a folha #6

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PUBLICAÇÃO PERIÓDICA GRATUITA · N .º 6 - PRIMAVERA 2011 SALVIA DIVINORUM AS FOLHAS DE DIVINAÇÃO Etnobotânica Genética KALICHAKRA LEIS E POLÍTICA DE DROGA NO BRASIL Sociedade Saúde CANÁBIS, TABACO E CANCRO DE PULMÃO COMO CRIAR um CLUBE SOCIAL de CANÁBIS EDIÇÃO ESPECIAL Crónicas do Cannabistão COLHEITA, SECAGEM, MANICURE E CONSERVAÇÃO O QUE ESTÁ NA SUA ÁGUA? UMA INICIATIVA DOS CIDADÃOS PARA UM MERCADO LEGAL EM PORTUGAL

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Cultura Canábica para Adultos, escrita em língua portuguesa. Assuntos actuais: Canábis medicinal; "Redução de danos"; ANTI-guerra à droga; auto-cultivo e high-tech; tradição etnobotânica; activismo; ecologia; liberdade individual; responsabilidade. Reflectindo a realidade luso-brasileira e internacional.

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SALVIA DIVINORUM AS FOLHAS DE DIVINAÇÃO

Etnobotânica

Genética

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LEIS E POLÍTIcADE DROGA NO BRASIL

Sociedade

Saúde

cANáBIS, TABAcO E cANcRO DE PULMÃO

COMO CRIAR um CLUBE SOCIAL de CANÁBIS

EDIÇÃO ESPECIAL

Crónicas do Cannabistão cOLHEITA, SEcAGEM, MANIcURE E cONSERVAÇÃO O qUE ESTá NA SUA áGUA?

UMA INICIATIVA DOS CIDADÃOS PARA UM MERCADO LEGAL EM PORTUGAL

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Page 4: A Folha #6

5 [curtas]ATUALIDADE

O mundo está em mudança. O véu cada vez mais fino da influência Norte Americana nos países árabes tornou transpa-rentes realidades sociais que provocam na actualidade importantes movimentações civis de gerações inteiras que se cansaram de ter que engolir realidades desfazadas da modernidade com que aprenderam a olhar-se a si próprios, aos seus governantes e aos seus países. Em con-texto de crise, há casos em que as lideranças perdem algum poder, o que permite à sociedade civil pressionar e avançar. No meio da crise, foram abrindo pela Europa fora Clubes Sociais de Canabis.

Altamente contagiante, a ideia de se avançar através destas organizações privadas da sociedade civil como alternativa à lenta e semi-faraónica tarefa de alterar legislações nacionais e internacionais contra o interesse de todo o tipo de lóbies, propagou--se pela Europa. Depois de Espanha e Bélgica, a Alemanha também já conta com uma associação de consumidores de canábis, onde se pode socializar, informar-se, adquirir e consumir canábis legalmente. Em vez de coffee-shops, associações locais onde os consumidores medicinais e lúdicos se registam e afiliam, podendo encontrar quantidades limitadas de canábis e derivados não adulterados, com a qualidade e preços controlados. Nesta edição apresentamos um manual detalhado com os passos para criar um clube social de ca-nábis em Portugal. Porque, tal como vimos no Egipto, se os políticos não acompanham as mentalidades, avança a sociedade civil.

Em Portugal, o activismo pró-legalização prepara já várias acções de rua em Lisboa e Porto para exprimir os argumentos políti-cos, económicos, sanitários e ecológicos, entre outros, a favor da re-gulamentação legal do consumo e do cultivo de canábis, e contestar a actual política anti-proibicionista que cada vez tem menos retorno mediático e proveito político no meio da tempestade de escândalos ecconómicos e políticos que preenchem os telejornais. Assim, está marcada uma manifestação em frente à Assembleia da Repú-blica para sexta-feira dia 22 de abril, e ainda a já tradicional Marcha Global da Marijuana que junta anualmente vários mi-lhares de portugueses que marcham pela legalização do consumo e do cultivo de canábis. Este ano está já confirmada em Lisboa e no Porto para o dia 7 de Maio. Não falte !

Na Califórnia, depois do mediático e controverso refe-rendo sobre a legalização da canábis em que a população a favor do “Não” venceu por escassos pontos percentuais, a consciência de que se trata de uma questão de tempo é geral e o debate passou para um segundo nivel: perante a possibilidade da legalização, é mais que provável a entrada neste mercado das grandes corpora-ções entre as quais as grandes tabaqueiras, o que tem provocado o receio dos pequenos produtores, retalhistas e consumidores, que temem o estabelecimento de monopólios sobre licenças de produ-ção, e ainda a perda do controlo sobre a qualidade e o preço. Neste momento, a questão já não é quando se vai legalizar, mas como se vai legalizar. Algo sobre o qual se deveria estar a trabalhar em Portugal. Nesta edição lançamos o mote.

A Folha alcança o número 6 justamente no início da Pri-mavera. Na altura das sementeiras lançamos à sociedade portugue-sa sementes para a mudança que pode germinar com os Clubes de Consumidores de Canábis. Uma informação que pode permitir que um pequeno passo civil que possa ter efeitos mais pragmáticos e contundentes do que muitas vontades políticas.

João Maia < [email protected] >

a abrir

O Imperialismo Ocidental das Drogas por Jorge Roque

12 [opinião]

http://cultivomedicinal.com.br

encomende JÁnão deixe esgotar!

Leis e Políticade droga no Brasil

Guloseimas do arco da velha!

25TRADIÇÃO

ETNOBOTÂNICASalviaDivinorum 16

GENÉTICA

Kalichakraesposa

do Lorde Shiva

[humor][locais onde reservar]

[ficha técnica]

30

10Manual para criar um Clube Social de Canábis em Portugal

14

Colheitacuidados a ter, quando cortar, manicure, secagem e cura

18CRÓNICAS DO CANNABISTÃO

24SAÚDE

Canábis e Cancro de Pulmão

Sempre achei importante tomar conta de mim. Houve sempre uma disciplina dentro da minha estrutura de fes-tança. Nunca deixei uma câmara à espera.”

“A minha vida mudou”, disse ainda. “Já não gosto tanto das coisas que antes adorava. Já não vou para discotecas, já não gosto de ir a bares. Já não saio todo impulsivo, à procura de mulheres; tornou-se um jogo que já não merece o esforço. As últimas três vezes que estive em Nova Iorque a filmar não saí do quarto de hotel uma só noite. As pessoas não acreditam, mas é verdade. Acabas por ajustar a tua vida às tuas circunstâncias, e posso passar muito tempo sozinho. Acho que sou um ser social, mas os meus amigos estão sempre a dizer-me que devo sair mais”.

John Joseph “Jack” Nicholsonactor

A lenda de Hollywood, quebrou recentemen-te o seu prolongado silêncio acerca da marijuana. Numa entrevista ao Daily Mail, o actor de 73 anos afirmou que ainda fuma erva: “Não costumo dizer isto publicamente, mas conseguimos ver que é algo curativo. A indústria dos narcóticos é também enorme. Financia terrorismo e, no caso dos Estados Unidos, os gangues. Mais de 85% dos homens encarcerados na América estão na prisão por crimes relacionados com drogas. Cada um, custa 40 000 dólares por ano. Se de facto estivessem preocupados com a Economia, existiria uma discussão racional sobre a le-galização”.

O vencedor de três Óscares que ganhou fama inicial-mente com os seus papéis em Easy Rider e Five Easy Pie-ces, disse que já não se diverte à maluca como antigamente. “Ao contrário da opinião generalizada, por mais que me refastelasse, cuidava sempre de mim próprio”. Nicholson explica: “Já acordei em árvores, já acordei quase à beira de precipícios, mas sempre soube como cuidar de mim. Fiquei acordado até tarde mas também dormi até tarde.

EASy RIDER AINDA VOA BAIxINHO

22 O que está na sua água?

Marcha Global da Marijuana 2011 Lisboa e Porto - 7 Maio

7

SOCIEDADE

por Sergio Vidal

SumárioESSENCIAL NESTA EDIÇÃO

Page 5: A Folha #6

Homem Folha, Dedicated Store e YOUTH ONEpreparam-se para tomar Lisboa de assalto!

SPOILER ALERT!

O local ainda é secreto! Será reve-lado na próxima edição, juntamente com uma foto-reportagem da epopeia, em local de passagem frequente e atracção turística.

O Homem Folha dispensa apresen-tações aos leitores habituais d’A Folha, pois é a sua mascote. Em relação à Dedi-cated Store, que já é o ninho, o writer’s bench cá da praça, tal como em New York do fim dos anos 70. Será também um local de interesse para quem procura uma fuga rebelde à normalidade, ideias

atualidade

Um assalto implacável à feiura e ao grotesco que grassa por infinitas paredes do nosso país. Chegou o momento do Homem Folha sair do armário, e com os seus amigos ajudar a tornar a cidade mais interessante, e bela.

Growshop • Bazar • Headshop • Smartshop

PORTO

Rua Passos Manuel, n.º 219 • C. Com. Invictos - Loja 134000-385 Porto - Portugal

Telf.: +351 913 288 085 / +351 222 018 293 / +351 962 398 699

[email protected][email protected]

O objectivo é provocar o pensamento, surpreender as massas, rumo a uma mudança

diferentes, texturas, muita cor, sempre utilizando a criatividade como veículo para a livre-expressão. Localiza-se bem no centro da cidade alfacinha.

YOUTH ONE é o nome de guerra de um dos writers tugas pioneiros. Agora artista plástico, gráfico, criativo multifa-cetado. O homem que carrega a palavra amor ao peito, irá ajudar o Sr. Folha a sair do armário e passear pela cidade nos olhos dos milhares que irão contemplar a sua arte ao longo de uns 10 metros de parede-tela.

< http://youthone-graffiti.blogspot.com > < www.dedicated-store.com >

Provocativo, egocentrado, anárquico, marginal, o graffiti não pode ser reduzido a categorizações simples. Cada vez mais o “vândalo” de ontem é o artista de hoje; a cultura visual educa-se e o público é permeável ao que lhe toca os sentidos.

O objectivo é provocar o pensamento, formar consciências, surpreender as mas-sas, rumo a uma mudança. – Há que tirar partido do momento e marcar a sociedade de todas as formas possiveis.

Page 6: A Folha #6

atualidadeA FOLHA 6

O Homem Folha, resistente às modas, só recentemente procurou construir uma página para A Folha no espaço ci-bernético do tipo rede-social acima referido. Durante umas três semanas, partilhámos e recebemos informação impor-tante e contactos para distribuição em novas cidades, dos nossos então quase 300 amigos.

Qual não foi o nosso espanto, quando ao tentar aceder para introduzir mais imagens exclusivas na pasta de Genéti-ca, damos com a nossa conta banida. Efectuadas as tentati-vas de contacto do protocolo para tentar obter uma explica-ção, o resultado foi nulo.

Após rápida pesquisa, encontramos no blog da MGM Lisboa. uma notícia do Los Angeles Times sobre uma situação semelhante. Na altura decorria a campanha pró--legalização nos Estados Unidos, e a organização Just Say Now utilizava em força a plataforma de rede-social. Uma das suas campanhas, End the War of Marijuana, continha uma folha de canábis e um apelo aos amigos de face para rogarem ao presidente Obama a revisão dos regulamentos – 38 milhões de apelos.

Claro que a Just Say Now, como A Folha, acusou o Facebook de censura e impedimento de expressar opiniões políticas em liberdade. “Isto é injusto e inaceitável”, reagia a organização Just Say Now em comunicado. Como bons activistas que são, utilizaram o revés da melhor forma, e através da própria rede social fizeram por obter o apoio ne-cessário para pressionar o Facebook a mudar as suas regras. Pelo menos tiveram retorno da porta-voz do gigante, Annie Ta, que invocou as politicas da empresa como contrárias à promoção de drogas ou de tabaco. Compreensível, sendo o cultivo de canábis considerado crime federal nos EUA, e menores acederem facilmente a conteúdos seleccionados. Incompreensível quando permanecem muitas outras páginas de utilizadores com temáticas semelhantes, e muita outra verdura para apreciar de forma lasciva!

Nem tudo se esvaiuPara reatar alguns contactos importantes o nosso aborrecido editor criou uma conta pessoal – “para uso sem espalhafato e 0 spam; facilitante de comunicação, partilha de experiências e materiais com os leitores, em especial os de paragens mais longínquas como Espanha ou Brasil”.

Assim sendo, agradecemos que aqueles que já estavam em contacto adicionem pedro.mattos ao vosso book de faces.

Podem também considerar a página da instituição A Folha de Cânhamo digna do vosso agrado. Se é que isso realmente serve para alguma coisa.

Aquilo que na prática já é uma rede-de-amigos real, que nos permite altruisticamente chegar a vários dos locais onde A Folha vai estando disponível, assume agora o nome pom-poso de Street Team.

Se tens um pouco de tempo, forma de te transportares a ti e a umas centenas de exemplares d’A Folha (vários qui-logramas), poderás ser o receptor de uma quantia acima das 150 revistas, para encaminhar aos locais próximos de maior interesse.

Importante: Têm que ser locais onde a publicação seja aceite em viva voz por algum responsável, como algo desti-nado a adultos com um conteúdo e mensagem específicos. Es-tes locais poderão ser referenciados na nossa lista, disponível no site [com mapa interactivo facilitador], e na própria revista impressa, para os leitores saberem onde se dirigir.

Interessa-nos em particular reforçar a zona norte e cen-tro interior do país. Cidades como Covilhã, Guarda, Castelo Branco, Beja, Évora, Elvas, Torremolinos,... todos os con-tactos são bem-vindos.

Como contrapartida o Homem Folha assume as despesas de deslocação para entrega de exemplares, e facultará igua-rias de uma ainda imaginária, mas futuramente não-virtual, linha de merchandising, conteúdos documentais exclusivos, amostras promocionais de nutrientes, catálogos e outros.

Agora é a tua vez de participar!Agita as consciências dos teus conterrâneos, e faz terro-

rismo-informativo ao mais alto nível! Não custa muito deixar alguns exemplares em locais de passagem, e pode fazer uma enorme diferença. No consultório do dentista e no cabeleirei-ro fazem sempre o maior sucesso!

ISTO TAMBÉM INTERESSA

Street-Team A Folha: representa-nos na tua zona!

[email protected]

issuu.com/a-folha a-folha.com

MAIS NOVIDADES d’A FOLHA

Brasil entra em campoEmbora as despesas de envio sejam proibitivas (mais de 1 euro por exemplar em correio aéreo) para uma distribuição tão numerosa como em Portugal, Galiza e centros nevrálgicos de Espanha, iremos enviar um núme-ro restrito de exemplares para locais nas principais cida-des, que passarão a estar listados também no nosso site, em mapa, e na revista impressa. Mesmo que não existam já exemplares nestes locais para aquisição, haverá sempre uma cópia que pode ser consultada, se você quiser sentir A Folha como uma experiência física. Todavia, se o seu desejo de possuir a sua revista-real é realmente imenso, o que se segue é do seu especial interesse:

Assine A Folha!Esta é outra ideia à qual o Homem Folha não estava tão receptivo, mas com a fasquia da regularidade, finalmente esta-mos aptos e a preparar no nosso sítio um sistema simplificado para receber o pagamento das despesas de envio e embalagem dos nossos exemplares. Não é justo que os nossos leitores fieis esperem até nos ter em suas mãos.

Com este sistema o nosso assinante receberá a revista poucos dias após ela sair da impressão, não se submetendo à ditadura do número de exemplares disponível por tempo incer-to nos locais habituais de aquisição.

INTERESSA-TE? Fica atento ao nosso sítio, ou envia desde já um email para [email protected] – na resposta virá a forma de obteres a(s) tua(s) cópia(s).

Nota: Os dados recebidos serão mantidos em segurança e destruídos após o término do tempo de assinatura – jamais serão cedidos a terceiros.

Downloads a subirTodas as nossas edições continuam a estar disponíveis para download/consulta no nosso sítio, ou em alternativa no sistema issuu. Os conteúdos da revista são idênticos em ambos os locais, mas dormimos melhor sabendo haver backup do que é mais importante, e que nunca deixará de ser possível A Folha ser lida. O issuu tem alguns actracti-vos, como milhares de outras publicações gratuitas do foro artístico ou activista. Outra ferramenta interessante permi-te-lhe a tradução automática de artigos para uma míriade de dialectos, incluindo asiáticos.

Quanto ao sítio da revista, nele foi já implementada uma janela-twitter que vai debitando alguma informação que ajudará a fazer saber onde se encontram disponíveis mais exemplares, onde colaboradores nossos darão con-ferências, em que eventos iremos estar representados, ou a mera sugestão de uma aplicação para acompanhar o ciclo da lua.

INFORMAÇÃO DE REFERêNcIA SOBRE cANáBIS

EM LÍNGUA PORTUGUESA

CENSURA NO CIBER-ESPAÇO

A Folha tentou, mas o Facebook não deixou

Page 7: A Folha #6

7 A FOLHA

Actualmente, a MGM Lisboa começa com uma concentração no Jardim Mãe D’Água e segue em di-recção ao Largo Camões com sons de reggae, faixas e pancartas com frases pela legalização, nas quais se destaca “Abaixo a hipocrisia, legalizem a Maria”.

Em Portugal, a legislação relativa à canábis é claramente proibicionista: a prova disso é um siste-ma prisional onde a maioria dos presos foi condena-do em processos relacionados com drogas.

O consumo de canábis, apesar de descriminali-zado, continua a ser perseguido e penalizado. Nesta guerra contra as drogas que é uma guerra contra pessoas, as principais vitimas são sobretudo os mais pobres e os mais jovens, grupos que pela sua condi-ção social estão no centro da repressão policial.

Constatamos que a proibição não é do interesse público pois põe em risco a saúde dos cidadãos, fomentando o mercado negro e a adulteração dos produtos, e retira ao Estado milhões de euros em impostos. A experiência mostra-nos que o uso de canábis não é uma grave ameaça nem para os consumidores, nem para a sociedade. Por isso o Estado não pode conti-nuar a limitar a liberdade individual e a perseguir os consumidores.

Existem tantas utilizações com grandes van-tagens sociais e económicas, desde a medicina à alimentação, passando pela produção de fibras, pasta de papel, energias alternativas e, claro, o uso relaxante e recreativo, que é incompreensível, e até absurdo, que se mantenha a proibição de uma planta com tamanho potencial.

A legalização é um passo muito importante que beneficiará as pessoas, a sociedade e o ambiente.

COM.Maria Comissão Organizadora da Marcha Global da Marijuana de Lisboa

[email protected] www.mgmlisboa.org

Em Portugal, o movimento pela legalização da canábis era quase inexistente até que a Marcha Glo-bal da Marijuana arrancou com uma concentração em 2006 na cidade de Lisboa, no Largo Camões. Organizada por um punhado de pessoas, esta ini-ciativa foi muito importante para que muitas outras (onde se destacam activistas pelo direito ao cultivo para consumo próprio), interessadas na luta pela legalização da canábis em Portugal, se conhecessem e juntassem. Após uma breve intervenção do porta--voz da MGM Lisboa, Pedro Pombeiro, que criticou a política proibicionista defendendo as vantagens da legalização da canábis, os manifestantes marcharam pelo Bairro Alto gritando palavras de ordem, juntan-do centenas de pessoas pelo caminho e distribuindo um panfleto que seria a base do manifesto da MGM Lisboa. Estavam lançados os alicerces para um mo-vimento que viria a crescer exponencialmente nos próximos anos.

