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JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951 VOLUME 6. EDIÇÃO 3
Resultados da Intervenção de Enfermagem Não-Farmacológica na Pessoa idosa com Dor Crónica:
Revisão Sistemática da Literatura
Outcomes of the Nursing Intervention at the level of Non-Pharmacological Measures in the Person with Non-Oncologic Chronic Pain: Systematic Review of Literature
Resultados de la intervención de enfermería en las medidas no farmacológicas en la persona con dolor crónico
no oncológico: Revisión Sistemática de la Literatura Autores César Fonseca 1 Ana Ramos 2, Catarina Barbosa 3,, Dulce Gonçalves 4,, Isabel Pão-Alvo 5, Maria Aurea Tobio 6 ,, Teresa Gonelha 7,,
Vítor Santos 8, Isabel Nunes 9
1 PhD, Universidade de Evóra, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, 2 PhD Student, 3,4,5,6,,7 RN, 8,9 CNS, MsC
Corresponding Author: cesar.j.fonseca@gmail.com
REVISÃO SISTEMÁTICA / SYSTEMATIC REVIEW DEZEMBRO 2017
RESUMO
Considerando o elevado número de pessoas que vivenciam dor crónica, com necessidade de cuidados diferenciados, torna-se necessário
identificar as intervenções de enfermagem não-farmacológicas no controlo da dor e os ganhos em saúde. Como objectivo pretende-se identificar
os indicadores da intervenção de enfermagem com recurso a medidas não farmacológicas, na pessoa com dor crónica não oncológica, com idade
superior a 18 anos e inferior a 65 anos.
Foi realizada uma pesquisa na EBSCO (CINAHL, MEDLINE), utilizando o método de PI[C]O, com recurso aos termos MeSH e os descritores foram:
[(Nursing) AND (Outcomes) AND (Chronic pain)]. Os estudos selecionados foram os publicados de 2010 a 2016, num total de 61 artigos, dos quais
foram extraídos e analisados criticamente 7.
Os resultados da análise, permitem sintetizar a diversidade de intervenções não farmacológicas, como recursos dos enfermeiros no cuidar da
pessoa com dor crónica, não oncológica: (1) Acupressão auricular; (2) Estimulação auditiva; (3) Manipulação da coluna cervical e torácica; (4)
Massagem; (5) Atividade física; (6) Uso de roupa interior de lã; (7) Diálogo terapêutico e (8) Intervenções comportamentais. Ficaram patentes as
melhorias significativas no controlo da dor, no aumento da capacidade funcional, na melhoria da qualidade de vida, na adaptação de estratégias
eficazes, no controle de estados de desajuste psiclógicos e no aumento da literacia em sáude.
Esta Revisão Sistemática da Literatura comprova os benefícios da integração de medidas não farmacológicas nas intervenções de enfermagem,
em associação à terapêutica farmacológica. A efectividade comprovada permite concluir a necessidade de otimização das medidas não
farmacológicas, nas intervenções de enfermagem em ambiente hospitalar e nos cuidados de saúde primários.
Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem, Intervenções Não-farmacológica, Dor crónica, Indicadores.
ABSTRACT
Considering the high number of people who experience chronic pain, in need of differentiated care, it is necessary to identify non-pharmacological
nursing interventions in pain control and health gains. The objective of this study is to identify the indicators of nursing intervention using non-
pharmacological measures in the person with chronic non-oncologic pain, aged over 18 years and under 65 years.
We performed a search in EBSCO (CINAHL, MEDLINE), using the method of PI [C] O, using the MeSH terms and the descriptors were: [(Nursing)
AND (Outcomes) AND (Chronic pain). The selected studies were those published from 2010 to 2016, in a total of 61 articles, from which they were
extracted and critically analyzed 7.
The results of the analysis allow us to synthesize the diversity of non-pharmacological interventions, such as the nurses' resources in caring for the
person with chronic non-oncologic pain: (1) Auricular Point Acupressure; (2) Hearing stimulation; (3) Manipulation of the cervical and thoracic spine;
(4) Great time (5) Physical activity; (6) Use of woolen underwear; (7) Therapeutic dialogue and (8) Behavioral interventions. Significant improvements
in pain control, increased functional capacity, improved quality of life, adaptation of effective strategies, control of psychological maladjustment, and
increased health literacy were evident.
