algarve informativo #64

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ALGARVE INFORMATIVO #64 1 e Bruno Guerreiro representam barmans portugueses em Singapura Nuno Curro ALGARVE INFORMATIVO WWW.ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT #64 Baixa Street Fest | Filhos da Época Balnear Vítor Neto analisa Brexit | Ginásio Clube Naval de Faro Uma mercearia gourmet sobre rodas

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Revista semanal do www.algarveinformativo.blogspot.pt

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e Bruno Guerreirorepresentam barmansportugueses em Singapura

Nuno Curro

ALGARVE INFORMATIVOWWW.ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT #64

Baixa Street Fest | Filhos da Época BalnearVítor Neto analisa Brexit | Ginásio Clube Naval de Faro

Uma mercearia gourmet sobre rodas

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“Programações Musicais” a pedido Paulo Cunha - 36

O renascimento da AMALJosé Graça - 40

Antibióptico – ou o aprendizado da liberdadeMirian Tavares - 42

Será que há Restaurantes a mais e Cozinheiros a menos?Augusto Lima - 46

A maravilha da internetPaulo Bernardo- 38

Ama(ra)ntíssimo, este RodrigoPaulo Pires - 44

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Ginásio Clube Naval de Faro - 48

Classy Portugal - 72Barmans - 62

Vítor Neto - 8Nadadores Salvadores - 28

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Sempre connoscoTiago Daniel Rodrigues Pina

30/06/2008 - 13/07/2008

Daniel Pina

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São os assuntos do momento: a prestação da seleção nacional noCampeonato da Europa que se disputa em França e o «Brexit», o referendoque ditou a vontade do Reino Unido sair da União Europeia. E como as

atenções da maioria dos portugueses estão concentradas no futebol, aindapoucos terão pensado com a responsabilidade e seriedade que se exigesobre os efeitos da saída da segunda maior economia da União Europeia.Esse não é o caso, porém, de Vítor Neto, presidente do NERA, antigo

Secretário de Estado do Turismo e um dos maiores especialistas em turismoe economia de Portugal, que avisa prontamente que o «Brexit» não teráapenas influência sobre o Algarve, mas sobre toda a economia nacional.

Texto: Fotografia:

“Brexit é um problema de todoo país, não só do Algarve”,

avisa Vítor Neto

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Os resultados do«Brexit» apanharammeio mundo desurpresa, pessoas queforam dormir na noite

de quinta-feira com a plena convicçãode que o Reino Unido tinha votadopela permanência na União Europeia.O outro meio mundo provavelmenteregozijou pela manhã quando osresultados oficiais disseram que,afinal, os britânicos tinham votado,na sua maioria, ainda que por umaligeira diferença, no sentido da saídado Reino Unido da União Europeia.Por isso, na manhã de 24 de junho,não se falava de mais nada mas,verdade seja dita, muito poucostinham um verdadeiro entendimentodo que será a Europa pós-Brexit e decomo reagirá a economia nacional e oturismo no Algarve a esse novocenário.

Alguns dias depois, na sede do NERA– Associação Empresarial da Regiãodo Algarve, Vítor Neto admitia nãoestar surpreendido com estereferendo, por entender que estavaanunciado há vários anos. Quanto aoresultado, deixou-o preocupado, mastambém não o surpreendeu. “Esteresultado demonstra que as dúvidase as dificuldades da União Europeia,globalmente, e as dúvidas,perplexidades e opinião crítica sobrea presença de cada país na UniãoEuropeia, são muito mais profundasdo que aquilo que se podia imaginar.É interessante verificar que osdirigentes políticos dos países daUnião Europeia estão todos

admiradíssimos com esta posição,só que cada um deles, dentro doseu país, tem uma realidade, quenão é igual em todos, mas que épreocupante, de dúvidas,perplexidades, de frustrações emrelação ao processo da UniãoEuropeia”, considera o presidentedo NERA, adiantando que esteresultado vem obrigar osgovernantes a refletir sobre o quetem sido a União Europeia, aquiloque ela é atualmente e o quedesejamos que venha a ser nofuturo.

Outra questão que se coloca,segundo Vítor Neto, é como é queum país como Portugal, pequeno,numa posição geográfica periférica,com uma economia comdificuldades de crescimento edesenvolvimento, com problemasestruturais de natureza económicae financeira, pode seguir em frentese acontecer uma crise grave naUnião Europeia. “É isso que mepreocupa a mim, como empresárioe cidadão e a resposta é bastanteclara: devemos dar o nossocontributo para que a UniãoEuropeia consiga resolver os seusproblemas e se consolide, demodo a que o processo deintegração avance e para que nósconsigamos ter uma soluçãopositiva para os nossos problemas;mas, ao mesmo tempo, temos quepensar também na hipótese dascoisas não correrem bem”, alerta odirigente associativo.

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O caminho faz-se, assim, por duaslinhas, aconselha Vítor Neto: “Porum lado, com lealdade, honestidadee espírito de colaboração, fazendo onosso papel no quadro da UniãoEuropeia, isto é, não sermos unseurocéticos, uns euro-críticos ouuns pedintes; por outro lado, irmoscriando as condições paracaminharmos sozinhos se as coisascorrerem mal”, sumariza, de formaclara e sucinta, não adotando apostura de alguns políticos de«cavalgarem» noções utópicas edeitarem da boca para fora oschavões da moda, palavras que serepetem ano após ano, semresultados práticos. “Temos queestar na vanguarda de tudo aquiloque é novo, nas novas tecnologias,na sociedade do conhecimento, naindustrialização R.4, sem com isso

deixarmos de reconstruir a nossaestrutura produtiva, a nossaeconomia baseada no território quetemos, nos nossos recursos, narealidade da nossa estruturaeconómica”, dispara o entrevistado.

O líder associativo recorda queexiste, em Portugal, à volta de ummilhão de empresas de todos osníveis, dos quais cerca de 350 milsão sociedades, mas que apenas 25mil exportam produtos e serviços.“Então, as restantes, o que fazem?Ouvindo determinadas pessoas,parece que elas têm quedesaparecer e que se devem criarapenas empresas modernas,competitivas, avançadíssimas,porque serão elas que irão resolvertodos os problemas. Tudo bem. E aquestão do desenvolvimento local?E do emprego?”, questiona Vítor

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Neto, defendendo que estar entre osmelhores não é o mesmo que estarentre os maiores. “Temos queconseguir que a nossa sociedade dêum salto qualitativo em termos decultura e de conhecimento moderno,para ser capaz de responder aosdesafios do presente, mas há quesaber utilizar, igualmente, os nossosrecursos”.

Acabaram-se asfacilidades na União

Europeia

Vítor Neto fala em reconstrução daestrutura produtiva nacional, maisabrangente do que a tãopropagandeada reindustrialização,por pressupor um melhoraproveitamento dos recursos daterra, da agricultura, da agroindústria,da floricultura, do mar, com a palavra«mar» a andar na boca dos políticosnos últimos tempos, o que despertaum sorriso no entrevistado.“Continua-se a falar em apostar nomar, mas o que se produz no mar épouquíssimo em termos de PIB,

porque não se criam condições parase investir. E criar condições significao Estado definir um rumo que tenhacredibilidade, pois um empresárionão vai arriscar os seus bens, oupedir crédito aos bancos, se não tiverconfiança no que está a ser feito, nocaminho que está a ser seguido porum país”, explica, não sendoapologista de que o capitalestrangeiro é o «salvador da pátria».“É importante que ele venha, masisso apenas acontece se lheinteressar, se tiver baixos custos deprodução e se conseguir rentabilizaros seus produtos de forma muitoelevada e rápida. Por isso é que aabertura da União Europeia aospaíses de leste veio retirar ointeresse dos grandes gruposempresariais do centro da Europa deinvestirem em Portugal, porquetinham condições mais vantajosasem países mais perto dos mercadosde consumo”, recorda Vítor Neto.

Iludidos andaram igualmente osportugueses, políticos e empresários,com os fundos comunitários,acreditando que eles geravam, por si

Vítor Neto: (…) “Continua-se a falar em apostar no mar, mas o quese produz no mar é pouquíssimo em termos de PIB, porque não secriam condições para se investir. E criar condições significa o Estadodefinir um rumo que tenha credibilidade, pois um empresário nãovai arriscar os seus bens, ou pedir crédito aos bancos, se não tiverconfiança no que está a ser feito, no caminho que está a ser seguidopor um país” (…)

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só, riqueza suficiente para o paísavançar, quando tal não condizia coma realidade. “Depois, a crítica que sefaz é que a União Europeia nãocompreende os problemas dospaíses da periferia. Não! Elescompreendem perfeitamente, nãoestão é dispostos a pagar por nós,porque respondem perante os seuspovos, têm os seus interesseseconómicos e os grupos económicosdominantes desses países nãoquerem fazer isso”, indica, com vozfirme. “Não vai haver facilidadesdaqui para a frente. Não vamospensar que sai a Angela Merkel eentra uma senhora mais simpáticaque diz à União Europeia paramandar todos os meses um chequepara o governo português. Isso nãovai acontecer, temos que ganharconsciência da nossa realidade, dos

problemas que enfrentamos e dequais são os meios que possuímospara os resolver”.

Vítor Neto recorda igualmente aaposta do governo português emfomentar relações privilegiadas como Brasil e Angola e que, quando estesentraram em crise, foi por águaabaixo toda uma alternativa decrescimento que se tinha desenhado.“Ora, para além dos objetivosimediatos que procuramos, porentendermos que são importantes,temos que procurar alcançar umaestrutura consolidada e sólida paraque a nossa economia consigaaguentar esses embates”, refere. Ealternativas não faltam, felizmente,no Algarve, bastando pensar emprodutos como o sal de CastroMarim, a cortiça de São Brás de

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Vítor Neto: (…) “Não vamospensar que sai a Angela Merkele entra uma senhora maissimpática que diz à UniãoEuropeia para mandar todos osmeses um cheque para ogoverno português. Isso nãovai acontecer, temos queganhar consciência da nossarealidade, dos problemas queenfrentamos e de quais são osmeios que possuímos para osresolver” (…)

Alportel, o azeite de Moncarapacho,os vinhos de Silves e Lagoa e tantosoutros. “O Algarve tem umaeconomia forte baseada do turismo,mas é uma economiaestruturalmente desequilibrada eisso é um risco, até para o próprioturismo. Não temos turismo a mais,temos é os outros setores a menos,o que é preocupante numa regiãoque tem um passado histórico deprodução e exportação. Há 50 anos,quando eramos menosdesenvolvidos e tínhamos um nívelde vida mais baixo no Algarve, aestrutura produtiva da região eramais equilibrada”, garante oespecialista na matéria.

