aliança estratégica na gestão pública

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Aliança Estratégica na Gestão Pública: Um Estudo de Caso de Cooperação Técnica entre uma Instituição de Ensino Pública e Privada 40 NASCIMENTO / LIMA / WALTER Journal of Innovation, Projects and Technologies – JIPT Revista Inovação, Projetos e Tecnologias – IPTEC Vol. 2, N. 1. Jan./Dez. 2014 LIANÇA ESTRATÉGICA NA GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO DE CASO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA ENTRE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICA E PRIVADA 1 Daniel Teotônio do Nascimento 2 Adriana de Sousa Lima 3 Silvana Anita Walter Resumo O objetivo desse relato técnico é apresentar o processo de formalização de uma aliança estratégica e seus impactos, entre uma Instituição de Ensino Superior Pública e uma Privada a luz da Teoria de Aliança Estratégica. A aliança estratégica foi formalizada por meio de um Acordo de Cooperação Técnica, que teve como objetivo o intercâmbio de recursos e competências, dado que as instituições careciam de capacidades internas suficientes para implementação de um projeto complexo, custoso e emergencial. O estudo adotou as técnicas de análise documental, bibliográfica, entrevista e observação-participante de um dos autores. Até o momento da apresentação desse relato técnico foi possível observar os principais resultados, demonstrados na Aliança entre as instituições, quais sejam, maior possibilidade de soluções infraestruturais para os parceiros desenvolverem suas atividades; melhoria da qualidade da educação ofertada aos discentes; maior reconhecimento público dos trabalhos realizados; um melhor ambiente de trabalho para os servidores; troca de experiências e conhecimento entre os parceiros e o aumento de novos equipamentos. Como ponto fraco da parceira, destaca-se o baixo envolvimento das unidades acadêmicas das instituições. Porém, nota-se que a combinação de recursos, competências e comprometimento possibilita a implementação conjunta de ações de ensino, pesquisa e extensão de ambas às instituições. Palavras-chave: Aliança estratégica, cooperação, instituições públicas, instituições privadas. 1 Mestrando pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE, Brasil Administrador pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana, UNILA E-mail: [email protected] 2 Mestranda pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná Agente Universitário pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE, Brasil. E-mail: [email protected] 3 Doutora pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PUC/PR, Brasil Professora pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE, Brasil. E-mail: [email protected] A IPTEC – Revista Inovação, Projetos e Tecnologias E-ISSN: 2318-9851 Organização: Comitê Científico Interinstitucional/ Editor Científico: Prof. Dr. Leandro Alves Patah Avaliação: Double Blind Review pelo SEER/OJS Revisão: Gramatical, normativa e de formatação Doi 10.5585/iptec.v2i1.20 Recebido: 21/11/2014 Aprovado: 09/12/2014

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Aliança Estratégica Na Gestão Pública

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  • Aliana Estratgica na Gesto Pblica: Um Estudo de

    Caso de Cooperao Tcnica entre uma Instituio de Ensino Pblica e Privada

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    NASCIMENTO / LIMA / WALTER

    Journal of Innovation, Projects and Technologies JIPT

    Revista Inovao, Projetos e Tecnologias IPTEC

    Vol. 2, N. 1. Jan./Dez. 2014

    LIANA ESTRATGICA NA GESTO PBLICA: UM ESTUDO DE CASO

    DE COOPERAO TCNICA ENTRE UMA INSTITUIO DE ENSINO

    PBLICA E PRIVADA

    1 Daniel Teotnio do Nascimento 2 Adriana de Sousa Lima

    3 Silvana Anita Walter

    Resumo

    O objetivo desse relato tcnico apresentar o processo de formalizao de uma aliana estratgica e

    seus impactos, entre uma Instituio de Ensino Superior Pblica e uma Privada a luz da Teoria de

    Aliana Estratgica. A aliana estratgica foi formalizada por meio de um Acordo de Cooperao

    Tcnica, que teve como objetivo o intercmbio de recursos e competncias, dado que as instituies

    careciam de capacidades internas suficientes para implementao de um projeto complexo, custoso

    e emergencial. O estudo adotou as tcnicas de anlise documental, bibliogrfica, entrevista e

    observao-participante de um dos autores. At o momento da apresentao desse relato tcnico foi

    possvel observar os principais resultados, demonstrados na Aliana entre as instituies, quais

    sejam, maior possibilidade de solues infraestruturais para os parceiros desenvolverem suas

    atividades; melhoria da qualidade da educao ofertada aos discentes; maior reconhecimento

    pblico dos trabalhos realizados; um melhor ambiente de trabalho para os servidores; troca de

    experincias e conhecimento entre os parceiros e o aumento de novos equipamentos. Como ponto

    fraco da parceira, destaca-se o baixo envolvimento das unidades acadmicas das instituies.