Em 2007 foi a vez de se juntar a cidade do Por-to, a partir da Praça do Marquês. Construiu-se um manifesto, que tem actualmente como subscritores a JSD, a JS, o BE, Miguel Guedes, Miguel Portas, Vitorino Salomé, Jamila Madeira, Mário Tomé, Pacman, Daniel Oliveira, entre outros. Em 2008 foi a vez da cidade de Coimbra aderir com uma concen-tração no Largo da Portagem e em 2009 Braga, no Arco da Porta Nova. Em 2010 realizaram-se igual-mente iniciativas em todas estas cidades.

No âmbito da divulgação da MGM Lisboa, a Com.Maria (comissão organizadora) tem levado a cabo uma série de iniciativas, tais como confe-rências, festas, distribuições de panfletos, debates, projecção de filmes, bem como participações em programas de TV e rádio. Desde 2006, a MGM Lis-boa já participou em iniciativas que tiveram lugar em diversas universidades, escolas secundárias e espaços associativos.

Os Eastside Growers são, nas suas próprias palavras, um colectivo de pessoas adultas que usufruem do seu direito a fumar canábis e “cultivar a sua própria”. Para esse efeito, criaram um cultivo colectivo com nove famílias diferentes de canábis, que podem ser seguidas no website (em alemão), bem como todas as genéticas cultivadas anteriormente.

“Acreditamos que é nosso direito consumir canábis e cultivá-la sob a nossa própria responsabilidade.” E continuam: “Não somos cultivadores comerciais. Todo o Eastsider tem uma profissão – por vezes numa posição de liderança – uma família, amigos e hobbies. Praticamos o cultivo para o nosso próprio uso no nosso tempo livre. Pagamos a conta de electricidade dos nossos bolsos; as instalações electricas foram verificadas por pessoal qualificado.”

Este Clube Social em Berlim optou por efectuar o seu cultivo numa casa privada, para que em caso de incêndio devido a um eventual curto-circuito não possam haver danos exteriores.

Curtos mas determinados, os Eastside Growers decla-ram: “Não vendemos erva. Não compramos erva. Não ven-demos sementes, nem compramos sementes. Não vendemos clones, nem os compramos. Não damos erva a pessoas que não conheçamos e nunca a menores. Não levamos erva a amigos – fumamos no nosso local próprio e entre nós. Não aceitamos erva de outras pessoas ou grupos que não conhe-çamos. Todas as perguntas nesse sentido, que recebamos como comentário no nosso website, serão apagadas e a pes-soa que que as colocar será banida do site!” Fonte: ENCOD

< www.eastside-growers.com >

Construiu-se um manifesto, que tem como subscritores a JSD, a JS, o BE, Miguel Guedes, Miguel Portas, Vitorino Salomé, Jamila Madeira, Mário Tomé, Pacman, entre outros

MAIS UMA ESTREIA

Eastside Growers Eis o primeiro Clube Social de canábis da Alemanha

OBRIGATÓRIO IR!Marcha Global da Marijuana7 de Maio, Lisboa e PortoA Marcha Global da Marijuana é uma manifestação anual realizada no primeiro sábado de Maio por todo o mundo. Em 1999, a Million Marijuana March em Nova Iorque deu o mote e rapidamente o evento se internacionalizou, chegando actualmente a mais de 300 cidades. Dana Beal é um dos activistas mais influentes deste movimento e encontra-se actualmente preso por posse de canábis.

Page 8: A Folha #6

O site SeedFinder.eu é um verdadeiro canivete-suíço para todo o cultivador ou con-sumidor de canábis. O seu principal objectivo é coleccionar e uniformizar informação sobre as milhares de variedades de canábis existentes no mundo. Toda a informação que se encontra espalhada pela internet é condensada numa base de dados gerando um perfil individual para cada variedade. Neste perfil pode-se con-sultar informação sobre cultivo, sabor, aroma, efeito, propriedades medicinais, linhagem, fenó-tipos e ainda fotografias e opiniões. O motor de busca é bastante poderoso permitindo pesqui-sar variedades por características como tempo de floração, genética e criador. Ligada com a primeira encontra-se uma base de dados com lojas permitindo adquirir sementes ao melhor preço.

Existe também uma ferramenta de informa-ção geográfica em que sobre o mapa mundo se

Motor de busca de variedades e base de dados de genética, é uma ferramenta poderosa disponível gratuitamente

SEEDFINDER

encontram assinaladas as localizações apro-ximadas de vários cultivos feitos em exterior. Cada ponto incluí dados sobre a variedade, momento e quantidade da colheita e outras impressões do cultivador permitindo escolher as variedades mais adequadas a cada clima.

O SeedFinder é especialmente interessan-te para quem faz os seus próprios cruzamen-tos ou se interessa pela genética do género Cannabis.

É possível consultar árvores genealó-gicas que vão desde as landrace endémi-cas de cada região até aos últimos híbri-dos das casas de sementes, descobrindo as linhagens e cruzamentos de sucesso. Esta informação pode ser apresentada em mapas

dinâmicos [ver foto] que permitem uma navega-ção rápida e intuitiva.

Toda a informação é gerada com o contri-buto da comunidade tendo cada perfil de va-riedade ligações para discussões relacionadas em mais de 36 comunidades online dedicadas à canábis. Se já cultivou ou experimentou uma dada variedade pode preencher um questionário sobre a mesma dando o seu contributo para completar o perfil desta.

O único aspecto negativo que salientamos é não estar disponível em Português. Contudo podendo-se escolher entre Inglês, Alemão, Fran-cês e Espanhol e ao mostrar muitos dos dados graficamente de certo que será fácil encontrar a informação desejada.

IMAGENS SUBLIMES

Concurso de fotos “Cultivo en Portugal”CannabisCafe – A FolhaAusente desta edição, mas não do pen-samento, a página do leitor não só irá voltar como irá crescer. Para o efeito iremos iniciar uma interessante cooperação com o fórum de referência CannabisCafe e os seus moderado-res nacionais. A primeira fornada das melho-res imagens do mês do concurso de fotos onli-ne será publicada já na próxima edição. Neste concurso, a foto vencedora é uma escolha que fica sempre na mão dos utilizadores do fórum, porque além de votar nas fotos fina-listas também serão eles a nomeá-las. Desta forma convidamo-vos a visitar o fórum para ver as fotos e saber como participar. Premian-do o vencedor de cada mês com a honra de ver a sua foto publicada na nossa ilustre revis-ta adivinhamos uma qualidade fotográfica ao mais alto nível. Registem-se e abram as portas de um universo vastíssimo.

< www.cannabiscafe.net >

No norte da Holanda já ninguém se surpreende com os vastos campos de plan-tas do cânhamo, que totalizam uma área estimada de 2000 hectares. Os produtores usam o cânhamo como fibra para a pro-dução de produtos têxteis. Em Brabant, as pessoas são surpreendidas, pois as plantas do cânhamo são confundidas com as da sua prima, a canábis.

O cânhamo é uma alternativa à palha e é usado em conjunto com o pasto ou

milho que as vacas comem. O suplemento de fibra é necessário para a contracção do rúmen (primeiro estômago do animal), por forma a estimular e melhorar a digestão.

As vacas que comem cânhamo dão um pouco mais de leite e são especialmente saudáveis. A desvantagem é que parece que não gostam muito do sabor. A longo prazo, a esperança de vida aumenta, incremen-tando a eficácia. Além disso, o cultivo de cânhamo é barato, simples e durável.

As vacas não podem ficar intoxicadas com a sua nova dieta pelo facto destas plan-tas terem um máximo de 0,2% de THC. “Se-ria necessário fumar 8 hectares de cânhamo para [um humano] ter moca”, afirmou um porta-voz da Agrifirm, uma cooperativa ho-landesa.

Em 2005, vários países europeus impe-diram o uso de cânhamo como alimento para os animais, por terem medo que vestígios do THC pudessem passar para os productos lácte-os. Não há provas de que tal tenha acontecido.

Aqui fica uma sugestão do Sr Folha: Queijo amanteigado de vaca alimentada com cânhamo. Pode vir THC.

Foto: Tomm

y G

GOSTAM POUCO, GOSTAM

Aumenta o número de vacas holandesas que comem cânhamo O número de produtores de lacticínios holandeses que alimentam as suas vacas com fibra da cânhamo está a aumentar este ano após uma série de experiências positivas.

BLACK JACK AUTO

As vacas que comem cânhamo dão um pouco mais de leite e são especialmente saudáveis

Page 9: A Folha #6

AK47Av. Mouzinho de AlbuquerqueGalerias Euracini 2, Loja 3G4490-409 Póvoa de Varzim

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Tm: 939 230 615 / 939 230 612

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The Art of JointRua de S.Roque da Lameira, n.º 839

4350 PortoTel: 225 100 455 / Tm: 916 747 162

[email protected] Rua de Moçambique, nº 147 - loja 8C.C. Liceu • 4430 Vila Nova de Gaia

Tel: 223 752 335 / Tm: 936 319 [email protected]

Page 10: A Folha #6

Como Criar um CSC em Portugal

O PLANO DOS QUATRO PASSOS

Apresentado pela ENCOD em 2010, adaptado à realidade jurídica portuguesa.

Ao planificar a criação de um Clube Social de Ca-nabis o propósito deve ser evitar qualquer confusão com o mercado ilegal. Um CSC não só deve parecer legal, como também o deve ser na realidade e os seus integrantes devem poder demonstra-lo num eventual julgamento. Por isso é elementar uma disciplina rígida na administração e organização do Clube.

Cada Clube necessita de sócios que participem acti-vamente na sua organização de várias formas e com di-ferentes responsabilidades. As regras devem ser claras e simples, e monitorizadas de maneira democrática. É uma excelente ideia contactar um advogado que possa dar conselhos sobre os passos a tomar e eventualmente preparar a defesa legal. Caso seja necessário.

Antes de dar o primeiro passo, verifique o enqua-dramento legal para o consumo de canábis no seu país. Se o seu consumo não é considerado um crime e a posse de uma pequena quantidade de canábis para o consumo pessoal não levar a perseguição criminal [caso de Portugal] deverá ser possível organizar uma defesa legal para um Clube Social de Canabis com sucesso, baseada no argumento de que quando as pes-soas têm o direito a consumir, terão que ter o direito a cultivar para consumo próprio.

1.º PASSOAPRESENTAÇÃO PÚBLICA

DA INICIATIVAO primeiro passo é a apresentação pública da ini-

ciativa de criar um Clube Social de Canabis, mediante uma conferência de imprensa ou uma acção pública. O melhor é envolver uma personalidade célebre (um político ou artista) a fim de obter a cobertura dos me-dia e para, que no caso de assumidamente estarem na posse de sementes, plantas ou quantidades pequenas de canábis durante a apresentação, reduzirem o risco de serem perseguidos.

Na apresentação, deverá clarificar-se que o único objectivo do clube é apenas cultivar para o consumo

pessoal dos sócios adultos, e de promover uma alter-nativa legal, segura e transparente ao mercado ilegal.

Se as autoridades não respondem indicando que irão perseguir a iniciativa, é tempo para passarmos ao segundo passo.

2.º PASSOCRIAÇÃO DO CLUBE

O próximo passo é a criação oficial do Clube So-cial, como Associação de consumidores e produtores, que cultivam colectivamente a quantidade de caná-bis necessária para o seu consumo pessoal através de um circuito fechado. Criar um comité executivo, incluindo pelo menos um presidente, um secretário e um tesoureiro e instalar um processo de decisão trans-parente e democrático, de modo que todos os sócios sejam conscientes dos passos mais importantes que a organização dá, o estabelecimento da organização financeira, etc.

Nos estatutos, deve constar o propósito da Asso-ciação: evitar os riscos relacionados ao consumo de canábis provocados pelo mercado ilegal (adulteração, incentivo à criminalidade organizada, etc.). Também se podem referir ao objectivo de pesquisar a planta do cânhamo e as formas mais ecológicas e sãs de a cultivar, assim como a promoção de um debate social envolvendo a afirmação legal do canábis e dos seus consumidores – em particular aqueles com necessida-des não contempladas pelo Sistema Nacional de Saú-de. É possível obter da Encod estatutos de clubes já existentes em Espanha ou Bélgica para os utilizarem como exemplo.

Os estatutos devem ser registados e aprovados de-vidamente pelas autoridades competentes [ver caixa: como criar uma Associação].

Será então a altura de começar a permitir a ade-são de sócios, assegurando de que estes já são con-sumidores de canábis, ou então de que possuem uma condição médica reconhecida, na qual o consumo de canábis não é um dano, mas pelo contrário, benéfico. Um profissional de saúde devidamente qualificado/contextualizado poderá atestar, ou confirmar esta op-ção de tratamento do seu paciente, isto impedirá que os mais jovens utilizem os CSC para experimentarem o canábis, o que poderia ser entendido como apologia do consumo – algo que queremos evitar.

Começar a cultivar! Estabelecer o montante neces-sário para o consumo pessoal dos membros e organizar a produção colectiva deste numa plantação colectiva. Assegurar que o cultivo se faz de forma orgânica, que há uma boa variedade de plantas, de modo que os sócios possam eleger sempre entre espécies diferentes, com propriedades específicas, decidindo qual a mais conve-niente para a sua condição de saúde/ tipo de consumo.

Assegurar que as pessoas que trabalham na planta-ção ou no transporte de plantas e/ou de canábis estão sempre na posse de documentos que explicam a maneira como funciona a associação e referem os seus antece-dentes legais. Nestes documentos devem constar que a canábis se cultiva apenas para os sócios que podem ser identificados pelos documentos oficiais (B.I., etc.). Estes documentos serão de extrema importância para evitarem a perseguição das pessoas mais envolvidas na Associa-ção, no caso de as Autoridades decidirem intervir.

Dependendo da legislação de cada país, a distri-buição e o consumo da colheita poderão ter local no clube. [Em Portugal nunca o consumo deverá ser efec-tuado no próprio Clube.]

3.º PASSOPROFISSIONALIZAR O CLUBE

Com o tempo, a quantidade de sócios crescerá e a organização da produção, o transporte, os pagamen-tos, etc. necessitarão de ser mais profissionais. A fim de facilitar à associação o controlo das plantas, é me-lhor optar por ter várias plantações de pequena escala.

Cada clube pode ter as suas próprias regras que complementem os estatutos e sejam apropriadas ao uso local do clube; que refiram o pagamento de contribui-ções dos sócios de acordo com o bom espírito do clube. Por exemplo afixar em local visível a proibição de dis-pensar/vender o canábis produzido pelo clube a pessoas que não são sócios, especialmente a menores.

Para evitar problemas e mal entendidos é melhor in-formar as autoridades do facto do clube estar a cultivar canábis colectivamente. Alguns clubes fazem-no com uma mensagem às autoridades legais na sua região, no escritório da polícia mais próxima, ou à autarquia local, outros somente enviaram um comunicado de imprensa.

O facto de ser uma associação sem fins lucrati-vos não significa que não possam existir transacções comerciais. Produzir canábis de boa qualidade e de

Manual para criar um Clube Social de Canábis em PortugalClubes Sociais de Canábis são associações de cidadãos que organizam o cultivo de uma quantidade limitada de canábis para satisfazer as suas necessidades pessoais. Estabelecem um circuito fechado de produção, distribuição e consumo, de acordo as com normas legais que são vigentes no país.

UMA INICIATIVA DOS CIDADÃOS PARA UM MERCADO LEGAL DE CANÁBIS

evoluçãoA FOLHA 10A FOLHA

Neste momento (Janeiro de 2011), estão a operar legalmente vários Cannabis Social Clubs em Espanha e Bélgica. Pode haver possibilidades de se estabelecer um clube em qualquer país no qual o consumo de canábis esteja despenalizado.

As convenções internacionais sobre drogas não incluem a obrigação aos países de proibir o consumo e cultivo de canábis para consumo pessoal. Por esta razão, os países signatários podem despenalizar o consumo e regulamentar o cultivo para consumo pessoal sem temor a sanções internacionais. Essas medidas formam o fun-

damento de uma política racional de Redução de Danos, mas são insuficientes.

O cultivo para o uso pessoal não consegue satisfazer a enorme procura, porque muitas pessoas não têm acesso, tempo, espaço, ou meios para desenvolver o seu próprio consumo. Não contém automaticamente garantias contra os riscos inerentes ao mercado negro, ou a sua inviabiliza-ção efectiva. Para minimizar estes riscos, requer-se um sis-tema mais desenvolvido de produção e distribuição, onde o controlo de qualidade esteja assegurado e o propósito comercial seja totalmente removido da equação.

A solução mais racional é a colectivização do culti-vo para o consumo pessoal. Os consumidores adultos que não querem cultivar por si próprios podem formar associações sem fins lucrativos com o propósito de ob-ter um acesso legal, seguro e transparente do canábis para os seus sócios. Implementa-se, assim, um modelo para um mercado regulamentado, no qual a oferta estará sempre controlada pela procura, i.e., a produ-ção limita-se a uma quantidade estabelecida como necessária para satisfazer as necessidades do consumo pessoal dos sócios.

tubbypaws.blogspot.com

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forma segura e sã requer trabalho, que deverá ser re-munerado. Operar como Associação, implica que se realizem despesas e as pessoas que a operam deverão ser também remuneradas.

O estabelecimento do preço deverá fazer-se de uma forma transparente e democrática. As despesas incluídas podem ser: aluguer de espaços, água, elec-tricidade, materiais, salários, despesas de escritório, gasolina e despesas gerais da associação. Estes são divididos pela quantidade de canábis cultivado pelo clube o que resultará no preço por grama. Em Espanha e Bélgica, foi possível chegar a um preço dentre 3 e 4 euros por grama. A maioria dos clubes trabalham com orçamentos anuais, de modo que este preço pode ser adaptado a cada ano. Em outros casos isso pode ter que se adaptar a cada colheita (3 a 4 meses).

Os benefícios que se produzem utilizam-se para a associação. A primeira decisão que se pode tomar caso se produzam mais benefícios do que o necessário para os objectivos da associação é reduzir a contribuição anual dos sócios.

As transacções financeiras devem ser sempre docu-mentadas (pagamentos, receitas, despesas sempre com facturas, ou com recibos). Isso é importante para mos-trar num eventual julgamento que o clube não está en-volvido em nenhuma actividade ilegal. Também ajuda a assegurar a transparência financeira da organização.

É uma boa ideia estabelecer um mecanismo para o controlo externo da organização, a cargo de alguém que não seja sócio e tenha a capacidade de julgar se os métodos utilizados cumprem com as normas que possam ser aplicadas.

PASSO QUATRO LOBBY PARA UMA REGULAÇÃO LEGAL

DOS CLUBES SOCIAIS DE CANÁBIS E DO AUTO-CULTIVO NO NOSSO PAÍSUma vez que um CSC esteja a funcionar propria-

mente, o que falta é apenas convencer as autoridades políticas e legais para que instalem um enquadramen-to legal para clubes, com respeito a licenças, impostos e controlo externo.

Na maioria dos casos, os políticos, juristas, juízes ou polícias simplesmente não sabem como começar uma regulação de um mercado legal de canábis. Na realidade isso pode apoiar o processo: os modelos propostos pelos consumidores podem mesmo ser fa-cilmente aceites.

13 A FOLHA11 A FOLHA

FORMAR UMA ASSOCIAÇÃO

Qualquer conjunto de pessoas que se reúna com interes-ses comuns pode constituir uma associação. Muitas vezes, grupos de moradores, pessoas da mesma profissão, cole-gas de actividades recreativas e culturais ou amigos com projectos comuns encontram na criação duma associação a forma de se fazerem representar publicamente.

Normalmente, estas organizações são desenvolvidas sem fins lucrativos e quando os sócios pretendem ter lucro económico optam antes pela criação de uma sociedade.

Fonte: Portal do Cidadão

Eis simplificadamente como avançar com a constitui-ção de uma Associação pelo método tradicional, ou seja, sem recorrer à iniciativa Associação na Hora. [www.asso-ciacaonahora.mj.pt]

0. Reunião informal: Reúna-se com um grupo de amigos, com o mesmo objectivo ou interesse, e comecem a pensar sobre o que pretendem para a vossa associação.