E a verdade é que o Algarveexportava, efetivamente, produtosdo mar (peixe e conservas), frutossecos (figos, amêndoas e alfarrobas),fruta frescos, cortiça, para além deter construção naval e indústriametalúrgica que servia de apoio àsfábricas dos outros setoresprodutivos. “A minha própriaempresa exportava frutos secos.Hoje, o Algarve importa figos daTurquia, o que é uma vergonha, asamêndoas vêm da Espanha e daCalifórnia, o único setor que estávivo e forte é o da alfarroba”,analisa, com tristeza, ao verificar queo Algarve deixou de fazer aquilo quemelhor sabia fazer. “O crescimentodo turismo foi bastante atrativo edesviou a atenção de muitosempresários, porque era umaatividade aparentemente de sucessomais imediato, mas a nossa entradana União Europeia também noslevou ao abandono dos nossossetores produtivos. Pagaram-nospara deixarmos de pescar e deproduzir, deram-nos fundos paralargarmos as terras, e nós aceitamosisso porque não percebemos que erauma ratoeira”, afirma, sem meiaspalavras.

Defender os «nossos»ingleses

Portugal caiu, assim, numa ratoeirada qual ainda está a pagar a fatura edificilmente sairá dela, por falta desensibilidade e de peso político. Ao

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mesmo tempo, o futuro do paíscontinua a ser decidido única eexclusivamente em Lisboa e oAlgarve, para pena de Vítor Neto,continua sem força reivindicativasuficiente para fazer valer os seussuperiores interesses. “Isso faz comque vivamos embalados nestaquestão do turismo, do qual eu soudefensor, sou o primeiro areconhecer a sua importância para oAlgarve e para Portugal. O que estáem causa é que o Algarve é cada vezmais litoralizado, abandona cada vezmais o barrocal e a serra, não pordecreto-lei, mas porque as pessoasrumam ao litoral à procura da suasobrevivência económica”, observa oantigo Secretário de Estado doTurismo.

Assim sendo, Vítor Neto avisa que,mesmo que o turismo se vá tornandomais forte, vai ficando também comos alicerces mais frágeis e a atual crisedo Reino Unido serve parademonstrar que o turismo não é umpasseio e que está a entrar numa faseextremamente delicada, competitiva,agressiva e complexa. “O Reino Unidoé um dos maiores geradores deturismo internacional do mundo e éo nosso maior fornecedor devisitantes e, de repente, podemos serconfrontados, não com a dificuldadede crescer, mas sim de termos quedefender aquilo que já temos. Istoexige uma reflexão constante, umainteligência aplicadapermanentemente, um

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conhecimento do que se passa naevolução do turismo a nívelinternacional e nos nossosconcorrentes, para adequarmos anossa oferta e propostas a essesdesafios. Infelizmente, não fazemosnada disso”, constata o presidente doNERA.

E se é verdade que o Reino Unido éo principal mercado emissor deturistas do Algarve, tal não significaque isso tenha acontecido por umaestratégia ou aposta de Portugal,garante Vítor Neto. “O Reino Unido éque nos descobriu, depois de já terfeito o mesmo com a Espanha, nosanos 60 e 70. Mais uma vez oproblema não é termos ingleses amais, é termos alemães, franceses,italianos e espanhóis a menos, eagora arriscamo-nos a perder algunsingleses”, sublinha o empresário,lembrando que o Algarve é o destinode 70 por cento dos britânicos querumam a Portugal, falando-se apenasno alojamento classificado. “Deixamem Portugal mais de dois milmilhões de euros por ano, quando asnossas exportações para Inglaterra,

no conjunto de bens e serviços, sãosete mil milhões. E os cincoprincipais produtos industriais queexportamos para Inglaterra gerammenos receitas que o turismo, ouseja, o principal vetor das nossasrelações económicas com o ReinoUnido é o turismo e o Algarverepresenta, no mínimo, 70 por centodesse bolo”, enfatiza Vítor Neto.

Perante este cenário de incertezacriado com a saída do Reino Unido daUnião Europeia, os objetivos sãoclaros para Vítor Neto: consolidar edefender, criar as condições para queo mercado britânico não caia. “O«Brexit» tem consequências políticase institucionais mas, do ponto devista económico, não se altera muitacoisa porque o Reino Unido não faziaparte do euro. O problema passapelas oscilações cambiais da libra ecomeçou logo a perder força no dia aseguir ao referendo. Por outro lado,se houver um abaixamento dascondições de vida dos ingleses, elesviajarão menos”, explica, daí apelar auma ação intensa e coordenada entreas entidades regionais, empresariais e

Vítor Neto: (…) “Não é dar como pacífico que vamos perderingleses e que temos que procurar alternativas, como já ouvialgumas pessoas dizer. E não podemos esquecer os milhares deingleses que residem no Algarve, que compraram imobiliário noAlgarve, que têm atividades económicas e empresariais noAlgarve. Temos que acarinhar, acompanhar, apoiar e reforçar anossa relação com toda essa comunidade “(…)

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o governo central para que haja umapresença portuguesa mais efetiva noReino Unido. “Não é dar comopacífico que vamos perder inglesese que temos que procuraralternativas, como já ouvi algumaspessoas dizer. E não podemosesquecer os milhares de inglesesque residem no Algarve, quecompraram imobiliário no Algarve,que têm atividades económicas eempresariais no Algarve. Temos queacarinhar, acompanhar, apoiar ereforçar a nossa relação com todaessa comunidade”, frisa.

Se o caminho está à vista e pareceser fácil de perceber, resta sabercomo o poder central vai atuarperante tudo isto, algo que deixaVítor Neto um pouco apreensivo.“Como já referi, 70 por cento dosturistas ingleses escolhem o Algarvepara as suas férias. Dos outros 30

por cento, 20 por cento vão para aMadeira, 8,5 por cento para Lisboa e1,5 por cento espalha-se pelo restodo país. Isto pode levar a umdesinteresse de Lisboa face aoassunto, a considerar que se tratade um problema do Algarve, o quenão é verdade”, assegura oentrevistado, pois as receitas que osingleses geram na região afetam osaldo da balança comercial dePortugal. “Defender e reforçar acontinuação dos ingleses no Algarveé defender, não só a economia doAlgarve, mas a economia nacional.Isto não é um problema só doAlgarve, da mesma forma queestaremos todos atrapalhadosquando os espanhóis deixarem de irao Porto ou a Lisboa. Se as coisascorrerem mal numa região, asconsequências afetam toda a nação,por isso, ou trabalhamos emconjunto, ou regredimos” .

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Música, atividades desportivas, flash mobs e muitos descontos são os atrativosdo «Baixa Street Fest», uma iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Faro,

Ambifaro ACRAL, AISHA e Associação de Comércio da Baixa de Faro para dar maisvida às noites de sexta-feira nesta zona da capital algarvia. Um projeto piloto para

ser replicado nos anos seguintes e, inclusive, alargado a mais dias e com maisconteúdos, não para fazer face ao IKEA, mas para tornar mais sustentável e

atrativa a Baixa da Cidade de Faro.

Texto: Fotografia:

Baixa de Faro vai ter sextas à noitemais animadas

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O Club Farense recebeu,no dia 27 de junho, aapresentação oficial do«Baixa Street Fest»,programa da Câmara

Municipal de Faro, Ambifaro, ACRAL,AIHSA e Associação de Comércio daBaixa de Faro com o intuito dedinamizar as sextas-feiras à noite noperíodo compreendido entre 8 dejulho e 26 de agosto. A iniciativainsere-se numa estratégia alargada daautarquia farense para inverter umciclo mais negativo que afetou a baixae o centro histórico da capital algarviae os seus estabelecimentos decomércio tradicional e restauração eda qual pontificam, entre outras, a

abertura do Posto de Turismo e acriação do Centro Interpretativo doArco da Vila, a primeira fase doensombramento das vias pedonais(a segunda fase concretiza-se atéfinal de 2016), a iluminaçãodecorativa das velas deensombramento, a requalificação damuralha da Cidade Velha e apavimentação de diversas artériasda Baixa de Faro.

Mais requalificações estão emandamento e encontra-se na fasefinal o Plano de Identidade eMarketing Turístico, revelou PauloSantos, vice-presidente da CâmaraMunicipal de Faro, tendo sido

Paulo Santos, vice-presidente da Câmara Municipal de Faro, José Carlos Manuel, presidente da Associação de Comércioda Baixa de Faro, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, Daniel do Adro, presidente da AIHSAe Álvaro Viegas, presidente da ACRAL

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igualmente desenvolvido o Plano deÁreas de Reabilitação Urbana, com aidentificação de três ARU – CidadeVelha, Bairro Ribeirinho e Mouraria –onde serão investidos cerca de 30milhões de euros, entre meios privadose públicos. “O processo está emcandidatura e aguardamos para brevea sua definição mas,independentemente do financiamentoque possa daqui advir, estes númerosjá são bastante significativos edemonstram um crescenteinvestimento na baixa da cidade. Em2010/2011, avançamos igualmentepara uma nova ARU, envolvente à zonahistórica da cidade de Faro, que temuma área idêntica à soma das outrastrês existentes”, indicou,acrescentando que foi aprovada, naúltima reunião de câmara, também aARU do Alto Rodes.

Tudo isto tem conduzido a maisvisitantes, que ficam mais tempo emFaro, o que levou à criação de maisunidades de alojamento, maisesplanadas e mais vida económica, parasatisfação do executivo municipal. E,numa lógica de contínua dinamizaçãoda Baixa de Faro, surge agora o «BaixaStreet Fest», que acontecerá nas sextas-feiras à noite entre 8 de julho e 26 deagosto. “O que se pretende é ter ocomércio com um horário maisalargado, entre as 21h e as 24h, commúsica, animação de rua, atividadesdesportivas, flash mobs, e cerca de 80empresários juntaram-se a esteprojeto, desde a restauração aocomércio tradicional, o que augura um

bom resultado”, considerou PauloSantos.

