118 anos cuidando da saúde no brasil
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CAPA Áreas-foco sustentam crescimento pelo próximos anos
EntrEvistA Novo Centro de Oncologia inova em atendimento multidisciplinar
118 anos cuidando da saúde no Brasil
jul-agO-set/2015
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
02
ÍNdiCeGirO PELO HOsPitAL
COMO EU trAtO
EvEntOs EM DEstAQUE
GirO PELO HOsPitAL 06 dia do Médico
PErsOnAGEM HAOC 09 angelita gama, primeira dama da cirurgia
EntrEvistA 10 Oncologia inaugura serviço por especialidades em turnos específicos
EDUCAÇÃO E CiÊnCiA 12Cursos práticos dentro do ambiente hospitalar
EXAMEs LABOrAtOriAis 14diabetes tem novos marcadores
MAtÉriA DE CAPA 18 evoluindo com a saúde no Brasil
COMissÃO DE BiOÉtiCA 22 Bioética e a CoBi-HAOC 2015
LivrAriA 23 a capital da vertigem
QUALiDADE E ACrEDitAÇÃO 24 O paciente no centro da atenção
ArtiGO intErnACiOnAL 26 “Beyond endoscopic mucosal healing in uC: histological
remission better predicts corticosteroid use and hospitalisation over 6 years of follow-up”.
AGEnDA - OUtUBrO DE 2015 28 Reuniões Científicas do Almoço
rEsPOnsABiLiDADE jUríDiCA 31 Reprodução assistida
rELAtO DE CAsO 32 Pancreatite aguda
estreia na Feira Hospitalar
uso do Medicamento no idoso
Infecções relacionadas à região anatômica operada constituem
tema da campanha 2015
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VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
CRESCIMENTO DENTRO DO ESPERADO
apesar de um cenário econômico de contenção e
racionalização dos recursos, continuamos registrando uma
produção clínica ascendente, no ano de comemoração
dos nossos 118 anos. Com o foco no aperfeiçoamento
contínuo de nosso atendimento e a busca permanente por
melhores desfechos para os pacientes, temos conseguido
melhorar os indicadores assistenciais e reduzir as taxas
de infecção através da implementação de protocolos de
atendimento, manutenção e monitoramento das práticas
adotadas, além de ações de conscientização para todos
os nossos profissionais. Um panorama bastante animador
considerando a perspectiva da reacreditação da jCi que
acontecerá em novembro próximo.
Neste segundo semestre, ampliamos e aprimoramos
diversos serviços. um deles é o novo Centro de Oncologia
que terá um novo espaço físico para inovar em seu
atendimento multidisciplinar, concentrando os atendimentos
por especialidade em horários específicos. A Cardiologia
também inaugura uma nova fase, com novos consultórios e
uma atuação mais abrangente para cobrir os mais variados
casos, da prevenção à alta complexidade, e a Neurologia
também será contemplada com mudanças significativas em
termos de espaço físico e qualificação da sua atuação.
Com o alvo cada vez mais direcionado para nossas áreas-foco,
continuamos a tomar decisões que nos amparam em direção
à evolução. A renovação do nosso planejamento estratégico
nos auxiliará a atingir um novo salto de crescimento. Para
isso, contamos com o apoio de todos os que vêm ajudando
a construir a nossa história. juntos faremos um hospital cada
vez melhor.
Dr. Mauro Medeiros Borges superintendente Médico
UM HOSPITAL PREPARADO
Recentemente pude, por motivos de saúde, experimentar a
sensação de adentrar em nosso Hospital pela sua sala de
emergência. Confesso que isso se constitui em experiência
impactante e que eu faço obrigatoriamente para repensar
conceitos e valores de vida, mas chamou minha atenção
alguns aspectos deste episódio que nesse momento
gostaria de dividir com nossos colegas. O tratamento da
emergência em si (PA e UTI) foi absolutamente perfeito,
claro que esse tratamento foi revestido pela preocupação
inerente e natural de ali estar o Diretor Clínico do Hospital.
Mas alguns detalhes que não são vinculados ao cargo e
o fato deste atendimento ter sido inesperado e, em uma
situação emergencial, me levam a concluir que as equipes
de emergência de nossa instituição encontram-se de uma
forma geral sintônicas e bem preparadas para o atendimento
de pacientes graves.
O atendimento de emergência é a o meu ver o ponto sensível
de um hospital de grande porte: o tempo de sua realização,
o treinamento de suas equipes, os protocolos assistenciais,
os equipamentos disponíveis, são fatores que devem estar
muito integrados, efetivos e atualizados.
tenho a convicção por essa experiência pessoal e viva e pelo
acompanhamento diário da organização de nossos serviços
de emergência que os médicos do corpo clínico podem
confiar plenamente e estar certos que ao referendar os seus
pacientes para o nosso pronto atendimento e uti, estarão
recebendo um atendimento assistencial completo, eficiente
e principalmente humano.
aproveito esta ocasião também para agradecer do fundo
do meu coração todos os profissionais desta instituição que
de forma direta e indireta participaram do meu atendimento.
Dr. Marcelo Ferraz sampaio diretor Clínico
03
EDITORIALEXPEDiEntE
a revista “Visão Médica” é
uma publicação direcionada
ao Corpo Clínico do Hospital
alemão Oswaldo Cruz.
Comitê Editorial:
dr. jefferson gomes
Fernandes (Editor-Chefe)
dr. andrea Bottoni
dr. Claudio josé C. Bresciani
dr. luis Fernando alves Mileo
dr. Marcelo Ferraz sampaio
dr. Mauro Medeiros Borges
Dr. Stefan Cunha Ujvari
dra. Valéria Cardoso de souza
dr. Vladimir Bernik
Gerência de Marketing:
Melina Beatriz gubser
Coordenação Editorial:
Michelle Barreto
jornalista responsável:
Inês Martins MTb/SP
024095
Projeto Gráfico e
Diagramação: azza.ag
Direção de Arte e Design:
Adriano Piccirillo e
jéssica Valiukevicius
Fotos: Mario Bock, Roberto
assem, lalo de almeida,
eduardo tarran, Banco de
Imagens do Hospital e
thinkstock
tiragem:
3.000 exemplares
já são três as máquinas portáteis do sistema genius® que levam até o paciente acamado a
possibilidade de fazer a diálise no próprio apartamento, evitando a locomoção e o risco de
descompensação da pressão arterial ou da oxigenação, por exemplo, entre outras decorrências
do transporte. “Num complexo hospitalar tão grande como o nosso, ganhamos tempo para o
paciente e oferecemos o máximo de comodidade e segurança”, afirma o Dr. Américo Cuvello,
Coordenador do Centro de Nefrologia e Diálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A ideia de criar
máquinas de diálise, com amortecedores especiais, surgiu durante a guerra do golfo, em 1991
para os pacientes que não podiam sair dos hospitais de campanha para receber tratamentos.
inspirado na Clínica de Cleveland, um espaço dedicado
aos familiares dos pacientes, com atividades de
relaxamento e distração, vem conquistando adeptos
no quarto andar, da torre e. Com a prática de yoga,
oficinas do bem-estar psicológico, entre outras, o
local foi concebido para apoiar o relaxamento e aliviar
o estresse dos acompanhantes e familiares dos
pacientes.
A coordenadora de enfermagem Roberta Monge,
responsável pelo serviço, revela que qualquer
colaborador voluntário pode se candidatar para
oferecer seu tempo, lendo histórias ou ensinando
a pintar, por exemplo. e que a intenção é ampliar
o número de atividades que acontece nesta sala.
“gostaríamos de contar com a indicação dos médicos,
visto que a ciência já comprovou a eficácia e os
benefícios desse tipo de iniciativa”, afirma ela.
04
GirO PELO HOsPitAL
uNidade de ateNdiMeNtO INTEgRADO PACiEntE E FAMíLiA
DiáLisE vOLAntE OU BEIRA-LEITO
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz foi uma das cinco
instituições de excelência selecionadas pela Prefeitura
Municipal de São Paulo para participar de um combate
emergencial à dengue, diante do crescente número de
casos da doença. a instituição realizou o atendimento
na tenda instalada na uBs Vila Nova Manchester, na
Zona Leste de São Paulo, durante um mês, com uma
equipe composta por 18 pessoas entre, médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem, seguranças e
auxiliares administrativos.
A estreia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na Feira Hospitalar 2015, em maio desse ano, foi marcada pelo
destaque dado à medicina preventiva, no Circuito de Saúde, que ofereceu exames de aferição de pressão,
avaliação de bioimpedância e medição de glicemia capilar, realizados por colaboradores voluntários. durante
o evento, os visitantes ainda concorreram à check-ups, ofertados pela Unidade do Campo Belo e puderam
conhecer o novo Serviço Premium. O estande de 60 m², contou com localização privilegiada no espaço
Hospitais Lounge, reservado às maiores instituições brasileiras de saúde.
Médicos de todas as especialidades
que realizam cuidado direto aos
pacientes e demais profissionais de
saúde devem fazer o treinamento
de Ressuscitação Cardiorrespiratória
(suporte Básico de Vida ou Bls -
Basic Life Support). Já os profissionais
que atuam fora da unidade Bela
Vista ou que atuam em unidades
que atendem pacientes críticos (uti,
PA) precisam fazer o treinamento
de nível intermediário - emergências
cardiovasculares.
O treinamento, que vale por dois anos,
deverá ser refeito pela grande maioria
dos profissionais ainda em 2015. Os
novos profissionais da Instituição,
somente serão cadastrados após
terem passado pelo treinamento,
fundamental para aumento da
segurança dos pacientes e melhor
desfecho após PCR, informa a gerente
de Relacionamento Médico, Dra.
Fabiane Cardia salman.
05
HOSPITAL É CONVOCADO PARA COMBAtEr A DEnGUE Na Cidade
trEinAMEntO EM SUPORTE BÁsiCO de Vida É OBRIgATóRIO
EstrEiA NA FEIRA HOSPITALAR
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
06
GirO PELO HOsPitAL
DirEtOr DA FECs INTEgRA ADVISORy BOARD DO UPTODATE
dia dO MÉDiCO
O diretor geral da Faculdade de educação e Ciências
da Saúde (FECS) do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz, Prof. Dr. Jefferson gomes Fernandes, foi
recentemente convidado a fazer parte do advisory
Board para a américa latina do UptoDate, líder
mundial de tecnologia para informações baseadas em
evidências em apoio às decisões clínicas. Publicações
científicas mostram que entre os resultados do uso
Para homenagear o nosso Corpo Clínico, o hospital realizou um jantar comemorativo no dia 16 de outubro
na Casa Fasano. O encontro reuniu cerca de 500 convidados. “trata-se de um momento importante em
que médicos e a direção do hospital têm a oportunidade de comemorar juntos o histórico de compromisso e
parceria recíprocos”, observa o Superintendente Médico, Dr. Mauro Medeiros Borges. Ele explica que o jantar
deu continuidade as comemorações do Dia do Médico, que tiveram início com o tradicional almoço realizado no
restaurante dos médicos, no quinto andar da torre B.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
dr. jefferson gomes Fernandes
do UptoDate – que oferece integração ao prontuário
eletrônico e acesso remoto – estão a redução do
tempo de permanência hospitalar, redução da taxa
de complicações e da mortalidade hospitalar; ou seja,
a melhoria dos desfechos dos pacientes. a reunião
deste conselho foi realizada em Miami, nos estados
unidos, em agosto deste ano.
07VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
Luciana Mendes Berlofi
tese sobre gestão de pessoas enfoca a organização dos profissionais de Enfermagem na década de 1940
Praticamente “formada” dentro do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz, onde está desde o período de estágio,
a enfermeira e gerente de unidades de internação,
Luciana Mendes Berlofi, decidiu aprender mais sobre
o hospital durante os dois anos em que cursou seu
mestrado na Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp). O resultado é a tese “Caracterização e
organização da força de trabalho de enfermagem
do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, no contexto da II
guerra Mundial”.
O trabalho é o primeiro a se debruçar sobre a
importância destes pioneiros da enfermagem do
HAOC em uma época crítica como a da II guerra
Mundial. segundo luciana, um dos fatores que
contribuiu para que o hospital se transformasse
em uma instituição Modelo de Referência em
assistência foi justamente a vinda, desde o início, de
enfermeiras alemãs. Na maioria religiosas e ligadas à
Cruz Vermelha, elas literalmente viveram dentro do
hospital, onde tinham seus alojamentos.
“Nesse período inicial buscou-se profissionais com
experiência, que conhecessem a cultura alemã,
ocupassem postos-chave na área assistencial e que
pudessem atender às necessidades da comunidade.
Reconhecemos a relevância da prática profissional
destas enfermeiras que, com suas experiências
pregressas, destacaram a qualidade assistencial e
de organização do HAOC, atributos estes, que foram
sustentados com muito orgulho pelas gerações que
seguiram", observa ela.
Luciana afirma que neste período o ensino superior
em enfermagem ainda estava em fase inicial no país
A IMPORTâNCIA DA EnFErMAGEM DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
e coexistiam dentro dos hospitais três perfis distintos
de enfermeiros: os diplomados, os práticos e as irmãs
de caridade. e o hospital inovou ao oferecer um curso
prático em enfermagem. acredita-se que o curso,
voltado para ajudantes e enfermeiros, ajudava a fixar
e padronizar processos.
Entre as conclusões do estudo feito por Luciana,
estão a de que sempre houve a intencionalidade em
organizar os agentes de enfermagem de forma a
atender não só às demandas internas, mas também
à reconfiguração da Enfermagem no cenário nacional.
além da expertise europeia trazida pelas irmãs alemãs
da Cruz Vermelha, a pró-atividade na formação de
profissionais e implantação de plano de carreira são
alguns dos fatores que transformaram o hospital em
referência como uma das melhores assistências do
país. a tese está disponível na biblioteca do hospital
para consulta.
Em tempos de aperto financeiro, o assunto da organização do fluxo de caixa volta a ser pauta na
rotina de muitos profissionais da saúde, quer seja no contexto pessoal, profissional ou empresarial.
Hoje, ainda encontramos profissionais que não possuem nenhum mecanismo de controle de seus
rendimentos e gastos, muito menos de planejamento para guardar uma reserva em tempos de crise.
Para ajudar a reverter este quadro, preparamos algumas dicas práticas para quem quer sair do atoleiro:
1) Registre todo movimento financeiro: a recomendação aqui é anotar ou guardar os
comprovantes de toda entrada e saída do caixa, quer tenha sido feita em espécie, depósitos,
créditos, cheques, débitos, ou cartão de crédito.
2) Separe os gastos pessoais dos profissionais e dos empresariais: cada finalidade precisa
ter o seu fluxo financeiro. Desta forma, saberemos a situação de cada contexto assim como de
onde vêem os recursos e onde estão sendo aplicados.
3) Crie contas separadas para cada contexto: tenha, no mínimo, uma conta para contexto,
uma para as questões pessoais, uma para as questões profissionais e outra para as questões
empresariais.
4) Defina um processo para organizar os comprovantes e as informações: defina um
local/bandeja para a chegada e outra para a saída de comprovantes e informações. Desta forma, é
possível visualizar o volume de itens a serem processados no seu controle.
5) Escolha uma ferramenta de organização financeira: a ferramenta mais utilizada
atualmente para colocar em ordem os controles é a planilha Excel. Para os mais sofisticados,
existem ferramentas web que também fazem as mesmas tarefas. O importante nesta etapa é
definir o tipo de informação que se deseja obter da ferramenta e planejá-la sua obtenção através
da definição do plano financeiro.
Ficou com dúvidas? Entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudá-lo.
08
GirO PELO HOsPitAL
dia a dia dO MÉDiCO
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
Celso Hideo Fujisawa | cfujisawa@contmed.com.br
Caso relatado pelos drs. jaime diógenes, Flávio Pimentel, Cristiane Ohta, Serli Ueda e Ruy galves Jr.
Paciente do sexo feminino, 46 anos, com história de transplante renal, portador de hepatite C, com quadro de febre e adinamia há 12 dias. ao exame físico, apresenta pápulas eritematosas na mão, hepatoesplenomegalia e linfonodomegalia cervical esquerda. Relata contato com gato doméstico.
QUAL A sUA OPiniÃO?
Em 50 anos de profissão, ela tornou-se uma das profissionais mais respeitadas do mundo
A lista de qualificações, feitos e méritos da Profª. Dra. Angelita
Habr-gama é extensa e impressionante. Numa época em
que mulheres sequer costumavam estudar Medicina, ela foi a
primeira professora de cirurgia e a primeira mulher a chefiar o
Departamento de Cirurgia da Universidade de São Paulo, além
de ter criado a disciplina de Coloproctologia na instituição.
Está entre os maiores profissionais em sua especialidade no
mundo e integra sociedades restritas como a american surgical
Association, dos Estados Unidos, e o Royal College of Surgeons,
na inglaterra.
Nada mal para um dos sete filhos de um casal de imigrantes
libaneses que chegaram a São Paulo na década de 40, vindos
da Ilha de Marajó - local onde Angelita nasceu e viveu até os
sete anos. Na capital paulista, sempre estudando em escolas
públicas, a jovem entrou para a Faculdade de Medicina da USP,
uma das mais conceituadas do país, em sua primeira tentativa.
tornou-se docente na instituição, galgou todos os degraus
dentro da estrutura acadêmica da universidade até aposentar-
se em 2001, como professora emérita. Mas a cirurgiã está longe
de aposentar-se da profissão. Atende mais de 20 pacientes por
dia no instituto que mantém com o marido (o também cirurgião
Joaquim gama) na região do Ibirapuera, em São Paulo, e realiza
cerca de 40 cirurgias por mês no Hospital Alemão Oswaldo Cruz,
onde é acompanhada por uma equipe de renomados cirurgiões.
Também é presidente da Associação Brasileira de Prevenção
do Câncer de Intestino (Abrapreci), entidade responsável, entre
outras ações, pela criação, do “Setembro Verde”, mês dedicado a
ações de prevenção do câncer de intestino.
angelita possui um raro equilíbrio: ao mesmo tempo em que tem
plena consciência da sua importância no mundo da Medicina e
não é adepta da falsa modéstia, vive plenamente o hoje, sem
apego ao passado ou ansiedade com o futuro.
A senhora tem muitos anos de carreira. O que considera
mais importante ao longo de todo esse tempo em que
se dedica à medicina?
O primeiro passo importante foi entrar na Faculdade de Medicina
da USP, tudo foi consequência disso, foi decisivo. Entrei em
8º lugar, e naquele ano, 1952, entraram apenas 11 mulheres
entre 80 alunos. tive excelentes professores tanto da área
clinica como cirúrgica, destacando-se na cirurgia a influência
09
personagem haoc
AnGELitA GAMA, PRIMEIRA DAMA DA CIRURgIA
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
do Professor Alípio Correa Netto a Arrigo Raia, ambos nossos
padrinhos de casamento. Foi com o Professor Arrigo Raia,
exímio cirurgião, que aprimorei a arte de operar e com quem iria
iniciar minhas atividades no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A
ele renderei sempre minha homenagem. O segundo marco foi
a residência em cirurgia no Hospital das Clínicas. E o terceiro,
foi a ida para a Inglaterra em 1962 onde fiz especialização em
Coloproctologia e voltei com outra visão do mundo científico.
Tive uma longa carreira na Faculdade de Medicina da USP, até
me aposentar como professora emérita, em 2001. dentre os
inúmeros cargos e atividades que ocupei e exerci orgulha-me a
de ter presidido a Comissão de Restauro da Faculdade há cerca
de 5 anos.
Houve alguma ocasião em que a senhora se emocionou
com o seu trabalho?
Foram muitos momentos. O mais emocionante ocorreu,
quando no sexto ano no Hospital das Clínicas, descobri que
tinha vocação para operar. eu soube quando na sala de
cirurgia utilizei uma agulha para fechar o abdome do doente.
Costurar era o meu forte. Você para ser cirurgião precisa gostar,
ter disposição para trabalhar, ter energia e paciência, tem que
tomar decisão rápida, ser organizado, tanto mentalmente quanto
na vida pessoal. Quando no campo cirúrgico, você precisa estar
absolutamente concentrado e tranquilo.
A senhora ainda opera?
Opero muito, e opero muito bem. Muitas vezes opero o dia
inteiro no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Que tipo de cirurgia a senhora faz?
Fiz residência em cirurgia geral e cirurgia do aparelho digestivo.
Depois da minha ida à Inglaterra, passei a dedicar-me
exclusivamente ao estudo e cirurgia das doenças intestinais,
incluindo delgado, colon, reto e anus. talvez meu destaque
internacional tenha advindo dos trabalhos mais recentes sobre
câncer do reto. desde 1991 eu me dedico ao tratamento do
câncer do reto baixo, usando radioterapia e quimioterapia.,
Depois de 8 semanas verificamos o tipo de resposta do
tumor ao tratamento. se tiver desaparecido não operamos de
imediato e orientamos observação e seguimento rigoroso. Hoje,
cerca de 50% dos pacientes que passam por esse tratamento
não precisam operar. esse método deu origem a um protocolo
internacional chamado “Watch & Wait” (observar e esperar), que
vem sendo progressivamente adotado em vários países.
dra. angelita gama
OnCOLOGiA: ateNdiMeNtO iNteligeNte REúNE PROFISSIONAIS DE UMA MESMA ESPECIALIDADE EM UM úNICO CORREDOR DE CONSULTóRIOS
O modelo é inédito em hospitais gerais de alta
complexidade como o Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
a partir de outubro, um novo Centro de Oncologia,
com oito consultórios e 19 áreas de aplicação de
quimioterapia, passa a oferecer maior comodidade
para os pacientes que precisam passar por consultas
com diversos profissionais. Multidisciplinar, o centro
terá períodos de atendimento específicos para uma
mesma especialidade, num só corredor da torre a.
“Vamos ganhar tempo nos tratamentos e assegurar
um maior conforto aos nossos pacientes”, afirma
o dr. jacques tabacof.
graças a esse novo formato de atendimento, uma
paciente que busca auxílio para o tratamento de
câncer de mama poderá contar com um oncologista
clínico, um radioterapeuta e, se for o caso, realizar no
mesmo dia uma punção, além de usufruir dos serviços
adjacentes, como o de infusão de quimioterapia,
a psico-oncologia, entre outros. essa praticidade,
na opinião do dr. tabacof, irá facilitar, sobretudo, as
primeiras consultas que embasam o diagnóstico.
“estamos dando um passo fundamental para o
avanço da oncologia dentro do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz”, complementa.
10VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
11
EntrEvistA
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
“ComPEtênCia PaRa tRataR, sEnsiBiLiDADE PArA CUiDAr”
O acolhimento também se expande na medida em que
existe suporte tecnológico e casuística comprovada.
daí tem origem o novo conceito do Centro de
Oncologia, que será divulgado numa campanha de
sensibilização junto aos pacientes. “O conceito visou
integrar essa harmonia existente entre esses nossos
dois pontos fortes: a competência e o acolhimento”,
resume o oncologista.
O dr. tabacof lembra que no Brasil o atendimento
oncológico costuma ser fragmentado e que há
muita perda de informação e retrabalho. Com essa
nova forma de atendimento, predominantemente
ambulatorial, a intenção é intensificar a mensuração
dos desfechos dos pacientes e trabalhar com os
indicadores que vão auxiliar as pesquisas clínicas e os
estudos da área. Nesse sentido, ele conta que a nova
infraestrutura vai possibilitar também a inclusão de
pacientes em protocolos de pesquisas e que deverão
ser realizados cerca de seis estudos anuais.
Responsável pela movimentação de importantes
serviços da instituição como a uti, área de exames,
banco de sangue, entre outras, a Oncologia
vinha sendo preparada há mais de três anos para
esta virada. “já contávamos com uma cultura de
multidisciplinaridade e times completos montados
em função dessa demanda”, observa o dr. tabacof.
“Faltava apenas um local próprio para explorar melhor
nossa expertise”.
MúLtiPLOs rECUrsOs HUMAnOs E tECnOLóGiCOs
Além do INTRABEAM®, equipamento dirigido ao
tratamento dos cânceres de mama, entre outros
tipos, que consiste numa única dose de radiação,
durante a cirurgia, a Oncologia dispõe dos mais
modernos equipamentos e técnicas de tratamento.
Recentemente, a quimioterapia intraoperatória
passou a integrar os diversos procedimentos
realizados pelo Centro de Oncologia, em caráter
permanente. O método é utilizado para o tratamento
da carcinomatose peritoneal, um tipo de tumor
habitualmente raro, e em alguns tipos de tumor
de cólon e ovário. A HIPEC – sigla em inglês para
Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica –,
consiste em associar o uso de drogas quimioterápicas
à cirurgia para a ressecção da carcinomatose visível
(citorredução), e a um banho quente na máquina de
circulação extracorpórea, que pode atingir até 42°.
O centro está amparado por um time de especialistas
de primeira que costuma reunir-se com frequência
para discutir os casos de maneira individualizada,
mas explorando a perspectiva de vários profissionais.
“temos crescido também em complexidade e
resolução”, ressalta o dr. tabacof.
12
EDUCAÇÃO E CiÊnCiAs
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
AMBIENTE HOSPITALAR FAvOrECE PrátiCA DOs CUrsOs DE Pós-GrADUAÇÃO latO seNsuVoltados para uma prática cirúrgica, os cursos de Pós-graduação em Cirurgia Robótica em Urologia e o de
Cirurgias Bariátrica e Metabólica da Faculdade de Educação em Ciências da Saúde (FECS), oferecem um
aprendizado contextualizado que suscita uma série de discussões em cima de questões concretas. A prática é
ainda a tônica dos outros dois cursos de pós-graduação Lato Sensu, voltados para os profissionais à procura de
especializações, Ecocardiografia e Endoscopia Digestiva, e que atraem médicos do todo o Brasil.
“Continuamos a todo o vapor, exatamente porque conseguimos contar com esse diferencial dos cursos
contextualizados em nosso próprio hospital”, explica o Prof. Dr. Andrea Bottoni, Diretor Acadêmico da FECS.
Os cursos permitem que os alunos adquiram uma experiência importante para a carreira. “O profissional pode
vivenciar uma rotina de um Serviço de Ecocardiografia Hospitalar como o nosso que realiza inúmeros exames
mensalmente distribuídos, sobretudo, entre os ecocardiogramas transtorácicos ambulatoriais e de internados,
além dos exames complexos como os ecocardiogramas transesofágico, com estresse, tridimensionais,
intraoperatórios e nas intervenções cardíacas percutâneas”, comenta o Dr. Pedro graziosi, Médico Coordenador
do Centro Diagnóstico de Cardiologia Não Invasiva do HAOC e também responsável pelo curso de pós-
graduação.
a oportunidade de acompanhar, discutir e ter um incremento gradativo prático e teórico conforme aponta o dr.
graziosi, também acontece com o treinamento em endoscopia digestiva. além de credenciado pela sociedade
Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), o curso já conta com o aval da Comissão Nacional de Residência
Médica do Ministério da Educação para se tornar Residência Médica em 2016. “Isso é consequência da excelente
formação teórica e prática através do corpo docente altamente qualificado e com vocação acadêmica”, avalia o
Prof. Dr. Paulo Sakai, Coordenador da pós-graduação em Endoscopia e do Centro de Especialidade em questão,
do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
dr. andrea Bottoni
13VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
EsPECiALizAÇõEs DiFErEnCiADAs
A especialização em Cirurgia Robótica em Urologia é a única em todo o país. Inaugurado em
2010, esse tipo de curso, existente em países avançados no mundo, conta sempre com esse
formato. “ O objetivo é fazer com que a especialização do profissional ocorra, de fato, enquanto
ele pratica. Por isso, o curso tem um foco muito mais prático do que teórico”, explica o Dr. Carlo
Passerotti, Coordenador do Centro de Cirurgia Robótica do hospital e responsável por esse
curso inspirado nos moldes dos cursos norte-americanos chamados de ‘fellow’, palavra que
designa companheiro em inglês.
este é também o espírito da pós-graduação em Cirurgia Bariátrica e Metabólica. segundo o
seu Coordenador, e responsável pelo Centro de Obesidade e Diabetes, o Dr. Ricardo Cohen,
os alunos têm uma formação que privilegia ainda o acompanhamento das atividades clínicas
e do pós-operatório das cirurgias. O centro foi o primeiro no País, a ganhar uma importante
certificação de excelência, com relação às cirurgias bariátricas e metabólicas realizadas no
Hospital. Trata-se de um reconhecimento dado pela entidade norte-americana Surgical Review
Corporation, que atesta a qualidade e a segurança dos procedimentos que os profissionais têm
participado no dia a dia das aulas.
Recentemente, dois marcadores passaram a integrar a
lista de exames no arsenal diagnóstico e de controle do
diabetes – a dosagem plasmática do anticorpo contra
o transportador de zinco 8 (anti-Znt8) e a dosagem de
1,5 anidroglucitol (1,5-Ag), também conhecido como
1-deoxiglicose.
O anti-Znt8, uma proteína encontrada na membrana
dos grânulos secretores de insulina das células beta,
produzida pelo gene SLC30A8, figura atualmente
como um novo marcador do diabetes tipo 1 (DM1),
sendo observado em 60% a 80% dos pacientes
recentemente diagnosticados. O acréscimo da
14
EXAMEs LABOrAtOriAis
NOVOS MARCADORES PARA DiABEtEs
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
Assessoria MédicaDra. Milena Gurgel Teles Bezerra | milena.teles@grupofleury.com.brDra. Maria Izabel Chiamolera | mizabel.chiamolera@grupofleury.com.brDra. Rosa Paula Mello Biscolla | rosapaula.biscolla@grupofleury.com.br
determinação do anti-Znt8 ao painel que inclui
outros anticorpos reconhecidamente envolvidos na
patogênese do dM1, como anti-gad, anti-insulina e
antitirosinafosfatase 512, aumenta a sensibilidade
da detecção de autoimunidade para 98%. além disso,
é possível considerá-lo um marcador independente
da doença, uma vez que estudos mostram que de
14% a 26% dos diabéticos tipo 1 negativos para os
anticorpos tradicionais apresentam positividade para
o anti-Znt8. O fato é que, quando presente, o novo
marcador geralmente precede o dM1 em alguns anos,
e, portanto, não apenas corrobora o diagnóstico, como
pode predizer o risco de progressão para a doença em
indivíduos assintomáticos com história familiar positiva.
já a dosagem de 1,5-ag, um monossacarídeo de
origem natural, análogo à glicose, não metabolizado e
proveniente da dieta, constitui um novo instrumento
para o controle glicêmico, proposto como alternativa
à medida de frutosamina e hemoglobina glicada
(HbA1c). Embora seja excretado pelas vias urinárias, os
rins o reabsorvem em sua quase totalidade. Contudo,
esse processo é inibido de modo competitivo pela
glicose. Dessa forma, à medida que ocorre aumento
da glicemia plasmática e consequente elevação da
reabsorção tubular de glicose, o 1,5-ag passa a ser
menos reabsorvido, o que leva à redução da sua
concentração no sangue. logo, níveis séricos baixos de
1,5-ag estão associados a níveis elevados de glicemia.
Apesar de haver variações no limiar de excreção renal
da glicose, não se observa influência desse fato nas
medidas de 1,5-Ag. Da mesma maneira, as refeições ou
a atividade física não afetam significativamente seus
teores plasmáticos. Na prática, os valores de 1,5-ag
refletem elevações transitórias da glicemia de poucos
dias, permitindo um controle glicêmico mais precoce –
das últimas 24 a 72 horas – do que a frutosamina ou
a HbA1c. Ademais, estudos demonstraram que o teste
apresenta boa correlação com a hiperglicemia pós-
prandial, mesmo em indivíduos com HbA1c dentro do
alvo (de 6% a 8%).
Nos pacientes idosos, das alterações próprias do
envelhecimento, observam-se processos patológicos
crônicos e, eventualmente, afecções agudas. Por isso
não é surpreendente que, quanto mais avançada
a idade, maior o consumo de medicamentos.
a análise da medicação utilizada por 600 pacientes
ambulatoriais do Serviço de geriatria do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da universidade
de São Paulo evidenciou que, durante seis meses,
eles haviam tomado de 0 a 11 medicamentos (média
de 4,35) e, no momento da entrevista, tomavam de
0 a 10 medicamentos (média de 2,78). As drogas
mais utilizadas pelos idosos são as de ação anti-
hipertensiva, cardiovascular, analgésica, sedativa,
laxativa e anti-infecciosa.
As alterações anatômicas e funcionais que ocorrem
no envelhecimento determinam o comprometimento
da absorção, distribuição, metabolismo e eliminação
dos medicamentos. Por outro lado, as modificações
que se verificam nos idosos tornam os tecidos
e órgãos mais sensíveis a ação das drogas.
É evidente que a administração conjunta de diversos
medicamentos aumenta os problemas relacionados
a sua administração e, também, a probabilidade de
interações entre drogas, com consequências, não
raramente, adversas.
ABsOrÇÃO
dependendo da via de administração da droga,
pode haver variação da ação farmacológica. a via
oral constitui o meio mais simples e conveniente de
administração de medicamentos. a absorção das
drogas no tubo digestivo depende de diversos fatores,
como: pH gástrico, velocidades do esvaziamento
gástrico e do trânsito intestinal, fluxo sanguíneo
mesentérico e capacidade de absorção do epitélio
intestinal, que podem alterar-se no envelhecimento.
