez referência
ao trabalho do GAAF (dois a três anos de existência) e a um dos objetivos, neste caso,
de atenuar atitudes comportamentais de indisciplina no interior da escola/sala de aula e
também à ação de coadjuvação comportamental que é levada a cabo entre os
professores, utilizada como último recurso, em que um professor dá a aula e outro
controla o comportamento dos alunos, colmatando várias situações ao nível da
indisciplina.
Seguidamente foram apresentadas as taxas de conclusão/transição dos alunos, em
gráfico, denotando-se um problema no 2.º ano (1.º ciclo) pelas inúmeras retenções, que
também afeta o 2.º ciclo. Abordaram-se as taxas de sucesso, apresentadas em quadro,
que foram exploradas em função dos alunos que iniciaram o seu percurso na escola-sede
e terminaram o seu percurso nesta escola, excluindo os restantes que entraram a meio do
percurso escolar. Mostraram a distribuição da classificação das disciplinas Português e
Matemática e também a evolução do sucesso dos alunos na avaliação externa.
A terceira parte da apresentação do agrupamento incidiu na Liderança e Gestão do
AE. A este nível, o diretor proferiu que foram definidas metas com visão estratégica
global, no sentido de colmatar os aspetos referenciados como a melhorar no relatório de
AEE antecedente. Deu-se mais ênfase às seguintes mudanças: 1) promoção da
articulação curricular entre as escolas do agrupamento e entre os ciclos de ensino; 2)
introdução das novas tecnologias em sala de aula (1.º ciclo das três escolas do
agrupamento) e trabalho em parceria com uma editora, permitindo aos alunos o acesso a
outros recursos; 3) introdução da linguagem de programação a partir do 1.º ciclo; 4)
investimento em tecnologias de apoio aos alunos com baixa visão e invisuais; 5) apoio
das parcerias para a concretização de algumas ações da escola (e.g. Orquestra Geração –
projeto de música em que os instrumentos são disponibilizados pela Câmara
Municipal); 6) tentativa de envolver a comunidade educativa através, por exemplo, da
aplicação de questionários aos atores da comunidade; 7) aumento do número de
reuniões da direção com o pessoal não docente; 8) aquisição do programa Inovar Mais
de apoio à gestão pedagógica e administrativa do agrupamento e 9) elaboração do plano
de formação dos docentes e não docentes.
Terminada a apresentação, por parte do diretor, a Dr.ª RM referenciou que foi
realizada uma apresentação muito abrangente que fornece uma primeira visão do
funcionamento do AE O, solicitando, em seguida, aos presentes que participassem com
a sua opinião acerca do AE. Foram vários os parceiros que quiseram deixar a sua
opinião em relação ao trabalho de parceria que o AE tem desenvolvido, mencionando,
em primeiro lugar que a escola procura constantemente o apoio para as crianças com
NEE e que, no caso particular deste parceiro, esse apoio é concedido com a
disponibilização de recursos humanos formados em diversas especialidades (e.g.
terapeutas da fala e ocupacionais). As escolas, na opinião deste parceiro, procuram ser
inclusivas com os alunos com NEE, chegando mesmo a procederem à reestruturação do
espaço escolar com a colocação de guias para dar resposta às necessidades
manifestadas.
Outro parceiro, ligado à direção de uma escola, também quis deixar o seu
testemunho, realçando que vem de uma realidade incomparável à do contexto destas
escolas e que o trabalho que o AE realiza diariamente não é percecionado da mesma
forma pela comunidade educativa (e.g. imagem externa). Reforça ainda o trabalho que a
escola faz em relação à aproximação dos pais ao contexto educativo, motivando à
consolidação de uma ligação mais forte entre escola-pais-alunos.
Uma representante da CPCJ realçou que a escola é bastante transparente com as
respostas educativas às necessidades que apresenta. Também, um dos parceiros que
representa o projeto Escolhas referenciou que a escola trabalha ativamente com este
parceiro, havendo bastante recetividade, acessibilidade e trabalho com os técnicos deste
projeto. No entendimento deste parceiro, é ainda realizado um acompanhamento aos
pais dos alunos que participam neste projeto de desenvolvimento de competências
sociais, assegurando uma relação mais estreita entre estes dois intervenientes: os
parceiros e os pais.
Em concordância com o que foi dito nesta sessão, outro dos parceiros que atua no
âmbito do Desenvolvimento Comunitário Urbano, evidenciou a preocupação da escola
com o futuro dos alunos e que ultrapassa a competência da direção. Afirmou que o AE
tem realizado um grande esforço na aproximação dos encarregados de educação à
escola, mediante o desenvolvimento de reuniões mais periódicas e outras atividades.
A contribuição seguinte esteve a cargo de uma docente universitária, como “amiga
crítica” que afirmou fazer parte do acompanhamento e monitorização dos planos de
melhoria da escola TEIP. Face ao contexto desfavorecido em que a escola se insere,
referenciou que esta não se lamenta, muito pelo contrário, procura combater esta
situação diariamente com a implementação de ações, como a Turma Mais e a
coadjuvação comportamental. Sublinhou o trabalho em parceria na constituição da
microrrede com escolas parceiras, visando rentabilizar os recursos e instituir a partilha
de boas práticas e experiências TEIP.
Os dois últimos discursos pertenceram aos seguintes parceiros: 1) um membro da
coletividade desportiva local – que apresentou sucintamente o funcionamento da
coletividade e reforçou a importância do desporto escolar no quotidiano dos alunos do
agrupamento e 2) o diretor de um centro de acolhimento – que salientou a necessidade
de despoletar experiências positivas nos alunos, sendo que atualmente frequentam o
agrupamento nove alunos do centro que são acompanhados pelos técnicos
disponibilizados pelo TEIP.
Seguimos para a entrevista em painel com o Conselho Geral do Agrupamento,
constituído por 15 membros e com a presença efetiva de 13 pessoas. Iniciou-se esta
entrevista com uma breve apresentação dos membros do Conselho, estando presentes
diversos atores, como representantes de todos os ciclos de educação e ensino (incluindo
a EPE e Ensino Especial), das parcerias (membros dos centros de acolhimento, dos
projetos e da coletividade local), das instâncias locais, particularmente da câmara
municipal e da junta de freguesia e dos trabalhadores da escola, neste caso assistentes
técnicos e operacionais.
Seguidamente foi realizado um enquadramento sumário da atividade da AEE, com
a apresentação da equipa de avaliação, para quem não tinha estado presente na sessão de
abertura. Dada a palavra aos presentes, começaram por fazer um ponto de situação em
relação a este órgão de gestão. Foram destacados os momentos mais importantes,
referentes às parcerias que este órgão tenta estabelecer com instâncias da comunidade
local e que intervêm na escola e à reeleição do diretor do agrupamento, com
unanimidade, em reconhecimento ao trabalho desenvolvido na implementação de ações
de redução de taxas de sucesso e de abandono, no cumprimento do PE e nas reuniões de
balanço geral que se realizam anualmente (de abordagem às ações realizadas e aos
resultados das mesmas).
Face ao PE, perguntou-se ao grupo se o documento reflete a especificidade de cada
escola ou a escola como um todo, pelo que um dos membros do Conselho Geral
referenciou que o documento reflete o agrupamento como um todo, atendendo às
especificidades de cada escola e ao contexto inserido. Exemplificando, explicaram-nos
que a indisciplina é um problema que radica com maior incidência no 1.º ciclo, havendo
por isso uma maior necessidade de se pensar e trabalhar desde logo na EPE para
minimizar os problemas do 1.º ciclo.
A equipa interpelou o grupo acerca da avaliação do plano de atividades do
agrupamento que replicou a existência do ciclo de observação das reuniões trimestrais,
chegando ao conselho as informações de como estão a funcionar as atividades previstas.
Quanto às não previstas, em relação por exemplo às visitas de estudo, sublinharam que
existe sempre a possibilidade de realizar visitas não previstas e que os professores ficam
sempre com feedback e conhecimento dos resultados das mesmas, transmitindo também
essas informações ao Conselho Geral.
Em relação ao relatório de Balanço das Atividades, abordaram os benefícios do
programa TEIP e os recursos disponibilizados para o agrupamento, referenciando
também a Turma Mais como uma ação bastante enriquecedora no agrupamento. A
equipa questionou a este propósito se o Conselho Geral aprecia o sucesso das medidas e
faz recomendações ao Conselho Pedagógico, respondendo que, na generalidade sim, e
que têm vindo a preocupar-se com o reforço dos pais na escola, criando um clima de
confiança, com destaque para o desempenho do diretor tem feito um ótimo trabalho
nesse sentido. Em relação à comunicação, referenciaram que flui com bastante
facilidade entre os vários órgãos da escola.
Questionados acerca do tratamento da informação/dados que recebem do
agrupamento, referenciaram que fazem recomendações em Conselho Geral destacando,
a título de exemplo, que para aumentar o número de pais em reuniões recomendam que
se altere o horário para o final da tarde para que, efetivamente, se possa reforçar o elo
entre as famílias e a escola. Na EPE também procedem a recomendações, como por
exemplo em relação à entrada dos pais nos JI durante os primeiros quinze minutos antes
da entrada para deixar os seus filhos e no reforço da ligação com a educadora. Neste
âmbito, foi salientado que o regulamento interno impede a entrada dos pais nos JI
durante o período de decorrência das atividades, evitando perturbações nas práticas
educativas. No entanto, este impedimento não interfere com a participação dos pais na
organização de atividades e visitas pedagógicas relacionadas com as crianças e sempre
que a entrada é solicitada pelos pais também se dá abertura aos mesmos. Uma das ideias
explanadas nesta sessão incidiu na necessidade de alterarem os motivos das reuniões de
pais, ou seja, convocá-los para dar conhecimento dos progressos dos educandos e não só
por motivos de indisciplina e insucesso escolar. Em relação a estes dois problemas, a
equipa questionou se já teria sido encontrada alguma estratégia de resolução. O
Conselho Geral afirmou que as escolas do agrupamento não restringem a entrada dos
alunos, em todos os ciclos, e que há uma preocupação evidente com todos os discentes
que frequentam o agrupamento. Falou-se do abandono escolar e da exclusão de alunos
que são retirados de outros estabelecimentos para as escolas do agrupamento. Este
problema acarreta outro dilema que se refere à resistência dos pais em colocarem os
seus filhos a estudar neste agrupamento, recorrendo a outras escolas do concelho. A este
propósito, a equipa inferiu que a função do agrupamento é adaptar-se ao contexto
exigente, perguntando como fazem essas adaptações. Mencionaram que os parceiros são
essenciais nesta adaptação, tanto dentro como fora da escola. Existem várias estratégias
para trazer os alunos à escola, referenciadas com sucesso, como por exemplo 1) o
desenvolvimento de ações interculturais (e.g. jantares) em consonância com o apelo à
participação dos pais; 2) a implementação do quadro de honra e 3) o desenvolvimento
de atividades na biblioteca escolar (e.g. envolvendo os pais e avós para a leitura de
poemas). Por outro lado, tentam-se combater situações de violência, com apoio da
escola segura e com o trabalho diário dos técnicos do GAAF.
Em relação à promoção do sucesso educativo, demarcado como um
problema/dificuldade do agrupamento, fez-se uma pequena abordagem à EPE e ao seu
funcionamento. Na EPE, a educadora assegura a transmissão de conhecimentos em
relação a cada criança. No fundo, entende-se que é realizado um acompanhamento às
necessidades de cada criança em função do que são as suas dificuldades e gostos, por
exemplo.
Já no final da entrevista, o Conselho Geral informou que trabalha para o
envolvimento dos docentes com os alunos em interação, por exemplo, no recreio da
escola. A escola tenta ser sempre inclusiva, porque acolhe alunos institucionalizados
que deveriam ter um acompanhamento mais personalizado num lugar diferente da
escola. Em todos os casos de alunos que possuem, denotam a importância de transmitir
o percurso dos mesmos aos pais para um acompanhamento efetivo.
Terminámos às 13:00.
Quando voltámos do almoço, pelas 14:30, iniciámos a visita à escola-sede. Tivemos
oportunidade de visitar: a sala de professores - ampla e apetrechada com diversos
computadores para o apoio do trabalho docente; a biblioteca – com um espaço
acolhedor relativamente amplo, dividido por áreas de trabalho e que exibe os resultados
de diversos concursos escolares; o espaço de trabalho dos diretores de turma do 3.º
ciclo; a secretaria e serviços administrativos – composta por oito membros e organizada
por áreas de trabalho; o espaço de convívio dos alunos – observámos o espaço interior
que possui o bar, a papelaria, um espaço de alimentação saudável e o refeitório; o
pavilhão desportivo – bastante mais recente que todo o edifício escolar.
Quanto às salas de aula, foram apresentadas a sala de música, onde os avaliadores
conversaram com os alunos acerca dos projetos desenvolvidos na escola, em referência
ao desporto escolar e à frequência da biblioteca; a sala das ciências com exposições de
trabalhos; o laboratório de físico-química; duas salas de trabalho informático; uma sala
de aula onde decorria uma aula de Inglês de uma turma estrangeira, cujas questões
foram semelhantes à abordagem anterior. Falaram dos projetos da escola e do PE, em
relação ao tema, percebendo-se aqui que os alunos reconhecem a importância de educar
na multiculturalidade; a sala de aula de uma turma de 6.º ano vocacional, incidindo
igualmente nos projetos que participam (e.g. desporto escolar e arte); uma sala de aula
de 9.º ano onde decorria uma aula de geografia, questionou-se o que gostavam mais e
menos na escola: positivamente destacaram o bar, a biblioteca e os professores;
negativamente salientaram a falta de aquecimento e a requalificação da escola.
Já no final da visita, a equipa de avaliadores encontrou o mediador de conflitos do
AE e, numa breve conversa informal, tentaram aferir o seu papel interventivo na escola.
O mediador referiu que a sua função incide na intervenção e mediação do
comportamento dos alunos, no sentido de os fazer (re)pensar as suas atitudes e ações na
escola. Faz a ponte entre a escola e os encarregados de educação, no que respeita à
comunicação dos processos indisciplinares e às convocações quando há necessidade de
existir uma conversa mais personalizada com a família. Assegura, também, o trabalho
articulado com os diretores de turma e com os técnicos que atuam na diminuição do
absentismo escolar e comportamentos disruptivos. Na sua conceção, verifica-se que os
alunos possuem um desrespeito acentuado pela escola, demonstrado bastante
desinteresse e desvalorização pelo meio escolar, havendo, por isso, necessidade de
trabalhar incisivamente na apropriação das regras escolares e no desinteresse e
desvalorização que apresentam pela escola.
O primeiro dia de intervenção prosseguiu com a entrevista em painel da equipa de
autoavaliação. Iniciou-se a entrevista com o relato sucinto da história da equipa de
autoavaliação que remonta a 2009. Posto isto, avançaram mencionando que nesse ano
utilizaram a metodologia Common Assessment Framework (CAF)30
de uma empresa
externa, todavia a comunicação e exploração dos dados não tiveram o resultado mais
favorável nem o reflexo pretendido na comunidade escolar. Acontece que o relatório de
autoavaliação não produziu efeito no AE, porque também não teve grande recetividade
da comunidade, muito em parte por ter sido desenvolvido por uma equipa externa ao
30 Estrutura Comum de Avaliação
agrupamento. Indicaram que os processos de autoavaliação constituía uma área de
melhoria da avaliação externa realizada nesse ano letivo. Em 2013/2014 formaram uma
equipa de autoavaliação (docentes e técnicos) e lançaram inquéritos de satisfação à
comunidade, seguindo o relatório do CAF. Começaram por entender o trabalho do TEIP
e a satisfação da comunidade com o trabalho realizado pelos técnicos e docentes do
agrupamento. No que respeita ao ensino-aprendizagem, a equipa salientou que
incidiram mais na relação professor/aluno e no modelo de aulas implementado. Em
junho de 2015 procederam à aplicação de questionários aos docentes acerca do
funcionamento da escola, justificando que uma das prioridades TEIP refere-se à
divulgação da informação em que as pessoas têm que conhecer o que funciona nos
órgãos. Salientaram que, com base nos questionários, no plano plurianual e PE foi
lançado o relatório de autoavaliação.
A equipa de avaliação tentou perceber porque não convocaram um membro do
pessoal não docente para a equipa de autoavaliação. Evidenciaram que na fase de
constituição foi um apalpar de terreno e que mais tarde até contaram com a presença de
uma auxiliar, no entanto por questões de conciliação de horários, tiveram que reduzir a
equipa. Em relação à divulgação do relatório de autoavaliação, a difusão é feita na
reunião geral do início do ano aos professores. A equipa de autoavaliação crê que os
elementos do AE têm vindo a aceitar bem esta equipa por serem um grupo interno e
contínuo à estrutura da escola com algum trabalho já reconhecido pela comunidade. A
equipa de avaliação fala na ligação existente entre o Conselho Pedagógico e Geral, na
medida em que há membros transversais às equipas. As reuniões são pós-laborais e, na
altura da realização dos questionários, as reuniões eram periódicas. Percebeu-se, a este
nível, que a equipa carece de formação no âmbito dos processos de autoavaliação.
Equacionou-se com os avaliadores que necessitam de alguém externo ao agrupamento,
i.e. uma visão externa do trabalho desenvolvido nas estruturas do AE. No relatório de
autoavaliação, os avaliadores fizeram referência a uma passagem que pretendem ver
esclarecida: “o refeitório é limpo e o bar é um local agradável”. Prosseguem dizendo
que face aos questionários de satisfação havia alguma contradição, mas rapidamente
esclareceu-se que esta conclusão diz respeito a todas as escolas do agrupamento.
A propósito do TEIP, os avaliadores tentaram perceber o porquê de a equipa de
autoavaliação não ter utilizado o relatório do TEIP no contexto da autoavaliação. Sobre
este assunto, fizeram menção às ações que desenvolvem para monitorizar as práticas
educativas, como por exemplo as que se desenvolvem no âmbito das NEE. Refletiu-se,
conjuntamente, que a equipa de autoavaliação tem material de trabalho suficiente para
regular o trabalho do agrupamento (e.g. visitas de estudo e sucesso das práticas de
NEE), no entanto a informação que possuem encontra-se muito dispersa e o que
necessitam é de agregar dados e analisar as conclusões. Ainda neste contexto, os
avaliadores discutiram a necessidade de o processo de autoavaliação não se limitar à
apresentação de dados, mas ir mais além, abrangendo a interpretação desses mesmos
dados e que induza à reflexão de todos os profissionais acerca das práticas do AE.
Revelam também a importância da autoavaliação incidir na monitorização dos
problemas, i.e. ir ao foco da questão, elencar estratégias de resolução e avaliação.
Os avaliadores questionaram como é que os membros da equipa garantiam a
sustentabilidade do trabalho da equipa de autoavaliação. Os presentes aludiram à
aplicação dos questionários e ao trabalho do TEIP, salientando que a pessoa que está à
frente deste programa na escola garante que a sua equipa está informada do trabalho que
é realizado. Os avaliadores, a propósito da importância da autoavaliação e da utilidade
do mesmo para o AE, referem a relevância de rentabilizar e divulgar os resultados à
comunidade e incidir no que é prioritário: sucesso, famílias e indisciplina. Percebeu-se
também que ainda não há uma grande apropriação dos processos de autoavaliação por
parte da equipa. Patentearam que sentem necessidade de serem acompanhados por parte
dos representantes do TEIP. Posteriormente deram conta de uma medida TEIP e do seu
sucesso: a Turma Mais que no contexto deste AE está a surtir o efeito desejado.
Também abordam o trabalho do grupo de disciplina e os avaliadores questionaram
que dados é que monitorizam em relação a esse serviço. A equipa de autoavaliação
replicou que fazem a análise do registo de entradas e do número de ocorrências.
Continuaram a falar do grupo de disciplina, mencionando que funciona como um
serviço de remediação, mas que não descura a prevenção de comportamentos
disruptivos. Este ano reestruturaram o serviço devido ao aumento de casos de
indisciplina, funcionando com dois grupos, um em cada bloco da escola-sede. Para o
seu pleno funcionamento, também foram disponibilizados dois telemóveis para contacto
imediato com os encarregados de educação.
Têm dado atenção à coadjuvação comportamental como uma das medidas de apoio
ao controlo e erradicação da indisciplina. Quando desenvolvem esta medida, afirmam
que há uma articulação prévia entre coadjuvado e coadjuvador, no sentido de abordarem
os problemas que cada turma específica manifesta para posteriormente refletirem sobre
o trabalho observado. Falou-se na equipa do gabinete de apoio ao aluno e à família
(GAAF), com a intervenção da psicóloga presente na reunião, informando que já
começaram a ir ao terreno no 1.º ciclo trabalhar as questões da indisciplina, visto que
alguns dos problemas que o agrupamento sente começam neste nível de ensino.
A reunião termina às 18:00. Saímos pelas 18:30.
Reflexão Pessoal
O primeiro dia da avaliação do AE O permitiu-me reter a perspetiva de como se
processa o início de uma avaliação externa, ou seja, todos os procedimentos formais de
apresentação da atividade à comunidade educativa e a importância de uma breve
abordagem à caracterização do agrupamento por parte do diretor, que possibilitou desde
logo a consolidação e esclarecimento de aspetos atinentes ao funcionamento do AE.
Também todas as reuniões assistidas neste dia se revelaram fulcrais do ponto de vista
dos assuntos abordados: 1) o conselho geral – compreendi a dinâmica de funcionamento
deste órgão escolar numa abordagem aos documentos estruturantes do AE e a relação
com outros órgãos como o conselho pedagógico e diretivo e 2) a equipa de
autoavaliação – o processo de autoavaliação permitiu-me entender na prática como deve
funcionar uma equipa que coordene este processo e assimilar a importância da
monitorização das ações e projetos que as escolas desenvolvam. No caso específico da
equipa de autoavaliação deste AE, entendi que a equipa deve focar-se mais no
acompanhamento das ações, no combate aos problemas da escola e na monitorização de
medidas do programa TEIP.
Dia 71 – Terça-feira, 02 de fevereiro de 2016
Chegámos ao AE pelas 09:00 e às 09:15 demos início à visita das AE,
acompanhados pelo diretor do agrupamento. Iniciámos a visita à escola JI/EB1 BA,
uma escola recente e com boas condições ao nível de infraestruturas. Entrámos no
edifício e foram-nos apresentados diversos espaços: a sala de gestão, as várias casas de
banho, o refeitório (com um espaço amplo e um projeto associado à comida saudável), o
átrio com aquecimento, a sala de professores, o centro de recursos/biblioteca (com
espaço dedicado aos computadores Magalhães), a sala de auxiliares, as diversas salas do
1.º ao 4.º ano, a sala de atividades I (percecionando no momento uma educadora a
trabalhar com uma menina com NEE), a sala de atividades II (observando também outro
educador a intervir com outras crianças com NEE), a sala de educação especial (cujo
tema se enquadra “todos juntos por uma educação inclusiva”), a sala de música (onde
desenvolvem um projeto em que participam: orquestra geração com 26 alunos), o
ginásio e o espaço exterior.
Passámos para o JI que funciona no mesmo local, mas no edifício ao lado. À
entrada do estabelecimento encontramos logo a sala de apoio às crianças.
Interrompemos uma sessão com as crianças de uma sala de EPE: decorria uma atividade
em que as crianças se encontravam numa rodinha e à vez, seguindo a sequência dos
legos, tinham que montar as peças e referir alto as cores (também em sequência):
“verde, amarelo, azul”. Passámos para outra sala de EPE em que os avaliadores, em
conversa informal, perguntaram às crianças o que estavam a fazer, pronunciando bem
alto “ler histórias”. Permanecemos algum tempo aqui a assistir à prática educativa desta
sala. Enquanto isso cantaram a canção do “bom dia” e a canção do “carnaval”. Em
conversa com os avaliadores, as crianças identificaram os seus desenhos expostos na
parede e também os quadros que tinham realizado. Entretanto, a educadora mostrou à
equipa o programa que desenvolve em sala de atividades (e.g. temas tratados), bem
como os instrumentos de avaliação das crianças. Em relação a esta sala, observei que
tem um espaço muito amplo e que tem diversos materiais didáticos, possuindo, também,
alguns trabalhos expostos das crianças e quadros que incidem na identificação das
presenças e dos aniversários. Continuando a visita, vimos o refeitório e o gabinete
médico. Também observámos o jardim no exterior e respetivos baloiços.
Já na escola JI/EB1 DP, pelas 10.40, iniciámos a visita: vimos as casas de banho
(da EPE e do 1.º ciclo), as salas de atividades, a biblioteca, a sala da EPE (visivelmente
mais composta pelos trabalhos das crianças com áreas muito bem circunscritas: a casa
das bonecas, os jogos, a leitura e as atividades) e uma sala do 1.º ciclo onde se observou
um quadro exposto na parede que incide nas questões comportamentais. Explicaram-nos
que uma vez por semana fazem um balanço do comportamento e discutem as regras da
escola. Continuámos a visita ao refeitório, ao recreio e ao campo de futebol com acesso
direto à escola (uma das parcerias da escola) onde são desenvolvidas diversas atividades
desportivas. Durante a visita, encontrámos uma vez mais o mediador de conflitos que
nos disse que nesta escola está essencialmente a trabalhar as questões da indisciplina e
das regras com as crianças do 1.º ciclo. Mostrou-nos uma campanha para a Assembleia
da Escola que está exposta logo à entrada da escola. Existem cartazes com as listas a
apelar ao voto de cada lista candidata. Os avaliadores mostraram satisfação com o
incitamento da escola à prática do associativismo e da formação para a cidadania.
Fizemos o percurso até a última escola o JI/EB1 AV, chegando pelas 11.50. As
entrevistas com alunos do 4.º ano desta escola estavam previstas para a tarde, no entanto
e uma vez que já nos encontrávamos no espaço e por uma questão de agilizar
procedimentos, os avaliadores decidiram adiantar a realização das entrevistas para o
preciso momento. A visita à escola ficou adiada para depois da concretização destas
entrevistas.
Assim, numa das salas de apoio e já com a presença dos cinco alunos do 4.º ano, os
avaliadores tentaram primeiramente aferir se sabiam o motivo pelo qual estavam
naquela sala. Proferiram que a presença dos avaliadores tinha que ver com a observação
do funcionamento da escola. Os avaliadores explicaram, assim, o âmbito da atividade,
procedendo também a uma breve apresentação de todos os intervenientes. Inicialmente
abordaram as eleições que presidiram a seleção dos alunos para este painel e também
falaram acerca dos delegados de turma e assembleia de escola, que percebeu-se, de
imediato, não possuírem nesta escola.
Passaram para o funcionamento das aulas, aferindo rotinas de trabalho. Os alunos
referenciaram que inicialmente a professora escolhe uma pessoa para escrever o
sumário e cumpre-se sempre o que é pressuposto concretizar nesse dia. Utilizam os
manuais escolares e os computadores Magalhães, neste último caso, quando o professor
de informática se desloca às salas dos alunos. Trabalham no Word e executam as fichas
de matemática com apoio do computador, onde as respostas são apontadas no mesmo.
Utilizam também o Google para fazer pesquisas e usufruem muito do computador em
casa. Em aula utilizam fichas de trabalho que são disponibilizadas pelo professor.
Referem que raramente utilizam o quadro interativo e que realizam poucos trabalhos em
grupo. Quando à disposição da sala, informaram que se encontram individualmente
distribuídos por mesas. Em relação às tarefas desenvolvidas em aula, os alunos
respondem que inicialmente as atividades são iguais para todos, no entanto existem
alunos que não acompanham o ritmo de aprendizagem da turma, pelo que são
distribuídas tarefas diferentes, consoante o ritmo de individuas de cada aluno. No que
concerne à leitura de livros, dizem que, numa das turmas, trazem livros de casa e leem
nas aulas quando o trabalho solicitado pela professora está terminado. Na outra turma,
não se evidencia o apelo à leitura de livros, pelo que os avaliadores sugerem que é
bastante importante fomentar essa prática. Sublinharam que as sugestões dos alunos são
muito importantes no contexto educativo para o seu desenvolvimento escolar e pessoal.
Os presentes que disseram que leem nas aulas afirmam, também, que quando procedem
à leitura dos livros fazem fichas decorrentes dessas leituras. Entendeu-se, pelo contexto
da entrevista, que não fazem muitas atividades de demonstração aos pais. Uma vez
mais, os avaliadores sugeriram a importância de desenvolver atividades no âmbito
escolar, deixando um exemplo: dramatização tendo como mote a história de Portugal. A
este propósito referenciaram que se encontram integrados num projeto escolar
designado “transições”, permitindo envolver a turma em sessões de convívio. Há um
grupo formado que conta com a presença de uma técnica da junta de freguesia, onde há
bastante comunicação e confiança no grupo. Estão, também, neste momento, envolvidos
num projeto que consiste em construir uma história coletiva para posterior apresentação
a outra turma da escola.
Incidindo nas expressões, os avaliadores evidenciaram querer saber acerca das
atividades que realizam neste âmbito. Verbalizaram que usam diversos materiais de
trabalho (e.g. lápis, canetas, cadernos de desenho) e que têm atividades de
enriquecimento curricular de educação física, de música, de inglês e de expressão
dramática. Também são proporcionadas aulas de natação logo no início do ano letivo.
Quanto às visitas de estudo, questionados pelos avaliadores, os alunos revelaram que
têm realizado algumas, nomeadamente às bibliotecas escolares, visitas no âmbito do dia
da criança e ao projeto de ciência viva. Em relação aos projetos que desenvolvem no
âmbito da educação para a cidadania, participam em campanhas solidárias, por
exemplo, na recolha de roupas para doar a pessoas carenciadas e na sensibilização de
todos para apanhar os dejetos dos cães.
Questionou-se o comportamento dos alunos e de que forma é que lidam com isso
em sala de aula. Os presentes referem que às vezes há colegas que se comportam de
maneira imprópria e que são convidados a sair da aula. São naturalmente barulhentos e
na sua maioria são rapazes.
Perguntou-se também como é que é realizada a avaliação dos alunos. Sobre este
assunto, responderam que realizam testes, aferem-se os níveis de comportamento e
procede-se à autoavaliação com uma checklist do comportamento, da assiduidade, das
matérias, das dificuldades, entre outros. Afirmaram, ainda, que não debatem a avaliação
com a professora.
Quanto à equipa educativa, expuseram que gostam dos professores e auxiliares (que
são poucos) e salientaram que os professores clarificam todos os conteúdos de
aprendizagem em sala de aulas. Afirmaram que se sentem em segurança no interior da
escola. Tentou-se aferir o que fazem numa situação de bullying na escola, replicando
que defendem os alunos atacados e reportam as situações à professora e aos pais. Os
pais podem ser chamados à escola e os intervenientes podem ser suspensos. Todavia,
garantem que há muito poucos casos de bullying na escola.
Como questões finais, aferiu-se o que mais gostam na escola, como os amigos e as
atividades de enriquecimento curricular, o que gostam menos, sublinhando a
insegurança que o chão do recreio transmite a todos os alunos e o que gostavam de
melhorar, averiguando-se que gostariam de ter mais visitas de estudo, permanecer com
os mesmos professores das atividades de enriquecimento curricular e que as suas
opiniões valessem mais para os intervenientes educativos.
A entrevista terminou às 13:00 e logo de seguida começámos a visita a esta escola.
Observámos as condições do interior da escola, as casas de banho, o refeitório e os
corredores que dão acesso às salas. Verificámos as duas salas de EPE (uma com 20
crianças e outra com 23 crianças), compreendendo que a disposição das salas era
bastante semelhante. Ambas possuem estruturas para guardar os trabalhos e várias zonas
de brincadeira. Visitámos a sala do 1.º ciclo (4.º ano) que integra dois alunos com baixa
visão, possuindo equipamentos adaptados aos meninos para que possam acompanhar a
turma no processo de ensino-aprendizagem. Vimos a biblioteca que se localiza no
espaço do recreio e que ainda se encontra em remodelação.
Terminámos a visita no recinto exterior, saindo às 13:20.