Especificamente para o «BaixaStreet Fest» foi criado um Passaportede Compras para incentivar aoconsumo dos estabelecimentosaderentes, com várias vantagens,nomeadamente um desconto mínimogarantido de 10 por cento no ato dacompra, entradas gratuitas emdiversos equipamentos desportivos eculturais do Município de Faro,descontos para o Festival F e paraeventos que ocorram no Teatro dasFiguras, bem como vouchers paraserem utilizados durante o mês denovembro, já a pensar nas comprasde Natal. O Passaporte terá o custode um euro, com as receitas arevertem, na totalidade, para umainstituição de cariz social doconcelho. Esta dinâmica prosseguirácom uma feira de stock-out, arealizar-se entre 3 e 6 de setembro,no Jardim Manuel Bívar, e com umapassagem de modelos, organizadapela ACRAL, na Praça da Pontinha, nodia 9 de setembro, culminando com asemana do Natal e a Passagem doAno.

IKEA é uma ameaça quese pode tornar uma

oportunidade

Com um orçamento de 250 mileuros, o projeto pretende conferirmaior competitividade e atrair maispessoas à Baixa de Faro, sejam elasresidentes ou visitantes. “O comércio

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tradicional tem os seus problemasbem identificados e o importante éque estejamos todos do lado dasolução. A requalificação da zonacentral da cidade foi uma dasprimeiras prioridades que definimos ena qual atuamos prontamente”,sublinhou Rogério Bacalhau. “É notórioque há mais vida na Rua de SantoAntónio e nas vias adjacentes. Aprópria Cidade Velha, em 2009, nãotinha praticamente ninguém e, hoje,todos os dias há centenas de visitantesa percorrer aquelas artérias. É umcenário completamente distinto doque que assistia há cinco, seis anos”,enfatizou o presidente da CâmaraMunicipal de Faro.

Esta mesma opinião tem José CarlosManuel, presidente da Associação deComércio da Baixa de Faro, entendendoque o novo terminal rodoviário do

«Próximo» teve um papelimportante no maior afluxo devisitantes ao comércio tradicional,assim como os hostels que têmaberto um pouco por toda a cidade.“Estamos confiantes que não vamosregressar à situação de há 10 anosatrás, ainda mais com os projetos, aperseverança e a atitude que aautarquia tem tido em relação àcidade”, assumiu o empresário,confiança que não é abalada pelaabertura, em 2017, do megaempreendimento comercial do IKEAàs portas de Faro. “Se nós fizermos anossa parte, continuaremos a ter osnossos clientes, e essa mudançapassa por não ter os mesmoshorários de há 30 anos”.

Independentemente da aberturado IKEA ou de outra qualquer grandesuperfície comercial, Paulo Santos

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defende que o mais importante é quea Baixa de Faro tenha uma posiçãoforte, sólida e dinâmica, para atrairpessoas de uma forma continua. “Esteprograma da sexta-feira é, de facto,um ensaio para o alargamento dehorários, é criar uma ofertasignificativa num horário diferente doque é habitual na Baixa, e depoistiraremos as conclusões no final doevento”, afirmou o vice-presidente daCâmara Municipal de Faro.

Profundo conhecedor deste dossieré Álvaro Viegas, presidente da ACRAL– Associação do Comércio e Serviçosda Região do Algarve, lembrando que,em maio de 2017, será inaugurada a

estrutura comercial do IKEA e, emdezembro do mesmo ano, abrirãocerca de 200 lojas. “A ACRALlançou um desafio à AMAL e aCâmara Municipal de Faro foi aprimeira a responder a este alerta,com a criação de um programaque se pretende que se repita nospróximos anos. A estrutura que aivem é enorme, a decisão estátomada, não vale a pena chorarsobre o leite derramado, portanto,cabe-nos a nós, empresários,comerciantes, autarquias eassociações perceber qual é amelhor forma de transformar umaaparente ameaça ao comérciolocal numa oportunidade”, indicouo dirigente.

Assim sendo, Álvaro Viegas avisaque o comerciante tem que ir aoencontro dos desejos doconsumidor e a mudança maisevidente, e necessária, é a questãodos horários de funcionamento dosestabelecimentos. “Não podemoscontinuar com um horário 9h-13h,15h-19h, esse é o horário de há 30anos. Hoje, o consumidor passeiae, durante esse passeio, fazcompras. Ora, se à hora que aspessoas querem passear, ocomércio está fechado, então, nãofazem compras, ou vão ao sítioonde as lojas estão abertas, que éo Fórum Algarve e, depois, o IKEA”,nota o presidente da ACRAL,reconhecendo que esta mudançade mentalidade dos comerciantestradicionais não vai acontecer delivre vontade, mas forçada pela

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nova concorrência. “Este «Baixa StreetFest» é uma iniciativa meritória e façoum alerta para que as restantesautarquias do Algarve olhem para oque está a ser feito em Faro e que orepliquem nos seus municípios. Não ésó Faro que vai sentir o efeito do IKEA,mas toda a região, e os autarcas têmque se unir para defender o seucomércio local, mas também para tercapacidade para atrair os milhões devisitantes dessa estrutura para as suascidades”.

A terminar a apresentação doprograma, Rogério Bacalhau reforçou aideia que o mais importante é retirar omáximo partido do poder deatratividade que o IKEA terá sobre

clientes de todo o sul do país e davizinha Espanha. “Nós temospatrimónio, gastronomia, cultura,eventos, muita coisa que éapelativa e queremos darsustentabilidade ao concelho deFaro na sua globalidade, seja emtermos de comércio, de capacidadede investimento, de emprego. Faronunca foi um concelho turístico e,embora a universidade, o aeroportoe os serviços vão continuar a serpreponderantes, o nossocrescimento passa por outrosvetores. Não pelo turista queprocura o sol e praia, mas peloturista que vem passear, descansar,que busca experiências diferentes”,culminou o edil farense .

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Ano após ano a história repete-se: em junho, julho e agosto, o Algarve assiste àchegada de muitos turistas. As praias tornam-se, nesses dias, uma segunda casapara quem escolhe a região como destino de férias. Instala-se a máxima: lazer parauns, trabalho para outros. Neste caso, para os nadadores-salvadores, uma profissãointimamente ligada à época balnear.

Texto: Fotografia:

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Victor Santos, presidente da SUESTE

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look de Victor Santosnão podia ser maiselucidativo: é dechinelos nos pés, calçõesde banho e t-shirt que

chega à praia da Ilha de Faro. Sem sernecessário trocar nenhuma palavrapercebe-se, imediatamente, que apraia é a vida de Victor. Durante maisde 40 anos foi nadador-salvador.Sempre no Algarve. Hoje, para além depresidente da SUESTE (AssociaçãoHumanitária dos Nadadores-Salvadores de Faro), é formador denadadores-salvadores. Quer passar aexperiência – e os ensinamentos - queacumulou a quem lhe quer seguir aspisadas. Ainda assim, alerta: “Há, hoje,nadadores-salvadores a menos. Háfalta. Para se ter uma ideia,antigamente eram formados cerca de

300 a 500 nadadores-salvadoresanualmente. Atualmente, são cercade 60”.

Estes são números que vêm nasenda de um contexto de reduçãode custos, seja na formação, sejanoutras áreas de atuação dosnadadores-salvadores. Visivelmenterevoltado, Victor Santos dá outroexemplo: “Saiu recentemente umaportaria segundo a qual a presençade nadadores-salvadores naspiscinas de hotéis e piscinas de altorendimento desportivo deixa de serobrigatória. Esta é uma atitudeinqualificável. Corta-se nos custos,sem ter presente a segurança daspessoas. Imagine-se o queacontecerá a alguém que tenhauma indisposição ou que se afogue

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numa piscina destas, em que não hánenhum profissional com formaçãoque preste auxílio”, avisa.

A SUESTE (Associação Humanitária deNadadores Salvadores de Faro) foifundada em 2002 e desde entãoconheceu apenas um presidente:Victor Santos. Sem fins lucrativos, temcomo principal objetivo prestar ummelhor serviço nas praias algarviasdurante a época balnear, apostando,para tal, em mais formação, com vistaa atingir melhores condições detrabalho. “Vivemos sem apoios deninguém. Devemos tudo ao

voluntariado ou a algumasparcerias com bares aqui da praiaque facultam, por exemplo,refeições mais baratas aosnadadores-salvadores”, explicaVictor. Com efeito, o Bar O Rui, ondeo presidente da SUESTE se sente emcasa, tal o à vontade com que falacom todos os empregados, é umdesses exemplos.

Victor lida, diariamente, com ofenómeno do turismo. Arreigado aeste está a sazonalidade, uma dasmaiores contrariedades apontadasao Algarve. Victor considera queesta tem de ser encarada comonatural. “Está intimamente ligada àscaracterísticas até naturais doAlgarve”, considera. Porém, esta

Mariana Guedes

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aceitação, de alguma maneira de umainevitabilidade, não leva a que não sepossa tentar arranjar soluções para asazonalidade. Com os olhos postos nomar, a quem tanto deve, o Presidenteda SUESTE aponta uma: “Não podehaver mudanças sem condições. Porque não criar uma contribuição detodos os restaurantes, por exemplo,para que seja possível,financeiramente, ter nadadores-salvadores todo o ano nas praias?Ganhavam eles, com um acréscimo depessoas a irem aos restaurantes, eganhávamos nós, em termos desegurança, porque, como se pode ver,mesmo fora da época balnear, bastahaver um pouco de sol para as pessoasirem logo para a praia”.

São vários os metros de areal dapraia da Ilha de Faro. É ali queMariana Guedes, de 27 anos, e JoãoPires, de 25, passam grande partedos seus dias. Juntos formam umadas várias duplas de nadadores-salvadores que vigiam a praia.

De calções de banho e t-shirtlaranja distintiva da posição queocupa na praia vestida, MarianaGuedes vai olhando em redor. Umnadador-salvador tem de estarsempre alerta. Foi há três anos quedecidiu que preferia passar o Verãonas praias. Não a descansar, mas atrabalhar. “Quando tirei o curso de

João Pires

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nadadora-salvadora fi-lo,essencialmente, com o intuito deganhar algum dinheiro”, admite,acrescentando: “Como já tinha algumaexperiência em nadar, juntei o útil aoagradável”.

Desde daí, confessa, já passou pormuitos dias em que não teve nenhumaocorrência na praia que levasse ànecessidade da sua atuação. Mas játeve, igualmente, situações críticas. Amaior de todas envolveu, inclusive, umsalvamento na água. “Num dia em quea bandeira estava vermelha e a marécheia deparei-me com um casal idosoinglês a passear à beira-mar, estandovisivelmente embriagados. Fui avisá-los de que era perigoso estarem ali eque deveriam ir para as toalhas.Recusaram, o homem até entrou nomar e, mal o fez, ficou logo em apuros.Entrei no mar e tentei trazê-lo paraterra mas, dado o peso do senhor, eraimpossível. Só o consegui com a ajudade outras pessoas”, conta.

