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A MÚSICA COMO PROPOPOSTA DE INTERVENÇÃO ÀS DIFICULDADES
COGNITVAS BÁICAS DE APRENDIZAGEM LIGADAS A CONCENTRAÇÃO
E MEMORIZAÇÃO
COSTA, Rafael Magalhães1
ALMEIDA, Fernanda Sampaio de 2
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo olvidar a influência que o estudo de um instrumento musical pode exercer no desempenho escolar. Assim, buscando saber também, como a música pode ser uma proposta de intervenção favorável a tratar problemas de dificuldades de aprendizagem ligadas à atenção e memorização. Evidenciando suas potencialidades, a favor de um ensino que respeite as particularidades buscando seu melhor desenvolvimento. Os dados do desempenho escolar foram coletados no Projeto Casa Verde – Tocando em frente, dos alunos que estudam música no projeto a mais de dois anos.
Palavras-chave: Música; Dificuldades de aprendizagem; Desempenho escolar.
Abstract
The present work aims to forget an influence that the study of a musical instrument can exert in the school performance. Thus, seeking to know also how a song can be a favorable intervention proposal to address problems of learning difficulties linked to attention and memorization. Evidenciating its potentialities, a favor of a teaching that respects as particularities seeking its best development. The data of the school performance were collected in the Project Casa Verde - Touching ahead, of the students who study music in the project for more than two years.
Keywords: Music; Learning difficulties; School performance.
Introdução
Diante da realidade escolar são perceptíveis as diversidades individuais
e os processos de aprendizagem que cada indivíduo caminha. A necessidade
1 Professor do colegiado de História do Centro Universitário São Camilo-ES – raflaelmc@gmail.com.
2 Graduada em História no Centro Universitário São Camilo-ES –
fernandasampaiodealmeida@gmail.com
de englobar o sistema educacional, a todos os sujeitos e suas particularidades,
sugere novas alternativas quando preciso buscar práticas diferentes que os
alcance. Diante dessa necessidade, desencadear atividades que contribua
para aprimorar as capacidades e desenvolvimento da inteligência e o raciocínio
do educando como a música, é uma das fontes para o aprimoramento o ato de
aprender.
A música favorece a cognição, a afetividade, a comunicação, a cooperação desbloqueia emoções facilitando o aprender, pois melhora a atenção o ritmo, a organização espaço temporal, a discriminação auditiva, enfim, a música visa o desenvolvimento integral do sujeito. Neste sentido, a educação de maneira geral, deve ser vista como um processo global, progressivo e permanente, que necessita de diversas formas de estudos e pesquisas para seu aperfeiçoamento, levando em consideração as diferenças de cada sujeito. (ROVANI)
Quando se pensa nas dificuldades de aprendizagem, muitos fatores são
lembrados como causais dentes esses as dificuldades, principalmente
dificuldades cognitivas de aprendizagem, que são afetadas quanto à
concentração e memorização. Pois, segundo Fonseca (1995) a memória
envolve vários processos que permitem o armazenamento de informações, que
estão de certa forma contida na função da memória também, as funções de
atenção e compreensão, na medida em que estas só se desenrolam quando
aquela se encontra intacta.
Assim, adentrando aos benefícios que a música trás, ressalta-se a
capacidade de concentração que a música cria através da escuta efetiva e a
capacidade de memorização que é trabalhada na leitura musical. Sendo a
concentração e memorização dificuldades cognitivas de aprendizagem que
inferem no processo de aprendizagem do aluno, por tratar-se de questões
necessárias ao seu desempenho escolar na educação básica, segundo a
Revista Crescer (2009, p. 7)
Vários estudos comprovam a importância da música ao ser humano, especialmente às crianças em fase de desenvolvimento e aprendizado do mundo. A música ajuda a afinar a sensibilidade dos alunos, aumenta a capacidade de concentração, desenvolve
o raciocínio lógico-matemático e a memória, além de ser forte desencadeador de emoções.