    Porm, nota-se que a combinao de recursos, competncias e comprometimento possibilita a

    implementao conjunta de aes de ensino, pesquisa e extenso de ambas s instituies.

    Palavras-chave: Aliana estratgica, cooperao, instituies pblicas, instituies privadas.

    1 Mestrando pela Universidade Estadual do Oeste do Paran, UNIOESTE, Brasil

    Administrador pela Universidade Federal da Integrao Latino-Americana, UNILA

    E-mail: [email protected]

    2 Mestranda pela Universidade Estadual do Oeste do Paran Agente Universitrio pela Universidade Estadual do Oeste do Paran, UNIOESTE, Brasil.

    E-mail: [email protected] 3 Doutora pela Pontifcia Universidade Catlica do Paran, PUC/PR, Brasil

    Professora pela Universidade Estadual do Oeste do Paran, UNIOESTE, Brasil.

    E-mail: [email protected]

    A

    IPTEC Revista Inovao, Projetos e Tecnologias E-ISSN: 2318-9851

    Organizao: Comit Cientfico Interinstitucional/ Editor Cientfico: Prof. Dr. Leandro Alves Patah Avaliao: Double Blind Review pelo SEER/OJS

    Reviso: Gramatical, normativa e de formatao Doi 10.5585/iptec.v2i1.20

    Recebido: 21/11/2014

    Aprovado: 09/12/2014

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    NASCIMENTO / LIMA / WALTER

    ABSTRACT

    The aim of this technical report is to present the process of formalizing of a strategic alliance

    between a Higher Education Public Institution and a Private one based on the theory of Strategic

    Alliance. The strategic alliance was formalized through a Technical Cooperation Agreement, which

    aimed to exchange resources and competencies, as the institutions were lack of internal capabilities

    enough to implement a complex project, costly and emergency. The study adopted the approach of

    documentary and bibliographic analysis, interviews and participative observation of one of the

    authors. Until the time of the submission of this technical report was possible to observe the main

    results showed in the Alliance between the institutions, they are, providing more possibilities of

    infrastructural solutions to the partners develop their activities, improving the quality of education

    offered to the students, greater public acknowledgment from the work performed; a better work

    environment for the employees; exchange of experiences and knowledge between partners; and the

    increase of new equipment. As a weak point of the partnership, stands out the low involvement of

    the academic units of the institutions. It is seen that the combination of resources, skills and

    commitment enables the implementation of joint actions of teaching, research and extension of both

    institutions.

    Keywords: Strategic alliance, cooperation, public institutions, private institutions.

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    1 Introduo

    As alianas estratgicas vm se fortalecendo e ganhando espao nos mais diversos setores da

    economia. A escolha por constituir ou fazer parte de uma aliana estratgica, corresponde a viso

    instrumental de clculo de consequncias, em que se pondera conscientemente sobre vantagens e

    desvantagens econmicas e tcnicas postas em uma balana e definindo um comportamento lgico

    e racional (Vizeu, Guarido, & Gomes, 2014). Uma aliana estratgica deve ser estruturada desde

    que ambas as partes tenham a inteno estratgica de que a mesma seja realmente bem sucedida,

    ainda que as metas sejam diferentes elas se complementam (Lorange & Ross, 1996).

    Segundo Lorange e Ross (1996) o fato de vrias organizaes estarem participando de uma

    aliana estratgica somado com a necessidade de metas congruentes, informaes simtricas e

    consenso em relao em como adotar aes corretivas e conciliar interesses entre scios, justifica a

    importncia do processo de planejamento estratgico. Sendo justamente nesse ponto de

    planejamento estratgico que muitas organizaes falham ao firmar alianas o que compromete o

    sucesso da iniciativa. Yoshino e Rangan (1996) afirmam que as alianas envolvem uma

    compreenso clara e estratgica sobre a natureza, o mbito, a importncia e o provvel caminho

    evolutivo. H que se considerar, tambm, os aspectos relacionados proteo e ampliao das

    competncias essenciais da empresa, a necessidade de alterar a mentalidade dos gerentes

    designados para a aliana e as necessidades de recursos. A falta de compromisso organizacional de

    um ou dos dois parceiros pode incapacitar uma aliana, por isso, o envolvimento da alta

    administrao mais que simblico, alm de estimular o compromisso organizacional, pode

    promover o envolvimento mais ativo entre os gerentes dos vrios nveis da empresa e seus

    correspondentes na aliana.

    Este estudo lanou olhares para o processo de formalizao de uma aliana estratgica entre

    uma Instituio de Ensino Superior Pblica e uma Instituio de Ensino Superior Privada,

    almejando contribuir em processos de tomada de deciso com relao concretizao de uma

    aliana estratgica no modelo apresentado neste estudo, apresentar subsdios de operacionalizao

    deste tipo de aliana e destacar a importncia na formalizao das intenes das instituies

    envolvidas. Pretende-se ainda, desmitificar a percepo da sociedade que tem considerado as

    parcerias entre universidades pblicas privadas com desconfiana.