A história não fica, contudo, por aqui.No dia a seguir ao heroico salvamento,Margarida teve uma agradávelsurpresa: a visita do homem que tinhasocorrido no dia anterior. “Veio tercomigo e agradecer ter-lhe salvo avida”, relembra, entre sorrisos.

Tal como a colega Mariana, Joãotambém é nadador-salvador há trêsanos. Com um estilo descontraído e deóculos na cabeça, faz lembrar as

populares séries televisivas queeternizaram a profissão de nadador-salvador – é jovem e bem-parecido. Aopção de João em tirar o curso denadador-salvador teve alguma dosede aproveitamento pessoal àmistura. “Sou alentejano e, noVerão, via toda a gente a vir deférias para o Algarve. Pensei: voutirar o curso de nadador-salvador e,assim, também vou para lá. Atrabalhar, mas vou”, conta.

Dito e feito. Hoje é na praia da Ilhade Faro que assenta arraiais na épocabalnear. Durante o resto do ano éestudante. De entre todos os pontosfortes de se ser nadador-salvador,João aponta um como o principal: ocompanheirismo. “Há aqui nosnadadores-salvadores da praia daIlha de Faro um grande ambiente deamizade que me faz gostar, aindamais, desta profissão”, confessa.

Ainda assim, nem tudo sãofacilidades. Assertivo no discurso,João, o alentejano que decidiu trocara sombra dos chaparros pelo sol dapraia, conclui: “Há uma opiniãoquase geral de que nós, osnadadores-salvadores, não fazemosnada. Estamos aqui sentados,conversamos, e vamos aproveitandopara mirar as veraneantes. Étotalmente mentira. O que seriam aspraias sem a presença dosnadadores-salvadores? Sem a suaformação e competências, que usamem situações de perigo?”, questiona,sem despegar o olhar do areal .

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Ainda sou do tempo em que muitos algarviosansiavam pela chegada do verão para que,com ele, chegasse também o Festival

Internacional de Música do Algarve. Decorriam osanos 80/90 do século passado quando, sentado numgabinete da Fundação Calouste Gulbenkian, o diretorartístico da referida instituição, o olhanense LuísPereira Leal, programava o dito festival, trazendo aesta província - culturalmente esquecida durante oresto do ano - o melhor que, no seu entender, nodomínio da dita “Música Erudita” poderíamosoferecer aos turistas que nos visitavam nos mesesfortes de verão. Fruto de contingências várias:músicos algarvios a tocar no dito Festival… nem vê-los! Já na altura isso me fazia “espécie”… Confinar amúsica feita no Algarve aos Festivais de Folcloreparecia-me redutor e de “vistas curtas”, mas assucessivas direções da Região de Turismo do Algarvelá sabiam a razão porque o faziam e permitiam.

O tempo passou e com ele veio o tempo de outrosFestivais, Encontros e “Eventos que tais”, onde oAlgarve passou a constar no mapa de peregrinação demuitos músicos nacionais e internacionais, ainda que,maioritariamente, nos meses onde o calor aperta e oexterior desperta. E com os ditos vieram também osmesmos “vícios” herdados do século passado:Festivais pagos com dinheiros públicos feitos à medidade interesses privados. Em 2005, enquanto membrodo conselho consultivo da Estrutura de Missão “Faro -Capital Nacional da Cultura”, vi o então programadorna área da Música trazer ao Algarve todos os seus“amigos musicais”, pouco ligando ao que lhe transmitisobre a mais-valia de muitos músicos algarvios.Consubstanciei e concluí assim o que já antes pensavasobre a importância da escolha dos programadoresmusicais.

Posso estar errado, mas ainda sou daqueles que vêum programador musical como um selecionador deuma modalidade desportiva qualquer: sabendo da

“poda”, observa, analisa e escolhe em função doganho comum. Ora é isso que, salvo raras exceções,não acontece nesta terra a sul gerada e construída.Técnicos camarários transformados emprogramadores põem e dispõem à medida que otempo vai passando e a teia de contactos os vaitransformando em “reizinhos”, aos quais grande partedos músicos começa a prestar vassalagem e a “beijar amão”. Sem da cadeira levantarem o traseiro,programam a pedido e por consulta dos muitos“cardápios musicais” que se amontoam nas suassecretárias. Sem o escrutínio e a supervisão de quemlhes tutela o pelouro, a seu bel-prazer gerem a suapreciosa agenda feita do “amiguismo” e das “cunhas àmedida”, cimentada em anos de cristalização no lugar.

Quantas vezes ouvimos o público e certos músicos aquestionar porque é que, ano após ano, são sempreos mesmos a tocar, não dando oportunidade aosnovos e aos músicos “proscritos” (aqueles que nãomendigam uma oportunidade para tocar)? E aresposta é sempre a mesma: “Enquanto ele/ela láestiver será sempre assim!”. Sem que se saibam quaissão os critérios que presidem às escolhas ditadas porestes “poderosos decisores”, muitos músicos vãoficando pelo caminho sem nunca terem visto a suaarte ser apoiada, dignificada e divulgada pelos“agentes culturais” das autarquias da sua região. Semgarantia de qualidade, diversidade, originalidade,inovação e abrangência, assistimos cada vez mais auma massificação de gostos em torno de “podrespoderes”, assentes nas habituais trocas de favoresque em nada, nem ninguém dignificam. “Também naMúsica?”, perguntar-me-ão… Também na Música! .

“Programações Musicais” a pedidoPaulo Cunha

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A maravilha da internetPaulo Bernardo

Muito se fala das desvantagens, dosproblemas, das ameaças da internet,sim são verdade e temos que estar

atentos. Pelos mais novos em especial, mastambém pela própria segurança das empresas edas pessoas, pois todos os dias dados sãoroubados aos mais incautos.

Muitas vezes são pedidos resgates por dadossequestrados. Contudo, do mal da internet muitose fala, o seu bem raramente é notícia.

Esta semana tive uma experiência muitointeressante ao longo do jogo de Portugal com aPolónia. Estive em simultâneo a ver o jogo eligado ao Facebook, fazendo comentários comose tivesse os amigos ao meu lado. Foi muitointeressante pois desde Fortaleza, Curitiba, NovaIorque, Paris, Zurique, Porto, Lisboa, Faro, fuitendo respostas aos comentários, fazendobrincadeiras, como se tivesse esses amigos àminha volta.

Quando estou fora consigo falar e ver todos osdias a minha família via Skype e consigo trocarmensagens a custo zero via Whatsapp comparceiros de negócio e amigos pelo mundo.Sabendo às vezes mais rápido o que acontecenum determinado local do que quem vive lá aolado.

São estas maravilhas que tornam o mundo maispequeno e as pessoas mais próximas. Dasexperiências mais bonitas da minha vidaprofissional foi ter aproximado avôs e netos.Ensinando aos avôs a usar o computador e acolocá-los a falar com os netos que estão longe.Alguns, a última vez que viram os seus entesqueridos foi através do ecrã.

São estas pequenas maravilhas que vão fazercair políticos e surgirem outros, são estaspequenas maravilhas que tornam as empresas

globais e capazes de chegar ao sítio maisrecôndito, desde que existam pessoasinteressadas. Contudo, estas tecnologias nãosubstituem um aperto de mão, a partilha de umcopo de vinho, o cheiro da terra molhada, umabraço à família.

Quer nos negócios, quer nos afetos, atecnologia ajuda mas não substitui. Ajuda quandose está longe de casa, ajuda para falar com umcliente, pois encurtamos distâncias vendo o rostouns dos outros. Mas não cria o laço entre pai efilha, nem entre cliente e fornecedor. Aí, os afetosainda sobressaem à melhor tecnologia.

Por isso, felizmente que as duas em conjuntotornam o mundo melhor e mais pequeno.

Nota da semana: O BREXIT, ou como o povonão entende o que se lhe pergunta, ou a falha dademocracia. Foi absurdo que a pergunta maiscolocada no dia a seguir ao referendo pelosbritânicos foi o que era a UE.

Parece estúpido mas o Brexit criou umaconfusão, pois parece que quem votou não erabem aquilo que queria fazer e hoje já existem trêsmilhões de britânicos a assinar uma petição paraum novo referendo. E hoje milhares de Britânicosmarcham contra o referendo. A falta deinformação e a desinformação têm destas coisas.

Figura da semana: Hoje vou ser suspeito eescolho um grupo de um parceiro de crónicas, oPaulo Cunha e os Vá-De-Viró. Tive o prazer deouvir o último disco deles nos últimos dias etenho que dar os parabéns e recomendar a suaaudição. Disco que é uma viagem pelas nossasparagens pelo mundo, enchendo o nosso palatoauditivo de recordações atávicas .

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Ao contrário da licenciatura de Miguel Relvas, aAssociação de Municípios do Algarve (AMAL) foiextinta em 29 de março de 2004, sucedendo-lhe a

Grande Área Metropolitana do Algarve, convertida naComunidade Intermunicipal do Algarve, por força da Lei45/08 de 27 de agosto…

Secretário de Estado da Administração Local em 2004 eministro-adjunto do Primeiro-Ministro com a tutela dasAutarquias Locais em 2013, enquanto nas horas vagasliderava a máquina partidária do PSD, o ex-doutor estevena origem da mais recente alteração do enquadramentolegislativo das entidades intermunicipais, sendo oresponsável principal pelo melhor e pior das alterações doedifício jurídico que lhes assiste.

Já abordámos anteriormente o objeto, as atribuições ecompetências, bem como os princípios gerais, queenquadram a existência das autarquias locais e dasentidades intermunicipais, sublinhando o fato positivo damesma lei prever um regime jurídico da transferência decompetências do Estado para as autarquias locais e paraas entidades intermunicipais, embora neste domíniotenha sido mais relevante a transferência decompetências dos Municípios para as Freguesias do queentre os demais entes, nalguns casos por falta de vontadepolítica, mas acima de tudo pela morosidade do processoregulamentar e pela indefinição do pacote financeiroassociado. Esperemos que o processo em curso dedescentralização seja mais participado, consensual edinâmico!