No entanto, o objetivo do trabalho faz se analisar o desempenho escolar
dos alunos que estudam um instrumento musical e os benefícios que a música
trás ao auxilio as dificuldades de aprendizagem que influenciam o desempenho
escolar do aluno na educação básica por levantamento bibliográfico.
Relacionando assim, como a música pode ser uma chave de propostas
interventivas nas escolas ao melhoramento do ensino, trabalhando sempre nas
dificuldades que se avalia no processo de ensino aprendizagem do aluno.
Salientando assim, os esclarecimentos que precisam ser tomados relacionados
ao insucesso escolar e a intercepção dos conceitos de DA, que embora não
sendo mutuamente exclusivos, integram e incluem paradigmas que devem ser
estudados. (FONSECA, p.81)
Segundo FONSECA (p.10) “conclui-se de fato que, ao encararmos a
problemática das DA, não as podemos analisar sem a noção de que a escola,
como instituição, é essencialmente reveladora dos problemas das crianças”.
Portanto, a escola acaba tornando-se também um lugar a se buscar as
soluções a tais dificuldades.
Segundo Fonseca (1995) as intervenção reeducativa tradicional tem sido
essencialmente centrada, na maioria dos casos, em métodos franceses, que
usam atributos e variáveis de produto, com pouca atenção sobre outras
variáveis de processo, também importantes no processo de ensino
aprendizagem. Sendo assim, os métodos interventivos não têm trabalhado
especificamente as das dificuldades de aprendizagem, algo necessário para o
sucesso das intervenções.
Bem como sem estratégias de intervenção inovadoras, direcionadas para indicadores específicos de processamento de informação, sem reforços sociais, sem técnicas de comportamento sem enfoque direto em outras variáveis significativas da aprendizagem. (FONSECA)
Avaliando as possibilidades de aprendizagem que a música traz, essa
cria um ambiente emocional positivo na escola desencadeando a
aprendizagem e melhorando a agilidade cognitiva. Ajudando assim, as
atividades cerebrais que são importantes para a apreensão dos conteúdos
ensinados na escola e compreensão dos mesmos. Desta a forma a música
consegue favorece a uma aprendizagem de sucesso, pois “potencializa os
circuitos cerebrais melhorando a sensibilidade, a concentração, o raciocínio
lógico e a memória” (BANOL, 1993 e STRALIOTTO, 2001 citado por
KREPSKY; BARRETO, 2009).
Portanto considerando os benefícios que a música traz ao processo de
aprendizagem, evidencia-se tal como uma possível alternativa ao
melhoramento de aprendizagem dos alunos que apresentam déficits cognitivos
de aprendizagem ligados à concentração e memorização. Salienta-se o papel
que a música desempenha na efetividade, equilíbrio das emoções e na
socialização, em práticas grupais. Ressaltando assim os diversos benefícios
que a música traz como influência ao processo educacional e o melhoramento
de seu alvo principal, o discente.
Dificuldades de aprendizagem
O conceito de dificuldades de aprendizagem representa um objeto de
estudo controverso e ainda pouco consensual, apesar de estudado por
diversas disciplinas como a educação, a pedagogia, a psicologia, a sociologia,
a antropologia, a cultura e a neurologia, entre outras (SERRA). Sendo assim,
um conceito que trás consigo uma disparidades referenciais.
Garcia (1998) refere que é nos processos implicados na linguagem e
nos rendimentos académicos, independentemente da idade dos indivíduos que
se centram as dificuldades de aprendizagem, cuja causa seria ou uma
alteração emocional ou uma disfunção cerebral.
Mas, sobretudo existe a necessidade do estudo das dificuldades de
aprendizagem dentro das necessidades encontradas na escola. Pois, no
processo educacional vê-se a necessidade de inserir práticas que contemple
as particularidades dos indivíduos e ademais, principalmente suas dificuldades.