Regressámos às 15:00 à escola-sede e dirigimo-nos à sala do GAAF, aguardando
pelo próximo painel com os coordenadores de departamento e responsáveis de outras
estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica. Entretanto começaram as
entrevistas, pelas 15:30, com a presença de 10 pessoas com funções diretamente
relacionadas com o departamento curricular de matemática e ciências experimentais, o
departamento curricular de línguas, o departamento de ciências sociais e humanas, o
departamento curricular de expressões, o departamento curricular do 1.º ciclo do ensino
básico, o departamento curricular da EPE, a coordenação pedagógica do 2.º ciclo do
ensino básico, a coordenação pedagógica do 3.º ciclo do ensino básico, a coordenação
pedagógica da EPE, a coordenação da biblioteca e a coordenação pedagógica do 1.º
ciclo.
Começou-se pela área do planeamento dos departamentos curriculares, com a
intervenção da coordenadora do departamento de ciências sociais e humanas a realçar
que há sempre reuniões de trabalho e uma clara orientação pedagógica por disciplinas e
ciclos de ensino. Trabalham em pequenos grupos e fazem o planeamento a curto prazo,
afirmando que a planificação das atividades é ajustada de acordo com as sugestões e
recomendações que vão aferindo entre eles e com os alunos. Definem um tronco comum
para os testes diagnósticos – um teste por período (realizado pelo grupo de trabalho) – e
fazem o balanço através de grelhas de avaliação.
Por sua vez, a coordenadora do departamento de línguas explanou que planificam
as disciplinas, tendo em conta o programa curricular e as metas de aprendizagem. A este
nível, procedem à seleção das obras que são oficializadas pelo MEC, atendendo também
às que possuem na biblioteca da escola para ser de fácil acesso aos alunos. Procuram
desenvolver atividades transversais a outras áreas disciplinares. No âmbito da avaliação,
referiu que elaboram testes diagnósticos em conjunto e que a grelha de avaliação
utilizada é organizada em função dos domínios do programa, sendo que o balanço que
fazem é por turma. Face aos testes diagnósticos faz-se o planeamento da disciplina e
ajusta-se conforme as dificuldades que vão sendo manifestadas ao longo do tempo. Há
atividades comuns que desenvolvem em todas as turmas (e.g. campeonato da gramática
e atividade ler à lupa). A elaboração do teste comum com matriz de correção e critérios
de classificação é realizada em conformidade com os critérios do exame nacional.
A coordenadora do departamento curricular do 1.º ciclo do ensino básico promove
reuniões do departamento da disciplina. Mencionou que há uma clara tentativa de
criação de instrumentos comuns do 4.º e 5.º anos nas reuniões para que não haja rutura
na aprendizagem. Pretendem promover a continuidade dos 4,º e 5.º anos e fomentar
conteúdos transversais a todas as disciplinas, destacando um exemplo: em ciências fala-
se de moléculas e tenta-se expandir esta matéria noutras disciplinas, através de
exemplos. Neste momento, estão a ensaiar um modelo de supervisão pedagógica
(observação em sala de aula) que vem na sequência de uma ação de acompanhamento
pedagógico. As planificações estão mais direcionadas para o 5.º ano da matemática
devido aos baixos resultados, afirmando, também, que estão a tentar incidir no trabalho
colaborativo para despoletar o contacto mais aberto entre professores, visando a
resolução deste problema.
Quanto ao coordenador do departamento curricular de matemática e ciências
experimentais, em relação às disciplinas que abarcam este departamento, referiu que a
meio de cada capítulo é realizado um teste de verificação de conhecimentos, no sentido
de acompanhar as aprendizagens dos alunos, ou seja, monitorizar e coordenar esta área
pedagógica.
Perguntou-se como fazem a gestão dos documentos estruturantes do agrupamento,
como o PE, o projeto TEIP e o relatório de autoavaliação, e ainda, como são construídas
as atividades do departamento. Responderam que contemplam o desenvolvimento dos
domínios/competências e que são transportados para as matérias a ministrar. Surgem
atividades que são articuladas com a biblioteca, por exemplo a português em relação às
obras de leitura obrigatória.
No 1.º ciclo asseguraram que trabalham a planificação de atividades por ano letivo.
No caso da EPE (departamento constituído por 8 pessoas) são realizadas reuniões
mensais onde é efetuada a avaliação do plano anual de atividades. Trabalham atividades
que têm que ver com o tema do agrupamento e as visitas também são feitas muito em
função do tema explorado no PE.
No caso das visitas realizadas, na escola-sede existe uma ficha com a avaliação dos
objetivos que chega aos coordenadores. Pela entrevista, compreendeu-se que cada
atividade pensada está em concordância com as metas e objetivos do PE do AE.
Os avaliadores aferiram que se deve pensar no que é que cada departamento pode
fazer para cumprir as metas. Chegaram à questão dos resultados que se evidenciam
como um fator desmotivante para os professores que de tudo tentam fazer para subir as
notas dos alunos. Falou-se do valor esperado do agrupamento e tentou-se compreender
as oscilações que não consolidam o caminho do sucesso de aprendizagens.
Abordou-se, também, uma questão muito particular que se sucede em alguns casos:
a relutância dos pais dos alunos do 2.º e 3.º ciclo em participar na vida escolar dos
alunos – é uma questão que está a ser trabalhada com a equipa do GAAF. Por vezes a
falta de interesse dos alunos é um dos fatores que desmotiva os professores, deixando-
os desgastados psicologicamente. Revelaram que o ponto fulcral reside na participação
dos pais desde muito cedo na vida escolar dos filhos e que se reflete no interesse e
motivação dos alunos (no caso do 1.ºciclo). Percebeu-se ainda que o processo de
ensino/aprendizagem tem de ser calculosamente pensado em função dos alunos que
constituem as escolas do AE. O GAAF é um serviço que faz a ponte entre a família e os
professores e estes reconhecem que os técnicos desenvolvem um trabalho muito
importante nas escolas do agrupamento.
Conferiu-se que na EPE está a ser discutido e delineado o perfil do aluno (ao fim
dos 3 anos – ida para o 1.º ciclo). Esta iniciativa nasce da necessidade de contextualizar
as aprendizagens das crianças, a título de exemplo, a aprendizagem específica da soma e
da subtração. Os avaliadores chamaram a atenção para não se fragmentar as
aprendizagens e conteúdos, devendo ter relação com as áreas de conteúdo (AC).
Revelaram também que a passagem do 1.º ciclo para o 2.º ciclo é um processo que
implica acompanhamento pela diferenciação de práticas educativas e da organização
escolar nos diferentes ciclos (e.g. muitos professores, várias disciplinas, autonomia mais
consolidada, estrutura da escola diferente). Posto isto, os profissionais veem-se
confrontados com a necessidade de implementar estratégias que facilitem esta
integração. Na tentativa de exemplificarem as estratégias usadas, indicaram que os
professores chamam os alunos do 5.º ano para as aulas até estarem plenamente
integrados na organização e nos moldes de funcionamento da escola . Também têm
especial atenção com os alunos que são recém-chegados à escola e provenientes de
outros países para que haja uma integração completa e participação consolidada nos
projetos escolares.
Voltou-se a proferir os documentos estruturantes, em relação ao diagnóstico de
problemas – os fundamentos -, em que os presentes demonstraram possuir esse
documento presente. Evidenciou-se que os documentos são um instrumento que
fundamenta todo o trabalho escolar. Por esse motivo, os avaliadores disseram que não
encontram referências à EPE, no que concerne aos critérios de avaliação. A equipa de
avaliadores continuou mostrando a importância da informação estar bem documentada e
trabalhada para que tenha utilidade para as pessoas que vão ler, visto que se constitui
um documento de trabalho. Os presentes denotaram alguma dificuldade na construção
desses documentos e queixaram-se do tempo e da inflexibilidade de horários para
conseguir trabalhar tudo.
Os avaliadores incidiram no ensino das outras escolas do agrupamento, procurando
aferir se estão a par do funcionamento das mesmas. Na generalidade conhecem, mas
não têm por hábito frequentar essas escolas. Os avaliadores revelaram, neste sentido, a
importância da escola conhecer-se a si própria e estar a par do trabalho que é realizado
em todas as escolas do agrupamento Os intervenientes mencionaram um projeto que
desenvolvem entre escolas: a leitura de livros por parte dos alunos do 3.º ciclo que vão
às salas do 1.º ciclo (4.º ano). Os avaliadores referiram que também seria uma prática
exemplar visitar a EPE e o 1.º ciclo (vice-versa) para tomarem contacto com as práticas
realizadas.
Procurou-se entender o modo de articulação entre os professores do 1.º ciclo e das
atividades de enriquecimento curricular. Os coordenadores afirmaram que há
comunicação com regularidade entre todos os docentes e particularizam informações do
desenvolvimento e das dificuldades manifestadas pelas crianças nos vários espaços
educativos. Nesse sentido, compreendeu-se ainda que fazem um acompanhamento do
trabalho realizado nas atividades de enriquecimento curricular.
Os avaliadores questionaram, posteriormente, como valorizam o trabalho das
crianças na EPE, replicando que expõem os trabalhos das crianças, enaltecem o trabalho
do dia a dia que cada criança realiza e envolvem os pais, no sentido de proporcionar
feedback do desenvolvimento gradual das crianças. Os avaliadores relataram também a
importância das crianças se sentirem ouvidas e de se considerar as suas propostas nas
atividades que realizam. Falou-se nos projetos inerentes a cada escola e numa situação
muito peculiar: a assembleia de escola que foi incrementada apenas num
estabelecimento escolar, não encontrando nas outras escolas quaisquer práticas
semelhantes de apelo ao associativismo e à prática de cidadania.
A formação foi o último tema abordado entendendo-se que há prioridade em formar
para o trabalho com a indisciplina, supervisão pedagógica e informática.
Terminámos às 18:05.
Reflexão Pessoal
O presente dia permitiu-me adquirir alguns conhecimentos e aprendizagens que
passo a citar: 1) a oportunidade de visitar as infraestruturas de três escolas JI/EB1
possibilitou-me assimilar o funcionamento destes estabelecimentos educativos e as
práticas educativas que se implementam de escola para escola. Neste contexto, entendi
que, para escolas do mesmo agrupamento, é necessário existir alguma articulação
curricular e existência de práticas comuns que permitam apreciar o agrupamento como
um todo; 2) as entrevistas com os alunos do 4.º ano da escola AV fizeram-me assimilar
a importância de se considerar as iniciativas educativas dos alunos que proporciona, não
só motivação e interesse escolar, mas também se revelam importantes para o seu
desenvolvimento pessoal; 3) quanto às entrevistas com os coordenadores de
departamento, assimilei a importância de um sustentável planeamento das atividades
curriculares de suporte ao desenvolvimento e consolidação de aprendizagens dos
alunos. Compreendi, ainda, que é trabalho que implica a articulação com os vários
docentes das disciplinas, no sentido de assegurar boas práticas educativas, desde a EPE
até ao 3.º ciclo, no caso deste AE.
Dia 72 – Quarta-feira, 03 de fevereiro de 2016
Chegámos à escola-sede do agrupamento pelas 09:15 e as entrevistas com as
assistentes técnicas e operacionais iniciaram às 09:30. Estiveram presentes 8 pessoas.
Deu-se início com uma breve apresentação da atividade da avaliação externa e
intervenientes, partindo-se de imediato para a primeira questão a aferir que teve que ver
com o conhecimento do serviço destas colaboradoras, tentando compreender as várias
dinâmicas de trabalho destes membros. Começaram por referir que, apesar de terem
autonomia no trabalho que desenvolvem, a direção tem sempre uma palavra a dizer. A
coordenadora dos assistentes operacionais mencionou que faz a gestão do pessoal em
função das áreas de competência de cada pessoa. Se há necessidade de enviar alguém
para outra escola do agrupamento é com a subdiretora que é tratado o assunto. A
coordenadora dos assistentes operacionais afirmou que são feitas reuniões com
frequência com a subdiretora para dar conhecimento das situações que vão ocorrendo
com a gestão do pessoal.
No que concerne aos serviços administrativos (secretária), a responsável referiu que
em setembro faz sempre uma reunião com os funcionários para aferir as áreas de
trabalho de cada pessoa: organizam-se assim por áreas e dão resposta aos diversos
pedidos da comunidade. Todas as funcionárias têm um conhecimento satisfatório do
trabalho que é realizado neste serviço, podendo serem assumidas as várias funções
existentes por qualquer pessoa do serviço.
Questionou-se as formações que têm realizado para se adaptarem às áreas de
trabalho que desenvolvem. No caso do bar, a funcionária realçou primeiro que tem uma
boa relação com os alunos, estabelecendo uma interação regular com eles nos
intervalos. Também mete ordem nos conflitos que possam surgir neste espaço de
convívio. Referiu a necessidade de estarem sempre atentas em qualquer área de trabalho
para que se possa intervir imediatamente. Teve formação sobre como lidar com os
alunos em problemas indisciplinares, na gestão de conflitos e também frequentou
formações externas em escolas TEIP. Neste caso, é a direção que dá conhecimento
destas formações e palestras para que os membros do AE possam participar.
No caso da assistente que trabalha na biblioteca, referiu que teve formação para ir
trabalhar para este serviço e que neste espaço não há conflitos entre alunos. Dá bastante
apoio na procura de livros e aos trabalhos dos alunos. Referiu estar disponível para
todas as solicitações que venham dos discentes.
Uma das funcionárias proferiu que no 1.º ciclo a aprendizagem que tem vindo a
realizar é mais com as colegas, mas também evidencia a importância da formação que
frequentou (e.g. apoio a crianças com baixa visão; higiene e segurança no trabalho e
primeiros socorros). Mencionou que, por vezes, o que se torna mais complicado na
gestão dos intervalos é a aceitação das normas escolares por parte dos alunos que ainda
insistem em quebrá-las.
Nos serviços da secretaria, indicaram que o contacto com os pais é bastante
razoável. Disseram que lidam bem tanto com alunos como com os pais. Por vezes têm
que se adaptar à língua que os vários intervenientes falam e que quando há problemas
leva-se a situação numa forma de negociação e explica-se na prática o que se passa.
Quanto ao serviço da ASE, a funcionária relatou-nos que só na escola-sede os
beneficiários deste serviço ultrapassam os 200 alunos. Informou algumas dificuldades
que sente em fazer os alunos cumprir os prazos para entrega de documentos e
regularização da situação. Afirmou ainda que existem alturas que têm de andar atrás dos
alunos para que resolvam a questão do ASE. As auxiliares expuseram também que faz
parte da sua competência sinalizar as crianças que não se alimentam convenientemente
e que passam por dificuldades em casa para que possam reportar esta situação à direção.
Em relação ao ambiente, os avaliadores solicitaram às entrevistadas que o
caracterizassem. Uma das assistentes referiu que, apesar da indisciplina manifestada, o
ambiente escolar é seguro. Os comportamentos disruptivos, em certas alturas, iniciam
no recreio mas também se manifestam com alguma frequência em sala de aula.
Afirmaram que são mais situações passageiras que se criam constituindo-se conflitos
entre eles e que por vezes até surgem das atividades desportivas. A imagem da escola
para a comunidade escolar é sempre negativa, mas as funcionárias garantem que é
segura e que pode ter a ver com o contexto demográfico (os bairros e as zonas que a
envolvem) e por isso a escola vai atuando para erradicar os problemas que, muitas
vezes, são trazidos dos bairros para dentro da escola. Também salientaram o trabalho da
escola segura na obstrução destes conflitos que vêm do bairro.
Em relação às lideranças, questão colocada pelos avaliadores, as entrevistadas
afirmaram que têm contacto com as coordenadoras das escolas do agrupamento e que há
sempre disponibilidade para resolver as questões. Denota-se, de um modo geral, que
têm um elo bastante consolidado. Falam entre si e até mesmo com o diretor que se
mostra sempre acessível. De acordo com as assistentes operacionais, há abertura para
reportar situações à coordenação ou até mesmo à direção e reúnem-se com frequência –
há comunicação aberta e relação consensual. Quanto à EPE, reportaram alguns
constrangimentos na comunicação, porque a informação chega, mas com atraso, tal
como disseram.
Quanto ao clima e motivação no trabalho, asseguraram que, em relação às
condições de trabalho, são satisfatórias, mas mostraram algum descontentamento com a
estagnação da carreira. Apesar de não progredirem profissionalmente, não se sentem
desmotivadas, porque afirmam diversas vezes que apreciam o trabalho que realizam.
A entrevista terminou às 10:40.
Logo de seguida, iniciou-se a entrevista com alunos delegados de turma e
representantes de projetos escolares, contando com a presença de oito discentes. À parte
da introdução inicial, os avaliadores começaram por questionar os alunos acerca do que
mais gostam na escola que frequentam. As respostas direcionaram-se para as atividades
da escola (o dia da alimentação, as visitas de estudo), a biblioteca, o bar da escola, o
espaço de convívio, o espaço exterior e as auxiliares pela disponibilidade demonstrada
diariamente.
Procurou-se aferir, de seguida, como é que os adultos abordam e falam com os
alunos. A este nível, evidenciaram que a auxiliar da entrada cumprimenta todos os dias
os alunos, tanto à entrada, como à saída da escola. Contaram que há auxiliares que sem
domínio da língua inglesa se esforçam para ajudar os alunos estrangeiros a
movimentarem-se melhor na escola. Em relação aos professores, confessaram que são
simpáticos, na sua generalidade, e que são muito comunicativos.
Na sequência da conversa, perguntaram o que sabem sobre a indisciplina no AE.
Na perceção destes alunos, é um problema que tem vindo a diminuir. Abordaram que as
funcionárias estão sempre atentas a situações de comportamentos perturbantes e que
normalmente ocorrem fora do recinto escolar e só depois é que arrastam os problemas
para o interior da escola. Quando ocorre na sala de aula, o professor chama a auxiliar
que encaminha os alunos para o GAAF para serem acompanhados. Questionaram,
também, como são resolvidos os problemas no recreio. Neste espaço, proferiram que os
alunos são separados pelas auxiliares e encaminhados para os serviços que tratam destas
questões. Frisaram que na sala de aula acontece, porque os alunos se sentem à vontade e
têm confiança com os professores. Para colmatar estes problemas, os professores
separam os alunos que tendem a conversar nas aulas e falam no recreio com os mesmos.
Os avaliadores, explorando um pouco mais este problema, interpelaram os alunos se em
formação cívica falam nestas questões e na relação professor/aluno. Os alunos
confirmaram que discutem situações que acontecem na escola e que são bastante
sensibilizados para respeitar os outros. Abordam também temas dentro da solidariedade
e gestão de conflitos e realçam também que já ouviram falar do trabalho dos técnicos de
intervenção TEIP que estão no AE.
Falou-se na situação dos alunos estrangeiros e de que forma é que os discentes
apoiam a sua integração. Um dos alunos presentes, de nacionalidade chinesa, frisou que
tem muito apoio em casa, principalmente do irmão que o ensinou a falar português, e
que na escola, também é acompanhado pelos professores e técnicos, frequentando ainda
a disciplina de português língua não materna. Afirmaram que é uma escola bem
preparada para receber alunos estrangeiros e que acima de tudo é uma escola inclusiva.
A este propósito, falou-se na importância dos encontros gastronómicos, musicais e de
conhecimento das culturas representativas do AE que ocorrem na escola.
Interrogou-se o trabalho dos delegados de turma, que foi referido pelos alunos,
funções como tomar nota de assuntos para transmitir ao diretor de turma, ser uma
espécie de braço direito do diretor de turma e apoiar os professores, na limpeza da sala e
na representação da turma. Também falaram em projetos da escola e na importância da
criação de um clube de rádio, uma assembleia de turma ou uma associação de
estudantes. Proferiram que já tiveram um jornal “contra a parede” para divulgar
assuntos inerentes ao AE. Os avaliadores realçaram a importância de se realizarem
assembleias de turma, na discussão e aferição de ideias que sejam viáveis para levar a
cabo no AE. Ainda no âmbito desta entrevista, apontaram-se assuntos, como o bullying
e trabalhos realizados na escola relacionados com o site seguranet, apresentações na
biblioteca, exposições de trabalhos pela escola e o incentivo às artes. A respeito desta
última, referiram que há um projeto de dança em educação física que é de caráter
facultativo; realizam exposições de trabalhos; fazem visitas de estudo e que
participaram num concurso de olimpíadas da criatividade e de disciplinas como a
matemática e o português. Também se referiram ao projeto que têm em relação aos
refugiados (free to choose). Quanto às atividades práticas, foi mencionado que já
fizeram atividades relacionadas com vulcões, com tremores de terra, eclipses e de
análise a vários tipos de rochas. No âmbito da educação para cidadania e para a saúde,
falaram da alimentação saudável que é estimulada em várias campanhas do AE. Tratam
ainda de assuntos relacionados com estupefacientes e substâncias ilícitas, no sentido de
alertar e sensibilizar para o perigo do seu consumo. Falam da igualdade de género e
questões incididas na violência no namoro. Costumam desenvolver projetos de
solidariedade, incidentes em cabazes de natal e recolha de bens para distribuir nas
instituições de solidariedade social.
Solicitaram, de seguida, que descrevessem um dia típico de aulas. Descreveram que
usam o manual, fazem fichas de leitura, apresentam os livros, fazem exercícios de
gramática, utilizam o quadro para explicação de matéria e para a resolução de exercícios
e utilizam muito o PowerPoint em História. Cada sala tem um projetor, mas no geral
não tem quadros interativos. Também fazem pesquisas na internet que resultam dos
trabalhos de casa e fazem ainda trabalhos de grupo. Referiram-se à importância da
escola ser inclusiva e de fomentarem a constituição de turmas mistas, porque também
aprendem com os alunos com NEE. Os discentes também foram sensibilizados para
receber alunos com NEE, através de uma atividade: taparam os olhos e foram dar uma
volta à escola para compreender o que sentem os colegas invisuais.
No que respeita à avaliação dos alunos, os avaliadores procuraram saber que
instrumentos utilizam os professores e se os alunos conhecem os critérios de avaliação.
Entendeu-se que há mais conhecimentos de critérios de avaliação numas disciplinas do
que noutras. Os elementos contabilizados na avaliação incidem nos trabalhos, nos testes
e muito no comportamento. A autoavaliação que fazem provém da conversa em aula
sobre os comportamentos dos alunos, da realização da média com o apoio do professor
e, em alguns casos, das fichas de autoavaliação. Também têm apoios quando
manifestam notas baixas. Os professores detetam as dificuldades antes e alteram os
instrumentos de avaliação para se adaptarem às dificuldades, por exemplo, em vez de
um teste aplica uma ficha pequena de avaliação. A última questão incidiu em
compreender que mudanças implementariam na escola. Os alunos referiram-se,
sobretudo, às mudanças estruturais da escola.
Terminámos às 11:55.
Seguidamente realizou-se a entrevista com os docentes e técnicos de serviços
técnico-pedagógicos, pelas 12:00, com a presença de nove intervenientes. Feito o
discurso de enquadramento das entrevistas, os avaliadores reforçaram a importância da
participação de todos pelo contributo e dinâmica de cada um dos atores: uns mais
ligados aos pais e outros mais ligados aos alunos, tendo em conta o contexto inserido.
A técnica da CPCJ começou por intervir, relatando que têm uma área de atuação
bem delineada e que estão organizados pelas moradas dos jovens sinalizados por
diversos motivos: absentismo escolar, indisciplina, violência, entre outros elementos. As
reuniões com a direção da escola são realizadas no sentido de discutir estes problemas
evidenciados no AE. Referiu que existe articulação entre os diversos técnicos que
intervêm nestas problemáticas escolares e que quando os casos chegam à CPCJ são já
casos de segunda linha, considerados muito graves. Confidenciou que há uma triagem
onde são selecionados os casos mais graves e que internamente já não se resolvem. Os
outros que se resolvem internamente não implicam o envolvimento da CPCJ.
Os avaliadores procuram conhecer o trabalho desenvolvido pelo GAAF. Segundo
os presentes, é um trabalho que envolve diversos intervenientes, como a técnica de
serviço social, o mediador de conflitos e a intervenção da psicóloga. Fazem o
acompanhamento das famílias e alunos na escola-sede e no 1.º ciclo, atendimento aos
alunos/famílias e visitas aos pais, articulam o trabalho com os professores, trabalham
em parceria com outras instâncias, como a escola segura, dinamizam atividades no
recreio para combater situações de conflito e gestão de conflitos em sala de aula,
desenvolvem workshops para professores e dão apoio ao estudo e trabalhos de casa dos
alunos.
Os avaliadores relataram a importância de rentabilizar os esforços e os recursos
humanos que intervêm no contexto escolar, ou seja, articular bastante o trabalho entre
os vários intervenientes para criar melhores condições que facilitem a aprendizagem dos
alunos. Interrogaram os presentes acerca do conhecimento do trabalho dos professores.
Na sequência desta interpelação, afirmaram que há muita comunicação entre técnicos e
docentes, não se descurando o ponto de situação que os técnicos fazem com o diretor de
turma em reuniões informais. É um trabalho de parceira em que a comunicação flui e a
informação chega aos professores pelo diretor de turma.
Abordou-se dois serviços desenvolvidos pela escola: o GAAF (novamente) e o
gabinete de indisciplina. Proferiram que o mediador de conflitos está entre estes dois
gabinetes e articula o trabalho desenvolvido em ambos os serviços com os restantes
técnicos. Fazem o balanço por período do trabalho, vendo o número de referenciação e
as problemáticas, em confronto com o objetivo de prevenir o absentismo, o abandono
escolar e a indisciplina. Possuem um tutor de Turma Mais direcionados para turmas que
evidenciem maiores problemas. Têm horas para estar com eles, ou seja, cada elemento
do GAAF responsabiliza-se por uma turma.
Quanto ao trabalho mais individualizado da Psicóloga, são campos de atuação: o
despiste de NEE e de outros problemas relacionados com a aprendizagem; o apoio
psicopedagógico; a orientação vocacional dos alunos, o desenvolvimento da vertente
profissional (mundo do trabalho) com os alunos; a realização dos testes psicológicos; a
orientação para o preenchimento de boletins de matrícula; o desenvolvimento do
autoconhecimento e o atendimento de pais. Em relação à informação dos alunos quando
saem da escola, formalmente, mencionou ter o registo das opções e, informalmente,
recebe o feedback da família. Também declarou realizar reuniões com os pais no 1.º
ciclo e JI com a presença da direção sobre as práticas educativas – desenvolvimento da
aprendizagem. Proporcionam diferentes tipos de formação: 1) aos pais direcionam a
diferenciação nas práticas parentais, sistema de correção dos alunos, sistema de
valorização da escola. Convidam os pais a participar nestas formações em que cada
convite é personalizado pelos alunos do AE e pensado individualmente em cada família,
sendo que este ano tinham intenções de enviar ilustrações dos alunos dos vocacionais;
2) aos alunos possibilitam a participação em métodos de estudo, autoestima, conflitos,
assertividade e educação sexual. Neste contexto, exploraram as dificuldades de
comparecimento dos pais nestas formações, listando alguns motivos, como o trabalho e
equacionam a ausência por falta de motivação.
Seguiu-se a coordenadora do departamento de expressões que referiu que há oito
professores de NEE para 14 alunos. Começaram com condições muito precárias e hoje
quase todos têm acesso aos materiais para o ensino-aprendizagem dos alunos. Têm
parcerias com áreas do desporto e também articulação com hospitais. Uma das formas
de inclusão dos alunos invisuais foi através de uma atividade, já salientada pelos alunos:
taparam-se os olhos aos alunos para sensibilizá-los em relação às necessidades dos
colegas. As NEE vão desde a visão, a instabilidade emocional, a comunicação e
linguagem e dificuldades motoras. Sublinharam a parceria entre os pais e articulação
com os professores tutores. Têm sete alunos com currículo específico e diferenciado que
responde às necessidades de cada um. A ficha de referenciação dos alunos é feita e
passada em reunião de ano para ano aos professores que vão acompanhando os
processos. Em relação aos apoios de educação especial para o problema visual, são
disponibilizados apoios com utilidade dentro e fora da sala de aula. As atividades são
listadas em reunião com o professor regular e com o professor da educação especial.
Nestas reuniões, há transmissão de estratégias de atuação para o professor titular ter as
competências necessárias que o permitam acompanhar o processo de
ensino/aprendizagem dos alunos. As atividades são assim planeadas quase caso a caso
em função das necessidades que as crianças apresentam, no sentido de estimular a sua
aprendizagem.
Posteriormente, a docente de apoio educativo falou do funcionamento da Turma
Mias que presta acompanhamento aos alunos com dificuldades de aprendizagem. São
assim turmas mais reduzidas para trabalhar individualmente (possuem alunos com
dificuldades mas têm também alguns alunos com bons resultados). Inferiu que os maus
resultados advém também dos comportamentos disruptivos. Neste caso, os alunos que
precisavam de apoio e acompanhamento individualizado subiram os resultados, mas
mantêm-se na Turma Mais para terem um efetivo acompanhamento. Só regressam à
turma-mãe quando estabilizarem os resultados. Revela-se que a português há melhorias
bastante evidentes, no entanto a área disciplinar de matemática ainda permanece aquém
do esperado. Inventariam algumas questões a resolver: a desmotivação, a falta de
empenho e os comportamentos disruptivos. Há articulação entre professores da turma-
mãe e Turma Mais onde é feito um balanço quase diário para que quando alguém
regresse à turma mãe, saiba qual o ponto de situação em relação aos conhecimentos dos
alunos.
O professor de apoio educativo em inglês (40 alunos do 2.º ciclo) referiu, já quase
no final da entrevista, que o apoio ao estudo em inglês tem a duração de 45 minutos,
onde explora um clima lúdico através da linguagem. Referenciou que poderia haver
mais tempo semanal para se trabalhar com maior enfoque o Inglês. Os casos de sucesso
são reportados pelo professor titular ao professor do apoio educativo que mostra algum
sucesso da adoção desta medida.
Terminámos às 13:40.
Voltámos pelas 14:40 para a realização da entrevista com os diretores de turma e
respetivos coordenadores. Após as apresentações iniciais, os avaliadores abordaram a
figura central do diretor de turma e os questionários, em relação à satisfação dos alunos,
no que respeita ao trabalho que desenvolvem. Começaram, assim, por interpelar o que
está na base desta satisfação. Um dos diretores referenciou que é bastante comum
acompanharem as turmas desde o 5.º até ao 9.º ano ou do 7.º até ao 9.ºano. Entendeu-se
que se criam ligações afetivas com a turma, daí a satisfação dos alunos com os diretores
de turma. Também afirmaram que são ouvidos pela direção e que têm um contacto
quase diário. Desenvolvem tutoria (1h presença facultativa) e ministram formação
cívica. Têm apoio da parte da direção e dos coordenadores das disciplinas, crendo que
possuem boas relações com os pais. Os alunos valorizam a hora da tutoria para resolver
questões de âmbito pessoal, constituindo-se uma maneira de se aproximarem mais da
família e do aluno. Gere-se este tempo livremente e se for necessário pede-se para
atender os pais e alunos neste horário. Referiram que numa escola TEIP é fundamental
terem sessões de tutoria, apesar de sublinharem que esta iniciativa não derivou do TEIP.
Tem vindo a ser uma prática ajustada ao longo dos anos. Também serve para
acompanhar individualmente os alunos ou debater assuntos em grupo que podem advir
dos discentes ou serem propostos pelos professores. Apesar de não estar direcionada
para dar apoio ao estudo, esta hora é bastante utilizada, quando necessário, para
acompanhar os alunos e apoiá-los em trabalhos e métodos de estudo. A tutoria também
serve para acompanhar casos de indisciplina. Referiram que é difícil monitorizar as
tutorias, porque lidam com atitudes, comportamentos e nem sempre vêm os mesmos
alunos. Chegam mesmo a afirmar que, neste caso, o que mais interessa à escola é o
acompanhamento eficaz que é prestado aos alunos e não avaliar o tempo e monitorizar o
desenvolvimento das tutorias. Os diretores são os primeiros interlocutores entre a
família e a escola. Uma das professoras presentes referiu mesmo que faculta o número
de telemóvel para um contacto mais rápido e personalizado, demonstrando grande
disponibilidade para os receber até fora do horário de trabalho.
