a serra de serpa

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  • 8/3/2019 A Serra de Serpa

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    " ,

    JORGE VERNEX

    A S E R R ~ - D E - S E R P ~Ensaio de monografia social

    DISTRIBUJL'IVRARIA LATINA EDITORA

    Rua de Santa Catarina, 2 a lO-P"eto

    1 944

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    JORGE VERNEX,I-I .~.

    IIi,l~ ,t " j A . S~A.DE~SERPAt J . Enseio de rnorroarafia social,q~. , D';;I;'I(~

    15 SE n 1 9 4 4~~ lyJd ~

    EDIQAO DO AUTOR~ (

    D lstrlb ll'i()8 0 daL IV RA R IA LA nN " EOll0R'"Rua de Santa Catarina, 2 a 110 P 6 r t o

    1944

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    'I '

    'OBRAS DO AUTOR, (PUBtlC~D)\S)

    194(9- Assuntos Regionais=Prosa revoiuciondrla.1940 - csbOfO analttico d'testetlea na obr de jOi)f)Maria Ferr:eira-et"!saio critico.1941-ff.iller Religiosp - estudo historieo -social(fora do rnercade).1943-Corporatismo-pro'legonzenos, filosa/teos da. Ordem Nova -emPortuzal-tentativa doqtri~naria duma teoria nacionalista e sistematica.1944- A Serra-de-Sersa :_Ensaio de monograftasocial.

    _ {A S""I'R~:A Filesofia do, 'Forfa. ,A Poi(tica Exierna de Sal'azur.Urn fiJosojo' portugues: Silve,stre Pinheiro

    .> Ferreira.' .Um beljo de Judas. ','

    . ' , . , . ' - I

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    . - ,.

    A DEx .ma Senhor P rofessor. D ou tor Re-belo Gon catves, espirito su periorde erudite dedicado d cienciada lingua e da etnografia-poiJre, in digna homena- igem fio mats hum tuie, '

    msi$ d : e d i i c a a o : eam igo do! seasadmiradoresJORGE VERNE'X

    j

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    Composto e impresso n~,GRAFICA DA LOUSA ....kOUsA

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    (

    Com esta pequ ena m eqogr.ajia , sem basd fiaspr e i endo haver' revelado e v a P als, m d is de qu e arig iao de scrita , a igum a eoisa . qu e e de 'm o tdr. aen ch er-n as de iiiJegria:-a R (l9a n ii@ dessorou . CUIl-,servaas virtu de s' an ce stra is, am arfan h ad as e certo,m as -p ton tas a de spe rtar e e rgu er cabeca para no-vas [acan has, com 0m esm o vigor de an tan h o, ' 0'

    ~ q u e e precise e sacu d i- ta f()r{em e nte , aban ti- la no, '\, torpe r matign@ de atgumas centartas, e m(Jstf!a1'~lli~

    e sses lon ge s on de se de sfaz a tristu ra de st media-cridade qu e apouca., I

    1\ '\' , J'(D e facto , sen do pequenos, vlndo ja d e M arro-

    cos e da in d ia , fizem os e sse grande Brasil sobre 0'qual in cide ; /zoje , o t se e ste n de e e x erce , a cubicaiVor:az'd e 'im p e riaUsm (J)$ e s t r . : a 1 z l i o . s . E nem 0 cansacodos tem pos, n em a m agn itu de da tare fa nos m e -drentaram.

    As airontas que v ie ram depots e as sabre -

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    6< :-h um anas tu tas de Africa e qtie-ntu: eonseguiramo apaio daalm a nacional, chorando com o estava, adesgraca 'daslutas in tenses e da anarqu ia . ; .

    ' *Mas vieram loao fF',r.ti:nco,P imen ta de Castro,Sidonio Pais, G om es da Costa, e Portugal repete 0seu inimigo entrincheirado em S. Bento, no Terrel-

    1'0 de Pace e .. ~ no ur:. Or:. do BflJiT!t'oAUe. 0estrangeiro perde a sea estribo interno t;, como disseo poeta,IIA Hurnanidade, emfim, durn sonne meu desperta (0

    ' *A HUrta jd ntio e 56 Lisboa, A intetectuali-

    dade m ais sa estd precisam en te espalhada par (aaaa' parte; e atrdS dela, com 0 .trabalha uacionat;encon tra-se a anse ia eolectivo, nao jd -de novos Mar-.rocos e de novas lndias, m as cam -a certe za. de novos .Brasis n essas Afr:icas opu len tas que sao nossas ...

    A m ie tica de JJard inho- e a act(lacao .de 8id6- 'fio , . colocam -nos, in dependen te s nas ide ias, livres_ (1) DU!;lrte de Almeida - V-ae Victol'ibus-:janeiro de1800,

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    ." N0~A

    nas .re sotu cses, pe lo tem pe , a cabeca de todos os {, n acionallsm os m u ttd iais e de todos as im pe rlaUsm osnae ionalistas. ' ' ,r -'$(J}m o sp 'ecu rsor.es e som o s mestres.

    *Os . solavan cos da fortu na cu raram -nos lia

    doen ca qu e 'n os levava, cada vez m ais pequ enos, acop iar as sistemas estrangeiros, a bate r-n os 'por in -teresses estrangetros , ex pu lsando, prim e iro , a e xpe -rienc.ia nocionat-: traaicao=tom l J re i leg itim o ,e ,d e po is~ e _x pu ls,a n tfo @ s r e s t o ; d~ persona lidade ' C o m@ re i qu e , ., n 'Q$ l1e ix a:r,am ... ,

    As propaganda bru iais e m en tirasas, qaeg fjbre nos incidem, ja ntio canseguemufastar-nosdeste P ortu gal m u lti-secu lar, porque so nescios: as

    \ '-acredi tam.*

    Filho a t ? "u1!ais ' , trabalhador entre e ie s, ten docomid .e p a ;@ q u , e e O J'abQ aenasseu, m i regiiJesdistantes, nas eeiJas; na apanha d a az.e iton a, na\ ", eo lh e ita e seca do jigo, n a cava das vin has, n a v in - 'd ima; ten do passado por quarte ts do E xe rcito ,ban cos de , liceu s, coleg ios, e scolas e u n ive rsidade ;profe ssor em varie s reg ioes do P ais; tn te le ctu at,m ode sto , m as. in te lectu ai; cu rt/do por d issabore s eaesuusoes C t e coda a casta -- depots de dar vida a

    , I

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    .?I,

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    , ., S .