Contudo, a lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, foiparticularmente inovadora ao prever a natureza, criação eregime das entidades intermunicipais, inovando nacriação de órgãos executivos eleitos, estabelecendo quepodem ser instituídas associações públicas de autarquiaslocais para a prossecução conjunta das respetivasatribuições e esclarecendo que são associações deautarquias locais as áreas metropolitanas, ascomunidades intermunicipais e as associações defreguesias e de municípios de fins específicos.

No caso concreto do Algarve, prevê-se que aconstituição das comunidades intermunicipais compete àscâmaras municipais, ficando a eficácia do acordoconstitutivo, que define os seus estatutos, dependente daaprovação pelas assembleias municipais, constituindo-seaquelas por contrato subscrito pelos presidentes dosórgãos executivos dos municípios envolvidos.

Os respetivos estatutos devem estabelecerobrigatoriamente a denominação, contendo a referência àunidade territorial que integra, a sede e a composição; osseus fins, os bens, serviços e demais contributos com queos municípios concorrem para a prossecução das suasatribuições; a estrutura orgânica, o modo de designação ede funcionamento dos seus órgãos e as suascompetências.

Ainda nos termos da lei citada, as comunidadesdestinam-se à prossecução de fins públicos: promoção doplaneamento e da gestão da estratégia dedesenvolvimento económico, social e ambiental;articulação dos investimentos municipais de interesseintermunicipal; participação na gestão de programas deapoio ao desenvolvimento regional, designadamente noâmbito do Portugal 2020 e do CRESC Algarve; e,planeamento das atuações de entidades públicas, decaráter supramunicipal.

Particularmente, cabe-lhes assegurar a articulação dasatuações entre os municípios e os serviços daadministração central, nomeadamente das redes deabastecimento público, infraestruturas de saneamentobásico, tratamento de águas residuais e resíduos urbanos;de equipamentos de saúde; rede educativa e de formaçãoprofissional; ordenamento do território, conservação danatureza e recursos naturais; segurança e proteção civil;mobilidade e transportes; redes de equipamentospúblicos, designadamente os culturais, desportivos e delazer; e, promoção do desenvolvimento económico, sociale cultural.

Por fim, cabe-lhes exercer as atribuições transferidaspela administração estadual e o exercício em comum dascompetências delegadas pelos municípios e designar osrepresentantes em entidades públicas e entidadesempresariais sempre que a representação tenha naturezaintermunicipal.

Se a licenciatura de Miguel Relvas precisou de tantosanos para ser considerada nula pelos tribunais, quantotempo será necessário para garantir a afirmação daComunidade Intermunicipal do Algarve junto dosMunicípios e dos algarvios?! Voltaremos ao assunto… .

NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobreestas e outras matérias no meu blogue(www.terradosol.blogspot.com) ou na páginawww.facebook.com/josegraca1966

O renascimento da AMALJosé Graça

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Antibióptico – ou o aprendizado da liberdadeMirian Tavares

Exposição de finalistas do Curso de ArtesVisuais da Universidade do AlgarvePavilhão 30, de 24 de Junho a 23 de Julho

Convento de Santo António, Loulé, a partir deSetembro

Num dos seus muitos cadernos, o artista brasileiroLeonilson escreveu:

- Não quero ser artista- Não gosto de escovar os dentes

- Não gosto de tomar banho- Não sei o que fazer com um espaço enorme

vazio- Eu sei o que fazer com um espaço enorme

vazio- O que faço são objetos de curiosidade

- Observar e dar chance a minha curiosidade- Não gosto de inspiração

- Não quero resolver nada

Os alunos da licenciatura em Artes Visuais, daUniversidade do Algarve (UAlg), são confrontados,no seu fazer artístico, com tudo o que envolve oprocesso de criação. Sobretudo, confrontam-secom aquilo que terão de encontrar por si mesmos:o ser artista ou o querer, de facto, sê-lo.

No projeto de criação do curso, desenhamos umpercurso que gostaríamos de ver cumprido poraqueles que elegessem a UAlg como instituição deacolhimento dos seus anseios, das suas dúvidas,do seu desejo de vir-a-ser e das certezas quecarregam consigo. Tal percurso contribuiria, acimade tudo, para aumentar dúvidas e dirimir certezas:levaria a que questionassem as suas escolhas erefletissem sobre a arte e sobre o mundo que aenvolve. Optamos, por isso, por um corpo docentecomposto basicamente de artistas, que são

também professores, para que pudessempartilhar as suas experiências criativas e ajudar osalunos a vivenciar de perto o mundo da arte emtodas as suas idiossincrasias, asperezas epolifonia.

É dessas muitas vozes que se constitui aexposição patente no Pavilhão 30, em Lisboa, aconvite de Sandro Resende. No primeiro anoda  licenciatura, os alunos chegam com muitosespaços vazios e outros demasiado cheios. Aolongo dos anos, decidem o que fazer com essesespaços, se querem esvaziá-los ou preenchê-los;se pretendem abandoná-los e procurar outrospossíveis, de entre muitos impossíveis com osquais se vão deparando.

Antibióptico é uma exposição composta  portrabalhos de pintura, escultura, vídeo-instalação,instalação e fotografia. São trabalhos de alunos delicenciatura, de pós-graduação e de mestrado. Dealunos que se propuseram a si mesmos resolvercoisas, ainda que os seus objetos nãopretendessem dar resposta a nada. Porque sãoartistas e a liberdade é o único caminho que épossível ensinar .

Licenciatura em Artes Visuais, FCHS/UAlgDiretor: Pedro Cabral SantoSubdiretor: Alexandre Alves Barata (Xana)Docentes:Bertílio MartinsFernando Sampaio AmaroFrancisco TeixeiraJosé Paulo PereiraMirian TavaresRui SanchesSusana de MedeirosTiago Batista

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Ama(ra)ntíssimo, este RodrigoPaulo Pires

Há um poema do brasileiro Manoel de Barrossobre o que é preciso saber “para apalpar asintimidades do mundo”. Podia bem ter sido

escrito para Rodrigo Amarante, que tacteia, comopoucos, os silêncios e subtilezas dos dias – como sesentiu no Teatro das Figuras, em que “só” precisou dasua voz, de uma guitarra e de um piano (este último atésoube a pouco) para nos convencer ainda mais disso.

A verdade que emana da sua música e da suainterpretação não nos deixa indiferente, numa atitudede andarilho – aparentemente despreocupado edesajeitado – que carrega em si, sem pretensiosismos, aconsciência e sabedoria de muitas estradas (e desvios)já trilhadas. Por várias vezes falou da importância docaminho e da tentativa como sua motivação primeira,mais do que saber “como chegar no fim”. Porque paraAmarante “a música ajuda a continuar o caminho”,alimentando e alimentando-se também desse impulsoda partida, da aprendizagem da/pela errância.

No seu primeiro (e único) álbum a solo, “Cavalo”,lançado em 2013, respira-se muito essa ideia demudança, de encontro com uma nova realidade(quando há anos se começou a instalar aos poucos nosEstados Unidos), o que levou a questionamentosinteriores e ao nascimento de uma outra identidadeenquanto estrangeiro. Como se, de alguma forma, oabandono e o “suicídio” (metafórico) tivessem sido umoxigénio inspirador para a escrita de letras como “Monnom”, “Irene”, “Fall asleep”, “I’m ready” ou “Tardei”,temas incontornáveis que fizeram parte do alinhamentoem Faro.

Rodrigo é esse carioca “amador” – alguém que éapaixonado pelo que faz, e não por contraponto à ideiade profissional –, que veio de um canteiro de floresonde as beringelas se roxeiam depois da claridade (“elassão como eu”), como se lê na letra de “Mom nom”, emque se assume como “l’étranger”. É um descobridor daspequenas coisas, que se interroga sobre o seu lugar em“Tardei” (“Qual senda me levou / Qual me trouxe aqui /Pra encontrar você / Onde está, meu lugar?”) ou em“I’m ready (“Quem na rua se perde / Encontra o que

pede / Acerta o que mede / E conta até errar / Que oerro é onde a sorte está / Não queira ver”) – canções aque Faro, entre disponível e enfeitiçado, se rendeu,como quem abre a janela para receber o sussurro de umvento que vem de longe e, ao mesmo tempo, soa tãofamiliar.

Romantismo, melancolia, solidão, liberdade,esperança ou dúvida perpassam as suas letras, como nalindíssima “Irene” (“Saudade, eu te matei de fome / Etarde, eu te enterrei com a mágoa // […] Milagre serianão ter / O amor, essa rima breve / Que o brilho da luacheia / Acorda de um sono leve”), em “Nada em vão”(“Nada em vão / No espaço entre eu e você / No silêncioum grito / O sim e o não”) ou ainda no tema“Condicional”, em que Amarante nos brinda com esterefrão: “Eu sei, é um doce te amar / O amargo é querer-te pra mim / Do que eu preciso é lembrar, me ver /Antes de te ter e de ser teu”.

Rodrigo Amarante esteve sozinho em cena, despidode apoios, em perigo total e vulnerabilidade absoluta –curiosamente com um rasgão na camisa, cujo óbito foicomicamente decretado pelo intérprete. Mas isso não oimpediu de encher o palco e a sala com uma entregasem virtuosismos mas rente à pele, com a sensibilidadesingular com que trata palavras, instrumentos eemoções. A delicadeza das suas inflexões vocais, alinguagem espontânea e empática do seu corpo, omodo como explora as nuances e silêncios das melodias,o sabor que dá à dicção dos versos, o “jeito” de (se)envolver e dar corpo ao instrumento que o acompanha,ou a forma como desenha as intros e remates dascanções (entre sussurros, suspensões eprolongamentos) dão-lhe essa magia que afinal o fazsentir-se tão rico como um rei, como confessou um dia,pois a sua “vontade final é apenas fazer parte”… dasnossas vidas. É que, como se ouve em “Fall asleep”,escrita em/para noites de insónia, “the tales I knew / aretrue somewhere”, mesmo para quem, como Amarante –e voltando a Manoel de Barros –, tem o privilégio de“não saber quase tudo” e de não querer saber maisnada que não seja aperfeiçoar o que não sabe .

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Será que há Restaurantes a maise Cozinheiros a menos?

Augusto Lima

Pelo facto de a Cozinha/Gastronomia estaremna moda, os Restaurantes sofrem tambémdeste mal.

