amor e abnegação

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A MOR E ABNEGAÇÃO Marcos Leandro [email protected] O Réveillon já faz parte do passado, 2011 chegou e o Campeonato Per- nambucano já está pedindo passa- gem. Se rubro-negros, alvirrubros e tricolores estão ansiosos para o início do certame, dia 13 deste mês, nas outras nove agremiações que disputam a Série A1 a expectativa tam- bém é enorme. Tanto dos mais jovens quan- to dos mais experientes. “O meu filho não quer deixar eu ir para a estreia, contra o Sport. Ele diz que se o Améri- ca perder, vou cair duro. E se o América ven- cer também”, brinca Teófilo Sérgio da Silva, 87 anos, torcedor e funcionário do Mequi- nha, que volta a Primeira Divisão após 15 anos e pega o pentacampeão Sport, na pri- meira rodada. Apesar da preocupação do filho, da avança- da idade, seu Teófilo diz que vai comparecer à Ilha do Retiro de qualquer maneira. Mes- mo com as dores que ainda sente na clavícu- la, resultado de um atropelamento sofrido de uma moto há dois meses, na estrada do Ar- raial, em Casa Amarela, bem em frente à se- de do Periquito. A dedicação de Teófilo ao América tem ex- plicação. Há 57 anos ele está envolvido com o clube. “Entrei no clube em 1953, pois meu pai fornecia bebida para as festas que eram promovidas no clube. E desde então minha vida passou a ser o América. Venho aqui (se- de do Arraial) todo o dia”, afirmou o senhor de conversa fácil. Seu Teófilo é uma espécie de guardião da memória do América. Com cuidado, ele é o responsável por manter intacta a história do clube, seis vezes campeão pernambucano. “A minha maior preocupação é saber se depois de mim alguém vai zelar pelos troféus, docu- mentos e tudo o que diz respeito ao clube”, destaca o abnegado Teófilo, sentado em uma cadeira antiga, com o escudo do América cra- vado. A 683 km do Recife, em Araripina, Gerinal- des Gomes também é mais do que um torce- dor do Bode do Araripe. O seu mercadinho, localizado próximo à prefeitura do municí- pio, é uma extensão do clube. É lá onde os moradores da cidade e visitantes podem com- prar as camisas do Araripina. O estabeleci- mento também serve como ponto de apoio para venda de ingressos em dias de jogos, de- safogando um pouco as bilheterias do está- dio Chapadão do Araripe. A relação do comerciante com o time de futebol da cidade vai muito além de ceder o espaço do seu mercadinho para a comerciali- zação dos uniformes do clube – vale a pena destacar que toda a verba vai para o Araripi- na. “Organizamos um bingo há pouco tem- po e um percentual do arrecado foi destinado para ajudar o clube nas despesas”, conta Ge- rinaldes, que expõe no seu estabelecimento duas camisas autografadas do Bode. A azul foi do acesso para a elite, obtido em 2009. Já a amarela foi utilizada na Série A1 do ano passado. Para o certame deste ano, quando o Bode vai participar pela segunda vez do Estadual, Gerinaldes está empolgado. “O clube está mais organizado e a expectativa é para uma grande campanha. Torcida não vai faltar, afi- nal, no Sertão, o rei da selva é o Bode”, diz o comerciante, que espera bater recorde na ven- da de camisas. “Esperamos vender três mil camisas, a R$ 50 cada”, complementa. Incentivo das arquibancadas também não vai faltar ao também sertanejo Petrolina. Os amigos Vinícius, 15 anos, Luís Gustavo, 15, e Diogo, 18, criaram durante a Série A2 de 2010 a Torcida Jovem do Petrolina. O apoio deu sorte a Fera Sertaneja, que foi campeã da competição e subiu para a elite. “Espera- mos que agora, com o time na Primeira Divi- são, mais pessoas compareçam ao estádio Paulo Coelho para incentivar o Petrolina”, comentou Luís Gustavo, acrescentando que a a Torcida tem cerca de 500 seguidores no Orkut. O jovem trio não deixa o Petrolina nem nos treinos, seja no estádio Paulo Coelho ou em qualquer outro local da cidade. Seja sob o sol do Sertão, ou até sob chuva, como con- feriu o JC. www.jc.com.br/maisesportes » Bobby Fabisak/ JC Imagem Fotos: Rodrigo Lôbo/JC Imagem mais esportes Pernambucano começa dia 13 deste mês, mas já mexe com torcedores. Alguns não se contentam só em torcer e ajudam seus clubes » ESTADUAL FERA SERTANEJA Os amigos Diogo, Vinícius e Luís Gustavo criaram, no ano passado, a Torcida Jovem do Petrolina. Em 2011, com o clube na Série A1, esperam mais adeptos O GUARDIÃO Teófilo, 87 anos, cuida da memória do América PELO BODE Gerinaldes Gomes espera vender três mil camisas do Araripina em seu estabelecimento. Verba vai toda para o clube

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Page 1: Amor e abnegação

AMOR E ABNEGAÇÃOMarcos [email protected]

O Réveillon já faz parte do passado,2011 chegou e o Campeonato Per-nambucano já está pedindo passa-

gem. Se rubro-negros, alvirrubros e tricoloresestão ansiosos para o início do certame, dia13 deste mês, nas outras nove agremiaçõesque disputam a Série A1 a expectativa tam-bém é enorme. Tanto dos mais jovens quan-to dos mais experientes.

