a formação do terapeuta ocupacional e seu papel no núcleo de apoio à saúde da família

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Autor para correspondência: Andréia Carolina Santos de Lima, Núcleo de Apoio à Saúde da Família, Unidade de Saúde da Família Maranguape II A, Rua 93, 61, CEP 53400-000, Paulista, PE, Brasil, e-mail: [email protected] Recebido em 5/7/2012; 1ª Revisão em 7/3/2013; 2ª Revisão em 6/5/2013; 3ª Revisão em 15/7/2013; Aceito em 4/9/2013. ISSN 0104-4931 Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 22, n. 1, p. 3-14, 2014 http://dx.doi.org/10.4322/cto.2014.002 Resumo: O objetivo é identificar o papel e a formação de terapeutas ocupacionais atuantes no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) do Recife, PE. Trata-se de pesquisa exploratória, de abordagem quantitativa, realizada em 2011 com dez terapeutas ocupacionais, sendo os dados obtidos mediante questionário autoaplicável. Para as entrevistadas, o papel do terapeuta ocupacional é oferecer atenção integral com enfoque no desempenho funcional, prevenção de incapacidades, reabilitação e inclusão social. Nos casos acompanhados, o apoio matricial é a mais frequente atuação do terapeuta ocupacional junto às equipes de saúde da família de referência. Os espaços comuns para intervenção são a Unidade de Saúde da Família e o domicílio dos usuários, sendo a pouca efetividade das políticas públicas a maior dificuldade referida pelas entrevistadas para o trabalho no NASF. A formação das terapeutas ocupacionais é generalista, mas para 70% das entrevistadas não é suficiente para atuação no NASF; e, entre as que desejam receber formação, os temas apontados se referem à atenção primária, programas e políticas de Saúde. Conclui-se que o papel do terapeuta ocupacional no NASF do Recife é entendido por suas atribuições específicas no desempenho funcional e na prevenção de incapacidades, configurando-se o núcleo da profissão e a atenção integral à saúde das pessoas e à inclusão social como atuação conjunta com os demais profissionais no campo da atenção básica. A formação para as terapeutas ocupacionais entrevistadas mostrou-se insuficiente para a atuação no NASF, sendo essa uma nova área para atuação e atualização desse profissional. Palavras-chave: Terapia Ocupacional, Saúde da Família, Atenção Primária à Saúde. e vocational training of occupational therapists and their role in the Family Health Support Center (NASF) in Recife, Pernambuco State Abstract: The objective of this study is to identify the role and training of occupational therapists in the Support Center for Family Health (NASF) in Recife, Pernambuco state. It is an exploratory research of quantitative approach performed with ten occupational therapists in 2011; data was obtained by self-administered questionnaires. According to the interviewees, the role of the occupational therapist is to offer holistic attention focused on functional performance, prevention of incapacities, rehabilitation, and social inclusion. Matrix support is the most common type of support provided by occupational therapists and Family Health teams to the monitored cases. The most commonly used places in these interventions are the homes of patients and the Family Health Center. The small effectiveness of public policies was mentioned as the greatest difficulty. In spite of the general character of the vocational training provided, it was considered insufficient for the NASF by 70% of the interviewees. The need for themes such as primary health care and health programs and policies was highlighted by those who wanted to be trained. We conclude that the role of the occupational therapist in the NASF is based on specific attributions in functional development and prevention of incapacities. The core of the profession, holistic health care, and social inclusion are considered attributions in common with those of primary health care workers. Vocational training as preparation for working in the NASF was considered insufficient by the interviewees, once it is a new area for professional acting and updating. Keywords: Occupational Therapy, Family Health, Primary Health Care. A formação do terapeuta ocupacional e seu papel no Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF do Recife, PE 1 Andréia Carolina Santos de Lima a , Ilka Veras Falcão b a Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Jaboatão dos Guararapes, PE, Brasil b Departamento de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Recife, PE, Brasil Artigo Original

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FORMAÇÃO EM TO

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  • Autor para correspondncia: Andria Carolina Santos de Lima, Ncleo de Apoio Sade da Famlia, Unidade de Sade da Famlia Maranguape II A, Rua 93, 61, CEP 53400-000, Paulista, PE, Brasil, e-mail: [email protected] em 5/7/2012; 1 Reviso em 7/3/2013; 2 Reviso em 6/5/2013; 3 Reviso em 15/7/2013; Aceito em 4/9/2013.

    ISSN 0104-4931Cad. Ter. Ocup. UFSCar, So Carlos, v. 22, n. 1, p. 3-14, 2014 http://dx.doi.org/10.4322/cto.2014.002

    Resumo: O objetivo identificar o papel e a formao de terapeutas ocupacionais atuantes no Ncleo de Apoio Sade da Famlia (NASF) do Recife, PE. Trata-se de pesquisa exploratria, de abordagem quantitativa, realizada

    em 2011 com dez terapeutas ocupacionais, sendo os dados obtidos mediante questionrio autoaplicvel. Para as

    entrevistadas, o papel do terapeuta ocupacional oferecer ateno integral com enfoque no desempenho funcional,

    preveno de incapacidades, reabilitao e incluso social. Nos casos acompanhados, o apoio matricial a mais

    frequente atuao do terapeuta ocupacional junto s equipes de sade da famlia de referncia. Os espaos comuns

    para interveno so a Unidade de Sade da Famlia e o domiclio dos usurios, sendo a pouca efetividade das

    polticas pblicas a maior dificuldade referida pelas entrevistadas para o trabalho no NASF. A formao das

    terapeutas ocupacionais generalista, mas para 70% das entrevistadas no suficiente para atuao no NASF; e,

    entre as que desejam receber formao, os temas apontados se referem ateno primria, programas e polticas

    de Sade. Conclui-se que o papel do terapeuta ocupacional no NASF do Recife entendido por suas atribuies

    especficas no desempenho funcional e na preveno de incapacidades, configurando-se o ncleo da profisso e

    a ateno integral sade das pessoas e incluso social como atuao conjunta com os demais profissionais no

    campo da ateno bsica. A formao para as terapeutas ocupacionais entrevistadas mostrou-se insuficiente para a

    atuao no NASF, sendo essa uma nova rea para atuao e atualizao desse profissional.

