a unidade cristã e o reavivamento do corpo de cristo
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A unidAde Cristã e o reAvivAmento do
Corpo de Cristo
São Paulo, 2013
TOMMY TENNEY
A unidAde Cristã e o reAvivAmento do
Corpo de Cristo
© Copyright 1999 by GODCHASERS.NETWORKOriginally published in the USA by Regal Books,
A Division of Gospel Light Publications, INC.Ventura, CA 93006 U.S.A.
All rights reservedCopyright © 2013 by Novo Século
Coordenação editorial Equipe Novo Século diagramação Schäffer Editorial Capa Monalisa Morato tradução Carina Martins preparação Matheus Perez revisão Hideide Torres
texto de aCordo Com as normas do novo aCordo ortográfiCo da língua portuguesa (deCreto legislativo no 54, de 1995)
dados internaCionais de Catalogação na publiCação (Cip)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Tenney, Tommy
A unidade Cristã e o reavivamento do corpo de Cristo / Tommy Tenney; [tradução Carina Martins]. -- Barueri, SP : Ágape, 2013.
Título original: God`s dream team
Bibliografia.
1. Igreja - Unidade I. Título.
13-03543 Cdd-262.72
Índices para catálogo sistemático:1. Igreja : Unidade : Religião cristã 280.4092
2. Unidade da igreja : Religião cristã 280.4092
2013IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZILDIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À
NOVO SÉCULO EDITORA LTDA.CEA – Centro Empresarial Araguaia IIAlameda Araguaia, 2190 – 11o andar
Bloco A – Conjunto 1111CEP 06455-000 – Alphaville Industrial – SP
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SUMÁRIO
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9por Elmer L. Towns
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11por Tommy Barnett
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Capítulo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17A unidade Cristã e o reavivamento do corpo de Cristo: a única oração não atendida de Jesus Cristo
Capítulo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Resultados da desunião: cristãos podres e bebês mortos
Capítulo 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49Unidade, não uniformidade: harmonia, não uníssono
Capítulo 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61A receita para unidade – chaves para desenvolver uma unidade
baseada no serviço – o ventre da unidade
Capítulo 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79Níveis de unidade: blocos de construção do desígnio divino
Capítulo 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93Preservação da unidade: não mate o bebê! Sem brigas no banco de trás
Capítulo 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102Os inimigos da unidade: raça, status econômico, cultura, educação e origem
Capítulo 8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119O potencial sobrenatural da unidade: o que Deus dizsobre a unidade e seus poderes
Capítulo 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127O catalisador para o renascimento: em busca do ingrediente perdido
Apêndice A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137O pacto de Baltimore: uma declaração de dependência
Apêndice B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143O pacto do mantenedor do sonho
Apêndice C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147A oração do mantenedor do sonho
Este livro é dedicado ao primeiro
“Sonhador” – Deus – e àquela parte
de Seu sonho que Ele plantou em Seus
filhos. Mantenham esse sonho vivo!
Este livro é dedicado também à minha
família, tanto a meus familiares diretos
quanto à família estendida. A família é
o que nos força a viver como pregamos.
Casamentos são “construídos”; famílias
são “conservadas”; preservar uma
unidade envolve “laços” ou correntes de
paz. Minha querida esposa e meus filhos
muitas vezes têm “construído” mais
unidade do que eu. Eu sou impetuoso,
enquanto eles são pacientes – e, por isso,
eu sou grato.
Minha família estendida nem sempre
concorda comigo. Eles também
“mantêm” a família unida por meio da
graça. Estamos “ligados” para sempre.
Esses são os laboratórios onde observei
o que o Mestre estava tentando me
ensinar. Espero que possamos viver o
suficiente para ver Seu sonho se realizar.
PREFÁCIO
P O R E L M E R L . T O W N S
Afalta de unidade na Igreja é uma das razões por que não temos visto um reavivamento nos Estados Uni- dos nos últimos anos, de acordo com o novo livro de
Tommy Tenney, A unidade Cristã e o reavivamento do corpo de Cristo.