Os avaliadores incidiram na questão da integração dos alunos do 4.º no 5.º ano,
procurando entender que estratégias utilizam neste âmbito. Conforme um dos presentes,
estão pensadas estratégias para a transição e adaptação ao 2.º ciclo e existem alunos do
1.º ciclo que vêm referenciados como indisciplinados para que possam, desde logo, ser
acompanhados pelo GAAF e também pelas sessões de tutoria. Os processos individuais
são fundamentais para dar conhecimento aos diretores de turma dos alunos que vão para
o 2.º ciclo, uma vez que sinaliza e antevê problemas, para que os professores possam
estar mais alerta e despertos no que toca a estas situações. Os avaliadores mencionaram
que devem ser pensadas medidas que facilitem a transição dos alunos do 4.º ano. A este
nível, vislumbraram uma possível medida atenuante: a importância de existir regras
comuns nos dois ciclos. Os alunos conhecem as regras, mas é necessário fazer com se
apropriem e usem-nas no contexto escolar. Deve ser um trabalho conjunto com os pais e
todos os intervenientes da escola. Falaram da importância de tratar as regras dos alunos
em conselho e ajustar medidas que imponham aos alunos o seu devido uso. Também
tem de haver uma análise do problema de forma transversal deste a EPE. Os avaliadores
reforçaram que há que vivenciar o AE como um todo e não fragmentado (em partes por
escolas). Nota-se que agrupamento está desarticulado em termos de trabalho conjunto,
sendo esta situação reconhecida pelos presentes que valorizaram a importância de se
criar regras uniformizadoras, mas com respetivas adaptações em função do nível
educativo (EPE) e dos ciclos de ensino (1.º, 2.º e 3.º ciclos).
Em seguida, os avaliadores partiram para a questão da articulação curricular. De
acordo com os presentes, a articulação curricular processa-se no conselho de turma e
tenta-se que haja transversalidade em visitas e na formação para a cidadania, por
exemplo. Os temas mais interessantes decorrem das reuniões do conselho de turma,
tendo também em conta o nível de ensino e o diagnóstico da turma. Também
aproveitam os projetos que têm a decorrer, por exemplo, na área da educação para a
saúde para fazerem visitas de estudo. Falaram dos parceiros que apoiam os docentes a
desenvolver as atividades curriculares. Em relação à situação do vocacional, salientaram
como são organizadas as turmas e desenvolvido o planeamento curricular. Apostam
muito no trabalho prático, existe um bom intercâmbio de interação entre parcerias para
o vocacional e até mesmo os pais envolvem-se nas reuniões. A biblioteca escolar é um
bom exemplo de realização de atividades em articulação com outras disciplinas (e.g.
concurso de leitura em articulação com o português e história). Existem atividades que
se desenvolvem fora do PE e do plano anual de atividades e que ficam apenas registadas
em ata. Os avaliadores sugerem, a esse nível, que se monitorize e impliquem essas
atividades no plano anual de atividades. A equipa de avaliadores percebeu ainda que a
articulação curricular não está muito bem consolidada no AE e que devem trabalhar
mais esta vertente.
Quanto à avaliação, mencionaram que é realizada em conselho de turma, fazendo a
análise dos resultados (e.g. comportamentos, testes e participação), o acompanhamento
de caso a caso no primeiro período e a realização de balanço dos apoios frequentados
(avaliação quantitativa e qualitativa). A partir deste acompanhamento, fazem-se novas
propostas de atuação, para os apoios de tutoria e ao estudo, encaminhando-os para o
GAAF, para o serviço de NEE e para a psicóloga. A equipa de avaliadores referiu que
se deve apostar em estratégias pedagógicas diversificadas, começando por atuar em sala
de aula e com os professores. Segundo os professores, há alunos que reconhecem o
trabalho feito diariamente, referindo também que são um modelo que se preocupa com
eles.
A entrevista terminou às 16:25.
Às 16:30 iniciou-se a entrevista com quatro representantes da autarquia (juntas e
câmara municipal). Após apresentações, os avaliadores solicitaram que apontassem os
aspetos mais relevantes da participação de cada representante no AE. Começaram por
referenciar, num dos JI, a importância das atividades de enriquecimento curricular e da
componente de apoio à família – para as 22 crianças que acompanham. Tem um anexo
na escola onde funcionam as atividades de enriquecimento curricular e asseguram o
transporte escolar das crianças. Noutro JI (pertencente à mesma junta), afirmaram que
há 41 crianças com duas auxiliares que são da sua responsabilidade. Oferecem inglês,
expressão dramática, dança, entre outras áreas. Existe uma coordenadora local e um
coordenador geral que recebe as planificações e as candidaturas em agosto dos técnicos
e monitores. A junta desenvolve um programa – intervir - que visa prevenir
comportamentos de risco e indisciplinados, um projeto apresentado aos professores de
turma e que é uma oferta complementar ao 1.º ciclo. Têm também um programa de
transição e de apoio à mudança do 1.º para o 2.º ciclo. Apresentam ainda um projeto de
apoio ao desenvolvimento psicossocial – acompanhamento das crianças e
aconselhamento parental – onde o professor inscreve a criança e depois envolvem
também os pais neste acompanhamento. Apoiam os pedidos de transporte para visitas
de estudos e tem um espaço cedido à junta que apoia o desenvolvimento social das
crianças.
Outra técnica de educação referenciou que trabalham com o JI DP para apoio à
componente de apoio à família. Têm um plano mensal com as atividades que realizam e
também desenvolvem o projeto intervir com o 1.º ciclo (trabalham com uma turma do
1.º ano). Procedem a arranjos, facultam o transporte escolar, apoiam as atividades
curriculares (e.g. festas de natal) e estão presentes em todas as reuniões
interdisciplinares na escola. Assegurou que têm uma proximidade muito consolidada ao
ponto de estarem a par dos problemas de indisciplina que ocorrem em sala de aula,
dentro do âmbito que lhes compete.
A técnica da câmara municipal referiu que disponibiliza apoios educativos de
verbas, fornecem refeições às escolas, apoiam os reforços alimentares (lanches) e
comparticipam os almoços da ASE. Frisou ainda que têm ligação com uma das escolas
JI/EB1 - BA – um projeto piloto – de iniciação à programação. Fornecem apoio ao
projeto orquestra geração, proporcionam um programa de natação e dão apoio à
realização das visitas de estudo.
Tentou-se ainda encontrar explicações para a diminuição do número de crianças a
frequentar a EPE. Algumas das pistas incidiram na legislação, demografia, aumento do
número de crianças por turma (inviabiliza a criação de mais turmas), condições da
escola, entre outras.
Os avaliadores questionam por último como é que é feita a articulação destes
serviços com a direção. A técnica da camara municipal visitas às escolas do
agrupamento para prestar o devido acompanhamento ao desenvolvimento dos projetos.
Quanto às juntas, referiram que trabalham no contexto das escolas (fazem parte da
equipa apesar de não estarem sempre presentes) mas acompanham de perto o trabalho
desenvolvido.
Terminámos às 17:20.
Às 17:30 iniciou-se o último painel de entrevistas com os representantes da
associação de pais, encarregados de educação e representantes dos pais de grupo e
turma. Estiveram presentes cerca de 10 encarregados de educação e começou-se por
solicitar aos pais que apontassem aspetos positivos do trabalho que o AE desenvolve.
Sublinharam: a visita à escola dos alunos de EPE, ao 1.º ciclo e ao 2.º ciclo, onde os
pais tiveram a possibilidade de conhecer a escola previamente ao começo das aulas; o
excelente acompanhamento dos técnicos (docentes e não docentes) aos alunos,
manifestando melhorias na parte cognitiva e social; a experiência positiva na junção de
meninos com e sem NEE por estimular a inclusão social e o apoio mútuo, onde as
crianças começaram a encarar estas situações com bastante normalidade; a visita a um
centro de refugiados que fez com que os alunos interagissem e aceitassem os colegas de
todos os meios sociais; o trabalho das questões culturais; a articulação entre professores
e pais; a facilidade de comunicação entre os pais e os professores, verificando-se aqui a
abertura e disponibilidade dos professores na resolução de conflitos; a dedicação e
empenho de auxiliares com os alunos; o esforço na colocação de docentes logo no início
do ano letivo para que os alunos possam estar desde logo ocupados; a articulação da
escola com a junta de freguesia no desenvolvimento da compoenente de apoio à família,
porque há pais que trabalham até tarde; o projeto orquestra geração; a articulação do AE
com o projeto Ciência Viva – visita de estudo; o cuidado em manter os alunos do 4.º
ano juntos na transição para o 5.º ano; a facilidade de comunicação com o diretor de
turma; as atividades da biblioteca que incitam a sua frequência e estimulam a leitura; a
acessibilidade da direção do AE; as reuniões sobre os estágios de desenvolvimento das
crianças promovidas por entidades parceiras para os pais; a tentativa da direção
encontrar horários flexíveis para a participação dos pais nas atividades da escola; a
disponibilidade dos diretores de turma na integração dos alunos estrangeiros; a
promoção e cultivo da participação dos pais na vida escolar dos alunos; as atividades
extracurriculares; as aulas de tutoria; o quadro de honra e a reunião para funcionamento
da escola para os pais no início do ano.
Questionaram, posteriormente, os aspetos negativos na consideração dos pais,
destacando: a complicação frequente em fazer substituições; a falta de produtos na casa
de banho, o encerramento da biblioteca (numa das escolas JI/EB1); a comunicação que
deve ser melhorada na divulgação de reuniões; a indisponibilidade da página oficial do
AE; a divulgação de documentos deve ser feita na escola e no site oficial e a falta de
auxiliares.
Quanto à avaliação dos alunos, os pais referiram que têm acesso aos testes e que
são informados dos critérios de avaliação. Há uma reunião no final de cada período e
existe também uma avaliação intercalar em novembro para o 2.º ciclo.
No que concerne à associação de pais, salientaram que não têm muita adesão, visto
que também sentem dificuldades em trazer os pais à escola. Pode estar relacionado com
a falta de comunicação ou com o contexto desfavorecido que pode também dar aso à
rutura com a escola. Entendeu-se, assim, que a dinâmica de funcionamento e de
organização da associação de pais deve ser melhorada.
Solicitou-se por último a perceção dos pais em relação à indisciplina que ocorre na
escola. No que toca a este assunto, referem que é a envolvência do meio que causa a
perturbação aos alunos e que as crianças tendem a copiar modelos de comportamento
dos outros. Sentem, por isso que os filhos estão seguros nestas escolas e percebe-se que
internamente os problemas resolvem-se bem.
Terminámos às 19:10. Saímos às 19:20.
Reflexão Pessoal
O terceiro dia de avaliação externa possibilitou-me reter um leque de
conhecimentos, em relação: 1) à importância da capacidade de coordenação dos
diversos serviços operacionais que se estabelecem como fundamentais para o pleno
funcionamento do AE; 2) à relevância dos projetos escolares e trabalho prático que
possibilita aos alunos uma oferta diversificada de experiências, no sentido de se
fomentar uma educação para a cidadania, associativismo e para a saúde; 3) ao trabalho
desenvolvido por cada serviço técnico-pedagógico que prioriza acima de tudo o bem-
estar pessoal e escolar dos discentes; 4) ao trabalho que os docentes desenvolvem com
os alunos com NEE, muito enaltecido pelos intervenientes escolares e avaliadores; 5)
aos diferentes apoios educativos e estruturas de atuação nos comportamentos
indisciplinados que se evidenciam como uma estratégia de desenvolvimento da ação
educativa da escola e 6) às lideranças intermédias que articulam o trabalho educativo
com diversos intervenientes: as famílias, os alunos, os professores e os profissionais
técnico-pedagógicos.
Dia 73 – Quinta-feira, 04 de fevereiro de 2016
Chegámos ao AE pelas 09:00, começando a entrevista com os docentes dez
minutos depois. Na sala estavam presentes sete pessoas. Depois de uma breve
apresentação e dado o número de docentes que estão no primeiro ano de trabalho neste
agrupamento, os avaliadores questionaram como foram integrados no AE. Referiram
logo que não sentiram dificuldades de integração. A comunicação flui muito bem e não
houve pressão para saber tudo de imediato. Os outros professores também receberam
bem os docentes e passaram a informação necessária sobre a escola, possibilitando
compreender de, um modo geral, a dinâmica de funcionamento do AE. Também houve
partilha de materiais para facilitar o trabalho: entrega atempada do programa da
disciplina e orientação ao nível das características das turmas a lecionar. Conheceram
desde logo os coordenadores de departamento que enviaram os documentos
estruturantes do AE. Neste momento, afirmaram que estabelecem comunicação direta
com os diretores de turma e sempre que têm alguma dúvida são esclarecidos e apoiados
pelos colegas de trabalho. Expuseram que é essencial o trabalho da coordenação que
transmitiu o funcionamento do TEIP na escola. Para estes docentes, questionaram o que
conhecem do trabalho das outras escolas. Sobre este assunto, mencionaram que no 1.º
ciclo há um coordenador com o qual reúnem frequentemente, daí que possuam algumas
informações das outras escolas. No conselho de docentes, quando há estas reuniões que
abranjam todas as escolas, uniformizam as estratégias de ensino e materiais de trabalho.
Há uma planificação anual conjunta, decidindo-se os conteúdos a lecionar nestas
reuniões de grupo, adaptando-se de acordo com o contexto socioeconómico e aos ritmos
de aprendizagem.
A colocação dos professores atempadamente permite a apropriação de informação e
uma melhor planificação do trabalho. A informação passa muito de modo horizontal
(comunicação aberta) nas reuniões e no conselho de docentes e departamentos
curriculares (reuniões de discussão de professores). Reconheceram que no final devia
haver uma passagem de informação através de uma apresentação formal e final de cada
ciclo de ensino (aprendizagem dos projetos e sucessos escolar), para que se pudessem
dar a conhecer o trabalho do agrupamento, mediante também os documentos
estruturantes do funcionamento das escolas.
Na EPE referiram que é importante a concretização de reuniões de professores para
conseguirem trocar ideias e saberem que estratégias usar nas práticas educativas.
Pensando na questão dos resultados e do sucesso escolar, quando são convidados a
refletir estes resultados, os avaliadores perguntaram como é que fazem esta reflexão.
Proferiram que, depois de encontradas as dificuldades, a base do trabalho passa por
reunir, para debater possíveis soluções conjuntas que são registadas em reuniões de
departamento. Falaram das retenções do 2.º ano (crianças que passam do 1.º ano com
dificuldades, visto que no 1.º só podem reprovar por faltas). Sobre este caso dizem que
tentam colmatar estas dificuldades com o projeto Turma Mais, disponibilizam um apoio
educativo semanal e recorrem às parcerias externas que apoiam as crianças nos
trabalhos de casa (trabalham também a vertente social). Falou-se na importância da
organização da sala de aula e no trabalho incisivo das atitudes e valores. Muitos dos
problemas também são combatidos com as atividades extracurriculares. Abordou-se a
importância de na Turma Mais serem os professores titulares a darem estas aulas,
porque já conhecem bem os alunos, sabem lidar com eles e conhecem os seus estilos de
aprendizagem. Ou seja, permitir, no fundo, um acompanhamento contínuo à
aprendizagem dos alunos, fora da turma-mãe. Aqui, os avaliadores destacaram que é
importante na Turma Mais existir uma diferenciação pedagógica, aproveitando esse
espaço para adotar novas estratégias de ensino/aprendizagem para chegar aos alunos
individualmente.
Em educação física adota-se uma estratégia diferente: o docente divide-os por três
níveis (básico, intermédio e avançado) e trabalha cada grupo individualmente. Depois,
no final do ano letivo, junta-os pela proximidade dos níveis. Referiu que fomenta
bastante a participação e respeita o ritmo de aprendizagem de cada aluno. Explicou,
também, que é fundamental explanar aos alunos o porquê de estarem nestes grupos de
trabalho. Os avaliadores mostraram a importância de explorarem novas práticas de
ensino, tendo em conta as vantagens do trabalho colaborativo e a procura do melhor
estímulo para a aprendizagem.
Outra prática abordada pelos docentes diz respeito à apresentação de trabalhos entre
turmas, por exemplo, cada turma preparar uma apresentação sobre uma disciplina das
ciências sociais e humanas e ir às escolas do agrupamento fazer apresentações (vice-
versa). Referiram que é uma ótima forma de motivar os alunos e envolvê-los em mais
projetos desta índole.
Falou-se na entrevista da integração de alunos estrangeiros e na dificuldade de
acompanhar o processo de aprendizagem, visto que por vezes toma-se atenção à turma
como um todo e acaba-se por não proporcionar a devida atenção, mais individualizada,
aos alunos estrangeiros. Pronunciaram que há alunos que não dizem nem uma palavra
em português, revelando-se uma barreira à comunicação.
Quanto ao PIEF, os professores disseram que chegam até eles partindo do seu
conhecimento e têm vindo a tentar alargar os conhecimentos para explorar novas
experiências educativas. Chega-se também a partir das experiências que vivem, do que
gostam e do que os motiva. É um ponto de partida para os envolver e motivar no
trabalho escolar.
Interpelou-se sobre o comportamento dos alunos, em relação ao conhecimento que
têm sobre isso. Na EPE disseram que é notória a falta de regras e normas de conduta
com as famílias, refletindo que o melhor é trabalhar esta vertente com os pais. Uma
educadora refere mesmo que seria importante, um dia, os pais participarem numa
atividade em sala com as crianças para que se pudessem inteirar do trabalho que a
educadora desenvolve com as mesmas. Seria um acompanhamento mais direto e que
permitiria perceber a dinâmica do funcionamento das atividades em EPE. No entanto,
evidenciaram que as diretrizes da EPE não permitem a presença dos mesmos nas salas e
que ainda se batalha contra estas medidas.
No 1.º ciclo afirmaram que existem sessões de apoio para os pais, no sentido de
saberem como trabalhar com os filhos as questões do comportamento. O mediador
também trabalha com as famílias e alunos que têm problemas a esse respeito. Referiram
que se nota um trabalho que tende a evoluir. Trabalham no sentido de prevenir
comportamentos desviantes do 4.º para o 5.º ano. Têm trabalhado o perfil do aluno para
também tentar atuar na prevenção de comportamentos e adaptação ao 5.º ano.
Comunicaram que devem incidir em formas de acolhimento em sala de aula.
Constatou-se que no 2.º ciclo se verifica mais comportamentos indisciplinados com
manobras para perturbar as aulas. No 3.º ciclo evidenciou-se que a indisciplina começa
mais no recreio ou fora da escola (e.g. diferenciação de gangues e rivalidades de
pertenças).
Os avaliadores falaram na questão das lideranças deste AE. Os presentes disseram
que há exigência, orientação, colaboração, disponibilidade, assertividade na resposta às
solicitações, eficiência no trabalho que desenvolvem, abertura nas relações e na
comunicação, ambiente escolar mais aberto com esta direção e facilidade no acesso à
informação. Pronunciaram, por último, que a escola TEIP fá-los estar mais unidos e ter
maiores responsabilidades com os alunos.
A entrevista terminou às 11:15.
No intervalo das entrevistas, estivemos a assistir a uma aula de um PIEF na
biblioteca com alunos de diversas nacionalidades. Observámos que estavam a fazer
tutoria de pares, a aprender a língua portuguesa e que ainda estão na fase de
alfabetização. Notou-se constantemente a presença da professora que se encontrava a
dar apoio a um grupo de alunos que falam o dialeto do francês. Pouco depois dirigimo-
nos para uma sala de NEE e estivemos a assistir ao desenvolvimento de várias
atividades com três alunos.
Pelas 11:50 iniciámos a última reunião marcada – a entrevista com a direção do
AE – estando presente quatro pessoas. Em primeiro lugar, os avaliadores solicitaram à
direção que apontasse os aspetos mais positivos do AE. Referiram, a este propósito, o
ambiente entre os profissionais, o lado profissional do diretor, o conhecimento da
comunidade que faz com que consigam intervir em situações problemáticas, a entrada
no TEIP (trabalham para a comunidade e têm acesso a outros recursos que de outra
forma não teriam), o valor acrescentado aos alunos (contam os resultados, mas no caso
do alunos do PIEF contam os pequenos desenvolvimentos a nível pessoal), os técnicos
do GAAF (que intervêm no combate à indisciplina e noutras dimensões), a satisfação do
pessoal não docente, a integração de alunos provenientes de outras escolas que são
incluídos no AE (o trabalho diário realizado com eles), a ligação afetiva dos alunos à
escola e à direção, o clima de confiança com a direção que se estabelece há muitos anos,
a priorização do bem-estar pessoal em detrimento do desempenho profissional, a
adaptação dos professores em função dos alunos, a utilização das TIC e as formações
dos professores.
Falaram nos processos de avaliação para a melhoria do currículo (repensar novas
estratégias do currículo) – contribuir para o desenvolvimento e melhoria das
aprendizagens. Explorou-se a questão das retenções na perspetiva de melhoria das
aprendizagens e denotou-se a importância de existirem mecanismos de supervisão de
aulas. Os avaliadores chamaram a atenção para a necessidade de se encontrarem
estratégias de implementação, ou seja, encontrar um foco de observação e não colocar
professores da mesma área disciplinar a observar. Os presentes informaram que a ação
de melhoria de equidade na avaliação já está referenciada e explicaram a importância de
uniformizar critérios de avaliação no mesmo ano de ensino, para que a partir da
supervisão se possa comparar o mesmo ano (partindo assim da mesma linguagem).
Os avaliadores a partir da observação encontraram: salas de EPE muito
dissemelhantes (no sentido de umas terem imensos trabalhos expostos e outras nem
tantos) e a situação do projeto de assembleia de escola (escola DP) proferindo que a
cidadania começa aí. Devem incutir desde muito cedo hábitos enraizados no
desenvolvimento de projetos de cidadania na escola. Falaram da relação das escolas e
do contexto social, do qual devem tirar partindo: partir da multiculturalidade e da
promoção e partilha de diversas culturas. A importância de comunicar oralmente e
discutir assuntos que são enviados por email (agiliza a comunicação e o trabalho mas
não substitui a comunicação oral).
A equipa falou na articulação curricular e na importância de assegurar que deve ser
o coordenador pedagógico a articular o currículo com os professores, ou seja, a
sequencializar as aprendizagens entre ciclos. Abordou-se a importância da formalização
da autoavaliação dos resultados que são documentados, mas não fazem parte da
avaliação, inferindo assim que é preciso consolidar esta prática. Falaram da formação e
colocação de professores. Os avaliadores referenciaram o trabalho consolidado que têm
com os alunos com NEE, sublinhado o bom trabalho desenvolvido.
Os avaliadores também aludiram aos trabalhos práticos, solicitando um balanço à
direção. Em relação a este assunto, a direção referiu que os trabalhos práticos são
avaliados em dois momentos: 1) realização e 2) relatório da parte experimental. Com a
redução do horário letivo, afirmaram que só podem trabalhar 45 minutos e que não
conseguem realizar este tipo de trabalhos com grande frequência. Equacionaram
selecionar atividades mais pequenas que deem para trabalhar com os alunos.
Mencionaram ainda que já possuiram um clube das ciências que mobilizava-se pelas
três escolas e apelava à realização de experiências práticas. Terminou há dois anos.
Os avaliadores falaram das medidas de sucesso e da eficácia da Turma Mais. A
direção discursou que podem ter repercussões positivas, mas que devem ter atenção
para não excluir alunos que saem da turma-mãe para a Turma Mais por terem
dificuldades. A direção denotou a importância deste trabalho, no sentido de intervir nas
dificuldades e não excluir os alunos com as piores notas. Sublinhou que no 1.º ciclo
também saem os alunos com boas notas para não se fazer essa diferença. Os avaliadores
inferem que é bastante positivo os parceiros do AE procurarem apoiá-los nas
dificuldades manifestadas.
Em relação às lideranças intermédias, a direção referiu que são avaliadas com
frequência, foram aceites por todos e que partilham as mesmas ideias da direção. No
entanto afirmaram que há um ponto ou outro em que não estão a acompanhar o que é
solicitado, mas que vão reformular essa situação. A equipa de avaliação referiu a
importância de garantir o funcionamento do circuito de comunicação e informação, por
exemplo, em relação à divulgação do dia da entrega dos diplomas do quadro de honra
do AE. Percebeu-se que a informação não chega a todos os pais do 1.º ciclo. Devem
também e, por isso, garantir o funcionamento da página do AE. A este respeito,
disseram que já se encontravam a tratar de colocar o site em funcionamento para que a
informação chegasse mais facilmente aos alunos e aos pais e encarregados de educação.
Os avaliadores falaram também sobre o documento de autoavaliação que espelha muito
mais o universo da sede do AE, devendo incidir em todas as escolas do agrupamento.
Além disso, duplica-se a autoavaliação do TEIP e do agrupamento. Afirmaram que é
necessário canalizar as energias para um documento único – autoavaliação TEIP.
Concluiu-se que faltam documentos que estão elaborados como a avaliação do trabalho
no âmbito das NEE, dos projetos desenvolvidos e da Turma Mais. No que concerne à
autoavaliação, estão a incidir mais na avaliação do TEIP sem descurar o trabalho
individual do agrupamento. Como sugestão, a equipa de avaliadores salientou que para
avaliar o efeito de uma parceria podem aplicar uma entrevista/questionário para saber o
impacto dos projetos. Fez-se, já no final, um inventário do que está a ser realizado, do
que está bem encaminhado e do que é necessário melhorar.
Terminámos às 14:20 e saímos do AE às 14:30.
Reflexão Pessoal
O quarto dia de avaliação externa proporcionou-me refletir em torno de diversas
dimensões, como: 1) a facilidade de integração de novos docentes no agrupamento que
se adaptam da melhor forma possível para dar resposta ao contexto que lhes é
apresentado: multicultural e manifestando diversas problemáticas ao nível da
indisciplina; 2) a apropriação do contexto pelos docentes que se reúnem com outros
intervenientes, no sentido uniformizar as estratégias de ensino e materiais de trabalho,
com as devidas adaptações aos ciclos e características das turmas; 3) o desenvolvimento
de práticas educativas que também possibilitem explorar novos procedimentos de
ensino-aprendizagem, atendendo às dificuldades dos alunos, como os apoios educativos
(Turma Mais); 4) a abertura e a disponibilização da direção na entrevista às ilações dos
avaliadores, evidenciando a importância de (re)pensar certas práticas educativas e
mecanismos de apoio ao desenvolvimento do AE; 5) a condução do processo de AEE
que me demonstrou que, mais do que uma prática de prestação de contas, a avaliação
externa pretende levar à reflexão e ao questionamento dos intervenientes acerca do
trabalho educativo que desenvolvem no AE.
Como balanço final dos quatro dias de avaliação externa, não posso deixar de
sublinhar algumas das competências adquiridas, como a capacidade de observação
permanente dos contextos educativos; a capacidade de concetualizar e agregar
informação de diversas fontes; a capacidade de interpretação e gestão da informação
recolhida durante as entrevistas e que foram sustentadas pelas competências técnicas e
conhecimentos adquiridos anteriormente da área da AEE.
Dia 74 – Sexta-feira, 05 de fevereiro de 2016
Cheguei à Escola Superior de Educação de Lisboa pelas 09:30, acompanhada pela
Dr.ª RM e pela minha colega Patrícia. A oficina de formação – Supervisão e
Acompanhamento do Trabalho dos Docentes e a sua Relação com a Observação da
Prática Letiva – teve início pelas 10:30, no anfiteatro desta escola superior, contando
com a presença de inspetores da ATI Norte, Centro e Sul da IGEC.
O orador Dr. PR começou por fazer uma breve apresentação da sua experiência
profissional, referindo que atualmente é docente e investigador no IEUL, na Área de
Currículo, Didática e Formação de Professores.
Incidindo no âmbito da oficina de formação, o Dr. PR destacou os pressupostos
subjacentes à sessão, mencionando que, de facto, 1) a qualidade da ação educativa
traduz-se num impacto positivo no que respeita à aprendizagem dos alunos; 2) a
observação e discussão de aulas englobam um dos elementos fundamentais no reforço à
reflexão dos professores acerca da sua prática letiva e 3) é um processo que acarreta
melhorias tanto para o observador, como para o observado. Refere, a este propósito, que
para elaborar o livro intitulado “ Observação de Aulas e Avaliação do Desempenho
Docente” redigido para o ME, se baseou na sua experiência profissional, mas também o
fundamentou com base em alguma investigação, na área da avaliação de professores.
Passando a palavra ao público presente, o Dr. PR solicitou aos inspetores que
enunciassem as suas expectativas em relação à sua participação nesta oficina e
explanassem os seus interesses e/ou questões que quisessem ver esclarecidas e que
tenham que ver com a ação educativa. Algumas das respostas incidiram na problemática
das aulas serem muito idênticas e os professores utilizarem sempre as mesmas
estratégias de ensino, demonstrando continuamente resistência à mudança da dinâmica
de sala de aula. Neste contexto, os inspetores referiram que a direção das escolas, por
vezes, não tem conhecimento suficiente acerca do modo como são ministradas as aulas,
constituindo outro entrave à mudança da dinâmica das aulas. Outras ideias foram
mencionadas pelos inspetores, como 1) a dificuldade, por parte da comunidade
educativa, em compreender como, o quê e o porquê de observar as aulas; 2) a
dificuldade em aceitar a relação observador-observado; 3) a reflexão das escolas, nesta
matéria, também se manifestar muito incipiente, bem como o uso de instrumentos de
apoio à observação, o que não possibilita chegar à indução acerca das práticas que
podem ser alvo de melhoria; 4) a importância de despoletar o desejo de mudança que
pode resultar da constatação de que os alunos não estão aprender, do contacto com
outros professores e, consequentemente, com as suas práticas. Neste caso, em particular,
trata-se da relevância de constatar na prática que os alunos têm melhores resultados,
muito ao nível das suas aprendizagens.
Incorrendo à OPL, o público presente abordou, uma vez mais, a relevância de
compreender o processo da observação de aulas, mais concretamente, conhecer como
este é realizado. A este nível, discutiu-se a possibilidade de existir alguém que possa
agir como um “amigo crítico” e, deste modo, acompanhar o trabalho do observador-
observado. Afirmaram que todos beneficiam deste processo, no entanto tem que existir
abertura e aceitação ao acompanhamento dos docentes. Para dar início ao processo de
OPL, tem que haver um diagnóstico que resulte na criação de focos de observação e que
devem ser apoiados pela literatura científica. É importante discutir os tipos de
observação e formas de definir os focos a observar, tal como os planos de ação/melhoria
que sucedem em subsequência do processo de observação.
A atividade seguinte, desenvolvida em 10/15 minutos, versou nas seguintes
questões: Que focos devem ser foco de observação na escola? e Como podem ser
conduzidos na ação dos inspetores no âmbito da atividade de AEE?. Participámos num
dos grupos de reflexão, contribuindo para responder à primeira questão, no que respeita
à definição de focos de observação. Recorrendo à nossa incipiente experiência no
âmbito escolar, referimos que um dos focos poderia ser os métodos de
ensino/aprendizagem utilizados pelos professores. Discutimos a relevância de
diversificação dos métodos em função das atividades a desenvolver e a importância de
apelar a métodos ativos e demonstrativos, em detrimento do método expositivo bastante
tradicional.
Todas as respostas enunciadas expuserem diversos focos de observação, em relação
à gestão de aula: 1) a clareza da explicitação dos conteúdos lecionados; 2) os materiais
usados no momento da exposição dos conteúdos; 3) a gestão do comportamento em
relação às medidas de resolução de conflitos adotadas pelo professor; 4) a gestão das
interações professor-aluno; 5) o empenho e participação dos alunos; 6) a avaliação
formativa; 7) a diferenciação pedagógica em contexto sala de aula (tendo em conta os
diversos estilos de aprendizagem) e 8) os aspetos do modelo de aula, como os métodos
de ensino.
No que se refere aos métodos de ensino, foi discutido pelos inspetores a
importância de perceber o modelo utilizado e de ter em conta a colocação do aluno em
situação de aprendizagem. Referenciou-se que há muitos professores que ainda adotam
o modelo da sua formação base no processo de ensino dos alunos e que se deve alterar
esta situação.