    /itht}$.) pJantar (UV.Ql8S e,e.sPI::e.ve,rUvras.--, i u l g Q . m ; e .Isujicientemente c(J.flihe'6edor -de- nossa. T e~.,a par.apoder in terpre td-la com ' algum conhee im e-tlt-o. doPovo e das suae as,pir..a{Joe.s. ,P or isso, escrevi A Serra-de-Serpa.:

    * . ,Vivi eom as seas hahita.IJte'5 110 v . e " a a : a e tres

    anos. seg,u-idos.. E ssranho aa m eio, 'I1M 'adlnira queI notasse as q,lJ,alidades eOS de./eitos daquele viver .e m relaC4:o ao da m inha Be ira serrana. Tratamio-se . I : ,d uma sO,cie.daf/,enov criada em meio sec,uZo,pud;ever, a li, d emonstraaas, as g rand es aptid iJe s de Ra{:a,

    J quando a nao a troJia in Tot tnas eondendvsis Oil quan-da no.o...a amardacam: fr.ei@ .s impastos par encober-~(l$ p(iJte~t.ades...

    , .t '. Na Serra-de-Serpa, estd paten te a capacidadeexpansiva: do. Povo' p o r - t u g u e s , 0 seu poder de pro-

    tijlJrafo.o e t ambem . 0 f iev' igoramenta de sell flsic.osempre que; senhor da terra, niio lhe falte~ Q po.f!)para comer, nao lhe atrofiem a intciattva e ntta acat-toll.lpa ~-6se .maHhusianismo verg(mflos(J f I I1~e,s . e . d . Q n ecesstaaae e con om ica. para uns, e kedi.ondavelhacaria em . tantos Ollt1'OS, a quem sobejam dem a-$iaIiam.ent.e a s . poss.ibilidades m ateriats; ," , .

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    N01'A*~

    Finatizanda:fs-e a m ~ ;n@u:r(!lji.acon str.u lda em . oase s ci~n ti-. b .. 'f i c a s , e . , I sobre tuda, um trabalho de apoleg ie iea so-

    c cial que , [azendo ju sti(:a a quem a mereeec naodeixa, porem, de apantar mazeias mesmo quandova i e stab ele ce n do normas e [ixando' princioias.

    Mas tu io Ii con tra n inguem : e por P ortu gal.l(.

    Inictaimeute e -muito mais redtIJzidr1J,esta m o-nografia obtev '(i i I . a M'ensao Honrosa nos J @ g @ s ,Florais Bocageanes de Ev@ra , "em 1942. AmpUadae . m ais com pte ta, .e is 'com o se apre sen ta ao publico,senhora do seu papel numa hora em que 0 papelde tantas ed ifoe s baratas i,nacioha lmen te , hum a-namente, cristam en te - n t'e sm o, de sotaina - ummal l paoel,

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    A 'Serra SocialNao e urna serra como outra qualquer,pelo m enos no ..conceito erogrsfico inerente apalavra. .Inclusivarneate HQ Alentejo, ate no .B aixo. A lentejo , nao e a m aioria das pessoas que aeonhece na intensicia(11e eriadora do seu dina-m ismo, no .pulsar [uvenil dos seus anseios 50-ciais, eorajosa e alegse C0rNO tudo o que enovo , opfimista como tude 0 que e viril. D@ -saeroeha nela 0 vigOF expansivo da R a < ; a , e

    nosso e thos rural, ealdeado ao ritm o da vonta-de privada, lunge de todos os estimulos otieiai~,como que resg atando-se, para m odele, de uma,jnc.u ria f.a ta l, e spec ie de desalento, saiidcsisrnoou irnpotencia seni! e m que a Nacao , viril e .altiva por excelencia, deixou, eO IJ1 0 tempo,rnergulhar os F ames da sua esqueeida trajectc-ria . .Um soprode vida possante, que se arran-ca ao macerado geral desta Rossa terraubere,a galvaniza, to talm ente, de extreme a extreme,

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    iA S ERRA-DE -S ER PA

    .Colhe-se nas suas brenhas arnig as a lic;ao ,proveitosa de que as virtudes ancestrais dogeneroso 'sang ile ltrsitano , as virhades de Cell-ta, de Malaca e AAo'mtes Claros, mal@l

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    A . SE .RRA SOCIAL

    .dade orig inal,flo .Baixo A lentejo . E '-lhe con-dicio nalrnerrte estsanh a, quer pela .geogratta,qner pela geolog ia, quer, ontressim , pela ex-pres sao vecabular, apertafldo-se, nesta materia,r entre. os dialeetos alentejanos e 0 algarvio.N aquilo em que nao se confunde nem com umanern corn outra das provincias e no tipo dohabi tat . A Serra-de-Serpa inicia, 'ern tal capi-tulo , uma experiencia Iertil ernresultados : 0ruralismo pleno com 0 hornem-proprietar io,isto e, 0 hornern integ ral, E , se a : \(iven~a fa-m iliar deli 0 nome de monte, ' e , .antes de fuclo,pela atratc;ao ,,)r,li,esis~ iv.el do g rande sabre 0 pe-queno , do velho ' s6bre' 0 joveru, 'do ~ntigoso~bre 0 actual, e nunca porqb1e as condicoes pa-triarcais do A lentejo van 1 . 3 . estratificar-se essen-.c ialrnente , salvo em apelativos profissionais esocia is tirados ao exemplo alheio que hoje, ea~j, teem outre significado ' e deiinern outroviver.Os m esm os nom es do Alentej6revestem - .. se la, desta m aneira, nada m ais que de urn) valo r fo rrnalfstieo ena!(i) conceptual.