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    A partir dessas consideraes, pretende-se responder neste estudo, sob o arcabouo

    conceitual da Aliana Estratgica, o seguinte problema de pesquisa: Como uma aliana estratgica

    pode fortalecer o desenvolvimento cientfico e tecnolgico entre uma Instituio de Ensino Superior

    Pblico e Privada?

    Para responder a pergunta de pesquisa, o objetivo proposto apresentar o processo de

    formalizao de uma aliana estratgica e seus impactos, entre uma Instituio de Ensino Superior

    Pblica e uma Privada a luz da Teoria de Aliana Estratgica.

    O presente relato tcnico est estruturado em cinco sesses. Na segunda sesso apresenta-se

    a fundamentao terica que deu suporte ao estudo. Na terceira sesso descreve-se o delineamento

    metodolgico utilizado no desenvolvimento do estudo. A quarta sesso apresenta a anlise dos

    dados obtidos e por fim na ltima sesso as consideraes finais e sugestes para estudos futuros.

    2 Referencial Terico

    2.1 Aliana Estratgica

    Aliana estratgica consiste na unio dos esforos de duas ou mais organizaes no intuito

    de alcanar um objetivo estratgico comum (Aaker, 2001). As organizaes podem estabelecer uma

    aliana estratgica em virtude da complexidade do assunto que fundamenta a formao da aliana e

    da percepo da falta de recursos para competir individualmente na rea da aliana (Nohara,

    Campanrio, Margarido, & Acevedo, 2007).

    A escolha por constituir ou fazer parte de uma aliana estratgica, corresponde viso

    instrumental de clculo de consequncias, em que se pondera conscientemente sobre vantagens e

    desvantagens econmicas e tcnicas postos em uma balana e definindo um comportamento lgico

    e racional. Na medida em que no houver ganhos a aliana no se sustenta, a base da cooperao

    o reconhecimento individual das vantagens que se congregam, envolvendo mecanismos de controle

    legais e sociais para assegurar a coordenao e proteo dos interesses dos membros parceiros,

    caracterizando-se como estruturas hibridas de governana (Vizeu et al., 2014).

    Lorange e Ross (1996) destaca que uma aliana estratgica deve ser estruturada desde que

    ambas as partes tenham a inteno estratgica de que a mesma seja realmente bem sucedida, ainda

    que as metas sejam diferentes elas se complementam. Em uma aliana estratgica bem sucedida

    ambas as partes devem possuir intenes estratgicas harmonizveis, declaradas explicitamente e

    estabelecidas desde o incio, sendo nessa fase que as dimenses analticas e polticas e os assuntos

    so discutidos com clareza e a base de confiana e harmonia comportamental so estabelecidas.

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    A gesto de alianas deve comear com o claro reconhecimento de desafios e tarefas

    envolvidos, dentre eles esto a gesto do fluxo de informao, o aprendizado organizacional e a

    transformao cultural. A falta de compromisso organizacional de um ou dos dois parceiros pode

    incapacitar uma aliana, por isso, o envolvimento da alta administrao mais que simblico, alm

    de estimular o compromisso organizacional, pode promover o envolvimento mais ativo entre os

    gerentes dos vrios nveis da empresa e seus correspondentes na aliana (Yoshino & Rangam,

    1996).

    As alianas proporcionam um conjunto de foras distintas, flexveis e complementares,

    precisam servir para uma relao de aprendizagem recproca em relao s habilidades envolvidas

    e, at mesmo, para a formao de novas alianas. importante conhecer seus impactos na cultura

    organizacional das empresas envolvidas e como as mesmas alavancam seus recursos internos.

    Assim, nota-se que as alianas estratgicas so aes tpicas da era do conhecimento, inciativas que

    necessitam de novas maneiras de ver, entender e agir.

    Com as alianas possvel aos parceiros dividirem os custos do investimento e os riscos

    associados, o intercmbio de recursos e competncias, criados pela escassez de recursos, pode

    contribuir para que uma empresa seja capaz de manter-se competitiva no mercado. Essa teoria

    sustentada pela Teoria da Dependncia de Recursos, que argumenta que as organizaes dependem

    de seu ambiente para ter acesso aos recursos de que necessitam (uma vez que no so internamente

    autossuficientes), mas que tambm lutam para adquirir controle sobre esses recursos e, assim,

    reduzir sua dependncia (Rossi, Pvoa, Garcia, & Minciotti, 2009).

    Para Katawala (2001), muitas organizaes sem fins lucrativos so limitadas em recursos e

    habilidades, portanto, acreditam que as alianas estratgicas so uma excelente forma de melhor

    servir seus clientes. O autor lista os seguintes tipos de alianas: a) marketing e vendas; b) alianas

    de aquisio e fornecedores; e c) alianas de tecnologia e know-how; acrescenta que as alianas

    podem ser hibridas, podem variar de acordo com a demanda das instituies parceiras. As alianas

    estratgicas esto crescendo entre as organizaes por causa das economias de custos alcanadas na

    execuo de operaes. As empresas esto formando alianas procurando a melhor qualidade,

    tecnologia e reduo dos custos de operao (Katwala, 2001).