Apesar de esse renascimento ser prejudicado pelo pecado, pela
falta de oração e pela recusa do povo de Deus em se arrepender,
Tenney identifica a falta de união dentro do Corpo de Cristo
como um dos maiores impedimentos às bênçãos de Deus e ao
grande reavivamento. Este livro é um clamor por unidade no
Corpo de Cristo. Ele ga- rante que recompensas espirituais es-
tarão nos esperando se nós, como Igreja, realizarmos o único
pedido de Jesus que nunca foi atendido – “que eles sejam um”.
Faça questão de ler o livro inteiro, porque alguns dos me-
lhores capítulos estão no final. Na conclusão, Tenney apresen-
ta o Pacto de Baltimore e como cem pastores se reuniram em
Baltimore, Maryland, para compactuar em favor do amor, do
PREFÁCIO10
respeito e do trabalho pela unidade, a fim de gerar um reaviva- mento em sua cidade. Depois de ler o Pacto de Baltimore, você vai entender o poder da proposta deste livro e, talvez, também queira fazer algum tipo de pacto em sua comunidade.
Tenney oferece ainda outra ideia inovadora em um capítulo que desafia os ministros a pastorearem suas cidades. Enquan- to a maioria dos líderes acredita que deve conduzir apenas suas igrejas, Tenney defende que é impossível ter um impacto real na comunidade a menos que os horizontes sejam expandidos e a cidade inteira seja vista como parte da congregação. Obviamen- te, isso não significa roubar ovelhas de outros pastores, mas os ministros devem ser apaixonados pelo ato de orar e pregar para as pessoas da cidade toda. Quando fizerem isto, estarão criando as bases para um reavivamento.
Finalmente, Tenney oferece uma perspectiva única sobre as várias formas de unidade. Ele sugere que, primeiro, deve haver unidade individual (o indivíduo deve estar em paz consigo mes- mo), para que só então possa haver unidade na Igreja. Tenney então expande esse raciocínio ao explorar a natureza da unidade familiar, da igreja local e da comunidade como base para a uni- dade completa da Igreja.
Eu tenho duas súplicas a fazer por este livro. Primeiro, que os leitores sejam inspirados pelo Espírito Santo a buscarem com paixão a unidade em suas igrejas, e assim sejam motivados a fa- zer com que ela aconteça. Meu segundo pedido é pelo reaviva- mento do Corpo de Cristo, e que nós permitamos que ele acon- teça ao experimentarmos a unidade cristã.
PREFÁCIO
P O R T O M M Y B A R N E T T
Construir um Dream Center1 exige um time dos sonhos – gente que acredita no trabalho em prol do amor e da uni- dade. Não é uma tarefa fácil. Eu sei quanto esforço é neces-
sário para trazer unidade a uma comunidade disfuncional, por-que já construí grandes ministérios em cidades como Los An-geles e Phoe- nix; eu entendo como megaministérios requerem megaunidade.
Em A unidade Cristã e o reavivamento do corpo de Cristo, Tommy Tenney descobriu o mapa para a unidade cristã – os planos e de-sígnios de Deus –, que podem ser encontrados na apaixonada ora-ção sacerdotal feita por Jesus em João 17. Este é um livro que cria
1 O Dream Center é um ministério da Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular (uma denominação evangélica pentecostal) liderada por Tommy Barnett e seu filho, Matthew Barnett. As reuniões dessa igreja acontecem numa região central de Los An- geles, que é uma parte muito degradada da cidade. A igreja possui amplos programas de apoio à comunidade, para garantir, saúde, moradia, alimentação e educação para a população local. São conhecidos por atender a viciados em drogas, pessoas com HIV, mães solteiras, moradores de rua, ex-presidiários etc. Seu página oficial na internet é http://www.dreamcenter.org/.
PREFÁCIO12
unidade no caos ao nos mostrar como podemos unificar o Corpo de Cristo. Responder à maior súplica de Jesus deve ser a priorida-de máxi- ma da Igreja hoje – “que eles sejam um”.