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    Geografia fts-ca e humanar "D esde Serpa a: M oura, ,eng lobando Pias,estende-se urn terrene de 'barros .ventreeor tado 'de rochas calcareas que o livais antig oseag ri-

    nald aen e emF iqu~e I'F l..E sta parlsag em terqiina,-po r firri, alg uns quilom etro s ao meio-dia deSerpa em pequenos riachos, ' m arg inados deloendros flo rid fssirnos pelo 8 . [oao , alern ' dosquais se d iv isarn log o aspedo% diferentes. . E 'urn hy rii0m te monfahh os@ , SGl ln apresen~a'r,ele-vacees excessivas, que seestende na nossaIrerrte , 'de com eco ainda roberto de m ato ras-teiro, Depois , seguem-se escalvados sucessi-vas co rn sequidao e aridez ao :otitono~-teT1i0S0Sno irrv erno , verdejantes na prima vera e 'Qtmra-, do s, coberto s de searas - 0 pao da rnesae 0sangue do eorpo - quando 0 estio desejado,apos 0 tem po criado r, vern recom pensar o tra-balhoexaqstiv0. 'Conf inam, ao norte" corn as herdadeseoutras propriedades das .freg uesias de ' S , a } ' l t a,M aria, Salvado r, S, Bras? Aldeia Nova e Fica-

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    ~ho, i m , d ' d e s ~ e 0 0 1 d a < i l : i a ~ C l ! aM araia de 'EsJW a-nfua;: A l e s ~ e , s~gH,em h:a~act(C)fliol\1telri~o"cl:escenclo tilil encc> stas a;bruptas peill's margeI% ., dQ Cna:n~a. 'Ao> s1:li,erguida como alto cas,tela,mecti.evo no meie de- ' l ) i r r a t ' l 1 l , i d e s geodesicas,aitliaias c o m o as d M i j f m i 1 i m a ~ 1 l F i l s fn~ola:s, a p a .g.heba.s;~e heeta-r ; e s .~Jt

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    ' P '~ 1 0 s e l e m e n to s irnp1.a.caveis, para ( 1 ) ntvel )rro :t~"d io .. Todav ia, qU@ln a perco rrer a eavaio, ..comeos seus h'abi~antest 0 ' 1 : : 1 .a pe 'como por variasvezes ea fiz, t@pa cOFmuU1..a 'inf:inidadeeotl:se-.cuti,v,:ade o m t e i f ( ' ' ) < s I t@ @ .o s quasi da mesrna cor-p.I!1.lencia, e observa a repeticao constante ; m ' eurn panorama.eniferme, Calves, desoladamen-te calvos, o. ~eg ;u~ 'I'I:tearece 0antecedente, urntodos es restantes, so reconfortando, de tem-pos a ' tempos, .a rara apariQao de frageis 'azi-nheiras povoadas de g ralhas, teim osas 'em CD IO -firrmatf 0 aome, 'e de p,e:gas atrevidas e descon-f i a d a s ,@ m c i ~ , e . - r : f i l s @ 'b r i t ) , ' . e s b : e . l , t o J dee u e a -lip tos e de p.iJdi)e~l ios,aos . ~ r . J 1 P @ S de ~res aquateo 0 m,bdrmo. 'Bastante If:reqih~ ) i1 tes sa@ as h a i r > i t a C ; ' n ' e 5humanas.Isoladas, e certo , ~1!lm asdas outras, masdifleilrnente qualqner delas sem avistar, -comoviz~l1l.ha:n'

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    18 'GEOQ.R'AFIA FfsICA g ,JrJ,IJMANA

    Resiste m ~ravl1hosam enfe, 'so lido , rijc, durantemuitos an.os. ' '" 'V ivendas h~rreas, tao e spelh a;da~ , em .cal' P O t ' den tre '< ::6 rIilG por T O l i a , hh~n1 urn largo aentrada r i c o ' extrema do qual se levaasa, em re-g fa, a charnine aIw fssim a com a lareira d e tejolo.D e tejolo e , afinal, to do 0 pavirnento . U rn ou,dais compartirnentos m tim os, para as cam as, eo celeiro , _ separado ? por muro~ interiores-s-pois, a m adeira 'e luxo que nao existe=-, formam aplanta singela.: l ..'Em fr:ente da porta, L 1 F J ; ] terreiro cuidado- ,samente varrido , e regra, a' qm e ningu@ t:iJi l'oge :Latesalmense, 'o l1 tras dependencias para 0gadormuares, eguas, burros, em cujas manja- :..douras dorm ern as criados, se as ha: 'e , a certadistancia, a ch iqueiro dos porcos para criarem \e dortnirem-> que Ide dia andam a solta. 0 quen a o , falta s a o varies .canitos. 'alg uns, COmo, observei, maito bern adestrados aa execucao dehabitidades, sern falar ja. na m estria em esfar-rapar as caleas ,q llantas, vezes as canelas ,a, desconh@ cidos que se aprexiniern ; 'ea:lg um asaves: gal inhas; pates e perus., Tam :bem M a

    - , perdizes dom esticadas, porque as guardas davenato ria nao se a venturam t a o lo 'ng e e aquilae bich inho que pro liiera em cad a refeg o doterreno .. " , IMais adiante,em ponte 'arejado; a ,eira;e,as rnedas d e path-a, p a r a ' p , : g a d f@ comer no ,in-;