    3 Metodologia

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    Nesta seo sero abordados os delineamentos metodolgicos adotados no Relato Tcnico,

    em especial, destacando o tipo de estudo realizado, sua natureza, os instrumentos de coleta de dados

    e as tcnicas de anlise e interpretao de dados.

    Considerando a problemtica adotada para este estudo, que foi verificar como uma aliana

    estratgica pode fortalecer o desenvolvimento cientfico e tecnolgico entre uma Instituio de

    Ensino Superior Pblico e Privada, a luz da Teoria de Alianas Estratgicas, realizou-se um estudo

    de caso, na tentativa de uma anlise mais profunda e apurada do fenmeno investigado, pois

    segundo Stake (2005) dada a abordagem qualitativa e natureza explicativa do estudo a busca pela

    compreenso das complexas inter-relaes entre o que existe na formao das alianas estratgicas

    trouxe aos autores um aprendizado mpar e possibilitou a identificao de fatores que determinaram

    os benefcios das instituies (Gil, 2008).

    A coleta de dados foi realizada no perodo de maio a agosto de 2014. Os dados primrios

    foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, que serviu como roteiro para os autores,

    sendo registradas com aparelho de gravador e transcritas posteriormente. A entrevista foi realizada

    com o Gestor Responsvel pelos Convnios da Instituio Pblica. A observao participante se

    concretizou por um dos autores que, alm de acompanhar todo o processo de formalizao da

    aliana entre as instituies, contribuiu no levantamento de subsdios necessrios na

    operacionalizao e institucionalizao da aliana. A percepo dos resultados alcanados foi obtida

    por meio de entrevista em profundidade aos coordenadores da parceria nas instituies e

    triangulao com as demais fontes pesquisadas.

    A instrumentao para a coleta de dados secundrios muniu-se da anlise de documentos

    disponibilizados pelas Instituies, especialmente o processo administrativo, no qual consta o

    histrico da parceria. Ademais se utilizou de reportagens noticiadas nos sites das Instituies e

    jornais locais, as legislaes inerentes a formalizao da aliana tambm foram objeto de consulta.

    Esta abordagem possibilitou o levantamento de dados com maior riqueza de detalhes para posterior

    anlise.

    Os dados foram analisados e tratados com o que preconiza a anlise de contedo (BARDIN,

    2004) e triangulados entre, entrevista em profundidade, anlise documental e observao

    participante (STAKE, 2005) o que possibilitou a comparao entre os dados obtidos e dando maior

    credibilidade aos resultados.

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    4 Resultados Obtidos e Anlise

    4.1 Perfil das organizaes objeto do estudo

    Inicialmente, faz-se necessrio informar que a aliana estratgia foi celebrada entre a

    Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (UNILA) e a Associao Internacional

    Unio das Amricas-AIUA, na qualidade de mantenedora da Marca Uniamrica, sendo que

    Centro Educacional das Amricas Ltda., proprietrio do imvel, concedeu autorizao para a

    pactuao da parceria.

    A Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (UNILA) foi criada pela Lei

    n 12.189, de 12 de janeiro de 2010. uma autarquia federal, vinculada ao Ministrio da Educao,

    mantida pela Unio, dotada de autonomia didtico-cientfica, administrativa, disciplinar e de gesto

    financeira e patrimonial. A UNILA destaca-se por sua vocao latino-americana, no compromisso

    com a sociedade democrtica, multicultural e cidad e fundamenta sua atuao no pluralismo de

    ideias, visando o desenvolvimento e a integrao regional por meio de aes de Ensino, Pesquisa e

    Extenso. Possui 17 cursos de Graduao, 02 de especializao e 02 mestrados stricto sensu,

    somando um total de 2.226 alunos, desde sua criao. Entre Tcnicos Administrativos e Professores

    somam um total de 369 servidores federais.

    A Associao Internacional Unio das Amricas-AIUA, pessoa jurdica, de direito

    privado, associao comunitria sem fins lucrativos, de carter filantrpico, aberta associao de

    qualquer pessoa interessada em colaborar pelo desenvolvimento da educao do oeste do Paran,

    situada na cidade de Foz do Iguau, fundada em 2013, contando com a colaborao de profissionais

    especialistas na gesto de unidades de ensino. A Uniamrica, tem como objetivo propiciar

    condies para a formao, aperfeioamento e especializao de pessoal da rea vrias reas do

    saber, inclusive na rea da sade, situada na cidade de Foz do Iguau/PR. Fundada em 2001, possui

    24 cursos de Graduao e 105 docentes, possuindo instalaes para atender 3.000 alunos por turno.