Ao construir igrejas Dream Center em Los Angeles, Cali- fórnia, e Scottsdale, Arizona, aprendi que a liderança servil é o modelo que transforma comunidades. A atitude de Jesus ao la-var pés surte mais efeito do que a de Pedro ao cortar a orelha do servo do sumo sacerdote no Getsêmani. A unidade Cristã e o rea-vivamento do corpo de Cristo nos mostra como seguir esse exemplo – este livro fornece as chaves para trancar a desarmonia e libertar a unidade da Igreja. Só o capítulo cinco tem cinco chaves que podem levá-lo a níveis de unidade mais profundos do que você imagina em sua vida e igreja.
Deus tem nos chamado para Seu time campeão há dois mil anos. Agora é a hora de se inscrever e fazer parte dele. Agora é a hora de responder ao pedido não realizado de Jesus para que fôssemos um Nele. Agora é a hora de aceitar esse plano para o futuro e entrar no campo deste mundo com o desejo de vencer para o Seu Reino.
INTRODUÇÃO
Assim como meus pais e meus avós antes de mim, eu de- diquei minha vida ao ministério. Os pais de minha mãe abriram igrejas por todo o sul dos Estados Unidos, che-
gando até o Alasca. Pioneiros da mensagem de Deus, continuaram
a ser ministros produtivos mesmo durante sua velhice. Meus pais
eram pastores e, depois, assumiram responsabilidades administra-
tivas dentro de suas denominações, o que os levou – e também a
mim e à minha irmã – a igrejas de todos os Estados Unidos e tam-
bém do exterior. Meu pai atualmente supervisiona 750 pastores.
Meu ministério começou aos 16 anos. Servi como pastor
por quase 10 anos, viajei pelo mundo como evangelista por mais
outros 17 e também participei de atividades administrativas e
editoriais. Essas experiências me proporcionaram ver a Igreja em
vários níveis diferentes de crescimento e desenvolvimento.
Eu vi o melhor e o pior. Vi a destruição do inimigo e teste-
munhei o poder de cura do Espírito de Deus. De catedrais dou-
INTR ODUçÃO14
radas a humildes cabanas de palha com chão de terra batida, de coliseus a salas de 12 metros quadrados, o Senhor graciosa- mente me permitiu ver uma parte do que Ele opera nas vidas de pessoas ao redor do mundo hoje.
É como se houvesse um toque de clarim vindo direto do céu: Deus está chamando Sua Igreja a se unir. Pelo bem do mundo, Ele quer que sejamos um.
Os cristãos compartilham crenças em comum, como a sal- vação pela fé em Cristo, a inspiração divina e autoridade das Es- crituras, a divindade de Jesus Cristo e a trindade de Deus; mas estamos divididos sobre como trabalhar juntos. Relutamos em coordenar nossos recursos físicos e espirituais e isto enfraquece nossa habilidade de alcançar cidades e nações para Cristo. Deus quer que caminhemos rumo ao tipo de unidade que nos atraia uns aos outros em Seu nome para trabalhar lado a lado alcan-çando o perdido e ajudando os pobres.
Se você é cristão – independentemente de sua denomina-ção, origem, etnia, idade ou sexo – Deus o está chamando para a unidade. Ele quer ser um com você – e deseja que sejamos um uns com os outros.
Mark Twain disse, certa vez: “Todo mundo fala do tempo, mas ninguém faz nada a respeito”. Todos no Corpo de Cristo falam sobre unidade, mas muito pouco é realmente “feito” para criá-la. Quando senti que Deus estava falando comigo sobre esse assunto, há alguns anos, pude ouvi-Lo sussurrando uma receita simples para criar e manter a unidade do Corpo.
Este livro é o resultado disso. Eu quero ver Seu sonho tor- nar-se realidade – Sua oração atendida. Ajude-me, ajude-nos, ajude-O. A unidade é o pedido de oração de Deus, e é o único pedido que nós, como Igreja, temos capacidade de responder.
O Salmo 122:6 pede que oremos pela paz de Jerusalém. Em tempos de turbulência e inquietação no Oriente Médio, é ten-
INTR ODUçÃO 15
tador interpretar “a paz de Jerusalém” apenas em seu sentido literal. No entanto, como é comum nas Escrituras, existe ainda outro nível de significado. Jerusalém, na Bíblia, é frequentemente uma referência à Igreja (ver Gálatas 4:26). A paz em Jerusalém e na Igreja virão somente quando houver unidade – tanto natural quanto espiritual. Ore pela paz – Jesus orou.