1. Órgãos da Associação: Uma Associação é constitu-ída por três órgãos:

A Assembleia Geral, dirigida por uma Mesa, compos-ta por elementos eleitos para o efeito podendo ser: um pre-sidente, um vogal e um secretário. – Este é o órgão máximo da Associação, competindo-lhe, entre outras, a aprovação do plano de actividades, a aprovação e a literação dos esta-tutos, a aprovação do relatório de actividades.

A Direcção, composta no mínimo por três elementos, podendo ser: um presidente, um secretário e um tesoureiro. Este é o órgão executivo e tem como função a gestão da Associação.

O Conselho Fiscal é formado no mínimo por três ele-mentos, podendo ser: um presidente, um secretário e um redactor. A este órgão compete essencialmente o controlo de contas da Associação.

A Direcção e o Conselho Fiscal deverão ser constituí-dos por um número ímpar de elementos, dos quais um será o presidente.

2. Projecto de Estatutos: Na reunião informal devem elaborar um projecto de estatutos, que são as regras que a sua Associação terá que cumprir no futuro. Há vários mo-delos base de estatutos disponíveis online, que pode ade-quar à sua Associação.

3. Escolha do Nome para a Associação: Para que a sua Associação seja reconhecida tem que lhe dar um nome. Escolha vários nomes possíveis pois terá que ir ao Registo Nacional de Pessoa Colectiva para que seja verificado se nenhum desses nomes já foi atribuído.

4. Assembleia Geral: Agora que já tem o seu projecto de estatutos e o nome da sua Associação, convoque uma reunião com todos os elementos do grupo, a qual será a primeira Assembleia Geral.

A assembleia deverá ser participada pelo menos por 20 associados. É nesta altura que deverão ser eleitos os elementos dos órgãos sociais (Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal). Atenção que deverá ser elaborada uma acta desta assembleia, assinada por todos os ele-mentos presentes, pois será necessária para a legali-zação da associação. O projecto dos estatutos tem de ser aprovado obrigatoriamente em Assembleia Geral. Os es-tatutos consideram-se aprovados por maioria simples, ou seja, 50% mais um dos associados fundadores presentes tem de votar a favor.

As decisões tomadas na reunião ficam registadas num Livro de Actas. Este documento pode ser constituído por folhas soltas numeradas sequencialmente e rubricadas pe-los representantes do órgão a que pertence. Cada um dos órgãos deve ter um Livro de Actas próprio e por cada reunião deve ser elaborada uma acta. O Livro de Actas deve respeitar um termo de abertura e tem de ser apresen-tado num Serviço de Finanças a fim de ser pago o respec-tivo imposto de selo.

A convocação da Assembleia Geral deve ser feita pela Administração pelo menos uma vez por ano para aprova-ção dos balanços, embora os estatutos possam estabelecer mais reuniões obrigatórias e mesmo determinar as suas datas.

5. Pessoa Colectiva: Com a acta da Assembleia Geral, os Estatutos e os Bilhetes de Identidade dos elementos dos corpos sociais, diriga-se ao Registo Nacional de Pes-soa Colectiva e inscreva a sua associação para a atribuição do número fiscal. Deve ainda requerer um certificado de admissibilidade de firma ou denominação, pois irá ser ne-cessário para o passo seguinte.

6. Fazer a Escritura Pública: Tendo cumprido todos os passos anteriores, os fundadores devem ir até ao Car-tório Notarial da área onde se situa a sede da associação. Eis a documentação a apresentar: Certificado de Admissi-bilidade; Documentos de identificação de todos os sócios eleitos para os órgãos; Estatutos aprovados; Acta da As-sembleia Geral que aprovou os estatutos.

De acordo com o artigo 158.º do Código Civil, ape-nas as associações constituídas por escritura pública gozam de personalidade jurídica.

Celebrado o acto, o notário deve comunicar oficiosa-mente a constituição da Associação ao Governo Civil e ao Ministério Público e enviar os estatutos para publicação em Diário da República.

7. Pedido de Cartão de Pessoa Colectiva: O passo se-guinte é requerer o Cartão da Empresa ou o Cartão de Pes-soa Colectiva, o novo documento de identificação múltipla das pessoas colectivas e entidades equiparadas que contém o NIPC - Número de Identificação de Pessoa Colectiva (em geral, corresponde ao NIF - Número de Identificação Fiscal) e o NISS - Número de Identificação da Segurança Social.

8. Entregar Declaração do Início da Actividade: Por último, a Associação deve entregar a declaração do início da actividade presencialmente, na Repartição de Finanças da área onde fica a sede social da entidade, e assim regularizar a sua situação com o cumprimento das obrigações fiscais.

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opiniãoA FOLHA 12

lucro e manipular o sistema. Os países ocidentais apresentam-se como vítimas dos países produtores de drogas e dos traficantes de drogas que têm sido capazes de pular os muros bem altos e venderem drogas a pessoas inocentes.

Mas a verdade é muito diferente. Os países ocidentais são os criadores das convenções das Nações Unidas. Eles são os responsá-veis pelo facto de os países produtores de drogas aplicarem a pena de morte por droga, porque estes sofreram inúmeras e fortíssimas pressões dos países ocidentais por não fazerem mais para impedir a exportação de drogas desde os seus países. Eles são responsáveis pelo “genocídio cultural”, as tentativas de destruir a cultura milenar da folha de coca, fazendo crer às pessoas que é mais fácil perseguir uma cultura ances-tral na América do Sul, do que impedir que as empresas químicas euro--americanas percam dinheiro!

Talvez seja tempo para nós, activistas, pararmos de lutar por uma determinada substância e lutar por uma “Nova Cultura de Drogas “. Poderíamos alegar pertencer a uma nova tribo que é uma minoria neste mundo, mas que existe em todos os países deste planeta, não uma tribo ligada por interesses religiosos ou económicos, mas uma tribo impulsionada pela cultura do idealismo e com certeza muito diferente da maioria, mas uma tribo que acredita no seu próprio estilo de vida e que lutará por isso até ao fim!

*Membro do Conselho Executivo da Encod; Presidente da Ong A Diferença Real< [email protected] >

Vivemos numa época onde as drogas que são produzidas nos países ocidentais são permitidas, enquanto as originárias de países não-ocidentais são proibidas. O Álcool é anunciado como uma grande droga em todo o mundo, enquanto a publicidade e campanhas de marketing para o tabaco fazem com que todos es-queçam que o cancro de pulmão é uma das mais importantes causas de morte relacionadas com droga. por Jorge Roque*

A Saúde nunca teve nada a ver com as políticas de droga. Os países ocidentais têm sido capazes de controlar a legisla-ção global de tal forma que apenas as suas drogas devem ser legais e as drogas de diferentes países ou culturas devem ser proibidas. O álcool é a droga ocidental que causou maiores desastres na América, onde comunidades locais foram completamente destruídas por esta “água de fogo “. Muitos tornaram-se viciados, continuando a beber o dia todo, mas as autoridades nunca decidiram controlar ou proibir na altura essa substância. Há um século e meio, as guerras do ópio foram travadas para obrigar os chineses a consumir o ópio das coló-nias britânicas na Índia.

Hoje em dia, as drogas são proibidas na sequência de um im-perativo económico, para limitar a oferta e aumentar o preço. As organizações criminosas sabem muito bem como tirar proveito destas políticas ingénuas.

Este mês, fomos confrontados com a notícia de que vários países ocidentais fizeram uma reclamação contra a proposta pelo governo boliviano para acabar com a proibição do consumo tradicional da folha de coca. Estes países temem que se for permitido ao povo boliviano mastigar as folhas de coca, eles vão ter que parar a erradi-cação dos campos de coca. Mas por que não perseguem as indústrias que produzem precursores quimicos ou outras substâncias que são fundamentais para a obtenção de cocaína a partir da folha de coca? Porque estas indústrias estão localizadas no mundo ocidental e não querem fazer com que estas percam dinheiro e enviem as pessoas para o desemprego.

O ataque à folha de coca é um acto de racismo e desrespeito às tradições culturais, crenças e religião. Os países ocidentais só enten-deriam isso se vissem o seu vinho, as vinhas, ou campos de tabaco a serem fumigados por países estrangeiros.

Quando as drogas se tornaram proibidas, esta política parecia ser uma forma de controlar mentes criminosas e subversivas. Claro que não podemos dizer que a política é que coloca a droga na boca e nas veias das pessoas, mas assim que a proibição apareceu, alguns esper-talhões analisaram a situação e encontraram uma maneira de obter

O imperialismo ocidental das drogas

Os países ocidentais só entenderiam se vissem o seu vinho, as vinhas, ou campos

de tabaco a serem fumigados por países estrangeiros

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aS leiS e PolítiCaS Sobre drogaS no braSil

opinião/sociedadeA FOLHA 14

O Brasil é mesmo um país de imensas desigualdades e contradições inusitadas. Quando o tema é políticas sobre drogas, isso fica ainda mais explícito. Em 2001, o país mostrou os primeiros sinais de mudanças sobre o tema. O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso assinou parceria com o de Portugal para, juntos, implantarem uma política de descriminalização dos utilizadores. Portugal fê-lo, mas o Brasil recuou. Cardoso vetou quase todos os itens da Lei, tornado-a inútil e inaplicável. Só em 2006, no governo de Lula, a Lei 11.343 estabeleceu que as pessoas que portam ou cultivam drogas para uso pessoal já não podem ser presas. Por Sergio Vidal*

No entanto, além de manter o uso com estatuto de crime, a Lei ainda é pouco aplicada devido à forma como está redigida. Não houve nenhum tipo de preparação para que policiais, delegados, juízes e outros operadores da Lei ti-vessem uma orientação de como tratar os casos. Muitos utilizadores que cultivam a sua própria canábis têm sido presos, acusados de tráfico, por exemplo, e a criminalização dos movimentos sociais que lutam pela legalização persiste até hoje. Por outro lado, a partir de 2006, houve um aumento do número de utilizadores dispostos a se organizar para lutar pelos seus direitos.

Em 2007, as Marchas da Maconha começaram a ganhar ex-pressão em diversas cidades em todo Brasil. No entanto, com o cres-cimento do movimento, em 2008, setores conservadores da socieda-de conseguiram proibir o evento na maior parte do país. Em 2009, o movimento fortaleceu em diferentes cidades e conseguiu ganhar na Justiça o direito a realizar a manifestação na maioria delas.

A cada ano o país tem assistido ao crescimento de coletivos anti-proibicionistas, que têm organizado debates, manifestações públicas e outros tipos de intervenção em prol da legalização. A pró-pria Lei 11.343, que entrou em vigor em 2006, passou a prever que o Estado pode emitir autorização para estabelecimentos cultivarem maconha para fins médicos ou científicos. No entanto, não há regis-to de nenhum caso de instituição que tenha sequer feito o requeri-mento para tal atividade, que provavelmente seria negado.

Ainda mais contradições

O Conselho Nacional de Política sobre Drogas (CONAD) tam-bém admitiu, em 2009, que a canábis tem usos medicinais e decidiu que deveria ser enviada à ONU uma petição para que fosse retirada da Lista IV da Convenção Única de Entorpecentes. No entanto, as contradições continuaram. A petição não foi enviada, e a Lei conti-nuou a ser desrespeitada.

Apesar da Lei da droga no Brasil vetar pena de prisão para utilizadores que cultivam, em 2010 foram vários os casos de cul-tivadores que só foram soltos após a intervenções de grupos de ativistas ligados aos movimentos da Marcha da Maconha [marcha-damaconha.org] e do Growroom [growroom.net], entre outros, que conseguiram provar que os cultivos não seriam destinados à venda.

Encarceramento em massa

Se, por um lado, as penas para os utilizadores foram diminuídas e hoje é vetada prisão, para os traficantes a situação piorou. A Lei 11.343 aumentou as penas, que hoje podem ficar entre 5 a 15 anos de prisão. Isso tem gerado um superlotamento dos presídios, agra-vando os problemas do já deteriorado sistema penitenciário brasi-leiro. Um estudo realizado sob encomenda do Ministério da Justiça, publicado em 2009, revelou que houve um aumento do número de prisões dos chamados “pequenos traficantes”. A pesquisa conclui que mais da metade dos acusados de tráfico foram presos sozinhos,

Em Dezembro de 2010 foi publicado no Brasil o primeiro ma-nual de cultivo de canábis medicinal. Na introdução da obra, há uma explicação de como um estabelecimento pode fazer o requeri-mento para conseguir autorização legal para o cultivo.

sem armas e com pouca quantidade de drogas. Em outras palavras, a tese de que o comércio de drogas é feito por grandes atacadis-tas, armados até os dentes e articulados em grandes grupos não pode mais se sustentar de forma fácil. São mais de 40.000 pessoas nessa situação hoje em dia, convivendo em penitenciárias em con-tato direto com os mais variados tipos de criminosos.

Hoje, as penas para um adulto que venda drogas para outro adulto são tão ou mais severas que aquelas destinadas a estupra-dores, homicidas e sequestradores. Uma análise superficial leva a crer que é o próprio Estado Brasileiro, através da sua Lei, que pune de forma exarcebada os comerciantes de drogas, que está a empurrar o negócio para a mão dos criminosos violentos. Ao abrir mão da regulamentação e igualar as penas para crimes de nature-za tão diversas, o Estado estimula a captação desses pequenos tra-ficantes por grupos de criminosos, dando-lhes ainda o monopólio da exploração dessa forma de arrecadar dinheiro.

Contradições à direita e à esquerda

Hoje o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é conhecido mundialmente por ter criado a Comissão Latino-Americana Drogas e Democracia [drogasedemocracia.org], formada por intelectuais e outros ex-presidentes como César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Ze-dillo (México). Tal Comissão vem defendendo a descriminalização da maconha e atacando as atuais leis sobre drogas de cunho proi-bicionista. Henrique Cardoso também tem encabeçado a formação de uma Comissão mundial, nos moldes da Latino-Americana, para defender as mesmas ideias em âmbito global e denunciar os erros de se manter o proibicionismo como foco das políticas sobre dro-gas. No entanto, como vimos, durante o seu governo (1995-2002), não teve coragem suficiente para fazer as mudanças que hoje defende e nem sequer cumpriu o acordo que havia realizado com Portugal, no que concerne à descriminalização dos utilizadores. Por

O primeiro em língua portuguesa

É o próprio Estado Brasileiro, através da sua Lei, que pune de forma exarcebada, que está a empurrar o negócio da droga para a mão dos criminosos violentos

Deputado Paulo Teixeira negociando com a polícia a realização da Marcha da Maconha em São Paulo / Maio de 2010.

Fonte: Hempadão.com

outro lado, o governo de Lula (2003-2010), que antes de ser eleito defendia a legalização da maconha e o fim das políticas proibicio-nistas, não avançou muito na questão. Apesar de retirar a pena de prisão para os utilizadores, o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) não fez muitos esforços para modificar a realidade sobre o tema. Também foi durante o governo Lula que as Marchas da Ma-conha foram criminalizadas e impedidas de acontecer em todo país.

Apesar disso, o movimento antiproibicionista brasileiro tem o apoio de alguns políticos ligados à esquerda, como o Deputado Paulo Teixeira, atual líder do PT na Câmara e do ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, também do PT, atualmente Deputado Estadu-al no Rio de Janeiro. Isso nos revela quão complexa é a questão das drogas no Brasil. Não apenas diferentes atores de um mesmo partido ou força política podem ter opiniões variadas em relação ao tema, como a mesma pessoa muda o discurso, de acordo com a posição política que ocupa num determinado momento. O mais recente caso de contradições nessa área ocorreu em Janeiro desse ano quando Pedro Abramovay, um jovem advogado de ideias progressistas, foi deposto antes mesmo de assumir o cargo de Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, para o qual havia sido convidado pela presidenta eleita em 2010, Dilma Rousseff (PT), por defender numa entrevista o fim da prisão para os “pequenos traficantes”.

*Sergio Vidal é antropólogo, escritor e activista. [Autor do livro “Cannabis Medicinal – Introdução ao Cultivo Indoor”]

< [email protected] > < www.cultivomedicinal.com.br >

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Page 16: A Folha #6

Outra nova caraterística é o baixo nível de odor que permite um cultivo discreto em interior, sendo desnecessário o uso de dispendiosos filtros de carbono activo. Como tal, esta é uma “variedade furtiva”, uma boa alternativa para a popu-lar White Satin da mesma casa que já não se encontra disponível.

DescriçãoA Kalichakra produz cabeças gordas

e cónicas que usualmente resultam em torres de cálices. O rácio cálices-folhas é excepcionalmente bom, tornando a colhei-ta rápida e fácil. O fenótipo com uma ca-beça longa a dominar a planta é a escolha acertada para um alto rendimento e pode ser usado para planta mãe ou cruzamen-tos. Com quatro semanas de crescimento vegetativo em interior sob 400W HPS/m2, em substrato de qualidade, as plantas ficam em média com 100-120 cm de al-tura e mais de metade tende a crescer por volta de 100cm. A altura da planta pode ser facilmente controlada por um ciclo vegetativo mais curto ou podando o caule principal.

As plantas crescem num estilo sativa típico: com a forma de uma árvore de Na-tal e espaço médio a longo entre nós. Al-

GenéticaA FOLHA 16

O baixo nível de odor permite um cultivo discreto em interior, sendo desnecessário o uso de dispendiosos filtros de carbono

HistóriaA Kalichakra obteve o seu nome a par-

tir da deusa Indiana Kali (uma esposa do Lorde Shiva, o fumador de ganja). Combina genéticas landrace únicas do Sul da Índia e do Triângulo Dourado (Burma, Vietname, Laos e Tailândia).

Nesta nova edição, a genética foi me-lhorada. Entre as novas caraterísticas está um melhoramento na homogeneidade, de modo a não haver tanta variação entre plan-tas. Isto simplifica em grande parte a selec-

ção de uma boa planta mãe mesmo entre um número reduzido de fêmeas.

Quem já cultivou a Kalichakra no pas-sado irá reparar que esta agora tem uma aparência mais sativa. Isto aumentou a sua resistência a fungos, tornando-a uma cultura boa para climas tropicais. Para além disso o rácio cálices-folhas é muito alto. As cabeças são muito apelativas não só esteticamente mas também para uma colheita rápida e fá-cil. Quando cultivada em exterior, estas ca-racterísticas são cruciais para poupar tempo.

Kalichakra

A Mandala Seeds é uma casa com uma postura underground, mas a diversidade e qualidade genética que a distinguem capturaram a nossa atenção, sobretudo com os resultados da sua Satori em terras lusas. Forte componente landrace, eficiência na absorção de nutrientes, menor necessidade de iluminação, odor reduzido, resistência a pragas, fungos e tér-mica, são argumentos que nem todos os bancos de sementes priorizam. Além de variedades para cultivo em interior, a Mandala tem vindo a adaptar landraces, criando genéticas únicas que em exterior permitem um bom rendimento em climas difíceis como o nórdico, ou o equatorial.

Para esta edição, o Homem Folha convidou a simpática Jas-min a partilhar uma das iguarias que desenvolveu recente-mente, que é afinal o melhoramento da clássica Kalichakra.A avaliação será feita posteriormente, e convidamos também os nossos leitores a enviarem as suas experiências com esta variedade. Dentro de uns meses publicaremos o resultado da avaliação colectiva e experiências de cultivo.

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17 A FOLHA

gumas precisarão de suporte no fim da flo-ração para segurar as pesadas cabeças caso não tenham sido podadas ou não estejam apertadas como num SOG [Sea of Green].

