45 a intervenção psicológica na terminalidade, voltada para paciente e família
Post on 29-Jun-2015
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Profa. Dra. Maria Helena Pereira Franco
Sociedade Brasileira de Psico-OncologiaPontificia Universidade Católica de São
Paulo4 Estações Instituto de Psicologia
EQUIPE
AMIGOSFAMILIA
PACIENTE
SOCIEDADE
Transições psicossociais são os períodos mais sensíveis na vida que:
- requerem que as pessoas revejam seus conceitos sobre o mundo
- tem implicações duradouras e não transitórias
- acontecem em um período curto de tempo, com algum tempo para preparação
Perdas decorrentes da doença podem ser um trauma psicológico importante.
Pesar: emoção que nos dirige a algo ou alguém que está faltando.
Discrepância entre o que é e o que deveria ser.
O mundo que deveria ser é um constructo interno, o que torna a experiência de luto única e individual.
A magnitude dessa transição é tamanha que inclui disfunções simultâneas.
Perdas pela doença ocasionam um processo de luto:
o mundo presumido é afetado; a dor da mudança: difícil deixar tudo o que era conhecido; reações diferentes ao longo do processo; mecanismos de defesa podem ser
acionados para proteger alguém de se dar conta de uma perda.
De quê se despedir?
Significados atribuídos à experiência de viver e de morrer
Qualidade do tratamento durante o período da doença
“Não morro sozinho”
Morrer é solitário?
Morrer: pessoal e intransferível
Fatores que influenciam o processo:
circunstâncias do evento de transição; personalidade e experiência prévia da pessoa à morte;
suporte emocional; assistência para descobrir novas perspectivas de significado apropriadas para a situação emergente.
Luto: fenômeno complexo que abrange cinco dimensões:
1) Intelectual: confusão, desorganização, falta de concentração, intelectualização, desorientação, negação.
2) Emocional: choque, entorpecimento, raiva, culpa, alívio, depressão, irritabilidade, solidão, saudades, descrença, tristeza, negação, ansiedade, confusão, medo.
3) Física: alterações no apetite e no sono, inquietação, dispnéia, palpitações cardíacas, exaustão, boca seca, perda do interesse sexual, alterações no peso, dor de cabeça, mudanças no funcionamento intestinal, choro.
4) Espiritual: sonhos, impressões, perda da fé, aumento da fé, raiva de Deus, dor espiritual, questionamento de valores, sentir-se traído por Deus, desapontamento com membros da igreja.
5) Social: perda da identidade, isolamento, afastamento, falta de interação, perda da habilidade para se relacionar socialmente.
LUTO ANTECIPATÓRIOLUTO ANTECIPATÓRIO
- Processo de construção de significado, apresenta a possibilidade de elaboração do luto, a partir do adoecimento.
- Permite absorver a realidade da perda gradualmente, ao longo do tempo; resolver questões pendentes com as pessoas significativas (expressar sentimentos, perdoar e ser perdoado); iniciar mudanças de concepção sobre vida e identidade; fazer planos com as pessoas significativas, para que o futuro delas não seja vivido como traição ao doente.
O processo de luto tem início, portanto, a partir do momento em que é recebido o diagnóstico de uma doença fatal ou potencialmente fatal, pelas perdas, concretas ou simbólicas, que esse diagnóstico traga para a pessoa e sua família.
As perdas decorrentes estão relacionadas a: segurança, funções físicas, imagem corporal, força e poder, independência, auto-estima, respeito dos outros, perspectiva de futuro.
Considerando-se que o luto coloca o indivíduo em situação de vulnerabilidade e estendendo-se esse risco para o funcionamento familiar, é possível delinear-se, de acordo com Walsh e McGoldrick (1995) os objetivos para cuidar da pessoa à morte e de sua família.
◦ - obter e compartilhar o reconhecimento da realidade da morte
◦ - compartilhar a perda e colocá-la em contexto
◦ - reorganizar o sistema familiar
O processo de luto implica a reconstrução de um mundo com significado que tenha sido desafiado pelas perdas do adoecimento.
Seis objetivos são, portanto:
Encontrar ou criar novo significado na vida assim como na morte da pessoa querida.
Encontrar vias de continuidade na relação com a pessoa próxima da morte, assim como pontos de transição.
Estar atento a significados pré-verbais ou tácitos, assim como explícitos e articulados.
Buscar a integração de significado, assim como sua construção.
Facilitar a construção de significados como um processo tanto interpessoal como pessoal.
Ancorar a construção de significados em contextos tanto culturais como íntimos.
Usar a narrativa como método assim como um conceito-guia, para facilitar a afirmação ou uma nova autoria do self, a partir do adoecimento.
Ou seja: dar voz a uma história que não foi contada ou encontrar coerência em um senso de continuidade que tenha sido rompido pela doença ou pela proximidade da morte.
mhfranco@pucsp.br
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