Nada me desanima mais do que a falta de unidade e o domí- nio da desunião na Igreja. São o suficiente para partir meu cora-ção – e eu sou apenas mais um irmão. Con certeza, esses fatores já partiram o coração do Pai.
O “jogo” que está sendo disputado hoje no mundo tem sé- rias consequências para a Igreja – as almas perdidas de homens e mulheres. Nosso “Técnico” está pedindo para que ajamos em união, para que possamos ganhar essas almas para Ele. Somente quando nos tornarmos um e agirmos em unidade, como Jesus pediu, provaremos que somos imbatíveis, implacáveis e invencí- ves na tarefa de derrubar dos portões do inferno.
Já é hora de nós, a Igreja, atendermos a única oração não respondida de Jesus – para que nos tornássemos um.
Tommy Tenney
A unidAde Cristã e o
reAvivAmento do Corpo de
Cristo A Ú N I C A O R A Ç Ã O N Ã O
A T E N D I D A D E J E S U S C R I S T O
1
CAPÍTULO 118
Sonhadores sempre existiram – homens e mulheres que vislumbraram algo além de si e ousaram alcançar objeti- vos considerados inalcançáveis pelo restante das pessoas.
No entanto, nenhum sonhador da Terra pode ser comparado ao maior de todos, o Sonhador que morreu na cruz para transformar Seu sonho em realidade. João 1:1 diz “No princípio era o Verbo”. O significado literal de logos, o termo grego traduzido como “Ver-bo” – ou “ “Palavra”, em algumas versões –, é ideia, pensamento ou desígnio. É um termo teatral do grego antigo, que descreve o tra-balho de um dramaturgo no processo de criar, ou sonhar, a trama de uma peça. Então, podemos dizer: “No princípio era o sonho”.
Deus sonhou, criou e planejou uma Igreja unida. Não sei como seria ver Deus, com o olhar perdido de sonhador, sentado em Seu trono, em meio à eternidade atemporal, mas, de alguma forma, Ele, que “anuncia o fim desde o princípio2”, sonhou com este fim antes do princípio, e viu finalizado o trabalho que Ele chamou de Igreja.
O Noivo celestial viu Sua Noiva vestida de esplendor – não dispersa pelas divisões internas, dividida por facções ou dilasce- rada por cruéis disputas de poder. Ele viu uma Igreja vitoriosa, um exército poderoso que marchava unido! Este era, e ainda é, Seu sonho.
Deus sonhou com uma Igreja em que a unidade fosse a re- gra, não a exceção. Hoje, Ele sonha com um tempo em que to- dos seremos um – um com os outros e um Nele. Nós estamos assentando os blocos de Seu sonho e Sua palavra é a argamassa. Pedra sobre pedra, “preceito sobre preceito; regra sobre regra”.3 Note que eu disse “pedra sobre pedra”, não “tijolo sobre tijolo”. Seu Reino é construído com pedras – pedras “vivas”4 e divina-
2 Isaías 46:10
3 Isaías 28:10, 13
4 1 Pedro 2:5
A unidade Cristã e o reaviva mento do corpo de Cristo 19
mente criadas, com Jesus Cristo como a pedra angular. Tijolos
são uniformes. Pedras precisam ser adequadamente unidas por
um mestre artesão, já que não existem duas iguais, mas todas se
encaixam. Você não perde sua distinção; não perde sua persona-
lidade da carne quando ganha uma nova identidade em Cristo.
Você simplesmente entra na unidade de Seu Corpo. Um dia, Ele
terminará a casa de Seus sonhos. Ela se chama Igreja.