Para maximizar a produção e fortalecer os ramos superiores, pode ser útil remover os ramos nos 2-3 internós inferiores, em plantas cultivadas a partir de sementes, an-tes de mudar para o ciclo luminoso 12/12. Apesar de ser possível colher após 68 dias, algumas plantas vindas de semente podem ainda desenvolver cabeças mais gordas du-rante uma semana extra (os clones tendem a estar prontos mais cedo). Pode-se reduzir o fotoperíodo em uma hora antes da colheita para acelerar a floração, porém compensa ser paciente.

InteriorA Kalichakra é surpreendentemente

adaptável, fácil de cultivar, e uma boa escolha para jardineiros inexperientes. As plantas mães dão um abundante número de podas. Os clones resultantes podem ser colocados em floração cedo para cultivar plantas mais pequenas, numa mesa de hi-droponia ou armário, ou para diminuir o tempo de floração.

Em hidroponia, pode-se esperar um crescimento rápido e com suplemento de CO2 terá uma colheita enorme (não se esqueça de aumentar a EC da solução de nutrientes quando usar CO2).

Contrariamente às sativas típicas, a Ka-lichakra cresce muito bem em interior e já deu provas de uma performance satisfatória mesmo com pouca luz. A edição anterior ti-nha uma incrível capacidade para florir com pouca luz mas claro que a produção seria igualmente reduzida. A Mandala não espera que esta nova edição seja tão flexível mas se tiver uma lâmpada HPS de 150-250 W vale a pena testar.

A Kalichakra responde bem a treino e pode criar uma grande cabeça principal (cola) com a distribuição de luz homogénea. Porém, devido ao seu padrão de cresci-mento arejado a luz atravessa as cabeças superiores e chega a todos os rebentos em floração. Como tal, não é necessário atar a planta a não ser que inesperadamente haja problemas com a altura ou use uma fonte de luz fraca. A Mandala recomenda esta varie-dade para SCROG e quase todas as plantas facilmente cabem num SOG, apesar do seu crescimento ramificado.

ExteriorComo anteriormente mencionado, esta

sativa tem uma boa resistência aos fungos. Até 45° N a Kalichakra consegue obter um alto rendimento e é uma das melhores variedades para zonas quentes, quentes-tem-peradas e tropicais. Em climas nórdicos a Mandala aconselha o cultivo em estufas. Os resultados e tempo da colheita irão depender do clima e dos cuidados prestados à planta.

Aroma, sabor e efeitoO aroma nesta nova edição mudou do

anteriormente predominante herbal-incenso e chá inglês para um aroma mais doce. Um sabor doce e mentolado acompanha a maio-ria das cabeças fragantes.

A moca é suave e começa gradualmente. É especialmente apropriada para pessoas sensíveis a um alto ritmo cardíaco ou a an-siedade. A potencia é comparável à canábis medicinal de alta qualidade e a Kalichakra tem uma longa reputação entre utilizadores

medicinais para um amplo espectro de usos. A Kalichakra pode criar um efeito de

boa disposição muito positivo que dá uma visão mais colorida à vida. Uma sensação quente e relaxada no corpo é usual, em con-junto com o efeito funcional e social.

É uma boa opção para fumar durante o dia para todo o tipo de actividades, mas também ajuda a descontrair e relaxar quando tal é apetecível

É uma boa opção para fumar durante o dia, para todo o tipo de actividades, mas tam-bém ajuda a descontrair e relaxar quando tal é apetecível. Podia ser chamada uma “caná-bis yin-yang equilibrada”, que une o melhor dos dois mundos (indica e sativa)

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crónicas do cannabistãoA FOLHA 18

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A Colheita é uma arte que se aprende com a ex-periência, e a hora H deve ser escolhida com ponderação. A sua influência sobre o produto final não deve ser menos-prezada no que toca a variáveis como apresentação, rendi-mento, sabor, aroma e efeito.

Cuidados pré-colheita Os preparativos para a colheita começam antes do corte propriamente dito e envolvem vários cuidados.

Lavagem Para garantir que a fertilização utilizada na rega não se nota no sabor a planta deve ser submetida a uma dieta final ex-clusivamente a água durante 1-2 semanas antes do corte. Na última semana, rega-se lentamente apenas com água, mas no dobro da quantidade de rega habitual, até que a água com que regamos saia abundante e limpa pelos orifícios de escoamento do vaso.

Alguns cultivadores adicionam complexos de enzimas para facilitar a degradação dos restos de raízes mortas e nu-trientes residuais da terra. Outros, porém, utilizam nutrien-tes comerciais específicos para esta última fase - geralmente constituídos por melaços com o objectivo de “adoçar” o sabor e aroma do produto final.

Seja qual for a preferência, torna-se importante compre-ender o estado de desenvolvimento da planta para começar a lavagem no momento indicado. Podemos tentar orientar-nos pela previsão de tempo de maturação indicado pelo fabri-cante de sementes, mas devemos lembrar-nos que as plantas são seres vivos que reagem de forma diferente consoante o contexto em que crescem, e que não devemos fiar-nos com-

pletamente nas previsões dos fabricantes. Uma boa dica para saber quando iniciar a lavagem é quando 60% dos pistilos passaram da cor branca a acastanhada. Outras dicas pré-colheita

Em cultivos de exterior, não se deve deixar a planta apanhar chuva ou humida-des relativas muito altas nas últimas duas semanas de flo-ração. Se for necessário, de-vem passar-se os vasos para um local abrigado da chuva.

Se tal não for possível é preferível colher uns dias antes do ideal do que arriscar a que as primeiras chuvas de Outono apanhem as cabeças no final da maturação Quando tal acontece, aumenta muito a probabilidade de infestações por fungos como o botrite, capaz de devastar a colheita em apenas alguns dias.

Deve deixar-se secar bem o substrato antes do momen-to do corte, de modo a reduzir a percentagem de água na planta e facilitar a secagem.

COLHEITAQuando cortar?

Para saber quando colher, existem vários indicadores tra-dicionais:

Um é a percentagem de pistilos brancos e castanhos, que deve ser de 70 a 75% de pistilos castanhos para 25 a 30% de pistilos brancos no momento do corte. A dureza da

cabeça, que atinge o seu ponto máximo quando está madura, é outro dos possíveis indicadores. No entanto veremos que existem métodos mais rigorosos para avaliar e decidir o mo-mento específico em que devemos cortar uma planta.

De facto, investigações recentes demonstraram que mais do que no grau de maturação da planta propriamen-te dita, devemos concentrar-nos no grau da maturação dos tricomas. Os tricomas são as pequenas glândulas es-branquiçadas de resina, redondas e pegajosas que cobrem as flores (cabeças) durante a floração e a maioria das folhas que as rodeiam. Afinal, é ali que estão os principais canabinóides psicoativos presentes na canábis: o CBD, que descarboxila e se degrada no famoso THC, e ainda o CBN, que resulta da degradação do THC. Assim, observando estes cristais podemos controlar melhor o seu grau de maturação, que influenciam a qualidade e o efeito do produto final.

Estas glândulas de re-sina cristalizada podem ser observadas com o auxílio de pequenas lupas ou microscó-pios de bolso. Quando vistas com o auxílio de uma lente, as cabeças das plantas aparecem cobertas de pequenos cristais com a forma de chupa-chupas: um pequeno bastão com uma esfera no topo. Estes “chupa-chupas” são os tricomas. Antes de estarem maduros, têm uma cor transparente cristalina, mas com o passar dos dias adquirem um tom esbranquiçado e o seu interior observa-seleitoso e com uma aparência mais translú-cida. Seguidamente amadurecem e passam para côr ambar, e por fim, castanho. Teoricamente, é quando se encontram es-branquiçados/ translúcidos que apresentam maior concentração de THC, mas segundo os “connoisseurs”, a percentagem ideal será de 60% dos cristais de côr translúcida/esbranquiçada e 40% de cristais de côr âmbar, antes de ficarem castanhos.

Como é que a colheita afecta o efeito (moca)? Quando a maturação dos cristais ultrapassa este ponto de aparência transparente/leitosa, estes começam a ficar de cor

COLHEITA CUIDADOS A TERqUANDO CORTARMANICURESECAGEM E CURA

A percentagem de pistilos brancos e castanhos, deve ser de 70 a 75% castanhos para 25 a 30% de pistilos brancos no momento do corte

Foto: Tomm

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Microscópio de bolso

Cabeça com Botrite

Tricomas leitososnuma Black Jack Auto

Pistilos maduros em evidência

nesta Black Jack

A colheita é literalmente o momento em que “colhemos” os frutos do trabalho e da dedicação durante a fase de cultivo. Por mais simples que pareça o acto de cortar, tem mais que se lhe diga que decepar uma planta, armado com uma tesoura, faca ou serrote.

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19 A FOLHA

Foto: Tomm

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âmbar, e com o decorrer dos dias vão escurecendo ainda mais. Este processo está relacionado com a degradação do THC – responsável pelo efeito psicotrópico mais exci-tante – em CBN, um composto responsável por um efeito psicotrópico mais sedativo e relaxante do que propriamente excitante.

Assim, se desejar um efeito mais eufórico deve colher as plantas quando a maioria dos cristais estão transpa-rentes/leitosos, mas, se pelo contrário, deseja um efeito mais relaxante e sedativo, deve colher a planta alguns dias mais tarde, quando a aparência dos tricomas ad-quire um tom mais âmbar/acastanhado.

Durante o seu processo de amadurecimento, os cristais também vão alterando subtilmente a sua forma. Ao início o “chupa-chupa” está recto, com a cabeça no topo, mas à me-dida que vão amadurecendo, a cabeça começa a decair para um lado, dando a impressão de que o cristal está a murchar. Neste momento os cristais já se encontram com cor de âmbar e começam a chegar ao limite de amadurecimento, a partir daqui uma parte considerável do THC começa a de-gradar-se em CBN, e o efeito será cada vez mais sedativo.

Muitas vezes as plantas não amadurecem todas ao mes-mo ritmo e de modo uniforme. Por vezes plantas da mesma variedade acabam primeiro que outras, e por vezes existem ramas na mesma planta em que os cristais apresentam graus diferentes de maturação. Nestes casos, o aconselhável é começar a colher as ramas progressivamente à medida que vão ficando maduras. Em cultivos de interior com luz arti-ficial, o amadurecimento começa do topo para baixo, mas em exterior pode variar. Em qualquer dos casos, o melhor é recorrer a uma lupa ou microscópio de bolso e analisar a cor dos tricomas.

COLHEITA E PRODUTIVIDADEUma colheita precoce provoca perda na produção; uma colheita tardia incrementa a quantidade de produto final. Do ponto de vista exclusivamente da produtividade, se o objectivo da plantação se destina à extração de haxixe ou à produção de cabeças em quantidade, devemos optar por uma colheita mais tardia. A produção de cristais durará mais tempo, bem como o aumento da massa das cabeças, mas grande parte do THC ter-se-à degradado.

Muitos cultivadores usam técnicas de stress para ten-tar aumentar a produção e a quantidade de resina nos últimos dias antes da colheita. Uma das mais populares é o prolongamento da última noite por 72 horas. Aparen-temente, manter a planta em escuridão total durante esse tempo estimula a produção de THC.

Seja qual for o momento que considerarmos indicado para colher, ele vai chegar. E quando chegar devemos estar preparados, porque se trata do princípio das próximas eta-pas: Manicure e Secagem.

MANICUREQuando falamos em manicure vêm-nos à cabeça imagens das nossas avós e daquelas senhoras que passavam tardes rodeadas de catálogos às cores de vernizes para unhas, limas e tesouras de formas esquisitas, a tratar das unhas, calos e peles, sempre com toda aquela dedicação, minúcia e paciência que sempre achámos fútil e que nunca julgámos capazes de dedicar a algo.

Pois é, chegou a nossa vez. Em vez de unhas, calos ou peles, felizmente são flores de canábis. E não são dez, são dezenas ou centenas de pequenas ou grandes cabeças a que se devem retirar a maioria das folhas grandes e médias que sobressaem fora da zona dos cálices, deixando as cabeças des-pidas ao máximo de folhas. Antes de começar, o ideal é ir a uma farmácia comprar umas luvas finas de latex. A mani-pulação das ramas e cabeças vai deixar os dedos impregna-dos de resina que deste modo ficará colada às luvas e será reaproveitada mais tarde sob a forma de “Charas” caseiro.

Assim, para começar seleccionam-se e separam-se dois tipos principais de folhas: as grandes, geralmente sem resi-na e que não são aproveitadas para extração de haxixe e po-dem ser deitadas fora ou utilizadas para fazer compostagem caseira, e as folhas pequenas, mais próximas das cabeças, parcialmente cobertas de tricomas, que são a principal ma-téria prima para a elaboração do haxixe caseiro [artigo na próxima edição]. Estas folhas devem ser postas a secar e em seguida guardadas no congelador, sendo retiradas ape-nas para a extração. Uma minoria dos cultivadores congela as folhas ainda verdes, antes de secá-las e utiliza-as assim para extração de haxixe. Embora também funcione, segun-do alguns sibaritas o sabor não fica tão delicado.

Alguns cultivadores preferem pôr as plantas inteiras a secar, sem fazer manicure, mas a maioria opta por fazê--la com as plantas ainda verdes, essencialmente por uma questão de comodismo. As folhas ainda estão tesas, o que facilita o trabalho de corte das folhas grandes e recorte das que sobressaem das cabeças.

Outros ainda retiram apenas a maioria das folhas grandes nesta primeira fase, deixando algumas folhas médias para protegerem as flores e os cristais da luz e do pó durante a fase de secagem, optando pela parte de mani-cure mais minuciosa junto às cabeças para mais tarde. De facto, a decisão de deixar mais ou menos quantidade de folhas também depende do tipo de clima a que se está su-jeito. Em climas áridos ou muito secos o ideal é deixar o máximo de matéria verde (folhas) possível até à manicure, de modo a refrear a velocidade de secagem, contribuindo as folhas para manter alguns níveis de humidade durante mais tempo e impedir que as flores fiquem ressequidas em um ou dois dias. Em zonas com climas muito húmidos, pelo contrário, o ideal é retirar logo o máximo de folha-gem possível para acelerar a secagem e prevenir acumula-ções de humidade que leve ao aparecimento de fungos.

A Humidade Relativa ideal para o espaço de seca-gem é de 50 a 60%.

A parte mais minuciosa da manicure é bastante traba-lhosa. É um trabalho de paciência demorado, que se faz geralmente recorrendo a tesouras de ponta afiada. Existem nas growshops tesouras específicas com mola interna, o que poupa esforço, horas, e por vezes caimbras e dores musculares nas mãos resultantes do movimento de corte repetitivo. É um pequeno investimento, custam geralmen-te entre 5 e 10€, mas facilitam imenso o trabalho.

Estigmas ainda verdes de Black Jack Auto,

em baixo alguns tricomas jovens

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Tricomas nas 3 fases: verdes, maduros-leitoso, e demasiado maduros (castanho), numa Black Jack Auto em cultivo de interior

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A FOLHA 20

MÁQUINASDE MANICURAR

No sentido de poupar este trabalho minucioso e repe-titivo, por vezes feito em grande escala, surgiram várias marcas no mercado que ide-alizaram e comercializam máquinas de manicure. Desde as manicuradoras manuais de tambor (Handy-trimmer, Tum-ble Trimmer, etc.) – semi-profissionais, que custam um par de centenas de euros, e que funcionam razoavelmente bem, tendo a vantagem de serem capazes de processar uma quan-tidade não desprezível sem necessidade de electricidade – muito útil para cultivos de exterior; até modelos industriais holandeses ou americanos capazes de manicurar plantas inteiras em menos de um minuto com uma qualidade mais que aceitável pelo valor de vários milhares de euros. Existe uma vasta oferta de acessórios para facilitar este trabalho.

Existem vários modelos e marcas, umas com tesouras automáticas ligadas a tubos de aspirador que sugam as so-bras das cabeças para um contentor onde se recuperam para extração de haxixe com recurso a água. Outros modelos são compostos por mesas com grelhas de altura regulável, sob as quais giram lâminas rotativas que fazem as cabeças rodar e lhes vão retirando e armazenando as folhas “em excesso” para posterior extração.

Qualquer destes tipos de máquinas são úteis apenas em casos de produções profissionais ou de colheitas de exterior, que por vezes atingem dimensões imprevistas e copiosas.

Na verdade, em pequena escala (na óptica do culti-vador-consumidor), esta tarefa faz-se perfeitamente na companhia de alguns amigos próximos que ficarão bastante felizes por poder partilhar umas noites bem passadas em troca de um pouco de ajuda. Quanto mais apurada for a ma-nicure menos folhas devem sobrar ao redor das cabeças. De facto, as folhas pioram o sabor, e quanto menos houver me-lhor. Algumas pessoas preferem retirar as pequenas folhas apenas no momento do consumo, porque até lá protegem os cristais de luz, golpes e outros factores agressivos.

SECAGEM Depois de colhidas, as plantas têm que ser secas lentamente de maneira a perder a água que ainda conservam nas cé-lulas de forma progressiva e homogénea. Bem feito, este processo deve durar entre 12 dias e um mês – dependendo das condições climatéricas – e permite eliminar várias subs-tâncias residuais como as clorofilas que alteram e pioram o sabor da erva. Para além do sabor, a secagem permite também a descarboxilação gradual do canabinóide mais abundante, o ácido tetrahidrocanabinólico (THCA), para o psicotrópico THC.

É possível descarboxilizar rapidamente o THCA com uma temperatura de 106 ºC, mas a água evapora a apenas 100 ºC. Assim, consumir a erva verde (ainda húmida) tem duas desvantagens: por um lado, a maior parte do THC ainda está sob a forma não psicotrópica THCA e mesmo durante a combustão este não se converte em THC devido à presença da água.

A secagem deve ser gradual e em ambiente controlado, porque se for demasiado rápida ou lenta, essa falha terá as suas consequências na potência, sabor e aromas finais, so-bretudo nos casos de secagem demasiado rápida, em que as clorofilas não se degradam e o produto final tem um sabor parecido com “palha”, arranhando ao inspirar.

Uma vez cortadas e manicuradas de acordo com a preferência de cada um, as plantas inteiras ou ramos pré--cortados penduram-se de cabeça para baixo num local es-curo – porque a luz degrada o THC – e arejado, com pouca humidade, para prevenir o aparecimento de bolores nas ca-beças. Existem também umas estantes verticais de rede em que se podem colocar os ramos na horizontal sem danificar as cabeças. Estas redes vendem-se nas growshops e outras grandes superfícies.

Outra possibilidade é construir um armário de secagem improvisado com um caixote grande de cartão, que se co-loca ao alto. No topo do mesmo fazem-se pequenos furos de 15 em 15 cm de um lado e de outro, de forma a poder esticar vários fios paralelos, construindo uma estrutura semelhante a um pequeno estendal de roupa. Nestes fios penduram-se os ramos de cabeça para baixo. O cartão ajuda a absorver a humidade em zonas mais húmidas.

A temperatura da zona de secagem deve estar entre 12 e 20 ºC, e a humidade relativa entre 50 e 60%. O ideal é utilizar um ventilador de baixa potência para fazer circular um pouco o ar na sala de secagem. Se necessário, devem uti-lizar-se desumidificadores para retirar excessos de humidade. Nestas condições, a secagem deve levar um mínimo de duas semanas e o máximo de quatro, findas as quais os ramos das plantas devem estalar e quebrar ao ser dobrados ao meio. Chegados a este ponto, pode-se iniciar o processo de cura.