O prejuízo da absorção nos idosos ocasiona menor
nível sanguíneo dos medicamentos e, portanto,
menor ação farmacológica.
usO dO MEDiCAMEntO nO iDOsO
15
COMO EU trAtO
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
Dr. Eurico Thomaz de Carvalho Filho (CRM 8719)
16VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
DistriBUiÇÃO
A transferência das moléculas das drogas da corrente sanguínea para os vários tecidos é influenciada por diversos fatores que se alteram no envelhecimento. assim, no idoso observa-se redução da água total, principalmente a custa do compartimento intracelular, redução da massa tecidual e aumento da gordura total. A alteração desses fatores determina modificações dos volumes de distribuição, ou seja, dos compartimentos corpóreos que são ocupados por uma determinada droga. Assim, a intoxicação do idoso com doses baixas de digoxina pode ser parcialmente relacionada a redução da massa muscular esquelética, onde a droga também se distribui, além do miocárdio. a redução da albumina plasmática, especialmente em portadores de afecções consumptivas, determina a presença de maior quantidade de droga livre no plasma. este fato pode ocorrer com anticoagulantes, antidiabéticos orais, salicilatos e anticonvulsivantes, e se evidencia de forma mais intensa quando duas ou mais drogas são administradas conjuntamente, determinando o deslocamento de uma delas da ligação protéica.
MEtABOLisMO
as drogas são metabolizadas em vários órgãos, mas o fígado e o principal responsável por esse processo; com o envelhecimento, observa-se redução do seu peso, redução do fluxo sanguíneo e alterações histológicas nos hepatocitos. Experiências em animais têm demonstrado redução da atividade enzimática microssomal, fazendo com que, no idoso, as drogas não sejam metabolizadas tão rápida e eficientemente quanto no jovem. Além disso, a associação de hepatopatias e de insuficiência cardíaca, frequentes nessa faixa etária, pode comprometer ainda mais a função hepática. Por esses motivos, ha tendência ao acúmulo das drogas em sua forma original
ELiMinAÇÃO
O processo de eliminação das drogas ou de seus metabolitos, na maioria dos casos, efetua-se pelos rins, que apresentam diversas alterações anatômicas e funcionais no envelhecimento. Diminuição do seu peso, redução do número de nefrons, hialinização dos glomérulos, redução do fluxo plasmático renal e da filtração glomerular, alteração da capacidade de absorção e excreção tubulares são algumas delas. Diversas drogas bastante utilizadas, como antiinflamatórios não hormonais, aminoglicosideos e contrastes radiológicos, podem determinar lesão renal por diversos mecanismos, comprometendo ainda mais a função renal do idoso. Portanto, drogas que são eliminadas íntegras ou como metabolitos ativos pelos rins, como digoxina, procainamida, aminoglicosideos, sulfas, clorpropamida, alopurinol e etambutol devem ser administradas com cautela aos idosos. Por esses motivos, e importante determinar o verdadeiro estado da função renal no paciente idoso. Como as determinações da uréia e creatinina plasmáticas são insuficientes para avaliar a função renal e a avaliação da depuração da creatinina apresenta dificuldades inerentes ao método, tem sido propostas fórmulas para avaliação da função renal, das quais a mais utilizada e a proposta por Cockroft e gault: (140 – idade) x peso (kg). Depuração de creatinina (ml/min.) =72 x creatininemia (mg/dL). Nesta fórmula, o peso deverá ser o da massa corpórea magra e o resultado deverá ser ajustado para mulheres, multiplicando-se o resultado por 0,85.
MAiOr sEnsiBiLiDADE DO órGÃO EFEtOr
O envelhecimento modifica a resposta do organismo as drogas devido a alteração da sensibilidade dos tecidos e órgãos as mesmas. Pesquisas têm sido realizadas comparando-se as correlações entre doses de medicamentos e seus efeitos em pacientes idosos e jovens. Através desses métodos foi possível demonstrar maior sensibilidade do sistema nervoso central ao nitrazepan e diazepan, maior sensibilidade do coração aos digitálicos e menor sensibilidade dos receptores beta-adrenergicos as drogas beta-agonistas e beta-antagonistas.
COMO EU trAtO
nOrMAs PArA tErAPÊUtiCA FArMACOLóGiCA
devido ao fato de o idoso apresentar, com frequência, múltiplas queixas relacionadas a vários órgãos e sistemas, o médico tende a prescrever maior número de medicamentos. assim, há maior probabilidade de incidência de reações adversas causadas por cada uma das drogas, bem como pela interação entre elas. ao prescrever para um paciente idoso, é sempre conveniente levar em consideração algumas normas fundamentais:
1. Diagnóstico correto das afecções, para que sejam prescritos apenas os medicamentos necessários.
2. Avaliação das funções hepática e renal.
3. iniciar a terapêutica com doses menores que as utilizadas em adultos jovens e aumentar, se necessário, observando a ação terapêutica e os efeitos colaterais.
4. utilizar o menor número possível de drogas, pois o idoso confunde, com frequência, quando deve tomar cada medicamento.
5. Rever a prescrição periodicamente, suspendendo os medicamentos desnecessários.
6. Considerar sempre a possibilidade de que uma nova manifestação clínica possa ser consequência do efeito adverso de um medicamento.
BiBLiOGrAFiA
1. Cusak BJ. Pharmacokinetics in older persons. Am J geriatr Pharmacother 2004; 2: 4.
2. Edwards JR, Aronson J. Adverse drug reactions: definitions, diagnosis, management. Lancet 2000; 356: 1255
3. juurlink dN, Mandeni M, Kopp a. drug-drug interactions among elderly patients hospitalized for drug toxicity. JAMA 2003; 289: 1652.
4. Olyaei AJ, Bennett WM. Drug dosing in the elderly patients with chronic kidney disease. Clin geriatr Med 2009; 25: 459.
5. Papaléo Netto M, Carvalho Filho ET, Pasini U. Farmacocinética e Farmacodinâmica. In Carvalho Filho ET, Papaléo Netto M.
6. geriatria. Fundamentos, Clínica e Terapêutica (2ª Ed). Atheneu, São Paulo; 2005: 619.
17VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZVISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
O MODELO ExEMPLAR de CLEvELAnD
Inspiração para muitas instituições ao redor do mundo,
segundo o presidente do Conselho deliberativo do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Marcelo Lacerda, a
Clínica de Cleveland também serviu de exemplo por
aqui. lá, como no próprio hospital, têm ganhado força
junto aos pacientes, os novos centros de especialidade
que são multidisciplinares e buscam abranger todos
os sintomas que afetam um determinado órgão
do sistema, na busca de aprimorar ainda mais um
atendimento de excelência.
“Buscamos a cada dia aprimorar a nossa forma de
acolher os nossos pacientes, tornando tangível a
todos nossa vocação para cuidar. assim caminhamos
para proporcionar os melhores resultados para
os pacientes, possibilitando que eles voltem à
vida normal com o máximo de rapidez, conforto e
segurança”, afirma Lacerda.
Melhorar a experiência dos pacientes. esse foi o
grande desafio do CEO Delos “Toby” Crosgrove,
quando assumiu a Clínica de Cleveland, em 2009.
Considerada excelente do ponto de vista dos
procedimentos médicos, mas situada numa posição
medíocre perante os seus concorrentes, a instituição
carregava uma bandeira negativa apontada por
pesquisas, depois que o parecer dos pacientes foi
ouvido. “eles não gostavam de nós”, resumiu Cosgrove.
Para reverter a situação, o CEO entregou a James
Merlino, um proeminente cirurgião proctologista,
a tarefa de liderar o esforço, criando o escritório
da Experiência do Paciente – EPP. O objetivo era
envolver médicos, administradores e até faxineiros
nessa empreitada que deveria transformar a cultura
da organização, a partir do desenvolvimento de
um profundo conhecimento das necessidades dos
pacientes.
Sua intenção era clara: ajudar a clínica a alcançar um
tratamento impecável. Para motivar funcionários e
fazer com que todos pensassem da mesma forma,
sobretudo os médicos “superstars”, que atraíam
os pacientes para a clínica, ele colocou os 43 mil
colaboradores em treinamento de meio período.
Depois de um ano, todos incorporaram ações
importantes de acolhimento, como sorrir, chamar o
paciente pelo nome, construindo um relacionamento
mais pessoal. Os funcionários passaram a interagir
de forma mais efetiva com os médicos e também se
sentiram cuidadores. já os pacientes, puderam ser
verdadeiramente acolhidos, pela primeira vez.
O case, publicado pela revista Harvard Business
Review, enfocou a transformação da Clínica de
Cleveland, mostrando como ela subiu ao topo
das instituições entre 4.600 hospitais norte-
americanos, em cerca de três anos. atualmente, a sua
performance é mantida por uma estreita vigilância
com relação à identificação das queixas dos pacientes
e pelo permanente engajamento e motivação
dos funcionários.
18
MAtÉriA DE CAPA
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
áreas-foco embasam novo salto de crescimento
O acolhimento e a vanguarda no atendimento ao paciente
sempre acompanharam o Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
desde quando abriu as suas portas em 1897, registrando
uma procura que o obrigou a rapidamente aumentar o
seu número de leitos, a instituição sempre demonstrou
seu compromisso com a evolução da saúde no Brasil.
118 AnOs CuidaNdO da SAúDE NO BRASIL
Ao longo do tempo, o hospital esteve à frente das
grandes transformações da medicina, ocorridas
em território nacional, tendo registrado a tradição
assistencial da enfermagem alemã e o suporte da
comunidade germânica, aqui presente, enquanto
marcos da sua expansão. a instituição foi pioneira
ao estabelecer uma parceria entre a administração
e a equipe médica, instituindo a figura do diretor
clínico, ainda em 1928.
19VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
Hoje, passados 118 anos, o Hospital Alemão
Oswaldo Cruz prepara-se para uma nova fase em sua
história. Com um desenvolvimento baseado em seus
três pilares de atuação: a Saúde Privada, a Educação
e a Pesquisa e a Responsabilidade Social, além dos
constantes investimentos em tecnologia, e uma
forte ampliação da sua assistência, a perspectiva é
a de um movimento ascendente. Até o final do ano, a
revisitação do nosso planejamento estratégico, deve
trazer novos rumos de expansão.
O cenário atual traz a oportunidade de o hospital
otimizar a sua capacidade produtiva, assegurando
os níveis de excelência em atendimento integral
à saúde, conquistados em mais de um século, na
opinião do presidente do Conselho deliberativo do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Marcelo Lacerda.
exemplos disso são a reformulação do centro cirúrgico,
que veio aperfeiçoar a infraestrutura tecnológica do
hospital, e a ampliação dos centros de especialidade
que passam a contar com novos espaços, amparados
pelo conceito da multidisciplinaridade, para oferecer
um atendimento ainda mais especializado e
confortável para os pacientes.
OnCOLOGiA
uma das áreas estratégicas para a instituição,
a Oncologia inaugura um corredor de novos
consultórios e pontos de aplicação de
quimioterapia, dando prosseguimento a uma
atuação preponderantemente ambulatorial. Como
o tratamento oncológico é integrado, os novos
consultórios vão atender diferentes especialidades
em períodos únicos. Ou seja, a paciente que vai
se tratar de um câncer de mama, por exemplo,
poderá contar com um oncologista clínico ou um
radioterapeuta e ainda fazer uma punção antes de
ir para casa, se necessário, em apenas um turno.
“É a primeira iniciativa desse gênero dentro de um
hospital geral não especializado em câncer”, afirma
o dr. jacques tabacof, ressaltando a praticidade dos
novos tratamentos.