    A modalidade de aliana estratgica evidenciada neste relato tcnico no se trata da Parceria

    Pblico-Privada disciplinada por meio da Lei 11.079, de dezembro de 2004, instituda com o

    objetivo de executar projetos de grandes magnitudes como rodovias, aeroportos, linhas de metro. A

    modalidade de cooperao aqui abordada possui prioritariamente um carter social, entre

    instituies com as mesmas atividades fins, pois da parceria estabelecida no se resultou nenhum

    repasse financeiro direto entre as entidades.

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    4.2 Relato tcnico da aliana estratgica

    O aumento do nvel de conscincia dos cidados, quanto aos seus direitos, tem forado o

    Estado brasileiro a buscar novas estratgias para ofertar um atendimento de qualidade sociedade.

    Nos protestos realizados em junho de 2013, conhecidos popularmente como Manifestao dos 20

    centavos, segundo a Confederao Nacional de Municpios (2013), os protestos ocorreram em

    mais de 430 municpios brasileiros. Os manifestantes reivindicavam principalmente melhorias no

    transporte pblico, sade e educao.

    Ainda no ano de 2013, por meio de pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa

    Econmica Aplicada - IPEA (2013), observou-se que a prioridade nmero um dos brasileiros a

    melhoria do sistema de sade. Dessa forma, considerando esse perfil mais exigente dos cidados,

    motivado por esta era da informao e do conhecimento, as alianas estratgicas tornaram-se, nos

    ltimos anos, formas necessrias para visualizar, entender e implementar parcerias diferenciadas.

    Nesse contexto, o Governo brasileiro consciente da deficincia do Sistema de Sade, passou

    a implementar a partir de 2013 aes de melhoria relacionada rea da sade, destacando-se o

    Programa Mais Mdicos, do Ministrio da Sade, e o Plano de Expanso da Educao em Sade,

    do Ministrio da Educao. Por meio da lei n 12.871, de 22 de outubro de 2013, Presidncia da

    Repblica (2013), o governo institui o Programa Mais Mdicos com a finalidade de formar recursos

    humanos na rea mdica para o Sistema nico de Sade (SUS), tendo com objetivos, entre outros, a

    diminuio da carncia de mdicos nas regies prioritrias para o SUS, a fim de reduzir as

    desigualdades regionais na rea da sade; o fortalecimento da prestao de servios de ateno

    bsica em sade; reordenao da oferta de cursos de Medicina e de vagas para residncia mdica.

    Segundo reportagem do Estado (2013) o governo pretende criar 11.447 vagas de graduao em

    cursos de medicina at 2017, sendo mais de trs mil vagas em universidades federais.

    No dia da promulgao da Lei 12.871, segundo reportagem da Itaipu Binacional (2013), a

    criao do curso de Medicina na Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (Unila), em

    Foz do Iguau, foi confirmada pela presidente Dilma Rousseff, com 60 vagas anuais e implantao

    a partir de 2016. Ressalta-se ainda, que anteriormente a essa confirmao oficial, a Unila j havia

    recebido solicitao do secretrio de Ensino Superior do MEC, Paulo Speller, para avaliao da

    viabilidade do Curso (Unila, 2013).

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    No entanto, no final de 2013, a presidente Dilma Rousseff em visita a Foz do Iguau, e em

    entrevista a emissoras de rdio do Paran fez a seguinte declarao: Passei ao lado [das obras] da

    Unila e fiquei impressionada. Vou dar uma 'aligeirada' nesta faculdade de medicina, com 60 vagas,

    para 2014 (CBN Foz, 2013).

    Diante dessa antecipao do calendrio de implantao do Curso de Medicina e da

    necessidade de viabilizar espaos fsicos e equipamentos, pois houve atraso na entrega da primeira

    fase da obra do campus, a Unila viu-se diante de uma extrema necessidade de pactuar parcerias para

    propiciar o incio do curso j em 2014 (Unila, 2014a). Dessa forma, a Unila estabeleceu vrias

    alianas estratgicas para atingir esse objetivo, com destaque inovador ao Acordo de Cooperao

    Tcnica celebrado com a Instituio de Ensino Superior Privada-Uniamrica, pactuado com o

    objetivo de compartilhar espaos e aes conjuntas de ensino, pesquisa e extenso. Nessa situao a

    organizao estabeleceu suas alianas em virtude da complexidade do assunto e da percepo da

    falta de recursos para oferecer um servio pblico de qualidade na rea da aliana (Nohara et al.,

    2007).

    Por meio de entrevista em profundidade, ao responsvel tcnico dos convnios da Unila,

    percebeu-se que o carter inovador da aliana estratgica deu-se pela juno de esforos entre

    entidades de ensino superior pblico-privada, pouca observada na literatura, permitindo o

    atendimento do princpio da economicidade para ambos os parceiros, e sobre tudo, ao interesse

    pblico da comunidade local, carente de profissionais mdicos.