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    verse , tao mabiImente cOF lstru fd as que F l a ! 0 lhesI entraa agna. Aberto 11m buraco , do lado m e-Iho r abrig ade, a palha vai saindo po r ali, ate arneda ficar oca. ,Quando 0 temporal e maier,sucede 0 ven te d erruba-las, perecendo asfixia-dos, sob rnontoes de palha ,o s m alteses que ali

    julg ararn ter eomoda pen~oita., . '. . L i n d a s m o c a s , de lillhas e t J l ; )e(i{uilibrio per-.ieito, reboludas. bern torneadas, de tes clara,elhos em cham a, cabelo s castanho-claros easpecto casto , nascern, vivern e: mortem , assim ,Ionge, lo rig e da civi/iirt~{jo e, las rrrodas. 'A, l '11ai@,fparte dela~ rrao sane Q ql1,e e Ulfl auto- ,rnovel; de cornbo ios, viram , acaso. as vag one- 'tas que-sao arrastadas p .m t t : e s maquiaas de S . ,Dom ingos ao Pemarao : e ' possfvel que ouvis-sem falar. na luz electrica: usarn sernpre rneias.e betas g rossas e atarn as saias em form a de, ,cal~as para nao-rnostrarem as pernas; nem sus-peitam como seja o que an ima as pesseas das, cidades e . .. das vilas onde 0 progresso ja le-vou a decadeneia com a pom og rafia ' A s ron-pas trazern-lhas os pais e os i rmaos, ou os rna-.:ridos, da Espanha' e de Serpa. C eifam .corno ..valentonas, cantam com o rouxino is, devern sercompanheiras soberbas e presume que nao vi-vam desgostosas porque o f em in i smo as ...desconhece ! .Nao fumam, nao cruzam a perna,.nao jogarn e nao teem falsos pudores. Tudonelas e puro, sim ples e feminine sem iS1710.

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    , 20 GEOGRAFIA Fis lCA E HUMANA.IO s hornens vestem , com poucas excepcoes,fatos ()ie bom lDaJ2!ina qwe VaG mercar ao ladoopcsto da frC>JI1l~eira. A des ~elfuos e pF e~a:omescura. It. tdO 's restantes varia ruuito : azul,castanha, verde, cinzenta, amarela, .. Na ca-beca, 0 inseparavel chapeu de aba larg a e.o op a_ tesa, .m ais estreita para, cim a. Um a cinta O G lIl1- .prida a ataras cal< ;as- ag o ra ja aparece aqui

    e ali quem use correia-e, esta d ito .Aquilo em que todos, hom ens e m ulheres,velhos e HOVOS, rnocos e m ocas primam e noasseio : asseio de eerpo , do vestuaric e da ba-bi~a(\:a6, cQIJJ1tras%am~( [)com a hNu.hID,dfc ia 'secula:rdas nossas cidades, vilas, aldeias e campos .A ssirn, na Serra-de-S erpa ternos exemp lo dig ni-ficante para urn portug al que tern ho rro r a aguae ao sabao.

    " ,

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    'Vale-dos-M ortos .Coleando; como sefr'p'eli'l~.es,estradas pri-mith"as .-esta'be'l@c@l'iIiI as HgaCGes ' , irradiamdo'para todos os po,mt

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    r~.II

    I Iriil~

    VALe-Dos-M oR tesdo arnor fam iliar, com 0 trabalho eqtiitativa-mente repartido pelas fon;as de cada um.Patroes de toda a Serra' e jcrnateiros de '. ,{3eja ,' Quim 'lo s, Ba le iz ao , algar;viQ}s e clowtrasprocedencias, deeilitram rras loeandas e cantarnao desafio, acompanhados a guitarra, musicasarrastadas, ernbora nao fadistas, reflexo POF-ventura long fnquo das toadas berberes do tem -po anterior a reconquista. " \Uma que ficou de m emoria e que deveser popular, porque a ouvi de muitas fo rrnasdiferentes:

    Voce diz que me nao querpor eu ser feio,tu inda es mais ...S6 tu e que tem 'la dita,narnorada Marianita,. I a dos Olivais ...V ariante : .

    V~~e diz qNeme nao qU~fpOI' se t pobre, .tu inda es rnais ...S6 tu e que tem 'la dita,namorada Marianita,la dos Olivais .. '..A' tarde, p rincip ia 1. prau;

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    , \' )~, 'S ' p a h r e s ld H l! K a tn paF a um ladQ e es j(i)r~nale iros para Dutro , U R S qme o m f F o s apostades

    l ' la ' . ,meUwr d e ~ e $ a - des seus i ' ! i i l t e F e s s ~ s } as p f ; ' i ~mei,r,os o!lhand, p a F a es fuaven~sp>t !nosamelilfej m m t @ , s e OS , s , e g m n Q Q S lembrando o , s m o F . l D a g a d o~a ftF(),tl~lelem caNi2tl'inhas; n 'ns e l i a s deeamkl l l , la,an,asante, Se c) ~Fab;it1hIoli1IaQ ferrri deI:0ngas} aco isa val aM VI'IiiI]ee v inte-e-cineo escudo s' ~ i , a ~riDs e . d e comer, Outras vezesj.a seaea espera

    1" e apr:o\f-eita~se pGl r !odo,@ lflre~o., Sneede, de

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    IVIl.inguagern e Costumes

    Cheguei fa V ale dos.M ortos num dom ingode M aio de '1928.' Surpreendeu-m e .a Iingua-gem usada: Quantas vezes a mao @ lh temdi!Algmns termos, rnuito curio sos, POSSU@Fn nota-vel rnavio sidade. 'Eis' os P01:H;OS de que me recorda:Aoerrzmtar_:_ besbilhetar, dar Ie:AeQbadoiro~agoM'iza:nte, muito m al.;Allllariado:-irresuluto, idiota, palerrna:Alquitefe-aliquitedo; .Canito-caozinho, cao:Caravao-earvao;C evsd a-ase ia - ave ia ;Derramar= ento rnar, despejar, d eitarfo ra:Esbrucir.zar-debru