Há, no entanto, um entrave. Deus está sonhando com a uni-
dade, mas Seu maior obstáculo é a vontade humana. Seu sonho
não poderá se realizar e Sua vontade não será feita até que nós
nos submetamos a Ele. Ele só pode fazer o que permitirmos que
faça. Infelizmente, somos muito melhores em falar sobre Sua
vontade do que em cumpri-la. Não podemos orar “venha o Teu
Reino”5 até que tenhamos genuinamente orado “que vá o meu
reino”. A verdade sem ação se torna um clichê vazio, e clichês
podem se tornar a oratória da hipocrisia.
Você provavelmente já ouviu afirmações como estas:
“A unidade é uma força poderosa no mundo.”
“A união nos ajuda a superar o intransponível, a alcançar o
inalcançável.”
“A unção de cada um de nós não é tão poderosa quanto a un-
ção de todos nós.”
“Juntos podemos fazer muito mais do que qualquer um de nós
sozinho.”
“A unidade dá a todos nós o poder de fazer possível o impossí-
vel, de transformar sonhos em realidade.”
Todas estas afirmações são verdadeiras. Mas, quando as
pessoas as ouvem e as repetem com muita frequência, sem fa-
5 Mateus 6:10
CAPÍTULO 120
zer nada para torná-las realidade, elas se tornam apenas clichês
irritantes que nos entopem os ouvidos. Será que é possível para
nossos ouvidos calejados ouvir a paixão do Salvador uma vez
mais, como os discípulos ouviram aquele dia?
Certa vez, quando eu era jovem, meu pai fez algo parecido
com o que Jesus fez aquele dia. Meu comportamento precisava
ser corrigido e meu pai decidiu orar por mim. Mas aquela não
era uma oração para ser feita em segredo. Ele ajoelhou-se ao meu
lado, me forçando a ouvir cada palavra que ele tinha a dizer. Ele
apelou à mais alta corte e me fez escutar cada pedido de mudan-
ça em minha vida. Eu preferia ter recebido um castigo físico.
Palavras não podem descrever as emoções que tomaram conta
de minha mente naquele momento.
Jesus reuniu os discípulos para Sua última oração antes da
crucificação e falou publicamente a Seu Pai sobre o que, acre-
dito, já havia falado particularmente a Seus discípulos. Ele im-
plorou a ajuda do Pai no que já tinha pedido aos discípulos que
fizessem. Eu me pergunto, como é que os discípulos, briguentos
e sedentos de prestígio, se sentiram quando ouviram Jesus supli-
car por uma mudança em seus corações?
Para que eles sejam um, assim como nós.6
E me pergunto, como devemos nos sentir quando lemos
esta oração hoje, ainda não atendida? Que emoções devem do-
minar nossos corações? Será que reduzimos seu último pedido a
um velho clichê? Em João 17, Jesus orou que fôssemos um, logo
antes de começar Sua jornada final rumo à morte pavorosa. Essa
oração foi e é Sua última vontade, Seu testamento. Mas o sonho
de Deus é refém da humanidade. Nossa descrença e insistência
6 João17:11
A unidade Cristã e o reaviva mento do corpo de Cristo 21
teimosa em nossos direitos e planos pessoais são algemas que
prendem o sonho de Deus a nossas limitações.
Dois irmãos, ao observarem os pássaros com suas asas, acre-
ditaram que eles também podiam voar. Apesar das críticas da-
queles ao seu redor, eles ousaram arriscar tudo o que tinham a
fim de escapar da escravidão da gravidade. Hoje não só viajamos
pelo ar, como até saímos da atmosfera terrestre para explorar as
maravilhas do espaço. Tudo graças aos irmãos Wright. Outro
sonhador desta era foi o Dr. Martin Luther King, Jr., que ousou
sonhar que seu país, os Estados Unidos, ficasse livre do racismo
e da segregação. Ele deu sua vida por este sonho, e fecundou
uma nação que ainda está parindo o bebê da igualdade.
Muitas outras pessoas sonharam e tiveram visões que muda-
ram seu mundo. O homem de negócios sonha em obter sucesso
no mercado. O artista sonha com a obra-prima que nasceu para
criar. A dona de casa sonha com um lar suntuoso. O adolescente
sonha com a vida adulta. Crianças sonham com parquinhos e
recreio eterno. Atletas sonham com o campeonato. E o Grande
Sonhador – você sabia que Deus sonha com você?