Existe ainda outro meio de secagem que consiste na uti-lização de gelo seco. O gelo seco é dióxido de carbono na forma sólida. No entanto, contrariamente à água, à tempera-tura e pressão atmosféricas, o CO2 não passa pela fase líqui-da entre as fases sólida e a gasosa. Do estado sólido passa directamente ao estado gasoso, através de sublimação. Para secar com técnica de gelo seco, colocam-se barras de gelo seco dentro de um compartimento isotérmico como um caixote de esferovite ou uma geleira de campismo, e vão-se intercalando camadas de gelo seco e de ramas até encher a caixa. Quando o gelo tiver desaparecido restam apenas as cabeças sem vestígios líquidos. Repetir o processo uma vez por dia durante vários dias até a secagem ser satisfatória. Este fenómeno permite realizar secagens em zonas de hu-midades elevadas a temperaturas muito baixas, mas deixa uma marca característica no sabor final.

CURA O processo de cura consiste no armazenamento em frascos de vidro ou outros recipientes herméticos. No início são abertos diariamente para respirar por breves minutos ou mesmo se-gundos. Este processo repete-se diariamente por alguns dias, e depois o frasco permanece fechado. No entanto, é essencial que as cabeças estejam secas antes de iniciar este processo. Se quando se abre o recipiente sentirmos que o interior do recipiente está ligeiramente húmido, é porque ainda não está bem seca; se sentirmos calor no interior do recipiente, a erva pode ter começado a fermentar. Neste caso retira-se as cabe-ças do recipiente e deixa-se ao ar num local arejado e seco.

O objectivo da cura é completar e uniformizar o pro-cesso de secagem em todas as cabeças e flores independen-temente do seu tamanho. Este processo cria as condições necessárias para uma secagem perfeita através da degrada-ção lenta e progressiva de clorofilas e compostos verdes, permitindo o refinar das qualidades organolépticas, cujos diferentes matizes se vão revelando sucessivamente à medi-da que o tempo de cura avança, até atingirem o seu requinte máximo alguns meses mais tarde, antes de começarem a perder qualidades.

O tempo necessário para atingir este ponto depende da humidade, da temperatura da secagem e das condições de armazenamento, mas geralmente ao fim de um a dois meses de cura já podemos ter uma ideia aproximada da qualidade final do produto. É apenas após este processo que as flores secas e curadas refinam as suas qualidades organolépti-cas – sabor e aroma – e as psicotrópicas se manifestam ao máximo.

ARMAZENAMENTO Existem várias formas de armazenar as flores depois de manicuradas, secas e curadas. A forma clássica é também provavelmente a mais eficiente: guardar as cabeças em fras-cos de vidro herméticos. Os frascos devem guardar-se num local fresco e seco e ser de côr castanho escuro ou azul para filtrar a luz; caso sejam transparentes, é suficiente guardá--los longe da luz.

Outra técnica é a conservação por vácuo. Esta técnica funciona relativamente bem, embora o plástico seja poroso e acabe por transpirar e possa adquirir odores. Necessita uma máquina de vácuo com termoselagem, semelhante às utilizadas para fechar sacos de congelados em casa. É es-sencial verificar se não existem buracos no saco. Após em-balado, o saco pode guardar-se no frigorífico ou num local escuro, fresco e seco.

Frigorífico e congelador: esta é uma técnica populariza-da recentemente que permite conservar a colheita durante vários meses mantendo qualidades como aroma e sabor. No entanto, é essencial que as embalagens – sacos, frascos ou tupperwares – estejam perfeitamente selados de modo a não absorver humidade e cheiros do congelador e frigorífico. Esta técnica consiste simplesmente em colocar os recipien-tes no frigorífico ou congelador e, segundo os seus apolo-gistas, permite armazenar amostras durante um ou dois anos sem alteração muito significativa de aroma e sabor, embora se note uma alteração de efeito, tornando-se mais sedativo, com perda de parte do efeito excitante e incremento do efei-to relaxante.

Lembre-se: uma secagem apressada retira aroma, sabor e potência ao trabalho de vários meses. A paciência compensa!

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Page 21: A Folha #6

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Primera evolución de la genética Big Devil. Variedad autofl oreciente y femi-nizada de talla alta, como respuesta a la demanda de nuestros clientes que solicitaban autofl orecientes de mayor porte hemos seleccionado esta gené-tica que alcanza una altura de 1-1,5 m.Más productiva y más aromática que su anterior versión, cogollos resino-sos y compactos con numerosas ra-mas laterales. Aromas dulces e inciensados con to-ques de Skunk.

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Nueva versión autofloreciente de nuestra S.A.D. S-1. Resultado del cruce de nuestras mejores cepas autofl orecientes con la S.A.D. S-1. Automática de calidad superior, con cogollos densos y gran producción de resinas, intenso aroma dulce y almizclado, rápida fl oración, fuerte efecto y gran vigor híbrido.La r-evolución de las autofl orecien-tes ha llegado, al fi nal de la fl oración estas plantas alcanzan el mismo as-pecto resinoso y apetecible que sus hermanas no-autofl orecientes.

Nueva versión autofl oreciente de nues-tra Black Jack. Resultado del cruce de nuestra S.A.D. Auto con nuestra Jack Herer Auto. Automática de calidad superior, con cogollos densos y gran producción de resinas, intenso aroma dulce e inciensado, rápida fl oración, fuerte efecto y gran vigor híbrido.La r-evolución de las autofl orecientes ha llegado, al fi nal de la fl oración estas plantas alcanzan el mismo aspecto re-sinoso y apetecible que sus hermanas no-autofl orecientes.

Primera evolución de la genética Fast Bud. Variedad autofl oreciente de buena producción con grandes cogollos cargados de abundante y arómatica resina. Nueva versión más productiva y arómatica.Produce plantas muy vigorosas y con abundantes ramas laterales, que alcanzan una altura de entre 40 y 90 cm. Potente efecto y aromas dul-ces con tonalidades exóticas proce-dentes de su herencia Diesel.Autofl oreciente de muy rápida fl ora-ción.

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crónicas do cannabistãoA FOLHA 22

A maioria dos abastecimentos de água das cidades contém carbonato de cálcio adicionado para elevar o pH da água e evitar a corrosão dos canos

Claro que a água é o ingrediente prin-cipal na hidroponia. Na verdade, é o vector mais adequado para transportar os elementos essenciais de que as plantas precisam para florescer. É por isso que a qualidade da água que utilizamos é de uma importân-cia extrema. Esta varia de fonte para fonte. De modo geral, as pessoas usam a água municipal da torneira, ou de um poço ou lago quando vivem no campo. Cada fon-te de água tem problemas distintos e as qualidades da água são medidas por várias propriedades que afectam o crescimento e a saúde das plantas.

Para o profissional qualificado, a gestão nutricional representa uma oportunidade para promover o cresci-mento das plantas. Para o novato, representa um desafio a enfrentar.

Este texto interessará aos mais avançados, assim como aos que cultivam por passatempo, uma vez que explica as condições principais para uma operação hi-dropónica bem gerida. Escusado será dizer que a água de qualidade e a gestão dos nutrientes é essencial tam-bém no solo, se deseja obter qualidade.

Independentemente da categoria a que pertencer, a gestão da qualidade da água é uma tarefa muito fácil quando sabemos quais são as questões a serem tratadas.

Na hidroponia é importante saber o que está na nossa água. A resposta mais completa resulta de uma análise feita por um laboratório ou, se estiver num sistema municipal de distribuição de água, ligue para o departamento da qualidade da água e solicite uma cópia da sua análise mais recente. Se tiver dificuldades em interpretá-la, o seu fornecedor, o fabricante dos seus nutrientes, ou as secções “FAQ” (Perguntas Fre-quentes) das revistas irão ajudá-lo com comentários e conselhos.

Existem vários factores essenciais a reterquando se utiliza a água como substrato:

1. Sais solúveis e Condutividade Eléctrica (CE);2. Dureza da água e pH; 3. Oxigenação e temperatura da água;4. Métodos de filtração, chuva e águas purificadas.

De um modo geral, e em simultâneo com a qualida-de original da sua água, deve verificar regularmente a sua solução, pois há vários factores que interferem para modificar a sua qualidade. O que quer alcançar é uma solução bem equilibrada e nutritiva, com a quantidade correcta de sais minerais dissolvidos para que a sua planta receba nas quantidades certas todos os elementos que necessita. Deverá controlar todos os parâmetros que poderão induzir deficiências ou excessos e, pior, toxicidades.

Para isto, necessita de duas ferramentas essenciais para hidroponia: CE digital e medidores digitais de pH - ou um teste indicador líquido de pH [imagem do

Segunda parte

o que eStá na Sua água?Por Noucetta Kehdi, General Hydroponics Europe

< [email protected] >

kit de testes pH em cima]. É sempre aconselhável ler as instruções do fabricante antes da utilização.

SAIS SOLÚVEIS e CONDUTIVIDADE ELÉCTRICA (CE)

A quantidade de sais solúveis na água é medida pela Condutividade Eléctrica.

São os sais dissolvidos que permitem que a água conduza electricidade. (A água pura não tem condutivi-dade porque não tem sais condutores).

É importante saber que esta leitura não lhe dirá tudo o que existe na sua água: alguns elementos, como o magnésio por exemplo, oferecem uma condutividade muito fraca e são praticamente invisíveis aos medidores de condutividade. No entanto, irá indicar se o nível ge-ral de sais é suficiente, e isso é basicamente a informa-ção que geralmente precisa.

Não é raro encontrar níveis elevados de sais na água de um poço ou na água de abastecimento público. A maioria das águas indica uma CE de 0,5 a 0,8 mS/m. Em algumas cidades os níveis poderão ser muito maiores.

O carbonato de cálcio e o carbonato de magnésio são alguns dos ingredientes mais comuns, geralmente encontrados na água. Sendo o cálcio e o magnésio nu-trientes importantes para as plantas, a água com níveis razoáveis desses elementos pode ser boa para o cultivo hidropónico. No entanto, mesmo uma coisa boa pode-se tornar num problema se os níveis forem demasiado ele-vados, sendo que o excesso de alguns elementos pode fazer com que outros elementos importantes na solução se “bloqueiem” e se tornem indisponíveis. Por exemplo, o excesso de cálcio pode ligar-se ao fósforo para fazer fosfato de cálcio que não é solúvel e, consequentemen-te, não está disponível para a cultura.

A solução é começar com água de qualidade e adi-cionar a combinação certa de nutrientes para garantir sempre que a sua solução não excede a tolerância da planta aos sais dissolvidos. Se tiver dúvidas, lembre-se que é sempre melhor aplicar pouco do que demasiado.

Dependendo da sua diversidade e do seu ciclo de vida, as plantas absorvem melhor ou pior o fertilizante. Quanto mais rápido crescem, melhor absorvem a solu-ção nutritiva. Como as plantas consomem nutrientes e água, a concentração de nutrientes muda no reservató-rio, pelo que é importante verificar regularmente os seus níveis de CE.

Regular a CE para obter os níveis correctos é uma tarefa bastante simples. Encontra geralmente uma tabela de aplicações completa no rótulo dos fertilizantes, assim

como as indicações sobre a gestão dos nutrientes, com as instruções de todos os sistemas de cultivo hidropóni-co de qualidade.

DUREZA da ÁGUA e PHA dureza da água é definida como uma medida do con-teúdo da água em cálcio e magnésio.

pH é a abreviação de “potencial hidrogeniónico” e refere-se aos iões de hidrogénio carregados positiva-mente (H+) em relação aos iões hidroxilos, carregados negativamente (OH-). A escala de pH vai de 0 a 14, sen-do 7 neutro (número igual de H+ e OH-).

De um modo geral, a água dura tem um pH alto e a água macia tem um pH baixo. Algumas marcas de fer-tilizantes oferecem fórmulas nutritivas para água dura e macia para melhor se adaptarem à sua água.

Normalmente, as águas dos poços tendem a oscilar no pH e na CE visto que o lençol freático sobe e desce ao longo das estações, mas, em geral, terão sempre pre-sentes os mesmos minerais. Mesmo as águas de abaste-cimento público podem oscilar ocasionalmente, embora muito menos do que as dos poços.

Na maioria das vezes, as águas de abastecimento público indicarão um intervalo de pH de 8 a 9 [em Po-rugal rondam os 6,5 a 8] que é demasiado elevado para as suas plantas, dado que a maioria delas cresce dentro de um intervalo de pH que varia entre os 5,2 e os 6,5.

Porque é tão importante ter o pH correcto? O pH afecta directamente a disponibilidade da maio-

ria dos elementos, especialmente dos micronutrientes. Um pH muito baixo pode resultar num aumento da

disponibilidade de micronutrientes que pode levar a um efeito fitotóxico em algumas espécies de plantas.Um pH muito alto bloqueará alguns elementos que se tornam indisponíveis para as plantas:

Problemas associados ao pH “fora do intervalo”: Efeitos do pH baixo:

Toxicidade no ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu).

Deficiências em cálcio (Ca), magnésio (Mg).Efeitos do pH alto:

Deficiências em ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), Boro (B).

Por exemplo, se o pH for muito alto, o ferro pode ficar indisponível. Embora a sua solução de nutrientes possa ter um teor de ferro ideal, as suas plantas podem não conseguir absorvê-los, resultando numa deficiên-cia de ferro. As folhas das plantas tornam-se amarela-das e enfraquecidas.

Por outro lado, nutrientes hidropónicos de alta qualidade para plantas contêm quelatos que são con-cebidos para assegurar a disponibilidade do ferro em

“Spring” por DEC

HA

No cultivo sem solo e em solo, a água é o factor principal.No solo, as bactérias decompõem a matéria orgânica em elementos nutritivos que as plantas absorvem, mas apenas na presença de água. Sem água não há absorção e as plantas morrerão.

Teste Indicador Líquido de pHcom capacidade para ~500 medições

Page 23: A Folha #6

Como poderá verificar, quanto mais alta a tempera-tura, menos oxigénio haverá na solução. E sem oxigé-nio, apesar das raízes estarem em contacto com água, a sua planta irá asfixiar e afogar-se.

Sem oxigénio prosperam todos os tipos de doenças e agentes patogénicos, incluindo o temido Pythium. Por-tanto, certifique-se que mantém sempre a água à tempe-ratura ambiente, o mais próximo possível de 18 a 22°C.

MÉTODOS de FILTRAÇÃO, CHUVA e ÁGUAS PURIFICADAS

Algumas águas podem conter mais ou menos conta-minantes; às vezes altos níveis de elementos tóxicos como o excesso de sais, sulfuretos, cloro, fluoreto ou até mesmo metais pesados.

A maioria das águas de abastecimento público con-tém cloro. Embora pequenas quantidades de cloro oxi-dante possam ter efeitos benéficos em algumas plantas, a cloragem frequente ou excessiva deve ser reduzida, o que é bastante fácil. Basta encher um recipiente com água da torneira, e deixar repousar por 24 horas. O cloro evapora-se durante a noite.

Porém, a maioria dos contaminantes não são tão fáceis de remover. Neste caso é necessário purificar ou substituir a sua fonte de água. Foram desenvolvidos uma variedade de métodos:

– A forma mais fácil é cortar a sua água da torneira com água purificada ou da chuva. Em pequenos reci-pientes esta é uma tarefa económica e simples.

– A destilação também é uma ideia. Excepto no que respeita à mais avançada tecnologia de destilação multiestágios encontrada em instalações de grande porte, é bastante ineficiente energeticamente. Além disso, a destilação produz um produto que para as nos-sas finalidades é desnecessariamente puro.

– A osmose inversa é um método excelente, mas um pouco caro, embora já existam no mercado muitos sistemas a uma escala pequena. Com a osmose inversa (OI) pode conseguir água totalmente pura.

Uma desvantagem para a filtragem OI é a percen-tagem de água pura obtida versus a quantidade de água da torneira ou água do poço original. Esta proporção é de facto bastante elevada. Água pura não é reco-mendada para as plantas e muitas vezes aconselha-se misturá-la com água “normal”, ao rácio de 2/3 de água pura com 1/3 de água normal. Esta é uma excelente maneira de reduzir o desperdício. As águas residuais remanescentes ainda podem ser usadas para a irrigação de plantas ao ar livre, a lavagem do carro ou outras tarefas domésticas.

Há ainda muito a dizer sobre a água e a hidroponia. Estes quatro parâmetros básicos são tudo que precisa seguir para obter plantas saudáveis e belas culturas. Se começar a plantar com este método perceberá que a água como único ambiente é um substrato muito eficiente. Obviamente, é preciso ter as ferramentas certas e informações à mão. Logo que o tiver, siga as instruções e prepare-se para se surpreender. Contudo, compreender a água enquanto planta no solo também é importante, pois nada substitui uma água de boa qua-lidade e, uma solução nutritiva equilibrada é a chave para o sucesso onde quer que plante.

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23 A FOLHA

Raiz de planta exóticanum sistema hidropónico RainForest

intervalos de pH superiores. Consequentemente, as suas plantas crescerão razoavelmente bem, mesmo com níveis mais elevados de pH. Contudo, um pH elevado pode danificar as plantas de muitas outras formas. Des-te modo, a melhor maneira de lidar com o ajuste do pH é regular o pH da sua água, acrescentar nutrientes, dei-xar repousar por um tempo para estabilizarem e depois voltar a testar e regular novamente o pH.

Por que razão deve regular-se o pH antes e depois?Adicionar os nutrientes num pH bem ajustado per-

mitirá que os preciosos quelatos não se decomponham. Ajustá-lo novamente sempre que necessário, permite--lhe garantir que as suas raízes irão usufruir de uma solução mais harmoniosa e completa de nutrientes, um ambiente onde sabemos que elas se irão desenvolver.

Como para a CE, regular os níveis de pH é uma tarefa bastante simples:

Quando o nível é tão baixo que a sua solução é de-masiado ácida. Tem de adicionar uma base para aumen-tar o pH. Pode ser útil saber que a água da torneira normal tem um nível de pH alto o suficiente para que, ao adicio-nar um pouco, possa elevar o seu pH quase de graça.

Contudo, quando se trabalha com filtração por Os-mose Inversa é altamente recomendável usar um pro-duto de qualidade para aumentar o pH.

Quando o nível é muito elevado, é demasiado alcalino e terá de adicionar ácido para baixar o pH.

Qual o ácido que se deve utilizar? Existem muitas marcas no mercado, visto que é um

produto bastante simples de fabricar. Geralmente são o re-sultado de uma alta concentração diluída de ácido nítrico ou fosfórico que pode ser usada tanto para o cultivo como para as fases de florescimento da vida da sua planta.

Existem outros ácidos que são formulações equili-bradas com estabilizadores acrescentados que irão regu-lar o seu pH, enquanto o estabilizam simultaneamente. Utiliza-se o mesmo frasco durante todo o ciclo de vida da planta.

À medida que as plantas vão crescendo, verifique regularmente os níveis de CE e de pH. Pode permitir

com segurança que o pH oscile entre os 5,5 e os 7,0, sem ter de regular. Na verdade, despejar constante-mente produtos químicos no seu sistema para manter um pH ideal de 5,8 a 6,0 pode causar muitos danos. É normal que o pH oscile por um tempo, e depois suba novamente. Esta mudança é uma indicação de que as suas plantas estão a absorver adequadamente os nu-trientes. Regule o pH apenas se se desviar demasiado.

Os medidores de CE e de pH são bastante precisos (quando calibrados correctamente) e rápidos, mas são um pouco sensíveis à temperatura e não dão a mesma leitura em temperaturas diferentes, embora alguns deles incluam uma Compensação Automática da Tem-peratura, que corrige a leitura. Portanto, é ideal manter o ambiente o mais estável possível.

Os valores de pH e CE valem apenas pela última calibração. Calibre os medidores regularmente porque têm oscilações. Embora o medidor de CE seja essen-cial, o medidor de pH pode ser substituído pelos testes indicadores líquidos de pH, que são mais baratos e de confiança. De facto, quando não tiver a certeza sobre o seu medidor de pH digital, pode sempre voltar a con-firmar com o teste indicador líquido de pH visto que este não se altera.