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    "S l1 jQrem@-f~p lJ je@nsili ) , ex . .: " 1 0 0 e stlpreififl'(!)P1@ t@u f,iili1< :}}}; . ,f rmh( ) (h '@nd@-chega , io asta,' ppon~D.Ek. ,t o g o 1 ' l l :O p r .i m @ i r :@ doming0) n a o f r m t l . o s

    feliz~'s (eu e rneu pai,jID0'rQne)iIl1l10S @ S diQfs~.Era aiada cede e n a . 0 fuavia pmr;a. J:)a m 0 ) S S ate rra sa iaru tCl.q.O~ os a!):}OS nW/,[C!$ d @ . mtin1:ws,rtlas n un ca m .iH~ uem tJV'at'l'!;ara .paPa ~ a ; iOll1lg'e.Desembarcadcs @mBe~a i DstrigGlsesit:nram ain~da 13,0 J : i f H ~ i f u o l r c l : 0 > seu veFde1 AIllie o F10SS0 des-'g o s i t ( j ) rWF r la ( 5 ) . .eillf;(ClIatFarf:lJ.li0SJ iab 'alfud" aJma, 'co~d(0ida J :: f l ! t e P H I acase t@ tpatm '@ sndiru -nos,la ~ ara lT lu it@ kHJge , essa [email protected] onde 'W > f : Q H ; a v e : l m e n f e ja teriamos !que ~alerna a'pann~_do Ieno. f \ m : F H J S com ele t J u ._ e , g e r r t i l , Fli(i)S deu. ce iade favas ~zi,d~s e clQfmida e l i F l sua casa,nes arredeees de ~ai,eizao.. Era l .M;U sea'~eir,:Q,ma~dllls:ttu~d.o e, f0m@ @lIt j l d a a J o segund'grau,l1l'l!li 'saeriguar '~GS metis, c O r l h @ d 1 P n @ m , t @ s , dis- ,cutinde. com 1ig o .... reg ra @tehes! Mam ha redo;.sac ~@ }u~id@, ~ t ! lc a n n , Q ) s a~am~ir: lh0 de Serpae., pf filiN, dill! Sf l!:C1 .. Traba iham( )s dais d.ias,_ ' sex ta e sab ad> -'"ac0ImerfeF l@ ,p,GW Cemen0g 'q liie pel-a comiia. E, n@ d @ m i I J 'g @ . , arrib,a~Fll lGlSa \7ale-d@s-M Qr'li@s.. ' \ Y

    . S e m patrae,' fomes H n d ' a 'F l Q o ) \ i [radas a : 0s u t ) ate que 0 ~i 'Rapes() , s i r F J . ' p < i t i c @ v e I h o t e ' ,raiam(l) I apr.ove il~ !0 ),JJ;0)$ mosses braces na (2eixad o ~ ,e m e da cev:ada.T illlh a v a r i D S fH :1 i @ 's @ ft ..' .

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    r.

    lhas e 'nnrrea me' esquecerei do m el qme nosclava as merendas . '.. Imorredoira e ' par.a mimtarnbern a lembranca de lim a golada fo rte deaguardente e spa r r h o ! a , chufJada r . J O ano seg uin-te , altas horas da no ite, pelo garg alo dumagarrafa que rneu pai e 0 M anuel Raposo , urn des mhos do velhote, trouxeram de P a ymcje ,quando le i forarn buscar sacos, bons e barates,para rneterern 0 trigo. . . :B,OI1lS 'tem pos !; T empos que nao vo ltarn ...No dom ingo seguinte, porern, douradas\ as encostas de trigo, ja (0 Vehta-l0lrta,alcunka;que lhe ficou por .ter 0 narizcorn esse defeito,

    nos' contratou em V ale-dos-M ortos, levarrdo --nos para lei da A te .taia , .ern sentid o ~drq l'1teira.Os nossos companheiros eramtodos de Quin-tos, excepto 0 Chico Beldroeg as que era deBa,l ,eizao. Divertiu-nos tda a semanacorn pi-lherias, rnomices, anedotas e Iacecias, 0 quenos adocou os anim as bastante exaitades eorn 'as turras do V enta-Torta. A no ite, deitado s 1').0celeiro sabre esteiras, choviarn os cantos pi-eantes, refervendo maldade em todas as pala-vras. S6 de rnanha, extenuado ainda pelo tra-balho da vespera, a no ire parecia peqnena e 0corpo reclamava um descanso que nao , era'p errnitido oonced er-lh e.N a terceira sernana, ja no resto , sairnosem sentido contrario a anterio r: para oeste.Iam os s6 dois ceileiros, en e m el! pai;

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    andarnos, andam os, per essa no ite fo ra.. nos ape e a patrao a cavalo . fo i tal a jornada que.cheg am os a julg ar-nos a carninho do fim domundo ....F i nalm ente , v ie rnes para Serpa e traba lha -mos no monte do Pexo to onde ' ate havia guar-da-liv ro s e do is patro es que, por essas L isboas,gastavam diF lheiro a 'o io :id 'a. . M ais de cernhom ens, curvados, co rtavam os da terra ferazondas aurlferas de trig o muito mais alto do .'que n6s. ,Uma duzia de mo cas apeteciveis, comgrandes chapelroes na eabeca, p0lf c ima dolenco, embrulhadas em pesados abafos, de.botifarras valentes, meias espessas e saia erncalcao, abastecia de agua as nossas bocas se-quiosas pelos ardores do sol e fogosidades ciapalha: EraliR algarvias ~alre iras, aPF lo rte cio< l l'sno irrequietismo nativo da sua provincia alacree florida por urn calor africano mas fertilizantee indispensavel ao forte dominador daquelaterra ma ternal que paga bern os carinh os rece-'bids no sew amanhe.