Mas, quando se trata de dificuldade de aprendizagem muitos motivos podem
aparecer como influência. Segundo Mello (2012) e Oliveira (2010) para definir o
que é dificuldade de aprendizagem, devem-se primeiro dar o significado do que
é aprendizagem, segundo Fonseca (2007):
A aprendizagem compreende, assim, um processo funcional dinâmico que integra quatro componentes cognitivos essenciais: • input (auditivo, visual, tatil-cinestésico, etc.); • cognição (atenção, memória, integração, processamento simultâneo e seqüencial, compreensão, planificação, auto-regulação, etc.); • output (falar, discutir, desenhar, observar, ler, escrever, contar, resolver problemas, etc.); • retroalimentação (repetir, organizar, controlar, regular, realizar,etc.).
No entanto aprender segundo Fonseca (2007) envolve quatro unidades
funcionais do cérebro em perfeita interação. Se essa dinâmica neurofuncional
não for harmoniosa, o indivíduo pode desenvolver dificuldades de
aprendizagem.
Para definir o que são dificuldade de aprendizagem pode-se ressaltar a
definição de Carvalho (2009):
O National Joint Committee on Learning Disabilities (NJCLD), composto por representantes de oito das mais importantes organizações nacionais dos EUA assim define dificuldade de aprendizagem: “Dificuldade de Aprendizagem (DA) é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção social e interação social, mas não constituem, por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes (por exemplo, deficiência sensorial, retardamento mental, transtornos emocionais graves) ou com influências extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente), não
são o resultado dessas condições ou influências”. (NJCLD, 1988, p. 1).
Assim, deve-se considerar dificuldade de aprendizagem como um
transtorno constante que afeta a maneira como o indivíduo retém e expressa
informações. Estas informações que entram ou que saem podem ficar
desordenadas na medida em que viajam entre os sentidos e o cérebro. É por
isso que os problemas de aprendizagem contrariam a harmonia do
desenvolvimento (MELLO 2012). Segundo Gouveia (2006), é o que leva o
indivíduo a apresentar atrasos cognitivos significativos na relação potencial de
aprendizagem normal e o seu aproveitamento escolar abaixo do esperado e
considerado dentro da média.
Segundo Segundo Ciasca (2004) são três áreas específicas que
envolvem as dificuldades de aprendizagem a fisiológica onde são
caracterizadas geralmente por déficits neurológicos, problemas de ordem física
que atrapalham no desenvolvimento cognitivo. A segunda socioambiental, onde
inclui a didática escolar, relações familiares e a terceira a desenvolvimentista
indicam que uma falha no desenvolvimento poderia ser a causadora da
dificuldade de aprendizagem, como os quadros psicológicos e/ou psiquiátricos:
TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), depressão
infantil, ansiedade, estresse, bem como questões emocionais, causadas por:
separação dramática dos pais, caso de luto na família, acidentes ou
nascimento de um irmão.
Devido aos diversos fatores que estão ligados a dificuldades de
aprendizagem segundo Siegel (1988) uma das características que expõe essas
consideravelmente, estão ligadas a um ou mais processos cognitivos
deficientes no sujeito. Os processos e habilidades cognitivas vão ter a sua
projeção e concretização no desenvolvimento do pensamento e na
aprendizagem escolar, e, conseqüentemente, nas dificuldades de leitura,
escrita e cálculo, entendidos como parcelas de conhecimento e aprendizagem
formais, podendo ser categorizados em dois níveis os básicos que são:
percepção, atenção e memória; Superiores: metacognição, raciocínio, solução
de problemas e tomadas de decisões. (Sierra Martín in González-Pienda &
Nuñez-Pérez, 2002)
Assim, percebe-se que os fatores que se encontram as dificuldades de
aprendizagem podem estar relacionados às dificuldades básicas e funções
psíquicas superiores, como por exemplo a prática de leitura e as deficiências
nos aspectos de atenção e memorização tem participação efetiva no resultado
Para ler, a criança ou o jovem terão de envolver o seu cérebro em funções psíquicas superiores, como: a atenção e a concentração; a discriminação, a análise e síntese de letras e sons; a compreensão do sentido do texto; a rememorização das suas conexões e relações narrativas; a recordação dos atores, das personagens e dos locais referidos; a rechamada dos pormenores e detalhes do texto; o desenvolvimento de conclusões; etc.