De qualquer modo, para evitar as acumulações de sal e invasão de patogénicos é aconselhável mudar regularmente a sua solução nutritiva. Mais ou menos frequentemente, dependendo das suas plantas serem rebentos jovens ou plantas adultas, e depois voltar a testar e regular novamente o pH.

TEMPERATURAA temperatura da água é outro factor importante, se a sua solução está muito fria. Se está demasiado quente, as mesmas sementes não germinarão, os rebentos não criarão raízes e as plantas crescerão lentamente.

A maioria das plantas prefere uma temperatura na zona da raiz entre os 18 e os 27 °C, mais fresco para as culturas de inverno, mais quente para as culturas tropicais. Ao adicionar água ao seu reservatório, é aconselhável permitir que chegue à mesma temperatu-ra da água no reservatório. Lembre-se de que as raízes das plantas se desenvolveram num ambiente de solo onde as mudanças de temperatura ocorrem lentamente, temperadas pela massa térmica da Terra. As plantas não gostam de mudanças de temperatura rápidas, espe-cialmente na zona da raiz!

Solubilidade do Oxigénio e TemperaturaUma das palavras-chave em hidroponia é “oxi-

genação”. Geralmente, um bom sistema hidropónico proporciona a melhor quantidade de oxigénio na sua solução, graças à sua bomba e vários outros “truques do fabricante”.

No entanto, é imperativo saber que a temperatura in-fluencia o teor de oxigénio da sua solução. Abaixo apre-sentam-se alguns números do nível de saturação da água com o oxigénio em mg/l de O2 a temperaturas diferentes: Graus ºC Saturação O2 Graus Cº Saturação O210 11,36 22 8,8514 10,39 26 8,2218 9,56 30 7,67

Medidor digital de CE

Não é seguro enviar ácidos pelo correio, mas existem ácidos em pó que se mantêm inofensivos enquanto secos e podem ser enviados sem perigo para onde quiser

Quando está calor, as plantas transpiram muita água e verá que a CE tem tendência a subir. Nessa fase, recomen- da-se encher o reservatório com água (com o pH ajustado) para levar a CE de volta a níveis razoáveis

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saúdeA FOLHA 24

Apareceu recentemente, na imprensa científica, um artigo que demonstra a capacidade do fumo de canábis para provocar alterações no ADN humano, o que supostamente lhe daria, à canábis, a potencialida-de de desenvolver cancro de pulmão. Estas descober-tas localizam-se a nível molecular, centrando-se este estudo no acetaldeído, composto que já demonstrou em diversos estudos o seu potencial para provocar es-tas alterações a nível do ADN.

É óbvio que qualquer substância que se fume pro-voca compostos na sua combustão que não serão pro-priamente saudáveis para o ser humano.

Por outro lado, os níveis de cancro de pulmão não são mais elevados em países com consumos culturais de cannabis, como Marrocos ou Jamaica.

Estes resultados obtêm-se sempre a nível labo-ratorial, em condições muito controladas, o que não permite extrapolar os resultados no nosso dia-a-dia.

Fazendo uma revisão bibliográfica, escolhi três documentos com resultados díspares, visto que só se consegue um ponto de vista objectivo se se analisar o assunto a partir de diferentes ângulos:

Documento n.º 1Investigadores da Nova Zelândia realizaram um es-tudo no qual descobriram que fumar canábis é tão tóxico como fumar tabaco, e que o risco de que se desenvolva um cancro depende da quantidade e do tempo que se fuma.

A Nova Zelândia tem um grupo significativo de população que fuma canábis e não fuma tabaco, pelo que foi um país ideal para avaliar a relação entre pa-decer de cancro de pulmão e fumar canábis. O estudo foi publicado recentemente na revista “European Res-piratory Journal”.

Os investigadores estudaram 403 pessoas com idade igual ou inferior a 55 anos. 79 delas tiveram cancro de pulmão e foram comparadas com as 324 restantes, que não padeceram de cancro. Identifica-ram-se os principais factores de risco relativos ao cancro, nomeadamente historial de hábito tabagístico, historial familiar, tipo de trabalho, ingestão alcoólica e consumo de canábis.

A amostragem dividiu-se em quatro grupos: aque-les que fumavam somente canábis, os que fumavam só tabaco, os que fumavam ambas as substâncias e os que não fumavam nenhuma das duas.

Aos pacientes que tinham fumado mais de vinte “charros” foi-lhes perguntado a que idade começaram a fumar, se fumavam de forma regular e porque tinham escolhido fumar esta substância.

Os investigadores tinham descoberto previamente que a canábis continha duas vezes mais quantidade de material cancerígeno do que um cigarro normal. Os charros de canábis são fumados geralmente sem filtro, e estes fumadores geralmente inalam com mais força e durante mais tempo, quando comparados com os fu-madores de cigarros de tabaco, o que torna os charros mais prejudiciais.

Além disso, costumam absorvem cinco vezes mais monóxido de carbono que com o cigarro convencional, apesar de ambos conterem concentrações similares de monóxido de carbono.

O risco de cancro de pulmão nos fumadores de canábis (aqueles que fumavam pelo menos um char-ro por dia durante 10 anos, ou dois charros cada dia durante 5 anos) foi 5,7 mais alto que nas pessoas que nunca tinham fumado canábis.

Os autores concluíram que os efeitos a longo prazo de fumar canábis causam um aumento de 8% no risco de padecer de um cancro de pulmão por cada dia que se fume um charro de cannabis.

Assim sendo, segundo este estudo, o risco de pa-decer de cancro de pulmão por fumar um cigarro de canábis por dia é equivalente ao risco de alguém que fume 20 cigarros de tabaco por dia.

Os autores propõem a necessidade de incluir nos programas de saúde pública campanhas activas de desabituação tabagística, onde se inclua também a canábis.

Documento n.º 2Um estudo bastante amplo levado a cabo pela Inter-national Cannabinoid Research Society sobre a as-sociação entre fumar canábis e cancro de pulmão, apresentado pela primeira vez no congresso de 2005 da entidade acima referida, foi agora apresentado no congresso da American Thoracic Society, realizado em San Diego, provocando uma grande repercussão nos meios de comunicação social. No estudo participaram 611 pacientes com cancro de pulmão e 1040 contro-los sãos, bem como 601 com cancro na região aero--digestiva da cabeça e do pescoço, não se encontrando nenhum aumento do risco para o desenvolvimento do cancro de pulmão com a canábis, inclusivamente após um uso prolongado e intenso.

“Acreditávamos que um historial de alto con-sumo de marijuana (entre 500 a 1.000 utilizações) aumentaria o risco de cancro após anos ou décadas de exposição à marijuana”, disse à Scientific Ameri-can o principal responsável do estudo, o Dr. Donald Tashkin, da Universidade da Califórnia, Los Angeles. Viram, no entanto, que até as pessoas que fuma-ram mais de 20.000 charros ao longo da sua vida também não tinham aumento de risco de padecer de cancro de pulmão.

Fontes: Scientific American de 24 de Maio de 2006;Morgenstern H, et al. Marijuana use and cancers of the lung and upper aerodigestive tract: results of a case-control study. Apresentado no Congresso sobre Cannabinóides da ICRS, 24-27 de Junho 2010, Clearwater, EUA.

Documento n.º 3O fumo de canábis não é tão carcinogénico como o fumo de tabaco. No resumo de um artigo publicado na revista científica Harm Reduction Journal, o Dr. Melamede da Universidade de Colorado, em Colorado Springs, EUA, apontou o facto de que, apesar do fumo de tabaco e de canábis serem quimicamente muito se-melhantes, as provas sugerem que os seus efeitos são muito diferentes, e que o fumo de canábis é menos car-cinogénico do que o fumo de tabaco.

Os efeitos farmacológicos do fumo de tabaco e da canábis são diferentes por vários motivos, sendo o principal a existência de nicotina no fumo de tabaco, o qual não ocorre com o fumo produzido pela com-bustão de canábis onde, pelo contrário, encontramos THC. O potencial carcinogénico do fumo vê-se incre-mentado pela presença de nicotina, e reduzido pela presença de THC.

O fumo do tabaco e da canábis contêm os mes-mos componentes carcinogénicos e, dependendo de que parte da planta se fume, o fumo da canábis pode inclusivamente conter mais, mas enquanto que a ni-cotina demonstrou activar esses componentes carci-nogénicos, o THC demonstrou inibilos nas células de ratos. O THC também demonstrou possuir efeitos protectores, para os humanos, contra os carcinogéni-cos presentes no fumo.

A nicotina e o THC podem actuar em mecanis-mos celulares similares, apesar de actuarem a nível de receptores diferentes para activar esses mecanis-mos. As células dos pulmões e das vias respirató-rias possuem receptores para a nicotina, mas tal não acontece para o THC. Isto explica o porquê da fal-ta de associação entre fumar canábis e desenvolver cancro de pulmão.

A canábis também demonstrou a sua eficácia na eliminação de células cancerígenas e na redução do crescimento de tumores, em parte reduzindo a formação dos vasos sanguíneos que levam os nu-trientes à massa tumoral. Contudo, “os efeitos dos canabinóides são complexos e por vezes contraditó-rios”, adverte o autor do estudo. Além do mais, a ca-nábis é frequentemente fumada com tabaco, pelo que os efeitos de ambas as substâncias podem interactuar de diferentes formas.

Fonte: Cannabis and Tobacco Smoke are not Equally Carcinogenic Robert J Melamede - Harm Reduction Journal, in press

Documentos que diferem nos seus resul-tados, mas que deixam claro várias coisas. Primeiro, que o fumo do tabaco é mais prejudicial para a saúde que o fumo da canábis, visto que para o primeiro exis-tem estudos controlados que demonstram o seu poten-cial danificador, e para o segundo não existem estudos com resultados similares.

Segundo, o fumo de canábis contém THC, subs-tância que demonstrou o seu potencial para eliminar células cancerígenas (incluindo linhas celulares de cancro de pulmão).

Por último, uma recomendação clara para os utili-zadores de canábis: “Preferir o consumo de mariju-ana sem misturar com tabaco para evitar a interac-ção/potenciação dos efeitos prejudiciais de ambas as substâncias”.

Javier Pedraza Valiente, Médico

Por Dr. Javier Pedraza Valiente questões médicas podem ser-lhe remetidas

através do e-mail: [email protected]

Canábis e Cancro de PulmãoTRÊS ESTUDOS EM CIMA DA MESA

(...)preferir o consumo de marijuana sem misturar com tabaco para evitar a interacção/potenciação dos efeitos prejudiciais de ambas as substâncias

Page 25: A Folha #6

25 A FOLHAtradição etnobotânica

Descrição botânica A Salvia divinorum é uma planta semi-

-tropical perene endémica apenas das flores-tas nubladas entre 300 a 1800 m de altitude na Sierra Mazateca em Oaxaca, no sul do México. Pertence ao género das salvas (Sal-via) e à família das mentas (Lamiaceae). Cresce em locais sombrios e húmidos, sob a canópia de pequenas árvores e arbustos, normalmente junto a leitos de rios onde o solo é escuro e fértil.

Sem suporte, atinge apenas um metro de altura pois os seus caules verdes, quadrados, ocos e com as laterais em cunha dobram-se ou partem-se com o peso da planta. As folhas são ovais, de cor verde esmeralda, por vezes serrilhadas nas bordas e atingem entre 10 a 30 cm de comprimento. O pecíolo destas é inexistente ou muito curto. Raramente entra em floração mas quando o faz tal ocorre en-tre Setembro e Maio no seu habitat natural. A inflorescência tem 30 cm de comprimento e desta pendem pequenas flores com 3 cm de comprimento arranjadas em verticilos2. As flores são brancas, curvas, cobertas de pelos e seguras por um cálice violeta.

A produção de sementes nunca foi ob-servada no seu habitat natural propagando--se neste através de reprodução vegetativa. Quando os caules dobrados ou partidos tocam no solo húmido produzem raízes nos nós e internós gerando uma nova planta que é clone da anterior. Em locais muito húmidos

Conhecida por ska María pastora no México, de onde é originária, e no ocidente por salva dos profetas (do inglês seer’s sage) ou simplesmente por salvia, é uma planta enteogénica usada tradicionalmente pelos Mazatecas1 nos seus rituais xamânicos de cura e divinação. Por Alexandre de Menezes

A salvinorina A é a substância psicadélica natural mais potente descoberta até à data, com uma dose activa de 200 µg quando fumada

Salvia Divinorum

As folhas de divinação

os caules chegam a criar raízes mesmo antes de caírem ao chão. Em cultivos ocidentais, já gerou sementes com ou sem a ajuda de poli-nização artificial; contudo a maioria destas revelou-se inviável. Devido a estas dificul-dades, a propagação por semente é rara, sen-do a maioria das plantas existentes clones de exemplares recolhidos na Sierra Mazateca. Existem pelo menos três variedades distintas da planta:

- Bunnell, recolhida em 1962 por Ster-ling Bunnell mas que é mais conhecida por Wasson-Hoffman devido a uma atribuição errónea. É a variedade mais distribuída.

- Blosser ou Palatable, recolhida de

Foto: Meneer C

actus, Erowid

Princípios activos:salvinorina A

Huautla de Jiménez em 1991 por Bret Blos-ser e que deriva o seu nome do facto das suas folhas serem menos amargas que as da variedade Bunnel (tal pode ser devido às condições de cultivo e não a uma diferença genética).

- Cerro Quemado, recolhida por L. J. Valdés III nos anos 90 perto de uma aldeia no México com o mesmo nome.

Existe ainda um conjunto de outras va-riedades, a maioria delas clones de plantas cultivadas a partir de semente pelo etnobo-tânico e farmacologista Daniel Siebert.

As origens da S. divinorum são des-conhecidas. Especula-se que tanto possa ser uma espécie selvagem nativa da região como uma espécie cultivada e selecciona-da pelos Mazatecas ou ainda uma espé-cie cultivada por outro grupo indígena e só mais tarde introduzida na re-gião (como sugere algum folclore Mazateca). Também ainda não se determinou se é um híbrido ou uma variedade cultivada e modificada pelo ser humano.

EfeitosA Salvia divinorum é um

psicadélico muito intenso e de curta duração, principal-mente quando fumada em ex-tractos. Produz efeitos únicos, difíceis de descrever por compa-ração com outras plantas/substân-cias psicotrópicas ou outras formas de alterar a consciência (meditação, sonhos lúcidos, privação sensorial, etc.). Durante o pico dos efeitos, os fenómenos mais comuns são:

- fortes alucinações visuais, nor-malmente em duas dimensões, em que se vêem formas geométricas não--euclidianas descritas como túneis, cobras ou minhocas;

- as alucinações tornarem-se ambientes imersivos 3D visitando uma outra dimensão ou realidade alternativa;

- reviver memórias passadas;- sobreposição de realidades,

como a sensação de estar em vários locais ou em vários momentos ao mesmo

tempo;- fundir-se ou tornar-se num objecto

inanimado;- sensação de movimento como voar, flu-

tuar ou rodopiar, normalmente caracterizado como viajar num túnel a alta velocidade;

- sentir-se manipulado por forças ex-teriores como que imerso num campo de forças, comparado também a estar debaixo de água ou soterrado;

- sensação de sair do corpo (OBE do inglês out-of-body experience), podendo deslocar-se livremente pelo espaço e tempo;

- perda da noção de individualidade sentindo-se parte de um todo maior (morte do ego);

- sentir uma presença ou ter contacto com alguma entidade.

Após o pico dos efeitos passar, nas pri-meiras experiências surgem normalmente ataques de riso incontroláveis. Apesar da enorme diversão, esta é considerada uma forma de fugir à enorme quantidade de infor-mação com que se é bombardeado. Nas expe-riências seguintes os ataques de riso tendem a desaparecer dando lugar a um estado mais calmo de introspecção e contemplação acom-panhado por um sentimento de paz interior. Durante esta fase deve-se tentar assimilar e tirar algum sentido da experiência, o que

pode revelar soluções para alguns proble-mas pessoais. Este momento de retorno à

realidade é também caracterizado por:- um sentimento de profundo

conhecimento;- aumento da apreciação es-

tética e sensual;- súbitas vagas de inspira-

ção artística;- sensação de que tudo

parece irreal;- pensamentos acele-

rados;- sensação de leveza,

como que estando a flutuar. A S. divinorum também

actua como um oneirogénico. Quando se adormece sob o seu

efeito ou pouco tempo após este ter passado é normal ocorrerem sonhos

muito vividos que por vezes se transfor-mam em sonhos lúcidos.

Page 26: A Folha #6

Princípios activosO composto activo da S. divinorum é

o terpenóide3 salvinorina A, presente em concentrações de 0,18% no material seco da planta em conjunto com quantidades vestí-giais de salvinorina B, outras salvinorinas e compostos relacionados apelidados de divina-torinas e salvinicinas. Tal como acontece em muitas plantas psicotrópicas estes compostos são sintetizados e excretados em tricomas que neste caso se encontram por baixo da cutícu-la4 nas folhas. Assim a concentração de salvi-norina A é maior nesta parte da planta, onde atinge em média 2,45 mg/g de folhas secas (John Gruber). A salvinorina A é única entre todas as substâncias psicadélicas tendo gera-do um enorme interesse por parte da comu-nidade cientifica aquando da sua descoberta. Para além de não conter átomos de nitrogénio (azoto) não sendo portanto um alcalóide também não exerce qualquer efeito sobre o receptor de serotonina 5-HT2A, o principal alvo dos psicadélicos clássicos como LSD, mescalina e DMT e responsável pelo seus efeitos. A salvinorina A actua como um po-tente agonista no receptor opióide kappa e também como agonista parcial no receptor de dopamina D2. De entre todos os terpenóides presentes na S. divinorum apenas a salvino-rina A apresenta afinidade pelo receptor opi-óide κ não existindo evidência que os demais contribuam para os efeitos da planta.

A salvinorina A é a substância psica-délica natural mais potente descoberta até à data com uma dose activa de 200 μg quando fumada. Esta substância e várias outras sintetizadas a partir dela têm poten-

cial terapêutico no tratamento da depressão e toxicodependência. Uma substância deri-vada chamada herkinorina, que actua como agonista no receptor opióide μ, aparenta ser um opióide analgésico que não provoca to-lerância e dependência física.

Riscos para a saúdeA salvia tem uma toxicidade muito baixa.

Ainda não foi determinada a dose letal para o seu principio activo (salvinorina A) e crê-se ser muito elevada. A maioria dos utilizadores não sente qualquer tipo de ressaca ou efeitos negativos após o seu uso. Contudo, algumas pessoas podem ter insónias, tornarem-se fa-cilmente irritáveis ou desenvolver uma leve dor de cabeça após os efeitos passarem. Os efeitos secundários conhecidos são: alteração da temperatura corporal, aumento da excreção de suor e, em doses elevadas, perda da coor-denação motora. Devido à incapacidade de controlar os músculos e manter o equilíbrio, os utilizadores podem sofrer quedas sendo importante permanecerem sentados ou deita-dos durante a experiência. Algumas pessoas, quando em estados profundos de transe e dissociação induzidos por altas doses, podem levantar-se e deslocar-se inconscien-temente. Como tal é importante haver um acompanhante (sitter em inglês) que olhe pelo psiconauta e impeça que este embata contra objectos perigosos. Este acompanhante deve assumir uma atitude passiva e apenas restrin-gir fisicamente o utilizador em ultimo recurso, quando este estiver na iminência de fazer algo que prejudique a sua integridade física ou a de outros. Até lá, deve deixar o psiconauta

vaguear livremente, avisando-o verbalmente quando se aproximar de algo perigoso.

Quando as folhas são fumadas, alguns utilizadores sentem irritação na garganta e pulmões tal como é usual com esta forma de administração para todas as substâncias. O efeito da salvia na gravidez e amamentação ainda não foi estudado, devendo o consumo ser evitado durante as mesmas.