A vontade de Deus está sujeita à vontade humanaQue afirmação impressionante: “a vontade de Deus está sujeita
à vontade humana”. Davi, o salmista, coloca desta forma: e deu
“a sua força ao cativeiro”.7 Como isso é possível? Quando brinco
com minha filha de sete anos, controlo minha força. Eu me se-
guro. Minha força se torna fraqueza por causa do meu amor por minha
filha. Permito que ela imponha sua vontade até certo ponto.
O Novo Testamento diz que somos um “edifício, bem
ajustado”,8 mas isso não pode acontecer sem unidade. Com fre-
7 Salmos 78:61
8 Efésios 2:21
CAPÍTULO 122
quência, resistimos à ideia de “nos encaixarmos”. Ironicamente,
a mera tecnicalidade que é o fato de Deus Se recusar a forçar Sua
vontade sobre nós é o que atrasa e até suspende a construção da
Igreja dos Seus sonhos. Enquanto nos recusarmos a nos subme-
ter a Deus e uns aos outros, Seu sonho não vai e não pode se rea-
lizar. Somos tijolos rebeldes ou pedras teimosas que se recusam
a ser colocados ao lado da Pedra Angular e de nossas pedras-
-irmãs? Cristo submeteu-se à vontade do Pai, o que significa que
Ele teve escolha. Ele teve a opção de não se submeter à Sua von-
tade.9 O incrível poder da escolha atrapalha os planos do Mestre
Arquiteto, mas ele não aceita que seja de outra forma. Ele não
aceitaria uma Igreja construída compulsoriamente.
Nós sabemos qual é o sonho de Deus. Qual é seu sonho?
Será que você tem o mesmo sonho que Ele?
O incrível Dream TeamHá muitos anos, os Estados Unidos se cansaram de tanto serem
derrotados nos jogos de basquete das Olimpíadas. O país perdia
rotineiramente para nações como Espanha, Cuba e Iugoslávia.
A humilhação dessas sucessivas derrotas era maior do que sim-
plesmente não vencer. Era perder em um esporte em que eles
mesmos tínham aperfeiçoado – uma modalidade que haviam
batalhado para que se tornasse olímpica! Para piorar, o time
americano perdia apenas por uma fator técnico, e não por que
seus rivais fossem superiores.
Os Estados Unidos, ao definir suas próprias regras para o
time, especificaram que só poderiam jogar basquete nas olimpí-
adas aqueles indivíduos que nunca tivessem sido pagos para jo-
gar, ou seja, que não fossem atletas profissionais. Isto excluía os
melhores e mais brilhantes jogadores. Por outro lado, as demais
9 Ver Mateus 26:42
A unidade Cristã e o reaviva mento do corpo de Cristo 23
nações não tinham esta regra, e podiam pagar altos salários e
enormes subsídios a seus melhores jogadores.
Até que nos Jogos Olímpicos de Barcelona, Espanha, em
1992, tudo mudou para melhor. O Comitê Olímpico America-
no mudou as regras, e finalmente permitiu que colocassem seus
melhores homens na quadra.
Você se lembra daquele Dream Team? Alguns de vocês pro-
vavelmente podem citar a escalação completa daquele time de
basquete! Uma fonte relatou: “Nenhum outro time teve chance
contra o time dos sonhos norte-americano. Na final, os croatas
foram derrotados por 117-85”.10
Trocando em miúdos, eles colocaram um fim a anos de der-
rotas humilhantes com vitórias retumbantes, inquestionáveis
e triunfantes. Eles eram invencíveis. Eles brincavam com seus
oponentes, não havia disputa. Para eles, aquilo era realmente só
um jogo. Era incrível!
Deus muitas vezes não pode colocar Seu melhor time em
campo por causa da tecnicalidade bíblica de que nossas vonta-
des devem ser submetidas à Dele para que possamos entrar no
time. E, honestamente, a Igreja tem sofrido algumas derrotas no
jogo criado por Deus. A vida abundante do cristianismo triun-
fante parece ser apenas um sonho enquanto as legiões de tercei-
ra categoria do submundo se alegram com as suas vitórias sobre
o povo de Deus, que não está dando o seu melhor.
