a lenda de su
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Trecho do livro A Lenda de SuTRANSCRIPT
Tiago de Melo andrade
A LendA de Su
ilusTrações • Cláudia Kfouri
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ilusTrações • Cláudia Kfouri
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Obra conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Ilustrações: Cláudia KfouriProjeto gráfico: Raquel MatsushitaDiagramação: Leslie Morais | Entrelinha Design
Direitos de publicação: © 2013 Editora Melhoramentos Ltda.© 2013 Tiago de Melo Andrade
1.ª edição, 4.ª impressão, dezembro de 2014ISBN: 978-85-06-07145-8
Atendimento ao consumidor:Caixa Postal 11541 – CEP 05049-970 São Paulo – SP – BrasilTel.: (11) [email protected]
Impresso no Brasil
editora Melhoramentos
Andrade, Tiago de Melo
A lenda de Su / Tiago de Melo Andrade. São Paulo:
Editora Melhoramentos, 2013. (Conte outra vez)
ISBN 978-85-06-07145-8
1. Literatura infantojuvenil brasileira. I. Título. II. Série
13/053 CDD 869.8B
Índice para catálogo sistemático:
1. Literatura infantojuvenil brasileira 869.8B
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Aos meus pais,
que sempre estiveram comigo
no caminho das letras.
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I Ha muito, muitotempo, houve um lugar,
um pequeno reino chama-
do Su. Simplesmente Su.
Lá habitava um povo que
havia milênios vivia de ma-
neira modesta, dócil e servil.
O mesmo não se podia
dizer de seu rei. O monarca
gigante não era nem um pouco modesto. Tinha três
vezes a altura de um homem comum, era muito velho
e muito sábio. Conhecia tudo. Os mistérios mais inde-
cifráveis, os conhecimentos impossíveis.
Até a Morte era ignorante perto dele. Ano após ano,
ela vinha, batendo suas asas negras, carregando a imen-
sa foice, que já ceifara milhões em guerras e pestes.
O Sábio não se abatia; permanecia firme. Não de-
monstrava nenhum sinal de medo diante da carranca
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da Morte, não tremia nem suava. E ela, que parecia um
gigante indomável, logo ficava humilhada diante da
imensidão do conhecimento do Sábio.
Todos os anos, a Morte passava pelo vexame de ten-
tar colocá-lo em sua barca. O Sábio sempre escapava e
se mostrava maior que tudo, quase um deus.
Apesar de não ser deus, ele se portava como tal.
Deus do mal! Arrogante e pernicioso. Vestia-se com
uma longa túnica que cobria o alto e esguio corpo
e, lá do alto de sua sabedoria, olhava, opressor, para
um povo sofrido, que padecia com seus desmandos
e caprichos.
Às vezes, o Sábio queria degustar comidas exóticas.
Então, mandava chamar o líder dos caçadores.
– O que deseja Vossa Majestade?
– Eu quero comer omelete de ovo de orni-torrinco.
– Ovo de quê?
– Ornitorrinco, ignorante! Um mamífero que bota ovos. É um animal raro.
– Onde posso encontrar ornitorrincos, Majestade?
– Você vai achá-los nos lagos da Tasmânia. Esse animal se parece muito com um castor. Agora vá, que tenho fome!
– Se é a vontade de Vossa Majestade, amanhã cedo
terá vossa omelete.
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Quase toda semana, o rei queria também ter algo
muito precioso. Então, mandava chamar o chefe
dos guerreiros.
– O chefe dos guerreiros se apresenta para servir
Vossa Majestade.
– Meu bravo guerreiro, esta noite sonhei com uma cornucópia. Foi um sonho tão bonito que desejo torná-lo real. Quero que procure uma cornucópia para mim.
– Ficarei muito honrado em encontrar uma cornu...
cornu...
– Cornucópia! Cornucópia é um vaso em forma de chifre, do qual saem, sem cessar, frutas e flores. É o símbolo da fertilidade, da fartura e da abundância. Fonte de riqueza e de felicidade.
– Onde posso encontrar tal vaso, Majestade?
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– Você terá que navegar pelos mares do sul até chegar a uma ilha. Nela há um templo; no seu interior, está a cornucópia. Traga o vaso e me torne o rei mais rico do mundo.
– Partiremos hoje mesmo, Majestade. Ao fim de três
meses, terá vossa cornucópia.
Era assim: se o Sábio queria alguma coisa esquisita,
o povo havia de satisfazer sua vontade. A sorte era que
ele sempre sabia onde tudo estava, ainda que muito
longe. Bastava ir buscar e torcer para que no caminho
não houvesse perigos ou algum monstro que o Sábio
tivesse esquecido de mencionar.
Pobre povo! Esperava, havia gerações, um alívio para
o seu sofrer, mas a Morte nunca levava o déspota escla-
recido que os atormentava, numa ditadura sem fim!
No entanto, pensavam todos que, se um dia a Morte
fosse mais esperta e tirasse a vida do Sábio e eles
ficassem livres, essa liberdade seria como uma bela
flor noturna que murcharia ao amanhecer, pois o povo
dependia da sabedoria do soberano para sobreviver.
Onipresente, o Sábio dizia tudo o que deveria ser
feito e como seria. Era ele quem sabia qual o melhor
dia para plantar e colher. Detinha o conhecimento do
tempo e dos astros, dizendo com precisão em que dias
bateriam à porta os rigores do inverno e as tormen-
tas do verão. Possuía também o talento de curar, indi-
cando o remédio preciso para cada doença. A vida do
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povo dependia do Sábio. Por isso, apesar da falta de
liberdade, os súditos não podiam desejar a morte do
soberano, pois era o mesmo que desejar o próprio fim.
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II Todos os dias,Sua Majestade sapiente
concedia aos seus súditos
uma oportunidade de dia-
logar com ela. Era a chan-
ce que o povo tinha de lhe
pedir benefícios.
Do trono de ouro, o dés-
pota escutava, com ouvi-
dos bem atentos, cada humilde súdito que a ele se
dirigia. O pedido era sempre negado. Mas algo pior
poderia acontecer ao súdito se ele dissesse qualquer
coisa errada; uma palavra mal pronunciada, um “s” a
menos, já eram motivo para que o Sábio submetesse o
plebeu inculto a uma longa sucessão de humilhações,
reduzindo-o a nada.
O rei sentia prazer em chamar alguém de burro. Tal-
vez porque, debochando dos plebeus, se sentisse mais
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