Além disso, o centro conta com o INTRABEAM®,
equipamento voltado para o tratamento dos tumores
da mama. a tecnologia, que se utiliza da radioterapia
intra-operatória, consiste numa única dose de
radiação durante a cirurgia, para evitar a exposição
desnecessária à radiação e limitar o tratamento ao
local exato onde o tumor primário estava presente. É
o único equipamento na região sudeste.
CArDiOLOGiA
Desde julho, a Cardiologia também dispõe de uma
nova configuração para atender a uma demanda
de tratamentos cardiológicos que abrangem um
número maior de subespecialidades. O Coordenador
da Cardiologia, dr. Marco aurélio de Magalhães
Pereira, explica que os pacientes vão encontrar
todo o atendimento que necessitam num só local,
o que facilita o seguimento longitudinal. a sua
“a nova legislação acena com a possibilidade de
investimentos estrangeiros na área da saúde,
o que abre uma série de oportunidades. além
disso, estamos revisitando o nosso planejamento
estratégico, com o apoio de uma consultoria externa
que nos auxiliará a alcançar novos objetivos de
mercado e a delinear diretrizes para os próximos
cinco anos”, diz ele.
No momento de revisitação de seu planejamento
estratégico, o hospital também elegeu novos
conselheiros, que atuam em importantes segmentos
da economia e vão contribuir com a instituição para
atuar com mais eficiência e galgar novos espaços em
parceria com os atuais e experientes conselheiros.
“estamos abrindo um novo patamar de qualidade e
de crescimento”, afirma Lacerda.
árEAs-FOCO vÃO AMPArAr UM CrEsCiMEntO sUstEntávEL
Para possibilitar ao corpo clínico acesso ao que há de
mais avançado no mundo, a instituição vem realizando
constantes investimentos, que terão continuidade
ao longo deste ano e do ano que vem. “desse modo,
poderemos continuar praticando uma medicina de
ponta com tratamentos equivalentes aos oferecidos
nos melhores centros de saúde internacionais”, afirma
o superintendente Médico, dr. Mauro Medeiros Borges.
MAtÉriA DE CAPA
20VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
missão será de unificar o serviço para que haja
uma ampla interação entre a cardiologia geral e as
subespecialidades, com o intuito de enriquecer as
discussões clínicas acerca dos casos institucionais.
Por fim, com este modelo será exequível implementar
a coleta e publicação dos indicadores em perspectiva,
com resultados de centros internacionais.
OBEsiDADE E DiABEtEs
inaugurado há cerca de um ano, o Centro de Obesidade
e diabetes vem registrando um número ascendente de
consultas dos pacientes que também podem usufruir
de um atendimento multidisplinar simultâneo e integral,
ganhando tempo e comodidade. “esse atrativo vem
demonstrando ser um diferencial num grande centro
como São Paulo e tem agradado muito aos pacientes
pela sua agilidade e expertise”, observa o Coordenador
do centro, o Dr. Ricardo Cohen. O centro foi o primeiro a
receber uma certificação de excelência, com relação às
cirurgias bariátricas e metabólicas realizadas no Hospital
alemão Oswaldo Cruz. trata-se de um reconhecimento
dado pela Surgical Review Corporation, entidade norte-
americana pioneira em certificações desse gênero, que
atestam a qualidade e segurança dos procedimentos.
HÉrniA
Com mais de 30 anos de experiência em cirurgia de hérnias na região abdominal, o Dr. Sergio Roll é o responsável por oferecer todas as técnicas e tecnologias disponíveis para o tratamento cirúrgico dos vários tipos de hérnia no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Serão realizadas cirurgias abertas, laparoscópicas e cirurgias robóticas, com o objetivo de estabelecer um protocolo que melhore a resolução dos casos, evitando recidivas e
permitindo o rápido restabelecimento dos pacientes.
1905É adquirido terreno
de 23.550 m², na
região da Avenida
Paulista onde
foi construído o
Hospital e hoje
se encontra todo
o complexo do
Hospital Alemão
Oswaldo Cruz.
1922A construção do
Hospital tem início.
1941Por exigência do
governo brasileiro, a
Associação Hospital
Allemão teve de
trocar de nome e
passou a se chamar
Associação Hospital
Rudolf Virchow.
1914As obras de
construção do
Hospital são adiadas
por causa da
eclosão da I Guerra
Mundial.
1897Em 26 de setembro
é fundada a
Associação Hospital
Allemão.
1923As obras da
construção do
Hospital são
concluídas, a
Instituição começa
a funcionar com 50
leitos. No mesmo
ano, o número de
leitos é duplicado,
devido à grande
procura. Começa
a construção do
pavilhão do Jardim
(a outra parte da
Torre A).
1942Também por ordem
do governo, a
Instituição teve
de trocar de nome
novamente e
passou a se chamar
Hospital Oswaldo
Cruz.
1930192019101900 19401890
21VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
nEUrOLOGiA E nEUrOCirUrGiA
Equipada com o que existe de melhor, a exemplo do Neuronavegador Curve e do microscópio OPMI Pentero com
Flow 800, em breve, haverá também um novo espaço para melhor acolher esta área-foco e suas subespecialidades..
OrtOPEDiA
Com 35 anos de tradição, a Ortopedia tornou-se muito conhecida pela sua especialização em traumatologia,
e mais recentemente pelas intervenções minimamente invasivas que vêm fazendo com que o hospital ganhe
prestígio e seja lembrado pelas artroscopias de joelho, quadril e ombro, além das substituições articulares por
prótese totais de ombro, quadril e joelho. A Medicina do Esporte também vem crescendo em importância junto
aos pacientes.
1970 20101960 20001950 19901980
1980Começa uma década
da história do
Hospital marcada
pelos grandes
investimentos em
modernização,
instalação de
sistemas de
controle eletrônico
e a conclusão do
então avançado
Centro Cirúrgico.
1991A Instituição
adotou sua atual
denominação,
Hospital Alemão
Oswaldo Cruz.
2002É inaugurado a
Torre B, com 14
andares e heliponto.
2006É inaugurado a
Torre D, edifício
com restaurante
e área de lazer e
convivência para os
colaboradores.
1960A partir desse ano,
começam a surgir
as empresas de
convênio médico,
que se tornam
cada vez mais
as principais
responsáveis pela
maior parte das
internações.
1997Em 26 de setembro,
comemora-se o
centenário do
Hospital. São
concluídos o novo
hall de entrada
e a garagem de
três pavimentos,
localizada em frente
a Torre A.
2009O Hospital conquista
a certi cação da
Joint Commission
International (JCI).
2012É inaugurada a
moderna Torre E,
com 25 pavimentos.
2013Inauguração da
ETES, Escola Técnica
de Educação
em Saúde do
Hospital Alemão
Oswaldo Cruz.
2014Inauguração do
Centro de Obesidade
e Diabetes e
também da FECS,
Faculdade de
Educação em
Ciências da Saúde
do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz, com
o primeiro curso
de Tecnologia em
Gestão Hospitalar.
2015Centro de
Oncologia, Centro
de Neurologia e
Serviço Premium.
22
COMissÃO DE BiOÉtiCA
BIOÉTICA E A COBI-HAOC 2015O que é Bioética: É o estudo sistemático da conduta
humana na área das ciências da vida e dos cuidados da
saúde, à luz dos valores e princípios morais, devendo-
se considerar e respeitar as características culturais,
filosóficas e religiosas, fincando-se em quatro pilares
básicos: beneficência, não maleficência, autonomia e
justiça.
motivos para uma reflexão Bioética: junto dos
notáveis avanços biotecnológicos, surgem, também,
questionamentos éticos, morais, legais, econômicos, a
eles diretamente relacionados.
Comissão de Bioética do HAOC (CoBi): foi
composta por equipe transdisciplinar desde 2007,
obedecendo a regimento específico, definido em
maio de 2008, com o intuito de dar suporte a dilemas
bioéticos, à Diretoria Clínica, a todos os profissionais da
saúde que aqui trabalham, aos pacientes, familiares e
comunidade leiga, principalmente a que frequenta o
hospital.
Programação educativa: Dadas as dificuldades e
delicadeza dos temas envolvidos, entendemos que
não poderemos caminhar apenas com consultas e
que devemos levar à comunidade hospitalar os meios
para que cada colaborador esteja preparado para as
reflexões e decisões e que também saiba, quando
necessário, lançar mão dos mecanismos de apoio
disponíveis a ideia de abranger a comunidade externa
diz respeito à sensibilização da mesma a esses
temas, quebrando paradigmas pré-estabelecidos ou
facilitando sua compreensão de assuntos complexos.
Consultas: podem ser solicitadas a qualquer momento
à secretária da DC ou a qualquer membro da Cobi:
Membros da CoBi -2015: janice Nazareth,
cardiologista e presidente da CoBi; Mariângela
Occhiuso, geriatra e vice-presidente da CoBi; Adriana
Abdala, enfermeira; Alessandra gurgel, farmacêutica
e representante da Administração.; Danilo Borelli,
psiquiatra; Danilo Faleiros, psicólogo; Débora Brito,
assistente social; Fabiana Mancusi, enfermeira;
Fabrizia Leão, fisioterapeuta; Ingrid Esslinger, psicóloga;
Juliana Dominato, bióloga e representante do IEC;
Luis Edmundo Fonseca, hepatologista e intensivista;
Marcos Felipe Dias, cardiologista; M. Lucia Pedras,
enfermeira; M. José Femenias, cirurgiã; Mariana Oliveira,
oncologista; Neusa Tetzner, pastora ; Regina Paredes,
enfermeira; Rosana Banzato, fisioterapeuta; Rosilene
Duarte, enfermeira; Sérgio Pittelli, médico e advogado;
Valdinéia L. da Cunha, representante da comunidade;
yoram Weissberger, oncologista.
Atividades 2015:
1- Projeto sobre” Espiritualidade, saúde e fé”, iniciado em agosto de 2014, trouxe palestras das seguintes tradições religiosas: Budista- Monge Ryozan; Judaica- Rabino Michel Schlesinger; Espírita- Sr. Celso Heleno gonçalves de Oliveira; Messiânica- Prof. Andrea Tomita; Adventista do sétimo dia- Dra. Maria José Vieira; Católica- Pe. Anísio Baldessin; Islâmica- Sheikh Armando Saleh.
2- Desenvolvimento do projeto para avaliação do doador de transplante intervivos: Com avaliação de 5 casos durante 2015.
3- Desenvolvimento de orientações sobre transfusões de hemoderivados em testemunhas de jeová na nossa instituição: Avaliação de caso específico; Reunião de discussão sobre todos os aspectos; elaboração de protocolo institucional e carta de orientação aos médicos.
4- Palestra sobre “Bioética da beira do leito”- Dr. max Grinberg- 26/8/15, 12 h.
5- Participação nas atividades da “Campanha de doação de órgãos” do HAOC no Conjunto nacional em 23/09/15, com palestras relâmpagos.
6- Cine debate sobre “Para sempre alice” em 9/10/15, 18 h- com Dr. Fábio Porto (neurologista especialista na área da cognição) e Letícia Andrade (assistente social e gerontóloga da geriatria do HCFMUsP)
7- Semana de Bioética- de 9 a 13/11/15, com o tema ”Como quero morrer: Diretivas antecipadas da vontade”.