Não sei se é apenas um problema nosso oumundial e confesso que não li ou procurei por algumartigo ou gráfico que me esclarecesse mas entendoque os restaurantes ou afins, tecnicamente descritoscomo ERB’s – Estabelecimentos de Restauração eBebidas, tem tendência a nascer como cogumelosselvagens, sem controlo de pragas.

A crise e o aumento do IVA para 23% trouxerammilhares de falências, fechos e desempregados deuma população, que pela idade, engrossa a lista doschamados desempregados de longa duração.

Mas me pergunto de novo – Será que háRestaurantes a mais?

Há aldeias, pequenos vilarejos com menos deUm estudo do DN em 2005 dava conta de um

sector com cerca de 90 mil estabelecimentoslicenciados (destes, cerca de 60.000, os quesuportam a economia paralela), e cerca de 400.000trabalhadores, numa média de um restaurante/cafépara 90 habitantes, cinco vezes mais do que a médiada Europa, onde verifica a percentagem de umrestaurante/café para 450 habitantes.

Trata-se de um assunto muito importante tambémpelo facto de Portugal ser um destino cada vez maisapetecido para férias, em todo o mundo e o sectorrepresentar uma fatia considerável do PIB.

Pela crise, milhares de trabalhadores deste sectorimigraram r este ano repete-se problema da falta deprofissionais (qualificados ou não) da IndustriaHoteleira /restauração (de mesa/sala/bar e Cozinha).

Se há dois anos, se ouvia falar em salários ridículosoferecidos a muito bons profissionais, hoje vê-se ocontrário: indivíduos ainda sem uma formação finalqualificada e ainda em formação, portanto umaprendiz de cozinha, a auferir ordenadosridiculamente exagerados. É a clara lei da oferta e da

procura...Por outro lado se assiste a uma cada vez maior (jáaconteceu na primeira década do século) falta deprofissionais qualificados, mas exageradamentepagos.Tal como uma Farmácia necessita obrigatoriamentede ter no seu préstimo a responsabilidade de umtécnico Farmacêutico, também os Restaurantesdeveriam obrigatoriamente, de ter ao seu serviço umprofissional qualificado, que garantisse qualidade dosserviços prestados.

E quem passa as licenças?Existe algum estudo de quantos restaurantes

deveriam existir por número de habitantes (tendoem conta a população flutuante, nos períodos deférias massivas)?Será que aquele que não é fiscalizado, não cumprecom os requisitos mínimos exigidos neste tipo deserviço (público com a vertente saúde), tem maisvantagens do que o outro que cumpre com toda emais alguma burocracia, mas que está “mal situado”?

Será que deveria ser o município o primeirointeressado em “ter” espaços de restauraçãocondignos, respeitando normas e interessesterritoriais, agrícolas?Será que o Cliente deveria fazer por si só essatriagem? E com que ferramentas?Será que as “casas cheias”, são as que “melhortrabalham” (leia-se, serviço que prestam)?

Será que não há espaços de restauração/hotelariaque brindam e fazem a apologia ao mau gosto e sãofrequentados por clientes que professam os mesmoscânones?

Será que há Restaurantes a mais e Cozinheiros amenos?

Esperamos todos que o “Trigo se possa separar dojoio”, a tempo para contento de todos .

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Ginásio Clube Naval de Farocontinua a formar campeões na Vela

Texto: Fotografia:

A maior competição mundial de vela para a classe de iniciação, o «OptimistWorld Championship», está a disputar-se, em Vilamoura, até dia 4 de julho. Emprova estão 400 atletas com idades entre os 11 e os 13 anos, oriundos de mais de60 países, e o Algarve está representado na seleção nacional com dois dos cincoatletas, entre eles Guilherme Cavaco, do Ginásio Clube Naval de Faro. Foi, por isso,o momento certo para rumar à capital algarvia para conhecer um pouco melhor ahistória deste clube quase centenário.

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O Ginásio Clube Naval deFaro nasceu, a 19 deJaneiro de 1928, porvontade dos praticantesda náutica de recreio da

capital algarvia e a primeiramodalidade desportiva implementadafoi o Remo, com a organização devárias regatas de embarcaçõestradicionais como a lancha e osaveiro.  Depois, aos poucos, foiemergindo o principal porta-estandartedo clube, a Vela, e já nos anos 40, 50 e60 se disputavam na Ria Formosarenhidas competições de «Sharpies» de9 e 12 metros quadrados, «Volgas» e«Snipes». Velejadores como FernandoPrazeres, Jorge Leiria e MargaridaBaptista começaram a dar nas vistas,mas foi a partir da década de 70 que sedeu o impulso decisivo na modalidade,

com uma geração de atletas degrande nível nacional e internacionalcomo António Viegas, Pedro Melo,Paulo Sena Rodrigues, Rui Reis, entreoutros. Foram estes que,posteriormente, se tornaram osmestres das novas camadas, dasquais se destaca Hugo Rocha,Bicampeão Mundial, Campeão daEuropa e Medalha de BronzeOlímpica.

Momento decisivo na história doGinásio Clube Naval de Faro foi aatribuição da concessão, em 1994,da Doca de Recreio de Faro, cujasreceitas permitiram o aparecimentoda Escola de Navegadores deRecreio, o ressuscitar do Remo decompetição e a abertura da secçãode Pesca Desportiva. E foi

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precisamente junto ao café erestaurante ali situados que estivemosà conversa com o presidente dadireção Armando Cassiano, queprontamente confirmou que, sem estasverbas, seria impossível alcançar osresultados desportivos de excelênciaque têm pautado as últimas décadasdo clube. “Temos a Medalha de MéritoDesportivo da República Portuguesa, oHugo Rocha foi agraciado, em 2015,com uma Comenda, temos Medalhasde Ouro do Município de Faro. A nossaprestação a nível nacional éextraordinária e tudo baseado nasmais-valias que advém da concessãoda Doca de Faro”, garante, explicandoque esta concessão foi atribuída peloMinistério do Mar, sendo o principalobreiro desse ato o antigo Governador

Civil do Distrito de Faro, CabritaNeto.

Como que a confirmar as palavrasde Armando Cassiano, em 1996,Hugo Rocha e Nuno Barretoganharam a Medalha de Bronze nosJogos Olímpicos de Atlanta, nosEstados Unidos da América e, desdeentão, vários velejadores do GinásioClube Naval de Faro se têmdistinguido em diversoscampeonatos da Europa e doMundo. “Temos uma Escola de Velaque traz ao de cima as melhorespotencialidades dos nossos jovens,como se verifica neste «OptimistWorld Championship» que se está adisputar em Vilamoura. Apuramosdois atletas para a seleção nacional,

Armando Cassiano, presidente da Direção do Ginásio Clube Naval de Faro

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mas apenas o Guilherme Cavaco estáem prova, porque o William Risselinfoi barrado na secretaria. O miúdo ébelga, reside no concelho de Loulé,começou aqui no nosso clube e,devido à burocracia dos adultos e aleis extremamente injustas, foiprivado de participar nesteCampeonato do Mundo. A LegislaçãoPortuguesa diz que apenas podemrepresentar a seleção portuguesa osque tiverem nacionalidadeportuguesa, independentemente deterem feito todo o seu percurso emPortugal, sendo certo que um miúdode 12 anos não pode optar pela duplanacionalidade”, critica o entrevistado.

Profundamente irritado, ArmandoCassiano diz que é bastante difícilexplicar toda esta situação a uma

criança de 12 anos, depois de ela terconquistado, dentro de água, odireito a disputar esta competição.Mais um problema a somar-se aofacto da Vela não ser umamodalidade mediática como ofutebol, de modo que só oscampeões fazem notícia na imprensaou na televisão e, mesmo assim,apenas nos dias seguintes àscompetições, período após o qualregressam ao anonimato. “Amonocultura do futebol é uma coisadramática em Portugal. Aesmagadora maioria dosportugueses gostam de futebol maso que está a acontecer no nossopaís ultrapassa, em muito, os piorestempos do Estado Novo”, considera,sem papas na língua. “Éextremamente difícil convencer os

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miúdos a aderirem a outrasmodalidades, bem como as famílias,que trabalham a semana inteira edepois, aos fins-de-semana, têm quese levantar às sete da manhã parapreparar o farnel para os filhos etrazê-los para os treinos de Vela. Énecessária uma dedicação tremendae, infelizmente, muitas pessoas já nãoestão para isso”, lamenta Cassiano.

Há ainda outra dificuldade inerente àprática da Vela, designadamente aideia de que é um desporto para aselites, para os filhos de pais abonadosfinanceiramente, um cenário que opresidente do Ginásio Clube Naval deFaro não desmente. “Se nós nãotivéssemos esta concessão, o esforçofinanceiro que era exigido às famíliaspara os miúdos fazerem Vela eraabsolutamente incompatível com asposses de um agregado da classemédia. Só pessoas da classemédia/alta e classe alta é que têmcondições financeiras para ter osfilhos neste desporto”, admite,afirmando que o governo se temalheado completamente de apoiar estaprática desportiva junto dos maisnovos. “Enquanto nós conseguirmoster dinheiro para trazer as criançaspara a Vela e pô-las a fazer desporto,vamos prosseguir esta missão, atéporque somos um país de marinheiros.Os governantes anunciam políticaspara o mar, com palavras pomposas,grandes dissertações e powerpointstodos bonitos, mas nada se faz naprática”.

Um desporto sobretudomental

Pegando no exemplo de GuilhermeCavaco, atleta do Ginásio Clube Navalde Faro que está a disputar o«Optimist World Championship»,Armando Cassiano sublinha que «é

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de pequenino que se torce o pepino»,ou seja, a entrada para estamodalidade deve dar-se em tenraidade, até por uma questão bastantesimples: o barco de aprendizagem é oOptimist, que é adequado para jovensaté aos 13/14 anos. “Hoje, os miúdoscrescem num instante e, com 14 anos,já não se sentem confortáveis naquele

barco. Os jovens devem entrar,entre os 8 e os 10 anos, para aEscola de Vela e iniciar acompetição em «Optimist» após os10 anos e até aos 13, 14 anos”,explica.