No entanto ainda segundo Fonseca (1995) a criança ou o jovem que têm
problemas de atenção, de percepção analítica, de memorização e rechamada
de dados de informação, entre outros, terão dificuldades de compreensão de
significações na leitura.
Eles não têm acesso à informação porque o seu processamento é frágil e fragmentado, porque o seu cérebro não opera de forma harmoniosa, eficaz e integrada, pois a interação entre ela e a tarefa não se verifica, conseqüentemente, poderão emergir dislexias, disgrafias ou discalculias, ou sejam, as célebres DA.
No entanto quando existe algo que compromete uma das funções do processo
cognitivo de aprendizagem, as dificuldades aparecem. Ressaltando Fonseca
(1995) afirma que, “como a aprendizagem exige a integridade de vários
substratos neurológicos, tais má formações tendem a criar déficits cognitivos
que claramente interferem com o processamento de informação anteriormente
evocado.”.
Considerando as dificuldades de aprendizagem e seus processos
cognitivos básicos, ressalta-se a memorização e atenção como aliadas e que
ocasionam dificuldades devido à desarmonia que essas causas do
desenvolvimento da aprendizagem. Segundo Fonseca (p.253) muitas crianças
apresentam dificuldades em fixar a atenção, não sendo selecionados os
estímulos relevantes ou irrelevantes para a sua aprendizagem.
Dispersaram-se com muita frequência, sendo atraídas, mais usualmente, por sinais distráteis. Por outro lado, não mantêm por mais tempo as funções de alerta e vigilância. A sua desatenção pode ser motivada por carência (inatenção) ou por excesso (superatenção). Em ambos os casos, a fixação anormal ou a fixação em pormenores supérfluos e pouco significativos impede que se processe a seleção da informação necessária à aprendizagem. (FONSECA, p.253)
Assim, como a atenção a memória também é um processo que sua falta
ou déficit pode causar dificuldade devida também a sua correlação com a
atenção, ou seja, ambas importantes no processo de aprendizagem. Segundo
Fonseca à memória está adstritas funções de análise, síntese, seleção,
conexão, associação, estratégia, formulação, arranjo e regulação da
informação, daí a sua implicação inevitável na aprendizagem. (FONSECA,
p.267)
A memória que constitui o processo de reconhecimento e de rechamada (reutilização) do que foi aprendido e retido é, como sabemos, uma função neuropsicológica imprescindível à aprendizagem. Memória e aprendizagem são indissociáveis, razão pela qual as crianças com DA acusam frequentemente problemas de memorização, conservação, consolidação, retenção, rememorização, rechamada (visual, auditiva e tatilquinestésica), etc. da informação anteriormente recebida. (FONCESA, p.266)
Todo processo de aprendizagem requer a reorganização das informações e
atenção, para a informação possa ser requisitada através da memória.
A memória ocupa uma função importantíssima na aprendizagem. Ao selecionar e chamar a informação assimilada e consolidada, o cérebro combina-a, relaciona-a, classifica-a e organiza-a de uma forma sequencializada e ordenada para efeitos de recepção, de integração e de expressão. (FONSECA, p.267)
No entanto, a memória e a atenção, são características precisas no
processo de ensino devido seu potencial de processamento básico das
informações necessárias. Saliento a atenção como precisa, por muitas vezes a
falta de atenção ser algo frequente nas salas de aula, sendo um desafio ao
professor e também um motivo de dificuldade apontada por alunos que
carecem de concentração.
Portanto, quando evidenciamos os processos cognitivos básicos como
causais de dificuldades de aprendizagem, é perceptível que cada função
desempenha papel fundamental na harmonia cognitiva. Assim, quanto à
memória, vê se sua importância um tanto maior e essa como influente em
outros processos, devido sua função associativa.