    Observa-se assim, que a Teoria da Dependncia de Recursos pode englobar vrios tipos de

    organizaes sejam pblicas ou privadas, pois por meio das alianas possvel aos parceiros

    dividirem os custos do investimento e os riscos associados, o intercmbio de recursos e

    competncias, criados pela escassez de recursos (Rossi et al., 2009).

    Considerando a exigncia do Ministrio da Presidncia da Repblica e da Educao, para a

    implantao do Curso de Medicina na Unila, observa-se a extrema necessidade da aliana

    estratgica para a execuo do projeto, conforme pode ser observada na seguinte fala do

    responsvel tcnico dos convnios:

    Os gestores da UNILA eram conscientes da falta de espaos fsicos para dar suporte a um

    curso de medicina aqui na cidade de Foz do Iguau, e a gente sabia que teramos que

    solicitar reforos oramentrios para o atendimento dessas despesas, pois tais gastos no

    haviam sido previstos, sem contar que os processos de licitaes, para aquisio de

    equipamentos, podem demorar aproximadamente seis meses, ou seja, entendemos naquele

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    momento, que a UNILA sozinha, jamais poderia obter todos os requisitos exigidos pelo

    MEC para aprovao do incio do curso em 2014.

    Nota-se por meio desse depoimento a importncia das alianas estratgicas, no intuito de

    atingir um objetivo que dificilmente seria alcanado individualmente. Segundo Verschoore,

    Bulgacov, Segatto e Sataglia (2014), alianas so fontes de valor s organizaes, pois

    proporcionam melhorias de desempenho em trs dimenses: econmica, diferenciao competitiva

    e capacidade adaptativa.

    Assim, no intuito de adaptar s circunstncias, a Universidade Federal da Integrao Latino-

    Americana e a Associao Internacional Unio das Amricas, entidade que administra a Faculdade

    Unio das Amricas (Uniamrica), formalizaram o Acordo de Cooperao Tcnica em 08/05/2014.

    A parceria previu o uso compartilhado dos espaos estruturais da Uniamrica pela UNILA - para

    desenvolvimento de atividades acadmicas - e o desenvolvimento de aes conjuntas de ensino,

    pesquisa e extenso (Unila, 2014b).

    Analisando o Processo Administrativo da Unila, que deu origem a parceria, no qual constam

    todos os detalhes da aliana, observamos os reais fundamentos e justificativa do Acordo de

    Cooperao Tcnica, as contrapartidas ofertadas pelos partcipes e os benefcios aos parceiros.

    Observou-se neste estudo de caso que o sonho da implantao de um Curso de Medicina na

    cidade de Foz do Iguau/PR antigo. H 11 anos, a Uniamrica e a Universidade Estadual do Oeste

    do Paran vm realizando tratativas para a implantao do curso. A pesar dos investimentos

    financeiros e dos esforos estratgicos entre as instituies locais, Foz do Iguau ainda no contava

    com um curso de Graduao em Medicina at o ano de 2014 (Unila, 2014c).

    Nota-se assim, a importncia do Curso de Medicina na regio da trplice fronteira, no

    sentido de ampliar o atendimento local, por meio da formao destes futuros profissionais. Assim,

    para atingir esse objetivo social a UNILA utilizou-se como razo para a formalizao da aliana,

    um dos motivos elencados por Bamford e Ernst (2003), no qual salienta que as alianas visam

    criao de vantagem em rede, dado que as organizaes podem utilizar suas parcerias para criar

    valor alm das relaes individuais.

    Na justificativa realizada pela UNILA, na qual se fundamenta o motivo de escolha da

    Uniamrica, nota-se o carter estratgico da aliana para os parceiros, segundo fala do Pr-reitor de

    Administrao, Gesto e Infraestrutura da UNILA: tratava-se de atender as necessidades

    acadmicas mais urgentes, suprindo parcialmente as necessidades de espaos fsicos (salas de

    aula, laboratrios, auditrios, etc.).

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    Conforme observado nessa justificativa, as contrapartidas oriundas da parceria beneficiaram

    economicamente ambos partcipes. A pesar do Acordo de Cooperao Tcnica no possuir uma

    natureza financeira propriamente dita, pois no houve a incidncia direta de repasses entre os

    partcipes, houve sim um ganho econmico para ambos. Da parte da Unila a instituio passou a

    utilizar de forma compartilhada os espaos estruturais da Uniamrica, incluindo salas de aulas,

    laboratrios da rea de sade, auditrio e biblioteca. Por parte da Uniamrica a entidade se

    beneficiou com o auxlio da manuteno de sua estrutura, pois a Unila passou a responsabilizar-se

    pela limpeza integral (inclusive com os materiais) e vigilncia, dos espaos de uso compartilhado,

    com recursos de seu prprio oramento. Ademais, contribui com a limpeza dos espaos de uso

    comum, como saguo, corredores e rea de acesso. Dessa forma, a entidade privada diminui seus

    custos diretos, pois alguns de seus espaos estavam ociosos em determinados perodos e ainda

    alguns equipamentos de medicina no eram utilizados, mas havia a necessidade de uma manuteno

    preventiva.