Em relação às ações de melhoria, os inspetores aludiram à relevância das reuniões
de ano, referente às disciplinas, serem de planeamento e organização da disciplina e não
só de divulgação de informação sobre os alunos. Nestas reuniões, devem ser pensadas
conjuntamente as estratégias, os métodos, os recursos, as atividades a desenvolver, os
instrumentos de avaliação para depois, em momentos de reunião final, ser possível
realizar um balanço do que correu melhor e o que se deve melhorar. O Dr. PR apelou à
reflexão dos inspetores de todos os documentos referenciais (orientações curriculares),
mencionando que se pode aprender muito pela literatura e adotar nas práticas letivas.
O processo de observação, conforme foi abordado na oficina de formação,
desempenha um papel indispensável na melhoria da qualidade das aprendizagens e de
ensino nas escolas. Em alusão aos tipos de observação de aulas, o Dr. PR destacou três,
a saber:
o A observação determinada para avaliar o desempenho do docente – a OPL
constitui um processo eficaz para recolha de evidências dos observados,
possibilitando alistar conclusões de todo o processo e, posteriormente, transmiti-
las ao professor, onde em reunião conjunta será possível traçar metas de
desenvolvimento.
o A observação de práticas de ensino de outros colegas (e.g. metodologias,
atividades, estratégias, etc.) – a observação aqui referenciada permite recolher
informações que facilitarão ampliar os conhecimentos e as capacidades
profissionais do professor observado e do observador, num processo de dupla
aprendizagem.
o A observação em que o foco pode ser definido pelo professor tal como a pessoa
que terá a função de observar o seu desempenho profissional – neste caso
particular, o foco de observação é definido pelo professor num determinado
aspeto sobre o qual almeje obter feedback e sugestões de melhoria. Também
pode suceder a alternância de papéis de observador-observado nas aulas para o
feedback do trabalho realizado. Reforça-se a importância de existir uma
comunidade de aprendizagem que envolva um conjunto de docentes na procura
de processos de reflexão e análise de incidentes nas práticas de ensino, como por
exemplo o trabalho entre pares na planificação e implementação de aulas e na
utilização de novas metodologias num processo de trabalho que é desenvolvido
por dois professores.
Podendo ocorrer em diversos contextos escolares, o Dr. PR destacou que a
observação é utilizada em períodos e com objetivos divergentes, nomeadamente:
1. Em tempos probatórios, como explica, ou num processo de inferência
profissional, visando fomentar a inclusão do docente na comunidade escolar e
nas funções profissionais imputadas;
2. Em estágios de inserção ao contexto profissional, cujos objetivos incidem
particularmente em facilitar o contacto com as práticas de ensino dos colegas
que possuem mais experiência ou possibilitar, recorrendo ao apoio de um
mentor, o desenvolvimento dos conhecimentos e competências dos estagiários,
no âmbito profissional;
3. Em processos informais que sustentam o desenvolvimento profissional das
unidades escolares, abrangendo grupos de docentes em processos de observação,
análise e discussão das suas práticas letivas;
4. Em processos formais, subjacentes à avaliação do desempenho dos professores,
“(…) que reconheçam o mérito, constituam um desafio para o desenvolvimento
dos professores e apoiem a identificação e superação de fragilidades individuais
e colectivas” (Reis, 2011, p. 8)31
.
Mais adiante, o Dr. PR fez referência ao método clínico como o principal método
utilizado na supervisão das práticas letivas dos professores. Como referiu é um modelo
que tem sofrido várias alterações, sendo considerado um processo burocrático muito
conotado pela avaliação do desempenho profissional.
31
Reis, P. (2011). Observação de Aulas e Avaliação do Desempenho Docente. Lisboa: Ministério da
Educação – Conselho Científico para a Avaliação de Professores.
Seguiu-se mais um momento de trabalho em grupo com o Dr. PR a distribuir
materiais sobre o método clínico (a sua explicação) e sobre a observação formal e
informal de aulas. Esta atividade consistiu em discutir as potencialidades e
constrangimentos, refletir em torno das suas expectativas e das realidades dos AE que já
inspecionaram. Em relação às potencialidades da OPL aludiu-se, mais uma vez, à
importância de a escola querer estar envolvida e motivada para desenvolver este
processo nas suas práticas educativas. Face à figura relevante do professor, disseram
que este influencia a qualidade das aprendizagens e que é a finalidade que determina a
escolha do modelo (formal ou informal). Neste caso, cabe primeiramente definir a
finalidade da observação e posteriormente utilizar este processo para reforçar a coesão e
o funcionamento da organização. A título de exemplo, se usarmos a observação
informal em sala de aula, este modelo vai permitir adotar formas de observação que não
se limitem a um só foco, caso que não se afere com a utilização da observação de
natureza formal. No âmbito deste exercício também se falou do caso da indisciplina em
sala de aula e da importância de intervir neste problema para erradicá-lo e não como
forma de atenuá-lo, dado que a indisciplina pode despoletar a usabilidade de práticas
letivas mais expositivas que se expressa como uma reação de controlo da parte do
professor. A este nível, um dos inspetores esclareceu que muitos casos de indisciplina
advêm desta questão de não se fazer diferenciação pedagógica.
Em continuação à discussão gerada entre o público e o orador, voltou-se a reforçar
que a escola deve percecionar a observação como parte integrante da sua cultura, por
um lado, para melhorar a prática profissional dos professores e, por outro lado, para
melhorar as respostas educativas da escola aos alunos. Há escolas que sabem que têm
necessidade de implementar processos de observação entre pares, no entanto, na
conceção dos inspetores, cabe-lhes (aos inspetores) refletir como é podem apoiar as
escolas no reforço de uma cultura de comunidade de aprendizagem e no
desenvolvimento de processos de OPL. Há também uma grande resistência à
coadjuvação de aulas por parte das escolas. A este nível, falou-se da possibilidade das
escolas aderirem a uma fase de experimentação, aplicando a coadjuvação a um pequeno
grupo de professores, para assimilar não só a adesão a este processo mas também
compreender os resultados positivos e negativos da experimentação. É preciso que as
observações, nesta fase de experimentação, sejam de curta duração, todavia devem ser
contínuas para que a escola comece a encarar esta prática como algo natural e incutido
na escola.
Terminámos para almoço às 13:00.
A segunda parte da formação iniciou às 14:30, com a abordagem aos benefícios da
definição de metas de aprendizagem e de desenvolvimento profissional docente,
expressas num quadro apresentado pelo Dr. PR, onde foram anotadas:
o A possibilidade de discussão e envolvimento entre o professor e o supervisor;
o A definição de um foco objetivo para o trabalho do professor e para o apoio do
trabalho do supervisor no momento de observação;
o A possibilidade de se aclararem as prioridades face às tarefas e aos recursos
utilizados;
o A oportunidade de reconhecer a operacionalização dos objetivos sugeridos.
Posteriormente, o Dr. PR apresentou outro quadro, este referente à reflexão dos estádios
de desenvolvimento de uma prática reflexiva, evidenciando a importância de: 1)
“Identificar um aspeto da prática profissional que suscite particular interesse ou
preocupação; 2) Focar a ação e a reflexão num aspeto que suscite particular interesse ou
preocupação; 3) Conceber uma estratégia de acção/melhoramento; 4)Implementar essa
estratégia de acção/melhoramento e recolher evidências do seu impacto nos alunos, na
escola, etc.; 5) Avaliar a estratégia com base nas evidências recolhidas e 6)
Fundamentar uma proposta de mudança da prática com base nos resultados obtidos.”
(Reis, 2011, p. 55).
Quanto às finalidades do processo supervisivo, o Dr. PR mencionou que é um
processo que procura fortalecer a capacidade das escolas contribuírem eficazmente para
o contexto educativo e para o sucesso académico de todos os alunos, mediante o reforço
da interação, da capacidade de resolução de problemas e do desenvolvimento
profissional dos professores.
Em abordagem às estratégias de supervisão destacaram-se três:
o Tutoria e Mentorado – é um processo de co-ensino na procura de respostas a
determinados problemas, planeando, avaliando e refletindo num processo
conjunto. São exercidas funções de apoio a um colega numa determinada área.
o Desenvolvimento Profissional Auto Dirigido – é um trabalho mais
individualizado em que é solicitado ao professor que aponte um aspeto que
gostasse de trabalhar e a partir daí são criadas metas de trabalho que apoiam o
desenvolvimento do professor.
o Investigação-Ação – parte de um problema que implica a procura de soluções,
recorrendo a uma série de técnicas para proceder à sua resolução. Pode ser
resolvido em vários ciclos e centra-se no próprio processo.
o Grupos de Desenvolvimento Colegial – consiste na criação de um grupo que
decide que caminhos seguir para resolver um determinado problema. Podem
desenvolver áreas específicas de trabalho coletivamente.
Seguiu-se outra atividade que consistiu em pensar no último contexto de trabalho
dos inspetores, refletindo acerca das problemáticas que detetaram e de que forma é que
estas estratégias de supervisão podem contribuir para a resolução dessas problemáticas.
Todas as estratégias foram utilizadas como exemplo por parte dos inspetores, todavia
houve especial incidência na estratégia dos Grupos de Desenvolvimento Colegial – por
permitir abarcar um maior número de grupos disciplinares e essencialmente construir
metas e avaliar o desempenho dos professores, definir a ação estratégica pedagógica e
refletir as suas práticas de ensino, partilhando-as com todos os docentes – e na Tutoria e
Mentorado – numa situação em particular de um AE que mostrou necessidade de existir
um acompanhamento a um docente com dificuldades no processo de ensino. Neste caso
pretende-se um acompanhamento individualizado para colmatar uma dificuldade
definida e específica.
Já no final, realizou-se a última atividade desta oficina de formação, focada para os
instrumentos de observação apresentados pelo Dr. PR. Foram entregues vários
instrumentos e à medida que iam sendo projetados, os inspetores iam comentando
conforme a finalidade e estruturação de cada um.
Terminámos pelas 16:15. Saí pelas 16:30.
Reflexão Pessoal
Hoje tive o privilégio de participar na oficina de formação destinada aos inspetores
da IGEC que me proporcionou adquirir saberes consolidados acerca dos processos de
OPL, particularmente, no que respeita ao conhecimento da importância da observação
de aulas no desenvolvimento profissional docente, às potencialidades desta prática no
âmbito do contexto escolar, bem como as estratégias de supervisão e os instrumentos de
operacionalização da observação de aulas.
Dia 75 – Quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:10. Como o trabalho da expedição dos questionários
estava controlado e até bastante encaminhado, eu e a minha colega Patrícia decidimos
tratar do documento síntese que temos de construir acerca da avaliação externa e que
nos foi solicitado pelo Dr. H. Primeiramente, estivemos a trocar algumas opiniões com
que ficámos dos painéis das entrevistas com os atores do AE O. Sustentando-nos nos
domínios da avaliação externa, nos nossos apontamentos e no documento precedente da
avaliação externa ao mesmo agrupamento, estivemos a analisar os resultados da
avaliação antecedente em concordância com os aspetos observados nesta avaliação.
Posteriormente começámos a redigir o documento com a clarificação de pontos fortes e
áreas de melhoria, no entanto não conseguimos terminá-lo.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Hoje aproveitámos a manhã para fazermos um balanço da avaliação externa ao AE
O, discutindo o que observámos em função do que são os pontos fortes do agrupamento
e as áreas de melhoria. O confronto que fizemos do relatório da AEE precedente com os
aspetos observados desta avaliação permitiu, também, compreender o funcionamento do
agrupamento à data da avaliação e refletir acerca do trabalho da escola para melhorar os
pontos identificados como áreas a melhorar.
Dia 76 - Quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10 e estive, em conjunto com a minha colega Patrícia, a
terminar o documento das conclusões da avaliação externa do AE O.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Terminámos o trabalho, faltando apenas organizar melhor o documento. Algumas
das asserções, em termos de pontos fortes, que mencionámos incidiram no
desenvolvimento de medidas de promoção do sucesso (apoios educativos); no trabalho
articulado entre os técnicos do GAAF e as escolas do agrupamento; no trabalho sólido
desenvolvido ao nível das necessidades educativas especiais com o apoio dos vários
parceiros e da escola, nas lideranças intermédias, docentes e não docentes que, em
concordância com a Direção, procuram implementar respostas pedagógicas e
funcionais, procurando ir ao encontro das necessidades do AE, entre outras. Acresce
salientar que, para o desenvolvimento deste trabalho, utilizei competências de gestão da
informação, capacidade de sistematização e de cooperação e trabalho de equipa.
Dia 77 – Segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:15 e estive a dar continuidade ao trabalho que tem sido
assumido pela minha colega Margarida em relação à seleção das amostras dos
questionários de satisfação a aplicar às escolas que serão avaliadas. Estivemos, assim, a
selecionar os dados da zona Sul, no meu caso, de três AE.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Hoje assinalou-se o regresso ao trabalho da seleção das amostras, preparando assim
este fundamental instrumento da AEE face às avaliações de abril da ATI Sul.
Dia 78 – Terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:15 e estive a terminar a seleção de uma amostra pertencente
a um AE da ATI Sul. Seguidamente procedi à elaboração do documento da mesma
amostra. No tempo restante, aproveitei para trabalhar no meu relatório de estágio.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Com o trabalho da seleção das amostras e respetivos documentos controlados, hoje
consegui aproveitar parte da manhã para trabalhar no capítulo do projeto de
investigação. É fundamental ter este tempo para avançar o meu trabalho académico.
Dia 79 – Quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:10 e como não recebemos indicações de novas
propostas de trabalho, estive a incidir na elaboração do meu relatório de estágio.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Hoje consegui adiantar um pouco mais o meu relatório, incindindo mais no projeto
de investigação.
Dia 80 – Quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10 e estive, novamente, a trabalhar no relatório de estágio,
aproveitando para colocar em dia os DC e desenvolver o projeto de investigação.
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
Hoje tivemos indicação que na segunda-feira teremos na Inspeção os questionários
das escolas que serão avaliadas no próximo mês e que devemos proceder ao tratamento
dos mesmos durante a semana que vem.
Dia 81 – Segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:05 e deparei-me com os questionários de três AE para serem
tratados no sistema informático. Nesse sentido, em colaboração com a minha colega
Margarida, estivemos a fazer o tratamento dos questionários destes agrupamentos do
Centro, cuja avaliação arranca a 3 de março.
Posteriormente, tive ainda oportunidade de conferenciar com a Dr.ª L acerca do
início do meu projeto. Foi abordado que na quarta-feira poderei falar com a Dr.ª MA e a
Dr.ª MP, coordenadoras da atividade dos Jardins de Infância da Rede Privada (JIRP –
Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), para agendar um
acompanhamento a um JI o mais brevemente possível.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
O dia hoje foi bastante calmo e tive oportunidade de esclarecer alguns pormenores
do meu projeto de investigação com a Dr.ª L. É importante o permanente
acompanhamento que os coordenadores de estágio nos fazem, no sentido de nos
proporcionar as melhores experiências profissionais no âmbito das ações da IGEC.
Dia 82 – Terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:15, estive, acompanhada pelas minhas colegas,
com a Dr.ª AG a resolver um problema com um dos lotes Q3 digitalizados ontem. Nesse
sentido, entendeu-se que deveríamos digitalizá-lo e validá-lo outra vez, para que
aparecesse no sistema como tratado. Estivemos, assim, a tratar destes questionários,
enquanto esperávamos pela nossa colega Patrícia que tinha ido ao correio com o Sr. L32
buscar quatro caixas de questionários.
Pelas 11:00 começámos a abertura dos questionários, tendo conseguido abrir três
das quatro caixas. A outra caixa ficou à responsabilidade da D. F que nos deu uma
grande ajuda na abertura da mesma. Ainda tivemos tempo para proceder à digitalização,
classificação e validação dos questionários de um AE.
32
Colaborador da IGEC.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Apesar das inúmeras vantagens do sistema de tratamento dos questionários de
satisfação, tenho evidenciado que por vezes o sistema falha no momento da
digitalização (por erro da impressora ou por encravar as folhas), o que nos obriga a
proceder à repetição das digitalizações para posterior tratamento. Apesar de o trabalho
ficar condicionado por estes (e outros) obstáculos, demonstramos sempre uma atitude
persistente e proactiva, no sentido de contornar as dificuldades, adotando outros
métodos de trabalho.
Dia 83 – Quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:10 e estivemos a tratar da análise dos questionários
que deixámos ontem por digitalizar e validar.
Entretanto, acompanhei a minha colega Patrícia, com o conhecimento da Dr.ª L, à
ATI Sul para conversar com a Dr.ª FA acerca da minha intervenção no âmbito desta
área. Fiz referência às poucas participações em tarefas da ATI Sul, muito pelas
situações urgentes (tarefa dos questionários de satisfação) que se colocaram na EMEE e
para as quais fui chamada para colaborar com as minhas colegas. Nesse sentido, foi-me
atribuída uma tarefa, a desenvolver com a Patrícia, em relação ao tratamento estatístico
dos questionários dos inspetores realizados a 17 de dezembro de 2015.
Pelas 11:30, estivemos a tomar contacto com os questionários da ATI Sul,
começando por proceder ao tratamento da primeira questão, atinente às áreas de
trabalho dos inspetores.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
O início desta nova tarefa está a possibilitar-me colocar em evidência
competências estatísticas e de tratamento de dados bastante valorizadas e importantes
no quotidiano profissional de um Técnico Superior de Educação e Formação.
Dia 84 – Quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:15 e estive a dar continuidade à tarefa do tratamento
estatístico dos questionários dos inspetores da ATI Sul, em colaboração com a Patrícia.
Pelas 11:30, reunimos com a Dr.ª L para fazermos um ponto de situação acerca do
relatório de estágio, em concreto, no que concerne à caracterização da organização e ao
projeto de investigação. Primeiramente falou-se dos prazos de entrega da caracterização
da organização e dos feedbacks que já tínhamos recebido por parte das orientadoras
desse capítulo. Apelou à capacidade de síntese e, entre todas, concordámos que cada
trabalho, apesar de estar a referenciar os mesmos elementos é marcado pelo cunho
pessoal de cada estagiária. Neste âmbito, falou-se ainda dos elementos de análise
organizacional patentes nos nossos relatórios, nomeadamente da cultura e do papel do
gestor.
Seguidamente, abordámos a questão do tema de projeto de investigação,
começando por alistar materiais de trabalho que necessitamos para o desenvolvimento
do mesmo e a vislumbrar a possibilidade de participarmos numa das equipas de
intervenção, no meu caso numa ação de acompanhamento (AA) a um jardim de infância
(JI). A Dr.ª L disse-me que em termos de datas de intervenções só me poderia dizer na
segunda-feira, dado que ainda se encontrava a aguardar essa informação. Posteriormente
colocou-me à vontade para na próxima semana reunir com as inspetoras Dr.ª MP e Dr.ª
MA e começar a inteirar-me do trabalho que desenvolvem no âmbito desta atividade.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Considero que a reunião com a Dr.ª L foi bastante importante para aclarar alguns
pormenores do meu projeto de investigação. Adicionalmente, esta reunião permitiu-me
solicitar um dos documentos fulcrais da atividade de acompanhamento dos JIRP - IPSS,
o roteiro da atividade, que será um importante material de trabalho a utilizar no âmbito
do meu projeto.
Dia 85 – Segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
Cheguei à IGEC às 10:05 e procedi, juntamente com a colega Patrícia, à
continuação do tratamento estatístico dos questionários aplicados aos inspetores da ATI
Sul. Em concreto, estivemos a transcrever as respostas dadas pelos inspetores aos itens
avaliados pelas inspetores chefes da ATI Sul.
Hoje também tivemos uma conversa informal acerca das intervenções que vamos
realizar na sequência do projeto de investigação, recebendo a informação do JI que irei
acompanhar com as inspetoras Dr.ª MA e MP.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Hoje informaram-me o local onde será desenvolvida atividade de acompanhamento
de um JIRP que irei acompanhar. Para a semana vou começar a planear o trabalho no JI
com as inspetoras.
Dia 86 – Terça-feira, 01 de março de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:15 e verifiquei que tínhamos uma nova tarefa para
desenvolver relacionada com a análise dos contraditórios da AEE do ano 2013/2014,
cerca de 21 contraditórios, de todas as ATI. O Dr. H solicitou-nos, em concreto, que
analisássemos esses contraditórios, fazendo menção aos AE e escolas não agrupadas
que manifestam a sua discordância face ao modelo de AEE e à sua operacionalização,
particularmente em relação ao 1) desfasamento temporal entre o momento de avaliação
(2013-2014) e os anos letivos considerados para a análise dos resultados académicos
dos alunos (2010-2011 e 2011-2012); ao 2) desequilíbrio na ponderação dos três
campos de análise para a atribuição da classificação no domínio Resultados, com uma
clara sobrevalorização dos Resultados Académicos; à 3) subordinação da classificação
dos domínios Prestação do Serviço Educativo e Liderança e Gestão ao domínio
Resultados; à 4) análise dos resultados académicos tendo por base apenas os
desempenhos dos alunos nas disciplinas de Português e de Matemática; à 5)
disponibilização tardia a algumas escolas da informação estatística sobre os resultados
académicos (valores esperados) e à 6) insuficiente ponderação dos resultados
académicos, no que respeita à superação das metas contratualizadas, nos Agrupamentos
que integram o Programa TEIP.
Para tal, dividimos o trabalho por áreas territoriais, sendo que eu estive a analisar os
contraditórios dos AE do Norte. Procedemos à criação de um quadro no Word para
assinalar as escolas e as unidades de registo (evidências que provam as afirmações no
contraditório). Pese embora o trabalho tenha sido dividido pelas três, atendendo às áreas
territoriais, houve muitos momentos de trabalho em equipa e de reflexão conjunta
aquando do surgimento de dúvidas e na troca de impressões e opiniões, visando apoiar o
trabalho umas das outras.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Hoje não conseguimos terminar o trabalho que nos foi solicitado com alguma
urgência, no entanto também foi informado pelo Dr. H que teríamos até amanhã para
concluí-lo. Com a divisão de tarefas, estou confiante que vamos conseguir terminar
dentro do prazo estabelecido.
Dia 87 – Quarta-feira, 02 de março de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10 e estive a concluir o trabalho pedido pela Dr.ª L e pelo
Dr. H em relação à análise dos contraditórios da AEE de 2013-2014, durante toda a
manhã. Para me orientar face à analise dos contraditórios dos AE do Norte criei um
documento Word para registar, sucintamente, o conteúdo dos mesmos.
Foi-nos proferido pelo Dr. H que a classificação atribuída à avaliação externa no
AE onde eu e a Patrícia participámos já estava decidida, apesar da dificuldade de
tomada de decisão em relação à atribuição da mesma.
Informaram-nos ainda que amanhã realizar-se-á uma reunião de trabalho entre os
representantes das ATI para procederem à execução de um balanço do trabalho efetuado
até aqui, no âmbito da AEE.
Pelas 13:55, imprimimos o quadro e enviámos à Dr.ª L.
Saí às 14:00.
Reflexão Pessoal
Hoje revelou-se um dia intenso com a conclusão da análise dos contraditórios,
terminando a tarefa no prazo previsto. Com o desenvolvimento deste trabalho, foram
surgindo algumas dúvidas, nomeadamente no que respeita à interpretação das
discordâncias assinaladas pela IGEC que teríamos de encontrar nos contraditórios. A
este propósito, destaco a permanente ajuda disponibilizada pela Dr.ª L que nos apoiou
sempre que a solicitámos durante a execução deste trabalho.
Dia 88 – Quinta-feira, 03 de março de 2016
Cheguei à IGEC às 10:20 e fui diretamente ter ao quarto piso, a pedido da Dr.ª L. A
reunião realizou-se numa sala de reuniões relativamente espaçosa e iluminada,
começando perto das 10:35 e contando com a presença de coordenadores e chefes de
equipas da IGEC, vinculados à área da AEE.
Deu-se início à reunião com a alusão ao propósito da mesma: a realização de um
ponto de situação do trabalho efetuado nas escolas, no âmbito da AEE. Referenciou-se
também que no presente momento faltam avaliar nove escolas no Norte, oito no Centro
e 16 no Sul.
Passando a palavra à Dr.ª CL33
, esta fez uma breve apresentação acerca da AEE na
área do Sul: no total de 52 agrupamentos de escolas, permanecem por avaliar 16 escolas
este ano. Encontram-se 26 relatórios produzidos, sendo que 13 já seguiram para as
escolas e até ao momento não acusaram a receção de contraditórios. Estão, também, a
aguardar a elaboração dos relatórios da avaliação ocorrida em fevereiro.
Especificamente direcionada para o relatório, a Dr.ª CL referenciou que as equipas
estão mais sensibilizadas para a excecionalidade e, em alguns casos, para as
recomendações que são emanadas nos relatórios de avaliação para as escolas. Quer isto
dizer que as equipas da área do Sul, aquando da redação dos relatórios de avaliação,
incorporam algumas recomendações direcionadas às escolas, no sentido de contribuir
para a melhoria da ação educativa. Pela mesma razão, abordou-se a questão da
uniformização dos relatórios, no caso do Centro e do Norte, onde a recomendação nos
relatórios não se expressa de modo tão evidente. Uma das formas realçadas pela equipa
como uma pista para a recomendação refere-se à citação “a escola deverá…” que
indicia o caminho a seguir pela escola.
Seguidamente foi abordada a seguinte questão: “será que as áreas de melhoria
indicadas no relatório são claras?”. A este propósito, a Dr.ª CL entendeu que é
importante clarificar as áreas de melhoria para que a escola não se sinta perdida na
implementação de ações de melhoria. Pretende-se que a escola entenda o que é
identificado na avaliação externa, no sentido da reflexão e melhoria da ação e caminho
educativos.
A Dr.ª L, expressando a sua opinião, mencionou que a escola, numa trajetória de
autonomia, deve decidir quais as recomendações a seguir, traçando o seu caminho,
mediante as áreas de melhoria apontadas pelas equipas de avaliação. Neste âmbito,
referiram que as equipas direcionam as escolas para a identificação de áreas de
melhoria, entendidas como recomendações, mas que não indiciam como as escolas
devem traçar a sua ação. Na sequência desta discussão, foram lidas algumas passagens
de relatórios para se entender o propósito destas recomendações. Neste caso concreto,
entendeu-se que estas induzem a uma situação de reflexão às escolas, no entanto
algumas têm um juízo avaliativo diferente e dissemelhante em relação às outras ATI. O
33
Interlocutora da atividade de AEE no Sul.
Dr. PV34
considerou, neste âmbito, que se deve evitar algum tipo de vocabulário que
indicie a recomendação, uniformizando-o ao nível das ATI.
Seguiu-se a importância de se abordar o (des)equilíbrio dos pontos fortes e áreas de
melhoria no relatório de avaliação. Neste caso, concretamente, é salientado que o
equilíbrio deve existir se assim se justificar, dadas as evidências encontradas nas
escolas. No entanto, por vezes é pensado, em escolas com classificações mais baixas, na
relevância de se destacar pontos fortes (mínimos que sejam) para motivar a escola a
trabalhar mais, não centrando-se exclusivamente apenas nas áreas de melhoria. A Dr.ª
MA35
ressalvou que é importante, neste sentido, procurar evidências que sustentem e
consolidem as asserções da AEE. Porém, a Dr.ª L assegura que as equipas têm atuado
para articularem o trabalho da AEE, no sentido de uniformizar os relatórios, que são
peças fundamentais para o desenvolvimento da escola, apesar destas questões que foram
apontadas pelos membros da reunião.
Voltando à questão das recomendações, falou-se que começa a ser uma
metodologia ou rotina de procedimento do relatório-tipo, daí a importância da reflexão
da equipa em torno desta questão. Falou-se também de esta metodologia decorrer do
estilo de escrita dos inspetores, tendo a equipa que ter em consideração na abordagem a
esta questão a salvaguarda da marca pessoal de cada inspetor. No que toca às
recomendações, por vezes depende do que é referido nos relatórios, já que a Dr.ª
MP36
considera que pode ser importante facultar “luzes” a escola sobre a sua ação, sem
que seja traçado o caminho a percorrer.
Seguiu-se um intervalo de 15 minutos e, consecutivamente, a apresentação por
parte do Dr. P, inspetor da zona Centro, em relação à AEE. Este ano letivo estão
propostas 19 escolas para avaliação, sendo duas destas escolas com contratos de
autonomia (em abril). Das 19 escolas, cinco já têm o seu relatório e uma está no período
de contraditório (fase de apreciação da escola). As restantes ainda estão por avaliar,
cumprindo-se até maio.
Em termos de obstáculos, o Dr. P realçou que as equipas encontram a dificuldade
de apreciar a evolução das escolas, uma vez que os agrupamentos são bastante recentes.
Dentro deste panorama, reportou que as escolas ainda enviam excessiva informação dos
seus estabelecimentos, não respeitando as solicitações da IGEC. No que respeita às
34
Inspetor ligado ao Ensino Especial. 35
Inspetora ligada à Educação Pré-Escolar. 36
Inspetora ligada à Educação Pré-Escolar e Acompanhamento da Ação Educativa.
dificuldades, no quadro de atuação das escolas, sublinhou-se a manifesta falta de
consolidação na autoavaliação das escolas, não se registando grande evolução neste
parâmetro e também a dificuldade dos estabelecimentos educativos em operacionalizar
as ações de melhoria, identificadas pela avaliação externa, decorrendo daqui,
inequivocamente, a importância da clarificação das áreas de melhoria (serem mais
diretivas) nos relatórios de avaliação.
No que respeita à metodologia de trabalho, afirmou que habitualmente realizam
reuniões de balanço da atividade da AEE. Especificamente, em referência ao
planeamento da atividade, também indicou que utilizam os dois dias (destacados na
metodologia de trabalho da AEE) para falarem em equipa sobre os resultados
académicos dos alunos. Ou seja, da parte da manhã discutem e analisam os valores
esperados da escola e da parte da tarde elaboram um texto síntese das conclusões
obtidas de manhã.
Passando para o Norte, o inspetor representante desta área informou que estão, no
total, previstas 14 avaliações externas, sendo que no presente momento encontram-se na
fase de análise dos relatórios. Numa intervenção mais sucinta, o inspetor evidenciou
algumas preocupações detetadas nos contraditórios, como: 1) incidir no equilíbrio de
classificações das avaliações externas; 2) evidenciar as designações das escolas básicas
aquando da referência aos JI, uma vez que na legislação não existem escolas básicas
com jardins de infância e 3) incidir nos resultados dos CP, informando as taxas de
empregabilidade. A última consideração da equipa do Norte direcionou-se para a
manutenção da equipa de avaliação, priorizando inspetores que possuam formação e
experiência na AEE. A este nível, refuta-se a admissão de inspetores na AEE que
advenham de outras atividades da IGEC, dada as diferenças que se encontram no
decorrer da avaliação externa e na redação do relatório que sustenta a atividade.
A reunião terminou pelas 12:40, no entanto sai às 13:00, uma vez que estive com as
inspetoras Dr.ª MA, Dr.ª MP e Dr.ª L para agendar a intervenção no acompanhamento
dos JI que acontecerá no dia 14 de março.
Reflexão Pessoal
Participar nesta reunião fez-me entender o modo de funcionamento das ATI da
IGEC e, simultaneamente, o modo de articulação entre áreas e respetivos profissionais,
no âmbito da AEE. Compreendi, também, a importância e o peso do relatório da AEE
para a equipa, na procura de uniformizar procedimentos face à estrutura do relatório,
mas sem o tornar uma referência idêntica a nível nacional.
Dia 89 – Segunda-feira, 07 de março de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:10 e estive, juntamente com as minhas colegas, a
preparar os questionários, mediante as amostras elaboradas previamente, para posterior
expedição para as escolas. No total, preparámos 16 escolas, deixando o trabalho desta
semana bastante adiantado.