This Systematic Review of Literature demonstrates the benefits of integrating non-pharmacological measures into nursing interventions in
association with pharmacological therapy. Proven effectiveness allows us to conclude the need for optimization of non-pharmacological measures
in nursing interventions in the hospital environment and in primary health care.
Keywords: Nursing Care, Interventions Non-pharmacological, Chronic Pain, Indicators.
Fonseca, C. et al. (2017) Resultados da Intervenção de Enfermagem Não-Farmacológica na
Pessoa idosa com Dor Crónica: Revisão Sistemática da Literatura, Journal of Aging &
Innovation, 6 (3): 59 - 67
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INTRODUÇÃO
O ser humano vive em constante interação
com o meio e a sociedade, na expectativa de
estabelecer excelentes relações humanas com
os seus semelhantes, alcançar melhor saúde e
qualidade de vida. Este patamar de bem-estar é
muitas vezes rompido no confronto com uma
situação de doença.
Das múltiplas condicionantes no dia-a-dia
das pessoas que recorrem aos serviços de
saúde, sobressai a dor crónica, definida pela OE
(2008), como sendo “prolongada no tempo,
normalmente com difícil identificação temporal
e/ou causal, que causa sofrimento, podendo
manifestar-se com várias características e gerar
diversas situações patológicas”.
Experiência subjetiva, complexa e
multidimensional, frequentemente modulada por
fatores como a bagagem cultural, experiências
passadas, significado da situação, atenção, nível
de estimulação e contingências reforçadas.
Constitui, sem dúvida, a forma de dor com
maiores repercussões no indivíduo, pela
deterioração da qualidade de vida e na
sociedade, pelos gravosos custos que acarreta
(DGS, 2013)
Segundo os resultados do Instituto Nacional
de Estatística (INE) no que respeita ao Inquérito
Nacional de Saúde de 2014, realizado em
conjunto com o Instituto Nacional de Saúde
Doutor Ricardo Jorge, abrangendo todo o
território nacional, entre Setembro e Dezembro
de 2014, mais de 5,3 milhões de pessoas
residentes em Portugal com 15 ou mais anos de
idade (cerca de metade da população
portuguesa) referiram ter pelo menos uma
doença crónica em 2014. De acordo com os
números avançados, as queixas mais frequentes
são de dor lombar (32,9%) e dor cervical 24,1%.
De acordo com a Pain Proposal (2010),
projeto europeu desenvolvido para avaliar o
impacto da dor crónica na Europa, afeta
aproximadamente 36% da população portuguesa
com mais de 18 anos. Desencadeia sofrimento
de cerca de 3 milhões de indivíduos, com
consequências na saúde, bem-estar, atividades
de vida diária e desempenho profissional, o que
determina elevados custos para o sistema de
saúde e para a economia nacional. Avaliou ainda
o impato económico nas pessoas com dor
crónica, que estão ausentes do trabalho pelo
menos 14 dias por ano, por baixa médica,
representando um valor superior a 290 milhões
de euros por ano, em custos salariais suportados
pela segurança social.
A dor tende a persistir e a ganhar autonomia
própria, transformando-se em doença e fazendo-
se acompanhar por outros sinais de morbilidade,
nem sempre com causa conhecida, não sendo o
seu alívio exclusivamente dependente da
utilização de fármacos, nem tão pouco da
eficácia obtida na eliminação da referida e
eventual causa.
A pessoa com dor vivencia uma situação
única e particular, frequentemente confrontada
com isolamento, com evolução silenciosa,
ocultando o seu sentir e as suas necessidades,
pela baixa auto estima, alteração da auto
imagem, comprometendo a relação com o outro
e com o meio envolvente.
Enquanto profissional de saúde privilegiado
pela proximidade e tempo de contacto com o
doente, o enfermeiro tem uma intervenção fulcral
no controlo da dor. As intervenções de
enfermagem junto à pessoa com dor incluem a
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avaliação, o controlo e o ensino, devidamente
documentadas (OE, 2008).
Cuidar do doente com dor constitui um
desafio gratificante para o enfermeiro, detentor
de conhecimentos especializados sobre várias
opções terapêuticas, com ênfase nas medidas
não farmacológicas. O controlo da dor
compreende as intervenções destinadas à sua
prevenção e tratamento, assim, sempre que o
enfermeiro identifique a provável ocorrência de
dor ou avalie a sua presença deve intervir na
promoção de cuidados que a aliviam ou reduzam
para níveis considerados aceitáveis pela pessoa
(OE, 2008).