    Nota-se um considervel fortalecimento infraestrutural das organizaes aps a celebrao

    da aliana estratgica, alcanando uma das vantagens genricas mencionadas por Walter (2013), no

    qual organizaes afins so capazes de potencializar os ganhos de todas as instituies envolvidas.

    Aps o atendimento dos requisitos exigidos pelo Ministrio da Educao, foi publicada pelo

    Dirio Oficial da Unio (2014), em 14/05/2014, a portaria de autorizao do Curso de Graduao de

    Medicina na Unila: Art. 1 Fica autorizado o curso de Medicina, bacharelado, com 60 (sessenta)

    vagas totais anuais, a ser ministrado pela Universidade Federal da Integrao Latino-Americana

    UNILA....

    No intuito de avaliar os impactos e os resultados da parceria, realizou-se entrevista em

    profundidade no nvel gerencial das duas organizaes investigadas, avaliando as percepes de

    dois gerentes (coordenadores do Acordo de Cooperao), alcanando os seguintes resultados:

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    Quadro 1. Percepo do Nvel Gerencial sobre os resultados e impactos da Aliana Estratgica

    VARIVEL PERCEPO POR PARTE DA UNILA PERCEPO POR PARTE DA UNIAMRICA

    Nvel de implementao das

    atividades planejadas

    As atividades so relativamente lentas, principalmente por parte da

    prpria Unila. A pesar de serem relativamente lentas, a confiana entre o

    pessoal das instituies tem permitido avanos nas aes.

    Normas de relacionamento Bastante claras. Foram registradas apenas algumas queixas sobre o

    comportamento de alguns professores da Unila.

    Relao bastante amigvel. A pesar que algumas regras serem

    apenas implcitas no h problemas de relacionamento.

    Participao da Alta Administrao Alto nvel de participao da alta administrao, de ambos os

    parceiros.

    Sempre que foi solicitado alta administrao, ambas as

    diretorias corresponderam positivamente.

    Aporte dos recursos necessrios

    para as atividades

    Esto sendo aportados todos os recursos necessrios, sem nenhuma

    dificuldade.

    No h dificuldade em nvel administrativo e os recursos esto

    sendo alocados conforme o planejamento e necessidade.

    Publicidade das aes

    No incio da parceria houve bastante publicidade, dado o grande

    impacto social da parceria para o desenvolvimento local. Na

    atualidade o nvel de publicidade considerado baixo.

    Todas as aes do Acordo so divulgadas internamente e no

    site institucional. Com a implementao dos projetos

    acadmicos as divulgaes sero fortalecidas.

    Dificuldades encontradas

    Morosidade das Unidades Acadmicas da UNILA em implementar

    as demais atividades do Plano de Trabalho, relacionadas s

    atividades de Extenso e Pesquisa.

    No setor privado as aes so realizadas de maneira mais gil,

    estamos aprendendo a ajustar melhor esse time com o setor

    pblico para que a demandas sejam planejadas bem

    antecipadamente.

    Diferena da cultura

    organizacional

    Apesar dos alunos e professores da UNILA possurem um perfil

    mais autnomos, a Uniamrica tem se esforado para entend-los,

    no havendo necessidade de interveno dos coordenadores na

    parceria.

    H um certo cime entre os alunos, pois possuem perfis

    diferentes, mas a Uniamrica tem trabalhado para demonstrar

    que a diferena fortalece a todos.

    Nvel atual de confiana Mantm-se alto em relao ao parceiro. Mantm-se alto e transparente e sem conflitos aparente.

    Implementao das demais

    atividades da Aliana (pesquisa e

    extenso)

    Necessita-se de um maior envolvimento das Unidades Acadmicas

    da UNILA, visando desenvolver atividades que vo alm do uso de

    espaos compartilhados.

    Ainda est pendente o envolvimento entre as Unidades

    Acadmicas das instituies visando fomentar projetos de

    pesquisa e extenso.

    Perspectivas de Futuro Altas, pois a parceria de cinco anos e se pretende agilizar todas as

    parcerias previstas no Plano de Trabalho.

    Boas, sendo objetivo a mdio e longo prazo a inverso dos

    benefcios dessa parceria sociedade local.

    Fonte: Desenvolvido pelos autores.