Dr. Stefan Cunha Ujvari Infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
A CAPITAL DA vErtiGEM
23
LivrAriA
livro: A capital da vertigem
Autor : Roberto Pompeu de Toledo
Editora Objetiva – 2015
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
uma obra de arte aos interessados na história de
São Paulo. Assim podemos descrever, de maneira
sucinta, o livro do jornalista Roberto Pompeu de
toledo. a capital da vertigem descreve, em detalhes
surpreendentes, o crescimento urbano de São Paulo
entre os anos de 1900 e 1954. Uma biografia urbana
rica em curiosidades que nos estimula a visitar o
centro da cidade com outro olhar.
O início já é surpreendente. Toledo descreve o perfil
do primeiro prefeito paulista, que, como não poderia
ser diferente, foi eleito pela câmara dos vereadores
e pertencente a uma das famílias mais aristocráticas:
filho de Dona Veridiana Prado.
A modernidade urbana já emerge nos primeiros
capítulos, em 1900, com as três primeiras linhas de
bonde elétrico inauguradas pela antiga light and
Power Company. Porém, Toledo esmiúça como essa
companhia canadense impôs seu império na cidade.
descreve quais estratégias lançou para esmagar
os bondes puxados a cavalo e o fornecimento de
iluminação a gás. a modernidade exigiu as primeiras
hidroelétricas, primeiro em Santana do Parnaíba,
e, logo em seguida, no guarapiranga. Novamente
os tentáculos da Light desalojaram empresas e
moradores paulistas. Por falar em guarapiranga,
quando começamos a utilizar sua água para abastecer
nossas caixas de água? O que isso teria a ver com
o surgimento do bonde camarão? as respostas
aparecem nas páginas de toledo.
A história de São Paulo não poderia deixar de contar
a trajetória dos principais industriais. Toledo descreve
as empresas embrionárias das famílias Matarazzo,
Crespi, scarpa, gamba, Calfat, jafet, siciliano e outros.
Descreve os projetos imobiliários de seus redutos
luxuosos. assim, descobrimos quem foi joaquim
eugenio de lima. enquanto muitos privilegiados
buscavam diversão no Balneário do guarujá, a
população operária se rebelava em 1917, com
descrição detalhada no livro.
Parte da vida cotidiana paulista atual tem raízes nos
primeiros anos do século XX. toledo explica quando
e como surgem as nossas feiras de rua. Por que
encontramos um pavilhão japonês perdido no interior
do parque do ibirapuera? Quais riachos se ocultam sob
as avenidas Nove de Julho e Vinte e Três de Maio? Por
que o aeroporto de Congonhas tão distante do centro
da cidade? a resposta a muitas outras perguntas vem
da biografia paulista de Toledo.
a obra dedica capítulos especiais para descrever a
biografia da famosa Semana de Arte Moderna, bem
como os bastidores de tal empreitada. descreve as
relações, às vezes tumultuadas, de Mario de Andrade
e Oswald de andrade. O famoso arranha-céu Martinelli
não foi apenas uma obra da engenharia moderna
à época, mas também uma empreitada repleta
de intempéries, mudança de planos e problemas
emergidos durante sua obra, que, até mesmo foi
embargada temporariamente pela prefeitura.
O livro aborda a história paulistana de maneira
cronológica e prazerosa. a cada página aprendemos
a história de algo já oculto pelo concreto atual. O
término da leitura enriquece nosso conhecimento de
São Paulo e altera nosso olhar paulistano.
24
QUALiDADE E ACrEDitAÇÃO
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
em uma instituição que atende centenas ou mesmo milhares de pacientes por dia em procedimentos como
consultas, exames, internações e cirurgias, todo cuidado e atenção são necessários para evitar erros e falhas
no atendimento. Por isso, as Metas Internacionais de Segurança do Paciente (IPSg) envolvem procedimentos-
chave para médicos, enfermeiros, farmacêuticos e todos os profissionais que atuam no ambiente hospitalar.
“As metas são aplicáveis à prática médica na sua totalidade, pois o cuidado é multidisciplinar e integrado, sendo
fundamental que estejam incorporadas na cultura de qualidade e segurança de todos os profissionais que
atuam no hospital, inclusive os médicos”, comenta a Dra. Fabiane Cardia Salman, gerente de Relacionamento
Médico, acrescentando que elas também estão em sintonia com os processos da joint Commission international
– JCI e da Organização Mundial de Saúde (OMS/ WHO).
O PACiEntE NO CENTRO da ateNçãO
25VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
MEtAs:
1. identificar corretamente os pacientes
todos os pacientes devem permanecer com pulseira
de identificação, nas quais são utilizados dois
identificadores: nome completo e data de nascimento.
Médicos e enfermeiros devem realizar a confirmação
e conferência da identificação do paciente, seja
ele ambulatorial ou internado, antes de consultas,
administração de medicamentos ou realização de
cirurgias e procedimentos.
2. melhorar a eficácia da comunicação
O objetivo é alcançar uma comunicação efetiva,
sem ambiguidade, sem erros e compreendida por
todos. Entre as ações implementadas para garantir a
segurança do paciente está o “read back”, que nada
mais é do que o cuidado, por parte do profissional que
está recebendo orientações ou resultados de exames
críticos do médico por telefone, de anotá-las e em
seguida relê-las em voz alta, checando com o médico
se as informações estão corretas. Todas as ligações
também são gravadas, o que permite a checagem e
melhoria dos processos.
3. Melhorar a segurança dos medicamentos
de alta vigilância
existem medicamentos que, se administrados em
dose errada ou de forma errada causam danos
graves aos pacientes, como, por exemplo, as soluções
de eletrólitos de alta concentração. Por isso, são
sinalizados de forma diferenciada (cor vermelha) e armazenados em local próprio.
4. Garantir o local correto, o procedimento
correto e a cirurgia no paciente correto.
É o chamado “time-out”, que começa com a
demarcação do paciente para os procedimentos
a serem realizados. No Hospital Alemão Oswaldo
Cruz, esta é feita sempre pelo médico ou pela equipe
de cirurgiões, que utiliza a forma de um alvo, para
evitar ambiguidade e minimizar o risco de cirurgias e
procedimentos invasivos em local errado em órgãos
com dupla lateralidade, por exemplo. a checagem
da identificação do paciente e dos equipamentos
e processos necessários também são etapas
importantes desta meta.
5. Reduzir o risco de infecções associadas a
cuidados médicos
todo o time deve dar o máximo de atenção
a procedimentos simples e ao mesmo tempo
essenciais determinados pela SCIH. Entre eles está a
higienização das mãos com álcool gel, com o objetivo
de evitar a proliferação de bactérias que podem
provocar infecções graves nos pacientes.
6. reduzir o risco de danos resultantes de quedas
Envolve ações relacionadas à prevenção de quedas
no ambiente hospitalar. No Hospital Alemão Oswaldo
Cruz, todos os pacientes são avaliados nesse sentido,
e aqueles considerados em risco, ganham uma
identificação específica (pulseira laranja), que serve
como referencial para os cuidados e restrições que
receberão por parte da equipe.
Apartamento do Serviço Premium
Paula Vianna, Médica Patologista, Sócia do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo CruzVenancio Avancini Ferreira Alves, Professor Titular de Patologia, FMUSP, Sócio-Diretor Técnico do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo Cruz
26
ArtiGO intErnACiOnAL
COMENTáRIOS SOBRE O ARTIgO: “BEyOnD EnDOsCOPiC MUCOsAL HEALinG in UC: HistOLOGiCAL rEMissiOn BEttEr PrEDiCts COrtiCOstErOiD UsE AnD HOsPitALisAtiOn OvEr 6 yEArs OF FOLLOw-UP”. BRyant RV, Et al. Gut 2015;0:1–7.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
A atual definição de remissão da doença pós-tratamento
da retocolite ulcerativa (RCU) requer, além da resolução
clínica, a normalização dos achados endoscópicos.
Quando tais objetivos são alcançados, observa-se maior
período de remissão clínica da doença, menores taxas de
hospitalização e de colectomia. a questão é se biópsias
da mucosa cólica para avaliação da remissão histológica
da doença agregariam valor terapêutico para constituir
um novo alvo de “remissão completa”.
ainda que alguns estudos observacionais valorizem
a persistência de inflamação histológica, a remissão
histológica ainda não foi recomendada como um objetivo
terapêutico na RCU possivelmente devido à falta de
padronização de critérios nos estudos disponíveis.
O objetivo do estudo de Bryant e cols, recém-publicado
no gut, foi analisar prospectivamente o valor da remissão
histológica em comparação com a remissão endoscópica
para prever a necessidade de uso de corticosteróides, de
hospitalização e de colectomia em pacientes com RCU.
Para isso, foi feita a avaliação da atividade da doença
endoscópica (índice de Baron ≤ 1) e histológica (índice
de ”Truelove e Richards”) por um especialista de cada
área, sem o conhecimento do escore clínico do paciente
(SCCAI - Simple Clinical Colitis Activity Index). Os 91
pacientes incluídos foram acompanhados clinicamente
por um período mediano de 6 anos.
O índice de graduação histológica de “truelove e
Richards” classifica a inflamação na seguinte escala:
1 = mucosa sem inflamação; 2 = mucosa leve a
moderadamente inflamada ; 3 = inflamação acentuada.
Desta forma, a remissão histológica fica claramente
definida como ausência plena de atividade inflamatória.
a análise de concordância entre as três medidas de
atividade da doença baseou-se no cálculo do Kappa de
Fleiss. a análise uni e multivariada da sobrevivência com
regressão de Cox foi utilizada para examinar como as
avaliações da remissão endoscópica e histológica foram
associadas com o uso de corticoide, hospitalização e
realização de colectomia.
a concordância global entre as três medidas foi
moderada (κ = 0,43, IC de 95% 0,31-0,55). Apenas 29%
dos pacientes estavam em remissão em todas elas.
a concordância entre as medidas endoscópicas e
histológicas de remissão foi moderada [κ = 0,56, 95%
iC 0,36-0,77]. No cenário de remissão endoscópica,
75% dos pacientes também estavam em remissão
histológica e 11% tinham atividade endoscópica apesar
da remissão histológica.
a concordância entre a avaliação clínica e a remissão
histológica foi moderada (κ = 0,47, 95%, IC:27-,68) ,
sendo baixa entre os achados clínicos e endoscópicos (κ
= 0,29, 95% IC: 0,10-0,49)
Na análise multivariada, menor necessidade de
corticosteróides foi predita pela remissão histológica
[RR 0,42, (0,2 a 0,9), p = 0,02], o que não ocorreu com
a remissão endoscópica [RR 0,86 (0,5 a 1,7), p = 0,65].
A “remissão completa”, definida como remissão
histológica e endoscópica, previu menor necessidade
futura de uso de corticosteróides [RR 0,38, (0,2 a 0,9),
p = 0,02]. Entre os pacientes inicialmente em “remissão
completa”, 43% necessitaram de corticosteroides,
em oposição a 78% daqueles com apenas remissão
endoscópica (p = 0,02).
Foram hospitalizados com colite aguda grave 22% dos
pacientes. a extensão da doença e a remissão histológica
previram a redução das taxas de hospitalização [ RR
0,21 (0,1 a 0,7), p = 0,02], o que não ocorreu com a remissão endoscópica [RR 0,83 (0,3-2,4). p = 0,74].
a “remissão completa” também previu menores taxas
de hospitalização [HR 0,24 (0,1 a 0,9), p = 0,04]. Entre
27VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
A Ultrassonografia (USg) demonstra imagens
nodulares hipoecogênicas no baço (fig. 1).