    Palavras-chave: Terapia Ocupacional, Sade da Famlia, Ateno Primria Sade.

    The vocational training of occupational therapists and their role in the Family Health Support Center (NASF) in Recife, Pernambuco State

    Abstract: The objective of this study is to identify the role and training of occupational therapists in the Support Center for Family Health (NASF) in Recife, Pernambuco state. It is an exploratory research of quantitative

    approach performed with ten occupational therapists in 2011; data was obtained by self-administered questionnaires.

    According to the interviewees, the role of the occupational therapist is to offer holistic attention focused on functional

    performance, prevention of incapacities, rehabilitation, and social inclusion. Matrix support is the most common

    type of support provided by occupational therapists and Family Health teams to the monitored cases. The most

    commonly used places in these interventions are the homes of patients and the Family Health Center. The small

    effectiveness of public policies was mentioned as the greatest difficulty. In spite of the general character of the

    vocational training provided, it was considered insufficient for the NASF by 70% of the interviewees. The need

    for themes such as primary health care and health programs and policies was highlighted by those who wanted to

    be trained. We conclude that the role of the occupational therapist in the NASF is based on specific attributions in

    functional development and prevention of incapacities. The core of the profession, holistic health care, and social

    inclusion are considered attributions in common with those of primary health care workers. Vocational training

    as preparation for working in the NASF was considered insufficient by the interviewees, once it is a new area for

    professional acting and updating.

    Keywords: Occupational Therapy, Family Health, Primary Health Care.

    A formao do terapeuta ocupacional e seu papel no Ncleo de Apoio Sade da FamliaNASF do

    Recife, PE1

    Andria Carolina Santos de Limaa, Ilka Veras Falcob

    aUniversidade Federal de Pernambuco UFPE, Jaboato dos Guararapes, PE, Brasil bDepartamento de Terapia Ocupacional,

    Universidade Federal de Pernambuco UFPE Recife, PE, Brasil

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    4 A formao do terapeuta ocupacional e seu papel no Ncleo de Apoio Sade da Famlia NASF do Recife, PE

    1 IntroduoEm 1978, durante a Conferncia Internacional

    sobre Cuidados Primrios de Sade, foi elaborada a Declarao de Alma-Ata, expressando a necessidade urgente da promoo da sade por parte de todos os governos. A conferncia enfatizou que a meta mundial seria garantir condies saudveis para a populao, o que requer uma relao intersetorial entre as polticas pblicas, considerando a promoo e proteo da sade como imprescindvel para o desenvolvimento socioeconmico e para a melhor qualidade de vida e a paz mundial (DECLARAO..., 1978).

    Associando-se aos intensos movimentos e s lutas pela democracia e melhoria das condies de vida, contemporneos Reforma Sanitria e ampliao do conceito do ser saudvel, as autoridades brasileiras se comprometeram com a meta aprovada em Alma-Ata (COSTA; MIRANDA, 2008-2009). Segundo o artigo 196 da Constituio Federal Brasileira (BRASIL, 1988):

    A sade direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais e econmicas que visem a reduo do risco de doena e de outros agravos e o acesso universal e igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e recuperao.

    Apoiado nesse conceito ampliado e visando conferir o acesso universal e igualitrio aos servios e tendo como prioridade a ateno primria sade, o Sistema nico de Sade (SUS) assegurado como poltica de Estado pela Constituio Brasileira, sendo regulamentado pela lei 8.080/90Lei Orgnica da Sade (BRASIL, 1990a) e pela lei 8.142/90, que dispe sobre o controle social no SUS (BRASIL, 1990b). O SUS criado num cenrio que busca novos modelos assistenciais, trazendo a diversificao dos servios, a qualificao dos recursos humanos e mudanas na natureza do trabalho (COSTA; MIRANDA, 2008-2009).

    O SUS tem por objetivos a promoo, preveno e recuperao da sade, com base nos princpios de universalidade, equidade e integralidade. Sua organizao tem como diretrizes a descentralizao, a hierarquizao, a regionalizao, a participao social e a complementaridade pelo setor privado (BRASIL, 1990a).

    Em um cenrio de desafios para atender aos objetivos propostos tanto na Declarao de Alma-Alta quanto na Reforma Sanitria, o Ministrio da Sade implanta em 1994 o Programa de Sade da Famlia (PSF), tendo como meta a reorganizao e a reestruturao da ateno bsica (NASCIMENTO;

    OLIVEIRA, 2010). O PSF, por meio de aes de promoo, preveno e recuperao da sade, um recurso para melhor alcanar a integralidade e resolubilidade do SUS (SILVA; TRAD, 2004-2005; NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).

    A partir dos anos 2000, o PSF se expande e se consolida nacionalmente, assumindo a denominao de Estratgia de Sade da Famlia (ESF) e a funo de ser a porta de entrada da rede e de reorientar o modelo brasileiro de ateno Sade (BRASIL, 2006). As aes esto sob a responsabilidade da Equipe de Sade da Famlia (EqSF), formada, pelo menos, por um mdico de famlia ou generalista, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e at 12 Agentes Comunitrios de Sade (ACS) (KELL; SHIMIZU, 2010). Se ampliada, a equipe conta ainda com profissionais de sade bucal e de outras profisses, de acordo com as definies locais (BRASIL, 2011).