Nós nos concentramos mais em nossa guerra civil eclesiásti-
ca (colocando irmão contra irmão e jogador contra técnico) do
que em nosso inimigo derrotado. O Reino de Deus sofre derrota
atrás de derrota nas mãos do inimigo porque Deus não pode
contar com o time certo em campo. Nosso Técnico só manda
para o campo aqueles que respondem. Muitas vezes, o egocen-
10 Laing Jane (Ed.). Chronicle of the Olympics. New York: DK Publishing, 1996. p. 199
CAPÍTULO 124
trismo humano tem impedido o time de Deus até mesmo de
entrar em campo.
Todos nós fomos “escolhidos” pelo Capitão para estar em
Seu time. Podemos cooperar com o Treinador? Deus Se recusa a
violar o livre arbítrio humano. Ele poderia, mas não vai. Por acaso o
Criador de todas as coisas pode criar uma pedra pesada demais
para Ele levantar? Sim, e foi exatamente o que Ele fez com nossa
vontade. Ele não vai violar nossa liberdade de escolha e impor a
você a liberdade do serviço e da submissão à Sua vontade.
Pense em minha “luta-livre” com minha filha de sete anos.
Se fosse realmente um teste de força, não há dúvidas de que
eu poderia pegá-la e jogá-la do outro lado da sala. No entanto,
o amor me freia para sempre deixá-la “vencer”. Ela me segura,
me faz cócegas e me enche de beijos “contra minha vontade”,
enquanto eu deixo minha força ser feita de refém. O mesmo
acontece com Deus. Em Sua misericórdia, Ele não exibe total-
mente Seu poder e Sua força quando luta conosco. Se recu-
samos a nos submeter, Ele simplesmente deixa que façamos
como queremos, e permite que Seu sonho siga irrealizado. Mas
não será sempre assim. Chegará o dia em que Ele não vai mais
lutar conosco.11
Esse é o problema: os jogadores convocados por Deus para
estarem em Seu time sempre parecem ter suas próprias ideias.
Alguns querem montar seu próprio time, enquanto outros que-
rem jogar em uma equipe diferente. Outros ainda dizem que
aceitam jogar no time de Deus com uma condição – eles querem
o cargo de técnico.
O time dos sonhos de Deus sofre com a falta de unidade e
comprometimento. E o pior de tudo é que falta comprometi-
mento justamente com o Treinador que deu Sua vida ao fazer
11 Ver Gênesis 6:3
A unidade Cristã e o reaviva mento do corpo de Cristo 25
esta proposta vitoriosa a Seu time. A verdade é que, se você joga
no time Dele, você vence. Se joga em seu próprio time, não ape-
nas perde, como mata parte do sonho divino.
Nossos egos muitas vezes pisoteiam nossa
razão. Preferimos perder com nossa
vontade intacta a vencer em submissão.
Esta adoração desenfreada do livre-arbítrio e da realização de
nossos planos pessoais explica por que nós, como Igreja, lutamos
em vão para deixar de lado nossas diferenças e jogar Seu jogo, em
vez do nosso. Apenas Deus é merecedor de admiração e apenas
Seus planos devem importar. Como Ele anseia para nós submeta-
mos nossa vontade e nos unamos a Ele para jogar e vencer!
As palavras finais de JesusHomens que estão face a face com a morte não desperdiçam
tempo nem fôlego. Palavras finais são palavras eternas. Se você real-
mente quer saber o que Deus sonha para Sua Igreja – como ela
deveria ser, a cara que deve ter –, então considere Suas últimas
palavras. Jesus, o Filho de Deus, dividiu Seu sonho conosco em
João 17. Estas foram Suas últimas palavras. Sua “mensagem
eterna”, dita poucas horas antes da crucificação. Em Sua última
oração registrada antes da Cruz, Jesus fez mais do que orar por
Ele mesmo. Ele orou por seus discípulos – por você e por mim. É
óbvio que algo calou fundo em Seu coração:
Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para
que eles sejam um, assim como nós.12
12 João17:11 (destaque do autor)
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