Tomografia Computadoriza (TC) mostra
hepatoesplenomegalia (fig. 2). Na Ressonância
Nuclear Magnética (RNM), evidenciam-se algumas
imagens nodulares esplênicas com alto sinal em t2
e restrição à difusão (figs. 3, 4 e 5). A USg cervical
caracteriza linfonodomegalias, uma com centro
liquefeito (fig. 6).
testes sorológicos para Bartonella henselae
resultaram positivo (IgM e Igg). Demais sorologias
negativas.
a punção aspirativa percutânea guiada por
ultrassonografia do linfonodo cervical excluiu
processo linfoproliferativo ou outras infecções.
a doença da arranhadura do gato é uma entidade
infecciosa caracterizada por adenopatia regional
autolimitada, sendo possível, em pacientes
imunocomprometidos, o acometimento sistêmico
visceral – fígado e baço notadamente -, neurológico
e oftalmológico. acomete principalmente indivíduos
jovens (< 21 anos), com uma incidência aproximada
de 9 a 10 casos / 100.000 pessoas por ano
nos eua, decorrendo, na maioria das vezes, da
QUAL A sUA OPiniÃO - rEsPOstA
arranhadura ou mordida de gatos, sendo possível
também a transmissão pela picada de pulga ou,
raramente, por cachorros.
a primeira evidência consistente de uma etiologia
infecciosa para o quadro clínico descrito surgiu
em 1983, quando, utilizando uma técnica de
coloração pela prata (Warthin-Starry), conseguiu-se
isolar os organismos que viriam a ser confirmados
posteriormente, a partir de testes sorológicos
e culturas, como bactérias gram negativas
denominadas de Bartonella henselae.
O quadro clínico típico é representado por pápulas
eritematosas no local de inoculação do agente
infeccioso, adenopatia regional e febre, sendo o
acometimento visceral hepatoesplênico relatado
em menor frequência e representado por lesões
nodulares hipoecogênicas ao USg, hipodensas à TC
e com alto sinal em T2 à RNM, em correspondência
a granulomas / microabscessos.
O diagnóstico final é firmado a partir da confirmação
por testes sorológicos, cultura (de difícil realização),
PCR ou identificação dos bacilos pela técnica de
Warthin-Starry em amostra tecidual.
aqueles em “remissão completa” desde o início, 12%
foram hospitalizados, em comparação a 36% dos com
apenas remissão endoscópica (p = 0,04).
a colectomia foi necessária em 12% dos pacientes.
somente a extensão da doença foi um fator preditor
significativo de colectomia [RR 4,06 (1,3-16,2), p =
0,02].
Bryant e cols discutem ainda que a histologia
reflete melhor a inflamação do que a endoscopia,
particularmente nas situações de inflamação mínima
ou leve à endoscopia. A melhor concordância entre elas
ocorreu na doença inativa ou gravemente ativa. além
disso, a ausência de lesão histológica na presença de
atividade endoscópica pode decorrer da descontinuidade
do processo e a avaliação histológica ajuda a evitar
a supervalorização de alterações endoscópicas
decorrentes de fatores tais como o preparo do cólon.
a principal limitação do estudo foi o número reduzido
de pacientes incluídos, mas o fato de serem do mesmo
centro e de terem sido acompanhados por uma média de
6 anos atenua tal limitação. Os autores reconhecem que
a inexistência de um índice de atividade endoscópica
validado e o próprio índice de graduação de atividade
histológica utilizado podem estar sujeitos a variabilidade
interobservador.
este estudo demonstrou a importância da avaliação por
biópsia da área mais afetada da mucosa pela doença.
Mostrou que a remissão histológica é um alvo distinto
da remissão endoscópica na RCU, uma vez que a
inflamação à histologia melhor prevê a necessidade de
uso de corticosteróides e de internações hospitalares por
colite aguda grave. Como bem ressaltam Bryant e cols,
mesmo nos tempos atuais de busca por biomarcadores
que possam prever padrões de evolução de doenças,
métodos clássicos como a histopatologia ainda são de
grande valor.
28VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
AGEnDA - OUTUBRO/2015
EvEntOs EM DEstAQUE
EVENTOS MÉDICOS do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
OUTUBRO/2015Promoção: Instituto de Educação e Ciências em Saúde e Diretoria Clínica
Coordenação:Datas:
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Palestrante: Data:
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REUNIÕES CIENTÍFICASReunião de OncologiaCentro de Oncologia07 – Oncologia Gastrointestinal14 – Oncologia Mamária21 – Oncologia Torácica28 – Uro-oncologia12h às 13h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)
Discussão de casos de Câncer ColorretalAngelita Habr-Gama e Rodrigo Perez237h30 às 9h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)
Reunião Cientí ca de Medicina Perioperatória - AnestesiologiaCássio Campello de Menezes1912h às 13hSala 5 – Torre D (Térreo Superior)
Reunião Mensal do CDI - FleuryEquipe Fleury Diagnóstico19 - Ortopedia26 - CDI19h às 21h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)
I Reunião Conjunta Cardiologia - Neurorradiologia Intervencionista HAOC Paulo Puglia Júnior e Marco Aurelio de Magalhães Update no tratamento endovascular do AVC isquêmico agudoPaulo Puglia Júnior1411h às 13hAuditório – Torre E (1º Subsolo)
INFORMA ES Instituto de Educação e Ciências em Saúde:(11) 3549 0585 / 0577 ou iecs@haoc.com.br
Reunião Cientí ca da Clínica MédicaPedro Renato Chocair13Angiografi a renal com CO2 em paciente com Insufi ciência renal crônicaAmérico Cuvello Neto e Alexandre Batillana13h às 14hSala 5 - Torre D (Térreo Superior)
Cath Conference ashington Hospital Center- HAOCMarco Aurélio de Magalhães Pereira07, 14, 21 e 288h30 às 10h30Sala A – Torre D – 1º andar (IECS - Sala A)
Reunião Cientí ca Melhores Pr ticas em Terapia IntensivaFernando Colombari, Amilton Silva Jr e Fabio M. AndradeGisele Chagas de Medeiros - FonoaudiólogaDisfagia após Intubação Traqueal2919h30 às 21h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)
Reunião Cientí ca Patologias de Coluna OrtopediaMarcelo Risso e Paulo Cavali06, 13, 20 e 2717h30 às 18h30Sala 5 – Torre D (Térreo Superior)
Reunião Cientí ca de UrologiaLuciano João Nesrrallah2112h às 13hAuditório – Torre E (1º Subsolo) Reunião Cientí ca de Cirurgia Bucoma ilofacial - OdontologiaDaniel Falbo Martins de Souza, Fernando Melhem Elias, Gabriel Pas-tore e Luciano Del SantoPrevenção de acidentes e complicações em Osteotomia Sagital do Ramo Mandibular.Destacar os principais acidentes e complicações nesse tipo de oste-otomia e como preveni-losLuciano Del Santo0119hSala 5 – Torre D (Térreo Superior)
Coordenação:Data:
Tema:
Palestrantes:Horário:
Local:
Coordenação:Datas:
Horário:Local:
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Horário: Local:
Coordenação:
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Objetivo
Palestrante:Data:
Horário: Local:
EVENTOS CIENTÍFICOS
CURSO IPC ACESSOS ANTERIORES COLUNA LOMBAR - CIRURGIAS AO VIVOLuiz Pimenta22 e 23 de Outubro8h às 17hAuditório - Torre E (1º Subsolo)
III JORNADA DE PREVEN O E CONTROLE DE IRASÍcaro Boszczowski24 de Outubro8h15 às 16h20Auditório - Torre E (1º Subsolo)
I JORNADA INTERNACIONAL DE INOVA ES T CNICAS E SIMU-LA O VIRTUAL D EM CIRURGIA ORTOGN TICA E NO TRAMA DE FACEFernando Melhem Elias29, 30 e 31 8h às 18hAuditório - Torre E (1º Subsolo)
Coordenação:Datas:
Horário:Local:
Coordenação:Data:
Horário:Local:
Coordenação:Datas:
Horário:Local:
INSTITUTO DE EDUCAÇÃOE CIÊNCIAS EM SAÚDE
REUNIÕES CIENTÍFICAS DO ALMOÇOGratuitoInstituto de Educação e Ciências em Saúde e Diretoria ClínicaTorre B – 5° andar – Restaurante dos Médicos 12h às 13h
01 - Suporte do serviço de hemoterapia ao paciente oncológicoJoselito Brandão
08 - nefrotoxicidade pelos contrastes radiográfi cosAmerico Lourenço Cuvello NetoPedro Renato Chocair
15 - Imunoterapia e câncerCarlos TeixeiraMarcelo Santos
22 - Política do HAOC para transfusões de sangue e seus derivados em Testemunhas de Jeová – desenvolvimento e apresentação. Bases jurídicas – Sergio Pittelli, advogado da CoBi.Relato do fórum ocorrido em 26/05/15 e Apresentação da Política Janice Caron Nazareth, presidente da CoBiJanice CaronSergio Pittelli
29 -Atualização em Câncer da PróstataLuciano J. NesrrallahJoão Carlos Campagnari
Estes eventos científi cos pontuam no Programa de Desenvolvimento Médico do HAOC
Coordenação:Local:
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Data e Tema:Palestrante:
Data e Tema:Palestrante:Moderador
Data e Tema:Palestrante:Moderador
Data e Tema:
Palestrante:Moderador
Data e Tema:Palestrante:Moderador
29VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
INFECçõES RELACIONADAS à REgIÃO ANATôMICA OPERADA CONSTITUEM teMa da CAMPAnHA 2015
Mais de 70 médicos e enfermeiros participaram com entusiasmo da palestra do Dr. Emerson Kioshi Honda, no lançamento da campanha anual de combate à infecção hospitalar, cujo tema é a “Prevenção de infecção do sítio cirúrgico”. Com vasta experiência no assunto, o Dr. Honda apresentou casos de infecções relacionadas a próteses ortopédicas e suas graves consequências, defendendo a antibioticoprofilaxia como uma das principais maneiras de prevenir este tipo de contaminação.
Infecções de sítio cirúrgico dizem respeito às infecções ocasionadas por feridas operatórias superficiais ou que envolvem camadas mais profundas da pele e músculos e ainda aquelas que envolvem órgão-espaço, como exemplo, a articulação do quadril envolvendo a prótese.
“entre as novidades para este ano teremos a opção de preparo das mãos da equipe cirúrgica com produto alcoólico substituindo a escovação”, informa o Coordenador serviço de Controle de Infecção Hospitalar, o médico infectologista
Dr. Ícaro Boszczowski. Segundo ele, esta prática já é bem difundida na europa e nos estados unidos e é tão segura quanto a escovação tradicional – em termos de taxas de infecção –, além de ser bem mais confortável para a equipe.
“Vamos ainda ampliar a vigilância das infecções relacionadas à prótese de quadril e joelho para um período de três meses por meio de contato pós-alta com os pacientes”, acrescenta a Coordenadora de enfermagem do serviço de Controle de infecção Hospitalar e da campanha anual de prevenção e controle de infecção de 2015, a enfermeira Cristiane schmitt. a campanha será realizada até abril de 2016.
CUriOsiDADE
Os maiores avanços recentes em relação à prevenção de infecção estão diretamente relacionados ao desenvolvimento da videolaparoscopia, cirurgia robótica e outras técnicas minimamente invasivas. estas técnicas reduzem o risco de infecção pelo fato de exporem por menos tempo e em menor extensão, os tecidos estéreis. em relação aos novos insumos, a novidade são os campos adesivos impregnados com clorexidina, “retractors” (protetores impermeáveis que isolam o campo operatório) e esponjas impregnadas com gentamicina para uso intracavitário em cirurgias torácicas e de colon, em breve, disponíveis no mercado brasileiro.
30VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
APLICATIVO vUE MOtiOn
DiCAs DO tAsy
O aplicativo Vue Motion é uma visualização das imagens de exames mais amigável que a anterior. Os médicos que acessam as imagens dos exames diagnósticos como Ressonância, Raio-x e Tomografia, via o Tasy, irão vê-las mais rapidamente, por meio de uma aplicação com interface simples e intuitiva. a velocidade no acesso é cerca de 40% mais rápida que a versão anterior.
Descrição Descrição
1 Área de imagem 2 Barra de ferramentas de manipulação de imagem
3 Barra de ferramentas cine 4 seletor de séries5 Painel de relatórios 6 Painel de notas7 Painel de estudos do histórico do paciente 8 Dados demográficos do paciente9 Funções adicionais 10 Nome do paciente selecionado
Barra de ferramentas de manipulação de imagens
use a barra de ferramentas de manipulação de imagens na parte inferior do estudo do paciente para aplicar zoom, panorâmica, girar e inverter imagens, executar funções de janelas e medição de linha e restaurar todas as ações.
de linha para ocultar anotações e gráficos ou excluir gráficos marcados.
• Use a roda do mouse ou a barra de rolagem para rolar pelas imagens.
substituindo uma série
use o ícone seletor de séries para substituir a série exibida. a caixa de diálogo seletor de séries exibe as séries incluídas no estudo selecionado. Clique na série que deseja exibir.
Clique nos ícones de seta para navegar para a série seguinte ou anterior.
• Janelas invertidas e predefinições de janelas (para CT e MR) estão disponíveis pelo ícone Janelas. Passe o cursor do mouse sobre o ícone para exibir as predefinições na caixa de listagem suspensa.
• Use a caixa de listagem suspensa no ícone Medição
rEsPOnsABiLiDADE jUríDiCA
31VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
já a segunda medida é de tal amplitude que é difícil imaginar que médicos consigam produzir tal informação com presteza e exatidão que doem sentido à medida.
a terceira medida, por sua vez, constitui caso único na medicina brasileira, em que o médico é obrigado a informar os resultados de sua série.
uma quarta exigência, muito pertinente, é a realização de contrato entre as partes (pais genéticos e doadora) estabelecendo claramente a questão da filiação da criança, incluindo a anuência do esposo ou parceiro da doadora.
Por último, há algumas exigências que, ou se enquadram no conjunto de temas que integram o esclarecimento informado (riscos inerentes à maternidade e impossibilidade de interrupção da gravidez) ou são de difícil consecução pela amplitude, além de serem de difícil entendimento (aspectos biopsicossociais envolvidos no ciclo gravídico puerperal), ou dispensáveis, pelo menos sob forma escrita (garantia de tratamento e acompanhamento médico) ou ainda por ser obrigação legal (garantia de registro civil da criança).
Sergio Pittelli sergio@pittelli.adv.br
rEPrODUÇÃO AssistiDA
Neste texto retomaremos o tema, já abordado nos números de agosto e novembro de 2014. Analisaremos agora a parte VII da Res. CFM 2013/13.
esta parte regulamenta o uso da reprodução assistida no âmbito da chamada “gestação de substituição” ou “doação temporária do útero”.
O dispositivo autoriza o uso conjunto das duas medidas nos casos em que exista impedimento ou contraindicação de natureza médica para a gestação na mãe biológica ou ainda em caso de relação entre homossexuais.
uma primeira determinação é que a doadora do útero tenha uma relação de parentesco com um dos parceiros que seja até o quarto grau. Importante frisar que a definição dos graus de parentesco é a que consta do Código Civil e que não é a mesma praticada pelos leigos. a título de exemplo, o que o leigo considera “primo em primeiro grau” vem a ser parente em quarto grau, segundo a norma.
Atendendo princípio geral do ordenamento jurídico e dos costumes, já apontado nos textos anteriores, é vedado o caráter remuneratório.
ainda, reproduzindo medida incomum presente na parte ii, a norma determina a produção de documentação detalhada, começando por termo de consentimento informado, assinado pelos pais genéticos e pela doadora, e relatório médico atestando adequação clínica e emocional da doadora do útero; o texto não especifica qual médico pode ou deve fazer este relatório.
a terceira exigência é complexa, constituída de vários subitens, alguns dos quais, num certo sentido, difícil de serem cumpridos em termos estritos. deve o médico assistente descrever pormenorizadamente os “aspectos médicos envolvendo todas as circunstâncias da aplicação de uma técnica de RA” e ainda mais, “com dados de caráter biológico, jurídico, ético e econômico”, além de informar “os resultados obtidos naquela unidade de tratamento com a técnica proposta”.
Quanto à primeira medida, entendemos que se trata de matéria de consentimento informado.
32
rELAtO DE CAsO
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
apresentamos a evolução de uma paciente diabética
com dislipidemia familiar que desenvolveu pancreatite
aguda associada a triglicérides de 11291 mg/dl.
rELAtO DO CAsO:
Paciente de 25 anos, feminina, soube ser diabética
na internação atual. já possuía o diagnóstico de
dislipidemia familiar, porém não fazia tratamento.
Vários familiares do lado paterno são dislipidêmicos
e estão sob tratamento clínico. desconhece casos de
pancreatite na família.
Ao ser internada foi confirmado o diagnóstico
de pancreatite aguda e iniciado o tratamento
convencional. O tratamento medicamentoso incluiu
genfibrozila (1800 mg/dia), substituída após duas
semanas por Fenofibrato (250 mg/dia), Rosuvastatina
40 mg/dia, Metformina 1700 mg/dia, esomeprazol 40
mg/dia, glicazida MR 30 mg/dia e Linagliptina 5 mg/
dia. a melhora clínica foi observada desde o início da
internação o que nos levou a manter o tratamento
convencional.
a evolução laboratorial pode ser observada nos gráficos abaixo.
PAnCrEAtitE AGUDA INDUZIDA POR ExTREMA HIPERTRIgLICERIDEMIA RAPIDAMENTE REVERSÍVEL COM TRATAMENTO CONVENCIONAL.
sUMáriO:
Os autores relatam a evolução de uma paciente de 25
anos portadora de dislipidemia familiar que desenvolveu
pancreatite aguda associada a triglicérides de 11.291
mg/dl. O tratamento foi o convencional e constou
inicialmente de jejum, posteriormente dieta leve e pobre
em triglicérides, hidratação parenteral, correção dos
distúrbios eletrolíticos, analgésicos, fibrato, estatina,
heparina e insulina. Pela boa e pronta evolução clínica
não foi indicada plasmaférese. Os autores enfatizam
que a prevenção da hipertrigliceridemia, sobretudo
as graves com triglicérides acima de 500 mg/dl,
representa a melhor conduta para esses pacientes.
intrODUÇÃO:
a associação de pancreatite aguda e
hipertrigliceridemia é bem conhecida, seja ela de
origem genética ou adquirida, e é relativamente
frequente, ficando atrás da pancreatite alcoólica e biliar.
Considera-se hipertrigliceridemia acentuada ou severa,
particularmente de risco para causar pancreatite,
aquela com níveis séricos acima de 1000 mg/dl, embora ela possa também ocorrer com níveis menores. Nós
Erico S. de Oliveira¹, Roger B. Coser², Claudio J. C. Bresciani², Américo C. Neto¹, Leonardo V.P. Barbosa¹, Victor Sato¹, Sara Morhbacher¹, Lilian P. Paiva¹, Pedro R. Chocair¹
¹Médicos do Serviço de Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo.
²Médicos cirurgiões do Corpo Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo
gráfico 1: evolução laboratorial (Colesterol, lipase e PCR)
33VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
teve alta hospitalar após 20 dias de internação em
bom estado, com colesterol total de 147 mg/dL ( HDL
29 mg/dL, LDL 55 mg/dL), Amilase 35 mmol/L e Lipase
53 u/l.
Hipertrigliceridemia é a terceira causa mais comum de
pancreatite aguda responsável por 1 a 4% de todos os
casos de pancreatite aguda e de 56% dos casos de
pancreatite aguda que ocorrem durante as gestações.
No japão, a frequência de pancreatite aguda é de
27 casos por 100000 habitantes, que incluem 1.4%
de pancreatite induzida por hipertrigliceridemia.
Admite-se que a pancreatite aguda associada à
hipertrigliceridemia seja devida a altos níveis de ácidos
graxos liberados de triglicérides séricos pela ação da
lípase pancreática dentro dos capilares pancreáticos.
A prevenção é a medida mais eficaz e se faz com
dieta e medicamentos apropriados, visando manter
níveis de triglicérides dentro da faixa da normalidade.
dessa maneira, com triglicérides abaixo de 200 mg/dl,
elimina-se o risco da pancreatite.
Por outro lado, uma vez instalada, o tratamento da
pancreatite aguda induzida por hipertrigliceridemia
deve ser iniciado do modo convencional, como se faz
nos casos de outras etiologias, que inclui analgésicos,
antieméticos, jejum, até melhora da dor e vômitos,
hidratação parenteral e correção das alterações
eletrolíticas, além do uso de hipolipemiantes. tão
logo os sintomas sejam aliviados recomenda-se a
reintrodução progressiva de dieta, inicialmente pastosa,
pobre em triglicérides e observação da evolução clínica.
Outras opções terapêuticas incluem plasmaférese,
heparina e insulina. Na maioria dos casos a
hipertrigliceridemia é transitória, como se observou na
evolução apresentada, mas pode ter evolução clínica
complicada. Nessas condições e com níveis muito
elevados de lípase, hipertrigliceridemia persistente,
distúrbios eletrolíticos acentuados indica-se algumas
sessões de plasmaférese, medida que costuma ser
eficaz. Os autores recomendam também que, na
impossibilidade de se realizar plasmaférese ou em
associação com ela, o uso de heparina e, caso haja
hiperglicemia, insulina.
a insulina venosa, sobretudo nos pacientes com
hiperglicemia acentuada, parece ser mais eficaz
que subcutânea e ela age reduzindo os níveis
de triglicérides potencializando a ação da lipase
lipoproteica que acelera o metabolismo de quilomicrons
e Vldl a glicerol e ácidos graxos livres.
A heparina parece também ser benéfica por estimular a
liberação de lipase lipoproteica endotelial na circulação.
Para pacientes com pancreatite aguda relacionada à
hipertrigliceridemia sem hiperglicemia ela pode e deve
ser utilizada sem insulina.
a evolução clínica da paciente que apresentamos foi
bastante favorável com o tratamento convencional
e mantém em ambulatório níveis adequados de
colesterol, triglicérides e glicemia com a medicação
habitual que inclui hipoglicemiante oral, fibrato e
estatina.
gráfico 2: evolução laboratorial: triglicérides
rEFErÊnCiAs:
1- Vege, SW. Etiology of acute pancreatitis.
uptodate, Version 12.0
2- Pujar AK, Kumar VRA. An interesting case
of hypertriglyceridaemic pancreatitis. j Clin
Diagn Res, 2013; 7(6):1169.
3- gelrud A, Whitcomb, DC.
Hypertriglyceridemia-induced acute
pancreatitis. uptodate, Version 12.0.
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