    A ESF operacionaliza-se atravs do trabalho em equipe, responsvel por famlias em um territrio adstrito, da formao de vnculo e da responsabilizao entre profissionais e populao, apontando para um reordenamento do modelo de ateno e das prticas em sade (COSTA; MIRANDA, 2008-2009). Tambm a integralidade e a interdisciplinaridade como princpios e diretrizes do SUS e das polticas que respaldam o trabalho da Estratgia de Sade da Famlia (BRASIL, 2009) requerem a ao de outros profissionais em conjunto com a equipe de referncia, configurando-se o apoio matricial como um novo arranjo organizacional do trabalho. Nesse sentido a Equipe de Sade da Famlia assume a responsabilidade integral pelo usurio e, quando necessrio, busca em outro servio ou equipe especializada, chamada de apoio matricial, a complementao de conhecimentos e formas de cuidado (BRASIL, 2004b; 2006; NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).

    O apoio matricial como ferramenta da humanizao considera a singularidade das necessidades de sade dos sujeitos e a responsabilizao da Equipe de Sade da Famlia pelo cuidado. A concepo de apoio matricial oferecer a retaguarda assistencial ou tcnica pedaggica, funcionando como uma metodologia para diminuir a fragmentao do sistema de sade e ampliar a interdisciplinaridade, porque favorece a comunicao entre os profissionais e os servios (BRASIL, 2004a; CAMPOS; DOMITTI, 2007).

    As experincias com o apoio matricial foram vivenciadas no Brasil, com a reforma do modelo assistencial e o fim dos hospitais de internao psiquitrica e nos servios de ateno bsica,

  • 5Lima, A. C. S.; Falco, I. V.

    Cad. Ter. Ocup. UFSCar, So Carlos, v. 22, n. 1, p. 3-14, 2014

    especialmente em Campinas, SP, e, a partir da, surgem experincias em outras cidades e em propostas de programas do Ministrio da Sade como o Humaniza-Sus (BRASIL, 2004b), nas quais o apoio matricial uma das ferramentas de organizao e desenvolvimento do processo de trabalho (CAMPOS; DOMITTI, 2007; FIGUEIREDO; ONOCKO, 2008; DIMENSTEINetal., 2009; BRASIL, 2009; CAMPOS; GUERREIRO, 2010; CUNHA;CAMPOS; 2011).

    Seguindo nessa lgica de expandir a resolubilidade e humanizar o cuidado na ateno bsica, o NASF criado em 2008 como estratgia potencial de fortalecimento da ESF, ampliando sua abrangncia e a diversidade de aes e, consequentemente, sua eficcia e eficincia, atuando em conjunto com as equipes das unidades de sade da famlia e sob a responsabilidade delas, compartilhando e apoiando as prticas no territrio (BRASIL, 2008a; BARBOSAetal., 2010).

    Um marco importante para demarcao do espao do NASF no mbito da ateno bsica foi consolidado na nova Poltica Nacional de Ateno Bsica, que ao reafirmar o seu papel de organizador das aes de sade, ressaltou a multi e interdisciplinaridade e o compartilhamento de aes essenciais aos profissionais da ESF como tambm do NASF (BRASIL, 2011). A equipe do NASF essencialmente multidisciplinar. Entre as diferentes profisses que integram essa equipe encontram-se fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, mdicos, profissionais de educao fsica, nutricionistas, farmacuticos, assistentes sociais, fonoaudilogos e psiclogos, conforme as necessidades particulares de sade, vulnerabilidade socioeconmica e perfil epidemiolgico de cada regio de abrangncia (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).

    Com vistas a revigorar as diretrizes de interdisciplinaridade, intersetoria lidade, conhecimento de territrio, integralidade, controle e participao social, educao permanente em sade, promoo da sade e humanizao, o NASF vem desenvolvendo aes que contemplam o coletivo, que se propem a superar a lgica fragmentada de ateno sade para a construo de redes de ateno e cuidado, colaborando para o alcance da integralidade (MNGIA; LANCMAN, 2008; BRASIL, 2009; BEZERRA, et al, 2010; MENEZES, 2011; MOLINI-AVEJONAS; MENDES; DE LA HIGUERA AMATO, 2010).

    A operacionalizao dos NASF deve priorizar o atendimento compartilhado e interdisciplinar, com troca de saberes, capacitao e corresponsabilizao, utilizando como recursos estudos, discusso de

    casos e situaes, projetos teraputicos, orientaes e atendimentos em conjunto, englobando apoio tcnico-pedaggico e/ou assistencial (BRASIL, 2009).

    O processo de trabalho do NASF depende de ferramentas que se articulam com os dispositivos propostos pela Poltica Nacional de Humanizao, como a Clnica Ampliada, o Apoio Matricial, o Projeto Teraputico Singular (PTS), o Projeto de Sade no Territrio e a Pactuao de Apoio. A estratgia essencial dentro da lgica do NASF a criao de uma rede de cuidados (BRASIL, 2004a; 2009).

    Em 2009, um ano aps a sua criao, o Brasil contava com 648 NASF, o que representou um avano importante na ateno bsica, medida que significam novas formas de melhor cuidado populao (MOLINI-AVEJONAS; MENDES; DE LA HIGUERA AMATO, 2010; BEZERRA et al, 2010; MENEZES, 2011). Do mesmo modo que, nos ltimos 20 anos, a implantao da ESF ocorreu paulinamente e com crescimento bastante varivel, assim tambm parece ser a trajetria do NASF.

    Verificando-se como esse processo ocorreu na cidade do Recife, PE, encontra-se que em 2001 a cobertura populacional era de 5,02%, com 27 equipes, e que em 2010 a cobertura atingiu 54%, com 255 equipes. O Plano Municipal de Sade do Recife 2010-2013 define como meta atingir a cobertura de 70% at 2013, estando um pouco alm de 60% em 2012 (RECIFE, 2010).