Tive, ainda, oportunidade de conversar com a Dr.ª MA e Dr.ª MP sobre o início da
intervenção do acompanhamento do JI, designado adiante de SCJ, nomeadamente sobre
o ajuste dos dias de intervenção, que inicialmente seriam de 14 a 17, passando agora
para dia 15 até 18 de março. Acordámos, também, o dia da entrevista, bem como a
inspetora que me concederá a mesma. Foi-me disponibilizado mais materiais,
designadamente o exemplo de uma ficha de caracterização dos JI e também o modelo de
relatório final da atividade.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Com a necessidade de expedição de questionários, deixámos o trabalho que
estamos a desenvolver para a ATI Sul – tratamento estatístico de questionários de
avaliação dos inspetores – para uma altura mais propícia, ou seja, quando o trabalho na
EMEE estagnar.
Dia 90 – Terça-feira, 08 de março de 2016
Hoje cheguei às 10:15 à IGEC e estive, a pedido da Dr.ª L e com as minhas colegas,
a retificar as amostras e os números de questionários das 16 escolas preparadas ontem
durante a manhã.
Ainda durante a manhã, dei continuidade ao trabalho que estou a desenvolver para a
ATI Sul, com a Patrícia, em relação ao tratamento estatístico dos questionários
aplicados aos inspetores em dezembro de 2015.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Como forma de dar resposta a todas as solicitações, vindas da Dr.ª L e da Dr.ª FA,
tenho vindo a fazer um planeamento do dia do estágio, incidindo nas prioridades – a
expedição de questionários – em articulação com outras tarefas como a que me encontro
a desenvolver neste momento – o tratamento estatístico de questionários dos inspetores
da ATI Sul.
Dia 91 – Quarta-feira, 09 de março de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:15 e estivemos a desenvolver o mesmo trabalho de
ontem: o tratamento estatístico dos questionários da ATI Sul. Em conjunto com a minha
colega Patrícia, procedemos à reflexão das estratégias para desenvolvermos o relatório e
à criação da grelha de análise, objetivando iniciar a análise de conteúdo das respostas
dos inspetores às seis questões respondidas pelos inspetores.
Adicionalmente, em articulação com este trabalho, estive também a analisar as
OCEPE aprovadas pelo Despacho n.º 5220/97 (2.ª série), de 10 de julho, incidindo nas
áreas de conteúdo (AC), como forma de me preparar para a intervenção de
acompanhamento do JI SCJ.
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
Analisar as AC está a ser uma tarefa bastante interessante, do ponto de vista da
abordagem das diferentes áreas de trabalho pedagógico e da delimitação da componente
educativa e de apoio à família, com orientações e intencionalidades educativas bastante
dissemelhantes.
Dia 92 – Quinta-feira, 10 de março de 2016
Hoje, quando cheguei à IGEC, pelas 10:15, estive a concluir a leitura das OCEPE e
analisar, também, a ficha de caracterização do JI SCJ, incidindo essencialmente nas
questões que são pedidas ao JI e também na organização dos grupos do JI.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
A análise da ficha de caracterização do JI SCJ permitiu-me conhecer de antemão
algumas das especificidades do JI, como o número de grupos, as atividades da
componente de apoio social, a caracterização dos profissionais educativos, entre outros
aspetos. Revela-se importante conhecer o contexto do JI, ainda que minimamente, para
ter noção do seu funcionamento e, no momento da atividade, ser possível incidir em
informações mais qualitativas, em referência, por exemplo às práticas educativas do JI.
Dia 93 – Segunda-feira, 14 de março de 2016
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:05 e estive a dar continuidade ao trabalho da ATI
Sul, relacionado com o tratamento dos questionários dos inspetores. Estive, em conjunto
com a Patrícia, a distribuir tarefas em relação a este trabalho, acordando que das seis
questões existentes, analisarei três e a minha colega as restantes três questões.
Estivemos, ainda, a criar a grelha de análise de conteúdo e consegui dar início à análise
da questão seis do questionário dos inspetores que se debruça sobre as áreas de
formação requeridas pelos inspetores.
Mais tarde, estive com a Dr.ª MP a acordar alguns aspetos da intervenção no JI que
iniciará amanhã, nomeadamente em relação ao local de intervenção e à agenda de
trabalho, com especial enfoque nos horários. Já no final desta reunião, a Dr.ª MP
entregou-me impressa a ficha de caracterização do JI para me acompanhar no momento
da intervenção.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Como iniciarei a intervenção nos JI amanhã tive de deixar acertados alguns pontos
do trabalho que me encontro a desenvolver com a Patrícia. São bastante importantes
estes ajustes no trabalho para que mesmo fora da IGEC se possa dar continuidade às
atividades propostas.
Dia 94 – Terça-feira, 15 de março de 2016
Hoje deu-se o primeiro dia de intervenção do acompanhamento do JI SCJ.
Combinei com a Dr.ª MP nos encontrarmos à porta do JI pouco antes das 10:00. No
entanto, com o intuito de fazer o reconhecimento do local do JI, cheguei às 09:40 e
encontrei-me com a Dr.ª MP e a Dr.ª MA um pouco depois dessa hora. Deparámo-nos,
inicialmente, que o JI tem duas valências (em ruas diferentes mas muito perto uma da
outra): um edifício que funciona com a EPE crianças com 4 e 5 anos e outro edifício na
rua acima e que funciona com o serviço de creche e EPE com salas dos 3 anos. Fomos
ter à morada indicada na ficha de caracterização, percebendo mais tarde que a diretora
pedagógica assinalou o JI sito na rua em baixo (o que possui EPE com crianças com 4 e
5 anos), mas que se encontrava no centro social situado na rua de cima.
Chegámos ao edifício, perto das 10:20, sendo recebidas pela diretora pedagógica e
dois pais pertencentes à direção da associação, grupo que é constituído por cinco
intervenientes. A equipa de acompanhamento apresentou-se formalmente, bem como os
restantes presentes. Estes dois pais presentes estão ligados à área jurídica, sendo que
numa breve apresentação, destacaram que tratam da parte não pedagógica do centro
social, concretamente da área jurídica, da manutenção dos edifícios e da área financeira
em apelo a um trabalho construtivo por todos os intervenientes. Ainda na presença dos
representantes da direção, a Dr.ª MP contextualizou a realização desta atividade de
acompanhamento, concebida em 2013, cujo âmbito da ação se fundamenta na tutela
pedagógica incumbida ao ME. Nesse sentido, mencionou que os objetivos da
intervenção incidem em acompanhar a ação educativa nas vertentes do planeamento, do
currículo e da avaliação dos processos e das aprendizagens das crianças; analisar o grau
de participação dos pais no processo educativo; apreciar o planeamento da componente
de apoio à família; analisar a qualidade das interações entre o JI, as famílias e a
comunidade e assegurar as condições que garantam a qualidade do funcionamento dos
JI. No âmbito deste último objetivo da atividade, a equipa de acompanhamento solicitou
à diretora pedagógica a autorização do funcionamento do ME, uma vez que este
reconhecimento constitui “o garante de que as condições físicas e os equipamentos têm
a qualidade e a segurança desejáveis, de acordo com os normativos vigentes” (IGEC,
2016a, p. 8), tal como também foi sublinhado aos presentes. A diretora do
estabelecimento afirmou que não possui oficialmente o reconhecimento do
funcionamento do JI, no entanto tem em sua posse um documento que acredita o
funcionamento do mesmo. Combinou-se tratar desta situação mais tarde.
A reunião prosseguiu com a equipa inspetiva e com a diretora pedagógica e, em
continuação ao exposto, as inspetoras apresentaram a metodologia da atividade,
informando que:
1) No primeiro dia é feita apresentação da atividade ao responsável do centro social
e ao diretor pedagógico do JI. Seguidamente é realizada a visita ao espaço
educativo, como forma de conhecer as suas instalações. Posteriormente é feita a
análise documental dos registos e documentos oficiais do JI e procede-se ainda à
seleção dos grupos a observar na prática letiva e dos encarregados de educação a
entrevistar no terceiro dia;
2) No segundo dia realiza-se a OPL das crianças, em contexto de sala de
atividades;
3) No terceiro dia procede-se à realização das entrevistas à diretora pedagógica, aos
encarregados de educação e às educadoras de infância (entre outros
intervenientes se necessário);
4) No quarto dia acontece a elaboração do relatório e a reunião final para a
apresentação das conclusões com a eventual possibilidade de marcação de uma
intervenção de continuidade.
Debruçando-se no relatório desta intervenção, as inspetoras referiram que o relatório
está dividido por áreas-chave: 1) planeamento da ação educativa; 2) organização do
ambiente educativo; 3) construção e desenvolvimento do currículo; 4) apoio integrado e
especializado; 5) avaliação dos processos e das aprendizagens; 6) intervenção do
educador e 7) dinâmica do estabelecimento educativo. Destacou-se, ainda, que no
relatório são destacadas práticas exemplares (aspetos positivos), aspetos a melhorar e,
caso se verifique, aspetos a corrigir. Após a exposição do relatório ao JI, este é
aprimorado na IGEC e enviado ao JI que tem um prazo de dez dias úteis de pronúncio.
Após esse tempo passa então à sua versão final.
As inspetoras referiram ainda que há possibilidade de ser marcada uma intervenção
de continuidade, acordada com o diretor pedagógico, se necessário, garantindo a
continuidade e o acompanhamento efetivo do trabalho desenvolvido pelo JI, em função
das asserções da equipa de acompanhamento. Para manter a diretora pedagógica
ocorrente do trabalho que se desenvolve no âmbito desta atividade, as inspetoras
indicaram que estão disponíveis para consulta pública os últimos relatórios globais da
atividade de acompanhamento dos JI, verificando-se nesses documentos as fragilidades
que são mais encontradas nos estabelecimentos educativos. Reforçou-se, por último, a
base de trabalho dos inspetores nesta atividade, os documentos e normativos assentes no
roteiro da atividade e que também são disponibilizados no site da IGEC.
As inspetoras passaram para a fase de seleção das crianças, cujos pais serão
entrevistados no 3.º dia desta intervenção. Solicitaram à diretora pedagógica, a listagem
das crianças organizada por grupo/sala e com referência à educadora. A partir desta lista
escolheram nove/dez crianças, na sua maioria de modo aleatório. Apenas três destas
crianças foram escolhidas propositadamente pelas inspetoras por serem crianças com
NEE. No momento da seleção, puderam contaram com o apoio da diretora pedagógica,
que no ato da escolha ia informando se os pais das crianças escolhidas tinham maior ou
menor disponibilidade para estarem presentes na reunião. Escolheu-se duas/três crianças
suplentes para substituir os pais (escolhidos inicialmente) que não possam estar
presentes.
Combinou-se que o contacto com os encarregados de educação será efetuado pela
diretora pedagógica, ainda neste dia, para informar atempadamente os pais acerca da
reunião. Perguntou-se qual a melhor hora para a reunião com os encarregados de
educação à diretora pedagógica. Lançaram duas possibilidades: logo de manhã (a partir
das 09:30) ou ao final da tarde. A equipa reforçou a sua disponibilidade para reunir com
os pais a qualquer hora, adaptando-se ao horário preferencial dos mesmos..Para preparar
também a reunião com as educadoras, as inspetoras perguntaram a disponibilidade das
educadoras titulares para o dia da entrevista. A diretora pedagógica ficou de tratar de
saber a disponibilidade, bem como informá-las da intervenção.
No decorrer desta reunião, com a diretora pedagógica, foi proferido pela mesma que
a coordenação pedagógica deste estabelecimento é feita pela diretora, pela coordenadora
da EPE e pela Psicóloga, obedecendo assim a modelo de gestão colegial. Entendeu-se
que tal situação também não está reconhecida pelo ME, devendo proceder-se à sua
correção.
Passámos para a visita das instalações: vimos a sala da coordenadora pedagógica e
de reuniões, as casas de banho (tanto de funcionários como das crianças), a secretaria,
três salas de EPE de crianças com três anos, os refeitórios e o recreio. Enquanto
visitávamos as instalações, as inspetoras questionaram o horário da componente letiva,
percebendo-se que, na conceção do JI, funciona das 9:30h às 13:30h e das 14h às 16h.
Nas três salas das crianças (dos três anos), observou-se informalmente que atividades
estavam a ser desenvolvidas: atividades relacionadas com o dia do pai (trabalhos
manuais), com canções e com legos e puzzles. As inspetoras falaram na possibilidade de
observar o centro social situado na rua abaixo hoje ou amanhã, conforme as horas de
término do trabalho. Foi ainda possível verificar, durante a visita a estas instalações, que
o JI tinha exposto diversas fotografias a apelar a diferentes ações das crianças, como por
exemplo, pular, explorar, brincar, correr, aprender, entre outras. Também foi solicitado
à coordenadora pedagógica, durante a visita, os últimos relatórios da Segurança Social,
para que pudessem ser analisados pela equipa. Quando observámos o refeitório, as
inspetoras interagiram com as crianças, colocando questões informais acerca das
refeições.
Depois do almoço, voltámos para a sala de reuniões, objetivando dar início à
análise documental. A metodologia de trabalho da equipa inspetiva incidiu na leitura
dos documentos, registo de inconformidades e, essencialmente, registo de dúvidas e
eventuais anotações, em relação a determinados aspetos para proceder a um melhor
entendimento do trabalho desenvolvido no JI. Foram analisados o PA, o RI, os projetos
curriculares de grupo, o caderno do aluno (documento de avaliação que vai desde o
primeiro dia de permanência no JI até ao último dia) e as atas das reuniões pedagógicas.
Na análise ao RI compreendi que a leitura é realizada atendendo à legislação
aplicável na EPE. Analisou-se cada alínea no regulamento interno, detetando-se
algumas incorreções por parte do JI, no que respeita ao âmbito de aplicação do mesmo.
Especificamente percebi a importância da distinção entre a componente educativa e a
componente social, assimilando também que o JI se traduz numa resposta educativa
com componente de apoio à família. É de salientar que, pese embora seja uma atividade
de acompanhamento, as inspetoras sublinham que têm que aferir todos os aspetos legais
para que os estabelecimentos educativos possam funcionar dentro da conformidade
legal e prestar um serviço de qualidade à comunidade.
Em continuação ao trabalho de análise documental, observei que à medida que as
inspetoras iam analisando os documentos do JI, também iam interagindo no sentido de
trocarem impressões e opiniões acerca do que estava explicitado nos documentos
analisados. Entendi, pelo diálogo das inspetoras, a importância dos documentos
analisados estarem todos em concordância e em plena articulação, tanto teoricamente
como na prática letiva. No PE, as inspetoras comentaram que os elementos teóricos
(pressupostos da EPE) que constam no documento estão bem explicitados,
referenciando que o projeto se encontra muito bem direcionado para as OCEPE e para
os objetivos da EPE. Além disso, destacaram positivamente a construção e organização
do documento, subdividido em finalidades educativas, história e características da
instituição, opções pedagógicas e avaliação do projeto educativo.
Algumas das inconformidades encontradas pelas inspetoras, em documentos
formais do centro, dizem respeito à ausência: 1) da exposição das competências da
diretora pedagógica; 2) da especificação que o Estado assegura a componente letiva e 3)
do procedimento utilizado para a avaliação das crianças.
Procedeu-se, também, à leitura dos projetos curriculares de grupo, no sentido de
entender os PA do ponto de vista pedagógico, os instrumentos de avaliação (grelhas de
observação, caderno do aluno, avaliação do desenvolvimento da criança) e as rotinas
diárias. Pela leitura do PA, as inspetoras depreenderam que alguns horários não estavam
em concordância com o proferido pela diretora pedagógica precedentemente. Prestaram,
por último, atenção às AC e linhas orientadoras de trabalho expressas no projeto
curricular que consideram estar bem definidas teoricamente. No entanto, num dos
projetos curriculares de grupo (sala de três anos), as inspetores detetaram que a
educadora foca os objetivos de aprendizagem, mas não evidencia o modo de alcançar
estes objetivos. Além disso, como também encontraram fichas de avaliação de
competências das crianças com cinco anos, realizadas pela Psicóloga, equacionaram
perguntar o motivo de realização destas fichas de avaliação.
Das atas das reuniões pedagógicas, concluíram que não se discutiam questões
pedagógicas do conselho de educadores, encontrando-se apenas evidências da questão
dos instrumentos de avaliação das crianças e a intencionalidade de aumentar a carga
horária letiva. Também constataram evidências de formação das educadoras, como por
exemplo, em metodologias de projeto, formação em contexto, desenvolvimento do
projeto curricular de grupo, entre outras.
Outra situação também detetada pelas inspetoras, mediante observação, diz respeito
ao serviço de terapia que é prestado a algumas crianças. Foi observada uma situação em
concreto de uma criança a sair de um serviço de apoio nos tempos letivos. Reflete-se
acerca deste apoio disponibilizado no horário da componente letiva.
Durante a reunião solicitou-se à coordenadora pedagógica que procedesse à
retificação de alguns dados que não estavam de acordo com as solicitações das
inspetoras, para que fosse possível arquivar a ficha de caracterização do estabelecimento
JI SCJ. Discutiu-se a melhor data da reunião de pais para convocação prévia e
atempada. Devido a uma atividade da quaresma, equacionou-se adiar a ação de
acompanhamento por um dia para que, a atividade que o JI organizou com as crianças,
se realize sem qualquer interrupção na quarta-feira. Neste sentido, as inspetoras
sublinharam que a AA não tem por objetivo perturbar o normal funcionamento dos
estabelecimentos de educação, pelo que o adiamento da observação para depois de
amanhã não teria qualquer problema, desde que não se alterasse a metodologia de
trabalho. Na sequência desta conversa, a equipa voltou a solicitar o relatório da
Segurança Social para se proceder a uma análise mais detalhada deste documento.
Já da parte da tarde, a equipa prosseguiu a análise documental ao dossier de uma
educadora (sala de três anos), verificando a caracterização dos alunos, a planificação das
atividades, a avaliação por período, a informação sobre a formação em contexto com
outras escolas, as reuniões das educadoras do conselho, as grelhas de presenças e as
notícias da sala/grupo de EPE. Incidiu com mais enfoque nos seguintes aspetos: 1)
calendarização das atividades em relação à demarcação das atividades da componente
letiva e de apoio à família; 2) planificações e a grelha de observação em função das AC
e 3) atividades já desenvolvidas, verificando a existência de fichas das atividades
pedagógicas (descrição e objetivos a atingir com a atividade). Neste dossier procuraram
também a informação que é transmitida aos pais e encarregados de educação que,
conforme as inspetores, deve ser descritiva e com base nas AC. Sobre esta questão,
verificaram que são entregues umas fichas de avaliação e que incluem a avaliação dos
cadernos dos alunos. Veem todos os trabalhos realizados e debatem que este
instrumento (o caderno do aluno) não pode ser um documento de avaliação, mas um
registo em que os pais podem acompanhar o trabalho desenvolvido pelas crianças ao
longo do tempo. Procedem a uma análise detalhada aos processos individuais das
crianças e entendem que não se pode fazer a evolução das crianças por faixa etária.
Seguiram com a análise dos registos das fichas de trabalhos das crianças, apreciando
negativamente a realização de “testes” realizados na EPE e que não se coadunam com
as OCEPE. Nestas análises detalhadas, encontraram um registo de um PEI, verificando
o acompanhamento que é dado à criança, mediante o plano de trabalho estabelecido. A
partir destas análises, as inspetoras decidem que uma das salas a observar será esta, a da
educadora M, visto que no entendimento da equipa é importante perceber como se faz a
diferenciação pedagógica e o acompanhamento de crianças com NEE.
Perspetivando outro dossier – o da sala da educadora G (crianças com quatro/cinco)
– as inspetoras procederam à análise da caracterização do grupo, da identificação dos
interesses, necessidades e prioridades das crianças e da caracterização das
aprendizagens e dificuldades apresentadas individualmente em sala. Pela dinâmica e
organização do dossier, aferiu-se a priori o trabalho que é realizado com as crianças.
Analisaram, ainda, a organização do ambiente educativo, em relação à metodologia que
utiliza em sala de atividades na implementação das AC (objetivos globais e específicos
de cada área).
A equipa inspetiva referencia que é importante compreender o papel do educador
na aprendizagem da criança e na concretização do currículo, percebendo pelo dossier da
educadora G, que a educadora tenta minimizar a sua intervenção na resolução de
conflitos. Incidiram, posteriormente, na análise dos documentos de intervenção precoce
(e.g. terapia da fala), nos processos de informação individual das crianças sinalizadas,
como o caso de uma criança que manifesta perturbações do desenvolvimento intelectual
e dificuldades na linguagem. Tentaram perceber que programas de intervenção são
desenvolvidos neste âmbito e atentaram ao relatório técnico-pedagógico em relação a
esta criança. Decifram-se duas questões a interpelar com a diretora pedagógica a este
nível: quem intervém no PEI e quem são os técnicos responsáveis por este programa.
Neste grupo, como também existe uma criança com NEE, as inspetoras definiram esta
sala para observarem as práticas letivas. Compreende-se assim que à medida que vão
analisando os documentos do planeamento da ação educativa, vão também gizando e
distribuindo o serviço para os restantes dias da AA. A configuração da ação organiza-se
em função dos contextos dos JI, tendo em conta a metodologia de trabalho.
Interrompem o trabalho para solicitar mais um documento, o acordo de cooperação,
com o ME. Em seguida, começam já a procurar responder a algumas questões do roteiro
incididas na área-chave do Planeamento da ação educativa. Recorrem, por isso, ao
roteiro assinalando o que sabem e mais questões em que devem incidir. Procedem à
análise do último relatório da Segurança Social e entendem quais os aspetos que foram
destacados por esta entidade no que se referem à EPE. Uma das inconformidades refere-
se à identificação (neste relatório) do incumprimento do número de crianças por sala em
comparação com a ficha de caracterização dos grupos (numa das valências). Apontam,
ainda, outra questão a interpelar às educadoras: perceber se mantêm as áreas da sala ou
mudam de ano para ano. Também referem que têm de aferir: 1) se pedem materiais aos
pais (visto num registo de reunião de pais) e 2) se realizam fichas de pré-escolarização
que não são significativas do ponto de vista da aprendizagem das crianças.
Já perto do final da reunião, procedeu-se a um ponto de situação, em relação ao que
necessitavam de questionar mais pormenorizadamente. Terminámos às 16h40
Reflexão Pessoal
O primeiro dia de acompanhamento permitiu-me assimilar e refletir sobre alguns
conhecimentos: 1) a importância do planeamento na ação educativa, visto que é o
suporte das práticas educativas de um JI; 2) a relevância de construir documentos
articulados e coerentes que espelhem a ação pedagógica e condutora do JI e 3) a
articulação do trabalho planeado com a implementação das práticas pedagógicas,
assente na valorização das AC e no seu caráter transversal. Incidindo, ainda, nas
competências consolidadas é de referir que aprimorei a capacidade de observação, de
sintetização e interpretação da informação que sustenta a atividade do JI.
Dia 95 – Quarta-feira, 16 de março de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10 e estive a atualizar os meus DC, incidindo no primeiro
dia de intervenção no JI. Pude também registar aspetos a ter conta no segundo dia de
intervenção, ou seja, na OPL.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Hoje aproveitei a manhã para redigir os acontecimentos do primeiro dia de
intervenção, inventariando ainda aspetos a observar na OPL, a partir do roteiro da
atividade, para amanhã saber o que necessito analisar.
Dia 96 – Quinta-feira, 17 de março de 2016
Acompanhada pelas inspetoras, cheguei ao JI pelas 9:30, hora de início das
atividades letivas. Da parte da manhã acompanhei a inspetora Dr.ª MA, inserindo-nos
na sala da educadora G, enquanto a Dr.ª MP foi observar a sala da educadora M. Sem
perturbar o trabalho que já estava a ser desenvolvido, instalamo-nos vagarosamente
numa mesa por trás das crianças. No preciso momento decorria uma atividade,
desenvolvida pela psicóloga (com supervisão da educadora), designada “o jogo da
almofada” que consistia em atirar a almofada para uma das crianças que teria que
pronunciar uma palavra começada pela letra A. Posteriormente, a pedido das crianças,
desenvolveram outro jogo: a roda das frutas que consistia em dizer, à vez, o nome de
uma fruta. Percecionei que todos tiveram oportunidade de mencionar uma fruta e que
mesmo quando uma criança não sabia o que referir, intervinham outras crianças que
ajudavam o colega.
Após o desenvolvimento destes jogos, a educadora atribuiu o título de responsável
da sala à L que registou no quadro a sua eleição e posteriormente afixou na parede o dia
e mês do ano. Seguidamente, a educadora começou a organizar o espaço de trabalho e a
distribuir atividades: quatro crianças foram selecionadas para brincarem no espaço
exterior na “casa de bonecas”, acompanhadas por uma auxiliar, outras foram
direcionadas para realizar a atividade do dia do pai e as restantes foram-se distribuindo
de acordo com as atividades que queriam realizar. No interior da sala, a atividade do dia
do pai, consistiu em descobrir a palavra pai numa ficha trazida pela educadora,
misturada entre várias palavras e desenhar o pai numa folha colorida. Além disso, como
havia uma atividade a decorrer no corredor das salas (para todos os meninos do JI)
também sobre o dia do pai, a educadora foi distribuindo mais tarde para o corredor as
crianças que ainda não tinham contribuído para a pintura da cartolina.
Enquanto as atividades letivas decorriam, a Dr.ª MA juntou-se a duas crianças que
se encontravam entretidas com o jogo do galo. Interpelou-as para saber o que estavam a
jogar e compreender, na conceção das crianças, como se processa o referido jogo.
Seguidamente, interagiu com um dos meninos que tem perturbações do
desenvolvimento intelectual, no sentido de compreender o que estava a fazer e que
atividades mais gosta de realizar no JI. Este menino encontrava-se a brincar com legos
juntamente com outra criança. Um pouco mais tarde, a educadora foi buscá-lo para
desenvolver a atividade do dia do pai em conjunto. Enquanto isso, a Dr.ª MA esteve a
observar a relação pedagógica que se estabeleceu no momento de apoio e trabalho com
este menino. Percecionou-se, neste sentido, que a atenção disponibilizada ao menino era
constante por parte da educadora. Também se verificou que, enquanto uns
desenvolviam a atividade do dia do pai na sala, outros iam desenvolvendo outras
tarefas, de modo autónomo e circulando à medida quando terminavam a tarefa do dia do
pai. O apoio da educadora no momento das atividades era bastante notório, sendo
também possível observar que a relação que se estabelece entre as crianças e a
educadora é de muita proximidade e bastante afetuosa.
Enquanto se desenvolvia as práticas educativas das crianças, pude verificar que a
sala estava bastante preenchida com trabalhos manuais das crianças, enfeitada com
trabalhos do dia do pai (duas paredes), desenhos e frases descritivas sobre os pais (ditas
pelas crianças e identificadas com o nome delas). A sala continha também uma cartolina
afixada na parede que enumerava as 10 regras da sala de atividades. Era composta por
uma área com um computador, estantes de jogos e por cima os dossiers dos trabalhos
das crianças e outro tipo de material didático, duas mesas para trabalho em grande
grupo e uma mesa para trabalho em pequeno grupo. As áreas de trabalho pareciam
bastante acessíveis às crianças, sendo que nesta sala se destacaram três áreas: a área da
leitura, dos jogos (legos e outros brinquedos) e a área dos materiais de trabalho.
Posteriormente, a Dr.ª MA questionou a educadora acerca do horário de entrada das
crianças e seguidamente solicitou os dossiers das crianças para acompanhar os seus
trabalhos. Conversaram, também, acerca das dificuldades que alguns meninos
demonstram em certas atividades. Falaram sobre o menino que está abrangido pelo PEI
e de que forma é que se desenvolve em sala o trabalho de acompanhamento da criança.
De seguida, a educadora atribuiu uma nova atividade a duas crianças que solicitaram
outras tarefas: um tabuleiro com formas que devem seguir uma sequência.
Entretiveram-se com este jogo durante algum tempo e solicitaram posteriormente jogos
mais difíceis, à medida que iam terminando os anteriores. Uma das meninas mostrou
algumas dificuldades na resolução do jogo e a educadora colocou uma colega a ajudá-la,
estimulando assim o trabalho entre pares.
Algum tempo depois, observou-se que as crianças trabalhavam com muita
autonomia, mas apoiadas pela educadora de infância. Estavam a trabalhar em pequenos
grupos: sete crianças nos desenhos (atividade do dia do pai), três nos legos, quatro na
casinha do recreio e outras na atividade do corredor.
Numa zona de trabalho no interior da sala existem algumas caixas de materiais que
contêm o nome das crianças. A este propósito, a Dr.ª MA questionou a educadora se os
meninos trazem o material de casa. A educadora refere que sim e que cada um é
responsável pela sua caixa de material na sala.
À medida que vão terminando o trabalho do dia do pai, vão passando para outras
tarefas: desenhar, brincar com jogos de tabuleiro, brincar no recreio e acabar a tarefa do
dia do pai no corredor. A Dr.ª MA passa de grupo em grupo para ver o que as crianças
estão a fazer e questionar como fazem, pedindo essencialmente para explicar o tipo de
jogos que estão a realizar. Os meninos interagem muito entre si, percebendo-se que
atuam de acordo com os jogos que desenvolvem e muito em função das afinidades que
já estabeleceram. Na sala existe uma estante bastante familiar às crianças que se servem
autonomamente quando têm vontade de realizar outros jogos. Nota-se que nenhuma
criança fica sempre na mesma atividade, visto que, por autonomia própria, vão fazendo
outras tarefas.
Entretanto, a Dr.ª MA tentou perceber o papel da psicóloga na intervenção do
desenvolvimento das crianças. A educadora explica que a psicóloga costuma abrir as
sessões de 3.ª e 5.ª feira com atividades pensadas para as crianças. A Dr.ª MA procura
perceber ainda que informação que é transmitida aos pais acerca das aprendizagens e
desenvolvimento das crianças. Volta-se uma vez mais para as atividades que as crianças
estão a desenvolver, principalmente para as que se encontravam sozinhas ou em
pequenos grupos.
Continuou-se a verificar uma grande rotatividade ao longo da manhã: as crianças
vão-se mobilizando no interior da sala, juntando-se a outras crianças e desenvolvendo
outras atividades. A educadora também se junta a algumas crianças para realizarem
jogos, estimulando a participação de outras crianças. A certa altura dois meninos
criaram alguma algazarra (brincadeira de luta) e a educadora coloca-os a brincar em
conjunto com os legos.
Pelas 11:45, a educadora profere que são horas de arrumar e juntam-se todos numa
roda ao canto da sala. A menina responsável pela sala desloca-se ao refeitório para saber
se há lugares suficientes para a sala da educadora G. Entretanto combinou-se o dia de
amanhã com as crianças. É um dia especial, uma vez que se comemora o dia do pai no
JI. De manhã, os pais estarão presentes com eles para tomarem o pequeno-almoço
juntos na escola. Fala-se na possível ementa e as crianças dão sugestões de pequeno-
almoço, bem como de atividades para a tarde do dia do pai. Entende-se que não há
grande planeamento de atividades com as crianças. Como ainda não há lugares
disponíveis para a sala toda, a menina responsável volta e vai chamando, à vez, os seus
colegas para irem ao recreio antes do almoço. Ao 12:00 fizemos a visita às instalações
do estabelecimento localizado na rua a baixo: as quatro salas de EPE (duas delas
bastante pequenas), as casas de banho, o refeitório e o recreio.
Durante o almoço, a equipa de AA teve oportunidade de registar alguns aspetos a
melhorar, como a distinção no regulamento interno da componente letiva e a sua
gratuitidade, a continuação do aperfeiçoamento dos documentos de planeamento, a
avaliação dos processos e das aprendizagens em concordância com as AC, a abordagem
desnecessária às fichas pré-escolarizadas e a exiguidade do espaço. Até ao momento
destacaram como prática exemplar a formação ministrada às educadoras de infância.
Às 14:15 voltámos e fui assistir à prática letiva da educadora T, acompanhando a
Dr.ª MP. Durante a tarde, a atividade mais incidente com as crianças teve que ver com a
temática do dia do pai. Inicialmente a educadora reuniu, sensivelmente vinte crianças,
numa roda e para falarem da atividade de amanhã. Começam por declamar a poesia
dedicada aos pais e seguidamente abordam alguns aspetos de preparação à atividade da
Páscoa. A educadora questionou os meninos sobre o que se celebra na Páscoa, ao que
respondem que simboliza a alegria, a festa, o amor e a paz. Relembraramm que no dia
anterior foram à igreja para evocar que devem ser sempre bons seres humanos.