O passo seguinte nesta caminhadadesportiva depende depois do que

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cada clube tem para oferecer e, nocaso concreto do Ginásio Clube Navalde Faro, há duas opções: o «Laser»,uma embarcação solitária semelhanteao «Optimist» mas maior, com trêstipos de superfície vélica - 4.7, radial estandard; ou os 420 ou 470 (nívelolímpico), já em tripulação. “Contudo,raros são os miúdos que ficam cádepois dos 18 anos, porque vãoestudar para a universidade paraoutras cidades. A prática da Vela, emPortugal, está limitada a essa idade, éraro aparecer velejadores mais velhos,excetuando aqueles que entram emprojetos olímpicos”, observa ArmandoCassiano, alertando ainda para o factode não se estar a fazer a devidarenovação de atletas nestamodalidade. “Vamos repetir muitosvelejadores olímpicos precisamentepor se tratar de um desporto caro e,sem apoios, não há milagres”.

É um desporto caro e que nãogarante um retorno financeiro que dêpara pagar as contas da casa,reconhece Armando Cassiano. Quantoa requisitos físicos necessários para seter bom desempenho, responde que aVela é um desporto maioritariamenteintelectual, dentro da disponibilidadefísica considerada normal. “Quando osmiúdos chegam aqui com sete ou oitoanos, não conseguimos apontar paraum e dizer, com certeza absoluta, quevai ser um craque. Ao fim de dois, trêsanos, pode ser que isso aconteça, mastudo depende da dedicação, doempenho de cada um”, salienta opresidente, frisando ainda que, no

Ginásio Clube Naval de Faro, osestudos estão em primeiro lugar.“Por isso, apenas trabalham aosábado e domingo, até porquetemos uma dificuldade bastantegrande: o nosso campo de treinoestá a cerca de cinco milhas da sededo clube, no Farol, o que obriga auma deslocação mais demorada e auma logística mais complicada paraos atletas”.

E porque o «Optimist WorldChampionship» se estava a disputarem Vilamoura, perguntámos se oAlgarve possuía condições propíciaspara a formação de velejadores deexcelência ou se estes são possíveisde «fabricar» em qualquer parte doglobo. “Criam-se bons atletas emtodos os sítios mas, claro, mais nunspontos do que noutros. Não é poracaso que a costa da Califórnia,aquela zona de São Francisco e SãoDiego, é a meca da Vela nos EstadosUnidos. E o mesmo se passa com aBretanha e a costa atlântica deFrança, ou com o Sudoeste deInglaterra. O Algarve também temcondições muito boas, mas não astem explorado devidamente”,aponta o dirigente, recordando aspalavras de um dos melhoresvelejadores do mundo, o francêsMichel Desjoyeaux, que disse, semrodeios, que o Algarve dispunha deum dos melhores campos de regatado planeta – a Baia de Lagos. “Estáaproveitado? Nem pensar nisso.Não temos dinamizado nadaporque, infelizmente, os

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portugueses são assim, não valorizamaquilo que têm”, constata, comtristeza.

Com as atenções concentradas naprestação de Guilherme Cavaco no«Optimist World Championship», aomesmo tempo que decorrem os treinosnormais para os restantes atletas, osobjetivos do Ginásio Clube Naval deFaro para o futuro passam porcontinuar a desenvolver a Vela e amotivar os mais novos para a suaprática, mas tal só será possível se nãohouver sobressaltos de maior nohorizonte. “Espantosamente,assistimos a instituições, que tinham a

obrigação de ser sensíveis para estamatéria, proferir determinadasafirmações no sentido de nosprejudicar. A Doca de Recreio deFaro é uma instalaçãoextremamente difícil de gerir, mashá mais de 20 anos que levamos aágua ao nosso moinho e semgrandes conflitos. De uma maneirageral, temos cumprido as nossasobrigações para com o Estado,apesar da Doca de Faro estarinoperacional sob o ponto de vistanáutico, por estar completamenteassoreada e porque o tráfego deembarcações está limitado pelocaminho-de-ferro” .

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Os olhos dos barmans profissionais de todo o mundo vão estar virados paraSingapura, por ocasião do 25th Asia Pacific Bartender of the Year CocktailCompetition, um género de aperitivo para o Campeonato do Mundo que terálugar, em outubro, no Japão. Quanto à competição que se disputa entre 25 e 27 dejulho, Portugal vai estar representado por Bruno Guerreiro, na vertente clássica, epor Nuno Curro, na componente de flair, ambos membros da Associação deBarmen do Algarve.

Texto: Fotografia:

Nuno Curroe Bruno Guerreirorepresentam barmansportugueses em Singapura

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Foi sob um calor abrasadorque chegamos à sede daAssociação de Barmen doAlgarve, em Albufeira, paranos encontrarmos com

Nuno Curro, 40 anos, natural de Bejae barman há duas décadas, e BrunoGuerreiro, louletano de 34 anos ebarman há 16 anos. Estes são osrepresentantes nacionais na «25thAsia Pacific Bartender of the YearCocktail Competition», que temlugar, entre 25 e 27 de julho, emSingapura, cidade-estado insularlocalizada na ponta sul da PenínsulaMalaia, no Sudeste Asiático, nasequência de um convite endereçadopela organização à Associação deBarmen de Portugal e que, por suavez, delegou na Associação deBarmen do Algarve a escolha dosdois concorrentes lusitanos nestaimportante competição.

Sabendo-se que o Campeonato doMundo de Barman se realiza já aseguir ao Verão, em outubro,também no continente asiático, masno Japão, a prova de Singapurafunciona quase como um warm-up,um aquecimento para o principalevento desta profissão ao longo doano, tanto na vertente clássica comode freestyle, mais comummentedesignada por flair. “O flair é umaversão que privilegia o espetáculo,todo aquele show-of com asgarrafas, os copos e os shakers,enquanto a clássica é a área maistradicional do barman”, distingueNuno Curro, que disputará acomponente Flair do Campeonato.

Uma participação que é, emambos os casos, às custas dospróprios concorrentes, já que osapoios, como se adivinha, nãoexistem, daí que a ida a Singapuraexija um esforço financeiroconsiderável a Nuno e Bruno.“Mas é sempre bom representarPortugal no estrangeiro e, emtermos de currículo, acaba por seruma mais-valia. O Nuno é aquinta vez que vai a umacompetição internacional destegabarito, eu vou pela segundavez”, indica Bruno Guerreiro, queé vogal da direção da Associaçãode Barmen do Algarve.

E, como não são estreantesnestas andanças, como se portamos barmans lusitanos em relaçãoaos seus colegas estrangeiros,indagamos. “Ainda existe algumadiferença, principalmente porqueeles têm muito mais apoios doque nós. No Flair, por exemplo,estarão em prova concorrentesque são patrocinados por grandesmarcas dos seus países paratreinar e competir o ano inteiro.Nós temos os nossos trabalhos e,nas horas vagas, procuramosencontrar algum tempo parapraticar, por isso, enquanto elesfazem 40, 50 competiçõesinternacionais por ano, nósconseguimos ir a uma ou duas, ecom muita sorte”, observa NunoCurro, análise partilhada porBruno Guerreiro, o representanteportuguês na vertente Clássica.“Por alguma razão é que, no Flair,

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Portugal ainda não tem nenhumtítulo mundial. Na Clássica, apesarde termos menos condições, jáfomos sete vezes campeões domundo, o que demonstra ascapacidades dos barmansportugueses”.

Olhando à concorrência, NunoCurro revela que, atualmente, são ospaíses de leste que dominam o flair,nomeadamente Polónia, Rússia eUcrânia. Quanto à Clássica, BrunoGuerreiro reforça que Portugal nãofica atrás de ninguém, mas osresultados depois podem serinfluenciados pela disponibilidade decada um para se preparar para ascompetições, já que também

existem barmans patrocinados evocacionados a tempo inteiro paraos campeonatos. “A Inglaterraaposta imenso nos seus barmans,a Espanha tem vindo a seguir omesmo caminho nos últimosanos, mas os portugueses nãodevem nada aos colegas do restodo mundo”, assegura o louletano.

A par das diferenças referidas,Bruno Guerreiro acrescenta que ocampeonato de Singapura acabapor acontecer numa má alturapara os profissionais portugueses,por coincidir com a época do anode maior trabalho. “Eu e o Nunosó conseguimos ir porque temosnegócios próprios e pessoas de

Nuno Curro e Bruno Guerreiro, os representantes de Portugal no «25th Asia Pacific Bartender of the Year CocktailCompetition» que acontece em Singapura, entre 25 e 27 de julho

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confiança que seguram as pontasdurante a prova, caso contrário,teríamos que fechar os nossos bares,o que era complicado”, frisa, umaazáfama que condiciona igualmente apreparação técnica, indica Nuno.“Temos que elaborar as bebidas como máximo de aparato possível, estarsincronizados com a música eapresentar uma coreografia original.Há tantos concorrentes em prova queé difícil ser diferente no meio damultidão, mas os portuguesessempre tiverem uma elevadaoriginalidade. Os asiáticos são quasecópias uns dos outros nos seusmovimentos, os latinos são maisexplosivos”, considera o alentejano.

Nesse sentido, há que preparar umnúmero competitivo, inovador, e não

se fiar apenas na prática do dia-a-dia, até porque muitos dosmovimentos do flair não sãoutilizados com regularidade nospostos de trabalho. “Na prova,temos cinco minutos para arriscartudo, jogamos as cartas todas. Notrabalho, fazemos o nosso show,mas é diferente”, compara NunoCurro. A vertente Clássica é menosproblemática nesse aspeto, porquea técnica está perfeitamentedominada por estes profissionais,pelo que a diferença é feita, muitasvezes, pela própria bebida que vai aconcurso. “No meu caso, fuifazendo testes com o meu staff eclientes, dava a bebida a provar,recebia as opiniões e ia ajustandoconsoante as críticas até chegar à

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versão final”, indica Bruno Guerreiro.

Escolher a bebida mais indicadapode ser, então, determinante para oresultado final na vertente Clássica,uma bebida que agrade a todos,tanto a nível de aromas como desabores, considerações que podemser igualmente influenciadas pelazona do globo onde decorre acompetição. “Optei por uma bebidacom um toque fresco e vegetalprecisamente pelo concursoacontecer em Singapura”, confirmaBruno Guerreiro, ao passo que NunoCurro mostra-se mais preocupadocom a seleção das garrafas a utilizarno seu número. “Têm que sergarrafas que consiga manobrar comalguma facilidade, mas pensandotambém na questão da imagem e dealguns patrocinadores que possaangariar. E já tive uma máexperiência porque levei produtosdemasiado originais para umacompetição internacional e apanheicom um júri que não conheciaaqueles sabores, o que influenciounegativamente a minha pontuação”,recorda.