“O meu filho não quer deixar eu ir para aestreia, contra o Sport. Ele diz que se o Améri-ca perder, vou cair duro. E se o América ven-cer também”, brinca Teófilo Sérgio da Silva,87 anos, torcedor e funcionário do Mequi-nha, que volta a Primeira Divisão após 15anos e pega o pentacampeão Sport, na pri-meira rodada.

Apesar da preocupação do filho, da avança-da idade, seu Teófilo diz que vai comparecerà Ilha do Retiro de qualquer maneira. Mes-mo com as dores que ainda sente na clavícu-la, resultado de um atropelamento sofrido deuma moto há dois meses, na estrada do Ar-raial, em Casa Amarela, bem em frente à se-de do Periquito.

A dedicação de Teófilo ao América tem ex-plicação. Há 57 anos ele está envolvido como clube. “Entrei no clube em 1953, pois meupai fornecia bebida para as festas que erampromovidas no clube. E desde então minhavida passou a ser o América. Venho aqui (se-de do Arraial) todo o dia”, afirmou o senhorde conversa fácil.

Seu Teófilo é uma espécie de guardião damemória do América. Com cuidado, ele é oresponsável por manter intacta a história doclube, seis vezes campeão pernambucano. “Aminha maior preocupação é saber se depoisde mim alguém vai zelar pelos troféus, docu-mentos e tudo o que diz respeito ao clube”,destaca o abnegado Teófilo, sentado em umacadeira antiga, com o escudo do América cra-vado.

A 683 km do Recife, em Araripina, Gerinal-des Gomes também é mais do que um torce-dor do Bode do Araripe. O seu mercadinho,localizado próximo à prefeitura do municí-pio, é uma extensão do clube. É lá onde osmoradores da cidade e visitantes podem com-prar as camisas do Araripina. O estabeleci-mento também serve como ponto de apoiopara venda de ingressos em dias de jogos, de-safogando um pouco as bilheterias do está-dio Chapadão do Araripe.

A relação do comerciante com o time defutebol da cidade vai muito além de ceder oespaço do seu mercadinho para a comerciali-zação dos uniformes do clube – vale a penadestacar que toda a verba vai para o Araripi-na. “Organizamos um bingo há pouco tem-po e um percentual do arrecado foi destinadopara ajudar o clube nas despesas”, conta Ge-

rinaldes, que expõe no seu estabelecimentoduas camisas autografadas do Bode. A azulfoi do acesso para a elite, obtido em 2009. Jáa amarela foi utilizada na Série A1 do anopassado.

Para o certame deste ano, quando o Bodevai participar pela segunda vez do Estadual,Gerinaldes está empolgado. “O clube estámais organizado e a expectativa é para umagrande campanha. Torcida não vai faltar, afi-nal, no Sertão, o rei da selva é o Bode”, diz ocomerciante, que espera bater recorde na ven-da de camisas. “Esperamos vender três milcamisas, a R$ 50 cada”, complementa.

Incentivo das arquibancadas também nãovai faltar ao também sertanejo Petrolina. Osamigos Vinícius, 15 anos, Luís Gustavo, 15, eDiogo, 18, criaram durante a Série A2 de2010 a Torcida Jovem do Petrolina. O apoiodeu sorte a Fera Sertaneja, que foi campeãda competição e subiu para a elite. “Espera-mos que agora, com o time na Primeira Divi-são, mais pessoas compareçam ao estádioPaulo Coelho para incentivar o Petrolina”,comentou Luís Gustavo, acrescentando que aa Torcida tem cerca de 500 seguidores noOrkut.

O jovem trio não deixa o Petrolina nemnos treinos, seja no estádio Paulo Coelho ouem qualquer outro local da cidade. Seja sobo sol do Sertão, ou até sob chuva, como con-feriu o JC.

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Pernambucano começa dia 13 deste mês, mas já mexe com torcedores. Alguns não se contentam só em torcer e ajudam seus clubes

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FERA SERTANEJA Os amigos Diogo, Vinícius e Luís Gustavo criaram, no ano passado, a Torcida Jovem do Petrolina. Em 2011, com o clube na Série A1, esperam mais adeptos

O GUARDIÃOTeófilo, 87 anos, cuida

da memória do América

PELO BODE Gerinaldes Gomes espera vender três mil camisas do Araripina em seu estabelecimento. Verba vai toda para o clube