Seguidamente, a educadora solicitou aos meninos que dissessem como é que podem ser
bons para os outros e pediu à auxiliar que apontasse as ideias que foram sendo
proferidas. Posteriormente falou-se nas prendas dos pais que ainda não estão terminadas
e a educadora solicitou aos meninos para concluírem os seus presentes.. Nesta sala
existe um menino com NEE que é permanentemente acompanhado pela auxiliar e
educadora que o apoiam nos trabalhos manuais das comemorações do dia do pai. Nota-
se que a educadora é muito ativa e incidente nas ações das crianças.
A sala de trabalho da educadora T possui a área da garagem, da leitura e dos jogos,
não tendo acesso à casinha situada no exterior. Têm uma grande diversidade de
trabalhos expostos e verifica-se que possuem uma árvore exposta na parede que contém
o nome e a data do aniversário de cada criança. Alguns dos trabalhos expostos têm que
ver com a atividade do dia do pai e com a história de Portugal.
No momento em que decorriam as práticas eduativas, foi possível observar que as
crianças encontravam-se espalhadas pela sala: uns estavam na zona dos jogos, outros a
desenvolver a atividade do pai e outros na área da garagem. A Dr.ª MP analisou os
dossiers individuais dos trabalhos conjuntamente com as crianças que foram explicando
o que é eu fizeram, atribuindo significado aos trabalhos que desenvolveram em sala de
atividades. Quando pode, a Dr.ª MP vai tomando notas de aspetos que vai observando.
Também vai perguntando o que mais gostam os meninos de fazer no JI. Mesmo
distribuídos em cada área de trabalho, a educadora por vezes dá início à canção da
Páscoa e todos acompanham alegremente. Mais tarde, verifica-se que a educadora
disponibiliza o apoio aos trabalhos dos meninos: chama uns quando outros terminam. O
menino com NEE termina a sua atividade e começa a fazer um puzzle com uma colega
que o apoia no desenvolvimento desta tarefa. Continua a verificar-se o permanente
apoio da auxiliar ao menino. Os meninos continuam a brincar em pequenos grupos:
demonstram ser muito sociáveis e com bastante curiosidade pela nossa presença em
sala. A educadora conversa com a Dr.ª MP sobre os problemas com que lida
diariamente: uma sala multicultural com diversas dificuldades na fala (devido à
proveniência de algumas crianças de diversos países).
Na parte final do dia, a educadora juntou todos os meninos numa rodinha e de mãos
dadas, solicitando às crianças que pensassem no que é que mais gostaram de fazer na
escola. A maior parte das crianças referiu que gostou de brincar no recreio, na casinha
com os jogos, de desenvolver a atividade do dia do pai e do almoço. Terminam com a
canção do dia do pai e cantando também “indo eu, indo eu a caminho de Viseu” com
uma coreografia.
Terminam às 15:45. Saímos às 16:00.
Reflexão Pessoal
A OPL do JI constituiu um momento enriquecedor que me permitiu refletir em
torno de várias dimensões: 1) sobre o desenvolvimento das práticas educativas neste JI,
no que concerne ao trabalho das AC, onde foi possível verificar atividades de
matemática e de expressão motora numa só sala, por exemplo; 2) sobre a relação das
inspetoras com as crianças, no sentido acompanhar os trabalhos desenvolvidos pelas
mesmas e de compreender os seus gostos no contexto do JI; 3) sobre a dinâmica de
funcionamento de uma sala de JI e a relação estabelecida entre a educadora de infância
e as crianças, de grande afeto e cumplicidade.
Dia 97 – Sexta-feira, 18 de março de 2016
Cheguei ao Centro Social pelas 09:45, acompanhando as inspetoras Dr.ª MA e Dr.ª
MP. Para este terceiro dia estavam previstas as entrevistas aos pais, às educadoras e à
diretora pedagógica, juntamente com a coordenadora da EPE.
As inspetoras começaram a reunião pelas 10:00, contando com a presença de oito
pais e encarregados de educação. Fizeram o enquadramento da atividade, evidenciando
que são inspetoras da IGEC e estão presentes neste JI para realizarem o
acompanhamento das escolas, na perspetiva de alcançar a melhoria, sem nunca descurar
da verificação da conformidade legal do JI. Realçaram que este é o terceiro dia de
intervenção, sendo que no primeiro procederam à análise dos documentos pertencentes
ao JI e no segundo dia estiveram em permanência nas salas das educadoras com as
crianças. Salientaram que no último dia serão apresentados os resultados deste
acompanhamento, perspetivado em aspetos a destacar e aspetos a melhorar e
eventualmente, aspetos a corrigir, tendo em conta sete áreas-chave que sustentam a
atividade dos JI. Posteriormente estes resultados também serão entregues aos pais que
terão acesso ao mesmo através da direção.
A pedido das inspetoras, os pais começaram por se apresentar, proferindo o seu
nome, o nome do seu educando e a educadora de infância do mesmo. No total estavam
presentes oito pais e a pergunta inicial lançada pelas inspetoras incidiu em perceber por
que escolheram este JI. As respostas, maioritariamente, recaíram nas boas referências
que tinham em relação às práticas educativas do JI. Adicionalmente, também
referenciaram outros motivos como: 1) a proximidade geográfica; 2) o conhecimento
que têm da direção da escola; 3) a frequência de outros membros da família; 4) a
tradição familiar e 5) a importância deste JI fazer a inclusão de meninos com NEE.
Em seguida, as inspetoras tentaram perceber o que os convence a manter os filhos
neste JI. Os pais destacaram que os valores humanos transmitidos, o interesse das
crianças em frequentar este JI e o índice de felicidade demonstrada por cada criança são
os motivos que os convencem a manter os filhos neste JI. Neste contexto, os pais
referenciaram que as crianças são estimuladas para pensar e autonomizarem-se em
ações do dia-a-dia. Adicionalmente, as relações afetuosas que se estabelecem entre as
educadoras e as crianças e também entre as próprias crianças foram bastante
sublinhadas pelos pais, como uma marca de gerações, visto que um dos pais já conhece
uma das educadoras desde a sua infância. Confidenciam mesmo que é quase como “uma
extensão de casa” e que sabem que os filhos estão bem entregues.
No decorrer desta conversa, as inspetoras questionaram se os meninos com NEE
também são bem acompanhados e se possuem acesso aos recursos a que têm direito.
Notou-se contentamento com a resposta educativa de todos os profissionais do JI.
Falou-se no caso de uma menina que possui um atraso no desenvolvimento da fala e
está a ser acompanhada por uma educadora das Equipas Locais de Intervenção
semanalmente que também se desloca mensalmente a casa dos pais para transmitir o
feedback dos progressos da menina.
Perguntou-se se os pais têm conhecimento das componentes letiva e de apoio à
família e igualmente se sabem quanto tempo os filhos devem usufruir de tempo letivo.
Como demonstraram pouco conhecimento no âmbito desta componente, as inspetoras
explanaram que o ME custeia cinco horas letivas diárias, ressalvando a gratuitidade
desta componente para as crianças. As inspetoras intentaram compreender que gastos é
que os pais têm no âmbito destas componentes. Os pais referenciaram que pagam as
visitas de estudo, mas não possuem gastos com a ginástica, com o inglês e a música,
pagando a mensalidade definida para cada criança (componente de apoio à família).
Ainda no contexto desta conversa, as inspetoras questionaram se o JI pede material
escolar aos pais. Percebe-se que o JI de baixo pede material aos pais (e.g. marcadores e
lápis de cor), mas que o estabelecimento em que nos encontramos não solicita material.
Explanam, ainda, que o fazem para responsabilizar cada criança pela sua caixa de
materiais.
De seguida, as inspetoras questionaram os pais acerca da existência de ações de
preparação das crianças para a transição da EPE para o 1.º ciclo. Pronunciando-se
acerca deste assunto, os pais afirmaram que o JI prepara as crianças para esta transição,
não sabendo ao certo o que é realizado nesse sentido. Disseram que há uma grande
preocupação do JI em saber para onde vão as crianças e que uma das ações que
realizam, de modo a assinalar o fim deste percurso é a festa dos finalistas, destacando
que marca a transição da EPE para o 1.º ciclo. Já a mudança da creche para a EPE é
realizada de forma adaptar as crianças ao estabelecimento educativo e aos profissionais
que lá trabalham.
Interrogaram também como decorrem as reuniões com as educadoras, ao que os
pais disseram que são realizadas duas por ano (individuais). Existe grande flexibilidade
para falarem com a educadora da parte da manhã, sendo que parte do trabalho realizado
pelas crianças, é acompanhado pelos pais, mediante o caderno do aluno, construído
pelos mesmos no decorrer da sua frequência na EPE. Em que relação que lhes chega da
avaliação das crianças, afirmaram que recebem um relatório individual e detalhado e
que em conversas informais com as educadoras também vão obtendo feedback. No caso
das crianças com NEE, a avaliação facultada aos pais é mais do que uma mera checklist,
refletindo o trabalho, as aprendizagens realizadas e as dificuldades que persistem. Os
intervenientes ressalvam, nesse sentido, a importância de desfrutarem de livre acesso às
salas dos filhos, no momento da entrada e da saída, reforçando a ligação entre os pais e
o JI.
Passou-se para a questão do PE, onde as inspetoras pretenderam saber até que ponto
os pais têm conhecimento sobre este documento. Na sua maioria, todos anuíram que
conhecem o PE. Quando as inspetoras questionaram se participam na sua elaboração, as
respostas não foram tão positivas, realçando que colaboram para colocar o projeto em
prática aquando da participação nas atividades do JI, no entanto, no momento da sua
elaboração, não é considerada a participação dos pais. Mencionaram a existência de
uma reunião de apresentação do PE aos pais, como forma de dar conhecimento do
trabalho que o JI desenvolve. A par disto, também reforçaram que apesar de não
participarem na construção deste documento estruturante do JI, a direção do
estabelecimento é constituída por pais o que facilita o contacto entre eles.
No âmbito das OCEPE, as inspetoras questionaram se os pais tinham conhecimento
do conteúdo das mesmas. A maioria salientou não estar a par do seu conteúdo, mas
afirmam que há um trabalho conjunto com a educadora e a família no cumprimento dos
objetivos estabelecidos. Também perguntaram aos pais se conhecem o referente e o
trabalho prático que a escola desenvolve com as crianças. As respostas agregaram-se em
torno da ausência de conhecimento sobre os referentes do JI, mas em relação ao
trabalho prático, referiram que o conhecem e que os objetivos e as práticas educativas
chegam mesmo a superar as expectativas dos pais.
Interrogados sobre o que mudavam no JI, destacaram aspetos muito específicos,
como a mudança de estabelecimento que interfere, por vezes, na alteração do grupo
constituído na EPE no JI de SD (3 anos) para o JI de SF, traduzindo-se concretamente
na dificuldade da criança aceitar a mudança de JI. Também pronunciaram-se em relação
ao trabalho de intervenção precoce que deve ser desenvolvido mais na escola,
constatando que é um problema externo ao JI. Sublinharam a importância da articulação
e união de esforços para o trabalho com as crianças, falando ainda que o próprio sistema
cria dificuldades aos profissionais na gestão de tempo para trabalhar com as crianças.
Ainda em referência às mudanças, frisaram que ampliavam o espaço para as crianças
brincarem e também o tamanho das salas, considerando que algumas estão mais
limitadas em termos de espaço para a existência de momentos de brincadeira.
Finalizando esta entrevista, as inspetoras falaram sobre a elaboração do relatório,
mencionando que de acordo com os instrumentos de referência e o que observaram e
ouviram durante estes dias, vão se centrar nas áreas-chave e na enumeração dos aspetos
a melhorar, relembrado que este é um relatório de acompanhamento da ação da EPE.
A reunião terminou pelas 11:10. Entretanto, como a próxima reunião estava
prevista para as 12:30, as inspetoras foram fazendo apontamentos sobre o que
necessitavam questionar às educadoras, detetando-se que não se perguntou aos pais o
papel da psicóloga na EPE. Nesse sentido, registou-se esta questão no quadro das
perguntas para as educadoras de infância. Posteriormente, as inspetoras procederam à
anotação sobre o que já tinha sido esclarecido (mediante entrevista ou observação) e as
questões que ainda pretendiam saber por não terem sido tão aprofundadas no decorrer
desta atividade.
Enquanto aguardavam a chegada das educadoras de infância, as inspetoras
atentaram aos cartazes expostos na sala de reuniões que aludiam a formações dentro do
âmbito da EPE, questionando o ano de realização das mesmas que não estava
referenciado nestes cartazes. Mediante observação não-participante, entendi que no dia
anterior, a Dr.ª MA esteve em contacto com a diretora pedagógica e, em conversa
informal, foram abordando aspetos que estão contemplados no roteiro e que ainda não
estavam tão explícitos como a avaliação individual das crianças. Durante esta espera,
pude ainda observar que a Dr.ª MP esteve a analisar mais aprofundadamente os
documentos do planeamento da ação da EPE e verifiquei mais tarde (12:16) que as
inspetoras analisaram um quadro de informações exposto nesta sala com detalhes do
plano de formação dos profissionais e a calendarização da ação educativa.
Já perto das 12:30 equacionaram juntas qual a questão com que pretendem iniciar a
entrevista às educadoras. A reunião iniciou pelas 12:30 com a presença de sete
educadoras. Foi realizado o discurso de enquadramento à atividade e a pergunta inicial,
incidiu em compreender o modo de planeamento do PE. As educadoras referiram que
este ano não participaram na elaboração do PE, mas que em anos anteriores costumam
participar. As inspetoras questionaram as diferenças entre este e o último elaborado e
quiseram entender quem é que elaborou este último documento. Segundo as educadoras,
a elaboração deste documento ficou a cargo da diretora pedagógica e das coordenadoras
pedagógicas da creche e da EPE. Seguidamente, a equipa de AA incidiu na
diferenciação das funções da diretora pedagógica e da coordenadora pedagógica da
EPE. Como estão mais ligadas à coordenadora, referiram que esta orienta o trabalho na
EPE, apoia nas dificuldades das crianças, faz a supervisão das salas e está presente em
todas as reuniões das educadoras. As inspetoras pediram para exemplificar situações
que recorrem a estas profissionais. As educadoras afirmaram que têm por hábito
recorrer à coordenadora pedagógica em todas as situações que necessitem apoio, no
entanto, evidenciaram que apesar da disponibilidade que existe em falar com a diretora
pedagógica, a coordenadora encarrega-se de fazer a ponte entre os vários intervenientes.
Em seguida questionaram o planeamento do RI do centro social. Em relação ao
regulamento, as educadoras expressaram que existem alterações a fazer por se tratar de
um documento que não é reformulado há muito tempo.
Seguiu-se a importância de questionar as educadoras em relação à participação em
formações externas e a existência de facilidade em participar por parte do JI. Sobre esta
questão, a satisfação com a direção foi bastante mencionada, pela abertura e
disponibilidade que proporciona às educadoras aquando da solicitação para participarem
em formações. Também acontece, por vezes, ser a própria direção a enviar informações
via email às educadoras sobre o desenvolvimento de determinadas formações.
Interrogaram, posteriormente, as educadoras acerca da elaboração do projeto
curricular de grupo que, por sua vez, clarificaram que tiveram formação para a sua
construção, desenvolvendo a matriz juntas e contando com o apoio da coordenadora
pedagógica da EPE e da diretora pedagógica. Todos os elementos do dossier são
construídos individualmente por cada educadora atendendo às especificidades do grupo
de crianças. Visando entender a importância desta formação no contexto profissional
das educadoras, as inspetoras perguntaram se houve um salto qualitativo com a
formação em projetos curriculares de grupo. Constatou-se que o conhecimento das
educadoras anteriormente à formação era bastante incipiente, pelo que os ganhos com a
formação foram bastante evidentes no momento da construção dos projetos de sala.
Como forma de melhorar as práticas educativas, as inspetoras referenciam que o
planeamento e a avaliação ainda estão incipientes do ponto de vista da articulação e
coerência entre documentos. Incidindo mais na avaliação mencionam que as educadoras
necessitam de se centrarem em profundidade na avaliação do que as crianças aprendem
em cada AC. A este nível, considerou-se relevante aludir à organização do grupo para a
reestruturação da avaliação das aprendizagens. Uma das educadoras mostrou às
inspetoras as folhas de avaliação (das crianças com cinco anos) que têm vindo a
reformuladas, de modo a obter feedback da equipa de AA. As educadoras perguntaram
como devem proceder à construção desses instrumentos de avaliação. Sem revelar
métodos e procedimentos a seguir as inspetoras referenciaram que devem estar mais
direcionadas para as AC das OCEPE, ressalvando a necessidade de as revisitarem para
envolvê-las nos processos de avaliação. Constata-se a posição das inspetoras de incutir a
reflexão e a melhoria das práticas educativas.
Posteriormente a equipa de AA questionou a opção de organização dos grupos
homogéneos no que respeita a idade. Sobre esta questão, as educadoras mostraram não
estar a par da organização dos grupos, uma vez a decisão não tem feito parte das suas
responsabilidades. Em relação às áreas de trabalho em sala, perguntou-se quem é que
decide cada área e se as salas possuem todas a mesma configuração. Quanto a este
assunto, as educadoras salientaram que organizaram as áreas individualmente, visto que
cada educadora constrói as áreas da sua sala e neste processo também levam em
consideração a opinião das crianças, no caso de manifestarem interesse em colaborar na
organização da sala. Pergunta-se se existe suficiência e qualidade dos materiais de
desgaste e materiais pedagógico didáticos para trabalhar as diversas AC, por exemplo,
no domínio da música. No interior da sala referenciaram que não, mas fora têm alguns
materiais que são utilizados pelas crianças. Em relação aos materiais existentes no
âmbito da área de conhecimento do mundo, as educadoras responderam que existem
essencialmente livros para trabalhar esta área e que estão à disposição das crianças.
Interrogadas como trabalham a referida AC, as educadoras pronunciaram que fazem
experiências conjuntas com as várias salas, lançam temas e cada criança traz de casa as
suas pesquisas e materiais (documentos) para trabalharem em sala com o grupo, É
costume incidir em temas das várias épocas do ano para trabalhar o conhecimento do
mundo (o último trabalho centrou-se nas tradições de carnaval de vários pontos do
país). Salientaram também que trabalharam com as crianças o primeiro rei de Portugal,
aprofundando ainda as bandeiras dos países e as cidades de Portugal. Na sequência
desta resposta e uma vez que não foi evidente pelas inspetoras, perguntaram se as
atividades que as crianças desenvolvem são propostas pelas educadoras ou pelas
próprias crianças. As opiniões dividiram-se: por vezes são as próprias crianças que
solicitam desenvolver certas tarefas com sentido para elas, mas outras vezes são as
educadoras que delineiam as atividades.
Entendendo que as educadoras têm acesso aos documentos do foro pedagógico e
normativo da DGE, as inspetoras quiseram esclarecer se consultam com regularidade o
site oficial da DGE. Na generalidade, as educadoras respondem que sim e as inspetoras
sublinham a importância de o fazerem com bastante regularidade.
Em seguida, as inspetoras tentaram compreender o papel da psicóloga na dimensão
pedagógica com as educadoras, dada a situação verificada pela Dr.ª MA, numa das
OPL, em que a psicóloga se encontrava na sala com as crianças a desenvolver uma
atividade educativa. Foi referido que a função da psicóloga na intervenção com as
crianças é uma nova política adotada pelo centro este ano, pelo que às terças e quintas-
feiras, a psicóloga desloca-se à sala das educadoras e trabalha com as crianças durante
cerca de uma hora e meia. Comentou-se, ainda, que presta apoio aos meninos que
revelam NEE, numa perspetiva de preocupação por cada criança que manifesta
dificuldades ao nível da aprendizagem. As inspetoras tentaram compreender também se
estas intervenções são planeadas entre a educadora e a psicóloga. Depreende-se a partir
das respostas dadas que as educadoras solicitam apoio à psicóloga num trabalho de
articulação entre estas profissionais para intervir no acompanhamento de crianças com
NEE e, consequentemente, na elaboração de planos educativos para as crianças.
Questionaram a utilidade e o intuito dos testes de avaliação de competências para
crianças com cinco anos. Sobre este aspeto, as educadoras mostraram, primeiramente,
que é um trabalho desenvolvido conjuntamente com a psicóloga que trata os resultados,
transformando-os em gráficos. Argumentam, seguidamente, que utilizam estes testes
para sinalizar as crianças que necessitam de trabalhar mais certas competências e que,
essencialmente, o foco deste trabalho incide em definir áreas de maior dificuldade que
devem ser mais trabalhadas pelas educadoras nos seus grupos de crianças, funcionando
também como regulação do trabalho da educadora. As inspetoras, a propósito das fichas
de pré-escolarização, questionaram a sua utilização no âmbito da EPE. As educadoras
assinalam a utilização destas fichas, dizendo primeiro que têm plena consciência que
não é da competência da EPE a pré-escolarização das crianças, todavia explanam que
utilizam-nas, porque as crianças já sentem necessidade e curiosidade em aprender as
letras. As inspetoras tentam compreender o porquê de aplicarem-nas ao grupo inteiro,
uma vez que foram encontradas várias fichas de pré-escolarização no dossier das
educadoras. Explicaram que aplicam ao grupo pela necessidade e interesse que as
crianças manifestam em desenvolver as mesmas atividades e, além disso, referem que
os pais esperam que as educadoras introduzam a abordagem às letras desde a EPE. As
inspetoras mencionaram que podem optar por utilizar outras estratégias para alcançar
este objetivo, sem ser a utilização das fichas de pré-escolarização que não se coadunam
com as OCEPE. Deixam esta ideia para que as educadoras possam refletir no sentido da
melhoria das práticas educativas.
Quanto ao 1.º ciclo, as inspetoras questionaram se desenvolvem iniciativas de
transição para este ciclo. Compreendeu-se que realizam, mas transparece pelas respostas
que devem aperfeiçoar mais esta prática. Sublinhou-se a importância de desmistificar
representações negativas das crianças relativamente ao 1.º ciclo e as educadoras, em
conjunto com as inspetoras, tentaram encontrar iniciativas de facilitação da integração
das crianças no 1.º ciclo. Fala-se, nesse sentido, na possibilidade de levarem as crianças
a duas escolas de 1.º ciclo, por exemplo, as mais requisitadas pelas crianças.
Pronunciaram-se, de seguida, em relação à distinção entre a componente letiva e a
componente de apoio à família. As inspetoras procuraram saber como planeiam esse
tempo e asseguram as partes da manhã e da tarde. Tanto da parte da manhã como da
parte da tarde, há sempre uma educadora e auxiliares que garantem o acolhimento das
crianças. Referiram que, da parte da tarde, há uma sala que acolhe as crianças e
desenvolvem-se jogos e brincadeiras durante os momentos mais livres.
Posteriormente, as inspetoras quiseram saber se fazem o planeamento desta
componente e como é que se processa. As educadoras responderam que não têm por
hábito proceder ao desenvolvimento desta componente, no entanto se houver
necessidade fazem esse planeamento e organização da componente social. Foi referido
também que o trabalho diário com as crianças é bastante exigente e que, por isso, retira
muito tempo ao horário de laboral das educadoras. A equipa de AA manifesta a sua
preocupação com as cinco horas diárias letivas, observando que estão sobrepostas às
atividades da componente de apoio à família. A equipa indicou, ainda, que é uma
questão a refletir e a (re)organizar com a diretora pedagógica para um melhor
funcionamento das práticas educativas do JI.
A reunião com as educadoras terminou às 14:00.
Pelas 15:00, as inspetoras deram início à reunião com a diretora e a coordenadora
pedagógica da EPE. Questionou-se, em primeiro lugar, as funções da diretora
pedagógica, ainda não reconhecidas pelo ME. A diretora começa por dizer que coordena
o centro das valências da creche e da EPE, procedendo à promoção dos projetos (e
outros trabalhos) e à ligação dos pais e encarregados de educação com as coordenadoras
das valências. Trabalha também com as coordenadoras na elaboração dos documentos
estruturantes do centro social e participa no conselho mensal, juntamente com as
coordenadoras e com as educadoras. Citando o Decreto-Lei n.º 147/97 que estabelece o
regime jurídico do desenvolvimento e expansão da EPE, as inspetoras referiram que
estão previstas uma série de competências do diretor pedagógico e perguntam se a
diretora está a par e cumpre-as, no âmbito do cargo desempenhado no centro social. A
diretora pedagógica explanou que as suas funções também passam por orientar todo o
trabalho das coordenadoras do centro e que faz a coordenação das reuniões pedagógicas
de planificação do trabalho com as educadoras, onde são organizadas atividades da ação
educativa e esclarecidas algumas situações de crianças que manifestam NEE. Em
seguida, as inspetoras questionaram a diretora sobre quem elabora o PE. A diretora
mencionou que trabalha as diretrizes da escola com base nos projetos que existiam
anteriormente à sua direção e que o faz juntamente com a coordenadora pedagógica da
EPE. As inspetoras tentaram compreender o papel dos pais neste documento que
estrutura a ação educativa do estabelecimento, uma vez que não tinha ficado muito
esclarecido nas entrevistas precedentes. A diretora respondeu que o papel dos pais não
está consolidado diretamente, todavia estes apoiam na concretização das atividades
propostas e têm conhecimento do documento em reuniões e em sessões informais. No
que concerne a estas sessões, referiram que acontece pontualmente os pais solicitarem
pequenas mudanças, a título de exemplo, no RI para a alteração de horários de
funcionamento do centro, face às necessidades das famílias.
Falou-se uma vez mais na incoerência do planeamento e da avaliação. As
entrevistadas referenciaram que têm consciência disso e que neste momento encontram-
se em processo de mudança. É um trabalho que está no início, no sentido de cumprir a
reformulação dos documentos de planificação e avaliação dos processos e resultados da
aprendizagem das crianças. À questão dos tempos diários de trabalho das educadoras,
depreende-se que não está definido em coerência com o trabalho que devem
desenvolver com as crianças, compreendendo-se a necessidade de fazer a demarcação
de horários das educadoras em dois tempos: para as crianças e para as reuniões de
planificação e avaliação. Retornam à abordagem da relevância de se delimitar as
componentes letiva e de apoio à família. Devem assegurar as cinco horas letivas para
trabalhar o currículo com as crianças, sendo que estas horas são da responsabilidade das
educadoras. Das 35 horas de trabalho semanais de um educador, 25 horas têm
impreterivelmente de ser asseguradas pelas educadoras (horas letivas) e as restantes 10
horas devem ser aproveitadas para trabalhar fora do currículo. Aborda-se as horas em
que as educadoras estão com as crianças ao almoço e que não podem ser contabilizadas
no horário curricular. As inspetoras afirmam que é uma questão de organização e
compatibilização de horários, ressalvando a importância de refletirem e de se
(re)organizarem internamente. Aludiram ainda à omissão da demarcação da componente
letiva, da sua gratuitidade e da componente de apoio à família no RI do centro. Em
termos de horários, a diretora e a coordenadora pedagógicas tentaram reorganizar os
horários de abertura, de modo a garantirem as cinco horas letivas. Equacionam, assim,
adotar o horário das 09:00 às 11:30 e das 14:00 às 16:30. Fala-se também na
reorganização dos horários do almoço que está incluído na componente social, sendo
proferido pela equipa inspetiva que é tudo uma questão de congregação de esforços, no
sentido de se organizarem para assegurar todos os serviços a que as crianças têm direito.
Além disso, para reavivar os presentes, também realçaram que o enquadramento lei da
EPE expõe os horários do trabalho do educador e que podem ter em conta isso para
organizar o tempo de trabalho. Ainda no âmbito deste tema de conversa, as inspetoras
(re)afirmaram que estão neste JI numa perspetiva de melhoria e de incutir a permanente
reflexão e não apenas para aferir os erros e comunicá-los. O pressuposto desta atividade
é assim fazer pensar nas questões que aqui são apontadas, para uma melhor prestação
dos serviço educativo.
Atendendo à organização dos grupos, as inspetoras quiseram aferir quais os
critérios que a direção estabeleceu para a sua constituição. A diretora pedagógica
mencionou que atendem ao perfil de cada criança e ao acompanhamento da educadora.
Referem, todavia, que o principal critério é a idade e assumem que concordam com a
organização de grupos heterogéneos. Nesse sentido, aferem que as salas do centro social
não têm espaço suficiente para abarcar grupos heterogéneos, daí que a organização das
crianças sigam critérios de homogéneos. Sobre este assunto, as inspetoras disseram que
as OCEPE apontam para a organização heterogénea dos grupos da EPE e que é um dos
pontos que devem refletir para alcançar a melhoria.
Seguidamente, as inspetoras questionaram as entrevistadas em relação à avaliação
do funcionamento do centro. Verbalizaram que procedem à autoavaliação, mediante a
reunião do conselho anual e que usualmente (entende-se que é um procedimento anual)
entregam questionários aos pais para aferir a sua opinião acerca do funcionamento do
centro. Também têm em conta a avaliação informal que é realizada pelos pais, em que a
direção e coordenadoras atendem aos seus pedidos e se mostram disponíveis para ouvir
as questões que os mesmos têm a salientar sobre o centro.
Apuraram, posteriormente, como fazem a transição da EPE para o 1.º ciclo. As
inspetoras insistiram na importância de as crianças conhecerem o funcionamento do 1.º
ciclo, visando facilitar a integração das mesmas no ano subsequente. Percebe-se que não
é uma prática enraizada do centro, no entanto a diretora fez questão de informar as
inspetoras que o centro promove a integração sólida das crianças que transitam da
creche para a EPE e que têm, também, o cuidado de incluir os pais que ficam a conhecer
o estabelecimento situado em baixo, no caso das crianças que transitam para esse
espaço.
Em continuação, as inspetoras questionaram quem decide a aquisição de material
de desgaste e pedagógico-didático e se o consideram suficiente e em bom estado.
Responderam que o que possuem é suficiente para dar uma resposta educativa adequada
às crianças. As inspetoras tentaram, em seguida, compreender se solicitam materiais aos
pais. Entendendo-se que o fazem, justificam que é uma questão opcional do centro e que
o fazem para as crianças se responsabilizarem pelos seus materiais. Na sequência da
resposta, as inspetoras perguntaram quais são os ganhos de trazer esse material
individualizado e se não poderiam se responsabilizar pelo material comum que também
devem cuidar conjuntamente. Sem quererem adiantar mais discussão em volta deste
tema, as inspetoras afirmaram que pode ser mais questão a registar pelos profissionais
do centro para posterior reflexão conjunta.
Em relação às tecnologias, a equipa de AA explorou se utilizam o computador
dentro das salas de atividades com as crianças. Referiram que tinham refletido acerca da
importância e utilidade em sala, no entanto justificam que os apoios financeiros não
permitem comprar computadores para o Centro. Nesse sentido, dizem que estão à
procura de protocolos que os apoiem com os equipamentos informáticos. Além disso,
contam que o espaço das salas não permite a colocação de equipamentos informáticos.
Acontece, também, as educadoras em dias que necessitam de fazer pesquisas e outros
trabalhos com as crianças, trazerem os seus equipamentos informáticos para trabalhar
em sala. Em virtude disto, também confessaram que há educadoras que podem,
eventualmente, não estar confortáveis com as tecnologias e manifestar desinteresse em
desenvolver formações para apoiar o trabalho que desenvolvem, recorrendo às
tecnologias como um recurso educativo imprescindível para o desenvolvimento das
crianças.
Questionadas com a supervisão pedagógica do Centro, compreendeu-se logo que a
diretora e coordenadora pedagógicas procedem à supervisão pedagógica da valência da
EPE. Questionadas pela observação efetiva de resultados, as entrevistadas evidenciaram
que, em reuniões periódicas, têm em conta com as educadoras o desenvolvimento das
práticas educativas, fazendo ainda o acompanhamento letivo ao longo do ano.