    Quanto s equipes NASF, a Secretaria de Sade do Recife implantou at junho de 2010 14 equipes, distribudas por quatro dos seus seis Distritos Sanitrios (Distritos Sanitrios I, III, IV e VI), chegando no ano seguinte a 20 equipes NASF em todo o territrio. As equipes NASF do Recife so compostas por psiclogo, assistente social, farmacutico, fisioterapeuta, fonoaudilogo, nutricionista e terapeuta ocupacional (RECIFE, 2011).

    Como evidenciado, so recentes e inovadoras as diretrizes para o apoio matricial e a implantao do cuidado integral e interdisciplinar. Sendo assim, natural que os profissionais de Sade chamados a ocupar esse lugar apresentem dificuldades para atuarem como apoiadores, o que pode ser verificado at mesmo entre equipes de sade mental do municpio de Campinas, onde se iniciou essa construo, a partir da dcada de 1990 (BALLARIN; BLANES; FERIGATO, 2012).

    A dificuldade na formao dos profissionais comea dentro das universidades, que insistem numa formao de profissionais de Sade com

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    6 A formao do terapeuta ocupacional e seu papel no Ncleo de Apoio Sade da Famlia NASF do Recife, PE

    direcionamento diferente daquele que a poltica pblica de sade demanda, dificultando a atuao deles nesse sistema de sade (ANDRADEetal., 2012).

    Especificamente no caso do terapeuta ocupacional, o que rege sua formao so as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso (DCN) de Graduao em Terapia Ocupacional, que dispem sobre a inteno de formar um profissional apto para o exerccio das atividades gerais e especficas. As DCN do curso ainda consideram em seu projeto de formao o perfil scio-epidemiolgico e os principais agravos e condies de vida e sade, preparando o futuro profissional para uma atuao ampla, como destacado no inciso VI do artigo quinto, que cita como uma das habilidades

    [...] inserir-se profissionalmente nos diversos nveis de ateno sade, atuando em programas de promoo, preveno, proteo e recuperao da sade, assim como em programas de promoo e incluso social, educao e reabilitao (BRASIL, 2002, p. 2).

    Essas habilidades fazem parte das que so exigidas como competncias de todos os profissionais que integram a equipe NASF (BRASIL, 2008a). No entanto, questionamos se a formao do terapeuta ocupacional vem cumprindo realmente esse papel e como est se dando a insero desse profissional nos NASF, em nossa realidade.

    Assim, considerando o carter recente da implantao dos NASF do Recife, este estudo visa identificar o papel e a formao do terapeuta ocupacional inserido nesse campo de trabalho nessa cidade. Os resultados podero ser utilizados tanto no mbito acadmico, para contribuir no processo de formao, quanto no profissional, para a educao permanente desses profissionais e a consolidao do servio na rede de sade do Recife.

    2 Material e mtodoPesquisa quantitativa, do tipo exploratria

    e de corte transversal com vistas a uma maior aproximao do tema em estudo (ANDRADE, 2004). O campo da pesquisa correspondeu aos NASF implantados na cidade do Recife at abril de 2011, cujas equipes dispunham de um terapeuta ocupacional, conforme listagem disponibilizada pela Diretoria Geral de Ateno a Sade (DGAS) da Secretaria de Sade da Prefeitura do Recife. Do total de 13 terapeutas ocupacionais constantes nessa listagem, trs no responderam aos contatos, no devolveram o questionrio respondido ou no foram

    localizados, sendo validados dez profissionais como sujeitos do estudo, os quais aceitaram participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

    O projeto de pesquisa foi autorizado pelo Comit de tica em Pesquisa do Hospital Otvio de Freitas, conforme identificador n. 0004.0.344.000-11. Os dados foram coletados em conjunto com duas outras pesquisadoras, utilizando-se um questionrio semiestruturado, autoaplicvel, construdo a partir dos achados bibliogrficos e correspondentes ao objetivo do estudo. O instrumento de pesquisa foi entregue pelas pesquisadoras, tendo sido todos devolvidos pelos sujeitos participantes em encontros presenciais ou via e-mail. Entre a entrega e a devoluo dos questionrios houve um intervalo de 30 dias e, no se tendo resposta nesse prazo e ao final de trs tentativas de contato, o sujeito foi excludo do estudo.

    Para subsidiar todas as etapas do projeto foi realizado um levantamento bibliogrfico na BIREME (Centro Latino Americano e do Caribe de Informao em Cincias da Sade), em lngua portuguesa, considerando publicaes no perodo de 2001 a 2011 e, ainda, no site do Ministrio da Sade, sem limite de tempo, a partir dos descritores: Sistema nico de Sade, Poltica de Sade, Terapia Ocupacional, terapeuta ocupacional, Ateno Primria Sade, Sade da Famlia, Apoio matricial, Clnica ampliada, Ncleo de Apoio Sade da Famlia (NASF), Equipe de Assistncia, Recursos humanos, Profissional de Sade, Formao profissional. As buscas foram feitas com termos unitrios e depois associados Terapia Ocupacional, formao profissional e NASF, visando refinar a pesquisa e aproximar-se dos objetivos de estudo.

    Os descritores, quando associados, resultavam em menor nmero de artigos, que eram lidos e fichados; j do material bibliogrfico oriundo da pesquisa com termos isolados, por ser mais volumoso, inicialmente foram lidos os resumos, que orientavam a seleo como adequada ou no e, posteriormente, o artigo na ntegra, para a sua categorizao conforme os temas em estudo e os achados da pesquisa de campo. Foram excludas as publicaes que se repetiam e as que no se relacionam aos objetivos do estudo.