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    v, Os barros e a Serra

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    ",$0 J OSB~RIWS E A SERRA,,m ol~, acobreada, que 0 charrueco vai desja-zenda ern terra produtiva para esta e desfazer '

    trn g r a o que da vida, f.Jn;a, V'i~or.,saude. Asrafzes das proprias olr.votes nao podem penetrar-fundo e espalham -se a superficie. .'N os barros, a terra e explorada para ren-der capital; na Serra e , pelo contrario , am ada:e cultivada, vivicia, para que a mesa s6hria naoescasseie 0 paD ROSSO de cada dia . .. Ali, e aempresa industrial agricola, com um cortejo deproletarios do campo; atqui e 0 eultive pessoal,feito e sofeido.pela pessoa-prcprietaria qu,e na

    ~err" procura 0 quirshao de t nMF l@b inerente- asua qualidade de W ho de Deus.Todos es habitantes da Serra primarn emter uma horta, extrernosamente cuidada, nabaixa de terra que lhes parece mais propfcia., ~ ,abrem ,a Ionte, cultivam rneia duzia de ba-tatas, qualquer hortalicasita, uma ou outra flor,alguma arvore de fruto: no arnanho dessa hortacondensam a sua sensibilidade e firm arr as suo sim tLiilc;@ es de ~estebs. 0 I, [romem cia J3eira owdo M inho saberia tirar melhor proveite dasoondicoes naturals do solo. Utilizaria a aguadas baixas para culturas adequadas; cultivando ,sobretudo, .os cereals, nao abandonaria as le-g IdN iles,'.Q .sv eg etais, es tubEn:~dllo s, 'e equilibm-ria ,aalimel 'lita< ;ao Iar inaeia com a alim.enta

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    05 BAR ROS E A SERRA 31ra eoes de todos as -nomens: casa para viver eP a ; 0 para com er., A S L l s t 3 J F I , c i a d @ regh:}ii)ealimenta~ a p r o x i -ma-se muito da d @ AI,e}ii)tejo: e '@ 1 > 3 : < 0 e 0 leite,quer de evelha Quer de cabra. N o f'empG das. ceiias, servers-no , com um as aeheg as aleivesasde ... agua, para fundir m ais, aos trabalhado -res, dentso de urn alguidar de fo lha no qual eles'mergulham em co rnurn as suas co lh eres depo isde lhe terem m igado sopas de pao. Avinag r91da,Q grao de bico, a acorda, 0 queijo e 0 meeste a desaparecer, com pl:dam a Hsta' d s ace-pipes regiQnais., N ao se tria barrig a nestas parag ens - salvoo Sr. Luciano, avis ram caractertstica de V ale--dos-M ortos ... - apesar de ninguern passarfo rne. Parece-m e que, em boa verdade, na. Se rra-de-Serpa , 0 hotn em com e para viver!

    . AI diligencia ,110 trabalho, trabatho arduo,nao deixa m edrar a ociosidade e opoe-se comexito ao egoismo repelente de sug ar as lagrimase o suor alheio q ,ne se nota onde o D ireito e asperias, ao servicerla prova e nao da verdade,imperam olirnpicarnente, sern freio e sem < ; : ' O ' V l S -ciencia, alaneeandd a alma que so ireem horne-rJagem a leis retrog radas, copiadas doutros po-V0S, c ao dinhciro que ruanda sofism ando iactoseadulterando certezas, Na Serra-d e-Serp a COl1-juga-se a Iiberdade com a ordern, a justica earna moral, 'num todo qw..e nao precisa magis t ra-

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    tura, onde 0 hom ers, sendo urna pessoa, naose dbarida-lha nas maosde qualquer dignitari'o. com man6culQ) ou scm ele ! .. ' E ' q W , na Serra- de -Serpa, 'nao l1 a q u e ~ ,adulto au crianca, nao preste 0 seu COf i1C I !HSO aobra com um , adquirindo 0 habito de trabalharpouco rnenos que a beira do berco , M aus exern-. plo s de mandriice e pecha estranha que ali naoenr'~ iz~ . . . '

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    VI r-. \ . "

    .As ceifasPo t.oliilaa pa:rte onde predom ina a C u l t U F 3ce~eaHfera, ,Q S tf:.am:alhes rurais ~ti'lil;gern 0 a e u m e

    li la epeca la's eei;fas. A, Serra-de-Serpa nao po-dia ser um a \eKC e~C aO . \_' , !Durante G fim do verao e 0 Ol!lltOJilO, 0 chefeI da familia com a s f i , l I l lO S , rnuito d ific iimen te. com urn auxiliar estfanhe, va,j alq ueivando 'as Iencostas para que e restolho e as ervas secasapedrecam sob a terra queim ada pelos raio ssolares enquanto e frio a eresta do outre lado.'Utria Ql!J duas r>allelhas de muares,' as vezes deburros, ' f ; 1 U ) ' { 2 H l i l oltltr'os talY lt@ s eharrueoos que, \todos os atl0~ arra:rnc:~rtrJmai,s ~]:~t1I'1Se~timetfosa safra, de ~apare:nc '1aestertJ, . ;paulahl11amet:l~emo ida ,em leiva. feritil oom a ajuda d os elernen-tos clim aficos. .As senie tl,te iras s . a C ) ) feitas pelas rnesmaspessoas, com ' as m esm as parelsas pnxando osmesmos instrumeetos.Ao trabalho agricola Icomo a .n i m a ls fidal-

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    ~ 34 , AS- CEIFAS

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    gas, so escaparn as eguas encarreg adas de criar111ulos valentes ~ de condazir 01 dono aonde asnecessidades da vida 0 chamarn. N0 el'ltanto,

    , 0 lornbo d ' o s machos e estofo segure utilizadopar ambos QS sexos, m esm o ern osso ,' mas ilia-r ills lides campestres. 'O s terrenos fo lg ados destinam -se ao trig o,no resto lho do qual, rnenos exlg entes, se daobern a cevada e a aveia. ',As encostas , ond e a erv ilh aca naomedra,carecem de fracas mondas: e a's baixas, rnaisabundactes: deervas ruins, destinarn-se-a. feno, e , 'po r isse, S~Q sem eadas de ceeada ede aveiaque em maio , carreg adas - de sem ente ___ :, se-m ente pro pria e ada erva->, tompam,a-golpesde fo ice, para- reg ale dos anim ais am ig os, du-ranteos meses ing rates. ' ,E ' .sem pre pelo feno que a tarefa p rincip ia.