Seguidamente as inspetoras procuraram compreender como se fazem a avaliação da
componente letiva e da componente de apoio à família. Perguntam ainda se fazem o
planeamento desta última componente. Apurou-se que sim, quando procedem à
distribuição de auxiliares para garantir que as crianças são acolhidas nos períodos da
manhã e do final da tarde e também quando planeiam os almoços que são
permanentemente supervisionados e acompanhados pelas educadoras. Depois
perguntaram como asseguram a diferenciação da componente letiva e da componente de
apoio à família, dadas as especificidades que cada uma revela. Afirmaram, nesse
sentido, que o fazem mediante observação e demarcação dos tempos das componentes.
No entanto, a equipa de AA afirmou a importância de existirem registos dessas
observações para que esta limitação de componentes seja assegurada. Como percebe-se
que não existem registos, as inspetoras realçaram, novamente, a importância de
planearem e avaliarem o tempo da componente de apoio à família, exemplificando com
uma atividade de animação socioeducativa que encaixa dentro desta componente. Em
relação à questão colocada pelas inspetoras sobre a coordenação da componente de
apoio à família, compreendeu-se que são a coordenadora e diretora pedagógicas que
procedem a toda gestão e organização da componente.
Prosseguindo, colocaram-se as questões do reconhecimento da diretora pedagógica
e da autorização de funcionamento do centro social por parte do ME. Através dos
documentos (do ME e da Segurança Social) trazidos pela diretora, fez-se uma análise
conjunta para entender o ponto de situação da autorização de funcionamento do
estabelecimento educativo. Percebeu-se que houve já um contacto prévio com o ME
para regularizar a situação datado de 2009, cuja resposta não chegou ao Centro.
Também se percecionou que a Segurança Social já tinha solicitado a regularização do
processo e que têm licença de funcionamento da Câmara Municipal. A equipa de AA
ressalvou a necessária regularização deste processo, reforçando que é uma salvaguarda
para o JI e, naturalmente, para todas as crianças. Pelas 16:35, juntou-se uma
colaboradora (a mais antiga do estabelecimento) que explicou como decorreu todo o
processo em 2009.
Terminámos pelas 17:00.
Reflexão Pessoal
As entrevistas são sempre momentos de retenção de grande quantidade de
informação, neste caso em particular, também, pela diversidade de atores que foram
entrevistados pelas inspetoras: 1) quanto à entrevista dos pais compreendi, em relação
às crianças com NEE e na sua conceção, que é realizado um bom trabalho de
acompanhamento e avaliação às crianças, por parte dos técnicos e educadoras de
infância; 2) quanto à entrevista das educadoras de infância assimilei a relevância das
formações que são apresentadas pela direção, no desenvolvimento profissional para
melhor responder aos contextos educativos e 3) quanto à entrevista da diretora e
coordenadora pedagógicas assimilei as práticas de autoavaliação desenvolvidas pelo JI,
fundamentadas pelo desenvolvimento de reuniões de conselho anual e pela avaliação
informal que é realizada pelos pais, no atendimento aos seus pedidos.
Dia 98 – Segunda-feira, 21 de março de 2016
Cheguei ao Centro Social às 12:50 acompanhada pelas inspetoras Dr.ª MA e Dr.ª
MP. Estava acordado com os intervenientes do JI que a reunião de apresentação das
conclusões se realizava às 15:30, pelo que as inspetoras estiveram até às 15:20 a acertar
os aspetos contemplados no relatório.
A reunião entre as inspetoras começou às 13:10 com a explicitação da metodologia
de trabalho utilizada. Constituem uma equipa de trabalho que recorre com bastante
frequência ao email para trocar impressões e aspetos que recolhem do JI. Como não
distribuem o trabalho por áreas-chave revelam que ambas contribuem igualmente para o
relatório das conclusões. De entre o que é observado pelas inspetoras, divulgam que
priorizam os aspetos mais importantes a melhorar e a reter no relatório. Verifiquei que
já traziam as bases do relatório que confessaram ser uma primeira versão passível de
sofrer alterações.
Começaram a revisão ao relatório com leitura em voz alta dos aspetos a melhorar
da área Planeamento da ação educativa. Nesta área contemplaram cinco aspetos alvos
de melhoria, todos relacionados direta ou indiretamente com documentos do
planeamento da ação educativa. Depreendeu-se que, à medida que vão lendo os pontos
já apontados, surgiu a necessidade de registar mais um aspeto que não estava indicado,
ficando esta área-chave com seis pontos a melhorar. Ressalvam, de todos os pontos
abordados, a relevância do RI incluir informações sobre a duração e gratuitidade da
componente educativa e sobre a componente de apoio à família. Detetam, também, que
devem incluir o cargo da diretora pedagógica, bem como as suas funções no RI.
Na Organização do ambiente educativo, leram os quatro aspetos a melhorar e à vez
iam comentando a sua substância e em que evidências é que se apoiaram para fazer tais
afirmações. No último aspeto desta área, revelou-se necessário pelas inspetoras proceder
à alteração da frase, indicando que ao apontarem a criação de áreas nas salas de
atividades, pretendiam que existe uma alternância de áreas, visto já existirem espaços de
brincadeira. Apesar da exiguidade do espaço, que foi comentado pelas inspetoras,
revelam que tal questão não tem de constituir um entrave à alteração de áreas, pois
podem ter apenas duas áreas.
Na Construção e desenvolvimento do currículo – AC, as inspetoras tiveram o
cuidado de se debruçarem mais aprofundadamente nos quatro aspetos explicitados como
pontos de melhoria do JI. Aqui, refletindo cada um individualmente, as inspetoras
evidenciaram a importância de: 1) assegurar a abordagem de todas as AC nas atividades
desenvolvidas nos grupos de crianças (não é que não o façam mas não foi visível em
todas as salas observadas); 2) as propostas de atividades virem da parte das crianças,
assegurando a concretização do currículo mais centrado na criança; 3) introduzir o
método científico através da estimulação e a partir dos saberes da criança e da sua
curiosidade em atividades que impliquem observar, interpretar e registar (trabalhar mais
a área do Conhecimento do Mundo) e 4) evitar a concretização de instrumentos pré-
escolarizados, corrompendo os princípios das OCEPE.
No Apoio integrado/especializado, as inspetoras analisaram o único aspeto
salientado, desta vez como prática educativa relevante, no que respeita à atenção
individualizada e à inclusão de todas as crianças no grupo. Salientaram também que há
uma articulação bastante sólida entre os diferentes intervenientes educativos na
implementação de respostas educativas às crianças que manifestam NEE, daí que nesta
área-chave não tenham qualquer aspeto a melhorar.
No caso da Avaliação dos processos e dos resultados, as inspetoras analisaram os
dois aspetos que contemplaram para serem alvo de melhoria: 1) a avaliação do trabalho
realizado, nas vertentes de planeamento, concretização e avaliação do processo
educativo e das aprendizagens das crianças, em que não foi visível a prática consolidada
de avaliação pelas observações das inspetoras e 2) a avaliação das aprendizagens das
crianças, também muito debatida durante a intervenção, em que as inspetoras denotaram
a importância de relembrar e cimentar a utilização das OCEPE.
Na Intervenção do educador, foi discutido pelas inspetoras dois aspetos: 1) um a
destacar, referente à relação próxima entre as famílias e as educadoras e 2) outro a
melhorar, atinente ao reforço da expressão e escolha livre as crianças nas atividades
desenvolvidas em sala, aspeto também muito próximo de outro enunciado na área-chave
de construção e desenvolvimento do currículo.
Na Dinâmica do estabelecimento educativo, as inspetoras destacaram como prática
exemplar a formação contínua disponibilizada às educadoras de infância e restantes
profissionais. Além disso, estiveram a analisar os quatro aspetos destacados a melhorar
pelo JI. Entendem que um dos aspetos destacados no planeamento deve ser transposto,
com uma construção frásica diferente, para a dinâmica do estabelecimento educativo.
Revisto e alterado o relatório de acompanhamento do JI, no que respeita às áreas-
chave, seguiram para a leitura e análise dos aspetos que o JI deve corrigir e que
resultam, como proferiram as inspetoras, de incumprimentos dos enquadramentos legais
que regulam a ação educativa da EPE. Evidenciaram no relatório o cumprimento das
cinco horas letivas, a importância de garantir a autorização de funcionamento pelo
MEC, o reconhecimento da diretora pedagógica do JI e respeitar o número de crianças
por sala conforme o anexo do acordo de cooperação. No que respeita a este último
aspeto a corrigir, as inspetoras evidenciaram que necessitam de rever o acordo de
cooperação para contemplar alguns elementos nos aspetos destacados a corrigir.
Procuraram nos documentos de sala das educadoras o número de meninos afeto a cada
grupo. Para confirmar os números que estavam no dossier, as inspetoras perguntaram
diretamente às educadoras que asseguraram o número correto. Posteriormente fizeram
algumas consultas aos documentos que estruturam a ação educativa do centro..
Asseguraram que não há qualquer aspeto a melhorar, para além dos que foram
registados. Também fizeram a verificação dos apontamentos destes três dias de
intervenção para perceber se necessitavam de acrescentar algum ponto ao relatório. Em
relação às práticas de autoavaliação, as inspetoras referiram que não falaram deste tema,
dado que até monitorizam o funcionamento do centro, mediante um inquérito que
distribuem aos pais e a realização de reuniões de conselho.
Consegui depreender, mediante troca de opiniões sobre a OPL, que as inspetoras
dão importância às interações, à natureza das atividades desenvolvidas (confrontação
com as OCEPE), à disposição e organização do ambiente educativo, à intervenção do
educador com as crianças e às tarefas preferidas das crianças em sala de atividades.
Adicionalmente, observei também que a à medida que vão trabalhando com o roteiro da
atividade, vão registando alterações que resultam da prática e dos contextos em que vão
atuando.
Já perto da hora da reunião fizeram a distribuição de cada área-chave para serem
lidas ao público presente na reunião das conclusões.
Pelas 15:30 começaram a chegaram os profissionais do Centro Social para
assistirem à reunião de trabalho. Estavam presentes quinze pessoas (a psicóloga, as
educadoras de infância da creche e da EPE, as coordenadoras pedagógicas também da
creche e da EPE e a diretora pedagógica do JI). As inspetoras deram início à reunião
com uma pequena introdução à atividade, justificando esta introdução com a presença
das educadoras da creche com as quais a equipa de inspeção não privou durante a
intervenção. Feita a introdução aos objetivos da atividade e enquadramento legal do
desenvolvimento desta intervenção, as inspetores referiram que as conclusões que serão
apresentadas poderão receber contraditório da parte do Centro Social que tem dez dias
úteis para se pronunciar após receção do relatório.
Abordaram a organização do relatório de acompanhamento, incidindo em sete
áreas-chave, onde apresentaram os aspetos a destacar enunciados como práticas
excecionais e valorizadas pela equipa, os aspetos a melhorar que devem ser alvo de
reflexão e reformulação por parte do JI e os aspetos a corrigir que advém do
incumprimento do enquadramento legal.
Começaram pela primeira área-chave planeamento da ação educativa entendendo
os aspetos a melhorar que devem: 1) prever nos documentos de planeamento a
participação dos pais e encarregados de educação – sabem que há uma participação
indireta, no entanto não está suficientemente consolidada, por exemplo no que respeita
ao PE do Centro e que está mesmo regulamentada a sua participação; 2) considerar as
propostas das crianças no planeamento da ação educativa; 3) incluir no RI do JI as
informações da componente educativa (duração e gratuitidade) e da componente de
apoio à família – neste sentido deve ser claramente explicitado os horários de
funcionamento das componentes; 4) contemplar no RI o cargo da diretora pedagógica,
bem como as competências inerentes a esta função, visto que está previsto na legislação.
Proferiram também que devem explicitar outros cargos como da coordenação
pedagógica e as suas funções; 5) apreciar nos documentos de planeamento a
organização, coordenação e a avaliação das atividades de animação socioeducativa da
componente de apoio à família – salientaram que é importante estar assente toda a
componente de organização, funcionamento e avaliação destas atividades, sublinhando
ainda que podem constar no PE, no Programa Curricular de Grupo ou no RI; 6) verificar
a coerência entre os projetos curriculares de grupo, as planificações e os instrumentos de
avaliação das aprendizagens das crianças, no sentido de assegurar a gestão equilibrada e
transversal das várias AC – as inspetoras referem que há um bom começo nos
documentos percecionados, todavia é necessário continuar esse trabalho.
Passando para a organização do ambiente educativo, aferiram os seguintes aspetos:
1) sobre o grupo – refletir sobre a organização dos grupos da EPE, no sentido de
privilegiar a interação entre crianças de diferentes idades e/ou diferentes estádios de
desenvolvimento; 2) sobre o tempo – organizar o tempo educativo de cinco horas
diárias letivas, de modo a que seja integralmente da responsabilidade e liderança das
educadoras de infância; 3) sobre o espaço – dotar as salas de equipamentos informáticos
para serem efetivamente utilizados enquanto recurso educativo e criar, áreas nas sala de
atividades, que decorram de iniciativas das crianças ou das atividades e ou projetos que
estejam a decorrer. Este último aspeto foi o mais desenvolvido pelas inspetoras,
proferindo que têm que ter em conta os interesses das crianças para o estabelecimento
das áreas na sala de atividades. Visando a reflexão por parte da equipa do Centro Social,
a equipa de AA comentou que se todas as salas têm as mesmas áreas (da casinha e dos
legos e brinquedos) como é que afirmam que o diagnóstico educativo está assente nas
características das crianças. Explicam que é mais uma ideia que deixam para refletirem
entre a equipa educativa do JI.
Seguidamente exploraram as conclusões atinentes à Construção e Desenvolvimento
do Currículo – AC, salientando quatro aspetos a melhorar: 1) garantir a abordagem
equilibrada de todas as AC previstas nas OCEPE, da responsabilidade das educadoras
de infância, de forma integrada e articulada, com o recurso a materiais e instrumentos
desafiadores, incluindo as tecnologias da informação – na apresentação desta conclusão
as inspetoras frisaram que efetivamente viram ser trabalhadas as AC, porém não
possuem nenhum instrumento que mostre que as áreas foram trabalhadas em sala.
Tentam encontrar um instrumento válido de monitorização e acompanhamento do
trabalho efetuado com as crianças, como por exemplo a recorrência a uma
calendarização semanal das atividades, até porque também facilita a avaliação do
processo e dos resultados das crianças; 2) conciliar, no desenvolvimento do currículo, a
iniciativa da educadora com as propostas das crianças e com os aspetos emergentes do
quotidiano – neste campo a equipa de AA referenciou que as educadoras devem ter em
consideração as propostas das crianças no momento do planeamento e implementação
das atividades, explanando que nas salas observadas verificaram que as atividades são
bastante centradas na figura da educadora; 3) partir dos saberes das crianças e da sua
curiosidade natural, incentivando e reforçando situações que impliquem observar,
experienciar, interpretar, registar, concluir e comunicar, com o apoio de materiais
disponibilizados com essa intencionalidade – as inspetoras mencionaram que este ponto
remete mais para o desenvolvimento da AC sobre o Conhecimento do Mundo, cujo
trabalho não foi observado pelas inspetoras não decorrer da OPL, sublinhando ainda
que, o facto de não terem percecionado esta área, não significa que não a trabalhem em
sala de atividades; 4) continuar a estimular a criatividade das crianças e refletir sobre o
recurso a instrumentos estereotipados que visam a preparação direta para a entrada na
escolaridade obrigatória e que não se coadunam com os princípios das OCEPE –
referem que são as fichas de pré-escolarização e de grafismos que não estão em acordo
com as orientações curriculares, contudo podem fazer de outro modo desde que possua
significado para a criança.
Denotando existir algumas dúvidas, as inspetoras reforçaram que a intervenção da
inspeção não se prende apenas em proporcionar sugestões ao Centro, onde o maior
enfoque da atividade está em fazer a equipa refletir em torno das conclusões
apresentadas.
Relativamente ao Apoio Integrado/Especializado, as inspetoras expuseram o único
aspeto apontado, neste caso positivo: 1) a articulação entre os diferentes intervenientes
educativos, incluindo os pais e encarregados de educação, na definição, implementação
e avaliação das respostas educativas às crianças com NEE, manifestando resultados
positivos nas suas aprendizagens e inclusão no grupo e no JI.
Em referência à Avaliação dos Processos e Resultados, a equipa de AA apresentou
dois aspetos que consideram que podem ser melhorados como: 1) incrementar a
avaliação do trabalho realizado, de modo a que a mesma se traduza na regulação do
processo educativo nas suas vertentes planeamento, concretização e avaliação do
processo educativo e das aprendizagens das crianças – a equipa inspetiva realçou, aqui,
a importância de consolidar a avaliação do trabalho realizado, com vista à regulação do
processo educativo, não o trabalho das educadoras em si, mas o trabalho com as
crianças; 2) facultar aos pais e encarregados de educação informações descritivas e
periódicas do progresso das aprendizagens dos seus educandos, tendo como referência
as várias AC das OCEPE.
Na análise da Intervenção do Educador, a equipa salientou positivamente a 1)
abertura e proximidade com as famílias e com as necessidades das crianças geradoras de
relações securizantes e de confiança com impacto no seu bem-estar e nas suas
aprendizagens; e como aspeto a melhorar sublinhou 2) a criação de mais situações de
escolha livre às crianças nas suas aprendizagens, em detrimento de uma organização
pedagógica essencialmente centrada no educador.
Incidindo na Dinâmica do Estabelecimento Educativo, as inspetoras entenderam
como prática exemplar 1) as oportunidades facultadas de formação contínua às
educadoras de infância e auxiliares de ação educativa, por parte dos responsáveis da
direção, tendo em vista o seu desenvolvimento profissional. Como aspetos que carecem
de melhoria foram listados os seguintes: 1) priorizar, nas reuniões pedagógicas das
educadoras, a reflexão e a interajuda sobre as OCEPE e documentos orientadores do
ME, nomeadamente ao nível do planeamento, da construção e desenvolvimento do
currículo e da avaliação dos processos e dos resultados – a este nível, as inspetoras
insistiram na importância de se centrarem em documentos do ME que tem vindo a
publicar muitos documentos de qualidade sobre o currículo e que estão assentes no
relatório da presente AA; 2) assegurar no horário das educadoras uma componente
educativa e outra não letiva, de modo a garantir nesta última, a preparação de materiais,
atendimento aos encarregados de educação, a realização de reuniões para planeamento,
avaliação da prática educativa e das aprendizagens das crianças e outras reuniões –
entendendo a relevância de assegurar o trabalho letivo e não letivo, garantindo estes
dois tempos; 3) implementar, institucionalmente, estratégias facilitadoras da integração
bem-sucedida das crianças da EPE na escolaridade básica; 4) planear, supervisionar e
avaliar a componente de apoio à família de modo a que nessa componente se
desenvolvam atividades de animação socioeducativa diversas das que se desenvolvem
na componente educativa – neste ponto, as inspetoras reforçaram a organização das
atividades de animação socioeducativa que se enquadram na componente de apoio à
família.
Por último, listaram os aspetos a corrigir centrados em: 1) garantir o cumprimento
de cinco horas educativas/letivas diárias, da responsabilidade da educadora de infância,
de modo a assegurar o disposto na Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar, Lei n.º 5/97,
de 10 de fevereiro, nas Orientações Curriculares aprovadas pelo Despacho n.º 5220/97,
de 10 de julho, e na Circular n.º 17/DSDC/DEPEB/2007, de 10 de outubro; 2)
diligenciar para que o JI obtenha Autorização de Funcionamento, de acordo com os
artigos n.ºs 1, 2 e 15 do Decreto-Lei n.º 147/97, de 11 de junho, conjugado com a alínea
a) do ponto 2 do Despacho n.º 522/2014, de 10de janeiro; 3) obter o reconhecimento da
Diretora Pedagógica do Jardim de Infância pelo ME, de acordo com o artigo 13.º do
Decreto-Lei 147/97, de 11 de junho e 4) respeitar o estabelecido, quanto ao número de
crianças por sala, no anexo ao acordo de cooperação.
Terminada a apresentação das conclusões, as inspetoras colocaram os
profissionais do Centro à vontade para as questões que quisessem ver esclarecidas.
Falou-se na importância de centrar o trabalho do educador no currículo e (re)pensar
todos os aspetos enumerados no contexto desta intervenção da inspeção. Na sequência
dos aspetos encontrados a corrigir, agendaram uma intervenção de continuidade com a
equipa para o 2.º período do ano letivo 2016/2017. Pouco antes de sair, a diretora
pedagógica questionou as inspetoras se durante esta ano letivo e o próximo, no
momento em que tiverem dúvidas ou simplesmente queiram entender se estão no
caminho certo, podem contactar as inspetoras. A equipa mostrou-se disponível para
qualquer contacto que venha do Centro Social.
Após os agradecimentos e respetivas despedidas, saímos pelas 17:00.
Reflexão Pessoal
O último dia de acompanhamento foi o culminar de uma atividade da inspeção que
me proporcionou, essencialmente, compreender a metodologia de trabalho das
inspetoras, na aferição das asserções da ação do JI, no sentido de responder às
dimensões do planeamento da ação educativa, da organização do ambiente educativo,
da construção e desenvolvimento do currículo, do apoio integrado e especializado, da
avaliação dos processos e das aprendizagens, da intervenção do educador e da dinâmica
do estabelecimento educativo.
Dia 99 – Terça-feira, 22 de março de 2016
Cheguei à IGEC às 09:50. A formação iniciou às 10:00 e incidiu no tema:
Avaliação dos Contratos de Autonomia (ACA). A abertura da formação ficou a cargo
do Subinspetor-Geral que realçou que esta atividade se enquadra na atividade da
avaliação de escolas e decorre da atribuição e competência da IGEC consagradas na Lei
Orgânica, na Lei de Bases do Sistema Educativo e na Portaria n.º 265/2012,
fundamentada pela responsabilidade deste organismo na avaliação dos resultados dos
contratos de autonomia, no quadro das competências de AEE que lhes compete.
Continuando o discurso de abertura, o Dr. CM, inspetor da IGEC, explicitou que a
ACA é um vínculo jurídico que se estabelece para um fim comum e com figuras do
Estado, tratando-se no fundo de um acordo entre partes. Em contextualização à
atividade, refere que é uma política de educação centralizadora (modelo francófono),
sem tradição de uma escola dominada por uma comunidade local (anglo saxónica).
Menciona que temos vindo a assistir a um discurso a favor da descentralização e da
autonomia das escolas, e que na prática, o Estado não abdicou de uma parte da
regulação do sistema educativo. Em abordagem ao regime jurídico, Decreto-Lei n.º
43/89, de 3 de fevereiro, dá conta dos primeiros três artigos do diploma, informando que
este documento estabelece o regime da autonomia nas escolas dos 2.º e 3.º ciclos do
ensino básico e do ensino secundário. Dá continuidade, definindo que autonomia da
escola se refere à “capacidade de elaboração e realização de um projeto educativo em
benefício dos alunos e com a participação de todos os intervenientes no processo
educativo”. Para cimentar o conceito de autonomia definido nos vários regimes
jurídicos, apresenta o artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio, em que a
autonomia se define como “o poder reconhecido à escola pela administração educativa
de tomar decisões nos domínios estratégico, pedagógico, administrativo, financeiro e
organizacional (…)” e o artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, onde se lê
a autonomia como “a faculdade reconhecida ao agrupamento de escolas ou à escola não
agrupada pela lei e pela administração educativa de tomar decisões nos domínios da
organização pedagógica, da organização curricular, da gestão dos recursos humanos, da
ação social escolar e da gestão estratégica, patrimonial, administrativa e financeira, no
quadro das funções, competências e recursos que lhe estão atribuídos”. Enquadra
também o conceito de descentralização, sustentando-se no Decreto-Lei n.º 144/2008, de
28 de julho, que é um processo de atribuição de competências a pessoas coletivas
territoriais para além do Estado. Explora, neste âmbito, as inúmeras competências que
são atribuídas aos municípios e entidades intermunicipais, recorrendo ao Decreto-Lei n.º
30/2015, de 12 de setembro.
Incidindo, então, nos contratos de autonomia, recorreu ao regime de autonomia,
administração e gestão dos estabelecimentos públicos da EPE e dos ensino básico e
secundário (RAAG) para falar sobre os instrumentos de autonomia (artigo 9, alínea 3)
dizendo que o contrato de autonomia se estabelece como um instrumento de
desenvolvimento e aprofundamento dos níveis de autonomia atribuídos aos AE e às
escolas não agrupadas. Em relação ao desenvolvimento da autonomia, o inspetor citou o
artigo 56º, alínea 1, que refere que a “autonomia (…) desenvolve-se e aprofunda-se com
base na sua iniciativa e segundo um processo longo do qual lhe podem ser reconhecidos
diferentes níveis de competência e de responsabilidade, de acordo com a capacidade
demonstrada (…)”. Prossegue, na mesma linha de pensamento, verbalizando que o
contrato de autonomia é um acordo estabelecido entre a escola, o MEC e a câmara
municipal, sendo que pode abarcar outros intervenientes da comunidade, cujas
competências atribuídas ao estabelecimento educativo passam pela “gestão flexível do
currículo, oferta de cursos com planos curriculares próprios, gestão de um crédito global
de horas de serviço docente, adoção de normas próprias sobre horários, tempos letivos,
constituição de turmas ou grupos de alunos e ocupação de espaços e recrutamento e
seleção do pessoal docente e não docente, nos termos da legislação vigente, extensão
das áreas que integram os serviços técnicos e técnico-pedagógicos e as suas formas de
organização, gestão e execução do orçamento, através de uma afetação global de meios,
possibilidade de autofinanciamento e gestão de receitas que lhe são consignadas,
aquisição de bens e serviços e execução de obras, dentro de limites a definir e adoção de
uma cultura de avaliação nos da avaliação interna da escola, da avaliação dos
desempenhos docentes e da avaliação da aprendizagem dos alunos, orientada para a
melhoria da qualidade da prestação do serviço público de educação”. Menciona que é
um contrato que se aplica às escolas públicas de EPE e dos ensinos básico e secundário,
que expressem interesse em desenvolver uma maior autonomia a vários níveis.
Quanto aos requisitos, o inspetor refere que há quatro condições que as escolas
devem cumprir, como a aprovação pelo conselho geral de um plano de desenvolvimento
da autonomia, a exibição de um PE consolidado e coerente, a conclusão do
procedimento de avaliação externa e a utilização de mecanismos e práticas de
autoavaliação adequadas ao trabalho desenvolvido. A avaliação, incumbida à IGEC, é
fundamentada pelo progresso dos resultados escolares obtidos pelos alunos na avaliação
externa (e.g. provas e exames nacionais), pela eficácia na gestão dos recursos atribuídos
à escola, pelo conteúdo do relatório de evolução e pelo parecer da comissão de
acompanhamento do relatório. A este nível, a renovação dos contratos de autonomia,
pelo artigo 11º, alínea 1, e de acordo com o referido pelo inspetor, podem acontecer por
período semelhante ou desigual ao definido inicialmente, mas nunca inferior a um ano
escolar. No entanto, como induz na apresentação, a renovação dos contratos têm relação
direta com a avaliação do trabalho desenvolvido precedentemente, dependendo assim
do cumprimento dos objetivos expressos no PE, do cumprimento dos objetivos e planos
de ação e de outras atividades que advenham do contrato e do progresso dos resultados
dos alunos e do abandono escolar.
Posto isto, o Dr. H mencionou que construíram um roteiro em que têm vindo a
utilizá-lo em duas escolas numa fase piloto. A atividade que a IGEC já desenvolveu nas
escolas com contratos de autonomia foi discutida nesta formação, bem como os
objetivos que a fundamentam. Assim sendo, relataram que equacionam apreciar o
conteúdo de relatórios de progresso, bem como o parecer da comissão de
acompanhamento, em relação à adequação das medidas e dos procedimentos adotados
pelos estabelecimentos de ensino, face aos contratos de autonomia; identificar pontos
fortes e áreas de melhoria a partir da avaliação do desenvolvimento dos contratos de
autonomia; estimular uma atitude crítica e de autoquestionamento que aprofunde a
autonomia, assegure a equidade e promova a cidadania; a inclusão e o desenvolvimento
social, mediante a melhoria dos resultados escolares e a diminuição do abandono
escolar e contribuir para a regulação da educação, munindo os responsáveis pelas
políticas educativas e pela administração das escolas de informação pertinente.
Seguidamente, salientaram os documentos essenciais de apoio à ACA, como o
contrato de autonomia da escola, os dados da DGEEC (e.g. taxas de abandono escolar;
evolução do valor observado na escola face ao valor esperado); dados do Instituto de
Avaliação Educativa sobre a avaliação externa dos alunos da escola referente ao período
do contrato para comparar com médias contratualizadas e nacionais, pareceres da
comissão de acompanhamento sobre os relatórios anuais de progresso, o PE, o RI e
outros a identificar durante a intervenção na escola.
Por último equacionaram a metodologia a seguir: análise de documentação interna
à escola e dados solicitados a outras instâncias (e.g. DGEEC) e entrevistas a
intervenientes, como diretores, representantes da direção responsáveis pela execução do
contrato de autonomia, representantes da estrutura de acompanhamento e monitorização
da escola, da associação de pais e encarregados de educação e interlocutores diversos
(e.g. autarquias, parceiros e representantes de alunos).
Terminámos às 12:30. Saí às 13:00.
Reflexão pessoal
Foi uma formação muito útil do ponto de vista da da aquisição de conhecimentos
no âmbito da ACA. Constitui uma atividade piloto que está para ser consolidada no PA
da IGEC. Com uma configuração bastante diferente da AEE, assimilei os objetivos que
estão no cerne desta atividade e a importância dos intervenientes da IGEC nas escolas
para que possam analisar o cumprimento de um conjunto de formalidades inerentes à
elaboração do contrato e à sua monitorização.
Dia 100 – Terça-feira, 29 de março de 2016
Hoje cheguei às 10:10 à IGEC. Em cima da mesa de reuniões, encontrámos cerca
de nove lotes de questionários (Q3, Q4 e Q5) que estavam por tratar no sistema
informático. Estivemos, assim, durante a manhã a realizar a digitalização, classificação
e validação dos lotes dos AE que têm avaliação marcada para o mês de abril. Além
disso, estive a efetuar o ponto de situação com a Patrícia sobre o trabalho estatístico
solicitado pelas chefes de equipa da ATI Sul, no passado mês de fevereiro.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Com a chegada de questionários à IGEC, temos dado prioridade ao tratamento dos
lotes para que o tratamento estatísticos dos questionários chegue atempadamente às
equipas de avaliação. Como estive numa AEE, é de salientar que percebo melhor agora
a importância de tratar os questionários celeremente que constituem uma das bases da
interpelação dos inspetores no momento dos painéis.
Creio que amanhã poderei dar continuidade ao trabalho da ATI Sul, visando
terminá-lo em tempo mais útil para as chefes de equipa.
Dia 101 – Quarta-feira, 30 de março de 2016
Hoje cheguei à IGEC pelas 10:00. Contando que um dos objetivos de trabalho que
gizei para este dia de estágio seria dar continuidade ao trabalho estatístico, no que
concerne à análise de conteúdo dos questionários dos inspetores, estive durante parte da
manhã a desenvolver o documento da grelha de análise. Posteriormente, como deixámos
os questionários de cinco escolas por tratar estive, com as minhas colegas, a fazer a
digitalização e validação destes mesmos questionários. Devido a um erro do sistema de
tratamento, tivemos que digitalizar, uma vez mais, um lote Q4 para que o sistema
reconhecesse o lote digitalizado e fosse possível proceder à sua validação.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Hoje consegui aproveitar a manhã para avançar o trabalho estatístico no âmbito da
ATI Sul. Terminando a grelha de conteúdo, com a minha colega, procederei à redação
do relatório com a respetiva apresentação dos resultados estatísticos.
Dia 102 – Quinta-feira, 31 de março de 2016
Cheguei às 10:10 e dediquei toda a manhã à conclusão da grelha de análise de
conteúdo das últimas questões do questionário aplicado aos inspetores. Ainda consegui
adiantar parte da análise de conteúdo que espero terminar na segunda.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Terminar a grelha de análise de conteúdo ainda esta semana era um dos meus
objetivos de trabalho do estágio. Na segunda-feira pretendo terminar a descrição da
análise de conteúdo e dar início à redação do relatório conclusivo dos questionários.