    Para anlise dos dados coletados a partir dos questionrios foi organizado um banco de dados e considerada a frequncia simples das respostas, utilizando-se para isso o programa Excel. Por fim, fez-se a correlao terica dos achados com os conceitos e experincias disponveis nas publicaes selecionadas e, ainda, com os documentos do Ministrio da Sade e as Diretrizes Curriculares Nacionais de Cursos de Graduao.

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    3 ResultadosEm relao caracterizao da populao

    estudada, 100% eram do sexo feminino, estando 50% na faixa etria entre 27 e 29 anos e 50% entre 32 e 36 anos; 40% eram casadas, 50%, solteiras e 10% declararam outro estado civil. Todas so graduadas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sendo metade com dois a quatro anos de formada e as demais com oito a dez anos.

    O papel do terapeuta ocupacional, segundo a opinio das integrantes da amostra, consta na Tabela1. Vale salientar que era possvel mais de uma resposta para cada questo.

    No tocante interao com outros profissionais, as terapeutas ocupacionais reconhecem existir uma ao interprofissional, a partir da discusso de casos, consulta compartilhada e acolhimento e, para a maioria, mediante assistncia tcnico-pedaggica.

    Com relao aos profissionais que integram as equipes do NASF no Recife, segundo as entrevistadas, destacam-se as presenas do terapeuta ocupacional, do assistente social e do psiclogo em 100% delas. O farmacutico est presente em 80%, o nutricionista, em 70%, o fonoaudilogo, em 60%, o mdico e o fisioterapeuta, em 20% das equipes.

    Os terapeutas ocupacionais e os demais membros da equipe NASF desenvolvem em corresponsabilizao as aes no territrio de abrangncia. A ao mais citada foi a visita domiciliar (80%), seguida dos grupos de educao em sade (70%). Foram ainda citados a consulta compartilhada (60%); outras aes em sala de espera, articulao com equipamentos

    sociais, encaminhamentos, escuta qualificada (60%); o apoio matricial (50%); e PTS (40%).

    Essas aes so operacionalizadas em espaos no territrio de abrangncia, sendo a Unidade de Sade da Famlia e os domiclios citados por todas as participantes. Outra unidade de sade, espaos administrativos e espaos de equipamentos sociais ou cedidos pelos centros comunitrios tambm foram referidos como espaos para a atuao da equipe Nasf.

    Os terapeutas ocupacionais na equipe NASF interagem com outros setores. Os mais citados foram: Educao e Assistncia Social (90%), Segurana (30%); e Organizaes No Governamentais (10%).

    Sendo o NASF uma equipe de retaguarda para as equipes de sade da famlia, pde-se constatar que o apoio do terapeuta ocupacional a essas equipes se d por meio de: matriciamento evidenciado na articulao entre as unidades de sade e as unidades de referncia ou com os outros setores; educao permanente; construo do Projeto Teraputico Singular, conforme exposto na Tabela2.

    As principais dificuldades encontradas pelos terapeutas ocupacionais da equipe NASF para operacionalizarem suas aes no territrio so: a carncia na formao; as limitaes por parte do usurio, que no compreende a interveno/orientao, ou no a aceita; as dificuldades estruturais, como falta de recursos e de espao ou de adequaodeles para a realizao das atividades; a falta de efetividade das polticas de sade; e o desconhecimento do objeto de estudo da Terapia

    Tabela 1. Papel do terapeuta ocupacional na equipe do NASF Recife.Papel do terapeuta ocupacional Frequncia

    Ateno sade visando a integralidade do sujeito (reabilitao, funcionalidade) 7Promoo da sade e preveno de doenas e incapacidades 3Usurios e profissionais conhecerem a profisso e o trabalho do terapeuta ocupacional atravs da prtica e alm do campo da sade mental (divulgao da profisso)

    3

    Avaliar e tratar reas e contextos de desempenho/atividade promotora de sade 3Sensibilizao das equipes para o cuidado ao usurio com transtorno mental/reintegrao social 2

    Tabela 2. Apoio do terapeuta ocupacional equipe de referncia da ESF.Modalidade de apoio Frequncia %

    Matriciamento 8 80Construo do PTS 7 70Educao permanente 2 20Articulao com unidades de sade e de referncia/outros setores 2 20Conduo e gerenciamento do caso no territrio 1 10

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    8 A formao do terapeuta ocupacional e seu papel no Ncleo de Apoio Sade da Famlia NASF do Recife, PE

    Ocupacional, estando a maioria das respostas concentradas nas trs ltimas.

    Quanto opinio dos componentes da amostra acerca da formao oferecida pelo Curso de Graduao em Terapia Ocupacional, 80% consideram que generalista, justificando o embasamento terico apesar da carncia na parte prtica, e afirmam que foram transmitidos conhecimentos em vrias reas de interveno e formas de atuao. Para metade da amostra (50%), o curso no enfoca nenhuma rea especfica; 20% das entrevistadas referem que o enfoque dirigido para a Neurologia; 20%, para a Sade Mental; apenas uma entrevistada indicou a rea de Terapia Ocupacional Hospitalar.

    No que se refere formao para atuar na ateno bsica, 30% das entrevistadas consideram que a formao recebida durante a graduao foi suficiente para sua atuao na equipe NASF, justificando que as disciplinas ajudaram, mesmo no enfocando a ateno bsica, e que essa atuao, por ser nova, exige atualizao do profissional. J para 70% das entrevistadas os ensinamentos transmitidos na graduao no foram suficientes para o trabalho do terapeuta ocupacional na equipe NASF, justificando a ssertiva pela falta de vivncia prtica.