O enfermeiro desenvolve intervenções não
farmacológicas em complementaridade e não em
substituição da terapêutica farmacológica e estas
devem ser escolhidas de acordo com as
preferências do doente, os objetivos do
tratamento e a evidência científica Classifica as
intervenções não farmacológicas em físicas,
cognitivo - comportamentais e de suporte
emocional. (OE, 2008).
Esta problemática vai ao encontro da questão
de investigação: Quais os indicadores
resultantes da Intervenção de Enfermagem ao
nível das medidas Não-Farmacológicas na
Pessoa com Dor Crónica não oncológica? Deste
modo, define-se como objetivo para a presente
revisão sistemática da literatura (RSL): Identificar
os indicadores da intervenção de enfermagem
com recurso a medidas não farmacológicas, na
pessoa com dor crónica não oncológica, com
idade superior a 18 anos e inferior a 65 anos.
METODOLOGIA
A estratégia de pesquisa desenvolvida na
presente RSL, teve início na formulação da
questão em formato PI[C]O: Quais os
indicadores/resultados (O) da intervenção de
enfermagem ao nível das medidas não
farmacológicas (I), na pessoa com dor crónica
não oncológica (P)?
Deste modo, foi realizada pesquisa, usando
os termos MeSH e palavras-chave pela opção
“full text”, com o recurso à base de dados
eletrónica da EBSCO (MEDLINE, CINAHL) e dos
descritores: [(Nursing) AND (Outcomes) AND
(Chronic pain)]. Os estudos selecionados foram
publicados entre 2010 e 2016, pesquisados em
texto integral entre dezembro de 2016 e fevereiro
de 2017, tendo resultado um total de 61 artigos,
dos quais foram selecionados 7.
Como critérios de inclusão, foram definidos
artigos de enfermagem com incidência nas
intervenções não farmacológicas, em pessoas
adultas, com idade superior a 18 anos, com dor
crónica não oncológica, com resultados
explícitos associados à intervenção de
enfermagem. Em relação aos critérios de
exclusão, foram eliminados os artigos
relacionados com dor aguda, dor oncológica,
pessoas adultas com idade superior a 65 anos e
sobre intervenções farmacológicas. Excluíram-se
ainda estudos em crianças e grávidas, sem
correlação com a temática e todos os repetidos.
A avaliação dos níveis de evidência dos
artigos selecionados foi realizada segundo os
sete níveis de evidência propostos por Melnyk e
Fineout-Overholt (2015).
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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS
Na Quadro Nº 1 encontra-se a síntese de dados,
que engloba uma listagem com 7 artigos
selecionados e que constituem o ponto de
partida para a elaboração deste artigo e das
conclusões retiradas.
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Os resultados da análise dos artigos supra-
referenciados na Tabela 2, permitem sintetizar a
diversidade de intervenções não farmacológicas,
como recursos dos enfermeiros no cuidar da
pessoa com dor crónica, não oncológica. O
número reduzido de artigos, pressupõe
investimento acrescido nesta matéria, permitindo
incrementar os dados recolhidos e torná-los
ainda mais credíveis na evidência resultante
desta RSL. Na pormenorização da análise, o
estudo randomizado controlado de Kiyak (2012),
avalia o benefício da utilização de roupa interior
de lã em adultos com Lombalgia Crónica. Verifica
que a lã tem uma maior capacidade de reter
calor, em comparação com a fibra, melhorando a
tensão muscular, reduzindo desta forma a
intensidade de dor. Verificou melhoria na
funcionalidade nos adultos com Lombalgia
Crónica, com o calor produzido pelo uso de roupa
interior de lã. O grupo de tratamento relatou o uso
de analgésicos, anti-inflamatórios não-esteróides
e relaxantes musculares com menos frequência,
que o grupo controle.
No Estudo de Panpanit (2015) e também
corroborado pelos restantes autores, Programas
de Educação que incluem estratégias para gerir
a dor e sintomas coexistentes, comportamentos
de estilo de vida saudáveis e estratégias de
resolução de problemas, revelaram melhoria na
funcionalidade e auto-gestão dos indivíduos.