Dia 103 – Segunda-feira,04 de abril de 2016
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:10, fui informada de que amanhã teríamos que
chegar ao estágio às 09:30 para recebermos o Senhor Ministro da Educação que estará
presente no edifício da IGEC. Recebemos, posteriormente, indicações da Dr.ª L para
contabilizarmos os questionários de sete AE que serão enviados no decorrer desta
semana. Parte da manhã foi dedicada à contabilização de questionários e seguidamente
dei continuidade ao trabalho da ATI Sul com a elaboração da análise da grelha de
conteúdo, juntamente com a minha colega Patrícia.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Não consegui terminar a análise da grelha de conteúdo pela necessidade de dar
resposta à expedição dos questionários de satisfação, o que tem vindo a acontecer nas
últimas semanas. No entanto, almejo terminar o referido trabalho ainda esta semana,
facultando os resultados às inspetoras chefes de equipa da ATI Sul o mais celeremente
possível.
Dia 104 – Terça-feira, 05 de abril de 2016
Hoje cheguei ao estágio às 09:15 e, enquanto aguardava a reunião com o Senhor
Ministro da Educação com os trabalhadores da EMEE e da Atividade Internacional, dei
continuidade à análise da grelha referente às respostas dos questionários dos inspetores.
Seguiu-se a reunião com o Senhor Ministro da Educação e com todos os
trabalhadores do quinto piso, incluindo o Sr. Inspetor-Geral da IGEC.. O Sr. Inspetor-
Geral iniciou a reunião apresentado o Sr. Ministro a todos os presentes e, passando a
palavra à Dr.ª L que, numa breve apresentação de contextualização do trabalho
desenvolvido, expôs primeiro os programas de Acompanhamento, Controlo e Avaliação
e, seguidamente, as atividades desenvolvidas em cada um dos programas. Também a
Dr.ª HC abordou, sucintamente, o funcionamento das EE e do trabalho efetuado no
âmbito internacional. O Sr. Ministro da Educação considerou importante esta
contextualização para consolidar, também, todo o trabalho que realiza diariamente no
âmbito da Educação.
Ainda consegui terminar a descrição da grelha de análise de conteúdo.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
A visita do Senhor Ministro da Educação constituiu-se um momento enriquecedor
pela abordagem realizada aos diversos programas da EMEE e ao trabalho da Atividade
Internacional. Além disso, o trabalho das estagiárias foi valorizado e enaltecido pela
Dr.ª L, e levado em conta pelo Sr. Ministro da Educação, o que nos deixou bastante
motivadas e empenhadas para continuar a desenvolver um bom trabalho que
(cor)responda às expectativas profissionais da IGEC.
Dia 105 – Quarta-feira, 06 de abril de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10 e comecei a manhã com a revisão da descrição da grelha
de análise de conteúdo realizada durante o dia de ontem. Seguidamente, eu e a minha
colega Patrícia, começámos a elaborar o relatório de análise dos resultados dos
questionários dos inspetores da ATI Sul. Estivemos a exportar os gráficos, realizados
precedentemente e a fazer a descrição dos resultados apresentados face: 1) às atividades
desenvolvidas na IGEC em 2015; 2) à correspondência da distribuição do serviço às
expectativas dos inspetores e 3) à correspondência das atividades desenvolvidas com as
expectativas de cada inspetor (individualmente).
Ainda estive a atualizar os diários de campo e a trabalhar no meu relatório de
estágio.
Saí pelas 17:00.
Reflexão Pessoal
A realização deste trabalho está a ser um desafio profissional muito satisfatório,
pois tem permitido colocar em prática competências na ordem da comunicação escrita,
da construção de instrumentos de análise de dados, da tomada de decisão em relação à
apresentação dos dados e à gestão do tempo.
Dia 106 – Quinta-feira, 07 de abril de 2016
Assim que cheguei à IGEC, às 10:30, estive, juntamente com as minhas colegas e a
pedido da Dr.ª L, a retificar o número de questionários dos AE que tinham sido
preparados esta semana, com expedição prevista para amanhã.
Seguidamente continuei a redação do relatório de análise dos questionários dos
inspetores, ainda referente aos gráficos, enquanto a Patrícia esteve a rever e a organizar
todo o texto de análise de conteúdo para juntarmos ao relatório. Pelas 13:30,
conseguimos terminar o relatório, faltando apenas organizar e rever o documento.
Durante a hora de almoço, a Dr.ª L reparou que estavam em falta os questionários
de oito escolas que deveriam sair com o lote de questionários das sete escolas que sairão
amanhã. Nesse sentido, estivemos a contabilizar os questionários e respetivos envelopes
das restantes oito escolas.
Foi, ainda, solicitado pelo Dr. H para realizarmos uma lista de tarefas
desenvolvidas que realizámos até ao dia de hoje .
Saímos pelas 15:00.
Reflexão Pessoal
Face à priorização de trabalho a desenvolver, atendendo primeiramente à
retificação e contabilização de questionários, a tarefa solicitada pelo Dr. H teve de ficar
adiada para a semana, bem como a entrega do relatório da ATI Sul.
Dia 107 – Terça-feira, 12 de abril de 2016
Hoje cheguei ao estágio às 10:10 e comecei pela verificação do meu email, visto
que a Dr.ª MP me tinha enviado, no dia precedente, o relatório da atividade do JI SCJ, a
IPSS que acompanhei no mês de março. Este relatório foi remetido à interlocutora da
atividade na ATI Sul que, por sua vez, procedeu à sua revisão, devolvendo-o às
inspetoras que intervencionaram a atividade. Foi-me referido, ainda, que o passo
seguinte será a correção das asserções apontadas para ser, uma vez mais devolvido à
interlocutora que procede às diligências precisas para o documento ser expedido ao JI
para posterior pronúncia.
Nesse sentido, estive a fazer a leitura e análise das correções apontadas, entendendo
quais as reformulações que foram salientadas pela interlocutora da atividade. Dediquei a
restante manhã ao trabalho de investigação acerca da atividade de acompanhamento dos
JI.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
O relatório não revelou muitas alterações em relação ao conteúdo exposto na
reunião com os intervenientes educativos do JI, pelo que a sua análise foi relativamente
fácil de realizar.
Dia 108 – Quarta-feira, 13 de abril de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:10 e estive, com a Patrícia, a rever todo o conteúdo do
relatório e a proceder à correção da grelha de análise de conteúdo, nalguns pontos de
análise, para entregar à Dr.ª FA amanhã.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Finalmente demos por concluído o relatório de análise dos questionários aplicados
aos inspetores em 2015 que incide, sobretudo, na avaliação qualitativa ao trabalho da
ATI Sul. Este trabalho resultou, assim, num documento extenso e bastante rico do ponto
de vista da informação que espelha o trabalho dos inspetores.
Dia 109 – Quinta-feira, 14 de abril de 2016
Quando cheguei à IGEC, às 10:15, fui diretamente imprimir o relatório de análise
dos questionários aplicados aos inspetores em 2015 e, acompanhada pela minha colega
Patrícia, fomos até ao 2.º andar ao encontro da Dr.ª FA para lhe entregar o documento,
informando também que os meses de abril e maio pertenciam à nossa colega Margarida
e que, sendo assim, este tinha sido o nosso último trabalho efetuado para a ATI Sul.
Estivemos, entretanto, a conversar com a Dr.ª FA sobre o nosso trabalho académico e
perspetivas do futuro, aquando do término do nosso estágio.
Posteriormente, quando voltei para o gabinete, estive a trabalhar no meu projeto de
investigação, conseguindo avançar um pouco mais para a análise de dados.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Apesar de não estarmos tão ligadas à ATI Sul como estamos à EMEE, foi
percetível a preocupação da Dr.ª FA em relação ao nosso percurso académico, em
termos do relatório de estágio, e também no que concerne às nossas opções futuras no
âmbito profissional.
Dia 110 – Segunda-feira, 18 de abril de 2016
Quando cheguei à IGEC, às 10:20, informaram-me que tinham chegado várias
caixas de questionários de AE que vão ser avaliados no mês de abril e maio.
Primeiramente, estivemos a elaborar o documento que listam as tarefas que
desenvolvemos, desde o mês de janeiro até abril para enviarmos ao Dr. H.
Posteriormente, dedicamo-nos à abertura das caixas dos questionários, abrindo
questionários de três AE.
Saí pelas 13:25.
Reflexão Pessoal
Tal como tem vindo a ser evidenciado até aqui, conforme as indicações da Dr.ª L,
estivemos atentas às datas de início das avaliações dos AE, priorizando as que têm
avaliação marcada para o final deste mês. A organização e o trabalho em equipa têm
vindo a revelar-se fulcrais na preparação e tratamento de questionários no âmbito da
AEE.
Dia 111 – Terça-feira, 19 de abril de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:10. Estive, com as minhas colegas, a fazer o tratamento
dos questionários de satisfação de quatro AE. Conseguimos ainda, entre as três, abrir
duas caixas de questionários para tratarmos amanhã de manhã no sistema.
Saí pelas 13:15.
Reflexão Pessoal
Com o volume de caixas de questionários a chegar à IGEC, torna-se necessário
(re)organizar o nosso trabalho, dividindo entre todas, as tarefas que nos são solicitadas:
a abertura de questionários e o seu tratamento no sistema.
Dia 112 – Quarta-feira, 20 de abril de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10. Realizámos o tratamento no sistema de mais quatro AE,
desta vez não por prioridades de avaliação, visto já faltarem poucas. Também fizemos a
digitalização e validação de aproximadamente 30 questionários (que chegaram
separadamente) de um agrupamento que tinha sido tratado ontem para depois a Dr.ª AG
juntar aos questionários já tratados. Procedemos, também, à abertura de uma caixa de
questionários que ainda se encontrava por abrir.
Empreguei o restante tempo na redação do relatório de estágio.
Saí pelas 13:20.
Reflexão Pessoal
Hoje foi um dia muito produtivo, pelo volume de questionários tratados no sistema.
Estamos já quase na reta final das avaliações e o balanço que faço deste trabalho até
aqui é bastante positivo, pelas aprendizagens realizadas e competências consolidadas.
Dia 113 – Quinta-feira, 21 de abril de 2016
Quando cheguei à IGEC, aproximadamente às 10:10, informaram-me que três lotes,
supostamente validados ontem, não tinham dado entrada no sistema, ficando assim
pendentes na classificação. Ao fazermos a digitalização dos lotes, entendemos que o
sistema estava novamente a reter os lotes na fase da classificação, reportando o erro
informático à Dr.ª L que ficou de resolver o assunto. Entretanto, juntamente com a Dr.ª
L, fizemos um ponto de situação sobre os AE que estavam tratados e o que ainda estava
por tratar, em relação à avaliação que se inicia no final da próxima semana.
Com o sistema em baixo, estive a trabalhar no meu relatório de estágio.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Temos de saber lidar com eventuais problemas que surjam no quotidiano
profissional e esta é uma das competências que tenho vindo a cimentar durante a
presença no estágio com o trabalho contínuo do tratamento dos questionários de
satisfação.
Dia 114 – Terça-feira, 26 de abril de 2016
Cheguei às 10:05 à IGEC e fui informada pelo Dr. H que deveríamos continuar o
trabalho da digitalização dos questionários. Fizemos, nesse sentido, a digitalização de
um AE que a avaliação está prevista iniciar esta semana e de outro agrupamento que
inicia na primeira semana de maio.
Utilizei o restante tempo para trabalhar no relatório de estágio.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Como estivemos ausentes da IGEC na sexta-feira passada, não tínhamos
informação se além dos questionários dos AE tratados, havia mais lotes digitalizados e
validados. Não quisemos incorrer ao tratamento de questionários de AE que já tivessem
passado pelo sistema para não duplicar os lotes e, por isso, mesmo digitalizámos apenas
dois AE.
Dia 115 – Quarta-feira, 27 de abril de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:10 e estive a dar continuidade ao tratamento dos
questionários de quatro AE. Informaram-nos, também, que os lotes de um agrupamento
do Centro deveriam ser novamente tratados no sistema e, nesse sentido, concluímos a
digitalização e validação desses dois lotes de questionários – o Q3 e o Q4.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Estamos quase a concluir definitivamente a atividade de tratamento de
questionários, faltando apenas digitalizar e validar um AE que deixámos para tratar
amanhã.
Dia 116 – Quinta-feira, 28 de abril de 2016
Assim que cheguei à IGEC pelas 10:15 estive a digitalizar e validar o último AE da
avaliação externa, com as minhas colegas, concluindo definitivamente a atividade de
preparação e tratamento dos questionários de satisfação.
Às 11:00, reunimos com o Dr. H para fazer um ponto de situação acerca do
trabalho realizado do relatório de estágio e conversarmos um pouco sobre a próxima
tarefa que vamos concretizar. O Dr. H incumbiu-nos, assim, de realizar a planificação
da sua agenda de trabalho referente à Inspeção da Secção Linguística das EE,
mencionando as diretrizes de organização que deveríamos seguir, em relação aos
intervenientes e à duração das reuniões de trabalho e, ainda, ao tempo de deslocação
para as escolas.
Como fomos convidadas a assistir a uma das entrevistas de seleção de um docente
de Matemática para a EE de Bruxelas, saímos pelas 12:30 para almoçar, retornando
pelas 14:00, hora marcada com a Dr.ª HC.
Já na sala de reuniões da EMEE, estavam presentes a Dr.ª CB, o Dr. LP e a Dr.ª
HC que iniciou o processo de escolha, enquadrando o âmbito da sua realização: a
seleção de um docente para ocupar um lugar na EE.
As questões colocadas à entrevistada pela Dr.ª HC direcionaram-se para: as razões
que motivaram a entrevistada a candidatar-se à vaga de docente da EE de Bruxelas; as
suas considerações acerca do que pode proporcionar às EE, do ponto de vista dos seus
conhecimentos e competências; o que espera receber em troca das EE e o que significa
para a entrevistada ensinar a área disciplinar de matemática e, mais concretamente,
como consegue fazer os seus alunos aprender matemática. Foram apresentadas, em
seguida, algumas situações hipotéticas para que entrevistada candidata desenvolvesse
um pouco mais o seu ponto de vista: a) acreditando que a entrevistada seria escolhida
para integrar o quadro de docentes e tendo em conta que a EE é uma escola onde se
encontram muitas culturas e tradições bastante diversificadas, questionaram como seria
a sua postura e modo de atuação perante este cenário diversificado de culturas, bem
como a sua atuação com os pais, direção e outros órgãos; b) se recebesse uma turma
para lecionar que tivesse problemas comportamentais com alunos lideres e com baixo
aproveitamento escolar, como atuaria face a esta turma.
A entrevista prossegue com o Dr. LP para aferir o domínio da matemática,
competindo-lhe verificar os conhecimentos científicos, com recorrência ao currículo da
entrevistada. Nesse sentido, começou por explorar o seu percurso profissional,
entendendo se no seu percurso como professora lecionou turmas de ensino regular, uma
vez que falou bastante da sua experiência com as turmas do ensino profissional.
Também falou sobre um programa de formação em que participa (projeto profissional) e
da sua carreira de docente do ensino superior.
Concretamente, em relação à docência no ensino secundário, procurou-se entender
se a entrevistada leva alunos aos exames nacionais com bons resultados, de que forma
difunde aos alunos que a matemática está refletida no nosso quotidiano, se tem presente
os conteúdos de matemática lecionados nas EE e se conhece os programas da
matemática da EE. Decorrente da última questão, o entrevistador solicitou à professora
exemplos (diários que utilizaria para transmitir a matéria e cativar e captar a atenção do
alunos) de como introduziria duas matérias específicas, neste caso em particular, a
matéria da integração e da função exponencial.
Já quase no final da segunda parte da entrevista, o inspetor solicitou à professora
que, em breves palavras, convencesse os presentes de que é a pessoa indicada para se
integrar na EE e que domina os conteúdos da matemática lecionada na EE.
Por fim, a Dr.ª CB iniciou a conversação em Francês acerca do seu Projeto da
Música, pedindo-lhe também que se apresentasse em francês.
Saí pelas 15:00.
Reflexão Pessoal
Hoje assisti a uma entrevista de seleção que se revelou muito interessante pela
possibilidade de compreender o processo subjacente à condução da escolha de um
docente para uma EE. Além disso, assimilei as questões que os inspetores consideraram
mais relevantes, o que me permitiu também obter uma perspetiva dos requisitos fulcrais
para a ocupação deste lugar.
Dia 117 – Segunda-feira, 02 de maio de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:10 e estive a atualizar os DC. Combinámos que amanhã
daríamos início à tarefa de apresentação de propostas de planeamento da agenda de
trabalho do Dr. H, para hoje adiantarmos mais o nosso relatório de estágio. Foi-nos
proposto, ainda, assistirmos à defesa do relatório de estágio de uma colega que estagiou
na IGEC no ano passado.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Com a conclusão da tarefa de preparação e tratamento de questionários de
satisfação, permite-nos, por um lado, dar continuidade ao relatório de estágio e, por
outro lado, iniciar novas tarefas para aprofundar conhecimentos e competências de
trabalho a vários níveis.
Dia 118 – Terça-feira, 03 de maio de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:10 e iniciei, juntamente com as minhas colegas, a tarefa
solicitada pelo Dr. H: planificação da inspeção à secção linguística das EE de Bruxelas
II e Luxemburgo I. Hoje planificámos apenas os dois primeiros dias de inspeção
conducente à EE de Bruxelas. Como tínhamos algumas dúvidas em relação ao tempo de
permanência em cada aula, enviámos um email ao Dr. H para nos ser esclarecida esta
dúvida. Deixámos, assim, em aberto toda a planificação para eventuais modificações.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Conjugar todos os horários dos professores com as indicações determinadas pelo
Dr. H revelou-se um ótimo exercício de organização e planeamento de ações de
trabalho.
Dia 119 – Quarta-feira, 04 de maio de 2016
Cheguei à IGEC às 10:05 e comecei por verificar o email para verificar a resposta
do Dr. H à dúvida anteriormente exposta. Entendemos pelo email que o tempo de
permanência em cada aula deveria ser de pelo menos meia hora, e por isso mesmo,
tivemos que retificar as horas de observação de aulas, reorganizando a agenda para que
fosse possível assistir a uma aula de cada professor dentro do tempo estabelecido.
Tivemos tempo para concluir o planeamento dos restantes dois dias de inspeção.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Durante a organização destes dias de inspeção, defrontámo-nos com algumas
adversidades, nomeadamente em relação à difícil articulação dos horários das aulas com
os momentos de observação de 30 minutos solicitados pelo Dr. H. As adversidades
incidiram essencialmente na impossibilidade de observação de uma aula de todos os
professores em Bruxelas II durante os 30 minutos.
Dia 120 – Quinta-feira, 05 de maio de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10 e, durante parte da manhã, estive dedicada à
reformulação do guião da entrevista que irei realizar na próxima semana.
Posteriormente, e em conjunto com as minhas colegas, estivemos a elaborar o plano de
trabalho das inspeções europeias no Word para enviar ao Dr. H, com o intuito de
recebermos feedback do planeamento realizado.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Concretizámos o trabalho da planificação das inspeções, muito antes do dia que nos
foi proposto entregar. É importante quando percebemos que o trabalho em equipa se
estabelece como uma condição fundamental para o desenvolvimento atempado e bem-
sucedido de atividades profissionais, como a planificação da inspeção à secção
linguística das EE de Bruxelas II e Luxemburgo I.
Dia 121 – Sexta-feira, 06 de maio de 2016
Cheguei à IGEC às 09:50 para assistir a duas entrevistas de seleção de um docente
de geografia para lecionar em Inglês na EE de Luxemburgo. A primeira entrevista tem
início às 10:00 e a segunda entrevista às 11:00 com a presença do Dr. H, da Dr.ª IB e da
Dr.ª HC, sendo que não faço distinção entre entrevistas visto o conteúdo das perguntas
ser praticamente o mesmo para as duas entrevistas.
As primeiras questões colocadas pela Dr.ª HC aos entrevistados incidiram, em
primeiro lugar, nos motivos das suas candidaturas à EE de Luxemburgo e, em segundo
lugar, no que significa para os entrevistados ensinar geografia e, mais concretamente,
como motivam os seus alunos para aprender a disciplina de geografia.
A Dr.ª HC continuou proferindo que, tal como o programa de história, a geografia
também tem um programa amplo, como é que se veicula a uma sala que tem várias
nacionalidades, com culturas muito distintas, e que se ensina em Inglês. Procurou saber
de que forma é que os professores vão encontro das várias nacionalidades e das questões
culturais de cada aluno individualmente. Incidindo na relação com os professores, a Dr.ª
HC questionou como seria a integração dos docentes num grupo de professores que
comunicam em inglês, mas que lecionam noutras línguas, para trabalharem métodos de
trabalho e questões pedagógicas, dando como exemplo os elementos de avaliação. Ao
terceiro entrevistado. Perguntaram, também, como seria a sua integração numa turma
heterogénea culturalmente, visando alcançar a homogeneidade no ensino da geografia.
Em relação à área disciplinar de geografia, procurou-se compreender diferentes
dimensões: 1) a sua análise crítica ao programa de geografia da EE; 2) as modificações
que se aplicariam ao programa (tendo em conta o programa português e o programa das
EE); 3) a sua opinião em relação aos princípios didáticos da EE; 4) as diferenças nos
princípios didáticos em comparação ao programa de geografia português e das EE; 5)
promoção das novas tecnologias em sala de aula; 6) as estratégias utilizadas no 9.º e 12.º
anos; 6) o modo de desenvolvimento de um mapa topógrafo (dado que nos objetivos de
aprendizagem apela-se à utilização e criação de mapas); 7) a opinião sobre se as novas
tecnologias substituem a utilização de mapas em papel; 8) a opinião sobre como é que
promoveria a utilização e criação de instrumentos com as novas tecnologias; 9) a
explicitação, atendendo a um tema do programa da EE, de como construiria as sessões
de aula (estratégias de diferenciação pedagógicas utilizadas e formas de avaliação); 10)
a explanação da avaliação formativa no contexto de trabalho dos docentes; 11) o
comentário à prova final do programa da EE; 12) a enumeração de reformulações que
faria se estivesse no grupo de docentes, responsabilizado pela criação da prova e 13) as
dificuldades de inserção no grupo.
O momento que se seguiu foi totalmente dirigido em inglês para aferir o nível de
conhecimentos da língua exigida. Nesse sentido, ambos os entrevistados falaram do
nível de Inglês, da confortabilidade em falar com outras pessoas e do local onde
aprenderam a falar a língua. Num caso concreto, solicitou-se aos entrevistados que
imaginassem o seu primeiro dia em Luxemburgo na escola, apresentando aspetos
pessoais e profissionais aos presentes. Por fim, noutra situação concreta, pediu-se que
imaginassem palavras/conceitos-chave e materiais de trabalho que utilizariam na
exploração do primeiro tema – as energias renováveis.
Saímos pelas 12:00.
Reflexão Pessoal
Assistir às duas entrevistas, no âmbito do processo de seleção de um docente de
geografia para a EE, fez-me refletir que estas entrevistas tiveram contornos um pouco
diferentes da entrevista da semana passada. Na minha opinião, a exigência dos
inspetores nestas duas entrevistas revelou-se muito mais, pela importância de escolher
um docente que demonstrasse necessariamente fluência em Inglês, dado que esta vaga
refere-se à seleção de um docente que irá lecionar em Inglês.
Dia 122 – Terça-feira, 10 de maio de 2016
Hoje, a convite da Dr.ª L, pelas 10:00, fui assistir às provas de mestrado de uma
colega que esteve a estagiar na Inspeção no ano passado. O relatório de estágio intitula-
se “Inspeção-Geral da Educação e Ciência e a Avaliação de Escolas: o caso da
autoavaliação de um agrupamento de escolas – um olhar a partir de quem avalia e de
quem é avaliado” e incidiu, precisamente, num estudo sobre os processos de
autoavaliação de uma escola que foi alvo de avaliação externa em 2015.
Reflexão Pessoal
Penso que é bastante importante assistir aos testemunhos das colegas dos estágios
anteriores, não só pela oportunidade de conhecer o seu percurso curricular, mas também
atentar ao conhecimento e experiências adquiridas que são sempre uma mais-valia para
nossa reflexão.
Dia 123 – Quarta-feira, 11 de maio de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:00 e dediquei a manhã inteira ao meu trabalho do
relatório de estágio.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
Considero que o dia de hoje foi muito bem aproveitado, permitindo estar mais
direcionada para o relatório de estágio.
Dia 124 – Quinta-feira, 12 de maio de 2016
Hoje cheguei à Inspeção às 10:15 e verifiquei que tínhamos recebido um email do
Dr. H a informar-nos da forçada alteração das datas de inspeção às EE. Nesse sentido,
aproveitando o planeamento já realizado para as anteriores datas, procedemos apenas à
alteração de alguns pormenores que interferiam com os dias da inspeção. Enviámos ao
Dr. H a segunda versão do trabalho para recebermos, mais tarde, feedback da
planificação.
Também nos informaram que vamos participar na elaboração de um capítulo do
relatório global da AEE de 2014/2015, disponibilizando-nos desde já os documentos
necessários para segunda-feira darmos início a esta atividade.
Saí pelas 13:20.
Reflexão Pessoal
A elaboração do capítulo “Avaliação do Processo pelas escolas e pelos avaliadores”
do Relatório Global da atividade de AEE do ano letivo 2014/2015 será, muito
provavelmente a última atividade desenvolvida no estágio. Percebi que é uma atividade
morosa, pelo que segunda-feira começarei a ler os documentos necessários à sua
realização.
Dia 125 - Segunda-feira, 16 de maio de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:15 e, inicialmente, estive a analisar os documentos
disponibilizados pela Dr.ª L para começarmos a desenvolver o capítulo da AEE sobre a
opinião das escolas e dos avaliadores. Essencialmente, para me inteirar do conteúdo do
relatório, li o capítulo redigido pelas colegas anteriores e também os comentários
referentes à AEE de 2014-2015.
Sai pelas 14:20.
Reflexão Pessoal
Das leituras mobilizadas hoje, compreendi que o conteúdo do relatório se refere à
apreciação do processo de AEE pelas escolas e pelos inspetores, tendo por base dois
questionários que avaliam o decurso da avaliação externa (e.g. metodologia, duração da
visita, o quadro de referência, entre outros elementos).
Dia 126 – Terça-feira, 17 de maio de 2016
Quando cheguei à IGEC, pelas 10:00, comecei por fazer a organização dos
comentários das escolas e dos avaliadores, juntamente com as minhas colegas. Para esse
efeito, a Dr.ª L entregou-nos os questionários utilizados na recolha de dados para que a
organização das respostas fosse mais fácil de concretizar. Posteriormente, estivemos a
fazer a distribuição da análise dos gráficos, possibilitando, desta forma, a participação
de todas as estagiárias no processo de elaboração do capítulo.
Saí pelas 13:00.
Reflexão Pessoal
A concretização desta tarefa está a ser bastante desafiadora, pela possibilidade de
intervir no processo de elaboração de um relatório da IGEC. Dado o volume de trabalho
que nos foi atribuído, decidimos dividir o trabalho, procedendo à distribuição dos
gráficos de análise. Foi uma metodologia adotada também para que inicialmente nos
seja permitido desenvolver momentos de trabalho mais individualizados e,
posteriormente, quando estivermos na fase de conclusão, analisarmos em grupo.
Dia 127 – Quarta-feira, 18 de maio de 2016
Hoje cheguei às 10:30 à IGEC e dei início à elaboração do capítulo, no que respeita
à descrição dos gráficos que me foram atribuídos.
Saí pelas 13:30.
Reflexão Pessoal
Considero que a redação deste capítulo está a ser uma grande responsabilidade e
uma ótima oportunidade para assimilar, à medida que vou redigindo, as várias opiniões
dos intervenientes em relação ao processo de AEE.
Dia 128 – Quinta-feira, 19 de maio de 2016
Cheguei à IGEC às 10:10. Dei continuidade ao trabalho da redação do capítulo,
procedendo já a análise das respostas dos avaliadores em relação aos novos
referentes/campos de análise que estes consideram importantes nos domínios da
avaliação externa.
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
Hoje tive contacto com as respostas dos avaliadores em relação aos novos campos
de análise enumerados, o que requer bastante capacidade de síntese e de agregação de
informação, numa análise cuidada, para que o relatório reflita as ideias apontadas pelos
avaliadores.
Dia 129 – Segunda-feira, 23 de maio de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:15 e estive dedicada à continuação da elaboração do
capítulo da AEE. Estive, também, reunida com a Dr.ª L e com o Dr. H para discutir
alguns pormenores do meu relatório de estágio.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Este trabalho tem vindo a revelar-se muito moroso, pela quantidade de informação
qualitativa e quantitativa que é necessário mobilizar para cada item de análise.
Dia 130 – Terça-feira, 24 de maio de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:05. Como ainda estou envolvida na elaboração do
capítulo, estive toda a manhã a fazer a descrição dos gráficos que ainda estão em falta.
Saí pelas 13:05.
Reflexão Pessoal
Faltam apenas três dias de estágio, pelo que prevejo acabar na segunda-feira ou
terça-feira a minha parte do trabalho com a conclusão dos aspetos a melhorar neste
modelo de AEE apresentados pelos avaliadores.
Dia 131 – Quarta-feira, 25 de maio de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:15 e estive a concluir a descrição dos últimos gráficos
do trabalho.
Falámos ainda com a Dr.ª L que nos disse que poderíamos entregar o capítulo do
relatório global depois da avaliação externa da Margarida que se realizará na primeira
semana de junho.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
Terminada a descrição dos gráficos, segunda-feira começo a análise dos vários
aspetos apontados pelos avaliadores, no que concerne aos aspetos a melhorar no modelo
de AEE.
Dia 132 – Segunda-feira, 30 de maio de 2016
Cheguei à IGEC pelas 10:10 e comecei logo a tratar de analisar as respostas dos
avaliadores em relação aos aspetos a melhorar no modelo de AEE. Para tal, procedi à
criação de uma grelha de análise de conteúdo, no sentido de categorizar as informações
contidas nas respostas destes intervenientes. Terminei a grelha, não conseguindo hoje
redigir o último ponto do capítulo.
Saí pelas 13:10.
Reflexão Pessoal
A grelha de análise de conteúdo foi uma estratégia que adotei para analisar a
quantidade de informação que possuía das respostas dos avaliadores. Considero que me
vai ajudar na elaboração da última parte do relatório global.
Dia 133 – Terça-feira, 31 de maio de 2016
Hoje cheguei à IGEC às 10:00. Tracei dois objetivos de trabalho para hoje: 1)
terminar a redação do capítulo da parte da manhã e 2) rever o capítulo e proceder aos
ajustes necessários da parte da tarde. Apesar da data de entrega não ser neste último dia
de estágio, quis deixar a minha parte do trabalho concluída. Por isso, durante a manhã,
estive concentrada a sintetizar a informação categorizada no documento criado
precedentemente e a redigir os pontos a melhorar no modelo de AEE, ao todo 11
aspetos. Da parte da tarde, estive a rever o documento elaborado e a retificar alguns
pontos do relatório.
Saí pelas 16:30.
Reflexão Pessoal
Como último dia de estágio, cabe-me realizar um sucinto balanço do trabalho
desenvolvido na IGEC. Todas as tarefas desenvolvidas contribuíram, sem dúvida, para
o aprofundamento de conhecimentos e aquisição de competências que se revelarão, com
certeza, essenciais para o meu futuro profissional. Também a experiência de
acompanhar várias intervenções no terreno foi única e muito rica em contextos de
aprendizagem. Os coordenadores de estágio foram incansáveis durante o nosso percurso
na IGEC, num acompanhamento permanente e apoio notável em todas as atividades
realizadas na organização. Por último, destaco o todos os profissionais da IGEC com
quem tive o prazer de contactar e que contribuíram direta e/ou indiretamente para o meu
desenvolvimento pessoal e profissional.
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