    No que concerne ps-graduao das terapeutas ocupacionais, 90% possuem algum ttulo de ps-graduao e afirmam haver relao entre a ps-graduao realizada e seu atual trabalho na equipe NASF. Nenhuma delas afirmou ter concludo outra graduao; no entanto, 80% das entrevistadas afirmaram que gostariam de receber mais alguma formao, para uma atuao profissional mais eficaz.

    Dentre as terapeutas ocupacionais que tm interesse em aprofundar sua formao dirigida a esse campo, pouco mais de 50% informaram sua preferncia por cursos que abordam temas da ateno bsica, programas e polticas de sade; 20% desejam realizar um curso de ps-graduao mas no especificaram em que rea e as demais apontaram temas especficos da profisso ou de sade mental.

    4 DiscussoA populao estudada caracteriza-se por ser toda

    do sexo feminino, o que corresponde aos dados nacionais expostos no estudo de Haddadetal. (2010) em relao s categorias da Sade. No atinente faixa etria, todas as profissionais so jovens (faixa etria de 27 a 36 anos), com pouco tempo de formadas, variando entre dois e dez anos, condio semelhante referida por Ambrsioetal. (2009).

    O achado de que todas as terapeutas ocupacionais so graduadas pela UFPE est provavelmente associado ao fato de que esse curso o mais antigo em funcionamento na cidade e o que mais forma profissionais regularmente. O curso oferecido por outra instituio de ensino superior lana no mercado de trabalho, a cada ano, um nmero reduzido de profissionais em relao ao curso da UFPE (VIEIRA, 2010).

    As terapeutas ocupacionais avaliam que seu papel na equipe NASF relaciona-se ateno integral sade dos sujeitos; ao enfoque no desempenho funcional, preveno de incapacidades, reabilitao e integrao social; atuao em sade mental; e at divulgao da profisso. Verifica-se que os papis reconhecidos contemplam os fundamentos da profisso previstos nas Diretrizes Curriculares do Curso de Terapia Ocupacional (BRASIL, 2002) e esto de acordo com Hagedorn (1999) e Barbosaetal. (2010), segundo os quais a Terapia Ocupacional busca o melhor desempenho funcional com o mximo de capacidade funcional. Essa especificidade da interveno e do conhecimento pode ser remetida ao ncleo, como o que prprio da identidade de cada prtica profissional (CAMPOS, 2000).

    Outros papis atribudos a esse profissional fazem referncia atribuio em comum com as demais especialidades, o que configurao campo, conforme o autor citado, e tambm previsto na portaria n. 154/2008 (BRASIL, 2008a). Essa concepo foi tambm encontrada num estudo realizado com fisioterapeutas de uma equipe NASF em Minas Gerais (BARBOSAetal., 2010).

    Observou-se que, em cada equipe NASF, os terapeutas ocupacionais podem interagir com profissionais das mais diversas especialidades da Sade, em suas aes no territrio de abrangncia, ou seja, a equipe do NASF-Recife est composta considerando as possibilidades indicadas na portaria n. 154/2008 (BRASIL, 2008a), aumentando as possibilidades de oferecer-se um atendimento integral e da realizao de aes em conjunto, mais abrangentes e mais efetivas, junto aos casos que envolvem vrios aspectos ou que anteriormente no eram assistidos (JARDIMetal., 2008; CAMPOS; GUERREIRO, 2010; MENEZES, 2011).

    Chama a ateno o fato de terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e psiclogos integrarem todas as equipes NASF, o que pode indicar uma opo da gesto municipal do Recife em priorizar profissionais da rea de Sade Mental, uma vez que as equipes de sade da famlia se deparam cotidianamente com essa realidade (BRASIL, 2008a; JARDIMetal., 2008). Tendo em vista que a Terapia Ocupacional tem uma

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    forte relao com a Sade Mental, os terapeutas ocupacionais se envolvem com propriedade nesse meio, em que se concentram mais profissionais, e tm sua atuao mais reconhecida nas equipes NASF (DRUMMOND, 2007; SOARES, 2007; BEIRO; ALVES, 2010).

    Alm de interagirem com outras especialidades da Sade, os terapeutas ocupacionais relatam que as aes em sua equipe ocorrem intersetorialmente, com a Segurana, a Educao, a Assistncia Social e com ONGs. A ao intersetorial surge como possvel soluo para os gestores diante do desafio de buscar solues integradas para questes sociais complexas, possibilitando articular diferentes saberes e experincias e potencializar recursos humanos e financeiros (MALTAetal., 2009).

    Apesar de ser reconhecida a sua importncia e viabilidade nas polticas sociais, h limitaes que dificultam a sua implantao, pois, para isso, o modelo hegemnico, no qual cada setor torna-se o prprio objeto de sua existncia, operando a prpria reafirmao do setor, precisa ser superado. Romper com isso significa mudar de paradigma, o que no algo simples de ser alterado. A intersetorialidade precisa se construir em um novo espao, baseado nas questes concretas e complexas da realidade, para contribuir no enfretamento da questo (BONALUME, 2011).

    Os docentes de Terapia Ocupacional percebem isso quando afirmam que a profisso tem nfase na Poltica Pblica de Sade e pouca participao nas polticas de Educao e de Assistncia Social, retratando a escassez de experincias para construir a intersetorialidade ainda na graduao (LOPESetal., 2008). O modelo de formao prima pelas perspectivas tcnicas de cada profisso, em detrimento do incentivo ao trabalho em equipe com outras reas. No entanto, no campo da Sade como um todo, sempre haver a necessidade de trabalho por meio da articulao com outras profisses (ANDRADEetal., 2012). Sendo assim, faz-se necessrio tambm atentar para e debater o planejamento e a mobilidade urbana, bem como a desigualdade e a falta de equidade no acesso aos espaos pblicos saudveis (MALTAetal., 2009).