As associações significativas passadas e presentes que se operam no cérebro devem-se fundamentalmente às funções da memória. Através da memória, as imagens são utilizadas e substituídas por palavras para permitir a formulação ideacional, que está por detrás das condutas exigidas pela aprendizagem. (FONSECA, p.266)
A MÚSICA COMO AUXILIO AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Ao salientar a importância musical no cotidiano e nas práticas
educativas, podem-se ressaltar pensadores da antiguidade segundo Alvarez
(2008):
Muitos filósofos dedicaram especial atenção à música em seus estudos e a consideraram desde sempre uma parte importante da educação. Platão afirmava que “o ritmo e a harmonia chegam a todas as áreas d’alma e toma posse delas, outorgando graça ao corpo e mente que apenas se encontram em quem tenha sido educado de forma correta.” Aristóteles também promoveu a educação musical integral, pois estava convencido de que “alcançamos uma certa qualidade de personalidade graças a ela”. Confúcio considerava que a música exercia influência tanto pessoal como política: “O homem superior pretende promover a música como meio de aperfeiçoamento da cultura humana. Quando a música prevalecer e conduzir as pessoas para seus ideais e aspirações, contemplaremos o panorama de uma grande nação.” Na Idade Média e no Renascimento, a música era considerada um dos quatro grandes pilares da aprendizagem, junto com a Geometria, a Astronomia e a Aritmética (p. 67)
A música torna-se importante por ser um elemento que auxilia no seu
bem estar, quando bem utilizada, e age diretamente nas suas emoções,
podendo favorecer o desenvolvimento do seu potencial criativo e influenciar
positivamente na estruturação da personalidade. Segundo Gainza (1988, p.
36): “A música movimenta, mobiliza, e por isso contribui para a transformação e
para o desenvolvimento”.
Assim, segundo Barreto e Chiarelli (2011, p.1) apontam vários outros
benefícios que o estudo musical colabora:
A musicalização pode contribuir com a aprendizagem, evoluindo o desenvolvimento social, afetivo, cognitivo, linguístico e psicomotor da criança. A música não só fornece uma experiência estética, mas também facilita o processo de aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, até mesmo porque a música é um bem cultural e faz com que o aluno se torne mais critico.
Para Bréscia (apud Barreto; Chiarelli, 2011, p.3), a musicalização é um
processo de construção do conhecimento, que desperta e desenvolve o gosto
musical, onde, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade pelos diversos
ritmos, o respeito ao próximo, a afetividade, memória, criatividade,
autodisciplina, concentração, imaginação, socialização e atenção.
Importa-se salientar o ambiente favorável que a música propõe dentro
da sala de aula, sendo algo favorável à aprendizagem, pois, através do
estímulo do professor e a recepção do aluno, auxiliando no processo de
atenção e concentração na sala e também,
propiciando uma atmosfera escolar mais receptiva para os alunos, dando um efeito calmante após a atividade física fazendo também que reduza atenção em momentos de avaliação, podendo utilizar músicas como recursos de aprendizado em diversas disciplinas. As atividades musicais realizadas na escola visam a vivencia e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de mais sensoriais, ampliando a cultura geral, facilitando a expressão de emoções e contribuindo para a formação integral do ser. (RAVONI)
Diante dos diversos fatores que contemplam a dificuldade de
aprendizagem, temos a música que como fonte auxilia em muitos desses.
Segundo Mello (2012):
O estudo de um instrumento musical tem importantes aspectos que podem ajudar na melhora da concentração, como, por exemplo, quando o músico toca com outros instrumentistas, fazendo o que se chama de música de câmera: é preciso ter atenção para tocar na hora certa (porque muitas vezes o instrumento que a pessoa toca executa apenas algumas partes da música); estar bem conectado com os outros músicos para que a velocidade da música seja constante, não variando o andamento; no caso de se ter um maestro, estar muito atento para suas orientações e variações de interpretações; executar o próprio instrumento com o máximo de perfeição possível e, para tanto, faz-se necessária uma grande concentração devido à complexidade das implicações da execução, com necessidade de boa leitura da partitura com todos os seus símbolos, bem como as técnicas referentes ao próprio instrumento.
Além do mais o estudo de um instrumento musical pode ser um efetivo
exercício de memória, pois, essa é treinada de forma prazerosa e eficaz.