Barmans são maisreconhecidos

Bruno Guerreiro e Nuno Curroestão, então, de malas aviadas paraSingapura daqui a algumas semanasmas o cidadão normal nem temconhecimento da realização destecampeonato. Por isso, mesmo que osresultados sejam positivos e tragam

títulos para Portugal, continuarão aser perfeitos anónimos, aocontrário do que sucede noutrospaíses. “Vamos comodesconhecidos e, se ganharmos, secalhar chegamos um bocadinhomenos desconhecidos. Só osclientes e amigos é que darãoalgum valor a esta participação,para além da nossa irmandade dosbarmans”, admite BrunoGuerreiro, com Nuno Curro aconfirmar que a esmagadoramaioria dos portugueses nemsequer tem consciência de queexistem campeonatos da Europa edo Mundo de Barman. “Por isso,vamos para representar o nossopaís e para enriquecer o nossocurrículo pessoal”, frisa.

Claro que, como Bruno e Nunosão os seus próprios patrões, nãopodem estar à espera de aumentosde salários se ganharem algumtítulo e os prémios monetários nãochegam sequer para cobrir asdespesas de deslocação,alojamento e alimentação. “Mas aspessoas já reconhecem o trabalhode bastidor que implica serbarman, deixamos de ser o serve-copos lá da esquina”, acreditaBruno Guerreiro. “Os empresáriostambém já vão exigindo que osbarmans tenham formaçãoprofissional, que tenham,efetivamente, qualidade.Antigamente, funcionava tudo àbase do preço e era suficiente queum barman se desenrascasse no

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seu posto de trabalho”, acrescentaNuno Curro.

Mudança de atitude que se justificapelo aumento da exigência dosclientes, ainda mais numa regiãocomo o Algarve onde proliferam osbares, seja nas artérias de animaçãonoturna, seja em hotéis ouempreendimentos turísticos. “Se osclientes estão dispostos a pagar pelaqualidade, os patrões têm queapostar em barmans maiscapacitados”, sublinha o alentejano,defendendo que um bom profissionaldeve dominar todo o género debebidas, alcoólicas ou não. “Há unsanos começou a moda do gin, com ogin tónico a ser substituído agorapelos cocktails com gin. O próximopasso deve ser os cocktails com rum,

porque o mercado está sempre aacompanhar as tendências dosclientes estrangeiros”, antevê NunoCurro. “Temos que estarpreparados para satisfazer ospedidos dos clientes e é umaprofissão que, levada comseriedade, nos dá segurança. Eusou barman há 20 anos”, enfatiza.“Eu tive quatro bares alugadosantes de decidir investir numespaço meu, juntamente comoutro sócio. Somos doisprofissionais da área que temosvindo a formar outros colegas nanossa casa e, se conseguirmos ficarcom eles, mais qualidade vamosdar no futuro aos clientes”, reforçaBruno Guerreiro, antes de partirpara Cabanas de Tavira, com NunoCurro a seguir na direção de Beja .

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Estacionada em plena zona comercial do Fórum Algarve, em Faro, encontra-se uma Piaggio Ape 50 diferente do habitual, a «Classy Portugal», umaverdadeira mercearia gourmet sobre rodas pertencente aos jovensempresários Filipe Pereira e Cristina da Costa. O conceito inovador pretendereunir no mesmo espaço opções de qualidade de diversos produtos regionais,desde as conservas e compotas aos licores e espumantes, com particularenfoque para os tipicamente algarvios.

Uma mercearia gourmet sobre rodas

Classy Portugal

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A percorrer a piso térreo doFórum Algarve muitos sãoos clientes deste espaçocomercial da capitalalgarvia, entre locais e

turistas, portugueses ou estrangeiros,que se deparam com uma imageminesperada – uma Piaggio Ape 50transformada em mercearia gourmetambulante onde se podem encontrardiversos produtos algarvios, desde astradicionais conservas, compotas ebolos ao sal, aperitivos, licores eespumantes. A ideia partiu de FilipePereira e Cristina da Costa, residentesem Lisboa mas com ligações familiaresao Algarve, que criaram a empresa«Portugal com Classe» e lançaram a«Classy Portugal». “O objetivo ésermos uma pequena afinação nascozinhas, uma forma fácil das pessoasadquirirem produtos de qualidade massem uma parafernália de escolhas quelhes consome imenso tempo. No Vinhodo Porto, por exemplo, temos duasopções, porque não queremos ser umagrande garrafeira ou umsupermercado”, explica Filipe Pereira,que é comissário de bordo de profissão.

Sem possuir na sua oferta o creme dela creme, nem os mais básicos de cadaproduto, a aposta vai para a gamamédia e média/alta, desde as conservasaos licores e champanhes.Comercialização de conservas que foi aideia inicial, mas a dupla de jovensempresários depressa constatou anecessidade de alargar a variedade. “Oconceito foi evoluindo para outrosprodutos que tinham bastante procura,mas sem nunca dispersar as atenções

dos clientes. O mais importante éque eles encontrem rapidamenteaquilo que precisam e, apesar doespaço ser reduzido, temos de tudoum pouco”, sublinha Cristina daCosta, que é designer de moda.

Uma mercearia gourmet diferente,se assim se pode chamar, mas quenunca foi equacionada para ocuparum espaço físico, por ser umsegmento onde já existe bastanteconcorrência, e feroz. “O problemaàs vezes é precisamente a enormediversidade de escolhas, dentro decada produto, que há nessasmercearias ou supermercados. Há 50garrafas de vinho de marcasdiferentes das quais o consumidornormal percebe muito pouco e omesmo se passa com as conservas,doces, licores e tudo o mais”,observa Filipe Pereira. “Nósdemoramos, em média, seis ou seteminutos a apresentar toda a mota,de maneira a que o cliente saibaexatamente aquilo que está a levarpara casa”, garante.

Depressa se verifica, igualmente,que os produtos comercializados na«Classy Portugal» são mais caros queos vendidos num supermercado ouhipermercado, daí que sejaimportante transmitir ao cliente omotivo dessa diferença de preços. Erapidamente constatamos tambémque grande parte dos produtosexpostos são do Algarve, alguns delesque nem são muito fáceis dedescobrir nos espaços comerciaistradicionais. “Procuramos o que seja

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mais típico possível e em produtorespequenos, que trabalhem de formaartesanal e que não estejamrepresentados em muitos sítios. Osturistas também querem comprarprodutos tipicamente algarvios,portanto, não faria sentidooferecermos somente artigos de outraszonas do país. Mas temos a ginga deLisboa ou a poncha da Madeira”, indicaCristina da Costa.

Não se admire, por isso, que oproduto mais vendido seja o atum compresunto e azeitona, uma misturabastante peculiar, mas há ainda atumcom amêndoas e outras novidades queenfatizam a componente gourmet da«Classy Portugal». “Estamos aqui hámês e meio e já temos vários clientesrepetidos, que compraram a primeira

vez por curiosidade e já regressarampara adquirir quantidades maiorespara terem nas suas despensas.Alguns até perguntam seconseguimos fazer entregas noutrospontos de Portugal”, apontam Filipee Cristina.

Aposta nos pequenosprodutores locais

Com um arranque empolgante eencorajador, os empresários pensamjá numa segunda mota para ficarsedeada em Lisboa e, nesse caso, agama de produtos será mais variadae representativa do melhor quePortugal tem para oferecer, de nortea sul, passando pelas Ilhas. “Sevamos a Ayamonte, queremos umlicor espanhol, não de Ayamonte,

Filipe Pereira e Cristina da Costa, os proprietários da «Classy Portugal»

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Sevilha ou Madrid.Em Paris,procuramos umproduto típico deFrança, não interessase é de Paris,Toulouse ouMarselha. Quandose vai ao estrangeiro,a região de origemdo produto acabapor ser um poucoindiferente”, justificaFilipe Pereira comconhecimento decausa, não estivesseele habituado apercorrer o mundocomo comissário debordo.

A situação doAlgarve é, porém,diferente, conformejá se percebeu, eninguém duvide doimpacto que estaPiagio Ape 50 tem naeconomia local. “Háuma senhora quevende bolos para nósquase em regime de exclusividade,uma produção 100 por cento manual eartesanal, sem qualquer maquinariaenvolvida. Os nossos doces são feitospor outra senhora”, revela FilipePereira, acrescentando que a estratégiafoi-se modificando à medida que assemanas foram passando. “A nossaprateleira já sofreu várias alteraçõesporque estamos num local deexposição extrema. Espumante não

tínhamos até passar por aqui orevendedor do «Marquês deMarialva», o único espumanteportuguês que segue o método deconfeção do verdadeiro espumante,e achamos que esse produto seenquadrava no nosso conceito”.

Caso semelhante aconteceu com ascompotas da Serra da Estrela eoutros artigos, com os produtores a

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verificarem que estamercearia sobre rodas éuma excelente montrapara o que fazem. “Mas,na maioria das situações,vamos nós procurardiretamente osprodutores, testamos osprodutos, andamossemanas a provarconservas, compotas,doces”, conta Cristina,com um sorriso. Quantoao veículo em si, tambémfoi escolhido comcuidado. “A primeirahipótese foi uma «Pão deForma» mas percebemosque isso obrigava a uminvestimento maior, atermos mais stock e autilizar mais metrosquadrados de espaço nosshoppings. Assim,optamos pela PiaggioApe 50, que ainda é usualver nos vilarejos do paísinteiro”, continua FilipePereira.

Moto que era pertençado próprio Filipe,esquecida na garagem,sofrendo depois umaintensa restauração eadaptação, daresponsabilidade deCristina. Depois, foi partirpara a estrada, maisconcretamente para oAlgarve, onde faz mais

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sentido estar durante oVerão, por aqui seconcentrarem asatenções de todos osportugueses que vão deférias. “A moto vai ficaraqui pelo Fórum Algarvee estamos a pensaravançar para outroconceito um bocadinhodiferente, já com umapequena esplanada,onde os clientes podemadquirir o produto econsumir no própriolocal, como existe já emLisboa. Em Lisboa serápara apostar numasegunda mota”, antevêCristina da Costa, comcautela, porque o sucessonunca é garantido.“Estamos no início, oprojeto é todo fruto donosso esforço e trabalho,sem quaisquer apoiosfinanceiros de terceiros.Obviamente que oobjetivo é crescer eevoluir para outrosconceitos e o feedbackestá a ser bastantepositivo”, finaliza adesigner, enquanto Filipeestava ali ao lado aatender uns clientesestrangeiros .

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