    Dentre as aes em que o terapeuta ocupacional atua em parceria com outro profissional da equipe podem ser mencionadas as discusses de caso, a consulta compartilhada, o acolhimento e a assistncia tcnico-pedaggica, essa ltima a mais citada por aqueles profissionais.

    Vale ressaltar que os terapeutas ocupacionais que compem as equipes no Recife, de acordo com as diretrizes do NASF, trabalham em conjunto com

    as equipes de sade da famlia, priorizando as intervenes interdisciplinares. Nessas equipes, a nfase dirigida s discusses de caso, ao PTS, s intervenes em conjunto e corresponsabilizao pelos casos. Os terapeutas ocupacionais tambm so responsveis por aes no territrio, em comum com as equipes de sade da famlia, realizando trabalhos educativos, apoiando os grupos, os trabalhos de incluso social e o enfrentamento da violncia junto a equipamentos sociais (BRASIL, 2008a).

    Cada ambiente proporciona um diferente contexto ao qual iro se adequar as decises do profissional e no qual ir se mostrar um diferente desempenho do usurio (MATTHEWS; TIPTON-BURTON, 2004). A metodologia da Reabilitao Baseada na Comunidade (RBC), por exemplo, precisa ser adaptada realidade das diferentes localidades, respeitando suas necessidades e suas caractersticas (OLIVER; ALMEIDA, 2007). Por analogia, essa condio pode ser aplicada aos NASF.

    Para atuar no territrio, os terapeutas ocupacionais e suas equipes utilizam como contextos de tratamento os espaos localizados no territrio de abrangncia. A USF e os domiclios so os principais locais de trabalho desses profissionais, que atuam ainda em outras unidades de sade, diferentes daquelas s quais so vinculados, em espaos administrativos dentro do Distrito Sanitrio de origem, em espaos de equipamentos sociais e em espaos cedidos pelos centros comunitrios.

    O domiclio do usurio, sendo o local real onde so realizadas as suas atividades, configura-se como um local potencial para obter resultados bem-sucedidos e funcionais, uma vez que o mesmo contexto em que se encontram os fatores e condies reais do usurio e no qual deve ser exercido o seu desempenho ocupacional (MATTHEWS; TIPTON-BURTON, 2004).

    O domiclio, como parte do contexto do usurio e tambm do grupo de determinantes sociais de sade (BUSS; PELLEGRINO FILHO, 2007), configura-se como uma parte a ser considerada na prtica da clnica ampliada, que tem como objeto de trabalho, alm das doenas, os problemas de sade, ou seja, condies que ampliam a vulnerabilidade ou situao de risco e, ainda mais importante, o destaque ao indivduo que materializa a doena e essas outras condies (CAMPOS; AMARAL, 2007).

    Como se v em outras publicaes, o terapeuta ocupacional inserido na ateno bsica faz uso de ambientes que no so restritos ao servio de sade, considerando as mltiplas potencialidades da comunidade para, assim, nesse espao ampliado,

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    10 A formao do terapeuta ocupacional e seu papel no Ncleo de Apoio Sade da Famlia NASF do Recife, PE

    realizar as suas aes (JARDIMetal., 2008). Para dar vida s suas aes no territrio, os terapeutas ocupacionais precisam relacionar-se tambm com pessoas da comunidade, formando vnculos e estabelecendo relaes de confiana para conseguir espaos onde possam atuar.

    Os problemas estruturais, a falta de efetividade das polticas de sade e o desconhecimento do objeto de estudo da Terapia Ocupacional foram as dificuldades mais citadas pelos participantes dentre as principais para a operacionalizao das aes. A falta de espao adequado e a insuficincia de recursos tambm foram muito citadas, em concordncia com os achados de Jardimetal. (2008).

    Destaca-se ainda a carncia de contedos especficos na formao do terapeuta ocupacional como uma das dificuldades para atuar na equipe NASF e na ateno bsica. Nascimento e Oliveira (2010) identificam o conhecimento sobre as polticas de Sade Pblica, o territrio, o perfil epidemiolgico e a rede de cuidados como necessrios para a atuao nesse campo.

    Por serem os sujeitos da pesquisa formados por uma mesma instituio de ensino superior, h um consenso da maioria em reconhecer a formao recebida como generalista e pouco direcionada a uma rea especfica. As Diretrizes Curriculares Nacionais preconizam que o egresso do Curso de Terapia Ocupacional tenha formao generalista e seja capacitado para o exerccio da profisso em todas as suas dimenses (BRASIL, 2002). No entanto, o mesmo pblico reconhece a carncia na formao em reas diversificadas de prtica profissional.

    No que se refere formao para o trabalho na ateno bsica/NASF, para 70% das entrevistadas a formao no foi suficiente para atuar na equipe NASF, sendo carente de vivncia prtica. Isso pode estar relacionado ao fato de que o trabalho formal do terapeuta ocupacional no NASF, na cidade do Recife, um espao recente e os cursos de graduao no tm conseguido se ajustar rapidamente s novas demandas do mercado de trabalho. No caso da UFPE, o Curso de Terapia Ocupacional mantinha, at 2010, o mesmo perfil curricular implantado nos anos 1990, no qual a vivncia prtica em situaes semelhantes s da ateno bsica acontecia de forma descontinuada em projetos de extenso comunitria (UNIVERSIDADE..., 2010).

    Conforme apontam Nascimento e Oliveira (2010), a formao dos profissionais de Sade ainda guiada pelo modelo biomdico. Essa formao no atende s solicitaes do SUS nem da ateno bsica, deixando a desejar no que concerne formao de

    vnculo, ao acolhimento, escuta e at ao trabalho em equipe, medida que se mantm distante dos servios de sade no perodo inicial da formao.