Memorizar cada nota que deve ser tocada para que a música aconteça é um
grande feito da memória, Jourdain (1998) afirma que “A capacidade de lembrar
uma composição inteira, nota por nota, talvez seja o mais notável feito de
memória da experiência humana” (p. 222). Para que se toque um instrumento
musical é necessária a memorização de vários símbolos e de vários sons que
caracterizam as notas musicais. Dependendo da complexidade do instrumento,
o exercício da memória pode variar de intensidade. A execução de um
instrumento musical exige a integração de várias funções distintas (MELLO
2012).
O estudo de um instrumento musical, com a utilização da leitura de
partituras, desenvolve a memória, a concentração e, ao tocar, melhora o
controle motor, a coordenação e a expressividade emocional, podendo
preparar o indivíduo para uma variedade de funções perceptuais e executivas,
levando a um melhor desempenho e competência cognitiva. (PERRET 2009).
Outro importante aspecto que envolve o estudo de um instrumento
musical é a interação que o músico precisa desenvolver com o mundo que o
cerca, seja com os outros músicos que estão tocando com ele ou com o
público que está assistindo seu concerto ou apresentação informal. Exercendo
assim a socialização do estudante, pois, é necessário que este tenha a
percepção de ouvir o companheiro que toca conjunto como saber lidar com o
público que espera dele a apresentação. Segundo Gohn (2003) de nada
adianta um músico dominar todas as técnicas de seu instrumento, tocando
maravilhosamente, se não consegue interagir com as pessoas que o cercam.
É por isso que se pode afirmar que, entre os benefícios que a música traz para as emoções, se tem nas funções cognitivas e no comportamento a melhora do humor, do sono, da motivação, da autoconfiança, diminuição da ansiedade, auxílio no combate à tensão, ajuda na eliminação do stress, porque ela é capaz de ativar no cérebro os mesmos centros de recompensa que uma comida saborosa e reduz as concentrações dos hormônios do stress. Existe uma plasticidade na memória dos indivíduos e por meio de técnicas específicas é possível aumentar a eficiência da gravação de informações e até mesmo reverter ou compensar déficits cognitivos. ( Sé, 2005)
Segundo RAVONI, “aulas de música favorecem o desenvolvimento da
mente, equilibra as emoções, proporcionado paz de espírito, ajudando o sujeito
a melhorar na concentração”. Salientado também o quanto mais cedo o estudo
musical se iniciar, melhor será o desempenho cognitivo. Segundo Campbell
(2000, p. 134) “A música pode criar uma atmosfera positiva, que vai ajuda-los a
se concentrarem para aprender”.
Na maioria dos casos, os materiais, os programas e os processos de transmissão cultural na escola não respeitam esses componentes da atenção, isto é, não possuem os necessários requisitos de motivação, entusiasmos, curiosidades e reforço que reclamam da parte da criança a mobilização e estabilização da atenção necessária à aprendizagem consciente. Nesse campo, muito há a fazer, e, sobretudo, a investigar para otimizar os níveis de atenção, normalmente alterados na maioria das crianças (FONSECA, p.254)
No entanto, música vem sendo apontada, como uma das áreas do
conhecimento importante para aprimoramento do ensino. Principalmente por
essa contribuir para o desenvolvimento cognitivo, psicomotor, emocional e
afetivo e, principalmente, para a construção de valores pessoais e sociais de
crianças, jovens e adultos, melhorando a agilidade cognitiva, a capacidade de
administrar informações em conflito e de escolher a que melhor se aplica em
cada momento da vida. (MELLO 2012)
Análise do desempenho escolar das crianças que estudam música no
projeto tocando em frente
A pesquisa foi desenvolvida no Projeto Social chamado Casa Verde, na
cidade de Cachoeiro de Itapemirim no estado do Espírito Santo, o projeto
desempenha várias ações sociais sendo umas delas a escola de música
Tocando em Frente para crianças e adolescentes de risco social que estudam
em escolas públicas e que estejam dispostas a aprender música. As idades
variam de 7 a 18 anos, a metodologia do ensino passa inicialmente pelo estudo
teórico musical através da flauta doce, instrumento que traz as competências
necessárias para a musicalização. Após o desenvolvimento, o aluno passa a
estudar um instrumento de orquestra (violino, viola, cello, flauta transversal,
clarinete, trompa, entre outros) e passa a compor a nova fase do projeto, a
OSSES – Orquestra sinfônica do sul do Espírito Santo.