    Aos poucos, a Serra anima-se para urnm ovim ento de tres a quatro - semanas, passadase m horas contmuas de iebreIaberiosa, A con-formacao do terrene e '0 relativarnente Fe.duzid'gdas extenso es cultivadas POy eada lsvrador nao.consentern ,0 usa de rnaquirras. 0 brace do,hom em e a recurso adequado ao eondtcionalis.rna ambiente, ' " -, Todos as hornens fazern a m esm a quanti-dade ...de-t rabalho. . Marcado 0 lanco de. searap ara cadaeito , urn . homem 'lonracGn tad c'tr.es,,-

    , ' .. ' '~ , ' . ' - ' " \' ', . ,~ " _ , . _ -

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    P iS GR IF , AS .

    marg ens (1); eo leca a do meio entre as duas.pernas, dando uma ceifadela em cada uma, aeom ecar pela da direita;e as gavelas va i-as dei- .xando apos si em paveias. Em seguida a ele,'torna outro novas tte.s rnargens, "colocando as. 'gavelas s6bre. as ao preeedente, para o que. basta estender ligeiramente 0 brace para a es-querda. 0 terceiro precede de iguallll1QI.\i@ ,oma sim ples dif'erenca de fazer novas paveias corn-pletadas pelo quarto. Em cheg ando ao Iim ,volta-se ao principioe assim sucessivarnente ..O s rapazes, as rnulheres e os velhos, podende (memos qlue~o s hom ens e tendo que acompanhar"a' sua rnarcha, tornarn a seu cargo s'o duas mar-gen-s; e , IfIllando muit@ novos ou quando rapa-riguitas, ate uma Ihes basta. ' IEsta disposi~a0> de trabalhoe muito .pro-veitosa para cslavraderes po r varias razoes.Po r u r n lado , viste que 0 ceifador da frent naopod e d eixar-se ultraIDftSSar pelos qH e 0 seguelilil,'o dOIlO, os filhos ou filhas, e a s vezes uns ter-ceiro s secre tamente pago~ para isso , teem pos-sibilidade de apressar todos ( \)S restantes, man-tende-o s de empreitada desde rnanha a no ite ..Elil1 Vale-dos-Mortos e de use. co lh erem -se in-

    (1) Margem-re'/,o abert6 pelo charrueco na alturada sernenteira, Em muitos pontos do Alentejo, 'a ceifa naose faz '0 margem, mas a eito, No primeiro caso, os hornensceifam uns atras dO$ ~utros;' no segundGI.tins ao [ado desoutros . .

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    ",]6. .:. "~.

    formacoes sebre se 0 patrao dperta;junto .dos... que 0 serv iram em anos anteiiores. Porquetodos Iog em cl,esse~tais, pel as suas ex ig enciasde trabaihn, .a lei das c0rnpenSa~(J .~s Ieva-os, ,nog eral, a pag arein melhor , As mocas, suas- filh as,.pelas excepciorrais condicoes de malheres->ceifando as' duas margens e) pujantes de vida,tendo Mf(;a CGm@ hornens-xservem , a rnaravilha, para estimular 0 esforco alheio . D epois, a oeifaa margem perrnite, sobretudo, que haja umjusta equilfbrio entre ( 1 ) trabalho de Gada' qual ea respectiva reraurseracao . A s tres marg ens queurn hame.l1tI ei'fa:equivalem a : umid'aoe da joma, ,duas rnarge ,l'ls co rte spomldem a deis tetf,;os, e 'uma soa urn terce, E " justa esta propcrcaoeperrnite que ninguenffique prejudicado .. A tras do corte veern os atadores, urn ournaisvque e usa sero dono ou alg uns dos fiIhos.No rest6l.h o Hearn rnuitas espigas cafdas;e, para que riada se perca, 0 rebuseo ~econti ado ,aos rebanhes de oveihas e de ' cabras que algumvelho te ou alg um filho rnais novo apascenta,No rescaldo, quandc nada parece fer escapade,. surg em osporcos -que, revolvendo a' terra, nernes celeiros das formigas pC!>upanc:. "

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    V I I

    '.,' -

    Formacao espiritual/

    \, Nil altura que eonheci a Serra ~,e cenhe-ci-a sob todos es aspectos - a ,pior irnpressaoq,ue me f i e Q lr 1 f@ i a ill!lseID!ci~ de, i g r . e j ' a edees-, co la. Nae havia padre, nem {D f0f\essorque,alumiassern as alm as, rudes na sua franqueza,e, de futuro, pelo menos no problema escolar,a' so lucao ha-de ser d ificil, se atender inos a sdistancias e a situacao essencialmente dispersadas habitaeoes. ' ,

    Medieo, se a m uitas leg uas, tao longe quea , t e as doencas g raves se afastam , buscandonas cidades melb@r paste para se desenvol- ', ,M erem e I' propagarerra 0 que vale e qNe, a'reg iao e saudsvel-> ares puros e boas lag uas -e a rebustes das pessoas deneta viteria deci-siva sabre os g errnes pato log icos, pelo 'que nema bo ticanem 0 douto r deviarn governar-seaii,onde as 'rnazelas doprogresso, co rnos requin-tes de ' civ ilizacao abstruza, nao raquitizaram osindivfduos, As sociedades novasestao irnuni-

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    .\~dhlas e des e spos os , ei1h:e si. Acontecendo,as vezes, a fatli}H ia, .devide. as condicoes domeio,: ter .um caracter. de mancebia segundo a .douhiii la catoiica, os seus dais membres persis-tern , no entanto , inalteravelrnente fiieise lig a-.' do s ate.a. m orte . Percerreado a Serra emtodos os seritidos, nao ouvi falar num. unico. adulM rio , naD obstante ho rnens e m ulheres? .serern feito s da mesma carne Iraea de todosnos.. 2 . A . que atribuir 0 facto? . D ecerto , apurezada fam ilia na Serra-de-Serpa r@ smitadaconforrnacao de do is seres de sexo diferenle-duo in carn e una --:-no mesmo -destino terrene,a:iace dos sentirneutos e das necessidades natu-rais, .e .nao, como heje e reg ra, urn negoeiovantajoso ou a maneira mais facil e rnenesreparada .de dais ind ivfduos se eng anarem mu-tuarnente ...Nao seraa co rrelativas: m as a verdade eque a saude moral ornbreia com a saude docorpo e a robustes tfsica neste rincao ig no to daPatr ia portuguesa. .Paralelarnente, tarnbem nao sao precisosm ag istrados para castig ar. Na Serra, 0 f0rodes juizes nao: erreontra materia para a bitolafria dosseus c6dig os ap licada geornetricarnente,para' alern do Intimo intencio nal au da ,vontadede cada urn que, pOI' ai, e elassificado de crirni- ,. nG lSO por circunspectos escravos de p arag rafo snum erados ...

