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A formação da oligarquia agrária na região de São Mateus – ES no século XIX: redes de parentesco e relações de poder Maria do Carmo de Oliveira Russo Universidade de São Paulo A comunicação tem por finalidade abordar alguns aspectos da formação econômica, social e política de uma oligarquia agrária capixaba, cujo principal elemento formador é de origem portuguesa. Polarizada por Antonio Rodrigues da Cunha, pai e filho, coronel e major da Guarda Nacional respectivamente, sendo este último também conhecido por Barão de Aimorés. Considerados expoentes máximos dessa formação oligárquica, ocorrida na região norte da Província do Espírito durante o século XIX, ambos, pai e filho encabeçaram uma família cujos elementos se fortaleceram através de uma política de casamentos entre uma mesma parentela, onde podemos identificar a existência de um verdadeiro clã parental. Esta região norte capixaba é recortada pelo Rio São Mateus, o qual possui um porto fluvial que leva o seu nome, formando um complexo portuário com o porto marítimo de Conceição da Barra, outrora Barra de São Mateus. Região produtora de farinha de mandioca, a qual é considerada uma das melhores da costa brasileira e, posteriormente, do café, seus portos serviram de entreposto comercial com áreas tanto interiores (porto fluvial de São Mateus) quanto para embarcações que circulavam a costa brasileira (porto marítimo da Barra de São Mateus), se destacando também no comércio regional de escravos. Neste contexto formou-se uma sólida oligarquia rural com bases escravagistas, a qual ocupou cargos políticos a nível municipal e provincial, cuja sustentação econômica foi tanto a produção rural quanto o comércio de escravos realizados através do porto de São Mateus. Palavras-chave: Oligarquia rural; século XIX; São Mateus/ES; Brasil.

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A formação da oligarquia agrária na região de

São Mateus – ES no século XIX: redes de parentesco

e relações de poder

Maria do Carmo de Oliveira Russo

Universidade de São Paulo

A comunicação tem por finalidade abordar alguns aspectos da formação econômica,

social e política de uma oligarquia agrária capixaba, cujo principal elemento formador é de

origem portuguesa. Polarizada por Antonio Rodrigues da Cunha, pai e filho, coronel e major da

Guarda Nacional respectivamente, sendo este último também conhecido por Barão de Aimorés.

Considerados expoentes máximos dessa formação oligárquica, ocorrida na região norte da

Província do Espírito durante o século XIX, ambos, pai e filho encabeçaram uma família cujos

elementos se fortaleceram através de uma política de casamentos entre uma mesma parentela,

onde podemos identificar a existência de um verdadeiro clã parental. Esta região norte capixaba

é recortada pelo Rio São Mateus, o qual possui um porto fluvial que leva o seu nome, formando

um complexo portuário com o porto marítimo de Conceição da Barra, outrora Barra de São

Mateus. Região produtora de farinha de mandioca, a qual é considerada uma das melhores da

costa brasileira e, posteriormente, do café, seus portos serviram de entreposto comercial com

áreas tanto interiores (porto fluvial de São Mateus) quanto para embarcações que circulavam a

costa brasileira (porto marítimo da Barra de São Mateus), se destacando também no comércio

regional de escravos. Neste contexto formou-se uma sólida oligarquia rural com bases

escravagistas, a qual ocupou cargos políticos a nível municipal e provincial, cuja sustentação

econômica foi tanto a produção rural quanto o comércio de escravos realizados através do porto

de São Mateus.

Palavras-chave: Oligarquia rural; século XIX; São Mateus/ES; Brasil.