Para além dos efeitos físicos directos, e como acontece com todas as substâncias psicadélicas, podem ocorrer experiências negativas caracterizadas por sentimentos de confusão, loucura, terror e pânico nor-malmente conhecidas por bad trips (ver Glossário em A Folha #3 ou online no site). Nestas ocasiões a presença de um acompa-nhante também é importante pois pode dar apoio emocional. Após o pico dos efeitos ter passado, o acompanhante pode ainda ajudar o psiconauta a assimilar a má experiência tentando perceber quais os seus temas e por-que ocorreu. Este tipo de experiências ocorre principalmente com utilizadores pouco experientes ou com algum tipo de distúrbio emocional pré-existente. Assim sendo, e como com todas as substâncias, é importante começar por uma dose baixa e aumentá-la gradualmente. Deve-se também ter especial atenção ao local, ocasião e estado de espírito (set and setting em inglês) antes de consumir salvia. Devido aos seus efeitos profundos, a salvia não deve ser tomada em festas ou qualquer situação em que haja muito mo-vimento. Há que escolher um local calmo e em que não ocorram distúrbios durante a duração do efeito.

Para além das descritas acima, também se devem tomar outras precauções aplicá-veis para todos os compostos psicadélicos:

- Não conduzir.- Não operar máquinas.- Abster-se do uso se possui algum pro-

blema emocional ou psicológico.- Indivíduos com casos de esquizofrenia

na família, ou de doenças mentais adquiridas em idade jovem, devem ter cuidado extremo com o uso de substâncias psicadélicas, pois estas são conhecidas impulsionadoras de es-tados psicológicos ou mentais latentes.

- Não misturar com inibidores de MAO, álcool ou outras drogas.

Potencial de dependência: Baixo

Não são conhecidas ocorrências em que a S. divinorum tenha gerado dependência fí-sica ou mesmo psicológica. Como acontece com todos os psicadélicos, a possibilidade de criar dependência psicológica é limitada por vários factores tais como a profundi-dade emocional, espiritual ou religiosa da experiência, a ocorrência de experiências desagradáveis e a impossibilidade de fun-cionar socialmente quando sob o efeito.

Dosagem e administraçãoTradicionalmente, os Mazatecas desfa-

zem entre 20 a 80 pares de folhas frescas recolhendo o seu suco o qual misturam com água e bebem durante as suas cerimónias de cura de forma a induzir visões. Por vezes, optam por as mascar lentamente durante meia hora, engolindo-as gradualmente.

tradição etnobotânicaA FOLHA 26

“Hello”, de Mark P. Maxwell < http://mpmaxwell.com >

Nível 1, S – efeitos SUBTIS Relaxamento e apreciação sensual. Estes efeitos ligeiros são úteis para meditação e podem facilitar o prazer sexual.

Nível 2, A – percepção ALTERADA Cores e texturas tornam-se mais pro-nunciadas contudo não ocorrem visões. Apreciação de música é potenciada. O espaço pode parecer ter mais ou menos profundidade que o habitual. Pensamen-to torna-se menos lógico e mais brinca-lhão. Podem-se notar dificuldades com a memória de curto prazo.

Nível 3, L – estado visionário LIGEIRO Visuais de olhos fechados com imagens nítidas, normalmente em 2D. De olhos abertos ocorrem efeitos mas são vagos e passageiros. Os fenómenos são similares àqueles que algumas pessoas experi-mentam durante o estágio hipnagógico enquanto adormecem. Neste nível as visões são interessantes mas não são confundidas com a realidade.

Nível 4, V – estado visionário VÍVIDOVisões tornam-se cenários tridimensionais complexos e realísticos com possíveis alucinações auditivas. De olhos abertos é possível manter algum contacto com

a realidade mas de olhos fechados esta pode ser totalmente esquecida entrando--se num mundo fantástico, o mundo dos xamãs. Neste pode-se viajar no espaço--tempo sem restrições, ter contacto com seres, viver fantasias e outros fenómenos.

Nível 5, I – existência IMATERIAL Possível perca da noção de ter um corpo. Mantém-se a consciência retendo a lucidez em alguns pensamentos contudo fica-se completamente envolvido pela experiência interior perdendo o contacto com a realidade. A noção de individua-lidade dissipa-se dando origem a uma sensação de consolidação com o divino ou com uma mente universal. Podem ocorrer bizarras fusões com objectos inanimados (reais ou imaginários).

Nível 6, A – efeitos AMNÉSICOS Perca da consciência ou pelo menos impossibilidade de relembrar os aconte-cimentos que ocorreram tanto no mundo fantástico como na realidade consensu-al. Este profundo estado de transe não é desejável pois, sem memória, o individuo não consegue retirar aprendizagens da experiência. Algumas pessoas podem cair, permanecer imóveis ou ir de encon-tro a objectos.

Daniel Siebert e outro investigador conhecido por Sage Student criaram uma escala experimental de 6 níveis com base nas letras da palavra SALVIA que mostra os seus diferentes efeitos à medida que se aumenta a dose. Os três últimos níveis correspondem a experiências em que o psiconauta perde totalmente o contacto com a realidade (break through experiences em inglês).

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Fumar torna o efeito muito mais rápido e intenso, descrito por vezes como ser “instantaneamente catapultado para outra dimensão”

27 A FOLHA

Salvia Divinorum, extracto 5x

Folhas secasDetalhe da inflorescência

Fonte: Ideris, Eorwid.com

Fonte: Erowid

Fonte:Jupe, sageseeds

Fonte: Daniel Siebert, sageseeds

Ambas as formas podem ser desagradáveis para muitas pessoas devido ao sabor amargo das folhas. Para além disso, são muito ine-ficientes pois a salvinorina A é destruída no sistema gastrointestinal e apenas uma pe-quena parte é absorvida após ser engolida.

Como tal, à medida que o uso de S. di-vinorum se espalhou no ocidente, foram de-senvolvidas formas de administração mais eficazes. A técnica do maço baseia-se no método tradicional de mascar as folhas mas requer que estas sejam mantidas o máximo de tempo possível na boca de modo a que o principio activo seja absorvido através da mucosa oral. Para tal, faz-se um maço com as folhas, enrolando-as num formato esférico ou cilíndrico, mete-se este na boca e masca-se lentamente, mastigando apenas uma vez a cada 10 segundos. Nos intervalos o maço deve ser posto debaixo da língua. As folhas e os sucos resultantes devem ser cuspidos apenas passada meia hora. Esta forma de administração alonga a duração dos efeitos tendo estes uma escalada e declínio graduais. Na tabela abaixo (Fonte:

Erowid) apresentam-se doses e intervalos de duração aproximados para o consumo de folhas de S. divinorum quando mascadas.

Folhas (mascado ou sublingual) Nível Qt. frescas Qt. secas Leve 10 g 2 g Médio 30 g 6 g Alto 50 g 10 g

Para fazer o maço, também se pode utilizar folhas secas que para além de serem menos amargas podem ser armazenadas por longos períodos de tempo sem perca de

potência (a salvinorina A é um composto muito estável). Antes de serem enroladas e mascadas, as folhas secas são hidratadas, co-locando-se as mesmas dentro de um pequeno recipiente com água fria durante 10 minutos.

Existem no mercado tinturas alcoólicas para administração sublingual com diversas concentrações de salvinorina A, devendo-se seguir as indicações de dosagem indicadas no rótulo. Contudo, a duração dos efeitos será similar à apresentada na tabela acima.

As folhas secas também podem ser fu-madas em cachimbos sendo esta a forma de administração mais comum no ocidente. A temperatura necessária para libertar a salvino-rina A das folhas é bastante elevada (por volta de 240 ºC) pelo que tal é necessário aplicar constantemente uma chama sobre as mesmas enquanto se inala. É preferível utilizar um isqueiro de tocha cuja chama atinge tempera-turas superiores aos convencionais. A salvino-rina A é rapidamente metabolizada pelo corpo sendo necessário consumir toda a dose num período de 2 a 3 minutos para atingir o efeito desejado. Assim, devem ser feitas no máximo três inalações, as quais devem ser lentas e pro-fundas enchendo bem os pulmões com fumo e aguentado este durante 30 segundos para per-mitir uma boa absorção. Fumar torna o efeito muito mais rápido e intenso, descrito por vezes como ser “instantaneamente catapultado para outra dimensão”, como tal a presença de um acompanhante é aconselhada e o psiconauta deve preparar-se previamente para a viagem em que vai embarcar. Na tabela seguinte (Fonte:

Erowid) apresentam-se doses e intervalos de du-ração aproximados para o consumo de folhas de S. divinorum quando fumadas.

Folhas secas (fumadas) Nível Quantidade Leve 250 mg Médio 500 mg Alto 750 mg

Nota: Como é regra nestas tabelas, indica-se o período de tempo até ao qual cada nível de efeito se pode estender,

contado a partir do momento em que foi tomada a dose.

Muitos utilizadores preferem utilizar cachimbos de água ou bongos para fumar salvia pois, ao arrefecerem o fumo, permite inalar quantidades maiores de uma só vez, evitando repetir inalações. Mesmo assim, muitas pessoas não conseguem atingir os efeitos desejados, podendo optar pelo uso de folhas fortificadas, também conhecidas como extractos. Estes são normalmente de-signados por um número seguido de um x (e.g. 5x, 10x, 20x). Por exemplo para 5x isto significa que a quantidade de salvinorina A presente em 5 g de folhas foi concentrada em apenas 1 g, sendo o extracto 5 vezes mais potente que as folhas não processadas. Desta forma inala-se muito menos fumo o que torna mais fácil atingir o efeito desejado e reduz o impacto negativo na saúde das vias respiratórias. Devido a esta concentração, é necessário ser cauteloso no uso de extractos, medindo cuidadosamente a dose e começan-do sempre por uma dose pequena. Para obter uma aproximação à dose a tomar, pode-se dividir as quantidades da tabela anterior pela potencia do extracto. Há que notar que extractos com a mesma designação podem ter potencias diferentes pois tal depende da potência das folhas utilizadas na sua prepa-ração. Porém, actualmente a maior parte do

extractos vendidos estão estandardizados. Isto significa que a quantidade de salvinorina A infundida nas folhas é medida e ajustada, resultando em lotes consistentes entre si.

A salvia é um dos enteógenos cuja intensidade dos efeitos mais varia de indi-viduo para individuo. Existem pessoas que precisam de grandes doses de extractos para sentir algo e outras que facilmente são cata-pultadas por pequenas quantidades de folhas não processadas. Como tal convém salientar a importância de começar por uma dose baixa que deve ser aumentada gradualmente. Pelo facto da salvinorina A não criar tolerân-cia isto torna-se mais fácil pois é possível estender ou amplificar uma experiência sim-plesmente ingerindo mais, sem necessidade de esperar um grande intervalo de tempo.

Cultivo PROPAGAÇÃOA S. divinorum pode ser propagada por

clones ou sementes. Contrariamente ao descrito na literatura mais antiga a salvia produz sementes e já vários cultivadores (Daniel Siebert, Brent Lindberg, Jon Han-na entre outros) conseguiram criar plantas adultas a partir delas. Contudo esta é uma tarefa difícil por três factores: reduzida produção de sementes, baixa taxa de ger-minação e baixa taxa de sobrevivência das

Page 28: A Folha #6

tradição etnobotânicaA FOLHA 28

plântulas. A melhor aposta para tentar ger-miná-las é utilizar a técnica do guardanapo, em que as sementes são colocadas dentro de um tupperware com a tampa a cobrir ape-nas metade da abertura e envoltas por um guardanapo húmido. Pode-se utilizar água oxigenada para humedecer o guardanapo de forma a evitar o aparecimento de fungos e borrifar as sementes com uma solução de ácido giberélico para tentar aumentar a taxa de germinação. Após germinarem, o que ocorre dentro de 2 a 4 semanas, plantam-se a 2-3 mm de profundidade em pequenos vasos que devem ser regados a partir do fundo ou usando um borrifador para evitar deslocar as sementes.

Para a maioria dos cultivadores, o me-lhor é começar por clones. Para os obter de uma planta mãe basta cortar o caule imedia-tamente acima de um nó ficando com uma poda com pelo menos dois nós. Removem-se as folhas do nós inferiores da poda e coloca--se a mesma dentro de um recipiente com água num local bem iluminado mas sem luz solar directa ou sob lâmpadas fluorescentes. O nó superior e as folhas deverão ficar acima do nível da água. A água deverá ser mudada de 2 em 2 dias para evitar apodrecimento. A salvia enraíza muito facilmente produzindo raízes ao cabo de 2 ou 3 semanas. De forma a propiciar melhores condições para enraiza-mento, os recipientes com as podas podem ser colocados dentro de uma mini-estufa com humidade relativa perto de 100% bas-tando para tal borrifar as paredes da mesma regularmente com água. Quando as raízes tiverem 1 cm de comprimento, os clones es-tarão prontos a ser transplantados.

SUBSTRATONo habitat natural, o solo onde a S. divino-rum cresce tem uma grande quantidade de material orgânico que ao se decompor torna o pH ligeiramente ácido. Como tal, deve ser utilizado um substrato rico, ligeiramente ácido (pH entre 6,1 e 6,6) que seja leve e drene muito bem pois esta planta é algo susceptível ao apodrecimento da raiz. Em vasos pequenos, com menos de 1 L, utiliza--se directamente um substrato comercial rico. Contudo, para vasos maiores em que a água tem mais dificuldade em drenar, uma boa fórmula é 2 partes de substrato escuro e rico para 1 parte de argila expandida. Outra fórmula adequada é:

- 1 parte de pasto seco- 1 parte de composto- 1 parte de areia grossa- ½ parte de estrume- 3 partes de substrato ricoTambém para evitar o apodrecimento

da raiz, ao transplantar, deve-se aumentar o tamanho dos vasos gradualmente, evitando passar para vasos demasiado grandes em relação ao anterior, de modo a que não se acumule muita água no substrato não ocupa-do pelas raízes.

REGAA rega é feita apenas após 1 cm da superfície do solo secar e com água com o pH ajustado entre 6,1 e 6,6. Quando as plantas mostrarem sinais de deficiência de nutrientes e já não for possível transplantar para um vaso maior, dá-se um fertilizante de crescimento vege-tativo, com um valor elevado de nitrogénio (N). Em alternativa, coloca-se húmus de mi-nhoca sobre o substrato e rega-se por cima.

TEMPERATURA E HUMIDADENas florestas nubladas onde a S. divinorum é endémica a temperatura situa-se entre 16 e 21°C e a humidade relativa ronda quase sempre os 100%. Estas são as condições ideais para o seu cultivo e que podem ser reproduzidas em estufas com o uso de humidificadores mas não esquecendo uma boa ventilação de forma a evitar apodreci-mento e crescimento de fungos. Borrifar directamente as plantas não substitui uma humidade relativa elevada. As gotas de água produzidas pelos borrifadores são demasia-do grandes e ao invés de permanecerem no

1. mazatecas [antropologia] – povo indígena que habita a região nordeste do estado de Oaxaca no sul do México perto das fronteiras com os estados de Puebla e Veracruz. São conhecidos pelo uso de diversas plantas e cogumelos enteogénicos nos seus rituais

2. verticilo [botânica] – reunião de órgãos similares (folhas, botões, órgãos florais) inseridos à mesma altura, em volta de um eixo comum, como os raios de uma roda.

3. terpenóides [linguística] – são uma grande e diversa classe de compostos orgânicos, mais propriamente lípidos, que ocorre na Natureza. A maior parte são líquidos odoríferos, reactivos e instáveis que se encon-tram nos óleos das essências e resinas vegetais sendo os responsáveis pelo seu aroma. Alguns terpenóides famosos são o mentol, limoneno, cânfora (que dá aroma à canela) e os canabinóides presentes na canábis.

4. cutícula [botânica] – mais propriamente cutícula vegetal; é uma cobertura de cera produzida unicamente pelas células epidérmicas das folhas, brotos jovens e outros tipos de órgãos de plantas aeróbicas e que protege a planta da desidratação.

5. cutícula [zoologia] – cobertura resistente, mas flexível, do corpo dos animais do clade Ecdysozoa, que inclui os artrópodes, os anelídeos e vários outros filos.

6. fotoperíodo [botânica] – duração do período de luz de um dia.

7. códices aztecas [antropologia] – livros pictoriais escritos pelos astecas pré-colombianos e da era colonial (os quais já incluem textos escritos com o alfabeto latino) e que constituem algumas das melhores fontes primárias sobre a cultura asteca.

Glossário

FONTES· Plants of the Gods, Their Sacred, Healing, and Hallucinogenic Powers. Schultes, Hofmann, Rätsch; · Pharmacotheon. Jonathan Ott.; · Studies of Salvia divinorum (Lamiaceae), an Hallucino-genic Mint from the Sierra Mazateca in Oaxaca Central Mexico. L.J. Valdés III, G.M. Hatfield, M. Koreeda e A.G. Paul. Economic Botany 41, 1987, pág. 283-291; · Salvia divinorum. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Salvia_divinorum; · Salvia divinorum Vault. Erowid. http://www.erowid.org/plants/salvia/salvia.shtml; · The Salvia divinorum FAQ. Sage Student e Daniel Siebert. http://sagewisdom.org/faq.html; · The Salvia divinorum User’s Guide. Sage Student. http://www.sagewisdom.org/usersguide.html; · Salvia divinorum. Salvia.net. http://www.salvia.net; · Salvino-rin A. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Salvinorin_A; · Herkinorin. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Herkinorin; · terpenóides. Infopédia. http://www.infopedia.pt/$terpenoides; · How to obtain effects from smoked Salvia divinorum. Daniel Siebert. http://sagewisdom.org/smokeadvice.html; · Growing Salvia divinorum from seed. Jon Hanna. The Entheogen Review vol. VIII, nº 3, autumnal equinox 1999.; · The Salvia Divinorum Grower’s Guide. Sociedad para la Preservation de las Plantas del Misterio; · Growing the Hallucinogens. Hudson Grubber.; - Salvia Divinorum Cultivation Explained. WorldSeedSupply. http://worldseedsupply.org/blog/?p=37; · Cutícula. Wikipedia PT. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cutícula; - Some growing tips for Salvia divinorum plants. Carl McCall. http://sageseeds.info/tutorials/tips.php; · Cultivating Diviner’s Sage. Will Beifuss. http://www.erowid.org/plants/salvia/salvia_cultivation1.shtml; · Salvia Divinorum Strain Guide. Salvia Divinorum Blog. http://www.salviadivinorumblog.com/?p=962; · Mazatec. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Mazatec; · Ethnopharmacology of Ska Maria Pastora (Salvia Divinorum, Epling and Jativa-M.). Leander J. Valdes III; Jose Luis Diaz; Ara G. Paul. Journal of Ethnopharmacology vol. 7, 1983, pág. 287-312; · The history of the first Salvia divinorum plants cultivated outside of Mexico. Daniel Siebert. http://www.sagewisdom.org/salviahistory.html; · Aztec codices. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Aztec_codices · The Early History of Salvia divinorum. Leander J. Valdes, III. The Entheogen Review:10(3), 2001, págs. 73-75sceletium/germination.txt; · Bushmen. Wikipedia. http://en.wikipedia.org/wiki/Bushmen; · Khoikhoi. Wikipedia. http://en.wikipedia.org/wiki/Khoikhoi Todos os sites foram consultados entre 06/01/2011 e 30/01/2011.

ar caem e acumulam-se sobre as folhas e caules produzindo condições para o apodre-cimento destes. É preferível borrifar apenas as paredes da estufa e esperar que a água se evapore. Porém a salvia pode ser aclimati-zada a climas mais áridos podendo mesmo prosperar nestes. Para tal basta começar por retirar a planta da estufa uma hora por dia e aumentar este tempo gradualmente até que ao fim de duas semanas passe as 24 horas no exterior. A S. divinorum tolera tempera-turas entre 5 e 37 ºC, mas fora do intervalo ideal acima mencionado o seu crescimento será retardado. Temperaturas inferiores a 0ºC congelarão a raiz matando a planta; deve também ser abrigada da geada.

