Titulo: Amorfobia

Personagem principal: eu incgnito

Personagem coadjuvante: Valria

Estilo: crnica

Enredo: a histria se passa nos dias atuais numa cidade qualquer. Onde eu (o personagem)

passo meus dias fugindo desesperadamente do amor.

Amorfobia

Bom, antes de comear a contar-lhes minha triste histria. Gostaria de recitar um poema que

vi na internet outro dia. O nome era Amorfobia, e se enquadra to bem no meu desagradvel

problema, que o autor parece ter se inspirado em mim para comp-lo. O poema o seguinte:

Amorfobia

Fujo agora de todo

Contato que possa

Conduzir-me dentro

De algum ou que

Deixe-me com mais

Alguns pedaos no

Peito arfante.

D-me pnico conhecer

Gente e ver que

possvel o esbarrar

De alm-corpo aprazvel

Bato na madeira toda vez

Que uma voz provoca

Em mim um arrepio

Fao-me calhorda

Insensvel sempre que

Anseio pelo seio

Novamente luz de uma

Manh entrando

Sorrateira pelas frestas

Da cortina e borrando

De dourado o corpo

Bem quisto e nu

Tangencio o meu discurso

Para o lado avesso

Do que queria dizer

S pra no redundar

Novamente na lngua

Essa teima dita amor.

isso, amorfobia, uma palavra no inventada, mais descoberta por mim, para traduzir toda

angstia que sinto, quando percebo que algum se aproxima, a fim de me tornar cativo,

mais prisioneiro do que se estivesse em crcere. Transformar-me em prisioneiro amoroso,

capacho e totalmente apaixonado.

Exagero voc diz, deve ser isso mesmo um mero exagero da minha parte. Drama cmico,

do qual todos riem, mas somente eu choro.

Certo dia no trabalho; Notei que eu e Valria estvamos muito prximos.

Ela ia a minha casa frequentemente, onde conversvamos horas a fio.

Ela dizia que ramos grandes amigos.

Mas comecei a desconfiar.

Ela podia estar tramando algo, e vocs sabem muito bem do que eu estou falando.

Ento decidi cortar relaes, no trabalho conversvamos somente o indispensvel e no atendi

mais os seus telefonemas.

A distncia foi aumentando at que paramos de nos falar.

Numa tarde de domingo, estava sentado em uma praa perto de minha casa, Valria se sentou

ao meu lado e perguntou: o que eu te fiz? Do que voc tem medo?

Eu me levantei e disse:

Voc no me fez nada. Porque eu no permiti que fizesse.

No tenho medo. Somente sou precavido com pessoas manipuladoras como voc.

Podia ver o total desconcerto em seus olhos.

Mas eu tinha que fazer aquilo, sai e a deixei, sozinha, chorando.

Valria se demitiu, no ramos mais colegas de trabalho, ento no mantnhamos nenhum

tipo de relao.

Eu estava tranquilo depois disso.

E foi assim durante os prximos seis meses.

At que um dia eu estava em casa e a campainha toca.

Estava no banho, sa s de toalha para atender.

E adivinhem quem estava na porta.

Isso mesmo. Valria.

Ela entrou porta adentro, mesmo sem ser convidada.

Eu podia ver a irritao nela.

Foi logo gritando:

Eu preciso saber do que voc foge, do que voc tem medo.

Antes que eu respondesse qualquer pergunta, Valria me beijou.

Isso mesmo, a desgraada me beijou.

Fizemos amor aquela noite, e adormecemos um nos braos do outro.

De manh ela estava toda romntica.

Eu agi como se tivesse me dopado.

Levantei da cama e comecei a gritar:

O que voc fez? Voc finalmente conseguiu o que queria no !

Eu pedi, eu implorei que no fizesse.

Voc um monstro. Fora da minha casa.

Eu te odeio te odeio.

Eu a expulsei sem ao menos que ela soubesse o motivo.

Trs dias depois eu recebo a trgica notcia, Valria havia se matado.

Entregaram-me um bilhete que ela havia escrito antes de morrer.

Nunca fora minha inteno causar tanto mal. S peo que me perdoe.

Naquele momento vi a abominao em que havia me tornado.

Depois daquele dia tenho dormido todas as noites no cemitrio.

Junto ao seu tmulo.

Tentando me martirizar pela pessoa detestvel que eu era.

E mesmo depois dessa trama toda, ainda no consegui me livrar da minha Amorfobia.

fim