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    o .ensino das primeiras letras - que nin-guem ultrapassa --- e todo familia,r' e, apesardisse, e quasi--tao freqdente encoasrareer-se 'pessoas 'que saiba1if1ler com o no reste do pafs.A assiste lilda e cle siastica e os ofic io~ d iv i-n0.S, com a organiza~ao paroquiall, sera tarefa "mais facil de resolver - porque os adultos, acavalo, se deslo carn com bastante I ac ilidade - ',-do que 0 estabelecim ento da rede esco lae.Tudo depende da accao rnissionaria a que apopulaeao seja submetida e da m edida em queela se cOli1veiil~ada necessid ade de putbl icam.ente, pfes~af C l ! 1 i 1 i t@ a Dells.' .

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    , Ha eoisa de oi,tenta anos, toda a Serra eram atag al espesse, cheio de' anima-is ferezes-e-lobes e javalfs _ ' e jnfestada de saltcadores,o~F1i:mnd()sstes -de entre os que a lei apalil,1W aranas suas m alhas tertuosas, 0 apelativo deV ale-des- M ortos - 0 povo diz Murtos.-vemde, ne local ern que se erg ue a flo rescente po -voaeao., terem apareeido assassinades, em rnaisduma ocasiao, aigl!1ns viand/antes destemidos,que se aventuravarn, de carteira farta, serngrande com pan hia , ao s carninaos que per aUpassavarn Os contrabandistas, ateitos ,as noi-tadas, ao s eo rreg ss fnv ios e quem sabe.se pac-tuados corn 0Ma~arFico, e-que sernpre t r i , l f u a r ~ i ' F I 1 l -a Serra, em tedes os tempos e em todas a'sdireeco es, escapando -se ' a , pontaria ternlvel da, g uarda fiscal. . . '

    , A ctualment.e, ao rnatagal sueedeu P trig6,a cevada e a a veia : aes anim als ierozes ali)\te-, poern-se equideos, sufnos, g alinaeeos.tovelhase cabras i aos ladroes assassinos exputseu-o s a

    VII lEvolucao historica

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    comunidade, so lidaria, pulsando ern unfssono ,labo rio sa, optirnista, confiante nos seus desti-nos, oF 'gw lhosa da vitoria alcancada sobre. aterra selvagern, salubre, fucusda, aA l!i'g a: eatraente, sorrindo a quem passa, Iresea e .pro-rnissora como os encantos das suas lindasmocas - feliz e deliciosa reeornpensa de arnorpara 0 c@ !V panheiJio que trabalha e produz.',Em cerea de quarenta a~os, desde. 19p6 ~a_esta parte, 0 brace do hornem conseguru 0 rru-lagre de fFansformar, pelo suor de rosto, 0terrene poore -e agreste na rnesse fecundada@Qtll ~ue Q CFiadot 0 'g alard0a ao f1rn de' cadaepoca.' ,~Qua l @ futuro da Serra?o sub-solo e de natureza mirreraf -cdoque as m inas de S. Dorning9s, ao suI, consti-tuer.n u r n bom testernanho . T m l 'a via , salvaesse caso 0 povo vive exclusivarnente da ag ri-eultura. V ale-dos-M ortos esta em con stantedesenvolvirnento , tendo ja h oje urn eo nsideravelrnovimento eomercial e duas aeterias principais, .apesar d e rudimeneares, que levam a Serpa' e aM erto la. E provavel que os ag reg ados popula-cionais de V ale-dos-M ortos e S. Dom ingos-,o ag rlco la e 0 industrial _ :_ se equilibrern com oa ag ricuItura e a industda, ambas necessarias avida ainda que desigualmente, hao de equili-brar a existencia hurnana.E de esperar tarnbern que a .Ig reja e 0 Es-

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    ,tado vao ao encont ro do t rabalho particular,ajudando oshabitantes na.rsua Iaina que e jaquasi .uma epopeia de sacrificios e de triunfos,a p ri.rBe ira eonstraindo temIP10s de. Dens e f@F-necendo padres, 0 segundo rasgande estradascriando escolas e m arrdando para la professores- urna e outre, de maos dadas, empenhando-seeA t abrir t }

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    NotaI - A Serra Social "II - Geografia fiiiclil e humansHI - Vale-dos-Mortos " I ."IV - Linguagem e eostumes " ", V - 0 . : 1 batF@s e :lSerra"VI - As ceifas "V~I - Fortuacdo' espiritual "VIn - Evolucao historica.

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    Cbrporatismo-Prolegomenos filo-s6ficbs de Ordem Nova em Portugal,per Jorge Vernex. Algumas opinioes insuspeltasde conhecidos escritores:

    8ideolegia e a organica do Estado portugues con-tinua em grande parte por estudar e principalmente pordivulgar objectivarnente ( .. ) Alern do folheto de JorgeVernex (em 1945) de vulgarizacao nada mais se publieoue.DR. DURVAL PIRES IDE LIMA, in Dlario

    da Manka . e UUl livro corajoso. Lembro-lhe, porem, quenem todas as verdades se podem dizer. E perigoso sersincero e ter ideias au opinices que se afastem do com am..,1. que 0 meu caro Camarada nao venha ainda asofrer por causa do seu desassombro e das suasconviccoes.

    DR. MARIO GONQALVES VIANAGdstei multo dele, da coragern, do desassembro, daclareza e da ordenacao das ideias.

    CAPITAO JOSE GON