    Todas que concluram alguma ps-graduao afirmaram que o curso realizado tem relao com seu trabalho na equipe NASF, mesmo que indiretamente, o que se percebe nas profissionais que citaram a Ps-graduao em Psicomotricidade Relacional. Desse modo, nota-se que a ps-graduao representa uma possibilidade de complementao da formao e est associada ao desejo de aprofundar a formao para atuar no NASF, em cursos abordando temas especficos da ateno bsica, programas e polticas de sade, abordagens especficas ou em Sade Mental.

    O Ministrio da Sade, como rgo gestor federal, o responsvel pelo desenvolvimento dos trabalhadores da Sade, sua distribuio, regulao e gesto e ainda pela formulao de polticas orientadoras da formao, conforme consta na Constituio Federal, artigo 200, inciso III, que assegura os recursos financeiros para essa formao e define o perfil profissional adequado s necessidades locais (BRASIL, 1988). Possivelmente, como forma de cumprir esse papel, com algumas aes conjuntas com o Ministrio da Educao e apoio de Secretarias de Sade de estados e municpios, vm sendo incentivados programas de qualificao, de formao e ps-graduao de profissionais de Sade.

    Nesse sentido, a Residncia Multiprofissional em Sade da Famlia tem sido uma estratgia positiva para formar profissionais com perfil para trabalhar no NASF, uma vez que centrada na formao em servio e fundamentada na interdisciplinaridade, tida como facilitadora da construo do conceito mais amplo de Sade (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).

    Alm da residncia, o Pr-Sade e o Programa de Educao pelo Trabalho em Sade (Pet-Sade) tambm auxiliam a mudana na formao dos profissionais de Sade, reunindo universidades e trabalhadores de Sade, incentivando a integrao dos cursos e criando experincias e vivncias do agir em Sade a partir da aproximao dos estudantes com a rede de ateno bsica atravs do ensino, pesquisa e extenso (FACUNDESetal., 2010). Um dos resultados esperados desse programa o desenvolvimento de novas prticas de ateno e de experincias pedaggicas, colaborando para a reorientao da formao e para a implementao das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduao da rea da Sade (BRASIL, 2008b). Das entrevistadas, 40% referiram ter concludo residncia em Sade da Famlia ou Sade Coletiva.

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    A formao dos recursos humanos precisa cada vez mais se articular com a organizao do sistema de sade, de modo a formar profissionais qualificados para atender as necessidades e demandas populacionais, de acordo com sua realidade demogrfica e epidemiolgica. A crescente discusso sobre essa temtica retrata a desarticulao entre polticas sociais, educacionais e prestao de servios em Sade (HADDADetal., 2010).

    Dentre as novas exigncias de qualificao, voltadas para a realidade demogrfica e epidemiolgica do Brasil, destaca-se a necessidade de formao de profissionais e cidados crticos, comprometidos com a tica e a justia social, aptos para atuarem em contextos de desigualdade social, compreendendo-a e intervindo adequadamente (DRUMMOND; RODRIGUES, 2004). Esse cenrio de desigualdade parte da realidade encontrada no cotidiano de trabalho dos profissionais inseridos nas equipes do NASF.

    5 Consideraes finaisA ateno sade muda em consonncia com

    as necessidades e demandas da populao e com sua demografia e epidemiologia, o que exige profissionais qualificados para o desempenho das novas aes e aplicao de novas metodologias. Inseridos nas equipes NASF da cidade do Recife, os terapeutas ocupacionais, ainda que no formados especificamente para essa rea, podem colocar em prtica conhecimentos tericos e/ou prticos adquiridos durante a graduao e a ps-graduao.

    No entanto, constata-se que, para as entrevistadas, o Curso de Terapia Ocupacional tem priorizado o enfoque em algumas reas de atuao, deixando a desejar nos ensinamentos a respeito da ateno primria em sade, como a abordagem sobre as polticas de Sade. Em contrapartida, as terapeutas ocupacionais tm buscado atualizar-se para oferecerem servios de qualidade ao usurio, atendendo as novas demandas de um contexto de ateno sade tambm novo para essa profissional. positivo destacar que as ferramentas prprias do trabalho no NASF tambm contribuem para a formao, suprindo as lacunas do processo de educao formal.

    Sendo assim, sugere-se que as instituies formadoras de recursos humanos para o servio em Sade adotem currculos inovadores que acompanhem as exigncias do novo modelo de ateno interdisciplinar e integral.

    Ao profissional de Sade se requisita que esteja devidamente instrumentalizado para enfrentar as

    novas exigncias do mercado de trabalho. Atualmente, na ateno bsica, o cuidado ao paciente calcado na utilizao de tecnologia leve, nas relaes interprofissionais, no acolhimento e produo de vnculos que conduzem a ao profissional ao encontro dos usurios e suas necessidades de sade, exigindo domnio desses dispositivos assistenciais.

    V-se que o papel do terapeuta ocupacional na equipe NASF do Recife est atrelado no s aos fundamentos (ncleo) da Terapia Ocupacional mas tambm aos papis que so de atribuio comum s demais profisses inseridas na ateno bsica (campo).

    Vale ressaltar que algumas limitaes metodolgicas desse estudo abrem caminho para a realizao de pesquisas sobre a temtica, as quais possam compreender melhor a percepo desses profissionais em relao sua assistncia em sade no territrio, dentro da equipe NASF. Os dados coletados podero ajudar na direo a se tomar na organizao do servio e na formao de recursos humanos para a Sade.

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    Contribuio dos AutoresAndria Lima foi responsvel pela coleta e anlise de dados, redao e reviso do artigo. Ilka Falco foi responsvel pela orientao em todas as fases da pesquisa e participao na redao e reviso do artigo final.

    Notas1 Este material fruto de uma pesquisa desenvolvida em consonncia com os procedimentos ticos vigentes e apresentada

    como Trabalho de Concluso de Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Pernambuco.