Os dados do desempenho escolar, teórico musical e prático, foram
coletados de alunos que passaram por esse processo de transição, da flauta
doce, mas, já estão em desenvolvimento na formação orquestral. As idades
variaram de 10 a 13 anos, amostragem de 31 alunos e foi analisado o
desempenho escolar de 2014 para 2015, olvidando saber se houve uma
melhora quanto ao desempenho escolar desses alunos que praticam um
instrumento musical. A tabela abaixo mostra a análise dos dados que se refere
ao método estatística inferencial com o programa SPSS 22.
Desempenho escolar 2014
Desempenho escola 2015
Nota de teoria 2014
r= 0,653 p= 0,000
Nota de prática
r= 0,234 p= 0,206
2014 Nota de teoria 2015
r= 0,389 p= 0,030
Nota de prática 2015
r= 0,165 p= 0,375
Tabela 1 - Análise do desempenho escolar
Portanto, foram verificadas correlações positivas entre o aproveitamento
em teoria musical e as notas escolares no ano de 2014 (r=0,653, p=0,000) e no
ano de 2015 (r=0,389, p=0,30). Mas, as correlações não foram significativas
entre o aproveitamento em prática instrumental e as notas escolares nos dois
anos. Algo que se justifica, pois, os alunos já estudavam o instrumento, assim,
não foi possível uma analise de antes e depois do processo, foi analisado
apenas a evolução do estudo no período de um ano. E assim, se explica a
diferença não tão significativa entre as médias das notas escolares nos dois
anos (Z=0,804, p=0,422).
No entanto, segundo Mello (2012) a música têm o potencial de
influenciar no desempenho escolar, devido à utilização de diversos símbolos
que o estudo teórico musical proporciona pelos estímulos cognitivos que todo
processo desenvolve, o aluno que estudo a teoria musical tem o diferencial na
aprendizagem. De acordo com Campbell (2000, p. 132)
um relatório compilado pela Conferência Nacional de Educadores de Música, descobriu que, no período de 1987 – 1989, os alunos que 14 requentavam cursos de música tiveram notas em média 20 a 40 pontos mais altas, tanto nos tópicos verbais quanto nos de matemática nos Exames de Desempenho Escolar (SAT) do que os alunos que não 14requentavam esses cursos.
Quanto à questão da influencia da música nas dificuldades cognitivas de
aprendizagem ligadas a memorização e atenção, o trabalho em questão não foi
específico nessa análise, suscitando assim novas pesquisas. Mas, quando
verifica se a inferência que a música traz ao ambiente escolar pelo
desempenho dos alunos pode ser possível correlacionar as dificuldades de
aprendizagem com o estudo musical. Pois, a música é uma prática histórica e
uma manifestação essencialmente humana, nada melhor que sua apropriação
para criar no sujeito o sentimento de pertencimento e coletividade no âmbito
escolar, sendo este o lugar onde aparecem as dificuldades e neste devem ser
analisadas e supridas dependendo das especificidades.
No entanto, é na escola com aulas de música direcionadas e planejadas que irá transformar as crianças em sujeitos familiarizados com os sons musicais, perpassando pela apreciação e execução. Dessa maneira, as aulas de música irão favorecer no aperfeiçoamento da socialização, expressividade, percepção sonora, raciocínio lógico e matemático, coordenação motora, capacidade inventiva, alfabetização, desenvolvimento estético, entre outros. (RAVONI)
Segundo FONSECA, quanto à validação das dificuldades de aprendizagem, muitas são as discussões e apontamentos.
As DA não são uma condição ou síndrome simples, nem decorrem apenas de uma única etiologia, trata-se de um conjunto de condições e e problemas heterogêneos e de uma diversidade de sintomas e de atributos que obviamente subentendem diversificadas e diferenciadas respostas clínico-educacionais.(FONSECA, p 74.)