Realçam as diretrizes da American Pain Society,
quanto à educação do doente, recomendada
como um primeiro passo essencial no controlo da
dor antes da intervenção farmacológica ou outras
formas de intervenção.
Segundo Yeh (2015) no seu estudo, a mudança
de intensidade da dor, em pessoas com dor
lombar crónica, através da aplicação de
acupressão auricular, num programa de quatro
semanas, era notória. Verificou uma redução de
30% da intensidade da dor, logo após o primeiro
tratamento e uma melhoria contínua de 44%, até
ao final do tratamento.
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O mesmo autor conclui que a acupressão
auricular é um tratamento eficaz, não invasivo,
sendo um método simples de alívio da dor.
A eficácia do procedimento combinado de
massagem e eletroterapia, com corrente
interferencial, em pessoas com dor lombar
crónica não especifica de etiologia mecânica, foi
o resultado do estudo de Lara-Palomo (2013). As
escalas de avaliação foram aplicadas antes do
tratamento e imediatamente após o último
tratamento cujos resultados demonstraram,
melhoria significativa na incapacidade funcional,
no controlo da dor e na qualidade de vida.
No estudo aleatório de Saavedra-Hernández
(2013), com recurso a manipulações da coluna
cervical em pessoas com dor cervical mecânica
CONCLUSÃO
Cuidar do doente com dor crónica representa um
desafio e uma experiência com retorno
compensatório para o profissional de
enfermagem, pelos resultados obtidos com o
recurso às medidas não farmacológicas,
sustentadas na evidência científica.
crónica comparativamente com um grupo
submetido a manipulações de maior
complexidade, na coluna cervical, cervico-
torácica e torácica, permitiu concluir que a maior
complexidade de manipulações resulta em maior
redução da incapacidade funcional, com
diminuição semelhante da dor cervical em ambos
os grupos. Em ambos os grupos, ocorreu
aumento da amplitude de movimento cervical.
O programa de acompanhamento multidisciplinar
de gestão da dor crónica, apresentado na revisão
de Dysvik (2011), demonstrou as evidências
substanciais que suportam o uso de abordagens
na Terapia Cognitiva Comportamental para a dor
crónica, na ajuda aos doentes, de modo a gerir
mais eficazmente e melhorar a sua qualidade de
vida, bem como a capacidade funcional
relacionada com a saúde.
A dor é uma experiencia única e individual,
revestida de elevada complexidade, para a qual
não existe um único tratamento para todos os
doentes e para todas as situações, podendo ser
útil recorrer a várias estratégias para conseguir
bons resultados (Elvin, Perry e Potter, 2005).
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As intervenções individualizadas de enfermagem
ao nível das medidas não farmacológicas, são
desenvolvidas no âmbito de uma visão que
integra a pessoa ao nível biopsicossocial,
capacitando-a e responsabilizando-a a envolver-
se no seu processo de reabilitação.
É do consenso, pautado pela literatura, que as
intervenções não farmacológicas só por si não
substituem as intervenções farmacologias mas
que a combinação destas traz benefícios para o
tratamento da pessoa com dor crónica de varias
etiologias.
Apresentamos na Quadro Nº 3, de forma
sistemática, o resumo dos principais
resultados/indicadores, agrupados nos domínios
apresentados pelos autores dos artigos
incluídos: Controlo da dor, Estado funcional,
Estratégias de adaptação eficazes, Qualidade de
vida, Estados de desajuste psicológico e
Literacia em saúde.
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No estado funcional revelou-se importante a
redução da incapacidade e mudanças positivas
no padrão de sono. Quanto à qualidade de vida,
relacionada com a capacidade da pessoa
retomar as atividades de vida diária, o enfermeiro
é fundamental na melhoria da percepção do
estado de saúde, no processo de aceitação da
doença e na satisfação com os cuidados.
Promove estratégias de adaptação eficazes, com
a adesão ao tratamento e o autocontrolo.
A autogestão da dor é potenciada pela literacia
em saúde, coadjuvada pelo enfermeiro, onde a
pessoa adquire conhecimentos para lidar e
actuar sobre o seu estado de saúde.
Em suma, os indicadores referentes ao controlo
da dor, com melhoria da percepção e intensidade
de dor, promovem a redução das interferências a
nível físico, emocional e social.
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