LUZA salvia cresce melhor em exterior num local bem iluminado mas que não apanhe mais de 1 hora de luz solar directa. Caso não se encontre tal local pode-se filtrar a luz do sol com redes ou de preferência colocando-a por baixo da canópia de outras plantas como acontece no seu habitat natural. Em interior dá-se bem perto de uma janela orientada a sul mas num local onde não incida luz solar directa. Como suplemento ou mesmo como única fonte de luz a S. divinorum adora lâmpadas fluores-centes com espectro de luz do dia (6500K) ou lâmpadas MH (do inglês metal halide, haloge-

nuros metálicos), pois ambas emitem luz com principal incidência no espectro azul. Lâm-padas HPS (do inglês high pressure sodium, sódio em alta pressão) devido ao seu espectro amarelo/avermelhado tentem a tornar as plan-tas compridas e com pouca folhagem. Para maximizar a produção de folhas 18 horas de luz diárias parecem ser o ideal. Se o período de escuridão for igual ou superior a 13 horas a salvia entra em floração o que é inadequado para o seu uso como enteógeno pois a planta direcciona a sua energia para a produção de flores em detrimento das folhas que são a par-te colhida e consumida. Em condições de alta luminosidade as folhas tendem a ficar com um tom mais claro e com uma textura similar a pele de crocodilo; apesar de não ser ideal tal parece não afectar a sua potência.

HIDROPONIAEsta planta desenvolve-se bem em hidro-ponia mesmo em sistemas simples como o Deep Water Culture (ver A Folha nº 3 para mais detalhes) e cresce abundantemente em aeroponia. Para preparar a solução necessária a estes sistemas utilizam-se nutrientes para crescimento vegetativo aplicando doses simi-lares às da alface ou outras plantas folhosas. A EC (electro-conditividade) da solução deve ser mantida entre 1,6 e 2,4 mS/m, o pH entre 5,5 e 6,0 e a temperatura entre 18 e 21 °C.

María Sabina, a curandeira mazateca que introduziu R. Gordon Wasson à S. divinorum

Plântula a germinar

Duas salvias arbustivas devido às podas feitas

Fonte: Daniel Siebert, sageseeds

Fonte: Olekkerra, Lycaeum

Page 29: A Folha #6

Tradição Etnobotânica A Salvia divinorum é utilizada pelos

curandeiros Mazatecas que habitam na Sierra Mazateca a nordeste do estado de Oaxaca no México. Estes são conhecidos em Mazatec pela palavra cho-ta-ci-ne (“aquele que sabe”) e plantam-na em ravinas remotas usando-a quando escasseiam os cogumelos mágicos (Psylocybe spp.) e as sementes das trepa-deiras lisérgicas Ipomoea tricolor e Rivea corymbosa. A salvia é usada em situações em que acham necessário viajar até um mun-do sobrenatural para descobrir a verdadeira causa da doença do paciente e os passos necessários para a curar. Em casos de roubo ou perca também a usam para descobrir o paradeiro de objectos ou animais. As folhas são sempre consumidas frescas e aos pares usando os métodos tradicionais descritos em Dosagem e administração. Estas podem ser tomadas só pelo curandeiro, só pelo paciente ou por ambos consoante o caso. Os Maza tecas veêm a planta como uma incarnação da Virgem Maria chamando-lhe “ska pastora”, “ska María pastora”, “hojas de la pastora” ou ainda “hojas de María pastora” apesar da Maria bíblica nunca ter sido uma pastora. A suposta timidez de Maria e por falar num tom de voz baixo faz os curandeiros acredi-tar que as visões só ocorrem em locais cal-mos e escuros.

Os Mazatecas também usam a ska pastora em pequenas doses (infusão preparada com 4 ou 5 pares de folhas) como um tónico ou panaceia. Supostamente regula as funções secretoras sendo utilizada como diurético e na cura da diarreia. Para além disso é utilizada em outras doenças tais como anemia, dores de cabeça, reumatismo e uma doença semi-má-gica conhecida por “panzón de borrego” (que se pode traduzir para barriga inchada) causada pela maldição de um bruxo.

Existe pouca informação acerca da exis-tência dos Mazatecas antes da chegada dos espanhóis e a primeira referência literária à utilização de folhas de uma planta numa infu-são visionária surge apenas em 1939 por parte de Jean Basset Johnston quando estudava o xamanismo deste povo. Em 1945 Blas Pablo Reko recolheu amostras das folhas utilizadas em divinação mas revelaram-se inadequadas para identificação botânica. Em 1952 Robert Wietlaner descreveu uma cerimónia de cura em que se utilizava a “yerba de María”. Entre 1960 e 1962 o etnomicologista R. Gordon Wa-sson fez várias viagens à Sierra Mazateca du-rante a quais desenvolveu uma intima relação com vários Mazatecas, principalmente com a curandeira María Sabina tendo participado em cerimónias durante as quais ingeriu a planta. Durante estas viagens Wasson recolheu várias amostras mas nunca suficientes para serem identificadas. Foi apenas em 1962, quando

viajou na companhia de Albert Hoffman, que recolheu os espécimes em flor necessários à sua identificação. Estes foram enviados a Carl Epling e Carlos D. Játiva que descobriram tratar-se de uma espécie não documentada denominando-a de Salvia divinorum devido ao seu uso em divinação. Hoffman trouxe con-sigo amostras de uma infusão preparada por María Sabina mas não conseguiu determinar o seu principio activo. Este foi apenas isolado em 1982 por Alfredo Ortega no México que o apelidou de salvinorina. Em 1984 L. J. Valdés III e colaboradores isolaram dois diterpenói-des a que chamaram divinorina A e divinorina B, contudo a divinorina A revelou-se igual à salvinorina de Ortega e os compostos foram renomeados para salvinorina A e salvinorina B como são actualmente conhecidos. Só quase 20 anos mais tarde, em 2002, é que Bryan L. Roth e colaboradores descobriram que a salvinorina A actua como agonista do receptor opióide κ desvendando o local de acção deste estranho psicadélico.

Existem relatos de uso da salvia por parte dos Cuicatecas e Chinatecas, vizinhos contí-guos dos Mazatecas, e também pelos Otomis. R. Gordon Wasson propôs que a S. divinorum fosse a mitológica planta conhecida por pipilt-zintzintli (literalmente “o príncipe mais puro” ou “o nobre príncipe”’) descrita nos códices astecas7, contudo tal opinião não gerou con-senso entre os etnobotanistas. Tem sido suge-

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rido que a planta foi introduzida após a con-quista do novo mundo. Esta teoria é apoiada pelo facto dos Mazatecas não terem um nome indígena para a salvia: usando nomes que se referem a Maria ou pastora, enquanto que o cristianismo e as ovelhas só foram introduzi-dos pelos Espanhóis.

Em 1975, Jonathan Ott observou que os jovens consumidores de canábis da Cidade do México costumavam também fumar folhas re-cém secas de S. divinorum trazidas ainda fres-cas da região mazateca. Esta informação foi publicada por José Luis Díaz no mesmo ano e constitui a primeira observação do consumo de folhas fumadas. Contudo a salvia só entrou na cultura psicadélica no inicio dos anos de 1990 quando Daniel Siebert e outros começaram as suas experiências. No fim da mesma década passou a estar disponível em várias lojas onli-ne e a sua visibilidade aumentou drasticamen-te. Em 2002 após uma onda de alarmismo des-poletada pelos media a Austrália foi o primeiro país a ilegalizar a S. divinorum. Outros países e alguns estados dos EUA seguiram o exemplo ignorando as opiniões de vários académicos. Porém alguns como a Califórnia e o Canadá foram mais sensatos decidindo apenas proibir a venda a menores.

A salvia é usada em situações em que acham necessário viajar até um mundo sobrenatural para descobrir a verdadeira causa da doença do paciente e os passos necessários para a curar Fonte: C

arl McC

all, sageseeds

Sementesa amadurecer

A venda de sementes de cannabis é legal em Espanha. Os clientes devem respeitar a lei dos países de onde realizam os pedidos.

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A FOLHA N.º 6

Director: João Maia Coordenador e Editor: Pedro Mattos Produtor: Joaquim Pedro Co-Editor e Revisor técnico: Alexandre de Menezes Revisor gráfico: Pedro RodriguesColaboradores: Javier Pedraza Valiente [médico]; Jorge Roque [activista, jurista]; Noucetta Kehdi [GHE]; Sergio Vidal [activista, antropólogo]; Tommy G. [connaisseur]; F. [web]. Grafismo: JPsafa Logo: Boopsie Cola Sr. Folha: por Ricardo Campos Tiragem = circulação (02/2010): 15.000 unidades Impresso em Portugal.

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ONDE OBTER?NESTES ESPAÇOS ENCONTRAS A FOLHA QUANDO ELA SAI

ZONA NORTE GUIMARÃES Anti Hero, R. Teixeira de Pascoais, Edif. Sa Taqueiro, 2.º piso, QuintãBRAGA Cultura Indoor, R. Nova Santa Cruz 29-A; Jardins á Maneira, R. Sto Adrião n.º 110, St.º Lazaro PAÇOS DE FERREIRA Ritual, R. Tenente Leonardo Meireles n.º 54VIANA DO CASTELO PlantAmor, Pr. General Barbosa n.º 100, C.C. Dom FernandoGONDOMAR Skin Tattoo, R. 25 de Abril, 363, S. Cosme, C.C. Oliveiras, 1.º pisoPENAFIEL GringoTattooFiel, Av. José Júlio n.º 269 PÓVOA DO VARZIM AK-47, Av. Mouzinho de Albuquerque, Galerias Euraci 2 MATOSINHOS Big Buds, R. Alfredo Cunha, n.º 115, C. C. NewarkPORTO Art of Joint, R. S. Roque da Lameira, n.º 839; Cognoscitiva, R. Cedofeita, n.º 170; Casa Viva, Praça Marquês Pombal 167; Little Amsterdam, Av. Camilo 268, Bonfim; Canhamorfose, R. Miguel Bombarda 285, C.C. Bombarda; Magic Musroom, R. José Falcão, n.º 2; Pipas Bar, Ribeira; Planeta Sensi, R. Passos Manuel, n.º 219, C.C. Invictos; Porto Ink, Rua de Santa Catarina, 72 - 1.º (frente à Fnac) GAIA Art of Joint, R. Moçambique, 147, lj. 8, C. C. Liceu STA. MARIA DA FEIRA Plantarte - Loja de Cultivo, R. Comendador Sá Couto, N.º 112 - Lt. 13AVEIRO Ink Stuff, Av. Dr. Lourenço Peixinho, 175A; Mercado Negro, R. João Mendonça, 17; Pizzarte, R. Eng.º Von Haff n.º 27; TNT Tattoo, Av. D. Lourenço Peixinho, C.C. Oita - 4.º pisoVISEU Piranha Tattoo & Supplies, C.Com. S. Mateus, Loja 2 - 1.º piso,

CENTRO / SUL / INSULARCOIMBRA Cognoscitiva, R. Antero de Quental, C.C. Avenida - 6.º piso; Magic Mushroom, Rua Antero de Quental n.º 242 POMBAL Funtastic, Pombal Shopping, Loja 2, R. Sta. Luzia 24 LEIRIA Cognoscitiva, R. Barão Viamonte, n.º 76 MARINHA GRANDE Or Tattoo, R. Álvaro Coelho n.º 19 VILA FRANCA DE XIRA City Bar, Trav. Espírito Santo N.º 10LISBOA Alkimia, R. das Pedras Negras, n.º 61A; Atomic Tattoo, R. Alegria 27; Bana, Praça da Figueira, n.º 1 D; Carbono, R. Telhal, 6B; Cave, R. Luciano Cordeiro 49B; Cognoscitiva, R. Bem Postinha 19B; Dedicated, R. Glória n.º 69, Restauradores; Graver, Rua da Ma-dalena, n.º 80 - loja D/F; Groovie Records, R. Fanqueiros 174, 1.º Esq.; Magic Mushroom, R. do Cais de Santarém, n.º 26 r/c, Alfama; Mongorhead Comics, R. Alegria n.º 32/ 34; Triparte, R. Prata n.º 88BAIRRO ALTO Magic Mushroom, R. Luz Soriano 29 + R. Atalaia 114; Queen of Hearts Tattoo, R. Luísa Todi 12-14; Tribal Urbano, R. da Madalena 232; Waves & Woods, Trav. Queimada 36 ODIVELAS 893 Tattoos, Av. D. Dinis 68B, C.C. OceanoCARCAVELOS Bana, Estrada de Sassoeiros, Lt. 3 Dto.AMADORA Carbono, R. Elias Garcia 241, Galerias S. José - Piso 1QUELUZ HardCore Tattoos, C.C. Queluz, Loja 1 SINTRA Bang Bang Tattoo, Av. Heliodoro Salgado 104ALMADA Pedrada Tattoos & Supplies, Av. D. Nuno Alvares Pereira n.º 18 - r/c EsqAMORA White Dragon, R. Movimento das Forças Armadas n.º 28COSTA DE CAPARICA Pedrada Tattoos, Av. General Humberto Delgado n.º 35 - 1.º pisoMOITA Zooniverso, Largo do Mercado Municipal, Loja 1 BARREIRO Alburrica Bar, R. Almirante Reis n.º 68A; Espaço Chapelaria, Associação Cultural SETÚBAL Rebento Verde, Estr. de Palmela, 35 A (Urbisado); TattDrago, R. Paula Borba n.º 20 - 1.ºPORTIMÃO Magic Mushroom, Av. Tomás Cabreira, Ed. Algarve Mor, lj. 5, B Praia RochaALBUFEIRA Bio Folha, Av. 12 de Julho, Quinta dos Serves Lj. 4 - FerreirasLAGOS Cool It Tattoo, Trav. do Cotovelo 2 - Loja B; Esperança Verde, Trav. do Cotovelo 2-1;Rockstar Shop, R. Cândido dos Reis n.º 137QUARTEIRA Downtown Tattoo, R. Vasco da Gama, loja 1A FARO Bee Nature, R. Ataíde Oliveira, C.C. Al-GharbFUNCHAL Anatomic Tattoo, R. Ferreiros 240 PONTA DELGADA Banana Art Factory, R. Mercadores 84

ESPANHA AYAMONTE Cognoscitiva, c/ Jose Perez Barroso n.º 40 CADIZ Hypersemillas, AlgecirasGUIPUZKOA La Mota, c/ Portuetxe, 83, San Sebastián MADRID AMEC (Asoc. Madrileña de Estu-dios sobre Cannabis), c/ Salitre, 23, bajo; Houseplant Central, c/La Palma 42; Plantamania, c/ de La Hierbabuena N12; Private Cannabis Club, Rest. El Jarama, c/ Guillermo Mesa, 2, Paracuellos de Jarama MURCIA Kaya Growshops, S.L., c/ Simón García, 36; Kaya Growshops, S.L., Villanueva del Segura, Nave 5, Molina de Segura SEVILLA El Buda, Av. Andalucia 164, Estepa; NORML España, c/ Adriano, 39-9 VALÉNCIA Sweet Seeds, c/ Dr. Nicasio Benlloch n.º 36–38GALIZA A CORUÑA Diosa Planta SL, c/Galilei, 48 OURENSE Viva Maria, c/Camino Caneiro PONTEVEDRA Viva Maria, c/Santa Clara 3 SANTIAGO DE COMPOSTELA Viva Maria, c/Rosalia de Castro 116 TUY Voodoo Trading - ctra. Tuy, La Guardia VIGO A.V.E. María – Asoc. Viguesa de Estudos da Maria, c/ Pizarro, 37, 5.º A; Viva Maria, Ronda de Don Bosco 50; Viva Maria, Genaro de la Fuente 58; Viva Maria, Calle Fragoso 45 VILLAGARCIA Viva Maria, c/Cervantes 10

BRASIL Estamos nos infiltrando. Lista com alguns locais nas principais cidades brevemente. Fique atento ao nosso site, ou envie email para [email protected]

Chegamos a outros locais e eventos de forma ocasional. Esta lista será permanentemente actualizada.

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A cerveja mata? Há uns anos, um rapaz, ao pas-sar pela rua, foi atingido por uma caixa de cerveja que caiu de um camião levando-o à morte instan-tânea. Além disso, casos de enfarte do miocárdio em idosos teriam sido associados a publicidade a cervejas com modelos de belas mulheres. O uso continuado de álcool pode levar ao uso de drogas mais pesadas? Não. O álcool é a mais pesada das drogas, uma garrafa de cerveja pesa cerca de 900 gramas. A cerveja causa dependência psicológica?Não. 89,7% dos psicólogos e psicanalistas entrevista-dos preferem whiskey. As mulheres grávidas podem beber sem risco?Sim. Está provado que nas operações STOP a polícia nunca faz o teste do balão às grávidas. E se elas tive-rem que fazer o teste de andar em linha recta, podem sempre atribuir o desequilíbrio ao peso da barriga. A cerveja pode diminuir os reflexos dos condutores?Não. Foi feita uma experiência com mais de 500 con-dutores, foi dada uma caixa de cerveja para cada um beber e, em seguida, foram colocados, um por um, diante do espelho. Em nenhum dos casos os reflexos foram alterados.

Ex.mo Sr Dr Eng.º

Em nome da Ong A Diferença Real venho por este meio propôr-lhe que apoie a nossa iniciativa de acabar de vez com os abusos, as torturas, as violações sexuais e claro extinguir a pedófilia.

Apenas queremos propôr uma solução simples, ou seja: A Proibição do Sexo.Existem milhares de Portugueses a sofre-rem por crimes, ou abusos sexuais, por isso o sexo tem que ser proibido!

Claro que na primeira fase os Traficantes de Sexo lucrarão com a situação, mas ao me-nos não provocarão os danos que os trafi-cantes de droga provocam, afinal em pleno século XXI o Ser Humano não irá deixar de “Exigir Sentir” Além da Reali-dade! Mas um Intelectual Democrata e Humanista não poderá deixar de destinguir entre: Dano e Limite, entre: 50 anos de desastre e Forçar a Irracionalidade além do Aço, porque até o aço derrete, mas 48 anos iguais é um numero que nenhum Português poderá admitir!

Por favor proíbamos o sexo como forma de acabar com os excessos sexuais!

Atentamente,

Jorge Roque - Encod/ Inpud/ A Diferença Real

REVELAÇÕES ESPANTOSAS

Estudo sobre o consumo de cerveja

PROIBICIONISMO JÁ!

Sexo: o maior flagelo da humanidade

A bebida envelhece? Sim. A bebida envelhece muito depressa. Para se ter uma ideia, se deixar uma garrafa ou lata de cerveja

aberta, ela perderá o seu sabor em aproximadamente

quinze minutos.

A cerveja condicio-na negativamente

o rendimento escolar? Não, pelo contrário. Algumas universidades estão a aumentar os lucros com a venda de cerveja nas cantinas e bares. O que faz com que a bebida chegue aos adoles-centes? Inúmeras pesquisas têm vindo a ser feitas por laboratórios de renome e todas indicam, em primeiríssimo lugar, o empregado de mesa. A cerveja engorda? Não. Você é que engorda. A cerveja causa perda de memória?Que eu me lembre, não.

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Page 31: A Folha #6
Page 32: A Folha #6

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loja 4 (Porto)R. da Cedofeita N.º 170 - Loja 24050-173 Porto

tel.: 962 760 030horário: 2.ª/ Sex. 13-19h

Sáb. 9-13h

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tel.: +34 959 320 087/+351 962 507 079horário: martes - sabado, 14h - 20h

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