Mas, salienta-se a necessidade de trabalhar os aspectos que se
relacionam com os aspectos básicos das dificuldades de aprendizagem
encontradas recorrentes nas escolas. Propondo assim, um ambiente
diversificado, considerando as particularidades, ao incluir novas propostas que
possam atender as especificidades dos discentes. Pois, segundo Mello (2012)
e Perret (2009) os benefícios que a música traz, quando a prática é bem
aplicada, são diversos e todos esses trabalham especificamente nos processos
cognitivos básicos de aprendizagem. Assim, a música pode tornar-se uma
possibilidade em meios às dificuldades de aprendizagem e os desafios da
educação contemporânea em busca do melhoramento do sistema.
As crianças com DA com intervenções pedagógicas adequadas, necessariamente enriquecidas em termos de processo ensino-aprendizagem nos seus múltiplos subsistemas componentes, adquirem informação e desbloqueiam as suas dificuldades, e podem mesmo modificabilizar cognitivamente todo o seu potencial dinâmico de aprendizagem (Feuerstein, 1986; Debay, 1989; Haywood, 1982; Fonseca e Santos, 1992), onde podem caber as crianças normalmente com IE (histórias de repetências
e privação sócio-cultural) e as crianças com DA supercompensadas.(FONSECA, p. 83)
Considerações finais
No entanto conclui-se que o estudo musical vai muito além de uma
atividade prazerosa, pois, essa pode contribuir para uma melhor concentração
e memorização, e assim ser poderá ser utilizada no auxílio às crianças com
dificuldades de aprendizagem, que necessitam de um acompanhamento
específico. O que vem a evidenciar a possibilidade de promover aulas de
música, incentivando um estudo regular e disciplinado objetivando um caminho
a educação municipal em investir em atividades culturais extracurriculares,
tornando a música como uma forte aliada à intervenção psicopedagógicas em
alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem.
Foi evidenciada a melhora significativa do desempenho escolar correlacionado
a música, mas, quanto a prático o desempenho não foi tão significativo, o que
se justifica, pois, os alunos já estudam os instrumentos quanto os dados foram
analisados. Assim, dando oportunidades a trabalhos posteriores que busque
evidenciar quadros comparativos e análises específicas das dificuldades de
aprendizagem e sua correlação com o estudo musical.
Mas, ressalta-se a importância da pesquisa em tese devido à falta de análise
quantitativa do estudo musical e sua correlação com o desempenho escolar.
Tornando assim, um ponto a suscitar novas investigações a procura da
melhoria do processo de aprendizagem com essa prática interventiva que
abarca tantas possibilidades relevantes.
Pois, a importância que a música desempenha na formação de um
individua é discutida desde tempos antigos e validada desde esses. O que leva
a crer a potencialidade que o estudo musical exerce, mas, que na
contemporaneidade este auxílio pouco tem sido utilizado apesar de estudos
que contemplam suas habilidades.
Portanto, o trabalho em questão não busca focalizar o estudo musical
como solução eficaz as problemáticas de dificuldades de aprendizagem, mas,
propor essa possibilidade por ser tão presente no cotidiano humano, ser algo
em discussão em leis e que muitas escolas já têm o professor de música, ou
seja, algo que esta próxima da realidade. Importante salientar a valorização
que se deve ter do profissional músico, suas competências são indiscutíveis
para que o processo seja bem executado, precisa se de uma formação para
ministrar específica para ministrar as aulas.
No entanto, este trabalho faz parte de mais um, dos tantos que buscam
propostas para a melhoria da educação, evidenciando sempre possibilidades,
vivências e experiências para o desafio permanente dos docentes para cumprir
o que se rege, educação de qualidade como direito de todos.
Referências bibliográficas
ALVAREZ. Maria Esmeralda B. Exercitando as Inteligências Múltiplas –
dinâmicas de grupo fáceis e rápidas para o ensino superior. Papirus, 2ª
Edição, 2008.
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