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    Avaliando a percepo dos coordenadores da aliana e levantamento de dados da pesquisa,

    superado os 6 (seis) primeiros meses da parceria, j se observa, entre outros, resultados como maior

    possibilidade de solues infraestruturais para os parceiros desenvolverem suas atividades; melhoria

    da qualidade da educao ofertada aos discentes de ambas as instituies; maior reconhecimento

    pblico dos trabalhos realizados; um melhor ambiente de trabalho para os servidores; troca de

    experincias e conhecimento entre os parceiros; aumento de novos equipamentos. Como resultado

    negativo, destaca-se o baixo envolvimento das unidades acadmicas das instituies.

    Assim, verifica-se que a aliana estratgica entre instituies de ensino pblico-privada, est

    em sintonia com as indicaes da Price Water House Coopers PWC (2011), que ressaltou que

    educao alicerce de qualquer economia moderna, tendo os governos e as empresas razes

    suficientes para compartilharem sistemas nesta rea, pois tais esforos colaborativos so capazes de

    gerar servios pblicos de qualidade a custos mais baixos.

    Este estudo demonstrou a importncia das alianas estratgicas para o desenvolvimento

    local. Os gestores pblicos, mesmos engessados por legislaes extremadamente tradicionais,

    devem buscar tticas visando estreitar o relacionamento com o setor privado.

    Na prtica as Universidades Pblicas devem implementar a abordagem proposta por

    Etzkowitz (2008), denominada Triple Hlice, formada por Universidades, Empresas e Governos,

    com o intuito de promover a inovao tecnolgica e cientfica, ademais do aumento da

    competitividade. Nessa abordagem as Universidades so indutoras das relaes com as demais

    Empresas (setor produtivo de bens e servios) e o Governo (setor regulador e fomentador da

    atividade econmica).

    No Brasil, as parcerias de Universidades Pblicas com demais Organizaes Privadas, que

    visam lucros, ainda so vistas com desconfiana por parte da sociedade. Tal confiana est

    sustentada num histrico de maus usos dos recursos pblicos, pois muitas empresas privadas se

    aproximando das organizaes pblicas no intuito de obter benefcios alm daqueles pactuados. No

    entanto, as Universidades Pblicas brasileiras necessitando evoluir-se para o modelo de Aliana,

    entre Universidade Pblica e Setor Privado, utilizados por pases como Estados Unidos, Japo,

    Alemanha e Coreia do Sul, no qual as Universidades ganham reconhecimento social, dado sua

    participao nos problemas reais da sociedade; e ganham as empresas, pois so capazes de

    oferecerem produtos mais inovadores e competitivos ao mercado.

    5 Consideraes Finais

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    Desenvolveu-se este relato tcnico visando analisar as potencialidades propiciadas por uma

    aliana estratgica celebrada entre uma Instituio de Ensino Pblica e Privada. O estudo

    demonstrou que as instituies foram fortalecidas aps a parceria, pois os recursos e competncias

    compartilhados beneficiaram no somente economicamente os partcipes, mas tem permitido a

    implementao de suas atividades internas de maneira mais eficiente.

    Da parte da Unila a instituio passou a utilizar de forma compartilhada os espaos

    estruturais da Uniamrica, incluindo salas de aulas, laboratrios da rea de sade, auditrio e

    biblioteca. Por parte da Uniamrica a entidade se beneficiou com o auxlio da manuteno de sua

    estrutura, pois a Unila passou a responsabilizar-se pela limpeza integral e vigilncia, dos espaos de

    uso compartilhado, com recursos de seu prprio oramento. Ademais desses resultados diretos,

    ressalta-se a ampliao de outras oportunidades que surgiu aps o estreitamento da aliana,

    refletindo positivamente na qualidade da educao ofertada aos discentes, na colaborao entre os

    professores, alm da troca de expertise entre os tcnicos administrativos.

    Nesse sentido a resposta da problemtica apresentada se deu por meio da anlise do relato

    tcnico, e com o auxlio da tcnica de triangulao nos permitiu concluir os efeitos positivos da

    aliana estratgica investigada. Como recomendao para a cristalizao da aliana sugere-se uma

    maior participao das unidades acadmicas das instituies, pois esse distanciamento tem

    impedido, segundo a percepo dos coordenadores da parceria, uma consolidao das atividades do

    Acordo nas reas de pesquisa e extenso.

    O estudo contribui para demonstrar a importncia das alianas estratgicas entre governo e

    outras organizaes privadas que prestam servios na rea de ensino. Como a educao tem sido

    considerada um alicerce de qualquer economia moderna, possivelmente seja uma oportunidade para

    o fortalecimento das parcerias pblicas privadas nesta rea de atuao, possibilitando a oferta de

    servios inovadores e a custos mais baixos para o conjunto da sociedade.

    Como limitao este relato tcnico aponta o curto prazo de execuo da aliana estratgica,

    considerando-se o incio da parceria at a realizao desta investigao. Os resultados obtidos at o

    momento pode tratar-se de miragem, fruto da motivao inicial dos parceiros. Dessa forma, qui

    um novo relato tcnico poderia avaliar os resultados dessa aliana estratgica aps seu perodo de

    maturao.

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